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DIREITO ENIDH Ana Palinhos - 2013

DIREITO

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introdução

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  • DIREITO

    ENIDH Ana Palinhos - 2013

  • A natureza social do Homem

    O Homem um ser eminentemente social e poltico que habita um determinado ambiente. um ser social porque no consegue viver e desenvolver-se plenamente se no estiver em intima e constante colaborao com os outros Homens. E um ser poltico porque cada Homem tem a sua poltica, ou seja, um conjunto de objectivos que pretende atingir.

    A plena realizao do Homem s possvel graas interaco deste com a comunidade que o rodeia. De forma a tornar essa interaco mais harmoniosa, foram criados princpios e regras bsicas que pautassem a conduta humana - Onde h sociedade, h direito/ Ubi Homo, ibi societas.

  • Ordem Social e Ordem Natural

    A Ordem Social uma ordem de liberdade que composta por um conjunto de regras e normas institudas pelo Homem, de modo a tornar a vida em sociedade mais harmoniosa. Estas normas podem ou no ser cumpridas, depende da conscincia de cada um, porm quando no so cumpridas os sujeitos so sancionados. Concluindo estas regras podem ser desrespeitadas mas nunca podero deixar de existir pois servem para moldar o comportamento do Homem.

    A Ordem Natural uma ordem de necessidade que composta pelas leis fsicas ou da Natureza, leis essas que no so ditadas pelo Homem e que este no pode alterar. So estas leis que condicionam a sua vida e a nica atitude que se pode ter a compreenso e consequente adaptao.

  • Necessidade da Existncia de Regras na Sociedade

    Para evitar ou minimizar conflitos entre os

    seus membros necessrio a existncia de regras em sociedade. Essas regras so institudas pelos rgos de Estado, de forma, a impor condutas sociedade e correspondem ao Direito.

  • As Diversas Ordens Sociais Normativas

    A ordem social uma ordem complexa que se

    subdivide em outras ordens normativas (moral, religiosa, de cortesia, jurdica...).

    As ordens normativas dirigem-se aos Homens, indicando-lhes o melhor meio para alcanarem determinado fim, ou seja, exprimem o que deve ser. Podem ser violadas.

  • Ordem Moral

    Segundo Kant, a Ordem Moral um conjunto de imperativos impostos ao Homem pela sua conscincia tica, ou seja, um conceito que est subjacente ao interior do Homem (tico-individual). Um segundo conceito de Ordem Moral, considera-a um conjunto de normas de conduta social que exprimem os valores morais dominantes (Bem/Mal). Estas viso o indivduo e no a organizao social em que este est inserido (tico-social). Reflecte-se na Ordem Social pois canaliza a actividade do Homem para transformaes nas condutas sociais.

    Esta Ordem apresenta duas espcies de sanes: as que so ditadas pela conscincia - remorso, arrependimento - e as que so ditadas pela reprovao social - m reputao.

    No so susceptveis de aplicao coerciva, mas a conduta social representa muitas vezes o cumprimento de um dever jurdico.

    Ex.: O simples facto de pensar em roubar no juridicamente relevante mas j reprovvel sob a perspectiva moral.

  • Ordem Religiosa

    A Ordem Religiosa um conjunto intra-individual de normas de conduta que regulam a relao do Homem (crente) com uma Divindade (Deus/es) baseado na F. Reflecte-se na Ordem Social pois condiciona os comportamentos sociais dos crentes pelos seus valores religiosos (a sua relevncia no Social varia no espao e no tempo).

    As sanes que esto associadas a esta Ordem Social tm carcter extraterreno: punies e castigos aps a morte.

    No so susceptveis de aplicao coerciva. O Direito garante esta Ordem desde que no atente o direito de Estado (normas jurdicas).

    Ex.: Ir missa, rezar cinco vezes por dia virado para Meca, confessar-se, comungar

  • Ordem de Trato Social ou de Cortesia

    A Ordem de Trato Social ou de Cortesia designa um conjunto de normas de convivncia social que se exprimem atravs da cortesia, etiqueta, boas maneiras, normas de urbanidade, deontologia, usos e costumes, moda, mas que no pem em causa a sociedade pois a sua prioridade social. No so essenciais vida em sociedade como as jurdicas, mas tornam a convivncia mais agradvel.

    As sanes, que lhe esto associadas, traduzem-se na reprovao por parte da comunidade que, por vezes, leva segregao dentro de um meio social.

    No so susceptveis de aplicao coerciva. Ex.: Cumprimentar os vizinhos, ajudar os mais velhos,

    vestir-se de gala em jantares oficiais

  • Ordem Jurdica A Ordem Jurdica um conjunto inter-subjectivo de normas que

    regulam a vida em Sociedade ordenando os aspectos essenciais de convivncia social e criando situaes externas que permitem a continuidade da Sociedade e a realizao pessoal dos seus membros, ou seja, um conjunto de imperativos impostos coercivamente ao Homem pela Sociedade a fim de evitar conflitos e promover a ordem social.

    Esta Ordem Social tem associada a coercibilidade, isto , existe um mecanismo que garante a observncia da norma jurdica podendo este, recorrer fora fsica/material para impor aos infractores determinadas penas. O Direito recebe o ncleo central dos imperativos da Ordem Moral para reforar a sua eficcia.

    Ex.: O simples facto de enviar uma carta tem subjacente o Direito Civil (regula a compra e venda do selo), o Direito Administrativo (determina as tarifas do servio postal, o estatuto dos funcionrios e do servio pblico correios) e o Direito Constitucional (garante o sigilo da correspondncia no art. 34 n. 1).

  • Relaes Entre as Diversas Ordens Sociais Normativas

    Relaes de coincidncia: quando todas as ordens

    normativas e o prprio Direito so unnimes em proibir ou permitir determinado comportamento.

    Relaes de indiferena: quando uma determinada ordem normativa probe ou permite determinado comportamento e o Direito toma, em relao ele, uma atitude de indiferena.

    Relaes de conflito: quando uma determinada ordem normativa probe determinado comportamento e o Direito, pelo contrrio, admite-o, ou inversamente.

  • Ordem Jurdica e Ordenamento Jurdico

    A Ordem Jurdica o resultado do ordenamento

    das relaes sociais segundo a justia e onde se reflectem as crenas os valores e as ideolgicas da sociedade; esta exprime-se atravs de normas.

    Ao conjunto das normas que exprimem a ordem jurdica d-se o nome de ordenamento jurdico.

    Quando h comportamentos desviantes dos imperativos da ordem jurdica, esta procura defender-se, recorrendo aos meios de proteco tanto preventivas como repressivas.

  • Caractersticas das Normas Jurdicas

    A norma jurdica um comando geral e abstracto e coercvel proveniente da autoridade competente, esta desempenha um papel essencial como instrumento de ordenao jurdica.

  • Uma NJ tem por funo ser um instrumento de Ordem

    Jurdica. A NJ tem uma estrutura: - Previso: parte da norma que define a situao

    (descrio da situao). - Estatuio: parte da norma que fixa a atitude-padro a

    adoptar, determina as consequncias jurdicas (o que fazer perante a situao).

    - Sano: consequncia jurdica desfavorvel (o que fazer quando a estatuio no cumprida).

    * Nem todas as NJs tm que ter as trs componentes

  • Para que uma Norma seja Jurdica tem

    que ter 4 caractersticas

    Imperatividade a norma jurdica contm um

    comando, pois impe ou ordena determinados comportamentos.

    Generalidade refere-se a toda uma categoria mais ou menos ampla de pessoas, e no a destinatrios singularmente determinados.

    Abstraco respeita a um nmero indeterminado de casos ou a uma categoria mais ou menos ampla de situaes, nunca a situaes concretas ou individuais.

    Coercibilidade susceptibilidade de aplicao coactiva de sanes, caso a norma seja violada.

  • As normas jurdicas so

    Imperativas: so comandos, ordens e imperativos que impem certos comportamentos, no se limitam a aconselhar e advertir. Contudo, existem normas jurdicas que atribuem poderes ou faculdades, no impondo qualquer comportamento (regras permissivas) mas contem imperatividade.

    Genricas: viram uma pluralidade de pessoas e no um conjunto determinado e individualizado de destinatrios.

    Abstractas: contemplam um numero indeterminado de situaes ou casas e no situaes concretas, individuais.

    Coercivas: porque h possibilidade do Estado fazer cumprir a norma, utilizando sanes (repreenso, multa, demisso, priso...). A coercibilidade no uma caracterstica ligada forma jurdica, mas garantida pela forma jurdica que atribui ao Estado o poder de aplicar as sanaes previstas.

  • Ex: Quem afirmar ou difundir um facto capaz de prejudicar o crdito ou o bom nome de qualquer pessoa, singular ou particular, responde pelos danos causados. (art 484, cdigo civil)

    imperativa: obriga a adaptar uma conduta (no prejudicar)

    genrica: visa uma pluralidade indefinida de pessoas abstracta: contempla um certo tipo de situaes coerciva: susceptvel de aplicao de sanes NOTA: Coao: constrangimento que se impe a

    algum para que pratique, deixe de praticar ou permita que se pratique determinado acto (fsico ou moral)

  • Direito e Ordem Jurdica

    A funo do direito imprimir uma ordem vida social, orientando os condutos humanos, segundo a justia. Deste modo, o Direito exprime um certo tipo de ordem, uma ordem de justia Ordem Jurdica. Esta ordenao imposta pelo Direito realiza-se mediante o recurso a normas.

    Normalmente, considera-se Ordem Jurdica algo mais amplo que o

    Direito, pois esta comporta os elementos seguintes: Instituies rgos Fontes do Direito Sistema de Regras Situaes Jurdicas Ao Direito atribui-se um sentido mais restrito pois abrange o complexo de

    regras gerais e abstractas que organizam a vida em sociedade e as situaes jurdicas que resultam da aplicao dessas regras

  • Instituies

    Instituies complexos normativos que se renem em torno de princpios comuns e regulamentam um determinado tipo de relaes ou fenmenos sociais. Tm um carcter de permanncia e uma funo de estabilidade normativa, impondo comportamentos e incutindo valores aos seus membros, da contribuindo para a manuteno da ordem social e para a reproduo das condies sociais de produo.

    - Instituies familiares; - Instituies educativas; - Instituies econmicas; - Instituies polticas; - Instituies religiosas; - Instituies culturais

  • As Instituies Instituio um complexo normativo construdo em torno de princpios

    comuns que regem determinado tipo de relaes sociais ou o fenmeno social que essas normas disciplinam - casamento, famlia, propriedade, sucesso hereditria... Os aspectos mais importantes da vida social esto institucionalizados

    As instituies caracterizam-se pelo conjunto estabilizado de prticas e de relaes sociais com uma lgica e um fundamento prprio, que perduram no tempo e incluem valores e sistemas normativos que regulam as funes sociais e atendem s necessidades da sociedade.

    A ordem institucional tem trs funes a de estabilidades normativa (assegura que os valores sejam interiorizados de modo a serem aceites pelos seus membros e motivados), a de integrao (assegura a coordenao entre as partes ou unidades do sistema social, sobretudo no que diz respeito sua contribuio para a organizao e funcionamento do conjunto) e a de reproduo social (permite dar sociedade global uma certa estabilidade, garantindo a satisfao relativa das necessidades criadas pela sociedade).

    As instituies esto associadas a sistemas de sanes.

  • Direito

    Direito conjunto de normas de conduta social emanadas pelo Estado e garantidas pelo seu poder.

    Direito Objectivo (law) norma ou conjunto de normas.

    Direito Subjectivo (right) poder ou faculdade, detido pelo titular de um direito objectivo, que o permite exigir ou pretender um comportamento activo (aco) ou passivo (omisso) do titular de um dever jurdico ou sujeio correspondente; ou de, por livre vontade, s per si ou integrado por um acto da autoridade pblica, produzir efeitos jurdicos inevitveis na esfera jurdica alheia.

  • Conceito de Direito

    Direito, em termos jurdicos, um conjunto de normas de conduta social emanadas pelo Estado e garantidas pelo seu poder.

    Porm, esta palavra ambgua visto que, na linguagem corrente a utilizamos em acepes diferentes. Por exemplo, quando dizemos no h direito, de meu direito no nos estamos a referir ao Direito em termos jurdicos.

  • Os Diversos Sentidos do Termo Direito

    Normalmente distinguem-se Direito objectivo de Direito subjectivo,

    visto que esta palavra apresenta um duplo sentido pois significa ao mesmo tempo norma ou conjunto de normas de conduta impostas ao Homem e poder ou faculdade.

    O Direito Objectivo designa as normas ou conjunto de normas de conduta impostas as Homem. Enquanto que Direito Subjectivo designa o poder ou faculdade, conferidos pela lei ao titular de um direito objectivo, de agir ou no de acordo com o contedo daquele.

    Ex.: Todos tm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu

    pensamento, pela palavra, imagem ou por qualquer outro meio. (art 37 da CRP) - Direito Objectivo.

    Antnio tem o direito de expor os quadros por si criados - Direito Subjectivo.

  • Direito

    Direito o conjunto de normas de conduta social emanadas pelo

    Estado e garantidas pelo seu poder. Est munido de ordem imperativa, social e coerciva. O termo Direito apresenta dois sentidos, o sentido Objectivo e o

    sentido Subjectivo:

    Objectivo (objecto) conjunto de normas que vigoram num determinado territrio.

    Subjectivo (sujeito) poder/faculdade que o individuo tem de poder exigir de outro determinado comportamento.

    O Direito Subjectivo pode traduzir-se numa aco positiva (facere - dever) ou numa objeco/omisso (non-facere - direito)

  • Valores fundamentais do Direito

    Justia A justia como a vontade perptua e constante

    de dar a cada um o seu direito Justia distributiva: repartio de bens comuns

    que a sociedade deve fazer por todos os seus membros, segundo um critrio de igualdade proporcional ou geomtrica, que atende finalidade da distribuio e situao pessoal de quem recebe. esta a justia, por excelncia, dos governantes, j que so os administradores do bem comum.

  • Valores fundamentais do Direito

    Justia comutativa: regula as relaes dos membros da sociedade entre si, visando restabelecer ou corrigir os desequilbrios que surgem nas relaes interpessoais, razo pela qual tambm se designa esta espcie de justia por comutativa ou rectificadora.

    Justia geral ou legal: foi elaborada posteriormente e que preside s relaes entre a sociedade e os seus membros, no que concerne aos encargos que lhes so exigidos como contribuio para o bem comum e que devem ser repartidos por todos.

  • Valores fundamentais do Direito

    Segurana embora no tenha a projeco da Justia, no deixa de ser indispensvel. Ter, tambm, trs sentidos fundamentais:

    a segurana com o sentido de paz social (misso pacificadora do Direito na sociedade, solucionando conflitos),

    com o sentido de certeza jurdica (previsibilidade e estabilidade do Direito, relaciona-se com os princpios da no retroactividade da lei e do caso julgado)

    e no seu sentido mais amplo (relaciona-se com a segurana social, a garantia dos direitos e liberdades dos cidados, etc.)

  • Valores fundamentais do Direito

    Equidade a justia do caso concreto. Dado que as normas jurdicas so abstractas, no podem prever todos os casos susceptveis de serem apresentados ao tribunal. Assim, e dadas as circunstncias particulares de cada caso, o juiz poder afastar-se da norma, se que isso o ir permitir ir ao encontro de uma soluo mais justa. No entanto, e dado o sentido da Segurana como certeza jurdica, ser normal que os legisladores limitem a aplicao deste princpio.

  • Constituio da Repblica Portuguesa 1976

    A Constituio de 1933 A Constituio da Repblica Portuguesa, aprovada a 2 de

    abril de 1976, dotou a Assembleia da Repblica de poderes de reviso constitucional, exercidos pela primeira vez num longo (entre abril de 1981 e 30 de setembro de 1982) processo de reviso do seu articulado inicial,

    o qual refletia opes polticas e ideolgicas decorrentes do perodo revolucionrio que se seguiu rutura contra o anterior regime autoritrio, consagrando a transio para o socialismo, assente na nacionalizao dos principais meios de produo e mantendo a participao do Movimento das Foras Armadas no exerccio do poder poltico, atravs do Conselho da Revoluo.

  • Constituio da Repblica Portuguesa 1982

    A reviso constitucional de 1982 procurou

    diminuir a carga ideolgica da Constituio,

    flexibilizar o sistema econmico e

    redefinir as estruturas do exerccio do poder poltico, sendo extinto o Conselho da Revoluo e criado o Tribunal Constitucional.

  • Constituio da Repblica Portuguesa 1989

    Em 1989 teve lugar a 2. Reviso Constitucional que deu maior abertura ao sistema econmico, nomeadamente pondo termo ao princpio da irreversibilidade das nacionalizaes diretamente efetuadas aps o 25 de Abril de 1974.

    12 Junho de 1985 - assinado, em Lisboa, o Tratado de Adeso de Portugal CEE. Espanha assina o Tratado de Adeso em Madrid no mesmo dia

  • Constituio da Repblica Portuguesa 1992 e 1997

    As revises que se seguiram, em 1992 e 1997, vieram adaptar o texto constitucional aos princpios dos Tratados da Unio Europeia, Maastricht e Amesterdo, consagrando ainda outras alteraes referentes, designadamente, capacidade eleitoral de cidados estrangeiros, possibilidade de criao de crculos uninominais, ao direito de iniciativa legislativa aos cidados, reforando tambm os poderes legislativos exclusivos da Assembleia da Repblica.

  • Constituio da Repblica Portuguesa 2001

    Em 2001 a Constituio foi, de novo, revista, a fim de permitir a ratificao, por Portugal, da Conveno que cria o Tribunal Penal Internacional, alterando as regras de extradio.

  • Constituio da Repblica Portuguesa 2004

    A 6. Reviso Constitucional, aprovada em 2004, aprofundou a autonomia poltico-administrativa das regies autnomas dos Aores e da Madeira, designadamente aumentando os poderes das respetivas Assembleias Legislativas e eliminando o cargo de Ministro da Repblica, criando o de Representante da Repblica.

    Foram tambm alteradas e clarificadas normas referentes s relaes internacionais e ao direito internacional, como, por exemplo, a relativa vigncia na ordem jurdica interna dos tratados e normas da Unio Europeia.

    Foi ainda aprofundado o princpio da limitao dos mandatos, designadamente dos titulares de cargos polticos executivos, bem como reforado o princpio da no discriminao, nomeadamente em funo da orientao sexual.

  • Constituio da Repblica Portuguesa 2004

    Em 2005 foi aprovada a 7. Reviso Constitucional que atravs do aditamento de um novo artigo, permitiu a realizao de referendo sobre a aprovao de tratado que vise a construo e o aprofundamento da Unio Europeia.

  • A CONSTITUIO DA REPBLICA

    A Constituio a lei suprema do pas Consagra: os direitos fundamentais dos cidados, os princpios essenciais por que se rege o Estado portugus e as grandes orientaes polticas a que os seus rgos devem obedecer,

    estabelecendo tambm as regras de organizao do poder poltico. Estabelece a estrutura do Estado e define as competncias dos

    principais rgos de soberania (Presidente e Assembleia da Repblica, Governo e Tribunais), regulando a forma como estes se relacionam entre si.

    Todas as outras leis tm que respeitar a Constituio - se no a respeitarem, so inconstitucionais e, por isso, invlidas.

  • A Constituio da Repblica Portuguesa foi aprovada em 1976 e desde ento j foi modificada 3 vezes -

    A Constituio a principal lei do pas. Consagra: os direitos fundamentais de todos os portugueses, os princpios polticos essenciais, as suas polticas gerais, as formas de representao do seu povo e as regras do regime poltico Define: a estrutura do Estado, ou seja as funes dos quatro rgos de soberania:

  • Presidente da Repblica

    Assembleia da Repblica

    Governo

    Tribunais

    E dos rgos de poder poltico (regies autnomas e autarquias) e a forma como se relacionam entre si.

  • O PRESIDENTE DA REPBLICA

    o Chefe de Estado.

    "representa a Repblica Portuguesa",

    "garante a independncia nacional,

    a unidade do Estado e

    o regular funcionamento das instituies democrticas" e

    o Comandante Supremo das Foras Armadas.

  • Como garante do regular funcionamento das instituies democrticas tem como especial incumbncia a de, nos termos do juramento que presta no seu acto de posse, "defender, cumprir e fazer cumprir a Constituio da Repblica Portuguesa".

    A legitimidade democrtica que lhe conferida atravs da eleio directa pelos portugueses a explicao dos poderes formais e informais que a Constituio lhe reconhece, explcita ou implicitamente, e que os vrios Presidentes da Repblica tm utilizado.

  • No relacionamento com os outros rgos de soberania, compete-lhe, no que diz respeito ao Governo, nomear o Primeiro-Ministro, "ouvidos os partidos representados na Assembleia da Repblica e tendo em conta os resultados eleitorais" das eleies para a Assembleia da Repblica. E, seguidamente, nomear, ou exonerar, os restantes membros do Governo, "sob proposta do Primeiro-Ministro".

  • Ao Primeiro-Ministro compete "informar o Presidente da Repblica acerca dos assuntos respeitantes conduo da poltica interna e externa do pas".

    O Presidente da Repblica pode ainda presidir ao Conselho de Ministros, quando o Primeiro-Ministro lho solicitar.

    E s pode demitir o Governo, ouvido o Conselho de Estado, quando tal se torne necessrio para assegurar o regular funcionamento das instituies democrticas (o que significa que no o pode fazer simplesmente por falta de confiana poltica).

  • No plano das relaes com a Assembleia da Repblica, o Presidente da Repblica pode dirigir-lhe mensagens, chamando-lhe assim a ateno para qualquer assunto que reclame, no seu entender, uma interveno do Parlamento.

    Pode ainda convocar extraordinariamente a Assembleia da Repblica, de forma a que esta rena, para se ocupar de assuntos especficos, fora do seu perodo normal de funcionamento.

    Pode, por fim, dissolver a Assembleia da Repblica com respeito por certos limites temporais e circunstanciais, e ouvidos os partidos nela representados e o Conselho de Estado -, marcando simultaneamente a data das novas eleies parlamentares. A dissoluo corresponde, assim, essencialmente, a uma soluo para uma crise ou um impasse governativo e parlamentar.

  • Uma das competncias mais importantes do Presidente da Repblica no dia-a-dia da vida do Pas o da fiscalizao poltica da actividade legislativa dos outros rgos de soberania. Ao Presidente no compete, certo, legislar, mas compete-lhe sim promulgar (isto , assinar), e assim mandar publicar, as leis da Assembleia da Repblica e os Decretos-Leis ou Decretos Regulamentares do Governo.

    A falta da promulgao determina a inexistncia jurdica destes actos.

    O Presidente no , contudo, obrigado a promulgar, pelo que pode, em certos termos, ter uma verdadeira influncia indirecta sobre o contedo dos diplomas.

  • Com efeito, uma vez recebido um diploma para promulgao, o Presidente da Repblica pode, em vez de o promulgar, fazer outras duas coisas: se tiver dvidas quanto sua constitucionalidade, pode, no prazo de 8 dias, suscitar ao Tribunal Constitucional (que ter, em regra, 25 dias para decidir) a fiscalizao preventiva da constitucionalidade de alguma ou algumas das suas normas (excepto no caso dos Decretos Regulamentares) - sendo certo que, se o Tribunal Constitucional vier a concluir no sentido da verificao da inconstitucionalidade, o Presidente estar impedido de promulgar o diploma e ter de o devolver ao rgo que o aprovou.

  • Ou pode - no prazo de 20 dias, no caso de diplomas da Assembleia da Repblica, ou de 40 dias, no caso de diplomas do Governo, a contar, em ambos os casos, ou da recepo do diploma na Presidncia da Repblica, ou da publicao de deciso do Tribunal Constitucional que eventualmente se tenha pronunciado, em fiscalizao preventiva, pela no inconstitucionalidade - vetar politicamente o diploma, isto , devolv-lo, sem o promulgar, ao rgo que o aprovou, manifestando, assim, atravs de mensagem fundamentada, uma oposio poltica ao contedo ou oportunidade desse diploma (o veto poltico tambm pode assim ser exercido depois de o Tribunal Constitucional ter concludo, em fiscalizao preventiva, no haver inconstitucionalidade).

  • O veto poltico absoluto, no caso de diplomas do Governo, mas meramente relativo, no caso de diplomas da Assembleia da Repblica. Isto : enquanto o Governo obrigado a acatar o veto poltico, tendo, assim, de abandonar o diploma ou de lhe introduzir alteraes no sentido proposto pelo Presidente da Repblica, a Assembleia da Repblica pode ultrapassar o veto poltico - ficando o Presidente da Repblica obrigado a promulgar, no prazo de 8 dias se reaprovar o diploma, sem alteraes, com uma maioria reforada: a maioria absoluta dos Deputados, em regra, ou, a maioria da 2/3 dos deputados, no caso dos diplomas mais importantes (leis orgnicas, outras leis eleitorais, diplomas que digam respeito s relaes externas, e outros).

  • Ou seja, nos diplomas estruturantes do sistema poltico (as leis orgnicas, que tm como objecto as seguintes matrias: eleies dos titulares dos rgos de soberania, dos rgos das Regies Autnomas ou do poder local; referendos; organizao, funcionamento e processo do Tribunal Constitucional; organizao da defesa nacional, definio dos deveres dela decorrentes e bases gerais da organizao, do funcionamento, do reequipamento e da disciplina das Foras Armadas; estado de stio e do estado de emergncia; aquisio, perda e reaquisio da cidadania portuguesa; associaes e partidos polticos; sistema de informaes da Repblica e do segredo de Estado; finanas das regies autnomas; criao e regime das regies administrativas), um eventual veto poltico do Presidente da Repblica fora necessariamente a existncia de um consenso entre as principais foras polticas representadas na Assembleia da Repblica (para alm das matrias onde a prpria Constituio j exige, partida, esse consenso, por reclamar uma maioria de 2/3 para a sua aprovao: entidade de regulao da comunicao social; limites renovao de mandatos dos titulares de cargos polticos; exerccio do direito de voto dos emigrantes nas eleies presidenciais; nmero de Deputados da Assembleia da Repblica e definio dos crculos eleitorais; sistema e mtodo de eleio dos rgos do poder local; restries ao exerccio de direitos por militares, agentes militarizados e agentes dos servios e foras de segurana; definio, nos respectivos estatutos poltico-administrativos, das matrias que integram o poder legislativo das regies autnomas).

  • Ainda relativamente aos diplomas normativos, o Presidente da Repblica pode tambm, em qualquer momento, pedir ao Tribunal Constitucional que declare a inconstitucionalidade, com fora obrigatria geral, de qualquer norma jurdica em vigor (fiscalizao sucessiva abstracta) - com a consequncia da sua eliminao da ordem jurdica - ou pedir-lhe que verifique a existncia de uma inconstitucionalidade por omisso (ou seja, do no cumprimento da Constituio por omisso de medida legislativa necessria para tornar exequvel certa norma constitucional).

    Compete tambm ao Presidente da Repblica decidir da convocao, ou no, dos referendos nacionais que a Assembleia da Repblica ou o Governo lhe proponham, no mbito das respectivas competncias (ou dos referendos regionais que as Assembleias Legislativas das regies autnomas lhe apresentem). No caso de pretender convocar o referendo, o Presidente ter obrigatoriamente que requerer ao Tribunal Constitucional a fiscalizao preventiva da sua constitucionalidade e legalidade.

    Como Comandante Supremo das Foras Armadas, o Presidente da Repblica ocupa o primeiro lugar na hierarquia das Foras Armadas e compete-lhe assim, em matria de defesa nacional:

  • presidir ao Conselho Superior de Defesa Nacional; nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o Chefe do Estado-Maior General das Foras

    Armadas, e os Chefes de Estado-Maior dos trs ramos das Foras Armadas, ouvido, neste ltimo caso, o Chefe do Estado-Maior General das Foras Armadas;

    assegurar a fidelidade das Foras Armadas Constituio e s instituies democrticas e exprimir publicamente, em nome das Foras Armadas, essa fidelidade;

    aconselhar em privado o Governo acerca da conduo da poltica de defesa nacional, devendo ser por este informado acerca da situao das Foras Armadas e dos seus elementos, e consultar o Chefe do Estado-Maior General das Foras Armadas e os chefes de Estado-Maior dos ramos;

    declarar a guerra em caso de agresso efectiva ou iminente e fazer a paz, em ambos os casos, sob proposta do Governo, ouvido o Conselho de Estado e mediante autorizao da Assembleia da Repblica;

    declarada a guerra, assumir a sua direco superior em conjunto com o Governo, e contribuir para a manuteno do esprito de defesa e da prontido das Foras Armadas para o combate;

    declarar o estado de stio ou o estado de emergncia, ouvido o Governo e sob autorizao da Assembleia da Repblica, nos casos de agresso efectiva ou iminente por foras estrangeiras, de grave ameaa ou perturbao da ordem constitucional democrtica ou de calamidade pblica.

  • No mbito das relaes internacionais, e como representante mximo da Repblica Portuguesa, compete ao Presidente da Repblica, para alm da declarao de guerra ou de paz:

    a nomeao dos embaixadores e enviados extraordinrios, sob proposta do Governo, e a acreditao dos representantes diplomticos estrangeiros;

    e a ratificao dos tratados internacionais (e a assinatura dos acordos internacionais), depois de devidamente aprovados pelos rgos competentes; isto , compete-lhe vincular internacionalmente Portugal aos tratados e acordos internacionais que o Governo negoceie internacionalmente e a Assembleia da Repblica ou o Governo aprovem - s aps tal ratificao que vigoram na ordem interna as normas das convenes internacionais que Portugal tenha assinado (e tambm relativamente aos tratados e acordos internacionais existe a possibilidade de o Presidente da Repblica requerer a fiscalizao preventiva da sua constitucionalidade, em termos semelhantes aos dos outros diplomas).

  • Como garante da unidade do Estado, o Presidente da Repblica nomeia e exonera, ouvido o Governo, os Representantes da Repblica para as regies autnomas; pode dissolver as Assembleias Legislativas das regies autnomas, ouvidos o Conselho de Estado e os partidos nelas representados; pode dirigir mensagens Assembleias Legislativas das regies autnomas.

    Compete ainda ao Presidente da Repblica, como Chefe de Estado, indultar e comutar penas, ouvido o Governo; conferir condecoraes e exercer a funo de gro-mestre das ordens honorficas portuguesas; marcar, de harmonia com as leis eleitorais, o dia das eleies para os rgos de soberania, para o Parlamento Europeu e para as Assembleias Legislativas das regies autnomas; nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o presidente do Tribunal de Contas e o Procurador-Geral da Repblica; nomear dois vogais do Conselho Superior da Magistratura e cinco membros do Conselho de Estado (que o seu rgo poltico de consulta, e ao qual tambm preside).

  • O tipo de poderes de que dispe o Presidente da Repblica pouco tem que ver, assim, com a clssica tripartio dos poderes entre executivo, legislativo e judicial.

    Aproxima-se muito mais da ideia de um poder moderador (nomeadamente os seus poderes de controlo ou negativos, como o veto, por exemplo; embora o Chefe de Estado disponha tambm, para alm destas funes, de verdadeiras competncias de direco poltica, nomeadamente em casos de crises polticas, em tempos de estado de excepo ou em matrias de defesa e relaes internacionais).

  • No entanto, muito para alm disso, o Presidente da Repblica pode fazer um uso poltico particularmente intenso dos atributos simblicos do seu cargo e dos importantes poderes informais que detm. Nos termos da Constituio cabe-lhe, por exemplo, pronunciar-se "sobre todas as emergncias graves para a vida da Repblica", dirigir mensagens Assembleia da Repblica sobre qualquer assunto, ou ser informado pelo Primeiro-Ministro "acerca dos assuntos respeitantes conduo da poltica interna e externa do pas". E todas as cerimnias em que est presente, ou os discursos, as comunicaes ao Pas, as deslocaes em Portugal e ao estrangeiro, as entrevistas, as audincias ou os contactos com a populao, tudo so oportunidades polticas de extraordinrio alcance para mobilizar o Pas e os cidados.

    A qualificao do Presidente como "representante da Repblica" e "garante da independncia nacional" fazem com que o Presidente, no exercendo funes executivas directas, possa ter, assim, um papel poltico activo e conformador.

  • A ASSEMBLEIA DA REPBLICA

    A Assembleia da Repblica o parlamento nacional, e composta por todos os deputados eleitos. Representa todos os cidados.

    Os deputados so eleitos pelos portugueses para os representarem ao nvel nacional. Assim, embora sejam eleitos atravs de crculos eleitorais representam todo o pas e no o seu crculo.

    S podem concorrer Assembleia da Repblica pessoas integradas em listas de partidos polticos.

    Qualquer portugus pode ser candidato, desde que um partido o inclua nas suas listas.

  • Cada partido elege deputados proporcionalmente ao nmero de votos que recebe em cada crculo eleitoral.

    As eleies para a Assembleia da Repblica realizam-se de 4 em 4 anos, mas a esta legislatura pode ser interrompida pela dissoluo da Assembleia caso em que se recorre realizao de novas eleies.

    Nas eleies legislativas, os portugueses votam no partido que consideram que deve ser chamado para o governo ou no que pensam que melhor os representa

  • O GOVERNO

    O Governo conduz a poltica geral do pas e dirige a Administrao Pblica, que executa a poltica do Estado.

    O Governo tem funes polticas, legislativas e administrativas. O Governo tem como funes: negociar com outros Estados ou organizaes internacionais, propor leis Assembleia da Repblica, estudar problemas e decidir sobre as melhores solues

    (normalmente fazendo leis), fazer regulamentos tcnicos para que as leis possam ser cumpridas, decidir onde se gasta o dinheiro pblico.

  • A formao de um governo passa-se do seguinte modo: Aps as eleies para a Assembleia da Repblica ou a demisso do Governo anterior, o Presidente da Repblica ouve todos os partidos que elegeram deputados Assembleia e, tendo em conta os resultados das eleies legislativas, convida uma pessoa para formar Governo.

  • O Primeiro-Ministro, nomeado pelo Presidente da Repblica, convida as pessoas que entende. O Presidente da Rep d posse ao Primeiro-Ministro e ao Governo que, seguidamente, faz o respetivo Programa, apresentando-o Assembleia da Repblica. O Programa do Governo um documento do qual constam as principais orientaes polticas e as medidas a adotar ou a propor para governar Portugal. O Governo chefiado pelo Primeiro Ministro que coordena a ao dos ministros, representa o Governo perante o Presidente, a Assembleia e os Tribunais.

  • As principais decises do governo so tomadas no Conselho de Ministros, que tambm discute e aprova Propostas de Lei e pedidos de autorizao legislativa Assembleia da Repblica (para leis que definem polticas gerais ou setoriais) discute e aprova Decretos-Lei e Resolues (que determinam medidas ou a forma de execuo das polticas). O Governo termina o seu mandato quando o novo governo entra em funes, quer tenha sido formado aps eleies para a Assembleia da Repblica, quer tenha sido formado aps um rearranjo poltico das foras parlamentares. Sempre que termina a legislatura ou que muda o Primeiro-Ministro, h um novo governo.

  • O Governo pode cair quando: apresenta um voto de confiana ao Parlamento e este

    o rejeita; a maioria absoluta dos deputados aprova uma moo

    de censura ao Governo; o seu programa no aprovado pela Assembleia da

    Repblica; o Presidente da Repblica o demite para assegurar o

    regular funcionamento das instituies democrticas portuguesas;

    o Primeiro-Ministro apresenta a demisso, morre ou fica fsica ou mentalmente impossibilitado.

  • O Governo tem responsabilidades perante o PR - a quem responde atravs do 1 Ministro - e perante a Assembleia da Repblica -atravs da prestao de contas da sua atuao poltica, por exemplo nos debates quinzenais em que o Primeiro-Ministro responde s perguntas dos deputados.

  • OS TRIBUNAIS

    Os tribunais administram a justia e so o nico rgo de soberania no eleito.

    Os tribunais dos regimes democrticos caracterizam-se por serem independentes e autnomos. Os juzes so independentes e inamovveis (que no podem ser afastados do seu posto), e as suas decises sobrepem-se s de qualquer outra autoridade.

    Entre os tribunais, destaca-se o Tribunal Constitucional - que o ltimo rbitro de que uma lei est de acordo com a Constituio. As leis ou disposies que o tribunal julgue inconstitucionais deixam automaticamente de estar em vigor.

  • crp

    Constituio da Repblica Portuguesa, de 2 de Abril de 1976

    Revista pelas Leis Constitucionais n.s 1/82, de 30 de Setembro, 1/89, de 8 de Julho, 1/92, de 25 de Novembro, 1/97, de 20 de Setembro e 1/2001, de 12 de Dezembro,1/2004, de 24 de Julho e 1/2005, de 12 de Agosto.