38
Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários: Exmos. Srs. Sidónio Baptista Fernandes Maria do Carmo Homem Costa de Almeida Sumário O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 20 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- Na sequência da intervenção proferida pelo Sr. Deputado Rui Coelho (PSD), na Reunião anterior, usou da palavra para um pedido de esclarecimento o Sr. Deputado João Carlos Gouveia (PS). - Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a Região, interveio o Sr. Deputado José Prada (PSD). Respondeu, depois, a pedidos de esclarecimento dos Srs. Deputados João Carlos Gouveia (PS), Medeiros Gaspar (PSD), Pedro Coelho (PSD), Jaime Leandro (PS), Coito Pita (PSD) e Savino Correia (PSD). - Ainda neste período foi presente um voto de louvor, apresentado pelo Movimento Partido da Terra ”Pelo regresso da Associação Desportiva da Camacha à 2.ª Divisão Nacional de Futebol”. Após as intervenções dos Srs. Deputados Jaime Silva (MPT), Jaime Lucas (PSD) e Edgar Silva (PCP), este voto, submetido à votação, foi aprovado por unanimidade. PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Iniciaram-se os trabalhos com a votação, na generalidade, do projecto de resolução, da autoria do Partido Socialista, que “Recomenda ao Governo Regional dar início imediato às negociações com a TAP que permitam repor a justiça e coerência na taxa de combustível cobrada nas ligações entre a RAM e o Continente”, tendo o mesmo sido rejeitado. - Passou-se depois à apreciação e votação na generalidade do projecto de resolução da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Construção do Hospital do Porto Santo”. Intervieram na discussão, a diverso título, os Srs. Deputados Edgar Silva (PCP), Baltasar Aguiar (PND), Fernando Letra (BE), Luísa Mendonça (PS), Lino Abreu (CDS/PP), Gregório Pestana (PSD) e Jaime Silva (MPT). Submetido à votação, foi rejeitado. - Foi igualmente rejeitado, após discussão, e na qual intervieram a diverso título os Srs. Deputados Edgar Silva (PCP), Luísa Mendonça (PS), Gregório Pestana (PSD), Baltasar Aguiar (PND) e Lino Abreu (CDS/PP), o projecto de resolução, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Aeroporto do Porto Santo não pode encerrar”. - Por fim, procedeu-se à apreciação, na generalidade, do projecto de resolução, da autoria do Partido Socialista, que “Recomenda ao Governo Regional a criação de todas as condições para efectuar, urgentemente, a análise de conteúdo estratégico que permita um modelo adequado às necessidades da Região Autónoma da Madeira, em termos de transportes marítimos”, na qual intervieram os Srs. Deputados Carlos Pereira (PS), Élvio Encarnação (PSD), Edgar Silva (PCP), Baltasar Aguiar (PND), Fernando Letra (BE), Lino Abreu (CDS/PP) e Jaime Silva (MPT). Submetido à votação, foi rejeitado. A continuação da ordem de trabalhos ficou agendada para o dia seguinte. O Sr. Presidente declarou encerrada a Sessão às 13 horas. IX Legislatura Número: 59 II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Região Autónoma da Madeira

Diário

Assembleia Legislativa

REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO

Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes

Secretários: Exmos. Srs. Sidónio Baptista Fernandes

Maria do Carmo Homem Costa de Almeida

Sumário

O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 20 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- Na sequência da intervenção proferida pelo Sr. Deputado Rui Coelho

(PSD), na Reunião anterior, usou da palavra para um pedido de esclarecimento o Sr. Deputado João Carlos Gouveia (PS). - Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a Região, interveio o Sr. Deputado José Prada

(PSD). Respondeu, depois, a pedidos de esclarecimento dos Srs. Deputados João Carlos Gouveia (PS), Medeiros Gaspar (PSD), Pedro Coelho (PSD), Jaime Leandro (PS), Coito Pita (PSD) e Savino Correia (PSD).

- Ainda neste período foi presente um voto de louvor, apresentado pelo Movimento Partido da Terra ”Pelo regresso da Associação Desportiva da Camacha à 2.ª Divisão Nacional de Futebol”. Após as intervenções dos Srs. Deputados Jaime Silva (MPT), Jaime Lucas (PSD) e Edgar Silva (PCP), este voto, submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Iniciaram-se os trabalhos com a votação, na generalidade, do projecto de

resolução, da autoria do Partido Socialista, que “Recomenda ao Governo Regional dar início imediato às negociações com a TAP que permitam repor a justiça e coerência na taxa de combustível cobrada nas ligações entre a RAM e o Continente”, tendo o mesmo sido rejeitado.

- Passou-se depois à apreciação e votação na generalidade do projecto de resolução da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Construção do Hospital do Porto Santo”. Intervieram na discussão, a diverso título, os Srs. Deputados Edgar Silva (PCP), Baltasar Aguiar (PND), Fernando Letra (BE), Luísa Mendonça (PS), Lino Abreu (CDS/PP), Gregório Pestana (PSD) e Jaime Silva (MPT). Submetido à votação, foi rejeitado.

- Foi igualmente rejeitado, após discussão, e na qual intervieram a diverso título os Srs. Deputados Edgar Silva (PCP), Luísa Mendonça (PS), Gregório Pestana (PSD), Baltasar Aguiar (PND) e Lino Abreu (CDS/PP), o projecto de resolução, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Aeroporto do Porto Santo não pode encerrar”.

- Por fim, procedeu-se à apreciação, na generalidade, do projecto de resolução, da autoria do Partido Socialista, que “Recomenda ao Governo Regional a criação de todas as condições para efectuar, urgentemente, a análise de conteúdo estratégico que permita um modelo adequado às necessidades da Região Autónoma da Madeira, em termos de transportes marítimos”, na qual intervieram os Srs. Deputados Carlos Pereira (PS), Élvio Encarnação (PSD), Edgar Silva (PCP), Baltasar Aguiar (PND), Fernando Letra (BE), Lino Abreu (CDS/PP) e Jaime Silva (MPT). Submetido à votação, foi rejeitado.

A continuação da ordem de trabalhos ficou agendada para o dia seguinte. O Sr. Presidente declarou encerrada a Sessão às 13 horas.

IX Legislatura Número: 59

II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Page 2: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 2

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Bom dia, Sras. e Srs. Deputados.

Estavam presentes os seguintes Srs. Deputados: PARTIDO SOCIAL-DEMOCRATA (PSD)

Agostinho Ramos Gouveia

Ana Mafalda Figueira da Costa

Élvio Manuel Vasconcelos Encarnação

Gabriel Paulo Drumond Esmeraldo

Ivo Sousa Nunes

Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos

Jaime Filipe Gil Ramos

Jaime Pereira de Lima Lucas

Jorge Moreira de Sousa

José António Coito Pita

José Gualberto Mendonça Fernandes

José Jardim Mendonça Prada

José Lino Tranquada Gomes

José Luís Medeiros Gaspar

José Miguel Jardim Olival Mendonça

José Paulo Baptista Fontes

José Savino dos Santos Correia

Manuel Gregório Pestana

Maria do Carmo Homem da Costa de Almeida

Maria Rafaela Rodrigues Fernandes

Nivalda Nunes Silva Gonçalves

Pedro Emanuel Abreu Coelho

Rubina Alexandra Pereira de Gouveia

Rui Miguel Moura Coelho

Rui Moisés Fernandes Ascensão

Rui Ramos Gouveia

Sara Aline Medeiros André

Sidónio Baptista Fernandes

Sónia Maria de Faria Pereira

Vânia Andreia de Castro Jesus

Vasco Luís Lemos Vieira

Vicente Estêvão Pestana

PARTIDO SOCIALISTA (PS)

Carlos João Pereira

Jaime Manuel Simão Leandro

João André Camacho Escórcio

João Carlos Justino Mendes de Gouveia

Lino Bernardo Calaça Martins

Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves Mendonça

Victor Sérgio Spínola de Freitas

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS (PCP)

Edgar Freitas Gomes Silva

Isabel Rute Duarte Rito da Silva Cardoso

CENTRO DEMOCRÁTICO SOCIAL/PP (CDS/PP)

José Manuel de Sousa Rodrigues

Lino Ricardo Silva Abreu

BLOCO DE ESQUERDA (BE)

Fernando Manuel Garcia da Silva Letra

MOVIMENTO PARTIDO DA TERRA (MPT)

Jaime Casimiro Nunes da Silva

PARTIDO DA NOVA DEMOCRACIA (PND)

Baltasar de Carvalho Machado Gonçalves de Aguiar Já dispomos de quórum, vamos iniciar os nossos trabalhos. Eram 9 horas e 20 minutos.

Page 3: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 3

E da intervenção de ontem, no período antes da ordem do dia, e proferida pelo Sr. Deputado Rui Coelho, transitaram dois pedidos de esclarecimento, mas parece que agora apenas o Sr. Deputado João Carlos Gouveia continua inscrito.

Tem a palavra, Sr. Deputado João Carlos Gouveia.

O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o PSD e o seu Grupo Parlamentar ultimamente têm afirmado publicamente e nesta Assembleia uma série de situações de confronto entre o Presidente do Partido do PS e os Srs. Deputados, particularmente da Assembleia da República.

Quero esclarecer isto: todas as declarações dos Srs. Deputados na Assembleia da República vinculam o Presidente do PS-Madeira. Estas são as funções de um qualquer partido. Porém, em democracia, nem todas as prestações ou declarações do Presidente do Partido vinculam os Deputados é por isso que há eleições internas e é por isso que há em certos momentos escolhas de preferência.

Outro aspecto. Evidentemente que V. Exa. teve um aplauso, uma verdadeira orquestra da sua bancada, e nisso está de parabéns, prova que V. Exa., em pouco tempo percebeu e aprendeu esse regime, como é que funciona este regime.

E o que V. Exa. ontem trouxe cá foi um desfilar de ideias e de mecanismos de propaganda que mereceu aplausos da vossa bancada.

Agora eu pergunto: qual é a ideia e a proposta que este Grupo Parlamentar fez para resolver os problemas do desemprego? Qual é a ideia e a proposta do Grupo Parlamentar em resolver as questões da pobreza? Qual é a ideia ou a proposta que esse Grupo Parlamentar fez para a transparência da administração pública? Qual é a ideia ou a proposta desse Grupo Parlamentar para resolver os problemas que temos na economia…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …na sua diversificação económica? São estas as perguntas, Sr. Deputado. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Rui Coelho, para responder tem, a palavra.

O SR. RUI COELHO (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez há um registo do Líder Parlamentar e Presidente do Partido Socialista aqui nesta Casa, de um partido em vias de extinção.

Este Sr. Presidente do Partido Socialista afirmou nesta Casa e neste momento que está em sintonia com os Deputados da República. Regista-se pois que o PS-Madeira está contra o desenvolvimento da Madeira; o PS-Madeira e o seu líder estão a favor das promessas feitas pelo Engenheiro José Sócrates e não cumpridas; o líder do Partido Socialista e os Deputados da Assembleia da República estão em sintonia com quem luta contra os interesses da Região Autónoma da Madeira.

O que nós estamos aqui e que eu referi ontem na minha intervenção é que de facto este partido com o rumo que tem está em vias de extinção. Afirmei e mantenho, porque V. Exas., juntamente com os Deputados da República, foi quem mais traiu o Povo da Madeira, foi quem mais votou contra e juntaram-se à Lei das Finanças Regionais tudo em prol dos continentais, tudo em prol do Governo da República e tudo contra a Região Autónoma da Madeira.

Muito obrigado.

Vozes do PSD:- Muito bem!

Burburinho.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Para uma intervenção política, dou a palavra ao Sr. Deputado José Prada do Grupo Parlamentar do PSD. Tem a palavra Sr. Deputado.

O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- Sr. Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira. Senhoras e Senhores Deputados Hoje, conquistadas que estão as bases da autonomia, os adversários da Madeira pretendem impor aos

madeirenses por métodos antidemocráticos, momentos de grandes dificuldades económicas e sociais. Os seus agentes não são madeirenses, não gostam da Madeira, mas contam com cumplicidades locais. E mais grave, tentam sistematicamente inverter, deturpar, camuflar, o que de bom e com muito esforço tem sido

feito e conquistado ano após ano. A globalização permite-lhes agir de forma cobarde, sem dar a cara perante os madeirenses, servindo-se de

determinados órgãos de comunicação social, de determinados processos informáticos e com recurso às novas tecnologias.

Agem a 900 Kms de distância. Agem contra a vontade declarada dos madeirenses. Agem contra resultados eleitorais livres e democráticos, ao ponto de afirmarem que estes não têm valor e que não

contam para nada. E ainda agem a coberto de um poder constitucional desadequado a uma sociedade moderna, europeia e

ocidentalizada. Esses agentes têm os seus comissários políticos na Madeira e esses são madeirenses. São madeirenses porque aqui nasceram ou residem, mas não são verdadeiros madeirenses porque não têm alma

de madeirenses.

Page 4: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 4

Pois, todo o madeirense que se preze além de cortês, distinto e educado tem a obrigação de não vergar, ser exigente relativamente a tudo aquilo que possa beneficiar a sua terra e não faz nem apara o jogo dos inimigos.

Madeirense não é comissário de ninguém, madeirense não trai o seu povo, madeirense ama a Madeira e não se rende a vontades centralistas.

A nós não nos convencem, porque o sentimento de ilhéu partilhado por todos os que amam e defendem a nossa terra não se compadece com assentos de nascimento.

Vivemos um momento histórico de grande combate, e em combate seja ele político ou social, temos de resistir. E nesse sentido temos de unir os madeirenses ao redor desta luta, pois só resistindo e unidos temos todas as

possibilidades de ganhar. Durante o decurso da história nem sempre ganharam os mais fortes e os mais numerosos, ganham muitas vezes

os mais resistentes. Temos de dizer a todos os madeirenses a verdade em que vivemos actualmente. Temos de denunciar quem são os nossos malfeitores e estes estão bem identificados, são os que nos últimos

tempos nem um esforço fizeram em prol da Madeira. Refiro-me naturalmente aos actuais detentores do poder político central e arrogante do estado Português e aos

seus locais representantes. Esse poder, é altivo, prepotente, controlador, simulado e até provocador.

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Isso é um elogio?

O ORADOR:- …é um governo sombrio, incompetente e fraco, que a Nação já interiorizou e começa a penalizar e a se afastar, procurando outras soluções, pois além do poder o que desejam ardentemente é a sua manutenção.

Comentário de um Sr. Deputado.

É um governo que usa as instituições da República para servir a sua propaganda política e governamental, pressiona nos bastidores para subjugar os governados aos seus jogos.

Comentário do Sr. Victor Freitas (PS).

Faz e desfaz conforme os seus interesses, promete e compromete sem escrúpulos, fala sério mentindo, procede e recua consoante as circunstâncias que lhe são mais favoráveis esquecendo sempre as necessidades do Povo.

Faz dos seus ministros incompetentes, falsos e brilhantes técnicos; ao ponto de alguns deles anunciarem por várias vezes o fim da crise, quando a mesma está bem patente no Povo Português…

Comentário do Sr. Victor Freitas (PS). …e outros são demitidos em consequência da tourada que aconteceu não na Praça dos Touros do Campo

Pequeno, mas sim na Assembleia da República, mas sem resolverem absolutamente nada da crise que ajudaram a criar.

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Não há crise na Madeira! O ORADOR:- Este governo chegou a um ponto de só governar olhando para a frente, sem contar que os outros

também pensam e têm olhos. Desconsidera e persegue todas as classes sociais. Repare-se como tão mal tratados foram os professores, polícias, juízes, médicos, militares, agricultores, entre

outros.

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Os governantes! O ORADOR:- Conseguiu com que todos os portugueses passassem a viver pior. Parece mentira, mas infelizmente é verdade. Sem nunca termos sido ricos nos governos de Guterres fizemos disso vida; no Governo Sócrates fazemos vida de

pobres quando já somos miseráveis. Neste momento, com este governo, Portugal escreve uma página negra da sua história, acentuando-se cada vez

mais a divergência relativamente à União Europeia. Esta gente que governa o País, de facto ganhou as eleições e o governo é legítimo, mas falta-lhes substrato, falta-

lhes cultura política, falta-lhes postura de Estado, falta-lhes conhecer o Povo Português. Mas isso não se aprende nas urnas, aprende-se em casa e nos bancos da escola. Os Portugueses terão de lhe fazer a devida justiça na altura própria e espero que seja muito em breve ou seja já no

próximo mês de Setembro e Outubro. Este governo socialista usa de todos os recursos postos ao dispor da República para atrasar o nosso

desenvolvimento e para impedir que a vontade do povo madeirense seja cumprida e prossiga conforme os seus desejos e escolhas.

Tudo tem feito nesse sentido. Se o Governo tem sido nefasto para Portugal, para a Madeira tem sido ainda mais. Este Governo socialista elegeu a Madeira e os madeirenses como território e povo a abater. Nesta Região, esta política e este modo de actuação também é defendida pelo PS local. O mandato do actual Primeiro-Ministro traduz sem dúvida um momento negro na vida da nossa Região, sem

qualquer termo de comparação com qualquer outro Governo da República nos últimos 30 anos.

Page 5: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 5

É enorme a obsessão em marginalizar o povo da Madeira e do Porto Santo. Às gerações mais novas temos de lhes explicar, que não devemos permitir que nos tratem desta forma, porque

assim sendo o seu futuro poderá estar comprometido. Temos de lhes dar os exemplos dos madeirenses que há mais de 30 anos atrás lutaram pela nossa autonomia, de

forma pessoalmente desinteressada, tendo apenas como lema a defesa dos interesses da Madeira e dos madeirenses. Devemos informar os madeirenses residentes em Países de emigração, para que saibam com verdade, quem

prejudica a Madeira e com que finalidades. Todos temos o dever e o direito de saber, com que intenção é que são elaborados e aprovados certas Leis e

Decretos-lei, cujos objectivos visam prejudicar intencionalmente pessoas em concreto e um número determinado e específico de portugueses que somos nós os madeirenses, o que contraria os mais elementares princípios de um Estado de Direito.

Temos que acabar com esta violação, de nos tratarem como portugueses de terceira categoria, é que depois dos continentais, vem os açorianos e só depois nós.

Somos portugueses e queremos ser tratados com dignidade, respeito e igualdade como todos os outros. Quem também tem o dever de enviar estas mensagens aos madeirenses, são os seus mais legítimos

representantes. E os seus legítimos representantes são os que estão hoje aqui nesta Casa, mas também os que têm assento na

Assembleia da República, seja qual for o Partido que representam. Contudo na Madeira temos alguma oposição que se desgasta falando em défice democrático e assim perde energia

que deveria aplicar defendendo os interesses dos madeirenses. Temos alguma oposição que não aceita o princípio da legitimidade democrática e cultiva fantasmas e determinados

mitos. Devem abandonar o discurso anti-Madeira e anti-economia: Devem deixar em casa a intriga e a querela. É que todos juntos temos que lutar pela Madeira contra quem prejudica o nosso povo e quem quer alterar o

percurso da nossa história e da nossa autonomia. Façamos desta terra um espaço de progresso e bem-estar. Em defesa dos nossos interesses, da nossa história e do nosso futuro. Temos de lutar, de resistir e de não desistir. Transcrito do original.

Aplausos do PSD. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, tem 6 pedidos de esclarecimento. E vamos começar pelo primeiro. Sr. Deputado João Carlos Gouveia, tem a palavra. O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Prada, é

interessante aquilo que o Sr. Deputado nos disse hoje, neste momento e agora, que os madeirenses são aqueles que são do PSD, quem não é do PSD não é madeirense.

Risos

E que todos os males da Madeira decorrem deste governo. V. Exa. bem sabe que este Governo, este regime, transformou a governação numa verdadeira autocracia. Então

quem é que explora os madeirenses? Quem é que pôs os madeirenses nesta péssima situação? Onde V. Exa. falava em progresso e bem-estar! Um governo que durante 30 anos põe hoje na miséria milhares de madeirenses, milhares de desempregados, põe o caos na economia regional, quando paralelamente a isso, o que é que nós assistimos em 30 anos?

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Olha a Quinta do Lorde! O ORADOR:- Um regime de completa impunidade perante a lei – e V. Exa. é advogado –, onde a corrupção foi a

marca distintiva desta autocracia, onde o favorecimento pessoal é a marca distintiva destes 30 anos e V. Exa. vem falar do Engenheiro Sócrates?!

O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- Claro! Claro! Burburinho. O ORADOR:- V. Exa., sentindo aquilo duma forma definitiva. Sempre na história da Madeira foram os madeirenses

que exploraram outros madeirenses e V. Exa. sabe muito bem que os responsáveis por este caos económico e social dependem de três ou quatro madeirenses, três ou quatro famílias ligadas ao PSD, que controlam a vossa bancada, que controlam as instituições autonómicas e que, no fundo, controlam toda a sociedade.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- V. Exa. hoje não falava em nome do PSD, falava do Partido da Autonomia, como se fôssemos, os deputados desta Casa, uma espécie de movimento de libertação, um movimento de libertação para a autocracia, para os madeirenses, para a grande maioria dos madeirenses.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado José Prada para responder, tem a palavra.

Page 6: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 6

O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, apesar de não ter feito nenhuma pergunta, apenas deturpações do meu discurso, eu vou tentar explicar-lhe.

Sr. Deputado, mais uma vez anda equivocado, como anda equivocado quando perde eleições e faz discursos de vitórias e cada vez mais discursos de vitórias quando as derrotas são cada vez maiores.

Eu fiz um discurso consensual e global, fiz um discurso para todos os madeirenses e para quem gosta da Madeira e defende a Madeira, não fiz um discurso para o PSD.

Sr. Deputado, o regime da Madeira é sucessivamente eleito por cada eleição por que passa e é um regime marcado pelo verdadeiro progresso da autonomia e dos madeirenses. Basta ver como os madeirenses viviam há 30 anos atrás e como vivem hoje. É uma sociedade com os seus plenos direitos, onde há liberdade de expressão, onde há autonomia e onde cada vez se vive melhor. E o meu discurso foi isso mesmo, todos juntos podemos votar para mais autonomia e pelo bem-estar da Madeira.

Vozes do PSD:- Muito bem!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Medeiros Gaspar, para um pedido de esclarecimento, tem a palavra.

O SR. MEDEIROS GASPAR (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado José Prada, não me surpreende que logo a primeira pergunta, o primeiro pedido de esclarecimento que V. Exa. tenha seja aquele que coloca os socialistas na verdadeira posição em que o Sr. Deputado ali descreveu, de um partido ao serviço da causa centralista que tem no Partido Socialista da Madeira os seus maiores apoiantes.

E por isso é que eu o queria felicitar, porque o Sr. Deputado fez uma intervenção, como agora teve oportunidade de reexplicar, uma intervenção em que apela ao verdadeiro sentido dos autonomistas da Região Autónoma da Madeira para que num desafio grande que iremos ter nos próximos anos, que será o da Revisão Constitucional que o Partido Social-Democrata se assume como o partido principal protagonista como tem sido até agora dessa mudança e desse combate contra o centralismo.

E eu gostava que V. Exa. me dissesse o que espera que os madeirenses respondam a este tipo de interjeição do Partido Socialista, que mais preocupado com a defesa do centralismo do que com os interesses dos madeirenses, das nossas oportunidades e dos instrumentos necessários para que possamos fazer melhor, o que espera que os madeirenses respondam quanto ao desafio que o Partido Social-Democrata lhes colocará, que é o de que a Revisão Constitucional terá que ser consequente, porque senão não teremos outro caminho senão o de enveredar por partes diferentes daqueles que temos vindo a tomar até agora!?

O SR. RUI MOISÉS (PSD):- Muito bem! Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado José Prada, para responder, tem a palavra.

O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- Sr. Presidente, Sr. Deputado, a nossa luta é contra o centralismo e o PS quer o centralismo, quer cada vez mais o poder de lá, cada vez mais quer depender de Lisboa e quer “agachar-se” ao poder centralista.

E não sei porquê, mas o PS diz sempre que quer ser governo um dia. Então porque é que tem medo da autonomia? Não quer mais autonomia? Não quer governar? Eu penso que o PS tem medo de governar e nunca quer ser governo. É por isso que não quer ter autonomia, quer estar sempre depende de Lisboa.

Burburinho. O PS mais uma vez não está habituado e não quer o bem-estar dos madeirenses. Não está preocupado com a

autonomia que os madeirenses reivindicam cada vez mais, basta ver o que é que aconteceu nas últimas eleições para a Região.

Agora foi apresentado um projecto de proposta de alteração à Constituição e o PS não apresenta uma, ao contrário da outra oposição, ou seja, para o PS pouco importa a autonomia, pouco importa que haja mais autonomia para o nosso desenvolvimento e para o bem-estar da Madeira.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Pedro Coelho para um pedido de esclarecimento ao Sr.

Deputado José Prada, tem a palavra.

O SR. PEDRO COELHO (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado José Prada, o Sr. Deputado

na sua intervenção teve duas notas importantes: definiu o que é ser madeirense; e definiu a política de governação deste Ministro José Sócrates.

Ser madeirense não é ser do PSD, é ser e lutar pela Madeira! Todos nos recordamos que o PSD/Madeira muitas vezes nos simples Orçamentos de Estado na República pôs a

Madeira e os madeirenses acima dos interesses partidários. Muitas vezes isso aconteceu. Por outro lado, o PS/Madeira, com 3 madeirenses eleitos, votou menos verbas do PIDDAC para a Madeira, 3

madeirenses eleitos pelo PS/Madeira votaram a Lei das Finanças Regionais que retirou 400 milhões de euros à Madeira.

E foi essa, Sr. Deputado, a diferença que o Sr. Deputado quis vincar, e muito bem, que é aqueles que amam a Madeira, e para amar a Madeira não precisa de ser madeirense, tem que ter a Madeira no coração e aqueles não têm a Madeira no coração e que votam contra e sistematicamente contra o interesse dos madeirenses e portosantenses.

Page 7: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 7

Por outro lado, numa segunda linha da sua intervenção, referiu que este Engenheiro José Sócrates, que quando chegou ao governo tinha uma taxa de desemprego de 6.9% e agora anda à volta dos 10%, quando cortou o investimento público e só para a Madeira, quando o endividamento público é cada vez maior, efectivamente é um Primeiro-Ministro de má memória.

E por isso, Sr. Deputado José Prada, a questão que lhe coloco é a seguinte: não acha que esta Revisão da Constituição em 2010 no tocante às autonomias pode ser importante, pode ser fundamental para alargar os poderes legislativos em matéria fiscal e outras matérias que hoje são da reserva e da competência da Assembleia da Repúbl ica e poderão resolver alguns problemas que hoje em dia estão dependes com a República?

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado José Prada para responder, tem a palavra.

O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado, a intenção de quem não quer mais autonomia é clara em dificultar o processo e o conjunto de princípios definidos e estabelecidos pelo PSD/Madeira que se traduzem em 3 pilares: democracia, autonomia e socialização!

O Estatuto Político-Administrativo foi aprovado nesta Casa em 1999 por unanimidade; na Assembleia da República a mesma coisa.

Contudo, o que os que aprovaram, quer aqui, quer lá, agora dizem que há estatuto a mais, há normas inconstitucionais e outras coisas. Querem é nos tirar autonomia, querem-nos tirar poder legislativo.

E concordo com o Sr. Deputado. Para a Madeira desenvolver-se cada vez mais e para estar bem patente em relação aos próprios desafios que vão existir, eu acho que tem que haver competências regionais mais reforçadas, por exemplo, na educação, na própria justiça, no ordenamento territorial, na actuação no sistema fiscal e financeiro da Região, na segurança social e outros. Acho que são muitas matérias das quais a Madeira devia ter o seu poder legislativo para um melhor desenvolvimento da Madeira.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Jaime Leandro para um pedido de esclarecimento, tem a

palavra.

O SR. JAIME LEANDRO (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o PSD não consegue resistir à tentação de definir o que é ser madeirense. E para o PSD ser madeirense significa uma coisa: significa ser do PSD!

Burburinho na bancada do PSD. Como se os madeirenses tivessem que nascer todos na sede do PSD. E isto é uma coisa fantástica: atirar madeirenses contra madeirenses, porque é disso que se trata; não pode haver

madeirenses que pensem de forma diversa daquela que o PSD pensa, mas depois é o PSD que dá lições de democracia. Caso para perguntar se isto não é uma democracia Salazarenga, já que está muito em voga a recuperação do nome deste Senhor que aqui foi trazido ontem pelo Sr. Deputado do PSD?

Mas também não resistem em apontar baterias contra a crise e apontar baterias contra o todo nacional, como se fosse ele o culpado de todos os nossos problemas.

É certo que existe uma crise, que é mundial, que é europeia, que é nacional e que é regional; é certo que a crise do Continente, que se passa no Continente, nalguma medida também é estrutural, mas também, sendo estrutural, é da responsabilidade dos diferentes governos que por lá têm passado; como também é verdade que a crise que existe na Madeira é estrutural e a responsabilidade também é dos diferentes governos que por cá têm passado. Há uma diferença: é que todos esses governos são chefiados pela mesma pessoa e têm sido todos governos do PSD!

E, portanto, em vez de olharem para lá e esbarrarem na incoerência, falem dos problemas, falem dos problemas que decorrem e que estão aí, o problema do desemprego, quase 13 mil desempregados, quase 80 mil pobres, empresas a falir às dezenas, para não dizer às centenas, e V. Exas. fazem o discurso do oásis.

O Sr. Presidente do Governo Regional, numa afirmação digna, diria eu…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …e para terminar, Sr. Presidente, do Ministro Manuel Pinho, que decretou o final da crise (e dizem

que ele é ridículo)…

Burburinho na bancada do PSD.

…o Presidente do Governo Regional decretou o final do desemprego em 6 meses com uma Revisão da Constituição. E a pergunta é: Sr. Deputado, em que artigo da Constituição, ou melhor, que artigo da Constituição vai ser revisto pelo PSD, para que o desemprego seja reduzido em 6 meses, conforme prometido?

Burburinho. O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Digam qual é que a gente aprova esse artigo!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado José Prada para responder, tem a palavra.

O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,… Burburinho.

Page 8: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 8

Estão nervosos! Sr. Deputado Jaime Leandro, deve estar com lapso de memória ou então apagou a memória que não lhe interessa. Nos últimos 20 anos o PS tem governado 13 e depois a culpa é do Governo PSD, há aí qualquer engano!

Protestos na bancada do PS.

Mais, Sr. Deputado! Deve ter andado à conversa aí com os seus colegas, deve ter andado a ler o diário e não estava atento ao discurso. Eu não pedi a desunião, eu não atirei madeirenses contra madeirenses, não coloquei madeirenses contra outros madeirenses ou portosantenses, ao contrário, eu pedi união, eu pedi que todos juntos lutemos pela Madeira e por mais autonomia.

Em relação à sua última questão, o Sr. Deputado quer que nós resolvamos o problema do desemprego. Então apoie a nossa Revisão Constitucional, apoie e vote a favor e vai ver os progressos!

Burburinho.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Coito Pita para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. COITO PITA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado José Prada, eu creio que o

desemprego poderia baixar se a República não tivesse abandonado a Madeira, eu creio que o desemprego poderia baixar na Madeira se a República não tivesse violado a Lei das Finanças Regionais, eu creio que o desemprego poderia baixar na Região Autónoma da Madeira se José Sócrates tivesse um relacionamento normal com a Madeira, porque durante anos e anos a República, mesmo com o Mário Soares, mesmo com outros Primeiros-Ministros Socialistas, teve sempre um bom relacionamento com a Madeira.

Protestos na bancada do PS.

Burburinho. Oh! Srs. Deputados, podem ouvir?! A questão, Sr. Deputado, é que a autonomia significa auto-governo, a questão é que a Constituição obriga um auto-

governo a governar…

Burburinho na bancada do PS. Sr. Deputado, V. Exa. enquanto fala, eu nunca o interrompo e, pela minha parte, nenhum dos Srs. Deputado da

oposição pode criticar-me, porque eu nunca interrompo. Portanto, permitam-me… Protestos na bancada do PS.

Burburinho.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Srs. Deputados, façam o favor de se acalmarem! Protestos na bancada do PS.

Burburinho. O ORADOR:- Não sei, mas se não querem que eu fale, eu sento-me!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado continue a fazer o pedido de esclarecimento.

O ORADOR:- Obrigado, Sr. Presidente. …a questão é que a Constituição obriga um auto-governo a governar com a legislação nacional. E eu pergunto ao Sr. Deputado se teoricamente este poder legislativo é um poder legislativo que pode ser

exercido? É porque nós durante 33 anos continuamos com a palavra clarificar, em vez de estarmos aqui hoje a discutir, desenvolver, aprofundar o poder legislativo, continuamos a utilizar a palavra clarificar.

E a pergunta que eu faço ao Sr. Deputado é se acha possível o exercício do poder legislativo, tal como configurado na Constituição, com a limitação que as matérias não podem estar reservadas aos órgãos de soberania, e aqui por exemplo, incluem-se os direitos, liberdades e garantias?!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Termino o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Já termino, Sr. Presidente. E os direitos, liberdades e garantias, Sr. Deputado, é tão vasto, tão vasto, tão vasto, que nós temos a doutrina e a

jurisprudência do Tribunal Constitucional que limita concretamente o poder legislativo regional. E eu pergunto se é possível governar assim com a Constituição… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. O ORADOR:- …e também governar com esta oposição socialista?

Page 9: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 9

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- O Sr. Deputado José Prada para responder, tem a palavra. O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Coito Pita, antes de mais,

obrigado pela sua intervenção e terei que dar poucos esclarecimentos, porque você já deu. É claro que não se pode governar assim, com uma oposição tão má, socialista, e ter um mau governo socialista

central. O próprio Governo Socialista é que nos pôs nesta situação actual, com algum desemprego;

Vozes do PSD:- Muito bem! Protestos do PS. O ORADOR:- Foi o Governo Socialista que faltou a compromissos financeiros, rasgou contratos como outros

presidentes de clubes fizeram e estão em vias de estar presos por isso, rasgam contratos, rasgam leis, rasgam leis feitas por anteriores governos socialistas, que é o caso da Lei das Finanças Regionais, que foi o Sr. Engenheiro Guterres, Primeiro-Ministro, que a fez, chegou o tal Senhor que diz que é engenheiro e rasgou sem mais e sem menos, fez uma Lei das Finanças Regionais que viola o Estatuto da Madeira, porque aqui foi aprovado por unanimidade e na Assembleia da República.

Burburinho. Rasgam o nosso Estatuto, o Estatuto da Madeira, como rasgam um pedaço de papel sem qualquer significado! Vozes do PSD:- Muito bem!

O ORADOR:- O Partido Socialista de Lisboa, e infelizmente o Partido Socialista da Madeira, não se importam com os madeirenses, não se importam com o seu Estatuto.

O nosso problema é o seguinte: eu acho que há uma violação do nosso Estatuto, mas o Tribunal Constitucional desde que seja para a Madeira tem interpretações sempre restritivas, é sempre contra a Madeira. Como nós sabemos, é um tribunal político e enquanto o Tribunal Constitucional não deixar de ser político a Madeira nunca mais pode evoluir.

Vozes do PSD:- Muito bem! Protestos. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Savino Correia para um pedido de esclarecimento, tem a

palavra. O SR. SAVINO CORREIA (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, eu ouvi com muita atenção o discurso do Sr.

Deputado José Prada e gostei muito da forma como ele classificou ou qualificou os madeirenses, dizendo que o madeirense é uma pessoa cortês, distinta e educada. E também dizendo que o madeirense, o verdadeiro madeirense, aquele que tem alma de madeirense, não se pode vergar perante os outros, perante a República, quando estão em causa verdadeiros interesses da Região. O que eu concordo plenamente. Quem é que não poderá concordar com esta questão?

E o seu discurso apela a uma tomada de postura, uma postura política do madeirense, não só na Madeira, mas também e sobretudo na República.

Protestos do PS. E o seu discurso é um discurso de fundamento axiológico, porque tem como objectivo unir os madeirenses à volta

das grandes causas e das grandes lutas, por forma a criar nesta terra um espaço de felicidade e de bem-estar. É um apelo ao bom senso!

Mas eu queria aproveitar esta oportunidade para colocar de uma forma clara, já que se falou aqui no desemprego, o seguinte: então rever a Constituição não é importante? Permitir que a Madeira tenha possibilidade legislativa em matéria fiscal não é importante? Para reduzir o imposto sobre as empresas, sobre o trabalho, para promover o investimento? E se promove o investimento, não está a permitir o crescimento da economia? E a economia não é aquilo que cria emprego?

É que quando num país e numa região temos regras que não permitem o desenvolvimento da economia, não há emprego, não há desenvolvimento, não há investimento, não há felicidade, porque a economia é a grande ciência que se preocupa ao fim e ao cabo em última análise e com fidelidade de permitir o crescimento económico das comunidades com vista à felicidade dos povos.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado José Prada para responder, tem a palavra.

O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado, tem toda a razão no que disse. É claro que com mais poder a Madeira torna-se mais desenvolvida, mais poderes teremos em defender aquilo que

de mau vem da República. Quando nós pensamos em legislar, quando nós pensamos em mais poderes através da Constituição, pensamos no

todo madeirense, não pensamos só e apenas num madeirense, ao contrário do Governo Socialista. É o caso de leis

Page 10: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 10

feitas só para uma pessoa, para acabar determinada pessoa, delimitar a região. É o exemplo da Lei das Finanças Regionais, é o exemplo de acabar com o Jornal da Madeira, é o exemplo de limitar os mandatos dos políticos, é o exemplo de dar mais dinheiro aos Açores e dar menos aos madeirenses.

Pensamos sempre num todo, e não numa só pessoa, ao contrário do Governo Socialista!

Burburinho.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Srs. Deputados, terminados os pedidos de esclarecimento, vamos passar à segunda parte deste período de antes

da ordem do dia, com a discussão dos votos presentes na Mesa, um voto de louvor, apresentado pelo Partido da Terra.

Consta do seguinte: Voto de Louvor

Pelo regresso da Associação Desportiva da Camacha à 2.ª Divisão Nacional de Futebol A Associação Desportiva da Camacha, depois de permanecer durante treze anos na 2.ª divisão B do futebol

português, foi abruptamente relegada para a 3.ª divisão nacional, numa atitude prepotente e escandalosa, por parte dos órgãos judiciais da F.P.F.. Passados oito meses deste bizarro e decadente episódio, eis que, a três jornadas do final da época, este clube garantiu já o regresso ao 2.º escalão.

A Associação Desportiva da Camacha é o clube em Portugal que militou mais tempo na 2.ª divisão B, feito esse que foi interrompido por uns incompetentes e indignos representantes da justiça no nosso futebol.

Após um ano de dificuldades financeiras, que infelizmente a todos tocou, o clube camachense viu essas dificuldades redobradas, uma vez que com um plantel programado para a 2.ª divisão, conseguiu mantê-lo, mesmo enfrentando uma redução de verbas dos apoios das entidades oficiais.

Com efeito, o IDRAM reduziu os apoios à ADC em cerca de 80 mil euros e a CMSC reduziu o seu apoio em 10%. Num ano em que muitos voltaram as costas à Camacha, o clube conseguiu superar mais esta barreira, se calhar uma das mais difíceis da sua história. Na realidade não são muitos aqueles a quem o clube tem de agradecer. Mas muitos agradecem e admiram o clube pela sua coragem e determinação para ultrapassar as dificuldades criadas.

Os atletas, a equipa técnica, os funcionários e a direcção do clube são dignos deste voto de louvor, uma vez que não só continuam a engrandecer o nome da Camacha e da Madeira, mas também porque souberam de um modo exemplar e distinto ultrapassar um dos mais rudes golpes perpetrados contra a justiça no nosso futebol.

Assim, a Assembleia Legislativa da Madeira aprova o presente voto de louvor, como forma de reconhecimento pelo êxito alcançado por esta colectividade e por toda a dignidade demonstrada num processo que constituiu um verdadeiro atentado ao futebol.

Funchal, 26 de Fevereiro de 2009 O Deputado do Partido da Terra Ass.: Jaime Silva.- Está em discussão, Srs. Deputados. Sr. Deputado Jaime Silva para uma intervenção, tem a palavra. O SR. JAIME SILVA (MPT):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, primeiro fazer uma correcção, apenas formal.

É que na parte final do voto, onde diz “26 de Fevereiro”, por lapso, deve ler-se “26 de Maio”. Depois dizer que finalmente este voto veio à discussão, depois de várias Sessões a aguardar, e quero dizer aqui

que o Partido da Terra acusou o Partido Socialista de meter votos a granel e às “gavelas” como se costuma dizer na gíria, não é?

Risos. E o Partido da Terra criticou e deu a ideia de que se deve dar primeiro lugar à oportunidade e não ao oportunismo.

E não só criticou, como também ontem o Partido da Terra deu o exemplo de um voto que era com maior oportunidade, não só criticando, deu o exemplo, deu lugar a que se discutisse primeiro esse voto para depois discutir este.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este voto de louvor vem exactamente demonstrar que a Associação Desportiva da Camacha, depois de uma época difícil, conseguiu o regresso à 2.ª divisão B, o seu lugar natural, se não fosse uma prepotente e escandalosa decisão dos órgãos judiciais da Federação Portuguesa de Futebol de relegarem esta colectividade para a 3.ª divisão num processo em que o clube nada teve a ver. Para corrigir este atentado, está em curso um processo nos tribunais administrativos.

De qualquer dos modos a época foi extremamente difícil, sobretudo porque é uma época de crise, a Camacha viu esta crise redobrada sobretudo porque os apoios foram reduzidos de um modo considerável por parte do IDRAM e também por parte da Câmara Municipal de Santa Cruz.

Dizer também que o sacrifício, a entrega e a força de vontade dos funcionários, atletas e direcção do clube, permitiram que a Camacha conseguisse superar esta dificuldade!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Já termino, Sr. Presidente. Finalmente, afirmar que lamento a passividade de algumas entidades, como o IDRAM e mesmo esta Casa, que na

ocasião podia ter formulado um voto de protesto sobretudo para valorizar a Associação Desportiva da Camacha, sobretudo para dar um apoio a um clube que é neste momento e há muito tempo um bastião do PSD.

Mas isto é o resultado da falta de representação da Camacha aqui nesta Casa, sobretudo quando temos 5 deputados de Santa Cruz e não temos nenhum da Camacha.

Muito obrigado.

Page 11: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 11

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Jaime Lucas para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. JAIME LUCAS (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Grupo Parlamentar do PSD vai viabilizar este voto de louvor única e exclusivamente pelo mérito desportivo da Associação Desportiva da Camacha ter regressado à 2.ª divisão B, porque não pode confundir-se de forma alguma o mérito desportivo de regressar à 2.ª divisão B, criticando as entidades oficiais que cumpriram escrupulosamente os regulamentos que estão publicados e cujos critérios também estão publicados.

Houve uma equipa que desceu de divisão e está nos regulamentos, publicado, está nos regulamentos que quando há uma equipa que desce os seus subsídios são reduzidos. E isso está na lei, o IDRAM não podia fazer mais do que aquilo que está escrupulosamente na lei.

E também dizia outra coisa, que é importante, é que este processo de justiça desportiva, ao qual todos nós somos alheios, provocou a descida de uma equipa e provocou também a manutenção de outra mesma equipa madeirense nessa divisão.

E, portanto, que fique bem claro, que este voto é aprovado, da nossa parte pelo mérito desportivo, e lamentamos que quando existem regulamentos publicados, critérios publicados, as colectividades também não saibam aceitar aquilo que está legalmente publicado.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Edgar Silva, para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este voto apresentado pelo Partido da Terra constitui uma duríssima crítica ao IDRAM. É um voto de congratulação, visa saudar e enaltecer o mérito desportivo da Associação Desportiva da Camacha, mas, tão importante quanto enaltecer e sublinhar o mérito desportivo, este voto converteu-se numa duríssima crítica ao Governo Regional, constitui uma duríssima crítica ao IDRAM, constitui uma duríssima e frontal crítica às políticas na área do desporto que têm vindo a ser desenvolvidas na Região Autónoma da Madeira pelas entidades oficiais.

O SR. JAIME LUCAS (PSD):- Isso é que é baralhar!

O ORADOR:- E Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, como o proponente bem o disse, esta é uma forma de criticar o IDRAM e as suas políticas e como o proponente deste voto expressou e como o proponente o explicitou, como o proponente do voto hoje sublinhou, este é também o momento de criticar o IDRAM, o Governo Regional e as suas políticas.

Nós, também por isso, vamos votar favoravelmente este voto aqui trazido pelo Partido da Terra. O SR. JAIME LUCAS (PSD):- Isso é que é baralhar! Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. A Mesa vai colocar à votação o voto de louvor apresentado pelo Partido da Terra. Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade. Sras. e Srs. Deputados, terminamos o período de antes da ordem do dia, vamos passar à nossa ordem de

trabalhos. Sr. Deputado Fernando Letra, quer fazer uma interpelação à Mesa? Faz favor, Sr. Deputado. O SR. FERNANDO LETRA (BE):- Sr. Presidente, Srs. Deputados. Sr. Presidente, ontem nesta Sala foi-me recusado o direito de defesa da honra. Porém, eu tenho o resumo do Diário

da 57.ª Sessão, de 25 de Junho de 2009, onde estão explicitados os insultos que me foram dirigidos pelo líder da bancada da maioria…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, o Sr. Deputado tem os direitos… O ORADOR:- …Sr. Presidente, dá-me licença que acabe de fazer a interpelação à Mesa? O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Faz favor, continue. O ORADOR:- Ontem, o Sr. Presidente em funções disse que não tinha conhecimento de qualquer facto que

levasse à defesa da minha honra. Eu tenho aqui a prova de que eles existem. Portanto, eu exijo a minha defesa da honra, por favor. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, o Sr. Deputado não pode exigir a defesa da honra, porque, ao

contrário do Dr. Miguel de Sousa, que estava cá ontem, eu assisti a essa Sessão Plenária e o Sr. Deputado, se queria fazer a defesa da honra, tinha imediatamente pedido para…

O ORADOR:- Não podia. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Podia, podia, porque se pode inscrever.

Page 12: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 12

O ORADOR:- A Sessão foi encerrada!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Pode se inscrever! Sr. Deputado, se os Srs. Deputados depois vão ver os Diários da Assembleia, os registos, ou vão ver a televisão ou

os órgãos de comunicação social e depois vêm cá 4, 5 ou 6 dias depois do Plenário defender a honra, oh! Sr. Deputado, eu enquanto estiver aqui na Mesa o Sr. Deputado quer defender a honra é logo a seguir à intervenção que foi feita. É esse o meu entendimento relativamente à defesa da honra. Porque senão vamos passar aqui a vida… todos os Srs. Deputados a defenderem a honra por questões que já aconteceram noutros Plenários anteriores.

Portanto, Sr. Deputado, eu não lhe vou dar a palavra para a defesa da honra, porque o Sr. Deputado teria que se inscrever na devida altura para fazer essa defesa.

Se se tivesse inscrito, eu acho que a Mesa devia dar a palavra. O Sr. Deputado não estava inscrito, portanto eu não lhe posso dar a defesa da honra neste momento nem nesta altura.

Vamos passar à nossa ordem de trabalhos… Sr. Deputado, quer interpelar a Mesa, faz favor, se é sobre o mesmo assunto, não pode fazer…

O SR. FERNANDO LETRA (BE):- Sr. Presidente, eu queria que o Sr. Presidente me explicasse como é que eu podia ter pedido a defesa da honra quando o Sr. Presidente Miguel Mendonça está a falar, o Sr. Presidente da bancada do PSD interrompe o Sr. Presidente da Mesa…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado…

O ORADOR:- Dá-me licença, Sr. Presidente? …interrompe o Sr. Presidente da Mesa e diz: o Grupo Parlamentar pede a suspensão dos trabalhos e o Sr.

Presidente Miguel Mendonça diz: muito bem, sim senhor, estão suspensos. Como é que eu podia pedir a defesa da honra? Eu peço a defesa da honra aqui e agora.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Oh! Sr. Deputado, o registo…

O ORADOR:- Sr. Presidente, não me interrompa, por favor, que está no regulamento que o orador não pode ser interrompido, está aqui escrito. Não foi eu que o redigi, foram vocês!

Burburinho geral.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, oh! Sr. Deputado…

O ORADOR:- Eu estou a fazer uma interpolação à Mesa. Eu não quero fazer aqui figuras indignas para esta Casa como já foram feitas.

Protestos do PSD.

Mas não aceito que me seja recusada a defesa do meu bom-nome, quando tenho direito a isso…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Oh! Sr. Deputado, faça a reclamação por escrito à Mesa da Assembleia…

O ORADOR:- Não faço reclamação por escrito. Desculpe, não faço reclamação por escrito…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, eu não lhe vou dar, eu já lhe disse que não …

O ORADOR:- Eu tenho direito à defesa da honra, segundo o artigo 84.º alínea l) “Reagir contra ofensas à honra…”, é isso que eu estou a pedir, pura e simplesmente, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Oh! Sr. Deputado, o Sr. Deputado pode invocar todas as normas regimentais. Há uma questão que é certa: o Sr. Deputado aparece no monitor logo que se inscreve e portanto independentemente de terminar ou não a Sessão, de estarem outros deputados a falar,…

O ORADOR:- Desculpe, desculpe, Sr. Presidente…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- …o seu nome não constava para estar inscrito para falar. Sr. Deputado, eu…

O ORADOR:- Isso é uma palhaçada…

Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, o Sr. Deputado entende como quiser, adjectiva como quiser e

eu não lhe aceito essa… Muito bem, Sr. Deputado. Neste momento abandonou a Sala o Sr. Deputado Fernando Letra (BE). Vamos entrar na ordem de trabalhos. Sr. Deputado Edgar Silva.

Page 13: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 13

SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. Sr. Presidente, era uma interpelação à Mesa. Ainda ontem esta questão foi colocada. No Regimento não há

nenhuma norma regimental que possa dizer que o deputado fique impedido da defesa de um direito fundamental, da defesa da honra. Nenhuma norma! Em primeiro lugar, em qualquer Parlamento a defesa da honra é um princípio irrecusável.

Em segundo lugar, não há nenhuma norma na Mesa, no Regimento, no Estatuto que indicie que o deputado tem que se inscrever no momento e que a palavra na defesa da honra tem que ser concedida. Não lhe foi concedida. O Deputado Fernando Letra, quando quis pedir a palavra, a Sessão foi suspensa.

Ontem quis recorrer, o Deputado traz hoje ao Parlamento prova documental, como justifica de forma fundamentada a sua defesa.

Sr. Presidente, esta é uma questão de dignificação do Deputado,…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado tem vários…

O ORADOR:- …dos Parlamentares e do Parlamento. Sr. Presidente, o direito à defesa da honra…eu termino já a interpelação,… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Não, não… O ORADOR:- …é uma última questão que eu quero colocar. A defesa da honra é um direito do Deputado, é um

direito dos Parlamentares e este é um instrumento fundamental do trabalho parlamentar. Mas Sr. Presidente, o Sr. Presidente diga claramente a esta Câmara: quantas foram as vezes em que, a propósito e

a despropósito, sempre que alguém do PSD recorreu à Mesa para defesa da honra, em qualquer hora, a qualquer momento, a Mesa cedeu o direito à palavra, cedeu o direito à defesa da honra? E por que razão, porque aquilo que está em causa é a respeitabilidade da Mesa, a Mesa tem que se fazer respeitar, a Mesa tem que se fazer respeitar…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, eu já ouvi… O ORADOR:- …e Sr. Presidente deixe-me terminar a interpelação à Mesa. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Já ouvi, já ouvi, já ouvi… O ORADOR:- …Sr. Presidente, a Mesa tem que se fazer respeitar e a Mesa tem que ser equidistante, tem que ser

objectiva, justa e rigorosa. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. O ORADOR:- E neste sentido não está certo que ao PSD conceda esse direito e aos outros Deputados esse direito

irrecusável seja impedido de ser exercido neste Parlamento. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Oh! Sr. Deputado, vamos clarificar isto de uma vez por todas, Sr. Deputado. O Sr. Deputado primeiro diz que há nenhum ponto no Regimento que diga que a defesa da honra tem que ser

imediata, tem que pedir imediatamente… Comentários do Sr. Edgar Silva (PCP). O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Oh! Sr. Deputado, eu estou a falar agora, faz favor, o Sr. Deputado vai me

ouvir, primeira questão. Segunda questão, também não está em nenhum sítio no Regimento que o Deputado tenha 48 horas, 3 dias ou 4

dias para efectuar a defesa da honra, nem uma semana, nem depois de ler os diários da Região. Outra questão que ponho aqui, e os Srs. Deputados então vão ver os Diários das Sessões, se alguma vez enquanto

estive a presidir, e se neguei a defesa da honra a algum Deputado? Nunca. Não neguei… Protestos do Sr. Edgar Silva (PCP). Não neguei, não neguei. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Ontem foi negado! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Desculpe, oh! Sr. Deputado, se ontem foi negado, o Sr. Deputado Fernando

Letra não tinha que trazer o assunto outra vez para aqui e pedir a defesa da honra. Se a Mesa já tinha tomado uma posição, a Mesa tem que continuar a tomar a mesma posição. Protestos do Sr. Edgar Silva (PCP). Eu continuo a dizer, o Sr. Deputado não estava inscrito, pode se inscrever, pode fazer a defesa da honra, e portanto

nessa altura, se estivesse inscrito como ontem…

Burburinho.

Page 14: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 14

Oh! Srs. Deputados, se querem divagar e querem fazer brincadeira com isto, eu não estou para isso. Sr. Deputado, eu vou passar à ordem de trabalhos e deixar imediatamente… Comentários do Sr. Baltasar Aguiar (PND). Sr. Deputado, quer também interpelar a Mesa? Faz favor, Sr. Deputado. Os Srs. Deputados gostam muito dos fait-divers, em vez de estarmos aqui a trabalhar… O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Não gosto, não gosto dos fait-divers, são direitos fundamentais. Quem tem que

decidir da honra, não é a Mesa é o Deputado! O Deputado é que decide da defesa da honra. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- O Sr. Deputado depois desta situação tem o direito de vir aqui fazer uma

intervenção e defender a sua honra como devia ter feito e não interpelar a Mesa para defesa da honra, para exercer um direito muito tempo depois.

Oh! Srs. Deputados, vamos com lógica, vamos reflectir sobre este assunto e verificar que de facto o Sr. Deputado não é 8 ou 10 dias depois que vem aqui defender a honra!

O Sr. Deputado se quiser defender a honra pode fazer uma intervenção e tem o tempo necessário e suficiente para fazer a sua defesa da honra.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Como é que pode fazer uma intervenção? O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Baltasar Aguiar, para uma interpelação à Mesa. O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Sr. Presidente, eu acho que em matéria de honra começava a ser importante

que a Mesa desta Assembleia tivesse também ela própria a preocupação de ser atingida pelo mínimo, o mínimo, microscópico mesmo de honradez, porque o que se passou ontem, Sr. Presidente, foi o seguinte: foi pedida a palavra pelo Sr. Deputado do Bloco, para defender a sua honra quando não o podia ter feito na Sessão seguinte. O que a Mesa disse na altura foi que não podia ser concedida a palavra, porque o Presidente…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado…

O ORADOR:- O Sr. Presidente vai me ouvir com atenção! …porque o Presidente da Mesa não tinha ouvido a ofensa, não tinha conhecimento da ofensa. Hoje, foi distribuída à Sala a acta da Sessão de anteontem. O que se passa, Sr. Presidente, é que quem lê essa acta percebe que está nítida a ofensa ao Deputado… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Oh! Sr. Deputado, não… O ORADOR:- Sr. Presidente, o Sr. Presidente disse que a defesa da honra deve ser feita… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado eu não vou… desculpe, desculpe… O ORADOR:- Não, não, Sr. Presidente, mas vai me ouvir…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Olhe! A Mesa deve de ter honra, Sr. Deputado, e tem muita honra, mas digo-

lhe uma coisa, a Mesa está a ter muita paciência e está-me a faltar a paciência para estar nessa… Comentários do Sr. Baltasar Aguiar (PND). E terminou o seu tempo, Sr. Deputado, para a defesa da honra terminou o seu tempo. O ORADOR:- Não, Sr. Presidente, só lhe queria dizer o seguinte: é que a ofensa à honra não tem de ser

contemporânea da prática da ofensa à honra. Hoje quem leu a acta percebeu que a ofensa está lá chapada e não se pode pedir…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Nós já sabemos isso, eu não tenho a acta, mas já sabemos isso. Já terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Não terminou, Sr. Presidente, o Sr. Presidente não pode pedir a um Deputado, não pode solicitar a

um Deputado que se mantenha num… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, terminou o seu tempo. Sr. Deputado João Carlos Gouveia. O ORADOR:- …numa ofensa que impende sobre ele. Sr. Presidente, ao fazê-lo, está a fazer o pior serviço que se podia fazer pela honra de toda a gente deste

Parlamento. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado João Carlos Gouveia, para interpelar a Mesa.

Page 15: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 15

O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Obrigado, Sr. Presidente. Burburinho geral. Da parte do Grupo Parlamentar do PS é claro. Em primeiro lugar, uma solidariedade para com o Sr. Deputado do

Bloco de Esquerda. Depois, pessoalmente, Sr. Presidente, eu gostava de dizer-lhe olhando na sua cara, Sr. Presidente… Uma voz:- Nos olhos! O ORADOR:- …nos olhos, Sr. Presidente, é com muita tristeza e lamento muito… Uma voz do PSD:- Chora!

O ORADOR:- …que uma pessoa que eu tenho respeito e tem tido em vários casos, isso também tenho que reconhecer publicamente, a isenção na condução dos trabalhos, mesmo V. Exa., Sr. Presidente, não consegue fugir à pressão desta maioria, tem um comportamento totalitário…

Protestos do PSD. …e o problema aqui, de fundo, não é o Sr. Deputado, nem o Sr. Presidente. A questão de fundo é o comportamento do PSD… Protestos do PSD. …e peço imensa desculpa, Sr. Presidente, ter que lhe dizer isto, pela consideração que eu tenho por V. Exa.. Muito obrigado. O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Muito bem! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Eu vou esperar defender a honra também um dia, Sr. Deputado. Sr. Deputado Tranquada Gomes está inscrito também para uma interpelação à Mesa? Faz favor. O SR. TRANQUADA GOMES (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, uma interpelação à Mesa para dizer o

seguinte: em primeiro lugar, o Grupo Parlamentar do PSD subscreve a interpretação que o Sr. Presidente deu à defesa da honra, porque é a única que é aceitável à luz do artigo 91.º do Regimento que, pelos vistos nenhum dos Srs. Deputados da oposição que até ao momento fez a sua intervenção, leu ou teve em consideração.

E em segundo lugar, o Grupo Parlamentar do PSD não pode deixar de lamentar a falta de respeito, de decoro da oposição pela Mesa.

Tem sido recorrente nestes Plenários… Uma Voz da oposição:- Não me digas!

O ORADOR:- …grande parte da oposição desrespeitar a Mesa… Protestos da oposição. …quando, em termos de Regimento, o comportamento deveria ser o de respeito pelas decisões da Mesa, que é

assim que manda o Regimento. E vai muito mal a democracia quando no órgão máximo da nossa autonomia temos uma oposição arruaceira, que

desrespeita as decisões da Mesa, que não respeita as restantes bancadas parlamentares e que vem aqui, ao invés de defender as suas propostas, atacar a Mesa e fazer chicana política neste Parlamento.

Protestos na bancada da oposição. O que os senhores estão a fazer é arruaça e chicana política. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Jaime Silva também para interpelar a Mesa, tem a palavra.

O SR. JAIME SILVA (MPT):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Eu não ia intervir, mas a intervenção do Sr. Deputado do PSD fez-me intervir, porque realmente é o momento de

nós pensarmos e vermos as situações e não aproveitarmos estas situações para fazer chicana de um lado para outro. E penso que a situação concreta que aconteceu na quinta-feira última de Plenário foi exactamente uma ofensa a

um Deputado que tem o direito de defender a sua honra. E penso que a Assembleia não pode estar sujeita a um representante que seja um Vice-Presidente ou um Presidente que esteja a exercer a função de Presidente na Mesa e no dia seguinte outro elemento que esteja a fazer de Presidente da Mesa e que estejamos aqui sujeitos a que um sabia ou não sabia, o outro ainda não leu, etc.…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Oh! Sr. Deputado…

Page 16: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 16

O ORADOR:- Isto é lamentável. Agora, o que eu proponho, o que o Partido da Terra propõe é que de uma vez por todas se clarifique esta situação

e a melhor maneira é: houve ataque, houve ofensa pessoal e o Sr. Deputado tem direito a defender a sua honra…

Vozes da oposição:- Muito bem!

O ORADOR:- …e acho que é isso que temos de fazer e temos de dar o exemplo…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, eu vou…

O ORADOR:- E para terminar, eu não vejo qual é o problema da Mesa dizer: Sr. Deputado defenda a sua honra, defenda…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, muito obrigado. Sr. Deputado, está claro e não vou perder mais tempo, nem a Mesa vai perder mais tempo, ontem, Sr. Deputado,

eu estou a falar faz favor de se sentar, se o Sr. Deputado está sentado, já pediu a defesa da honra, já não pode interpelar mais sobre o assunto e não vou dar mais a palavra a nenhum Sr. Deputado sobre este assunto.

Só lhe dizer, o requerimento faz-se por escrito à Mesa. O Sr. Deputado ontem pôs esta questão e o Presidente que estava a dirigir os trabalhos recusou a palavra ao Sr.

Deputado e o Sr. Deputado hoje vem insistir. Não pode depois de uma decisão.

O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Eu quero fazer um requerimento.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Quer fazer um requerimento? Sr. Deputado, faça o requerimento, tem esse direito. Diga lá qual é o requerimento que quer fazer à Mesa.

O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Eu quero recorrer do despacho que V. Exa. acaba de proferir para o Plenário da Assembleia.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Srs. Deputados, o Sr. Deputado Baltasar Aguiar acabou de pedir o recurso para Plenário da decisão da Mesa de

não dar ao Sr. Deputado do Bloco de Esquerda… Burburinho. Há um requerimento, temos que votar, os Srs. Deputados todos os dias hão-de prejudicar a ordem de trabalhos,

pois Srs. Deputados isto é apenas para prejudicar a ordem de trabalhos… Burburinho. Srs. Deputados, vamos votar o recurso da decisão da Mesa, sobre a admissibilidade ou não, hoje, nesta Sessão

Plenária, neste momento, do pedido do Deputado Fernando Letra em defender a honra. Vamos pôr à votação a decisão da Mesa de não dar a palavra ao Sr. Deputado. Submetido à votação, foi aprovado com 22 votos a favor do PSD e 12 votos contra sendo 6 do PS, 2 do PCP, 1 do

CDS/PP, 1 do BE, 1 do MPT e 1 PND. Srs. Deputados, vamos então entrar na nossa ordem de trabalhos.

ORDEM DO DIA

E temos como ponto 1 a continuação da apreciação e votação na generalidade do projecto de resolução, da autoria do Partido Socialista que “Recomenda ao Governo Regional dar início imediato às negociações com a

TAP que permitam repor a justiça e coerência na taxa de combustível cobrada nas ligações entre a RAM e o

Continente”. O Sr. Deputado Edgar Silva estava inscrito para uma intervenção. Mantém, Sr. Deputado? O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Prescindo, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sendo assim, Srs. Deputados, e não havendo mais intervenções, a Mesa vai

colocar à votação o ponto 1 da ordem de trabalhos. Submetido à votação, foi rejeitado com 22 votos contra do PSD, 2 abstenções, sendo 1 do CDS/PP e 1 do MPT e

11 votos contra, sendo 7 do PS, 2 do PCP, 1 do BE e 1 do PND. Passamos ao ponto 2 com a apreciação e votação na generalidade do projecto de resolução da autoria do Partido

Comunista Português, intitulado “Construção do hospital do Porto Santo” (agendado antes do regimento de 15 de Julho de 2008).

Está em discussão. Sr. Deputado Edgar Silva, para uma intervenção, tem a palavra.

Page 17: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 17

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Srs. e Srs. Deputados, a Sra. Deputada Luísa Mendonça aqui no Plenário, em diferentes situações, tem colocado um princípio que a este Grupo Parlamentar parece justíssimo e que é o princípio de que a Ilha do Porto Santo não pode nem deve ser encarada ao nível das políticas regionais como se tratasse de um outro qualquer concelho. Como Ilha, como realidade insular no quadro arquipelágico que nos caracteriza, a Ilha do Porto Santo precisa de políticas específicas, próprias, diferenciadas que atendam à realidade daquela insularidade distante que ali está concretizada no quadro da Região Autónoma da Madeira.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesse sentido, como se este argumento não fosse suficiente, outros do interesse estratégico para o desenvolvimento do Porto Santo, os direitos específicos têm que se reconhecidos à população do Porto Santo, se há áreas em que faz todo o sentido também invocar medidas específicas na defesa do acesso à saúde da população residente no Porto Santo, o direito de acesso a serviços de saúde, é claramente em relação ao Porto Santo que as medidas diferenciadas têm que acontecer e desde logo no que diz respeito ao acesso aos serviços hospitalares.

E este Grupo Parlamentar propõe que urgentemente se perspective, estando ao alcance da Região Autónoma da Madeira, que se perspective a concretização de medidas que permitam ao Porto Santo ter um hospital, hospital com as características próprias, adequadas à dimensão, às características de desenvolvimento da Ilha do Porto Santo.

Se olharmos à Região Autónoma dos Açores, outras Ilhas, como o Faial, outras Ilhas na Região Autónoma dos Açores têm, tal como no Porto Santo, a dimensão populacional e não tendo as perspectivas de desenvolvimento turístico, não tendo as exigências de desenvolvimento com que se defronta hoje o Porto Santo, têm unidades hospitalares; na Madeira faz todo o sentido haver um hospital que estando o serviço central, o hospital dimensionado para a Região no Funchal, na Ilha da Madeira, na Ilha do Porto Santo, um hospital de proximidade tipo H1, com determinado tipo de valências adequadas às necessidades do Porto Santo constitui um dever de intervenção e de decisão desta Região em relação a direitos específicos do Porto Santo, dos residentes no Porto Santo.

E, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não venha agora o PSD aqui dizer que na área da saúde só não se faz melhor porque a Constituição não permite; não venha o PSD e o Governo dizer que o Porto Santo não tem um hospital enquanto a Constituição não for revista; não venha o PSD dizer que o Porto Santo só não tem o novo hospital, só não tem hospital de raiz tipo H1, um hospital de proximidade, porque a Constituição não permite; não venho o PSD ou o Governo trazer a este Parlamento esse já risível, anedótico argumento de que nós só não podemos fazer, não podemos construir, não podemos decidir, porque a Constituição o impede!

O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Muito bem!

Burburinho.

O ORADOR:- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, algum empecilho Constitucional nos dificulta a tomada de decisão no sentido que o Porto Santo tenha um hospital próprio? Será devido ao Senhor Representante da República, a esse quisto que tinha que ser removido na Constituição de 2003 e que não foi? Será pelo facto do Senhor Representante da República, então Ministro da República, não ter sido removido como pretendia o PSD, que o hospital do Porto Santo não é construído? Será devido ao facto de que o projecto apresentado pelo Parlamento Regional aquando da Revisão da Constituição, o facto de não ter sido aceite na Assembleia da República e o facto dos Deputados do PSD na Assembleia da República não terem dado crédito ao projecto sobre Revisão Constitucional vindo da Madeira com as propostas do PSD? Será por isso que o hospital do Porto Santo não pode ser construído? Será que a Constituição o impede desde 74 que o Porto Santo tenha um hospital com as características adequadas às necessidades daquela Ilha? Será que em cada uma das sete Revisões Constitucionais…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …não se foi tão longe, no sentido de permitir que o Porto Santo tenha um hospital próprio? Não, Sr. Presidente, não Sras. e Srs. Deputados, a única questão é esta: está ao nosso alcance decidi-lo, constitui

um poder próprio desta Região e é possível decidir nesse sentido. Faça-se justiça!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Baltasar Aguiar, para um pedido de esclarecimento, tem a palavra.

O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Sr. Presidente, Sr. Deputado, o Porto Santo, tem campo de ténis, tem bares construídos pelo Estado, tem complexos desportivos de praia que custaram milhões e milhões de contos e não tem um hospital.

O Porto Santo, por outro lado, tem situações muito complexas, designadamente ao nível da legalidade de grandes empreendimentos que lá foram construídos. Refiro-me agora por exemplo, ao que se passou com o complexo turístico do Columbus Resort no Porto Santo, à expropriação de utilidade pública em que se pediu emprestado à utilidade pública ao Estado sem qualquer fundamento para se fazer um negócio privado com prejuízo de toda a Ilha. O Porto Santo tem situações escabrosas como construções ilegais na praia, por alguns dos mais importantes membros da sociedade madeirense, que compraram o Porto Santo e tornaram o Porto Santo como uma espécie de quinta pessoal. O Porto Santo tem dinheiro para as datchas do Presidente do Governo, tem ou não tem Sr. Presidente?

E o que eu pergunto é o seguinte: com todos estes negócios escuros era ou não era de esperar que esta Assembleia também fizesse um inquérito, uma investigação profunda a estas negociatas que se passam no Porto Santo?

E pergunto-lhe o seguinte, Sr. Deputado: acha que esta Assembleia está à altura de poder fazer um inquérito para apurar tudo aquilo de escuro, de esquisito, de estranho, de muito suspeito que se passa em matéria de negociatas no Porto Santo? Especialmente depois do que se passou ontem, em que, como V. Exa. sabe, esta Assembleia vestiu o fato da vergonha na comissão de inquérito sobre o complexo da família Sousa e do Sr. Ricardo Sousa no Caniçal.

Eu pergunto, Sr. Deputado: diga-me, está esta Câmara, tem esta Câmara meios e está ela à altura de poder…

Page 18: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 18

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …dar, de poder perseguir aquilo de escuro, de esquisito, de estranho, de ilegal, de absolutamente escuro que vai no Porto Santo?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Edgar Silva para responder, tem a palavra.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Baltasar Gonçalves, na verdade a questão de fundo que é colocada tem a ver com a forma como a Madeira e o Governo Regional da Madeira continua a olhar a Ilha do Porto Santo.

Se o Porto Santo fosse perspectivado, não como um outro qualquer concelho, se fosse perspectivado a partir das suas reivindicações, de direitos próprios e específicos daquela insularidade, daquela população, e não como tem acontecido até ao momento, em que o Porto Santo mais tem sido visto como colónia de férias de alguns madeirenses, em que o Porto Santo mais tem sido visto como colónia balnear de alguns madeirenses, em que o Porto Santo mais tem sido visto como objecto de negócio para muitos madeirenses, se o Porto Santo fosse visto, pelo contrário, bem pelo contrário, a partir das suas urgências, das suas necessidades, dos seus direitos autonómicos, certamente que há muito o Porto Santo teria a sua unidade hospitalar.

Mas coloca o Sr. Deputado uma outra questão, o Sr. Deputado coloca a questão no sentido de se saber se este Parlamento está em condições de desenvolver uma medida de inquérito parlamentar para que se apurem essas negociatas, essas nebulosidades existentes!? A verdade que há muita opacidade em relação a determinado tipo de investimentos, a determinado tipo de interesse em relação ao Porto Santo.

Estará este Parlamento em condições de desenvolver um inquérito que apure factos, que apure, quanto ao cumprimento da legalidade, à defesa do superior interesse público regional?

Sr. Deputado ontem de facto a comissão de inquérito parlamentar relativamente à Quinta do Lorde foi um sinal claro dessa impossibilidade. Perante cerca de 30 requerimentos, alguns em matéria de obrigatória auscultação, alguns dos requerimentos, a começar pelo primeiro, o primeiro requerimento era, nós fizemos esse requerimento para que a comissão parlamentar de inquérito fosse aberta à comunicação social…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …para que a comunicação social pudesse acompanhar os trabalhos, foi logo chumbado esse primeiro requerimento.

Isto diz tudo quanto à opacidade e incapacidade deste Parlamento em relação ao cumprimento dos seus deveres de fiscalização da prática governativa!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Fernando Letra, para um pedido de esclarecimento, tem a palavra.

O SR. FERNANDO LETRA (BE):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Edgar Silva, segundo a lei de 1982, uma localidade para ser promovida a cidade tem que ter no mínimo 8 mil habitantes e além disso uma série de infraestruturas em que entre elas compreende instalações hospitalares a servir em permanência.

Diga-me por favor, qual é a sua opinião acerca do que se passa no Porto Santo e porque razão é que aquilo é uma cidade, quando outras regiões do nosso País, outras localidades do nosso País têm muito melhores condições para isso e não são promovidas a cidade?

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Edgar Silva.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Fernando Letra, uma das linhas de argumentação e fundamentação poderia ser essa do direito que decorre do estatuto de cidade reconhecido à cidade do Porto Santo, e essa podia ser também uma linha de argumentação, mas, para além dessa reivindicação, que constitui, que resulta em direito próprio de cidadania, do direito à cidade por parte dos residentes naquela c idade do Porto Santo, há outro argumento que é o da dupla insularidade, da insularidade distante.

E esse de facto faz com que o Porto Santo tenha necessidade específicas pelo facto de ser cidade por direito próprio, mas mesmo que não fosse cidade, mesmo que ainda não tivesse o estatuto de cidade, que já o tem, para além desse argumento parece-nos que a insularidade agravada como existe no Porto Santo requer um reconhecimento por parte da Região deste direito.

O investimento público está ao nosso alcance decidir. Não se requer para o Porto Santo que tenha um hospital com as mesmas infraestruturas, com os mesmos serviços, com as mesmas valências que tem o hospital da Madeira. Não. A proposta que é aqui apresentada é que para o Porto Santo se crie um hospital de proximidade, tipo H1, com as valências que estão tecnicamente previstas nesse tipo de tipificação técnica.

Ora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sendo cidade e antes disso sendo uma insularidade agravada como é a do Porto Santo, não se compreende hoje que numa qualquer situação de urgência, hoje quem reside no Porto Santo esteja sujeito a um transporte que pode estar ou não disponível para uma emergência hospitalar. Não se compreende que uma qualquer pessoa…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …como aconteceu ainda há pouco tempo, que tenha que adiantar do seu bolso para vir a uma consulta numa área de especialidade ao Funchal, não está certo que o cidadão no Porto Santo, como aconteceu até hoje…

Page 19: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 19

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado.

O ORADOR:- …injustamente, não tenha a consulta de proximidade na área de especialidade e para além disso seja obrigado, quem reside no Porto Santo, a desembolsar todos os custos para ter acesso à saúde.

É uma desigualdade, uma injusta desigualdade que nós não podemos aceitar!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sra. Deputada Luísa Mendonça, para uma intervenção, tem a palavra.

A SRA. LUÍSA MENDONÇA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desde que sou deputada neste Parlamento assumi a resolução dos serviços de saúde como uma das prioridades dos meus mandatos, num quadro de desenvolvimento sustentado e de melhoria da qualidade de vida, no Porto Santo.

Recordo-me que em todas as Sessões legislativas denunciei situações críticas dos serviços de saúde e reivindiquei soluções para essas carências.

Reconheço que hoje, quer a nível de instalações, quer a nível de serviços, existem algumas melhorais em relação a um passado recente. Mas o objecto da minha constante reivindicação mantém-se: a construção de uma unidade hospitalar no Porto Santo.

Recordo-me que nas primeiras vezes que reivindiquei para o Porto Santo uma unidade de saúde adequada a uma ilha, e não apenas a mais um concelho da Região, ouvi as mais diversas reacções negativas a este anseio dos portosantenses.

Os anos foram passando e actualmente, felizmente, sinto que este combate político tem tido frutos. Entre outros, apraz-me registar que a nível dos autarcas locais do PSD estão a mostrar alguma solidariedade com

este nosso empenho e com esta nossa luta por um serviço de saúde de qualidade no Porto Santo. É evidente que subscrevemos os argumentos que sustentam o projecto de resolução para a construção do hospital

do Porto Santo. E aos senhores deputados do partido da maioria apelamos que os interesses da comunidade portosantense façam

esquecer a proveniência desta proposta e em nome do Porto Santo votem favoravelmente este projecto. Transcrito do original.

Vozes do PS:- Muito bem!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Edgar Silva para um pedido de esclarecimento, tem a palavra.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sra. Deputada Luísa Mendonça, na verdade V. Exa. tem neste Parlamento que me lembre pelo menos desde 1996, se não estou em erro, defendido que…

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- 2000!

O ORADOR:- …a Ilha do Porto Santo não pode ser encarada como um outro qualquer concelho no que diz respeito às políticas regionais. Em 96 V. Exa. já estava no Parlamento. 2000, muito obrigado.

E então V. Exa. sempre colocou esta necessidade de medidas específicas para o Porto Santo e nomeadamente esta certamente de acordo com a sua intervenção é justíssima que assim possa ser colocada.

Mas para além destes direitos importantes a serem reconhecidos à população residente no Porto Santo, não considera V. Exa. que mesmo do ponto de vista estratégico, do ponto de vista do interesse do desenvolvimento humano e social, mas também do ponto de vista do desenvolvimento económico, o Porto Santo não teria aqui um grande factor de atractividade, de um complemento da atractividade, se tivesse um hospital tipo H1? Não seria também na área do turismo da saúde, não seria também na área da credibilização daquele destino turístico, este um factor que na dimensão que hoje está criada, na dimensão crítica que hoje está criada da capacidade hoteleira, que seria este também um factor de atractividade para a Ilha do Porto Santo?

Eu lembro-me ainda há pouco tempo, há pessoas, há determinado tipo de turistas que o primeiro requisito, quando se deslocam a uma determinada agência para indagar de um destino turístico, é saber das condições de saúde, das condições dos serviços de saúde, há determinado tipo de turistas que não viajam para um determinado destino que não tenha um hospital, que não tenha determinado tipo de valências. Constituiu ou não, não só na área do desenvolvimento das políticas da saúde, de um turismo de saúde, como há muito foi anunciado pela Região que esse seria um destino…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …a atender ao nível europeu, para o Porto Santo não seria essa uma valência importante? E já agora, tem conhecimento ou não V. Exa., de acordo com o que acabou de referir, que existem autarcas que

defendem no Porto Santo também este projecto como fundamental para o Porto Santo? Quais é que serão então esses autarcas que estão a defender este projecto como fundamental também para a defensa dos interesses do Porto Santo e do seu desenvolvimento?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sra. Deputada Luísa Mendonça, para responder, tem a palavra.

A SRA. LUÍSA MENDONÇA (PS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Edgar, mais que por uma vez também, aqui, nesta Casa, quando eu falei sobre saúde, falava que o desenvolvimento do Porto Santo passaria por uma unidade de saúde no Porto Santo, porque o desenvolvimento turístico do Porto Santo, se fosse estruturado, logo à partida se teria pensado numa unidade hospitalar, porque não há turista que vá para uma terra em que não exista as mínimas condições de saúde. E dizia na altura que o Centro de Saúde já não respondia aos residentes e muito menos aos turistas.

Page 20: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 20

A sua segunda pergunta era sobre os autarcas. Naturalmente, toda a gente sabe que o Sr. Presidente da Câmara de Porto Santo defende também uma unidade de saúde no Porto Santo e é exactamente o Presidente da Câmara que é defensor também desta unidade hospitalar.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Baltasar Aguiar para um pedido de esclarecimento, tem a palavra.

O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sra. Deputada, o Porto Santo é muitas vezes referido pelos políticos regionais como um dos grandes casos de sucesso das intervenções do Governo Regional e da política regional.

Mas a verdade é que quem vai hoje ao Porto Santo percebe, sente e vê que o Porto Santo está neste momento a ser atingido por uma crise que é muito mais ampla, que é muito mais intensa e que os efeitos são muito mais negativos do que aqueles que nós sentimos aqui na Madeira.

E quem analisa os números daquilo que se passa no Porto Santo percebe que aquilo imediatamente, que o Porto Santo é uma terra à beira do colapso e à espera de uma intervenção urgente. Os últimos números, só deste ano, de passageiros de voos internacionais para o Porto Santo referem isto: Janeiro, menos 57%; Fevereiro, 91%; Março, menos 41%; Abril menos 43%; e por aí adiante, Minha Senhora, em passageiros de voos aéreos e passageiros marítimos, onde esta crise também é claramente perceptível, ao todo o Porto Santo teve este ano menos 9 mil visitantes, menos 9 mil turistas.

Ainda aqui há tempos, se viram em reportagens feitas na televisão, entrevistas lancinantes de comerciantes que referiam que tinham as lojas às moscas e que durante um dia não vendiam uma única peça, uma única mercadoria.

Também é referido, e este é mais um elemento de sofrimento dos portosantenses, que muita gente no Porto Santo tem morrido e tem sofrido por causa das deslocações para o Funchal e por causa de não existirem condições hospitalares no Porto Santo.

Refira-me, Sra. Deputada, se é ou não verdade, que no Porto Santo há muitos portosantenses e turistas que têm tido graves consequências pelo facto de não existirem instalações médicas suficientes, pelo menos no período do verão, em que o número de doentes aumenta exponencialmente e a resposta é nula?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sra. Deputada Luísa Mendonça, para responder, tem a palavra.

A SRA. LUÍSA MENDONÇA (PS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, é verdade que no Porto Santo também esta crise mundial se está a sentir, mas, como eu já há pouco disse, um desenvolvimento tem de ser estruturado, uma casa não pode ser começada pelo telhado, tem de ser começada pelas suas estruturas.

Entretanto, em relação à sua pergunta, o Centro de Saúde hoje, como eu há pouco também referi, já tem outras capacidades, mas no momento ainda não são suficientes para o número de visitantes que nós temos no verão, todos os médicos e o pessoal tenta minimizar, mas é insuficiente no momento, por isso é que nós pedimos uma unidade hospitalar de raiz, porque no Porto Santo, o Sr. Deputado não sei se sabe, o Porto Santo não tem ainda as condições, o Centro de Saúde do Porto Santo não tem as condições mínimas para tratar dos doentes, por isso mesmo é que nós estamos a reivindicar um hospital.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Lino Abreu para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, esta proposta que é apresenta hoje pelo Grupo Parlamentar do PCP tem toda a razão de existir.

Não é aceitável que um governo que anuncia no seu orçamento, onde diz que a grande bandeira deste governo são as políticas sociais e são os investimentos ligados à saúde, onde diz que o maior investimento a ser realizado neste orçamento de 2009 é na área do social e na área da saúde, não se percebe como é que temos uma Região com 5 mil habitantes e tenhamos ainda um rudimentar Centro de Saúde, não se percebe como é que uma Região que pretende ser uma Região turística não tenha um hospital de proximidade, um hospital com as valências necessárias, com especialidades necessárias para dar garantia a quem visita aquela bela Ilha, não se percebe como é que a estratégia de investimento para o Porto Santo começou pelo investimento público na área das infraestruturas, na área das infraestruturas de animação, no lazer, esquecendo uma área que é importantíssima que é a área da saúde, que é a área do bem-estar, que é uma área que é essencial para aqueles que visitam a ilha do Porto Santo.

Por isso mesmo, o CDS/PP acha que seria oportuno, já no próximo ano, que fosse feito, em termos de orçamento de 2009, que tenha um cabimento orçamental para a realização pela primeira vez de um hospital para o Porto Santo, que aquela população tanto carece e que há já muitos anos vem reivindicando.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Gregório Pestana, para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. GREGÓRIO PESTANA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Governo Regional da Madeira nos seus sucessivos programas de governo e ao longo dos anos de governação tem definido sempre linhas estratégicas na área da saúde, enquanto um direito social fundamental dos madeirenses e portosantenses.

A contínua promoção da saúde e a prevenção da doença, mais a prestação dos cuidados de saúde tem efeitos sociais com repercussões directas e indirectas no desenvolvimento da nossa Região.

A estratégia para a área da saúde no Porto Santo tem-se desenvolvido através de várias medidas e acções, sempre com o objectivo final de melhorar o acesso aos cuidados de saúde de todos os portosantenses.

Tem-se reforçado a garantia de qualidade dos cuidados de saúde, promovendo-se modelos de organização e acessibilidade médica adequada à nossa realidade geográfica, evidenciando-se e adequando o serviço à realidade da Ilha, procurando dar localmente o máximo de respostas às necessidades de saúde dos utentes, o que se tem verificado.

Page 21: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 21

Elevar o nível de cuidados de saúde dos portosantenses tem sido uma preocupação, apostando numa melhoria de prestação de qualidade de cuidados no âmbito do Serviço Regional de Saúde, aumentando em número e em capacidade os recursos humanos envolvidos no sistema, mas também dotando de mais e melhores equipamentos o Centro de Saúde do Porto Santo.

O Centro de Saúde pode considerar-se hoje uma infraestrutura de retaguarda do hospital Central do Funchal, apresentando uma das produções mais elevadas da Região Autónoma da Madeira.

A população inscrita no Centro de Saúde do Porto Santo fixa-se em 6 mil e 78 utentes, dos quais 5 mil 746 têm médico de família, sendo os restantes encaminhados para médicos de recurso.

Em termos de equipamentos e de recursos disponíveis o Centro de Saúde do Porto Santo dispõe de uma grande variedade de profissionais de saúde especializados em várias áreas.

O Centro de Saúde oferece consultas das variadas especialidades, destacando-se a consulta de saúde materna, saúde infantil e grupos de risco, saúde escolar, intervenção nas escolas básicas e saúde mental.

A nível de consultas de especialidade existem diversas especialidades. Refira-se que a pediatria, oftalmologia, pneumologia, ortopedia, cardiologia, hemodiálise, medicina dentária, duas vezes por semana, estando disponível brevemente as consultas de urologia e nutrição, bem como novos exames, como por exemplo a endoscopia.

É de salientar que o Centro do Porto Santo é o que envia menos doentes para o Hospital Central do Funchal…

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Pudera!

O ORADOR:- …e isto deve-se ao facto da capacidade de diagnóstico neste serviço ser superior aos outros centros de saúde a que se deve o grande investimento que tem vindo a ser feito com a aquisição de novos equipamentos na área do diagnóstico.

Para os Srs. Deputados que tanto gostam de números, aqui têm: no Centro de Saúde do Porto Santo foram realizadas no ano anterior 7 mil 770 consultas de clínica geral; 2 mil 324 de especialidade; no planeamento familiar foram feitas 578 consultas de enfermagem e 144 médicas; foram realizadas 12 mil 300 consultas de emergência e foram feitos 56 internamentos.

No entanto é uma aspiração antiga dos portosantenses terem hospital naquela Ilha. Há muito que os políticos portosantenses com responsabilidade na Ilha, nomeadamente o Presidente da Câmara, o Presidente da Junta de Freguesia e eu próprio que reivindicamos mais e melhores condições para o centro local, o que tem vindo a acontecer.

Para nós, a designação de centro de saúde ou hospital, é secundário…

O SR. JAIME SILVA (MPT):- É igual!

O ORADOR:- …não é relevante, o que é relevante para a população é saber se existe médico para todos, o que é importante para a população é saber se existe médico para todos…

Burburinho.

Comentário do Sr. Edgar Silva (PCP).

…se a nível das especialidades existe a resposta adequada e se em termos de transporte, como Sr. Deputado Edgar acabou de afirmar, se esse transporte é adequado e está a tempo de horas, o que acontece actualmente.

Por fim, e eu quero lembrar aqui também uma afirmação do Presidente do Governo Regional, que a partir de 2012 o Centro de Saúde do Porto Santo passaria a designar-se de hospital.

Risos do Sr. Baltasar Aguiar (PND). Uma voz:- Muda o nome! O ORADOR:- Desculpe, Sr. Deputado, não é mudando o nome, é introduzindo mais valências, introduzindo mais

especialidades!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Termino o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- No entanto não será o PCP a refazer a nossa calendarização do programa apresentado aos portosantenses e sufragado pela maioria da população.

Vozes do PSD:- Muito bem! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Edgar Silva para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Gregório Pestana, o Sr.

Deputado traz aqui uma afirmação digna de ser apresentada em qualquer congresso de medicina. V. Exa. apresenta-se aqui como de facto uma sumidade na área da medicina interna e diz V. Exa. que, tanto chamar-se hospital, quanto chamar-se centro de saúde, que é tudo a mesma coisa, é uma questão de nomes.

Portanto, pode ser centro de saúde, mas pode-se dar-lhe o nome de hospital, que tanto faz. Este é de facto um conceito inovador à escala mundial e que vem claramente do Porto Santo para o mundo, como

uma inovação na área de todo o trabalho da investigação na área da medicina. E isso de facto é de louvar, é de saudar, porque se a Madeira já tem alguns nomes no Guinness Book, tem já pessoas de vulto internacional, não é só o Ronaldo em Madrid, V. Exa. entra já para os compêndios internacionais, para esta nova classificação das unidades de saúde.

Page 22: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 22

Burburinho.

Mas, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a questão que aqui poderia colocar de forma muito clara, muito directa é esta: o Sr. Deputado concorda que o Porto Santo seja encarado pelo Governo Regional, nomeadamente na área da saúde, em relação aos seus direitos, em relação às suas necessidades na área da saúde, em relação aos serviços de saúde a que devia ter direito, deve continuar o Porto Santo a ser encarado como se fosse o concelho da Calheta, ou o concelho do Porto do Moniz, ou o concelho de Câmara de Lobos? Pode V. Exa. clarificar aquele que é o seu posicionamento neste Parlamento? Considera que em relação à área da saúde o Porto Santo, a Ilha do Porto Santo deve continuar a ser encarada como fosse um outro qualquer concelho?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Como se fosse o concelho de Santa Cruz, como se fosse o concelho de Machico, como se fosse um qualquer outro concelho? O Porto Santo tem um serviço…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado.

O ORADOR:- …ao nível dos outros concelhos? Muito obrigado. Respeito a decisão da Mesa.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Gregório Pestana, para responder, tem a palavra.

O SR. JAIME LEANDRO (PS):- O Lobo Marinho vai chamar-se Titanic, agora!

Risos.

O SR. GREGÓRIO PESTANA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu penso que isto é muito sério para andarmos aqui a brincar. E penso que também deve ser por esta razão que os partidos da oposição cada vez têm menos credibilidade.

Eu quando afirmei e quando o Sr. Presidente do Governo afirmou que futuramente, ou a partir de 2011, o Centro de Saúde do Porto Santo passaria a designar-se de hospital, logicamente que não era mudar só o nome, possivelmente seria isso que V. Exas. pretendiam, não é isso que nós pretendemos, nem é isso que a população pretende, nem tão pouco é isso que o Presidente do Governo pretende, o que eu disse foi que ao longo do tempo, e se reparar e se fizer um historial do que era o Centro de Saúde nos últimos anos, com certeza que já se apercebeu…

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Quando foi descoberto o Porto Santo não tinha nada!

O ORADOR:- …que o número de valências foi aumentando, que o número de especialidades…

Comentário do Sr. Baltasar Aguiar (PND).

Desculpe, Sr. Deputado, quando o Sr. Deputado quiser falar, peça a palavra. …foi aumentando, que o número de médicos permanentes foi aumentado. Sr. Deputado, estas coisas fazem-se progressivamente, não é chegar aqui e inventar: “Eu quero um hospital!”. E

tenho um hospital”

Burburinho.

Eu gostaria de ter um hospital, mas também reconheço das dificuldades que é criar um hospital de valências H1, como V. Exa. define, sabendo que é quase impossível colocar no Porto Santo médicos residentes para fazer face a essas especialidades que aí estão descritas.

Agora, o que nós pretendemos é progressivamente ir aumentando o número de especialidades, ir aumentando o número de valências, ir aumentando o número de médicos residentes, e para alguns casos nós sabemos que há sempre casos de que nunca poderemos ter especialistas lá, há sempre casos que vão ter que se deslocar ao Funchal.

Comentário do Sr. Baltasar Aguiar (PND).

Desculpe, mas esta é a verdade, não brinque com a saúde, nem venha brincar com a saúde dos portosantenses. Nós somos realistas e é neste termo de realidade e honestidade que nós falamos com a população do Porto Santo.

Comentário do Sr. Baltasar Aguiar (PND).

Nós, no nosso programa eleitoral nunca prometemos um hospital para o Porto Santo e é por essa razão que eu digo aqui e o que temos prometido é o número de especialidades e recentemente temos mais duas especialidades introduzidas no Porto Santo, mas V. Exas. não falam dessas especialidades, V. Exas. …

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Obrigado.

Aplausos do PSD.

Page 23: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 23

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Srs. Deputados, vamos fazer o intervalo de 15 minutos.

Eram 11 horas.

INTERVALO

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Temos quórum, vamos reiniciar os nossos trabalhos.

Eram 11 horas e 30 minutos.

Para um pedido de esclarecimento ao Sr. Deputado Gregório Pestana estava inscrito o Sr. Deputado Baltasar Aguiar. Tem a palavra.

O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, nas primeiras barcas que vieram no século XV para a Madeira estavam, grande parte daqueles que são os antecedentes, os avós dos actuais portosantenses e qualquer portosantense que se preze nunca esquece essa origem, esses grandes aventureiros que descobriram o nosso arquipélago. Nenhum portosantense que se preze baixa a cabeça ou se põe de joelhos perante qualquer poder, seja ele qual for! Ser portosantense é ser altivo, ser portosantense é ter consciência da importância do seu passado, é ter consciência de uma coisa muito importante: da dignidade de existir.

E por isso os portosantenses, nas condições climatéricas em que são obrigados a viver, têm resistido e têm permanecido naquela ilha, e por isso nenhum madeirense pode algum dia mandar no Porto Santo!

Por isso também, nenhum portosantense estaria na Madeira sem levantar bem alto a sua voz na defesa dos seus valores e do Porto Santo.

Pois bem, Sr. Deputado, Sr. Deputado Pestana, há coisas que se falou tantas vezes aqui nesta Assembleia sobre o Porto Santo; olhe, a crise actual do Porto Santo, em que se perderam milhares e milhares e milhares de visitantes nos últimos 6 meses àquela ilha. Palavras do Senhor, zero! O Senhor apenas diz que tem o Porto Santo no coração.

Construção do hotel SIRAM, do Hotel Colombo: parado! Um drama para toda a ilha do Porto Santo. O que é que o Senhor disse nesta Assembleia? Zero! O Senhor só traz o Porto Santo no coração.

Saída do operador italiano do Porto Santo, um grande problema para o turismo do Porto Santo;… Burburinho na bancada do PSD. …o que é que o Senhor traz? Zero! O Senhor só traz o Porto Santo no coração. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Sr. Presidente, as questões são curtas. Diga, Sr. Deputado, qual é o rácio entre doentes e médicos no Porto Santo? Diga, Sr. Deputado, se é sim ou não, se é ou não verdade que os únicos especialistas que há no Porto Santo são

um dentista permanente e uma fisioterapeuta? Diga, Sr. Deputado, quando é que vamos ter um hospital no Porto Santo, se o do Funchal ainda nem sequer está

construído? E esse é que é a prioridade, afinal, do Governo… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Terá de concluir. O ORADOR:- Já agora, Sr. Presidente, uma última informação. Diga-me quando é que quem morre no Porto Santo deixa de ser congelado e conservado num frigorífico de

gelados, como actualmente ocorre? Protestos do Sr. Jaime Ramos (PSD). O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Gregório Pestana, para responder, tem a palavra. O SR. GREGÓRIO PESTANA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente. Não há dúvida que o Sr. Deputado está um pouco desfasado da realidade portosantense. Possivelmente porque de facto as suas idas ao Porto Santo serão para fazer férias e não para atestar a realidade

daquela ilha. Comentários do Sr. Baltasar Aguiar (PND). Burburinho geral. Sr. Deputado, se me permite, e acho muito bem, e aliás é muito bem-vindo em Porto Santo, como qualquer

madeirense é bem-vindo em Porto Santo. E não há dúvida que se alguém defende o Porto Santo, eu sou um dos que defendem o Porto Santo. Eu sou filho

daquela terra, eu nasci naquela terra e conheço as realidades daquela terra. O Sr. Deputado falou sobre vários assuntos, sobre os quais não me vou pronunciar, como é óbvio, porque de facto

o que se está a discutir… Protestos do Sr. Baltasar Aguiar (PND).

Page 24: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 24

…é um hospital no Porto Santo, não é a finalização do Hotel SIRAM, não é o operador turístico, mas também posso lhe dar uma achega e dizer que relativamente ao operador, o operador continua a fazer a operação entre o Porto Santo e Itália, e relativamente ao grupo SIRAM penso que a questão está para breve para ser resolvida, já houve um protocolo de intenções, e logicamente que não será um deputado a celebrar esse protocolo mas sim…

Troca de palavras entre os Srs. Jaime Ramos (PSD) e Baltasar Aguiar (PND).

Burburinho geral.

…mas sim o Governo e os investidores privados. Relativamente à pergunta concreta que me fez sobre o Porto Santo, médicos e especialistas, não há dúvida que, e

aliás há pouco acabei de enumerar o número de especialidades médicas…

O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Permanentes, diga lá, permanentes!

O ORADOR:- Não temos permanentes…

Comentários do Sr. Baltasar Aguiar (PND).

Burburinho nas bancadas da Oposição..

Oh! Sr. Deputado, eu não estou aqui para vos enganar ou para vos mentir, como muitas vezes os senhores fazem aqui neste Plenário!

Eu não estou a dizer…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- O que eu estou aqui a dizer é que de facto nos serviços de saúde do Porto Santo são praticadas doze especialidades…

O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Quais são?

O ORADOR:- …que são semanais, algumas quinzenais e outras mensais. Não temos especialidades permanentes com excepção daquelas que o Senhor enumerou, é verdade. Além do fisioterapeuta e do dentista, dos clínicos gerais, do psicólogo, tudo isso, temos os outros que fazem especialidades semanais…

Protestos do Sr. Baltasar Aguiar (PND). O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, terá de concluir que já ultrapassou o seu tempo. Sr. Deputado Fernando Letra, para um pedido de esclarecimento, tem a palavra.

O SR. FERNANDO LETRA (BE):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Gregório Pestana, gostaria que me respondesse a duas perguntas

muito simples. Primeiro, o Senhor diz que as coisas se fazem progressivamente e eu gostaria de perguntar, se elas se fazem

progressivamente, porque é que não começaram com o hospital, sabendo nós que há médicos suficientes para haver uma clínica privada no Porto Santo?

Mais uma vez, renderam-se aos interesses privados e o interesse público foi-se. E uma outra pergunta, que basta me responder com sim ou não, é se acha lógico e justo para a população do Porto

Santo que o único local onde se fazem intervenções cirúrgicas na Ilha Dourada é no Posto de Atendimento Veterinário? Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Gregório Pestana, para responder, tem a palavra. O SR. GREGÓRIO PESTANA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente. Bem, eu penso que o Sr. Deputado possivelmente deve estar aqui a brincar um pouco com a saúde dos

portosantenses! E também penso que não está a falar sério, porque quando está a comparar a saúde do humano com animais, portanto, eu ficaria…

Burburinho nas bancadas da Oposição.

…quando estamos a falar de saúde humana e está a comparar com animais, acho que a minha obrigação e o meu deveria seria ficar calado porque de facto essas palavras que foram proferidas ficariam consigo!

No entanto, não queira que de facto o Centro de Saúde de Porto Saúde esteja equipado com um bloco operatório, como é lógico! Neste momento, qualquer intervenção cirúrgica que seja necessária nós temos o transporte aéreo que satisfaz plenamente as necessidades do Porto e que em 10 ou 15 minutos no máximo eles estão no Centro Hospitalar do Funchal, portanto não vamos duplicar recursos, não vamos duplicar investimentos para fazer uma ou duas cirurgias por ano.

Portanto, isso é uma maneira muito subtil de tentar enganar as pessoas, mas não é por aí que as pessoas vão, não é por aí que as pessoas seguem.

As pessoas seguem aquele caminho que de facto é o caminho da racionalidade e o caminho da racionalidade é evitar custos supérfluos.

Page 25: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 25

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Lino Abreu, para um pedido de esclarecimento, tem a palavra.

O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Gregório, vamos ser pragmáticos e objectivos.

Eu queria lhe perguntar se o que existe no Porto Santo chega ou não para os cuidados de saúde aos portosantenses? É muito claro! Chega ou não?

Todos nós sabemos que não chega. Como não chega, o que é que temos que fazer para ir ao encontro das populações e de quem necessita? Será que

é necessário fazer um novo hospital? Diga aqui a todos, nesta Casa, se o Centro de Saúde que lá está é suficiente, se é relevante, como diz que é, que tem as mesmas valências que o hospital? É isso que nós temos que saber.

As condições que existem no Porto Santo são rudimentares, não chegam. Se não chegam, claramente temos que fazer alguma coisa, e essa alguma é aumentar aquele centro de saúde que lá está, passando de centro de saúde a hospital! É isso que as pessoas querem! É isso que os portosantenses querem há anos!

E temos que ser claros, não andar aqui com rodriguinhos, não andar aqui a rodear, temos que ser objectivos! E objectivamente, é se chega ou não aquele centro de saúde que lá está! Todos nós sabemos que não chega. Se não chega, tem que haver alterações!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Obrigado. Sr. Deputado Gregório Pestana, para responder, tem a palavra. O SR. GREGÓRIO PESTANA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Lino Abreu, eu afirmei na minha intervenção que de facto é uma

aspiração antiga dos portosantenses terem um hospital. Nunca eu neguei que de facto era uma aspiração antiga ter um hospital no Porto Santo!

O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Temos de reivindicar ao Governo! Temos de reivindicar!

O ORADOR:- Portanto, caso resolvido, já compreendeu! Os deputados, o presidente de câmara, o presidente de junta, os políticos do Porto Santo eleitos pelo PSD já o

afirmaram: é necessário um hospital no Porto Santo.

Comentários do Sr. Lino Abreu (CDS/PP).

Agora, o que eu disse há pouco foi que nós não vamos fazer um hospital porque o PCP quer… Protestos da Oposição.

Burburinho geral. Nós vamos o hospital quando acharmos que é necessário e quando essa altura chegar, vai ser introduzido no

nosso programa eleitoral para ser sufragado pela população do Porto Santo! E entretanto até lá, e o Sr. Deputado tem conhecimento, que eu sei que tem conhecimento, nós progressivamente

temos aumentado o número de valências no Centro de Saúde do Porto Santo. Se me perguntar: são suficientes? Não, não são suficientes. É preciso mais! Mas é para isso mesmo que eu, e

todos os outros colegas meus, têm defendido e é por aí também, e posso-lhe garantir que temos tido a maior aceitação por parte da Secretaria dos Assuntos Sociais em resolver estas questões.

Já foram levantadas ene questões aqui sobre o Centro de Saúde do Porto Santo, já foram levantadas por mim, já foram levantadas por outros Deputados da Oposição. Essas situações já foram resolvidas ou estão em fase de conclusão.

Burburinho geral. Portanto, é necessário, vamos pedir ao Governo, mas não será no tempo que os partidos da oposição querem, será

no tempo que o PSD entender, e esse programa será sufragado pela população do Porto Santo! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Obrigado. Sr. Deputado Jaime Silva, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. JAIME SILVA (MPT):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, primeiro, referir aqui o que parece ser uma

contradição nas palavras do Sr. Deputado Gregório Pestana, que primeiro diz que é necessário e depois diz que o Governo vai fazer quando for necessário. É necessário ou não é? Quando for necessário não é o mesmo que dizer que é necessário.

De qualquer dos modos, subscrever integralmente as palavras do Deputado Edgar Silva quando aqui refere que as contingências do Porto Santo, em que a ilha está mergulhada também por ser ilha,… não se pode associar esta ilha a qualquer concelho. Na verdade, é preciso equipar esta ilha com os equipamentos mais adequados à sua realidade, de modo a responder às grandes limitações que a mesma sente.

É evidente que qualquer cidadão concorda com uma unidade hospitalar naquela ilha que, devido às limitações financeiras e humanas, ainda não foi criado e tem sido sucessivamente adiado.

Também é verdade que outros projectos têm tido prioridade, sobretudo os projectos de índole turística, e não deixando de ser importantes estes empreendimentos turísticos, o Partido da Terra acha que em primeiro lugar deve estar a saúde, em primeiro lugar devem estar os cuidados com a saúde e isso não tem sido devidamente acautelado

Page 26: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 26

nestes anos, e temos visto que têm existido situações críticas de assistência médica às pessoas. Desse ponto de vista, é essencial que seja criado o mais rapidamente possível uma unidade hospitalar naquela ilha.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Edgar Silva, para um pedido de esclarecimento ao Sr. Deputado Jaime Silva, tem a palavra.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente.

Burburinho. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estava aqui o Sr. Deputado do PS a falar da diferença que existe entre o

anterior e o novo Regimento e tem toda a razão o Sr. Deputado. Sr. Deputado do Partido da Terra, gostaria de lhe colocar directamente uma questão, que tem a ver com o

funcionamento dito adequado, suficiente, da resposta na área dos serviços de saúde. E de tal forma assim é, de tal forma é suficiente, adequado, correspondente às necessidades da população aquele que é o serviço público prestado à população, que ainda há poucos dias um grupo empresarial se apressou a anunciar a intenção de lançar, e já estando em funcionamento, uma clínica privada para responder a solicitações de saúde da população do Porto Santo, e de tal forma há resposta satisfatória por parte do serviço público, que é a própria farmácia, é a farmacêutica de Porto Santo a contratar médicos de Lisboa para se deslocarem ao Porto Santo, para poderem exercer funções, poderem dar consultas no Porto Santo, a título privado, fazendo com que as pessoas se desloquem à farmácia para poderem ter acesso a uma consulta numa determinada especialidade, nomeadamente na área pediátrica; ou seja, é tal a resposta suficiente, cabal que é dada pelo serviço público, que não só a clínica avançou imediatamente, porque tem mercado, porque sabe que há insatisfação, porque há insuficiência de resposta, como é a própria farmácia periodicamente a contratar médicos do exterior, a contratar médicos vindos do Continente para poderem dar consulta porque as solicitações são muitas, porque o serviço público não responde.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Sr. Deputado, é ou não perante estes dados objectivos, concretos da realidade do Porto Santo

urgente o Porto Santo ter o hospital H1 a que tem direito, com as valências a quem direito, porque há uma insuficiência de resposta do actual centro de saúde face às necessidades daquela população ali residente?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Jaime Silva, para responder, tem a palavra. O SR. JAIME SILVA (MPT):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Edgar Silva, a questão que me coloca vem exactamente de

encontro também à situação da saúde não só no Porto Santo, mas também na Região. Nós sabemos que há uma certa resistência em alterar-se o rumo que a saúde atravessa já há muitos anos a esta parte, que é exactamente não criar por exemplo um atendimento público, as especialidades médicas para assistir às pessoas.

No Porto Santo, que é uma ilha mais pequena, o mesmo tende a acontecer, que é associar ao Porto Santo o sistema que existe que na ilha da Madeira, que é exactamente sobrepor o interesse privado ao interesse público.

E neste sentido, nós achamos que o que está a acontecer é exactamente uma nota de relevo de que o Governo Regional está mais interessado em responder aos interesses privados, interesses particulares instituídos do que propriamente a um serviço público de saúde adequado.

E nesse sentido, o adiamento sucessivo da criação de uma unidade hospitalar no Porto Santo vem exactamente comprovar esta ideia.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Srs. Deputado, esgotamos a discussão deste ponto… Sr. Deputado Baltasar Aguiar, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, há uma coisa que seria importante que todos

começássemos a perceber: de facto, neste momento a Madeira passa uma situação de crise. Mas mais do que a Madeira, muito mais do que a Madeira passa-se no Porto Santo uma situação de quase

calamidade. E vou repetir alguns números que mostram a dimensão do problema do Porto Santo. A diminuição, a quebra de passageiros internacionais para o Porto Santo foi, nos últimos 6 meses, um total de

5.470 passageiros em voos internacionais. A diminuição/quebra de voos nacionais para o Porto Santo, que inclui a rota Madeira/Porto Santo foi nos últimos 6 meses de 1.670 passageiros. Há quebras em alguns casos de 91%. 91%, como ocorreu no mês de Fevereiro, em que só nesse mês, em voos internacionais foram menos 1072 passageiros para o Porto Santo.

Tão grave como isto, é a quebra de passagens e de idas ao Porto Santo, de deslocações ao Porto Santo nos transportes marítimos. Nos primeiros 3 meses deste ano houve uma quebra de passageiros nos transportes marítimos da Madeira para o Porto Santo de 19 mil passageiros.

Há um problema social, económico muito grave no Porto Santo, e é preciso que alguém comece a falar desse problema. Ora, e aqui chegamos…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

Page 27: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 27

O ORADOR:- …aqui chegamos a esta questão: este Governo que não respondeu a este problema certamente, e é um problema que apareceu nos últimos anos, certamente, não responderá ao problema de saúde que foi levantado pelo Partido Comunista, e muito actual, nesta Assembleia.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado, eu dei-lhe a palavra porque ainda não tinha anunciado a votação, mas agradecia que os Srs.

Deputados tivessem em atenção também os prazos de regimento para se inscreverem. Agora sim, a Mesa vai colocar à votação o ponto n.º 2 da nossa ordem de trabalhos, um projecto de resolução da

autoria do Partido Comunista Português intitulado “Construção do Hospital do Porto Santo”. Submetido à votação, foi rejeitado com 21 votos contra do PSD e 12 votos a favor sendo 6 do PS, 2 do PCP, 1 do

CDS/PP, 1 do BE, 1 do MPT e 1 do PND. Passamos ao ponto n.º 3 da ordem de trabalhos com a apreciação e votação na generalidade do projecto de

resolução do Partido Comunista Português, intitulado “Aeroporto do Porto Santo não pode encerrar”. Está em discussão, Srs. Deputados. Sr. Deputado Edgar Silva, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Porto Santo tem, também aqui nesta

questão que agora estamos a analisar, referente ao funcionamento do Aeroporto do Porto Santo, um prejuízo que resulta do facto de as entidades governativas na Região considerarem o Porto Santo de acordo com uma lógica economicista.

E o argumento, a lógica apresentada ainda há instantes relativamente ao direito do Porto Santo a ter um hospital, e nessa ocasião propúnhamos um hospital tipo H1, um hospital de proximidade, o argumento são as razões de ordem financeira, há aqui um outro exemplo que é o do funcionamento do Aeroporto do Porto Santo. E diz o Governo que o Porto Santo, de acordo com as indicações da ANAM, temos informações, dispomos de toda a informação que confirma que o Aeroporto do Porto Santo tenderá a encerrar em breve no período nocturno. Daqui resultam consequências negativas para o Porto Santo, para os interesses daquela ilha, e prejuízo também para a Região.

Quais são as consequências negativas daí decorrentes? Em primeiro lugar, uma consequência negativa dessa intenção de encerrar o aeroporto no período nocturno é, desde logo, o da redução dos meios de segurança, porque reduz as possibilidades do recurso alternativo àquele segundo aeroporto no quadro de ligação aérea no Atlântico; e porque também, em segundo lugar – esta é uma consequência negativa – o encerramento nocturno do Aeroporto do Porto Santo reduz a importância estratégica daquele aeroporto. Na correlação, na inter-relação entre as várias infraestruturas aeroportuárias nas ilhas atlânticas, o Porto Santo, com esta possibilidade de em breve se confirmar o encerramento no período nocturno de funcionamento do aeroporto do Porto Santo, apenas por razões economicistas, a importância estratégica do Aeroporto do Porto Santo fica claramente comprometida e por isso constitui um factor negativo, uma consequência negativa para o Porto Santo, para os interesses estratégicos do Porto Santo.

Esta intenção das entidades competentes de procederem ao encerramento do Aeroporto do Porto Santo no período nocturno tem uma terceira consequência negativa, que é a de daqui resultarem impactos económicos e sociais que são desfavoráveis para a ilha do Porto Santo.

Ainda recentemente, foi possível ver como um avião que vinha em trânsito, no Atlântico, precisando em último recurso de recorrer a um aeroporto alternativo, recorreu ao Porto Santo; foram inúmeros os turistas que pela primeira vez, numa situação imprevisível, tiveram oportunidade de passar aquele dia no Porto Santo, o que significou a permanência, o pernoitar, significou uma possibilidade de conhecimento, uma possibilidade de permanência de um número importante de turistas que ocasionalmente ali, neste caso numa situação de recurso e de emergência, tiveram oportunidade de permanecer, de pernoitar no Porto Santo, podendo ali também significar para as unidades hoteleiras, para a área da restauração, para a área dos transportes, para todo o comércio uma referência também significativa. Fechar o Aeroporto do Porto Santo no período nocturno tem certamente também impactos económicos e sociais desfavoráveis para o Porto Santo.

Em quarto lugar, porque…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …também esta intenção põe em causa o desenvolvimento e a coesão económica e social da Região. Daí esta nossa proposta, esta proposta parlamentar para que se impeça essa intenção de encerramento no período

nocturno do funcionamento do Aeroporto do Porto Santo.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sra. Deputada Luísa Mendonça, para uma intervenção, tem a palavra. A SRA. LUÍSA MENDONÇA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta já não é a primeira iniciativa que a

ANAM manifesta no sentido de encerrar o Aeroporto do Porto Santo a partir da meia-noite. E nessa ocasião tive a oportunidade de demonstrar os inconvenientes que representam para o Porto Santo esta

intenção. É óbvio que numa visão meramente economicista a ANAM poderá apresentar argumentos que sustentam a sua

escolha. O Aeroporto do Porto Santo em tempos não muito recuados empregou mais de uma centena de trabalhadores;

neste momento esse número foi reduzido a menos de 50%, e a operacionalidade daquele aeroporto foi reduzida, isto é, o aeroporto, em termos técnicos, baixa de categoria.

Estamos a falar de uma estrutura aeroportuária onde os governos fizeram avultados investimentos. Estamos a falar de um aeroporto que é estratégico para a RAM. Estamos a recordar a aposta feita no Porto Santo em equipamentos e infraestruturas de apoio à actividade turística.

Page 28: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 28

Os portosantenses surpreendem-se que paralelamente a um discurso político que defende o investimento público e apela ao investimento privado no turismo, há uma opção, dita técnica, por parte da ANAM, para o encerramento do Aeroporto do Porto Santo, a partir da meia-noite, já a partir do próximo Outono (provavelmente depois das eleições).

Importa aqui recordar que o Governo Regional faz parte da ANAM, e esta Assembleia tem por dever recomendar ao Governo Regional…

Protestos do PSD. …que os interesses puramente economicistas não destruam as expectativas que os portosantenses têm num futuro

imediato. Pelas razões aqui invocadas o Partido Socialista vota favoravelmente o projecto de resolução do PCP: “Aeroporto

do Porto Santo não pode encerrar”. Transcrito do original. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Edgar Silva está inscrito para um pedido de esclarecimento à

Sra. Deputada, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sra. Deputada Luísa Mendonça, esta

tentativa de encerrar o Aeroporto do Porto Santo no período nocturno, como a Sra. Deputada bem referiu, não é a primeira vez que acontece.

E na última vez, e isto consta da comunicação social escrita, em 15 de Agosto de 2007, o Presidente do Governo Regional veio a público dizer que… e por acaso, em 2007, em Agosto de 2007, estamos a poucos dias das eleições autárquicas, e perante o anúncio de que a ANAM assumia encerrar no período nocturno o aeroporto, o Presidente do Governo Regional, a 15 de Agosto, diz que a ANAM não poderá encerrar o aeroporto, e diz que (passo a citar): que esta alteração viria a prejudicar algumas das ligações daquela ilha, designadamente a dos voos charter, na altura, os provenientes de Itália, e que isso seria inaceitável porque corresponderia a um prejuízo para o Porto Santo. E viu-se depois a notícia no Diário Económico, no dia 15 de Agosto de 2007; passo a citar: Jardim salientou que a Região Autónoma da Madeira, em termos legais, é proprietária dos aeroportos do arquipélago, pois que nenhuma decisão poderá ser tomada sem autorização do executivo regional, pois assim está impedido o encerramento do Aeroporto…

Neste momento, assumiu o lugar de Secretária a Sra. Rubina Alexandra Pereira de Gouveia. …do Porto Santo no período nocturno, como a ANAM em 2007, em Agosto de 2007, pretendia fazer. Estávamos a

poucos dias das eleições autárquicas. Agora, há esta intenção de novo de encerramento, provavelmente logo depois das eleições. Sra. Deputada, há ou não aqui uma situação de claro prejuízo dos interesses do Porto Santo? Há ou não aqui um claro prejuízo dos interesses do Porto Santo?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Por acaso esta decisão de não permitir o encerramento do aeroporto no período nocturno do Porto

Santo, por acaso essa decisão depende da revisão constitucional? Por acaso, impedir o encerramento do aeroporto depende da Constituição? Por acaso, decidir aquele que é proprietário dos aeroportos do arquipélago, esse poder de decisão estará

dependente duma eventual revisão constitucional? Burburinho geral. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sra. Deputada Luísa Mendonça, para responder, tem a palavra. A SRA. LUÍSA MENDONÇA (PS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, cada vez é mais penalizante para o Porto Santo

o aeroporto ser encerrado durante a noite, a partir da meia-noite. O SR. JAIME RAMOS (PSD):- Quem é o presidente da ANAM? Deve ser do PPD, não? A ORADORA:- E como eu já lhe disse, o Governo Regional faz parte da ANAM e é o Governo Regional que pode…

Protestos do PSD. Burburinho.

…com o Governo Central resolver esta questão!

Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Gregório Pestana, para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. GREGÓRIO PESTANA (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, já em tempos foi discutido este projecto de resolução, a urgência deste projecto de resolução, e por isso mesmo serei breve na apreciação deste mesmo projecto.

Quero vos dizer que no projecto de resolução…

Page 29: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 29

O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- V. Exa. tem 30 minutos para falar sobre o Porto Santo!

O ORADOR:- Obrigado por me ter lembrado! Quero vos dizer que o Partido Comunista apresenta este projecto de resolução alegando alguns factos que nós não

aceitamos nem comungamos. O projecto de resolução fala da redução de postos de trabalho. É uma pura mentira!

Comentários da Sra. Luísa Mendonça (PS).

Fala na redução da utilização do aeroporto por aeronaves que cruzam o Atlântico. Quero vos dizer que o aeroporto do Porto Santo está operacional 24 horas por dia. Quero vos dizer também que a operacionalidade do Aeroporto do Porto Santo entre as 8 da manhã e as 24 horas é

classificada com a categoria 6 para posteriormente, entre as 0 e as 8 da manhã, ser classificado de categoria 4. Isso o que quer dizer é que o aeroporto continua aberto, que é possível qualquer aeronave, quando necessário, fazer a aterragem no Porto Santo, bastando para tal recorrer ao reforço de piquete para que esse aeroporto dum momento a outro passe de categoria 4 a 6 ou a 7, uma vez que o aeroporto está equipado com veículos que até à categoria 7 poderá ser utilizado.

Quero vos dizer também que durante a operação do aeroporto, mesmo que as aeronaves previamente definidas tenham atrasos, esse aeroporto manter-se-á em funcionamento, mesmo depois das 24 horas.

Pelo que e pelo exposto não vejo razão alguma para o Partido Comunista apresentar este projecto de resolução ou estar preocupado com o Aeroporto do Porto Santo.

O aeroporto do Porto Santo está em funcionamento. Qualquer anomalia que possa existir a prontidão é de 30 minutos, e portanto não é por aqui que o Partido Comunista apresenta este projecto para o encerramento do aeroporto.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Edgar Silva para um pedido de esclarecimento, tem a palavra.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Gregório Pestana, a questão que aqui se coloca não é, nem pouco mais ou menos, o que é que é considera este grupo parlamentar, que avaliação faz, se deve ou não fechar, se está ou não aberto; a questão é esta: há claramente assumido, e não é a primeira vez que acontece, um propósito por parte da ANAM de encerramento no período nocturno o Aeroporto do Porto Santo.

E a questão que se coloca é esta: concorda ou não V. Exa. com essa orientação da ANAM? Está V. Exa. consciente ou não de que esta medida, a concretizar-se, será prejudicial para os interesses do Porto

Santo? Protestos do PSD. Concorda ou não com esta intervenção do Parlamento no sentido de se dizer que o Aeroporto do Porto Santo não

pode encerrar? Concorda ou não? Esta é a pergunta concreta que lhe é colocada. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Gregório Pestana, para responder, tem a palavra.

O SR. GREGÓRIO PESTANA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente. Srs. Deputados, como o Sr. Deputado deve saber, o Governo da República detém 80% da ANAM e só os restantes

20% é que são do Governo da República. E também vos quero lembrar… Comentários do Sr. Edgar Silva (PCP). Burburinho. Eu quero vos lembrar que o Aeroporto do Porto Santo ainda não foi encerrado por pressão do Governo Regional,

por pressão do Presidente do Governo. Se não fosse a pressão do Governo Regional, se não fosse a pressão do Presidente do Governo, possivelmente este aeroporto já estaria fechado.

V. Exa. sabe tão bem como eu que, quem detém uma maioria numa sociedade, é que impõe as regras! Por isso mesmo, esta decisão que ainda não foi tomada e segundo julgo saber nunca será tomada, porque é

necessário ter o aeroporto operacional para as emergências, deve-se única e exclusivamente ao Presidente do Governo e ao PSD!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Baltasar Aguiar, para um pedido de esclarecimento, tem a

palavra. O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o aeroporto ainda não começou a encerrar, e

ainda não encerrou, e já o PSD através do seu ilustre mandatário do Porto Santo começou a limpar as mãos muito bem lavadinhas…

Entretanto, reassumiu o lugar de Secretária a Sra. Maria do Carmo Homem Costa de Almeida. Disse o PSD sobre esta questão que a questão é muito simples. Corre o rumor, a notícia, houve notícias divulgadas

na imprensa de que o aeroporto seria encerrado. Foram tomadas iniciativas por parte da ANAM no sentido de estudar esse encerramento, corre essa notícia, há essa preocupação, o próprio Presidente do Governo Regional já se pronunciou sobre isso e o Senhor vem aqui dizer que não se vai associar a este voto…

Page 30: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 30

Burburinho na bancada do PSD. …porque não pode contornar a ANAM, e o problema é o seguinte, o que é importante saber é o seguinte: é se o

PSD através do Deputado do PSD do Porto Santo se vai associar a um pedido colectivo da Assembleia para que não encerre o Aeroporto do Porto Santo.

Burburinho na bancada Social-democrata. Isso é que é fundamental! E já agora queria lhe perguntar o seguinte: como é que o Senhor encara a possibilidade de fechar o Aeroporto do

Porto Santo por razões economicistas, mas continuar o Orçamento Regional a sustentar infraestruturas absurdas no Porto Santo, que dão prejuízos mensais, que custam muitos e muitos milhões de euros?

Vou-lhe lembrar só isto: a água do campo de golfe. Diga, Sr. Deputado, quanto é custa aos cofres da Região a água do campo de golfe? Porque essa água, Sr. Deputado, o Senhor sabe, nem sequer é paga, que o campo de golfe, apesar de todo o endividamento, que a Sociedade de Desenvolvimento do Porto Santo não paga a água do campo de golfe.

E eu pergunto o seguinte: vai-se encerrar o Aeroporto do Porto Santo por razões economicistas. Diga-nos lá quanto é que custa a água do golfe? Quanto é que custa a cada contribuinte e a cada portosantense a despesa mensal de água do campo de golfe do Porto Santo?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Gregório Pestana, para responder, tem a palavra. O SR. GREGÓRIO PESTANA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente. Eu acabei de afirmar que de facto a operacionalidade do Aeroporto Santo é nível 4 entre as 0 e as 8 da manhã.

Esta é a operacionalidade que está definida pelo Governo da Região. Portanto, o aeroporto do Porto Santo não encerra, o aeroporto não pode encerrar, o aeroporto precisa estar operacional para questões de emergência, e para as evacuações, mais concretamente para evacuações da ilha do Porto Santo para a Madeira.

E agora vou-lhe dar uma resposta que de facto não tem nada a ver com este projecto de resolução, mas vou-lhe falar na água do campo de golfe, já que o Senhor gosta tanto de golfe, e gosta de ver o Porto Santo verde…

Comentários do Sr. Baltasar Aguiar (PND). Agora vou-lhe dizer, vou-lhe fazer uma pergunta ao contrário. O Sr. Deputado sabe… Comentários do Sr. Baltasar Aguiar (PND).

Burburinho. O Sr. Deputado sabe que o Porto Santo… Burburinho geral. O Sr. Deputado sabe com certeza que o Porto Santo está coberto a 100% a nível de águas residuais, de tratamento

de águas residuais, e eu invertia-lhe a pergunta: o Porto Santo ao estar coberto em termos de saneamento básico e de tratamento de águas residuais, acharia justo – não lhe vou dar os preços da água –, acharia justo que essa mesma água, depois de tratada, fosse devolvida ao mar sem aproveitamento algum?

É assim que o Sr. Deputado faz a gestão… Comentários do Sr. Baltasar Aguiar (PND). Burburinho geral. A factura é um Porto Santo ecológico, a factura é um Porto Santo verde, a factura é um Porto Santo coberto a

100%, coisa que não existe no País… Protestos do Sr. Baltasar Aguiar (PND). …é um Porto Santo coberto a 100% com o tratamento de águas residuais! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Obrigado. Sr. Deputado Lino Abreu, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, sabendo de fonte fidedigna que o aeroporto a

partir de Novembro deste ano vai fechar, será que a Região não devia iniciar a reivindicação junto do Governo da República, de modo a que isso não acontecesse?

Burburinho geral. Porque é muito simples! O aeroporto do Porto Santo é um aeroporto estratégico para a Região! É um aeroporto

fundamental como apoio ao aeroporto da Região e como segurança a muitos charters que aqui vêm à Região Autónoma da Madeira.

Page 31: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 31

Por isso mesmo, acho que é fundamental, para além das pessoas que estão em causa, que são os despedimentos que irão continuar no Porto Santo, mas para além disso, existe a questão estratégica para o Porto Santo. E tanto para o Porto Santo como para a Madeira! O Aeroporto do Porto Santo tem que ser visto como um aeroporto de segurança, complementar ao Aeroporto do Funchal e essa questão não pode ser vista apenas e tão só como vê a ANAM, como uma questão de poupança de custos operacionais daquele aeroporto, tem que ser vista como uma questão estratégica para a Região, e a questão estratégica para a Região é a continuidade daquele aeroporto aberto, como segurança complementar ao nosso aeroporto da Região, especialmente quando há períodos de mau tempo na Região.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Edgar Silva para um pedido de esclarecimento ao Sr. Deputado Lino Abreu, tem a palavra.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Lino Abreu, as razões que levam ao indicado encerramento do aeroporto do Porto Santo no período nocturno não decorrem duma qualquer ideia solta, que alguém a dada altura se permitiu lançar irresponsavelmente para o ar.

É importante ter em conta que a ANAM reuniu o seu conselho de administração no Porto Santo e o Diário de Notícias publicou o seguinte: que reunindo a assembleia-geral da ANAM no Porto Santo decidiram, na base dum estudo encomendado pela ANAM, decidiram elaborar um estudo, e o estudo chegava à conclusão de que o Aeroporto do Porto Santo – estou a citar o Diário de Notícias – apresentou prejuízos de 3 milhões de euros em 97 e que os encargos de pessoal representavam 73% da estrutura dos custos daquela infraestrutura, o que levou o conselho de administração da ANAM a decidir tomar medidas para baixar os custos operacionais do aeroporto. E qual é a decisão? A decisão é: para reduzir, na base desse estudo encomendado pela ANAM, reduzir o período operacional e garantir por isso o encerramento no período nocturno.

Ou seja, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Lino Abreu, há aqui de novo ou não o encarar o Porto Santo numa orientação, numa perspectiva pura e simplesmente economicista, como se o Porto Santo duma empresa se tratasse e como se a infraestrutura aeroportuária do Porto Santo pudesse ser vista apenas e só na linha do deve e a haver?

Enquanto infraestrutura pública, enquanto infraestrutura estratégica essencial, considera V. Exa. que o Aeroporto do Porto Santo pode ser visto nesta lógica apontada pela ANAM, duma infraestrutura que tem custos operacionais,…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …feche-se à noite porque não interessa, porque tem encargos excessivos, tem uma área… é o pessoal, para diminuir o pessoal fecha-se à noite e está resolvido o custo operacional!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. O ORADOR:- Concorda V. Exa., que é um homem da área económica, da área financeira, considera que do ponto

de vista estratégico se olhe para o Porto Santo nesta perspectiva pura e duramente economicista? O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Lino Abreu, para responder, tem a palavra. O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Sr. Deputado, claramente não concordo, porque a visão da ANAM

deveria ser uma visão global dos dois aeroportos. Se a intenção é poupar custos, poupamos no maior aeroporto, que se faça as reduções necessárias da contenção de custos e da redução de custos no maior aeroporto que é o da Região Autónoma da Madeira, que há muitos para fazer, que há muita redução de custos para fazer em virtude de poder beneficiar a continuidade do aeroporto do Porto Santo em aberto.

Como é que se pode fechar um aeroporto, quando o próprio Aeroporto do Porto Santo só no primeiro semestre deste ano teve uma redução de 7600 passageiros? Quando é que se pode ter uma visão que é reduzir os postos de trabalho, reduzir a segurança do aeroporto da Região em detrimento de qualquer custo, como o Sr. Deputado diz, de 3 milhões de euros de custo que teve a operação no Porto Santo, quando não temos nem capacidade de gestão, nem capacidade financeira de ter em conta que essa diminuição deve ser feita pelo lado da despesa e deve ser feita na despesa do aeroporto do Funchal, que é aquele que de certeza tem a maior contenção de custos no valor global da operação, dos custos globais da operação dos dois aeroportos?

Logicamente que aqui tem que aqui tem que ter um cuidado por parte da ANAM e ter a preocupação, para além da contenção de custos, deve ter a preocupação estratégica, essa que é fundamental, que é a estratégia e a segurança do aeroporto da Região.

E já que a Região não tem poder sobre o conselho de administração desta empresa, mas deve desde já ter a capacidade de reivindicar com o Governo Nacional de forma a manter o aeroporto aberto, de forma a manter a operacionalidade do Aeroporto do Porto Santo.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Baltasar Aguiar, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, no Porto Santo têm-se derramado milhões e

milhões de euros. Só a Sociedade de Desenvolvimento do Porto Santo, no Porto Santo, nos últimos anos, gastou 100 milhões de euros, 100 milhões de euros! São milhões e milhões derramados, sem qualquer preocupação de rentabilidade económica ou de racionalidade económica!

Como é que é possível que se reúna um conselho sábio, um conselho de administradores da ANAM no Porto Santo, com um objecto de trabalho que é decidir um estudo sobre o encerramento do Aeroporto do Porto Santo e não há ninguém, ninguém na bancada do PSD que se levante preocupado só com o facto de se ter ventilado a ideia de existir um estudo que tem como subjacente a possibilidade de se encerrar o Aeroporto do Porto Santo.

Page 32: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 32

O Deputado do PSD diz que não é preocupante, que não se vai encerrar o aeroporto, mas o Deputado do PSD não pode é garantir a esta Assembleia que ele não vá mesmo encerrar! E se ele encerrar, o Deputado do PSD sabe o que é diz? Diz: a culpa não é nossa. A culpa é do Continente.

Pois, Sr. Deputado, vou-lhe dizer, se o aeroporto encerrar com o seu voto contrário a esta resolução, a culpa é sua e as suas mãos estão sujas com a culpa de que o Senhor se revestiu neste debate parlamentar.

O Senhor mais de uma vez neste debate demonstrou que o Porto Santo precisa de um verdadeiro portosantense para defender as suas posições nesta Assembleia, que o Senhor não consegue ser, especialmente pertencendo o Senhor, como pertence, ao partido que é detentor do cheque e que manda no Orçamento Regional.

Tenho dito. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Edgar Silva está inscrito para um pedido de esclarecimento ao

Sr. Deputado Baltasar Aguiar, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Baltasar Gonçalves, a questão

colocada pelo Sr. Deputado na sua intervenção, mesmo ainda a propósito do ponto anterior do hospital e agora retomou, a redução do número de passageiros que tem acontecido no aeroporto do Porto Santo como um factor a que não podemos ser alheios certamente, e o Sr. Deputado também do CDS/PP recolocou essa questão; a Sra. Deputada Luísa Mendonça tinha já em anteriores situações referenciado também idêntico problema.

Mas, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu queria colocar uma questão ao Sr. Deputado para ver a diversidade de postura política em relação a problemas idênticos. No Aeroporto de Santa Maria, nos Açores, na Região Autónoma dos Açores, a ANA quis encerrar, também no período nocturno, o Aeroporto de Santa Maria, e para sublinhar a diferenciação de processos: enquanto aqui, nos Açores, o anúncio dessa intenção da ANA provocou uma onda de mobilização de todos os órgãos de governo próprio, duma decisão, duma intervenção do Parlamento Regional dos Açores no sentido de dizer o Aeroporto de Santa Maria não pode encerrar porque afecta no período nocturno, essa estratégia é prejudicial à ilha de Santa Maria, ao interesse económico e social. Mobilizaram-se as populações, mobilizou-se a cidadania, mobilizaram-se os órgãos de poder, esta questão foi levada à Assembleia da República, foi objecto de decisão na Assembleia da República e…

Burburinho. …inclusivamente o Grupo Parlamentar do PCP levou um projecto de resolução à Assembleia da República nesse

sentido, o Aeroporto de Santa Maria não pode encerrar no período nocturno. E não fomos só nós! Não foi só o Grupo Parlamentar do PCP que se mobilizou à volta desta questão, para que o Aeroporto de Santa Maria não fosse encerrado no período nocturno.

E veja-se o que acontece em relação ao Porto Santo! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Enquanto nos Açores se mobilizaram todos os agentes políticos, se mobilizaram todas as

instituições, os órgãos de governo própria, ora aqui na Madeira o que é que assistimos? Assistimos a esta situação inaceitável e quase incongruente. São os deputados nas oposições a sensibilizar, a alertar, a tentar apelar a alguma intervenção neste processo e é o PSD, é o Governo, é a maioria a dizer: estejamos sossegados que não há problema.

Não considera V. Exa. que há aqui uma situação contraditória e prejudicial ao interesse do Porto Santo e da Região?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Baltasar Aguiar, para responder, tem a palavra. O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Obrigado, Sr. Presidente. Com a devida vénia, considero. Ainda aqui há pouco, e isto é sintomático sobre o que se passa no Porto Santo, falava-se da factura do campo de

golfe, da água do campo de golfe. Queira V. Exa. saber que a Madeira indirectamente assumiu uma dívida relativamente ao campo de golfe de 25 milhões de euros, e esse campo de golfe, que devia seria gerido em termos de gerar rentabilidade, porque não gera rentabilidade, nem sequer paga a água que consome.

Fique V. Exa. a saber, Sr. Deputado, que existe no Porto Santo um importantíssimo empreendimento empresarial chamado Quinta das Palmeiras, pertencente ao Sr. Carlos Afonso, fique V. Exa. a saber que esse senhor não tem ajuda nenhuma, designadamente relativamente à água. É escandaloso, Sr. Deputado! Isto passa-se no Porto Santo. Empreendimentos privados que não custam um tostão ao contribuinte, que não custaram um tostão ao contribuinte, que são um motivo de diversão numas férias no Porto Santo e toda a gente sabe, quem tem crianças e vai ao Porto Santo sabe muito bem o valor desse empreendimento! Todos nós incluímos nas nossas idas ao Porto Santo uma deslocação a essa quinta, pois essa quinta não tem ajuda nenhuma e o campo de golfe tem toda a ajuda para alimentar o buraco financeiro do qual nunca se há-de reerguer!

É claro que o Porto Santo e o Aeroporto do Porto Santo têm sobeja importância, designadamente pelo seguinte e não só pelo fluxo de quem entra ou sai: porque a coisa mais importante que há na nossa condição insular é a nossa capacidade de nos deslocarmos como cidadãos do mundo moderno. E ninguém, ninguém, nem o PSD, pode algum dia congeminar contra esta nossa liberdade de nos movimentarmos.

Burburinho. Se o PSD não aprovar este decreto, eu acuso o PSD de estar a congeminar contra a autonomia e contra a nossa

liberdade de nos deslocarmos e de sermos, como portugueses, cidadãos de corpo inteiro.

Page 33: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 33

Burburinho na bancada do PSD.

Sr. Jaime Ramos, o Senhor…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Terminou o seu tempo.

O ORADOR:- …terá lá uma avioneta para sair do Porto Santo, mas nós não temos avioneta! Nós precisamos dum aeroporto que esteja a funcionar, que nos sirva para podermos ser madeirenses e

portugueses…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Tem que terminar, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …no Porto Santo.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, pediu a palavra?

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Peça a defesa da honra!

O SR. JAIME RAMOS (PSD):- Defesa da honra, face ao Sr. Deputado ter usado o meu nome e ter-me acusado de situações que não são verdadeiras.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, foi durante a intervenção, foi um pedido de esclarecimento…

O SR. JAIME RAMOS (PSD):- Eu não fiz nenhuma intervenção, nem pedi nenhum esclarecimento! O Sr. Deputado virou-se e falou no meu nome ligado a um processo que desconheço e que tenho que me defender,

logicamente.

Burburinho.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Faz favor, Sr. Deputado.

Burburinho nas bancadas da Oposição.

O SR. JAIME RAMOS (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, aquele Sr. Deputado que, por razões lógicas, não pronuncio o nome, e considero que o Sr. Deputado tem os mesmos direitos do que eu neste Parlamento, aquele Sr. Deputado tem o hábito e o complexo que é notório facilmente pela forma como ele se dirige a esta bancada e à minha pessoa, deve ser fruto dum complexo de inferioridade, por razões…

Burburinho nas bancadas da Oposição.

…de se sentir um homem frustrado, por razões da sua vida pessoal e política, e por isso aqui neste Parlamento, Sr. Presidente, Srs. Deputados, eu quero devolver àquele Sr. Deputado todas as palavras que me dirige a mim e ao meu grupo parlamentar.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Srs. Deputados, os Srs. Deputados começaram logo com muita efervescência por eu ter dado a palavra ao Sr. Deputado.

Eu disse e continuo a dizer, e afirmei na altura em que não dei a palavra para a defesa da honra ao Sr. Deputado Fernando Letra, que já havia uma decisão anterior da Mesa, e mais, eu disse que daria a palavra a todos os deputados…

Protestos do PS, do PCP, do BE e do PND.

A todos os deputados eu dei sempre a palavra para a defesa da honra. Neste caso, já havia uma decisão em contrário e o Sr. Deputado Jaime Ramos inscreveu-se durante a intervenção

do Sr. Deputado Baltasar Aguiar.

Burburinho. Sr. Deputado Baltasar Aguiar, está inscrito para? O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Para defender a minha honra! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Oh! Sr. Deputado, não pode, pelo Regimento não pode… O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Então para prestar esclarecimentos…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Não pode, para a defesa da honra, não pode prestar esclarecimentos. Sras. e Srs. Deputados, vamos fazer a votação do ponto n.º 3 da nossa ordem de trabalhos, o projecto de resolução

do Partido Comunista Português, intitulado “Aeroporto do Porto Santo não pode encerrar”. Submetido à votação, foi rejeitado com 23 votos contra do PSD e 14 votos a favor, sendo 7 do PS, 2 do PCP, 2 do

CDS/PP, 1 do BE, 1 do MPT e 1 do PND.

Page 34: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 34

Passamos ao ponto n.º 4 da ordem de trabalhos com a apreciação e votação na generalidade do projecto de resolução, da autoria do Partido Socialista, que “Recomenda ao Governo Regional a criação de todas as

condições para efectuar, urgentemente, a análise de conteúdo estratégico que permita um modelo adequado às

necessidades da Região Autónoma da Madeira em termos de transportes marítimos”. Srs. Deputados, está em discussão este projecto de resolução, já de acordo com o novo Regimento. Assim sendo,

o PSD dispõe de 7 minutos, o Partido Socialista, o PCP e o CDS/PP dispõe de 5 minutos, e os Deputados Únicos dispõem de 3 minutos.

Sr. Deputado Carlos Pereira para, uma intervenção, tem a palavra. O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Srs. Deputados, se existem matérias na Região Autónoma da Madeira e na alçada da governação

do Governo do PSD, que nos deve preocupar a todos e que sobretudo nos deve permitir e consolidar uma ideia que o Grupo Parlamentar do PSD tem vindo a defender nesta Casa, que nós temos um Governo de má-fé, é a questão dos transportes marítimos. Esta é uma matéria importantíssima para o desenvolvimento regional, esta é uma matéria crítica para o desenvolvimento das pessoas que vivem hoje na Região Autónoma da Madeira. Nós temos, não só um governo de má-fé, como temos, repito, um governo intrujão – para que os madeirenses percebam!

Protestos do PSD. E intrujão, por uma razão muito simples, porque desde 2000 que este governo, este Governo do PSD diz aos

madeirenses que vai resolver o problema dos transportes marítimos, desde 2000 que este Governo diz isto. Mas não só: este Governo, através do Secretário Pereira de Gouveia, que era Secretário da Economia, disse que resolveria a situação dos transportes marítimos.

Nada fez, piorou a situação. Mantemos hoje um porto mais caro da Europa, dos mais caros do mundo, pesando isto sobre a competitividade da economia regional.

Protestos do PSD. O Secretário Santos Costa veio à sociedade, às pessoas, junto das associações, dizer: “Tudo vai mudar, quando

mudarmos para o Caniçal. Teremos um novo modelo de transportes marítimos!”. Nada disso aconteceu. O Secretário Santos Costa foi embora e o que prometeu meteu na gaveta, intrujou os

madeirenses, mentiu, enganou os madeirenses, estava de má-fé para com os madeirenses. Os madeirenses votaram no PSD e a Sra. Secretária Regional hoje, Conceição Estudante, assumiu a tutela dos transportes com uma mensagem para os madeirenses de que tudo vai mudar. O Sr. Secretário Santos Costa não resolveu, portou-se mal, a Sra. Secretária vai resolver.

A Sra. Secretária veio a este Parlamento num debate, e disse: haverá um novo modelo estratégico para os transportes marítimos. Disse claramente aos deputados: haverá um novo modelo estratégico para os madeirenses. Passaram 2 anos sobre esta entrada em funções da Sra. Secretária e nada aconteceu, a não ser a demissão da anterior administração da APRAM que manteve o status quo e não mudou absolutamente nada!

É caso para perguntar afinal o que querem os deputados do PSD? O que quer o Governo do PSD? Porque quando em Lisboa há notícias sobre um aumento do défice estrebucham, ficam eufóricos, criticam, vêm para o Parlamento com altos discursos, suculentos, sobre o que de mau se está a passar na República. Quando em Lisboa um senhor ministro faz uns corninhos à oposição, ficam histéricos, transformam-se em anjinhos e dizem: meu Deus, onde é que está a dignidade da República e das instituições?! Quando em Lisboa a riqueza diminui por eventualmente más opções económicas do Governo, ficam histéricos e vêm para este Parlamento dizer que assim não pode ser.

Mas quando na Madeira, na Região que têm de governar, na Região para onde foram eleitos, na Região que têm responsabilidades com os madeirenses, nesta Região, onde os transportes marítimos, um dos aspectos mais importantes do desenvolvimento da Madeira, um dos factores que nos penalizam seriamente se mantêm a preços exorbitantes, a um custo elevadíssimo que impede a competitividade da Região e que impede sobretudo que os madeirenses vivam melhor, o que é que fazem os Deputados do PSD? Encolhem os ombros, assobiam para o ar e fingem que nada disto está a acontecer!

Nós não precisamos de deputados assim! Os madeirenses não precisam de deputados que são eleitos e que vêm para a Assembleia Legislativa Regional, lugar onde têm que defender os madeirenses, lugar onde têm que defender as premissas da autonomia,…

Protestos do PSD. …dizer que não se interessam que os transportes marítimos estejam mais caros.

Burburinho na bancada do PSD. Mas é interessante, Srs. Deputados, ouvir isto… Risos na bancada do PSD. Riam-se, Srs. Deputados, riam-se! É interessante ouvir isto, porque não deixa de ser curioso que o Sr. Presidente do Governo Regional e os Srs.

Deputados tenham a ousadia e a força psicológica, mental, verbal de confrontar o Governo da República, mas não demonstram a mesma força, a mesma ousadia para enfrentar aquele que é um dos maiores problemas do desenvolvimento da Madeira, que são os transportes marítimos absolutamente inadmissíveis em termos de custos.

E vale a pena perguntar…

Page 35: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 35

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Esgotou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Termino já. Vale a pena perguntar, Srs. Deputados, por que razão é que afinal o Sr. Presidente do Governo, Alberto João

Jardim, o PSD e os seus pares não confrontam esta situação? Porque é que não coloca na ordem do dia de uma vez por todas a solução dos transportes marítimos? De que é que tem medo? Porque é que grita para Lisboa onde não tem responsabilidade e na sua casa, na sua terra, onde tem que governar, nada faz para resolver este problema?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Élvio Encarnação, para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. ÉLVIO ENCARNAÇÃO (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uma vez mais o Partido Socialista

traz a esta Assembleia a problemática da actividade portuária da Região Autónoma da Madeira. Desta vez, sob a forma de um projecto de resolução que mais não é do que uma mera recomendação ao Governo Regional, que propõe que duma forma urgente se proceda a uma análise estratégica que permita a adopção de um modelo adequado às necessidades da Região Autónoma da Madeira em termos de transportes marítimos.

Desde logo, a pretensão do Partido Socialista não faz qualquer sentido, pois o modelo adoptado em termos de transportes marítimos tem cumprido com aquilo que é a grande preocupação, a preocupação principal do Partido Social Democrata e do Governo Regional para com a população madeirense e portosantense: a garantia da continuidade do abastecimento da Região Autónoma da Madeira em todas as necessidades básicas, alimentares, industriais e comerciais.

Por outro lado, quer no transporte de mercadorias, quer no transporte de passageiros, muito se evoluiu desde a conquista da autonomia política, administrativa e financeira da Região.

Não reconhecer esse progresso, essa evolução e a eficácia do modelo adoptado é ser míope ou não conhecer a realidade particular e com características muito específicas que é a do transporte marítimo.

Infelizmente, ou talvez não, somos ilhéus, habitamos numa ilha com poucos ou nenhuns recursos naturais, a dimensão do nosso mercado é exígua, somos pouco mais de 250 mil, o que desde logo não possibilita a criação de economias de escala ou qualquer vantagem economicamente competitiva para que a actividade do transporte marítimo funcione em mercado puramente livre e que permita que o Governo Regional não tenha uma atenção especial para com este sector de actividade e importância vital para populações insulares.

Não basta dizer que o transporte marítimo da Região Autónoma da Madeira tem falta de competitividade. A exiguidade do mercado é e será sempre um factor que determinará a ausência de competitividade do transporte marítimo. Aliás, se compararmos, como muitos dos Srs. Deputados da Oposição gostam de comparar, o transporte marítimo das Ilhas Canárias, verificamos que eles são efectivamente muito mais competitivos. No entanto, não nos podemos esquecer que eles são mais de 2 milhões de habitantes. O factor dimensão é fulcral na análise do transporte marítimo e o Sr. Deputado do partido proponente sabe disso, mas propositadamente omite, e isso não é falar verdade, é má-fé.

Por outro lado, afirmar que não existem efeitos positivos de funcionamento do mercado e que existem barreiras administrativas à entrada no mercado de outros operadores é efectivamente não conhecer a realidade de toda a actividade marítimo-portuária.

O PSD neste campo está verdadeiramente tranquilo, pois tem garantido a todos os madeirenses e portosantenses a continuidade do abastecimento da Região Autónoma, principal preocupação das políticas governativas do Governo Regional.

Paralelamente, o Governo Regional dotou a Região de novas infraestruturas portuárias, modernas, mais eficazes e com elevados níveis de operacionalidade, com particular atenção para o Porto do Caniçal e…

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- E as marinas! A marina do Lugar de Baixo e tudo!

O ORADOR:- …o Porto do Porto Santo, infraestruturas estratégicas para a política marítimo-portuária e que

possibilitaram e vêm elevando a qualidade de vida dos madeirenses e portosantenses. Sabemos que nem tudo é perfeito, mas continuaremos a trabalhar nesta área com a calma e tranquilidade social

que nos tem caracterizado ao longo destes anos. No entanto, não podemos esquecer e não esquecemos, como parece acontecer com os partidos da oposição,

como era há pouco mais de 10 anos a realidade da actividade marítimo-portuária da Região Autónoma da Madeira, as constantes rupturas de abastecimento, em especial na Ilha do Porto Santo, a confusão que era o abastecimento de mercadorias no Porto do Funchal são factos que não nos esquecemos.

Não nos podemos também esquecer e dizer bem alto e afirmar que quem fez essas transformações foi o PSD e não o Partido Socialista! Estudem V. Exas. o que quiserem estudar, que da parte do PSD sabemos o que queremos e para onde vamos. Primeiro, a Madeira; segundo, a Madeira; terceiro, a Madeira!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Carlos Pereira, está inscrito para? O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Pedido de esclarecimento. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado, debaixo deste Regimento, que é o Regimento de Julho de

2008, o Sr. Deputado esgotou na sua intervenção os 5 minutos, portanto, como o tempo é global, já esgotou. Sr. Deputado Edgar Silva, para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há um dado aqui apresentado na proposta

do Partido Socialista, que é um dado objectivo, é um dado indesmentível; é que as operações portuárias, as

Page 36: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 36

infraestruturas portuárias da Região Autónoma da Madeira são um factor de desvantagem e em alguns casos até de estrangulamento das possibilidades de desenvolvimento económico e social da Região. Há um dado de facto indesmentível: os portos na Região Autónoma da Madeira, que desenvolvem actividade comercial, não têm a capacidade competitiva que se exigia às necessidades da economia e do desenvolvimento regional.

Como apresenta o Partido Socialista no seu projecto de resolução, nomeadamente o Porto do Caniçal continua a ser um porto em nada competitivo, com custos de operacionalidade extremamente elevados e que esse é um factor extremamente adverso, constitui uma desvantagem para a economia, para o desenvolvimento económico e social da Região.

E é perante esta realidade que o Partido Socialista traz aqui um projecto que visa a consideração de algumas medidas para o superar destas desvantagens, destes factores de penalização dos interesses da própria Região e da sua economia.

Ora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em mais de 30 anos de autonomia não é aceitável que esta desvantagem persista ao longo de anos. E poderíamos de perguntar, ao longo destes mais de 30 anos de autonomia, não tínhamos poderes legislativos, poderes próprios do ponto de vista político-legislativo, para políticas específicas neste sector fundamental, neste factor estratégico para a competitividade da economia e do desenvolvimento regional?

A questão que aqui se coloca é esta: haveria ou há algum impedimento constitucional que constitua um factor de entrave a políticas regionais, a políticas marítimo-portuárias que nos abram outras portas de competitividade, outras possibilidades, outras potencialidades para o desenvolvimento económico e social da Região?

Haverá ao longo destes 30 anos algum argumento, algum artigo, alguma alínea da Constituição ou do Estatuto que impeça a autonomização das políticas próprias nesta área? Não!

Ao longo de todos estes longos anos de processo autonómico, desde logo, esta área das políticas marítimo-portuárias estiveram na alçada da Região, como poder específico, como poder próprio da Região.

Então, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quando o Presidente do Governo Regional diz: dêem-me a possibilidade de aprovar o projecto de revisão constitucional que eu congeminei no Verão passado no Porto Santo, e teremos a resolução mágica e quase imediata de todos os problemas. Na passada sexta-feira, chegando ao Aeroporto da Madeira, simbolicamente – é interessante o local para a profecia –, dizia ele: não será de sexta para segunda que eu resolvo os problemas do desemprego, mas em 6 meses está tudo resolvido.

Mas Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, então nesta área que não requer qualquer alteração da Constituição, em relação à qual nós temos plenos poderes há mais de 30 anos, o Governo não é capaz de tomar medidas para tornar a economia competitiva, para resolver os problemas marítimo-portuários, e resolveria o desemprego em 6 meses, pela via da revisão da Constituição?!

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registe-se o desassombro da afirmação! Mas o dito está a exagerar, porque Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, então alguém…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …poderá invocar entraves constitucionais para resolver os problemas marítimo-portuários? Alguém

poderá invocar artigos, ou uma qualquer figura, será o Tribunal Constitucional, será o Presidente da República, será o Governo da República, será o Provedor de Justiça, o Representante da República, um qualquer cubano que pretenda impedir?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Tem de concluir, Sr. Deputado. O ORADOR:- É a Constituição? Não! E é aqui, Sr. Presidente, que radica o centro da questão. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Baltasar Aguiar, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. BALTASAR AGUIAR (PND):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, esta história dos portos, esta discussão dos

portos e esta linguagem pretensamente elevada, ou que se quer elevada sobre os portos para mim não faz nenhum sentido. O porto, e a questão dos portos na Madeira é muito simples: o porto e a questão dos portos, o que se passa nos portos é uma aldrabice, a maior aldrabice que foi montada pelo regime autonómico na Madeira! Uma aldrabice que eu conheço, que os senhores conhecem, que o Dr. Élvio Encarnação conhece, que toda a bancada do PSD conhece, a começar pela liderança da bancada, toda a gente sabe, toda essa gente sabe a aldrabice que vai nos portos e o dinheiro que lá corre a rodos para os bolsos de alguns!

Não contem comigo para mais discussões elevadas e que fogem à verdade. E eu aqui, sobre os portos, acho que devemos entrar no vernáculo. Quando é que acaba aquela aldrabice? Quando é que acaba aquela nojeira?

O Sr. Dr. Élvio Encarnação veio aqui trazer novidades. Há 2 anos a Sra. Secretária veio aqui e disse, nos seus termos glico-doces que ia acabar com a aldrabice, que ia reformar o Porto do Funchal. Mas a aldrabice foi maior e mais influente e importante do que o Governo, e por isso hoje a Sra. Secretária dos Transportes, através do Exmo. Sr. Deputado Élvio Encarnação, veio aqui comunicar que afinal vai continuar a aldrabice e que não vai haver reforma nenhuma dos portos, ou seja, que a rataria que anda a roer os bolsos de todos os madeirenses nos portos vai lá continuar, sossegadinha, porque tem cá o Dr. Élvio Encarnação e quejandos. É assim que esta questão tem que ser tratada!

Ontem, o Sr. Dr. Élvio Encarnação esteve numa comissão comigo, diga sim ou não, Sr. Dr. Élvio Encarnação, em que estava em causa as mesmas gentes, as mesmas influências que andam nos portos a roer os bolsos de todos os madeirenses; diga se é verdade ou não, Sr. Deputado, que o Senhor recusou mais de 20 pedidos de inquirições de testemunhas? Diga se é ou não verdade que o Senhor recusou, sem pestanejar, como o Sr. Pestana, sem pestanejar todos os requerimentos probatórios que foram feitos? Diga se é ou não verdade! Que nem sequer o projecto instrutor, que autorizou a pouca-vergonha que vai no Caniçal vem aqui para a Assembleia! Diga se é ou não verdade, Sr. Deputado!

Page 37: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 37

Eu tenho pena, tenho pena, Sr. Presidente, sabem as críticas que eu tenho feito à instituição parlamentar, mas eu tenho pena que aquela reunião de ontem não tivesse sido gravada para poder mostrar aos netos destes senhores deputados a figura que os seus avozinhos fizeram um dia na Assembleia, ao passarem a mão sobre mais uma porcaria, sobre uma coisa nojenta que se passa na Madeira.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- É por estas e por outras que um dia o PSD vai ser derrubado, porque o PSD não vai eternamente colar-se à porcaria. Disso tenho a certeza. Nisso, eu acredito no eleitorado madeirense.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Fernando Letra, para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. FERNANDO LETRA (BE):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, como o Sr. Deputado do PND disse aqui e muito bem, quem nos dera a nós que o problema dos portos fosse só nos portos!

A grande questão que deveria ser alvo de análise fundada e sucinta é porque é que a economia da Região, nos sectores mais lucrativos, está entregue às mesmas pessoas. Isso é que deveria ser analisado, aprofundado e chegaríamos provavelmente a conclusões muito interessantes e à maneira como se governa na Região. Esse é que é o grande busílis e quando a resposta for transparente e elucidativa, então perceber-se-á como é que funciona a democracia na Madeira e como é que o PSD se prolonga no poder há tantos e tantos anos!

Termino com uma frase de Eça de Queiroz e que faz cada vez mais sentido do que nunca: “As fraldas e os políticos deveriam ser mudados frequentemente, e ambos pelas mesmas razões”.

Muito obrigado.

Risos do Sr. Baltasar Aguiar (PND).

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Lino Abreu, para uma intervenção, tem a palavra.

Comentários do Sr. Jaime Ramos (PSD).

Burburinho.

O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, não há dúvida que por sermos uma região ultraperiférica os portos são um meio fundamental e estratégico para uma economia como aquela que nós queremos na Região Autónoma da Madeira.

O porto é um veículo fundamental e estratégico, e a Região devia ter outra atenção e outra estratégia para o Porto do Funchal. Como todos nós sabemos, é ou não é verdade que o Porto do Funchal é aquele que pratica as taxas mais caras do País? É ou não é verdade que a APRAM é aquela que pratica as maiores taxas relativamente aos Portos dos Açores? É ou não verdade que é aquela que pratica as maiores taxas relativamente aos Portos de Canárias e aos Portos de Espanha?

Só por este facto, será que a Região não devia ter uma estratégia clara, objectiva, que era reduzir as taxas dos Portos da Região Autónoma da Madeira?

Como é que é possível ter a carga, em termos de taxas, mais elevada em relação aos portos nacionais? O CDS sempre defendeu publicamente que os Portos da Madeira deviam num espaço de 5 evoluir de forma a ter

taxas iguais àquelas que são praticadas tanto nos portos do Continente como nos portos dos Açores. O CDS defende que deve existir uma política de redução de taxas no Porto do Funchal, de forma a que o Porto do

Funchal seja um porto competitivo comparativamente com os portos das regiões ultraperiféricas.

Comentários do Sr. Baltasar Aguiar (PND).

E devia ser um porto que devia ter uma concorrência em relação à operação portuária. Devia ser um porto onde fosse permitido que as taxas tivessem…

Comentários do Sr. Baltasar Aguiar (PND).

Burburinho. …o mesmo valor que aquelas que são praticadas nos portos dos Açores. E não é aceitável…

Comentários do Sr. Baltasar Aguiar (PND).

Sr. Deputado, quando o Senhor falou eu não o interrompi. Agradecia que tivesse a elegância de me deixar falar. Srs. Deputados, o que nós defendemos é que não é aceitável que sejam os agentes económicos, que seja a

economia da Região a estar a suportar os prejuízos acumulados que a APRAM tem, que são dum valor superior a 200 milhões de euros. E não é justo ser a economia, serem os agentes económicos a terem que suportar as taxas elevadas que a APRAM pratica.

E os prejuízos que a APRAM apresenta devem-se tão só à estratégia mal feita e aos investimentos levados a cabo nos últimos anos, feitos pelos Portos da Madeira. Investimentos esses que passam pelos heliportos que foram construídos, em que muitos deles não estão a funcionar, não são operacionais, não são necessários à Região Autónoma da Madeira, e que à custa desses investimentos mal feitos quer a APRAM ser positiva e através das taxas cobrir os prejuízos dos custos acumulados pelos maus investimentos feitos ao longo dos anos.

Page 38: Diário - alram.pt · Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 08 DE JULHO Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários:

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 59 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

Pág. 38

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Jaime Silva, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. JAIME SILVA (MPT):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao longo dos últimos anos todos nós temos

verificado que apesar de ténues mudanças na regulação dos Portos da Madeira, os contribuintes madeirenses, os cidadãos madeirenses são aqueles que têm visto sempre a situação não alterar.

Burburinho.

Ou seja, continuam a ser os cidadãos madeirenses os prejudicados sempre, os mesmos prejudicados de sempre, quer seja pelas políticas do Governo Regional, quer seja pelas políticas da APRAM.

Só podemos chegar a uma conclusão: os custos dos portos são elevados e os madeirenses são aqueles que têm sofrido com as consequências. E perante isto, esta proposta do Partido Socialista é viável e aceitável e vamos votar favoravelmente porque entendemos que também pelo historial que o PS/Madeira faz nesta proposta, facilmente se conclui que se houve até hoje alguma alteração, embora muito ténue, tem a ver com a actuação do Naviera Armas, que ainda assim ocasionou a baixa de preços em alguns produtos alimentares.

De resto, nada mas mesmo nada veio ao encontro as expectativas dos madeirenses. E só por isto vamos votar favoravelmente a proposta apresentada pelo Partido Socialista. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Élvio Encarnação para uma segunda intervenção, dispõe de 1

minuto.

O SR. ÉLVIO ENCARNAÇÃO (PSD):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Não previa fazer segunda intervenção, mas como ficou aqui provado durante esta discussão, não saiu uma única

solução, nem uma única alternativa que possa ser adoptada em relação à actividade portuária.

Burburinho nas bancadas da Oposição.

Assistiu-se sim à perseguição de famílias, famílias essas que por acaso também ainda estão envolvidas no processo da Quinta do Lorde.

Protestos do Sr. Baltasar Aguiar (PND).

Burburinho geral.

Apetece-me perguntar: será que o Bill Gates tem culpa de ser dono da Microsoft?

Burburinho.

Por outro lado, falou-se aqui da nossa política ser única e exclusivamente da responsabilidade do Governo Regional. No entanto, esquece-se aqui o papel que desempenha o Instituto Marítimo-Portuário Nacional.

Burburinho nas bancadas da Oposição.

Por outro lado, em relação ao PP, que afirma que a solução seria igualar as taxas a nível nacional, revela uma completa ignorância de como se chega ao apuramento das taxas e não seria essa medida…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- …que possibilitaria que os transportes marítimos para a Madeira ficassem mais baratos. Nós temos um problema de dimensão e temos que pensar que somos apenas 250 mil e não 250 milhões!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. A Mesa vai colocar à votação o ponto n.º 4 da ordem de trabalhos, o projecto de resolução da autoria do Partido

Socialista, que “Recomenda ao Governo Regional a criação de todas as condições para efectuar, urgentemente, a análise de conteúdo estratégico que permita um modelo adequado às necessidades da RAM em termos de transportes marítimos”.

Submetido à votação, foi rejeitado com 22 votos contra do PSD e 12 votos a favor, sendo 6 do PS, 2 do PCP, 1 do CDS/PP, 1 do BE, 1 do MPT e 1 do PND.

Srs. Deputados, já estão todos de saída, resta-me desejar-vos uma boa tarde e informar-vos que o próximo plenário será amanhã, às 9 da manhã.

Eram 13 horas.

Faltou à Sessão o seguinte Sr. Deputado: PARTIDO SOCIAL-DEMOCRATA (PSD)

Miguel José Luís de Sousa

******