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http://frdiego.wordpress.com/ DIEGO FERNANDES RODRIGUES PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS Joinville 2011

DIEGO FERNANDES RODRIGUES PROCESSO DE … · 4) define o desenvolvimento de produto como “todo o processo de transformação necessária para a identificação da demanda, a produção

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DIEGO FERNANDES RODRIGUES

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Joinville

2011

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Visão Tradicional e Visão da Engenharia Integrada para o PDP ............................. 7

Figura 2 - Diferença entre processo e projeto ........................................................................... 8

Figura 3 - Modelo de um processo ........................................................................................... 9

Figura 4 - Modelo Unificado do Processo de Desenvolvimento de Produto ........................... 11

Figura 5 - Exemplo de sobreposição de atividades nas fases do PDP ................................... 12

Figura 6 - Exemplo da duração típica das macrofases ........................................................... 13

Figura 7 - Macrofase de pré-desenvolvimento ........................................................................ 15

Figura 8 - Relação dos custos com as fases do desenvolvimento ......................................... 16

Figura 9 - Influência da Engenharia Simultânea na quantidade de mudanças no projeto ...... 17

Figura 10 - Relação entre o projeto informacional e o pré-desenvolvimento .......................... 18

Figura 11 - Organização da fase de projeto informacional ..................................................... 19

Figura 12 - Organização da fase de projeto conceitual .......................................................... 20

Figura 13 - Exemplo de modelamento funcional de uma impressora a jato de tinta ............... 21

Figura 14 - Representação da arquitetura de um elevador de automóveis ............................ 22

Figura 15 - Organização da lista de materiais segundo o SSCs ............................................. 23

Figura 16 - Organização da fase de projeto detalhado ........................................................... 24

Figura 17 - Organização da fase de preparação da produção do produto ............................. 26

Figura 18 - Organização da fase de lançamento do produto .................................................. 27

Figura 19 - Visão geral da macrofase de desenvolvimento .................................................... 28

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SUMÁRIO

SUMÁRIO ................................................................................................................... 3

1. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS ................................... 4

1.1. Características do Processo de Desenvolvimento de Produtos ......................... 7

1.2. O PDP Segundo o Modelo Unificado ............................................................... 10

1.3. Macrofase de Pré-desenvolvimento do Modelo Unificado ............................... 13

1.1.1. Planejamento Estratégico dos Produtos ............. .................................... 14

1.1.2. Planejamento de Projetos .......................... ............................................... 14

1.4. Macrofase de Desenvolvimento do Modelo Unificado ...................................... 15

1.1.3. Projeto Informacional ............................. ................................................... 17

1.1.4. Projeto Conceitual ................................ ..................................................... 19

1.1.5. Projeto Detalhado ................................. ..................................................... 23

1.1.6. Preparação da produção do produto ................. ...................................... 26

1.1.7. Lançamento do Produto ............................. ............................................... 27

1.5. Macrofase de Pós-desenvolvimento do Modelo Unificado ............................... 28

1.1.8. Acompanhar Produto/Processo ....................... ........................................ 29

1.1.9. Descontinuar Produto .............................. ................................................. 29

1.6. Processos de Apoio do Modelo Unificado ........................................................ 30

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1. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

É indiscutível que a sobrevivência das empresas no mercado atual está cada vez mais

relacionada à sua capacidade de criar e otimizar projetos. O cenário econômico atual, com

consumidores cada vez mais informados, exigentes e que procuram produtos que realmente

satisfaçam as suas necessidades, tornou-se desafiador mesmo para as grandes empresas.

Não são mais aceitáveis longos processos criativos e inventivos, mudanças tecnologias

ocorrem diariamente, e todas as empresas que almejam se postar firmemente no mercado

precisam adotar medidas que atendam esta realidade.

Back et al (2008) defende que uma empresa focada no desenvolvimento de bens de

consumo tem como principal decisão a qualidade do produto e que a economia tradicional,

aquela baseada somente em preços, custos e taxas de câmbio já não são mais válidas.

Indo ao encontro desta necessidade, a produção de grandes variedades em pequenas

quantidades e com a qualidade inserida em todo o ciclo de vida do produto, um Processo de

Desenvolvimento de Produto (PDP) bem estruturado é vital para a sobrevivência e

competitividade de uma empresa.

Rozenfeld et al define o PDP como:

Conjunto de atividades por meio das quais busca-se, a partir das necessidades do mercado e das possibilidades e restrições tecnológicas, e considerando as estratégias competitivas e de produto da empresa, chegar às especificações de projeto de um produto e de seu processo de produção. (ROZENDELD et al, 2006, p. 3).

O mesmo autor ainda acrescenta a seguinte idéia a definição:

O desenvolvimento de produto também envolve as atividades de acompanhamento do produto após o lançamento para assim, serem realizadas as eventuais mudanças necessárias nessas especificações, planejada a descontinuidade do produto no mercado e incorporadas no processo de desenvolvimento, as lições aprendidas ao longo do ciclo de vida do produto. (ROZENFELD et al, 2006, p. 3).

Back et al (2008, p. 4) define o desenvolvimento de produto como “todo o processo de

transformação necessária para a identificação da demanda, a produção e o uso do produto”.

Em suma o PDP consiste de um conjunto de atividades e métodos que tem como

objetivo, acompanhar todos os estágios da vida útil de um produto, desde que constatada

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sua necessidade através de pesquisas de mercado até seu desuso anos após seu

lançamento, e garantir o sucesso completo do investimento.

O estudo dos processos de desenvolvimento de produtos como uma área

independente na engenharia, buscando e desenvolvendo sistemáticas, teve início no período

após a Segunda Guerra Mundial. Durante a década de 1970 a Alemanha empenhou-se em

pesquisas relacionadas a esta disciplina produzindo obras importantes e que são publicadas

e traduzidas até os dias atuais (Back et al, 2008).

Na década de 1980, buscando respostas para a baixa competitividade de seus

produtos, países como a Inglaterra e os Estados Unidos descobriram que o baixo rendimento

estava relacionado à deficiência na qualidade de projeto dos seus produtos (Back et al,

2008). Iniciou-se então um grande esforço no sentido de alavancar este conhecimento, Back

et al (2008) afirma que “financiado pelo National Science Foundation dos Estados Unidos,

houve um grande impulso em pesquisas e publicações de resultados, introduzindo novos

conceitos”.

No Brasil uma das principais iniciativas surgiu no Departamento de Engenharia

Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com a introdução da disciplina

de metodologia de projeto de produtos industriais, tanto na graduação como na pós-

graduação em 1976 e com a publicação da primeira obra em português sobre o tema em

1983. Após a publicação deste trabalho houve maior implementação desta nova disciplina

em cursos de graduação e pós-graduação, contudo, somente após a abertura do mercado

brasileiro em 1990 é que houve uma grande procura por profissionais desta área por parte da

indústria (Back et al, 2008).

Inicialmente o processo de desenvolvimento de produtos era tido como um conjunto

de atividades seqüenciais, muitas vezes associada exclusivamente com a atividade de

Pesquisa e Desenvolvimento, P&D. Por esta visão tradicional, as atividades ocorrem em um

perfeito encadeamento. Em suma, isso significa que as atividades eram realizadas somente

uma após a outra. Assim, de acordo com esta filosofia, o projeto das ferramentas

necessárias para a fabricação dos componentes do projeto como moldes ou matrizes só

eram iniciados após a finalização do projeto do componente, o planejamento do processo só

era realizado após a manufatura do molde, e assim sucessivamente.

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Ainda hoje, este modelo é muito utilizado, principalmente em empresas de pequeno ou

médio porte que possuem limitações em recursos financeiros ou humanos, e apresenta

resultados satisfatórios, contudo o modelo possui suas características que não se adéquam

às empresas que buscam uma alta eficiência e eficácia. A segregação das atividades afim de

um melhor gerenciamento gera barreiras entre as áreas de uma companhia, dificultado a

livre circulação das informações. Assim, decisões tomadas no início do projeto, podem

acrescer custos nas etapas finais.

Um exemplo típico da deficiência apresentada por esse modelo é a importância das

decisões tomadas durante o projeto de um componente e que afetam diretamente sua

fabricação. Informações aparentemente simples, como a rugosidade de uma peça que

passou por um processo de usinagem, podem influenciar diretamente no tempo de

processamento do componente.

Em uma nova visão Rozenfeld et al (2006, p. 10) defendem que o PDP “deve integrar

desde atividades de planejamento estratégico e competitivo até a descontinuidade ou

retirada do produto do mercado”. Este conceito amplia o processo de desenvolvimento de

produtos, fazendo com que ele atinja boa parte das áreas de uma empresa, além disso,

considera que há a integração entre eles.

Esta nova visão destaca principalmente uma metodologia chamada de Engenharia

Simultânea que tem como principal fundamento o paralelismo entre as atividades de projeto

e a interação entre diversas áreas de uma empresa com a formação de equipes

multidisciplinares. Dessa forma, a limitação citada anteriormente é bastante minimizada, pois

desde o início do projeto do componente já há uma pessoa responsável pela fabricação

fazendo parte da equipe de desenvolvimento, planejando o processo pelo qual o componente

passará podendo sugerir alteração nas etapas iniciais do projeto e reduzindo o retrabalho.

A Figura 1 compara as características de cada uma das visões de processo de

desenvolvimento de produto.

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Figura 1 - Visão Tradicional e Visão da Engenharia Integrada p ara o PDP

1.1. Características do Processo de Desenvolvimento de Produtos

Por se tratar de um processo complexo,

atividades, principalmente nas f

uma grande quantidade de informações e da multiplicidade de requisitos a serem satisfeitos,

a estruturação de uma metodologia de PDP precisa ser

utilizada.

Back et al (2008, p. 7) defende que “p

eficácia, é necessário saber o que fazer, para quem fazer, quando fazer, com que fazer e

como fazer” ao conjunto de métodos, ferramentas, procedimentos e conhecimentos

necessários para a resolução destas questões dá

desenvolvimento de produtos.

esta metodologia é empregada.

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Visão Tradicional e Visão da Engenharia Integrada p ara o PDP

Fonte: Rozenfeld et al (2006)

rocesso de Desenvolvimento de Produtos

Por se tratar de um processo complexo, com elevado grau de incertezas,

atividades, principalmente nas fases iniciais, da necessidade de manipulação e geração de

uma grande quantidade de informações e da multiplicidade de requisitos a serem satisfeitos,

a estruturação de uma metodologia de PDP precisa ser cuidadosamente

) defende que “para desenvolver um produto com eficiência e

eficácia, é necessário saber o que fazer, para quem fazer, quando fazer, com que fazer e

como fazer” ao conjunto de métodos, ferramentas, procedimentos e conhecimentos

necessários para a resolução destas questões dá-se o nome de metodologia de

desenvolvimento de produtos. O conceito de processo é acrescentado pela dinâmica que

esta metodologia é empregada.

Visão Tradicional e Visão da Engenharia Integrada p ara o PDP

com elevado grau de incertezas, riscos das

manipulação e geração de

uma grande quantidade de informações e da multiplicidade de requisitos a serem satisfeitos,

cuidadosamente elaborada e

desenvolver um produto com eficiência e

eficácia, é necessário saber o que fazer, para quem fazer, quando fazer, com que fazer e

como fazer” ao conjunto de métodos, ferramentas, procedimentos e conhecimentos

se o nome de metodologia de

O conceito de processo é acrescentado pela dinâmica que

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Processos podem ser definidos como um conjunto de atividades

organizadas que ocorrem ciclicame

volta-se ao início do processo, recomeçando a primeira atividade.

comuns em todas as empresas, principalmente no setor de manufatura industrial onde cada

funcionário é responsável por um conjunto determinado de atividades

número indefinido de vezes.

A característica de permanente do processo o diferencia de projeto uma vez que

ambos representam um conjunto de atividades, por

podem ser segmentados em início, meio e fim.

Figura

O conjunto de atividades

transformação de uma entrada

esquema mostrado na Figura

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Processos podem ser definidos como um conjunto de atividades

que ocorrem ciclicamente, de forma que uma vez terminada a última atividade,

se ao início do processo, recomeçando a primeira atividade.

comuns em todas as empresas, principalmente no setor de manufatura industrial onde cada

por um conjunto determinado de atividades

A característica de permanente do processo o diferencia de projeto uma vez que

ntam um conjunto de atividades, porém, os projetos são temporários, ou sej

podem ser segmentados em início, meio e fim. A Figura 2 ilustra esta diferença.

Figura 2 - Diferença entre processo e projeto

Fonte: Rozenfeld et al (2006)

conjunto de atividades realizadas em um processo

uma entrada, normalmente uma matéria prima, em uma saída, conforme o

Figura 3.

Processos podem ser definidos como um conjunto de atividades pré-determinadas e

nte, de forma que uma vez terminada a última atividade,

se ao início do processo, recomeçando a primeira atividade. Processos são muito

comuns em todas as empresas, principalmente no setor de manufatura industrial onde cada

por um conjunto determinado de atividades e as repetem por um

A característica de permanente do processo o diferencia de projeto uma vez que

, os projetos são temporários, ou seja,

lustra esta diferença.

projeto

realizadas em um processo é responsável pela

em uma saída, conforme o

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Figura

O que difere o processo de desenvolvimento de produtos dos demais processos em

uma indústria é o conteúdo das entradas e das

usualmente as entradas e saídas são informações, ou seja, anseios dos clientes,

oportunidade de negócios, neces

dificulta a estruturação do PDP uma vez que cada desenvolvim

pode ser diferente (Rozenfeld

Outro ponto a ser ressaltado é a abrangência deste processo dentro de uma empresa.

O PDP integra vários setores de uma mesma organização,

conhecimento do processo como um todo, enxergando o processo

participação. O conhecimento

desenvolvimento que podem ocasionalmente ter

dificuldades para gerenciar as atividades

Visando minimizar as dificuldades geradas por estas características, vários

propuseram seu próprio conjunto de atividades e métodos, estruturando sua própria

metodologia ou modelo de referência

metodologias “servem de referência para que a empresa e seus profissionais possam

desenvolver produtos segundo um ponto de vista em comum”.

Devido ao grande número de metodologias e modelos de referência,

abordar apenas um único modelo

os resultados obtidos por este trabalho podem ser facilmente adaptados segundo qualquer

metodologia.

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Figura 3 - Modelo de um processo

Fonte: O autor

O que difere o processo de desenvolvimento de produtos dos demais processos em

uma indústria é o conteúdo das entradas e das saídas. Em um processo desses,

usualmente as entradas e saídas são informações, ou seja, anseios dos clientes,

, necessidades do mercado entre outros. Esta característica

dificulta a estruturação do PDP uma vez que cada desenvolvimento de um produto específico

pode ser diferente (Rozenfeld et al, 2006).

Outro ponto a ser ressaltado é a abrangência deste processo dentro de uma empresa.

s setores de uma mesma organização, contudo,

so como um todo, enxergando o processo somente

conhecimento do todo está normalmente em poder dos gerentes de

e podem ocasionalmente ter problemas para administrar os conflitos e

s atividades.

minimizar as dificuldades geradas por estas características, vários

propuseram seu próprio conjunto de atividades e métodos, estruturando sua própria

ou modelo de referência. Segundo Rozenfeld et al

metodologias “servem de referência para que a empresa e seus profissionais possam

desenvolver produtos segundo um ponto de vista em comum”.

Devido ao grande número de metodologias e modelos de referência,

abordar apenas um único modelo, possibilitando um foco maior na sua descrição. Contudo

os resultados obtidos por este trabalho podem ser facilmente adaptados segundo qualquer

O que difere o processo de desenvolvimento de produtos dos demais processos em

saídas. Em um processo desses,

usualmente as entradas e saídas são informações, ou seja, anseios dos clientes,

sidades do mercado entre outros. Esta característica

ento de um produto específico

Outro ponto a ser ressaltado é a abrangência deste processo dentro de uma empresa.

contudo, poucos têm o

somente segundo a sua

em poder dos gerentes de

problemas para administrar os conflitos e

minimizar as dificuldades geradas por estas características, vários autores já

propuseram seu próprio conjunto de atividades e métodos, estruturando sua própria

et al (2006, p. 43) estas

metodologias “servem de referência para que a empresa e seus profissionais possam

Devido ao grande número de metodologias e modelos de referência, optou-se por

, possibilitando um foco maior na sua descrição. Contudo,

os resultados obtidos por este trabalho podem ser facilmente adaptados segundo qualquer

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1.2. O PDP Segundo o Modelo Unificado

O Modelo Unificado do PDP surgiu das metodologias, estudos de caso, modelos,

experiências e melhores práticas desenvolvidas e coletadas nos últimos anos por Rozenfeld

et al (2006). O modelo também contempla avaliações e comparações realizadas com

empresas referências em PDP e líderes em desenvolvimento de produto (Rozenfeld et al,

2006).

O referido modelo é voltado especialmente para empresas de criação,

desenvolvimento e manufatura de bens de consumo duráveis e de capital, contudo, devido a

sua abrangência, é bastante flexível e adaptável a vários outros segmentos através de

simplificações e adições de novas ferramentas. Esta obra tratará somente dos aspectos

básicos do modelo com o intuito de ambientar o leitor ao PDP.

O Modelo Unificado proposto por Rozenfeld et al (2006) divide o PDP em três

macrofases: Pré-Desenvolvimento, Desenvolvimento e Pós-Desenvolvimento. Estas

macrofasses são divididas em um total de nove fases, a saber: Planejamento Estratégico dos

Produtos, Planejamento do Projeto, Projeto Informacional, Projeto Conceitual, Projeto

Detalhado, Preparação da Produção, Lançamento do Produto, Acompanhar

Produto/Processo e Descontinuar Produto. As fases, por sua vez, são divididas em

atividades que variam da necessidade de cada empresa. A imagem Figura 4 ilustra este

modelo de PDP.

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Figura 4 - Modelo Unificado do Processo de Desenvol vimento de Produto

Fonte: Rozenfeld et al (2006)

Neste modelo, as fases são agrupadas de forma a criar macrofases relativamente

independentes, que, apesar nas iterações, dos paralelismos entre as atividades inerentes e

dos objetivos em comum, são visivelmente conduzidas por profissionais de diferentes perfis e

habilidades. As diferenças e características de cada uma das macrofases serão abordadas

nos capítulos a seguir.

As fases, ilustradas no modelo, já não possuem tão forte interdependência quando

dentro da mesma macrofase, pelo contrário, tornam-se entrelaçadas entre si devido aos

aspectos da Engenharia Simultânea. Assim, apesar de serem ilustradas de forma seqüencial,

é comum atividades relacionadas a uma fase ter início na fase precedente, uma vez que haja

histórico de projetos anteriores e cooperação de profissionais que atuarão nas fases futuras

auxiliando no desenvolvimento. A Figura 5 mostra como ocorre parte das atividades

relacionadas a fase de projeto conceitual e projeto detalhado, na figura é possível perceber

que a atividade de “Modelar produto, prototipar e simular”, uma atividade típica de projeto

detalhado, inicia ainda no meio do projeto conceitual.

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Figura 5 - Exemplo de

Segundo Rozenfeld et al

conjunto de resultados, que, juntos, determinam um novo patamar de evolução do projeto de

desenvolvimento”. Os resultados obtidos em cada fase são então registrados e

armazenados de forma que seja impossível sua alteração sem que haja um procedimento

formal fazendo uso do recurso do Gerenciamento de Mudanças na Engenharia, ilustrado na

Figura 4, e garantido que o impacto causado pela alteração seja visualizado por todos os que

utilizaram daquele resultado.

A aprovação dos resultados de cada fase também é realizada

um processo de transição chamado de

cruciais para a continuidade do projeto

a) As atividades foram cumpridas?

b) Os resultados estão dentro do esperado?

c) Ocorreram mudanças no mercado que inviabilizam o sucesso do produto

d) Se sim, deveríamos então investir nossos recursos e esforços em outro projeto?

A resolução destas questões se dá por meio de reuniões formais e documentadas,

iniciada normalmente por uma auto

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Exemplo de sobreposição de atividades nas f ases do PDP

Fonte: Forcellini (2009)

et al (2006, p.44) “o que determina uma fase é a entrega de um

conjunto de resultados, que, juntos, determinam um novo patamar de evolução do projeto de

Os resultados obtidos em cada fase são então registrados e

armazenados de forma que seja impossível sua alteração sem que haja um procedimento

formal fazendo uso do recurso do Gerenciamento de Mudanças na Engenharia, ilustrado na

que o impacto causado pela alteração seja visualizado por todos os que

A aprovação dos resultados de cada fase também é realizada formalmente

um processo de transição chamado de gate. Os gates respondem

cruciais para a continuidade do projeto, segundo Rozenfeld et al (2006)

As atividades foram cumpridas?

Os resultados estão dentro do esperado?

reram mudanças no mercado que inviabilizam o sucesso do produto

Se sim, deveríamos então investir nossos recursos e esforços em outro projeto?

A resolução destas questões se dá por meio de reuniões formais e documentadas,

iniciada normalmente por uma auto-avaliação realizada pelo próprio time de desenvolvimento

ases do PDP

(2006, p.44) “o que determina uma fase é a entrega de um

conjunto de resultados, que, juntos, determinam um novo patamar de evolução do projeto de

Os resultados obtidos em cada fase são então registrados e

armazenados de forma que seja impossível sua alteração sem que haja um procedimento

formal fazendo uso do recurso do Gerenciamento de Mudanças na Engenharia, ilustrado na

que o impacto causado pela alteração seja visualizado por todos os que

formalmente, através de

às questões básicas e

(2006):

reram mudanças no mercado que inviabilizam o sucesso do produto?

Se sim, deveríamos então investir nossos recursos e esforços em outro projeto?

A resolução destas questões se dá por meio de reuniões formais e documentadas,

avaliação realizada pelo próprio time de desenvolvimento

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e concluída com a aprovação pelo time de avaliação. A Figura 4 ilustra a posição dos gates

em relação ao PDP como um todo.

Outro pondo importante a ser ressaltado trata da temporalidade usual de cada

macrofase no mercado de bens de consumo duráveis. Uma vez que cada macrofase trata de

um universo totalmente diferente de entradas e saídas, é natural que o tempo de duração de

cada delas uma seja diferente. A macrofase de pré-desenvolvimento leva dias, pois trata de

informações estratégicas da empresa, sob ação direta da gerência e alinhada com o

posicionamento da empresa no mercado. A macrofase de desenvolvimento tem a duração de

meses, podendo variar de acordo com o produto e o porte da empresa. A macrofase de pós-

desenvolvimento acompanha o produto até a sua descontinuação, e, portando, é possível

que tenha uma duração de anos. A Figura 6 demonstra estas características.

Figura 6 - Exemplo da duração típica das macrofases

Fonte: Rozenfeld et al (Adaptada, 2006)

1.3. Macrofase de Pré-desenvolvimento do Modelo Unificado

A macrofase de pré-desenvolvimento envolve as atividades de “definição de do projeto

de desenvolvimento, realizadas a partir da estratégia da empresa, delimitação das restrições

de recursos, conhecimentos e informações, e levantamento das tendências tecnológicas e

mercadológicas” (Rozenfeld et al, 2006, p. 57). Em suma, esta macrofase trata da

elaboração de um planejamento estratégico para empresa e sua utilização para a criação e

desenvolvimento de um portifólio de produtos ou carteira de projetos. É durante esta

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macrofase que é feita a ligação entre os objetivos da empresa e os projetos a serem

desenvolvidos.

A principal contribuição do pré-desenvolvimento é, segundo Rozenfeld et al (2006):

a) Foco nos projetos prioritários definidos pelos critérios da empresa;

b) Uso eficiente dos recursos de desenvolvimento;

c) Início mais rápido e mais eficiente;

d) Critérios claros para avaliação dos projetos em andamento.

No Modelo Unificado, a macrofase de pré-desenvolvimento é dividida em duas

grandes fases: Planejamento Estratégico dos Produtos e Planejamento de Projetos.

1.1.1. Planejamento Estratégico dos Produtos

O planejamento estratégico dos produtos consiste na revisão do planejamento

estratégico da corporação e de seu desdobramento até gerar um portfólio de produtos capaz

de atingir as metas definidas neste plano. Neste portfólio constarão os produtos que

precisarão ser desenvolvidos, incluindo uma descrição inicial de suas características e a

definição acerca do tipo de projeto, por exemplo, é um projeto totalmente novo, uma

atualização ou se é parte de uma família de produtos. No portfólio consta também a data na

qual se dará início a fase de planejamento de cada um dos produtos.

1.1.2. Planejamento de Projetos

Nesta fase ocorre a definição do escopo do projeto de desenvolvimento (equipe,

resultados, restrições, etc..), avaliação econômica do projeto, avaliações de capacidade e

risco do projeto, definição de indicadores para monitoramento do projeto e definição de

planos de negócio.

A fase de planejamento de projeto é encerrada no gate, após a formalização da

entrega da declaração do escopo do projeto e o plano de projeto, que descrevem,

respectivamente, quais são as metas do projeto e como elas serão alcançadas.

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A Figura 7 ilustra uma visão geral da macrofase de pré-desenvolvimento.

Figura 7 - Macrofase de pré-desenvolvimento

Fonte: Rozenfeld et al (Adaptada, 2006)

1.4. Macrofase de Desenvolvimento do Modelo Unificado

A macrofase de desenvolvimento é caracterizada pela etapa onde a transformação

das informações de mercado, tecnologia e financeiras em um produto tangível e alinhado

com as necessidades do cliente.

Nesta macrofase são tomadas as decisões que influenciarão diretamente no ciclo de

vida do produto e seu custo final. Rozenfeld et al (2006) ressalta que o grau de incertezas

nas fases iniciais do desenvolvimento é ainda bastante alto e as tomadas de decisões

tornam-se ainda mais críticas, uma vez que podem gerar modificações nas fases posteriores.

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Rozenfeld et al (2006, p. 62) ainda a

natureza do processo de desenvolvimento, e o importante é que elas ocorram no inicio do

desenvolvimento, quando os custos das alterações é menor”.

A Figura 8 ilustra a relação do custo com as fases do desenvolvimento.

Figura 8 - Relação dos custos com as fases do desenvolvimento

É importante salientar os benefícios da Engenharia Simu

macrofase. A participação de pessoas responsáveis por atividades das fases finais do

desenvolvimento desde o início da macrofase permite identificar potenciais problemas e

reduzir alterações no final do desenvolvimento. A

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(2006, p. 62) ainda afirma que “mudanças sempre ocorrem, dada a

natureza do processo de desenvolvimento, e o importante é que elas ocorram no inicio do

desenvolvimento, quando os custos das alterações é menor”.

a relação do custo com as fases do desenvolvimento.

Relação dos custos com as fases do desenvolvimento

Fonte: O autor

É importante salientar os benefícios da Engenharia Simu

macrofase. A participação de pessoas responsáveis por atividades das fases finais do

desenvolvimento desde o início da macrofase permite identificar potenciais problemas e

do desenvolvimento. A Figura 9 ilustra este benefício.

firma que “mudanças sempre ocorrem, dada a

natureza do processo de desenvolvimento, e o importante é que elas ocorram no inicio do

a relação do custo com as fases do desenvolvimento.

Relação dos custos com as fases do desenvolvimento

É importante salientar os benefícios da Engenharia Simultânea durante esta

macrofase. A participação de pessoas responsáveis por atividades das fases finais do

desenvolvimento desde o início da macrofase permite identificar potenciais problemas e

e benefício.

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Figura 9 - Influência da Engenharia Simultânea na q uantidade de mudanças no projeto

Fonte: Rozenfeld et al (Adaptada, 2006)

Logo no início da macrofase é formado o time de desenvolvimento por representantes

das mais diversas áreas da empresa, incluindo representantes da área comercial, marketing

e engenheiros de produto e processo. A equipe possui em mãos a declaração do escopo do

projeto, ou minuta do projeto, e o plano de projeto, ambos obtidos na macrofase anterior e

aprovados pela passagem do gate, e inicia as atividades para a obtenção de um produto.

Estas atividades passarão pelas fases de projeto informacional, projeto conceitual, projeto

detalhado, preparação para produção e lançamento do produto. Depois de concluído o

desenvolvimento parte da equipe é alocada em outros projetos enquanto o restante continua

integrando a equipe durante o pós-desenvolvimento.

1.1.3. Projeto Informacional

Na fase de projeto informacional são levantadas todas as informações necessárias

para a criação de um produto e agrupa as atividades que envolvem principalmente a

identificação das necessidades dos clientes, sua quantificação e posterior transformação em

requisitos do produto.

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Nesta fase o desempenho comercial de eventuais produtos concorrentes é analisado

e mensurado, através de pesquisas de mercado e de satisfação do consumidor, assim como

seu desempenho funcional, através de benchmarks ou testes de laboratórios.

É importante ressaltar que nesta fase muitas informações precisam ser somente

atualizadas e revistas, uma vez que pré-desenvolvimento já contemplou parte do

levantamento das informações do projeto. Estas informações são observas agora de uma

forma um pouco mais profunda e mais próxima ao cliente sabendo que já se possuí um

escopo do produto, obtida na macrofase anterior, e busca-se a especificações-metas. A

Figura 10 ilustra este processo.

Figura 10 - Relação entre o projeto informacional e o pré-desenvolvimento

Fonte: Forcellini (2009)

Assim, pode-se estruturar o projeto informacional conforme a organograma abaixo.

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Figura 11 - Organização da fase de projeto informac ional

Fonte: Forcellini (2009)

O principal resultado desta fase são as especificações-meta do produto, que lista

quais são as características mais apreciadas pelos clientes e que deverão estar inseridas no

produto. Uma vez obtidos estes resultados eles são oficializados e a fase é dada como

concluída através do gate.

1.1.4. Projeto Conceitual

Nesta fase do desenvolvimento busca-se, na investigação do universo de soluções

disponível, a seleção de concepções de produtos que mais se adaptem a necessidades do

cliente e ao mercado transformando as especificações-meta obtidas na fase de projeto

informacional em opções de produto. Por fim os conceitos são analisados e somente o que

mais se adéqüem ao plano estratégico da empresa segue para a fase seguinte.

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Segundo Back et al (2008, p. 366), “a seleção da concepção tem consideráveis

conseqüências sobre o negócio da empresa, a manufatura, o uso, a manutenção e a

comercialização do produto”. Ainda segundo o autor, “decisões errôneas, nesta fase do

processo podem tornar-se irreversíveis ou muito dispendiosas para serem revertidas mais

tarde se a solução já estiver em produção” (Back et al, 2008, p.366).

A Figura 12 ilustra de que forma ocorrem as atividades inerentes ao projeto conceitual.

Figura 12 - Organização da fase de projeto conceitu al

Fonte: Forcellini (2009)

O processo de criação de soluções inicia com o modelamento da função do produto

de forma mais abstrata o possível e segue com o desdobrar desta função em outras várias

pequenas funções, baseadas fundamentalmente nas necessidades do cliente, até que ela

atinja o seu nível mais básico. Assim, pode-se informar as entradas e saídas de cada função

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e organizá-las de forma que seja possível prever como ocorrerá o funcionamento do produto.

A Figura 13 ilustra o modelo funcional de uma impressora a jato de tinta.

Figura 13 - Exemplo de modelamento funcional de uma impressora a jato de tinta

Fonte: Forcellini (2009)

Uma vez definidos os níveis mais básicos de funções e suas respectivas entradas e

saídas, a engenharia busca várias alternativas de soluções para cada um das funções ainda

de forma bastante abstrata para que o processo criativo e de inovação não seja afetado.

Eventualmente pode ser necessário desenvolver um novo princípio de solução, que seria

uma nova tecnologia ou um novo dispositivo ainda indisponível no mercado ou de valor

inacessível, é aconselhável que este princípio de solução também passe por um processo de

geração de alternativas para o produto não fique limitado tecnicamente. Após esta etapa é

possível definir uma arquitetura geral do produto, dessa vez já em forma de croqui, como

mostra a Figura 14.

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Figura 14 - Representação da arquitetura de um elev ador de automóveis

Fonte: Rozenfeld et al (2006) apud Gomes Ferreira (1997)

Em seguida, cria-se um princípio de lista de materiais, também chama de BOM, do

inglês Build of Material, que divide a proposta de solução em Sistema, Subsistema e

Componentes (SSCs) e a organiza em forma de organograma, conforme a Figura 15.

Definem-se parcerias comerciais para a redução de custo da solução e padrões para

ergonomia e estética, bem como um plano inicial para o processo.

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Figura 15 - Organização da lista de materiais segun do o SSCs

Fonte: Forcellini (2009)

Por fim, seleciona-se uma concepção e avalia-se a viabilidade técnica.

Esta fase é tida como concluída após o gate que aprova a concepção do produto e

libera para detalhamento todas as decisões da fase.

1.1.5. Projeto Detalhado

Com os conceitos iniciais do produto inicia-se a fase projeto detalhado do

desenvolvimento do produto, a adição das cotas restantes, tolerâncias e determinação do

leiaute final, otimização, avaliação de custos, viabilidade econômica e atividades gerenciais

como sua aprovação e validação.

O projeto detalhado tem como atividade central a criação e detalhamento dos SSCs,

segundo Rozenfeld et al (2006), “nela acontece o ciclo de detalhamento, e é a partir dela que

são acionadas as atividades de aquisição e do ciclo de otimização”.

A Figura 16 apresenta a estrutura do projeto detalhado, é possível reparar na imagem

setas em cores mais escuras que ilustram os ciclos de detalhamento do projeto e que se

repetem diversas vezes até que todo o produto esteja detalhado e a fase seja aprovada no

seu respectivo gate.

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Figura 16 - Organização da fase de projeto detalhad o

Fonte: Forcellini (2009)

A atividade inicial da fase, além de criar e detalhar os SSCs, como sugere, ainda

realiza todo o processo de busca e reutilização de SSCs similares ou iguais nos arquivos da

empresa ou no mercado, especifica tolerâncias, realiza cálculos e produz os desenhos de

fabricação dos SSCs entre outras tarefas.

Também acontecem na atividade inicial a documentação e a configuração do produto

e do processo. Essas tarefas acontecem principalmente para adequar a lista de materiais

obtida durante a fase de projeto conceitual aos componentes adicionados pelo processo de

detalhamento e pelos ciclos de detalhamento.

A atividade de avaliar SSCs, configuração e documentação do produto e processo

também é importante ser ressaltada no contexto deste trabalho, uma vez que são inerentes a

ela as tarefas de aprovar os requisitos técnicos do produto, sua funcionalidade e garantir a

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integridade física e operacional do produto. Vários métodos e ferramentas são aplicados

durante esta atividade visando promover esta avaliação, entre os mais comuns estão:

a) FMEA, Failure Mode and Effect Analyses ou Modo de Falha e Análise de Efeito,

que faz uma avaliação quantitativa das falhas que podem ocorrer no produto para

que seja possível tomar as atitudes necessárias para reduzir sua incidência ou

severidades.

b) RD, Robust Design traduzido literalmente como Projeto Robusto, ou também

conhecida como Método Taguchi, esta metodologia busca eliminar os efeitos que

as falhas de processo de montagem ou de manufatura causam no produto ao invés

de procurar eliminar as falhas em si.

c) DOE, Design of Experiments ou Planejamento de Experimentos, que busca

determinar as características mais importantes do produto e que afetam seu

funcionamento de forma mais direta. Esta ferramenta é bastante complexa e possui

uma alta relação com a estatística, seu esclarecimento mais completo será dado

em um capítulo mais adiante.

d) Construção de Protótipos, é uma das práticas mais difundidas e utilizadas, busca

prever e avaliar o comportamento do produto utilizando um modelo icônico, ou seja,

de mesmas características construtivas, podendo ser em escala maior, menor ou

real dependendo do objetivo da análise.

Ao fim das atividades descritas na Figura 16 a fase de projeto detalhado pode ser

encaminhada ao gate e aprovada. Ter-se-ia assim as especificações finais do produto, o

protótipo funcional, o projeto dos recursos e o plano de fim de vida do produto.

É importante ressaltar que alguns autores como Back et al (2008) e Pahl e Beitz

(2005) ilustram uma fase intermediária entre o projeto conceitual e o projeto detalhado

chamada de projeto preliminar. Ambos os autores afirmam que as concepções geradas na

fase de projeto conceitual precisam passar uma fase de amadurecimento e detalhamento até

que uma decisão possa ser tomada. Segundo Rozenfeld et al (2006), nos dias atuais esta

fase não há mais necessidade de uma fase formal de projeto detalhado, devido ao uso de

sistemas computadorizado de projeto, utilização de gates técnicos e otimização na fase de

projeto detalhado.

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1.1.6. Preparação da produção do produto

A aprovação da fase de projeto detalhado conclui o produto e define todas as tuas

características técnicas e funcionais, portanto, as únicas tarefas ainda necessárias para que

seja realizado o lançamento do produto estão relacionadas à capacidade de produzi-los pela

empresa, que ocorrem nesta fase do desenvolvimento. A Figura 17 ilustra quais são as

tarefas relacionadas a esta fase.

Figura 17 - Organização da fase de preparação da pr odução do produto

Fonte: Forcellini (2009)

É importante ressaltar que parte das atividades desta fase tem início ainda na fase de

projeto detalhado, isto ocorre para que os prazos de lançamento não sejam excessivamente

longos. Principalmente as atividades de obter recursos de fabricação e desenvolver

processos de produção.

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As atividades de planejar a produção piloto, e receber e instalar recursos são

consideradas cruciais para o bom andamento desta etapa uma vez que impactam

diretamente na produção do lote pilo. Rozenfeld et al (2006) ressalta que atrasos nessas

atividades podem comprometer o lançamento do produto, mesmo a falta de uma única e

específica peça de pouco valor comercial pode impedir a produção de um grande produto de

milhares de reais.

Esta fase será aprovada em seu gate uma vez que a produção seja liberada, a

documentação homologada, os processos de produção e de manutenção sejam

especificados e os funcionários treinados.

1.1.7. Lançamento do Produto

A Figura 18 ilustra como ocorrem as atividades da fase de lançamento do produto.

Figura 18 - Organização da fase de lançamento do pr oduto

Fonte: Forcellini (2009)

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Na fase de lançamento do produto ocorrem principalmente ações de marketing e

ações relacionadas à integração do produto com o cliente, como desenvolvimento dos

processos de vendas, distribuição, assistência técnica e de atendimento ao cliente. Uma vez

concluída a especificação destes processos, que compõem o processo de negócios, e

documentado o lançamento do produto a fase pode ser aprovada.

A Figura 19 mostra uma visão geral das fases do desenvolvimento e seus principais

resultados.

Figura 19 - Visão geral da macrofase de desenvolvim ento

Fonte: Forcellini (2009)

1.5. Macrofase de Pós-desenvolvimento do Modelo Unificado

Terminado o desenvolvimento do produto é dado início a última macrofase do

processo de desenvolvimento de produtos que será executada até a retirada total do produto

desenvolvido do mercado.

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A primeira ação ocorrida nesta macrofase é a dissolução do time de desenvolvimento,

que vinha acompanhando o projeto durante toda a macrofase de desenvolvimento, e a

criação de um time de acompanhamento. Este time é composto por alguns membros do time

de desenvolvimento acrescidos de pessoas responsáveis pela produção e assistência

técnica e tem como função principal colher informações do comportamento do produto no

mercado, quais foram suas principais reclamações e defeitos técnicos para realimentar estas

informações aos responsáveis pelo desenvolvimento e solucionar eventuais problemas. Por

se tratar de uma atividade de análise de pós-venda, a solicitação dos profissionais por

atividades relacionadas a este time é pequena e, portanto, eles podem estar realizando

outras atividades, inclusive participando de outros times de desenvolvimento.

As fases inerentes ao pós-desenvolvimento são descritas a seguir.

1.1.8. Acompanhar Produto/Processo

Esta fase é iniciada com um planejamento de como o produto será acompanhado e

retirado do mercado. Este planejamento deve levar em conta as metas e índices levantados

durante o pré-desenvolvimento e as expectativas financeiras e técnicas do produto.

Ao final deste planejamento, inicia-se a fase de acompanhamento e melhoria do

produto, onde estas equipes realizam a manutenção e aprimoramento do produto, com

especial atenção para a sistematização de conhecimentos e melhores práticas de projeto

que deverão alimentar todos os profissionais envolvidos com o desenvolvimento. Esta fase

dura até o momento que o produto atinge suas metas e a equipe que gerencia o portfólio de

produtos decide descontinuá-lo.

1.1.9. Descontinuar Produto

A última fase do PDP é retirada do produto do mercado, onde será realizado o

encerramento oficial do projeto e serão tomadas todas as providências relativas ao descarte

ambientalmente correto, destinação dos estoques de peças e produtos, auditoria para

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balanço geral dos conhecimentos adquiridos com o produto e arquivamento correto das

informações.

1.6. Processos de Apoio do Modelo Unificado

Paralelo a todo o processo de desenvolvimento de produtos existem dois processos

que são de grande importância para a atualização do modelo unificado e do produto por ele

desenvolvido.

Uma delas é o processo de melhoria do PDP que tem como principal foco buscar,

catalogar e acrescentar novas ferramentas ao modelo unificado. Este processo ocorrendo

constantemente e paralelamente aos processos de desenvolvimento de produtos da

empresa permite que a metodologia utilizada pela empresa esteja sempre atualizada,

garantindo melhor desempenho na gestão e conclusão de seus projetos.

O outro processo de apoio do modelo unificado é o processo de gerenciamento de

mudanças na engenharia que tem grande influência sobre o desenvolvimento de um produto.

Este processo controla o fluxo de alterações de um projeto, ou seja, é o método pelo qual é

possível alterar as informações aprovadas através do gate da fase. É imprescindível que este

processo seja realizado de forma mais organizada o possível de forma que todas as

decisões tomadas com base nas informações por ele modificadas sejam revistas e

novamente aprovadas.

Pôde-se perceber nos tópicos anteriores parte da complexidade e a diversidade de

ações que compõe o processo de desenvolvimento de produto. Não faz parte do escopo do

presente trabalho apresentar ferramentas e métodos para a resolução de todas as atividades

descritas até o momento, contudo, faz-se necessário a apresentação das variáveis que

compõem o processo para que o leitor possa se ambientar de forma mais clara e segura nos

tópicos seguintes.