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Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 2 DE FEVEREIRO Presidente: Exmo. Sr. José Miguel Jardim de Olival Mendonça Secretários: Exmos. Srs. Sidónio Baptista Fernandes Ana Mafalda Figueira da Costa Sumário O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 22 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a região interveio o Sr. Deputado Medeiros Gaspar (PSD), o qual respondeu aos pedidos de esclarecimento dos Srs. Deputados Pedro Coelho (PSD), Bruno Macedo (PSD), André Escórcio (PS) e Jaime Filipe Ramos (PSD). - Ainda neste período foi aprovado por unanimidade um voto de congratulação, apresentado pelo Partido Social- Democrata, pelo “Campeonato de Portugal de Ralis 2010”. Usou da palavra a propósito o Sr. Deputado Jaime Lucas (PSD). PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Deu-se continuação à discussão, na generalidade, do projecto de decreto legislativo regional, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Fundo de compensação salarial”, tendo usado da palavra os Srs. Deputados Bernardo Martins (PS) e Savino Correia (PSD). Submetido à votação, este diploma foi rejeitado. - Seguidamente foi aprovado, por unanimidade, em votação final global, o projecto de proposta de lei à Assembleia da República, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Majoração ao abono de família”. - Procedeu-se, de seguida, à votação final global do projecto de proposta de lei à Assembleia da República, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Alteração ao Decreto-lei n.º 232/2005, de 29 de Dezembro, com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 236/2006, de 11 de Dezembro e pelo Decreto-Lei n.º 151/2009, de 30 de Junho”, tendo sido aprovado por maioria. - Foi igualmente aprovado por maioria, em votação final global, a proposta de decreto legislativo regional, que “Confirma a indicação geográfica protegida “Rum da Madeira” e regula a sua produção e comércio” . - A Câmara também aprovou, por unanimidade, em votação final global, a proposta de decreto legislativo regional, que “Cria o sistema de certificação de origem garantida dos produtos da Região Autónoma da Madeira e a marca Produto da Madeira”. - Por fim, passou-se à discussão na generalidade, do projecto de decreto legislativo regional, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Acréscimo ao valor da retribuição mínima mensal nacional para vigorar na Região Autónoma da Madeira”, da proposta de decreto legislativo regional, que “Aprova o valor da retribuição mínima mensal garantida para vigorar a partir de Janeiro de 2011 na Região Autónoma da Madeira” e do projecto de decreto legislativo regional, da autoria do Bloco de Esquerda, que “Estabelece o valor da remuneração mínima mensal garantida na Região Autónoma da Madeira”. (Foram cumpridas as disposições regimentais de auscultação aos parceiros sociais). Usaram da palavra na discussão, a diverso título, os Srs. Deputados Leonel Nunes (PCP), Jaime Ramos (PSD), Carlos Pereira (PS), Roberto Almada (BE), Roberto Vieira (MPT) e Savino Correia (PSD), tendo a continuação do debate ficado agendada para uma próxima Reunião Plenária. O Sr. Presidente declarou encerrada a Sessão às 12 horas e 54 minutos. IX Legislatura Número: 21 IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 2 de Fevereiro de 2011

Diário - alram.pt · redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 236/2006, de 11 de Dezembro e pelo Decreto-Lei n.º 151/2009, de 30 de Junho

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Região Autónoma da Madeira

Diário

Assembleia Legislativa

REUNIÃO PLENÁRIA DE 2 DE FEVEREIRO

Presidente: Exmo. Sr. José Miguel Jardim de Olival Mendonça

Secretários: Exmos. Srs. Sidónio Baptista Fernandes

Ana Mafalda Figueira da Costa

Sumário

O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 22 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a

região interveio o Sr. Deputado Medeiros Gaspar (PSD), o qual respondeu aos pedidos de esclarecimento dos Srs. Deputados Pedro Coelho (PSD), Bruno Macedo (PSD), André Escórcio (PS) e Jaime Filipe Ramos (PSD).

- Ainda neste período foi aprovado por unanimidade um voto de congratulação, apresentado pelo Partido Social-Democrata, pelo “Campeonato de Portugal de Ralis 2010”. Usou da palavra a propósito o Sr. Deputado Jaime Lucas (PSD).

PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Deu-se continuação à discussão, na generalidade, do projecto de decreto legislativo regional, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Fundo de compensação salarial”, tendo usado da palavra os Srs. Deputados Bernardo Martins (PS) e Savino Correia (PSD). Submetido à votação, este diploma foi rejeitado.

- Seguidamente foi aprovado, por unanimidade, em votação final global, o projecto de proposta de lei à Assembleia da República, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Majoração ao abono de família”.

- Procedeu-se, de seguida, à votação final global do projecto de proposta de lei à Assembleia da República, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Alteração ao Decreto-lei n.º 232/2005, de 29 de Dezembro, com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 236/2006, de 11 de Dezembro e pelo Decreto-Lei n.º 151/2009, de 30 de Junho”, tendo sido aprovado por maioria.

- Foi igualmente aprovado por maioria, em votação final global, a proposta de decreto legislativo regional, que “Confirma a indicação geográfica protegida “Rum da Madeira” e regula a sua produção e comércio”.

- A Câmara também aprovou, por unanimidade, em votação final global, a proposta de decreto legislativo regional, que “Cria o sistema de certificação de origem garantida dos produtos da Região Autónoma da Madeira e a marca Produto da Madeira”.

- Por fim, passou-se à discussão na generalidade, do projecto de decreto legislativo regional, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Acréscimo ao valor da retribuição mínima mensal nacional para vigorar na Região Autónoma da Madeira”, da proposta de decreto legislativo regional, que “Aprova o valor da retribuição mínima mensal garantida para vigorar a partir de Janeiro de 2011 na Região Autónoma da Madeira” e do projecto de decreto legislativo regional, da autoria do Bloco de Esquerda, que “Estabelece o valor da remuneração mínima mensal garantida na Região Autónoma da Madeira”. (Foram cumpridas as disposições regimentais de auscultação aos parceiros sociais). Usaram da palavra na discussão, a diverso título, os Srs. Deputados Leonel Nunes (PCP), Jaime Ramos (PSD), Carlos Pereira (PS), Roberto Almada (BE), Roberto Vieira (MPT) e Savino Correia (PSD), tendo a continuação do debate ficado agendada para uma próxima Reunião Plenária.

O Sr. Presidente declarou encerrada a Sessão às 12 horas e 54 minutos.

IX Legislatura Número: 21

IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 2 de Fevereiro de 2011

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 21 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 2 de Fevereiro de 2011

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O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito bom dia, Sras. e Srs. Deputados e Sras. e Srs. jornalistas. Estavam presentes os seguintes Srs. Deputados: PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA (PSD)

Agostinho Ramos Gouveia

Ana Mafalda Figueira da Costa

Bruno Miguel Velosa de Freitas Pimenta Macedo

Élvio Manuel Vasconcelos Encarnação

Gabriel Paulo Drumond Esmeraldo

Gustavo Alonso de Gouveia Caires

Ivo Sousa Nunes

Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos

Jaime Filipe Gil Ramos

Jaime Pereira de Lima Lucas

Jorge Moreira de Sousa

José António Coito Pita

José Gualberto Mendonça Fernandes

José Jardim Mendonça Prada

José Luís Medeiros Gaspar

José Miguel Jardim Olival Mendonça

José Paulo Baptista Fontes

José Savino dos Santos Correia

Manuel Gregório Pestana

Maria do Carmo Homem da Costa de Almeida

Maria Rafaela Rodrigues Fernandes

Miguel José Luís de Sousa

Nivalda Silva Gonçalves

Orlando Evaristo da Silva Pereira

Pedro Emanuel Abreu Coelho

Rubina Alexandra Pereira de Gouveia

Rui Miguel Moura Coelho

Sara Aline Medeiros André

Sidónio Baptista Fernandes

Sónia Maria de Faria Pereira

Vasco Luís Lemos Vieira

Vicente Estêvão Pestana PARTIDO SOCIALISTA (PS)

Carlos João Pereira

Jacinto Serrão de Freitas

João André Camacho Escórcio

João Carlos Justino Mendes de Gouveia

Lino Bernardo Calaça Martins

Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves Mendonça

Victor Sérgio Spínola de Freitas PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS (PCP)

Edgar Gomes Freitas Silva

Leonel Martinho Gomes Nunes CENTRO DEMOCRÁTICO SOCIAL/PP (CDS)

António Manuel Lopes da Fonseca

Lino Ricardo Silva Abreu BLOCO DE ESQUERDA (BE)

Roberto Carlos Teixeira Almada MOVIMENTO PARTIDO DA TERRA (MPT)

Roberto Paulo Ferreira Vieira PARTIDO DA NOVA DEMOCRACIA (PND)

José Manuel da Mata Vieira Coelho Dispomos de quórum, declaro aberta a Sessão. Eram 9 horas e 22 minutos.

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E iniciamos os nossos trabalhos com uma intervenção política do Sr. Deputado Medeiros Gaspar, do Grupo Parlamentar do PSD.

O SR. MEDEIROS GASPAR (PSD):- Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Senhoras e Senhores Deputados, Para não variar, na política madeirense temos assistido às cabriolas do líder do Partido Socialista da Madeira, num

esforço sem paralelo para procurar fazer de conta que o seu partido… O SR. ANDRÉ ESCÓRCIO (PS):- Não se fala de quem não está! O ORADOR:- Mas eu não tenho culpa de ele não estar, Sr. Deputado. Ele é Vice-presidente desta Casa! Mas certamente que a plataforma encarregar-se-á de lhe fazer chegar a mensagem. Temos assistido a um esforço sem paralelo para procurar fazer de conta que o seu partido não tem nada a ver com

as duras medidas que estão a ser impostas aos portugueses e – por consequência directa – aos Madeirenses e Porto-santenses.

Temos visto de quase tudo para fazer de conta que estamos perante um socialismo que pensa diferente! Como mais tarde ou mais cedo há que confrontar-se com a hora da verdade, nada como refrescar a memória

daqueles que se fingem esquecidos, na esperança de que o Povo não recorde as maravilhas que por aí estiveram a anunciar durante meses e meses.

Lembremo-nos então de 30 de Maio de 2010, quando o líder Jacinto Serrão anunciava aos Madeirenses que o seu partido estava a criar um Governo Sombra para 2011!

Não faça essa cara de espanto, Sr. Deputado Victor Freitas! A Madeira rejubilou como se calcula, uma vez que já em Novembro de 2006 este mesmo líder havia prometido aos

Madeirenses que o Partido Socialista iria ter um Governo Sombra para as Regionais de 2008! Corolário de tudo isto…. É que estávamos perante uma proposta, tão sólida de projecto político e tão consequente quanto ao propósito

eleitoral – o de conquistar a governação da Região Autónoma da Madeira, mediante a apresentação de uma alternativa – que…. três meses depois de prometer um Governo Sombra, os socialistas anunciaram a criação de uma PLATAFORMA DEMOCRÁTICA, dada a consistência do seu Governo Sombra!

Essa plataforma era uma porta aberta a toda a oposição para que os partidos políticos mais pequenos se diluíssem a bem de um projecto liderado pelo PS/Madeira.

O projecto era de todos mas os socialistas “inauguraram” cartazes por toda a Madeira com dizeres alusivos à mesma e com o seu símbolo bem presente!

Era a chamada “convergência na acção” que de tanta convergência que conquistou, nem durou o tempo suficiente para que o Sol conseguisse amarelar os cartazes!

O seu autor declarou esta segunda-feira a morte da Plataforma! Mas, Senhor Presidente da Assembleia Senhoras e Senhores Deputados, Como a Fenix, tudo nos socialistas da Madeira, é capaz de renascer das cinzas. Fazendo jus à boa máxima de Lavoisier, cuja lei determinava que “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se

transforma”, facilmente o PS/Madeira mandou apagar os dizeres anteriores de má memória, deitou a convergência na acção para o lixo e mandou pintar “PS” em letras garrafais e por baixo os dizeres:

“Estado Social Forte. Educação de Qualidade” Como se costuma dizer, Rei Morto, Rei Posto! O que importa é ter um novo cartaz para inaugurar! Mas o melhor foi o que o Líder do PS Madeira afirmou na “inauguração” deste seu cartaz. Primeiro, disse que estavam ali para proteger a escola pública de qualidade! Então Senhor Deputado Jacinto Serrão, Partido Socialista da Madeira, socialistas de todo o Arquipélago, onde está

o cartaz do PS a se revoltar contra: . O corte nas deduções fiscais que os socialistas aprovaram com apoio do seu Deputado na Assembleia da

República, onde há congelamento da dedução específica de IRS onde está o cartaz do PS a se revoltar contra . Diminuição de meios para as escolas com a criação de novos agrupamentos, aglomerando os já existentes e

criando novos, com o objectivo de reduzir 5000 professores (isto sim incentiva e estimula o exercício da profissão) onde está o cartaz do PS a se revoltar contra . A diminuição de professores acabando com as áreas de projecto e com o estudo acompanhado e redução das

equipas do Plano tecnológico (isto sim deve ser aposta na escola pública de qualidade e no futuro das actuais gerações de estudantes)

onde está o cartaz do PS a se revoltar contra . O corte no orçamento de funcionamento das escolas do ensino básico e secundário, que será de 5,5% (isto vai

indiscutivelmente melhorar a resposta dos docentes e das administrações das escolas, para promoverem a tal escola pública de qualidade de que falou o Deputado Jacinto Serrão)

onde está o cartaz do PS a se revoltar contra . A diminuição dos directores adjuntos para além das reduções que estão já a sofrer nas suas remunerações (isto

sim é incentivo à escola pública de qualidade e estímulo e motivação para o exercício da profissão) O anoitecer também vai acontecer mais tarde por decreto, uma vez que os professores cujo trabalho após as 20h

era considerado e bonificado como sendo nocturno, agora passou a diurno, só ficando de noite às 22h! (outra carícia para estimular a escola pública de qualidade)

Ora Senhoras e Senhores Deputados, O que foi dito na inauguração do líder do PS Madeira é que o Governo está a mal tratar a escola! E então o que

dizer destas medidas que acabei de enunciar? Será que isto é acarinhar a escola?

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Falou em alunos que perdem apoios e em falta de políticas para incentivar os profissionais da educação. Então será que o Partido Socialista e Jacinto Serrão não sabem que, fruto das políticas que apoiaram no

Orçamento de Estado para 2011, onde o Deputado eleito pela Madeira esteve calado, votando a favor de tudo sem pestanejar, temos estudantes vítimas das alterações nas regras do cálculo da atribuição de bolsas, fazendo com que muitos fiquem sem qualquer apoio e que muitos outros vejam esse apoio substancialmente diminuído?

Isto sim é que é contra o Estado Social que os socialistas fingem defender! Este PS/Madeira vai a Santa Cruz inaugurar um rectângulo de chapa com 24 metros quadrados (8 por 3) para

afirmar que defende a escola pública, depois de ter apoiado todas as medidas que acabei de enunciar e quer que os Madeirenses confiem na sua proposta política?

Como podem ter o descaramento de, depois de tudo isto, ainda irem afirmar que na Madeira é que a escola pública está desmotivada e desincentivada, quando sabem quem são os autores de todas as medidas motivadoras desta situação, verdadeiramente preocupante para a qualidade do ensino?

Como podem ter o descaramento de dizer que estão ali para alertar as famílias e para proteger a escola pública? Como pode Jacinto Serrão ter afirmado e cito, que estão a “apoiar os professores e os funcionários de maneira a

que eles tenham mais rendimentos e se sintam mais motivados no exercício da sua profissão”? (fim de citação). Tudo isto, Senhoras e Senhores Deputados, a propósito de uma inauguração do Senhor Deputado Jacinto! Faltou-lhe dizer que também defende o ensino particular! Faltou-lhe afirmar que é a favor da livre escolha entre as alternativas, pública ou privada! Faltou afirmar que é o Governo Regional da Madeira quem quer matar o ensino privado e particular e que os

socialistas o querem salvar, investindo nele fortemente, incentivando os pais e as famílias a exercerem o seu livre direito de escolha pelo projecto educativo que melhor serve a formação dos seus filhos!

Faltou ao PS Madeira afirmar que estas medidas do Governo da República, de forte investida contra o ensino particular, não são mais do que formas modernas de estimular a qualidade da escola pública, promovendo o aumento da pressão sobre os estabelecimentos de ensino públicos, os quais vão estar de braços abertos e preparados para receber esses alunos, uma vez acabadas de implementar as medidas que foram aprovadas no Orçamento de Estado para 2011:

(As quais recordo para memória futura) A diminuição dos directores adjuntos O corte no orçamento de funcionamento A diminuição de professores Diminuição de meios para as escolas O corte nas deduções fiscais Mas Meus caros Parlamentares, Nem só de educação vive o Homem. Também outras medidas de “bem-estar e de conforto” receberam o forte e acalorado apoio dos socialistas da

Madeira. Falo-vos por exemplo de . Pensionistas penalizados que vêm as reformas congeladas, onde também se incluem os beneficiários dos valores

mínimos . Congelamento do Indexante dos Apoios Sociais até 2013 que leva o Estado a poupar nas suas transferências

para cobrir as actualizações das pensões e estagna a progressão dos apoios sociais até pelo menos 2013 . Da Condição de recurso que está a retirar actuais beneficiários do acesso aos apoios sociais, acabando com a

universalidade destes apoios, chegando mesmo à acção social e à acção social escolar (o que deve promover certamente a escola pública de qualidade e a coesão social, na óptica do Partido Socialista da Madeira).

O país tem até agora perto de um milhão e meio de beneficiários do abono de família, que já estão afectados pelas novas políticas sociais de preservação da protecção aos mais desfavorecidos!

Estes são os números dos afectados pelas políticas que o Deputado Jacinto Serrão anda a apregoar pela Madeira que é contra mas que apoiou sem quaisquer reticências!

São as primeiras vítimas da eliminação do aumento extraordinário de 25% do abono de família nos 1.º e 2.º escalões e da eliminação dos 4.º e 5.º!

Mas, Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados, Para caçar votos, estes senhores não tiveram vergonha em aumentar os funcionários públicos em 2,7% para o ano

de 2009, ano de eleições, nem tiveram qualquer pudor em ludibriar os mais pobres dos pobres, acenando-lhes com um aumento de 25% do abono de família que agora retiraram sem dó nem piedade!

Vozes do PSD:- Muito bem! O ORADOR:- Sobre isto o Partido Socialista da Madeira não faz um Cartaz de 24 metros quadrados para espalhar

pela Madeira! Contudo, Senhoras e Senhores Deputados, O Mundo MUDOU mas o PS da Madeira Não muda! Fala dos funcionários públicos e chora lágrimas de crocodilo velho mas não engana ninguém relativamente às suas

fortes responsabilidades nas medidas de bem-estar que ajudou a aprovar, a saber: . Corte nos salários em montantes que oscilam entre os 3,5 e os 10% . Suspensão dos prémios e das progressões nas carreiras mesmo que estas sejam obrigatórias . Congelamento das admissões na função pública . Promoção do corte nos benefícios do subsistema ADSE Tudo medidas que visão o bem-estar dos funcionários públicos e a sua motivação para o trabalho que executam,

não é? Mas temos mais Senhoras e Senhores Deputados,

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Também ao nível da saúde novas medidas estão em vigor, muito protectoras do cidadão mas das quais os socialistas da Madeira fingem esquecer-se.

Falo dos incentivos como por exemplo: . O aumento das taxas moderadoras quer em consultas hospitalares, quer em centros de saúde, urgências e

consultas . Os desempregados com subsídio acima do salário mínimo (485 euros) perderam a isenção das taxas

moderadoras . Os pensionistas têm de efectuar prova do rendimento do seu agregado para beneficiarem do regime especial de

comparticipação de medicamentos . Os preços dos medicamentos sofreram alterações, com aqueles não sujeitos a receita médica a perderem

comparticipação e com a alteração da fórmula do preço de cálculo do preço de referência a poder determinar um custo maior aos utentes

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados, Cúmulo da indignidade e do descaramento de um Socialismo que se afirma guardião do Estado Social é a medida

aprovada de cobrar IVA sobre as rendas sociais dos portugueses! Sobre as rendas sociais meus senhores! Tudo isto é escamoteado pelos socialistas, que fazem de conta não existir qualquer responsabilidade da desastrosa

governação do PS, no estado de calamidade a que Portugal chegou e a cujas consequências, infelizmente todos estamos sujeitos, inclusive os Madeirenses e Porto-santenses, vítimas de um desgoverno sem memória que diz defender o Estado social mas é o primeiro a esmaga-lo sem contemplações!

Por isso, o discurso demagógico, as conferências de imprensa para inaugurar rectângulos de uma pseudo campanha de desresponsabilização dos socialistas da Madeira, as promessas a torto e a direito de que com eles existem soluções diferentes para os problemas com que colectivamente nos defrontamos – serão sempre por nós desmascaradas, denunciadas e desmascaradas!

Não permitiremos que se aproveitem das dificuldades reais de muitas famílias para disso fazerem aproveitamentos políticos indignos e reprováveis!

Não hesitaremos em denunciar este jogo duplo, de esconder as responsabilidades do Governo do PS na República em toda a situação que vivemos e nas medidas restritivas entretanto aplicadas, e por outro lado criar a ilusão de que na Madeira milagres são possíveis

O Filme deste Partido Socialista nos últimos tempos é uma verdadeira tragicomédia: - anunciam um Governo Sombra em Maio de 2010 - anunciam uma Plataforma Democrática tês meses depois - apoiam Manuel Alegre quase escondidos atrás do Bloco de Esquerda - Manuel Alegre tem o pior resultado de sempre na Madeira – logo o líder Jacinto Serrão dá uma conferência de

imprensa para reclamar uma retumbante vitória da Plataforma - Coelho, que teve os votos, é alvo de uma tentativa de OPA por parte de um dirigente socialista - denunciada a marosca, o PND salta da Plataforma e o PS não tem outra hipótese se não a de anunciar que a

mesma morreu antes de nascer - o PS vira-se para o PCP e para o Bloco, os pequenos partidos que queria exterminar com uma revisão da lei

eleitoral! O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Ah!!!!!!!!!!! O ORADOR:- …- um cartaz na rua a apregoar a defesa de um Estado Social que o próprio PS está a demolir com a

sua governação e… Está pronta a alternativa segundo o socialismo madeirense! Transcrito do original. Aplausos do PSD. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Estão inscritos dezasseis senhores deputados. Não sei se é um recorde mas são dezasseis Srs. Deputados para

pedidos de esclarecimento. Não vão ser esgotados todos neste período de antes da ordem do dia. Vão transitar para outra Sessão. Mas vamos

começar já com um pedido de esclarecimento do Sr. Deputado Pedro Coelho. O SR. PEDRO COELHO (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Medeiros Gaspar, desde já

felicitá-lo pela sua excelente intervenção e pelas denúncias que fez, apesar de temer que o eco na comunicação social, em alguma comunicação social também é responsável por não transmitir aos madeirenses o que o PSD aqui diz, mas nos Diários da Sessão estará certamente a sua magnifica intervenção.

Mas V. Exa. falou da plataforma democrática. Um dia disseram-me que a plataforma tinha chegado ao Funchal mas era uma plataforma petrolífera, que entretanto já saiu, porque a democrática nunca chegou, não era nenhum projecto para a região porque tinha partidos de extrema-direita, tinha partidos de extrema-esquerda, tinha o PS, era um projecto para derrubar o PSD mas não era um projecto de Governo para a região e um projecto político para a sociedade.

Morta esta plataforma, mudou-se o nome e passou-se para convergência na acção. Os resultados do Sr. Coelho nas presidenciais fizeram morrer essa convergência na acção. Mas mais importante do que isso foi a denúncia mais uma vez que V. Exa. aqui fez de quem é a responsabilidade pela aplicação das medidas de austeridade que foram inscritas no Orçamento de Estado para 2011.

V. Exa. disse e muito bem que esta responsabilidade é única e exclusiva do PS, que governa Portugal e também é responsabilidade do PS-Madeira porque o deputado eleito pelo círculo da Madeira do PS votou a favor dessas medidas de austeridade e os deputados eleitos pelo PSD-Madeira, e é isto o que a comunicação social não tem dito, os

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deputados eleitos pelo PSD-Madeira votaram contra o Orçamento de Estado, porque são contra a aplicação destas medidas de austeridade. Porque é isto, Sr. Deputado, para concluir…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …para concluir, Sr. Presidente, o que nos distingue, o que distingue os deputados do PSD-Madeira e

distingue os deputados do PS aqui presentes, é que nós defendemos sempre mas sempre a Madeira e os madeirenses.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Medeiros Gaspar. O SR. MEDEIROS GASPAR (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro Coelho,

agradeço-lhe as suas referências. Eu gostava de lhe dizer o seguinte, Sr. Deputado: não é novidade para este Parlamento, estarmos habituados a ter

o Partido Socialista do lado daqueles que querem apoucar a Autonomia e diminuir a sua capacidade de intervenção e de estar ao serviço dos madeirenses.

Um exemplo que eu não referenciei mas que é paradigmático e continua em cima da mesa é a questão do Centro Internacional de Negócios da Madeira, a forma com o Partido Socialista se tem comportado, fingindo que não sabe da responsabilidade que o Governo português tem no estado em que estão a falta de negociações para revisão do sistema da praça financeira, que é muito importante como instrumento de desenvolvimento para a Região Autónoma da Madeira.

E essa forma de ludibriar os madeirenses passando para a opinião pública a ideia de que o Governo do PS não tem qualquer responsabilidade nisso, é o melhor exemplo de como o PS-Madeira nunca está disponível para estar ao lado dos madeirenses quando isso representa estar em confronto com o Governo da República. O PS-Madeira nunca está disponível para pôr os madeirenses em primeiro lugar porque está sempre em primeiro lugar o PS nacional, está sempre em primeiro lugar os senhores dos tapetes vermelhos das salas que eles gostam de frequentar e, infelizmente, ficam incomodados por defender primeiros os madeirenses se isso representar algum incómodo nas reuniões importantes que têm no Largo do Rato.

Mas nós, Partido Social-Democrata, não abdicamos de defender os madeirenses em primeiro lugar, e é lamentável…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …que o único deputado à Assembleia da República também alinhe por essa lógica de primeiro o PS

nacional e em último os madeirenses. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Bruno Macedo, para um pedido de esclarecimento. O SR. BRUNO MACEDO (PSD):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Medeiros Gaspar, V. Exa. fez aqui uma vez mais uma

excelente intervenção. E da sua intervenção eu queria chamar a particular atenção ao facto de V. Exa. ter feito referência à inauguração de vinte e quatro metros quadrados de cartaz que o PS, que o líder do PS, vestido à Bloco de Esquerda, apresentou com o simples slogan: Estado social forte; educação de qualidade.

Não deixa de ser curioso que o líder do PS siga estas orientações. Eu recordo o que dizia o Engenheiro Sócrates, em 2005: superar o atraso educativo português face aos padrões

europeus. Eu recordo o que dizia o PS no seu Programa de Governo, em 2009/2013, com o sugestivo título de “Avançar

Portugal”, num dos seus objectivos dizia: reforçar os recursos, as condições de funcionamento, o papel e a autonomia das escolas.

E recordo o que o Engenheiro Sócrates disse ainda este fim-de-semana, a dizer: a educação é o grande projecto de Portugal.

Eu queria-lhe fazer três perguntas muito simples, Sr. Deputado. Queria-lhe perguntar se superar o atraso educativo português face aos padrões europeus, é cortar nas deduções

fiscais, na educação das famílias? Eu queria-lhe perguntar, se a educação é o grande projecto de Portugal, por que é que se coloca os bolseiros deste

país numa situação social ainda mais difícil? E, finalmente, eu queria-lhe perguntar se “Avançar Portugal”, se reforçar os recursos, as condições de

funcionamento, o papel e a autonomia das escolas se faz com este ataque ao ensino particular e cooperativo, que coloca em causa a sua própria sobrevivência?

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Medeiros Gaspar, para responder tem a palavra. O SR. MEDEIROS GASPAR (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Bruno Macedo,

agradeço-lhe as perguntas. E de facto é fundamental denunciar a forma desonesta, intelectualmente desonesta como o Partido Socialista na

Madeira tenta passar uma mensagem aos madeirenses, colocando outdoors nas vias rápidas fazendo-se parecer

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preocupado com o futuro da educação mas, depois, na hora de tomar as decisões políticas, de fazer as opções, o voto vai para o esmagamento daquilo que está defendido no tal cartaz.

Isto é o que se chama demagogia da mais barata e da mais intelectualmente desonesta. E é isso que motiva o Partido Social-Democrata e que me motivou para esta intervenção, que é exactamente a denúncia de como é possível ter um Primeiro-Ministro que diz que a aposta portuguesa de fundo é a educação depois das medidas que eu acabei de referir, que são um verdadeiro enterro da educação em Portugal, são a verdadeira hipoteca do futuro das gerações que andam na escola neste momento. Isto é uma indignidade, uma indignidade numa inauguração no fim-de-semana que motivou essa declaração, fazer essa afirmação, e tudo com o respaldo dos inquéritos feitos pela OCDE que têm atrás aquela grande máquina que se chama “As novas oportunidades”, um pseudo sistema de iludir os cidadãos quanto a novas competências mas que vai dar muitos frutos do ponto de vista da campanha eleitoral e da banha de cobra para mostrar estatísticas…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …para mostrar estatísticas para a União Europeia. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado André Escórcio, para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. ANDRÉ ESCÓRCIO (PS):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Medeiros Gaspar, iniciou e gastou todo o seu tempo para

visar o Partido Socialista. E com todo o seu direito. Certamente que o Partido Socialista está a preocupar a maioria social-democrata.

Disse V. Exa. citando Lavoisier, que: nada se cria, tudo de transforma. Eu respondo-lhe com a terceira lei de Newton: que toda a acção provoca uma reacção de sentido contrário mas de valor igual. E toda essa acção política está a provocar já nas hostes do Partido Social-Democrata essa reacção de sentido contrário.

O povo já deu o primeiro sinal. O povo já deu o primeiro sinal! Burburinho na bancada do PSD. Eu ouvi V. Exas. com toda a atenção, ouvi. O povo está a dar o primeiro sinal e é isso que V. Exa. veio ali dizer, preocupado com o Partido Socialista! É por

isso que V. Exa. sentiu essa necessidade e sentiu a necessidade de contornar os problemas, de fugir aos dezasseis mil desempregados, de fugir à situação da pobreza, de fugir à situação catastrófica das empresas madeirenses. Nem uma palavra sobre essa situação.

E fala V. Exa. da escola. E esconde, esconde intencionalmente que a escola madeirense apresenta, no contexto nacional, a maior taxa de insucesso e de abandono e V. Exa. nem uma palavra refere sobre esta matéria! Isto é grave, é ofensivo da dignidade de uma política que deve ser feita com seriedade e com honestidade.

Sr. Deputado, o orçamento dos Açores é de 1.3; o da Madeira é de 1.6. O arquipélago dos Açores… O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Já termino, Sr. Presidente. O arquipélago dos Açores estende-se por seiscentos quilómetros e tem nove ilhas; a Madeira tem duas ilhas em 45

quilómetros Pergunto: para que serve então este Governo Regional, para que serve então um Governo que não legisla em

função… O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Já excedeu o seu tempo. O ORADOR:- …daqueles que menos têm? O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Medeiros Gaspar, para responder faz favor. O SR. MEDEIROS GASPAR (PSD):- Sr. Presidente, Sr. Deputado André Escórcio, Sras. e Srs. Deputados, de

facto, se eu não dissesse nada todos perceberiam que o que eu disse naquela bancada afinal não parte apenas da imaginação e da construção intelectual do Deputado Jacinto Serrão mas também tem fortes contributos de outros membros do Partido Socialista, como o de V. Exa., líder do grupo parlamentar.

Como é possível, depois de tudo o que eu disse, depois da denúncia que eu acabei de fazer desmascarando a forma como é demagógica a campanha que os senhores estão a encetar com aqueles novos cartazes publicitários, e o senhor achar que isso tudo parte de uma preocupação do Partido Social-Democrata com a acção que o PS está a ter.

Risos do PSD. De facto, é verdade que o PS nos preocupa, mas pela negativa. Porque nós nunca vimos um Partido Socialista tão

mau, tão mal preparado, com tão má estratégia, com tão má opção política, tão desesperado, nunca tínhamos visto um PS tão desesperado que recorre a tudo para conseguir aparecer e para conseguir ser notícia.

Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado André Escórcio, eu tenho que reconhecer o acto digno de V. Exa. em se ter apresentado na sede de Manuel Alegre na noite eleitoral. Porque isso representa dignidade, compromisso com aquilo que assumimos. Porque se apoiaram é óbvio que a sua consciência impunha que lá estivesse. Agora, pense, acha que

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é aceitável que o líder do seu partido, que foi o primeiro a dizer, antes de José Sócrates anunciar que apoiava Alegre, o primeiro a dizer: eu estou do lado de Alegre. Qual irreverência contra Lisboa, já sabia que seria esse o caminho…

Oh, Sr. Deputado, o senhor acha que tem… O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …que tem algum sentido nem aparecer, nem dar a cara, e no dia seguinte clamar vitória da

plataforma, grande marcha rumo à mudança?! Oh, Sr. Deputado, Lavoisier, coitado, ficaria siderado com a lógica do PS! Aplausos do PSD. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Jaime Filipe Ramos, faz favor tem a palavra. O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Medeiros Gaspar, eu

percebo a surpresa do líder do Grupo Parlamentar do PS em que o PS seja aqui evocado. Porque de facto o PS hoje tem esse mérito de ser um partido referenciado pelo próprio Partido Social-Democrata.

Mas gostaria de dizer o seguinte: na sua intervenção, e muito bem, o Sr. Deputado Medeiros Gaspar desmontou aquela que tem sido a acção do principal partido da oposição, ou do ainda principal partido da oposição, e por isso e disse-o muito bem, criou uma plataforma, esta plataforma pelos vistos afundou e pelos vistos nem sequer foi preciso nenhum míssil, ela própria tinha um defeito de fabrico. Faz-me lembrar aqueles submarinos que chegaram agora a Portugal, mas que não aguentam o mar do Atlântico, não sei que mar é que vão aguentar. Pelos vistos, a plataforma nem os nossos mares conseguiu aguentar também.

Mas também gostaria de dizer o seguinte aqui sobre uma questão sobre a qual falou aqui o Sr. Deputado do Partido Socialista e que eu entendo perfeitamente que o Sr. Deputado Medeiros Gaspar teve oportunidade de responder. É que o Partido Socialista da Madeira constantemente, e ainda mais neste ano eleitoral, vem dizer que nada tem a ver com o Partido Socialista da República, que nada tem a ver com o que se passa fora da Madeira. E diz e repete-o várias vezes: nós só queremos saber do que se passa na Madeira. Falem da Madeira, diz o Partido Socialista.

Mas, curiosamente, é o Partido Socialista que aqui nesta Casa e fora dela, repetidamente, vem evocar os Açores! É o Partido Socialista que evoca para copiarmos o modelo dos Açores. Mas quando se vem falar dos Açores, quando o PSD-Madeira denuncia que os Açores têm sido constantemente favorecidos em matéria de receitas, é o próprio Partido Socialista que diz assim: não, não! Não falem nisso. Falem da Madeira!

Ou seja, falar dos Açores é só falar daquilo que interessa ao Partido Socialista e não naquilo que é de facto a realidade. Porque se hoje ouvi, e oiço permanentemente da parte do Partido Socialista, dizer que é preciso ir mais além, que é preciso dar às pessoas…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Termino já, Sr. Presidente. …aquilo que a República tem retirado, eu gostaria de dizer o seguinte: se houve Governo que retirou as medidas

sociais, quer nas pensões, quer nos apoios sociais, quer nos abonos, foi tudo o Governo da República. E essa implicação é directa à Madeira.

E por isso a minha questão é simples: há ou não há implicações directas sobre a acção do Governo da República no que diz respeito aos madeirenses e portosantenses? E aqueles que têm sido compensados nos Açores devem ao favorecimento do Partido Socialista em mais receitas para que o Governo dos Açores possa compensar dessa mesma forma.

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Medeiros Gaspar, para responder tem a palavra. O SR. MEDEIROS GASPAR (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Jaime Filipe Ramos, eu

tenho que dizer que pese o facto do Partido Socialista se encontrar no estado em que está na Região Autónoma da Madeira, o PSD também deve dar o seu contributo para ajudar que no debate público e no debate político o próprio Partido Socialista possa melhorar a sua acção política.

Agora, é um facto que não podemos continuar a admitir que o Partido Socialista da Madeira considere que está isento de qualquer responsabilidade naquilo que vem da governação da República como acção directa sobre os madeirenses e os portosantenses, não pode continuar a tolerar isso, como também não nos vamos calar quanto ao facto de estarmos a assistir hoje a uma governação que faz pela divisão de fundos que tem o apoio privilegiado à Região Autónoma dos Açores e que depois os resultados são aqueles que temos vindo a assistir, os resultados são aqueles que nós todos podemos constatar e em que depois os Srs. Deputados do Partido Socialista a única coisa que sabem dizer é que os Açores têm políticas diferentes, mas não são capazes de afirmar quais são os meios que estão a ser postos à disposição do Governo da Região Autónoma dos Açores para implementar determinadas medidas e depois fazer também a respectiva avaliação do resultado dessas mesmas medidas. Porque não basta, não basta os subsídios ao combustível nem outro tipo de subsídios, porque o que é importante saber é se esse valor vai ter alguma consequência depois na economia e nos resultados do crescimento dessa região.

E, Sras. e Srs. Deputados, isso não é verdade, porque não tem havido… O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

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O ORADOR:- …esses resultados e, Sras. e Srs. Deputados, o PSD-Madeira não vai deixar de continuar a defender a Região Autónoma da Madeira só porque ao PS incomoda que se faça essa defesa em primeiro lugar.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Esgotamos a I parte do período de antes da ordem do dia. Ficam por formular doze pedidos de esclarecimento que,

obviamente, transitam para a próxima Sessão Plenária. E passamos à II parte do período de antes da ordem do dia com a discussão e votação de um voto de

congratulação, apresentado pelo Grupo Parlamentar do PSD-Madeira e intitulado “Campeonato de Portugal de Ralis 2010”.

Consta do seguinte:

Voto de congratulação “Campeonato de Portugal de Ralis 2010”

Considerando que o piloto madeirense Bernardo Rodrigues Tomás de Sousa e o navegador Nuno Rodrigues da Silva do Team Ford Quinta do Lorde, se sagraram Campeões Nacionais Absolutos de Ralis 2010;

Considerando que Bernardo Sousa foi o mais jovem piloto de sempre a sagrar-se Campeão Nacional Absoluto de Ralis e o primeiro madeirense a conquistar este título nacional;

Considerando também, que a piloto madeirense Isabel Cristina Gil Ramos, foi a vencedora Troféu Nacional Feminino de Ralis 2010;

Considerando que os títulos nacionais alcançados, consagram jovens e promissores pilotos, que prestigiam a Madeira e o desporto automóvel em Portugal e além fronteiras, elevando bem alto o nome desta Região Autónoma;

Considerando o exposto, a Assembleia Legislativa da Madeira expressa a sua maior satisfação pelos históricos resultados alcançados e louva publicamente os Pilotos, Navegadores e as respectivas Equipas e Patrocinadores.

Deste voto de congratulação será dado conhecimento aos Pilotos, Equipas e Patrocinadores, Federação e Associações da modalidade, Instituto do Desporto da Região Autónoma da Madeira e Secretaria Regional de Educação e Cultura.

Funchal, 25 de Outubro de 2010 O Líder do Grupo Parlamentar do PSD-Madeira, Ass.: Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos.- Está em discussão. Sr. Deputado Jaime Lucas, tem a palavra faz favor. O SR. JAIME LUCAS (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, creio que estamos na presença de um voto

de congratulação muito simples. A novidade está em que estes dois pilotos madeirenses, nomeadamente o Bernardo Sousa que é o mais jovem piloto português a consagrar-se campeão nacional, é um feito histórico para o automobilismo madeirense. Todos nós sabemos quanto esta modalidade é acarinhada na nossa Região Autónoma da Madeira através do Rali Vinho Madeira e também através de todas as provas de rali que aqui se realizam.

E, portanto, estes dois pilotos que aqui estão têm um potencial de evolução muito grande, são jovens madeirenses que devem ser acarinhados e devem ser desde já congratulados pelos resultados alcançados.

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Não havendo mais inscrições, Srs. Deputados, vou colocar à votação o texto do voto. Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade. (Registou-se a ausência do PND) Srs. Deputados, passamos então à nossa ordem de trabalhos.

ORDEM DO DIA E temos como ponto 1 a continuação da apreciação e votação, na generalidade, do projecto de decreto legislativo

regional, da autoria do Grupo Parlamentar do PCP, intitulado “Fundo de compensação social”. Sr. Deputado Bernardo Martins, tem a palavra para uma intervenção. O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Madeira de facto vive uma crise, a crise que era tanto excluída, proibida,

inclusive, pela decisão do Presidente do Governo Regional quando ela se instalou, quando ela foi mais visível o Presidente do Governo Regional quase que deu uma ordem na Madeira para não falar em crise. Não havia crise na Madeira, não se devia utilizar sequer esta expressão. E até teve reflexos a nível dos próprios empresários que atiravam ao lado relativamente a este problema da crise.

A verdade é que existe uma crise económica, reflexos sociais, há desemprego, pobreza, mendicidade… e depois nós temos os reflexos mais directos: os assaltos. Ainda hoje o Diário de Notícias já disse, ou referiu, que até um gabinete de um Sr. Secretário Regional, o gabinete do Sr. Secretário Regional dos Assuntos Sociais foi roubado no passado sábado. A que ponto se chegou na Madeira, um gabinete de um governante ser assaltado!

Isto é sintomático, isto é efeito da crise social que se vive que não fica apenas pelas casas das pessoas mas já atinge, inclusivamente, edifícios, gabinetes do próprio Governo Regional.

Isto é complicado, é efectivamente muito problemático. Obviamente que o PSD começou por negar essa crise, evitou falar na crise. A crise era em Lisboa, na Madeira não;

a crise era na Europa, na Madeira não; a crise era nos Açores, na Madeira não.

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Afinal já existia a crise muito antes. Existia a crise na Madeira e isso foi denunciado apesar de escondido. E é por isso se vê o Vice-Presidente do Governo Regional vir publicamente dizer: daqui a dias os nossos filhos vão

emigrar da Madeira. Esta é a expressão de reconhecimento do falhanço económico e social da Madeira. Porque o Sr. Vice-Presidente do Governo Regional disse: os filhos dos madeirenses, os filhos desta terra vão emigrar.

É sinal de que o Governo Regional da Madeira falhou no seu programa ao fim de 36 anos. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este demonstra a falta de sustentabilidade de uma governação, reflecte

efectivamente que tudo o que se produziu durante trinta e tal anos não criou uma reserva de segurança, de esperança para os momentos mais difíceis.

Se houvesse um modelo económico e social que garantisse essa mínima segurança perante adversidades europeias ou mesmo nacionais, de facto reconhecia-se que o Governo tinha feito um bom trabalho.

Mas o curioso é que agora o PSD vem desresponsabilizar-se desta situação. Ainda ontem o Sr. Deputado Savino Correia, que nós ouvimos com gosto, aliás dizia um colega seu que tinha sido mais ou menos uma oração de sapiência, mas gostámos de ouvir o Sr. Deputado, ontem onde mandava as culpas para Lisboa. Já aprendeu o livrinho, com o devido respeito, já aprendeu o livrinho que também a nova JSD agora está a aprender, do discurso de domingo quando o Sr. Presidente do PSD diz: é injusto penalizar o PSD-Madeira pela governação de Lisboa. Já estão, perante algumas adversidades eleitorais recentes, estão a desresponsabilizar-se.

Mas, Srs. Deputados, o Governo da Madeira também tem responsabilidades, tem as responsabilidades do espaço regional. Não se atire tudo para Lisboa nem tudo para a Europa. Os senhores têm porque, efectivamente, quem governa a Madeira é o PSD e quem governa, governa para o bem e também assume as responsabilidades do mal, seja em que patamar for da política.

Conduziu a Madeira para uma situação de insustentabilidade. Destruiu determinados sectores económicos vitais e que poderiam ser fundamentais agora para a tal mínima segurança, a tal reserva desta situação difícil.

Pegou em dinheiro e em vez de investir no sentido reprodutivo, mandou esse dinheiro para o mar ao longo de 36 anos; construiu edifícios que estão às moscas, que estão a cair, inúteis; apostou em investimentos desnecessários que já foram aqui profusamente referidos.

Também este Governo cortou e está a cortar apoios sociais. Ainda ontem foi falado aqui ao nível dos universitários, da alimentação do 1.º ciclo, até a falta do gás para os miúdos comerem na escola. Não foi o Sócrates que fez isto, foi o Governo presidido por Alberto João. Se há falta de gás nas escolas para as crianças comerem a culpa só tem um nome: Alberto João Jardim. Não é mais ninguém! Assumam a vossa responsabilidade. A crise também é vossa, a culpa é vossa.

E mais, também, como diz o Sr. Deputado do PSD, que também tem conhecimento das escolas. E mais, os senhores também devem reconhecer que se o Governo não fosse responsável totalmente por estas situações, que o é, no mínimo tinha que ser responsabilizado pela necessidade da resolução destes problemas, têm de ser responsabilizados pela ausência de medidas sociais activas, prioritárias para combater a crise. Porque não pode o PSD-Madeira deixar correr a crise, limitar-se a que as medidas sociais sejam boas ou más, do Continente, limitar-se a que o dinheiro para cobrir isso seja do Continente e não actuar à partida à cabeça para resolução dos seus próprios problemas regionais.

E o Governo do PSD da Madeira, que nos governa há 36 anos, é que é responsável pela crise que se está a viver nesta terra.

Não fujam das vossas responsabilidades, não mandem tudo para Lisboa. É necessário efectivamente assumir essa frontalidade, esse reconhecimento humilde, que só vos fica bem, perante o que se está a passar na região.

E é em relação a esta proposta do PCP, que nós consideramos positiva, que vem de encontro a muitas outras propostas apresentadas pelo Partido Socialista e também por outros partidos da oposição que estamos aqui a falar. Estamos a falar numa ideia que vem responder à preocupação social. A questão social, hoje, 2011, deve ser o ponto um, deve ser o primeiro ponto, o primeiro problema que deve de estar na mesa do Governo Regional, que deve estar nas deliberações do Governo Regional à quinta-feira.

Curiosamente cada vez menos deliberações, cada vez menos presença na comunicação social das deliberações. Pergunta-se: este Governo Regional reúne para quê? O que é que fala lá dentro que nem sequer aos madeirenses ousa transmitir as suas deliberações? Cada vez menos se fala das deliberações do Governo Regional da Madeira. É um facto, estejam atentos a isso. Ou é um simples comunicado ou então nem isso existe.

Porque nós consideramos que a prioridade social devia de estar na mesa dos governantes da Madeira. Por isso, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta proposta do PCP é equilibrada. E quando se diz que Lisboa é

que tem que resolver, Lisboa é que tem que dar a solução… mas esta proposta – e desculpe Sr. Deputado Savino Correia, ilustre porta-voz do PSD ontem aqui nesta matéria, V. Exa. em vez de pegar na cábula aqui do PCP que bem me pareceu que era um documento do PCP que esteve a ler, Sr. Deputado, V. Exa. faz melhor, V. Exa. tem formação para escrever melhor, V. Exa. até que gosta do passatempo da reflexão produziria uma melhor reflexão sobre esta matéria. Mas V. Exa. nessa reflexão toda esqueceu-se de uma coisa, de ler o documento. V. Exa. não tocou nos pontos essenciais do documento. O documento refere que deve de haver um fundo de apoio social, um fundo de compensação social em que há uma repartição de encargos. Há a responsabilidade do Centro Social da Madeira de 50%, salvo erro, 50%, e isto são verbas de âmbito nacional embora com a comparticipação também dos nossos impostos, das nossas contribuições; há 25% do Orçamento Regional; e há mais 25% de verbas que vêm do Orçamento Nacional dos chamados custos de insularidade. Há aqui uma co-participação, uma co-responsabilização do Continente e da Madeira para resolver estes problemas sociais.

Portanto, não se diga que a proposta até é mandar para a Madeira a responsabilidade exclusiva. Não, aqui há uma partilha de financiamento, uma partilha de responsabilidades para enfrentar a problemática social da Madeira.

E é por isso que nós consideramos que esta proposta é bastante positiva e nesse sentido o Partido Socialista vai efectivamente votar a favor porque também é preciso olhar, governar é, sobretudo nos momentos de crise, escolher as prioridades. E a prioridade, volto a referir, é o social, é fazer melhor do que Lisboa faz, é fazer melhor ainda do que os Açores, que os senhores atacam tanto. Se atacam tanto esses governos, façam melhor. Mas o que se nota, de facto, é uma ausência de política social, quase que ficam à volta do financiamento e das medidas de âmbito nacional mas não são capazes de dar passos próprios em defesa dos madeirenses, que são esses que devem ser defendidos.

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há aqui uma questão que vai pesar na história da Madeira. V. Exas. são agentes activos de poder, o PSD, deste poder que nos governa durante trinta e tal anos. Mas lembrem-se que daqui a uns anos já não serão os senhores a governar. Não é eterno. Não é eterno! Até com eleições. Olhem países aqui próximos, vejam realidades internacionais. Vejam! Reparem, tenham essa humildade de pensar que daqui a uns anos não serão. E há-de haver um julgamento da história, há-de haver um julgamento em que dirão: os aspectos positivos da governação do PSD foram estes, estes e estes. Mas também a história dirá: no tempo em que o PSD governou houve estes aspectos negativos. E o aspecto social é o mais marcante, negativamente, da vossa governação.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, muitos regimes, muitos impérios estiveram décadas, séculos mas todos caíram. E os senhores vão cair, vão cair!

Agora, a história efectivamente vai considerar que esta área social falhou e foi uma arma de arremesso contra o inimigo externo apenas para a manutenção do poder na Madeira. Há-de a história dizer: aqueles senhores podiam ter medidas sociais mas não quiseram para manter a guerra contra Lisboa, para parecer a fortaleza e o Presidente do Governo da Madeira ser o herói de defesa da Madeira. É isto que a história há-de registar. E dirá: mas que criminosos que em nome de uma bandeira deixaram o povo sem medidas sociais quando tinham autonomia e poderes para resolver os problemas sociais da Madeira. Dirá a história: mas que criminosos estes, que irresponsáveis que só pela manutenção do poder, dos seus lugares nas empresas, dos impérios económicos, pelas amizades partidárias, pelos tachinhos, por causa disso e para alimentar esse poder fizeram uma guerra contra Lisboa e não resolveram eles próprios, medidas, não tomaram a iniciativa de resolver em vez de ter mandado para outros espaços nacionais e internacionais.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu ouvi dizer há dias que alguém andava a reler Salazar. Andava a reler Salazar! De facto, há semelhanças entre quem lê e quem é lido, há semelhanças. E há que referir que Salazar penalizou os madeirenses pela sua coragem, pelas suas atitudes insurreccionais de querer a liberdade, de querer a autonomia. Salazar fez isso. Os madeirenses foram prejudicados.

Mas, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quem leu ou releu Salazar também há-de registar que este que relê Salazar, em nome de uma bandeira autonómica, em nome de uma defesa de uma terra também penaliza os madeirenses especialmente os mais pobres.

Aplausos do PS. Esta conclusão a história fará e V. Exas. estarão comprometidos com esta infeliz situação e esta verdade que é

pegar na bandeira autonómica, enrolar-se mas prejudicar os seres que estão à volta para manter este poder, o poder económico de alguns numa ilha da Madeira.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Savino Correia, para uma intervenção faz favor. O SR. SAVINO CORREIA (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o preâmbulo do projecto de decreto legislativo

regional convém ser lido com alguma atenção. Porque o preâmbulo diz assim: “O desenvolvimento económico e social da Região Autónoma, visando, em especial, a correcção das desigualdades derivadas da insularidade distante deverá… – deverá, e são os senhores que dizem –, …ser assegurada pelo Estado, através de uma profícua cooperação entre os órgãos de soberania e os órgãos de governo regional.”

Bom, isto remete-nos para a profícua colaboração, o que é desejável que aconteça, e remete-nos também para perguntarmos, se eventualmente princípios como o princípio da continuidade territorial está a ser de facto encarado e cumprido pelo Estado relativamente à Madeira.

Mas eu não posso aqui também deixar passar a oportunidade para que nós possamos também fazer aqui algum juízo com alguma justiça e com alguma equidade. Porque é evidente que um Estado como o nosso, que precisa hoje de financiar-se na ordem dos 46 mil milhões de euros no exterior para assegurar despesas correntes e de funcionamento e para pagamento de dívida, que não de investimento, faz-nos pensar na forma como o Estado tem sido gerido nos últimos anos. E digo-vos que os últimos anos, doze, treze anos, foram anos de governação do Partido Socialista. Isto é um dado que penso que não suscita controvérsia.

Portanto, fixemos esta questão. E nós somos uma região ultraperiférica, que tudo o que se passa no plano nacional tem naturalmente reflexos na

nossa região. É uma região que não gera muitos recursos, é uma região pobre, é uma região que procura desenvolver-se com muito custo e muita dificuldade e que, necessariamente, necessita da devida compensação e sol idariedade do Estado. Mas é uma região que no plano social eu não posso aceitar, como ouvi, que nos últimos 30 anos no plano social nada tenha sido feito.

Isto é uma profunda mentira, é demagógico e convém fixar estas questões. Repare-se que não há estado social… porque o problema é que nós estamos aqui a falar de consequências e eu

estou preocupado, sinceramente, é com as causas. Porque, reparem, um estado em que a economia não se desenvolve, em que o investimento público tem dificuldades porque não há financiamento, um estado em que o sector privado está parado – e eu nesta matéria sou um anglo-saxónico, acho que o investimento privado é o motor, é o pilar fundamental para alavancar o crescimento do país e esquilo que eu oiço em cada esquina são as tremendas dificuldades do sector privado, daqueles que querem gerar investimento, que querem investir, têm imensa dificuldade. E sem a economia desenvolver-se não há estado social. Portanto, se nós não desenvolvemos a economia, se não atacamos as causas que impedem o crescimento económico, meu amigo, não há estado social. Não podemos assegurar a educação, não podemos assegurar a saúde, não podemos assegurar a solidariedade, não podemos manter o orçamento da segurança social.

A questão primeira: nós estamos aqui a falar das consequências e a questão primeira que nós temos que falar e reflectir é sobre as causas, é sobre a economia, é porque é que isto não funciona, é porque é que este investimento privado não avança, é porque é que não se gera riqueza, é porque é que o Estado tem necessidade hoje de ir buscar

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dinheiro a um preço muito elevado para pagar dívida e não para fazer investimento, é para pagar dívida e assegurar despesas de funcionamento do próprio Estado?

Esta questão é que nos deve fazer pensar. A partir desta questão estar resolvida e equacionada é que nós temos que pensar como é que o Estado consegue as receitas para manter o estado social. E o estado social de facto hoje em dia é um problema que não é só nosso, não é só da região, não é só do país, é um problema da Europa. Como é que se mantém o estado social. Porque a despesa com as áreas sociais tem tendência a crescer, a economia está em fase de recessão e não se vêem medidas para pôr e dinamizar a economia.

E esta é uma equação que tem que ser tratada e resolvida. Bom, é evidente que eu não acredito que nenhum de nós seja insensível às questões sociais. Eu acredito que

todos nós queremos um estado social mas é preciso que todos nós possamos pensar um pouco como é que nós conseguimos pôr o Estado a funcionar para que o Estado consiga assegurar o estado social. Agora, repare-se que o que tem acontecido no nosso país é que o Partido Socialista, que está há 15 anos no poder, repare-se se desviou doutrinalmente até da sua orientação doutrinal porque em vez de assegurar um estado social, numa fase de dificuldades, também reconhecemos, está a restringir, está a encurtar, está a minimizar o estado social ao ponto de, por exemplo, começar… e nós temos aqui que ser muito claros porque nós temos de saber o que é que é responsabilidade da região, do Governo Regional, e o que é responsabilidade do Governo da República. Não podemos admitir que se façam confusões, a bem da boa informação das pessoas.

E então repare-se em quatro ou cinco questões muito concretas. A primeira questão. Foi esta governação socialista dos últimos anos que conduziu o país a quê? Ao corte dos

salários e remunerações dos funcionários públicos. Ou foi o Governo da Região? Quem é que reduziu os subsídios – eu ando por aí e as pessoas não sabem –, quem é que reduziu os subsídios

como o abono de família? Foi o Governo da Região ou foi o Governo da República? Quem é que efectuou o congelamento do valor das reformas e pensões? Foi o Governo Regional ou foi o Governo

da República? E mais, esta questão que acho que até nós temos que ser sensíveis porque tem a ver com uma área bastante

sensível, a uma camada de estrato social bastante sensível do ponto de vista socioeconómico, quem é que impôs limites às deduções a partir – reparem! –, dos 530 euros por mês? Foi o Governo da República, não foi o Governo da Região.

Portanto, nós temos aqui um conjunto de ataques. E uma questão que o meu colega falou, o Deputado Medeiros Gaspar, e que é basilar, eu não sei quanto é que isso

vai custar, mas vejo aí uns spots publicitários pela região, do Partido Socialista (isso tem um custo), em que falam da qualidade da educação. E a Sra. Ministra segunda-feira à noite confirma ela própria que o Estado retira dinheiro da segurança social e não assegura bolsas de estudo a jovens que estavam na universidade e que tiveram que cancelar a sua inscrição, a sua matrícula e não podem prosseguir os estudos. Mas que estado social é este?

É evidente que o Estado tem que cortar nalgumas coisas, tem que emagrecer, o Estado tem de facto que cortar porque não pode, não tem orçamento, capacidade de atender a tantas áreas, mas há áreas que estão a ser sacrificadas, nomeadamente na educação, relativamente aos idosos, às famílias com menor rendimento e que o Estado, e estou a falar do Governo da República, não é capaz de assegurar porque aqui também manifestado uma manifesta insensibilidade social.

Mas também nós temos que ser honestos e reconhecer que toda a transformação feita na Madeira, mesmo aquela que é económica ou financeira, tem naturalmente repercussões do plano social. Tem repercussões na distribuição da riqueza, tem consequências ao nível dos rendimentos das famílias, tem consequências ao nível do emprego e, nesta fase, é preciso reconhecer o quanto tem sido feito na área da saúde em que a maior parte dos exames complementares e de diagnóstico, as consultas, o acesso aos centros de saúde e aos hospitais, a custos baixos, sem pagamento de taxas moderadoras, isto é uma área social, estamos a falar do social.

Nas escolas, a gratuitidade da alimentação para o 1.º ciclo, as condições das escolas, os transportes, o passe escolar, o apoio nos livros, então isto não é social, meus amigos?

Podemos dizer: queremos mais. É evidente, mas quem é que não quer mais?! Comentários do Sr. Bernardo Martins (PS). Escute, mas isso será lógico. Agora nós temos que saber gerir com os recursos que temos, sendo certo que temos

que estar também atentos à evolução da área social e às necessidades. Depois naturalmente que, reparem, na área do apoio às populações, da segurança social, na área dos

medicamentos aos idosos, gratuitos, como ontem falamos aqui, nos apoios da segurança social com a figura do cuidador, com as pessoas que vão a casa tratar dos mais idosos, doentes, nos transportes dos doentes, na área da habitação, quantas habitações vemos por aí, mais de trinta e três mil famílias, directa ou indirectamente, beneficiaram de habitação quer na modalidade de preços económicos, de rendas sociais, quer na cedência de direito de superfície para fazer as suas casas, quer nos programas de recuperação de imóveis degradados, do chamado PRID… então isso não é política social?

Nós temos que perceber que nestas áreas todas que as instituições sociais… mas escutem lá uma coisa, mas haverá alguma instituição social na nossa terra que funcione sem apoio do Governo? Os centros de dia, os lares da terceira idade, as refeições que são lá fornecidas, os idosos que estão acamados e internados nas misericórdias, como é que isso é possível? Só é possível porque o Governo assegura contratos-programa com essas misericórdias! Então isto não é social?

Agora dizem os senhores: nós queremos mais. Claro que o PSD quer mais, nós queremos fazer mais pela área social. Agora, é profundamente injusto, e nós temos que ser honestos, será profundamente injusto não reconhecer o quanto se tem feito nesta área social, sendo certo que todos nós somos sensíveis e queremos fazer mais pelo aprofundamento do estado social. Mas não há estado social num país que não trata da economia, que não resolve as condicionantes que impedem o investimento, que impedem o crescimento económico. E arrisca-se, se isto não

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acontecer, qualquer dia a que nem há economia a funcionar nem há recursos e não há estado social. Portanto, vamos tratar das causas para termos receitas suficientes para pagar as dívidas e para manter o estado social.

E isto preocupa-me. É que nós estamos aqui a querer, é fácil arranjar subsídios de solidariedade, pedir aumentos do ordenado mínimo regional, é fácil pedir mais apoios, para isto e mais alguma coisa, mas eu pergunto: temos de pensar e reflectir antes disto como é que se mantém um estado social. E, meus amigos, aqui não há poesia, poesia há com o Manuel Alegre. Não há lirismo ou surrealismo, só se resolve e só se mantém um estado social quando se apostar nas questões que hoje impedem o Estado de desenvolver a economia e hoje este país é um país hostil aos empresários, é hostil àqueles que querem criar a riqueza, é um país que não acarinha aqueles que querem gerar riquezas e desenvolver o seu país. É um país onde o sector privado está parado, está em declínio. E, meus amigos, temos que resolver isto já que o sector público hoje não tem dinheiro para manter investimentos, que geram emprego e redistribuição de rendimentos também, temos que fomentar e agarrar no sector privado senão, meus amigos, qualquer dia nem pagamos dívida, estamos a saldo, ninguém nos empresta dinheiro e o estado social não existe.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. O Sr. Deputado Bernardo Martins está inscrito. Dispõe de 1 minuto. O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Relativamente à questão da necessidade de compensação pela insularidade que a Madeira precisa, ela tem. Pode

ser insuficiente mas tem, tem nos custos de insularidade uma verba mais do que suficiente. O problema está no uso dessa verba e é isso que aqui falta. Todos nós queremos mais. Então o PSD que poupe em obras inúteis e aplique cada vez mais no social.

Segunda questão. Fala em responsabilidades do Governo socialista, de 13 anos. E as responsabilidades do Governo PSD-Madeira em 30 anos?

Quem é que não quer compensar os cortes que há a nível nacional? É o PSD-Madeira! Quem é que não quer compensar os funcionários públicos que sofreram o corte aqui na região? É o PSD-Madeira!

Portanto, o PSD-Madeira tem responsabilidades na falta de medidas sociais que venham resolver determinadas medidas sociais que foram tomadas mas que aqui a Autonomia tem.

Então pergunto… O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …para quê a Autonomia, para quê e onde está essa Madeira social quando evita essas medidas? O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Savino Correia, deseja intervir, faz favor. O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Diga, diga que roubou! O SR. SAVINO CORREIA (PSD):- Eu tenho que dizer lhe o seguinte: eu não posso aceitar esse discurso. Porque é

preciso fazer as contas e saber o quanto é que uma região como a nossa deve ser tratada, nós madeirenses temos dignidade e temos de ser respeitados e devemos saber quanto é que nos têm roubado, quantas verbas é que nos têm subtraído e mais, e quais as verbas irrisórias que escreveram no PIDDAC para esta região.

Portanto, nós não podemos fazer mais na área social porque nos subtraíram, retiraram-nos as verbas. E nós vamos exigir e temos direito de exigi-las.

Eu penso é que os Açores, ao contrário, pelo volume financeiro que tem recebido, lá é que eu esperava que, enfim, que os rendimentos os ordenados mínimos regionais, os apoios sociais tivessem outra expressão. Mas não têm. Isto é que é lamentável e é que é de perguntar porque não?! Então essas verbas, esse dinheiro que vai para os Açores como é que é gasto? Onde é que está? Onde é que estão os apoios?

Eu ainda este fim-de-semana ouvi um jovem dizer assim: a Madeira no plano económico e social está a anos-luz dos Açores. E não é só ele que diz, basta nós irmos lá e vemos isso, nós vemos isso claramente.

Portanto, não é admissível que se fale dessa forma porque o que é admissível é que todos nós possamos lutar como autonomistas para que o Estado, o Governo da República transfira para aqui as verbas que são necessárias para nós termos aqui alguma qualidade de vida.

Eu não posso aceitar outro tipo de discurso. Não é por acaso que os deputados do PSD votaram contra o Orçamento de 2011, o Orçamento de Estado! É porque esse orçamento além de ser penalizador para o país também penalizava a Madeira.

E por isso mesmo nós não podemos aceitar que exijam que se distribua, que se aumente a área social e ao mesmo tempo os senhores não façam um esforço em Lisboa por aumentar o volume financeiro para uma região como esta, que é uma região pobre, é uma região que não tem muitos recursos, é uma região, enfim, que tem dificuldades em subsistir neste mundo global, é uma região com uma densidade demográfica das mais elevadas da Europa, é uma região que não tem grandes sectores produtivos, é uma região que necessita forçosamente da solidariedade do Estado. E esta solidariedade do Estado tem manifestamente faltado.

E eu apelo a que, independentemente dos partidos, isto são causas nossas, dos madeirenses, e não posso aceitar que exijam que se faça e depois não se exija em Lisboa que nos dêem as receitas que são fundamentais para o nosso processo de desenvolvimento e necessariamente para aprofundar e melhorar sim ainda mais a área social na nossa região.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Vou colocar à votação o ponto 1 da nossa ordem de trabalhos.

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Submetido à votação, foi rejeitado com 21 votos contra do PSD e 9 votos a favor sendo 4 do PS, 2 do PCP, 1 do CDS/PP, 1 do BE e 1 do MPT.

Passamos ao ponto 2 com a leitura do parecer da 5.ª Comissão Especializada e votação final global do projecto de

proposta de lei à Assembleia da República, da autoria do Partido Comunista Português, intitulada “Majoração ao

abono e família”. Sra. Deputada, Secretária da Mesa, faz favor de proceder à leitura do parecer da 5.ª Comissão Especializada. Foi lido e consta do seguinte:

Projecto de Proposta de Lei à Assembleia da República “Majoração ao Abono de Família”

PARECER A 5.ª Comissão Especializada Permanente, de Saúde e Assuntos Sociais reuniu-se no dia 25 de Janeiro de 2011,

pelas 9 horas e 30 minutos horas para analisar na Especialidade e emitir parecer relativo ao projecto em epígrafe. Colocado à discussão, o PSD apresentou algumas propostas de alteração com o seguinte teor: - Proposta de eliminação no Preâmbulo da expressão “...que, não resolvendo a questão de fundo – o direito à

universalidade do abono de família, sem sujeição a condição de recursos –…”. - Proposta de eliminação na Nota Justificativa em consequência da alteração no Preâmbulo, da expressão “...que,

não resolvendo a questão de fundo – o direito à universalidade do abono de família, sem sujeição a condição de recursos –…”.

Estas propostas foram aprovadas por unanimidade. Colocado à votação o preâmbulo e restante articulado do diploma já com as alterações introduzidas, foi aprovado

por unanimidade. Este parecer foi aprovado por unanimidade. Funchal, 25 de Janeiro de 2011 Pel’ O Relator, Ass.: Rafaela Fernandes.- O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigada, Sra. Deputada. Vou colocar em votação final global o ponto 2 da nossa ordem de trabalhos. Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade. (Registou-se a ausência do PND). Passamos ao ponto 3 com a leitura do parecer da 5.ª Comissão Especializada e votação final global do projecto de

proposta de lei à Assembleia da República, da autoria do Partido Comunista Português, intitulada “Alteração ao

Decreto-Lei n.º 232/2005, de 29 de Dezembro, com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 236/2006, de

11 de Dezembro e pelo Decreto-Lei n.º 151/2009, de 30 de Junho”. Sra. Deputada, Secretária da Mesa, faz favor de proceder à leitura do parecer da 5.ª Comissão Especializada. Foi lido e consta do seguinte:

Projecto de Proposta de Lei à Assembleia da República Alteração ao Decreto-Lei n.º 232/2005, de 29 de Dezembro, com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º

236/2006, de 11 de Dezembro e pelo Decreto-Lei n.º 151/2009, de 30 de Junho PARECER

A 5.ª Comissão Especializada Permanente, de Saúde e Assuntos Sociais reuniu-se no dia 25 de Janeiro de 2011, pelas 9 horas e 30 minutos para analisar na Especialidade e emitir parecer relativo ao projecto em epígrafe.

Colocado à discussão, o PSD apresentou algumas propostas de alteração com o seguinte teor: - Proposta de alteração ao n.º 2 do artigo 7.º, onde se lê “a entidade distrital” passa a ler-se “o organismo”. - Proposta de alteração ao n.º 1 do artigo 20.º que passa a ter a seguinte redacção: “Artigo 20.º 1 - O complemento solidário para idosos, uma vez conferido, é automaticamente renovado, mediante prova de vida

anual.” - Proposta de alteração ao n.º 3 do artigo 20.º, onde se lê “a entidade distrital” passa a ler-se “o organismo”. As propostas foram aprovadas por unanimidade. Colocado à votação o Preâmbulo e restante articulado do diploma já com as alterações introduzidas, foi aprovado

por maioria com os votos a favor do PSD e PCP e abstenção do PS. Este parecer foi aprovado por unanimidade. Funchal, 25 de Janeiro de 2011 Pel’O Relator, Ass.: Rafaela Fernandes.- O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Deputada. Vou colocar à votação final global o ponto 3 da nossa ordem de trabalhos. Submetido à votação, foi aprovado com 29 votos a favor sendo 26 do PSD, 2 do PCP e 1 do BE e 8 abstenções

sendo 5 do PS, 2 do CDS/PP e 1 do MPT. Passamos ao ponto 4 com a leitura do parecer da 2.ª Comissão Especializada e votação final global da proposta de

decreto legislativo regional, que “Confirma a indicação geográfica protegida “Rum da Madeira” e regula a sua

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produção e comércio”. Sra. Deputada, Secretária da Mesa, faz favor de proceder à leitura do parecer da 2.ª Comissão Especializada. Foi lido e consta do seguinte:

Proposta de Decreto Legislativo Regional “Confirma a indicação Geográfica protegida “Rum da Madeira” e regula a sua produção e comércio”

PARECER A 2.ª Comissão Especializada, Permanente, Economia, Finanças e Turismo, reuniu aos 25 dias do mês de Janeiro

de 2011, pelas 15 horas, a fim de analisar a Proposta de Decreto Legislativo Regional em epígrafe, da autoria do Governo Regional.

Estiveram presentes para esclarecimentos aos senhores deputados, sobre o diploma em análise, o Senhor Secretário Regional do Ambiente e Recursos Naturais e o Senhor Director Regional da Agricultura.

Após análise e discussão, a Comissão deliberou nada ter a opor ao diploma em causa, estando o mesmo em condições de subir a Plenário.

Este parecer foi aprovado por unanimidade. Funchal, 25 de Janeiro de 2011 A Relatora, Ass.: Nivalda Gonçalves.- O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Deputada. Vou colocar à votação final global o ponto 4 da nossa ordem de trabalhos. Submetido à votação, foi aprovado com 36 votos a favor sendo 26 do PSD, 5 do PS, 2 do PCP, 2 do CDS/PP, e 1

do MPT e 1 abstenção do BE. Passamos ao ponto 5 com a leitura do parecer da 2.ª Comissão Especializada e votação final global da proposta de

decreto legislativo regional, que “Cria o sistema de certificação de origem garantida dos produtos da Região

Autónoma da Madeira e a marca Produto da Madeira”. Sra. Deputada, Secretária da Mesa, faz favor de proceder à leitura do parecer da 2.ª Comissão Especializada. Foi lido e consta do seguinte:

Proposta de Decreto Legislativo Regional “Cria o Sistema de Certificação de origem garantida dos produtos da Região Autónoma da Madeira e a Marca Produto

da Madeira” PARECER

A 2.ª Comissão Especializada, Permanente, Economia, Finanças e Turismo, reuniu aos 25 dias do mês de Janeiro de 2011, pelas 15 horas, a fim de analisar a Proposta de Decreto Legislativo Regional em epígrafe, da autoria do Governo Regional.

Estiveram presentes para esclarecimentos aos senhores deputados, sobre o diploma em análise, o Senhor Secretário Regional do Ambiente e Recursos Naturais e o Senhor Director Regional da Agricultura.

Após análise e discussão, a Comissão deliberou nada ter a opor ao diploma em causa, estando o mesmo em condições de subir a Plenário.

Este parecer foi aprovado por unanimidade. Funchal, 25 de Janeiro de 2011 A Relatora, Ass.: Nivalda Gonçalves.- O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Deputada. Vou colocar à votação final global o ponto 5 da nossa ordem de trabalhos. Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade. (Registou-se a ausência do PND). Passamos ao ponto 6, com a apreciação conjunta na discussão na generalidade e votação separada, do projecto

de decreto legislativo regional, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Acréscimo ao valor da

retribuição mínima mensal nacional para vigorar na Região Autónoma da Madeira”, da proposta de decreto

legislativo regional, que “Aprova o valor da retribuição mínima mensal garantida para vigorar a partir de Janeiro

de 2011 na Região Autónoma da Madeira” e do projecto de decreto legislativo regional, da autoria do Bloco de

Esquerda, que “Estabelece o valor da remuneração mínima mensal garantida na Região Autónoma da Madeira”. Depois de cumpridas as disposições regimentais de auscultação dos parceiros sociais.

Evidentemente que os tempos destes três diplomas correspondem ao somatório dos tempos regimentais previstos. Estão em discussão. Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Leonel Nunes. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, três projectos que visam um acréscimo ao

valor da retribuição mínima mensal aplicada na Região Autónoma da Madeira, em que a diferenciação é estabelecida através da diferença dos valores. O PCP ao apresentar este projecto com um acréscimo superior às outras propostas que aqui estão em discussão visa equiparar o acréscimo ao salário mínimo aqui na região àquele que já vigora nos Açores.

É claro que à maioria instalada nesta Casa há 30 anos não agrada colocar como referência os Açores. Mas a

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verdade é que o salário mínimo nos Açores, com o acréscimo agora obtido e aprovado também na Assembleia Legislativa dos Açores, já ultrapassa os 500 euros. E ultrapassa os 500 euros, aliás, que é um patamar que foi acordado no Conselho de Concertação Social e que devia estar já em vigor mas que o Governo da República não quis assumir essa responsabilidade, e utilizando esta forma habilidosa diz que ele entrará em vigor no ano de 2011 (não sabemos quando mas se calhar lá para o fim deste ano), proporcionando assim aos trabalhadores uma diminuição no salário mínimo que quase que se poderá considerar que há um ano que não são cumpridos os valores aprovados no Conselho de Concertação Social.

O valor que nós propomos era possível que aqui também fosse aplicado e com certeza iria contribuir para minimizar dificuldades que milhares de trabalhadores na Região Autónoma da Madeira são abrangidos pelo salário mínimo regional. São milhares os trabalhadores que são atingidos pelo salário mínimo regional.

É claro que isto não representa muito em determinados sectores mas o Sr. Jaime Ramos, em que isto para ele não passa mais ou menos do que o custo de um charuto, que o que ele paga por um charuto é o salário mínimo que recebe um trabalhador para viver durante um mês, estou à vontade para afirmar, e se alguém provar o contrário era importante que aqui o fizesse, no sector do comércio, no sector da hotelaria há mais de mil trabalhadores que estão dependentes do acréscimo ao salário mínimo.

Portanto, vale a pena falarmos quando percebemos e quando temos conhecimento de causa e não andar aqui só com bocas ou com apartes sem saber do que estão a falar.

É verdade que no comércio, é verdade que na hotelaria há milhares de trabalhadores que estão à espera do acréscimo ao salário mínimo para verem também aumentar minimamente o seu poder de compra.

É por essa razão que aqui se apresenta este diploma. E não só, se tivermos em atenção também depois os reflexos que o acréscimo ao salário mínimo terá na futura contratação colectiva. No decorrer deste ano muito provavelmente todas as associações empresariais irão apresentar para os seus negociantes, para aqueles que negoceiam, para com os sindicatos valores inferiores ao acréscimo que estamos aqui a discutir do salário mínimo. Este ano ainda não foi fechado nenhum contrato que previsse valores superiores ao acréscimo ao salário mínimo. Inclusive na própria construção civil, que são tão mãos largas por vezes nesta situação, porque também não são os empresários a pagar, paga o Governo quando fazem obras para o Governo, é fácil pagar aos trabalhadores e depois debita-se ao Governo para pagar e pagamos todos nós, mas a grande realidade é que todos, todos os sectores têm-se mantido nos aumentos de zero, um ou pouco mais de um por cento para os trabalhadores na Região Autónoma da Madeira. E se considerarmos que o acréscimo ao salário mínimo podia servir de mola impulsionadora para futuros acréscimos aos salários, com certeza que também aqui estaríamos a contribuir para minimizar as dificuldades não só daqueles que estão ao nível do salário mínimo mas também de muitos outros trabalhadores.

Esta é a nossa proposta, vamos votá-la, como é evidente, favoravelmente. Em relação às outras propostas em discussão vamos nos abster porque julgamos ser a nossa aquela que mais se aproxima da justiça que devia de ser feita aos trabalhadores na Região Autónoma da Madeira.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Jaime Ramos pede a palavra para que efeito? O SR. JAIME RAMOS (PSD):- Face ao Sr. Deputado Leonel Nunes ter usado a meu nome, eu acho que tenho o

direito de poder fazer uma intervenção no sentido de responder. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Para defesa da honra, tem a palavra faz favor. É subjectivo. O SR. JAIME RAMOS (PSD):- É que aquele Sr. Deputado… O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Srs. Deputados, eu já disse aqui, se calhar pela enésima vez, que a

defesa da honra não nego a nenhum dos Srs. Deputados. É que é muito subjectivo. Faz favor, tem a palavra. O SR. JAIME RAMOS (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, aquele Sr. Deputado, é normal porque o seu

histórico de trabalhador pouco ou de nada tem, a não ser ter explorado a entidade patronal e receber uma indemnização de tal e, portanto, penso que o que ele recebe deve dar para as garrafas de whisky que todos os dias o bebe e a forma como age aqui nesta Assembleia deve estar alcoolizado como sempre demonstra que o está.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Carlos Pereira, para uma pedido de esclarecimento faz

favor. O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Leonel Nunes, o Sr.

Deputado Leonel Nunes levantou aqui uma questão bastante pertinente e que tem a ver basicamente com a circunstância de, do ponto de vista das associações empresariais, haver alguma dificuldade em entender a necessidade do aumento da retribuição mínima mensal.

Mas é preciso clarificar e a pergunta que eu gostaria de fazer, Sr. Deputado Leonel Nunes, é que é preciso clarificar junto da população da Madeira e dos eleitores da Madeira que existem outros garrotes às empresas que não este garrote do acréscimo do salário mínimo nacional. Existem na Madeira outros garrotes mais graves, mais complexos, cuja responsabilidade é totalmente do Governo Regional e que impedem e que limitam a competitividade das empresas e que por essa via, uma via totalmente directa, impedem que as empresas tenham disponibilidade para aumentar o subsídio da contribuição mínima mensal.

E esta responsabilidade é do Governo Regional. E esses entraves são claros e conhecidos por todos. Basta falar, por exemplo, nos transportes marítimos, no preço dos transportes marítimos que é um entrave significativo. Basta falar no pagamento tarde e mal do Governo Regional às empresas que cria custos financeiros significativos.

Estes são dados concretos que limitam que haja na Madeira uma política de salários e preços também (falaremos depois), que seja adequada e que permita uma boa distribuição de rendimentos.

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E, portanto, é uma falsa questão vindo das próprias associações empresariais, que temos certeza que estão conscientes desta matéria, mas será uma falsa questão vindo do Governo Regional dizer que este aumento do subsídio da contribuição mínima mensal poderá afectar a competitividade.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Ela poderia ser obtida, caso fosse possível compatibilizar estas duas matérias e o Governo Regional

tivesse consciência que é preciso criar condições para que as empresas sejam competitivas e que possam garantir melhores condições de vida, melhores condições salariais aos seus próprios trabalhadores.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Leonel Nunes, faz favor. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Obrigado, Sr. Presidente. Aproveito também esta oportunidade para dizer que as “rafeirices” a que nos habituaram o chefe do Grupo

Parlamentar do PSD, o Sr. Jaime Ramos, que não atingem absolutamente ninguém, porque qualquer um dos Srs. Deputados está acima dessas “rafeirices” que ele costuma colocar aqui nesta Assembleia.

Sr. Deputado Carlos Pereira, o problema das empresas muitas das vezes a e maior parte das vezes não é um acréscimo e 2, 3 ou 4% do salário mínimo, o problema das empresas, o grande problema das empresas aqui na região é o Governo Regional.

Dou-lhe um exemplo: há aí uma empresa com prestígio no sector da segurança que vai despedir cerca de cinquenta trabalhadores e cujo responsável é o Governo Regional. Estou a me referir à Serlima que o Governo Regional, o Governo que suporta estes senhores que aqui estão e que eles suportam esse Governo, deve mais de 2 milhões de euros à Serlima que se vê na obrigação de despedir cerca de cinquenta trabalhadores porque o Governo é caloteiro. São as dívidas que eles têm no Hospital João de Almada, no Hospital Nélio Mendonça, no Lar da Bela Vista, na Segurança Social. E esta empresa vê-se agora na necessidade de despedir trabalhadores porque o Governo não assume as suas responsabilidades. Isto é que devia de envergonhar esta maioria que suporta este Governo que não assume as suas responsabilidades, que não é pessoa de bem.

O problema da Região Autónoma da Madeira, das empresas, não é o acréscimo ao salário mínimo, o problema é o Governo que não paga, a tempo e horas, às empresas que já prestaram o seu trabalho, já fizeram o seu trabalho e que neste momento têm que despedir trabalhadores por única e exclusiva responsabilidade do Governo Regional.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Estamos todos a aguardar pelo intervalo. Vamos iniciá-lo agora, com certeza. Eram 11 horas.

INTERVALO O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Srs. Deputados, favor ocuparem os seus lugares no Plenário. Já dispomos de quórum, vamos retomar os nossos trabalhos. Eram 11 horas e 25 minutos. E dou a palavra ao Sr. Deputado Roberto Almada, para uma intervenção. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta iniciativa que o Bloco de Esquerda

hoje aqui propõe, pretende fixar o valor da remuneração mínima mensal garantida na Região Autónoma da Madeira em 509 euros e 25 cêntimos.

O salário mínimo nacional é neste momento de 485 euros, pretende o Governo Regional com a proposta que também estamos a discutir que o acréscimo seja de 2%, isto é que seja mais 2% na Região Autónoma da Madeira, que seja 494 euros e 70 cêntimos. O bloco de Esquerda propõe que sejam mais 14 euros e 55 cêntimos, que seja 509 euros e 25 cêntimos, o que corresponde a um aumento de 5%, ao contrário do Governo Regional que propõe apenas um acréscimo de 2%.

Para nós este acréscimo proposto pelo Bloco de Esquerda em relação ao do Governo Regional justifica-se plenamente por várias razões: porque desde há cerca de duas décadas que um acréscimo ao salário mínimo na Região Autónoma da Madeira é sempre de 2% e desde há duas décadas que o poder de compra dos trabalhadores tem se agravado, que os trabalhadores têm menos poder de compra e então nos últimos anos nem se fala.

Todos nós sabemos da crise que a região vive, todos nós sabemos das dificuldades que os trabalhadores todos os dias têm para colocar na mesa a comida para os seus filhos e este acréscimo que aqui o Bloco de Esquerda propõe e que propõe que seja apenas mais 14 euros e 55 cêntimos do que propõe o Governo Regional não nos parece nada de extraordinário, não nos parece nada de exagerado. É antes de mais uma questão de justiça social que vá de encontro às necessidades destes trabalhadores.

Esta proposta que aqui formulamos é uma proposta importante. Não deixamos de também nos referirmos às outras duas propostas que aqui são feitas: uma pelo Governo Regional

com um acréscimo de 2% que há duas décadas é feito, que é um acréscimo importante mas que fica muito aquém na opinião do Bloco de Esquerda para suprir as dificuldades que os trabalhadores e as suas famílias atravessam na actual conjuntura socioeconómica da Região Autónoma da Madeira.

Por esse motivo, o Bloco de Esquerda entende e faz aqui um repto também ao Grupo Parlamentar do PSD, que sustenta o Governo Regional: pode não ser possível dar os 7% que o PCP aqui propõe, pode não ser possível chegar aos 5% que o Bloco de Esquerda aqui propõe, mas 2% é manifestamente insuficiente. Será que não havia hipótese de aprovarmos todas as três propostas e em comissão chegarmos, não direi aos 5% que propõe o Bloco de Esquerda ou

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aos 7% que propões o PCP, mas acharmos um valor um pouco superior àquele que aqui é proposto pelo Governo Regional? Essa é a questão que lançamos, esse é o desafio que lançamos e por isso naturalmente que vamos votar favoravelmente as três propostas: a do Governo Regional, a nossa, naturalmente e a do PCP, na esperança de que na comissão possamos chegar a um valor mais consentâneo, porventura consensual entre todas as bancadas, para que os trabalhadores da Madeira e do Porto Santo possam ter um pouco mais, mais uns cêntimos, mais uns poucos euros para no final do mês fazerem face às dificuldades e às agruras da vida.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Roberto Vieira, faz favor. O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Partido da Terra acha que estas três

propostas devem ser votadas favoravelmente, e apela desde já o Partido Social-Democrata que o faça. Nós achamos que mesmo que houvesse um aumento de 50% em cima destes salários de miséria, salários de

vergonha, não chegaria para resolver os problemas das famílias e dos madeirenses. Nós achamos que 2, 5, 7% é muito pouco. Nós sabemos da crise, nós sabemos quem provocou a crise, mas

achamos que estes valores são irrisórios num orçamento de uma família que tem que pagar casa, tem que pagar as despesas que daí advêm e muito mais, a sua alimentação, o seu transporte e outros serviços que têm que pagar.

O Partido da Terra vai votar favoravelmente como já referi. Mas não posso deixar de dizer que estes são valores irrisórios que não resolvem a situação das famílias. O aumento, nós não estamos a pedir que seja 50%, mas queremos deixar aqui claro que mesmo que fosse 50%, não resolveria hoje os problemas de milhares e milhares de famílias.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Leonel Nunes. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, chamaram-me à atenção e com razão, eu

fiz referência à Serlima como empresa que tinha a receber do Governo dois milhões de euros, não é a Serlima, é a Securitas e como tal fica aqui a emenda quer para a acta, quer para os Srs. Deputados. Dois milhões de euros deve o Governo Regional dos serviços que esta empresa Securitas presta na Segurança Social, no Hospital e nos Lares do Governo.

Há mais de um ano que esta empresa não recebe nem um cêntimo do Governo. Por isso, são os grandes responsáveis pelas dificuldades que esta empresa passa e serão no futuro os responsáveis pelo despedimento de cerca de 50 trabalhadores. Mas se este é um problema por que passa a Securitas, a Serlima, já agora para informação dos Srs. Deputados, deve ser a empresa também que nesta região paga os salários à base do salário mínimo; trabalhar na Serlima é igual a ter salário mínimo, deve ser também a empresa onde os salários mínimos são a regra e não a excepção.

As Sras. e os Srs. Deputados sabem que hoje sinónimo de pobreza não é estar desempregado, há muitos milhares de cidadãos neste País, não cometerei o erro de fazer referência única e exclusivamente à região que embora trabalhando, mas recebendo única e exclusivamente o salário mínimo, vivem abaixo do limiar da pobreza. Não dá para satisfazerem as necessidades mínimas que hoje se colocam como despesas essenciais para qualquer família.

As propostas que aqui são apresentadas, julgamos que a sugestão dada pelo Sr. Deputado Roberto Almada era seguirmos aquilo que normalmente acontece na Assembleia da República quando há mais de uma proposta sobre a mesma matéria, são todas aprovadas, baixam à comissão e aí sim, é feita uma discussão e são encontrados muitas vezes consensos alargados em torno dessas propostas. É uma sugestão que acolheríamos com alguma satisfação e era um sinal também de que estariam disponíveis a discutir e encontrar outros valores que não os 2% que têm sido aplicados em anos anteriores.

Sras. e Srs. Deputados, julgo que pelo acréscimo ao salário mínimo na Região Autónoma dos Açores ser superior à Madeira, não é por essa razão, com toda a certeza, que as empresas têm mais ou menos dificuldades.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Savino Correia, faz favor. O SR. SAVINO CORREIA (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, quando falamos em atribuição de rendimentos

às pessoas e às famílias, naturalmente que todos procuram que se consiga atribuir os valores mais elevados possíveis. Acontece que no que tem a ver com a matéria em apreço, desde o ano 1987 que o Governo Regional fixou a

actualização da retribuição mínima mensal em 2%, sempre fixando assim um valor de 2% sobre o valor base que o Estado em cada ano definia e assim na região foi sempre esta retribuição mínima mensal superior àquilo que era e é fixado no Estado Nacional, pelo Governo da República.

Sabemos que o fundamento desses 2% resulta da correcção de questões relativas à nossa insularidade e aos custos que isso acarreta na vida das pessoas e das famílias, mas também o Governo sabe que assegurar este padrão de rendimentos e fixar esta actualização anualmente nos 2%, sabe que isto funciona como um factor dinamizador dos salários convencionais; significa que temos o conhecimento, a experiência de que a partir da fixação destes valores, eles são não um factor para baixar os salários, mas sim, um factor dinamizador dos restantes salários.

Agora, é evidente que aqui já se ouviu 4 ou 5 versões desta matéria. O Partido Comunista pede 7%, o Bloco de Esquerda 5%, o MPT diz que aumentaria 50%…

O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Não, não disse isso! O ORADOR:- Vou corrigir. Disse que se se aumentasse em 50% ainda era insuficiente… O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Era, era!

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O ORADOR:- Eu não estou a dizer que não! Ouça os meus argumentos. E temos nós aqui uma versão em que se fixa em 2%. Existe a visão ilusória, surreal e a realista. Eu entre a surreal

e a ilusória prefiro a realista… O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- Claro! O ORADOR:- E então vamos ver o seguinte: repare-se que Portugal vive hoje o momento mais difícil e complicado

do ponto de vista económico e financeiro pós 25 de Abril, dizem os reputados economistas. Repare-se que as empresas, estamos a falar no sector privado, não é o público, privado, das empresas privadas,

hoje que eu saiba, falando com os senhores empresários que nos ouvem no Porto Santo ou no Porto do Moniz, passando pelos empresários do Funchal, sabem que o mercado é exíguo, que existe dificuldades em assumir responsabilidades, em contrair dívidas, há dificuldades da banca no acesso ao crédito, há dificuldades em manter o stock, pagar fornecedores. E portanto, o mercado é exíguo, isto é, o poder de compra também não aumentou, antes pelo contrário, tem vindo a diminuir.

Por ouro lado também, temos que nivelar aqui e fazer aqui algum paralelo, alguma relação entre o que se passa no sector privado e no sector público. É que este ano pela primeira vez Portugal assiste a uma redução em média de 3,5 a 10% nos vencimentos dos salários dos funcionários públicos. Portanto, nós temos que combinar o aumento do sector privado, o aumento nestes salários, portanto de acréscimo regional à remuneração mínima, combinar e compatibilizar também com essa situação de redução dos salários ao nível do Estado e da função pública.

Note-se que também aqui este ano a contratação colectiva tem tido alguma dificuldade, por razões que todos nós conhecemos, de conjuntura macro e micro económica em aumentar e fixar valores de actualização salarial iguais ou superiores a 2%.

E curiosamente aqui, eu fico surpreendido é com o argumento que tem sido utilizado por todos os economistas, penso que eles devem perceber perfeitamente esta questão: é que nos Açores esta remuneração mínima é assegurada à volta dos 500 euros. Bom, nós temos Portugal que tem determinado valor, a Madeira vai fixar nos 2%, a actualização em 494.70 euros e os Açores um pouco acima, à volta dos 500 euros.

Ora, aquilo que eu penso, é que eu fico surpreendido com argumentos que aqui são utilizados, repare: na Madeira, estamos a falar que as pessoas atingidas e ainda bem, ainda são bastantes pessoas, enfim, fixa-se com dados que me foram fornecidos em 4%. Os Açores, as pessoas que recebem salário mínimo fixa-se na ordem dos 20%. Significa isto, que nós, na Madeira, apesar de tudo, desde a fixação deste valor podemos verificar que, e eu acho que onde o salário mínimo está abaixo é exactamente nos Açores, e porquê? Por esta razão muito simples: com os fluxos financeiros que têm existido da República para os Açores, é evidente que são dinheiros do Estado e que entram no orçamento regional, mas que depois, por via dos contratos com os particulares, por via das obras, eu julgava que esse fluxo financeiro substancialmente superior ao da região fosse induzido, aquilo que fala John Keynes, o efeito multiplicador, o efeito acelerador da economia, isto é, fosse um factor verdadeiramente indutor da dinamização da economia pela via da repartição ao nível das pessoas e das famílias na economia regional. E isto sim, por esta via, eu acho que não se pedia aos Açores fixação de 500 euros, mas muito mais.

Portanto onde está baixo relativamente aos valores recebidos não é na Madeira, nem em Portugal Continental, é nos Açores, aí é que está baixo. Porque não se compreende com o fluxo financeiro, então, que política económica tem sido essa, que efeito tem tido na economia local para não podermos ter, aí sim, valores mais elevados em termos de rendimento mínimo garantido?

O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Conversa fiada! O ORADOR:- Não, desculpe. É que isto é fundamental… O SR. MIGUEL DE SOUSA (PSD):- A tua é que é boa! Risos do Sr. José Prada (PSD) Burburinho do PSD. O ORADOR:- E eu gostava então que os senhores… O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Não há pobreza, não há desempregados…! O ORADOR:- Oh, desculpe, Sr. Presidente, ordem nisto... Burburinho. Posso Sr. Presidente? O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Faz favor de continuar, Sr. Deputado. O ORADOR:- É assim: eu gostava de saber se alguém nesta Casa tem a coragem de se levantar e dizer que

conhece um país no mundo onde não há pobres, onde não há desempregados. Eu gostava de saber! Eu gostava de saber se alguém nesta Casa se levanta e diz que há algum país onde a repartição da riqueza é

considerada aquela que é adequada, justa e aceite por todos os partidos em cada país. Eu gostava de saber! O estranho é nós estarmos aqui a dizer que não pobres e não há desempregados. Claro que há! O anormal era não

haver.

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Bom, agora deixe-me continuar. É evidente que é fácil às pessoas que não têm experiência, que nunca foram empresários na vida, falar de cor, mas fale para os empresários que nos ouvem na Madeira, os do Porto Santo, os do Funchal, de todos os concelhos e diga-lhes: Olha, eu quero que vocês paguem aos vossos funcionários no final do mês mais7%, diga-lhes, diga-lhes. Diga-lhes!

Porque ser empresário é assumir responsabilidades e hoje em dia o grande desafio que há aqui, aliás, o Governador do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet (penso que é um homem mais habilitado do que alguns de nós na economia), bom, e ele diz o seguinte: uma política de forte…

Comentário de um Sr. Victor Freitas (PS). O ORADOR:- Ouça, ouça. Uma política de forte contenção … Burburinho. Diz assim Jean-Claude Trichet, Presidente do Banco Central Europeu: ”…uma política de forte moderação salarial,

será também muito importante para combater o forte aumento do desemprego…” e aquilo que aqui está a ser colocado em cima da mesa é preocupante, porque as pessoas ao pedirem 5 e 7% não pensam no desemprego que vão causar. É que o pedir os 5 ou 7%, digam aos empresários se eles podem pagar neste contexto de afundamento da economia que se prende muito com a gestão do PS nos últimos 15 anos neste País.

O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Claro! O ORADOR:- E o fundamental, o grande desafio para todos nós, que temos responsabilidade e não somos

demagógicos mas realistas, é manter e assegurar o emprego. E é exactamente para manter e assegurar o emprego que nós achamos que esta medida de aumento desde 1987 é profundamente a medida adequada e realista à nossa conjuntura actual.

Vozes do PSD:- Muito bem! O ORADOR:- Daí que num contexto em que se espera e que muitos economistas admitem como plausível a

entrada em Portugal do FMI, num contexto em que Portugal tem que se endividar até ao final do ano em quarenta e seis mil milhões de euros para pagar dívida, pagar a funcionários, não é para fazer investimentos, nem qualificar serviços, nem requalificar serviços, nem fazer obras públicas, é para pagar dívida.

Um País é como uma família grande: está a gastar todos os meses 150 euros e só tem de receita por mês 100 euros, e continua nesta lengalenga toda a vida, até se afundar, até ir pelas canas dentro, como diz o Povo da Madeira. Até ir pelas canas dentro!

O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- De açúcar! O ORADOR:- Porque não há coragem de endireitar, não há coragem de reformar, mas há coragem de endireitar,

mas há coragem de sermos irrealistas e demagógicos. Eu gostaria de que os senhores empresários, os pequenos e médios empresários da nossa região, que ouçam num

quadro destes em que é preciso fazer mais investimento, pagar fornecedores, pagar energia mais cara, sacrifícios, com dificuldades junto da banca, como é que é possível manter o emprego pedindo aumentos de 7%, 8 ou dizendo que 50% até era pouco?

Portanto, vamos ser realistas e considerar que o aumento proposto, apesar de ser pequeno, é superior ao rendimento mínimo nacional. Nós estamos acima e pagamos acima do nacional.

E se há lugar no País onde devia ser substancialmente mais elevado era nos Açores, mas se não é, vamos explicar por que é que não é, porque eu acho que aí sim, é que está baixo pelas razões que acabei de explicar.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Roberto Almada para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Savino Correia, V. Exa. fez

uma intervenção, teceu várias considerações, chamou a atenção para o facto de os empresários da Região Autónoma da Madeira e as empresas, na sua opinião não poderem comportar um acréscimo que em vez dos 2% que o Governo Regional propõe, fosse, por exemplo, de 5% como propõe o Bloco de Esquerda. Mas V. Exa. esqueceu-se de uma coisa: esqueceu-se dos trabalhadores, esqueceu-se, falou só dos empresários e esqueceu-se dos trabalhadores. Mas é normal, é normal.

Esqueceu-se dos trabalhadores! V. Exa. não se preocupou na sua intervenção, e sei que tem essas preocupações, mas na sua intervenção não se preocupou com o facto de existirem trabalhadores que vão auferir apenas 494 euros e 70 cêntimos, depois de aprovada a proposta do Governo Regional que aqui temos.

E muitas questões se podem fazer a partir daqui: como é que uma pessoa vive com 494 euros e 70 cêntimos? Mas eu nem vou entrar por aí, Sr. Deputado Savino, eu não vou entrar por aí.

Eu quero lhe colocar outra questão. Como V. Exa. sabe porque é um homem atento e é presidente da Comissão de Administração Pública, Trabalho e Emprego, nos termos do acordo de concertação social ficou estabelecido, e espero que o Governo da República uma vez mais não rasgue o acordo que fez porque também tem tido má fé neste processo, sejamos aqui claros, mas no acordo de concertação social que foi assinado com a maioria dos parceiros sociais, o salário mínimo nacional sofrerá várias alterações até perfazer lá para Setembro, Outubro 500 euros.

Comentários do Sr. Savino Correia (PSD).

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Bom, foi um acordo que foi… Burburinho na bancada social-democrata. Eu quero acreditar que isso vai ser cumprido, tenho o direito de acreditar. Não tenho? Tenho o direito de acreditar. O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- Eu também já acreditei no Pai Natal! O ORADOR:- Se isto acontecer, se o salário mínimo nacional perfizer efectivamente 500 euros lá para Setembro,

Outubro, com este acréscimo de 2% na Região Autónoma da Madeira teremos um salário mínimo nacional de 494 euros e 70 cêntimos ou quanto muito nos 500 euros, que não pode ser abaixo do salário mínimo nacional. V. Exa. não acharia melhor acautelar neste diploma que o Governo aqui propõe, que o acréscimo seja já também tendo em conta que em Setembro, Outubro pode ir o salário mínimo nacional para 500 euros? É que se não fizer isso vai ter que vir uma proposta novamente aqui ao Parlamento e poderíamos também atalhar caminho.

Mas Sr. Deputado, a questão também que aqui se coloca é a seguinte: o que o Bloco de Esquerda aqui propõe é que o salário mínimo nacional na região seja apenas mais 14 euros, pouco mais de 14 euros do que o que o Governo Regional propõe. Será por esses 14 euros que a maioria das empresas irá à falência e não poderá pagar este aumento de 5% aos trabalhadores?

Outra questão: O PSD não teria abertura suficiente para, em sede de comissão especializada, pode não ser os 5% que propomos, pode não ser os 7% que propõe o PCP, eu admito que não seja, para poder ir um pouco mais acima dos 494 euros e 70 cêntimos que agora põe e chegarmos aos 500 euros neste momento, dando a região um exemplo e dando efectivamente um sinal aos trabalhadores que é possível chegar aos 500 euros, ao contrário do que foi feito com o Governo da República que rasgou o acordo que tinha sido estabelecido para que chegasse aos 500 euros o salário mínimo nacional este ano? Não poderíamos nós, dar o exemplo de fixar em 500 euros o salário mínimo nacional na região e chegarmos a essa barreira psicológica que há muito tempo é almejada pelos trabalhadores e pelas suas organizações representativas?

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Savino Correia, para responder. O SR. SAVINO CORREIA (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, eu entendi aqui três questões e vou começar

pela primeira. A primeira é que a grande preocupação do Governo Regional em fixar os 2% e ter uma proposta que se considere razoável e que mesmo assim mantém os 2% desde 1987 e manteve em situações mais vantajosas e mantém agora nesta conjuntura mais favorável os 2%, é exactamente porque considera que é a melhor forma de manter a saúde das empresas, é a melhor forma de assegurar o posto de trabalho e é a melhor forma também de combater o desemprego, porque assim, talvez, muitos empresários possam até receber mais um ou outro funcionário.

Portanto, a preocupação aqui primeira e fundamental são os trabalhadores. Por conseguinte, teses diferentes pedindo aumentos de 5 e 7% é que põem em causa não só os empresários mas

também os trabalhadores, porque os empresários poderão pedir insolvência e os trabalhadores poderão ficar no desemprego.

Nós temos que adequar a política salarial sempre à realidade económica e social de cada momento. E a realidade económica e social de cada momento está perfeitamente analisada e é pública.

Por outro lado, gostaria de lhe dizer que essa questão que coloca dos 500 euros é evidente que foi proposto pelo Governo da República atingindo 2011 os 500 euros. Essa é uma promessa que era para atingir, agora já não se atingiu, pensou-se negociar em Dezembro e Janeiro para se atingir, diz-se que agora vamos rectificar e corrigir lá para Outubro ou Novembro, não sei se vai acontecer. Portanto, nós estamos a falar no campo das hipóteses, não é provável que isso venha acontecer e é mais que provável até que, se corra o ano económico de 2011 e não se atinja infelizmente os 500 euros.

E digo-lhe então se por acaso for feita a correcção dos 500 euros, repare que a tradição governamental regional tem sido sempre de assegurar os 2% sobre o valor nacional. Portanto a base de incidência é que dita o nível de aumento do nosso salário mínimo regional. Naturalmente que se passar do valor actual para os 500 euros em Outubro, naturalmente que sobre os 500 euros teremos que acrescentar e propor novamente os tais 2%, isto é o raciocínio lógico e elementar que vem da tradição daquilo que tem sido feito na região desde 1987.

Por outro lado, eu queria lhe dizer o seguinte: diz que a sua proposta são 14 euros a mais, mas que isso representa muito pouco. Ora, isso é um raciocínio muito elementar e primário, desculpe lá, é básico. Porque é assim, com todo o respeito que tenho por si, porque é um homem que tem preocupações e sensibilidade social, eu tenho que dizer o seguinte: 14 euros, tem que ver primeiro em cada empresa o que é que isso significa: repare, se tiver dez trabalhadores são catorze vezes dez. Portanto, repare, naturalmente que se se aumenta o nível e a massa salarial, o pagamento fiscal aumenta e a segurança social aumenta; feitas as contas o empresário poderá pensar no final do mês: como é que eu faço a minha vida? Como é que eu asseguro os postos de trabalho? Como é que eu passo aquela rapariga que está aqui a tempo precário, não efectivo, para uma trabalhadora efectiva? É termo incerto.

Ora bem, estas questões têm que ser pensadas porque os 14 euros assim em abstracto não representam nada, agora verificar no contexto da empresa e do volume financeiro que isso traduz, pode significar até a inviabilidade financeira da empresa no momento actual. Porque basta falar com os senhores empresários e perceber dos empresários a preocupação que eles têm com manter o estabelecimento e os postos de trabalho e preocupam-se em falar com os trabalhadores e perceber a preocupação e o medo que têm em perder o seu posto de trabalho.

Daí, que aquilo que aqui é fundamental é a síntese das suas vontades, é a cooperação entre os empresários e os trabalhadores por forma a assegurar a saúde e a viabilidade das pequenas e médias empresas, duma forma que, quer os empresários por um lado, quer os trabalhadores por outro, possam assegurar, enfim, as suas vidas. E assim poderem continuar a viver num clima de equilíbrio, de alguma razoabilidade e de responsabilidade.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Roberto Vieira para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Savino, defendeu e

defendeu muito bem os empresários. É verdade que há empresários que pretendem manter os postos de trabalho, mas a verdade é que nos Açores este valor de subsídio mínimo é superior ao da Madeira e nos Açores não são só empresas chinesas a laborar. Existem empresários na hotelaria, restauração, comércio e outros serviços e estes valores já ultrapassam em muito os valores que são pagos na Madeira e essas empresas ainda não fecharam.

O Sr. Deputado acha que é por ser de outra cor política que os Açores beneficiam os seus trabalhadores? O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Savino para responder, tem a palavra. O SR. SAVINO CORREIA (PSD):- Sr. Presidente. É evidente, de facto é uma situação que me parecer que é da maior irracionalidade. É assim: há dias eu li no diário

(foi esta semana) num diário, mas de âmbito nacional… Risos do Sr. José Prada (PSD). …o seguinte: que, sim senhor, cortou-se o salário da função pública e portanto o Governo Regional vai compensar.

E agora, o Governo criou mais um diploma na Assembleia Regional e que diz que vai compensar a administração local, isto é, imagine o seguinte: uma coisa francamente notória, é facultativo. As câmaras que querem pagar, pagam, as que não podem pagar, não pagam. E então eu não percebo, vai ter uma câmara ao lado onde os funcionários têm um complemento, a outra ao lado, a câmara não paga, os funcionários não têm complemento.

Portanto não há aqui uma leitura única, razoável e equilibrada do sistema. E aquilo que o Sr. Deputado está a apontar é exactamente nisto: nós podemos aumentar até em 15%, e haveria empresas que poderiam pagar, mas se calhar eu mantenho quatro abertas e fecho 99%…

O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Claro! O ORADOR:- E, portanto, nós temos que funcionar é pela razoabilidade e o equilíbrio das coisas. Portanto, logo nos Açores acredito que há empresas… e é como lhe digo, eu estou admiradíssimo pelo valor

financeiro nos Açores do ordenado mínimo ser tão baixo. Acredite. Porque aquilo que eu falei ainda há bocado aqui, quem ler um bocado o Jonh Keynes, sabe muito bem que a introdução de um factor na economia, neste caso de fluxo financeiro, a importância que isso tem na dinamização da vida económica, desde que seja bem empregue. Está a ver: o efeito acelerador, o efeito multiplicador, significa que depois há mais distribuição de rendimentos das pessoas e das famílias, dinamiza o mercado e portanto, logo os empresários ganham mais, podem pagar valores superiores, isto é um raciocínio elementar.

Agora, é evidente que uns poderão suportar aumentos de 15% e até de 50%, mas há uns que não podem empresários e empresas suportar aumentos de 3%.

E portanto, nós temos que ter aqui um factor de ponderação e de equilíbrio, dizendo assim: com 2% nós vamos manter o tecido empresarial a funcionar com alguma razoabilidade, sensatez e equilíbrio, porque as empresas que podem pagar 5 ou 6%, se pagarem 2%, poderão estar em condições de aumentar também, repare, receber mais funcionários. Mais, poderão aumentar o volume de negócios, poderão investir mais numa loja ou num estabelecimento. E portanto isto é dinamização da economia.

Agora, o Sr. Deputado por essa via está a asfixiar e a matar a economia com esse raciocínio. Portanto, nós temos que pensar ao contrário.

E portanto, não se pode querer gerir e administrar com este tipo de política casuística. Oh, para aquela é 7%, para aquela é 10%, para aquela é 20% e tu podes pagar 100%. Não é assim. Nós temos que estabelecer um valor médio, um valor que se considera o valor adequado, certo para manter a paz social, promover o emprego, assegurar o emprego, dinamizar a economia, abrir mais estabelecimentos, motivar os empresários e sobretudo, sobretudo…

Comentários do Sr. Victor Freitas (PS). O ORADOR:- Escute. Agora, o Sr. Deputado está a perder um raciocínio muito básico que é o seguinte: quando… Uma voz:- Para variar! O ORADOR:- Para variar…Quando se fala em 500 euros não quer dizer que o empresário está obrigado a pagar

500 euros. Este é um valor referência, abaixo é que não, acima e muito para cima, tudo bem, depois isso tem a ver com os acordos da empresa, isso tem a ver com a contratação social, isso tem a ver com a sensibilidade do empresário, com os factores de incentivo e de motivação do empresário com os seus funcionários. É com a política da empresa, é com a visão empresarial do empresário. E nós queremos que seja assim.

Nós queremos que tenhamos o valor referência de “xis”, mas que os senhores empresários percebam que sem os trabalhadores não são ninguém. Que sem os trabalhadores, os senhores empresários não podem ter as portas abertas, que sem os trabalhadores não podem ter paz social, que sem os trabalhadores os seus estabelecimentos não podem laborar. E isto é que é importante, esta sensibilidade que reflecte a sensibilidade económica, mas sobretudo uma forte sensibilidade empresarial e social.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado.

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Sr. Deputado Carlos Pereira para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Savino Correia, confesso

que estive bastante atento a ouvi-lo na sua intervenção e devo dizer que subscrevo parte das suas declarações, nomeadamente aquelas em que V. Exa. defende de uma forma convicta aquilo que é o valor do sector privado e aquilo que é o papel das empresas no aspecto fundamental de criação de emprego e de criação de riqueza.

Parece-me que isso é de facto o registo certo, não é o registo do PSD, não é o registo do Governo que V. Exa. suporta, mas é o registo certo, porque nós conhecemos bem aqueles que têm sido os obstáculos levantados pelo Governo do PSD para termos um sector económico competitivo, que seja realmente competitivo neste mercado global cada vez mais exigente, e esses obstáculos têm sido obviamente levantados pelo Governo do PSD e infelizmente não têm sido trabalhados de uma forma consciente, com a necessidade de criarmos de facto um ambiente empresarial mais profícuo, mais competitivo e que crie mais riqueza.

Mas vamos ao que interessa e vamos sobretudo àquilo que são algumas das explicações que deu, não sei se por falta de informação, mas que de facto não correspondem à verdade e permita-me que diga isto.

Não é obviamente, não chega obviamente ao cúmulo de eu ter que fazer uma observação como fez o Sr. Vice-Presidente do Governo, que recentemente disse que nós, porque somos ricos, não podemos ter salários mais altos, não podemos ter impostos mais baixos, não podemos ter combustíveis mais baixos e os Açores podem porque eles são pobres.

Ora, esta, não chego aí. Ou seja, o Sr. Deputado não chegou a esse nível de avaliação do estado da nossa economia e ainda bem, aliás, porque isso significaria que andava a estudar economia numa espécie de Readers Digest, não sei se foi isso que o Sr. Vice-Presidente andou a fazer. Agora, há coisas que merecem clarificação, Sr. Deputado! E a primeira clarificação tem a ver com o primeiro erro que V. Exa. cometeu na sua intervenção que foi dizer que achava que aquilo que tinha sido a injecção que o Governo Regional fez junto nomeadamente das classes mais desfavorecidas, estamos a falar de política social, podíamos falar de outras, não teve impacto na economia. Ora, não é verdade, Sr. Deputado.

E não é verdade porquê? Comentários do Sr. Savino Correia (PSD). Pois não sabe. V. Exa. falou sem saber e ai está o primeiro erro e por que é que eu digo isto? Porque se V. Exa. consultar as estatísticas do INE – tão simples como isso, como os senhores gostam – e for olhar

àquilo que é o crescimento real da economia, não é o crescimento nominal, real ou seja, retirando a inflação, o que nós percebemos é que em 10 anos, em 10 anos de 2001 até 2009, temos dados disponíveis, o crescimento da economia real nos Açores foi de 2,6%, enquanto o da Madeira foi 2,4. Ou seja, a dinâmica da economia e do PIB, como os senhores gostam de falar, no quadro da Região Autónoma dos Açores…

Comentário de um Sr. Deputado do PSD. O ORADOR:- Caro Deputado, estamos a falar de injecções que foram feitas nos últimos 10 anos. Eu quero lembrar

aos Srs. Deputados nesta Sala que a política social que o Governo de Carlos César implementou tem o seu ponto principal em 2000, quando lança um decreto de criar um fundo de compensação e a partir daí cria uma série de motivos de compensação para os trabalhadores e para as famílias. Ou seja, o que está aqui em causa é falar a verdade, nós não estamos a falar que o PIB da Madeira, e não corra esse erro, eu estou a ver os conselhos que os Srs. Deputados estão a lhe dar, não corra esse erro, Sr. Deputado Savino, porque não vai me dizer, porque isso é mais um erro…

Burburinho do PSD. Eu já estou a antever, e como gosto muito do Sr. Deputado Savino, eu não quero que ele corra esse erro de

cometer mais uma argolada na sua intervenção, que é dizer que o PIB da Madeira é muito mais elevado, o PIB da Região Autónoma dos Açores é mais baixo, portanto o crescimento foi maior. Isso é um erro, porque o que o Sr. Deputado disse na sua intervenção foi que não viu dinâmica na economia com a intervenção social do Governo Regional dos Açores. Eu estou a lhe provar que a dinâmica da economia existiu e foi até mais que os Açores. Eu não lhe estou a dizer, porque não vou correr esse erro, porque eu não sei nem o Sr. Deputado sabe, se o aumento maior do PIB real dos Açores decorreu da intervenção social. Eu não sei.

Agora que ele é visível quando se lê as estatísticas do ponto de vista do crescimento do PIB, isso não há dúvidas nenhumas, o PIB real dos Açores nos últimos 10 anos cresceu mais do que o PIB real da Madeira.

E portanto essa sua observação de que não há… Protestos do PSD. …influência, peço desculpa, o Sr. Deputado está errado. Vamos continuar com as suas intervenções na área económica. V. Exa. disse com convicção, e eu volto a dizer Sr. Deputado, eu também estou convicto disso, é preciso ter

cuidado e eu fiz uma pergunta ao Sr. Deputado Leonel Nunes, é preciso ter cuidado que política de salários e preço implementamos quando queremos ter uma economia competitiva. É preciso ter cuidado, ponderação e equilíbrio, isto é fundamental, mas isso não é o que os senhores têm, desculpe lá, Sr. Deputado. Não é o que o Governo do PSD tem. O Sr. Deputado fez um discurso, mas não falou da prática, o discurso está perfeito, actual, muito bem. Mas não falou da prática e sobretudo introduziu contradições naquele que é o seu discurso e o que é a prática. E isto é que é grave.

Porque repare, Sr. Deputado, eu faço-lhe um desafio e vou junto consigo perguntar a cem empresas, cem empresas da Madeira, não é a uma, nem duas, nem três, nem quatro, nem cinco, a cem empresas da Madeira, se

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preferiam, tinham duas opções, a economia faz-se de opções, escolhas, temos que escolher, tinham duas opções e o Governo dizia assim: meus caros amigos, há duas opções: ou os senhores aceitam o aumento de 7% e eu vou até para a taxa máxima, proposta pelo Deputado Leonel Nunes, pelo PCP; ou aumentam 7% de aumento para os salários mínimos ou, em alternativa, nós vamos resolver aqui umas coisinhas que não estão a funcionar designadamente, vamos resolver de uma vez por todas o pagamento a tempo e horas às empresas. Vamos resolver de uma vez por todas o garrote que estamos a fazer às empresas e que provoca nas finanças das empresas, na tesouraria das empresas, nos custos finais das empresas problemas bastante mais graves do que os 14 euros que V. Exa. acabou de referir relativamente à proposta do Deputado Leonel Nunes. Não tem comparação possível aquilo que é o aumento de 14 euros relativamente ao ordenado mínimo nacional com aquilo que são os custos financeiros que as empresas têm que suportar pelo garrote que o Governo impõe às empresas da Região Autónoma da Madeira.

E portanto Sr. Deputado, eu desafio-o: vamos juntos e eu sei obviamente qual é a resposta, e o Sr. Deputado conhece destas coisas como disse, também sabe qual é a resposta, obviamente que os empresários preferem que sejam resolvidas as questões financeiras.

Mas há aqui uma outra contradição, Sr. Deputado! O Sr. Deputado referiu que a massa salarial da retribuição mínima mensal na Madeira é apenas 4%. Sr. Deputado, eu vou confessar que eu aí não cheguei, fui mais preguiçoso que V. Exa. Eu não sei se é 4%, se é 10, não faço ideia. Eu aí não cheguei. Mas convenhamos que isso é uma enorme contradição, se é 4% onde é que está o dilema do Governo Regional em garantir que esses 4% tenham uma actualização da sua retribuição mensal ao nível adequado para uma região que é, de acordo com V. Exa., uma região rica? Outra contradição do seu discurso.

Mas continuando. V. Exa. não ficou por aqui e devo dizer que ainda avançou com a questão relacionada com as dívidas do Continente, do País e disse várias vezes, aliás, hoje disse várias vezes como os seus colegas costumam dizer, que é impensável, é impensável, como é possível que um País peça dinheiro para pagar dívidas? É verdade eu acho, é impensável, é impensável, mas vamos falar um bocadinho da Madeira Sr. Deputado se me permitir, se me permitir…

O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Não é a mesma coisa! O ORADOR:- …vamos falar um bocadinho da Madeira. Se me permitir chegarmos um bocadinho àquilo que é a

real politique regional que V. Exa. obviamente também conhece bem… Burburinho do PSD. Nós estamos neste momento perante uma das piores situações do ponto de vista da gestão financeira da Região

Autónoma da Madeira, se não mesmo a pior de todos os tempos. O Governo Regional tem espatifado milhões e milhões de euros, milhões e milhões de euros, Srs. Deputados, em investimentos e em custos e em desperdício que não trouxeram nada à Região Autónoma da Madeira, não trouxeram nada aos cidadãos da Madeira.

O Governo Regional há anos que o défice do orçamento regional, o défice primário do orçamento regional ou seja… Comentários do Sr. Savino Correia (PSD). Protestos do PSD. O ORADOR:- Oh, Sr. Deputado, ouça, ouça que é para podermos estar a responder em conformidade. Eu peço

que ouça, que eu ouvi-o com atenção para poder responder com atenção e para não cometer nenhum erro relacionado com a sua intervenção.

É preciso falar claro sobre a Madeira, Sr. Deputado. Nós estamos a falar da Madeira, nós estamos a falar de uma proposta que supostamente deverá ser paga pelo Orçamento Regional e o Sr. Deputado referiu…

Uma voz:- E ainda não falou dos Açores! O ORADOR:- Mas ainda vou falar; Sr. Deputado, não se preocupe! …a dívida do País, e que a dívida do País era uma chatice e eu confesso que nós temos um orçamento próprio,

que nós temos receitas próprias, que nós temos dívidas próprias e são muitas que nos chegam para termos obviamente uma chatice significativa se fôssemos, por exemplo, uma região independente como V. Exa. naqueles laivos de vez em quando ou como V. Exas. nos laivos de vez em quando falam, se tivéssemos uma independência, se fossemos independentes…

Protestos do PSD. …sabe lá Deus quem é que nos acudia, teríamos aqui com certeza uma comissão administrativa do FMI, não era

uma intervenção, era uma comissão administrativa sentada na Quinta Vigia para resolver este desastre, porque realmente não é possível sequer pensar de outra maneira. Aliás, é bom que se saiba que a Madeira ou está de mão estendida, e é bom que se diga isto de forma clara, de mão estendida para a República nos próximos anos ou teremos um problema significativo e o problema não é para V. Exas.. Aliás, isto faz me lembrar a música que todos nós conhecemos do António Variações “Quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga”.

E o problema é que a vossa cabeça não teve juízo e quem paga é o corpo do povo que terá que pagar infelizmente estas loucuras todas que estão em cima da mesa e que V. Exa., Sr. Deputado, resolveu refugiar-se naquilo que é a dívida da República.

Sr. Presidente, Sr. Deputado, rezem, rezem para que a República consiga assegurar a sua solvabilidade; rezem para que a República consiga garantir, que mantém, rezem, rezem, Sr. Deputado, que mantém a sua estabilidade

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económica; rezem e façam o vosso modesto contributo para isso. Porque se por alguma situação a República não conseguir garantir isso, eu quero saber qual vai ser a vossa posição. Eu quero saber qual vai ser a vossa posição!

E portanto, a questão essencial é a Região Autónoma da Madeira tem ou não tem condições para fazer isto? Mas continuando, Sr. Deputado, relativamente às questões que foi colocando, há outra que eu queria referir: esta

retribuição mínima mensal está estabelecida pelo Decreto-lei de final de Dezembro na ordem dos 485 euros. Estes 485 euros não são aqueles que estavam previstos inicialmente, estavam previstos 500 euros, já foi dito aqui várias vezes e não chegámos aos 500 euros, ficámos nos 485 euros. Mas a evolução, a evolução que foi possível fazer pelo governo do Engenheiro Sócrates ao longo deste ano é uma evolução significativa, que eu devo dizer, deviam corar de vergonha os senhores que estão a discutir 2% que são 7 euros, deviam corar de vergonha os senhores que falam de política social e que estão a discutir 7 euros de aumento de retribuição mínima mensal, porque eu devo lembrar que em 2007, que foi nessa altura que houve o acordo tripartido para garantir este aumento da remuneração mínima mensal, em 2007, o salário era 385 euros, e nós estamos a falar de 20 euros de aumento que é um aumento significativo feito em apenas três anos pela iniciativa do Governo de Sócrates.

Agora, há aqui um outro dado que é relativamente absurdo que é: nós chegarmos à conclusão… há outro dado absurdo, Sr. Deputado, que é nós chegarmos à conclusão que o Governo da República tem previsto com a concertação social que, em Maio e Setembro, Sr. Deputado, haverá actualização deste salário. Ou seja, nós estamos em 485 euros, o contexto económico e social é um contexto que V. Exa. disse e bem difícil e portanto o governo disse: bom, vamos chegar a um acordo, vamos ficar nos 485 euros e em Maio fazemos uma primeira revisão, em Setembro fazemos uma outra revisão e então vamos chegar ao absurdo, Sr. Deputado, que é o absurdo…

Uma voz do PSD:- O absurdo! O ORADOR:- …de se de facto em Maio… é absurdo, Sr. Deputado. Eu vou lhe explicar porque se estiver atento e

não fizer comentários quando eu estiver a falar. Portanto o absurdo, Sr. Deputado Savino,… Comentário de um Sr. Deputado. O ORADOR:- …é que nós estamos a discutir, o Sr. Deputado apresentou aqui uma proposta de 2% de aumento

que é o aumento de 7 euros, perdão de 5 euros. Ou seja, nós em Maio se o Governo tiver condições ou Setembro se tiver condições para passar a retribuição mínima mensal para 500 euros, é a República que aumenta o salário mínimo em 15 euros, é a República que dá o sinal que está disponível para aumentar em 15 euros o salário mínimo e esta Região Autónoma, que é uma região desfavorecida, com condições difíceis do ponto de vista da sua sustentabilidade, que tem problemas permanentes, que é ultraperiférica, tem dinheiro para fazer isso, recebeu imenso dinheiro da Lei de Meios, tem dinheiro da União Europeia, tem custos da ultraperiferia que são financiados pelo Governo da República, não dá um cêntimo a mais aos trabalhadores que têm a retribuição mínima mensal. Isto é um paradoxo, Sr. Deputado. Isto é um paradoxo que ninguém compreende. Ninguém compreende.

Mas há mais, Sr. Deputado, há mais. V. Exa. terminou a sua intervenção dizendo algo que me parece, que eu julgo que é o corolário das contradições da sua intervenção. Na sequência de uma pergunta do Sr. Deputado Roberto Vieira, V. Exa. referiu na sua discussão que os Açores até fez uma coisa perfeitamente patética, que foi, não foi essa a expressão que utilizou, que foi: deu instruções às câmaras, às autarquias, elas podiam fazer, mas não tinham que fazer e portanto aquilo anda tudo ali e ninguém sabe muito bem o que é que vai fazer. Muito bem.

O que é que se passa na Madeira? Santa Cruz, manda aumentar salários. Muito bem. Coerência, Sr. Deputado, coerência partidária! E sabe quanto? E sabe quanto? 50 a 60 euros mensais, não são 7 euros…

Uma voz do PSD:- Quando? Quando? O ORADOR:- Quando? Quando? Data de 25 de Julho de 2010, manda aumentar salários. Mas não é só. Manda aumentar salários para 2011… O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Aaaaaaaah! O ORADOR:- Mas continua, Sr. Deputado! Santa Cruz, Ponta do Sol, Calheta, São Vicente vão aumentar salários

aos funcionários públicos. Uma voz:- É mentira! O ORADOR:- Sr. Deputado, mas que coerência, que credibilidade… Uma voz:- isso é do Blandy! Isso é mentira! O ORADOR:- …estamos a falar de quê? Estamos a falar de quê nesta Sala? Estamos a falar de uma total

incoerência relativamente aos argumentos que V. Exa. apresentou até porque que os aumentos salariais que estão previstos nestas propostas que aqui estão feitas pelas autarquias não são aumentos de 5 euros, são aumentos de 50, 60 e 70 euros, Sr. Deputado…

Comentários de um Sr. Deputado do PSD. O ORADOR:- E isto não faz nenhum… o que o Sr. Deputado fez aqui foi um exercício de serviços mínimos da

política social da Madeira só que se esqueceu de analisar que no seu partido há pessoas, há governantes, há pessoas

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com responsabilidades nas autarquias regionais a marimbarem-se completamente para os serviços mínimos da política social do governo e isto tem que ser denunciado.

Hoje ouvimos um Sr. Deputado muito acutilante de manhã que tinha que denunciar as loucuras, as contradições do Partido Socialista. Isto tem que ser denunciado, tem-se que denunciar que o Partido Social-Democrata da Madeira não tem política social, não tem…

Burburinho do PSD. …rumo, não tem organização, não sabe o que é que quer, maltrata os trabalhadores e condiciona as empresas da

Madeira a um garrote infinito que as transforma obviamente reféns cada vez mais desta situação lamentável que é a economia regional.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu disse que ouvi com atenção a explicação do Sr. Deputado Savino Correia, fi-lo com toda a honestidade procurando encontrar coisas positivas naquilo que era a explicação do Sr. Deputado Savino Correia, mas infelizmente encontrei contradições.

E sobretudo encontrei aqui os fundamentos para que o Partido Socialista na Madeira faça um desafio ao partido Social-Democrata: esta matéria não pode ser alvo destas contradições políticas e deste achincalhamento político, porque ninguém ganha com isto. Nós estamos a falar de uma coisa séria, nós devíamos no quadro daquilo que são as propostas que estão em cima da mesa, no quadro daquilo que são propostas que o próprio Partido Socialista irá apresentar nesta matéria, Sr. Deputado, o Partido Socialista, consciente das dificuldades que a Madeira tem, apresentou uma proposta evolutiva, vai apresentar uma proposta de 3%, 4%, 5%, mas é preciso discutir isto de forma séria e não com argumentos contraditórios que não colam com a nossa realidade.

Mas há mais, Sr. Deputado, há mais e há mais de uma forma muito grave que é o seguinte: nós não podemos compreender e ninguém pode compreender que…

Comentário do Sr. Medeiros Gaspar (PSD). O ORADOR:- …as contradições, Sr. Deputado Medeiros Gaspar, que as contradições venham em catadupa,

porque nós não percebemos, de repente está tudo certinho, tudo organizado e são contradições atrás de contradições. A última, Sr. Deputado Savino, foi dada pelo vosso Deputado, o Dr. Guilherme Silva, na Assembleia da República.

Ora, o Sr. Presidente do PSD, o Dr. Pedro Passos Coelho numa declaração que me parece razoável, não vou dizer boa, mas que me parece razoável disse que é preciso ter em atenção com o que se passa com as empresas públicas, que é preciso – disse-o mais, foi mais longe –, que é preciso fechar as empresas públicas que têm passivo.

Bom, a primeira consequência seria de imediato fechar 90% das empresas públicas da Região Autónoma da Madeira, como pode imaginar, porque o passivo das empresas públicas da Região Autónoma da Madeira é superior a três mil e seiscentos milhões de euros, Sr. Deputado. Estamos a falar de dois orçamentos regionais e o Dr. Pedro Passos Coelho diz que é preciso fechar. O que é que disse o Dr. Guilherme Silva?

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Medeiros Gaspar, o que disse o Dr. Guilherme Silva? Comentários do Sr. Medeiros Gaspar (PSD). O ORADOR:- O Dr. Guilherme Silva disse isto, disse esta coisa fantástica: fecho das empresas só no Continente.

Perfeito! Perfeito! Agora, vamos ver os argumentos, vamos ver os argumentos! Os argumentos do Dr. Guilherme Silva, espero que

não sejam os seus quando tiver oportunidade de falar, Dr. Savino, é que “existe um atraso insular no pós 25 de Abril que está na origem de uma intervenção mais activa do Governo Regional como motor da economia”. Ou seja, traduzindo isto por miúdos…

Comentários do Sr. Medeiros Gaspar (PSD). O ORADOR:- …diz ainda que “a Madeira é ainda mais prejudicada com a crise e portanto tem que ter políticas

distintas”. Sr. Deputado, ninguém percebe o PSD, ninguém percebe o PSD. Então vêm a esta Casa e dizem assim: nós não

temos condições de não ser solidários com a República. Nós não temos condições de não baixar os salários da administração pública. Mas nós temos condições de manter o regabofe nas empresas públicas. Mas nós temos condições de manter o despesismo e o desperdício absolutamente inadmissível nas sociedades de desenvolvimento. Mas nós temos condições para manter empresas abertas e ninguém sabe para que é que servem, nem ninguém sabe o que é que fazem. Mas nós temos condições para continuar a transferir milhões e milhões de euros do Orçamento Regional para aguentar essas empresas.

E agora vamos a números, Sr. Deputado, vamos a números! O Sr. Deputado sabe quanto é que está inscrito no Orçamento Regional para transferir para as sociedades de desenvolvimento, Sr. Deputado? Sabe quanto é que é que está inscrito?

Uma voz:- Mais ou menos! O ORADOR:- Mais ou menos? São onze milhões de euros, Sr. Deputado. Sabe quanto é que custava à região não

baixar salários? Sabe quanto é que custava à região não baixar salários da administração pública regional? Custava menos de cinco milhões de euros, Sr. Deputado. Dava para dois anos, para manter um clima de estabilidade social na administração pública regional.

O Governo Regional optou, eu disse há bocadinho e volto a dizer, há opções políticas que são tomadas. O Governo Regional optou sacrificar os funcionários públicos e não sacrificar empresas como a Sociedade Ponta Oeste, a

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Sociedade Metropolitana, a Sociedade Norte e que pura e simplesmente são muitos bancos falidos que consomem os recursos financeiros dos madeirenses, que vão literalmente ao bolso dos madeirenses.

Esta foi uma opção clara do PSD. Esta foi uma opção clara do PSD que os madeirenses têm que saber. Temos que denunciar nesta Casa aquilo que faz o PSD e quais são as suas opções políticas. Opção política do PSD foi sim às sociedades de desenvolvimento e ao regabofe do desperdício financeiro, não à manutenção dos salários dos funcionários públicos na Região Autónoma da Madeira.

O Governo do PSD deu uma facada nas costas dos funcionários públicos. O Governo do PSD alimentou uma máquina da administração pública durante anos, fê-lo não porque estava preocupado com os funcionários públicos, fê-lo pois quis montar uma máquina absolutamente poderosa, eleiçoeira e não para beneficiar os funcionários públicos.

Agora, o Governo prefere substituir o bem-estar destes funcionários públicos por manter empresas como as sociedades de desenvolvimento, completamente despesistas e a criar situações absolutamente inadmissíveis à economia.

Sr. Presidente, Sras. Srs. Deputados, volto a dizer: quando se faz acusações sobre contradições é preciso saber que não se tem telhados de vidro. Quando se faz acusações sobre contradições, como eu ouvi hoje e loucuras como eu ouvi hoje, é preciso saber que não se tem telhados de vidro, Sr. Deputado.

Protestos do Sr. Medeiros Gaspar (PSD). O que V. Exa. fez hoje é miserável, porque V. Exa. hoje, miserável, porque V. Exa. hoje de manhã ousou usar o seu

tempo de antena a fazer o que faz sempre o PSD, que é achincalhar, acusar as pessoas, denunciar aquilo que não devia estar nesta Casa a ser discutido, mas sim os problemas dos madeirenses.

Mas quando vamos assistir a uma intervenção importante do responsável por um decreto apresentado pelo Governo Regional, do aumento de uma retribuição mínima mensal que é obviamente muito pouco para aquilo que é a situação actual, assistimos a um chorrilho de contradições, a um completo desnorte do ponto de vista daquilo que é a argumentação séria para uma matéria desta natureza.

Nós não podemos deixar isto passar despercebido. O PS-Madeira não vai permitir de maneira nenhuma que esta situação seja passada despercebida e que possa de alguma forma impedir que haja uma solução melhor para os madeirenses.

E por isso volto a dizer: desafiamos o PSD. Nós estamos disponíveis para discutir aquilo que é a retribuição mínima mensal adequada, mas essa discussão não deve ser feita apenas sobre esta matéria, tem que ser feita com matérias que afectam significativamente, como disse e bem o Sr. Deputado Savino, o estado da economia regional.

Nós estamos a definhar, Srs. Deputados, as empresas da Região Autónoma da Madeira estão a definhar, têm problemas significativos e o Governo Regional continua a assobiar para o ar, sobretudo nas matérias em que ele próprio é responsável.

Nós sabemos que há matérias que são obviamente da responsabilidade do foro externo, mas há um conjunto significativo de matérias que são da responsabilidade da governação, que são da responsabilidade de anos e anos de governação absolutamente inadmissível, que hoje estão a afectar seriamente o estado da economia regional e sobretudo o estado do sector privado. Portanto é indispensável que se fale claro sobre esta matéria.

Os senhores não querem apoiar os funcionários públicos, os senhores não querem olhar para as empresas privadas, os senhores querem apenas manter o regabofe na administração pública regional e querem manter o despesismo e o desperdício. É isso que está plasmado no Orçamento Regional de 2011, Sr. Deputado. O Orçamento Regional de 2011 é muito claro, não deixa margens para dúvidas, os senhores resolvem atirar tudo o que é austeridade em cima de famílias, quer sejam funcionários públicos, quer sejam aqueles que têm que suportar impostos mais elevados do que suportam, por exemplo, os nossos conterrâneos açorianos, os senhores fazem isso e não aplicam nenhuma austeridade sobre aquilo que é verdadeiramente significativo.

E continuamos a ter um regabofe interminável do ponto de vista daquilo que é a utilização da despesa pública e a utilização da saúde das empresas.

Queria terminar esta primeira intervenção… Vozes do PSD:- Está bem! O ORADOR:- …dizendo que ainda ontem a expressão clara do desconforto, da desorientação, da total inaptidão

para fazer o que quer que seja no futuro, foi o que assisti ontem por parte do Sr. Presidente do Governo Regional e do Sr. Deputado Jaime Ramos enquanto presidente da Assicom num jantar de empresários.

Ora, a conclusão que se pode tirar daquele jantar e aquela reflexão profunda foi o Sr. Presidente do Governo Regional, secundado pelo Sr. Deputado Jaime Ramos, porventura aconselhado pelo Sr. Deputado Jaime Ramos, não sei, não interessa, não é relevante…

Protestos do Sr. Jaime Ramos (PSD) O ORADOR:- …que o que devia ser feito era apertar os bancos, isto é uma coisa fantástica! O SR. MIGUEL DE SOUSA (PSD):- É, é! O ORADOR:- Neste momento as empresas estão a esfregar as mãos porque o Governo Regional vai resolver tudo,

vai apertar os bancos. Nós não sabemos bem, nós não percebemos bem como é que o Sr. Presidente do Governo vai apertar os bancos, não percebemos bem, quer dizer, vai apertar os bancos, não sabemos bem se é do género como fez o Sr. Chávez, que pegou no telefone, telefonou para o presidente do banco e disse: então, o senhor faça isto ou amanhã eu nacionalizo. Não percebemos bem se foi isto, ou não percebemos bem, aliás, se também foi um desespero do Sr. Presidente do Governo Regional, “brifado” pelo senhor líder parlamentar enquanto presidente da Assicom, que

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percebeu que tinha de repente de fazer alguma coisa sobre a sua insolvabilidade, sobre a sua ausência de tesouraria, sobre o espatifanço que fez dos recursos públicos e agora culpa os bancos.

Naturalmente que os bancos sabem o que fazem, nós sabemos disso, os bancos olham para a Região Autónoma da Madeira e olham para a economia da Região Autónoma da Madeira, mas sobretudo olham para a governação da Região Autónoma da Madeira e observam os argumentos e o plano futuro para sairmos deste problema e ficam assustados e então a primeira decisão é: dinheiro para o governo nem mais um tostão, esperem pela Lei de Meios. Enquanto não vier a Lei de Meios, não há mais financiamento para fazer essas loucuras que para aí andam. Esta é a decisão dos bancos, Sr. Deputado. O Sr. Deputado sabe isso, está a olhar para mim porque sabe disso, sabe que é exactamente assim.

E mais, os bancos julgo eu, dizem, dizem por aí, eu não sei, que os bancos fizeram um apelo ao Sr. Presidente do Governo: não saia agora, não saia agora, não saia agora, porque aquilo que eu vejo ali à volta, os delfins todos e tudo quem está pronto para entrar neste governo jamais tem capacidade de aguentar isto, porque V. Exa. ainda é o único que consegue ir à banca buscar uns dinheirinhos!

Burburinho geral. Isto é o estado a que nós chegamos, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nós chegamos a um estado em que o

Presidente do Governo Regional diz que vai resolver o problema que é apertando a banca. Eu tenho a certeza, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que os empresários estão todos sossegados, sentados na sua

cadeirinha à espera que o Presidente do Governo vá apertar a banca e resolva o problema dos empresários. Isto é a maior patetice que já assisti nesta Região Autónoma da Madeira, na Região Autónoma da Madeira de um governo sério, responsável e não neste populismo absolutamente inadmissível e que obviamente não resolve nada. É este o futuro que nos aguarda.

Mas finalmente lembrar aquilo que disse o Presidente do Governo num fórum da Juventude Social-Democrata; disse isto, e isto é fantástico. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o povo tem que ficar sossegado em casa, porque com isto estamos à vontade. O Sr. Presidente do Governo disse isto: votem em mim e sejam agradecidos porque eu pus a Madeira, porque eu infraestruturei a Madeira. Ou seja, votem no passado, não votem no futuro, votem no passado porque sobre o futuro não sei absolutamente nada, sobre o futuro não sei absolutamente nada e isto é o sinal do desnorte, do desacerto, da total inquinação que está a economia regional e a governação regional.

E por isso, volto a dizer aquilo que disse o António Variações: quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga. E neste caso são os madeirenses que pagam.

Burburinho do PSD. Aplausos do Sr. André Escórcio (PS). O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Savino, faz favor. O SR. SAVINO CORREIA (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, nós estamos aqui a discutir o aumento de 2%

proposto pelo governo relativamente ao salário mínimo regional, que é um valor que se situa acima do salário nacional. Mas eu quero começar por responder de uma forma muito breve ao Sr. Deputado que falou aqui de muita coisa,

questões que não são oportunas, não se ligam directamente com a questão do diploma aqui em debate, fez aí uma avaliação de vários sectores, de vários níveis, quer de natureza económica e financeira e também reparei que há aí algumas contradições.

Mas a grande contradição que existe, e começo por esta, é que pediu a todos nós que comecemos a rezar para que o País não entre na insolvência. Repare só isto: o Deputado do Partido Socialista em que o país é governado pelo PS há 12 anos e reconhece que o país está de tal maneira mal governado e em crise que pede a todos nós para começarmos a rezar.

Bem, e eu digo: não é rezar, é já ir para a missa, é já ir para a missa, dado o estado em que se encontra o Estado… Burburinho. Começou por falar na injecção financeira. A injecção financeira. Bom, é evidente que eu não posso concordar com

o valor dos Açores porque acho que o volume financeiro, o fluxo financeiro que tem sido entregue aos Açores justificava um aumento do salário mínimo nos Açores no sector privado mais elevado até porque atinge cerca de 20% da sua população.

Depois falou do PIB e disse que nos últimos dez anos, 2.6 evoluiu os Açores, 2.4 evoluiu a Madeira. Mas isto é fácil ser assim e não podia ser de outra forma porque ele é tão baixo, tão baixo, o nível de crescimento e o nível de evolução do PIB nos Açores, que não se podia esperar que crescesse tão pouco como cresceu, 2.6, devia ter crescido mais.

Mas se reparar, não analisando os 10 anos, mas os 30 anos, o PIB da Madeira cresceu muito mais relativamente aos dos Açores e isso seria um raciocínio muito mais lógico e mais equilibrado e mais sensato e mais sério.

Por outro lado, é evidente que falou nas empresas e na importância do pagamento a tempo e horas. Eu pergunto: e no Estado? O Governo da República, as autarquias do Estado, pagam a tempo e horas? O problema é que o Sr. Deputado vai exigir a uma região que tem sido sacrificada pelo Governo retirando dinheiro, verbas nossas e exige que nós paguemos a tempo e horas, quando o Estado, ele próprio não paga a tempo e horas?! O problema não é regional.

Bom, agora diz que o Governo tem a preocupação em fixar 2%, claro que sim! O Governo tem a preocupação de fixar e ainda bem, porque se não tivesse essa preocupação e esta situação estivesse desregulada é que seria negativo. O Governo fixa 2% para defender a economia, as empresas e os postos de trabalho e não aumentar o desemprego.

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Por outro, fala de investimentos públicos. É evidente que se há um lugar no país em que é importante efectuar um conjunto de investimentos públicos, onde o sector privado tem a expressão que tem, onde era importante que o Governo fizesse investimento público para alavancar a economia era na Madeira.

Mas a questão de investimento público, V. Exa. esqueceu-se do conjunto de investimentos públicos, uns feitos outros a serem negociados no país, que não fazem sentido nenhum, que só vão aumentar a dívida pública e que não servem para nada, e falo por exemplo, a rede de estradas anunciadas para a região centro do país, falo por exemplo das diferentes obras por todo o lado, da 3.ª Via de Lisboa ao Porto, etc., etc., etc., um conjunto de gastos que não servem para nada, que não são obras que qualifiquem e que induzam ao investimento e ao desenvolvimento do país. Isto é sim, desbaratar dinheiros públicos, isto é sim, não gerir bem o Estado.

Por outro lado também é evidente que o Governo da República fixou e não atingiu, que íamos atingir os tais 500 euros este ano e diz que vai reunir em Maio e vai reunir em Setembro, para quê? Para chegarmos aos 500 euros. Portanto tem que reunir duas vezes para aumentar 5 euros, isto é uma coisa fantástica! Homem, aumentem isso de uma vez, não é preciso fazer tanta politiquice dizendo que vão reunir duas vezes para chegar aos 500 euros… isso é política, isso é marketing político, isso é brincar com as pessoas, isso não é sério. Porque é que vão reunir em Maio para aumentar não sei quantos euros e depois vão reunir em Setembro e depois como falta um restinho vão reunir em Dezembro. Isto não é sério. Então, façam isso de uma vez por todas e rápido, porque o país precisa e os trabalhadores precisam.

Por outro lado também fala da despesa e evidentemente das dívidas, eu só quero dizer o seguinte: reconheceu que é preciso rezar e é preciso rezar num País que precisa de contrair este ano 46, 5 mil milhões de euros para pagar despesas de funcionamento e pagar dívida. Num país que este ano vai pagar 7 mil milhões de euros de juros, ou seja, três vezes o valor pago do subsídio de desemprego ou se quiser duas vezes mais que a receita de IRC ou se quiser mais do que o orçamento nacional para a educação ou se quiser 80% do orçamento para a saúde.

Portanto repare o que o país vai consumir só para o pagamento de juros e isto sim, é que é dívida, isto é que é afundar o país, isto resulta da má gestão do país, nos últimos anos, da responsabilidade do Partido Socialista.

Por esta razão toda, a Madeira está também a ser prejudicada porque toda a gestão feita no território nacional reflecte-se no espaço regional. E a má gestão do espaço nacional é hoje responsável e explica as questões negativas que têm acontecido na nossa região.

E portanto, meu amigo, aquilo que lhe peço e digo: o Sr. Deputado reconhece como deputado do PS, deputado do PS num País que tem o poder socialista há 13 anos a governar, vem nos pedir que rezemos pelo país, porque, primeiro sendo do Partido do Partido Socialista a reconhecer que o País está muito mau e pede a todos que rezemos. Reparem na conclusão brilhante que chegou o Sr. Deputado.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Lino Abreu tem a palavra para uma intervenção. O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, logicamente que o CDS vai votar favoravelmente

este acréscimo de valor de retribuição mensal tanto o projecto do Governo como o projecto do Partido Comunista, aqui não está em causa se é 7, se é 2 . O problema aqui é o custo que as famílias têm, dos bens essenciais que é muito superior a estes 2% que o Governo propõe e que acontece já nos últimos 20 anos.

A realidade é que as pessoas e as famílias podiam aumentar o seu rendimento para além destes 2% que aqui são propostos e podiam aumentar e esperavam do Governo Regional outro benefício e outro valor acrescentado que não estes 2%, por exemplo, como todos nós sabemos, temos os combustíveis mais caros em relação ao outro arquipélago e são mais caros em cerca de 8% e isso aí representa e é muito superior aos 2% que aqui estamos a falar.

Temos o gás 25% mais caro, basta apenas o consumo de duas garrafas de gás por mês que o valor é superior aos 2% que estamos aqui a propor.

Temos, para além do gás, temos o custo dos bens alimentares em média superior 4% em relação ao nível nacional, bastava tão-só, também já falei aqui há anos atrás no controlo e a fiscalização do POSEIMA, são derramados 12 milhões de euros por ano que não são afectos na formação do preço final dos bens essenciais, que também representa e muito para além dos 2% que estamos aqui a falar.

Estamos a falar também aqui da redução e da eliminação dos passes sociais, da diminuição e da eliminação da alimentação do 1.º ciclo, são estes valores que representam e tão-só verbas muito superiores aos 2% que estamos aqui a falar.

O que as famílias esperam lá fora e esperavam lá fora é que para além destes 2% que representa tão-só 9,78% de aumento em cada salário mínimo, o que as famílias esperavam lá fora é que baixassem os bens essenciais, que este Governo devia fazer, como os combustíveis, o gás e os géneros alimentícios por via do POSEIMA, que não é fiscalizado e aí o aumento do valor mensal na retribuição mensal seria muito superior aos 2% que estão aqui propostos neste projecto.

É este controlo que gostaríamos que fosse feito e aí o aumento do valor mensal seria aumentado superior aos 2% que estão aqui propostos.

Comentários do Sr. Jaime Filipe Ramos (PSD). O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Jaime Ramos deseja intervir? Faz favor, tem a palavra. O SR. JAIME RAMOS (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, eu penso que houve aqui um erro de todos no

sentido que estamos a discutir o ordenado mínimo na região, a compensação diferencial entre aquilo que foi estabelecido a nível nacional e que a Região Autónoma da Madeira deve estabelecer para o ano de 2011 e fala-se de tudo, fala-se de patetices, não sei se quem fala de patetices é pateta ou não. Fala-se de patetices, fala-se de aldrabices, não sei se quem fala de aldrabices é aldrabão ou não. Fala-se de tudo, não sei se essas palavras têm ricochete ou não, não sei, eu não sei qual é a intenção de quem as proferiu.

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Mas dizia eu, mas não se fala do ordenado mínimo e sabendo que na Região Autónoma da Madeira este ordenado mínimo vai atingir apenas 2% da área privada da Região Autónoma da Madeira. 2%!

É 2% porque que eu saiba na agricultura ninguém ganha o ordenado mínimo, pagam realmente o ordenado mínimo, pagam ao serviço doméstico o ordenado mínimo, mas em termos de recebimento de certeza absoluta que ninguém vai trabalhar por 500 euros por mês, que quem conhece bem a agricultura ou nos serviços agrícolas, nos serviços domésticos toda a gente recebe mais.

Portanto, vai abranger possivelmente alguns serviços de comércio, de serviços dos víveres, alguns serviços na área da restauração porque aí os sindicatos não tiveram, nem a ACIF, na altura própria, onde era o Secretário-geral que hoje é uma figura brilhante desta região, não conseguiu negociar ou não quis negociar porque nessa altura estava no lado oposto, prejudicava os trabalhadores a favor dos patrões e portanto nunca quis negociar no sentido de aumentar os salários e o salário mínimo. Hoje que está no contrário já é contra os patrões e é a favor dos trabalhadores. Portanto, para ver como os camaleões funcionam.

Mas dizia eu que nem o sindicato da hotelaria, nem o sindicato de comércio e serviços teve a habilidade própria de negociar para que os salários daqueles maiores de dezoito anos superassem o ordenado mínimo. Por exemplo, na área da construção civil, já que esse senhor hábil e esse senhor que fala das patetices, não sei se é pateta ou não é pateta, que fala das aldrabices, não sei se é aldrabão se não é, fala nas aldrabices, quando esse senhor não conseguiu negociar porque a Assicom negociou contratos colectivos e hoje na Região Autónoma da Madeira tem 40% mais do que os Açores, 35% mais do que no Sul, no Norte ou no centro do País, de todas as categorias profissionais, não há nenhum trabalhador da construção civil na Região Autónoma da Madeira que ganhe menos de seiscentos e tal euros. Nenhum, a não ser menor de dezoito anos.

Portanto, soube negociar, tanto o sindicato também logicamente, como a associação, portanto tem coerência económica, não muda conforme a situação, conforme o seu interesse de algibeira, como toda a gente sabe.

Mas dizia eu, portanto, os Açores já tem alguma importância porque nos Açores mais de 25% da população dos Açores tem o ordenado abaixo dos 500 euros, aí sim, porque aquilo é uma miséria. Então desde que começou a aparecer consultores técnicos por isso é que falou aqui muito nos Açores a beneficiar directamente de negociatas com os vice-presidentes do governo dos Açores, e todos nós sabemos como é que funciona, nos pareceres e nas consultadorias, nós sabemos de tudo, esse senhor vem para aqui falar nos Açores. Açores, Açores, quando os Açores tem um PIB baixíssimo, tem 15 a 20% das famílias açorianas a receberem rendimento social de inserção, na Região Autónoma da Madeira apenas 3% das famílias, nos Açores quase 30% e então depois desse senhor consultor aquilo caiu num caos, caiu no abismo pela sua incompetência que demonstrou no passado e demonstra no presente e de certeza para o futuro.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, dá vontade de rir, falam que a Madeira e o Governo Social-Democrata não tem política social. Olhe! Quem é que diminui os salários dos trabalhadores? Sócrates. Quem é que pôs taxas moderadoras nos hospitais? Sócrates. Quem é que diminuiu os benefícios sociais dos abonos de família? Sócrates e o Partido Socialista. Quem é que aumentou a contribuição contributiva social? Sócrates e o Partido Socialista e depois invertem a situação dizendo que é a Madeira.

Quem é que roubou à Madeira na Lei das Finanças Regionais, cerca de oitocentos milhões de euros? Sócrates. Portanto, e depois quem é que dá dinheiro aos Açores para que roubem aos contribuintes portugueses? Portugal… O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Quem é que rouba aos madeirenses? O ORADOR:- Deve ser o senhor, talvez. Sr. Presidente, Srs. Deputados, …deve ser o senhor, talvez, porque que tem o complexo do roubo, o senhor tem o

complexo do roubo. Protestos do Sr. João Carlos Gouveia (PS). Sr. Presidente, Srs. Deputados, e o senhor sabe bem porque é, na formação profissional na Calheta que o senhor

não pagou aos formandos. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado, faz favor de continuar… O ORADOR:- …por isso é que teve um processo. Sr. Presidente, Srs. Deputados… Protestos do Sr. João Carlos Gouveia (PS). O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado João Carlos Gouveia. acalme-se. O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Quem é que rouba aos madeirenses? O ORADOR:- Sr. Presidente, Srs. Deputados, portanto nos Açores… Foi o senhor na formação profissional na Calheta que não pagou aos formandos … Sr. Presidente, Srs. Deputados, dizia eu… por isso é que teve um processo. Sr. Presidente, Srs. Deputados, eu vou dizer o seguinte: nos Açores,… O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Quem é que rouba aos madeirenses? O ORADOR:- …aumentaram o salário dos funcionários públicos com o dinheiro de todo o Portugal, porquê?

Portugal transfere mais dinheiro para os Açores, diminuíram os ordenados dos funcionários públicos dos Açores para

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compensar o dinheiro dos funcionários públicos. Na Madeira retiraram o dinheiro para dar o dinheiro. Portanto, Sr. Presidente, Srs. Deputados,… O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Quem é que rouba aos madeirenses? O ORADOR:- …perante este quadro e esta forma nervosa como o Partido Socialista está a denunciar, além do

complexo daquele senhor que destruiu o Partido Socialista e o reduziu apenas a um táxi de sete lugares, é um problema…

Protestos do Sr. João Carlos Gouveia (PS). …anda nervoso. Toda a gente conhece o Sr. Gouveia, o Sr. Gouveia que era formador na Calheta e não pagou aos

formandos, nem a sua formação profissional. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Srs. Deputados. Estão concluídos os nossos trabalhos. Eram 12 horas e 54 minutos. Faltaram à Sessão os seguintes Srs. Deputados: PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA (PSD)

José Lino Tranquada Gomes PARTIDO DA NOVA DEMOCRACIA (PND)

José Manuel da Mata Vieira Coelho

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