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ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO “DR. CORIOLANO NOGUEIRA COBRA” ANTÔNIO JUNIO NOJOSA DE ARAUJO CARLA DE SOUZA SILVA CARVALHO ELVIN WOOD KIRCHNER PRISCILA AMARAL FERREIRA DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL São Paulo 2009

DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

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Page 1: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

“DR. CORIOLANO NOGUEIRA COBRA”

ANTÔNIO JUNIO NOJOSA DE ARAUJO

CARLA DE SOUZA SILVA CARVALHO

ELVIN WOOD KIRCHNER

PRISCILA AMARAL FERREIRA

DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E

FRENAGEM CONVENCIONAL

São Paulo

2009

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2

ANTÔNIO JUNIO NOJOSA DE ARAUJO

CARLA DE SOUZA SILVA CARVALHO

ELVIN WOOD KIRCHNER

PRISCILA AMARAL FERREIRA

DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E

FRENAGEM CONVENCIONAL

Projeto apresentado à Disciplina de Metodologia

da Pesquisa Científica da Academia de Polícia do

Estado de São Paulo para a elaboração do

Trabalho de Conclusão do Curso de Formação

Técnico Profissional de Perito Criminal PC01/08.

Orientador: Prof. Antônio Vitório Cécere

São Paulo, SP

2009

Page 3: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

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ANTÔNIO JUNIO NOJOSA DE ARAUJO

CARLA DE SOUZA SILVA CARVALHO

ELVIN WOOD KIRCHNER

PRISCILA AMARAL FERREIRA

DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E

FRENAGEM CONVENCIONAL

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Academia de Polícia “Dr Coriolano

Nogueira Cobra”, como parte dos requisitos para a conclusão do Curso de

Formação Técnico-profissional de Perito Criminal PC 01/2008.

Julgado em ____/____/____

_____________________________________ _______________

Prof(a). Conceito

_____________________________________ _______________

Prof(a). Conceito

_____________________________________ _______________

Prof(a). Conceito

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4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradecemos a Deus por estar sempre nos abençoando e nos

ajudando a realizar nossos propósitos, conquistando objetivos.

Ao ilustríssimo Doutor Diretor da Academia de Policia “Dr. Coriolano Nogueira

Cobra” do Estado de São Paulo Adilson José Vieira Pinto a oportunidade de

realização deste trabalho.

Ao Doutor Divisionário do Curso de Formação da Academia de Policia “Dr.

Coriolano Nogueira Cobra” do Estado de São Paulo Júlio Gustavo Vieira Guebert e a

Doutora Márcia Heloisa Mendonça Ruiz ao incentivo a pesquisa científica na Polícia

Civil.

Ao Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo pela impressão deste

trabalho, mais especificamente a Perita Criminal, Diretora do Núcleo de Perícias

Criminalística da Capital e Grande São Paulo, Drª Alberta Viana Pereira.

Ao nosso orientador Prof. Dr. Antônio Vitório Cécere, pela sua paciência,

dedicação e honestidade nos ensinamentos no decorrer do trabalho.

A todos os nossos professores do Curso de Formação Técnico Profissional de

Perito Criminal e aos nossos colegas de turma PC 01/2008.

Especiais aos nossos familiares e amigos por demonstrar companheirismo,

incentivo, paciência e compreensão nos momentos de ausência a fim de concluímos

não só este trabalho, mas também o Curso de Formação Técnico Profissional de

Perito Criminal.

Em particular, eu, Antônio, a minha amada esposa Janaína e aos meus

amigos. Eu, Carla, ao meu amado marido Tristão, a minha mãe Cidinha e ao meu

querido irmão Eduardo. Eu, Elvin, a minha amada esposa Adriana, meu querido filho

Arthur e aos meus pais Ede e Odete. Eu, Priscila, aos meus amados pais Fátima e

Edson, ao meu irmão Leandro, a minha cunhada Yara, a minha querida tia Nilza e

ao meu amigo Cesar.

E a todos, que de alguma forma contribuíram para que este trabalho fosse

realizado.

Page 5: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

5

RESUMO

Este trabalho é um projeto apresentado à Disciplina de Metodologia da

Pesquisa Científica da Academia de Polícia do Estado de São Paulo para a

elaboração do Trabalho de Conclusão do Curso de Formação Técnico

Profissional de Perito Criminal PC01/08. O estudo enfatizou a análise

comparativa dos valores de coeficientes de atrito utilizados na frenagem

longitudinal em veículos equipados com Sistema de Freio Convencional e

com Sistema de Freio Antibloqueio de rodas (ABS). Para tal objetivo utilizou-

se o cálculo de velocidade, do Instituto de Criminalística do Estado de São

Paulo, através da distância de frenagem dos veículos. A pesquisa discutiu

esses cálculos considerando a distribuição da frenagem entre os eixos

dianteiros e traseiros.

Page 6: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

6

ABSTRACT

This work is a project reported to the Subject of Scientific Research

Methodology to the Academy of Policy of the State of São Paulo for the

elaboration of the Paper of Course Conclusion for Professional Technical

Formation of Forensic Scientist PC01/08. The study emphasized the

comparative analysis of the friction coefficients values applied in longitudinal

breaking for vehicles equipped with Conventional System of Brake and Anti-

lock Braking System (ABS). For this objective, was applied the speed

calculation from the Criminalistic Institute of the State of São Paulo, through

the vehicles braking distance. The research argued these calculations

considering the distribution of the breaking between the front and back axles.

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7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Sistema de freio convencional de um automóvel de passeio (BAUER,

2003)..........................................................................................................................17

Figura 2: Sistema de freios convencional (BOSCH, 2003)............................ ............18

Figura 3: Alavanca do pedal de freio (BOSCH, 2003)................................................19

Figura 4: Servo-freio a vácuo de dupla câmara (BOSCH, 2003)...............................21

Figura 5: Cilindro mestre hidráulico com válvula central (BOSCH, 2003)..................22

Figura 6: Freio a tambor (BOSCH, 2003)...................................................................23

Figura 7: pinça deslizante (BOSCH, 2003)................................................................25

Figura 8: Discos de freio (BOSCH, 2003)..................................................................26

Figura 9: Pastilha de freio (BOSCH, 2003)................................................................26

Figura 10: Esquema de uma válvula sensível à carga (BOSCH, 2003).....................27

Figura 11: Configurações hidráulicas típicas do sistema de freio (BOSCH,

2003)..........................................................................................................................30

Figura 12: Localização dos componentes do freio antibloqueio

(http://carros.hsw.uol.com.br/freios-abs.htm (acessado dia 23/11/2009 às

22:18h).......................................................................................................................33

Figura 13: Bomba do freio antitravamento e válvulas

(http://carros.hsw.uol.com.br/freios-abs.htm (acessado dia 23/11/2009 às

22:18h).......................................................................................................................34

Figura 14: Circuito hidráulico do ABS (BOSCH, 2003)..............................................38

Figura 15: Estrutura do Pneu [extraída do Guia de Pneus do Núcleo de Física CEAP-

São Paulo].................................................................................................. ................40

Figura 16: Esquema da distribuição de forças e dimensões do veículo....................41

Figura 17: Curva de distribuição da frenagem (RIETH, DRUMM, HARNISCHFEGER,

2001)..........................................................................................................................42

Figura 18: Distribuição de frenagem com válvula sensível à carga (BOSCH,

2003)..........................................................................................................................45

Figura 19: Distribuição da força de frenagem com ABS/EBD (BOSCH, 2003)..........51

Figura 20: Distribuição de frenagem com válvula sensível à carga (BOSCH,

2003)..........................................................................................................................53

Figura 21: Distribuição da força de frenagem com ABS/EBD (BOSCH, 2003)..........54

Page 8: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

8

Figura 22: Gráfico 1: Coeficiente de Atrito em função da Velocidade para veículos

equipados com ABS...................................................................................................65

Figura 23: Gráfico 2: Coeficiente de Atrito em função da Velocidade para veículos

sem ABS.....................................................................................................................65

Figura 24: Gráfico 3: Coeficiente de Atrito em função da Velocidade para veículos

sem ABS, com desvio padrão....................................................................................66

Figura 25: Gráfico 4: Coeficiente de Atrito em função da Velocidade para veículos

sem ABS, com desvio padrão....................................................................................67

Figura 26: Gráfico 5: Distribuição das Forças de Frenagem do Veículo Ford Focus

2009............................................................................................................................70

Figura 27: Gráfico 6: Distribuição das Forças de Frenagem do Veículo Ford Ka

2009............................................................................................................................74

Figura 28: Gráfico 7: Distribuição das Forças de Frenagem do Veículo Gol 1.6

2009............................................................................................................................74

Page 9: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores típicos de aderência longitudinal (BOSCH, 2004).........................43

Tabela 2: Marcas e modelos dos veículos analisados, com e sem Sistema de Freios

ABS............................................................................................................................62

Tabela 3: Valor calculado do coeficiente de atrito para veículos equipados com

Sistema ABS............................................................................ ..................................63

Tabela 4: Valor calculado do coeficiente de atrito para veículos sem Sistema

ABS....................................................................................................................... .....64

Tabela 5: Coeficiente de atrito médio para veículos com Sistema ABS....................67

Tabela 6: Coeficiente de atrito médio para veículos sem Sistema ABS....................68

Tabela 7: Informações Técnicas do Ford Focus 2009........... ............................69 e 70

Tabela 8: Informações Técnicas do Ford Ka 2009 (Distribuição de forças de

frenagem: 10%T e 90%D)..................................................................................71 e 72

Tabela 9: Informações Técnicas do Gol 1.6 2009 (Distribuição de forças de

frenagem: 24%T e 76%D)..................................................................................72 e 73

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABS: Anti-lock Braking System

CM: centro de massa

CONTRAN: Conselho Nacional de Trânsito

DOT: Department Of Transportation

EBD: Electronic Braking Distribution

IIHS: Insurance Institute for Highway Safety

Page 11: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

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LISTA DE SÍMBOLOS

DN : força normal dianteira

TN : força normal traseira

Dfat : força de atrito da roda dianteira

Tfat : força de atrito na roda traseira

m : massa do veículo

Db : distância da aplicação da força normal dianteira ao centro de massa

Tb : distância da aplicação da força normal traseira ao centro de massa

a : aceleração do veículo

g : aceleração da gravidade

: coeficiente de atrito

D : coeficiente de atrito entre a roda dianteira e o pavimento

T : coeficiente de atrito entre a roda traseira e o pavimento

h : distância da aplicação das forças de atritos dianteira e traseira ao centro de

massa

RZF : força resultante na direção z

RXF : força resultante na direção x

P : força peso do veículo

T: roda traseira

D: roda dianteira

TB: distribuição de frenagem na roda traseira

Page 12: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

12

SUMÁRIO

RESUMO......................................................................................................................5

ABSTRACT..................................................................................................................6 LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................7

LISTA DE TABELAS............................................................................................. .......9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.....................................................................10 LISTA DE SÍMBOLOS................................................................................................11

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................13 1.1. TEMA DE PESQUISA .............................................................................................. 13

1.2. PROBLEMA ............................................................................................................... 13 1.3. HIPÓTESE ................................................................................................................. 13 1.4. OBJETIVOS ............................................................................................................... 14

1.5 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................... 14 1.6. MÉTODO DA PESQUISA ........................................................................................ 15

2. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA..................................................................16 2.1. SISTEMA DE FREIO ................................................................................................ 16

2.1.1. Revisão da Tecnologia de Freios ..................................................................... 18

2.1.1.1. O Sistema de Freio ...................................................................................... 18 2.1.1.2. Alavanca do Pedal de Freio........................................................................ 19

2.1.1.3. Servo-freio ..................................................................................................... 20 2.1.1.4. Cilindro-mestre .............................................................................................. 21 2.1.1.5. Freio a Tambor.............................................................................................. 23

2.1.1.6. Freio a Disco ................................................................................................. 24 2.1.1.7. Válvula Proporcionadora Sensível a Carga ............................................. 27

2.1.1.8. Fluido de Freio .............................................................................................. 28 2.1.1.9. Configurações Hidráulicas Típicas do Sistema de Freios ..................... 29

2.3. SISTEMA ABS (ANTIBLOCKIER-BREMSSYSTEM)...................................... 31

2.3.1. Introdução .......................................................................................................... 31 2.3.2. Componentes do Freio ABS............................................................................ 32

2.3.2.1. Sensores de rotação ................................................................................ 33 2.3.2.2. Válvulas ...................................................................................................... 33 2.3.2.3. Bomba......................................................................................................... 34

2.3.2.4. Unidade controladora ............................................................................... 34 2.3.3. Dinâmica do Sistema........................................................................................ 35

2.3.4. Tipos de freios antitravamento........................................................................ 35 2.3.5. Sobre a eficiência do Sistema Antitravamento ............................................ 36 2.3.6. Componentes EBD (Eletronic Brakeforce Distribution) .............................. 37

2.4. PNEU ...................................................................................................................... 38 2.4.1. O conceito de aderência .................................................................................. 40

2.5. DINÂMICA DO VEÍCULO DURANTE A FRENAGEM .................................... 43 2.5.1. Marcas de Frenagem ....................................................................................... 43 2.5.2. Conceitos Físicos da Frenagem ..................................................................... 45

2.5.2.1. Curva de distribuição de frenagem ........................................................ 50 2.5.2.2. Curva de distribuição de frenagem ........................................................ 52

2.5.2.3. Curva de distribuição de frenagem (utilização de ABS e EBD) ........ 54 2.6. A CRIMINALÍSTICA.............................................................................................. 56

3. DISCUSSÃO DOS DADOS...............................................................................62

4. CONCLUSÃO....................................................................................................76 REFERÊNCIAS..........................................................................................................79

Page 13: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

13

1. INTRODUÇÃO

1.1. TEMA DE PESQUISA

O Trabalho de Conclusão de Curso de Formação Técnico Profissional de

Perito Criminal tem como tema principal o estudo de perícias em acidentes de

trânsito, focando a análise comparativa dos coeficientes de atrito utilizados na

frenagem longitudinal em veículos equipados com sistema de freio convencional e

com sistema de freio antibloqueio de rodas (ABS).

1.2. PROBLEMA

A problemática consiste na dificuldade da distribuição de força de frenagem

entre os eixos dianteiro e traseiro, os quais são estabelecidos pelo projeto de cada

veiculo. Essa distribuição influência na dinâmica da frenagem do ve ículo.

1.3. HIPÓTESE

Baseando na premissa de que o cálculo de velocidade através dos vestígios

deixados por veículos equipados com sistema de freio convencional é válido para o

Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo, a pesquisa discutiu esses

cálculos considerando a distribuição da frenagem entre os eixos dianteiros e

traseiros.

Page 14: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

14

1.4. OBJETIVOS

O trabalho teve como objetivo principal comparar os valores de coeficiente de

atrito nos veículos equipados com sistema de freio ABS, propondo uma metodologia

para obter o coeficiente de atrito efetivo nos casos de veículos sem sistema de freios

antibloqueio.

1.5 JUSTIFICATIVA

A Resolução nº 312 de três de abril de 2009 emitida pelo Conselho Nacional

de Trânsito (CONTRAN) considera a necessidade de aperfeiçoar e atualizar os

requisitos de segurança para os veículos automotores nacionais e importados e,

além disso, a necessidade de garantir a segurança dos condutores e passageiros

dos veículos.

Esta Resolução estabelece a instalação do sistema antitravamento das rodas

– ABS que melhora a estabilidade e a dirigibilidade do veículo durante o processo de

frenagem. Trata de um sistema adicional ao sistema de freio existente, permitindo ao

condutor manter o controle do veículo durante o processo de frenagem

principalmente em pista escorregadia com possibilidade de evitar acidentes

causados pelo travamento das rodas.

Sendo assim, foi estabelecido como obrigatório, a partir de 01 de janeiro de

2014, a utilização do sistema ABS, para os veículos novos produzidos, saídos de

fábrica.

Dessa maneira, faz-se necessário o estudo através da análise comparativa

dos cálculos de velocidade utilizados na frenagem longitudinal em veículos

equipados com sistema de freio convencional e com sistema de freio antibloqueio de

rodas (ABS), a fim de proceder ao cálculo correto da velocidade de frenagem de

veículos envolvidos em acidente de trânsito.

Page 15: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

15

1.6. MÉTODO DA PESQUISA

Como fonte de dados a Revista Quatro Rodas, a qual apresentava um

comparativo de testes de desempenho para diferentes modelos e marcas de

veículos tanto equipados com sistema de freio convencional quanto para equipados

com sistemas de freio ABS.

A partir das informações coletadas, aplicou-se os cálculos de velocidade de

frenagem usados no Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo, para

determinar o coeficiente de atrito dos veículos selecionados em determinadas

velocidades.

Comparou-se os resultados dos coeficientes de atrito obtidos pelos dois

sistemas de freio: convencional e ABS, em busca de distinguir comportamentos

desses veículos.

Utilizou-se gráficos de distribuição de frenagem entre os eixos dianteiros e

traseiros para obter um coeficiente de atrito efetivo para veículos sem sistema de

freios antibloqueio, a partir da análise do valor apresentado deste coeficiente para

veículos equipados com sistema antibloqueio.

Por fim, comparou-se o resultado dessa nova análise com os coeficientes de

atrito calculados anteriormente.

Page 16: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

16

2. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

Os projetos de sistemas de freio de automóveis de passeio têm como objetivo

principal o atendimento das normas regulamentadoras, que são estabelecidas por

órgãos governamentais que regulamentam o trânsito de veículos em seus países.

No Brasil esta normatização é estabelecida principalmente pelo Conselho Nacional

de Trânsito (CONTRAN).

As regulamentações estabelecem os requisitos mínimos os quais os veículos

devem atender para que possam trafegar oferecendo o nível mínimo de segurança.

Dentro destes requisitos, são estabelecidos limites para esforços máximos para

acionamento do pedal de freio e da alavanca de freio de estacionamento,

desacelerações mínimas e/ou distâncias de parada máximas sobre certas condições

de frenagem, sejam elas em condições normais de funcionamento ou simulando

condições de falha no sistema de freio.

2.1. SISTEMA DE FREIO

O aumento da velocidade nos veículos automotores levou a um

aperfeiçoamento dos freios. Entretanto, permanece o princípio básico de seu

funcionamento: um objeto é forçado contra a roda e o atrito entre os dois faz o

veículo parar.

Os primeiros freios, usados nas carruagens, consistiam de um bloco de

madeira dura que era comprimido contra a parte externa da roda, através de uma

alavanca.

Os freios sofreram uma modificação muito importante quando passaram para

o interior da roda. Nesse caso, o freio foi alojado em um corpo cilíndrico c hamado

tambor de freio que vai preso à roda. Esse tipo de freio, chamado freio a tambor, é

ainda muito usado e em conjunto com o freio a disco equipam quase que a

totalidade dos automóveis de passeio de hoje.

Nos modernos automóveis de passeio, os sistemas de freio podem ser

classificados em convencionais e eletrônicos (BAUER, 2003).

Page 17: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

17

Os sistemas de freio convencionais são comumente aplicados em quase toda

a totalidade dos automóveis de passeio, devido ao seu custo menor frente aos

eletrônicos. A seqüência de frenagem é iniciada pela aplicação de uma força

mecânica no pedal de freio que é transformada em pressão hidráulica pelo conjunto

servo-freio / cilindro mestre, que por conseqüência, aciona os freios de roda.

A Figura 1 apresenta um típico sistema de freio convencional de acionamento

mecânico-hidráulico, utilizado em automóveis de passeio.

Figura 1: Sistema de freio convencional de um automóvel de passeio (BAUER, 2003)

Na Figura 1, (1) representa freio a disco dianteiro; (2) flexível de freio; (3)

conexão hidráulica; (4) tubo de freio; (5) cilindro mestre; (6) reservatório; (7) servo-

freio; (8) pedal de acionamento do freio; (9) alavanca do freio de estacionamento;

(10) cabo do freio de estacionamento; (11) válvula reguladora sensível à carga; (12)

freio a tambor traseiro.

Neste sistema, a intensidade da frenagem e a sua duração são determinadas

pela ação do motorista.

Page 18: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

18

2.1.1. Revisão da Tecnologia de Freios

2.1.1.1. O Sistema de Freio

Assim como todo veículo automotor necessita de um sistema de tração

composto por motor e transmissão, também um sistema capaz de reduzir a

velocidade e parar o veículo é indispensável. Dada sua importância, diversas

normas técnicas e regulamentações legais estabelecem critérios para seu

dimensionamento. A norma brasileira NBR 10966 apresenta a seguinte definição

para o sistema de freios de veículos rodoviários: “Combinação de peças cuja função

é reduzir progressivamente a velocidade de um veículo em movimento, ou fazê-lo

parar, ou conservá-lo imóvel se já estiver parado”. Nos modernos carros de passeio,

os sistemas de freios podem ser identificados como sistemas de freios

convencionais e sistemas de freios eletrônicos.

Nos sistemas convencionais, a energia muscular do condutor é amplificada e

transferida para os elementos fundamentais de frenagem por meio puramente

mecânico e hidráulico, como pode ser visto na Figura 2.

Figura 2: Sistema de freios convencional [BOSCH, 2003]

Na Figura 2, (1) representa o freio a disco dianteiro; (2) o flexível de freio; (3)

uma conexão hidráulica; (4) tubo; (5) o ci lindro mestre; (6) o reservatório; (7) o servo-

freio; (8) o pedal de acionamento; (9) a alavanca do freio de estacionamento; (10) o

Page 19: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

19

cabo de acionamento do freio de estacionamento; (11) a válvula proporcionadora

sensível à carga; e (12) o freio a tambor traseiro.

Neste sistema, o motorista é quem determina a intensidade da frenagem e

sua duração. O sistema tem um custo menor do que um sistema eletrônico, porém

não atinge o mesmo grau de desempenho daquele. Os principais componentes são

descritos a seguir.

2.1.1.2. Alavanca do Pedal de Freio

O pedal de freio é uma alavanca do tipo inter-resistente que normalmente se

localiza no lado esquerdo do pedal do acelerador. Sua função é transmitir a força de

acionamento do motorista ao sistema de freio, trabalhando como uma alavanca

multiplicadora de força, que aciona o sistema de atuação do freio, composto pelo

conjunto servo freio e cilindro mestre. Estes por sua vez, convertem a força

mecânica de entrada em pressão hidráulica para os freios de roda.

O desenho da alavanca irá determinar a relação de pedal, que é um dos

fatores que influenciam a sensação que o motorista experimenta ao acionar o freio

do veículo, podendo assumir um padrão mais agressivo ou mais confortável. Cada

fabricante de veículo utiliza um padrão próprio para satisfazer seus critérios e

conceitos voltados para o conforto do motorista.

Figura 3: Alavanca do pedal de freio [BOSCH, 2003]

Page 20: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

20

Os componentes mostrados na Figura 3 são: (1) o servo-freio; (2) painel do

compartimento do motor; (3) a mola de retorno; (4) a haste de acionamento; (5)

fixação; (6) pino de articulação; e (7) o pedal.

2.1.1.3. Servo-freio

O servo freio é um dispositivo que reduz a força aplicada pelo motorista

durante a frenagem do veículo, por amplificar esta força com objetivo de aumentar o

poder e a eficácia da frenagem, ao mesmo tempo em que melhora o seu conforto.

Normalmente é fornecido em conjunto com o cilindro mestre, formando uma única

unidade o que facilita o processo de montagem na linha de produção da montadora,

e reduz a possibilidade de danos ou falhas decorrentes do manuseio inadequado de

componentes que são de vital importância para a segurança.

O tipo de servo freio mais comumente encontrado nos automóveis de passeio

é aquele cuja assistência é dada pelo vácuo, que é gerado pelo motor dos carros

movidos à gasolina, a álcool ou a gás natural, que aproveita a pressão negativa

gerada no coletor de admissão, num motor ciclo Otto. Para motores com nível baixo

de vácuo, como os motores a diesel, normalmente são utilizadas bombas de vácuo.

No servo-freio a vácuo, uma membrana de borracha, ilustrada pelo item (4) da

Figura 4, está fixada a um disco metálico e separa as câmaras de vácuo (3) e de

trabalho (12). Quando o freio não está aplicado, as duas câmaras estão conectadas

através de condutos pelo interior do corpo da válvula (8). Estabelecem-se, então,

vácuo em ambas as câmaras.

Ao iniciar o acionamento do pedal de freio, a haste de conexão (10) se move

afastando o êmbolo sensor (6), que abre a passagem do ar atmosférico via filtro (9)

para a câmara de trabalho (12). Ao mesmo tempo, o movimento da haste de

conexão (10) força o isolamento entre as duas câmaras, pe la ação da válvula dupla

(7) e seu assento (11), para que o ar atmosférico não atinja a câmara de vácuo.

Page 21: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

21

Figura 4: Servo-freio a vácuo de dupla câmara [BOSCH, 2003]

A diferença de pressão entre as duas câmaras gera uma força resultante no

disco (5) que atua sobre a haste do cilindro mestre (1), assistindo o condutor na

atuação do freio. Quando o pedal de freio é liberado, a frenagem cessa, a

membrana retorna por ação da mola (2) e as câmaras de vácuo (3) e de trabalho

(12) são novamente conectadas, preparando o dispositivo para uma nova frenagem

assistida.

O conceito empregado no servo-freio garante a atuação sobre o cilindro

mestre mesmo que ocorra uma ruptura na membrana, porém naturalmente sem a

assistência promovida pelo auxílio a vácuo. Esta atuação se dá, em caso de danos

na membrana, de forma puramente mecânica. A válvula de retenção (3) permanece

aberta enquanto houver vácuo no coletor de admissão. Quando o motor do veículo é

desligado, a válvula de retenção assegura certa quantidade de vácuo no servo-freio,

e evita que vapores de combustível contaminem a câmara de vácuo, danificando

sua membrana de borracha.

2.1.1.4. Cilindro-mestre

O cilindro mestre realiza a conversão da força muscular exercida pelo

motorista no pedal, devidamente amplificada pelo servo freio, na pressão hidráulica

que é aplicada no circuito de freio, de forma proporcional à força do pedal, para

acionamento dos freios das rodas. Ou seja, é através do cilindro mestre que se inicia

Page 22: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

22

a “hidráulica do freio”, introduzindo e controlando o processo de frenagem, injetando

e comprimindo o fluído, gerando a pressão necessária para todo o sistema de freios.

A regulamentação técnica internacional estabelece que, por medida de

segurança, os veículos devem ser equipados com dois circuitos de freios

independentes, e por isso, este componente deve conter duas câmaras hidráulicas

separadas.

Quando o pedal de freio é acionado, o movimento é transmitido para o

êmbolo primário (14) através da haste do cilindro mestre, via servo-freio. Ao

ultrapassar o furo de compensação (11), o êmbolo primário (14) começa a gerar

pressão no fluido, que irá movimentar os êmbolos intermediário (8) e secundário (6).

Como conseqüência deste movimento, o pino (18) se afasta do batente (7) e o selo

(16) fecha o retorno do fluido, iniciando a geração de pressão na câmara secundária

também. Os freios de ambos os circuitos, primário e secundário, são assim

acionados pelo deslocamento de fluido gerado nas respectivas câmaras. Quando o

pedal é desaplicado, o fluido retorna para o reservatório via câmara intermediária (9)

e furo de retorno (12), por ação das molas (10) e (15).

Figura 5: Cilindro mestre hidráulico com válvula central [BOSCH, 2003]

Na Figura 5, (1) representa o corpo do cilindro mestre; (2) saída para o

circuito secundário de freio; (3) câmara secundária; (4) mola da válvula central; (5)

conexão com o reservatório de fluido; (6) êmbolo flutuante; (7) batente da válvula

central; (8) êmbolo intermediário; (9) câmara intermediária; (10) mola da câmara

primária; (11) furo de compensação; (12) furo de retorno; (13) bucha; (14) êmbolo

primário; (15) mola da câmara secundária; (16) selo da válvula central; (17) copo

Page 23: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

23

principal; (18) pino da válvula central; (19) copos de isolamento; (20) anel suporte;

(21) disco de encosto; (22) copo secundário; e (23) o anel elástico.

2.1.1.5. Freio a Tambor

Os freios a tambor são largamente utilizados nos freios de rodas traseiras dos

veículos de passeio produzidos no Brasil, devido ao seu baixo custo comparado aos

freios a disco. Uma vez que apresentam menor rendimento e menor estabilidade

térmica do que a versão a disco, não são hoje adequados para aplicação no eixo

dianteiro, para o qual se necessita de um equipamento mais eficiente.

Seu princípio básico de funcionamento consiste na geração de força de

frenagem através do contato das lonas que revestem as sapatas na superfície

interna do tambor por meio de sua movimentação radial provida pela ação de um

atuador hidráulico, o cilindro de roda.

O fluido de freio pressurizado pelo cilindro mestre adentra a câmara interior

do cilindro de roda de dupla ação (1). A expansão dos dois êmbolos

longitudinalmente opostos afasta os patins (5 e 12), que giram em torno dos pinos

de articulação (15), o que provoca a compressão das sapatas (2) contra o interior do

tambor (6). O contato das sapatas com o tambor gera, naturalmente, o torque de

frenagem que reduz a velocidade do veículo. Com o uso, as sapatas (2), assim

como da área interna de contato do tambor (6), sofrem desgaste e a folga aumenta,

gerando um aumento do chamado curso morto do pedal de freio.

Figura 6: Freio a tambor [BOSCH, 2003]

Page 24: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

24

No freio a tambor mostrado na Figura 6, (1) é o cilindro de roda; (2) a sapata

ou lona de freio; (3) a mola de retorno da sapata; (4) a mola de retorno do auto-

ajuste; (5) o patim de freio; (6) o tambor de freio; (7) a alavanca do freio de

estacionamento; (8) o cabo do freio de estacionamento; (9) é o sentido de rotação

do tambor; (10) a lâmina bimetálica do auto-ajuste; (11) a porca do auto-ajuste; (12)

o patim de freio; (13) prato; e (14) a mola de retorno; e (15) o pino de articulação.

2.1.1.6. Freio a Disco

O primeiro veículo produzido em série a utilizar o freio a disco foi o Citroën

DS-19 em 1955, o freio a disco apresenta maior eficiência e melhor linearidade do

que o freio a tambor. É instalado, em geral, nas rodas dianteiras, entretanto alguns

veículos possuem freio a disco nas quatro rodas.

Seu princípio básico de funcionamento consiste na geração de força de

frenagem através do contato das pastilhas nas superfícies laterais do disco. É

composto basicamente pelo disco, que gira solidário à roda, pela pinça de freio, que

sustenta as pastilhas e por anéis de vedação hidráulica e guarda-pós de proteção.

A pinça deslizante é a mais comumente encontrada nos veículos de passeio

produzidos no Brasil. Conforme mostra a Figura 7, este pinça possui apenas um

êmbolo e funciona da seguinte maneira: Ao entrar no cilindro, o fluído causa o

deslocamento do êmbolo, que provoca a aproximação da pastilha interna ao disco.

Ao mesmo tempo, o movimento do êmbolo desloca o suporte que carrega consigo a

pastilha externa. Assim, as duas pastilhas se aproximam do disco e exercem sobre

este o torque de frenagem. O deslocamento da pinça acontece sobre pinos guia.

Page 25: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

25

Figura 7: pinça deslizante [BOSCH, 2003]

Na Figura 7, (1) é o suporte da pinça deslizante; (2) o pino-guia; (3) o corpo

da pinça; (4) pasti lha de freio externa; (5) disco de freio; (6) pastilha de freio interna;

(7) anel de vedação; (8) orifício de entrada de fluido; (9) êmbolo; (10) corpo do

êmbolo; e (11) o guarda-pó de borracha.

Quando se solta o pedal de freio, este é desativado e o anel de vedação

afasta o êmbolo. Esse afastamento e a rotação do disco provocam a repulsão das

pastilhas. Os êmbolos voltam à posição de repouso e as pastilhas ficam bem

próximas ao disco, prontas para uma nova aplicação nos freios.

Os discos e as pastilhas completam a descrição deste conceito de freio. São

comumente fabricados em ferro ou aço fundido, e podem ser do tipo sólido ou

ventilado, como mostrado na Figura 8. Quando comparado com os freios a tambor,

os a disco apresentam maior força de contato entre a pastilha e o disco do que entre

a lona e a superfície do tambor. Inversamente, a área de contato é bem menor do

que aquela entre lona e tambor. Disso resulta que a geração de calor é muito maior

no freio a disco, razão pela qual este aquece mais. Assim, a capacidade de

dissipação convectiva de calor do disco é fundamental para um bom desempenho.

Page 26: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

26

Os discos do tipo sólido, Figura 8 (a) são mais leves e, portanto mais baratos,

enquanto que os discos ventilados (b, c) apresentam maior capacidade de

dissipação de calor, pois têm mais massa e as aletas internas além de aumentarem

a área de troca convectiva também funcionam como aletas de um rotor de ventilador

centrífugo, proporcionando uma circulação forçada de ar pelo seu próprio interior.

Figura 8: Discos de freio [BOSCH, 2003]

Na Figura 8, (a) mostra um disco sólido; (b) um disco ventilado pela face

interna; e (c) um disco ventilado pela face externa.

Figura 9: Pastilha de freio [BOSCH, 2003]

Em contato com cada face do disco atua uma pastilha de freio, como

mostrado na Figura 9. As pastilhas são constituídas por uma placa metálica, sobre a

qual se deposita numa das faces o material de atrito. A outra face recebe a ação do

êmbolo da pinça, que comprime o material depositado contra o disco, gerando o

torque de atrito do freio.

O material de atrito é diretamente responsável pelo desempenho do freio e

sua composição varia de acordo com a demanda de torque requerida pelo projetista.

Em geral, esta composição se baseia em partículas como limalha, cobre em pó,

Page 27: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

27

óxido de alumínio, resinas, grafite, antimônio, além de aglutinantes e redutores de

ruído.

2.1.1.7. Válvula Proporcionadora Sensível a Carga

A válvula sensível á carga é uma inteligente solução mecânica quando se

persegue a distribuição ideal de pressões, entre o freio traseiro e dianteiro, para

infinitas condições de carregamento que o veículo poderá assumir.

Figura 10: Esquema de uma válvula sensível à carga [BOSCH, 2003]

Na Figura 10, (a) representa a condição do veículo com carga; (b) o veículo

vazio; (1) é o êmbolo graduado; (2) são molas de controle; (3) a saída para os freios

traseiros; (4) a entrada do fluido vindo do cilindro mestre; (5) o mecanismo de

acionamento; e (6) o eixo traseiro.

Para uma dada condição de carregamento do eixo traseiro, o mecanismo de

acionamento (6) imprime uma determinada tensão de compressão nas molas de

controle (2). Inicialmente, o fluido pressurizado pelo cilindro mestre entra pelo orifício

(4) da Figura 10, e encontra o êmbolo graduado (1) na posição superior por ação

das molas de controle (2), o que permite a passagem irrestrita do fluido pela válvula.

Na medida em que o motorista aplica mais intensamente o pedal, a pressão na

câmara interna da válvula vai se elevando, torna-se igual e acaba vencendo a força

elástica da mola. Neste instante, o ponto de corte foi atingido e o êmbolo graduado

(1) passa a vedar totalmente a passagem de fluido pela folga entre sua metade

superior e a sede cônica do corpo da válvula. Um novo aumento de pressão no freio

Page 28: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

28

passa a depender agora da capacidade da pressão aplicada elevar o êmbolo (1)

forçando-o a abrir novamente a passagem pela sede cônica. Ocorre que, nesta

condição, a área sobre a qual a pressão de entrada passa a agir é menor que a área

sobre a qual a pressão atuante no freio atua, pois o diâmetro da metade superior do

êmbolo é maior do que o do canal no entorno do corpo do êmbolo, onde a pressão

de entrada age.

O ciclo descrito é o mesmo para cada condição de carga do veículo, pois em

cada carregamento o mecanismo aplicará uma pré-carga diferente nas molas de

controle (2) da Figura 10, garantindo infinitos pontos de corte diferentes.

Como benefícios, a válvula sensível à carga, melhora o desempenho geral do

freio do veículo, pois além de reduzir a distância de parada, como resultado de um

melhor balanceamento entre freios dianteiro e traseiro, reduz a tendência de

superaquecimento do freio. Esta preocupação é, aliás, de grande importância para a

segurança do veículo, sobretudo nas rodovias e regiões serranas. A temperatura

excessiva leva o material das pastilhas e lonas a transformações estruturais que

resultam na redução do seu coeficiente de atrito. Conseqüentemente, o veículo corre

o risco de ficar praticamente sem freio. Permite também a aplicação de freios

menores na dianteira, simbolizando redução de custos e maior espaço para as

soluções de estilo, associadas ao desenho de rodas, etc.

Não obstante o fato de representar uma grande melhoria no sistema de freios

do veículo, esta válvula é sensível à carga e não à mudança do coeficiente de

aderência entre pneu e pavimento. Ocorre, portanto, que ela comportar-se-á

exatamente da mesma forma sobre pavimento seco ou escorregadio, sob chuva ou

sob sol, contanto que o carregamento sobre o eixo traseiro não varie.

2.1.1.8. Fluido de Freio

O fluido de freio é simplesmente o meio físico empregado para transmitir a

energia muscular do motorista, amplificada pelo servo-freio e convertida em pressão

hidráulica pelo cilindro mestre, até os freios, localizado nas rodas dianteiras e

traseiras. As propriedades físicoquímicas dos fluidos são designadas no Brasil pelas

Page 29: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

29

siglas DOT (“Department Of Transportation”), acompanhadas de um ou mais dígitos

numéricos, DOT3, DOT4, etc., conforme a norma americana FMVSS 116.

O fluido de freio possui característica que devem ser mantidas por um período

especificado pelo fabricante:

Capacidade de lubrificar as peças do sistema;

Manter a fluidez, mesmo me baixas temperaturas de trabalho;

Manter sua propriedade de transmitir pressão. Para isso, o fluido não deve

evaporar na sua temperatura de trabalho;

Não prejudicar peças de borracha ou oxidar metais;

Não obstruir tubos e orifícios por onde passa.

2.1.1.9. Configurações Hidráulicas Típicas do Sistema de Freios

A norma alemã DIN 74000 prevê cinco possibilidades, designadas como

circuito II; X; HI; LL e HH, conforme ilustra a Figura 11. As configurações HI, LL e HH

são críticas, pois como existe a conexão de freios individuais aos dois circuitos, no

evento de uma falha, o veículo pode ficar totalmente sem freios. Para atender aos

requisitos da normatização internacional, o sistema de freios veicular deve ser

constituído de circuitos duplos e independentes, prevenindo assim a total perda dos

freios, em caso de falha de um deles, seja por vazamento ou por qualquer outro

motivo.

Page 30: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

30

Figura 11: Configurações hidráulicas típicas do sistema de freio [BOSCH, 2003]

Na Figura 11, (a) representa a configuração II ou paralela; (b) a configuração

X ou diagonal; (c) a configuração HI; (d) a configuração LL; (e) a configuração HH;

(1) o circuito 1; (2) o circuito 2; e (←) indica o sentido frontal.

Assim, as configurações II e X são as mais largamente empregadas, e, além

disso, envolvem menor quantidade de tubos, juntas, conexões, e vedações estáticas

ou dinâmicas. Na configuração II, existe um circuito de freio único para o eixo

traseiro e outro para o dianteiro. Na versão em X, o freio dianteiro esquerdo é

acionado em conjunto com o traseiro direito, e o traseiro esquerdo com o dianteiro

direito.

A configuração paralela é mais adequada aos veículos utilitários e comerciais

leves, pois na eventualidade de falha num dos circuitos, o eixo traseiro,

freqüentemente sob ação da carga transportada, dificilmente irá ao bloqueio. Já o

circuito em diagonal é o preferido em veículos de passeio, pois estes são muito mais

suscetíveis ao efeito da transferência dinâmica de carga do que os comerciais.

Page 31: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

31

Nestes, a distribuição em diagonal garantirá um mínimo de estabilidade em qualquer

situação.

2.3. SISTEMA ABS (ANTIBLOCKIER-BREMSSYSTEM)

2.3.1. Introdução

Sob uma frenagem de emergência, as rodas do veículo podem travar. O

sistema antibloqueio (ABS, acrônimo para a expressão alemã Antiblockier-

Bremssystem) monitora as velocidades das rodas e libera a pressão sobre os canais

de freio de cada roda individualmente, gerando rápida pulsação nos freios para

evitar o travamento. Durante a frenagem, impedindo o bloqueio das rodas ajuda o

condutor a manter o controle de direção.

Os primeiros sistemas ABS foram desenvolvidos inicialmente para aeronaves.

Um sistema primitivo foi o sistema Maxaret de Dunlop, introduzido na década de

1950 e ainda utilizado em alguns modelos de aeronaves. Era um sistema totalmente

mecânico. O freio ABS atual foi criado pela empresa alemã Bosch, tornando-se

disponível para uso em 1978, com o nome "Antiblockiersystem". A versão atual do

sistema (8.0) é eletrônica e pesa menos que 1,5 kg, comparado com os 6,3 kg da

versão 2.0, de 1978.

Sistemas modernos têm até quatro canais e válvulas de freio, permitindo

diferentes pressões de frenagem para estrada de diferentes superfícies. Por

exemplo, é bem menor a pressão de frenagem necessária para bloquear uma roda

sobre o gelo do que para uma roda que está no asfalto seco. Se as rodas da

esquerda estão no asfalto e as rodas da direita estão sobre gelo, durante uma

frenagem de emergência, o ABS detecta que as rodas da direita irão bloquear e

reduz a força de frenagem nas rodas da direita, ajudando a evitar o travamento e a

perda de controle do veículo.

No Brasil apenas 13% dos carros são equipados com ABS, enquanto na

Europa e nos Estados Unidos o freio ABS faz parte, respectivamente, de 100% e

74% dos carros produzidos anualmente.

Page 32: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

32

Um dos motivos desses índices é o fato de o freio ABS ser um item opcional

caro no Brasil. O item é importado, elevando o preço do automóvel em cerca de R$

3 mil. O desconhecimento dos brasileiros sobre o sistema ABS e suas vantagens à

segurança do motorista faz com que haja uma pouca valorização do item no preço

de revenda do automóvel que o possui.

Porém a empresa Bosch anunciou que começou a produzir o equipamento na

cidade paulista de Campinas. Boa parte das peças ainda é importada, mas a

empresa garante que o processo já é suficiente para baratear o equipamento no

mercado brasileiro.

Entender os freios antitravamento é simples. Uma roda que desliza (a área do

pneu em contato escorrega em relação à estrada) tem menos aderência que uma

roda que não está deslizando. Como se imobilizado na lama, as rodas estão girando

em falso, não tem tração, o carro não sai do lugar. Isso acontece porque a área de

contato está deslizando em relação ao solo. Ao evitar o deslizamento das rodas

durante a frenagem, os freios antitravamento auxiliam de duas maneiras: irá parar

mais rápido e será capaz de mudar a trajetória do carro enquanto freia.

2.3.2. Componentes do Freio ABS

Existem quatro componentes principais em um sistema antitravamento:

sensores de velocidade, bomba, válvulas e unidade controladora.

Page 33: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

33

Figura 12: Localização dos componentes do freio antibloqueio

(http://carros.hsw.uol.com.br/freios-abs.htm (acessado dia 23/11/2009 às 22h18minh)

2.3.2.1. Sensores de rotação

O sistema de frenagem antitravamento precisa saber de alguma maneira,

quando uma roda está prestes a travar. Os sensores de rotação, que estão

localizados em cada roda ou, em alguns casos, no diferencial, fornecem essa

informação.

2.3.2.2. Válvulas

Existe uma válvula na tubulação de cada freio controlado pelo ABS. Em

alguns sistemas, as válvulas têm três posições:

A posição um, a válvula está aberta; a pressão do cilindro-mestre é passada

direto até o freio;

Page 34: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

34

Na posição dois, a válvula bloqueia o tubo, isolando o freio do cilindro-mestre.

Isso previne que a pressão suba mais caso o motorista pressione o pedal do

freio com mais força;

Na posição três, a válvula libera um pouco da pressão do freio.

2.3.2.3. Bomba

Uma vez que a válvula libera a pressão dos freios, deve haver uma maneira

de repor aquela pressão. É isso que a bomba faz: quando a válvula reduz a pressão

num tubo, a bomba repõe a pressão.

Figura 13: Bomba do freio antitravamento e válvulas (http://carros.hsw.uol.com.br/freios-abs.htm

(acessado dia 23/11/2009 às 22h18minh)

2.3.2.4. Unidade controladora

A unidade controladora é um micro computador no automóvel. Ela monitora

os sensores de rotação e controla as válvulas segundo uma programação prévia

para cada sistema.

Page 35: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

35

2.3.3. Dinâmica do Sistema

Existem muitas variações e algoritmos de controle para sistemas ABS.

Veremos aqui como funciona um dos sistemas mais simples.

A unidade controladora monitora os sensores de rotação o tempo todo.

Ela procura por desacelerações das rodas que não são comuns. Logo antes de uma

roda travar, ela passa por uma rápida desaceleração. Se a unidade controladora não

percebesse essa desaceleração, a roda poderia parar de girar muito mais

rapidamente do que qualquer carro pararia. Levaria cinco segundos para um carro

parar, sob condições ideais a uma velocidade de 100 km/h, mas quando uma roda

trava, ela pode parar de girar em menos de um segundo.

A unidade controladora do ABS identifica que uma aceleração tão rápida é

impossível, por isso, ela reduz a pressão naquele freio até que perceba uma

aceleração, então aumenta a pressão até que veja uma nova desaceleração. Isto

pode acontecer bem rapidamente, antes que o pneu possa mudar de rotação de

forma significativa. O resultado disso é que aquele pneu desacelera na mesma

relação com o carro e os freios mantêm os pneus muito próximos do ponto onde

eles começam a travar. Isso oferece ao sistema o máximo poder de frenagem.

Quando o sistema ABS estiver em operação você sentirá uma pulsação no

pedal de freio; isso se deve à rápida abertura e fechamento das válvulas. Alguns

sistemas ABS podem operar em freqüências de até 15 hertz.

2.3.4. Tipos de freios antitravamento

Os sistemas de frenagem antitravamento usam diferentes métodos,

dependendo do tipo de freios em uso. Iremos diferenciá-los pelo número de canais –

ou seja, quantas válvulas são individualmente controladas - e o número de sensores

de velocidade.

Quatro canais, quatro sensores ABS - este é o melhor método. Há um sensor

em todas as rodas e uma válvula separada para cada uma. Com essa

configuração, a unidade controladora monitora cada roda individualmente

para assegurar a máxima potência de frenagem;

Page 36: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

36

Três canais, três sensores ABS - este método, comumente encontrado em

caminhonetes com ABS nas quatro rodas, tem um sensor de velocidade e

uma válvula para cada roda dianteira, com uma válvula e um sensor para as

duas rodas traseiras. O sensor de rotação para as rodas traseiras está

localizado no eixo traseiro.

Este sistema fornece controle individual das rodas dianteiras, assim ambas

podem alcançar a potência máxima de frenagem. As rodas traseiras, entretanto, são

monitoradas juntas; elas precisam começar a travar antes que o ABS seja ativado na

traseira. Com este sistema, é possível que uma das rodas traseiras trave durante

uma parada, reduzindo a eficiência da freada.

Um canal, um sensor ABS - este sistema é bastante comum em

caminhonetes com ABS nas rodas traseiras. Possui apenas uma válvula, a

qual controla ambas as rodas traseiras, e um sensor de rotação situado no

eixo traseiro.

Este sistema opera na parte traseira da mesma maneira que um sistema de

três canais. As rodas traseiras são monitoradas juntas e ambas precisam começar a

travar para poder ativar o sistema ABS. Neste sistema também é possível que uma

das rodas traseiras trave, reduzindo a eficiência da freada.

Este sistema é fáci l de identificar. Geralmente há uma tubulação de freio

correndo ao longo de uma peça em "T" ajustada para ambas as rodas traseiras.

Você pode localizar o sensor de rotação procurando por uma conexão elétrica

próxima ao diferencial na carcaça do eixo traseiro.

2.3.5. Sobre a eficiência do Sistema Antitravamento

O Instituto de Seguros para Segurança no Trânsito (em inglês) ou IIHS

(Insurance Institute for Highway Safety) conduziu diversos estudos tentando

determinar se os automóveis equipados com ABS estão envolvidos em mais ou

menos acidentes fatais. Ocorreu que em um estudo de 1996, carros equipados com

ABS mostrou ter igual probabilidade de carros sem ABS se envolverem em

acidentes fatais. O estudo revelou que, mesmo que seja pouco provável, carros com

ABS se envolverem em acidentes que sejam fatais para os ocupantes do outro

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37

carro, há maior probabilidade de ser fatal para os ocupantes do carro com ABS,

especialmente em acidentes de um carro só.

Há muita especulação sobre as razões disso. Algumas pessoas acham que

os motoristas de carros equipados com ABS usam os freios incorretamente, tanto

por bombear os freios quanto por liberá-los quando sentem a pulsação do sistema.

Alguns acham que, uma vez que o ABS permite ao motorista mudar a trajetória do

automóvel durante a freada de emergência, muitos saem da estrada e batem com o

carro.

Algumas informações mais recentes podem indicar que a taxa de acidentes

para automóveis com ABS está mais baixa, mas ainda não há evidência de que os

ABS realmente melhorem a segurança.

2.3.6. Componentes EBD (Eletronic Brakeforce Distribution)

Como por SAE technical paper # 920646 - Buschmann et al. "O trabalho da

EBD como um subsistema do sistema ABS é controlar a aderência eficaz por parte

das rodas traseiras. A pressão das rodas traseiras é aproximada para a distribuição

ideal da força de frenagem em uma operação parcial de frenagem. Para isso, o

design de freio convencional é modificado no sentido de dar overbraking no eixo

traseiro, e os componentes do ABS são utilizados. A EBD reduz a pressão sobre a

válvula hidráulica proporcionando força adequada de frenagem do veículo. A EBD

otimiza o projeto de freio no que diz respeito a: aderência; condução estabilidade,

desgaste, estresse de temperatura, e pedal de força”.

Uma das funções mais importantes desempenhadas pelo ABS é a função de

distribuição eletrônica da força de frenagem entre o eixo traseiro e dianteiro,

conhecida como EBD (“Electronic Brake-force Distribution”).

Em geral, o EBD utiliza apenas as válvulas solenóides de entrada (7),

ilustradas na Figura 14, e tem por objetivo aproximar ao máximo a curva ideal de

distribuição da força de frenagem, que será explicada em 2.5.2.1. Uti lizando os

sensores de rotação do ABS, o EBD monitora especialmente as rodas do eixo

traseiro do veículo e ao detectar a possibilidade de travamento traseiro antes da

dianteira, o EBD promove a interrupção do deslocamento de fluido do cilindro mestre

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38

para os freios traseiros, até que a roda se estabilize novamente. Segue-se, então,

novo acréscimo de pressão visando obter a máxima contribuição possível do eixo

traseiro. A curva resultante é algo parecido com o que está mostrado na Figura 21.

Ao contrário da válvula sensível à carga, o EBD não necessita conhecer a condição

de carregamento do veículo, pois atua diretamente baseado no efeito da carga sobre

os eixos, que é a desaceleração da roda, dada pelos sensores de rotação.

Figura 14: Circuito hidráulico do ABS (BOSCH, 2003)

2.4. PNEU

Os pneus são as únicas partes do carro que tem o contato direto com o piso.

Os pneus alem de transformar a força do motor em tração afetam diretamente a

estabilidade, o conforto, a frenagem e a segurança do seu veículo. Os principais

componentes que o formam são:

Carcaça: parte resistente do pneu; deve resistir à pressão, peso e choques.

Compõe-se de lonas de poliéster, nylon ou aço. A carcaça retém o ar sob

pressão que suporta o peso total do veículo. Os pneus radiais possuem ainda

as cintas que complementam sua resistência;

Page 39: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

39

Talões: constituem-se internamente de arames de aço de grande resistência,

tendo por finalidade manter o pneu fixado ao aro da roda alem de transmitir a

potência do motor ou a travagem do condutor para a zona de contacto com o

solo;

Parede lateral: são as laterais da carcaça. São revestidos por uma mistura de

borracha com alto grau de flexibilidade e alta resistência à fadiga, protege o

pneu dos choques que poderia danificar a carcaça;

Cintas (lonas): compreende o feixe de cintas (lonas estabilizadoras) que são

dimensionadas para suportar cargas em movimento. Sua função é garantir a

área de contato necessária entre o pneu e o solo;

Banda de rodagem: é a parte do pneu que fica em contato direto com o solo.

Seus desenhos possuem partes cheias chamadas de biscoitos ou blocos e

partes vazias conhecidas como sulcos, e devem oferecer aderência, tração,

estabilidade e segurança ao veículo;

Ombro: É o apoio do pneu nas curvas e manobras;

Nervura central: proporciona um contato "circunferencial" do pneu com o

solo;

Blocos: Também chamados de biscoito, proporcionam tração e frenagem;

Sulcos: São responsáveis pela drenagem (expulsão) da água e lama;

Drenos: São sulcos auxi liares que levam a água para fora da área de contato

do pneu com o solo, aumentando a aderência em piso molhado;

Covas: Pequenas ranhuras que auxiliam na dispersão do calor do pneu.

A Figura 15 ilustra a estrutura do pneu:

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40

Figura 15: Estrutura do Pneu [extraída do Guia de Pneus do Núcleo de Física CEAP-São Paulo]

2.4.1. O conceito de aderência

Freqüentemente, quando se discute o mecanismo de contato pneumático-

pavimento, é comum estabelecer uma imediata comparação entre as forças que

agem nesta fronteira com a formulação do atrito de Coulomb (segundo a formulação

de Coulomb, a força de atrito é dada pelo produto entre a força normal e o

coeficiente de atrito entre as superfícies).

Na verdade, não é rigorosamente correto afirmar que as forças de contato

entre o solo e o pneu, com destaque especial para as forças de tração e de

frenagem, sejam simplesmente forças de atrito.

O atrito de Coulomb não depende da área de contato, se o mecanismo

presente ali fosse puramente de atrito, pneus com diferentes bandas de rodagem

não influenciariam no desempenho dinâmico do veículo. Além disso, os coeficientes

de atrito são limitados a 1, enquanto que a aderência pode superar este limite.

Segundo GILLESPIE, 1992, o complexo acoplamento entre o pneu e o

pavimento se dá baseado em dois componentes primários: as forças do tipo

cisalhamento que são proporcionais à aderência superficial e a histerese da

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41

borracha. A primeira tem origem na interação molecular entre a borracha e as

partículas que compõem o pavimento, dela decorrem o desgaste do pneu. Já a

segunda está associada à dissipação de calor pela deformação da borracha ao

adaptar-se através de sua flexibilidade à rugosidade do pavimento, o que gera calor

e aquece o pneu.

A Figura 16, extraída de MITSCHKE e WALLENTOWITZ, 2004, proporciona

uma excelente visão da deformação da borracha durante o acoplamento pneu-

pavimento.

Figura 16: Deformação da borracha e origem do escorregamento (MITSCHKE, WALLENTOWITZ, 2004)

Pelo exposto, quando se estuda o acoplamento entre solo e pavimento,

parece conveniente substituir o termo “coeficiente de atrito” por “coeficiente de

adesão” ou simplesmente “aderência”, ainda que se uti lize para a aderência a

mesma simbologia universalmente utilizada para o coeficiente de atrito, ou seja, a

letra grega “µ”.

Page 42: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

42

Figura 17: Mecanismo de contato entre pneu e pavimento (GILLESPIE, 1992)

A histerese, ilustrada por GILLESPIE, 1992, na Figura 16, é pouco

influenciada pela presença de líquidos ou agentes que reduzem a adesão

superficial, como a água da chuva ou óleo, por exemplo. Já a aderência é o maior

dos componentes do mecanismo de contato e é substancialmente dependente da

abrasão entre o pneu e o pavimento, daí a redução da aderência em estradas

molhadas.

Como mostrou a Figura 16, durante a rodagem do pneu sobre o pavimento,

qualquer que seja ele, tanto a aderência como a histerese estão associadas a

escorregamentos infinitesimais que ocorrem entre a borracha e os grãos do

pavimento. Se ocorrer uma frenagem em linha reta, o mecanismo de contato agora

se modifica pelo surgimento de uma nova força, a força de frenagem (FU), e os

escorregamentos deixam de ser infinitesimais para se tornarem quantificáveis.

Segundo BAUER, 2003, as condições que também influenciam o coeficiente

de adesão seriam:

O material do pavimento;

O estado e o desenho das bandas do pneu;

A velocidade do veículo sobre o pavimento;

As condições climáticas;

O peso dinâmico atuante em cada pneu no momento da frenagem.

Page 43: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

43

A Tabela 1 mostra a variação da aderência pneu-pavimento em função da

velocidade do veículo, da condição climática e do estado do pneu.

Tabela 1: Valores típicos de aderência longitudinal (BOSCH, 2004)

2.5. DINÂMICA DO VEÍCULO DURANTE A FRENAGEM

2.5.1. Marcas de Frenagem

De acordo com o Princípio Criminalístico: “havendo contato entre dois objetos,

ambos deixam e recebem vestígios” (GARCIA e POVOA, 2000), quando o condutor

de um veículo aciona o sistema de freios de forma intensa, poderá produzir marcas.

Estas são marcas de frenagem produzidas pelo travamento dos pneumáticos do

veículo. Estas marcas, na criminalística, são denominadas de vestígios.

Em alguns casos, pode-se identificar se a pista estava seca ou molhada no

momento do acidente (os vestígios produzidos com pista molhada são geralmente

esbranquiçados, diferentemente daqueles produzidos em pavimentação seca os

quais são pretos, pela incrustação de borracha fundida) (Curso de Local de Crime,

Programa de Treinamento para Profissionais da Área de Segurança do Cidadão,

Plano Nacional de Segurança Pública).

Page 44: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

44

Estes vestígios produzidos pelos pneumáticos dos veículos, não só são

diferentes de acordo com as condições ambientais, como descritos acima, mas

também em relação ao sistema de freios utilizados.

Existem, basicamente, duas formas de interação entre os pneumáticos e o

pavimento durante uma frenagem de emergência. Na primeira, o pneumático age na

superfície como uma “borracha sobre uma folha de papel riscada”, retirando deste a

sujidade depositada na superfície, esta marca produzida no pavimento é

denominada de marca de espelhamento. Na segunda, a superfície da borracha do

pneumático se funde, devido ao aquecimento pelo atrito, depositando sobre a pista

uma fina camada de borracha, esta marca produzida no pavimento é denominada de

marca de frenagem (MARANHÃO).

Ao frear o veículo, a energia cinética deste é transformada em calor pelo atrito

entre os pneumáticos e o pavimento. Quanto maior for a compressão exercida sobre

os pneus, maior a interação; e isto afetará diretamente o valor nominal do coeficiente

de atrito (MARANHÃO).

Interação entre substâncias duras possui um coeficiente de atrito

aproximadamente constante, diferentemente, da interação que ocorre entre o pneu e

o pavimento que sofre influência de muitos fatores, entre eles a pressão, a

velocidade, a temperatura, e a área de contato. O coeficiente de atrito, neste caso,

em pavimentos secos, pode variar de 8,0 a hkm65 até 7,0 a hkm95 (ARAGÃO,

1999).

Segundo o autor WANG ET AL, 2005, conclui-se que:

A produção ou não de marcas dependerá de condições particulares;

Variáveis como velocidade, temperatura, tipo de pavimento, tipo de pneus e

de sistema;

ABS devem influenciar no tipo de marca produzida;

As marcas produzidas por ABS poderão ser descontínuas (pouca pressão

aplicada) ou contínuas (pressão máxima aplicada), mas em ambos os casos

fracas.

Page 45: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

45

2.5.2. Conceitos Físicos da Frenagem

(NETO e KLEINUBING, 2009; GILLESPIE, 1992)

Figura 18: Esquema da distribuição de forças e dimensões do veículo

Considerando que as forças que atuam no veículo são:

Direção x:

Força de atrito:

o Rodas Traseiras ( atTf )

o Rodas Dianteiras ( atDf )

Direção y:

Não há forças atuando nesta direção

Direção z:

Peso: mgP

Força Normal:

o Rodas Traseiras ( TN )

o Rodas Dianteiras ( DN )

De acordo com as condições de equilíbrio, para o eixo z:

TDRZ NNPF 220 (1)

No entanto, como:

mgP (2)

Obtém-se a equação abaixo:

TD NNmg 22 (3)

)(2 TD NNmg (4)

Page 46: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

46

Considerando que a desaceleração será constante com valor a , tem-se a

seguinte equação para o eixo x:

maffmaF atTatDRx 22 (5)

)(2 atTatD ffma (6)

Conforme a condição de equilíbrio rotacional:

0).(222 hffbNbN atTatDTTDD (7)

Considerando que o coeficiente de atrito ( ) entre as rodas dianteiras e

traseiras e pavimento são diferentes. Podem-se escrever as forças de atrito nas

rodas dianteiras e traseiras da seguinte forma:

DDatD Nf (8)

TTatT Nf (9)

Substituindo as Equações 8 e 9 na Equação 6:

)(2 TTDD NNma (10)

Utilizando as Equações 4 e 10:

a

NN

g

NN TTDDTD )(2)(2

(11)

Isolando a normal dianteira ( DN ) da Equação 11:

D

T

TDga

gaNN

(12)

Substituindo as Equação 8 e 9 na Equação 7:

0).(222 hNNbNbN TTDDTTDD (13)

Rearranjando a Equação 11:

0).()( hbNhbN TTTDDD (14)

Agora, substituindo a Equação 12 na Equação 14, tem-se como resultado:

0).()(

hbNhb

ga

gaN TTTDD

D

T

T

(15)

Isolando a aceleração ( a ) da Equação 15:

hbb

bbga

TDTD

TDDT

)(

)(

(16)

Observando a Equação 16, tem-se que TD , esta equação se reduz a:

ga (17)

Page 47: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

47

A Equação 17 é a normalmente utilizada como primeira aproximação para os

cálculos de velocidade. E, neste caso, verifica-se a independência da geometria do

veículo, pois os valores da distância vertical ao centro de massa ( h ), e as distâncias

horizontais dianteiras (Db ) e traseiras (

Tb ) ao centro de massa não influenciam nesta

equação.

O valor de a introduzido pela Equação 16 depende de muitos fatores. Mesmo

no caso em que Db =

Tb , isto é, para veículos com peso distribuído homogeneamente

entre as rodas dianteiras e traseiras, o valor da aceleração ( a ) será uma função de

D e T ,

TD . Este é o caso da maioria dos veículos que dispõem de freios a

disco nas rodas dianteiras e a tambor nas rodas traseiras, nos quais, em geral,

TD , isso ocorre em decorrência da melhor eficiência dos freios a disco.

Outros casos similares ocorrem quando o veículo apresenta algum desgaste

nas bandas de rodagem ou quando o freio é dimensionado pela engenharia do

veículo para melhor desempenho em um dos pares de rodas, geralmente nas rodas

dianteiras.

Nos casos típicos de falhas de frenagem, os veículos modernos introduzem a

força de atrito através de duas rodas apenas, em razão de serem equipados com

freios de duplo-circuito, sendo os mais comuns os que funcionam em diagonal.

Considerando o comportamento de um veículo nas frenagens realizadas por um par

de rodas, sendo este:

C1) as duas rodas dianteiras. Utilizando a Equação 16 e lançando mão que

0T . Portanto, D , obtêm-se:

hbb

bga

TD

TD

(18)

C2) as duas rodas traseiras. Utilizando a Equação 16 e lançando mão que

0D . Portanto, T , obtêm-se:

hbb

bga

TD

DT

(19)

C3) uma dianteira e uma traseira. Para estudar este caso (circuito em x),

considera-se que cada par de rodas contribui com metade da força total de

frenagem e que TD , tem-se que:

Page 48: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

48

TDx aaa2

1

2

1 (20)

Substituindo as Equações 18 e 19 na Equação 20, tem-se como resultado:

hbb

bg

hbb

bga

TD

D

TD

Tx

2

1

2

1 (21)

Rearranjando a Equação 21:

222

2

2 hbb

bbhbbga

TD

DTTDx

(22)

Considerando TD bbL e

DT bbD :

222

2

2 hL

hDLgax

(23)

Analisando casos acima, as Equações 18 e 19 demonstram que, para um

mesmo coeficiente de atrito, um veículo com TD bb apresenta uma desaceleração

maior de frenagem, portanto, uma força de frenagem maior nas rodas dianteiras,

pelo fato de que se tem a altura h de seu CM. Pode-se, então, dizer que quando

veículos de tipos distintos, com peso homogeneamente distribuído entre as todas,

apresentam extensões bem diferentes de vestígios de frenagem, este fato se deve a

fatores ligados à engenharia do veículo, e não à geometria.

Para veículos com duplo-circuito diagonal, a aproximação uti lizada pelos

peritos, em que 2

ga

, é válida para o caso C3, uma vez que o segundo termo do

produto na Equação 22 é bem próximo de 1 (um) para os automóveis comuns.

Nesse caso, o erro no cálculo da velocidade não supera cerca de 2%. Para

exemplificar a questão, considera-se:

mbb TD 2,1

mh 5,0

28,9 smg

7,0

Portanto, aplicando-se estes valores nos casos acima, obtém-se para:

C1) 20,4 smaD

C2) 20,3 smaT

C3) 25,3 smax

Page 49: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

49

Utilizando a aproximação 2

ga

, obtem-se como resultado 3,4 m/s2.

Comparando os resultados obtidos com a aproximação acima, tem-se uma diferença

de 18%, 12% e 3%. Portanto o caso C3 é perfeitamente compatível com a média

usada.

No entanto, há outra abordagem a ser feita, uma vez que existe um fator de

engenharia automobilística que está relacionado com a forma dimensionado o

sistema de freio. Portanto, quanto maior for a capacidade de um veículo de trnsferir

seu peso para o eixo dianteiro na força de frenagem, maior será o valor do

coeficiente de atrito eficaz do veículo (SCHMIDT).

O comportamento do veículo durante a frenagem é crítico e pode ter

implicaçoes em seu comportamento lateral (instabilidade na frenagem). Durante a

dinâmica da frenagem tem-se: (COSTA NETO,2006)

A máxima desaceleração é obtida se todas as rodas forem freadas

simultaneamente de acordo com a máxima adesão disponível;

Os fatores preponderantes na força de frenagem são a força normal e o

coeficiente de atrito;

Porém durante a frenagem ocorre uma transferência de carga da uma roda

(eixo) para outra e que varia de acordo com a desaceleração

Portanto, a distribuição ideal das forças de frenagem varia com esta

transferência de carga e conseqüentemente com a desaceleração aplicada.

Desta forma, considerando a distribuição ideal das forças de frenagens e

observando a Figura 18, utilizando as Equação 7, 8 e 9. No entanto, nas Equações 8

e 9 serão considerados que os atritos na dianteira e traseira são iguais TD .

Assim:

0).( hNNbNbN TDTTDD (24)

Utilizando as Equações 2 e 3, substi tuindo-as na Equação 24, tem-se:

)()(

hbbb

PN T

TD

D

(25)

Rearranjando a Equação 25 e considerando TD bbL :

L

h

L

bPN D

D 1 (26)

Page 50: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

50

Para a normal traseira (TN ), utilizando a Equação 2, 3 e 26, obtém-se como

resultado:

L

h

L

bPN D

D (27)

Portanto, as forças de frenagem normalizadas pelo peso do veículo serão

máximas se:

P

N

P

f DatD (28)

P

N

P

f TatT (29)

Substituindo a Equação 26 na Equação 28:

L

h

L

bD

L

h

L

b

P

f DDatD 11 (30)

Substituindo a Equação 27 na Equação 29:

L

h

L

bT

L

h

L

b

P

f DDatT (31)

Relacionando as Equações 30 e 31, denominando L

bD e L

h , obtém-se:

2

1

2

1

D

DT (32)

2.5.2.1. Curva de distribuição de frenagem

A curva de distribuição de frenagem mostrada na Figura 19 ilustra nas

ordenadas a razão entre a força de frenagem do eixo traseiro e o peso do veículo

(T). Nas abscissas, a razão entre a força de frenagem dianteira e o peso do veículo

(D).

Page 51: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

51

Figura 19: Curva de distribuição da frenagem (RIETH, DRUMM, HARNISCHFEGER, 2001)

As linhas inclinadas que partem do eixo das ordenadas para a direita são

linhas de isoaderência para o eixo traseiro (4). Analogamente, as que partem das

abscissas para cima são linhas de isoaderência para o eixo dianteiro (3). No

cruzamento das linhas de isoaderência encontram-se os pontos que irão formar o

lugar geométrico da distribuição ideal de frenagem (1). A reta inclinada que parte da

origem é a linha da distribuição instalada (2). As retas inclinadas a 45°, z = const.,

que partem da origem e crescem em diagonal para o canto direito superior são

linhas de desaceleração constante. O cruzamento da curva da distribuição ideal com

a linha da distribuição instalada determina o ponto conhecido como zcrítico, e a reta

de desaceleração que por ali passa representa a máxima desaceleração que o

sistema de freios pode proporcionar ao veículo sem que haja travamento do eixo

traseiro antes do dianteiro.

Concluindo, toda condição de projeto que leve o sistema de freios do veículo

a operar em qualquer ponto acima da curva de distribuição ideal, conduz ao

travamento do eixo traseiro antes do dianteiro. Inversamente, a operação abaixo da

curva ideal leva ao travamento do freio dianteiro antes do traseiro, o que é preferível

em nome da estabilidade. Se o bloqueio ocorrer no eixo traseiro, o veículo tende a

girar sobre a pista em torno do seu próprio eixo vertical.

A curva da distribuição instalada, Figura 19, representa aquilo que é possível

obter com os componentes convencionais de freio, pois seu traçado reproduz

fielmente a conversão de pressão hidráulica em momento de frenagem, e depende

apenas das dimensões dos componentes. Para um melhor aproveitamento da

capacidade de frenagem conferida pelo nível de aderência disponível num dado

Page 52: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

52

pavimento, é extremamente útil o emprego de dispositivos que alterem

adequadamente a inclinação da curva instalada, tais como válvulas de corte,

preferencialmente as sensíveis à carga.

Entretanto, uma aproximação mais precisa só pode ser obtida quando se

empregam dispositivos de controle eletrônico, tais como o ABS e o EBD, que serão

discutidos mais adiante.

2.5.2.2. Curva de distribuição de frenagem

Como foi exposto durante a análise da Figura 19, se a frenagem se der acima

do arco da parábola curva de distribuição ideal ocorre o travamento do eixo traseiro

antes do dianteiro, e a frenagem é considerada instável. Analogamente, se ocorrer

abaixo da parábola, o eixo dianteiro travará antes do traseiro, a frenagem será

estável, mas com prejuízo da dirigibilidade. A energia cinética do veículo se

dissipará mais rápido no segundo caso, ainda que o veículo não obedeça aos

comandos do condutor ao volante.

Conclui-se que um dispositivo capaz de efetuar adequadamente a distribuição

da força de frenagem, prevenindo ao menos o bloqueio das rodas do eixo traseiro, é

indispensável para todos os veículos.

No mercado brasileiro, as soluções mecânicas mais conhecidas são as

válvulas de corte fixo, e as válvulas sensíveis à carga. As de corte fixo são válvulas

de baixo custo que permitem o acréscimo da pressão no eixo traseiro até um

determinado ponto, o chamado ponto de corte. A partir daí, ainda que o motorista

incremente a força aplicada no pedal, a pressão nos freios traseiros não se eleva

mais. A aplicação deste tipo de redutor de pressão pode implicar na sobrecarga do

freio dianteiro, pela baixa utilização do dispositivo traseiro, com conseqüente

necessidade de elevação de suas dimensões e custos.

É crescente no Brasil a aplicação de dispositivos mais elaborados, como as

válvulas sensíveis à carga não só em veículos de carga, como nas “pick-ups” leves,

mas também em “station wagon”, sedãs de três volumes. Recentemente, também

nos automóveis compactos a taxa de instalação das válvulas sensíveis à carga tem

se elevado.

Page 53: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

53

Figura 20: Distribuição de frenagem com válvula sensível à carga (BOSCH, 2003)

Na Figura 20, (1) ilustra a distribuição da força de frenagem sem o emprego

de válvula; (2) a distribuição ideal para um veículo carregado; (3) a pressão reduzida

por ação da válvula para um veículo carregado; (4) a distribuição ideal para um

veículo vazio; (5) a pressão reduzida por ação da válvula para um veículo vazio; e

(6) o ponto de corte.

A válvula sensível á carga é uma inteligente solução mecânica quando se

persegue a distribuição ideal de pressões, entre o freio traseiro e dianteiro, para

infinitas condições de carregamento que o veículo poderá assumir. Na Figura 20, o

ponto (6) é o ponto de corte da válvula sensível à carga, a partir do qual a pressão

na traseira passa a ser atenuada.

Page 54: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

54

2.5.2.3. Curva de distribuição de frenagem (utilização de ABS e EBD)

Figura 21: Distribuição da força de frenagem com ABS/EBD (BOSCH, 2003)

Na curva da Figura 21, a linha (1) representa a distribuição ideal da força de

frenagem. A curva (2) mostra a distribuição de frenagem promovida pela válvula

sensível à carga. Com foi visto, a válvula é capaz de alterar a distribuição de

frenagem dependendo da carga aplicada sobre o eixo traseiro. A linha (3) é a

distribuição efetuada eletronicamente pelo ABS/EBD.

Como pode ser visto no ponto (4), a diferença entre o ponto de operação do

freio traseiro e dianteiro confere um ganho significativo em termos de pressão

aplicada ao freio traseiro a favor do ABS/EBD, o que resulta numa maior

contribuição deste em relação ao sistema balanceado pela válvula sensível à carga.

Deste modo, com um freio mais balanceado, pode se obter maior durabilidade dos

atuadores na dianteira, um dimensionamento mais preciso deste e menores

distâncias de parada.

Analisando o veículo como um ponto material, tem-se:

m

FamaF (33)

A aceleração é a derivada da velocidade em função do tempo dt

dva .

Portanto, integrando a Equação 33:

Page 55: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

55

dt

dv

m

F

dt

dv

m

Fa (34)

A variável t é o tempo para a mudança de velocidade. Assim, considerando

que a velocidade do veículo final é zero, tem-se os limites da integral abaixo:

0

0 v

t

dvdtm

F (35)

Como a velocidade é a derivada da posição em relação ao tempo, escreve-

se:

v

dxdt

dt

dxv (36)

Substituindo a Equação 36 na Equação 35:

00

0 0 vv

x

x

t

vdvdxm

Fdv

v

dx

m

F (37)

Resolvendo a integral:

)0(2

1)( 22

0 vxxm

F (38)

Denominando 0xxd , tem-se:

2

2v

F

md (39)

Considerando que a única força atuando no veículo na direção x, que é a

direção de desaceleração do veículo, fosse a força de atrito entre as rodas e os

pneus, e considerando que esta força é a mesma nas quatro rodas, ou seja,

desprezando que haja diferença entre os coeficientes de atrito na dianteira e

traseira, tem-se:

NF (40)

Como neste caso mgPN , tem-se:

mgF (41)

Substituindo a Equação 41 na Equação 39, tem-se:

2

2v

mg

md

(42)

Rearranjando a Equação 42, isolando a variável velocidade ( v ), obtém-se:

gdv 2 (43)

Page 56: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

56

2.6. A CRIMINALÍSTICA

Criminalística é uma ciência que se utiliza do conhecimento de outras ciências

para realizar o seu mister, qual seja, o de extrair informações de qualquer vestígio

encontrado em um local de infração penal, que propiciem a obtenção de conclusões

acerca do fato ocorrido, reconstruindo os gestos do agente da infração e, se

possível, identificando-o.

O perito criminalístico Eraldo Rabello conceitua Criminalística como “disciplina

autônoma, integrada pelos diferentes ramos do conhecimento técnico-científico,

auxiliar e informativa das atividades policiais e judiciárias de investigação criminal,

tendo por objeto o estudo dos vestígios materiais extrínsecos à pessoa física, no que

tiver de útil à elucidação e à prova das infrações penais e, ainda, à identificação dos

autores respectivos”.

Nas entrelinhas desta conceituação, mais do que uma simples definição,

objetiva-se que a moderna criminalística necessariamente está imbuída do fator da

dinâmica, com a análise dos vestígios materiais, as interligações entre eles, bem

como dos fatos geradores, a origem e a interpretação dos vestígios, os meios e

modos como foram perpetrados os delitos, não se restringindo, tão-somente, à fria

estática narrativa, sem vida, da forma como se apresentam os vestígios, isto é, ao

simples visum et repertum.

Assim, a Criminalística envolve um procedimento investigatório que utiliza

métodos científicos para analisar e interpretar evidências materiais a fim de elucidar

a pratica de um crime e sua autoria, possibilitando a Justiça a aplicação da Lei

Penal.

Vincula-se à Criminalística certos princípios que alicerçam os trabalhos

periciais. Dentre eles destacam-se o princípio da intercomunicabilidade, da

universalidade, da descrição, da documentação e da identidade.

Pelo princípio da intercomunicabilidade tem-se como certo que, havendo

contato entre dois objetos, ambos deixam e recebem vestígios, da mesma forma que

se uma pessoa comparece a determinado local, ela ali deixa alguma coisa ao

mesmo tempo em que leva algo consigo, isso tudo quer de forma macroscópica,

quer de forma microscópica. Este princípio remete-se à observação do perito

criminal.

Page 57: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

57

O princípio da universalidade implica no fato que toda e qualquer técnica

proposta que aponte uma conclusão deve ser, antes de aceita como meio de prova,

testada e aprovada pela comunidade cientifica envolvida no assunto. Ou seja, a

perícia realizada é fundamentada por método cientifico, para que sirva como meio

probatório pela Justiça.

O princípio da descrição remete-se ao resultado da perícia, este deve ser

constante com relação ao tempo e exposto em linguagem ética e juridicamente

perfeita, denominada Laudo.

A documentação estabelece que toda amostra deve ser documentada, desde

sua descoberta no local de crime até sua análise e descrição final, de forma a se

estabelecer um histórico completo e fiel de sua origem. Este princípio está baseado

na Cadeia de Custódia da prova material, a qual visa proteger a fidelidade da prova

material, indispensável para a validade do Laudo Pericial como elemento probatório.

Finalmente, o princípio da identidade estabelece que dois objetos podem ser

indistinguíveis, mas nunca idênticos.

Há também postulados que fundamentam a Criminalística, a saber:

O conteúdo de um Laudo Pericial Criminalístico é invariante com relação ao

Perito Criminal que o produziu: como os resultados de uma perícia

criminalística são invariavelmente baseados em leis científicas, com teorias e

experiências consagradas, seja qual for o perito que recorrer a estas leis para

analisar um fenômeno criminalístico, o resultado não poderá depender dele,

indivíduo;

As conclusões de uma perícia criminalística são independentes dos meios

utilizados para alcançá-las: utilizando-se os meios adequados para se

concluir a respeito do fenômeno criminalístico, esta conclusão, quando forem

reproduzidos os exames, será constante, independentemente de se haver

utilizados meios mais rápidos, mais precisos, mais modernos ou não;

A Perícia Criminalística é independente do tempo: principalmente sabendo-se

que a verdade é imutável em relação ao tempo decorrido.

Em suma, a Criminalística trata da pesquisa, da coleta, da conservação e do

exame dos vestígios, ou seja, da prova objetiva ou material no campo dos fatos

processuais, cujos encargos estão afetos aos órgãos específicos, inseridos dentro

da Polícia Técnica-cientifica.

Page 58: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

58

Portanto, Criminalística é uma ciência que objetiva a individualização e a

identificação dos vestígios materiais relacionados aos delitos em geral, valendo-se

das suas próprias regras e metodologias e do conhecimento das demais ciências, a

fim de saber o que ocorreu, a maneira como se desenvolveu os fatos e quem

cometeu o crime.

Como resultado do trabalho pericial, o perito criminal elabora um documento

oficial, o Laudo pericial. Este deve ser composto por descrição, discussão e

conclusão.

A descrição é a parte objetiva do laudo, pois trará as verificações das

pesquisas do perito e será isenta de informações, discussões, diagnósticos e

conclusões. Conterá porem a reprodução fiel, minuciosa, pormenorizada dos

exames efetuados por ele. Aqui funcionarão como se fossem verdadeiras maquinas

fotográficas, relatando as reações praticadas, as técnicas empregadas,

documentando tudo de maneira mais completa, para que as autoridades ou quem

compulsar o laudo cientificar-se da veracidade das informações do perito.

Nos laudos periciais deve haver uma fase, que se denomina de discussão,

em que o perito fará, de acordo com Flaminio Fávero, todos os diagnósticos que

julgarem necessários, exteriorizando com isso, as suas impressões pessoais,

comentando os dados obtidos pelo exame, cotejando-os com os informes

registrados no histórico. A discussão deve ser orientada, principalmente, para

encaminhar as deduções periciais que as conclusões e os quesitos conterão.

As conclusões do laudo pericial devem prevalecer sobre os elementos

testemunhais, mesmo porque o perito, no processo penal, é o órgão técnico e

auxiliar do juízo na formação e colheita do material instrutório, emitindo declaração

de ciência calcada no direto exame da coisa. Como dizia Pedro Batista Marques,

citado por Amaral Santos, “o laudo não vale pela autoridade de quem subscreve,

mas pelas razoes em que se funda a conclusão. O perecer do perito é meramente

opinativo e vale apenas pela força dos argumentos em que repousa”.

A responsabilidade do perito no exercício da sua função deve ser dividida em

duas partes distintas. Aquela do ponto de vista legal, em que lhe são exigidas

algumas formalidades e parâmetros para a sua atuação como perito; e as de ordem

técnica, necessárias para desenvolver satisfatoriamente os exames técnicos-

científicos que lhe são inerentes. Na parte legal da atuação do perito, podemos dizer

Page 59: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

59

que, além dos aspectos processuais penais, também o perito está sujeito as

responsabilidade penais, administrativas e cíveis.

Peritos e usuários da perícia precisam conhecer e discutir com mais

intensidade o enquadramento e direcionamento jurídico que o resultado do laudo

pericial irá ter no contexto da investigação policial e do processo criminal no âmbito

da justiça.

O artigo 157 do Código de Processo Penal diz que “o juiz formará sua

convicção pela livre apreciação da prova”. Analisando este artigo, o juiz, ao

considerar todo o conjunto das provas carreadas para o processo judicial, será, no

entanto, livre para escolher aquelas que julgar convincentes, sendo necessário

justificar o porquê da preferência, baseado na sua interpretação jurídica daquelas

provas.

Em suma, o art. 157, do CPP, infere que não há hierarquia de provas. No

entanto, a prova pericial acaba tendo um maior aproveitamento sobre as demais.

Isso se explica já que a prova pericial é produzida a partir de fundamentações

científicas dos elementos materiais deixados pela ação delituosa, enquanto que as

chamadas provas subjetivas dependem do testemunho ou interpretação de pessoas,

podendo ocorrer uma série de erros, desde a simples falta de capacidade da pessoa

em relatar determinado fato, até a situação de má-fé, em que exista a intenção de

distorcer os fatos para não se chegar à verdade.

Aduz o artigo 158 do diploma processual penal vigente que se a infração

penal deixar vestígios será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou

indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

De bom alvitre gizar que o nosso sistema adota, em regra, a liberdade dos

meios de prova, ou seja, todas as provas que não sejam ilegais, imorais ou

antiéticas têm o condão de demonstrar a veracidade dos fatos. Em apertada síntese,

tal axioma conduz ao principio da persuasão racional ou livre convencimento

motivado do responsável por aquilatar as provas (magistrado).

Por tal principio, o juiz deve julgar com base nas provas produzidas nos autos,

entrementes, de acordo com seu livre convencimento (sopesar as provas), todavia

declinando os seus motivos.

Por exceção, encontra-se o dispositivo alinhavado em epigrafe (artigo 158 do

CPP).

Page 60: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

60

Com efeito, traduz o dispositivo a idéia de que, em se tratando de delito de

fato permanente (não transeunte), deixando vestígios (elementos sensíveis

causados pela lesão ao corpo de delito) é imprescindível a realização do exame de

corpo de delito. Corpo de delito, segundo João Mendes, “é o conjunto de elementos

sensíveis do fato criminoso”. Elementos sensíveis, “são aqueles princípios

produtores que podem afetar os sentidos”.

É tamanha a clareza do texto em comento que enfatiza que a própria

confissão do acusado não supre a sua ausência (deixando cristalina adoção do

sistema tarifário de provas ou da certeza moral do legislador, dando,

antecipadamente um valor a esse tipo de prova).

A norma faz alusão a exame de corpo de delito direito e indireto.

Tocante ao exame de corpo de delito direito, seu conceito repousa no exame

realizado pelos experts no próprio corpo de delito. Exemplo: exame necroscópico

realizado no cadáver.

Todavia, a doutrina não é uníssona no conceito de exame de corpo de delito

indireto.

Para uma primeira posição doutrinária (encontrando eco na doutrina de

Mirabete) a prova testemunhal seria o exame de corpo de delito indireto, eis que

desaparecidos os vestígios, nos termos do artigo 167 do Código de Processo Penal.

Para uma outra posição (à luz dos ensinamentos de Fernando Capez), o

exame de corpo de delito indireto não seria prova testemunhal, mas sim aquele

realizado com base em dados paralelos colhidos. Se é exame não é prova

testemunhal. Exemplo: exame de corpo de delito com base na ficha clínica de

atendimento do paciente.

Em caso de acidentes automobilísticos mister se faz alguns esclarecimentos

com supedâneo em dispositivos próprios.

O artigo 169 do CPP, v.g., prevê que para efeito de exame de local onde

houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que

não se altere o estado de coisas até a chegada dos peritos, que poderá instruir seus

laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.

Trata-se de desdobramento natural do artigo 6º, inciso I, do CPP (a

autoridade policial deve dirigir-se ao local do crime, providenciando para que não

sejam alterados o estado e conservação das coisas até a chegada dos peritos

criminais).

Page 61: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

61

Se o dispositivo não for cumprido, pode a perícia transformar-se em meio de

desvirtuamento da verdade real, caso alguém tenha propositalmente alterado o

local, induzindo em erro os expertos.

Tanto é importante o exame do local do delito que o Código de Trânsito

Brasileiro – Lei 9503/97- prevê como figura criminosa a conduta de quem inova,

artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vitima, o estado de lugar,

de coisa ou de pessoa para o fim de induzir em erro agente policial, o perito ou o juiz

(artigo 312).

É certo que a lei 5970/73 exclui a aplicação do dispositivo em caso de

acidentes culposos. Assim, em caso de acidente de transito, a autoridade ou agente

policial que primeiro tomar conhecimento do fato poderá autorizar,

independentemente de exame de local, a imediata remoção das pessoas que

tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele envolvidos, se estiverem no leito

da via publica e prejudicarem o trafego (artigo 1º).

Em arremate, de forma precisa, o parágrafo único do artigo 169 do CPP prevê

que os peritos registrarão no laudo, as alterações do estão das coisas e discutirão,

no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos.

Page 62: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

62

3. DISCUSSÃO DOS DADOS

Foram extraídos da Revista Quatro Rodas, dos meses julho, agosto,

setembro, outubro e novembro de 2009, dados referentes a testes realizados com

carros de diferentes marcas e modelos, buscando a distância necessária para a

parada total do veículo, quando este estava animado com velocidade inicial de 120,

80 e 60 Km/h.

Abaixo se encontra a tabela dos veículos analisados, sendo agrupados em

veículos equipados com Sistema de Freios ABS e sem ABS.

Tabela 2: Marcas e modelos dos veículos analisados, com e sem Sistema de Freios ABS

COM ABS SEM ABS

Marca/Modelo Marca/Modelo

Audi A6 2009 Chevrolet Celta 2009

Honda City LX LAT 2009 Renault Clio 2009

Citroen C3 2009 Volkswagen Gol 1.6 2009

Volkswagen Polo Hatch 2009 Ford Ka 2009

Volkswagen Saveiro 2009 Fiat Mille 2009

Kia Soul 2009 Chevrolet Montana 2009

Ford Focus 2009 Ford EcoSport 2009

Pegout 307 2009 Honda City 2009

Fiat Linea 2009 Chevrolet Vectra 2009

Kia Cerato 2009 Volkswagen Polo Sedan 2009

Volkswagen Golf 2009 Renault Sandero 2009

Chevrolet Agile 2009

Volkswagen Fox 2009

Para cada carro, utilizando os dados de velocidade inicial (v) e de distância de

frenagem (d), e aplicando a Equação 43 (considerando 28,9 smg ), foram

calculados os respectivos coeficientes de atrito ( ), através do programa Microsoft

Excel 2007. Os resultados estão reunidos nas Tabelas 3 e 4:

Page 63: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

63

Tabela 3: Valor calculado do coeficiente de atrito para veículos equipados com Sistema de

Freios ABS

COM ABS

Modelo/Marca v (km/h) d (m)

Audi A6 2009

120 55 1,030715

80 24,1 1,045447

60 13,5 1,049803

Honda City LX LAT 2009

120 58 0,977402

80 25 1,007811

60 13,9 1,019592

Citroen C3 2009

120 62,3 0,909941

80 27,5 0,916191

60 15,4 0,920282

Volkswagen Polo Hatch 2009

120 58 0,977402

80 24,9 1,011858

60 13,9 1,019592

Volkswagen Saveiro 2009

120 60,6 0,935468

80 27,6 0,912872

60 14,8 0,95759

Kia Soul 2009

120 61,5 0,921778

80 27,2 0,926296

60 14,6 0,970708

Ford Focus 2009

120 56,7 0,999812

80 24,8 1,015938

60 14,1 1,00513

Pegout 307 2009

120 56,6 1,001578

80 25,6 0,98419

60 14,2 0,998052

Fiat Linea 2009

120 57 0,99455

80 25,1 1,003795

60 14,7 0,964104

Kia Cerato 2009

120 57,1 0,992808

80 25,5 0,98805

60 14,8 0,95759

Volkswagen Golf 2009

120 55,9 1,014121

80 25,4 0,991939

60 13,8 1,026981

Chevrolet Agile 2009

120 60,9 0,930859

80 26,9 0,936627

60 15,2 0,932391

Volkswagen Fox 2009

120 58,1 0,97572

80 24,9 1,011858

60 14,2 0,998052

Page 64: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

64

Tabela 4: Valor calculado do coeficiente de atrito para veículos sem Sistema ABS

SEM ABS

Modelo/Marca v (km/h) d (m)

Chevrolet Celta 2009

120 67,8 0,836126

80 29,4 0,856982

60 16,7 0,848643

Renault Clio 2009

120 69,8 0,812168

80 35,6 0,707732

60 14,3 0,991072

Volkswagen Gol 1.6 2009

120 62,8 0,947982

80 31 0,916191

60 18 0,932391

Ford Ka 2009

120 73,8 0,768148

80 30,8 0,818028

60 17 0,833667

Fiat Mille 2009

120 73 0,776566

80 32,3 0,780039

60 17,2 0,823973

Chevrolet Montana 2009

120 74,7 0,758893

80 29,4 0,856982

60 17,8 0,796199

Ford EcoSport 2009

120 71,1 0,797318

80 30,3 0,831527

60 16,9 0,8386

Honda City 2009

120 69,8 0,812168

80 30,3 0,831527

60 17,3 0,81921

Chevrolet Vectra 2009

120 61,7 0,91879

80 26,3 0,957995

60 14,4 0,98419

Volkswagen Polo Sedan 2009

120 60,7 0,933927

80 27 0,933158

60 14,6 0,970708

Renault Sandero 2009

120 76,3 0,74298

80 34,8 0,724002

60 19,1 0,742007

A partir dos dados de coeficiente de atrito, obtidos na Tabela 2, foi construído

o seguinte gráfico, através do programa Origin Pro 8:

Page 65: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

65

60 70 80 90 100 110 120

0,90

0,95

1,00

1,05

Co

eficie

nte

de

Atr

ito

Velociadade (km/h)

AudiA6

CityLXLAT

C3

PoloHatch

Saveiro

Soul

Focus

Pegout307

Linea

Cerato

Golf

Agile

Fox

Com ABS

Figura 22: Gráfico 1: Coeficiente de Atrito em função da Velocidade para veículos

equipados com ABS

Com os dados de coeficiente de atrito, obtidos na Tabela 3, foi construído o

seguinte gráfico, através do programa OriginPro 8:

60 70 80 90 100 110 120

0,70

0,75

0,80

0,85

0,90

0,95

1,00

Celta

Clio

Gol

Ka

Mille

Montana

EcoSport

City

Vectra

PoloSedan

Sandero

Co

eficie

nte

de

Atr

ito

Velociadade (km/h)

Sem ABS

Figura 23: Gráfico 2: Coeficiente de Atrito em função da Velocidade para veículos sem ABS

Page 66: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

66

Analisando os Gráficos 1 e 2 (Figuras 22 e 23), é possível inferir que há uma

maior variação dos coeficientes de atrito em função da velocidade nos veículos sem

sistema ABS.

Em geral, com o aumento da velocidade há uma leve diminuição do

coeficiente de atrito. Segundo BAUER, 2003, a velocidade do veiculo é

comprovadamente um fator de influência na adesão entre os pneumáticos e o

pavimento.

Para visualizar melhor os dados expostos nos Gráficos 1 e 2, foram

agrupados todos os veículos, divididos em equipados com sistema ABS e sem, com

a mesma velocidade inicial e, assim, extraído o desvio padrão 11, calculados pelo

programa Microsoft Excel 2007, deste grupo amostral, como demonstrado através

das barras de erros.

60 80 100 120

0,60

0,65

0,70

0,75

0,80

0,85

0,90

0,95

1,00

1,05

1,10

1,15

Velociadade (km/h)

Co

eficie

nte

de

Atr

ito

Veiculos Equipados com ABS

Figura 24: Gráfico 3: Coeficiente de Atrito em função da Velocidade para veículos com

ABS, com desvio padrão

1 Desvio padrão de dados fornecidos de experimentos não homogêneos .

Page 67: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

67

60 80 100 120

0,60

0,65

0,70

0,75

0,80

0,85

0,90

0,95

1,00

1,05

1,10

1,15

Velociadade (km/h)

Co

eficie

nte

de

Atr

ito

Veiculos sem ABS

Figura 25: Gráfico 4: Coeficiente de Atrito em função da Velocidade para veículos sem ABS, com desvio padrão

Os Gráficos 3 e 4, obtidos através do programa OriginPro8, mostram que os

veículos equipados com sistema ABS possuem uma variação menor do coeficiente

de atrito para as velocidade testadas do que os veículos com sistema convencional

de freios.

No Gráfico 4 observa-se que há uma variação maior entre os coeficientes de

atrito para velocidades menores e que estes desvios se tornam menos pronunciados

em velocidades maiores. Diferentemente, no Gráfico 3, em que os desvios são mais

homogêneos.

Desta forma, baseado nos Gráficos 3 e 4, foram obtidos valores médios de

coeficiente de atrito, para cada velocidade inicial, como descrito nas tabelas abaixo:

Tabela 5: Coeficiente de atrito médio para veículos com Sistema ABS

COM ABS

v (km/h) médio

120 Km/h 0,97

80 Km/h 0,98

60 Km/h 0,99

Page 68: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

68

Tabela 6: Coeficiente de atrito médio para veículos sem Sistema ABS

SEM ABS

v (km/h) médio

120 Km/h 0,83

80 Km/h 0,84

60 Km/h 0,87

Analisando, a Tabela 5, observa-se que se têm valores para os coeficientes

de atrito extremamente próximos para veículos equipados com sistemas de freios

ABS.

Diferentemente, como observado na Tabela 6, os veículos com sistema de

freios convencional, apesar dos valores para velocidades inicias de 120 e 80 km/h

se encontrarem próximos, estes se diferenciam do coeficiente de atrito para a

velocidade de 60 km/h.

Como observado nas Tabelas 5 e 6, os valores para os coeficientes de atrito

para veículos equipados com sistema de freios ABS e sem, se diferenciam muito.

Portanto, para os cálculos reais não se pode utilizar o mesmo valor de atrito para um

veículo com e sem ABS.

Tendo em vista que a pista utilizada para os testes da Revista Quatro Rodas

é sempre a mesma e que as condições para estes experimentos são as mais

próximas possíveis entre si, seria esperado que obtivéssemos o mesmo valor de

coeficiente de atrito, considerando somente o contato pneumáticos-pavimentos.

No entanto, há outros fatores que influenciam no cálculo da velocidade,

através da distância de frenagem. Como fator principal considera-se a distribuição

da força de frenagem do sistema de freios convencional, o qual é determinado pelo

projeto automobilístico, portanto, neste é determinado quanto da distribuição do

peso do veículo na força de frenagem estão dimensionados para o eixo dianteiro e

para o eixo traseiro. Esta distribuição de forças de frenagem, que chamaremos de

TB, se distancia da curva ideal, a qual denominaremos de T, que utiliza a geometria

do veículo, como demonstrado pela Equação 32.

Através de Ofício encaminhado a Ford Motor Company Brazil Ltda, foram

obtidos os seguintes dados: distância entre eixos ( L ), distância do eixo dianteiro ao

centro de massa ( Db ), altura do solo ao centro de massa ( h ) e a distribuição de

força de frenagem.

A Tabela 7 a seguir reúne as informações técnicas fornecidas e o cálculo do

T, para o veículo Focus 2009. Tendo em vista, que este veículo é equipado com

Page 69: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

69

sistema de freios ABS, a distribuição de força de frenagem real se aproxima da

ideal, conforme descrito na Figura 26.

Tabela 7: Informações Técnicas do Ford Focus 2009

bD (m) h (m) L (m) D T

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,010 0,007

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,030 0,019

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,050 0,031

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,070 0,042

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,090 0,053

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,110 0,063

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,130 0,073

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,150 0,082

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,170 0,091

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,190 0,099

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,210 0,107

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,230 0,114

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,250 0,121

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,270 0,128

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,290 0,134

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,310 0,140

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,330 0,145

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,350 0,150

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,370 0,155

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,390 0,160

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,410 0,164

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,430 0,168

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,450 0,172

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,470 0,176

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,490 0,179

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,510 0,182

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,530 0,185

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,550 0,187

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,570 0,190

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,590 0,192

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,610 0,194

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,630 0,196

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,650 0,197

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,670 0,198

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,690 0,200

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,710 0,201

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,730 0,201

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,750 0,202

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,770 0,202

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,790 0,203

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,810 0,203

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,830 0,203

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,850 0,202

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,870 0,202

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,890 0,202

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,910 0,201

Page 70: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

70

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,930 0,200

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,950 0,199

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,970 0,198

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 0,990 0,197

1,053 0,518 2,640 0,399 0,196 1,010 0,196

Com os valores da Tabela 7 foi construído o Gráfico 5, através do programa

OriginPro 8 , para o veículo Focus 2009.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2

0,0

0,1

0,2

T

D

T

Figura 26: Gráfico 5: Distribuição dos Forças de Frenagem do Veículo Ford Focus 2009

Conforme observado na Figura 21, um veículo equipado com Sistema de

Freios ABS/EBD tem as curvas de frenagens ideal e real muito próximas, tornando

este sistema extremamente eficiente.

Sendo assim, pode-se considerar que, durante uma frenagem real, este

veículo comporta-se de acordo com a curva de distribuição de frenagem ideal, como

representado na Figura 26 para Ford Focus 2009.

Como analisado na Tabela 3, considerando o veículo Ford Focus 2009, os

coeficientes de atrito calculados estão em torno do valor 1 (um), para as três

velocidade estudadas (120, 80 e 60Km/h). Demonstrando que para a frenagem do

veículo há uma eficiência maior na utilização do atrito do contato pneu-pavimento.

Page 71: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

71

Com base nessa eficiência da utilização do coeficiente de atrito pelos veículos

equipados com Sistema ABS/EDB, somado a homogeneidade dos dados

apresentados no Gráfico 3 (Figura 24), assumiremos como valor do coeficiente de

atrito, para a pista de teste da Revista Quatro Rodas, o valor médio dos coeficiente

de atrito para os veículos equipados com Sistema de Freios ABS/EBD com

velocidade inicial de 80km/h, de acordo com a Tabela 5 ( 98,0 ).

As tabelas a seguir reúnem as informações técnicas fornecidas e o cálculo do

T e TB, para os veículos Ford Ka 2009 e Volkswagen Gol 1.6 2009.

Tabela 8: Informações Técnicas do Ford Ka 2009 (Distribuição de forças de frenagem: 10%T e 90%D)

bD (m) h (m) L (m) D T TB

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,010 0,006 0,001

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,030 0,017 0,003

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,050 0,028 0,006

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,070 0,038 0,008

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,090 0,048 0,010

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,110 0,057 0,012

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,130 0,066 0,014

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,150 0,074 0,017

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,170 0,081 0,019

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,190 0,088 0,021

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,210 0,095 0,023

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,230 0,101 0,026

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,250 0,107 0,028

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,270 0,113 0,030

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,290 0,118 0,032

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,310 0,123 0,034

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,330 0,127 0,037

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,350 0,132 0,039

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,370 0,136 0,041

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,390 0,139 0,043

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,410 0,143 0,046

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,430 0,146 0,048

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,450 0,149 0,050

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,470 0,151 0,052

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,490 0,153 0,054

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,510 0,156 0,057

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,530 0,157 0,059

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,550 0,159 0,061

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,570 0,160 0,063

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,590 0,162 0,066

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,610 0,163 0,068

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,630 0,164 0,070

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,650 0,164 0,072

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,670 0,165 0,074

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,690 0,165 0,077

Page 72: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

72

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,710 0,165 0,079

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,730 0,165 0,081

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,750 0,165 0,083

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,770 0,164 0,086

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,790 0,164 0,088

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,830 0,162 0,092

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,870 0,160 0,097

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,910 0,157 0,101

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,950 0,154 0,106

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 0,990 0,150 0,110

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 1,030 0,145 0,114

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 1,070 0,141 0,119

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 1,110 0,135 0,123

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 1,150 0,129 0,128

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 1,190 0,123 0,132

0,925 0,529 2,452 0,377 0,216 1,230 0,117 0,137

Tabela 9: Informações Técnicas do Gol 1.6 2009 (Distribuição de forças de frenagem: 24%T e 76%D)

bD (m) h (m) L (m) D T TB

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,01 0,01 0,003

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,03 0,02 0,009

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,05 0,02 0,016

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,07 0,03 0,022

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,09 0,04 0,028

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,11 0,05 0,035

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,13 0,06 0,041

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,15 0,06 0,047

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,17 0,07 0,054

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,19 0,08 0,060

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,21 0,08 0,066

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,23 0,09 0,073

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,25 0,09 0,079

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,27 0,10 0,085

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,29 0,10 0,092

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,31 0,11 0,098

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,33 0,11 0,104

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,35 0,12 0,111

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,37 0,12 0,117

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,39 0,12 0,123

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,41 0,13 0,129

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,43 0,13 0,136

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,45 0,13 0,142

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,47 0,13 0,148

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,49 0,14 0,155

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,51 0,14 0,161

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,53 0,14 0,167

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,55 0,14 0,174

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,57 0,14 0,180

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,59 0,14 0,186

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,61 0,15 0,193

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,63 0,15 0,199

Page 73: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

73

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,65 0,15 0,205

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,67 0,15 0,212

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,69 0,15 0,218

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,71 0,15 0,224

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,73 0,15 0,231

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,75 0,15 0,237

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,77 0,15 0,243

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,79 0,15 0,249

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,81 0,14 0,256

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,83 0,14 0,262

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,85 0,14 0,268

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,87 0,14 0,275

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,89 0,14 0,281

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,91 0,14 0,287

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,93 0,14 0,294

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,95 0,14 0,300

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,97 0,13 0,306

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 0,99 0,13 0,313

0,85 0,50 2,47 0,34 0,20 1,01 0,13 0,319

Com os valores das Tabela 8 e 9, foram construídos o Gráfico 6 e 7, através

do programa OriginPro 8 , para os veículos Ford Ka 2009 e Gol 1.6 2009,

respectivamente.

Page 74: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

74

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

1,1

T

TBT

D

Ka

0,98

0,62

Situaçao Ideal

Situaçao Real

Figura 27: Gráfico 6: Distribuição dos Forças de Frenagem do Veículo Ford Ka 2009

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

1,1

Situaçao Ideal

Situaçao Real

T

TB

T

D

0,66

0,98

Figura 28: Gráfico 7: Distribuição dos Forças de Frenagem do Veículo Gol 1.6 2009

Page 75: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

75

Nos Gráficos 6 e 7, a reta em destaque na cor laranja representa a

desaceleração no valor de 0,98 g , o qual corresponde ao coeficiente de atrito 0,98.

A intersecção entre a reta laranja com a curva de distribuição de frenagem

ideal (T) demarca o ponto de melhor eficiência de distribuição de forças para a

frenagem.

Para obter a situação real de distribuição de força de frenagem, traça-se uma

reta (azul) entre o ponto de situação ideal e a proporção de distribuição de carga

estática para o eixo dianteiro (obtido através do 1 , sendo que o L

bD ).

O cruzamento da reta (azul) com a distribuição de frenagem real (TB) indica o

valor da desaceleração utilizada pelo veículo durante o processo de frenagem. A

partir desta análise qualitativa, obteve-se o valor aproximado do coeficiente de atrito

efetivo ( efetivo ) utilizado pelo veículo.

Para o veículo Ford Ka 2009, 81,0efetivo e para o veículo Gol 1.6 2009

92,0efetivo , que condizem com os valores calculados a partir dos testes da Revista

Quatro Rodas, conforme demonstrado na Tabela 4.

Page 76: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

76

4. CONCLUSÃO

Desconsiderando outras forças resistivas ao movimento do veículo, tais como

força aerodinâmica e a força de rolamento na frenagem de um veículo, a força que

atua no centro de gravidade (CG) causa uma “transferência dinâmica de carga”

(REIMPELL; STOLL; BETZLER, 2001). Desta forma, este efeito de transferência

dinâmica de carga provoca alterações nas forças normais de reação pneu-

pavimento, que por conseqüência influenciam diretamente a máxima força de

frenagem a ser aplicada em cada eixo.

Neste comportamento dinâmico do veículo durante a frenagem, em que as

forças de frenagem aplicadas pelo sistema de freio, são maiores que as forças

máximas de frenagem possível pela condição de aderência pneu-pavimento,

podemos ter uma condição de travamento do eixo. Segundo Reimpell, Stoll e Betzler

(2001), o travamento traseiro representa uma condição instável no comportamento

dinâmico do veículo.

A curva de Distribuição de Forças de Frenagem Ideal (T) representa a curva

das força máximas de frenagem dianteira e traseira para cada condição de

aderência entre pneu-pavimento. Nesta ocasião, ocorre o travamento dos eixos

dianteiro e traseiro simultaneamente, e esta é denominada curva de distribuição

ótima de frenagem. O comportamento da força de frenagem do sistema de freio

instalado no veículo é representado pela Distribuição de Forças de Frenagem Real

(TB).

Deste modo, uma frenagem numa condição acima da curva ótima resultará na

ocorrência do travamento do eixo traseiro, como ilustrado nos Gráficos 6 e 7.

Assim sendo, o projeto de um sistema de freio de um veículo deve ter como

objetivo desempenhar forças de frenagem a mais próxima possível da curva de

distribuição ótima de frenagem, de modo a utilizar a máxima eficiência disponível

que os freios de roda permitem, como o Sistema de Freio ABS/EBD.

Entretanto, numa instalação normal somente contendo o conjunto

servofreio/cilindro mestre e os freios de roda dianteiros (freio a disco) e traseiros

(freios a disco ou a tambor) não seria possível obter tal condição para todas os tipos

de pista, uma vez que a relação de frenagem instalada seria uma constante, a qual é

representada pela Distribuição de Frenagem Real (TB) (LUCAS, 1995a).

Page 77: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

77

Uma aproximação mais precisa da curva ideal de frenagem só pode ser

obtida com a utilização de dispositivos de controle eletrônico, tais como ABS e EBD,

conforme representada na Figura 21.

Diante dessas considerações e dos conceitos de aderência, expostos na

subseção 2.4.1, os resultados obtidos neste trabalho reafirmam que os veículos

equipados com Sistema de Freios ABS/EBD o coeficiente de atrito calculado é bem

superior aos obtidos para veículos sem este sistema de freios. Estes resultados são

visualizados nas Tabelas 5 e 6.

Verificou-se, pelos dados obtidos, que o valor do coeficiente de atrito diminui

com o aumento da velocidade do veículo, independentemente de possuir ou não o

Sistema de Freio ABS/EBD. Isso pode ser explicado utilizando novamente o

conceito de aderência, pelo fato de que o aumento da velocidade irá levantar os

pneus devido a uma onda de ar que se formará a sua frente, ou seja, os pneus

deslizarão sem manter contato direto com o pavimento, diminuindo o valor do

coeficiente de atrito efetivo utilizado pelo veículo (APS, 2006).

Todavia, com este comportamento do coeficiente de atrito, que inclui os

veículos equipados com Sistema ABS/EDB, estes valores calculados mostraram-se

mais homogêneos de acordo com os apresentados no Gráfico 3 (Figura 24). Desta

forma, foi utilizado o valor do coeficiente de atrito, para a pista de teste da Revista

Quatro Rodas, um valor médio para os veículos equipados com Sistema de Freios

ABS/EBD com velocidade inicial de 80km/h, de acordo com a Tabela 5 ( 98,0 ).

Utilizando-se dessa premissa e da Distribuição de Forças de Frenagem Ideal

e Real, encontrou-se o valor mais próximo do coeficiente de atrito efetivo para os

veículos experimentados sem Sistema Antibloqueio, os quais corroboram aos

valores anteriormente calculados (Tabela 4).

Os resultados, as análises e a metodologia utilizada para a elaboração deste

trabalho são coerentes com os expostos na literatura. Portanto, pode-se propor a

medição do coeficiente de atrito, através de equipamentos, como drag sled, Mu-

meter, e assim, utilizando do método discutido obter o coeficiente de atrito efetivo

para veículos com sistema de freios convencional, aperfeiçoando o resultado do

cálculo de velocidade de um veículo envolvido em um acidente de trânsito.

No entanto, cabe ressaltar, que em virtude da dificuldade de obter

informações técnicas específicas junto às montadoras de veículos automotores,

Page 78: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

78

foram somente analisados dois modelos de veículos o que torna o trabalho pouco

representativo.

Como sugestão, oferecemos este trabalho como orientação a pesquisas

futuras com um número mais expressivo de dados.

Page 79: DINÂMICA LONGITUDINAL: COMPARATIVO ENTRE FRENAGEM ABS E FRENAGEM CONVENCIONAL

79

REFERÊNCIAS

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jurídicos. Editora Sagra Luzatto, Porto Alegre, 1999.

2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Desempenho de

sistemas de freio para veículos rodoviários - NBR 10966. Rio de Janeiro,

1990.

3. APS, Marcia . Classificação da Aderencia pneu-pavimento pelo índice

combinado IFI- International Friction Index- para revestimentos

asfálticos. Tese de Doutorado, 2006

4. BOSCH. Automotive Handbook. 2ª Edição;1996.

5. BOSCH. Conventional and electronic braking systems. 3ª ed. Plochingen:

Robert Bosch GmbH, 2003.

6. COSTA NETO, Álvaro. Dinâmica Veicular, 2006.

7. Curso de Local de Crime, Programa de Treinamento para Profissionais da

Área de Segurança do Cidadão, Plano Nacional de Segurança Pública.

8. D. Bastow, G. Howard. Car Suspension and Handling. 3ª Edição; 1993.

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