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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Educação Física GUILHERME GIORGI PAULETI MOREIRA DIFERENÇA DE RESULTADOS EM TREINOS AERÓBIOS DE ALTA INTENSIDADE COM E SEM INGESTÃO DE ÁGUA E BEBIDAS ISOTÔNICAS Clínica de Educação Física do Unisalesiano LINS-SP 2010

DIFERENÇA DE RESULTADOS EM TREINOS AERÓBIOS DE … · obtido através do exercício, criar mecanismos de termorregulação corporal, sendo a transpiração uma das principais formas

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Educação Física

GUILHERME GIORGI PAULETI MOREIRA

DIFERENÇA DE RESULTADOS EM TREINOS

AERÓBIOS DE ALTA INTENSIDADE COM E SEM

INGESTÃO DE ÁGUA E BEBIDAS ISOTÔNICAS

Clínica de Educação Física do Unisalesiano

LINS-SP

2010

2

GUILHERME GIORGI PAULETI MOREIRA

DIFERENÇA DE RESULTADOS EM TREINOS AERÓBIOS DE ALTA

INTENSIDADE COM E SEM INGESTÃO DE ÁGUA E BEBIDAS ISOTÔNICAS

Trabalhpo de Conclusão de Curso

apresentado à Banca Examinadora do

Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium, curso de Educação Física

Bacharelado sob a orientação do professor

Prof. MSc. Leandro Paschoali Rodrigues

Gomes e orientação técnica Profª. Esp. Ana

Beatriz Lima

LINS - SP

2010

3

Moreira, Guilherme Giorgi Pauleti Moreira.

M837d Diferença de resultados em treinos aeróbios de alta intensidade com e sem ingestão de água e bebidas isotônicas / Guilherme Giorgi Paulei Moreira. - - Lins, 2010.

756p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico

Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em

Educação Física Bacharelado, 2010.

Orientadores: Leandro Paschoali Rodrigues Gomes; Ana

Beatriz Lima

1. Desidratação 2. Reposiçção 3. Eletrólitos. 4 . Hidratação.

5. Freqüência Cardíaca. I Titulo.

CDU 796

4

GUILHERME GIORGI PAULEI MOREIRA

DIFERENÇA DE RESULTADOS EM TREINOS AERÓBIOS DE ALTA

INTENSIDADE COM E SEM INGESTÃO DE ÁGUA E BEBIDAS ISOTÔNICAS

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxlium, para

obtenção do titulo de Bacharelado em Educação Física.

Aprovada em: ____/____/2010

Banca Examinadora:

Prof.(a) Orientador(a): Leandro Paschoali Rodrigues Gomes

Titulação:__________________________________________________________

__________________________________________________________________

Assinatura:_____________________________________

1° Prof(a):__________________________________________________________

Titulação:__________________________________________________________

__________________________________________________________________

Assinatura:_____________________________________

2°Prof(a):__________________________________________________________

Ttulaçao:__________________________________________________________

__________________________________________________________________

Assinatura:______________________________________

5

À Minha Família,

Que é base de qualquer pessoa, e que sempre esteve do meu lado

e me ajudou a ser quem eu sou.

Deus,

Pois sempre esteve comigo do meu lado nos momentos mais

difíceis, e que me deu e me dá forças superar todos os problemas e

seguir em frente buscando meus objetivos.

Aos meus amigos,

Que são muitos, e que estão sempre ao meu lado, me ajudando

em todos os momentos e compartilhando momentos inesquecíveis por

toda essa vida.

Ao Professor Hilinho,

Que foi, além de um professor um amigo, alguém que me

aconselhou e que me ensinou muito dando dicas sobre o que é melhor,

me ajudando na monografia e em vários momentos durante esses 4

anos.

Aos meus pais e minha Avó,

Que me apoiaram em todos os momentos mesmo, me deram

suporte, calma e condições de poder estudar tranquilo, de sempre me

apoiar, independente de tudo que acontecesse. Esse diploma é para

vocês!

6

RESUMO

O presente trabalho visa mostrar o quanto é importante a reposição de

líquidos principalmente durante exercícios de altas intensidades e longa duração,

e qual a diferença de resultados após treinos aeróbios com e sem ingestão de

água ou bebidas isotônicas, principalmente em ambientes mais quentes. No

decorrer da atividade, o corpo aumenta sua temperatura e se faz necessário

dissipar esse calor de alguma forma; assim, o organismo trabalha de forma mais

rápida e faz com que o plasma sanguíneo seja levado até as periferias da pele

para ser transferido para fora da pele através de suor. Com a perda cada vez

maior de plasma, o sangue fica mais viscoso, obrigando o coração a trabalhar

mais forte e, com o tempo, o coração não consegue mais empurrar o sangue para

os músculos ativos. Com a perda maior de plasma, o corpo, além de água, perde

muitos nutrientes e sais minerais essenciais para um bom funcionamento do

organismo. Por isso a reposição de água e, principalmente de bebidas isotônicas,

que contém sódio, um dos nutrientes mais perdidos através do suor, tornam-se

essenciais para um bom rendimento na atividade a ser realizada.

Palavras-chave: Desidratação. Reposição. Eletrólitos. Hidratação. Frequência

Cardíaca.

7

ABSTRACT

This paper aims to show how important it is mainly fluid replacement during

exercise of high intensity and long duration, and what the difference in results after

training with aerobic and drinking sports drinks the water, especially in warmer

environments. During the activity, the body increases its temperature and it is

necessary to dissipate that heat somehow, so the bone body works more rapidly

and causes the blood plasma is taken up to the outskirts of the skin to be

transferred out of through skin and sweat. With the increasing loss of plasma,

blood becomes more viscous, causing your heart work harder and eventually the

heart can no longer push blood to the active muscles. And with the greater loss of

plasma, besides the body of water, you lose many nutrients and minerals essential

for the proper functioning of the body. So the replacement of water and especially

sports drinks, which contain sodium, one of the nutrients lost through sweat more,

have become essential for good performance in the activity being performed.

Keywords: Dehydration. Replacement. Electrolytes. Hydration. Heart Rat.

6

LISTA DE SIGLAS

ACSM- American College of Sports Medicine

ADH- Hormônio Antidiurético

BPM- batimentos por minuto

CEF – Clinica de Educação Física

FC- Frequência Cardíaca

K+- Potássio

NATA- National Athletic Trainer's Association

Na+- Sódio

PA- Pressão Arterial

VO2- Volume de Oxigênio

7

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Características do primeiro voluntário................................... 50

TABELA 2: Características do segundo voluntário.................................. 50

TABELA 3: Características do terceiro voluntário.................................... 50

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................

10

CAPÍTULO I – HIDRATAÇÂO E DESIDRATAÇÃO........................................ 13

1 CONCEITUAÇÃO........................................................................ 13

1.1 Mecanismos de termorregulação................................................. 13

1.2 Fatores que aprimoram a tolerância ao calor............................... 17

1.3 Perda hídrica ............................................................................... 21

1.4 Desidratação e exercícios............................................................ 26

1.5 A sede é suficiente para a reidratação?....................................... 28

1.6 Reposição de eletrólitos............................................................... 29

1.7 Reposição e hidratação pré-exercício.......................................... 31

1.8 Recomendações da Ingestão de líquidos durante o exercício..... 33

CAPITULO II – FREQUÊNCIA CARDÍACA NO EXERCÍCIO.......................... 35

2 CONCEITUAÇÃO........................................................................ 35

2.1 Frequência cardíaca..................................................................... 36

2.2 Fluxo Sanguíneo e seus mecanismos de aumento ..................... 38

2.3 Mecanismos de aumento do fluxo sanguíneo.............................. 39

2.4 Adaptações respiratórias ao treinamento..................................... 40

2.5 Adaptações metabólicas ao treinamento..................................... 42

2.6 Fatores que afetam a resposta ao Treinamento aeróbio ............ 43

CAPÍTULO III – A PESQUISA.........................................................................

46

9

3 INTRODUÇÃO............................................................................. 46

3.1 Métodos........................................................................................ 46

3.2 Técnicas........................................................................................ 46

3.3 Características do local da pesquisa............................................ 47

3.4 Atividades realizadas nesta pesquisa........................................... 47

3.5 Materiais utilizados....................................................................... 47

3.6 Apresentação dos casos.............................................................. 48

3.6.1 Caso 1.......................................................................................... 49

3.6.2 Caso 2.......................................................................................... 49

3.6.3 Caso 3.......................................................................................... 49

3.7 Resultados................................................................................... 49

3.8 Discussão.................................................................................... 51

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO................................................................... 54

CONCLUSÃO................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS................................................................................................. 56

APÊNDICES..................................................................................................... 57

10

INTRODUÇÃO

Os seres humanos são homeotermos, significando que a sua temperatura

corporal interna é mantida quase constante durante a vida. Somente durante

exercícios intensos e prolongados, problemas de saúde ou condições externas de

calor ou de frio, a temperatura corporal sofre um desvio de sua faixa normal de

36,1 a 37,8°C. A temperatura corporal reflete um equilíbrio meticuloso entre a

produção e a perda de calor. Sempre que esse equilíbrio é perturbado, a

temperatura altera (COSTILL; WILMORE 2001 p.312).

Todos os tecidos metabolicamente ativos produzem calor que pode ser

utilizado para manter a temperatura interna do corpo, mas, se a produção de calor

do seu corpo for maior que a sua perda, a sua temperatura interna aumentará.

A capacidade para manter uma temperatura interna constante depende da

capacidade de equilibrar o seu ganho de calor decorrente do metabolismo e do

meio ambiente com o calor que o corpo perde. Assim, para o corpo possa

transferir calor para o meio ambiente, esse calor tem que ter acesso ao meio

exterior. Esse calor que há no interior do corpo vai ter que ser transportado até a

pele, para assim, poder ser transferido para o meio externo.

Há quatro mecanismos que transferem o calor para o meio externo: a

condução, que envolve a transferência de calor de um material para o outro,

através do contato molecular direto, assim o calor gerado profundamente no seu

organismo pode ser conduzido através do tecido adjacente até atingir a superfície

corporal, que é a transferência desse calor do seu corpo para as suas vestimentas

ou ar que se encontra em contato com a sua pele.

A convecção, que envolve a mobilização de calor de um lugar a outro

através do movimento de um gás ou de um líquido pela superfície aquecida.

A radiação, que é o primeiro método para a liberação do calor excessivo do

corpo. Nele, o calor é liberado sob a forma de raios infravermelhos, como um tipo

de onda eletromagnética.

A evaporação, que é o principal método de eliminação do excesso de calor

11

durante o exercício.

À medida que o líquido evapora, o calor é perdido. Assim, evaporações

ocorrem sem que se possa perceber, sendo denominada perda hídrica insensível

e ocorre sempre que o líquido corporal entra em contato com o ambiente externo.

Quando a temperatura corporal aumenta, a produção de suor aumenta e quando

esse suor atinge a pele, ele é convertido do estado liquido para o de vapor pelo

calor da pele. Ocorrendo isso, através da perda hídrica, não só se perde água,

como também muitos nutrientes essenciais ao nosso corpo, como o sódio e o

potássio.

Então, o organismo na hora que precisar de mais energia não vai encontrar,

pois seus estoques acabaram, por falta de líquidos no organismo, maior produção

de calor e menor perda desse mesmo calor, mexendo no equilíbrio metabólico,

gerando maior freqüência cardíaca, maior temperatura corporal e ocasionando a

fadiga.

E, cada vez que o exercício for mais intenso, o fluxo sanguíneo aumentará

sua atividade para tentar suprir as demandas de oxigênio nos músculos ativos no

momento do exercício. Isso acarreta um trabalho maior do coração que terá que

bombear mais sangue o mais rápido possível, ocasionando, assim, uma maior

taxa de frequência cardíaca (FC).

A partir do momento em que o corpo está desidratado e o coração não

consegue bombear sangue suficiente para ser direcionado aos músculos ativos,

acarreta a queda de desempenho e, consequentemente, a fadiga e o término do

exercício. No presente trabalho será discutido á importância ou não de ingestão de

água bebidas isotônicas durante exercícios aeróbios e seus resultados.

Para isso, na Clínica de Educação Física (CEF), situada no Centro

Universitário Católico Salesiano Auxilium, ocorrerão testes de exercícios aeróbios

que analisarão se a ingestão de água ou bebidas isotônicas ajuda no desempenho

em treinamentos aeróbios e qual delas é mais eficiente ao longo do treinamento.

Diante do exposto, surgiu o seguinte questionamento: será que há diferença

de resultados em treinos aeróbios de alta intensidade com e sem ingestão de

água e bebidas isotônicas?

12

Obteve- se como hipótese que sim, pois através de exercícios físicos

prolongados, o corpo aumenta sua temperatura interna e como forma de

regularização do equilíbrio metabólico há uma perda hídrica e junto com a água,

se perde além de líquidos, muitos sais minerais, como sódio e potássio, que são

importantes para gerar nova energia.

Assim, coma ingestão de água, a quantidade de liquido perdido será

reposto, mas os sais minerais não, por isso as bebidas isotônicas são as mais

indicadas, pois além de conter nutrientes que são perdidos através do exercício,

sua solubilidade nas células é muito maior e mais eficaz do que outras bebidas,

ocasionando, assim, condições melhores para prolongamento do exercício e

melhor desempenho em relação a outro exercício igual, sem ingestão de nada.

O presente Trabalho fica assim exposto:

Capitulo I – Conceitua Desidratação

Capitulo II- Descreve Freqüência Cardíaca

Capitulo III – A pesquisa

A seguir apresenta-se Proposta de Intervenção, Conclusão, Referências e

Apêndices.

13

CAPÍTULO I

HIDRATAÇAO E DESIDRATAÇÃO

1 CONCEITUAÇÃO

Durante exercícios prolongados e em exposição a temperaturas elevadas, é

comum o corpo, como forma de equilibrar o aumento da temperatura corporal

obtido através do exercício, criar mecanismos de termorregulação corporal, sendo

a transpiração uma das principais formas de perda de calor. A transpiração ou

perda hídrica acarreta sintomas que contribuem para a perda de desempenho do

indivíduo, como: fadiga muscular, câimbras, náuseas, vômitos, mal-estar, além de

um cansaço mais rápido em relação a um treinamento com hidratação adequada.

Os sais minerais eliminados através do suor durante o exercício são

substâncias importantíssimas para o equilíbrio corporal, por isso a ingestão deles

durante exercícios prolongados, como forma de reposição, torna-se um

mecanismo de ajuda ao melhor desempenho do indivíduo, prevenção de sintomas

que prejudiquem-no durante e após as atividades.

Com isso, ajuda também a retardar o aumento da temperatura corporal, não

obrigando o coração a ter que trabalhar mais para mandar o plasma para as

periferias cutâneas, que vai ser eliminado pelas glândulas sudoríparas através da

sudorese, assim, não tornando o sangue tão viscoso e evitando um aumento da

freqüência cardíaca (FC) desnecessário.

1.1 Mecanismo de termorregulação

Segundo Katch; Katch; McArdle (2001), o equilíbrio corporal resulta da

14

integração de mecanismos que alteram a transferência de calor para a periferia

(concha externa), regulam o esfriamento por evaporação e modifica o ritmo de

produção de calor pelo corpo.

A temperatura central sobe rapidamente quando o ganho de calor

ultrapassa a perda de calor durante o exercício vigoroso e um ambiente quente. O

corpo ganha uma quantidade considerável de calor através das reações do

metabolismo energético, particularmente a partir do músculo ativo.

Para Katch; Katch; McArdle (2001), durante o exercício vigoroso e contínuo

em homens e mulheres aerobicamente aptos, a taxa metabólica aumenta com

frequência de 20 a 25 vezes acima do nível de repouso (para aproximadamente

20 kcal/min), teoricamente, uma produção de calor dessa magnitude poderia

elevar a temperatura central em 1° C a cada 5 a 7 minutos. O esfriamento por

evaporação é responsável por uma perda de calor de aproximadamente 18

kcal/min em condições ótimas.

Segundo Katch; Katch; McArdle (2001) as adaptações circulatórias tornam

possível a “sintonia delicada” para a regulação da temperatura, pois a

conservação do calor ocorre através do desvio rápido do sangue para o interior

das cavidades craniana, torácica e abdominal e para porções da massa muscular,

aprimorando o isolamento da gordura subcutânea e de outras periferias do corpo.

Já o acúmulo excessivo de calor interno acarreta uma dilatação dos vasos

periféricos e o envio de sangue quente para a periferia mais fria.

Katch; Katch; McArdle (2001) afirmam que, durante o exercício realizado no

calor, o poderoso impulso para o equilíbrio térmico pode fazer aumentar o ritmo de

transpiração para 3,5l/hora, ou uma captação de oxigênio de 1.000ml/min induzida

pelos calafrios e um frio intenso.

A temperatura ambiente elevada reduz a eficácia da perda de calor por

condução, convecção e radiação, pois quando a temperatura ambiente ultrapassa

a temperatura corporal, esses três mecanismos de transferência térmica

contribuem para o ganho de calor.

Para Katch; Katch; McArdle (2001), quando a condução, convecção ou

radiação não conseguem dissipar uma quantidade grande de calor metabólico de

15

maneira adequada, a evaporação do suor e a vaporização da água a partir do

trato respiratório constituem meio de dissipação de calor, assim o ritmo de

evaporação aumenta diretamente com a temperatura ambiente.

Para quem fica relaxado e um ambiente quente e úmido, a demanda diária

normal de 2 litros de líquido duplica ou até triplica em virtude da perda hídrica

evaporativa.

Segundo Katch; Katch; McArdle (2001), a perda de calor em umidade alta

depende da evaporação. A evaporação do suor a partir da pele vai depender de 3

fatores:

a) superfície exposta ao meio ambiente;

b) temperatura e umidade relativa ao ar ambiente;

c) correntes áreas convectivas ao redor do corpo;

E a umidade relativa exerce o maior impacto sobre a eficácia da perda

evaporativa do calor, pois a umidade relativa do ar refere-se ao percentual de

água no ar ambiente a uma determinada temperatura em comparação com a

quantidade total de umidade que poderia ser carreada nesse ar.

Se a umidade relativa do ar estiver em 30% significa que o ar ambiente

contém apenas 30% da capacidade de carrear umidade do ar a essa temperatura

específica. E, com uma alta umidade, a pressão do vapor do ar ambiente

aproxima-se daquela da pele úmida (aproximadamente 40 mm/Hg) e a

evaporação será muito reduzida.

Assim, esse meio para a perda de calor torna-se menos efetivo, apesar de

grandes quantidades de suor se acumular como gotas sobre a pele e acabarem

caindo, representando uma perda de água inútil que pode resultar em

desidratação e superaquecimento.

Katch; Katch; McArdle (2001) afirmam que a secagem contínua da pele

com uma toalha antes da evaporação do suor, também dificulta o esfriamento

evaporativo, pois o suor não esfria a pele, pelo contrário, o esfriamento da pele

ocorre quando o suor evapora.

Assim, temperaturas ambientais relativamente altas podem ser toleradas

enquanto a umidade permanece baixa, por isso as pessoas preferem o conforto

16

dos climas desertos e secos em vez dos climas tropicais mais frios e mais úmidos.

A roupa seca, por mais leve que seja, retarda a evaporação do calor muito

mais que a mesma roupa impregnada de umidade. A prática de recorrer a roupas

secas e clima quente faz pouco sentido para a regulação da temperatura, pois a

perda evaporativa de calor ocorre somente quando a roupa fica totalmente

encharcada.

Um uniforme seco apenas prolonga o período de tempo entre a

transpiração e o esfriamento, e para promover a evaporação os indivíduos devem

usar uma roupa folgada para permitir a convecção livre do ar entre a pele e o meio

ambiente. A cor do uniforme também desempenha um papal importante, porque

as cores escuras absorvem os raios luminosos e facilita ganho de calor radiante,

enquanto a roupa de cor clara reflete os raios de calor.

Para Katch; Katch; McArdle (2001) o corpo enfrenta duas demandas

cardiovasculares competitivas ao exercitar-se em um clima quente: o fornecimento

de oxigênio aos músculos aumenta para atender o metabolismo energético; o

sangue terá que transferir o calor metabólico gerado durante o exercício até a

periferia para que ocorra o esfriamento, esse sangue deixa de estar disponível

para o fornecimento de oxigênio aos músculos ativos.

Níveis semelhantes de débito cardíaco ocorrem durante o exercício

submáximo em ambientes quentes ou frios, mas o débito cardíaco torna-se menor

ao exercitar-se no calor.

De fato, o volume de ejeção diminui proporcionalmente ao déficit de líquido

criado durante o exercício, produzindo frequências cardíacas mais altas para

todos os níveis submáximos de exercício. O débito cardíaco máximo e o VO2

diminuem durante o exercício no calor, pois o aumento compensatório na FC não

consegue neutralizar a redução no volume de ejeção do coração.

A pressão arterial (PA) permanece estável durante o exercício no calor, pois

a vasoconstrição visceral faz aumentar a resistência vascular total e redistribui o

sangue para as áreas que mais necessitam dele. Existe uma nítida diferença

sexual na termorregulação em termos de transpiração entre homens e mulheres.

Segundo Katch; Katch; McArdle (2001) as mulheres possuem mais

17

glândulas sudoríparas ativadas pelo calor por unidade de área cutânea que os

homens, porém elas transpiram menos abundantemente. As mulheres começam a

transpirar com temperaturas cutâneas e centrais mais altas, elas produzem

também menos suor para uma carga de calor-exercício semelhante, até mesmo

com uma aclimatação comparável àquela dos homens. Apesar de uma menor

produção de suor, as mulheres têm tolerância ao calor semelhante a dos homens

com uma aptidão aeróbia igual para o mesmo nível de exercício. Provavelmente

as mulheres dependem mais dos mecanismos circulatórios para a dissipação do

calor, enquanto nos homens ocorre um maior esfriamento evaporativo.

Para Katch; Katch; McArdle (2001) as mulheres possuem uma relação de

área superficial para massa relativamente grande, o que constitui uma

característica dimensional favorável para a dissipação do calor.

A mudança na sensibilidade termorreguladora durante a fase luteínica não

afeta a capacidade das mulheres se exercitarem ou realizarem um trabalho físico

árduo. A gordura corporal exerce um impacto negativo sobre o desempenho no

trabalho em ambientes quentes.

Katch; Katch; McArdle (2001) afirmam que a gordura corporal excessiva

eleva diretamente o custo metabólico das atividades físicas realizadas com apoio

do peso corporal, além de retardar a permuta térmica efetiva.

Quando esses efeitos são complicados pelas demandas adicionais do peso

do equipamento (como o uniforme para futebol americano), de uma competição

intensa e de um ambiente quente e úmido, a pessoa obesa experimenta

considerável dificuldade na regulação da temperatura na realização do exercício.

1.2 Fatores que aprimoram a tolerância ao calor

O exercício relativamente leve realizado com facilidade em um clima frio

torna-se exaustivo se for tentado no primeiro dia da primavera.

Os estágios iniciais do treinamento da primavera costumam representar um

18

perigo no sentido de sofrer uma lesão induzida pelo calor, pois os mecanismos de

termorregulação ainda não se ajustaram ao desafio duplo de exercício e do calor

ambiental.

Katch; Katch; McArdle (2001) mostram que a exposição repetida aos

ambientes quentes, particularmente quando combinada com exercício, aprimora a

capacidade de realizar exercícios com menos desconforto durante a exposição ao

calor.

Aclimatação ao calor se refere às alterações fisiológicas adaptativas que

aprimoram a tolerância ao calor. A maior parte da aclimatação ao estresse térmico

ocorre durante a primeira semana de exposição ao calor 2 a 4 horas por dia.

Para Katch; Katch; McArdle (2001) as primeiras sessões de exercício em

um ambiente quente deve ser de baixa intensidade e com uma duração de

aproximadamente 15 a 20 minutos. Daí em diante as sessões de exercícios

podem ser aumentadas sistematicamente até alcançar duração e intensidade

normais para o treinamento.

E à medida que a aclimatação progride, maiores quantidades de sangue

são desviadas para os vasos cutâneos a fim de facilitar a transferência de calor do

centro para a periferia durante o exercício. Ocorre uma distribuição mais efetiva do

débito cardíaco para manter a pressão arterial durante o exercício, um limiar mais

baixo (início mais precoce) para a transpiração completa essa “aclimatação

circulatória”. Tal fato dá início ao esfriamento antes de ocorrer uma elevação

excessiva da temperatura interna. Após 10 dias de exposição ao calor, a

capacidade de transpiração quase duplica e o suor se torna diluído (é perdido

menos sal) e se distribui de uma maneira mais uniforme sobre a superfície da

pele.

Segundo Katch; Katch; McArdle (2001) a maior perda de suor em um

indivíduo aclimatada cria uma maior necessidade de reidratação durante e após o

exercício. Os ajustes na função circulatória e no esfriamento evaporativo permitem

uma temperatura cutânea e central e uma FC mais baixas que um indivíduo não

aclimatado. A aclimatação adequada depende de uma hidratação adequada. Além

disso, os principais benefícios aos ambientes quentes são perdidos de 2 a 3

19

semanas após retornar a um ambiente mais temperado.

O estresse térmico “interno” induzido pelo exercício regular com uma

atividade física extrema em um ambiente frio causa ajustes na circulação

periférica e no esfriamento evaporativo que são qualitativamente semelhantes à

aclimatação „as temperaturas ambientais, permitindo aos homens e às mulheres

bem condicionados responderem mais efetivamente ao estresse térmico intenso

que aos congêneres sedentários.

O treinamento com exercícios faz aumentar a sensibilidade e a capacidade

da resposta sudorípara, de forma que a transpiração começa com uma

temperatura central mais baixa, produzindo maiores volumes de um suor mais

diluído. Isso ocorre em parte em virtude da adaptação intrínseca nas glândulas

sudoríparas que é observada com o treinamento e em virtude de aumentos

significativos no volume plasmático e nos estágios iniciais do treinamento

aeróbico.

Segundo Katch; Katch; McArdle (2001), o volume plasmático aumentado

facilita a função das glândulas sudoríparas durante o estresse térmico ao mesmo

tempo em que será mantido um volume plasmático adequado para as demandas

cardiovasculares (fluxo sanguíneo para pele e os músculos do exercício).

Portanto, uma pessoa treinada armazena menos calor no início do

exercício, alcançando um estado estável térmico mais cedo e com uma

temperatura central mais baixa que uma pessoa destreinada. A vantagem do

treinamento para a termorregulação ocorre somente se o indivíduo for plenamente

hidratado durante o exercício.

Como era de ser esperar, o “condicionamento ao calor” do exercício em um

clima frio produz resultados menos efetivos que a aclimatação induzida por um

treinamento com exercícios semelhantes no calor.

Para Katch; Katch; McArdle (2001), a aclimatação plena ao calor não

poderá ser conseguida sem uma exposição real ao estresse térmico ambiental. Os

atletas que treinam e competem em um clima quente exibem uma vantagem

termorreguladora nítida em relação aos atletas que treinam em climas mais frios,

competindo apenas periodicamente em um clima quente.

20

Ainda existem dúvidas acerca de se o envelhecimento deteriora de maneira

apreciável a capacidade de tolerar e se aclimatar ao estresse térmico moderado.

Em um estudo precedente, homens e mulheres com 60 a 93 anos de idade foram

submetidos a 70 minutos de estresse térmico durante a realização de exercícios

com intensidades progressivamente maiores que variavam de 2 a 5 vezes a taxa

metabólica de repouso.

Os indivíduos idosos em geral menos aptos tinham FCs mais altas que os

adultos jovens do mesmo sexo. O estresse térmico não impunha uma maior

sobrecarga fisiológica aos indivíduos mais velhos: sua temperatura corporal

aumentava em média apenas 0,3°C em comparação com 0, 2°C no grupo mais

jovem.

Os testes foram realizados na primavera e no outono, a fim de avaliar a

aclimatação ao calor natural dos indivíduos mais idosos durante os meses de

verão. Depois do verão, todos os indivíduos apresentavam FCs muito mais baixas

durante o estresse térmico padronizado ou induzido pelo exercício.

Não ocorreram reduções relacionadas à idade na capacidade

termorreguladora durante a corrida de maratona ao comparar corredores

competitivos jovens e de meia-idade, porém houve uma pouca deterioração na

regulação da temperatura para homens de 50 anos fisicamente treinados em

comparação aos homens jovens.

Ocorreram resultados semelhantes para homens com 58 a 84 anos de

idade: a capacidade de transpiração regulava adequadamente a temperatura

corporal durante as caminhadas no deserto.

Para Katch; Katch; McArdle (2001), se existem diferenças relacionadas à

idade na termorregulação elas poderiam ser atribuídas a dois fatores: um início

aparentemente retardado na transpiração com a idade avançada e uma resposta

de transpiração abafada seja em virtude de uma limitação na produção de

glândulas sudoríparas (deficiência funcional na própria glândula), seja de uma

produção de suor limitada pela desidratação em virtude da reposição insuficiente

dos líquidos.

Ocorreu também, com o envelhecimento, alterações na responsividade

21

vascular periférica que irão afetar a vasodilatação local.

Segundo Katch; Katch; McArdle (2001) um maior aumento no fluxo

sanguíneo cutâneo (apoiado em parte por uma maior redistribuição do fluxo

sanguíneo para longe dos tecidos vasculares esplâncnicos e renais) ocorre para

os indivíduos mais jovens em comparação aos mais idosos. Os atletas mais

velhos mostram uma redução de 25 a 40% no fluxo sanguíneo cutâneo em

comparação aos atletas mais jovens.

As mudanças no fluxo sanguíneo periférico relacionado à idade resultam

provavelmente de fatores intrínsecos à estrutura e função da pele e de sua árvore

vascular e não de uma disfunção generalizada do sistema nervoso autônomo. Por

isso, convém dar a devida atenção ao avaliar a reidratação de homens e mulheres

mais velhos após um exercício realizado no calor.

Os adultos mais velhos não se recuperam da desidratação com a mesma

eficácia dos adultos mais jovens, provavelmente por causa de um impulso da sede

abafado. Isso poderia tornar os indivíduos mais idosos propensos a um estado

crônico de hipoidratação, dando origem a um volume plasmático aquém do ideal

que poderia reduzir a capacidade termorreguladora. Além disso, um desvio no

ponto operacional preestabelecido para o controle do volume líquido corporal e da

composição hídrica pode contribuir para o menor volume sanguíneo total

observado com o envelhecimento.

1.3 Perda Hídrica

Sob algumas condições, a temperatura do meio ambiente aproxima-se e

pode ultrapassar tanto a temperatura cutânea quanto a temperatura corporal

interna, tornando a evaporação muito mais importante para a perda de calor, pois

a radiação, convecção e a condução são menos eficazes quando a temperatura

ambiente aumenta.

Para Costill; Wilmore (2001), o aumento da dependência da evaporação

22

significa um aumento da demanda de transpiração. Assim, esses mecanismos

podem levar a um ganho calórico em condições ambientais externas.

As glândulas sudoríparas são estruturas tubulares que se estendem através

da derme e epiderme, desembocando na pele e são controladas pelo estímulo do

hipotálamo.

A temperatura elevada do sangue faz com que o hipotálamo transmita

impulsos através das fibras nervosas simpáticas para as milhões de glândulas

sudoríparas de toda a superfície corporal.

O suor é formado pela porção secretora da glândula sudorípara e, à medida

que o suor filtrado passa através do ducto da glândula, o sódio e o cloreto são

gradualmente reabsorvidos para o interior dos tecidos circunvizinhos e, em

seguida, para o sangue.

Durante a transpiração leve, o suor filtrado passa lentamente através dos

túbulos, dando tempo para que ocorra a reabsorção quase total do sódio e do

cloreto, por isso, o suor que é produzido durante a transpiração leve contém muito

pouco desses minerais no momento em que ele atinge a pele.

Entretanto, quando a taxa de transpiração aumenta durante o exercício, o

suor filtrado move-se mais rapidamente através dos túbulos e dá menos tempo

para a reabsorção, e, como resultado os conteúdos de sódio e de cloreto do suor

podem ser consideravelmente mais elevados.

Costill; Wilmore (2001) afirmam que conteúdo do suor dos treinados e dos

não-treinados é significativamente diferente, pois com o treinamento a exposição

repetida ao calor, a aldesterona pode estimular fortemente as glândulas

sudoríparas, fazendo que elas reabsorvam mais sódio e cloreto.

Assim, as glândulas sudoríparas, aparentemente, não possuem um

mecanismo similar para conservar os outros eletrólitos, pois o potássio, o cálcio e

o magnésio não são reabsorvidos pelas glândulas sudoríparas e,

consequentemente, são encontradas na mesma concentração tanto no suor

quanto no plasma.

Segundo Costill; Wilmore (2001), ao realizar exercício intenso num

ambiente quente, o corpo pode perder mais de 1 litro de suor por hora por metro

23

quadrado de superfície corporal.

Isso significa que, durante um esforço intenso num dia quente e úmido

(nível elevado de estresse pelo calor), um indivíduo, sede, tamanho médio (50-75

KG ou 110-165 libras), pode perder de 1,5 a 3,5 litros de suor ou

aproximadamente 2% a 4% do peso corporal por hora.

Uma pessoa pode perder uma quantidade crítica de água corporal em

apenas algumas horas de exercício nessas condições. Uma taxa elevada de

transpiração reduz o volume sanguíneo, limitando o volume de sangue disponível

para suprir as necessidades dos músculos e para impedir o aumento de calor,

fator que reduz o potencial de desempenho, principalmente para as atividades

duradouras.

Nos corredores de longa distância, as perdas pelo suor podem chegar a

6%-10% do peso corporal. Essa desidratação severa pode limitar a transpiração

subsequente e tornar o indivíduo suscetível aos problemas de saúde relacionados

ao calor.

A perda de minerais e água através da transpiração desencadeia a

liberação de aldesterona e de hormônio antidiurético (ADH), sendo que a

aldesterona é responsável pela manutenção dos níveis adequados de sódio e que

o ADH mantém o equilíbrio hídrico. A aldesterona é liberada pelo córtex adrenal

em resposta a estímulos como a diminuição do conteúdo de sódio e sérico, a

redução do volume sanguíneo ou a queda da pressão arterial e, durante o

exercício agudo no calor e durante dias repetidos de exercício no calor, esse

hormônio limita a excreção renal de sódio.

Uma maior quantidade deste é retida no organismo, promovendo, por sua

vez, a retenção de água, por isso, o volume plasmático e volume do líquido

intersticial podem aumentar de 10 a 20%, permitindo ao corpo reter água e sódio

em preparação para a exposição adicional ao calor e às subsequentes perdas

através de suor.

Similarmente, o exercício e a perda de água corporal estimulam a hipófise

posterior para liberar hormônio antidiurético (ADH), sendo que esse hormônio

estimulam a reabsorção de águia pelos rins, os quais promovem uma maior

24

retenção de água no corpo e, consequentemente, o corpo tenta compensar as

perdas minerais e hídricas durante os períodos de estresse pelo calor e de

transpiração intensa através da redução da sua perda urinária.

Riscos à saúde: Apesar das defesas do organismo contra o

superaquecimento, a produção excessiva de calor pelos músculos ativos, o ganho

do meio ambiente e as condições que impedem a dissipação do excesso de calor

corporal podem elevar a temperatura corporal a níveis que comprometem as

funções celulares.

A temperatura ambiente por si só não é um indicador preciso do estresse

fisiológico total imposto ao corpo num ambiente quente, tendo mais quatro fatores

que devem ser considerados: temperatura ambiente, umidade, velocidade do ar e

quantidade de radiação térmica.

Todos esses fatores influenciam o grau de estresse pelo calor que a pessoa

experimentará e a contribuição desses fatores ao estresse pelo calor não é clara,

pois variam com as alterações das condições ambientais.

Segundo Costill; Wilmore (2001), um indivíduo exercitando-se num dia claro

e ensolarado, com uma temperatura de 23°C e sem um vento mensurável,

apresenta um estresse pelo calor consideravelmente maior do que alguém que se

exercita na mesma temperatura, mas com o céu encoberto e uma brisa discreta.

Em temperaturas superiores a 30-32º C, a radiação, a condução e a

convecção adicionam substancialmente à carga de calor corporal ao invés de

atuarem como vias para a perda de calor. Uma sessão de trabalho com exercícios

moderados produz uma perda de 0,5 a 1,5 litros de suor durante o período de uma

hora.

Para o nadador, a imersão em água estimula a perda de água através de

uma maior produção de urina e uma perda de água que não é induzida pelo

exercício, ocorre também quando os atletas de potência tentam se regular ao peso

necessário através de uma perda rápida induzida pelas técnicas comuns de

desidratação como saunas, sala de vapor, laxativos, vômitos e ducha quente.

Segundo Katch; Katch; McArdle (2001), os compartimentos intracelulares e

extracelulares contribuem para o déficit de líquido (desidratação), que pode

25

alcançar rapidamente níveis que irão dificultar a dissipação do calor, reduzir a

tolerância ao calor e comprometer profundamente a função cardiovascular e a

capacidade de realizar exercícios.

A perda rápida de peso através da desidratação provavelmente não afeta o

desempenho de potência nos exercícios de curta duração (até 60 segundos).

Alguns estudos sugerem que a perda rápida de água corporal antes de se

exercitar aprimora a potencia e a força muscular em bases relativas (por kg de

massa corporal). Mas, quando o exercício dura mais de um minuto, porém a

desidratação afeta profundamente a função fisiológica e a capacidade ótima do

indivíduo poder treinar e competir.

Para Katch; Katch; McArdle (2001), a perda de água pela transpiração em

uma pessoa aclimatada alcança uma intensidade máxima de aproximadamente

3l/hora durante o exercício intenso realizado no calor e alcança um valor médio de

quase 12 litros em bases diárias. Várias horas de transpiração intensa podem

acarretar fadiga das glândulas sudoríparas, o que acaba deteriorando a regulação

da temperatura central.

Os maratonistas de elite sofrem com frequência perda de liquido, perdendo

cerca de 5 litros durante uma competição. Isso representa entre 6 a 10% da

massa corporal. E para as maratonas realizadas com um ritmo mais lento, a perda

média de líquido só raramente ultrapassa os 500 ml/hora.

Até mesmo em um clima temperado, ocorreu uma perda média de 2 litros

em jogadores de futebol durante uma partida de 90 minutos realizada em uma

temperatura de aproximadamente 10° C.

Segundo Katch; Katch; McArdle (2001), qualquer grau de desidratação

afeta a função fisiológica e a termorregulação. À medida que a desidratação

progride e o volume plasmático diminui, o fluxo sanguíneo periférico e o ritmo de

transpiração diminuem e a termorregulação torna-se progressivamente mais difícil,

o que contribui para um maior aumento na FC, na percepção de esforço, na

temperatura central e na fadiga prematura, o que não ocorre quando há uma

hidratação normal.

Uma perda de líquidos equivalente a apenas 1% da massa corporal

26

acarreta um aumento significativo na temperatura retal em comparação com o

mesmo exercício executado quando plenamente hidratado

Segundo Katch; Katch; McArdle (2001) para homens e mulheres uma

desidratação pré-exercício equivalente a 5% da massa corporal acarreta um

elevação significativa na temperatura retal e um aumento na FC, ao mesmo tempo

em que diminui o ritmo da transpiração o VO2max e a capacidade de realizar

exercício em comparação com uma hidratação normal.

A desidratação passa a constituir um risco incontestável durante o exercício

vigoroso realizado em um clima frio. Por um lado, o ar mais frio contém menos

umidade do que o ar em uma temperatura mais quente, particularmente nas

regiões mais elevadas.

Assim, conseqüentemente maiores volumes de líquidos deixam as vias

respiratórias com a chegada do ar frio e seco plenamente umedecido e aquecido

até a temperatura corporal, podendo acarretar uma perda de até 1 litro de líquido

por dia. Além disso, o estresse induzido pelo frio estimula o corpo a aumentar a

produção de urina, o que eleva ainda mais a perda total de líquido corporal.

À medida que o exercício progride e a produção de calor corporal aumenta,

o ganho de calor ultrapassa a perda corporal de calor, o que desencadeia a

transpiração.

Todos esses fatores são evidenciados ainda mais pelo fato de que muitos

indivíduos acham que não é importante consumir líquidos antes, durante e no

período de recuperação após um exercício extenuante prolongado em um clima

frio.

1.4 Desidratação e Exercícios

Durante a atividade física, níveis baixos de estresse térmico podem causar

desconforto e fadiga, enquanto níveis maiores chegam a diminuir drasticamente o

desempenho. O estresse térmico prolongado leva a hipoidratação, resultando em

27

diminuição do volume sanguíneo, do rendimento cardíaco, da pressão sanguínea

e, finalmente, na redução da eficácia no processo da transpiração.

Assim, em exercícios de longa duração, quantidades consideráveis de

líquidos e eletrólitos são perdidos pelo suor, bem como é grande o gasto

energético.

Para Perrella; Noriyuki; Rossi (2005) a depleção de combustível energético

resulta em fadiga muscular, enquanto as perturbações no equilíbrio hídrico e de

eletrólitos podem levar a complicações mais sérias.

O estresse do exercício é acentuado pela desidratação, que aumenta a

temperatura corporal, prejudica as respostas fisiológicas, o desempenho físico e

produz riscos à saúde, sendo que estes efeitos podem ocorrer mesmo que a

desidratação seja leve ou moderada, com até 2% de perda do peso corporal,

agravando-se à medida que ela acentua.

Ainda segundo Perrela; Noriyuki; Rossi (2005), com 1 a 2% de desidratação

inicia-se o aumento da temperatura corporal em até 0,4°C para cada percentual

subsequente de desidratação. Em torno do 3%, há uma redução importante do

desempenho; com 4 a 6% pode ocorrer fadiga térmica; a partir de 6% existe risco

de choque térmico, coma e até morte. O mecanismo de sede é sensível às

concentrações plasmáticas de sódio, à osmolalidade e ao volume sanguíneo.

O aumento da concentração de sódio e diminuição do volume sanguíneo

resulta na maior percepção da sede e, se a ingestão for somente de água,

rapidamente desaparece a vontade de beber devido alterações na pressão

osmótica, além da redução do volume total a ser ingerido.

Como resultado, ocorre um decréscimo prematuro na ingestão de líquidos,

ocorrido pelo desaparecimento da sensação de sede, antes mesmo da reposição

adequada.

A necessidade de reposição hídrica e de nutrientes durante um evento

depende da intensidade, de sua duração e da temperatura ambiente.

Os humanos têm pouca habilidade de tomar líquidos na mesma proporção

na qual eles são perdidos. O atleta não pode depender da sede para iniciar a

reposição hídrica durante o exercício vigoroso e prolongado.

28

A ingestão abundante antes do exercício pode levar a um estado de

hiperidratação, protegendo contra o estresse térmico, por retardar a desidratação,

aumentar a transpiração durante o exercício e minimizar a elevação da

temperatura central, contribuindo para um melhor desempenho.

O sucesso de uma hidratação adequada após o exercício depende do

balanço entre a ingestão e as perdas urinárias e é aconselhável que ocorra uma

reposição de 150% do volume perdido durante o exercício.

1.5 A sede é suficiente para e reidratação?

Após vários anos de recomendação aos atletas e praticantes de atividade

física que ingerissem quantidades fixas de ou o máximo de líquidos (água pura ou

bebidas isotônicas) a cada 15 a 20 minutos de exercício para evitar a

desidratação, tem sido verificado que esse tipo de reidratação pode ser excessiva

e prejudicial à saúde.

Em estudos recentes, vem sendo demonstrado o crescente número de

pessoas que são acometidas pela hiponatremia (baixa concentração de sódio

plasmático: valores abaixo de 135mEq), durante exercícios físicos prolongados

devido, sobretudo à hiperidatação.

Sabe-se que durante o exercício, a função renal pode ser alterada, sendo

relatado em estudos diminuições de 20 a 60% na função renal, com consequente

aumento na concentração de urina em situações de exercício e laboratório.

Assim, uma ingestão excessiva de líquidos, somada à função renal alterada

durante o exercício, poderia ocasionar hemodiluição e deslocamento do excesso

de água para o espaço intracelular, que pode ser fatal. Alguns estudos sugerem

que nos seres humanos, em exercícios em ambiente térmicos estressantes, o

mecanismo da sede não seria suficiente para repor todas as perdas hídricas pela

sudorese; assim, acarretando desidratação involuntária, sendo desencadeada por

mecanismo fisiológico complexo que envolve a capacidade gástrica de absorção

29

de fluídos, fatores comportamentais, estímulos hormonais e do sistema nervoso.

A partir disso, a necessidade de repor ao máximo as perdas hídricas

tornou-se estabelecida e difundida, mostrando que quanto mais a ingestão de

líquidos se aproximar da sudorese, menores serão os efeitos da desidratação

sobre as funções fisiológicas e sobre o desempenho.

Mas, vendo os possíveis riscos relacionados à ingestão em excesso de

líqüidos durante o exercício, vem sendo defendida a ingestão através da sede do

indivíduo, sendo então uma forma voluntária. Observaram que não havia diferença

no desempenho de corredores quando os mesmos se hidratavam seguindo as

recomendações da American College of Sports Medicine (ACSM), e quando a

ingestão era feita de acordo com a sede.

Foi demonstrado que a temperatura corporal foi mantida ao longo de

exercícios realizados por corredores que ingeriam água de acordo com a sede (o

que repôs 60 a 70 % das perdas hídricas pela sudorese, aproximadamente 2% de

percentual de desidratação) em condições ambientais compensáveis.

1.6 Reposição de Eletrólitos

Segundo Meyer; Perrone (2004) a reposição dos eletrólitos (principalmente

Sódio Na+) perdidos através do suor durante o exercício aperfeiçoa e acelera o

processo de reidratação, através do aumento da retenção de líquidos e melhora

na restauração do volume plasmático após o exercício, pois a quantidade de Na+

perdido pelo suor por um homem que pratica corrida por três hora em clima

quente é de aproximadamente 5 gramas, mas podendo chegar a uma perda de

até 15 gramas.

Para Meyer; Perrone (2004), a reposição é muito importante, pois evita a

redução plasmática e osmolalidade sanguínea, evitando o aumento da diurese

(pela manutenção da atividade da renina e níveis de aldesterona) e mantendo

mecanismo da sede e ingestão voluntária de líquidos.

30

A demolição da concentração de Na+ plasmático abaixo de 135mmol/l

(hiponatremia) acarreta câimbras musculares durante ou após exercício de longa

duração e, quando esses níveis estão abaixo de 130mmol/l podem ocorrer

sintomas como: aumento do apetite pelo sal, mal estar, fraqueza, náuseas,

convulsão, vômitos, estupor, coma e edema cerebral.

A inclusão de outros eletrólitos, como potássio (K+) em bebidas pós-

exercício pode incrementar a reposição de água intracelular após o exercício,

promovendo a reidratação.

O K+ é tão efetivo quanto o Na+ na retenção de água após desidratação

induzida pelo exercício, mas não há benefícios adicionais na inclusão destes dois

íons. A reposição de magnésio é importante, pois sua perda no suor e redução no

plasma pode causar câimbras musculares, mas evidências mostram que essa sua

redução plasmática ocorre em decorrência da redistribuição entre os

compartimentos corporais, não havendo razão para incluí-lo em bebidas de

reidratação.

Para Katch; Katch; McArdle (2001), a restauração do equilíbrio hidroelétrico

durante a recuperação ocorre pelo acréscimo de quantidades moderadas a altas

de sódio (provavelmente entre 20 e 60 mmol/l) à bebida para reidratação, ou pela

combinação de alimento sólido (com um conteúdo apropriado de sódio) com água

potável.

Uma pequena quantidade potássio (2 a 5 mmol/l) pode aprimorar a

retenção de água no espaço intracelular e reduzir qualquer perda extra de

potássio em virtude da retenção de sódio pelos rins.

Segundo Katch; Katch; McArdle(2001), como os rins formam urina

continuamente, o volume de líquido ingerido após o exercício deve ser maior

(habitualmente em 25 a 50%) do que a perda de suor do exercício para poder

restaurar o equilíbrio térmico.

Mas, ao menos que a bebida tenha um conteúdo suficientemente alto de

sódio, essa ingestão excessiva de líquido serve apenas para aumentar o débito

urinário sem qualquer benefício para a reidratação.

A água pura absorvida do intestino dilui rapidamente a concentração

31

plasmática de sódio, que, por sua vez, resulta uma queda na osmolalidade

plasmática, estimula a produção de urina e abafa a estimulação normal do

mecanismo da sede que depende do sódio.

Segundo Katch; Katch; McArdle (2001), a manutenção de uma

concentração plasmática relativamente alta de sódio (pelo acréscimo de uma

quantidade moderada de sódio ao líquido ingerido) preserva o impulso da sede,

promove a retenção dos líquidos ingeridos (menos produção de urina) e restaura

mais rapidamente o volume plasmático perdido durante a reidratação.

Ainda segundo Katch; Katch; McArdle (2001), com o exercício prolongado

no calor, a perda de suor pode depletar o corpo de 13 a 17 g de sal (2,3 a 3,4 g/l

de suor) por dia, cerca de 8 g a mais do que a quantidade consumida tipicamente

a cada dia.

Com a transpiração maciça, a perda de potássio pode ser reposta

aumentando a ingestão de alimentos ricos em potássio (frutas cítricas e bananas).

Em um copo de suco, de laranja ou de suco de tomate, a pessoa consegue repor

quase todo o potássio, cálcio e magnésio excretados em cerca de 3, 1 litros de

suor.

Exceto nos casos incomuns, pequenos ajustes na ingestão de alimentos e

na conservação de eletrólitos por parte dos rins conseguem realizar uma

compensação adequada para a perda de minerais que ocorre através da

transpiração.

1.7 Reposição e hidratação pré-exercício

Para Katch; Katch; McArdle(2001), a reposição adequada dos líquidos

preserva o potencial excepcional do esfriamento evaporativo dos seres humanos

aclimatados.

A depleção de glicogênio durante o exercício afeta profundamente o

desempenho de endurance de alta intensidade, porém a incapacidade de repor

32

essa reserva de energia não representa um risco para a saúde e segurança.

Por outro lado, a reposição insuficiente de água não afeta apenas a

capacidade de realizar exercícios, mas cria também distúrbios ameaçadores no

equilíbrio hídrico e na temperatura corporal.

Segundo Katch; Katch; McArdle(2001), a programação apropriada da

reposição hídrica preserva o volume plasmático de forma que a circulação e a

transpiração progridem em níveis ótimos. A ingestão de líquidos durante o

exercício faz aumentar o fluxo sanguíneo para a pele para um esfriamento mais

efetivo, independentemente das modificações observadas no volume plasmático.

Para Katch; Katch; McArdle (2001), os “tratamentos frios” (aplicação de

toalhas frias sobre a fronte e o abdome durante o exercício ou tomar ducha fria

antes de exercitar-se em um ambiente quente) não facilitam a transferência de

calor na superfície do corpo, em comparação com o mesmo exercício sem

umedecimento da pele.

A hidratação adequada constitui a defesa mais efetiva contra o estresse

térmico por equilibrar a perda de água com a ingestão de água e não por despejar

água sobre a cabeça ou o corpo. Não existe nenhuma evidência de que a

restrição na ingestão de líquidos durante o treinamento seja capaz de preparar o

atleta para ter um melhor desempenho no calor.

Para Katch; Katch; McArdle (2001), um atleta bem hidratado funciona

sempre em um nível fisiológico e de desempenho mais alto do que outro atleta

desidratado. A ingestão de água “extra” (hiperidratação) antes de se exercitar em

um ambiente quente proporciona alguma proteção contra o estresse térmico, pois

retarda a desidratação, aumenta a transpiração durante o exercício e minimiza a

elevação na temperatura central.

Esses resultados contribuem para um melhor desempenho nos exercícios e

na segurança global dos participantes.

Segundo Katch; Katch; McArdle (2001), além de aumentar a ingestão de

líquidos 24 horas antes da competição, recomenda-se consumir de 400 a 600 ml

de água fria, cerca de 20 minutos antes de se exercitar no calor. A captação de

líquidos antes do exercício acarreta um aumento no volume gástrico, que é um

33

fator proeminente capaz da aceleração do esvaziamento gástrico.

Em times de futebol de Porto Rico há um esquema sistemático de

hiperidratação (4,5 l/dia) uma semana antes da competição que acarretou um

aumento nas reservas corporais de água (apesar de um maior débito urinário) e

aprimorou a regulação da temperatura durante a partida em clima quente.

A sequência estrutural da hiperidratação pré-exercício produziu um volume

líquido corporal 1,1 litro maior que quando os atletas consumiam seu volume diário

normal de líquido de 2,5 litros.

Para Katch; Katch; McArdle (2001), a hiperidratação não elimina a

necessidade de repor o consumo de líquidos durante o exercício, pois em

atividades de endurance, a equivalência entre a perda e a ingestão de líquidos

pode ser praticamente impossível, pois apenas cerca de 1.000 ml de líquido a

cada hora saem do estômago durante um exercício vigoroso.

Esse volume não consegue igualar a perda de água, que pode ser em

média de 2.000 ml por hora, por isso os atletas mesmo não tendo acesso à água,

devem ser monitorada atentamente durante o exercício.

1.8 Recomendações da ingestão de líquidos durante o exercício

A American College of Sports Medicine (ACSM), faz recomendações sobre

a quantidade e composição de líquidos a serem ingeridos antes, durante e após o

exercício.

Segundo a ACSM, é recomendado:

a) o individuo ingerir cerca de 500 ml de líqüidos nas duas horas que

antecedem um exercício, promovendo uma hidratação adequada e para

haver tempo para excreção da água ingerida em excesso;

b) durante o exercício, os atletas devem beber começar a beber logo e em

intervalos regulares, com o objetivo de consumir líqüidos em uma taxa

suficiente para repor toda a água perdida através do suor, ou consumir a

34

maior quantidade tolerada;

c) recomenda-se que os líqüidos ingeridos estejam em uma temperatura

menor do que a do ambiente (entre 15 e 22º C) e com sabor atraente;

d) recomenda-se a adição de quantidades adequadas de carboidratos e

eletrólitos para eventos com duração maior que uma hora, já que não

prejudica a distribuição de água pelo organismo e melhora o desempenho,

já em exercícios com duração inferiores à uma hora, há pouca evidencia de

que haja diferenças fisiológicas em termos de desempenho caso sejam

consumidos líquidos com carboidratos e eletrólitos ou água pura;

e) recomenda- se a adição de sódio (0,5 a 0.7 g.L de água) na solução de

reidratação se o exercício durar mais do que uma hora, podendo ser

vantajoso por melhorar o gosto, promovendo a retenção de líquidos e

possivelmente revertendo a hiponatremia em alguns indivíduos que tenham

ingerido quantidades excessivas de líquidos.

A National Athletic Trainer's Association (NATA) também faz

recomendações acerca da reposição de líquidos para atletas, sendo as quais

semelhantes da ACSM, principalmente no que diz respeito ao volume a ser

ingerido.

Segundo a NATA, para assegurar o estado de hidratação, os atletas devem

ingerir aproximadamente 500 a 600 ml de água ou outra bebida esportiva duas a

três horas antes do exercício e 200 a 300 ml 10 a 20 minutos antes do exercício,

sendo que as reposições de líquidos devem se aproximar às perdas pelo suor e

pela urina.

35

CAPÍTULO II

FREQUÊNCA CARDÍACA NO EXRCÍCIO

2 CONCEITUAÇÃO

Para Costill; Wilmore (2001), a endurance é um termo que descreve dois

conceitos separados, mas que se estão relacionados, sendo a resistência

muscular e a resistência cardiorrespiratória.

Para os corredores de curta distância, a endurance serve para sustentar a

velocidade de toda a distância a ser percorrida. Nisso é mais usada a resistência

muscular, pois é a capacidade de sustentar um exercício de alta intensidade,

focando os músculos a serem utilizados no exercício.

Já a resistência cardiorrespiratória está relacionada ao corpo como um

todo, como a capacidade do corpo de sustentar um exercício rítmico prolongado.

A resistência cardiorrespiratória está relacionada ao desenvolvimento de seus

sistemas cardiovascular e cardiorrespiratório e também com seu desenvolvimento

aeróbio.

Segundo Costill; Wilmore (2001), a resistência cardiorrespiratória é avaliada

pelo VO2max, sendo considerada uma das melhores formas de mensuração

laboratorial. Nela, é vista a potencia aeróbia do indivíduo, sendo que o VO2 é

definido como a maior taxa de consumo de oxigênio possível de ser atingido

durante o exercício máximo ou exaustivo.

O limite do VO2 é um fator importante para determinar a intensidade ou

ritmo do exercício que o individuo pode sustentar. E, quanto melhor for o

desenvolvimento de VO2 no indivíduo, melhor ele vai realizar as atividades de

endurance, melhorando seu desempenho.

Costill; Wilmore (2001) afirmam que o sistema cardiorrespiratório está muito

relacionado à capacidade do organismo de liberar oxigênio para suprir as

36

demandas dos tecidos ativos, sendo que o transporte e liberação de oxigênio são

funções dos sistemas cardiorrespiratórios e cardiovasculares.

O funcionamento do transporte de oxigênio é definido pela interação do

débito cardíaco e a diferença arteriovenosa de oxigênio. A diferença arteriovenosa

e conteúdo de oxigênio do sangue venoso nos informam quanto de oxigênio é

extraído pelos tecidos e qual a velocidade com que o oxigênio está sendo

consumido pelos tecidos.

Segundo Costill; Wilmore (2001), durante o exercício, a demanda de

oxigênio dos tecidos ativos aumenta, e a endurance depende da capacidade do

sistema de transporte de oxigênio de liberar oxigênio suficiente a esses tecidos

ativos para suprir as demandas aumentadas.

O volume de ejeção, com o andamento do treinamento de endurance,

apresenta um aumento global. O volume de ejeção de repouso é

substancialmente maior após um programa de treinamento de endurance, pois

com o treinamento, o enchimento do ventrículo esquerdo durante a diástole

(relaxamento do coração) é completo do que num coração de um não-treinado.

2.1 Frequência Cardíaca

Segundo Costill; Wilmore (2001), a frequência cardíaca de um coração

treinado em comparação com um destreinado é menor no repouso e na mesma

taxa absoluta de trabalho do que a de um coração destreinado, permitindo, assim,

um aumento de tempo de enchimento diastólico.

Essa maior quantidade de sangue que entra no ventrículo aumenta a

distensão das paredes ventriculares, aumentando assim a espessura das paredes

ventriculares.A massa ventricular pode produzir uma contração mais forte,

expulsando mais sangue na hora da contração e deixando bem menos no

ventrículo esquerdo.

Pode-se dizer que, entra mais sangue no ventrículo esquerdo e uma maior

37

porcentagem de sangue que entrou é expulsa a cada contração, aumentando o

volume de ejeção.

Estudos que monitoram o consumo de oxigênio do coração revelaram que a

frequência cardíaca, tanto no repouso quanto durante o exercício é um bom

indicador da intensidade em que o coração está trabalhando.

Para Wilmore; Costill (2001), a frequência cardíaca de repouso pode

diminuir acentuadamente como resultado do treinamento de endurance. Se a

pessoa for um sedentário com FC de repouso de 80 batimentos/minuto (bpm), a

sua FC de repouso pode diminuir aproximadamente 1bpm por semana, mas ainda

não se sabem os mecanismos responsáveis por essa diminuição.

Durante um exercício submáximo, um maior condicionamento aeróbio

resulta em uma freqüência cardíaca proporcionalmente menor; assim, em cada

taxa de trabalho específica indicada pela velocidade da corrida do indivíduo, a FC

pós treinamento é inferior à FC anterior ao treinamento. Em treinos de duração de

6 meses, há diminuições de 20 a 40bpm na mesma taxa de trabalho submáximo.

A frequência cardíaca máxima (FCmáx) tende a ser estável após o

treinamento de endurance. Mas, alguns atletas altamente condicionados podem

apresentar valores mais baixos de FCmáx do que indivíduos não-treinados da

mesma idade. Isso talvez se deva, porque em trabalhos máximos ou submáximos,

o corpo pode se ajustar a FC para prover a combinação ideal da frequência

cardíaca e do volume de ejeção para maximizar o débito cardíaco.

Assim, se a FC for muito elevada, a diástole é reduzida e o volume de

ejeção pode ser comprometido, pois o coração baterá mais vezes por segundo e o

tempo será muito pequeno para encher os ventrículos.

Quando o exercício termina, a FC não retorna rapidamente ao nível de

repouso, mas sim permanece elevada por algum tempo, voltando lentamente à

frequência de repouso. Esse tempo é chamado de Período de Recuperação da

Frequência Cardíaca.

Costill; Wilmore (2001) mostram que após um período de treinamento, a FC

retorna ao seu nível de repouso mais rapidamente após o exercício do que antes

do treinamento em exercícios submáximos ou máximos. Em geral, uma pessoa

38

bem condicionada recupera-se mais rapidamente após uma taxa de trabalho

padronizada do que uma pessoa menos treinada.

Mas, nem só o nível de treinamento pode afetar o tempo de recuperação da

freqüência cardíaca. O exercício em ambiente quente ou em altitudes elevadas

pode prolongar a elevação da FC, além de respostas mais fortes do sistema

nervoso simpático durante o exercício. Assim, a curva da FC também é uma

ferramenta excelente para ver o progresso do indivíduo; mas, por causa de

influencias de outros fatores, não pode ser usada para comparar um individuo com

o outro.

O débito cardíaco em repouso ou em exercício submáximo não altera muito

após o treinamento de endurance. Já em níveis máximos de exercício, o débito

cardíaco aumenta consideravelmente, pois há um aumento do volume de ejeção

máximo.

2.2 Fluxo Sanguíneo e seus mecanismos de aumento

Durante o exercício, sabe-se que os músculos necessitam de quantidades

de oxigênio e nutrientes, então, uma quantidade de sangue maior deve ser levada

a esses tecidos, e, à medida que os músculos tornam-se bem treinados, o sistema

cardiovascular adapta-se para aumentar o fluxo sanguíneo.

Para Costill; Wilmore (2001), o aumento da capilarização dos músculos

treinados, a maior cobertura existente nos músculos treinados, a redistribuição

sanguínea mais efetiva e o aumento do volume sanguíneo são os fatores

responsáveis por esse aumento do suprimento sanguíneo aos músculos.

Com o treinamento, o corpo desenvolve nos capilares nos músculos, como

forma de adaptação ao período de treinamento. Esses capilares vão permitir um

aumento do fluxo sanguíneo, ocorrendo uma maior fusão sanguínea nos tecidos.

Segundo Costill; Wilmore (2001), essa adaptação é facilmente conseguida,

pois o treinamento de endurance também aumenta o volume sanguíneo, porque

39

como há mais sangue presente no sistema desde o inicio, o desvio de uma maior

quantidade para os capilares não compromete o retorno venoso.

O fluxo sanguíneo é direcionado à musculatura ativa e desviada das áreas

que não precisam de um fluxo elevado no momento. A complacência venosa

também pode diminuir com o treinamento de endurance através do aumento de

tônus venoso.

É possível dizer, então, que significa que as veias não são facilmente

distendidas pelo sangue, ocorrendo um menor acúmulo de sangue no sistema

venoso e, como consequência haverá uma quantidade de sangue arterial

disponível para os músculos ativos.

Estudos demonstraram que ratos treinados em endurance redistribuíam o

fluxo sanguíneo nos tecidos mais ativos durante o exercício de uma maneira

melhor do que os ratos não-treinados.

Durante o exercício, o fluxo sanguíneo nas patas posteriores não diferiu

entre os ratos treinados e não-treinados. Já os ratos treinados distribuíam uma

maior quantidade de sangue para as fibras mais ativas no momento.

2.3 Mecanismos de aumento do fluxo sanguíneo

Após o treinamento de endurance, a pressão arterial altera pouco durante o

exercícios máximos ou submáximos. Já a Pressão Arterial (PA) de repouso

geralmente diminui nas pessoas que se encontram no limite da hipertensão ou são

moderadamente hipertensas antes do treinamento. Os mecanismos dessa

redução são desconhecidos.

Apesar do exercício de força poder causar aumentos maiores da pressão

arterial sistólica quanto na diastólica durante levantamento de pesos elevados, a

exposição crônica a pressões elevadas não resulta em elevações da PA de

repouso.

Para Costill; Wilmore (2001), o treinamento de endurance faz aumentar o

40

volume sanguíneo, sendo esse efeito maior em treinos mais intensos. O aumento

do volume sanguíneo é resultado de um aumento do volume plasmático

sanguíneo. Acredita-se, seja causado por dois mecanismos: como exercício, há o

aumento de liberação do hormônio antidiurético (ADH) e da aldesterona, e o

aumento da quantidade de proteínas plasmática, especialmente albumina. O

aumento de eritrócitos (hemácias) pode contribuir para o aumento do volume

sanguíneo, mas não de forma consistente. Foi observado que quando o volume de

eritrócitos aumenta, o volume plasmático geralmente apresenta um aumento muito

maior. Apesar de o número de eritrócitos aumentar, o hematócrito (relação entre o

volume de eritrócitos e o volume sanguíneo total) na realidade, diminui.

A alteração da relação entre o plasma e as células resultantes de um

aumento da porção líquida reduz a viscosidade sanguínea e essa menor

viscosidade pode facilitar o movimento de sangue através dos vasos sanguíneos,

principalmente dos capilares.

Segundo Costill; Wilmore (2001), tanto a quantidade total de hemoglobina

como o de eritrócitos, encontram-se acima do normal em atletas altamente

treinados, apesar de esses valores em relação ao volume sanguíneo total

encontrarem-se abaixo do normal, garantindo que o sangue apresente uma maior

capacidade de transporte de oxigênio para suprir as necessidades do organismo

em qualquer momento.

À medida que o volume plasmático aumenta o volume sanguíneo também

aumenta, chegando ao coração uma maior quantidade de sangue. O aumento do

Débito Cardíaco Máximo torna disponível uma maior quantidade de oxigênio para

os músculos ativos e permite que o VO2 aumente.

2.4 Adaptações Respiratórias ao treinamento

Costill; Wilmore (2001) afirmam que não importa quão eficaz é o sistema

cardiovascular no suprimento de quantidades adequadas de sangue aos tecidos, a

41

endurance será comprometida se o sistema respiratório não aportar quantidade

suficiente de oxigênio que satisfaça as demandas. O funcionamento do sistema

respiratório não limita o desempenho, pois a ventilação pode ser aumentada bem

mais que a função cardiovascular.

O sistema respiratório sofre adaptações específicas ao treinamento de

endurance para maximizar a sua eficácia.

Em geral, os volumes e as capacidades pulmonares alteram pouco com o

treinamento. Já após o treinamento, o volume corrente (VC), quantidade de ar

inspirado e expirado durante a respiração normal permanece inalterado durante

níveis submáximos, porém há evidências de que ele aumenta nos níveis máximos

de exercício

Para Costill; Wilmore (2001), após o treinamento, a ventilação pulmonar

permanece inalterada ou discretamente reduzida nas taxas submáximas de

trabalho, mas a ventilação pulmonar máxima aumenta substancialmente. Em

indivíduos treinados, ela aumenta de uma taxa inicial de aproximadamente 120/1

min para cerca de 150/1min após o treinamento. Já em atletas altamente

treinados, essa taxas aumentam para aproximadamente 180/1 min.

Os fatores para esse aumento da ventilação pulmonar máxima após o

treinamento são: o aumento do volume de corrente e o aumento da frequência

respiratória no exercício máximo.

O conteúdo de oxigênio do sangue arterial altera muito pouco com o

treinamento. Apesar de a hemoglobina total aumentar, a quantidade de

hemoglobina por unidade de sangue é a mesma ou até levemente reduzida. A

diferença arteriovenosa de oxigênio aumenta com a o treinamento,

particularmente nos níveis máximos de exercício.

Segundo Costtil, Wilmore (2001), o aumento é resultante do menor

conteúdo de oxigênio do sangue venoso misto, o que significa que o sangue que

retorna ao coração, que é uma mistura do sangue venoso de todas as partes do

corpo e não apenas dos tecidos ativos, contém menos oxigênio do que numa

pessoa não-treinada, refletindo, assim, uma maior extração de oxigênio no nível

tecidual quanto uma distribuição mais eficaz do volume sanguíneo total. Uma

42

maior quantidade é direcionada aos tecidos ativos). Assim, o sistema respiratório

adapta-se para levar quantidades adequadas de oxigênio para o interior do corpo

e, raramente, é um limitador do desempenho de endurance.

2.5 Adaptações Metabólicas ao Treinamento

Para Costill; Wilmore (2001), o treinamento de endurance faz aumentar o

limiar de lactato. Após o treinamento pode exercitar-se numa taxa de trabalho

mais alta, como uma maior velocidade de corrida e numa maior taxa absoluta de

consumo de oxigênio sem elevar o lactato sanguíneo acima do nível de repouso.

Apesar do VO2máx também poder aumentar, o aumento do limiar de lactato

ocorre numa porcentagem mais elevada do VO2máx após o treinamento. Assim, a

concentração sanguínea de lactato em cada nível de um teste de esforço

graduado e padronizado acima do limiar de lactato é mais baixa após o

treinamento. O aumento do limIar de lactato parece ser decorrente de alguns

fatores como uma maior capacidade de eliminação de lactato produzido pelos

músculos e uma menor produção de lactato para a mesma taxa de trabalho.

A concentração sanguínea máxima de lactato no ponto de exaustão

aumenta discretamente após o treinamento de endurance e esse aumento é

pequeno em comparação ao o aumento observado no treinamento de velocidade.

O consumo de oxigênio (VO2) de repouso é discretamente aumentado ou

inalterado após o treinamento de endurance. Estudos mostram que a taxa

metabólica de repouso dos atletas de endurance, que foi mensurada antes e após

o exercício não foram conclusivos.

Para Costill; Wilmore (2001), uma diminuição do VO2 durante o exercício

pode resultar em um aumento da eficácia metabólica, em um aumento da eficácia

mecânica ou uma combinação de ambos. O consumo máximo de oxigênio

(VO2máx) é considerado pela maioria dos pesquisadores como o melhor indicador

da capacidade de resistência cardiorrespiratória. Uma pessoa media sedentária

43

antes do treinamento e que treina 75% de sua capacidade três vezes por semana,

30 minutos por dia, durante 6 meses, é típico um aumento de 15% a 20%. O

VO2máx dos indivíduos sedentários pode aumentar de um valor inicial de 35

ml/kg/min para 42ml/kg/min como resultado desse programa. Já em atletas de

endurance os valores são maiores, variando de 70ml/kg/min a 94ml/kg/min.

Foram propostas duas teorias para explicar a importância do VO2máx no

treinamento. Uma teoria é a de limitação das enzimas oxidativas. Ela mostra que

o desempenho de endurance geralmente é limitado pela falta de quantidades

suficientes de enzimas oxidativas nas mitocôndrias, pois assim o organismo

conseguiria utilizar uma maior quantidade de O2 disponível nas enzimas. A outra

teoria mostrava fatores circulatórios centrais e periféricos que limitam a

capacidade de endurance. Segundo ela, o aumento do VO2máx após o

treinamento de endurance é resultante do aumento do volume sanguíneo, do

aumento do débito cardíaco (através do volume de ejeção) e de uma melhor

perfusão sanguínea dos músculos ativos.

Esses e outros estudos indicam que o suprimento de oxigênio disponível é

o principal limitador do desempenho de endurance.

Para Costill; Wilmore (2001), apesar do VO2máx mais elevado obtido de

um indivíduo geralmente a atingir ao final de 18 meses um condicionamento de

endurance intenso, a capacidade de endurance continua a melhorar com a

sequência do treinamento durante muitos anos. Essa melhora do VO2máx

provavelmente se deve a capacidade de desempenho do corpo em porcentagens

cada vez maiores de VO2máx durante períodos prolongados.

2.6 Fatores que afetam a resposta ao Treinamento Aeróbio

Para Costill; Wilmore (2001), quanto maior for o nível de condicionamento

inicial, menor é a melhora relativa acarretada pelo mesmo programa de

treinamento. Por exemplo, se duas pessoas, uma sedentária e a outra

44

parcialmente treinada forem submetidas ao mesmo programa de treinamento de

endurance, a sedentária apresentará a maior melhora relativa.

Em atletas completamente maduros, o máximo de VO2máx obtido é

atingido em 8 a 18 meses de treinamento de endurance intenso, mostrando que

cada atleta possui um nível finito de consumo de oxigênio, mas, os níveis de

consumo de oxigênio também dependem de limites genéticos, pois cada indivíduo

tem um VO2máx que não pode ser ultrapassado.

Segundo Costill; Wilmore (2001), as adaptações fisiológicas em resposta ao

treinamento físico são altamente específicas à natureza da atividade do

treinamento, pois quanto mais especifico for o programa de treinamento para um

determinado esporte ou atividade, maior a melhora de desempenho nesse

esporte. Para mensurar de modo preciso as melhoras da endurance, os atletas

devem ser testados enquanto realizam uma atividade similar ao esporte ou à

atividade que ele geralmente pratica.

A resistência cardiorrespiratória é uma defesa importante do atleta contra a

fadiga, e a baixa capacidade de endurance do atleta leva à fadiga mesmo nas

atividades ou esportes mais sedentários.

Para Costill; Wilmore (2001), a fadiga ocasiona um efeito deletério sobre o

desempenho total do atleta, pois a sua forca muscular diminui, os tempos de

reação e de movimento são prolongados, a agilidade e a coordenação

neuromuscular são reduzidas, a velocidade de movimento de todo o corpo, a

concentração e a atenção são reduzidas.

A perda de concentração e da atenção associadas à fadiga, o indivíduo

pode tornar-se mais propenso a lesões sérias, especialmente nos esportes de

contato.

Para Costill; Wilmore (2001), a magnitude necessária de treinamento de

endurance varia de um atleta para outro, pois depende da capacidade atual de

endurance do atleta e das demandas da atividade escolhida.

O condicionamento cardiovascular adequado deve ser a base do programa

de condicionamento geral de qualquer atleta, porque aqueles que praticam

atividade que não necessita de endurance, mas incorpora a endurance no seu

45

treinamento, percebem a melhora do condicionamento físico e do impacto sobre o

desempenho atlético.

46

CAPITULO III

A PESQUISA

3 INTRODUÇÃO

Para demonstrar e analisar se há benefício no rendimento em treinos

aeróbios através da ingestão de água e bebidas isotônicas em relação aos

mesmos treinos sem ingestão de líquidos, e havendo benefícios para ver qual a

bebida mais eficiente nesses treinamentos, foi realizada a pesquisa de campo na

Clínica de Educação Física (CEF) do Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium, no período de fevereiro a outubro de 2010.

3.1 Método

O método a ser utilizado é Estudo de Caso. No decorrer da pesquisa foi

estudada a influência, ou não, no rendimento em treinos aeróbios, com e sem

ingestão de água e bebidas isotônicas e qual delas é mais eficiente no equilíbrio

metabólico, sendo feito pesagem e testes de bioimpedância antes e depois do

exercício, analisando as perdas do organismo durante o exercício em cada um

dos testes. Essas avaliações fora feitas na Clínica de Educação Física (CEF) e

participaram desse estudo 03 pessoas de 18 anos do sexo masculino.

3.2 Técnicas

47

a) Roteiro de Estudo de Caso;

b) Roteiro de Observação Sistemática.

3.3 Características do local da pesquisa

A pesquisa do presente trabalho trabalho foi feita na Clínica de Educação

Física (CEF), com pessoas fisicamente ativas. A CEF contém uma área de

musculação com aparelhos variados, uma piscina aquecida para aulas de

hidroginástica e aparelhos para a mesma, além de um Laboratório de Avaliações

do Esforço Físico (LAEF), onde são feitas avaliações nos clientes da Clínica,

contendo vários aparelhos para a realização de avaliações e testes.

A CEF funciona em 02 períodos, das 7:00h às 11:00h e das 14:00h até as

18:00h, com supervisão de professores formados no curso de Educação Física.

Os exercícios são ministrados por estagiários, alunos do Curso de Educação

Física da Instituição.

3.4 Atividades realizadas nesta pesquisa

Corridas contínuas de 30 minutos na esteira do LAEF, com 60 % da

velocidade máxima adquirida de um teste progressivo de exaustão feito em cada

um dos avaliados, havendo a mensuração da altura antes do exercício, pesagem

antes e depois da corrida e testes de bioimpedância, feitas antes e depois do

exercício.

3.5 Materiais Utilizados

48

a) esteira: onde os avaliados corriam o tempo estipulado de 30 minutos;

b) bioimpedância: aparelho que mensura percentual de gordura, quantidade

de água que esta no corpo, peso de gordura, e outros;.;

c) estadiômetro: foi feita a mensuração da altura dos avaliados;

d) balança: mensurando o peso antes e depois do exercício;

e) aparelhos de monitoração da frequência cardíaca.

3.6 Apresentação dos Casos

Os indivíduos fizeram testes progressivos de exaustão máxima antes para

determinar a velocidade que cada um correria. O teste foi feito em esteira, onde

cada indivíduo começava com a velocidade 8 km/h, e a cada minuto se

aumentava 1 km/h, indo até a exaustão do avaliado, que era quem dizia o

momento de parar e se podia ou não aumentar a velocidade.

A partir desse teste, foi determinado o valor de 60% da velocidade máxima

que cada avaliado conseguiu alcançar, para esse valor ser a velocidade que cada

um iria correr durante os 30 minutos dos testes a seguir. Através de sorteio, foi

definido: qual avaliado faria os testes sem beber nenhum líquido, quem iria beber

água antes e durante o exercício e quem iria beber bebida isotônica antes e

durante o exercício.

Cada avaliado faria 02 testes, sendo que um não teria nenhuma forma de

hidratação antes e durante o exercício e o outro faria reidratação antes e durante o

exercício (menos para o avaliado sorteado a não ingerir nada). O avaliado que foi

sorteado a não ingerir nenhum liquido, faria os 02 testes iguais, distinguindo-se

dos outros apenas no fato da reidratação antes e durante o exercício.

Antes de cada teste, o avaliado era mensurado em um estadiômetro, onde

achando a sua altura, e, logo após, a sua pesagem. Após isso, o avaliado deitava-

se na maca e eram feitos testes de bioimpedância, onde saia os resultados das

quantidades de percentual de gordura, peso de massa magra e quantidade de

49

água no corpo. Esse protocolo era repetido após os 30 minutos de corrida, exceto

em relação à mensuração da altura do avaliado.

3.6.1 Caso 01

Idade: 18 anos de idade, 1,68m de altura e peso de 62,2Kg. O mesmo não

bebeu nenhum tipo de líquido durante os 02 testes.

3.6.2 Caso 02

Idade: 18 anos, 1,78m de altura e peso de 74,Kg. O indivíduo bebeu água

em um teste e no outro não bebeu nada. O mesmo bebeu 200 ml de água antes e

200ml de água aos 15 minutos de corrida.

3.6.3 Caso 03

Idade:18 anos, 1,85m de altura e peso de 82,2Kg. Tomou bebeu bebida

isotônica em um teste e no outro não bebeu nada. O mesmo bebeu 200ml de

isotônico antes, e 200ml de isotônico aos 15 minutos de corrida.

3.7 Resultados

Tabela 1: Características do voluntário 01-Sem ingestão de líquidos

50

Pré Pós

Peso (Kg) 62,0 61,6

Percentual de gordura (%) 14,4 12,2

Peso da gordura corporal (Kg) 8,9 7,5

Peso da massa magra (Kg) 53,1 54,1

Total de água do corpo (L) 35,8 36,7

FONTE: Elaborada pelo autor

Tabela 2: Características do voluntário 02- Ingestão de água

Pré Pós

Peso (Kg) 74,0 73,6

Percentual de gordura (%) 10,7 11,2

Peso da gordura corporal (Kg) 7,9 8,3

Peso da massa magra (Kg) 66,1 65,3

Total de água do corpo (L) 46,4 45,6

FONTE: Elaborada pelo autor

Tabela 3: Características do voluntário 03- Ingestão de Isotônico

Pré Pós

Peso (Kg) 82,2 81,4

Percentual de gordura (%) 11,7 10,0

Peso da gordura corporal (Kg) 9,6 8,1

Peso da massa magra (Kg) 72,6 73,3

Total de água do corpo (L) 51,5 52,2

FONTE: Elaborada pelo autor

Observando-se os resultados, pode-se que o avaliado que bebeu isotônico

perdeu mais peso do que os outros 02 avaliados. Com relação ao percentual de

gordura, o avaliado que bebeu água aumentou seu percentual em 0,5%, enquanto

o avaliado que não bebeu nada perdeu 2,2% e o avaliado que bebeu isotônico

perdeu 1,7%.

51

No peso da gordura corporal, o avaliado que bebeu água ganhou 0,4kg de

peso de gordura corporal, enquanto o avaliado que não bebeu nada perdeu 1,4kg

de gordura e o avaliado que bebeu isotônico perdeu 1,5 de gordura corporal.

No peso da massa magra, o avaliado que bebeu água perdeu peso da

massa magra (0,8kg), enquanto o avaliado que bebeu isotônico ganhou 0,7Kg de

massa magra e o avaliado que não bebeu nada ganhou 1 kg de massa magra.

No total de água no corpo, o avaliado que bebeu água perdeu 0,8 litros do

total de água no corpo, enquanto o avaliado que bebeu isotônico ganhou 0,7 litros

e o avaliado que não bebeu nada ganhou 0,9 litros.

3.8 Discussão

Segundo Meyer; Perrone (2004) a reposição dos eletrólitos (principalmente

Sódio Na+) perdidos através do suor durante o exercício aperfeiçoa e acelera o

processo de reidratação, através do aumento da retenção de líquidos e melhora

na restauração do volume plasmático após o exercício, pois a quantidade de Na+

perdido pelo suor por um homem que pratica corrida por três hora em clima

quente é de aproximadamente 5 gramas, mas podendo chegar a uma perda de 15

gramas.

Segundo Wemple; Morocco; Mack (2010), quantidades adequadas de sódio

em uma bebida esportiva também podem ajudar a realçar o sabor e aumentar a

quantidade de líquidos que atletas desidratados vão beber para repor as perdas

de líquidos.

Para Meyer; Perrone (2004) a reposição é muito importante, pois evita a

redução plasmática e osmolalidade sanguínea, evitando assim o aumento da

diurese (pela manutenção da atividade da renina e níveis de aldesterona) e

mantendo mecanismo da sede e ingestão voluntaria de líquidos.

Para Nadel (1996), além de sódio, a bebida utilizada na reidratação também

deve conter carboidratos, mas não está diretamente relacionado à quantidade de

52

água no organismo, embora se saiba que os carboidratos apresentam

propriedades osmóticas capazes de atuar positivamente na capacidade de

retenção de água do organismo.

Ainda segundo Nadel (1996), é claro que a suplementação de carboidratos

é útil durante exercícios de resistência. Também é provável que a presença de

glicose e de sódio na mistura melhore a absorção de líquidos nos intestinos. Os

tipos de líquidos e carboidratos necessários devem ser analisados antes do

treinamento ou competição para que a reidratação possa ser feita com o líquido

adequado.

Segundo Katch; Katch; McArdle (2001) a manutenção de uma concentração

plasmática relativamente alta de sódio (pelo acréscimo de uma quantidade

moderada de sódio ao liquido ingerido) preserva o impulso da sede, promove a

retenção dos líquidos ingeridos (menos produção de urina) e restaura mais

rapidamente o volume plasmático perdido durante a reidratação.

Segundo Costill; Wilmore (2001), ao realizar exercício intenso num

ambiente quente, o corpo pode perder mais de 1 litro de suor por hora por metro

quadrado de superfície corporal.

Garcia et. al. (2006) afirmam que há diminuição no volume plasmático com

o inicio do exercício em indivíduos que não repõem as perdas de líquidos durante

um exercício prolongado ou repõem parcialmente ou totalmente.

Ainda segundo Garcia et. al. (2006), essa redução é influenciada pelo tipo e

pela intensidade do exercício, assim como pela postura adotada.

Subsequentemente há uma redução progressiva do volume plasmático associada

ao exercício, que pode ser compensada pela ingestão de líquidos durante o

mesmo, e a variação no volume é menor quando a ingestão de líquidos é maior e

pode ser prevenida se a taxa de ingestão de líquidos for igual à taxa de perda de

líquidos.

Segundo Costill; Wilmore (2001) a necessidade de repor ao máximo as

perdas hídricas tornou-se estabelecida e difundida, mostrando que quanto mais à

ingestão de líquidos se aproximarem da sudorese, menores serão os efeitos da

desidratação sobre as funções fisiológicas e sobre o desempenho.

53

Assim, a responsabilidade de determinar os intervalos e as medidas de

líquidos a serem ingeridos tem que ser bem observados pelos professores ou

treinadores do individuo, visando não prejudicar o desempenho do atleta no

exercício.

54

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Através do estudo utilizado, propõe-se uma ingestão adequada de líquidos,

de preferência bebidas isotônicas antes e durante o exercício, com determinações

de intervalos durante a sessão de treinamento para o atleta ou pessoa que pratica

atividade física em intensidades e períodos mais longos, de preferência a cada 15

minutos, pois a perda de suor ainda não seria tão grande e prejudicial ao

exercício.

A reposição ajudaria o prolongamento da atividade, além de conseguir

recuperar o que foi perdido através da transpiração, sendo ainda mais importante

em ambientes quentes, onde se perde mais suor.

55

CONCLUSÃO

Conclui-se que, a ingestão de líquidos é indispensável durante o exercício,

pois as perdas através da transpiração são grandes e com ela se perde muitos

sais minerais importantes para o organismo. A ingestão de água é importante,

mas não tão quanto à ingestão de bebidas isotônicas, pois nestas há os nutrientes

perdidos através do suor, conseguindo repor boa parte do que foi perdido durante

o exercício, conseguindo equilibrar a termorregulação do corpo, além de todo o

trabalho do corpo como um todo, recuperando o plasma sanguíneo perdido e

retardando a fadiga dos músculos ativos, pois com a reposição, o sangue vai com

mais facilidade para os músculos ativos o, conseguindo enviar mais oxigênio e

conseguindo gerar mais energia para a realização do exercício.

Cabe ao profissional responsável pelo individuo os períodos exatos de

reposição, orientando-o que a reposição não é perda de tempo e sim

importantíssima para a sequência do exercício a ser realizado, obtendo um melhor

desempenho.

56

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. B.; ARAÚJO, C. G. S. Efeitos do treinamento aeróbio sobre a

freqüência cardíaca Revista Brasileira de Medicina do Esporte São Paulo, Vol.9

n.2, Mar/Abr. 2003

COSTILL, D. L.; WILMORE, J. H. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 2. Ed.

São Paulo: Manole, 2001.

GOMES, A. C., et. al. Hidratação durante o exercício: a sede é suficiente? Revista

Brasileira de Medicina do Esporte, Vol. 12 n.6, Nov/Dez. 2006

KATCH, F. I. ; KATCH, V. L.; McARDLE; W. D. Nutrição para o Desporto e o

Exercício. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan 2001

MEYER, F.; PERRONE, C. A. Hidratação Pós-Exercício – Recomendações e

Fundamentação Científica. Revista Brasileira de Ciência & Movimento, Brasília

v 12, nº2, p. 87-90, Jun. 2004.

PAULO, A. C.; FORJAZ, C. L. M. Treinamento de endurance e de força máxima:

adaptações cardiovasculares e relações com a performance esportiva Revista

Brasileira de Ciências do Esporte, V.22, N.2, 2001

PERRELLA, M. M.; NORIYUKI, P. S.; ROSSI, L. Avaliação da perda hídrica

durante treino intenso de rugby .Rev Bras Med Esporte . 2005, vol.11, n.4, pp.

229-232.

RODRIGUES, A. P. S.; CASTRO, M. S. Hidratação durante o exercício: é

necessário repor todo o peso perdido? Disponível em

http://www.nutricaoemfoco.com.br/ptbr/modulos/imprimirpub.php?secao=esportiva-

nefdebate&pub=2237 Acesso em 13 de out. 2010

57

APÊNDICES

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCALRECIDO

ESTUDO: DIFERENÇA DE RESULTADOS EM TREINOS AERÓBIOS DE ALTA

INTENSIDADE COM E SEM INGESTÃO DE ÁGUA E BEBIDAS ISOTÔNICAS

Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O

documento abaixo contem todas as informações necessárias à pesquisa que

estou fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós,

mas se desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você.

Eu, ........................................................................................................................

residente e domiciliado(a) ..........................................................,

portador (a) da Cédula de Identidade , RG ............................... e inscrito (a) no

CPFR/MF .......................................................................... nascido(a) em

___/___/___ abaixo assinado, concordo e autorizo sua participação de livre

espontânea vontade no estudo: Diferença de resultados em treinos aeróbios de

alta intensidade com e sem ingestão de água e bebidas isotônicas . Declaro que

obtive todas as informações necessárias, bem como todos os eventuais

esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas.

Lins, ______ de ________________de 2010

Responsável:...........................................................