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Agricultura e Desenvolvimento Rural

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Transportes e Turismo

Direcção-Geral De Políticas internas

Departamento temático políticas estruturais e De coesão

MissãoOs Departamentos Temáticos são unidades que prestam assessoriaespecializada às comissões, às delegações interparlamentares e a outros órgãosparlamentares.

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DocumentosVisite o sítio web do Parlamento Europeu: http://www.europarl.europa.eu/studies

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DIRECÇÃO-GERAL DAS POLÍTICAS INTERNAS DA UNIÃO

DEPARTAMENTO TEMÁTICO B: POLÍTICAS ESTRUTURAIS E DE COESÃO

PESCAS

A PESCA DO CAMARÃO NEGRO DO MAR DO NORTE

ESTUDO

O presente documento foi solicitado pela Comissão das Pescas do Parlamento Europeu. AUTORES A.N.D. International (Dominique Aviat, Cecile Diamantis) Johann Heinrich von Thünen-Institut (Thomas Neudecker, Jörg Berkenhagen, Milan Müller) ADMINISTRADORA RESPONSÁVEL Jesús Iborra Martín Departamento Temático Políticas Estruturais e de Coesão Parlamento Europeu E-mail: [email protected]. ASSISTENTE EDITORIAL: Virginija KELMELYTE VERSÕES LINGUÍSTICAS Original: EN Traduções: DE, ES, FR, IT, PT Resumo executivo: BG, CS, DA, DE, EL, EN, ES, ET, FI, FR, HU, IT, LT, LV, MT, NL, PL, PT, RO, SK, SL, SV. SOBRE O RESPONSÁVEL PELA EDIÇÃO Para contactar o Departamento Temático ou assinar o seu boletim informativo mensal, queira escrever para: [email protected]. Manuscrito terminado em Maio de 2011. Bruxelas, © Parlamento Europeu, 2011. O presente documento encontra-se disponível na Internet em: http://www.europarl.europa.eu/studies DECLARAÇÃO DE EXONERAÇÃO DE RESPONSABILIDADE As opiniões expressas no presente documento são da responsabilidade exclusiva do autor e não reflectem necessariamente a posição oficial do Parlamento Europeu. São autorizadas a reprodução e tradução para fins não comerciais, mediante identificação da fonte, bem como notificação prévia e envio de uma cópia ao editor.

DIRECÇÃO-GERAL DAS POLÍTICAS INTERNAS DA UNIÃO

DEPARTAMENTO TEMÁTICO B: POLÍTICAS ESTRUTURAIS E DE COESÃO

PESCAS

A PESCA DO CAMARÃO NEGRO DO MAR DO NORTE

ESTUDO

Resumo

O objectivo do presente estudo é fornecer aos deputados da Comissão das Pescas do Parlamento Europeu uma descrição clara da pesca do camarão negro do Mar do Norte (Crangon crangon) e dos mercados nos Países Baixos, Alemanha e Dinamarca.

O estudo está concebido como um documento de informação. Aborda as questões da produção (importância económica e social da produção, rentabilidade das frotas e impactos ambientais), bem como as questões da comercialização (a organização do sector, o papel dos grandes grossistas e transformadores, os preços e as margens no sector) e descreve a aplicação da Organização Comum de Mercado do camarão negro.

IP/B/PECH/IC/2010_102 Maio de 2011 PE 460.041 PT

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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ÍNDICE LISTA DE ABREVIATURAS 5

LISTA DE QUADROS 7

LISTA DE MAPAS 8

LISTA DE FIGURAS 9

SUMÁRIO EXECUTIVO 13

1. DESCRIÇÃO DA PESCA DO CAMARÃO NEGRO DO MAR DO NORTE 19

1.1 Evolução da produção 20

1.2 A importância económica e social da indústria 38

1.3 Evolução do desempenho económico das frotas de camarão negro entre 2000 e 2010 49

1.4 Impacto ambiental da pesca de camarão de arrasto de vara no Mar do Norte 58

1.5 Gestão da pesca de camarão negro 67

2. Descrição dos mercados do camarão negro do Mar do Norte 79

2.1 Dinamarca 79

2.2 Alemanha 82

2.3 Países Baixos 88

2.4 Síntese: o mercado da UE 97

2.5 Preços e margens no sector do camarão 98

2.6 Descrição da Aplicação da OCM ao Mercado de Camarão Negro 100

2.7 Imagem e Futuro do Camarão Negro 106

2.8 Situação e Perspectivas de uma Certificação pelo MSC 108

3. Resultados e recomendações 109

Remissões 111

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A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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LISTA DE ABREVIATURAS Bft Beaufort

BLE Bundesanstalt für Landwirtschaft und Ernährung (Agência Federal Alemã para a Agricultura e a Alimentação)

BMELV Bundesministerium für Ernährung, Landwirtschaft und Verbraucherschutz (Ministério Federal Alemão da Alimentação, da Agricultura e da Protecção do Consumidor)

BRC British Retail Consortium (Consórcio Britânico dos Retalhistas)

CBb College van Beroep voor het bedrijsleven (Tribunal de Recurso Holandês para o Comércio e a Indústria)

CEE Comunidade Económica Europeia

CIEM Conselho Internacional da Exploração do Mar

Cv Potência em Cavalos-força

CVO Coöperatieve Visserij Organisatie

D/DE/GER Alemanha

DFPO Organização de Produtores dos Pescadores Dinamarqueses

DFS Observação de peixes demersais jovens

DK/DIN Dinamarca

DKK Coroa dinamarquesa

DPUE Desembarques por Unidade de Esforço

DYFS Observação de peixes demersais jovens

EM Estado-Membro

EVKrEO Europäische Vereinigung der Krabbenfischer-Erzeugerorganisationen (Associação Europeia de Organizações de Produtores dos Pescadores de Camarão)

FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

IFS Norma Alimentar Internacional

IMARES Instituto da Investigação Marinha, Universidade de Wageningen

kW Kilowatt

LLUR Landesamt für Landwirtschaft, Umwelt und ländliche Räume, Kiel

m Metro

Mio. Milhões

mn Milhas Náuticas

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MSC Marine Stewardship Council (Conselho de Protecção Marinha)

NL/PB Países Baixos

NMa Nederlands Mededingsautoriteit (Autoridade da Concorrência dos Países Baixos)

NU Nações Unidas

NVB Nederlandse Vissersbond

OCM Organização Comum de Mercado

ONG Organização Não Governamental

OP Organização de Produtores

PCP Política Comum da Pesca

QIT Quota Individual Transferível

QRD Quadro para a Recolha de Dados, antigo RRD (Regime de Recolha de Dados)

REA Relatório Económico Anual sobre a frota pesqueira da União Europeia

RU Reino-Unido

TAC Total Admissível de Capturas

TBB Pesca de arrasto de vara

TPO Organização Transnacional de Produtores (o mesmo que EVKrEO)

UE União Europeia

UNCLOS Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar

VEBEGA Vereniging ter Bevordering van de Garnalenhandel

VMS Sistema de localização de navios por satélite

vTI Instituto Johann Heinrich von Thünen

WGCRAN Grupo de Trabalho sobre as Pescarias de Crangon e Ciclo de Vida

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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LISTA DE QUADROS Quadro 1. Desembarques de camarão negro do Mar do Norte na UE em 2009 20

Quadro 2. Número de licenças de pesca de camarão na Dinamarca, na Alemanha e nos Países Baixos em 2010 38

Quadro 3. Importância económica da pesca de camarão negro nos Países Baixos em 2009 47

Quadro 4. Evolução da importância da pesca holandesa de camarão negro relativamente à pesca costeira total 47

Quadro 5. Estrutura das principais frotas europeias de camarão negro em 2010 50

Quadro 6. Desempenho de captura (toneladas/ano) por navio e frota em 2010 50

Quadro 7. Rendibilidade da pesca de crangon com vários alternativas 57

Quadro 8. Número de amostras do QRD por país 63

Quadro 9. Total das capturas europeias de camarão negro em 2005 e respectivo destino 66

Quadro 10. Exportações dinamarquesas de camarão negro fresco e congelado 81

Quadro 11. Panorama do Mercado Alemão de Camarão Negro 84

Quadro 12. Exportações e importações (peso e valor) de crangon (não especificado) com origem e destino na Alemanha - Jan-Out 2010 87

Quadro 13. Exportações e importações (peso e valor) de Pandalidae com origem e destino na Alemanha. Janeiro-Outubro de 2010 87

Quadro 14. OP holandesas envolvidas na pesca de camarão em Janeiro de 2011 89

Quadro 15. Evolução das vendas de camarão negro nas lotas holandesas (t) 90

Quadro 16 Principais grossistas de camarão negro nos Países Baixos 90

Quadro 17. Evolução das exportações de camarão negro dos Países Baixos 95

Quadro 18. Evolução das exportações de camarão negro dos Países Baixos para Marrocos 94

Quadro 19. Evolução das exportações de camarão negro dos Países Baixos para a Ásia 94

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Quadro 20. Evolução das coimas impostas às OP e aos grossistas pela NMa 97

Quadro 21. Mercado do camarão negro na UE em 2010 98

Quadro 22. Preços de retalho do camarão negro fresco, descascado e cozido, vendido em embalagens, em Janeiro de 2011 99

Quadro 23. Preços nas diferentes fases, no sector do camarão 100

Quadro 24. Preços de retirada e de venda do camarão crangon crangon (euros/kg) 102

Quadro 25. Retiradas de camarão negro 2001-2010 102

Quadro 26. Estrutura das retiradas de camarão negro por Estado-Membro 103

Quadro 27. Contingentes Pautais Comunitários Autónomos para o camarão 2001-2012 103

Quadro 28. Taxa convencional de direitos sobre o camarão 103

Quadro 29. Composição da OPT em 2010 104

LISTA DE MAPAS Mapa 1: Box da Solha 37

Mapa 2: Portos dinamarqueses de camarão negro: desembarques, receitas e número de navios registados 41

Mapa 3: Portos alemães de camarão negro: desembarques, receitas e número de navios registados 46

Mapa 4: Portos holandeses de camarão negro: desembarques, receitas e número de navios registados 48

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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LISTA DE FIGURAS Figura 1-1:   Camarão negro (Crangon crangon) 19 Figura 1-2:    Desembarques de camarão negro capturado na União Europeia desde 1970 21 Figura 1-3:   Desembarques do camarão negro capturado na UE por país 21 Figura 1-4:    Composição das capturas anuais da pesca de camarão negro no Mar do Norte por Estado-Membro em 2009 22 Figura 1-5: Esforço das pescas de camarão na Dinamarca, na Alemanha e nos Países Baixos (para a interpretação dos dados, ver texto) 23 Figura 1-6: Desembarques por Unidade de Esforço (DPUE) das pescarias de camarão na Dinamarca, na Alemanha e nos Países Baixos 25 Figura 1-7:    Média dos desembarques sazonais pelos principais países de pesca de camarão negro - 2005-2009 25 Figura 1-8: Desembarques mensais de camarão negro na Dinamarca entre 2005 e 2009 26 Figura 1-9:    Desembarques mensais de camarão negro na Alemanha entre 2005 e 2010 27 Figura 1-10:    Desembarques mensais de camarão negro nos Países Baixos entre 2005 e 2010 27 Figura 1-11:    Esforço mensal nas pescarias de camarão negro na Dinamarca entre 2005 e 2009 28 Figura 1-12:    Esforço mensal nas pescarias de camarão negro na Alemanha entre 2005 e 2009 (incluindo os dias no porto) 29 Figura 1-13:    Esforço mensal nas pescarias de camarão negro nos Países Baixos entre 2005 e 2009 29 Figura 1-14:    Dados dos DPUE mensais nas pescarias de camarão negro na Dinamarca entre 2005 e 2009 30 Figura 1-15:    Dados dos DPUE mensais nas pescarias de camarão negro na Alemanha entre 2005 e 2009 30 Figura 1-16:    Dados dos DPUE mensais nas pescarias de camarão negro nos Países Baixos entre 2005 e 2009 31 Figura 1-17:    Distribuição do esforço de pesca (horas) das pescarias de camarão dinamarquesa (DK), alemã (DE) e holandesa (PB) entre 2005 e 2008 33 

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Figura 1-18:    Navios holandeses ao abrigo das tempestades no porto de Helgoland (Janeiro de 2011) 34 Figura 1-19:    Distribuição do esforço de pesca das pescarias de camarão dinamarquesa (DK), alemã (DE) e holandesa (PB) em 2008 entre o primeiro e o quarto trimestres 35 Figura 1-20:    Valores de referência da pesca dinamarquesa do camarão negro comparada com outras pescas (esquerda: desembarques em milhares de toneladas, centro: receitas em milhões de euros, direita: emprego em número de empregos directos) em 2008 39 Figura 1-21:    Desembarques de camarão negro na Dinamarca por porto (2010) comparados com os desembarques de outras pescas 39 Figura 1-22: Receitas da pesca de camarão negro na Dinamarca por porto 40 Figura 1-23:    Valores de referência da pesca alemã do camarão negro comparada com outras pescas (esquerda: desembarques em milhares de toneladas, centro: receitas em milhões de euros, direita: emprego em número de empregos directos) em 2009 42 Figura 1-24:    Valores de referência da pesca do camarão negro na Baixa Saxónia comparada com outras pescas (esquerda: desembarques em milhares de toneladas, centro: receitas em milhões de euros, direita: emprego em número de empregos directos) em 2009 42 Figura 1-25:    Valores de referência da pesca do camarão negro no Schleswig-Holstein comparada com outras pescas (esquerda: desembarques em milhares de toneladas, centro: receitas em milhões de euros, direita: emprego em número de empregos directos) em 2009 43 Figura 1-26:    Navios de pesca de camarão alemães no porto de Fedderwardersiel engalanados para a tradicional "Kutterregatta" 44 Figura 1-27:    Desembarques de camarão negro na Alemanha, por porto com mais de 100 t de desembarques anuais, comparados com os desembarques de outras pescas 45 Figura 1-28:   Receitas da pesca de camarão negro na Alemanha por porto 45 Figura 1-29:    Composição da frota de pesca de camarão negro da União Europeia por Estado-Membro (número de navios activos em 2009) 50 Figura 1-30:   Número de navios activos na pesca de camarão na Dinamarca (2000-2010) 51 Figura 1-31:   Historial do lucro médio da pesca de camarão na Dinamarca por navio (2002-2009) 52 Figura 1-32:   Número de navios activos na pesca de camarão na Alemanha (2000-2009) 53 Figura 1-33:    Desempenho de captura da pesca alemã de camarão negro em 2009: Relação entre a potência do motor (eixo dos x) e desembarques por navio 53 

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Figura 1-34:   Cúter de madeira com 50 anos, bem conservado, no porto de Cuxhaven 54 Figura 1-35:   Historial do lucro médio da pesca de camarão na Alemanha por navio (2002-2008) 55 Figura 1-36:   Historial do lucro médio da pesca de camarão nos Países Baixos por navio (2002-2008) 55 Figura 1-37:    Desempenho de captura da pesca holandesa de camarão negro: Relação entre a potência do motor (eixo dos x) e desembarques por navio em 2010 56 Figura 1-38: Esquema de uma rede véu para camarão 61 Figura 1-39:    Sazonalidade da percentagem de capturas acessórias na pesca de camarão no período entre 1954 e 1993 na região de Büsum, no Schleswig-Holstein, por semana (Woche) 64 Figura 1-40:    Sazonalidade da percentagem de capturas acessórias na pesca de camarão no período entre 1954 e 1993 na região de Norddeich, na Baixa Saxónia, por semana (Woche) 65 Figura 1-41:    A parte de camarão "moído" e "industrial" comparada com a de "consumo" nos desembarques alemães de 2009, por mês 67 Figura 1-42:    Malhagem das malhas esticadas nos sacos das redes para a pesca de camarão, segundo os controlos das medidas realizados em navios de diversas nacionalidades (n=382) no período entre 2008 e 2010 71 Figura 1-43:    Novas varas hidrodinâmicas a bordo de um cúter holandês em Helgoland (Janeiro de 2011) 74 Figura 2-1:    Organizações de produtores alemãs de camarão negro e número de membros 83 Figura 2-2: Capturas por Organização de Produtores alemãs em 2010 83 

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SUMÁRIO EXECUTIVO Contexto O sector do camarão negro merece actualmente uma atenção especial, pelo menos por quatro razões:

A importância económica e social do sector: em três Estados-Membros (Países Baixos, Alemanha e Dinamarca), que representam 95% da produção total de camarão negro do Mar do Norte, o sector da pesca possui uma significativa importância económica e social (estão em causa mais de 500 navios de pesca); A pesca do camarão negro tem uma longa tradição e um valor económico considerável no sector pesqueiro dos países; além disso, desempenha um papel significativo no turismo e na identidade das regiões em causa

O debate em matéria social e ecológica: as organizações de defesa da natureza, como o Fundo Mundial para a Vida Selvagem (WWF) e a Fundação do Mar do Norte, inscreveram o camarão negro do Mar do Norte na coluna verde do seu Guia de Compra de Pescado no que respeita à parte relativa à avaliação das unidades populacionais, considerando que a espécie não se encontra ameaçada e é relativamente insensível aos esforço de pesca; no entanto, essas ONG manifestam preocupação com as capturas acessórias (em particular de peixes chatos) e com os danos causados ao fundo do mar pelas redes de arrasto de vara.

A reforma em curso da PCP e da OCM: a organização comum de mercado dos produtos da pesca oferece alguns instrumentos (organizações de produtores, organizações interprofissionais, mecanismos de intervenção, preços de orientação, regime de comércio) que têm sido parcialmente utilizados pelas partes interessadas; alguns desses instrumentos revelaram ser pouco eficazes ou ter sido utilizados de forma ineficaz;

A Autoridade da Concorrência dos Países Baixos (NMa) considerou que os acordos sobre quotas e preços mínimos para o camarão do Mar do Norte, bem como os acordos de exclusão de um novo operador, não se inserem no âmbito do Regulamento da OCM e constituem uma infracção ao artigo 81.º do Tratado CE e ao artigo 6.º da Lei da Concorrência. A NMa aplicou coimas às organizações de produtores (OP) nos três Estados-Membros, bem como aos grossistas. O caso ainda não está encerrado definitivamente.

Objectivos O objectivo do presente estudo é o de fornecer aos deputados da Comissão das Pescas do Parlamento Europeu uma descrição clara da pesca do camarão negro do Mar do Norte (Crangon crangon) e dos respectivos mercados nos Países Baixos, na Alemanha e na Dinamarca. O estudo é concebido como um documento de informação aos deputados e está organizado em duas partes.

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A primeira parte descreve a pesca, em particular: - a evolução da produção de camarão negro do Mar do Norte por país, - a importância económica e social do sector por país, - o desempenho económico das frotas nesta pescaria (e especialmente das frotas

de arrasto de vara), - o impacto ambiental da pesca de arrasto de vara demersal no Mar do Norte, - a gestão da pesca do camarão negro. A segunda parte descreve os mercados e fornece uma descrição da aplicação da Organização Comum de Mercado do camarão negro, incluindo: - medidas de preços e de intervenção, - possível impacto da suspensão autónoma de direitos aduaneiros para outra

espécie de camarão (Pandalus borealis), - organizações de produtores, - extensão das regras, - possibilidades para a criação de uma organização interprofissional. A segunda parte descreve ainda a organização do sector e os processos iniciados pela NMa. São fornecidas igualmente informações sobre o estado e as perspectivas de certificação por parte do Conselho de Protecção Marinha (MSC) do camarão negro do Mar do Norte. Observações Os três Estados-Membros em apreço representam 95% da produção total da Europa. Os Países Baixos são o maior produtor (47% da produção total da UE), seguidos da Alemanha (38%) e da Dinamarca (9%). Os Países Baixos possuem os navios mais potentes, que, além disso, pescam sobretudo de forma contínua, atingindo em média os maiores desembarques por navio (105 t em 2010). A Dinamarca dispõe de uma frota muito eficaz, devido ao facto de possuir os navios mais modernos e os sistemas de pesca mais eficazes. A frota alemã conta com uma elevada percentagem de embarcações de menor porte e maior idade, com um forte padrão de pesca sazonal e uma fraca actividade pesqueira durante o Inverno. O camarão negro está entre as cinco principais espécies (em termos de valor) para as frotas holandesa e alemã. Os arrastões holandeses e alemães da categoria dos 12-24 m de comprimento dependem quase integralmente das receitas do camarão negro, enquanto os arrastões de vara dinamarqueses têm igualmente como principal objectivo o camarão negro mas dedicam-se também, em parte, aos peixes chatos e dispõem da opção de mudar para a galeota. Os navios holandeses e alemães estão distribuídos ao longo de toda a linha costeira, desempenhando um papel importante no que respeita ao turismo, fornecendo um cenário portuário pitoresco. Na actual configuração da frota (500 navios), a pesca do camarão não pode ser rentável com um preço de primeira venda abaixo dos 2,75 euros/kg (na hipótese de um preço de gasóleo de 0,60 euros/kg). Com uma frota reduzida para 375 navios, o ponto de equilíbrio (break-even) seria um preço do camarão de 2,31 euros/kg. A dimensão das actuais unidades populacionais é muito considerável, não apresentando sinais de sobrepesca.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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No âmbito do processo de certificação pelo MSC, foram desenvolvidos planos de gestão nos três Estados-Membros (EM), os quais ainda não estão concluídos, sendo provável que possam sofrer novas alterações. O mercado da UE é controlado em mais de 80% por duas companhias holandesas, a HEIPLOEG e a KLAAS PUUL, que compram cerca de 30 000 toneladas de camarão negro por ano. A pesca do camarão negro parece ser uma actividade rentável para a transformação. O camarão negro viaja 14 dias até Marrocos para ser descascado. O uso intensivo de conservantes (ácido benzóico, ácido sórbico) garante uma maior vida útil do produto. A Bélgica é o principal mercado consumidor (mais de metade do mercado total de camarão negro da UE), seguida dos Países Baixos e da Alemanha. Mais de 90% do mercado é composto por camarão descascado. O principal mercado para o camarão com casca é a França, seguida da Bélgica. Conclusões Nos últimos meses, a situação do mercado do camarão negro deteriorou-se claramente. O baixo preço do peixe (linguado, solha, bacalhau, solha das pedras, etc.) na lota levou os pescadores a apostarem mais no camarão do que no peixe, conduzindo a uma sobreprodução de camarão negro e a baixos preços, tanto mais que estes pescadores, com licenças para a pesca tanto de camarão como de peixe, possuem maior capacidade de captura. Algumas acções (bloqueios a fábricas de transformação) demonstraram, em 2010, que os pescadores estão preocupados com o poder dos transformadores. Os instrumentos da OCM não permitiram evitar o agravamento da situação, e o preço pago aos pescadores, no início de 2011, torna a maioria dos navios de pesca ao camarão não rentáveis. A sobreprodução tem também um impacto negativo sobre a qualidade do produto final: grandes quantidades de camarão negro são congeladas e, posteriormente, descongeladas e misturadas com camarão fresco. A aplicação da OCM tem tido muito pouco impacto no mercado do camarão negro. O regime de preços (preço de objectivo, preço de retirada) não impediu que os preços diminuíssem de forma acentuada no final de 2010 e início de 2011. O instrumento de retirada tem sido muito pouco utilizado pelas organizações de produtores que participam na pesca do camarão negro, quase exclusivamente pela OP Dinamarquesa. Em 2009, as retiradas representaram 0,66% dos desembarques a nível da UE. Os regulamentos relativos à abertura e modo de gestão de contingentes pautais comunitários autónomos para o camarão de água fria (20 000 t/ano a 0%) não têm qualquer impacto no sector do camarão negro, uma vez que os segmentos de mercado dos camarões Pandalus e Crangon são bastante independentes. O grau de organização dos pescadores de camarão negro é bastante elevado (88% a nível da UE); porém, as divergências entre as organizações de produtores (na Alemanha, bem como nos Países Baixos) e o receio da NMa limitam consideravelmente a acção das OP.

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Na fase de retalho, o camarão negro em pequenas embalagens atinge níveis de preços que tornam rentáveis as empresas de transformação e de retalho. Para os grandes transformadores, o camarão negro representa cerca de 25-30% da actividade total, sendo a restante desenvolvida, principalmente, com o camarão tropical, embora o camarão negro seja, para eles, o produto que oferece as possibilidades de maior margem. As unidades populacionais de camarão negro continuam em bom estado, como é reconhecido pelas ONG, que concentram as suas críticas nas capturas acessórias e nas técnicas de pesca demersal. O nível de capturas dos últimos anos (cerca de 35 000 t) não compromete as unidades populacionais. As principais soluções equacionadas por organizações de pescadores para sair da crise económica são a certificação do MSC e os sistemas do TAC e das quotas. Estão a ser desenvolvidos planos de gestão nos três Estado-Membro em apreço, mas como a totalidade dos pescadores ou, pelo menos, a maioria deles deverá ser abrangido por regimes similares, não haverá diferenciação do produto no mercado, sendo, por conseguinte, duvidoso um aumento de preços associado ao rótulo. Porém, o rótulo deverá garantir o acesso ao mercado a longo prazo, uma vez que os grandes retalhistas tencionam excluir das listas os produtos da pesca sem rótulo MSC a curto/médio prazo. Nos Países Baixos, a renovação das licenças para o camarão por parte do Ministério será vinculada à detenção de certificação do MSC. Deveria ser fácil capturar a mesma quantidade de camarão com uma frota de dimensão reduzida em 25%. Recomendações Os níveis de devolução do camarão negro podem ser reduzidos através de vários métodos:

O ajustamento da malhagem às dimensões comerciais do camarão negro, ou seja, muito mais larga do que a medida legalmente aceite de 16 mm, possivelmente para 22 a 24 mm.

A substituição das tradicionais malhas em losango por malhas quadradas no final do saco. As malhas quadradas reduzem as capturas acessórias de peixes pequenos e redondos (caboz, gadídeos, esperlano, etc.) e podem ajudar a reduzir o número de linguados pequenos que ficam retidos nas malhas em losango.

O recurso, na maior parte do tempo, a redes véu (com menos ou nenhumas isenções).

Melhorando a sobrevivência das devoluções. A evitação de águas pouco profundas (0 - 3 m, por exemplo). A redução do esforço de pesca de Junho a Agosto.

A questão dos TAC está a ser debatida entre os pescadores e as organizações de produtores e deve ser aprofundada. Recomendamos, em particular, que sejam estudadas em pormenor as suas consequências sociais e económicas. As dificuldades económicas do sector estão ligadas ao nível do preço pago aos pescadores, que não permite, no último período, tornar a actividade de pesca de camarão rentável, bem como à dimensão da frota, considerada excessiva, especialmente nos Países Baixos, onde a maioria das zonas de pesca tem de respeitar os princípios da rede Natura 2000.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Com uma redução da frota em 25%, o preço da primeira venda necessário para alcançar o nível de rentabilidade para os pescadores seria 43 cêntimos mais baixo. Ainda há espaço para melhorar a qualidade do camarão capturado (higiene a bordo, optimização do tempo de cozedura, uso de gorduras alimentares, ...), tendo o principal transformador dado início a um pagamento relacionado com a qualidade (com um prémio de 0,50 euros/kg para a qualidade mais elevada). O desenvolvimento de códigos de conduta simples para os pescadores deverá ser uma boa forma de garantir melhores preços. Os processos de certificação em curso deverão ser concluídos durante o ano de 2011 ou até ao início de 2012, garantindo os actores a jusante do sector.

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1. DESCRIÇÃO DA PESCA DO CAMARÃO NEGRO DO MAR DO NORTE

Principais conclusões

A produção europeia de camarão negro cresceu mais ou menos continuamente desde 1990, atingindo as 33 000 t em 2009.

Os Países Baixos, a Alemanha e a Dinamarca representam 95% do total da produção da União Europeia.

Os Países Baixos possuem os navios mais potentes e que, além disso, pescam sobretudo de forma contínua, pelo que são os maiores produtores, atingindo os maiores desembarques por navio.

A Dinamarca dispõe de uma frota muito eficaz, devido ao facto de possuir os navios mais modernos e os sistemas de pesca mais eficazes.

A frota alemã conta com uma elevada percentagem de embarcações de menor porte e maior idade, com um forte padrão de pesca sazonal e uma fraca actividade pesqueira durante o Inverno. Daqui resultam médias de desembarques por navio mais fracas, quando comparadas com as outras frotas.

Os DPUE não são actualmente comparáveis, devido às diferentes medidas de esforço entre países.

O camarão negro (Crangon crangon, Linnaeus 1758, ver Fig. 1-1) é um crustáceo altamente reprodutivo com um tempo de vida curto de cerca de um a três anos. Está distribuído desde o Atlântico Norte (Noruega, Islândia) até às águas do Norte de África e ao Mediterrâneo. Todavia, só as águas costeiras pouco profundas do Mar do Norte Meridional proporcionam a abundância suficiente para uma pesca intensiva. As densidades mais elevadas da espécie podem encontrar-se nas águas muito pouco profundas do mar de Wadden (Tiews 1970, CIEM 2010). Assim, é capturado até uma profundidade de cerca de 40 metros ao longo de toda a costa meridional do Mar do Norte. Figura 1-1: Camarão negro (Crangon crangon)

Fotografia: vTI (© v. Klinkowström)

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A pesca comercial do camarão negro só se desenvolveu a partir da década de 1880 (Neudecker e Damm 2010). A partir da Segunda Guerra Mundial, nos anos cinquenta, surge uma frota motorizada de pesca industrial de camarão, sobretudo na Alemanha, com, no início, mais de 850 embarcações e uma produção máxima de 60 000 t (Gubernator 1992, Neudecker 1999, CIEM 1993). Os parágrafos que se seguem descrevem a evolução e a produção destas pescarias nos anos mais recentes.

1.1 Evolução da produção A produção das pescarias de camarão negro do Mar do Norte é dominada por três países: Dinamarca, Alemanha e Países Baixos, contando para 95% do total dos desembarques. Quadro 1. Desembarques de camarão negro do Mar do Norte na UE em 2009

EM t %

Países Baixos 15 512 47,20%

Alemanha 12 567 38,20%

Dinamarca 3 096 9,40%

Outros 1 709 5,20%

TOTAL 32 884 100,00%

Fonte: WGCRAN Por esta razão, concentrar-nos-emos nestas nações. A Bélgica, a França e o Reino Unido contribuem de uma forma mais limitada, pelo que serão incluídos na panorâmica geral europeia. As fontes dos dados utilizados são as bases de dados nacionais combinadas pelos representantes científicos nacionais do Grupo de Trabalho sobre as Pescarias de Crangon e Ciclo de Vida (WGCRAN) do CIEM com os relatórios das suas mais recentes reuniões anuais.

1.1.1 Desenvolvimento dos desembarques na União Europeia, Esforços

e Desembarques por Unidade de Esforço (DPUE) Desembarques numa base anual Contrariamente à situação do pós-guerra em que, sobretudo na Alemanha, os desembarques de camarão para a indústria eram muito mais importantes do que as capturas de camarão para consumo, a percentagem mais elevada a partir dos anos setenta é composta de camarão para consumo humano. Os dados aqui apresentados referem-se integralmente ao camarão para consumo. O camarão desembarcado, mas demasiado pequeno para consumo humano, é separado e registado como camarão moído. Corresponde a cerca de 7% dos desembarques anuais (Neudecker 2001), mas com um forte padrão sazonal que abordaremos mais adiante (ver capítulo 1.4.3).

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

21

Os desembarques de camarão para consumo começaram por volta de 1970, com cerca de 10 000 t, e apresentaram depois grandes variações nas duas primeiras décadas, entre as 15 000 e as 25 000 toneladas. A partir de 1990, um ano que apresentou uma quebra abrupta dos desembarques para aproximadamente 11 000 t, verificou-se um aumento contínuo com alguns picos de 38 000 t em 2005 (Fig. 1-2). O aumento dos desembarques ao longo das décadas acompanha o aumento da dimensão dos navios e da potência dos motores (Neudecker e Damm 2010). Recentemente, os desembarques estabilizaram um pouco. Os dados referentes a 2010 ainda não estão disponíveis para todos os países. Contudo, tudo aponta para desembarques muito elevados em 2010. Figura 1-2: Desembarques de camarão negro capturado na União Europeia

desde 1970

0

10000

20000

30000

40000

50000

1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

Landings (t)

Fonte: WGCRAN (2010)

LEGENDA: Landings - Desembarques Figura 1-3: Desembarques do camarão negro capturado na UE por país

0

5000

10000

15000

20000

1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

Landings (t)

DK (1)

DE (2)

NL‐LEI (3a)

NL‐Viris (3b)

B (4)

France (5a)

F IV + VIId (5b)

UK (6)

Fonte: BLE, Registo de Vendas da Direcção das Pescas da Dinamarca e CIEM WGCRAN (2010)

(1) Estatísticas oficiais relativas a 1970-85 constantes do relatório anterior, dados de diário de bordo de

1986-99 (2) Estatísticas oficiais (3a) Das organizações de produtores (incluindo os desembarques estrangeiros) (3b) Dados do diário de bordo VIRIS (1995-2003), incluindo os desembarques em portos estrangeiros (4) Estatísticas oficiais (5a) Estatísticas oficiais (totais em França) (5b) Estatísticas oficiais (França IV+VIId)) (6) Estatísticas oficiais, incluindo os desembarques do Mar da Irlanda LEGENDA: Landings (t) - Desembarques (t) Os Países Baixos e a Alemanha possuem partes quase equivalentes nestes últimos anos (Fig. 1-3). O antigo domínio da Alemanha na pesca do camarão negro acabou nos anos noventa, sendo substituída pelos Países Baixos. Em 2005 atingiram ambas um recorde de

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desembarques de 16 000 t cada. Enquanto os desembarques da Alemanha têm diminuído neste últimos anos, em parte devido às restrições do esforço das OP e a diversas práticas de crivagem, os Países Baixos têm-se mantido a um nível elevado, dando-lhes a liderança. O terceiro país mais importante em termos de camarão negro do Mar do Norte é a Dinamarca. A frota dinamarquesa começou experimentalmente em 1963 e veio a desenvolver-se na década de setenta, com desembarques anuais que cresceram até um pouco acima das 4 000 toneladas. O crescimento na última década tem seguramente a ver com a modernização da frota (Larsen pers. com. 2010). O Reino Unido, a Bélgica e a França, juntos, contribuíram com 1 700 t (5,2%, ver Fig. 1-4) para o total de desembarques em 2009 e não serão objecto deste estudo. As suas pescarias de camarão diferem consideravelmente das dos outros países, no que respeita não só ao volume mas também à estrutura da frota e ao tratamento estatístico (van Marlen et al. 1998, CIEM 2010). Figura 1-4: Composição das capturas anuais da pesca de camarão negro no

Mar do Norte por Estado-Membro em 2009

10%

38%

47%

5%

Denmark

Germany

The Netherlands

Other MemberStates

Fonte: WGCRAN (2010)

LEGENDA: Denmark - Dinamarca; Germany - Alemanha; The Netherlands - Países Baixos; Other Member States - Outros Estados-Membros Esforço de pesca numa base anual O esforço de pesca pode ser quantificado através de diversos parâmetros. Os principais parâmetros são o número de navios de pesca, a sua potência (em Cv ou kW) e a duração do tempo de pesca (em dias). Estão disponíveis facilmente e, por conseguinte, são aceites como medida comparável em Cv-dias (Fig. 1-5). Contudo, a base de cálculo difere de país para país e o WGCRAN não conseguiu normalizá-lo para vários anos. A Alemanha utiliza a diferença entre a data de partida do porto e a data de chegada ao porto mais um dia, conforme a norma CIEM e arredondada para um dia completo de 24 horas. Os Países Baixos subtraem um dia, excepto quando se trata de saídas de um só dia, contanto assim para o tempo de viagem até aos pesqueiros, e calculam 24 horas por dia de pesca (CIEM 2010). Está prevista para um futuro próximo uma harmonização do cálculo com base nas horas no mar (diferença entre a hora de partida e a hora de chegada ao porto).

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

23

Figura 1-5: Esforço das pescas de camarão na Dinamarca, na Alemanha e nos Países Baixos (para a interpretação dos dados, ver texto)

0

2

4

6

8

10

12

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Effort (million hp‐days) DK

DE (1)

NL (2)

Fonte: WGCRAN (2010)

(1) Incluindo os dias no porto (2) Dados do diário de bordo, descontando os dias no porto e os tempos de viagem LEGENDA: Effort (million hp-days) - Esforço (milhões de Cv-dias) Esta situação conduz a uma diferença substancial quando se comparam as frotas, dando origem a interpretações erradas uma vez que elas não são muito diferentes em dimensão e em potência, estando esta limitada a 221 kW (300 Cv) por navio de pesca costeira na Box da Solha (EU [EG] 850/1998 e VO [EG] 24/2001). A dimensão da frota, contudo, explica as diferenças verificadas quando se compara o esforço de pesca dos Países Baixos e da Alemanha com os dados relativos à Dinamarca. A frota dinamarquesa compreendia 27 navios em 2009, enquanto a Alemanha possuía 228 e os Países Baixos 201 (ver Quadro 1-1). O sistema de diário de bordo da UE fornece informação mais detalhada: número de horas no mar (dado pelas horas de partida e de chegada), número de horas de pesca (início e fim da pescaria) e número de lanços. A medida ideal do esforço deveria ser a da área pescada, a qual é difícil de conseguir; o esforço de pesca foi calculado graças à utilização do comprimento total das varas e das distâncias rebocadas, o que foi calculado uma única vez em toda a UE por um projecto europeu (van Marlen et al. 1998, Beare et al. 2010). Com os seus 27 navios de pesca de camarão, a Dinamarca contribuiu com cerca de 1,6 milhões de Cv-dias em 2009. Houve um declínio de 1,5 milhões de Cv-dias para menos de 1 milhão de Cv-dias entre 2003 e 2006, e depois o esforço recomeçou a aumentar. O esforço de pesca dos Países Baixos manteve-se sensivelmente constante entre os 4,2 e os 4,9 milhões de Cv-dias, enquanto as pescarias de camarão negro alemãs apresentaram um esforço de cerca de 10,1 milhões de Cv-dias, ou seja aproximadamente o dobro do valor holandês devido à diferença de cálculo. As referidas diferenças de método de cálculo entre a Dinamarca, a Alemanha e os Países Baixos provocam uma distorção da situação real que torna actualmente incomparáveis os níveis de esforço. Outro obstáculo à comparação dos esforços entre as frotas decorre do facto de alguns navios poderem mudar ocasionalmente para outras espécies e vice-versa, quando se esgota a disponibilidade ou a quota, por exemplo para as pescarias de peixes chatos. Esta flexibilidade pode ser importante para alguns pescadores por razões económicas.

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24

Desembarques por Unidade de Esforço (DPUE) numa base anual Os desembarques por unidade de esforço (DPUE) podem ser considerados uma medida de potência de pesca e de dimensão das unidades populacionais. Trata-se de uma medida pouco rigorosa, pois vários factores podem influenciar os DPUE: concepção individual e equipamento técnico do navio, perícia e experiência do comandante, tempo da actividade pesqueira durante as diversas estações (que afecta a eficiência piscatória). Do ponto de vista biológico, a capacidade de captura e, por conseguinte, os DPUE são afectados pela dispersão ou concentração das unidades populacionais e pelo comportamento dos camarões em função dos factores ambientais (estação, tipo de habitat, temperatura, correntes, condições meteorológicas, etc.). Assim, os dados dos DPUE com base num único lanço podem apresentar variações extremas e podem ser usados como indicadores da dimensão da unidade populacional. A capacidade de captura e, por conseguinte, os dados dos DPUE agrupados de uma determinada série de lanços podem fornecer informações sobre a eficiência de um navio e da frota; espalhados por uma zona geográfica do mar, podem também fornecer indicações sobre as dimensões relativas das unidades populacionais ali existentes. O WGCRAN calculou os dados relativos a esses DPUE numa base anual para todas as frotas. Os resultados são apresentados na Figura 1-6. Em correspondência directa com as diferenças dos dados relativos ao esforço, também os dados dos DPUE entre os Países Baixos e a Alemanha variam consideravelmente, sugerindo que os pescadores holandeses são duas vezes mais eficientes do que os alemães, o que não é seguramente realista. A referida discrepância do esforço constitui a principal causa para a enorme diferença dos DPUE. As verdadeiras diferenças entre as frotas acabam assim por ser camufladas. Ambas as curvas - relativas à Alemanha e aos Países Baixos - são relativamente estáveis ao longo dos anos, com um ligeiro aumento em 2005. Este aumento dos DPUE pode corresponder, com efeito, a um aumento da unidade populacional, pois os desembarques anuais também aumentaram. A fraca qualidade dos dados do esforço reduz a fiabilidade da informação. Os dados dos DPUE dinamarqueses mostram uma enorme variação, começando em aproximadamente 1 kg/Cv-dia em 2000 e chegando a um máximo de 6 kg/Cv-dia em 2006. Neste caso, ambos os factores - eficiência de pesca e dimensão da unidade populacional - parecem coincidir, pois os cúteres mais pequenos foram substituídos por cúteres maiores e mais eficientes durante a última década. Simultaneamente, verificou-se um aumento das unidades populacionais de camarão nas águas dinamarquesas (CIEM 2007), pelo que o importante aumento dos DPUE até 2006 pode ter duas explicações.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Figura 1-6: Desembarques por Unidade de Esforço (DPUE) das pescarias de camarão na Dinamarca, na Alemanha e nos Países Baixos

0

1

2

3

4

5

6

7

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

kg/hp‐days

DK

DE

NL

Fonte: WGCRAN (2010)

LEGENDA: kg/hp-days - kg/Cv-dias A quebra que teve início em 2007 pode ser explicada por uma redução das unidades populacionais em águas dinamarquesas, uma vez que a frota dinamarquesa de pesca de camarão manteve o seu elevado nível técnico, com navios maiores, e foi igualmente reportada uma deslocação da distribuição em águas alemãs (CIEM 2010).

1.1.2 Sazonalidade dos desembarques, do esforço e dos DPUE de camarão negro na Dinamarca, na Alemanha e nos Países Baixos

Sazonalidade dos desembarques de camarão negro O padrão sazonal de desembarques varia entre os três países (Fig. 1-7). Enquanto a Alemanha e os Países Baixos têm dois picos, na Primavera e no Outono, significando unidades populacionais estáveis de camarão negro, a Dinamarca parece ter apenas um pico na Primavera. Contudo, a variação de ano para ano pode ser grande, como se pode ver pelos dados mensais apresentados nas Figuras 1-8, 1-9 e 1-10. Os dados relativos à Dinamarca nos diferentes anos entre 2005 e 2009 e à Alemanha e aos Países Baixos entre 2005 e 2010 estão representados com barras de cores diferentes. Figura 1-7: Média dos desembarques sazonais pelos principais países de pesca

de camarão negro - 2005-2009

0

500

1000

1500

2000

2500

Jan Feb Mar Apr May June July Aug Sep Oct Nov Dec

Landings (t)

DKDENL

Fonte: WGCRAN (2010)

LEGENDA: Landings (t) - Desembarques (t)

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26

A frota dinamarquesa desembarca camarão durante todo o ano, com quantidades mais pequenas no Inverno e picos na Primavera (sobretudo em 2005), enquanto, no resto do ano, desembarca quantidades relativamente estáveis de 200 a 400 toneladas por mês, com algumas variações anuais (Fig. 1-8). A Dinamarca parece conseguir maior estabilidade no abastecimento contínuo do mercado, embora a um nível mais baixo do que o da Alemanha e dos Países Baixos devido a uma frota mais pequena. A Alemanha apresenta uma sazonalidade mais intensa nos desembarques. Durante os meses de Inverno, são desembarcadas quantidades muito limitadas de toneladas (entre 100 e 700 toneladas de Dezembro a Março). No final de Março os desembarques crescem e, por vezes, apresentam um pico em Abril de 1 000 toneladas. Nos primeiros meses do Verão (Junho e Julho) os desembarques não são muito grandes - cerca de 1 000 t - e a principal época de desembarques compreende os meses de Agosto a Novembro, por vezes com mais de 2 000 toneladas por mês. Podemos dividir o ano em três partes: uma "pré-estação" na Primavera e no princípio do Verão, uma "época alta" no final do Verão e no Outono, e uma "época de Inverno". O calendário mensal não representa as delimitações correctas das "estações". Conforme as condições meteorológicas, as condições anuais das existências de camarão e as capacidades de pesca de cada navio, a pesca pára ou começa individualmente ou conforme o porto uma ou duas semanas mais cedo ou mais tarde, podendo mesmo prolongar-se pela época de Inverno. O ano de pesca holandês apresenta um padrão que combina o dinamarquês com o alemão. De uma forma geral, a maioria das capturas ocorrem entre Setembro e Novembro. De Março a Maio, as capturas são relativamente elevadas (atingindo as 1 500 toneladas). O que é especial na frota holandesa são os desembarques comparativamente elevados no inverno. Raramente caem abaixo das 600 toneladas, mesmo em Janeiro e Fevereiro, pelo que mantêm um abastecimento do mercado estável. Figura 1-8: Desembarques mensais de camarão negro na Dinamarca entre

2005 e 2009

0

200

400

600

800

1000

Jan Feb Mar Apr May June July Aug Sep Oct Nov Dec

Landings (t)

2005

2006

2007

2008

2009

Fonte: WGCRAN (2010)

LEGENDA: Landings (t) - Desembarques (t)

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

27

Figura 1-9: Desembarques mensais de camarão negro na Alemanha entre 2005 e 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Jan Feb Mar Apr May June July Aug Sep Oct Nov Dec

Landings (t)

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Fonte: BLE e WGCRAN (2010)

LEGENDA: Landings (t) - Desembarques (t)

Figura 1-10: Desembarques mensais de camarão negro nos Países Baixos entre

2005 e 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Jan Feb Mar Apr May June July Aug Sep Oct Nov Dec

Landings (t)

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Fonte: BLE e WGCRAN (2010)

LEGENDA: Landings (t) - Desembarques (t) Sazonalidade dos esforços de pesca do camarão negro Para a sazonalidade do esforço são válidas as mesmas condições que as descritas relativamente aos dados do esforço anual. As diferenças da forma de cálculo do esforço e alguns desvios afectam os níveis de esforço dos diversos países no que respeita aos dados tanto mensais como anuais. O padrão mensal, contudo, é provavelmente muito pouco afectado por isso e reflecte a actividades relativas das frotas. Tal como no que se refere aos desembarques, as diferenças são óbvias (Figs. 1-11, 1-12 e 1-13). A frota dinamarquesa opera todo o ano, com um pico na Primavera e, por vezes, outro no Outono, e - muito provavelmente devido às condições atmosféricas - com menos dias de pesca no período de Inverno. Também se pode observar uma redução limitada do esforço nos meses de Verão, por vezes começando em Maio, mas sobretudo em Junho e Julho, provavelmente reflexo das existências das espécies alvo. A frota germânica apresenta um padrão de actividade muito tradicional patente em décadas de dados: antigamente não, mas agora uma actividade muito limitada no período de Inverno, que dura de Dezembro até meados de Março, depois uma intensidade de pesca muito elevada em Abril, decaindo lentamente até Junho e Julho; por fim, um novo aumento até à época de pesca principal, no Outono. Este padrão justifica-se sobretudo

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28

pela capacidade de pesca nas condições meteorológicas adversas que normalmente ocorrem durante o Inverno. Como muitos navios alemães ainda são antiquados e comparativamente pequenos, são obrigados a ficar no porto durante os períodos de tempestades, o que reduz assim a quantidade de Cv-dias no mar. Como os pescadores tendem a, e precisam de ir pescar quando as espécies-alvo estão disponíveis, o tempo de pesca aumenta nesses períodos. Na Primavera, as saídas de observação podem juntar-se ao elevado número de Cv-dias no mar, reduzindo simultaneamente as quantidades de camarão mais jovens, e as percentagens mais elevadas de capturas acessórias e os lay-days ganhos ou destinados a manutenção contribuem para uma redução dos Cv-dias nos meses de Junho e Julho. Na última década, contudo, os elevados desembarques no Outono foram afectados pelas limitações de desembarque estabelecidas pelas organizações de produtores (OP) nos três países. Devido aos baixos preços do camarão, os pescadores decidiram parar a pesca quando atingem uma determinada quota auto-imposta, o que conduziu a uma redução dos Cv-dias, mesmo durante as épocas altas de pesca. Um bom exemplo deste facto foi o ano de 1998, quando o esforço de pesca da frota alemã caiu 25% na época do Outono (Neudecker 2000). O mesmo se aplica a uma parte da frota holandesa englobada pelo acordo entre OP da Dinamarca, da Alemanha e dos Países Baixos. Este acordo foi criticado pela NMa holandesa. Desde então, o acordo não tem estado em vigor e só os desembarques locais foram voluntariamente reduzidos por algumas OP, o que possuiu um efeito redutor menor sobre o nível de Cv-dias comparativamente a 1998. Foi sobretudo o caso no final de 2010, quando um grande número de pescadores preferiu continuar a pescar apesar dos preços baixos. O padrão sazonal de esforço dos Países Baixos mostra claramente que a pesca é uma profissão que ocupa os pescadores holandeses durante todo o ano. Há dois picos, um na Primavera e outro no Outono. À semelhança das outras frotas, as viagens de observação em Abril-Maio juntam-se ao número de Cv-dias após um Inverno duro e tempestuoso para os navios mais pequenos. A época do Outono volta a ter Cv-dias mais elevados devido à inclusão de uma nova classe etária de camarão que passa a poder ser pescada. Desconhece-se a quantidade de desvios provocados pela incerteza nos dados relativos ao esforço dos Países Baixos (CIEM 2010). Figura 1-11: Esforço mensal nas pescarias de camarão negro na Dinamarca

entre 2005 e 2009

0

50000

100000

150000

200000

250000

Jan Feb Mar Apr May June July Aug Sep Oct Nov Dec

Effort (hp‐days)

2005

2006

2007

2008

Fonte: WGCRAN (2010)

LEGENDA: Effort (hp-days) - Esforço (Cv-dias)

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Figura 1-12: Esforço mensal nas pescarias de camarão negro na Alemanha entre 2005 e 2009 (incluindo os dias no porto)

0

500000

1000000

1500000

2000000

Jan Feb Mar Apr May June July Aug Sep Oct Nov Dec

Effort (hp‐days)

2005

2006

2007

2008

2009

Fonte: WGCRAN (2010)

LEGENDA: Effort (hp-days) - Esforço (Cv-dias) Figura 1-13: Esforço mensal nas pescarias de camarão negro nos Países Baixos

entre 2005 e 2009

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100000

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500000

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700000

Effort (hp‐days)

2005

2006

2007

2008

Fonte: WGCRAN (2010)

LEGENDA: Effort (hp-days) - Esforço (Cv-dias) Sazonalidade dos Desembarques por Unidade de Esforço (DPUE) Tal como no que respeita ao esquema anual, também os dados relativos aos DPUE são afectados pelas mesmas incertezas de recolha e cálculo dos dados do esforço. O padrão sazonal dos dados dos DPUE da Dinamarca (Fig. 1-14) mostra dois picos, um durante a Primavera, de Abril a Junho, e o outro de Outubro a Janeiro, constituindo 2008 uma excepção. Não existe nenhuma prova científica por detrás deste padrão, pois não estão a ser realizados quaisquer estudos ou fiscalizações neste domínio. Os pescadores queixam-se de que há alturas em que o camarão se desloca para, ou do, Mar de Wadden e em que a pesca na Dinamarca não é permitida nem está disponível para a frota (Larsen pers com 2011). Toando por certo que não houve mudanças substanciais na capacidade de pesca da frota durante o ano, os aumentos de DPUE têm de estar relacionados com as densidades das unidades populacionais de camarão negro na área operacional da frota dinamarquesa. O padrão sazonal dos dados dos DPUE na Alemanha (Fig. 1-15) não apresenta o "pico da Primavera dinamarquês". O pico do Outono está presente mas parece ocorrer um mês mais tarde, ou seja, entre Setembro e Dezembro.

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30

Os valores elevados de 2007 podem ter origem na disponibilidade para a pesca dos restos da unidade populacional do ano anterior. É pouco provável que as alterações na estrutura ou na capacidade da frota influenciem esses padrões sazonais. A razão tem de ser biológica ou ambiental. O padrão sazonal dos dados dos DPUE nos Países Baixos (Fig. 1-16) também não apresenta o "pico da Primavera dinamarquês" e é muito semelhante ao padrão dos DPUE alemão. Todavia, o pico do Outono parece ser menos pronunciado. Os desembarques da Primavera parecem ser mais elevados quando o Outono anterior apresentou valores elevados de DPUE. Este facto é facilmente visível nas épocas de Outono de 2006 e da Primavera de 2007. Como o cálculo do esforço é consistente ao longo dos anos, quaisquer desvios podem afectar os níveis de DPUE num determinado ano, mas não a sua sazonalidade. Figura 1-14: Dados dos DPUE mensais nas pescarias de camarão negro na

Dinamarca entre 2005 e 2009

0

2

4

6

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12

14

Jan Feb Mar Apr May June July Aug Sep Oct Nov Dec

LPUE (kg/h)

2005

2006

2007

2008

Fonte: WGCRAN (2010)

LEGENDA: LPUE (kg/h) - DPUE (kg/h) Figura 1-15: Dados dos DPUE mensais nas pescarias de camarão negro na

Alemanha entre 2005 e 2009

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

Jan Feb Mar Apr May June July Aug Sep Oct Nov Dec

lpue (kg/hp‐days)

2005

2006

2007

2008

2009

5‐Year‐Mean

Fonte: WGCRAN (2010)

LEGENDA: LPUE (kg/hp-days) - DPUE (kg/Cv-dias)

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

31

Figura 1-16: Dados dos DPUE mensais nas pescarias de camarão negro nos Países Baixos entre 2005 e 2009

0

2

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Jan Feb Mar Apr May June July Aug Sep Oct Nov Dec

LPUE (kg/h)

2005

2006

2007

2008

2009

5‐Year‐Mean

Fonte: WGCRAN (2010)

LEGENDA: LPUE (kg/h) - DPUE (kg/h)

1.1.3 Distribuição do esforço de pesca do camarão no Mar do Norte Meridional

Estrutura da frota e pesqueiros

A Dinamarca possui a frota mais jovem e presumidamente mais moderna, pescando

totalmente fora da Dinamarca e das costas setentrionais da Alemanha. A Alemanha possui uma percentagem elevada de navios de pesca mais pequenos e

antigos frequentemente pescando com viagens de um só dia na vizinhança dos portos de origem. Os navios de pesca mais potentes pescam ao longo de parte da costa holandesa e de toda a costa da Alemanha e da Dinamarca, na costa dinamarquesa fora da zona das 6 mn.

A frota holandesa possui, comparativamente, poucos navios de pesca antigos e com

pouca potência a operarem nas suas águas. A maioria dos navios de pesca mais potentes e bem equipados pesca ao longo de grande parte das costas da Alemanha e da Dinamarca, fora da zona das 3 mn na Alemanha e das 12 mn na Dinamarca.

Enquanto os dados do VMS (sistema de localização de navios por satélite) fornecem

uma perspectiva muito boa das actividades regionais e sazonais das frotas, não está disponível nenhum inventário recente da frota que forneça detalhes sobre o equipamento e a eficiência dos navios.

Métodos de tratamento dos dados do VMS Os dados do VMS estão disponíveis desde 2005 relativamente a uma parte das frotas de pesca de camarão (comprimento total dos navios > 15 m - Regulamento (UE) n.º 2244/2003). Os dados originais do VMS (Vessel Monitoring System) consistem no número de identificação do navio, na sua posição, na velocidade e na rota. Como só está disponível uma parte dos dados do VMS da frota dos Países Baixos (16% a 25% entre 2005 e 2008) (Schulze e Fock 2010), os dados holandeses referentes ao esforço e à categoria de potência foram corrigidos pela percentagem do esforço em termos de kw-hora cobertos pelos dados do VMS pelos kw-hora-esforço cobertos pelos dados dos diários de bordo.

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Durante o projecto "Estudo para a revisão da Box da solha" (para mais pormenores, ver Beare et al. 2010), financiado pela Comissão Europeia, os parceiros apresentaram dados do VMS relativos à Dinamarca, à Alemanha e aos Países Baixos. Esses dados foram utilizados para as presentes análises. Para cada posição foi criada uma bandeira com a indicação "a pescar" ou "sem pescar" com base na velocidade de cada navio, ou seja, uma certa gama de velocidade baixa foi considerada "a pescar", enquanto uma velocidade mais elevada ou uma paragem prolongada foi considerada "sem pescar". A posição da embarcação foi então afectada a um quadrado de 3 por 3 mn (ou seja, 100 rectângulos pequenos por cada rectângulo CIEM) e o intervalo de tempo entre duas posições foi somado até ao total do esforço de pesca gasto num quadrado específico de 3 por 3 mn (horas de pesca, Fig. 1). Uma vez que o intervalo de tempo entre cada posição pode chegar às duas horas, existe uma porção considerável de actividade "não vista" por cada navio. O método aplicado para analisar os dados do VMS tem em consideração esta incerteza substituindo cada registo por conjuntos distintos de posições com probabilidade elevada da presença do navio (Fock 2008). O erro deste método de análise dos dados do VMS foi avaliado em cerca de 5% (Fock 2008). Para identificar a faina dos navios (pesca de camarão ou outras), usou-se a informação constante do diário de bordo sobre a arte, a malhagem e a categoria de potência de cada navio e de cada saída. Contudo, podem ocorrer erros de classificação devidos a erros nos dados constantes do diário de bordo (ver, por exemplo, esforço dos navios de pesca de camarão holandeses em áreas offshore). Os dados foram agregados, de tal forma que não podem ser identificados individualmente nem a embarcação nem o pescador. A distribuição do esforço de pesca total (horas) por quadrados de 3 por 3 mn das frotas de pesca dinamarquesa (DK), alemã (DE) e holandesa (PB) para todo o período de 2005 a 2008 é apresentada na Fig. 1-17.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Figura 1-17: Distribuição do esforço de pesca (horas) das pescarias de camarão dinamarquesa (DK), alemã (DE) e holandesa (PB) entre 2005 e 2008

Fonte: WGCRAN (2010) LEGENDA: fishing effort (h) - esforço de pesca (h)

A frota dinamarquesa pesca quase exclusivamente foras da sua costa e em algumas partes da costa setentrional da Alemanha. A frota alemã cobre não só a costa alemã mas também as costas dinamarquesa e holandesa. As razões para essa situação têm origem na distribuição sazonal do camarão, na situação legal que permite aos navios estrangeiros pescarem nos países vizinhos até uma certa distância da linha de base (ver capítulo 1.1.4), e no facto de alguns navios registados na Alemanha serem holandeses, com tripulações holandesas a bordo. Assim, esses navios podem pescar, em parte, nas águas e nas costas onde os pescadores se sentem "em casa", ou seja, nas costas holandesas. Um vista de perto da costa dinamarquesa mostra que os navios alemães não pescam directamente na costa onde não têm direito a pescar. Os sinais do VMS de perto da costa mostram movimento para os portos onde desembarcam as suas capturas. O padrão de distribuição da frota holandesa é muito semelhante ao padrão da frota alemã, estendendo-se mais para norte , para o sul até ao canal e para a costa belga, bem como para o mar alto no Mar do Norte (Fig. 1-18). Estes últimos dados são provavelmente erros da base de dados. Os erros ocorrem quando os navios mudam da pesca do camarão para a de peixes chatos e essa mudança não é convenientemente registada nos diários de bordo, sugerindo assim uma actividade ligada ao camarão onde ela não existe. Relativamente à frota holandesa, pode observar-se que a actividade pesqueira se processa fora da zona das 6 mn e das 12 mn respectivamente ao longo da costa dinamarquesa. Dada a forma de cálculo da distribuição e da escala do esforço, a distância até à zona das 3 mn ao longo da costa germânica quase não se vê.

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Figura 1-18: Navios holandeses ao abrigo das tempestades no porto de Helgoland (Janeiro de 2011)

Fotografia: vTI (© Neudecker)

Como pode ver-se na Fig. 1-19, que mostra a distribuição sazonal do esforço de pesca por trimestre relativamente a 2008, a frota dinamarquesa limita-se mais ou menos às águas nacionais. A pesca processa-se sobretudo perto da linha costeira. Só no Inverno é que a área de pesca se desloca mais para fora, para águas mais profundas. Em 2008, as águas alemãs foram muito pouco utilizadas. O mesmo é válido para a frota alemã. Todavia, a pesca de águas mais afastadas tem lugar até ao segundo trimestre e verifica-se também, em parte, no quarto trimestre, devido à sazonalidade da distribuição do camarão. Só durante o período mais quente do Verão a pesca do camarão fica mais confinada à zona mais perto da costa, e a costa dinamarquesa quase só é utilizada durante o primeiro semestre. Os sinais de VMS holandeses seguem o mesmo padrão dos navios alemães. As diferenças consistem exclusivamente num alargamento da gama geral das áreas de pesca e na ausência de actividade dos navios holandeses fora da costa Leste da Frísia no primeiro e terceiro trimestres. Ainda não estão disponíveis avaliações mais recentes dos dados do VMS. Os dados de 2005 a 2007 e as resoluções mensais mostram distribuições muito semelhantes e não foram incluídos por razões de espaço. Parece necessário introduzir melhorias na cobertura dos dados do VMS dos navios das frotas, de forma a reduzir problemas através do alargamento dos dados existentes à

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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totalidade das frotas. Os erros de afectação de fainas erradas podem ser eliminados melhorando os dados do diário de bordo e cruzando os dados do VMS e das fainas aos registos de desembarques nas principais espécies nos diários de bordo. Figura 1-19: Distribuição do esforço de pesca das pescarias de camarão

dinamarquesa (DK), alemã (DE) e holandesa (PB) em 2008 entre o primeiro e o quarto trimestres

Fonte: WGCRAN (2010)

LEGENDA: Quarter - Trimestre

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1.1.4 Enquadramento jurídico das pescarias de camarão

Principais conclusões

Não existe um máximo permitido de capturas de camarão negro do Mar do Norte As unidades populacionais são estudadas e avaliadas pelo Grupo de Trabalho sobre

as Pescarias de Crangon do CIEM. Até ao momento, não há sinais de sobrepesca que tornem necessária qualquer

restrição.

A jurisdição válida para as áreas costeiras é a que mais se aplica à pesca do camarão negro, que se processa a profundidades que raramente excedem os 30 metros e a distâncias que raramente ultrapassam as 30 mn da costa. Em 1982 a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS) estabeleceu a territorialidade dos mares. Desde então, as águas territoriais dos Estados que ratificaram o tratado foram definidas até uma distância de 12 mn da linha de base da costa (linha da baixa-mar). A zona compreendida entre a costa e a linha de referência é denominada águas interiores. O Estado possui jurisdição total sobre essa zona. Entre a linha de base e a fronteira das 12 mn existe a linha das 3 mn. Tal como as águas interiores, a zona das 3 mn é totalmente reservada à pesca nacional. Dentro das 12 mn, os Estados-Membros tomaram medidas específicas "não discriminatórias", que permitem a pesca por parte dos navios estrangeiros (UE (Com) 2371/2002). O mesmo regulamento limita igualmente o acesso às águas nacionais especiais. Relativamente aos países mais importantes da pesca do camarão negro - a Dinamarca, a Alemanha e os Países Baixos -, são válidas as seguintes regras de acesso, nos termos do Anexo 1 do UE (Com) 2372/2002: Águas costeiras da Dinamarca Alemanha: Costa do Mar do Norte (da fronteira Dinamarca/Alemanha até Hanstholm): 6 a 12 mn - ilimitado Países Baixos: Costa do Mar do Norte fora das 12 mn Águas costeiras da Alemanha

Dinamarca: da fronteira Dinamarca/Alemanha até ao topo Norte de Amrum, Lat. 54º 43' N: 3 a 12 mn - ilimitado Países Baixos: Costa do Mar do Norte (todas as costas): 3 a 12 mn - ilimitado Águas costeiras dos Países Baixos Dinamarca: Não especificado Alemanha: Costa do Mar do Norte (todas as costas): 3 a 12 mn - ilimitado

Em 1995, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) criou um quadro regulamentar para a gestão sustentável das pescas. A nível europeu, a política comum das pescas constitui esse quadro. As primeiras medidas comuns foram adoptadas em 1970. Todos os pescadores devem ter acesso igual a todas as águas dos Estados-Membros da União Europeia. Para manter a sustentabilidade económica e ecológica das pescarias realizadas pelos pescadores locais e tradicionais com pequenas embarcações, uma parte da costa foi reservada em exclusivo para esses pequenos barcos (COFAD 2004, UE (Com) 2371/2002).

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Em 1983, os Estados-Membros decidiram entregar os interesses que detêm nas suas águas territoriais à Comissão Europeia para a gestão e a representação das pescas na zona das 200 mn (UE (Com) 2371/2002). Relativamente à pesca do camarão negro, existe uma restrição legal importante válida para as áreas costeiras no Mar do Norte: a box da solha. Em 1986, a União Europeia aprovou uma zona de restrição (Regulamentos (CEE) n.ºs 3094/86 e 55/87) destinadas a proteger os juvenis de solha. O regulamento especifica que todos os arrastões de vara (TBB) entre os 8 e os 24 metros de comprimento total e com menos de 221 kW / 300 Cv de potência têm de ser registados numa "lista dos arrastões de vara" (3084/86 e 55/87). Este lista não é extensível, mas os seus lugares podem ser alterados quando um navio abandona a frota. Sem uma inscrição na lista dos arrastões de vara, não é permitido pescar da box da solha. Esta box da solha abrange uma zona ao longo das costas dos Países Baixos, da Alemanha e da Dinamarca até ao farol de Hirtshals na Dinamarca (Mapa 1) dentro da fronteira marítima das 12 mn. Os navios maiores estão excluídos da zona devido às suas artes mais pesadas e, por conseguinte, o potencial mais elevado de prejudicar os bentos e, sobretudo, as solhas jovens. Seja como for, muitos pescadores locais possuem embarcações de pesca mais pequenas e beneficiam deste regulamento. O camarão negro do Mar do Norte não possui restrições quanto a máximos permitidos de capturas. As unidades populacionais são estudadas e avaliadas pelo Grupo de Trabalho sobre as Pescarias de Crangon e Ciclo de Vida do CIEM (WGCRAN). Uma vez que as espécies possuem um ciclo de vida muito curto, ainda não foram definidas estimativas fiáveis das unidades populacionais. Contudo, de acordo com estudos recentes, não havia sinais de sobrepesca, a qual teria tornado necessária a restrição (Neudecker et al. 2007, CIEM 2010). Mapa 1: Box da Solha

Fonte: Comissão Europeia

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1.2 A importância económica e social da indústria

Principais conclusões

Estão envolvidos na pesca do camarão cerca de 500 navios e 1000 pescadores.

Os arrastões de vara com 12 a 24 m de comprimento constituem o segmento mais importante das frotas costeiras dos Países Baixos e da Alemanha. São segmentos que oferecem um número comparativamente elevado de empregos (cerca de 500 a 600 cada um) e geram rendimentos de uma ordem de grandeza em torno dos 50 milhões de euros anuais. Quanto à frota dinamarquesa, os arrastões de vara possuem uma importância menor.

Os arrastões de vara de 12 a 24 m estão na maioria dos casos organizados em pequenas empresas unipessoais, operadas pelo proprietário. Os proprietários conseguiram viver dos seus negócios, mas, pelo menos nos casos dos Países Baixos e da Alemanha, enfrentaram anos com perdas.

Os desembarques e os preços só estão relacionados vagamente. Capturas mais pequenas não precisam necessariamente de ser compensadas por preços elevados e vice-versa, mostrando um mercado concorrencial imperfeito com uma incerteza crescente para o vendedor (=pescador).

1.2.1 Importância social da indústria Estão envolvidos na pesca do camarão cerca de 500 navios e 1000 pescadores. Quadro 2. Número de licenças de pesca de camarão na Dinamarca, na

Alemanha e nos Países Baixos em 2010

Países Baixos 225

Mar de Wadden 92

Outras zonas costeiras 133

Alemanha 253

Baixa Saxónia 137

Schleswig-Holstein 116

Dinamarca 28

Total 508

Fonte: NVB 1.2.2 Dinamarca A pesca do camarão negro possui uma importância menor dentro da pesca marítima dinamarquesa. Representa cerca de 2% do total das receitas. As tripulações envolvidas na pesca do camarão negro contam aproximadamente com 70 pessoas (Fig. 1-20).

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Figura 1-20: Valores de referência da pesca dinamarquesa do camarão negro comparada com outras pescas (esquerda: desembarques em milhares de toneladas, centro: receitas em milhões de euros, direita: emprego em número de empregos directos) em 2008

3.20,4%

819.6

99,6%    

72%

38498%

682%

369998%

BrownShrimpFishery

OtherDanishFisheries

Fonte: Registo de Vendas da Direcção das Pescas da Dinamarca

LEGENDA: Brown Shrimp Fishery - Pesca do camarão negro; Other Danish Fisheries - Outras pescas

dinamarquesas A Dinamarca possui três portos onde ocorrem os principais desembarques de camarão negro, localizados na costa Sudoeste (Mapa 2). Em Esbjerg, o camarão negro assume a categoria de espécie principal com base no peso, enquanto, nos outros dois portos, outras espécies desempenham igualmente um papel importante. Hvide Sande é dominado por outras espécies, sobretudo a galeota para fins industriais (Fig. 1-21). Figura 1-21: Desembarques de camarão negro na Dinamarca por porto (2010)

comparados com os desembarques de outras pescas

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

Esbjerg Hvide Sande Havneby

Landings (t)

OtherSpeciesBrownShrimp

Fonte: Registo de Vendas da Direcção das Pescas da Dinamarca

LEGENDA: Landings (t) - Desembarques (t); Other Species - Outras espécies; Brown Shrimp - Camarão negro A Figura 1-22 mostra a importância dos portos de Esbjerg, Hvide Sande e Havneby para a pesca dinamarquesa do camarão negro por receitas: entre 2 e 2,7 milhões de euros por porto. A distribuição geográfica dos portos e a sua importância por número de navios registados, desembarques e receitas podem observar-se no Mapa 3.

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Figura 1-22: Receitas da pesca de camarão negro na Dinamarca por porto

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Revenues (1000 Euros)

Fonte: Registo de Vendas da Direcção das Pescas da Dinamarca

LEGENDA: Revenues (1000 Euros) - Receitas (1000 euros)

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Mapa 2: Portos dinamarqueses de camarão negro: desembarques, receitas e número de navios registados

Cartografia: vTI (M. Müller)

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1.2.3 Alemanha A pesca do camarão negro representa um sector importante da pesca marítima alemã. Representa cerca de 20% do total das receitas e dos empregos (Fig. 1-23). Como a pesca é limitada ao Mar do Norte, abrange exclusivamente os Estados da Baixa Saxónia e do Schleswig Holstein, onde a sua contribuição para as receitas e o emprego é, portanto, elevada (Figs. 1-24 e 1-25). Figura 1-23: Valores de referência da pesca alemã do camarão negro

comparada com outras pescas (esquerda: desembarques em milhares de toneladas, centro: receitas em milhões de euros, direita: emprego em número de empregos directos) em 2009

12.86%

18694%

3319%

141

58019%

245981%

BrownShrimpFishery

OtherGermanFisheries

Fonte: Estatísticas relativas à frota da BMELV e BLE

LEGENDA: Brown Shrimp Fishery - Pesca do camarão negro; Other German Fisheries - Outras pescas alemãs Figura 1-24: Valores de referência da pesca do camarão negro na Baixa Saxónia

comparada com outras pescas (esquerda: desembarques em milhares de toneladas, centro: receitas em milhões de euros, direita: emprego em número de empregos directos) em 2009

6.263%

3.737%

936%

28155%

23345%

BrownShrimpFishery

Other LowerSaxonyFisheries

Fonte: Estatísticas relativas à frota da BMELV e BLE

LEGENDA: Brown Shrimp Fishery - Pesca do camarão negro; Other Lower Saxony Fisheries - Outras pescas da Baixa Saxónia

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Figura 1-25: Valores de referência da pesca do camarão negro no Schleswig-Holstein comparada com outras pescas (esquerda: desembarques em milhares de toneladas, centro: receitas em milhões de euros, direita: emprego em número de empregos directos) em 2009

5,536%

9.964%

1040%

29326%

82474%

BrownShrimpFishery

Other SFisherie

Fonte: Estatísticas relativas à frota da BMELV e BLE

LEGENDA: Brown Shrimp Fishery - Pesca do camarão negro; Other SH Fisheries - Outras pescas do Schleswig-Holstein

A importância para o emprego é menor, em números relativos, no Schleswig Holstein, uma vez que muitos pescadores da região estão envolvidos a tempo parcial na pesca com artes fixas, a qual, na Alemanha, se realiza quase exclusivamente no Mar Báltico. O camarão tem de ser desembarcado pouco tempo depois da captura. Como os pesqueiros de pesca do camarão se estendem ao longo de toda a costa do Mar do Norte, a captura tem de ser desembarcada em diversos locais da Alemanha. Os portos mais importantes são o de Büsum no Nordeste, de Cuxhaven no Centro e de Greetsiel e de Norddeich na parte mais ocidental (Figs. 1-27, 1-28 e Mapa 3). A importância económica do camarão negro para os locais de desembarque, contudo, é bastante limitada. Os valores absolutos dos desembarques possuem uma importância menor para o total das receitas geradas na comunidade urbana. Todavia, a atracção exercida sobre os turistas pelos navios de pesca no porto possui um significado extremamente importante para a economia local, já que o turismo gera mais de 60% dos rendimentos primários locais (NIT/COFAD 2010, em prep.). Os locais de desembarque constituem uma atracção turística devido, simultaneamente, à frescura imaginada dos produtos e ao pitoresco cenário portuário, com os navios e as suas redes de pesca (Fig. 1-26). O número total de empregados nas tripulações e no sector do processamento é de cerca de 800 (BMELV 2010 e Base de Dados Amadeus).

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Figura 1-26: Navios de pesca de camarão alemães no porto de Fedderwardersiel engalanados para a tradicional "Kutterregatta"

Fotografia: vTI (© Neudecker) A costa do Mar do Norte da Alemanha, de facto, é formada por quatro Estados (Länder): Schleswig-Holstein, Hamburgo, Bremen e a Baixa Saxónia. Os navios de pesca de camarão estão sobretudo registados no Schleswig-Holstein e na Baixa Saxónia, onde possuem os seus portos de armamento, as suas OP e as suas instituições oficiais. Há muitos portos de armamento ao longo da costa, que acolhem entre 1 e 34 navios de pesca de camarão, sendo Büsum o principal centro de desembarques, crivagem e receitas de camarão (Figs. 1-27, 1-28 e Mapa 3).

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Figura 1-27: Desembarques de camarão negro na Alemanha, por porto com mais de 100 t de desembarques anuais, comparados com os desembarques de outras pescas

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Landings (t)

Other Species

Brown Shrimp

Nota: Os "outros desembarques" muito elevados em Hoernum-Sylt devem-se aos desembarques de mexilhão

Fonte: BLE

LEGENDA: Landings (t) - Desembarques (t); Other Species - outras espécies; Brown Shrimp - camarão negro; Figura 1-28: Receitas da pesca de camarão negro na Alemanha por porto

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Revenues (1000 Euros)

Fonte: BLE

LEGENDA: Revenues (1000 Euros) - Receitas (1000 euros)

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Mapa 3: Portos alemães de camarão negro: desembarques, receitas e número de navios registados

Cartografia: vTI (M. Müller)

LEGENDA: Landings (t) - Desembarques (t); Revenues (1000 Euros) - Receitas (1000 euros); Number of registered vessels - Número de navios registados

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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1.2.4 Países Baixos A pesca de camarão negro constitui um sector importante das pescas holandesas, sobretudo se considerarmos a pesca com cúteres e a pesca costeira em pequena escala. O camarão negro representa 22% das receitas das pescas com cúteres (70% da frota abaixo dos 300 Cv) e 14% do total das receitas de toda a frota de pesca dos Países Baixos. Quadro 3. Importância económica da pesca de camarão negro nos Países

Baixos em 2009

Todas as pescarias

Camarão negro Categoria da frota

Milhões de € Milhões de € % Pesca costeira 205 44 22 1-260 Cv 11 11 100 261-300 Cv 52 34 65 > 300 Cv 141 0 0 Grande pesca de alto mar

115 0 0

Pequena pesca de alto mar

7 0 0

Total 327 44 14

Fonte: LEI - Visserij in cijfers 2010 Nos últimos anos a importância relativa da pesca de camarão negro aumentou de forma significativa: enquanto as receitas da pesca costeira global se mantiveram sem grandes variações (em torno dos 250 milhões de euros) nos anos entre 2003 e 2008, o volume de negócios da frota de camarão negro duplicou. Quadro 4. Evolução da importância da pesca holandesa de camarão negro

relativamente à pesca costeira total

Pesca costeira global Pesca de camarão negro Milhões de € Milhões de € %

2003 262 32 12% 2004 241 32 13% 2005 240 39 16% 2006 246 37 15% 2007 270 52 19% 2008 250 61 24% 2009 204 44 22%

Fonte: LEI - Visserij in cijfers 2010 Os principais desembarques têm lugar nos portos do Mar de Wadden (Zoutkamp, Lauwersoog, Harlingen, Den Oever).

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Mapa 4: Portos holandeses de camarão negro: desembarques, receitas e número de navios registados

Cartografia: vTI (M. Müller) LEGENDA: Landings (t) - Desembarques (t); Revenues (1000 Euros) - Receitas (1000 euros); Number of

registered vessels - Número de navios registados

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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1.3 Evolução do desempenho económico das frotas de camarão negro entre 2000 e 2010

Principais conclusões

O camarão negro está, em termos globais, entre as cinco principais espécies (em valor) para as frotas holandesa e alemã. Para a frota dinamarquesa, o camarão negro é menos importante.

A frota total de pesca de camarão compreende cerca de 500 navios, que pescam ao longo de toda a costa da Dinamarca, da Alemanha e dos Países Baixos.

Os arrastões de vara holandeses e alemães com 12-24 m dependem quase integralmente das receitas do camarão negro. Os arrastões de vara dinamarqueses têm igualmente como principal objectivo o camarão negro mas dedicam-se também, em parte, aos peixes chatos e dispõem da opção de mudar para a galeota.

Os navios holandeses e, sobretudo, alemães estão velhos, e muito poucos foram trocados por novos ao longo desta última década, enquanto os navios dinamarqueses são relativamente novos e modernos.

Na actual configuração da frota (500 navios), a pesca de camarão não pode ser rentável com um preço de venda abaixo dos 2,75 euros/kg (na hipótese de um preço de gasóleo de 0,60 euros/kg). Com uma frota reduzida para 375 navios, o ponto de equilíbrio (break-even) seria um preço de camarão de 2,31 euros/kg.

Deveria ser fácil capturar a mesma quantidade de camarão com uma frota de dimensão reduzida em 25%.

Os navios holandeses e alemães estão distribuídos ao longo de toda a linha costeira, desempenhando um papel importante no que respeita ao turismo, fornecendo um cenário portuário pitoresco.

A Fig. 1-29 compara a frota de pesca de camarão negro da União Europeia por Estado-Membro. A Alemanha e os Países Baixos possuem a parte mais importante, com cerca de 200 navios por país, enquanto a Dinamarca só tem 27 navios. O elevado número de navios em outros Estados-Membros explica-se pelas pequenas dimensão e capacidade das frotas da Bélgica, da França e do Reino Unido.

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Figura 1-29: Composição da frota de pesca de camarão negro da União Europeia por Estado-Membro (número de navios activos em 2009)

27

228

205

154 Denmark

Germany

The Netherlands

Other Member States

Fonte: WGCRAN (2010)

LEGENDA: Denmark - Dinamarca; Germany - Alemanha; The Netherlands - Países Baixos; Other Member States - Outros Estados-Membros

A análise do desempenho da captura mostra desembarques médios de 105 toneladas por navio dinamarquês em 2010, isto é, o dobro da média de desembarques de um navio alemão e também muito mais elevado do que o desempenho médio holandês. Este desempenho explica-se, em parte, pela idade da frota: a Dinamarca possui uma frota modernizada, com navios com uma média de idades de 23 anos e uma potência máxima permitida de 221 kW (Quadro 5). Restam muito poucos navios velhos e com pouca potência; o navio mais velho foi construído em 1963 (Ficheiro europeu da frota de pesca). Razões biológicas e ambientais podem também contribuir para o extraordinário desempenho de captura dos navios de pesca de camarão dinamarqueses (Quando 6). Quadro 5. Estrutura das principais frotas europeias de camarão negro em 2010

País Número de navios

Potência do motor

(kW)

Arqueação bruta

Comprimento total médio (m)

Média de idades (anos)

Dinamarca 27 5.020 1.259 17 23 Alemanha 228 42.534 10.279 17,43 34 Países Baixos 201 39.877 12.482 21,21 27

Fonte: BLE, Ficheiro europeu da frota de pesca e IMARES Quadro 6. Desempenho de captura (toneladas/ano) por navio e frota em 2010

País Média Máx Mín Dinamarca 105,2 161,0 55,8 Alemanha 52,6 181,6 1,5 Países Baixos 83,0 243,3 2

Fonte: CIEM WGCRAN (2010), Kristensen (pers. Com.) e vTI Os números relativos às receitas, aos custos e aos lucros têm origem no Relatório Económico Anual (REA 2010) sobre a frota de pesca europeia (Anderson e Guillen 2010). São os últimos dados disponíveis, que cobrem os anos entre 2002 e 2008. No REA 2010 foi adicionado um valor estimado correspondente ao trabalho não pago do proprietário, a

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

51

fim de poder calcular o custo total e o custo da amortização, baseado na assumpção de que todos os activos foram substituídos após o termo do tempo de vida fiscal. 1.3.1 Dinamarca Como a Dinamarca, neste momento, tem apenas 27 navios activos na pesca de camarão (Fig. 1-30) - muitos deles substituídos por novos em torno de 2006 (Beare et al. 2010) - e como só existe uma OP para esse sector da pesca, a gestão é menos difícil do que na Alemanha e nos Países Baixos (Larsen pers. com. 2010). Como mais de 65% dos pescadores de camarão são membros da OP, os acordos desta são válidos também para o resto da frota nacional de pesca de camarão, nos termos do Regulamento (CE) n.º 1812/2001, da Comissão. Figura 1-30: Número de navios activos na pesca de camarão na Dinamarca

(2000-2010)

0

10

20

30

40

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Number  active Vessels

Fonte: Registo de Navios e de Licenças de Pesca da Direcção das Pescas da Dinamarca

LEGENDA: Number active Vessels - Número de navios activos Os arrastões de vara dinamarqueses que têm como principal objectivo o camarão negro conseguiram rentabilizar o negócio durante todo o período entre 2002 e 2008 (Fig. 1-31). É óbvio que, de uma forma geral, os custos aumentam paralelamente às receitas; e as sequências cronológicas dos preços e das receitas apresentam algumas semelhanças, embora o volume dos desembarques varie de ano para ano. Há que manter presente que alguns arrastões de vara dinamarqueses têm como objectivo principal os peixes chatos (Anderson e Guillen, 2010), pelo que os custos relativos exclusivamente à pesca de camarão não estão disponíveis. Por conseguinte, os dados relativos aos lucros também não se referem exclusivamente à pesca de camarão negro. Todavia, torna-se evidente que uma maior flexibilidade dos navios, proporcionada pelas opções de pesca, em alternativa, de camarão negro ou dos peixes chatos, contribui para um lucro permanentemente positivo dos respectivos segmentos da frota.

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Figura 1-31: Historial do lucro médio da pesca de camarão na Dinamarca por navio (2002-2009)

Fonte: Anderson e Guillen (2010)

LEGENDA: Profit/vessel - Lucro/navio; Income/vessel - Receita/navio; Cost/vessel - Custos/navio; Price €/kg - Preço €/kg

1.3.2 Alemanha Na frota alemã, os arrastões de vara com menos de 24 m têm como objectivo quase exclusivo o camarão negro. Assim, os dados relativos a esses segmentos da frota podem ser atribuídos integralmente à pesca de camarão negro. Em 1 de Janeiro de 2009 estavam registados com pavilhão alemão 1858 navios de pesca, 256 dos quais tendo por arte principal o arrasto de vara. 228 navios registaram desembarques de camarão em 2009. Muitos das navios inactivos tinham menos de 12 m de comprimento. O número de arrastões de vara teve flutuações durante os últimos dez anos: de 2002 a 2007 constatou-se um aumento constante, enquanto que, entre 2007 e 2009, houve uma quebra de 10% (Fig. 1-32).

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

53

Figura 1-32: Número de navios activos na pesca de camarão na Alemanha (2000-2009)

0

50

100

150

200

250

300

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Number of active vessels

Fonte: BLE (2010)

LEGENDA: Number active Vessels - Número de navios activos A Fig. 1-33 mostra a dispersão das capturas anuais e da potência dos motores por navio na frota alemã, bem como a relação muito clara entre as duas coisas. Todos os navios com uma potência fraca (abaixo dos 100 kW) correspondem muito provavelmente a embarcações de pesca de camarão em tempo parcial e com desembarques de poucas toneladas. Os navios com mais de 100 kW também parecem pescar, na maioria dos casos, a tempo parcial, e são normalmente navios antigos com desembarques de menos de 50 t, com uma única excepção que apresenta capturas excepcionais. Só os que possuem a potência máxima permitida de 221 kW conseguem desembarques de camarão de 100 t ou mais (com um máximo de 180 t). Figura 1-33: Desempenho de captura da pesca alemã de camarão negro em

2009: Relação entre a potência do motor (eixo dos x) e desembarques por navio

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200 250

annual landings per vessel (t)

Engine Power (kW)

Fonte: BLE e vTI

LEGENDA: Annual landings per vessel (t) - Desembarques anuais por navio (t); Engine power (kW) - Potência do motor (kW)

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Os arrastões de vara alemães são quase exclusivamente operados por pequenas empresas familiares. O lucro surge quando o trabalho do proprietário é contado como custo imputado. Para o proprietário, o lucro gerado é suficiente para sobreviver. As actividades de investimento são muito limitadas: foram construídos muito poucos arrastões de vara durante a última década. Assim, a média de idades dos navios é de cerca de 34 anos (Fig. 1-34). Quando os pescadores se reformam, podem habitualmente vender a empresa a um sucessor, o que significa que o número de pessoas empregadas não varia muito. Permite também concluir que possuir e operar um arrastão de vara tendo como objectivo a pesca de camarão constitui uma opção de trabalho exequível. Figura 1-34: Cúter de madeira com 50 anos, bem conservado, no porto de

Cuxhaven

Fotografia: vTI (© Neudecker) Os arrastões de vara alemães que têm como principal objectivo o camarão negro conseguiram ser mais ou menos rentáveis entre 2002 e 2008 (Fig. 1�35). Esses navios dependem quase exclusivamente desta espécie única, pelo que o seu lucro está estreitamente ligado ao preço e à captura de camarão negro. As receitas e os custos são praticamente idênticos durante o período de observação, permitindo um lucro muito baixo ou nulo. 2008 foi um ano excepcional, pois tanto as capturas como os preços foram relativamente elevados, mantendo-se os custos estáveis. Os preços foram inferiores em anos anteriores. Em 2004 observou-se o preço mais baixo, sendo também o único ano em que, em média, se verificaram prejuízos.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

55

Figura 1-35: Historial do lucro médio da pesca de camarão na Alemanha por navio (2002-2008)

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

‐50

0

50

100

150

200

250

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

€/kg1.000 €

Profit/vessel Income/vessel Cost/vessel Price €/kg

Fonte: Anderson e Guillen (2010)

LEGENDA: Profit/vessel - Lucro/navio; Income/vessel - Receita/navio; Cost/vessel - Custos/navio; Price €/kg - Preço €/kg

1.3.3 Países Baixos Figura 1-36: Historial do lucro médio da pesca de camarão nos Países Baixos

por navio (2002-2008)

‐50

0

50

100

150

200

250

300

350

400

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

1.000 €

Profit/vessel Income/vessel Cost/vessel

Fonte: Anderson e Guillen (2010)

LEGENDA: Profit/vessel - Lucro/navio; Income/vessel - Receita/navio; Cost/vessel - Custos/navio

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Nos Países Baixos, tal como na Alemanha, verifica-se uma relação muito clara entre as capturas anuais e a potência dos motores por navio. Contudo, há muito poucos navios com potências abaixo dos 100 kW, e o número de navios de pesca de camarão a tempo parcial que realizam desembarques de poucas toneladas é também muito baixo. Observa-se alguma dispersão de navios com potências entre os 90 kW e os cerca de 200 kW, que parecem também pescar, em parte, a tempo parcial. Um grande número de navios com a potência máxima permitida de 221 kW constitui a espinha dorsal desta frota, mas variando também muito os seus desembarques. Os desembarques médios por navio são de 83 toneladas de camarão, mas o número de desembarques acima das 100 t é muito mais elevado do que na frota alemã, com um máximo extraordinário de 241 t. Figura 1-37: Desempenho de captura da pesca holandesa de camarão negro:

Relação entre a potência do motor (eixo dos x) e desembarques por navio em 2010

0

50

100

150

200

250

300

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

Landings / Vessel (t)

Engine Power (kW)

Fonte: IMARES LEGENDA: Landings/vessel (t) - Desembarques/navio (t); Engine power (kW) - Potência do motor (kW) 1.3.4 Condições de rendibilidade da frota de pesca de camarão

negro Cálculos realizados pelo Knowledge Circle “Sustainable Shrimp Fishery” (Círculo do Conhecimento "Pesca Sustentável de camarão") e baseados em dados dos anos 2005-2008 deram origem às seguintes conclusões relativas ao nível de preços necessário para garantir uma actividade rentável: - preço < 2,25 €/kg: actividade com prejuízo, - preço entre 2,25 e 3,50 €/kg: insuficiente, - preço > 3,50 €/kg: rentabilidade a longo prazo1. Os Knowledge circles foram criados por pescadores nos Países Baixos, com a assistência de institutos científicos (LEI/IMARES). O objectivo dos Knowledge circles é o de procurar alternativas que ofereçam melhores produtos do peixe a um preço de custo reduzido e que cumpram as exigências sociais. Redução do custo, aumento das receitas e redução do impacto ecológico, eis as três questões abordadas. Podem ser feitos outros cálculos com base nos seguintes pressupostos: - capturas de camarão: 30 000 t, - consumo de gasóleo: 1,67 l por kg de camarão capturado,

1 Fonte: Wageningen UR (Knowledge Circle Sustainable Shrimp Fishery).

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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- preço do gasóleo: 0,50 €/kg, - tripulação: 2 trabalhadores/embarcação, - mão-de-obra: 35 000 €/trabalhador, - despesas operacionais: 55 000 €/embarcação. Foram analisadas duas possibilidades relativamente à dimensão da frota: - a situação actual de 500 embarcações no conjunto dos três países analisados, - a situação de uma redução da frota para 365 navios. Quadro 7. Rendibilidade da pesca de crangon com vários alternativas

Situação actual: 500 embarcações Hipótese: 375 embarcações Unidade

(€) € Unidade

(€) €

Receitas (capturas de camarão)

30 000 000 kg 3,50 105 000 000 30 000 000 kg 3,50 105 000 000

Consumo de gasóleo 50 000 000 l 0,50 25 000 000 50 000 000 l 0,50 25 000 000

Custo da mão-de-obra 1.000 homens 35 000 35 000 000 750 homens 35 000 26 250 000

Despesas operacionais 500 embarcações

55 000 17 500 000 375 embarcações

55 000 13 125 000

Lucro bruto 500 embarcações

55 000 27 500 000 375 embarcações

108 333 40 625 000

Receitas (capturas de camarão)

30 000 000 kg 2,75 82 500 000 30 000 000 kg 2,75 82 500 000

Consumo de gasóleo 50 000 000 l 0,50 25 000 000 50 000 000 l 0,50 25 000 000

Custo da mão-de-obra 1.000 homens 35 000 35 000 000 750 homens 35 000 26 250 000

Despesas operacionais 500 embarcações

55 000 17 500 000 375 embarcações

55 000 13 125 000

Lucro bruto 500 embarcações

10 000 5 000 000 375 embarcações

48 333 18 125 000

Receitas (capturas de camarão)

30 000 000 kg 2,50 75 000 000 30 000 000 kg 2,50 75 000 000

Consumo de gasóleo 50 000 000 l 0,50 25 000 000 50 000 000 l 0,50 25 000 000

Custo da mão-de-obra 1.000 homens 35 000 35 000 000 750 homens 35 000 26 250 000

Despesas operacionais 500 embarcações

55 000 17 500 000 375 embarcações

55 000 13 125 000

Lucro bruto 500 embarcações

-5 000 -2 500 000 375 embarcações

28 333 10 625 000

Receitas (capturas de camarão)

30 000 000 kg 1,75 52 500 000 30 000 000 kg 1,75 52 500 000

Consumo de gasóleo 50 000 000 l 0,50 25 000 000 50 000 000 l 0,50 25 000 000

Custo da mão-de-obra 1.000 homens 35 000 35 000 000 750 homens 35 000 26 250 000

Despesas operacionais 500 embarcações

55 000 17 500 000 375 embarcações

55 000 13 125 000

Lucro bruto 500 embarcações

-50 000 -25 000 000 375 embarcações

-31 667 -11 875 000

Receitas (capturas de camarão)

30 000 000 kg 1,57 47 100 000 30 000 000 kg 1,57 47 100 000

Consumo de gasóleo 50 000 000 l 0,50 25 000 000 50 000 000 l 0,50 25 000 000

Custo da mão-de-obra 1.000 homens 35 000 35 000 000 750 homens 35 000 26 250 000

Despesas operacionais 500 embarcações

55 000 17 500 000 375 embarcações

55 000 13 125 000

Lucro bruto 500 embarcações

-60 800 -30 400 000 375 embarcações

-46 067 -17 275 000

Fonte: AND International com base em dados comunicados pela OP Internationale Garnalen

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Segundo estes cálculos, o limiar de rendibilidade corresponde a um preço do camarão de 2,58 €/kg na situação actual (500 embarcações no conjunto dos três países analisados) e de 2,15 €/kg na hipótese de uma redução da frota para 375 embarcações. No momento exacto, o preço do gasóleo está a aumentar rapidamente. Na hipótese de um preço de 0,60 €/l, com todos os restantes parâmetros iguais, o limiar de rendibilidade passaria para 2,75 €/kg com uma frota de 500 embarcações e de 2,31 €/kg com uma frota reduzida para 375 embarcações. Se o preço do gasóleo atingir os 0,70 €/l, o limiar de rendibilidade só seria alcançado com um preço do camarão de 2,92 €/kg na actual situação da frota e de 2,48 €/kg na hipótese de uma redução. É evidente que os preços pagos no final de 2010 e princípio de 2011 estão muito longe de ser rentáveis.

1.4 Impacto ambiental da pesca de camarão de arrasto de vara no Mar do Norte

Principais conclusões

A ciência da pesca não realizou nenhuma avaliação fiável das unidades populacionais devido ao curto ciclo de vida do camarão negro, à extrema variabilidade da ocorrência e à desconhecida capacidade de captura da espécie.

As actuais dimensões das unidades populacionais (até 2010/2011, com base nos desembarques) são extremamente elevadas e não mostram sinais de sobrepesca.

O vigor das classes etárias pode ser extremamente variável e depende sobretudo de factores ambientais como, por exemplo, Invernos mais ou menos frios, sendo que esta última hipótese tem efeitos negativos.

A presença elevada de predadores, como, por exemplo, concentrações de badejo (antigamente também de bacalhau) pode reduzir a abundância, dando origem a pescas fracas no Outono e na Primavera seguinte.

O efeito das redes de arrasto no fundo do mar é negligenciável. Existe uma preocupação contínua manifestada pelas ONG e, consequentemente, pelos meios de comunicação social, relativamente ao intenso impacto exercido sobre os bentos pelas artes de pesca pesadas utilizadas pelos arrastões de vara. Mas existe também uma confusão entre dois tipos de arrastões de vara: a rede de arrasto para peixes chatos e a rede de arrasto para camarão. A rede de arrasto para peixes chatos é uma rede de arrasto de vara muito pesada e extremamente rígida, equipada com cerca de uma dúzia ou mais de correntes pesadas para soltar do fundo do mar os peixes chatos e arrastada a velocidades de 6 nós ou mais por navios grandes e potentes. A rede de arrasto para camarão, muito mais leve, não possui correntes mas sim um rolamento que assenta no fundo e, ao rolar, vai soltando o camarão do leito do mar através sobretudo de uma pressão hidrostática exercida na parte da frente. Esta confusão leva a que o público seja mal informado e acredite nos danos provocados no fundo do mar e no habitat pela pesca de camarão que afinal não se verificam.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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1.4.1 Impacto no ecossistema A comparativamente leve rede de arrasto de vara para camarão é rebocada pelo fundo do mar a uma velocidade de cerca de 3 nós. Alguns navios, equipados com redes recentemente desenvolvidas feitas com fio mais leve e fino podem pescar a velocidades de 5 ou 6 nós (Stührk pers. Com. 2010, Andersen pers. Com 2011). Não estão disponíveis investigações recentes sobre o impacto dos arrastões de pesca de camarão sobre o fundo do mar e o ambiente. Contudo, foram realizados estudos intensivos durante o Programa de Investigação do Ecossistema nos anos oitenta na Alemanha (Berghahn e Vorberg 1993), os quais mostram claramente, através de vídeos, que a actividade do rolamento ao soltar e rolar o camarão quase não toca no fundo (Vorberg 1997). Não é o caso, evidentemente, dos "sapatos" de ferro. São pesados e, juntamente com o peso da vara de ferro, mantêm o rolamento e a rede junto ao fundo durante a pescaria. A sua largura é de cerca de 20 a 40 cm e pode deixar um rasto temporário em fundos mais moles, por exemplo de areia ou lama. Todavia, as correntes marítimas com mais de 3 nós, na maioria dos casos, irão apagar esses rastos muito rapidamente. É concretamente o caso nos canais e enseadas do mar de Wadden, onde se verificam fortes correntes provocadas pelas marés quatro vezes por dia. Adicionalmente, as tempestades soltam todo o fundo do mar e provocam enormes transferências de areia, alterando por vezes toda a topografia durante metros e deslocando enseadas para locais diferentes. Só os rolos externos do rolamento não rodam inteiramente paralelos à direcção do reboque (Fig. 1-38), provocando alguns cortes no sedimento em ambas as partes externas do rasto do rolamento, soltando organismos do fundo e algum sedimento. A este respeito, pode considerar-se que a pesca de arrasto do camarão possui efeitos mínimos e apenas temporários sobre o fundo do mar. 1.4.2 Capturas acessórias e devoluções de espécies não visadas

Principais conclusões

Situação das capturas, das capturas acessórias e das devoluções Os dados disponíveis sobre as capturas realizadas pelas frotas em função do tempo

e do espaço são muito limitados.

As capturas, as capturas acessórias e as devoluções variam muito em função da área, da época, do tempo e de outros factores.

A amostragem das pescas de camarão negro ora realizada a título do QRD da UE não é suficiente no que respeita à variação elevadíssima das capturas, das capturas acessórias e das devoluções das frotas e por tipo de navio, pois só são investigados 0,01% dos lanços (67 lanços QRD (2010) dos cerca de 500 000 lanços realizados na pesca de camarão negro na UE).

O camarão negro abrange entre 50% e 80% do total das capturas.

30% do camarão é comercializável numa base anual.

40% a 50% do camarão é devolvido vivo, com índices de sobrevivência de aproximadamente 80% em média.

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Cerca de 10% é devolvido ao mar como cozido mas com uma dimensão não comercializável para cozinhar, mas poderia ser trazido para terra para alimentos para animais.

As percentagens mais baixas de capturas acessórias ocorrem na época alta, ou seja, em Setembro e Outubro.

Não estão disponíveis dados sobre as capturas acessórias nas pescas de Inverno.

O nível elevado de devoluções de solha não impediu as suas unidades populacionais de se desenvolverem para níveis altíssimos (cálculo do CIEM).

É possível reduzir as capturas acessórias: utilizando malhas quadradas, que reduzem as capturas acessórias de peixes

pequenos e redondos (caboz, gadídeos, esperlano, etc.) e podem ajudar a reduzir o número de linguados pequenos que ficam retidos nas malhas em losango,

recorrendo, na maior parte do tempo, a redes véu (com menos ou nenhumas isenções),

evitando águas pouco profundas (0 - 3 m, por exemplo). reduzindo o esforço de pesca de Junho a Agosto.

Os termos "capturas acessórias" e "devoluções" são muitas vezes utilizados de forma errada. É assim importante recordar que: - "captura acessória" é principalmente tudo o que não faz parte da espécie-alvo. Pode

ser vendida e usada, mas também rejeitada e devolvida. No presente estudo, o camarão negro (Crangon crangon) é a espécie-alvo, e tudo o resto, como, por exemplo, peixe, caranguejos, detritos, etc., faz parte da categoria das "capturas acessórias";

- "devolução" é tudo o que foi capturado e depois rejeitado, isto é, devolvido ao mar, o que inclui o peixe, os caranguejos, os detritos, e também o camarão pequeno, embora este faça parte da espécie-alvo (Ehrich e Neudecker 1996, Ulleweit et al 2010).

Redes e processos de crivagem relativamente às capturas acessórias Devido à pequena dimensão da espécie-alvo, a pesca tem de ser feita com redes de malhagem pequena, o que implica que tudo o que seja mais ou menos da mesma dimensão que o camarão ou maior é igualmente capturado pela rede. Assim, no início do desenvolvimento da pesca de camarão, as capturas acessórias eram muito elevadas e eram integralmente utilizadas para alimentos para animais ou até como fertilizantes para a agricultura (Neudecker e Damm, 2010). A mortalidade era de 100%, numa altura em que eram usadas armadilhas para peixe, redes em saco e de arrasto com uma malhagem de aproximadamente 7 mm.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Figura 1-38: Esquema de uma rede véu para camarão

Fonte: vTI

(Kurrbaum = vara, Schuh = sapato, Rollengrundtau = rolamento, Trichternetz = rede véu = rede adicional interna de separação, Steert = cuada/saco, Entkommensöffnung = abertura para esvaziamento)

Em anos mais recentes, a situação mudou devido a alterações na legislação e à procura do público. A malhagem legalmente permitida varia entre os 16 e os 32 mm. São obrigatórias "forras interiores" ou "redes véu" (Fig. 1-38), eventualmente usando grelhas (tecidas no túnel das redes para camarão, mas raramente utilizadas) para todas as actividades de pesca de camarão em águas da União Europeia (Regulamentos (CEE) n.º 3440/84 e (CE) n.º 146/2007). que já retiram os animais maiores durante a pesca. Assim, os peixes chatos como, por exemplo, a solha, a partir de comprimentos de cerca de 8 a 12 cm, são retirados e não voltam a aparecer nas capturas acessórias (Wienbeck 1993, Neudecker e Damm 2010). Todos os restantes animais, que apesar de tudo foram capturados e despejados no convés do navio, são transferidos para crivos rotativos (com aberturas de 20 mm, Larsen pers. com 2011) operadas com grandes quantidades de água do mar a fim de aumentar as suas taxas de sobrevivência. Este primeiro processo de crivagem e triagem a bordo separa a espécie-alvo (e objectos da mesma dimensão) de tudo o que não cabe nos buracos concebidos para deixar passar o camarão e impedir a passagem de outros objectos e animais maiores. Este grupo maior (por dimensão do objecto) pode incluir também alguns camarões muito grandes, pois os camarões, contando com as pernas, não são tão lisos e finos como muitos peixes, que passam pelos buracos com mais facilidade. Assim, os pescadores são frequentemente tentados a reter esse grupo para apanharem o camarão grande e o peixe utilizável antes da devolução. Os crivos mais pequenos (5,8 a 6,2 mm) deixam passar o camarão e o peixe muito pequeno. Este grupo pequeno (por dimensão do objectivo) é lavado para fora da borda com jactos de água. Assim, só o grupo do meio contém a espécie-alvo - e alguns peixes e caranguejos pequenos de tamanho semelhante ao camarão - destinado a ser cozido (Neudecker et al. 2006).

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Existe, contudo, uma isenção ao uso obrigatório de redes véu de 1 de Maio a 30 de Setembro, dado o congestionamento provocado por algas e detritos no Verão. Pode ser concedida uma extensão com carácter excepcional por motivos válidos. O congestionamento dos painéis de separação rejeitaria as capturas quase todas, arruinando os desembarques e a economia dos pescadores. Os pescadores holandeses podem usar essa regra, tal como os seus colegas alemães. Em ambos os países, as regras de isenção estão em curso de negociação e estão quase a ser abandonadas pelos pescadores por razões do MSC (Nooitgedagt pers com 2011). Na Dinamarca não são necessárias isenções, pois todo o mar interior de Wadden está livre de pescarias por razões de protecção da natureza. Algumas ONG afirmam excessivos o uso das isenções e a concessão das extensões por parte das autoridades, provocando danos ecológicos. Ignoram que as isenções, embora válidas para toda a época de Verão e para toda a frota, não podem ser sistematicamente usadas pelos pescadores. O benefício da utilização de redes padronizadas sem painéis de separação para conseguir melhores capturas é muitas vezes contrabalançado pela quantidade adicional de trabalho gerada pelos objectos apanhados. Assim, os pescadores - com isenção geral - continuam a pescar sobretudo com redes véu fora da cadeia de ilhas do Mar de Wadden. Não está disponível informação científica sobre a utilização ou não utilização no tempo ou por região deste regulamento relativo à isenção. Outro aspecto seria o da aplicação de malha quadrada no saco das redes para camarão: o seu uso poderia conduzir a uma redução substancial das capturas acessórias de peixes pequenos e redondos como, por exemplo, o caboz e o esperlano (Wienbeck 1992). Sazonalidade e quantidade de capturas acessórias As investigações sobre capturas acessórias já duram há oitenta anos na Alemanha. Foram muito intensas entre 1954 e 1990 quando as séries cronológicas, que chegaram às 12 693 amostras no total e incluíram acima das 450 amostras anuais, foram concluídas na Alemanha. Outras investigações sobre capturas acessórias tiveram uma vida curta e foram confinadas regionalmente (Neudecker e Damm 2010). Em cumprimento dos Regulamentos (CE) n.º 1639/2001 e (CE) n.º 1581/2004, foi criado o Quadro para a Recolha de Dados (QRD), que começou a recolher amostras e a observar a pesca de camarão em 2006 (Quadro 1-3) para todas as frotas de camarão (Stransky et al. 2008, Ulleweit et al. 2008). A Alemanha começou logo em 2006. Os Países Baixos seguiram-na em 2008. Os dados da Dinamarca estão disponíveis desde 2010. Inicialmente, não foi definido nenhum esquema de amostragem específico para a recolha correcta de amostras por região ou estação. Isso foi até certo ponto alterado. Mas o número de amostras do QRD continua a ser extremamente baixo comparado com o número de lanços realizados pelas pescarias (CIEM 2010, Ulleweit et al. 2010), que podem estimar-se em cerca de 500 000 lanços por ano, e de forma nenhuma ajustado à importância relativa dos diferentes pesqueiros (Tulp et al. 2010). O actual esquema de amostragem é, portanto, cientificamente discutível.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Quadro 8. Número de amostras do QRD por país

DK DE PB

2006 n.d. 9 n.d.

2007 n.d. 11 n.d.

2008 n.d. 18 16

2009 n.d. 37 41

2010 32 20 15

Fonte: Egekvist, Kristensen e Ulleweit pers. com. 2011; CIEM WGCRAN 2010, Tulp et al. 2010 Todavia, os níveis de capturas acessórias e de devoluções estão dentro da gama dos estudos mais antigos. Há 30% de "outras devoluções" nas investigações do QRD alemãs (incluindo mais de 10% de peixe pequeno) e 35% de "camarão sem o tamanho exigido". 35% era camarão de dimensão comercializável (Ulleweit et al. 2010). As primeiras investigações holandesas relativas à parte ocidental do Mar de Wadden deram 40% a 50% de camarão sem o tamanho exigido, 5% a 12% de camarão pequeno, sendo o resto camarão comercializável e outros objectos. Já foi salientado que no período de capturas acessórias mais elevadas, na Primavera, não foram recolhidas amostras, como não foram recolhidas amostras em regiões fora do Mar de Wadden, onde tem lugar uma percentagem muito elevada da actividade pesqueira (CIEM 2010, ver também dados do VMS no Capítulo 1.1.3). Um projecto da União Europeia intitulado "RESCUE" (van Marlen et al. 1998) recolheu amostras em todas as frotas de pesca de camarão europeias até um certo limite, entre 1996 e 1998, mas foi parcialmente desviado (por exemplo, não foram recolhidas no Mar de Wadden holandês). Apesar deste desvio metodológico, trata-se da mais recente e razoavelmente intensiva tentativa de cobrir as capturas acessórias sazonais na pesca do camarão. Uma avaliação mais recente das taxas de devolução dos juvenis de solha pode encontrar-se no "Estudo para a revisão da Box da solha", por Beare et al. (2010). O CIEM (2011) fornece mais informação que realça o actual altíssimo nível de biomassa da população reprodutora da solha, o que deve ser entendido como uma indicação de que as devoluções de solha da pesca de camarão não são obstáculo ao excelente desenvolvimento das unidades populacionais de solha. Seria útil repetir este projecto e intensificar os projectos de amostragem do QRD, pois são necessários dados por região e por estação mais detalhados. A Comissão Europeia não aprovou uma candidatura a um estudo de actualização paneuropeu para efeitos de melhoramentos técnicos na pesca de camarão (ASTEC) (Revill pers. com. 2000). Assim, a antiga investigação alemã sobre as capturas acessórias continua aparentemente a constituir a melhor informação disponível sobre capturas acessórias, sobretudo no que respeita à sazonalidade (Tiews 1990, Tiews e Wienbeck 1990, Neudecker et al. 1999). As Figuras 1-39 e 1-40 apresentam as capturas acessórias brutas por semana em duas áreas diferentes, uma na região Leste da Frísia (Fig. 1-39) e a outra no Schleswig-Holstein (Fig. 1-40). A utilização da rede véu não era norma naquela época. Assim, o actual volume de capturas acessórias nas pescas de camarão deveria ser consideravelmente mais baixo. A presença e abundância das espécies também podem ter mudado ao longo do tempo, pois as variações são muito elevadas por região, estação e ano, segundo a re-investigação dos antigos dados (Neudecker et al. 1999). As espécies capturadas acessoriamente

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enumeradas por Tiews (1990) são quase idênticas às espécies constantes da lista dos estudos QRS holandês e DYFS alemão. Estes estudos estão em curso desde 1969 e 1974 respectivamente, com vista a fornecer informações sobre o vigor das classes etárias das espécies comerciais de peixe. As espécies não comerciais capturadas pela arte do estudo, que é equivalente à arte comercial de pesca de camarão excepto no que se refere à largura da vara, também fazem parte da lista. A Dinamarca não participou nas investigações relativas ao Mar de Wadden sobre a abundância e a distribuição do peixe jovem e dos crustáceos, excepto numa campanha realizada em Setembro de 2008 que forneceu dados sobre 8 lanços (Kristensen 2009). Figura 1-39: Sazonalidade da percentagem de capturas acessórias na pesca de

camarão no período entre 1954 e 1993 na região de Büsum, no Schleswig-Holstein, por semana (Woche).

0

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0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

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Bei

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ante

il [%

]

Gesamt

Innerhalb

Außerhalb

Os símbolos representam a amostragem regional do interior da cadeia de ilhas do Mar de

Wadden (■), do exterior (◊) e total (∆)

Fonte: Neudecker et al. (1999)

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Figura 1-40: Sazonalidade da percentagem de capturas acessórias na pesca de

camarão no período entre 1954 e 1993 na região de Norddeich, na Baixa Saxónia, por semana (Woche).

0

10

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40

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0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Woche

Bei

fang

ante

il [%

]

Gesamt

Landseite

Seeseite

Os símbolos representam a amostragem regional do interior da cadeia de ilhas do Mar de

Wadden (▲), do exterior (□) e total (◊)

Fonte: Neudecker et al. (1999) 1.4.3 Quantidade e sazonalidade de devoluções de camarão

Principais conclusões

Os níveis de devolução do camarão negro podem ser reduzidos através de vários métodos: Ajustando a malhagem às dimensões comerciais do camarão negro, ou seja, muito

mais larga do que a medida legalmente aceite de 16 mm, possivelmente para 22 a 24 mm.

Substituindo as tradicionais malhas em losango por malhas quadradas no saco. Melhorando a sobrevivência das devoluções.

Uma rede de camarão de malhagem pequena captura inevitavelmente grandes quantidades de camarão pequeno. Neudecker et al. (2006) tentou quantificar as respectivas quantidades em diferentes fases dos processos de captura e triagem. Os resultados dessas avaliações para 2005 são apresentados no Quadro 9.

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Quadro 9. Total das capturas europeias de camarão negro em 2005 e respectivo destino

Grupo Toneladas Percentagem do total

Devolução vivos 123 000 68

Cozidos 58 700 32

Devolução cozidos

17 600 10

Desembarcados 41 100 23

Moídos 3 100 2

Consumo 38 000 21

Total das capturas

182000 100

Fonte: Neudecker et al. (2006) Do total calculado das capturas europeias de 182 000 toneladas (peso em vivo) em 2005, cerca de 123 000 toneladas (68%) foram devolvidas vivas com o primeiro processo de crivagem. 87% a 99% dos camarões podem sobreviver, segundo Lancaster e Frid (2002), o que significa que 1% a 9% da captura original não sobrevive ao primeiro processo de triagem. Assim, 32% das capturas são cozidas. Consequentemente, assume-se que 59% a 67% do total das capturas sobreviveu ao processo de pesca nas condições de 2005. O segundo processo de crivagem após cozedura compreendeu 17 600 t, ou seja, 10% da captura original, que foram devolvidos ao mar. Uma crivagem final em terra pelas empresas que recebem e processam as capturas resulta em mais perdas de camarão pequeno de 3 100 t, o equivalente a 2% da captura original, não comercializável para consumo humano. Esta parte é usada como "camarão moído" para alimentos para animais e não se lhe pode chamar "devolvido". Os cálculos não têm em conta informação detalhada sobre a malhagem e a dimensão do crivo e baseiam-se em muito poucas amostras para o grupo das devoluções de camarão cozido, difícil de avaliar a bordo dos navios. São necessárias investigações mais vastas nesse sentido, eventualmente sob a orientação do QRD. De acordo com o ciclo de vida do camarão negro, a nova classe etária, que se desenvolveu sobretudo nas águas pouco profundas do Mar de Wadden, será incluída na pesca do Verão como camarão jovem (com cerca de seis meses de vida). Assim, a quantidade de camarão pequeno nas capturas é muito elevada nessa época, reflectindo-se, apesar de todas as acções de crivagem no mar, no grupo do "camarão moído" em terra. Esta parte dos desembarques é registada separadamente pelas estatísticas como não para consumo humano. De acordo com os dados alemães, a média anual é de cerca de 7%, com um máximo de 9% de Agosto a Outubro (Neudecker 2001). Pode assumir-se que os dados da Dinamarca e dos Países Baixos são semelhantes, já que é suposto realizarem-se crivagens semelhantes nas estações de crivagem. A quantidade de "camarão industrial" é uma especificidade alemã e de um só porto e de uma só empresa neste momento (B&C, em preparação). Estes camarões são usados para alimentos para animais e só é permitido pescá-los a partir de 1 de Julho todos os anos. Esse grupo possui uma importância menor e não será mais abordado neste estudo (Fig. 1-41).

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Figura 1-41: A parte de camarão "moído" e "industrial" comparada com a de "consumo" nos desembarques alemães de 2009, por mês

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35

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Jan Feb March Apr May June July Aug Sep Oct Nov Dec

Landings in

 percent of consumption 

shrimp

Crushed shrimp Industrial shrimp

Fonte: vTI

LEGENDA: Landings in percent of consumption shrimp - Desembarques em percentagem do consumo de camarão; Crushed shrimp - Camarão moído; Industrial shrimp - Camarão industrial; Como estes dados de "camarão moído" são médias mensais, podemos assumir que surgem valores muito mais elevados em desembarques únicos de cúteres em certas alturas e regiões, devido ao ciclo sazonal e à tendência de alguns pescadores para tentarem - dentro das margens legais - conseguir uma captura maior utilizando redes com malhagem mais pequena e crivos mais apertados a bordo dos seus navios (ver Capítulo 1.5.2).

1.5 Gestão da pesca de camarão negro

Principais conclusões

- No âmbito do processo de certificação pelo MSC, foram desenvolvidos planos de gestão nos três Estados-Membros (EM), os quais ainda não estão concluídos, sendo provável que possam sofrer novas alterações. - É necessária investigação no domínio da tecnologia das artes de pesca com vista a desenvolver a malhagem ideal das tradicionais malhas em losango e das malhas quadradas, bem como o material ideal para as redes. - É necessária investigação tecnológica com vista à redução do consumo de combustível dos navios através da aplicação de novos designs das varas e de novas sapatas das redes de arrasto de vara (rodas), bem como de rodízios paralelos nos tradicionais rolamentos. - É necessária investigação biológica destinada a melhorar a base de dados no que respeita às capturas acessórias e às devoluções por estação, região e espécie dependente, seja intensificando o QRD seja criando um programa especial.

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A pesca de camarão negro continua a ser uma das menos regulamentadas na União Europeia. Não limites aos desembarques, não há quotas, não há limites aos tamanhos dos camarões, não há limites ao esforço de pesca ou à dimensão do navio e o mercado desenvolve-se livremente. Existem regulamentos, contudo, no que respeita à limitação de licenças, sujeitas a condições com origem na "lista dos arrastões de vara" (Regulamentos (CE) n.º 850/98 e n.º 1922/1999), limites dos comprimentos totais das varas (máximo de 24 metros), limites da malhagem (16 a 32 mm) e restrição de acesso a zonas utilizadas por plataformas petrolíferas, oleodutos, rotas de navios energia eólica, etc. Também pode ocorrer uma degradação dos pesqueiros provocada por um afundamento do rio e um depósito de sedimentos com grande dispersão dos aluviões nas áreas adjacentes (Steinmacher pers. com. 2011). Dentro destes limites, o pescador tem apenas de regular e gerir o seu próprio equipamento e a sua própria actividade com vista a uma utilização ideal das unidades populacionais existentes de camarão. Não existem restrições aos máximos de captura que se apliquem ao camarão negro do Mar do Norte, o que significa que não existe um regime de quotas europeu. Todavia, existem várias outras medidas de gestão. Muitas dessas medidas provêm de regulamentos europeus, mas são os próprios Estados-Membros os responsáveis pela política de pesca nas águas costeiras. O legislador europeu estabeleceu um tamanho comercial mínimo para a comercialização de camarões após desembarque. Para o camarão, a largura da cabeça deve ser de, pelo menos, 6,8 mm para os camarões da categoria 1 e 6,5 mm para os camarões de categoria 2 (Regulamento n.º 104/1996 do Conselho). 1.5.1 Dinamarca Situação actual: Melhores práticas, problemas e obstáculos Os pescadores dinamarqueses de camarão tinham estabelecido regras de controlo das capturas. Foram definidas quantidades limite para os desembarques de camarão que variam (por vezes só 2 ou 3 t por semana) segundo a situação do mercado para 10 anos. O último limite foi de 6 t por navio e por semana. Contudo, como a regra em vigor na Alemanha e nos Países Baixos, em 2010, era a regra da pesca livre, e como os preços caíram consideravelmente, os pescadores dinamarqueses também decidiram parar com os seus limites para poderem competir com as outras frotas através de desembarques mais elevados. A média de desembarques dos navios dinamarqueses em 2010 foi de 105 toneladas por navio, variando anualmente entre as 68 toneladas (2000) e as 157 toneladas (2006). A quantidade máxima por navio atingiu as 161 t. As redes usadas tinham inicialmente 26 mm de malhagem esticada, que encolheu algumas semanas mais tarde para 20 a 22 mm, reduzindo assim a captura de camarão e peixe mais pequeno (Larsen pers. com. 2010). Os sacos com a malhagem legal de 16 mm não são usados na Dinamarca. As redes véu são obrigatórias e é proibido pescar no Mar de Wadden.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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A crivagem a bordo será definida para 5,8 mm a 6,5 mm de largura entre barras, dependendo do tipo de crivo rotativo e de fluxo de água para uma boa qualidade do camarão desembarcado. O camarão, antigamente manipulado em caixas e armazenado em câmaras de frio, passará a ser guardado em sacos com 23 kg cada para um melhor arrefecimento no gelo e a redução do risco de contaminação. Os pescadores dinamarqueses estão convictos de que o seu futuro êxito económico irá depender de uma certificação MSC bem sucedida. Esse processo de certificação foi iniciado em conjunto com a Alemanha e os Países Baixos mas acabou por se separar devido às abordagens diferentes, e a Dinamarca elaborará o seu próprio processo de certificação. Surgiram problemas devido ao facto de os pesqueiros de camarão dinamarqueses não serem utilizados exclusivamente por pescadores de camarão dinamarqueses. O acesso às águas dinamarquesas por navios estrangeiros é permitido ao abrigo dos antigos acordos da PCP. Os navios alemães podem pescar na zona a mais de 6 mn da linha de base da costa dinamarquesa, enquanto os navios holandeses só têm acesso à zona fora das 12 mn (UE (Com) 2371/2002 ANEXO I). Os pescadores dinamarqueses esperam que haja respeito mútuo por parte das frotas, que devem cumprir as regras do respectivo MSC nacional apesar das diferentes legislações em vigor. A OP dinamarquesa é um simples instrumento político e não interfere com o comércio, que compete exclusivamente ao pescador singular que vende livremente a sua captura às empresas de comércio e processamento. Medidas de limitação das capturas Para os pescadores dinamarqueses, a melhor regulamentação é um regime baseado nos resultados, o que significa que os pescadores não podem vender o camarão se a sua captura não cumprir as normas estabelecidas pela sua OP. Uma dessas normas diz respeito à percentagem de camarão demasiado pequeno na captura desembarcada, que não deve ultrapassar 15% no início do processo e pode conduzir, com o tempo e a experiência, a valores mais baixos. Extensão das regras Como os pescadores de camarão dinamarqueses concordaram em possuir uma OP única a que pertencem mais de 65% dos navios e/ou dos desembarques, as regas estabelecidas pela OP são também vinculativas para o resto da frota de pesca de camarão, nos termos dos regulamentos dinamarqueses e da UE. Essas regras não se aplicam aos navios estrangeiros que pescam em águas dinamarquesas, o que pode gerar problemas e tensão entre as frotas. 1.5.2 Alemanha Situação actual: Melhores práticas, problemas e obstáculos Importantes no contexto do presente estudo são as OP regionais, que não estão confinadas a um único porto e podem ter membros de diferentes portos. Mas nem todos os pescadores são sócios de OP. Em 1997 teve início uma cooperação internacional semelhante a uma OP trilateral mas sem estatuto jurídico. Essa cooperação combinava interesses das OP da Dinamarca, da

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Alemanha e dos Países Baixos e pretendia gerir a pesca de camarão além fronteiras. Mas o seu êxito foi muito limitado, devido à intervenção da NMa (ver Capítulo 2.3.7). Todavia, a "Europäische Vereinigung der Krabbenfischer-Erzeugerorganisationen" (Associação Europeia de Organizações de Produtores dos Pescadores de Camarão) foi fundada em 2005 e a OP germânica aderiu a ela. Inúmeros interesses e opiniões contrários deram origem a conflitos permanentes entre os pescadores de camarão alemães dentro e fora das OP, provocando alterações nos associados e na presidência. Por fim, algumas OP acabaram em 2010. No final de 2010, as OP do Schleswig-Holstein reorganizaram-se parcialmente e deram origem a uma organização, a "Sparte See- und Krabbenfischerei der Nordsee" concebida para agir como ramo político dos pescadores locais de camarão na "Landesfischereiverband Schleswig-Holstein" (organização de pesca do Estado federado do Schleswig-Holstein). Assim, foram (re)estabelecidas estruturas - praticamente existentes antigamente - no Schleswig-Holstein comparáveis às que existem na Baixa Saxónia. A OP mais estável em toda a Alemanha, com o maior número de membros, é a "Erzeugergemeinschaft der Küstenfischer im Weser-Ems-Gebiet e.V.” (OP Weser-Ems) na Baixa Saxónia. A segunda maior OP na Baixa Saxónia, a "Erzeugergemeinschaft Elbe-Weser e.V.", que cobre tradicionalmente a região entre o Elba e o Weser, perdeu os seus membros em 2010 para a OP Weser-Ems e as OP localizadas no Schleswig-Holstein, o Estado federado vizinho. As principais razões para essas dificuldades tiveram a ver com condições de mercado problemáticas, com preços baixos devido a desembarques excepcionalmente grandes. As OP não demonstraram a capacidade de estabilizar o mercado e apenas conseguiram desempenhar um papel administrativo de obtenção de compensações e ajudas financeiras. As opções de gestão avançadas pelas OP também eram problemáticas, uma vez que os pescadores não organizados, por vezes até os próprios membros das OP, minaram acordos alcançados pelas OP sobre malhagem das redes, dimensões dos crivos a bordo, limitação semanal dos desembarques e dos esforços (proibida a pesca ao fim-de-semana) com o objectivo de reduzir os desembarques e, assim, estabilizar os preços. As auto-impostas limitações do esforço e dos desembarques semanais não resultaram numa estabilização dos preços mas podem ter contribuído, entre outras razões, para o baixo nível da produção anual por navio (53 toneladas por ano no período de 2000 a 2009). Este valor é metade da produção de camarão dos navios de pesca de camarão na Dinamarca e 30% abaixo do desempenho holandês durante o mesmo período. Análise das opções de gestão Como o número de licenças e das potências dos motores são limitados, as medidas de gestão só podem incidir sobre o equipamento adicional, a arte da pesca, o esforço e o volume dos desembarques. Aqui, os interesses individuais podem ser contrários ao interesse comum, sobretudo a necessidade de optimizar a eficiência da pesca e de aumentar os desembarques com vista a melhorar a rentabilidade individual, quando o interesse comum é o de melhorar a situação dos preços do camarão mantendo os desembarques baixos, numa situação de unidades populacionais suficientes ou altas.

Equipamento suplementar Poderia ser do interesse dos pescadores aumentar a potência do navio, o que seria possível - ilegalmente - tendo uma potência activa do motor mais elevada do que a

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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nominal. Um grande número de navios alemães, contudo, é antigo e ainda não possui a potência máxima permitida. Outra maneira seria a de possuir agregados adicionais a bordo destinados a alimentar - paralelamente à pesca ou à viagem com a utilização da potência máxima do motor - máquinas que precisam de energia para processar a captura. Agregados destinados a fornecer electricidade adicional são normais nos navios de pesca modernos e bem equipados. Equipamento de navegação e sonares modernos com novas especificações podem aumentar a capacidade de alcançar e localizar pesqueiros de camarão e assim aumentar a eficiência da pesca.

Artes de pesca Há várias possibilidades de alterar a arte da pesca empregue. O corte, o design e os tipos de fios utilizados na rede afectam sem dúvida os resultados da pesca. O peso das varas, das sapatas e do rolamento mantém a rede junto ao fundo durante a pesca. Precisa de mais potência de motor e consome mais combustível. Embora o comprimento total das varas seja limitado a 24 m por navio, muitos navios possuem varas com apenas 8 ou 9 metros e as suas partes laterais adaptadas à potência do respectivo motor e a um desempenho de pesca e a um consumo de combustível ideais. Relativamente às redes, não há estudos disponíveis para mostrar as diferenças de especificações dos tipos de redes. Um bom tema de investigação tecnológica sobre a arte da pesca poderia ser o de um leque alargado de alternativas possíveis. As malhagens, sobretudo do saco, são do interesse das entidades de controlo da União Europeia, uma vez que a gama legal abrange entre os 16 e os 32 mm de malhagem esticada. Os controlos das medidas realizados entre 2008 e 2010 pelas autoridades germânicas de fiscalização são apresentadas na Figura 1-42. Mostram que as malhas cumpriam sempre a forma legal, com um máximo de 20 mm. Figura 1-42: Malhagem das malhas esticadas nos sacos das redes para a pesca

de camarão, segundo os controlos das medidas realizados em navios de diversas nacionalidades (n=382) no período entre 2008 e 2010

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Cod end mesh size [mm] of shrimp nets

Fre

qu

enzy

Fonte: LLUR, Fishery Department, Kiel, Alemanha

LEGENDA: Cod end mesh size (mm) of shrimp nets - Malhagem do saco (mm) das redes para a pesca de camarão

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As redes modernas possuem um fio muito mais fino do que as mais antigas, melhorando assim o fluxo da água e a capacidade de captura e reduzindo a resistência à tracção e o consumo de combustível. Seriam necessárias mais investigações com vista a melhorar o conhecimento sobre os efeitos das malhagens e dos tipos de redes (por exemplo, malha padrão versus malha quadrada) sobre a selectividade do camarão, com vista a reduzir as devoluções de camarão pequeno e optimizar as capturas de camarão. Os antigos estudos preliminares apontam no sentido de uma redução das devoluções de camarão não comercializável de 42% (Rauck e Wienbeck 1992, Wienbeck e Rauck 1992). O arrasto de vara parece constituir a arte mais apropriada e é o tipo de arte estabelecido para a pesca de camarão, embora outras redes de arrasto pudessem também ser usadas. Outras artes como, por exemplo, as redes em saco, redes de cerco e as armadilhas apenas possuem interesse histórico e a tempo parcial.

Esforço O esforço de pesca constitui um meio para regular a pesca. Pode ser ilimitado, sujeito no entanto às restrições gerais de uma área (tráfego, plataformas de petróleo, etc.), ou confinado regionalmente ou no tempo. As OP introduziram limitações de esforço em diferentes períodos da semana, solicitando que os navios não partam do porto antes de uma certa hora e que regressem até uma hora definida. Assim, desenvolveu-se um certo ritmo no conjunto do sistema, desembarcando as capturas nos portos, nos dias úteis, até uma certa hora pré-estabelecida, geralmente à sexta-feira, conforme os acordos com as empresas compradoras. A modernização dos navios implica um reforço da eficiência de pesca e do esforço de pesca. Assim, as ONG (Fischer 2009) sugerem uma redução geral da frota, pois assume-se que está sobredimensionada. Parece ser o caso actualmente, pois verifica-se que desembarques demasiado grandes dão origem a preços mínimos e até a intervenções (na Dinamarca). Até os pescadores aceitam o sobredimensionamento na sua profissão (Conradi 2010). Medidas de limitação das capturas Outra opção de gestão é a da limitação dos desembarques. Em caso de níveis reduzidos de unidades populacionais de camarão, os pescadores pescam tanto quanto podem a fim de usarem as suas horas de pesca para conseguirem um máximo de capturas (e receita) dentro do limite de tempo de que dispõem. Em caso de abundância de camarão, podem atingir a sua quantidade limitada de capturas em muito menos tempo, e cabe à sua decisão e à sua sorte saber se vão fazer uma ou duas viagens para alcançar o limite máximo permitido. Todavia, o problema deles é que os não membros das OP não cumprem as regras auto-impostas por elas de limites de capturas. Esses pescadores aproveitam de diversas formas o facto de não cumprirem as regras da OP: podem pescar mais tempo e desembarcar quantidades mais elevadas de camarão, conseguindo um rendimento mais alto. Adicionalmente, aproveitam os eventuais preços mais elevados devido aos desembarques limitados pelos membros da OP ou provocam maiores descidas dos preços pela quantidade excessiva de desembarques. Os desembarques excessivos conduzem mesmo a intervenções e à retirada do camarão do mercado.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Esta situação cria tensões entre os membros das OP e os não membros, que podem resultar mesmo em disputas e outros actos (Ostfriesen-Zeitung 21.09.2010 e Fischerblatt 10/2010).

1.5.3 Países Baixos Não existem estimativas das unidades populacionais de camarão holandês. A UE não estabelece quaisquer TAC, o que significa que os pescadores de camarão não são obrigados a cumprir uma quota limitando as suas capturas. Os investigadores das pescas nos Países Baixos nunca manifestaram qualquer preocupação sobre o tamanho das unidades populacionais ou o esforço de pesca. Os pescadores precisam de uma licença para poderem pescar camarão, e, actualmente, estão activas 225 licenças. Dessas 225, cerca de 60 navios só pescam camarão, mas os restantes pescadores também realizam outras pescarias (nomeadamente solha e linguado). O tipo de licença, GK (pesca de camarão em águas costeiras) ou GV (pesca de camarão em zona de pesca) determina onde o pescador pode pescar (Mar de Wadden/Mar do Norte ou águas junto à Zelândia). Para emitir uma licença, o governo certifica-se de que o cúter de pesca de camarão possui a bordo o equipamento adequado para a triagem das capturas. A frota holandesa de pesca de camarão negro pode ser dividida em três segmentos:

- os navios mais pequenos, que pescam sobretudo junto à costa e na zona do Mar de Wadden,

- os navios maiores, que pescam sobretudo em águas estrangeiras da Alemanha e da Dinamarca,

- os grandes navios, normalmente activos na pesca de peixe mas que também se dedicam ao camarão devido aos preços reduzidos dos peixes chatos, por exemplo, ou a terem atingido o limite da quota.

Estes últimos, contudo, podem ter o problema de demasiada potência, o que os impede de pescar dentro da box da solha, onde se encontra habitualmente o camarão negro. Por outro lado, podem pescar camarão negro, uma vez que não existem outras restrições como, por exemplo, quotas. Com os seus desembarques de camarão no topo dos desembarques pelos pescadores tradicionais de camarão, estes pescadores pressionam os preços e criam tensões com os pescadores de camarão e suas OP. Como alguns pescadores alemães venderas os seus cúteres a empresas holandesas, deixou de existir uma distinção clara entre os navios holandeses e germânicos. Embora seja titular de uma licença alemã, o capital e a tripulação são holandeses e o navio comporta-se como holandês. Assim, os sinais do VMS dos navios alemães podem surgir, de uma forma muito pouco típica, longe do raio normal de acção dos navios de pesca de camarão alemães, ao longo da costa holandesa. Situação actual: Melhores práticas, problemas e obstáculos Como atrás referido, no Capítulo 1.1.2 sobre a sazonalidade dos desembarques e do esforço, a frota holandesa está activa quase todo o ano. Possuindo muitos cúteres modernos e rígidos, os pescadores dos Países Baixos podem ser encontrados, mesmo em condições atmosféricas difíceis, com ventos da ordem de Bft 7, pescando ao largo das costas da Dinamarca e da Alemanha, dependendo da sazonalidade da distribuição do camarão. Essas viagens de longa distância dão origem a padrões de pesca ligeiramente diferentes. Os navios holandeses pescam aproximadamente 9 dias e durante um fim-de-semana, com paragens para desembarcar, fazendo depois paragens maiores nos outros fins-de-semana, de quinze em quinze dias, dependendo também das condições

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atmosféricas. Assim, reduzem os seus dias e horas no mar em cumprimento do regulamento das suas OP. Os seus navios ficam em portos estrangeiros durante esse tempo, a fim de evitar longas viagens de regresso a casa. Podem, portanto, manter-se fora do seu porto de armamento por longos períodos, por vezes estações inteiras. Alguns navios holandeses apresentam novas invenções para a redução do consumo de combustível com a aplicação de varas mais hidrodinâmicas (Fig. 1-43). Figura 1-43: Novas varas hidrodinâmicas a bordo de um cúter holandês em

Helgoland (Janeiro de 2011)

Fotografia: vTI (© Neudecker) Em 2009 o Governo holandês lançou um projecto intitulado "Sustainable Shrimp Fishery" (Pesca Sustentável de Camarão), ambicionando aproximar os pescadores e os representantes das organizações Natura 2000. Na segunda metade de 2010 foram realizados grandes progressos e as partes deviam chegar a acordo nos primeiros meses de 2011: uma parte das áreas Natura 2000 será encerrada a todos os tipos de pesca, e a outra parte será encerrada a navios que pratiquem pescarias com impacto no fundo do mar. Foi lançado um programa de investigação com o objectivo de conhecer melhor o impacto da pesca. Plano de gestão do camarão negro O sector do camarão está todo a trabalhar para conseguir a certificação MSC. Possuir uma certificação MSC significa que a pesca:

- é realizada em unidades populacionais saudáveis, - possui efeitos mínimos sobre o ecossistema, - é realizada inserida num bom plano de gestão.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

75

A Coöperatieve Visserij Organisation (CVO) estabeleceu um plano de gestão para a pesca de camarão negro no Mar do Norte para o período 2009-2014, mas o plano foi alterado diversas vezes e ainda não está em vigor. As partes interessadas nesse plano são, para além da CVO (da qual todas as OP são membros), a Productschap Vis, a VEBEGA, o Ministério da Agricultura e Pescas, a Fundação Mar do Norte, a Fundação Mar de Waddem e o WWF (Fundo Mundial de Protecção de Natureza). Foi criado um fundo (Crangonfonds) para o financiamento dos custos de funcionamento da implementação desse plano de gestão, as inspecções e as actividades de apoio. O plano de gestão (versão de 3 de Fevereiro de 2011) inclui nomeadamente os seguintes pontos:

- proibição do fim-de-semana e horário de pesca: o a pesca de camarão em águas holandesas e na área do Ems estará

encerrada entre as 12H00 de sexta-feira e as 0H00 de segunda, o a pesca de camarão fora das águas holandesas, excluindo a área do Ems, só

será permitida 9 dias em cada 15;

- são estabelecidas as regras de redução das capturas (que serão controladas pela CVO através dos diários de bordo):

o de quatro em quatro semanas será calculada uma média das DPUE com base nos dados transmitidos por 5 embarcações dinamarquesas, 30 alemãs e 35 holandesas, aleatoriamente seleccionadas,

o relativamente às semanas 1 a 24: se a média dos DPUE > 20 kg/h, não há perigo para a unidade

populacional de camarão, pelo que não são necessárias mais restrições quanto ao horário de pesca,

se 15 < DPUE ≤ 20 kg/h, não há perigo directo para a unidade populacional de camarão, mas, para a aumentar, a pesca é limitada a 72 horas por semana (calculadas desde a partida do porto até ao regresso ao porto),

se DPUE ≤ 15 kg/h, há perigo para a unidade populacional de camarão, pelo que a pesca é limitada a 24 horas por semana (calculadas desde a partida do porto até ao regresso ao porto),

o relativamente às semanas 25 a 52: se a média dos DPUE > 30 kg/h, não há perigo para a unidade

populacional de camarão, pelo que não são necessárias mais restrições quanto ao horário de pesca,

se 25 < DPUE ≤ 30 kg/h, não há perigo directo para a unidade populacional de camarão, mas, para a aumentar, a pesca é limitada a 72 horas por semana (calculadas desde a partida do porto até ao regresso ao porto),

se DPUE ≤ 25 kg/h, há perigo para a unidade populacional de camarão, pelo que a pesca é limitada a 24 horas por semana (calculadas desde a partida do porto até ao regresso ao porto),

- capturas acessórias: o a percentagem máxima de resíduos de camarão (crivagem) é de 15% por

cada desembarque, o o crivo utilizado nos locais de desembarque autorizados deve ser do tipo

padronizado, conforme descrito na directiva "Código 2006: 190/57.8.1" do Comité Consultivo para o Camarão", com uma largura do crivo de pelo menos 6,8 mm,

Departamento Temático B: Políticas Estruturais e de Coesão

76

o a malhagem mínima de uma rede para camarão é de 20 mm ou de "22 mm incluindo o fio", com a rede esticada,

o os pescadores usarão a forra interior com uma malhagem máxima de 70 mm, nos termos do Regulamento (CE) n.º 0254/2002 com medidas técnicas,

o o CVO só poderá conceder uma derrogação à utilização da forra interior quando for aplicada alguma técnica alternativa, relativamente à qual uma autoridade científica tenha determinado que a técnica aplicada conduzirá ao mesmo nível, pelo menos, de redução das capturas acessórias que a forra interior,

o a derrogação pode ser concedida por um período máximo de duas semanas; o período total de derrogações no mesmo ano não pode exceder oito semanas no primeiro ano em que o plano de gestão esteja em vigor,

o a regra da derrogação para a utilização da forra interior irá desaparecendo progressivamente ao longo de três anos após a entrada em vigor do plano de gestão; o tempo máximo de derrogação num dado ano será de:

ano 1: 8 semanas ano 2: 4 semanas ano 3: 4 semanas

A partir do quarto ano a contar da entrada em vigor do plano de gestão, não serão concedidas mais derrogações à utilização da forra interior.

o os pescadores devem seleccionar as suas capturas com uma máquina de lavagem/triagem reconhecida pela CVO; é proibido ajustar a máquina de triagem de tal forma que possa impedir a operação para que é prevista (nem ajustar a máquina de triagem nem usar outros materiais).

- Habitat e ecossistema

o Capacidade do navio: os navios devem ter uma potência máxima de 221 kW (300 Cv); a CVO ambiciona instalar um sistema permanente de monitorização destinado a verificar o cumprimento da potência máxima do motor.

- Inspecção: o a CVO deve nomear inspectores para a necessária auditoria de uma

execução eficaz do plano de gestão, e os pormenores de contacto dos inspectores estarão disponíveis no sítio web,

o os relatórios de inspecção serão publicados na íntegra no sítio web no prazo de duas semanas após terem sido recebidos pela CVO,

o todos os pescadores devem cumprir os acordos do plano de gestão, e devem também aceitar inspecções adicionais irregulares e/ou sem aviso prévio a esse cumprimento por parte de inspectores.

- Governação: o plano de gestão é dirigido pela CVO; com a assinatura do plano de gestão, os pescadores autorizam a OP e a CVO a executarem-no em seu nome.

- Comunicação: o sítio web de informação, de acesso livre, www.crangon.nl fornece informação geral sobre o plano de gestão.

A questão dos TAC em debate A questão dos TAC está a ser debatida entre os pescadores e as organizações de produtores. De acordo com alguns deles, as principais vantagens do sistema seriam:

- estabilizar os desembarques e os mercados,

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

77

- estabilizar o impacto nas unidades populacionais e no ambiente (abordagem do ecossistema),

- acabar com as tentações de uma tragédia dos comuns, - resolver o "dilema do pescador" (o pescador não consegue tomar a decisão de

pescar menos e precisa de regulação por parte da UE ou do governo), - estabilizar e garantir as actividades de marketing e processamento, - reforçar e tornar mais duradouro o interesse científico pela unidade populacional

de camarão negro e disponibilizar mais facilmente os fundos de investigação para estudos sobre as unidades populacionais e o impacto das artes da pesca sobre o ambiente,

- tornar mais fácil o processo de certificação MSC (regra do controlo das capturas), - conferir mais responsabilidade às OP.

Algumas partes interessadas, sobretudo nos Países Baixos, são muito favoráveis a este sistema. Além disso, a introdução de QIT reforçaria a possibilidade de vender navios velhos (provocando uma natural redução da frota) e de conceder fundos de pensão aos proprietários de navios. As QIT proporcionariam também mais possibilidades de crescimento ou estabilização dos navios. Actualmente, existe uma frota de 500 navios nos três países, para uma produção de 30 000 a 35 000 t. A QIT poderia ser, no máximo, de 60 t por navio. Para uma pequena empresa familiar, esta quota individual seria suficiente. Mas, para navios que capturam actualmente 250 t/ano seria insuficiente, e essas embarcações teriam de comprar mais 3 QIT de 60 t cada para salvaguardarem a sua rentabilidade. O preço da quota seria decidido pelo mercado e este sistema daria origem ao desmantelamento de navios pequenos e velhos cujas QIT seriam compradas pelos proprietários dos grandes navios. As partes interessadas que se opõem ao princípio dos TAC defendem que:

- limitariam a liberdade do mercado e tornariam mais difícil a entrada de novos interessados,

- geraria mais procedimentos administrativos e custos de controlo, - haveria um problema de partilha de quota: quem fica com o quê? Que período de

referência deve ser usado? - com a introdução das QIT poderíamos correr o risco de concentração dos pontos

de desembarque e de um possível impacto negativo para o turismo (a Alemanha está particularmente preocupada com isso).

Departamento Temático B: Políticas Estruturais e de Coesão

78

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

79

2. Descrição dos mercados do camarão negro do Mar do Norte

Principais conclusões

Duas empresas holandesas (a HEIPLOEG e a KLAAS PUUL) controlam 80% do

mercado da UE.

A Bélgica é o principal mercado de consumo (mais de metade do mercado total da UE de camarão negro), seguida pelos Países Baixos e a Alemanha.

Mais de 90% do mercado é composto por camarão descascado.

O principal mercado de camarão com casca é o francês, seguido do belga.

O camarão negro viaja 14 dias até Marrocos para ser descascado. O uso intensivo de conservantes (ácido benzóico, ácido sórbico) garante uma maior vida útil do produto.

O sector do camarão negro parece ser rentável para o sector da transformação. O mercado europeu de camarão negro do Mar do Norte movimenta um volume estimado de 35 000 t (equivalente peso desembarcado). Visto que os navios possuem capacidade para capturar mais do que este volume, existe um excesso de capacidade, o que leva à diminuição dos preços de primeira venda. Uma vez capturado por navios especializados e cozido a bordo, o camarão é desembarcado e vendido a primeiros compradores que procedem à sua triagem e pesagem. Existem diferentes categorias, consoante a largura da cabeça. Actualmente, o camarão mais pequeno é moído e reduzido a farinha de peixe numa instalação em Cuxhaven. O camarão comercializável é vendido a empresas grossistas/transformadoras. Uma pequena parte é vendida a comerciantes de pescado e turistas locais ou exportada para França e para a Bélgica, sendo o restante transportado para Marrocos para ser descascado. O camarão descascado é enviado de regresso aos Países Baixos, onde as empresas de transformação o embalam e o escoam nos mercados da UE (Bélgica, Países Baixos, Alemanha, França).

2.1 Dinamarca

Principais conclusões

A Dinamarca não possui mercado significativo, nem empresas que se dediquem à transformação de camarão negro.

A totalidade dos pescadores dinamarqueses de camarão negro está organizada numa única Organização de Produtores (OP).

A produção dinamarquesa é adquirida por grossistas holandeses e transportada para os Países Baixos.

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Na Dinamarca não existe mercado nacional para o camarão negro. São vendidas apenas pequenas quantidades para a gastronomia local e os turistas. A maioria dos desembarques (cerca de 3 000 toneladas) é exportada para os Países Baixos. No entanto, uma parte das etapas da transformação é realizada na Dinamarca. É de assinalar que os pescadores dinamarqueses de camarão não se fazem ao mar quando o preço está muito baixo. Se as receitas não forem susceptíveis de exceder 1-5 000 DKK (1950 euros) por saída, os navios permanecem no porto, ou mudam possivelmente de artes de pesca para a captura de outras espécies (Larsen pers. Com. 2010).

2.1.1 Papel e organização das Organizações de Produtores Todos os 27 navios de camarão dinamarqueses são membros de uma única OP, a Danske Fiskeres Producent Organisation (DFPO), que obteve reconhecimento oficial como organização de produtores em 1974. A DFPO assegura exclusivamente a representação política dos pescadores, nada tendo a ver com o mercado (Andersen, Pers. Com. 2010). No ano 2000, o número de armadores na DFPO era de aproximadamente 2 100, o que corresponde a cerca de 70% de toda a frota dinamarquesa. No que se refere ao sector do camarão negro, a percentagem é de 100%. Na sua estrutura organizativa, a DFPO possui uma assembleia de membros, composta por 32 elementos, e um Conselho com um presidente. O Conselho é composto por oito membros. A sua função mais importante é a fixação do preço mínimo a que os preços de orientação oficiais CEE podem ser sujeitados, dentro de uma margem de 10%, tendo em consideração a situação que se vive no mercado. Para além disso, fixa o pagamento de garantia, que é pago em caso de retirada do mercado, tendo em consideração a situação económica (www.dfpo.dk, 9.2.2011). A DFPO constitui um bom exemplo de cooperação dentro do sector, especialmente no que se refere ao sector do camarão negro. Parece funcionar de forma eficiente e consistente, dispondo de uma boa capacidade de resolução de problemas. É possível que a pequena dimensão do sector (27 embarcações) facilite o consenso.

2.1.1 Estrutura e concentração do sector grossista e da transformação Uma vez que não existe praticamente comercialização de camarão negro na Dinamarca, o sector grossista é insignificante. Na Dinamarca, não existe transformação de camarão negro; apenas são realizadas no país a pesagem e a crivagem. Essas actividades são realizadas principalmente por três empresas holandesas (a HEIPLOEG, a POSEIDON e a KLAAS PUUL), que têm ou tiveram filiais em Havneby (KLAAS PUUL, POSEIDON). Recentemente, a HEIPLOEG encerrou a sua fábrica na Dinamarca, a fim de concentrar e optimizar sua produção. 2.1.3 Evolução das vendas Não existem empresas dinamarquesas de comercialização ou transformação de camarão negro. A empresa dinamarquesa ROYAL GREENLAND, o maior fornecedor mundial de camarão-ártico (Pandalus borealis), tentou recentemente alargar a sua gama de produtos, adicionando referências ao camarão negro. O crangon foi fornecido pelo grossista

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

81

dinamarquês, TELSON. Depois de perder um contrato com um retalhista belga, a ROYAL GREENLAND abandonou a experiência do camarão.

2.1.1.1 Mercado nacional Como se referiu, o mercado dinamarquês de camarão negro é insignificante, limitando-se a restaurantes à beira-mar e aos turistas.

2.1.1.2 Exportação As exportações dinamarquesas de camarão negro são constituídas por produto em bruto: o camarão acabado de desembarcar, pesado e triado na Dinamarca e que, posteriormente, é transportado para os Países Baixos por grossistas holandeses. Quadro 10. Exportações dinamarquesas de camarão negro fresco e congelado

Total

Principal parceiro

2005 2006 2007 2008 2009

Crangon fresco

Total t 7 049,8 5 931,8 7 284,3 6 678,6 4 361,7

1 000 € 25 024 19 169 28 180 30 909 12 310

€/kg 3,55 3,23 3,87 4,63 2,82

Países Baixos

t 7 047,1 5 931,7 7 284,2 6 678,6 4 361,7

1 000 € 25 022 19 164 28 174 30 908 12 310

€/kg 3,55 3,23 3,87 4,63 2,82

Crangon congelado

Total t 3,9 48,1 0,1 3,0 43,2

1 000 € 29 120 2 23 261

€/kg - - - - 6,04

Países Baixos

t 41,4

1 000 €         247

  €/kg         5,97

             

Fonte: Eurostat, Comext) As exportações dinamarquesas (por exemplo, 4 362 t em 2009) podem situar-se acima do nível dos desembarques dinamarqueses (3 096 t em 2009), pois, para além da frota dinamarquesa, também procedem a desembarques em portos dinamarqueses navios dos Países Baixos, da Alemanha e até mesmo do Reino Unido e da Bélgica (1 709 t em 2009). Assim, todo esse camarão proveniente de embarcações estrangeiras é exportado a partir do território dinamarquês, acrescendo aos desembarques dinamarqueses.

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2.2 Alemanha

Principais conclusões

A Alemanha constitui um grande mercado para o camarão negro (5 600 t – equivalente peso desembarcado).

Operam neste sector numerosas empresas grossistas e de transformação de pequena dimensão, a maioria das quais vende apenas a nível local.

Existe uma enorme falta de capacidade de organização no sector da pesca de camarão negro na Alemanha, o que, muitas vezes, conduz a litígios. As OP estão constantemente a proceder a reestruturações. As regras estabelecidas pelas OP são frequentemente ignoradas pelos seus membros. Cerca de 25% dos pescadores alemães de camarão negro não estão organizados numa OP.

O centro da actividade ligada ao sector do camarão negro na Alemanha é Büsum, Schleswig-Holstein. Existem também várias empresas localizadas em Greetsiel, na Baixa Saxónia.

O volume de negócios das empresas de camarão negro alemãs é da ordem dos 100 milhões de euros. Existem cerca de 250 trabalhadores empregados em unidades de transformação e comercialização.

Os dois principais actores que operam na Alemanha são as empresas líderes holandesas HEIPLOEG e KLAAS PUUL.

Em 2001, uma tentativa de desenvolver a capacidade de descasque automático na Baixa Saxónia malogrou, devido a problemas económicos e de qualidade.

2.2.1 Papel e organização das Organizações de Produtores O papel das Organizações de Produtores alemãs alterou-se profundamente na década de oitenta. Inicialmente, muitas OP de pequena dimensão desempenhavam, simultaneamente, um papel político (a representação dos interesses dos pescadores) e uma função económica (a monitorização e gestão dos desembarques e dos preços). No início da década de oitenta, as empresas holandesas começaram a expandir a sua actividade para a Alemanha e a envolver-se na comercialização de camarão negro. As OP perderam o seu papel económico, mas mantiveram a sua função política. A estrutura organizativa das organizações de produtores alemães é heterogénea. A história das OP caracteriza-se por numerosas mudanças ao longo dos anos. As fusões, cisões e encerramentos são bastante habituais entre as OP. A Figura 2-1 mostra o número de membros das principais organizações de produtores de camarão negro e a Figura 2-2 revela a composição dos desembarques por OP. A maior OP é a "Erzeugergemeinschaft Weser-Ems" na Baixa Saxónia, que abarca cerca de 40% dos armadores. "1. A "Erzeugergemeinschaft in Büsum” e a “Erzeugerorganisation Tönning und Umgebung” possuem, cada uma, cerca de 25 membros. A “Erzeugemeinschaft Elbe-

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

83

Weser”, a “Fischereigenossenschaft Holsatia” e a “Fischereigenossenschaft Elsfleth” contribuem, cada uma, com cerca de dez membros. Cerca de 40-70 pescadores pertencem a outras OP ou não se encontram organizados. Figura 2-1: Organizações de produtores alemãs de camarão negro e número de

membros

0

50

100

150

200

250

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Number of Members

others or notorganizedFG BÜSUM E.G.

FG ELSFLETH E.G.

FG HOLSATIA E.G.

EG ELBE‐WESERE.V.EO TOENNING UNDUMGEBUNG E.V.1. EG BÜSUM

EG WESER‐EMS E.V.

Nota: “Outras ou pescadores não organizados” em 2010 estimadas com base na média 2000-2009

Fonte: BLE Legenda: Number of Members – Número de Membros Others or not organized – Outras ou pescadores não organizados Figura 2-2: Capturas por Organização de Produtores alemãs em 2010

17%

19%

5%6%

1%

39%

13%

1. EG BÜSUM

EO TOENNINGUND UMGEBUNGE.V.

FG‐HOLSATIA EG.E.G.

FG ELSFLETH EG

Fonte: BLE

Em finais de Dezembro de 2010, realizou-se novamente uma reestruturação das OP alemãs. A "EG Elbe-Weser" e a "EO Tönning" fundiram-se, o mesmo acontecendo com a "FG Holsatia" e a "1. EG Büsum”. Essa reestruturação ficou também a dever-se à acção judicial que opôs a Autoridade da Concorrência dos Países Baixos, a NMa, a diversas OP alemãs. Os pescadores temiam as consequências das sanções.

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84

Foi criada igualmente uma nova OP em 2010: a “Erzeugergemeinschaft für Nordseekrabben Büsum und Umgebung”, que ainda não consta das estatísticas oficiais relativas aos desembarques, mas que inclui, actualmente, dez membros. 2.2.2 Estrutura e Concentração do Sector Grossista e da

Transformação O mercado alemão de camarão negro do Mar do Norte é muito transparente, e sua estrutura pode ser apresentada com bastante clareza. Em 2010, o volume de camarão vendido a primeiros compradores na Alemanha foi de 12 048 toneladas, das quais 8 005 toneladas (66%) são primeiras compras por parte de empresas alemãs. Na Alemanha, existem cerca de 25 empresas que compram camarão. No total, o volume de negócios das mais importantes empresas alemãs do sector do camarão negro é de cerca de 90 milhões de euros (Quadro 11). Se as pequenas empresas, relativamente às quais não existiam dados disponíveis, forem incluídas, poderá estimar-se o mercado total em cerca de 100 milhões de euros. €. O número total de pessoas empregadas é de cerca de 205-230. É difícil de delimitar a linha de separação entre os primeiros compradores e as empresas de transformação. Frequentemente, uma das grandes empresas compra camarão negro a um primeiro comprador, no entanto, as grandes empresas também se incluem entre os primeiros compradores. Além disso, dependendo da capacidade de congelamento e armazenamento, existe comércio intra-sectorial, por exemplo, a HEIPLOEG adquire camarão a uma pequena empresa alemã e vice-versa. Quadro 11. Panorama do Mercado Alemão de Camarão Negro

Grandes empresas Volume de negócios

(Milhões de euros)

Lucro (Milhões de

euros)

Empregados

Quantidade de camarão negro comprado (t)

Büsumer Fischerei (1)

55,00 0,40 92 2 693*

De Beer 15,70 n.d. 39 1 309 Stührk (2) 9,00 n.d. 30 1 307 Krabben Bremer 3,70 n.d. 9 338 Rentel OhG 2,50 n.d. 8 712 Krabben Kock 2,00 n.d. 5 825 Jan Looden 1,20 n.d. 7 296 Hermann Rinjes 0,30 n.d. 15 525

Outros e Klaas Puul x n.d. x 4 003

Total 89,40+x n.d. 205+x 12 048

(1) Quota-parte do Grupo Heiploeg, desembarques: quota-parte da Heiploeg nos desembarques alemães.

(2) Estimado em 25% do volume de negócios da empresa (Stührk, Pers. Com.)

Fonte: Base de dados AMADEUS, BLE (2011)

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

85

Parte da economia do sector do camarão negro desenvolve-se na Frísia Oriental, especialmente em torno do maior porto da região, Greetsiel. Esta pequena aldeia piscatória é a sede de empresas como a DE BEER, a JAN LOODEN e outras. Todo o litoral da Frísia Oriental é uma importante região turística, na qual pequenos comerciantes de pescado possuem filiais em cada um dos seus pequenos portos. A disponibilidade de camarão negro constitui também um dos elementos deste ideal turístico. A KRABBEN BREMER, por exemplo, está localizada em Dorum. Cuxhaven é o segundo maior porto de desembarque de camarão negro. A HEIPLOEG dispõe, no local, de uma instalação de desembarque e crivagem. A unidade de transformação de camarão pequeno esmagado situa-se igualmente neste porto. A maioria das empresas transformadoras, pelo menos as grandes, está localizada em Büsum, que se tornou o principal centro empresarial alemão de camarão negro, apresentando o maior volume de desembarques e contando com a presença das maiores empresas. Em Büsum, as subsidiárias são operadas pelas empresas holandesas BÜSUMER FISCHEREI (Grupo HEIPLOEG), PUUL KLAAS, STÜHRK DELIKATESSEN, KRABBEN KOCK e RENTEL. A HEIPLOEG, líder de mercado, concentrou recentemente as suas actividades em Büsum, encerrando as suas instalações de crivagem na Dinamarca e em Husum. É óbvio que o mercado alemão possui uma estrutura muito heterogénea. Essa heterogeneidade será descrita de forma mais pormenorizada nos parágrafos seguintes.

2.2.3 Principais Empresas de Comercialização e Transformação As maiores empresas que operam no sector do camarão negro na Alemanha são as holandesas HEIPLOEG (BÜSUMER FISCHEREI) e KLAAS PUUL. As principais empresas de propriedade alemã do sector da transformação de camarão negro são a DE BEER e a STÜHRK DELIKATESSEN da Frísia Oriental, localizadas em Marne, Schleswig-Holstein. A DE BEER é responsável por cerca de 16% do total do volume de negócios e emprega 39 pessoas. A empresa possui contrato com 44 pescadores e subsidiárias ao longo da Costa Oriental da Frísia, em Greetsiel, Norddeich e Carolinensiel. O volume de negócios da empresa tem vindo a crescer nos últimos três anos, tendo passado de menos de 10 milhões de euros, em 2006, para quase 16 milhões de euros, em 2008. Embora também venda pescado fresco, o principal negócio da empresa é o camarão negro. A STÜHRK DELIKATESSEN transforma mais de 10% dos desembarques alemães e possui um volume de negócios de 9 milhões de euros €. À semelhança da maioria das empresas alemãs de camarão negro, a STÜHRK é uma empresa familiar. Tem contratos com 15 pescadores, seus fornecedores. O camarão transformado é desembarcado e crivado em Büsum e transportado para a fábrica de Marne, onde é refrigerado e preservado com recurso a ácido benzóico. O camarão é vendido regionalmente, ou descascado no estrangeiro, ou ainda congelado em Marne. O camarão negro da STÜHRK é descascado por empresas de descasque independentes na Polónia e na Bielorrússia, bem como por outras empresas de camarão alemãs. O volume de negócios estagnou, entre 2004-2007, em torno dos 30 milhões de euros, tendo aumentado em 2008 e atingido um total de 36 milhões de euros em 2009. A STÜHRK trabalha com outros produtos, incluindo caviar e salmão fumado. A quota-parte do camarão no volume de negócios da empresa é de cerca de 25%. A empresa possui seis

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86

máquinas de descasque, contudo, considera ser mais eficaz o descasque manual do camarão na Polónia. As máquinas são dispendiosas e menos eficientes (o rendimento de um trabalhador é de cerca de 33%, enquanto o rendimento de uma máquina é apenas de cerca de 30%). Além disso, é preciso proceder a uma verificação manual do camarão descascado automaticamente, a fim de remover os fragmentos de casca remanescentes. Em 2010, foi criada em Cuxhaven (Baixa Saxónia) uma empresa especializada no descasque de camarão (a KRABBENSCHÄLZENTRUM CUXHAVEN). Foram instaladas 24 máquinas de descasque de camarão, com uma capacidade diária total de 7,5 toneladas de matéria-prima (transformada em 2,5 t de camarão descascado). A empresa deveria empregar 60 pessoas na sua capacidade máxima. Contudo, faliu alguns meses depois.

2.2.4 Evolução das Vendas A evolução das vendas no sector do camarão negro é difícil de acompanhar, uma vez que as vendas não reflectem exactamente a quantidade desembarcada. Essa circunstância fica a dever-se sobretudo às práticas de congelamento, que possibilitam a venda de camarão durante todo o ano, bem como a mistura de camarão (des)congelado com camarão fresco. Igualmente difíceis de analisar são as estatísticas de exportação e importação, pois incluem produtos de base transformados e não transformados. No entanto, com base em dados oficiais alemães, é possível proporcionar uma visão geral das exportações e importações.

2.2.1.1 Exportação O Quadro 12 mostra as exportações e importações alemãs de crangon no período de Janeiro-Outubro de 2010. Obviamente, os Países Baixos são responsáveis pela maior fatia do valor total do camarão negro congelado e fresco importado para a Alemanha. Na Alemanha, as exportações são superiores às importações, especialmente para os Países Baixos, devido à liderança das empresas holandesas HEIPLOEG e PUUL KLAAS no mercado, as quais compram à totalidade das empresas e pescadores alemães (cf. ponto 2.2.2). O preço das exportações alemãs de crangon situa-se entre 2,50 euros/kg (congelado) e 3,30 euros/kg (fresco), enquanto o das importações varia entre 5,35 euros/kg (congelado) e 7,15 euros/kg (fresco). Estes valores permitem concluir que o produto de base importado já se encontra transformado. O Quadro 12 permite perceber a rota percorrida pelo camarão negro alemão: o camarão é capturado na Alemanha, vendido aos Países Baixos, descascado em Marrocos e, em seguida, transportado de novo para os Países Baixos, onde é embalado e vendido a empresas de desconto alemãs.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

87

Quadro 12. Exportações e importações (peso e valor) de crangon (não especificado) com origem e destino na Alemanha - Jan-Out 2010

Produto Exportação: Peso

Exportação: Valor

Importação: Peso

Importação: Valor

t 1000 euros t 1000 euros Crangon congelado- NL 18,6 47 235,4 1 272 Crangon congelado- NL 67,0 174 339,0 1 813 Crangon fresco- NL 6 759,0 22 778 531,2 3 733 Crangon fresco- NL 7 824,2 26 133 564,5 4 044

Fonte: Destatis

2.2.1.2 Mercado Nacional Com base nas entrevistas realizadas com as principais partes interessadas alemãs e holandesas é possível estimar que o mercado alemão se cifre em 5 600 t (equivalente peso desembarcado). O mercado alemão é abastecido sobretudo pelas principais empresas de transformação holandesas. As empresas alemãs têm o seu principal mercado em determinadas regiões, principalmente do Norte da Alemanha.

2.2.5 Evolução e Estrutura das Importações de Outros Tipos de Cama-rão e Impacto sobre o Mercado de Camarão Negro

É possível encontrar no mercado outras espécies crangon, por exemplo, crangon affinis ou crangon japonicus, especialmente nas alturas em que o preço do camarão negro é elevado. Foi igualmente noticiada a entrada na pescaria chinesa do primeiro cúter chinês com capacidade de cozedura automática a bordo. No entanto, é demasiado cedo para avaliar o potencial impacto dessas espécies no mercado de camarão negro do Mar do Norte. No segmento dos produtos transformados e elaborados de camarão (saladas, por exemplo), o camarão rosado (Pandalus borealis) é um produto competitivo. O camarão rosado é geralmente mais barato do que o camarão negro, mas o seu sabor não é tão intenso. O Quadro 13 regista as exportações e importações de Pandalidae com origem e destino na Alemanha durante o período de Janeiro-Outubro 2010. Quadro 13. Exportações e importações (peso e valor) de Pandalidae com origem

e destino na Alemanha. Janeiro-Outubro de 2010

Produto Exportação: Peso

Exportação: Valor

Importação: Peso

Importação: Valor

t 1000 euros t 1000 euros Pandalidae congelado 616,7 3606 1139,4 4184 Pandalidae fresco 324,0 2804 215,5 2079

Fonte: Destatis No entanto, no que se refere o mercado alemão, o impacto potencial de Pandalidae no mercado do camarão negro parece ser limitado. O camarão negro possui um círculo específico de clientes, que o consideram como uma iguaria.

Departamento Temático B: Políticas Estruturais e de Coesão

88

2.3 Países Baixos

Principais conclusões

O mercado de camarão negro holandês tem aproximadamente a mesma dimensão (5 700 t - equivalente peso desembarcado) que o mercado alemão.

Os dois líderes (a HEIPLOEG e a KLAAS PUUL) compram cerca de 30 000 t de

camarão por ano. Quase toda a produção adquirida é transportada para Marrocos para ser

descascada manualmente em grandes fábricas. A produção holandesa destina-se sobretudo à exportação: em primeiro lugar, para

a Bélgica, depois, para a Alemanha e França. A pesca de camarão negro parece ser uma actividade rentável para a

transformação. Os pescadores holandeses de camarão negro estão, na sua maioria, organizados e

são membros de uma OP. A Autoridade da Concorrência dos Países Baixos (a NMa) conduziu um inquérito

sobre a possível violação da Lei da Concorrência do país e do Tratado que institui a Comunidade Europeia no sector do camarão negro por parte de organizações de produtores holandesas, alemãs e dinamarquesas e de grossistas holandeses reunidos numa associação de grossistas (a VEBEGA). Em 2003, a NMa impôs coimas a essas OP e grossistas num valor total de 13,8 milhões de euros (posteriormente reduzido para 5,4 milhões de euros). A decisão final continua pendente.

A NMa decidiu monitorizar de forma permanente a indústria holandesa da pesca de

camarão.

2.3.1 Papel e Organização das Organizações de Produtores Os pescadores holandeses de camarão são, na sua maioria, membros de uma organização de produtores: 206 das 225 licenças emitidas para navios de pesca de camarão, o que significa uma taxa de organização superior a 90%. São 7 as OP envolvidas na pesca de camarão. A maior delas, a CPO Nederlandse Vissersbond (NVB), possui 110 navios, sendo responsável por cerca de metade do total dos desembarques holandeses. As outras 6 OP uniram-se para formar uma associação de OP, a VisNed. Duas das OP da VisNed, a PO Wieringen e a Internationale Garnalen PO Rousant, desembarcam cerca de 70% das capturas globais da VisNed.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

89

A OP Rousant é a mais recente OP holandesa. Foi reconhecida em 2009 e inclui navios da Alemanha, Bélgica e Reino Unido, para além de navios holandeses. A NVB é membro da OP transnacional com sede em Oldenburg (Baixa Saxónia). Quadro 14. OP holandesas envolvidas na pesca de camarão em Janeiro de 2011

OP Associação de OP Local

Data de reconheciment

o

Número de navios envolvidos na pesca

de camarão

Parte nos desembarques de camarão

CPO Nederlandse Vissersbond TPO-Oldenburg

Emmeloord

1987 110 Cerca de 50%

CPO Oost Nederland VisNed Urk 1971 8

CPO Wieringen VisNed Den Oever 1986 44

CPO Texel VisNed Oudeschild 1993 6

CPO Delta Zuid VisNed Yerseke 2003 11

CPO West VisNed Den Helder

2003 2

Internationale Garnalen PO Rousant

VisNed Lauwerzijl 2009 25

Cerca de 50%

Total de 225 licenças para a pesca de camarão 206

Cerca de 19 navios não estão organizados ou para venda ou por qualquer outra razão

Fonte: Compilado pela AND International.

2.3.2 Estrutura e Concentração do Sector Grossista e da Transformação A VEBEGA (Vereniging ter Bevordering van de Garnalenhandel), a Associação Holandesa para a Promoção do Comércio Grossista de Camarão, tem 7 membros que desenvolvem actividade como grossistas no comércio de camarão:

- HEIPLOEG (Zoutkamp), - KLAAS PUUL (Volendam), - MOOIJER-VOLENDAM (Volendam), - HEYKO (Enkhuizen) - TELSON (Leens) - LENGER SEAFOODS (Harlingen) - ROEM VAN YERSEKE (Yerseke).

A FOPPEN EEL & SALMON (Harderwijk), que se dedica sobretudo à produção de enguia e salmão fumados, iniciou-se recentemente no comércio grossista de camarão. A maioria do camarão desembarcado por navios holandeses é vendida em lotas. Existem sete lotas dedicadas à venda grossista de camarão. Uma delas (Zoutkamp), inaugurada em 2003, destina-se exclusivamente à venda grossista de camarão e tem registado um considerável crescimento nos últimos anos.

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90

Quadro 15. Evolução das vendas de camarão negro nas lotas holandesas (t)

Lota 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Lauwersoog 3 328 3 373 3 795 4 022 3 287 2 878 3 038 4 046 Zoutkamp 0 254 709 943 914 654 1 479 2 024 Harlingen 1 327 2 087 1 860 1 464 2 769 2 184 2 041 2 834 Den Oever 1 683 2 823 2 042 2 124 2 769 2 514 2 800 3 840 Stellendam 279 309 143 222 495 268 323 503 Colijnsplaat 507 614 458 383 700 374 483 584 Breskens 339 940 676 703 832 648 921 1 691 TOTAL 7 463 10 400 9 683 9 860 11 765 9 520 11 085 15 521

Fonte: Ministério da Agricultura dos Países Baixos A maioria dos pescadores holandeses possui contrato com os principais grossistas. Esses contratos assinados entre as empresas de transformação (HEIPLOEG e KLAAS PUUL) e os pescadores são frequentemente apelidados de "contratos de Las Vegas", pois não constituem um instrumento jurídico, nem vinculativo. Neste tipo de contrato, o pescador compromete-se a fornecer à empresa transformadora o total das suas capturas, porém, não existe uma quantidade, nem um preço estipulados. O preço é fixado posteriormente (pelo comprador). Contudo, este contrato pode ser utilizado como garantia pelo pescador junto da banca. 2.3.3 Principais Empresas de Comercialização e Transformação O sector do camarão negro nos Países Baixos é dominado por duas empresas, a HEIPLOEG e a KLAAS PUUL, que compram directamente, ou através de outros grossistas, cerca de 80% da totalidade do camarão negro desembarcado na Europa. Ambas as empresas possuem instalações de desembarque e crivagem na Alemanha, Dinamarca e Países Baixos, bem como fábricas de descasque em Marrocos. A HEYKO (que vende apenas para a HEIPLOEG), a Telson e a MOOIJER-VOLENDAM são outros dos principais intervenientes no mercado. A LENGER e a ROEM VAN YERSEKE, ambas empresas de transformação de mexilhão, e a FOPPEN, especializada no salmão e na enguia, iniciaram-se, mais recentemente, no negócio do camarão. Quadro 16. Principais grossistas de camarão negro nos Países Baixos

Empresa Crangon Compras (t/ano)

Parte do crangon no volume de

negócios da empresa

Volume de negócios

2010 (milhões de

euros) HEIPLOEG 17 - 20 000 30 213*

KLAAS PUUL

11 000 30 143

HEYKO 2 500 100 11

TELSON 2 400 95 5,5 *2008

Fonte: Investigação própria

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

91

A HEIPLOEG é de longe a empresa líder de mercado e a maior fornecedora de camarão da Europa. Compra anualmente 17 000 a 20 000 toneladas de camarão negro do Mar do Norte a pescadores holandeses, dinamarqueses, alemães, britânicos e belgas. Nos Países Baixos, a HEIPLOEG compra sobretudo a pescadores sob contrato (80 a 90% do total), e o remanescente em lotas. A HEIPLOEG foi adquirida, em 2006, pela GILDE, uma empresa de investimento em participações (empresa de private equity) especializada na compra do capital pelos respectivos quadros (management buy-out). O grupo HEIPLOEG inclui, para além da HEIPLOEG B.V., as seguintes empresas: - HEIPLOEG B.V. (Zoutkamp, Países Baixos): a HEIPLOEG possui, em Zoutkamp, no

Norte dos Países Baixos, perto de Lauwersmeer e não muito longe de Groningen, uma unidade de grande dimensão, que é a maior fábrica de transformação de camarão na Europa, operacional desde 1999, e que emprega 250 trabalhadores.

- HEITRANS (Zoutkamp, Países Baixos): a divisão de transporte próprio da HEIPLOEG é especializada no transporte de produtos refrigerados e congelados e possui uma frota de 43 camiões e 59 reboques, que transportam camarão inteiro com origem e destino nas instalações de descasque em Marrocos, bem como produtos embalados para a maioria dos países da Europa,

- BÜSUMER FISCHEREI-GESELLSCHAFT (Wöhrden, Alemanha): fábrica de transformação especializada em camarão e produtos de valor acrescentado sob a designação de “BÜSUMER FEINKOST”,

- GOLDFISH (Volendam, Países Baixos): empresa de transformação de camarão com sede em Volendam (Países Baixos), cuja fábrica em Volendam foi encerrada em 2010, sendo a produção transferida para Zoutkamp,

- MORUBEL (Ostend, Bélgica): fornecedor de camarões congelados tropicais e produtos de valor acrescentado,

- FGT (HEIPLOEG Deutschland) (Husum, Alemanha): a HEIPLOEG encerrou recentemente a sua unidade de crivagem de camarão negro em Husum para concentrar a sua actividade em Büsum,

- DANSK HEIPLOEG (Rømø, Dinamarca): a unidade de crivagem foi recentemente encerrada,

- TK FISH (Tetouan, Marrocos): fábrica de descasque de camarão. A HEIPLOEG é uma empresa orientada para a exportação, sendo que o mercado holandês é responsável por apenas 10% das suas vendas totais de camarão. Os principais destinos são a Bélgica (cerca de 70% das vendas), a Alemanha (10%) e França (10%). O total das vendas do Grupo HEIPLOEG ultrapassa os 300 milhões de euros (dos quais mais de 200 milhões de euros são da responsabilidade da HEIPLOEG B.V.). A KLAAS PUUL adquire anualmente 11 000 toneladas de camarão na Dinamarca (onde possui uma fábrica para a recepção e crivagem de camarão), na Alemanha (onde também dispõe de uma grande unidade para a recepção e crivagem, em Büsum) e nos Países Baixos, onde compra em lotas. Na Alemanha, a KLAAS PUUL faz as suas aquisições ao abrigo de contratos assinados anualmente com os pescadores alemães, tendo igualmente recorrido a contratos, há alguns anos atrás, embora não actualmente, nos países Baixos. Ao contrário da HEIPLOEG, a KLAAS PUUL ainda se mantém como uma empresa familiar, com accionista maioritário, Evert Mooijer, filho do fundador da empresa.

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A KLAAS PUUL possui unidades de transformação de camarão negro em: - Edam (Países Baixos): transformação e embalagem (todos os processos estão

certificados, cumprindo as normas de segurança alimentar da BRC e IFS), - Havneby (Dinamarca): triagem e embalagem para transporte com destino aos Países

Baixos, - Büsum (Alemanha): triagem e embalagem para transporte com destino aos Países

Baixos, - Tanger (Marrocos): descasque (2 500 trabalhadores).

A KLAAS PUUL possui igualmente filiais de venda na Bélgica e em França. A unidade de Büsum serve também directamente o mercado do Norte da Alemanha. Para a KLAAS PUUL, a Bélgica é também o principal mercado (45% das vendas), seguida da Alemanha (23%), Países Baixos (22%) e França (4%). O total das vendas atingiu143 milhões de euros em 2009-2010. A HEYKO foi constituída em 2007, com base na colaboração entre a L. Kok International Seafood (Enkhuizen), empresa de importação, e a WG den Heijer & Zn. (Scheveningen), empresa especializada em pescado e camarão. Esta empresa comum (joint venture) pretendia utilizar a experiência combinada de ambas as empresas no sector do camarão a níveis nacional e internacional, com vista a penetrar no mercado do Benelux. A HEYKO compra anualmente 2 500 t de camarão negro em bruto nas lotas holandesas (Lauwersoog, Den Oever, Harlingen). O camarão é, posteriormente, descascado em Marrocos (Casablanca) por uma empresa marroquina independente. O camarão com casca é frequentemente congelado em Enkhuizen antes de ser transportado em caixas para a unidade de descasque em Marrocos, embora o camarão fresco com casca possa também ser preparado para ser transportado fresco em sacos de plástico. A TELSON foi fundada em 2007 por um antigo analista químico da HEIPLOEG, Robert PIKKERT, a quem se juntou, posteriormente, o antigo proprietário da HEIPLOEG, H. NIENHUIS, e o genro deste. A TELSON funciona como um prestador de serviços: não compra directamente camarão negro, mas trata, para alguns clientes, do transporte para Marrocos, descasque e transporte de regresso aos Países Baixos. A TELSON trabalha para duas empresas de transformação de mexilhão que entraram recentemente no negócio do camarão (a ROEM VAN YERSEKE e a LENGER SEAFOODS), bem como para alguns clientes de menor dimensão. Em 2010, a TELSON processou 2 400 t de crangon. Alguns pescadores mostram-se preocupados com a sustentabilidade da empresa de transformação holandesa, uma vez que os dois líderes não oferecem garantias inquestionáveis de continuidade: a HEIPLOEG não possui accionistas (pertence a um investidor de private equity) e a KLASS PUUL é uma empresa familiar, porém, não existe qualquer descendente interessado em assumir o comando da empresa.

2.3.4 Operações de descasque Quase todas as operações de descasque têm, actualmente, lugar em Marrocos. O descasque não pode ser efectuado com recurso a máquinas, visto que o camarão é muito pequeno, pelo que todo o processo é feito manualmente. O camarão é geralmente transportado para Marrocos (há alguns anos, para a Europa Oriental) em camiões de

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

93

grande dimensão para serem descascados, uma vez que o trabalho manual é muito dispendioso nos Países Baixos. Depois, é transportado de regresso aos Países Baixos. Na década de 1990, o camarão era descascado na Europa Oriental (Polónia, Ucrânia, Bielorrússia e Roménia), contudo, essas operações foram suspensas por motivos de qualidade. O processo completo de descasque (transporte com destino e origem em Marrocos, descasque em Marrocos) leva de 10 a 20 dias, em média, 15 dias. A maioria dos desembarques ocorre às Quintas e Sextas-feiras, sendo que nem todo o camarão pode ser transportado ao mesmo tempo (decorrem 6 a 14 dias entre o dia da aquisição e o da chegada à fábrica de descasque). O percurso mais curto é o seguinte: Quinta-feira, semana 1: Desembarque e venda em lota, Sexta-feira, semana 1: Embalagem de camarões em tabuleiros e partida do camião, Segunda-feira, semana 2: Chegada a Marrocos – desalfandegamento na Segunda-feira à noite, Terça-feira, semana 2: descasque, Quarta-feira, semana 2: Transporte de regresso, Segunda-feira, semana 3: Chegada aos Países Baixos. A HEIPLOEG possui a sua própria fábrica de descasque em Tetouan (TK FISH, 1 400 trabalhadores; capacidade: 240 t de camarão em bruto/semana), recorrendo igualmente a quatro contratantes marroquinos em Tanger (DETROIT SEAFOOD), Oujda e Nador. Para o transporte do camarão para Marrocos, a HEIPLOEG utiliza camiões da sua própria filial de transportes, a HEITRANS. Nos anos 2006-2009, a HEIPLOEG enviou igualmente camarão congelado de menor dimensão para a Ásia (Indonésia e China) para descasque, devido à falta de capacidade em Marrocos. A HEIPLOEG mantém actividades de descasque nos Países Baixos numa outra fábrica, na qual, com recurso a 24 máquinas de descasque, produz 2-3 t de miolo de camarão por semana. A KLAAS PUUL possui uma fábrica de grandes dimensões em Tanger (KLAAS PUUL SHRIMPS INTERNACIONAL), que emprega 2 500 pessoas. O camarão é transportado para Marrocos (10 a 15 camiões por semana) por uma empresa transportadora espanhola especializada no transporte de frutas. O miolo de camarão é transportado de regresso aos Países Baixos 3-4 vezes por semana. No passado, a KLAAS PUUL desenvolvia actividades de descasque em Volendam (Países Baixos). Em 1990, comprou seis máquinas de descasque, 3 para camarão de menor dimensão e 3 para camarão maior. O rendimento foi de 3 kg por hora e por máquina, contudo, eram necessárias 3-4 mulheres por máquina para as operações "pós-descasque", pois a qualidade dos camarões descascados mecanicamente não era satisfatória. Por conseguinte, a KLAAS PUUL pôs termo a esta experiência, que não era interessante em termos qualitativos (qualidade de descasque, mas também qualidade bacteriológica), nem económicos. A HEYKO possui uma fábrica de descasque de camarão em Marrocos, que emprega 250 mulheres que trabalham, sobretudo, a tempo inteiro. A HEYKO efectua um transporte por semana (com destino e origem em Marrocos).

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A TELSON trabalha com uma empresa de descasque em Tanger, pertencente ao Grupo Seafood.

2.3.5 Evolução das Vendas

Exportação O quadro seguinte mostra as exportações de camarão negro dos Países Baixos, porém, deve ser analisado com muita prudência. Com efeito, a maioria das exportações são contadas duas vezes, uma vez, no momento da exportação do camarão com casca para Marrocos e, uma segunda vez, quando, depois do descasque, regressado de Marrocos e embalado nos Países Baixos, é exportado para os mercados da UE.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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Quadro 17. Evolução das exportações de camarão negro dos Países Baixos

2005 2006 2007 2008 2009 Tipo de produto t 1.000 €/kg t 1.000 €/kg t 1.000 €/kg t 1.000 €/kg t 1.000 €/kg

Crangon fresco

23.880

77.153

24.655

77.863

25.578

83.993

18.965

75.028

20.291

80.263

Bélgica 2.097 19.368 9,24 1.615 18.817 11,65

1.411 19.812 14,04

969 16.985 17,53

1.132 15.133 13,37

França 2.929 20.355 6,95 2.780 18.498 6,65 2.886 22.499 7,80 2.352 22.116 9,40 2.280 18.461 8,10 Alemanha 145 2.134 14,7

3 263 2.280 8,68 236 3.013 12,7

6 33 499 15,3

1 68 987 14,5

8 Marrocos 18.430 34.293 1,86 19.725 37.338 1,89 20.642 37.334 1,81 15.283 34.077 2,23 16.567 44.721 2,70 Outros países 278 1.003 272 930 404 1.335 329 1.351 244 961 3,94

Crangon congelado

7.081 20.029

6.689 21.836

11.272

32.806

13.130

43.061

20.081

58.660

Bélgica 535 3.135 5,86 841 4.865 5,78 2.240 10.323 4,61 5.047 16.958 3,36 5.884 17.363 2,95 França 372 2.762 7,43 889 6.125 6,89 1.971 8.800 4,47 2.329 10.959 4,71 2.842 10.542 3,71 Alemanha 16 89 5,46 9 143 16,6

3 746 1.668 2,24 819 2.273 2,77 979 2.497 2,55

República Popular da China

- - 64 160 2,50 332 966 2,91 134 430 3,22 1.417 4.320 3,05

Marrocos 5.671 13.039 2,30 4.227 8.810 2,08 3.507 4.424 1,26 3.010 7.536 2,50 6.319 16.093 2,55 Outros países 486 1.004 659 1.733 2.476 6.625 1.791 4.905 2.639 7.845

Crangon vivo/salgado

60 24 205 72 765 421 1.339 5.292 1.290 3.232

Marrocos 59 18 204 57 762 390 1.090 1.258 2.691

Fonte: Eurostat, Comext

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O preço unitário permite ver se a exportação é composta por camarões inteiros ou descascados. Exportação para descasque A exportação de camarão para Marrocos para descasque é de cerca de 24 000 toneladas por ano, das quais 17 000 t são frescas e 6 000 t são congeladas. Quadro 18. Evolução das exportações de camarão negro dos Países Baixos para

Marrocos

Tipo de produto 2005 2006 2007 2008 2009

Quantidade (t)

Crangon fresco 18 430,3 19 725,4 20 641,5 15 282,7 16 567,2

Crangon congelado 5 671,3 4 227,0 3 506,7 3 010,3 6 319,2

Crangon vivo/salgado 59,1 203,6 761,7 1 090,4 1 257,8

Total 24 160,7 24 156,0 24 909,9 19 383,4 24 144,2

Valor (1000 euros)

Crangon fresco 34 293 37 338 37 334 34 077 44 721

Crangon congelado 13 039 8 810 4 424 7 536 16 093

Crangon vivo/salgado 18 57 390 2 917 2 691

Total 47 350 46 205 42 148 44 530 63 505

Preço unitário (euros/kg)

Crangon fresco 1,86 1,89 1,81 2,23 2,70

Crangon congelado 2,30 2,08 1,26 2,50 2,55

Total 1,96 1,91 1,69 2,30 2,63

Fonte: Eurostat, Comext Algumas quantidades de camarão negro são também exportadas congeladas para a China e a Indonésia para descasque, especialmente de camarão de menor dimensão, sendo, posteriormente, transportadas de regresso aos Países Baixos. Quadro 19. Evolução das exportações de camarão negro dos Países Baixos para

a Ásia

2005 2006 2007 2008 2009 País

t k€ t k€ t k€ €/kg t k€ €/kg t k€ €/kg República Popular da China

- - 64,1 160 2,50 331,8 966 2,91 133,7 430 3,22 1 417,2 4 320 3,05

Indonésia - - 418,9 1 229 2,93 2 252,9 6 336 2,81 1 430,6 4 116 2,88 2 450,9 7 283 2,97

Total 0,0 0 483,0 1 389 2,88 2 584,7 7 302 2,83 1 564,3 4 546 2,91 3 868,1 11 603 3,00

Fonte: Eurostat, Comext Assim, em 2009, a quantidade total de camarão exportado por empresas transformadoras holandesas para fins de descasque tinha atingido as 28 000 t.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

95

Exportações para mercados de consumo As exportações de camarão negro para os mercados de consumo têm como destino a Bélgica, França e Alemanha. A Bélgica importa também camarão inteiro, que é descascado localmente ou enviado para Marrocos por empresas transformadoras belgas (PRAET, VAN BIESEN).

Mercado Nacional O mercado holandês pode ser estimado em cerca de 5 700 t (equivalente peso desembarcado). É fornecido pela KLAAS PUUL (cerca de 2 200 t), empresa com grande actividade na região de Amesterdão, pela HEIPLOEG (2 000 t) e por vários fornecedores de menor dimensão (1 500 t). 2.3.6 Evolução e Estrutura das Importações de Outros Tipos de Cama-

rão e Impacto sobre o Mercado de Camarão Negro À semelhança do que acontece na Alemanha, o mercado de camarão negro é um segmento de mercado bastante específico e independente das quantidades e preços de outras categorias de camarão presentes no mercado. De acordo com a HEIPLOEG, apenas 5% dos consumidores de camarão negro passam a optar pelo camarão rosado quando o preço do crangon é elevado. 2.3.7 Descrição das Acções Instauradas pela Autoridade da Concor-

rência dos Países Baixos A Autoridade da Concorrência dos Países Baixos (a NMa) procedeu a um inquérito sobre a possível violação do artigo 6.º, n.º 1, da Lei da Concorrência do pais e do artigo 81.º, n.º 1, do Tratado que institui a Comunidade Europeia no sector do camarão por parte de OP holandesas, alemãs e dinamarquesas e de grossistas holandeses reunidos numa associação de grossistas (a VEBEGA). O artigo 6.º, n.º 1, da Lei da Concorrência proíbe os acordos entre empresas, decisões de associações de empresas e práticas concertadas de empresas que tenham por objectivo ou efeito impedir, restringir ou falsear a concorrência no mercado holandês ou numa parte do mesmo. Nos termos do artigo 81.º, n.º 1, do Tratado CE, são proibidos todos os acordos entre empresas, todas as decisões de associações de empresas e todas as práticas concertadas, que sejam susceptíveis de afectar o comércio entre os Estados-Membros e que tenham por objectivo ou efeito impedir, restringir ou falsear a concorrência no mercado interno, designadamente as que consistem em:

- Fixar de forma directa ou indirecta, os preços de compra ou de venda ou quaisquer outras condições de transacção;

- Limitar ou controlar a produção, a distribuição, o desenvolvimento técnico ou os investimentos;

- Repartir os mercados ou as fontes de abastecimento.

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A NMa concluiu que as práticas das 8 OP (3 OP alemãs, 1 OP dinamarquesa e 4 OP holandesas) e 8 grossistas (todos holandeses) em causa, a saber, a celebração de acordos relativos a preços mínimos e limites de capturas de camarão do Mar do Norte no âmbito da Concertação Trilateral que teve lugar durante o período de 1 de Janeiro de 1998 a 30 de Janeiro de 2000, constituíram uma violação de extremamente grave do artigo 6.º, n.º 1, da Lei da Concorrência dos Países Baixos e do artigo 81.º, n.º 1, do Tratado CE. A NMa determinou ainda que a prática das 4 OP e dos 8 grossistas holandeses em causa, a saber, o acordo destinado a obstruir a entrada de um novo operador que desejava adquirir camarão do Mar do Norte em lotas holandesas, observado durante o período de 1 de Outubro de 1999 até 16 de Novembro de 1999, constituiu uma violação extremamente grave do artigo 6.º, n.º1, da referida Lei da Concorrência. Em Janeiro de 2003, a NMa impôs coimas às 8 OP e aos 8 grossistas num montante total de 13,8 milhões de euros (4,0 milhões de euros às OP e 9,8 milhões de euros aos grossistas). As coimas aplicadas à HEIPLOEG e a KLAAS PUUL foram, respectivamente, de 5,1 e 2,1 milhões de euros. Esta foi a primeira vez que a NMa aplicou coimas por violação das regras da concorrência europeias. Foi também o primeiro caso em que a NMa aplicou coimas a operadores não holandeses. No recurso administrativo, em finais de 2004, as coimas aplicadas aos cinco grossistas de menor dimensão do sector do camarão foram retiradas, visto que a NMa não conseguiu provar com toda a certeza que os comerciantes em causa tinham efectivamente participado nos acordos proibidos e na exclusão do novo operador. A NMa manteve as coimas impostas aos outros três grossistas (a HEIPLOEG, a KLAAS PUUL e a GOLDFISH), uma vez que ficou confirmado, no recurso administrativo, o seu envolvimento e participação nos acordos proibidos e na exclusão do novo operador, embora, as coimas tenham sido reduzidas, pois as partes apresentaram provas novas quanto ao volume de negócios com base no qual foram estipuladas as coimas. Esse valor, a saber, o da aquisição de camarão do Mar do Norte, revelou ser muito inferior ao presumido anteriormente. Foram igualmente reduzidas as coimas aplicadas às 8 OP, uma vez mais, com base nos novos dados respeitantes ao volume de negócios. Foi também tido em conta o facto de ter sido dada a impressão às organizações de produtores de que o Governo não era avesso a medidas destinadas a limitar o abastecimento de camarão. À semelhança do que aconteceu aquando da decisão inicial de aplicar coimas, a NMa teve igualmente em consideração a situação financeira das OP em questão. Em Dezembro de 2006, a NMa decidiu reduzir novamente as coimas aplicadas às organizações de produtores na sequência de uma decisão judicial. O juiz considerou provadas as infracções cometidas pelas organizações de produtores ao abrigo da Lei da Concorrência, embora tenha qualificado a sua participação na chamada concertação trilateral como uma violação grave, mas não extremamente grave, da Lei da Concorrência. Consequentemente, a NMa ajustou as coimas anteriormente impostas (Quadro 20).

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

97

Quadro 20. Evolução das coimas impostas às OP e aos grossistas pela NMa

Deliberações € Janeiro de

2003 Dezembro de

2004 Dezembro de

2006 PO Vissersbond (NL) 909 000 797 000 629 000 LV-PO's Schleswig-Holstein (DE) 826 000 499 000 333 000 PO Weser-Ems (DE) 737 000 445 000 297 000 PO Vissersbond (NL) 522 000 425 000 335 000 PO West/PO Delta Zuid (NL) 396 000 374 000 301 000 PO Danske Fiskeres (DK) 365 000 257 000 171 000 PO Elbe-Weser (DE) 206 000 125 000 83 000 PO Texel (NL) 48 000 35 000 27 000 Heiploeg 5 090 000 1 662 000 1 662 000 Klaas Puul 2 090 000 1 129 000 1 129 000 Goldfish 1 236 000 428 000 428 000 Van Belzen 782 000 0 0 Kok International 222 000 0 0 Lou Snoek 184 000 0 0 Mooijer 100 000 0 0 Matthijs Jansen 68 000 0 0 Total 13 781 000 6 176 000 5 395 000

Fonte: NMa

O processo da NMa só ficou definitivamente concluído em 22 de Março de 2011. O tribunal holandês de última instância para casos anti-trust, o CBB (College voor het van Beroep Bedrijsleven) confirmou as coimas, mas reduziu-as a um montante total de 4,4 milhões de euros. Depois de tomar conhecimento pelos meios de comunicação da existência de bloqueios contra vários grossistas no sector do camarão e um camião de camarão, em Setembro de 2010, a NMa quis perceber o que se passava, não tendo, no entanto, encontrado qualquer prova do envolvimento das organizações de produtores em qualquer violação da proibição de cartéis. Seja como for, estes acontecimentos, bem como os investigados no passado, persuadiram a NMa a monitorizar a indústria holandesa de pesca de camarão de forma permanente. As partes interessadas holandesas usam hoje de grande cautela, seguindo o aconselhamento da NMa, antes de tomar qualquer decisão.

2.4 Síntese: o mercado da UE A Bélgica é, de longe, o maior mercado, consumindo mais de metade da totalidade do camarão negro vendido na UE. É seguida pelos dois grandes países pesqueiros, Países Baixos e Alemanha. França é o quarto mercado, tendo a particularidade de se interessar sobretudo pelo camarão com casca (“crevettes entières”). Existe um consumo limitado também noutros países (Dinamarca, Reino Unido,…).

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98

O quadro abaixo apresenta uma estimativa do mercado da EU, elaborada a partir dos dados comunicados pelos principais grossistas. Quadro 21. Mercado do camarão negro na UE em 2010

Mercado Quota de mercado

t equivalente peso desembarcado

Bélgica 54% 17 800

Países Baixos 18% 5 700

Alemanha 18% 5 600

França 7% 2 300

Outros 3% 1 000

Total 100% 34 700 Fonte: AND International a partir dos dados dos grossistas

O mercado de camarão negro é composto principalmente por produtos frescos, e esta é uma distinção importante relativamente ao camarão tropical, que normalmente é apresentado congelado. Se o camarão negro viesse a acabar no mercado dos congelados, seria muito difícil manter a mesma imagem e o mesmo nível de preços a retalho.

2.5 Preços e margens no sector do camarão As observações de preços, efectuadas em várias cadeias retalhistas, nos principais mercados da UE, em Janeiro de 2011, mostram que o camarão negro descascado e fresco, embalado em pequenas unidades (100 gr e 250 gr), é vendido ao consumidor a um preço entre 21,90 e 39,90 euros/kg, consoante o país e a categoria do estabelecimento comercial (Quadro 22). O camarão com casca (“crevettes entières”) é vendido em França e na Bélgica. Nos supermercados franceses o preço ao consumidor chega aos 26-30 euros/kg. Na Bélgica, é possível encontrar "crevettes grises entières" por 10 euros/kg.

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Quadro 22. Preços de retalho do camarão negro fresco, descascado e cozido, vendido em embalagens, em Janeiro de 2011

Estado-Membro

Produto Produto Unidade

Preço Preço

Retalhista (designação local) (designação portuguesa)

€/unidade

€/kg

Bélgica Crevettes grises fraîches Camarão negro fresco

100 gr 3,55 35,5

DELHAIZE Direct

Crevettes grises fraîches Camarão negro fresco

250 gr 8,45 33,8

Crevettes grises épluchées

Camarão negro fresco descascado

250 gr 6,95 27,8

Crevettes grises épluchées

Camarão negro fresco descascado

500 gr 10,55 21,1

Crevettes grises fraîches Belges

Camarão negro fresco belga

100 gr 3,75 37,5

Crevettes grises fraîches Belges

Camarão negro fresco belga

250 gr 8,75 35

Crevettes grises entières*

Camarão negro inteiro (com casca)

250 gr 2,5 10

Alemanha REWE Express Drive

Stührk Nordsee Krabben frisch

Camarão negro fresco

100 gr 3,29 32,9

Alemanha REAL

Büsumer Nordseekrabben

Camarão negro fresco

100 gr 3,49 34,9

Alemanha LIDL

Nordseekrabben Camarão negro fresco

100 gr 2,19 21,9

Países Baixos ALBERT HEIJN

Hollandse garnalen Camarão negro fresco holandês

100 gr 3,99 39,9

França Crevettes grises cuites* AUCHAN

Camarão negro inteiro (com casca)

150 gr 4,5 30

França Crevettes grises cuites* CARREFOUR FRAIS EMBAL

Camarão negro cozido (com casca)

150 gr 3,95 26,33

*com casca

Fonte: Compilado pela AND International. O Quadro 23 mostra a rota seguida pelo camarão negro a partir do ponto de desembarque até ao estabelecimento comercial retalhista. A segunda coluna diz respeito aos preços de primeira venda observados em finais de Janeiro de 2011, altura em que se atingiu um preço de cerca de 2,00 euros/kg nas lotas. As taxas das lotas (0,33 euros/kg), o rendimento médio obtido nas fábricas de descasque marroquinas (33%), bem como o custo médio de descasque (5,20 euros por kg de miolo de camarão) estão incluídos. Na terceira coluna, foram efectuados os mesmos cálculos, tomando como hipótese um preço de lota de 3,50 euros/kg (taxas das lotas não incluídas).

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Quadro 23. Preços nas diferentes fases, no sector do camarão

€/kg €/kg Pago ao pescador por kg desembarcado 2,00 3,50 Taxas de lota (NL) 0,33 0,33 Preço de compra do camarão inteiro pelo grossista 2,33 3,83 3 kg necessários para 1 kg de miolo 6,99 11,49 Custo de descasque (transporte com destino e origem em Marrocos incluído)

5,20 5,20

Custo do camarão descascado à entrada da fábrica de transformação holandesa

12,19 16,69

Preço de venda na transformação 17,00 a 25,00 Preço de retalho (BE-DE-NL) 17,00 a 39,90

Fonte: Compilado pela AND International

2.6 Descrição da Aplicação da OCM ao Mercado de Camarão Negro

Principais conclusões

A aplicação da OCM tem tido muito pouco impacto no mercado do camarão negro.

O regime de preços (preço de orientação, preço de retirada) não impediu que os preços diminuíssem de forma acentuada no final de 2010 e início de 2011.

O instrumento de retirada tem sido muito pouco utilizado pelas organizações de produtores que participam na pesca de camarão negro, sendo utilizado quase exclusivamente pela OP dinamarquesa. Em 2009, as retiradas representaram 0,66% dos desembarques ao nível da UE, mas representaram 7% do total dos desembarques dinamarqueses.

Os regulamentos relativos à abertura e modo de gestão de um contingente pautal comunitário autónomo para o camarão de água fria (20 000 t/ano a 0%) não têm qualquer impacto sobre o sector do camarão negro, uma vez que os segmentos de mercado para os camarões Pandalus e Crangon são bastante independentes.

O grau de organização dos pescadores de camarão negro é bastante elevado (88% a nível da UE), porém, as divergências entre as organizações de produtores (na Alemanha, bem como nos Países Baixos) e o receio relativamente à NMa inibem consideravelmente a acção das OP.

A OP transnacional, criada em 2005 com o objectivo de limitar os desembarques e regular a pesca, reúne metade da frota total que opera nos três Estados-Membros em análise.

Não se afigura necessária uma organização interprofissional específica para os holandeses, cuja Productschap Vis já desempenha este papel.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

101

2.6.1 Preços e intervenção Preço de orientação Nos termos do Regulamento (CE) n.°104/2000, é fixado um preço de orientação antes do início da campanha de pesca. Este preço é aplicável em toda a UE. O preço de orientação é fixado:

- com base na média dos preços verificados nos mercados grossistas ou nos portos durante as três últimas campanhas de pesca anteriores àquela para que é fixado o preço, em relação a uma parte significativa da produção comunitária,

- tendo em conta as perspectivas de evolução da produção e da procura. - Na fixação desse preço, dever-se-á igualmente atender à necessidade de: - estabilizar os preços de mercado e evitar a formação de excedentes na UE, - contribuir para o apoio ao rendimento dos produtores, - tomar em consideração os interesses dos consumidores.

Figura 2.3: Evolução do preço de primeira venda do camarão negro (€/t) – de

2000 a Junho de 2010

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 200 Fonte: EC – DG MARE

Legenda: Average Price – Preço Médio, Guide Price – Preço de Orientação O preço de orientação permaneceu praticamente inalterado ao longo de toda a década 2000-2010. Durante quase todo o período, o preço de primeira venda permaneceu acima do preço de orientação, contudo, nos últimos meses de 2010, o preço de orientação não evitou que os preços de primeira venda registassem uma queda acentuada. Na última semana de Janeiro, o preço em lota era de cerca de 1,90-2,00 euros/kg.

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102

Retirada do pedido Uma vez que o camarão negro consta do Anexo I do Regulamento relativo à OCM, os Estados-Membros podem conceder uma compensação financeira às organizações de produtores que efectuem retiradas. A União Europeia fixa um preço de retirada comunitário que, em caso algum, deverá ultrapassar 90% do preço de orientação e que é aplicado durante toda a campanha de pesca. Só será concedida uma compensação financeira se os produtos retirados do mercado forem escoados para fins diferentes do consumo humano ou de uma forma que não interfira com a comercialização normal dos outros produtos. Todos os anos, os preços de retirada e de venda são fixados por um regulamento da Comissão. Os preços de retirada registaram alterações muito ligeiras nos últimos anos. Quadro 24. Preços de retirada e de venda do camarão crangon crangon

(euros/kg)

Tamanho Campanha de pesca Regulamento 1

(6,8 mm +) 2

(6,5 mm +) 2005 Reg (CE) 2258/2004 1,425 0,652 2006 Reg (CE) 2176/2005 1,432 0,655 2007 Reg (CE) 2032/2006 1,396 0,639 2008 Reg (CE) 1570/2007 1,431 0,655 2009 Reg (CE) 1309/2008 1,474 0,674 2010 Reg (CE) 1277/2009 1,43 0,654 2011 Reg (CE) 122/2011 1,43 0,654

Fonte: Regulamentos da Comissão O instrumento de retirada tem sido muito pouco utilizado pelas OP que se dedicam à pesca de camarão negro. Em 2009, as retiradas representaram apenas 0,66% do total dos desembarques (Quadro 25).

Quadro 25. Retiradas de camarão negro 2001-2010

toneladas 2001 2 2002 19 2003 251 2004 98 2005 11 2006 4 2007 1 2008 59 2009 219

2010 (6 meses) 56 Fonte: DG Mare

Nos anos de 2006-2010, a Dinamarca foi o único Estado-Membro a recorrer às retiradas. Em 2009, ano em que ocorreram as maiores retiradas, estas corresponderam a 7% do total dos desembarques dinamarqueses (Quadro 26).

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

103

Quadro 26. Estrutura das retiradas de camarão negro por Estado-Membro

EM Total retirado (t)

2005 DK 55%, NL 45% 11 2006 DK 75% 4 2007 Sem retiradas 1 2008 DK 100% 59 2009 DK 100% 219

2010 (6 meses) DK 100% 56 Fonte: DG Mare

2.6.2 Suspensão Autónoma de Direitos Aduaneiros A fim de garantir condições de oferta adequadas à indústria comunitária, a Comissão Europeia adoptou regulamentos relativos à abertura e gestão de "contingentes pautais comunitários autónomos" para determinados produtos da pesca. Cada um dos regulamentos possui a duração de três anos. É abrangida por esta suspensão uma das espécies de camarão: o camarão-árctico (Pandalus borealis). No período 2010-2012, pode ser importado, sujeito a um direito de 0% (em vez de 12%), um contingente de 20 000 toneladas. Quadro 27. Contingentes Pautais Comunitários Autónomos para o camarão

2001-2012

Designação das mercadorias Reg. do

Conselho (CE)

Direito do Contingentamento

Volume do contingente

anual (toneladas)

Direito do contingente

n.° 2803/2000

2001-2003 5 000 6%

n.° 379/2004 2004-2006 7 000 6%

n.° 824/2007 2007-2009 20 000 6%

Camarões da espécie Pandalus borealis, cozidos

e descascados, para transformação

n.° 1062/2009

2010-2012 20 000 0%

Fonte: Compilado pela AND International. A totalidade das partes interessadas entrevistadas considera que esses contingentes pautais não têm qualquer impacto no sector de camarão, uma vez que os segmentos de mercado dos camarões Pandalus e crangon são bastante independentes. Cumpre registar que o camarão negro goza de maior protecção do que as demais espécies de camarão. Quadro 28. Taxa convencional de direitos sobre o camarão

Produto Crangon crangon Outras espécies de camarão

Camarão fresco 18% 12%

Camarão congelado 18% 12%

Camarão preparado ou conservado

20% 20%

Fonte: Comissão Europeia.

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104

2.6.3 Organizações de Produtores O grau de organização dos pescadores de camarão negro é bastante elevado, sendo de 80% na Alemanha e de 100% na Dinamarca e, em média, de 88%. Embora a situação se tenha mantido inalterada na Dinamarca, registaram-se recentemente algumas mudanças nos Países Baixos e, especialmente, na Alemanha, como acima se descreveu. Para além das OP nacionais existentes nos três países, foi fundada, em 2005, a OP transnacional (OPT), "European Transnational Brown Shrimp Producer Organisation", na sequência da acção interposta pela Autoridade da Concorrência dos Países Baixos contra Organizações de Produtores e grossistas. Em Fevereiro de 2011, a OPT contava com 5 membros, 1 holandês e 4 alemães:

- NVB, Emmeloord (Países Baixos), - Erzeugergemeinschaft der Küstenfischer im Weser-Ems-Gebiet e.V. (Oldenburg), - Erste Erzeugergemeinschaft für Krabbenfischer in Büsum e.V. (Büsum), a que se

juntou a Fischereigenossenschaft – Holsatia Erzeugerorganisation eG (Husum), em 01.01.2011,

- Erzeugergemeinschaft Küstenfischer Eider, Elbe und Weser w.V., que sucedeu à Erzeugerorganisation der Küstenfischer Tönning und Umgebung w.V. (Tönning), em Junho de 2010,

- Erzeugerorganisation für Nordseekrabben in Büsum und Umgebung w. V. Quadro 29. Composição da OPT em 2010

Número de Membros

01.01.2010 01.01.2010 Membro

OPT

Deputados Navios Vissersbond 87 87

Weser-Ems 81 82

1. EG Büsum 25 25

Tönning 26 26

Holsatia 15 15

EG Büsum 8 8

Total 242 243 Fonte: EVKrEO

Em 1 de Janeiro de 2011, 246 navios estavam organizados na OPT, representando cerca de metade do total da frota dos três Estados-Membros. A OPT tem como objectivos limitar os desembarques e regular a pesca. Os seus membros limitam os respectivos desembarques de acordo com o aconselhamento da OPT. É difícil dizer até que ponto esses desígnios são bem sucedidos e até que ponto as recomendações são respeitadas. Pelo menos, os desembarques alemães não têm registado aumentos e a crivagem parece ser efectuada a 6,8 milímetros.

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105

2.6.4 Extensão das Regras A OPT pretendia combinar os interesses dos pescadores de camarão holandês e alemães que não dispunham do número necessário de membros e desembarques para cumprir os requisitos do Regulamento (CE) n.° 1812/2001 no que respeita à extensão aos não aderentes de certas regras adoptadas pelas organizações de produtores no sector das pescas. O Regulamento especifica que as actividades de produção e de comercialização de uma organização de produtores no sector das capturas são consideradas suficientemente representativas, na zona em que se pretende alargar as regras de comercialização, se:

a) A comercialização pela organização de produtores ou pelos seus aderentes das espécies às quais tais regras forem aplicáveis representar mais de 65 % do conjunto das quantidades comercializadas; e

b) O número de marinheiros-pescadores embarcados nos navios explorados pelos aderentes da organização de produtores ultrapassar 50 % do número total de marinheiros-pescadores estabelecidos na zona e abrangidos pelas regras susceptíveis de ser alargadas.

As regras de produção e comercialização incluem os seguintes elementos:

a) A qualidade, o tamanho ou peso e a apresentação dos produtos colocados à venda; b) A amostragem, os recipientes para efeitos de venda, a embalagem e a rotulagem, e

a utilização de gelo; c) As condições da primeira colocação no mercado, que podem englobar regras

relativas ao escoamento racional da produção tendo em vista a estabilização do mercado.

O Governo holandês não é favorável à extensão das regras, porque se a aceitarem para o camarão, terão, em seguida, de aceitar que o mesmo aconteça para o tomate, o pepino, etc. Esta posição tem um impacto nos preços e explica, em parte, a crise de preços. Se um pescador capturar camarão com menos de 6,5 mm, o destino desse camarão pequeno varia consoante o pescador é membro de uma OP (o camarão deve ser destruído), ou não (é possível vendê-lo a qualquer preço). 2.6.5 Normas de comercialização O Regulamento do Conselho n.º 2406/96 relativo à fixação de normas comuns de comercialização para certos produtos da pesca estabeleceu duas categorias de calibragem (com base na largura da cabeça) para o camarão negro crangon crangon: - Tamanho 1: 6,8 mm e mais - Tamanho 2: 6,5 mm ou mais.

2.6.6 Possibilidades de criação de uma organização interprofissional Os holandeses consideram não existir necessidade de uma organização interprofissional, uma vez que a Vis Productschap (Conselho Holandês para os Produtos da Pesca) já desempenha este papel. A Vis Productschap é, com efeito, a organização pública que engloba a totalidade do sector, incluindo a indústria de transformação de pescado e o comércio. Tem como membros pescadores, aquicultores das áreas do peixe e do marisco, grossistas, transformadores, importadores/exportadores e retalhistas.

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A Productschap inclui igualmente a Comissão Consultiva sobre o Camarão (a "Garnalenadviescommissie"), cujos membros são associações de pescadores, a VEBEGA (a associação dos grossistas de camarão), os retalhistas do sector da pesca e os representantes das lotas.

2.7 Imagem e Futuro do Camarão Negro

Principais conclusões

Aos olhos dos consumidores, a imagem do camarão negro é positiva. Em geral, as ONG consideram que as unidades populacionais de camarão negro se

encontram em bom estado, mas condenam o elevado nível de capturas acessórias e os danos causados ao fundo do mar por redes de arrasto de vara.

2.7.1 Imagem do Camarão Negro Nos seus principais mercados (a Bélgica, os Países Baixos, a Alemanha e França), o camarão negro goza de uma boa imagem. Os consumidores são fiéis ao camarão negro, sendo muito poucos os que optam pelo camarão-rosado quando o camarão negro é caro. Geralmente, os consumidores não estão conscientes dos elementos susceptíveis de afectar a qualidade do camarão: a longa "viagem para descasque" até Marrocos, a mistura de camarão fresco e congelado, o tempo decorrido entre a captura e a aquisição de um pacote no supermercado.

2.7.2 Posição das ONG sobre a pesca de camarão negro O Quadro da página seguinte reúne as avaliações de diversas ONG que desenvolvem a sua actividade em torno do Mar do Norte (a Greenpeace Germany, a North Sea Foundation, a Seafood Choices Alliance) sobre o estado das unidades populacionais de camarão negro e o impacto da pesca no ambiente. Globalmente, considera-se que as unidades populacionais estão em bom estado, não sendo as espécies consideradas ameaçadas. Os pontos negativos, salientados pelas três organizações, são o elevado nível de capturas acessórias e os danos ambientais causados pelas redes de arrasto de vara. O maior retalhista holandês, ALBERT HEIJN, utiliza uma escala de quatro níveis: - Quatro (azul): Melhor escolha (“beste keuze”), concedida a produtos com certificação do Marine Stewardship Council (MSC), - Três (verde): Primeira escolha (“prima keuze”), - Segunda escolha (cor-de-laranja): (“tweede keuze”), - Não preferencial (“liever niet”). O camarão negro é classificado como de primeira escolha (verde). A ALBERT HEIJN afirma que incentiva os pescadores a usarem métodos de pesca mais sustentáveis, a fim de reduzir as capturas acessórias de solha e linguado jovens, estando a trabalhar com os seus fornecedores com vista a uma certificação do MSC da pesca de camarão negro.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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ONG Gestão/unidades

populacionais Impacto ambiental das

Práticas de pesca Avaliação

Avaliação Geral

GREENPEACE Germany

Unidade populacional em bom estado. Contudo, existe algum perigo de sobrepesca latente, uma vez que a peca dinamarquesa de inverno dizima as fêmeas com ovas. Não existem limites de captura.

Os pescadores alemães utilizam varas leves com redes que deslizam sobre bases. Os pescadores holandeses usam, em parte, artes de pesca pesadas, que podem danificar o fundo marinho. Fazem capturas também nos parques nacionais do mar de Wadden. São significativas as capturas acessórias de peixes chatos e bacalhau juvenis.

Unidade populacional: verde Impacto ambiental: vermelho

Crítica

Stichting De Noorzee (Fundação do Mar do Norte)

O camarão negro não está ameaçado e é relativamente insensível à pressão da pesca. Praticamente não existe gestão da unidade populacional. Não existem quotas de captura, mas acordos trilaterais entre os NL, DE e DK. O maior problema de gestão é a falta de dados fiáveis sobre as capturas acessórias, o impacto no fundo marinho e as devoluções. Estão a ser dados os primeiros passos com vista à gestão, no quadro do processo em curso de certificação pelo MSC e da Lei de Protecção da Natureza.

Elevado nível de capturas acessórias (peixes chatos e caranguejos juvenis e outros invertebrados). Impacto das redes de arrasto de vara no fundo marinho.

Unidade populacional: verde. Impacto ambiental: cor-de-laranja. Gestão: cor-de-laranja/vermelho

Cor-de-laranja

Seafood Choices Alliance

As unidades populacionais não estão em perigo. Não existe avaliação nacional ou internacional das unidades populacionais de camarão, apenas investigações ad-hoc para avaliar a interacção entre a pesca de camarão e o ambiente. A predação natural do camarão é tão responsável pela mortalidade como a pesca. As populações de camarão possuem elevada capacidade de recuperação e uma baixa vulnerabilidade à exploração pesqueira devido a uma rápida maturação. Decorre actualmente uma avaliação do MSC como pescaria sustentável.

A pesca de arrasto de vara é um método associado aos danos ao fundo marinho e à devolução de peixe imaturo. As redes de arrasto de vara são por vezes equipadas com forras interiores e separadores (frequentemente de forma voluntária) para excluir juvenis, como a solha e o linguado, das capturas de camarão.

A compra pode ser recomendada. Contudo, existe preocupação crescente quanto ao impacto ambiental da pesca.

Fonte: Compilado por AND International a partir de guias das ONG

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Note-se que a viagem para descasque em Marrocos, que não é relevante nos critérios do MSC, também não suscita reservas às ONG, que consideram que a quantidade de energia despendida é baixa em comparação com a energia consumida pela pesca.

2.8 Situação e Perspectivas de uma Certificação pelo MSC A certificação pelo Marine Stewardship Council (MSC) é um processo em curso no que respeita às três frotas na Dinamarca, Alemanha e Países Baixos. Embora tenha sido inicialmente uma abordagem comum, as três frotas decidiram candidatar-se por si próprias ao selo de certificação do MSC. Foram desenvolvidos planos de gestão para as três frotas, porém, não se encontram ainda concluídos. É provável que ocorram ainda algumas mudanças. A título de exemplo, o plano de gestão holandês no quadro da certificação pelo MSC encontra-se descrito circunstanciadamente no ponto 1.5.3. Todos estes planos propõem esforços para melhorar as técnicas e operações de pesca, incluindo planos de redução do esforço de pesca, a fim de reduzir as capturas acessórias e as devoluções e manter as unidades populacionais das espécies-alvo em bom estado. No entanto, os pormenores variam, podendo conduzir a alguns problemas e desentendimentos entre os três EM. Por exemplo, o esforço total de pesca não é o mesmo nos diferentes planos de gestão e difere muito no que se refere ao número total de horas no mar dos respectivos navios. Existem igualmente diferenças quanto às quotas aceitáveis de camarão pequeno nos desembarques e quanto ao tamanho dos crivos a aplicar em terra e nas instalações de crivagem. Um dos obstáculos poderá também ser o facto de – caso o selo de certificação do MSC seja concedido a todas as frotas – detentores da certificação do MSC sujeitos a regras diferentes virem a pescar em condições de pesca distintas nas mesmas áreas, por exemplo, ao largo das costas dinamarquesas e do Norte da Alemanha, onde as três frotas desenvolvem actividade. A totalidade dos regulamentos do MSC visa a promoção de unidades populacionais saudáveis e a redução do impacto ambiental. Porém, não regula a produção e não cria condições que garantam a ausência de sobreprodução e resultados económicos positivos para todos os pescadores e empresas de transformação. As condições de mercado mostrarão se a abordagem que visa uma maior aceitação pelos consumidores do camarão negro pescado de forma sustentável será bem sucedida. Na situação actual, alguns pescadores, que não cumprem as restrições do esforço de pesca e de desembarque determinadas pelas OP, bem como algumas das empresas compradoras e transformadoras ficarão fora do sistema do MSC. O resultado da concorrência entre as partes da frota reguladas pelo MSC e que praticam a pesca sustentável e os pescadores "MSC-free" (sem certificação pelo MSC) permanece actualmente em aberto. Um TAC e um sistema de quotas oficialmente definidos poderiam reduzir a tensão entre estes grupos, mas levariam, simultaneamente, a uma quantidade considerável de regulamentação, o que não é visto com bons olhos, nem por pescadores, nem por empresas compradoras ou autoridades governamentais.

A pesca do camarão negro do Mar do Norte

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3. Resultados e recomendações Nos últimos meses, a situação no mercado do camarão negro deteriorou-se claramente. O baixo preço do pescado (linguado, solha, bacalhau, solha das pedras, etc.) nas lotas, levou os pescadores a apostarem mais no camarão do que no peixe, conduzindo a uma sobreprodução de camarão negro e a baixos preços, tanto mais que estes pescadores que possuem licenças de pesca, quer para camarão, quer para peixe, possuem maior capacidade de captura. Alguns acontecimentos (bloqueios a fábricas de transformação) demonstraram, em 2010, que os pescadores estão preocupados com o poder das empresas de transformação. Os instrumentos da OCM não permitiram evitar o agravamento da situação, e o preço pago aos pescadores, no início de 2011, torna não rentáveis a maioria dos navios de pesca de camarão. O grau de organização dos pescadores de camarão negro é bastante elevado (88% a nível da UE), contudo, as divergências entre as organizações de produtores (na Alemanha, bem como nos Países Baixos) e o receio da Nma, que mantém o sector sob permanente vigilância, inibem consideravelmente a acção das OP. Na fase de retalho, o camarão negro em pequenas embalagens atinge níveis de preços que tornam rentáveis as empresas de transformação e de retalho. No caso das grandes empresas de transformação, o camarão negro representa cerca de 25-30% da actividade total, sendo a restante desenvolvida, principalmente, no sector do camarão tropical, contudo, o camarão negro é o produto que lhes possibilita maiores margens. A sobreprodução tem igualmente um impacto negativo sobre a qualidade do produto final: são congeladas e, posteriormente, descongeladas e misturadas com camarão fresco grandes quantidades de camarão negro. As unidades populacionais de camarão negro continuam em bom estado, como o reconhecem as ONG, que concentram as suas críticas nas capturas acessórias e nas técnicas de “pesca de fundo”. O nível de capturas dos últimos anos (cerca de 35 000 t) não compromete as unidades populacionais. As principais soluções equacionadas pelas organizações de pescadores para sair da crise económica são a certificação pelo MSC e os sistemas de TAC e quotas. Estão a ser desenvolvidos planos de gestão nos três Estado-Membro em apreço, contudo, como a totalidade dos pescadores, ou pelo menos uma maioria, deverão ser abrangidos por regimes semelhantes, não haverá diferenciação do produto no mercado, sendo, por conseguinte, incerto que se verifique um aumento de preços associado ao selo de certificação. Porém, o selo deverá garantir o acesso ao mercado a longo prazo, uma vez que os grandes retalhistas tencionam excluir os produtos da pesca sem selo do MSC a curto/médio prazo. Nos Países Baixos, a renovação das licenças para o camarão por parte do Ministério competente ficará sujeita à detenção de certificação pelo MSC. A questão dos TAC está a ser debatida entre os pescadores e as organizações de produtores, devendo ser aprofundada. Recomendamos, em particular, que as consequências sociais e económicas sejam estudadas em pormenor. As actuais dificuldades económicas do sector estão relacionadas com o nível dos preços pagos aos pescadores, que não permitem, no último período, tornar rentável a actividade

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de pesca de camarão, bem como com a dimensão da frota, que é considerada excessiva, especialmente nos Países Baixos, onde a maioria dos bancos de pesca tem de respeitar os princípios da rede Natura 2000. Uma redução da frota em 25%, reduziria a rentabilidade dos pescadores em 43 cêntimos de euro. Ainda existe margem para melhorar a qualidade do camarão capturado (higiene a bordo, optimização do tempo de cozedura, uso de gorduras alimentares, ...), tendo a principal empresa de transformação dado início a pagamentos relacionados com a qualidade (com um prémio de 0,50 euros/kg para a qualidade mais elevada). O desenvolvimento de códigos de conduta simples para os pescadores deverá ser uma boa forma de garantir melhores preços. Os processos de certificação em curso deverão ficar concluídos durante o ano de 2011, ou o início de 2012, e servir de garantia aos actores a jusante do sector.

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