45
Universidade Candido Mendes Pós-Graduação “Lato Sensu” Projeto A VEZ DO MESTRE (AVM) DIDÁTICA E MOTIVAÇÃO Por: Eliane Gomes de Oliveira Orientador: Prof. Vilson Sérgio de Carvalho Niterói 2005

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Universidade Candido Mendes

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Projeto A VEZ DO MESTRE (AVM)

DIDÁTICA E MOTIVAÇÃO

Por: Eliane Gomes de Oliveira

Orientador:

Prof. Vilson Sérgio de Carvalho

Niterói

2005

2

Universidade Candido Mendes

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Projeto A VEZ DO MESTRE (AVM)

DIDÁTICA E MOTIVAÇÃO

Por: Eliane Gomes de Oliveira

Apresentação de monografia a Universidade

Candido Mendes – Niterói, como condição

prévia para a conclusão do curso de Pós-

Graduação “Lato Sensu” em Docência do

Ensino Superior.

3

Agradecimento

A Deus, pela benção de poder realizar meus

objetivos.

4

Dedicatória

Dedico esta monografia a minha família,

pelo apoio e incentivo que sempre me

deram.

5

Resumo

Sabemos que a falta de motivação é um problema que muito interfere na

aprendizagem dos alunos, como também no seu relacionamento com o

professor.

Através desse trabalho de pesquisa procuramos abordar o tema fazendo-se

inicialmente uma trajetória histórica da didática, pois como sabemos é a

disciplina que tem por objetivo fornecer a técnica de incentivar e orientar os

alunos na aprendizagem. A seguir, utilizaremos conceitos e procedimentos

que possam ajudar no processo de motivação dos alunos, sendo assim de

grande valia aos professores que lidam diretamente com este problema.

Com isso, esperamos que os professores reflitam sobre as técnicas

pedagógicas que utilizam e tentem reverter à situação, fazendo com que os

alunos, independente da faixa etária, se tornem mais motivados.

6

Metodologia

Este trabalho científico, será baseado em pesquisas bibliográficas e

consultas a sites da Internet, que investigam o tema relacionado a motivação

dos alunos, no processo ensino-aprendizagem.

Também será levado em consideração, como forma de

enriquecimento da pesquisa, nossas experiências particulares como

docente.

Esperamos contribuir com esta pesquisa, para alertar os docentes da

necessidade de estarem sempre atentos a questão da motivação.

7

Sumário

Introdução 8

CAPÍTULO I 12

A Importância da Didática

CAPÍTULO II 25

Motivação: O Olhar da Psicologia e da Didática

CAPÍTULO III 30

Motivação da Aprendizagem

Conclusão 41

Bibliografia 43

Webgrafia 45

8

Introdução

O presente estudo tem como enfoque principal à questão da

Motivação no processo ensino-aprendizagem. O interesse pelo tema surgiu

em decorrência do contato com os alunos da escola em que leciono no

Ensino Médio (C.E. Joaquim Távora, localizado em Icaraí, no município de

Niterói – RJ). A partir desse contato, percebo que a cada ano que se passa,

com raras exceções, os alunos se mostram mais desinteressados, não

apresentando nenhum tipo de motivação no que está sendo transmitido.

Em razão da problemática apontada, vou procurar abordar um ponto

considerado crucial na incentivação dos alunos, que é a Motivação, como já

foi dito anteriormente.

A motivação deve ser a preocupação máxima e constante do

professor no decorrer de todo o ano letivo. Só ocorre a autêntica

aprendizagem, quando o aluno está realmente interessado e empenhado em

aprender, pois só aprendemos aquilo que corresponde a uma necessidade,

a um interesse ou a um ideal que se positiva em nossa consciência e se

enquadra no nosso nível de aspiração.

Motivar não significa despertar apenas a curiosidade ou o interesse

momentâneo dos alunos, mediante algumas frases de efeito sobre a

importância e o valor do que vai se ensinar. Sabemos que para motivar os

alunos a estudar e aprender, o professor utiliza recursos e procedimentos

motivadores. Esses recursos devem ser usados não apenas no início da

aula, mas em todo o decorrer dela.

Motivos e incentivos são importantes em todas as fases da

aprendizagem, e não somente em seu momento inicial. De um modo geral,

os docentes se preocupam com a motivação no início da atividade, sem se

9 lembrar de que esta tem que ser reforçada no decorrer de todo o processo, a

fim de que a motivação não decresça a ponto de se extinguir.

A conquista do interesse e da atenção dos alunos é apenas a

preliminar da motivação. Partindo desse interesse e dessa atenção, é

necessário levar os alunos a atividades proveitosas, induzindo-os ao estudo,

a reflexão, ao esforço e à disciplina do trabalho discente. Essas atividades

trarão aos alunos, o prazer do sucesso obtido pelos seus esforços pessoais.

Todo o esforço bem sucedido, e como tal reconhecido pelo professor, é

altamente educativo e motivador.

É inútil tentar motivar os alunos para a aprendizagem, fornecendo-

lhes valores abstratos e vantagens remotas, que se situam muito acima ou

muito além dos seus horizontes mentais e imediatos. Os valores e as

vantagens a serem postas para fins de motivação devem ser tomados da

realidade imediata em que vive o aluno ou, pelo menos, situar-se dentro do

alcance de suas perspectivas de vida real e presente.

Outra questão a ser levada em consideração, é o problema da

motivação em relação às diferenças individuais dos alunos. Realmente,

existem diferenças individuais acentuadas entre os alunos, mas essa

diversificação de capacidades, interesses e preferências individuais,

constituirão precisamente a mais rica fonte de possibilidades motivadoras,

quando o professor a souber explorar com habilidade e bom senso, criando

oportunidades para que elas se manifestem e se afirmem.

A diversidade das contribuições individuais possíveis, é o que

precisamente irá criar um ambiente rico e estimulante de propósitos e

operosidades em sala de aula, possibilitando a cada aluno, explorar seus

recursos imaginativos e apresentar trabalhos originais que representem o

melhor de seu esforço, de sua capacidade e de sua criatividade.

10 A autêntica motivação é sempre contagiante. É evidente que, para

criar nos seus alunos a necessária motivação, o professor deverá, antes de

mais nada, estar ele próprio motivado pelo assunto que vai tratar em sala de

aula. Quando o professor se revela apático e indiferente pela matéria que

expõe aos alunos, estes encontrarão poucos incentivos para se motivarem.

Porém, quando o professor está empolgado pelo assunto que expõe, dando-

lhe vida e vibração, dificilmente poderão os alunos deixar de se interessar

por ele.

Vencidas as primeiras resistências, os alunos passarão a se

interessar pela matéria e a participar intensamente de suas aulas; a matéria

passa a ter valor em sua consciência como algo de interessante e valioso

que merece ser bem estudado e aprendido. No entanto, alguns docentes

com receio de que a motivação dê margem a indisciplina entre seus alunos,

se abstém de motivá-los, preferindo conduzir suas aulas na base de rigoroso

controle disciplinar. Contudo, tais docentes parecem desconhecer o fato de

que a motivação é, por excelência, o melhor recurso disciplinar,

proporcionando assim um forte condicionamento interior às atitudes e ao

comportamento dos alunos, integrando-os na tarefa proposta.

Na tentativa de melhor compreender o problema da motivação dos

alunos, para que possamos intervir sobre ele com mais eficácia, nos

baseamos nas experiências de alguns autores ligados à área de educação.

Este estudo, portanto, tem por finalidade contribuir para um repensar

do educador, fazendo-o refletir sobre a sua prática pedagógica e a

necessidade de se atingir o aluno, para que estes se mostrem mais

motivados, interessados e participativos. Sendo assim, esta pesquisa foi

estruturada da seguinte forma:

· Primeiro Capítulo: faz uma abordagem histórica sobre a Didática,

relatando as opiniões de vários educadores que contribuíram através de

11 suas pesquisas, na evolução da Didática, ressaltando também a linha

evolutiva entre a Didática Tradicional e a Moderna.

· Segundo Capítulo: disserta-se sobre as diferentes concepções da

motivação, tanto no campo da Psicologia como da Didática.

· Terceiro Capítulo: abordará a questão da motivação na

aprendizagem, enfatizando primeiramente a importância entre a motivação

inicial e de desenvolvimento. A seguir, serão fornecidos recursos e

procedimentos que poderão auxiliar os educadores no processo de

motivação dos seus alunos.

Finalmente, podemos concluir que a motivação é uma condição

essencial e permanente da aprendizagem, e que esta deva ser enriquecida

durante todo o ano, utilizando-se técnicas e recursos didáticos. Caberá,

portanto, ao professor, refletir sobre este fato, extraindo dele conclusões de

ordem prática que o ajudem a aperfeiçoar sua atuação docente.

12

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA

1.1- Conceito:

A pedagogia é o estudo sistemático da educação. É a reflexão sobre

as doutrinas e os sistemas de educação. A Didática é uma seção ou ramo

específico da Pedagogia e se refere aos conteúdos do ensino e aos

processos próprios para a construção do conhecimento. Enquanto a

Pedagogia pode ser conceituada como a Ciência e a arte da educação, a

Didática é definida como a ciência e a arte do ensino.

Mauro Laeng diz que:

“A pesquisa didática deve adaptar os métodos e as

técnicas de maneira a obter o máximo resultado com o

mínimo de esforço, tendo em conta quer os requisitos

objetivos da matéria de ensino e da sua lógica interna quer

as capacidades subjetivas do aluno e da sua psicologia”.

(LAENG, 1973, p.128).

Referindo-se ao ensino, que é objeto da Didática, Laeng esclarece:

“O estudo predominante do ensino caracterizou, sobretudo

a didática do passado, dominada, até certo ponto, pela

figura central do professor; na didática contemporânea

cedeu o lugar a uma nova projeção do aspecto correlativo

da aprendizagem”. (Id, p.149).

Ensinar e aprender são como as duas faces de uma mesma moeda. A

Didática não pode tratar do ensino, por parte do professor, sem considerar

simultaneamente a aprendizagem, por parte do aluno. O estudo da dinâmica

da aprendizagem é essencial para uma Didática que tem como princípio

13 básico não a passividade, mas sim a atividade do aluno. Por isso, podemos

afirmar que a Didática é o estudo da situação instrucional, isto é, do

processo de ensino e aprendizagem, e nesse sentido ela enfatiza a relação

professor-aluno.

Todo sistema de educação está baseado numa concepção do homem

e do mundo. São os aspectos filosóficos que dão à educação seu sentido e

seus fins. A filosofia, sendo a reflexão sistemática sobre a concepção da

vida, exerce influência direta e está em estreita conexão com a Pedagogia,

que é a reflexão sistemática sobre o ideal da educação e da formação

humana.

Uma doutrina pedagógica, sendo um conjunto de princípios e

diretrizes que orientam a ação educativa, fundamenta-se numa teoria

filosófica. Dessa forma, toda pedagogia supõe uma filosofia. Como diz

Butler, “o valor de nossa doutrina da educação depende do valor de nossa

concepção do homem e da vida”. (BUTLER apud De Hovre, 1969, p. 27).

A Didática por sua vez, sendo parte da Pedagogia, também está

calcada numa concepção filosófica. Até o século XIX, a Didática encontrava

seus fundamentos exclusivamente na Filosofia. Mas no século passado, a

Psicologia começou a estruturar-se e passou a reivindicar status de ciência.

Assim, a partir do final do século XIX, a Didática, que até então havia

baseado seus pressupostos apenas em aspectos filosóficos, passou a

buscar seus fundamentos também nas ciências do comportamento, em

especial na Biologia e na Psicologia, através das pesquisas experimentais.

1.2 – Um Pouco de História:

Vários autores se ocupam, em maior ou menor grau, com o histórico

da didática, dentre eles GARCIA-HOZ (1960), TITONE (1966) e GARCIA Y

GARCIA (1969). Utilizando-se Comênio como referencial, a didática se

14 organiza nas seguintes fases: naturalista-essencialista, psicológica e

experimental.

1.2.1- Fase Naturalista-Essencialista:

Esta fase vai de Comênio até o princípio do século XIX.

Para COMÊNIO (1966), a natureza é de fundamental importância

para a arte de ensinar. É ela o ponto de partida para se definirem os

princípios didáticos que garantirão o ensino "de tudo a todos". A Didática, a

partir da escola da natureza, estará em condições do promover a

aprendizagem de forma segura, fácil, agradável, sólida e rápida. Esse

naturalismo traduz a influência da Renascença e de Bacon sobre a época,

lembradas por LUZURIAGA (1963). Não obstante a importância da

observação dos fenômenos naturais para a dedução de conclusões

didáticas, o naturalismo, em Comênio, é mais metafísico que empirista. A

natureza a que se refere não é, em geral, a sensível e mutável, apreendida

pela experiência, mas sim a essência das mesmas coisas.

Nesse seu início, a Didática assume caráter muito amplo. A Didáctica

Magna é, na verdade, uma obra sobre educação. Nessa obra, o autor

caracteriza os fundamentos da educação e do ensino como teológicos e

filosóficos, deduzidos a partir da doutrina religiosa por ele adotada, e de

analogias estabelecidas entre a constituição do Paraíso e a do Homem. A

educação e o ensino, processos considerados indispensáveis à

humanização do ser humano, têm por fim último prepará-lo para a vida

eterna. Esta consiste em uma das três moradas naturais do homem, ao lado

das vidas terrenas intra e extra-uterina. A religiosidade aparece, aqui, como

algo natural e íntimo, caracterizada por LUZURIAGA (1963) como

"extraconfessional".

COMÊNIO (1966) preocupa-se, também, com o que ensinar e, já em

sua Didáctica Magna, dedica capítulos ao ensino das ciências em geral, das

15 artes, das línguas, da ética e da religião, matérias incluídas no plano

orgânico de estudos que propõe. Tal plano se desenvolve tendo em vista a

evolução do homem --- da infância à juventude --- antecipando ROUSSEAU

(1973) e já apresentando características que serão enfatizadas na próxima

fase da Didática.

As linhas gerais descritas se mantêm sem grandes alterações,

durante toda essa fase naturalista-essencialista. Os fundamentos da

educação e do ensino são as leis da natureza e as relações entre a Didática

e a Pedagogia não são definidas.

As preocupações principais da Didática nessa fase centralizam-se em

problemas referentes aos fins da educação e aos conteúdos culturais a

serem dominados pelos homens.

1.2.2- Fase Psicológica:

Essa fase da Didática se caracteriza por buscar seus fundamentos na

Psicologia, tendo seu início marcado pelos trabalhos de Pestalozzi. Para ele,

as leis da educação e do ensino fundamentam-se na observação

psicológica.

Segundo EBY (1970) Pestalozzi teria percebido claramente a

necessidade de se basear a teoria e a prática da educação na ciência

psicológica apesar de sua falta de conhecimento de Psicologia e ainda do

grau primitivo desta última enquanto ciência. Pestalozzi expressa mesmo

seu intento de psicologizar a educação, como registram MONROE (1970) e

LOURENÇO FILHO ( 1967).

A educação fundamentada na Psicologia já aparecera em Rousseau

e, antes ainda, em Locke. Este último tem seus pensamentos sobre a

educação influenciados pelo sistema psicológico que propõe. Como lembra

LUZURIAGA (1963), Locke insiste na importância de se conhecer o caráter

16 da criança e analisa as características necessárias a um educador.

Conforme lembra LARROYO (1957), o método de ensino em Locke deve

prover uma aprendizagem atraente; o jogo deve ser a atividade preferencial

nos primeiros anos, cuidando-se, mais tarde, de que o ensino seja gradual e

ordenado.

Quanto a Rousseau, a Psicologia aparece como fundamental para a

sua proposta educativa, que, como lembra EBY (1970), deriva do

conhecimento da natureza da criança e dos períodos de desenvolvimento do

ser humano, e tem como princípio central do método de ensino a não

autoridade de uns sobre os outros, em situações de aprendizagem.

LARROYO (1957) lembra que foi através de Rousseau que Locke

influenciou Pestalozzi. Neste último, continuando a tradição da Didática, a

questão da metodologia aparece também discutida. E, segundo

LUZURIAGA (1963), a valorização que faz do método "como agente

supremo e universal da educação" é um dos motivos pelos quais lhe são

feitas restrições.

A fase psicológica da Didática consolida-se com Herbart, considerado

o "pai da psicologia moderna" e "o pai da moderna ciência da educação"

como lembra EBY (1970).

Para LARROYO (1957), Herbart constrói um sistema de teoria

educativa em que o fato educacional é explicado e fundamentado em um

corpo de doutrina. CLAPARÈDE (194O) reforça essa idéia, lembrando

também que após Rousseau, é só em Herbart que aparece novamente a

idéia de se basear a educação na Psicologia, agora de forma sistemática.

Pelas descrições de MONROE; (1970) e de EBY (1970), em Herbart,

o processo educativo se baseia, em seus objetivos e meios, na ética e na

Psicologia, respectivamente. A doutrina herbartiana apresenta caráter

intelectualista. A instrução adquire importância central: o sentir e o querer

17 são resultantes da representação de idéias. Para o alcance da finalidade da

instrução, que é a ação moral, Herbart propõe um plano metódico, baseado

em suas concepções psicológicas sobre a percepção e interesse. Este é

fundamental para o processo de instrução, e apresenta-se diferentemente

segundo os passos: observação, expectativa, solicitação e ação, a que

correspondem os passos formais da instrução: clareza, associação, sistema

(generalização) e método (aplicação).

Ainda segundo MONROE (1970), pode-se comparar a base lógica do

sistema proposto por Herbart com a falta de forma da obra de Pestalozzi.

Entretanto, BRUBACHER (1961), afirma que as obras de ambos têm um

princípio comum. Apesar da ênfase no ensino intuitivo, por parte de

Pestalozzi, e da valorização das idéias, em Herbart, os dois sistemas

favorecem o mesmo resultado, ou seja, o conhecimento de um mundo que

se acredita passível de compreensão tal como é na realidade.

No consenso dos especialistas, Herbart dá um passo decisivo para a

delimitação da Didática, ao mencionar instrução e ensino dentro de sua

doutrina geral da educação. Entretanto, em sua obra, não se delimitam os

problemas didáticos em relação aos pedagógicos.

Para CLAPARÈDE (1940), a incoerência é uma constante em toda a

obra de Herbart, que, embora declare ser a alma algo incognoscível, e tenha

por propósito cientificar a Psicologia e utilizar o método empírico, se dispõe a

caracterizar a alma, deduz a Psicologia da Metafísica e nega a prática da

experimentação no campo psicológico. CLAPARÈDE (1940) indaga ainda.

Sobre a importância da apercepção herbartiana para a Didática,

comparando a Pedagogia e a Psicologia de Herbart com o método funcional

e a Psicologia moderna, respectivamente. No método herbartiano, enfatiza-

se a aquisição do conhecimento e, no funcional, a sua compreensão.

Enquanto Herbart enfatiza a representação, a Psicologia moderna valoriza a

ação. E, finalmente se em Herbart o pensamento se desenvolve como que

18 por adição de idéias, na Psicologia moderna, a ele evolui por modificação da

própria estrutura.

Avaliando a influência da escola herbartiana, LUZURIAGA (1963)

registra o fato de que esta perdeu sua influência, sobretudo, pelas críticas

que representantes da Pedagogia ativa lhe fizeram, embora, como lembra

EBY (1970), ainda continuem aparecendo princípios ligados a interesse, a

percepção ou passos formais em textos que tratam de métodos e currículos.

1.2.3 - Fase Experimental:

Na definição desta nova etapa da Didática, importa considerar a

investigação na área, como também o seu conteúdo propriamente dito.

A respeito do método de investigação, a fase contemporânea da

Didática se define pelo uso de experimentações. Tal característica teria sido

introduzida, nesse campo, paralelamente ao ingresso da investigação

experimental na Pedagogia e ao desenvolvimento da doutrina de Herbart.

A Didática experimental se preocupa em apresentar generalizações

referentes ao ensino, que servirão de subsídio à sua efetivação. Costuma-se

enfatizar a atitude científica do estudioso diante da situação de ensino como

indispensável à passagem do empirismo à experimentação.

Considerando-se o relacionamento da Didática com a Psicologia,

registram-se pelo menos, duas posições. Alguns definem a Didática como

dependente da Psicologia, e outros reivindicam-lhe a autonomia.

LIMA (1970) afirma que a Didática é apenas "a aplicação dos

conhecimentos de psicologia da aprendizagem na tarefa de educar".

Considera-se que a fase experimental da Didática se iniciou com o

trabalho de Sikorsky sobre a fadiga que o trabalho intelectual produz nos

19 escolares, publicado em 1879. Após o seu aparecimento, desenvolveram-se

vários estudos de caráter didático e, em 1903, Lay publica a sua

Experimenttelle Didaktik, que, juntamente com tais estudos, impulsiona a

Didática e representa a base sobre a qual ela passa a se estruturar.

PLANCHARD (1961) lembra que os trabalhos realizados em

laboratórios, nos Estados Unidos, são classificados por Buyse em dois

grandes grupos: os que empregam o procedimento comparativo e os que se

utilizam, predominantemente, do método analítico. Os primeiros referem-se

a comparações em que se enfatiza o tratamento estatístico, e os do segundo

grupo envolvem descrições de processos que intervêm na situação de

aprendizagem escolar. Neste último grupo, enquadram-se os trabalhos de

Freeman, sobre o ato de escrever, e o de Judd e Gray, relativo à leitura.

Lembra PENTEADO (1979) que o caráter científico em estudos sobre

questões didáticas data de poucas décadas, embora as preocupações a

respeito se registrem desde o século passado. O autor aponta temas sobre

os quais há trabalhos de maior densidade: os métodos de ensino, ao lado de

pesquisas, em áreas próximas à Didática, sobre a aquisição de

conhecimentos e a adaptação do ensino às diferenças individuais. Por outro

lado, lamenta o pouco que se conhece sobre o comportamento dos

professores e suas influências sobre os alunos.

Em relação ao conteúdo da Didática, observa-se que os métodos

ativos, em oposição aos verbais e intuitivos, de momentos anteriores,

passam a constituir questão central.

TITONE (1966) apresenta o relato da evolução dos métodos de

ensino - dos verbais aos ativos - como uma das formas de se descrever o

histórico da Didática, tendo em vista a "técnica didáctica".

A evolução dos métodos de ensino é lembrada também por PIAGET

(1976) para quem os métodos receptivos e baseados no verbalismo - da

20 palavra ou da imagem - devem ser substituídos pelos ativos, em que: o

aluno redescobre e reconstrói o conhecimento. Para PIAGET (1974), tal fato

consiste em condição fundamental para uma reforma do ensino que

multiplique o número de "vocações" de que a sociedade atualmente

necessita. A prática eficaz de tais métodos demanda o estudo de Psicologia

por parte dos pedagogos.

CLAPARÈDE (1940) já havia discutido essa necessidade em suas

referências às imprecisões do conceito de atividade da Escola Nova,

denunciando a falta de uma Psicologia bem definida nesse movimento,

necessária para esclarecer o significado de seu fundamento, o princípio de

atividade. Com essa crítica, justifica o uso do termo "funcional", em sua

concepção de educação, para indicar os fundamentos psicológicos que

propõe para o ensino.

Pelo exposto, são características centrais da fase experimental da

Didática: a utilização do método experimental; a discussão em torno das

relações entre a Didática e a Psicologia; a reivindicação do caráter de

ciência para a Didática; o conteúdo "técnico" prevalecendo sobre o "crítico";

e a substituição dos métodos verbais e intuitivos pelos ativos.

1.3 – Objetivo da Didática:

Os objetivos da didática, em termos educacionais, convergem todos

para possibilitar a efetivação mais eficiente do conceito da educação e de

seus objetivos gerais ou particulares, mediatos ou imediatos e que podem

ser expressos da maneira que se segue:

· Efetivar os propósitos do que se conceitue por educação;

· Tornar o ensino e, conseqüentemente, a aprendizagem mais eficiente;

21

· Aplicar novos conhecimentos advindos da biologia, psicologia,

sociologia e filosofia que possam tornar o ensino mais conseqüente e

coerente;

· Orientar o ensino, de acordo com a idade evolutiva do educando, de

maneira a auxiliá-lo a desenvolver-se e a plenamente realizar-se, em função

de seus esforços de aprendizagem;

· Adequar o ensino às possibilidades e às necessidades do educando;

· Inspirar as atividades escolares na realidade e ajudar o educando a

perceber o fenômeno sujeito de aprendizagem como um todo e não

artificialmente partido em fragmentos;

· Orientar o planejamento das atividades de aprendizagem, a fim de

que haja progressividade, continuidade e unidade para que os objetivos da

educação sejam eficientemente alcançados;

· Orientar a organização dos trabalhos escolares para serem evitadas

perdas de tempo e esforços inúteis;

· Tornar o ensino adequado à realidade e às necessidades do

educando e da sociedade;

· Realizar adequado acompanhamento e consciente controle da

aprendizagem a fim de que possa haver oportunas retificações ou

recuperações de aprendizagem.

1.4 – Didática Tradicional e Didática Moderna:

Ø Na Didática Tradicional:

22

· O mestre era o fator pessoal predominante na situação em apreço;

ele a dominava arbitrária e despoticamente, por imposição e por coação,

sem se preocupar com os problemas e dificuldades que afligiam os alunos e

as conseqüências que disso pudessem decorrer em termos de alienação

cultural e frustração de suas personalidades em formação;

· O aluno era o elemento passivo, recipiendário do saber ditado pelo

mestre; cumpria-lhe ouvir, decorar e obedecer servilmente, sem procurar

repensar ou reconstruir reflexivamente o saber transmitido pelo mestre;

· O objetivo, quando chegava a ser reconhecido, era algo de teórico e

remoto, não influindo diretamente na programação do ensino; o trabalho

escolar com ele não se relacionava efetivamente, nem tão pouco a vida

presente e futura do aluno; predominava a rotina dos exercícios e das

recitações, textuais e repetitivas da matéria dada;

· A matéria de ensino era considerada como um valor absoluto e

autônomo ao qual os alunos se deviam conformar, decorando-a

textualmente, sem questioná-la; “nemo novas introducat questiones”

afirmavam os antigos (ninguém levante novos problemas); os próprios

professores se escravizavam a ela, repetindo-a fielmente, sem qualquer

alteração ou revisão crítica dos velhos textos consagrados. Atribuiam-se-lhe

virtudes e forças espirituais imanentes;

· O método relacionava-se apenas com a matéria e era um problema

do professor que a expunha, e não dos alunos para aprendê-la; o professor

não se preocupava com a aprendizagem dos seus alunos; apenas,

fiscalizava o seu comportamento e a sua atenção. Os alunos que

estudassem; ninguém os orientava no método de estudar e de aprender.

Método era apenas a maneira de o professor organizar e expor a matéria in

abstrato, esvaziada de seu relacionamento humano.

23 Ø Na Didática Moderna:

· O mestre atua como elemento incentivador, orientador e controlador

da aprendizagem dos alunos, adaptando o ensino às suas reais capacidades

e limitações, esclarecendo-os e auxiliando-os nas suas hesitações e

dificuldades, programando os seus trabalhos, acompanhando-os na sua

realização e desenvolvendo-lhes os hábitos de estudo e reflexão;

· O aluno é o fator pessoal decisivo na situação escolar; é ativo e

empreendedor; é para ele que se organiza a escola e se ministra o ensino;

os professores estão a seu serviço, para orientá-lo e incentivá-lo na sua

educação e na sua aprendizagem, de modo a desenvolver-lhe a inteligência

e formar-lhe o caráter e a personalidade; isso exige interação e ativa

exercitação de suas capacidades em experiências qualificadas e

educativamente proveitosas;

· O objetivo é o fator decisivo, que dinamiza todo o trabalho escolar,

dando-lhe sentido, valor e direção; é em função dele que se desenvolve todo

o trabalho do professor e dos alunos, tendo em vista metas bem definidas, a

serem atingidas numa escala de progressão bem calculada, respeitando o

nível de maturação em que se encontram os alunos;

· A matéria de ensino é o reativo específico da cultura que o professor

emprega na sua obra educativa; está em função das necessidades e da

capacidade real do aluno para aprender, destas dependendo sua seleção,

programação, dosagem e apresentação em termos didáticos. O aluno não

existe para a matéria, mas esta é que existe para servir ao aluno que se

educa, na medida de sua capacidade para assimilá-la, formando estruturas

mentais definidas;

· O método passa a ser um problema de aprendizagem, e não

diretamente de ensino; o bom método é a melhor maneira de fazer o aluno

aprender, e não mais a de o professor expor ou organizar seus

24 conhecimentos dentro das estruturas lógicas dos adultos. É em parte

condicionado pela natureza específica da matéria, mas se relaciona

principalmente com a psicologia especial do aluno que a vai aprender, no

nível de imaturidade em que se encontra. Em vez de ser rigorosamente

lógico, é predominantemente psicológico.

Sinteticamente podemos observar as principais idéias em relação aos

componentes da didática tradicional e da didática moderna, conforme tabela

abaixo:

Componentes

Didática

MESTRE

ALUNO

OBJETIVO

MATÉRIA

MÉTODO

Tradicional

Dominador

Passivo

Teórico

Remoto

Possuía um

valor

absoluto e

autônomo

Era um

problema do

professor

Moderna

Incentivador

Orientador

Controlador

da

Aprendizagem

Ativo

Dinamiza

todo o

trabalho

escolar

Está em

função das

necessidades

e capacidade

real do aluno

Passa a ser

um problema

da

aprendizagem

25

CAPÍTULO II

MOTIVAÇÃO

O OLHAR DA PSICOLOGIA E DA DIDÁTICA

Motivação, psicologicamente, é o processo que se desenvolve no

interior do indivíduo que o impulsiona a agir mental ou fisicamente. É um

estado de tensão, de dinamismo, de necessidade que provoca a atividade,

fazendo o indivíduo agir. Diz-se que uma pessoa está motivada quando a

atividade que realiza corresponde a uma necessidade psicológica ou a um

interesse intrínseco. O indivíduo motivado encontra-se disposto a dispender

esforços para alcançar seus objetivos.

Muitos especialistas resumem toda a motivação humana em

autoconservação e auto-expansão. A síntese do que o homem procura na

vida é: satisfazer-se dentro de um quadro referencial imediato e, ao mesmo

tempo, projetar-se para o futuro em busca de mais e melhor; manter-se e

expandir-se. Tudo aquilo que, na vida, o homem fizer, pensar e sentir estará

relacionado com estes motivos básicos.

De acordo com as características inatas de cada um, com o ambiente

em que viver e a educação que receber, de acordo com o modo como

ocorrer à interação entre essas características da pessoa e do meio teremos

a diferenciação dos motivos básicos de autoconservação e auto-expansão

numa série de outros, a determinação de objetivos que atendam a estes

motivos, e a escolha de caminhos que levem a esses objetivos. Motivação é

o nome genérico dado a todo este conjunto de operações.

Motivação, didaticamente, é o processo de incentivação destinado a

desencadear impulsos no interior do indivíduo, a fim de impulsioná-lo a

querer participar das atividades escolares oferecidas pelo professor. Motivar

é predispor o educando para as atividades escolares.

26 A motivação consiste no intento de o mestre proporcionar aos alunos

uma situação que os induza a um esforço intencional, a uma atividade

visando a certos resultados queridos e compreendidos. Assim, motivar é

predispor os alunos ao aprendizado e à realização de um esforço para

alcançarem certos objetivos.

Os propósitos da motivação consistem em despertar o interesse,

estimular o desejo de aprender e dirigir esforços para atingir metas definidas.

A motivação é fator decisivo no processo da aprendizagem e não

poderá haver, por parte do professor, direção da aprendizagem se o aluno

não estiver motivado, se não estiver disposto a dispender esforços. Não há,

de modo geral, aprendizagem sem esforço e muito menos aprendizagem

escolar, uma vez que ela se desenvolve em ambiente um tanto artificial. Não

há método ou técnica de ensino que dispense o esforço por parte do aluno.

Daí a necessidade de motivar atividades escolares, para que haja esforço

voluntário por parte de quem aprende.

Pelo condicionamento psicológico do ambiente de trabalho, pelo

poder sugestivo da palavra, pelo incentivo do calor pessoal com que o

professor reconhece o esforço dos alunos e sugere, orienta, estimula e

elogia sua atividade, pelos meios auxiliares empregados e pelos

procedimentos didáticos aplicados, o professor conseguirá, em muitos casos

e até certo ponto, despertar e manter a chama da motivação interior de seus

alunos. O fracasso de muitos professores está em não motivarem suas

aulas, ficando, desse modo, professor e aluno, sem comunicação.

Um aluno está motivado quando sente necessidade de aprender o

que está sendo tratado. Esta necessidade leva-o a aplicar-se, a esforçar-se

e a perseverar no trabalho até sentir-se satisfeito. Caso contrário, o

professor ficará dando aula sozinho. Com certa freqüência, podemos

observar que os alunos menos motivados, menos comprometidos com seu

aprendizado, menos ativos, recebem de seus professores comentários, ou

27 outro tipo de comunicação, que os desmotivam ainda mais. E, ao contrário,

os alunos que desde o início se mostram ativos e motivados recebem mais

reforços do professor, mais comunicações.

Motivar suas aulas deve ser a preocupação constante do professor. É

a motivação que dá vida, espontaneidade e razão de ser à sua aula. A

grande fonte de indisciplina em classe é a falta de motivação. É comum

notar-se professores que entram em classe e os trabalhos se iniciarem,

mecanicamente, a partir da vírgula ou ponto-e-vírgula do término da aula

anterior.

Para melhor se compreender a motivação é necessário que se

esclareça ser ela uma condição interna, mistura de impulsos, propósitos,

necessidades e interesses que levam o indivíduo a agir. Todo

comportamento é dependente de estímulos externos e das condições

biopsicológicas do indivíduo. A mesma solicitação pode provocar

comportamentos diferentes em pessoas diversas, bem como pode provocar

comportamentos diferentes na mesma pessoa, mas em situações internas e

externas diferentes.

A motivação resulta de um complexo de necessidades de caráter

biológico, psicológico e social. Se as necessidades de comportamento,

inicialmente, são puramente biológicas, aos poucos, por força da própria

aprendizagem, vão-se enriquecendo com aspectos sociais, formando um

todo biossocial. Pode-se falar então, em necessidades ou interesses em que

predominem os aspectos biológico e social.

Na infância e na juventude, a boa motivação, além de influenciar

sobre a vida e os estudos, contribui também poderosamente para o

equilíbrio e integração da personalidade em formação.

28 Como observa Norman Fenton:

“Os objetivos vitais, mesmo quando transitórios e de mero

ensaio , são fatores construtivos no processamento

integrativo da personalidade. Concorrem para dar

organicidade e coesão dos esforços do indivíduo,

proporcionando-lhe interesses seguros durante seus anos de

formação. Os professores desempenham um papel

importante, coadjuvando os alunos no seu esforço para se

definirem quanto ao estudo e quanto aos seus objetivos

vitais”. (Mental Hygiene in School Practice, 1949, p.112).

Toda aprendizagem se realiza impelida por motivos, por

necessidades, mas acontece que o resultado da aprendizagem passa

também a funcionar como elemento modificador do campo dos motivos,

condicionando, assim, comportamentos futuros. Ou melhor, a aprendizagem

cria novos motivos, novas necessidades.

Em toda situação motivadora podem ser encontrados dois fatores:

· Fator de impulsão ou motivo inicial, cujas raízes mais profundas são

de natureza biológica;

· Fator de direção, de integração nas condições ambientais e que é de

natureza sociocultural.

E os motivos resultantes da aprendizagem, à medida que o indivíduo

se desenvolve, mais se afastam das suas raízes biológicas e passam a

preponderar na vida do indivíduo.

29 A motivação, no processo da aprendizagem, pode provocar os

seguintes passos:

· Cria-se uma situação de necessidade (motivação), estabelecendo-se,

simultaneamente, uma tensão;

· Vislumbra-se um objetivo capaz de satisfazer a necessidade;

· Tem início o esforço ou ação para solucionar a dificuldade, de

maneira desordenada ou ordenada;

· Ocorrendo solução ou satisfação da necessidade, diminui a tensão e

o indivíduo guarda (aprende) a direção ou forma de comportamento, para

agir de maneira mais ou menos idêntica em situações similares.

A motivação tem por fim estabelecer conexões entre o que o

professor pretende que o aluno realize e os interesses deste. Motivar, na

escola, em última análise é levar o educando a se aplicar ao que ele precisa

aprender.

30

CAPÍTULO III

MOTIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM

3.1- Motivação Inicial e de Desenvolvimento:

Sob o ponto de vista didático, a motivação pode ser classificada como

inicial e de desenvolvimento.

Ø Motivação Inicial:

Quando empregada no início da aula, em que o professor procura

predispor os alunos para os trabalhos que vão ser realizados. Quando a

motivação para aí, temos aulas bem iniciadas, mas que, aos poucos, vão

perdendo o interesse para os alunos, que começam a empregar-se em

outras ocupações mentais ou físicas, distantes dos trabalhos de classe.

Ø Motivação de Desenvolvimento:

Quando empregada durante o transcurso da aula, que deve ser

planejada ou deve aproveitar os incidentes de todos os momentos de uma

aula, para reavivar o interesse dos educandos. Assim, a motivação de

desenvolvimento procura conservar o impulso e a disposição iniciais. O

melhor reforço ou incentivação é a participação da classe nos trabalhos da

aula. Ela, também, trabalhando, realizando, discutindo, dialogando,

pesquisando, vivendo, enfim, o que está sendo tratado. É claro que o que

está sendo tratado deve ser cuidadosamente selecionado pelo professor,

para atender às reais necessidades dos educandos e da comunidade.

Precisamos lembrar que motivar uma aula não é só lançar mão da

motivação inicial, adequadamente preparada, mas é mais um trabalho de

ação contínua junto à classe e a cada aluno, para induzir a trabalhar, a

querer e a comprometer-se no estudo de uma disciplina. Daí a importância

31 de conhecer as aptidões e aspirações de cada aluno, a fim de proporcionar-

lhe, na medida do possível, trabalhos que correspondam às suas

possibilidades, necessidades e preferências.

3.2- Técnicas de Motivação:

São inúmeras as técnicas de motivação. É bom que assim seja, pois

o professor, em qualquer circunstância, terá possibilidades de utilizar uma ou

várias delas para motivar sua aula. Essas técnicas procuram suscitar

motivos, ativar possibilidades internas, em estado latente, no aluno, de

maneira a integrá-lo nos trabalhos de classe.

O resultado positivo ou não de determinada técnica vai depender de

uma série de fatores intrínsecos e extrínsecos ao educando e às diferenças

individuais. Tanto assim que, em uma circunstância, uma técnica pode surtir

efeito e, em outra, não. Uma técnica pode sensibilizar um grupo de alunos, e

outra, não.

Vejamos as principais técnicas que podem ser utilizadas na

motivação dos alunos:

· CORRELAÇÃO COM O REAL: O professor procura estabelecer

relação entre o que está ensinando com a realidade circundante, com as

experiências de vida do aluno ou com fatos da atualidade. Esta técnica se

confunde, também, com a concretização do ensino, e tem a virtude de dar

um sentido de realidade e autenticidade às aulas.

· OCORRÊNCIAS ATUAIS DA VIDA SOCIAL: O professor procura

partir de acontecimentos ou fatos que estão empolgando a opinião pública.

Esta é uma técnica facílima de aplicação, pois, de certo modo, todas as

questões se prendem às disciplinas ensinadas na escola. Deve haver

bastante preocupação em utilizar essa técnica, porque é excelente meio de

32 dar sentido e funcionalidade às aulas. Sempre que esta articulação se torna

possível, as aulas se vitalizam e passam a interessar à classe.

Modalidade de motivar com base em fatos atuais da vida social é

lançar termos novos à classe para que os conceituem. É claro que os termos

devem guardar relação com a disciplina ou área de estudo relacionada com

a mesma. Assim, segundo a disciplina em foco, perguntar o que significa

informática, cibernética, automação, psicossomática, etc.

· PARTICIPAÇÃO DO ALUNO: O professor por meio de interrogatório

e de situações problemáticas interessantes, faz com que os alunos tomem

parte nos trabalhos propostos. A preocupação deve ser a de tirar o aluno da

situação de mero espectador para transformá-lo em participante e mesmo

realizador da aula. O professor deve procurar aproveitar todas as iniciativas

dos alunos. As sugestões dos mesmos devem merecer a melhor atenção e

simpatia, por parte do professor. Deve até haver a preocupação de

incentivar essas iniciativas, caminho seguro para levar os alunos à “realizar”

a aula, a participar da mesma.

· MATERIAL DIDÁTICO MOTIVADOR: Esta deve ser uma técnica de

motivação de todas as aulas, em que o professor procura ilustrar e

concretizar os assuntos através de algo mais do que palavras. Fazem-se

necessárias, com o uso intensivo de quadro-negro, projeções

cinematográficas, apresentação de obras de autores tratados, aplicação de

testes, confirmação da atualidade e necessidade do assunto tratado em aula

por meio de jornais, revistas, noticiários de rádio, etc. Cada professor

deveria providenciar a aquisição e confecção do material necessário à sua

disciplina, que iria sendo enriquecido, de ano para ano.

· APROVEITAR OCORRÊNCIAS OCASIONAIS: Dá bons resultados

aproveitar ocorrências ocasionais para ministrar as aulas, tirando partido de

todas as ocorrências e incidentes da vida real da sociedade, dos alunos, da

33 escola e, principalmente, da própria classe, para motivar os trabalhos

propostos.

· RECONHECIMENTO DA UTILIDADE MEDIATA E IMEDIATA DA

MATÉRIA: Deve ser preocupação do professor tornar mais real possível o

seu ensino. Excelente forma de alcançar tal objetivo é mostrar o valor que a

disciplina tem para a vida social e a do aluno. Não há dúvida de que possui

mais sentido a utilidade imediata; mas, trabalho deve ser feito em evidenciar,

também, a utilidade mediata da disciplina, relacionada às suas aplicações

profissionais, industriais, etc.. A disciplina, deste modo, irá contribuindo,

igualmente, para um esclarecimento de vocações, tendo em vista um futuro

aconselhamento profissional.

· ESTÍMULO DO AMBIENTE: Este pode ser fator de motivação, se

bem aproveitado, pois todos os estímulos do ambiente podem convergir para

os trabalhos de classe, quando o material exposto esteja relacionado com o

assunto tratado. Há, também, a possibilidade de se formarem atitudes

reflexas. Ingressando na sala-ambiente de determinada disciplina, sente-se

o aluno como que predisposto para o estudo. Quanto à exposição do

material, é indispensável que o mesmo não fique, continuamente, em

evidência, porque acabará por tornar-se indiferente. O ideal é que o material

exposto seja relacionado com a unidade didática em estudo. Neste caso,

impõe-se o que ficou dito acima: todos os estímulos de ambiente

convergindo para os trabalhos de classe, favorecendo a motivação. É de boa

técnica variar, de quando em quando, de ambiente, para dar aula, utilizando

outra sala ou qualquer outra dependência da escola.

· PERSONALIDADE DO PROFESSOR: A personalidade do professor

através de sua maneira de ser, do seu entusiasmo, simpatia, tolerância,

compreensibilidade, não há dúvida, pode funcionar como fator decisivo de

motivação. Para isto, é preciso que o professor viva as suas aulas e os

alunos sintam que ele se dá inteiramente ao seu trabalho e, indiretamente, a

eles.

34

· MOTIVAÇÃO PELA PRÓPRIA MATÉRIA: Procura-se evidenciar que

devem ser abandonados os processos artificiais de levar o aluno a estudar,

para fazer ênfase, cada vez maior, na própria matéria lecionada, como

recurso de motivação. A funcionalidade da matéria, a maneira como é

lecionada e a sua articulação com a realidade é que devem levar o aluno a

querer estudá-la.

· APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS OU CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS:

A disciplina que transcorre somente no campo teórico tem poucas

probabilidades de motivar os alunos. É recomendável que a teoria seja

seguida de aplicações práticas, ou, ainda melhor, que a teoria seja extraída

da prática.

· RELACIONAMENTO PROFISSIONAL: Os estudos de classe devem

ter um sentido profissional, e sempre que possível, aproximar o que estiver

sendo estudado na sua real forma profissional.

· TRABALHOS GRADUADOS: Outra forma de motivar é apresentar ao

educando tarefas adequadas e graduadas por dificuldade, partindo do seu

nível de preparo e de capacidade. Haverá, fatalmente, com este

procedimento, sucesso, e este será um excelente recurso motivador. O

sucesso, no entanto, não deve ser nem fácil, nem facilitado, mas deve ser

alcançado pelo empenho do estudante na sua tarefa. Sucesso através do

esforço é excelente técnica motivadora. Decorre, pois, que o trabalho deve

ser organizado de maneira a ser adaptado às condições do educando e

graduado em suas dificuldades, de forma que possa haver sucesso e

conseqüente atração pelos trabalhos.

· SUCESSO: Excelente técnica de motivação. Todos aspiram ao

sucesso e com ele se entusiasmam. Nada mais desanima o educando do

que o insucesso continuado. O insucesso ocasional pode provocar uma

reação salutar no educando, porém, quando continuado, acaba por

desanimar, inferiorizar, frustrar. Os trabalhos devem ser planejados, pois, em

35 função das possibilidades dos educandos para que estes tenham boas

probabilidades de sucesso. Os bons resultados devem ser dados a conhecer

o quanto antes aos educandos, para que funcionem como reforço, segundo

a teoria do condicionamento operante.

· BOAS RELAÇÕES ENTRE PROFESSOR E EDUCANDOS: Esta

seja, talvez, uma das melhores técnicas de motivação – as boas relações

entre mestres e alunos. Nada mais entusiasma o aluno do que perceber que

é visto, distinguido e compreendido pelo seu professor. O bom

relacionamento entre ambos cria um clima que facilita os trabalhos escolares

e convida o aluno a se empenhar nas tarefas que lhe são confiadas.

Fundamentalmente, podemos dizer que a personalidade do professor

e a atitude ou disposição fundamental dos alunos, são as coordenadas

dentro das quais, se desenvolverá com maior ou menor eficácia às técnicas

de motivação de aprendizagem. Deve-se, contudo, frisar que a atitude

favorável dos alunos será, em grande parte, o reflexo ou a resultante da boa

atitude e firme atuação do professor.

3.3- Perfil dos Educandos Segundo a Motivação:

Discute-se com freqüência, que nem todos os alunos têm a mesma

capacidade para se interessarem pelos estudos e aplicarem-se com afinco

aos trabalhos propostos.

Baseando-nos nas diferenças individuais dos alunos, em relação às

disposições para se dedicarem aos estudos, podemos chegar a seguinte

classificação:

· Alunos que não precisam de muitos estímulos motivadores, por

estarem sempre dispostos a fazer o que o professor planejou. São como que

alunos automotivados e sempre disposto a executarem, com entusiasmo, as

tarefas escolares marcadas pelo professor.

36

· Alunos que precisam de motivos poderosos para se atirarem aos

estudos. Estes alunos necessitam receber incentivos constantes dentro e

fora da classe, de maneira a ir sendo predispostos para os trabalhos. Os

contatos fora da classe entre professor e aluno favorecem, de modo geral, o

bom andamento da vida escolar.

· Alunos estáveis em sua dedicação aos estudos. Não são nem muito

entusiasmados, nem desanimados. Estes alunos devem ser alvo, de quando

em quando, de uma apreciação sobre seus trabalhos e admirados pela

constância de esforços.

· Alunos que não se impressionam pelos meios que motivam a maioria

da classe. Estes alunos, quase sempre, pertencem a classes sociais de

condições muito elevadas ou muito baixas. Para eles, os estímulos que

impressionam a maioria não têm sentido. A motivação nestes casos torna-se

difícil. Entretanto, é possível criar situações que se ajustem às condições de

vida desses alunos.

· Alunos facilmente motiváveis, mas sem constância, decrescendo o

seu interesse no decorrer da aula. Falta-lhes capacidade de perseverança e

se distraem ao mínimo incidente. Estes alunos devem receber por parte do

professor, incentivos discretos, mas continuados, de jeito a não lhes dar

oportunidade de se desviarem.

3.4- Principais Fatores de Motivação:

· A Personalidade do Professor: seu porte, sua aparência física, sua

voz, sua facilidade, naturalidade de expressão, seu dinamismo, seu

entusiasmo pela matéria, seu bom humor e cordialidade, juntamente com

sua firmeza e segurança. Importante também como fator motivacional é a

simpatia e o interesse que o professor revela pelas dificuldades, problemas e

programas de seus alunos, tanto em conjunto como individualmente. Enfim,

37 uma personalidade equilibrada, dinâmica e estimulante, com acentuados

traços de liderança democrática.

· Recursos de Ensino:

Segundo Gagné:

“São componentes do ambiente da aprendizagem que

dão origem à estimulação para o aluno” (GAGNÉ, 1971,

p. 247).

Esses recursos podem ser os livros, os mapas, murais, aparelhos de

demonstração, o quadro de giz, modelos ampliados ou miniaturizados,

maquetes, gravuras, especimens vivos, os recursos audiovisuais, etc., que

tornem o assunto mais concreto, intuitivo e interessante.

O uso de recursos audiovisuais não garante a eficiência do processo

ensino-aprendizagem, se os mesmos se limitam a tentativas de introdução

de novidade, sem compromisso com a inteligência do ser que aprende. A fim

de que possam contribuir de fato para aquela eficiência, impõe-se como

condição necessária, a problematização a partir dos recursos disponíveis,

que se trata de um simples cartaz ou de uma projeção cinematográfica.

Parra, ao estudar as relações entre os recursos audiovisuais e a

renovação didática, enfatiza este aspecto:

“(...) Seja qual for o recurso audiovisual usado, devem-se

prever condições a fim de que os observadores possam

explorá-lo suficientemente”. (...) “... não importa o veículo

usado, mas sim que, ou através de estudo individual, ou da

observação coletiva, o professor crie condições ideais para

tirar o aluno da passividade frente às imagens, levando-o a

agir sobre elas”. (PARRA, 1972, p. 64).

38 Não se trata de recusar, portanto, a aplicação da moderna tecnologia

à educação, mas sim de se usar criteriosamente os recursos disponíveis,

mobilizando-se a partir daí, ao máximo possível, o pensamento dos alunos

situados em qualquer grau de ensino.

· O Método ou as Modalidades Práticas de Trabalho Empregadas pelo

Professor: discussão dirigida, grupos de trabalho, competições, jogos,

dramatizações, planejamento e execução de projetos pelos alunos,

exposições de trabalhos, excursões em campo para observação e colheita

de dados, demonstrações e experiências de laboratório, etc..

· A Própria Matéria de Ensino: quando bem programada e apresentada

de maneira hábil e estimulante.

3.5- Sugestões de Procedimentos Que Podem Ajudar na

Motivação da Aprendizagem:

· Faça a articulação e a correlação do que está sendo ensinado e

aprendido com o real. Assim, ao introduzir um novo conteúdo ou iniciar uma

unidade didática, comece pelos fatos ou situações reais relacionados ao

ambiente imediato (físico ou social) e próximos da experiência e da realidade

vivencial do aluno. A partir da correlação com o real, chega-se à abstração,

à generalização e à elaboração teórica, por meio da mobilização dos

esquemas operatórios do pensamento, que geram a reflexão e o raciocínio.

Em seguida, faça os alunos aplicarem novamente aos fatos, o conhecimento

já organizado e sistematizado a partir do real.

· Apresente os novos conteúdos partindo de uma questão

problematizadora ou situação-problema, para qual os alunos devem

encontrar, individualmente ou em grupos, uma explicação ou solução.

Através do processo da descoberta (que envolve ensaio e erro) e de

procedimentos, como a pesquisa, o diálogo e a análise das informações

39 expostas pelo professor, o aluno coleta dados que, aplicados à situação-

problema apresentada, ajudam a esclarecê-la, explicá-la ou resolvê-la.

· Use procedimentos ativos de ensino-aprendizagem, condizentes com

a faixa etária e o nível de desenvolvimento dos alunos. Isto quer dizer que,

para incentivar a aprendizagem, convém propor aos alunos atividades

desafiadoras, que estimulem sua participação e acionem e mobilizem seus

esquemas operativos de cognição (sejam eles sensório-motores, simbólicos

ou operatórios).

· Incentive o aluno a se auto-superar gradualmente, através de

atividades sucessivas de progressiva dificuldade. Proponha pequenas

tarefas e prepare os alunos para realizá-las, proporcionando-lhes as

condições necessárias para assegurar o seu êxito imediato. Elogie e reforce

o sucesso por eles alcançado no desempenho da atividade, pois, em geral,

os alunos demonstram interesse por aquilo que conseguem realizar bem.

· Planeje as atividades do dia ou da semana em conjunto com a classe.

Explique aos alunos os objetivos de cada atividade, e o que se espera deles

ao término de cada uma, para que saibam o que devem fazer e qual a

expectativa em relação ao seu desempenho.

· Esclareça o objetivo a ser atingido com a realização de certa atividade

ou o estudo de determinado conteúdo, relacionando esse objetivo à

realidade imediata do aluno. Quando o aluno conhece a finalidade da

atividade, tende a realizar esforço voluntário para alcançar o objetivo. Mas é

praticamente inútil tentar incentivar os alunos informando-lhes,

simplesmente, sobre o valor e a importância do conteúdo ensinado e das

vantagens remotas de sua aprendizagem. O que ajuda a incentivar o aluno é

o fato de ele perceber e verificar que aquilo que aprende tem uma relação

com a sua realidade imediata e apresenta vantagens para sua vida real e

presente. Os projetos de ação que apresentam metas mais imediatas são

mais significativos e têm uma carga motivadora mais forte. É preciso

40 aproveitar a predisposição que o aluno possui para aprender aquilo que é

significativo para ele.

· Mantenha um clima agradável na sala de aula, estimulando a

cooperação entre os membros da classe, pois as relações humanas que se

estabelecem na sala de aula influem na aprendizagem. Oriente e

supervisione os trabalhos, acompanhando e assistindo os alunos quando

necessitarem. Elogie o esforço realizado por cada um e o processo

alcançado, inspirando-lhes confiança e segurança na própria capacidade de

aprender e fazer progressos. Quando for o caso, mostre-lhes, com

compreensão, formas de melhorar o seu desempenho nos estudos. Convém

lembrar que a expectativa que o professor tem em relação ao desempenho

do aluno, isto é, o que o professor espera dele, tem um papel decisivo em

seu aproveitamento escolar.

· Informe regularmente os alunos dos resultados que estão

conseguindo, analisando seus avanços e dificuldades no processo de

construção do conhecimento. Estimule-os a continuar progredindo e

incentive-os a encarar os erros, de forma construtiva, isto é, como uma

maneira de aprender e de se aperfeiçoar. Aqui a auto-avaliação será muito

útil. Por isso, estimule os alunos a se auto-avaliarem, verificando seus

pontos fortes e fracos, seus avanços e dificuldades, os aspectos em que

apresentaram um bom desempenho, e aqueles em que precisam melhorar

ainda mais.

41

Conclusão

Através deste trabalho científico, procuramos enfatizar a importância

da motivação no processo ensino-aprendizagem.

Lembramos que a motivação consiste em oferecer ao aluno os

estímulos e incentivos apropriados para tornar a aprendizagem mais eficaz.

Contudo, motivar os alunos não é uma tarefa fácil. Muitas vezes o professor

conhece as teorias e técnicas de motivação da aprendizagem, mas ele

próprio, não está motivado para ensinar. Os alunos percebem essa

desmotivação e, apesar das técnicas e dos métodos de ensino utilizados,

não demonstram o maior entusiasmo pela matéria.

Para conseguirmos que nossos alunos estudem e se interessem pela

matéria que ensinamos, não basta apresentá-la em aulas formais, mediante

monólogos expositivos, que desenvolvam a matéria ao nível de capacidade

do professor. Será necessário, sobretudo, transformar a nossa matéria, para

o nível de capacidade e de compreensão dos alunos, pois dessa forma

conseguiremos despertar sua atenção, criando neles o legítimo interesse

pelo estudo, estimulando assim, seu desejo de conseguir os resultados

visados, mediante tarefas progressivas. Daí a importância da motivação na

aprendizagem do aluno.

É fundamental também, que o professor considere a multiplicidade de

fatores que influem na motivação do aluno a cada instante em que se

desenrola a aula. No ensino moderno, a principal função do professor, será a

de criar condições psicológicas e ambientais necessárias, para que a

motivação se concretize no espírito dos alunos, possibilitando-lhes uma

aprendizagem autêntica e eficaz. Sem ela, os alunos não estarão em

condições de aprender com proveito.

42 Ao final desta monografia, podemos concluir que a participação

intensa e ativa do aluno em aula depende, portanto, do grau de motivação

pelo assunto ou atividade focalizada, e que esta, não é apenas um passo

preliminar do ciclo docente, mas uma constante que deve traspassar todo o

processamento dos trabalhos desenvolvidos durante todo o ano letivo.

43

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45

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