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1 fotocopiável Teste de compreensão oral 6 Pepe, o periquito Pepe, o periquito, pertencia à D. Adelaide e ao seu marido, o Senhor Teodoro. Os três viviam numa casa na Rua da Cruz Quebrada. Era uma casa muito velha e sossegada. Poucas coisas se passavam ali, pois não havia meninos, nem cães, nem gatos. Havia só a D. Adelaide, o Senhor Teodoro e Pepe, o periquito. Por cima do aparador da sala de jantar pendia a gaiola de Pepe, uma gaiola toda branca, com um poleiro, duas baciazinhas – uma para a água e outra para a comida – e uma porta que, durante o dia, ficava aberta para Pepe poder sair e entrar à vontade. Ele saía a cada passo, especialmente para pousar no ombro de D. Adelaide. Acompanhava-a, desta maneira, nas suas andanças pela casa. Logo de manhã cedo, D. Adelaide abria a porta à leiteira e dizia sempre: “Bom dia. Um quartilho, faz favor”. Pepe, como todos os periquitos, procurava imitar a fala das pessoas e, de tanto ouvir aquela frase, acabou por papaguear: “Bom dia. Um quartilho, faz favor”. A D. Adelaide sofria muitas vezes de fortes dores de cabeça e então queixava-se e dizia: “Ai! a minha cabeça!”. Pepe, às tantas, também dizia, e no mesmo tom de queixume: “Ai! a minha cabeça!”. E ainda conseguiu imitar outra frase bem mais complicada: “Teodoro, a sopa fica fria!”, que era como a D. Adelaide chamava o marido para a mesa, à hora do almoço e do jan- tar. Por vezes o periquito palrava tudo o que sabia de uma só vez. Ficava um arrazoado assim: “Bom dia! Um quartilho, faz favor. Ai a minha cabeça! Teodoro, a sopa fica fria!”. O Senhor Teodoro, ao ouvi-lo, ria-se e dizia: “O espertalhão está a fazer o seu discurso”. E D. Adelaide dizia: “Não há outro como ele”. Certo dia D. Adelaide e o Senhor Teodoro resolveram mudar daquela casa velha para outra, novinha em folha, na Rua da Cotovia. (…) E, finalmente, veio a camioneta de mudanças para carregar a tralha para a Rua da Cotovia. Entraram pela sala dentro três homens barulhentos, que começaram, sem mais nem menos, a arrastar o aparador. O periquito, que estava na gaiola, ficou indignado. Voou para o parapeito da janela aberta e de lá para a rua. Instalou-se na copa de uma árvore. Esperava que D. Ade- laide o chamasse: “Pepe, vem cá, meu pequerrucho!”. Mas ninguém tinha reparado na sua fuga, nem sequer a D. Adelaide, atarefada a empacotar as geleias de marmelo e framboesas. Uma vez os caixotes e a mobília na camioneta, D. Adelaide atirou, à pressa, um xaile por cima da gaiola e disse aos homens: – Levem isto com cautela, é o meu periquito. De tão cansada e preocupada com a mudança, nem se deu conta de que a gaiola estava vazia. A camioneta partiu. D. Adelaide e o Senhor Teodoro iam partir, em seguida, de táxi. Pepe, ao vê-los sair da porta, gritou lá do alto da árvore. – Teodoro, a sopa fica fria! Mas tinha uma voz fraca, que não se ouvia ao longe. E além disso o ruído da rua era grande. Voou para baixo, mas o táxi, com D. Adelaide e o Senhor Teodoro lá dentro, já tinha desaparecido. E agora, o que fazer? Ilse Losa, A Visita ao Padrinho, Ed. Afrontamento, 1989 5 10 15 20 25 30 35 40 DIAL5 © Porto Editora

DIAL5 Teste Oral 6 a Visita Do Padrinho

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Teste Oral 6º ano

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Teste de compreensão oral 6

Pepe, o periquitoPepe, o periquito, pertencia à D. Adelaide e ao seu marido, o Senhor Teodoro. Os três

viviam numa casa na Rua da Cruz Quebrada. Era uma casa muito velha e sossegada. Poucascoisas se passavam ali, pois não havia meninos, nem cães, nem gatos. Havia só a D. Adelaide,o Senhor Teodoro e Pepe, o periquito.

Por cima do aparador da sala de jantar pendia a gaiola de Pepe, uma gaiola toda branca,com um poleiro, duas baciazinhas – uma para a água e outra para a comida – e uma portaque, durante o dia, ficava aberta para Pepe poder sair e entrar à vontade. Ele saía a cada passo,especialmente para pousar no ombro de D. Adelaide. Acompanhava-a, desta maneira, nas suasandanças pela casa.

Logo de manhã cedo, D. Adelaide abria a porta à leiteira e dizia sempre: “Bom dia. Umquartilho, faz favor”. Pepe, como todos os periquitos, procurava imitar a fala das pessoas e, detanto ouvir aquela frase, acabou por papaguear: “Bom dia. Um quartilho, faz favor”. A D. Adelaide sofria muitas vezes de fortes dores de cabeça e então queixava-se e dizia: “Ai! aminha cabeça!”. Pepe, às tantas, também dizia, e no mesmo tom de queixume: “Ai! a minhacabeça!”. E ainda conseguiu imitar outra frase bem mais complicada: “Teodoro, a sopa ficafria!”, que era como a D. Adelaide chamava o marido para a mesa, à hora do almoço e do jan-tar.

Por vezes o periquito palrava tudo o que sabia de uma só vez. Ficava um arrazoado assim:“Bom dia! Um quartilho, faz favor. Ai a minha cabeça! Teodoro, a sopa fica fria!”.

O Senhor Teodoro, ao ouvi-lo, ria-se e dizia: “O espertalhão está a fazer o seu discurso”. E D. Adelaide dizia: “Não há outro como ele”.

Certo dia D. Adelaide e o Senhor Teodoro resolveram mudar daquela casa velha paraoutra, novinha em folha, na Rua da Cotovia. (…)

E, finalmente, veio a camioneta de mudanças para carregar a tralha para a Rua da Cotovia.Entraram pela sala dentro três homens barulhentos, que começaram, sem mais nem menos, aarrastar o aparador. O periquito, que estava na gaiola, ficou indignado. Voou para o parapeitoda janela aberta e de lá para a rua. Instalou-se na copa de uma árvore. Esperava que D. Ade-laide o chamasse: “Pepe, vem cá, meu pequerrucho!”. Mas ninguém tinha reparado na suafuga, nem sequer a D. Adelaide, atarefada a empacotar as geleias de marmelo e framboesas.

Uma vez os caixotes e a mobília na camioneta, D. Adelaide atirou, à pressa, um xaile porcima da gaiola e disse aos homens:

– Levem isto com cautela, é o meu periquito.De tão cansada e preocupada com a mudança, nem se deu conta de que a gaiola estava

vazia.A camioneta partiu. D. Adelaide e o Senhor Teodoro iam partir, em seguida, de táxi. Pepe,

ao vê-los sair da porta, gritou lá do alto da árvore.– Teodoro, a sopa fica fria!Mas tinha uma voz fraca, que não se ouvia ao longe. E além disso o ruído da rua era

grande. Voou para baixo, mas o táxi, com D. Adelaide e o Senhor Teodoro lá dentro, já tinhadesaparecido. E agora, o que fazer?

Ilse Losa, A Visita ao Padrinho, Ed. Afrontamento, 1989

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Título do texto ouvido: Pepe, o periquito

Escolhe as afirmações corretas:

1. O periquito Pepe vivia com um casal numacasa

a. velha e sossegada.

b. novinha em folha.

c. por onde passavam alguns cães e gatos.

2. A gaiola de Pepe estavaa. na varanda.

b. no pátio.

c. na sala de jantar.

3. Durante o dia, Pepea. ficava fechado na gaiola.

b. podia sair e entrar à vontade.

c. dormitava na gaiola.

4. O periquito repetia as frases da dona

a. sem expressividade.

b. aos berros.

c. imitando a sua voz.

5. O Senhor Teodoro

a. já não o podia ouvir.

b. ouvia-o com prazer.

c. não o compreendia.

6. Certo dia, os donos de Pepe decidiram mudarde casa para

a. a Rua da Cotovia.

b. a Rua da Cruz Quebrada.

c. a Rua da Passarada.

7. Quando vieram os homens da mudança, operiquito

a. ficou revoltado.

b. nem se apercebeu.

c. começou a palrar.

8. Quando carregaram a mobília e os caixotes, osdonos de Pepe partiram

a. no seu automóvel.

b. na camioneta.

c. num táxi.

9. A D. Adelaide não se apercebeu que o Pepe a. se instalara numa árvore.

b. se fechara na gaiola.

c. fugira.

10. O periquito foi abandonado

a. intencionalmente.

b. sem intenção.

c. por maldade.

Teste de compreensão oral

Nome N.º Turma Data

Avaliação Professor(a)

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