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APOSTILA DIREITO DAS SUCESSÕES DIREITO DAS SUCESSÕES – 5° Período - Direito Noturno - FIBRA Docente: Mestre/Especialista Eumar Evangelista de Menezes Júnior [email protected] - (62) 9672-7894

APOSTILA - turma2015.xpg.com.br€¦  · Web viewResumo - Aula 01. Histórico do Direito Sucessório ... Direito Constitucional, Direito Tributário; Direito Penal; Direito Processual

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APOSTILADIREITO DAS SUCESSÕES

DIREITO DAS SUCESSÕES – 5° Período - Direito Noturno - FIBRA

Docente: Mestre/Especialista Eumar Evangelista de Menezes Júnior

[email protected] - (62) 9672-7894

ÍNDICE

Resumo Aula 01Certidão de Óbito – Certidão de Nascimento – Certidão de Casamento Resumo Aula 02

Resumo Aula 03

Resumo Aula 04

Resumo Aula 05

Resumo Aula 06

Resumo Aula 07

Resumo Aula 08

Resumo Aula 09

Resumo Aula 10

Lei 11.441/2007 – Alteração de parte do Código Civil de 2012

Leitura Complementar:Constituição Federal.Código Civil Brasileiro - Lei 10.406/2002.Lei de Registro Público - Lei 6.015/1973.Código de Processo Civil - Lei 5.869/1973.Inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual por via administrativa - Lei 11.441-2007

Referências Bibliográficas: CENEVIVA, Walter. Lei dos Registros Públicos Comentada. 20ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.DALVI, Luciano. Direito Civil Esquematizado. Curso completo. Campo Grande/MS: Editora Contemplar, 2011.DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro – Direito das Sucessões. 25ª. Ed. Volume 6. São Paulo: Saraiva, 2011.NEGRÃO, Theotonio; GOUVÊA, Roberto F. Código Civil e Legislação Civil em Vigor. 30ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2011

Resumo - Aula 01

Histórico do Direito Sucessório

- Tem-se informações históricas que o marco da sua existência manifesta-se muito antes do nascimento de Cristo- A origem deste ramo do direito diz respeito aos mais remotos tempos, ligada à idéia de comunidade da família e religiosidade.- Antigamente preocupava-se mais com ordem religiosa do que patrimonial em proceder a transferência de bens e direitos. - O Direito das Sucessões no passado esteve ligado a fatores religiosos, quanto a família e a valores sociais e culturais.

Exemplo: em Roma, o titular do patrimônio era o pater familia, sendo que o herdeiro (filho mais velho) substituía o falecido em todas as relações jurídicas (direitos e obrigações), assim como na religião, na medida em que era o continuador do culto familiar. Não havia grau de parentesco, nem testamento.

QUADRO RESUMOFundamento Religioso

Fundamento exclusivo na Religião

Fundamento Biológico

A transmissão hereditária dos bens é

de continuação biológica e psicológica dos

progenitores

Fundamento Jurídico

A transmissão causa mortis é a decorrência

lógica do direito de propriedade

O direito das sucessões ao longo dos tempos, tem se firmado como um ramo do direito alicerçado por princípios constitucionais, tendo como fundamento principal o direito de propriedade. Todavia não afastando da proteção da família de tempos passados.

Vejamos o que vem a ser direito de propriedade:Direito de Propriedade: é um direito fundamental, individual e como todo direito individual, uma cláusula pétrea, garantido constitucionalmente, podendo o titular usar, gozar e usufruir da sua propriedade, de seus frutos e rendimentos.

Entende-se o direito de propriedade como fundamento do Direito das Sucessões, posto a proteção patrimonial e a garantia da mantença da família sobrevivente do “de cujus”.

Dentre nosso ordenamento jurídico, as normas concernentes ao Direito das Sucessões estão estabelecidas no artigo 5º da Constituição Federal, incisos XXX e XXXI, nos artigos 1784 a 2027 do Código Civil, na Lei nº. 10.406/ 2002.

Ainda em proteção à família sobrevivente, aos herdeiros, nossa legislação vigente, veta quaisquer discriminações quanto à origem da filiação, que se fortaleceu constitucionalmente, estando proibidas quaisquer preconceitos relativos à natureza da filiação com predominância da Isonomia Jurídica dos Filhos, e de todos herdeiros.

O artigo 5º XXX, determina: É garantido o direito de herança. Concluí-se: Qualquer pessoa física possui direito de herança.

Vejamos a importância dos princípios constitucionais para o direito sucessório:Princípio da igualdade/isonomia: todos nós somos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.

Princípio da dignidade humana: designa o respeito que merece qualquer pessoa, o reconhecimento do valor do homem em sua dimensão de liberdade.

Entendendo o Artigo 227, §6 da CF 88: “§ Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”. Confirma-se que os filhos, havidos no casamento ou fora, detém os mesmos direitos.

Portanto atualmente Direito das Sucessões é o conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio de uma pessoa física após sua morte, em virtude de lei ou testamento.

Aspectos Multidisciplinares e ligação aos demais ramos do direito

Multidisciplinaridade está presente em nosso cotidiano. Atualmente o profissional do Direito deve buscar conhecimento de várias áreas, sejam sociais, culturais, econômicas, no intuito de entrelaçar os fatos, às normas, chegando numa conclusão jurídica àqueles necessitados, protegendo-os na medida dos seus direitos e dos juízos de valor acometidos.

Necessita o advogado ter conhecimento dos demais ramos do direito interligados ao Direito das Sucessões, tais como: Direito Processual Civil; Direito Constitucional, Direito Tributário; Direito Penal; Direito Processual Penal, Direito Administrativo.

Vejamos algumas particularidades de cada ramo do direito interligado ao Direito das Sucessões:

Direito Processual Civil: Para que ocorra a Sucessão Legitima ou testamentária é necessário seguir os dizeres da Lei nº. 5.869 de 11/01/1973, Código de Processo Civil, dentre os textos do artigo 982 e seguintes.Exemplos: Quem pode requerer Inventário?Qual o rito a ser seguido pelo Inventário?

Qual ação é cabível depois do trânsito em julgado da ação?

Direito Constitucional: Nossa Carta Magna determina em seu artigo 5, inciso XXX: “é garantido o direito de herança”. Isso a qualquer pessoa física ou jurídica, capaz ou incapaz.Exemplos:Uma pessoa jurídica tem o direito de herança?A constituição protege o direito de herança de que forma?

Direito Tributário: Sendo segmento do Direito Financeiro que define como serão cobrados os tributos dos cidadãos para gerar receita para o estado, é responsável através das Delegacias da Receita Federal de recolherem os impostos respectivos e devidos dentro de um processo de inventário.Exemplos:O que vem a ser ITCDM?Quando incide o ITCDM?Recolhe-se ITDCM de todos os bens?Qual alíquota a ser cobrada dentro de um inventário?

Direito Penal/Processual Penal: O indivíduo quando prática alguma conduta contrária a legislação vigente, antijurídica, responde por seu ato. Tipificado estando dentre os crimes estabelecidos no Código Penal, responderá a pessoa pelo seu ato, e ao final será julgado e se condenado for cumprirá pena restritiva de direitos ou pena privativa de liberdade.

Assim interligado ao Direito das Sucessões, o óbito por causa externa, como homicídio, suicídio, acidente ou morte suspeita, será averiguado pela Polícia Técnico Científica e Polícia Civil, que ao final declarará a causa morte e após investigação identificará o culpado que responderá pelo seu crime.

Identificando a causa do falecimento, o IML, remeterá laudo que fundamentará a Declaração do Óbito, sendo relator o médico.

Ao ponto que investigada a morte ou qualquer outro crime, identificado sendo o culpado e este vir a ser um herdeiro ou o cônjuge, que tenha cometido o delito ou tenha sido participe, contra o falecido, este será declarado indigno, após por processo regular civil.Exemplos:Herdeiro que comete crime de calúnia contra o falecido, pode ser declarado indigno?A cônjuge que tenha participação na morte do esposo, formando quadrilha com participes, perde seu direito de herança?Os efeitos da sentença do juízo penal retroage no tempo no campo civil?Herdeiro cometendo crime de falsidade ideológica se passa pelo falecido para recebimento da aposentadoria, responde de que forma?

Direito Administrativo: Entendendo que és o ramo do Direito Público que tem por objeto os órgãos, os agentes e as pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública, é responsável e influencia diretamente o Direito das Sucessões.Exemplos:Qual órgão responsável pela realização do inventário?Pode o tabelião realizar inventário?O município pode recolher ITBI quando da cessão de direito hereditários?Qual cartório responsável pelo registro do óbito?

Aspectos jurídicos básicos e gerais do Direito Sucessório

Fundamento jurídico: A propriedade, conjugada ou não com o Direito de Família.

Aplicabilidade: Existindo o óbito, serão aplicados os artigos 1784 e seguintes do Código Civil Brasileiro de 2002, em conjunto com as normas estabelecidas na Lei nº. 6015/73.

Essência: Para que ocorra a aplicabilidade é necessário que exista uma pessoa física nascida com vida, e logo ocorra a sua morte, o seu falecimento, o seu óbito, declarado legalmente por documento próprio devendo ser registrado em Cartório jurisdicionado.

Concepções de Vida: Filosoficamente Vida é o resultado de um evento sobrenatural, isto

é, além dos poderes descritivos da química e da física.Reza o artigo 2 do C.C., que a personalidade civil da pessoa

começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro."

Hermeneuticamente o atributo jurídico da pessoa passa a existir a partir do momento em que o feto sai do ventre da mãe, quer por parto natural, induzido ou artificial, e tenha vida. É a vida que dá a personalidade jurídica da pessoa.

Quando do nascimento, o médico é responsável por atestar que ocorreu o nascimento com vida, e a partir de então esta declaração é encaminhada ao Registro de Pessoas Naturais da comarca do nascimento para realização do registro do nascimento, feito em livro próprio, lançado as folhas do registro civil, constando a filiação, vistos de regra geral encaminhada ao Registrador Civil ou substitutos pelo genitor.

De fato, devemos considerar que o nascituro tem uma vida intra-uterina, e antes do nascimento não é considerada pessoa.

O natimorto, criança nascida sem vida, não é pessoa. A denominação pessoa existe apenas com o nascimento com vida, se nascido vivo são resguardados os direito de nascituro, concluí-se que nascituro tem expectativa de direitos.

Não se deve envolver questões religiosas, sociológicas ou filosóficas sobre a existência de vida uterina, no campo jurídico, pois o importante é que ocorra o nascimento de vida, e o surgimento da pessoa.

A análise a ser realizada por um profissional do direito cinge-se ao direito material brasileiro.

Entendendo que na lei civil, o marco inicial da personalidade humana, é fixado pelo começo da vida, é necessário então o nascimento com vida para que seja possível ser considerado como pessoa o nascituro, e para que tenha personalidade civil.

De fato e de direito devemos atentar que, o feto, o embrião, o nascituro, como somente possuí expectativa de direito, só poderá ser herdeiro se nascer com vida.

Com os dizeres anteriores, questionamento relevante é que: Com o falecimento do autor da herança, o nascituro herda de imediato? Só pelo fato de estar concebido, recebendo a propriedade e a posse da herança?

O nascimento com vida é essencial, pois se não ocorrer, mesmo respeitando os direitos do nascituro, se este não nascer com vida, e ocorrendo a morte do autor da herança, o seu quinhão volta ao “mont mor” da herança.

Concepções de Óbito: Nos dizeres da medicina legal, morte é o momento que cessa a

vida de uma pessoa, confirmada pela pronta apresentação do Atestado de Óbito, assinada por quem de direito.

Óbito é o desaparecimento definitivo de todo sinal de vida, em quaisquer momentos após o nascimento de uma pessoa, sem possibilidade de renascimento, definido assim pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Temos pela OMS dois tipos de óbito: por causa natural (doença) e por causa externa (homicídio, suicídio, acidente ou morte suspeita). O óbito pode ocorrer em casa, com ou sem assistência médica, ou em ambiente hospitalar acompanhado de um médico ou de seus assistentes.

De fato, morte é a cessão total ou permanente das funções vitais.Nos dizeres de Genival Veloso de França, especialista em

Medicina Legal, temos:" A morte é uma realidade complexa, ligada ao mistério do homem e que determina o fim de sua unidade biológica. Conceitua-se, dentro dos padrões tradicionais, como a cessação dos fenômenos vitais, pela parada das funções cerebral, respiratória e circulatória. No entanto estas funções não cessam todas de uma vez, resultando daí uma certa dificuldade para se determinar com precisão o exato momento da morte."            "Não há um sinal patognomônico [60] até surgirem os fenômenos transformativos [61] no cadáver, por que, na realidade, a morte não é um momento ou um instante, mas um processo gradativo que não se sabe quando se inicia nem quando termina.(...)"

Fato é que, ocorrendo a morte, faz necessário a abertura da sucessão do falecido, sendo que fundamentada no direito de propriedade e na proteção familiar, serão transmitidos desde logo os bens do autor da herança, seus direitos e créditos aos herdeiros legítimos ou testamentários.

Daí surge a essencialidade do Direito das Sucessões para o ordenamento jurídico brasileiro, para disciplinar o acontecimento morte, até a liquidação da herança, e tão logo o encerramento de todos os direitos e deveres do “de cujus”.

Analisando uma certidão de óbito

É importante analisar que quando do nascimento de uma pessoa, o médico ou assistente, deve atestar o nascimento com vida ou não, e tão logo declarar através de documento próprio, repassado ao genitor para que providencie o registro do nascimento em Cartório de Registro Civil competente.

Deve-se o genitor, apresentar ao registrador civil a declaração assinada pelo médico expedida pelo hospital.

Caso ocorra o falecimento do nascituro, será realizado a DO.No entanto, nós como pessoas físicas, temos como fim da vida a

morte. Quando do seu acontecimento definitivo, este deverá ser declarado por quem de direito, para que ocorram as determinações legais.

Determina a Portaria nº. 20, de 3 de outubro de 2003, estabelecida pelo Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde, no seu Artigo 8º: Deverá ser utilizado o formulário da Declaração de Óbito – DO, constante no Anexo I desta Portaria, como documento padrão de uso obrigatório em todo o País, para a coleta dos dados sobre óbitos e indispensável para a lavratura, pelos Cartórios do Registro Civil, da Certidão de Óbito.

Juridicamente dizendo, Declaração de Óbito é o documento-base do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde. É composta de três vias auto-copiativas, prénumeradas seqüencialmente, fornecida pelo Ministério da Saúde e distribuída pelas Secretarias Estaduais e Municipais de saúde conforme fluxo padronizado para todo o País.

A responsabilidade da declaração do óbito é do médico, o qual deve de forma ética e jurídica, preenche-la, assinando-a, devendo sempre, revisá-la objetivando não cometer erros materiais.

Impõe a Lei dos Registros Públicos (Lei nº. 6.015 de 31.12.1973) em seu Artigo 77: “Nenhum sepultamento será feito sem certidão, do oficial do registro do lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou, em caso contrário, de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte.

Resumo - Aula 02

Familiarização do acadêmico à terminologia com o tema sucessões

O acadêmico do curso de Direito deve ter um conhecimento multidisciplinar, ao ponto que, possuindo um vocabulário técnico-jurídico acoplado a um conhecimento social, cultural, econômico, terá capacidade de fundamentação sobre quaisquer fatos da vida, entrelaçado as normas existentes, protegendo de fato e direito o seu cliente, fazendo assim valer a mais necessária justiça.

Abaixo, segue lista com vocabulário técnico-jurídico direcionados ao Direito Sucessório.

Vida CompanheiroDireito real de habitação Partilha

Morte Co-herdeiroCônjuge sobrevivente Sobrepartilha

Sepultamento Liquidação da herança Meação ITCDM

Cartório Abertura de sucessão Herdeiro necessário Formal de partilha

Registro CivilAbertura de testamento Herdeiro colateral

Escritura Pública de Inventário

Pessoa física Curatela Regime de bens Adjudicação

Pessoa jurídica Concubino Bens particularesAdjudicação compulsória

Capacidade civil Aceite de herança Bens comunsArrolamento de bens

Relativamente incapaz Renuncia de herança

Sucessão por cabeça Ação rescisória

Absolutamente incapaz Condição resolutiva

Direito de representação/Estirpe Tabelião

Certidão de nascimento Credores Irmãos unilaterais Mininstério Público

Declaração de óbito Bens móveis Irmãos bilaterais Indigno

Sucessão Bens imóveis Codicilos Valor da causa

Legítima Semoventes Certidão negativaCertidão de inteiro teor

Testamentário Créditos Testamenteiros Regularização do

CPF

Autor da Herança Exclusão da herança Inventariante Jurisdição contenciosa

Direito de Herança Curador da herança Ação de sonegadosJurisdição Voluntária

TestamentoReconhecimento do direito sucessório Petição de Herança

Competência para abertura

Herdeiro União estável ColaçãoInvestigação de parternidade

SucessoresPrimeira e últimas declarações Inventário

Intervenção de terceiros

Aspectos jurídicos relevantes dentre o direito sucessório

Pessoa Física

Pessoa física, também considerada pessoa natural, nos dizeres da legislação cível, é o ser humano, tal como percebido por meio dos sentidos e sujeito às leis da natureza.

A pessoa natural distingue-se da pessoa jurídica, pois esta é um ente abstrato tratado pela lei, criado por normas, originada propósitos particulares ou públicos, sendo sujeito de direito distinto das pessoas naturais que o componham.

Capacidade civil

É a possibilidade de ser sujeito de direitos e obrigações no campo da sociedade, sendo assim, esta é adquirida no nascimento com vida pelo Novo Código Civil.

A capacidade civil pode ser absoluta ou relativa. Os absolutamente incapazes são aqueles que a lei entendeu

necessitarem de uma representação devido à ausência de discernimento necessário para a prática de certo ato, são os menores de 16 anos, os que por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos, os que por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Já os relativamente incapazes são aqueles que a lei entender ter capacidade reduzida para a prática de certo ato, são os maiores de 16 e menores de 18 anos, os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que por deficiência mental, tenham total discernimento reduzido, os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo, e os pródigos.

Reza o artigo 2 do C.C., que a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro."

Morte definitiva

Ocorre quando há cessação da atividade cerebral, atestada por profissional médico.

Reza o artigo 6º C.C que a existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

A morte real sempre será declarada por médico, em documento próprio, o atestado de óbito, ou declaração de óbito, que tem como finalidades principais a confirmação da ocorrência do evento, a definição da causa mortis

Havendo a declaração de óbito, esta deverá ser encaminhada ao Cartório de Registro de Pessoas Naturais lotado na cidade do falecimento, onde será declarado o óbito, liberando o sepultamento, e logo será certificado em livro próprio, podendo assim ser iniciado e processado legalmente o inventário, ou seja, a transmissão dos bens e direitos do espólio.

Morte presumida ou real

A morte definitiva ocorre quando uma pessoa natural perde todos os sinais vitais, quando ocorre a cessão dos sinais vitais, e a presumida ocorre quando não pode realmente ser comprovada a morte, simplesmente poder ser reconhecida por quem de direito através de um Devido Processo Legal.

Dessa maneira, as pessoas de quem não mais se tem notícias, desaparecidas em naufrágios, incêndios, inundações, maremotos, terremotos, enfim, em grandes catástrofes, podem ser reputadas mortas civilmente (morte real), por decisão judicial prolatada em procedimento especial iniciado pelo interessado (que pode ser, exemplificativamente, o cônjuge ou companheiro sobrevivente ou mesmo um parente próximo) e que se submeterá ao rito procedimental dos artigos 861 a 866 do CPC.

Importante (história): A Lei nº. 9.140/95 reconhece hipóteses de morte real, ao reputar mortas, para todos os fins de direito, as pessoas desaparecidas em razão de participação, ou simplesmente acusadas de participação, em atividades políticas, no período compreendido entre 02-09-61 e 15-08-79 (época da ditadura militar brasileira), inclusive fazendo jus os seus familiares a uma indenização correspondente.

Por fim, resta comprovado a morte presumida ou real, se possível for, sendo que poderão os Juízes admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar o cadáver para exame, como determina o artigo 88 da Lei de Registro Público.

Morte Presumida sem declaração de ausência

Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:I- se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II- se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.

Por sua vez, o parágrafo único do art. 7º, C.C. exige que: "a declaração de morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

O reconhecimento de morte presumida reclama que antes se proceda e se esgote todas as averiguações. Apenas após tais procedimentos está o interessado apto a pedir a declaração em juízo. Cabe a quem pedir a declaração provar que esgotou as buscas e averiguações. Na sentença virá fixada a data provável do falecimento, sendo que o óbito deverá ser justificado judicialmente, diante da presunção legal da ocorrência do evento morte, sendo determinada a data provável do óbito, fixada, produzindo efeitos jurídicos a partir desta, iniciando assim o inventário.

O procedimento para ser declarada a morte presumida esta transparecido nos artigos 861 ao 866 do C.P.C.

Ausência de pessoa natural

Averiguada a ausência, esta não é tratada como uma incapacidade para a prática de atos do desaparecido.

Existindo a ausência da pessoa natural há a necessidade de representação desta pessoa, por tempo provisório, determinado legalmente.

Reza o artigo 22 C.C. que desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administra-lhe os seu bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, nomeando um curador. Deve atentar-se que, mesmo o ausente deixando mandatário ou representante, e este venha a não querer ou não possa exercer, ou seus poderes forem suficientes, o juiz poderá intervir e nomear o devido curador.

Herança

A herança é um todo unitário deixado pelo falecido, que caberá aos herdeiros, legados ou testamentários.

Neste sentido, até a partilha, o direito dos herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e será regulado pelas normas relativas ao condomínio.

Substancialmente o herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança.

Transmissão hereditária

Com o falecimento de uma pessoa natural, seus bens são transmitidos desde logo, aos herdeiros legítimos ou testamentários. (artigo 1.784 C.C.)

Vocação hereditária

Os herdeiros necessários detém a vocação hereditária, o direito a paterna e a materna, deixada pelo espólio, em concorrência com o cônjuge sobrevivente ou não, salvo existência de disposição de última vontade (testamento), advindo testamentários e legados.

Questões:

01- João Primo e Valéria Dias, brasileiros, casados sob o regime da comunhão parcial de bens, estão separados de fato por 5 (cinco) anos. Valéria descobre por familiares de João que o mesmo esta desaparecido já a 2(dois) meses. Em estado já desesperador Valéria e os familiares vão até a delegacia e por meio do Delegado de Polícia é lavrado regular boletim de ocorrência. Fato é que João e Valéria adquiriram na constância do casamento três bens imóveis. Não mais tendo esperanças do retorno de João, Valéria procura assessoria jurídica para solução do seu problema. Procurado como profissional do direito, como resolveria o problema. Fundamente.

02- Leandro Silva e Patrícia Lares, brasileiros, casados sob o regime da comunhão universal de bens, por 6(seis) anos, tendo dois filhos menores, decidem fazer uma viagem turística por um cruzeiro, nos mares italianos, comemorando uma segunda lua de mel. Os filhos ficaram com os avós maternos. Conhecido é que o casal possui dois bens móveis e uma conta corrente com um montante de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). Ocorre que, com três dias de passeio, o navio desaparece, sem deixar vestígios, e tão logo é encontrado afundando. É divulgado pela imprensa que dos três mil que embarcaram dois mil estão desaparecidos e assim permanecem por já há um ano. Não mais havendo esperanças do retorno de Leandro e Patrícia, estando presumida a morte de ambos, os avós maternos e paternos procuram assessoria jurídica para solução do problema. Procurado como profissional do direito, como resolveria o problema. Fundamente.

Resumo - Aula 03

Da Ordem da Vocação hereditária

Quando ocorre o falecimento de uma pessoa, são chamados os sucessores para concorrerem a herança, atentando-se para a capacidade sucessória de cada uma, respeitando a seqüência hereditária, considerando a vocação para o recebimento do quinhão hereditário.

Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. (Artigo 1.798 C.C.)

Na sucessão testamentária podem também serem chamadas as pessoas jurídicas. (Artigo 1.799 C.C.)

OBS.: A legislação vigente determina que não podem ser nomeados herdeiros testamentários e nem legatários: aquele que escreveu o testamento, nem o cônjuge, companheiro, ascendente e irmão; o concubino; as testemunhas do testamento; o tabelião.

Sucessão

O princípio básico do Direito das Sucessões é conhecido como Droit de Saisine (direito de posse imediata).

Desde o acontecimento morte, ocorre a transmissão automática e imediata, sendo que o domínio e a posse da herança são repassados aos herdeiros legítimos e testamentários.

Sucessão não pode ser significado de inventário ou arrolamento de bens. A sucessão ocorre desde logo após o falecimento, havendo a transmissão dos bens aos herdeiros.

A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. (Artigo 1.785 C.C.)

A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade. (Artigo 1.786 C.C.)

Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela. (Artigo 1.787 C.C.)

IMPORTANTE.: Só se abre sucessão se o herdeiro sobrevive ao “de cujus”. O herdeiro que sobrevive a ele, ainda que por um instante, herda seus bens, e os transmite aos seus sucessores, se falecer em seguida. Para a devida averiguação e chamada da vocação hereditária é necessário verificar a ordem de falecimento e a capacidade sucessória.

Sucessão Legítima (ou ab intestato )

Morrendo uma pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos, o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem

compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar ou for julgado nulo. (Artigo 1.788 C.C.)

A sucessão legítima decorre de lei, sendo que o fato morte é imprescindível que ocorra. Assim será aberta a sucessão, e verificado será se há ato de última vontade.

OBS.: A seqüência deriva da vocação hereditária, respeitando os dizeres do artigo 1.829 e seguintes do C.C.

Exemplo: descendentes, ascendentes, em concorrência ou não com o cônjuge sobrevivente e os colaterais. (respeitando a seqüência legal)

Sucessão Testamentária

Testamento é o ato de última vontade realizado por pessoa física. O testador respeitando o direito dos herdeiros necessários (cônjuge sobrevivente, descendentes e ascendentes), poderá dispor de metade da herança. (Artigo 1.789 C.C.)

De fato a outra metade constituirá a legítima, assegurada aos herdeiros necessários, outrossim, não havendo herdeiros necessários poderá o testador dispor de 100% da herança a quem lhe convier.

Caso o falecido tenha adquirido matrimônio sob o regime da comunhão universal de bens, o patrimônio do casal será dividido em duas meações e a pessoa só poderá dispor da sua meação.

Deve o profissional do direito atentar-se para a proibição da sucessão contratual, não sendo admitida em direito. Assim são proibidos os pactos sucessórios, não podendo ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

OBS.: caso sejam nomeados os não admitidos em direito, a sucederem as disposições testamentárias serão consideradas nulas de pleno de direito o seu teor.

Sucessão Provisória

Somente se pode tratar da sucessão provisória dos bens do ausente com a declaração judicial de tal situação jurídica em seu desfavor. A sucessão provisória se iniciará após o período de 01 (um) ano, contado a partir da data de arrecadação dos bens do ausente. Caso o ausente tenha deixado o representante ou mandatário, a sucessão provisória se instaurará no prazo de 03 (três) anos, a contar da data de arrecadação dos bens do ausente.

Para abertura da sucessão provisória, bastará a verificação de que o ausente não procedeu à tentativa de imissão da posse dos bens nem foi obtida informação sobre seu paradeiro.

A sucessão provisória poderá ser requerida: a) o cônjuge não separado judicialmente; b) os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; c) os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; d)

os credores de obrigações vencidas e não pagas (art. 27, CC); e) pelo Ministério Público, na inexistência de interessados.

A sentença que decretar a abertura da sucessão provisória só terá efeito 180 (cento e oitenta) dias depois de publicada. Tornado-se possível, porém, mesmo antes do decurso desse prazo: a abertura do testamento; o requerimento de inventário e partilha dos bens; a entrega dos bens aos herdeiros mediante caução; e a arrecadação judicial dos bens.

Os bens serão entregues aos herdeiros em caráter provisório mediante a garantia (penhor e hipoteca) em razão da incerteza da morte do ausente. No entanto, os descendentes, ascendentes e cônjuge não necessitam garantir o juízo para entrar na posse dos bens do ausente.

O trânsito em julgado da sentença judicial declaratória da ausência autoriza desde logo, a abertura do testamento porventura existente e a instauração do processo especial de inventário, como se o ausente tivesse falecido.

Durante a fase da sucessão provisória, duas coisas podem ocorrer: a) prova da época exata do falecimento do ausente, que implica na abertura da sucessão em tal data (art. 35, C.C.); b) O retorno, implica a extinção de todos os direitos sobre seus bens, embora o dever de preservação destes que se estenda até a sua efetiva entrega ao ausente; e c) não comprovada a morte e tão pouco o seu retorno, poderá ser aberta a sucessão definitiva, mas tanto deve se observar o prazo legal.

Herança

Nossa Carta Magna determina em seu artigo 5, inciso XXX: “é garantido o direito de herança”. Isso a qualquer pessoa física ou jurídica, capaz ou incapaz.

Herança (do latim haerentia) é o conjunto de princípios jurídicos que disciplinam a transmissão do patrimônio (bens, direitos e obrigações), de uma pessoa que morreu, a seus sucessores legais.

A herança é um todo unitário deixado por uma pessoa após o seu falecimento.

Ocorrendo a morte, aberta a sucessão, e sendo realizado o inventário ou o arrolamento de bens, é garantido ao herdeiro legítimo o seu direito sucessório, como também ao legatário ou ao testamentário, havendo assim a transmissão definitiva dos bens deixados.

HerdeirosO Herdeiro sucede a título universal, já o legatário a título singular.

Título Universal

O herdeiro é chamado para suceder na totalidade da herança, fração ou parte dela, assumindo a responsabilidade relativamente ao passivo. Ocorre na Sucessão Legítima e na Sucessão Testamentária.

Título Singular

O testador deixa ao beneficiário um bem certo e determinado (legado). O herdeiro não responde pelas dívidas da herança.

Herança jacente e vacante (Artigo 1.819 C.C.)

Transparece que pessoas jurídicas de direito público interno não são herdeiras, não são dadas o direito de saisine, ou seja, não recebe os bens deixados pelo “de cujus” no momento da morte, como acontece com os demais herdeiros.

Inicialmente, quando do acontecimento morte ocorrer, deve ser verificado se há herdeiros necessários ou testamentários, pois caso não aja ou quando estes repudiam a herança, os bens irão para o Município ou Distrito Federal, de onde estiverem lotados.

Como não há a transmissão desde logo, é iniciado um processo regular para que aja a transmissão às pessoas jurídicas de direito público interno, com características especiais, específicas para o caso em epígrafe.

Procedimento: Ocorrendo o falecimento de uma pessoa, não havendo herdeiros e testamentários, os bens serão arrecadados, sendo nomeado curador para manter a administração dos mesmos. Este é responsável pela conservação dos bens, pela administração dos frutos, e pela prestação de contas quando requerido, mantendo-se assim durante toda a transitoriedade da situação dos bens até a finalização do inventário.

Havendo uma universalidade de direito, ou seja, conjunto dos bens determinados por lei, serão providenciadas as diligências necessárias para a averiguação de possíveis herdeiros e legatários. Regra geral, é expedido edital, e não havendo e aparecendo herdeiros conhecidos e legais ou testamentários, decorrido o prazo de um ano da publicação, haverá a declaração de vacância, sendo a herança considerada vacante, tudo após sentença prolatada de natureza declaratória.

Dentre o procedimento especial, superando o período estabelecido legalmente de um ano, estando declarado a vacância, os bens deixados pelo falecido passam para a propriedade do Estado, não de forma plena, apenas provisoriamente, pois somente após decorridos cinco anos da abertura da sucessão a propriedade passara definitivamente para o domínio público.

OBS.: comparecendo herdeiro, mesmo após realizado a diligencia do edital, converte-se a arrecadação em inventário.

OBS.: o poder público é considerado herdeiro irregular, posto não possuir vocação hereditária.

Questões:

01- João Silva Borges, brasileiro, solteiro, nasceu no ano de 1960 e faleceu em 2003. Dedicou sua vida ao trabalho, não contraindo matrimônio e não adquirindo filhos. Atuando como advogado adquiriu dois bens imóveis e um bem móvel. Contudo, após seu falecimento foi constatado preliminarmente que não haviam descendentes. Apenas ficou uma amiga enfermeira que morava com o Sr. João e

mantinha seus cuidados. Diante a situação acima descrita, como advogado constituído para a realização da abertura da sucessão do falecido, responda de forma fundamentada os questionamentos abaixo listados:

a) Não havendo herdeiros necessários e testamentários como proceder a sucessão do falecido?

b) Foi descoberto que João, no ano de 2001 realizou testamento, favorecendo a enfermeira, determinando que quando do seu falecimento seus bens ficariam todos a mesma. Verificando referida situação, como proceder a sucessão do falecido?

c) Logo findo o processo, sendo prolatada a sentença, e os bens estando transmitidos ao município de Anápolis-GO, surge uma herdeira necessária de João (falecido), declarada após ação de investigação de paternidade já concluída. Como proteger o direito de herança da herdeira necessária?

d) Em seqüência aos atos ocorridos nas letras “b” e “c” anteriores, ou seja, existindo testamento com legado, e surgindo uma herdeira necessária, como proceder a sucessão do falecido João?

Resumo - Aula 04

Disposição de última vontade

Com discernimento total, uma pessoa física pode dispor de seus bens, como ato de última vontade, sendo considerado como disposição de última, valendo-se que após sua morte será válido o que foi relatado na forma da lei.

Dentre o ordenamento jurídico vigente, reconhece como ato de última vontade, o testamento, realizado por pessoa física, capaz.

Havendo testamento, ocorrerá a sucessão testamentária, sendo aquela que a transmissão hereditária se opera por ato de última vontade, revestido da solenidade requerida por lei.

Deve o advogado atentar-se que mesmo havendo testamento válido, deverá ser aberta a sucessão normal, prevista no Artigo 1.784 C.C, e em paralelo deverá ser providenciado a abertura do testamento e tão logo seu encerramento, sendo cumprida os atos de última vontade do testador.

Importante ressaltar que, havendo testamento a sucessão deve ser aberta por meio de jurisdição contenciosa, nunca por meio extrajudicial, ou seja, via cartório, fundamentado na Lei 11.441/2007.

Ocorrerá na sucessão testamentária a sucessão a título singular ou universal, entendendo que poderá ser disposto no testamento um legado a uma determinada pessoa, ou não havendo herdeiros necessários poderá o testador dispor de todo seu patrimônio a uma pessoa física ou jurídica quaisquer.

Atente-se que não pode ser parte requerida de um processo de inventário uma pessoa jurídica, pois esta não falece, não morre, sendo que, apenas é possível a morte à pessoa física, concluindo que a pessoa jurídica entra em estado de falência, ou encerra suas atividades.

Sendo aberto a sucessão, havendo testamento, será aberta a sucessão testamentária, onde serão resguardados os direitos dos herdeiros necessários e respeitado os direitos dos legatários ou testamentários.

Concluí-se que, válido será o testamento se o seu teor respeitar a legítima, realizado por pessoa capaz para fazê-lo, podendo o maior de dezesseis anos, conforme preceitua o artigo 1.860, parágrafo único do C.C.

Existente o testamento, sendo inicialmente reconhecido como válido, extingue-se em cinco anos o direito de ser impugnado, contado o prazo da data do seu registro (Artigo 1.859 C.C.).

A sucessão testamentária rege-se por: Lei vigente no momento da feitura do testamento, que regula a capacidade testamentária ativa e a forma do ato de última vontade; Lei que vigorar ao tempo da abertura da sucessão, que rege a capacidade testamentária passiva e a eficácia jurídica do conteúdo das disposições testamentárias.

São partes dentro de uma sucessão testamentária: Testamenteiro, Testador, Testamentário, Legado, Legatário, Testemunhas, Tabelião.

Não poderão ser legados ou testamentários o cônjuge ou o herdeiro necessário existindo outros herdeiros legítimos,salvo exceção.

O testamento pode ser revogado pelo mesmo modo e forma com foi realizado, conforme preceitua o Artigo 1.969 C.C.

Testamentos, previstos em lei

O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo (Artigo 1858 C.C.)

Princípio que predomina: Autonomia da Vontade do Testador.O ato de última vontade sendo personalíssimo é realizado de forma

individual, no modo unilateral, sendo considerado dentro do ordenamento vigente ato jurídico, solene e revogável a qualquer tempo por quem testou, em sua totalidade ou parcialmente, tudo para depois ser cumprido após a morte de quem o realizou.

O testamento tem a serventia para o testador dispor de seus bens após sua morte, podendo servir também para a nomeação de tutores, para reconhecimento de filhos, para deserdação de herdeiros, para revogação de testamentos anteriores e para quaisquer declarações de última vontade.

OBS.: Pacta Corvina - Expressamente é proibido pactos sucessórios, ou seja, estipulações bilaterais, com natureza contratual, não sendo possível contratos que tenham por objeto herança de pessoa viva (Artigo 426 C.C.).

Antes da realização do testamento deve ser averiguada a capacidade testamentária ativa e passiva das partes envolvidas.

Incapazes de testar (Ativa)Artigo 1.860 C.C.

- Menores de dezesseis anos- Desprovidos de Discernimento- Os surdos-mudos- A pessoa jurídica

Capazes de testar (Ativa)- Absolutamente capazes- Cegos, Analfabetos- O falido- Os maiores de 16 anos, sem assistência de seu representante legal.

OBS.: A incapacidade posterior a elaboração do testamento não o invalida.

OBS.: A capacidade deve existir no momento da feitura do testamento.

OBS.: O testamento do incapaz não pode ser convalidado com a superveniência da capacidade.

Já no tocante a capacidade testamentária passiva, todos as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, maiores ou menores, existentes ao tempo da morte do testador, possuem capacidade.

OBS.: O nascituro por ser testamentário.

OBS.: Não podem ser contemplados as coisas inanimadas, os animais.

OBS.: Se o beneficiado morto estiver quando da abertura do testamento, a cláusula é considerada caduca.

A doutrina reconhece que são absolutamente incapazes para adquirir por testamento os indivíduos não concebidos, reconhecendo como relativamente incapaz aquele que escreveu o testamento, seu cônjuge, seus ascendentes, descendentes, irmãos, as testemunhas, a concubina, o tabelião.

Um testamento pode ser revogado por outro de qualquer espécie, de forma total ou parcial, não havendo hierarquia entre os testamentos existentes.

OBS.: Caso seja realizado um testamento e este favorecer um legatário este pode ser substituído por outro legatário em outro testamento revogando este.

Existem os testamentos Ordinários e Especiais. Dentre os ordinários estão o Público, o Particular e o Cerrado. Dentre os especiais estão o Militar, o Marítimo e o Aeronáutico.

QUADRO RESUMO

Testamento Público(Artigo 1.864 a 1.867 C.C.)

- Lavrado por tabelião- SeguroPodem: os cegos, os capazes, os analfabetos, os surdos não mudos.Não podem: os mudos, e os surdos-mudos.

Testamento Particular(Artigo 1.876 a 1.880 C.C.)

- Denominado aberto- Escrito pelo testador- Lido perante 3 testemunhas- Forma menos seguraNão podem: o cego, o analfabeto, os incapacitados de escrever.

Testamento Cerrado(Artigo 1.868 a 1.875 C.C.)

- Escrito em caráter sigiloso- Completado por oficial - Deve ser aprovado- Presença de 02 pessoas- Chamado de secreto- LacradoNão podem: analfabeto, cego.OBS.: o surdo-mudo poderá se souber ler e escrever.

Testamento Militar- Feito por militares- Feito em campanha- Feito dentro ou fora do país- Escrito por autoridade- Presença de 2 testemunhasValidade: Se o testador morrer. OBS.: Caso não morra em campanha ou 90 dias após o retorno, caducará.

Testamento Marítimo e Aeronáutico

- Feito a bordo de aeronaves e navios - Lavrado pelo comandante- Perante 2 testemunhasValidade: Se o testador morrer. OBS.: Caso não morra na viagem ou 90 dias após o retorno, caducará.

RegistroArquivamentoCumprimento

- Juiz de direito- Sem vício - Válido e não falso

OBS.: Depois de aberto o testamento, o juiz e o ministério público sana os vícios existentes, e logo o registra dando-o cumprimento.

No testamento pode conter disposições patrimoniais ou disposições exclusivamente pessoais.

Exemplos: Dispor sobre bens imóveis ou móveis. Dispor sobre tutor, funeral, destino do corpo após falecimento.

OBS.: Poderá o testador estabelecer sobre o que foi disposto condições que enquanto não forem cumpridas o testamento não será cumprido.

Exemplo: Somente poderá receber o bem imóvel (casa) o herdeiro necessário João após aprovação no Exame de Ordem.

OBS.: Poderá ainda o testador imprimir ônus e gravames sobre os bens testados que serão herdados, como cláusulas restritivas à propriedade, incomunicabilidade, inalienabilidade e impenhorabilidade.

OBS.: Após abertura do testamento o legatário ou o testamentário poderá renunciar ou não aceitar o legado ou o disposto em seu favor.

OBS.: Quando o legatário já é herdeiro necessário este é considerado legado precípuo ou prelegado.

Abertura da sucessão

Ocorrendo o falecimento de pessoa física, nascida com vida, será aberta após constatação provável, a abertura da sucessão, transmitindo desde logo a herança aos herdeiros na medida das suas vocações hereditárias.

A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido (Artigo 1.785 C.C.); dá-se por lei ou por disposição de última vontade (Artigo 1.786 C.C.); sendo regulada pela lei vigente ao tempo da sua abertura (Artigo 1.787 C.C.).

Liquidação de herança

A herança é um todo unitário. Desta forma falecendo uma pessoa física e esta deixando bens a serem inventariados, devera ser providenciado a liquidação da herança deixada.

Liquidar no Direito das Sucessões é levantar o deixado, as dívidas vencidas e vincendas, e tão logo levantar o soldo restante, que constituirá a herança a ser partilha entre os herdeiros necessários, e demais herdeiros testamentários, caso houver.

A herança é composta pelos bens deixados pelo espólio: bens móveis, bens imóveis, bens corpóreos, bens incorpóreos, créditos, alimentos, usufruto, dinheiro, renda, pensão periódica.

OBS.: São dívidas deixadas pelo espólio: as vencidas e as vincendas.

OBS.: Os credores do espólio, devem por meio da intervenção de terceiros, como interessados, adentrarem no processo de inventário ou afim, no intuito de ser considerada e comprovada a dívida contraída pelo espólio, para que ao final quando da partilha, seja designado quantia suficiente para saldar o crédito existente.

OBS.: Se a herança é insuficiente para saldar débitos, o herdeiro não responde por encargos superiores às suas forças. (Artigo 1.792 C.C.).

OBS.: Poderá o herdeiro ceder seu direito de herança, dando preferência aos herdeiros necessários, respeitando a indivisibilidade e singularidade do bem deixado.

Documentos necessários para a sucessão legítima

Segue abaixo os documentos imprescindíveis para a propositura da petição de herança, como para a abertura da sucessão legítima.

OBS.: Existindo Testamento, deverá o inventário seguir o rito ordinário estabelecido pelo Código de Processo Civil, de forma especial.

OBS.: Havendo testamento, o inventariante deve anexar aos autos cópia autenticada do testamento, na forma realizada, ou apresentar certidão atualizada.

Certidão de Óbitodos falecidos

Partilha

ITDCM

Declaração de InexistênciaTestamento

Certidõesnegativas

Certidõesdos bens deixados

Provando a propriedadeInventariante

Procuração ‘’Ad Judicia’’

Liquidação da Herança

RG e CPF Herdeiros

Necessários

CPF dos espólios

Abertura Sucessão

Questão:

01- João casado no regime de separação de bens com Maria, faleceu no ano de 2000, no domicílio da família situado na cidade de São Paulo/SP. Na constância do casamento foram adquiridos cinco bens imóveis. No entanto, Maria, após o falecimento de João, mudou-se para Alexânia/GO, e não providenciou a abertura da sucessão de João. Fato é que Maria faleceu em janeiro de 2012 no hospital de Urgência de Anápolis/GO. O casal teve sete filhos. Na época do falecimento de João os filhos eram todos menores, hoje apenas quatro são menores. Diante a situação, como advogado constituído pela filha mais velha do casal falecido, Natália, como resolveria as situações abaixo listadas.

a) Quando da abertura da sucessão foi descoberto um testamento público feito por João, realizado em janeiro de 1995, no qual apenas um dos filhos foi beneficiado, sendo disposto que todos os bens ficariam para o mesmo. Assim, deverá ser aberto o testamento? Será aberto e cumprido? O testamento é válido? O filho favorecido receberá o que foi disposto? Se invalido, como torná-lo sem efeito?

b) O fato de não ter aberto a sucessão do espólio de João, acarretará problemas para a abertura da sucessão de Maria?

c) Pelas conclusões tiradas das letras “a” e “b”, deverá ser aberto a sucessão provisória, legítima ou testamentária? Aberta a sucessão quais documentos serão apresentados ao juízo competente?

d) Qual juízo competente para a abertura da sucessão? São Paulo, Alexânia, ou Anápolis? Se iniciado em um juízo incompetente o que fazer para regularizar o processo?

e) Fundamentado na Lei 11.441/2007, o advogado Dr. Descapier, por meio da Serventia Extrajudicial da Comarca de Santa Helena de Goiás, lavrou por intermédio do Tabelião lotado, Escritura Pública de Cessão de Direitos Hereditários, onde a filha menor Beatriz cedeu seus direitos hereditários a filha maior Natália, e ainda foi lavrada a Escritura Pública de Inventário e Partilha dos bens deixados pelos espólios João e Maria. Conforme ordenamento jurídico é possível referida regularização da vida dos espólios?

f) Aberta a sucessão legítima, liquidado a herança, um terceiro adentra no processo de inventário como terceiro de boa fé, juntando por meio do seu advogado, prova material, na qual fica confirmado a existência de uma dívida contraída por João em 1999, já vencida e não paga, no valor de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais). A herança da família monta num total de R$ 700.000,00 (setecentos mil reais). Um dos bens, em vida, firmado pelo espólio, avaliado por R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), foi constituído como bem de família. Como advogado constituído, como proceder a sucessão legítima, mantendo os direitos do credor, como mantendo a proteção e os direitos dos herdeiros necessários?

OBS.: Os questionamentos deverão ser respondidos de forma fundamentada.

Resumo - Aula 05

Noções de Inventário, Arrolamento e Partilha

Quando do falecimento de uma pessoa física será aberta a sucessão.

No prazo de 30 dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-á o inventário do patrimônio deixado pelo espólio, perante o juízo competente no foro do domicílio do “de cujus”, para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança.

OBS.: O artigo 983 Código de Processo Civil determina 30 dias após a morte para a abertura da sucessão, todavia não é muito seguido, porque a única sanção é fiscal, podendo haver multa após 60 dias e tão logo dobrar após 180 dias.

OBS.: O prazo inicia-se da data do óbito, declarado pelo médico em declaração padronizada pela Organização Mundial de Saúde.

O inventário (rito ordinário especial) iniciará quando não houver consenso entre as partes. A natureza jurídica é de jurisdição contenciosa.

Qualquer herdeiro, seja necessário, colateral ou por representação tem capacidade ativa para requerer ao poder judiciário, respeitando o foro competente, a abertura da sucessão.

Quando do ato petitório (da abertura da sucessão), o requerente deverá declarar os bens deixados pelo falecido, ainda declarar os herdeiros existentes para que seja possível a citação de todos.

O inventário é o procedimento responsável pela formalização da transmissão dos bens do falecido aos seus sucessores, respeitado estando a vocação hereditária.

Entendendo em sentido técnico, o inventário é realizado através de procedimento especial de jurisdição contenciosa. Será sempre judicial com participação do Estado-Juiz, salvo se seguidos os requisitos da Lei 11.441/2007 podendo ser realizado via extrajudicial, com a participação do Tabelião, estando claro que em ambos os meios será imprescindível a assistência do advogado.

Respeitados todos os passos anteriormente listados, o inventário judicial poderá ocorrer na forma de Arrolamento de Bens (quando os bens totalizarem um valor global considerado pequeno, e houver o consenso de todos os herdeiros); ou Inventário Ordinário, quando não há consenso entre os herdeiros, ocorrendo também quando da existência do testamento, o qual deverá ser aberto para o seu cumprimento e arquivamento, correndo em apenso ao processo principal do inventário.

Seja qual for o meio para a transmissão dos bens deixados pelo “de cujus”, o fim previsto do inventário é a sentença dentre a jurisdição contenciosa, ou a homologação do pedido inicial no caso do arrolamento.

Assim, serão em ambos os casos, expedidos os devidos Formais de Partilha, quando existentes vários herdeiros, ou Carta de Adjudicação, quando da existência de um herdeiro apenas.

OBS.: Cada herdeiro receberá um formal de partilha que deverá ser encaminhado ao cartório competente para o cumprimento do registro.

OBS.: O inventário sem bens (negativo), com bens e herdeiros (Partilha), e com bens com um único herdeiro (adjudicação).

Sucessão em geral

Sendo aberta a sucessão, o requerente por através do seu advogado devidamente constituído, requererá ao Juiz de Direito a formalização do inventário. Este tão logo homologará se seguidos estiverem as condições da ação: interesse de agir, legitimidade da parte, e possibilidade jurídica do pedido.

Poderá ser requerido ao magistrado a designação do inventariante, sendo a princípio o cônjuge sobrevivente, logo não sendo, poderá ser designado o herdeiro necessário mais velho, e não havendo esta possibilidade, quaisquer dos herdeiros poderão ser designados como inventariante.

OBS.: Apenas um herdeiro será designado inventariante.

OBS.: Deve ser observado no início da abertura da sucessão, quem esta na administração da herança, podendo este ser designado inventariante, não importando a ordem prevista, pelo convencimento do magistrado, que entendendo ser melhor para a administração da herança, designará que a administra.

É resguardado o Direito Real de Habitação ao cônjuge sobrevivente.

Particularidades – Direito Real de Habitação

Por força da determinação do art. 1.831 do Código Civil de 2002, o cônjuge sobrevivente tem direito real de habitação, mas é preciso ter cuidado quando se fala em união estável.

Conceito: É direito de todo e qualquer cônjuge, casado sob qualquer regime de bens, que o garante a habitação do bem imóvel até a partilha do mesmo. Entende-se que o direito pode ser estendido após realizado a partilha, posto ser mantido a proteção da família e o desenvolvimento dos filhos.

OBS.: Deverá sempre ser resguardo o Direito Real de Habitação ao cônjuge.

OBS.: O Direito Real de Habitação é respeitado e resguardado ao cônjuge,

não ao companheiro advindo da União Estável, pois esta não é igualmente reconhecido com casamento, uma vez que, a união estável segue para a conversão em matrimônio.

OBS.: Não é resguardado ao descendente o Direito Real de Habitação.

Entendo melhor a União Estável, o texto da constituição Federal de 1988 estabelece no seu Artigo 226 que: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 

Assim O direito Real de Habitação não é estendido ao unido estavelmente, pois este não é cônjuge.

Na abertura na sucessão, deverá o requerente apresentar os bens deixados pelo falecido.

Segue abaixo quadro de bens sucessíveis a serem inventariados pela legislação:

BENS IMÓVEIS: Aqueles que não podem ser removidos de um lugar para o outro sem destruição e os assim considerados para os efeitos legais (artigos 79 e 80 do Código Civil).

BENS MÓVEIS: Aqueles suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia (artigo 82 do Código Civil).

BENS SEMOVENTES: Animais. Devem possuir registro na Agro-Defesa se bovinos, caprinos e etc.

CRÉDITOS: Capital depositado em contas correntes, em poupanças, aplicações, ações e etc.

BENS DIVISÍVEIS: São aqueles que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso a que se destinam (artigo 87 do Código Civil).

BENS ACESSÓRIOS: FRUTOS - São as utilidades que uma coisa periodicamente produz.

OBS.: São bens não sujeitos a inventário: o bem de família estabelecido por Escritura Pública (Artigo 20, Decreto 2300/40); bens particulares.

OBS.: Podem os bens listados na Lei 6854/80 serem levantados de forma administrativa.

Tão logo procedimentalizado o inventário, ocorrido o despacho inicial, reconhecido estando o ato petitório, já superado a vista ao Ministério Público, para manifestações, o Magistrado competente designara o inventariante, que logo deverá apresentar as primeiras declarações.

OBS.: Prazo para a apresentação das primeiras declarações – 10 Dias.

OBS.: O magistrado em qualquer momento do processo poderá aumentar o lapso temporal para cumprimento de despachos. Não o diminuirá, pois nada pode dentre o processo prejudicar as partes envolvidas.

Vocação hereditária

Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Quando da sucessão testamentária podem suceder as pessoas jurídicas.

O patrimônio de uma pessoa, enquanto viva estiver, pode ser dividido em duas metades, a legítima e a metade disponível. Só existira relevância presentes estando herdeiros necessários.

A herança é um todo unitário, ou monta em 100% líquida, não havendo cônjuge e seu direito a meação, ou monta em 50% com a legítima existindo a meeira.

OBS.: O testador poderá dispor de bens em testamento não prejudicando a meeira e nem os herdeiros necessários, com direito a legítima. Caso ocorrendo este será anulado de pleno direito.

São herdeiros necessários o cônjuge sobrevivente, os descendentes e ascendentes.

A legítima é o “mont mor” (todo unitário – herança), que será transmitida de imediato aos herdeiros necessários, quando a sua vocação hidrataria, salvo exceções.

Inicialmente chama-se a suceder o cônjuge, logo em concorrência com os descendentes, não havendo, com os ascendentes, após os colaterais, ainda respeitando o direito de representação.

OBS.: Não havendo cônjuge, chama-se primeiro, respeitando a ordem, o descendente, depois ascendente, logo o colateral e posteriormente os por direito de representação.

Representação existirá quando, o herdeiro necessário de um falecido, falecer, e seus filhos serem chamados para herdarem o que foi herdado pelo mesmo.

OBS.: Não havendo cônjuge o testador poderá dispor de 50%, salvando e protegendo a legítima dos herdeiros necessários.

OBS.: Caso não existam herdeiros necessários e cônjuge sobrevivente, poderá o testador dispor de toda a herança, a quem convier.

De fato e de direito respeita-se a ordem de vocação hereditária a disposta do Artigo 1.829 do C.C., sendo: 1. descendentes, concorrendo com o cônjuge; 2. ascendentes, concorrendo com o cônjuge; 3. o cônjuge; 4. os colaterais.

OBS.: Entre os descendentes, os em grau mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação.

OBS.: Concorrendo o ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocara um terço da herança; cabendo-o a metade se existir apenas um só ascendente.

OBS.: Não há diferença entre irmãos unilaterais e bilaterais.

O direito de herança é resguardado a todos os herdeiros (Proteção Constitucional).

Havendo concorrência com o cônjuge, a este será resguardado sempre ¼ da Herança.

Transmissão da herança

A herança transfere de imediato aos herdeiros necessários, caso não existindo, nem mesmo havendo colaterais e o cônjuge, os bens deixados pelo falecido serão arrecadados pelo município, ainda sendo respeitado a disposição de testamento válido, caso este não ferir os direitos da legítima dos herdeiros necessários.

QUESTÕES:

01- Ricardo Prates casado sob o regime de comunhão parcial de bens é viúvo de Maria de Fátima, que faleceu em 2005. Na constância do casamento adquiriu com a esposa 5 bens imóveis. Ricardo mora em um dos bens, sendo que os demais estão alugados rendendo a quantia total de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Foram concebidos 6 filhos. Até a presente data, todos são menores de 18 anos e estão na guarda do genitor. A viúva era servidora pública estadual e recebia um salário mensal de R$ 3.000,00 (três mil reais). Diante a situação de fato, constituído como advogado, como resolver o fato do falecimento da Sra. Maria de Fátima? Fundamente sua resposta.

02- Diante do primeiro casal: Cíntia e Leonardo, casados sob o regime da comunhão universal de bens no ano de 1980, conceberam 4 filhos. Diante do segundo casal: Tavares e Gabriela, casados sob o regime da comunhão parcial de bens no ano de 1978, conceberam 2 filhos. Um dos filhos do primeiro casal adquiriu matrimônio com um dos filhos do segundo casal, sendo o casamento

disposto sob o regime de comunhão de separação de bens. No entanto, depois de 2 anos de casamento, o casal faleceu simultaneamente em um acidente automobilístico. Confirmado esta que os nubentes adquiriram antes do casamento cada, um bem imóvel, e na constância do casamento adquiriram 2 bens imóveis. Com o falecimento do casal como proceder o inventário? Quem será chamado a suceder? De que forma será disposta a herança? Serão abertos quantos inventários? Na mesma situação, e se o regime de bens do casal fosse o de comunhão parcial de bens, como proceder o inventário? Fundamente sua resposta.

03- João e Maria, casados sob o regime da comunhão parcial de bens, conceberam uma filha. Adquiriram 10 bens durante os 20 anos de união. Fato é que João faleceu em 2002 e Maria faleceu em 2005. A filha do casal possui a idade de 18 anos e deseja realizar o inventário dos bens deixados pelos pais falecidos. No entanto é constatado que João realizou testamento público, onde dispôs de um bem dentre os que detinha a um legatário. Mais, Maria também testou e dispôs de um outro bem diverso do disposto de João a um legatário diferente do indicado por João. Ainda foi constatada uma dívida contraída pelo casal, que monta em R$ 100.000,00 (cem mil reais). Como advogado constituído, como proceder o inventário do casal? Qual sucessão seguir, legítima ou testamentária? Os testamentos são nulos? Fundamente sua resposta.

04- Patrick e Karla, casaram em 1983. Faleceram em janeiro de 2008. Adquiriram na constância do casamento 3 bens. Conceberam uma filha em 1985, que se encontra desaparecida em lugar não encontrado e não sabido desde 2003. Não foi aberta sucessão provisória da filha desaparecida. No entanto, Patrick e Karla, possuem irmãos e estes abriram a sucessão dando início ao inventário. Ocorrendo o inventário por via judicial, os bens foram partilhados entre os herdeiros, sendo que a sentença fora exaurida no ano de 2011. Ocorre que a filha do casal foi encontrada por parentes. Esta indignada com o que fora realizado pelos tios, constituiu advogado na forma da lei. Este advogado é você. Como procurador constituído, resolva o problema desta filha? Contudo como resguardar seus direitos? Fundamente sua resposta.

Resumo - Aula 06

Competência para a sucessão

Como regra geral, a sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

O juiz que receber o pedido de abertura da sucessão, não sendo o competente, remeterá ao juízo competente.

Havendo conflito de competência o primeiro que receber procedimentalizará o inventário.

Capacidade Sucessória ativa e passiva

Serão chamados a suceder, após aberta a sucessão, as pessoas físicas, englobando os herdeiros necessários, os colaterais, e os por representação.

OBS.: Logo após aberta a Sucessão Legítima, quando da chamada dos sucessores, a pessoa jurídica não pode concorrer a herança. Esta somente concorrerá se testamentária for, disposto em testamento válido.

OBS.: A pessoa jurídica pode tão somente ser testamentária ou legatária, dentre uma sucessão de herança.

A capacidade ativa é o poder solene que os herdeiros necessários, testamentários, e por representação possuem para abrir a sucessão do autor da herança.

OBS.: Autor da herança é o falecido.

OBS.: A pessoa jurídica possui apenas capacidade passiva, salvo exceção de ser a única a receber a herança.

OBS.: O Ministério Público possui legitimidade para abrir a sucessão quando ausente estiverem os herdeiros ou inexistentes forem.

OBS.: O credor poder requerer a abertura da sucessão do falecido.

Vocação Hereditária

O chamamento dos sucessores é feito de acordo com a ordem seqüencial denominada pela ordem de vocação hereditária, respeitando a relação preferencial de cada herdeiro, tudo procedimentalizado na Sucessão Legítima.

Legitimam-se a suceder por ordem de vocação hereditária, as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão.

OBS.: São resguardados os direitos do nascituro.

OBS.: Havendo testamento válido podem ser chamados a suceder, os filhos ainda não concebidos e as pessoas jurídicas.

OBS.: Testado e disposto à nascituro, e caso este não for concebido dentre dois anos, o que lhe caberia volta ao todo unitário.

Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: quem escreveu o testamento, seu cônjuge e parentes afins, as testemunhas do testamento, o indigno, o deserdado, o tabelião.

OBS.: São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder.

A herança cabe aos herdeiros necessários e testamentários.A ordem da vocação hereditária, resume-se: 1. Descendente mais

cônjuge; 2. Ascendentes mais cônjuge; 3. Somente o cônjuge; 4. Colaterais até o quarto grau.

Dizeres Gerais sobre Vocação Hereditária- É resguardado a meação ao cônjuge sobrevivente, salvo se o regime é do separação obrigatória de bens.

- O cônjuge somente terá direito a herança, caso não estiver separado judicialmente, ou separado de fato por dois anos.

- É resguardado o Direito de Habitação ao cônjuge sobrevivente não importando o regime de bens.

- O cônjuge em concorrência com os descendentes terá resguardado ¼ da herança, além da meação.

- Entre os descendentes os de grau mais próximos exclui os mais distantes, salvo os por representação.

- Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.

- Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

- Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas.

- Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna.

Ex.: Tios – avós.OBS.: Não há diferente entre irmãos unilaterais e bilaterais, consangüíneos ao falecido.

IMPORTANTE: Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal.

Ressaltam-se quanto ao companheiro (a), os dizeres do artigo 1.790 C.C.:Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

Exclusão do herdeiro ou do legatário, por indignidade

Os considerados indignos são excluídos da sucessão, seja legítima ou testamentária.

A indignidade é uma espécie de incapacidade sucessória que priva uma pessoa de receber a herança.

Mesmo possuindo direito de herança garantido constitucionalmente, o herdeiro se indigno for considerado, provável sendo a situação, estará ele impossibilitado de herdar os bens deixados pelo falecido.

Quando o herdeiro for declarado indigno este estará recebendo uma penalidade civil, e jamais criminal, simplesmente perderá seu direito, mas não sua vocação hereditária.

Porque então do fato de não perder sua vocação hereditária?O herdeiro declarado indigno perderá a herança, porém seus

ascendentes ou descendentes não a perderá. Será possível os mesmos por representação receber a herança que cabia ao índigo.

OBS.: Concluí-se que a pena de indignidade só alcançará o indigno, podendo ser representado por seus sucessores, como se morto fosse (Direito de Representação).

OBS.: Os efeitos da exclusão são pessoais.

OBS.: Estende-se a indignidade ao companheiro, ou ao unido estavelmente.

Como o herdeiro pode ser declarado indigno, o legatário também poderá, e este perderá os direitos adquiridos com o ato de última vontade, feito pelo testador falecido.

A legislação vigente exclui por indignidade os herdeiros ou legatários que: 1. Houverem sido autores, co-autores ou partícipes em crime de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra as pessoas de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; 2. Houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança, ou incorreram em crime contra sua honra (calúnia, difamação e injúria), ou de seu cônjuge ou companheira(o); 3. Por violência ou fraude, a inibiram ou obstaram o autor da herança de livremente dispor dos seus bens por ato de última vontade.

OBS.: O indigno não poderá usufruir dos frutos da herança, ou de quaisquer direitos advindos dela. Exemplo: Usufruto.

OBS.: O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles.

A indignidade poderá ser declarada tão somente, por sentença (Artigo 1.815 C.C.), em ação ordinária, movida por quem tenha interesse na sucessão, no prazo de 04 anos sob pena de decadência, a contar da abertura da sucessão.

OBS.: Os efeitos da sentença declaratória retroage no tempo, o efeito é “Ex Tunc”, tudo volta à data da abertura da sucessão, considerando o indigno como pré-morto ao “de cujus”.

São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos.

IMPORTANTE: PERDÃO AO INDIGNO. O ofendido poderá reabilitar o indigno, desde de que faça de forma expressa, em testamento ou outro ato autêntico, como por exemplo Escritura Pública de Declaração (Artigo 1.818 C.C.).

OBS.: Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária.

Situações hipotéticas

01- Emerson Alves, nascido no ano de 1983, casou-se sob o regime da comunhão parcial de bens com Ana Maria no ano de 2006. Reside na cidade de Jaraguá-GO. Sabe-se que Emerson antes de casar, era possuidor de 2 bens imóveis. Depois que casou-se, em conjunto com Ana Maria, adquiriu 1 bem imóvel. Entretanto, no ano de 2010, faleceu em um acidente náutico na cidade de Abadiânia-GO. Todavia, foi confirmado, que mesmo o acidente acontecendo no Lago Corumbá IV, onde Emerson perdeu as duas pernas, a sua morte foi confirmada na cidade de Anápolis, Goiás, pelo Dr. Luiz CRM. Diante a situação acima, responda de forma fundamentada as problemáticas abaixo:

a) Foi aberta a sucessão de Emerson em Anápolis-GO, todavia o juízo da Vara de Família, levantou a incompetência do foro, e remeteu os autos para Jaraguá. Como resolver o conflito de competência para a abertura da sucessão?

b) Sabendo que Emerson tem sua mãe falecida, e que ainda possui o pai, existindo a cônjuge Ana Maria, quem possui capacidade ativa para mover a abertura da sua sucessão?

c) Diante a situação, como acontecerá o chamamento à sucessão quanto a vocação hereditária? Como será partilhado os bens deixados por Emerson?

d) Sabe-se que Emerson tinha uma concubina, que dependia financeiramente dele deste o ano de 2009, quais direitos de herança terá a concubina?

02- Felipe Alves é casado sob o regime da separação de bens com Cristina Silva, desde o ano de 2000. Na constância do casamento Felipe adquiriu duas SCANIA(s), uma ano 2001, outra 2002, cada uma no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). O casal possui 5 filhos todos menores. Sabe-se que antes de contrair o casamento com Cristina, Felipe já possuía dois filhos, hoje maiores. Contudo, Felipe faleceu em janeiro de 2012. Procurado por Cristina, como proceder o inventário de Felipe? Fundamente sua resposta.

03- Tem conhecimento que no ano de 2000, Fabrício, brasileiro, maior, capaz, com 52 anos de idade, casado sob o regime da comunhão parcial de bens com Susy, insatisfeito com a opção sexual do seu filho Tico, desejoso de declará-lo indigno a receber sua herança, procurou um advogado e este o encaminhou a um cartório, onde foi lavrado ato público de indignação, onde consta que o filho por declaração do pai, não poderá receber a herança que possuí valor global de 1 milhão de reais. Contudo, em 2005, Fabrício faleceu, deixando sua esposa Susy, e o filho Tico com 16 anos de idade. Procurado para assessorar a família, como proceder o inventário de Fabrício. Fundamente sua resposta?

04- Victor e Maria Clara casaram-se no ano de 1969, sob o regime da comunhão universal de bens. Conceberam 4 filhos, e adquiriram 3 bens imóveis e 2 bens

móveis. Sabe-se que um dos filhos do casal, de nome Felipe caluniou e difamou seu pai em público, levando-o a ridículo no ano de 1990. Contudo na época nada foi aberto contra o filho por conta do pai que o perdoou. Entretanto, Victor faleceu no ano de 2000. Fato é que, a filha Joana, procurou um advogado para a abertura da sucessão do seu pai, e o disse sobre a calúnia e difamação, confirmada por Boletim de Ocorrência, acometida contra seu pai. Como advogado constituído como proceder o inventário de Victor? Fundamente sua resposta.

Resumo - Aula 07

Procedimentos para a abertura da herança

Quando aberta a sucessão, seja legítima ou testamentária, o herdeiro deverá aceitar a herança de forma expressa ou tácita, ou deverá apresentar de forma expressa a renúncia da mesma.

O herdeiro que não se manifestar voluntariamente, poderá ser citado (Juiz/Estado), para que no prazo de 30 dias (regra geral) manifeste. Permanecendo inerte, será presumida a sua aceitação, porém jamais sua renúncia.

OBS.: Quando do ato petitório inicial, o advogado deve apresentar se há o aceite ou a renúncia dos herdeiros, posto que, assim protegerá seu cliente, evitando a morosidade da procedimentalização do pleito sucessório.

Aceitação da Herança

O herdeiro seja necessário, colateral, testamentário, legatário, ou por representação deve manifestar o desejo de receber a herança que lhe é transmitida no ato da abertura da sucessão.

A aceitação é o ato jurídico unilateral exclusivo de quem possui vocação hereditária (Legítimo ou Testamentário).

O ato do aceite deve ser sobre um todo, pois não poderá ser aceita a herança parcialmente.

OBS.: A herança também não pode ser colocada a condição ou a termo, salvo quando em ato de última vontade (testamento).

A aceitação da herança deve ser pura e simples, realizada de forma tácita (atos compatíveis com a qualidade do herdeiro) ou expressa (ato por escrito público ou particular).

O ato da aceitação também pode ser presumido, pois o herdeiro legítimo ou testamentário, que se cala, e não se manifesta após a citação ou notificação, tem declarado o seu aceite da herança.

Uma vez aceita a herança, não mais pode ser renunciada.

OBS.: Caso aja herdeiro sem vocação hereditária que tenha aceito a herança, esta será revogada, por ilegitimidade de parte.

Renúncia da herança

É ato unilateral, personalíssimo. É ato exclusivo do herdeiro legítimo ou testamentário, que após realizado tem caráter irretratável e irrevogável.

A renúncia, como regra geral, deve ser feita quando da abertura da sucessão, todavia pode ocorrer até a partilha. Não pode ser realizada parcialmente, somente sobre um todo.

OBS.: Quando renunciada a herança em qualquer fase do processo de Inventário, os efeitos retroagem à data da abertura da sucessão (“ex tunc”).

A renúncia deve ser declarada pelo herdeiro de forma expressa (ato público ou particular), não podendo ser confirmada de forma tácita ou presumida.

O ato da renúncia é solene, devendo ser feito por meio de Escritura Pública (Tabelião) ou por termo nos autos (Juiz-Estado).

OBS.: O herdeiro jamais renuncia em favor de outrem, pois quando há o desejo de beneficiar alguém, o herdeiro deve realizar ato próprio, ou seja, a cessão de direito hereditário.

Quando formalizada a renúncia, o que cabia ao herdeiro renunciante, recairá no “mont mor”, assim não se repassa a herança renunciada ao herdeiro por representação.

EXCEÇÃO.: Quando ocorrer a renúncia, e não mais existir herdeiros legítimos e testamentários, os sucessores do renunciante podem receber a herança.

Sendo que, a herança renunciada acresce a dos demais herdeiros (legítimos) que aceitarem a herança.

Fato que, uma vez renunciada a herança, esta é pura e simples, abdicativa, não incidindo no ato tributação de ITCDM ou ITBI.

Deve atentar-se o profissional do direito que a renúncia válida é aquela realizada por pessoa física, maior e capaz.

EXCEÇÃO.: Pode renunciar o incapaz, por meio do seu representado legal (Curador/Tutor), autorizado pelo Juiz/Estado/Ministério Público.

OBS.: Se o renunciante for casado, dependerá da outorga marital ou uxória, pois o direito a sucessão é considerado bem imóvel.

OBS.: O renunciante da herança, pode aceitar o legado.

Uma vez renunciada a herança, os credores do falecido com autorização judicial podem aceitá-la. O credor tem o prazo de 30 dias para aceitar a herança renunciada.

Cessão da herança

Resumidamente, aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros, de tal maneira que estes possam efetuar a alienação desse direito através de cessão, antes ou no curso do inventário, desde que inexista a cláusula testamentária de inalienabilidade.

Entende-se por cessão de direitos hereditários a transmissão de todo ou parte do quinhão hereditário que compete, após a abertura da sucessão, ao herdeiro legítimo ou testamentário. É feito por ato inter vivos, gratuita ou onerosamente, ao co-herdeiro, que possui o direito de preferência, ou a terceiro interessado (comprador do direito hereditário).

A cessão ocorrerá por ato público ou particular. Podendo ser realizado via judicial, por autorização do Juiz/Estado, ou por Escritura Pública, guarnecida pela fé pública do Tabelião/Estado.

A cessão é onerosa se realizada em Tabelionato de Notas, devendo ser obrigatório o recolhimento do ITBI (Imposto de Transmissão “inter vivos’’).

É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.

Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade, isso se o inventário estiver em trâmite judicial.

O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto.

O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão.

Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.

Situações hipotéticas

01- Felipe Martins e Andréia Silva, casaram no ano de 1966. Faleceram em 2002. Na constância do casamento conceberam 3 filhos (João, Éder, Maria), e adquiriram 3 bens imóveis. Sabe-se que João faleceu em 2003, era solteiro, e concebeu três filhos. Fato é que foi aberta a sucessão apenas agora, no ano de 2012. Entretanto, Éder em 2008 renunciou a herança por meio de ato expresso. Maria em 2009 cedeu seus direitos hereditários ao interessado Leandro. Como advogado constituído como proceder a abertura da sucessão dos falecidos Felipe e Andréia? Fundamente sua resposta.

02- André e Sandra faleceram em janeiro de 2012. Conceberam 3 filhos (Ana, Tina, Fred). Ana casou-se, divorciou-se. Tina faleceu em 2008, era casada sob o regime da comunhão parcial de bens com Tião e concebeu 1 filho de nome José (hoje com 18 anos de idade). Fred, solteiro, tem 5 filhos. Diante a situação hipotética responda de forma fundamentada os questionamentos abaixo:

a) Tina antes de falecer renunciou a herança dos pais. A situação é válida?

b) Fred, solteiro, com 5 filhos após aberta a sucessão renunciou a herança. Como proceder a sucessão legítima de André e Sandra?

c) O filho de Tina em fevereiro de 2012, cedeu seus direitos hereditários para Leonardo (interessado). Houve o consentimento dos demais co-herdeiros. Leonardo cedeu novamente o quinhão a Frederico. Que tão logo cedeu a Joana. Todos os herdeiros aceitaram a herança, de forma tácita. Como proceder a sucessão legítima de André e Sandra?

d) Todos os herdeiros aceitaram a herança, de forma tácita. Como proceder a sucessão legítima de André e Sandra?

e) Não havendo cessão de direitos, outrossim, havendo a renuncia de todos os herdeiros, Ana, José e Fred, e existindo bens a serem inventariados de André e Sandra, como proceder a sucessão legítima de André e Sandra?

Resumo - Aula 08

Direito de Acrescer e Substituições

Havendo a declaração de indignidade, renúncia e deserdação do herdeiro, o que lhe cabia será acrescido aos demais herdeiros em iguais quinhões.

OBS.: Quando há cessão de herança, esta não é acrescida a algum herdeiro, este onerosamente compra o respectivo quinhão hereditário, devendo haver o recolhimento do ITBI (tributo municipal).

OBS.: A cônjuge não cederá a meação, poderá sim vender a meação que lhe é por direito.

OBS.: Deverá ser observado se há cláusulas dispositivas resolutivas tempestivas, dispostas em inventário, pois caso aja o co-herdeiro ou co-legatário não terá o direito de acrescer.

A substituição hereditária ocorre quando há existência do ato de última vontade (testamento). Não poderá haver na sucessão legítima pura e simples.

O testador, quando do seu ato de última vontade, dispõe, determinando que o testado, o herdeiro nomeado em primeiro lugar, poderá chamar outro a substituí-lo.

Pode ainda o testador fazê-la prevendo a hipótese do herdeiro ou o legatário não aceitar ou não poder aceitar a herança, assim nomeando-lhe substitutos.

OBS.: Não deve conter vícios no testamento para que seja válido a substituição.

Existe as seguintes substituições: Vulgar ou Ordinária; Fideicomissária; Compendiosa.

A substituição vulgar ou ordinária ocorre quando o testador designa uma ou mais pessoas para ocupar o lugar do herdeiro ou legatário que não quiser ou não pude aceitar o benefício, podendo ser simples (um só designado); coletiva (mais de um substituto); e recíproca (podendo designar a uma pessoa estranha).

Substituição Fideicomissária é a substituição indireta, ocorrendo quando da morte do herdeiro ou legatário com a obrigação ou o benefício, a certo tempo ou condição preestabelecida, transmiti-se a herança a uma outra pessoa. Há uma vocação dupla, direta ao enquanto vivo, e indireta a quem ira substituí-lo.

Substituição Compendiosa é um misto da vulgar e a fideicomissária, ocorrendo quando o testador prevendo que um ou outro não queira aceitar ou não possa aceitar a herança ou o legado, este deve ser substituído.

Deserdação

A deserdação ocorrerá quando o “de cujus” exclui da sucessão algum herdeiro necessário.

Transparecido está que ocorrerá sobre herdeiros necessários tão somente, sendo ato unilateral do falecido, feito em vida por ato de última vontade.

As causas da deserdação além das que autorizam a indignidade são: ofensa física; injúria grave; relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da neta; desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade do falecido.

OBS.: Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em testamento.

OBS.: O direito de provar a causa da deserdação extingue-se no prazo de quatro anos, a contar da data da abertura do testamento.

OBS.: A deserdação ocorrerá por ato de última vontade; porém deve da mesma forma que quando da ocorrência da indignidade, mover o interessado ação ordinária declaratória contra o possível deserdado, tudo no Estado/Juiz.

Os efeitos da deserdação são pessoais, atingem o herdeiro excluído, como se ele morto fosse, assim podem herdar por representação seus descendentes, ante o caráter personalíssimo da pena civil.

OBS.: A distinção entre deserdação e indignidade, finda: A deserdação refere-se quando da existência de testamento, servindo apenas para privar da herança os herdeiros necessários; já a indignidade refere-se tanto à sucessão testamentária, quanto a legítima, e nunca é declarada em testamento.

Abertura do Testamento

Quando há testamento, este deve ser aberto em autos separados do inventário.

O juízo competente para a abertura do testamento é o do foro onde foi realizado a certidão de óbito.

OBS.: Independe da abertura da sucessão a abertura do testamento, podendo este ser aberto antes ou depois da sucessão legítima.

O testamento deve ser aberto, registrado, cumprido e arquivado. O Estado/Juiz em conjunto com o Ministério Público, verificará nulidades relativas e absolutas, tão logo, o declarará nulo, caduco, ou válido, que no caso especifico será cumprido conforme foi disposto pelo testador.

O testamento, seja Público, Particular ou Cerrado, será aberto sob jurisdição contenciosa, todavia seguirá procedimentalização especial.

Do trâmite da abertura do testamento (Artigo 1.125 ao 1.129, CPC):1. Ao receber o ato petitório de abertura, o juiz após verificar se está intacto (cerrado), o abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença de quem o entregou;2. Lavrar-se-á em seguida o ato de abertura que, rubricado pelo juiz e assinado pelo apresentante, mencionará: data e o lugar em que o testamento foi aberto; nome do apresentante e como houve ele o testamento; data e o lugar do falecimento do testador; qualquer circunstância digna de nota, encontrada no invólucro ou no interior do testamento;3. Conclusos os autos, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público, mandará registrar, arquivar e cumprir o testamento;4. Feito o registro, o escrivão intimará o testamenteiro nomeado a assinar, no prazo de 5 (cinco) dias, termo de responsabilidade, caso não aja, será nomeado um dativo.

OBS.: O juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer interessado, ordenará ao detentor de testamento que o exiba em juízo para os fins legais, se ele, após a morte do testador, não se tiver antecipado em fazê-lo.

OBS.: Não sendo cumprida a ordem, proceder-se-á à busca e apreensão do testamento, de conformidade com o disposto nos Artigos 839 a 843 do C.P.C.

Situações hipotéticas

01- Marta, brasileira, viúva, nascida em 1934, nunca se casou. No ano de 1964, concebeu uma filha, por nome Jéssica, logo no ano de 1969, concebeu outra filha, por nome Ana Maria. Entretanto filhas unilaterais, de pais diferentes. Jéssica filha de João Marcos, e Ana Maria filha de Pedro Paulo. Sabe-se que no ano de 1989, Jéssica fora morar na França, e desde então não mais procurou pela mãe, vistos até o ano de 2009, quando Marta faleceu, tendo como causa mortes um câncer raríssimo. Tomou-se conta que a enfermidade acometeu Marta inicialmente no ano de 1985, sendo que a mesma necessitou de cuidados de suas filhas. Contudo, apenas a filha Ana Maria cuidou da mãe desde o descobrimento da doença até a sua morte, sendo que a filha Jéssica negou-se a cuidar da própria mãe, e para evitar de manter seus cuidados decidiu abandonar a família sem justa causa e ir morar no exterior. Marta ao longo da vida, como analista do TRE-GO, adquiriu 3 bens imóveis, 2 bens móveis, e ações da Petrobrás, acumulando um patrimônio não inferior a R$ 800.000,00 (oitocentos mil) reais. No ano de 1989, Marta fez um testamento público, onde dispôs que deserdava a filha Jéssica pelo abandono em sua doença. Com o falecimento de Marta, a filha Jéssica retornou ao Brasil, para herdar o que a mãe deixou. Sendo contratado por Ana Maria, como proceder a abertura da sucessão? Como defender seus direitos diante Jéssica? Como serão partilhados os bens deixados por Marta? Responda de forma fundamentada.

02- Pedro e Renata, casados sob o regime da comunhão de bens, antes da CF de 1988, faleceram no ano de 2005, em um acidente automobilístico. Conceberam juntos 6 filhos (Sara, Trícia, José, Henrique, Cleber, Carla), sendo que, quando do falecimento todos estavam vivos, sendo todos casados sob o regime da comunhão universal de bens. O casal falecido adquiriram na constância do casamento 8 bens móveis, acumulando um patrimônio de R$ 900.000,00 (novecentos mil) reais. Sabe-se que quando da investigação do acidente, descobriu-se que a filha Sara em conjunto a seu esposo, estavam diretamente envolvidos com o sinistro, ponto que foi constatado que os mesmos tinham esvaziado os pneus do carro, sabendo que o casal iria usá-lo, sendo comprovado que a causa do acidente foi ocasionada pelo dano nos pneus. Cleber descobre depois de muitas conversas com a irmã mais velha Trícia, que seus pais realizaram testamento cerrado, e este está de posse do filho Henrique. Sabe-se que neste testamento o casal deserda a filha Carla, por injúria grave contra os mesmos. O filho José diante a situação de caos que se encontra sua família, contrata você como advogado para a realização do inventário dos pais. Como advogado constituído como proceder a sucessão? Como será apresentada a partilha? Como será resguardado os direitos dos filhos Trícia, José, Henrique, Cleber? Responda de forma fundamentada.

Resumo - Aula 09

Levantamento de bens

Logo após o falecimento, sendo declarado o óbito e tão logo sendo lavrado em livro próprio a certificação do óbito, os herdeiros na pessoa do inventariante realizarão o levantamento dos bens deixados pelo falecido, para formação da herança.

OBS.: Não havendo a denominação do inventariante, poderá qualquer herdeiro realizar o levantamento dos bens deixados pelo falecido.

A quem couber o dever de levantar os bens, deve lembrar-se que são bens suscetíveis de serem inventariados: Bens Imóveis, Bens Móveis, Bens Semoventes, Créditos. Devendo ser considerados os bens comuns e particulares.

OBS.: Não são levantados, para a composição do todo unitário: pensão alimentícia, pensão IPASGO, pensão INSS, frutos, usufrutos, arrendamentos, passagem de água, servidão de quaisquer naturezas.

Sucessão de Descendente

Conforme vocação hereditária, estabelecida no Artigo 1.829 C.C., a primeira linha chamada ao processo de inventário para suceder são os descendentes, sendo que os mais próximos excluem os mais remotos. São herdeiros descendentes os filhos concebidos pelo falecido, não havendo diferenciação entre filhos unilaterais e bilaterais.

Ocorrendo o falecimento do filho do “de cujus”, por exemplo os netos, serão chamados a representar o falecido. Importante recordar que somente há representação na linha reta descendente.

O descendente poderá concorrer com o cônjuge, se este sobrevivente, e casado sob o regime da comunhão parcial ou total de bens, relembrando que caberá neste caso específico ao cônjuge o seu direito a meação, salvo se o regime de bens não o permitir (Separação obrigatória de bens).

Atentar-se ainda para quando existirem bens particulares, estes não serão partilhados com o cônjuge, apenas com os herdeiros necessários.

Sucessão de Ascendentes

São herdeiros ascendentes: os pais do falecido, herdeiros em primeiro grau. Não haverá representação nesta linha de sucessão.

Os ascendentes serão chamados a sucederem quando não existirem descendentes.

Jamais haverá concorrência entre ascendentes e descendentes.Poderá, no entanto, haver concorrência do ascendente com o

cônjuge sobrevivente. Havendo será transmitido aos ascendentes a metade e a outra metade ao cônjuge.

Concorrendo o cônjuge com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.

Sucessão de Colaterais

São herdeiros colaterais: os irmãos do falecido. Somente os irmãos, podendo haver representação do irmão falecido do “de cujus”.

OBS.: A representação não caberá em linha reta ascendente, cabendo em linha descendente e colateral. Ainda não poderá ocorrer quando o herdeiro renunciar, ou seja, os descendentes do renunciante não podem suceder, representando-o.

OBS.: Herdeiro colateral não concorre com cônjuge sobrevivente, pois caso havendo cônjuge e não havendo descendentes e ascendentes, este recebe a integralidade da herança.

Inventariante

Aberta a sucessão legítima, ocorrido o despacho inicial (Estado-Juiz), reconhecido estando o ato petitório, já superado a vista ao Ministério Público, para manifestações, ao Magistrado competente designar o inventariante, que logo deverá apresentar as primeiras declarações.

Qualquer herdeiro poderá ser designado inventariante, preservando inicialmente ao cônjuge o direito, este não podendo ou impedido, aos herdeiros necessários será dado o cargo de inventariante, preferencialmente repassado ao filho mais velho.

Poderá ser inventariante o testamenteiro não havendo herdeiros necessários e colaterais.

O Inventariante após prestar seu compromisso, formalmente, apresenta as primeiras declarações no prazo de 20 dias, conforme determina o Artigo 993 C.P.C., lavrando termo circunstanciado, assinado pelo juiz e pelo escrivão.

Incumbe ao inventariante (Artigo 991 e 992 C.P.C.)

Art. 991. Incumbe ao inventariante

I - representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, observando-se, quanto ao dativo, o disposto no art. 12, § 1º;

II - administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência como se seus fossem;

III - prestar as primeiras e últimas declarações pessoalmente ou por procurador com poderes especiais;

IV - exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos relativos ao espólio;

V - juntar aos autos certidão do testamento, se houver;

Vl - trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou excluído;

Vll - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz Ihe determinar;

Vlll - requerer a declaração de insolvência (art. 748).

Art. 992. Incumbe ainda ao inventariante, ouvidos os interessados e com autorização do juiz:

I - alienar bens de qualquer espécie;

II - transigir em juízo ou fora dele;

III - pagar dívidas do espólio;

IV - fazer as despesas necessárias com a conservação e o melhoramento dos bens do espólio.

Remoção do inventariante (Artigo 995 C.P.C.)

Art. 995. O inventariante será removido:

I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras e as últimas declarações;

II - se não der ao inventário andamento regular, suscitando dúvidas infundadas ou praticando atos meramente protelatórios;

III - se, por culpa sua, se deteriorarem, forem dilapidados ou sofrerem dano bens do espólio;

IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, deixar de cobrar dívidas ativas ou não promover as medidas necessárias para evitar o perecimento de direitos;

V - se não prestar contas ou as que prestar não forem julgadas boas;

Vl - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio.

OBS.: Requerida a remoção, será intimado o inventariante para, no prazo de 5 (cinco) dias, defender-se e produzir provas.

OBS.: O incidente da remoção correrá em apenso aos autos do inventário.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA

01- Romário Lemes, brasileiro, solteiro, faleceu em data de 18/09/2005. Adquiriu 2 (dois) bens imóveis e 1 (um) bem móvel). Romário não possuía ascendente, porém concebeu um filho por nome João Carlos Maia. Entretanto, João faleceu em 12/08/1999, e não deixou filhos. No entanto, Romário deixou 10 irmãos, sendo que destes, no caso, o irmão Frederico Paiva, solteiro, faleceu em 17/10/2009, deixando um filho, Josmar Silva Paiva, brasileiro, solteiro, que, todavia faleceu em uma acidente em 16/01/2011, deixando um filho por nome Juca Barreira, brasileiro, casado sob o regime da comunhão universal de bens com Maria Rita. Contratado para a realização do inventário, como proceder a abertura? Quem será designado inventariante, e quais suas obrigações quanto ao inventário? Como será partilhado os bens deixados pelo falecido? Fundamente sua resposta.

Resumo - Aula 10

Inventário

Inventário é o procedimento de formalização da transmissão dos bens do espólio aos sucessores. É o meio tradicional ou propriamente dito para o acontecimento da sucessão legítima, sendo permeada por processo completo de jurisdição contenciosa, ocorrendo sua procedimentalização nas Varas de Família e Sucessões.

Havendo o falecimento de pessoa física será aberta a sucessão legítima, dando assim início ao procedimento de Inventário.

Em apenso poderá ocorrer a sucessão testamentária que se finalizará por sentença. Ainda ocorrerá se necessário ação declaratória de deserdação e indignidade, que logo também serão finalizadas por sentença.

Existindo a certidão de óbito, está será a prova maior a ser anexada ao ato petitório para a procedimentalização do inventário.

Os herdeiros necessários, o cônjuge, os colaterais, por representação, testamentários e possíveis requerentes dotados de vocação hereditária darão início ao processo de abertura através de pedido de abertura tudo encaminhado ao poder judiciário local, respeitando o foro competente que és o do domicílio de falecimento do autor a herança.

A parte ativa do processo de inventário deve está assistido por advogado, pois este é imprescindível para a realização do inventário. Tão logo faz necessário a realização da procuração, e esta vira a dar poderes suficientes para o advogado constituído a dar seguimento do inventário até o seu final, o qual seria a sentença e expedição dos formais de partilha.

Procedimentalização do Inventário1. Pedido de abertura de inventário – Documentos necessários: Certidão de Óbito; RG e CPF dos herdeiros; Certidão de Casamento dos herdeiros; Certidão de propriedade dos bens deixados pelo falecido e procuração “Ad Judicia”.OBS.: Na petição inicial deverá conter: Assinatura do advogado constituído; valor da causa, condizente com o valor dos bens deixados pelo espólio; pedido de designação do inventariante; pedido de citação do Ministério Público e da Fazenda Pública.3. Logo ocorrerá o despacho inicial do poder judiciário e repassados serão os autos caso não seja necessário a emenda da inicial, para o representante do Ministério Público, que apresentará parecer ministerial. No despacho o juiz nomeara a inventariante, concedera o pedido de assistência ou requererá o recolhimento das custas processuais, e convocará a inventariante para assinar o termo de compromisso.OBS.: Obrigatoriamente o Juiz de Direito intimara o Ministério Público e a Fazenda Pública, e caso for necessário expedirá citações a herdeiros e interessados.

4. O Estado/Juiz – Juiz de Direito intimará a inventariante para a apresentação das primeiras declarações. Estas deverão conter: A qualificação dos sucessores; a qualificação do espólio; descrição do imóvel; da administração dos bens deixados pelo espólio; certidões negativas dos CPF(s) envolvidos; das dívidas vencidas e vincendas; da assinatura da inventariante e do advogado.OBS.: Esta será homologado ou não pelo Juiz de Direito e logo será repassada para o Ministério Público para vistas ministeriais. Caso não o Juíza ordenará que as emende.5. Logo, ocorrendo o despacho saneador e resolvida todas as diligências do processo o Juiz de Direito intimará a inventariante para realizar o recolhimento do ITCDM.6. Assim, o Juiz intimará o advogado e a inventariante para apresentarem as últimas declarações, estas acompanhadas das certidões negativas federais, estaduais e municipais do espólio, dos herdeiros e dos bens deixados pelo autor da herança, da descrição do imóvel; da administração dos bens deixados pelo espólio; das dívidas vencidas e vincendas; da assinatura da inventariante e do advogado.

7. O Juiz requererá e intimará o advogado para juntar o esboço da partilha, que se homologado esta será confirmada, e tão logo será dado sentença ao processo, e assim serão expedidos os formais de partilha correspondentes aos herdeiros com o direito de receber os quinhões hereditários, que deverão ser registrados nos cartórios correspondentes para promoverem a transmissão da propriedade dos bens deixados pelo espólio.

OBS.: Enquanto não registrado os formas de partilha não ocorrerá a transmissão.

OBS.: A qualquer momento sendo necessário o advogado constituído poderá juntar ao processo de inventário interlocutórias a fim de esclarecer fatos ao Estado/Juiz ou requerer diligências como pedido de alvarás, de citação por edital, de prorrogamento de prazo e etc.

OBS.: Havendo Testamento este é aberto, registrado, publicado, cumprido e arquivado, tudo em apenso ao processo de inventário e caso a sentença reconhecer algum testamentário este receberá seu quinhão no processo de inventário do espólio correspondido.

OBS.: Não havendo bens a inventariar será considerado o Inventário Negativo, sendo realizado para o devido encerramento do CPF do falecido.

Arrolamento de Bens

É uma forma mais simplificada de inventário, com os atos concentrados, prazos reduzidos, mais célere e econômico, onde há o consenso da partilha dos bens deixados pelo falecido pelos interessados, sendo eles maiores e capazes, não importando o valor da herança.

Partilha

A partilha poderá ser apresentada preliminarmente quando houver o consenso dos herdeiros na petição inicial. Outrossim, esta deverá ser apresentada para a homologação do poder judiciário para que aja a expedição dos devidos FORMAIS DE PARTILHA.

A partilha deve ser apresentada pelo inventariante se por arrolamento de bens, caso inventário comum, esta deverá vir subscrita por todos os herdeiros ou sendo apresentada individualmente por cada herdeiro.

A partilha é a atribuição do bem individualizado que compunha o acervo hereditário ao sucessor, em geral, complementa o inventário.

A partilha será judicial quando não há consenso e havendo menores e incapazes (Artigo 2016 CC); será amigável quando haver arrolamento de bens (Artigo 1029 CPC).

OBS.: O Juiz quando receber a partilha a homologará, caso que poderá requerer que seja emendada, logo repassará para ocorrer o parecer ministerial.

Sobrepartilha

É nova partilha nos próprios autos do inventário da partilha inicial, ocorrendo quando nem todos os bens foram partilhados, ou estavam impossibilitados para o ato. Exemplo: bens ocultados, desconhecidos e bens litigiosos.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA

01- Francisco Martins, brasileiro, divorciado, faleceu em data de 14/10/2011. Concebeu no seu primeiro casamento dois filhos, João e Ana. No segundo casamento concebeu três filhos, Helena, Fabrício, Pedro. E ainda no ano de 2000 concebeu com uma namorada uma filha, Carolina. Francisco empresário renomado na cidade de Anápolis, constituiu um patrimônio considerável composto por: 4 bens imóveis, 2 carros, 1 motocicleta, 1 conta corrente com um valor estimado de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), e 1 conta poupança com 10.000,00 (dez mil reais). No entanto, os filhos como foram concebidos de genitoras diferentes não chegaram a um consenso de partilha. Diante a situação a filha Helena, o filho Fabrício e o filho Pedro constituem advogado para a abertura do Inventário de Francisco. Como advogado constituído como proceder a abertura

do inventário? Quais elementos constitutivos deverão conter na petição inicial? Quem deverá ser designado inventariante dos bens bens? Como deverá ser apresentada as primeiras e últimas declarações? Como será apresentado o esboço da partilha? Responda de forma fundamentada.

Resumo - Aula 11

Inventário Via Extrajudicial

A Lei 11.441/2007 alterou a redação do Artigo 982 da Lei 5.869/1973 (Código de Processo Civil), de modo a proporcionar ao ordenamento vigente uma celeridade processual quanto a inventários, separações e divórcios.

Com sua redação, a legislação complementar possibilitou a realização de atos, antes judiciais, agora por via administrativa, utilizando-se da Lei 6.015/1973, por meio da lavratura de escrituras públicas, onde vêem subscritas pelas partes envolvidas e pelo tabelião dotado de fé pública.

Importante é que a lei faculta e não determina, aos herdeiros e aos nubentes, a realizarem o ato via administrativa, podendo realizar-se caso seguidos os requisitos exigidos pelo texto legal.

A realização por meio administrativo propicia uma desburocratização dos atos judiciais, retirando do Estado/Juiz as deliberações repassando ao Tabelião que dotado de fé pública realiza os atos por via escritura não mais sendo necessário sentença exarada pelo poder judiciário.

Particularidades

O Conselho Nacional de Justiça disciplinou a aplicação da Lei 11.441/2007, quanto aos serviços das serventias extrajudiciais notórias e de registro, alicerçados pelo texto legal da Lei 6.015/1973, estabelecendo as diretrizes a serem seguidas, outrossim, mantendo o Devido Processo Legal.

Seguem as principais características do ato extrajudicial:

- As escrituras não dependem de homologação judicial.- São títulos hábeis para registro civil e imobiliário.- Promovem a transferência do direito de propriedade.- Títulos hábeis para registro e levantamento de valores em órgãos como DETRAN, Junta Comercial, Instituições Financeiras (Artigo 3 da Resolução 35/2007 CNJ).- Obrigatoriamente deve existir a assistência de um advogado inscrito na OAB às partes envolvidas.- Apesar de não seguir o Artigo 999 CPC, deve-se estabeler um inventariante, considerado interessado no ato para manter regular todo o processo extrajudicial.

Do processo administrativo

O profissional do direito deve atentar-se que regra ainda é o inventário judicial, contudo, com o advento da Lei 11.441/2007, o legislador pátrio criou uma segunda forma, podendo ser utilizado se presentes os requisitos previstos no texto legal, para o processamento do inventário, do divórcio e da

separação, tudo procedimentalizado em Cartório de Notas, onde ao se lavrar a escritura pública adquirir-se-á título hábil para registro em registro de imóveis e órgãos como o DETRAN e entidades financeiras.

O ato notorial não é facultativo ou obrigatório, existirá e será possível quando seguido o texto legal da Lei 11.441/2007, ou seja, havendo pessoas físicas capazes, maiores, não impedidas, que cumprem de forma consensual o discutido, ou seja, amigavelmente, sem discussões, e no caso específico de inventário não havendo incapazes e testamento, e no caso de divórcio e separação não podendo haverem filhos menores.

Assim havendo partes capazes, não impedidas, poderá ser realizado o inventário, o divórcio e a separação por meio de Escritura Pública.

Transparece que não segue o foro do falecimento do espólio para a sua realização, como estipulado no Código Civil, ficando a livre escolha das partes para a escolha do tabelião.

Faz necessário às partes serem assistidas por advogado, tudo em respeito à Lei 8.906/94.

São obrigatórios os seguintes documentos para a realização do Inventário Extrajudicial:

- Certidão de Óbito;- Certidão expedida pela Receita Federal do CPF do espólio;- Documentos pessoais das partes envolvidas (RG, CPF);- Certidões comprobatórias do vínculo de parentesco dos herdeiros (Ex.:, certidões de nascimento, casamento, óbito etc.);- Certidões Federais, Estaduais e Municipais, correspondente ao CPF do espólio e das partes envolvidas;- Certidão negativa conjunta da Secretaria da Receita Federal e Procuradoria Geral da Fazenda Nacional;- Certidão de propriedade expedida pelo Registro de Imóveis, dos bens imóveis, atualizada e não anterior à data do óbito;- Certidão ou documento oficial comprobatório do valor venal dos bens imóveis,relativo ao exercício do ano do óbito ou ao ano imediatamente seguinte deste;- Procuração “Ad Judicia”;- Petição Inicial;- ITCDM devidamente recolhido junto ao SEFAZ competente;- ITBI devidamente recolhido, caso exista Cessão de Direitos Hereditários;- Escritura de pacto antenupcial e seu registro, quando for o caso;- Documentos comprobatórios do domínio e valor dos bens móveis, se houver;- Certidão de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), se houver imóvel rural a ser partilhado.

OBS.: O ato notorial de inventário e partilha pode ser realizado a qualquer tempo, não importando o prazo estabelecido pelo CPC de 30 dias, prorrogável por mais 30 dias (Artigo 31 da Resolução 35/2007).

OBS.: O inventário e partilha, via administrativa, pode ser realizado em qualquer comarca, apenas devendo se realizar em Cartório de Notas sobre a fé pública do Tabelião devidamente designado pelo Tribunal de Justiça competente estadual.

São obrigatórios os seguintes documentos para a realização da Separação e Divórcio via administrativa:

- Documentos pessoais das partes envolvidas (RG, CPF);- Certidão de Casamento (devendo apresentar Certidão atualizada);- Procuração “Ad Judicia”;- Petição Inicial;- Escritura de pacto antenupcial e seu registro, quando for o caso (se houver);- Certidão de propriedade expedida pelo Registro de Imóveis, dos bens imóveis, adquiridos pelos nubentes (se houver);- Certidão ou documento oficial comprobatório do valor venal dos bens imóveis,relativo ao exercício do ano do óbito ou ao ano imediatamente seguinte deste;- Certidão de Nascimento dos filhos menores (se houver);- Documentos pessoais dos filhos maiores.

OBS.: Mesmo havendo a possibilidade da realização do ato notorial o tabelião pode se negar a lavrar a escritura se houver fundados indícios de fraude ou em caso de dúvidas sobre a declaração de vontade de algumas das partes envolvidas, fundamentando a sua recusa por escrito (Artigo 32 da Resolução 35/2007).

OBS.: O Tabelião deve zelar pela segurança jurídica dos atos realizados em sua serventia, assim como o Juiz o faz, devendo manter a mais correta aplicação da lei.

Procedimentalização

Cabe ao advogado a responsabilidade do gerenciamento da coleta dos documentos necessários para o ato extrajudicial.

Logo realizará Petição Inicial endereçada ao Tabelião escolhido. Este, ou seu escrevente autorizado, receberá o pedido acompanhado de procuração, e tão logo lavrará em livro próprio a pedida escritura pública.

Esta, lavrada, zelada, e assinada deverá ser apresentada aos órgãos de registro, Registro de Imóveis, DETRAN, Entidades Financeiras, para que ocorra a transferência dos bens.

Ainda, quando se tratar de separação e divórcio, a escritura ora lavrada deverá ser apresentada ao Cartório de Registro de Pessoas Naturais competente para a devida averbação as margens do assento do casamento, averbando assim a separação ou o divórcio do casal apresentante.

Importante relembrar que a não aceitação do pedido de lavratura de escritura pública por parte do tabelião não poderá ser questionado, pois poderá este rejeitar-se a realização do ato, por dúvida ou apresentação incorreta da

documentação necessária. Assim à negativa de escrituração não cabe sanções ao tabelião.

O ato notorial apesar de guarnecido pelo texto legal da Lei 6.015/1973, reger-se-á pela Lei 5.869/1973 (CPC), pois necessário faz-se a utilização dos termos gerais quanto a inventário, divórcio e separação.

Importante ressaltar que mesmo já iniciado por meio judicial a qualquer tempo as partes assistidas por advogado, podem requerer desistência para que se processo via administrativa o ato, ou requerer conversão do ato judicial em extrajudicial.

OBS.: Somente poderá realizar o ato extrajudicial caso aja o consenso de todas as partes envolvidas.

Benefícios da realização do ato extrajudicial

- Livre escolha do tabelião;- Quebra do foro competente, sendo regra geral do domicílio do falecido, à via administrativa, da escolha das partes;- Celeridade processual;- Valorização da conciliação;

DANGER.: Lamentavelmente, mesmo após alguns anos da vigência da Lei 11.441/2007, pode-se afirmar que há pouco uso e conhecimento, por parte dos advogados, do procedimento e da celeridade administrativa apresentada pela legislação complementar.

Nota:

Lei 11.441 de 04 de Janeiro de 2007

Art. 1. Os arts. 982 e 983 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, passam a vigorar com a seguinte redação:Art. 982.  Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário.Parágrafo único. O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado comum ou advogados de cada uma delas, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.Art. 983.  O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subseqüentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte.Parágrafo único.  (Revogado).Art. 2. O art. 1.031 da Lei no 5.869, de 1973 – Código de Processo Civil, passa a vigorar com a seguinte redação:Art. 1.031.  A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos do art. 2.015 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, será homologada de plano pelo juiz, mediante a prova da quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, com observância dos arts. 1.032 a 1.035 desta Lei.Art. 3.  A Lei no 5.869, de 1973 – Código de Processo Civil, passa a vigorar acrescida do

seguinte art. 1.124-A:Art. 1.124-A.   A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento.§ 1  A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para o registro civil e o registro de imóveis.§ 2  O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por advogado comum ou advogados de cada um deles, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.§ 3  A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararem pobres sob as penas da lei.Art. 4  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 5o  Revoga-se o parágrafo único do art. 983 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil.

Brasília, 4  de janeiro de 2007; 186o da Independência e 119o da República.LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA

01- Frederico, viúvo, faleceu em data de 1999. Deixou 4 filhos todos menores, tendo João 12 anos, Maria 13 anos, Felipe 14 anos, Ana 15 anos. O falecido possuía uma empresa que girava sob denominação “Giro Rodas Ltda” e cinco bens, sendo 2 imóveis e 3 móveis. Por meio dos avós paternos do falecido foi aberta a sucessão no ano de 2000. O processo de inventário tramita até o presente dia, por problemas empresarias da empresa de propriedade do falecido. Procurado pela filha Ana, hoje já com 28 anos, para a defesa de seus interesses e de seus irmãos, como resolver a morosidade processual do inventário? Responda de forma fundamentada.

02- João viúvo de Joana falecida em 15/01/2007 na cidade de Jaraguá/GO, constituiu advogado para a realização do inventário de sua esposa. O casal teve apenas um filho, hoje com 16 anos, e adquiriram 2 bens imóveis e um 1 bem móvel. Diante a situação responda de forma fundamentada:

a- Como proceder o inventário de Joana?b- Iniciado o inventário no 1 Tabelionato de Goiânia, já recolhido o ITCDM, as partes desconstituem o advogado. Constituído, como regularizar a situação?c- Sendo realizado o inventário via extrajudicial e ocultado um bem pelas partes apresentantes, constituído, como regularizar a situação?d- Realizado o inventário via cartório e descoberto erro material em seu pleito, constituído, como regularizar a situação?

03- Maria Felisbina e Pedro Silva casaram sob o regime de separação de bens em janeiro de 2012. Diante a situação responda de forma fundamentada:

a- O casal desejoso de divorciar com apenas 5 dias de casamento, lhe constituí como advogado. Como regularizar a situação?b- O casal, na data de hoje, lhe constituiu para realização do divórcio, como proceder?c- Já apresentado a petição inicial ao tabelião, acompanhada dos documentos necessários, estando lavrada, manifestam não mais serem desejosos o casal de realizar o ato, constituído, como resolver o problema em questão?d- Ocorrendo a separação via extrajudicial, constituído como advogado para a realização do divórcio, como proceder?