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1 2016 - ANO 1 / EDIÇÃO 02 WWW.PUGTIMESMAGAZINE.COM [email protected] E mais Anestesia em Pugs Cirurgia de Entrópio DIETOTERAPIA VETERINÁRIA CHINESA A Comida Natural DIETOTERAPIA VETERINÁRIA CHINESA A Comida Natural E mais Anestesia em Pugs Cirurgia de Entrópio

DIETOTERAPIA VETERINÁRIA CHINESA - nabucopugs.com · As primeiras teorias da Dietética Chinesa são datadas do século II A.C.. No livro “As Ques-tões Simples”, é citado que

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2016 - ANO 1 / EDIÇÃO 02

WWW.PUGTIMESMAGAZINE.COM

[email protected]

E mais

Anestesia em Pugs

Cirurgia de Entrópio

DIETOTERAPIA VETERINÁRIA CHINESA

A Comida Natural

DIETOTERAPIA VETERINÁRIA CHINESA

A Comida Natural

E mais

Anestesia em Pugs

Cirurgia de Entrópio

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Assim são eles, surpreendentes, nossos adora-dos Pugs! Quem os tem, sabe! Quem os tem compreende porque, em pouco tempo depois de chegados ao novo lar, todos da casa estarão conversando com eles naturalmente, às vezes em longos papos, tão “humanos” eles se mos-tram.

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Pugs são imprevisíveis. Tanto po-dem seguir dormindo profunda-mente quando uma visita chega na casa, como podem agir à moda

de um cão de guarda, latindo bravamente para o intruso. Mas, mesmo nesse caso, a valentia não dura muito: logo logo já esta-rão no colo do “suspeito” que os fez avan-çar ferozmente à sua chegada.

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C O N TAT [email protected]

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Por isso a dedicação absoluta e a quase ob-sessão dos proprietários e criadores por seus Pugs, os donos do pedaço!

E pela mesma razão ficamos felizes em falar sobre eles, em repartir experiências e em publicar o segundo número da nossa revista. O sucesso do primeiro nos incentivou a seguir sempre buscando os assuntos de maior inte-resse na raça.

Na sequência da Medicina Tradicional Chine-sa, trazemos o artigo sobre Dietoterapia Ve-terinária Chinesa, a comida natural que tanta saúde trouxe aos nossos Pugs, no quarto ano de utilização no canil, com aumento impor-tante da saúde e da sobrevida de todos.

Falamos também sobre seus olhos, uma ques-tão tão delicada.

E abordamos uma grande preocupação, um verdadeiro fantasma que nos assombra: a anestesia nos Pugs.

Sem faltarem as opiniões, perguntas e os im-portantes relatos de uma experiente criadora e de uma proprietária apaixonada.

E, por fim, uma dúvida bastante frequente: Adotar ou comprar o Pug dos seus sonhos?

Agradecemos a todos os que colaboraram tão prontamente ao nosso convite, enriquecendo este exemplar.

Que o número 2 da nossa revista possa trazer informação e diversão para os nossos leitores. Recomendamos que ele seja saboreado, de preferência, tendo pelo menos um Pug a seu lado, roncando bem alto, no sofá!

Boa leitura para todos!

Angela NabucoEditora

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E X P E D I E N T E

CLIQUE AQUI E CURTA NOSSA

PÁGINA NO FACEBOOK!

Í N D I C E

Editora e diretora: Angela Nabuco

Foto capa: Bruno Santos Rocha

Fotos: Todas a fotos de cães são de propriedade do Canil Nabuco, ou enviadas e autorizadas por seus proprietários.

Consultores nesta edição: Dr Jorge da Silva Pereira e Dra Priscilla Cesário Vieira

Colaboraram nesta edição: Dr William Costa Estellai, Karin Grambitter, Dra Daniela Vampré, Dr. Jorge Pereira e Sonia Blanco Carreiro.

Tradução: Ramon Xavier Monteiro

Direção de arte, diagramação e ilustração: Inhamis Studio

Anúncios, sugestões e reclamações: [email protected]

UM DILEMA DEMUITAS PESSOAS04 C O M P R A R x A D O TA R

DIETOTERAPIAVETERINÁRIA CHINESA 08M E D I C I N A O R I E N TA L

ANESTESIA EM PUGS14 M E D I C I N A O C I D E N TA L

CIRURGIA DE ENTRÓPIO 16M E D I C I N A O C I D E N TA L

ENTREVISTA COM:KARIN GRAMBITTER (SUNSHINE PUG KENNEL)

18 E X P E R I Ê N C I A S D E C R I A D O R E S

POR SONIA BLANCO CARREIRO24 A C O N T E C E U C O M I G O

DÚVIDAS DOS LEITORES ESCLARECIDAS POR CRIADORES EXPERIENTES 26C A R TA S D O L E I T O R

COMO LIDAMOS COM PROBLEMAS OCULARES 21C O M O L I D A M O S

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COMPRARx ADOTAR

Este é um dilema de muitas pessoas: comprar o Pug dos seus sonhos ou adotar um Pug resgatado? Em ambas as situações você terá muitas alegrias.

Um Pug, tendo um pedigree ou não, tendo ele em sua conformação física maior ou menor proximidade com o padrão da raça, sendo um filhote, um adulto ou um idoso, ele vai sempre devotar um imenso amor a todos os huma-nos. Por que assim são os Pugs, e é isso que os fazem felizes.

Existem inúmeras crenças infundadas com relação a cães adotados. Em se tratando de um Pug, ele não terá absolutamente nenhuma dificuldade em se adaptar ao novo lar, princi-palmente tendo vindo de condições de maus tratos e desamor. É provável que, em muito pouco tempo, sua expressão triste ceda lugar a olhos brilhantes e alegres, caraterísticos dos Pugs. Que sua cauda abaixada se enrole so-bre o dorso, e que ele rapidamente ande pela nova casa como senhor e dono de tudo. A sua gratidão será eterna, e ninguém esquece a for-ma apaixonada como um cão resgatado olha para o seu salvador. Ele poderá trazer consigo problemas de saúde, e alguns já não terão tantos anos de convivência com a nova famí-lia, pela idade avançada ou pelos maus tratos que sofreram, mas tudo isso será compensa-

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Um dilema de muitas pessoas

do pela alegria de dar uma vida feliz a quem tanto sofreu, pois as estórias dos resgates são realmente impressionantes, espantando pela constatação de onde pode chegar a maldade humana!

Por outro lado, notamos uma resistência, e até uma discriminação por parte de muitas pes-soas com relação aos criadores, por se pergun-tarem:

POR QUE CRIAR, SE EXISTEM TANTOS CÃES, INCLUSIVE PUGS, PARA ADOÇÃO?

Criar e vender cães nem sempre é consi-derado um ato ético.

Consideramos sim, que criar e vender sem proporcionar-lhes o cuidado e o amor que necessitam, explorar matrizes e padreadores, descartando-os quando idosos ou doentes por falta de assistência veterinária e cuidados básicos durante a vida, vendendo os filhotes sem se preocupar com o futuro que terão, realmente configura uma falta de amor, e em muitos casos, uma crueldade. O ato de criar, em si, não representa um erro, quando feito com responsabilidade e carinho.

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“E para aqueles que escolherem se envolver

com os resgates, seja como adotante, como moderador de grupos,

como colaborador financeiro ou de qualquer

espécie, foi reservada a melhor parte.”

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Consideramos o criador sério como um guar-dião das características e saúde de uma raça. É ele quem cuida do plantel e seleciona os cães aptos a transmitirem seus genes. É ele quem se responsabiliza pelo filhote que criou, é quem escolhe a dedo e orienta o novo proprietário, fornecendo-lhe garantias, zelando pela vida digna a que seu filhote tem direito. E qual seria o futuro de uma raça, se ela estivesse entregue somente aos criadores chamados de “fundo

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de quintal”? Aqueles que cruzam indiscrimina-damente cães muito consanguíneos ou doen-tes?

Muitos criadores, como qualquer pessoa sen-sível ao sofrimento de um ser vivo, também resgatam ou dão suporte a grupos de resgates. Sabemos que todo preconceito é carregado de inverdades que são transmitidas a outros, gerando mais preconceito e injustiça. E assim não devem ser julgados os bons criadores. Portanto, não se culpem os que preferirem adquirir um filhote de criador responsável, se vão devotar a ele amor e cuidado por toda a vida. Cada um tem no mundo o papel que lhe foi reservado, e cumprí-lo bem é sempre motivo de alegria e realização.

As estórias dos res-gates são realmente impressionantes, es-pantando pela cons-tatação de onde pode chegar a maldade humana.

E para aqueles que escolherem se envolver com os resgates, seja como adotante, como moderador de grupos, como colaborador financeiro ou de qualquer espécie, foi reser-vada a melhor parte. Pois nem o nascimento de uma linda ninhada, nem o prêmio de Best in Show numa exposição disputada, nem a compra de um filhote lindo e saudável podem se comparar a alegria de um resgate. Muitas vezes suado, levantando fundos, indo buscar o Pug em viagens longas e recebendo-o nos braços, engolindo palavras que desejaria dizer aos que descuidaram dele ou o maltrataram, para não comprometer o sucesso da missão.

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Criar ou adquirir é

apaixonante, mas resgatar e adotar é

simplesmentedivino!

Depois cuidando das feridas emocionais e físicas daquele cão, e finalmente o entregando ou recebendo-o em adoção, ou somente ven-do-o através de fotos, recuperado e gozando uma vida digna e feliz no novo lar.

Porque criar ou adquirir é apaixonante, mas resgatar e adotar é simplesmente divino!

Uma garota e seu Pug resgatado: “Você alegra a minha vida!”

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DIETOTERAPIA VETERINÁRIA CHINESASe a ração é o melhor alimento para o cachorro, por que quando ele adoece o indicado é o alimento natural?P O R D R . W I L L I A M CO STA E ST E L L A I

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Passei os cinco anos de faculdade de Medicina Veterinária ouvindo (e len-do) que ração era o melhor alimento para os cães. Porém, diante de algumas

doenças, como gastroenterite, os mais diver-sos autores de livros de clínica médica ociden-tal mandavam retirar a ração e servir para o animal arroz, batata e frango. Com a melhora do animal voltava gradativamente com a ra-ção. Quer dizer, quando estava doente, usava comida natural; quando melhorava, voltava para a ração. Aí ficava a dúvida: se a ração é o melhor alimento para o cachorro, por que quando ele adoece o indicado é o alimento natural?

Depois de formado, me interessei pela Acu-puntura. Através dela conheci e passei a utili-zar a Fitoterapia e a Dietoterapia, que juntas

formam a base da Medicina Tradicional Chine-sa. Há anos prescrevendo a Dietoterapia, pude acompanhar nos pacientes, e em meus pró-prios animais, a melhora na qualidade de vida, da disposição, da pelagem, do brilho nos olhos e além da consistência das fezes e urina. Estes aspectos são muito importantes e levados em consideração pelos veterinários para definir clinicamente um animal como saudável.

As primeiras teorias da Dietética Chinesa são datadas do século II A.C.. No livro “As Ques-tões Simples”, é citado que “medicamentos (fitoterápicos) são usados para combater os males; cereais são usados para nutrir o corpo e frutas, carnes e legumes para ajudar os esforços – todos trabalhando juntos para reforçar o QI Vital e a Essência”. Explorar as funções dos alimentos é uma forma de preservar a saúde, prevenir e tratar doenças.

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“Há anos prescrevendo a Dietoterapia, pude

acompanhar nos pacientes e em meus próprios animais,

a melhora na qualidade de vida, da disposição, da

pelagem, do brilho nos olhos e além da consistência das

fezes e urina. ”

FreeImages.com/Martin Carter

QI é a Energia que dá vida ao mundo. Sem o QI, a vida deixa de existir. O indivíduo nasce com o QI pré-Celestial, herdado dos pais. A partir daí ele se desenvolve pelo QI Celeste ad-quirido do ar e do QI Terrestre vindo da alimen-tação. Quando absorvidas, estas Energias vão fazer parte do organismo, nutrindo, fortale-cendo, reparando, harmonizando as funções fisiológicas e energéticas. Com uma combi-nação adequada de alimentos, é possível criar uma variedade de efeitos terapêuticos.

A teoria do YIN/YANG pode ser usada para explicar a fisiologia e patologia animal, tanto para diagnóstico, quanto para tratamento. YIN/YANG, conceitua dois aspectos diferentes, opostos e inseparáveis que se completam e se equilibram dinamicamente.

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A N I M A I S Y I N

A L I M E N TO S Q U E N T E S

Carneiro

Fígado de frango

Frango

Arroz branco

Aveia

Cítricos

Gengibre

Alho

Pimenta

Abóbora

Moranga

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A B D Ô M E N

S U B S T Â N C I A F Í S I C A

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A Dietoterapia Chinesa orienta que animais YANG, isto é, agitados, calorentos, devem comer alimentos mais Frescos ou Frios. Animais YIN, que são os calmos e friorentos, devem se alimentar predominantemente de alimentos Quentes e Calóricos

A N I M A I S YA N G

A L I M E N TO S F R E S CO S

Peixe

Peru

Pato

Tofu

Arroz integral

Trigo

Banana

Ovo

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Espinafre

Brócolis

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Os alimentos também podem ser usados pelo princípio da similaridade. Utilizamos alimentos que possuem atividade semelhante ou forma aproximada para tonificar determinado órgão. Por exemplo, para tonificar o Rim podemos oferecer rim bovino ou feijão, que possui um formado parecido com o órgão. Fígado bovi-no ou de frango pode ser usado para tratar problemas no fígado de um cão. Uma noz se parece com um cérebro. Então esta serve para tratar problemas no cérebro. E assim por diante.

A Dietoterapia Chinesa faz uma correlação de cores e sabores dos alimentos para o tra-tamento dos órgãos. Sendo assim, alimentos vermelhos e amargos tratam o Coração; verdes, ácidos e azedos tratam o Fígado; ama-relos e doces tratam o Baço/Pâncreas; bran-cos (cinzas) e picantes tratam o Pulmão; e os pretos (escuros) e salgados tratam o Rim.

Os alimentos podem influenciar o corpo das seguintes formas:

• DIREÇÃO: direcionando o movimento do QI, do sangue e dos fluidos corporais para cima, para baixo, para dentro ou para fora, de acordo com a necessidade. Por exemplo, a cevada direciona os fluí-dos para baixo auxiliando a eliminação no tratamento de animais com reten-ção de líquidos nos pulmões (edema pulmonar) e no abdômen (ascite).

• SABOR: são classificados em doce, azedo, pungente (picante), salgado e amargo. Os doces ajudam a digestão e o QI. Os salgados são usados frequen-temente para tentar dissolver tumores

e quistos. Os azedos atuam secando os mucos. Os pungentes são usados para promover a sudorese, estimular a circu-lação e auxiliar a digestão. Os alimentos amargos também auxiliam a digestão; alguns têm efeito refrescante e anti-in-flamatório.

• TEMPERATURA OU NATUREZA TÉR-MICA: os alimentos podem ser refres-cantes, mornos, quentes ou neutros. Alimentos quentes podem beneficiar animais idosos que sentem muito frio.

• AFINIDADE COM OS MERIDIANOS: os alimentos possuem afinidade por de-terminado meridiano do sistema dos Cinco Elementos. Os Meridianos são as conexões ou caminhos essenciais onde circula o QI e o sangue, e regulam as ati-vidades fisiológicas dos órgãos por suas influências uns sobre os outros.

As mudanças climáticas têm efeitos significati-vos nas funções psicológicas e patológicas do corpo. Os alimentos fornecidos pela natureza adequam o indivíduo às estações do ano. Na Primavera e Verão, as flores e folhas são abun-dantes, os legumes folhosos e frutas estão em grande disponibilidade, e eles são úteis para manter a temperatura do corpo mais fresca. No Outono e Inverno a energia tende a se concentrar nas raízes das plantas que, se consumidas, ajudarão a aquecer o corpo. As frutas de Outono tendem a umedecer o Pulmão (o umedecimento ajuda o Pulmão a funcionar corretamente, já que a secura do outono lhe causa problemas). As raízes forta-lecem o Rim durante o Inverno (já que o Frio prejudica o Rim).

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William Costa EstellaiMédico Veterinário – CRMV/MG 10356Pós-graduado em Acupuntura Veterinária Juiz de Fora – [email protected]

Uma dieta desequilibrada em qualidade e/ou quantidade, pode ocasionar doenças. Por exemplo: o excesso de alimentos Frios pode ocasionar doenças tipo YIN (Frio), como diarreia não explosiva, fezes amolecidas com alimentos não digeridos, vômitos com restos alimentares, dores abdominais, ruídos intes-tinais. O consumo em excesso de alimentos energeticamente Frios e crus, podem enfra-quecer o Baço/Pâncreas (órgão responsável por transformar os alimentos em Energia). Neste caso, fazer o aquecimento (cozimento), ou consumir conjuntamente com alimentos caloríficos, como a pimenta (em pequenas quantidades), gengibre e alho, neutralizam esses efeitos danosos.

É importante dizer que dieta caseira é diferen-te de restos de alimentos.

• A comida preparada para os cães deve ser cozida, pois eles não mastigam o alimento. Seus dentes fo-ram designados, primitiva-mente, para cortar a carne e não para mastigá-la.

Além disso, seus intestinos são mais curtos que os do homem. Primariamente carnívoros, eles se tornaram onívoros verdadeiros na lon-ga convivência com o homem, portanto pre-cisamos ajudá-los a digerir os alimentos corre-tamente. As carnes podem ser cozidas junto com os cereais e vegetais. O cozimento deve ser feito em fogo baixo e de uma forma que a água seja reabsorvida pelo alimento. Alimen-tos cozidos auxiliam principalmente pacientes idosos ou doentes na assimilação, aumento e absorção da Energia Vital (QI).

A Dietoterapia Chinesa pode ajudar pacien-tes em casos especiais, como os oncológicos, através da adição de alho, açafrão, tomate e cogumelos (Agaricales, Shitake, Maitake) que possuem comprovadas propriedades antican-cerígenas.

A orientação sobre os alimentos escolhidos e o acompanhamento do animal pelo veteri-nário são fundamentais. Durante esses anos, pude comprovar, na prática, que a ração não é a única opção de alimentos para os cães. Eles podem se beneficiar ainda mais com a Dieto-terapia, de base sólida e segura, construída ao longo de quase 4 mil anos de conhecimento da Medicina Tradicional Chinesa e cada vez mais utilizada nos dias de hoje.

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A Medicina Veterinária, nos últimos tempos, avançou na mo-dalidade anestésica em relação ao surgimento de novos fármacos, técnicas e equipamentos. Contudo, mesmo diante da tecnologia disponível, é imprescindível a presença de um

profissional especializado na área. Na hora de deixar a saúde dos ani-mais aos cuidados de um profissional, a confiança é essencial. O anes-tesiologista é o responsável pela manutenção dos sinais vitais, como pressão arterial, batimentos cardíacos e a frequência respiratória, dentre outras funções do organismo.

Uma questão de conhecimento e confiançaP O R D R A . DA N I E L A VA M P R É

ANESTESIA EM PUGS

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Torna-se fundamental uma interação entre o proprietário e o

médico veterinário anestesiologista.

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Somente o anestesista é capaz de prevenir, diag-nosticar e tratar as inter-corrências que podem acontecer durante a anes-tesia, além de decidir qual técnica anestésica é mais segura de acordo com cada paciente e cada situação.

É seu papel, previamente à realização da in-tervenção cirúrgica, a realização de uma de-talhada avaliação pré-anestésica. É de suma importância determinar o estado de saúde do animal, investigar doenças ocultas, definir o melhor protocolo anestésico e de analgesia para cada animal, variando de acordo com o peso, raça, faixa etária, patologia, tipo de cirur-gia e tempo de duração da cirurgia.

Algumas raças, dentre elas os pugs, necessitam de maior atenção por parte dos anestesistas, pois pertencem a um grupo chamado de braquicefálicos (focinho achatado). Algumas particularidades anestésicas em relação a esse grupo devem-se a algumas alterações anatô-micas como focinho curto que diminui o espa-ço de troca de ar nasal e aumenta a resistência do ar, podendo provocar o que chamamos de broncoespasmos e colapso de traquéia. A narina estenótica e palato mole alongado tornam a ventilação dificultosa com maiores riscos de obstrução das vias aéreas e podem levar a complicações.

Algumas medicações pré-anestésicas também são consideradas contra-indicadas para a raça por possuírem um maior índice de reação anafilática.

Devido à dificuldade de ventilação, o pós-ope-ratório imediato de pacientes da raça deve ser acompanhado de forma criteriosa e com vigilância constante, até que possam retornar a respirar o ar ambiente, ainda assim com oxi-

Dra. Daniela VampréMédica Veterinária - CRMV – MG 9708Pós-graduada em Anestesiologia e Cardiologia Veterinária [email protected]

metria de pulso para uma melhor segurança em relação a saturação (oxigenação)

Considerando o ato cirúrgico um momento delicado, torna-se fundamental uma intera-ção entre o proprietário e o médico veteriná-rio anestesiologista, que durante a avaliação pré-anestésica terá acesso tanto ao exame físico, quanto comportamental do pacien-te, recebendo informações que se tornarão extremamente importantes para a escolha adequada do protocolo anestésico que será utilizado. Informações como temperamento, idade, doenças prévias, medicações em uso, possíveis alergias, intervenções cirúrgicas ante-riores, são de muito valor para o anestesista, que de acordo com a necessidade individual fará a solicitação de exames pré-anestésicos como exames de san-gue, eletrocardiogra-ma, ecocardiograma, para garantir uma maior tranquilidade durante o procedi-mento anestésico.

Da mesma forma que o anestesista passará a co-nhecer melhor o seu paciente, o proprietário também poderá levar suas dúvidas e receios ao anestesista que estará apto a responder tais questões. Existem algumas dúvidas mais comuns, como tipo de anestesia empregada, tempo de recuperação, tempo de jejum, riscos anestésicos e outras que devem ser retiradas no momento da consulta pré-anestésica, estabelecendo assim um vínculo de confiança entre o proprietário e o anestesista.

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Raças conhecidas como “braquicefá-licas”, de focinho curto, apresentam uma conformação de cabeça tal, que favorece à inversão das pálpebras

inferiores na região do canto medial (interno) dos olhos, junto à região de onde se projeta o focinho. Com esta inversão do canto medial das pálpebras, pêlos da pele (triquiases) ao tocarem a superfície do globo ocular, pro-movem irritação crônica com consequente inflamação, crescimento vascular e depósito de pigmento (melanina) sobre a córnea. Tais pigmentos prejudicam a transparência da córnea e, se não administrados convenien-temente, podem levar a sério prejuízo visual. Pugs em especial têm também pregas nasais proeminentes. Pêlos destas pregas, da mesma forma, podem tocar o globo ocular causando ou exacerbando o trauma ocular crônico.

Há anos atrás, casos de pregas muito proemi-nentes eram corrigidos com a amputação das pregas, o que descaracterizava esteticamente a cabeça do animal. Modernamente, confor-me demonstrado em congresso do Colégio Latino Americano de Oftalmologistas Veteri-nários por Liebercknecht e colaboradores, o

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CIRURGIA DE ENTRÓPIO DE CARÚNCULA E TRIQUIASE DAPREGA NASALP O R D R . J O RG E P E R E I R A

tratamento, tanto do entrópio de carúncula como da triquiase das pregas nasais, pode ser feito através de termoterapia por radio fre-quência.

Trata-se de um procedimento sem cortes e sem amputação das pregas, que permite pre-servar a estética e a graça dos nossos lindos amigos Pugs.

Se, por um motivo qualquer, a transparência da córnea estiver totalmente prejudicada, o animal pode recuperar a visão com um pro-cedimento de “ceratectomia lamelar automa-tizada”, que visa devolver a transparência das córneas.

Estas situações colocadas são passíveis de acontecer em qualquer raça, com predileção para as de focinho chato. Neste sentido, o aconselhamento que deixaria aqui é que o leigo não aceite simplesmente a perda de visão ou a cegueira de seu pet. Que procure um of-talmologista Veterinário. Quem sabe ele pode voltar a ser feliz?

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TERMOTERAPIA DO CANTO MEDIAL E DA PREGA NASAL

CERATECTOMIA LAMELAR AUTOMATIZADA

J O RG E DA S I LVA P E R E I R A

Graduado pela UFF em 1981Pós graduado pelo Caspary Reserch Institute, NY - 1990Pós graduado pelo Harbour UCLA, LA -1996Mestre em oftalmologia pela UFRRJ - 2003

Pioneiro na Facoemulsificação e implantes intraoculares na Améri-ca Latina, criador da técnica SALK mecanizada, para devolver a visão perdida pela ceratite pigmentar crônica em cães braquicéfalicos.

Membro da Academia de Medici-na Veterinária do Estado do Rio de Janeiro

Diplomado Oftalmologista pelo Colégio Latino americano de oftal-mologistas Veterinários - CLOVE

QUE O LEIGO NÃO ACEITE SIMPLESMENTE A PERDA DE VISÃO OU A CEGUEIRA DE SEU PET E PROCURE UM OFTALMOLOGISTA VETERINÁRIO.

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MINHA EXPERIÊNCIA COMO CRIADORA DE PUGS

K A R I N G R A M B I TT E RSunshine Pug KennelBellheim, Alemanha

Primeiro eu gostaria de agradecer pelo convite para dar essa entre-vista. Vou me apresentar. Meu nome é Karin Grambitter e sou a proprietária do canil Sunshine Pug. Vivo com meu marido (que também é um amante de Pugs) numa pequena cidade chamada Bellheim na parte sul da Alema-nha. Nós temos uma casa com um quintal bem grande. Portanto tudo é perfeito para termos cães.

1. HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ CRIA PUGS E POR QUE ESCOLHEU A RAÇA?

Eu me apaixonei pela raça em 1989. Pugs são a melhor compa-nhia que você possa imaginar. Eles tem um temperamento ma-ravilhoso, força, energia, sempre felizes e muito sociais. Sempre foi o meu sonho criar Pugs. Então comprei meu primeiro Pug em 1998. Era um pet , mas representava o começo de um sonho que se tornava realidade.

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a vida de um cão totalmente normal. Relaxan-do no sofá, cavando no quintal, brincando e se divertindo.

3. NA SUA OPINIÃO, QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS PROBLE-MAS DE SAÚDE DA RAÇA? COMO VOCÊ OS PREVINE E COMO LIDA COM ELES?

Meus cães vêm de linhas de sangue america-nas saudáveis. Na Alemanha, todos os cães com pedigree da FCI tem que passar duas ve-zes por um teste de saúde. O primeiro é feito na idade de 12 meses, e depois novamente aos 24 meses. Eles tem que andar 1000 metros em 11 minutos. Os cães são avaliados antes e depois por um veterinário, e aqueles que não se recuperam em no máximo em 15 minutos, não serão autorizados a reproduzirem. Nós avaliamos a patela e eles precisam ser 0/0 de luxação. Eu nunca iria usar um cão com pro-blemas de saúde para reproducão em meu ca-nil. É muito importante cuidar bem deles, com boa comida, espaço suficiente, tendo outros cães como amigos e donos amorosos.

4. O QUE VOCÊ CONSIDERA MAIS PRAZEROSO E MAIS DI-FÍCIL NA CRIAÇÃO DE PUGS?

É maravilhoso criar. Primeiro planejar uma ninhada. Qual fêmea com qual macho e o que você deseja melhorar. Depois vem a hora em que você fica animada quando ela engravi-dou, depois vem o nascimento que sempre é uma maravilha para mim. Observar os filhotes recém nascidos e como eles se desenvolvem. Eu aproveito cada minuto com eles. Não é somente um tempo maravilhoso para mim, também é importante para os filhotes serem treinados, abraçados e amados.

Em 2003 o canil Sunshine Pug foi registrado com a VDH/FCI. Ao longo dos anos nós fechamos mais de 80 títulos de campeonato, incluindo 12 campeonatos Internacionais (9 deles da minha criação). Eles ganharam duas vezes (2009 e 2010) o título de “Vencedores da Bélgica” com um macho e uma fêmea numa das maiores exposições da Bélgica. Al-guns de nossos cães já ganharam o prestigiado título de Bundeswinner e European Winner na maior exposição da Alemanha, em Dort-mund. Nós ganhamos muitas vezes a primeira colocação nos grupos de criadores e parelhas. Assim como Melhor Veterano e Melhor Fi-lhote. Eu viajo para exposições na Suissa, em Luxemburgo, Bélgica e Holanda, com muito sucesso nesses países estrangeiros.

2. FALE-NOS DE SUA EXPE-RIÊNCIA COM AS EXPOSIÇÃO DE CÃES. O QUE VOCÊ RECO-MENDARIA PARA ALGUÉM QUE DESEJA COMEÇAR A EX-POR SEU PUG?

Primeiro você deveria ler o padrão da raça. Ir a exposições e somente aprender assistindo. Tente achar um professor. Fazer aulas para handler. Se você for expor o seu cão, esteja certo de já ter aprendido o básico. Somente leve para pista um cão limpo e em perfeitas condições emocionais e de saúde. Quando você perder, nunca se esqueça, o seu cão ainda é o mesmo. A culpa nunca é do cão. É a opinião do Juiz que vem primeiro. Você tem que aprender a ter espírito esportivo. Eu já vi, e ainda vejo nas pistas, cães que não tem a qualidade que eu prefiro.

No meu país 99% dos cães entram em pista com seus proprietários. Meus cães tem muito sucesso nas exposições, mas em casa eles tem

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Você perguntou sobre a dificuldade em criar Pugs. Eu não acho que seja mais dificil criar Pugs do que outras raças. Eu vivi com Bull terriers, Airedale terriers, SRDs e Galgos (Spa-nish Greyhounds). Se você cuidar de seus cães, mantendo-os em ótimas condições, aí você lida com menos problemas.

5. O QUE VOCÊ RECOMENDA-RIA A UM CRIADOR INICIAN-TE?

Ir às exposições e fazer contatos com criado-res e handlers. Tentar encontrar um Mentor. Ir a seminários e ser membro de um Clube.

Veja como o novo membro da sua familia foi criado, como são os pais e os outros cães. Estará o criador disponivel quando você já tiver levado seu filhote para casa? Ele poderá responder às suas perguntas quando você necessitar? Se você encontrar o criador certo, isso poderá ser o inicio de uma grande amiza-de por toda a vida.

Siga sempre aprendendo. Eu ainda participo de seminários para ficar atualizada.

Tente comprar o melhor. Nunca esteja satis-feito. Pense sempre no padrão da raça. Nun-ca pense em dinheiro, mas sim se o melhor é bom o suficiente para shows e para o seu programa de criação. Se um iniciante me per-guntasse, eu diria a ele para comprar a melhor femea que ele conseguisse. Eu prefiro um cão que venha de um linebreeding. Cruzar dois cães sem nenhum parentesco é como uma loteria. Se você quiser criar o seu tipo, você precisa fazer um linebreeding.

Nossos cães, incluindo os filhotes, vivem conosco. Não temos instalações de canil. Eles passam boa parte do tempo no grande quin-tal, onde podem brincar de perseguirem uns aos outros, cavando buracos, tomando sol ou se deitando na sombra de uma árvore ou ar-busto. Mesmo quando o tempo não está tão bom, eles saem para fazer exercícios. Porque isso é importante para a sua saúde e condi-cionamento. Quando eu fico com um cão, ele vai viver comigo pela vida toda. E se você não fizer com Amor e Paixão, não adquira, expo-nha ou comece a criar cães.

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COMO LIDAMOSCOM PROBLEMAS OCULARES

ELE AMANHECEU COM UM DOS OLHOS MAIS FECHADO DO QUE O OUTRO. LACRIMEJANDO BASTANTE. E NÃO BRINCOU COMO DE COSTUME, ESTÁ QUIETO NUM CANTO. O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

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Pugs são muito propensos a doenças e traumas oculares. A falta do foci-nho os priva de uma proteção contra objetos pontiagudos que atingem

diretamente seus olhos. Uma brincadeira com outros cães pode ocasionar também o trau-ma, o que é comum nas ninhadas, cujas unhas não sejam frequentemente aparadas, desde o nascimento. Nesses casos, a córnea pode ter sido atingida, causando um processo ulcerati-vo contaminado.

PODEMOS COMPARAR A CÓRNEA AO VIDRO DE UM RELÓGIO. ELA É A PARTE MAIS ANTERIOR DO OLHO, E DEVE SE MANTER SEMPRE TRANSPA-RENTE, PARA POSSIBILITAR A VISÃO.

A enervação é a proteção da córnea, que possui uma quantidade enorme de terminações nervosas, tornando os traumas muito dolorosos. Por ser muito enervada, uma agressão causa dor intensa, como sinal de alerta. E um olho apertado é sinal de dor. Este é um caso de muita urgência, e o cão deverá ser avaliado e tratado por um oftalmologista veterinário, tanto para alivio da dor, quanto pela garantia de manutenção da visão, ou até mesmo da integridade do globo ocular.

Mas nem só os traumas afetam os olhos dos Pugs. Algumas patologias os acometem co-mumente, causando danos igualmente devas-tadores, caso não diagnosticadas e tratadas a tempo.

Algumas raças, e especialmente os Pugs, tem uma resposta inflamatória, do tipo autoimune, desenvolvendo uma pigmentação de cor mar-rom que cresce lentamente, cobrindo a córnea e impedindo a visão (ceratite pigmentária). Quanto maior a agressão, mais rapidamente a pigmentação cresce do canto interno para o centro da córnea, podendo tomá-la por intei-ro. Cabe ao proprietário ou criador identificar precocemente essa pigmentação, e uma vez constatada, levar seu Pug ao oftalmologista veterinário. É ele quem vai apontar e tratar a causa, e controlar o avanço da membrana com medicamentos, inclusive cirurgicamente, nos casos mais avançados, onde a visão estiver

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lista, tanto na Medicina humana, quanto na vete-

rinária. Por isso quere-mos deixar registrada a importância da avalia-ção de seu Pug por um

oftalmologista veteriná-rio, com especialização na

área. Citamos nesse artigo os acometimentos mais comuns,

mas outros existem, e somente ele vai poder fazer o diagnóstico e tratá-los

com segurança.

Quanto à questão da seleção dos Pugs para re-produção nos canis, o ideal é que os exemplares selecionados não apresentem problemas oftal-mológicos. Mas, como são tão frequentes na raça, pelo menos que o criador possa selecionar os que sejam minimamente afetados.

Um cão cego pode se locomover normalmente num local que conheça bem. O ideal é que não se troque o lugar de sua cama e das vasilhas de água e comida, assim como os móveis da casa, para que ele possa se situar sem problema.

Para que sigam saudáveis, os olhos de nossos Pugs vão requerer observação e atenção diárias e constantes. Como tudo o mais na saúde deles, tão delicada quanto o amor que nos devotam.

Angela NabucoMédica Oftalmologista

severamente compro-metida. A pigmentação da córnea (ceratite pigmentária) vai ne-cessitar do uso diário de medicamentos por toda a vida do Pug para retardar o crescimento da membrana e evitar que ele perca a visão com o passar dos anos. A cirurgia de retirada da membrana não elimina a necessidade dessa medicação, enquanto o Pug viver.

Muitos Pugs têm as pálpebras viradas para dentro, e os cílios passam a ser os agentes de agressão, ao que se dá o nome de entrópio, que deve ser tratado cirurgicamente. A con-formação da dobra sobre o nariz favorece o seu aparecimento. Se os danos à córnea não forem muito severos, o ideal é que se aguarde para a realização da cirurgia até que a cabeça termine o seu crescimento, o que se dá até os 2 anos de idade no caso do Pug, muitas vezes desaparecendo o entrópio, ou diminuindo a amplitude de sua correção. Até essa data, ele deverá ser acompanhado pelo oftalmologis-ta veterinário, para que se possa reavaliar a necessidade ou não da correção cirúrgica, na idade adequada. Ainda existem veterinários que indicam a retirada da dobra sobre o nariz para o tratamento do entrópio. Procedimen-tos mais modernos evitam que essa medida radical seja necessária, o que pode ser consi-derado como uma mutilação.

Outra afecção comum nos Pugs são os olhos secos, isto é, uma produção insuficiente de lágrima, juntamente com a evaporação preco-ce da mesma, e que também necessita do uso de substitutos da lágrima durante toda a vida do Pug.

A oftalmologia é abordada de forma bastante superficial na formação do médico genera-

A pigmentação

da córnea (ceratite pigmentária) vai

necessitar do uso diário de medicamentos por toda a

vida do Pug para retardar o crescimento da membrana

e evitar que ele perca a visão com o passar

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Um cão cego pode se locomover normalmente num local que conheça bem.

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P O R S O N I A B L A N CO C A R R E I RO

ACONTECEUCOMIGO

Há alguns anos, depois de vários problemas, incluindo um aborto involuntário aos 4 meses de gesta-ção e descobrir que tenho LUPUS,

comecei a me sentir muito mal, achei que eram problemas cardíacos por sentir palpita-ções, suores e ficar muito cansada ao realizar qualquer atividade normal do dia a dia. Mas, ao consultar um cardiologista, ele me pediu para ir a um psiquiatra, porque os sintomas eram de síndrome do pânico e não de pro-blemas relacionados ao coração. Foi então que começou uma grande batalha, que mui-tas vezes eu achava que estaria perdendo, porque com a Síndrome do Pânico também veio a depressão, e segundo o psiquiatra, meu estado de reclusão social poderia durar mais de dois anos.... bem mais.

Na época eu parei de trabalhar porque tinha muito medo das pessoas, inclusive dos meus filhos, marido. Fiquei 9 meses reclusa em mi-nha casa sem sair por-que simplesmente não conseguia nem conver-sar de tanto medo que tinha. O computador foi minha única forma de comunicação na época, mas se eu es-crevia uma mensagem que fosse prontamente respondida, saía da internet por medo, um medo inexplicável que apenas quem sente sabe o que é.

Fui indicada por um colega a adotar um cão da raça Pug, em uma das mensagens que recebi. Pensei muito, porque entre várias exigências tinha uma que me apavorava...ir buscá-la pessoalmente onde estava. Isso queria dizer que eu teria que sair de casa, ver pessoas, andar de carro...fiquei apavora-da, mas minha vontade em adotar a Pug foi enorme, e foi então que eu comecei a ver que um cão Pug pode transformar uma vida. Fui conhecê-la, e para dizer a verdade, nem sei como consegui chegar até o local onde ela estava. Fui até lá levada pelo meu grande companheiro, marido e amigo Jose Carlos.

Ao chegar me trouxeram uma Pug gordinha, que era ex matriz de canil, a peguei no colo e ela me olhou tão profundamente com seus “olhos de jabuticaba” que foi amor à primei-ra vista...assinei todos os papéis, paguei pela castração e a levei para casa, vida nova pra nós duas.

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Sonia Blanco Carreiro“Mãe” da gangue da Mortadela e proprietária da Anita Bonita Artesanatos

da aos 11 anos com câncer de pulmão), a Pug Pipoca, a única Pug preta da turma, a Pug Penélope, uma simpática Pug deficiente que é bem ativa, alegre e feliz, e também o SRD Flexa e os chihuahuas Pancho e Pixie. Eu já tinha também 3 gatas chamadas Lua, com 16 anos, Jade 16 anos, Manuela 15 anos e a Bibi de 3 anos. Essa última pensa que é um Pug também, está sempre junto deles.

Por serem muito unidos e bagunceiros, co-loquei o apelido de “gangue da Mortadela” onde a líder não só lidera as bagunças, pois ela liderou uma grande mudança para muito melhor na minha vida.

Foi ela quem me mostrou, no meio de tanta turbulência, que um Pug pode fazer a dife-rença na vida de uma pessoa, e que o amor e o companhei-rismo deles podem transfor-mar uma vida, com certeza sou testemunha disso.

Hoje ainda tenho síndrome do pânico e depressão, mas estão controlados, faço todas as minhas atividades normalmente, inclusive trabalho com artesanatos em feltro e tecido, onde os trabalhos mais pedidos são os que têm Pugs, como: enfeites de porta com Pugs, puxa-sacos de Pugs, guirlandas de Natal com Pugs e muitos outros lindos artesanatos que faço com muito amor. Virou meu trabalho e assim posso trabalhar e passar meus dias ao lado dos meus grandes amores...meus Pugs...minha gangue da Mor-tadela...minhas vidas...

Confesso que nos primeiros dias a única coisa que fazíamos era ficar deitadas no sofá, então comecei a pensar que ela precisava passear. Mas meu medo me dominava, en-tão meu marido a levava todos os dias para passear, até o dia em que eu disse a ele que queria sair com ela, mas sozinhas....foi um grande desafio, descemos o elevador e ela ia com toda a paciência do mundo sempre me olhando, cheguei na porta e respirei fundo, saí de casa e andei cerca de 50 metros (uma coisa que duraria uns 6 minutos, levei mais de 40 minutos para realizar). Pode parecer nada aos olhos de qualquer pessoa, mas pra mim foi uma vitória, porque depois de 9 meses de reclusão, eu estava finalmente saindo à rua.

Ao ir na consulta ao psiquiatra, ele ficou surpreso porque em três meses a Mortadela, nome dado a Pug, tinha operado um verda-deiro milagre: íamos passear todos os dias, a levava ao veterinário, ao pet shop. Com todas essas mudanças na minha vida e vendo como ela me fez bem, prometi a ela que ajudaria os cães da raça Pug, resgatando matrizes e as direcionando a novos lares. Afinal, ela conse-guiu fazer algo que eu mesma tinha perdido a fé que um dia voltaria a fazer. Depois da chegada da Mortadela, em três meses eu estava saindo à rua, íamos passear todos os dias e consegui voltar à vida!

Depois da Mortadela, chegou a Pug Zoey, ainda filhote, uma experiência também incrí-vel ter um filhote tão encantador e amoroso, como é um filhote de Pug. Chegaram a Pug Julieta, com 11 meses, essa com apenas 20% de visão de um dos olhos, o outro totalmen-te cego, o Pug Romeu (falecido aos 6 anos por uma doença hepática ), a Pug Tati (faleci-

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Dúvidas respondidas por:

Dra. Priscilla Cesário VieiraMédica Veterinária (CRMVRJ8553) e criadora da raça PugCanil Vale dos Vieiras

Gostaria de saber com quantos dias um filhoti-nho começa a andar. Estou com um filhotinho que está com 21 dias e ele não está andando ainda, só faz se arrastar. Estou preocupado.

Ideildo Junior - Cabo (PE) - Brasil

Durante o período de transição, que ocorre do 13o ao 20o dias de vida, o filhote passa por diversas mudanças físicas. Os olhinhos abrem, ele começa a “engatinhar”, ele já pode ouvir, e, por volta do 20o dia já aparece o primeiro dentinho. Os primeiros passos já podem ser observados a partir do 21o dia de vida mas é super normal ainda nesta idade o filhote se arrastar, principalmente se for um filhote gordo.

Nessa fase, quando o filhote inicia os primeiros passos, também podemos observar a síndrome do cão nadador. As manifestações clínicas podem ser observadas dentro de duas a três semanas após o nascimento, período no qual o filhote já deveria estar se locomovendo. Devido à ausência de habili-dade para ficar em estação quadrúpede, os animais aparentam estar fracos e debilitados. Ocorre uma compressão do tórax, abdômen e pelve, o que leva ao movimento similar a natação.

cartas do leitor

Porque alguns bebes vêm a falecer depois de alguns dias de nascidos? Uma pug minha teve 8 filhotes, comeu ração de filhote super pre-mium, tomou suplementos e teve acompanha-mento veterinário, e morreram alguns filhotes. Isso é comum?

Thiago Teixeira - Campinas (SP) - Brasil

Aquecer os filhotes após o nascimento é um dos mais importantes cuidados que devemos tomar. Até completarem de 7 a 10 dias de vida, os filhotes não conseguem regular a temperatura corporal e caso tenha a queda da temperatura, o filhote pode apresentar a tríade do neonato: hipoglicemia (diminuição nos níveis de glicose), hipotermia (temperatura abaixo do normal) e desidratação são as maiores causas de mortalidade neonatal em filhotes caninos. Algumas infecções virais também podem ser fatais para os filhotes nos primeiros dias de vida como Herpesvírus. A maioria das infecções bacterianas nessa idade são causadas pela Escherichia coli, e algumas são provenientes do leite (síndrome do leite tóxico) ou contaminação do ambiente que vivem. Tem também as parasito-ses, que podem ser adquiridas ainda em período fetal ou após o nascimento. Essas são as principais causas que podem levar um filhote a óbito nos primeiros dias vida.

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RsugestõesOlá, Angela! Acabei de navegar pela nova revista sobre o Pug! Estou impressionada, é fantástica. Vou enviar o link para os clientes que adquiriram filhotes em meu canil, final-mente algo bom de se ler! Eu estava pronta para começar a escrever um livro sobre Pugs, pois não encontrava nada de bom no mercado (ainda devo escrever no futuro!)

Sou uma juíza FCI da Bélgica, e o Pug é minha especialidade desde que comecei a criar a raça (Limisengi’s Pugs). Se precisar de qualquer informação sobre Pugs na Europa, por favor, entre em contato, ficarei muito feliz de ajudá--la com esse simpático projeto.

Saudações da Bélgica

Inge Wilsen - Bélgica

Obrigada Inge, pelo seu grande incentivo! Seguiremos nos esforçando para inovar sem-pre, abordando os temas de maior interesse dessa raça tão especial! E esperamos que você escreva o seu livro, deixando essa contribuição preciosa para o mundo dos Pugs, tão carente de informações, tanto para criadores quanto para proprietários de pets.

sugestõesOlá, gostaria de parabenizá-los pela idéia da revista e sugerir sobre estudos relacio-nados aos cuidados com os cães braqui-cefálicos, manejo no calor e complicações relacionada a obesidades e problemas dermatológicos. Obrigada.

Isabella Goulart - Botucatu (SP) - Brasil

Muito obrigada Isabella! Com relação a problemas de obesidade, nossa sugestão é o uso da comida natural. Num artigo deste número abordamos o tema da Dietética Vete-rinária Chinesa, que utilizamos há 4 anos em nossos Pugs, com enorme sucesso quanto ao controle da obesidade e saúde em geral. No próximo número vamos falar sobre o preparo da nossa receita de comida natural e de mais algumas de suas excelentes sugestões. Espera-mos ter você nos acompanhando sempre!

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