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Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 28 DE OUTUBRO Presidente: Exmo. Sr. Miguel José Luís de Sousa Secretários: Exmos. Srs. Sidónio Baptista Fernandes Maria do Carmo Homem Costa de Almeida Sumário O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 18 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- A declaração política semanal coube ao Partido Comunista Português, pela voz do Sr. Deputado Leonel Nunes. Foram solicitados pedidos de esclarecimento pelos Srs. Deputados José Manuel Coelho (PND), João Carlos Gouveia (PS) e Roberto Almada (BE). - Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a Região interveio o Sr. Deputado Pedro Coelho (PSD). - Ainda neste período foi aprovado, com os votos a favor do PSD, do PCP, do CDS/PP, do BE e do MPT e os votos contra do PS e do PND, um voto de protesto, apresentado pelo CDS/Partido Popular, “Contra a retirada do direito de voto por correspondência aos emigrantes portugueses”. Proferiram declarações de voto os Srs. Deputados João Isidoro (MPT), Edgar Silva (PCP), Coito Pita (PSD), José Manuel Coelho (PND), José Manuel (CDS/PP), Victor Freitas (PS) e Roberto Almada (BE). PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Iniciaram-se os trabalhos com a votação final global do projecto de proposta de lei à Assembleia da República denominado “Complemento de pensão”, aprovado por maioria. - Seguidamente na reapreciação, na sequência de um acórdão emitido pelo Tribunal Constitucional e nos termos do disposto no artigo 162.º do Regimento e seguintes, do decreto legislativo regional que “Adapta à Região Autónoma da Madeira a Lei n.º 37/2007, de 14 de Agosto, que aprova normas para protecção dos cidadãos da exposição involuntária ao fumo do tabaco e medidas de redução da procura relacionadas com a dependência e a cessação do seu consumo”, intervieram os Srs. Deputados Savino Correia (PSD), Leonel Nunes (PCP), João Isidoro (MPT), Jaime Leandro (PS), José Manuel (CDS/PP) e Roberto Almada (BE). Submetido à votação, foi aprovado por maioria. - Passou-se depois à apreciação e votação do projecto de decreto legislativo regional, da autoria do CDS/Partido Popular, intitulado “Medidas de combate à praga de mosquitos”, apresentado com processo de urgência. Após a aprovação do processo de urgência passou-se à discussão, tendo usado da palavra, a diverso título, os Srs. Deputados Roberto Almada (BE), José Manuel (CDS/PP), Vasco Vieira (PSD), Leonel Nunes (PCP), Bernardo Martins (PS) e João Isidoro (MPT). Submetido à votação este projecto foi rejeitado. …/… IX Legislatura Número: 08 II Sessão Legislativa (2008/2009) Terça-feira, 28 de Outubro de 2008

Diário - alram.pt · Popular, intitulado “Medidas de combate à praga de mosquitos ... Foram os trabalhadores do hiper-talho "O Caçador", que viram a empresa encerrar as portas

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Região Autónoma da Madeira

Diário

Assembleia Legislativa

REUNIÃO PLENÁRIA DE 28 DE OUTUBRO

Presidente: Exmo. Sr. Miguel José Luís de Sousa

Secretários: Exmos. Srs. Sidónio Baptista Fernandes

Maria do Carmo Homem Costa de Almeida

Sumário

O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 18 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- A declaração política semanal coube ao Partido Comunista Português,

pela voz do Sr. Deputado Leonel Nunes. Foram solicitados pedidos de esclarecimento pelos Srs. Deputados José Manuel Coelho (PND), João Carlos Gouveia (PS) e Roberto Almada (BE).

- Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a Região interveio o Sr. Deputado Pedro Coelho (PSD).

- Ainda neste período foi aprovado, com os votos a favor do PSD, do PCP, do CDS/PP, do BE e do MPT e os votos contra do PS e do PND, um voto de protesto, apresentado pelo CDS/Partido Popular, “Contra a retirada do direito de voto por correspondência aos emigrantes portugueses”. Proferiram declarações de voto os Srs. Deputados João Isidoro (MPT), Edgar Silva (PCP), Coito Pita (PSD), José Manuel Coelho (PND), José Manuel (CDS/PP), Victor Freitas (PS) e Roberto Almada (BE).

PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Iniciaram-se os trabalhos com a votação final global do projecto de proposta de lei

à Assembleia da República denominado “Complemento de pensão”, aprovado por maioria. - Seguidamente na reapreciação, na sequência de um acórdão emitido pelo Tribunal Constitucional e nos termos do

disposto no artigo 162.º do Regimento e seguintes, do decreto legislativo regional que “Adapta à Região Autónoma da Madeira a Lei n.º 37/2007, de 14 de Agosto, que aprova normas para protecção dos cidadãos da exposição involuntária ao fumo do tabaco e medidas de redução da procura relacionadas com a dependência e a cessação do seu consumo”, intervieram os Srs. Deputados Savino Correia (PSD), Leonel Nunes (PCP), João Isidoro (MPT), Jaime Leandro (PS), José Manuel (CDS/PP) e Roberto Almada (BE). Submetido à votação, foi aprovado por maioria.

- Passou-se depois à apreciação e votação do projecto de decreto legislativo regional, da autoria do CDS/Partido Popular, intitulado “Medidas de combate à praga de mosquitos”, apresentado com processo de urgência. Após a aprovação do processo de urgência passou-se à discussão, tendo usado da palavra, a diverso título, os Srs. Deputados Roberto Almada (BE), José Manuel (CDS/PP), Vasco Vieira (PSD), Leonel Nunes (PCP), Bernardo Martins (PS) e João Isidoro (MPT). Submetido à votação este projecto foi rejeitado.

…/…

IX Legislatura Número: 08

II Sessão Legislativa (2008/2009) Terça-feira, 28 de Outubro de 2008

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 08 IX Legislatura, II Sessão Legislativa (2008/2009) Terça-feira, 28 de Outubro de 2008

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O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Bom dia, Sras. e Deputados. Estavam presentes os seguintes Srs. Deputados: PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA (PSD)

Agostinho Ramos Gouveia

Ana Mafalda Figueira da Costa

Élvio Manuel Vasconcelos Encarnação

Gabriel Paulo Drumond Esmeraldo

Ivo Sousa Nunes

Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos

Jaime Filipe Gil Ramos

Jaime Pereira de Lima Lucas

Jorge Moreira de Sousa

José António Coito Pita

José Gualberto Mendonça Fernandes

José Jardim Mendonça Prada

José Lino Tranquada Gomes

José Luís Medeiros Gaspar

José Paulo Baptista Fontes

José Savino dos Santos Correia

Manuel Gregório Pestana

Maria do Carmo Homem da Costa de Almeida

Maria Rafaela Rodrigues Fernandes

Miguel José Luís de Sousa

Nivalda Silva Gonçalves

Pedro Emanuel Abreu Coelho

Rubina Alexandra Pereira de Gouveia

Rui Miguel Moura Coelho

Rui Moisés Fernandes Ascensão

Sara Aline Medeiros André

Sidónio Baptista Fernandes

Sónia Maria de Faria Pereira

Vânia Andreia de Castro Jesus

Vasco Luís Lemos Vieira

Vicente Estêvão Pestana

PARTIDO SOCIALISTA (PS)

Carlos João Pereira

Jaime Manuel Simão Leandro

João André Camacho Escórcio

João Carlos Justino Mendes de Gouveia

Lino Bernardo Calaça Martins

Victor Sérgio Spínola de Freitas

…/… - Procedeu-se, seguidamente, à apreciação e votação do projecto de resolução, da autoria do Partido

Comunista Português, intitulado “Criação do banco alimentar contra a fome na Madeira”, apresentado com processo de urgência, aprovado por unanimidade. Sobre o diploma usaram da palavra, a diverso título, os Srs. Deputados Edgar Silva (PCP), Bernardo Martins (PS), João Isidoro (MPT), Sara André (PSD), Roberto Almada (BE) e Lino Abreu (CDS/PP), tendo o diploma, submetido à votação, sido também rejeitado.

- Na discussão e votação do projecto de resolução, do Partido Social-Democrata, intitulado “Revisão Constitucional”, apresentado com processo de urgência, aprovado por maioria, usaram da palavra, a diverso título, os Srs. Deputados João Isidoro (MPT), Roberto Almada (BE), José Manuel (CDS/PP), Edgar Silva (PCP), Victor Freitas (PS), Coito Pita (PSD). Submetido à votação, este diploma foi aprovado por maioria.

- Por fim, e na apreciação do projecto de resolução, da autoria do Partido Socialista, intitulado “Estudo sobre a pobreza na Região Autónoma da Madeira”, apresentado com processo de urgência, aprovado por unanimidade, usaram da palavra, a diverso título, os Srs. Deputados José Manuel (CDS/PP), Edgar Silva (PCP), Bernardo Martins (PS), João Isidoro (MPT), Lino Abreu (CDS/PP) e Rafaela Fernandes (PSD). Este diploma, submetido à votação foi rejeitado.

A continuação da ordem de trabalhos ficou agendada para o dia seguinte. O Sr. Presidente declarou encerrada a Sessão às 12 horas e 55 minutos.

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PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS (PCP)

Edgar Freitas Gomes Silva

Leonel Martinho Gomes Nunes CENTRO DEMOCRÁTICO SOCIAL/PP (CDS/PP)

José Manuel de Sousa Rodrigues

Lino Ricardo Silva Abreu BLOCO DE ESQUERDA (BE)

Roberto Carlos Teixeira Almada MOVIMENTO PARTIDO DA TERRA (MPT)

João Isidoro Gonçalves PARTIDO DA NOVA DEMOCRACIA (PND)

José Manuel da Mata Vieira Coelho

O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Já dispomos de quórum. Vamos começar os nossos trabalhos. Eram 9 horas e 18 minutos. E com uma declaração política semanal a cargo do Sr. Deputado Leonel Nunes, do Partido Comunista Português. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Legislativa Exmas. Senhoras e Senhores Deputados O capitalismo selvagem estoirou! "Arrebentou"! Já não tem fôlego! Os trabalhadores não são, nunca foram os culpados; mas, como sempre, serão aqueles que mais sentirão na pele,

e pagarão os efeitos desta crise, enquanto os poderosos continuam na sua orgia de desavergonhado esbanjamento e de obsceno regabofe.

O governo dos Estados Unidos da América, com o dinheiro dos contribuintes, salvou da falência a poderosa seguradora AlG, a mesma que, passados alguns dias, pura e simplesmente "torrou" 330 mil euros em banquetes e estadias de luxo para os seus quadros executivos de topo.

Em Portugal, o Governo disponibilizou 20 mil milhões de euros para os banqueiros, senhores todo-poderosos que têm nas suas mãos, o futuro hipotecado de milhões de portugueses; em contrapartida, os trabalhadores são penalizados com o novo Código de Trabalho, que vem aumentar ainda mais a precariedade e facilitar os despedimentos. Para a banca, tudo e mais alguma coisa; para os comuns mortais, apenas mais apertos nos cintos e nas cordas à volta dos pescoços.

Um pequeno parêntesis: esses 20 mil milhões de euros... que rápido foi o Governo em arranjá-los... Onde estavam eles, noutras alturas de grande necessidade?

Na Madeira, não como fruto desta crise avassaladora, nem da tão badalada Lei das Finanças Regionais, mas sim de políticas erradas, atingem-se níveis de desemprego preocupantes, mas constantemente desmentidos e retocados pelos governantes, para parecer que estamos num qualquer paraíso idílico, numa terra de Paz Social… Uma "Paz Podre", dizemos nós.

A crise generaliza-se na Região Autónoma da Madeira. Não é só o desemprego que aumenta; temos igualmente os salários em atraso e a precariedade laboral. Encerram-se empresas, perde-se trabalho com direitos, mas o Governo aplaude as empresas que só pensam no lucro fácil e na admissão de trabalhadores com vínculo precário e salários de miséria, como acontece nas grandes superfícies comerciais.

Na Zona Franca e Industrial, a empresa HNS não paga salários aos cerca de 60 trabalhadores que ainda resistem, pois outros 20 já se despediram enquanto o patrão gere outros negócios em Angola.

Na Elimade, não só não se pagam os salários, como também está a ser preparado o despedimento dos seus trabalhadores.

A pastelaria "Convite '.' e os restaurantes "Caravela" e "Minas Gerais" encerraram portas sem pagar um tostão aos trabalhadores, tal como aconteceu no "Hotel do Mar".

Na "Voltermica ", os electricistas demitiram-se por falta de salários. Os salários em atraso são o "pão-nosso de cada dia" em várias empresas de prestação de serviços, como acontece

na "Limpeza Privada ", "Rica Limpeza” e "Megasegura ". A "FotoSport" procedeu ao despedimento colectivo dos seus trabalhadores. Todos os meses, há dezenas de lojas comerciais a encerrar. Na Construção Civil, são largas dezenas de empresas a encerrar, como aconteceu com a "Santos e Ornelas", ou a

“Juvenal Spínola". São despedimentos na "AFA ", na "Tâmega", na "Samuel Aguiar", na "Fernandes Gouveia", entre outras. Registam-se situações de salários em atraso em mais de 30 empresas, algo como já não acontecia há décadas: é na "Ornelas e Francisco" e na "Miguel Viveiros ", que até os "Santos" abandonaram…

Foram os trabalhadores do hiper-talho "O Caçador", que viram a empresa encerrar as portas. Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Legislativa Exmas. Senhoras e Senhores Deputados É uma lista vergonhosa, interminável, de homens e mulheres que são vítimas de empresários sem escrúpulos.

Alguns são igualmente vítimas da política neoliberal levada a cabo pelos sucessivos governos da República e pelo governo que, na Madeira, impera há mais de 3 décadas.

Sim, a culpa, em primeiro lugar, é do governo monocolor que, durante mais de 30 anos, não soube, ou não quis,

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aproveitar os milhões e milhões que foi recebendo, e que, sem qualquer planificação, foi esbanjando e enchendo as contas bancárias dos seus afilhados.

Como se já não bastassem os baixos salários, a precariedade, os salários em atraso, agora o espectro do desemprego paira sobre todos os sectores. Como afirmava um trabalhador da "Elimade", "Eles vão acabar por fechar a empresa sem nos pagarem um cêntimo... Como será a minha vida? – a minha mulher está desempregada, tenho 50 anos, já ninguém me dá trabalho porque tenho esta idade, mas ainda sou muito novo para a Reforma'".

Nos Estados Unidos, à conta desta fervilhante campanha eleitoral… O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Está a terminar o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Já concluo. …houve quem dissesse que o "Joe, o Canalizador", que, afinal, nem canalizador era, mas era um desesperado

trabalhador que está em causa, da "Elimade" que é electricista e tem carteira profissional e não irá conseguir trabalho. Para concluir, os trabalhadores, os milhares de trabalhadores que nos elegeram, exigem-nos respostas. Temos

responsabilidades e não podem ser sempre os mesmos a pagar pela crise. Transcrito do original. O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Sr. Deputado José Manuel Coelho para um pedido de esclarecimento.

O SR. JOSÉ MANUEL COELHO (PND):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu queria perguntar ao meu camarada, ou ex-camarada, Leonel Nunes, que

depois desta explanação que ele fez sobre a situação caótica que vivem muitos trabalhadores de várias empresas aqui na região, quais são as medidas que o partido pensa tomar para acudir estes trabalhadores?

A começar aqui pelo Parlamento. O Parlamento está a ficar cada vez mais fascizante, com as novas leis e imposições do novo Regimento imposto pelo Sr. Jaime Ramos e companhia limitada, com a conivência do Sr. Presidente desta Assembleia?

Será que o meu partido, o meu ex-partido vai continuar a se agachar a este regime e deixar cada vez mais este regime protofascista limitar as liberdades do Parlamento, as liberdades de intervenção dos deputados, mandar para as comissões os debates? Será que o partido vai fazer cedências após cedências a esta gente? Depois, como é que vai defender os trabalhadores se não podem ser discutidos os problemas dos trabalhadores neste Plenário pois vão ser remetidos para as comissões como planeia o Sr. Jaime Ramos, que é um homem com uma mentalidade fascista e fascizante e que quer arrastar este Parlamento para ser um Parlamento à maneira do Gestalt do Hitler na Alemanha?

E era importante que os meus camaradas e toda a oposição meditassem nestas palavras. Se vão continuar a fazer cedências, a permitir que se adultere o Parlamento Regional, se transforme isto numa fachada, que se faça com que o Parlamento seja uma caixa de ressonância do Sr. Jaime Ramos e do Dr. Alberto João Jardim, pessoas com mentalidade fascista, com mentalidade anti-Abril, reaccionária?! Será que os meus camaradas e aqui…

O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Está a terminar o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …os Srs. Deputados da oposição vão continuar a permitir esta pouca vergonha? Muito obrigado, Srs. Deputados, muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Sr. Deputado Leonel Nunes para responder, tem a palavra. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Obrigado, Sr. Presidente. Sras. e Srs. Deputados, é verdade que o que agora está em discussão são os problemas dos trabalhadores, os

salários em atraso que vergam centenas de famílias à fome e é possível com certeza apresentar alternativas a esta política que tem vindo a ser seguida.

Em vez dos governos estarem a injectar milhões e milhões nos bancos, estarem a injectar milhões e milhões… porque como dizia um senhor jornalista a algum tempo atrás: se as empresas podem falir, porque é que os bancos não podem falir? Porque é que o Governo tem a obrigação de andar a socorrer à banca? Será que essa banca vai ter compaixão para aqueles milhares que entregam a chave todos os meses porque não podem pagar a sua casa ao banco? Será que os bancos também não irão despedir trabalhadores?

A solução é impor a essas empresas do sector financeiro, que pagam pouco de impostos, que paguem mais impostos e não obrigarem os trabalhadores a pagar impostos? A solução é ajudar as pequenas e médias empresas que passam tantas dificuldades como muitos trabalhadores e aí é que se poderá assegurar o futuro.

Quanto ao Regimento, Sr. Deputado, na altura a nossa posição também será clara em relação a essa matéria como já foi em anteriores Sessões quando pretenderam cercear as liberdades dos deputados nesta Casa.

O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Sr. Deputado João Carlos Gouveia, para um pedido de esclarecimento. O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Leonel Nunes, o vosso discurso sobre a região e sobre aquilo

que acontece no mundo pode levar a equívocos e a leitura que fez da situação mundial é muito bem aceitável e mesmo a leitura que fez em termos regionais. Mas era bom que esclarecesse, penso que só por limitação do tempo é que não pode explanar o seu ponto de vista.

E a minha pergunta vai neste sentido: se aquilo que está a acontecer hoje na Região Autónoma da Madeira com a situação nas empresas, com a situação na economia, nas finanças e em termos sociais, isto é, se este regime falhou em tudo, falhou em termos financeiros, falhou em termos económicos, falhou em termos sociais (parece que ainda não falhou foi em termos eleitorais, de resto falhou tudo) eu perguntava ao Sr. Deputado se o mini retrato pelo pouco tempo

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que teve, corresponde ou decorre daquilo que acontece internacionalmente ou se decorre apenas da situação regional?

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Sr. Deputado Leonel Nunes. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado eu na minha intervenção já

colocava essa questão e esta, para este Governo, é colocar o dedo na ferida. A crise que agora aconteceu é uma crise que nenhum dos Srs. Deputados se lembra que tivesse acontecido, que

tivesse passado no mundo. O que o madeirense hoje aperta o cinto, as empresas que encerram, a falta de um projecto sério para o futuro da

Madeira não tem nada a ver com esta crise, tem 30 anos. O problema não é da Lei das Finanças Regionais, o problema é de uma governação que destruiu o nosso sector primário, o nosso sector secundário e que hoje elevou o desemprego para estes níveis. Sr. Deputado, isto não é um desemprego de circunstância, não é uma nuvem passageira, veio para ficar. E este Governo não apresenta ao povo da Madeira uma única medida para que possamos dizer: amanhã esta alteração irá acontecer na Região Autónoma da Madeira; vamos voltar a criar postos de trabalho; os empresários vão ter confiança. Mas a única confiança que existe é sair para emigrar, sair para procurar trabalho noutras localidades.

Infelizmente, o Sr. Secretário Regional essas estatísticas nunca apresenta nesta Assembleia e não sabemos quantas pessoas saem à procura de trabalho. Será que vão todos armados em turistas por aí fora, ou vão à procura de dias melhores porque neste momento a Região Autónoma da Madeira já não é capaz de proporcionar aos seus filhos?

Voltamos à década de 60/70, onde a emigração era a única saída profissional que havia na Madeira! O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Sr. Deputado Roberto Almada, para um pedido de esclarecimento. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Leonel Nunes, ouvi

atentamente a sua intervenção e devo dizer que em boa parte dela me revejo e subscrevo-a. Naturalmente que queria aqui lhe colocar duas questões que têm a ver com o facto do Sr. Secretário dos Recursos

Humanos há dias ter vindo a público dizer literalmente isto: “Estamos confiantes porque o desemprego na Madeira dá mostras de abrandar e até de diminuir”. Dizia também o Sr. Secretário dos Recursos Humanos que na Madeira a precariedade laboral atinge apenas, apenas 15 mil trabalhadores.

Ora, na sua opinião como é que um governante, que se quer, que devia de ser responsável mas que infelizmente é de uma irresponsabilidade atroz, pode vir dizer que na Madeira não é muito preocupante a situação do desemprego porque até dá mostras de abrandar e de diminuir! Como é que se pode aceitar que um Secretário, que devia de ser responsável mas que é irresponsável, vem dizer que a Madeira tem apenas – apenas! – 15 mil trabalhadores precários! Como se fosse pouco ter 15 mil trabalhadores que são explorados no seu posto de trabalho, ter 15 mil trabalhadores que a qualquer momento podem ser despedidos, ter 15 mil trabalhadores apenas que têm a sua via a prazo e têm a sua vida adiada.

Mais. Como é que se pode classificar um Secretário, um Governo Regional que permite que nas obras do Governo Regional e nas grandes obras públicas existam muitas centenas de trabalhadores de empresas de trabalho temporário que a qualquer momento podem ser despedidos, podem ser postos em casa sem qualquer direito, com um mão na frente e outra atrás, literalmente?

O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Sr. Deputado Leonel Nunes. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Roberto Almada, serem despedidos com uma mão atrás e

outra à frente. Quantos são despedidos e não têm direito a desemprego? Quantos trabalham em empresas de construção civil e em que os trabalhadores não têm seguro e se há um acidente sabemos os anos que leva para reparar esse acidente?

Ainda a semana passada ouvimos e não houve nenhum desmentido do Sr. Secretário. O sector da construção civil recorre, pede que as empresas vão à falência a ver se ainda conseguem, antes que o senhor dono dessa empresa esbanje todos os bens da empresa, antes que esse senhor esbanje, solicita a falência para os trabalhadores ainda receberem algum daquele que as empresas devem. São dezenas de empresas.

Sr. Deputado, garanto-lhe, e que alguém me desminta aqui nesta Sala, o sector da hotelaria, que era o sector que resolvia todos os problemas, que era o sector que levou a um Sr. Secretário aqui a dizer: não estamos preocupados com o desemprego na construção civil porque isso depois vai tudo trabalhar para a hotelaria!

Bom, eu tenho muito respeito pelos operários da construção civil, mas não é assim tão fácil, não é largar a trouxa hoje e ir pegar numa profissão qualquer da hotelaria.

Neste momento de certeza absoluta que há menos trabalhadores na hotelaria do que havia há 4 ou 5 anos, há menos trabalhadores a exercer a sua profissão na hotelaria do que há 4 ou 5 anos. Há hotéis que estão aí encerrados: é o Madeira Palácio, é o São João, há outros que estão encerrados para obras.

E a verdade é que cada vez mais há o recurso ao chamado outsourcing, em que as empresas recorrem a mão-de-obra não especializada para fazer serviços que são especializados dentro das empresas. E o Governo assobia para o ar, o Governo não fiscaliza.

É porque isto sim isto vai destruir a qualidade do serviço aqui na hotelaria da Madeira e vai ser mais um sector que mais dia, menos dia vai entrar em profunda crise. Que ninguém tenha dúvidas: foi a construção civil, será a hotelaria. E pergunta-se: o que é que vai ficar aqui na Madeira?

O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Ora, vamos passar às intervenções políticas. Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Coelho.

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O SR. PEDRO COELHO (PSD):- Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira Senhoras e Senhores Deputados Ao contrário da Lei nº 13/98, lei amplamente discutida pelos Governos Centrais e Regionais, a Lei Orgânica 1/2007

não teve o mérito de gerar consensos. Diria até que a aprovação desta lei, a 15 de Novembro de 2006, na Assembleia da República, foi uma traição socialista aos socialistas que se tinham empenhado em 1998 em criar um quadro financeiro claro, duradouro e transparente entre o Estado e as Regiões Autónomas.

Devo dizer, Senhoras e Senhores Deputados, que tive curiosidade em ler o Diário da Reunião Plenária de 15 de Novembro de 2006, dia da célebre aprovação desta lei que aprovou o garrote financeiro para Madeira. Nesse sentido, vou partilhar com V. Exas. alguns excertos da referida discussão, que achei curiosos e reveladores do sentir autonómico de alguns membros do actual executivo socialista, que passo já de seguida a transcrever:

- O Sr. Deputado António Filipe do PCP a determinada altura chama a atenção ao Sr. Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, para o facto de o próprio PS-Madeira querer a utilização de um indicador que não o PIB per capita na distribuição do Fundo de Coesão Nacional, e que efectivamente o PIB não será o indicador mais indicado para ser usado na distribuição. A estes argumentos, o Sr. Ministro Teixeira dos Santos responde assim "optámos por um critério que nos parece um critério objectivo e que é usado para os mais variados efeitos, não só a nível nacional como também europeu - e eu recordo que a repartição dos fundos comunitários é feita através do PIB per capita. Por isso, não vejo porque é que aqui devemos usar um critério diferente daquele que é amplamente usado a nível europeu, que é o PIB per capita ".

Mais à frente, o Senhor Ministro quando questionado sobre o efeito Zona Franca no PIB Regional tem esta afirmação surpreendente, senão vejamos: "A avaliação que fazemos do impacto da Zona Franca não é susceptível de introduzir uma mudança qualitativa. Isto é: a Madeira continua a apresentar um PIB per capita, mesmo corrigido, superior à média nacional. ".

Sobre a "presumível" pretensão do PS-Madeira o Ministro responde assim: "O Governo tem uma proposta sua, independentemente das opiniões de alguns deputados do próprio Partido Socialista na Região possam ter quanto a esta matéria".

Para quem ainda tinha dúvidas sobre o peso do PS-Madeira, na esfera nacional, julgo que agora estão dissipadas. Efectivamente o PS Nacional não liga nenhuma ao PS-Madeira, sendo estes senhores puros manequins e figurantes no arraial socialista. Os Madeirenses têm aqui mais uma prova factual que as últimas posições do PS-Madeira sobre esta matéria, como sejam cartas e "potenciais reuniões" com o Presidente do INE, são publicidade enganosa. Por outro lado, não vale a pena andar a "pregar" que o PIB não é o indicador mais fiável, quando o próprio PS-Madeira se absteve, a 25 de Outubro de 2007, quando o Governo Regional apresentou nesta casa uma proposta que visava a alteração do critério PIB, na distribuição do Fundo de Coesão, pelo Índice de Poder de Compra.

Voltando à discussão na Assembleia da República, o Senhor Ministro quando questionado pelo Senhor deputado Luís Fazenda (BE) sobre a falta de solidariedade do Estado para com as Regiões Autónomas, e em particular para com a Região Autónoma da Madeira, teve esta afirmação, no mínimo, curiosa: " Com os impostos do Continente suportamos as funções de soberania das Regiões Autónomas, com os impostos do Continente financiamos as nossas autarquias e as autarquias das Regiões Autónomas, com os impostos do Continente ainda transferimos cerca de 550 milhões de € em 2007. Por isso senhor deputado não me venha dizer que não somos solidários com as Regiões Autónomas". A este respeito devo dizer que muitos separatistas não têm esta coragem.

Durante o debate, o Ministro das Finanças justificava assim a perda da capitação nas receitas do IVA, "Se as Regiões pretendem manter uma taxa de IVA mais reduzida, inferior à do Continente, não se pode exigir que sejam os demais contribuintes a compensá-los pela diferença existente. "

Infelizmente este Ministro não entende que uma parcela do Território Português, tem a possibilidade de ter taxas mais reduzidas pelo facto da ultraperificidade. O que devia ser encarado como uma vantagem competitiva é punido pelo Governo da República com a diminuição das receitas de IVA.

Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira Senhoras e Senhores Deputados Estes foram somente alguns dos argumentos políticos usados na discussão que revelam o carácter persecutório

que o Governo Sócrates tem para com o Povo da Madeira. À excepção do Partido que suporta o Governo, todos os partidos consideraram que esta lei era injusta e penalizadora para a Madeira. Até parecia que a Madeira estava a pagar pelas suas opções eleitorais e que Sócrates piscava o olho aos Açorianos (e quiçá a César).

A proposta passou (com os votos favoráveis do PS e a abstenção do CDS) e o garrote começou, com os votos favoráveis dos três socialistas eleitos pela Madeira, que deviam lutar pelo Povo que os elegeu. Por um lado, parece-me óbvio que a actual lei contraria o Estatuto Político Administrativo da Região Autónoma da Madeira em pelo menos dois pontos. Nomeadamente no seu artigo 118°, nº 2, em que define que em caso algum as transferências orçamentais podem ser inferiores ao montante transferido pelo Orçamento do ano anterior, multiplicado pela taxa de crescimento da despesa pública corrente do Orçamento do ano respectivo.

Por outro lado, o Estatuto dispõe, no seu artigo 117°, que «os empréstimos a emitir pela Região Autónoma da Madeira podem beneficiar da garantia pessoal do Estado». Esta Lei não permite a obtenção destas garantias.

Isto para dizer que o nosso Estatuto não está a ser respeitado, está a ser violado, invocando-se por vezes inconstitucionalidades, quando o mesmo foi revisto em 1999, tendo sido amplamente discutido, votado e aprovado por unanimidade na Assembleia da República. Parece que as inconstitucionalidades só surgem quando o Governo da República legisla ao contrário não respeitando o nosso Estatuto.

Devo, também, dizer que a aprovação desta lei foi mais uma promessa não cumprida do XVII Governo Constitucional. Isto porque no Programa de Governo do Eng. Sócrates, e no capítulo referente às Regiões Autónomas, na sua página 130, diz o seguinte: "O Governo garantirá o pleno cumprimento da lei que estabelece as relações financeiras entre o Estado e as Regiões Autónomas, quer no tocante às transferências nelas fixadas quer no que respeita às receitas fiscais que lhes são devidas por lei...». Elucidativo! Esta é mais uma mentira a juntar ao rol de promessas não cumpridas deste Primeiro-Ministro de má memória.

Mas, em termos práticos, além das violações ao nosso Estatuto e ao Programa de Governo do PS, o que mudou

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com a aprovação desta lei. -Com a aprovação desta lei, os madeirenses receberam em 2007, menos 33,9 milhões de euros do Orçamento de

Estado e os açorianos mais 13,4 milhões de euros; - Com a aprovação desta lei, aprovada pelos socialistas de lá e de cá, a Madeira receberá a título de Fundo de

Coesão 23,7 milhões de euros em 2008, 15,8 milhões de euros em 2009, 7,9 milhões de euros em 2010, e não receberá nada em 2011;

- Com a aprovação desta lei, o Governo Socialista do Engenheiro Sócrates dará ao Governo também Socialista do Sr. César, até 2014, mais 594,7 milhões de euros do que à Madeira;

- Com a aprovação desta lei, o Governo Socialista poupa com as Autonomias Regionais, 339,4 milhões de euros até 2014. Esta poupança graças aos cortes feitos à Madeira;

- Com esta lei, a Madeira perderá 446,3 milhões de euros até 2014 e os Açores receberão a mais 107,00 milhões de euros;

- Com esta lei injusta, e pela perda do método da capitação do IVA, a Madeira foi roubada em 13,9 milhões de euros. Ao contrário, os Açores socialista, a perda do método da capitação, e apesar da actividade geradora de imposto ser menor naquele arquipélago, gerou-se um ganho adicional de 3,5 milhões de euros.

Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira Senhoras e Senhores Deputados Para concluir, gostaria de referir que, segundo o artigo 9° do Texto Constitucional, é tarefa fundamental do Estado

promover o desenvolvimento harmonioso de todo o território nacional, tendo em conta, designadamente, o carácter ultraperiférico dos arquipélagos dos Açores e da Madeira. Igualmente, nos termos do artigo 229° da Constituição, os órgãos de soberania asseguram, em cooperação com os órgãos de governo próprio, o desenvolvimento económico e social das regiões autónomas, visando, em especial, a correcção das desigualdades da insularidade.

Por outro lado, a própria Constituição, conforme estipulado no seu artigo 161º, exige o respeito pelo Estatuto Político-Administrativo das Regiões Autónomas.

A actual Lei é injusta e discriminatória em relação à Madeira. Em vez de se premiar os bons gestores, aqueles que aplicaram bem os recursos, traduzindo-se numa melhoria de muitos indicadores socioeconómicos, dão-se "rebuçados" aqueles que, apesar de terem recebido sempre mais verbas que a Madeira, apresentam níveis de desenvolvimento muito inferiores. A pergunta impõe-se: Onde aplicaram os fundos? Onde está e qual o retomo dos investimentos para as populações que continuam pobres? Que responsabilidades públicas e civis devem ser-lhes assacadas?

O Governo Regional apresentou, conforme prometido, uma alteração repondo a justiça e a equidade nas relações com o Estado. A maioria socialista reprovou na Assembleia da República a alteração, mantendo-se a injustiça.

Importa meus senhores, lembrar, que as prioridades que o Estado deve obrigatoriamente assumir, no financiamento ao desenvolvimento, cabe primeiramente, como Estado responsável e íntegro, ao seu território Nacional, e não em subsidiar, por exemplo, hipotéticos interesses de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, onde, durante séculos, investimos e pouco ou nenhum retomo tivemos, a não ser as mortes e as mutilações, ainda hoje dramáticas e evidentes, dos combatentes portugueses no Ultramar, a quem, também o Estado, renegou e abandonou.

A política externa deve de facto fazer parte dos programas do Estado, mas apenas, quando os interesses das suas populações e o desenvolvimento sustentado e harmonioso estejam, exigentemente assegurados.

Não podemos portanto, internamente e para os cidadãos nacionais, ter uma política injusta de desenvolvimento e de contenção de recursos para depois, esbanjar no exterior, sem sabermos, se de facto esse apoio chega às populações, quando todos nós sabemos de antemão, que a maioria das vezes assim não acontece, servindo apenas para interesses militaristas e querelas governamentais.

Nestes casos, por exemplo, a justificação para a contenção de despesas para o equilíbrio do deficit e da despesa pública Nacional, não são consideradas nem levadas à letra.

Importa pois, Meus Senhores, repor a legalidade e a justiça aplicando os princípios Constitucionais nesta Lei das Finanças Regionais.

Apelo, portanto, ao Sr. Presidente da República, que exerça os seus poderes de autoridade junto do Governo da República, para de facto se encontrar uma alternativa justa, imparcial, igual e transparente no âmbito da Lei que rege as Finanças Regionais e que melhor defina as prioridades governativas do Estado.

Connosco, porque sempre cumprimos, o Povo da Madeira e Porto Santo sabe que pode contar com o PSD-Madeira. Nunca é demais relembrar que os Governos do PSD-Madeira puseram sempre os interesses dos Madeirenses acima de questões partidárias, mesmo quando na República tínhamos governos PSD, e que não poucas vezes os litígios aconteceram, sempre na defesa e em prol dos interesses regionais. E importante relembrar que, em tempos passados, e perante a inexistência de uma Lei de Finanças Regionais, o PSD-Madeira fazia depender o sentido de voto dos seus Deputados na República, nos sucessivos Orçamentos de Estado, do cumprimento escrupuloso das obrigações financeiras do Estado para com a Região Autónoma da Madeira.

O PS-Madeira, e seus representantes eleitos adversos aos interesses da Região, têm assumido, desde sempre a uma política de terra queimada contra um Povo, que ainda por cima lhes paga a remuneração. Como o Povo sabiamente diz: “Com amigos destes não precisamos de inimigos".

Mas, desenganem-se aqueles que pensam que vamos desistir, que vamos baixar os braços perante esta maioria socialista. Que o Povo da Madeira saiba que o Governo Regional, que os deputados eleitos pelo PSD-Madeira à Assembleia da Republica, que os deputados eleitos pelo PSD à Assembleia Legislativa da Madeira não abdicam, nem nunca abdicarão, da defesa intransigente das suas populações.

Tenho dito. Transcrito do original. Aplausos do PSD. O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Ora, Srs. Deputados, temos dez deputados inscritos para pedidos de

esclarecimento portanto, como terminamos o tempo passam para amanhã de manhã. Fica quase garantido quórum para abrir amanhã cedo.

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Então, vamos passar à segunda parte, Srs. Deputados. E temos um voto de protesto, do CDS/Partido Popular, “Contra a retirada do direito de voto por correspondência aos

emigrantes portugueses”. Consta do seguinte:

Voto de Protesto “Da retirada do direito de voto por correspondência aos emigrantes portugueses"

A proibição do voto por correspondência dos emigrantes nas eleições legislativas nacionais é uma decisão errada e lesiva da aproximação de Portugal às suas comunidades espalhadas pelo Mundo.

Desde 1976, que os portugueses emigrados tinham o direito de votar, presencialmente ou por correspondência, para eleger os seus representantes à Assembleia da República, prática aliás seguida por muitos países. Infelizmente, uma recente alteração legislativa passa a impedir o voto por correspondência o que contribuirá para aumentar a abstenção nas Comunidades. O histórico eleitoral é bem elucidativo: nas eleições onde o voto, também, poderia ser por correspondência e não apenas presencial, a participação no acto eleitoral foi sempre muito superior. Daí não se perceber esta alteração legislativa, patrocinada pela maioria governamental da República, a não ser por motivos partidários.

Assim, a Assembleia Legislativa, directa representante do povo da Madeira e do Porto Santo, protesta pelo facto de se ter retirado aos portugueses emigrantes o direito de votar por correspondência nas eleições legislativas nacionais.

Funchal, 13 de Outubro de 2008 O Grupo Parlamentar do CDS/PP, Ass.: José Manuel, Lino Abreu.- Então vamos fazer a sua discussão. Parece que ninguém quer discutir. Portanto, vamos fazer a votação do voto de protesto. Submetido à votação, foi aprovado com 27 votos a favor sendo 22 do PSD, 2 do PCP, 1 do CDS/PP, 1 do BE e 1 do

MPT e 5 votos contra sendo 4 do PS e 1 do PND. Vamos passar então às declarações de voto. Sr. Deputado João Isidoro, tem a palavra. O SR. JOÃO ISIDORO (MPT):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Partido da Terra votou favoravelmente este voto apresentado pelo

CDS/PP porque o Estado português tem tido uma atitude de alheamento e de negligência relativamente aos seus emigrantes espalhados pelo mundo, particularmente nas comunidades de maior incidência. Estamos a falar no Reino Unido, na Venezuela, na África do Sul e na França.

E, por isso, esta é mais uma medida que o Estado toma para afastar os portugueses de participar na vida do seu país.

E votei favoravelmente porque não aceito o argumento apresentado pelo Partido Socialista de que é uma questão de transparência. Até porque o Partido Socialista já venceu eleições fora da Europa, aliás no resto do mundo e na Europa com este mesmo sistema e nessa altura não reclamou a transparência.

Na altura do Engenheiro António Guterres era Secretário de Estado das Comunidades José Lello e o Partido Socialista venceu as eleições no resto do mundo e na Europa exactamente com este mesmo sistema.

Portanto, nós não aceitamos. O que está aqui em causa é uma questão puramente partidária que em nada beneficia a relação do Estado, a relação do nosso país com os emigrantes espalhados pelo mundo.

Eis a razão porque votamos a favor deste voto. Foi oportuno este voto do CDS/PP e estamos naturalmente de acordo.

O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Sr. Deputado Edgar Silva, para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nós votamos favoravelmente porque nos parece que há aqui uma questão

que continua mal resolvida, que é a da ligação à diáspora, a ligação às comunidades portuguesas da emigração, e onde se regista um agravado défice de participação ao nível daqueles que são momentos importantes da vida democrática do país e naqueles actos eleitorais em que os emigrantes podem e devem exercer o seu direito e dever de voto.

Esta retirada desta possibilidade de participação sem que se criem efectivas formas alternativas que até ao momento sejam viáveis, em nosso entender constitui um retrocesso, constitui uma regressão e que só contribuirá mais ainda para cavar a já precária e escassa participação activa indirecta das comunidades de emigrantes portugueses, as comunidades de emigrantes nos actos que do ponto de vista do exercício democrático dos direitos por partes destes cidadãos portugueses, sem que se criem as alternativas necessárias retirar esta necessidade de participação em nosso entender corresponde a um erro.

O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Sr. Deputado Coito Pitatem a palavra para uma declaração de voto. O SR. COITO PITA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a questão é esta: porquê? A questão é porquê desde 1976 este sistema

vigorou e, só agora, em 2008, é que o Partido Socialista altera. Mas chega ao momento em que o Partido Socialista tem a maioria absoluta. Eu pergunto: porque é que o PS tem medo dos emigrantes?

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Em vez do Partido Socialista cumprir com aquilo que prometeu ao povo português antes das eleições, porque isto também não corresponde, isto não está no programa do Partido Socialista. E a verdade é que o Partido Socialista diz ao país: nós cumprimos e vamos fazer aquilo que está no programa eleitoral. Esta é outra matéria que não está. Assim como a Lei das Finanças Regionais não estava, mas alteraram. Esta não estava e é uma afronta ao povo português espalhado pelos quatro cantos do mundo.

Porque não faz sentido, em 2008, só pelo facto de termos eleições em 2009, o Partido Socialista alterar para impedir que esses portugueses, que são portugueses como aqueles que cá vivem, não possam votar nas eleições de 2009.

Isto é óbvio. Podem arranjar desculpas, podem arranjar justificações mas o regime funcionou desde 1976 até agora e não teve qualquer problema. Eu pergunto, perguntamos, e a resposta só pode ser uma: 2009 há eleições legislativas nacionais e o melhor é excluir esses emigrantes porque, infelizmente para os socialistas, os mesmos tradicionalmente votam à direita do PS, no CDS e no PSD.

E, portanto, há que condenar… O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …de uma forma inequívoca esta posição do Partido Socialista. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado José Manuel Coelho, para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. JOSÉ MANUEL COELHO (PND):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu votei contra porque me lembrei de uma afirmação do Secretário-Geral do

meu partido, o Dr. Álvaro Cunhal. Um dia, ele há anos atrás dizia que o voto por correspondência é uma maneira de praticar a chapelada eleitoral e falsear os resultados eleitorais. E o camarada tinha toda a razão. Mas parece que os camaradas do meu partido se esqueceram disso.

Porque não é certo, não é correcto que milhares e milhares de emigrantes em diáspora, espalhados pelo mundo, há muito tempo afastados das realidades sócio-económicas da sua pátria, sem informação do que cá se passa no país estejam a decidir, lá fora, com o voto manipulado, o interesse e os destinos do povo que está dentro da pátria, dentro do país.

Porque esses cidadãos não têm acesso à informação, não têm acesso à realidade do país e depois há o desvirtuamento do voto por correspondência.

O voto por correspondência é tão sério, tão sério como o voto no PSD das zonas rurais que quando se aproxima o fecho das urnas, o fecho da secção de voto, tem os caciques do PPD para descarregar os boletins até dos votos dos emigrantes porque muitas vezes não têm lá fiscalização.

Protestos do PSD. Portanto, o voto por correspondência é precisamente o voto que vocês têm no campo, o voto daquelas freguesias

onde a oposição não mete delegados e falta 10 minutos, ou depois de encerrar a secção de voto, aquelas pessoas que não foram votar ou que estão emigradas, eles vão lá e descarregam. Por isso tem scores de 80% em certas freguesias.

De maneira que esse voto por correspondência foi muito bem anulado. O cidadão tem que votar em consciência, o voto tem que ser fiscalizado…

O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …e não haver chapeladas eleitorais. E o camarada Álvaro Cunhal defendeu isto na década de 80 e eu nunca me esqueci disto. Esta é uma verdade inquestionável e por isso eu votei contra. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel de Sousa):- Sr. Deputado José Manuel Rodrigues, para uma declaração de voto, tem

a palavra. O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o que está em causa é dar aos cidadãos

portugueses, residam eles em Portugal ou residam no estrangeiro, o direito democrático de votarem para escolherem os seus representantes à Assembleia da República.

Os emigrantes desde 1976 elegem 4 deputados à Assembleia da República: 2 pelo círculo da Europa, 2 por outro círculo de outros países fora da Europa.

Desde 1976 até agora nunca houve problemas com o voto por correspondência dos nossos emigrantes. Antes pelo contrário, enquanto nas eleições para a Assembleia da República existia a possibilidade dos votos, o presencial e o por correspondência, nas presidenciais só existe o voto presencial. E o que se nota nos resultados eleitorais é que quando o voto é possível por correspondência a afluência às urnas dos nossos emigrantes é muito maior do que quando o voto é apenas presencial, como no caso das eleições presidenciais.

Mas que Governo da República é este que ao mesmo tempo que reduz a rede consular, que fecha consulados em várias cidades acaba com o voto por correspondência. Nalguns países, designadamente na África do Sul, isto fará com que um emigrante para eleger o seu deputado à Assembleia da República tenha que andar de automóvel cerca de 400 quilómetros.

Eu pergunto se isto é uma forma de incentivar o voto dos nossos emigrantes para a Assembleia da República e se

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é uma forma de incentivar a aproximação entre as nossas comunidades espalhadas pelo mundo e o país de origem que é Portugal!

Sr. Presidente e Srs. Deputados, e já agora só para terminar, a nossa batalha para que os emigrantes madeirenses espalhados pelo mundo possam um dia eleger deputados para esta Assembleia Legislativa também vai continuar.

Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente, José Paulo Baptista Fontes. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Victor Freitas, para uma declaração de voto, tem a palavra.

Faz favor, Sr. Deputado. O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no mês de Setembro foi tornado público

esta proposta do Partido Socialista e automaticamente o Conselho de Governo, que tem uma função não partidária mas de acção governativa, não tendo nada para dizer aos madeirenses, as conclusões do Conselho de Governo foram um discurso político contra a alteração desta lei.

E repare-se, logo depois veio o CDS/PP, não o PSD que o seu governo criticou, mas veio o CDS/PP apresentar um voto de protesto em relação a esta matéria.

E depois assistimos a outra coisa caricata: em 2005, PSD e CDS/PP acabaram com o voto por correspondência nas presidências e nas europeias.

O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Isso é mentira! O ORADOR:- E, portanto, temos aqui dois partidos que têm esta lógica: nas eleições nacionais, voto por

correspondência; nas eleições presidências, não há voto por correspondência, voto presencial… O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Nunca houve. Vocês não deixaram! O ORADOR:- …nas eleições europeias não há voto por correspondência, tem que existir é voto presencial. E, portanto, temos aqui… O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Os emigrantes votam nas eleições europeias? O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Está baralhado! O ORADOR:- Oh, Sr. Deputado José Manuel, agradecia… está incomodado com a intervenção do Partido

Socialista! E, portanto, temos aqui da parte do CDS/PP mais uma vez uma atitude de bengala em relação ao PSD. O Conselho de Governo agora decide; o CDS/PP executa nesta Assembleia Legislativa as propostas

saídas do Conselho de Governo nas atitudes que concerne de ataques contra o Partido Socialista na Assembleia da República.

Porque esta questão não é uma questão de governo nem é o Governo da República a criar esta lei, foi o Grupo Parlamentar do Partido Socialista que apresentou a intenção de alterar esta legislação, situação esta…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …que vamos ver se de facto é alterada ou não. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Roberto Almada, para uma declaração de voto tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, numa altura em que todos nos devemos

unir para combater a abstenção não podemos pactuar com medidas que possam eventualmente inverter aquele que é o objectivo desse combate à abstenção.

Todos nós sabemos que em algumas comunidades emigrantes na diáspora há pessoas que vivem muito afastadas, a muitos e muitos milhares de quilómetros das mesas de voto. Se não considerarmos que essas pessoas podem votar por correspondência, porque vivem a muitos milhares e milhares de quilómetros de distância das mesas de voto, vamos contribuir para o aumentar da abstenção.

E desse ponto de vista nós consideramos que se ao aprovar esta legislação estamos concretamente a contribuir para o aumento da abstenção.

Naturalmente que podem ser invocadas razões de chapeladas que possam eventualmente existir, que se criem mecanismos para combater essas eventuais chapeladas mas não é proibindo os emigrantes de exercer o seu direito a voto que vamos fazer com que a abstenção decresça e com que a democracia se afirme como o melhor dos sistemas políticos actuais.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sras. e Srs. Deputados, vamos entrar na ordem do dia.

ORDEM DO DIA E o ponto 1 é a leitura do parecer da 5.ª Comissão Especializada e votação final global do projecto de proposta de

lei à Assembleia da República denominado “Complemento de pensão”.

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Foi lido. Consta do seguinte: Projecto de proposta de lei à Assembleia da República

“Complemento de pensão” PARECER

No dia 20 de Outubro de 2008, pelas 15 horas, reuniu a 5ª Comissão Especializada Permanente, Saúde e Assuntos Sociais e Protecção Civil, a fim de analisar e emitir parecer na especialidade, relativo ao projecto de proposta de lei à Assembleia da República “Complemento de pensão”.

A Comissão em sede de votação na especialidade deliberou aprovar o projecto acima referenciado, com os votos a favor do PSD e contra do PS, e enviá-lo a Plenário para votação final global.

Este parecer foi aprovado por unanimidade. Funchal, 21 de Outubro de 2008 A Relatora, Ass.: Vânia de Jesus.- O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. A Mesa vai colocar à votação o ponto 1 da ordem de trabalhos. Submetido à votação, foi aprovado com 28 votos a favor sendo 22 do PSD, 2 do PCP, 2 do CDS/PP, 1 do BE e 1 do

MPT e 4 votos contra do PS. Ponto 2 da ordem de trabalhos: leitura do parecer da 5ª Comissão Especializada e reapreciação, na sequência de

um acórdão emitido pelo Tribunal Constitucional e nos termos do disposto no artigo 162º do Regimento e seguintes, do decreto legislativo regional que “Adapta à Região Autónoma da Madeira a Lei nº 37/2007, de 14 de Agosto, que

aprova normas para protecção dos cidadãos da exposição involuntária ao fumo do tabaco e medidas de

redução da procura relacionadas com a dependência e a cessação do seu consumo”. Foi lido e consta do seguinte:

Decreto Legislativo Regional “Adapta à Região Autónoma da Madeira a Lei n.º 37/2007, de 14 de Agosto, que aprova normas para protecção dos

cidadãos da exposição involuntária ao fumo do tabaco e medidas de redução da procura relacionadas com a dependência e a cessação do seu consumo”

PARECER No dia 20 de Outubro de 2008, pelas 15 horas, reuniu a 5.ª Comissão Especializada Permanente, Saúde, Assuntos

Sociais e Protecção Civil, a fim de dar cumprimento ao disposto no artigo 163.º do Regimento relativamente ao Decreto legislativo regional que “Adapta à Região Autónoma da Madeira a Lei n.º 37/2007, de 14 de Agosto, que aprova normas para protecção dos cidadãos da exposição involuntária ao fumo do tabaco e medidas de redução da procura relacionadas com a dependência e a cessação do seu consumo”.

O PSD apresentou uma proposta de alteração ao artigo 2.º com a seguinte redacção: “Artigo 2.º (…) Nos estabelecimentos de restauração ou de bebidas, com área destinada ao público inferior a cem metros

quadrados, o proprietário pode optar por estabelecer a permissão de fumar desde que sejam cumpridos os seguintes requisitos:

a) Estejam devidamente sinalizados com afixação de dísticos em locais visíveis, nos termos do n.º 6 da Lei n.º 37/2007, de 14 de Agosto;

b) Seja garantida a ventilação directa para o exterior através de sistema de extracção de ar que proteja os trabalhadores e os clientes não fumadores”.

A proposta apresentada foi aprovada com os votos favoráveis do PSD e a abstenção do PS, tendo a Comissão deliberado enviar o diploma para Plenário com a alteração ao artigo 2.º.

Este parecer foi aprovado por unanimidade. Funchal, 20 de Outubro de 2008 A Relatora, Ass.: Vânia de Jesus.- Srs. Deputados, está em discussão. Cada deputado dispõe, de acordo com o artigo 164.º, de 3 minutos para uma intervenção. Sr. Deputado Savino Correia tem a palavra. O SR. SAVINO CORREIA (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Tribunal Constitucional e a pedido do Sr.

Representante da República para a Madeira, porque remeteu para o Tribunal Constitucional a apreciação preventiva deste diploma, deste decreto, com o fundamento que o mesmo versava sobre matérias de direitos, l iberdades e garantias violando assim os artigos 175.º, n.º 1, alínea b), e 227.º, n.º 1, alínea a) da Constituição da República Portuguesa e neste âmbito considerando o veto, o diploma foi remetido para esta Assembleia para a respectiva comissão que decidiu naturalmente expurgar a norma considerada inconstitucional e alterar o texto para os termos que foram lidos pela Sra. Secretária e que me vou escusar de ler.

É esse o novo texto. É um texto que de resto vai de encontro com a lei nacional, com o n.º 5 e o n.º 6 da lei nacional e, portanto, remete para a substância e a letra da própria lei e sobretudo visa acautelar os direitos, liberdades e garantias dos fumadores e dos não fumadores.

Julgamos que assim não está em causa nenhum direito, não está em causa nenhuma ameaça de nenhuma liberdade nem de nenhuma garantia, não está em causa o bem jurídico vida e saúde porque com esta alteração consegue-se contemplar a segurança jurídica desse bem fundamental que é o bem saúde.

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Mas queria aproveitar também para fundamentar a nossa posição por outras razões. Porque ninguém use este diploma para dizer que estamos aqui a dizer às pessoas que agora podem fumar. É errado, antes pelo contrário. Aquilo que se pretende com este novo diploma é fundamentalmente facultar alternativas, é sobretudo ampliar o espaço de liberdade, a livre escolha, a opção, responder às expectativas dos diferentes públicos com diferentes hábitos e sensibilidades, promover uma justa composição dos interesses entre os empresários e os consumidores.

E justifica-se também por razões até de conjuntura económica ao nível das pequenas empresas sobretudo da área da restauração e similares. Note-se que o próprio presidente da Associação de Comércio e Serviços é o próprio a dizer que 60% destas pequenas empresas suscitam e pedem a alteração do diploma por forma a poder realizar o seu comércio. Para nós também as condições de defesa do bem jurídico saúde…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …salvaguarda-se a integridade física. Note-se que tudo isto é acompanhado numa questão fundamental que é a que o Governo o que pretende é

sobretudo que menos pessoas fumem e que haja sobretudo a faculdade de opção para as pessoas poderem fumar em liberdade.

Portanto, aqui que se pretende exactamente com isto é dotar sensibilidade e reduzir o número de fumadores. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Leonel Nunes, para uma intervenção tem a palavra. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a discussão desta matéria não deve ser única e exclusivamente vista na

perspectiva de mais fumo, menos fumo, terá que ser visto na perspectiva de mais saúde, menos saúde. É esta a razão principal. É uma razão de saúde.

Porque fumar, cada mata-se como quer. V. Exa. se acha que isso é um prazer de que não pode abdicar, meta-se dentro de um carro, feche os vidros, comece a fumar até se esfumar…

Agora, o que se entende é que é errado. É que hoje, Sr. Deputado, não está regulamentado a forma como devem ser instalados os mecanismos para a extracção de fumo. Não está! Eu quero é ver onde é que está? Não está!

V. Exa. sabe perfeitamente que há tascas por casmurrice dos próprios empresários que meteram lá, ocuparam quase 50% do espaço do estabelecimento para meterem lá umas coisas de latão e de folha para fazer a extracção do fumo. Bom, acho que todos nós temos a consciência de que pode haver um ou outro espaço que perdesse clientes porque não se pode fumar no seu interior, mas estou à vontade para vos dizer isto: houve espaços que ganharam clientes por não se poder fumar na hora da refeição. De certeza absoluta, ninguém tem dúvidas disto.

E logo agora que sem qualquer reclamação todos os fumadores aceitam pacificamente esta norma, porque razão é que o Sr. Dr. Alberto João Jardim quer chatear e não quer que essa norma se aplique aqui na região?

Nós não temos quaisquer dúvidas que o destino deste diploma é o mesmo do cinto de segurança: vão barafustar, vão barafustar e vão ter ao fim e ao cabo que cumprir a lei nacional que é aquela que, na nossa opinião, tem em atenção os fumadores tem em atenção aqueles que não são fumadores, é ao fim e ao cabo uma lei que tardava em chegar ao nosso país.

Não se vai colocar as questões em termos fundamentalistas, já há para aí países que até na rua é proibido fumar… Eu, por exemplo, para além do resultado péssimo do meu marítimo no domingo, havia lá um gajo ao meu lado a fumar charuto que o que mais me apetecia era que o gajo engolisse a coisa…

Mas, enfim, são coisas…Até quando nos chateamos com aquele que está ao nosso lado a atirar o fumo para cima de nós mesmo ao ar livre… aqui é uma questão de saúde pública e que acho que todos nós devemos ter em atenção.

Por isso, para concluir dizer: esta cosmética aqui colocada, Sr. Deputado, porque nisto não houve alterações, não tiveram em atenção a reclamação feita, não tiveram em atenção as chamadas de atenção; puseram um pedacinho de batom, mais rímel, mais um pedacinho de água-de-colónia mas não resolve o problema.

É cosmética, só! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado João Isidoro, para uma intervenção tem a palavra. O SR. JOÃO ISIDORO (MPT):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu vou nesta intervenção reafirmar um pouco aquilo que foi a minha

primeira intervenção e do Partido da Terra aquando da discussão feita nesta Assembleia e dizer que apesar de não ser fumador não sou fundamentalista, nada tenho contra os fumadores. Respeito os fumadores do mesmo modo que acho que os fumadores têm de respeitar os não fumadores.

Mas disse na altura e repito que esta lei estava a ser aplicada de forma pacífica na sociedade madeirense. Eu que também sou crítico de algumas medidas do Governo da República e do Engenheiro José Sócrates acho que esta foi uma boa lei para todo o país e por isso teve na altura e continua a ter o meu apoio.

O problema que se coloca de se por um lado podemos dizer que um comerciante tem a liberdade de definir se o seu estabelecimento é de fumador ou de não fumador e entra quem quer, a verdade é que também nesses estabelecimentos há por exemplo, poderá haver por exemplo muitos funcionários não fumadores que acabam por ser vítimas neste caso do incumprimento da lei que está estabelecida no plano nacional.

A nossa posição sobre esta matéria não se alterou. Somos favoráveis a que ela seja cumprida em todo o país e por isso vamos votar novamente contra esta reapreciação da lei. E, repito: quem quer fumar tem espaços para fumar mas não fume em espaços fechados.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Jaime Leandro, para uma intervenção tem a palavra.

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O SR. JAIME LEANDRO (PS):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este é um diploma que visa no essencial a protecção da saúde. E, portanto,

é um diploma que transpõe para a ordem jurídica interna as directivas comunitárias que existem sobre esta matéria. E o que se constata com esta alteração que o PSD propõe é que aquilo que é bom para os cidadãos europeus de

uma forma geral, para os portugueses residentes nas outras partes do país, nomeadamente no Continente e nos Açores, esta lei de protecção da saúde é boa e não é boa para os madeirenses.

E é aqui que o Governo e que o PSD exerce o seu poder discricionário, a sua autonomia, para legislar em matéria absolutamente despicienda.

E, vejamos: como é que se pode encarar que isto seja uma medida de protecção da saúde quando se agilizam os processos que vão exactamente contra esse interesse, o interesse da saúde e contra aquilo que a União Europeia pensa até sobre esta matéria.

E, portanto, diz o Sr. Deputado do PSD que defendeu este diploma que este vai ao encontro dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Isto, fala-se de direitos, liberdades e garantias dos cidadãos em matéria de fumar e são a esses cidadãos que se negam os direitos, liberdades e garantias em coisas bem mais importantes que a matéria do fumo!

Isto chama-se atirar fumo para os olhos das pessoas e isto não é razoável. Isto é ampliar, diz o Sr. Deputado do PSD, um espaço de liberdade. Mas que liberdade? A liberdade de fumar? Fumem onde quiserem. Eu não tenho nada contra os fumadores desde que não me chateiem.

E agora falar em ampliação do espaço de liberdade? Mas o PSD que se nega à liberdade mais básica naquilo que mais importante existe, agora na lei do fumo amplia o espaço de liberdade! Isto é fantástico. Isto é fantástico, isto é um discurso das Arábias.

E mais. Isto ajuda o pequeno comércio. É capaz de ajudar mas a crise não é só na Madeira, a crise é em Portugal, é na Europa, no mundo. Então, eu vou sugerir à Mesa que envie esta alteração para os parlamentos do mundo inteiro porque isto tem que ser seguido em toda a parte do mundo!

Sr. Deputado, isto é uma coisa, isto é um must que o PSD está a fazer e, portanto, tem que ser seguido. Isto seria ridículo se não fosse demasiado sério! Usar as prerrogativas autonómicas com estas desculpas

esfarrapadas é uma coisa absolutamente hilariante. O PSD está tão generoso em matéria de liberdades e garantias, em matéria de direitos, liberdades que é uma coisa fantástica.

Eu peço é que o restante das últimas matérias que são verdadeiramente importantes para o desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira, utilizem isto que prometem! Isso é que era bom.

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado José Manuel Rodrigues, para uma intervenção tem a palavra. O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o CDS/PP tem concordado a que este diploma

sobre a proibição de fumar nalguns locais fosse adaptado à região, o problema é que a lei nacional não permite essa adaptação.

O artigo 29.º, cujo título é “Regiões autónomas”, diz no seu ponto 1: “As regiões autónomas exercem as competências previstas na presente lei através dos organismos definidos pelos órgãos de governo próprio.” Então não está aqui prevista nenhuma adaptação selectiva à região autónoma. Tanto que é assim que o Tribunal Constitucional reenviou e a situação agora vai repetir-se.

Mas é preciso também desdramatizar esta questão, sobretudo desta intervenção do Partido Socialista neste debate. Porque aquilo que aqui se pretende é que nos estabelecimentos de restauração ou bebidas, com área destinada ao público inferior a 100 m

2, o proprietário pode optar por estabelecer a proibição de fumar. Esta excepção já

está na lei nacional mas com uma diferença, com uma diferença: é que na lei nacional diz isto no seu ponto 6 do artigo 5.º, Excepções: Nos locais mencionados na alínea q) (que é a restauração e bebidas), com área destinada ao público inferior a 100m

2 (que é o caso da região), o proprietário pode optar por estabelecer a permissão de fumar desde que

obedeça aos requisitos mencionados nas alíneas a), b) e c) do número anterior. São três alíneas. Vamos ver as três alíneas. A alínea a), que tem a ver com a história dos dísticos: desde que

estejam devidamente sinalizados com a fixação de dígitos em locais visíveis. Está no vosso. A alínea c) Esteja garantida a ventilação directa para o exterior através de sistema de extracção de ar. Está no

vosso. Mas agora vamos à alínea b) Sejam separadas fisicamente das restantes instalações ou disponham de dispositivo

de ventilação ou qualquer outro desde que autónomo que evite que o fumo se espalhe às áreas contíguas. Portanto, os senhores puseram duas excepções e uma delas, que é a separação física, que é meia excepção,

deixaram porquê? Mas então se na vossa opinião as excepções previstas na lei nacional são idênticas às vossas, para quê adaptar isto à região? Mas para quê então adaptar à Região Autónoma da Madeira, para quê adaptar à Região Autónoma da Madeira?

O CDS/PP vai abster-se por entender que a melhor solução, que não era possível adaptar à região porque a lei não o permitiria…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …seria seguir o exemplo da Espanha, seria o proprietário a escolher se o seu estabelecimento de

restauração era de fumadores ou de não fumadores e o cliente saberia se queria o estabelecimento de fumadores ou de não fumadores. Isto é que é respeitar os direitos e liberdades das pessoas.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Roberto Almada, para uma intervenção tem a palavra.

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O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estamos hoje a discutir um assunto da maior importância para os madeirenses. Este assunto é ainda mais prioritário do que discutir as questões da pobreza, do que discutir as questões que vêm a seguir, da praga de mosquitos na Madeira. Esta questão é uma questão de primordial importância na discussão neste Parlamento!

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, numa altura – e vamos falar sério –, em que os próprios fumadores, os não fumadores, já tinham assumido que esta lei era para cumprir vamos agora dar o dito por não dito, dar aqui meia dúzia de cambalhotas para de alguma forma tentarmos aplicar à região aquilo que não é aplicável à região?

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, penso que os deputados nesta Casa têm coisas mais importantes a discutir e por isso eu não me vou demorar mais sobre esta matéria.

Votaremos contra porque isto não é uma prioridade para nós. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sras. e Srs. Deputados, a Mesa vai colocar à votação o ponto 2 desta ordem de trabalhos. Submetido à votação, foi aprovado com 23 votos a favor do PSD, 2 abstenções do CDS/PP e 7 votos contra sendo

4 do PS, 1 do PCP, 1 do BE e 1 do MPT. Srs. Deputados, vamos passar ao ponto 3 da nossa ordem de trabalhos, apreciação e votação do projecto de

resolução, da autoria do CDS/Partido Popular, intitulado “Medidas de combate à praga de mosquitos”, apresentado com processo de urgência.

Consta do seguinte: Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira Excelência, Ao abrigo das disposições regimentais, o Grupo Parlamentar do CDS/Partido Popular apresenta com processo de

urgência o Projecto de Resolução “Medidas de combate à praga de mosquitos” solicitando a observação dos seguintes requisitos:

a) Redução do prazo previsto no artigo 147.º; b) Dispensa de exame prévio em Comissão (alínea b) do artigo 237.º); c) Dispensa do envio à Comissão para efeitos de redacção final (alínea d) do artigo 237.º). Com os melhores cumprimentos, Funchal, 16 de Outubro de 2008, O Presidente do Grupo Parlamentar do CDS/PP, Ass.: José Manuel.-

A Mesa vai colocar à discussão o processo de urgência. Sr. Deputado Roberto Almada, tem a palavra para uma intervenção. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este assunto é da maior importância. E

é da maior importância porque a praga dos mosquitos tem atormentado a vida aos madeirenses de forma que não raras vezes temos notícias de que quase todos os dias há pessoas que procuram ajuda médica para de alguma forma controlarem as picadas de mosquito, tratarem as picadas de mosquito de que foram alvo.

Quando se exigia que a região tomasse medidas concretas e urgentes que fossem no sentido de controlar esta praga, de debelar esta praga, o Governo Regional assobiou para o lado. Os parlamentares, nomeadamente os parlamentares das oposições, por diversas vezes chamaram a atenção que era preciso agir, colocaram neste Parlamento propostas concretas e não foi dado ouvidos às propostas das oposições.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste momento temos uma situação grave. Até já se fala de que existirão duas pessoas na Região Autónoma da Madeira com a doença dengue, já se fala que existirão duas pessoas na Região Autónoma da Madeira com o dengue. É uma informação não confirmada mas que foi veiculada por um órgão de comunicação social ainda esta semana.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, era importante que se tivesse a certeza se isto existe ou não, se é verdade esta informação, se se confirma ou não esta informação - e oxalá que não se confirme, oxalá que eu tenha ouvido mal como disse ali o Sr. Deputado do PSD, oxalá que eu tenha ouvido mal - e vamos ver se esta maioria terá a decência de neste momento aprovar não só a urgência como uma iniciativa que vai no sentido de colocar questões muito importantes que sirvam para controlar esta praga dos mosquitos que a todos nos está a afligir.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- O Grupo Parlamentar do CDS/PP quer intervir no processo de urgência?

Tem a palavra Sr. Deputado José Manuel Rodrigues. O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, se há matéria que é urgente discutir neste

Parlamento e sobretudo o Governo actuar é esta questão da praga dos mosquitos. Depois do verão assistiu-se a uma proliferação da praga de mosquitos com uma clara impotência das autoridades para lidarem com esta matéria.

Há centenas de madeirenses que diariamente são afectados pelas picadas dos mosquitos, que têm muitos que se deslocar ao Serviço de Urgências do Centro Hospitalar do Funchal com todos os efeitos nocivos que isso tem para a saúde, com os custos que isso tem para o Sistema Regional de Saúde e com os custos também económicos que tem de paragem no trabalho para essas pessoas.

E há aqui uma clara irresponsabilidade e incompetência do Governo Regional para lidar com esta matéria do combate aos mosquitos nesta região.

Este problema surgiu em 2005, já lá vão 3 anos. E a verdade é que em 3 anos, tirando algumas intervenções esporádicas da Câmara Municipal do Funchal de desinfecção de algumas zonas, designadamente da freguesia de

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Santa Luzia, muito pouco foi feito. Mais, à medida que o problema se agravava com a proliferação de mosquitos o Governo Regional fazia menos no

combate a essa praga de mosquitos. Mais. O Governo Regional até se esqueceu de abrir o concurso público para adjudicar a uma empresa a

desinfestação que era necessária para que esta praga de mosquitos não se alastrasse para fora do Funchal e a verdade é que ela hoje é sentida em Machico e com grande preponderância em Câmara de Lobos, para além de se ter estendido a praticamente todo o concelho do Funchal.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- O Grupo Parlamentar do PCP quer intervir no processo de urgência? Não. Grupo Parlamentar do PS? Não. O PSD quer intervir no processo de urgência? Sr. Deputado Vasco Vieira, tem a palavra. O SR. VASCO VIEIRA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Grupo Parlamentar do PSD irá votar favoravelmente o processo de

urgência atendendo à importância desta matéria e à sua actualidade. No entanto, face a algumas afirmações aqui produzidas sobre o processo de urgência, nomeadamente pelo Sr.

Deputado Roberto Almada que veio de certa forma insinuar que existiam dois casos de dengue na Região Autónoma da Madeira.

O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Não confirmei! O ORADOR:- A verdade é que não existe nenhum caso confirmado dentro da Madeira. O que se falou foi através

de um órgão de comunicação escrita que disse que possivelmente existiriam dois casos de dengue em território de Portugal Continental e possivelmente contagiados em viagens ao Brasil.

É a mesma notícia que eu li e quase todos leram. Portanto, isto de tentar dizer que há agora na região, é segunda intenção. E, portanto, temos que ser sérios nestas

questões. Quanto à questão do concurso público que o Sr. Deputado José Manuel Rodrigues falou. O que resultou foi que

este combate tem sido continuado e o concurso público para a chamada desinfestação e colocação das armadilhas, o Tribunal de Contas impôs concurso público internacional…

O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Internacional! Então eu não sabia? O ORADOR:- Portanto, em caso disso o Governo resolveu preparar o concurso internacional e neste momento está

pronto para ser aberto. E, repare-se, não é uma continuidade do ano todo esse combate, é nos momentos do surdo, que é entre Setembro

e finais de Outubro. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Srs. Deputados, a Mesa vai colocar à votação o processo de urgência

apresentado pelo Grupo Parlamentar do CDS/PP. Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade. (Registou-se a ausência do PND). Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Leonel Nunes. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este espectáculo que acabamos de assistir

por parte da bancada do PSD é a prova provada como isto funciona. Há pessoal que se nega a pensar naquela bancada, é pessoal que é articulado! O SR. TRANQUADA GOMES (PSD):- Olha em fala! O ORADOR:- Se há alguém que se levanta, se acerta os outros levantam-se…, o Sr. Vasco Vieira bem fez o seu

esforço! Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a verdade é que na Região Autónoma da Madeira em relação a este

problema, passados três anos e depois de toda a gente fazer a reclamação, depois de constatarmos que é irreversível, que vamos ter que conviver com mosquitos é que o Governo está a pensar em fazer concursos públicos para pôr fim a esta praga!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Bernardo Martins, para uma declaração de voto tem a palavra. O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a praga dos mosquitos de facto é um perigo para a saúde pública. Era bom

que se clarificasse essa informação do Sr. Deputado do Bloco de Esquerda, nomeadamente da parte do Governo Regional para tranquilizar esta situação.

Nós votamos favoravelmente porque há um perigo para a saúde pública, houve intervenções do Governo Regional, nós sabemos, mas foram insuficientes e ineficazes, é verdade. E a prova é que hoje o mosquito não está só no Funchal nem em Santa Luzia, espalhou-se, está em Câmara de Lobos, está em Machico e vai espalhar-se por toda a região.

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E é por isso que nesta situação bastará um caso aqui para se poder falar futuramente até numa epidemia. Mas também nós consideramos que isto é um perigo para a economia por causa do turismo. Bastará haver um

caso de dengue na Madeira que nós já sabemos os feitos negativos para toda a economia. E não é para o Governo Regional, é para as pessoas, é para as pessoas que vão para o desemprego que trabalham na hotelaria, é para os operadores turísticos.

Isto é de facto preocupante, isto não deve apenas ficar como uma preocupação exclusiva de um partido ou de uma faixa partidária da região. É um problema que deve concentrar a atenção de todos e por isso nós consideramos que é urgente discutir e aprovar as medidas. Se não todas pelo menos parcialmente algumas medidas da parte do CDS/PP.

Nós não queremos ser alarmistas mas de facto o alarme já está instalado, o alarme está instalado no próprio Governo Regional! E eu vou dar um exemplo: recentemente o Sr. Secretário Regional, o Governo, as pessoas responsáveis da Madeira pediram para que se evitasse e para o Brasil. Portanto, quem é que fez este anúncio? Quem fez este pedido alarmista ou, digamos, com fundo de verdade, de realidade e de preocupação? Foi o próprio Governo Regional!

Portanto, não se vá para esta discussão, para este debate com acusações contra a oposição que quer ser alarmista. O alarme existe…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …por isso acho que se deve de encarar com seriedade esta matéria sem grandes problemas de

partidarite. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Está em discussão o diploma. Sr. Deputado José Manuel Rodrigues, como autor do projecto, tem a palavra. O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, isto começou por ser em 2005 uma brincadeira

mas hoje já não é assim. Hoje já não é assim! Só para terem a dimensão real deste problema não só na região mas fora dela, um dos principais sites da internet

frequentado diariamente por milhões de pessoas, que é a enciclopédia livre, o Wikipédia, refere precisamente a determinado momento que este mosquito está presente nas regiões tropicais de África e da América do Sul, chegando à Ilha da Madeira, em Portugal, e ao Estado da Florida nos Estados Unidos.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, vejam a que ponto chegou! O SR. TRANQUADA GOMES (PSD):- Se a Florida não os consegue matar quanto mais nós! O ORADOR:- É para verem a dimensão do problema não só do ponto de vista interno de saúde pública mas das

repercussões que isto pode ter no nosso turismo. Sr. Presidente, Srs. Deputados, e refere aqui o Brasil também! Mas no Brasil há milhares de projectos, o Brasil que

é um dos países mais atingidos por esta praga de mosquitos, onde está o dengue, a febre-amarela, mas o Brasil tem “ene” projectos de universidades, de câmaras municipais, de juntas de freguesia, de governos estaduais para combater este problema e nós aqui na Madeira não vemos uma acção concertada do Governo Regional, das câmaras municipais, das juntas de freguesia em articulação com as pessoas para combater esta praga de mosquitos.

O que é que temos visto até agora? De vez em quando o Sr. Director Regional de Saúde Pública vem a pública dar umas informações sobre esta questão, em breve vamos fazer uma campanha de desinfestação… Ora, isto não basta. Não basta!

Sr. Presidente, Srs. Deputados, estamos eventualmente perante o mais grave problema de saúde pública da região neste momento. Esta praga não é possível erradicar mas é possível controlar. E ela não está controlada por falta de medidas do Governo Regional.

E, Sr. Presidente, Srs. Deputados, é evidente que não se sabe se há algum caso de dengue na Madeira ou de febre-amarela mas sabemos que há quinze casos no Continente de gente que trouxe o vírus de outros países. E nós temos o vector aqui que é o mosquito e, portanto, estão criadas infelizmente as condições, sem alarmismos, para que a curto prazo possamos ter problemas de dengue ou de febre-amarela na Madeira.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- A não ser que o Governo Regional tome medidas permanentes e eficazes, em conjunto com as

câmaras e as juntas e as populações, para combater este mosquito. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. O ORADOR:- Só para terminar, Sr. Presidente, o que nós propomos nesta resolução é que haja um gabinete

coordenador entregue à Protecção Civil. Isto deixou de ser um problema apenas de saúde, é um problema de protecção da população e isso é coordenado

pela Protecção Civil da Madeira. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terá que concluir, Sr. Deputado. Sr. Deputado Leonel Nunes, para uma intervenção tem a palavra. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, passados três anos a Região Autónoma da Madeira está confrontada com

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uma ameaça em que, em primeiro lugar provoca incómodos profundos aos habitantes da nossa terra, penso que isso deve ser uma preocupação que todos devemos comungar; em segundo lugar os efeitos nefastos que pode ter já para a nossa débil indústria do turismo.

Há aqui alguns Srs. Deputados que há três anos não estavam aqui nesta Casa mas que levam isto tudo a brincar, e eu digo deputados e deputadas que levam isto tudo numa brincadeira porque a vida deles também sempre foi uma brincadeira e nunca tiveram grandes dificuldades!

Quem não se lembra das preocupações colocadas pela Sra. Deputada Violante Matos aqui nesta Casa, onde de uma forma profunda alertou esta Assembleia para a possibilidade da devastação de tal mosquito que na altura tinha começado a incomodar os madeirenses de uma forma circunscrita a Santa Luzia.

Ela foi ridicularizada nesta Casa por senhores dessa bancada! Basta ir ao Diário das Sessões. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Exactamente! O ORADOR:- Hoje as preocupações que essa Sra. Deputada e que todos os deputados da oposição levantaram

confirmam-se e com a agravante de não haver a possibilidade de exterminar esta praga hoje instalada na Região Autónoma da Madeira.

Até aqueles que ganham dinheiro com o extermínio da praga do mosquito consideram-se incapazes porque o Governo não lhes dá condições porque o Governo não interveio quantas vezes são necessários para contribuir para a exterminação desta praga.

É isso que agora aqui é proposto, que haja outra atenção, não haja sempre aquelas coisas que são simplistas feitas por presidentes de câmara… Veja-se o Sr. Presidente da Câmara de Câmara de Lobos quando afirmou: não há mosquitos em Câmara de Lobos. E só depois daquelas humildes mulheres que não têm medo de levantar a saia e mostrarem ao Sr. Presidente onde é que o mosquito lhes tinha mordido, é que ele ficou perfeitamente convencido que já tinham chegado a Câmara de Lobos os mosquitos.

E não está de forma alguma restrito aqui à zona do Funchal. Sras. e Srs. Deputados, já hoje mesmo que tivéssemos ouvido, eu acho que temos que pôr um travão a esta

especulação. Se acontece, como aqui já foi afirmado, haver um turistas… se for um dos nossos é como o outro diz: não é menos grave, pode ser muito complicado, pode ser mordido mas nós já estamos habituados a que nesta terra as pessoas sofram mesmo que seja por culpa dos mosquitos…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR: - Agora, se for um turista que tenha essa infelicidade, Sras. e Srs. Deputados, os Espanhóis dariam

uma fortuna para que surgisse nas primeiras páginas nos jornais que houve um turista que teve o problema de ser mordido por um mosquito aqui na terra, mordido pelo dengue.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. O ORADOR:- Atenção porque o turismo também aposta nesta especulação! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado João Isidoro para uma intervenção tem a palavra. O SR. JOÃO ISIDORO (MPT):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta proposta que o CDS traz aqui para discussão nós consideramos que é

importante, também somos de opinião que não se deve alarmar mais do que já está neste momento mas deve haver um grande motivo de preocupação sobretudo pelas entidades públicas que têm a responsabilidade de tomar medidas eficazes no combate à praga do mosquito.

E a verdade é que desde 2005 a população de um modo geral e também nós deputados desta Casa sentimos que não há essas medidas eficazes para o combate a esta praga do mosquito.

Há, por exemplo, desde 2005 divergências entre investigadores com experiência nesta área. E eu falo nomeadamente do Dr. Raul Capela que chamou a atenção na altura para o modo e celeridade que era necessário para combater esta praga do mosquito mas o que é verdade é que também por aquilo que conhecemos não foram atendidas as suas preocupações porque tudo estava a ser feito. O que é verdade é que passados 3 anos o mosquito já não está em Santa Luzia, já está noutros concelhos da região. Eu acho que deve ser um tempo de grande reflexão, de grande preocupação mas sobretudo de tomada de medidas eficazes para que este mosquito não se alastre na região. Porque é uma questão de saúde pública, é uma questão também de economia tendo em conta os efeitos que isto tem ou poderá ter, por exemplo, para o turismo. E eu acho que está na hora de, sem alarmes, sem demagogias, porque a primeira responsabilidade é do sector público, de tomar medidas para minimizar, para tentar resolver este problema que já preocupa hoje não uma…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …mas preocupa hoje os madeirenses. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Roberto Almada, para uma intervenção tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vou utilizar estes dois minutos desta

intervenção para colocar aqui a questão que já coloquei aquando da discussão do processo de urgência. Há efectivamente rumores de que poderá existir algum caso na Região Autónoma da Madeira, nomeadamente dois,

mais grave, de doenças provocadas pela praga do mosquito.

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Esta informação não é confirmada mas foi veiculada por um órgão de comunicação social esta semana esta suspeita. E há rumores junto da população relativamente a esta matéria.

Numa perspectiva de sossegar a população era importante, não um deputado do PSD qualquer que não percebe nada disto mas que viesse alguém com responsabilidade na área da saúde para sossegar os madeirenses e dizer que efectivamente não se confirma nenhuma destas doenças, nenhum desses casos mais graves de doenças provocadas por esta praga de mosquito.

Ficaríamos certamente todos mais descansados de que não existiria essa praga. Mas que esse rumor existe lá fora, esse rumor existe lá fora! E era importante, se não existe qualquer fundamento neste rumor, que venham dizer as entidades competentes, nomeadamente ao nível da saúde, de que não existe nenhum caso mais grave de doenças provocadas por esta praga de mosquito.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta afirmação é feita por mim com toda a responsabilidade. E coloca em causa isso quem está longe das pessoas, quem não anda ao meio das pessoas e não sabe dos rumores que se passam lá fora!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Vasco Vieira para uma intervenção tem a palavra. O SR. VASCO VIEIRA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em relação a este projecto de resolução do CDS/PP que visa recomendar a

adopção de determinadas medidas ao Governo Regional para o combate ao mosquito Aedes aegypti oferece-nos dizer desde logo que este projecto não passa de uma mera recomendação e, como tal, não tem carácter vinculativo.

Por outro lado, e atendendo ao teor do preâmbulo deste diploma, verifica-se que de forma simulada pretende pôr em causa e nomeadamente ser alarmista, embora o negue, como fez toda esta oposição alarmismo puro e, portanto, pôr em causa toda a acção que tem sido desenvolvida desde há 3 anos a esta parte no combate a este tipo de mosquito.

E é uma visão que o Grupo Parlamentar do PSD não partilha. E não partilha porque entende que a equipa constituída para este combate, isto é, para coordenar, desenvolver as acções de prevenção e de combate à proliferação deste tipo de mosquito, é meritória e está de acordo com os procedimentos exigidos neste tipo de situações. E o que é confirmado por especialistas nesta área, nomeadamente as afirmações feitas pelo presidente do Instituto de Medicina Tropical dizendo que na Madeira têm-se tomado todas as medidas e procedimentos aconselháveis no combate ao mosquito Aedes aegypti.

E esta posição é reforçada se atendermos aos depoimentos proferidos pelo Secretário Regional dos Assuntos Sociais e pelo presidente do Instituto da Administração de Saúde quando aqui no mês de Abril, em audição parlamentar requerida pelo PS e subordinada ao tema “os riscos de extensão à Madeira da doença do dengue”, no qual o CDS não participou (e poderia ter participado atendendo até à importância da matéria para ser informado, o Bloco de Esquerda também não o fez) e possivelmente se tivesse participado não apresentaria hoje este projecto de resolução.

E refira-se que nesta audição parlamentar apurou-se o seguinte: que o combate ao mosquito Aedes aegypti tem sido feito em rede com a participação de técnicos desta área específica e ligação a instituições internacionais e nacionais, nomeadamente o Instituto de Higiene e Medicina Tropical e ao Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

Têm sido seguidas orientações emanadas da Organização Mundial de Saúde quer no que respeita à prevenção quer ao combate do mosquito com a prioridade da sua total eliminação.

Em termos de acção directa de combate a este tipo de mosquito sendo o alvo principal o ovo do mosquito, tem-se procedido com regularidade à colocação de armadilhas em pólos estratégicos e à desinfestação química e macrobiológica com especial incidência nos meses de maior surto do mosquito, que são os meses de Setembro a Outubro.

Têm sido feitas campanhas sistemáticas e continuadas de informação à população sobre os cuidados a ter e dos comportamentos a evitar no sentido de não serem criadas as condições propícias ao desenvolvimento do ovo do mosquito.

E mais convictos ficamos de que se está a desenvolver o processo e a adoptar as medidas certas e aconselhadas no combate a este tipo de mosquito quando se verifica que muito mais recentemente as autoridades regionais de saúde estabeleceram contactos directos com as suas congéneres de nível nacional para que se estabeleça a colaboração ou formas de colaboração que conduzam ao combate de eliminação do mosquito; ao combate, controle e tratamento de hipotético surto de doença transmissível por este tipo de mosquito; à adopção de medidas de vigilância no âmbito da importação e exportação quer do mosquito quer da doença; e a adopção de acções de informação e de formação técnica.

Portanto, o que é essencial é que a forma de actuação das autoridades regionais envolvidas neste processo de combate ao mosquito Aedes aegypti sejam determinadas fundamentalmente…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Já termino, Sr. Presidente. …por critérios técnicos e científicos e não por meros meios de especulação empíricos de alarmismo ou de

oportunidade política, como fez o CDS e muitos partidos da oposição. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. O ORADOR:- Portanto, estas razões levam-nos a considerar desajustadas e fora de tempo esta recomendação do

CDS/PP tendo em atenção a acção do Governo e por isso mesmo o Grupo Parlamentar do PSD irá votar contra este projecto de resolução.

Obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Bernardo Martins, para uma intervenção tem a palavra. O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, está constatada a gravidade do

problema do mosquito na Madeira. Na Madeira, disse bem, não é em Santa Luzia já é na região e vai espalhar-se, infelizmente, em toda a região até

porque o nosso clima é favorável à manutenção e à expansão desse insecto. Por isso temos que nos habituar a viver todos os dias cada vez mais com este problema. É inevitável.

Agora, constatamos isto, chegamos a este ponto porque houve coisas que se fizeram e outras que não se fizeram e sobretudo é preciso reflectir sobre o que não se fez ou que se fez mal. O Governo Regional nesta matéria começou, toda a gente se lembra, por negar, por minimizar, por secundarizar este problema. Ah, isso é uma questão de Santa Luzia, não se preocupem, isso vai passar, isso é uma questão passageira. Eu lembro-me de pessoas, e aqui o Sr. Deputado do PCP já falou na ex-deputada Violante Matos, que falou, debateu-se aqui nesta Casa, o professor Ruben Capela, quase que essas pessoas foram crucificadas na Praça Pública por terem o dever de levantar esta questão a nível científico. O Governo Regional depois não fez qualquer estudo concreto sobre esta matéria e afastou efectivamente pessoas que sabiam desta matéria. Se fez, apresente.

Não se tomaram as medidas no que concerne ao transporte aéreo e marítimo e agora acontece uma bofetada de luva branca, que é o Governo da República ter que fazer o trabalho que o Governo Regional devia desde logo ter lançado, que é esta questão do controlo sanitário da desinfecção a nível dos transportes aéreos e marítimos por parte do Governo da República, por incompetência do Governo Regional.

As campanhas desapareceram. Onde é que estão as campanhas na televisão, na rádio? Era necessário continuar mas não houve, não se mantiveram.

E a verdade é que nós Partido Socialista tivemos uma posição correcta, séria, que foi pedir uma audição parlamentar. E ela foi feita mas pensamos e ficamos com essa ideia de que tudo estava a ser feito para resolver o problema. Chegamos a meses depois e afinal o problema agrava-se: não está só no Funchal, está em Câmara de Lobos, está em Machico e vai espalhar-se por toda a região.

Por isso, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há aqui um facto de responsabilidade do Governo Regional. Poderia ter a intenção de evitar o alarme, de não fazer alarmismo, até podemos aceitar essa ideia inicial, mas a verdade é que não teve em contraponto medidas para evitar que o alarme fosse maior neste momento. Quase que deu a ideia e criou-se um pouco na Madeira a ideia de que há uma mão invisível que faz uma muralha de protecção da Madeira. À Madeira não chegam os problemas da pobreza, à Madeira não chegam os problemas da crise, à Madeira não chega o mosquito…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …porque há alguém poderoso na Madeira que não deixa. Termino já, Sr. Presidente, para dizer o seguinte: por mais que o Governo Regional tivesse feito medidas elas foram

ineficazes. A conclusão é esta e não somos nós que dizemos, foi o Governo que se dá por concreto esta verdade. Para terminar, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nós achamos que é preciso agora… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Está terminado, Sr. Deputado. O ORADOR:- …que enfrentar e fazer uma articulação por todas as entidades da Madeira. Muito obrigado pela sua atenção. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sras. e Srs. Deputados, a Mesa vai colocar à votação o ponto 3 da ordem de trabalhos, um projecto de resolução

da autoria do CDS/PP. Submetido à votação, foi rejeitado com 24 votos contra do PSD e 9 votos a favor sendo 3 do PS, 2 do PCP, 2 do

CDS/PP, 1 do BE e 1 do PND. Srs. Deputados, passamos ao ponto 4 da nossa ordem de trabalhos: apreciação e votação do projecto de

resolução, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Criação do banco alimentar contra a fome na

Madeira”, apresentado com processo de urgência. Consta do seguinte: Sua Excelência Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira Funchal, 20 de Outubro de 2008 O Grupo Parlamentar do PCP-Madeira vem, por este meio e ao abrigo das disposições regimentais, requerer a V.

Exa. processo de urgência o Projecto de Resolução, da autoria deste grupo parlamentar, intitulado “Criação do banco alimentar contra a fome na Madeira” com os seguintes requisitos:

a) Redução do prazo previsto no artigo 147.º; b) Dispensa de exame prévio em Comissão (artigo 237.º, alínea b)); c) Dispensa do envio à Comissão para efeitos de redacção final (artigo 237º, alínea d)). Com os melhores cumprimentos, O Grupo Parlamentar do PCP, Ass.: Edgar Silva, Leonel Nunes.-

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Está em discussão o processo de urgência. O Grupo Parlamentar do PCP para intervir no processo de urgência, faz favor. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na Região Autónoma da Madeira agravam-se os problemas da carência

alimentar, na Região Autónoma da Madeira multiplicam-se os problemas das situações da fome, na Região Autónoma da Madeira as instituições que trabalham no socorro alimentar são já escassas para a dimensão da procura.

Temos mesmo conhecimento que na conhecida “Sopa do Cardoso” foram necessários mecanismos de selecção. Passou aquela instituição, face à dimensão da procura, face ao número de pessoas que ali procuravam apoio alimentar, a ter que encontrar mecanismos de selecção para escolher quem, entre os carenciados, é mais merecedor de apoio alimentar. E foram necessários mecanismos para escolher entre quem é mais carenciado na fome para que esses alimentos que são escassos possam ser atribuídos aos casos de maior urgência, pelo menos de objectivo urgência social.

Ora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, para além da “Sopa do Cardoso” existem outras instituições que trabalham no apoio alimentar, é a “Porta Amiga”, são outras instituições de carácter de solidariedade social que trabalham no apoio alimentar. No entanto estas instituições existentes na Região Autónoma da Madeira são neste momento manifestamente escassas face à gravidade e à dimensão do problema da fome, face à gravidade e ao problema da escassez de alimentos.

A carência de alimentos é uma realidade que não sendo nova hoje não se circunscreve aos sem abrigo. É uma realidade que não tem apenas a ver dramaticamente com a violência de quem está na rua, os sem abrigo. Hoje há homens e mulheres que mesmo tendo o seu trabalho, sendo trabalhadores por conta doutrem, por escassez de rendimentos devido ao agravamento da sua situação económica devido ao problema da crise e nas suas implicações mais profundas, hoje, porque experimentam a fome sentem a necessidade de bater à porta destas instituições de carácter emergencial para poderem encontrar apoio alimentar para si e para os seus filhos.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é uma realidade concreta que, constituindo o universo mais estremado da pobreza, não inclui, não corresponde à exclusividade do problema da pobreza. Esta é uma das componentes, esta é uma das expressões se calhar das mais agrestes quanto à realidade do ser pobre na Região Autónoma da Madeira.

A fome é uma realidade e face a esta carência de alimentos… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …nós consideramos que se torna dever urgente deste Parlamento considerar medidas imediatas de

intervenção e por isso de recomendação ao Governo nesta matéria. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Não havendo mais intervenções, a Mesa vai colocar à votação o processo de urgência apresentado pelo Grupo

Parlamentar do PCP para este projecto de resolução, o ponto 4. Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade. (Registou-se a ausência do BE e do PND) Sr. Deputado Bernardo Martins, para uma declaração de voto tem a palavra. O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Partido Socialista votou

favoravelmente esta iniciativa prometendo desde já que vai votar favoravelmente o conteúdo por considerar que efectivamente na Madeira há muita pobreza e há pessoas com fome.

Não deverá, não poderá o PSD nem ninguém aceitará que estamos numa terra em que a fome alastra no sentido mais claro que noutros continentes de outros países, é verdade, mas há pessoas com fome. E não são pessoas apenas das mais pobres, dos sem abrigo. Há pessoas que vão chegando a pedir auxílio, pessoas que até há bem pouco tempo tinham melhores condições de vida ou condições mínimas. Por isso há uma grande falta de alimentos, é verdade, e as instituições como a “Sopa do Cardoso” têm feito um trabalho positivo, importante, mas começa a haver alguns problemas de rotura de meios, de falta de resposta a esta situação.

Esta organização, como sabemos, não dá apoio alimentar nem à noite nem aos fins-de-semana ou feriados, esta organização debate-se até já com a escolha entre aqueles que devem de comer ou não devem de comer. É uma selecção que se acontece é preocupante e por isso a falta de comida é uma realidade que aumenta na região.

E por isso mesmo nós consideramos que esta iniciativa do banco alimentar contra a fome na Madeira é importante. Consideramos que o Governo Regional, que dá apoio a todas as instituições, que arranja sede para todas as associações, que arranja subsídios para todas as organizações, que dá apoio logístico a todas as iniciativas que aparecem, nós consideramos que também nesta medida o banco alimentar contra a fome deveria merecer uma atenção particular do Governo Regional da Madeira.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sras. e Srs. Deputados, a discussão será feita depois do intervalo

regimental. Eram 11 horas e 4 minutos.

INTERVALO Assumiu o lugar de Secretária, a Sra. Ana Mafalda Figueira da Costa. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Temos quórum, vamos retomar os nossos trabalhos.

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Eram 11 horas e 30 minutos. Para nos situarmos, estávamos no ponto 4 da ordem de trabalhos, já tínhamos votado o processo de urgência e

estava em discussão. Dou a palavra ao Sr. Deputado do Grupo Parlamentar do Partido Comunista para uma intervenção. Sr. Deputado

Edgar Silva, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, recentemente realizou-se em Roma a reunião magna da FAO, organização

das Nações Unidas para as questões alimentares e no combate à fome. E numa abordagem às questões relativas ao Continente Europeu era apontada como conclusão desta reunião recente da FAO o insucesso que representa para as Nações Unidas o problema da fome, hoje, estar incrustado no coração das sociedades do dito primeiro mundo e particularmente na Europa e nos Estados.

Este problema da fome hoje globalizou-se e deixou de ser uma questão do terceiro mundo ou do quarto mundo, é também um problema à escala planetária, é um problema que está no coração do primeiro mundo. E nós, como região dita rica, obviamente que também não fugimos a essa realidade.

O problema da fome corresponde a uma realidade bem concreta na Região Autónoma da Madeira e para fazer face a este problema é necessária vontade política. E se da parte das entidades relacionadas com o Banco Alimentar Contra a Fome, com responsabilidades no plano nacional, se há uma vontade assumida em criar na Região Autónoma da Madeira um serviço de atendimento às pessoas com carência alimentar, da parte do Governo Regional houve um trabalho no sentido de impedir e de bloquear a presença do Banco Alimentar Contra a Fome na Madeira.

O Banco Alimentar contra a Fome neste momento tem sede em 14 áreas do País, incluindo a Região Autónoma dos Açores. Em S. Miguel, o Banco Alimentar Contra a Fome há vários anos que desenvolve actividade no sentido de atender às pessoas com carência alimentar. Mas para além dos Açores, para além de S. Miguel, com uma intervenção depois alargada a outras ilhas, em 13 outras áreas territoriais de Portugal o Banco Alimentar Contra a Fome já desenvolve a sua actividade importante no socorro alimentar.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, também na Madeira chegaram a realizar-se reuniões das entidades nacionais ligadas ao Banco Alimentar Contra a Fome, que vieram à Madeira, tiveram várias reuniões com várias instituições e com várias pessoas e depois de reuniões com várias entidades, com várias pessoas disponibilizadas para uma intervenção no terreno neste projecto, quando tudo estava orientado…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …para a criação na Região duma delegação, dum serviço próprio do Banco Alimentar Contra a

Fome, o Governo Regional desencadeou mecanismos no sentido de impedir que na Madeira todas as démarches que estavam realizadas fossem canceladas.

As reuniões realizaram-se em Câmara de Lobos, por duas vezes, numa grande assembleia com vários participantes…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terá de concluir, Sr. Deputado. O ORADOR:- …e inacreditavelmente o Governo Regional impediu que esta instituição pudesse instalar-se na

Madeira e desenvolver a sua actividade. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado João Isidoro, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. JOÃO ISIDORO (MPT):- Obrigado. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta matéria aqui trazida pelo Partido Comunista é uma matéria recorrente

mas importante que se discuta nesta Casa e aliás, na ordem de trabalhos tem mais 3 ou 4 pontos, nomeadamente o 6, o 9, o 32 e 33 que estão relacionados com esta temática e com as questões da pobreza na Madeira. Tem havido ao longo dos últimos meses muita discussão à volta dos números da pobreza, se são mais, se são menos, mas o que é verdade é que independentemente de quem tem razão nos números, este problema existe na Região Autónoma da Madeira e tem que ser combatido com medidas eficazes.

É verdade que há instituições de solidariedade que já hoje prestam apoio às pessoas mais carenciadas, e aqui já foi referida a chamada “Sopa do Cardoso”, mas não só, mas também outras instituições; a própria Caritas já desenvolve campanhas de angariação de bens alimentares para distribuir às pessoas mais carenciadas no plano regional, mas somos de opinião que todas estas instituições não são incompatíveis com a criação deste Banco Alimentar Contra a Fome também aqui na Região Autónoma da Madeira, até porque ele já existe nos Açores, existe no País e houve inclusive contactos, como aqui já foi referido, para que ele também fosse criado na Região Autónoma da Madeira.

Por essa razão, vamos votar favoravelmente. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sra. Deputada Sara André, para uma intervenção, tem a palavra. A SRA. SARA ANDRÉ (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, importa aqui se calhar explicar um pouco o

que é este Banco Alimentar Contra a Fome porque, de acordo com este projecto de resolução do Partido Comunista Português, eu penso que não é claro e pode induzir em erro as pessoas quando invoca aqui a criação desta instituição.

Diz o PCP e anuncia como uma das… da importância da criação deste banco alimentar as dificuldades sentidas por uma das instituições que operam no apoio directo às pessoas mais carenciadas e no que diz respeito à distribuição de alimentos, e que faz face a muitas dessas pessoas que de facto têm fome, e portanto temos que admitir que assim é,

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mas devido a algumas dificuldades que eventualmente esta instituição tem, justificam com isso a criação deste banco alimentar.

Ora, importa aqui dizer que o banco alimentar não é mais do que um intermediário entre as empresas privadas ou distribuidores privados de produtos alimentares que, com os seus excedentes entregam ao banco alimentar que por sua vez faz protocolos com as instituições para que estas por sua vez façam a devida distribuição às pessoas mais carenciadas, não só através do fornecimento da comida confeccionada, como também através de cabazes de géneros alimentícios.

Ora, o que este projecto de resolução induz em erro é que parece que o banco alimentar vem fazer esta distribuição directamente às pessoas e logo vai suprimir as dificuldades sentidas por esta instituição que aqui menciona. Ora, isso não é verdade.

Diz também o Partido Comunista Português, na sua intervenção, que foram desencadeados mecanismos por parte do Governo Regional para dificultar a instituição deste…

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Dificultar não, impedir! A ORADORA:- …impedir – foram essas as suas palavras – a instituição deste banco alimentar, e eu gostaria de lhe

dizer que relativamente a esta matéria eu tentei falar com os responsáveis eventualmente desta questão do banco alimentar ou de pessoas que na Região iriam avançar com este projecto. E em vez de falar com o Governo, falei exactamente com o presidente da chamada comissão instaladora para este banco alimentar e perguntei-lhe directamente quais são as dificuldades e porque é que não há de facto ainda um banco alimentar na Madeira? Porque, ao contrário daquilo que o Sr. Deputado diz, não sei se porventura, e na altura até poderia ser verdade, não o posso dizer porque não sei, mas actualmente eu garanto que é de todo o interesse do Governo Regional implementar este banco alimentar, e por uma razão muito simples: é porque tendo mais uma instituição privada, de solidariedade, a intermediar e a distribuir pelas outras instituições, isto fará com que estas instituições tenham menos dificuldades exactamente para actuar. Obviamente que isto é o princípio da subsidiariedade, que importa a todos, inclusivamente ao Governo Regional, e penso que importa a todos nós.

E nesse sentido, eu falei com o presidente da comissão instaladora, que é o Sr. Arquitecto João Paredes, que me informou relativamente às várias reuniões que manteve com entidades locais, nomeadamente o Sr. Bispo, que foi das primeiras que teve no sentido de operacionalizar, ver e pôr no terreno exactamente este banco alimentar, resposta que teve negativa do ponto de vista da questão das instalações, porque quando se fala das instalações para o banco alimentar, não estamos a falar dum escritório para o seu funcionamento, porque obviamente isso facilmente se encontra solução inclusivamente nos próprios bairros sociais onde tantas e tantas instituições de solidariedade se foram instalando com a ajuda e com o apoio do Governo Regional. Também não existem problemas relativamente a custos com a própria organização e com o processo formal de constituição, porque há inclusivamente advogados da nossa praça, houve gestores, pessoas com credibilidade que se disponibilizaram a fazer todo esse trabalho de forma gratuita. Agora, o problema é de facto só um: o banco alimentar necessita de um armazém com 600 metros quadrados no centro do Funchal. Dizem-me, se calhar, os Srs. Deputados: mas porque é que o Governo Regional não aluga um espaço desses? É tão simples quanto isto, Sr. Deputado, e isto são palavras do próprio senhor arquitecto…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sra. Deputada. A ORADORA:- Já vou terminar. …que é uma solução, do ponto de vista financeiro, tendo em conta os custos de aluguer dum espaço destes no

centro do Funchal, isso resultaria em que o preço de aluguer seria equivalente à recolha que é feita pelos próprios alimentos.

Muito obrigada. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Roberto Almada, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, de facto, a pobreza é uma realidade

cada vez mais dura na nossa Região. De facto, a pobreza e a fome atingem cada vez mais famílias na nossa Região e é, do nosso ponto de vista, fundamental e urgente proceder a algumas acções que vão no sentido de contrariar esta tendência e de diminuir o sofrimento de todos aqueles e todas aquelas que todos os dias não têm o que colocar na Mesa.

Na Madeira, como já é aqui afirmado pelo partido proponente, a denominada “Sopa dos Pobres” já não dá lugar a tanta solicitação que tem e era importante que algo fosse feito porque esta instituição por exemplo não consegue facultar aos seus utentes alimentação durante o fim-de-semana. Ora, uma política verdadeiramente séria e concertada de combate à pobreza e de combate à fome tem que considerar os seres humanos que necessitam desse apoio como pessoas que necessitam de comer todos os dias e não apenas durante a semana.

O que aqui nos traz o PCP é que na Região Autónoma da Madeira seja desenvolvida uma intervenção no sentido de mobilizar todos os meios necessários à implementação, à implantação na nossa Região do Banco Alimentar Contra a Fome e que haja da parte do Governo Regional, do Orçamento da Região apoios para que essas condições indispensáveis e facilitadoras ao início da actividade do Banco Alimentar Contra a Fome sejam de facto uma realidade.

Do nosso ponto de vista, esta é uma matéria prioritária… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Termino já, Sr. Presidente. …que tem naturalmente da parte do Bloco de Esquerda todo o apoio. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Lino Abreu, para uma intervenção, tem a palavra.

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O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, este projecto de resolução é pertinente e é de aceitar. Pena é que o PSD não queira aceitar esta resolução.

Não é fácil quando andamos todos os dias a dizer que somos uma região rica, termos que aceitar que há necessidades e que há pobres, que há gente com fome nesta Região. Eu também se estivesse desse lado tinha alguma dificuldade em aceitar.

Mas o que é facto é que temos uma região rica com um PIB altíssimo mas cheia de pobres! A mim também me choca a palavra banco alimentar, mas podia ser armazém para carenciados, porque aqui não

está em causa o nome. A mim também me choca a palavra banco da fome, mas arranjava-se outro nome. Se é esse o problema que o PSD tem em não querer aceitar isto, pode-se arranjar um outro nome qualquer, um armazém para os mais carecidos, os mais carenciados.

O PSD diz que não há fome, mas o que é facto é que cada vez mais há gente com falta de alimentos, carenciados no dia-a-dia, nas refeições principais, junto das famílias.

Comentários da Sra. Sara André (PSD). Não é que a política está como está, é que há fome! Mas porque é que não aceitaram então o banco alimentar? Comentários da Sra. Sara André (PSD). Mas porque é que não facilitaram a vontade da organização… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Srs. Deputados, não entrem em diálogo, por favor. E agradeço que conclua a sua intervenção. O ORADOR:- …montar aqui o banco alimentar? O que o projecto pretende aqui era o facilitar, facilitar as instalações, facilitar a logística a que fosse fácil instalar

aqui o banco alimentar. E não venham com argumentos que de que não têm espaços nem armazéns, porque os parques industriais que

foram construídos estão vazios, às moscas podia construir-se lá um bom armazém que servisse de base ao banco alimentar.

É porque a mim também me choca a palavra banco e a palavra fome, mas podíamos substituir por outras palavras. Agora que existe fome e que existem pobres aqui na Região, isso existe! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Bernardo Martins, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na nossa opinião faz todo o sentido

haver este Banco Alimentar Contra a Fome. Basta verificar que no País há 14 instituições deste género, há 14 representações, e há 1 nos Açores.

E eu gostava de salientar esta diferença: na Madeira não há o Banco Alimentar Contra a Fome. Na Madeira, o Governo Regional impediu, tentou evitar que isso acontecesse. Ora bem, nos Açores há o banco alimentar, há condições para o funcionamento. Esta é uma grande diferença e é uma diferença política de fundo! É que na Madeira tem-se vergonha de assumir que há pobreza. O PSD a partir do momento em que crie este banco está a dizer: a nossa política de 30 anos faliu, a nossa política de 30 anos de obras afinal deu cada vez mais pobreza, mais pobres. E o drama do PSD/Madeira é este, mais nenhum! Mas não consegue esconder este problema. Este problema existe e vai aumentar enquanto não se criar este banco alimentar, enquanto não houver medidas mais sérias para combater.

Portanto o problema é que o PSD tem vergonha da pobreza que alimentou e que criou ao longo de 30 anos. É a questão de fundo!

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é a grande diferença entre a Madeira e os Açores, mais uma vez. Mas, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu gostava que V. Exas. também ouvissem a sociedade civil,

ouvissem o que se diz não pela oposição, e eu vou ler uma entrevista recente do pároco da Tabua, concelho da Ribeira Brava; ele diz: há muita pobreza disfarçada e ignorada. E eu pergunto ao PSD: há aqui uma frase que o Sr. Padre Bernardino Andrade diz: há dias, uma senhora com uma farda e a conduzir disse-me com as lágrimas nos olhos que teve de desligar o frigorífico porque não tinha nada para meter lá dentro. Não ouçam a oposição, não ouçam os partidos políticos, ouçam a sociedade!

Burburinho na bancada do PSD. Esta é a realidade que V. Exas. não podem calar nem tapar! E pergunta-se onde está a sensibilidade social do Governo Regional ou do PSD para ouvir um pároco, para ouvir a

opinião pública, insuspeita, sobre esta matéria? Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não são aceitáveis os argumentos do PSD. Não é aceitável ouvir… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Termino já. …o PSD dizer que isto é apenas um simples intermediário. Então nos outros lados não funciona bem e não são

intermediários? E na Madeira não há um espaço de 600 metros?! Tanto centro cívico às moscas, tanto espaço, tanto armazém fechado e não há um espaço na Madeira?

Protestos do PSD.

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Tanto dinheiro gasto… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Terá de concluir. O ORADOR:- …e não há um apoio ao Banco Alimentar Contra a Fome? O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sras. e Srs. Deputados, a Mesa vai colocar à votação… Burburinho. Agradeço o vosso silêncio, Srs. Deputados… Srs. Deputados, vamos proceder à votação do ponto 4 da nossa ordem de trabalhos, um projecto de resolução do

Partido Comunista Português intitulado “Criação do Banco Alimentar Contra a Fome na Madeira”. Submetido à votação, foi rejeitado com 18 votos contra do PSD e 11 votos a favor sendo 6 do PS, 2 do PCP, 1 do

CDS/PP, 1 do BE e 1 do MPT. Passamos ao ponto 5 da nossa ordem de trabalhos, com a apreciação e votação de resolução, do Partido Social-

Democrata, intitulado “Revisão Constitucional”, apresentado com processo de urgência. Consta do seguinte: Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira O Grupo Parlamentar do Partido Social-Democrata requer, ao abrigo do disposto na alínea j) do artigo 12.º; do n.º 1

do artigo 236.º e nos termos do artigo 237.º do Regimento da Assembleia Legislativa da Madeira, a apreciação com Processo de Urgência do Projecto de Resolução que se anexa, com os seguintes requisitos:

a) Dispensa do prazo previsto no artigo 147.º; b) Dispensa do exame em comissão; c) Dispensa do envio à comissão para a redacção final. Com os nossos respeitosos cumprimentos. Funchal, 21 de Outubro de 2008 O Presidente da Direcção do Grupo Parlamentar do PSD/M, Ass.: Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos.- Vamos apreciar o processo de urgência. Sr. Deputado do MPT quer intervir no processo de urgência? Tem a palavra, Sr. Deputado João Isidoro, faz favor. O SR. JOÃO ISIDORO (MPT):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é uma matéria que nós, Partido da Terra, consideramos que não tem

uma urgência no imediato, há outros problemas, de facto, muito mais importantes para resolver na Região Autónoma da Madeira, mas isso não significa que não tenhamos consciência de que é uma matéria importante para a Região Autónoma da Madeira.

Estamos a falar duma revisão que vai ocorrer em 2009, estamos ainda no final de 2008, mas porque estamos em presença também duma matéria que, a ser aprovada, terá que baixar à comissão para trabalhar na especialidade e porque o partido proponente está presente, vamos votar favoravelmente o processo de urgência.

Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado do Bloco de Esquerda quer intervir no processo de urgência?

Tem a palavra, Sr. Deputado Roberto Almada. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a comissão política do PSD decidiu

impor ao Parlamento que contrate uma equipa técnico-jurídica para elaborar um normativo de acordo com as ideias base que constam deste projecto de resolução e até 30 de Abril do ano que vem, data a partir da qual deverá apreciado votado um projecto de revisão constitucional.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o que nós entendemos é que não deve ser a comissão política do PSD a impor orientações a esta Casa. Por isso, não vamos votar favoravelmente o processo de urgência.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta postura da comissão política do PSD com a anuência dos deputados do PSD é a passagem de um atestado de incompetência aos deputados juristas que aqui fazem parte da bancada parlamentar do PSD, que aceitam que seja contratada uma equipa técnico-jurídica para de alguma forma conceber uma proposta de revisão do Estatuto Político-Administrativo. Isto é a passagem dum atestado de incompetência aos deputados do PSD, e nós não vamos dar o nosso aval a uma resolução que vai aprovar o facto de ser contratada uma equipa técnico-jurídica que poderá levar muitos milhares de euros desta Assembleia e que poderá de alguma forma fazer com que este processo seja inócuo.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os partidos, nomeadamente o PSD e outros partidos, recebem da Assembleia já muito dinheiro, deveriam ser eles próprios a contratar esta equipa técnico-jurídica para fazer isto e não o Parlamentar onerar ainda mais os madeirenses!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- O Grupo Parlamentar do CDS/PP deseja intervir no processo de urgência? Tem a palavra, Sr. Deputado José Manuel Rodrigues.

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O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, ninguém come revisão constitucional, mas a verdade é que a nossa autonomia e a dos Açores atravessam um período difícil no âmbito da nação portuguesa. Tem havido uma visão restritiva das autonomias por parte de alguns titulares de órgãos de soberania.

Há titulares de órgãos de soberania em Portugal que ainda pensam que a Madeira e os Açores são ilhas adjacentes…

O SR. COITO PITA (PSD):- Muito bem! O ORADOR:- …e que não vêem com bons olhos a nossa autonomia. E é por isso que é necessário que se parta desde já para um processo de revisão da Constituição, mas onde a

Madeira e os Açores tenham uma posição comum e concertada, que permita duma vez por todas acabar com este contencioso das autonomias. Até porque o contencioso das autonomias em última instância favorece quem é poder nos Açores e quem é poder na Madeira. Está na altura de acabar esse contencioso e de haver estabilidade no relacionamento entre as regiões e a República e isso passa por uma revisão constitucional que clarifique quais são os poderes dos parlamentos regionais e quais são os poderes da Assembleia da República e não andarmos permanentemente neste conflito diário em que perde a República e perde a Região e sobretudo a população da Madeira!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- O Grupo Parlamentar do PCP quer intervir no processo de urgência? Tem a

palavra Sr. Deputado Edgar Silva. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta proposta que o PSD traz a este Parlamento é aquela proposta que

certamente todos se lembrarão, que levou a que o Sr. Presidente do Governo Regional, no árduo labor estival, no Porto Santo, tirou praticamente o seu mês de férias para, no Bar do Henrique, reflectir profundamente ao abrigo da inspiração de Baco e eis que, depois de um mês de árduo trabalho, no meio de tanto calor, depois de tantas idas ao Bar do Henrique, o que é que sai? Uma proposta para que o Parlamento contrate uma equipa de assessores jurídicos, pagando o erário público, para que elabore um projecto.

Ora, um mês inteiro, 30 dias no Porto Santo, estando 30 dias a reflectir, a trabalhar para dizer: pague-se para que uma equipa de juristas trabalhe e elabore uma proposta, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, isto é muito pouco para um mês de trabalho. 30 dias ali, 30 dias de férias, é verdade que foi na casa do Governo, na casa da Região, é verdade que foi na base do erário público toda aquela reflexão, mas Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tanto tempo, tanta promessa, tanta declaração para a imprensa, da reflexão, do que estava a preparar, artigo por artigo daquele constitucionalista de praia… já tínhamos ouvido falar de futebolista de praia, mas tanto trabalho, tanto ardor, tantas expectativas e o constitucionalista de praia sai com esta proposta para que o Parlamento contrate uma equipa para elaborar uma proposta?!

Sr. Presidente, no mínimo, nós temos que dizer que houve aqui gato vendido por lebre, porque, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, então não ia directamente emanar do areal do Porto Santo uma proposta revolucionária sobre o futuro da Constituição, sobre o novo quadro jurídico-constitucional para o País? E então, 30 dias, será que houve aqui algum excesso de Baco que bloqueou a capacidade criativa do Presidente do Governo? Será que houve aqui algum imprevisto que bloqueou a capacidade constitucional deste constitucionalista de praia?

A verdade é que criaram-se tamanhas expectativas, e vir o Presidente do Governo, depois de tanta andança para cá e para lá, falou aos peixes, comunicou com os peixes, falou para o mar, e depois de tanta coisa, até guarda-costas foram requisitados para manter sob protecção tamanho tesouro constitucional, e eis que o que sai é esta simples folha a recomendar que o Parlamento contrate uma equipa de juristas?!

Mas, Sr. Presidente, 30 dias para dar à luz… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …tamanha lucidez, Sr. Presidente? É demais! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- O Grupo Parlamentar do Partido Socialista deseja intervir no processo de

urgência? Tem a palavra Sr. Deputado Victor Freitas. O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há algum tempo atrás o líder do PSD

enviou uma carta aos Srs. Deputados e ao Grupo Parlamentar do PSD fazendo uma série de recomendações no sentido dos Srs. Deputados se especializarem nas matérias aqui debatidas porque o PSD estava a perder os debates e não estava à altura daquilo que eram os interesses do Governo do PSD nesta Casa. Ou seja, os Srs. Deputados do PSD recebem um puxão de orelhas do Presidente do Governo, numa carta, no sentido de fazerem melhor figura aqui perante os madeirenses.

Mas pasme-se, essa carta não deu qualquer resultado. Temos hoje o Grupo Parlamentar do PSD aqui com uma proposta no sentido de quê? De que esta Assembleia, os contribuintes madeirenses paguem a proposta do PSD. Ou seja, não são as verbas que já vão para o Grupo Parlamentar do PSD que devem suportar os apoios técnicos para a concretização desta proposta, não, isso não! O PSD com esta proposta o que quer é mais dinheiro dos madeirenses, dos seus impostos no sentido de pagarem a proposta do PSD.

E depois há aqui outro equívoco! Esta proposta não é a proposta dos madeirenses. Esta proposta é a proposta dum partido político que é o PSD, não é a proposta dos madeirenses.

E em segundo lugar, o que estamos a assistir por parte do PSD é à instrumentalização política deste Parlamento à luz duma estratégia definida num dos andares da rua dos Netos, no sentido de criar uma estratégia eleitoral e não com o objectivo de resolver a questão da revisão constitucional, mas com o objectivo de encontrar uma bandeira para a

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campanha eleitoral de 2009, porque o PSD não tem bandeira eleitoral, porque este PSD já afirmou por diversas vezes que a Dra. Manuela Ferreira Leite, e passo a citar o presidente do PSD, “não ganha eleições em 2009” – quem o disse foi o presidente do PSD, Alberto João Jardim, em Abril deste ano. E portanto o PSD não tendo um bom candidato a Primeiro-Ministro, tem que arranjar outro elemento, neste caso a revisão constitucional para que os madeirenses se agarrem a esse discurso político porque não conseguem vender a Dra. Manuela Ferreira Leite aqui aos madeirenses.

E portanto esta proposta não é urgente! E não é urgente porque o problema não é um problema dos madeirenses que se está a resolver…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …o grande problema aqui é um problema do PSD, que eles querem resolver e têm urgência em

arranjar uma bandeira para resolver esse problema. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Jaime Ramos, quer interpelar a Mesa? Tem a palavra. O SR. JAIME RAMOS (PSD):- Eu chamo a atenção da Mesa nos termos do 236.º que estamos a discutir um

processo de urgência. E eu tenho verificado que os colegas falam, falam, falam de tudo menos da urgência. Não se pode falar no texto dos documentos…

Protestos das bancadas da oposição. A Mesa tem que tomar providências, senão o Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata vai inviabilizar,

algum dia, esta discussão na Assembleia Legislativa da Madeira. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado, a Mesa não tem capacidade de adivinhar o que os Srs. Deputados vão dizer. Todas as bancadas

normalmente desviam-se do tema central do que estamos a discutir. O Grupo Parlamentar do PSD quer intervir no processo de urgência? Sr. Deputado Coito Pita, faz favor, tem a palavra. O SR. COITO PITA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente. Este projecto de resolução é manifestamente urgente. E é urgência porquê? Por uma razão muito simples: porque a autonomia que o Partido Socialista quer impor à Madeira é uma grande

mentira, é impossível concretizá-la e aplicá-la. Quais são os poderes legislativos atribuídos às regiões autónomas? Estão bloqueados, armadilhados pela própria

Constituição e só há uma solução que é rever a Constituição e imputar àqueles que não a querem alterada e adaptada à realidade regional, o que irá acontecer.

É urgente preparar um texto constitucional que seja discutido aqui e depois na Assembleia da República, nas suas vestes constituintes.

E é também urgente levar a debate à sociedade civil madeirense esta questão. Daí que nós consideremos que este projecto de resolução é urgente nos termos em que foi apresentado, e como

tal, deve ser discutido. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sras. e Srs. Deputados, a Mesa vai colocar à votação o processo apresentado pelo Grupo Parlamentar do Partido

Social-Democrata sobre o projecto de resolução intitulado “Revisão Constitucional”. Submetido à votação, foi aprovado com 28 votos a favor sendo 25 do PSD, 2 do CDS/PP e 1 do MPT e 9 votos

contra sendo 6 do PS, 2 do PCP e 1 do BE. Está em discussão o projecto de resolução. Sr. Deputado Coito Pita, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. COITO PITA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,… O SR. JAIME LEANDRO (PS):- Olha o cravo! Olha o cravo! O ORADOR:- O Sr. Deputado do Partido Socialista deve tentar evitar ser provocador e deve velar pelos interesses

desta Casa e pela imagem deste Parlamento. O Sr. Deputado do Partido Socialista em vez de andar a mandar bocas irrazoáveis e inaceitáveis, devia trabalhar

em prol desta Casa e trabalhar para que a Assembleia fosse respeitada e também respeitada pelo povo madeirense! Não é assim, com essa postura provocatória, que se conseguirá transmitir a imagem que esta Casa, que este órgão

de governo próprio regional deve ter não só a nível regional, como a nível nacional. Vozes do PSD:- Muito bem! O ORADOR:- E isto dito, Sr. Deputado, é bom que se discuta o que está aqui em causa. A Madeira atingiu níveis de desenvolvimento nunca vistos depois da descoberta destas ilhas e após a sua

colonização. A Madeira é uma região ultraperiférica que, não fora a revolução de Abril, nunca teria a autonomia exigida pela própria população insular.

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Vozes da Oposição:- Muito bem! O ORADOR:- Mas não é o 25 de Abril que V. Exas. queriam, porque essa foi renascida com o 25 de Novembro e a

História ainda há-de contar! Basta pensar o que é que os senhores comunistas, socialistas e também da UPM, que nós nos lembramos muito

bem o que é que queriam fazer. Burburinho nas bancadas da Oposição. Mas ouçam, Srs. Deputados, e depois reajam! Não fora os ímpetos independentistas, depois do 25 de Abril, depois da vergonha que foi a entrega dos PALOP’ s à

antiga União Soviética e aos movimentos de esquerda, a Madeira e os Açores não teriam a autonomia que a Constituição de 76 lhes atribuiu.

Se por cá e pelos Açores existissem movimentos que pugnassem pela independência, controlados pelos comunistas e pelos socialistas, hoje claramente a História seria outra! Só que quer nos Açores, quer na Madeira esses movimentos estavam do outro lado da barricada, lutavam pela democracia representativa e Lisboa, controlada…

Burburinho nas bancadas da Oposição. Oh! Senhores, não estão interessados em ouvir? Isto custa?! Ouçam e depois reajam! Vou repetir, para os Senhores ouvirem, queiram ou não queiram! Só que quer nos Açores, quer na Madeira esses

movimentos estavam do outro lado da barricada, lutavam pela democracia representativa e Lisboa, controlada pelos comunistas e socialistas, não poderia nessa época permitir a independência das suas ilhas contra a corrente da época.

Então, a única solução era manter as ilhas, calando os movimentos independentistas, oferecendo-lhes uma autonomia que em teoria lhes permitiria governar, sem o controlo de Lisboa. Só que isso foi devidamente montado, criando-se uma aparência que se revelou ao longo dos tempos falsa.

Desde 1976 que discutimos conceitos e, seja em que área for, qualquer lei fica sob o controlo do Ministro da República e do Tribunal Constitucional. O que se passa no exercício do poder executivo é uma vergonha nacional, por se impor regras, não se discutindo e impedindo a governação regional.

Temos o poder executivo limitado não só pelas leis que Lisboa aprova, como impedidos de aplicar as leis regionais que são declaradas não conformes à Constituição.

Não podemos legislar sobre educação, sobre a saúde, sobre a habitação, sobre o arrendamento, sobre as finanças regionais, nem pasme-se, sobre o nosso próprio sistema eleitoral. São os conceitos, são as limitações na interpretação, são as políticas centralistas que desconhecem o que é ser ilhéu, ser ultraperiférico, viver afastado do continente.

Temos o direito e o dever de exigir o que queremos, não o que nos querem impor. A autonomia confere um poder legislativo, pois então que o mesmo não sofra entraves e limitações. A autonomia confere um poder executivo, pois então que o mesmo seja exercido no cumprimento do poder legislativo regional.

Este projecto de resolução é a resposta da Madeira, do seu povo e deste órgão de governo próprio regional à necessidade de, de uma vez por todas, esclarecermos o que queremos e o que exigimos. Nada pedimos, exigimos!

Queremos uma Constituição que nos permita governar com as nossas leis, sem entraves e querelas constitucionais. As nossas ideias estão aqui expressas e pretendemos um amplo debate…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Já termino. …do que é a Madeira em termos autonómicos e o que queremos que seja. E para que não haja quaisquer dúvidas reafirmo o que o PSD refere no último parágrafo do texto aqui em

discussão: esta matéria, a da revisão constitucional, é prioritária para a Região Autónoma em termos de desenvolvimento futuro e as eleições legislativas nacionais permitirão ao povo madeirense discutir e plebiscitar legitimamente o seu futuro com todas as incidências nacionais e internacionais.

Obrigado. Aplausos do PSD. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Roberto Almada, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, como alguém já há bocadinho, nas

zonas altas não se fala de outra coisa senão da revisão constitucional! Risos. As pessoas que estão mergulhadas na mais vil pobreza e na mais vil exclusão social não falam noutra coisa senão

na necessidade duma urgente revisão constitucional para terem uma vida mais facilitada! Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, isto é uma vergonha, o que se passou aqui! Um deputado do PSD vir dizer

que a organização terrorista FLAMA estava ao lado da democracia e da representação democrática é uma afronta aos valores de Abril e a todos os morreram vítimas das bombas do terrorismo “flamista”, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados! Desse ponto de vista não podemos subscrever nem sequer concordar com nada daquilo que foi dito aqui pelo Sr. Deputado do PSD.

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Já em 2004 trabalhámos num projecto de revisão constitucional que foi o mais abrangente possível. Houve, da parte de todos os partidos nesta Casa, uma tentativa de haver aproximações e de se fazer consensos. O PSD o que quer neste momento é impor a sua vontade, não quer consensos.

Se os senhores, como disse o Sr. Deputado Coito Pita, querem algum consenso sejam coerentes, não votem esta proposta, que baixe ela à comissão e vamos todos, em conjunto, decidir e tentar chegar a consensos e a aproximações. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não é isso que o PSD quer!

O PSD o que quer é impor um projecto de revisão constitucional para alimentar a guerra com a República, porque se não houver guerra com a República não ganham eleições e não têm a maioria que têm conseguido.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Bloco de Esquerda votará contra este projecto de resolução, porque nós não recebemos ordens e orientações da comissão política do PSD. Querem ser carneiros, sejam carneiros, sigam os outros sem…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …sem estarem a pensar. Nós não somos carneiros e não vamos embarcar nessa! Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado João Isidoro, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. JOÃO ISIDORO (MPT):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é verdade que a revisão constitucional não é, no presente, a principal

preocupação dos madeirenses. Há outros problemas que afectam hoje as famílias madeirenses e que não passam pela revisão imediata da Constituição.

Mas estamos a falar, de qualquer modo, dum projecto de resolução que tem por objectivo apresentar uma proposta para a revisão constitucional de 2009. Mas se não é uma prioridade em termos do que sente a população no dia-a-dia, não deixa de ser importante para a Região Autónoma da Madeira que de uma vez por todas se clarifique aquilo que são os poderes da autonomia, os poderes da nossa autonomia.

E por isso, ainda recentemente, o facto de não estar clarificado o caso do Estatuto Político-Administrativo acabou por retirar à Madeira centenas de milhões de euros, que não vieram prejudicar o PSD e o Governo Regional, vieram prejudicar todas as famílias madeirenses que vivem com dificuldades, veio prejudicar os pequenos e os médios comerciantes.

E do nosso ponto de vista, independentemente de algumas questões com as quais também não estamos de acordo, consideramos que é fundamental clarificar a questão da autonomia e defender os interesses da Madeira, independentemente dos partidos.

Há aqui uma questão que deve ser discutida numa relação de Estado, numa responsabilidade de Estado e não numa questão partidária.

Por outro lado, e para terminar, somos também de opinião que era positivo, mas o processo de urgência inviabiliza de acordo com o Regimento, que o PSD aceitasse que este documento baixasse à comissão de modo a que pudesse também ouvir e aceitar…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …alguns contributos dos outros partidos, para que esta proposta chegasse à Assembleia da

República mais consensualizada, de modo a ter maior sucesso na Assembleia da República. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Victor Freitas, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, de facto o PSD quer uma bandeira política

para os próximos 3 actos eleitorais. O PSD de facto vai para as próximas eleições sem bandeira política e sem acreditar na liderança de Manuela Ferreira Leite.

Protestos do PSD. Já o disse ainda hoje. Mas de facto quando assistimos a um partido que tem responsabilidades na Região em todas

as autarquias, tem responsabilidades na Madeira em relação à acção governativa da Região e que aparece hoje aqui com uma proposta que tem como único objectivo ir para as próximas eleições discutir matérias que não estão em discussão, quer nas eleições europeias, quer nas eleições autárquicas, quer nas eleições legislativas nacionais…

Protestos do PSD. E o PSD aqui demonstra que não orgulho na sua obra e no trabalho que tem vindo a fazer. Mas demonstra mais

uma coisa: o PSD não quer a avaliação dos madeirenses em relação ao seu trabalho político na Região, porque hoje a realidade dos madeirenses, a realidade da vida política regional diz tudo da governação do PSD.

De facto, quando olhamos para os problemas do desemprego, a proposta de revisão constitucional não os resolve, Srs. Deputados do PSD! As questões da pobreza e da exclusão social, a proposta do PSD não as resolve!

Protestos do PSD. A questão da insegurança, da toxicodependência, a proposta do PSD não resolve esses problemas!

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Os madeirenses vão ao supermercado, não pagam a conta com um artigo da proposta de revisão constitucional! Os madeirenses querem pagar as suas contas aos bancos e têm que pagar a questão dos empréstimos bancários no crédito à habitação, mas não conseguem pagar esses créditos com uma alínea da proposta da revisão constitucional! Os madeirenses querem abastecer o carro, as mães e os pais querem mandar os filhos para as escolas e precisam de pagar os passes, quer os passes escolares, quer os passes sociais, não pagam esses passes com uma proposta de revisão constitucional, nem com um artigo, nem com uma alínea da revisão constitucional.

Burburinho. As empresas, um aumento de 40% nas falências das empresas, as dificuldades das empresas não se resolvem

com esta proposta de revisão constitucional! A emigração, o baixo poder de compra, as dificuldades das famílias… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …não se resolvem com isto, resolvem-se com a acção governativa! Mas temos um Governo que não

governa, que quer jogar o jogo das ilusões e enganar novamente os madeirenses! Aplausos do PS. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado José Manuel Rodrigues, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, gostaria em nome do Grupo Parlamentar do

CDS/PP de lançar 4 interrogações a este Parlamento: É verdade ou não que o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores já foi vetado duas vezes,

apesar da unanimidade registada no Parlamento dos Açores e na Assembleia da República? É verdade ou não que todos nós consideramos que esta Assembleia Legislativa deveria ter mais poderes? É verdade ou não que permanentemente temos diplomas devolvidos ou pelo Representante da República ou pelo Tribunal Constitucional?

Então se é verdade, nós temos que ter mais autonomia! Se é verdade que o Estatuto Político-Administrativo dos Açores já sofreu dois vetos do Presidente da República, apesar da unanimidade na Assembleia dos Açores e da unanimidade na Assembleia da República, se é verdade que nós temos ainda poucos poderes, se é verdade que tem havido um contencioso permanente em torno das autonomias, então temos que concluir que precisamos duma revisão constitucional mais favorável aos sistemas políticos da Madeira e dos Açores. E este é o ponto.

Eu não me importo que o líder do PSD vá fazer desta questão uma bandeira eleitoral para o próximo ano. Mais uma razão para os partidos da oposição desarmadilharem o PSD! Eu acho que o que o Partido Socialista da Madeira devia fazer – permitam-me – era desarmadilhar o PSD, votando a favor desta resolução e exigindo mais autonomia para a Madeira, a exemplo do que faz o PS nos Açores! Se tivessem esta estratégia, caía a bandeira do Dr. Alberto João Jardim nas eleições legislativas de 2009!

Burburinho geral. Sr. Presidente, Srs. Deputados, o CDS/PP entende que é necessária uma revisão constitucional que clarifique de

uma vez por todas aqueles que são os poderes legislativos das regiões autónomas e aqueles que são os poderes da Assembleia da República. A revisão constitucional de 97 foi um engano! A revolução constitucional de 2004 foi outro engano, só veio baralhar ainda mais o que são os poderes da Região e os poderes da República. Esta é a verdade, e a prova de que é verdade é que o Estatuto dos Açores, votado por unanimidade por todos os partidos na Assembleia dos Açores e na Assembleia da República, está a sofrer hoje problemas.

Mais! Atentem Srs. Deputados, atentem… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Termino já, Sr. Presidente. Atentem, Srs. Deputados, nos fundamentos do veto do Sr. Presidente da República ontem, a propósito do estatuto

dos Açores. Ele já põe em causa o direito de iniciativa para a revisão dos estatutos por causa… O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Tu votaste nele e sabias o pensamento dele! O ORADOR:- Sr. Presidente, Srs. Deputados… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terá de concluir, Sr. Deputado. O ORADOR:- …não é uma questão de votar ou não! Em cada momento, Sr. Presidente e Srs. Deputados, nós temos que actuar consoante as circunstâncias e a

verdade é que… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Já esgotou o seu tempo. O ORADOR:- …e a verdade é que os fundamentos do veto do Sr. Presidente da República ao Estatuto dos Açores

são claramente preocupantes para o aprofundamento da autonomia da Madeira e dos Açores.

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Aplausos do PSD. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Edgar Silva, para uma intervenção, tem a palavra. Burburinho geral. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nós estamos em presença de um processo que está a criar um ambiente de

grande frustração junto da população, porque na verdade o PSD prometeu, o Presidente do Governo Regional, ao longo de todo o Verão, prometeu um projecto que seria fundamental para o futuro da Região e do País sobre a Constituição e aquilo que vem trazer aqui é a proposta para a realização dum estudo!

Nós ainda agora estivemos em Machico, falar lá com os estudantes, queríamos falar sobre o problema da ligação dos estudantes que querem ir para o Caniçal e não têm transportes, não têm acesso ao passe de estudante, fomos para falar disso e os estudantes começaram a falar “e a Constituição, e o projecto do Alberto João”?

Risos. Bem, ele decidiu propor a realização de um estudo e eles foram tristes, para casa! Fomos ao Galeão, ainda sábado passado, falar dos problemas dos transportes nas zonas altas do concelho do

Funchal, estávamos lá a falar para a população das zonas altas, a falar dos transportes, das dificuldades de acesso e a população “e o projecto de revisão da Constituição do Alberto João onde é que está?” e a gente disse: olhe, a verdade é que ele agora o que pede é um estudo, não apresenta nada. A população ficou triste, foi tudo para casa, a população anda macambúzia, deprimida…

Risos. Fomos ao Paul do Mar, as pessoas do Paul do Mar estavam lá, estavam a esperar e pensavam que a gente ia falar

sobre outra coisa. Da nossa parte, chegámos lá, microfone, a falar do bairro que estava degradado, das casas com fissuras e as pessoas “ah! mas e o Alberto João, e o projecto de revisão da Constituição onde é que está?” e tivemos que dizer: meus amigos, a verdade é que o Alberto João prometeu mas não foi isso, ele agora o que enviou para o Parlamento foi um pedido de realização dum estudo, uma equipa para fazer um estudo técnico-jurídico. A população ficou triste, foram todos para casa e mais ninguém quis saber de nada, e anda toda a gente completamente desnorteada lá no Paul do Mar.

Ainda agora fomos à Sopa do Cardoso para falar lá com aquelas pessoas, sem-abrigo, gente que não o que comer, fomos falar e então aqui as pessoas não podem comer, não comem à noite, não comem ao fim-de-semana, isto é injusto e as pessoas disseram “não, não, a gente quer saber é do projecto do Alberto João sobre a revisão da Constituição, onde é que está?” e lá dissemos: Meus amigos, não pode ser, o Alberto João prometeu, mas não elaborou o projecto de revisão da Constituição, ele mandou para a Assembleia um projecto para criar uma equipa técnico-jurídica para resolver o problema.

Burburinho geral. E os sem-abrigo foram todos desnorteados, cada um para seu lado! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Mas tem mais, Sr. Presidente! Ainda ontem reunimos com a associação de reformados, o Leonel, para falar do complemento de pensão e a

associação queria dizer “mas onde é que está o projecto do Alberto João, se veio aqui à Assembleia?” e tivemos que não…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Sr. Presidente, só podemos votar contra isto! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sras. e Srs. Deputados, a Mesa vai colocar à votação o ponto 5 da ordem de trabalhos, o projecto de resolução do

PSD intitulado “Revisão Constitucional”. Submetido à votação, foi aprovado com 31 votos a favor sendo 28 do PSD, 2 do CDS/PP e 1 do MPT e 9 votos

contra sendo 6 do PS, 2 do PCP e 1 do BE. Passamos ao ponto 6 da nossa ordem de trabalhos, com a apreciação e votação do projecto de resolução, do

Partido Socialista, intitulado “Estudo sobre a pobreza na Região Autónoma da Madeira”, apresentado com processo de urgência.

Consta do seguinte: Sua Excelência O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira Excelência:

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O Grupo Parlamentar do Partido Socialista-Madeira requer, nos termos regimentais, a apreciação com processo de urgência do Projecto de Resolução intitulado “Estudo sobre a Pobreza na Região Autónoma da Madeira, que se anexa, com os seguintes requisitos:

a) dispensa do prazo previsto no artigo 147.º; (alínea a) do artigo 237.º) b) dispensa do exame em comissão; (alínea b) do artigo 237.º) c) dispensa do envio à comissão para redacção final; (alínea d) do artigo 237.º) Com os respeitosos cumprimentos. Funchal, 21 de Outubro de 2008 Pel’ a Direcção do Grupo Parlamentar do PS-M, Ass.: Victor Freitas.- Sr. Deputado do MPT quer intervir no processo de urgência? Não. Sr. Deputado do Bloco de Esquerda? Também não. O CDS/PP quer intervir no processo de urgência? Tem a palavra, Sr. Deputado José Manuel Rodrigues. O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, já há muito tempo que o CDS/PP considera

urgente, tal como a revisão constitucional, que se estude o fenómeno da pobreza nesta Região. E coerentemente com o voto que tivemos há pouco em que a Assembleia pode encomendar estudos sobre a

revisão constitucional, também acho que há dinheiro para a Assembleia Legislativa estudar o problema da pobreza nesta Região!

Burburinho geral. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- O Grupo Parlamentar do PCP deseja intervir no processo de urgência? Sr. Deputado Edgar Silva, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ainda ontem foi notícia em alguns jornais na comunicação social de âmbito

nacional que uma simples junta de freguesia, a Junta de Freguesia de S. Nicolau no centro da Baixa Pombalina, em Lisboa, realizou um protocolo com a Universidade Católica Portuguesa para o levantamento das situações da pobreza na freguesia de S. Nicolau, que é uma pequena freguesia no centro da cidade de Lisboa, na Baixa Pombalina. E ontem foram apresentados os resultados dessa investigação realizada entre a junta de freguesia e uma instituição das mais credenciadas em Portugal na área dos estudos sociais, como é o gabinete de estudos sociais da Universidade Católica Portuguesa. E uma simples junta de freguesia considerou que esta era uma matéria importante, disponibilizou verbas, realizou protocolos com instituições credenciadas.

Eu lembro-me do Dr. Luís Amado há algum tempo ter dito que a Madeira mais não passava de uma autarquia de valor reforçado, e foi um levante pelo tamanho desaforo do Dr. Luís Amado, há uns anos atrás.

Na verdade, a Madeira porta-se, nestas situações, muito pior do que uma simples junta de freguesia, porque em relação a estas questões que uma simples junta de freguesia consegue decidir, disponibilizar meios para analisar aquela que é a problemática social, para analisar a partir de instituições com credibilidade, com fundamento científico, estudos de análise social, a Madeira até hoje não foi capaz de protocolar com uma instituição credenciada para a realização de estudos específicos sobre a problemática a pobreza na Região Autónoma da Madeira.

Nós consideramos que isto é urgente. Há muito que se justificava este tipo de estudo. Há muito que se justifica, porque todas as indicações, os estudos de instituições na área da investigação sociológica que estão realizados são estudos de âmbito nacional que, de quando em vez, têm referências à Região Autónoma da Madeira. Mas até hoje não está feito um estudo de base científica, não feito por uma qualquer instituição, não por um qualquer grupo de peritos que possam facilmente ser contestados mas por uma instituição que do ponto de vista da credibilidade científica possa ser devidamente tida em devida conta e nesse sentido a Região há muito que precisa desse tipo de estudo.

Obviamente que votaremos favoravelmente este processo de urgência. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- O Grupo Parlamentar do Partido Socialista que intervir no processo de

urgência? Tem a palavra, Sr. Deputado Bernardo Martins. O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Partido Socialista apresentou esta

iniciativa consciente de que nunca é demais batalhar nesta matéria da pobreza. É uma realidade que não se pode tapar, nem o PSD pode esconder. Ela existe e cada vez é relatada não pelos partidos da oposição mas pela própria sociedade, pela igreja, pela imprensa, é cada vez mais evidente.

É um flagelo social que deve ser combatido e nós consideramos que se a nível internacional, a nível nacional e até uma simples junta de freguesia no Continente se predispõe a fazer um estudo sobre este problema, muito mais razão tem a Região Autónoma para o fazer.

E não é com taxas, com indicadores extrapolados de outros estudos que se deve dizer que a Madeira tem uma taxa de pobreza em determinado número. Não! Os números são diversos.

Agora, a Madeira não tem nenhum estudo! Aliás, há dias o senhor presidente da Caritas Diocesana na televisão disse claramente, e ele conhece esta matéria. Ele disse que não existe nenhum estudo na Madeira sobre a pobreza. Onde é que o Governo Regional vai buscar os 4%? Onde? Não há nenhum estudo! Portanto, mais uma razão para fazer-se esse estudo.

E se o Governo Regional, que prometeu em 2003, há 5 anos, no seu Plano Regional para a Inclusão Social, prometeu em 2003 fazer um estudo sobre a exclusão social e não o fez, se o Governo Regional apesar das

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recomendações que têm sido feitas não o faz, acho que resta a Assembleia Legislativa da Madeira fazer esse estudo, porque é urgente combater a pobreza e a exclusão social e em primeiro lugar conhecer essa realidade.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- O Grupo Parlamentar do PSD quer intervir no processo de urgência? Não. A Mesa vai colocar à votação o processo de urgência apresentado para o ponto 6 da ordem de trabalhos. Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade. (Registou-se a ausência do PND) Está em discussão o ponto 6. Sr. Deputado Bernardo Martins, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Partido Socialista, como

proponente, vem juntar mais alguns elementos a esta matéria, designadamente o facto de nós sabermos que a nível europeu a taxa média da pobreza situa-se à volta dos 16%, a nível de Portugal nos 18% e na Madeira fala-se em vários números; como já referir, há os 20%, há os 22%, há até quem fale em 33%. Portanto, são números que nós respeitamos mas não queremos tomar partido por um em termos exactos, porque efectivamente é preciso estudar isto com seriedade.

Todos os argumentos são úteis e o Governo Regional e o PSD não pode proibir de usar estes números. Agora, o mais correcto é ter um número exacto sobre esta matéria e não há, como disse há pouco. É preciso efectivamente descobrir, estudar, haver um estudo sério sobre este assunto.

Ora, nós entendemos que o Governo Regional tem fugido a esta responsabilidade. O Governo Regional, como disse há pouco, não cumpriu a sua palavra. Em 2003 prometeu um estudo sobre a exclusão social e não há, ou então se há, que nos apresente. A verdade é que vários Secretários Regionais que passaram aqui nesta matéria já o disseram claramente, não há um estudo, extrai-se números do rendimento mínimo, tira-se números duma extrapolação do Instituto Nacional de Estatística, enfim, faz-se ali um jogo de números para dizer e aparecer que nós temos apenas 4% de pobres na Madeira, 4%! Nós somos melhores que outros países europeus.

Isto não é aceitável, isto não é sério. É preferível assumir que há alguns números a que o Governo Regional pode fazer recurso e uso, mas não diga que é um estudo, não diga que é uma percentagem aferida duma forma técnica e científica. Isso não é!

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Partido Socialista acha que a Assembleia Legislativa da Madeira, infelizmente, tem que substituir-se à demissão do Governo Regional. O Governo Regional que se demite deste… esta é uma etapa elementar, é o primeiro degrau para conhecer a pobreza, saber a extensão, a localização e só depois efectivamente ter as medidas mais acertadas para o combate à exclusão social. E é este degrau primeiro que o Governo Regional não quer fazer, que o PSD evita cumprir. E depois vai, enfim, falando em números mas não tem, em 30 anos, qualquer estudo rigoroso.

Onde é que está a seriedade, a planificação deste Governo Regional? Quanto à forma de estudo, obviamente, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Partido Socialista deixa à

consideração desta Assembleia e nomeadamente da especialidade para… O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …ver qual a forma, ou sob a forma dum estudo, ou sob a forma dum protocolo ou sob a forma da

própria Comissão Especializada de Assuntos Sociais o fazer. Portanto, nós estamos nesse aspecto receptivos para ver qual é o melhor caminho. Agora, que é necessário haver

uma decisão, nós insistimos… Entretanto, reassumiu o lugar de Secretária a Sra. Maria do Carmo Homem Costa de Almeida. …e é por isso que trazemos esta iniciativa. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado João Isidoro, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. JOÃO ISIDORO (MPT):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sobre esta iniciativa do Partido Socialista o Partido da Terra vai votar

favoravelmente. Esta é uma matéria também que preocupa o Partido da Terra. Os problemas sociais na nossa agenda política têm

tido sempre uma prioridade. Temos inclusive chamado a atenção nesta altura, e atempadamente, para que o Governo Regional tenha essa sensibilidade no Orçamento Regional para 2009, que tenha de facto sensibilidade social para o problema das famílias mais carenciadas, para os problemas da pobreza na Região Autónoma da Madeira.

Tem havido na discussão política muitos números avançados sobre a pobreza. Fala-se de facto em números altos e em números baixos, e era importante que houvesse uma entidade independente, séria, que pudesse fazer um estudo à realidade da pobreza na Região Autónoma da Madeira e do mesmo modo que votámos a iniciativa anterior que propunha que a Assembleia pagasse um estudo sobre uma matéria que nós consideramos importante, sou de opinião que esta é também uma matéria importante e que a Assembleia podia muito bem pedir um estudo e pagar esse estudo.

Era bom, duma vez por todas, que se tivesse os números o mais aproximado possível da situação da pobreza na Madeira para que as entidades que têm essa responsabilidade pudessem actuar com eficácia para diminuir ao máximo esse fenómeno, tendo em conta que acabar com ele será sempre difícil.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Lino Abreu, para uma intervenção, tem a palavra.

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O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, acho que é pertinente este estudo. É pertinente porque falamos todos de números e não sabemos o número certo de pobres e da necessidade, da pobreza aqui na Região.

Acho que era oportuno termos um estudo feito por entidades independentes, como já foi dito, por organismos credenciados, e para além de conhecermos os números, o que está aqui em causa e o que nós queremos saber são quais as causas desses números.

É que não podemos atacar a pobreza nem a fome sem conhecer a causa dela, a localização da causa, porque… Neste momento, reassumiu o lugar de Secretária a Sra. Ana Mafalda Figueira da Costa. …vamos ter o remédio para poder atacá-la. E nós falamos aqui muito sobre o joelho, pelo ar, muitos deputados falam aqui de números tirados pelo INE, que

falam muito ao de leve sobre a realidade local, e nós próprios, Região, não sabemos os nossos verdadeiros números, nem o Governo Regional sabe os verdadeiros números.

Quando o Governo diz que tem uma preocupação social, tem uma causa social, que vai atacar a causa social e não sabe as causas que deram origem a essa causa social, e que não sabe a origem dessa causa social, não sabe onde é que está localizada essa causa social, não sabe com que meios vai combater essa causa social, perguntamos nós: o que é que vamos fazer, sem ter um estudo de raiz, de base que nos indique claramente as razões fundamentais, de forma a combater este mal que nos afecta e que nos aflige diariamente?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Edgar Silva, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nós estamos perante uma situação que não deixa de ser curiosa quanto à

atitude do Governo e do PSD em relação a esta questão da análise da realidade da pobreza na Região Autónoma da Madeira.

É que nem o Governo, nem a maioria permitem ou viabilizam a realização de um estudo que permita fundamentar aquela que é a realidade, na sua extensão e profundidade, do problema da pobreza na Região Autónoma da Madeira, como também não permitem que quem tem números, quem tem estudos possa dirigir-se ao Parlamento para a apresentação desses dados.

Os vários grupos parlamentares há vários anos aqui trazem propostas para a realização de um estudo sobre a dimensão e extensão da pobreza na Região Autónoma da Madeira. Todas essas situações, ao longo de anos, a maioria tem chumbado, mas paradoxalmente têm surgido propostas para que pessoas e instituições venham ao Parlamento apresentar números, estudos que foram realizados e também nessas situações o PSD impede a apresentação desses dados, a justificação e a fundamentação desses dados em sede própria, que é o Parlamento.

Tomamos por exemplo o que foi a situação do Dr. Roque Martins. Quando apresentou as declarações sobre a situação da pobreza dizendo que a Segurança Social tinha dados, não estudos mas dados, que confirmavam que a pobreza tinha indicadores mais elevados que a média nacional, nós apresentámos a proposta para que ele viesse ao Parlamento para fundamentar as suas declarações, o PSD chumbou a proposta.

O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Chumbou e despediu o homem! O ORADOR:- Para além de o terem mandado embora! O Eng. Alfredo Bruto da Costa apresentou recentemente, ainda este ano, um estudo de âmbito nacional sobre a

realidade da pobreza com análise que inclui a Região Autónoma da Madeira pela primeira vez, e em relação a esses dados sobre a pobreza, nós apresentámos propostas para que uma vez que a Região não tem nenhum estudo nem aceita que se faça esse estudo, então que o Eng. Alfredo Bruto da Costa enquanto coordenador desta equipa de trabalho para este estudo profundo e o mais actualizado sobre a pobreza em Portugal, para que viesse à Madeira, a convite do Parlamento para a apresentação dos fundamentos desse estudo no que se reporta à Região Autónoma da Madeira. Qual foi a posição do PSD? Chumbou, impede que esse estudo na sua fundamentação seja apresentado aqui em sede própria, no Parlamento Regional.

Ou seja, o PSD não deixa, não permite, não viabiliza a realização de nenhum estudo, como também não permite, não aceita, não possibilita que quem tem estudos feitos, quem tem trabalho feito sobre esta matéria…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …possa vir ao Parlamento para analisar esta situação. Ou seja, no fundo, o que o PSD e o Governo apresentam nesta situação é, ao não deixar realizar, ao não permitir

que se realizem, nem ao permitir que quem tem estudos realizados venha aqui ao Parlamento apresentar esses números, isto quer dizer que o PSD tem medo, tem vergonha desta realidade…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terá que terminar, Sr. Deputado. O ORADOR:- …que existe na realidade na Região Autónoma da Madeira. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sra. Deputada Rafaela Fernandes, para uma intervenção, tem a palavra. A SRA. RAFAELA FERNANDES (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é uma proposta do Partido

Socialista para que se faça um estudo através da 5.ª Comissão, que é algo que não foi aqui bem explicado ainda

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nomeadamente pelo partido proponente. Porque aquilo que aqui está é dizer que se vai pôr aqui a discussão em Plenário e aprovação em Plenário em deliberação do próprio Plenário a realização de um estudo através da 5.ª Comissão Especializada. Esta é na realidade a proposta do Partido Socialista.

De qualquer forma, Sras. e Srs. Deputados, e dada a urgência da matéria, o Partido Social-Democrata até já se antecipou e já fez um estudo que me parece pertinente…

O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Eu não disse?! Não brincam em serviço! A ORADORA:- …e que já se vai divulgar. Porque em 10 milhões e meio de portugueses há cerca de 245 mil

portugueses que correspondem aos portugueses que vivem na Região Autónoma da Madeira, que não contam para efeitos nacionais do ponto de vista das preocupações governativas de carácter social do Partido Socialista.

Burburinho. E como é que se chega a esta conclusão? Chega-se a esta conclusão a partir de um conjunto de situações que são

já também do conhecimento das Sras. e dos Srs. Deputados. E eu faria referência a alguns desses exemplos, no âmbito das transferências…

Burburinho na bancada do PS. Isto custa ouvir, é verdade! Mas é que no âmbito das transferências obrigatórias no quadro da Lei das Finanças Regionais, ora, as

transferências do Orçamento de Estado de 2007 foram menos 33,3 milhões de euros. As transferências do Orçamento de Estado de 2008 foram menos 42 milhões de euros…

Burburinho nas bancadas da Oposição. Para 2009 são menos 49 milhões de euros. Ou seja, até 2014 serão menos cerca de 450 milhões de euros. E isto é

só no quadro da Lei das Finanças Regionais. E quando os Srs. Deputados acham que é cansativo falar-se nas transferências da Lei das Finanças Regionais, o

que os Srs. Deputados se esquecem é que esta questão tem reflexos na vida de cada pessoa. É errado achar-se que esta é só uma questão partidária do Partido Social-Democrata, porque esta é uma questão que tem reflexos negativos na vida de cada pessoa e é óbvio que esses reflexos negativos são tanto mais agravados com o clima de crise.

Mas o clima de crise que afecta todos os portugueses e que afecta também os portugueses das regiões autónomas teve uma resposta pronta por parte do Estado, porque o Estado prepara-se para dar à banca 20 milhões de euros mas para apoiar as famílias, quando está já identificado que a maior parte dos orçamentos familiares destina-se ao pagamento dos seus créditos habitação, o que é que faz o Governo? Cria um fundo de investimento para o qual os portugueses são empurrados a alienarem a propriedade das suas casas, mas continuam a pagar uma renda que não será mais do que um engano, e é uma publicidade enganosa, e foi aquela que se viu ontem por parte do Sr. Secretário de Estado num programa de televisão, num canal público que tinha de facto a função de informar, e fê-lo porque demonstrou que de facto esta é uma solução pouco brilhante e pouco brilhante na perspectiva das famílias, mas será certamente uma perspectiva e uma solução brilhante do ponto de vista da banca.

Mas vamos então à questão do estudo, Sras. e Srs. Deputados. Qualquer pessoa que tenha interesse em trabalhar os dados sobre a realidade social da Madeira é livre de o fazer. Os Srs. Deputados fizeram referência a alguns exemplos de algumas pessoas que já trabalharam dados que são publicados através do INE relativamente à realidade social e económica dos portugueses, que inclui necessariamente também a Região Autónoma da Madeira e isso está disponível para qualquer pessoa, seja de que área de formação for, pode trabalhar estes dados. E pode fazer as suas análises e pode fazer os seus estudos e deverá, diria o bom senso, encaminhá-los depois para as autoridades competentes para que de facto tenham algum interesse para efeitos da governação.

A diferença é que qualquer estudo sobre a pobreza é sempre um estudo de carácter extemporâneo, porque a pobreza no meio dos fenómenos sociais é um fenómeno dinâmico, é um fenómeno que todos os dias encara e tem situações e características distintas.

E portanto, Sras. e Srs. Deputados, por exemplo, hoje no grupo de famílias carenciadas e com dificuldades, nós temos também o grupo de famílias com dificuldades que são aquelas pessoas que compraram as suas habitações e que por exemplo hoje recorrem ao gabinete de apoio ao sobreendividamento. E portanto nós estamos a falar dum conjunto de famílias que hoje também têm algumas dificuldades e que devem ser apoiadas.

Aquilo que interessa, Sras. e Srs. Deputados… Burburinho geral. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo. A ORADORA:- …e termino precisamente, é que quando se vem propor aqui na Assembleia a realização de um

estudo no âmbito da 5.ª Comissão Especializada, essa não configura uma solução concreta de apoio às famílias, que o que querem de facto são soluções concretas.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Roberto Almada, para uma intervenção, tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é por isto que ouvimos agora que o PSD

quer arranjar uma bandeira para as eleições do ano que vem, porque não tem bandeira na Região! Porque relativa-

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mente à Região defende o indefensável! Protestos do PSD. Porque realmente para a Região zero, zero foi o que se extraiu desta proposta da Sra. Deputada. Não querem fazer estudos sobre a toxicodependência, não querem fazer estudos sobre a pobreza, não querem

fazer estudos sobre a exclusão social, não querem fazer estudos sobre a incidência das patologias psiquiátricas, não querem fazer estudo nenhum para conhecermos melhor e melhor combatermos os problemas que temos na Madeira!

Mas querem gastar milhares e quiçá milhões de euros para encomendar uma proposta de revisão constitucional a uma equipa técnico-jurídica, como se isso fosse a panaceia dos problemas dos madeirenses.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Plano Regional de Acção para a Inclusão do ano 2003, na sua página 51, dizia muito claramente – e é do Governo Regional, não é da oposição, nem do Governo da República – que uma das prioridades era efectuar um estudo sobre a exclusão social na Região Autónoma da Madeira. Srs. Deputados do PSD, onde é que está o estudo sobre a exclusão social na Região Autónoma da Madeira, que era uma das prioridades do Governo Regional do PSD em 2003, aquando da elaboração do Plano Regional de Acção para a Inclusão? Está aqui escrito na página 51 deste documento!

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, se o PSD está contra o facto deste estudo sobre a pobreza ser feito através da 5.ª Comissão Especializada Permanente de Assuntos Sociais tem um remédio: aprovar esta iniciativa e na especialidade alterar, porque o que aqui diz é designadamente através da 5.ª Comissão. Pode-se alterar! Que seja o Parlamento a fazer esse estudo! Que seja alguém a fazer esse estudo! Não podemos é continuar a ter na Região Autónoma da Madeira muitos problemas sociais sem nos debruçarmos…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …sem estudarmos as suas causas, sem estudarmos até como é que vamos combater as

consequências desses flagelos. É uma grande irresponsabilidade as declarações que foram aqui proferidas pela Sra. Deputada, falando de tudo

menos da situação da pobreza na Região Autónoma da Madeira. Foi buscar Lisboa e arredores, foi buscar Lisboa e Vale do Tejo, foi buscar o Continente mas a Região Autónoma

da Madeira, sobre o que se passa aqui, nada! Zero! E isto é que é grave. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Srs. Deputados, a Mesa vai colocar à votação o ponto 6 da ordem de trabalhos, o projecto de resolução do Partido

Socialista intitulado “Estudo sobre a pobreza na Região Autónoma da Madeira”. Submetido à votação, foi rejeitado com 24 votos contra do PSD e 12 votos a favor sendo 6 do PS, 2 do PCP, 2 do

CDS/PP, 1 do BE e 1 do MPT. Sras. e Srs. Deputados, faltam apenas 5 minutos para as 13 horas, portanto vamos dar por encerrados os

trabalhos. A próxima Sessão Plenária será amanhã, às 9 horas da manhã. Boa tarde a todos. Eram 12 horas e 55 minutos. Faltaram à Sessão os seguintes Srs. Deputados: PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA (PSD)

José Miguel Jardim Olival Mendonça

Rui Ramos Gouveia PARTIDO SOCIALISTA (PS)

Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves Mendonça

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