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A ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL E A EDUCAÇÃO PARA OS VALORES

Maria Ribeiro Ezequiel Dinis Docente do Quadro de Nomeação Definitiva Escola Secundária/3 de Valpaços, Portugal

Resumo

As sociedades modernas cada vez mais parecem delimitar o seu horizonte de preocupação a questões do foro político e económico. Por sua vez, a mudança, tornando-se demasiado rápida, converteu-se no eixo central em torno do qual gravitam as nossas vidas, reduzindo o Ser humano a meros instrumentos numa tentativa desenfreada de acompanhar as profundas transformações resultantes dos constantes avanços da Ciência e da Tecnologia.

Neste contexto algo conturbado e desorientado na procura incessante de respostas que satisfaçam, em tempo real, os desafios de uma sociedade cada vez mais exigente consigo própria, a Educação assume cada vez mais um papel preponderante não só na preparação escolar e profissional dos jovens, como também na missão de educar para os valores.

É nesta perspectiva de conciliação ou de complementaridade entre estas duas variáveis dicotómicas que a Animação Sociocultural pode contribuir para a revitalização dos valores essenciais, concorrendo desta forma para o desenvolvimento integral dos jovens, enquanto futuros cidadãos.

Abstract

The Sociocultural Animation and the Education to the values. More and more modern societies seem to delimit their horizons of worries and questions to the political and economic domain. On the other hand, change, converted itself in the central axis around which our lives gravitate, reducing human beings to mere instruments, in a frantic attempt to follow the deep changes resulting from permanent advance of science and technology.

In this somehow troubled context, searching for responses that satisfy, in real time, the challenges of a more demanding society, Education assumes a more and more preponderant role not only in school and professional training of youngsters but also in the mission of educating for values.

It’s in this perspective of conciliation or complementariness between these two dichotomic variants that social and cultural activities can contribute to revitalize essential values, co-operating, this way, to the full development of youngsters as future citizens.

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EM MISSÃO Olha o horizonte, amigo E vê o mundo que passa. Todos esperam por ti, Por esse dom, por essa graça. Tens em ti o compromisso, O testemunho de uma missão. Dá um passo em frente e segue. Vai ao encontro do irmão. Já todos esperam por ti, Buscam um animador. Escuta o chamamento: Serviço, respeito e amor. Tens fé e formação Conheces a realidade. E depois deste teu Curso. Serás especialista em humanidade. Dinamizas e orientas, Acompanhas e escutas. Na partilha e no diálogo, Sabes que também educas. Prudente e assertivo, Sabes como incentivar. Todos confiam em ti Para os poderes animar. Madalena Rubalinho INTRODUÇÃO As questões relacionadas com o crescimento e com o desenvolvimento são relativamente recentes. Até à Revolução Industrial, as sociedades permaneciam quase estáticas, não se falava de crescimento, nem de desenvolvimento. Eram sociedades agrícolas marcadas pelos ciclos da Natureza, cujas técnicas eram no geral rudimentares e, por isso, a sua evolução era muito lenta. Foi efectivamente a Revolução Industrial, com a consequente revolução tecnológica, que produziu modificações e gerou o desenvolvimento como uma realidade e com um valor positivo ligado à ideia de progresso. No entanto e de forma global, a partir da segunda metade do século XX, foram visíveis vários aspectos relacionados com o desenvolvimento.

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O desenvolvimento acarreta, sem dúvida, consequências positivas para uns e dentro de certas perspectivas, trazendo, porém, outros aspectos menos positivos. O desenvolvimento pode gerar, pois, problemas de ordem social e demográfica. São os casos do desemprego, da exclusão social, da miséria, da violência, da urbanização desenfreada e da explosão demográfica, que surgem muitas vezes paradoxalmente com o aumento considerável de riqueza.

“(…) vivemos um momento de aceleração da História, de rápidas e profundas transformações sociais. A velocidade a que circula a informação e a intensificação das trocas e das relações sociais à escala global têm conduzido a uma crescente atenção aos factores que estão na base das mudanças em todo o mundo. Não surpreende, assim, que exista uma propensão para identificar mais facilmente aquilo que muda do que aquilo que permanece.”

(Boaventura Sousa Santos, citado por Ponte & Ferreira: 2006, p.16) Efectivamente a vida, quaisquer que sejam as manifestações que possa revestir, implica sempre uma interacção, já que o ser humano é necessariamente um sistema aberto em permanente troca com o meio, para manter ou restabelecer o seu equilíbrio. A nossa vida é toda ela organizada em volta do conceito de mudança. O nosso dia-a-dia é ele próprio condicionado por processos de mudança. Numa época de descoberta de novos valores, o caminho aponta evidentemente para a evolução, para o progresso. Seria utópico recusar-se o desenvolvimento, da mesma forma como o adolescente não pode deixar de crescer a fim de se tornar adulto. A maturidade envolve, no entanto, a consciencialização das raízes. Um ser humano sem raízes é frágil e efémero: ele existe, porque antes dele toda uma tradição complexa se foi estabelecendo, numa trama bem elaborada de mitos e costumes, de símbolos e de tradições, numa transmissão de valores e de conhecimentos. Preservar o passado permite-nos ganhar experiência necessária para uma melhor construção do futuro. Aquilo que do passado deve ser transferido para o presente é precisamente as raízes, garantia da identidade do ser humano, sem as quais se perde todo o equilíbrio interior do indivíduo e através dele a sociedade. As relações sociais e interacções são complexas e o pluriculturalismo sendo consequência inevitável da globalização impõe a livre circulação de pessoas, dos bens, dos serviços, dos saberes e da informação. Não esqueçamos porém que cada sociedade concreta tem a sua especificidade própria que a distingue das outras pela sua língua, costumes, tradição, mitos e, sobretudo pela sua educação. A educação é sempre portadora das experiências do passado e transporta projectos de futuro e estes têm em conta o relacionamento com o mundo que a rodeia. A abertura de horizontes obriga a olhar a educação, o conhecimento e o acesso à informação como meios para criar um mundo solidário e pacífico, onde o respeito mútuo e amor à vida possam recriar e sustentar uma nova humanidade reconciliada consigo própria.

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Neste sentido Jardim, acrescenta:

“No início deste milénio, sente-se no ar a necessidade de uma renovação da Humanidade. Muitas pessoas querem dar um novo ânimo à sua existência, procurando o reconhecimento do seu valor e da sua dignidade. Se pudéssemos dialogar com cada um dos habitantes do Planeta Terra, escutaríamos muitas vozes que questionam o pensamento humano: exigem um regresso ao que é essencial da vida e uma recuperação do que é específico do Ser Pessoa em sociedade.”

(Jardim, 2002: p.16)

Verifica-se, assim, uma crise na relação fundamental entre o indivíduo e a sua sociedade, entre o indivíduo e a sua família, entre o indivíduo e ele próprio. Este mal-estar geral é difuso, intermitente e diversamente vivido.Com efeito, concordamos com Edgar Morin quando afirma:

“O desenvolvimento tecnoeconómico, desejado por e para o conjunto do mundo, revelou praticamente em toda a parte as suas insuficiências e as suas carências. Somos obrigados a abandonar a ideia de que o crescimento industrial só traz benefícios. Um tal crescimento, quando ultrapassa um certo patamar, é portador de nocividades e poluições que afectam a vida dos seres humanos. (…) O desenvolvimento técnico e económico é igualmente portador do subdesenvolvimento ético e afectivo. (…) O planeta corre perigo: a crise do progresso afecta a humanidade inteira, provoca rupturas em toda a parte (…)”.

(Edgar Morin, 1997: pp.16-17)

Perante este contexto de incertezas e inquietações, a Animação Sociocultural afigura-se-nos como uma “resposta” na busca de soluções para as exigências humanas, privilegiando o estabelecimento dum novo tipo de relações, de comunicação e de necessidade de mudança. Ora, estes valores requerem não apenas palavras, mas acções imediatas, que os insiram nas realidades, sob pena de perderem sentido. Esta perspectiva é aliás reforçada pelas palavras de Jardim quando refere:

“O método da animação tem-se revelado, nos últimos tempos, como um dos métodos mais eficazes para a revitalização da vida pessoal e social, uma vez que consegue responder a algumas das perguntas fundamentais da vida. (…) A animação proporciona uma resposta qualificada à busca de vida animada quando é entendida como método de intervenção social, cultural e formativa”.

(Jardim, 1997: p. 17)

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A EDUCAÇÃO E A SOCIEDADE O mundo actual está a evoluir a um ritmo alucinante. Tudo é demasiado rápido. Tudo acontece a um ritmo que nos deixa atónitos. A novidade anunciada é rapidamente substituída por outra ainda mais actual. Vivemos subjugados pela “ditadura” da actualidade, em que a novidade parece comandar a vida e gerar uma imensa necessidade de dinheiro e poder. As sociedades modernas parecem cada vez mais assentar a sua construção apenas no político e no económico, reduzindo a nossa vida apenas a pequenos mundos de negócios. Em face dos progressos técnico-científicos mais recentes, há que interrogar o seu sentido mais profundo, perguntar até que ponto a “lógica instrumental” da técnica, que não olha a meios para realizar os seus fins, deve ser travada e questionada de modo a inverter o rumo que está a seguir. Com efeito, a instrumentalização do homem pela técnica, em vez de ser ele a dominá-la, põe em causa o conceito de pessoa como fim último de todo o progresso, no exacto momento em que a humanidade é vítima da ilusão de que as conquistas da ciência e da técnica a tornam senhora do mundo. Esta preocupação é de resto partilhada por Mayor, Director Geral da UNESCO, no seguinte excerto retirado do seu prefácio:

“Quando olhamos para o futuro, vemos numerosas incertezas sobre o que será o mundo dos nossos filhos, dos nossos netos e dos filhos dos nossos netos. Mas, pelo menos de uma coisa podemos estar seguros: se queremos que a Terra possa satisfazer as necessidades dos seres humanos que a habitam, então a sociedade humana deverá transformar-se. (…) A democracia, a equidade e a justiça social, a paz e a harmonia com o nosso meio ambiente natural devem ser palavras-chave deste mundo em transformação. (…) Nesta evolução para as modificações fundamentais dos nossos estilos de vida e dos nossos comportamentos, a educação no seu sentido mais amplo – desempenha um papel preponderante. A educação é «a força do futuro» porque constitui um dos instrumentos mais poderosos para realizar a modificação”.

(Mayor, in Edgar Morin, 2002: p.11)

Hoje não é possível pensarmos a educação e a escola afastada desta realidade aceleratória que coloca em permanente encruzilhada os conhecimentos, mesmo os que se julgavam mais pertinentes para durarem. Já não se trata de aprender um conjunto de conhecimentos, mas sim, de aprender a aprender, sempre e permanentemente desenvolvendo capacidades genéricas permanentemente adaptáveis. Assim, há que pensar o presente, sem perder de vista o futuro. Não podemos fazer da educação de hoje como se fosse para colher resultados só na geração seguinte. Educar é preparar para a vida de hoje e do amanhã, não só do educando mas de toda a sociedade, socializando, instruindo e formando educandos capazes, responsáveis, autónomos nas acções e atitudes, livres, participativos, críticos, com

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carácter firme, agindo com rectidão, amantes dos valores da democracia, da liberdade, da paz e da justiça, e ávidos do aprender para saber e do fazer durante toda a vida. Contudo a educação no geral é uma realidade tão complexa e heterogénea, atendendo à diversidade e multiplicidade de processos, fenómenos, agentes ou instituições que se tem considerado como “educativo” que se torna necessário, em nosso entender, fazer uma distinção, procurando diferenciá-las, ordená-las e até delimitar o seu universo. De resto, desengane-se quem pensa que a escola é o único lugar onde ela acontece, a vida está sempre ligada à educação, não havendo uma forma única, nem um modelo de educação.

“A educação constitui algo mais do que proporcionar conhecimentos. Educar é ter em atenção os ritmos, a diversidade, a ligação do indivíduo à comunidade e, por isso, o acto de educar não deve estar confinado à oferta das instituições educativas formais. Formar não é sinónimo de meter numa forma. A educação deve estar vinculada à vida e comprometida com o desenvolvimento global do ser humano e com os seus diferentes ciclos de crescimento. (…) não podemos confundir educação com escolaridade. A educação é anterior à escola, isto é, antes de existir escola já existiam práticas educativas e é por isso que, com base nesta evidência, realçamos a concepção triádica do sistema educativo. Este deve tornar possível a coabitação da educação formal, da não formal e da informal, de forma a equilibrar, harmonizar, humanizar e valorizar a referida ligação do ensino à vida”.

(Lopes, 2008: pp. 395-396) Quando se distingue a educação informal, formal e não-formal, em princípio, a distinção centra-se no papel daquele que educa, no agente, na situação ou instituição, onde decorre o processo educativo. Esta distribuição não é no entanto tão linear quanto pode parecer à primeira vista. Pois, ao lermos as definições comummente aceites de educação formal, não-formal e informal, damo-nos conta de que a formal e a não formal têm entre si um atributo comum que não comparte com a educação informal: o da organização e sistematização, enquanto a educação informal constitui um processo permanente, não organizado, que acontece no decurso de vida do indivíduo. Estas diferentes modalidades de educação cruzam-se num emaranhado de interferências, sobre o quadro imenso da vida social. Daí acreditarmos que o único meio de garantir a eficácia da educação é conjugar todas estas forças, num sistema unitário e concorrente, convergir as suas resultantes para os ideais educativos Efectivamente e com demasiada frequência, constatamos que as pessoas se interessam basicamente pela escola, porque ela é a fornecedora dos diplomas, aquela que dá aos jovens os instrumentos da competição social e económica. Isto falseia de alguma forma a própria realidade da escola, que se pretende acima de tudo um lugar onde se forma a personalidade do adolescente, um lugar de relação onde os adolescentes reproduzem uma certa imagem da realidade social.

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Dever-se-ia, pois, olhar a escola com uma função social de que depende a inserção do adolescente, não só na vida económica, mas na existência em geral. A crise da escola não é mais do que o reflexo dos aspectos da grande mudança social que se opera na sociedade moderna. Torna-se pois imperativo e urgente reflectir sobre esta realidade. Só desta forma poderemos reflectir sobre a evolução da própria sociedade e vice-versa. Tempos houve em que, num primeiro momento e ao longo do processo de socialização, a criança fazia parte integrante basicamente de dois mundos complementares embora distintos: a família e a escola. Da educação formal em sala de aula, o jovem continuava a sua formação pessoal em casa. Eram poucos os agentes externos a este processo e, na generalidade, com um poder diminuto quer em relação à escola quer ao núcleo familiar. A partir do boom que caracterizou o desenvolvimento dos meios de comunicação social, o quadro do ensino que se manteve estável durante décadas alterou-se. Para termos uma ideia mais precisa do que é que isto representa em termos efectivos, diremos apenas que segundo alguns investigadores na área da Educação para os Média, os números apontam para um consumo diário médio de quatro horas frente aos ecrãs enquanto noutros lazeres, nomeadamente, cinema, desporto e leitura, os portugueses ocupam, em média, cerca de 30 minutos/ dia. A questão com que presentemente nos deparamos é a de saber se na realidade não estarão outras instituições a demitir-se das suas reais responsabilidades. A família, o estado, os meios de informação e comunicação de massas – imprensa, rádio, televisão, cinema - que de tudo se servem para agradar e conquistar “audiências”, mesmo deseducando, como tem acontecido, com certos programas televisivos onde impera a violência, o sensacionalismo barato, a publicidade enganosa, a ficção confundível, o consumismo. Para além do facto de se correr o risco de uniformizar os juízos e os comportamentos. Certamente que nesta conjuntura a escola também terá a sua quota-parte de responsabilidade, mas não está sozinha, e, será, talvez, a menos responsável pelo eventual fracasso socioeducativo, nomeadamente da educação para os valores. No entanto ela tem um papel preponderante, na medida em que deve educar, formar e capacitar para seleccionar, interrogar, interpretar, dar sentido à informação. É nesta medida que o saber pedagógico tendo presente, simultaneamente, a exigência de interdisciplinaridade e de especialização, a transversalidade de saberes e a relação crítica entre reflexão e acção deve envolver o educando na sua aprendizagem e na construção do seu projecto de vida. Tem ainda a responsabilidade de, dentro da escola, velar para que as suas vivências do dia-a-dia, se pautem, obrigatoriamente, pelos parâmetros valorativos que é suposto defender. Autores como Trilla partilham a ideia de que:

“Nas instituições escolares, apesar de, de uma maneira geral, acontecerem processos de educação formal, incluem sempre processos também informais (as relações entre iguais, talvez o chamado currículo

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oculto ou, pelo menos parte dele…) e actividades não formais (geralmente as organizadas pelas associações de pais, etc.)”.

(Trilla, 2004: p. 33)

Esta perspectiva é reforçada por Lopes quando afirma:

“ (…) assume relevo o facto da relação triádica educacional formal, não formal e informal serem complementares. Uma modalidade não anula a outra, antes devem coabitar harmoniosamente pois só assim se contribui para o sucesso educativo da pessoa. A educação formal pode e deve apoiar-se nos espaços não formais e informais para suscitar mais empenhamento, mais motivação, mais sentido mais envolvência, mais humanismo e ter mais êxito”.

(Lopes, 2008: p. 407)

Tendo em conta a realidade actual VENTOSA (2003) está em crer:

“ (…) que a Animação Sociocultural constitui um novo paradigma educativo, susceptível de se converter numa alternativa capaz de dinamizar e mediar a educação formal e a não formal, a escola e o meio, a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades e valores”.

(citado por Lopes, 2008: pp.406-407).

ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL E OS VALORES

O termo animação, do ponto de vista etimológico (greco-latino), reporta-nos para dois sentidos distintos: um, traduzindo a expressão «anima», que quer dizer vida, sentido; outro, traduzindo a expressão «animus», ou seja, movimento, dinamismo. Relembramos que ela se enquadra basicamente no sector não formal do universo educativo. A definição de Animação Sociocultural não gera consenso, visto que é entendida por vários autores de diversas maneiras, sendo que a principal diferença surge nas palavras e não nas ideias e aplicações práticas. Assim, em termos conceptuais, julgamos existirem:

“ (…) cerca de meia centena de definições sobre o que vários autores consideram ser Animação Sociocultural. Esta variedade conceptual joga com a diferente ênfase que é colocada através do quadro polissémico constituído a partir de uma tríade composta por três termos, Animação + Sócio + Cultural, associados a noções e aos sentidos de animar, de sociedade e de cultura”.

(Lopes, 2008: p.146) Ainda segundo o mesmo autor:

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“o fenómeno da Animação tem um carácter e alcance universal (…). Daí as expressões variarem entre Animação Sociocultural de matriz francófona, Desenvolvimento Comunitário, derivado da matriz inglesa, Pedagogia Social mais ligada à história Alemã, Educação Popular e Promoção Sociocultural derivada da praxis, na América Latina”.

(ob. cit. p.144) Quanto ao seu aparecimento VENTOSA (1993) (citado por Lopes, 2008: p.135) afirma que é muito difícil determinar em que data concreta se constituiu a Animação uma vez que, ao longo da história da humanidade, sempre houve lugar para a eclosão de fenómenos de Animação. Porém Jardim acrescenta:

“De início, a expressão foi utilizada na Europa desde meados dos anos 60, particularmente na França e na Bélgica, para designar um conjunto de acções destinadas a gerar processos de dinamização social. Surgiu para nomear uma forma de promover actividades destinadas a preencher criativamente o tempo livre, a combater a despersonalização verificada nos grandes centros urbanos, a facilitar a comunicação interpessoal mediante a criação de espaços e momentos de encontro, a promover formas de educação permanente, e a criar as condições para a expressão, a iniciativa e a criatividade”.

(Jardim, 2002: p.17)

Das várias definições apresentadas por Lopes na sua obra, Animação Sociocultural em Portugal, constatamos que a Animação Sociocultural é entendida como: “uma metodologia activa/ método”; “um conjunto de práticas”; “um conjunto de técnicas”; “um processo de consciencialização”; “uma intervenção”; “um percurso de desenvolvimento e autodesenvolvimento”; “um estímulo”; “uma participação” e “uma transformação”. A Animação Sociocultural não é considerada uma ciência autónoma, mas antes uma metodologia de intervenção, uma estratégia de educação não formal dotada de um conjunto de fundamentos teóricos e de métodos e técnicas importadas das Ciências Sociais (como a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia, a Economia e outras) aplicados a objectivos práticos da realidade social. Segundo EZEQUIEL ANDER-EGG (1990) a Animação Sociocultural:

“é uma forma de acção sociopedagógica que (…) se caracteriza basicamente pela busca e intencionalidade de gerar processos de participação das pessoas”. (2000) “A Animação hoje quer colaborar na tarefa do desenvolvimento integral da pessoa de tal modo que seja ela mesma e não se deixe levar por aquilo que não constitui a sua integridade. Deste modo, a Animação Sociocultural é uma actividade que pretende tornar mais valioso o ser humano no seu aspecto individual, social e às vezes transcendente”.

(citado por Lopes, 2008: p. )

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OS VALORES E O SEU SIGNIFICADO Á semelhança do que acontece com a Animação Sociocultural, também o tema dos valores está presente desde o início da Humanidade. Para o ser humano sempre tem existido coisas valiosas: o bem, a verdade, a beleza, a felicidade, a virtude. Sem dúvida, o critério para lhes dar valor tem mudado através dos tempos. Os valores são produto das mudanças e transformações ao longo da história. Surgem com um significado especial e mudam ou desaparecem em épocas distintas. É precisamente o significado social que se atribui aos valores, um dos factores que influem para diferenciar os valores tradicionais, aqueles que guiaram a sociedade do passado, geralmente referidos a costumes culturais ou princípios religiosos e os valores modernos, os que compartilham as pessoas da sociedade actual. Muitos dos actuais estudiosos dos valores afirmam explicitamente que o conceito de valor não é, em rigor, definível; podemos apenas tentar clarificar ou mostrar o seu conteúdo. Ao falar-se de algo como valor tem-se imediatamente em vista a relação disso com alguém que o aprecia, estima ou valoriza. Os valores, com efeito, têm sentido e existem para quem os aprecia ou estima, para quem os cria e institui como valores. Na verdade, valorizar é não ser indiferente. De facto, a melhor definição de valor é exactamente esta: valor é uma relação de não-indiferença entre o homem e os elementos que o rodeiam.

“Com efeito não há valor sem sujeito que o aprecie e reconheça, (…), isto é, o valor manifesta-se no acto individual de valorar realizado por um dado indivíduo, (…) Por outro lado, é pelo contacto com a hierarquia de valores aceite pelo grupo em que nascemos e somos educados que acedemos à capacidade de emitir juízos de valor, mas a liberdade individual permite-nos distanciarmo-nos da hierarquização aprendida e emitirmos o nosso próprio juízo a partir da consideração da validade dos respectivos critérios”.

(Azevedo, 2008: p.275)

Eis porque o valor pode ser positivo ou negativo. Na medida em que o homem não permanece indiferente perante as coisas, isto significa que ele não é um ser passivo, bem pelo contrário ele reage perante as situações e intervém pessoalmente para aceitar, rejeitar ou transformar. Filósofos, moralistas e sociólogos da cultura estão de acordo em diagnosticar uma crise de valores na actualidade. Alguns defendem que se trata de uma decadência de valores tradicionais, enquanto outros preferem relacioná-la com uma transformação de valores, consequência das novas condições de ordem económica e social. Na verdade em todas as fases de mudança há uma deslocação de valores, estabelecem-se novas hierarquias de valores, ou, pura e simplesmente, são instituídos e criados novos valores. Pode inclusivamente assistir-se a uma desordem

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no mundo dos valores, isto é, valores que se contradizem uns aos outros ou que se “curto-circuitam”. Este é o retrato do nosso tempo, cheio de ambiguidades, feito de luz e de sombra, de aspectos positivos e negativos, valores e contravalores. Alguns são mesmo peremptórios em afirmar uma ausência total de valores reflectida na conhecida expressão “a era do vazio” caracterizada pela apatia, indiferença e individualismo. A época do Narcisismo. Segundo o filósofo francês Lipovetsky, um dos pensadores contemporâneos, “Na actualidade não estamos a assistir simplesmente a uma decadência

dos valores e ao fim da moral ou da ética. Os antigos valores caem, mas outros novos se erguem, e os valores antigos, se ainda subsistem, mudam de natureza, bem como a atitude dos indivíduos em relação aos valores”.

(citado por Santos e Correia, 1992: p.69) Ainda segundo o mesmo autor,

“Os valores que dominaram desde a época moderna (séculos XVII – XVIII) até

à actualidade foram os do trabalho, da produção, do progresso, da norma universal, da disciplina e obediência, do esforço, da vontade e da razão, da generosidade utópica, do futuro, da seriedade e da objectividade”.

(ob. cit.) Lyotard, apresenta uma lista onde os supremos valores da Modernidade se contrapõem com os correspondentes novos valores, expressão de uma nova visão do mundo e do homem que está a emergir, visão do mundo “pós-moderna” (citado por Santos e Correia: 1992, p.69): Quadro nº 3 – Valores de Modernidade/ Novos Valores *Progresso industrial e técnico Defesa do ambiente/ Consciência ecológica *Trabalho Lazer/ Jogo *Produção Consumo *Vontade/Razão Corpo/Sensibilidade/Imaginação *Norma/Uniformidade Diferença *Disciplina Flexibilidade *Obediência/Autoridade Iniciativa/Criatividade *Utopia Humanismo mediático concreto *Ascese Festa/Desporto *Futuro Presente (a moda, o efémero) *Seriedade Frivolidade *Realidade/Objectividade Hedonismo/Fruição/Desejo/Prazer (o virtual)

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A época em que hoje vivemos é caracterizada pelas novas condições criadas pela ciência e pela técnica, que obrigam o homem a enfrentar novos desafios ou inclusivamente a encarar de modo diferente problemas antigos e, consequentemente, pelo surgir de novas atitudes e valores. Sendo a valoração o próprio esforço do homem em transformar o que é naquilo que deve ser, os valores colocam-nos perante um problema de objectivos. Nesta perspectiva, a animação sociocultural surge-nos com uma metodologia de actuação capaz de fazer face a esta problemática, ideia aliás patente nas palavras de Azevedo quando refere:

“(…) a animação sociocultural parte de uma atitude de não indiferença face aos problemas e necessidades de uma dada comunidade, da sua hierarquização em ordem à sua resolução no quadro do bem comum e do bem particular de cada um dos membros da mesma comunidade (…) Assim como apreensão dos valores implica sentimento-juízo-acção, assim também será tarefa do animador olhar-pensar-realizar os valores na sua própria acção e, porque esta acção é acção educativa, também promover a sua realização por outros (...) Na animação sociocultural, como em geral na educação partimos, não do Ser, mas do ser dinâmico dos seres humanos, da sua relação com os seres, em vista de eles próprios serem mais e melhor”.

(Azevedo, 2008: pp. 278-279)

Considerando-se que a educação/Animação Sociocultural visa a promoção do homem, são as necessidades humanas que irão determinar os objectivos educacionais. ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL E A EDUCAÇÃO PARA OS VALORES Neste contexto algo conturbado da sociedade actual, algumas questões merecem-nos especial atenção:

“Porquê e para quê educar, se o mundo estiola e apodrece? Ou será que o mundo estiola e apodrece porque falta educar? (…) esta é sobretudo a questão a que não pode fugir nenhum educador. Ele é uma pessoa como as outras… Mas enquanto educador, é uma pessoa que trabalha com pessoas. Do seu agir ou aparente apagar-se, do seu querer conduzir ou contentar-se com alimentar os outros, adultos ou crianças, virão consequências que precipitarão o mundo ou o farão saltar “como bola colorida”.

(Azevedo, 2008: p. 77)

A educação é um tipo de actividade que se caracteriza essencialmente por uma preocupação, por uma finalidade a ser atingida. A educação manifesta-se dentro de uma sociedade como um instrumento de manutenção ou transformação social. O papel essencial da escola é o de preparar os jovens para serem, amanhã, na

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sociedade em que irão viver, homens responsáveis, capazes de compreender o meio que os rodeia e de o dominar sem se tornarem vítimas dele. Ora, perante esta realidade social precisamos de uma educação capaz de conduzir:

“ (…) o ser humano a um mundo mais justo, mais equilibrado e em que a riqueza seja mais racionalmente repartida. Queremos ver aplicado um conjunto de preceitos e normas que apenas tem existido no plano formal, mas que teimosamente continuam a aguardar pela sua aplicação prática. (…) Que se projecte um sistema educativo de acordo com os quatro pilares da educação criados e difundidos pela UNESCO no século XX que preconizam para o século XXI O Ser; O Saber; O Saber fazer e o aprender a viver juntos. (…) Queremos uma animação (…) que valorize o ser pessoa e que o ser seja sempre mais importante que o ter; não há metodologia mais eficaz para ligar o saber ao saber fazer do que aquela que é expressa pela Animação, porque esta promove a envolvência e permite ser uma tecnologia educativa ao serviço das diferentes áreas do saber, já que a partir das suas inúmeras técnicas de intervenção possibilita a aprendizagem dos diversos saberes formais”

(Lopes, 2007: p. 80) Em suma, é urgente retomar os princípios da liberdade, igualdade, da democracia e da solidariedade humana através dos quais possamos discernir sobre o futuro que queremos ajudar a construir. Futuro que temos que aprender a viver com outra mentalidade, o que obriga a educar/formar pessoas para a vida, nomeadamente nos aspectos culturais, nos valores, nos interesses e nas profissões.

“ (…) Se antes se falava de preencher criativamente o tempo livre, agora pretende-se que este não seja alienante. Ou seja, se inicialmente este método se centrou na ocupação divertida do tempo, actualmente quer colaborar na tarefa de promoção de desenvolvimento integral da pessoa, de modo tal que a pessoa seja ela mesma, tome consciência da sua vitalidade interior e não se deixe levar por aquilo que a afasta do seu interior e das suas raízes culturais”.

( Jardim, 2002: p.17) As questões globais do desenvolvimento exigem soluções globais, ou seja, a modernização das instituições, em particular da escola que, além das transmissões e das aquisições de conhecimento, tem a missão de educar para os valores através da implementação de acções que intervenham ao nível dos comportamentos e das atitudes.

“Mesmo no seio das nossas sociedades cultas, na nossa vida quotidiana, o estado das relações entre pessoas é lamentável (…). A incompreensão domina sobre a compreensão, a maldade sobre a bondade, a rejeição sobre o arrependimento. Transforma-se o outro em bode expiatório, as mesquinhices, as invejas, as agressividades espezinham as benevolências. (…) As relações entre indivíduos são em certo sentido piores que as relações entre os povos, pois que a proximidade, que deveria permitir a compreensão, aumenta a incompreensão”

(Edgar Morin, 1997: p.193).

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Todo o ser humano, homem ou mulher, pelo facto de o ser, tem o direito e o dever de educar-se e de ser educado, isto é, promover o desenvolvimento integral da pessoa segundo as suas crenças e convicções para poder atingir a sua plena realização. De facto, trata-se apenas de educar para a vida:

“ (…) para a capacidade de ultrapassar os obstáculos da existência, em termos individuais, e a adaptação às estruturas, em termos sociais. (…) Educar para a vida é (…) criar condições para a descoberta do núcleo da identidade pessoal e para a relação com os outros, com o mundo, com o Ser (…) é reconhecer na própria vida pessoal um processo gradual e nunca terminado de crescimento e comprometer-se com esse mesmo crescimento”.

(Azevedo, 2004: pp. 95-97) Neste sentido, Bolívar acrescenta:

“ (…) ensinar conhecimentos e – por sua vez – educar para a vida, juntando conhecimentos e atitudes como conteúdos curriculares, não é fácil. Para as escolas constitui um desafio. E ao mesmo tempo um fardo pesado e uma responsabilidade, o pedido para que não se limite à aquisição de conhecimentos e habilidades no intuito de educar em termos de valores e atitudes, de modo a que tenda a formar cidadãos livres, responsáveis, solidários e autónomos”.

(Bolívar, 2000: p.124) Em definitivo a escola tem um papel central na promoção de verdadeiros valores e na preparação para a convivência e participação social. Nos últimos anos assistimos a uma alteração do conceito de escola. Durante muito tempo a escola foi concebida como espaço fechado, como organização burocrática cumprindo as normas da Administração Central. Mudanças no sistema económico, tecnológico e social, conduziram a um novo conceito de educação e de escola. À ideia tradicional de escola como espaço restrito, opõe-se o conceito abrangente de comunidade educativa constituída por alunos, pais, encarregados de educação e representantes do poder autárquico, económico e social. Como sistema aberto, a escola desenvolve interacções não apenas com os actores tradicionais – professores e alunos – mas com outros sistemas.

“Pais, municípios, agentes económicos e culturais estão cada vez mais envolvidos nas responsabilidades de desenvolvimento educativo, por direito, por interesse ou por inerência. Tal facto contribui não só para a alteração do conceito de escola, como para a transformação da relação professor/ aluno. O alargamento da comunidade educativa altera necessariamente a sua estrutura organizativa e o papel dos elementos humanos nessa estrutura”.

(Ministério da Educação/ Gabinete de Estudos e Planeamento, 1992: p.19)

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A Comunidade educativa potencializa as contribuições dos diferentes subsistemas que a compõem. A compatibilização de esforços, ao visar a optimização das energias específicas de cada um dos elementos constitutivos da comunidade, desencadeia um efeito sinérgico que supera a mera soma aritmética das suas partes. Quer isto dizer que a Escola, a colectividade no geral, pretende assegurar o sucesso do indivíduo que forma, não só na sociedade de hoje, como pretende fornecer-lhe os meios para que ele seja capaz de modelar o futuro. A solução reside no equilíbrio entre a participação dos vários responsáveis. É assim que se devem considerar, lado a lado, os professores, os pais, os estudantes, as autoridades políticas e administrativas, os responsáveis económicos e sociais. Mas a participação realiza-se por meio do diálogo entre a sociedade e o aparelho educativo, procurando desta forma compatibilizar os interesses imediatos da Escola com os interesses do corpo social. Esta é a nosso ver a grande modificação que poderá fazer toda a diferença. Como refere Peres:

“ (…) a participação social é um processo que consciencializa as pessoas na transformação das suas realidades e, também, as conduz ao esforço colectivo de reformular a sociedade (…) É pela partilha de valores e poderes/ saberes que a democracia se pode transformar num modo de vida. (…) Um processo fundamentalmente centrado na pedagogia da proximidade e na promoção da participação consciente e crítica de pessoas e grupos na vida sócio-política e cultural em que estão inseridos, criando espaços de acção e comunicação interpessoal e comunitária (…) a Animação Sociocultural como uma estratégia que encontra no vivido e no agido da comunidade os elementos necessários para iniciar o diálogo e o encontro de valores comuns que permitam alcançar as finalidades de todos e de cada um. É que, sem educação/ animação, não há cidadão”.

(Peres, 2007: pp. 16-17) Neste contexto a educação resulta ser um instrumento básico para o exercício da cidadania. Ela, entretanto, não constitui a cidadania mas sim uma condição indispensável para que a cidadania se constitua. Nesta óptica, a educação deve fornecer as ferramentas necessárias para uma intervenção efectiva que vise ajudar a tecer laços sociais e a criar situações de aprendizagem potenciadoras de felicidade, de bem-estar e de autonomia de vida. Assim, realizará a promoção do homem formando o cidadão ético, isto é, o indivíduo consciente e responsável. Para isso, os profissionais de educação terão de saber entrar em relação directa, pessoal, com os sujeitos que constituem o alvo dessa intervenção – os educandos.

“Revitalizar a educação para a democracia, formar cidadãos, significa – então – não só ensinar um conjunto de valores próprios de uma comunidade democrática, mas igualmente estruturar o centro e a vida da aula com processos (diálogo, debate, tomada de decisões em conjunto) nos quais a participação activa, na resolução dos problemas da vida em comum, contribua para criar os hábitos e as virtudes cidadãs correspondentes”.

(Bolívar, 2000, p.163)

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A este propósito relembremos as recomendações da UNESCO, segundo a qual cabe à educação promover, junto dos sujeitos de todas as idades, a capacidade de apropriação crítica do seu presente de modo a poderem tomar decisões sobre um futuro que corresponda aos interesses e desejos, pessoalmente construídos segundo uma lógica de solidariedade e de justiça. A educação deixa, então, de dirigir-se a um período determinado da vida do ser humano e passa a ser encarada numa perspectiva mais alargada e fundamental da existência humana. Assumindo uma pluralidade de formas, deve ter como finalidade comprometer todos e cada um, numa relação dinâmica com o mundo, com os outros e consigo próprio. Os educadores, enquanto profissionais reflexivos, devem procurar estruturar e/ou reforçar, sistematicamente, a sua prática pedagógica em torno de um saber dinâmico e em permanente construção. Nesta caminhada nada fácil mas cheia de esperança surge-nos o professor/ animador como:

“ (…) aquele que cria condições favoráveis ao desenvolvimento do processo participativo promovendo: o desenvolvimento das potencialidades dos grupos e das comunidades; a planificação participada das actividades; a facilitação da intercomunicação; o respeito das ideias dos outros; a aceitação das diferenças; a promoção da autonomia individual e colectiva; a gestão positiva dos conflitos.”

(Ministério da educação/ Direcção-Geral de Extensão, citação de Lopes, 2008: p.528)

CONCLUSÃO As profundas alterações verificadas no seio da sociedade actual, nomeadamente os constantes avanços da ciência e da tecnologia, a criação de comunidades internacionais, de novos centros de saber, entre outras originaram novos problemas que requerem outras soluções. Efectivamente os desafios da mudança são uma realidade inquestionável, que exige respostas adequadas, construídas a nível das pessoas, desenvolvendo conhecimentos, talentos e atitudes. A educação é, nesta procura da excelência, a pedra de toque, pois tem que saber adaptar-se à mudança e à sua inerente velocidade para poder dar respostas flexíveis em tempo real. Neste sentido as preocupações da escola devem passar obrigatoriamente pela implementação de projectos educativos orientados para a transmissão de valores que dêem forma ou “alma” à vida e a um novo modo de viver.

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Evoluir implica mudar e revolucionar os sistemas de gestão, os processos tecnológicos, mas também e, talvez sobretudo, o modo como se aprende, daí que as políticas de educação/ formação não possam obedecer a esquemas rígidos, devendo, pelo contrário, ser inovadoras e flexíveis, na óptica de uma estratégia “proactiva”.

“O grande desafio da modernidade não é o de travar a expansão dos mercados mundiais, mas encontrar as regras, os instrumentos políticos, os actores e as instituições capazes de compatibilizar competitividade com solidariedade”.

(Moura e Duarte, 2000: p.47)

Investir na população é em nosso entender fundamental; não partilhamos contudo de uma visão meramente economicista e tecnicista da educação/ formação. A técnica deve ser orientada pela razão informada. Visto que cada indivíduo é um sistema aberto, fruto de relação e aberto à partilha intelectual, afectiva, social, moral e religiosa, é normal que haja partilha e aferição de valores. E nesta perspectiva dialogante poderá haver esclarecimento recíproco, desenvolvendo a capacidade de adaptação às novas circunstâncias socioculturais e ambientais, sem renunciar ao que é paradigmático no respeitante à qualidade de vida humana. Enfim, criar condições para que todos se sintam motivados a colaborar na construção de uma sociedade onde se deseje e valha a pena viver!

ara ser humano com humanismo, não basta nascer Humano é preciso chegar a sê-lo e isto significa uma vivência humana com humanismo que passa por estarmos na vida e olhar à nossa volta e não podermos ser felizes perante a infelicidade dos outros.”

(Savater (1997), citado por LOPES, 2007: p.79).

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EDUCAÇÃO A Educação é uma obra inacabada… um Projecto um olhar sobre o futuro! Educar é preparar, socializar, desenvolver-se libertar-se, crescer… Conservar… renovar… transformar-se… Processo autónomo e criativo… individual ou colectivo permanente… Para novos problemas Outras soluções Em que todos têm um papel E cada um… Erguendo o Mundo À medida do Homem Libertando o diálogo E os homens com ele Todos…! Barroso

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BIBLIOGRAFIA

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Autora

Maria Ribeiro Ezequiel Dinis

Formação académica de base, Bacharelato em Línguas e Secretariado, do Instituto Superior de Línguas e Administração do Porto (ISCAP); posteriormente licenciatura em Educação - especialização em Animação, pelo Instituto Jean Piaget do Nordeste.

Mestranda no Mestrado de Educação – especialização Animação Sociocultural da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Pólo de Chaves)

Função actual:

Professora do Quadro de Nomeação Definitiva da Escola Secundária/3 de Valpaços desde 1993, onde me encontro a leccionar várias disciplinas, entre as quais Animação Sociocultural.