Diferenças entre Freud e Jung

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  • 8/8/2019 Diferenas entre Freud e Jung

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    Universidade Federal de Campina GrandeCentro de Cincias Biolgicas e da Sade CCBS

    Departamento de PsicologiaCurso: Bases Epistemolgicas da Psicologia IIProfessor: Carlos Antonio Fragoso Guimares

    Notas de Aula:

    Diferenas bsicas entre Freud e Jung quanto ao modelo estrutural da Psique

    Prof. Carlos A. F. Guimares

    Se a alma humana alguma coisa, esta deve ser de uma complexidade e diversidadesinimaginveis, o que torna impossvel atingi-la com uma simples psicologia dos

    instintos...

    C. G. Jung

    I Diferenas gerais com relao ao conceito de Inconsciente

    Freud via o inconsciente como uma espcie de sto criado por umaclivagem da conscincia a partir do trauma do Complexo de dipo.Funcionaria, ento, como um depsito onde estariam as idias elembranas censuradas da mente.

    Jung intua que o inconsciente j existia bem antes, no sendo amente/psique uma tabula rasa, como postulado na viso mecanicista,nem o inconsciente mero depsito de material reprimido.

    Para Jung, antes do Penso, Logo Existo de Descartes necessrio o

    Existo, logo tenho a possibilidade de Pensar, ou seja, primeiro vem aPsique, depois o Ego consciente.

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    II - Diferenas quanto ao conceito de Libido

    Para Jung, a libido era uma energia psquica necessria a ativao efuncionamento da psique como um todo, que poderia ser realmente represada ou

    contida em traumas sexuais, mas no s a estes.

    Jung deixa claro ao contrrio de Freud, que acreditava na concretude doconceito que esta energia genrica chamada Libidos pode ser acessvelindiretamente por sua manifestao atravs dos processos psquicos como amotivao para o trabalho; a atividade de relembrar, etc. -, enquanto a energiaem si permanece incognoscvel.

    Portanto, o conceito de libido - como, de resto, o deInconsciente Coletivo;Arqutipos; Id, Ego e Superego, etc.- so modelos que pretendem dar uma idiados fenmenos que podem ser observados indiretamente, mas que partem deinstncias inacessveis observao direta.

    III - Diferenas quanto ao isolamento psquico

    Freud praticamente isola a mente do corpo. A tcnica psicanaltica eminenteverbal, no envolvendo interaes fsicas diretas. Este rompimento reforado

    pelo isolamento dos problemas emocionais dos contextos sociais e interpessoais,sem falar nos espirituais.

    Jung, ao contrrio, dir que toda pessoa interage e age com uma rede de relaese que estas envolvem, estimulam ou inibe as expresses psiconeurobiolgicas do

    indivduo. Mais ainda: o estmulo fsico, na tcnica da imaginao ativa, permiteuma melhor expresso global dos sentimentos e intuies. A abordagemjunguiana , portanto, sistmica.

    IV - A Linguagem Simblica

    Jung no concorda com a interpretao reducionista de Freud no que toca aossmbolos, mesmo os religiosos. Jung os v como um meio imagtico de acesso aum nvel psquico profundo que transcende qualquer definio racional.

    V - Os Arqutipos do Inconsciente Coletivo

    A mais radical afirmao de Jung a de que a conscincia e o inconscientepessoal - enfim, a psique em geral - uma diferenciao que se ergueprofundamente das brumas de um substrato psquico mais bsico, chamadoInconsciente Coletivo .

    Esta base psquica se fez pela prpria evoluo da espcie humana. L estogravadas as disposies funcionais que possibilitam toda a gama decomportamentos, dos mais biolgicos, pelos instintos, s mais sutisdiferenciaes destes, pelos arqutipos. Estes ltimos so estruturas psquicasque constituem a contraparte mais desenvolvida daqueles.

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    Desta maneira, um grande erro supor que a psique de um recm-nascido sejauma tabula rasa, no sentido de nada haver nela (JUNG, 2002). Os arqutiposso estruturas, semelhantes s estruturas ocultas que conformam um prdio, asregras de uma lngua, ou o formato de um rio, e que influenciam a percepo eo comportamento, assegurando um grau mnimo de similaridade no

    comportamento dos indivduos.

    Jung chega a existncia dos arqutipos por necessitar de uma hipteseoperacional que explicasse os paralelismos muito semelhantes quanto ao sentidode sonhos, certas fantasias, imagens e comportamentos entre pessoas dediferentes pocas e culturas e diante das mesmas situaes existenciais ou, no

    plano etnolgico, das similaridades nas religies, contos e mitos de culturasdiferentes, das mais primitivas s mais desenvolvidas.

    De incio, Jung julgou poder explicar esses paralelismos mediante um tipo deherana racial. Mas pesquisas com pessoas de diferentes etnologias e raasdemonstraram que sonhos e imagens semelhantes so produzidosconstantemente, o que descarta uma herana racial e parece indicar que provmde um sutil substrato comum, inconsciente e, portanto, arcaico. Da a teoria do

    Inconsciente Coletivo. Os arqutipos estimulam a vivncia de sentimentos e representaes imaginrias

    comuns.

    Enquanto estruturas, os Arqutipos apenas estimulam ou possibilitamassociaes de uma idia e/ou de sentimentos, mas eles no criam os contedosdos mesmos (ou seja, aquilo que expresso concretamente), do mesmo modo

    que a estrutura de uma esttua apenas conforma os traos gerais desta, mas noestabelece como ser preenchida nem a sua aparncia e acabamento; ou como asregras do jogo de xadrez que determinam os movimentos possveis das peasmas no possibilitam dizer como se dar o curso de uma partida.

    Os contedos que envolvero o arqutipo tero e daro a aparncia e o materialdas experincias vividas pelos indivduos em seu contexto histrico cultural. Porisso as diferenas nos detalhes de enredos e outras caractersticas secundrias detradies religiosas; mitos; contos; cortejos amorosos; formas de vivncia doluto; ritos de passagem; festivais de fertilidade; cerimnias de casamento;nascimentos, etc.

    VI - Caractersticas essncias dos arqutipos

    Um Arqutipo dinmico e dualista o que significa que ele opera como todos osdemais fenmenos psquicos. Pode, portanto, conter a possibilidade dodesequilbrio em uma distribuio desigual de libido.

    Do mesmo modo que possui certa capacidade para o desequilbrio, por ser dualo Arqutipo igualmente possui extrema capacidade de maturao e cura e dotadode uma dimenso de significado teleolgico prospectivo que a meta doequilbrio psquico, da individuao e fortalecimento diferenciado do Self.

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