Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
DIAGNÓSTICO DAS PERCEPÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
EMPRESARIAL A PARTIR DO MODELO TRIDIMENSIONAL DE
PERFORMANCE SOCIAL: O CASO DE UMA EMPRESA DO SETOR
TÊXTIL
NÍVEA MARCELA M. NASCIMENTO MACÊDO
João Pessoa - PB
2010
2
NÍVEA MARCELA M. NASCIMENTO MACÊDO
DIAGNÓSTICO DAS PERCEPÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
EMPRESARIAL A PARTIR DO MODELO TRIDIMENSIONAL DE
PERFORMANCE SOCIAL: O CASO DE UMA EMPRESA DO SETOR TÊXTIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação
em Engenharia de Produção da Universidade Federal
da Paraíba como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Engenharia de Produção.
Área de concentração: Gestão da Produção
Sub-área: Tecnologia, Trabalho e Organizações
Professor orientador: Gesinaldo Ataíde Cândido, Dr.
3
M141d Macêdo, Nívea Marcela M. Nascimento.
Diagnóstico das percepções de responsabilidade social empresarial a partir do modelo tridimensional de performance social: o caso de uma empresa do setor têxtil / Nívea Marcela M. Nascimento Macêdo. - - João Pessoa: [s.n.], 2010.
200 f. : il.
Orientador: Gesinaldo Ataíde Cândido. Dissertação (Mestrado) – UFPB/CT.
1.Engenharia de Produção. 2.Responsabilidade Social Empresarial. 3.Gestão de Stakeholders. 4.Empresa Têxtil.
UFPB/BC CDU: 62:658.5 (043)
UFPB/BC CDU: 62:658.5 (043)
4
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela minha recuperação, por me permitir chegar ao fim desta fase de minha
vida, por me oferecer a força necessária para isso.
À meus pais Wilton e Maria de Jesus (Duy) que sempre estiveram presentes, comprometendo-
se com minha formação intelectual e profissional, sendo o suporte de minha vida.
À João Marcelo, pela compreensão e ajuda necessária nesta trajetória. Por estar comigo
sempre nas horas em que mais precisei, principalmente nos momentos em que me faltou
saúde.
Á minha irmã Amanda pelos instantes de tranquilidade e alegria que foram tão importantes
neste período da minha vida.
À Gesinaldo Ataíde Cândido, que além da orientação acadêmica e confiança, me mostrou que
a ousadia é um atributo necessário à realização da pesquisa.
À banca examinadora, professora Waleska e professora Lúcia, pelas contribuições oferecidas.
À Capes, pelo suporte financeiro disponibilizado.
Aos colegas e amigos do GEGIT: Raquel, Minele, Maria, Bartira, Beth, Ana e Jacqueline, que
tanto colaboraram para realização deste estudo, como compartilharam comigo alguns
momentos alegres e tristes de minha vida.
Aos amigos da turma Albenisa (Bena), Lorena, Adriano, Luciene, Ana Maria e Agnes.
À diretoria da empresa pela disponibilidade e abertura para a realização desta pesquisa.
6
"A construção da paz começa no coração das pessoas e tem seu
fundamento no amor, que tem suas raízes na gestação e na
primeira infância, e se transforma em fraternidade e
responsabilidade social. A paz é uma conquista coletiva. Tem
lugar quando encorajamos as pessoas, quando promovemos os
valores culturais e éticos, as atitudes e práticas da busca do bem
comum".
Zilda Arns Neumann
7
MACEDO, N. M. M. N. Diagnóstico das Percepções de Responsabilidade Social
Empresarial a partir do Modelo Tridimensional de Performance Social: o caso de uma
empresa do setor têxtil. 2010. 200 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção).
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFPB, João Pessoa.
RESUMO
Diante do contexto atual de negócios, as empresas necessitam estar preparadas às
novas formas de economia e gestão e aos novos requisitos de relevância e atuação social,
consolidados a partir das necessidades e problemas dos atores sociais envolvidos com uma
organização. Esse contexto introduz às empresas uma preocupação crescente com sua
legitimidade social, visto que a valorização do termo Responsabilidade Social Empresarial
(RSE) tem aumentado nos últimos anos. Para que uma empresa adote e desenvolva uma
postura baseada em princípios éticos paralelos à busca de seus objetivos econômicos, ela
precisa ter por base a gestão de stakeholders, uma vez que assim será possível conhecer as
perspectivas e necessidades de todos os que compõem o ambiente institucional e os meios
para melhor aceitabilidade e aplicação de suas metas interna e externamente. Os stakeholders
são pessoas ou grupos com interesses legítimos e autênticos em relação a aspectos inerentes e
que influenciam a organização. Um estudo que viabilize a explanação da gestão de suas
necessidades e percepções torna-se relevante visto que analisa as ações e seus impactos sob o
ponto de vista daqueles que as contróem e utilizam. Assim o objetivo desta pesquisa é
diagnosticar as percepções dos diversos tipos de stakeholders acerca das políticas e ações de
RSE adotadas por uma empresa do setor têxtil do estado da Paraíba, utilizando o modelo
tridimensional de performance social de Carroll (1979), sendo uma das principais
contribuições deste estudo a estruturação de parâmetros para que o modelo tridimensional em
questão possa ser aplicado num contexto específico. A metodologia utilizada neste estudo
consistiu numa pesquisa quali-quantitativa. A etapa qualitativa foi baseada em roteiros de
entrevista semi-estruturados, e foi analisada pela técnica de análise de conteúdo; a quantitativa
foi baseada em questionários criados com base no modelo tridimensional, os quais foram
analisados por intermédio do software sphinx. Alguns dados primários foram levantados,
assim como foi feita a observação não participante. A partir desta metodologia, verificou-se as
percepções e entendimento dos stakeholders acerca das ações sociais da empresa, em que foi
possível observar que os agentes internos, funcionários em geral e diretores acreditam que a
empresa pesquisada possui mais ações de natureza legal, uma resposta acomodativa e um foco
nos funcionários. Os agentes externos mostraram opiniões mais diversificadas, as quais estão
baseadas em seu nível de conhecimento sobre o conceito de responsabilidade social, e a
características intrínsecas suas, como a não disponibilidade para uma relação mais estreita ou
próxima com a organização. Nesse sentido, conclui-se que é de extrema urgência que a
organização pesquisada tome iniciativas mais abrangentes no sentido de uma melhor interação
com seus stakeholders. O entendimento dos investigados esteve relacionado à realidade da
empresa, no entanto, as pessoas não mostraram grande conhecimento sobre o conceito da
responsabilidade social, bem como não esboçaram disponibilidade para integrar ou agir em
conjunto nas iniciativas sociais.
Palavras-chave: Responsabilidade Social Empresarial, Gestão de Stakeholders, Empresa
Têxtil
8
ABSTRACT
MACEDO, N. M. M. N. Diagnóstico das Percepções de Responsabilidade Social
Empresarial a partir do Modelo Tridimensional de Performance Social: o caso de uma
empresa do setor têxtil. 2010. 200 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção).
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFPB, João Pessoa.
Before the current context of businesses, the companies need to be prepared to the new
economy and administration forms and to the new requirements of relevance and social
performance, consolidated starting from the social actors‟ needs and problems involved with
an organization. That context introduces to the companies a growing concern with your social
legitimacy, because the valorization of the term Managerial Social Responsibility has been
increasing in the last years. For a company to adopt and develop a posture based in ethical
beginnings on parallel to the search of your economical objectives, she needs to have for base
the stakeholders administration, once it will be like this possible to know the perspectives and
needs of all the ones that they compose the institutional atmosphere and the means for better
acceptability and application of your internal and external goals. The stakeholders are people
with legitimate and authentic interests in relation to inherent aspects that influence the
organization. A study that makes possible the explanation of the administration of your needs
and perceptions becomes important because analyzes the actions and your impacts under the
point of view of those that the build and use them. The objective of this research is like this to
diagnose the perceptions of the several types of stakeholders concerning the politics and
actions of social responsibility adopted by a textile company of the state of Paraíba, using the
three-dimensional model of social performance of Carroll (1979), being one of the main
contributions of this study the structuring of parameters so that the three-dimensional model
in subject can be applied in a specific context. The methodology used in this study it consisted
of a quali-quantitative research. The qualitative stage was based on interview routes semi-
structured, and it was analyzed by the technique of content analysis; the quantitative was
based on questionnaires created with base in the three-dimensional model, which were
analyzed through the software sphinx. Some primary data were lifted up, as well as the
observation non participant was done. Starting from this methodology it was verified the
perceptions and understanding of the stakeholders concerning the social actions of the
company, in that was possible to observe that the internal agents, employees in general and
directors, believe that the researched company possesses more actions of legal nature, an
accommodate answer and on employees focus. The external agents showed opinions more
diversified, which they are based on your knowledge level on the concept of social
responsibility, and to intrinsic characteristics yours, as the non readiness for a relationship
more narrow or close with the organization. In that sense, it is ended that is of extreme
urgency that the researched organization it takes including initiatives in the sense of a better
interaction with your stakeholders. The understanding of those investigated was related to the
reality of the company, however, the people didn't show great knowledge on the concept of
the social responsibility, as well as they didn't sketch readiness to integrate or to act together
in the social initiatives.
Key-words: Managerial Social Responsibility, Stakeholders Administration, Textile
Company.
9
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – Introdução ................................................................................................. 13
1.1 Delimitação do Tema ........................................................................................................ 13
1.2 Apresentação do problema de pesquisa .............................................................................16
1.3 Objetivos ............................................................................................................................18
1.3.1 Geral ............................................................................................................................18
1.3.2 Específicos ...................................................................................................................18
1.4 Justificativa ........................................................................................................................18
1.5 Estrutura da Dissertação .....................................................................................................20
CAPÍTULO 2 – Fundamentação Teórica ............................................................................22
2.1 Conceituação da Responsabilidade Social Empresarial .....................................................22
2.2 Surgimento e análise histórica das abordagens teóricas da Responsabilidade Social
Empresarial ..............................................................................................................................27
2.2.1 A Responsabilidade Social Empresarial nos anos 50 .....................................................28
2.2.2 A Responsabilidade Social Empresarial nos anos 60 .....................................................29
2.2.3 A Responsabilidade Social Empresarial nos anos 70 .....................................................30
2.2.3.1 Modelo Tridimensional de Performance Social ..........................................................32
2.2.4 A Responsabilidade Social Empresarial nos anos 80 .....................................................38
2.2.4.1 Modelo de Performance Social Corporativa ................................................................39
2.2.5 A Responsabilidade Social Empresarial nos anos 90 .....................................................41
2.2.5.1 Modelo Corporate Social Revisited .............................................................................42
2.2.5.2 A pirâmide de Responsabilidade Social Empresarial ..................................................44
2.2.5.3 Modelo de Performance Social Reorientado .............................................................. 48
2.2.5.4 Norma SA 8000 – Standard for Social Accountability ................................................50
2.2.5.5 Modelo de Responsabilidade Social de Enderle e Tavis .............................................51
2.2.5.6 Instituto Ethos ..............................................................................................................52
2.2.6 A Responsabilidade Social Empresarial nos anos 2000 .................................................53
2.2.6.1 Modelo Bidimensional de Responsabilidade Social Empresarial ................................54
2.2.6.2 Modelo Multidimensional, Relacional e Multidirecional para Responsabilidade
Social nos negócios ..................................................................................................................57
2.2.6.3 Modelo dos três domínios de Responsabilidade Social Empresarial ...........................59
2.2.6.4 Estudo sobre Responsabilidade Social de Garriga e Melé ...........................................61
2.2.7 Teoria dos Stakeholders...................................................................................................64
2.3 Considerações sobre o modelo a ser aplicado ....................................................................68
CAPÍTULO 3 – Procedimentos Metodológicos ..................................................................70
3.1 Delineamento da Pesquisa .................................................................................................70
3.1.1 Estudo de Caso ................................................................................................................72
3.2 Objeto e contexto do Estudo ..............................................................................................72
3.3 Universo e amostra da Pesquisa .........................................................................................74
3.4 O Processo de coleta de dados ...........................................................................................75
3.5 Análise Compreensiva Interpretativa dos Dados .............................................................. 77
3.5.1 Variáveis da pesquisa ......................................................................................................79
3.5.2 Parâmetros de Análise das variáveis ...............................................................................82
10
CAPÍTULO 4 – Apresentação e Análise dos Resultados ..................................................84
4.1 Análise da Percepção de cada stakeholder pesquisado ......................................................84
4.1.1 Funcionários gerais – voluntários e não voluntários .................................................84
4.1.1.1 Dimensão Categorias de Responsabilidade Social ......................................................84
4.1.1.2 Dimensão Comportamentos e Respostas de Responsabilidade Social ........................90
4.1.1.3 Dimensão Ações e Programas de Responsabilidade Social .........................................95
4.1.2 Diretores .......................................................................................................................103
4.1.2.1 Dimensão Categorias de Responsabilidade Social ....................................................103
4.1.2.2 Dimensão Comportamentos e Respostas de Responsabilidade Social ......................107
4.1.2.3 Dimensão Ações e Programas de Responsabilidade Social .......................................112
4.1.3 Fornecedores ................................................................................................................119
4.1.3.1 Dimensão Categorias de Responsabilidade Social ....................................................119
4.1.3.2 Dimensão Comportamentos e Respostas de Responsabilidade Social ......................124
4.1.3.3 Dimensão Ações e Programas de Responsabilidade Social .......................................128
4.1.4 Parceiro ........................................................................................................................133
4.1.4.1 Dimensão Categorias .................................................................................................133
4.1.4.2 Dimensão Comportamentos e Respostas ...................................................................136
4.1.4.2 Dimensão Ações e Programas ...................................................................................140
4.1.5 Clientes .........................................................................................................................145
4.1.5.1 Dimensão Categorias .................................................................................................145
4.1.5.2 Dimensão Comportamentos e Respostas ...................................................................147
4.1.5.3 Dimensão Ações e Programas ....................................................................................149
4.1.6 Consumidores ..............................................................................................................153
4.1.6.1 Dimensão Categorias .................................................................................................153
4.1.6.2 Dimensão Comportamentos e Respostas ...................................................................156
4.1.6.3 Dimensão Ações e Programas ....................................................................................159
4.1.7 Comunidade .................................................................................................................161
4.1.7.1 Dimensão Categorias .................................................................................................161
4.1.7.2 Dimensão Comportamentos e Respostas ...................................................................164
4.1.7.3 Dimensão Ações e Programas ....................................................................................166
4.2 Cubo Tridimensional de Performance Social ..............................................................169
CAPÍTULO 5 – Conclusões ................................................................................................174
5.1 Limitações da Pesquisa ....................................................................................................179
5.2 Sugestões para futuros estudos ........................................................................................179
Referências .............................................................................................................................180
Anexo A..................................................................................................................................185
Anexo B..................................................................................................................................192
Anexo C .................................................................................................................................198
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Evolução das iniciativas de certificação social empresarial .................................... 26
Figura 2: Modelo Tridimensional de Performance social corporativa ....................................33
Figura 3: Categorias de responsabilidade social ......................................................................34
Figura 4: Formas de Resposta Social .......................................................................................37
Figura 5: A pirâmide de Responsabilidade Social Corporativa …………….....……….....….45
Figura 6: Modelo das duas dimensões de Responsabilidade Social Empresarial ....................55
Figura 7: As dimensões do modelo MRMRSN .......................................................................57
Figura 8: Modelos dos três temas centrais de Responsabilidade Social
Corporativa ...............................................................................................................................60
Figura 9: Resumo da evolução da ideia de Responsabilidade Social Corporativa ..................63
Figura 10: A proposta de Stakeholder view of Corporation ....................................................67
Figura 11: Triangulação de dados de análise ...........................................................................78
Figura 12: Fluxograma de Pesquisa .........................................................................................83
Figura 13: Cubo Tridimensional – Percepção dos Funcionários ...........................................102
Figura 14: Cubo Tridimensional – Percepção dos Diretores .................................................119
Figura 15: Cubo Tridimensional – Percepção dos Fornecedores ..........................................133
Figura 16: Cubo Tridimensional – Percepção do Parceiro ....................................................144
Figura 17: Cubo Tridimensional – Percepção dos Clientes ...................................................153
Figura 18: Cubo Tridimensional – Percepção dos Consumidores .........................................161
Figura 19: Cubo Tridimensional – Percepção da Comunidade .............................................169
Figura 20: Cubo Tridimensional – Percepção dos stakeholders pesquisados .......................172
12
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Resultados da Dimensão Categorias - Funcionários ..............................................85
Gráfico 2: Resultados da Dimensão Comportamentos
e Respostas – Funcionários ......................................................................................................91
Gráfico 3: Resultados da Dimensão Ações e Programas - Funcionários..................................96
Gráfico 4: Resultados da Dimensão Categorias - Diretores ..................................................103
Gráfico 5: Resultados da Dimensão Comportamentos e Respostas – Diretores ....................108
Gráfico 6: Resultados da Dimensão Ações e Programas – Diretores ....................................113
Gráfico 7: Resultados da Dimensão Categorias – Fornecedores ...........................................120
Gráfico 8: Resultados da Dimensão Comportamentos e Respostas – Fornecedores .............124
Gráfico 9: Resultados da Dimensão Ações e Programas – Fornecedores .............................129
Gráfico 10: Resultados da Dimensão Categorias – Parceiro .................................................134
Gráfico 11: Resultados da Dimensão Comportamentos e Respostas – Parceiro ...................137
Gráfico 12: Resultados da Dimensão Ações e Programas – Parceiro ....................................141
Gráfico 13: Resultados da Dimensão Categorias – Clientes ..................................................145
Gráfico 14: Resultados da Dimensão Comportamentos e Respostas – Clientes ...................148
Gráfico 15: Resultados da Dimensão Ações e Programas – Clientes ....................................150
Gráfico 16: Resultados da Dimensão Categorias – Consumidores ........................................154
Gráfico 17: Resultados da Dimensão Comportamentos e Respostas – Consumidores .........156
Gráfico 18: Resultados da Dimensão Ações e Programas – Consumidores ..........................159
Gráfico 19: Resultados da Dimensão Categorias – Comunidade ..........................................162
Gráfico 20: Resultados da Dimensão Comportamentos e Respostas – Comunidade ............164
Gráfico 21: Resultados da Dimensão Ações e Programas – Comunidade ............................167
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Modelo de Desempenho Social Empresarial ...........................................................42
Tabela 2: Cartografia das teorias e abordagens da Responsabilidade Social ...........................62
Tabela 3: Categorias e variáveis do modelo de Carroll (1979) ................................................80
Tabela 4: Comportamentos e Respostas da empresa sobre questões sociais ...........................80
Tabela 5: Ações e programas de atuação social .......................................................................81
Tabela 6: Parâmetros de análise das variáveis .........................................................................82
Tabela 7: Valores quantitativos para a dimensão Categorias – Funcionários ..........................86
Tabela 8: Valores quantitativos para a dimensão Comportamentos
e Respostas – Funcionários ......................................................................................................92
Tabela 9: Valores quantitativos para a dimensão Ações e Programas – Funcionários ............97
Tabela 10: Valores quantitativos para a dimensão Categorias – Diretores ............................104
Tabela 11: Valores quantitativos para a dimensão Comportamentos
e Respostas – Diretores ..........................................................................................................108
Tabela 12: Valores quantitativos para a dimensão Ações e Programas – Diretores ..............113
Tabela 13: Valores quantitativos para a dimensão Categorias – Fornecedores .....................120
Tabela 14: Valores quantitativos para a dimensão Comportamentos
e Respostas – fornecedores ....................................................................................................125
Tabela 15: Valores quantitativos para a dimensão Ações e Programas – Fornecedores .......129
Tabela 16: Valores quantitativos para a dimensão Categorias – Parceiro .............................134
Tabela 17: Valores quantitativos para a dimensão Comportamentos
e Respostas – Parceiro ............................................................................................................137
Tabela 18: Valores quantitativos para a dimensão Ações e Programas – Parceiro ...............142
Tabela 19: Valores quantitativos para a dimensão Categorias – Clientes .............................145
Tabela 20: Valores quantitativos para a dimensão Comportamentos
e Respostas – Clientes ............................................................................................................148
Tabela 21: Valores quantitativos para a dimensão Ações e Programas – Clientes ................150
Tabela 22: Valores quantitativos para a dimensão Categorias – Consumidores ...................154
Tabela 23: Valores quantitativos para a dimensão Comportamentos
e Respostas – Consumidores ..................................................................................................157
Tabela 24: Valores quantitativos para a dimensão Ações e programas - Consumidores........159
Tabela 25: Valores quantitativos para a dimensão Categorias – Comunidade ......................162
Tabela 26: Valores quantitativos para a dimensão Comportamentos
e Respostas – Comunidade ....................................................................................................165
Tabela 27: Valores quantitativos para a dimensão Ações e Programas – Comunidade ........167
14
Capítulo 1 - Introdução
1.1 Delimitação do Tema
A globalização tem modificado as formas de concorrência, bem como os padrões de
negócios das empresas. Observa-se a velocidade com que as informações e os processos
produtivos se modificam em função de novas descobertas e pesquisas. Além disso, os
modelos de desenvolvimento econômico e humano passam a considerar a elevação da
qualidade de vida e da equidade social, além da conservação ambiental, como requisitos
necessários ao crescimento e progresso de uma sociedade.
Nesse sentido, ocorrem mudanças em diversos setores da economia, decorrentes em
grande parte dos avanços tecnológicos, do aumento do fluxo de informações e da modificação
da consciência e opinião de consumidores e pessoas em geral acerca das desigualdades
sociais, degradação do meio ambiente e subdesenvolvimento de muitas comunidades. As
empresas necessitam estar preparadas às novas formas de economia e gestão (crises
econômicas, globalização, diferenciação rápida das características do mercado); como
também aos novos requisitos de relevância e atuação social, consolidados a partir das
necessidades e problemas dos atores sociais envolvidos com uma organização.
Isto porque esses atores estão afetando os objetivos empresariais e sua atuação de uma
forma mais intensa. E possuem uma identificação ou denominação distinta – stakeholders. Os
stakeholders designam-se como os agentes com os quais uma organização interage, sofre
influência ou mantém relacionamentos distintos necessários à sua sobrevivência. Essas
pessoas estão ocasionando turbulências e mudanças no ambiente organizacional que são
fundamentadas em grande parte por sua maior interferência nele. Estas questões estão se
constituindo nas principais preocupações dos gerentes, que precisam adequar o gerenciamento
estratégico à aparente necessidade de considerar todas as relações que podem afetar ou serem
afetadas pela conquista dos objetivos organizacionais. É nesse sentido que, segundo Hoff
(2008) se observa que os interesses dos stakeholders podem ser integrados dentro dos vários
propósitos da firma, fazendo com que os relacionamentos sejam gerenciados de forma
coerente e estratégica para a organização.
Surgem iniciativas que levam as empresas a adquirirem referenciais de mudança de
seus modelos gerenciais e habilidades, direcionando suas práticas para novos e melhores
formatos de relacionamentos com seus públicos interno e externo, uma vez que esses
relacionamentos se constituem nos principais fatores intervenientes no sucesso e eficiência
organizacional.
15
Donaldson e Preston (1995) argumentam que a empresa orientada para a interação
com os stakeholders tem seus interesses legitimados e os de seus públicos também, pois
existe uma relação mútua e possível troca de benefícios. Conforme o conceito, stakeholders
são indivíduos que têm interesse e influenciam de alguma maneira o desempenho do negócio.
Neste sentido, dada a importância que possuem os relacionamentos entre os agentes
que compõem a organização, o grande desafio para a administração moderna será criar
relacionamentos sustentáveis com as partes interessadas ligadas às empresas (stakeholders), e
para isto estas necessitam se envolverem socialmente, desenvolvendo um sentido de
Responsabilidade Social Empresarial (RSE) coerente com a estratégia do negócio.
Molteni (2006) entende que as necessidades sociais podem ser investigadas e
integradas na estratégia de tal forma que ajude a empresa a encontrar soluções inovadoras
para satisfazer às expectativas dos seus stakeholders e, com isso, se transforme em um fator
criativo no desenvolvimento de suas ações sociais.
Ressalta-se a importância do correto entendimento da RSE e sua evolução, para que
práticas sejam desenvolvidas no sentido de melhor administrar recursos e pessoas para o
desenvolvimento social. Nesse sentido, Ashley, Coutinho e Tomei (2000) demonstram como
se trava nas últimas três décadas um intenso debate teórico acerca de conceitos e definições de
RSE e termos afins, sem que se tenha chegado a um consenso teórico ou prático da questão.
É possível afirmar que o tema surge do progressivo aumento da discussão dos valores
éticos e de novas práticas de gestão, voltadas ou ao efetivo desenvolvimento de iniciativas
sociais, ou a uma superficial consideração e busca por elementos que garantam essa iniciativa.
A busca por uma melhor especificação da responsabilidade social marca o atual
contexto com a ascensão de iniciativas e debates sobre o tema, bem como por diagnósticos de
naturezas diversas, relacionados à interação entre atores sociais e as organizações. Atkinson,
Waterhouse e Wells (1997) pontuam que a organização moderna é uma rede de contratos
implícitos e explícitos que especificam a relação entre a empresa e seus stakeholders. Sendo
assim, torna-se relevante considerar seus públicos de interesse.
É também necessária uma abordagem que considere o entendimento e percepção
desses stakeholders em relação à atuação, principalmente social, da empresa a qual estão
relacionados, uma vez que essas percepções interferem e podem validar ou prejudicar tal
atuação. Para essa constatação, inicialmente as organizações devem observar quais são os
principais conjuntos de indivíduos que mantém relação direta ou indireta ou que tem seus
interesses garantidos ou violados dada a realização de suas atividades.
16
Alguns autores como Friedman (1970) e Donelly, Gibson e Ivancevich (2000) avaliam
que o único stakeholder válido para consideração da empresa é o acionista. Outros autores
como Clarkson (1995) e Donald e Preston (1995) veem um leque intermediário de indivíduos
atuantes na organização. E por fim têm-se autores como Edward Freeman (1984) e Archie
Carroll (1979), que apontam para uma proposta bem mais ampla na verificação e influência
dos atores sociais em uma organização.
Freeman (1984) tratou e especificou a teoria dos stakeholders, abordando que existem
relações diretas e indiretas com alguns conjuntos de indivíduos ligados às organizações como
fornecedores, funcionários, clientes, gestores e outros; e que cada relação desta precisa ser
investigada e caracterizada de maneira que possa ser possível agir em benefício mútuo e como
forma de evitar problemas.
Notoriamente, para que a organização adote e desenvolva uma postura baseada em
princípios éticos paralelos à busca de seus objetivos econômicos, ela precisa ter por base a
gestão de stakeholders. Assim será possível conhecer as perspectivas e necessidades de todos
os que compõem o ambiente institucional e os meios para melhor aceitabilidade e aplicação
de suas metas interna e externamente. A teoria dos stakeholders especifica que a empresa tem
a necessidade de trabalhar em conjunto e considerar as especificidades das pessoas por ela
envolvidas ou influenciadas.
No entanto, antes disso, Carroll (1979) apresentou em seu modelo tridimensional de
performance social a possibilidade de identificar as compreensões e entendimentos de pessoas
envolvidas com uma organização. Em seu cubo tridimensional, ele explicita as categorias de
atuação social nas quais a empresa pode se estabelecer, os tipos de responsividade social e o
foco de atuação que ela pode trabalhar; estas dimensões do modelo podem ser analisadas
mediante o conhecimento e opinião de todo um conjunto de pessoas as quais uma empresa
pode se vincular.
Toda organização que desenvolve ações de natureza social é passível à análise e a
distintas opiniões por parte de seus stakeholders, e essa inferência possui importância
significativa para a gestão do negócio e para as próprias pessoas. Com isso, a presente
pesquisa, a qual se deu em uma empresa do setor têxtil, evidencia as interpretações de seus
atores sociais envolvidos, já que estas percepções são tão importantes para o negócio.
Isto porque, há toda uma dependência entre uma empresa e agentes envolvidos como
fornecedores, clientes, comunidade, parceiros, e essas relações de dependência são mútuas.
Verifica-se sobre o tema RSE que sua emergência está iminentemente atrelada à visualização
17
de que a organização sofre influência, é requisitada, mantém parcerias e variadas formas de
comércio com distintos atores do seu entorno, e que com isso é necessária a relevância e
conhecimento de suas características e percepções. Esse conhecimento fará parte da nova
conjuntura e cultura da organização, se esta pretender adotar ou fomentar ações de natureza
socialmente responsável.
Com isso, tem-se o pressuposto de que o diagnóstico das percepções dos stakeholders
acerca da RSE permite identificar as principais questões a serem trabalhadas para o correto
desempenho social de uma organização.
O atual contexto de negócios mostra que o crescimento econômico deve favorecer o
progresso social, principalmente porque é dele que surgem as possibilidades de
desenvolvimento de um país ou população. É nesse contexto que as empresas em geral devem
trabalhar, ressaltando a importância da adequação do seu compromisso social aos seus custos,
a sua capacidade de manutenção em médio e longo prazo, como também as expectativas
daqueles que têm o papel de legitimar e que interferem neste tipo de conduta.
A relevância da RSE no processo estratégico pode caracterizar-se como um diferencial
competitivo a curto e longo prazo, pois pode fomentar o bem-estar social e processos
produtivos mais limpos, elevando a credibilidade e a imagem empresarial, o estabelecimento
das relações comerciais e parcerias, bem como a aceitação e consolidação no mercado por
meio do efetivo compromisso com a qualidade de vida dos seus stakeholders.
Assim, levando em conta que as necessidades, entendimentos e melhores condições de
vida dos stakeholders são integrantes da análise, construção e atuação social da empresa, é
possível evidenciar o problema que norteia a construção da presente pesquisa.
1.2 Apresentação do problema de pesquisa
A consideração e as práticas de ações sociais por parte de uma empresa podem validar
de forma eficiente suas relações com o conjunto de atores sociais envolvidos – stakeholders –
e consequentemente a realização de suas atividades e negócio. Os atores sociais – clientes,
funcionários, fornecedores, acionistas, comunidade, gestores – fazem parte da razão de ser da
empresa, e a RSE pode ser tratada como a consideração de suas necessidades e características,
agindo no intuito de proporcionar e desenvolver eficientes condições de negócio, ou o que a
empresa tem por finalidade social. As interdependências e atividades que são dispostas no
âmbito interno e externo a uma organização precisam ser observadas do ponto de vista
daqueles que as determinam e constroem, para que seja possível aperfeiçoar estas relações.
18
À medida que a empresa trabalha no sentido de estabelecer ações firmes de RSE, ela
está verificando os principais problemas, opiniões e características de seus stakeholders, os
quais estão arraigados a um conjunto de fatores relacionados ao ambiente, cultura e forma de
gestão da empresa. Há a possibilidade de observar as formas pelas quais ela atua nessa
direção, como age com as ações socialmente responsáveis de forma a beneficiar seus
stakeholders, como também e principalmente, pontuar as opiniões e observações que os
próprios atores sociais podem demonstrar em relação a estas iniciativas.
De acordo com autores como Carroll e Buchholtz (1991), Paoli (2005) e Heleno
(2008), os pontos de vista acerca das ações socialmente responsáveis podem ser considerados
eficientes quando trabalham com as necessidades de seus stakeholders, ou quando trabalham
do “ponto de vista dos stakeholders”, com suas particularidades e vulnerabilidades.
Para Freeman (1999), precursor da teoria dos stakeholders, sua abordagem sugere que
se as organizações querem ser efetivas, elas irão prestar atenção em todas aquelas relações
que podem afetar ou ser afetadas pela conquista dos objetivos organizacionais. Esse
gerenciamento é fundamentalmente um conceito pragmático. Para Clarkson (1995) e a própria
teoria dos stakeholders, tanto a corporação quanto seus administradores gerenciam relações
com seus stakeholders e não com a sociedade.
O modelo tridimensional de performance social fornece subsidio necessário à
identificação da percepção dos stakeholders frente às ações sociais de uma empresa através de
três distintas dimensões. No entanto, é necessário estabelecer parâmetros – instrumentos de
pesquisa e variáveis – para sua aplicabilidade frente a um determinado cenário específico,
sendo o desenvolvimento destas ferramentas uma das principais contribuições do presente
estudo.
O cenário específico abordado foi uma empresa do setor têxtil, o qual estimula a
criação de outras indústrias, entre as quais de máquinas têxteis, de fibras artificiais e
sintéticas, embalagens, etc. Emprega cerca de um milhão de pessoas, tendo grande
participação no comércio exterior.
Uma vez que é fato que a empresa do setor têxtil considerada e pesquisada possui
iniciativas de cunho social e ações implantadas de atuação com os stakeholders, o estudo pode
também contribuir no sentido de um maior conhecimento por parte desta empresa sobre as
ações já consolidadas e o entendimento que se tem delas, ampliando a capacidade de melhor
planejamento e coordenação na implantação de suas estratégias sociais e oferecendo uma
melhor visualização das mudanças necessárias e já ocorridas na empresa.
19
Nesse sentido, levanta-se o seguinte questionamento: Quais as percepções dos
diversos tipos de stakeholders acerca da RSE adotada por uma empresa do setor têxtil a partir
do modelo tridimensional de performance social de Carroll (1979)?
1.3 Objetivos
1.3.1 Geral
Identificar as percepções dos diversos tipos de stakeholders acerca das políticas e
ações de RSE adotadas por uma empresa do setor têxtil do estado da Paraíba, utilizando o
modelo tridimensional de performance social de Carroll (1979).
1.3.2 Específicos
Para a consecução do objetivo geral, foram elaborados os seguintes objetivos
específicos:
1 – Levantar o histórico e as principais abordagens teóricas da RSE no contexto nacional e
internacional;
2 – Contextualizar e caracterizar as políticas e ações da RSE adotadas pela empresa
pesquisada;
3 – Enfocar o modelo tridimensional de performance social (1979) e criar variáveis para cada
uma de suas dimensões, como também construir instrumentos de pesquisa específicos para
uma avaliação quantitativa e qualitativa;
4 – Identificar para cada grupo de stakeholders o seu entendimento e percepção das ações
sociais, adotadas pela empresa, frente às três dimensões de RSE do modelo tridimensional de
performance social (1979);
5 – Classificar a posição da empresa pesquisada quanto ao entendimento dos atores
institucionais pesquisados a partir do cubo tridimensional de performance social.
1.4 Justificativa do estudo
Conforme será especificado, a temática da RSE e a maneira como é trabalhada nas
empresas só em anos recentes começa a ter uma abordagem mais abrangente. Com isso,
verifica-se a necessidade de um esforço para que se possa preencher lacunas na literatura
especializada, tendo como foco a ampliação dos conhecimentos sobre o processo de fomento
20
de modelos de gestão em que a tomada de decisão se caracterize por princípios de
desenvolvimento social e econômico.
É fato considerar também a necessidade de discussões acerca de temáticas sobre ações
socialmente responsáveis porque estas ações estão sendo verificadas como um item
diferencial para as empresas num mercado competitivo e globalizado; e como forma de
responder às novas percepções e requisitos desse mercado.
Nesse sentido, surge o interesse e a necessidade de estudar e mensurar a RSE,
observando de que maneira as empresas se colocam e se relacionam no que concerne a essa
prática, como também dado o fato de haver uma gradativa mudança na cultura das empresas
brasileiras no que concerne à esse aspecto. Hoje, conceitos de ecoeficiência e
responsabilidade social devem estar integrados e precisam ser praticados com visão de
mercado.
Os stakeholders são pessoas ou grupos com interesses legítimos e autênticos em
relação a aspectos inerentes e que influenciam a organização. Possuem interesses na empresa
e esta para com eles; e dessa forma as ações da empresa correspondem às suas características.
Um estudo que viabilize a explanação da gestão de suas necessidades e percepções torna-se
relevante visto que analisa as ações e seus impactos sob o ponto de vista daqueles que as
contróem e utilizam.
O modelo tridimensional de performance social engloba as necessidades dos
stakeholders e os tipos ou conjuntos que influenciam ou sofrem influência na organização.
Sendo possível assim procurar atingir o objetivo proposto através da aplicação deste modelo.
A teoria dos stakeholders não apenas expõe as condições e relacionamentos entre as pessoas
que constituem a rede social, como também indica estruturas, atitudes e práticas que
constituem o gerenciamento dos stakeholders. Assim, há uma relação e suporte entre a teoria
e o modelo tridimensional de performance social.
Sabe-se que cada setor produtivo ou empresa em particular possui seus stakeholders
específicos. Para o caso da presente pesquisa, optou-se por efetivar o estudo numa empresa do
setor têxtil. Destaca-se que o setor é constituído principalmente por empresas de capital
nacional – cerca de 91% -, situadas em todas as regiões do país, as quais geram empregos
diretos na fase de produção fabril ou indiretos na produção de matérias-primas e outros
insumos. O Setor é formado por cerca de 5.000 empresas, das quais apenas 11% são
consideradas de grande porte e 21% de pequeno e médio porte. As microempresas, que
21
atingem 68% do total, representam a grande maioria do setor. Estas últimas em maior
quantidade, dado o menor investimento necessário, bem como a tecnologia de maior domínio.
O Brasil desenvolveu uma indústria de máquinas, equipamentos e acessórios têxteis e
de confecção com tecnologia própria ou procedente do exterior. A adoção de inovações
técnicas não é tão alta, sendo os mecanismos de concorrência mais adotados as estratégias de
comercialização e a integração vertical das atividades. Os gastos com pesquisa e
desenvolvimento realizados pelas empresas do setor são reduzidos quando comparados com
os realizados por indústrias de outros setores.
A empresa pesquisada possui atividades sociais conhecidas e atuantes no âmbito
interno e externo a ela. Possui considerável número de transações e exerce influência para
com agentes internos e do mercado em que se encontram. Sendo estes os principais motivos
pelos quais optou-se por realizar o estudo nela.
A presente pesquisa pode contribuir no sentido de viabilizar melhores planos e ações
estratégicas do ponto de vista social, bem como o conhecimento das percepções e
entendimento dos stakeholders em relação a estas ações e, neste caso, justifica-se o trabalho
na empresa em questão pela mesma vir realizando iniciativas e projetos de cunho social para
com seus stakeholders. Dessa forma, tem importância tanto para a empresa em estudo como
para a comunidade na qual a mesma se insere e para posteriores estudos acadêmicos que
possam acontecer.
As conclusões advindas do estudo podem contribuir no sentido de melhores decisões
para o setor e empresa, em ações que vão desde a implementação de novos métodos de
produção, criação de produtos, ponderação de certos conjuntos de atores sociais em
detrimento de outros, maior relevância dos dados problemas e requisitos sociais resultantes da
pesquisa, e também consolidação ou efetivação das práticas até então verificadas por
intermédio das opiniões e percepções mostradas pelos stakeholders.
Em nível acadêmico, em relação ao estudo científico do tema, aqui colocado como um
conjunto de informações que podem dar subsídios a outras pesquisas, tanto neste, como em
outros setores da economia local, verifica-se a relevância das reflexões baseadas nas teorias e
modelo a ser estudado, principalmente conforme já colocado, pelo fato de ser um tema em
ascenção e pelas possibilidades de novos estudos que pode gerar.
Neste sentido, deseja-se efetivar contribuições na área da RSE, uma vez que o modelo
utilizado na presente pesquisa, o modelo tridimensional de Carroll (1979), possui pouca
aplicabilidade na literatura. Almeja-se definir os parâmetros necessários para sua
22
operacionalização, bem como preencher algumas lacunas existentes desde a sua criação em
1979. Espera-se uma contribuição também para a empresa em estudo, uma vez que poderá ser
possível visualizar por meio do diagnóstico as relações com seus stakeholders e seu
entendimento sobre as principais ações sociais desenvolvidas e, com isso, prover debates
sobre como está sendo colocada em prática e como poderia ser reforçada no sentido de
melhores resultados para a empresa e, em consequência, para esses atores envolvidos.
Uma das principais contribuições do estudo diz respeito ao desenvolvimento de uma
aplicabilidade do modelo tridimensional em questão, com a construção de variáveis e dos
instrumentos de pesquisa para avaliação da percepção das ações sociais.
1.5 Estrutura da dissertação
A presente pesquisa está estruturada da seguinte forma:
O primeiro capítulo, referente à introdução, faz uma análise e delimitação do tema,
enfocando em linhas gerais quais os principais aspectos a serem abordados, o contexto e o
ambiente no qual se insere o tema referente ao estudo. Ainda, mostra a definição da situação
problema, a apresentação da justificativa, os objetivos geral e específicos e a premissa do
estudo, os quais remontam à proposta de pesquisa.
Posteriormente, o segundo capítulo aborda a fundamentação teórica, em que são
analisados o histórico, conceitos e formas de abordagem e avaliação da RSE no mundo e no
Brasil. São tratados aspectos concernentes à RSE como um fator estratégico e o
comportamento socialmente responsável e a ética nos negócios.
O terceiro capítulo refere-se à apresentação dos procedimentos metodológicos, em
que são explicitadas as etapas para a consecução dos objetivos. São explicitados o tipo e
natureza da pesquisa, as variáveis criadas para a aplicação do modelo de performance social e
as formas de levantamento dos dados a serem analisados. O contexto referente à empresa
pesquisada também é enfocado, para que seja possível uma análise mais aprofundada do caso.
O quarto capítulo apresenta a análise dos dados, em que são discutidos os resultados
da pesquisa. Nesse momento, é possível verificar a percepção dos stakeholders em relação às
atividades sociais desenvolvidas pela empresa e sua verificação no cubo tridimensional de
Carroll (1979).
Finalmente as conclusões procuram responder ao problema de pesquisa e enfocar o
posicionamento da pesquisadora. É possível observar ainda as limitações do estudo e as
posteriores considerações finais.
23
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
No intuito de melhor entender os aspectos e itens inerentes ao tema em questão, é
necessário relacionar a ideia de alguns autores, seus ângulos e formas de análise, bem como
verificar a relação das ações socialmente responsáveis com a ética e a maneira como pode ser
considerada na empresa, do ponto de vista estratégico. Destaca-se que, à princípio, a
interpretação do conceito de RSE é importante para o correto entendimento do que propõe o
estudo. Assim, são explicitadas argumentações de alguns autores sobre a temática.
Também se torna relevante especificar a evolução das correntes teóricas e do próprio
conceito em si na literatura, ou seja, como passou a ser visto a cada momento da história e
quais contribuições efetivamente ocorreram no sentido de desenvolver o conceito. Destaca-se
ao final a teoria dos stakeholders e algumas considerações sobre o modelo a ser aplicado.
2.1 Conceituação da Responsabilidade Social Empresarial
A RSE torna-se parte de um conjunto importante de ideias entrelaçadas que
configuram o conceito e torna possível seu entendimento. Muitos aspectos estão relacionados
à definição do construto, como as características do meio e da sociedade em questão. Também
aspectos do mercado e da própria história são sujeitos inerentes à gestão da organização.
O conceito é pautado numa cultura dirigida aos relacionamentos com todos os agentes
envolvidos com a empresa, com todos os afetados ou interessados de alguma forma nos
negócios da organização. Essa cultura está relacionada com a promoção do bem estar pela
investigação das principais necessidades ou problemas dos atores relacionados à firma.
Essas necessidades estão relacionadas às novas demandas da sociedade, que implicam
em novos processos de trabalho e em um número maior de pessoas que interagem ou
interferem na atuação das empresas. Essa interferência precisa ser administrada e considerada,
uma vez que a organização necessita de relacionamentos bem estruturados e eficazes com
seus envolvidos, ou seja, que gerem resultados satisfatórios para todas as partes.
Também, os novos pensamentos éticos e morais que norteiam o desenvolvimento da
sociedade e a determinação de novas estruturas estratégicas de organizações de naturezas
diversas acabam por definir parâmetros que construam e valorizem a iniciativa social.
A RSE é um conceito em desenvolvimento, complexo e com significados diferentes,
que vem passando por um processo de amadurecimento na forma de ser trabalhado pelas
organizações, bem como nos seus modelos de indicadores (ASHLEY; COUTINHO; TOMEI,
2000).
24
Segundo Tenório (2006), a base conceitual contemporânea da RSE está associada aos
valores requeridos pela sociedade pós-industrial. Nessa nova concepção do conceito, há o
entendimento de que as companhias estão inseridas em um ambiente complexo, onde suas
atividades influenciam ou têm impacto sobre os diversos agentes sociais, comunidade e
sociedade. Dessa forma, é necessária a incorporação de objetivos sociais no plano de
negócios.
A visão de RSE foi passível a diversas transformações, as quais tornam o conceito um
processo contínuo que mostra atitudes de mudança de percepção. A princípio, a
responsabilidade da empresa estava limitada ao lucro e foi ao longo do tempo modificando-se
até atingir um abrangente escopo englobando todos os stakeholders, com um caráter de
transparência. Deve-se verificar que essa conceituação é um processo ainda não acabado, que
leva as empresas a buscarem uma adequação a um processo em constante mutação.
A RSE, quando considerada por uma empresa, pode aperfeiçoar relações de parceria, a
visão interna por parte dos funcionários, o comprometimento com o trabalho, sendo um ponto
de interação na procura de ações promissoras e eficazes, aperfeiçoando tanto a empresa
quanto as relações que a mesma mantém com a sociedade.
A principal forma de análise da RSE parte da consideração dos relacionamentos entre
funcionários, clientes, fornecedores, comunidade, acionistas, poder público e meio ambiente.
Ou seja, a construção de práticas sociais pode ser validada pela interação e tipo de relação da
empresa com todas as pessoas que sofrem influência ou que são por ela influenciadas.
Isto porque uma gestão empresarial que tenha como referência apenas os interesses
dos acionistas revela-se insuficiente no novo contexto, pois ela requer uma gestão balizada
pelos interesses e contribuições de um conjunto maior de partes interessadas. A busca de
excelência pelas empresas passa a ter como objetivos a qualidade e eficiência em todas as
relações.
A correta gestão destas relações entre os agentes ligados à organização faz parte do
cerne do desempenho social e para a eficácia de todas as outras atividades da empresa.
Entretanto temas de enfoques distintos também fazem parte da construção do tema RSE.
Na prática, toda teoria relativa à temática da RSE possui em si uma vinculação com as
questões de geração de lucro, performance política, demandas sociais e valores éticos, mas
abordam esses temas de forma diferenciada e com diferentes pesos (GARRIGA e MELÉ,
2004).
25
Swanson (1999) corrobora afirmando que a RSE é uma forma de controle social de
todas as atividades organizacionais.
A RSE é um conjunto de ações que aparentemente geram algum benefício, além dos
interesses da firma, e que são requeridas por lei. Mas a responsabilidade social em alguns
casos vai além dos requisitos mínimos exigidos por lei dada algumas vezes pelas
características relacionadas a valores e princípios individuais dos gestores, por pressões do
mercado ou por possibilidades de retorno advindo do investimento social (Wartick, Cochran,
1985; Wood, 1991; Siegel e McWilliams, 2001).
A responsabilidade social torna-se um processo através do qual as empresas integram
preocupações sociais e ambientais em suas operações e em sua interação com seus
stakeholders de forma voluntária, não apenas respondendo a obrigações legais, mas indo além
da mera observância das leis.
De acordo com Wartick e Cochran (1985), existe um contrato entre a organização e a
sociedade, que funciona como um veículo por meio do qual o comportamento dos negócios é
posto em conformidade com os objetivos da sociedade, sendo que os negócios desempenham
o papel de agentes morais sociedade, refletindo e reforçando seus valores.
Segundo o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (2009), a RSE se
define pela gestão, relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os
quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que promovam a redução
das desigualdades sociais.
No sentido de pensar e considerar ações de RSE, o Sistema Firjan (2008) destaca que
uma empresa deve ter em vista que os custos de manter operações social e ambientalmente
responsáveis são muito menores do que os potenciais riscos financeiros que a ausência de
boas práticas em sustentabilidade pode representar a médio e longo prazos. Trata-se da
sustentação e sobrevivência do próprio negócio. Pagar impostos, garantir saúde e segurança
dos empregados, controlar efluentes e recuperar áreas degradadas são obrigações. As ações
voluntárias e de cidadania empresarial é que fazem a diferença.
Entretanto, estudos de Gray e Milne (2004) relatam que se a RSE for definida em
conformidade com o que é possível, tendo em vista as atividades e objetivos atuais das
empresas, o conceito se torna trivial e redundante. Mencionam que, caso o conceito seja
definido conforme se possa realmente entendê-lo, ele se torna claramente inalcançável por
uma empresa financeiramente bem sucedida, pois iria contra os princípios de interesse
privado sobre os quais grande parte das noções empresariais estão constituídas.
26
Outros autores como Blowfield (2005) defendem que algumas empresas dependentes
de cadeias de produção estão assumindo a responsabilidade sobre o desempenho social e
ambiental de seus fornecedores, por vezes independentemente de qualquer exigência legal.
A forma como a empresa atua e desenvolve suas ações sociais está relacionada com
sua cultura e estratégias específicas. De acordo com a natureza de suas atividades, a
ponderação da RSE pode diferir no cenário empresarial.
Dessa ponderação fazem parte características não só da empresa, mas de todo o
conjunto de atores envolvidos. Em relação à participação dos atores envolvidos, Steurer et al
(2005) afirma que a RSE é uma abordagem de gerenciamento voluntário, na qual os
stakeholders organizacionais têm uma função muito importante. Daí a necessidade do
conhecimento de suas características e percepções, como também do nível de interferência
(poder) que eles possuem sob a firma na realização das práticas sociais.
Para Tenório (2006), existem vários elementos que podem motivar as empresas a atuar
de forma socialmente responsável: por pressões externas, que se referem aos movimentos dos
consumidores, a atuação dos sindicatos, as exigências dos consumidores e as reivindicações
das comunidades afetadas pelas atividades industriais. Muitas empresas recebem incentivos
fiscais concedidos pelo governo ou obtêm redução ou isenção da carga tributária por
determinado período ao considerar certas ações.
Todos esses elementos dizem respeito aos agentes direta ou indiretamente ligados à
organização. Verifica-se a relação direta do desempenho social empresarial com
especificidades dos stakeholders: pessoas ligadas à organização como comunidades,
consumidores, sindicatos, governo, entre outros. Essas especificidades são influências e
comportamentos, entendimentos que os agentes que fazem parte da empresa apresentam para
o contexto e os princípios da organização. Quando a RSE é motivada por questões de
princípios, o risco de descontinuidade dos investimentos sociais é reduzido, pois esses valores
passam a estar inseridos na cultura da empresa.
A RSE pressupõe que a representação dominante de globalização possui uma
dimensão moral, tal qual suas dimensões políticas e econômicas. Desta forma, o conceito
revela áreas nas quais o entendimento sobre o modelo de progresso deve ser revisto, deixando
visível a necessidade de novas formas de diálogo sobre a interação entre empresas, governos e
sociedades.
Assim sendo, devido à atual popularização do conceito, estão crescendo as adesões a
padrões de certificação social, os quais analisam e legitimam o grau de responsabilidade de
27
determinada empresa para com o social. Um padrão amplamente implantando e aceito é a ISO
14001, tanto no mundo quanto no Brasil. A figura 1 explana a evolução das certificações ou
balanços sociais por parte das empresas:
Figura 1: Evolução das iniciativas de certificação social empresarial
Fonte: Welzel, et al (2008).
Segundo Welzel et al (2008), inicialmente as empresas sentiam as exigências por
maiores níveis de qualidade, depois maior comprometimento ambiental e ético, que se reflete
até hoje. Ainda de acordo com os autores, a ISO 14000 vem passando por reformulações que
implicarão no estabelecimento de novos padrões de certificação. A ISO 14000 é a mais
conhecida e difundida no Brasil.
Essas certificações têm o objetivo de mensurar e mostrar tanto aos clientes internos
quanto aos externos o papel social da empresa as quais consomem, e a empresa por sua vez
analisa as impressões de suas ações no contexto o qual interage.
Portanto, uma empresa socialmente responsável procura ter uma visão de que tudo que
ela faz gera uma variedade de impactos diretos e indiretos dentro e fora dela, atingindo desde
os consumidores e empregados até a comunidade e o meio ambiente (MAKOVER; 1994).
Nesse sentido, a organização precisa agir no intuito de minorar esses impactos e como
forma de responder às necessidades dos atores sociais localizados em seu entorno, uma vez
que todas as suas atividades influenciam e são influenciadas pelos seus stakeholders.
Vale salientar a importância do entendimento de como surgiu o conceito, quais foram
as prioridades da atuação social de anos atrás e como vem evoluindo, para que se possa
verificar sua aplicabilidade e o nível de aceitação da temática por parte das empresas.
28
2.2 Surgimento e análise histórica das abordagens teóricas da Responsabilidade Social
Empresarial
A temática da RSE foi primeiramente abordada em estudos dos economistas Arthur
Hakley e Charles Eliot. Porém, os seus conceitos não foram aceitos na comunidade
empresarial e, tampouco, na acadêmica.
As leis que existiam até então estabeleciam como sendo a responsabilidade
fundamental das organizações apenas a obtenção de lucratividade financeira para o benefício
dos proprietários e acionistas (ASHLEY; COUTINHO; TOMEI, 2000).
De acordo com Tenório (2006), até a década de 1950, a RSE assume dimensão
estritamente econômica e é entendida como a capacidade empresarial de geração de lucros,
criação de empregos, pagamento de impostos e cumprimento das obrigações legais. Essa era a
representação clássica do conceito.
Porém, através de um estudo não-empírico sobre operações empresariais, Hakley, em
1907, começou a expor algumas dificuldades da empresa nas relações de trabalho e com a
sociedade. Conforme explicita Santos (2007), em tal estudo são perceptíveis os objetivos de
lucros altos e rápidos das empresas – inclusive com abusos por parte dos executivos e da alta-
direção das organizações – e suas possíveis consequências para os grupos sociais, as
expectativas para as novas políticas e legislações e as divergências e situações conflitantes
entre a liberdade e a igualdade, sendo também possível analisar como seriam, neste contexto,
as responsabilidades sociais dos gestores e empresários.
Após a quebra da bolsa em 29 e a Primeira grande Guerra Mundial, a visão de que as
empresas só deveriam se preocupar com os lucros passou a ser questionada, e vários foram os
artigos acadêmicos, como os de Berle e Means (1932), que foram produzidos nesta direção
(ASHLEY, COUTINHO, TOMEI, 2000).
Nesse período, alguns tribunais americanos mostraram o entendimento de que
acionistas não estão na “linha de frente” da empresa, e que por isso as necessidades e
interesses de funcionários poderiam ser considerados em conjunto com os seus. Esse
entendimento permitiu que várias deliberações apresentassem resultados em prol de ações
filantrópicas e, em vista deste fato, se criou jurisprudência e se estabeleceu uma legislação
para a regulamentação do que recebeu o nome de filantropia corporativa.
As diversas transformações ocorridas na visão da RSE podem ser percebidas como um
processo contínuo decorrente de uma atitude de mudança de percepção. Inicialmente a
responsabilidade da empresa se limitava ao lucro e foi caminhando em conceituação até
29
atingir um amplo escopo, englobando todos os stakeholders, com um marcante caráter de total
transparência. Apesar do longo caminho, deve-se entender que toda esta gradação de
conceitos e atitudes coexiste nos dias de hoje, indicando que é um processo ainda não acabado
(SANTOS, 2007).
Nesse sentido, é válido o conhecimento das características que contribuíram para a
construção e evolução do conceito, bem como a continuação da análise da história da RSE.
2.2.1 Responsabilidade Social Empresarial nos anos 50
Na década de 50, as discussões acerca da RSE adquiriram consistência, visto que a
literatura que trata do tema apareceu de forma mais específica. Na verdade, a partir deste
momento, a consciência de que a atuação das empresas trazia consigo uma série de
responsabilidades começou a aumentar.
Cedo ou tarde as empresas teriam que seguir um caminho de maior relevância social,
porque, se não o fizessem por iniciativa própria, o fariam por força de leis e regulamentos
governamentais (CARROLL, 1999; LOURENÇO, SCHRODER, 2003).
Mais precisamente em 1953, o tema foi discutido, tendo sido caracterizado como
filantropia, condição reconhecida pela Suprema Corte Norte-americana. Nesse mesmo ano, a
obra de Bowen (1953), intitulada Social Responsabilities of the Businessman, que tinha como
questão central discutir a responsabilidade do homem de negócio para com a sociedade além
de suas obrigações laborais, dá início à era moderna da RSE (CARROLL, 1999).
Neste período, as expressões de RSE reproduziam a busca de uma melhor condição de
trabalho e vida para os funcionários, verificando atitudes ambientais e éticas.
Importantes obras da literatura especializada sobre o tema, datadas da época são:
“Doações corporativas em uma Sociedade livre”, de Eell (1956); “Gerenciamento responsável
para a sociedade: O crescimento de uma ideia”, de Held's (1957) e “Moral Philosophy for
management” (A moral filosófica para o gerenciamento), de Seleskman (1959).
2.2.2 Responsabilidade Social Empresarial nos anos 60
Nesta época, surge o entendimento de que as empresas devem levar em conta como
suas decisões afetam o sistema social como um todo. Ou seja, a busca de uma conceituação
sobre o tema começa a ser assumida pelas empresas. Alguns empresários fazem uso de
princípios de RSE, entendendo que estes podem traduzir-se como requisitos para o bom
andamento dos negócios.
30
Na busca dessa conceituação, Santos (2007) cita o trabalho de Davis (1967), pois, de
acordo com este autor, a conceituação de RSE poderia ser mais facilmente entendida dentro
de um ambiente administrativo, uma vez que muitas de suas deliberações podem ser
justificadas dentro de uma ótica de longo prazo, pois estas apresentam a possibilidade de se
converter em ganhos monetários para a organização, recuperando desta forma os gastos
realizados.
Para Carroll (1999), na década de 1960 ocorreu a substituição do termo
responsabilidade social dos homens de negócios, definido por Bowen (1953) no período
anterior, pela expressão responsabilidade social corporativa, tendo sido caracterizada pelas
tentativas de formalizar o conceito, que passou a ser compreendido como um sistema social
mais amplo, o qual evoluiu do nível individual para o corporativo.
As consequências éticas das relações entre empresa e sociedade e a preocupação com
o bem estar social passam a fazer parte do comportamento social corporativo, além das
exigências econômicas e legais. Foram visões inovadoras num contexto em que a RSE ainda
não estava consolidada apropriadamente.
Uma discussão contrária à consideração de posicionamentos sociais responsáveis por
parte da empresa partiu de Friedman (1962), que, em seu artigo publicado no New York
Times, pontuava a ética do capitalismo, verificando que o único objetivo da empresa deve ser
a maximização do lucro para os acionistas. Crítico da RSE, o autor defendia que a relevância
social por parte dos administradores poderia arruinar as bases da sociedade livre.
Algumas discussões sobre a RSE no Brasil começaram nos anos 60, com a fundação
da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE). Uma das diretrizes básicas da
ADCE era o entendimento e a aprovação, por parte dos seus integrantes, do princípio da
função social da empresa (LOURENÇO, SCHRODER, 2003).
Internacionalmente, diversos autores procuraram definir a RSE. McGuire (1963)
pontua as políticas que a empresa deve possuir para a legitimação do conceito em sua atuação,
tais como políticas voltadas para o bem-estar da comunidade, educacionais e políticas para a
melhoria das condições de trabalho dos seus funcionários, em diferentes ações sociais,
validando os negócios através da cidadania.
Frederick (1960) considerou que a responsabilidade social inclui uma atitude pública
em relação aos recursos humanos e econômicos, de tal forma que esses não sejam utilizados
de maneira restrita aos interesses de pessoas e empresas privadas.
31
No final da década, apareceram trabalhos no âmbito internacional acerca das temáticas
ambientais, segurança no trabalho, regulamentos governamentais, o consumismo excessivo e
o desperdício dos recursos naturais (BORGER, 2001). Assim, os debates sobre RSE começam
a consolidar-se e marcam a década seguinte.
2.2.3 Responsabilidade Social Empresarial nos anos 70
Foi a partir da década de 1970 que a RSE passou a adquirir o formato mais conhecido
atualmente de abordagem ética e que envolve a discussão sobre as necessidades sociais dos
diferentes agentes que envolvem a empresa. Entretanto, ainda era necessário validar o
conceito, dado o fato de que trabalhos como os de Friedman marcaram a década.
Para Oliveira e Valadão Júnior (2007), foi na década de 1970 que se ampliaram as
discussões sobre o relacionamento empresa, governo e comunidade diante do aumento da
crise social e ambiental do momento. Neste período, as relações entre empresas e agentes
externos tornaram-se mais firmes e a definição de RSE com uma composição reguladora
apresentou-se em paralelo a debates filosóficos sobre as obrigações das organizações no
provimento do progresso social.
Dessa forma, a visão voltava-se para a intensidade e nível de respostas da organização,
para os compromissos sociais para com a sociedade, uma vez que tais compromissos sociais
eram vistos como uma das obrigações da empresa.
Para Friedman (1970), a RSE é uma ideia subversiva, embora considerasse como
compromisso social de qualquer empresa o respeito à ética e a obediência às leis em uma
constante auto-procura do lucro. Para ele, a utilização de recursos para ações sociais em lugar
de aplicá-los à produção representa uma redução da eficácia da empresa. Para o autor, os
problemas sociais são de competência do Estado.
A análise das políticas de relacionamento da empresa para com as comunidades e a
busca de uma boa relação com essas comunidades, além de uma visão de filantropia
corporativa, são também consideradas neste período.
São ainda relevantes, nessa década, as preocupações do Comitê para o
Desenvolvimento Econômico (CED) ligadas aos produtos, empregados, ao meio ambiente, à
exclusão e pobreza, bem como à elaboração de modelos teóricos a fim de conceituar a RSE e
de avaliar o desempenho social empresarial (PRESTON e POST, 1975; SETHI, 1975;
CARROLL, 1979; ZENISEK, 1979).
Para autores como Eilbert e Parket (1973), duas visões abrangem as ações socialmente
responsáveis: uma consiste em não realizar nada que possa prejudicar a comunidade vizinha,
32
enquanto a outra é a ação voluntária de auxiliar na solução dos problemas dessa comunidade,
optando por um papel ativo. Outras análises como a de Ackerman (1973) verificam que as
ações de RSE, inicialmente, se constituem em respostas à sociedade ou a pressões legais.
Essa responsividade consiste na adaptação das ações sociais às demandas coletivas na
empresa, atuando de forma antecipatória e pró-ativa, levando em conta os anseios da
sociedade.
Num modelo de responsividade social, as empresas inserem em sua estratégia ações
que visam solucionar as demandas apontadas pela sociedade, evidenciando que a sua atuação
social pode ser reativa, resultante de pressões exercidas externamente. Não atuar com o foco
na pró-atividade é um limitante da responsividade, o que eleva o prazo para viabilizar a
solução dos problemas identificados (STONER, FREEMAN 1995; BORGER, 2001).
Para Davis e Blomstrom (1975), a RSE começava no ponto em que terminam as leis.
Assim, uma empresa não está sendo socialmente responsável se obedece somente às
exigências mínimas da lei, porque isto é o que se espera dela. Os autores definiram o conceito
como sendo o compromisso da empresa em analisar os efeitos causados pelo processo
decisório, de maneira que se estendesse além das obrigações legais e resultasse em benefícios
sociais. O enfoque de Preston e Post (1975) apóia a opinião de Davis, ao descrever que a RSE
é a extensão do papel empresarial que ultrapassa seus objetivos econômicos e legais.
Preston e Post (1975) e Borger (2001) propuseram o termo responsabilidade pública
por compreenderem que o fato de uma organização estar inserida no contexto da vida pública
lhe confere responsabilidades sociais de viabilizar a sua contínua melhoria. Os autores veem a
responsabilidade social como função da gestão no contexto da vida pública. Ressalvando-se
apenas que é necessário especificar ou delimitar de forma prática o que é responsabilidade
pública ou privada.
Após as considerações de Preston e Post (1975), outros autores analisaram a
responsabilidade social e suas particularidades. Fitch (1976) realizou uma investigação acerca
da necessidade de as empresas adotarem um posicionamento como agentes de transformação
social. Zenisek (1979) criou um modelo de RSE que procurava a coerência entre a ética
empresarial e as demandas sociais. Holmes (1976) analisou o ponto de vista da alta direção
acerca de temos como responsabilidade empresarial na obtenção da lucratividade, auxílio na
solução de problemas sociais, impactos das ações sociais na lucratividade da empresa e as
expectativas sobre as ações de RSE (CARROLL, 1999).
33
Outros autores também procuraram trabalhar com o conceito de performance social,
verificando um conjunto de evidências relacionadas, é o que se pode ver a seguir.
2.2.3.1 Modelo Tridimensional de Performance Social
O modelo tridimensional de performance social foi proposto por Archie B. Carroll, em
1979, com vistas a integrar conceitos e promover uma análise multidimensional da RSE. O
conceito passou a ser visto não mais como um possível fator para produzir uma rede de
custos, mas uma contribuição para a geração de vantagens estratégicas em longo prazo com
vistas a melhorar o desempenho das empresas em termos de produtividade e inovação.
Carroll (1979) propôs o conceito de desempenho social das empresas, abrangendo
princípios, processos e políticas sociais, partindo do princípio de combinar as ideias
filosóficas da responsabilidade social e os modelos de reatividade social. Esses modelos de
reatividade partem do princípio de que as empresas reagem individualmente a questões
sociais, ponderando uma análise micro dessas questões.
Para conceituar a responsabilidade social e analisar seu nível de abrangência por parte
das organizações, deve-se estudar por inteiro o conjunto de obrigações que a empresa tem
para com a sociedade, verificar as características do contexto e ambiente em que atua a
empresa e observar suas formas de resposta frente às necessidades de seus stakeholders.
A partir destas constatações, o autor enfoca três dimensões distintas no trato da RSE.
O primeiro aspecto do modelo trata de categorias, da tarefa da responsabilidade social, que
são as categorias: econômica, legal, ética e discricionária. O segundo aspecto diz respeito a
toda uma gama de ações ou programas sociais que a empresa pode focar ou priorizar, estas
questões podem ser relacionadas principalmente ao consumo, meio-ambiente, discriminação,
segurança do produto ou do trabalho, acionistas etc. E o terceiro aspecto trata-se do
posicionamento (resposta) que a empresa pode ter em relação à relevância social.
Esses três ângulos de análise forçam à consideração das principais questões que devem
ser analisadas na performance social de uma empresa (CARROLL, 1979). Para Welzel et al
(2008), o modelo de RSE idealizado por Carroll (1979) é tido como um modelo explicativo
fundamental do tema. E considera-se que o mesmo serviu de base para diversos outros
estudos e conceitos sobre o tema surgidos posteriormente.
A figura 2 a seguir mostra o cubo tridimensional exposto pelo autor, o qual explana as
três dimensões ou ângulos de análise em questão:
34
Figura 2: Modelo Tridimensional de Performance Social Corporativa
Fonte: Carroll (1979, pg. 503)
As categorias que o autor coloca para o estudo de ações socialmente responsáveis por
parte da empresa mostram as responsabilidades ou obrigações do negócio.
Responsabilidade econômica – Os negócios têm responsabilidades de pagamento e
venda aos fornecedores, funcionários e clientes. Todos os outros papéis são atributos
derivados desse pressuposto fundamental. Não se pode dizer que uma empresa é socialmente
responsável quando ela deixa de cumprir compromissos econômicos com os stakeholders.
Dessa forma, ela deve verificar a adequação entre seu nível de receitas e despesas e
disponibilizar produtos adequados aos clientes ou prover serviços que a sociedade requer e
vendê-los de forma apropriada e conveniente. A empresa possui como sua natureza e
justificativa de existência oferecer ao seu público produtos e serviços adequados e garantir o
efetivo retorno financeiro a acionistas, sócios, fornecedores, funcionários e parceiros.
Responsabilidade legal - Leis e regulamentações formam a estrutura legal sobre a
qual espera-se que os negócios operem. Obedecer à lei é uma das condições para a existência
dos negócios na sociedade. Carroll (1979) afirma que a sociedade espera que as empresas
atuem dentro de sua responsabilidade econômica, e dentro da estrutura dos requerimentos
legais impostos à sua existência.
Responsabilidade ética – Comportamento e normas éticas também são uma
expectativa que os membros da sociedade esperam ser preenchidos pelos negócios, mas nem
35
sempre estão codificados na lei. Conforme o autor do modelo, a responsabilidade ética pode
ser considerada como a mais difícil de ser trabalhada e praticada nos negócios. Porém, a
mesma tem sido muito discutida e debatida e adquire considerável relevância, principalmente
em relação aos debates sobre aspectos que podem ser ou não éticos. Esses fatores implicam na
análise e reflexão ética e exigem que a tomada de decisões por parte da empresa seja feita
considerando-se as consequências de suas ações.
Responsabilidade discricionária – Os atos discricionários consistem nas ações
praticadas pela gerência, em resposta às expectativas sociais. Esses atos podem ser vistos
como voluntários ou filantrópicos e ficam por conta do julgamento individual dos gestores da
organização, tais como ações voluntárias devem ser. Essas atividades são guiadas pelo desejo
dos negócios em se engajar em papéis sociais não legalmente obrigatórios e estão tornando-se
cada vez mais parte integrante das estratégicas organizacionais. Para Carroll (1979), essas
responsabilidades incluem atividades que não são impostas às empresas, nem por lei, normas
éticas ou por necessidades econômicas.
A figura 3 mostra como a responsabilidade social pode ser categorizada nos quatro
grupos explicitados:
Responsabilidade
Discricionária
Responsabilidade
Ética
Responsabilidade
Legal
Responsabilidade
Econômica
Figura 3: Categorias de Responsabilidade Social
Fonte: Carroll (1979, pg. 499).
36
Estas quatro categorias não são mutuamente excludentes, nem são destinadas a retratar
uma continuidade com preocupações econômicas em uma extremidade, e preocupações
sociais em outra, ou seja, elas não são cumulativas nem aditivas. O gráfico é apenas para
sugerir o que poderia ser denominado seu papel fundamental na importância da evolução da
consideração – categorização – social. Todos esses tipos de responsabilidades têm sempre
existido nas organizações, a história mostra que primeiramente eram considerados aspectos
econômicos e legais e que depois aspectos éticos e discricionários passaram a ser também
levados em conta (CARROLL, 1979).
As atitudes sociais das empresas podem ser caracterizadas e entendidas de acordo com
as categorias mencionadas. Uma organização pode realizar ações socialmente responsáveis de
maneira abrangente ou de forma principiante, entretanto as mesmas podem ser vistas sob a
ótica econômica, legal, ética ou discricionária.
As duas primeiras categorias são exigidas pela sociedade, podendo ser denominadas
de „responsabilidade de ação‟ das empresas. A terceira categoria é esperada pela sociedade, e
a quarta é desejada pela sociedade (CARROLL, 1991). Todos estes compõem uma das
dimensões de análise social.
Conforme o autor, o modelo procura estabelecer uma visão distinta para muitos que
discutem o fato de a responsabilidade econômica estar separada da ênfase social. O modelo
sugere uma integração de fatores econômicos e sociais, ao contrário da visão dos que
argumentam o fato de os aspectos econômicos estarem separados da responsabilidade social.
Em síntese: a empresa deve ser economicamente viável, produzir bens ou prover
serviços que a sociedade precisa; cumprir as leis; adotar comportamentos que não estão
propriamente codificados nas leis, mas são esperados pela sociedade; e, voluntariamente,
contribuir com projetos sociais que beneficiem a comunidade. O comportamento específico
da empresa deve ser referendado pelos stakeholders, pois as opiniões dos membros desses
grupos influenciam na aceitação que a empresa e suas atividades dispõem na sociedade.
É válido considerar que para entender a complexidade da RSE nas organizações
modernas, é necessário incorporar uma visão mais vasta e dimensional da sociedade, e
considerar o macro ambiente, suas necessidades e anseios, conforme explanam Carroll
(1979), Wood (1991) e Ashley (2000).
A estrutura do presente modelo aborda uma outra dimensão, que consiste nas ações e
programas sociais envolvidos. Trata-se de questões nas quais as responsabilidades
econômicas, legais, éticas e discricionárias podem ser ou estar vinculadas.
37
Carroll (1979) aponta que essas ações e programas são diferentes para cada indústria, e
sua consideração e relevância dependem do contexto e dos stakeholders envolvidos com a
empresa. Na verdade, a gestão pode focar em certas áreas de interesse ligadas à natureza dos
produtos ou em áreas relacionadas à própria cultura da organização. Essas áreas são descritas
no modelo como a ênfase na segurança do produto, segurança do processo ou do trabalho,
meio-ambiente, consumo e acionistas, ou seja, designam focos prioritários que a empresa
pode trabalhar no momento de sua relevância social. Entretanto, o autor coloca que a empresa
pode não ter nenhuma desta ênfase no trabalho com questões sociais, ficando a cargo de o
pesquisador identificar quais as áreas ou recursos a empresa prioriza nas ações socialmente
responsáveis.
A necessidade de reflexão para com as áreas sociais tem evoluído no âmbito da
responsabilidade social, principalmente o reconhecimento de como elas mudaram ao longo do
tempo; por exemplo, segurança do produto, segurança ocupacional, saúde e ética empresarial
não eram interesses da década passada. As questões e seu grau de interesse estão sempre em
um estado de fluxo. À medida que o tempo passa, a ênfase nas áreas de consideração social
muda (CARROLL, 1979).
Nesse sentido, pode-se observar que o entendimento de ações e programas está sujeito
a fatores como identificação da empresa, contexto em que a mesma se encontra, pessoas
envolvidas, cultura, ambiente e aspectos da atualidade. Com isso o autor menciona a
importância de verificar esses itens associados ao tipo de relevância social que a empresa
pretende assumir, fatores que podem ser analisados mediante a consideração do ambiente e de
aspectos relacionados.
A filosofia, modo ou estratégia de comportamento e resposta do gestor também é um
aspecto que pode ser focado quando da análise da relevância social por parte da empresa,
designando a terceira dimensão do modelo de Carroll (1979). Conforme ele, o termo
geralmente usado para descrever este aspecto é resposta social, e pode se estender desde
nenhuma resposta até uma resposta pró-ativa. O que se coloca não é a gestão que aceita a
existência de obrigações morais e éticas que devem ser consideradas pela empresa, mas trata-
se do grau e tipo de ação gerencial que a mesma pode adotar nesse aspecto.
Alguns escritores mencionaram métodos conceituais que descrevem formas de
resposta social por parte da empresa. Essas formas de resposta, em sua visualização final,
consistem no posicionamento da empresa, na maneira como ela pode responder à sociedade
por aspirações sociais e a forma como se dá essa resposta. Ian Wilson (1975) apud Carroll
38
(1979) identificou que existem quatro estratégias de resposta social: reativa, defensiva,
acomodativa e pró-ativa. Outros autores também identificaram modelos de resposta, conforme
se pode observar a seguir:
Ian Reativa Defensiva Acomodativa Pró-ativa
Wilson
Terry Reage Faz apenas o É progressivo Conduz a indústria
McAdam a mudanças requerido
Davis & Retirada Abordagem de Abordagem Negociação Resolução
Blomstrom Relações públicas jurídica de problema
Mínima Máxima
Relevância Relevância
Figura 4: Formas de resposta social
Fonte: Carroll (1979, pg. 502)
Terry McAdam descreveu uma metodologia similar e complementar à de Wilson, e
ainda procurou explicitar toda a abordagem gerencial que caracteriza os níveis de resposta.
Davis e Blomstrom descrevem também alternativas de resposta às pressões da sociedade. A
figura mostra essas responsabilidades de uma forma contínua.
Carroll (1979) identificou que a abordagem de Ian Wilson (1975) era adequada para
seu modelo de RSE. O autor coloca que as empresas buscam, para adequar-se e desenvolver
métodos de observação social, implantar os princípios do contrato social em seus processos
decisórios e em suas políticas empresariais; esses princípios dizem respeito ao
posicionamento que a organização pode tomar no sentido de responder a problemas sociais.
Com isso, uma empresa pode ser caracterizada como tendo uma resposta:
a) Reativa: a empresa responde a uma questão social depois que ela ameaça seus objetivos, ou
seja, depois que algum problema interfere em seu efetivo funcionamento;
b) Defensiva: a empresa age para se proteger ou se defender de um desafio ou problema;
c) Acomodativa: a empresa se alinha às exigências do governo ou da opinião pública; ou
d) Pró-ativa: a empresa antecipa exigências que ainda não foram feitas.
39
Observa-se que, como pontua o autor, enfoques antes tidos em separado como as
formas de resposta social, categorias e focos de análise da empresa foram colocados em
conjunto, conforme três dimensões de uma mesma abordagem.
O modelo foi sugerido para ser utilizado principalmente na área acadêmica, por
pesquisadores e alunos, sendo chamado de modelo tridimensional conceitual de performance
social. Mas também seu uso por gestores, no intuito da medição e relevância da abrangência
social da empresa, mostra os principais focos de análise da organização e os problemas a
serem enfrentados para o desenvolvimento de uma empresa socialmente responsável.
Também enfoca a consideração dos stakeholders e sua visualização, entendimento e
percepção acerca das ações desenvolvidas, uma vez que estes influenciam e são tidos como a
natureza das práticas e ações socialmente responsáveis. O modelo pode auxiliar e ser utilizado
como uma ferramenta de diagnóstico empresarial ou como mecanismo para entendimento e
apreciação do entendimento dos stakeholders sobre determinadas questões sociais de dada
empresa.
O modelo tridimensional de performance social coloca-se como uma das grandes
contribuições na área de RSE. Muitos autores posteriormente o mencionaram e
desenvolveram estudos com base em Carroll, conforme se pode verificar na década de 80.
2.2.4 Responsabilidade Social Empresarial nos anos 80
Na década de 1980, com a retomada da ideologia liberal, o conceito de RSE sofre
transformações, revestindo-se de argumentos a favor do mercado.
Com isso, o mercado passa a ser o principal responsável pela regulação e fiscalização
das atividades empresariais, impedindo abusos por parte das companhias (TENÓRIO, 2006).
Vê-se que os novos requisitos desse mercado, juntamente com a mudança de mentalidade dos
consumidores, foram fatores decisivos na ascensão dos debates sobre RSE nesta década.
Nesse período, muitos estudos tanto no exterior quanto no Brasil deram enfoque ao
tema, destacando-se o de Magalhães (1984), ao considerá-la como consequência da ação
política dos indivíduos e da sociedade; o de Mota (1984), que a relacionou com a
administração pública para se atingir a eficiência e a lucratividade; e o de Tomei (1984), que
avaliou a percepção dos empresários, quanto a seus valores e ideologias, para compreender se
a adoção da RSE representava um novo estilo de administrar.
Friedman (1984) continuava a colocar o entendimento de que a função básica da
empresa é garantir a maior lucratividade para proprietários e acionistas. Entretanto essa visão
era rebatida por trabalhos da época que tratavam de temas como ética empresarial e teorias de
40
gestão focalizadas nos stakeholders. Uma discussão acontecia assim em meios empresariais e
acadêmicos.
O foco da RSE modificou-se da definição para a busca pela operacionalização,
abrangendo muitos temas relativos como ética empresarial, gestão pública, desempenho social
corporativo, teoria dos stakeholders. Tornaram-se sólidos os estudos para determinar e
gerenciar a RSE atrelada à atuação financeira.
Para Drucker (1984) e Cochran e Wood (1984) existe uma relação proporcional entre
a lucratividade de uma empresa e a sua RSE, devendo a organização transformar as suas
ações sociais em possibilidades de retorno financeiro, como forma de transformar um
problema social em conveniências econômicas para a firma.
Dado o fato de que assuntos sociais estão relacionados a questões subjetivas, alguns
autores procuraram num primeiro momento fomentar modelos conceituais no intuito de focar
o comportamento da organização, como forma de possibilitar a verificação da situação de
desenvolvimento em que ela se encontra.
Neste contexto, Wartick e Cochan (1985) elaboraram um modelo de desempenho
social corporativo, utilizando um agrupamento de princípios, processos e políticas para
integrar responsabilidade, responsividade e outros temas sociais a uma gestão administrativa.
2.2.4.1 Modelo de Performance Social Corporativa
Tendo por base os trabalhos de Carroll (1979), Wartick e Cochran (1985)
desenvolveram um modelo que procurou ampliar e reorientar sua análise social. Nesta visão,
primeiramente os autores definiram os principais desafios de RSE no momento da relevância
social por parte do gestor. Cada desafio tenta definir tanto o escopo da responsabilidade social
na sociedade quanto os critérios de mensuração da performance da empresa na área social.
O primeiro desafio consiste na responsabilidade econômica, que está focada em
garantir que os interesses dos acionistas, gestores ou funcionários estejam sendo considerados
e colocados em ordem. Esses interesses estão arraigados na empresa, e não podem ser
colocados em segundo plano. O ponto é que a RSE inclui, mas não é limitada, pela
responsabilidade econômica.
O segundo desafio é verificar que existe a responsabilidade pública, que consiste nas
ações praticadas pela empresa que impactam ou ocasionam mudanças na sociedade e na
opinião pública. Diz respeito ao conhecimento e adequação da empresa com as características
do mercado e sua resposta para com a sociedade.
41
O terceiro desafio é a responsividade social, que está relacionada ao processo de
resposta social da empresa para com a sociedade (pressões sociais). É um conceito válido que
conduz os gestores a entender de uma melhor forma a ênfase no desenvolvimento e
implantação de um plano de ação social.
Os autores abordam que as dimensões de responsabilidade social têm sido alvo de
muitas conceituações e teorias, e verificam os princípios como uma orientação filosófica. A
dimensão de responsividade social enfoca a maneira de satisfazer as obrigações sociais, trata-
se da capacidade de resposta. A terceira dimensão é a administração dos aspectos sociais, que
estava sendo desenvolvida como um método para operacionalizar a responsividade social. O
quadro 1 mostra as dimensões em análise:
PRINCÍPIOS PROCESSOS POLÍTICA
Responsabilidade Social Responsividade Social Gestão dos Aspectos Sociais
Empresarial
1. Econômica 1. Reativa 1. Identificação dos Aspectos
2. Legal 2. Defensiva 2. Análise dos Aspectos
3. Ética 3. Acomodativa 3. Desenvolvimento da resposta
4. Discricionária 4. Pró-ativa
Dirigido ao: Dirigido à: Dirigido à:
1. Contrato social do negócio 1. Capacidade de resposta a 1. Minimização de surpresas
2. Negócio como um agente alterações das condições sociais; 2. Determinação das políticas
moral 2. Abordagens de gestão para efetivas de RSE
desenvolvimento de respostas.
Orientação filosófica Orientação institucional Orientação organizacional
Quadro 1: Modelo de Responsabilidade Social Corporativa Fonte: Wartick e Cochran (1985, p. 767)
Cada componente (dimensão) possui suas próprias orientações e direções e, em geral,
eles proveem um conceito integrado do envolvimento social de uma organização.
O modelo de Wartick e Cochran (1985) apresenta a origem e natureza das dimensões
da RSE. Os princípios de responsabilidade social refletem uma orientação filosófica, pois é
fato que a identificação das causas e problemas sociais infere uma colocação dos sentidos
racional e lógico; os processos de resposta social refletem uma orientação institucional, em
que existe a necessidade do conhecimento do ambiente e das necessidades do entorno da
empresa para a consecução de sua resposta; e as políticas de gerenciamento dos aspectos
sociais refletem uma orientação organizacional, em que a administração dos recursos sociais
se dão no âmbito interno da empresa.
42
O modelo acrescenta a visualização de que os princípios, processos e políticas
possuem utilidades ou estão direcionados a uma função principal, tal qual a empresa como
agente moral no contexto de contrato social dos negócios. Ele é similar e procurou até certo
ponto complementar o modelo de Carroll e ampliar seu ângulo de análise, evidenciando a
natureza de seus princípios e processos e seu direcionamento.
Em 1987, Epstein, a partir da realização de pesquisas acerca da responsividade e a
ética e RSE, definiu-a como um processo político-social corporativo, procurando demonstrar
que responsabilidade social, responsividade e ética empresarial são ideias que se relacionam
(CARROLL, 1979, 1999).
Ocorre também na década de 80 o nascimento da corrente denominada Business &
Society, dado o fato da revolução decorrente das novas tecnologias da informação e da
globalização, fatores que acabaram por transformar organizações locais em corporações
transnacionais. Para os pensadores desta corrente, a empresa e a sociedade formam uma rede
de interesses e relações permeadas por disputas de poder, por acordos contratuais e pela busca
da legitimidade. Um dos pilares da Business & Society é a Teoria dos Stakeholders, a qual foi
discutida primeiramente nos anos 80. Entretanto sua discussão e abordagem serão feitas
posteriormente à discussão e presente análise histórica.
2.2.5 Responsabilidade Social Empresarial nos anos 90
O movimento de valorização da RSE ganhou forte impulso na década de 90, através
da ação de entidades não governamentais, institutos de pesquisa e empresas que começaram a
trabalhar com a questão. Nesta época, surgiram pesquisas no intuito de aperfeiçoar métodos e
modelos de desempenho social corporativo, criados nas décadas anteriores. De acordo com
Wood (1991), outros temas como cidadania corporativa, desempenho financeiro e
rentabilidade foram explorados com maior intensidade.
Pode-se verificar que a discussão sobre o tema está associada à transição de valores
que o país atravessou: de uma sociedade industrial, em que a RSE assume conotação
econômica, para uma sociedade pós-industrial, onde o tema valoriza aspectos relacionados à
melhora da qualidade de vida.
A partir de outras iniciativas, em 1993 muitas organizações passaram a realizar, todos
os anos, a divulgação do seu balanço social (LOURENÇO; SCHRODER, 2003). E novas
visões e conceitos são consolidados. Wood (1991) alegou que empresa e sociedade fazem
parte de um mesmo sistema e estão em constante interação; ambas estão ligadas por um
contrato social e a empresa está sujeita ao controle por parte da sociedade.
43
Em seu modelo de desempenho social, ele discute fatores que impõem uma mudança
de comportamentos para com aqueles que de alguma forma são ou não impactados por uma
organização, fazendo com que a mesma adote políticas e programas de prevenção e mitigação
de impactos. Seu trabalho é tido como uma importante referência para estudos sobre RSE.
2.2.5.1 Modelo Corporate Social Revisited
No intuito de determinar o perfil da RSE, Wood (1991) apresenta um modelo que tem
por objetivo facilitar a visualização das dimensões e relacionamentos de uma empresa
socialmente responsável. Seu estudo foi baseado no modelo de Carroll (1979) e de Wartick e
Cochran (1985), tendo o cuidado de substanciar os conhecimentos existentes até o momento.
O autor sugeriu uma análise sobre o que seria um modelo de desempenho social
corporativo, no intuito de viabilizar a mensuração dos resultados da prática das ações sociais.
Segundo ele, negócio e sociedade se combinam, constituindo-se em uma única entidade. Este
modelo pode ser considerado tridimensional, conforme se pode verificar na tabela 1, a seguir:
Princípios de Responsabilidade Social Empresarial
Princípio institucional: legitimidade;
Princípio organizacional: responsabilidade
pública;
Princípio individual: gestão discricionária.
Processos de Responsividade Social Empresarial
Avaliação ambiental;
Gestão de stakeholders;
Gestão de questões.
Atitudes de Comportamento Social Empresarial
Impactos sociais;
Programas sociais;
Políticas sociais.
Tabela 1: Modelo de Desempenho Social Empresarial Wood (1991)
Fonte: Heleno (2008)
Segundo Wood (1991), a empresa e a sociedade estão interligadas e não são
consideradas distintas, já que a sociedade tem determinadas expectativas para o
comportamento adequado de uma empresa.
A representação do autor lhe permitiu desenvolver uma relação entre os princípios de
RSE com a legitimidade social (nível institucional), a responsabilidade pública (nível
organizacional) e o discernimento e a sensatez administrativa (nível individual). O quadro 2
explana os princípios:
44
O Princípio da Legalidade: A sociedade concede legitimidade e poder de negócio. A longo prazo,
aqueles que não utilizam o poder de forma que a sociedade considera responsável tenderá a perdê-
lo.
Nível de aplicação: Institucional baseada em uma empresa da obrigação genérica como uma
organização empresarial.
Foco: Obrigações e sanções.
Valor: Define a relação institucional entre as empresas e a sociedade e especifica o que se espera de
qualquer negócio.
Origem: Davis (1973).
O Princípio da Responsabilidade Pública: As empresas são responsáveis pelos resultados
relacionados com as áreas de envolvimento com a sociedade.
Nível de aplicação: Organizacional, com base nas circunstâncias específicas da empresa e as
relações com o meio ambiente.
Foco: Parâmetros comportamentais para as organizações.
Valor: Limita uma empresa da responsabilidade aos problemas relacionados com sua atividade e
interesses, sem especificar um domínio de ação possível.
Origem: Preston & Post (1975)
O Princípio do Poder da Gestão Discricionária: Os gestores são agentes morais. Dentro de cada
domínio da responsabilidade social das empresas, existe a obrigação de exercer tal poder
discricionário tanto possível, no sentido socialmente responsável.
Nível de aplicação: Individual, com base nas pessoas, ou seja, gestores, como atores nas
organizações.
Foco: escolha, oportunidade e responsabilidade pessoal.
Valor: define a responsabilidade dos gestores como moral, de forma a perceber e a exercer as suas
opções em função da responsabilidade social.
Origem: Carroll (1979), Wood (1990)
Quadro 2: Princípios da Responsabilidade Social Empresarial Wood (1991)
Fonte: Wood (1991)
Para Wood (1991), os administradores são atores morais, obrigados a exercitar a
prudência na direção de resultados socialmente responsáveis, que devem ampliar o caráter
moral de suas decisões, sabedores dos efeitos prejudiciais que podem produzir as suas atitudes
menos éticas.
Nesse sentido, surge o conceito de responsividade social, que representa
comportamentos que a organização define como respostas para com questões sociais –
informações, características e agrupamentos de stakeholders com os quais a empresa
relaciona-se. Autores como Carroll (1979) e Wartick e Cochran (1985) definem que a
responsividade social não substitui a RSE, mas apenas a complementa.
Wood (1991), que baseou muito de sua visão sobre responsividade em Ackerman
(1975) e Strand (1983), sugeriu três comportamentos característicos de uma empresa que
trabalha com responsividade, que são: Acompanhamento e avaliação das condições
ambientais; Assistência aos interesses das partes interessadas (stakeholders); Definição de
planos e políticas para responder às novas condições. Esses comportamentos mostram a
consideração das pessoas, grupos, condições ambientais e de tratamento da informação.
45
Os resultados do desempenho das ações de RSE são extremamente importantes para a
análise do desempenho social da empresa. São dois os resultados a se considerar: impactos
sociais das ações empresariais, e programas e políticas sociais empresariais (ASHLEY, 2002).
Essa terceira vertente do modelo consiste na definição de políticas, programas e resultados
observáveis, que estejam relacionados com as relações sociais da empresa.
O modelo de RSE de Wood (1991) é destaque não só como abordagem sobre o modo
das respostas sociais empresariais, mas é tido como um conjunto de conceitos e explicitações
teóricas do que consiste a responsabilidade social. Este modelo pode ser tido como uma
junção conceitual de estudos anteriores sobre o tema; contribuiu para uma conceituação mais
desenvolvida do que pode ser uma empresa que pratica ações socialmente responsáveis.
No intuito de promover uma definição também mais abrangente da RSE, Carroll
(1991) deu continuidade ao seu estudo proposto em 1979, relatando conceitos e visualizações
novas e diferentes daquelas propostas até o momento.
2.2.5.2 A pirâmide de Responsabilidade Social Empresarial
Em 1991, Carroll revisou sua concepção sobre RSE e introduziu um novo conceito, o
da cidadania corporativa, defendendo a convergência entre a responsabilidade social e este
conceito. Para ele, as empresas que são lucrativas, obedecem às leis, apresentam um
comportamento ético e desenvolvem ações filantrópicas são empresas-cidadãs.
Dentre as principais considerações do estudo, verifica-se o argumento de que as
empresas devem elaborar programas e metas sociais integradas ao pensamento ético, de
acordo com sua estratégia, tomada de decisão e políticas.
O autor sugeriu que as quatro categorias de RSE: econômica, legal, ética e
discricionária, identificadas e discutidas em seu modelo exposto em 1979, fossem organizadas
em forma de pirâmide, onde na base estaria o princípio econômico e, por conseguinte, os
próximos – legal, ético e discricionário. Assim surgiu a pirâmide de SER, a qual os descrevia
e mostrava as características a serem analisadas em cada um deles. As funções ou princípios
são colocados dessa forma, conforme a seguinte figura:
46
Responsabilidade
Filantrópica
Ser uma empresa-cidadã
Contribuir com recursos
para a comunidade;
Melhorar a qualidade de vida
Responsabilidade
Ética
Ser ético
Fazer o que é certo, justo e honesto;
Evitar injustiças ou ofensas.
Responsabilidade
Legal
Obedecer à lei
A lei é a codificação da sociedade sobre o que é certo e
errado. Jogue com as regras do jogo.
Responsabilidade
Econômica
Ser útil e proveitoso
A fundação sobre a qual todas as outras operam
Figura 5: A pirâmide de Responsabilidade Social Corporativa Fonte: Carroll (1991, pg. 4).
Carroll (1991) faz uma detalhada explicação sobre os princípios, em que é possível
destacar alguns pontos principais mencionados pelo autor:
1 – Componentes Econômicos (Responsabilidades): Carroll (1991) pontua que, sem a
ocorrência do componente econômico, todos os outros componentes se tornam meras
considerações, sem legitimidade ou segurança. É importante manter uma posição competitiva
no mercado e altos níveis de eficiência operacional.
2 – Componentes Legais (Responsabilidades): A empresa deve operar segundo os requisitos,
normas e leis impostas pelo mercado ou governo. Nesse sentido, deve verificar as
regulamentações federal, estadual e municipal. Na verdade, deve estar de acordo com os
princípios econômicos, operando sob uma estrutura legal.
3 – Componentes Éticos (Responsabilidades): Esse componente não está codificado em leis
ou regulamentações e consiste nos julgamentos de valor e moral que a empresa possui e
47
coloca em ação para com seus stakeholders. Envolve os padrões, critérios, normas ou
expectativas que refletem o que consumidores, funcionários, shareholders e a comunidade
consideram como justo e honesto. Mudanças éticas ou de valor precedem o estabelecimento
das leis porque eles se tornam a força reguladora por trás da criação das leis e
regulamentações. O componente ético pode ser considerado como continuamente em debates
públicos para sua legitimidade e é frequentemente difícil para os empresários lidarem e
trabalharem com ele (CARROLL, 1991).
Para o autor ainda, o comportamento empresarial ético da última década estabeleceu a
responsabilidade ética como um componente que legitima as ações de RSE. Deve-se observar
que essa responsabilidade está numa interface dinâmica com a responsabilidade legal,
entretanto o comportamento ético vai além da mera submissão com leis e regulamentações.
4 – Componentes filantrópicos (Responsabilidades): Este componente reflete a importância
de trabalhar paralelamente com as expectativas filantrópicas da sociedade. Pode-se verificar
principalmente a importância de ações que legitimem a participação de administradores e
funcionários em atividades voluntárias em sua comunidade local.
As responsabilidades ética e discricionária estão envolvidas em um sentido mais
amplo de RSE. Isto porque estão fundamentadas em preceitos como de cidadania, moral e
compromisso social comum, ou seja, para benefício mútuo. Ações socialmente responsáveis
devem reunir iniciativas de natureza ética ou humanitária, mas também econômica e legal. A
RSE inclui a contribuição discricionária, mas não é limitada por ela.
A pirâmide de responsabilidade social de Carroll e seu modelo tridimensional de
performance social são tidos como referências conceituais e estão presentes em muitos
estudos da área, como também muitos modelos criados posteriormente assemelham-se
estruturalmente a eles.
Observa-se que, em 1991, Carroll chamou a responsabilidade discricionária descrita
em 1979 de responsabilidade filantrópica, introduzindo a discussão sobre o que é filantropia e
seu escopo e atuação. Verifica-se essa modificação pela importância dada ao voluntariado e à
filantropia no contexto do momento, itens direcionados e voltados ao conceito em questão.
Observa-se também que seu estudo preocupou-se em descrever e analisar mais
detalhadamente as categorias de análise social, introduzindo uma visualização piramidal.
Entretanto, as considerações já feitas em 79 foram consolidadas, como a observação de que
essas responsabilidades não são mutuamente exclusivas, e sua consideração em conjunto ou
em separado deve ocorrer dentro do contexto e da dinâmica interação que ocorre entre eles.
48
A pirâmide de responsabilidade social procura dispor uma melhor visualização e
entendimento das categorias, visto que aspectos do componente econômico podem colocar-se
como em choque ou conflito com os outros componentes da pirâmide: o atendimento das
necessidades de lucro e a consideração dos problemas éticos e sociais internos e da sociedade.
Carroll (1991) faz menção à importância da análise dos stakeholders; principalmente
ao fato de identificar aqueles que merecem uma relevância prioritária, os desafios e
oportunidades envolvidos nesta consideração e quais atitudes que devem ser trabalhadas para
cada stakeholder.
Nesse sentido, o autor procurou em seu estudo vincular a relevância dos stakeholders
com as características do componente ético mais propriamente. O princípio ético é analisado
mais detalhadamente em consonância com as perspectivas do grupo de stakeholders de uma
empresa. Três abordagens de análise ética apresentadas em um estudo do autor de 1987 são
enfocadas e reavaliadas, essas abordagens referem-se à conduta ou comportamento da
empresa no que tange à ética, e são colocadas como condutas imoral, amoral e conduta moral.
O posicionamento imoral é caracterizado pelos gerentes cujas decisões, ações e
comportamentos vão de encontro ao que é estabelecido como moral ou ético, voltam-se para a
preocupação com as receitas e realizações pessoais. Os gerentes com a conduta moral,
segundo Carroll (1991), nem sempre visualizam suas ações como tendo um caráter ético, pois
observam necessidades de atitudes ou iniciativas além das realizadas. A conduta amoral está
relacionada a estilos de liderança voltados aos funcionários e suas necessidades e conflitos.
O autor pretende oferecer um maior entendimento acerca da consideração ética de
questões relacionadas aos diversos atores envolvidos com a empresa e suas interações. O
pensamento e a relevância do tipo de comportamento moral deve ser uma prática de todos os
que estão envolvidos de alguma forma com o negócio. Segundo Carroll (1991), o
comportamento amoral, para ser completamente considerado, precisa ser visto do ponto de
vista do contexto e das relações entre empresa-stakeholders.
Em relação à pirâmide de RSE proposta no estudo, o autor mostra a ideia de que ela
disponibiliza uma estrutura que melhora o entendimento da natureza de cada uma das
performances da firma: econômica, legal, ética e filantrópica. A implantação desses princípios
pode variar dependendo do tamanho da firma, suas particularidades, filosofia de gestão,
estratégia corporativa, características da indústria, economia e outras condições; porém os
quatro componentes mostram aos gestores as naturezas e tipologias de relevância social que a
organização pode abranger.
49
Mais tarde o autor, em conjunto com outros pesquisadores, inferiu outros
posicionamentos em relação ao modelo abordado. Assim, vale salientar suas colocações
posteriormente.
Ao analisar os modelos até agora enfocados, pode-se observar que, conforme
estabelecido, o modelo de Wood (1991) procurou sintetizar todos os conhecimentos existentes
até a época, dando destaque aos trabalhos de Carroll (1979) e Wartick e Cochran (1985). Por
sua vez, os modelos de Swanson (1995) e Hopkins (1997) encontraram sustentação em Wood
(1991). Neste caso, analisam-se as principais considerações do modelo de Swanson (1995).
2.2.5.3 Modelo de Performance Social Reorientado
Diane Swanson, em seu modelo de avaliação da performance social, procurou nortear
o modelo de Wood (1991) e reorientá-lo, observando pontos e dificuldades de sua análise. A
autora verifica que o modelo de Wood enfrenta muitos desafios e com isso é passível de
críticas de caráter normativo, uma vez que em seus princípios de RSE não é contemplada
claramente a relação entre deveres/obrigações da empresa e aferição de lucro, inferindo em
um problema de justificativa e critérios morais.
Assim, Swanson verificou que era preciso especificar os princípios, processos e
resultados colocados em quatro grupos: macro-princípios de responsabilidade social, micro-
princípios, cultura corporativa e impactos sociais.
Os macro-princípios de RSE são divididos em nível institucional e organizacional.
Ambos trabalham com a prerrogativa de que a empresa é uma “ferramenta” no
desenvolvimento de estratégias (responsabilidades) econômicas e ecológicas, dada uma
perspectiva de deveres positivos e negativos. Os micro-princípios de RSE examinam e
debatem sobre a tomada de decisão dos executivos em relação aos aspectos econômicos e
ecológicos e do uso de poder legítimo e ilegítimo diante de valores pessoais. Com relação à
cultura corporativa, o modelo faz alusão à sua relação com a tomada de decisão e às respostas
sociais sustentadas por assuntos externos.
Verifica também os impactos sociais, que são vistos como econômicos, ecológicos e
de poder. São três processos de valor, tais como: (1) Econômicos: que se referem à habilidade
das organizações de converterem inputs em outputs eficientemente de acordo com um
comportamento competitivo. (2) Ecológicos: referem-se a links integrativos entre
organizações e o ambiente que as circundam, que funciona adaptativamente para sustentar a
vida. Estes links estão baseados numa cooperação, num comportamento colaborativo. (3)
50
Poder: refere-se a um comportamento individual em organizações que buscam adquirir e
utilizar um poder coercitivo no entorno de arranjos ou organizações hierárquicas.
O modelo de Swanson, com sua ênfase em obrigações positivas e negativas, procura
evidenciar as diferenças entre ética, ações socialmente responsáveis, e as interfaces
econômicas e ecológicas e sua consideração em conjunto ou em separado. O autor procurou
construir em seu modelo um destaque para a importância dos processos de tomada de decisão
(em diferentes tipologias de organização) como também aos valores pessoais que dão forma a
esses processos.
Porém, pode-se observar a necessidade de uma melhor explicitação de como se dariam
essas relações e de como mensurar os aspectos relacionados aos valores pessoais, dada a
subjetividade deles. De acordo com Pasa (2004), o modelo de Swanson considera que, se a
empresa possui um código de ética e uma declaração de valores, estes devem ser seguidos por
toda a organização; e, em não havendo esta conduta, a empresa pode tomar as medidas que
achar necessárias para a punição dos envolvidos.
O presente modelo possui algumas carências e dificuldades de mensuração social, o
que implica na visualização de que a análise deste tipo de desempenho em uma empresa inclui
fatores subjetivos, verificação de impactos e influências, formas diversas de entendimento, de
acordo com os diversos stakeholders de uma organização.
Segundo Makower (1994), uma organização, para se intitular socialmente responsável,
deve ter a ideia de que todas as suas ações estão sujeitas a gerar impacto de forma direta ou
indireta, tanto interna quanto externamente, afetando consumidores, funcionários, a
comunidade local, o meio ambiente e a sociedade como um todo.
Kang (1995) indica o predomínio literário da ideia de que a RSE é uma atividade
estratégica importante para a manutenção da competitividade e lucratividade da empresa
frente à sociedade, sendo que a RSE seria uma atividade pós-lucro, que objetiva a
sobrevivência da empresa, mediante a valorização da imagem organizacional.
Algumas correntes de análise social mostram que existem visões baseadas de um lado
no compromisso social que uma empresa deve adotar, pois isso é moralmente correto
(orientação ética) e, de outro, nas consequências e resultados econômicos que podem advir
desse processo (visão instrumental).
Em 1997, o sociólogo Herbert de Souza (Betinho) fundou o Instituto Brasileiro de
Análises Sociais e Econômicas (IBASE), o qual inicia uma campanha, por todo o território
brasileiro, em favor de tornar público o balanço social das empresas, contando para isso com
51
o auxílio de empresários (...). A campanha gerou vários questionamentos nos meios de
comunicação. Ainda em 1997, o IBASE lançou o Selo do Balanço Social com o objetivo de
encorajar o engajamento das empresas, divulgando o balanço social conforme padrão
sugerido previamente (LOURENÇO; SCHRODER, 2003).
No âmbito internacional em 1997, Hopkins criou um modelo de análise social
tomando como base o modelo Corporate Social Performance, desenvolvido por Wood
(1991). Esse modelo de Desempenho Social das Empresas ofereceu uma sucessão de
indicadores que tornam possível uma avaliação do perfil das empresas em relação à atuação
no campo da responsabilidade social. De acordo com Ashley (2003), os indicadores de
Hopkins são formas de avaliar, de maneira genérica, a responsabilidade social das empresas,
no intuito de definir perfis sociais.
O modelo de Hopkins aborda tanto princípios quanto as formas de resposta e os
resultados das ações sociais no que concerne aos stakeholders, constituindo-se num
instrumento de verificação dessas ações e suas implicações para com os envolvidos.
2.2.5.4 Norma SA 8000 – Standard for Social Accountability
A norma SA 8000 da SAI – Social Accountability International - tem o objetivo de
certificar empresas que trabalham e atendem a um conjunto de requisitos sociais como:
extinção do trabalho infantil ou o trabalho forçado, discriminação ou práticas abusivas de
gestão, saúde e segurança no trabalho, liberdade de associação, negociação coletiva e
remuneração justa.
A norma foi criada no ano de 1997 e passou por uma atualização, realizada pela Social
Accountability Intemational, em 2001. A SA 8000 busca aferir o grau de responsabilidade
social das empresas no que diz respeito à implantação e manutenção de condições de trabalho.
De acordo com a norma, a empresa deve evitar qualquer tipo de coação referente ao
trabalho infantil, cumprir padrões referentes ao expediente de trabalho, como também
assegurar os direitos dos jovens trabalhadores, não os expondo a situações de risco. A
organização deve instituir sistemas de proteção a acidentes no trabalho, evitar danos à saúde e
manter um ambiente de segurança para funcionários. Deve proporcionar também os requisitos
mínimos de remuneração conforme a área de atuação da empresa, disponibilizar treinamento
sobre saúde e segurança e cumprir adequadamente o contrato de trabalho. Em relação à
equidade, a empresa deve buscá-la no âmbito do trabalho, evitando a discriminação em
qualquer situação e garantindo os direitos dos funcionários. Da mesma forma, a empresa deve
assegurar a sustentabilidade do negócio, também por meio da sua política de gestão de RSE.
52
Autores como Srivastava (1995) e Zadek (1994, 1999) acreditam ser fundamental uma
modificação da maneira de se pensar os negócios e as relações econômicas para a geração de
um modelo sustentável na ótica ambiental e social. Para Zadek (1999), a sustentabilidade
necessita atuar de forma interdisciplinar – considerando as óticas econômica, ambiental e
social – e todas as análises e os relatórios deveriam focar as relações presentes nestas esferas.
Nesse sentido, alguns autores fazem alusão às diferentes óticas que podem favorecer o
entendimento do processo de desempenho social empresarial.
2.2.5.5 Modelo de Responsabilidade Social de Enderle e Tavis
Enderle e Tavis (1998), ao considerar o crescimento da relevância social pelas
empresas, dado o cenário econômico e social, propõem um modelo conceitual em que as
responsabilidades corporativas, analisadas em função das dimensões econômica, social e
ambiental, devem ser consideradas em três níveis de desafios éticos:
Nível 1 – nível em que as empresas atuam unicamente em função do alcance de
objetivos econômicos, ou seja, a maximização do lucro, sendo esta filosofia
prioritária em relação às questões de ordem moral e ética;
Nível 2 – este nível considera que a organização tem o compromisso de promover
o bem-estar da sociedade através de suas ações socialmente responsáveis;
Nível 3 – apresenta o anseio por ideais éticos, em que a existência da organização
tem vinculação direta com as demandas sociais e a consistência da preservação
ambiental.
Diante dos três níveis, cada empresa pode ser analisada segundo seu enquadramento
em um deles, identificando-se com isso o estágio em que a mesma se encontra. Enderle e
Tavis (1998) sugerem o equilíbrio entre as dimensões econômicas, sociais e ambientais, e
nenhuma destas deveria sobrepor-se a outra, desta forma, estas dimensões constituiriam ativos
das empresas dando suporte para a sua sobrevivência em um cenário de constantes mudanças.
Os autores reforçam ainda que o conceito de responsabilidade social vai depender do
entendimento que a empresa tem do desempenho dos recursos a serem comprometidos para o
atendimento desta visão.
Nesta década, surgem também várias entidades voltadas para o exercício da RSE,
como as organizações Ethic Resource Center; Business for Social Responsibility e Ethics
Officer Association, nos Estados Unidos; o Instituto Ethos, no Brasil; e outros institutos
internacionais, como o Global Reporting Initiative (GRI) (SANTOS, 2007).
53
O GRI é uma organização internacional não governamental que procura desenvolver e
disseminar diretrizes para a elaboração de relatórios sobre o desempenho empresarial sócio-
ambiental utilizado por organizações. Para Calixto (2007), a utilização dessas diretrizes tem
um caráter voluntário e auxilia as empresas na padronização de informações sociais a serem
divulgadas para o público externo.
Essa divulgação é, muitas vezes, realizada através dos relatórios de sustentabilidade e
critérios estabelecidos e aceitos globalmente. Normalmente, as informações estabelecidas por
este órgão são mais caracterizadas como qualitativas do que quantitativas, e relatam aspectos
positivos e negativos das ações empresariais em relação ao processo sustentável e o contexto
no qual se insere a empresa em questão.
O Instituto Ethos é um dos parceiros do GRI na formulação dos relatórios, e reforçam,
entre outros, a tomada de consciência dos empresários e da sociedade brasileira sobre o tema.
2.2.5.6 Instituto Ethos
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, fundado no Brasil em 1998
por Oded Grajew, é uma organização não-governamental que procura divulgar por intermédio
de publicações e programas experiências de práticas e ações sociais feitas por diversos órgãos
e empresas. É utilizado internacionalmente para auxíliar às organizações a analisar suas
práticas de gestão e aprofundar seus compromissos de RSE. O Instituto Ethos procura dar
subsídios às empresas para que seja possível conhecer os melhores desempenhos de acordo
com o ramo e a localidade em que estão inseridas. É um espaço de divulgação, para a
sociedade, de experiências de empresas cujas práticas destacaram-se nos Indicadores Ethos de
responsabilidade social corporativa.
Esses indicadores podem ser tidos como: Valores, Transparência e Governança;
Público Interno; Meio Ambiente; Fornecedores; Consumidores e Clientes; Comunidade e
Governo e Sociedade. Cada indicador reflete uma forma de análise, abordando as ações que a
empresa proporciona aos envolvidos e de que maneira deve visualizar o ambiente que a
circunda.
É possível verificar que, na década de 90, muitos conceitos e abordagens sobre
desempenho social corporativo se consolidaram e forneceram subsídios marcantes para a
construção do conceito, como também o caráter estratégico atrelou-se ainda mais ao enfoque
social das organizações do momento.
54
Datam dessa época, pesquisas para aperfeiçoar modelos de desempenho social
corporativo, elaborados em décadas anteriores (WOOD, 1991; SWANSON, 1995). Destaca-
se a importância dada à sustentabilidade e a consideração de forma interdisciplinar da RSE.
Muitos foram os modelos que deram enfoque a essas perspectivas.
2.2.6 Responsabilidade Social Empresarial nos anos 2000
Os estudos sobre RSE já consolidados têm gerado conceitos, metodologias e
estratégias voltados para a construção do melhor enfoque. Sua definição ainda se encontra em
evolução e enfrenta rivalidades. Observa-se que a maioria dos modelos construídos até o
momento são continuidades dos anteriores, revisões, atualizações com diferentes pontos de
vista e opiniões, mas que procuram integrar de uma forma cada vez mais homogênea o
conceito. Verifica-se a partir desta década o enfoque estratégico que a RSE passa a obter.
Para Freire et al (2008), foi a partir do ano 2000 que identificam-se muitas das
relações da RSE com outros temas, tais como ética empresarial, sustentabilidade, gestão de
stakeholders e cidadania corporativa. Contudo, segundo o autor, o que se pode notar é que os
estudos sobre essa responsabilidade no Brasil são mais recentes se comparados aos realizados
no exterior, onde a pesquisa já está mais desenvolvida.
No entanto, o interesse pela temática tem se ampliado no Brasil, o que resulta numa
crescente divulgação e conhecimento do tema pelos mais diversos segmentos da sociedade.
Há que se considerar, como já abordado por alguns autores, a distância entre a teoria e a
prática, o que torna a maioria dos modelos e abordagens desenvolvidos difíceis de
mensuração e passíveis ao erro.
Também pela mudança de valor e consciência que a sociedade passa a ter, o
entendimento e relevância de temas sociais passam a ser maiores e, com isso, as empresas
buscam uma melhor percepção da comunidade acerca de sua atuação social. Houve um
aumento da relação entre estratégia, ética e responsabilidade social.
Para Melo Neto e Froes (2005), ocorreu uma mudança na operacionalidade da RSE,
pois as ações sociais passaram do caráter exclusivamente filantrópico – baseado em ações
individuais, do tipo beneficente e paternalista – para assumir uma posição em que as ações
sociais apresentam um maior senso cívico, além de consciência social, e uma estreita relação
com o marketing social. Para esses autores, nos dias de hoje, existe um predomínio maior de
ações sociais externas – aquelas direcionadas à sociedade como um todo, e, em particular,
para a comunidade local – e uma menor manifestação de ações internas – voltadas para os
funcionários e seus familiares, em um modelo assistencialista.
55
Considerando as ações de RSE, algumas empresas já vêm atuando de forma coerente
com os seus valores culturais organizacionais. Outras, no entanto, ainda se preocupam em
criar uma imagem estratégica que não representa os valores e a cultura da organização. Nas
empresas que possuem uma cultura social consistente, se pode observar uma propensão de
procurar ultrapassar as normas legais (MENDONÇA; GONÇALVES, 2002).
Observa-se nesta década também uma tentativa de desenvolver métodos de análise
social, de diagnóstico de desempenho e de fomento dos modelos.
2.2.6.1 Modelo Bidimensional de Responsabilidade Social Corporativa
Quazi e O‟brien (2000) desenvolveram uma abordagem fundamentada na percepção
de que, ao longo dos anos, a RSE foi estudada sob dois pontos de vista ou perspectivas – a
primeira enfoca o posicionamento de que os negócios têm a função de maximizar lucros, e a
segunda, conhecida como abordagem multidimensional, de que os negócios devem operar
levando em conta os interesses da sociedade.
A primeira abordagem, segundo Cavalcanti e Falk (2007), é a de que o lucro deve ser
o único critério para julgar a eficiência das operações dos negócios, ignorando que a
organização é parte da grande sociedade. Na perspectiva multidimensional, a empresa, ao se
envolver com a responsabilidade social, não está necessariamente criando uma rede de custos,
mas colaborando para a construção de vantagens estratégicas em longo prazo, pela melhora
do desempenho das empresas em termos de produtividade e inovação.
Nesse sentido, para entender a complexidade do ambiente e da RSE e se adequar aos
requisitos do mercado, é necessária uma visão ampla da sociedade, considerando o macro
ambiente conforme pontuam Carroll (1979), Wood (1991) e Ashley (2000).
Assim, o modelo de Quazi e O‟brien (2000) enfatiza as duas perspectivas de análise
social, desde a visão restrita à ampliada da RSE e justifica-se, de acordo com os autores, por
que os gestores estão sempre decidindo sobre a rede de benefícios e de custos que deve ou
pode ser criada a partir do exercício da responsabilidade social. A figura 9 a seguir explana as
duas abordagens dos autores:
56
Figura 6: Modelo de Duas Dimensões de Responsabilidade Social Empresarial
Fonte: Quazi e O‟Brien (2000), p. 36.
O modelo bidimensional apresenta os eixos horizontal, que representa os extremos das
visões sobre responsabilidade, e o vertical, que retrata os extremos das percepções sobre as
consequências das ações sociais em termos de custos e benefícios para as empresas.
A primeira dimensão, que é representada pelo eixo horizontal, indica em sua extrema
direita a visão estreita da responsabilidade, em que ela é vista em termos de prover o máximo
lucro em curto prazo e resultados aos acionistas, e divide-se nas visões clássica e sócio-
econômica, que serão explicitadas posteriormente.
O ponto extremo esquerdo indica a visão ampliada, em que os negócios estendem seus
compromissos para além da regulação, trabalhando aspectos de forma a responder às
expectativas da sociedade, esta responsabilidade divide-se nas visões moderna e filantrópica,
que serão também explicitadas posteriormente.
A segunda dimensão, que é representada no caso pelo eixo vertical, indica o extremo
inferior, que dá ênfase ao lado negativo da envoltura social da empresa, pontuando a
existência de uma rede de custos pela relevância social; e o extremo superior, com o
envolvimento social criando uma rede de benefícios estratégicos para a empresa em questão.
No quadrante referente à visão clássica, é abordada a questão da relevância social
como algo que implicará em custos para a empresa, e pontua que ela será avaliada unicamente
sob o ponto de vista de sua eficiência em operações. O entendimento sócio-econômico mostra
a visão de que as ações sociais por parte da empresa devem acontecer no momento em que
elas promoverem algum benefício para a empresa. Admite que elas podem criar uma rede de
benefícios adotando alguma ação social e, com isso, evitar algum tipo de regulamentação.
Em contrapartida, a visão moderna avalia que a rede de benefícios criada com as ações
sociais traz vantagens a curto e longo prazos e que as empresas devem manter relações
recíprocas com a matriz social, verificando as necessidades de seus stakeholders. O quarto
quadrante indica a visão filantrópica; segundo Cavalcanti, Falk (2007), o envolvimento com
ações sociais, mesmo que represente uma rede de custos, deve ser adotado por razões éticas e
sentimentos altruístas em relação à sociedade.
Neste modelo, a filantropia é vista como positiva, pois seus custos são tidos como
„investimento‟ na construção de relações com os stakeholders, bem como estratégia de
melhoria da imagem corporativa. Com isso a empresa espera que a sociedade a favoreça
devido as suas ações caritativas em prol da comunidade (QUAZI e O`BRIEN, 2000).
57
Na concepção de Welzel et al (2008), o modelo bidimensional de Quazi e O‟brien
possui uma falha, pois a colocação, segundo os autores, de que a filantropia é positiva nada
mais é do que agir em „interesse próprio‟, com um „revestimento‟ de altruísmo. Argumentam
que essa visão é enquadrada como „responsabilidade ampliada‟, mas é baseada simplesmente
em ações caritativas, reforçando uma ideia de superficialidade da RSE.
Este modelo avalia a responsabilidade social segundo aspectos que pontuam as áreas
de interesse e abrangência social que uma empresa pode ter. Entretanto algumas visões
destacadas no modelo como singulares podem ser enfocadas e observadas em conjunto na
empresa, ou seja, a mesma organização pode ter uma visão moderna e filantrópica, ou ainda
alguns pontos de vista não se baseiam somente na concepção de que relevância social implica
e pode trazer uma rede de custos ou benefícios.
Schwartz e Carroll (2003) declararam que devido à complexidade do assunto e de
temas envolvidos, também pelo contexto em questão, a meta de encontrar um paradigma não
foi realizada, por causa da sua abrangência e da competição de temas complementares.
Ashley desenvolveu, ao longo de seus estudos, diversas abordagens e ângulos de
análise social; destacando-se seu trabalho em 2000 junto com Coutinho e Tomei sobre a RSE
e cidadania empresarial, em que a autora destacou a integração da cidadania à estratégia
empresarial, mostrando esses conceitos como parte indispensável da prática e desempenho
social corporativo.
As ações de RSE a serem adotadas pelas redes de relacionamentos das empresas
dependem da participação ética de seus agentes, promotora de melhoria na qualidade de vida
no trabalho, em um ambiente socialmente mais saudável. A cidadania empresarial é um
instrumento regulador das relações com os stakeholders, e, portanto, indispensável na
estratégia empresarial (ASHLEY; COUTINHO; TOMEI, 2000).
Posteriormente Ashley desenvolveu um modelo para a análise e posicionamento da
incorporação da responsabilidade social à orientação estratégica da empresa quanto à
governança das relações negócio-sociedade.
2.2.6.2 Modelo Multidimensional, Relacional e Multidirecional para Responsabilidade
Social nos Negócios
O modelo MRMRSN procura entender e avaliar a estratégia de gestão da
responsabilidade social nas organizações. Apresenta agrupamentos (clusters) baseados nas
relações entre stakeholders – negócio e sociedade. Na pretensão de identificar estas
58
distinções, o modelo apresenta dimensões, instituições e relações com uma série de atores
envolvidos com a empresa.
O modelo MRMRSN estabelece que uma organização esteja dividida em quatro
dimensões, quais sejam: as relações político-sociais (Estado e Governo, Sociedade Civil
organizada; Famílias e Comunidades), as relações econômicas objeto e meio do negócio ou
relações core business (ambientes natural e construído, demandantes, ciência e tecnologia e
fornecedores), as relações de produção e distribuição internas (agentes de direção, trabalho
contratado, capital próprio e de terceiros) e a dimensão tempo/espaço, a fim de responder aos
questionamentos que balizam esta dimensão. Além de ser perpassada pelo vetor comunicação
e conhecimento (ASHLEY, MACEDO-SOARES, 2001, MACEDO, 2006). Estas dimensões
podem ser visualizadas na figura a seguir:
Figura 7: As dimensões do modelo MRMRSN
Fonte: Ashley (2005, pg 121).
Cada dimensão do modelo apresenta categorias de atores sociais (stakeholders) quanto
às relações negócio-sociedade, aos quais estariam associadas às expectativas de valores e
responsabilidades mútuas. Indica as várias relações de poder que podem existir na relação
negócio-sociedade em diversos contextos e tempos. Ressalta-se que a empresa pode focalizar
um ou vários stakeholders, verificando que, à medida que aumenta o número deles, há um
aumento proporcional na complexidade da gestão. Então, todas as dimensões citadas no
modelo procuram responder à inquietação sobre para quem são direcionadas as ações de RSE.
Em 2005, a autora ressaltou que a gestão da RSE deve alcançar o maior número
possível de stakeholders, a fim de promover o fortalecimento social da organização.
Para tanto, a organização pauta suas relações na ética, são as normas sociais presentes
em todas as relações da empresa que definem os seus níveis de moralidade corporativa e
respondem à questão sobre até onde vai a atuação da RSE. Essas relações éticas apresentam
três desafios, os quais podem ser considerados simultâneos ou alternadamente, [...]
59
(ASHLEY, 2005). Esses desafios podem definir o grau de RSE em que a empresa encontra-
se. O primeiro seria o desafio ético nível 1: cumprir a Lei; o segundo o desafio ético nível 2: ir
além do que foi determinado por lei a fim de atender às expectativas atuais da sociedade no
contexto em que se insere a empresa; o terceiro o desafio ético nível 3: aspirar a ideais éticos,
ainda não amplamente reconhecidos nas expectativas atuais de seu contexto social.
Esses desafios somam-se às dimensões do modelo MRMRSN para viabilizar a sua
operacionalização a partir de normas sociais que garantam as obrigações mútuas advindas das
relações estabelecidas entre as organizações e seus stakeholders (MACEDO, 2006).
O modelo MRMRSN apresenta níveis e ângulos de análise diferentes acerca da
abordagem da RSE. Quanto mais dimensões e elementos dessas dimensões são incorporados
ao conceito, mais ampla passa a ser a definição de RSE. Enfoca fatores relacionados ao tempo
e espaço e à comunicação e conhecimento, itens importantes à consideração de ações sociais,
uma vez que o contexto, a realidade, a geração de conhecimento e informações são capazes de
gerar mudanças profundas nas relações negócio-sociedade.
Donelly, Gibson e Ivancevich (2000) destacam que da diferença entre a ausência de
RSE, exceto da exigida por lei, e a adoção de uma postura socialmente responsável mais
ampla, surgem três níveis diferentes de abordagem da RSE a serem adotadas como ações das
empresas em relação às suas demandas sociais. A abordagem de obrigação social é uma
perspectiva relacionada à opinião do economista Milton Friedman, que afirma que uma
empresa pode cumprir suas ações sociais ao melhorar as condições de trabalho, pagar salários
justos, criar novos empregos. As empresas que adotam a postura de reação social acreditam
que elas dependem da aceitação da sociedade a qual pertencem, e que ignorar os problema
sociais pode ser destrutivo a longo prazo. A abordagem de sensibilidade social ou pró-
atividade significa ir além das obrigações e reações sociais, pois se refere a comportamentos
sociais mais antecipatórios e preventivos.
Observa-se que muitos modelos de RSE destacaram a ética como um fator
preponderante no desempenho social da empresa. A abordagem de Schwartz e Carroll (2003)
coloca a ética como um dos fatores consideráveis para análise de desempenho social.
2.2.6.3 Modelo dos três domínios de Responsabilidade Social Empresarial
O modelo dos três domínios de RSE foi criado por Schwartz e Carroll (2003) como
uma nova proposta de análise social. Os autores utilizaram neste modelo novas perspectivas
conceituais para melhor entender o tema e suas práticas efetivas e, para isso, criaram círculos
indicadores de campos ou domínios de RSE, que são: econômico, legal e ético. Os autores
60
pretendem mostrar ou identificar a ênfase empresarial às diferentes categorias de RSE, sendo
o adequado para a empresa que os três domínios estejam em equilíbrio.
As atividades na produção de impactos econômicos positivos, diretos e indiretos, ou a
maximização do lucro estão contidas no campo econômico. No campo da responsabilidade
legal estão as respostas dadas pela empresa relacionadas a normas e princípios legais sob os
aspectos da conformidade legal e das medidas para evitar litígios e antecipatórias às leis
(SCHWARTZ, CARROLL, 2003). O domínio ético no modelo está relacionado às
responsabilidades com os imperativos domésticos ligados às expectativas da população e com
os imperativos globais, direcionados aos stakeholders, mediante três padrões éticos gerais: o
convencional, o consequencialista e o deontológico.
O convencional ou relativismo ético representa padrões e normas sociais aceitas como
necessárias ao funcionamento das empresas nos setores atuantes, nas associações profissionais
e sociedade em geral. Para contornar a variação dessas normas em diferentes grupos sociais, a
empresa deve elaborar e aplicar códigos formais de ética. O padrão consequencialista no qual
as ações promotoras do bem-estar social são julgadas ou decididas por suas consequencias, no
propósito da maior quantidade de benefícios ou o menor custo, em comparação às demais
alternativas. O último padrão ético geral, o deontológico, envolve noções de obrigação e
dever como objetos das ações (SCHWARTZ, CARROLL, 2003). A figura a seguir procura
explanar o modelo:
Figura 8: Modelos dos três temas centrais de Responsabilidade Social Corporativa
Fonte: Adaptado de Schwartz e Carroll (2003, pg. 519).
A junção desses domínios da responsabilidade propicia sete novas categorias
socialmente responsáveis. As três primeiras são as já citadas de domínio exclusivo
econômico, legal e ético; do seu cruzamento e interligação, surgem quatro categorias
ajustadas: as relacionadas ao mundo dos negócios que são Econômico/Legal,
Econômico/Ético e Legal/Ético, e a superposição ideal central, Econômico/Legal/Ético, na
qual todos os domínios estão presentes concomitantemente.
61
O modelo de Schwartz e Carroll (2003), apesar de tratar domínios distintos de RSE de
forma simultânea, acaba por desconsiderar fatores ambientais e não relaciona a importância
da análise do contexto e das características da empresa em questão.
Os estudos de Carroll sobre RSE são revistos pelo próprio autor, em conjunto com
outros e tratam-se de contribuições relevantes para o entendimento do tema. O autor, em
conjunto com Buchholtz, elaborou outro estudo, em 2003, onde relacionava conceitos como
cidadania corporativa e ética empresarial. Neste estudo, Carroll e Buchholtz (2003)
pontuaram o fato de que a pirâmide de SER, criada por Carroll em 1991, poderia ser um
modelo de análise social errôneo, visto que coloca as categorias (componentes), conforme a
própria pirâmide, em forma hierárquica, dando a entender que algumas possuem ordens de
importância diferentes (maiores ou menores) dentro da empresa. Cavalcanti e Falk (2007)
verificam os componentes diagnosticados por Carroll como uma hierarquização de ações da
empresa, e enfocam que outros autores assim observam o modelo.
Outro ponto que Cavalcanti e Falk (2007) destacam é o fato de Carroll denominar de
responsabilidade filantrópica em 1991 a responsabilidade discricionária identificada por ele
em 1979. Para os autores, o enfoque filantrópico envolve conceitos e sentidos além da
responsabilidade social, abrangendo valores e aspectos distintos individuais, e que não fazem
parte muitas vezes do trabalho social no âmbito organizacional.
Os autores reforçaram o estudo publicado por Carroll em 1979, caracterizando
aspectos do cubo tridimensional visto sob o contexto dinâmico e complexo em que as
decisões e ações empresariais ocorrem.
Outros autores também desenvolveram estudos para análise social nos anos 2000.
2.2.6.4 Estudo sobre Responsabilidade Social de Garriga e Melé
Em seu artigo intitulado Responsabilidade Social das empresas: cartografia do
território, Garriga e Melé (2004) verificaram que o campo da RSE apresenta uma ampla gama
de abordagens, que são controversas, complexas e pouco claras. A grande contribuição deste
trabalho é a classificação da abordagem da RSE em quatros grupos de teorias: instrumentais,
políticas, integrativas e éticas, de acordo com a visão de muitos autores e pesquisadores do
assunto, ou seja, é uma tabulação do que foi desenvolvido até então.
As teorias instrumentais consideram a RSE como uma esfera para melhorar o
desempenho econômico e financeiro da empresa. É uma ferramenta destinada a aperfeiçoar e
alcançar os objetivos econômicos. As teorias políticas focalizam as ações recíprocas e
62
ligações entre empresa e sociedade, e as formas de resposta da empresa a essa
responsabilidade para com a sociedade. As teorias integrativas dizem respeito ao modo como
as organizações integralizam as exigências sociais nos seus processos de tomada de decisão e
orientação. É a forma como a empresa pode ajustar-se em conformidade.
As teorias éticas preocupam-se em identificar os princípios de atuação ética que as
empresas devem observar, sejam eles os direitos humanos, os interesses legítimos dos
stakeholders ou o desenvolvimento sustentável das sociedades (HELENO, 2008).
A seguir, a tabela procura resumir as teorias propostas pelos autores, apresentando
associadas a cada teoria as diferentes abordagens, uma breve descrição e as respectivas
referências.
TIPO DE TEORIA DIFERENTES
ABORDAGENS
BREVE DESCRIÇÃO REFERÊNCIAS
Instrumentais
Maximização de valor para
o lucro
As empresas investem em
atividades sociais (incluindo
as filantrópicas) desde que
contribua para aumentar a
sua riqueza.
Friedman (1970) e Jensem
(2000)
Estratégias para a vantagem
competitiva
As empresas promovem
investimento social desde
que se verifique uma
melhoria do contexto
competitivo
Porter e Kramer (1996)
As empresas promovem
estratégias baseadas nos
recursos naturais
Hart (1995) e Lizt (1996)
As empresas promovem
estratégias da base da
pirâmide econômica
Prahalad e Hammond
(2002), Hart e Christensen
(2002), Prahalad (2003)
Marketing das causas
As empresas apóiam causas
que melhorem a sua imagem
e reputação
Varadarajan e Menon
(1988), Murray e Montanari
(1986)
Políticas
Constitucionalismo
empresarial
As empresas detem poder
considerável na sociedade e
capacidade para influenciar
o equilíbrio do mercado
Davis (1960, 1967)
Teoria do contrato social
integrativo
As empresas assumem um
contrato social com a
sociedade
Donaldson e Dunfee (1994,
1999)
Cidadania empresarial
As empresas têm dever de
cidadania perante a
sociedade de que fazem
parte
Wood e Logdson (2002),
Andriof e McIntosh (2001)
Integrativas
Gestão de assuntos sociais
As empresas devem atender,
avaliar e responder aos
sinais e expectativas do
desempenho social da sua
envolvente
Sethi (1975), Ackerman
(1973), Jones (1980), Vogel
(1986) e Wartick e Mahon
(1994)
Responsabilidade Pública
As empresas devem ter em
consideração na sua
performance social as
políticas públicas e da
regulamentação
Preston e Post (1975, 1981)
Gestão de Stakeholders
É necessário a empresa fazer
uma gestão equilibrada dos
interesses dos stakeholders
Mitchell et al (1997), Agle e
Mitchell (1999), Rowley
(1997)
63
Desempenho social da
empresa
As empresas socialmente
responsáveis são aquelas
que procuram a legitimidade
social e conseguem dar uma
resposta apropriada às
questões sociais
Carroll (1979), Wartick e
Cochran (1985), Wood
(1991) e Swanson (1995)
Éticas
Teoria normativa dos
stakeholders
Os stakeholders têm
interesse nas ações da
empresa, implicando por
parte desta uma resposta
adequada
Freeman (1984, 1994), Evan
e Freeman (1988),
Donaldson e Preston (1995),
Freeman e Phillips (2002),
Phillips, et al (2003)
Direitos humanos
As empresas devem
obedecer aos Direitos
Humanos universais
Princípios Globais (1999) e
UM Global Compact (1999)
Desenvolvimento
sustentável
As empresas devem adotar
políticas de
desenvolvimento
sustentável, garantindo os
direitos das gerações
presentes e futuras
Comissão Mundial do
Desenvolvimento
Sustentável – Relatório de
Brundtland (1987), Gladwin
e Kennelly (1995)
O bem comum
Como membros da
sociedade, as empresas
devem contribuir para o bem
comum e o progresso da
comunidade
Alford e Naghton (2002),
Mele (2002), Katú (1997)
Tabela 2: Cartografia das teorias e abordagens da responsabilidade social
Fonte: Garriga e Melé (2004)
Através da explicitação das teorias, Garriga e Melé (2004) procuraram expor as
diferentes abordagens e focos de análise social que as empresas podem considerar e ter, sendo
importante no momento do estudo da adequada estratégia empresarial para a relevância social,
dado o seu contexto, e para observação e análise das diferentes correntes nesse sentido.
Conforme a explanação da revisão de literatura, é possível observar a evolução do
conceito de RSE e temas relacionados, conforme a figura que se segue:
Figura 9: Resumo da evolução da ideia de Responsabilidade Social Corporativa
Fonte: Hoff (2008, pg 100)
64
A construção do conceito da RSE não é um fenômeno novo. No Brasil, as efetivas
discussões e desempenho socialmente responsável das empresas datam da década de 90. No
mundo, existia inicialmente uma preocupação com atores como acionistas e gestores (geração
de lucro) e aos poucos se passou a incorporar uma preocupação e interesse mais amplo, em
que aspectos e indivíduos internos e externos à empresa passaram a ser considerados
paralelamente ao trabalho com a responsabilidade econômica. Atualmente, a RSE é tratada
como um conceito abrangente, com um conjunto de ações práticas, e inúmeras foram as
abordagens que visaram construir um novo paradigma. Pretendeu-se, ao longo do tempo,
desvincular a imagem caritativa da RSE e vinculá-la ao fator estratégico da organização,
atrelado à ética e à transparência, buscando garantir a competitividade e a sustentabilidade nos
negócios.
Dentro da evolução do conceito, destaca-se que a base de todas as discussões foi o
tratamento e verificação do nível de interferência e importância dos stakeholders, os quais são
elementos chave e integrantes do conceito de RSE.
2.2.7 Teoria dos Stakeholders
A teoria dos stakeholders denota o entendimento de que os negócios não possuem
responsabilidades apenas em relação a acionistas, mas com todo um conjunto de partes
interessadas, com aqueles indivíduos que de alguma maneira fazem parte da “existência” do
negócio. Criada por Edward Freeman em 1984, a teoria mostra que os resultados das
atividades organizacionais necessitam considerar o devido retorno a todos os stakeholders
envolvidos com a organização.
Stakeholders é qualquer grupo ou conjunto de pessoas que afetam ou são afetadas de
alguma forma pela realização das atividades, pelo alcance dos objetivos organizacionais; são
“atores” envolvidos com a empresa – funcionários, gerentes, consumidores, clientes, outros.
Os stakeholders auxiliam a empresa, mas apresentam também necessidades que
sofrem variações de grupo para grupo, que precisam ser entendidas e levadas em consideração
nas ações da organização. Freeman (1984) defende que as empresas necessitam demonstrar
ações de RSE para com os distintos grupos que mantêm um relacionamento, buscando
resposta para uma questão fundamental: “Para quem devem ser os benefícios e que despesas
devem ser administradas pela empresa?” (BORGER, 2001).
O entendimento das necessidades e expectativas dos stakeholders é fundamental para
o sucesso da organização, uma vez que essas necessidades acabam pressionando as empresas
65
de forma multidirecional, pois, para os diferentes stakeholders, diversas são as suas demandas
(CARROLL, 1999; BORGER, 2001). Entretanto, vale ressaltar a necessária discussão sobre
quais stakeholders atender prioritariamente, ou seja, como verificar aqueles que merecem
maior atenção no processo decisório. Para isso, faz-se necessário que os gestores qualifiquem
os níveis de urgência ou importância de suas reivindicações, levando em consideração fatores
como a legitimidade, poder e influência que estes possuem.
Na concepção de Carroll (1991), existe uma relação natural e direta entre a
conceituação de RSE e o conceito de stakeholders. Faltava apenas a definição de para quem
se destinavam as ações sociais da empresas. O conceito de stakeholders define os grupos que
mantêm com as empresas uma rede de relacionamentos que merece uma atenção maior e a
orientação que as empresas devem considerar.
Para que a empresa obtenha eficiência e sobreviva aos concorrentes, é importante que
todos os atores sejam administrados nas suas necessidades e níveis de influência para com a
organização. A premissa fundamental dessa teoria, segundo Wilson (2000), é que quanto mais
fortes forem as relações de uma organização com seus parceiros externos e internos, mais
fácil será para essa organização alcançar seus objetivos corporativos.
Logsdon e Yuthas (1997) entendem a Teoria dos Stakeholders como estando atrelada à
responsabilidade social da empresa, o que confere à proposta um cunho moral. Comparam,
dessa forma, o comportamento moral de um indivíduo com o de uma organização e o
classificam em estágios.
Os estágios podem ser considerados como pré-convencional, convencional e pós-
convencional. O primeiro diz respeito ao relacionamento com outros atores focado apenas em
interesses imediatos, muitas vezes, os que são indissociáveis dos interesses dos executivos. O
segundo estágio, convencional, volta-se mais ao mercado e seus interesses, aceitando pressões
externas e uma preocupação com consumidores, proprietários e funcionários. No nível pós-
convencional há uma prioridade pelo comportamento moral, em que atores são solicitados a
participar das decisões, mesmo não tendo direitos legais. É o caso das comunidades locais,
ambientalistas etc. Esse comportamento é resultante da influência de fatores individuais, tais
como as características e o desenvolvimento moral dos gestores; e ambientais, representados
pelas normas e expectativas sociais.
A visão de alguns autores pode, conforme Stoney & Winstanley (2001), ser
caracterizada como analítica ou reformadora em relação ao propósito da teoria dos
stakeholders. Existe uma visão analítica que mostra que, pelo fato de a teoria observar as
66
diferenças e necessidades dos atores envolvidos, ela pode ser vista como uma ferramenta de
diagnóstico e análise de interesses na organização, já que verifica as relações de poder entre
grupos de stakeholders. Outras visões colocam a Teoria dos Stakeholders como um modelo
prescritivo, visando à transformação da empresa e da sociedade. Há ainda os autores que
possuem uma opinião que está entre essas duas visões. Outras classificações sugerem que esta
Teoria é um meio ou maneira para atingir fins estabelecidos – proposta instrumental. Outras
de que ela é um fim em si mesmo – proposta intrínseca ou normativa.
Os autores vinculados à visão instrumental entendem que o fato de melhorarem as
relações com seu entorno faz com que a organização tenha reduzidos muitos de seus custos.
Assim, a busca por um lucro maior não é incompatível com práticas normalmente associadas
às propostas da Teoria dos Stakeholders. É descritiva porque apresenta – descreve – a
organização como conjunto de interesses competitivos e cooperativos entre os atores. É
normativa ao definir padrões de ação e comportamento das organizações no gerenciamento
dos stakeholders, no intuito de melhorar o desempenho das organizações.
A proposta de Donaldson e Preston (1995) é que a função da Teoria dos Stakeholders
seria, portanto, explicar o funcionamento de uma organização e guiar sua operação frente a
vários relacionamentos. Essa conduta deve ser orientada por linhas morais e filosóficas, as
quais pertencem à estrutura da Teoria dos Stakeholders desde seu início.
Observa-se que Freeman (1999) diverge da distinção entre normativo e descritivo,
entendendo que quando alguém menciona o termo “stakeholder” já imputou a ele um valor, o
que inviabiliza um olhar neutro, típico da descrição.
Existem alguns autores que veem como stakeholders da empresa um leque restrito de
atores, conforme a proposta de Friedman (1970); outros autores já incorporam um número
maior de atores, como Clarkson (1995) e Donaldson e Preston (1995); e outros autores têm
uma concepção larga dos atores envolvidos com a empresa, tais como o próprio Freeman
(1999) e Carroll (1979,1999).
Segundo Carroll (1991, p. 43; 1998, p. 73), as cinco principais perguntas a serem
respondidas por uma Teoria dos Stakeholders, ainda em formação, seriam: Quais são nossos
stakeholders? Quais são seus interesses? Que oportunidades e desafios os stakeholders
representam para as empresas? Quais as responsabilidades que as empresas têm para com
seus stakeholders, do ponto de vista ético, legal, econômico e filantrópico? Quais as
estratégias e as ações que uma empresa deveria ter para melhor responder aos desafios e às
oportunidades representadas pelos stakeholders?
67
Phillips (2003) questiona: Quem são os stakeholders? Como eles podem ser
gerenciados? Há alguma obrigação legal para atender a suas demandas? Deveria haver uma
lei que obrigasse a presença de stakeholders no board de uma empresa? Deveriam os
princípios de uma Teoria dos Stakeholders sair do âmbito da empresa e ganhar uma
dimensão social maior?
Pode-se observar que para uma contemplação e entendimento dos principais atores
envolvidos com a empresa, e da própria teoria dos stakeholders, faz-se necessária a resposta à
primeira questão de ambos os autores e como eles são identificados.
Freeman (1984) em sua principal obra aponta para um grupo de stakeholders
primários, os quais mantêm um relacionamento formal, contratual e oficial com a empresa.
Todos os demais seriam classificados como stakeholders secundários. Na sua visão, a melhor
proposta seria a que se aproxima do senso ampliado, e vários autores o seguiram nessa
sugestão, como é o caso de Morgan e Hunt (1994). Esses autores dividem os stakeholders em
quatro grupos: internos (empregados e unidades de negócio), compradores (finais e
distribuidores), fornecedores e laterais (competidores, governo e organizações sem fins
lucrativos). Igualmente próximos da visão de Freeman estão Droge et al, (1990), os quais
identificaram treze tipos diferentes de stakeholders, e Sirgy (2002), que dividiu os
stakeholders em três grupos: o interno (empregados e diretores), o externo (clientes,
distribuidores, fornecedores, mídia, meio-ambiente, acionistas e comunidade) e os periféricos
(agências governamentais, defensores dos consumidores, sindicatos, auditores, líderes
industriais, associações de comércio, educação superior e vários outros) (PINTO, 2004).
Verifica-se que para cada autor existe uma tipologia distinta de agente prioritário
como foco de uma organização. Há que se considerar para cada firma em particular as
características dessas relações, níveis de influência e confiança entre eles.
Visto que a confiança mútua é um atributo desejável nas relações com stakeholders, e
que pode ser um elemento catalisador de riquezas, Post et al (2002) asseveram que essa teoria
é adequada para aumentar o valor da empresa. Em resumo, a riqueza de uma organização está
baseada na qualidade de suas relações com seus stakeholders. Esses autores sugerem uma
stakeholder view - SHV, que seria uma visão ampliada de resouce-based view – RBV,
defendida Hamel e Prahalad e da industry-structure view – ISV, de Michael Porter.
A figura 10, a seguir, procura explanar:
68
Governos
Suply Chain Acess
ORGANIZ.
Comunidades Sindicatos Clientes Autoridades Org.
Locais Reguladoras Privadas
Funcionários
Investidores Fornecedores
Parceiros
Figura 10: A proposta de Stakeholder View of Corporation
Fonte: Adaptado de Post, et al, (2002)
Existe o entendimento de que o sucesso da empresa, sem mencionar aspectos sociais,
está intimamente relacionado com as interações recíprocas com os stakeholders. Vale
observar que essas interações podem garantir os requisitos necessários à abordagem do
ambiente interno e externo à empresa, no que concerne a suas potencialidades e problemas.
Dado o tipo e natureza da empresa, sua relevância para um dado ator ou grupo de atores
(comunidade, sindicatos, organizações privadas, etc.) é considerada ou não.
Pode-se observar a intrínseca relação entre RSE e teoria dos Stakeholders, uma vez
que, para a correta atividade de atuação social, é necessária a consideração, pela empresa, do
papel e importância de todos os atores que mantém uma interação e são por ela influenciados.
Esta consideração poderá definir os aspectos a serem trabalhados e solucionados em relação
aos principais componentes (atores) envolvidos com a empresa, dado o fato de que são esses
agentes os reais construtores e formadores do negócio. Nesse sentido, a observação e análise
das formas de interação entre stakeholders e empresa são totalmente necessárias para o
trabalho com a RSE.
A relevância das necessidades e importância dos atores constituintes de uma
organização pode ser possível, conforme já exposto pela utilização do modelo tridimensional
de performance social, uma vez que este trata da atuação socialmente responsável de uma
empresa sob o ponto de vista da participação e características de seus stakeholders, como
também dada sua interpretação ou percepção em relação à mesma; sendo com isso sua
utilização apropriada dado o objetivo do presente estudo.
69
2.3 Considerações sobre o modelo a ser aplicado
Um dos modelos de análise de desempenho social mais evidenciado na academia, em
diversos estudos e por diversos autores foi o desenvolvido por Carroll em 1979.
É importante destacar que este modelo é considerado uma das principais referências
conceituais dos autores nacionais. Além de estar presente em diversos trabalhos, assemelha-se
conceitualmente a muitos outros, semelhanças estas que são bastante significativas.
Isto porque muitas metodologias e argumentações criadas posteriormente tiveram
como foco o modelo de Carroll (1979), convergiram para seu modo de análise ou partiram de
suas ideias para a construção de seus resultados.
As principais semelhanças encontram-se na convergência entre as dimensões
econômica e legal de Carroll (1979) e econômica de Enderle e Tavis (1998) e a visão clássica
defendida por Quazi e O‟Brien (2000). A dimensão ética proposta por Carroll (1979) possui
semelhanças com a dimensão ambiental de Enderle e Tavis (1998) e com a visão moderna
apresentada por Quazi e O‟Brien (2000). Finalmente, a dimensão discricionária do modelo de
Carroll (1979) converge com a visão filantrópica preconizada por Quazi e O‟Brien (2000).
Wood (1991) teve como um dos focos de análise o modelo de Carroll (1979). Wartick e
Cochran (1985) desenvolveram um modelo de análise social estruturalmente similar ao
modelo tridimensional de performance social.
No entanto, mesmo com estas similaridades, a maioria dos modelos apresenta
visualizações que nem sempre correspondem ao objetivo da presente pesquisa. Também, o
modelo tridimensional permite especificar mais claramente a percepção dos stakeholders.
Nesse sentido, observa-se a relevância do modelo do referido autor para a construção
do conceito e dos métodos de abordagem da RSE. A tridimensão do modelo de Carroll (1979)
mostra ângulos de análise diferenciados, os quais caracterizam-se como de verificação interna
e externa à empresa, que aborda os interesses, singularidades e necessidades de seus
stakeholders.
De acordo com a teoria dos stakeholders, na medida em que os gestores procuram
introduzir ações sociais nas empresas, ocorre a necessidade de contemplar todo um conjunto
de indivíduos relacionados, que atuam direta e indiretamente com a empresa e são por ela
influenciados; bem como existe a necessidade da consideração de suas prioridades e seus
níveis de poder na organização.
O modelo tridimensional de performance social representa o suporte necessário para
relevância dos stakeholders de uma organização, de sua percepção, conforme o objetivo
70
proposto no presente estudo. Dessa maneira, avalia-se como apropriado para a consecução
desse objetivo, para a realização da pesquisa. Destacando que o mesmo, apesar de suas
limitações, pode ser trabalhado no intuito de desenvolver formas adequadas para sua
operacionalização.
Conforme explicitado na seção introdutória, o conceito de RSE é passível a muitas
análises e o construto foi ao longo do tempo se transformando. A visão de busca pelo lucro e
retorno econômico foi dando lugar ao desenvolvimento de temas alternativos como
performance social, ética nos negócios e cidadania corporativa e aos poucos a RSE foi
obtendo um enfoque mais estratégico. A abordagem dos stakeholders é constituinte do tema,
visto que a RSE é tratada e desenvolvida em seu benefício; como também o aperfeiçoamento
das relações entre os atores envolvidos com uma organização é necessário para o correto
andamento e eficiência das atividades da firma. A teoria dos stakeholders mostra que na
atualidade as organizações são caracterizadas como uma integração sem fim de relações
múltiplas e múltiplos objetivos. Daí o fato de que estas relações precisam ser melhor
gerenciadas e consideradas, uma vez que são o cerne e a principal característica do negócio.
Para a consecução desta consideração e dada sua importância, através do modelo
tridimensional de Carroll (1979) é possível verificar o entendimento e as percepções dos
agentes envolvidos com uma organização, sendo este o objetivo da presente pesquisa.
Com isso, é necessária a explanação dos passos e procedimentos a que se submeteu o
presente estudo, bem como sua natureza e questões envolvidas.
71
Capítulo 3 – Procedimentos Metodológicos
O método científico de pesquisa pode ser definido como “(...) o conjunto de processos
ou operações mentais que se devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada
no processo de pesquisa.” (SILVA; MENEZES, 2001 p. 25).
O presente capítulo objetiva explicitar o método utilizado para dar suporte ao estudo,
mostrando o embasamento e as práticas adotadas em todas as etapas da investigação. Na
primeira seção é explicitado o delineamento da pesquisa, em que são exploradas formas de
abordagem, tipo e natureza do estudo; neste item é feita uma explicitação sobre o método
estudo de caso o qual fundamenta a análise de dados. Posteriormente é feita uma
contextualização e uma explanação das características da empresa pesquisada, suas formas de
negócio e gestão. O tópico seguinte aborda o universo e amostra, que apresenta os atores
institucionais considerados e investigados, bem como os critérios para sua escolha. O tópico
posterior mostra o processo de coleta de dados, como foi o processo de interação com a
empresa e agentes envolvidos. A quinta e última seção apresenta a análise compreensiva
interpretativa dos dados que, entre outros aspectos, exibe as variáveis para o modelo utilizado.
3.1 Delineamento da pesquisa
O estudo caracteriza-se como exploratório com relação aos objetivos pretendidos.
Uma vez que se estudou o conceito de RSE, suas particularidades, benefícios e
vulnerabilidades dentro de um contexto específico e dado conjunto de stakeholders. Também
o trabalho busca a abertura de uma discussão para o entendimento do conceito e o avanço do
conhecimento sobre o tema.
Segundo Triviños (2001), os estudos exploratórios permitem ao pesquisador o
entendimento aprofundado de uma teoria para encontrar os elementos necessários que lhe
permitam a elaboração de algum instrumento, [...]. É comum, também, que os estudos
exploratórios sejam utilizados na busca do conhecimento para planejar uma pesquisa
descritiva ou de tipo experimental, para tanto pode envolver levantamento bibliográfico,
entrevistas, análise de exemplos, dentre outros, assumindo, em geral, as formas de pesquisas
bibliográficas e estudos de caso.
No que compete aos fins, a pesquisa pode ser tida como descritiva, uma vez que
buscou promover uma descrição acerca das características da empresa pesquisada e suas
práticas sociais, para poder promover o entendimento e descrição dos stakeholders envolvidos
e sua percepção frente às ações sociais.
72
Além disso, o método descritivo adotado também possibilita a análise das
características das relações entre os elementos componentes do grupo investigado, permitindo
a realização de uma completa observação do fenômeno, captando a correlação dos fatos e
variantes, analisando as relações com outras variáveis e investigando a frequência dos
fenômenos e suas características (GIL, 1995).
Com relação ao tipo de abordagem, a pesquisa distingue-se como quali-quantitativa.
Isto porque, foram construídos instrumentos de pesquisa específicos (questionários)
fundamentados numa escala numérica de concordância e discordância, que foram baseados no
modelo tridimensional de performance social. Como também, a percepção dos stakeholders
foi medida por intermédio de suporte qualitativo – entrevistas semi-estruturadas – que foram
tidas como apropriadas para a busca de dados adicionais aos dispostos nos questionários.
A pesquisa qualitativa foi selecionada como formato apropriado para se obter
respostas para questionamentos específicos e particulares de investigação da realidade
humana em um campo do conhecimento impossível de ser inteiramente quantificado. A
investigação qualitativa permite o entendimento da natureza de fenômenos, onde os dados são
mais sutis demandando uma análise da subjetividade do objeto de estudo (TRIVINOS, 1987).
A utilização simultânea dos dois métodos não pode ser considerada imprópria ou para
validação de processos investigativos inacabados. Para Pitta e Castro (2006), ao contrário do
que pensam os mais fundamentalistas, de um lado ou de outro, há uma fertilização cruzada
virtuosa entre os métodos quantitativos e qualitativos. Cada um chega onde o outro não
consegue chegar. O método quantitativo pergunta „como‟ acontece, „o que‟ acontece. Já o
método qualitativo pergunta „por que‟ acontece.
A natureza bibliográfica do estudo advém do fato de que foram necessários
levantamentos de informações na literatura sobre RSE, em pesquisas consolidadas sobre o
tema. Estas informações podem ser consideradas uma forma de complementação aos dados
que foram coletados nos questionários e entrevistas na construção dos resultados. Segundo
Martins e Lintz (2007), a pesquisa bibliográfica procura explicar e discutir um tema ou um
problema com base em referências teóricas publicadas em livros, revistas, periódicos, etc.
Busca conhecer e analisar contribuições científicas sobre determinado tema.
Quanto aos meios, a pesquisa coloca-se como um estudo de caso, uma vez que tem o
objetivo de estudar e mensurar determinada realidade com o auxílio de dados coletados por
questionários, entrevistas e observações em loco na empresa em estudo. Este tipo de
abordagem pode ser melhor especificada no item seguinte.
73
3.1.1 Estudo de Caso
O estudo de caso justifica-se porque a pesquisa envolve a necessidade de estudar as
ações sociais de uma organização e as percepções de seus stakeholders sobre elas sob alguns
pontos de vista. Este tipo de estudo permite uma análise mais profunda da organização,
proporcionando um maior conhecimento do objeto de pesquisa por sua flexibilidade.
Para Robert Yin (1984), o estudo de caso significa uma pesquisa empírica que
investiga um fenômeno contemporâneo em seu contexto natural, em situações em que as
fronteiras entre o contexto e o fenômeno não são claramente evidentes, utilizando múltiplas
fontes de evidência.
O estudo de caso trabalha com informações não tão diretas e objetivas, em que a
subjetividade é sua grande característica. Yin (1984) acrescenta, ainda, que estudos de caso
são também usados como etapas exploratórias na pesquisa de fenômenos pouco investigados
ou como estudos-piloto para orientar o design de estudos de casos múltiplos.
É possível, com isso, ser indicado para tratar o problema referente à presente pesquisa,
uma vez que o modelo de tridimensional de Carroll (1979) é caracterizado como pouco
aplicado, e que exige estudo aprofundado que leve à identificação de categorias de observação
ou instrumentos capazes de operacionalizá-lo.
Usando um critério mais geral, Yin (1984, p.14) afirma que uma investigação
caracteriza-se como um estudo de caso se “surge do desejo de compreender fenômenos
sociais complexos” e “retém as características significativas e holísticas de eventos da vida
real”.
Nesse sentido, é possível a análise das características da empresa pesquisada, suas
relações com stakeholders, os principais agentes envolvidos, o entendimento e participação
dos atores sociais e institucionais das ações sociais, entre outros. A prática do estudo de caso
inclui informações prévias, questões substantivas e leituras relevantes de dados de distintas
naturezas referentes a essas questões. Pretende-se observar aspectos concernentes a uma
empresa e stakeholders envolvidos.
3.2 Objeto e contexto de estudo
A presente pesquisa deu-se em uma empresa do setor têxtil situada no estado da
Paraíba, que fabrica fios e tecidos naturais. Realiza vários processos, desde a seleção, compra,
recebimento e análise da qualidade da matéria-prima até a elaboração da mistura do algodão
74
seguidos do processamento na abertura, cardas, passadores, open ends, urdideira,
engomadeira, teares, inspeção, embalagem, faturamento e por fim o embarque da mercadoria
e entrega do produto ao cliente.
Possui um total de 1.580 funcionários e tem cerca de 16 hectares construídos, sendo
esta uma das filiais da empresa no estado - sua origem é mineira. Possui duas bases de
produção na unidade e opera no período diurno e noturno. O regime de trabalho é de 4/2. Está
há 15 anos neste mercado e por isso mesmo já obtém significativa importância, conhecimento
e influência no ambiente em que está localizada. Seu mercado é composto por clientes e
fornecedores situados em muitas regiões do Brasil, destacando-se as regiões sudeste e centro-
oeste. Esta empresa é a principal responsável pela distribuição e comércio de fios e tecidos
brutos da região, sendo assim importante para este tipo de comércio local e regional.
Pela solicitação do anonimato, não foi possível relacionar outras características da
empresa e envolvidos. Sendo assim, a mesma adotará o nome Têxtil, e o principal projeto
educacional por ela desenvolvido será chamado apenas de projeto educacional.
A Têxtil implantou ações sociais há quase dez anos. O público alvo destas ações
envolve principalmente os funcionários e alguns indivíduos da comunidade. Esses últimos
devido ao fato de que um dos grandes projetos da empresa, senão o maior, trata-se de um
centro de ensino profissionalizante para jovens e adolescentes com idades entre 16 e 18 anos
situado na própria empresa. Esse centro atende pessoas de baixa renda e que não possuem
relação direta ou indireta com membros da empresa. O programa é realizado por uma
fundação a partir de parcerias com grandes e médias empresas e os cursos têm a duração de
aproximadamente um ano, as aulas são ministradas pelos próprios funcionários nas
instalações da empresa.
Outros projetos sociais envolvem parcerias com instituições de apoio à indústria. Esses
projetos estão voltados para iniciativas de inclusão digital e cursos de educação para
funcionários da empresa; música; culinária; educação para jovens e adultos (EJA); academia;
inclusão de deficientes; tratamento para viciados em drogas; esporte; aquisição de
conhecimento com cerca de 2.000 livros para pesquisa, revistas atualizadas e computadores
com acesso à internet.
Os projetos de iniciativa própria estão relacionados à auxílios em planos de saúde,
seguro de vida, supermercado e farmácia; atividades desportivas; serviço odontológico.
Outros projetos incluem doações à comunidade e convênios para livraria.
75
A atuação social da empresa se faz num contexto em que a responsabilidade social é
pouco praticada pelas organizações do entorno. Acrescenta-se o fato de que muito do que é
feito, apesar da atuação social da Têxtil ter cerca de dez anos, ainda é considerado
principiante ou iniciante pelos membros do setor administrativo, e com isso está ainda sob
fase de consolidação e construção de programas mais desenvolvidos e abrangentes.
O critério de escolha dessa organização para investigação se deu pela pesquisa sobre
as principais organizações do estado da Paraíba, sua influência e desenvolvimento de ações
sociais. Como também pela receptividade e oportunidade disponibilizada pela Têxtil. Os
fatores decisivos para a escolha foram a representação e legitimidade que ela confere na
comunidade e localidade em questão, pelo seu conhecimento local e participação no mercado
e nas principais atividades comerciais da região.
Assim sendo, analisa-se os atores institucionais e locais que participaram da
investigação na consecução do objetivo proposto.
3.3 Universo e amostra da pesquisa
Conforme especificado, foram construídos questionários e roteiros de entrevista semi-
estruturados baseados no modelo tridimensional de performance social (1979) para a
verificação da percepção dos stakeholders. Seria necessário considerar para pesquisa atores
sociais envolvidos, que fossem influenciados ou que conhecessem as ações realizadas, para
que fosse possível avaliar seu entendimento – percepção – frente à estas ações.
Ao se considerar a pesquisa como qualitativa e quantitativa no tocante à avaliação das
variáveis do modelo posteriormente apresentadas, o critério numérico para garantir a
representatividade do estudo não se encontra no número de entrevistados, e sim, na
confiabilidade dos dados. Assim, a amostra deve possibilitar a abrangência da totalidade do
problema investigado em suas múltiplas dimensões de acordo com Minayo (1994).
Para Marconi e Lakatos (1999, p. 43), a amostra é “um subconjunto da população,
uma parcela, convenientemente selecionada do universo a ser pesquisado”.
A amostragem é classificada basicamente em dois grandes grupos: amostragem
probabilística e não probabilística, conforme Colauto e Beuren (2003, p. 121). Para o caso da
presente pesquisa, optou-se por utilizar a amostragem probabilística estratificada, a qual
consiste em dividir a população em subgrupos mais homogêneos (estratos) e retirar amostras
aleatórias simples dos subgrupos. Uma vez que se pretendeu pesquisar os stakeholders da
76
empresa Têxtil, procurou-se evidenciar em cada grupo – fornecedores, funcionários, diretores,
parceiros e outros – as pessoas que conheciam suas iniciativas sociais.
No intuito de investigar aqueles atores que pudessem responder de forma concisa em
relação ao objetivo da pesquisa e levando em conta os procedimentos metodológicos
adotados, foi realizada a pesquisa quantitativa com 55 funcionários, 4 gestores, 4
representantes de um parceiro, 15 consumidores (consumo de toalhas, tecidos e roupas), 4
clientes (consumo dos fios e tecidos „brutos‟), 3 fornecedores e 7 pessoas da comunidade. É
válido ressaltar que as opiniões de acionistas não puderam ser contempladas na pesquisa visto
que os mesmos não se encontram na localidade da empresa em questão, dada a sua natureza
de filial, como também não possuíam as informações ou conhecimentos específicos e
necessários para a realização da pesquisa.
A pesquisa qualitativa, a que se referiu às entrevistas semi-estruturadas, deu-se com 1
diretor (o principal responsável pelo planejamento e manutenção das atividades sociais da
empresa), 5 funcionários (3 voluntários e 2 não voluntários dos projetos sociais), 2
fornecedores, 2 clientes, 3 representantes de um parceiro, 3 consumidores e 2 da comunidade.
Assim, após a explanação de quais os elementos a serem investigados, é válido
observar como foi o processo e as ferramentas para a coleta dos dados.
3.4 O processo de coleta de dados
Para a realização da pesquisa foi estruturada uma carta de apresentação do presente
estudo enviada previamente ao diretor administrativo e para o responsável pelo
desenvolvimento das ações e iniciativas sociais da organização, o diretor de qualidade. Neste
documento foi possível mostrar o objetivo geral, o escopo da pesquisa e quais as pessoas
envolvidas conforme é possível observar no anexo 3. A pesquisa foi autorizada pelo gerente
geral da unidade da unidade de negócios do estudo de caso
Foram realizadas ao todo oito visitas à empresa pesquisada, em que a primeira foi
oportuna para o conhecimento da mesma, suas características, funcionários, setores, produtos,
entre outros fatores. Nessa primeira visita, foi estabelecida a necessidade, para o correto
andamento da pesquisa, de um pré-teste no intuito de adequar e desenvolver melhor tanto o
instrumento de pesquisa como as formas estabelecidas de abordagem aos respondentes.
Assim, efetivou-se esse pré-teste com alguns funcionários disponíveis na ocasião como o
diretor de qualidade, uma secretária e dois funcionários do setor de informática; e de acordo
com os resultados verificados optou-se por reestruturar algumas afirmações e
posicionamentos dos instrumentos em questão. Para Vergara (2008), é útil e necessário
77
submeter o questionário e o formulário a testes prévios, que antecedem a aplicação. [...], o
julgamento refere-se não só à correção do conteúdo que é apresentado ao respondente, como
também à forma pela qual o é.
O pré-teste também foi aplicado com um pequeno número de pessoas as quais
correspondiam aos conjuntos de stakeholders que se pretendia pesquisar. Assim, todos eles
manifestaram conhecimento das ações da Têxtil, podendo desta forma participar da pesquisa.
O único conjunto de stakeholders que não participou foi o governo, dada a limitação de
informações que possuíam.
Na construção do presente estudo de caso, as habilidades e conhecimentos relativos à
coleta de dados quantitativa e qualitativa por parte da pesquisadora foram desenvolvidos por
meio do aprofundamento conceitual e pelas visitas e conversação com os funcionários.
Treinamentos específicos não foram necessários visto que a principal habilidade requerida era
a capacidade de comunicação clara para os respondentes.
Na fase quantitativa, foram distribuídos questionários para os funcionários
selecionados como apropriados para investigação conforme os critérios estabelecidos no item
anterior universo e amostra de pesquisa. A pesquisadora mostrou-se disponível e apta para
esclarecimentos acerca dos instrumentos no momento das respostas por parte dos
pesquisados; e esses instrumentos continham espaços para comentários adicionais segundo é
possível observar no anexo tal. Conforme especificado esses questionários foram elaborados
mediante o modelo tridimensional de performance social de Carroll (1979), que como a
definição do modelo especifica é composta por três dimensões.
As entrevistas semi-estruturadas, que envolveram a fase qualitativa da pesquisa, foram
presenciais. Segundo Godoi e Mattos (2006. p. 312), a participação do entrevistador tem uma
função intersubjetiva na entrevista, colocando-o como “construtor das produções discursivas
na conversação. De tal forma que o êxito da entrevista (a qualidade e a quantidade da
informação acessível à análise) não se fundamenta no desenho da investigação, senão na
destreza e habilidade do entrevistador”. É preciso que o entrevistador exerça a função
essencial de transmissor de interesse, confiança, familiaridade, motivação e garantia de
identificação ao seu interlocutor (SIERRA, 1998).
Dentre as três modalidades ou tipologias de entrevista identificadas por Patton (1999),
que são a entrevista conversacional livre em torno de um tema; a entrevista baseada em
roteiro e a entrevista padronizada aberta, identificou-se como mais apropriado o tipo de
entrevista baseada em roteiro, visto que era necessário roteiros distintos para grupos de
78
stakeholders e seu nível de conhecimento acerca das ações sociais para respostas, como
também poderia ser possível observar ou questionar pontos que não estivessem contemplados
no roteiro estruturado.
Ressalta-se que roteiros de entrevista podem ser estruturados, semi-estruturados ou
não estruturados. Sendo de escolha para a presente pesquisa o roteiro semi-estruturado
porque, segundo Trivinos (2001), a entrevista semi-estruturada é a que parte de certos
questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que
em seguida, adicionam-se a uma grande quantidade de interrogativas, fruto de novas hipóteses
que surgem no transcorrer da entrevista.
Na entrevista semi-estruturada, é possível conhecer algumas características e ter maior
interação com a realidade dos informantes. Em algumas pesquisas qualitativas, esse tipo de
entrevista parece ser um dos principais instrumentos de coleta de dados.
As mesmas foram transcritas no momento em cada respondente expressava-se, visto
que não foi permitida pela empresa a gravação das entrevistas. Pontua-se que os respondentes
ficaram livres para responder como quisessem, e que algumas de suas respostas abriam a
possibilidade para questionamentos aquém do roteiro estabelecido. As entrevistas foram nos
locais de trabalho dos entrevistados, a não ser pelo grupo comunidade e consumidores, os
quais foram pesquisados em locais distintos.
Vale ressaltar também que todos os indivíduos que responderam às entrevistas não
responderam ao questionário e vice-versa.
O roteiro de entrevista semi-estruturada foi também elaborado conforme o modelo de
Carroll (1979), mais especificamente os questionários, que foram construídos
preliminarmente, serviram como subsídio e base para a constituição dos roteiros. Esses
instrumentos foram distintos para agentes internos e externos à organização, uma vez que não
é possível para cada grupo de stakeholder responder sobre determinado assunto da
organização, visto que sua amplitude de conhecimento e nível de respostas são diferentes.
Essas características foram principalmente observadas no pré-teste que foi realizado com os
funcionários da organização e com alguns membros externos os quais faziam parte da
comunidade e fornecedores.
3.5 Análise Compreensiva Interpretativa dos Dados
A pesquisa validou-se de uma fonte de dados primários, pois utilizou instrumentos de
pesquisa específicos como questionários e roteiros de entrevista semi-estruturados; de uma
79
pesquisa documental para a verificação de dados secundários e a observação não participante.
A análise documental permitiu o conhecimento e a consolidação ou não dos dados primários,
bem como a geração de informações adicionais. Esses dados consistiam em documentos
disponibilizados pela empresa e por alguns agentes relacionados como parceiros e pesquisas
na internet.
Com a observação não participante, foi possível verificar fatos que reforçaram ou não
as prerrogativas apontadas na análise dos dados primários e documentais e também entender e
promover uma reflexão sobre os significados subjetivos e intersubjetivos capazes de
influenciar a percepção dos stakeholders. Segundo Merriam (1998) a análise de muitos
materiais e dados secundários pode agregar e consolidar as respostas de entrevistas ou
questionários. Para o autor, este processo de averiguação chama-se triangulação e visa
corroborar as respostas dadas por cada respondente, bem como, apurar as discrepâncias nas
respostas. A análise pode ser vista conforme é exposto a seguir:
Dados Primários
Dados Secundários Observação Não Participante
Figura 11: Triangulação de dados de análise
Fonte: Elaboração Própria
Os dados primários quantitativos foram analisados e estudados por intermédio do
software Sphinx. Este pode ser caracterizado como um sistema para estudos quantitativos e
qualitativos, que auxilia na tabulação dos dados e faz análises representativas no intuito de
facilitar as inferências do pesquisador. Para Freitas, et al (2002) esse software representa uma
gama de sistemas que permite gerir planos de análise e exploração de dados, tabulação
automática, relatórios, questionários e outros.
Os questionários foram construídos segundo uma escala numérica de concordância e
discordância, compostos de categorias de resposta que variaram entre 1 e 7, em que o número
1 correspondia à opinião discorda totalmente, o número 2 discorda muito e assim
consecutivamente sendo as outras respostas discorda pouco, nem concorda/nem discorda,
concorda pouco, concorda muito e concorda totalmente. O que permitiu que as pessoas
pudessem explicitar suas opiniões em diferenciados graus de aprovação ou desaprovação
80
sobre as afirmativas existentes nos questionários. Pontua-se que o sphinx forneceu subsídio
para essa tabulação de dados, mediante a análise numérica dos dados da escala.
Os questionários também contavam com a possibilidade de comentários adicionais por
parte dos respondentes, se fosse o caso de sua necessidade.
A análise dos resultados contou também com o coeficiente de variação das respostas
dos investigados, bem como com a média, e sua interpretação se deu da seguinte forma:
quanto maior a média, a avaliação se dava de maneira positiva, ou seja, a categoria,
comportamento ou programa é aplicável na empresa em estudo.
A análise interpretativa das entrevistas semi-estruturadas foi permeada pela utilização
da análise de conteúdo temática, uma vez que esta forneceu mais adequado subsídio à
interpretação das falas e consequente percepção dos entrevistados.
A partir das leituras feitas das entrevistas, foi possível para cada grupo de stakeholder
identificar para a construção dos resultados os posicionamentos e opiniões divergentes,
similares e complementares, de forma que a codificação das leituras das entrevistas se deu por
meio do tipo de natureza e desempenho institucional de cada participante.
3.5.1 Variáveis da pesquisa
Para uma adequada aplicabilidade do modelo tridimensional de performance social em
sua totalidade, foram criadas variáveis que podem ser identificadas em cada dimensão social
do cubo tridimensional de Carroll (1979). Conforme especificado nele, existem as categorias
de análise social, as formas de comportamento e respostas da empresa sobre questões sociais e
suas ações e programas desenvolvidos, sendo a construção/criação e possível validação de
variáveis de cada uma das dimensões do modelo uma das principais contribuições do presente
estudo.
Coloca-se que algumas variáveis foram contempladas na pesquisa com stakeholders
internos, como gestores e alguns funcionários específicos. Outras variáveis foram trabalhadas
na pesquisa com stakeholders externos. Esse fato aconteceu porque, conforme especificado,
cada grupo e natureza de stakeholder estão aptos a responder por determinada área e
abrangência (um consumidor não possui as mesmas informações sobre atuação social que um
gerente ou cliente e assim sucessivamente) e por isso a construção de instrumentos de
pesquisa específicos.
Para cada uma das três dimensões, procurou-se diagnosticar as variáveis relacionadas.
A primeira dimensão consiste nas categorias de desempenho social que a empresa pode
apresentar. A tabela a seguir mostra as categorias e suas variáveis criadas:
81
MODELO TRIDIMENSIONAL DE PERFORMANCE SOCIAL
CATEGORIAS VARIÁVEIS
Econômica
Equilíbrio entre receitas e despesas
Satisfação de clientes como indicador de desempenho do negócio
Transações satisfatórias para stakeholders
Monitoramento da produtividade dos funcionários
Preços convenientes ao poder de compra da demanda
Investimento em estrutura física, treinamento dos funcionários e novos produtos
Produção de bens e provisão de serviços de acordo com os requisitos da demanda
Legal
Efetividade no pagamento de impostos e tributos municipal, estadual e federal
Cumprimento integral das leis do trabalho e obrigações contratuais
Adequação dos produtos ao Código de Defesa do Consumidor
Cumprimento de normas técnicas e de legislação ambiental
Ética
Existência e aplicação de um código de ética na empresa
Respeito à integridade física e moral de funcionários e clientes
Abertura ou procedimento confidencial na empresa para funcionários tratarem questões
problemáticas
Fomento de uma cultura interna para criação e adoção de valores éticos
Discricionária
Desenvolvimento de iniciativas sociais em benefício da comunidade local
Estímulo ao voluntariado nos clientes internos
Participação em organizações cívicas ou consideração de problemas sociais da comunidade
Disponibilidade aos funcionários para aquisição de habilitações suplementares
Tabela 3: Categorias e variáveis do modelo de Carroll (1979)
Fonte: Elaboração Própria
O modelo tridimensional de Performance Social de Carroll (1979) também engloba
em seu cubo uma dimensão referente ao comportamento e respostas da empresa frente a
questões sociais. Procura diagnosticar ou caracterizar as ações sociais da empresa de acordo
com uma postura social. A tabela a seguir mostra as respostas e as variáveis encontradas:
MODELO TRIDIMENSIONAL DE PERFORMANCE SOCIAL
COMPORTAMENTOS VARIÁVEIS
Reativo
Fomento de ações sociais depois de protesto ou reivindicações da sociedade
Ações sociais para viabilizar a mitigação de impactos negativos provocados pela
empresa
Defensivo
Realização de auditorias frequentes
Revisão periódica das ações sociais para conformidade com objetivos empresariais
Desenvolvimento de ações ou programas sociais no intuito de evitar problemas
Receptividade para relevância de problemas sociais ocasionados pela empresa
Acomodativo
Gestão administrativa em acordo com as expectativas/necessidades dos funcionários
Projetos sociais para cumprir às normas e legislação governamental
Atuação social tendo em vista o que a empresa necessita e o governo solicita
Pró-ativo
Institucionalização de projetos educacionais, culturais, éticos, internamente ou na
comunidade local
Ações sociais tidas como além das expectativas dos stakeholders
Desempenho de projetos por iniciativa própria
Existência de relação entre planejamento empresarial e estratégias sociais
Tabela 4: Comportamentos e respostas da empresa sobre questões sociais
Fonte: Elaboração Própria
Após a explanação das respostas da empresa, o modelo aborda no cubo a dimensão
referente às ações e programas da empresa, ou seja, quais são suas prioridades e foco de
82
atuação no desenvolvimento de ações sociais. A tabela a seguir mostra as ações e
consequentes variáveis identificadas:
MODELO TRIDIMENSIONAL DE PERFORMANCE SOCIAL
AÇÕES VARIÁVEIS
Consumo
Modificação e/ou retirada de produtos após sua distribuição quando não adequados à
clientes ou consumidores
Disposição de informações técnicas adequadas e necessárias
Realização de pesquisas de mercado
Relacionamento pós-venda satisfatório com o cliente
Meio Ambiente
Disposição de informações sobre educação ou consciência ambiental no âmbito externo
Enquadramento da empresa com certificação ambiental
Tratamento e reutilização de água proveniente da produção
Disposição adequada de resíduos sólidos e gases poluentes
Utilização de tecnologias limpas ou que reduziram a poluição
Desenvolvimento de projetos voltados à preservação do meio-ambiente
Discriminação
Igualdade de condições salariais independente de sexo
Igualdade na ocupação de cargos de chefia a pessoas de qualquer raça ou sexo
Liberdade de escolha e prática religiosa
Segurança para o emprego ou contratação de funcionários com mais de 45 anos de idade
Trabalho para mitigação de discriminação social ou racial entre funcionários ou outros
relacionados à empresa
Segurança do
produto
Disponibilidade de informações sobre normas técnicas necessárias à correta fabricação
Implantação de meios que busquem a excelência do padrão de qualidade
Execução de medidas eficazes de logística
Ambiente sanitariamente adequado para produção e estoque
Produtos seguros à saúde de consumidores
Segurança do
Trabalho
Fiscalização e monitoramento da utilização de equipamentos de proteção
Treinamentos para manejo adequado de ferramentas e máquinas
Fiscalização de infra-estrutura para impedir danos à saúde dos funcionários
Diminuição do índice de acidentes nas operações do trabalho
Acionista
Contínua prestação de contas aos acionistas da empresa
Mediação de interesses dos sócios acionistas com os objetivos de comprometimento social
da empresa
Elaboração de programa de envolvimento de acionistas com projetos sociais desenvolvidos
pela empresa
Estudo em conjunto com acionistas sobre as implicações da atuação social responsável na
competitividade e aumento de lucratividade
Tabela 5: Ações e programas de atuação social
Fonte: Elaboração Própria
A presente pesquisa teve a preocupação e o intuito de adequar as variáveis observadas
à realidade investigada.
Algumas variáveis que compõem cada um dos itens do modelo em questão podem ser
respondidas por todo o conjunto de stakeholders pesquisados, como exemplo as variáveis de
segurança e saúde no trabalho. Entretanto, outras variáveis como as da categoria econômica
estão em maior quantidade pelo fato de que cada conjunto de stakeholder se mostrou melhor
apto a responder determinadas naturezas e especificidades de questão.
83
Com a construção das variáveis, posteriormente deu-se a construção dos questionários,
os quais foram direcionados a conjunto de stakeholders específicos. Assim, três questionários
foram feitos: um para gerentes, outro para funcionários e um terceiro para atores externos à
organização. Esses últimos foram pessoas que mantém um contato direto ou indireto com a
organização, seja em relação à compra de produtos, seja em relação à interação por
proximidade de moradia ou outro, mas todos conheciam pelo menos algumas das ações
desenvolvidas pela empresa.
3.5.2 Parâmetros de análise das variáveis
Cada variável (afirmação) do questionário dispôs de uma escala de sete pontos, onde o
nível mínimo (1) indicava a total discordância com a existência da variável na empresa, e o
nível máximo (7) indicava a total concordância com sua existência. Todos os valores entre
esses níveis indicaram um aumento gradual do nível de concordância ou aceitabilidade da
variável como existente na empresa pesquisada. Essa existência ou não coloca a categoria,
comportamento e ação ou programa a qual a variável se refere como característica da Têxtil, e
cada resposta contribui para a geração de uma média aritmética, sendo possível assim avaliar
em cada dimensão a que obteve maior valor (média) segundo este parâmetro. A tabela 6
procura explanar:
ESCALA DE VALORES NO QUESTIONÁRIO/OPINIÕES
1 2 3 4 5 6 7
Discorda
Totalmente
Discorda
Muito
Discorda
Pouco
Nem
concorda/nem
discorda
Concorda
Pouco
Concorda
Muito
Concorda
Totalmente
NÍVEL DE APLICABILIDADE/EXISTÊNCIA DA VARIÁVEL NA EMPRESA TÊXTIL – PERCEPÇÃO
Total
divergência
da Existência
Muita
divergência
da Existência
Pouca
divergência
da Existência
Não
existência
como
característica
da dimensão
Pouca
Existência
Muita
Existência
Total
Existência
Tabela 6: Parâmetros de análise das variáveis
Fonte: Elaboração Própria
Conforme apresentado anteriormente, o parâmetro estabelecido para a análise dos
dados quantitativos foi de que quanto maior a média, mais aplicável seria a categoria, resposta
ou ação ou programa seria na empresa em estudo e vice-versa. O cálculo da média foi feito
pelo Sphinx, levando em conta as respostas mais frequentes da escala apresentada acima.
A seguir apresenta-se de maneira mais resumida o fluxograma da presente pesquisa.
84
FLUXOGRAMA DE PESQUISA
Objetivo Geral:
Identificar as percepções dos diversos tipos de stakeholders acerca das políticas e ações de RSE
adotadas por uma empresa do setor têxtil do estado da Paraíba, utilizando o modelo
tridimensional de performance social de Carroll (1979).
Sujeitos da Pesquisa:
Funcionários, Diretores, Fornecedores, Clientes,
Consumidores, Comunidade e Parceiros da empresa pesquisada.
O Processo de Coleta e Análise Interpretativa
de Dados
Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa
* Aplicação de Questionários construídos * Aplicação de Roteiros de Entrevista semi-estru-
com base no modelo tridimensional; turados construídos com base no modelo
tridimensional;
* Análise da escala de valores por meio
do software SPHINX. * Transcrição integral das entrevistas in loco e;
* Exame dos dados por meio da técnica de análise
de conteúdo.
Apresentação e Análise dos Resultados
Análise Cubo
Quali-quantitativa PERCEPÇÃO Tridimensional
Conclusões
Figura 12: Fluxograma de Pesquisa
Fonte: Elaboração Própria
Após a apresentação dos procedimentos metodológicos que fundamentaram a
pesquisa, é possível abordar, por conseguinte, os resultados encontrados em relação às
percepções de cada stakeholder pesquisado e sua colocação no cubo tridimensional de Carroll
(1979).
85
Capítulo 4 – Apresentação e Análise dos Resultados
Quanto aos resultados encontrados através da coleta de dados dos instrumentos
aplicados, a interpretação será dividida em dois momentos: o primeiro especifica para cada
grupo de stakeholders pesquisados a sua percepção das ações sociais de acordo com os dados
quantitativos e qualitativos, posteriormente apresentados no cubo tridimensional. O segundo
momento procura especificar os resultados encontrados para todos os stakeholders referentes
às três dimensões do modelo de Carroll (1979) em seu cubo tridimensional, e algumas
considerações.
4.1 Diagnóstico da percepção de cada Stakeholder pesquisado
4.1.1 Funcionários gerais – voluntários e não voluntários
Dentre os 55 funcionários participantes da pesquisa quantitativa, e os 5 que
responderam às entrevistas, procurou-se verificar um conjunto de pessoas que não estivesse
situado no mesmo setor e que não desempenhasse as mesmas atividades. Assim, poderia ser
possível verificar perspectivas e entendimentos de funcionários situados em setores distintos e
que dessa forma possivelmente pudessem obter informações diversificadas. Assim sendo,
aplicou-se questionários com pessoas de setores como: tecelagem, corte, vendas, segurança do
trabalho, administração e propriamente os voluntários que se encontram mais no setor de
informática. Dentre os respondentes da pesquisa qualitativa, encontravam-se três no setor
administrativo, um na biblioteca e um no setor de informática.
4.1.1.1 Dimensão Categorias de Responsabilidade Social
É possível observar que as categorias de responsabilidade social explicitadas no
modelo tridimensional possuem observações um tanto heterogêneas. Pelo gráfico 1, a seguir,
é possível verificar:
70,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
15,0%
0,0%
5,0%
50,0%
0,0%
10,0%
20,0%
15,0%
0,0%
10,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
5,0%
25,0%
5,0%
10,0%
20,0%
0,0%
5,0%
0,0%
5,0%
0,0%
55,0%
0,0%
5,0%
0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
30,0%
15,0% 15,0%
25,0% 25,0%
35,0%
20,0%
25,0%
10,0%
20,0%
10,0% 10,0%
0,0% 0,0% 0,0%
30,0%
25,0%
5,0%
20,0%
5,0%
15,0%
10,0%
60,0%
5,0%
70,0%
10,0%
30,0% 30,0%
15,0%
30,0% 30,0%
25,0%
5,0%
40,0%
25,0%
0,0%
20,0% 20,0%
0,0%
45,0%
15,0%
0,0%
45,0%
50,0%
15,0%
25,0%
40,0%
15,0%
0,0%
30,0%
15,0%
0,0%
35,0%
20,0%
0,0%
5,0%5,0% 5,0%
15,0%
5,0%
70,0%
45,0%
30,0%
0,0% 0,0%
5,0%
10,0%
0,0%
5,0%
0,0% 0,0% 0,0%
Econôm 1 Econôm 2 Econôm 3 Econôm 4 Legal 1 Legal 2 Legal 3 Legal 4 Ético 1 Ètico 2 Etico 3 Etico 4 Disc r ic 1 Disc r ic 2 Disc r ic 3 Disc r ic 4
discorda totalmente discorda muito discorda pouco nem concorda/nem discorda concorda pouco concorda muito
concorda totalmente
Gráfico 1: Resultados da Dimensão Categorias - Funcionários
Fonte: Dados da Pesquisa
Os parâmetros são estabelecidos sob uma notação de 1 (Discorda Totalmente) a 7 (Concorda Totalmente).
A categoria econômica é representada pelas legendas econôm 1, econôm 2, econôm 3 e econôm 4; a categoria legal é representada pelas
legendas legal 1, legal 2, legal 3 e legal 4; a categoria ética é representada pelas legendas ético 1, ético 2, ético 3 e ético 4 e, por fim, a categoria
discricionária é representada pelas legendas discric 1, discric 2, discric 3 e discric 4.
A tabela a seguir explana os valores da média aritmética, desvio padrão, coeficiente de variação e frequência de maior resposta conforme
o gráfico anterior apresentado:
CATEGORIAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de
Variação (%)
ECONÔMICA 4,92 0,91 18,5
LEGAL 5,72 0,90 15,6
ÉTICA 3,48 1,27 36,5
DISCRICIONÁRIA 3,90 1,42 36,6
Tabela 7: Valores Quantitativos para a dimensão Categorias - Funcionários
Fonte: Dados da Pesquisa
Os parâmetros são estabelecidos sob uma notação de 1 (Discorda Totalmente) a 7 (Concorda Totalmente).
Conforme o gráfico 1 expôs, a categoria legal é a que possui maior nível de
concordância, principalmente na primeira variável (70%), como também a média referente a
esta categoria, de 5,72, mostra sua maior aceitabilidade em relação a outras.
A categoria econômica também obteve aceitação expressiva, com média de 4,92. Na
categoria ética, conforme o gráfico, os valores são distintos, ou seja, o entendimento dos
funcionários é diverso. Já na discricionária, os valores são um pouco mais diversificados.
Em relação à categoria econômica, a maioria dos funcionários entende que a empresa
controla a produtividade (50% concordam muito), investe em novos produtos (45%
concordam muito) e de acordo com os requisitos dos clientes (70% concordam pouco). O
investimento em estrutura física e treinamento dos funcionários não foi um item marcado com
maior concordância por todos os respondentes – 55% discordam pouco - daí o fato de a
categoria econômica ter obtido menor média que a legal. Este item foi evidenciado por alguns
em discordância porque os treinamentos realizados acontecem quase sempre quando da
admissão de funcionários, e ao longo do tempo os cursos para capacitação e treinamentos não
são disponibilizados em horários compatíveis para maioria deles. Entretanto, não obstante este
fator, a categoria pode ser tida como aplicável na Têxtil de acordo com os respondentes.
Para Carroll (1979), o papel prioritário da empresa deve ser o de gerar bens e serviços
de acordo com diretrizes financeiras convenientes e com os requisitos dos consumidores.
Assim, conforme as entrevistas, os funcionários percebem que esses objetivos são cumpridos
adequadamente. A afirmação a seguir exemplifica:
“Até onde sabemos, a empresa cumpre compromissos e tem boa
produtividade”.
O coeficiente de variação de 18,5% desta categoria mostra a constatação de que os
funcionários têm opiniões parecidas em relação à economia da empresa.
88
A maior aceitabilidade, segundo observado, vem da categoria legal. Isto porque as
ações sociais fomentadas pela Têxtil, quase que em sua totalidade, estão baseadas nos padrões
e requisitos legais para empresas de seu porte. Os funcionários reconhecem que os projetos
feitos são pela própria necessidade da empresa de estar em conformidade com leis e
regulamentos.
“Acho que a empresa faz pelos colaboradores o que tem que fazer.
Toda empresa tem que oferecer aos seus colaboradores boas
condições. E acho que é mais ou menos o que é feito. Algumas
coisas aqui podiam mudar como, por exemplo, a adoção de um
plano de classificação de salário mais justo”.
De fato, a observação da maioria dos projetos sociais realizados, tanto em parceria
com outras instituições como por adoção própria, mostram que a Têxtil não é considerada
propriamente discricionária. Os funcionários que manifestaram entendimento sobre o conceito
das categorias de RSE optaram por ressalvar que a empresa está mais para o posicionamento
legal que qualquer outro, embora fosse possível verificar que outras pessoas, principalmente
voluntários, entendam que a Têxtil realiza ações que estão além da sua área de interesse ou
dever, como exemplo as visitas familiares e as próprias doações realizadas.
Apesar destas opiniões distintas, esta categoria obteve a menor variabilidade de
respostas: 15,6%. Isso se deve ao fato de que, dentre as variáveis contidas nos questionários,
quase todos os investigados optaram pela mesma resposta. Mas, de acordo com as entrevistas
e observações, foi possível verificar outros pontos de vista. Destaca-se que a responsabilidade
social é passível a muitos entendimentos, dependendo do nível de escolaridade, função e até
faixa etária dos pesquisados. Essa percepção varia entre a interpretação de que a empresa tem
poder para fomentar atividades sociais mais abrangentes; a empresa realiza mais que poderia
ou é requerido fazer; e a empresa faz aquilo que é possível propiciar, já que é difícil conciliar
muitos papéis e tarefas no cenário atual de competitividade.
Dentre os pontos contemplados tanto nas entrevistas como nos questionários,
observou-se que os funcionários acham que a Têxtil está de acordo no que se refere a
pagamento de impostos, benefícios (70% concordam totalmente), código de defesa do
consumidor (40% concordam muito) e legislação ambiental (30% nem concordam nem
discordam). Esta última variável mostrou um entendimento bastante heterogêneo, conforme
pode ser verificado pelo gráfico. Pela afirmação a seguir, é possível verificar algumas
observações que merecem destaque no que concerne à legislação ambiental:
89
“É tudo devidamente pago sim, os benefícios dos colaboradores são
garantidos. A legislação ambiental é cumprida, até pelas características do
produto e sistema de produção”.
Dentro da categoria legal, mais da metade dos funcionários pesquisados verificam que
a empresa está adequada à questão de legislação ambiental, outros, entretanto, ressalvam que
isto é uma característica consequente da natureza dos produtos fabricados e das necessidades
prioritárias da empresa. A produção de fios e tecidos naturais não impõe tantos cuidados em
relação à exteriorização de resíduos no ambiente. No entanto, estas informações serão mais
bem especificadas na dimensão ações e programas - meio ambiente.
Em relação à ética, é possível observar que as respostas foram heterogêneas. O maior
nível de discordância (50% discordam totalmente) se deu em relação à existência de um
procedimento confidencial para os funcionários apresentarem reclamações, e também de um
código de ética (30% discordam pouco). Esses resultados podem ser evidenciados pelas
respostas:
“Não existe esse procedimento. Mas agente tem alguma abertura pra falar de
algum problema. Também quando vamos trabalhando estamos vendo como
se comportar, mas com certeza se tivesse uma maneira pra se comunicar
sobre problemas seria melhor”.
“O código de ética mesmo não existe. Mas nós temos consciência e preparo
para trabalhar em conjunto, com princípios definidos e respeito mútuo.
Procedimento para reclamações não há”.
“Não há muito o hábito de conversar sobre valores e princípios éticos. Acho
que essas questões vêm mais de nós mesmos, de nossa cultura. Mas o
ambiente da empresa impõe sim a adoção desses princípios, de maneira
indireta”.
A Têxtil não possui um código de ética, no entanto, segundo a última afirmação,
dispõe de um ambiente ético e moral de trabalho, ou seja, o próprio ambiente onde os
funcionários trabalham propicia os meios e entendimentos para a adoção de condutas e
escalas de valores morais no âmbito interno. As respostas mostraram que a empresa trabalha
sob a existência de valores éticos e respeito à integridade (40% concordam pouco), mas o
desenvolvimento de maneiras adequadas de incentivo à participação dos funcionários poderia
ser considerado, já que as respostas a esta variável foram bem heterogêneas, com 25%
concordando pouco com ela. Essa participação, segundo eles, seria na forma de sugestões,
avisos ou reclamações; enfim, procedimentos que proporcionariam melhorias na realização
das atividades.
90
“Procedimentos confidenciais não existem, e acho que isso é um problema
tanto pra empresa quanto pra os funcionários porque fica difícil falar de
alguma coisa que pode estar incomodando. Pode ser até pra dar uma opinião
ou um aviso de algum problema”.
A média desta categoria de 3,48 e o desvio padrão de 1,27 mostra que as opiniões
estão na média da escala de respostas, que variam de 1 a 7. Isto corrobora que a aceitabilidade
dos componentes expostos no instrumento quantitativo não está alta como nas categorias
anteriores. Com uma média menor em detrimento das outras categorias, verifica-se que, para
os funcionários, a Têxtil não está propensa a uma cultura aberta ao diálogo e para maior
interação entre empresa e funcionário.
A categoria discricionária apresenta também um entendimento heterogêneo, pouco
maior que a anterior. O coeficiente de variação de 36,6% corrobora esta afirmação, bem como
a média de 3,90, a qual demonstra que as respostas estão em um padrão mediano.
A variabilidade das respostas pode ser atribuída a diferentes compreensões quanto à
estrutura de abertura entre empresa e comunidade, bem como quanto a promoções na carreira
profissional dos funcionários. É notório que, para os funcionários entrevistados, não há um
processo interativo de troca de informações entre empresa e comunidade sobre necessidades e
ideias de ambos, 60% nem concordou nem discordou com esta variável. Essa ausência se
deve, para alguns, à falta de esclarecimento do povo em relação aos benefícios que podem
advir deste tipo de relação direta. Essas interações podem se basear em troca de informações
sobre potencialidades e vulnerabilidade de ambos. Para outros funcionários, essa ausência se
deve à falta de disponibilidade da empresa para abertura e troca de informações com a
comunidade.
Questionados sobre se a Têxtil desenvolve campanhas para melhoria da qualidade de
vida das pessoas da região onde se insere ou se mostra aberta para solucionar possíveis
problemas ou impactos causados, alguns funcionários têm opiniões parecidas.
“Sim. Existe um grande projeto que é em benefício da comunidade, para a
educação de jovens e adolescentes. Mas a maioria dos projetos feitos aqui é
em benefício dos colaboradores. A abertura com a comunidade não é tão
grande, porque não existe uma prática por parte deles e também da empresa
de procurar saber o que é feito ou de mostrar alguma coisa”.
“Tem muitas campanhas, mas a principal é o nosso maior projeto
educacional, porque é inteiramente para o público externo. A empresa não
tem tanta abertura com a comunidade porque não existe clima pra isso. [...]
Muitos não participam do projeto porque não sabem como funciona,
preferem os filhos em casa por medo se agente vai realmente tomar conta”.
91
O projeto educacional em benefício do público externo foi o mais mencionado como
parte integrante dos programas desenvolvidos pela empresa. De fato, ele envolve a
participação direta de mais de vinte funcionários que desempenham os papéis de
administradores e professores, como também uma relação com pessoas (alunos) de fora da
empresa. Esse projeto é de grande repercussão para vários stakeholders, conforme será
exposto adiante.
A progressão na carreira profissional não foi mencionada com muita concordância:
45% concordam pouco com esta variável, apesar de fato de a empresa oferecer alguns cursos
de aperfeiçoamento com frequência. Para alguns funcionários, estes cursos são importantes,
mas a possibilidade de sua participação fica comprometida, pelo fato de que seus horários são
incompatíveis com os horários da maioria dos funcionários. Muitos manifestaram a opinião
de que algumas poucas pessoas têm oportunidade de participar, e que a diretoria não está apta
a substituir o funcionário que deseje ingressar no curso, fato este reforçado por alguns
comentários adicionais feitos nos instrumentos de pesquisa.
A questão da discricionariedade da Têxtil está associada, segundo os funcionários,
apenas ao principal projeto educativo da empresa e a algumas iniciativas de cunho menos
abrangente em benefício dos clientes internos. É fato mencionar que os principais projetos
que caracterizam esta categoria são desenvolvidos em parceria com outra instituição, e que as
ideias centrais, objetivos e alguns recursos são despendidos pelos próprios parceiros, não
desmerecendo também os recursos e iniciativas da empresa para desenvolvê-los.
O estímulo ao voluntariado foi pouco discordado por 35% dos funcionários, variável
que caracteriza também ações de cunho discricionário.
Assim, é possível vislumbrar dentre a exposição das categorias que a empresa Têxtil
encontra-se de acordo com seus funcionários no posicionamento legal frente às categorias do
modelo tridimensional de performance social de Carroll (1979).
A seguir, serão explicitados como se dão os comportamentos e as respostas frente a
questões problemáticas que foram parte ou podem fazer quando da realização de suas
atividades cotidianas.
4.1.1.2 Dimensão Comportamentos e Respostas de Responsabilidade Social
Os comportamentos e as respostas dizem respeito ao seu modo de atuação frente a
questões que podem constituir problemas ou atividades que requeiram um desempenho social
por parte da corporação. Observou-se que os funcionários manifestaram opiniões relacionadas
92
propriamente a uma resposta específica, tendo todos os coeficientes de variação oscilados a
um nível médio.
É possível visualizar o comportamento da empresa pelo gráfico 2 a seguir, que expõe
os resultados quantitativos obtidos com a pesquisa:
55,0%
0,0%
15,0%
10,0%
5,0% 5,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
10,0%
5,0%
0,0%
5,0%
0,0% 0,0% 0,0%
15,0%
35,0%
40,0%
15,0% 15,0%
0,0%
20,0%
10,0%
45,0%
40,0%
25,0%
30,0%
25,0%
0,0%
10,0%
5,0%
40,0%
0,0%
20,0%
40,0%
35,0%
10,0%
45,0%
30,0%
0,0%0,0% 0,0%
10,0%
15,0%
35,0%
25,0%
50,0%
0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
55,0%
0,0%
5,0%
0,0%
Reativo Reativo2 Defensivo Defensivo2 Acomodativo Acomodativo2 Pró-ativo Pró-ativo2
discorda totalmente discorda muito discorda pouco nem concorda/nem discorda
concorda pouco concorda muito concorda totalmente
Gráfico 2: Resultados da Dimensão Comportamento e Respostas - Funcionários
Fonte: Dados da Pesquisa
Os valores encontrados em relação ao gráfico exposto são apresentados na tabela 8:
COMPORTAMENTOS E RESPOSTAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de
Variação (%)
REATIVO 3,20 1,13 35,4
DEFENSIVO 4,28 1,25 29,2
ACOMODATIVO 5,60 0,88 15,8
PRÓ-ATIVO 4,30 0,88 20,5
Tabela 8: Valores Quantitativos para a dimensão Comportamentos e respostas - Funcionários
Fonte: Dados da Pesquisa
De acordo com o gráfico 2, é possível inferir que a percepção dos funcionários em
relação ao comportamento reativo foi de discordância. Inclusive a média de 3,20, abaixo do
padrão mediano da escala de valores, o desvio padrão de 1,13 e variação de 35,4% mostraram
algumas opiniões difusas em relação a este tipo de comportamento da empresa. Na opinião
dos funcionários pesquisados, as ações sociais não são desenvolvidas após alguma
reivindicação ou reclamação por parte do governo e/ou comunidade; 40% nem concordam
nem discordam com esta variável.
93
“Como te falei, a sociedade não tem iniciativa de procurar ações ou de
requerer algo da empresa. As ações são mais pra melhorar o ambiente, pra
fazer o que precisa ser feito. As pessoas de fora não conhecem os projetos e
vejo que nem buscam procurar saber.”
“Não. Os projetos feitos não enfrentam problemas, eles são bem aceitos pelos
colaboradores. A sociedade não reclama, pois ela não interfere ou tem (sofre)
interferência dos projetos. A não ser o nosso grande projeto educacional, mas
é mais aqui na comunidade local”.
Pelo observado, uma vez que a comunidade não possui uma prática de interação com a
empresa, de interligação sobre necessidades ou problemas, não é possível manifestar com
maior intensidade, apesar de não ser impossível, uma reivindicação ou princípio de protesto.
Tanto é que a variável que explana a existência de projetos sociais como forma de mitigar
impactos negativos foi pouco discordada por 40% dos funcionários. Assim, a resposta reativa
acaba por não estar exprimida ou manifestada por isso.
“Não existe muita interação com a sociedade. Por isso não tem muita
reivindicação. As pessoas não reconhecem a importância do projeto
educacional feito, inclusive os funcionários não valorizam, o projeto era
discriminado por eles e só agora começa a gerar certa consciência, só agora
que ele está se consolidando. Ele não é tão divulgado porque há pouco tempo
pra isso. A sociedade não reconhece”.
A própria falta de abertura da Têxtil para um procedimento em que os funcionários
possam declarar suas opiniões acaba por ser um fator que inibe a existência do
comportamento reativo.
Já o comportamento defensivo obteve média um pouco maior de 4,28 e variação
menor de 29,2%, o que mostra uma concordância relativamente maior que o comportamento
anterior. De acordo com o observado, a ocorrência de desafios ou problemas não é um fator
que motive de maneira marcante o desenvolvimento de ações sociais, como também nem
sempre os problemas que ocorrem são sanados ou tratados por intermédio da adoção deste
tipo de comportamento. O que ocorre é que, analisando a frequência de reclamações recebidas
no departamento de recursos humanos, e observando a natureza e princípio das ações sociais
adotadas, nenhuma partiu da intenção para resolver de uma questão problemática ou para
evidenciar o trabalho com um desafio. Alguns funcionários questionados sobre se a empresa
assume o papel de atuante para a resposta a problemas, de alguma forma, tem essa opinião:
“Acho que não. Quando agente pensa em desenvolver um projeto, o
planejamento é feito procurando o melhor. Até hoje os problemas não
interferiram tanto nesse planejamento”.
94
“Eu acho que o que é feito é mais como um incentivo e não pra resolver um
problema. É pra motivar as pessoas pro trabalho. Talvez os problemas
tenham influência no desejo de introduzir ações sociais aqui, mas acredito
que isso não é o motivo principal”.
Algumas atividades relacionadas a esporte, produção de conhecimento, culinária,
tratamento com drogas e inclusão de deficientes, que são os principais, não foram motivadas,
segundo observação, pelo surgimento de conflitos, falta de integração ou atividades
insuficientes no trabalho. Foram planejadas sob o ponto de vista da busca por inovação ou
incremento do trabalho realizado e não por soluções específicas que devessem ser trazidas ao
exercício das atividades. Com isso, a variável desenvolvimento de programas sociais para
evitar acidentes ou conflitos obteve 35% de pouca concordância.
A resposta acomodativa foi a mais observada pelos funcionários, isto porque sua
média foi de 5,60, e seu desvio padrão e coeficiente de variação respectivamente de 0,88 e
15,8%. Esse tipo de resposta está relacionado à adequação por parte da empresa às exigências
da opinião pública, do governo ou das necessidades prioritárias de agentes internos. Tem por
fundamento práticas estabelecidas e desenvolvidas na observância de aspectos reguladores
das empresas, menos voltados a iniciativas de cunho remediador. O desenvolvimento de
projetos apenas conforme as normas e legislação foi totalmente concordado por 55% dos
funcionários, mais da metade; e o atendimento de suas necessidades e expectativas por parte
da gestão foi pouco concordado por 45% deles.
Essa resposta, como também todas as outras, é o resultado de como a empresa se porta
em relação às respostas para com agentes internos e externos, seu posicionamento e reação
frente a requisições da sociedade, petições, postura dos funcionários, entre outros. Assim, de
acordo com o posicionamento da Têxtil e de suas relações com seus funcionários, a opinião
destes está mais relacionada ao comportamento acomodativo. As ponderações de alguns
funcionários entrevistados podem ser verificadas a seguir:
“Existem benefícios como convênio saúde, cesta básica, transporte e outros,
mas alguns colaboradores não vêem tanta vantagem nisso, e também eles não
se interessam em interagir mais fortemente com a empresa na busca de
soluções para o desempenho de um trabalho melhor”.
“As exigências legais são cumpridas, e existem algumas iniciativas que estão
além disso como as parcerias para os projetos de educação e aperfeiçoamento
profissional para os colaboradores. Mas não são todos os projetos que são
feitos por envolvimento próprio”.
95
O comportamento pró-ativo foi visto pelos funcionários com uma frequência menor
que o último. Este comportamento está relacionado à disposição da empresa para agir de
maneira antecipada, como forma de antever qualquer questão que possa comprometer a
eficiente realização das atividades. Este tipo de resposta pode ser visto na Têxtil pelo seu
maior projeto social, o projeto educacional para jovens e adolescentes de baixa renda da
comunidade local. O projeto possui um caráter voluntário, apesar de não ser desenvolvido por
iniciativa própria, e relaciona-se à mitigação de uma série de problemas que podem afetar a
sociedade de forma direta e a empresa indiretamente. A erradicação do trabalho infantil, o
analfabetismo, o incentivo à cultura e a disponibilidade de uma orientação educacional e
profissional para as pessoas participantes do projeto designam-se como partes integrantes do
projeto. É possível afirmar que os funcionários da Têxtil observam este projeto como grande
influência positiva da sociedade, e este colocado pró-ativamente. Assim, 50% concordam
muito que a organização adota projetos contra erradicação do trabalho infantil, analfabetismo,
discriminação, incentivo à cultura ou outros, internamente ou na comunidade local.
Alguns funcionários falaram sobre o que acham dos projetos sociais feitos pela
empresa, conforme a seguir:
“(...) existem alguns projetos. Posso te dar o exemplo do que está sendo feito
agora como a Semana da Saúde Bucal que estamos realizando por iniciativa
própria da nossa dentista. (...) A prioridade da maioria dos nossos projetos é a
educação, esses fazemos por nós mesmos e com parcerias com algumas
instituições”.
“Nosso maior projeto social é voltado à educação de jovens e adolescentes de
baixa renda da comunidade. Podemos considerá-lo como contribuinte à
erradicação do trabalho infantil. Outros agente faz com parceria, como o que
é feito para dar aulas à colaboradores após o expediente de trabalho, para
aqueles que não podem estudar fora. A educação na verdade, ela trabalha na
forma de diminuir ou sanar vários problemas”.
Conforme o gráfico, 2,45% dos funcionários discordam um pouco que os projetos
sociais desenvolvidos estão além das expectativas de todos; esta afirmação comprova que,
ainda que os projetos tenham reconhecimento por parte dos funcionários, estes verificam que
as ações não superaram suas expectativas, o que poderia caracterizar um comportamento pró-
ativo.
Questionados sobre se há um planejamento empresarial relacionado com o
desenvolvimento de estratégias sociais e se existe um balanço social acessível à sociedade, os
funcionários explicitaram a não concordância com as duas afirmações.
96
“O planejamento das ações sociais não está atrelado ao planejamento da
empresa. Existe uma pessoa responsável por verificar a viabilidades de todos
eles”.
“Não fazemos balanço social. A empresa planeja as ações, e principalmente
interage com o [principal parceiro]. O planejamento dos projetos é um pouco
diferente do planejamento econômico da empresa”.
O balanço social é um meio para divulgação e interação com os stakeholders de uma
empresa. A Têxtil poderia dispor desta ferramenta como informativo sobre sua forma de
realização de atividades sociais. Ela também não relaciona os projetos sociais dentro de seu
contexto econômico, ou seja, não reúne em meio aos seus objetivos empresariais prioritários a
iniciativa social.
Deste modo, a partir da análise dos comportamentos e respostas da empresa Têxtil, a
resposta acomodativa foi a mais citada, o que mostra que, segundo seus funcionários, esta
empresa possui respostas e aplica seus esforços por seu próprio turno, de acordo com o que
está requerido pela legislação, e levando em conta quando possível as opiniões de agentes
externos.
Por conseguinte, verificam-se quais as ações e programas explicitados no modelo
tridimensional a empresa está mais propensa a adotar no momento em sua relevância social.
4.1.1.3 Dimensão Ações e Programas de Responsabilidade Social
As ações e programas estão relacionados ao foco que uma empresa adota na prática de
ações sociais. Percebe-se que os funcionários apresentaram pontos de vista que caracterizam
opiniões parecidas entre as ações explicitadas no modelo, já que as médias referentes às ações
ficaram muito próximas. O gráfico a seguir evidencia a porcentagem de cada percepção dos
funcionários encontrada para as afirmações construídas para dimensão ações e programas.
65,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
20,0%
0,0% 0,0%
5,0% 5,0% 5,0%
0,0% 0,0%
5,0% 5,0% 5,0%
50,0%
0,0% 0,0%
5,0%
20,0%
0,0%
5,0%
45,0%
15,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
10,0%
0,0%
35,0%
0,0% 0,0%
20,0%
15,0%
0,0%
20,0% 20,0% 20,0%
0,0%
5,0%
0,0%
20,0%
55,0%
65,0%
5,0%
10,0%
20,0%
50,0%
35,0%
10,0%
55,0%
25,0% 25,0%
10,0%
20,0%
25,0%
35,0%
5,0%
10,0%
5,0%
10,0%
45,0%
25,0%
10,0%
30,0%
10,0%
0,0%
20,0%
40,0%
65,0%
40,0%
25,0%
20,0%
15,0%
5,0%
65,0%
35,0%
0,0% 0,0%
60,0%
10,0%
5,0%
10,0%
25,0%
10,0%
35,0%
10,0%
5,0% 5,0%
0,0%
15,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
5,0%
20,0%
0,0% 0,0%
5,0%
0,0% 0,0% 0,0%
Consumo Consumo 2 Consumo 3 MeioAmbiente
Meioambiente 2
MeioAmbiente 3
Discr im Discr im 2 Discr im 3 Seg- Produto Seg- Produto2
Seg- Produto3
Seg-Trabalho
Seg-Trabalho 2
Seg-Trabalho 3
discorda totalmente discorda muito discorda pouco nem concorda/nem discorda concorda pouco
concorda muito concorda totalmente
Gráfico 3: Resultados da Dimensão Ações e Programas - Funcionários
Fonte: Dados da Pesquisa
LEGENDA:
Consumo - Consumo, consumo 2 e consumo 3
Meio ambiente - Meio Ambiente, meio ambiente 2 e meio ambiente 3
Discriminação - discrim, discrim 2 e discrim 3
Segurança do Produto - Seg- Produto, Seg-Produto 2 e Seg- Produto 3
Segurança do trabalho – Seg-Trabalho, Seg- Trabalho 2 d Seg- Trabalho 3
De acordo com o gráfico, é possível observar que os funcionários não concordam totalmente com praticamente nenhuma afirmação da
dimensão ações e programas. Algumas afirmações das ações de consumo e meio ambiente obtiverem opiniões significativas de que concordam
muito e a segurança do produto uma que concorda pouco.
A tabela 9 mostra os valores encontrados mediante o gráfico:
AÇÕES E PROGRAMAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de
Variação (%)
CONSUMO 4,98 0,80 15,9
MEIO-AMBIENTE 4,15 1,0 24,2
DISCRIMINAÇÃO 4,03 1,37 34,0
SEG. PRODUTO 4,72 0,94 19,9
SEG. TRABALHO 2,88 1,14 39,5
Tabela 9: Valores Quantitativos para a dimensão Ações e Programas - Funcionários
Fonte: Dados da Pesquisa
A ação e programa consumo obteve a maior média dentre as ações destacadas no
modelo tridimensional: 4,98. Destaca-se também sua variação de 15,9% considerada de média
dispersão, e desvio padrão de 0,8. Esses resultados podem ser atribuídos à variável
modificação e/ou retirada de produtos após sua distribuição quando não adequados a clientes
ou consumidores com uma aceitação de 65%, e à variável adequada disposição de normas
técnicas dos produtos com uma aceitação de 45% de pouca concordância.
Uma vez que a ação e programa consumo obteve a maior média entre as ações, é
possível que a Têxtil esteja mais voltada em suas práticas sociais para o melhor
desenvolvimento do produto. Carroll, em seu artigo de 1979, exemplifica empresas que
optaram por modificar o produto mesmo após sua comercialização por avaliarem que ele não
satisfaria com eficiência as necessidades dos clientes, e caracterizou esta ação de consumo
socialmente responsável. A administração da Têxtil mostrou que possui a mesma intenção em
seu comportamento de venda, reafirmado por alguns funcionários. Entretanto, há que se
destacar se realmente este tipo de iniciativa caracteriza as ações e programas da organização,
ou seja, se estão colocados como foco de suas práticas sociais.
Os questionamentos que fizeram parte da intervenção qualitativa da pesquisa se
referiram a se a empresa transfere informações necessárias aos clientes sobre as informações
técnicas dos produtos, se busca inovações tecnológicas para estar de acordo com preferências
dos consumidores, e como se dá esse foco social.
“A empresa vende fios e tecidos naturais. Pela natureza desses produtos, os
requisitos para compra e venda não são tão complexos, mas a empresa
transfere essas informações. E qualquer produto em desconformidade com o
desejado agente procura agir rápido pra solucionar os problemas. Não, mas o
foco social acho que não é a venda e adequação do produto final, acho que é
só uma parte.”
99
Conforme os próprios funcionários, a essência e a motivação das ações da Têxtil são
advindas da busca pelo seu bem estar e qualidade de vida no trabalho e, assim, a ação e
programa consumo não se trata do foco central da organização. Os resultados da média
ponderada, a qual se colocou como a maior dentre as ações destacadas e do coeficiente de
variação, que foi o menor, pode ser atribuída ao fato de que uma organização do porte da
Têxtil possui grande estrutura do ponto de vista da adequação de seus produtos às condições e
especificidades de seus clientes ou consumidores.
Em relação à ação meio ambiente, observa-se que a média foi de 4,15, um pouco
menor que a de consumo, e que o desvio padrão 1 e variabilidade de 24,2% caracterizou uma
média dispersão. Esses resultados corroboram com as opiniões dos entrevistados, pois a
variação de respostas foi relativamente média.
A questão legal foi evidenciada, a princípio, para saber se a Têxtil possui alguma
certificação ambiental ou sistema de gestão ISO 14000, ou selo verde – trato com reciclagem.
Não foi observada nenhuma preocupação ou iniciativa para sua obtenção. No entanto, alguns
funcionários manifestaram o entendimento de que aos poucos o sistema de gestão da empresa
começa a dar sinais de que está se adequando a uma certificação.
“Sim, nos últimos anos foi intensificado esse lado, pois antes não tinha tanto
cuidado. A visão ambiental está se consolidando e pretendemos introduzir um
ciclo PDCA nessa visão e planejamento ambiental. A água é quase que
totalmente utilizada e alguns resíduos são vendidos.”
A questão do tratamento de resíduos e efluentes líquidos, assim, não se coloca como
questões muito problemáticas ou que mereçam tratamento específico, segundo alguns
funcionários, pela natureza dos produtos fabricados. Provavelmente por isso, a empresa não
dê tanto destaque ao tratamento, exame e debate destes assuntos em seu âmbito interno. Daí o
fato de a variável „desenvolveu técnicas de melhoria da produção que reduziram a poluição ao
ambiente‟ ter obtido 55% de opinião nem concorda/nem discorda por parte dos funcionários
pesquisados. Apesar disso, 60% concordaram muito que a água e os resíduos da produção são
adequadamente dispostos ou reutilizados. Estas opiniões são advindas da mudança gradual
que acontece na organização relacionada à questão do meio ambiente. Observa-se melhor este
fator na afirmação a seguir:
“Sem dúvida as ações desenvolvidas aqui podem, de alguma maneira, ter
uma consequencia positiva na imagem da empresa. O processo de produção
não agride o meio ambiente. Temos uma ETE „estação de tratamento de
esgoto‟ estruturada principalmente por estarmos num complexo industrial. Os
100
resíduos gerados são quase que totalmente biológicos; até a goma usada para
engomar o fio não agride nada. Tem uma lagoa para estabilização onde as
bactérias absorvem os restos da fabricação do fio e tecido. E temos um
processo de osmose reversa em que melhoramos a qualidade da água para ser
reaproveitada. O processo de produção também não emite gases tóxicos. Não
sofremos cobrança por parte da sociedade para diminuição de impactos.”
Pondera-se que os principais malefícios que podem ser oriundos da produção
industrial dos fios de algodão são mitigados ou não existem. Fica claro para os funcionários
que os resíduos são reutilizados, mas quando questionados sobre se a gerência se alinha a
ações como estudos de impacto ambiental, preservação de espécies, definição de áreas
territoriais a serem protegidas ou outros, as respostas foram um pouco diferentes. Confirmam-
se aqui as opiniões verificadas na variável desenvolvimento de técnicas de melhoria da
produção para redução da poluição. As seguintes respostas mostram como alguns
funcionários pesquisados viam o questionamento colocado:
“O foco ainda não está tão além. Atividades estão sendo feitas no presente
como forma de melhorar essas atividades pro futuro.”
“Acho que essas atividades não são muito focadas. Na verdade eu não sei se
ele foca. Não é divulgado pra todo mundo, eu não sei.”
Fica entendido que a ação e programa meio ambiente são considerados pelos
funcionários como existentes em parte na Têxtil, uma vez que apesar de uma adequada
administração de resíduos, esses funcionários não relacionaram o acontecimento de ações
ligadas ao desenvolvimento de programas de incentivo à preservação ambiental ou políticas
relacionadas, ou seja, o foco das ações sociais não está no meio ambiente.
Importante destacar que na ação e programa discriminação, houve grande coeficiente
de variação, o maior registrado nesta dimensão: 34 %, o que relata uma alta dispersão ou que
as opiniões encontram-se instáveis, heterogêneas. A média de 4,03 e o desvio padrão de 1,37
também confirmam em parte esta constatação. Verifica-se ainda na discriminação que esta
variação deu-se de maneira que 20% dos funcionários responderam que concordavam muito,
discordavam muito e nem concordavam e nem discordavam que este é o foco da empresa. A
variável igualdade de salários entre homens e mulheres obteve 45% de muita discordância,
enquanto que a variável ocupação de cargos de chefia independente da raça ou sexo obteve
variação de 10 a 25% em quase todas as respostas. 40% dos funcionários concordaram pouco
com a variável relativa à liberdade de escolha religiosa. Este resultado mostra a evidência de
101
que a discriminação é vista pelos respondentes como uma questão problemática na empresa, e
que pouco tem sido feito para remediar esta situação.
“Os cargos de chefia são ocupados independente da raça ou sexo e os
benefícios também são distribuídos igualitariamente. Mas a questão dos
salários eu acho que é algo que ainda precisa melhorar.”
“Não tem igualdade, eu diria que os homens ganham mais. Acho que esse
problema existe em muitas empresas. É como se fosse uma questão de
cultura”.
Outros posicionamentos também foram verificados pelos funcionários, inclusive por
observação feita na Têxtil, que traduziram um descontentamento em relação a problemas no
diálogo com diretores, o qual já foi explicitado pela não existência de um procedimento
confidencial para reclamações e sugestões. Esses e outros fatores mostram que a adoção de
práticas de responsabilidade social deve partir da busca pela compreensão e conhecimento do
que pensam e necessitam os funcionários, e do diálogo consistente entre as partes. Reforça-se
que as ações adotadas, inclusive, poderiam ser melhor construídas na Têxtil, caso a questão da
discriminação fosse mais considerada.
A segurança do produto obteve 19,9% de variação nas respostas, caracterizando uma
média dispersão. A variável referente à disposição de informações técnicas para correta
fabricação dos produtos obteve 65% de pouca concordância, enquanto que o atendimento às
normas de excelência do padrão de qualidade do produto apresentou 40% de pouca
concordância. Dentre os investigados, 35% nem concordam nem discordam que existe um
planejamento coerente e eficaz de armazenamento, estoque, distribuição e venda. Este último
dado pode estar relacionado ao não conhecimento, pela maioria dos funcionários pesquisados,
das condições e correta distribuição da estrutura física necessária à fabricação dos produtos.
A média referente a esta ação foi de 4,72 e o desvio padrão de 0,94. Esta média mostra
um resultado além do valor mediano estabelecido pela escala de 1 a 7 do instrumento
quantitativo. A média pode estar atribuída às seguintes opiniões dos entrevistados:
“A qualidade dos fios é garantida. Apesar de não termos ainda nenhuma
certificação. Existe treinamento para a efetividade dos processos de produção
e com isso a qualidade do produto final.”
“Os funcionários são bem orientados. Temos uma estrutura de produção que
dá suporte aos colaboradores pra a correta fabricação dos produtos.”
Segundo os funcionários entrevistados, os produtos oferecidos são de qualidade e
apresentam um correto planejamento operacional. Entretanto, até pelos resultados
102
quantitativos encontrados e pela análise das ações realizadas, não é possível visualizar a ação
ou programa segurança do produto como o foco de ações sociais da Têxtil.
O foco na segurança do trabalho foi desconsiderado por praticamente todos os
funcionários pesquisados. A média encontrada foi de apenas 2,88 e o desvio padrão e
coeficiente de variação respectivamente de 1,14 e 39,5%. Este último dado mostra alta
dispersão de dados, tendendo a uma heterogeneidade de respostas. As variáveis contempladas
mostram que 55% dos funcionários discordam pouco que existe treinamento e fiscalização
dos equipamentos de trabalho pelos funcionários, 65% discordam pouco que existe
fiscalização da infra-estrutura e 50% discordam totalmente que não houve acidentes nos dois
últimos anos nas operações do trabalho.
Esses dados mostram que a Têxtil enfrenta problemas no que se refere à segurança do
trabalho, pelo menos do ponto de vista dos funcionários, e que, consequentemente, o foco de
atuação social da empresa não está nesta abordagem. Algumas visões dos entrevistados
mostram que as principais questões conflitantes e problemáticas estiveram, no entanto,
maiores nos últimos dois anos, e que atitudes têm sido tomadas no sentido de sanar a falta de
treinamentos e o número de acidentes no trabalho.
“Os EPI‟s são fiscalizados e tem treinamento pra sua utilização. Acidentes
acontecem, mas nem sempre é culpa da empresa. O número de treinamentos
foi intensificado de um ano e meio pra cá e a quantidade de acidentes caiu
muito depois disso.”
“Tudo é bem sinalizado. Mas só esse ano que esse setor melhorou. Os
equipamentos existem, agente vê.”
Para os funcionários, o treinamento e a disposição de EPI‟s deveria ser mais rigoroso,
bem como o antigo número alto de ocorrência de acidentes reflete a existência de questões a
serem reconsideradas e trabalhadas no intuito de minimizar ou extinguir qualquer problema
relacionado.
Conforme a exposição das percepções dos funcionários acerca das ações e programas,
fica evidenciado que nenhum dos componentes desta dimensão é visto pelos pesquisados
como característico da empresa; e questionados sobre essa constatação, algumas pessoas
diretamente ligadas às ações sociais realizadas mostram que o foco das ações da Têxtil é o
bem estar dos funcionários, ou seja, a manutenção de um ambiente propício e favorável à
eficiente realização das atividades diárias. De fato, ações que têm o objetivo de promover o
lazer, informações sobre saúde, inclusão digital, ginástica, dentre muitas outras estão
realmente focadas no conforto dos que trabalham na organização e na promoção de um
103
espaço favorável ao tratamento das necessidades humanas. É válido observar que Carroll
(1979) evidencia em seu modelo tridimensional que a dimensão referente a ações e programas
é passível ao estabelecimento ou introdução de áreas além e igualmente importantes por parte
das empresas ou pesquisadores quando de uma possível aplicação ou consideração do modelo,
os quais devem analisar cuidadosamente qual área é mais apropriada para a organização
recorrer no seu planejamento socialmente responsável.
Com isso, tem-se que a Têxtil tem o foco social nos funcionários, e que assim a parte
referente à dimensão ações e programas deve ser definida dessa maneira. A seguir, é possível
verificar a percepção dos funcionários conforme o cubo tridimensional de performance social:
Figura 13: Cubo Tridimensional – Percepção dos Funcionários
Fonte: Adaptado de Carroll (1979)
Observou-se que as interpretações e percepções dos funcionários podem ser
consideradas diferentes dependendo da atividade desempenhada na empresa. De fato, o
entendimento sobre responsabilidade social ainda não faz parte do cotidiano da organização,
nem os funcionários se apropriaram dele para tal.
Entretanto, esta é a visão dos funcionários. Outros pontos de vista e particularidades
de outros stakeholders devem ser observados.
4.1.2 Diretores
4.1.2.1 Dimensão Categorias de Responsabilidade Social
Para os diretores, a empresa está de acordo com os parâmetros financeiros
estabelecidos, bem como com os requisitos legais exigidos. A seguir, o gráfico 4 mostra os
resultados:
100,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0% 25,0%
0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
50,0%
25,0%
0,0%0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
0,0%
25,0%
0,0%
25,0%
0,0%
25,0% 25,0% 25,0%
0,0% 0,0%
25,0%
50,0%
0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
50,0%
0,0%
50,0% 50,0%
0,0% 0,0%
25,0% 25,0%25,0%
0,0%
75,0%
0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
50,0% 50,0%
25,0% 25,0%
0,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0%
75,0%
100,0%
0,0%
25,0% 25,0% 25,0%
50,0%
0,0% 0,0%
50,0%
25,0% 25,0%
50,0%
0,0% 0,0%
50,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
75,0% 75,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Econôm 1 Econôm 2 Econôm 3 Econôm 4 Legal 1 Legal 2 Legal 3 Legal 4 Ético 1 Ético 2 Ético 3 Ético 4 Disc r ic 1 Disc r ic 2 Disc r ic 3 Disc r ic 4
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda Concorda pouco Concorda Muito
Concorda Totalmente
Gráfico 4: Resultados da Dimensão Categorias - Diretores
Fonte: Dados da Pesquisa
Os valores da média aritmética, desvio padrão, coeficiente de variação e frequência de maior resposta calculados com base no gráfico são
explicitados a seguir:
CATEGORIAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de
Variação (%)
ECONÔMICO 5,19 0,56 10,4
LEGAL 5,94 0,69 11,6
ÉTICO 4,63 1,05 22.6
DISCRICIONÁRIO 3,50 1,37 39.1
Tabela 10: Valores Quantitativos para a dimensão Categorias - Diretores
Fonte: Dados da Pesquisa
Observa-se que, do ponto de vista econômico, a maioria dos diretores concorda que os
compromissos estão sendo cumpridos com êxito, bem como os custos e as receitas geradas
são satisfatórias. A variável correspondente a transações comerciais satisfatórias para
fornecedores e parceiros obteve total concordância pelos pesquisados, enquanto que 50% nem
concordam nem discordam que a satisfação dos clientes é um indicador de desempenho do
negócio. Isto porque os produtos gerados estão sob os requisitos do cliente, quando alguma
especificação muda, o que é difícil dada a natureza da produção de fios e tecidos puros, a
empresa se mantém apropriada no mesmo momento. Mas, uma vez que a frequência de
mudança não é alta, possivelmente, de acordo com o observado, a prioridade não seja
relacionar os indicadores de desempenho à satisfação do cliente. Para o diretor entrevistado, o
qual é o principal responsável pelo planejamento e operacionalização das atividades sociais
adotadas, os investimentos feitos têm sido compensados, de acordo com suas próprias
palavras. Ele ainda comenta que a produção está num patamar nunca antes visto e que as
vendas têm se concentrado mais para clientes das regiões centro-oeste, sudeste e norte do
Brasil.
Os diretores que fizeram parte da pesquisa quantitativa confirmam estes resultados, já
que a média foi de 5,19; a variabilidade de respostas com baixa dispersão, com pouco mais de
10%, e o desvio padrão de 0,56. A metade dos pesquisados concordam muito que a empresa
está de acordo com os parâmetros econômicos.
Na categoria legal, os diretores percebem que a adequação é maior ainda, já que a
média foi de 5,94, e a variação apenas um pouco maior de 11,6%.
Observa-se nesta grande concordância que 75% dos diretores verificam a existência
das variáveis pagamento de impostos e tributos federal, estadual e municipais em
conformidade com a legislação que regulamenta a contratação de pessoal. Outros 50%
concordam muito que os produtos estão de acordo com as normas do código de defesa do
consumidor e 50% concordam pouco que a empresa procura se ajustar à legislação ambiental.
106
Eles reiteram a opinião dos funcionários de que a legislação ambiental é cumprida e que
nenhum resíduo perigoso é lançado no ambiente, mas que ações no sentido de aprimorar este
tipo de consideração não são realizadas como objetivo central.
O diretor entrevistado opina que os benefícios dos funcionários e legislação são
garantidos, e que as ações desenvolvidas têm sim um cunho de adequação legal, mas que a
busca por resultados caracterizados como voluntários são considerados.
“Nesse sentido há total regularidade. Você pode ir nos Recursos Humanos pra
ver. Os impostos são devidamente pagos e os benefícios a empresa adota todos.
[...] Agente procura fazer como um plano de ações, que vão desde nossas
necessidades legais, mas também procuramos desenvolver o que pode trazer
mais satisfação aos funcionários, e isso se envolve também com projetos
voluntários. Hoje agente vai nos departamentos e procura ver os funcionários e
saber o que pode ser feito pela empresa e claro dentro de nossas
possibilidades”.
A Têxtil possui um departamento de controle da qualidade, o qual alguns dos seus
funcionários conhecem e participam das ações sociais que são lá desenvolvidas e controladas;
eles interagem com o principal parceiro no intuito de conhecer os projetos que podem ser
implantados de acordo com as características da organização. Junto com o parceiro, a empresa
analisa o que ela pode fazer e, por intermédio do diretor, os departamentos administrativos
conhecem essas iniciativas, como também conhecem as intenções por parte dos funcionários
do que pode ser feito como melhoria do ambiente de trabalho e estímulo a eles.
“Nós conhecemos os funcionários, sabemos a natureza de suas ações e o que
pode ser feito à eles no sentido de melhores perspectivas pro trabalho,
principalmente à longo prazo. Mas tem as perspectivas da empresa também,
tem o caminho a ser percorrido até chegar ao objetivo e acredito que estamos
no caminho”.
Essa opinião do gerente indica que, para ele, a empresa possui limitações para com o
desenvolvimento de maiores benefícios para os funcionários e situa-se ainda como aprendiz
no trato com questões sociais mais elaboradas e dirigidas apenas por recursos próprios.
A categoria legal, assim, foi validada também pelos diretores da organização como a
que mais se enquadra como foco e suporte para seus projetos. Apesar de sua proximidade em
termos de resultados quantitativos da categoria econômica ter sido expressiva.
Em termos de ética nas ações sociais e no desempenho da empresa, os diretores
consideram que o clima organizacional é propício à adoção de valores morais, ainda que a
necessidade de algumas ferramentas, como maior número de palestras informativas, só ter
sido minorada no último ano. A média das respostas obtida foi de 4,63, o que mostra uma
107
percepção por parte dos diretores de que essa categoria é participante das ações da empresa.
Dentre eles, 50% concordam pouco e 50% concordam muito, respectivamente, com as
variáveis existência de um código de ética e cumprimento de suas normas, e existência de
respeito à integridade física e moral dos funcionários e clientes. A existência de um código de
ética de fato não há, conforme já evidenciado, entretanto, segundo o diretor entrevistado, os
funcionários são motivados à adoção de uma cultura de diálogo e ética, em um ambiente que
tem como suporte valores morais.
O coeficiente de variação de 22,6% mostra uma média dispersão, que evidencia que
os diretores possuem uma opinião relativamente similar, ou seja, a aplicabilidade, de fato, do
código de ética não existe e discussões em torno desses valores e princípios não são feitas na
prática, mas de uma maneira indireta e de interpretação intrínseca da cada funcionário.
A variável adoção de valores e princípios éticos foi relatada pelos diretores
pesquisados com 50% de nenhuma concordância ou nenhuma discordância. Nem sempre é
possível relacionar entre os hábitos intelectuais e práticos dos indivíduos realmente a
participação de componentes éticos, principalmente porque na Têxtil esses princípios não são
totalmente discutidos. A opinião do diretor confirme essas especificações.
“Sempre quando admitimos um novo colaborador, procuramos mostrar o
ambiente da empresa e inserir nele uma cultura de diálogo e ética, já que nosso
ambiente é favorável e adequado para o desenvolvimento dessa postura nas
pessoas. Até há um código de ética, mas ele não é utilizado e nem divulgado.
Isto é porque ele não está inserido na missão pois só agora estamos
desenvolvendo ela”.
Os diretores têm o entendimento de que a empresa está manifestando maior interesse
e conformidade com especificações éticas, no que concerne a procedimentos estruturados para
essa consideração.
De maneira discricionária, a organização estudada é vista, segundo seus diretores, de
uma maneira heterogênea. A variabilidade das respostas atingiu um valor de 39%, o que
corrobora uma alta dispersão. De fato, a Têxtil possui algumas características que dificultam
este tipo de posicionamento. A interação com a comunidade não ocorre com frequência,
apesar da realização do projeto educacional para jovens e adolescentes; e discussões entre
funcionários e diretores não são facilitadas pelo não desenvolvimento de ferramentas que
facilitem esse diálogo, como reuniões frequentes ou procedimentos para
sugestões/reclamações. Existem lacunas entre administração e funcionários que dificultam o
estabelecimento de ações voluntárias firmes e consistentes.
108
A média de respostas a essa categoria foi de 3,5, ou seja, encontram-se na média da
escala de opiniões de 7 pontos. Segundo os diretores, a empresa adota em parte ou pode ser
caracterizada como discricionária apenas relativamente, dada sua percepção de que é
necessário haver ainda maior relevância sobre o que pode ser feito em busca de um número
maior de projetos voluntários em benefício dos funcionários.
“Temos sim algumas ações, que são feitas por nós mesmos. Mas a
responsabilidade social é mais abrangente e temos a consciência que
precisamos melhorar em muitos aspectos, principalmente na conscientização
de nossos colaboradores”.
Em relação ao fomento de projetos em benefício da comunidade, o diretor verifica
que a necessidade de interação com ela existe. É um problema recorrente porque o foco da
empresa são os funcionários.
“Nosso projeto educacional para jovens e adolescentes é um exemplo de
projetos para a comunidade. É uma ação voltada para formação técnica de
jovens. 90% de nossos técnicos têxteis foram formados pela empresa. Estamos
abertos para conversar com a comunidade, embora nem sempre isso aconteça
por uma falta de iniciativa de ambos. Mas a maioria dos projetos visam
proporcionar um melhor ambiente de trabalho pra os colaboradores, são
principalmente em benefício deles. Isso promove motivação. [...] Não temos
muito conhecimento das pessoas de fora, a interação não é grande mesmo a
empresa tendo uma cultura „de portas abertas‟. Acredito até que muitos têm
uma visão distorcida nossa. Até pelo fato de não haver grande divulgação por
parte da empresa das ações que ela faz. Na verdade não há mesmo a
consciência por parte da comunidade de interagir ou requisitar algo da
empresa. Porque nunca tomamos a iniciativa de organizar os dados e fazer um
balanço social”.
As ações sociais da empresa Têxtil são vistas por seus diretores como atuantes no
sentido de prover um melhor ambiente de trabalho aos seus integrantes. Podem ser
consideradas ações discricionárias, no entanto, para uma concordância maior por parte deles,
a organização necessita de maior planejamento, desenvolvimento e orientação para projetos
mais abrangentes, inclusive para obter uma certificação como a ISO 26000.
Os comportamentos e respostas da empresa segundo seus diretores podem ser
verificados no sentido de entender como isso pode ser feito.
4.1.2.2 Dimensão Comportamentos e Respostas de Responsabilidade Social
Os diretores não mostraram muita concordância ou até mesmo conhecimento acerca
das respostas ou comportamentos da Têxtil sobre sua responsabilidade social. O gráfico 5
mostra:
109
100,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0% 25,0% 25,0%25,0%
0,0%
75,0%
0,0% 0,0% 0,0%
50,0%
25,0%
50,0%
100,0%
25,0%
100,0%
0,0%
25,0% 25,0% 25,0%25,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
50,0%
0,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
100,0%
0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Reativo Reativo 2 Defensi vo Defensi vo 2 Acomodativo Acomodativo 2 Pró-Ati vo Pró-Ati vo 2
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda
Concorda pouco Concorda Muito Concorda Totalmente Gráfico 5: Resultados da Dimensão Comportamento e Respostas - Diretores
Fonte: Dados da Pesquisa
Os valores encontrados mostram que houve grandes especificações de nenhuma
concordância ou nenhuma discordância em algumas variáveis dos comportamentos reativo e
defensivo. Entretanto, a grande e pouca concordância mostrou-se nas variáveis da resposta
acomodativa. A resposta pró-ativa obteve metade das opiniões a favor e contra sua colocação
na empresa. A seguir, têm-se os valores gerados pela análise dos dados:
COMPORTAMENTOS E RESPOSTAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de
Variação (%)
REATIVO 4,00 0,41 10,2
DEFENSIVO 3,63 0,25 6,8
ACOMODATIVO 5,00 0,70 14,1
PRÓ-ATIVO 3,25 1,05 32,3
Tabela 11: Valores Quantitativos para a dimensão Comportamentos e Respostas - Diretores
Fonte: Dados da Pesquisa
O comportamento reativo foi visto pelos diretores com certa homogeneidade de
respostas. Sua média de respostas 4 e o baixo desvio padrão e variação reafirmam esta
verificação.
Questionado sobre como a administração sofre influência e é motivada para o
desempenho de iniciativas sociais, o diretor reitera que a influência não é pelo acontecimento
de problemas, pela necessidade de solucionar conflitos internos ou externos, ou por produtos
fora de conformidade, pelo descontentamento de fornecedores, clientes ou parceiros.
110
“Não. Acredito que os projetos são feitos como forma de melhorar a
realização do trabalho e de certa forma como consequencia evitar acidentes.
Agente tem que trabalhar de dentro pra fora, desenvolvendo tudo
primeiramente no âmbito interno. E aqui os conflitos não geram a
necessidade de fazer um projeto social, nem enfrentamos qualquer problema
que requisite isso”.
A variável a empresa desenvolve ações sociais depois de reclamações da comunidade
obteve 50% de nenhuma concordância ou nenhuma discordância, onde se entende que, ou a
sociedade não reclama, ou a empresa não se porta nesse sentido, ficando, a título de
observação, a primeira alternativa como sendo válida. Na variável os projetos sociais são
feitos para diminuir os impactos negativos que a empresa pode causar no ambiente, todos os
diretores pesquisados têm a mesma percepção de que nem concordam e nem discordam.
Na empresa pesquisada, as redes de relacionamentos estabelecidas entre os agentes
não mostram que existe ou existiu em períodos anteriores interferências relevantes que
requisitassem ações remediadoras. Por isso, os diretores entendem que a organização
pesquisada não pode ser caracterizada como tendo o tipo de resposta reativa.
Do ponto de vista defensivo, os diretores mostram menor concordância que o primeiro
comportamento, uma vez que, pela análise do gráfico, todos eles nem concordam nem
discordam que projetos sociais são desenvolvidos como forma de evitar conflitos, já que a
demanda, os funcionários ou outros não apresentam questionamentos suficientes para tal.
Na verdade, o conhecimento sobre conceitos de responsabilidade social e sobre os
projetos da empresa são dificultados pela não existência de certificações, balanço social e pela
pouca iniciativa dos atores externos de comunicação com a empresa. Também, a quase total
conformidade com aspectos de ordem legal pela Têxtil e a natureza de seus produtos (a
produção de fios e tecidos naturais) não facilita ou não requer uma postura ou comportamento
defensivo. Não é que ela não enfrente problemas, conforme comentários do próprio gestor,
mas estes não se traduzem em manifestações ou questões que motivassem ou necessitassem
de tal resposta.
A média de 3,63 próxima da escala mediana de valores estabelecidos e a baixa
dispersão de dados de 6,8% mostram que o nível de opinião entre os gestores é bem parecido.
O desvio padrão também foi um dado pequeno, de apenas 0,25. Observa-se, com isso, que os
resultados quantitativos corroboram os dados de natureza qualitativa, em que 62,5% dos
gestores nem concordam nem discordam que a empresa possui uma postura defensiva.
No comportamento acomodativo, a média de respostas foi de 5,00 e o desvio padrão
de 0,70. A variação mostrou uma proximidade de opiniões de 14,1%. Possivelmente esta
111
percepção se deu pelo fato de que, analisando a natureza das ações abordadas, e não deixando
de evidenciar a intenção da empresa de considerar as necessidades de seus funcionários no
fomento de projetos sociais, constata-se que a maioria delas está mais voltada a este tipo de
resposta. A Têxtil não utiliza sua estrutura de varejo para promover ações que repercutam ou
dêem maior visibilidade a causas sociais, ou destaca-se com distintas parcerias para iniciativas
do governo ou de outros agentes na comunidade a qual se insere. O desenvolvimento de
cooperativas que trabalhem com meio ambiente – reciclagem –, agricultura ou projetos de
outra natureza também não é evidenciado. No entanto, a opinião pública, o governo ou os
próprios funcionários não se manifestam sobre essas questões, o que leva a empresa a crer que
as iniciativas de responsabilidade social por ela desenvolvidas não interferem ou estão na
ordem de observação desses stakeholders.
Todas essas verificações servem de suporte para que os gestores pesquisados vejam
que as respostas da Têxtil são ou estão caracterizadas como acomodativas. Ressalvando-se
aqui o investimento feito no desenvolvimento social e comunitário por meio da qualificação
educacional de jovens proporcionada pela empresa.
“São cumpridas as exigências legais, mas também existem alguns próprios.
Quase todos os projetos em parceria são de obrigatoriedade da empresa. Eles
buscam a melhoria da qualidade de vida dos recursos humanos, dar uma
influência positiva”.
As variáveis referentes a este comportamento obtiveram 100% de muita concordância
e 50% de pouca concordância, respectivamente, em desenvolvimento de projetos apenas
conforme as normas e legislação, e atendimento das expectativas e necessidades dos
funcionários e opinião pública por parte do sistema de gestão.
Em termos de pró-atividade, a empresa, segundo seus diretores, não possui as
possibilidades e requisitos ainda para cumprir tal papel. A média de respostas foi de apenas
3,25 e sua variabilidade foi alta: 32,5%. A falta de uniformidade nas respostas deve-se ao fato
de que, mesmo sem o foco direcionado no planejamento de ações que tenham o objetivo de
antecipar-se aos problemas, a organização desenvolve um grande projeto educativo, de cunho
abrangente, que por si só já consegue aos poucos sanar questões problemáticas de diversas
especificidades.
“Nosso maior projeto social envolve um grande número de colaboradores. Os
professores são funcionários da própria empresa e com essa iniciativa
acreditamos poder erradicar também problemas de outra natureza na
comunidade. Temos outros grandes projetos em parceria também, até pela
nossa necessidade de querer desenvolver algo além de nossas possibilidades”.
112
Para o diretor, a empresa não tem uma cultura de anteceder-se ou não enfrenta
exigências, obrigações ou necessidades que justifiquem e requeiram ações antecipadas. 25%
dos pesquisados concordam pouco e nem concordam nem discordam que os projetos sociais
desenvolvidos estão além das expectativas de todos. A forma como a Têxtil se porta frente
aos projetos a caracteriza como um ator “principiante”, que firma o caminho do
desenvolvimento de ações sociais de maneira lenta. Há dez anos a empresa implantou a
primeira ação social, e desde lá planeja e adota projetos que visam melhorar a saúde dos
funcionários com testes de glicemia; promover o lazer com circuitos de beleza, caminhadas
ecológicas, projetos musicais, culinários e esportivos, todos estes em parcerias com outras
instituições. No entanto, não foram suficientes como suporte para projetos mais abrangentes e
que pudessem ser motivadores para a criação de um balanço social.
Na variável existência de planejamento empresarial relacionado com as estratégias
sociais, 50% dos pesquisados discordaram pouco de sua existência.
“O planejamento estratégico da empresa não está sendo feito em conjunto
com ações sociais. Elas são desenvolvidas em concordância, claro, com os
objetivos da empresa”.
Nota-se que a organização ainda não visualizou o planejamento e realização de
projetos sociais, a responsabilidade social, como algo intrínseco à empresa. Inicialmente ela
utilizava projetos isolados, e com o passar do tempo procurou integrar mais projetos feitos e
dispor o departamento de qualidade para a finalidade. Entretanto ainda não existe uma relação
direta de tais projetos com o planejamento estratégico. Assim, o entendimento dos diretores é
compatível com a realidade da organização.
Na adoção de uma postura pró-ativa, uma organização ou instituição não utiliza
iniciativas que objetivem mitigar possíveis impactos negativos causados no ambiente ou
comunidade, já que ela age de forma a prevenir os impactos. O diretor do departamento de
qualidade acredita que a antecipação aos acontecimentos não ocorre porque não existem
acontecimentos que requeiram tal comportamento.
“Não concordo tanto com essa afirmativa, não é que existam impactos
negativos. Os projetos não são para que os problemas não aconteçam, o
objetivo não é esse. Agente tem referências de iniciativas, e buscamos
adequar os melhores projetos às necessidades daquele momento. Mas nosso
objetivo é cada vez mais nos aperfeiçoar e sermos a referência”.
113
Os diretores têm facilidade no acesso a informações, bem como participam mais
ativamente do que é construído pela empresa; nesse sentido, seu entendimento e percepção
estão relacionados tanto ao que acontece de fato, quanto às particularidades que envolvem a
adoção dos comportamentos. Para eles, a Têxtil torna-se acomodativa no momento em que
não toma iniciativas para remediar impactos porque eles não acontecem numerosamente e
porque os problemas que podem acontecer não inferem uma perspectiva reativa ou defensiva.
Os projetos visam promover o bem estar dos funcionários proporcionando a eles o que deve e
pode ser feito.
4.1.2.3 Dimensão Ações e Programas de Responsabilidade Social
As percepções dos diretores acerca das ações e programas foco de RSE não se
mostraram uniformes. Esta dimensão, conforme já verificado, possui entendimentos distintos
porque existem vulnerabilidades em cada uma de suas ações e estas não se tratam diretamente
de assuntos foco ou área de abrangência da empresa pesquisada.
O gráfico 6 explana, na escala de valores adotada, as opiniões dos pesquisados.
100,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
0,0% 0,0%
50,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
75,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
0,0% 0,0%
50,0%
75,0%
0,0%
25,0%
50,0%
25,0%
75,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
50,0%
75,0%
50,0%
25,0%
0,0%
75,0%
0,0% 0,0%
25,0%
0,0%
75,0%
0,0%
25,0%
75,0%
0,0%
50,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
50,0%
25,0%
0,0%
100,0%
25,0%
50,0%
75,0%
25,0%
0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Consumo Consumo 2 Consumo 3 MeioAmbiente
MeioAmbiente 2
MeioAmbiente 3
Disc rim Disc rim 2 Disc rim 3 Seg-Produto
Seg-Produto 2
Seg-Produto 3
Seg Trab Seg Trab 2 Seg Trab 3
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda Concorda pouco
Concorda Muito Concorda Totalmente
Gráfico 6: Resultados da Dimensão Ações e Programas - Diretores
Fonte: Dados da Pesquisa
O gráfico mostra que não houve concordância total em nenhuma das ações, apenas a muita concordância se deu em variáveis das áreas de
segurança do produto e segurança do trabalho. É válido ressaltar que as áreas de meio ambiente e discriminação obtiveram opiniões conflitantes e
distintas, acarretadas por lacunas existentes entre as informações que são disponibilizadas na própria organização. Itens que serão melhor
expostos em suas respectivas seções.
A seguir, têm-se os dados resultantes da pesquisa com os diretores.
AÇÕES E PROGRAMAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de
Variação (%)
CONSUMO 5,08 0,55 10,8
MEIO-AMBIENTE 3,92 0,50 12,7
DISCRIMINAÇÃO 4,58 1,43 31,2
SEG. PRODUTO 5,00 1,04 20,8
SEG. TRABALHO 4,58 0,65 14,2
Tabela 12: Valores Quantitativos para a dimensão Ações e Programas - diretores
Fonte: Dados da Pesquisa
A partir da tabela 12, é possível verificar que a ação consumo foi a que obteve maior
média, com 5,08, e menor variabilidade de dados, de 10,8%. Isto implica em uma
concordância quase que geral por parte dos diretores desta ação como foco da empresa. A
variável modificação e/ou retirada de produtos após sua distribuição quando não adequados a
clientes ou consumidores ficou com uma grande concordância, de 50%; a disposição de
normas técnicas com pouca concordância, de 75%, e a variável realização de pesquisas de
mercado com 50% de pouca concordância. A análise destas variáveis permite constatar que a
organização é bem estruturada do ponto de vista da construção de produtos adequados e da
utilização deles pelos clientes e consumidores. Dada as características da cadeia logística e
comercial da organização (cadeia estruturada de comunicação com fornecedores e
distribuidores), de uma quantidade significativa de clientes (a Têxtil é uma das principais
vendedoras do Estado que se situa) e o formato de seus produtos (produtos que não sofrem
com mudanças sazonais ou frequentes modificações nas preferências dos clientes), os
requisitos para um adequado consumo tornam-se possíveis, indispensáveis e necessários.
O diretor, questionado sobre como se dá o processo de interação com o cliente e a
disposição das informações técnicas dos produtos, reiterou a conformidade com as
especificações.
“Estamos abertos para discussões com clientes, até porque, parte do nosso
produto vai pra outra filial aqui do mesmo Estado. E temos também
(empresas) em muitos outros lugares do Brasil. Posso dizer que nossa relação
é muito boa. Os requisitos técnicos são sim revistos e dispostos por nós nos
produtos finais. Essa uniformidade é cautelosamente resguardada. O código
de defesa do consumidor é disponibilizado por nós a qualquer pessoa”.
Verifica-se uma evidente consideração de aspectos relacionados à estrutura de
consumo dos produtos da empresa. Esta preocupação está relacionada a todo um cuidado
gerado para as relações verticais e horizontais entre os componentes da cadeia, expressos pelo
gerente e passíveis à observação não participante frente à pesquisa com outros stakeholders.
116
Para os gerentes pesquisados, a organização toma uma postura à frente no que se
refere ao consumo, mas não pode ser caracterizada, dessa maneira, como tendo uma ação ou
programa empresarial social sustentado nesse foco. É válido ressaltar a natureza legal advinda
destas questões, já que especificações técnicas e normativas são solicitadas ou exigidas por
lei. Para a adoção de um foco relacionado ao consumo, seriam necessárias atitudes
fundamentadas no desenvolvimento, teste e aplicação de novos produtos, pesquisas com
consumidores, modificação de estratégias frente a novas demandas, diferentes estruturas de
marketing, relações diretas com consumidores para promoção de campanhas na comunidade,
entre outros; fatores estes que não são salientados pela administração da empresa dada as
características de seu produto e logística.
A atenção para o meio ambiente é vista como permanente pela alta administração, uma
vez que para eles a empresa está percorrendo um processo de mudança para maiores níveis de
consideração ambiental. A média de respostas foi de apenas 3,92, já que os diretores
entendem que o processo é lento, e o desvio padrão de 0,50 e coeficiente de variação de
12,7% aponta para opiniões uniformes.
Pela existência de um caminho a ser percorrido, os diretores não acreditam que o foco
social é o meio ambiente. Apesar de uma estrutura consolidada no que se refere à reutilização
de insumos da produção e não degradação e poluição ao ambiente, a variável referente às
iniciativas relacionadas a estudos de impacto ambiental obteve 75% de nenhuma
concordância e nenhuma discordância. Essa inferência é advinda do fato de que realmente não
existem essas iniciativas, mas que a empresa mostrou significativo interesse em abordar e
trabalhar estes aspectos. A variável referente à existência de certificação ambiental obteve
75% de pouca discordância, atribuída ao fato de que certificações como a ISO 14001 – a qual
certifica o sistema de gestão ambiental – não existem ainda na empresa. A variável referente
ao desenvolvimento de técnicas para redução da poluição ao meio ambiente mostrou uma
pouca concordância de também 75%. Esta última, colocada como questionamento ao diretor
entrevistado.
“Reutilizamos a água para produção e os resíduos do algodão (gerados) não
são prejudiciais à natureza. Estamos de acordo com as normas da SUDEMA.
A água é tratada numa estação de tratamento dentro das suas normas, e existe
fiscalização em relação à este aspecto”.
De fato, em relação aos agentes internos da organização, percebe-se um
entendimento favorável em relação ao trato com questões ambientais. Muitos estão de acordo
117
que a poluição do ar gerada é pequena, bem como a gestão de insumos é eficiente. A
relevância de projetos sociais que estejam além destas áreas é que se tornam ainda
insuficientes.
“Nosso maior foco está na diminuição dos impactos ambientais, isso estamos
fazendo. Não chegamos ainda na fase de estudos de maior abrangência ou de
áreas específicas”.
Isto implica no entendimento de que o trabalho com as questões ambientais é feito de
forma a garantir que os possíveis impactos gerados sejam mitigados, e que estudos
abrangentes como preservações de áreas territoriais ou de impacto ambiental não são
verificados. Com isso, a ação ambiental pode ser considerada existente na Têxtil, porém, não
como foco ainda de sua área de interesse e programas desenvolvidos no presente.
A área discriminatória apresentou uma média de 4,58 e uma alta variação ou dispersão
de respostas de 31%. Essa opinião difere um pouco da opinião dos funcionários, que
mostraram uma discordância bem maior nesse quesito. 50% dos diretores acreditam que há
igualdade de salários entre homens e mulheres, diferentemente da não concordância dos
funcionários; e 25% concordam totalmente, concordam muito e nem concordam nem
discordam que as pessoas ocupam cargos de chefia independente da raça ou sexo. A variável
referente a não existência de barreiras à contratação de pessoas com mais de 45 anos de idade
ou por outra razão foi vista com 75% de nenhuma concordância e nenhuma discordância.
Possivelmente o que acontece é que não existe uma relação direta de contratação de pessoas
com essa idade pela organização.
“Não há qualquer tipo de exclusão, inclusive faz parte do foco de nossos
projetos sociais a inclusão de deficientes físicos. Sim, os salários são
igualitários e existe o cuidado de manter os relacionamentos com todos os
envolvidos, respeitando suas individualidades. E procuramos trocar
experiências, queremos ter um papel importante tanto no mercado quanto
aqui dentro”.
As atitudes tomadas pela administração são percebidas pelos gerentes como oportunas
do ponto de vista do impedimento de condutas que levem à discriminação no âmbito da
empresa. No entanto, estes pontos de vista não foram verificados nos funcionários, já que
estes consideraram a existência de diferenças relacionadas ao sexo no que tange aos salários
pagos. Assim, os gerentes julgam que a empresa está apropriada do ponto de vista do foco
118
social na discriminação, mas como a média de respostas do programa anterior de consumo foi
maior, esta não pode ser considerada, então, centro de atenções da empresa.
A ação ou programa segurança do produto obteve significativa concordância por parte
dos pesquisados, já que a média de respostas foi de 5,00 e o desvio padrão de 1,04. A
dispersão de respostas foi média, de 2,08%. Todos os diretores concordam muito com a
variável referente à manutenção de um ambiente sanitariamente adequado para produção e
estoque, se apresentando aqui o primeiro consenso. A variável que se define como o
atendimento de normas de excelência do padrão de qualidade do produto teve 75% de pouca
discordância, mas mostra também que do ponto de vista dos pesquisados os produtos têm
garantia de qualidade. 50% concordam muito que existe um planejamento coerente de
materiais, estoque, distribuição e venda. Todas estas condições pesquisadas levam ao
entendimento de que a empresa está adequada, na opinião de seus gerentes, às condições
requeridas para a fabricação de produtos seguros.
O gerente entrevistado corrobora as opiniões relatadas ao mencionar que o ambiente
de trabalho neste sentido é totalmente resguardado. Existem inclusive campanhas feitas
internamente para conscientização da manutenção de um ambiente limpo e calmo para o
trabalho; essas campanhas, segundo o gerente, visam proporcionar maior educação para a
criação de uma cultura de ajuda e cooperação mútua no desenvolvimento das atividades
diárias; as fábricas dispõem cartazes, avisos de segurança, e se colocam à disposição para
esclarecimentos e dúvidas. Daí a média de respostas ter alcançado um dos maiores valores
entre as ações e programas apresentados.
“As especificações para fabricação são claras e apresentadas para os
funcionários no momento da contratação. Os treinamentos referentes à essas
especificações são constantes. E agente procura manter um ambiente aberto
para que os colaboradores venham até nós e se sintam à vontade para
trabalhar”.
A segurança do produto também é especificada pelos diretores com eficiente gestão
por parte dos responsáveis. Indicadores de desempenho das atividades estão sendo criados
para dar suporte para a construção de melhores e mais eficientes níveis de produção.
Este programa obteve média muito próxima à média do programa consumo, e pode
ser visto, segundo alguns gerentes, como foco de atuação social. Mas ainda está pouco abaixo
do foco consumo, e por isso não foi especificado uniformemente e de maneira consensual sua
aplicação na empresa.
119
Em relação à segurança no trabalho, as opiniões foram um pouco heterogêneas. A
média de respostas foi de 4,58 e o desvio padrão foi baixo, de 0,65. A variação esteve em
torno de 14%, mostrando-se baixa. Os gerentes entendem que a empresa tem se aperfeiçoado
neste ponto nos últimos anos, mas que necessita ainda de melhorias do ponto de vista de
maior reconhecimento e participação dos funcionários. Dentre os pesquisados, 75%
concordam muito que existe treinamento e fiscalização da utilização dos equipamentos de
trabalho pelos funcionários. A fiscalização da infra-estrutura de modo a impedir danos à
saúde dos funcionários obteve 75% de pouca concordância. Mas uma questão a discutir é que
50% deles discordam muito que nos últimos dois anos não houve acidentes com os
funcionários nas operações do trabalho.
Este último quesito vem sendo mais abordado no âmbito administrativo, os
treinamentos têm aumentado significativamente devido a estatísticas um tanto altas de
acidentes no trabalho. No ano de 2007, essas estatísticas aumentaram relativamente em
relação a anos anteriores. Mas esse fator se deu devido o número de treinamentos ter caído.
Por isso, esta ação ou programa social não pode ser considerada como ponto de atenção da
empresa. Até porque, certificações como a OHSAS 18001 referentes ao sistema de gestão de
saúde e segurança no trabalho não existem e ainda falta a conformidade com muitos requisitos
para que possa existir.
Questionado sobre se a empresa mantém equipamentos de proteção física para
funcionários e orienta para prevenção de acidentes, mantendo a área sinalizada, o gerente diz
que acidentes acontecem ou têm acontecido, mas tudo dentro de padrões normais.
“A questão da segurança do trabalho tem melhorado muito. Nos últimos anos
os treinamentos foram intensificados e o número de acidentes diminuiu.
Ainda assim acontecem incidentes, mas tudo dentro dos padrões normais”.
Dentre as ações destacadas, verifica-se que os diretores têm maior concordância com o
foco consumo, observando os valores encontrados. No entanto, conforme já especificado, eles
não indicam que o foco social e as principais ações adotadas estão em consonância com um
caráter relacionado ao consumo, já que para isso seria necessária uma abordagem mais
abrangente e planejada. Assim, em concordância com os outros funcionários, os diretores
acreditam que o centro de atenção social seria também os funcionários e a manutenção de um
ambiente com melhores condições para o trabalho. É possível observar a percepção dos
diretores conforme o cubo a seguir:
120
Figura 14: Cubo Tridimensional – Percepção dos Diretores
Fonte: Adaptado de Carroll (1979)
O entendimento e percepção dos gerentes são mais favoráveis à organização que as
opiniões dos funcionários. No entanto, os gerentes têm acesso e disponibilidade de
informações distintas sobre a empresa, em maior quantidade e frequência que os outros
funcionários. Daí entendimentos em alguns momentos conflitantes. Comprova-se que as
percepções estão de acordo com a realidade da organização, que necessita de ajustes e
maiores recursos para uma abrangente consideração da responsabilidade social.
É válida a observação e análise de constatações de agentes externos à empresa, os
quais possuem conhecimentos e informações também distintas e obtidas de outras fontes.
4.1.3 Fornecedores
Os fornecedores pesquisados, os quais tinham conhecimento das ações sociais
realizadas e características da Têxtil, não mostraram de fato que a gama de informações tidas
era ampla. A maioria não conhece com maior intensidade os projetos realizados. Sabem
apenas sobre o educacional, que é o maior, e de onde parte o interesse da empresa de construí-
los. Relatam também que a sociedade não é participante ativa na construção das ações e que
não interfere, deste modo, com qualquer participação. Para eles, os problemas que podem
surgir são solucionados no âmbito interno à empresa e, com isso, as principais ações sociais
são fundamentadas e visualizadas melhor por parte dos agentes internos.
4.1.3.1 Categorias de Responsabilidade Social
O gráfico a seguir dá uma ideia de como é o entendimento dos fornecedores em
relação à dimensão categorias da responsabilidade social.
121
100,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
50,0%
0,0% 0,0%
50,0%
0,0%
50,0% 50,0%
0,0% 0,0%0,0%
50,0%
0,0% 0,0% 0,0%
50,0%
0,0%
50,0%
100,0%
50,0%
0,0% 0,0%
50,0%
0,0%
100,0%
0,0%0,0% 0,0%
50,0%
100,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Econôm Econôm 1 Legal Legal1 Ética Ética1 Disc ri c Di sc ri c 1
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda
Concorda Pouco Concorda Muito Concorda Totalmente Gráfico 7: Resultados da Dimensão Categorias - Fornecedores
Fonte: Dados da Pesquisa
Observa-se que, em algumas variáveis, houve 100% de muita concordância como nas
categorias econômica e discricionária; e na categoria legal, houve 100% de concordância total
na segunda variável. Isto mostra que possivelmente, segundo os pesquisados, há a existência
de alguma categoria do modelo tridimensional na responsabilidade social da Têxtil.
Os valores obtidos pela pesquisa quantitativa mostram, a seguir, a percepção dos
fornecedores.
CATEGORIAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de Variação (%)
ECONÔMICO 5,75 0,36 6,2
LEGAL 6,25 1,06 16,9
ÉTICO 4,75 1,06 22,3
DISCRICIONÁRIO 5,00 0,71 14,2
Tabela 13: Valores Quantitativos para a dimensão Categorias - Fornecedores
Fonte: Dados da Pesquisa
A partir dos dados, observa-se que a categoria econômica obteve significativa
concordância, e que os fornecedores avaliam como existente este tipo de caráter na empresa.
Produtos com qualidade e que atendem eficazmente aos requisitos dos clientes foram
analisados positivamente como integrantes da organização, como também a adequação dos
preços ao poder de compra desses clientes. A média de respostas esteve perto de 6 e a
oscilação dos dados de 6,2% mostram que as opiniões não são divergentes, mas que
122
encontram-se todas entre as escalas de maior concordância. A estrutura econômica é, também
segundo os entrevistados, propriamente consolidada na Têxtil.
“Os produtos são de ótima qualidade, posso te dizer que o maior concorrente
da empresa está perdendo mercado. O produto não é final, ainda vai passar
por outras fases do processo produtivo, mas o que é gerado é adequado em
relação ao preço”.
Em meio a um grande número de clientes e fornecedores, como também de
consumidores, e conforme já pontuado anteriormente, é natural que a organização seja vista
como eficiente do ponto de vista econômico, dado seu porte e características de mercado.
Os fornecedores também têm uma visão positiva em relação à existência de ações
sociais estruturadas e mais voltadas para requisitos legais. A maior média entre as categorias
mostrou uma quase que total concordância pelos fornecedores, 6,25, e a baixa dispersão de
respostas de praticamente 17%. Os fornecedores afirmam que os produtos estão de acordo
com as normas do código de defesa do consumidor e que não há o conhecimento do
descumprimento de normas legais. Essas variáveis tiveram respectivamente, 50% e 100% de
total concordância. Em relação aos fornecedores entrevistados, eles mencionam que
conhecem muitas atividades de responsabilidade social desenvolvidas em benefício das
famílias dos funcionários, e que elas têm um caráter legal, já que a maioria são fundamentadas
na busca pela adequação a exigências regulamentais.
“[...] as famílias dos funcionários participam de muitas semanas
comemorativas em prol da segurança do trabalho, saúde, assistência social,
acompanhamento psicológico, e muitos outros”.
Os fornecedores entrevistados verificam a natureza legal das atividades sociais pela
empresa realizadas.
“Não conheço bem todas as iniciativas desenvolvidas. Mas acredito que não
são muitas voluntárias, pois agente nem tem conhecimento. Na verdade, não
existe o hábito aqui pelas empresas da localidade de adotar uma postura de
responsabilidade social, muitos nem sabem o que é isso. Nem também as
pessoas valorizam o que pode ser feito. Acho que essas coisas dificultam
quando alguém decide, assim, ser socialmente responsável. Pra isso precisa
de apoio interno e externo à fábrica”.
123
Para os fornecedores considerados tanto na pesquisa quantitativa como na pesquisa
qualitativa, a organização estudada trabalha sob pré-requisitos de natureza legal. E as
atividades sociais por ela realizadas têm muito mais um cunho regulamental que uma natureza
discricionária, devendo-se ressalvar que os fornecedores não conhecem minuciosamente os
projetos feitos, e que as informações que possuem foram, segundo eles, todas originárias ou
obtidas pela própria empresa.
A categoria ética foi vista por eles com menor aplicabilidade na organização, mas
ainda assim obteve concordância, com 4,75 de valor médio e uma média dispersão de pouco
mais de 22%. A não existência de um código de ética pode acarretar numa consequente
dúvida da aplicação de princípios éticos, e este fato pode ter dado a esta categoria 50% da
opinião nem concordância nem discordância pelos pesquisados. 50% deles concordam muito
que o respeito à integridade física e moral de clientes é uma prática constante na empresa. E
alguns deles, também 50%, concordam pouco com a existência de um código de ética.
Eles manifestaram ainda o não conhecimento sobre o descumprimento de valores
éticos e morais, os quais devem ser, de acordo com a categoria ética, os arraigados e
integrantes aspectos partes da cultura empresarial, que devem ser existentes para o adequado
ambiente de trabalho. Questionados sobre se a organização desenvolve alguma atividade na
comunidade que influencia beneficamente os costumes, deveres e modo de proceder das
pessoas na comunidade, ou até mesmo no âmbito interno, um entrevistado mostrou que
acredita na abertura da empresa para procedimentos éticos, e ainda que:
“Conheço o [projeto educacional], sei que é um programa para formação de
jovens e adolescentes bastante abrangente. A maioria dos projetos tem
parceria e alguns são de iniciativa própria”.
A visão dos fornecedores sobre o posicionamento ético da empresa é bem divergente
da opinião dos funcionários, já que estes apontam para a necessidade da empresa de maior
abertura para tratamento de suas questões particulares e problemáticas que estejam
relacionadas mais diretamente ao seu ambiente de trabalho, e também maior disponibilidade
de cursos ou palestras sobre o tema ética. No entanto, os fornecedores acreditam que a
organização, conhecida regionalmente, possui toda uma estrutura baseada em valores éticos, e
que seus funcionários trabalham totalmente mediante esses princípios.
Na categoria discricionária, as opiniões foram bem homogêneas, com pouco mais de
14% de variação e média 5. O desvio padrão de 0,71 também mostra percepções em
consonância umas com as outras. Todos os entrevistados concordam muito que a empresa
124
desenvolve projetos educacionais ou ambientais na comunidade a qual se insere, e 50%
concordam pouco que ela promove campanhas voltadas para melhoria da qualidade de vida
das pessoas da região e se mostra aberta em atendê-los.
De fato, a abertura com a comunidade para este tipo de iniciativa é pouco observada,
conforme já especificado, por seu déficit de conhecimento sobre responsabilidade social e sua
pouca iniciativa de interagir com a empresa. Esta última demonstra ainda pouca intenção para
promoção de um balanço social ou para abertura de institutos ou mecanismos do tipo para
diálogo com a comunidade.
Questionados sobre se sabem da existência de projetos para melhoria da qualidade de
vida das pessoas da comunidade ou se a empresa se mostra aberta para solucionar possíveis
problemas existentes, os fornecedores mostraram o conhecimento sobre o projeto educacional
realizado.
“Sim, ela tem campanhas mas não sei te falar como funcionam. [Então, ela
não divulga?] Acho que a divulgação não é tão organizada, mas já vi cartazes
e a [pessoa responsável pelo desenvolvimento dos projetos] já me falou
sobre eles. A parte ambiental não é tão trabalhada, ou pelo menos não tenho
conhecimento à fundo. Sei que eles tem uma escola dentro da empresa. [...]
Não acho que a empresa sofre pressões da comunidade, não existe essa
cultura”.
“Desconheço a maioria dos projetos, não posso citar nomes. Mas sei que são
iniciativas sociais, que não se tratam de marketing institucional, até porque
não existe divulgação pra nós fornecedores sobre essas ações. Sei da
existência de projetos educacionais”.
As ações de cunho discricionário acabam por se tratar, segundo os fornecedores, do
projeto educacional feito para jovens e adolescentes, e alguns em parceria como os de lazer e
cultura. Entretanto, ressalta-se que nenhum desses é realizado por iniciativa própria, ainda que
a Têxtil demonstre grande abertura para sua implantação.
Dentre os dois fornecedores entrevistados, um entende que há uma necessidade do
fomento de ações discricionárias, dadas as próprias características do trabalho na empresa.
“[...] muitas das atitudes são feitas em beneficio dos funcionários. Inclusive
como forma de compensar a grande carga de trabalho, a jornada é alta.
Assim, as áreas de lazer e os serviços são necessidades da empresa, já que
pode existir a questão da insatisfação no trabalho”.
Os números mostram que a empresa tem uma aceitação boa nesta categoria, já que as
ações dessa natureza não foram vistas como em muita quantidade.
125
A análise da percepção dos fornecedores sobre as categorias de responsabilidade
social do modelo tridimensional de performance social (1979) permite a inferência de que
todas elas são tidas como características da empresa, sendo que a maior natureza vem da
categoria legal, já que mesmo com a menção ao projeto educacional por parte de todos, os
projetos feitos por iniciativa própria parecem, de acordo com os fornecedores, menos
voluntários e mais indispensáveis para a realização das atividades.
4.1.3.2 Dimensão Comportamentos e Respostas de Responsabilidade Social
A caracterização das formas de resposta social por parte da empresa estudada não
obteve heterogeneidade de opiniões. Os fornecedores tiveram percepções muito próximas em
relação às respostas. Conforme o gráfico a seguir, é possível verificar que houve grande
aceitabilidade por parte das variáveis apresentadas em quase todos os comportamentos.
100,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
50,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
50,0%
0,0%
50,0%
0,0%
50,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0%
50,0%
100,0%
50,0% 50,0% 50,0%
100,0%
0,0%
100,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
50,0% 50,0%
0,0% 0,0%
Reativo1 Reativo Defensi vo Defensi vo1 Acomodativo Acomodativo1 Pró-Ati vo Pró-Ati vo1
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda
Concorda Pouco Concorda Muito Concorda Totalmente
Gráfico 8: Resultados da Dimensão Comportamento e Respostas - Fornecedores
Fonte: Dados da Pesquisa
De acordo com o gráfico 8, a total concordância pode ser observada no
comportamento acomodativo; como também há grande aceitabilidade (muita concordância)
em algumas variáveis do comportamento reativo e também defensivo (pouca concordância).
Os valores estabelecidos também por intermédio da pesquisa quantitativa podem ser
considerados a seguir:
126
COMPORTAMENTOS E
RESPOSTAS Valor Médio Desvio – Padrão Coeficiente de Variação (%)
REATIVO 4,75 0,36 7,5
DEFENSIVO 4,75 0,36 7,5
ACOMODATIVO 6,00 1,41 23,5
PRÓ-ATIVO 4,50 0,71 15,7
Tabela 14: Valores Quantitativos para a dimensão Comportamentos e Respostas - Fornecedores
Fonte: Dados da Pesquisa
Observa-se que as médias estiveram muito próximas, assim como alguns valores dos
desvios padrão e coeficientes de variação. Verifica-se também que as frequências de maior
resposta estiveram contíguas, o que remete ao fato de pouca heterogeneidade de opiniões.
A resposta reativa mostrou uma média de 4,75 e baixa variação de 7,5%. Os
fornecedores não têm uma ideia formada sobre se a intenção para realização de iniciativas
sociais parte, por exemplo, de reclamações da comunidade e por isso 50% deles nem
concordam nem discordam que esta variável existe. Esta dúvida advém do fato de não haver
grande interação entre comunidade e empresa. Todos os pesquisados concordam muito que os
projetos sociais são feitos para diminuir os impactos negativos que ela pode causar no
ambiente ou comunidade.
Os entrevistados mostraram opiniões de que a empresa não enfrenta questões
problemáticas e que, dessa forma, não há a necessidade da existência de um comportamento
reativo por parte dela. Questionados sobre se as ações socialmente responsáveis são feitas
porque os clientes ou a sociedade apresentam reclamações ou se têm o conhecimento de
algum problema enfrentado, os fornecedores mostraram percepções similares.
“A sociedade não interfere muito nesse sentido de cobrar. Mas os projetos
abrangem na medida do possível. Acredito que o que é feito depende da
possibilidade da empresa de realizar, e talvez das necessidades”.
“A sociedade não tem reclamações, não tem essa iniciativa. A empresa
oferece empregos e procura gerar um ambiente de trabalho favorável pra as
atividades. Não temos o conhecimento sobre se ela tem enfrentado problemas
ou alguma coisa que precisasse de uma ação social imediata”.
Assim, o comportamento reativo não é visto pelos fornecedores como existente na
Têxtil, já que eles não têm conhecimento sobre se ocorre exigências para atitudes
solucionadoras de conflitos por parte de agentes externos, como também internos.
127
Para os fornecedores, uma resposta defensiva também não é muito característica da
empresa, já que a média de respostas foi a mesma do comportamento reativo, de 4,75, e a
variação de respostas também de 7,5%. O baixo desvio padrão de 0,36 mostra opiniões
similares em relação a este tipo de comportamento. A receptividade da empresa para com a
relevância de problemas sociais ficou com 50% de pouca concordância, já que não é frequente
nem necessário este tipo de posicionamento. Todos os fornecedores pesquisados concordam
pouco que os programas sociais são desenvolvidos como forma de evitar acidentes ou
conflitos.
Na verdade, não é que existam problemas, mas a empresa age no intuito de
proporcionar, conforme já mencionado, um ambiente de trabalho mais agradável e favorável à
realização das atividades cotidianas. E nesse ínterim, acaba por propiciar o não aparecimento
de conflitos internos ou acidentes no trabalho. Os fornecedores entrevistados não mostraram
muito conhecimento acerca da receptividade da empresa na relevância de problemas sociais.
“Deve haver sim receptividade. Não sei te dizer como é com certeza, como é
na prática”.
“Acredito que sim, mas é difícil afirmar porque na verdade acho que ela não
ocasiona problemas não é verdade? Pode haver sim algum conflito interno,
ou alguma coisa a ser evidenciada, mas não é do nosso conhecimento”.
A existência de conflitos externos à organização não é diagnosticada pelos
fornecedores. E de fato eles não existem, uma vez que os tipos de relacionamento com os
agentes externos não condizem com tal perspectiva. Conflitos internos, em conformidade com
a própria opinião dos stakeholders já pesquisados, não são suficientes ou não se colocam
como prioridade para a definição de projetos ou iniciativas sociais.
Já a resposta acomodativa obteve a maior aceitabilidade e é vista deste modo como a
que caracteriza o posicionamento responsivo da empresa. O valor médio das respostas foi de 6
e a variabilidade de 23,5%, caracterizando uma média dispersão de dados. O desvio padrão
também mostra uma dispersão pequena de 1,41.
Os fornecedores acreditam que os projetos sociais desenvolvidos pela empresa têm seu
foco de atuação mais em favor de seus stakeholders internos, já que para eles, se houvesse
maior beneficiamento de atores da comunidade, o conhecimento das ações por parte deles
seria maior. É colocado também por eles que a adoção de iniciativas de responsabilidade
social tem por interesse e intenção prioritária o alcance e efetividade com princípios legais.
128
“Acho que os projetos que ela [a Têxtil] desenvolve são mais voltados pra os
seus funcionários. Se a comunidade fosse beneficiada, agente saberia mais.
Sei que ela faz doações. Pra a comunidade mesmo conheço apenas o [projeto
educacional] que é feito pra formação técnica. Mas eu acho que quando
agente pensa em desenvolver alguma coisa social, agente pensa logo em fazer
em benefício interno pra depois ver as necessidades de fora”.
“É, ela cumpre os requisitos legais. Também uma empresa daquele porte [...]
É bem provável que não tenha muita solicitação da comunidade por mais
ações, acredito que não. E internamente eu não sei. Mas acho que ela ta mais
pra fazer o que precisa ser feito na empresa sem ter que necessariamente ser
um problema”.
Verifica-se que a maioria dos pesquisados entende que a organização não possui
necessariamente questões a resolver, e que tem como foco de atuação mais fontes internas que
externas. 50% dos pesquisados concordam totalmente que as ações são feitas para cumprir as
exigências legais, e 50% também concordam totalmente que os projetos feitos são aqueles que
os funcionários precisam e o governo solicita. Apesar de não haver intensa comunicação e
interação com o público externo e o governo, os fornecedores acreditam que o
comportamento de respostas da Têxtil está em conformidade com sua opinião, e até por isso
esse público externo não tem tanta participação em relação às práticas da organização. Apesar
da menor concordância com a resposta anterior, a resposta acomodativa obteve maior média e
maior concordância total nas variáveis estabelecidas.
A opinião pró-ativa por parte dos fornecedores obteve aceitabilidade um pouco menor.
O conhecimento das ações aplicadas no âmbito interno à empresa não é grande. Assim, as
pessoas ficam por vezes aptas a falar mais do projeto educacional e acabam por não verificar
alguns outros projetos realizados em parceria. A média deste comportamento foi de 4,50 e a
variação de respostas foi média de quase 16%. Variáveis como planejamento e adoção de
projetos sociais internamente ou na comunidade local por iniciativa própria obtiveram 50% de
pouca discordância e também de pouca concordância. Este resultado ambíguo é porque a
empresa não adota de fato muitos projetos por iniciativa própria, tanto interna quanto
externamente. Mas o projeto educacional, que é em benefício externo, por alguns visto como
realizado por iniciativa própria, é considerado abrangente e organizado, e dessa forma
algumas pessoas verificam esta variável como existente e outras não. Isto está diretamente
relacionado ao entendimento que o indivíduo tem sobre responsabilidade social, o que para
alguns impõe a necessidade do desenvolvimento de muitos projetos em benefício dos
principais atores sociais com os quais a empresa interage, e outros entendem que a relevância
129
social parte do pressuposto de que a empresa deve considerar questões para atuação social
prioritárias àqueles por ela envolvidos, mesmo que sejam em menor quantidade ou
abrangência.
Outra variável pesquisada foi a adoção de projetos contra erradicação do trabalho
infantil, analfabetismo, discriminação, incentivo à cultura ou outros. Essa variável obteve
100% de pouca concordância, pois projetos são realizados ainda que com conhecimento
restrito.
“Tem uma escola para o trabalho com pessoas de baixa renda. E também sei
da existência de um trabalho com a família dos funcionários. Muitas ações
para prevenção de doenças, educacionais, projetos infantis, viagens, são
disponibilizados às famílias. [...] e acho que a família dos funcionários faz
parte da comunidade não é? Algumas doações também são feitas, mas não
sabemos o fim, quem é beneficiado por elas”.
“Existem problemas que podem ser sanados pelo trabalho antecipado, antes
que eles aconteçam. Acho que a responsabilidade social é uma forma de
tratar isso. E o projeto educacional é um exemplo disso. O treinamento é
próprio, prepara o próprio profissional dentro das reais condições da empresa.
Os cursos técnicos formam pessoas para o trabalho e não deixam
oportunidades para jovens ociosos [...] Assim eles tem oportunidade para
trabalhar na empresa ou fora dela”.
Todos os comportamentos ou respostas foram vistos com grande concordância pelos
fornecedores. Isto indica uma percepção algumas vezes ambígua, já que o comportamento
defensivo é diferente do comportamento pró-ativo, por exemplo. Mas as opiniões indicam
que, em consonância com a visão dos stakeholders internos, a Têxtil é uma empresa
acomodativa no que concerne à sua responsividade social.
4.1.3.3 Dimensão Ações e Programas
Os fornecedores acreditam que há aplicação de algumas das ações e programas do
modelo tridimensional na empresa pesquisada. A análise dos dados mostra que as médias
foram altas, em detrimento da percepção dos stakeholders já analisados, como também a
variação nas respostas não foi grande, conforme os desvios padrão e coeficientes de variação
apresentados. O gráfico 9, a seguir, apresenta os resultados da escala de concordância obtida
com a pesquisa quantitativa.
100,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0%
50,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
50,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0%
50,0% 50,0%
0,0%
50,0%
100,0%
0,0% 0,0%
50,0%
0,0%0,0% 0,0% 0,0%
100,0%
0,0% 0,0% 0,0%
50,0% 50,0% 50,0%
100,0%
50,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
100,0%
50,0%
0,0%
50,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Consumo Consumo1 Meio Ambiente Meio Ambiente1 Disc rimin Disc rimin 1 Seg Produto Seg Produto1 Seg Trabalho Seg Trabalho1
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda Concorda Pouco
Concorda Muito Concorda Totalmente Gráfico 9: Resultados da Dimensão Ações e Programas - Fornecedores
Fonte: Dados da Pesquisa
O gráfico mostra que algumas variáveis das ações e programas tiveram 100% de muita concordância pelos fornecedores. Entretanto,
variáveis de natureza discriminatória são desconhecidas ou não foram vistas como aplicáveis na organização estudada.
Para melhor interpretação, a tabela a seguir mostra os valores obtidos para cada ação em particular.
AÇÕES E PROGRAMAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de Variação (%)
CONSUMO 5,50 0,71 12,9
MEIO-AMBIENTE 4,00 0,71 17,7
DISCRIMINAÇÃO 3,75 0,36 9,6
SEG. PRODUTO 5,75 0,36 6,2
SEG. TRABALHO 5,00 0,71 14,2
Tabela 15: Valores Quantitativos para a dimensão Ações e Programas - Fornecedores
Fonte: Dados da Pesquisa
A análise da tabela permite verificar que a ação referente ao consumo teve uma
aceitabilidade grande, assim como a segurança do produto. A ação ou programa consumo
obteve muita concordância porque a variável disposição de normas técnicas dos produtos foi
vista por todos os fornecedores pesquisados com grande aplicabilidade; e metade deles
concordou muito também que existe atendimento pós-venda. Este tipo de atendimento pode
ser melhor respondido pelos clientes, porque é mais oferecido a eles. Mas, no pré-teste, os
fornecedores mostraram que têm conhecimento deste tipo de atendimento, e que a empresa é
bem solícita para tratar tanto de questões logísticas quanto de outras de distintas naturezas nas
relações de comécio que tem com alguns stakeholders. Os fornecedores entrevistados
mostraram opiniões similares.
“Sim, tem assistência pós venda. E as informações técnicas são repassadas,
normas de etiquetagem, de qualidade”.
“As normas técnicas são acordadas, e a qualidade [do produto] é garantida.
Acredito que os funcionários são bem treinados para melhores resultados
nesse ponto. Você sabe que existe uma carência de apoio do governo, e
melhores produtos têm que ser feitos muitas vezes por nós mesmos”.
A média de 5,50 e a baixa dispersão de dados (respostas) de quase 13% corroboram
esta verificação. Entretanto valores maiores de aceitabilidade foram observados em outras
ações ou programas.
A parte referente ao meio ambiente foi um pouco menor, com média de 4 e
variabilidade de dados de 17,7%, uma média dispersão. Alguns pontos de vista mostraram
que não existem iniciativas de natureza ambiental. 50% dos pesquisados nem concordam nem
discordam que a empresa desenvolve projetos na comunidade para preservação ambiental.
Esse meio termo indica na realidade que eles não conhecem projetos nesse sentido e,
realmente, eles não existem. A outra variável obteve 100% de pouca concordância, a qual
consiste no fornecimento de informações sobre educação ambiental a clientes ou comunidade.
Alguns pontuam que provavelmente as informações ambientais sejam disponibilizadas mais
para clientes internos.
“Não tenho conhecimento da realização de atividades em prol do meio
ambiente. Sei apenas que há reaproveitamento de água. Acho que ela [a
empresa] dá informações ambientais aos seus funcionários”.
132
Os fornecedores têm conhecimento, assim como os stakeholders já analisados, de que
os resíduos da produção não são lançados ao meio ambiente. Ressalta-se também que os
produtos fabricados não oferecem danos. A correta administração de resíduos também é
pontuada pelo segundo fornecedor entrevistado.
“Ela [a empresa] cuida dos resíduos dela, acredito que não há projetos para
preservação. Talvez, conforme você diz, esse não seja o foco. Mas pra fazer
alguma coisa nesse sentido tem que haver incentivos, parcerias e pesquisa e
acredito que a [Têxtil] ainda não esteja com planos deste tipo. Ela está mais
pra cuidar dos resíduos gerados, e nesse ponto é tudo em conformidade”.
Apesar de haver a correta administração de resíduos, a empresa Têxtil não possui
projetos estruturados de preservação do meio ambiente ou iniciativas relacionadas.
A ação relacionada à discriminação foi a que obteve a menor concordância dos
fornecedores como foco da empresa. Na verdade, a opinião de nem concordância nem
discordância foi a que caracterizou este tipo de foco social. 50% dos fornecedores tiveram
essa opinião em relação à variável não existência de barreiras à contratação de pessoas com
mais de 45 anos de idade ou por outra razão. Todos os fornecedores também mostraram este
tipo de opinião em relação ao desconhecimento por parte da comunidade do acontecimento de
discriminação social e racial entre funcionários da empresa ou com outras pessoas.
Na verdade, os fornecedores não mostraram muito conhecimento acerca de atitudes
relacionadas à discriminação no âmbito da empresa ou fora dela. A média de respostas de
3,75 esteve bem perto do nível médio na escala de opiniões, e não houve pequena variação de
9,6% nas respostas dadas, ou seja, todos têm percepções similares. Essa falta de informações
pode ser evidenciada por um dos fornecedores entrevistados:
“Acredito que há total seriedade e integridade moral no trato com
funcionários e também com as pessoas de fora. Não tive informações que
mostrassem o contrário disso”.
A pesquisa com os fornecedores revelou que não é muito do conhecimento deles
atitudes impróprias que caracterizassem ações de discriminação na empresa, sendo que sua
percepção por não concordar ou não discordar revela que o foco social da Têxtil não está
direcionado contra manifestações de discriminação.
A segurança do produto foi o foco mais aceitável pelos fornecedores, já que a média
de respostas foi de 5,75 e a variabilidade foi de apenas 6,2%, mostrando uma baixa dispersão.
133
O desvio padrão das respostas também foi bem baixo, de 0,36. As opiniões parecidas são
originadas pela avaliação positiva das condições do produto pelos fornecedores. Todos eles
concordam muito que os produtos não oferecem risco à saúde dos consumidores, e 50%
concordam muito e concordam pouco que a empresa atende às normas de excelência do seu
padrão de qualidade. Essa concordância foi verificada também pelas entrevistas.
“Dados os requisitos do mercado, as pressões da concorrência e o porte dela,
as normas de qualidade são adotadas, os produtos são ótimos”.
Questionado sobre se eles verificam a segurança do produto como foco de atuação
social, um fornecedor identifica que essas ações são prioritárias sim, já que a intenção da
empresa é proporcionar produtos adequados.
“Se o foco social é segurança do produto eu acho que pode ser. Porque os
produtos são de qualidade. E acho que na empresa mesmo oferece aos seus
funcionários boas condições pra esse trabalho”.
Os fornecedores concordam muito que a segurança do produto é trabalhada, apesar
de não haver um consenso. Mas ainda assim, de acordo com as observações realizadas, é
possível verificar esta ação ou programa como centro de trabalho da Têxtil.
A segurança do trabalho teve opiniões similares, que mostraram pouca variação de
14,2% e média 5. A metade dos fornecedores concordam pouco que nos últimos dois anos
não houve o conhecimento de acidentes nas operações no trabalho. 50% concordam muito
que os funcionários utilizam equipamentos de proteção para realizar suas atividades. Este tipo
de conhecimento é disponibilizado aos fornecedores porque sempre existe troca de
informações entre membros de uma cadeia logística, entre pessoas que dispõem ou tratam de
relacionamentos comerciais. Para os entrevistados, a empresa está de acordo com os
requisitos que garantem uma adequada segurança no trabalho.
“Acredito que toda empresa enfrenta problemas como acidentes no trabalho,
mas no caso da empresa [Têxtil], não há conhecimento deste tipo de
acontecimento”.
“Não tenho conhecimento de reclamações de LER – lesões por esforços
repetitivos – ou algum tipo de acidente. A maioria dessas respostas são
melhor visualizadas no âmbito interno. Agente nunca sabe”.
134
Ressalva-se que esta visão não é similar à opinião dos funcionários, já que estes
mostram o foco na segurança do trabalho com bem menor aceitabilidade que os fornecedores.
A partir da análise das ações e programas apresentada, é possível ver que os principais
argumentos favoráveis ao foco de atuação da Têxtil estiveram em torno da segurança do
produto. Os fornecedores identificam que produtos seguros e de qualidade fazem parte da
missão e objetivos organizacionais, e que, com isso, a empresa trabalha no intuito de
proporcionar aos seus funcionários as condições necessárias para tal fim.
A opinião dos fornecedores pode ser observada conforme o cubo a seguir:
Figura 15: Cubo Tridimensional – Visão dos Fornecedores
Fonte: Adaptado de Carroll (1979)
4.1.4 Parceiro
A empresa Têxtil possui um relacionamento estreito com este parceiro. Existe diálogo
frequente e ele é conhecedor das características e necessidades sociais da empresa. Segundo
ela própria, todos os seus projetos sociais são desenvolvidos com esta parceria. As outras
iniciativas tratam-se mais de benefícios que a organização presta aos seus funcionários.
A relação de parceria para projetos sociais é mantida apenas com este parceiro. Seu
conhecimento é amplo, consequentemente, em relação às ações que a empresa realiza. Assim,
conforme já exposto no método do estudo, optou-se por englobar, dentre as pessoas que
trabalham nesta instituição, quatro pessoas na pesquisa quantitativa e três na pesquisa
qualitativa.
4.1.4.1 Dimensão Categorias
135
Na percepção do parceiro, esta dimensão mostrou uma aceitabilidade grande, sendo
destaque respectivamente as categorias legal e ética, conforme é observado no gráfico 10:
75,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0%
50,0%
0,0%
25,0%
0,0%
25,0%
0,0% 0,0%
25,0%
50,0% 50,0%
25,0%
75,0%
0,0%
50,0%
25,0%
75,0%
0,0%
50,0% 50,0%
25,0%
50,0% 50,0%
75,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Econômica Econômica1 Legal Legal1 Ética Ética1 Discricionária Discricionária1
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco
Nem concorda/nem discorda Concorda Pouco Concorda Muito
Concorda Totalmente
Gráfico 10: Resultados da Dimensão Categorias - Parceiro
Fonte: Dados da Pesquisa
As variações das respostas não foram altas, estando numa posição de baixa dispersão.
A homogeneidade de opiniões mostrou que os parceiros têm grande concordância quanto à
aplicação das categorias do modelo tridimensional. Os níveis de concordância e variabilidade
podem ser observados a seguir:
CATEGORIAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de Variação (%)
ECONÔMICA 6,00 1,0 16,6
LEGAL 6,63 0,54 8,1
ÉTICA 5,13 0,54 10,5
DISCRICIONÁRIA 5,38 0,77 14,3
Tabela 16: Valores Quantitativos para a dimensão Categorias - Parceiro
Fonte: Dados da Pesquisa
A categoria econômica apresentou alto valor médio 6 e desvio padrão 1. O alto
resultado da categoria econômica se dá pelo fato de a Têxtil ser uma empresa estruturada do
ponto de vista financeiro – recursos despendidos. Praticamente todos os stakeholders
pesquisados têm essa percepção e opinam que a estrutura econômica é eficaz, ainda que não
seja possível afirmar que as ações sociais têm uma característica econômica ou são originárias
deste objetivo. As variáveis contempladas na pesquisa obtiveram 75% de muita e 50% de total
136
concordância, que são respectivamente: produtos de qualidade e preços adequados ao poder
de compra dos clientes.
A categoria legal mais uma vez foi observada pelos stakeholders com grande
concordância, já que a média entre as respostas foi de 6,63 e sua variação de apenas 8,1%. As
duas variáveis pesquisadas tiveram quase que total concordância: produtos conforme as
normas e disposição de atividades conforme a legislação. Os parceiros verificam a seriedade
das atividades sociais prestadas e o comprometimento legal da empresa. Pontuam também que
os projetos desenvolvidos não têm propriamente uma finalidade legal, mas que estão situados
sob esses pré-requisitos.
“Acho que os projetos não são todos feitos por exigências legais. O projeto
educacional, o culinário, por exemplo, não é por exigência legal. Mas é
necessário estar de acordo com o que a legislação determina, e isso é
totalmente de acordo”.
“Eu diria que em parte ela faz por necessidades legais e em parte de maneira
pró-ativa”.
A percepção dos parceiros sobre a adequação aos requisitos legais parte do
pressuposto de que existe essa necessidade por parte de qualquer empresa, em discordância
com outros stakeholders como os funcionários, que verificam que o caráter legal é advindo do
fato de a organização só trabalhar o que lhe é imposto por lei.
A menor concordância foi da categoria ética, que teve média de 5,13 e baixo desvio
padrão de 0,54. Houve muita concordância de 75% que há respeito à integridade física e
moral de funcionários e clientes; e pouca concordância de 50% que a empresa possui e
divulga seu código de ética. Esta categoria não foi avaliada como característica da empresa, já
que não faz parte do seu objetivo prioritário, nem da cultura das empresas locais, a efetivação
do compromisso ético e moral com treinamentos e palestras sobre o assunto, ou com
atividades que promovam tal foco, ainda que seja possível verificar um ambiente de condutas
moralmente apropriadas ao trabalho.
“O parceiro é administrado para estimular, fazer diagnósticos empresariais,
ver as características da empresa e de acordo com isso e com a sua
necessidade propor o melhor projeto. Sempre tivemos boa resposta das
empresas, mas não podemos negar que falta muito entendimento porque elas
querem visibilidade, o que não é o caso da [Têxtil]. Ela faz projetos e
acredito que eles têm uma visão ética, mas ela ainda está caminhando para
amplidão”.
137
“A empresa está desenvolvendo atividades no seu âmbito interno, procurando
disponibilizar benefícios para os funcionários. Mas está tudo sendo feito de
uma maneira calma, os projetos estão se consolidando”.
O caráter ético é visto em algumas atuações e projetos da empresa, mas os parceiros
verificam que a característica ética e moral está sendo aos poucos introduzida na empresa, e
que suas atividades assim, ainda estão tomando este tipo de conduta.
A visão discricionária também foi vista com aceitabilidade. A média entre as respostas
foi de 5,38 e o desvio pequeno de 0,77. Houve 50% de muita concordância com as duas
variáveis: desenvolvimento de projetos educacionais ou ambientais na comunidade, promoção
de campanhas voltadas à melhoria da qualidade de vida interna ou externamente e abertura
para atender à comunidade. Projetos ambientais de fato não existem, daí os parceiros não
concordarem totalmente com a primeira variável. Ações para melhoria de qualidade de vida
remetem os parceiros à lembrança do projeto educacional, e sobre ele todos falam com total
propriedade.
“Os projetos estão ainda em fase inicial, a empresa está desenvolvendo um
núcleo de responsabilidade social aprimorado. Mas conheço o projeto
educacional, não é totalmente por iniciativa própria, mas requer grandes
recursos por parte da empresa. É um projeto que muda a vida do adolescente,
dá um encaminhamento pro mercado de trabalho porque é um trabalho
especializado. É claro que precisa ainda de ajustes porque muitos ainda não
sabem o que fazer depois que terminam”.
“Eu destaco a grande receptividade da empresa para discutir e implantar
projetos sociais. Sempre que possível, ela procura saber o que pode ser feito
em benefício de seus funcionários. Acredito que as campanhas feitas são
mais para o pessoal de dentro, da fábrica e área administrativa”.
O projeto educacional é basicamente o único em benefício da comunidade. Todos os
outros a influenciam indiretamente. Entretanto, já que há grande parceria para ações sociais
em benefício dos funcionários, os próprios parceiros verificam a categoria discricionária com
grande aceitação.
A característica das ações sociais, segundo os parceiros, de acordo com a pesquisa
quantitativa, é a categoria legal. No entanto, algumas visões foram similares e obtiveram
quase que a mesma concordância, como é o caso da discricionária. A empresa Têxtil é vista,
assim, com uma característica social discricionária, mas os parceiros reiteram a opinião de
que o caráter legal não é totalmente descartado dessa visão.
4.1.4.2 Dimensão Comportamentos e Respostas
138
A forma como se dá a resposta da empresa, segundo seus parceiros, também foi vista
com certa similaridade em alguns pontos, em consonância com as categorias. O gráfico a
seguir explana os resultados.
75,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
50,0% 50,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0% 25,0% 25,0%
0,0% 0,0%
25,0%
50,0%
0,0%
25,0% 25,0%
75,0%
25,0% 25,0%
0,0%
25,0% 25,0%
0,0% 0,0% 0,0%
75,0% 75,0%
50,0%
25,0%
75,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
0,0% 0,0%
Reativo1 Reativo Defensivo Defensivo1 Acomodativo Acomodativo1 Pró-Ativo Pró-Ativo1
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco
Nem concorda/nem discorda Concorda Pouco Concorda Muito
Concorda Totalmente
Gráfico 11: Resultados da Dimensão Comportamento e Respostas - Parceiro
Fonte: Dados da Pesquisa
Os valores da média ponderada, desvio padrão, variabilidade e maior frequência de
respostas são explicitados a seguir:
COMPORTAMENTOS E
RESPOSTAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de Variação (%)
REATIVO 3,75 0,96 25,6
DEFENSIVO 5,25 0,50 9,5
ACOMODATIVO 5,75 0,88 15,3
PRÓ-ATIVO 5,25 0,73 13,9
Tabela 17: Valores Quantitativos para a dimensão Comportamentos e Respostas - Parceiro
Fonte: Dados da Pesquisa
A posição reativa obteve pequena aceitabilidade. A média de 3,75 mostra que, na
escala de concordância, o nível de opiniões ficou num patamar mediano. A variação de pouco
mais de 25% mostra uma média dispersão de respostas. Metade dos parceiros pesquisados
discorda pouco da existência das duas variáveis, de que as ações sociais são desenvolvidas
depois de reclamações da sociedade; e de que os projetos sociais são feitos para diminuir os
impactos negativos que ela pode causar no ambiente ou comunidade.
139
Reagir a problemas ou se posicionar frente a um conflito não é a característica da
Têxtil, de acordo com seus parceiros. Conforme já abordado, a sociedade não apresenta
reclamações, não interage com a empresa, e impactos negativos não se tornam, assim,
característica marcante das iniciativas de resposta.
Questionados sobre se a empresa só age de forma socialmente responsável porque os
clientes ou a sociedade apresentam reclamações ou algo do tipo, os parceiros mostraram
posicionamentos parecidos.
“A participação da comunidade é pequena, os projetos são para os
funcionários com uma, assim, ligeira participação dos familiares”.
“As pessoas não falam nada sobre a empresa. E acredito que se não falam é
porque não há o que falar. Sempre existe uma tendência de falar
negativamente quando é possível”.
Muitos stakeholders falam da participação dos familiares dos funcionários. E, de fato,
a maioria dos auxílios gerados pela própria empresa, direta ou indiretamente, beneficia a
família dos funcionários. São palestras, semanas educativas, seminários, encontros, viagens,
que objetivam promover uma interação maior com os clientes internos. Essas iniciativas
foram mencionadas por muitos stakeholders externos pesquisados, e caracterizam um pouco
das ações da Têxtil.
A empresa foi mais percebida pelos parceiros de maneira defensiva, em detrimento da
resposta anterior. A média maior de 5,25 e a baixa dispersão nas respostas de 9,5%
corroboram esta verificação. 75% dos parceiros concordam pouco que há receptividade da
empresa para relevância de problemas sociais ocasionados por ela; e 75% concordam muito
que os programas são desenvolvidos como forma de evitar acidentes ou conflitos. As opiniões
dos entrevistados apresentam algumas constatações:
“Existem projetos que são feitos por iniciativa legal. Acho que existe
receptividade, mas na verdade isso não é prioridade [...], justamente porque a
empresa não é cobrada e porque o foco são os funcionários e como
consequencia a família dos funcionários”.
“Acredito que a empresa não enfrenta problemas, mas as iniciativas sociais
quase sempre partem do desejo e da necessidade de sanar e evitar problemas,
ainda que não sejam aparentes”.
140
O comportamento defensivo não é característico porque os problemas surgidos não
requerem ações imediatas de natureza social e porque a empresa não ocasiona tantos
problemas externamente que requeiram tal comportamento. Os parceiros enfatizam que, do
ponto de vista dos agentes externos e de um possível impacto pela empresa causado, não há
muito para que se defender. Para eles, o nível de escolaridade das pessoas da comunidade não
é alto, e necessita haver uma sensibilização sobre o que é responsabilidade social e sobre o
que uma organização pode impactar ou influenciar uma comunidade local.
De maneira acomodativa, a empresa foi melhor observada pelos parceiros. Suas
respostas tiveram uma média de 5,75 e desvio padrão de 0,88. Dos pesquisados, 75%
concordam muito que as ações sociais são feitas para cumprir às exigências legais e 50%
também concordam muito que os projetos desenvolvidos são aqueles que os funcionários
precisam e o governo solicita.
Os parceiros entrevistados deram as seguintes respostas quando questionados sobre se
a empresa adota projetos sociais desenvolvidos e abrangentes e se a sociedade ou o governo
requerem mais ações sociais por parte da organização estudada:
“A maior parte da comunidade não requer ações sociais. Não existe uma
valorização ou mesmo uma visão positiva da empresa. Acredito que a
interferência do governo é pequena, mas tudo aquilo que é requisitado é feito
por ela, inclusive nosso trabalho compreende isso”.
“Existem critérios com que ela possa atender a comunidade, tem que estar
relacionado com sua missão. As iniciativas são abrangentes de acordo com o
objetivo da empresa porque o objetivo dela é primeiro o público interno [...],
e nesse ponto ela está fazendo de tudo pra ser abrangente”.
Para os parceiros, os programas sociais estão de acordo com a missão e objetivos
empresariais, os quais estão relacionados ao seu público interno – os funcionários em geral.
Para eles, a visão acomodativa é válida porque, apesar da pouca participação dos agentes
externos, as mínimas condições por eles requeridas ou que possam requerer são consideradas
e garantidas tanto em parceria como pela própria empresa.
O comportamento pró-ativo foi enfatizado pelos parceiros quase que com a mesma
concordância do comportamento anterior. A média de 5,25 e a variação baixa nas respostas de
quase 14% mostram uma homogeneidade de opiniões.
Esse tipo de comportamento não foi mais concordado pelos parceiros porque, em
relação à primeira variável, 50% deles nem concordam nem discordam que existe adoção de
projetos sociais internamente ou na comunidade local por iniciativa própria. Essa percepção
141
advém do fato de que efetivamente não existem tais projetos, pois todos são feitos em parceria
e apenas alguns benefícios internos são de iniciativa própria. Entretanto, ressalta-se a abertura
e participação ativa da empresa em todos os programas, principalmente no projeto
educacional. Dentre os parceiros investigados, 75% concordam muito que a empresa adota
projetos contra erradicação do trabalho infantil, analfabetismo, discriminação, incentivo à
cultura ou outros. Esses projetos dizem respeito ao interesse de antecipação aos problemas,
propriamente ao pró-ativo.
O caráter pró-ativo foi especificado como existente, ainda que não haja total iniciativa
própria. Como também os projetos próprios são brevemente conhecidos.
“A nossa missão é ter a iniciativa de mostrar a responsabilidade social, de
mostrar o que a empresa pode fazer em benefício dos atores sociais. A
maioria das ações fomos nós que buscamos, mas a empresa é muito receptiva
e interessada”.
“Conheço apenas os projetos que ela faz em parceria conosco. De maneira
sucinta eu conheço o projeto educacional”.
Novamente os parceiros mostraram entendimentos próximos, agora em relação aos
comportamentos e respostas. Isso se deve ao fato de que os programas estão baseados no que
requer o governo e algumas diretrizes por ele estabelecidas, como também iniciativas sociais
como o projeto educacional ou alguns outros são considerados como antecipatórios a
exigências internas ou externas, ainda que não sejam totalmente realizados por iniciativa
própria. Nesse sentido, os comportamentos acomodativo e pró-ativo são vistos como a
característica de resposta da Têxtil, sendo o comportamento pró-ativo mais considerado na
pesquisa qualitativa e o acomodativo da pesquisa quantitativa.
De acordo a visão das categorias, e para a maior parte dos entrevistados, existe um
posicionamento para resposta social pró-ativo, dada a receptividade da empresa Têxtil de
discutir e abordar o que melhor pode ser realizado no seu âmbito interno.
4.1.4.3 Dimensão Ações e Programas
Os parceiros não viram como convenientes ou aplicáveis algumas das ações
apresentadas. É possível ver pelo gráfico que as ações referentes ao consumo, meio ambiente
e discriminação obtiveram quase que em sua maioria opiniões em que eles nem concordam
nem discordam das variáveis apresentadas. Apenas a ação ou programa segurança do produto
obteve significativa concordância dentre as apresentadas.
100,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0%
50,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
0,0%
50,0%
100,0%
25,0%
75,0%
25,0%
50,0%
0,0% 0,0%
25,0%
0,0%
25,0%
0,0%
25,0%
0,0%
25,0%
0,0%
25,0%
0,0%
50,0%
0,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0%
50,0%
25,0%
50,0%
100,0%
0,0%
50,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
0,0% 0,0%
50,0%
Consumo Consumo1 Meio AmbienteMeio Ambiente1Di sc rimi naçãoDi sc rimi nação1Segurança doProduto
Segurança doProduto1
Segurança doTrabal ho
Segurança doTrabal ho1
Di scorda T otalmente Di scorda Muito Di scorda P ouco Nem concorda/nem discorda
Concorda Pouco Concorda Mui to Concorda Total mente
Gráfico 12: Resultados da Dimensão Ações e Programas - Parceiro
Fonte: Dados da Pesquisa
Algumas ações como a discriminação ou a segurança do trabalho tiveram variações médias, que demonstram uma maior heterogeneidade
de opiniões. As outras, porém, apresentaram variações bem menores, o que indica que visões consensuais são maiores no que concerne às ações e
programas segundo os parceiros.
A tabela mostra os valores melhor organizados.
AÇÕES E PROGRAMAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de Variação (%)
CONSUMO 4,38 0,48 10,9
MEIO-AMBIENTE 3,75 0,73 19,4
DISCRIMINAÇÃO 4,63 1,3 27,9
SEG. PRODUTO 6,00 0,41 6,8
SEG. TRABALHO 5,38 0,77 14,3
Tabela 18: Valores Quantitativos para a dimensão Ações e Programas - Parceiro
Fonte: Dados da Pesquisa
A ação consumo, apesar de sua média de 4,38 e baixa dispersão de opiniões de 10,9%,
obteve pouca visibilidade pelos parceiros. A metade deles nem concorda nem discorda que há
correta disposição das normas técnicas dos produtos, e todos eles têm a mesma opinião sobre
a manutenção do atendimento pós-venda.
Essas percepções são advindas da falta de conhecimento dos parceiros em relação a
este aspecto. Muitos não mostraram tanta familiaridade com a questão do foco da empresa ser
o consumo e ações relacionadas como disposição de melhores produtos, mais adequados à
demanda, pesquisas frequentes de mercado, atendimento pré e pós-venda e itens relacionados.
Na ação meio ambiente houve a menor aceitabilidade, com média de 3,75 e desvio
padrão de 0,73. A metade dos parceiros discorda pouco que a empresa desenvolve projetos na
comunidade para preservação do meio ambiente, e 75% deles nem concordam nem discordam
que a empresa fornece informações sobre educação ambiental a clientes ou comunidade. Na
realidade, a prioridade é a disposição dessas informações em maior quantidade aos
funcionários e depois ao público externo.
Atividades relacionadas ao meio ambiente não foram vistas com frequência,
principalmente se dirigidas ao trabalho com agentes externos. Os parceiros reafirmaram que
os produtos não oferecem danos ao ambiente e mostram algumas opiniões diferentes daquelas
dos stakeholders já pesquisados.
“Sei que tem reutilização de água. Pela empresa trabalhar com algodão,
poderia ter alguma coisa relacionada ao reflorestamento, mas eu não sei se de
fato existe”.
“Algumas palestras educativas sobre meio ambiente são feitas, mas tudo
dentro da empresa. Não tenho conhecimento sobre projetos ambientais mais
amplos, acho que não há. O meio ambiente poderia ser um foco de trabalho
social, e um foco bem interessante de trabalhar”.
144
Um parceiro levantou a questão de que a Têxtil poderia trabalhar com um projeto
voltado ao reflorestamento, uma vez que produz a partir do algodão; e este foco poderia
realmente ser considerado, já que há um eficiente trabalho com os resíduos da produção.
Ações sociais para evitar a discriminação mostraram-se em maior quantidade na
opinião dos parceiros. A média de respostas foi de 4,63 e a variabilidade foi média com
dispersão de 27,9%. As constatações foram mais heterogêneas que as ações e programas
anteriores, com 50% concordando muito que não existem barreiras à contratação de pessoas
com mais de 45 anos de idade ou por outra razão; e 50% nem concordando nem discordando
que a comunidade desconhece o acontecimento de discriminação social ou racial entre os
funcionários da empresa ou com outras pessoas.
A discriminação foi observada como não existente pelos parceiros da empresa, e que
ações no sentido de evitar esta prática são realizadas como semanas educativas e palestras. No
entanto não é possível verificar o foco da empresa como para não discriminação, pois
conforme seus parceiros as atividades não chegam a tal nível.
A segurança do produto obteve a maior concordância e aceitabilidade das ações
apresentadas. A média 6 e o desvio padrão de apenas 0,41 mostram esta verificação. O fato
pode ser originário do entendimento de que o produto é seguro e eficiente em relação aos
requisitos exigidos. A metade dos pesquisados concordou muito que os produtos não
oferecem riscos à saúde dos consumidores, e todos eles concordaram muito que a empresa
atende às normas de excelência do padrão de qualidade do produto.
Essas variáveis de fato existem, como também a adequação e disposição de normas
técnicas, e abertura da empresa para explicitação de itens relacionados à fabricação e
utilização dos produtos. No entanto, não é possível afirmar, de acordo com os parceiros, que o
foco social da empresa é a segurança do produto, conforme será exposto mais adiante.
A ação ou programa segurança do trabalho obteve também boa aceitabilidade como
foco da empresa. A média de respostas foi 5,38 e o desvio de 0,77. Essa concordância pode
ser atribuída ao fato de 50% concordarem pouco que nos últimos dois anos não houve
conhecimento de acidentes nas operações do trabalho e a mesma porcentagem concordou
totalmente que os funcionários utilizam equipamentos de proteção para realizar suas
atividades no trabalho. Essas opiniões não são corroboradas pelos funcionários, por exemplo,
já que estes entendem que o item acidentes no trabalho é uma variável que precisa ainda
melhorar muito. A percepção dos parceiros pode ser resumida conforme a resposta a seguir:
145
“Acontecem acidentes esporádicos, não graves. E acho que é pouco, já que a
quantidade de funcionários é grande. E também ela realiza SIPAT [– Semana
interna de prevenção a acidentes no trabalho], a CIPA – [Comissão Interna de
Prevenção a acidentes]”.
Pelas opiniões verificadas das ações e programas apresentados, observa-se a grande ou
total concordância de que a segurança do trabalho existe na empresa, bem como o caráter
legal dessa atuação, embora não seja possível afirmar, conforme os próprios parceiros
pesquisados, que esse seja o foco de atuação social da Têxtil.
“O foco é a qualificação do funcionário, ela é uma grande empresa. Pela
empresa ter uma visão de mercado, uma visão à frente, ela busca alternativas
diversificadas para a realização do trabalho e satisfação dos funcionários. A
empresa recebeu agora o nosso prêmio anual de qualidade no trabalho, ela
está dentro o processo e busca de qualificação frequente”.
Os parceiros demonstram ter a mesma percepção que têm os funcionários sobre o foco
social da organização. As atividades e programas sociais implantados pela empresa estudada
têm como centro de atenções as necessidades e bem estar do público interno.
Com isso, o cubo tridimensional de performance social mostra o entendimento e
percepção dos parceiros da Têxtil frente às suas ações sociais.
Figura 16: Cubo Tridimensional – Percepção dos Parceiros
Fonte: Adaptado de Carroll (1979)
Este é, até o presente momento, o entendimento mais diverso ou conflitante sobre as
ações sociais da Têxtil, frente às percepções apresentadas até então, que foram as opiniões dos
funcionários em geral, diretores e fornecedores.
146
4.1.5 Clientes
Os clientes mostraram menor familiaridade e conhecimento das ações e projetos
sociais da Têxtil em comparação com outros stakeholders. Apesar de conhecerem de maneira
sucinta os projetos, eles compreendem a motivação, as iniciativas e intenções da
administração, bem como as estruturas sob as quais os programas foram construídos.
4.1.5.1 Dimensão Categoria
A percepção dos clientes sobre as categorias de responsabilidade social do modelo
tridimensional foi equivalente à opinião dos stakeholders já pesquisados. Ressalta-se os
valores baixos e médios da dispersão dos níveis de resposta, o que mostra que o entendimento
dos clientes é bem próximo.
O gráfico 13 apresenta a percepção dos clientes sobre as categorias:
100,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
33,3%
0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
66,7%
0,0%
33,3%
0,0%
33,3%
0,0% 0,0%
33,3% 33,3%
66,7% 66,7%66,7%
33,3% 33,3%
0,0%
33,3%
0,0% 0,0% 0,0%
33,3% 33,3%
66,7%
100,0%
33,3%
0,0% 0,0% 0,0%
Econômica Econômica1 Legal Legal1 Ética Ética1 Disc ri ci onária Disc ri ci onária1
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda
Concorda Pouco Concorda Muito Concorda Totalmente
Gráfico 13: Resultados da Dimensão Categorias – Clientes
Fonte: Dados da Pesquisa
Para análise mais específica do gráfico, a tabela a seguir mostra a visão dos clientes
para as categorias de acordo com o valor médio, desvio padrão, variação e maior resposta.
CATEGORIAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de Variação (%)
ECONÔMICA 5,88 0,89 15,1
LEGAL 6,63 0,54 8,1
ÉTICA 4,75 1,05 22,2
DISCRICIONÁRIA 4,38 0,98 22,3
Tabela 19: Valores Quantitativos para a dimensão Categorias - Clientes
Fonte: Dados da Pesquisa
147
A categoria econômica foi validada pelos clientes; na medida em que compram os
produtos da empresa, eles podem afirmar com propriedade que as variáveis desta categoria
são existentes. A média de 5,88 mostra grande aceitabilidade em relação à característica
econômica das atividades, confirmada por 66,7% dos clientes ao concordarem muito que os
produtos são de qualidade e atendem os requisitos por eles solicitados, e 33,3% concordarem
muito e concordarem totalmente que os preços estão de acordo com seu poder de compra.
Para os clientes, o desempenho econômico está favorável e adequado ao acirrado
mercado e características da concorrência e demanda.
A categoria legal é vista como a base das ações realizadas, uma vez que, para um
cliente entrevistado:
“As empresas hoje em dia precisam estar com todos os parâmetros legais
estabelecidos, e com a [Têxtil] não é diferente. Acho que até as ações de
responsabilidade social passam por isso, tem que ser fundamentadas nesse
aspecto. Mas acredito que também existe o conhecimento dos que trabalham
na empresa, do que eles precisam, do povo de fora, de como eles acham que é
a postura da empresa, e tudo isso contribui pra você optar por um
determinado projeto [social] e outro não”.
As ações de RSE são, assim, para o cliente entrevistado, originárias do contexto e das
particularidades que envolvem a organização, e também envoltas pelas necessidades e
exigências legais que regem todas as empresas. Essas percepções foram tidas de alguma
forma por todos os clientes entrevistados.
A pesquisa quantitativa mostrou uma média de 6,63 e variação de apenas 8% nas
respostas, que mostra que todos têm opiniões não conflitantes. 66,7% dos clientes acreditam
que os produtos estão conforme as normas do código de defesa do consumidor, e todos eles
também concordam totalmente que a empresa desenvolve suas ações dentro da legalidade.
Esse entendimento mostra a total concordância com esta categoria, uma vez que os requisitos
legais são vistos como a base do desenvolvimento das ações de responsabilidade social.
A categoria ética obteve consonância com média aritmética de 4,75 e dispersão
mediana de respostas de 22,2%. Essa média dispersão mostrou que 33,3% dos clientes
concordam totalmente, concordam pouco e concordam muito que o respeito à integridade
física é uma prática constante; e 66,7% nem concordam nem discordam que a empresa possui
e divulga seu código de ética. A abordagem ética e moral é entendida por um cliente
entrevistado como integrante das atividades cotidianas da organização, ainda que não
divulgada, inserida e trabalhada no contexto do ambiente externo.
148
“Em algumas das transações comerciais, conversamos informalmente sobre
alguns projetos da empresa. Sabemos das iniciativas e propostas adotadas,
mas sabemos também que não é fácil trabalhar onde nem todo mundo sabe o
que é ser socialmente responsável, cada um tem que saber dos seus direitos e
deveres como cidadão, e muitos nem imaginam o que é isso”.
A característica ética das ações sociais não é vista pelos clientes como aplicável ou
consolidada, e daí sua média menor em relação à legal. Muitos atores sociais ainda não têm a
compreensão da importância desses valores como norte de atitudes empresariais.
Na categoria discricionária, a concordância foi um pouco menor, já que a média de
respostas foi de 4,38 e o desvio padrão de 0,98. Desse nível de aceitabilidade, é possível ver
que 66,7% dos clientes concordam pouco, tanto na primeira quanto na segunda variável
respectivamente: desenvolvimento de projetos ambientais ou educacionais na comunidade e
promoção de campanhas voltadas à melhoria da qualidade de vida das pessoas da região e
abertura para a comunidade.
Para os clientes, a responsabilidade social é firmada por itens de natureza legal, os
quais são integrantes da conduta empresarial da atualidade e que, na Têxtil, juntam-se à sua
vontade e objetivo social de proporcionar ações que enfoquem o maior padrão possível de
iniciativas voluntárias.
4.1.5.2 Dimensão Comportamentos e Respostas
Em relação aos comportamentos e respostas, a visão dos clientes foi um tanto
heterogênea, principalmente porque eles não verificaram muita aplicabilidade nas respostas
do modelo tridimensional na postura da empresa em questão. O gráfico seguinte mostra o
entendimento sobre cada comportamento.
149
75,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
50,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0%
25,0% 25,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
50,0%
25,0%
50,0%
25,0% 25,0%
0,0%
25,0%
50,0%
0,0% 0,0%
25,0% 25,0%
0,0%
50,0%
75,0%
50,0%
0,0%
25,0%
0,0%
50,0% 50,0%
25,0%
0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
25,0% 25,0%
0,0% 0,0%
Reativo1 Reativo Defensivo Defensivo1 Acomodativo Acomodativo1 Pró-Ativo Pró-Ativo1
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda
Concorda Pouco Concorda Muito Concorda Totalmente
Gráfico 14: Resultados da Dimensão Comportamentos e Respostas – Clientes
Fonte: Dados da Pesquisa
De acordo com a escala de opiniões, é possível verificar também os seguintes valores:
COMPORTAMENTOS E
RESPOSTAS Valor Médio Desvio - Padrão
Coeficiente de Variação
(%)
REATIVO 3,38 1,43 42,3
DEFENSIVO 4,63 0,89 19,2
ACOMODATIVO 5,75 1,11 19,3
PRÓ-ATIVO 4,63 0,54 11,7
Tabela 20: Valores Quantitativos para a dimensão Comportamentos e Respostas – Clientes
Fonte: Dados da Pesquisa
O comportamento reativo não é visto pelos clientes como próprio da empresa, já que
os dois entrevistados verificam que pressões externas não implicam sempre em um
comportamento para solução de problemas ou ameaças internas ou externas. Eles acham que a
natureza do tipo de sistema produtivo não acarreta tais circunstâncias. No entanto, é válido
ressaltar a extrema carga de trabalho – horas – às quais os funcionários estão sujeitos.
Daí a média deste comportamento ter sido apenas 3,38 e as respostas demasiadamente
variadas com 42,3% do coeficiente.
O comportamento defensivo foi mais bem concordado que o anterior. A média de
respostas foi 4,63 e a variação com média dispersão de 19,2%. A metade dos clientes nem
concorda nem discorda que há receptividade da empresa para relevância de problemas sociais,
e também a metade, 50%, concorda muito que os programas são desenvolvidos como forma
de evitar acidentes ou conflitos. Os clientes mostraram uma percepção e entendimento quase
150
que em total conformidade com o que acontece na realidade da organização no que se refere a
este comportamento. A opinião a seguir pode ser tida como resumo da constatação:
“Não acredito que existem muitos conflitos que levem a empresa a adotar
essa conduta. Acho que os problemas são minimizados quando logo que
acontecem, sem que antes eles se tornem uma ameaça”.
No que se refere ao comportamento acomodativo, a aceitabilidade foi a maior entre
todas. A média de respostas foi 5,75 e o desvio padrão de 1,11. Isto porque 50% concordam
muito que as ações sociais são feitas para cumprir as exigências legais e 50% concordam
pouco que os projetos feitos são aqueles que os funcionários precisam e o governo solicita.
A maior abrangência dos projetos foi vista pelos clientes como um objetivo da
empresa, apesar da não interferência (solicitação) nesse sentido de agentes internos ou
externos. Para eles, o governo ou a opinião pública não mostram significativo interesse em
articular e interagir com a empresa no trato com questões sociais, mas, apesar disso, a
organização estudada está “alinhada” com a postura ou pensamento desses agentes.
De maneira pró-ativa, a Têxtil foi considerada com a mesma média que o
comportamento defensivo, 4,63, e a variação das respostas mostrou uma dispersão
homogênea de 11,7%. 75% dos clientes concordam pouco que os programas adotados interna
ou externamente são por iniciativa própria e 50% concordam pouco e nem concordam nem
discordam sobre a adoção de projetos contra erradicação do trabalho infantil, analfabetismo,
discriminação, incentivo à cultura ou outros. Para eles, a iniciativa própria sobre os projetos
adotados não está clara, não está visível, não há o conhecimento suficiente para afirmar tal
questão, como também a maioria dos projetos não são todos conhecidos, sendo apenas o
projeto educacional visto e mencionado com maior frequência.
Assim, o comportamento acomodativo foi, também para os clientes, avaliado como
mais característico em relação ao tipo de resposta social da organização em questão.
4.1.5.3 Dimensão Ações e Programas
Apesar do menor conhecimento dos programas realizados e das iniciativas a serem
implantadas, não houve muita heterogeneidade de respostas. Os clientes levam em
consideração todo o ambiente que circunda a empresa. Possivelmente por isso sua visão em
relação às ações e programas tenha sido distinta em relação às já apresentadas.
O gráfico 15 dá uma ideia de como os clientes veem a definição e trabalho com o foco social da organização estudada.
100,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0%
25,0%
50,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0%
50,0% 50,0% 50,0%
25,0%
0,0% 0,0%
25,0%
0,0%
25,0%
50,0%
0,0% 0,0%
50,0% 50,0%
100,0%
75,0% 75,0% 75,0%75,0%
50,0%
0,0% 0,0% 0,0%
25,0%
0,0%
25,0%
0,0%
25,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Consumo Consumo1 Meio Ambiente Meio Ambiente1 Disc riminação Disc riminação1 Segurança doProduto
Segurança doProduto1
Segurança doTrabalho
Segurança doTrabalho1
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda Concorda Pouco
Concorda Muito Concorda Totalmente
Gráfico 15: Resultados da Dimensão Ações e Programas – Clientes
Fonte: Dados da Pesquisa
Para as ações e programas apresentados, têm-se os valores em particular, conforme a tabela 21:
AÇOES E PROGRAMAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de Variação (%)
CONSUMO 5,63 0,54 9,5
MEIO-AMBIENTE 3,38 0,77 22,8
DISCRIMINAÇÃO 4,75 0,70 14,8
SEG. PRODUTO 5,13 0,25 4,9
SEG. TRABALHO 5,00 0,50 10
Tabela 21: Valores Quantitativos para a dimensão Ações e Programas – Clientes
Fonte: Dados da Pesquisa
Os clientes entendem que os produtos oferecidos encontram-se quase que em total
conformidade com as especificidades exigidas. Daí o fato de a ação consumo ter obtido a
maior média dentre as ações do modelo, de 5,63, e variação de respostas pequena de 9,5%.
Assim, 75% deles concordam muito que a disposição das normas técnicas está adequada, bem
como 50% concordam muito que existe atendimento pós-venda adequado. Estas e outras
ideias levaram à verificação de que o foco de trabalho da empresa atualmente está em
propiciar os melhores produtos, de acordo com as características e necessidades da demanda,
mesmo isso implicando em maiores custos para a empresa. A deliberação a seguir denota esta
constatação:
“O atendimento pós-venda nos deixa à vontade pra fazer qualquer
posicionamento da gente, opinião sabe. Muitas vezes alguns produtos têm
que ser retirados, ou de última hora vem novas diretrizes ou layout mesmo.
Aí faz de novo. As normas técnicas são boas, o produto passa por diversas
etapas até chegar a nós, e em cada etapa, mesmo não sendo mais na [Têxtil],
ele é bem feito, adequado”.
O foco nos melhores meios para o consumo se dá no momento em que a empresa pode
dispor de produtos eficientes e adequados à demanda, tanto em preço como em qualidade, e
para os clientes, estas atitudes são bem aplicadas na empresa Têxtil.
O meio ambiente mais uma vez obteve aceitabilidade bem menor que as outras ações e
programas, em consonância com a opinião dos outros grupos de stakeholders pesquisados. A
metade deles nem concorda nem discorda com as duas variáveis consideradas, quais sejam
desenvolvimento de projetos na comunidade para preservação do meio ambiente e
fornecimento de informações sobre educação ambiental a clientes ou comunidade. Os clientes
enfocam que possivelmente a interação com a comunidade não é grande, já que eles próprios
não têm essa atitude. E com isso a consolidação das variáveis fica comprometida, mas não
totalmente por desinteresse da empresa. Em relação ao fomento de projetos ambientais, um
cliente mostrou achar que realmente não existe essa prática.
“Tem que ser uma via de mão dupla o acesso à comunidade. Mas
internamente eu não sei, nunca ouvi falar de programas voltados pra isso”.
A ação ou programa discriminação teve 4,75 de média de respostas e desvio padrão
0,70. Os clientes acreditam que a empresa, por ter muitos anos no mercado e tratar com
grande número de funcionários, determina processos e atitudes que garantem a não existência
de políticas que levem a atos discriminatórios ou ações relacionadas. Com isso, a metade dos
153
pesquisados concordam pouco com as duas variáveis apresentadas – não existência de
barreiras à contratação de pessoas com mais de 45 anos de idade e desconhecimento sobre o
acontecimento de discriminação social ou racial entre os membros externos. Ainda assim, o
nível de concordância não chegou à primeira ação ou programa consumo.
A segurança do produto foi vista com grande aceitabilidade, estando atrás apenas do
consumo. O valor médio de 5,13 e a significativa baixa dispersão de quase 5% mostram uma
quase unanimidade de respostas. Todos os clientes concordam pouco que os produtos não
oferecem riscos à saúde dos consumidores, e 75% deles também concordam pouco que a
empresa atende às normas de excelência do padrão de qualidade do produto.
Estas percepções corroboram as especificações da ação consumo, que está muito
relacionada ou atrelada à segurança do produto. Produtos seguros dão subsídios para que o ato
de consumir seja feito de maneira benéfica aos indivíduos. Com isso, estas duas ações
obtiveram níveis de concordância altos.
A segurança do trabalho também foi vista com certa aceitabilidade, apesar de não
caracterizar-se como foco de atuação empresarial. A média 5 e a variação de apenas 10%
mostram que os clientes concordam com as variáveis apresentadas, com 75% de pouca
concordância em ambas criadas – não conhecimento de acidentes nas operações do trabalho
nos últimos dois anos e utilização de equipamentos de proteção por parte dos funcionários
para realização das atividades. Os clientes têm conhecimento um tanto restrito em relação ao
âmbito da fábrica, mas explanam que, dada as características e porte organizacional, é
indispensável a verificação destes aspectos, principalmente no que tange a um ambiente
propício e seguro à realização das atividades, reiteram que quando do acontecimento de
acidentes maiores, fica quase que consequente o conhecimento deste tipo de informação pelos
principais clientes envolvidos.
Após a explanação da opinião dos clientes, é possível verificar a seguir como se
encontra o cubo tridimensional segundo sua visão:
154
Figura 17: Cubo Tridimensional – Percepção dos Clientes
Fonte: Adaptado de Carroll (1979)
Os clientes verificam que o foco em iniciativas que propiciem melhores condições
para o consumo existe com maior evidência na Têxtil.
4.1.6 Consumidores
A empresa pesquisada fabrica fios de algodão e tecidos naturais, os quais são
revendidos para outras empresas para a fabricação do produto final. São confeccionadas
roupas, artigos para cama, mesa e banho, os quais são vendidos aos consumidores finais na
forma de varejo. Para que os consumidores façam uso de bons produtos, sua matéria-prima
tem que ser de qualidade e adequada às exigências necessárias.
4.1.6.1 Dimensão Categorias
Os consumidores pesquisados mostraram aceitabilidade em relação às categorias
expostas no modelo tridimensional. A observação dos valores das médias ponderadas mostra
essa constatação. Houve também média variabilidade de respostas, o que indica que os
consumidores têm opiniões similares. O gráfico a seguir mostra os níveis de concordância e
discordância das variáveis apresentadas.
155
66,7%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
6,7%
0,0%
6,7%
0,0% 0,0%
6,7%
33,3%
0,0%
26,7%
6,7% 6,7%
20,0%
13,3%
40,0%
60,0%
6,7%
46,7%
26,7%
60,0%
33,3%
40,0%
6,7% 6,7%
60,0%
6,7%
66,7%
26,7% 26,7% 26,7%
33,3%
0,0%
33,3%
13,3%
0,0% 0,0%
20,0% 20,0%
13,3%
0,0% 0,0% 0,0%
Econômica Econômica1 Legal Legal1 Ética Ética1 Discricionária Discricionária1
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda
Concorda Pouco Concorda Muito Concorda Totalmente
Gráfico 16: Resultados da Dimensão Categorias - Consumidores
Fonte: Dados da Pesquisa
Os valores para cada categoria são apresentados conforme a seguir:
CATEGORIAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de Variação (%)
ECONÔMICA 5,33 0,71 13,4
LEGAL 5,50 1,02 18,6
ÉTICA 4,40 0,93 21,3
DISCRICIONÁRIA 4,60 0,85 18,3
Tabela 22: Valores Quantitativos para a dimensão Categorias - Consumidores
Fonte: Dados da Pesquisa
Os questionamentos referentes à categoria econômica foram respondidos com grande
segurança pelos consumidores entrevistados. Todos eles pontuaram que os produtos estão de
acordo com sua preferência, fazendo a devida ressalva de que roupas e artigos para cama e
banho estão sujeitos muito mais às escolhas pelo gosto (estilo) do comprador, do que por
características intrínsecas do produto. A adequação ao poder de compra também foi
concordada.
“Sim, os produtos são bons, do jeito que os consumidores gostam ou
querem”.
“Os preços são bons sim, acho que pelas roupas que eles vendem ta de
acordo”.
Essas percepções foram corroboradas pela muita concordância de 66,7% dos
consumidores que responderam à pesquisa quantitativa de que os produtos estão de acordo
com os requisitos, e da pouca concordância de 60% de que os preços estão de acordo com seu
poder de compra.
156
Apesar da média de respostas 5,33, esta não foi a categoria que obteve a maior
consonância dentre as apresentadas.
A maior concordância veio da categoria legal; entretanto, esta conformidade não partiu
necessariamente da crença por parte da comunidade pesquisada de que as características para
abrangência social são totalmente de natureza legal. Na aplicação das entrevistas semi-
estruturadas, foi possível a promoção de diálogos em que alguns consumidores mencionam
que não há conhecimento de que a empresa atuou fora da legalidade, no entanto, acreditam
que o interesse pela promoção de iniciativas sociais não parte unicamente pela intenção
prioritária de estar em conformidade com requisitos legais.
“Não tenho conhecimento de a empresa ter atuado fora da legalidade. [...] Eu
acho que ela cumpre o que deve ser feito nesse aspecto [...] Nada me levou a
crer que a prioridade do projeto educacional, por exemplo, é estar dentro da
lei. Mas acho sim que do ponto de vista legal está tudo de acordo”.
A categoria legal obteve média significativa de 5,50 e dispersão média de dados de
18,6%. Essa dispersão, conforme pode ser visto pelo gráfico 16, mostra que 33,3%
concordam pouco sobre a adequação da organização ao código de defesa do consumidor, e
40% também concordam pouco sobre o desenvolvimento das atividades dentro da legalidade.
A não concordância total pode ser atribuída ao fato de que não é possível à organização
estudada transmitir a ideia direta aos consumidores sobre se a adoção de programas e
benefícios sociais é fundamentada unicamente na lei ou nos requisitos legais.
A categoria ética teve média de respostas de 4,40 e dispersão de opiniões de 21,3%. A
não concordância ou não discordância esteve em 40% das opiniões sobre o respeito à
integridade física e moral, e em 60% das opiniões sobre a divulgação de um código de ética.
Alguns consumidores compreendem que essas informações são mais bem dispostas no âmbito
interno à organização, mas que esse conhecimento poderia ser melhor disponibilizado a eles.
Na categoria discricionária, a média de respostas foi 4,60 e a variação média de
18,3%. A compreensão de que ações de natureza discricionária são realizadas pela empresa
mostrou-se relativamente boa, já que ela não possui um balanço social ou outro mecanismo
que propicie tal ação. Houve pouca concordância de 60% de que existem projetos
educacionais ou ambientais na comunidade, e 46,7% nem concordam nem discordam que ela
faz campanhas para melhoria da qualidade de vida das pessoas da região.
“Sei que a empresa faz projetos sociais, e acredito que alguns deles são por
iniciativa própria. Ela faz também doações, mas não sei a frequência.
157
Acredito que assumir uma postura de responsabilidade social não é da noite
pro dia, e que a empresa vem tentando trabalhar com isso na medida do
possível”.
A consumidora que deu essa resposta conhece a empresa não de uma maneira física.
Todas as informações por ela dadas foram obtidas pelo parceiro da empresa, e este sim é
bastante conhecido na comunidade. Estas e outras opiniões mostram que o caráter
discricionário existe na empresa, de acordo com os consumidores; no entanto, não se trata da
característica central da organização.
Apesar de a média da categoria legal refletir a maior concordância de respostas dos
consumidores, é válido ressaltar que não houve total conhecimento se a empresa é de fato
fundamentada na busca pela realização de iniciativas sociais em conformidade com a lei; e,
deste modo, fica a categoria econômica como a que melhor explana, na opinião dos
investigados, a característica principal das ações e programas pela Têxtil realizados.
4.1.6.2 Dimensão Comportamentos e Respostas
Também chamada de responsividade social, esta dimensão apresentou opiniões um
pouco menos favoráveis, isso porque as médias estiveram em torno de 4 e não mais que 5. Os
consumidores investigados não acreditam que os tipos de resposta do modelo tridimensional
são característicos da Têxtil. Importante ressalvar que todas as variações das opções dos
consumidores mostraram-se com uma média dispersão.
66,7%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0%
6,7%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
6,7%
33,3%
6,7%
26,7%
6,7%
0,0% 0,0%
13,3%
20,0%
66,7%
33,3%
53,3%
33,3%
13,3%
46,7%
33,3%
20,0%
0,0%
53,3%
6,7%
46,7%
53,3%
40,0%
46,7%
33,3%
0,0%
6,7% 6,7%
13,3%
20,0%
13,3%
6,7%
20,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
13,3%
0,0% 0,0% 0,0%
Reativo1 Reativo Defensivo Defensivo1 Acomodativo Acomodativo1 Pró-Ativo Pró-Ativo1
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda
Concorda Pouco Concorda Muito Concorda Totalmente Gráfico 17: Resultados da Dimensão Comportamentos e Respostas - Consumidores
Fonte: Dados da Pesquisa
158
Os valores dos comportamentos e respostas podem ser analisados na tabela 23:
COMPORTAMENTOS E RESPOSTAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de
Variação (%)
REATIVO 4,13 0,61 14,9
DEFENSIVO 4,23 0,88 20,8
ACOMODATIVO 5,00 0,81 16,2
PRÓ-ATIVO 4,43 1,03 23,3
Tabela 23: Valores Quantitativos para a dimensão Comportamentos e Respostas - Consumidores
Fonte: Dados da Pesquisa
Novamente o comportamento reativo foi o menos considerado como aplicável na
empresa, em consonância com a compreensão dos stakeholders já analisados. A média de
4,13 explana tal consideração. Da comunidade investigada, 66,7% nem concordam nem
discordam que a empresa desenvolve ações sociais depois de reclamações da comunidade; e
53% concordam pouco que os projetos feitos são para mitigar os impactos negativos que a
empresa pode causar. As explicitações a seguir explanam em detalhes a opinião dos
pesquisados:
“Eu não acho que uma reclamação pode ser suficiente pra provocar o
acontecimento de uma ação social. E isso não acontece com a [Têxtil] porque
ela nem deve sofrer reclamações ou conflitos oriundos aqui de fora”.
“Não. Acredito que essa não é essa a motivação [...]”.
De acordo com as respostas, os consumidores acreditam que a motivação para
realização de ações sociais da empresa não está propriamente no foco em resolução de
problemas, pois eles acreditam que a Têxtil não tem muitas questões desta natureza para
considerar. Eles evidenciam que não ouviram falar sobre a empresa com problemas.
O comportamento defensivo obteve 4,23 de média de respostas. Verifica-se que os
pesquisados não consideram muito esse tipo de comportamento ou resposta na empresa.
Dentre eles, 53,3% nem concordam nem discordam sobre a receptividade da organização para
relevância de problemas sociais, e 46,7% concordam pouco que os programas desenvolvidos
objetivam mitigar acidentes ou conflitos.
De maneira acomodativa, a Têxtil foi vista com média de respostas 5. De fato, este
comportamento foi o melhor colocado pelos consumidores como o tipo de responsividade da
organização. Houve pouca concordância de 53% de que as ações sociais são feitas para
159
cumprir as exigências legais; e 47% nem concordam nem discordam que os programas feitos
são aqueles que os funcionários precisam e o governo solicita.
“Não sei se os projetos são muito abrangentes, ou se eles envolvem as
pessoas de fora, porque pelo menos para mim isto não está claro. Acredito
que essa informação não é muito divulgada. Mas a sociedade não cobra não.
Nem se posiciona sobre isso. O governo também não”.
“Acho que eles devem fazer como os funcionários precisam, mas não tenho
certeza. O governo eu acho que não interfere”.
Para os consumidores investigados, a empresa procura dispor práticas e iniciativas que
satisfazem o público interno. Esse é o entendimento deles. Entretanto, em relação ao
alinhamento às exigências do governo ou da opinião pública, eles acreditam que esta
iniciativa não há de fato, não por falhas ou falta de empenho da Têxtil, mas por características
da comunidade e do governo, os quais não demonstram exigências ou interesse necessários
para tal.
O comportamento pró-ativo obteve uma média de 4,43 e desvio padrão de 1,03. Os
projetos feitos por iniciativa própria foram pouco concordados pelos investigados, com
46,7%; e a mesma opinião, com 33%, foi para os projetos contra erradicação do trabalho
infantil, analfabetismo e outros. Sobre isso, os entrevistados pontuaram:
“Não tenho certeza sobre a existência desses projetos. Conheço o projeto
educacional, mas não sei como funciona mesmo”.
“Acho que o foco não é para antecipar-se aos problemas, só se eles forem em
grande quantidade, mas nunca ouvi falar que a [Têxtil] enfrenta grandes
conflitos ou questões problemáticas”.
Os consumidores, na verdade, atribuem maior parte de sua falta de conhecimento às
lacunas da empresa no que tange à sua transparência e disposição de informações para os
agentes externos. Realmente, não há uma cultura ou hábito de muitas empresas da localidade
de praticar tal procedimento, como também, os consumidores ou a comunidade não dispõem
de interesse necessário para isso.
Dentre as respostas dos consumidores analisadas, fica a compreensão de que os
comportamentos evidenciados no modelo tridimensional de performance social de Carroll
(1979) não são totalmente aplicáveis ou característicos da Têxtil. Mas pela natureza e
tipologia de suas opiniões, é possível relacionar o comportamento acomodativo como o mais
160
direcionado à organização, já que alguns consumidores reiteram que possivelmente a empresa
pode estar alinhada às opiniões ou requerimentos do público externo, se houver.
4.1.6.3 Dimensão Ações e Programas
Esta dimensão obteve grande número (o maior) de opiniões de nenhuma concordância
ou nenhuma discordância. O que ocorre é que os consumidores não verificaram como foco da
organização em questão as ações abordadas, tendo pouca concordância apenas com a ação
segurança do produto. O gráfico 18 dá uma ideia.
73,3%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0%
13,3%
6,7%
13,3%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0%
6,7%
33,3% 33,3%
6,7%
0,0% 0,0% 0,0%
6,7%
0,0%
73,3%
66,7%
46,7%
53,3%
73,3%
40,0%
6,7%
33,3%
66,7%
46,7%
26,7% 26,7%
6,7% 6,7%
0,0%
53,3%
46,7%
26,7%
20,0%
26,7%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
6,7% 6,7%
46,7%
40,0%
6,7%
26,7%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Consumo Consumo1 Meio Ambiente Meio Ambiente1 Discriminação Discriminação1 Segurança doProduto
Segurança doProduto1
Segurança doTrabalho
Segurança doTrabalho1
Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda Concorda Pouco
Concorda Muito Concorda Totalmente Gráfico 18: Resultados da Dimensão Ações e Programas - Consumidores
Fonte: Dados da Pesquisa
Da conformidade ou não com as variáveis apresentadas, têm-se os seguintes valores
para cada ação ou programa apresentado:
AÇÕES E PROGRAMAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de Variação (%)
CONSUMO 4,23 0,51 12
MEIO-AMBIENTE 3,53 0,78 22,2
DISCRIMINAÇÃO 4,23 0,78 18,4
SEG. PRODUTO 5,23 0,75 14,4
SEG. TRABALHO 4,53 0,78 17,2
Tabela 24: Valores Quantitativos para a dimensão Ações e Programas - Consumidores
Fonte: Dados da Pesquisa
161
As médias ponderadas referentes às ações e programas consumo, meio ambiente e
discriminação mostram valores iguais para o consumo e discriminação, e pequena
aceitabilidade para o meio ambiente. Conforme já abordado, ações com foco no meio
ambiente não são desenvolvidas na comunidade local, bem como a disposição de informações
sobre preservação ou educação ambiental. O foco no consumo também foi pouco
evidenciado, tanto pelos entrevistados quanto pelas pessoas que participaram da pesquisa
quantitativa, mas agora deveu-se ao fato do pouco conhecimento sobre a disposição das
normas técnicas e o atendimento pós-venda:
“Eu não posso te afirmar com certeza, até nunca prestei atenção pra esse fato
sabe. Mas acho que a empresa deve dispor sim as normas técnicas, é
necessário né”.
Em relação ao foco discriminatório, 53,3% concordam pouco que desconhecem o
acontecimento de discriminação social ou racial entre funcionários ou com outras pessoas no
âmbito da empresa. Sobre isso, pontuam:
“Acho que a discriminação mesmo é uma coisa muito forte e até ruim pra
empresa, e ela deve fazer de tudo pra que isso não aconteça. Não ouvi falar
que isso aconteceu, e se acontece mesmo acho que só quem fica sabendo
mesmo é o pessoal de dentro. O foco social? Pode ser sim a discriminação,
mas não sei te dizer com certeza”.
A segurança do produto foi o centro de atenções que obteve maior aceitabilidade, com
média 5,23 e 46,7% de muita concordância sobre o não oferecimento de riscos do produto
para a saúde dos consumidores; e 40% de muita concordância que a empresa atende às
normas de excelência do padrão de qualidade do produto.
Existe uma confiança dos consumidores em relação ao produto vendido e uma crença
de que a empresa deve fazer o possível em relação à sua fabricação para que eles sejam de
qualidade. Possivelmente, a Têxtil deve proporcionar aos seus funcionários programas e
benefícios sociais que os fazem melhor dispostos para as tarefas diárias, na busca de uma
qualidade de trabalho boa para que eles possam produzir eficientemente, já que conforme os
funcionários o foco de atuação social da empresa são eles próprios.
Por fim, a segurança do trabalho acompanhou a percepção das outras ações e
programas: consumo, meio ambiente e discriminação. Dentre os consumidores pesquisados,
67% não têm o efetivo conhecimento de que ocorreram acidentes no trabalho nos últimos dois
anos, o que é um dado positivo para a empresa. Em contrapartida,46,7% nem concordam nem
discordam que os funcionários utilizam equipamentos de proteção para realizar suas
162
atividades no trabalho. Esta última compreensão foi originada da falta deste tipo de
informação, já que está intimamente relacionada a características internas da organização.
Em suma, a percepção dos consumidores sobre a postura social da Têxtil pode ser
observada conforme o cubo a seguir:
Figura 18: Cubo Tridimensional – Percepção dos Consumidores
Fonte: Adaptado de Carroll (1979)
Em detrimento das análises anteriores, as três dimensões evidenciadas não foram
totalmente concordadas pelos consumidores. A análise mostra que muitas das variáveis da
dimensão ações e programas não foram concordadas nem discordadas, ou seja, eles não veem
muita aplicabilidade delas como foco social da Têxtil.
4.1.7 Comunidade
Os indivíduos da comunidade selecionados para a participação no estudo possuem
conhecimentos limitados sobre os programas sociais pela empresa desenvolvidos. Mas ainda
assim efetivou-se a pesquisa para verificar até que ponto as informações eram repassadas e
dispostas entre os integrantes da comunidade. O projeto educacional é conhecido de maneira
concisa, os projetos em parceria são pouco mencionados e os de iniciativa própria não foram
tidos com informações relevantes para abordagem na pesquisa.
A análise das dimensões a seguir mostra o entendimento sobre responsabilidade social
e sobre a atuação da Têxtil no que concerne a este assunto.
4.1.7.1 Dimensão Categorias
Nas categorias de responsabilidade social, as percepções não foram muito
homogêneas, principalmente porque as pessoas demonstraram diferentes compreensões acerca
163
do conceito de responsabilidade social, suas formas de atuação e influência, tanto para uma
empresa como para a comunidade na qual ela se insere.
Nesse sentido, a análise do gráfico evidencia um ponto como não resposta, referente à
cor azul, uma vez que os cidadãos participantes não responderam algumas das afirmações
dispostas nos questionários – instrumento quantitativo – bem como as entrevistas –
instrumento qualitativo.
O gráfico a seguir evidencia as respostas e seu nível de concordância.
88,9%
0,0% 0,0% 0,0%
55,6%
11,1%
77,8%
11,1%
0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
11,1%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
88,9%
0,0%
44,4%
0,0%
11,1% 11,1%
0,0% 0,0% 0,0%
22,2%
44,4%
55,6%
44,4%
33,3%
55,6%
22,2%
0,0%
44,4%
0,0%
44,4% 44,4%
0,0%
33,3%
0,0% 0,0%
33,3%
0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Econômica Econômica1 Legal Legal1 Ética Ética1 Discricionária Discricionária1
Não resposta Discorda Totalmente Discorda Muito
Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda Concorda Pouco
Concorda Muito Concorda Totalmente Gráfico 19: Resultados da Dimensão Categorias - Comunidade
Fonte: Dados da Pesquisa
Os valores para cada categoria estão dispostos conforme a tabela a seguir:
CATEGORIAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de Variação (%)
ECONÔMICA 5,39 0,62 11,5
LEGAL 5,17 0,51 9,8
ÉTICA 3,40 0,00 0
DISCRICIONÁRIA 4,22 0,74 17,6
Tabela 25: Valores Quantitativos para a dimensão Categorias - Comunidade
Fonte: Dados da Pesquisa
Para a categoria econômica, a comunidade mostrou uma forte concordância, a média
foi de 5,39, o desvio padrão de 0,62 e a variação das respostas foi baixa, de 11,5%. Houve
grande e total concordância nas variáveis: produtos de qualidade e de acordo com os
requisitos, e preços adequados ao poder de compra dos consumidores, os valores foram
respectivamente de 55,6% e 44,4%. Para a comunidade, todos os artigos conhecidos de
164
fabricação da empresa são adequados e de qualidade, bem como os preços, dada a demanda
que querem atingir.
Com isto, esta categoria foi avaliada pela comunidade como a característica principal
da empresa. Esta constatação é principalmente originária do não conhecimento sobre as
atividades voluntárias, próprias ou não, de caráter ético ou normativo, que indicam claramente
as opiniões e objetivos da empresa. O não conhecimento maior sobre estas questões leva a
categoria econômica a ser o atributo principal que rege as ações e iniciativas da Têxtil,
segundo a comunidade a que ela faz parte.
A categoria legal obteve pouco menos de aceitação, com 5,17 de média e 9,8% de
variação das respostas dadas. Nesta categoria, a primeira variável não foi respondida por
55,6% da comunidade pesquisada, que foi a conformidade dos produtos com as normas do
código de defesa do consumidor; e 55,6% concordaram pouco que a empresa desenvolve suas
atividades dentro da legalidade. Com isso, observa-se que a comunidade não tem muito
conhecimento sobre as características dos produtos oferecidos; bem como analisam as ações
dentro da legalidade como suposições, e não como constatações oriundas de informações
geradas pela empresa.
“Não tenho conhecimento muito sobre isso. Acho que é tudo dentro da
legalidade sim”.
A categoria ética não obteve significativa verificação de aplicabilidade da empresa. Na
verdade, um montante de 77,8% da comunidade não respondeu sobre o respeito à integridade
física e moral de funcionários e clientes. E ainda 88,9% discordam pouco que a empresa
possui e divulga seu código de ética. Pela falta de meios que garantam maior transparência e
informação para os atores externos à organização, até pelo fato de este não ser um objetivo
prioritário, a comunidade acaba por ficar sem o conhecimento das práticas e processos que
regulam as atividades sociais do negócio em questão. Assim, a média de respostas foi de
apenas 3,40, não sendo possível verificar desvio padrão e variação de respostas para esta
categoria.
De acordo com a análise da categoria discricionária, verifica-se que o conhecimento
sobre responsabilidade social é um pouco restrito entre algumas das pessoas entrevistadas.
Nem sempre elas relacionam o conceito às ações implantadas. As respostas a seguir podem
mostrar o entendimento e opinião de alguns da comunidade.
165
“Campanhas pra melhorar a vida aqui não tem. Conheço sim o [projeto
educacional], mas não são eles que procuram os jovens aqui pra participar,
tem a ajuda de, acho que outra empresa, do governo”.
“Não sei se tem abertura pra tratar problemas daqui. Mas acho que não existe
esse costume sabe. Não, não tem incentivo [para interação com a
comunidade]. É como te falei, é falta de costume”.
Com isso, esta categoria obteve média 4,22 e dispersão mediana de 17,6%. As
opiniões mostraram-se assim um pouco heterogêneas, conforme se pode observar no gráfico.
Na primeira variável, 44,4% da comunidade concordaram pouco que a organização
desenvolve projetos ambientais ou educacionais, e a mesma porcentagem nem concorda nem
discorda que promove campanhas voltadas para melhoria da qualidade de vida das pessoas da
região e se mostra aberta a atender a comunidade.
Nesse sentido, houve maior conhecimento e opinião sobre as ações pela Têxtil
implantadas. Mas a categoria discricionária não obteve aceitabilidade necessária como
característica social da empresa, de acordo com a comunidade.
4.1.7.2 Dimensão Comportamentos e Respostas
Em relação aos comportamentos e respostas, as percepções não foram distintas, apesar
de que novamente houve um contingente de pessoas que não respondeu a algumas variáveis
da pesquisa, conforme se observa no próximo gráfico.
88,9%
0,0%
11,1%
88,9%
22,2%
77,8%
44,4%
22,2%
33,3%
66,7%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
11,1%
0,0% 0,0%
55,6%
11,1%
44,4%
0,0% 0,0%
44,4%
33,3%
0,0%
33,3%
0,0%
33,3%
0,0% 0,0%
22,2%
33,3%
11,1%
0,0% 0,0% 0,0%
22,2%
44,4%
0,0% 0,0%
11,1%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
11,1%
0,0% 0,0%
11,1%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Reativo1 Reativo Defensivo Defensivo1 Acomodativo Acomodativo1 Pró-Ativo Pró-Ativo1
Não resposta Discorda Totalmente Discorda Muito
Discorda Pouco Nem concorda/nem discorda Concorda Pouco
Concorda Muito Concorda Totalmente Gráfico 20: Resultados da Dimensão Comportamentos e Respostas - Comunidade
Fonte: Dados da Pesquisa
166
A tabela a seguir explana em detalhes cada resposta e os valores encontrados mediante
a percepção da comunidade.
COMPORTAMENTOS E
RESPOSTAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de Variação (%)
REATIVO 3,33 0,26 7,8
DEFENSIVO 3,78 0,26 7,0
ACOMODATIVO 4,00 0,57 14,2
PRÓ-ATIVO 4,00 0,77 19,3
Tabela 26: Valores Quantitativos para a dimensão Comportamentos e Respostas - Comunidade
Fonte: Dados da Pesquisa
A visão de como é o comportamento ou respostas da empresa foi um pouco difusa; a
tabela mostra que o comportamento acomodativo obteve a mesma média que o pró-ativo.
A comunidade entende que a empresa não é reativa porque, da própria parte deles, não
há qualquer tipo de reclamação ou requerimento. Eles também não acreditam ser evidente ou
aparente qualquer tipo de problema que ameace os objetivos da empresa.
“Acho que não existem problemas graves. As pessoas não procuram qualquer
diálogo com a empresa, por isso uma reação à conflitos não existe”.
Assim, o comportamento reativo obteve média 3,33, tendo uma discordância um
pouco maior que o defensivo, com média 3,78, ambos com desvio padrão de 0,26 e pequena
variabilidade de respostas em torno de 7%. A resposta defensiva também não foi considerada,
já que a variável receptividade da empresa para tratar problemas sociais foi vista com 44,4%
de pouca discordância e a variável desenvolvimento de programas sociais para evitar
acidentes ou conflitos com 77,8% sem respostas.
O comportamento ou resposta acomodativo foi mais bem concordado pela
comunidade, que mostrou média de respostas 4 e variabilidade de 14,2%. Ainda assim, 44,4%
concordam pouco que as ações sociais são feitas para cumprir às exigências legais, e também
44,4% discordam pouco que a empresa desenvolve os projetos sociais que os funcionários
precisam e o governo solicita. A comunidade pesquisada entende que não há interação, nem
troca de opiniões, e que esse diálogo deve ser uma ação ou processo recíproco. Assim, a
adequação às exigências do governo e da opinião pública fica comprometida, não
necessariamente pela organização, mas pela própria atuação do governo e da comunidade, que
167
não estão ainda com uma relação estreita e consolidada com a empresa para troca de
informações e ideias.
“Essa é uma questão a se discutir, já que, por exemplo, o líder comunitário
não tem quase que nenhuma discussão com a empresa. As pessoas também
não [...] Mas é que existem outras coisas, e também acho que a
responsabilidade social é melhor tratada por eles, que estão mais ligados. Não
sei se os projetos são abrangentes, mas pode ser pra eles lá dentro, porque
pelo nosso conhecimento não é”.
A pró-atividade, também com uma opinião que gerou média 4, é vista como mais
característica do comportamento social da empresa. A comunidade pesquisada acredita que
existem projetos consolidados, ainda que não saibam se a iniciativa é própria ou em parceria.
“Sei que eles adotam programas educativos, como o [projeto educacional], e
alguns agente ouve falar que são feitos na fábrica, pra os funcionários, mas
não sei detalhar como eles são”.
“Sim, a empresa faz projetos sociais, mas acho que eles são mais pra o
pessoal lá de dentro mesmo”.
A variável adoção de projetos sociais, internamente ou na comunidade local por
iniciativa própria, obteve 33,3% de nenhuma concordância ou nenhuma discordância. A
segunda referente à adoção de projetos contra erradicação do trabalho infantil, analfabetismo,
discriminação, incentivo à cultura ou outros não foi respondida por 66,7% da comunidade
pesquisada. Para os pesquisados, os programas sociais existem e são desenvolvidos na
empresa de maneira satisfatória, mas essas são suposições e entendimentos consequentes,
dada a observação não participante que alguns realizaram. Deste modo, eles acreditam que a
resposta característica é a pró-ativa, já que eles sabem de maneira sucinta da aplicação de
atividades sociais.
4.1.7.3 Dimensão Ações e Programas
Esta dimensão foi a que apresentou menor conhecimento e menor concordância em
relação às ações e programas apresentados. O gráfico seguinte dá uma primeira impressão
sobre os resultados encontrados.
168
100,0%
0,0%
66,7%
100,0%
0,0%
11,1%
77,8%
0,0% 0,0%
55,6%
0,0%
66,7%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0%
44,4%
11,1%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0%
55,6%
66,7%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%0,0% 0,0% 0,0%
11,1%
0,0% 0,0% 0,0%
11,1%
0,0%
11,1%
22,2%
0,0% 0,0% 0,0%
22,2%
33,3%
11,1% 11,1%
44,4%
11,1%11,1%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
66,7% 66,7%
0,0%
44,4%
11,1%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
22,2% 22,2%
11,1%
0,0%
Consumo Consumo1 Meio Ambiente MeioAmbiente1
DiscriminaçãoDiscriminação1
Segurança doProduto
Segurança doProduto1
Segurança doTrabalho
Segurança doTrabalho1
Não resposta Discorda Totalmente Discorda Muito Discorda Pouco
Nem concorda/nem discorda Concorda Pouco Concorda Muito Concorda Totalmente Gráfico 21: Resultados da Dimensão Ações e Programas - Comunidade
Fonte: Dados da Pesquisa
Para cada ação ou programa, foram encontrados os valores:
AÇÕES E PROGRAMAS Valor Médio Desvio - Padrão Coeficiente de Variação (%)
CONSUMO 5,33 0,29 5,4
MEIO-AMBIENTE 2,76 0,53 19,2
DISCRIMINAÇÃO 5,55 0,25 4,5
SEG. PRODUTO 6,00 1,05 17,5
SEG. TRABALHO 5,50 0,85 15,5
Tabela 27: Valores Quantitativos para a dimensão Ações e Programas - Comunidade
Fonte: Dados da Pesquisa
Na ação ou programa consumo, grande parte dos pesquisados não responderam as
variáveis apresentadas, no entanto, para as respostas válidas, houve uma média 5,33. A
primeira variável não foi respondida por 66,7% da comunidade pesquisada, a qual consistiu
na adequada disposição das normas técnicas dos produtos. Apenas 22,2% concordam pouco
que ela é aplicável. A segunda variável não foi respondida pelos pesquisados, a qual consistiu
em saber sobre o atendimento pós venda. As entrevistas mostraram que a comunidade não
tem efetivo conhecimento sobre essas especificidades, às quais estão relacionadas diretamente
com o processo logístico da empresa.
“Nunca procurei este tipo de informação. Mas acho que o foco não deve ser
esse, tem outras coisas pra se trabalhar no social”.
169
Na opinião sobre meio ambiente, a média de 2,76 mostra que a concordância é bem
pequena, e não houve muita variação de respostas nesse sentido, de 19,2%. A variável
desenvolvimento de projetos de preservação ambiental na comunidade foi pouco discordada
por 55,6%. E o fornecimento de informações sobre educação ambiental foi também pouco
discordada por 66,7% da comunidade pesquisada. Essas iniciativas não se mostraram como
foco ou área de interesse da administração. Assim é percebido pela comunidade.
“Não existe políticas de preservação ambiental não. Ou pelo menos não tenho
conhecimento. Também nunca ouvi falar de algum interesse sobre isso [...]
Preservação ambiental ou desenvolvimento sustentável não tem tanta
valorização aqui pelas empresas da região”.
Atividades para impedir a discriminação são vistas pela comunidade com opiniões
similares, já que a variação foi de 4,5%. A média de 5,55 apresenta uma concordância em
relação às respostas dadas. O desvio padrão de 0,25 apresenta-se pequeno, dada a
equivalência das respostas. Em relação ao conhecimento de que não existem barreiras à
contratação de pessoas com mais de 45 anos de idade ou por outra razão, 77,8% da
comunidade não efetivou respostas. Seria natural o entendimento ou conhecimento deste tipo
de informação por parte dos pesquisados se a empresa disponibilizasse procedimentos
relacionados à transparência necessária para tal. As informações podem ser dadas a qualquer
indivíduo que solicitá-las à empresa, mas a falta de um balanço ou até mesmo de um site
apropriado na internet que favoreça o conhecimento destes tipos de dados dificulta uma
percepção positiva da comunidade.
O mesmo não acontece com a segunda variável, que consiste no desconhecimento por
parte da comunidade do acontecimento de discriminação social ou racial entre funcionários ou
outros relacionados à empresa. Eles demonstram que informações deste tipo são mais
facilmente divulgadas, e que, de fato, esta conduta não existe.
Apesar da concordância com a não discriminação, a maior média, 6, foi originária do
foco segurança do produto. E as respostas não foram heterogêneas, pois a variação foi de
17,5%. O atendimento às normas de excelência do padrão de qualidade do produto não foi
respondido por 55,6% da comunidade. Entretanto, houve muita concordância, de 66,7%, em
relação ao não oferecimento de riscos por parte dos produtos à saúde dos consumidores.
Esse entendimento é originário da confiança gerada pelos produtos vendidos. As
pessoas os consideram de boa qualidade e, até certo ponto, dentro de seu conhecimento
restrito, conforme as normas requisitadas.
170
“Os produtos são sim de qualidade. Tanto as roupas quanto os artigos para
cama e banho. Desse ponto de vista da fabricação acho que a empresa cuida
pra que seja bem feito, acho que ela tem o cuidado”.
“Sim os produtos são de qualidade. Acho que a comunidade não tem do que
reclamar nesse sentido”.
O foco na segurança do produto é considerado no momento em que a comunidade
acha ou entende que a fabricação e a própria administração da organização tem a preocupação
de oferecer produtos sem riscos ou com o mínimo de defeitos.
A segurança no trabalho apresentou média de respostas de 5,50 e baixa dispersão de
15,5%. Houve muita concordância, de 44,4%, de que não há o conhecimento de acidentes nas
operações do trabalho nos últimos dois anos. Houve um déficit de respostas apenas em
relação à utilização de equipamentos de proteção no trabalho.
Os membros da comunidade entrevistados revelaram não ter conhecimento da
ocorrência de acidentes. E acreditam que a relevância social deve começar com a garantia e
esforço contínuo para um adequado e seguro ambiente de trabalho.
“Acho que se for pra ter responsabilidade social, a primeira coisa é manter
boas condições pra trabalhar. Não adianta pensar em fazer coisas boas ou pra
a comunidade ou pra empresa mesmo se os funcionários não estão satisfeitos
com o trabalho”.
Outros entrevistados manifestaram opiniões similares; e, de acordo com o exposto, é
possível verificar que, segundo eles, o foco de atuação social, até pelas informações ou pouco
conhecimento por eles tidos, seja a segurança do produto.
O cubo a seguir explana a opinião da comunidade:
Figura 19: Cubo Tridimensional – Percepção da Comunidade
Fonte: Adaptado de Carroll (1979)
171
As percepções da comunidade encontram-se difusas e existe uma grande necessidade
de maior disponibilidade de informações sobre a Têxtil a eles, sob a prerrogativa de que seu
entendimento e observação encontram-se muitas vezes fora ou diferente da realidade da
organização. É necessário que a comunidade a qual circunda a empresa saiba ou entenda seus
objetivos, tenha confiança em suas atitudes e possa manifestar, quando possível, uma ajuda,
apoio ou descontentamento quando da adoção de suas práticas.
Após a explanação da percepção e entendimento dos stakeholders da Têxtil
pesquisados, observa-se uma análise em conjunto de suas interpretações por meio do cubo
tridimensional de performance social.
4.2 Cubo Tridimensional de Performance Social
A categoria econômica apresentou uma concordância grande ou quase total em muitas
das percepções analisadas. Praticamente todos os stakeholders pesquisados entendem que
aspectos de natureza econômica são eficientemente administrados pela Têxtil. Este dado
corrobora o pensamento de Friedman (1984), e Donelly, Gibson e Ivancevich (2000), que
abordam que a principal finalidade da empresa é a garantia do efetivo retorno financeiro aos
envolvidos. Carroll (1979) aponta que a eficiência da categoria econômica é indispensável
para o sucesso da empresa, e que deve ser permanente para a sobrevivência de qualquer
negócio, e, sendo assim, a Têxtil pode ser considerada, segundo seus stakeholders, como
eficiente neste aspecto.
A categoria legal obteve as maiores percepções de concordância por causa do
entendimento, também quase que conjunto, de que a empresa busca legitimidade e seriedade
garantidas pela consideração de requisitos legais. Os stakeholders percebem que, sem a
devida adequação a esses requisitos, não é viável o planejamento social, e enfocam também
que as ações da empresa, as quais são em benefício de seus funcionários, estão em sua
maioria dispostas conforme os parâmetros legais.
Os stakeholders entendem que não há muita aplicabilidade da categoria ética. Ainda é
necessário o fomento de algumas ferramentas internas e a conscientização da importância da
implantação deste aspecto no cotidiano das atividades, ou seja, uma cultura propícia tem que
estar em constante trabalho para fornecer maior abertura da diretoria e ambiente de
entrosamento na adoção de princípios éticos. Nenhum stakeholder viu esta categoria como
característica da empresa pesquisada.
172
A não ocorrência de parcerias com ONG‟s – Organizações Não Governamentais -, a
não adoção de projetos por iniciativa própria na comunidade e a pequena disseminação de
informações e consequente conhecimento sobre a empresa fazem com que os pesquisados não
verifiquem ou caracterizem a Têxtil como discricionária. As doações realizadas para institutos
da comunidade local e alguns benefícios concedidos ao público interno não foram tidos como
suficientes para tal caracterização.
Algumas particularidades foram observadas, como a grande concordância dos
fornecedores com a aplicação das categorias do modelo. O contrário foi colocado pelos
consumidores, que não verificaram as categorias do modelo tridimensional como
características apropriadas da empresa. Já os parceiros apresentaram posicionamentos
contrários sobre as categorias na pesquisa quantitativa e qualitativa: os dados quantitativos
indicaram a categoria legal, já os qualitativos mostraram um posicionamento discricionário.
Outro ponto a destacar foi a grande discordância com o comportamento reativo. E este
fato está diretamente relacionado à realidade da empresa, conforme já abordado. A opinião
acomodativa foi a que obteve maior aceitabilidade por praticamente todos, já que a Têxtil
possui realmente um caráter legal (o que foi pontuado pelos investigados), e existe uma
estreita relação entre as exigências legais e a opinião do público externo e do governo.
Há que se destacar que quanto mais conhecimento as pessoas investigadas mostravam
sobre a empresa, maior era o entendimento de que suas ações eram mais direcionadas ao
âmbito interno, aos funcionários. E, sendo assim, esta ação ou programa foi inserida no
modelo tridimensional para efeito desta pesquisa, já que, conforme Carroll (1979), esta
dimensão permite que o observador ou pesquisador posicione o foco que for mais
característico da empresa em análise.
A segurança do produto foi igualmente concordada com os funcionários como foco
social da organização. Entretanto este diagnóstico foi feito mediante o pouco conhecimento
tido sobre a atuação da Têxtil, e mediante também a constatação de que os produtos são
seguros e de qualidade, o que leva a crer que a empresa tem como centro de atenções a
eficiente fabricação dos produtos.
A adoção do programa 5‟s pela Têxtil serve de base para esse centro de atenções nos
funcionários, como também é o primeiro passo para projetos mais audaciosos como a
certificação das normas ISO. Essa base é originada do fato de que tornar o ambiente de
trabalho melhor e modificar as atitudes das pessoas infere numa transformação da qualidade
de vida dos funcionários. A intenção prioritária da Têxtil, segundo observação, é aumentar a
173
produtividade e reduzir custos e desperdícios, e com isso o programa 5‟s acaba por influenciar
beneficamente a realização das atividades e a postura dos funcionários.
Esse foco social é visto por eles próprios, mas reiteram que as relações de cooperação
e trabalho em equipe precisam de maior consolidação e efetividade, de maior compromisso
ético, e talvez de maior relevância sobre suas reais necessidades, algo que, para eles, não está
sendo propriamente considerado pela organização.
Com isso, observam-se opiniões não muito distintas, e que estão baseadas nas
características e realidade da empresa. A seguir tem-se um cubo geral onde é possível
verificar a opinião de todos os stakeholders da Têxtil pesquisados.
Figura 24: Cubo Tridimensional – Percepção dos Stakeholders pesquisados
Fonte: Adaptado de Carroll (1979)
LEGENDA:
PARCEIROS CLIENTES
FUNCIONÁRIOS CONSUMIDORES
DIRETORES COMUNIDADE
FORNECEDORES
Pela observação do cubo, é possível verificar que as opiniões que obtiveram maior
aceitabilidade nas três dimensões do modelo, as quais são respectivamente Categorias de
Performance Social, Comportamentos e Respostas e Ações e Programas foram a Legal,
Acomodativa e Funcionários.
De uma maneira geral, os stakeholders percebem que os projetos pela Têxtil
trabalhados não têm ainda um caráter abrangente, que possa ser considerado pró-ativo, e que
174
dessa forma está mais voltado às especificações do governo ou da opinião pública, por não ter
uma iniciativa propriamente voluntária.
Nem todas as pessoas sabem que a Têxtil ainda é “principiante” no trato da
responsabilidade social. Algumas pessoas do público externo, principalmente, verificam que a
empresa possui uma postura abrangente e consolidada. Esta opinião errônea é derivada do
fato de que iniciativas sociais de empresas da comunidade local não são frequentes, como
também a responsabilidade social não é um conceito amplo para operacionalização ou
planejamento efetivo. Com isso, mínimas iniciativas direcionadas à RSE são vistas com total
singularidade e importância.
Outro ponto a destacar seria o de que os funcionários voluntários e os não voluntários
obtiveram opiniões um tanto difusas quanto às dimensões apresentadas. O grande número de
funcionários da empresa não está diretamente envolvido com as ações sociais, e verificou-se
que esta parcela de pessoas não está propensa a ter uma opinião ou visão totalmente positiva
dessas iniciativas e benefícios internos, isto porque os funcionários relacionados aos projetos
os caracterizam como voluntários e benéficos àqueles a que se destinam. No entanto, a visão
geral é de que há uma grande necessidade de maior troca de informações e ideias entre
diretoria e funcionários gerais, e que nem sempre a intenção dos projetos é totalmente
alcançada.
175
Capítulo 5 – Conclusões
Conforme especificado na fundamentação teórica do presente estudo, a RSE
evidencia-se como um tema em ascensão e passível a muitas lacunas, tanto do ponto de vista
de seu conceito quanto principalmente de sua operacionalidade. Paralelo e apesar deste fator,
observa-se que iniciativas e projetos de cunho social estão obtendo maior importância e
representatividade na estratégia de negócios de empresas da atualidade.
Com isso, o esclarecimento de ferramentas que objetivem aumentar o campo de
conhecimento e promover aplicabilidade a conceitos e ideias não claramente práticos
apresenta devida importância. Foi nesse sentido que esse estudo procurou trabalhar, uma vez
que o modelo tridimensional oferece abordagens e entendimentos, mas necessita de
esclarecimentos e direcionamentos para que seja efetivado ou aplicado dada a realidade do
momento. O conhecimento sobre ações socialmente responsáveis, bem como sua aplicação,
obtém, com esta pesquisa, a possibilidade de maior consideração e campo de estudo,
principalmente pela construção de parâmetros, instrumentos e variáveis de pesquisa para o
modelo tridimensional de performance social criado em 1979.
Coloca-se a importância de estudar e efetivar aplicabilidades para modelos conceituais
de RSE, dada a necessidade que as empresas têm de estruturar e fomentar ações sociais, e
dada a necessidade de estudos desta natureza na literatura relacionada.
A pergunta de pesquisa que norteou a construção da presente dissertação foi: “Quais
as percepções que os diversos tipos de stakeholders podem apresentar acerca da RSE adotada
por uma empresa do setor têxtil?”.
Para responder a esta pergunta, utilizou-se um modelo conceitual de RSE muito
conhecido, mas pouco aplicado na academia, o modelo tridimensional de performance social
ou simplesmente cubo tridimensional de Carroll (1979), o qual fornece ângulos de análise que
priorizam as interpretações e participações dos stakeholders de uma organização.
Construíram-se variáveis e instrumentos de pesquisa específicos para a devida análise
mediante este modelo, os quais não tinham sido criados pelo autor, e que se constituem na
principal contribuição acadêmica deste estudo. Analisou-se quem eram os stakeholders que
conheciam as ações da empresa Têxtil e verificou-se a percepção e entendimento que estes
tinham sobre elas, procurando-se evidenciar os acontecimentos relacionados a estas opiniões.
De uma maneira geral, os stakeholders apresentaram percepções similares sobre as
ações sociais da Têxtil, apesar de possuírem distintas atuações na empresa. Conforme o cubo
176
tridimensional apresentou, os projetos sociais são vistos em sua maioria com um enfoque
legal, uma resposta acomodativa e um foco social nos funcionários.
O pouco conhecimento sobre as ações sociais e sobre a própria Têxtil leva alguns
membros externos a apresentarem uma visão que não se enquadra com a realidade da
empresa. Os consumidores, por exemplo, acreditam que a característica dos programas da
organização é econômica, a resposta é acomodativa e o foco é a segurança do produto. Esta
percepção é tida porque os consumidores muitas vezes não têm como afirmar ou inferir
opiniões sobre a empresa, e seu entendimento e percepção acabam por direcionar-se, assim,
para a visão de que a atuação social se faz sob os requisitos mínimos possíveis e não sobre
uma característica voluntária e pró-ativa.
Uma quase unanimidade de opiniões esteve relacionada à visão de que a Têxtil não
enfrenta muitos problemas ou apelos sociais que incidam ou requeiram um posicionamento de
resposta direto e firme por parte da empresa, e possivelmente por isso o tipo de
comportamento acomodativo tenha sido o mais concordado pelos pesquisados.
Os stakeholders compreendem ainda que o produto da empresa seja seguro e de
qualidade, o que permitiu que três grupos de pesquisados optassem por este tipo de foco
social da organização. Ainda assim, o centro de atenções nos funcionários foi totalmente
evidenciado, tanto nas entrevistas como nos questionários do público interno pesquisado e
também de alguns do público externo. O projeto educacional é visto pelos investigados como
uma das maiores contribuições da atuação social da empresa, que visa à educação profissional
de jovens e adolescentes, os quais podem inclusive, após o curso, trabalhar na própria fábrica
da organização.
Esses resultados indicam que a percepção do público interno está relacionada à
realidade da organização, com a ressalva de que ainda muitas pessoas, principalmente os
voluntários, precisam de maior conhecimento sobre a atuação socialmente responsável, sobre
os direitos e deveres das organizações e sobre o que elas podem realmente construir em
benefício interno e da comunidade ou região a qual se inserem.
O conhecimento das percepções dos stakeholders de uma empresa sobre sua atuação
social ajuda neste sentido, pois evidencia quais as pessoas mais influenciadas e beneficiadas
pelas ações, como também apresenta onde a empresa pode ou deve trabalhar mais no sentido
de melhorar sua imagem e auferir maiores ganhos quando da participação – trabalho conjunto
– de membros internos e externos a ela.
177
Verificou-se que a RSE da empresa Têxtil não gera benefícios diretos para a
comunidade local, esse conjunto de stakeholders possui pouco conhecimento sobre a empresa,
o que pode dificultar uma opinião positiva sobre sua postura socialmente responsável.
É necessário mais parcerias com fundações, centros de pesquisa, institutos ou
associações no intuito de garantir que sejam gerados projetos realmente abrangentes na
comunidade local e para os próprios funcionários. Esses projetos podem se tornar o impulso
necessário à criação de um balanço social e de uma maior interação com a comunidade local.
A Têxtil pode promover um núcleo mais específico para verificar quais são seus problemas ou
oportunidades considerados prioritários, qual o principal impacto que a empresa causa aos
seus stakeholders, e procurar melhorar a comunicação com os agentes externos.
Se o foco são os funcionários, há que se pensar em mecanismos para melhor dispor
uma interação e troca de informações entre eles e a diretoria, como também relacionar quais
são suas principais questões problemáticas e necessidades.
Constatou-se que a RSE é pouco compreendida na comunidade local, inclusive por
muitos atores sociais os quais fazem parte da realização das atividades. De fato, não existe
apelo social que legitime ou requeira maiores posicionamentos sociais das empresas, e isso
dificulta o investimento e o dispêndio de recursos para tal fim.
O papel social da Têxtil pode ser considerado principalmente como sendo a sua
receptividade para iniciativas ou programas os quais são planejados inicialmente por seu
parceiro. Este é o norteador de todos os projetos mais dinâmicos da organização e, sendo
assim, foi visto pelos stakeholders o seu caráter não discricionário ou pró-ativo. A
receptividade foi demasiadamente citada pelos parceiros entrevistados como o que realmente
faz da Têxtil uma empresa socialmente responsável. Esta percepção os levou a crer, em
dissonância dos outros grupos de pesquisados, que a organização é caracterizada
discricionariamente e sua responsividade é pró-ativa.
O público interno, os funcionários voluntários, gerais e os diretores concordam que a
empresa é legal, acomodativa e com foco nos funcionários. Mas essa percepção é diferente do
público externo, que algumas vezes pontuou o foco em segurança do trabalho e a
caracterização das atividades com a categoria econômica.
Ressalta-se que não é objetivo desta pesquisa analisar as práticas sociais da empresa,
bem como enfocar quais são aquelas que estão certas ou erradas, mas sim analisar, a partir de
um modelo e seus parâmetros e variáveis construídas, como as pessoas pela empresa
influenciadas e que geram influência entendem e percebem o que é feito socialmente por ela.
178
Nesse ínterim, verificou-se que a percepção das pessoas está diretamente relacionada,
obviamente, ao nível de conhecimento que elas têm sobre responsabilidade social. E conclui-
se que quanto menor o conhecimento deste conceito, melhor e mais favorável é a visão sobre
as iniciativas implantadas; e em detrimento disto quanto maior o conhecimento sobre a
responsabilidade social, menor é a opinião de que os projetos da Têxtil são o bastante, são
suficientemente abrangentes.
Conclui-se também que as pessoas não têm uma postura para mudança social da
realidade em que estão situadas, estes comportamentos ocorrem tanto em pessoas da própria
empresa quanto com agentes externos. A comunidade mostrou uma postura por vezes apática
sobre aspectos que podiam melhorar sua própria vida, sobre a atuação de empresas privadas
ou ONG‟s em benefício dos cidadãos da localidade. Isso gera um entendimento de que a
responsabilidade social por vezes não é necessária, e que a atuação do governo é que pode
gerar resoluções ou resultados satisfatórios para membros de uma comunidade local.
Os stakeholders possuem relações diretas e indiretas com a organização e estas
relações precisam ser consideradas e investigadas para que seja possível à empresa interagir
da melhor maneira possível, sobre os interesses e necessidades de cada conjunto no intuito de
evitar problemas e gerar maiores ganhos e oportunidades para todos.
O trabalho social da Têxtil é dirigido aos stakeholders internos que são os funcionários
em geral: operários e membros da administração. Esse foco acaba por desvalorizar a opinião e
até julgamento dos agentes externos, que tem participação indireta com as atividades da
empresa, uma vez que são seus stakeholders e podem influenciar com suas opiniões formadas
sobre o negócio.
Dessa forma, pensamentos diversos e contraditórios são passíveis a existir, o que não
foi o caso da Têxtil, mas que podem contribuir inclusive à ocorrência de danos ou visões
errôneas acerca o que está sendo implantado por uma empresa.
Existe uma grande lacuna entre a organização estudada e muitos de seus stakeholders,
que consiste num espaço vazio que a própria empresa não mostra interesse ou prioridade em
preencher. Trata-se de uma questão de interesse ou atenção da Têxtil. Como também, os
agentes externos não mostram interesse significativo em conhecer mais sobre o que podem
fazer ou como podem ser beneficiados por uma organização privada.
Assim, foi possível concluir sobre as dimensões do modelo de performance social:
1ª Dimensão – Categorias de Responsabilidade Social: A categoria legal, que para Carroll
(1979) é validada pela adequação à estrutura dos requerimentos legais impostos à existência
179
das empresas, é a que mais se assemelha às atitudes da Têxtil, sendo suas ações sociais mais
apropriadas para essa característica. A categoria econômica obteve concordância significativa,
já que todos os outros papéis de uma organização são derivados desse pressuposto
fundamental. A categoria ética não foi considerada como característica da Têxtil por nenhum
grupo de stakeholders pesquisado, pois esta dimensão inclui comportamentos ou atividades
que a sociedade espera das empresas. A categoria discricionária envolve iniciativas tidas
como voluntárias ou filantrópicas, as quais ficam por conta do julgamento individual dos
gestores. A maioria das percepções dos investigados foi de que a empresa ainda não possui
número de projetos necessários para tal caracterização. Isso significa que os investimentos
sociais não são suficientes para que sejam vistos como voluntários, e que a existência de
ações de natureza fiscal é conhecida e revelada pelos atores sociais. As relações com a
comunidade não são de natureza estratégica.
2ª Dimensão – Comportamentos e Respostas: os resultados obtidos foram menos
expressivos nesta abordagem, tendo-se verificado que o comportamento reativo é
completamente contrário ao tipo de resposta da Têxtil, já que ela não responde a uma questão
social depois que esta ameaça seus objetivos. Os stakeholders não conhecem desafios que
requeiram um comportamento defensivo, até porque as relações entre comunidade e
funcionários não oferecem abertura necessária para um maior número de reclamações ou
troca de informações. O item acomodativo foi o que obteve maior concordância, e a
motivação para este tipo de resposta é porque apesar de não haver significativas exigências do
governo ou da opinião pública, os stakeholders acreditam que a natureza legal das atividades
feitas está de acordo com uma possível opinião destes agentes, ainda que não sejam aparentes.
E a antecipação a exigências que ainda não foram feitas, que caracteriza um comportamento
pró-ativo, não foi devidamente concordada, e realmente este tipo de conduta não existe na
Têxtil.
3ª Dimensão – Ações e Programas: pela análise desta dimensão, foi possível verificar que,
conforme Carroll (1979) explicitou, a natureza destas ações é diferente para cada indústria e
sua consideração e relevância dependem do contexto e dos stakeholders envolvidos com a
empresa. De acordo com essa constatação, e promovendo o estudo da Têxtil, verificou-se que
o caráter dos projetos e benefícios fomentados pela empresa são principalmente baseados no
bem estar do funcionário, sendo este o foco social da organização. Entretanto, é válido
ressaltar que alguns grupos de pesquisados têm opiniões distintas, e optaram pela segurança
180
do produto – dado seu entendimento de que os produtos são seguros e de qualidade – e pelo
consumo.
Observou-se que as práticas sociais da Têxtil não são muito relacionadas ou
direcionadas para seu conjunto de stakeholders, como também não há muita importância por
parte dela às suas percepções. Existe uma necessidade assim, de que esses agentes possam
dispor de relações mais estreitas e amigáveis, para que seja feita uma correta gestão de
stakeholders por parte da empresa, a qual é tão importante para seu efetivo sucesso. Este
estudo de caso mostra que o conhecimento da percepção e entendimento dos agentes ligados à
organização é importante, pois a abertura e diálogo com esses agentes podem ser responsáveis
por grande volume de benefícios e melhores transações.
A RSE é um campo importante a ser estudado e compreendido, e este entendimento
requer uma análise multidisciplinar. Na visão de Freeman (1984), as ações de RSE de uma
empresa devem atender aos distintos grupos com quem mantém relacionamento, para que seja
possível construir uma rede de relações a fim de garantir a eficiência da organização no
mercado.
Os resultados dispostos auxiliam tanto na forma teórica quanto prática do campo da
RSE, uma vez que avaliam o entendimento dos stakeholders de uma organização, obtendo
como suporte para construção de ideias a teoria dos stakeholders e os modelos de
responsabilidade social, em destaque o modelo tridimensional de performance social. Estes
estudos serviram de base, como também se somam à consolidação desta pesquisa.
5.1 Limitações da Pesquisa
Algumas limitações inerentes ao estudo podem ser identificadas, quais sejam:
Pesquisas com números maiores de amostra precisam ser consideradas, já que foi
feita a análise de funcionários do turno diurno da fábrica.
A amostragem probabilística estratificada não foi completamente explorada
quando da definição do número de pesquisados do extrato, visto que era preciso
contemplar na pesquisa as pessoas que tinham conhecimento e entendimento
necessário e adequado para a construção dos resultados.
5.2 Sugestões para futuras pesquisas
Verifica-se que existe ainda um longo percurso a percorrer nesta temática, e com isso
sugere-se:
O estudo de empresas de outros setores ou ramos de negócio.
181
Referências
ACKERMAN, R. How companies respond to social demands. Havard Business Review, v. 51, n. 4, 1973.
ASHLEY, P. A. A responsabilidade social nos negócios: um conceito em construção. In: ASHLEY, P. A. Ética
e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2002.
ASHLEY, P. A. Gestão Ecocêntrica e consumo responsável: desafios para a responsabilidade social
corporativa. Second World congress of the international society of business, Economics and Ethics, São Paulo,
jul, 2000.
ASHLEY, P. A.; COUTINHO, R. B. G.; TOMEI, P. A. Responsabilidade social corporativa e cidadania
empresarial: uma análise conceitual comparativa. In: Encontro da ANPAD, 24., 2000, Florianópolis. Anais...
Florianópolis: ANPAD, 2000. p. 7-22.
ASHLEY, P. A.; MACEDO SOARES. D. Um Modelo Conceitual para a incorporação de Responsabilidade
Social à Governança das relações negócio-sociedade. In: Encontro da ANPAD, 25., 2001, Campinas. Anais...
Campinas: ANPAD, set 2001. 1 CD.
ATKINSON, A. A.; WATERHOUSE, J. H.; WELLS, R. B. A stakeholder approach to strategic performance
measurement. Sloan Management Review, p. 25-27, Spring 1997.
BLOWFIELD, M. Corporate Social Responsibility: Reinventing the Meaning of Development?
International Affairs, 81 (3), 2005.
BORGER, F. G.. Considerações teóricas sobre gestão da responsabilidade social empresarial. 2001. 254 f.
Dissertação (Doutorado em Administração) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade,
Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2001.
CALIXTO, L. Responsabilidade Social no Brasil: um estudo longitudinal. In: ENANPAD, XXXI. Anais...
Rio de Janeiro, 2007.
CARROLL, A. B. A three-dimensional conceptual model of corporate performance. Academy of
Management Review, v. 4, p. 497-505, 1979.
__________________. Corporate Social Responsibility: evolution of a definitional construct. Business
Society, v. 38, n. 3, 1999.
__________. The Four Faces of Corporate Citizenship. Business and Society Review. Vol.100, n.101, p.1-7,
1998.
__________________. The Pyramid of corporate social responsibility: Toward the moral management of
organizational stakeholders. Business Horizons, v. 34, n. 4, p. 39-48, 1991.
CARROL, A. B.; BUCHHOLTZ, A. K. Business and society: ethics and stakeholder management. USA:
Thomson South-Western, 2003. 5th Ed.
CAVALCANTI, M. M. L.; FALK, J. A. Dimensões e características da Responsabilidade Social em
Pernambuco. In: XXXI Encontro da ANPAD – ENAMPAD, Rio de Janeiro, set. 2007.
CLARKSON, M. B. E. A stakeholder framework for analyzing and evaluating corporate social
performance. Academy of Management Review. v. 20, n. 1, p. 92-117, jan. 1995.
COCHRAN, P.; WOOD R. “Corporate Social Responsibility and Financial Performance,” Academy of
Management Journal 27, March 1984, pp. 42-56, 1984.
COLAUTO, R. D.; BEUREN, I. M. Coleta, análise e interpretação dos dados. In: BEUREN, I. M. (Coord.).
Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2003. p. 118-144.
182
CORRÊA, F. B. S.; MEDEIROS, J. R. C. Responsabilidade Social Corporativa para Quem? 2003.
Disponível em: http://www.ethos.org.br/docs/comunida ... Acesso em junho de 2008.
DAVIS, K; BLOMSTROM, R. Business and Society. 3rd ed. New York: Mc Graw-Hill, 1975.
DRUCKER, P. Introdução à Administração. Tradução Carlos Afonso Malferraro. São Paulo: Pioneira, 1984.
DONALDSON, T.; PRESTON, L. E. The stakeholder theory of the corporation: concepts, evidence and
implications. Academy of Management Review, v. 20, n. 1, p. 65-91, 1995.
DONNELLY, J. H.; GIBSON, J. L.; IVANCEVICH, J. M. Administração princípios de gestão empresarial.
10. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2000.
EILBERT, H., PARKET, I. R. The current status of corporate social responsibility. Business Horizons, 16, 1973,
5-14.
ENDERLE, G.; TAVIS, L. A Balanced Concept of the Firm and Measurement of its longterm Planning and
Performance. Journal of Business Ethics, v.17, n.11, p. 1129-1144, 1998.
FREEMAN, R. E. Divergent stakeholder theory. Academy of management review, New York, v. 24, n. 2, p.
233-236, apr., 1999.
FREEMAN, R. E. Strategic management: a stakeholder approach. Boston: Pitman, 1984.
FREDERICK, W. C. The growing concern over business responsibility. Califórnia Management Review, v. 2,
p. 54-61, 1960.
FREIRE, R.; SANTOS, S.; SOUZA, M.; ROSSETO, C. Responsabilidade Social Corporativa: evolução da
produção científica. In: CNEG IV. Anais... Niterói-RJ, 2008.
FREIRE, R.; SOUZA, M. J. B.; ROSSETO, C. R. Integração da responsabilidade social corporativa à
vantagem competitiva: análise da produção acadêmica. In: XV Simpósio de Engenharia de Produção (XV
SIMPEP), 2008, Bauru – SP, 2008.
FREITAS, H. M. R.; MUNIZ, R. J.; MOSCAROLA, J.; BAULAC, Y. Pesquisa interativa e novas tecnologias
para coleta e análise de dados usando o Sphinx. Canoas: Sphinx, 2002.
FRIEDMAN, M. The social responsability of business is to increase its profits. New York Times Magazine,
september, 1970.
FRIEDMAN, M. Capitalismo e Liberdade. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
GARRIGA, E.; MELÉ, D. Corporate Social Responsibility Theories: Mapping the Territory. Journal of
Business Ethics. Vol. 53, p.51–71. 2004.
GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas S.A, 1995.
GODOI, C. K. Perspectivas do discurso nos estudos organizacionais. In: GODOI, C. K.; MELLO, R. B.;
SILVA, A. B. (org.) Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São
Paulo: Saraiva, 2006.
GRAY, R.; MILNE, M. Towards Reporting on the Triple Bottom Line: Mirages, Methods and Myths. In:
HENRIQUES, A. e RICHARDSON, J. (ed.) The Triple Bottom Line, does it all add up?: Assessing the
sustainability of business and CSR. Earthscan, Londres: 2004.
HELENO, M. L. L. Avaliação do Impacto da Implementação da Responsabilidade Social através das
relações com stakeholders. Dissertação (Mestrado em Estratégia Empresarial) Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra, Coimbra, 2008.
183
HOFF, D. N. A construção do desenvolvimento sustentável através das relações entre as organizações e
seus stakeholders: a proposição de uma estrutura analítica. Tese (Doutorado em agronegócios) Programa de
Pós-graduação em Agronegócios, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
HOPKINS, M. Defining indicators to assess socially responsible enterprise. Future, UK, v. 29, n. 7, p. 581-
603, 1997.
INSTITUTO ETHOS. Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial. São Paulo: Instituto
Ethos, 2005. Disponível em: www.ethos.org.br Acesso em fevereiro de 2009.
KANG, Young-Chul. Before-profit CSR, stakeholder capitalism and just enterprise system. PhD Thesis.
University of Pittsburgh, 1995.
LOGSDON, J.; YUTHAS, K. Corporate social performance orientation, and organizational moral development.
Journal of Business Ethics, n. 16, p. 1213-1226, 1997.
LOURENÇO, A. G; SCHRODER, D. S. Vale investir em responsabilidade social empresarial?
Stakeholders, ganhos e perdas. In: Responsabilidade social das empresas: a contribuição das universidades. v.
2. p. 77-119 Instituto Ethos, 2003.
MACEDO, L. F. Responsabilidade Social: a atuação de uma organização pública junto aos seus
fornecedores. Dissertação (Mestrado em Administração) Programa de Pós-graduação da Faculdade de
Administração, Economia, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação (FACE), Universidade de
Brasília, Brasília, 2006.
MAGALHÃES, I. M. M. Responsabilidade Social das Empresas e a Ação Política dos Indivíduos e da
Sociedade. Revista de Administração de Empresas, Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, v. 24, n. 4, out.-
dez. 1984, p. 220-225.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1999.
MARTINS, G. A.; LINTZ, A. Guia para elaboração de monografias e trabalho de conclusão de curso. São
Paulo: Atlas, 2007.
MAKOWER, J. Business for Social Responsibility: Beyond the Botton Line – Putting Social Responsibility
to Work for your Business and the World. New York: SIMON & SCHUSTER, 1994.
MCGUIRE, J. Business and society. New York: McGraw-Hill, 1963.
MELO NETO, F. P.; FROES, C. Responsabilidade social e cidadania empresarial: a administração do
terceiro setor. 2 ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.
MENDONÇA, R.; GONÇALVES, J. Responsabilidade Social nas Empresas: uma questão de imagem ou de
substância?. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 26., 2002, Salvador. Anais... Salvador: ANPAD, 2002. 1
CD.
MERRIAM, S. Qualitative research and case study applications in education. San Francisco: Jossey-Bass,
1998.
MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social. Petrópolis: Vozes, 1994.
MOLTENI, M. The social-competitive innovation pyramid. Corporate Governance, v.6, n. 4, 2006.
MOTA, P. Avaliação de empresas públicas nos países em desenvolvimento: a perspectiva social. Revista de
Administração de Empresa (RAE). Rio de Janeiro, v. 24, n. 4, p. 253-264, out./dez.,1984.
PAIVA, F. D.; LIMA, G. A. N.; BENEDICTO S. C. Responsabilidade social nas empresas: transformando a
“obrigação” em estratégia competitiva. In: I ENCONTRO DE ESTUDOS EM ESTRATÉGIA. Curitiba.
Anais, 2003.
184
PAOLI, M. C. Empresas e responsabilidade social: os enredamentos da cidadania no Brasil. In: SANTOS,
B. S. (org.). Democratizar a democracia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p. 373-418.
PASA, C. R. R. ECP-Social: um modelo de avaliação da performance social empresarial. Tese (Doutorado
em Engenharia de Produção) Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
PATTON, M. (1986). Qualitative evaluation methods. Londres: Sage Publications. In: ALVES, A.J.;
MAZZOTTI; GEWANDESZNAJDER F. O método nas Ciências Naturais e Sociais. Pesquisa Cuantitativa e
Cualitativa. 2.ed. São Paulo: Afiliada, 1999.
PEREIRA, W. A.; CAMPOS FILHO, L. A. N. Configuração dos elementos da Responsabilidade Social
Corporativa através da proposição de um modelo conceitual integrado. In: ENANPAD, XXXI. Anais... Rio
de Janeiro, 2007.
PHILLIPS, R. A. Stakeholder legitimacy. Business Ethics Quarterly. Volume 13, Issue 1, p. 25-41, 2003.
PINTO, M.; PEREIRA, D.; LARA, J. Caracterização de Perfis de Empresas Quanto a Adoção de Práticas
de Responsabilidade Social. Anais do XXVIII Encontro da ANPAD, Curitiba/PR: ANPAD, 2004.
PITTA, G. B. B.; CASTRO, A. A. A pesquisa científica. J. vasc. bras. [online]. Vol. 5 n. 4. 2006.
POST, J. E.; PRESTON, L. E.; SACHS, S. Redefining the corporation: stakeholder management and
organization wealth. Stanford: Stanford University Press, 2002.
PRESTON, L.; POST, J. Private management and public policy: the principle of public responsibility.
Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1975.
QUAZI, A.; O‟BRIEN, D. An empirical Test of a Cross-National Model of Corporate Social Responsibility.
Journal of Business Ethics, Netherlands: Kluwer Academic Publishers v. 25, p. 33-51, 2000.
SANTOS, R. C. M. A Responsabilidade Social Empresarial, uma questão de cultura: o caso petrobrás.
Dissertação (Mestrado em Administração Estratégica) Programa de Pós-Graduação em Administração
Estratégica, Universidade de Salvador – UNIFACS – Salvador, 2007.
SCHWARTZ, M.S.; CARROLL, A.B. Corporate Social Responsibility – a three-domain approach. Business
Ethics Quarterly. Vol.13, n.4, p. 503-530. 2003.
SETHI, S. P. Dimensions of corporate social performance: na analytical framework. California Management
Review, p. 58-64, Spring 1975; 17.
SIEGEL, D.; MCWILLIAMS, A. Corporate social responsibility: A theory of the firm perspective.
Academy of Management Review, Mississippi State, 2001.
SIERRA, F. Función y sentido de lê entrevista cualitativa en investigación social. In: CÁCERES, L. G. (coord.)
Técnicas de Investigación en Sociedad, cultura y comunicación. México: Prentice Hall, 1998, p. 277-339.
SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3. ed. rev. e atual.
Florianópolis: Laboratório de Ensino à Distância da UFSC, 2001.
SISTEMA FIRJAN. Gestão da Sustentabilidade. Carta da Indústria, v. 1, nº 399, pág. 6-7, outubro, 2008.
SOUZA, M.; MARCON, R. A Responsabilidade Social das Empresas para com Consumidores, Acionistas e
Sociedade. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 26., 2002, Salvador. Anais... Salvador: ANPAD, 2002. 1
CD.
SRIVASTAVA, P. Industrial Environment Crises and Social Responsibility. Journal of Socio-Economics.
Vol. 21, n. 1, 1995.
185
STEURER, R.; LANGER, M. E.; KONRAD, A.; MARTINUZZI, A. Corporations, stakeholders and
sustainable development. In: A theorical exploration of business-society relations. Journal of Business Ethics,
Netherlands, v. 61, n. 3, p. 263-281, oct, 2005.
STONER, J. A. F.; FREEMAN, R. E. Administração. Rio de Janeiro: Prentice Hall, 1995.
STONEY, C.; WINSTANLEY, D. Stakeholding confusion or utopia? mapping the conceptual terrain. Journal
of Management Studies, v.28, n. 5, July 2001.
STRAND, R. A systems paradigm of organizational adaptations to the social environment. Academy of
Management Review, v. 8, n. 1, p. 90-96, 1983.
SWANSON, D. L. Addressing a theoretical problem by reorienting the corporate social performance
model. Academy of Management Review. v. 20, n. 1, p. 43- 64, jan. 1995.
SWANSON, D. L. Toward na integrative theory of business and society: a research strategy for corporate social
performance. The Academy of Management Review; Mississipi State, Volume 24, Issue 3, p. 506-521, Jul.
1999.
TENÒRIO, F. G. Responsabilidade Social Empresarial: Teoria e Prática. 2ª edição. Rio de Janeiro: FGV,
2006.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São
Paulo: Atlas, 1987.
TRIVIÑOS, A. N. S. Bases teórico-metodológicas em pesquisa qualitativa em ciências sociais. Porto Alegre:
Cadernos de Pesquisa Ritter dos Reis, v. 4, nov. 2001.
TOMEI, P. Responsabilidade Social de Empresas: análise qualitativa da opinião do empresariado
nacional. Revista de Administração de Empresas. FGV, V. 24, n.4, out/nov, p. 189-202, 1984.
VERGARA, S. C. Métodos de Pesquisa em Administração. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
WARTICK, S.; COCHRAN, P. The evolution of corporate social performance model. Academy of
Management Review, v. 10, n. 4, p-758-769, 1985.
WELZEL, E.; LUNA, M. M. M.; BONIN, M. A. S. Modelo da Dinâmica Interdisciplinar de
Responsabilidade Social Corporativa: Contribuições Conceituais e Delimitação Teórica. In: ENANPAD,
XXXII. Anais… Rio de Janeiro, 2008.
WILSON, I. The new rules of corporate conduct. Westport, Connecticut: Quorum, 2000.
WOOD, D. Corporate social performance revisited. Academy of Management Review, vol. 16, n. 4, p. 691-
718, 1991.
YIN, R. K. Case study research: design and methods. London: Sage, 1984
ZADEK, S. Trading ethics: Auditing the market. Journal of Economic Issues. v. 28, n. 2, p. 631-645, jun.
1994.
ZENISEK, T. J. Corporate social responsibility: a conceptualization based on organizational literature. Academy
of Management Review, v. 4, n. 3, p. 359-368, 1979.
186
ANEXO A – INSTRUMENTOS DE PESQUISA: QUESTIONÁRIOS
187
188
189
190
191
192
193
ANEXO B – INSTRUMENTOS DE PESQUISA: ROTEIROS DE ENTREVISTA
Roteiro de Entrevista Individual Semi-Estruturado para membros internos à empresa
TÍTULO DO ESTUDO: Diagnóstico das práticas de Responsabilidade Social Empresarial a
partir do modelo tridimensional de Performance Social: o caso de uma empresa do setor têxtil.
PESQUISADORA: Nívea Marcela M. Nascimento Macedo
ORIENTADOR: Prof. Gesinaldo Ataíde Cândido, Dr.
Guia para Entrevista
1. Agradecimentos ao entrevistado
2. Comentários sobre a pesquisa:
* Instituição de Pesquisa: UFPB.
* Sujeitos da Pesquisa: Conjunto de Stakeholders da organização.
* Relevância da Pesquisa: Diagnóstico da percepção dos stakeholders sobre as práticas da
empresa, o que pode contribuir para constatação de possíveis potencialidades ou
vulnerabilidades de acordo com sua visão.
3. Explicação do uso das informações
Os procedimentos adotados na pesquisa asseguram meios confidenciais e privacidade;
proteção da imagem, não estigmatização; utilização das informações em benefício de pessoas
ou entidades; respeito aos valores culturais, morais, religiosos e éticos dos sujeitos da
pesquisa.
• Garantia da inexistência de conflito de interesses entre o pesquisador e os sujeitos da
pesquisa ou patrocinador do Projeto.
• Garantia de esclarecimentos, antes e durante o curso da pesquisa, sobre a metodologia
utilizada.
• Liberdade de o sujeito recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da
pesquisa.
194
Questões
Econômico
1) Existe equilíbrio entre receitas e despesas (houve diminuição de custos, cumpre
compromissos)?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Legal
2) A empresa age de acordo com a legislação que regulamenta a contratação do pessoal e os
benefícios dos colaboradores (verifica legislação ambiental) e seus impostos são devidamente
pagos? (federal, est. mun.).
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Ético
3) A empresa possui um código de ética e são adotadas políticas justas de demissão e
contratação e se existe um procedimento confidencial para funcionários apresentarem
reclamações ou reivindicações?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Discricionário
4) Promove campanhas voltadas para melhoria da qualidade de vida das pessoas da região
onde se insere? Mostra-se aberta para solucionar possíveis problemas ou impactos causados
pela empresa?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Reativo
5) A empresa desenvolve ações sociais depois de protesto ou reivindicações da sociedade, ou
seja, depois de reclamações por parte do governo ou comunidade?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Defensivo
6) Normalmente a administração desenvolve programas sociais para responder a problemas
como exemplo a busca de maior comprometimento no trabalho?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Acomodativo
7) A empresa não se envolve diretamente em atividades sociais, cumprindo apenas as
exigências regulamentais ou da sociedade?
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Pró - ativo
8) Adota projetos sociais contra erradicação do trabalho infantil, analfabetismo,
discriminação, incentivo à cultura, ou outros internamente ou na comunidade local por
iniciativa própria?
195
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9) Há um planejamento empresarial relacionado com o desenvolvimento de estratégias sociais
e seu balanço social está acessível à sociedade?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Consumo
10) Transfere informações necessárias aos clientes sobre as normas estabelecidas no Código
de Defesa do Consumidor como as informações técnicas dos produtos e possui um
atendimento pós-venda?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Meio-ambiente
11) Desenvolveu técnicas melhores de produção que diminuíram custos e poluição ao
ambiente e dispõe adequadamente o lixo e materiais da produção ou reutiliza água?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
12) A gerência se alinha a ações como: estudos de impacto ambiental, preservação de
espécies, definição de áreas territoriais a serem protegidas, ou outro?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Discriminatória
13) Há igualdade de salários entre homens e mulheres?As pessoas ocupam cargos de chefia
independente da raça ou existem barreiras para contratação de pessoas com mais de 45 anos
de idade ou deficientes?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Segurança do Produto
14) A empresa atende às normas de excelência do padrão de qualidade do produto? Fornece
informações aos funcionários e explicita as normas técnicas necessárias para uma correta
fabricação?
___________________________________________________________________________
Segurança do Trabalho
15) A empresa mantém equipamentos de proteção física para funcionários e orienta para
prevenção de acidentes e tem a preocupação de manter a área sinalizada, e se nos últimos
anos, houve acidentes nas operações do trabalho?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Acionistas
16) A empresa foca as necessidades dos acionistas? Os informa continuamente sobre seu
desempenho econômico e social?
________________________________________________________________
196
Roteiro de Entrevista Individual Semi-Estruturado para membros externos à empresa
TÍTULO DO ESTUDO: Diagnóstico das percepções de Responsabilidade Social Empresarial
a partir do modelo tridimensional de Performance Social: o caso de uma empresa do setor
têxtil.
PESQUISADORA: Nívea Marcela M. Nascimento Macedo
ORIENTADOR: Prof. Gesinaldo Ataíde Cândido, Dr.
Guia para Entrevista
1. Agradecimentos ao entrevistado
2. Comentários sobre a pesquisa:
* Instituição de Pesquisa: UFPB.
* Sujeitos da Pesquisa: Conjunto de Stakeholders da organização.
* Relevância da Pesquisa: Diagnóstico da percepção e entendimento dos stakeholders sobre as
práticas da empresa, o que pode contribuir para constatação de possíveis potencialidades ou
vulnerabilidades de acordo com sua visão.
3. Explicação do uso das informações
Os procedimentos adotados na pesquisa asseguram meios confidenciais e privacidade;
proteção da imagem, não estigmatização; utilização das informações em benefício de pessoas
ou entidades; respeito aos valores culturais, morais, religiosos e éticos dos sujeitos da
pesquisa.
• Garantia da inexistência de conflito de interesses entre o pesquisador e os sujeitos da
pesquisa ou patrocinador do Projeto.
• Garantia de esclarecimentos, antes e durante o curso da pesquisa, sobre a metodologia
utilizada.
• Liberdade de o sujeito recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da
pesquisa.
197
Questões
Econômico
1) Os produtos atendem aos requisitos (gosto e preferência) dos clientes? Estão de acordo
com seu poder de compra?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Legal
2) Você tem conhecimento se a empresa atuou fora da legalidade? Os produtos estão de
acordo com as normas legais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Ético
3) A empresa desenvolve alguma atividade na comunidade ou no âmbito interno que
influencia beneficamente os costumes, deveres e modo de proceder das pessoas nas relações
com seus semelhantes?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4) O respeito à integridade física e moral de clientes é uma prática constante na empresa?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Discricionário
5) Promove campanhas voltadas para melhoria da qualidade de vida das pessoas da região
onde se insere ou se mostra aberta para solucionar possíveis problemas existentes, como
também incentiva a participação da comunidade?
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Reativo
6) Você acredita que a empresa só age de forma socialmente responsável porque os clientes
ou a sociedade apresentaram reclamações?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Defensivo
7) A empresa se mostra receptiva no momento da relevância de problemas sociais
ocasionados por ela?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Acomodativo
8) A empresa adota projetos sociais desenvolvidos e abrangentes? A sociedade e o governo
requerem mais ações sociais por parte da empresa?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
198
Pró-ativo
9) Adota projetos contra erradicação do trabalho infantil, analfabetismo, discriminação,
incentivo à cultura, ou outros por iniciativa própria?
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Consumo
10) Tem conhecimento que a empresa tem atendimento pós-venda, e se ela transfere aos
clientes as informações técnicas dos produtos ou a melhor forma de descartá-lo no ambiente?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Meio Ambiente
11) Os produtos fabricados oferecem danos ao meio-ambiente? A empresa desenvolve
políticas de preservação e informa sobre educação ambiental e desenvolvimento sustentável?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Discriminação/Preconceito
12) Há o conhecimento na comunidade de que existem barreiras à contratação de pessoas com
mais de 45 anos de idade ou por outra razão?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Segurança do produto
13) A empresa atende às normas de excelência do padrão de qualidade do produto?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Segurança do trabalho
14) Nos últimos anos, houve conhecimento de acidentes nas operações do trabalho?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Acionista
15) Tem informações sobre a participação dos acionistas da empresa em ações sociais
desenvolvidas por ela?
___________________________________________________________________________
199
ANEXO C – Carta de Apresentação
UFPB
Campina Grande - PB, 26 de outubro de 2009.
A(o)
(...) Têxtil - Paraíba
REF.: Pesquisa Acadêmica – Responsabilidade Social Empresarial
Prezado Senhor,
O GEGIT – Grupo de estudos em Gestão, Inovação e Tecnologia – é um grupo
interdisciplinar de Pesquisas que faz parte do programa de Pós-Graduação em Engenharia
de Produção (PPGEP) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Dentro das temáticas
de nossas pesquisas, está a responsabilidade social e suas características e relações com os
atores envolvidos com uma empresa.
A proposta corrente da pesquisa que poderá ser realizada é uma análise das ações de
responsabilidade social do ponto de vista de sua eficiência e relação com os atores
envolvidos. O mapeamento de projetos e iniciativas sociais pode evidenciar pontos a serem
trabalhados no intuito de melhor adequar as ações que estão sendo realizadas às
necessidades daqueles que estão sendo beneficiados por elas. E ainda, poderá ser possível
relacionar ações adicionais ou que venham a acrescentar valor àquelas já consolidadas.
A pesquisa poderá se dar por intermédio de entrevistas com roteiro semi-
estruturado, feitas com diretores ou gerentes ligados à área de responsabilidade social, ou
temas correlatos; funcionários e pessoas que possam esclarecer acerca dos questionamentos
que serão feitos. Pode-se ainda intervir clientes ou pessoas que estejam de alguma forma
interagindo com a empresa. À princípio, não pretende-se estabelecer um número de
entrevistados, uma vez que este é um fator que dependerá das informações obtidas com os
questionamentos feitos nas primeiras entrevistas.
O roteiro de entrevista pode ser visto conforme os pontos que se seguem:
No trabalho social, a organização pode desenvolver atividades distintas do tipo:
1 – A empresa pode dar prioridade a itens ou ações sociais que garantam aspectos de ordem
econômica, como o equilíbrio entre receitas e despesas, a produtividade de acordo com o
200
esperado e produtos construídos favoravelmente à preferência do cliente. Ou, a empresa
pode dar prioridade à aspectos de ordem legal, verificando a importância de agir conforme
a legislação, no que concerne ao pagamento de impostos, regulamentações, e no que tange
ao código de defesa do consumidor. A empresa pode ainda dar ênfase ou prioridade à
aspectos de ordem ética, verificando mais fortemente o respeito ao cliente e funcionários e
a manutenção de um código de ética, bem como a participação de funcionários e
procedimentos para construção de um ambiente ético de trabalho, ou a participação da
empresa em atividades sociais na comunidade, etc. A mesma pode focar o voluntariado,
trabalhando pontos como a promoção de campanhas na comunidade, ações na prevenção de
impactos ambientais, ou estímulo de funcionários para com ações sociais.
2 – A empresa pode caracterizar-se como tendo um posicionamento próprio no que
concerne à suas práticas sociais. Assim, serão questionados itens relacionados ao momento
em que ela decide tomar a iniciativa de construir projetos sociais. Ela pode agir depois de
ser pressionada pela sociedade; como uma maneira de se proteger de um desafio; ou como
forma de estar de acordo apenas com os requisitos legais; ou ainda pró - ativamente, agindo
antes que problemas sociais venham a acontecer ou que por ela sejam requisitadas ações
nesse sentido.
3 – A empresa pode ainda, focar algumas áreas específicas em seu programa de atividades
sociais. Pode-se destacar itens como o consumo, meio-ambiente,
discriminação/preconceito, segurança do produto ou do trabalho, acionistas, dentre outros.
Questiona-se como se deu a escolha dessas áreas, como são feitos os programas e como é a
opinião daqueles diretamente envolvidos e beneficiados pelos planos sociais.
A participação da organização na presente análise é de grande importância e
proporcionará grande contribuição na área em pesquisa. A partir dos resultados também
poderá avaliar suas práticas sociais e estará difundindo o conhecimento para o
desenvolvimento de atividades relacionadas ao assunto e de profissionais no mercado local.
* Destaca-se o caráter de discrição no momento da análise; como também a não
divulgação do nome da empresa, para o caso da publicação do estudo;
* Caso haja interesse da organização, os pesquisadores disponibilizarão os
resultados do trabalho realizado, bem como um possível relatório se assim o preferirem;
Desde já agradecemos a atenção e disponibilidade. Colocamo-nos à disposição para
maiores esclarecimentos e informações acerca de quaisquer dúvidas e esclarecimentos.
201
Atenciosamente,
Nívea M. M. Nascimento Macedo
Mestranda em Engenharia de Produção – GEGIT/PPGEP/UFPB
(83) 9990-0923