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DIAGNÓSTICO DO EMPREGO DAS FERRAMENTAS DE GESTÃO EMPRESARIAL NAS INDUSTRIAS DE ITAQUAQUECETUBA-SP 1 Francisco Claudio Tavares 2 Luiz Fernando Teodoro 3 Priscila Balbina de Oliveira 4 Resumo: Neste estudo especificamente, delimitou-se a analisar as empresas instaladas no Polo Industrial e bairro Monte Belo em Itaquaquecetuba, no estado de São Paulo. Dessa forma, a estratégia adotada pautou-se inicialmente no entendimento dos conceitos de gestão empresarial e ferramentas de gestão empresarial e, por último, buscou- se identificar as ferramentas de Gestão empregadas nas indústrias instaladas no Polo Industrial e bairro Monte Belo apoiado em entrevistas como instrumento para tal constatação. Assim, dentre os resultados obtidos constatou-se, em destaque, que a área financeira é a que mais se utiliza das ferramentas de gestão empresarial, representado por 61,5% dos entrevistados. Palavras-chave: Gestão Empresarial. Ferramentas de Gestão Empresarial. Gestão Estratégica. 1 Introdução O emprego eficaz das ferramentas adequadas e específicas para cada área da organização garantem não apenas a eficácia da gestão empresarial, mas também, expandem as possibilidades de sobrevivência das empresas que desejam alavancar com êxito seus negócios e, bem como, superar as dificuldades encontradas no atual mercado competitivo. Dessa forma, é oportuno identificar se as ferramentas de gestão empresarial disponíveis nas indústrias estão sendo utilizadas em sua totalidade. Entretanto os fatores relacionados à sobrevivência das empresas no mercado, estão ligados à forma como as organizações controlam e planejam seus negócios. Diante disso, considerando a importância da gestão 1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho (Gestão/Administração) do Seminário Internacional de Tecnologia, Educação e Sociedade, realizado pela Faculdade Tecnológica [Fatec] de Itaquaquecetuba, SP, no período de 27 a 30 de março de 2019. 2 FATEC Itaquaquecetuba. [email protected] 3 Universidade de Guarulhos, UNG. [email protected] 4 FATEC Itaquaquecetuba. [email protected]

DIAGNÓSTICO DO EMPREGO DAS FERRAMENTAS DE GESTÃO ... · perguntas do total de 109, por estarem alinhadas aos objetivos propostos nas iniciais desse artigo, tendo como parâmetro

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DIAGNÓSTICO DO EMPREGO DAS FERRAMENTAS DE GESTÃO EMPRESARIAL NAS INDUSTRIAS DE

ITAQUAQUECETUBA-SP1

Francisco Claudio Tavares2 Luiz Fernando Teodoro3

Priscila Balbina de Oliveira4

Resumo: Neste estudo especificamente, delimitou-se a analisar as empresas instaladas no Polo Industrial e bairro Monte Belo em Itaquaquecetuba, no estado de São Paulo. Dessa forma, a estratégia adotada pautou-se inicialmente no entendimento dos conceitos de gestão empresarial e ferramentas de gestão empresarial e, por último, buscou-se identificar as ferramentas de Gestão empregadas nas indústrias instaladas no Polo Industrial e bairro Monte Belo apoiado em entrevistas como instrumento para tal constatação. Assim, dentre os resultados obtidos constatou-se, em destaque, que a área financeira é a que mais se utiliza das ferramentas de gestão empresarial, representado por 61,5% dos entrevistados.

Palavras-chave: Gestão Empresarial. Ferramentas de Gestão Empresarial. Gestão Estratégica.

1 Introdução

O emprego eficaz das ferramentas adequadas e específicas para cada

área da organização garantem não apenas a eficácia da gestão empresarial,

mas também, expandem as possibilidades de sobrevivência das empresas que

desejam alavancar com êxito seus negócios e, bem como, superar as

dificuldades encontradas no atual mercado competitivo.

Dessa forma, é oportuno identificar se as ferramentas de gestão

empresarial disponíveis nas indústrias estão sendo utilizadas em sua

totalidade. Entretanto os fatores relacionados à sobrevivência das empresas no

mercado, estão ligados à forma como as organizações controlam e planejam

seus negócios. Diante disso, considerando a importância da gestão

1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho (Gestão/Administração) do Seminário

Internacional de Tecnologia, Educação e Sociedade, realizado pela Faculdade Tecnológica [Fatec] de Itaquaquecetuba, SP, no período de 27 a 30 de março de 2019.

2 FATEC Itaquaquecetuba. [email protected] 3 Universidade de Guarulhos, UNG. [email protected] 4 FATEC Itaquaquecetuba. [email protected]

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empresarial em termos de planejamento e controle no setor industrial, é preciso

verificar as possíveis dificuldades na aplicação das ferramentas de gestão.

Vale destacar que, este artigo deriva de um projeto mais amplo que tem

por objetivo traçar o Perfil Industrial de Itaquaquecetuba. Este tipo de empresa

– as indústrias – além de gerar renda para os habitantes do município, também

contribui com 38%, do Produto Interno Bruto (PIB), conforme Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE, 2014). Portanto, entende-se que as

industriais instaladas no município proporcionam crescimento econômico local

e regional por meio da geração de tributos e renda também podem ser vista

como oportunidade de atrair mais investimento capaz de promover melhoraria

da qualidade de vida dos habitantes e contribuir para o desenvolvimento local e

regional.

Assim, neste trabalho, foram utilizadas exclusivamente um conjunto de

questões por tratar, os objetivos traçados neste trabalho, tendo como

parâmetro identificar quais as ferramentas de gestão empresarial se, as

mesmas, estão sendo utilizadas em sua totalidade e apontar as possíveis

dificuldades na aplicação das ferramentas de gestão.

Pode-se julgar ser relevante este estudo, por proporcionar a ampliação

do conhecimento como o entendimento da dinâmica das atividades indústrias

e, bem como, sua importância para a economia local. Julga-se, do mesmo

modo, importante para a comunidade local, que poderá servir de parâmetros

analíticos das atividades industriais, as quais são fontes geradoras de emprego

e renda.

Contudo, este artigo teve por objetivo apresentar os primeiros resultados

obtidos sobre o perfil industrial de um grupo de empresas do ramo industrial,

instaladas no Polo Industrial e bairro Monte Belo, no município de

Itaquaquecetuba, tendo como estratégia responder a seguinte indagação:

Quais as dificuldades na aplicação das ferramentas de gestão empresarial em

um conjunto de empresas do ramo industrial instaladas no município de

Itaquaquecetuba?

1.1 Procedimentos Metodológicos

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A estratégia adotada para alcançar os objetivos traçados deu-se

inicialmente pela construção do Referencial Teórico. Para tanto, buscou-se

conceituar Gestão Empresarial, apoiando-se em autores como Gates (1999);

Farah, Cavalcante e Marcondes (2016), para conceituar Ferramentas de

Gestão Empresarial; e, Porter (2004), para conceituar Gestão Estratégica.

Por meio de pesquisas realizadas junto ao Ministério do Trabalho e

Emprego (MTE), Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (IBGE); e,

Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), teve como

estratégia constituir dados e informação para caracterizar o município de

Itaquaquecetuba.

A proposta deste estudo, faz parte de um projeto mais amplo, dentro da

parceria entre a Faculdade de Tecnologia de Itaquaquecetuba (FATEC

Itaquaquecetuba) e a Frente Empresarial Pró-Itaquaquecetuba (FEMPI) com

objetivo de traçar o Perfil Industrial no município. Dentro dessa perspectiva, foi

elaborado questionário composto por 109 perguntas.

Dessa forma, no estudo em questão, foram utilizadas apenas 34

perguntas do total de 109, por estarem alinhadas aos objetivos propostos nas

iniciais desse artigo, tendo como parâmetro identificar quais as ferramentas de

gestão empresarial e se, as mesmas, estão sendo utilizadas em sua totalidade

e apontar possíveis dificuldades no emprego das ferramentas de gestão.

Com relação a aplicação do questionário, inicialmente, fez-se necessário

visitar pessoalmente (in loco) as empresas instaladas tanto Polo Industrial

quanto no bairro Monte Belo por apresentarem uma maior concentração de

indústrias no município. Ao longo das visitas, num total de 48 empresas, nem

todas as empresas obteve-se sucesso, onde devido a burocracia os atendentes

apenas indicavam, em alguns casos o telefone e, em outros, o e-mail para um

possível agendamento e/ou envio do questionário.

Desse total de 48 empresas, 15 formulários foram enviados por e-mail,

20 formulários foram entregues diretamente às empresas instaladas no Polo

Industrial e, outros 13, no bairro Monte Belo.

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Do total de formulários entregues pelos meios acima citados, 15 de 48

empresas, responderam o questionário. Vale destacar que, duas das empresas

respondentes não se enquadravam ao objetivo desse estudo, ou seja, suas

atividades empresariais não eram de indústria de transformação. Assim,

apenas 13 empresas – questionários – foram validados. O Polo Industrial

representa 38% dos questionários respondidos e, o bairro Monte Belo,

responde 62%.

2. Revisão de Literatura

2.1 Gestão Empresarial

O processo de gestão empresarial exige dos envolvidos o devido

conhecimento das áreas geridas e, demandam o atendimento de um conjunto

de requisitos para que possa ser bem executada e promover uma efetiva

contribuição aos resultados na gestão das indústrias. Entende-se que a gestão

tem como foco principal a busca por conhecimento e melhoria nas atividades

empresariais.

De acordo com Aktouf (1989) apud Scatena (2011), gerir é maior e

abrangente, administrar é, dessa forma, uma aplicação de gerir. Ainda de

acordo com o autor, dentre as atividades do gestor está colocar em prática o

conhecimento adquirido sobre planejamento, organização, direção e controle,

fazendo com que os demais colaboradores envolvidos, de comum acordo e, de

forma harmônica, execute uma atividade com qualidade, de maneira adequada

ao que foi proposto pela organização.

Drucker (2002, p.132) afirma que, “[...] qualquer empreendimento

empresarial tem de montar uma verdadeira equipe e unir esforços individuais

em esforço conjunto”. O autor expressa a importância de uma gestão eficaz

onde todos trabalham com a mesma direção, o trabalho em equipe contribui

para o aumento do desempenho da empresa, cada participante contribui com

algo diferente, mais todos devem contribuir para um objetivo comum.

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Segundo Tapscott (1999) apud Tachizawa (2006, p.196), as

organizações dispões de oportunidades sem preliminares para poder desfrutar

de novos mercados. Por outro lado, os mercados tradicionais estão mudando

intensamente, encolhendo ou não se tornando altamente competitivo. Nesse

caso os gestores devem atentar-se para a capacidade de reagir, dado que o

tempo de reação passará a constituir elemento fundamental para a definição

de estratégias e capacitação da administração das organizações para que

possam tornar claramente orientadas ao mercado.

Para Gates (1999) apud Tachizawa (2006, p.216), o gestor, no contexto

empresarial do futuro, deverá desenvolver novos requisitos de gestão, que

serão exigidos no desempenho de atividades do conhecimento, nas operações

empresariais, e no comércio.

Contudo, de acordo com o exposto pelos autores Décio, Edna, Moises

(2013, p. 231), embora os conceitos de administração e gestão possam ser

utilizados como sinônimos, de um ponto de vista mais amplo, considera-se

gestão uma ação para a qual há menor grau de probabilidade sobre o

resultado do processo a ser gerido.

2.2 Ferramentas de Gestão Empresarial

As ferramentas de gestão permitem aos gestores uma visão ampla de

todas as atividades desenvolvidas na tomada de decisão dentro de uma

organização, e, bem como, propiciando na ampliação do desempenho e

sobrevivência da empresa. Segundo Chiavenato (2000), “[...] tomada de

decisão é o núcleo da responsabilidade administrativa”. As ferramentas

também ajudam a analisar os problemas e achar soluções e/ou no

planejamento e gestão de projetos.

Na visão de Farah, Cavalcante e Marcondes (2016 p. 37), “[...] o

processo de tomada de decisão é uma tentativa racional de alcançar objetivos

ou resultados. Já em relação ao entendimento de ferramentas de gestão

empresarial, podemos nos apoiar em Peinado e Graeml (2007), onde segundo

estes, “[...] ferramentas de gestão empresarial são técnicas empregadas ou

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aplicadas com a finalidade de mensurar, definir, analisar e propor soluções

para os problemas que interferem no bom desempenho dos processos

empresariais”.

É importante ressaltar que não se resume conhecer todas as

ferramentas, no entanto é essencial que se saiba decidir no momento exato

que cada uma deve ser utilizada. Vale destacar que, quando revisto na

literatura o número de ferramentas de gestão, observa-se o quão variado é o

entendimento desse total. Assim, neste estudo, apenas destacou-se aquelas

apontadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio as Micros e Pequenas Empresas

(SEBRAE) como as principais: Análise SWOT5 (Strengths, Weaknesses,

Opportunities, Threats); Matriz BCG6; Matriz de ANSOFF7; e, CANVAS8.

Visto que, se as ferramentas não forem utilizadas no momento certo e

de maneira adequada, não apresentarão os resultados esperados. Elas

permitem o maior controle dos processos ou melhorias na tomada de decisões.

A gestão empresarial possui áreas que quando bem geridas contribuem para o

desenvolvimento organizacional, sendo estas áreas: finanças, marketing,

avaliação de desempenho, gestão estratégica e gestão qualidade.

2.3 Gestão Estratégica

Entende-se a gestão estratégica como, acompanhamento da estratégia

e suporte à tomada de decisões, fundamentados em indicadores e, em uma ou

mais ferramentas de gestão, que reflitam o progresso da organização em

direção à sua visão de futuro. A gestão estratégica é uma das áreas do campo

da Gestão que se destaca por sua relevância, sua importância constitui-se no

fato de organizar em um conjunto de ações gerenciais que permitem aos

5 A análise SWOT, também é conhecida no país como FOFA (forças, oportunidades, fraquezas e ameaças); 6 A Matriz BCG, pode ser entendida como a principal ferramenta de gestão empresarial quando o empreendimento precisa administrar melhor seus produtos e negócios 7 A Matriz de ANSOFF, permite a elaboração de um plano eficiente para o desenvolvimento de um produto ou serviço e a abertura de novos mercados. 8 CANVAS, é uma das ferramentas mais recentes, propicia o desenvolvimento de modelos de novos negócios quanto reestruturar negócios existentes.

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gestores de uma empresa mantê-la integrada ao seu meio envolvente e no

curso correto de desenvolvimento, possibilitando atingir seus objetivos.

Porter (2004, p.44) afirma que o futuro das empresas pode ser

identificado a partir da construção de um cenário que represente situações que

considerem os fatores políticos, econômicos, ambientais e sociais, de modo a

prever incertezas e, consequentemente, auxiliar os gestores na tomada de

decisão. O autor ainda ressalta que, estas decisões envolvem estratégias

genéricas, que podem ser utilizadas de forma isolada ou combinada, visando

estabelecer referências para melhoria da posição competitiva dos produtos e

serviços das empresas no segmento em que atua, enfatizando a estratégia

competitiva de custo, de diferenciação e foco.

De acordo com a Quadro (1), a seguir são apresentadas as estratégias

competitivas, divididas entre vantagens competitivas, escopo competitivo

Segundo Porter:

Quadro 1 – As Estratégias Competitivas

Fonte: Porter (2004, 2017).

De acordo com o Quadro (1), anterior, a estratégia de Liderança de

Custo, objetiva alcançar a liderança no custo total, concentrando-se num alvo

estratégico e obtendo vantagem competitiva na posição de baixo custo. Já a

estratégia de Diferenciação, procura oferecer produtos/serviços com

características, diferenciadas buscando conquistar e fidelizar seus clientes. A

estratégia de Enfoque, tem como foco sua atenção em um determinado nicho

de mercado/cliente ou um produto.

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2.4 Caracterização do município de Itaquaquecetuba

O município de Itaquaquecetuba faz parte da microrregião de Mogi das

Cruzes, localizado no Alto do Tietê que compõe a Região Metropolitana de São

Paulo, que se encontra na região Sudeste do Brasil.

Como municípios limítrofes, ao Norte está situado o município de Arujá,

ao Leste a cidade de Mogi das Cruzes, ao Sul estão os municípios de Poá e

Suzano e, à Oeste o município de Guarulhos, estes juntamente com

Itaquaquecetuba, compõe a Região do Alto do Tietê. Itaquaquecetuba, também

faz divisa com a Capital de São Paulo, mais especificamente com os bairros:

São Miguel Paulista; Itaim Paulista; Itaquera e Guainazes.

Em relação a infraestrutura logística, o acesso ao município é possível

tanto por rodovias e ferrovia. O sistema ferroviário é operado atualmente pela

Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Quanto ao acesso por

meio de rodovias, entrecortam o município, a saber: antiga Estrada São Paulo

– Rio (SP-66); Estrada de Santa Isabel (SP-56); a Rodovia Mogi-Dutra (SP-88),

além da Rodovia Ayrton Senna a qual possibilita fácil acesso ao Aeroporto

Internacional de Guarulhos. Tais meios de acesso constituem aspectos

positivos por configurar facilidades de acesso e escoamento da produção local.

2.4.1 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)

Ao observar os indicadores econômicos e sociais, no caso o Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH) elaborado pela Atlas de Desenvolvimento

Humano no Brasil (2013), pode-se julgar que o município vem apresentando

melhora nesses indicadores. Se comparado os dados das últimas duas décadas,

é possível identificar um crescimento significativo da ordem de 61,17% entre os

anos de 1991 e 2010, onde em 1991, o município encontrava-se na faixa de nível

“muito baixo”, por apresentar o IDHM de 0,443, passando a 0,592 em 2000,

apresentando um crescimento de 33,63%, e na última avaliação realizada em

2010, o município avançou para a faixa considerada de nível alto, por apresentar o

IDHM de 0,714.

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Apesar de o Município ter apresentado melhoria em seu índice de

Desenvolvimento Humano, Itaquaquecetuba ocupa a 1486ª posição entre os

5.565 municípios brasileiros. A seguir será apresentado o IDHM do município

entre os períodos de 1991 a 2010.

Figura 1 – IDHM de Itaquaquecetuba entre os anos 1991 e 2010

Fonte: PNUD, IPEA e FJP, 2018.

O indicador que mais contribuiu para elevar o IDHM do município foi a

Longevidade, onde a expectativa de vida ao nascer passou de 0,670 em 1991,

para 0,740 em 2000, e, em 2010, elevou-se para 0,844. Ao passo que o

indicador de Renda apresentou crescimento de ordem de 33,26% quando

comparado entre os anos de 1991 e 2010. Em particular ao índice de

Educação, constatou-se que para o mesmo período passou de 0,211 em 1991

para 0,446 em 2000, e elevando para 0,648, em 2010.

2.4.2 Mercado de Trabalho

Itaquaquecetuba possui o total de 6.308 estabelecimentos, distribuídos

em 14 setores da economia, responsáveis pela geração de 37.565 postos de

empregos formais, com referência ao mês de janeiro de 2018. O número de

admissões referentes aos períodos de abril/2017 – março/2018 é da ordem de

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15.012, já o de desligamentos corresponde a 13.085, segundo dados do

Ministério do Trabalho – MTE (2018).

De acordo com o Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE

(2018), o Produto Interno Bruto (PIB) do município de Itaquaquecetuba em

2015 foi estimado em R$ 6.476.632,00. Ainda de acordo com a Fundação, o

PIB per capita (por pessoa) no município em 2015 foi de R$ 18.730,00. Quanto

maior o PIB per capita de um país, mais desenvolvido poderá ser considerado

este país (GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO, 2017).

Na economia do município e associando à população economicamente

ativa, pôde-se constatar que o Setor da Indústria de Transformação representa

o maior gerador de empregos formais em Itaquaquecetuba, sendo responsável

por 42,68% dos empregos, seguido do Setor 5 – Comércio Varejista que

responde por 22,72% e, em terceira posição, o Setor 4 - Comércio e

Administração de Imóveis, Serviços Técnicos que detêm 7,90%. Vale destacar

que, o Setor 2 – Agropecuária, apresenta a menor participação, com apenas

0,22% do total de empregos formais.

Nos permite confirmar nesta seção, mesmo que preliminarmente, a

importância do setor industrial na dinâmica no processo de desenvolvimento

econômico e social de Itaquaquecetuba.

2.4.2 Indústria de Transformação

De acordo com o IPEA (2013), o desenvolvimento da atividade industrial

proporcionou na maioria dos países, avanços nos processos de urbanização,

aumentando da produção de alimentos e serviços de toda ordem, também

elevados ganhos de produtividade e de competitividade que permitiram aos

países exportar produtos, e assim, conquistar fatias importantes do mercado

internacional. Desta forma é possível entender que a indústria foi e, continua

sendo, a grande motivadora para a transformação e modernizações tanto

regional e local, pelas quais passam as estruturas produtivas e de emprego.

Conforme apresentado anteriormente, no município em questão conta

com 891 indústrias, sendo responsáveis por gerar 16.034 mil postos de

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empregos formais, respondendo por aproximadamente 43% dos postos de

empregos formais. A seguir, a Tabela I, apresenta os setores de atividade

industrial, quantidades de estabelecimentos e números de empregos formais.

Tabela I – Indústrias de Transformação em Itaquaquecetuba, 2018

OR

Setores

Estab.

(N°)

Estab.

(%)

Emprego

(N°)

Emprego

(%)

1 Minerais não metálicos 61 6,85 1.313 8,19

2 Metalúrgica 172 19,30 3.092 19,28

3 Indústria mecânica 85 9,54 1.533 9,56

4 Material elétrico e de comunicações 23 2,58 324 2,02

5 Indústria do material de transporte 53 5,95 1.392 8,68

6 Madeira e mobiliário 43 4,83 682 4,25

7 Papel, papelão, editorial e gráfico. 59 6,62 1.100 6,86

8 Borracha, fumo, couros, peles, similares. 45 5,05 620 3,97

9 Química de produtos farmacêuticos,

veterinários, perfumaria.

131 14,70 2.805 17,49

10 Têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 159 17,85 2.709 16,90

11 Calçados 2 0,22 54 0,34

12 Produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 58 6,51 410 2,56

Total 891 100% 16.034 100%

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS/MTPS, 2017.

Conforme a Tabela I, anterior, o Setor que apresenta o maior número de

estabelecimentos é o 2 - Metalúrgicas, com 172 estabelecimentos. Já o Setor

que apresenta o menor número de estabelecimentos, é o 11 - Calçados, com

apenas 2 estabelecimentos. O Setor 2 - Metalúrgicas, além de possuir o maior

número de estabelecimentos, é o maior gerador de empregos formais, sendo

responsável por aproximadamente 19,3% dos empregos no setor de Indústria

de Transformação.

3 Resultados Obtidos

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Alinhado a estratégia estabelecida nos objetivos apresentados nas

iniciais do presente estudo, nessa seção objetiva demonstrar os resultados da

pesquisa aplicada nas empresas do ramo industrial instaladas no Polo

Industrial e bairro Monte Belo em Itaquaquecetuba, com a finalidade de

identificar quais as ferramentas de gestão empresarial utilizadas pelas

empresas analisadas.

Assim, dentre os resultados obtidos, constatou-se incialmente que as

indústrias do município são informatizadas. Ao questioná-las quanto ao nível de

informatização na gestão da produção, 75% dos entrevistados alegaram utilizar

sistemas informatizados em até 50% do setor. Enquanto 8,3% utilizam

sistemas informatizados em até 80% de suas operações produtivas e, por

último, 6,7% dos entrevistados, utilizam sistemas informatizados em até 100%.

Quando questionados em relação a área financeira, 61,5% afirmaram

ser a área informatizada, para outros 15,4% as áreas informatizadas são da

produção e contábil. Já 7,7% alegam não fazer emprego da tecnologia da

informação. É de suma importância a utilização sistemas informatizados,

ferramentas de gestão, no intuito de fornecer informações aos gestores para o

bom desempenho das atividades como: planejamento, organização, liderança e

controle, contribuindo ao progresso na direção de seus objetivos e transformar

os objetivos em realidade.

Com relação as dificuldades encontradas na gestão da empresa, 46,2%

dos entrevistados disseram ser a burocracia, a maior dificuldade, para outros

38,5%, a maior dificuldade está na elevada carga tributária, enquanto para

23,1% a maior dificuldade está na formação de preço. Ao passo que, 15,4%

apontam o custo elevado da logística como dificuldade. Com 15,4%, outros

entrevistados, disseram que há dificuldade de acesso a matéria prima. E por

último, com 7,7% creditaram como maior dificuldade a qualidade do produto na

fabricação. Cabe destacar que a gestão empresarial é constituída por meio de

políticas internas, estratégias e ações necessárias para um bom desempenho

dos departamentos, contribuindo para obter o sucesso e, a continuidade do

negócio.

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Diante disso, é preciso estar atento a gestão da organização, dentre as

áreas das empresas se destaca a “área financeira”, pois seus procedimentos

administrativos envolvem o planejamento, análise e o controle das atividades.

Assim, mediante as repostas apresentadas, 100% dos entrevistados

demonstraram ter dificuldades na gestão do capital de giro. O que pode

explicar, por sua vez, grande parte dos problemas enfrentados associado a

tomadas de decisões pelas empresas.

Mais adiante, quando perguntado sobre a participação das vendas

dentro do mercado de Itaquaquecetuba, 69,2% dos entrevistados disseram

representar até 24% do volume total. Para 15,4%, a participação nesse

mercado é entre 25% e 49% de suas vendas. Ao passo que, 7,7% alegam que

entre 50% e 70% de suas vendas são dentro do município e, outros, 7,7%

afirmam não vender seus produtos no mercado local.

Contudo, é primordial a participação deste perfil de empresas no

mercado de Itaquaquecetuba, onde atividade Industrial responde por 38%

deste total. Vale destacar, entretanto, que a atividade industrial ocupa a 4ª

posição no composto da renda média mensal da população no município.

4 Considerações Finais

Conforme mencionado ao longo do artigo, este estudo corresponde ao

resultado parcial e pontual de um projeto mais amplo cujo objetivo é traçar o

Perfil Industrial de Itaquaquecetuba, sendo analisado os dados e informações

das empresas do ramo industrial no município em questão. Por meio do estudo

realizado, constatou-se entre outros pontos, a melhora nos últimos anos tanto

no nível de Desenvolvimento Econômico Local, quanto na renda per capita do

município.

O resultado obtido neste estudo por meio das entrevistas realizadas é

que tais empresas utilizam ferramentas de gestão empresarial, em destaques:

a área de finanças por ser a mais indicada, onde 61,5% afirmaram ser

totalmente informatizada; enquanto a área produtiva, 6,7% alegam sê-la 100%

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informatizada; em suma, apenas 16,7% do total das empresas entrevistadas

utilizam sistemas informatizados em até 100%.

Ainda, por meio deste estudo foi possível identificar que dentre as

ferramentas de gestão utilizadas por esse conjunto de indústrias destaca-se a

de “Gestão Estratégica”, onde 69,2% dos respondentes alegam realizar

planejamento estratégico. Enquanto que, 7,7% alegam não se utilizar de

nenhum tipo de ferramenta de gestão, servindo como parâmetro explicativo das

dificuldades apontadas pelos entrevistados.

Quanto as dificuldades encontradas na gestão das empresas, os

respondentes alegam tê-las na administração dos recursos financeiros, onde

100% afirmam ser quanto ao capital de giro. Outros, apontam se encontrar,

também, na formação de preços representado por 23,1% dos entrevistados. Já

30,8% dos respondentes afirmam encontrar dificuldades para se posicionar no

mercado de Itaquaquecetuba, atribuindo tal fato, ao preço praticado no

mercado local.

Isso acaba, de alguma forma, impactando na participação das vendas

dessas indústrias dentro do próprio mercado de Itaquaquecetuba, onde 69,2%

dos entrevistados alegam ser as vendas no mercado local de até 24% do total.

Para outros 15,4%, afirmam entre 25% e 49% de suas vendas serem dentro do

município. Ao passo que, 7,7% indicam que entre 50% e 70% de suas vendas

ocorrem localmente e, outros, 7,7% apontam não vender seus produtos no

município.

Portanto, diante dos resultados obtidos é possível entender parte da

dinâmica das indústrias do município. Mais adiante, constatou-se que as

ferramentas de gestão não são empregadas em sua totalidade, ocasionando

dificuldades na interpretação dos dados e eventuais perdas nas tomadas de

decisões. Observou-se, também, apoiado nas respostas, existir a necessidade

de maior aproximação entre empresas, poder público local e associações de

classe patronal e, até mesmo, de trabalhadores na busca de estratégias para

acelerar o processo de desenvolvimento econômico local.

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