48
vitória vitória Revista da aRquidiocese de vitóRia - es Ano X Nº 122 Outubro de 2015 DIÁLOGOS INTOLERâNCIA: UM DESAFIO PARA A VIDA O Papa tem pressa ALíVIO PARA O SOFRIMENTO DOS CASAIS SEPARADOS: AGILIDADE NOS PROCESSOS DE NULIDADE

diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

  • Upload
    habao

  • View
    217

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano X • Nº 122 • Outubro de 2015

diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda

O Papa tem pressaAlíviO PArA O sOfrimentO dOs cAsAis sePArAdOs: AgilidAde nOs PrOcessOs de nulidAde

Page 2: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando
Page 3: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

arquivix

@arquivix

A ‘pressa’ do papa Francisco em agilizar processos de nulidade matrimonial não é fruto de uma das característica dos tempos pós-modernos. O Papa

tem pressa, como ele mesmo disse a um jornalista, de ver os católicos pondo em prática aquilo que os documentos da Igreja tão bem descrevem desde os primeiros escritos: ser expressão do amor e da misericórdia de Deus. O Papa vem chamando isso de cultura do encontro e da proximidade. Então, ‘é pra frente que se anda’, como diz o ditado popular. Tentativas e exemplos de acolhimento e compreensão ao outro e do outro é o que traz esta edição. Boa leitura n

É pra frente que se anda

editorial

fale com a gente

maria da luz fernandeseditora

Envie suas opiniões e sugestões de pauta para [email protected]

anuncieAssocie a marca de sua empresa ao projeto desta Revista e seja visto pelas lideranças das comunidades. Ligue para

(27) 3198-0850 ou [email protected]

aSSinaTuRaFaça a assinatura anual da Revista e receba com toda

tranquilidade. Ligue para (27) 3198-0850

mitraaves

www.aves.org.br

Page 4: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano X – Edição 122 – Outubro/2015Publicação da Arquidiocese de Vitória

Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispo auxiliar: Dom Rubens Sevilha • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Gilliard Zuque, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Raquel Tonini, Pe. Andherson Franklin • Revisão: de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 Ilustradores: Richelmy Lorencini e Rennan Mutz • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica e Editora GSA - (27) 3232-1266

03 edItorIal

05 atualIdade

11 especIal

17 aspas

20 pensar

26 comunIcação

29 entrevIsta

42 ensInamentos

121522

273446

IdeIasQue história é essa?

economIa polítIca Crise institucional

vIver bemVamos brincar?

arquIvo e memórIa Missão em Peixe Verde - Viana

reportagemO Papa tem pressa

acontece

viver bemVamos brincar?

22

micrOnOtíciAsO valor da amizade

09

esPirituAlidAdeSantaTeresa de Ávila

16sugestõesA Magia de Miró

cAminhOs dA bíbliAQue se

eleve a voz daesperança!

cArismAs religiOsOs

AgostinianosRecoletos

mundO litúrgicO

O uso da vela na liturgia

3918

24 40 45

21 33

diálOgOs Pergunte A quem sAbe

culturA cAPixAbA

intolerância: um desafio para a vida

como identificar o diácono?

Rota imperialSão Pedro de alcântara

Page 5: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

gilliard ZuqueVander silva

“Vem aqui com a mamãe”, “filho, olha pra mim”, “passeando com pa-

pai”, “cara feia pra tomar vacina”, “olha quem chegou... papai”. Ou-vidas por qualquer pessoa, essas frases certamente seriam inter-pretadas como sendo um diálogo entre pais e filhos ou legendas para fotos de família. Mas não são! Cada vez mais, ouvimos e vemos essas expressões e mani-festações de afeto na relação entre humanos e animais. Pesquisa divulgada pelo IBGE confirma o que vemos nas ruas, praças e parques: 44,3% dos domicílios do país (cerca de 28,9 milhões de casas) possuem pelo menos um cachorro. São 52,2

atualidade

transferência de afetosmilhões de cachorros, uma mé-dia de 1,8 cachorro por domicílio. Os dados, levantados em 2013 e só agora apresentados, mostram também que, no Brasil, existem mais cachorros de estimação do que crianças: eram 44,9 milhões de crianças de até 14 anos. Os animais de estimação ga-nharam tanto destaque na socie-dade ao ponto de, pela primeira vez, o número de cães e gatos de estimação ser medido com esta metodologia. A notícia ganhou pouca impor-tância nos meios de comunicação, no entanto, serve para uma série de perguntas: há exageros nessas manifestações de afetividade? Por que elas acontecem? Quais os ris-

revista vitória I Outubro/20155

Page 6: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

atualidade

às pessoas”. A psicóloga Luciene Lima faz coro ao pensamento cristão: “É claro que não devemos de maneira alguma maltratar animais, mas é importan-te reconhecer o humano como seu semelhante”, afirma. Para o funcionário público fe-deral, Revan Berger, dono de Lu-cky, uma Ihasa Apso de 12 anos, a relação é bem clara: “trato como animal. Todos os cuidados que ele precisa (...) só come ração e não dorme na cama”.

cos, para as pessoas e os animais? O mercado em torno dos ‘novos filhos’ de quatro patas move, a cada ano, no Brasil a cifra de 16 bilhões de reais. Em São Paulo, por exemplo, já há mais pet shops do que padarias. Na medicina veterinária os bichos são tratados como gente. Raios X, ultrassom para identificar câncer, exames para colesterol, diabetes, triglicérides, tomografia magnética para identificar tumores e derrames, ecocardiograma, colocação de mar-ca passo e válvulas do coração nos animais, etc. Equipamentos caros e sofisticados garantem rapidez e precisão no diagnóstico. A indústria farmacêutica também já descobriu o filão e investe na medicação animal. Também em São Paulo, já existe até crematório animal. São cerca de 120 atendimentos mensais. O plano mais barato, para cremação coletiva, custa R$ 960 e o mais caro, com direito à cremação individual e urna de mármore carrara fica por R$ 3.200. É possível parcelar em até 18 vezes. Evidente que o carinho, zelo e respeito pelos animais é um com-portamento digno da atitude cristã. O Catecismo da Igreja Católica diz que “Deus confiou os animais à ad-ministração daquele que criou à sua imagem. (...) Podem ser domestica-dos, para ajudar o homem em seus trabalhos e lazeres” (n. 2417). Mas ressalta no item seguinte que é “in-digno gastar com eles o que deveria prioritariamente aliviar a miséria dos homens. Pode-se amar os animais, porém não se deve orientar para eles o afeto devido exclusivamente

necessidade de suprir carências, de preencher vazios. A sociedade moderna faz-nos cada vez mais dis-tantes e assim, encontrar um ser com o qual o eu não tenha que discutir ou discordar, um ser que vê em mim um objeto de importância é gratificante e consolador”, aponta a psicóloga. É claro que em algumas situ-

Um dos fatores que podem ajudar a entender este fenômeno é porque, na maioria dos países as mulheres vêm tendo menos filhos. Ao mesmo tempo, há o aumento da população idosa, cujos filhos já saíram de casa. Então sobra espaço, tempo e dinheiro para gastar com os animais. “Acredito que essa relação estreita com os animais reflete a

revista vitória I Outubro/20156

Page 7: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

ações estes animais surgem de um desejo de alguém na família, como no caso da contadora Alexandra Madeira. Ela comprou o Yorshire, Boo, a pedido das filhas e viu isto como uma boa oportunidade de criar o senso de responsabilidade nelas. Mas ela não passa imune por esta situação: “eu não gosto de animais, mas sinto tanto amor por meu pe-queno York que é como se fosse um filho”, revela. Ao mesmo tempo em que se dis-cute essa relação e as consequências para os seres humanos, é importan-te avaliar os desdobramentos para os animais. Tanta afinidade está transformando profundamente os cachorros - para o bem e para o mal. Paparicar demais o cachorro, como é comum hoje em dia, também faz

Projeto ‘Pracão’ O bairro Jardim Cam-buri, em Vitória será o primeiro da capital a ter uma praça adaptada para os cães. A iniciativa é da Prefeitura de Vitória que, com a ação, pretende pro-mover o bem estar dos animais, a socialização entre os donos e mais qualidade de vida para a população. A praça Nilze Mendes passará por inter-venções como cercamento, controle de pragas e insta-lação de brinquedos para os cachorros. A previsão é de que em até 60 dias a adequação do local esteja concluída. Já existem indi-cações para a implantação do projeto em Maria Ortiz, Parque Moscoso e Jardim da Penha. n

é realmente essencial, por exemplo: você já deixou de viajar, mesmo tendo alguém confiável para cuidar dele? Esta relação entre as pessoas e os animais de estimação é uma realidade e os dados estatísticos do IBGE provocam surpresa. O que devemos nos atentar é para a necessidade de que esta relação seja sadia, que a guarda dos animais seja responsável e que o afeto e a relação interpessoal não seja substituída.

mal para a cabeça dele. Quando o dono é muito apegado, aumenta o risco de que o cachorro desenvolva síndrome de separação (um distúrbio que causa no animal uma dependên-cia insuportável do dono). Funcionário público, Thiago Pereira, trata seu cachorro, um Bull Terrier como uma criança, “até por-que ele age como uma”, afirma. Ele não vê mal nenhum nisso, mas acredita que tanto ele como o ca-chorro sofrem com os períodos de separação. Por fim a psicóloga deixa uma dica de como “ajustar” essa rela-ção. “Nosso tempo deve sempre encontrar um equilíbrio, ainda mais quando vivemos em uma época em que ele se tornou tão raro e vivido tão superficialmente. Analise o que

revista vitória I Outubro/20157

Page 8: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

micronotícias

Prótese com se ntido Cientistas da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos Estados Unidos anunciaram a criação de uma prótese de mão que devolve o tato ao usuário. Para testar o funcionamento do membro robótico, uma rede de eletro-dos foi conectada ao cérebro de uma pessoa. Parte dos fios ficou ligada ao córtex motor, que controla os movimentos

robôs x humanos O debate sobre se as máquinas vão dispensar a força de trabalho humana já não está mais restrito aos filmes. A consultoria Boston Consulting Group prevê que, em 2025, até um quarto dos empregos seja substituído por softwares ou robôs, enquanto que um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, aponta que 35% dos atuais empregos no país correm o risco de serem automatizados nas próximas duas décadas.

deficiências na área digital

Os alunos brasileiros estão nas últimas posições em um ranking de 31 países que avaliou a habilidade de navegar em sites e compre-ender leituras na internet, elaborado pela Organização para a Cooperação e Desen-volvimento Econômico. O

consultas facilitadas A startup norte-america-

na Eko Devices desenvolveu

uma tecnologia que promete

facilitar as consultas médicas.

A empresa recebeu a autoriza-

ção para comercializar o ‘Eko

Core’, um dispositivo digital

que ao se conectar ao este-

toscópio, envia as informações

para um aplicativo disponível

para Iphone. Segundo os in-

ventores, a tecnologia é se-

gura e atende às normas de

privacidade.

Brasil ficou na antepenúltima posição no ranking, à frente apenas dos Emirados Árabes e da Colômbia.

revista vitória I Outubro/20158

Page 9: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

Prótese com se ntido

O valor da amizade

horta urbana

Pesquisadores britânicos revelaram em estudo que adolescentes não correm o risco de desenvolverem depressão ao se relacionar com amigos que sofrem com a doença. Pelo contrário, o estudo comprovou que a presença de amigos equilibrados pode reduzir a probabilidade de se desenvolver depressão e duplicar as chances de cura do deprimido no prazo de seis a doze meses.

São Paulo já entrou na rota das cidades mais verdes e ‘tempe-radas’. Mudas de manjericão, alecrim e hortelã estão sen-do plantadas em sapateiras e amarradas em postes de energia, no entorno das árvo-res formando pequenas hortas na cidade. A ideia do projeto é que as pessoas possam plan-tar e colher sem custos. Uma iniciativa que aponta como os pequenos gestos podem indi-car grandes soluções para os tempos de crise.(catraca livre)

do corpo e a outra criou uma conexão com o córtex senso-rial, responsável por identificar sensações em todo o corpo hu-mano. Em seguida, os pesqui-sadores vendaram o voluntário e começaram a fazer pressão nos dedos da prótese. Ao ser questionado, ele conseguiu di-zer com quase 100% de precisão qual dedo estava sendo tocado pelos cientistas.

Estudantes de Engenharia Elétrica da Universida-de de Brasília criaram o protótipo de uma impressora 3D feita de metal e plástico que tem capacidade de construir casas de 30 a 50m2. O principal objetivo do projeto é levar moradia a um preço abaixo do que é cobrado para pessoas que ganhem de 3 a 7 salários mínimos. O objetivo é que as casas já comecem a ser impressas daqui a cinco anos.

imprimindo casas

revista vitória I Outubro/20159

Page 10: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

Evangelizaré comprometer-se

Ministério do catequistaElementos básicos para a formaçãoHumberto Robson de Carvalho

A finalidade deste livro é colaborar com a formação de catequistas, uma dimensão indispensável para o pro-cesso de evangelização da Igreja. A Palavra de Deus na catequese é um precioso meio de sustentação da vida, da fé e da missão de catequistas e de catequizandos.

PAULUS Livraria VitóriaRua Duque de Caxias, 121 - CentroCEP: 29010-120 | Vitória/ESTel.: (27) 3323-0116 | [email protected] paulus.com.br

148

pág

s.

Page 11: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

especial

Joana d’arc Batista Herkenhoffdoutoranda em letrasmembro do grupo de pesquisa, literatura e educação/ufes

letra cursiva

A notícia de que na Finlân-dia as aulas de caligrafia para os alunos da escola

primária serão substituídas por aulas de datilografia, a partir de 2016, tornando opcional o ensino da letra cursiva tem gerado preo-cupação entre pais e educadores. O que, de certo modo, se justifi-ca, pois a Finlândia é referência mundial em educação, com as melhores avaliações no PISA. No Brasil, cada vez mais se observa o uso de tecno-logias móveis como o tablet pelas crianças, movimento acompanhado pelas escolas, especialmente da rede parti-cular, que o vêm adotando como recurso pedagógico, desde o ensino fundamental. Diante disso, obser-vam-se posturas divergen-tes, há quem acredite que o uso do tablet não acar-retará perdas no processo de aprendizagem das crianças, defendendo que para “nativos tecnológicos”, a habilidade da escrita manual não é relevante. Há, por outro lado, quem defenda sua importância para o processo cognitivo do aluno e para sua identidade cultural, sendo, por-tanto favoráveis a seu ensino. O Currículo Básico Estadu-al (ES) prevê “suprir as escolas públicas estaduais com equipa-mentos de alta tecnologia aliados à prática pedagógica, buscando melhorar o desempenho dos nos-sos alunos, a sua inclusão digi-tal e a atualização da escola”,

Evangelizaré comprometer-se

Ministério do catequistaElementos básicos para a formaçãoHumberto Robson de Carvalho

A finalidade deste livro é colaborar com a formação de catequistas, uma dimensão indispensável para o pro-cesso de evangelização da Igreja. A Palavra de Deus na catequese é um precioso meio de sustentação da vida, da fé e da missão de catequistas e de catequizandos.

PAULUS Livraria VitóriaRua Duque de Caxias, 121 - CentroCEP: 29010-120 | Vitória/ESTel.: (27) 3323-0116 | [email protected] paulus.com.br

148

pág

s.

preocupando-se com a inclusão digital, entretanto não aborda o uso da letra cursiva. Já as Dire-trizes da Prefeitura de Vitória estabelecem como objetivo para a escrita, que os alunos aprendam a “conhecer e utilizar diferentes tipos de letra (de forma e cur-siva)”, em consonância com os recentes avanços das pesquisas na área, que recomendam que na alfabetização, as escolas ensinem

inicialmente a letra bastão para, depois ensinar a letra cursiva, por ser esse procedimento mais adequado ao processo e para atender à importância cultural e social que essa letra cursiva ainda tem em nossa sociedade. Sociedades da cultura do escrito como a nossa já viveram inúmeras transformações e cri-ses. Sempre que há mudanças, fortes suspeitas cercam os novos modos, exemplo disso é que o filósofo Sócrates não escreveu uma linha de sua obra, pois via com reservas a escrita. Foi seu seguidor, Aristóteles, que deu

Quanto ao uso do tablet,

não podemos ser ingênuos

e pensar que se trata apenas

de uma mudança de suporte

que não terá reflexos sobre

as atitudes e disposições de

nossas crianças no processo de

alfabetização.

início ao escritos filosóficos. Para minimizar os efeitos angustiantes de tais mudanças é preciso levar em conta oportuni-dades e desafios. Quanto ao uso do tablet, não podemos ser ingê-nuos e pensar que se trata apenas de uma mudança de suporte que não terá reflexos sobre as atitudes e disposições de nossas crianças no processo de alfabetização e no seu desenvolvimento geral.

É preciso, entretanto, cautela para não acelerar o ritmo dessas mudanças que se dão por “deslizamentos e sobreposições” (CHAR-TIER), pois a letra cursiva ainda conviverá por um bom tempo com outras práticas de escrita em meio eletrô-nico. Prova disso é o uso de tablets, em escolas, exa-tamente para ensinar letra cursiva e desenvolver habi-lidade motora, e a existên-

cia de recursos que possibilitam escrever à mão em meio digital. Outro caso curioso é a fabricação de cadernos de notas (moleskines) livres de ácido que aumentam a durabilidade do papel, permitin-do que os registros manuscritos possam ser lidos daqui a décadas, quem sabe séculos. Quem serão os leitores dessas e de outras tan-tas escritas pessoais, se pararmos de ensinar a letra cursiva? n

revista vitória I Outubro/201511

Page 12: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

“A nArrAtiVA Assim

“nAturAlmente”

construídA tornA-se

senso-comum.

tOrnA-se discursO que

AngAriA fAcilmente A cOncOrdânciA,

A APrOvAçãO e O APlAusO.”

Que história é essa?

ideias

uma narrativa. Estão nos propondo uma narrativa. A grande mídia no Brasil, marca-damente nos dias atuais, está nos propondo

uma narrativa. Não necessariamente uma que traga as complexidades da vida, os enredamentos dos fatos, e a veracidade dos mesmos. Não. A narrativa que nos é apresentada, diuturnamente, se vale da prerrogativa de que ela apenas precisa ser convin-cente. Ou melhor, ela nem precisa ser convincente. Basta que seja bem contada, e repetidamente bem contada, para que possa se impor sobre quaisquer outras possibilidades de entendimento das reali-dades. Temas como maioridade penal, violência, economia, corrupção e etc. ganham versões hege-mônicas em todos os veículos de comunicação. A narrativa precisa ser simples o suficiente pra ser facilmente assimilada e reproduzida por qualquer um como a mais completa, bela, sensata e nobre expressão da verdade. E para assim funcionar a narrativa precisa de personagens caricaturais. Não vem ao caso personagens que funcionem como

revista vitória I Outubro/201512

Page 13: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

“A nArrAtivA dO POder, É clArO, tem que ArrOgAr que só há um mundO POssível, O que está estAbelecidO, mesmo

que este mundo tenhA sido cruel pArA A

mAioriA dAs populAções.”

dauri Batisti

Que história é essa? espelhos para as nossas próprias contradições e pecados, como um bom romance, como um bom filme ou uma peça de teatro faz. Não, a narrativa tem que propor personagens estereoti-pados e que mobilizem senti-mentos, e os sentimentos mais fortes, aqueles que são capazes de garantir ao que se submete à narrativa o honroso e enganador lugar do justiceiro, do paladino da verdade, do defensor disso e daquilo. Vemos aos montes estas figuras aparecerem por aí nas ruas e nas redes sociais des-tilando ódio e arrogância. Uma narrativa que leve à compaixão, à equidade, à res-ponsabilidade, e que estimule os sujeitos a exigirem de si o que cobram dos outros, nem pensar. Não. Essa narrativa não produzi-ria o efeito que precisa produzir: mentes e atitudes que defendam interesses, privilégios seculares,

visões de mundo, modos de vida. Como sempre – e ainda mais fortemente nos dias atuais – um poder só é poder de fato pela for-ça do dinheiro. Tem poder quem tem dinheiro. Todo e qualquer outro poder neste mundo é me-nor. Nem são os estados, partidos políticos e governos que detém este poder, portanto. E quanto

mais este poder estiver amea-çado mais ele se arranjará em construir narrativas que afetem o coração das pessoas com senti-mentos fortes, tais quais aqueles de um torcedor de futebol diante de seu time de coração. Mais do que nunca, quando sob ameaça, ele precisará de sujeitos que se-jam dóceis às suas proposições e servidores passionais de seus propósitos. A narrativa do poder, é cla-ro, tem que arrogar que só há um mundo possível, o que está estabelecido, mesmo que este mundo tenha sido cruel para a

maioria das populações. E ela não suportará outras versões e desmerecerá qual-quer outro modo de ver o mundo. Demonizará uns e escolherá ou-tros pra carregar todas as culpas. A narrativa assim “natu-ralmente” construída torna-se senso-comum. Torna-se dis-curso que angaria facilmente a

concordância, a aprovação e o aplauso. Quando isso acontece, quando uma narrativa se torna assim tão hegemonicamente poderosa – como acontece no Brasil no momento – ah... é preciso desconfiar. E descon-fiar significa colocar a narra-tiva sob o império da dúvida. A palavra dúvida vem de dois (duo), de dúbio, de olhar para os vários lados. As realidades são complexas, a vida é mul-tifacetada, uma única e sim-plificada narrativa está com certeza desperdiçando possibi-lidades variadas de se entender os acontecimentos. n

revista vitória I Outubro/201513

Page 14: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando
Page 15: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

economia política

crise institucional

As manifestações ocorridas no Brasil desde 2013 apontam para insatisfa-ções para com o funcionamento de

instituições. Dentre essas, as que mereceram maior atenção foi a ‘geni’ de quase tudo que se identifica como mazela nacional (a classe política) e a prestação de serviços públicos (com destaque para transporte, saúde e educação). Um olhar um pouco mais amplo, no entanto, pode indicar que a inadequação das instituições abrange hoje a toda gama delas, indo daquela básica em nossa sociedade (a família), passando pelas igrejas, veículos de comunicação, empresas de um modo geral, além dos sempre mencionados órgãos públicos. A maneira como informações e notícias são veiculadas por jornais, rádios, televisões e pelas redes sociais na internet, são fontes ricas de evidências para inade-

quações institucionais que vão muito além da classe política. Inúmeras questões ligadas ao forne-cimento de bens, serviços e conhecimento por agentes públicos e privados poderiam ser melhores resolvidas caso as instituições estivessem mais atentas a tecnologias que podem torná-las mais acessíveis. Na maioria das vezes essa falta de atenção está mais ligada à rigidez do ‘deste jeito já está bom’

do que a questões econômicas. É crescente a carência de mudanças nesses tempos de abundâncias materiais. Exemplos podem ser colhidos nas reclama-ções junto a órgãos de defesa do consumidor; nas frustrações sociais com a lentidão na tomada de decisões e na execução de projetos que poderiam melhorar a qualidade de vida de todos; na apatia para com uma cidadania mais participativa. Essas insatisfações, certamente pode-riam ser diminuídas se as instituições fossem mais flexíveis e estivessem mais atentas aos interesses da cidadania em suas dimensões política, social, econômica e cultural. As redes sociais há muito sinalizam e ecoam frustrações com a forma de se fazer política; com a falta de debate plural pelo rádio, jornal e televisão; com a inadequação na prestação de serviços como educação, saúde, transporte

e segurança; com a falta de atenção de empresas para com o cliente. Essas frustrações podem ser razoa-velmente respon-didas se houver flexibilidade para usar melhor as tec-nologias disponí-

veis. Mas antes de qualquer coisa, há que ser superada a baixa disponibilidade para ouvir e debater opiniões diferentes. Afinal, o exercício da escutatória é fundamental para o diálogo efetivo e para o exercício da democracia. n

arlindo Vilaschiprofessor de economia e coordenador do grupo de pesquisa em inovação e desenvolvimento capixaba da ufes

“essAs insAtisfAções, certAmente POderiAm ser diminuídAs se As instituições fOssem

mAis flexíveis e estivessem mAis AtentAs AOs interesses dA cidAdAniA em suAs

dimensões POlíticA, sOciAl, ecOnômicA e culturAl. As redes sociAis há muito sinAlizAm e

ecoAm frustrAções com A formA de se fAzer políticA.”

revista vitória I Outubro/201515

Page 16: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

espiritualidade

dom rubens sevilha, ocdBispo auxiliar da arquidiocese de Vitória

Santa Teresa de Ávila

mou e fundou também conven-tos masculinos. Entre seus livros temos sua autobiografia espiritual chamado Livro da Vida, além de vários ou-tros escritos sobre oração e vida espiritual: Caminho de Perfei-ção, Castelo Interior, Fundações, Orações, Poesias e, além destes, ainda chegaram até nós cerca de quatrocentas cartas endereçadas a vários tipos de pessoas. Santa Teresa compara a oração à água com a qual rega-mos um jardim. Sem oração a alma seca. Quanto mais irrigar o jardim da alma, mais flores de virtudes e obras boas brotarão. A oração não consiste em muito pensar ou falar, mas em muito amar. Para ela a oração é “uma conversa de amigos, muitas ve-

naquela época onde a maioria das mulheres não sabia ler e escrever,

Teresa foi voraz leitora, escre-veu vários livros que contribu-íram para a rica literatura espa-nhola e, devido à sua profunda vida mística, recebeu o título de Doutora da Igreja. Foi a primei-ra mulher na história da Igreja a receber esse título, outorgado pelo Beato Papa Paulo VI no dia 27 de setembro de 1970. Entrou para o mosteiro das monjas carmelitas e, vários anos depois, fundou um novo estilo de vida carmelitana mais sim-ples e recolhida para monjas e frades que, por isso, foram chamados de “carmelitas descal-ças”. Teresa foi a única mulher na história da Igreja que refor-

“A orAção à águA com A quAl regAmos um

jArdim. sem orAção A AlmA secA. quAntO mAis irrigAr O jArdim dA AlmA, mAis flOres de virtudes e ObrAs bOAs brOtArãO.” (SantaTeresa de Ávila)

zes e a sós, com quem sabemos que nos ama” (Vida 8,5). A espiritualidade teresiana é concreta e objetiva: não há verdadeira vida de oração onde não há boas obras: “a primei-ra é o amor de um para com o outro. A segunda é o desapego de todas as coisas. A terceira é a verdadeira humildade, e esta, embora seja enumerada por úl-timo, é a principal e abrange a todos” (Caminho, 4,4). Morreu com 67 anos de idade. A mensagem de Santa Teresa pode ser resumida nessa co-nhecida exortação dela: “Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa. Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta!” n

A festa de santa teresa no dia 15 de outubro terá, nesse ano, um significado especial: estamos celebrando os 500 anos do nascimento dela em ávila, na espanha (1515 – 2015).

revista vitória I Outubro/201516

Page 17: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

aspas

“Quando eu converso com Maria, sempre agradeço por mais um dia de vida que tive e sempre rezo pedindo saúde, paz e muito amor no meu coração, da minha família, e dos meus amigos!”

marcela mesquita – comunidade são camilo de lellismata da praia

“Eu me comunico com Maria pela sua oração ‘Ave Maria’, e eu peço proteção, saúde e paz. E que eu sempre vá pelo caminho de Deus! E agradeço por tudo o que tenho!”

giovana luz – paróquia santa rita praia do canto

“eu peço perdão por tudo e para que abençoe os outros, em especial pelo meu avô que está pela terceira vez com câncer.”

Julia furieri – comunidade nossa senhora auxiliadora – laranjeiras

“eu rezo e peço a ela para ajudar a gente em todos os momentos, e acredito que ela vai atender a nossa oração. eu penso que ela vai ajudar, estar sempre comigo e nunca vai me abandonar quando eu precisar dela.”

maria eduarda – comunidade nossa senhora auxiliadora - laranjeiras

“Eu rezo para Maria com calma, paciência, para ela me escutar e me ajudar no que preciso. Ela sempre me escuta e me ajuda. Sempre rezo a Ave Maria”

lara pontin – comunidade são camilo de lellis – mata da praia

“Peço a Maria para abençoar minha família, a todos que conheço e que eu não conheço. Peço também para perdoar nossos pecados e os pecados de todo mundo. Peço pra Ela fazer meus favores que eu desejo para que os meus pais possam realizá-los.”luís gustavo – comunidade são francisco

de assis (paróquia sta. terezinha domenino Jesus) – vila velha

“Me concentro, fecho os olhos, agradeço por tudo na minha vida, rezo um Pai nosso, uma Ave Maria e um Santo Anjo.”

davi baldi – santuário divino espírito santo - vila velha

“Oro pedindo intercessão de Nossa Senhora junto de Deus. Peço para ela me cobrir com seu manto sagrado e depois rezo uma Ave Maria junto com outras orações. Mas, claro que oro mais para Deus.”

manuela gomes – comunidade nossa senhora de fátima (paróquia santa mãe de deus) - Ibes

“Eu peço a Nossa Senhora da Saúde e Nossa Senhora da Aparecida, depois peço para Ela cobrir todos com seu manto, mas primeiro peço a Jesus, aí eu rezo por todos os motivos. Peço a todas as denominações de Maria que eu sou mais devoto e peço algumas bênçãos e rogue ao Pai por nós.”

raphael – comunidadenossa senhora da saúde

como elas conversam com nossa senhora

revista vitória I Outubro/201517

Page 18: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

a voz da

que se

eleveesperança!

caminHos da BíBlia

“hOje A históriA AnseiA PelA mAnifestAçãO dOs filhOs e filhAs de deus, PelA AçãO

cOncretA dOs hOmens e mulheres de bOA vOntAde; sejA por meio de um olhAr Aberto e

compAssiVo, sejA pelA escutA AtentA e cuidAdosA, bem

como pelA presençA solidáriA e disponíVel. ”

em tempos onde as notícias correm velozes, onde as palavras se perdem pelas esquinas das cidades, onde os símbolos permeiam os jornais diários, onde as imagens nas TVs invadem as casas, onde

o ruído das rádios corta o país, onde a rede de comunicação propõe um modo de vida; deparamo-nos com a realidade marcada pela violência. Desde as pequenas comunidades rurais, passando pelos grandes centros urbanos e chegando agora às fronteiras dos países, ouvem-se lamentos, gritos de dor e choro silenciado pela morte de inteiras famílias, de jovens e de crianças inocentes.

A soc iedade torna-se uma espec-tadora atônita diante de cenas que dilace-ram o tecido social, violam os direitos humanos e questio-nam a capacidade de nossos governos de

tratar desses desafios. Não é uma realidade que surge sem aviso pré-vio, ao contrário, é uma situação anunciada e construída por escolhas, decisões e posturas que, por vezes, desconsideram aqueles que jamais deveriam ser desconsiderados: os pequenos, os pobres e os indefesos.

revista vitória I Outubro/201518

Page 19: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

Nas palavras do Livro do Êxodo encontra-se presente a base da profissão de Fé do povo de Israel. Deus toma para si o cuidado da história do povo eleito, conhece as suas aflições, envolve-se nas suas misérias e sofrimentos e engaja-se na defesa daqueles que elegeu: “Eu vi, Eu ouvi, Eu conheço e por isso desci”. No coração dos filhos de Israel foram gravadas essas palavras, de modo que, em todos os seus caminhos, tinham a certeza de que Aquele que os criou, os elegeu, os libertou e os conduziu pelos caminhos da história, deu-lhes também uma vocação. O povo de Israel deveria ser um sinal para todos os povos do cuidado amoroso de Deus. Em Jesus Cristo, o Verbo de Deus Encarnado na história humana, as promessas divinas são ele-vadas à sua plenitude, Ele é o Filho de Deus feito homem. Ao assumir a condição humana ouviu os gritos, os lamentos, as dores e as esperanças dos filhos e filhas de Deus. A começar pelas estradas de Israel, Ele foi capaz de encontrar e tocar as mais diversas realidades humanas. Assim, ainda hoje, a sua presença e Palavra chegam junto aos mais

diversos povos, raças, línguas e nações. No con-vívio com Ele, os seus discípulos foram formados pelas escolhas e posturas do Mestre, pois viram o envolvimento, a aproximação e o engajamento de Jesus nas dores e na defesa da vida dos pequenos e excluídos. Hoje a história anseia pela manifestação dos filhos e filhas de Deus, pela ação concreta dos homens e mulheres de boa vontade; seja por meio de um olhar aberto e compassivo, seja pela escuta atenta e cuidadosa, bem como pela pre-sença solidária e disponível. Que no horizonte da humanidade, onde se ouvem os lamentos e suspiros dos sofredores e excluídos, os gritos de dor e sofrimento, também sejam ouvidas as vozes cheias de esperança, criativas e comprometidas daqueles que propõem os caminhos para a paz, e a construção da casa comum, na qual ninguém é estrangeiro, mas todos são irmãos e irmãs. n

pe. andherson franklin, professor de sagrada escritura no iftaV e doutor em sagrada escritura

“eu vi, eu vi a miséria do meu povo (...) Ouvi o seu clamor (...) pois conheço as suas angústias. Por isso desci a fim de libertá-lo (ex 3,7-8)

revista vitória I Outubro/201519

Page 20: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

Foto

: Luc

as R

ocha

Cos

me

pensar

Page 21: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

carismas religiosos

“o senhor reza para que gozemos ‘da plenitude da alegria’ que ele tem (cf. Jo 17, 13). a alegria dos cristãos, especialmente dos consagrados, é um sinal muito claro da presença de cristo nas suas vidas. quando há rostos tristes, isso é um sinal de alerta, alguma coisa não está bem. e Jesus pede isto ao pai precisamente antes de sair para o Horto das oliveiras, ocasião em que tem de renovar o seu ‘fiat’.”

(Papa Francisco aos consagrados em Cuba, 20 de setembro de 2015)

Agostinianos recoletos

irmãs Agostinianasmaristas

marcus tullius

Na segunda metade do sécu-lo XVI, nascia na Espanha, dentro da Ordem Agostiniana, um movimento de recoleção, ou seja, uma vida voltada para a oração, penitência e conversão. “Uma só alma e um só coração dirigidos para Deus”. Este é o ideal de Santo Agostinho que inspira todos os religiosos. Os recoletos chegaram ao Espírito Santo no ano de 1899, trabalhando em várias regiões do estado. Na Arquidiocese de Vitória, atuam na Paróquia Santa Rita de Cássia, Praia do Canto, des-de a sua fundação, em 1935. Atualmente a comunidade é formada por 4 religiosos.

As Missionárias Agostinianas Recoletas foram fundadas no ano de 1947. É uma congrega-ção essencialmente missioná-ria, aberta a várias realidades para concretizar o carisma. Atuam em paróquias, colé-gios, atividades pastorais, em especial, as pastorais sociais. Estão em Vitória desde o ano de 1959, onde possuem duas comunidades religiosas. Em Vitória está a casa provincial e o colégio. No bairro Tabajara, em Cariacica, uma casa para encontros pastorais e acolhi-mento das jovens vocaciona-das. Atualmente a presença missionária na Arquidiocese conta com 12 irmãs.

O Instituto Marista foi funda-do na França, em 1817, por São Marcelino Champagnat e espalhou-se pelo mundo com o carisma voltado para a promoção da vida através da educação. É uma congre-gação formada somente por irmãos, cuja missão é educar e evangelizar crianças e jovens para formar cristãos e cidadãos comprometidos na construção de uma sociedade sustentável, justa e solidária. A atuação marista na Arquidiocese ini-ciou no ano de 1950, em Vila Velha, com a construção do colégio e posteriormente, o projeto social que possuem em Terra Vermelha, Vila Velha.

revista vitória I Outubro/201521

Page 22: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

ViVer Bem

quantas vezes você já testemunhou uma criança que, mesmo após ter acabado de receber um brinquedo

novo, voltou ao velho e desgastado brin-quedo de sua estima (seja um carrinho sem rodinha, uma boneca sem braço)? Quantas vezes viu a criança receber um joguinho eletrônico – quase sempre barulhento – no único intuito de distraí-la, quando o que mais a diverte, mais lhe arranca gostosas gargalhadas, é brincar de “cavalinho” com você? Quase sempre estamos dando aos nos-sos pequeninos, seja em seu aniversário, Natal ou outras ocasiões, jogos e demais brinquedos que mais os afastam de nós do que os aproximam. Como é bom brincar! Disso ninguém

Vamos brincar?

revista vitória I Outubro/201522

Page 23: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

Jovanir poleze coordenador do centro nova geração, obra social da congregação redentorista em nova rosa da penha, cariacica. graduado em letras português-francês pela ufes

tem dúvida. Mas às vezes a gente se esquece do quanto, para além do puro entreteni-mento, é importante brincar. Por meio da arte do brincar vem também a arte da interação, da inclusão, da busca conjunta por melhores estratégias, da busca por solu-ção de problemas/enigmas, da autorrealização, e mais uma lista enorme de benefícios na construção do espírito de pertença. E essa lista de bene-fícios conquista-se tanto mais rápido quanto mais e melhor for a participação de terceiros (pais, avós, tios, ou outras crianças) nas brincadeiras. Lembra-se da sua infân-cia? Recorda-se das brincadei-ras grupais que entretinham você e seus coleguinhas? Quais eram? Refresquemos um pouco a memória: Pique--esconde, pique-pega, pique--lata, pique-bandeira, pique-

-boia, pique-ajuda, pique-alto, morto-ou-vivo, caí no poço, a galinha do vizinho, boca de forno, banho de mangueira no quintal, bolinha de gude, elástico, pomponeta, adole-ta, amarelinha, peão, passar--anel, pula-carniça,... Nossa! Talvez você esteja pensando: “Passou agora um filme na minha cabeça”. Quantas lem-branças, não é mesmo?! E as velhas cantigas de roda? “A Carrocinha pegou”, “A barata diz que tinha”, “De abóbora faz melão”, “Atirei o pau no gato”, “Sambalelê”, “O peão entrou na roda”, ... O Dia das Crianças está chegando. E a gente já fica pensando no presente que vai dar aos nossos pequeninos. Vai aqui a nossa dica: Que tal brincar? Que tal juntar adultos e crianças numa gostosa e animada brincadeira, res-

gatando as brincadeiras de outrora? Temos certeza de que vai ser tão bom como há muito tempo não tem sido, tanto para você quanto para elas. Afinal, criança adora brincar com adultos: sente-se valorizada, amada, realizada, incluída. Você sabe disso. Ou será que já se esqueceu de quando o vovô brincava de “serra-serra-serrador” com você? Que o Espírito de Deus nos ensine sempre caminhos criativos na condução de nos-sos pequeninos por um mun-do de mais e mais inclusão social! “Levanta-te e venha para o meio” (Mc 3,3b). n

revista vitória I Outubro/201523

Page 24: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

diálogos Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES

revista vitória I Outubro/201524

intolerância: um desafio para a vida

Alguém comentou comigo: “A socie-dade hoje parece

estar mais intolerante do que em outros tempos! O trânsito, por exemplo, torna-se cada vez mais pe-rigoso. Qualquer discus-são pode tornar-se motivo

de agressão. Como fazer para sair desta situação de violência?” De fato as relações humanas nem sempre são construtivas. A intolerân-cia no trânsito e em diver-sos lugares da convivência humana está cada vez mais

acentuada. É a cultura da violência que se cultiva impensadamente desde os pequenos atos e pequenas situações até as grandes e graves agressões. Veja o que acontece quando uma ideologia se torna perver-sa, a tal ponto de impe-

dir que alguém pratique uma religião segundo a sua consciência. O triste fenômeno da imigração de tanta gente do oriente para a Europa, enfrentando perigos no mar, perigo de morrer de fome em busca liberdade. A guerra é cer-

Page 25: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

revista vitória I Outubro/201525

intolerância: um desafio para a vida

família aprende-se a ser honesto consigo mesmo e com o outro. E, neces-sariamente, é de suma importância que a família dê um passo para além do humano: na família apren-de-se especialmente a ser honesto com Deus! São as três colunas fundamentais do edifício humano: honestidade con-sigo mesmo, honestidade com o semelhante e hones-tidade com Deus seu Cria-dor e Senhor. Estabelecida esta base, o ser humano cresce, amadurece, con-vive e sente-se feliz. A intolerância é um ato humano frustrado, ca-rente de ternura, carente de compreensão, carente de amor. Torna-se por si mesma um ato desumano.

A intolerância só pode-rá ser vencida e supera-da se estas três colunas tornarem-se realidade no fundamento das relações humanas. Na vida conju-gal e, consequentemente, na vida familiar, e, por sua vez, na sociedade. Fé humana e fé trans-cendente, isto é, o casal vive da fé no seu parceiro, movido por uma fé que ul-trapassa quaisquer barrei-ras: a fé em Deus, Dom que vem do Alto e que move a ação humana e a transforma em Amor, concretização do Dom de Deus. Este dom que se torna concreto no ato de amar, na ternura do sair de si é o perfume da sabedoria que inunda o coração conjugal e o coração da família. Fé

tamente o grande sinal de intolerância nas relações humanas. Muita gente sente-se desanimada diante de tan-tos problemas que provo-cam miséria e desumani-dade. Não podemos ficar desanimados e nem perder a esperança. Acredito que há um caminho de solução para superação deste mal que nos atinge a todos de uma ou de outra maneira. Jesus nos ensina no Evangelho: “Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel nas grandes”. As pe-quenas coisas, os atos pequenos e simples nós aprendemos na família, desenvolvemos na escola e seguem-se nas relações humanas em geral. A família é a base humana das relações ini-ciadas originariamente na vida conjugal. O casal é responsável pelo seu fu-turo e o futuro dos frutos do amor ou desamor con-jugal. A família nasce e se desenvolve no amor. No ninho familiar aprende-se a amar, o respeito a si mes-mo e ao semelhante. Na

que transporta montanhas, fé que produz sabedoria, paz no coração, respeito ao semelhante, alegria de viver... destruição das pe-quenas e grandes guerras... Fé no trânsito... Anulação da intolerância! Há, pois, solução para a intolerância, seja ela pe-quena em sua expressão, seja ela grande. Maior do que a intolerância é a fé amorosa, Dom que vem do Alto e se concretiza no casal fiel, na família fiel e na empresa fiel e construtora de uma nova sociedade baseada não na desconfiança e intole-rância, mas baseada na fé amorosa,libertadora, re-velada por Aquele que é livre e nos criou livres, DEUS AMOR! n

“mAiOr dO que A intOlerânciA É A fÉ AmOrOsA, dOm que vem dO AltO e se cOncretizA nO cAsAl fiel, nA fAmíliA fiel e nA emPresA fiel e construtorA de umA noVA

sociedAde bAseAdA não nA desconfiAnçA e intolerânciA,

mAs bAseAdA nA fé AmorosA, libertAdorA, reVelAdA por

Aquele que é liVre e nos criou liVres, deus Amor!”

Page 26: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

comunicação

“mostra-me o que postas, e

eu te direi quem és”

moisés sbardelottoJornalista, doutorando em ciências da comunicação pela unisinos (rs)

nas relações que se es-tabelecem nas redes sociais digitais, proli-

feram conteúdos que, por assim dizer, “exageram” a realidade. Às vezes, isso ocorre em sentido exageradamente positivo, cons-truindo um mundo que navega em um “mar de rosas”, onde todos são felizes e a diversão é eterna. Outras vezes, a realidade vista nas redes beira o extremo oposto, em que a vida se desen-rola entre “choro e ranger de dentes”, e a raiva e o ódio são moeda de troca – especialmente em âmbito político e religioso. Por vivermos em uma “so-ciedade do espetáculo”, grande parte do que fazemos na rede se insere em uma cultura do en-tretenimento, que pode passar também por uma teatralização das nossas vidas, reconstruídas – em textos, imagens e vídeos – a partir de lógicas de consumo. Chega-se a extrapolar a própria intimidade, criando uma verda-deira “extimidade”, em que toda a vida pessoal se torna pública, sobrecarregada de novas cores e valores. Em tudo isso, há também alguns elementos que nos ajudam a repensar nossas ações em rede. Em primeiro lugar, vemos aí a grande centralidade assu-mida pela expressão pessoal e

social. Antes, as fotos das nossas férias ou as nossas opiniões pes-soais eram conhecidas apenas pelos nossos familiares e amigos mais próximos. Hoje, porém, podemos deixá-las ao acesso livre de qualquer pessoa na rede. Expressar-se torna-se, assim, uma possibilidade que, com o passar do tempo, converte-se em uma necessidade. Quando nos expressamos, esperamos que alguém nos veja, nos escute, nos perceba. A percepção do outro sobre nós é a resposta à nossa abertura inicial, que completa a nossa necessidade de contato. Por isso, buscamos ser “bem percebidos” e construímos mundos à nossa imagem e semelhança. O risco é parar por aí, passando a vida por inúmeros “filtros”, para dar mais cor e mais brilho a tudo o que somos e fazemos. Ao nos expressarmos para buscar a mera percepção do outro, acabamos também não lhe dando o espaço verdadeiro e apenas o usamos como “re-ceptáculo” dos nossos desejos. Para evitar isso, podemos dar dois passos a mais: o pri-meiro é a reflexão. Se a minha expressão própria e a percepção do outro são importantes e me constituem, seria interessante

um olhar crítico: quem é esse “eu” que me comunica? O que está sendo comunicado pelo meu “eu”? Que “eu” está sendo construído no conjunto dessas postagens? Na revisitação da minha presença online, posso me deparar com diversos excessos e carências nas minhas tentativas de comunicação. E, para repará-los, o me-lhor remédio é focar todos os esforços comunicativos – em rede e fora dela – na relação. Eu sou porque me comunico com alguém que também se comunica comigo. Somos por-que nos comunicamos. A partir disso, não interessa apenas o “eu” inicial que se expressa, nem apenas o outro que me percebe, ou do qual eu me uso para ser percebido, mas sim o “nós” que aí se constrói. Para isso, é necessário tam-bém perceber o outro, “ouvi-lo”, reconhecer suas necessidades, acolher o que ele me comunica. Nessa relação, não faz senti-do “aumentar” ou “exagerar” a realidade, porque ela não é apenas minha, mas é compar-tilhada – vivida e comunicada com o outro. n

revista vitória I Outubro/201526

Page 27: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

arquiVo e memóriagiovanna Valfrécoordenação do cedoc

misssionários na localidade de Peixe verde, hoje comunidade que pertence a paróquia de viana, década de 40

missão em Peixe verde - viana

revista vitória I Outubro/201527

Page 28: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando
Page 29: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

entreVista Leticia Bazet

movido a novos desafiosO jornalista julius carvalho superou a obesidade após uma cirurgia bariátrica e tornou-se adepto da corrida de rua. nesta entrevista ele conta sobre a sua transformação física e, acima de tudo, psicológica.

vitória - Como era a vida que você levava?Jullius - Completamente errada. Eu chegava em uma festa, por exemplo, e só saía na hora que ter-minava tudo. O primeiro lugar que eu ia depois de cumprimentar os anfitriões era para ver o que tinha para comer. Era completamente sedentário, cheio de problemas de saúde, já cheguei a tomar nove remédios por dia, tive quatro erisipelas e em uma delas quase perdi a perna, tamanha a infecção. Até que chegou o Natal de 87 e eu tive outra erisipela, minha família ficou muito chateada, minha médica queria me internar e aquilo me bateu muito forte. Eu tinha uma amiga jornalista que casou com um cirurgião bariátrico e começou a falar comigo sobre a cirurgia, me incentivando a fazer. Eu não dormia à noite, tinha medo de dirigir, dormia no trabalho, tinha apneia, chegou um momento que eu comecei a ter inchaço nas pernas e deixei de ter vida social porque não conseguia calçar um sapato.

vitória - Qual foi o limite que te fez querer mudar?Jullius - O medo de não acordar no dia seguinte. Eu dormia sem saber se ia acordar no dia seguinte. Era uma bomba relógio. Aí eu comecei a estudar sobre a bariátrica, porque não era tão popular, e essa colega minha me ajudou bastante, comecei a participar de grupos do Brasil, até que decidi fazer a cirurgia, em 2008. Na primeira consulta que eu tive a médica deu um sorriso de um lado a outro e falou que eu tinha ganhado 10 anos de vida, porque eu era diabético tipo 2 e a doença estava controlada. Eu não tive nenhum problema, me adaptei a tudo. Comecei então a fazer atividade física, colocava o tênis e corria por conta própria.

Participei da corrida da mulher, a primeira, e foquei em correr a Corrida da Garoto, eu queria isso. Juntei com uns amigos e comecei a treinar. A partir daí comecei a dar entrevista para rádio, televisão e as pessoas começaram a reconhecer a minha história. Culminou que nas 10 milhas Garoto, entre os três amigos que participaram comigo, eu fui o primeiro a chegar, e aí eu virei meio que um xodó da corrida de rua.

vitória - A que você se apegou nesse processo de mudança?Jullius - Logicamente que a família, mas... eu me emociono (pausa). Eu me apeguei a uma pessoa que eu não conhecia mais que era eu mesmo. Des-cobri um cara completamente focado, determinado e pensei “esse é o cara que vai me levar”. Tem o benefício da cirurgia, mas é preciso agregar outros valores a ela. Muitos falam que eu sou o respon-sável por eles correrem. Eu fiquei muito querido

revista vitória I Outubro/201529

Page 30: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

entreVista

entre as pessoas da corrida de rua, vinha gente se oferecer para me treinar. A minha vida mudou, eu hoje tenho 55 anos e há sete anos ela era completamente diferente, cheia de limitações, complicações e hoje eu estou aqui, sonhando, quero correr a São Silvestre. Foi uma transformação maravilhosa.

vitória - O que foi mais impor-tante para você?Jullius - Você nunca emagrece, torna-se um emagrecido. Eu falo que a bariátrica é cheia de ‘R’, re-programar, repensar, reeducar. Mas o grande divisor de águas foi essa primeira Dez Milhas, ali eu mostrei para o mundo, para o meu mundo

o que era uma cirurgia bariátrica, que eu consegui, aquele cara cheio de problemas se transformou em um corredor, correu 16 km, aos 50 anos de idade. Isso mudou a minha vida, por isso até hoje eu sinto esse carinho. Ali eu vi que eu podia, eu tinha condição.

vitória - A cirurgia bariátrica mexe muito com o psicológico. Foi o lado mais difícil do processo?Jullius - A gente fala que, princi-palmente, tem que operar a cabeça, e quem não opera a cabeça não tem sucesso. Na cirurgia é preciso principalmente se conhecer, porque senão o corpo vai sentir. Na época que eu fiz, pesquisei muito, estudei, pensei, e hoje vejo que as pesso-as querem simplesmente operar. O principal foco da cirurgia é o emocional. O primeiro mês é um sufoco muito grande, um grande de-safio, você passa tomando aqueles copinhos de café, tem que mudar os hábitos, a mastigação é muito importante, então é reaprender a se alimentar, conhecer seus limites. O que eu queria era saúde, tudo o que veio depois foi consequência. Nunca imaginei que iria correr, eu queria poder caminhar. Meu primeiro prazer foi andar. Imagine uma coisa básica que é andar, eu

comemorei quando consegui andar uma rua sem sentir dor.

vitória - O apoio das pessoas é importante para quem passa por esse processo?Jullius - Muito! Da família princi-palmente. A tentação à comida em sua volta não é muito fácil. Lá em casa eu não tive tanto problema. Eu sempre gostei muito de cozinhar e como é uma nova vida a gente reaprende tudo. Tem comidas que não me fazem falta e outras que não posso de forma nenhuma porque me fazem mal, como o alimento gorduroso, qualquer quantidade meu estômago já sente.

vitória - O que te motiva hoje?Jullius - Com certeza são os novos desafios. Depois da bariátrica eu não fiz a cirurgia reparadora, mas eu tive uma hérnia inguinal muito grande e aquilo me incomodava muito. No ano passado meu foco foi fazer essa cirurgia e aí eu fiquei sem correr. Nesse tempo parado eu ganhei seis quilos. Esse ano eu voltei para a academia e eles me ofereceram participar de um pro-jeto. Falei que topava se eles me treinassem para a São Silvestre e assim fechamos a parceria, estou lá treinando, fazendo fisioterapia,

“O que eu queriA erA sAúde, tudO O que veiO dePOis fOi cOnsequênciA. nuncA

imAginei que iriA correr, eu queriA poder cAminhAr.

meu primeiro prAzer foi AndAr.”

revista vitória I Outubro/201530

Page 31: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

preciso perder oito quilos, virei o personagem deles (risos). O objetivo agora é voltar ao meu peso e meu foco desse ano é correr a São Sil-vestre. Eu tenho que colocar metas. Tenho outro sonho que é oficializar o grupo de corredores bariátricos.

vitória - O que foi mais difícil?Jullius - O primeiro mês, com certeza! Tem que ter muito foco. Você sai de uma semana que come normal e passa a se alimentar em copinhos. Ali começa a sua prova de fogo. Você começa a enjoar de várias coisas, de cheiros, de tudo. Quando vem a comida mais pastosa já dá um certo alívio. Várias vezes já levantei da mesa passando mal. Hoje eu não consigo comer muito, não forço. Não como uma maçã inteira de vez nem pensar.

vitória - Você se arrepende de alguma coisa nesse processo? Faria algo diferente?Jullius - Não, acho que demorei a fazer. Poderia estar hoje em outro estágio, não que seja melhor ou pior, mas tudo é no momento de Deus. Eu tive que passar por tudo para tomar consciência do que eu precisava. Cheguei a um estágio impressionante. Fiz com a pessoa certa, que foi o marido dessa ami-ga, me deu tranquilidade. Precisei passar por tudo para perceber que tinha que mudar.

vitória - E o Jullius de hoje quem é?Jullius - Nossa...o que eu procuro

pessoas acham que é uma varinha de condão. Manter-se emagrecido é uma luta diária.

vitória - Como se sente sendo espelho para tanta gente? Ima-ginava isso?Jullius - Nunca imaginava. Eu tive noção quando acabou a Dez Milhas e todo mundo veio me cumprimen-tar, dizendo que tinham torcido por mim, parabenizando por eu ter con-seguido e eu não conhecia aquelas pessoas, os corredores, eu conhecia os jornalistas. Até que a assessoria da prova me chamou, eu agradeci o professor que correu comigo e eu não imaginava, e me chama-ram onde estavam as autoridades. Muito louco (pausa). Fez uma fila de pessoas para falar comigo, tinha gente do mundo do esporte. Eu demorei a cumprimentar a minha mãe, que era quem eu tinha de mais próxima de mim ali(pausa). Eu não esperava que a história chegasse nesse ponto. Naquele momento eu vi que estava realizando um sonho. Sinto-me muito agradecido, sinto que Deus falou, “você vai no fundo do poço, mas vai dar a volta por cima”. Mesmo muitas pessoas fa-lando que eu sou um operado, que operado é fácil, não é. Se eu não tivesse operado não estaria aqui, é uma difícil decisão. Eu vou na São Silvestre, depois quero correr a meia maratona e mostrar que é possível. E vou levar mais gente junto comigo! Vou continuar mo-tivado e vou continuar motivando outras pessoas. n

fazer, além de me manter saudá-vel, no meu foco, na prática de corrida de rua, de colocar sempre um objetivo, eu tenho esse grupo de bariátricos que eu administro e tenho um trabalho muito legal com ele. Uma menina de Minas Ge-rais está vindo operar aqui porque se sentiu acolhida pelo grupo. Eu coloco muito o coração nas coisas que eu faço. Não é só um grupo de bariátricos para trocar algumas experiências e marcar saidinha no shopping, ele é muito solidário. É um grupo de referência, os médicos do Brasil acompanham também. Não há nenhum interesse meu ali que não seja ajudar. As pessoas se acolhem, é maravilhoso.

vitória - Além de você ter re-nascido, acha que fez reviver outras pessoas?Jullius - Muitas pessoas. Tem uma menina que é bem bonita, tem vá-rios seguidores de todo o país, dá dicas de alimentação e até hoje ela fala “você é o responsável por isso”. Eu vou a lugares que as pessoas falam que se sentiram motivadas ao conhecerem minha história, co-meçaram a correr. Eu nunca falei isso, mas acredito que com a minha participação na Dez Milhas eu fiz acender uma luz diferente sobre a bariátrica, antigamente era tudo muito escondido, cheio de medo. Depois que eu fui o primeiro a che-gar, que eu consegui, acho que a abordagem sobre a cirurgia ganhou um novo foco. Ao mesmo tempo eu me preocupo porque algumas

revista vitória I Outubro/201531

Page 32: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

mundo litúrgico

fr. José moacyr cadenassi, ofmcap

igreja e relações com as religiões não-cristãs.50 anos da declaração “nostra Aetate” Em 28 de outubro de 1965 – há 50 anos, no contexto do Concílio Vaticano II, foi pro-mulgada a Declaração Nostra Aetate – sobre as relações da Igreja com as religiões não cristãs - como confirmação de que a Igreja é o sacramento da unidade e da caridade entre a humanidade, considerando o que os seres humanos têm de comum, pois Deus é o criador e a origem de todas as criaturas, como de todo o cosmos. A diversidade religiosa dos povos desperta na Igreja a sensibilização de que a verdade também é manifestada nas várias expressões religiosas. Consciente, a Igreja coloca-se com respeito diante do modo de viver e cultuar das

outras tradições, e exorta seus filhos – os ba-tizados, a dar testemunho da fé cristã por meio do diálogo e da colaboração com os membros das outras religiões, proclamando, com atitu-des caritativas e solidárias, o Cristo “caminho, verdade e vida” (cf. Jo 14,6). A liturgia cristã expressa, na culminância da ação eucarística, a verdadeira unidade de todas as criaturas com o Criador, pela mediação e intercessão de Cristo a favor de todo o gênero humano, pois ele, sem distinções ou condições, entregou a sua vida pela salvação de todos.

revista vitória I Outubro/201532

Page 33: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

raquel tonini r. schneider comissão arte sacra e Bens culturais da arquidiocese de Vitória, setor espaço celebrativo - cnBB

marcus tullius comissão arquidiocesana de liturgia

O lugar da eucaristia

O uso da vela na liturgia Em muitas comunidades sempre surgem dúvidas sobre a quantidade de velas na celebra-ção e a sua disposição no espaço celebrativo. A Instrução Geral do Missal Romano orienta o seguinte: “sobre o altar ou perto dele, dispõem--se, em qualquer celebração, pelo menos dois castiçais com velas acesas, ou quatro ou seis, sobretudo no caso da Missa dominical ou festiva de preceito, e até sete, se for o Bispo diocesano a celebrar.” (cf. IGMR, 117) Diante disso, as equipes de liturgia devem ter o bom senso na hora de adquirirem os castiçais e

Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Nin-guém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. (...)Chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.

(Jo 15, 12-15) O “lugar da Eucaristia” tem o altar como objeto simbólico mais importante e que ocupa o lugar central no interior de nossas igrejas. Evocando a entrega da própria vida que Cristo fez ao morrer na cruz, ele representa os dois aspectos de um único mistério: é o altar do sacrifício e a mesa do Senhor. A partir do altar nasce o sacramento da Eucaristia. Ele é símbolo de Cristo, é mesa festiva, é lugar de íntima comunhão, é fonte

as velas. Deve-se levar em consideração o tamanho do altar e do presbitério, para que seja proporcional e esteja em harmonia com o ambiente. Nem todas as comunidades tem espaço suficiente para se usar quatro ou seis velas. Não convém que os castiçais e as velas tirem a centralidade do mistério celebrado. Eles são acessórios. O centro é Jesus Cristo, é o altar.

de unidade da Igreja e de concórdia dos irmãos e irmãs, é o centro do nosso louvor e ação de graças. A Igreja orienta que seja digno, sólido, de material nobre e verdadeiro, não removí-vel. Reunidos em torno do altar, celebramos os mistérios de nossa fé e formamos um só corpo, unidos em seu amor, como nos mostra a imagem do interior do Santuário de N. Sra. Aparecida. n

Page 34: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

Alívio para o sofrimento dos casais separados: agilidade nos processos de nulidade

O Papa tem pressa

reportagemletícia Bazetmaria da luz fernandes

Adeclaração do papa Francisco sobre mudanças no Código de Direito Canônico (Cânones 1671 a 1691) a partir de 08 de dezembro de 2015, para agilizar os processos de nulidade matrimonial causou,

no início de setembro, um verdadeiro rebuliço e rendeu muita conversa nas redes sociais e na mídia em geral. O objetivo do papa é, apenas, tornar mais simples e ágeis os processos de nulidade, mas as interpretações foram diversas. Para alguns, a decisão foi uma surpresa, pois acreditaram que assim, a Igreja incentivava os pedidos de divórcio. Para outros como Na-

tália, que aguardou três anos para receber a declaração de nulidade de seu casamento, o sentimento foi “Porque isso não aconteceu antes?”. A reação de Natália pode

mostrar àqueles que se surpreenderam, o porquê da decisão do papa: “Eu sou professora, precisei pegar uma licença de 30 dias porque estava muito abalada, eu chorava muito, parecia que minha vida estava destruída”, contou. O papa demonstra com seu gesto que a Igreja entende os dramas humanos e se empenha para amenizá-los e encurtá-los naquilo que lhe é possível. Com essas e outras atitudes o papa Francisco vem convocando a todos para a cultura do encontro e da proximidade com discursos e com a prática. O Sínodo dos Bispos vai refletir e discutir as demandas e realidades

“quAndO A sePArAçãO AcOntece, nenhum cAtólicO está AutOmAticAmente

imPedidO de PArticiPAr dO sAcrAmentO dA eucAristiA”

revista vitória I Outubro/201534

Page 35: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

nidade e da comunhão. Alguns deixam as atividades na comuni-dade e de comungar mesmo que, como explica o padre Teodósio, membro do Tribunal Eclesiástico: “quando a separação acontece, nenhum católico está automati-camente impedido de participar do Sacramento da Eucaristia”. A pessoa só precisa afastar-se da Sagrada Comunhão se contrair novas núpcias ou passar a viver maritalmente com outra pessoa. Padre Wladimir Porreca diz, em artigo publicado na revista Vida Pastoral que “o modelo de Igreja

sacramental e a redução da ce-lebração da missa à comunhão eucarística contribuem para que o sentimento de exclusão seja reforçado nos casais separados”. Dom Luiz Mancilha Vilela explicou que “se a vida do casal se tornar insuportável e prejudi-cial, a Igreja acolhe os separados e não os penitencia por isso”. E Dom Luiz acrescenta: “o Santo Padre ouviu o clamor da Igreja

durante a preparação para o Sí-nodo da Família e já começou a propor mudanças para diminuir os sofrimentos”. As razões e os dramas de cada um, porém, não cabem e não se resolvem com a aplicação das leis canônicas e agilidade nos processos de nulidade. En-contramos situações de casais separados reconhecerem a exis-tência de provas de nulidade, mas recuarem perante a influência dos filhos da primeira união para que o pai não tente provar a nulidade do matrimônio, achando que isso prejudicaria moralmente a mãe, ou ainda, o casal que separou julgar que ao pedir a nulidade está negando a experiência vivida que não foi feita apenas de enganos ou erros. Este pensamento é endos-sado por padre Wladimir Porreca, que afirma: “existe uma ruptura nas relações, sobretudo da con-jugal, mas não uma anulação do que foi construído e vivenciado na família precedente”.

vindas das dioceses através de questionários, espera-se na pers-pectiva do Ano da Misericórdia conforme vem sinalizando o Papa Francisco.

Angústias e incertezas No caso dos casais que se separam e entram com o pedi-do de averiguação de nulidade, os sentimentos de angústia, an-siedade, tristeza, entre outros transformam-se em verdadeiros dramas. “A gente vira meio psi-cóloga porque aqui elas se abrem, choram, contam suas histórias. Já tem um alívio quando vêm na au-diência e falam, depois escrevem para dar abertura ao processo. Quando conseguem a declaração de nulidade são dominados (as) pelo sentimento de alegria, emo-ção e gratidão”, afirmou Cristina, notária do Tribunal Eclesiástico de Vitória, contato primeiro de quem busca a entidade para abrir o processo na Província Eclesi-ástica do Espírito Santo. Os dramas humanos muitas vezes não partem das questões reais porque a emoção e os sen-timentos não obedecem à razão. No caso dos casais separados, católicos, o peso da indissolu-bilidade do casamento é muito grande. A frase “não separe o homem o que Deus uniu” pas-sa, no momento da separação, a fazer com que a pessoa se sinta em pecado e excluída da comu-

“se A vidA dO cAsAl se tOrnAr insuPOrtável e PrejudiciAl, A igrejA Acolhe os

sepArAdos e não os

penitenciA por isso”

revista vitória I Outubro/201535

Page 36: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

reportagem

como se dá o processo de nulidade Iniciado, o processo passa, obrigatoriamente, por dois Tri-bunais. O Tribunal de Primeira Instância, local onde se dá en-trada ao processo e se obtém a primeira sentença, e o Tribunal de Segunda Instância, onde se teria um novo parecer de outros juízes, mesmo que a primeira sentença fosse favorável à de-claração da nulidade. Cabe, se necessário, o apelo à Santa Sé, em Terceira Instância. Com a mudança, os ca-sos em que as evidências da nulidade estejam claras, basta

Estas e outras questões re-lacionadas a casais em segunda união serão discutidas no Sínodo dos Bispos sobre a família que acontece no Vaticano de 4 a 25 de outubro. Nos casos que tivemos con-tato, que aguardam ou receberam a declaração de nulidade, perce-bemos que, embora na prática a Igreja não exclua, muitos separa-dos se auto-excluem e se prejudi-cam na vivência comunitária. Em alguns casos, a própria comuni-dade passa a “olhar” a pessoa de outra forma e com desconfiança o que acaba criando distância e a sensação de abandono. “Eu não tinha coragem de comungar, eu ia à missa e chorava muito, me sentia culpada, com vergonha, me privei de muita coisa de dentro da igreja por causa disso. Foram três anos difíceis, me privando, por causa da minha consciência”, contou Natália. Para Ellen, que entrou com o processo recente-mente, a situação não é diferente: “a gente vai à missa, frequenta, mas eu me sinto como se fosse estranha, isolada, então isso é ruim, me incomoda”. O que o Papa Francisco mu-dou nas leis canônicas não resolve os dramas de consciência, mas a aceleração nos processos daque-les que descobrem motivos com-provatórios de que o casamento foi nulo, vai com certeza diminuir o tempo de angústia e ansiedade e amenizar os sofrimentos.

o reconhecimento da nulida-de no primeiro Tribunal para que a declaração seja dada. De acordo com padre Teodósio, a mudança pode agilizar o pro-cesso de seis meses a um ano.

wA primeira decisão é de que não haverá a partir de agora necessidade da decisão de dois tribunais. A declaração de nulidade será dada após o pronunciamento do primeiro juiz.

wO bispo é juiz em sua Igreja, por isso ele mesmo é o juiz, principalmente nos processos mais breves quando as evi-dências da nulidade são mais perceptíveis e existem mais argumentos para ela ser comprovada. De acordo com padre Teodósio, se aprovada a nulidade, a conclusão prevista – com a sentença – será realizada em até 02 meses.

wFoi pedido às Conferencias Episcopais que estudassem meios para garantir o funcionamento dos Tribunais e que os gastos com os processos fossem, se não gratuitos, o mais baixo possível. Já é costume do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Vitória conceder descontos, ou até mes-mo gratuidade, aos que, com dificuldade para arcar com as despesas, precisam entrar com o processo de nulidade matrimonial.

PrinciPAis mudAnçAs

revista vitória I Outubro/201536

Page 37: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

etapas do processo em primeira instância01 Reunião com o Vigário Judicial para apresentar as razões do pedido de nulidade;

02 A parte demandante (quem pede a nulidade) recebe um roteiro e é orientada a escrever o libelo introdutório, ou seja, detalhar a história que motiva o seu pedido;

03 A parte demandada é convocada para tomar ciência do libelo e pode optar em participar ou não do processo;

04 O defensor do vínculo elabora perguntas, de acordo com o libelo, e com a contestação da parte demandada, caso haja;

05 O demandante e suas testemunhas são ouvidos. A parte demandada também é ouvida, caso tenha feito a contestação;

06 O defensor do vínculo dá o seu parecer, o qual é encaminhado para três juízes, que dão seus votos. Após, eles se reúnem para julgar o processo e a sentença é apresentada às partes.

esperança Para quem entrou com o processo e ainda aguarda os trâ-mites do Tribunal Eclesiástico, o anúncio do Papa Francisco reacendeu a esperança. É o caso de Clarissa. “Para mim é muito importante, para eu poder casar novamente na Igreja, receber essa bênção e que eu tenha uma nova oportunidade. Saber que meu processo poderá ser julgado com menos tempo do que eu imaginava me traz muita feli-cidade”, disse. Ellen, que após uma confissão foi orientada a pedir a nulidade, diz que achou muito boa a decisão do Papa, “porque as pessoas não devem ser excluídas pelo Matrimônio não ter dado certo, é justamente

um momento em que precisam ser acolhidas”. Em uma semana após as mudanças anunciadas, Cristina afirma que mais de dez processos foram reabertos. “O telefone não para de tocar, todos os dias apa-rece quem já havia parado com o processo, pedindo para reabrir. Está tudo aqui arquivado, e nós vamos analisar a melhor forma de retomá-los”. Enquanto aguardamos o Sí-nodo, ficamos com o relato dos padres sinodais: “evitar qualquer linguagem e atitude que faça os casais separados se sentirem discriminados, além de buscar promover a participação desses casais na vida da comunidade”.

de fevereiro a setembro deste ano, 76 pedidos de nulidade matrimonial foram abertos no tribunal

eclesiástico interdiocesano de vitória

revista vitória I Outubro/201537

Page 38: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando
Page 39: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

O milionário Oliver Queen passou anos de sua vida em uma ilha e foi dado como morto após

um naufrágio que provocou a morte de seu pai. Ele voltou para casa com o objetivo de salvar sua cidade

das mãos de criminosos e corruptos. Antes de seu pai morrer, deixou uma lista com o nome das pessoas responsáveis por conspirar contra a cidade e seus cidadãos. O personagem é solitário, dramático e cheio de conflitos, mas se empenha em salvar

a todos sem que a polícia e os mais pró-ximos descubram sua identidade.

viA

gem

lugar da tranquilidade

A magia de miróEm exposição no Espaço Cultural do Palácio

Anchieta, em Vitória, até o dia 15 de novembro, ‘A Magia de Miró’ mostra as cores, criatividade

e traço único do artista catalão Joan Miró, ícone do surrealismo. Com entrada gratuita, o público pode conferir 69 obras do pintor expostas, além

de fotografias que mostram a sua vida pelas lentes de Alfredo Melgar.

Arrow

Fugir da rotina e buscar um pouco de paz não exige uma longa viagem. Ibiraçu é um pequeno município a 70km da capital do Estado. É conhecido pelo pastel com caldo de cana, mas também abriga dois recantos para quem busca um pouco de sossego: o Santuário de Nossa Senhora da Saúde e o Mosteiro Zen Morro da Vargem, ambos ao lado da cidade e cercados de verde. O Santuário fica aberto à visitação todos os dias e tem missas e eventos recorrentes. O Mos-teiro abre à visitação aos domingos, a partir das 10h. Os dois são uma ótima opção para quem quer ter contato com a natureza, se desligar da agitação e fazer caminhadas. Vale a pena!

Arte

culturA

museu da valeEstabelecendo uma relação entre desenho e

fotografia, o artista plástico Vik Muniz utiliza materiais inusitados como açúcar, chocolate

líquido, doce de leite, geleia, e lixo para criar as suas ou fazer a releitura das obras. Seu processo de trabalho consiste em compor as imagens com os materiais sobre uma superfície e fotografá-las. A partir do dia 16 de outubro a mostra estará aberta no Museu da Vale, onde também será exibido

diariamente, em horá-rio pré-estabelecido,

um vídeo sobre a obra do artista.

Dica da servidora pública Juliana Reblin

sugestões

dicA de seriAdO

revista vitória I Outubro/201539

Page 40: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

pergunte a quem saBe

Denise SilvaProfissional da Educação Física/Coordenadora da Academia Positiva Club

Pe. Arlindo Moura de MeloDiretor da Escola Diaconal

Tem dúvidas? Então pergunte para quem sabe. Envie sua pergunta para [email protected]

qual a melhor atividade física, correr ou andar? A caminhada e a corrida são atividades físicas importantes para melhorar o condiciona-mento físico, fortalecer o coração e emagrecer. Uma não é melhor do que a outra, ambas são benéficas à saúde. O que difere uma da outra é o nível de condicionamento físico que o praticante de atividade física se encontra. Por exemplo: se uma pessoa sedentária, que está sem praticar atividade física há mais de 3 meses ou nunca praticou, deseja iniciar um programa de atividade física, o recomendado para ela é uma caminhada de no mínimo 3 vezes por semana. Se por outro lado temos outra pessoa que faz atividade física regularmente, ela poderá iniciar um programa de corrida com uma intensidade leve a moderada e progredir na velocidade da corrida (do trote leve a uma corrida intensa) gradativamente. O mais importante é saber para quem estamos prescrevendo o exercício, pois diante do histórico físico da pessoa podemos indicar essa ou aquela atividade física.

qual o tempo diário ideal de prática de atividade física? Segundo a Organização Mundial de Saúde a atividade física para promover melhora no condicionamento físico e no coração de um indivíduo deverá ser de no mínimo 30 minutos e no máximo 1 hora, sendo o mesmo realizado 3 a 5 vezes por semana. Se uma pessoa só tem 30 minutos diários para se exercitar, pois exercite-se, pois isso irá trazer benefícios a saúde.

EsportE

rEl

igiã

o

qual a diferença entre diácono e Padre? O Padre é ministro ordenado para o ministé-rio sacerdotal com tempo integral, abrangendo o pastoreio de uma parcela do rebanho que lhe foi confiada na paróquia e administração de cinco sacramentos: Batismo; Confissão; Eucaristia; Matrimônio e Unção dos enfermos. O diáco-no é ordenado para o ministério da caridade, (serviço aos necessitados), da Palavra e da Li-turgia. Podendo administrar dois sacramentos: Batismo e Matrimônio. É casado. Tem o seu trabalho profissional e exerce a pastoral por tempo parcial.

como identificar o diácono? Podemos identificar o diácono permanente, pela ação pastoral, pela constituição familiar e pelas vestes litúrgicas. O Padre é pároco, Administrador paroquial, não é casado e nas celebrações usa a estola sobre a túnica de for-ma vertical e nas solenidades usa casula. O diácono usa a estola sobre a túnica de forma horizontal e nas solenidades usa dalmática. Temos também o diaconato temporário. O seminarista é ordenado diácono para exercer o ministério diaconal em preparação para ser ordenado presbítero (Padre).

revista vitória I Outubro/201540

Page 41: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

Marcos Augusto Rodrigues Gerente da Agência da Previdência Social de Cariacica

prEv

idên

cia

O que é a desaposentadoria? A chamada desaposentação consiste na renúncia da aposentadoria pelo segurado que já recebe o benefício do INSS. No entanto, este pedido não possui amparo legal; o assunto está sendo analisado pelo Supremo Tribunal Federal, sem uma decisão final. Atualmente, conforme a legislação previdenciária, as aposentadorias são irreversíveis e irrenunciáveis, salvo se o requerente não tiver recebido o primeiro pagamento do benefício.

Helder CarnielliPresidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do ES (Crea-ES)

saúdE

O que é o amianto? O amianto tem origem mineral e é uma fibra derivada de rochas metamórficas erupti-vas, que por processo natural de recristalização transforma-se em material fibroso. O material é composto por silicatos hidratados de magnésio, ferro, cálcio e sódio e se divide em dois grandes grupos: serpentinas (crisotila ou amianto branco) e anfibólios (tremolita, actinolita, amosita, etc.). Essas fibras geralmente são invisíveis, inodoras, muito duráveis ou persistentes, e altamente ae-rodinâmicas. Elas podem se deslocar por longas distâncias e permanecem no meio ambiente por tempo muito longo.

Por que ele foi banido? Ao todo, 52 países proibiram o uso do amian-

to. O Programa de Segurança Química da Or-ganização Mundial da Saúde de 1998 concluiu “que a exposição ao amianto aumenta os riscos de asbestose (doença que tenta cicatrizar o tecido pulmonar), câncer de pulmão e mesotelioma (tipo de câncer que ocorre nas camadas mesoteliais da pleura, pericárdio, peritônio e da túnica vaginal do testículo) em função da dose”. Em termos de saúde humana é um material prejudicial, pois a exposição às suas fibras está associada a doenças, que podem ser de natureza ocupacional, como as que dependem de dose de exposição (asbestose e câncer de pulmão); de natureza ocupacional, que tem menor dependência (doença pleural e mesotelioma) e podem ocorrer por exposição ambiental e/ou ocupacional. Todas as doenças causadas pelo amianto são progressivas e in-curáveis. A doença evolui mesmo após o afas-tamento do paciente da exposição ao mineral. Não há como evitar a evolução das doenças e, muitas vezes, a morte, consistindo o tratamento exclusivamente em aliviar as dores e sintomas.

revista vitória I Outubro/201541

Page 42: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

ensinamentos

A Crisma ou o Crisma? O Sacramento é chamado de “a Crisma”, ao passo que o óleo utilizado para a unção é denominado “o crisma”. Crisma é uma

palavra grega que denomina um unguento que mistura azeite e perfume, com o qual se unge ou massageia. Tem sua origem no verbo chrio, que significa ungir. Christós significa o Ungido de Deus e nós, cristãos, somos ungidos pois pertencemos a Ele. Desde o século V, esse Sacra-mento é chamado de Confirmação (ALDAZÁBAL, 2013). Fundamenta-se biblicamente, dentre outras perícopes, em Atos dos Apóstolos (8, 14-17): Pedro e João impuseram as mãos sobre os que haviam sido batizados e eles recebiam o Espírito Santo. O Sacramento da Confirmação não é uma “confirma-ção” do Batismo, já que as crianças não têm consciência quando são batizadas. Se fosse assim, não haveria sentido os que foram batizados adultos receberem este sacramento. Ou seja, o Batismo não é incompleto. A Confirmação aperfeiçoa a graça do Batismo. Por ela, Deus dá o Espírito Santo para nos enraizar mais pro-fundamente na filiação divina e nos tornar membros mais

“série especial sobre os sacramentos”

Confirmação ou Crisma

revista vitória I Outubro/201542

Page 43: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

Vitor nunes rosaprofessor de filosofia na faesa

firmes do Corpo de Cristo – a Igreja, ajudando-nos a assumir com compromisso a sua missão, dando testemunho da fé cristã pela palavra e pelas obras. Pela Confirmação, o cristão é enri-quecido com a força especial do Espírito Santo. Em outras palavras, esse sacramento po-tencializa as graças recebidas no Batismo. Assim como o Batismo, a Confirmação imprime um sinal espiritual irrevogável na alma do cristão. Por isso, só pode ser recebida uma vez na vida. É necessário haver uma preparação consistente para as pessoas receberem o Sacramen-to da Confirmação, levando-as a uma comunhão com Cristo, a

Confirmação ou Crisma

uma familiaridade com o Espí-rito Santo e ao compromisso com a missão da Igreja. O ministro ordinário da Confirmação é o Bispo (suces-sor dos Apóstolos), que, em caso de necessidade, conce-de aos padres a faculdade de administrar esse sacramento. Por exemplo, na celebração dos Sacramentos da Iniciação Cristã com adultos. Geralmente, opta-se pelo padre batizar e, em outro momento, o Bispo

administrar a Confirmação. Conforme explica o Cate-cismo, no rito romano, o Bispo estende as mãos sobre o conjun-to dos confirmandos, gesto que, desde o tempo dos Apóstolos, é o sinal do dom do Espírito Santo. Cabe ao Bispo invocar a efusão do Espírito Santo. O rito essencial da Confirmação é a unção com o santo crisma na testa do “confirmando”, feita com a imposição da mão e pelas palavras ...(nome), recebe, por este sinal, o Espírito Santo, o dom de Deus”. n

revista vitória I Outubro/201543

Page 44: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

Que veste devo usar ao entrar em uma Igreja ou para participar de uma

Santa Missa

A igreja é chamada por nós, cristãos católicos, como “Casa de Deus”! É um lugar especial, mesmo quando simples e pobre. As construções buscam ar te, bom gosto, aconchego e, principalmente, um espaço que proporcione o encontro com Deus. É o local onde a Comunidade Eclesial, Comunidade de Fé, Esperança e Caridade se reúne para oração e adoração do Senhor, nosso Deus, especialmente para a Celebração da Sagrada Eucaristia. A igreja é um lugar de oração e de respeito! Por isso, seja bem-vindo à casa de Deus!

Cada ocasião e cada ambiente exigem um tipo de compor tamento e de estilo no vestir. Em alguns

Adoramos o Senhor nosso Deus com o coração e a mente. As vestes expressam esta atitude do ser humano! Deus o(a) abençoe! Obrigado.

As roupas devem estar limpas e a pessoa arrumada. Isso não depende

de riqueza ou de pobreza.

Trajes de praia não combinam com o ambiente de respeito que a igreja exige de todos. Repare nos condomínios dos

prédios, geralmente a entrada de pessoas com trajes de praia não é feita pela

entrada social.

Vestes esportivas são próprias para momentos de lazer e de descanso, não são próprias para ir à igreja.

Na hora de escolher as vestes para ir à igreja use bom senso.

Deus merece todo o respeito!

espaços da sociedade exige-se do visitante ves-tes adequadas para aquele ambiente, como por exemplo a Assembleia Legislativa. É normal a pessoa perguntar-se antes de se arrumar para um evento ou festa: que roupa vou usar? A decisão leva em conta que tipo de evento, quem se irá encontrar, o local do evento, se é de dia ou de noite, se é festa comemorativa ou confraterniza-ção. Pois bem, esta pergunta também deve ser feita antes de ir para a igreja par ticipar de um ato de fé. Para ir à igreja é impor tante que as roupas sejam adequadas ao ambiente (lugar de oração) e à finalidade do templo (proporcionar a quem entra um encontro com Deus).

Page 45: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

cultura capixaBa

rota imperial são Pedro de Alcântara

diovani favoretoHistoriadora

no inicio do século XIX foi construída uma estrada para ligar Vitória, no Espírito

Santo, a Ouro Preto, nas Minas Ge-rais. O objetivo desse caminho era melhorar o comércio entre as duas províncias. Esta estrada se chamou São Pedro de Alcântara ou, como ficou conhecida, Estrada do Rubim. Recentemente, Assembleia Le-gislativa, FINDES, SEBRAE e Go-verno do Estado lançaram a “Rota Imperial São Pedro de Alcântara” como alternativa para o desenvol-vimento do turismo pelo interior do Estado do Espírito Santo. Esse percurso que liga os ex-tremos do Estado, de leste a oeste, é composto de belezas naturais e ca-racterísticas culturais que só o estado capixaba possui. O antigo caminho percorrido pelos tropeiros, que traziam boia-das e levavam produtos para Minas

foi mapeado e seu potencial cultural identificado. Com isso, as regiões de montanha e suas tradições podem agora ser apreciadas através dos ro-teiros turísticos criados. O turista pode comer uma mo-queca de peixes em Vitória, experi-mentar o broti (pão) de Santa Maria de Jetibá, o socol (salaminho) de Venda Nova do Imigrante e o feijão tropeiro de Ibatiba enquanto desfruta a hospitalidade desses municípios. n

Cariacica, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Iúna, Ibatiba, Ibitirama, Irupi, Muniz Freire, Viana, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá e Venda Nova do Imigrante.

municípios que compõem a rota imperial são Pedro de Alcântara:

revista vitória I Outubro/201545

Page 46: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando

acontece

sínodo dos bispos sobre a família

encontro de universitáriose fórum nacional de cultura

Abertura do Ano santo da misericórdia

iPAc Nos dias 17 e 18 de outubro, sob assessoria do padre Domingos Ormon-de, da Diocese de Duque de Caxias e do liturgista Ir. Francisco Assis Dias, os participantes do IPAC, encontro voltado para a formação dos catequistas, discutem o tema ‘Cateque-se e Liturgia’. O encontro acontece em Ponta Formo-sa, de 8h às 17h.

De 04 a 25 de outubro, acontece em Roma a 14ª as-sembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema “A vocação e a mis-são da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Onze brasileiros estarão presentes. A assembleia extraordinária, ocorrida em outubro de 2014, apontou as principais necessi-dades que devem ser observa-

das para a evangelização das famílias hoje. No decorrer deste ano, as dioceses foram convidadas através de questio-nários, a amadurecer as ideias e propor soluções concretas para os desafios. O resultado dessas reflexões será analisado pelos sinodais e, certamente, será a base para as orientações finais que o Papa dará à Igreja para o cuidado pastoral das famílias.

Colatina será sede, de 10 a 12 de outubro, de dois encon-tros nacionais, o 3º Encontro Brasileiro de Universitários Cristãos (Ebruc) e o 3º Fórum Nacional de Cultura. Com o tema “Universidade e Socie-dade”, o Ebruc reunirá jovens que atuam no meio univer-sitário para refletir, partilhar e articular a ação evangeli-zadora nas universidades. Na programação, mesas de diá-logo, apresentações culturais,

trocas de experiências, debates e oficinas. Já o Fórum Nacio-nal de Cultura, que propõe o tema “Patrimônio Cultural, Educação e Evangelização”, envolverá artistas e pessoas ligadas à produção de proje-tos culturais que envolvem a realidade da Igreja do Brasil e da sociedade, por meio de debates, conferências, exposi-ções e intervenções culturais, além do show dos artistas que estarão reunidos no encontro.

Anunciado pelo Papa Francisco como o Jubileu Extraordinário, que tem como centro a misericór-dia de Deus, o Ano Santo da Misericórdia terá início no dia 08 de dezembro de 2015 e seguirá por todo o ano de 2016. Na Arqui-diocese de Vitória, será realizada a abertura no dia 13 de dezembro com uma solenidade na Praça da Catedral e abertura das portas da igreja, às 11h.

revista vitória I Outubro/201546

Page 47: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando
Page 48: diálogos IntolerâncIa: um desafIo para a vIda Ano X ...aves.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Revista_20151026050909.pdf · característica dos tempos pós ... O Papa vem chamando