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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI - MPEG DIAGNÓSTICO DE FAUNA NA REGIÃO DO INTERFLÚVIO MAMURU-ARAPIUNS, PARÁ, BRASIL. COORDENADOR EXECUTIVO E DE LOGÍSTICA: José Reinaldo Pacheco Peleja, Dr. (UFPA) COORDENADOR CIENTÍFICO: Orlando Tobias Silveira, Dr. (MPEG) Desenvolvido pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, MPEG/MCT e Universidade Federal do Pará (UFPA). FEVEREIRO DE 2010

DIAGNÓSTICO DE FAUNA NA REGIÃO DO INTERFLÚVIO MAMURU ... · Alexandre Bonaldo, Dr. (M PEG) Nancy França Lo Man Hung, BSc. 5- PEIXES José Reinaldo Pacheco Peleja, Dr. (U FOPA)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI - MPEG

DIAGNÓSTICO DE FAUNA NA REGIÃO DO INTERFLÚVIO MAMURU-ARAPIUNS, PARÁ,BRASIL.

COORDENADOR EXECUTIVO E DE LOGÍSTICA: José Reinaldo Pacheco Peleja, Dr. (UFPA)

COORDENADOR CIENTÍFICO: Orlando Tobias Silveira, Dr. (MPEG)

Desenvolvido peloMuseu Paraense Emílio Goeldi, MPEG/MCT e

Universidade Federal do Pará (UFPA).

FEVEREIRO DE 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPAMUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI - MPEG

DIAGNÓSTICO DE FAUNA NA REGIÃO DO INTERFLÚVIO MAMURU-ARAPIUNS, PARÁ, BRASIL.

RELATÓRIO FINAL FEVEREIRO DE 2009

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Equipe executora

1 – INSECTA: HYMENOPTERA – Vespidae

Orlando Tobias Silveira, Dr. (MPEG)

Suzanna de Sousa Silva, MSc. (MPEG)

José Antonio Nunes Pena, Técnico (MPEG)

2 – INSECTA: DIPTERA – Culicidae, Psychodidade

Marlisson Augusto Costa Feitosa, Dr. (UFOPA)

3- INSECTA: LEPIDOPTERA

Yukari Okada, MSc. (UFOPA)

4 – ARACHNIDA

Alexandre Bonaldo, Dr. (MPEG)

Nancy França Lo Man Hung, BSc.

5- PEIXES

José Reinaldo Pacheco Peleja, Dr. (UFOPA)

Ynglea Georgina de Freitas Goch, Dra. (IESPES)

Wolmar Wosiacki, Dr. (MPEG)

6 – HERPETOFAUNA

Hipócrates de Menezes Chalkidis, MSc. (FIT)

João Fabrício de Melo Sarmento, MSc. (MPEG)

Ulisses Gallati, Dr. (MPEG)

Reginaldo Rocha, Técnico (MPEG)

7- AVES

Alexandre Aleixo, Dr. (MPEG)

Maya Sonnenschein, MSc. (Pósgraduação UFPA/MPEG)

José Orlando Moreira Dias, Técnico (MPEG)

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8- MAMÍFEROS

Antonio Miguel Borregana Miguéis, Dr. (UFOPA)

Luis Reginaldo Ribeiro Rodrigues, Dr. (UFOPA)

Eloiza Soares Araujo (graduanda Biologia UFOPA)

Eldianne Moreira de Lima, MSc. (Pósgraduação UNB)

João Alberto Luz de Queiróz, Técnico (MPEG)

COORDENADOR CIENTÍFICO

Orlando Tobias Silveira, Dr. (MPEG)

COORDENADOR EXECUTIVO

José Reinaldo Pacheco Peleja, Dr. (UFOPA)

# PRODUTOS ENTREGUES AO IDEFLOR:

1) RELATÓRIO IMPRESSO

2) CD COM RELATÓRIO EM ARQUIVO DIGITAL

3) CD COM DADOS DE DIVERSIDADE E COLETA INSERIDOS

EM SISTEMA GEOGRÁFICO (SIG; ARCVIEW)

Instalação do SIG: copie o conteúdo do cd (pasta “SigMamuru”) para

um diretório c:\Users\ (se ainda não houver, então crie a pasta “Users”).

O SIG contém temas de diversidade de cada táxon, em tabelas que

podem ser abertas com a função “i” do Arcview. Contém também temas

referentes aos pontos de coleta, observação e/ou entrevistas referentes a

alguns táxons.

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SUMÁRIO

Pg.

1. Introdução 1

2. Objetivos 1

3. Metodologia 2

3.1. Temas Abrangidos 2

3.2. Prazo de execução 3

3.3. Fontes de informação utilizadas 3

3.4. Estratégia de atuação 4

3.5. Métodos de coleta 4

3.5.1. Coleção depositária de espécimes 5

3.6. Desenho dos Inventários 5

3.7. A região do interflúvio Mamuru-Arapiuns 6

3.8. Sítios de estudo 8

4. Resultados 10

Aracnídeos 10

Lepidoptera (borboletas) 39

Vespas 60

Mosquitos vetores 82

Peixes 92

Répteis e Anfíbios 108

Aves 126

Mamíferos não voadores 188

Morcegos 216

Mamíferos aquáticos 234

5. Considerações finais 246

6. Referências bibliográficas 248

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1. Introdução

A Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006 – que dispõe sobre a gestão de

florestas públicas para produção sustentável, institui a concessão florestal

como o instrumento legal adequado para propiciar o manejo de florestas

públicas. No Estado do Pará, o Instituto de Desenvolvimento Florestal do

Estado do Pará - IDEFLOR é o responsável pela implementação de políticas

públicas efetivas sobre a gestão florestal no Estado, em especial no que tange

à administração, regularização e controle da exploração e manejo dos recursos

naturais presentes nas áreas pertencentes ao Poder Público. Desta maneira

contribui para o desenvolvimento sustentável local e regional, beneficiando a

economia e as populações locais, ao mesmo tempo em que garante a

manutenção da cobertura vegetal do Estado, a proteção dos ecossistemas, do

solo, da água, da biodiversidade e dos valores culturais associados, bem como

do patrimônio público.

No processo de concessão florestal, a Lei nº. 11.284, de 2006, prevê, em

seu art. 18, o licenciamento ambiental voltado à obtenção da licença prévia, de

modo a propiciar maior transparência e segurança quanto à viabilidade sócio

ambiental das atividades de exploração de produtos e serviços florestais em

florestas públicas. Um Relatório Ambiental Preliminar (RAP), conforme § 4º,

do art. 18, da Lei nº. 11.284, de 2006, é uma condicionante do processo de

licitação utilizado como fonte de informação técnica relevante para a

composição e elaboração do edital de licitação e do contrato de concessão

florestal. Este DIAGNÓSTICO visa a produção de informações que subsidiarão

a construção do referido RAP, para a gestão de florestas em área situada no

complexo de glebas Mamuru-Arapiuns, no oeste do estado do Pará.

2. Objetivos

Este DIAGNÓSTICO tem como objetivos o provimento de dados e

estudos analíticos sobre a fauna de uma área de 150 mil hectares, situada na

região do conjunto de glebas Mamurú-Arapiuns, no oeste do Pará, elementos

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que servirão de (1) subsídio para a elaboração do relatório ambiental preliminar

– RAP, bem como para (2) proposição de um sistema de monitoramento de

fauna.

O DIAGNÓSTICO visa portanto fornecer um quadro abrangente e

integrado de informações sobre a biota na região do interflúvio entre os rios

Mamurú e Arapiuns, situada a oeste do Rio Tapajós, abrangendo áreas dos

municípios de Juruti, Santarém e Aveiro. As informações auxiliarão as

instituições oficiais do Pará na tomada de decisões sobre uso e gestão das

glebas, baseado no conhecimento do valor de conservação da área em

contexto regional, bem como de suas partes, consideradas as variações

naturais ou decorrentes de uso pretérito.

3. Metodologia

3.1. Temas Abrangidos

Todos os temas faunísticos tratados no âmbito deste DIAGNÓSTICO

são da responsabilidade direta ou supervisão de pesquisadores doutores do

quadro próprio (e bolsistas) do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG),

Universidade Federal do Pará (UFPA), Faculdades Integradas do Tapajós (FIT)

e do Instituto Esperança de Ensino Superior (IEES). Os táxons considerados

são os apresentados na Tabela 1, a seguir.

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Tabela 1 – Relação de táxons animais tratados neste plano de trabalho.

TÁXONS

1 – INSECTA: HYMENOPTERA –

Vespidae, Formicidae

vespas;

2 – INSECTA: DIPTERA –

Culicidae, Psychodidade,

mosquitos (vetores);

3- INSECTA: LEPIDOPTERA borboletas

4 – ARACHNIDA aranhas; escorpiões; outros

5- PEIXES

6 – HERPETOFAUNA anfíbios; répteis

7- AVES

8- MAMÍFEROS morcegos; mamíferos de médio e grande porte;

mamíferos aquáticos

3.2. Prazo de execução

O DIAGNÓSTICO é o resultado de trabalho planejado para execução

em 3 meses a contar de setembro de 2008. Muitos problemas, entretanto, de

naturezas diversas, administrativas e/ou logísticas, acarretaram em grande

atraso na realização das expedições de campo, que só vieram ocorrer um ano

após a assinatura do convênio entre as partes responsáveis (IDEFLOR, UFPA,

MPEG e FADESP). Duas expedições de campo foram realizadas num prazo de

30 dias (entre setembro e outubro de 2009), tendo as várias equipes sido

organizadas em dois grandes grupos de campo, de acordo com as

possibilidades de logística, i.e. alojamento e transporte no interior da área de

estudo.

3.3. Fontes de informação utilizadas

Para cada tema listado acima, foram reunidas informações das

seguintes fontes:

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a) Produção técnica publicada ou não sobre o tema na região MAMURU-

ARAPIÚNS e seu entorno, incluindo relatórios técnicos, EIA/RIMAs,

publicações científicas, artigos, teses, monografias, livros, audiovisuais e

materiais didáticos. Essas fontes foram localizadas em buscas na biblioteca do

MPEG/MCT e de outras instituições, além da internet (através do PORTAL

CAPES) e em consultas a especialistas que já trabalharam na região.

b) Relações de espécimes ou lotes dos vários TÁXONS contemplados,

previamente coletados na região MAMURU-ARAPIÚNS e entorno e tombados

em coleções científicas do MPEG/MCT, incluindo a totalidade dos respectivos

dados de coleta e tombamento.

c) Expedições de campo, já mencionadas, realizadas na região MAMURU-

ARAPIÚNS. Pesquisadores de cada TEMA fizeram pelo menos uma visita à

área de estudo.

3.4. Estratégia de atuação

O DIAGNÓSTICO foi elaborado sob a responsabilidade de um

coordenador geral, a quem coube a integração dos documentos e bancos de

dados dos diferentes grupos, consolidando-os em produtos finais.

Considerando a abrangência dos temas e a necessidade de

conhecimento especializado, previu-se a supervisão de um especialista doutor

para cada tema, apoiado por um biólogo familiarizado com a taxonomia dos

grupos. Coube aos especialistas responsáveis por cada tema orientar e

coordenar a coleta de informações (relatórios, publicações e dados de coleções

e de campo), a triagem e identificação de espécimes, a análise e interpretação

dos dados obtidos, a elaboração de banco de dados, a redação do documento

síntese do grupo e o seu repasse ao coordenador geral, que consolidou o

documento final.

3.5. Métodos de coleta

Os táxons biológicos foram coletados de acordo com as técnicas

estabelecidas pela tradição de estudo de cada grupo. As quantidades

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coletadas foram limitadas segundo a licença SISBIO no. 18057-1 emitida em

19/05/2009, e atendem não somente às necessidades de registro das espécies

na área, mas também à oportunidade de formação de coleções científicas para

depósito no Museu Paraense Emílio Goeldi.

3.5.1. Coleção depositária de espécimes

A instituição recebedora dos exemplares coletados durante o diagnóstico

é o Museu Paraense Emílio Goeldi, por seu caráter de referência regional em

coleções biológicas. Entretanto, esforços serão feitos para estimular a

formação de coleções didáticas, ou sementes de futuras coleções de referência

para a região do Baixo Amazonas, mantidas pelas instituições parceiras neste

projeto.

3.6. Desenho dos Inventários

Os inventários foram realizados segundo a lógica de um RAP (Rapid

Assessment Protocol). O aspecto metodológico mais geral constituiu no

reconhecimento de unidades maiores de paisagem dentro da área de estudo e

o estabelecimento de um sistema de pontos de amostragem

(georreferenciados) capazes de representar a variabilidade da biota dentro

dessas unidades. A partir desse esquema básico, em cada ponto escolhido,

protocolos específicos foram usados para maximizar a obtenção de

informações segundo as particularidades de cada táxon biológico. O trabalho

de campo para cada tema/táxon foi feito em uma única expedição de 15 dias

de campo.

Recursos cartográficos e bases eletrônicas de dados foram usados para

facilitação da análise, discussão e disseminação dos resultados, incluindo um

SIG com sumários das informações de biodiversidade.

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3.7. A região do interflúvio Mamuru-Arapiuns

O Brasil detém a maior diversidade biológica do mundo, abrigando

aproximadamente um terço das florestas tropicais, e na região Amazônica

brasileira encontra-se o maior remanescente contínuo desse tipo de floresta

com mais de seis milhões de km2 (INPE, 1998; MITTERMEIER et al. 1997).

Embora detentor de tamanha megadiversidade biológica, o país ainda é pouco

estudado, principalmente o bioma amazônico. LEWINSOHN & PRADO (2002)

estimam ter sido identificadas no país de 10 a 12% da diversidade conhecida

no planeta, algo entre 180 e 220 mil espécies. Segundo HYLANDS et al.

(2002), na Amazônia existem pelo menos 40 mil espécies de plantas descritas,

mais de 1.200 espécies de aves (260 endêmicas), 427 de mamíferos (173

endêmicas), 378 de répteis (216 endêmicas) e 427 de anfíbios (364

endêmicas) e mais de 3.000 espécies de peixes.

Abrigando comunidades de plantas e animais heterogêneas, a Amazônia

é um mosaico de distintas regiões de endemismo delimitadas pelos grandes

rios da região, cada um com biotas e histórias evolutivas próprias (SILVA et al.

2005). Cada região ou centro de endemismo representa uma unidade

biogeográfica caracterizada por distribuições restritas de espécies (HAFFER

1978; SILVA et al. 2002, 2005). A Amazônia apresenta oito centros de

endemismo - Belém, Xingu, Tapajós, Rondônia, Inhambari, Nabo, Imeri e

Guiana. Três destes centros são totalmente brasileiros, Xingu, Tapajós e

Belém. As regiões de Belém (entre os rios Gurupi e Tocantins) e do Xingu

(entre os rios Tocantins e Xingu) são as menores regiões em extensão e mais

comprometidas, onde 76,48 e 26,75% da área total encontram-se desmatadas,

respectivamente (SILVA et al, 2005).

Um dos centros de endemismo, o “Centro Rondônia” abrange a região

do interflúvio entre os rios Madeira e Tapajós coberta por tipos variados de

vegetação, entre eles a floresta pluvial densa de terras baixas, floresta pluvial

densa submontana, submontana com dossel aberto e savanas, bem como

tipos de vegetação inundada como várzea e igapó, este típico de vários rios da

região, como Mamuru e Andirá. O Centro Rondônia apresenta feições

expressivas e únicas de biodiversidade, com o registro de 183 espécies de

mamíferos e 621 de aves. O Rio Tapajós atua como barreira para a distribuição

de inúmeras espécies de organismos (por exemplo, os macacos Cebus

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albifrons, Pithecia hirsutus e Chiropotes albinasus). A diversidade de primatas

no interflúvio é muito alta e nele também se pode destacar as cerca de 90

espécies de morcegos (GEORGE et al 1988; WWF, 2001). Estudos recentes

sobre filogeografia de marsupiais revelaram que exemplares oriundos do

interflúvio Madeira-Tapajós apresentaram graus variáveis de divergência

genética em relação a representantes conspecíficos e congenéricos de outras

partes da Amazônia. As comparações dos tempos de separação entre

linhagens e a topologia das árvores confirmam a distinção biológica da área e

indicam que sua biodiversidade possui diferentes origens geográficas

(PIMENTEL et al, 2008).

Figura 1. Mapa geral da região do interflívio Mamuru-Arapiuns (ao centro),

mostrando também aspectos vários como UCs, Terra Indígena e elementos da

rústica malha viária (Fonte: IDEFLOR).

A área foco deste DIAGNÓSTICO, do interflúvio entre os rios Mamuru e

Arapiuns situa-se ela mesma dentro dos limites do interflúvio maior Madeira-

Tapajós (Figura 1), acima mencionado, carregando portanto as propriedades

biogeográficas e os elementos faunísticos próprios daquele centro de

endemismo. O clima é quente e úmido, com temperatura anual variada de 25 a

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28 oC, média pluviométrica de 1.920 mm. A Bacia do rio Mamuru tem parte de

sua área no estado do Amazonas e parte no estado do Pará. A cabeceira do rio

Mamuru situa-se em território paraense às proximidades dos municípios de

Itaituba e Aveiro. A floresta densa pluvial é a vegetação dominante, com as

variantes determinadas pela topografia (Figura 2). As pastagens já

representam a segunda categoria de uso do solo. Em terceiro lugar ficam as

terras usadas para agricultura (UFRA, 2009).

Figura 2. Principais tipos vegetacionais na região do estudo, no interflúvio

Mamuru-Arapiuns, destacando “floresta ombrófila densa de terras baixas

dossel emergente” e “floresta ombrófila densa de terras baixas dossel

emergente aberta com palmeiras” (Fonte: IDEFLOR)

3.8. Sítios de estudo

Três áreas foram estudadas ao longo do médio e alto curso do Rio

Mamuru (Figura 3), com sedes nos sítios denominados Vista Bela (Área 1),

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Jaratuba (Área 2) e Cataueré (Área 3). As coordenadas desses sítios e de

outros pontos de coleta e observação são mostradas nas seções específicas

de cada grupo taxonômico. O espalhamento dos pontos na figura 3 dá uma boa

idéia da abrangência espacial dos estudos de campo. Sem dúvida, uma

extensão maior poderia ter sido coberta, se as condições de estradas e dos

meios de transporte não tivessem sido tão dificultadas, em grande parte pelo

isolamento da região em relação aos centros urbanos mais próximos.

Figura 3. Áreas de coleta e observação de fauna ao longo do Rio Mamuru, com

representação sumarizada da amplitude espacial do esforço de coleta (Área 1:

Vista Bela; Área 2: Jaratuba; Área 3: Cataueré).

30 Km

AREA 1

AREA 2

AREA 3

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5. Resultados

DIVERSIDADE DE ARACNÍDEOS NA REGIÃO DO INTERFLÚVIO MAMURÚ-ARAPIUNSNancy França Lo Man Hung - Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG, Coordenação

de Zoologia (CZO), Laboratório de Aracnologia, Avenida Perimetral, nº 1901, CEP

66077-530, Terra Firme, Belém - PA - Brasil. [email protected]

Introdução

Os aracnídeos constituem um grupo animal altamente diverso, seus

representantes mais conhecidos, em virtude de seu interesse médico (toxina do

veneno ou hábito parasita) são as aranhas, os escorpiões, os ácaros e os

carrapatos. As principais características deste grupo são o corpo dividido em

cefalotórax (ou prossoma) e abdômem (ou opistossoma), um par de quelíceras

(utilizadas na alimentação), um par de pedipalpos (apêndices modificados situados

no cefalotórax) que dependendo do grupo taxonômico são modificados para

desenvolverem funções como reprodução ou defesa, e quatro pares de apêndices

locomotores (as pernas) (ADIS 2002).

A classe Arachnida apresenta mais de 93.000 espécies descritas, distribuídas

em 11 ordens recentes: Acari (ácaros e carrapatos), Amblypygi (amblipígeos)

Araneae (aranhas), Opiliones (opiliões), Palpigradi (palpígrados), Pseudoscorpiones

(pseudoescorpiões), Ricinulei (ricinúleos), Schizomida (esquizomídeos), Scorpiones

(escorpiões), Solifugae (solífugos) e Uropygi ou Thelyphonida (escorpião-vinagre)

(ADIS, 2002). A grande diversidade e importância ecológica dos aracnídeos

proporcionam dados fundamentais para avaliação e quantificação da diversidade

biológica, fornecendo subsídios para o monitoramento de qualquer alteração em

ambientes florestados, entretanto, informações sobre a fauna de aracnídeos na

Amazônia são escassos, os principais áreas amostrados nos últimos anos foram a

Estação Ecológica da Ilha de Maracá, em Roraima (LISE, 1998); áreas próximas do

Rio Juruti (PINTO-DA-ROCHA & BONALDO, 2006), algumas localidades na Serra

do Cachimbo (RICETTI & BONALDO, 2008) e a área do projeto Jari (LO-MAN-

HUNG et al, 2008), no Pará; a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de

Mamirauá (BORGES & BRESCOVIT, 1996), a bacia do Rio Urucu (BONALDO &

DIAS, no prelo), áreas no entorno da cidade de Manaus (Igapó Tarumã-Mirim e Ilha

da Marchantaria) e regiões próximas às sedes municipais de Manicoré, Borba e

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Ipixuna (HÖFER, 1990; BORGES & BRESCOVIT, 1996; LOURENÇO et al, 2005a;

2005b), no estado do Amazonas. Destaca-se, ainda, a Reserva Florestal Adolfo

Ducke (RFAD), em Manaus, Amazonas, cuja fauna de aracnídeos é uma das mais

intensamente amostrada de toda a Amazônia Brasileira. (GASNIER et al, 1995;

GASNIER & HÖFER, 2001; HÖFER, 1997; HÖFER et al, 1996; VIEIRA & HÖFER,

1994, 1998, HÖFER & BRESCOVIT, 2001; REGO et al, 2007).

Material e métodos

Sítios de estudo

Três áreas foram amostradas: Área 1, Vista Bela, Juruti (03º07’00.0’’S –

56º35’06.7’’O) caracterizada por Floresta Ombrófila Densa terras baixas, dossel

emergente, aberta com incidência de cipós;

Área 2, Comunidade Jaratuba, Juruti (03º11’32.6’’S – 56º34’51.4’’O)

caracterizada por Floresta Ombrófila Densa terras baixas, dossel emergente aberta

com presença de cipós, Igarapé Cabeça de Anta (03º12’12.9’’S – 56º25’04.6’’O)

caracterizada por Floresta Ombrófila Densa Aluvial;

Área 3, Comunidade Cataueré, Aveiro, Estrada da Petrobrás (03º24’30.4’’S –

56º24’16.5’’O) e Margem do Rio Mamuru (03º24’48.5’’S – 56º24’23.5’’O)

caracterizadas por Floresta Ombrófila Densa e Aluvial, respectivamente.

Metodologia

O estabelecimento de um protocolo mínimo de amostragem, que integre os

diferentes componentes faunísticos em Arachnida exige uma extrema diversificação

das técnicas utilizadas, uma vez que parâmetros como história natural, habitat e

comportamento são variáveis que interferem na amostragem. Assim os protocolos

de coleta de aracnídeos consistem na utilização de técnicas amostrais

complementares e que permitam o controle do esforço empregado e,

conseqüentemente, o acesso aos padrões de abundância e riqueza de espécies na

área.

Para esta campanha foram utilizadas as seguintes técnicas (Anexo A - 1):

Guarda-chuva entomológico (GCE): técnica empregada na amostragem de

animais arborícolas diurnos, em estratos florestais e arbustivos de até dois metros

de altura. O instrumento consiste de um quadrado de pano branco fixado pelos

cantos em dois cabos cruzados, presos entre si no centro. É colocado sob os ramos

das arvores e arbustos, os quais são agitados com um bastão, de forma que os

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animais caiam sobre o instrumento, onde são facilmente capturados. Cada hora de

coleta contínua, pelo mesmo coletor e hora do dia, foi considerada uma amostra.

Foram realizadas 20 amostras de GCE, sendo seis amostras na Área 1, seis na

Área 2 e seis na Área 3.

Coleta manual noturna (MN): Esta técnica consiste da coleta de animais

enquanto o coletor movimenta-se procurando intensivamente no solo, serapilheira e

vegetação, com o auxilio de lanterna cefálica. Cada amostra noturna consiste no

esforço de uma hora de buscas ativas por aracnídeos em uma linha de transecção

de 30m. Foram realizadas 18 amostras MN, sendo quatro amostras na Área 1, seis

na Área 2 e oito na Área 3.

Extratores de Winckler (EW): utilizados para a amostragem de pequenos

animais ocorrentes na serapilheira. Definem-se parcelas de 1 metro quadrado. A

serapilheira de cada parcela é peneirada em um concentrador. O material

particulado resultante é considerado uma amostra e os organismos presentes são

segregados com a utilização de extratores de Winckler, onde permanecem por dois

dias. Foram realizadas 20 amostras de EW, sendo dez amostras na Área 2 e dez na

Área 3.

Os aracnídeos coletados nos trabalhos de campo são fixados em álcool 80%.

Os indivíduos adultos são segregados no laboratório e identificados a partir da

visualização de caracteres diagnósticos e da comparação de espécimes com

desenhos e descrições disponíveis na literatura no nível taxonômico mais exato

possível. Quando a identificação específica não é alcançada, os espécimes são

registrados como morfoespécies. A produção de estimativas de riqueza total de

espécies é restrita aos animais adultos, pois os jovens não são passíveis de

identificação específica ou morfotipagem. O material coletado de Arachnida

referente a esta expedição está depositado na coleção aracnológica do Museu

Paraense Emílio Goeldi, de acordo com as normas de curadoria adotadas por esta

Instituição.

Análise dos dados

Para a análise dos padrões de incidência e abundância das espécies

coletadas foram utilizados os seguintes estimadores não-paramétricos: Chao1,

Chao2, Jackknife de primeira ordem (Jack1), Jackknife de segunda ordem (Jack2),

“incidence-based coverage estimator” (ICE), “abundance-based coverage estimator”

(ACE) e Bootstrap. Descrições detalhadas destes algorítimos podem ser

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encontradas em COLWELL & CODDINGTON (1994) e SANTOS (2003). O método

Bootstrap difere dos demais por calcular a estimativa de riqueza total através de

dados de todos os táxons coletados, somando a riqueza observada ao somatório do

inverso da proporção de amostras em que ocorre cada táxon (COLWELL &

CODDINGTON, 1994).

As curvas de acumulação de espécies foram construídas com o auxílio do

programa “EstimateS” ver. 8.0 (COLWELL, 2007). Este programa traça as mudanças

nos resultados de cada um dos estimadores de riqueza à medida que as amostras

se acumulam. Para cada matriz de incidência ou abundância de espécies por

amostra, o programa seleciona uma amostra, calcula a riqueza estimada com base

nesta amostra, seleciona uma segunda amostra, re-computa as estimativas usando

dados de ambas as amostras, e assim sucessivamente até que todas as amostras

sejam incluídas. A ordem de adição de amostras foi aleatorizada 100 vezes (TOTI et

al, 2000). Os melhores estimadores de riqueza para a base de dados analisada

foram escolhidos de acordo com o grau de estabilidade (assíntota) das curvas.

A comparação da riqueza de espécies observada em cada uma das áreas de

estudo (Área 1, Área 2 e Área 3) foi feita através da construção de curvas de

rarefação baseadas em indivíduos (GOTELLI & COWELL, 2001), que permitem o

cálculo dos intervalos de confiança de 95% e são cotejadas no nível de esforço de

acumulação de indivíduos apropriado.

As análises de riqueza dos aracnídeos coletados na gleba Mamuru foram

feitas com 55 amostras válidas, ou seja, amostras protocoladas que continham ao

menos um indivíduo adulto.

Resultados e discussão

Seis ordens de Arachnida foram coletadas na região da gleba Mamuru, são

elas: Amblypygi, Araneae, Opiliones, Pseudoscorpiones, Ricinulei e Scorpiones

(Anexos A - 2, 3 e 4).

Ordem AmblypygiOs amblipígeos constituem um grupo tropical e semi tropical de

aracnídeos de pequeno à grande porte, apresentam o corpo achatado, sem flagelo

terminal e com um pecíolo entre o cefalotórax e o abdômen. Os pedipalpos são

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raptoriais e o primeiro par de pernas é extremamente alongado, atuando como

antenas, os três últimos pares de pernas não são modificados sendo utilizados para

a locomoção, que normalmente é lateral. São de hábitos noturnos, escondendo-se

durante o dia debaixo de troncos, pedras, folhas, várias espécies habitam cavernas.

Existem cerca de 150 espécies descritas no mundo inteiro, na Amazônia ocorrem

quatro gêneros e cerca de 30 espécies (WEYGOLDT, 2002).

Apenas uma espécie foi registrada pertencente ao gênero Phrynus (Anexo A -

2), endêmico da região Amazônica (WEYGOLDT, 2002) este gênero esta

representado por dois indivíduos da mesma espécie coletados na Área 3, através da

técnica de coleta manual noturna.

Ordem AraneaeAs aranhas variam muito em tamanho, desde pequenas aranhas com cerca

de 1mm até caranguejeiras com cerca de 26cm de comprimento. Apresentam corpo

dividido em cefalotórax e abdômen, carapaça convexa, geralmente apresentam oito

olhos, a quelícera é de tamanho moderado, os pedipalpos das fêmeas são curtos e

semelhantes a pernas, nos machos eles se modificaram formando órgãos

copuladores. No cefalotórax articulam-se os quatro pares de pernas, um par de

pedipalpos e um par de quelíceras. Nas quelíceras estão os ferrões utilizados para a

inoculação do veneno. O abdômen é ligado ao prossoma através de uma porção

curta e estreita, chamada pedicelo. Na extremidade do abdômen apresentam-se

apêndices modificados conhecidos como fiandeiras, órgãos produtores de seda. As

aranhas como a maioria dos aracnídeos são predadoras e alimentam-se em grande

parte de insetos, algumas espécies saltam sobre a presa, enquanto outras usam a

teia para capturá-la, bem como uma infinidade de outros métodos de captura de

presas.

A ordem Araneae divide-se em três subordens. As Mesothelae, exclusivas da

região asiática, as Mygalomorphae, conhecidas como caranguejeiras ou aranhas

peludas e as Araneomorphae. Esta ordem é o segundo maior grupo dentre os

aracnídeos (FOELIX, 1996) e o sétimo dentre os artrópodes, com mais de 40.000

espécies incluídas em 109 famílias (PLATNICK, 2009). Apesar da alta diversidade

na Região Neotropical, as aranhas ainda são pouco estudadas. Calcula-se que 40%

do material sul-americano depositado em coleções, sejam constituídos de espécies

novas (CODDINGTON & LEVI, 1991).

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O esforço amostral empreendido nas áreas da região da gleba Mamuru

resultou na coleta de 1664 aranhas, das quais 426 adultas (25.6%). Foram

registradas 172 espécies ou morfoespécies distribuídas em 30 famílias (três da infra-

ordem Mygalomorphae e 27 as infra-ordem Araneomorphae). Destacam-se dois

registros novos para a ciência de espécies do gênero Myrmecium (Corinnidae)

coletadas com a metodologia GCE na Área 3.

Ordem OpilionesOs opiliões são comumente confundidos com as aranhas mas, diferentemente

destas, apresentam abdômen e cefalotórax extremamente fundidos. Normalmente o

segundo par de pernas costuma ser mais longo, sendo utilizado como órgão

sensorial. Não produzem seda e consequentemente não fazem teia, não possuem

glândulas de veneno. A maioria dos opiliões são animais crípticos e noturnos, que

ocorrem comumente debaixo de troncos, pedras, folhas e na serapilheira; podem

ainda viver enterrados ou em bromélias, sobre folhas, troncos ou em raízes de

plantas, ou ainda habitando cavernas. Para defesa própria, os opiliões secretam um

líquido com odor forte para repelir possíveis ameaças e predadores, possuem

espinhos ou podem fingir-se de mortos (tanatose) e/ou fazer autotomia (auto

mutilam uma perna, que normalmente continua se mexendo ritmicamente por algum

tempo).

Representam a terceira maior ordem dentro do grupo Arachnida, atingindo

sua diversidade máxima nas regiões Neotropicais, especialmente no Brasil

(HALLAN, 2005). A ordem possui mais de 5500 espécies de opiliões são

conhecidas, das quais 900 espécies ocorrem no Brasil, sendo que a maioria delas

apresenta endemismo e restrição geográfica acentuados, são muito suscetíveis a

desidratação, e sua necessidade por ambientes úmidos é provavelmente um fator

ecológico que limita sua ocorrência (CURTIS & MACHADO, 2007).

Foram registrados 36 opiliões, 13 espécies ou morfoespécies distribuídas em

cinco famílias na região estudada.

Ordem PseudoscorpionesOs pseudoescorpiões são aracnídeos de pequeno porte as espécies

amazônicas medem 1-5 mm (tamanho corporal), apresentam quelíceras queladas,

pedipalpos com uma abertura da glândula de veneno e tricobótrias. São predadores

que se alimentam de pequenos artrópodes (como ácaros e larvas de besouros). A

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maioria habita a serapilheira e solo, mas algumas espécies podem ser encontradas

em troncos, cavernas e dossel de árvores (MAHNERT & ADIS, 2002). Há mais de

3000 espécies de pseudoescorpiões descritas, sendo aproximadamente 430

gêneros em 24 famílias. Para a Amazônia, infelizmente a sistemática e ecologia do

grupo é bastante fragmentada e escassa (MAHNERT & ADIS, 2002), estima-se que

existam 12 famílias, 31 gêneros e aproximadamente 75 espécies para a Amazônia

(ADIS & HARVEY, 2000). Foram coletados 30 pseudoescorpiões, 2 morfoespécies

na região estudada.

Ordem RicinuleiOs ricinúleos são pequenos aracnídeos (5-10 mm de tamanho) que podem

ser encontrados no solo, serapilheira e cavernas, se alimentam de pequenos

invertebrados (como pequenos insetos e outros aracnídeos). A ordem apresenta

aproximadamente 60 espécies descritas, sendo que 29% das espécies descritas

para o mundo ocorrem na Amazônia. Apenas uma morfoespécie pertencente ao

gênero Cryptocellus (Anexo A - 2) foi registrada para a área de estudo, coletados na

Área 3 através da técnica de Extrator de Winkler.

Ordem ScorpionesOs escorpiões, também conhecidos como lacraus em algumas regiões do

Brasil, possuem o corpo dividido em duas regiões: cefalotórax e abdômen ou

prosoma e opistosoma, respectivamente. Dorsalmente, o cefalotórax é coberto por

uma carapaça, apresentando os olhos medianos e laterais. No prosoma articulam-se

quatro pares de pernas com sete segmentos, um par de quelíceras pequenas,

triarticuladas e queladas projetando-se anteriormente e um par de pedipalpos

composto pela coxa, trocanter, fêmur, patela, tíbia (ou mão, dedo fixo) e tarsus

(dedo móvel), sendo que, a composição da tíbia e tarsus são geralmente referidas

como quela. O opistosoma é dividido em duas partes: mesossoma (pré-abdômen)

com sete segmentos e metassoma (pós-abdômen) com cinco segmentos estreitos.

Os escorpiões são carnívoros alimentando-se de outros aracnídeos como

aranhas, outros artrópodes como baratas, grilos, e até pequenos vertebrados como

pequenos sapos e lagartos, geralmente são de hábitos noturnos e crípticos.

Aparentemente, a visão dos escorpiões não é importante para detecção da presa, os

escorpiões utilizam outros sistemas neuro sensíveis especializados, como órgãos

sensoriais tarsais e tricobotrias (MCCORMICK & POLIS, 1990). Dependo do

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tamanho da presa e da situação os escorpiões podem ou não utilizar o ferrão,

normalmente não utilizam o ferrão quando a presa é relativamente pequena e esta

devidamente segura pelos pedipalpos, pois são capazes de esmagar e devorar a

presa dispensando o uso do veneno.

Segundo LOURENÇO (2002b) quatro famílias de escorpião são registrados

para a Amazônia: Buthidae, Chactidae, Ischnuridae e Troglotayosicidae, destes, dois

ocorrem na área da gleba Mamuru, são eles Buthidae e Chactidae. Em relação aos

gêneros, onze destes podem ser identificados na região amazônica (LOURENÇO,

2002b) quatro ocorreram na área amostrada: Ananteris, Broteochactas, Brotheas e

Tityus. A estimativa precisa do número de espécies para a região amazônica ainda é

incerta, devido a muitas áreas serem pouco estudadas e o fato do status taxonômico

ambíguo para algumas espécies descritas (LOURENÇO, 2002b). A região da gleba

Mamuru registrou cinco espécies de escopiões.

Abundância e riqueza total de aracnídeos na gleba mamuru

O esforço amostral empreendido nas três áreas da gleba Mamuru resultou na

coleta de 1747 aracnídeos. Foram registradas 194 espécies ou morfoespécies

distribuídas em 39 famílias identificadas (Anexo A - 5). Sete famílias apresentaram

apenas indivíduos imaturos (Dipluridae, Miturgidae, Nephiliidae, Senoculidae,

Symphytognathidae, Theridiosomatidae e Zodariidae).

As famílias mais abundantes foram Araneidae com 161 indivíduos,

Theridiidae com 93 e Salticidae com 80 (Figura A - 1). Estas três famílias mais

abundantes pertencentes da ordem Araneae representaram 48% de todos os

indivíduos coletados.

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Figura A - 1. Número de indivíduos por família de aracnídeos coletadas nas trêsáreas da gleba Mamuru, municípios de Aveiro e Juruti, Pará, Brasil em Setembro eOutubro de 2009.

Das 32 famílias representadas por exemplares adultos, as que mais se

destacaram em relação à abundância também foram as mais ricas em espécies.

Araneidae, Salticidae e Theridiidae contribuíram com 48, 27 e 23 espécies,

respectivamente (Tabela A - 1), refletindo um padrão recorrente na Amazônia

Brasileira (veja, por exemplo, HÖFER & BRESCOVIT, 2001; RICETTI & BONALDO,

2008; BONALDO et. al, 2009).

Tabela A - 1. Riqueza de espécies por família de aracnídeos coletadas na glebaMamuru, municípios de Aveiro e Juruti, PA.

FamíliaNúmero deespécies

Araneidae 48Salticidae 27Theridiidae 23Uloboridae 08Oxyopidae 07Linyphiidae 07Pholcidae 06Sparassidae 06Menos de 05 62

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As espécies mais abundantes (acima de cinco indivíduos) representaram 31%

do total de indivíduos coletados (Tabela A - 2).

Tabela A - 2. Espécies ou morfoespécies mais abundantes coletadas na glebaMamuru, municípios de Aveiro e Juruti, PA.

EspécieNúmero deindivíduos

Pseudoscorpiones indet sp 02 21Episinus salobrensis (Simon, 1895) 13Araneidae indet sp 01 11Alpaida tayos Levi, 1988 08Mesabolivar aurantiacus (Mello-Leitão, 1930) 08Mesabolivar sp 02 08Coleossoma sp 01 07Dipoena sp 01 07Araneidae indet sp 02 06Metazygia jamari Levi, 1995 06Metazygia sp 01 06Opilione indet sp 01 06

Apesar do baixo número de morfoespécies (194) e de famílias de aracnídeos

(39) registrado para a gleba Mamuru, estes dados não diferem muito dos trabalhos

apresentados em outros biomas da Amazônia e do Brasil, por exemplo, a lista com

102 espécies de aracnídeos apresentadas para a Reserva de Mamirauá no estado

do Amazonas por BORGES & BRESCOVIT, (1996) e as 117 espécies de

aracnídeos registradas por LO-MAN-HUNG et al (2008) no nordeste da Amazônia

Brasileira. Entretanto, para a Reserva Ducke na Amazônia Central, HÖFER &

BRESCOVIT (2001), durante aproximadamente 10 anos de coletas, com diversas

metodologias e com o acréscimo de informações de outros pesquisadores,

contabilizaram 506 morfoespécies em 56 famílias e recentemente BONALDO et al

(2009) contabilizaram 591 espécies de aracnídeos na Floresta Nacional de

Caxiuanã, PA.

As estimativas de riqueza para as espécies de aracnídeos coletados na gleba

Mamuru variam entre 244,44 (Bootstrap) e 378,43 (ICE) (Figura A - 2).

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Figura A - 2. Desempenho dos estimadores para a riqueza de espécies dearacnídeos na gleba Mamuru, municípios de Aveiro e Juruti, Pará, Brasilconsiderando a totalidade das amostral válidas obtidas nos três áreas estudadas emSetembro e Outubro de 2009.

Segundo TOTI et al (2000), considera-se que um bom estimador: 1) deve

alcançar (ou pelo menos esboçar) à estabilidade com menos amostras do que são

necessárias para a estabilidade da curva de acumulação de espécies observadas, 2)

não deve apresentar estimativas que difiram amplamente dos outros estimadores, e

3) deve apresentar estimativas próximas às extrapolações visuais razoáveis da

estabilização da curva de acumulação de espécies observadas. Segundo estes

parâmetros, o estimador com melhor desempenho para a presente base de dados

foram Chao 1 e Chao 2, cujas curvas apresentaram maior tendência a atingir uma

assíntota, apresentando número estimado de 327,15 (Chao 1) e 314,07 (Chao 2)

espécies ao final do processo de adição de amostras (Figura A - 2).

Das 179 espécies observadas nas amostras válidas para a região da gleba

Mamuru, os valores das espécies raras foram de 108 (60,33%) apresentada apenas

por um indivíduo (singleton) e 38 (21,22%) por dois indivíduos (doubleton), o que

explica a pouca tendência a estabilização dos estimadores.

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Sobre a abundância e riqueza de aracnídeos em cada um dos três áreas

amostrados nos meses de Setembro e Outubro de 2009, a Área 3 apresentou maior

abundância e diversidade de aracnídeos coletados, sendo que todos as três áreas

registraram Araneidae como a família mais abundante (Tabela A - 3).

Tabela A - 3. Abundância e riqueza de indivíduos por família de aracnídeoscoletadas nas três áreas da gleba Mamuru, municípios, Pará, Brasil.

Área Indivíduos Espécies Famílias maisabundantes

Área 1 238 35 133 – AraneidaeÁrea 2 420 82 122 - AraneidaeÁrea 3 1089 129 478 - Araneidae

Na Área 1, Alpaida tayos LEVI, 1988 foi a espécies mais abundante, com

cinco indivíduos, na Área 2 a espécie mais abundante foi Pseudoscorpiones indet sp

02 com 16 indivíduos e na Área 3 Episinus salobrensis (Simon, 1895) foi a espécie

mais abundante com 11 indivíduos (Anexo A - 5).

Como esperado, as estimativas de riqueza de espécies variaram bastante

entre cada área. Para a Área 1, foram coletadas 34 espécies em 10 amostras

válidas. Os estimadores variaram entre 44,63 (Bootstrap) e 251,15 (Chao 1)

espécies, sendo que nenhum estimador apresentou tendência a atingir a assíntota,

indicando que o esforço amostral empreendido na Área 1 não foi satisfatório (Figura

A - 5). A Área 2 apresentou uma riqueza observada de 71 espécies em 21 amostras

válidas, sendo o maior valor estimado de 285,73 espécies (ICE) e o menor valor

estimado de 93,52 (Bootstrap). ACE e ICE foram os estimadores que apresentaram

maior tendência a estabilização da curva (Figura A - 5). As coletas realizadas na

Área 3 apresentaram riqueza observada de 119 espécies em 24 amostras válidas, e

riqueza estimada entre 262 espécies (ICE) e 149,38 espécies (Bootstrap), nenhum

estimador apresentou tendência à estabilização da curva (Figura A - 3).

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Figura A - 3. Desempenho dos estimadores para a riqueza de espécies dearacnídeos para cada uma das áreas amostradas na gleba Mamuru (Pontos 01, 02,e 03), municípios de Aveiro e Juruti, Pará, Brasil, em Setembro e Outubro de 2009.

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Os valores apresentados para categorias singleton e doubleton nas três áreas

amostradas (Tabela A - 4) sugerem que o esforço de amostragem realizado até o

momento não reflete a real diversidade do grupo na região estudada.

Tabela A - 4. Porcentagem relativa de valores de espécies raras apresentadas porum indíviduo (singleton) e por dois indivíduos (doubleton) de aracnídeos coletadasnas três áreas da gleba Mamuru, municípios, Pará, Brasil.

Área Singleton DoubletonÁrea 1 88% 2%Área 2 78% 18%Área 3 61% 19%

A melhor forma de comparar a diversidade em termos de riqueza de espécies

entre áreas distintas é calcular intervalos de confiança das curvas de rarefação

baseadas em indivíduos para cada área de estudo. A Figura A - 4 mostra as curvas

de rarefação para cada uma das áreas de estudo, bem como seus respectivos

intervalos de confiança (95%) superiores e inferiores. Observa-se que, no nível de

acumulação de indivíduos que permite a comparação das três áreas entre si,

nenhuma das áreas difere significativamente em termos de riqueza de espécies

(Figura A - 4).

Figura A - 4. Curvas de rarefação e respectivos intervalos de confiança (IC) superiores(Upper) e inferiores (Lower) obtidas para a riqueza de aracnídeos observada nos três áreasde estudo na gleba Mamuru, municípios de Aveiro e Juruti, Pará, Brasil, em Setembro eOutubro de 2009. (P01) Área 1; (P02) Área 2; (P03) Área 3.

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Considerações finaisAs diferenças na diversidade e abundância entre as áreas devem-se

possivelmente às diferentes pressões antrópicas a que as mesmas estão

submetidas. Todas as áreas onde foram submetidos os protocolos de coleta desse

estudo sofreram influência de exploração de madeira na região. A Área 3 é cortada

por uma antiga estrada que foi usada pela empresa PETROBRAS, mas atualmente

é pouco utilizada. Foi esta a Área que registrou mais espécies distintas, inclusive

duas novas espécies de aranhas. A Área 2 abriga uma comunidade e foi a única

área que apresentou forte tendência a estabilização nas curvas dos estimadores, o

que pode ser creditado ao maior nível de impacto antrópico nesta área. A Área 1 é

cortada por uma pista de pouso, e também é relativamente pouco utilizada assim

como a Área 3, mas a amostragem nessa área foi inesperadamente prejudicada

pela chuva.

A maioria das aranhas coletas na gleba Mamuru foram indivíduos da família

Araneidae, que são aranhas tecedoras de teias orbiculares. É possível que a maior

parte das espécies amostradas desta família seja típica de áreas abertas, o que

sugere mais uma indicação da fragilidade e grau de impacto das áreas.

O levantamento da fauna de escorpiões produziu dados de abundância e

diversidade, mas devido aos poucos estudos ecológicos sobre esta fauna

(LOURENÇO, 2002a) não é possível correlacionar esses dados de maneira

ecológica satisfatória. Devido ao tempo de campo em cada área amostrada, o

esforço direcionado para a fauna de solo foi relativamente menor, o que pode ter

influenciado nos resultados finais.

Infelizmente, estudos ecológicos sobre amblipígeos são extremamente

escassos, mas pode ser destacado aqui o estudo de DIAS & MACHADO (2006) na

Amazônia Central, que enfoca a espécie Heterophynus longicornis (BUTLER, 1873)

(Amblypygi, Phrynidae). Esses autores sugerem que essa espécie prefere árvores

com diâmetro relativamente grande e que forneçam abrigo durante o dia (como

buracos na base da árvore). Esta seleção de micro habitat sustenta o potencial

bioindicador deste aracnídeo já que a alteração da estrutura da floresta (como o

desmatamento) tem conseqüências negativas na distribuição e abundância desses

animais, sendo assim, é extremamente importante a conservação da área e o

monitoramento desta fauna.

A maioria das espécies de opiliões apresenta endemismo e restrição

geográfica acentuados, são muito suscetíveis a desidratação, e sua necessidade por

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ambientes úmidos é provavelmente um fator ecológico que limita sua ocorrência

(CURTIS & MACHADO, 2007), esses fatores aliados à acelerada destruição dos

ambientes, faz dos opiliões um grupo bastante ameaçado (PINTO-DA-ROCHA,

1999). Sendo assim, é extremamente importante a preservação da área e a

continuação do monitoramento desta fauna.

As aranhas são organismos bastante sensíveis a pequenas alterações micro-

climáticas, além de apresentarem rápida recuperação em termos de abundância.

Quando se trata de monitoramento ambiental é possível monitorar as espécies de

determinada área apenas coletando os espécimes, não necessitando assim de

complexas marcações e recapturas.

Provavelmente, com a intensificação dos métodos de coleta, especialmente

as técnicas de coleta manuais noturnas e de serapilheira além de outras técnicas

complementares, como pit fall trap e termonebulização de copas, seja possível que

outras espécies possam ser registradas para a região.

Além de importantes para a manutenção do equilíbrio biológico, os

aracnídeos são um grupo de invertebrados que apresenta grande potencial para o

avanço na biotecnologia e na descoberta de novos produtos para a medicina e

outros usos. Para a gleba Mamuru há registro de duas espécies de interesse

médico, o escorpião preto Tityus paraensis Kraepelin, 1896 (Anexo A - 2 – Foto 06)

e a aranha armadeira Phoneutria reidyi (F. O. P.-CAMBRIDGE, 1897) (Anexo A - 4 –

Foto 18).

A continuação do monitoramento e a inferência dos dados de outros grupos

aracnológicos, serão essenciais para permitir o melhor entendimento das respostas

das comunidades de aracnídeos às mudanças de larga escala nos ecossistemas

florestais na gleba Mamuru.

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Anexo A - 1. Métodos de coleta: Fotos 01-03 Etapas da coleta com o Extrator deWinkler; Foto 01 coleta e peneiro do folhiço; Foto 02 colocação do materialpeneirado em saco fenestrado no interior do extrator; Foto 03 vista geral do extratorde Winkler armado, com potes coletores preenchidos com líquido conservante; Foto04 Guarda-Chuva entomológico; Foto 05 Coleta manual noturna. (Fotos: 01, 02 eFigura A - 04 D.F. Candiani; Foto 02 S.C. Dias e Foto 05 F.E. Pimenta)

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Anexo A - 2. Foto 06 o escorpião preto Tityus paraensis Kraepelin, 1896; Foto 07 oescorpião Brotheas amazonicus Lourenço, 1988; Foto 08 o ricinúleo do gêneroCryptocellus; Foto 09 o opilião do gênero Cynorta; Foto 10 o pseudoscorpião; Foto11 o ambipígeo do gênero Phrynus. (Fotos: 06 E.F. Pimenta; 07, 08 e 11 D.F.Candiani; Foto 10 N.F. Lo-Man-Hung).

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Anexo A - 3. Foto 12 Araneidae: Micrathena clypeata (Walckenaer, 1805); Foto 13Oxyopidae: Oxyopes incertus Mello-Leitão, 1929; Foto 14 Araneidae: Micrathenakirbyi (Perty, 1833); Foto 15 Araneidae: gênero Verrucosa; (Fotos: 12, 14 e 15 D.F.Candiani; Foto 13 N.F. Lo-Man-Hung).

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Anexo A - 4. Foto 16 Corinnidae: Myrmecium, genero de aranha que mimetizaformiga; Foto 17 Sparassidae; Foto 18 Ctenidae: Phoneutria reidyi (F. O. P.-Cambridge, 1897), conhecida popularmente como aranha armadeira; Foto 19Theraphosidae: Cyriocosmus fasciatus (Mello-Leitão, 1930); (Fotos: 16 D.F.Candiani; Foto 17 N.F. Lo-Man-Hung 18 e19 F.E. Pimenta).

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Anexo A - 5. Espécies e morfoespécies e número de exemplares de aracnídeosamostrados nos três áreas de coleta na gleba Mamuru, Aveiro e Juruti, Pará, Brasil,em Setembro e Outubro de 2009. P 01 = Área 01; P 02 = Área 02; P 03 = Área 03.

P 01 P 02 P 03AMBYPYGI

PhrynidaePhrynus sp 01 ----- ----- 2

ARANEAEAnyphaenidae

Anyphaenidae indet sp 01 ----- 1 -----Araneidae

Acacesia benigna Glueck, 1994 ----- ----- 3Alpaida sp 01 ----- ----- 1Alpaida tayos Levi, 1988 5 ----- 3Araneidae indet sp 01 3 ----- 8Araneidae indet sp 02 1 ----- 5Araneidae indet sp 03 ----- ----- 3Araneidae indet sp 04 ----- 2 1Araneidae indet sp 05 ----- ----- 1Araneidae indet sp 06 ----- ----- 1Araneidae indet sp 07 1 ----- -----Araneidae indet sp 08 ----- ----- 1Araneidae indet sp 09 ----- ----- 1Araneidae indet sp 10 ----- ----- 1Araneidae indet sp 11 ----- 1 -----Araneidae indet sp 12 ----- 1 -----Araneidae indet sp 13 ----- 1 -----Argiope argentata (Fabricius, 1775) ----- 1 -----Chaetacis aureola (C. L. Koch, 1836) ----- ----- 1Chaetacis sp 01 ----- 1 1Cyclosa sp 01 1 ----- 2Cyclosa sp 02 ----- ----- 2Eustala sp 01 ----- ----- 1Hypognatha sp 01 ----- ----- 1Hypognatha sp 02 ----- ----- 1Mangora sp 01 ----- ----- 2Mangora sp 02 ----- ----- 1Mangora sp 03 ----- 1 -----Mangora sp 04 ----- 1 -----Metazygia gregalis (O. P.-Cambridge,1889) ----- ----- 1Metazygia jamari Levi, 1995 2 ----- 4Metazygia sp 01 ----- 1 5Metazygia sp 02 1 ----- -----Micrathena acuta (Walckenaer, 1842) 1 ----- 1Micrathena clypeata (Walckenaer, 1805) ----- ----- 4Micrathena kirbyi (Perty, 1833) ----- ----- 1

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Micrathena miles Simon, 1895 ----- ----- 1Micrathena sp 01 ----- ----- 1Micrathena sp 02 ----- ----- 1Micrathena sp 03 ----- ----- 1Micrathena triangularispinosa (De Geer,1778) ----- ----- 2Ocrepeira sp 01 ----- 2 -----Parawixia kochi (Taczanowski, 1873) ----- 1 1Parawixia sp 01 ----- 1 3Parawixia sp 02 ----- 1 -----Verrucosa sp 01 1 ----- -----Wagneriana sp 01 1 ----- 1Wagneriana sp 02 ----- ----- 1Wagneriana sp 03 ----- ----- 1

CorinnidaeCorinna sp 01 ----- 2 -----Corinna sp 02 ----- 1 -----Myrmecium sp n 01 ----- ----- 1Myrmecium sp n 02 ----- ----- 1

CtenidaeCtenidae indet sp 01 ----- 1 -----Centroctenus ocelliventer (Strand, 1909) ----- 2 1Ctenus sp 01 ----- ----- 2Notroctenus sp 01 ----- 1 -----Phoneutria reidyi (F. O. P.-Cambridge,1897) ----- 1 1

CyrtauchenidaeCyrtaucheniidae indet sp 01 ----- ----- 1

DeinopidaeDeinopidae indet sp 01 2 1 1

LinyphiidaeLinyphiidae indet sp 01 ----- ----- 1Linyphiidae indet sp 02 ----- ----- 1Linyphiidae indet sp 03 ----- ----- 1Linyphiidae indet sp 04 ----- 1 -----Linyphiidae indet sp 05 ----- 1 -----Linyphiidae indet sp 07 ----- ----- 1

LycosidaeLycosidae indet sp 01 ----- 1 -----Lycosidae indet sp 02 ----- 1 -----

MimetidaeEro sp 01 ----- 1 2Ero sp 02 ----- 1 -----

OonopidaeGamasomorphinae sp 01 ----- 1 -----Oonopinae sp 01 ----- ----- 1Oonopinae sp 02 1 ----- -----

OxyopidaeOxyopes holmbergi Soares & Camargo,1948 1 ----- -----Oxyopes incertus Mello-Leitão, 1929 3 1 -----Oxyopes sp 01 ----- ----- 2

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Oxyopes sp 02 ----- 2 2Oxyopes sp 03 ----- ----- 1Oxyopidae indet sp 01 ----- 1 -----Schaenicoscelis sp 01 ----- ----- 1

PholcidaeMesabolivar aurantiacus (Mello-Leitão,1930) 1 2 5Mesabolivar sp 01 ----- ----- 2Mesabolivar sp 02 ----- ----- 8Metagonia beni Huber, 2000 ----- ----- 1Metagonia taruma Huber, 2000 ----- 1 -----Pholcidae indet sp 01 ----- 1 -----

PisauridaeArchitis sp 01 ----- ----- 1Pisauridae indet sp 01 ----- 1 -----Pisauridae indet sp 02 ----- 1 -----Thaumasia sp 01 ----- ----- 1Thaumasia sp 02 ----- ----- 1

SalticidaeCylistella sp 01 ----- 1 -----Hypeus sp 01 ----- 1 1Lyssomanes sp 01 1 1 1Mago acutidens Simon, 1900 ----- 1 1Salticidae indet sp 01 ----- ----- 1Salticidae indet sp 02 ----- ----- 2Salticidae indet sp 03 ----- ----- 3Salticidae indet sp 04 ----- 2 -----Salticidae indet sp 05 ----- ----- 1Salticidae indet sp 06 ----- 1 -----Salticidae indet sp 07 ----- ----- 2Salticidae indet sp 08 1 ----- -----Salticidae indet sp 09 1 1 -----Salticidae indet sp 10 ----- ----- 1Salticidae indet sp 11 ----- 1 -----Salticidae indet sp 12 1 ----- -----Salticidae indet sp 13 ----- ----- 1Salticidae indet sp 14 1 ----- 1Salticidae indet sp 15 1 ----- -----Salticidae indet sp 16 ----- 1 -----Salticidae indet sp 17 ----- ----- 1Salticidae indet sp 18 ----- ----- 1Salticidae indet sp 19 ----- 1 -----Salticidae indet sp 20 1 ----- -----Salticidae indet sp 21 ----- ----- 1Salticidae indet sp 22 1 ----- -----Salticidae indet sp 23 ----- ----- 1

ScytodidaeScytodes altamira Rheims & Brescovit,2000 ----- 1 -----Scytodes piyampisi Rheims et al., 2005 ----- ----- 2Scytodes sp 01 ----- ----- 1Scytodes sp 02 ----- 1 -----

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SelenopidaeSelenops sp 01 ----- 1 -----

SparassidaePseudosparianthis sp 1 1 ----- 1Pseudosparianthis sp 2 ----- ----- 1Sparassidae indet sp 01 ----- 1 -----Sparassidae indet sp 02 1 ----- -----Sparassidae indet sp 03 ----- 1 -----Sparassidae indet sp 04 ----- 1 -----

TetragnathidaeDolichognatha sp 01 ----- ----- 1Leucauge sp 01 ----- ----- 3Tetragnatha sp 01 ----- ----- 2Tetragnathidae indet sp 01 ----- ----- 1

TheraphosidaeAcanthoscurria sp 01 ----- 1 1Acanthoscurria sp 02 ----- ----- 1Cyriocosmus fasciatus (Mello-Leitão,1930) ----- 1 -----

TheridiidaeAnelosimus sp 01 1 ----- 1Chrysso sp 01 ----- 1 1Coleossoma sp 01 ----- 1 6Dipoena militaris Chickering, 1943 ----- 1 -----Dipoena sp 01 ----- 1 1Dipoena sp 02 1 3 3Dipoena sp 03 ----- 1 3Dipoena sp 04 1 ----- -----Dipoena sp 05 ----- 1 -----Dipoena sp 06 ----- 1 -----Dipoena sp 07 ----- ----- 1Episinus bigibbosus O. P.-Cambridge,1896 ----- 2 -----Episinus salobrensis (Simon, 1895) ----- 2 11Phoroncidia sp 01 ----- ----- 1Theridiidae indet sp 01 ----- ----- 4Theridiidae indet sp 02 ----- 2 -----Theridiidae indet sp 03 ----- ----- 2Theridiidae indet sp 04 ----- ----- 1Theridiidae indet sp 05 ----- 1 3Theridiidae indet sp 06 ----- 1 -----Thwaitesia bracteata (Exline, 1950) ----- ----- 1Thwaitesia sp 01 1 ----- -----Thymoites sp 01 ----- ----- 1

ThomisidaeThomisidae indet sp 01 ----- ----- 2Thomisidae indet sp 02 ----- 1 3Thomisidae indet sp 03 1 ----- -----

TrechaleidaeDossenus marginatus Simon, 1898 ----- 2 -----Syntrechalea sp 01 ----- ----- 1

Uloboriidae

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Uloboridae indet sp 01 ----- 2 2Uloboridae indet sp 02 ----- ----- 1Uloboridae indet sp 03 ----- 1 -----Uloboridae indet sp 04 ----- ----- 1Uloboridae indet sp 05 ----- ----- 2Uloboridae indet sp 06 ----- ----- 1Uloboridae indet sp 07 ----- 1 -----Uloboridae indet sp 08 ----- 1 1

OPILIONESCosmetidae

Cosmetidae indet sp 01 ----- 1 2Cosmetidae indet sp 02 ----- ----- 1Cynorta sp 01 1 1 -----Cynorta sp 02 ----- ----- 1Paecilaema lobipictum Roewer, 1947 ----- ----- 2

FissiphalliidaeFissiphallius sp 01 1 ----- 1

ManaosbiidaeSaramacia lucasae (Jim & Soares, 1991) ----- 1 4

SclerosomatidaeSclerosomatidae indet sp 01 ----- ----- 2Sclerosomatidae indet sp 02 ----- ----- 1Sclerosomatidae indet sp 03 1 ----- -----

StygnidaeProtimesius longipalpis Roewer, 1943 ----- ----- 1

indeterminadoOpiliones indet sp 01 ----- ----- 1Opiliones indet sp 02 1 3 2

PSEUDOSCORPIONESPseudoscorpiones indet sp 01 ----- ----- 1Pseudoscorpiones indet sp 02 1 16 12

RICINULEIRicinoididae

Cryptocellus sp 01 ----- ----- 1SCORPIONES

ButhidaeAnanteris sp 01 ----- ----- 1Tityus paraensis Kraepelin, 1896 ----- 1 1Tityus silvestris Pocock, 1897 ----- 1 -----

ChactidaeBrotheas amazonicus Lourenço, 1988 1 2 1Brotheochactas sp 01 ----- 1 1

TOTAL ESPÉCIMES 46 114 235

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BORBOLETAS DA REGIÃO DO INTERFLÚVIO MAMURÚ-ARAPIUNS(LEPIDOPTERA, PAPILIONOIDEA)

MSc. Yukari Okada; Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, PA, [email protected]

Introdução

Os lepidópteros formam uma das mais abundantes ordens de insetos, incluindo

mariposas e borboletas. No mundo existem acima de 146.277 espécies descritas de

lepidópteras, e a estimativa mundial é de cerca de 255.000; na região Neotropical são

reconhecidas 51.015 espécies, sendo 26.016 ocorrem no Brasil (BROWN JR. &

FREITAS, 2009). No mundo são conhecidas 17.280 espécies de borboletas (Shields,

1989), na região Neotropical somam entre 7100 (BECCALONI & GASTON 1995) e

7900 espécies e no Brasil são encontradas 3.288 espécies, representadas por cinco

famílias, Hesperiidae, Papilionidae, Pieridae, Lycaenidae e Nymphalidae

(LEWINSOHN, FREITAS & PRADO, 2005). Segundo DeVries (1988), comunidades de

borboletas tropicais podem ser separadas basicamente em duas guildas de

alimentação dos adultos: 1- nectívoras (todas as espécies de Papilionidae, Pieridae,

Lycaenidae, Hesperiidae e as subfamílias de Nymphalidae, Libytheinae, Danainae,

Ithomiinae, Heliconiinae e Nymphalinae) e 2 - frugívoras, excrementos, exudados de

plantas e animais em decomposição (subfamílias de Nymphalidae - Satyrinae,

Brassolinae, Morphinae, Charaxinae, Biblidinae - e a tribo Coloburini - Nymphalinae).

Família Papilionidae

A família Papilionidae, possivelmente forma um grupo monofilético com as

famílias Pieridae e Nymphalidae, com 552 espécies descritas no mundo, com

distribuição mundial exceto na Antártida. Na região Neotropical é representada por

cerca de 120 espécies, ocupando uma ampla gama de habitats. Essa família constitui

um grupo taxonômico bastante conhecido, podendo servir como um representante da

biota ao seu redor (SCHWARTZ & MARE, 2001). Os dados disponíveis sobre a

diversidade desta família na Amazônia são poucos, citandos dados como na Estação

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Científica Ferreira Penna, na FLONA de Caxiuanã, onde Sousa & Overal (2003)

coletaram 10 espécies.

Família Pieridae

A família Pieridae é formada por quatro subfamílias: Dismorphiinae, Coliadinae,

Pierinae, e Pseudopontiinae e forma um grupo de borboletas com grande diversidade

de espécies, cerca de 1.200, distribuídas em 83 gêneros e 15 subgêneros de

ocorrência cosmopolita, exceto na Antártida (BRABY, VILA &. PIERCE, 2006). Na

região Neotropical ocorrem 339 espécies, sendo que no Brasil há 65 espécies

(BROWN Jr., 1996). Os pierídeos apresentam grande diversidade de cores, mas a

maioria tem como cores predominantes como o amarelo, alaranjado ou branco. Os

adultos se alimentam principalmente de néctar em flores e grandes bandos (paná-

paná) freqüentemente se formam para se alimentar de sais em areia úmida, em poças

e praias dos rios (LEITE et al., 2007). Em estudo sobre a família na Amazônia, tem-se

coleção do INPA onde Leite et al. (2007) listou-se 17 espécies distribuídas em 10

gêneros de diversas localidades da Amazônia. Na Estação Científica Ferreira Penna,

na Floresta Nacional de Caxiuanã, foram registradas 21 espécies distribuídos em 11

gêneros, equivalendo a 32,3% dos pierídeos do Brasil (SOUSA & OVERAL, 2003).

Família Lycaenidae

A família Lycaenidae é formada por dez subfamílias e forma um grupo de

borboletas com número de 6000 espécies (PIERCE et al., 2002). A familia é mais

diversa nos trópicos, especialmente no neotropico e sudeste da Ásia; para a região

Neotropical estima-se de 2360 ± 350, com dominância das subfamílias Riodininae e

Thechlinae.

Família Nymphalidae

Segundo DeVries (1988), os representantes da família Nymphalidae são

cosmopolitas e encontrados em todos os habitats, exceto na região da Antarctica, com

maior diversidade ocorre nos Neotrópicos. A família apresenta maior número de

espécies, uma gama significante de plantas hospedeiras além de uma ampla variação

morfológica na fase imatura o que não é visto em nenhuma outra família de

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Papilionoidea (BROWN Jr., 1992). Alguns trabalhos na Amazônia já foram realizados,

destacando Sousa e Overal (2203), que coletaram 130 espécies na FLONA de

Caxiuanã.

Material e métodos

Base de informações

As informações acerca da fauna de borboletas na região do interflúvio do Rio

Mamuru - Arapiuns são escassas, algumas fontes de informações disponibilizadas na

internet listam somente as espécies Heliconius numata superioris, H. melpomene

melpomene, H. hecale citadas por Holzinger & Holzinger (1994), e Agrias claudina

sardanapolous (Sem autor, 2009)

Em 1973, BROWN Jr. & HOLZINGER. fizeram um estudo sobre a sistemática e

biologia de Euides tales, incluindo a distribuição das subespécies, descrição dos

estágios imaturos, listando então E. tales phythagoras, E. tales surdus e formas

híbridas de várias subespécies para região do rio Tapajós. Em 1980, o gênero

Hypothryris foi revisto por Brown Jr. que listou as espécies e subespécies para região

Neotropical incluindo H. ninonia, H. daphnis, H. fluonia, H. vallonia, H. H. mamercus,

H. leprieuri, H. anastasia, H. mamercus distribuídas nos interflúvios Tapajós – Madeira

ou Tapajós – Xingu. Methona confusa citada por Butler (apud www.funet.fi, 2009) para

a região do Rio Tapajós. A região oeste do estado do Pará, os dados sobre

levantamento sistemático de borboletas são poucos, em 2005 e 2006 foi realizado um

levantamento de borboletas frugívoras no PARNA da Amazônia, onde coletou-se 37

espécies pertencentes a família Nymphalidae (OKADA et al. 2006), ampliado para 40

espécies por MELO (2008). Na região do Eixo Forte em Santarém, JESUS (2007)

coletou 45 espécies de borboletas frugívoras pertencentes a sete subfamílias de

Nymphalidae.

Esforço de amostragem para o grupo e adequação dos métodos de coleta (Anexos B:

1-4)

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A metodologia utilizando armadilhas de isca para coleta de borboletas frugívoras

tem grande eficácia de coleta quando ficam expostas por um período mais longo, em

média 5 dias em cada sítio (UEHARA-PRADO et al., 2003). Durante a expedição ao

longo do Rio Mamuru, o tempo de coleta em cada sítio foi baixo (1, 3 e 4 dias),

coletando-se somente 6 espécies (12 exemplares). As espécies reconhecidamente

frugívoras também foram coletadas através de redes entomológicas ou avistadas, tais

como Morpho menelaus avistada ao longo das trilhas em vôo baixo, mas não

capturada; Nessaea obrinus avistada próximo a armadilha, mas não capturada; Historis

odius avistada na borda da armadilha, mas não coletada (UEHARA-PRADO et al.,

2004).

Devido ao curto tempo utilizado para cada área, decidiu-se pela inclusão da

coleta de borboletas nectívoras, e, para a realização da coleta, 3 coletores percorriam

trilhas de comprimentos e ambientes variados, durante o dia, coletando as borboletas

em vôo ou repouso, com auxílio de redes entomológicas. Não foi determinado o tempo

para as coletas ativas e com esta metodologia, coletavam-se borboletas de

preferências alimentares variadas, não coletadas nas armadilhas de isca de frutas.

Resultados e discussão

Composição e riqueza de espécies por localidade e tipo de ambiente (Anexos B : 5-32)

Os dias com maior número de espécies coletadas foram dia 11/ix, na área 1, e

nos dias 14/ix na área 2 e 15-16/ix na área 3; os dias 12/ix e 17/ix apresentaram baixos

números de indivíduos coletados, pois foram dias em que as armadilhas de iscas foram

retiradas e o tempo utilizado para as coletas foi menor (somente no horário da manhã e

início da tarde, ate as 12:00 ou 14:00hs (Figura B -1).

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Figura B -1. Abundância diária de borboletas (Insecta, Lepidoptera: Papilionoidea)coletadas durante a expedição ao Rio Mamuru, no período de 11 a 17 de setembro de2009, nas áreas Vista Bela, Jaratuba e Rio Cataueré.

Na Figura B -2 pode-se observar que a área que apresentou maior número de

espécies e maior número de exemplares foi a região do Rio Cataueré, influenciados

pela vegetação de maior porte, maior grau de preservação e maior umidade, com mais

áreas sombreadas. Na comunidade de Jaratuba, onde a permanência foi de três dias,

houve um decréscimo no número de indivíduos e espécies coletados. Em Vista Bela, o

tempo para realização de coleta foi de dois dias, fator determinante para o menor

numero de indivíduos e espécies coletados.

Figura B -2. Abundância e diversidade de borboletas (Insecta, Lepidoptera:Papilionoidea) coletadas durante a expedição ao Rio Mamuru, no período de 11 a17 de setembro de 2009, nos Sítios Vista Bela, Jaratuba e Rio Cataueré.

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Quanto à metodologia de coletas, a utilização armadilhas só apresentam

números maiores quando permanecem abertas por um período de tempo acima de 5

dias. As borboleta frugívoras pertencentes à familia Nymphalidae com maior

abundância nas armadilhas são das subfamílias Charaxinae, Satyrinae e Biblidinae,

respectivamente (JESUS, 2007; MELO, 2008). O número de borboletas frugívoras

coletadas neste levantamento foi muito baixo (n=6), representando 2 subfamílias e 4

gêneros, causados principalmente pelo pouco tempo de exposição das armadilhas.

Outras espécies reconhecidamente frugívoras (UEHARA-PRADO et al., 2003) também

foram avistadas, aumentando para nove as espécies encontradas no interflúvio

Mamuru-Arapiuns. A área que apresentou maior número de exemplares foi Vista Bela,

da espécie Hamadryas arinome (n=5), que foi coletada em armadilha de 2 m de altura.

No estudo sobre borboletas frugívoras, fica óbvia a necessidade da realização de

novas coletas, com tempo maior de exposição das armadilhas em cada sítio para que

a diversidade local seja de fato analisada e comparada (Tabela B - 1).

Tabela B - 1. Lista de borboletas frugívoras coletadas com armadilhas de iscadurante a expedição ao Rio Mamuru, no período de 11 a 17 de setembro de2009, nos Sítios Vista Bela, Jaratuba e Rio Cataueré.

Família/ Subfamília/ Tribo/ EspécieVistaBela Jaratuba

RioCataueré Total

NymphalidaeBiblidinae

BiblidiniHamadryas arinome (Lucas, 1853) 5 5

CharaxinaeAnaenini

Memphis sp. 01 2 2Memphis sp. 02 1 1Memphis sp. 03 1 1Satyrinae sp. 02 1 1Zaretis itys (Cramer, [1777]) 1 1 2

TOTAL 8 3 1 12

Quanto às borboletas coletadas com redes entomológicas, nectívoras ou não,

somaram 52 espécies, totalizando 117 exemplares, coletados em vôo ou em repouso

sobre a vegetação; a região do Rio Cataueré apresentou maior diversidade e

abundância, devido a fatores já citados como grau de preservação da cobertura

vegetal e tempo despendido no sitio (Tabela B - 2).

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As espécies da família Pieridae foram coletadas principalmente na borda do rio,

estradas ou trilhas, sendo avistado um pana-paná na beira do rio Cataueré. Este grupo

tem preferência por locais ensolarados, típicos de vegetação de borda e de floresta

desmatada ou secundária; quando encontrada no interior das florestas primárias são

observadas em áreas de clareiras ocasionadas por queda de árvores.

As espécies da família Nymphalidae são de variados hábitos e habitats. Da

subfamília Satyrinae, que prefere sempre locais sombreados e tem vôo próximo ao

solo, os exemplares foram coletados em grande número na Área 3, onde a vegetação

apresentava-se mais preservada e de porte mais alto com maior numero de áreas

sombreadas.

TABELA B - 2. Lista de borboletas coletadas com rede entomológica durante aexpedição ao Rio Mamuru, no período de 11 a 17 de setembro de 2009, nos sítios VistaBela, Jaratuba e do Rio Cataueré.

Família/ Subfamília/ Tribo/ EspécieVistaBela Jaratuba

RioCataueré TOTAL

NymphalidaeDanainae

IthomiiniMethona confusa Butler, 1873 1 1Napeogenes inachia (Hewitson, 1855) 2 2Ithomiinae sp. 01 1 1

CharaxinaeArchaeoprepona demophon (Linnaeus,

1758) 1 1Biblidinae

BiblidiniAsterope leprieuri (Feisthamel, 1835) 1 1Temenis laothoe (Cramer, [1777]) 1 1Eunica cuvierii (Godart, 1819) 3 3

MorphinaeMorpho menelaus Linneaus, (1758) 1 1Antirrhaea philoctetes (Linneaus, 1758) 1 1Bia actorion (Linnaeus, 1763) 3 3

SatyrinaeHaeterini

Cithaerias andromeda (Fabricius, 1775) 2 2Pierella hortona (Hewitson, 1854) 3 3Pierella lena (Linnaeus, 1767) 2 2

EuptychiinaArgyroptychia penelope Fabricius, 1775 1 1Chloreuptychia agatha (Butler, 1867) 1 1Euptychia mollina (Hubner, [1818]) 1 1Euptychia sp. 01 3 3Taygetis sp. 01 1 1

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Satyrinae sp. 02 1 1Heliconiinae

Agraullis vanillae (Linneaus, 1775) 2 2Eueides libya (Fabricius, 1775) 2 4 3 9Eueides tales (Cramer, [1775]) 1 1Heliconius sara (Fabricius, 1793) 1 2 3 6Heliconius sp. 01 1 1

CyrestynaeCyrestini

Marpesia chiron (Fabricius, 1776) 1 1Marpesia orsilochus (Fabricius, 1776) 2 2

NymphalinaeVictorini

Anartia jathrophae (Linneaus, 1763) 2 2Junoniini

Junonia evarete (Cramer, [1779]) 1 1 2Meliitaeini

Phyciodes sp. 01 1 1 2Limenitidinae

LimenitidiniAdelpha cytherea (Linneaus, 1758) 1 5 2 8

PieridaePierini

Ascia buniae (Hübner, 1816) 1 1Coliadinae

Phoebis philea (Linnaeus, 1763) 5 5Phoebis sp. 01 1 1Anteos menippe (Hübner, [1818]) 10 10Aphrissa orbis (Poey, 1832) 2 2Aphrissa statira (Cramer, [1777]) 1 1Leucidia brephos (Hübner,[1809]) 3 3Leucidia elvina (Godart, [1819]) 1 1Eurema albula (Cramer, [1776]) 3 1 4

Lycaenidae 0Techlinae

EumaeiniArawacus aetolus (Sulzer, 1776) 2 2Thecla sp. 01 1 1 2

Riodinidae 0Euselasiinae 0

EuselasiiniEuselasia sp. 01 1 1

RiodininaeEchenais sp. 01 1 2 3

MesosemiiniMesosemia sp. 01 2 2Semomesia croesus (Fabricius, 1777) 3 3

RiodininiRhetus arcius (Linneaus, 1763) 1 1Themone pais (Hübner, [1820]) 1 1

Nymphidini

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Aricoris sp. 01 1 1Nymphidium caricae (Linneaus, 1758) 1 1Nymphidium mantus (Cramer, 1775) 2 2

StalachtiniStalachtis phlegia (Cramer, [1779]) 2 2

Hisperoidea 0Hisperiidae 2 2

TOTAL 14 41 62 117

Distribuição das espécies de especial interesse para a conservação

As informações obtidas durante este levantamento não dão subsídios para

indicação de espécies de interesse para conservação. É óbvio que as espécies que

necessitam de ambiente mais úmido e sombreado precisam de área com grau de

conservação elevado, e que a preservação de áreas com maior intensidade luminosa

favorecerá os as espécies adaptadas as áreas de bordas.

Indicação de espécies prioritárias para monitoramento

As informações obtidas durante este levantamento também não dão subsídios

para indicação de espécies prioritárias para monitoramento, no entanto a facilidade na

identificação e a possibilidade de realizar levantamentos não destrutivos indicam as

borboletas como grupo promissor para monitoramento ambiental, sendo que

composição da comunidade de borboletas frugívoras reflete o ambiente, a estrutura de

vegetação e grau de preservação da área (SOUSA & OVERAL, 2003).

Nível de amostragem por ambiente e localidade

O nível de amostragem de borboletas por localidade teve melhor amostragem

somente para a Área 3. Mesmo assim, os dados ainda são insuficientes,

principalmente para borboletas frugívoras, pois somente uma espécie foi coletada, três

observadas, indicando a necessidade de novas coletas na área.

Localidades e ambientes prioritários para novos estudos

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Ao longo do Interflúvio dos rios Mamuru – Arapiuns, as áreas prioritárias para

novos estudos são as áreas mais internas da Gleba Mamuru – Arapiuns onde há

menor pressão antrópica, vegetação primária com maior grau de preservação e onde

os planos de manejo serão implantados.

Suficiência da informação existente, expectativas e recomendações de estudo

Os estudos sobre a fauna de borboletas nesta região são raros e escassos, e

este levantamento não foi suficiente para cobrir este vazio. Portanto, recomenda-se

que mais estudos sejam direcionados a esta ordem de insetos, somados ao

monitoramento ambiental, principalmente em áreas onde o manejo florestal será

implementado.

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Anexo B -1: Armadilhas com isca de frutas fermentadas (Modelo VanSomeren – Rydon) instalada a altura de 2 metros, próximo as margens doRio Mamuru, na Comunidade de Jaratuba.

Anexo B -2: Ajudante de campo instalandoarmadilhas de isca de bananas (2m de altura)próximo a borda da estrada, no sítio 1.

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Anexo B -3: Ajudantes de campo instalando armadilhasde isca de bananas, a altura de 10 metros de altura, nosítio 3.

Anexo B -4: Ajudante de campo ilustrando osapetrechos para coleta ativa de borboletas utilizandorede entomológica, ao longo da estrada próximo aositio de coleta 3.

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Anexo 5. Borboletas em câmara úmida, sendo preparadaspara montagem em tábua de distensão. Anexo 6. Borboletas após montagem em tábua de distensão.

Anexo 7. Zaretys itys, em detalhe,montadas em tábua de distensão, antesser submetida à secagem na estufa

A BAnexo 8. Borboletas montadas em tábua de distensãodentro da estufa para secagem (A) e em gavetasentomológicas para conservação (B)

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A BAnexo 9. Hamadryas arinome (Lucas, 1853), em visão dorsal(A) e ventral (B)

A BAnexo 10. Memphis sp 01, em visão dorsal (A)e ventral (B)

A BAnexo 11. Marpesia orsilochus, (Fabricius, 1776), emvisão dorsal (A) e ventral (B)

A. ..BAnexo 12. Heliconius sara (Fabricius, 1793)em visão dorsal (A) e ventral (B) antes damontagem em alfinete

Anexo 13. Memphis sp. 02 em visão dorsal (A) e ventral (B) A BAnexo 14. Eunica cuvierii (Godart, 1819) emvisão dorsal (A) e ventral (B)

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A BAnexo 15. Zaretis itys (Cramer, [1777]) em visão dorsal (A)e ventral (B)

A BAnexo 16 Junonia everete (Stoll, 1782) emvisão dorsal (A) e ventral (B)

A BAnexo 17 Heliconius sp. 01 em visão dorsal (A) e ventral (B)

A BAnexo 18. Anartia jathrophae (Linneaus,1763) em visão dorsal (A) e ventral (B)

A BAnexo 19. Eueides lybia (Fabricius, 1775) em visão dorsal (A) eventral (B)

A BAnexo 20. Temenis laothoe (Cramer, [1777]) em visãodorsal (A) e ventral (B)

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A BAnexo 21. Bia actorion (Linnaeus, 1763) em visão dorsal(A) e ventral (B)

A BAnexo 22. Borboletas em fase de montagem em alfinetesentomológicos: Adelpha sp (A) e Stalachtis phlegia (Cramer,[1779]) (B)

A BAnexo 23. Borboletas em fase de montagem em alfinetesentomológicos: Arawacus aetolus (Sulzer, 1776) (A) e Theclasp. 01 (B)

A BAnexo 24. Borboletas em fase de montagem em alfinetesentomológicos: Eurema albula (Cramer, [1776]) (A) e Leucidiabrephos (Hübner,[1809])(B)

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58

A BAnexo 25. Borboletas em fase de montagem em alfinetesentomológicos: Cithaerias andromeda (Fabricius, 1775)(A) e Pierella lena (Linnaeus, 1767) (B)

A BAnexo 26. Borboletas em fase de montagem em alfinetesentomológicos: Anteos menippe (Hübner, [1818]) (A) ePhoebis philea (Linnaeus, 1763) (B)

A BAnexo 27. Borboletas em fase de montagem em alfinetesentomológicos: Semomesia croesus (Fabricius, 1777) (A) eRhetus arcius (Linneaus, 1763)(B)

A BAnexo 28. Borboletas em fase de montagem emalfinetes entomológicos: Taygetis sp. 01(A) eAntirrhaea philoctetes (Linneaus, 1758) (B)

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A BAnexo 29. Borboletas em fase de montagem em alfinetesentomológicos: Asterope leprieuri (Feisthamel, 1835) (A) eArchaeoprepona demophon (Linnaeus, 1758) (B)

A BAnexo 30. Borboletas em fase de montagem emalfinetes entomológicos: Napeogenes inachia(Hewitson, 1855) (A) e Methona confusa Butler,1873 (B).

A BAnexo 31. Borboletas em fase de montagem em alfinetesentomológicos:Agraullis vanillae (Linneaus, 1775) (A) eMarpesia chiron (Fabricius, 1776) (B)

A BAnexo 32. Borboletas em fase de montagem emalfinetes entomológicos:Satyrinae sp. (A) eSatyrinae sp. 01 (B)

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DIVERSIDADE DE VESPAS SOCIAIS (HYMENOPTERA, VESPIDAE) DA REGIÃODO INTERFLÚVIO MAMURU-ARAPIUNSSuzanna de Sousa Silva; Orlando Tobias Silveira - Museu Paraense Emílio Goeldi –

MPEG, Coordenação de Zoologia (CZO), Avenida Perimetral, nº 1901, CEP 66077-

530, Terra Firme, Belém - PA - Brasil.

[email protected] ; [email protected]

Introdução

As vespas sociais neotropicais são majoritariamente membros de Polistinae,

um grupo com 25 gêneros e mais de 900 espécies em regiões tropicais e

subtropicais do mundo (CARPENTER et al, 1996; RICHARDS, 1971, 1978).

A maior diversidade do grupo ocorre em regiões tropicais, especialmente na

Região Neotropical. No Brasil, ocorrem 22 gêneros e 304 espécies (CARPENTER &

MARQUES, 2001). Na Amazônia brasileira, 20 gêneros e mais de 200 espécies têm

sido registrados, representando aproximadamente 2/3 da fauna brasileira.

Vespas sociais são mais conhecidas popularmente pela agressividade com

que as fêmeas defendem seus ninhos, sendo bastante temidas pela população em

geral. Em áreas urbanas, algumas espécies podem utilizar edificações humanas

como substrato de nidificação (FOWLER,1983).

Um aspecto de grande interesse científico destes insetos diz respeito à vida

social, ou à cooperação entre os indivíduos na criação da prole e execução de

tarefas diversas, envolvendo simultaneamente uma divisão reprodutiva do trabalho.

Tal como nas sociedades de abelhas e formigas, há operárias e rainhas. Os ninhos

de vespas sociais variam desde estruturas mais simples até aquelas mais

complexas e podem ser constituídos por materiais diversos, como polpa de madeira,

fibras e tricomas de plantas, que são macerados e misturados com água e, em

alguns casos, com secreção glandular (JEANNE, 1975; WENZEL, 1998).

Várias características das vespas sociais neotropicais obrigam ao

reconhecimento de sua importância nas faunas de insetos nas Américas. Entre elas,

o hábito predador e a relativa conspicuidade nos ambientes terrestres, aliados à

organização social das colônias, justificam a expectativa de que exerçam um

impacto considerável sobre as populações de insetos, especialmente de

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lepidópteros. O veneno produzido pelas glândulas associadas ao ferrão das fêmeas

também constitui uma fonte importante de compostos químicos cujo potencial de

uso é certamente promissor.

Outro aspecto de importância prática das vespas sociais neotropicais decorre

da relativa facilidade de identificação das espécies. A despeito de constituírem um

grupo bastante diverso, a taxonomia dos Polistinae já é relativamente bem

conhecida, havendo chaves publicadas para todos os gêneros e a maioria das

espécies (COOPER, 1996a,b; 1997a,b; 1998b; RICHARDS, 1978). Hipóteses

preliminares sobre as relações filogenéticas entre os gêneros são já disponíveis

(CARPENTER, 1991; CARPENTER et al., 1996), e as perspectivas de estender

esse conhecimento aos grupos de espécies são também promissoras

(CARPENTER et al., 2000, sobre Polybia; SILVEIRA, 2005, sobre Mischocyttarus).

Baseado em dados de diversas localidades melhor estudadas no Brasil,

pode-se dizer que as faunas locais de vespas sociais têm tipicamente 60 a 100

espécies, com dominância marcada dos gêneros Polybia e Mischocyttarus

(SILVEIRA, 2002 e dados não publicados; RICHARDS, 1978).

Estudos recentes na Floresta Nacional de Caxiuanã-PA revelaram um total de

100 espécies de vespas sociais, uma estimativa inicial do tamanho da fauna local

(SILVEIRA, 2002; SILVA & SILVEIRA, 2009). SILVEIRA (2002) verificou que o

interior da floresta de terra firme, em oposição aos habitats mais abertos, como

beiras de rios, abriga maior proporção das espécies mais raras e provavelmente

mais “exigentes” em respeito aos sítios de nidificação. Tais espécies possivelmente

não encontram condições para nidificação em florestas secundárias muito alteradas,

margens de rios, beiras de estrada, etc. Isso adverte, dado o ritmo acelerado de

desflorestamento na Amazônia, para o risco da perda de um número considerável

de espécies que sequer serão descritas.

Material e métodos

Área de estudo

Os pontos de coleta da expedição encontram-se distribuídos na área da

Gleba Nova Olinda II, no interflúvio Mamuru-Arapiuns, oeste do Pará. A área da

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gleba divide-se entre os municípios de Juruti e Aveiro. As coletas foram feitas nas

seguintes áreas:

- Área 1 – Vista Bela (Juruti) - 03º07’00.0’’S – 56º35’06.7’’O

Esta área apresenta uma pista de pouso desativada de cerca de 900 metros

às margens do rio (Figura C - 1). Apesar disso, o ramal de acesso à mata

encontrava-se muito fechado e danificado, chegando a impossibilitar o tráfego de

moto em alguns trechos. Embora a vegetação do entorno da pista de pouso

apresente um aspecto muito alterado, é possível encontrar trechos relativamente

bem conservados ao longo da estrada que corta o interior da mata.

- Área 2 - Jaratuba (Juruti) - 03º11’32.6’’S – 56º34’51.4’’O

O acesso aos pontos de coleta nesta área foi feito atravessando-se as

propriedades de ribeirinhos. Devido à presença de moradores nas imediações, a

vegetação desta área parece mais alterada que nas áreas 1 e 3. A estrada principal

de acesso à mata se apresenta em melhor estado de tráfego que nas demais áreas.

Também foi observada a criação de animais (bois, principalmente) de forma não

confinada, nas imediações da comunidade (Figura C - 2).

-Área 3 – Cataueré (Aveiro) - 03º24’30.4’’S – 56º24’16.5’’O

Esta parece ser a área com a vegetação menos alterada, provavelmente pela

distância e acesso difícil (Figura C - 3). Foi constatada a presença de apenas uma

família residente na área.

Período da expedição

A expedição teve duração de 15 dias (19 de setembro a 5 de outubro de

2009). As coletas foram iniciadas na Área 3 (Cataueré) e finalizadas na Área 1 (Vista

Bela). O tempo efetivo de coleta de campo foi de 10 dias, dos quais, quatro dias

foram na Área 3 (23 a 26 de setembro), três na Área 2 (27 a 29 de setembro) e três

na Área 1 (30 de setembro a 02 de outubro).

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Figura C - 2. Área 2 Jaratuba (Juruti). A – Área da comunidade com animais; B– Ramal principal de acesso aos pontos de coleta.

Figura C - 1. Área 1 Vista Bela (Juruti). A – Pista de pouso às margens do rioMamuru; B – Vista da mata às margens do ramal principal.

A

B

A B

Figura C - 3. Área 3 Cataueré (Aveiro). A - Ramal principal de acesso aospontos de coleta; B – Vista do interior da mata.

A

B

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Metodoologia

A coleta dos insetos foi feita pelos métodos de Busca Ativa e captura em

armadilhas de Malaise.

- Busca Ativa

Foi realizada ao longo de percursos terrestres de 1.000 m e consistiu na

coleta de indivíduos em vôo (forrageando) e vistoria da vegetação (folhas, galhos,

troncos de árvores) à procura de colônias de insetos sociais (vespas) (Figura C - 4).

A coleta dos exemplares foi feita com redes entomológicas. No total foram feitos 13

percursos, quatro na Área 1, três na Área 2 e seis na Área 3.

- Captura em Armadilhas

Foram instaladas armadilhas de Malaise (interceptação do vôo dos insetos)

tanto no solo (Figura C - 5 - A) como em uma altura de aproximadamente 15 metros,

próximo à copa das árvores (Figura C - 5 - B). Foram instaladas cinco armadilhas na

Área 1, nove armadilhas na Área 2 e nove na Área 3, totalizando 23 armadilhas.

Figura C - 4. Busca Ativa por insetos em vôo e por colônias de vespas em

percursos de 1000 m no interior da floresta.

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Além desses métodos, também foi realizada na Área 3 a coleta de abelhas

Euglossini com iscas de cheiro artificiais (Acetato de Benzila e Salicilato de Metila).

Devido a problemas logísticos, essa coleta não foi repetida nos demais pontos.

Figura C - 5. Armadilhas instaladas na região do Rio Mamuru (Municípios de Aveiro e

Juruti - PA). A - Armadilha de Malaise no Solo; B - Armadilha Suspensa próximo à copa

das árvores (aproxim. 15 m de altura).

A

B

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Análise dos dados

Estimativa de abundância

Para os dois métodos de coleta empregados (armadilha de Malaise e Busca

Ativa), foi obtida uma medida indireta de abundância relativa das espécies, através

do cálculo de suas freqüências nas amostras (número de amostras no qual a

espécie foi registrada/número total de amostras) (SILVEIRA, 2002).

Análises de riqueza

Para avaliar o processo de descoberta de espécies, com o aumento do

esforço de coleta, foram construídas curvas de acumulação de espécies para os

dois métodos empregados (armadilha Malaise e busca ativa), com o programa

ESTIMATES 7.5.0. Com o mesmo programa, também foram obtidas estimativas do

número máximo (assintótico) de espécies para cada método, seguindo o modelo de

Michaelis-Menten para dados presença/ausência (MMMeans; COLWELL, 2005).

Análises de similaridade e agrupamento

Para análises de similaridade, foi utilizado o índice de Bray-Curtis sobre dados

de tipo presença-ausência de espécies nas amostras (KREBS, 1989). Sobre as

matrizes de similaridade criadas, foram feitas análises de agrupamento, usando

“média de grupo” como algoritmo para construção dos grupos. Ambas as análises

foram feitas com o programa PRIMER-E versão 5.2.2 (CLARKE & GORLEY, 2001).

Resultados e discussão

Vespas sociais

Composição da fauna

A fauna de vespas sociais, registrada ao longo de 10 dias de trabalho de

campo na região do Rio Mamuru, constitui-se de 61 espécies distribuídas em 14

gêneros. Dez espécies precisarão de estudos de identificação mais detalhados,

provavelmente tratando-se de novos táxons (Tabela C - 1). Este resultado numérico

é superior ao esperado, tendo em vista o curto período da expedição (10 dias) e,

conseqüentemente, o tempo reduzido de permanência em cada área.

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Num levantamento das espécies de vespas sociais de uma área de floresta

pertencente à mineradora ALCOA, no município de Juruti, foram registradas 89

espécies e 16 gêneros ao longo de 76 dias de coleta (SILVA & SILVEIRA, relatório

técnico). A fauna da região do rio Mamuru corresponde a 68% desse total, o que é

um percentual elevado, considerando que o tempo de coleta em Mamuru foi quase

oito vezes menor do que em Juruti. Para efeito de comparação, uma coleta de dez

dias em Juruti resultou em 42 espécies (cerca de 20 a menos que no Mamuru).

Comparando-se a riqueza da fauna de vespas sociais entre as três áreas de

coleta observa-se que Área 3 (Cataueré-Aveiro) apresentou o maior número de

espécies (33) e gêneros (12), seguida pela Área 1 (Vista Bela-Juruti) com 29, e pela

Área 2 (Jaratuba-Juruti) com 23 espécies (Tabela C - 1).

Os gêneros dominantes em número de espécies na região do Rio Mamuru

foram Mischocyttarus, Polybia e Agelaia (Figura C - 6). A soma das espécies destes

três gêneros corresponde a 67% do total de espécies coletadas. Mischocyttarus é o

maior gênero de vespas sociais, com 240 espécies, das quais 117 são encontradas

no Brasil. Também é o gênero com maior número de espécies endêmicas (78).

Polybia é o segundo maior gênero com 57 espécies, das quais, 45 ocorrem no

Brasil, sendo três endêmicas. O gênero Agelaia é composto por 24 espécies. Dentre

as 15 espécies que ocorrem no Brasil, uma é endêmica (CARPENTER &

MARQUES, 2001).

A dominância dos gêneros Polybia e Mischocyttarus na região de Mamuru

reflete o que tem sido verificado em outras áreas de Floresta Amazônica, como em

Juruti (SILVA & SILVEIRA, relatório técnico) e na Floresta Nacional de Caxiuanã -

Melgaço - PA (SILVA & SILVEIRA, 2009). Em Juruti (SILVA & SILVEIRA, relatório

técnico) foram registrados 16 gêneros, dos quais, três não foram encontrados na

região do Rio Mamuru: Chartergellus, Clypearia e Protopolybia. A ausência de

espécies dos gêneros Chartergellus e Clypearia parece aceitável por serem

naturalmente mais raras, mesmo em levantamentos mais longos. Entretanto, a

ausência de Protopolybia é mais notável, pois, no levantamento em Juruti, citado

anteriormente, foram registradas seis espécies deste gênero.

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Frequência das Espécies

A freqüência das espécies de vespas sociais na região de Mamuru diferiu

de acordo com o método de coleta utilizado (Tabela C - 2). Em armadilhas de

Malaise, a espécie mais freqüente foi Angiopolybia pallens (47,8% das amostras).

Esta espécie também é a mais comumente registrada em outras áreas de floresta,

como em Juruti e na Floresta Nacional de Caxiuanã. Com o método de busca ativa,

a espécie mais freqüente foi Polybia dimorpha (75% das amostras), uma espécie

comum em áreas abertas (Figura C - 9). A alta freqüência de P. dimorpha no método

busca ativa deve-se, muito provavelmente, ao fato da maioria dos percursos de

busca terem sido feitos ao longo de ramais nas laterais da estrada principal. Ninhos

de P. dimorpha foram freqüentemente encontrados na vegetação da borda destes

ramais. Apesar disso, outras espécies de floresta estão no grupo das dez mais

freqüentes, tanto no método busca ativa como em armadilha de Malaise, tais como:

Agelaia fulvofasciata, A. angulicollis e A. centralis.

Figura C - 6. Número de espécies/gênero de vespas sociais coletadas durante a

excursão no interflúvio Mamuru-Arapiuns (Municípios de Aveiro e Juruti, Pará).

Nº de sp/gêneroMischocyttarusPolybiaAgelaiaApoicaParachartergusAngiopolybiaLeipomelesPolistesBrachygastraCharterginusChartergusMetapolybiaPseudopolybiaSynoeca

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Similaridade da Fauna

Um dendrograma construído a partir dos valores do índice de similaridade

entre as áreas é apresentado na Figura C - 7. Segundo o gráfico, as Áreas 1 e 2

apresentam uma maior semelhança na composição das listas de espécies (39,21%),

do que ambas com a Área 3 (Figura C - 7). Este resultado é um reflexo do alto

número de espécies exclusivas da Área 3 (18 espécies), dentre as quais, espécies

típicas de floresta, como Agelaia angulata e Angiopolybia paraensis. Apesar do

esforço de coleta semelhante, as Áreas 2 e 3 apresentaram um índice de

similaridade inferior (32,72%) ao das Áreas 1 e 3, onde o esforço de coleta foi

diferente (35,48%). Todavia, é necessário considerar que as diferenças entre os

valores de similaridade são sutis e que o pouco tempo que cada área foi explorada

ainda não permite concluir sobre reais diferenças no conjunto da fauna entre as

áreas.

Figura C - 7. Similaridade entre as áreas de coleta na região do interflúvio

Mamuru-Arapiuns (Municípios de Aveiro e Juruti, Pará).

SimilaridadeA1 x A2 = 39,21A1 x A3 = 35,48A2 x A3 = 32,72

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Nível de Amostragem do Inventário

A Figura C - 8 apresenta curvas de acumulação de espécies baseadas em

amostras de armadilha de Malaise e número de dias de coleta. Nota-se que o

acréscimo de espécies na curva das amostras de Malaise é consideravelmente

inferior ao da curva do método busca ativa. O cálculo da estimativa de riqueza para

a região, a partir de amostras de armadilha de Malaise, é de apenas 25 espécies.

Constata-se que este valor subestima em quase 58% a riqueza efetivamente

observada na região (61 espécies).

Em trabalhos realizados na região de Juruti e em outras regiões de Floresta

Amazônica (Caxiuanã e Xingu) têm sido encontrado resultados semelhantes para

dados de armadilha. Isto pode ser atribuído a uma questão de eficiência da

armadilha. Por ser um método passivo de coleta, consistindo apenas na

interceptação do vôo dos insetos, e cuja abrangência é restrita apenas ao local onde

está montada, a armadilha de Malaise parece ser deficiente em coletar espécies de

abundância reduzida em uma determinada área. Apesar disso, as armadilhas de

Malaise são úteis no registro das espécies mais comuns de uma determinada área

além de servirem como um método complementar ao método busca ativa. Na região

do Rio Mamuru, três espécies foram acrescentadas à lista total exclusivamente

através da instalação de armadilhas de Malaise (Mischocyttarus gr. heliconius sp. 1,

M. gr. heliconius sp. 2 e P. signata).

A estimativa de riqueza máxima para a região do Rio Mamuru, baseada em

“dias de coleta”, foi de 124 espécies (Figura C - 8). Esta é a maior estimativa de

riqueza já alcançada em inventários de vespas sociais na Amazônia. As estimativas

de riqueza de outros inventários são, em geral, modestas e não ultrapassam 100

espécies. Já a estimativa alcançada na região do Mamuru supera até mesmo o

número de espécies registradas em Carajás, cuja fauna de Polistinae é a maior

conhecida no Neotrópico (116 espécies e subespécies em 17 gêneros) (MPEG,

2005).

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Figura C - 8 – Curvas médias de acumulação de espécies da riqueza observada(Sobs) para amostras de vespas sociais em todas as áreas da região do RioMamuru, pelos métodos “Malaise” e para dados agrupados segundo os “dias decoleta” (incluindo coleta ad libitum). Apresenta-se também as respectivas estimativasde riqueza máxima obtidas com o programa Estimates 7.5 (Michaelis-Mentenmeans, MMm): Malaise (ML) e dias de coleta (Dias).

02468

101214161820222426283032343638404244464850525456586062

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23

Sobs DIAS

Sobs MALAISE

Riq. Observada: 61

R. max. MMm (ML): 25,44

R. max. MMm (Dias): 124,65

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Considerações finais

A fauna de vespas sociais da região do Rio Mamuru apresentou um número

de espécies elevado, comparável ao de outras áreas de Floresta Amazônica bem

conservadas. Dez espécies ainda não puderam ser identificadas, sendo

possivelmente novas. Sete destas espécies foram registradas na Área 3 – Cataueré

(Aveiro). A Área 3 também detém a maior riqueza, número de gêneros e número de

Figura C - 9. Colônias de vespas sociais encontradas na Gleba Nova Olinda II,

interflúvio Mamuru-Arapiuns, Pará.

Polybia bicytarella Polybia belemensis

Polybia dimorpha Mischocyttarus injucundus

Brachygastra scutellaris

Mischocyttarus foveatus

Apoica pallens Charterginus fulvus Parachartergus lenkoi

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espécies raras. Além disso, 18 espécies foram registradas exclusivamente nesta

área. A Área 1 também destaca-se nestes quesitos, apesar da proximidade com

uma comunidade (Vila Mocambo).

Conforme mencionado, num levantamento anterior feito em Juruti, na área da

Mineradora ALCOA, foram registradas 89 espécies de vespas sociais. Sete espécies

registradas no presente trabalho, nas Áreas 1 (Vista Bela) e 2 (Jaratuba), não

constavam da lista para o Município de Juruti: Agelaia centralis, Apoica arborea,

Mischocyttarus foveatus, Parachartergus richardsi, Polybia bifasciata, Polybia

chrysothorax e Polybia liliacea. Dessa forma, a lista para a região de Juruti passa a

ser de 96 espécies de vespas sociais, a 3ª maior riqueza de espécies, em área de

Floresta Amazônica.

Não há referências sobre a utilização de espécies de vespas como

indicadoras de integridade ambiental. Poucos trabalhos mencionam, apenas de

relance, o potencial destes insetos como bioindicadores ambientais (ARAB et al.,

2003; SOUZA et al. 2008). Este último estudo, realizado num fragmento de mata no

município de Barroso, destaca a espécie Pseudopolybia vespiceps por sua

preferência por áreas conservadas. Outro estudo realizado em área de floresta

amazônica (Caxiuanã, PA), mostrou que algumas espécies dos gêneros Agelaia e

Angiopolybia, facilmente monitoráveis com iscas, mostram grau considerável de

fidelidade a determinados tipos de ambiente como “interior de floresta”, “borda de

floresta” e “área antropizada” (SILVEIRA et al, 2005).

Em respeito às categorias de especial interesse, não há informação suficiente

para atribuição das condições “endêmicas” ou “ameaçadas” às espécies de vespas

da região do Rio Mamuru. Entretanto, no caso de espécies novas, encontradas pela

primeira vez naquela localidade, deve-se considerá-las como insuficientemente

conhecidas em respeito à distribuição geográfica, ou à condição de raridade e, por

isso, merecedoras de atenção especial.

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Referências biliográficas

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Tabela C - 1. Lista das espécies de vespas sociais (Polistinae) coletadas durante a excursão

no interflúvio Mamuru-Arapiuns (Gleba Nova Olinda II, Municípios de Aveiro e Juruti, Pará).

Área 1 Área 2 Área 3Espécies Vista

Bela(Juruti)

Jaratuba(Juruti)

Cataueré(Aveiro)1 Agelaia angulata (F.) - - 1

2 Agelaia angulicolis (Spinola) - 1 13 Agelaia cajennensis (F.) 1 1 -4 Agelaia centrallis (Cameron) 1 - 15 Agelaia fulvofasciata (F.) 1 1 16 Agelaia myrmecophyla (Ducke) 1 1 -7 Agelaia pallipes (Olivier) 1 1 18 Agelaia testacea (F.) 1 - -9 Agelaia sp. 1 1 - 1

10 Agelaia sp. 2 - - 111 Angiopolybia pallens (Lepeletier) 1 1 112 Angiopolybia paraensis (Spinola) - - 113 Apoica arborea de Saussure 1 - -14 Apoica flavissima Van der Vecht - - 115 Apoica pallens (F.) 1 - 116 Apoica pallida (Olivier) - 1 117 Apoica thoracica du Buysson - 1 -18 Brachygastra scutellaris (F.) 1 - -19 Charterginus fulvus Fox - 1 120 Chartergus globiventris de Saussure - - 121 Leipomeles dorsata (F.) - 1 -22 Leipomeles nana (de Saussure) - - 123 Metapolybia sp. - 1 -24 Mischocyttarus (Megachanthopus) sp. 1 - - 125 Mischocyttarus (Megachantopus) sp. 2 1 - -26 M. (Monoginoecus) foveatus - 1 -27 M. (Clypeopolybia) gr. heliconius sp.1 - - 128 M. (Clypeopolybia) gr. heliconius sp.2 - - 129 M. (Omega) gr. prominulus sp. 1 - 1 -30 M. (Omega) gr. prominulus sp. 2 1 - -31 M. (Omega) filiformis (de Saussure) 1 - -32 M. (Haplometrobius)gr. artifex sp. - - 133 M. (Mischocyttarus) labiatus (F.) 1 - -34 M. (Haplometrobius) oechotrix Richards - - 135 M. (Mischocyttarus) tomentosus Zikán 1 - -36 M. (Clypeopolybia) flavicans (F.) - 1 -37 M. (Kappa) injucundus (de Saussure) - 1 -38 M. (Haplometrobius) surinamensis (de

Saussure)

1 - -39 M. (Haplometrobius) synoecus Richards 1 - -40 Parachartergus fraternus (Gribodo) - - 141 Parachartergus lenkoi Richards 1 1 142 Parachartergus richardsi Willink - 1 -

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77

Continuação

Área 1 Área 2 Área 3Espécies Vista

Bela(Juruti)

Jaratuba(Juruti)

Cataueré(Aveiro)43 Polybia sp. - - 1

44 Polybia belemensis Richards 1 1 -45 Polybia bifasciata de Saussure 1 - -46 Polybia bycitarella Richards - 1 -47 Polybia chrysothorax (Lichtenstein) 1 - -48 Polybia dimorpha Richards 1 1 149 Polybia gorytoides Fox - - 150 Polybia jurinei de Saussure 1 - 151 Polybia liliacea (F.) - 1 -52 Polybia micans Ducke 1 1 -53 Polybia procelosa dubitata Ducke - - 154 Polybia rejecta (F.) - - 155 Polybia rufitarsis Ducke - - 156 Polybia scrobalis surinama Richards 1 - -57 Polybia signata Ducke - - 158 Polistes pacificus F. 1 - -59 Polistes testaceicolor Bequaert 1 1 160 Pseudopolybia vespiceps (de Saussure) - - 161 Synoeca surinama (L.) 1 - 1

Total 29 23 33

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Geral/dias Percursos Malaise

Espécies F Espécies F Espécies F1 P. dimorpha 70 P. dimorpha 75 Ang. pallens 47.

82 Ag. fulvofasciata 50 A. fulvofasciata 58.3 Ag. fulvofasciata 17.

43 Ang. pallens 50 Ang. pallens 33.3 P. belemensis 17.

44 P. lenkoi 40 P. belemensis 33.3 Ag. centralis 135 Ag. cajennensis 30 P. lenkoi 33.3 Ag. myrmecophila 136 Ag. pallipes 30 Ag. pallipes 25 P. dimorpha 137 A. pallida 30 P. testaceicolor 25 P. micans 8.78 Charterg. fulvus 30 Ag. angulicolis 16.7 Ag. angulicollis 4.39 P. belemensis 30 Ag. centralis 16.7 Ag. cajennensis 4.3

10 P. micans 30 Agelaia sp. 2 16.7 Ag. pallipes 4.311 P. testaceicolor 30 M. labiatus 16.7 Ag. testacea 4.312 Ag. angulicolis 20 P. liliacea 16.7 Ang. paraensis 4.313 Ag. centralis 20 P. micans 16.7 M. gr. heliconius

sp.1

4.314 Agelaia sp. 2 20 P. rufitarsis 16.7 M. gr. heliconius

sp.2

4.315 A. pallens 20 P. scrobalis surinama 16.7 P. signata 4.316 M. labiatus 20 S. surinama 16.7 Par. lenkoi 4.317 P. jurinei 20 Ag. angulata 8.318 P. liliacea 20 Ag. cajennensis 8.319 P. rufitarsis 20 Ag. myrmecophila 8.320 P. richardsi 20 Agelaia sp. 1 8.321 S. surinama 20 A. arborea 8.322 Ag. angulata 10 A. pallida 8.323 Ag. myrmecophila 10 B. scutellaris 8.324 Ag. testacea 10 Charterg. fulvus 8.325 Agelaia sp. 1 10 L. nana 8.326 Ang. paraensis 10 M. (Megachanthopus) sp.1 8.327 A. arborea 10 M. (Megachantopus) sp.2 8.328 A. flavissima 10 M. gr. prominulus sp. 1 8.329 A. thoracica 10 M. gr. prominulus sp. 2 8.330 B. scutellaris 10 M. filiformis 8.331 C. globiventris 10 M. gr. artifex sp. 8.332 L. dorsata 10 M. oechotrix 8.333 L. nana 10 M. tomentosus 8.334 M. (Megachanthopus) sp.1 10 Metapolybia cingulata 8.335 M. (Megachantopus) sp. 2 10 M. flavicans 8.336 M. (Monoginoecus) foveatus 10 M. injucundus 8.337 M. gr. prominulus sp. 1 10 M. surinamensis 8.338 M. gr. prominulus sp. 2 10 M. synoecus 8.339 M. filiformis 10 P. bifasciata 8.340 M. gr. artifex sp. 10 P. chrysothorax 8.341 M. oechotrix 10 P. gorytoides 8.342 M. tomentosus 10 P. jurinei 8.3

Tabela C - 2 – Freqüência de registro de espécies de vespas sociais na região do Rio Mamuru,ao longo de dez dias de coleta, segundo o método de coleta (percursos de busca e Malaise) oumodo de agrupamento das informações (dias de coleta, incluindo coleta ad libitum).

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Continuação

Dias PercursosEspécies F Espécies F

43 Metapolybia cingulata 10 P. procelosa dubitata 8.344 M. flavicans 10 Par. richardsi 8.345 M. injucundus 10 Polistes pacificus 8.346 M. surinamensis 10 Polybia sp. 8.347 M. synoecus 1048 P. bicyttarella 1049 P. bifasciata 1050 P. chrysothorax 1051 P. gorytoides 1052 P. procelosa dubitata 1053 P. rejecta 1054 P. scrobalis surinama 1055 Par. fraternus 1056 Polistes pacificus 1057 Polybia sp. 1058 P. vespiceps 10

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OCORRÊNCIA DE DIPTEROS VETORES DE DOENÇAS NO RIO MAMURU(DIPTERA, CULICIDAE, PSYCHODIDAE)

Marlisson Augusto Costa Feitosa; Universidade Federal do Oeste do Pará,Santarém, PA, Brasil.; [email protected]

Introdução: considerações sobre vetores na Amazônia

Diversos insetos atuam como vetores de agentes infecciosos para o

homem como malária, febre amarela, oncocercose e leishmanioses. Para ter-

se uma noção do impacto e importância destas enfermidades humanas, de

acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) dentro das oito doenças

que mais afetam a população mundial atualmente, cinco são transmitidas por

insetos.

Entre os dípteros, temos representantes de importância médica na

família Simulidae (Simulium sp.) vetor da larva da Onchocerca volvulus, na

família Psychodidae (Lutzomyia spp.) vetores dos agentes das leishmanioses

(Leishmania braziliensis, Leishmania mexicana e Leishmania amazonensis), e

nas tribos Anophelini e Culicini, encontramos os vetores dos plasmódios

causadores da malária (Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum,

Plasmodium ovale e Plasmodium malarie) e de alguns vírus como o da Febre

Amarela.

A malaria e seus vetores

A região Amazônica, onde praticamente ocorrem dois terços dos casos

de malária das Américas, atualmente é objeto de extensas alterações

ambientais, decorridas de grandes empreendimentos que se instalam

periodicamente em seus domínios, como usinas hidroelétricas, agricultura,

mineração e colonização, acabam por causar modificações no meio ambiente,

afetando o ecossistema, e alterando o complexo integrado organismo-

ambiente, sendo a malária, a primeira doença a ocorrer em índices elevados

nestas áreas, devido a exposição de grande número de pessoas às populações

de anofelinos encontradas nestas áreas (FERRARONI & HAYES, 1979; TADEI

et al, 1988 ).

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Sendo esta enfermidade causada por quatro protozoários, da classe

esporozoa, conhecido como plasmódio: Plasmodium falciparum (Welch),

Plasmodium vivax (Grassi & Feletti), Plasmodium malariae (Grassi & Feletti), e

Plasmodium ovale (Stephens), sendo que esta última não foi registrada no

Brasil até hoje. O vetor natural deste parasita são mosquitos fêmeas do gênero

Anopheles (Meigen).

Os dados sobre espécies de Anopheles vetoras de malária no Brasil,

obtidos pelo método clássico de dissecção, para investigação de oocistos no

estômago e esporozoítos nas glândulas salivares, possibilitam incriminar

diferentes espécies, e incriminar A. darlingi como principal vetor da malária

humana em várias regiões do país (DEANE, 1986).

A maioria dos autores clássicos (RACHOU, 1958; FERREIRA, 1964 e

outros) dividiu os vetores da malária em dois grupos, de acordo com seu papel

epidemiológico: Primários ou principais e Secundários, locais ou auxiliares,

estando no primeiro grupo A. darlingi, A. aquasalis, A. albitarsis, do subgênero

Nyssorhynchus, A. cruzii e A. bellator do subgenêro Kertesia. No segundo

estariam presentes A. strodei, A. noroestensis (evansae), A. baziliensis do

subgenêro Nyssorhynchus e A. homunculus do subgenêro Kertesia.

No entanto o quadro de espécies de Anopheles listadas como vetoras da

malária no Brasil está sofrendo alterações, isso devido a utilização de testes

com radioimunoensaio (INRA) e imunoenzimático(ELISA), que vem sendo

realizado por vários autores hoje em dia. Os resultados obtidos com teste de

ELISA a respeito de espécies de anofelinos naturalmente infectados com

plasmodios em material colecionado em Rondônia, verificou-se uma possível

relação entre A. darlingi e a manutenção da infecção para as outras espécies

de Anopheles, sendo relacionada a redução de sua densidade populacional

com o desaparecimento da infecção.

Foi constatada infecção por P. vivax para A. strodei, A. nuneztovari, A.

triannulatus, e A. galvoi do subgênero Nyssorhynchus e A. peryassui, do

subgênero Anopheles. Infecção para as duas espécies de Plasmodium foi

registrado somente em A. darlingi. Resultados semelhantes foram observados

em áreas de garimpo no estado do Amapá, onde se verificou o

desaparecimento da infecção com a redução da população de anofelinos

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inclusive A. darlingi. Infecção pelas duas espécies de Plasmodium foi verificada

em A. darlingi, A. nuneztovari, e A. triannulatus (Tadei et al., 1993).

Estes dados de infecção natural das espécies de Anopheles são

semelhantes aos obtidos por ARRUDA et al (1986), que estudaram anofelinos

do estado do Pará, por meio de radioimunoensaio (INRA) e imunoenzimático

(ELISA). Esses autores detectaram infecção por P. falciparum e P. vivax para

A. darlingi e A. oswaldoi, e infecção somente por P. vivax para A. albitarsis, A.

triannulatus e A. nuneztovari.

Os flebotomíneos e as leishmanioses

Os flebotómos do novo mundo tem sido incriminados como vetores de

doenças de grande importância médica e veterinária como as Bartoneloses

(doença de Carrion) e Leishmanioses (FORATTINI, 1973). Em anos recentes,

os flebotomíneos também foram encontrados infectados por agentes da febre

dos flebótomos, grupo Changuinola de arboviroses e do virus da estomatite

vesicular, tipo indiano (CHANIOTIS, 1971b).

Atualmente são conhecidas cerca de 700 espécies distribuídas

mundialmente, sendo que no Continente Americano, segundo a lista do Grupo

CIPA (1993), estão presentes 384 espécies, ou seja, mais da metade das

espécies existentes em todo o Mundo. Na Amazônia Brasileira, estão

presentes cerca de 150 espécies do Gênero Lutzomyia França, 1924, no qual

estão presentes as principais espécies transmissoras de Leishmanioses

(YOUNG & DUNCAN, 1994).

Geralmente a transmissão na natureza ocorre entre animal-inseto-

animal, onde o homem, na maioria das vezes são hospedeiros acidentais

(ARIAS & NAIFF, 1981), considerados hospedeiros secundários, pelos quadros

clínicos prejudiciais desenvolvidos com a parasitose.

A Leishmaniose Cutânea Americana (LCA), um dos tipos de LTA, por

exemplo, é geralmente considerada uma doença a qual ocorre principalmente

em lugares onde floresta primária tem sido mudada por plantações agrícolas,

mineração ou construção de novos sistemas rodoviários, ou quando o homem

tem contato fechado com o ciclo enzootico no ambiente silvestre (QUEIROZ,

1991). MARZOCHI (1989), considerou que o aumento do numero de casos na

região amazônica brasileira e sua ocorrência em surtos epidêmicos, estão

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relacionados ao processo predatório da colonização da região, onde a maioria

da população encontra-se em estado de extrema pobreza.

LAINSON (1986) cita que os vetores dos focos amazônicos de

leishmanioses, com Le. guyanensis e Le. braziliensis, agentes etiológicos

veiculados por L. umbratilis e L. wellcomei respectivamente, ocorrem em

florestas altas. Capoeira baixa e densa e igapós favorecem o aparecimento de

L. flaviscutellata vetor de Le. amazonensis. Ao norte do Rio Amazonas, a

leishmaniose cutânea, causada por Le. guyanensis é a predominante. Os

principais reservatórios silvestres, segundo LAINSON (1981) é a preguiça

(Choloepus didactylus), o tamanduá (Tamanduá tetradactyla), além de outros

mamíferos silvestres de menor importância epidemiológica. Ao sul do Rio

Amazonas, ocorre com maior freqüência Le. braziliensis. O vetor principal e o

flebótomo L. wellcomei e não se conhece o reservatório silvestre (LAINSON et

al, 1973).

As leishmanioses produzidas pela Le. amazonensis apresentam-se ao

norte e ao sul do Rio Amazonas, em ambas as regiões (LAINSON et al, 1986),

com raros casos humanos, pela baixa antropofilia da principal vetora, a espécie

L. flaviscutellata. A espécie L. olmeca nociva é considerada vetor secundário

em Manaus.

Material e métodos

Metodologia para captura de vetores (Culicidae e Psychodidae)

Para o levantamento da fauna de mosquitos e flebotomíneos na área do

interflúvio Mamuru / Arapiuns, foram utilizadas: 9 Armadilhas luminosas CDC,

montadas a 10 e 1 metro de altura do solo. Montadas em três conjuntos de três

unidades, distantes aproximadamente 250 metros cada conjunto, sendo

montadas entre as 18:00 e as 7:00 Hs do dia seguinte.

Os flebotomíneos capturados foram sacrificados com utilização de acetato

de etila e armazenados em tubos de vidro contendo álcool a 70%, e levados ao

laboratório para posterior identificação pelas chaves de YOUNG & DUNCAN

(1994).

Os mosquitos capturados foram sacrificados com acetato de etila e

acondicionados em tubos de ensaio contendo algodão e sílica gel. Sendo

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posteriormente levados ao laboratório para identificação com as chaves de

CONSOLI & OLIVEIRA (1998).

Atividades de campo

A equipe “mosquitos” começou suas atividades na manhã do dia

23/09/2009, procedendo para a área de floresta na Área 3 (Rio Cauareté) a fim

de selecionar os locais para montagem das armadilhas luminosas,

selecionando três pontos (pt1 – S 03º23’223”, W 056º24’036”; pt2 - S

03º23’823”, W 056º24’139”; pt3 – S 03º23’818”, W 056º24’818”), onde foram

montadas duas armadilhas a 1 metro de altura do solo (borda e interior da

mata) e uma a dez metros de altura do solo (interior da mata). Nesta localidade

foram realizadas três noites de coleta entre 23 e 26 de setembro.

No dia 27 pela manhã, ocorreu o translado para a Área 2 (comunidade

Jaratuba). No mesmo dia, foram selecionados os locais de montagem das

armadilhas luminosas. Neste ponto de coleta, foram coletadas amostras entre

os dias 27 a 29/09/09 em três pontos (pt1 – S 03º11’289”, W 056º34’167”; pt2 -

S 03º11’417”, W 056º34’218”; pt3 – S 03º11’478”, W 056º34’351”). No dia

30/09, ocorreu o deslocamento para a Área 1 (comunidade Vista Bela). Na

tarde deste dia, foram selecionados os locais de montagem das armadilhas

luminosas (pt1 – S 03º07’091”, W 056º34’993”;)sendo as amostras realizadas

ate o dia 02/10.

Resultados e discussão

Após analise do material coletado, foram identificados 556 dípteros,

capturados nos três sítios do trabalho. Deste total, 281 foram de flebotomíneos

pertencentes ao gênero Lutzomyia, e 275 foram de culicideos, distribuídos em

seis gêneros (Anopheles, Culex, Aedes, Haemagogus, Psorophora e

Mansonia). Deste total, a grande maioria foi capturada na Área 3 (Alto Mamuru,

79,68%) seguido pela Área 2 (Jaratuba, 17,09%) e Área 1 (Vista Bela, 03,24%),

como demonstrado na Figura D - 1.

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87

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Espéci

mes

Vista Bela Jaratuba Alto Mamuru

Figura D - 1 – Numero de espécimes de flebotomíneos coletados nas trêsáreas de coleta do interflúvio Mamuru-Arapiuns.

Dentre os três sítios de captura utilizados no presente trabalho, o que

demonstrou menor atividade antrópicae com área verde mais preservada foi a

do alto Mamuru (Área 3) e, como visto anteriormente, foi a área onde foram

capturadas as maiores densidade e diversidade dos insetos de interesse do

estudo. Tal fato pode ser devido a aspectos de conservação, ou a efeitos de

esforço amostral, ou mesmo à fase lunar favorável à captura destes vetores

durante os trabalhos na Área 3.

Entre as espécies capturadas, 27 anofelinos foram da espécie A.

albitarsis e outros 8 foram de A. nuneztovari, ambas consideradas vetores

secundários de malaria. Entre os flebotomíneos capturados, foi registrada a

presença das espécies Lutzomyia (Nyssomyia) umbratilis, L. (N.) anduzei, L

ubiquitalis, L. whitmani , L. (Psychodopigus.) paraensis, L. (P.) ayrozai e L. (P.)

squamiventris, e L (N.) flaviscutellata, conhecidos como vetores de

leishmaniose tegumentar. Foram ainda identificados espécimes de L. davisi e

L. antunesi que são suspeitas de serem vetoras de leishmaniose, embora seu

papel nesse sentido ainda não tenha sido bem elucidado.

Na Tabela D - 1 exibida abaixo, podemos observar os espécimes de

insetos capturados em cada ambiente de coleta nas três localidades

estudadas. Nota-se que a maior densidade de insetos vetores de endemias

foram capturados na estratificação de 1 metro de altura do solo, o que nos dá

indícios de que os moradores residentes, ao adentrar na mata para realização

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de atividades rotineiras, estão em risco de contrair doenças como malaria e

leishmanioses, devido a presença destas espécies vetoras nesse ambiente.

Tabela D - 1 – gêneros dos dípteros capturados, por ambiente, em armadilhaluminosa CDC, no interflúvio dos rios Mamuru – Arapiuns.Anopheles 0 0 0 0 2 0 31 11 2 46Culex 6 3 0 12 18 3 85 41 20 188Aedes 0 0 0 1 3 0 8 5 2 19Psorophora 0 2 0 0 2 0 10 4 4 22Lutzomyia 1 6 0 38 10 6 95 107 18 281Total: 7 11 0 51 35 9 229 168 46 556

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ANEXOS

Foto D-2 – Armadilha luminosa CDC,utilizada na captura dos dípteros, montadaa 1 metro de altura do solo, próxima à raizlaminar na área 3 (Alto Mamuru).

Foto D-1 – Armadilha luminosa CDC,utilizada na captura dos dípteros,montada a 10 metros de altura do solo,na área 3 (Alto Mamuru).

Foto D-4 – espécimes de Anophelescapturados em Armadilha luminosa CDC,montada a 1 metro de altura do solo, naárea 3 (Alto Mamuru).

Foto D-3 – estrada aberta no interiorda floresta, utilizada pela equipe dopresente estudo para escolha dossítios de captura dos dípteros, na área3 (Alto Mamuru).

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DIVERSIDADE DE PEIXES DO RIO MAMURU E AFLUENTES

Ynglea Georgina de Freitas Goch; José Reinaldo Pacheco Peleja; UniversidadeFederal do Oeste do Pará, Santarém, PA, [email protected] ; [email protected]

Introdução

A região Neotropical tem a maior diversidade de peixes de água doce no

mundo e a bacia amazônica é o coração desta riqueza (Goulding, 1980). Os peixes

são os organismos vertebrados mais abundantes nas águas amazônicas,

representando um papel decisivo como mantenedores da riqueza e da estabilidade do

sistema (CARAMASCHI et al, 2001). Além destes organismos constituírem a base da

cadeia alimentar de predadores, como jacarés, ariranhas, botos e de peixes

carnívoros como tucunarés e piranhas, podem atuar como dispersores de sementes e

como enriquecedores naturais do sistema aquático, convertendo a biomassa vegetal

em matéria animal e vegetal (CARAMASCHI et al, 2001).

Os igarapés constituem um ambiente amazônico com características físico-

químicas peculiares, o que lhes confere uma fauna de peixes diferenciada do canal

central dos rios, sendo colonizados principalmente por espécies de peixes de

pequeno porte como as piabas e os matupiris (tetragonopteríneos e queirodontídeos)

(SANTOS & FERREIRA, 1999). Tais espécies pertencem a diversas ordens, tais

como: Characiformes, Siluriformes, Perciformes, Gymnotiformes, Synbranchiformes e

Cyprinodontiformes. Contudo, espécies de pequenos Characiformes, seguidos por

Siluriformes, são as mais freqüentes e abundantes nesses ambientes (BUHRNHEIM,

1998; SABINO & ZUANON, 1998; LOWE-MCCONNELL, 1999; MENDONÇA, 2002).

Além disso, grande parte das espécies presentes neste ambiente ainda não foi

catalogada.

Material e Métodos

Base de informações

As informações acerca da fauna de peixes de igarapés da região da gleba

Mamuru-Arapiuns, atualmente restringem-se a igarapés do município de Juruti (PA)

referentes ao projeto intitulado Levantamento faunístico do município de Juruti, PA, na

área sob influência da exploração de bauxita, coordenado pelo Museu Paraense

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Emílio Goeldi, no qual o grupo Peixes está inserido no levantamento; porém, tais

dados ainda não foram publicados.

A maioria dos estudos relacionados à fauna de peixes da região do baixo

Amazonas, restringe-se aos grandes rios (navegáveis), excluindo os pequenos cursos

d´água como os igarapés. Recentes estudos realizaram levantamento da fauna íctica

em igarapés localizados nos municípios de Santarém (CRUZ et al, 2007), Juruti

(OLIVEIRA-RAIOL et al, 2009) e Oriximiná (SANTOS et al, 2009).

Esforço de amostragem para o grupo e adequação dos métodos de coleta

Procedeu-se um levantamento biológico rápido, a fim de detalhar e identificar

preliminarmente as espécies de peixes existentes nessa área. As coletas foram

realizadas no período de 10 a 16 de setembro de 2009, em 3 áreas de coleta: Área 1

(comunidade Vista Bela), Área 2 (comunidade Jaratuba) e Área 3 (região do rio

Cataueré). Foram amostrados 11 igarapés de acordo com a possibilidade de acesso

tanto via terrestre, quanto via aquática (ver Figura E - 1), os quais foram

georeferenciados (ver Anexo E - 1) com a utilização de um GPS (Garmin – eTrex

Vista).

Em cada igarapé foi selecionado um trecho de 100m, onde foram efetuadas as

coletas de peixes e dos parâmetros limnológicos. As coletas tiveram um esforço

amostral padronizado, tendo os coletores usado um mesmo número de lances de

redinha e rapiché (10 lances) em todos os igarapés, e igual tempo de exposição na

água para as redes de espera (24 horas). Além disso, foram levadas em consideração

para a amostragem as zonas de remanso (meandros) e as zonas de maior velocidade

da correnteza, além dos diferentes substratos existentes (rochas, troncos, folhiços,

vegetações aquáticas).

Metodologia

A metodologia utilizada na coleta dos peixes consistiu de (1) pesca ativa, com

lances padronizados de rede de cerco (5m de comprimento x 1,5m de altura, com

5mm entre nós opostos) e (2) rapiché, em cada trecho amostrado. Além disso, foi

também realizada a (3) pesca passiva, com utilização de redes de espera

(malhadeira) com diferentes tamanhos de malha (20, 35, 40, 50 e 70mm entre nós

adjacentes), comprimento de 60m e altura variando de 1,9 a 2,5 m de altura, as quais

foram colocadas no Rio Mamuru, na zona de interseção entre os igarapés e o rio (ver

Anexo E - 2).

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Após a captura, os indivíduos foram fixados em formalina 10% e

acondicionados em sacos plásticos devidamente etiquetados (ver Anexo E - 3), e

posteriormente foram transportadas para laboratório, para posterior identificação das

espécies até o nível taxonômico mais preciso possível, utilizando bibliografia

especializada.

Resultados e discussão

Composição e riqueza de espécies por localidade e tipo de ambiente

Foram capturados 156 indívíduos no Rio Mamuru (interseção entre a foz dos

igarapés e o rio) e 448 indivíduos nos 11 igarapés amostrados, totalizando 604

espécimes. Com relação as coletas realizadas nos igarapés, foram amostradas 48

espécies, distribuídas entre as ordens Characiformes (28 espécies),

Cyprinodontiformes (1 espécie), Gymnotiformes (2 espécies), Perciformes (11

espécies), Siluriformes (4 espécies) e Synbranchiformes (1 espécie). As famílias

Characidae, Cichlidae, Lebisianidade e Crenuchidae, apresentaram o maior número

de espécies, 11, 10, 8 e 6 espécies, respectivamente.

O igarapé 4 foi o que apresentou maior abundância, com 68 indivíduos,

seguido do igarapé 7 (63 indivíduos). Já os igarapés 4 e 8 foram os que apresentaram

maior riqueza (ambos com 15 espécies), seguidos dos igarapés 5 e 9, com 13

espécies (ver Figura E - 1). O igarapé 4, denominado pelos comunitários locais como

“Jeju”, assim como o igarapé 5, denominado de “Cabeça de Anta”, estão localizados

na Área 2 de coleta, na comunidade de Jaratuba, área intermediária do Rio Mamuru.

Já o igarapé 9, está localizado na Área 3 de coleta, na região do Rio Cataueré, área

mais próxima da nascente do Rio Mamuru, com menor povoamento.

A Tabela E - 1 apresenta uma lista das espécies coletadas nos igarapés, com

suas respectivas ordens, famílias e gêneros, além do número de exemplares

coletados em cada uma das 3 áreas de coleta.

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Tabela E - 1 – Espécies de peixes por número de exemplares e freqüência deocorrência (%) capturadas nos igarapés da bacia do rio Mamuru.

ORDEM, FAMÍLIA, GÊNERO E ESPÉCIE

Área 1,VistaBela

Área 2,Jaratuba

Área 3,Rio

CataueréCHARACIFORMESCharacidadeBryconops inpai (Knöppel, Junk & Géry,1968) 6Gnathocharax steindachneri (Fowler, 1913) 4Hemigrammus belotii (Steindachner, 1882) 10 60Hemigrammus levis (Durbin, 1908) 2Hemigrammus unilineatus (Gill, 1858) 7Hyphessobrycon heterorhabdus (Ulrey,1894) 3

62

Hyphessobrycon sp.1 12 35 15Hyphessobrycon sp.2 1 4Hyphessobrycon sp.3 1Iguanodectes spirulus (Günther, 1864) 9 5Moenkhausia oligolepis (Günther, 1864) 1CrenuchidaeCharacidium pteroides (Eigenmann, 1909) 2Characidium sp 1 1Characidium sp 2 3Characidium sp 3 2 3Crenuchus spilurus (Gunther, 1863) 1 2Elachocharax pulcher (Myers, 1927) 7 8ErytrhinidaeHoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz, 1829) 3Hoplias malabaricus (Bloch, 1764) 3GasteropelecidaeCarnegiella strigata (Günther, 1964) 2LebiasinidaeCopella nigrofasciata (Meinken, 1936) 4Copella nattereri (Steindachner, 1876) 16 5Nannostomus bifasciatus (Hoedeman,1954) 15Nannostomus unifasciatus (Steindachner,1876) 9Nannostomus marginatus (Eigenmann,1909) 3 2

3

Pyrrhulina sp.1 7 2Pyrrhulina sp.2 11Pyrrhulina brevis (Steindachner, 1876) 5 1CYPRINODONTIFORMESRivulidaeRivulus sp.1 4GYMNOTIFORMES

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GymnotidaeGymnotus sp.1 1 2Gymnotus sp.2 1HypopomidaeSteatogenys duidae (La Monte, 1929) 1PERCIFORMESCichlidaeAequidens epae (Kullander, 1989) 8 5Aequidens tetramerus (Heckel, 1840) 7 5 1Apistogramma eunotus (Kullander, 1980) 2 18 11Apistogramma sp.1 1Apistogramma sp.2 1Bujurquina sp. 2Cichla kelberi (Kullander & Ferreira, 2006) 1Crenicichla inpa (Ploeg, 1991) 2Dicrossus maculatus (Steindachner, 1875) 5Mesonauta festivus 3PolycentridaeMonocirrhus polyacanthus (Heckel, 1840) 1SILURIFORMESCETOPSIDAEHelogenes marmoratus (Gunther, 1863) 2 1LORICARIIDAERineloricaria sp. 1Rineloricaria lanceolata (Gunther, 1868) 1 1Otocinclus hoppei (Miranda Ribeiro, 1939) 2SYNBRANCHIFORMESSYNBRANCHIDAESynbranchus sp. 1Total de indivíduos = 448 em 48 espécies 83 223 142

Figura E - 1 – Gráfico apresentando abundância e riqueza de espécies nosigarapés amostrados.

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Conforme a Figura E - 2, a Area 2 (comunidade Jaratuba), foi a que apresentou

maior abundância (223 indivíduos) e maior riqueza de espécies (30), seguido pelas

áreas 3 (Região do Rio Cataueré) e 1 (comunidade Vista Bela).

Figura E - 2 – Distribuição do número de indivíduos e número de espécies (riqueza)capturadas nos igarapés por área de coleta.

O gênero Hyphessobrycon (Characidae) foi o que apresentou maior número de

indivíduos (133), sendo que, destes, 65 exemplares pertencem à espécie

Hyphessobrycon heterorhabdus, e os demais a outras três possíveis espécies que

serão posteriormente identificadas e confirmadas por especialista do gênero. Porém,

a espécie Hemigrammus belotii (Characidae) foi a que apresentou maior abundância

no presente levantamento.

Já a Tabela E - 2 apresenta uma lista das espécies coletadas no Rio Mamuru

(próximo à foz dos igarapés), com suas respectivas ordens, famílias e gêneros, além

do número de exemplares coletados em cada uma das 3 áreas de coleta.

Foram amostrados 156 indivíduos e 31 espécies, distribuídas entre as ordens

Clupeiformes, Characiformes, Siluriformes e Perciformes, cada uma com 3, 14 , 9 e 5

espécies, respectivamente. As famílias Cichlidae e Characidade apresentaram um

maior número de espécies (4 espécies), seguidas das famílias Pimelodidae e

Hemiodontidae (3 espécies).