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Tribunal de Contas do Estado de Rondônia www.tce.ro.gov.br Documento assinado eletronicamente, utilizando certificação digital da ICP-Brasil. DIÁRIO OFICIAL ELETRÔNICO Tribunal de Contas do Estado de Rondônia Porto Velho - RO terça-feira, 19 de dezembro de 2017 nº 1536 - ano VII DOeTCE-RO SUMÁRIO DELIBERAÇÕES DO TRIBUNAL PLENO, DECISÕES SINGULARES, EDITAIS DE CITAÇÃO, AUDIÊNCIA E OFÍCIO, TERMOS DE ALERTA E OUTROS Administração Pública Estadual >>Poder Executivo Pág. 1 >>Poder Legislativo Pág. 160 >>Poder Judiciário Pág. 165 >>Autarquias, Fundações, Institutos, Empresas de Economia Mista, Consórcios e Fundos Pág. 167 >>Defensoria Pública Estadual Pág. 272 Administração Pública Municipal Pág. 276 ATOS DA PRESIDÊNCIA >>Decisões Pág. 413 >>Portarias Pág. 417 ATOS DA SECRETARIA-GERAL DE ADMINISTRAÇÃO >>Portarias Pág. 417 Licitações >>Avisos Pág. 423 SECRETARIA DE PROCESSAMENTO E JULGAMENTO >>Atas Pág. 423 EDITAIS DE CONCURSO E OUTROS >>Editais Pág. 439 Cons. EDILSON DE SOUSA SILVA PRESIDENTE Cons. JOSÉ EULER POTYGUARA PEREIRA DE MELLO VICE-PRESIDENTE Cons. PAULO CURI NETO CORREGEDOR Cons. FRANCISCO CARVALHO DA SILVA OUVIDOR Cons. WILBER CARLOS DOS SANTOS COIMBRA PRESIDENTE DA ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS Cons. BENEDITO ANTÔNIO ALVES PRESIDENTE DA 1ª CÂMARA Cons. VALDIVINO CRISPIM DE SOUZA PRESIDENTE DA 2ª CÂMARA OMAR PIRES DIAS AUDITOR SUBSTITUTO DE CONSELHEIRO FRANCISCO JÚNIOR FERREIRA DA SILVA AUDITOR SUBSTITUTO DE CONSELHEIRO ERIVAN OLIVEIRA DA SILVA AUDITOR SUBSTITUTO DE CONSELHEIRO ADILSON MOREIRA DE MEDEIROS PROCURADOR-GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS ÉRIKA PATRÍCIA SALDANHA DE OLIVEIRA PROCURADORA YVONETE FONTINELLE DE MELO PROCURADORA ERNESTO TAVARES VICTORIA PROCURADOR Deliberações do Tribunal Pleno, Decisões Singulares, Editais de Citação, Audiência e Ofício, Termos de Alerta e Outros Administração Pública Estadual Poder Executivo DECISÃO MONOCRÁTICA PROCESSO: 2.515/15– TCE-RO. SUBCATEGORIA: Fiscalização de Atos e Contratos ASSUNTO: Notícia de irregularidade acerca da gestão da frota de veículos da SESAU JURISDICIONADO: Secretaria de Estado de Saúde RELATOR: PAULO CURI NETO DM/GCPCN 0340/2017 1. Cuida-se de fiscalização instaurada, por força da Decisão n. 12/2015 – 2ª Câmara (Processo n. 3437/2009), em decorrência da notícia de decréscimo do número de veículos da frota da SESAU advinda da auditoria promovida pela Controladoria-Geral do Estado no exercício de 2008 (Relatório Anual de Inspeção e Auditoria nº 25/GECAD/2009). 2. A Unidade Instrutiva, ao considerar a ausência de elementos mínimos, considerou inadequado baixar os autos em diligência ou promover novas determinações à CGE, considerando os critérios de materialidade, seletividade, risco, relevância e oportunidade. Propôs, ao final, o arquivamento sem exame do mérito por força da ausência de pressupostos de constituição do processo (art. 29, do Regimento Interno) e da prescrição da pretensão punitiva relativa às irregularidades formais, nos termos dos incisos I e II da súmula aprovada no julgamento do Processo n. 1.449/2016. 3. O Ministério Público de Contas roborou o posicionamento técnico. 4. É o relatório. 5. A instrução não restou aperfeiçoada, cumprindo avaliar a conveniência e oportunidade do prosseguimento da fiscalização, nos termos da Resolução n. 210/2016/TCERO. 6. As ações de controle externo estão condicionadas ao atendimento do princípio constitucional da eficiência (CF/88, art. 37, caput), devendo desenvolver-se, com vistas ao desempenho das atribuições constantes dos arts. 70 e 71 da Carta Política, com o máximo de efetividade possível e com o mínimo dispêndio de recursos humanos e materiais, é dizer, em atenção ao princípio da economicidade, de igual estatura constitucional. 7. O Tribunal de Contas possui amplo mandato constitucional de auditoria (CF/88, art. 71, IV) para empreender fiscalizações de natureza contábil, financeira, orçamentária e patrimonial e operacional nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, bem como em entidades da administração indireta. 8. O planejamento das ações de controle externo, dentre as amplas alternativas de fiscalização, deve justificar a escolha racional (seleção) do objeto de controle, a partir de critérios, e promover a alocação de recursos organizacionais limitados em ações de controle externo que produzam maiores benefícios possíveis à sociedade. Para evitar os riscos de não

DIÁRIO OFICIAL ELETRÔNICO - TCE-RO · considerou inadequado baixar os autos em diligência ou promover novas determinações à CGE, considerando os critérios de materialidade,

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    DIRIO OFICIAL ELETRNICO

    Tribunal de Contas do Estado de Rondnia

    Porto Velho - RO tera-feira, 19 de dezembro de 2017 n 1536 - ano VII

    DOeTCE-RO

    SUMRIO

    DELIBERAES DO TRIBUNAL PLENO, DECISES SINGULARES, EDITAIS DE CITAO, AUDINCIA E OFCIO, TERMOS DE ALERTA E OUTROS

    Administrao Pblica Estadual

    >>Poder Executivo Pg. 1

    >>Poder Legislativo Pg. 160

    >>Poder Judicirio Pg. 165

    >>Autarquias, Fundaes, Institutos, Empresas de Economia Mista, Consrcios e Fundos

    Pg. 167

    >>Defensoria Pblica Estadual Pg. 272

    Administrao Pblica Municipal Pg. 276

    ATOS DA PRESIDNCIA

    >>Decises Pg. 413

    >>Portarias Pg. 417

    ATOS DA SECRETARIA-GERAL DE ADMINISTRAO

    >>Portarias Pg. 417

    Licitaes

    >>Avisos Pg. 423

    SECRETARIA DE PROCESSAMENTO E JULGAMENTO

    >>Atas Pg. 423

    EDITAIS DE CONCURSO E OUTROS

    >>Editais Pg. 439

    Cons. EDILSON DE SOUSA SILVA PRESIDENTE Cons. JOS EULER POTYGUARA PEREIRA DE MELLO VICE-PRESIDENTE Cons. PAULO CURI NETO CORREGEDOR Cons. FRANCISCO CARVALHO DA SILVA OUVIDOR Cons. WILBER CARLOS DOS SANTOS COIMBRA PRESIDENTE DA ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS Cons. BENEDITO ANTNIO ALVES PRESIDENTE DA 1 CMARA Cons. VALDIVINO CRISPIM DE SOUZA PRESIDENTE DA 2 CMARA OMAR PIRES DIAS AUDITOR SUBSTITUTO DE CONSELHEIRO FRANCISCO JNIOR FERREIRA DA SILVA AUDITOR SUBSTITUTO DE CONSELHEIRO ERIVAN OLIVEIRA DA SILVA AUDITOR SUBSTITUTO DE CONSELHEIRO ADILSON MOREIRA DE MEDEIROS PROCURADOR-GERAL DO MINISTRIO PBLICO DE CONTAS RIKA PATRCIA SALDANHA DE OLIVEIRA PROCURADORA YVONETE FONTINELLE DE MELO PROCURADORA ERNESTO TAVARES VICTORIA PROCURADOR

    Deliberaes do Tribunal Pleno, Decises Singulares, Editais de Citao, Audincia e Ofcio, Termos de Alerta

    e Outros

    Administrao Pblica Estadual

    Poder Executivo

    DECISO MONOCRTICA

    PROCESSO: 2.515/15 TCE-RO. SUBCATEGORIA: Fiscalizao de Atos e Contratos ASSUNTO: Notcia de irregularidade acerca da gesto da frota de veculos da SESAU JURISDICIONADO: Secretaria de Estado de Sade RELATOR: PAULO CURI NETO

    DM/GCPCN 0340/2017

    1. Cuida-se de fiscalizao instaurada, por fora da Deciso n. 12/2015 2 Cmara (Processo n. 3437/2009), em decorrncia da notcia de decrscimo do nmero de veculos da frota da SESAU advinda da auditoria promovida pela Controladoria-Geral do Estado no exerccio de 2008 (Relatrio Anual de Inspeo e Auditoria n 25/GECAD/2009).

    2. A Unidade Instrutiva, ao considerar a ausncia de elementos mnimos, considerou inadequado baixar os autos em diligncia ou promover novas determinaes CGE, considerando os critrios de materialidade, seletividade, risco, relevncia e oportunidade. Props, ao final, o arquivamento sem exame do mrito por fora da ausncia de pressupostos de constituio do processo (art. 29, do Regimento Interno) e da prescrio da pretenso punitiva relativa s irregularidades formais, nos termos dos incisos I e II da smula aprovada no julgamento do Processo n. 1.449/2016.

    3. O Ministrio Pblico de Contas roborou o posicionamento tcnico.

    4. o relatrio.

    5. A instruo no restou aperfeioada, cumprindo avaliar a convenincia e oportunidade do prosseguimento da fiscalizao, nos termos da Resoluo n. 210/2016/TCERO.

    6. As aes de controle externo esto condicionadas ao atendimento do princpio constitucional da eficincia (CF/88, art. 37, caput), devendo desenvolver-se, com vistas ao desempenho das atribuies constantes dos arts. 70 e 71 da Carta Poltica, com o mximo de efetividade possvel e com o mnimo dispndio de recursos humanos e materiais, dizer, em ateno ao princpio da economicidade, de igual estatura constitucional.

    7. O Tribunal de Contas possui amplo mandato constitucional de auditoria (CF/88, art. 71, IV) para empreender fiscalizaes de natureza contbil, financeira, oramentria e patrimonial e operacional nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio, bem como em entidades da administrao indireta.

    8. O planejamento das aes de controle externo, dentre as amplas alternativas de fiscalizao, deve justificar a escolha racional (seleo) do objeto de controle, a partir de critrios, e promover a alocao de recursos organizacionais limitados em aes de controle externo que produzam maiores benefcios possveis sociedade. Para evitar os riscos de no

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    cumprimento dos objetivos de controle, h que se avaliar e monitorar continuamente, na execuo dos ciclos de fiscalizao, se tais critrios esto sendo observados e adotar as respostas cabveis.

    9. O parmetro norteador do planejamento e atuao dos rgos de controle externo o crivo da seletividade, por meio do qual podero priorizar as aes mais efetivas, com supedneo em quatro critrios de avaliao, a saber: materialidade, relevncia, risco, economicidade. No mbito desta entidade de fiscalizao superior, os referidos critrios vm conceituados na Resoluo n. 210/2016/TCE-RO, de 13/05/2016, que, em seu art. 3., dispe:

    Art. 3. Para os fins desta Resoluo, entende-se por:

    I Materialidade: refere-se representatividade dos valores ou do volume de recursos envolvidos e/ou presena de elementos indicirios da irregularidade noticiada;

    II Relevncia: refere-se importncia relativa para o interesse pblico ou para o segmento da sociedade beneficiada;

    III Risco: a possibilidade de ocorrncia de eventos indesejveis, tais como erros, falhas, fraudes, desperdcios ou descumprimento de metas ou de objetivos estabelecidos;

    IV Economicidade: relao de custo e benefcio da ao de controle, considerando-se antieconmica aquela em que o custo de sua realizao for superior aos benefcios esperados de seu resultado;

    10. Com base em tais critrios, com vistas a racionalizar as aes de controle externo e otimizar a alocao de recursos organizacionais, a atuao fiscalizadora desta Corte poder adotar procedimento abreviado, se considerado o baixo grau de atendimento aos critrios de seletividade. Ou, ainda, propiciar seu sumrio arquivamento, caso tidos por inexpressivos o risco, a materialidade ou a relevncia, conforme disposto no 4. do art. 4. do mesmo ato normativo em tela:

    Art. 4. []

    4. Se inexpressivo o risco, a relevncia e a materialidade, a unidade tcnica propor o arquivamento sumrio do processo ou da documentao, sem prejuzo de se promover a cincia do jurisdicionado e do respectivo rgo de controle interno, para que adote medidas para o restabelecimento da ordem, se caso.

    11. Penso que as razes apresentadas pela Unidade Instrutiva so razoveis e suficientes, luz dos critrios postos, para justificar o no prosseguimento da inconclusa fiscalizao, conforme abaixo reproduzido:

    II. INSTRUO PROCESSUAL

    3. Inicialmente, diga-se que os presentes autos foram constitudos pelo documento ID 193649, composto, em sntese, pela seguinte documentao: a. anexo VII A, nele constando: a.i) relao da frota de veculos referentes aos exerccios de 2005 a 2010 (pgs. 9/76); e a.ii) balancete patrimonial de veculos, de 2007 a 2010 (pgs. 77/99); b. anexo VII-B, nele constando cpia dos termos de emprstimos dos veculos n. 018/2007 e 001/2007 e documentao (pgs. 100/111); c. anexo VII C, nele constando termos de responsabilidade dos veculos da DRS Cacoal (pgs. 112/123); d. anexo VII D, nele constando cpia da consulta dos veculos no DETRAN (pgs. 125/127); e. anexo VII E, nele constando cpia da ocorrncia policial e ofcio n. 0452/IV GRS/2010 e Ofcio n. 1118/GAB/AGEVISA/RO (pgs. 128/131).

    4. Antes de qualquer coisa, de suma importncia rememorar que os presentes autos foram instrudos com parte (recortes) da documentao encartada pela CGE-RO a ttulo de providncias complementares ao seu Relatrio Anual de Inspeo e Auditoria n. 025/GECAD/2009, em atendimento alnea d do item I da Deciso n. 87/2010/GCPCN, tratadas originalmente no Processo n. 3437/2009, os quais foram desmembrados

    para compor o presente processo, autnomo, conforme item I, alnea a da Deciso n. 12/2015 2 Cmara.

    5. Nesse contexto, reputa-se extremamente complicado proceder a uma anlise conclusiva acerca do aludido decrscimo da frota da SESAU, de que cuidariam os presentes autos, tomando como norte apenas a documentao neles constante, pois: (i.) dela no faz parte o inteiro teor do Relatrio Anual de Inspeo e Auditoria n. 025/GECAD/2009 - no se sabendo ao certo quais evidncias teriam levado a CGE-RO a cogitar de ocorrncia envolvendo decrscimo da frota da SESAU/RO; (ii.) sobre ele no foi emitido qualquer juzo de valor por parte da CGE-RO, mediante relatrio circunstanciado e conclusivo, consignando as constataes realizadas a ttulo de providncias complementares, nos termos assinalados pelo Relator mediante alneas (d) e (i) e subalnea ii. do item I da Deciso n. 87/2010/GCPCN, exarada nos autos do extinto processo n. 3437/2009, direcionadas referida controladoria: (d.) Proceda a inspeo in loco e adote as demais providncias cabveis com a finalidade de averiguar o motivo do decrscimo quantitativo da frota de veculos da SESAU, averiguando a existncia de desvios de bens, conforme mencionado no item XIV do Relatrio Anual de Inspeo e Auditoria n 25/GECAD/2009, e indicando, se for o caso, os responsveis); [...] (i) Realizadas as providncias acima citadas, elabore relatrio circunstanciado e conclusivo, consignando as constataes realizadas, encaminhando-o a esta Corte juntamente com cpia da documentao que serviu de base s concluses, especialmente:[...] ii. cpia da Relao Anual da Frota de Veculos da SESAU dos exerccios de 2007 a 2009;).

    6. A ausncia de elementos mnimos a nortearem o presente exame, portanto, em tese, poderia ensejar a baixa dos presentes autos em diligncia e/ou mesmo a promoo de novas determinaes CGE-RO, no sentido dela suprir a incompletude ora verificada todavia, no seria esse o melhor tratamento a ser dado ao caso em tela, especialmente se considerados os princpios da efetividade, economicidade e eficincia, ao lado dos critrios de materialidade, seletividade, risco, relevncia e oportunidade, eis que:

    7. (i.) para alm das limitaes expostas anteriormente, consta pg. 10 do documento ID 193649, o Memorando n. 0213/2010/GAT/SESAU, mediante o qual a Gerncia de Abastecimento e Transporte da SESAU/RO se manifestou sobre o levantamento histrico dos veculos da SESAU, explicando, na oportunidade, em suma, que: nos anos de 2003 a 2004 no havia qualquer forma de reconhecimento dos veculos da SESAU; em 2004 foram feitas pesquisas em busca das notas fiscais de compra dos veculos da SESAU/RO para fins de cadastramento junto ao DETRAN/RO, bem como de veculos para saber onde se localizavam e sob a responsabilidade de quem estariam; apenas em 2005 foi possvel realizar o controle dos veculos da SESAU/RO, uma vez que todos j constavam em uma relao (s pgs. 11/15 do ID 193649), nela constando um total de 111 (cento e onze) veculos; em 2006 j havia 339 veculos cadastrados para a SESAU (relao s pgs. 16/25 do ID 193649), sendo que, nessa mesma poca, teria acontecido a repartio desses veculos para a AGEVISA, FHEMERON e CETAS, oportunidade em que alguns saram do controle do GAT/SESAU; de 2006 a 2010, a SESAU teria cadastrado 472 veculos (vide relao s pgs. 26/39 do ID 193649), sendo que nem todos estariam sob responsabilidade da GAT, pois 67 deles teriam sido entregues, em 2009, com Termo de Comodato (ambulncias) (vide relao s pgs. 40/41 do ID 193649); por fim, em 2010, eles teriam, sob a responsabilidade da GAT/SESAU, 152 veculos (vide relao s pgs. 71/76 do ID 193649), dentre os quais alguns inservveis, mas sem baixa e ainda constando na relao - de tudo isso possvel inferir, alm do controle precrio da frota da SESAU/RO, poca, a possibilidade de o decrscimo da referida frota advir da repartio dos seus veculos, em 2006, para AGEVISA, FHEMERON e CETAS;

    8. (ii.) o aprofundamento da investigao objeto dos autos diz respeito a uma situao patrimonial da frota da SESAU/RO de cerca de 10 (dez) anos atrs, no fazendo sentido algum, por isso mesmo, a essa altura dos acontecimentos, alocar os limitadssimos recursos (financeiros e, principalmente, humanos) desta Corte de Contas na elucidao de tal situao, cumprindo-lhe direcionar esforos em situaes contemporneas, de maior materialidade e relevncia para o interesse pblico, evitando que, de outro modo, finde por se tornar um rgo de controle inefetivo, inoportuno e deficitrio mesmo porque, apesar da deficincia documental dos autos j comentada, foi possvel, de alguma forma, extrair deles elementos que esclarecessem, ainda que minimamente, a situao irregular verificada - a teor da ponderao feita no item (i.), precedente.

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    9. (iii.) mesmo fosse de se cogitar medidas corretivas/pedaggicas quanto sugerida insuficincia de controle da frota da SESAU, faz-lo com base em informaes pouco consistentes e que reportam situao de mais de dez anos se mostra completamente sem sentido, pela sua patente inoportunidade; no mesmo sentido, seria inoportuno e vazio de sentido apurar eventuais responsveis, ainda quanto sugerida insuficincia de controle da frota da SESAU, pois a multa, pretenso punitiva cabvel para o caso, j restaria prescrita

    12. guisa de sntese, os seguintes fatores obstam a viabilidade da fiscalizao sob o prisma da seletividade: a) informaes pouco consistentes e documentos insuficientes advindos da auditoria interna; b) limitao de recursos humanos em face de novas demandas de ao de controle; c) provvel baixa efetividade do prosseguimento da fiscalizao diante da inoportunidade da ao de controle (passagem do tempo); d) no identificao de risco relevante de desvio patrimonial. Pelo exposto, os custos operacionais do prosseguimento da fiscalizao se mostram manifestamente desproporcionais para justificar os possveis resultados.

    13. No h se falar, por outro lado, em prescrio da pretenso punitiva relativa s irregularidades formais, haja vista que: a fiscalizao no alcanou o escopo de identificar fatos possivelmente ilcitos, no havendo, por isso mesmo, a pretenso punitiva; a smula aprovada no julgamento do Processo n. 1.449/2016 no entrou em vigor, em face de recurso com efeito suspensivo proposto pelo Parquet de Contas, ainda no julgado. Dessa forma, o arquivamento sumrio justifica-se pelo encerramento da fiscalizao diante da no justificao da viabilidade da ao de controle externo, sob o prisma da seletividade (Resoluo n. 210/2016/TCE-RO, art. 4, 4).

    15. Pelo exposto, determino o arquivamento sumrio da fiscalizao, nos termos do art. 4, 4, da Resoluo n. 210/2016/TCE-RO.

    16. Cientifique-se a Secretaria-Geral de Controle Externo.

    17. Notifique-se o Ministrio Pblico de Contas.

    18. Publique-se.

    Porto Velho, 18 de dezembro de 2017.

    (assinado eletronicamente) PAULO CURI NETO CONSELHEIRO Matrcula 450

    DECISO MONOCRTICA

    PROCESSO: 2797/15 TCE-RO SUBCATEGORIA: Fiscalizao de Atos e Contratos ASSUNTO: Apurao de possveis irregularidades na contratao de internao em leitos particulares de UTI nos Hospitais Candido Rondon HCE de JiParan e Clnica Master Plstica Monte Sinai em Ariquemes durante o exerccio de 2008 JURISDICIONADO: Secretaria de Estado de Sade RELATOR: PAULO CURI NETO

    DM-GCPC 0343/2017

    1. Cuida-se de fiscalizao instaurada, por fora da Deciso n. 12/2015 2 Cmara (Processo n. 3437/2009), com o escopo de apurar possveis irregularidades na contratao de internaes em leitos particulares de UTI, no Hospital Cndido Rondon HCR de Ji-Paran e Clnica Master Plstica Monte Sinai de Ariquemes, no exerccio de 2008 (processos 1712.00441.00/2008 e 01.1712-00440-00/2008). A referida irregularidade foi inicialmente detectada na auditoria promovida pela Controladoria-Geral do Estado no mbito da Secretaria de Estado da Sade - Sesau no exerccio de 2008 (Relatrio Anual de Inspeo e Auditoria n 25/GECAD/2009).

    2. A Unidade Instrutiva, no relatrio acostado ao ID n 534953, ao considerar a ausncia de elementos mnimos da existncia de dano ao errio, considerou inadequado baixar os autos em diligncia ou promover novas determinaes, tendo em vista os critrios de materialidade, seletividade, risco, relevncia e oportunidade. Props, ao final, o arquivamento sem exame do mrito por fora da ausncia de pressupostos de constituio do processo (art. 29, do Regimento Interno) e da prescrio da pretenso punitiva relativa s irregularidades formais, nos termos dos incisos I e II da smula aprovada no julgamento do Processo n.

    1.449/2016.

    3. O Ministrio Pblico de Contas roborou o posicionamento tcnico.

    4. o relatrio.

    5. As aes de controle externo esto condicionadas ao atendimento do princpio constitucional da eficincia (CF/88, art. 37, caput), devendo desenvolver-se, com vistas ao desempenho das atribuies constantes dos arts. 70 e 71 da Carta Poltica, com o mximo de efetividade possvel e com o mnimo dispndio de recursos humanos e materiais, dizer, em ateno ao princpio da economicidade, de igual estatura constitucional.

    6. O Tribunal de Contas possui amplo mandato constitucional de auditoria (CF/88, art. 71, IV) para empreender fiscalizaes de natureza contbil, financeira, oramentria e patrimonial e operacional nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio, bem como em entidades da administrao indireta.

    7. O planejamento das aes de controle externo, dentre as amplas alternativas de fiscalizao, deve justificar a escolha racional (seleo) do objeto de controle, a partir de critrios, e promover a alocao de recursos organizacionais limitados em aes de controle externo que produzam maiores benefcios possveis sociedade. Para evitar os riscos de no cumprimento dos objetivos de controle, h que se avaliar e monitorar continuamente, na execuo dos ciclos de fiscalizao, se tais critrios esto sendo observados e adotar as respostas cabveis.

    8. O parmetro norteador do planejamento e atuao dos rgos de controle externo o crivo da seletividade, por meio do qual podero priorizar as aes mais efetivas, com supedneo em quatro critrios de avaliao, a saber: materialidade, relevncia, risco, economicidade. No mbito desta entidade de fiscalizao superior, os referidos critrios vm conceituados na Resoluo n. 210/2016/TCE-RO, de 13/05/2016, que, em seu art. 3., dispe:

    Art. 3. Para os fins desta Resoluo, entende-se por:

    I Materialidade: refere-se representatividade dos valores ou do volume de recursos envolvidos e/ou presena de elementos indicirios da irregularidade noticiada;

    II Relevncia: refere-se importncia relativa para o interesse pblico ou para o segmento da sociedade beneficiada;

    III Risco: a possibilidade de ocorrncia de eventos indesejveis, tais como erros, falhas, fraudes, desperdcios ou descumprimento de metas ou de objetivos estabelecidos;

    IV Economicidade: relao de custo e benefcio da ao de controle, considerando-se antieconmica aquela em que o custo de sua realizao for superior aos benefcios esperados de seu resultado;

    9. Com base em tais critrios, com vistas a racionalizar as aes de controle externo e otimizar a alocao de recursos organizacionais, a atuao fiscalizadora desta Corte poder adotar procedimento abreviado, se considerado o baixo grau de atendimento aos critrios de seletividade. Ou, ainda, propiciar seu sumrio arquivamento, caso tidos por inexpressivos o risco, a materialidade ou a relevncia, conforme disposto no 4. do art. 4. do mesmo ato normativo em tela:

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    Art. 4. []

    4. Se inexpressivo o risco, a relevncia e a materialidade, a unidade tcnica propor o arquivamento sumrio do processo ou da documentao, sem prejuzo de se promover a cincia do jurisdicionado e do respectivo rgo de controle interno, para que adote medidas para o restabelecimento da ordem, se caso.

    10. Pois bem, no caso em tela, penso que as razes apresentadas pela Unidade Instrutiva so razoveis e suficientes, luz dos critrios postos, para justificar o no prosseguimento da presente fiscalizao, conforme abaixo reproduzido:

    II.c) Da ausncia de indcios concretos de dano.

    Conforme verificado acima, durante todo o trmite dos dois processos administrativos analisados, a CGE apontou a existncia de irregularidades, como a realizao de despesa sem prvio empenho (art. 60, da Lei n. 4.320/64); existncia de mdicos com vnculo estatutrio com o Estado nos hospitais que prestavam o servio (art. 9, da Lei n. 8.666/93); falta de documentos capazes de comprovar a regular liquidao da despesa (art. 62 e 63, da Lei n. 4.320/64), dentre outras.

    Resta saber, porm, se a prtica de tais irregularidades gerou algum dano ao errio que possa ser verificado nestes autos.

    Pois bem.

    Duas seriam as situaes que permitiram inferir a ocorrncia de dano ao errio: eventual sobrepreo ou pagamento de servios que no foram prestados.

    A primeira hiptese no vislumbrada nos autos, uma vez que o valor pago para a diria de UTI foi exatamente aquele estabelecido pela Comisso Intergestores Bipartite CIB, por meio da Portaria n. 39/GAB/CIB/RO, que correspondia, poca, a R$ 1.154,03 (um mil, cento e cinquenta e quatro reais e trs centavos).

    relevante mencionar que a Portaria n. 2.395, de 11 de outubro de 2011,oriunda do Ministrio da Sade, a qual organizou a rede de ateno s urgncias no mbito do SUS, ao tratar dos leitos de terapia intensiva, estabeleceu que:

    Art. 21. As instituies hospitalares que disponibilizarem novos leitos de UTI, especficos para retaguarda s Portas de Entrada Hospitalares de Urgncias, ou que qualificarem os leitos j existentes faro jus a custeio diferenciado do leito de UTI, no valor de R$ 800,00 (oitocentos reais) por diria de leito.

    Pargrafo nico. A diferena entre o valor real da diria do leito de UTI e o repasse do recurso federal por leito dever ser custeada por Estados e Municpios, na forma pactuada na Comisso Intergestores Regional (CIR) e na Comisso Intergestores Bipartite (CIB). (Disponvelem, acesso em 16/11/2017, s 8h38min).

    Note-se que esta portaria, que trata de instituies hospitalares pblicas ou privadas conveniadas ou contratadas ao SUS, estabeleceu, no ano de 2011, que o Ministrio da Sade custearia o valor de R$ 800,00 por diria de UTI e que a diferena entre este e o valor real da diria seria paga pelo ente correspondente (Estado ou Municpio), de acordo com valores estabelecidos pela CIB.

    Isso significa dizer que, em 2011, o prprio Ministrio da Sade entendia que o valor de R$ 800,00 no era suficiente para custear o valor real do leito de UTI (diria), tanto que estabeleceu a competncia pelo pagamento da diferena.

    importante mencionar que essa portaria estabeleceu valores em mbito nacional. Por outro lado, cedio que a oferta de tal servio, em 2008, no Estado de Rondnia, era baixa e havia poucas instituies que tinham

    leitos de UTI disponveis Assim, se, em mbito nacional, em 2011, o valor de R$ 800,00 era considerado inferior ao valor real da diria em leito de UTI, razovel crer que, em 2008, diante da baixssima oferta que existia em Rondnia, o valor de R$ 1.154,03 era condizente com o preo de mercado.

    Pode-se concluir, ento, que no h razes para acreditar que o valor pago a ttulo de diria de UTI nos processos ora analisados, que havia sido previamente fixado pela CIB, por meio da Portaria n. 39/GAB/CIB/RO, era desarrazoado.

    Neste ponto, portanto, no havendo indcio de sobrepreo, no pode se falar em dano ao errio, sob essa perspectiva.

    A outra situao que poderia ensejar um eventual dano ao errio seria a verificao de pagamentos sem a devida contraprestao do servio.

    Contudo, tambm tal situao no se constata nos autos.

    Como j mencionado, certo que havia inmeras irregularidades (formais) na liquidao da despesa, pois havia documentos sem assinaturas, sem carimbos dos mdicos; alguns formulrios eram preenchidos sem todas as informaes, dentre outros descuidos relacionados ao detalhe de procedimentos de controle.

    Contudo, fato que, apesar da falta de maior zelo para com os atos que, de alguma forma, tm relao com a fase da liquidao da despesa, a comear, por exemplo, pelo desleixo no simples preenchimento de formulrios, no h elementos que autorizem afirmar, inequivocamente, que no teria havido a prestao do servio de UTI ou em que medida, exatamente, esses servios no teriam sido prestados.

    Conforme verificado ao se fazer a anlise de cada ordem bancria emitida, conforme itens II.a e II.b, deste relatrio, pde-se constatar que, apesar de algumas irregularidades formais na documentao, h documentos que evidenciam a ocorrncia de internaes dos pacientes: h notas fiscais, termos de recebimento, laudos de exames feitos durante a internao, receiturios mdicos etc.

    Pode-se perceber, ento, que houve uma liquidao de despesas, ainda que falha, e no h nos autos documentos ou indcios que, uma vez mais, demonstrem que algum daqueles pagamentos fora feito sem a devida prestao do servio; pelo contrrio, formalmente, a documentao d a entender que houve a internao de pacientes em nmero que parece compatvel com os pagamentos realizados.

    se mencionar que, ainda que houvessem indcios de pagamentos indevidos, a apurao efetiva de tal situao se tornaria extremamente difcil, pois j passados quase dez anos da data dos fatos.

    Possivelmente, para se apurar estes fatos, seria necessria uma auditoria in loco, uma busca dos pacientes ou funcionrios que trabalharam poca, a fim de se confirmar a prestao dos servios. Contudo, como j dito, os fatos ocorreram h quase dez anos e seria at mesmo difcil localizar os envolvidos para se buscar informaes. Ou seja, para se infirmar os documentos alusivos liquidao da despesa ter-se-ia de produzir prova em sentido contrrio, o que, no caso, se revela de pouca ou nenhuma possibilidade material, pelos empecilhos que naturalmente inviabilizam essa empreitada.

    Assim, mesmo que houvessem indcios de dano, o que no se mostrou claramente ser o caso, prosseguir com o processo seria providncia desarrazoada, pois a chance de xito seria mnima, notadamente quando se lembra que h inmeras demandas atuais, com possibilidades de serem efetivas, aguardando a atuao deste Tribunal.

    Diante deste quadro ftico, ou seja, a ausncia de indcios de dano ao errio, no se justifica a manuteno do presente processo, j que o objetivo da TCE justamente quantificar eventual dano e apurar os responsveis por ele.

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    Nesse sentido, inclusive, foi a manifestao do Conselheiro Wilber Coimbra, em julgamento de sua relatoria, na 15 Sesso Ordinria, realizada em 23 de agosto de 2017, no Processo n. 03226/13:

    9. Com efeito, a ocorrncia de dano ao errio um dos pressupostos para a instaurao de Tomada de Contas Especial, cujo processamento tem por finalidade a apurao dos fatos; a identificao dos responsveis e quantificao do dano, nos termos do disposto no art. 8, da LC n. 154, de 1996, ipsis verbis:

    Art. 8 - Diante da omisso no dever de prestar contas, da no comprovao da aplicao dos recursos repassados pelo Estado ou Municpios, na forma prevista no inciso III do art. 5, desta Lei Complementar, da ocorrncia de desfalque, pagamento indevido ou desvio de dinheiro, bens ou valores pblicos, ou, ainda, da prtica de qualquer ato ilegal, ilegtimo ou antieconmico de que resulte dano ao Errio, a autoridade administrativa competente, sob pena de responsabilidade solidria, dever imediatamente adotar providncias com vistas instruo de tomada de contas especial, para apurao dos fatos, identificao dos responsveis e quantificao do dano (Sic).

    Assim, inexistem indcios concretos de dano que justifiquem a constituio do presente processo, nos termos do art. 29, do Regimento Interno desta Corte.

    II.d) Da prescrio das irregularidades formais.

    Conforme esclarecido no tpico anterior, foram detectadas, ainda pela CGE, inmeras irregularidades nos processos administrativos analisados.

    Ocorre que todas essas irregularidades ocorreram em 2008, o que faz surgir o debate em relao prescrio.

    Sobre o assunto, sabe-se que, no ano de 2016, este Tribunal proferiu a Deciso Normativa n. 005, que tratava dos prazos prescricionais relativos pretenso punitiva do Tribunal de Contas.

    Em referida deciso, constava que a prescrio da pena de multa seria de 5 (cinco) anos e seu termo inicial seria o momento do efetivo conhecimento da irregularidade pelo Tribunal, quando se tratasse de ato cuja prestao de informaes no fosse previsvel, nos termos do art. 2, II, b, da normativa em questo.

    At ento, este era o entendimento manifestado e adotado por esta Corte de Contas.

    Ocorre que, no dia 21/3/2017, o Supremo Tribunal Federal analisou caso que tratava da prescrio da pretenso punitiva do Tribunal de Contas da Unio (MS n. 32.201/DF), em acrdo de relatoria do Min. Roberto Barroso, que veio a ser publicado em 4/8/2017.

    Naquele caso, o Supremo inaugurou novo entendimento sobre a matria e decidiu que a pretenso punitiva dos Tribunais de Contas equipara-se pretenso punitiva da Administrao Pblica em si, razo por que seria possvel aplicar aos TCs a Lei n.

    9.873/1999.

    Eis a ementa do julgado referido:

    Direito administrativo. Mandado de segurana. Multas aplicadas pelo TCU.

    Prescrio da pretenso punitiva. Exame de legalidade. 1. A prescrio da pretenso punitiva do TCU regulada integralmente pela Lei n 9.873/1999, seja em razo da interpretao correta e da aplicao direta desta lei, seja por analogia.

    2. Inocorrncia da extino da pretenso punitiva no caso concreto, considerando-se os marcos interruptivos da prescrio previstos em lei. 3.

    Os argumentos apresentados pelo impetrante no demonstraram qualquer ilegalidade nos fundamentos utilizados pelo TCU para a imposio da multa. 4. Segurana denegada.

    (MS 32201, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em

    21/03/2017, PROCESSO ELETRNICO DJe-173 DIVULG 04-08-2017 PUBLIC 0708-2017)

    Em virtude da citada deciso, este Tribunal de Contas, ao decidir o processo n. 1.449/2016, de relatoria do Conselheiro Wilber Carlos dos Santos Coimbra, passou a aplicar referido entendimento aos processos em trmite nesta Corte, propondo o seguinte enunciado sumular, que veio a ser aprovado na sesso ocorrida em 17/8/2017:

    Aplica-se, por analogia legis, a norma jurdica inserta nos arts. 1, 2 e 3 da Lei n. 9.873/1999, relativamente prescrio da pretenso punitiva estatal no mbito da atuao jurisdicional do Tribunal de Contas do Estado de Rondnia, at que sobrevenha superveniente legislao estadual normatizando a vertente temtica jurgena, nos seguintes termos:

    I Prescreve em cinco anos a pretenso punitiva do Tribunal de Contas do Estado de Rondnia, contados da data da prtica do ato ou, no caso de infrao permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado;

    II Incide a prescrio intercorrente nos processos de competncia constitucional do Tribunal de Contas do Estado de Rondnia paralisados por mais de trs anos, pendentes de julgamento ou de despacho que contenha carga axiolgica juridicamente relevante, cujos autos sero arquivados de ofcio ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuzo da apurao da responsabilidade funcional decorrente da paralisao, se for o caso;

    III Quando o fato objeto da ao punitiva do Tribunal de Contas do Estado de Rondnia tambm constituir crime, a prescrio reger-se- pelo prazo previsto na lei penal, desde que a ao penal esteja devidamente instaurada;

    IV Interrompe-se a prescrio da ao punitiva, individualmente, nos termos abaixo consignados:

    a) pela notificao ou citao vlidas do acusado;

    b) por qualquer ato inequvoco que importe apurao do fato;

    c) pela deciso condenatria recorrvel;

    d) por qualquer ato inequvoco que importe em manifestao expressa de tentativa de soluo conciliatria no mbito da Administrao Pblica;

    V Suspende-se a prescrio durante a vigncia do Termo de Ajustamento de Gesto.

    Nota-se ento, que a prescrio, nesta Corte, agora pode ser assim sintetizada:

    - prescrio inicial de cinco anos, a contar da data do fato, independente do momento em que houve a cincia deste Tribunal;

    - prescrio intercorrente de trs anos, a incidir quando o feito permanecer paralisado e pendente de julgamento, sem a prolao de despacho com efetivo contedo jurdico.

    Feitas essas consideraes tericas, passa-se anlise da ocorrncia da prescrio no caso. Como dito, os fatos aqui analisados ocorreram em 2008 e, em 2009, teve incio o processo de auditoria na CGE. Em

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    28/4/2010 foi proferida a Deciso n. 158/2010, convertendo os autos em tomada de contas especial.

    Na sequncia, no ano de 2015, houve uma deciso apenas determinando o desmembramento dos processos e at o momento, no houve citao dos jurisdicionados.

    Diante disso, ainda que se pretendesse defender que, com a Deciso n. 158/2010, teria sido interrompida a prescrio, por tratar-se de ato que importe apurao do fato (art. 2, II, da Lei n. 9.873/99), aps a prolao desta, o feito permaneceu parado por mais de sete anos, sem que houvesse qualquer outro marco interruptivo previsto no art. 2, da Lei.

    Assim, inquestionvel a prescrio das irregularidades formais eventualmente existentes nos processos administrativos objeto de apurao.

    Ainda que no se verificasse a prescrio, novamente aqui importante mencionar que os fatos so de 2008 e no se justifica a manuteno do processo apenas para a discusso de irregularidades formais, sem indcios de dano.

    A atuao do Tribunal de Contas, como rgo de controle, deve se pautar por critrios de auditoria ligados seletividade, materialidade risco e relevncia, ou seja, deve escolher, dentre as demandas existentes, aquelas mais relevantes e com maior chance de gerar resultado sociedade, o que no o caso dos autos.

    Nesse sentido, alis, foi a Deciso n. 0300/15, proferida pelo Conselheiro Edilson de Souza Silva, ao analisar o Protocolo n. 15893/14/TCE/RO, a qual teve a seguinte ementa:

    DENNCIA. MINISTRIO PBLICO ESTADUAL. IRREGULARIDADES NA AQUISIO DE MEDICAMENTOS. EXAME PRELIMINAR. AUSNCIA DE DANO AO ERRIO. IRREGULARIDADES AFASTADAS. PRINCPIOS DA SELETIVIDADE, PROPORCIONALIDADE E ECONOMICIDADE. ARQUIVAMENTO.

    Realizado exame preliminar pelo Corpo Tcnico e sendo constatada a ausncia de dano ao errio, bem como terem sido sanadas as eventuais irregularidades formais noticiadas na documentao, a medida mais adequada o arquivamento.

    Neste sentido, a Corte de Contas deve se pautar pela busca da maior efetividade da sua atuao, aliada aos princpios da economicidade, eficincia e proporcionalidade, de forma a aplicar a seletividade em suas aes de controle, sob o prisma dos critrios de risco, materializada e relevncia.

    Assim, seja pela tese de prescrio, seja pela anlise dos critrios de auditoria que devem pautar a atuao do Controle Externo, no se justifica a manuteno deste feito.

    11. guisa de sntese, os seguintes fatores obstam a viabilidade da fiscalizao sob o prisma da seletividade: a) informaes pouco consistentes e documentos insuficientes advindos da auditoria interna; b) limitao de recursos humanos em face de novas demandas de ao de controle; c) provvel baixa efetividade do prosseguimento da fiscalizao diante da inoportunidade da ao de controle (passagem do tempo); d) no identificao de dano ao errio (no se detectou sobrepreo e nem inexecuo contratual). Pelo exposto, os custos operacionais do prosseguimento da fiscalizao se mostram manifestamente desproporcionais para justificar os possveis resultados.

    12. No h se falar, por outro lado, em prescrio da pretenso punitiva relativa s irregularidades formais, haja vista que: a fiscalizao no alcanou o escopo de identificar fatos possivelmente ilcitos, no havendo, por isso mesmo, a pretenso punitiva; a smula aprovada no julgamento do Processo n. 1.449/2016 no entrou em vigor, em face de recurso com efeito suspensivo proposto pelo Parquet de Contas, ainda no julgado. Dessa forma, o arquivamento sumrio justifica-se pelo encerramento da

    fiscalizao diante da no justificao da viabilidade da ao de controle externo, sob o prisma da seletividade (Resoluo n. 210/2016/TCE-RO, art. 4, 4).

    14. Pelo exposto, determino o arquivamento sumrio da fiscalizao, nos termos do art. 4, 4, da Resoluo n. 210/2016/TCE-RO.

    15. Cientifique-se a Secretaria-Geral de Controle Externo.

    16. Notifique-se o Ministrio Pblico de Contas.

    17. Publique-se.

    Porto Velho, 18 de dezembro de 2017.

    (assinado eletronicamente) PAULO CURI NETO CONSELHEIRO Matrcula 450

    DECISO MONOCRTICA

    PROCESSO: 2793/15 TCE-RO SUBCATEGORIA: Fiscalizao de Atos e Contratos ASSUNTO: Apurao de possveis irregularidades no Contrato n 220/PGE/2007, firmado entre a Sesau e a empresa Rondoclin Centro de Diagnstico Ltda, visando prestao dos servios de exames por imagens no mbito do Hospital Ary Pinheiro (Processo administrativo n 1712.00099-00/2008) JURISDICIONADO: Secretaria de Estado de Sade RELATOR: PAULO CURI NETO

    DM-GCPC 0344/2017

    1. Cuida-se de fiscalizao instaurada, por fora da Deciso n. 12/2015 2 Cmara (Processo n. 3437/2009), com o escopo de apurar possveis irregularidades praticadas na execuo do Contrato n 220/PGE/2007, celebrado entre a Sesau e a empresa Rondoclin Centro de Diagnstico Ltda, cujo objeto refere-se prestao dos servios de exames por imagens (tomografias) no mbito do Hospital Ary Pinheiro (Processo administrativo n 1712.00099-00/2008). A referida irregularidade foi inicialmente detectada na auditoria promovida pela Controladoria-Geral do Estado no mbito da Secretaria de Estado da Sade Sesau, no exerccio de 2008 (Relatrio Anual de Inspeo e Auditoria n 25/GECAD/2009).

    2. A Unidade Instrutiva, no relatrio acostado ao ID n 543778, ao considerar a ausncia de elementos mnimos da existncia de dano ao errio, considerou inadequado baixar os autos em diligncia ou promover novas determinaes, tendo em vista os critrios de materialidade, seletividade, risco, relevncia e oportunidade. Props, ao final, o arquivamento sem exame do mrito por fora da ausncia de pressupostos de constituio do processo (art. 29, do Regimento Interno) e da prescrio da pretenso punitiva relativa s irregularidades formais, nos termos dos incisos I e II da smula aprovada no julgamento do Processo n. 1.449/2016.

    3. O Ministrio Pblico de Contas roborou o posicionamento tcnico.

    4. o relatrio.

    5. As aes de controle externo esto condicionadas ao atendimento do princpio constitucional da eficincia (CF/88, art. 37, caput), devendo desenvolver-se, com vistas ao desempenho das atribuies constantes dos arts. 70 e 71 da Carta Poltica, com o mximo de efetividade possvel e com o mnimo dispndio de recursos humanos e materiais, dizer, em ateno ao princpio da economicidade, de igual estatura constitucional.

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    6. O Tribunal de Contas possui amplo mandato constitucional de auditoria (CF/88, art. 71, IV) para empreender fiscalizaes de natureza contbil, financeira, oramentria e patrimonial e operacional nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio, bem como em entidades da administrao indireta.

    7. O planejamento das aes de controle externo, dentre as amplas alternativas de fiscalizao, deve justificar a escolha racional (seleo) do objeto de controle, a partir de critrios, e promover a alocao de recursos organizacionais limitados em aes de controle externo que produzam maiores benefcios possveis sociedade. Para evitar os riscos de no cumprimento dos objetivos de controle, h que se avaliar e monitorar continuamente, na execuo dos ciclos de fiscalizao, se tais critrios esto sendo observados e adotar as respostas cabveis.

    8. O parmetro norteador do planejamento e atuao dos rgos de controle externo o crivo da seletividade, por meio do qual podero priorizar as aes mais efetivas, com supedneo em quatro critrios de avaliao, a saber: materialidade, relevncia, risco, economicidade. No mbito desta entidade de fiscalizao superior, os referidos critrios vm conceituados na Resoluo n. 210/2016/TCE-RO, de 13/05/2016, que, em seu art. 3., dispe:

    Art. 3. Para os fins desta Resoluo, entende-se por:

    I Materialidade: refere-se representatividade dos valores ou do volume de recursos envolvidos e/ou presena de elementos indicirios da irregularidade noticiada;

    II Relevncia: refere-se importncia relativa para o interesse pblico ou para o segmento da sociedade beneficiada;

    III Risco: a possibilidade de ocorrncia de eventos indesejveis, tais como erros, falhas, fraudes, desperdcios ou descumprimento de metas ou de objetivos estabelecidos;

    IV Economicidade: relao de custo e benefcio da ao de controle, considerando-se antieconmica aquela em que o custo de sua realizao for superior aos benefcios esperados de seu resultado;

    9. Com base em tais critrios, com vistas a racionalizar as aes de controle externo e otimizar a alocao de recursos organizacionais, a atuao fiscalizadora desta Corte poder adotar procedimento abreviado, se considerado o baixo grau de atendimento aos critrios de seletividade. Ou, ainda, propiciar seu sumrio arquivamento, caso tidos por inexpressivos o risco, a materialidade ou a relevncia, conforme disposto no 4. do art. 4. do mesmo ato normativo em tela:

    Art. 4. []

    4. Se inexpressivo o risco, a relevncia e a materialidade, a unidade tcnica propor o arquivamento sumrio do processo ou da documentao, sem prejuzo de se promover a cincia do jurisdicionado e do respectivo rgo de controle interno, para que adote medidas para o restabelecimento da ordem, se caso.

    10. Pois bem, no caso em tela, penso que as razes apresentadas pela Unidade Instrutiva so razoveis e suficientes, luz dos critrios postos, para justificar o no prosseguimento da presente fiscalizao, conforme abaixo reproduzido:

    II. DA ANLISE TCNICA.

    Como mencionado acima, o objeto destes autos o processo administrativo n. 1712.00099-00/2008, que se refere prestao de servios de exames por imagens, pela empresa Rondoclin.

    Alguns documentos desse processo administrativo haviam sido juntados ao processo n. 2791/15-TCER e l foi feita a anlise por este Corpo

    Tcnico para, ao fim, encaminhar pelo arquivamento, diante da ausncia de indcios de dano ao errio.

    Passa-se, ento, anlise dos documentos constantes nestes autos.

    O processo mencionado tinha por objeto a realizao da despesa decorrente do contrato n. 220/PGE-2007, celebrado entre a SESAU e a empresa Rondoclin Centro de Diagnstico Ltda. (pags. 11-22, do ID n. 193938).

    Este contrato foi aditivado pelo termo constante s pgs. 24-25, do ID n. 193938, o qual prorrogou a avena por mais doze meses.

    Em decorrncia deste contrato, foram expedidas as seguintes ordens bancrias juntadas nestes autos:

    - 2009OB00281-0, no valor de R$ 9.696,24 (nove mil, seiscentos e noventa e seis reais e vinte e quatro centavos), referente s notas fiscais n. 207 a 209 (pg. 31, ID n. 193938);

    - 2009OB00844-0, no valor de R$ 9.718,95 (nove mil, setecentos e dezoito reais e noventa e cinco centavos), referente s notas fiscais n. 236, 237 e 238 (pg.32, ID n. 193938);

    - 2009OB01105-9, no valor de R$ 2.516,77 (dois mil, quinhentos e dezesseis reais e setenta e sete centavos), referente s notas fiscais n. 251 e 252 (pg. 33, ID n. 193938);

    - 2009OB01104-3, no valor de R$ 2.094,50 (dois mil, noventa e quatro reais e cinquenta centavos), referente s notas fiscais n. 251 e 252 (pg. 35, ID n. 193938);

    - 2009OB01128-0, no valor de R$ 9.028,16 (nove mil, vinte e oito reais e dezesseis centavos), referente s notas fiscais n. 251 e 252 (pg. 37, ID n. 193938);

    - 2009OB01273-6, no valor de R$ 166.839,01 (cento e sessenta e seis mil, oitocentos e trinta e nove reais e um centavo), referente s notas fiscais n. 251 e 252 (pg. 39, ID n. 193938).

    Ainda consta nos autos uma relao de exames realizados entre 11/2/2009 e 16/02/2009 (pgs. 41-51, ID n. 193938) e um documento denominado sntese da produo maio/2009 (pgs. 60-79).

    Constam, ainda, as notas fiscais n. 276, 277, 278, 345, 344, 343 (pgs. 54, 55, 56, 81, 82 e 83, do ID n. 193938).

    H, ainda, dois termos de reconhecimento de dbito, um constante pg. 23, do ID n. 193938, no valor de R$ 180.478,44 (cento e oitenta mil, quatrocentos e setenta e oito reais e quarenta e quatro centavos), referente a janeiro de 2009; e outro pg. 57, no valor de R$ 109.184,45 (cento e nove mil, cento e oitenta e quatro reais e quarenta e cinco centavos), referente a maro de 2009.

    Ainda, e no menos importante, consta s pgs. 27-28, um parecer da CGE, relativo a despesa de janeiro de 2009, em que se alertou para o fato de que a despesa foi realizada sem prvio empenho, apenas com reconhecimento de dbito pelo gestor.

    Pois bem.

    Ao se fazer a correlao entre os documentos constantes nos autos, nota-se que as ordens bancrias referem-se a notas fiscais no constantes nestes autos e a maior parte das notas fiscais aqui juntadas no tem ordem de pagamento correspondente.

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    utilizando certificao digital da ICP-Brasil.

    Pode-se verificar que apenas foram trazidos a estes autos documentos esparsos do processo administrativo n. 1712.00099-00/2008, os quais no do um grau de certeza dinmica dos fatos.

    Ou seja, no possvel saber, de fato, como foi feita a liquidao de despesa ou como se deu a prestao do servio. A nica irregularidade que pode ser verificada, de plano, nos autos a existncia de despesa sem prvio empenho, no ms de janeiro de 2009.

    Pelo que consta dos autos, no se verifica a existncia de indcios de dano ao errio, notadamente por que, conforme clusula primeira do contrato administrativo n. 220/PGE/2007, os servios de exames por imagem seriam pagos conforme valor fixado na tabela do SUS, portanto, no haveria que se falar em sobrepreo (pgs. 11-21).

    Da mesma forma, no h nada nos autos que permita inferir que o servio no fora prestado.

    se mencionar que, ainda que houvessem indcios de pagamentos indevidos, a apurao efetiva de tal situao se tornaria extremamente difcil, pois j passados quase dez anos da data dos fatos.

    Possivelmente, para se apurar estes fatos, seria necessria uma auditoria in loco, uma busca dos pacientes ou funcionrios que trabalharam poca, a fim de se confirmar a prestao dos servios. Contudo, como j dito, os fatos ocorreram h quase dez anos e seria at mesmo difcil localizar os envolvidos para se buscar informaes.

    Ou seja, para se afirmar eventuais falhas na liquidao da despesa e, consequentemente, dano ao errio, ter-se-ia de produzir prova nesse sentido, o que, no caso, se revela de pouca ou nenhuma possibilidade material, pelos empecilhos que naturalmente inviabilizam essa empreitada.

    Assim, prosseguir com este processo seria providncia desarrazoada, pois a chance de xito seria mnima, notadamente quando se lembra que h inmeras demandas atuais, com possibilidades de serem efetivas, aguardando a atuao deste Tribunal.

    Diante deste quadro ftico, ou seja, a ausncia de indcios de dano ao errio e a dificuldade de se produzir prova nesse sentido aps passados quase dez anos dos fatos, no se justifica a manuteno do presente processo, j que o objetivo da TCE justamente quantificar eventual dano e apurar os responsveis por ele.

    Nesse sentido, inclusive, foi a manifestao do Conselheiro Wilber Coimbra, em julgamento de sua relatoria, na 15 Sesso Ordinria, realizada em 23 de agosto de 2017, no Processo n. 03226/13:

    9. Com efeito, a ocorrncia de dano ao errio um dos pressupostos para a instaurao de Tomada de Contas Especial, cujo processamento tem por finalidade a apurao dos fatos; a identificao dos responsveis e quantificao do dano, nos termos do disposto no art. 8, da LC n. 154, de 1996, ipsis verbis:

    Art. 8 - Diante da omisso no dever de prestar contas, da no comprovao da aplicao dos recursos repassados pelo Estado ou Municpios, na forma prevista no inciso III do art. 5, desta Lei Complementar, da ocorrncia de desfalque, pagamento indevido ou desvio de dinheiro, bens ou valores pblicos, ou, ainda, da prtica de qualquer ato ilegal, ilegtimo ou antieconmico de que resulte dano ao Errio, a autoridade administrativa competente, sob pena de responsabilidade solidria, dever imediatamente adotar providncias com vistas instruo de tomada de contas especial, para apurao dos fatos, identificao dos responsveis e quantificao do dano (Sic).

    Assim, inexistem indcios concretos de dano que justifiquem a constituio do presente processo, nos termos do art. 29, do Regimento Interno desta Corte.

    Superada essa questo, resta a anlise da irregularidade formal apontada pela CGE no parecer n. 1541/NUAD/GECAD/2009, relativa realizao de despesa sem prvio empenho no ms de janeiro de 2009.

    Em razo da data do fato janeiro de 2009 importante iniciar o debate em relao prescrio.

    Sobre o assunto, sabe-se que, no ano de 2016, este Tribunal proferiu a Deciso Normativa n. 005, que tratava dos prazos prescricionais relativos pretenso punitiva do Tribunal de Contas.

    Em referida deciso, constava que a prescrio da pena de multa seria de 5 (cinco) anos e seu termo inicial seria o momento do efetivo conhecimento da irregularidade pelo Tribunal, quando se tratasse de ato cuja prestao de informaes no fosse previsvel, nos termos do art. 2, II, b, da normativa em questo.

    At ento, este era o entendimento manifestado e adotado por esta Corte de Contas.

    Ocorre que, no dia 21/3/2017, o Supremo Tribunal Federal analisou caso que tratava da prescrio da pretenso punitiva do Tribunal de Contas da Unio (MS n. 32.201/DF), em acrdo de relatoria do Min. Roberto Barroso, que veio a ser publicado em 4/8/2017.

    Naquele caso, o Supremo inaugurou novo entendimento sobre a matria e decidiu que a pretenso punitiva dos Tribunais de Contas equipara-se pretenso punitiva da Administrao Pblica em si, razo por que seria possvel aplicar aos TCs a Lei n. 9.873/1999.

    Eis a ementa do julgado referido:

    Direito administrativo. Mandado de segurana. Multas aplicadas pelo TCU.

    Prescrio da pretenso punitiva. Exame de legalidade. 1. A prescrio da pretenso punitiva do TCU regulada integralmente pela Lei n 9.873/1999, seja em razo da interpretao correta e da aplicao direta desta lei, seja por analogia. 2. Inocorrncia da extino da pretenso punitiva no caso concreto, considerando-se os marcos interruptivos da prescrio previstos em lei. 3. Os argumentos apresentados pelo impetrante no demonstraram qualquer ilegalidade nos fundamentos utilizados pelo TCU para a imposio da multa. 4. Segurana denegada.

    (MS 32201, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 21/03/2017, PROCESSO ELETRNICO DJe-173 DIVULG 04-08-2017 PUBLIC 07-08-2017)

    Em virtude da citada deciso, este Tribunal de Contas, ao decidir o processo n. 1.449/2016, de relatoria do Conselheiro Wilber Carlos dos Santos Coimbra, passou a aplicar referido entendimento aos processos em trmite nesta Corte, propondo o seguinte enunciado sumular, que veio a ser aprovado na sesso ocorrida em 17/8/2017:

    Aplica-se, por analogia legis, a norma jurdica inserta nos arts. 1, 2 e 3 da Lei n. 9.873/1999, relativamente prescrio da pretenso punitiva estatal no mbito da atuao jurisdicional do Tribunal de Contas do Estado de Rondnia, at que sobrevenha superveniente legislao estadual normatizando a vertente temtica jurgena, nos seguintes termos:

    I Prescreve em cinco anos a pretenso punitiva do Tribunal de Contas do Estado de Rondnia, contados da data da prtica do ato ou, no caso de infrao permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado;

    II Incide a prescrio intercorrente nos processos de competncia constitucional do Tribunal de Contas do Estado de Rondnia paralisados por mais de trs anos, pendentes de julgamento ou de despacho que contenha carga axiolgica juridicamente relevante, cujos autos sero arquivados de ofcio ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuzo da apurao da responsabilidade funcional decorrente da paralisao, se for o caso;

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    III Quando o fato objeto da ao punitiva do Tribunal de Contas do Estado de Rondnia tambm constituir crime, a prescrio reger-se- pelo prazo previsto na lei penal, desde que a ao penal esteja devidamente instaurada;

    IV Interrompe-se a prescrio da ao punitiva, individualmente, nos termos abaixo consignados:

    a) pela notificao ou citao vlidas do acusado;

    b) por qualquer ato inequvoco que importe apurao do fato;

    c) pela deciso condenatria recorrvel;

    d) por qualquer ato inequvoco que importe em manifestao expressa de tentativa

    de soluo conciliatria no mbito da Administrao Pblica;

    V Suspende-se a prescrio durante a vigncia do Termo de Ajustamento de

    Gesto.

    Nota-se ento, que a prescrio, nesta Corte, agora pode ser assim sintetizada:

    - prescrio inicial de cinco anos, a contar da data do fato, independente do momento em que houve a cincia deste Tribunal;

    - prescrio intercorrente de trs anos, a incidir quando o feito permanecer paralisado e pendente de julgamento, sem a prolao de despacho com efetivo contedo jurdico.

    Feitas essas consideraes tericas, passa-se anlise da ocorrncia da prescrio no caso.

    Como dito, os fatos aqui analisados ocorreram em 2009. Ainda no ano de 2009, teve incio o processo de auditoria na CGE. Em 28/4/2010 foi proferida a Deciso n. 158/2010, convertendo os autos em tomada de contas especial.

    Na sequncia, no ano de 2015, houve uma deciso apenas determinando o desmembramento dos processos e at o momento, no houve citao dos jurisdicionados.

    Diante disso, ainda que se pretendesse defender que, com a Deciso n. 158/2010, teria sido interrompida a prescrio, por tratar-se de ato que importe apurao do fato (art. 2, II, da Lei n. 9.873/99), aps a prolao desta, o feito permaneceu parado por mais de seis anos, sem que houvesse qualquer outro marco interruptivo previsto no art. 2, da Lei.

    Assim, inquestionvel a prescrio das irregularidades formais eventualmente existentes nos processos administrativos objeto de apurao.

    Ainda que no se verificasse a prescrio, novamente aqui importante mencionar que os fatos so de 2009 e no se justifica a manuteno do processo apenas para a discusso de irregularidades formais, sem indcios de dano.

    A atuao do Tribunal de Contas, como rgo de controle, deve se pautar por critrios de auditoria ligados seletividade, materialidade risco e relevncia, ou seja, deve escolher, dentre as demandas existentes, aquelas mais relevantes e com maior chance de gerar resultado sociedade, o que no o caso dos autos.

    Nesse sentido, alis, foi a Deciso n. 0300/15, proferida pelo Conselheiro Edilson de Souza Silva, ao analisar o Protocolo n. 15893/14/TCE/RO, a qual teve a seguinte ementa:

    DENNCIA. MINISTRIO PBLICO ESTADUAL. IRREGULARIDADES NA AQUISIO DE MEDICAMENTOS. EXAME PRELIMINAR. AUSNCIA DE DANO AO ERRIO. IRREGULARIDADES AFASTADAS. PRINCPIOS DA SELETIVIDADE, PROPORCIONALIDADE E ECONOMICIDADE. ARQUIVAMENTO.

    Realizado exame preliminar pelo Corpo Tcnico e sendo constatada a ausncia de dano ao errio, bem como terem sido sanadas as eventuais irregularidades formais noticiadas na documentao, a medida mais adequada o arquivamento.

    Neste sentido, a Corte de Contas deve se pautar pela busca da maior efetividade da sua atuao, aliada aos princpios da economicidade, eficincia e proporcionalidade, de forma a aplicar a seletividade em suas aes de controle, sob o prisma dos critrios de risco, materializada e relevncia.

    Assim, seja pela tese de prescrio, seja pela anlise dos critrios de auditoria que devem pautar a atuao do Controle Externo, no se justifica a manuteno deste feito.

    11. guisa de sntese, os seguintes fatores obstam a viabilidade da fiscalizao sob o prisma da seletividade: a) informaes pouco consistentes e documentos insuficientes advindos da auditoria interna; b) limitao de recursos humanos em face de novas demandas de ao de controle; c) provvel baixa efetividade do prosseguimento da fiscalizao diante da inoportunidade da ao de controle (passagem do tempo); d) ausncia de elementos probatrios suficientes para aferir a existncia de dano ao errio. Pelo exposto, os custos operacionais do prosseguimento da fiscalizao se mostram manifestamente desproporcionais para justificar os possveis resultados.

    12. No h se falar, por outro lado, em prescrio da pretenso punitiva relativa s irregularidades formais, haja vista que: a fiscalizao no alcanou o escopo de identificar fatos possivelmente ilcitos, no havendo, por isso mesmo, a pretenso punitiva; a smula aprovada no julgamento do Processo n. 1.449/2016 no entrou em vigor, em face de recurso com efeito suspensivo proposto pelo Parquet de Contas, ainda no julgado. Dessa forma, o arquivamento sumrio justifica-se pelo encerramento da fiscalizao diante da no justificao da viabilidade da ao de controle externo, sob o prisma da seletividade (Resoluo n. 210/2016/TCE-RO, art. 4, 4).

    14. Pelo exposto, determino o arquivamento sumrio da fiscalizao, nos termos do art. 4, 4, da Resoluo n. 210/2016/TCE-RO.

    15. Cientifique-se a Secretaria-Geral de Controle Externo.

    16. Notifique-se o Ministrio Pblico de Contas.

    17. Publique-se.

    Porto Velho, 18 de dezembro de 2017.

    (assinado eletronicamente) PAULO CURI NETO CONSELHEIRO Matrcula 450

    DECISO MONOCRTICA

    PROCESSO: 2.794/15 TCE-RO. SUBCATEGORIA: Fiscalizao de Atos e Contratos

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    ASSUNTO: Notcia de irregularidade acerca da execuo de despesas atinentes ao Contrato n 121/PGE/2006. JURISDICIONADO: Secretaria de Estado de Sade RELATOR: PAULO CURI NETO

    DM/GCPCN 0346/2017-GCPCN

    1. Cuida-se de fiscalizao instaurada, por fora da Deciso n. 12/2015 2 Cmara (Processo n. 3437/2009), em decorrncia da notcia de irregularidade na execuo do Contrato n 121/PGE/2006, cujo objeto era o fornecimento de alimentao (dieta enteral, desjejum, almoo, lanches, jantar e ceia) para atender Secretaria de Estado da Sade.

    2. A Unidade Instrutiva, ao considerar a ausncia de elementos mnimos, considerou inadequado baixar os autos em diligncia ou promover novas determinaes CGE, considerando os critrios de materialidade, seletividade, risco, relevncia e oportunidade. Props, ao final, o arquivamento sem exame do mrito por fora da ausncia de pressupostos de constituio do processo (art. 29, do Regimento Interno) e da prescrio da pretenso punitiva relativa s irregularidades formais, nos termos dos incisos I e II da smula aprovada no julgamento do Processo n. 1.449/2016.

    3. O Ministrio Pblico de Contas roborou o posicionamento tcnico.

    4. o relatrio.

    5. A instruo no restou aperfeioada, cumprindo avaliar a convenincia e oportunidade do prosseguimento da fiscalizao, nos termos da Resoluo n. 210/2016/TCERO.

    6. As aes de controle externo esto condicionadas ao atendimento do princpio constitucional da eficincia (CF/88, art. 37, caput), devendo desenvolver-se, com vistas ao desempenho das atribuies constantes dos arts. 70 e 71 da Carta Poltica, com o mximo de efetividade possvel e com o mnimo dispndio de recursos humanos e materiais, dizer, em ateno ao princpio da economicidade, de igual estatura constitucional.

    7. O Tribunal de Contas possui amplo mandato constitucional de auditoria (CF/88, art. 71, IV) para empreender fiscalizaes de natureza contbil, financeira, oramentria e patrimonial e operacional nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio, bem como em entidades da administrao indireta.

    8. O planejamento das aes de controle externo, dentre as amplas alternativas de fiscalizao, deve justificar a escolha racional (seleo) do objeto de controle, a partir de critrios, e promover a alocao de recursos organizacionais limitados em aes de controle externo que produzam maiores benefcios possveis sociedade. Para evitar os riscos de no cumprimento dos objetivos de controle, h que se avaliar e monitorar continuamente, na execuo dos ciclos de fiscalizao, se tais critrios esto sendo observados e adotar as respostas cabveis.

    9. O parmetro norteador do planejamento e atuao dos rgos de controle externo o crivo da seletividade, por meio do qual podero priorizar as aes mais efetivas, com supedneo em quatro critrios de avaliao, a saber: materialidade, relevncia, risco, economicidade. No mbito desta entidade de fiscalizao superior, os referidos critrios vm conceituados na Resoluo n. 210/2016/TCE-RO, de 13/05/2016, que, em seu art. 3., dispe:

    Art. 3. Para os fins desta Resoluo, entende-se por:

    I Materialidade: refere-se representatividade dos valores ou do volume de recursos envolvidos e/ou presena de elementos indicirios da irregularidade noticiada;

    II Relevncia: refere-se importncia relativa para o interesse pblico ou para o segmento da sociedade beneficiada;

    III Risco: a possibilidade de ocorrncia de eventos indesejveis, tais como erros, falhas, fraudes, desperdcios ou descumprimento de metas ou de objetivos estabelecidos;

    IV Economicidade: relao de custo e benefcio da ao de controle, considerando-se antieconmica aquela em que o custo de sua realizao for superior aos benefcios esperados de seu resultado;

    10. Com base em tais critrios, com vistas a racionalizar as aes de controle externo e otimizar a alocao de recursos organizacionais, a atuao fiscalizadora desta Corte poder adotar procedimento abreviado, se considerado o baixo grau de atendimento aos critrios de seletividade. Ou, ainda, propiciar seu sumrio arquivamento, caso tidos por inexpressivos o risco, a materialidade ou a relevncia, conforme disposto no 4. do art. 4. do mesmo ato normativo em tela:

    Art. 4. []

    4. Se inexpressivo o risco, a relevncia e a materialidade, a unidade tcnica propor o arquivamento sumrio do processo ou da documentao, sem prejuzo de se promover a cincia do jurisdicionado e do respectivo rgo de controle interno, para que adote medidas para o restabelecimento da ordem, se caso.

    11. Penso que as razes apresentadas pela Unidade Instrutiva so razoveis e suficientes, luz dos critrios postos, para justificar o no prosseguimento da inconclusa fiscalizao, conforme abaixo reproduzido:

    II. DA ANLISE TCNICA.

    Feito o relato da origem deste feito, passa-se anlise tcnica.

    II.a) Dos documentos constantes no processo.

    A princpio, importante registrar que, apesar de se tratar de processo administrativo iniciado em 2005, os documentos juntados a estes autos so referentes aos anos de 2009 e 2010, tanto que, a partir da pg. 9, do ID n. 193963, pode-se ver que apenas foram trazidas peas relativas ao volume IX e seguintes do processo administrativo.

    Ainda deve-se esclarecer que no houve a juntada da ntegra do processo administrativo, mas apenas algumas peas e o feito j se inicia com duas notas de empenho (pgs. 10-11, ID n. 193963).

    Na sequncia, consta o Parecer n. 2453/NUAD/GECAD/2009, da CGE, em que se mencionou a necessidade de desconto do valor relativo ao vale transporte dos empregados da empresa em relao quantia a ser paga pelo servio.

    Entretanto, na pgina subsequente, j houve a juntada de quatro ordens bancrias, todas relativas a nota fiscal n. 375/09, as quais totalizam um valor de R$ 330.512,81 (pgs. 15-18), faltando trs folhas do processo administrativo original (fls. 1.1741.175), o que se verifica ao olhar a numerao originria da SESAU.

    Importa mencionar que a nota fiscal n. 375, que instruiu as ordens bancrias mencionadas apenas foi trazida a estes autos na pg. 49, e nela consta o valor de R$ 332.258,81 (trezentos e trinta e dois mil, duzentos e cinquenta e oito reais e oitenta e um centavos).

    Pode-se observar que as ordens bancrias foram expedidas em valor abaixo daquele constante na nota, o que faz presumir ter ocorrido o desconto do valor de vale transporte sugerido pela CGE.

    pg. 19 consta a nota fiscal n. 384 e na sequncia o Parecer n. 2586/NUAD/CGE, relativo ao ms de maio de 2009. Esse parecer confuso e ora fala que analisa a despesa de abril, ora fala que se refere ao ms de maio. Entretanto, diante da ordem dos documentos e das datas em

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    que foram emitidos (em junho de 2009), pode-se presumir que se trata da despesa do ms de maio.

    O parecer referido tambm mencionou a necessidade de desconto do vale transporte. Entretanto, novamente aqui, na sequncia houve a juntada de seis ordens bancrias (pgs. 23-28), duas delas referentes a COMPL. PD-2980 (que no se sabeexatamente o que , pois no constam documentos nestes autos); e as outras quatro referentes nota fiscal n. 384, acima mencionada.

    O somatrio dessas quatro ordens bancrias relativas nota fiscal n. 384 de R$ 44.359,50 (quarenta e quatro mil, trezentos e cinquenta e nove reais e cinquenta centavos), ao passo que o valor constante na nota de R$ 354.982,55 (trezentos e cinquenta e quatro mil, novecentos e oitenta e dois reais e cinquenta e cinco centavos).

    Apesar da divergncia dos valores, no h nada nestes autos que explique as razes da diferena.

    pg. 29, consta a nota fiscal n. 392, no valor de R$ 405.174,58 (quatrocentos e cinco mil, cento e setenta e quatro reais e cinquenta e oito centavos).

    Imediatamente na sequncia consta o termo aditivo do contrato (pg. 30) e novo parecer da CGE (pg. 31), referente ao ms de junho de 2009, novamente ressaltando a necessidade de desconto do valor do vale transporte.

    Posteriormente, constam quatro ordens bancrias (pgs. 34-37), todas relativas quela nota fiscal n. 392, no valor total de R$ 405.174,58 (quatrocentos e cinco mil, cento e setenta e quatro reais e cinquenta e oito centavos), valor exato constante na nota.

    Aqui possvel inferir que no houve o desconto sugerido pela CGE, que segundo consta no parecer, seria de aproximadamente R$ 1.746,00 (um mil, setecentos e quarenta e seis reais). Esse valor, ento, seria indicativo de um dano ao errio.

    pg. 38, consta a nota fiscal n. 401, no valor de R$ 418.171,47 (quatrocentos e dezoito mil, cento e setenta e um reais e quarenta e sete centavos). s pgs. 39-40, mesmo alerta da CGE acerca do desconto do vale transporte.

    Na sequncia, constam quatro ordens bancrias (pgs. 41-44), relativas nota fiscal n. 401, no valor total de R$ 415.975,47 (quatrocentos e quinze mil, novecentos e setenta e cinco reais e quarenta e sete centavos).

    Em relao a essa nota fiscal, h uma diferena de R$ 2.196,00 (dois mil, cento e noventa e seis reais) entre o valor nela constante e aquele efetivamente pago. Tratase exatamente do valor apurado pela CGE a ttulo de vale transporte.

    s pgs. 47-48 h duas cpias da nota fiscal n. 408, no valor de R$ 609.197,99 (seiscentos e nove mil, cento e noventa e sete reais e noventa e nove centavos)

    Na sequncia houve nova juntada das notas fiscais n. 384 e 392 (pgs. 50-51), que j foram analisadas em linhas anteriores.

    Nas pgs. 52-53 foram juntadas duas cpias da nota fiscal n. 409, que teve o valor de R$ 63.111,16 (sessenta e trs mil, cento e onze reais e dezesseis centavos). s pgs. 54-62 constam comprovantes de pagamento de FGTS e outros encargos sociais da empresa contratada.

    pg. 63 consta um termo de reconhecimento de dbito, no valor de R$ 672.309,15 (seiscentos e setenta e dois mil, trezentos e nove reais e quinze centavos), referente a diferena de reajustes de preos do Contrato n. 121/PGE/2006, notas fiscais n. 408 e 409.

    Na sequncia (pgs. 64-65), h o Despacho n. 2296/2009, da Gerncia de Controle Interno da SESAU, encaminhando o processo para a CGE para anlise de um pedido de realinhamento de preos.

    Entretanto, o parecer juntado na sequncia (pgs. 66-69), apenas tratou da despesa relativa ao termo de reconhecimento de dbito constante pg. 63, ressaltando que no houve prvio empenho.

    Constam, na sequncia, quatro ordens bancrias relativas aquele termo de reconhecimento de dbito (pgs. 68-71), cujo somatrio equivale ao exato valor reconhecido e homologado, R$ 672.309,15 (seiscentos e setenta e dois mil, trezentos e nove reais e quinze centavos).

    No parecer da CGE juntado s pgs. 73-74, relativo a despesa de agosto de 2009, novamente se ressaltou a necessidade de desconto do vale transporte dos empregados.

    s pgs.76, 78 e 79 constam ordens bancrias relativas nota fiscal n. 412, cujo somatrio do valor corresponde a R$ 389.623,20 (trezentos e oitenta e nove mil, seiscentos e vinte e trs reais e vinte centavos).

    Essa nota fiscal (412), porm, no foi trazida aos autos.

    Na pg. 81 foi juntada a nota fiscal n. 504, no valor de R$ 437.981,94 (quatrocentos e trinta e sete mil, novecentos e oitenta e um reais e noventa e quatro centavos), cuja despesa correspondente foi analisada pela CGE no parecer constante s pgs. 82-83, tambm falando do desconto de vale transporte.

    Na pg. 84 h uma ordem bancria relativa a imposto de renda da nota fiscal n. 504, no valor de R$ 4.400,46 (quatro mil e quatrocentos reais e quarenta e seis centavos).

    Nas pginas subsequentes, 85-87, h ordens bancrias expedidas em relao nota fiscal n. 514, do ms de outubro, no valor de R$ 437.859,34 (quatrocentos e trinta e sete mil, oitocentos e cinquenta e nove reais e trinta e quatro centavos).

    at possvel que tenha havido um equvoco ao mencionar o nmero da nota fiscal, nessas ltimas ordens bancrias, entretanto, a nota fiscal n. 504 se refere ao ms de setembro e, segundo consta nas OBs, a tal nota fiscal 514 seria relativa a outubro. Assim, no possvel saber se houve um equvoco de digitao ou se, realmente, existia uma outra nota fiscal, de n. 514, que no fora juntada aos autos.

    Nas pginas seguintes constam duas notas de empenho (pgs. 90-91)

    s pgs. 92-93, constam as notas fiscais n. 517 e 526, a primeira no valor de R$ 435.268,83 (quatrocentos e trinta e cinco mil, duzentos e sessenta e oito reais e oitenta e trs centavos); a segunda no valor de R$ 215.710,82 (duzentos e quinze mil, setecentos e dez reais e oitenta e dois centavos).

    A CGE analisou a despesa delas decorrente (parecer de pgs. 94-95), verificou que uma parcela fora realizada sem prvio empenho e mencionou que a despesa tem incidncia de contribuies previdencirias.

    Foram expedidas duas ordens bancrias fazendo referncia nota fiscal n. 517, constantes s pgs. 96-97, no valor de R$ 42.447,86 (quarenta e dois mil, quatrocentos e quarenta e sete reais e oitenta e seis centavos) e pg. 99 consta outra ordem referente tanto nota n. 517, quanto quela de n. 526, no valor de R$ 575.879,59 (quinhentos e setenta e cinco mil, oitocentos e setenta e nove reais e cinquenta e nove centavos).

    O somatrio dessas ordens bancrias (R$ 618.327,45) inferior soma dos valores constantes nas notas fiscais (R$ 650.979,65).

    Na pg. 98 foi juntada a nota fiscal n. 528, no valor de R$ 206.139,58 (duzentos e seis mil, cento e trinta e nove reais e cinquenta e oito centavos), que foi analisada pela CGE pg. 103, favorvel despesa.

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    utilizando certificao digital da ICP-Brasil.

    Em relao a esta nota, foram expedidas as ordens bancrias de fls. 104-107, com valor total de R$ 195.729,38 (cento e noventa e cinco mil, setecentos e vinte e nove reais e trinta e oito centavos).

    Na pgina seguinte (108) h uma ordem bancria com valor de R$ 32.652,20, mas no campo finalidade apenas consta recolhimento de ISS NFS. Assim, no se consegue saber a que se refere exatamente.

    Na pg. 109, consta a nota fiscal n. 536, no valor de R$ 430.412,05 (quatrocentos e trinta mil, quatrocentos e doze reais e cinco centavos), reconhecida pelo termo constante pg. 111 e analisada pela CGE nas pgs. 116-117, que ressaltou a falta de prvio empenho do valor.

    O pagamento do valor se deu pelas ordens bancrias de pgs. 119-121, no valor total de R$ 408.788,23 (quatrocentos e oito mil, setecentos e oitenta e oito reais e vinte e trs centavos).

    Na pg. 122, foi juntada a nota fiscal n. 544, com valor de R$ 401.774,68 (quatrocentos e um mil, setecentos e setenta e quatro reais e sessenta e oito centavos), reconhecido pelo gestor pg. 126 e apreciada pela CGE s pgs. 129-130, ressaltando a ausncia de prvio empenho.

    O valor foi pago pelas ordens bancrias de pgs. 131-133, cujo somatrio chega a R$ 381.582,73 (trezentos e oitenta e um mil, quinhentos e oitenta e dois reais e setenta e trs centavos).

    s pginas 134-140 consta uma proposta de realinhamento de preos apresentada pela empresa contratada, ao argumento de que sua proposta de preos fora apresentada em 2006 e, at o ano do pedido, 2010, houvera grande alterao no preo dos insumos que compunham os custos de produo e seria necessrio recompor o equilbrio econmico-financeiro do contrato. A nova proposta de preos foi trazida em planilha juntada pg. 141.

    O pedido foi submetido Equipe de Clculo da CGE, que, na Informao n. 204/ECAL/CGE-2010 (pgs. 143-145), manifestou-se favorvel pretenso, uma vez que o lapso temporal decorrido entre a apresentao da proposta e a data do pedido justifica a aferio da variao dos custos de produo.

    Os valores, ento, foram assim alterados:

    - Dieta enteral: de R$ 25,42 para R$ 32,54; - Desjejum: de R$ 4,38 para R$ 5,61; - Almoo: de R$ 6,93 para R$ 8,87; - Lanches (paciente): de R$ 4,38 para R$ 5,61 - Jantar: de R$ 6,93 para R$ 8,87; - Lanches (servidor): de R$ 4,07 para R$ 5,21; - Ceia grande refeio: de R$ 6,93 para R$ 8,87.

    Na sequncia, constam duas cpias da nota fiscal n. 548 (pgs. 146-147), no valor de R$ 603.792,06 (seiscentos e trs mil, setecentos e noventa e dois reais e seis centavos) e, s pgs. 148-149, constam duas cpias da nota fiscal n. 549, com valor de R$ 73.548,83 (setenta e trs mil, quinhentos e quarenta e oito reais e oitenta e trs centavos).

    Nas pgs. 150-153, consta um despacho da Diretoria Jurdica da SESAU, alertando, de forma genrica e sem apontar para nenhum fato especfico destes autos, para a ilegalidade da realizao de despesas sem prvio empenho.

    Na pgina seguinte, p. 154, consta um termo de reconhecimento de dbito relativo nota fiscal n. 548, com notas de empenho anexadas nas p. 155-158.

    Parecer da CGE sobre a despesa em questo, em que apenas fez remisso manifestao da equipe de clculos da CGE (pg. 159).

    Outra manifestao da Diretoria Jurdica da SESAU s pgs. 162-163, novamente ressaltando a ilegalidade da despesa sem prvio empenho, seguida de mais um termo de reconhecimento de dbito (pg. 164) e ordens bancrias s pgs. 167-169, no valor total de R$ 570.583,50

    (quinhentos e setenta mil, quinhentos e oitenta e trs reais e cinquenta centavos).

    Sobre a nota fiscal n. 549, a CGE manifestou-se em parecer de pg. 170, tambm s fazendo meno informao da equipe de clculos e na sequncia constam quatro ordens bancrias (pgs. 171-175), a primeira delas relativa nota fiscal n. 544, no valor de R$ 20.191,95 e as demais relativas nota 549, com valores que, somados, chegam a R$ 75.548,83 (setenta e cinco mil, quinhentos e quarenta e oito reais e oitenta e trs centavos).

    Observa-se que as ordens bancrias expedidas em relao nota fiscal n. 549 trazem valores superiores (aproximadamente dois mil reais), contudo, como faltam peas do processo originrio, no se sabe a razo dessa diferena.

    II.b) Do dano ao errio.

    Conforme narrado acima, no se questiona a existncia de irregularidades formais, em especial a existncia de despesa sem prvio empenho, de forma reiterada. Resta saber, porm, se houve dano ao errio em valor capaz de justificar a manuteno deste processo.

    Para se verificar a ocorrncia de dano, preciso analisar, neste caso, duas situaes: a primeira a existncia de possvel sobrepreo; a segunda eventual pagamento em valor superior quele devido ou por servios no prestados.

    Quanto a um possvel sobrepreo, chama a ateno o fato de ter ocorrido, em 2010, um realinhamento de preos, conforme documentos juntados nas pgs. 134 e seguintes do ID n. 193963.

    Ocorre que o aumento nas refeies proposto pela empresa e acatado pela SESAU no aparenta ser de todo absurdo, uma vez que haviam passado quatro anos da apresentao da proposta da empresa.

    Ademais, ao se analisar os valores, v-se que, na dieta enteral, houve um aumento de pouco mais de sete reais, ao passo que nas demais, o acrscimo foi inferior a dois reais por refeio.

    Aparentemente, esse acrscimo se mostra razovel aps um perodo de quatro anos e, portanto, a princpio no se vislumbra dano ao errio neste ponto.

    Quanto aos pagamentos efetuados, no se questiona a existncia de indcio da ocorrncia de dano ao errio em relao ao ms de junho de 2009 (nota fiscal n. 392), no valor aproximado de R$ 1.746,00 (um mil, setecentos e quarenta e seis reais), conforme esclarecido no item anterior.

    Quanto aos demais meses e notas fiscais, como j dito, no h nestes autos a integralidade do processo administrativo, o que impede a obteno de qualquer grau de certeza acerca da dinmica dos fatos. Ou seja, no possvel saber, de fato, como foi feita a liquidao de despesa ou como se deu a prestao do servio.

    Para se obter novas informaes nesse sentido, seria necessrio, no mnimo, requisitar o processo (repise-se, do ano de 2009 e 2010) para tentar conhecer a dinmica da liquidao da despesa, o que por certo, tratar-se-ia de anlise puramente formal, diante do objeto fungvel da contratao (alimentao hospitalar).

    Assim, pelo que h neste momento nos autos, apenas se consegue inferir um possvel dano ao errio de menos de dois mil reais (especificamente, R$ 1.746,00).

    II. c) Das irregularidades formais prescrio.

    Feita essa anlise do dano, passa-se apreciao das irregularidades formais citadas, notadamente a ausncia de prvio empenho da despesa,

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    o que foi reiteradamente mencionado pela CGE e pela Diretoria Jurdica da prpria SESAU.

    Em razo da data dos fatos 2009 e 2010 importante iniciar o debate em relao prescrio.

    Sobre o assunto, sabe-se que, no ano de 2016, este Tribunal proferiu a Deciso Normativa n. 005, que tratava dos prazos prescricionais relativos pretenso punitiva do Tribunal de Contas.

    Em referida deciso, constava que a prescrio da pena de multa seria de 5 (cinco) anos e seu termo inicial seria o momento do efetivo conhecimento da irregularidade pelo Tribunal, quando se tratasse de ato cuja prestao de informaes no fosse previsvel, nos termos do art. 2, II, b, da normativa em questo.

    At ento, este era o entendimento manifestado e adotado por esta Corte de Contas. Ocorre que, no dia 21/3/2017, o Supremo Tribunal Federal analisou caso que tratava da prescrio da pretenso punitiva do Tribunal de Contas da Unio (MS n. 32.201/DF), em acrdo de relatoria do Min. Roberto Barroso, que veio a ser publicado em 4/8/2017.

    Naquele caso, o Supremo inaugurou novo entendimento sobre a matria e decidiu que a pretenso punitiva dos Tribunais de Contas equipara-se pretenso punitiva da Administrao Pblica em si, razo por que seria possvel aplicar aos TCs a Lei n. 9.873/1999.

    Eis a ementa do julgado referido:

    Direito administrativo. Mandado de segurana. Multas aplicadas pelo TCU. Prescrio da pretenso punitiva. Exame de legalidade. 1. A prescrio da pretenso punitiva do TCU regulada integralmente pela Lei n 9.873/1999, seja em razo da interpretao correta e da aplicao direta desta lei, seja por analogia. 2. Inocorrncia da extino da pretenso punitiva no caso concreto, considerando-se os marcos interruptivos da prescrio previstos em lei. 3. Os argumentos apresentados peloimpetrante no demonstraram qualquer ilegalidade nos fundamentos utilizados pelo TCU para a imposio da multa. 4. Segurana denegada. (MS 32201, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 21/03/2017, PROCESSO ELETRNICO DJe-173 DIVULG 04-08-2017 PUBLIC 07-08-2017)

    Em virtude da citada deciso, este Tribunal de Contas, ao decidir o processo n. 1.449/2016, de relatoria do Conselheiro Wilber Carlos dos Santos Coimbra, passou a aplicar referido entendimento aos processos em trmite nesta Corte, propondo o seguinte enunciado sumular, que veio a ser aprovado na sesso ocorrida em 17/8/2017:

    Aplica-se, por analogia legis, a norma jurdica inserta nos arts. 1, 2 e 3 da Lei n. 9.873/1999, relativamente prescrio da pretenso punitiva estatal no mbito da atuao jurisdicional do Tribunal de Contas do Estado de Rondnia, at que sobrevenha superveniente legislao estadual normatizando a vertente temtica jurgena, nos seguintes termos: I Prescreve em cinco anos a pretenso punitiva do Tribunal de Contas do Estado de Rondnia, contados da data da prtica do ato ou, no caso de infrao permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado; II Incide a prescrio intercorrente nos processos de competncia constitucional do Tribunal de Contas do Estado de Rondnia paralisados por mais de trs anos, pendentes de julgamento ou de despacho que contenha carga axiolgica juridicamente relevante, cujos autos sero arquivados de ofcio ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuzo da apurao da responsabilidade funcional decorrente da paralisao, se for o caso; III Quando o fato objeto da ao punitiva do Tribunal de Contas do Estado de Rondnia tambm constituir crime, a prescrio reger-se- pelo prazo previsto na lei penal, desde que a ao penal esteja devidamente instaurada; IV Interrompe-se a prescrio da ao punitiva, individualmente, nos termos abaixo consignados: a) pela notificao ou citao vlidas do acusado; b) por qualquer ato inequvoco que importe apurao do fato; c) pela deciso condenatria recorrvel; d) por qualquer ato inequvoco que importe em manifestao expressa de tentativa de soluo conciliatria no mbito da Administrao Pblica; V Suspende-se a prescrio durante a vigncia do Termo de Ajustamento de Gesto.

    Nota-se ento, que a prescrio, nesta Corte, agora pode ser assim sintetizada:

    - prescrio inicial de cinco anos, a contar da data do fato, independente do momento em que houve a cincia deste Tribunal; - prescrio intercorrente de trs anos, a incidir quando o feito permanecer paralisado e pendente de julgamento, sem a prolao de despacho com efetivo contedo jurdico.

    Feitas essas consideraes tericas, passa-se anlise da ocorrncia da prescrio no caso.

    Como dito, os fatos aqui analisados ocorreram em 2009 e 2010. Ainda no ano de 2009, teve incio o processo de auditoria na CGE. Em 28/4/2010 foi proferida a Deciso n. 158/2010, convertendo os autos em tomada de contas especial.

    Na sequncia, no ano de 2015, houve uma deciso apenas determinando o desmembramento dos processos e at o momento, no houve citao dos jurisdicionados.

    Diante disso, ainda que se pretendesse defender que, com a Deciso n. 158/2010, teria sido interrompida a prescrio, por tratar-se de ato que importe apurao do fato (art. 2, II, da Lei n. 9.873/99), aps a prolao desta, o feito permaneceu parado por mais de seis anos, sem que houvesse qualquer outro marco interruptivo previsto no art. 2, da Lei.

    Assim, inquestionvel a prescrio das irregularidades formais eventualmente existentes no processo administrativo objeto de apurao.

    II. d) Da ausncia dos critrios de materialidade, risco e relevncia o necessrio arquivamento.

    A despeito da prescrio das irregularidades formais, fato que aqui h indcio de dano ao errio, como j visto acima, num valor aproximado a dois mil reais, o que faz surgir a pretenso ressarcitria deste Tribunal que, por sua vez, imprescritvel.

    Ocorre que, diante da precariedade da documentao que instrui os autos e do indicativo de um dano em valor quase irrisrio (menos de dois mil reais), em contraposio com o valor da despesa comprovada nestes autos (acima de cinco milhes de reais), no se justifica a manuteno do presente processo.

    Novamente importante mencionar que os fatos so de 2009 e 2010, o que, por si s, evidencia a dificuldade de se recompor exatamente os fatos a fim de quantificar dano e apurar responsveis.

    Sabe-se que a atuao do Tribunal de Contas, como rgo de controle, deve se pautar por critrios de auditoria ligados seletividade, materialidade, risco e relevncia, ou seja, deve escolher, dentre as demandas existentes, aquelas mais relevantes e com maior chance de gerar resultado sociedade, o que no o caso dos autos.

    Nesse sentido, alis, foi a Deciso n. 0300/15, proferida pelo Conselheiro Edilson de Souza Silva, ao analisar o Protocolo n. 15893/14/TCE/RO, a qual teve a seguinte ementa:

    DENNCIA. MINISTRIO PBLICO ESTADUAL. IRREGULARIDADES NA AQUISIO DE MEDICAMENTOS. EXAME PRELIMINAR. AUSNCIA DE DANO AO ERRIO. IRREGULARIDADES AFASTADAS. PRINCPIOS DA SELETIVIDADE, PROPORCIONALIDADE E ECONOMICIDADE. ARQUIVAMENTO.

    Realizado exame preliminar pelo Corpo Tcnico e sendo constatada a ausncia de dano ao errio, bem como terem sido sanadas as eventuais irregularidades formais noticiadas na documentao, a medida mais adequada o arquivamento.

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    Neste sentido, a Corte de Contas deve se pautar pela busca da maior efetividade da sua atuao, aliada aos princpios da economicidade, eficincia e proporcionalidade, de forma a aplicar a seletividade em suas aes de controle, sob o prisma dos critrios de risco, materializada e relevncia.

    Assim, ao se analisar os critrios de auditoria que devem pautar a atuao do Controle Externo, verifica-se que no se justifica a manuteno deste feito para apurar um dano em valor quase irrisrio, quando j passados mais de sete anos dos fatos.

    importante rememorar que este processo oriundo da Deciso Monocrtica n. 12/2015, que criou uma srie de processos, dentre eles os de