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Dinâmicas territoriais e planejamento

Dinâmicas territoriais e planejamento - rc.unesp.br · O presente trabalho tem o objetivo de demonstrar a necessidade da inter-relação entre a boa qualidade de vida dos moradores

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Dinâmicas territoriais eplanejamento

CRESCIMENTO POPULACIONAL E MODIFICAÇÕES NA PAISA-GEM E NA QUALIDADE DE VIDA DOS MORADORES DE UM

CENTRO RECEPTOR DE TURISTAS

Alexandre Carvalho de ANDRADE

Mirna Lygia VIEIRA

Introdução

Os diversos problemas existentes nas metrópoles brasileiras, como a poluição, ainsegurança, o trânsito e o estresse, fazem com que as pessoas tenham a necessidade deprocurar um local apropriado para seu descanso e, assim, fugir do cotidiano e das suasatividades rotineiras. Tal situação colabora para que as metrópoles sejam os principaiscentros emissores de turistas do país (EMBRATUR, 2005).

Antes do deslocamento para uma localidade, a pessoa analisa as opções de acordocom seu interesse, podendo optar pelos mais variados destinos. Dentre os fatores que sãolevados em conta estão a distância, o custo, as paisagens do local, a infra-estrutura, etambém a conservação da localidade, afinal os turistas ambicionam ver a área mais bonitae próxima da perfeição possível, pois ninguém se interessaria em passear num centroreceptor com rios poluídos, lixo, insegurança e pobreza, onde muitas vezes reproduzem-se os mesmos problemas existentes em seu local de origem.

As localidades turísticas devem, necessariamente, zelar pela conservação de suapaisagem e pela qualidade de vida de seus moradores, transmitindo uma imagem positivaao turista, motivando-o a conhecer e permanecer por um maior período de tempo nessalocalidade, tornando-se depois um agente propagador do centro receptor. Se o turista,quando sai para passear, almeja descansar e conhecer locais e pessoas agradáveis torna-sefácil compreender porque um local degradado não lhe vai ser muito atraente.

O presente trabalho tem o objetivo de demonstrar a necessidade da inter-relaçãoentre a boa qualidade de vida dos moradores e a conservação da paisagem em um centroreceptor de turistas. O município de Poços de Caldas mereceu atenção especial nessetrabalho devido à importância do turismo como atividade econômica, assim como pelosignificativo incremento populacional ocorrido nesta localidade.

A pesquisa

Para atingir os objetivos propostos com esse trabalho, foi fundamental haver oembasamento teórico a respeito de temas pertinentes a este estudo. Na revisão bibliográ-fica foram utilizadas obras de autores de diversas áreas do conhecimento, tais comogeógrafos, demógrafos, bacharéis em turismo, arquitetos, antropólogos, economistas,

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dentre outros, o que demonstra a necessária interação entre os profissionais mencionadosnas pesquisas relacionadas à organização do espaço.

Para avaliar aspectos específicos do município de Poços de Caldas, foi importan-te a análise de obras referentes à história, a economia e ao meio natural. No intuito decontribuir para a compreensão do espaço intramunicipal, foram realizados os trabalhos decampo para o reconhecimento da área e para a obtenção de dados em órgãos públicos euniversidades do município.

Nos trabalhos de campo, que totalizaram dez visitas a mencionada localidade, fo-ram analisadas as formas de ocupação do espaço urbano, a utilização dos atrativos turísti-cos, a comercialização de produtos locais, além de aspectos como a conservação dosespaços públicos, a condição dos recursos hídricos, a disposição do lixo, o trânsito, osistema viário, além das áreas de recreação e entretenimento.

A obtenção e análise de dados quantitativos exerceram importante contribuiçãopara a realização deste trabalho, especialmente para se verificar o crescimento populacionalocorrido no município e as conseqüências à economia e a qualidade de vida dos morado-res de Poços de Caldas. Tais dados quantitativos também permitiram a comparação daqualidade de vida dos moradores do município, com a de outras “cidades médias” comimportante função turística. Gerardi e Silva (1981, p.21) citam que as técnicas quantitati-vas possibilitam maior objetividade e precisão nas análises, contribuindo para se conhecera realidade de um local, região ou país, assim como para comparar unidades espaciaisdistintas e para traçar uma evolução histórica do atributo escolhido.

Com a finalidade de verificar a percepção dos moradores de Poços de Caldas, comrelação às mudanças ocorridas em seu espaço vivido, foi necessária a aplicação de questi-onários com os habitantes da área de estudo. Este instrumento de medida colaborou paraaveriguar os impactos destas alterações para a paisagem e a qualidade de vida dos morado-res, fatores que interferem para a atividade turística no município.

Conhecer a opinião dos moradores sobre as transformações em sua localidade per-mite planejar uma área com maior eficiência e com melhores resultados, já que são julga-dos os interesses e necessidades do usuário direto (OLIVEIRA, 1999, p.95).

Paisagem e qualidade de vida em localidades turísticas

De um modo geral, significativa parcela dos municípios brasileiros apresentamrecursos que podem ser utilizados pelo turismo. Assim como em outras atividades econô-micas, é fundamental proporcionar condições para a consolidação do turismo em um lo-cal. Santos (1997, p.71) coloca que “cada tipo de produção acarreta um comportamentoespacial e sugere uma modalidade de arranjo demográfico, profissional, social e econô-mico”. Para a atividade turística torna-se necessário, além dos atrativos, a existência devias de acessos, sinalização, infra-estrutura de hospedagem e alimentação, dentre outrasbenfeitorias.

O turismo, nos dias atuais, apresenta-se muito mais diversificado do que um sécu-lo atrás, e isso se deve às melhorias dos sistemas de transportes e de comunicações, mas

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também pela diversificação dos gostos e dos desejos dos visitantes. Devido a tal situação,encontramos os mais variados destinos turísticos, tanto no Brasil como em outros países.

Para a atividade turística a paisagem é um recurso apreciado, constituindo, muitasvezes, símbolo do lugar, como são os casos do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, da CasaRosada, em Buenos Aires, da Torre Eifel, em Paris, dentre outros.

Atualmente o estudo da paisagem merece mais atenção devido a sua importância naavaliação ambiental e estética, dependendo assim da forma como as pessoas a percebem ea constroem (SCHIER 2003, p.80). A paisagem como recurso percebido e criado a partirda construção das pessoas a ela ligada por laços efetivos e duradouros, como no caso dosmoradores, ou pela impressão obtida em sua passagem por um lugar, como no caso dosturistas, é a definição que melhor encontramos para a descrição da paisagem e para a suautilização no presente trabalho. Oliveira (2000, p.19) cita que, “na percepção da paisagem,o sujeito não se limita a receber passivamente os dados sensoriais, mas os organiza paralhes dar um sentido; a paisagem percebida é, portanto, também construída e simbólica”.De acordo com Collot (1990, p.21):

Não se pode falar de paisagem a não ser a partir de sua percepção. Comefeito, diferentemente de outras entidades espaciais, construídas por inter-médio de um sistema simbólico, cientifico (o mapa) ou sócio-cultural (oterritório), a paisagem se define incontinentemente como um espaço per-cebido.

Descrevendo a paisagem como percebida e resultante de um processo evolutivonatural e humano, Tricart (1982, p.18) afirmou que “uma paisagem é uma porção perceptí-vel a um observador onde se inscreve uma combinação de fatos visíveis e invisíveis einterações as quais, num dado momento, não percebemos senão o resultado global”. Ven-do desta forma, pode-se compreender porque as modificações na paisagem de um localrealizadas em outrora interferem na paisagem atual e, conseqüentemente, nos valores da-dos pelos moradores.

De acordo com Espino (1999, p.78), a preocupação pela percepção do observadoré relativamente recente e está vinculada a aparição do conceito de paisagem como recur-so, como patrimônio natural e cultural de uma sociedade, podendo, após passar por umprocesso de valorização e estruturação, serem transformados em atrativos e visitados porturistas.

Pires (2001, p.140), aponta que “paisagem e turismo são duas realidades intima-mente relacionadas, a paisagem é um elemento substancial do fenômeno turístico e, por-tanto, um recurso de grande valor no desenvolvimento e na consolidação da oferta turísti-ca”. O turista constrói sua percepção sobre o lugar visitado na medida em que observa osaspectos de sua paisagem, as infra-estruturas e o modo de vida da população.

Por constituir um importante atributo para o desenvolvimento da atividade turísti-ca, a paisagem necessita ser agradável, tanto para os turistas quanto para os moradores,contribuindo, dessa forma, para manter uma boa imagem do centro receptor. De acordocom Cruz (2002, p.109), “a paisagem é a primeira instância do contato do turista com olugar visitado e por isso ela está no centro das atratividades dos lugares para o turismo”,

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sendo assim, a adequação da paisagem deve ocorrer em todos os setores do centro recep-tor para transmitir uma boa imagem ao turista, já que este não se interessaria em passearem um local sujo, confuso e degradado. Segundo Collot (1990, p.22):

A paisagem não é um objeto autônomo em si, em face do qual o sujeitopoderia se situar em uma relação de exterioridade; ela se revela numa expe-riência em que sujeito e objeto são inseparáveis, não somente porque oobjeto espacial é constituído pelo sujeito, mas também porque o sujeito,por sua vez, aí se acha envolvido pelo espaço.

Durante sua permanência em um centro receptor, o turista quer se sentir seguro,confortável e ter um bom relacionamento com os anfitriões. Para Lynch (1960, p.58), “aspessoas observam a cidade à medida que nela se deslocam e os outros elementos organi-zam-se e relacionam-se ao longo destas vias”. A percepção de estar numa localidade ondea população e a paisagem são agradáveis é essencial para a satisfação do turista.

O turismo necessita ser planejado e envolver a comunidade local, que vive diaria-mente no lugar, e, assim, transforma-o espacial, econômica e socialmente. Yázigi (1999,p.134) cita que “a paisagem interessa antes a seus próprios habitantes, e que só numarelação de estima, deles com ela, é que despertará o interesse de transeuntes, visitantes eturistas”. A marginalização da população local é prejudicial a um centro receptor de turis-tas, uma vez que favorece o aumento das desigualdades sócio-espaciais e a queda da quali-dade de vida dos moradores, interferindo negativamente em sua paisagem.

A atividade turística é favorecida pela boa qualidade de vida dos anfitriões, poisassim os turistas podem contar com uma infra-estrutura mais adequada, com a existênciaespaços públicos de melhor qualidade, já que estes são utilizados freqüentemente pelosmoradores. Além do mais, a valorização das especificidades culturais e paisagísticas sãomais evidentes em áreas onde a população possui meios para viver com certa distinção.

As mudanças culturais existentes entre os países, bem como, evidentemente, asdiferenças sócio-econômicas, fazem haver variações metodológicas nos conceitos dequalidade de vida. Enquanto nos países desenvolvidos são abordadas questões imateriais,como atividades culturais, lazer ou entretenimento, nos países menos desenvolvidos sãoenfatizados aspectos básicos para a sobrevivência, tais como abastecimento de água ouenergia elétrica. Isso se deve ao fato de que estes serviços já são disseminados nos paísesde maior desenvolvimento sócio-econômico (MORATO et al 2003, p.695).

No intuito de padronizar a metodologia para a análise da qualidade de vida nos maisvariados países, a ONU, através do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento(PNUD), criou o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Calculado a partir de atribu-tos quantitativos, como condições de renda, de escolaridade e de saúde, este índice tem oobjetivo de caracterizar aspectos fundamentais do desenvolvimento humano, levando emconta aspectos considerados básicos para que um indivíduo possa vir a ter opção de inser-ção social (LOPES et al 2004, p.5). Este indicador, apesar de permitir a comparação entreos mais variados lugares, não leva em conta outros indicadores considerados relevantespara a qualidade de vida de um lugar, tais como as condições da paisagem, o desenvolvi-mento cultural, a insegurança, dentre outros.

17Geografia: ações e reflexões

Devido a isso, autores como Güell (1997, p.163) e Verona (2003, p.5), colocamque para o estudo da qualidade de vida dos moradores de uma localidade, deve se levar emconta, além dos dados quantitativos, a percepção dos moradores da área em questão. Bravoe Vera (1993b, p.277), também demonstraram a preocupação em analisar a qualidade devida a partir de dados qualitativos e quantitativos, citando que:

A evolução do conceito de qualidade de vida permite assinalar três momen-tos em relação aos critérios adotados e desenvolvidos em diferentes traba-lhos: a) os estudos com indicadores do tipo objetivo, com dados de fontesestatísticas, de caráter quantitativo; b) os estudos com indicadores subje-tivos, da percepção do homem sobre suas necessidades, de caráter quali-tativo; c) a combinação de ambos os critérios com a incorporação dadimensão espacial.

Desta forma, a necessidade de se analisar a qualidade de vida a partir da interaçãoentre dados quantitativos e qualitativos, como será realizado neste trabalho, se dá por tor-nar a pesquisa mais representativa da realidade de um local, já que, em diversas situações,o que pode ser considerado como essencial para a boa qualidade de vida de uma populaçãopode não ser considerado por outro grupo humano.

Implicações do crescimento urbano a paisagem e a qualidade de vida da popula-ção de um município turístico

Em centros urbanos com variadas funções econômicas, diversas vezes, a atividadeturística se dá apenas em um determinado setor da cidade, ocasionando substanciais dife-renças no uso e produção do espaço, como mostra Garcia (1998, p.31), “com o processode turistificação dos lugares urbanos é possível verificar a formação de ilhas destinadas aoturismo”, resultando, algumas vezes, em nítidos contrastes, sendo maléfico para a locali-dade, pois não valoriza a cultura, a arquitetura e o modo de vida dos moradores comoprodutos turísticos.

Petrocchi (1998, p.136) cita que “a tranqüilidade do lugar, o ajardinamento, aarborização e os espaços públicos agradáveis são favoráveis aos turistas e à populaçãolocal”, devido a isso devem ser características valorizadas em uma localidade, seja elaturística ou não. A cidade tem que ser organizada e bem cuidada em toda a sua extensão.

De acordo com Castro (2002, p.138), “ruas arborizadas, proximidade de parques ejardins, qualidade das construções e do mobiliário urbano são fatores que definem quali-dade do espaço urbano”. As áreas mais aprazíveis de uma localidade são as mais valoriza-das pelos turistas e pelos moradores de melhor poder aquisitivo, por contarem com recur-sos favoráveis a uma vida mais confortável e saudável. Para Yázigi (2003, p.346) :

O universo do turista é inseparável do cotidiano urbano dos cidadãos co-muns, onde vivem, sobrevivem, circulam, trabalham, se divertem. As ten-tativas de delimitar espaços turísticos, mediante cisão artificial, armada ecosmética, são contraditórios do modo como conduzimos a cidadania e oprocesso civilizatório.

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A segregação espacial de uma localidade reduz sua atratividade por não permitir aoturista desfrutar diretamente do modo de vida do local, como a gastronomia, as festas, asmúsicas, dentre outros. Os significados e os valores dados pelos moradores e por antigosfreqüentadores aos lugares se dão por razões efetivas e por sua funcionalidade, sendoconstruídos ao longo dos tempos pela população, o que faz haver uma razão históricadestes significados, o que não ocorre nos lugares artificialmente criados para o turismo(CRUZ, 2002, p.112).

A paisagem urbana constituí a totalidade. Mesmo em áreas destinadas apenas aosturistas é pouco provável que estes não tenham contato, ao menos se deslocando peloseixos viários, com as áreas menos desenvolvidas de uma cidade. No caso brasileiro, porexemplo, os trajetos entre os aeroportos internacionais de São Paulo e do Rio de Janeiroe as áreas visitadas por turistas passam por trechos caracterizados por uma paisagem de-gradada, tanto em relação aos seus aspectos sociais quanto naturais.

Para a atividade turística, o crescimento populacional rápido e desordenado, comoocorre em alguns centros receptores, é bastante maléfico, já que resulta no aumento deproblemas que afetam a qualidade de vida dos residentes, como a insegurança, a perda datranqüilidade, o congestionamento de veículos, a poluição visual, a descaracterização dapaisagem, entre outros. Tais fatores prejudicam a imagem do lugar perante os turistas, amídia e a própria comunidade local.

Torres (1982, p.126) argumenta que nos países menos desenvolvidos o crescimen-to econômico não se distribui homogeneamente nem em termos espaciais nem sociais,gerando desequilíbrios regionais, locais e entre os grupos sociais. Devido a isso, ocorreum significativo processo de concentração populacional nas cidades dos referidos países,especialmente a partir de meados do século vinte. A população urbana brasileira, por exem-plo, cresceu de 12,8 milhões de pessoas em 1940, o que correspondia a 31% do total dapopulação, para 137,9 milhões em 2000, o que corresponde a 81,3% dos brasileiros(BAENINGER, 2003, p.273).

Se no período compreendido entre 1940 e 1980 a afluência de migrantes era dirigidaàs grandes metrópoles e as fronteiras agrícolas (MARTINE, 1995, p.64), posteriormenteela passou a se dirigir, também, para as cidades médias (ANDRADE; SERRA, 1999, p.21;MATOS, 2003, p.230–231; BAENINGER, 2003, p.285).

Baeninger (1998, p.73) identificou que houve, inclusive, uma mudança no perfil enos interesses dos migrantes. A referida autora cita que:

Pode-se dizer que, nos anos oitenta, os movimentos migratórios mudaramde direção, de composição e de sentido. De grandes movimentos de longadistância, particularmente os movimentos rurais-urbanos interestaduais,que prevaleceram até os anos setenta, passou-se para os movimentos ur-banos-urbanos inter e intrarregionais. De uma migração predominante dapobreza, hoje os fluxos migratórios envolvem também desde a classe mé-dia, que quer se refugiar da poluição e da violência, os profissionais libe-rais, os estudantes, até a população idosa que, depois de aposentada, retornaa seu lugar de preferência.

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A urbanização brasileira produz impactos positivos, como a diversificação do co-mércio e dos serviços gerais, a criação de universidades e centros de pesquisas, a difusãocultural, a construção de hospitais das mais variadas especialidades, fatores estes quebeneficiam o centro regional e a sua área de influência, mas que, por outro lado, provocamimpactos negativos na qualidade de vida de seus moradores, como a favelização, o aumen-to da insegurança, dentre outros, e aos recursos naturais, como a contaminação do solo, daágua e do ar, a ocupação em áreas inaptas ao crescimento urbano, a retilinização de cursosd’água, dentre outros.

Tais aspectos negativos da urbanização rápida e desordenada, que ocorreram emdiversas cidades brasileiras, inclusive as turísticas, foram descritos por Costa (1992, p.21);Faissol (1992, p.90); Martine (1993, p.35) e Cano (2003, p.294). Afetando grandes me-trópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte, os impactos ambientaisurbanos prejudicam, também, a vida de milhões de brasileiros residentes em pequenas emédias cidades, como descreveram Gonçalves e Guerra (2001, p.203).

Smolka (1993, p.137) afirma que nas cidades dos países menos desenvolvidos,como é o caso brasileiro, convivem áreas dotadas de excelente infra-estrutura, compará-veis a dos padrões de urbanização dos países desenvolvidos, com áreas reservadas a maiorparte da população, carente dos mais elementares serviços e equipamentos.

A diferenciação no parcelamento do espaço urbano resulta em nítidas variações napaisagem de uma cidade, determinadas pelo custo da terra, pelos rendimentos de seusmoradores e pelas suas potencialidades na geração de lucros às empresas. As famílias demaior rendimento, assim como as empresas com mais recursos financeiros, inclusive asturísticas, são as beneficiadas pelas melhores localizações dentro de uma cidade, propor-cionando para as famílias de baixa renda as piores opções, tanto em nível físico quantosocial, como descreve Carlos (1994, p.77):

As contradições emergem na paisagem urbana em toda sua plenitude, oscontrastes e as desigualdades de renda afloram. O acesso a um pedaço deterra, o tipo e o material de construção, espelham nitidamente as diferenci-ações de classe.

Em diversas cidades brasileiras, onde convivem em um mesmo setor, favelas, con-domínios fechados, lixões, restaurantes internacionais, carências alimentares e shoppingcenters, as condições de vida são ainda mais desiguais. Servem como exemplos os bairrosdo Morumbi, em São Paulo, e do Leblon, no Rio de Janeiro, onde se convivem, em situa-ções geográficas próximas, condições sociais tão distantes.

Intervenções urbanísticas são realizadas nas cidades, visando seu melhor aprovei-tamento pela população; estas modificações, na maior parte dos casos, ocorrem nas áreasocupadas pela população de maior poder aquisitivo ou, também, em setores visitados porturistas. Santos (1997, p.76) cita que, muitas vezes, o próprio poder público colabora parao aumento das desigualdades sociais, já que uma decisão de arruamento pode contribuirpara a separação entre as pessoas e equipamentos dentro de uma cidade. Assim, segundo oautor, o próprio poder público reproduz uma ação especulativa, mesmo queinvoluntariamente.

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A valorização da terra nas áreas centrais e a falta de empregos levaram a cidade a seexpandir horizontalmente, em direção a regiões cada vez mais distantes. Em inúmeroscasos, a referida expansão se faz através de ocupações irregulares em áreas inaptas para aurbanização, como encostas íngremes, margens de cursos d’água e manguezais, provocan-do diversos impactos sócio-ambientais, como inundações, desmoronamentos, dentre ou-tros (ORELLANA, 1991, p.96; XAVIER, 1996, p.20; COELHO, 2001, p.28).

Para a atividade turística os impactos ambientais exercem influências negativas,uma vez que podem comprometer a paisagem e a qualidade de vida dos moradores. A faltade saneamento básico, da coleta de lixo e do tratamento de esgotos prejudicam as condi-ções de balneabilidade de diversas praias, lagoas e cachoeiras. A construção em áreas depreservação, ou em ambientes frágeis, como encostas íngremes, margens de cursos d’águae reservas da flora e fauna, também são conseqüências da ausência de planejamento e dasdesigualdades sociais, exercendo influência negativa na imagem do centro receptor deturistas.

Para haver melhorias na paisagem, condição fundamental para a consolidação dasatividades turísticas, um centro receptor deve, necessariamente, diminuir as desigualda-des sócio-espaciais e evitar a degradação de seus recursos, uma vez que inibem a afluênciados visitantes (SERPA, 2002, p.176; YÁZIGI, 2003, p.74; ALVES, 2004, p.101).

Pujadas e Font (1999, p.13) citam que o planejamento urbano originou-se da ne-cessidade de ordenar o espaço em cidades com rápido crescimento populacional, ondecada parcela do solo urbano possui diversos usos possíveis, seja industrial, residencial,equipamentos urbanos ou parques. Segundo os autores, a análise do espaço e de sua dinâ-mica, contrastada com o modelo de cidade que se quer chegar, pode proporcionar os cri-térios para decidir qual é o mais adequado em cada parcela do espaço municipal.

O desenvolvimento econômico de uma localidade e a boa qualidade de vida de suapopulação, já tornam o ambiente propício para o turismo, pelo fato de conferir uma sensa-ção de ambiente aprazível e organizado ao lugar. Mesmo que não haja nenhum atrativoturístico mais expressivo, uma localidade agradável já desperta o interesse das pessoas emconhecê-la.

De acordo com Souza (2002, p.61):

Pode-se dizer que está diante de um autêntico processo de desenvolvimen-to sócio-econômico quando se constata uma melhoria da qualidade de vidae um aumento da justiça social. A mudança social positiva, no caso, preci-sa contemplar não apenas as relações sociais, mas, igualmente, aespacialidade.

A qualidade visual da paisagem começou a ser incorporada de forma generalizadacomo uma variável importante nas intervenções que são realizadas em um local, talvezporque a sociedade começou a conhecer sua contribuição para a qualidade de vida dosmoradores (ESPINO, 1999, p.82). Assim, a conservação dos recursos naturais e construídospassou a ser mais valorizada em diversos municípios, sendo eles turísticos ou não.

Um mirante que possibilita visualizar a paisagem do entorno, uma área de recrea-ção próxima a rios, lagos e praias, uma praça, um parque, uma construção histórica con-

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servada, uma rua que acompanha um bosque, são cenários agradáveis, permitindo tanto aosturistas quanto aos moradores desfrutarem dos seus benefícios.

A cidade, quando é agradável ao visitante, motiva-o a conhecer sua cultura, seusarredores, o modo de vida de seus moradores, sua história, ou seja, interar em seu cotidi-ano.

Em municípios ou regiões com alta incidência de impactos ambientais, como en-chentes, deslizamento de encostas, voçorocas, dentre outros males gerados pela ocupa-ção de locais impróprios para a urbanização, a implantação de parques, bosques, jardins,áreas desportivas e espaços culturais e para recreação pode vir a valorizar a região doponto de vista ambiental e financeiro. Transformar uma área imprópria para urbanizaçãoem espaços valorizados no mosaico da cidade pode colaborar definitivamente na melhoriadas condições de vida locais.

Através do planejamento, os recursos naturais e humanos de um lugar podem sermais bem conservados, ocasionando múltiplos benefícios à atividade turística e, especial-mente, aos moradores, tais como a possibilidade de aumentar seus rendimentos, valorizarsua cultura, diversificar a economia, conhecer novas pessoas, ter acesso a diferentes pro-dutos no comércio local, dentre outros. O envolvimento da comunidade local junto à ati-vidade turística em seu espaço vivido é fundamental, sendo que, quando o turismo é plane-jado, tal integração é bem mais provável.

A boa imagem de um centro receptor tem relação direta com a integração dos mo-radores com o turismo. Um lugar onde a população vive mal, em um ambiente degradado eameaçador, com carências de infra-estrutura, certamente não será um local agradável dese conhecer, da mesma forma que não é para morar.

O município de Poços de Caldas

Situada na Macrorregião de Planejamento do Sul de Minas, entre as coordenadasgeográficas 21°45’ - 22°00’ S e 46°30’ - 46°40’ W, o município está assentado sobre oPlanalto de Poços de Caldas, que é formado por rochas efusivas e vulcânicas, apresentan-do um formato dômico com diques anelares (CHRISTOFOLETTI, 1972, p.6). O pontoculminante da localidade atinge 1686 metros, sendo denominado Morro de São Domin-gos. Pertencente a macrobacia do Prata, o rio Pardo é o principal curso d’água, perfazendoo limite norte do território municipal.

O clima predominante é o tropical de altitude, com temperatura média anual de17,5°C e com a pluviosidade média de 1745 mm (CONTI; FURLAN, 2000, p.200). Avegetação no município, apesar de bastante modificada por processos antrópicos, é influ-enciada pelas ações do relevo, do solo e do clima. No interior do Planalto, a sul e a oesteda área urbana, predominam os campos, havendo nas matas ciliares espécies arbóreas,entre elas a araucária. Nas encostas íngremes, como nos limites do planalto, há espéciesda floresta ombrófita mista, do cerrado, e presença de araucárias nas áreas mais altas(CHRISTOFOLETTI, 1972, p.17).

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O descobrimento de águas minerais com propriedades medicinais, no final do sé-culo dezenove, motivou o início do povoamento do Planalto de Poços de Caldas, entãopertencente ao município de Caldas. As referidas fontes de águas atraíram as primeirasafluências de visitantes, fazendo surgir as primeiras infra-estruturas de hospedagem, ali-mentação e entretenimento, como balneários e cassinos. Com a finalização da construçãoda ferrovia que interligava a cidade ao restante do país, ocorrida em 1886, a vila começoua prosperar (MEGALE, 2002, p.30), obtendo sua emancipação político-administrativa em1888 (FONTES, 1959, p.388).

Os cassinos e a visitação às fontes de águas minerais impulsionaram o crescimentoda atividade turística em Poços de Caldas, nas primeiras décadas do século vinte. Comisso, o município recebeu diversas melhorias, tais como as construções de praças, par-ques, hospitais, estradas, aeroporto, além de espaços de entretenimento e de recreação, ede estabelecimentos para hospedagem e alimentação, dentre outras (MEGALE, 2002, p.33).

Mas, no período compreendido entre as décadas de quarenta e cinqüenta do séculovinte, significativas mudanças ocorreram a economia e ao modo de vida dos moradores.Por um lado, foi fundada a Companhia Geral de Minas, que estimulou o aproveitamento dediversas riquezas minerais existentes no município; mas, por outro, a proibição dos cassi-nos e o desenvolvimento de novos medicamentos, resultaram em um duro golpe a ativida-de turística em Poços de Caldas e em outras estâncias hidrominerais.

A partir da década de cinqüenta, progressivamente Poços de Caldas foi diversifi-cando sua economia, hoje estruturada, especialmente, na indústria, no setor comercial ede serviços e, também, na atividade turística, sendo essa beneficiada pela diversificaçãodas atividades econômicas pelo qual passou a localidade, devido à possibilidade de atrairvisitantes com interesses variados.

Motivado pelo desenvolvimento econômico, o município teve um crescimento sig-nificativo em sua população, passando de 25.237 habitantes para 151.602, entre 1950 e2005. Tal incremento demográfico fora ocasionado pelo crescimento vegetativo, mas,especialmente, devido à migração intraestadual e interestadual. 23.486 moradores sãonaturais de outros estados, especialmente de São Paulo (71,8%), do Paraná (8,4%) e doRio de Janeiro (4,6%). (IBGE: Censos Demográficos 1950 – 2000; EstimativaPopulacional de 2005).

Vale salientar que o crescimento populacional em Poços de Caldas fora mais in-tenso na área urbana, que, atualmente, abriga 96,6% dos habitantes da localidade (IBGE).Devido a isso, ocorreram variadas transformações sócio-espaciais, afetando diretamenteseus moradores, o meio físico e, conseqüentemente, a paisagem.

Na área central, onde está situada a maior parte dos atrativos turísticos e dos esta-belecimentos de hospedagem, recreação e alimentação, além, é claro, do comércio, dosserviços e dos órgãos públicos, a expansão da área urbana se deu de forma adequada, omesmo ocorreu nos bairros ocupados por pessoas de maior poder aquisitivo. Nesses se-tores do município, existem variados parques, espaços recreativos e culturais, além dosequipamentos urbanos em boas condições funcionais e estéticas.

Já nas áreas periféricas, de ocupação recente, são nítidas as evidências da ausênciade planejamento urbano, havendo menor preocupação com a estética e com o entreteni-

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mento da população, fatores verificados através do arruamento mais precário, da arborizaçãomais rarefeita e da proliferação de construções inacabadas.

As transformações econômicas, demográficas e espaciais refletiram diretamentena qualidade de vida e na paisagem de Poços de Caldas, assim como, evidentemente, deoutras localidades turísticas. Dessa forma, o planejamento adequado pode resultar embenefícios diversos, já, por outro lado, o crescimento desordenado e segregado espacial-mente prejudica diretamente os moradores e a própria imagem do lugar.

Qualidade de vida dos moradores de Poços de Caldas comparada a outraslocalidades turísticas

Para analisar a qualidade de vida dos moradores de Poços de Caldas, e compará-lacom outros municípios turísticos de médio porte (entre cinqüenta e duzentos mil habitan-tes), os dezoito indicadores foram distribuídos em cinco atributos - rendimentos, condi-ções de moradia, acesso a bens, educação e saúde - considerados fundamentais para aqualidade de vida dos moradores de uma localidade, seja ela turística ou não. Foram con-frontados os indicadores de Poços de Caldas com a média dos moradores dos setenta esete municípios selecionados, sendo levado em conta à totalidade dos habitantes destes,incluindo, também, para o cálculo da média, os residentes na área de estudo.

Os municípios selecionados são designados como turísticos pela Embratur e peloGuia Brasil 2005, considerado por Langenbuch (1977, p.5) como a mais importante fontede informação e divulgação do turismo interno brasileiro. Localizados em vinte dos vintee sete estados brasileiros, esses centros receptores de turistas concentram-se, especial-mente, no Rio de Janeiro, que conta com treze localidades; em São Paulo, com onze; emMinas Gerais, com nove; na Bahia, com oito; em Santa Catarina, no Ceará e em Pernambuco,com seis cada; no Espírito Santo, com quatro; e no Rio Grande do Sul, com três. Os de-mais municípios distribuem-se por outras unidades da federação, sendo que somente Pal-mas, em Tocantins, exerce a função de capital estadual.

O perfil da atividade turística, assim como a importância para a economia local,apresenta variações dentre os setenta e sete centros receptores analisados. Dentre estes,estão municípios onde o turismo “sol e praia” constitui o principal motivo da afluência deturistas, como Balneário Camboriú (SC) e Ubatuba (SP); localidades com significativavisitação devido ao patrimônio histórico e cultural, tais como Ouro Preto (MG), e, tam-bém, municípios em regiões serranas, como são os casos de Teresópolis (RJ) e BentoGonçalves (RS). A conservação da paisagem nesses centros receptores de turistas, aspec-to fundamental para o desenvolvimento harmonioso do turismo, é mais provável de ocor-rer em uma localidade onde os moradores possuem boa qualidade de vida.

Os atributos selecionados, assim como os autores que já haviam os utilizados paraa análise e a comparação da qualidade de vida entre localidades, estão no quadro um, quetem como finalidade, também, demonstrar a qualidade de vida dos moradores de Poços deCaldas em relação à média dos municípios analisados.

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Com relação ao atributo rendimentos, a renda per capita e o número de pessoasabaixo da linha da pobreza são significativamente mais favoráveis a Poços de Caldas doque para a média dos setenta e sete municípios analisados. Já com relação à desigualdadesocial, apesar do Coeficiente de Gini da área de estudo ser menor que da média, é elevadose comparado aos países desenvolvidos, que apresentam índices inferiores a 0,30.

No atributo condições de moradia, verfica-se que os moradores de Poços de Cal-das possuem habitações bem mais adequadas do que a média, sendo o município onde taisserviços cobrem o maior percentual de pessoas dentre todos os analisados (ANDRADE,2005, p.83). Vale ressaltar que a abrangência e a qualidade desses serviços são benéficasaos moradores, mas também a paisagem de uma localidade.

Quadro 1 – Qualidade de vida dos moradores de Poços de Caldas compara-da a outras cidades médias com importante função turística

Fonte: IPEA/FJP/PNUD – Atlas do Desenvolvimento Humano, 2003.* valor de agosto de 2000, quando o salário mínimo correspondia a 151 reais.** inferior a 75,50 reais mensais, valor de agosto de 2000.

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No atributo de acesso aos bens, seria ideal que todos os moradores possuíssemtais produtos em sua moradia. Apesar dos indicadores serem mais favoráveis aospoçoscaldenses do que para a média dos setenta e sete municípios analisados, menos deum quinto dos moradores possuem computador, pouco mais da metade possui carros e umterço da população não possui telefone. Isso se dá pelo custo elevado para a aquisição e amanutenção desses produtos em relação aos rendimentos da maior parte dos brasileiros.

Poços de Caldas apresenta condições melhores do que a média dos setenta e setemunicípios em todos os indicadores do atributo educação. Quanto ao analfabetismo, Po-ços de Caldas apresenta um índice significativamente inferior a média. Apesar de ser maiselevado que a média dos municípios, o número de anos de estudos da população adulta épequeno, o que ocorre em todo o Brasil. Quanto à taxa de escolaridade nas três faixasetárias, entre sete e quatorze, quinze e dezessete, e dezoito e vinte e dois anos, seria idealque todas as pessoas estivessem engajadas numa escolaridade formal. Apesar da taxa defreqüência escolar em Poços de Caldas ser superior à média dos municípios analisados,pouco mais da metade dos adolescentes não freqüentam o ensino médio, e é um pequenopercentual de pessoas, entre dezoito e vinte e dois anos, que cursa o nível superior, apesardeste índice ser quase o dobro da média.

Com relação ao atributo saúde, as adequadas condições de abastecimento de água,assim como a pequena percentagem de pessoas com renda inferior à linha da pobreza,fazem com que Poços de Caldas apresente uma pequena taxa de mortalidade infantil, queconstitui menos da metade da média das localidades analisadas. O número de médicos nomunicípio é significativamente superior à média, tendo relação, também, com o papel decentro regional que exerce Poços de Caldas em sua área de influência.

A percepção dos moradores

Compuseram os sujeitos da pesquisa cinqüenta e cinco moradores do município,número considerado suficiente para permitir a coleta das informações necessárias. A apli-cação dos questionários foi realizada no mês de maio de dois mil e cinco, sendo realizadana área central da cidade de Poços de Caldas, local de circulação de pessoas de todo omunicípio.

O perfil etário dos sujeitos da pesquisa caracterizou-se pela prevalência de pesso-as entre dezesseis e vinte e cinco anos (32,7%), vinte e seis a trinta e cinco (27,3%), trintae seis a quarenta e cinco (16,4%) e de quarenta e seis a cinqüenta e cinco anos (14,5%).Houve um equilíbrio na distribuição dos moradores questionados por gênero, havendopequena prevalência de mulheres (50,9%). A maior parte dos sujeitos era composta porsolteiros (61,8%), havendo, também, 32,7% de casados e 5,5% de divorciados.

Menos da metade dos sujeitos da pesquisa é natural de Poços de Caldas (46,7%),outros 14,5% nasceram na macrorregião de planejamento do Sul de Minas e 9,1% emoutras macrorregiões do estado de Minas Gerais, perfazendo 70,9% de mineiros. Os nas-cidos em outras unidades da federação e estrangeiros representam 29,1% dos sujeitos dapesquisa, sendo que desses a maior parte era natural no estado de São Paulo, que totalizou

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um quinto do total dos moradores pesquisados. O tempo que os sujeitos da pesquisa resi-dem no município apresentou predomínio de pessoas que estão a mais de vinte e seis anosresidindo em Poços de Caldas (32,7%), seguidos pelos que estão entre dezesseis e vinte ecinco anos (29,1%). Os demais, que estão a menos de cinco anos no município (20%) eentre seis e quinze anos (18,2%), são constituídos por migrantes, já que a idade mínimados sujeitos da pesquisa, selecionados para o presente trabalho, foi de dezesseis anos.

Com relação à escolaridade dos sujeitos da pesquisa, 32,7% possuem o ensinomédio completo e 23,6% concluíram o ensino superior. 10,9% cursaram pós-graduação,o mesmo índice dos que possuem ensino superior incompleto. Apenas 21,9% possuíamescolaridade inferior ao ensino médio completo. As atividades profissionais que predo-minaram entre os moradores entrevistados foram à prestação de serviços (27,3%), oscomerciantes (25,5%) e os empregados no setor educacional (20,0%). Os demais eramtrabalhadores de indústrias, funcionários públicos, estudantes, aposentados, desemprega-dos, e empregados nos setores de saúde, segurança e transportes.

Na primeira pergunta, “O que você necessita para ter uma boa qualidade de vida?”,os sujeitos da pesquisa apontaram saúde (22,2% das respostas), emprego (19,7%), renda(14,5%), segurança (10,3%) e educação (9,4%) como fundamentais para uma populaçãopossuir boa qualidade de vida. Com relação à qualidade de vida em seu espaço vivido,verificada através da pergunta “Como você avalia a qualidade de vida dos moradores dePoços de Caldas?”, 56,4% dos moradores questionados apontaram como boa, 23,6%como média e 12,7% como muito boa. Somente 5,4% consideraram a qualidade de vidaem Poços de Caldas como ruim ou muito ruim, sendo que 1,8% dos sujeitos não opina-ram.

Quando questionados, na pergunta três, “O que deveria ter para você viver commelhor qualidade de vida em Poços de Caldas?”, os moradores consideraram primordiaisaspectos como o aumento nas vagas de empregos (20,5% das respostas), a melhoria naassistência de saúde (20,5%), mais segurança (11,5%) e a minimização das desigualdadessociais (7,7%). Tais fatores apresentam relações com o crescimento populacional ocorri-do no município, conforme fora verificado através das respostas obtidas na pergunta qua-tro, “Você acha que o aumento da população que ocorre em Poços de Caldas modifica acidade? De que maneira?”. Dentre os sujeitos da pesquisa, 94,6% apontaram que houvemudanças, sendo fatores negativos amplamente predominantes, tais como o aumento dodesemprego (17,5%), o crescimento da insegurança (13,8%), a desorganização do trânsi-to (10%), o despreparo do município para lidar com tal crescimento (7,5%) e a elevaçãodo custo de vida (7,5%). Apenas 7,5% das respostas apontaram que houve melhorias devi-do ao crescimento populacional.

Tendo em vista tal situação, na pergunta cinco, “Você considera que estas modifica-ções afetam a qualidade de vida dos moradores do município? De que forma?”, 85,5% dosmoradores questionados consideraram que a forma como se processou o crescimentopopulacional afetou a qualidade de vida dos poçoscaldenses. A perda da tranqüilidade e dasegurança (29,7%), a diminuição das vagas de empregos (18,8%) e a sobrecarga na infra-estrutura municipal (12,5%) foram os principais motivos apontados.

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Na pergunta seis, “O que mais lhe agrada em Poços de Caldas?”, aspectos ambientaisforam amplamente considerados, tais como o clima (22,5%), a paisagem natural (12,4%),as praças, os jardins e a arborização urbana (10,1%), dentre outros aspectos relacionadosà paisagem e a qualidade de vida, como a beleza da cidade (5,6%), os atrativos turísticos(4,5%), as águas minerais (4,5%), e a arquitetura e o urbanismo (3,4%). Deve haver ointeresse do poder público e da população na conservação desses aspectos, já que sãoconsiderados agradáveis aos moradores e, também, certamente contribuem para melhorara imagem de Poços de Caldas junto aos visitantes. Por outro lado, os aspectos apontadoscomo desagradáveis aos sujeitos da pesquisa, verificados através da sétima pergunta, “Oque mais lhe desagrada em Poços de Caldas?”, devem ser minimizados, já que afetam aqualidade de vida dos moradores, a paisagem e, conseqüentemente, a atividade turística,como são os casos da insegurança e falta de tranqüilidade (11% das respostas), da presen-ça de mendigos, pivetes e pedintes nas ruas (8,2%), da precariedade da saúde pública (6,8%),da sujeira dos espaços públicos (5,5%), do trânsito desorganizado (5,5%), da falta deinfra-estrutura dos bairros periféricos (4,1%), da devastação da natureza (2,7%) e do aban-dono dos pontos turísticos (2,7%). Para 9,6% das respostas dos sujeitos da pesquisa, talsituação se deu pelas seqüentes administrações públicas, omissas quanto ao planejamentoe a redução dos problemas que prejudicam a seus moradores.

Na oitava pergunta, “O que você considera mais importante para a atividade turísti-ca se desenvolver em Poços de Caldas?”, aspectos como a conservação e a reestruturaçãodos atrativos (23,4%), a divulgação do município (14,3%), a realização de eventos (6,5%)e a tomada de consciência dos moradores (6,5%), foram apontados como prioritários parao desenvolvimento do turismo em Poços de Caldas. Tal situação apresenta relação com asexpectativas dos moradores com o futuro da atividade, como foi verificado na perguntanove, “Como você vê as perspectivas futuras do turismo em Poços de Caldas?”. Apenas16,4% dos sujeitos da pesquisa acredita que a atividade irá piorar, 7,3% acha que vai ficarna mesma e 30,9% acha que irá melhorar. Por outro lado, 41,8% dos moradores questio-nados consideraram que vai depender das ações por parte do poder público e da própriapopulação para promover melhorias e conservar os aspectos que agradam aos moradores,e certamente aos turistas.

Considerações finais

Poços de Caldas apresentava, no ano de 2005, pouco mais de seis vezes o númerode habitantes que em 1950, havendo, então, um crescimento populacional que atingiu126.365 habitantes num prazo pouco superior a meio século. Devido a este significativoincremento demográfico, a localidade sofreu transformações espaciais, econômicas edemográficas que refletiram na qualidade de vida de seus habitantes, em sua paisagem e,conseqüentemente, na atividade turística.

Estas transformações, que resultaram do processo de crescimento populacionalem Poços de Caldas, não teriam como serem avaliadas a partir apenas de observações decampo ou da análise de dados quantitativos. Visto dessa forma, poderíamos supor, neces-

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sariamente, que a sua população viva com boa qualidade de vida, já que os indicadoressócio-econômicos do município são significativamente mais favoráveis que a média esta-dual ou nacional, o mesmo ocorrendo se comparado, através de atributos como renda,condições de moradias, acesso a bens de consumo, educação e saúde, a área de estudocom outras localidades turísticas de mesmo tamanho populacional.

Com relação aos aspectos paisagísticos, se realizássemos sua análise apenas atra-vés das observações de campo, teríamos, também, uma situação relativamente boa, pois,apesar de haver significativas diferenças entre os setores da área urbana, existem, no mu-nicípio, espaços públicos, como parques, praças, jardins, áreas de entretenimento, centrosculturais, dentre outros, que contribuem para tornar um centro receptor aprazível, tantopara os turistas quanto para seus moradores.

A análise das mudanças na própria atividade turística se fosse também realizadaapenas através destes procedimentos, poderia ser classificada como uma atividade econô-mica com certo dinamismo em Poços de Caldas, já que a localidade é visitada anualmentepor um significativo número de turistas, possuindo, assim, uma ampla infra-estrutura dehospedagem, de alimentação e de entretenimento. Além disso, cairíamos, também, na pos-sibilidade de julgar serem amplamente favoráveis as perspectivas do turismo na área deestudo, pois existem atrativos, infra-estrutura, eventos, dentre outros atributos necessári-os para a consolidação do turismo em uma localidade.

Tendo em vista tal situação, procuramos verificar como os moradores de Poços deCaldas perceberam as mudanças que ocorreram em seu espaço vivido. A opinião dos su-jeitos da pesquisa, neste caso, colaborou, juntamente com a análise de dados quantitativose as observações de campo, para demonstrar aspectos referentes à paisagem, a qualidadede vida e a atividade turística no município.

Assim, podemos salientar que, sendo uma localidade com importante função turís-tica, apesar de essa não ser mais a atividade econômica predominante no município, Po-ços de Caldas atravessa uma situação única para o futuro de sua população, de sua paisa-gem e, conseqüentemente, do turismo. Por isso, seria recomendável que o poder público,atuando em parceria com empresas privadas e a comunidade, procurasse minimizar osimpactos que vem afetando a qualidade de vida de seus moradores e a própria atividadeturística. Possivelmente, se medidas de planejamento não forem implantadas, a situaçãoem questão poderá se agravar, privando a população de gerar melhor rendimento em seuespaço vivido e, em conseqüência, não verá necessidade em conservar sua paisagem e suacultura.

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