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mundo EF SEXTA-FEIRA, 6 DE MAIO DE 2011 A14 Richard Drew/Associated Press O FIM DA CAÇADA Obama capitaliza a morte de Osama em ato no Marco Zero Presidente dos EUA, que disputará reeleição, faz homenagem em Nova York às vítimas do terrorista saudita morto domingo DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS O presidente dos EUA, Barack Oba- ma, foi ontem ao Marco Zero, em Nova York, principal local do ataque terroris- ta promovido pelo saudita Osama bin Laden há dez anos, prestar homena- gem. Ele exaltou a tenacidade dos nor- te-americanos e agradeceu aos milita- res que abateram o terrorista, domingo passado, no Paquistão. Novas informa- ções sobre a ação —cujos métodos revi- goraram o debate sobre uso de tortura— indicam que não houve resistência. Aprovação do presidente cresce seis pontos ÁLVARO FAGUNDES DE NOVA YORK Quatro dias após a morte do terrorista Osama bin La- den, o presidente Barack Obama foi a Nova York pres- tar homenagem às vítimas do ataque do 11 de Setembro. A visita ocorreu no mesmo dia em que pesquisa do insti- tuto Gallup mostrou alta na aprovação do presidente americano. Ela avançou seis pontos percentuais, para 52%, desde o assassinato —é sua maior aprovação desde março do ano passado. O maior avanço registrado pelo Gallup foram os 35 pon- tos obtidos pelo antecessor de Obama, George W. Bush, logo depois do atentado. Ontem, em cerimônia acompanhada por familiares de alguns dos mortos nos ataques, Obama colocou uma coroa de flores no Marco Zero, o local onde estão sen- do construídas duas novas torres do World Trade Center. A cerimônia foi silenciosa, e a coroa (com flores bran- cas, azuis e vermelhas) foi depositada à sombra de um carvalho, que estava no local nos ataques em 2001, foi reti- rado para ser recuperado e, finalmente, em dezembro do ano passado, replantado. Depois do evento, Obama se reuniu com cerca de 60 fa- miliares das vítimas do aten- tado realizado pela Al Qaeda. Para vários deles, a mensa- gem foi a mesma: “Nós nun- ca vamos nos esquecer”. A mesma mensagem foi di- ta, horas antes, em visita a um Corpo de Bombeiros que perdeu uma equipe de 15 ho- mens durante as operações de resgate nas torres e a uma delegacia de polícia. “Obviamente, não pode- mos trazer de volta os amigos que vocês perderam”, disse Obama aos bombeiros. “O que aconteceu no domingo [a morte de Bin Laden] en- viou uma mensagem: quan- do dizemos que nunca es- queceremos, falamos sério.” Acompanhado de Rudy Giuliani, prefeito de Nova York na época dos ataques, o presidente americano falou que os responsáveis pela operação que matou o líder da Al Qaeda “fizeram-na em nome dos irmãos de vocês que morreram”. Segundo ele, o compro- misso de garantir que justiça está sendo feita transcende partidos e política. Essa foi a primeira visita de Obama ao local dos aten- tados ao menos desde que se tornou presidente, em 2009 — ele esteve no local em 11 de setembro de 2008. “É importante para o presi- dente, dados os traumáticos eventos que Nova York so- freu em 11 de setembro de 2001, voltar na esteira da missão bem-sucedida contra Bin Laden”, disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney. Obama conversa com filha de um dos mortos no ataque ao World Trade Center, em 2001 Letícia Moreira/Folhapress Bin Laden estava atravessado na garganta, afirma brasileiro Para imã, morte é começo do fim do terrorismo BRUNO TORANZO DE SÃO PAULO O paulistano Ivan Fair- banks Barbosa, 70, se deu conta da morte de Osama bin Laden na manhã seguinte ao seu assassinato ao ler, em meio a uma caminhada, a manchete de um jornal ex- posto em uma banca. “Uma notícia prazerosa. Era alguém atravessado na garganta. Se Bin Laden tives- se sido julgado e preso, não haveria justiça”, disse em en- trevista à Folha. Ele é pai de Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, morto aos 30 anos —uma das qua- tro vítimas brasileiras dos ataques do 11 de Setembro. O filho, formado em admi- nistração de empresas, tra- balhava no banco Cantor Fitzgerald, que ocupava cin- co andares (do 101º ao 105º) da torre norte do World Trade Center, acima de onde o avião atingiu o edifício. A engenheira química An- ne Marie Sallerin, também brasileira, trabalhava com Kyrillos. Os dois, ao lado de outros 656 trabalhadores do banco de investimentos, fica- ram sem opção de saída. Os bombeiros não tiveram tempo o suficiente para che- gar aos andares superiores. A aeronave obstruiu o cami- nho. Quase uma hora depois do choque, a torre sul cedeu, e, passados alguns minutos, a norte também não supor- tou o forte abalo. Os que estavam no escritó- rio do Cantor naquela manhã morreram. O banco perdeu mais gente do que qualquer outra empresa ou institui- ção, incluindo o corpo de bombeiros de Nova York. “Tinha receio de que ele (Bin Laden) morreria de cau- sas naturais, o que faria com que escapasse ileso”, disse à CBS o presidente do Cantor, Howard Lutnik, que se sal- vou por estar atrasado. ASSISTÊNCIA Barbosa ressaltou que re- cebeu assistência imediata dos EUA. A razão, segundo ele, pode ser creditada ao fa- to de o governo não ter hesi- tado em considerar mortos os que estavam nas torres. Ele agradece à comunida- de brasileira, que demons- trou “solidariedade impres- sionante” ao longo da tragé- dia. “O governo brasileiro só começou a ajudar dias de- pois do atentado”, reclamou. A assessoria de imprensa do Itamaraty disse que, em casos como esses, os brasilei- ros precisam telefonar para o consulado e passar todas as informações solicitadas. FERNANDA EZABELLA DE LOS ANGELES “É o começo do fim do terrorismo”, disse o imã Feisal Abdul Rauf, famoso por defender a construção de centro islâmico a duas quadras do Marco Zero do 11/9, ao falar sobre a morte de Osama bin Laden e as revoltas em países árabes. Rauf participou de um encontro anteontem na Universidade da Califór- nia em Los Angeles. “É evidente que a abor- dagem do terrorismo não está funcionando e que o terror não constrói socie- dades”, disse, lembrando que 85% das vítimas da Al Qaeda são muçulmanas. Fundador da Cordoba Initiative, que visa melho- rar a relação de comunida- des ocidentais e islâmicas, o imã disse que o projeto do centro em Nova York pode levar cinco anos. Fora do anfiteatro, um grupo de dez pessoas se- gurava cartazes contra a “propagação da sharia [lei islâmica]”, e uma ativista judia distribuía panfletos dizendo “a islamofobia é o novo antissemitismo”. Mulher segura cartaz de apoio ao presidente Barack Obama no Marco Zero, em Nova York Familiares de vítimas têm sensação de alívio DE NOVA YORK Para alguns dos familiares das vítimas do 11 de Setem- bro, o encontro ontem com o presidente Barack Obama e a morte de Osama bin Laden dão uma sensação de “traba- lho realizado”. Charles Wolf, que perdeu a mulher, Katherine, no aten- tado, após encontrar-se com Obama, disse ter ficado “muito contente em agrade- cer o homem que vingou a morte” de sua mulher. “Porque você não é capaz de fazer essa tarefa sozinho. Aquele homem do mal [Bin Laden] agora está nas pro- fundezas, atormentados por demônios”, afirma. Para Margie Miller, mulher do bombeiro Joel, a morte do terrorista dá a sensação de trabalho realizado, especial- mente aos militares que par- ticiparam da ação contra o saudita. “O meu marido está morto, e o fato de Osama ter sido morto não muda isso.” Maureen Santora, que per- deu o filho, o bombeiro Christopher, também esteve entre os familiares que se en- contraram com Obama. “Ele [o presidente] disse a nós todos que, desde quando assumiu a presidência, nun- ca esqueceu das pessoas mortas no 11 de Setembro e estava determinado a fazer justiça, encontrar uma forma de capturar Osama bin La- den. Eu o agradeci por ter si- do forte e confiante o sufi- ciente para cumprir este tra- balho. Bin Laden está agora no oceano”, afirmou. Colaborou RODRIGO FIUME , em Nova York

Diagramação caderno Mundo

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mundoEFSEXTA-FEIRA, 6 DE MAIO DE 2011 A14

RichardDrew/AssociatedPress

O FIM DA CAÇADA

Obamacapitaliza amorte deOsamaematonoMarcoZeroPresidentedosEUA,quedisputará reeleição, fazhomenagememNovaYorkàsvítimasdoterroristasauditamortodomingo

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente dos EUA, Barack Oba-ma, foi ontem ao Marco Zero, em NovaYork, principal local do ataque terroris-ta promovido pelo saudita Osama binLaden há dez anos, prestar homena-

gem. Ele exaltou a tenacidade dos nor-te-americanos e agradeceu aos milita-res que abateram o terrorista, domingopassado, no Paquistão. Novas informa-ções sobre a ação—cujosmétodos revi-goraramodebate sobreusode tortura—indicamquenãohouveresistência.

Aprovaçãodopresidente cresce seispontosÁLVARO FAGUNDESDE NOVA YORK

Quatro dias após a mortedo terrorista Osama bin La-den, o presidente BarackObama foi a Nova York pres-tarhomenagemàsvítimasdoataquedo11deSetembro.A visita ocorreu nomesmo

dia emquepesquisa do insti-tuto Gallup mostrou alta naaprovação do presidenteamericano. Ela avançou seispontos percentuais, para52%, desde o assassinato —ésua maior aprovação desdemarçodoanopassado.Omaior avanço registrado

pelo Gallup foram os 35 pon-tos obtidos pelo antecessorde Obama, George W. Bush,logodepoisdoatentado.Ontem, em cerimônia

acompanhada por familiaresde alguns dos mortos nosataques, Obama colocouumacoroade floresnoMarcoZero, o local onde estão sen-do construídas duas novas

torresdoWorldTradeCenter.A cerimônia foi silenciosa,

e a coroa (com flores bran-cas, azuis e vermelhas) foidepositada à sombra de umcarvalho, que estava no localnos ataques em 2001, foi reti-rado para ser recuperado e,finalmente, em dezembro doanopassado,replantado.Depois do evento, Obama

se reuniu com cerca de 60 fa-miliares das vítimas do aten-tado realizadopelaAlQaeda.Para vários deles, a mensa-gem foi a mesma: “Nós nun-cavamosnosesquecer”.Amesmamensagemfoidi-

ta, horas antes, em visita aum Corpo de Bombeiros queperdeu uma equipe de 15 ho-mens durante as operaçõesde resgate nas torres e a umadelegaciadepolícia.“Obviamente, não pode-

mos trazerdevoltaosamigosque vocês perderam”, disseObama aos bombeiros. “Oque aconteceu no domingo[a morte de Bin Laden] en-

viou uma mensagem: quan-do dizemos que nunca es-queceremos, falamossério.”Acompanhado de Rudy

Giuliani, prefeito de NovaYork na época dos ataques, opresidente americano falouque os responsáveis pelaoperação que matou o líderda Al Qaeda “fizeram-na emnome dos irmãos de vocêsquemorreram”.Segundo ele, o compro-

misso de garantir que justiçaestá sendo feita transcendepartidosepolítica.Essa foi a primeira visita

de Obama ao local dos aten-tados aomenos desde que setornou presidente, em 2009—ele esteveno local em11desetembrode2008.“É importanteparaopresi-

dente, dados os traumáticoseventos que Nova York so-freu em 11 de setembro de2001, voltar na esteira damissão bem-sucedida contraBinLaden”,disseoporta-vozdaCasaBranca, JayCarney. Obamaconversa comfilhadeumdosmortos no ataque aoWorldTradeCenter, em2001

LetíciaMoreira/Folhapress

Bin Laden estava atravessadona garganta, afirma brasileiro

Para imã,morteé começodo fimdo terrorismoBRUNO TORANZO

DE SÃO PAULO

O paulistano Ivan Fair-banks Barbosa, 70, se deuconta damorte deOsamabinLaden namanhã seguinte aoseu assassinato ao ler, emmeio a uma caminhada, amanchete de um jornal ex-postoemumabanca.“Uma notícia prazerosa.

Era alguém atravessado nagarganta. Se Bin Laden tives-se sido julgado e preso, nãohaveria justiça”, disseemen-trevistaàFolha.Ele é pai de Ivan Kyrillos

Fairbanks Barbosa, mortoaos 30 anos —uma das qua-tro vítimas brasileiras dosataquesdo11deSetembro.O filho, formado em admi-

nistração de empresas, tra-balhava no banco CantorFitzgerald, que ocupava cin-co andares (do 101º ao 105º)da torrenortedoWorldTradeCenter, acima de onde oaviãoatingiuoedifício.A engenheira química An-

ne Marie Sallerin, tambémbrasileira, trabalhava comKyrillos. Os dois, ao lado deoutros 656 trabalhadores dobancode investimentos, fica-ramsemopçãodesaída.Os bombeiros não tiveram

tempo o suficiente para che-garaosandares superiores.Aaeronave obstruiu o cami-

nho. Quase uma hora depoisdo choque, a torre sul cedeu,e, passados alguns minutos,a norte também não supor-touoforteabalo.Os que estavamnoescritó-

riodoCantornaquelamanhãmorreram. O banco perdeumais gente do que qualqueroutra empresa ou institui-ção, incluindo o corpo debombeirosdeNovaYork.“Tinha receio de que ele

(Bin Laden) morreria de cau-sas naturais, o que faria comque escapasse ileso”, disse àCBS o presidente do Cantor,Howard Lutnik, que se sal-vouporestaratrasado.

ASSISTÊNCIABarbosa ressaltou que re-

cebeu assistência imediatados EUA. A razão, segundoele, pode ser creditada ao fa-to de o governo não ter hesi-tadoemconsiderarmortososqueestavamnastorres.Ele agradece à comunida-

de brasileira, que demons-trou “solidariedade impres-sionante” ao longo da tragé-dia. “O governo brasileiro sócomeçou a ajudar dias de-poisdoatentado”, reclamou.A assessoria de imprensa

do Itamaraty disse que, emcasoscomoesses,osbrasilei-ros precisam telefonar para oconsulado e passar todas asinformaçõessolicitadas.

FERNANDA EZABELLADE LOS ANGELES

“É o começo do fim doterrorismo”, disse o imãFeisal Abdul Rauf, famosopor defender a construçãode centro islâmico a duasquadras do Marco Zero do11/9, ao falar sobreamortede Osama bin Laden e asrevoltasempaísesárabes.Rauf participou de um

encontro anteontem naUniversidade da Califór-niaemLosAngeles.“É evidente que a abor-

dagem do terrorismo nãoestá funcionando e que oterror não constrói socie-dades”, disse, lembrandoque 85% das vítimas da AlQaedasãomuçulmanas.Fundador da Cordoba

Initiative, que visa melho-rar a relaçãodecomunida-des ocidentais e islâmicas,o imã disse que o projetodo centro em Nova Yorkpodelevarcincoanos.Fora do anfiteatro, um

grupo de dez pessoas se-gurava cartazes contra a“propagação da sharia [leiislâmica]”, e uma ativistajudia distribuía panfletosdizendo “a islamofobia éonovoantissemitismo”.

Mulher segura cartaz de apoio aopresidenteBarackObamanoMarco Zero, emNovaYork

Familiares de vítimas têmsensaçãode alívioDE NOVA YORK

Para alguns dos familiaresdas vítimas do 11 de Setem-bro, o encontro ontem comopresidente BarackObamaeamorte de Osama bin Ladendão uma sensação de “traba-lhorealizado”.CharlesWolf,queperdeua

mulher, Katherine, no aten-tado, após encontrar-se comObama, disse ter ficado“muito contente em agrade-cer o homem que vingou amorte”desuamulher.“Porque você não é capaz

de fazer essa tarefa sozinho.Aquele homem do mal [BinLaden] agora está nas pro-fundezas, atormentados pordemônios”,afirma.ParaMargieMiller,mulher

do bombeiro Joel, amorte doterrorista dá a sensação detrabalho realizado, especial-mente aos militares que par-ticiparam da ação contra osaudita. “O meu marido estámorto, e o fato de Osama tersidomortonãomudaisso.”Maureen Santora, queper-

deu o filho, o bombeiroChristopher, também esteve

entre os familiares que se en-contraramcomObama.“Ele [o presidente] disse a

nós todosque,desdequandoassumiu a presidência, nun-ca esqueceu das pessoasmortas no 11 de Setembro eestava determinado a fazerjustiça, encontrar uma formade capturar Osama bin La-den. Eu o agradeci por ter si-do forte e confiante o sufi-ciente para cumprir este tra-balho. Bin Laden está agoranooceano”,afirmou.

ColaborouRODRIGOFIUME , emNova York

Page 2: Diagramação caderno Mundo

mundoEFSÁBADO, 7 DE MAIO DE 2011 A12

O FIM DA CAÇADA

Pela internet, AlQaeda ameaça atacarCinco dias após operação quematou Bin Laden, rede divulga umamensagem em que reconhece amorte dele

Charles Dharapak/Associated Press

Grupodizquesanguedosaudita ‘não foi vertidoemvão’;numavisitaabasemilitar,Obamadizque ‘cabeça foi cortada’

ANÁLISE

Guerra aoTerrorcontinua,masadota versãomais enxutaMARCELO NINIO

DE JERUSALÉM

Cinco dias após o anúnciofeito pelo presidente BarackObama, a rede terrorista AlQaeda confirmou ontem amorte de seu líder, Osamabin Laden, e prometeunovosataques contra os EstadosUnidoseseusaliados.A mensagem de 11 pará-

grafos, publicada em sítiosislamitas na internet e assi-nada pelo “comando geralda Al Qaeda”, é o primeiropronunciamento do grupodesde a operação que matouBinLadennoPaquistão.Embora sua autenticidade

não tenha sido comprovadapor meios independentes, amensagem foi atribuída à AlQaeda pelo Grupo de Inteli-gência SITE, um órgão espe-cializado no monitoramentodeextremistas islâmicos.O conteúdo é umamistura

de ameaças e exaltações aolíder e conclamaospaquista-neses a se rebelar contra oseu governo pelas relaçõesdopaíscomosEUA.Alongadeclaraçãodatade

3 de maio, dois dias após amorte de Bin Laden ter sidoanunciada, mas segundo oSITE,sóontemfoipublicada.Ela reitera que a morte de

Bin Ladennão significa o fimda Al Qaeda e que o sanguede seu líder “não foi derra-mado em vão”. “Ele perma-necerá, com a permissão deDeus todo poderoso, umamaldição que persegue osamericanos e seus agentes, evai atrás deles dentro e foraseuspaíses”,afirmaarede.

AconfirmaçãodamortedeBin Laden pela rede terroris-ta criada e liderada por eledurante os últimos 20 anospode servir para esvaziar asteorias conspiratórias de queo líder da Al Qaeda nãomor-reu, reforçadas após a deci-sãodaCasaBrancadenãodi-vulgar fotosdocadáver.

A admissão da morte pelaAl Qaeda tambémabre cami-nhoà sucessãodeBinLaden.O egípcio Ayman al Zawahirié considerado o sucessor na-tural (leiaotextoabaixo).A declaração alerta ainda

os americanos a não expor ocorpo de Bin Laden a “trata-mento indecente”. Segundo

os EUA, o corpo do líder ter-roristafoi lançadonomar.

OBAMAEm visita a uma base mili-

tarnoKentucky,opresidenteBarack Obama parabenizouontemos Seals—unidade es-pecial das Forças Armadas—pelamortedeBinLaden.

Segundo Obama, a ação,que chamou de decisãomaisdifícil da sua vida, foi “umtrabalhobem feito” e “cortouacabeçadaAlQaeda”.NoPaquistão, forçasdese-

gurança prenderam anteon-tem 40 pessoas supostamen-te ligadas à casa onde o líderterrorista foiencontrado.

Presidente americano,BarackObama, cumprimentamilitares quevoltaramdoAfeganistão, embasemilitar doKentucky

OS CABEÇAS DA AL QAEDAQuem são os nomes próximos do terrorista na organização

AYMAN ALZAWAHIRIMédico egípcio,é apontadocomo o número2 do grupo

ABU ZUBAYDAHCapturado em2002, era respon-sável pela logísticado grupo

ABU FARRAJAL LIBBYConduziuoperações de2003 até suaprisão, em 2005

ABU YAYHAAL LIBBYAparece nosvídeos divulga-dos recentementepelo grupo

BIN LADENMentor do grupo,tornou-se o homemmaisprocurado domundoapós os atentados de 11de Setembro

MORTO SOLTO SOLTOPRESO PRESO

Nacasa, haviaremédios paraúlcera e pressãoDAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Autoridades paquista-nesas encontraram na ca-sa onde Osama bin Ladenviveu nosúltimos anos atéser morto remédios paraúlceraestomacalepressãoalta e produto natural quepode ser usado para au-mentarapotênciasexual.A lista foi obtida pela

NBC News de agentes dogovernodoPaquistão, quechegaram à casa após aoperação americana quematouolíderterrorista.Os medicamentos en-

contrados, porém, não in-dicamproblemasdesaúdecomo insuficiência renal,que segundo boatos afli-giao líderdaAlQaeda.Alémdisso, nãohá indi-

caçãodequemosusava.Entre as pessoas que vi-

viam com Bin Laden esta-va uma de suas mulheresque disse a agência localter vivido confinadana ca-sanosúltimosseisanos.A iemenita disse nunca

ter saído do terceiro andarda casa durante todo essetempo. Ela encontra-seagora sob custódia do Pa-quistão junto com os ou-trosmoradoresdolocal.

Sucessornão temcarismade lídermortodomingoDE SÃO PAULO

O sucessor natural deOsa-ma bin Laden à frente da AlQaeda tem perfil oposto aodo líder terrorista morto pe-losEUAnodomingo.A principal dificuldade do

médico egípcioAymanAlZa-wahiri, que ocupa desde osprimórdios, em meados dosanos 90, o posto de númerodois da rede, é a sua falta decarismaetalentooratório.Em compensação, Al Za-

wahiri, hoje com 59 anos,desfruta de uma sofisticaçãointelectual que sempre fezfaltaaBinLaden.Na estrutura da Al Qaeda,

Bin Laden era o relações pú-blicas, chefe militar e prove-dor de fundos, enquanto AlZawahiri era ideólogo e arti-culadordealiançaspolíticas.Se conheceram nos anos

80emmeioaosesforçospararepeliroExércitosoviéticodoAfeganistão. Ambos partici-pavam principalmente de

apoio logístico e espiritualaoscombatentes.Omédico nasceunuma fa-

mília de classemédia alta doCairo e sempre estudou emescolas de elite. Foi alunodestacado e tornou-se umrespeitadocirurgiãoDesdeaadolescênciamos-

trou sintonia com uma leitu-ra conservadora das escritu-ras islâmicas. Aderiu aos 14anos à IrmandadeMuçulma-na, grupo de oposição que, àépoca, defendia teses muito

maisradicaisqueasatuais.Al Zawahiri chegou a ser

preso pelo regime egípcio,laico e avesso àmilitância re-ligiosa. Há relatos de que eleteria ligação com o atentadoque matou o então ditadormilitarAnuarSadat,em1981,emrepresáliaaoacordoepazassinadocomIsrael.Há dúvidas de que Al Za-

wahiri, cujo paradeiro é des-conhecido, seja aceito comolíder pelas facções daAlQae-danoIêmen, IraqueeÁfrica.

Argentina pedeprisão perpétua deex-oficial por seupapel na ditadurafolha.com.br/mu912380

Presidente daCosta do Marfimassume e encerra5 meses de crisefolha.com.br/mu912298

LUCIANA COELHOEM BOSTON

Por mais que a morte deOsama bin Laden deixe nogoverno dos Estados Unidosa sensação de missão cum-prida, nãohá sinal dequeelaenterre a Guerra ao Terror,parida pelo governo Bush àluz do 11 de Setembro e bati-zada para dar elasticidademoralaseuscombates.TantoaCasaBrancaquan-

toaCIAapressaram-seemdi-zer que a ameaça persiste.Que há risco de retaliação.Que outros grupos preocu-pam os Estados Unidos. EquearetiradadoAfeganistãonãoseráacelerada.É verdade que os terroris-

tas do mundo não se auto-pulverizaramcomamortedeBin Laden, assim como nãonasceram com a Al Qaeda(embora o estilo franquia darede tenha inovado na pro-porçãoglobaldesuasações).Mashaveráaindarespaldo

legal para agir em nome daGuerra ao Terror, uma vezque o homem que a motivouestámorto?Analistas políticos e mili-

tares ouvidos pela Folhaacham que a retórica ameri-cananãomudará.Há sinais. O apoio popular

a Barack Obama saltou aomenos seis pontos comoepi-sódio,conformepesquisas.Seu secretário da Justiça,

Eric Holder, não perdeu adeixa para pedir a continui-dade do Ato Patriota, as leisde exceção criadas para aGuerra ao Terror, a base docontroverso legadodeBush.Os grupos-satélites da Al

Qaeda seguem ativos e estãomapeados pelos EUA: AlQaeda, na Península Arábi-ca; AAl Qaeda, no Magre; AlShabab,naSomália.O cenário, porém, é dife-

rente. O corte nos gastos dedefesa (US$ 400 bilhões até2023, na prancheta de Oba-ma) e o maior foco em açõesde inteligência que deve serconsolidado após a operaçãoBin Laden deixam pouco ter-reno para guerras espetacu-losas como as do Iraque e doAfeganistão.Já osgrupos-herdeirosofe-

recem ameaça, mas são me-nores e exigem açãomais in-filtrada. O apoio do público eo respaldo internacionaltambém podem titubear,passadooalívio inicial.E, seantesObamaeravisto

como frouxo em termos desegurança, hoje sua imagemfoi revista, como lembrou ajornalistasemHarvardDavidGergen, um veteranode qua-trogovernosamericanos.É como se ele tivesse pas-

sado no teste. É como se, co-mo lembrou David Rothkopfna “Foreign Affairs”, o mo-mento mais “bushístico” dopresidente lhe desse espaçopara ser Obama. Mesmo semmudararetórica.A Guerra ao Terror não

morre com Bin Laden —mastalvez ela reencarne em umaversãomaisenxuta.

Page 3: Diagramação caderno Mundo

A20 mundoo QSÁBADO, 14 DEMAIO DE 2011 ab

Contraboato,Líbiadivulga faladeGaddafiGravação atribuída ao ditador tenta negar rumor de que estariamorto ou ferido após ataques a sua residência

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O governo líbio divulgouontem uma gravação de áu-dio na qual uma voz atribuí-da aMuammarGaddafi negarumores de que o ditador es-teja feridooumorto.A controvérsia sobre o pa-

radeiro de Gaddafi surge emmeio a um aparente impasseno conflito entre rebeldesapoiados pela Otan (aliançamilitar ocidental) e forças go-vernistas que se arrasta des-de fevereiro e deixou milha-resdemortos.“Aviso a todos os covardes

‘cruzadores’ [referência àOtan] que estou num lugaronde vocês não podem meencontrar nem me matar”,diz a voz, muito parecidacom a de Gaddafi, divulgadapelaTVestatal líbia.

“Seus bombardeios nãome atingirão. Estou no cora-ção de milhões de líbios”,afirmou, condenando, ain-da, recentes bombardeios daOtanquedestruírampartedeBabAlAzizia,ocomplexoemTrípoli usado como residên-ciaoficialesededegoverno.A voz agradece a “dirigen-

tes e chefes de Estado” queteriam lhe telefonado parasabernotícias.A mensagem surgiu horas

após o chanceler da Itália,Franco Frattini, ter afirmadoque o ditador “muito prova-velmente” havia abandona-do a capital, Trípoli e “quasecertamente” havia sido feri-do em bombardeios da OtancontraBabAlAzizia.Em conversa com jornalis-

tas na Toscana, Frattini dizter recebido a informação dobispo católico de Trípoli, oitaliano Giovanni InnocenzoMartinelli, que tem boa rela-çãocomGaddafi.O principal porta-voz de

Gaddafi, Ibrahim Moussa,desmentiu àTVárabeAlAra-biya que o ditador esteja feri-

dooutenhasaídodeTrípoli.Surgidas desde o início do

conflito, as especulações so-bre o paradeiro do ditadoraumentaram nos últimosdias, após a Otan insinuarque a ausência de imagensrecentes deGaddafi namídiaestatal poderia sinalizar queele foimorto.A morte do ditador foi ne-

gada pelo bispo Martinelli,que, na quarta-feira, se disseconvencido de que Gaddafiestava escondido numa zonadesérticadaLíbia.Nomesmodia,aTVestatal

líbia divulgou imagens mos-trando o ditador conversan-do com supostos líderes tri-baisemTrípoli.

Exceto pela transmissãodequarta-feira, oditadornãoaparece em público desdeque seu filho Saif al Arab etrês netos morreram em umbombardeioem30deabril.O regime disse que naque-

la ocasião Gaddafi estava nolocaldoataque,masescapousemferimentos.

REBELDESNOSEUAMahmoud Jibril, presiden-

te do Conselho Nacional deTransição (CNT), porta-vozdos rebeldes, reuniu-se on-temnaCasaBrancacomTomDonilon, assessor de segu-rança nacional dos EUA. Do-nilon disse encarar o CNT co-mo“interlocutorcrível”.

Chancelerda Itáliadizter sido informadoporbispocatólicoque líderlíbio estámachucadoefugiudacapital, Trípoli

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A agência anticorrupçãodo Egito ordenou ontem aprisão por 15 dias do ex-di-tador Hosni Mubarak e suamulher Suzanne como par-te de processo sobre supos-toenriquecimento ilícito.É a primeira vez que uma

ordem de detenção é emiti-da contra a mulher de Mu-barak, deposto no dia 11 defevereiro após protestos demassanasruasdoEgito.Suzanne foi interrogada

por investigadores e depoislevadaaumhospitaldobal-neário de Sharm el Sheikh—ondeocasalvivedesdefe-vereiro—devido a suspeitasde um ataque cardíaco, dis-seaagênciaoficialMena.A expectativa era que ela

ficasse sob observação por

pelomenos24horas.Mubarak foi interrogado

na quinta. O ex-ditador jáfora detido no mês passadoem decorrência de outroprocesso, que investiga amorte de manifestantes du-rante a repressão aos pro-testosqueoderrubariam.Há suspeitas de que a fa-

mília de Mubarak detenhauma fortuna estimada embilhões de dólares no exte-rior. A corrupção do seu re-gime é considerada um dosprincipais fatores para o le-vantepopularqueodepôs.Anteontem, o ex-ditador

foi questionado pela possede condomínio avaliado emUS$ 6,1 milhões em Sharmel Sheikh e por uma contasupostamente sua comUS$145milhõesemAlexandria.Três meses após a queda

de Mubarak, manifestantesforamontemàpraçaTahrir,símbolo dos protestos, noCairo, para expressar apoioàcausapalestinaepelauni-dadenacionalegípcia.

“Aviso a todos os covardes ‘cruzadores’[Otan] que estou num lugar onde vocês nãopodemme encontrar nemmematar. (...) Seusbombardeios nãome atingirão. Estou nocoração demilhões de líbiosMUAMMAR GADDAFIditador da Líbia

Jamal Nashrallah/EFE

ONUcalcula 850mortos por forças desegurançanaSíria

FOTO3.063.0

Enviado dos EUAao Oriente Médioanuncia renúnciaDAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O enviado especial dosEUA ao Oriente Médio, Geor-ge Mitchell, anunciou ontemsua renúncia ao cargo apósdois anos de sucessivas, efrustradas, tentativas de rea-tivar as negociações de pazentre Israeleospalestinos.Sua renúncia, embora es-

perada, evidencia o fracassodogovernodopresidenteBa-rackObamaemsuperaro im-passequemantémasconver-sas de paz travadas há maisde dois anos —desde a ofen-sivasobreGazaem2009.Mitchell deixa o posto na

próxima sexta-feira. Ele vaiser substituídoporDavidHa-le,oseuatualnúmerodois.O dia da sua saída coinci-

dirá comavisita àCasaBran-cadopremiêdeIsrael,Binya-min Netanyahu. O linha-du-ra é considerado por críticosum dos principais entraves àretomada das negociaçõesao se negar a fazer conces-sões, como o congelamentodascolôniasnaCisjordânia.As perspectivas ficaram

aindapioresdepoisdeo laicoFatah—quecontrolaaCisjor-dânia— e o islâmico Hamas—que governo Gaza— anun-ciarem reconciliação. Netan-yahu diz que se nega a con-versarcomogruporadical.Um dia antes da renúncia

de Mitchell, Obama deve fa-zer esperado pronunciamen-to sobre as novas diretrizesda política externa america-na no Oriente Médio após asrevoltasnomundoárabe.Mitchell, 77, é um expe-

riente diplomataque senota-bilizou pelas negociações depaz na Irlanda do Norte nosanos 1990. Sua escolha porObama motivara alta expec-tativa quanto ao futuro dasrelações israelo-palestinas.A última vez que o diplo-

mataviajouaoOrienteMédiofoiemdezembropassado.

Repressãodogoverno fezmaisseisvítimasontem,dizemativistas; confrontosavançam

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Forças de segurança da Sí-ria mataram seis pessoas on-tememprotestoscontraogo-verno por várias regiões dopaís. As informações são deativistaseoposicionistas.Em dois meses de protes-

tos, cercade 850manifestan-tes pró-democracia teriam si-domortos, informouaONU.Segundo Rupert Colville,

porta-voz do Alto Comissa-riado das Nações Unidas pa-ra os Direitos Humanos, a es-timativadevítimasestáentre700 e 800. Colville afirmouque milhares de detençõesforam registradas, incluindoprisões de muitos líderesoposicionistaseativistas.“Não podemos verificar

esses números com certeza,mas acreditamos que este-jam próximo da realidade”,disseoporta-voz,naSuíça.Ativistas colocam os nú-

merosentre10mile30mil.Adura repressãodogover-

no sírio tem sido alvo de am-pla crítica internacional. Du-rante a semana, a União Eu-

ropeia anunciou novas san-ções contra o governo do di-tadorBasharAssad.As mortes ocorreram prin-

cipalmente emDaraa, centrodos protestos. Mas o movi-mento já se expandiu paraDamasco,BaniaseHoms.Ontem, houve novos pon-

tos de conflito emMayadeene Hama, o principal palco demanifestações do dia e localonde, em 1982, o pai de As-sad, Hafez, reprimiu commão de ferro uma revolta is-lâmica. Estima-se que 17 milsírios tenhamsidomortos.As mobilizações foram

convocadas pela internet pa-ra aconteceremapós as rezasislâmicasdesexta-feira.Tambémforamreportados

confrontos na região da fron-teiracomoIraque.Umativista disseàReuters

ter sido informado por umaconselheira sênior de Assad,Bouthaina Shaaban, que opresidente tinha ordenadoque policiais não atirassemnosmanifestantes.Forças de segurança se re-

tirarampara evitar confrontocom um grupo de ativistasque protestava em Rastan,declarouumatestemunha.Até então, o governo sírio

reprimiade formaviolentaosprotestos, que alegava seremorganizadospormercenáriosestrangeiros.“Há sinais de que Assad

está mudando de tática emreação às pressões interna-cionais”, disseumdiplomataocidental à Reuters. “O fatodeaspessoas teremsaídopa-ra protestar, mesmo com oforte aparato do governo, éimpressionante.”

AleppoSÍRIA

JORDÂNIA

IRAQUE

TURQUIA

Damasco

Homs

HamaBanias

Comabandeira síria pintadano rosto, jovemparticipa deprotesto emAmã, na Jordânia

Ex-oficial doExércitoapontamassacrenaSíria epede intervençãodaEuropaMARINA DARMAROSDE SÃO PAULO

A cidade síria de Daraa,umdoscentrosdarevoltaan-tirregime e ocupada pelo go-verno em abril, viveumassa-cre comparável ao de Hama,onde 17mil forammortos em1982. E o país deve sofrer in-tervenção externa para inter-romperarepressãooficial.A opinião é de um ex-mili-

tar sírio de 35 anos, que ser-viu boa parte de quase dezanos de carreira na localida-de fronteiriça com a Jordâ-

nia. Exilado na Europa, temerepresálias da ditadura síriaenãoquerser identificado.O ex-oficial é um dos cida-

dãos sírios pelo mundo quetêm publicado mensagens evídeos no Facebook, Twittere YouTube para suprir a faltade cobertura dos protestosno país desde que a entradade jornalistas foiproibida.“As pessoas tentam sair às

ruas, mas têm que enfrentarshabihas [matadores contra-tados pelo governo] alauítasatirando dos topos dos pré-dios. Em Daraa, em Latikia,

fecharamos prédios eas pes-soas não podem sair às ruas,estão sem comida, sem hos-pital, as crianças estão mor-rendo”,afirmouàFolha.“Só quero voltar quando o

governo tiver realmente sidosubstituído, quando eu viruma nova vida, as pessoasfalando livremente sobre oquequiseremsemmedo.”Como uma série de ativis-

tas virtuais no exterior, elequer mostrar à comunidadeinternacional os abusos depoder cometidos pelo dita-dor Bashar Assad e propagar

a ideia de que ospaíses euro-peusdevemintervirnaSíria.“Os países da Europa têm

de tomar uma atitude. O queeles estão fazendo na Líbia émuito bom. A Síria foi colô-nia da França há 60 anos, eagora eles devem nos ajudarcomo forma de corrigir os er-rosquecometeram”,disse.

ALAUÍTASNOPODERSegundo o ex-oficial, um

dos maiores problemas en-frentados pela população sí-ria —de maioria muçulmanasunita, assim como ele— é a

dominação dos alauítas, ra-mo dos xiitas a que pertenceafamíliadeBasharAssad.Depois do golpe de Hafez

Assad (pai de Bashar), dizele, a minoria alauíta foiagraciada com altos cargosmilitares e, sobretudo apósosmassacres de 1982, o povoficoutemerososobseujugo.O ex-oficial afirma que o

Exército na Síria não é estru-turado para defender o paísdos inimigos externos, masparamanteropoder—e,ago-ra, a ditadura o utiliza para“mataropovo”emDaraa.

Quantoà internet, oex-ofi-cial afirma que ela “não tevenenhum papel no começo”.Para ele, porém, a rede exer-ce um importante papel co-mo monitor dos crimes dogovernocontracivissírios.A revolta popular eclodiu

no sul da Síria depois da pri-são e aa tortura de criançasque escreveram frases anti-governistasnosmurosdeDa-raa. O governo, afirma o ex-oficial, “pensa que os síriossão burros: não sabe que agente tem celular, TV, inter-netagora.Avidamudou”.

MulherdeHosniMubarak ficarápresapor 15dias