Direito à Creche e Seus Reflexos

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    1/47

    1

    PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO PARAN

    ESCOLA DE DIREITO

    CURSO DE DIREITO

    ALESSANDRO FIGUEIRA GONALVES

    O DIREITO CRECHE E SEUS REFLEXOS NO DESENVOLVIMENTO DA

    CRIANA

    SO JOS DOS PINHAIS

    2015

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    2/47

    2

    ALESSANDRO FIGUEIRA GONALVES

    O DIREITO CRECHE E SEUS REFLEXOS NO DESENVOLVIMENTO DA

    CRIANA

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de

    Direito da Pontifcia Universidade Catlica do Paran,

    como requisito parcial para a obteno do ttulo de

    Bacharel em Direito.

    Orientador: Prof. Marcos Luize Gadotti de Oliveira

    So Jos dos Pinhais

    2015

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    3/47

    3

    ALESSANDRO FIGUEIRA GONALVES

    O DIREITO CRECHE E SEUS REFLEXOS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANA

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao curso de

    graduao em Direito da Pontifcia Universidade Catlica do

    Paran, como requisito parcial obteno do ttulo de Bacharel

    em Direito.

    COMISSO EXAMINADORA

    ______________________________

    Professor (a)

    Escola de Direito PUC/PR

    ______________________________

    Professor (a)

    Escola de Direito PUC/PR

    ______________________________

    Professor (a)

    Escola de Direito PUC/PR

    Nota: _____

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    4/47

    4

    Dedico este singelo trabalho acadmico a quem sabe valorizar a

    Educao, desde o tempo de creche at o ensino superior, e tambm

    valorizar o Direito, como cidado, estudante e profissional; reas

    fundamentais para o desenvolvimento humano e a defesa da dignidade

    de toda pessoa.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    5/47

    5

    AGRADECIMENTOS

    Sem Deus, nada possvel. a Ele, primeiramente, a quem agradeo pela vida e pelas

    oportunidades.

    Em seguida, agradeo aos meus pais e aos demais familiares e amigos, especialmente

    aos meus avs Edu Ribeiro Figueira e Maria Fressato Figueira.

    Para que eu chegasse at aqui, agradeo a todos os educadores e educadoras, desde a

    educao infantil.

    Enfim, com alegria, permitindo com que eu abordasse juridicamente o direito

    educao, agradeo a todos os professores e a todas as professoras da Escola de Direito da

    Pontifcia Universidade Catlica do Paran, do Campus So Jos dos Pinhais e tambm do

    Campus Curitiba.

    Muito obrigado!

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    6/47

    6

    essencial que uma escola acredite naquilo que a cincia no ousa

    duvidar: a educao infantil crucial na formao da pessoa e em seu

    nome imprescindvel que ensine a compartilhar e fazer amigos, a

    descobrir que a verdadeira cincia ensina verdades, que quem no l

    jamais escrevee que a liberdade e a individualidade constituem essncias

    do crescer.

    Celso Antunes (2004, p. 53)

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    7/47

    7

    RESUMO

    O presente trabalho aborda o direito creche no ordenamento jurdico brasileiro e seus

    reflexos sociais, especialmente para a famlia, a sociedade e o Estado. Registra que o direito

    educao um dos direitos humanos contemplados em tratados internacionais, assim como um

    direito fundamental e social inscrito na Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Com

    esse panorama, adentra-se na legislao que garante o direito creche, alm de se observar

    dispositivos constitucionais acerca desse direito. Assim, a Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao Nacional, o Estatuto da Criana e do Adolescente e o Plano Nacional da Educao

    Nacional so normas jurdicas que perfazem o direito supracitado. Depois desse delineamento,

    faz-se singela abordagem de instituies encarregadas de promover e defender esse direito no

    Brasil. Os conselhos dos Direitos da criana e do adolescente, o Conselho Tutelar, o Ministrio

    Pblico e o Poder Judicirio despontam como protagonistas, sem prejuzo de se entender que

    h outras instituies que tambm atuam nessa rea. Por fim, com o objetivo de enfatizar a

    importncia desse direito, registra-se os reflexos sociais do desrespeito ou da negligncia com

    que crianas so tratadas. Assim, as duas problemticas centrais do trabalho monogrfico soenfrentadas: 1) delinear o direito creche no ordenamento jurdico e 2) apontar as

    consequncias que a falta de creche pode acarretar.

    Palavras-chave: educao, direitos humanos, direito fundamental, direito social, creche,

    ordenamento jurdico brasileiro.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    8/47

    8

    ABSTRACT

    This paper discusses the right to day care in the Brazilian legal system and its social

    consequences, especially for the family, society and the state. Notes that the right to education

    is a human rights enshrined in international treaties, as well as a fundamental and social rights

    enshrined in the Constitution of the Federative Republic of Brazil. With this panorama, is

    entered on legislation that guarantees the right to day care, and observe constitutional provisions

    on this right. Thus, the Law of Guide lines and Bases of National Education, the Statute of

    Children and Adolescents and the National Education Plan are legal provisions that make up

    the aforementioned law. After this design, it is simple approach of institutions responsible for

    promoting and defending this right in Brazil. Child Rights councils and adolescents, the

    Guardian Council, the prosecution and the judiciary appear as protagonists, without prejudice

    to understand that there are other institutions that also operate in the area. Finally, in order to

    emphasize the importance of this right, registers to the social consequences of disrespect or

    neglect that children are treated. Thus, the two central issues of the monograph are addressed:

    1) outline the right to day care in the legal system and 2) to point out the consequences that thelack of day care can entail.

    Key words: education, human rights, fundamental rights, social rights, child care, theBrazilian legal system.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    9/47

    9

    SUMRIO

    1 INTRODUO.................................................................................................................. 10

    2 EDUCAO DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL............................................. 11

    2.1 Direitos humanos .............................................................................................................. 11

    2.2 Tratados internacionais ..................................................................................................... 13

    2.3 Constituio Federal de 1988 ............................................................................................ 17

    3 DIREITO CRECHE...................................................................................................... 21

    3.1 Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional .............................................................. 21

    3.2 Estatuto da Criana e do Adolescente ............................................................................... 23

    3.3 Plano Nacional de Educao ............................................................................................. 25

    4 DESENVOLVIMENTO DA CRIANA PELA EDUCAO........................................26

    5 PROMOO E DEFESA DO DIREITO CRECHE.................................................. 31

    5.1 Conselhos dos Direitos da Criana e do Adolescente ....................................................... 31

    5.2 Conselho Tutelar ............................................................................................................... 31

    5.3 Ministrio Pblico ............................................................................................................. 33

    5.4 Poder Judicirio ................................................................................................................. 34

    6 REFLEXOS SOCIAIS....................................................................................................... 36

    6.1 Famlia .............................................................................................................................. 36

    6.2 Sociedade .......................................................................................................................... 39

    6.3 Estado ................................................................................................................................ 40

    7 CONSIDERAES FINAIS............................................................................................ 42

    8 REFERNCIAS................................................................................................................. 44

    ANEXO PLANO NACIONAL DE EDUCAO........................................................... 46

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    10/47

    10

    1 INTRODUO

    O presente trabalho acadmico, monograficamente, aborda o direito creche no Brasile seus reflexos sociais.

    Para tanto, em primeiro lugar busca fixar o entendimento de que a educao um direito

    humano fundamental e coletivo, fazendo voo panormico sobre alguns tratados internacionais

    que versam sobre direitos humanos e, especialmente, sobre disposies da Constituio da

    Repblica de 1988 a respeito do tema.

    Em seguida, como reflexos das normas internacionais e constitucionais, debrua-se

    sobre a lei que estabelece diretrizes para a educao nacional, a lei que dispe sobre proteo e

    direitos de crianas e adolescentes e a lei que institui o plano nacional de educao nacional,

    respectivamente a Lei 9.394/96, a Lei 8.069/90 e a Lei 13.005/14, agora para se fixar o

    entendimento de que a educao infantil em creche reafirmada como direito da criana e dever

    estatal.

    Antes de se fazer consideraes sobre os reflexos sociais do direito creche, faz-se

    breves apontamentos sobre o papel de algumas instituies para a promoo e defesa do direito creche, sobretudo o Conselho dos Direitos das Crianas e dos Adolescentes, o Conselho

    Tutelar e o Ministrio Pblico, passando-se pelo papel do Poder Judicirio em fixar teses,

    limites e horizontes nesse campo.

    Enfim, os reflexos sociais so abordados na perspectiva da famlia e da sociedade, assim

    como do prprio Estado, haja vista que decorrem consequncias no presente e no futuro,

    positivas ou negativas, o respeito ou o desrespeito ao direito fundamental educao infantil

    em creche.

    Assim, considerando a limitao do trabalho acadmico em sede de graduao, de forma

    interdisciplinar entre ramos do Direito, especialmente Direito Internacional, Direito

    Constitucional, Direito Administrativo, Direito Civil e Direito Coletivo, alm da Sociologia,

    contribui-se para o entendimento da questo relevante para o fortalecimento da cidadania e da

    democracia, bem como da efetivao de direitos fundamentais no Brasil e, qui, no mundo.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    11/47

    11

    2 EDUCAO DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL

    2.1 Direitos humanos

    A educao um direito humano fundamental, o qual se encontra positivado em tratados

    internacionais que versam sobre direitos humanos, assim como na Constituio da Repblica

    Federativa do Brasil.

    Retrospectivamente, o rol de direitos humanos fundamentais ou direitos fundamentais

    da pessoa humana, em contraposio pessoa jurdica, restringiu-se de incio ao direito liberdade, propriedade e segurana.

    Tais direitos foram reivindicados por filsofos iluministas, entre os quais John Locke,

    Emmanuel Kant e Jean Jacques Rousseau, para os quais o Estado devia abster-se de intervir, a

    menos que fosse para garantir sua fruio ante qualquer conduta particular que ameaasse-os

    de leso ou os lesionasse efetivamente.

    Mrcia Aparecida Batista Ferreira, em artigo Programa bolsa scio-educativa de Juiz

    de Fora: resgate da cidadania? (In SARMENTO, 2010, p. 104), enaltece o papel desses

    pensadores:

    A Declarao Universal dos Direitos do Homem e do Cidado teve suas origens nesse perodo da

    Revoluo Francesa. As ideias referentes a tal perodo podem ser buscadas nos pensamentos de

    filsofos da poca: John Locke Thomas Hobbes e Jean Jacques Rousseau.

    Concebidos entre os sculos XVIII e XIX, atendia aos interesses da burguesia, que

    ascendia como classe social na Inglaterra, Frana e demais naes europeias, perfazendo pontos

    centrais do liberalismo filosfico, econmico e poltico da poca.

    Sinteticamente, Manoel Gonalves Ferreira Filho (2009, p. 6) menciona as geraes

    de direitos fundamentais:

    Na verdade, o que apareceu no final do sculo XVII no constitui seno a primeira gerao dos

    direitos fundamentais: as liberdades pblicas. A segunda vir logo aps a primeira Guerra

    Mundial, com o fito de complement-la: so os direitos sociais. A terceira, ainda no plenamente

    reconhecida, a dos direitos de solidariedade.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    12/47

    12

    Ao obter a hegemonia, a burguesia subjugou tanto a nobreza quanto a aristocracia e teve

    xito em erigir constituies que positivassem seus valores e aqueles direitos, sendo exemplo

    marcante a Constituio Americana de 1776 e a Constituio Francesa de 1789, as quais deram

    impulso a mudanas do ordenamento jurdico em diversas naes, sobretudo da Europa.

    Entretanto, conquanto o Estado Liberal garantisse grande crescimento econmico e

    progresso cientfico, o capitalismo e a Revoluo Industrial aceleraram a migrao do campo

    para as cidades, trouxeram problemas na infraestrutura urbana, ento incipiente, e conflitos

    decorrentes da explorao da mo-de-obra assalariada, das condies de pobreza e misria em

    que estavam sujeitos muitos migrantes e do desemprego num tempo em que no havia

    atendimento previdencirio e de assistncia social por parte dos Estados.

    Nesse contexto social, surgiram os primeiros sindicatos de trabalhadores e movimentos

    sociais contrrios ao liberalismo, filiados a correntes filosficas crists, anarquistas e

    socialistas, que exigiam direitos e justia social.

    Assim, na transio do sculo XIX para o XX, apesar do alvoroo cientfico e cultural

    experimentado no perodo, a burguesia viu-se diante da necessidade de ceder a exigncias

    daqueles movimentos, sob pena de inviabilizar negcios e o status quo auferido dos lucros

    obtidos com a descarada, desumana e brutal explorao e opresso de trabalhadoresassalariados.

    Quando, em 1917, na grande Rssia, h uma revoluo socialista de proporo jamais

    imaginada, para a qual aderiram naes do Leste Europeu, formando a Repblica Socialista

    Sovitica, a Europa continental estremeceu, j que movimentos sociais socialistas e anarquistas

    formavam os sindicatos de trabalhadores e podiam desencadear revolues populares.

    Segundo Alexandre de Moraes (2007, p. 11), o incio do sculo XX trouxe diplomas

    constitucionais fortemente marcados pelas preocupaes sociais, mencionando a Constituio

    Mexicana de 1917, a Constituio Sovitica de 1918 e a Constituio de Weimar de 1919.

    Emerge, ento, pouco a pouco o Estado Social ou de Bem-Estar Social, tanto na Europa

    quanto na Amrica.

    Na Europa, a Constituio de Weimar de 1919, logo aps a Primeira Guerra Mundial,

    disps de direitos de igualdade ou de fraternidade, positivando direitos econmicos, culturais e

    polticos que assegurariam s massas de trabalhadores bens fundamentais para sua existncia,

    bem como participao da vida poltica com mudanas nas regras da democracia burguesa.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    13/47

    13

    Outro marco jurdico nesse sentido foi a Constituio Mexicana, que tambm ampliou

    a perspectiva da populao em ver atendida necessidades vitais e alcanar patamar mnimo de

    dignidade.

    Nesse sentido, afirmaram Dimitri Dimoulis e Leonardo Martins (2014, p. 20) que em

    1917 a Constituio Mexicana garantiu longa lista de direitos sociais, pouco se diferenciando

    do rol constante na Constituio Brasileira de 1988, alm de tambm mencionarem que, em

    1918, a Declarao dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, forjada na Revoluo

    Russa, marcou importante etapa na histria dos direitos fundamentais.

    Nos Estados Unidos, somente com a crise econmica advinda da quebra da Bolsa de

    Valores em 1929 que o Estado passa a prestar assistncia e previdncia de forma incisiva amassas de trabalhadores desempregados e empreendedores falidos ou beira da falncia.

    Assim, na dialtica e dinmica social, em razo dos conflitos entre classe burguesa

    capitalista e classe trabalhadora assalariada, quando os direitos humanos fundamentais no

    podiam mais ficar restritos liberdade, propriedade e segurana, nem a suposta fraternidade

    defendida durante a Revoluo Francesa, trabalhadores passam a contar com o direito sade,

    educao, assistncia social, previdncia e participao poltica, alm de direitos

    trabalhistas que colocassem limites s pretenses de explorao e opresso do empresariado deento.

    Conquanto tenha havido paulatino incremento de tais direitos de igualdade ou

    fraternidade nas constituies de alguns Estados, em decorrncia do consenso da

    fundamentabilidade deles para a coexistncia, a paz e a justia social logo aps a Segunda

    Guerra Mundial, para evitar revolues socialistas ou comunistas, como houve na Rssia e

    outros pases do Leste Europeu, assim como da presso dos pases que os adotaram frente

    queles que resistiam a mudanas internas, com a formao da Organizao das Naes

    Unidas(ONU) em 1945, tratados internacionais versando sobre direitos humanos foram

    aprovados e ganharam adeso de cada vez mais naes.

    2.2 Tratados internacionais

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    14/47

    14

    Em primeiro lugar, a Declarao Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 10 de

    dezembro de 1948 pela Assembleia Geral da ONU, estabelece direitos humanos fundamentais

    para garantir a dignidade da pessoa humana, enaltecendo no prlogo o papel da educao:

    A presente Declarao Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por

    todos os povos e todas as naes, com o objetivo de que cada indivduo e cada rgo da sociedade,

    tendo sempre em mente esta Declarao, se esforcem, atravs do ensino e da educao, em

    promover o respeito a esses direitos e liberdades e, pela adoo de medidas progressivas de carter

    nacional e internacional, em assegurar o seu reconhecimento e a sua observncia universais e

    efetivos, tanto entre os povos dos prprios Estados-Membros quanto entre os povos dos territrios

    sob a sua jurisdio. (grifo nosso)

    No artigo XXVI da Declarao Universal dos Direitos Humanos, a educao, sob o

    termo instruo, alada, ao lado de outros direitos, como direito humano fundamental,

    nestes termos:

    1. Toda pessoa tem direito instruo. A instruo ser gratuita, pelo menos nos graus

    elementares e fundamentais. A instruo elementar ser obrigatria. A instruo tcnica-

    profissional ser acessvel a todos, bem como a instruo superior, est baseada no mrito.

    2. A instruo ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do

    fortalecimento e do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instruo

    promover a compreenso, a tolerncia e a amizade entre todas as naes e grupos raciais ou

    religiosos, e coadjuvar as atividades das Naes Unidas em prol da manuteno da paz.

    3. Os pais tm prioridade de direito na escolha do gnero de instruo que ser ministrada a seus

    filhos.

    Outro tratado internacional que aborda o direito humano fundamental educao, mas

    de especial significado para o continente americano, a Declarao Americana dos Direitos e

    Deveres do Homem, aprovada em abril de 1948.

    Esse tratado dispe no artigo XII sobre educao, enaltecendo a instruo inicial, que:

    Toda pessoa tem direito educao, que deve inspirar-se nos princpios de liberdade, moralidade

    e solidariedade humana.

    Tem, outrossim, direito a que, por meio dessa educao, lhe seja proporcionado o preparo para

    subsistir de uma maneira digna, para melhorar o seu nvel de vida e para poder ser til sociedade.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    15/47

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    16/47

    16

    1. Os Estados-partes envidaro os maiores esforos para assegurar o reconhecimento do princpio

    de que ambos os pais tm responsabilidades comuns na educao e desenvolvimento da criana.

    Os pais e, quando for o caso, os representantes legais tm a responsabilidade primordial pela

    educao e pelo desenvolvimento da criana. Os interesses superiores da criana constituiro sua

    preocupao bsica.

    O artigo 28 assim dispe sobre os deveres dos Estados-partes, entre os quais, que:

    1. Os Estados-partes reconhecem o direito da criana educao e, a fim de que ela possa exercer

    progressivamente e em igualdade de condies esse direito, devero especialmente:

    a) tornar o ensino primrio obrigatrio e disponvel gratuitamente a todos;

    2. Os Estados-partes adotaro todas as medidas necessrias para assegurar que a disciplina escolar

    seja ministrada de maneira compatvel com a dignidade humana da criana e em conformidade

    com a presente Conveno.

    Por fim, o artigo 29 da Conveno sobre os Direitos da Criana, estabelece diretrizes

    para a educao infantil, entre as quais, que:

    1. Os Estados-partes reconhecem que a educao da criana dever estar orientada no sentido de:

    a) desenvolver a personalidade, as aptides e a capacidade mental e fsica da criana e todo o seu

    potencial;

    b) imbuir na criana o respeito aos direitos humanos e s liberdades fundamentais, bem como aos

    princpios consagrados na Carta das Naes Unidas;

    c) imbuir na criana o respeito aos seus pais, sua prpria identidade cultural, ao seu idioma e

    seus valores, aos valores nacionais do pas em que reside, aos do eventual pas de origem e aos

    das civilizaes diferentes da sua;

    d) preparar a criana para assumir uma vida responsvel em uma sociedade livre, com esprito de

    compreenso, paz, tolerncia, igualdade de sexos e amizade entre todos os povos, grupos tnicos,

    nacionais e religiosos e pessoas de origem indgena;

    e) imbuir na criana o respeito ao meio ambiente.

    Observa-se, assim, que a educao se encontra entre os direitos humanos positivados

    em tratados internacionais, sendo direito de toda pessoa humana, bem como da criana, normasdo Direito Internacional que enaltecem o papel da educao para a promoo da dignidade da

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    17/47

    17

    pessoa humana, da cidadania e da tolerncia, da paz e da convivncia harmoniosa entre

    diferentes povos, civilizaes e grupos raciais, tnicos e religiosos.

    Ademais, para enfatizar a vigncia dos tratados internacionais que versam sobre direitos

    humanos no ordenamento jurdico brasileiro, basta examinar a Constituio da Repblica, que

    no inciso II do artigo 4 elenca como princpio nas suas relaes internacionais a prevalncia

    dos direitos humanos e no 3 do artigo 5 que os elevam a fora vinculante equivalente s

    emendas constitucionais quando aprovados em dois turnos por trs quintos dos membros de

    cada casa do Congresso Nacional, alm do prprio fundamento do Estado Democrtico de

    Direito na dignidade da pessoa humana, consoante o disposto no inciso III do artigo 1, tudo a

    evidenciar a importncia desses documentos jurdicos adotados pela ONU e pela OEA.

    2.3 Constituio Federal de 1988

    no captulo II da Constituio da Repblica Federativa do Brasil, que trata dos direitos

    sociais, em que h a previso do direito educao como um bem da vida da coletividade:

    Art. 6 So direitos sociais a educao, a sade, a alimentao, o trabalho, a moradia, o lazer, a

    segurana, a previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a assistncia aos

    desamparados, na forma desta Constituio.

    Em seguida, no artigo 7, inciso XXV, ao discorrer sobre direitos dos trabalhadores

    urbanos e rurais, determina a assistncia gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento

    at 5 (cinco) anos de idade em creches e pr-escolas, sendo meno importante da educaoinfantil enquanto direito fundamental.

    Assim, a Constituio da Repblica pe em evidncia a educao no conjunto de direitos

    humanos fundamentais, colocando-a no rol dos direitos sociais.

    A respeito dos direitos sociais, Manoel Gonalves Ferreira Filho (2009, p. 50) assevera:

    O sujeito passivo desses direitos o Estado. este posto como o responsvel pelo atendimento

    aos direitos sociais.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    18/47

    18

    Na Constituio brasileira de 1988 isso cristalino. O texto afirma dever do Estado propiciar a

    proteo sade (art. 196), educao (art. 205), cultura (art. 215), ao lazer, pelo desporto (art.

    217), pelo turismo (art. 180) etc.

    Entretanto, a Carta Magna aborda o direito educao em outros ttulos, dispondo sobre

    a competncia administrativa e legislativa, como tambm sobre sua estrutura e financiamento,

    especialmente no captulo III do ttulo VIII, ao tratar da ordem social, no qual dispe sobre

    educao na seo I, cultura na II e desporto na III.

    O inciso V do artigo 23 estabelece ser competncia administrativa comum da Unio,

    dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios proporcionar os meios de acesso cultura,

    educao e cincia, porm o inciso VI do artigo 30 determina que compete aos Municpios

    manter, com a cooperao tcnica e financeira da Unio e do Estado, programas de educao

    infantil e ensino fundamental, atuao prioritria deste ente federativo, conforme preconiza o

    2 do artigo 211.

    Em relao competncia legislativa, ela concorrente da Unio, dos Estados e do

    Distrito Federal, conforme dispe o inciso IX do artigo 24, cabendo Unio estabelecer normas

    gerais ( 1) e suplementar aos Estados e ao Distrito Federal ( 2).

    A Constituio da Repblica aborda a educao, com exclusividade, do artigo 205 ao

    214.

    O artigo 205 refora a fundamentabilidade do direito social educao, como tambm

    o papel do estado e da sociedade e sua finalidade:

    A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a

    colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para oexerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho.

    O artigo 206 da Constituio da Repblica estabelece os princpios que devem orientar

    o ensino, consubstanciando na igualdade de acesso e permanncia na escola, liberdade,

    pluralismo didtico, gratuidade do ensino pblico, valorizao dos profissionais da educao,

    gesto democrtica do ensino pblico, qualidade e piso salarial nacional para profissionais que

    atuam na escola pblica.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    19/47

    19

    O artigo 207 dispe sobre a universidade, garantindo sua autonomia didtico-cientfica,

    administrativa e de gesto financeira e patrimonial, assim como o princpio de

    indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso.

    O artigo 208 contempla o dever do Estado em prestar servio educacional em creche e

    pr-escola:

    O dever do Estado com a educao ser efetivado mediante a garantia de:

    IV educao infantil, em creches e pr-escola, s crianas at 5 (cinco) anos de idade;

    Importante observar, no artigo 208, para o tema deste trabalho, que a partir dos 4 anos

    de idade a educao obrigatria e gratuita (inciso I), que dever do Estado garantir a educao

    infantil em creches e pr-escolas (inciso IV), que o educando deve ser atendido com programas

    suplementares e, ainda, que direito pblico subjetivo o acesso ao ensino obrigatrio ( 1).

    O artigo 209 estabelece que iniciativa privada livre o ensino, desde que haja

    observncia das normas gerais da educao nacional e tambm autorizao do Poder Pblico,

    assim como avaliao da qualidade.

    O artigo 210 determina a fixao de contedos mnimos para o ensino fundamental, o

    ensino religioso facultativo e a lngua portuguesa como idioma oficial, excetuando apenas paraas comunidades indgenas, que podem utilizar tambm lnguas maternas e processos prprios

    de aprendizagem.

    O artigo 211 dispe sobre a colaborao entre os entes federativos para a promoo da

    educao em seus sistemas de ensino, em que cabe Unio garantir equalizao de

    oportunidades educacionais e padro mnimo de qualidade do ensino mediante assistncia

    tcnica e financeira, como funo redistributiva e supletiva. Alm disso, tambm dispe que

    os Municpios devem atuar com prioridade no ensino fundamental e na educao infantil e osEstados e o Distrito Federal no fundamental e mdio, o objetivo de se assegurar a

    universalizao do ensino obrigatrio e ainda a prioridade do ensino regular na educao bsica

    pblica.

    Os artigos 212 e 213 tratam do financiamento da educao pblica, determinando que a

    Unio deve aplicar no mnimo 18% e os Estados, o Distrito Federal e os Municpios 25% da

    receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferncias, na manuteno e

    desenvolvimento do ensino. Entretanto, como o objetivo prioridade ao atendimento das

    necessidades do ensino obrigatrio, programas suplementares de alimentao e assistncia

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    20/47

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    21/47

    21

    3 DIREITO CRECHE

    A criana, enquanto ser humano em desenvolvimento e sujeito de direito, tem especialproteo em tratados internacionais que versam sobre direitos humanos e na Constituio da

    Repblica, assim como em leis infraconstitucionais.

    No plano infraconstitucional, tanto a Lei 9.394/96, a Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao Nacional, quanto a Lei 8.038/90, o Estatuto da Criana e do Adolescente, e a Lei

    13.005/14, o Plano Nacional de Educao preveem tambm princpios e regras que reafirmam

    o direito da criana educao.

    3.1 LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei 9.394/96)

    A LDB Lei de Diretrizes e Base da Educao Nacional estrutura a educao escolar

    nacional em educao bsica e educao superior, estando aquela dividia em trs nveis, a saber,

    educao infantil, ensino fundamental e ensino mdio, conforme preconiza o artigo 21:

    Art. 21. A educao escolar compe-se de:

    I educao bsica, formada pela educao infantil, ensino fundamental e ensino mdio;

    II educao superior.

    Eis as finalidades da educao bsica:

    Art. 22. A educao bsica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formao

    comum indispensvel para o exerccio da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no

    trabalho e em estudos posteriores.

    Celso Antunes (2004, p. 13), em razo disso, afirma que no Brasil, o atendimento de

    crianas de zero a seis anos em creches e pr-escola constitui direito assegurado pela

    Constituio Federal de 1988, consolidado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    (LDB) .

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    22/47

    22

    Estando a educao infantil como primeira etapa da educao bsica, a LDB define sua

    finalidade:

    Art. 29. A educao infantil, primeira etapa da educao bsica, tem como finalidade o

    desenvolvimento integral da criana de at 5 (cinco) anos, em seus aspectos fsico, psicolgico,

    intelectual e social, complementando a ao da famlia e da comunidade.

    Em seguida, a LDB Lei de Diretrizes e Base da Educao Nacional fixa, no artigo 31,

    com a redao dada pela Lei 12.796/13, a creche para atendimento de crianas at 3 anos de

    idade, a avaliao mediante registro do desenvolvimento, a carga horria mnima anual de 800

    horas, o atendimento mnimo de 4 horas em tempo parcial e de 7 integral e a expedio de

    documentao que ateste os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criana.

    No entanto, embora o inciso II do artigo 4 da LDB Lei de Diretrizes e Base da

    Educao Nacional reproduza o dispositivo constitucional do inciso IV do artigo 208,

    estabelecendo o dever do Estado em garantir a educao infantil em creche, o oferecimento de

    creche no constitui educao bsica obrigatria na forma dos artigos 5 e 6, j que os pais

    ou responsveis no tm a obrigao de matricular crianas at 3 anos de idade, mas somente a

    partir dos 4 anos.

    A LDB Lei de Diretrizes e Base da Educao Nacional, entre os deveres dos

    Municpios, dispe sobre o direito creche:

    Art. 11. Os Municpios incumbir-se-o de:

    V Oferecer a educao infantil em creches e pr-escolas e, com prioridade, o ensino

    fundamental, permitida a atuao em outros nveis de ensino somente quando estiverem atendidasplenamente as necessidades de sua rea de competncia e com recursos acima dos percentuais

    mnimos vinculados pela Constituio Federal manuteno e desenvolvimento do ensino.

    Sintetizando os principais eixos das diretrizes gerais do Ministrio da Educao e

    Cultura (MEC) para a educao infantil, pontua Celso Antunes (2004, p. 13-115), que a

    primeira etapa da educao bsica, no constituindo obrigatoriedade para pais, mas para o

    Estado; h diviso por faixa etria a clientela da creche e pr-escola; visa proporcionar

    condies adequadas de desenvolvimento fsico, emocional, cognitivo e social da criana; as

    aes educativas devem ser complementadas pelas de sade e assistncia; o currculo deve

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    23/47

    23

    considerar desenvolvimento da criana, diversidade social e cultural das populaes infantis

    e os conhecimentos que se pretendam universalizar; os profissionais da educao infantil

    devem ter formao em nvel mdio ou superior; e que as crianas com necessidades especiais

    devem, sempre que possvel ser atendidas na rede regular.

    Ademais, a LDB Lei de Diretrizes e Base da Educao Nacional reproduz disposies

    constitucionais acerca dos princpios e fins da educao nacional, sua organizao e seu

    financiamento, assim como sobre outras modalidades de ensino e profissionais da educao.

    3.2 ECA Estatuto da Criana e do Adolescente (Lei 8.069/90)

    O ECA Estatuto da Criana e do Adolescente assegura direitos fundamentais a

    crianas e adolescentes:

    Art. 3. A criana e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes pessoa

    humana, sem prejuzo da proteo integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou

    por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento

    fsico, mental, moral, espiritual e social, em condies de liberdade e de dignidade.

    Esses direitos, entre os quais o direito educao, conforme prev o artigo 4, deve ter

    a efetivao assegurada com absoluta prioridade pela famlia, pela comunidade, pela sociedade

    e pelo poder pblico, sendo que essa prioridade compreende:

    a) primazia de receber proteo e socorro em quaisquer circunstncias;

    b) precedncia de atendimento nos servios pblicos ou de relevncia pblica;

    c) preferncia na formulao e na execuo das polticas sociais pblicas;

    d) destinao privilegiada de recursos pblicos nas reas relacionadas com a proteo infncia

    e juventude.

    No ttulo II do ECA Estatuto da Criana e do Adolescente, que trata dos direitos

    fundamentais, o captulo IV cuida do direito educao, cultura, ao esporte e ao lazer, do

    artigo 53 ao 59.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    24/47

    24

    O artigo 53 prev o direito educao da criana e do adolescente, visando o pleno

    desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exerccio da cidadania e qualificao para o

    trabalho, assegurando acesso igualitrio em escola pblica e gratuita perto da sua casa,

    permanncia na escola, direito de receber respeito pelos educadores, direito de contestar

    critrios avaliativos, direito de organizao e participao em entidade estudantil e direito dos

    pais ou responsveis tanto no conhecimento do processo pedaggico quanto na participao das

    propostas educacionais.

    Reforando o artigo 208 da Constituio da Repblica, dispe o ECA Estatuto da

    Criana e do Adolescente:

    Art. 54. dever do Estado assegurar criana e ao adolescente:

    IV atendimento em creche e pr-escola s crianas de zero a 6 (seis) anos de idade;

    A fim de fazer respeitar e efetivar direitos, o artigo 201, inciso VIII, estabelece a

    competncia do Ministrio Pblico para promover medidas judiciais e extrajudiciais cabveis,

    alm da atribuio do Conselho Tutelar, prevista no artigo 136, incisos III, a, e IX, em requisitar

    servios pblicos em educao e de assessoria ao Poder Executivo na elaborao de propostaoramentria, sem contar ainda que o artigo 88, inciso II, prev a criao de conselho

    municipais, estaduais e nacional dos direitos da criana e do adolescente com o propsito de

    garantir direitos da criana e do adolescente em polticas pblicas.

    Para resguardar e dar proteo jurdica ao direito educao, assim dispe ECA

    Estatuto da Criana e do Adolescente:

    Art. 208. Regem-se pelas disposies desta Lei as aes de responsabilidade por ofensa aos

    direitos assegurados criana e ao adolescente, referentes ao no oferecimento ou oferta irregular:

    III de atendimento em creche e pr-escola s crianas de zero a 6 (seis) anos de idade;

    Observa-se, assim, que tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB)

    quanto o Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA) preveem o direito educao e a

    educao infantil em creche, em sintonia com tratados internacionais e especialmente com a

    Constituio da Repblica.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    25/47

    25

    3.3 PNE PLANO NACIONAL DE EDUCAO

    A Lei 13.005/14, cumprindo o disposto no artigo 214 da Constituio da Repblica,

    estabelece o Plano Nacional de Educao (PNE), que vige por 10 anos, a contar da sua

    publicao em 25 de junho de 2014, ou seja, at 2024.

    No inciso II do artigo 2, diretriz do PNE a universalizao do atendimento escolar,

    enquanto o artigo 3 estabelece que as metas previstas no Anexo desta Lei sero cumpridas no

    prazo de vigncia deste PNE, desde que no haja prazo inferior definido para metas e estratgias

    especficas.

    Observa-se, portanto, que o Plano Nacional de Educao estabeleceu meta de

    universalizar a educao infantil, tanto em creche quanto em pr-escola, com diversas

    estratgias, servindo de orientao do poder pblico e de ponto de partida para cobrana de

    polticas pblicas que deem efetividade ao direito das crianas pela sociedade.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    26/47

    26

    4 DESENVOLVIMENTO DA CRIANA PELA EDUCAO

    Tanto a Constituio Federal (CF) quanto o Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA)quanto outros diplomas legais, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB)

    e os tratados internacionais que versam sobre direitos humanos, evidenciam que a educao

    visa o desenvolvimento pleno de toda pessoa, especialmente da criana, de modo que se deduz

    que, havendo violao do direito fundamental educao, priva-se a pessoa de se desenvolver

    adequadamente e de se inserir com potencialidades e xito na comunidade, na sociedade e no

    prprio mundo como cidad no plano poltico e trabalhadora ou empreendedora no plano

    econmico.

    Nesse sentido, dispe o artigo 205 da Carta Magna:

    A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a

    colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o

    exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho. (grifo nosso)

    O ECA Estatuto da Criana e do Adolescente, por sua vez, no caputdo artigo 53 assim

    estatui, reproduzindo o texto constitucional de certa forma: A criana e o adolescente tm

    direito educao, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exerccio

    da cidadania e qualificao para o trabalho.

    O artigo 3 do ECA Estatuto da Criana e do Adolescente frisa a importncia do

    desenvolvimento, indicando o sentido:

    A criana e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes pessoa humana,

    sem prejuzo da proteo integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros

    meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento fsico,

    mental, moral, espiritual e social, em condies de liberdade e dignidade. (grifo nosso)

    Necessrio apontar que tambm o artigo 15 do ECA Estatuto da Criana e do

    Adolescente frisa a importncia do processo de desenvolvimento da criana e do adolescente:

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    27/47

    27

    A criana e o adolescente tm direito liberdade, ao respeito e dignidade como pessoas humanas

    em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos

    na Constituio e nas leis. (grifo nosso)

    De modo semelhante Constituio Federal e o Estatuto da Criana e do Adolescente,

    a Lei 9.394/96, a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB), dispe no artigo 2:

    A educao, dever da famlia e do Estado, inspirada nos princpios de liberdade e nos ideais de

    solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo

    para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho. (grifo nosso)

    Ao dispor sobre a educao bsica no artigo 22, a LDB reproduz a finalidade estatuda

    no artigo 2 referente ao desenvolvimento e cidadania, acrescentando apenas que deve

    fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

    Entretanto, tal como faz o ECA Estatuto da Criana e do Adolescente em parte, no

    artigo 3 supramencionado, a LDB, tratando da educao infantil no artigo 29, enfatiza os

    aspectos do desenvolvimento destinado s crianas em creche e pr-escola:

    A educao infantil, primeira etapa da educao bsica, tem como finalidade o desenvolvimento

    integral da criana de at 5 (cinco) anos, em seus aspectos fsico, psicolgico, intelectual e social,

    complementando a ao da famlia e da comunidade. (grifo nosso)

    Se no Direito brasileiro, como se observou, h a evidncia de que a educao,

    especialmente a educao infantil, visa o desenvolvimento da pessoa humana, no Direito

    Internacional Pblico no diferente.

    Na Declarao Universal dos Direitos Humanos de 1948, no item 2 do artigo XXVI,

    constata-se que a instruo ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento da

    personalidade humana.

    Embora a Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem de 1948 no se

    refira expressamente ao termo desenvolvimento no artigo XII, o diploma internacional

    determina que ao ser humano, por meio da educao, seja proporcionado o preparo para

    subsistir de uma maneira digna, para melhorar o seu nvel de vida e para poder ser til

    sociedade.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    28/47

    28

    No Protocolo de San Salvador de 1988, ou Protocolo Adicional Conveno Americana

    sobre Direitos Humanos (LEGISLAO DE DIREITO INTERNACIONAL, Saraiva, p. 436),

    tal como na Declarao Universal dos Direitos Humanos, no artigo 13, item 2, estabelece que

    Os Estados-Partes neste Protocolo convm em que a educao dever orientar-se para o pleno

    desenvolvimento da personalidade humana.

    A Conveno sobre os Direitos da Criana de 1989, alm de colocar os pais como os

    responsveis primordiais pela educao e desenvolvimento de suas crianas no artigo 18, no

    artigo 29 determina que os Estados-partes devem orientar a educao no sentido de

    desenvolver a personalidade, as aptides e a capacidade mental e fsica da criana e todo o seu

    potencial, entre outras determinaes.

    Sem dvida, portanto, que a educao tem por finalidade o desenvolvimento da pessoa

    humana, sobretudo da criana, conforme se observa em diversos diplomas jurdicos tanto

    nacionais quanto aliengenas.

    A fim de ilustrar que a literatura educacional tem conceito de educao visando o

    desenvolvimento humano tal como apresentado pela legislao colhida, Paulo Nathanael

    Pereira de Souza (2011, p. 81-82) assim a concebe:

    Educar continua sendo hoje, como foi sempre, um processo de humanizao das pessoas. Isto ,

    faz-las ascender da condio de completo desvalimento com que chegam ao mundo ao nascer

    at atingir o desenvolvimento mximo de suas potencialidades pessoais geneticamente

    transmitidas e culturalmente ativadas. Na raiz da educabilidade pulsam as ideias de crescimento,

    desenvolvimento, melhoria constante e progressividade qualificada. Tanto a famlia, que

    transmite (ou deveria transmitir) criana as primeiras noes de vida e comportamento, como a

    escola, que familiariza metodicamente os jovens com o patrimnio cultural da humanidade

    coloca-os (ou deferia faz-lo) em contento com os vetores do futuro e os prepara para o exerccio

    consciente da liberdade, desenvolvem os papis educativos, que lhes so prprios, nas sucessivas

    fases de aprendizagem do educando. Tudo na educao visa ao amadurecimento do ser humano,

    ao fortalecimento de sua capacidade de tomar decises, livre escolha, depois de formados de

    suas participaes religiosas, polticas e filosficas, bem como sua instrumentao para ser til

    a si e sociedade.

    Entretanto, no caso do Brasil, at os anos 70, as creches, mais do que atender ao

    desenvolvimento pleno da criana, buscavam suprir carncias nutricionais e culturais desse

    sujeito de direito.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    29/47

    29

    Nesse sentido, esclarece Isabel de Oliveira e Silva ao abordar com maestria sobre a

    educao infantil com o texto A criana pequena e seus direitos: a construo de referncias

    no campo da educao (COELHO, 2009, p. 78):

    Tanto a pr-escola quanto a creche entram no cenrio educacional nos anos de 1970 vinculadas

    noo de necessidade. Toda a noo de compensao de carncias materiais e culturais mediante

    a interveno pblica estava baseada na ideia de insuficincia das condies materiais e

    simblicas de determinados grupos sociais em prover as necessidades materiais e as condies

    culturais que assegurassem a insero satisfatria da criana no universo institucional, mais

    especificamente a escola de ensino fundamental.

    No obstante tenha sido esse o vis da dcada de 70, Paulo Nathanael Pereira de Souza

    (2011, p. 86-87), depois de citar obra sua dessa poca em que aborda a carncia nutritiva e

    cultural da criana e a repercusso disso para o desenvolvimento posterior dela, alm da

    carncia afetiva, enfatiza essa mesma tese nos dias de hoje:

    Escolas infantis e boa nutrio passam a ser um excelente remdio para os principais problemas

    que afetam, desde h muito, o rendimento escolar das crianas brasileiras. Como afirmamos certa

    vez no Conselho Federal de Educao: cada centavo que se gaste com a pr-escola vai representar

    muitos reais de economia para os graus de ensino que vierem depois.

    As duas outras carncias, igualmente graves, e que poderiam ser minimizadas se a pr-

    escolaridade se universalizasse no Brasil so: a afetiva e a cultural.

    Esse autor (2011, p. 92) depois conclui de acordo com sua viso:

    Como se v, a oferta dessa fase preliminar de escolaridade para criana de 0 a 6 anos de idade,

    no s tornaria os alunos do ensino elementar mais ajustados a seus intentos de educar-se, como

    tambm eliminaria, em grande parte, os graves problemas da evaso e da reprovao, as quais

    aumentam a injustia social no Pas e encarecem demasiadamente os custos da educao nacional.

    De fato, foi assim a poltica da educao infantil brasileira, ainda persistente, como

    discorrem Romilda Teodora Ens, Elizabeth Dantas de Amorim Favoreto e Sirley Terezinha

    Filipak no texto O caminhar da formao docente para a educao na infncia no Brasil: o que

    dizem as polticas? (2013, p. 86-87):

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    30/47

    30

    Durante as dcadas de 1970 e 1980, o objetivo principal da expanso da pr-escola na rede pblica

    centrava-se na exigncia internacional da implantao de uma educao compensatria, visando

    reduo das taxas de mortalidade infantil, aumento do nmero de crianas matriculadas nas

    sries iniciais do 1 grau e diminuio da taxa de fracasso escolar nesses anos.

    Esse modelo educativo procurava apenas compensar carncias e defasagens socioculturais, sem

    atentar para um carter realmente educativo e adequado faixa etria de 0 a 6 anos e para a

    implementao de uma poltica de qualidade voltada formao do profissional para a pr-escola.

    As autoras (ENS, 2013, p. 96-97) em seguida concluem que, aps a LDB, em

    decorrncia de influncias globais, a formulao de polticas para a educao infantil teve

    salientado a qualidade de atendimento no processo de universalizao (...) como estratgia

    para atenuar os desequilbrios sociais e problemas educacionais futuros das crianas em

    contextos de vulnerabilidade social.

    Observa-se, portanto, que o desenvolvimento da criana a finalidade da educao

    infantil, porm, no Brasil, ainda persiste a ideia de compensar carncias nutricionais, culturais

    e at afetivas, haja vista as desigualdades sociais existentes no Brasil.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    31/47

    31

    5 PROMOO E DEFESA DO DIREITO CRECHE

    Na promoo e defesa do direito creche, entre outros direitos de crianas eadolescentes, h rgos e instituies fundamentais, razo pela qual, sem qualquer pretenso

    de aprofundar sobre o papel e o trabalho realizado pelas entidades pblicas, faz-se meno ao

    Conselho dos Direitos da Criana e do Adolescente, ao Conselho Tutelar, ao Ministrio Pblico

    e ao Poder Judicirio nessa rea, sobretudo em vista do direito educao infantil em creche.

    5.1 CONSELHO DOS DIREITOS DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    Com previso no artigo 88 do Estatuto da Criana e do Adolescente, os conselhos dos

    direitos da criana e do adolescente so rgos que auxiliam o Poder Executivo na promoo

    daquilo que a Constituio da Repblica, as leis e os tratados internacionais vigentes no Brasil

    estabelecem, tendo composio paritria com membros do poder pblico e da sociedade civil

    organizada, a fim de propor polticas pblicas que assegurem a efetividade dos direitos.

    Sem exagero, tais conselhos reforam a participao democrtica da sociedade na

    elaborao das polticas pblicas do Estado.

    Os membros dos conselhos dos direitos da criana e do adolescente, uma vez escolhidos

    para representar interesses e promov-los, inclusive atuado na elaborao de propostas

    oramentrias, aes e programas visando a educao, a sade e outros direitos, prestam

    trabalho de interesse pblico relevante, conforme dico do artigo 89 do ECA.

    Com a participao popular nos conselhos, por certo a promoo dos direitos da criana,

    especialmente na educao infantil em creche, ganha reforo junto a rgos do poder pblico

    municipal, haja vista a atribuio do Conselho Tutelar e a competncia do Ministrio Pblico

    tambm para esse fim.

    5.2 CONSELHO TUTELAR

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    32/47

    32

    O Estatuto da Criana e do Adolescente assim dispe sobre o objetivo primordial do

    Conselho Tutelar:

    Art. 131. O Conselho Tutelar rgo permanente e autnomo, no jurisdicional, encarregado

    pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criana e do adolescente, definidos nesta

    Lei.

    Sendo rgo que deve estar presente em todos os Municpios e no Distrito Federal, de

    acordo com o artigo 136 do ECA, constituem atribuies do Conselho Tutelar:

    III promover a execuo de suas decises, podendo para tanto:

    a) requisitar servios pblicos nas reas de sade, educao, servio social, previdncia, trabalho

    e segurana;

    IX assessorar o Poder Executivo local na elaborao da proposta oramentria para planos e

    programas de atendimento dos direitos da criana e do adolescente;

    Ressaltando dados dos conselhos tutelares e o trabalho realizada por essa instituio,

    importante o registro feito por Gizele de Souza, em artigo A educao da infncia em debate

    (InVASQUES, 2009, p. 193), a mostrar a gravidade da violao do direito creche:

    Como fica evidente pelos dados apresentados, a violao ao Direito Educao, Cultura Esporte

    e Lazer foi a mais frequentemente anotada por conselheiros tutelares (6.590 casos) em 2006. A

    ausncia ou impedimento de acesso creche ou pr-escola corresponde metade do total de

    tais violaes. Ou seja, a falta de vagas na Educao Infantil corresponde violao de direito

    mais frequente no trabalho de atendimento direto populao, realizado pelos conselhos tutelares.

    A anlise dos resultados relativos ao agente violador refora que o problema consiste na escassez

    de vagas, pois o poder pblico apontado como responsvel pela violao na maioria absoluta

    dos casos. Os dados lanados pelos conselheiros tutelares, que derivam de seus atendimentos

    populao, podem ser tomados como indicadores da fragilidade na prtica cotidiana da efetivao

    dos dispositivos constitucionais que asseguram o direito de toda criana.

    Observa-se que o Conselho Tutelar, na defesa dos direitos da criana e do adolescente,

    pode requisitar servios pblicos em educao e deve assessorar o poder pblico municipal em

    planos e programas a serem definidos em leis oramentrias, o que lhe confere importante e

    fundamental participao na educao infantil em creche.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    33/47

    33

    5.3 MINISTRIO PBLICO

    A Constituio da Repblica assim dispe sobre o papel do Ministrio Pblico:

    Art. 127. O Ministrio Pblico instituio permanente, essencial funo jurisdicional do

    Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses

    sociais e individuais indisponveis.

    Ao lhe dar o dever de defender interesses sociais e individuais indisponveis, a educao,

    enquanto direito coletivo (artigo 6 da Constituio da Repblica), e os direitos da criana

    recebem da instituio Ministrio Pblico proteo, cabendo a seus membros a adoo de

    medidas de defesa necessrias sempre que houver ameaa ou violao desses interesses pelo

    poder pblico ou pela sociedade.

    Nesse sentido, o artigo 129 da Constituio da Repblica, nos incisos II e III, estabelece

    que lhe cabe zelar pelo respeito aos direitos assegurados na Carta Magna e promover ao civil

    pblica para a proteo de direitos coletivos.

    Como se observa pela atuao do Ministrio Pblico do Estado do Paran, que buscou

    o respeito ao direito creche pelo municpio de Curitiba com ao civil pblica, conforme

    divulgado na reportagem Justia determina criao de 2 mil novas vagas de creche em

    Curitiba, produzida pelo Bonde, a instituio tem papel importante nesta questo.

    Em razo disso, o Estatuto da Criana e do Adolescente, no artigo 201, determina as

    competncias do Ministrio Pblico, entre as quais:

    VIII zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados s crianas e

    adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabveis;

    5 Para o exerccio da atribuio de que trata o inciso VIII deste artigo, poder o representante

    do Ministrio Pblico:

    c) efetuar recomendaes visando melhoria dos servios pblicos e de relevncia pblica afetos

    criana e ao adolescente, fixando prazo razovel para sua perfeita adequao.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    34/47

    34

    Ademais, os artigos 202 e 204 do ECA estabelecem que o Ministrio Pblico, se no

    atuar como parte, obrigatoriamente deve atuar na defesa dos direitos e interesses de que cuida

    esta Lei, e que a falta de interveno do Ministrio Pblico acarreta a nulidade do feito.

    Portanto, na promoo e defesa do direito educao infantil em creche, o Ministrio

    Pblico instituio com dever constitucional e legal de zelar por esse direito humano e

    coletivo fundamental.

    5.4 PODER JUDICIRIO

    A promoo e defesa do direito educao infantil em creche feita mediante demandas

    propostas no Poder Judicirio por particulares ou por representantes do Ministrio Pblico na

    maioria dos casos, para forar que o Poder Executivo Municipal cumpra seu dever

    constitucional e legal.

    Para tanto, conforme preceitua o artigo 148 do Estatuto da Criana e do Adolescente, a

    Justia da Infncia e Juventude competente para:

    IV conhecer de aes civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos

    criana e ao adolescente, observado o disposto no art. 209;

    Entretanto, por conta de polmica e dissenso sobre a interveno do Poder Judicirio

    em polticas pblicas, vista da separao dos poderes, da discricionariedade administrativa e

    da reserva do possvel por conta dos oramentos e recursos pblicos limitados, a efetividade

    do direito fundamental educao, entre outros direitos coletivos, ainda encontra resistncia de

    juzes contra a judicializao da poltica, embora haja decises favorveis a crianas,

    forando atuao prestacional positiva de Municpios negligentes.

    Nesse sentido, Gilmar Ferreira Mendes (2011, p. 668-669), depois de registrar que h

    vertente ou corrente favorvel atuao judicial em direitos sociais, conclui que juzos de

    ponderaes so inevitveis na efetivao frente a princpios e diretrizes polticas.

    Com a incumbncia de dizer o direito, posto que o artigo 5 da Constituio daRepblica, no inciso XXXIV, a, assegura a todos o direito de petio em defesa de direitos

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    35/47

    35

    e, no inciso XXXV, que a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa

    a direito, considerando ainda que a educao infantil, entre outros direitos, esto previstos na

    Carta Magna, assim como o dever estatal em lhes garantir, entretanto h membros do Poder

    Judicirio que, provocados pelo Ministrio Pblico ou particulares, esto assegurando a

    efetividade dos direitos humanos e coletivos fundamentais a despeito dos argumentos

    contrrios.

    De qualquer modo, o papel do Poder Judicirio relevante para a promoo e defesa

    desse direito e da criana, a qual, por sinal, deve receber prioridade absoluta e proteo integral,

    vista do que dispem tratados internacionais que versam sobre direitos humanos, a

    Constituio da Repblica e o Estatuto da Criana e do Adolescente.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    36/47

    36

    6 REFLEXOS SOCIAIS

    A falta de creche ou a negligncia com que crianas so tratadas tm consequnciasgraves para a famlia, a sociedade e o Estado.

    Juridicamente, o direito educao infantil em creche est estabelecido tanto na

    Constituio Federal quanto em leis.

    Expressando consternamento e crtica realidade social, Celso Antunes (2004, p. 13),

    assim se expressa:

    Pelo menos do ponto de vista legal, a educao e os cuidados com a criana at os seis anos de

    idade so tratados como assuntos de maior importncia pelos organismos internacionais,

    organizaes da sociedade civil e pelo governo federal. (grifo nosso)

    Nesse sentido, faz-se abordagem sobre reflexos sociais da ausncia da creche ou do

    desrespeito a esse direito fundamental das crianas.

    6.1 FAMLIA

    Reflexos para a criana

    As crianas que deixam de receber a educao infantil apropriada para seudesenvolvimento, ficam aos cuidados de parentes, vizinhos ou irmos, s vezes em condies

    precrias e riscos diversos.

    Sem atividades educativas e a interao com outras crianas, elas so submetidas a

    encarceramento em beros ou espaos inapropriados para que cresam saudveis, rodeadas no

    mximo por brinquedos para entretenimento.

    O dilogo e a comunicao com pessoas so prejudicados, de modo que o

    desenvolvimento da fala e gestos com significados acabam retardados, assim como o

    desenvolvimento motor.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    37/47

    37

    Celso Antunes (2004, p. 129), nesse sentido, alerta pais:

    Tenha sempre em mente que a segurana da criana essencial, mas essencial tambm haver

    espaos com terra, com carpetes, com brinquedos, com aparelhos sonoros que podem ser tocados

    e que ampliam as oportunidades de enriquecimento cerebral. Lembrem-se de que, um pouco mais

    tarde seu filho ou sua filha se expressar por linguagens diferentes sonoras, corporais, pictricas

    e outras e nesses ambientes essencial que existam meios para exercit-las.

    Alm disso, aos cuidados de irmos adolescentes ou at crianas, correm riscos de

    acidentes com brinquedos e alimentos, quedas, afogamentos e queimaduras, sem contar

    eventuais agresses verbais ou at fsicas, riscos que tambm podem passar quando aoscuidados de adultos negligentes ou despreparados para o zelo devido.

    Entretanto, se estivessem aos cuidados de profissionais da educao infantil

    capacitados, o desenvolvimento intelectual e fsico seria promovido, os riscos minimizados ao

    mximo e a interao com crianas e outras pessoas favoreceria o aprendizado de linguagens

    (verbal e gestual, por exemplo), como acima alertado.

    Nesse sentido, a nfase deve ser na criana e no direito da criana (ULBRA, 2008, p.

    43):

    Quem convive com uma criana pequena percebe nela a vontade de aprender, sua intensa

    curiosidade, sua necessidade de ser querida e, portanto, aceita. No podemos, como educadores,

    esquecer que a educao infantil um direito de todas as crianas brasileiras e que seus

    educadores tm o dever de oportunizar a elas novos conhecimentos.

    Assim, sem dvida alguma, h reflexos sociais negativos para as crianas que deixamde ter seu direito educao infantil em creche, j que nem sempre elas tm cuidados

    necessrios e fundamentais para seu desenvolvimento, inclusive at de mes e pais, quando

    estes precisam ficar com os filhos.

    Reflexos para a mulher

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    38/47

    38

    No seio familiar, quem mais sofre a mulher, principalmente a prpria me, mas

    tambm filhas e avs, entre outras mulheres, j que h tradio em se delegar os cuidados dos

    filhos a elas, enquanto os pais teriam o dever de prover o lar, apesar das mudanas culturais e

    sociais ocorridas com o ingresso da mulher no mercado de trabalho.

    Segundo reportagem da Band News FM Curitiba, Creches de Curitiba no conseguem

    atender a toda a demanda, uma me est h oito meses sem trabalhar por no ter com quem

    deixar a filha, falta de vagas em creches que obriga muitos pais a se desdobrarem para cuidar

    dos filhos.

    Em reportagem produzida pelo G1 PR em 2011, Dficit de vagas nas creches de

    Curitiba de 63%, diz MP, h o retrato da situao familiar pela falta de creche:

    A busca por uma vaga dura um ano e meio para Rochaelma Gadelha de Quadros, de 34 anos. Eu j perdi

    trs empregos, porque no tenho com quem deixar meu filho, contou Rochaelma.

    Ela est desempregada e mora com o marido, que t rabalha como cozinheiro em uma churrascaria da capital,

    e os dois filhos, um de trs e outro de nove anos.

    Rochaelma mora no Bairro Alto e se inscreveu em duas creches da regio que so as mais prximas da casa

    dela, mas tambm entrou em contato com outras por telefone. A resposta, segundo ela, sempre a mesma

    no tem vaga. A direo das creches alega, acrescentou Rochaelma, que como o filho dela tem trs anos

    mais difcil conseguir vaga.

    Eu no posso pagar. Ganhar um salrio mnimo e pagar creche no d, afirmou Rochaelma que destacou

    que este problema no s dela. meu e de muitas mes.

    Essas mulheres, sobrecarregadas com despesas familiares, tendo s vezes de buscar

    recursos para garantir a subsistncia familiar em trabalhos diversos, ainda tm, por conta de

    uma tradio que permanece ainda no sculo XXI, o dever de cuidar da limpeza e organizao

    do lar, das roupas e dos alimentos, alm dos cuidados com os filhos.

    Isso provoca estresse, desgaste psquico e emocional, e tambm provoca patologias

    fsicas, de modo a comprometer a relao delas com os filhos, o marido e outras pessoas.

    Contudo, havendo a diminuio dessa sobrecarga de responsabilidade, desproporcional

    na relao de gnero, com a permanncia dos filhos em creches, por exemplo, elas deixam de

    sofrer injustias em razo de tradies que a debilitam h muito tempo.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    39/47

    39

    As creches representam um porto seguro para as mulheres que ainda so submetidas a

    trabalho dentro e fora de casa, aliviando o peso dos seus ombros e permitindo que tenham

    qualidade de vida.

    Por outro lado, os homens que tiverem mulheres sem sobrecargas injustas e

    desproporcionais, certamente tambm sentiro efeitos positivos na relao com suas

    companheiras ou com parentes, como mes e sogras.

    Ademais, mes, pais e familiares que cuidam mal de crianas, por negligncia ou

    despreparo, podem sofrer consequncias graves com a (de) formao de filhos com os maus

    cuidados e com a ao estatal pelo Conselho Tutelar, Ministrio Pblico e Poder Judicirio.

    Conclui-se, portanto, que os reflexos da ausncia de creches para a famlia, em sentido

    ampliado, por demais comprometedor para o bem-estar tanto das mulheres quanto de outros

    membros, enquanto a existncia de educao infantil contribui para que haja uma famlia mais

    saudvel.

    6.2 SOCIEDADE

    A sociedade brasileira arca com consequncias nefastas para seu desenvolvimento ao

    desconsiderar a educao infantil em creche como direito prioritrio de suas crianas.

    Ligia Maria Motta Leo de Aquino, em artigo Desafios para a efetivao do direito

    educao para a pequena infncia (In VASQUES, 2009, p. 157), alerta para o tratamento

    excepcional:

    Fica evidente que maiores esforos devem ser feitos no que se refere oferta de creche (0 a 3

    anos), para aproxim-la das metas definidas [no Plano Nacional de Educao], para que de fato a

    educao para crianas de at trs anos seja incorporada como poltica pblica de educao,

    deixando de oferec-la como um servio excepcional que em geral destinado a crianas pobres

    e em situao de risco. A concepo de creche como mal necessrio, isto , apenas para filhos

    de mes pobres e trabalhadoras, tem impedido o crescimento da oferta e a democratizao da

    educao para as crianas pequenas, como se verifica no nmero de estabelecimentos de educao

    infantil, em sua distribuio entre creche e pr-escola.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    40/47

    40

    Embora seja papel da sociedade efetivar esse direito, Maria Carmen Silveira Barbosa,

    em artigo Mapeando alguns desafios para as polticas pblicas de educao infantil no Brasil

    (InVASQUES, 2009, p. 178), lembra do dever estatal:

    evidente que a sociedade civil pode trabalhar com crianas em espaos educacionais se estiver

    dentro das normas adequadas, porm importante lembrar que a Educao Infantil um dever

    do Estado. As instituies devem ser financiadas pelo Estado. Na Europa, a luta para que 90%

    das vagas sejam pblicas.

    No contexto de uma sociedade capitalista e globalizada, bem como tecnolgica, Jos

    Carlos Libneo (2003, p. 53-54) leciona:

    Pensar o papel da escola nos dias atuais implica, portanto, levar em conta questes sumamente relevantes. A

    primeira e, talvez, a mais importante que as transformaes mencionadas representam uma reavaliao que

    o sistema capitalista faz de seus objetivos. O capitalismo, para manter sua hegemonia, reorganiza suas formas

    de produo e de consumo e elimina fronteiras comerciais para integrar mundialmente a economia. Trata-se,

    portanto, de mudanas com o objetivo de fortalec-lo, o que significa fortalecer as naes ricas e submeter os

    pases mais pobres dependncia, como consumidores. Essas alteraes nos rumos do capitalismo do-se, no

    entanto, no momento em que o cenrio mundial em todos os aspectos, bastante diversificado. A onda da

    globalizao ou mundializao e da revoluo tecnolgica encontra os pases (centrais e perifricos,

    desenvolvidos e subdesenvolvidos) em diferentes realidades e desafios, entre os quais o de implementar

    polticas econmicas e sociais que atendam aos interesses hegemnicos, industriais e comerciais de

    conglomerados financeiros e de pases ou regies ricas, tais como Estados Unidos, Japo e Unio Europeia.

    Sem dvida, a educao, a comear pela educao infantil, mostra-se fundamental para

    a sociedade brasileira, motivo pelo qual deve tratar como prioridade, em vista do cenrio

    mundial e da qualidade de vida do seu povo.

    6.3 ESTADO

    O Estado brasileiro, com o dever constitucional de propiciar a educao (art. 208), ao

    deixar de cumpri-lo, viola direito humano fundamental e coletivo e acarreta para si

    consequncias negativas, como prejuzo aos cofres pblicos.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    41/47

    41

    Em outra reportagem do ano de 2011, mencionando os dados do Ministrio Pblico,

    Dficit de vagas nas creches de Curitiba de 63%, diz MP, produzida pelo G1 PR, o Estado

    cobrado pela instituio encarregada de defender a sociedade:

    Os municpios tm at 2016 para oferecer as vagas necessrias. O Ministrio Pblico, por meio

    das Promotorias de Justia de Proteo Educao, vai cobrar das prefeituras a elaborao de

    plano para que a quantidade de vagas na rede municipal aumente e se torne suficiente para atender

    a demanda. A ideia garantir o direito constitucional de que todas as crianas com mais de quatro

    anos frequentem escolas.

    Em reportagem do jornal Gazeta do Povo, Mes acusam prefeituras de maquiar falta devagas em creches municipais, refere-se ao dficit da educao infantil e s dificuldades do

    Estado para construir creches:

    A falta de vagas pblicas na educao infantil generalizada no pas. Dados de 2012 coletados

    pelo MP-PR mostram que, naquele ano, esse dficit no Paran era de 72% para at 3 anos e 30%

    para crianas com idades entre 4 e 5 anos. Para aumentar a oferta, a Unio prometeu investir R$

    7,6 bilhes na construo de 6 mil unidades at este ano. At semana passada, porm, s 25% dos

    8.801 projetos aprovados haviam sido concludos. Outros 20% esto em obras. Segundoespecialistas do setor, os municpios tm dificuldades para conseguir terrenos e os prefeitos

    relutam em assumir os custos de manuteno dessas novas unidades devido a restries

    oramentrias.

    Para enfrentar o problema na educao infantil, o Ministrio da Educao e Cultura prev

    investimentos em Curitiba, conforme divulgado na reportagem MEC promete 14 novas

    creches para Curitiba, produzida pela ONG Todos pela Educao, afirmando que Ministrio

    liberar R$ 14,3 milhes para as obras, que devem ser concludas at 2016, j que dficit de

    vagas na Educao Infantil beira 10 mil.

    O Estado, enfim, composto dos Poderes Executivo, Legislativo e Judicirio, ao desatender

    o direito educao infantil em creche, descumprindo a Constituio Federal e leis, v-se diante

    de consequncias para si prprio, j que o Judicirio, provocado geralmente pelo Ministrio

    Pblico, obriga o Executivo a atender s crianas, conforme normas aprovadas pelo Legislativo.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    42/47

    42

    7 CONSIDERAES FINAIS

    A educao infantil em creche um direito humano fundamental de toda criana,previsto em tratados internacionais, na Constituio da Repblica, no Estatuto da Criana do

    Adolescente, na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional e no Plano Nacional de

    Educao.

    Sendo dever do Municpio garantir esse direito a criana at 3 anos de idade, por no

    constituir educao bsica obrigatria, como o ensino fundamental, ainda h pouca oferta na

    rede pblica, razo pela qual o Plano Nacional de Educao prev, como meta e estratgias,

    universalizar esse direito.

    Sendo objetivo primordial da educao o desenvolvimento pleno de toda pessoa, muito

    mais da criana, muito embora no Brasil ainda persista a poltica educacional compensatria de

    carncias nutricionais, culturais e afetivas em decorrncia das desigualdades sociais.

    O Conselho de Direitos da Criana e do Adolescente, o Conselho Tutelar, o Ministrio

    Pblico e o Poder Judicirio, na promoo e defesa desse direito, tm papel primordial, para

    que haja a efetividade do direito, sob pena de a norma jurdica ser letra morta, em detrimentodo desenvolvimento da criana.

    No entanto, quando no h devida promoo e defesa, os reflexos sociais so negativos

    para a prpria criana, que fica em risco e tem comprometido seu desenvolvimento, para a

    famlia, especialmente s mulheres, e tambm para a sociedade e o Estado.

    Em relao ao Estado, observa-se papel fundamental do Ministrio Pblico em defesa

    da educao infantil em creche ao fazer valer o que o Poder Legislativo determina ao Executivo,

    provocando, via ao civil pblica, o pronunciamento do Judicirio, que tem atendido anseios

    da sociedade, como em Curitiba.

    No obstante esse papel, o cumprimento do que determina a Constituio da Repblica

    e as leis deveria ser espontneo pelos agentes polticos frente dos municpios, entes

    federativos com a competncia administrativa nessa rea.

    Assim, possvel verificar que h, no ordenamento jurdico brasileiro, em consonncia

    com tratados internacionais que versam sobre direitos humanos, normas que garantem o direito educao infantil em creche e rgos e instituies pblicas para cobrar de Municpios a

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    43/47

    43

    garantia do direito, sob pena de efeitos nefastos, como consequncias do desatendimento a tal

    direito humano, fundamental e social.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    44/47

    44

    8 REFERNCIAS

    __________. Legislao de Direito Internacional. 8 Ed. So Paulo: Saraiva, 2015. ColeoSaraiva de Legislao.

    ANTUNES, Celso. Educao infantil: prioridade imprescindvel. Petrpolis: Vozes, 2004.

    BAND NEWS FM CURITIBA. Creches de Curitiba no conseguem atender a toda ademanda. Disponvel em: . Acesso em: 23 maio 2015.

    BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil. 1988.

    BRASIL. Lei 8.069/90. Estatuto da Criana e do Adolescente.

    BRASIL. Lei 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional.

    BRASIL. Lei 13.005/14. Plano Nacional de Educao.

    BRUEL, Ana Lorena de Oliveira. Polticas e legislao da educao bsica no Brasil.

    Curitiba: Ibpex, 2010.

    COELHO, Maria Ins de Matos; COSTA, Anna Edith Bellico da (orgs.). A educao e aformao humana: tenses e desafios na contemporaneidade. Porto Alegre: Artmed, 2009.

    COSTA, Alexandre Bernardino (org.). Direito vivo: leituras sobre constitucionalismo,

    construo social e educao a partir do Direito Achado na Rua. Braslia: Editora Universidade

    de Braslia, 2013.

    CUSTDIO, Andr Viana (org.). Estado, poltica e direito: polticas pblicas e direitos

    sociais. Cricima: Editora Unesc, 2011. Volume 3.

    FERREIRA FILHO, Manoel Gonalves. Direitos humanos fundamentais. 11 ed. So Paulo:

    Saraiva, 2009.

    ENS, Romilda Teodora; GARANHANI, Marynelma Camargo (orgs.). A sociologia da

    infncia e a formao de professores. Curitiba: Champgnat, 2013.

    G1 PR. Dficit de vagas nas creches de Curitiba de 63%, diz MP . Disponvel em: .

    Acesso em: 23 maio 2015.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    45/47

    45

    GAZETA DO POVO. Mes acusam prefeituras de maquiar falta de vagas em crechesmunicipais. Disponvel em: .Acesso em: 23 maio 2015.

    LELLIS, Llio Maximino. Princpios constitucionais do ensino. So Paulo: Lexia, 2011.

    LIBNEO, Jos Carlos (org.). Educao escolar: polticas, estrutura e organizao. So Paulo:

    Cortez, 2003.

    MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito

    constitucional. 6 ed. So Paulo: Saraiva, 2011.

    MORAES, Alexandre. Direitos humanos fundamentais. 8 ed. So Paulo: Atlas, 2007.

    MORAES, Guilherme Braga Pea de. Dos direitos fundamentais: contribuio para uma

    teoria parte geral. So Paulo: LTr, 1997.

    OLIVEIRA, Dalila Andrade (org.). Polticas pblicas e educao: regulao e conhecimento.

    Belo Horizonte: Fino Trao, 2011.

    REDE MARISTA DE SOLIDARIEDADE. Educao infantil: reflexes e prticas para a

    produo de sentidos. Curitiba: Champagnat, 2012.

    REDE SUL DE NOTCIAS. Em busca de vagas, dezenas de famlias acampam na crecheSta. Terezinha. Disponvel em: . Acessoem 23 maio 2015.

    SARMENTO, Diva Chaves (org.). Sistemas de educao no Brasil: polticas, autonomia e

    cooperao. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2010.

    SOUZA, Paulo Nathanael Pereira de. Caminhos e descaminho da educao brasileira. So

    Paulo: Integrare Editora, 2011.

    TODOS PELA EDUCAO. MEC promete 14 novas creches para Curitiba. Disponvelem: . Acesso em: 23 maio 2015.

    ULBRA (UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL). Fundamentos tericos e

    metodolgicos da educao infantil.Curitiba: Ibpex, 2008.

    VASQUES, Carla K. (org.). Educao e infncia: mltiplos olhares, outras leituras. Iju: Ed.

    Uniju, 2009.

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    46/47

    46

    ANEXO

    PLANO NACIONAL DE EDUCAO (PNE) LEI 13.005/2014

    Meta 1: universalizar, at 2016, a educao infantil na pr-escola para as crianas de 4 (quatro) a 5

    (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educao infantil em creches de forma a atender, no mnimo,

    50% (cinquenta por cento) das crianas de at 3 (trs) anos at o final da vigncia deste PNE.

    Estratgias:

    1.1) definir, em regime de colaborao entre a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios,metas de expanso das respectivas redes pblicas de educao infantil segundo padro nacional de

    qualidade, considerando as peculiaridades locais;

    1.2) garantir que, ao final da vigncia deste PNE, seja inferior a 10% (dez por cento) a diferena entre

    as taxas de frequncia educao infantil das crianas de at 3 (trs) anos oriundas do quinto de renda

    familiar per capita mais elevado e as do quinto de renda familiar per capita mais baixo;

    1.3) realizar, periodicamente, em regime de colaborao, levantamento da demanda por creche para a

    populao de at 3 (trs) anos, como forma de planejar a oferta e verificar o atendimento da demandamanifesta;

    1.4) estabelecer, no primeiro ano de vigncia do PNE, normas, procedimentos e prazos para definio

    de mecanismos de consulta pblica da demanda das famlias por creches;

    1.5) manter e ampliar, em regime de colaborao e respeitadas as normas de acessibilidade, programa

    nacional de construo e reestruturao de escolas, bem como de aquisio de equipamentos, visando

    expanso e melhoria da rede fsica de escolas pblicas de educao infantil;

    1.6) implantar, at o segundo ano de vigncia deste PNE, avaliao da educao infantil, a ser realizada

    a cada 2 (dois) anos, com base em parmetros nacionais de qualidade, a fim de aferir a infraestrutura

    fsica, o quadro de pessoal, as condies de gesto, os recursos pedaggicos, a situao de acessibilidade,

    entre outros indicadores relevantes;

    1.7) articular a oferta de matrculas gratuitas em creches certificadas como entidades beneficentes de

    assistncia social na rea de educao com a expanso da oferta na rede escolar pblica;

    1.8) promover a formao inicial e continuada dos (as) profissionais da educao infantil, garantindo,

    progressivamente, o atendimento por profissionais com formao superior;

  • 7/25/2019 Direito Creche e Seus Reflexos

    47/47