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28/07/2011 DIREITO AMBIENTAL Prof. Fabiano Melo Bibliografia: Édis Milaré. Tema: DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL É uma evolução do Direito Ambiental na esfera Internacional: 1. CONFERÊNCIA MUNDIAL DA ONU SOBRE MEIO-AMBIENTE HUMANO (1972) Produziu a DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO: é a 1ª grande conferência mundial sobre meio ambiente, a partir da preocupação com a poluição e a explosão demográfica. Surge uma divisão dos países em uma corrente preservacionista (países desenvolvidos, segundo os quais depois de explorar os recursos naturais, estaria no momento de parar) e outra desenvolvimentista (países em desenvolvimento). A Declaração de Estocolmo inseriu o meio ambiente no rol dos direitos humanos e inspirou a CF88 a dizer que todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 226), admitindo o meio ambiente como direito fundamental. 1.2 RELATÓRIO BRUNTLAND (1987) O RELATÓRIO BRUNDTLAND (ou “Relatório Nosso Futuro Comum”): editado pela ONU, após comissão presidida pela ex-ministra da Noruega Gro Brundtland. Esse relatório apresenta o conceito clássico de DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: é o que atende as necessidades da presente geração, sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Isso influenciou o disposto no art. 226 da CF88 (“preservá-lo para as presentes e futuras gerações”). 1.3 CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (1992) Também conhecida como “Eco/Rio 92” ou “Cúpula da Terra”, produziu os seguintes documentos: o DECLARAÇÃO DO RIO ( soft law ): fez a sistematização dos princípios de direito ambiental . o AGENDA 21 (soft law): é um documento programático, um plano de ação para a construção de sociedades sustentáveis, em âmbito global, regional e local. o CONVENÇÃO-QUADRO SOBRE MUDANÇAS DO CLIMA (hard law): preocupação com o aquecimento global. A partir dessa convenção, é feito o PROTOCOLO DE KIOTO (1997), um tratado

DIREITO AMBIENTAL

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28/07/2011

DIREITO AMBIENTAL

Prof. Fabiano Melo

Bibliografia: Édis Milaré.

Tema: DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL

É uma evolução do Direito Ambiental na esfera Internacional:

1. CONFERÊNCIA MUNDIAL DA ONU SOBRE MEIO-AMBIENTE HUMANO (1972)

Produziu a DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO: é a 1ª grande conferência mundial sobre meio ambiente, a partir da preocupação com a poluição e a explosão demográfica. Surge uma divisão dos países em uma corrente preservacionista (países desenvolvidos, segundo os quais depois de explorar os recursos naturais, estaria no momento de parar) e outra desenvolvimentista (países em desenvolvimento). A Declaração de Estocolmo inseriu o meio ambiente no rol dos direitos humanos e inspirou a CF88 a dizer que todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 226), admitindo o meio ambiente como direito fundamental.

1.2 RELATÓRIO BRUNTLAND (1987)

O RELATÓRIO BRUNDTLAND (ou “Relatório Nosso Futuro Comum”): editado pela ONU, após comissão presidida pela ex-ministra da Noruega Gro Brundtland. Esse relatório apresenta o conceito clássico de DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: é o que atende as necessidades da presente geração, sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Isso influenciou o disposto no art. 226 da CF88 (“preservá-lo para as presentes e futuras gerações”).

1.3 CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (1992)

Também conhecida como “Eco/Rio 92” ou “Cúpula da Terra”, produziu os seguintes documentos:

o DECLARAÇÃO DO RIO (soft law): fez a sistematização dos princípios de direito ambiental.

o AGENDA 21 (soft law): é um documento programático, um plano de ação para a construção de sociedades sustentáveis, em âmbito global, regional e local.

o CONVENÇÃO-QUADRO SOBRE MUDANÇAS DO CLIMA (hard law): preocupação com o aquecimento global. A partir dessa convenção, é feito o PROTOCOLO DE KIOTO (1997), um tratado internacional que pretende reduzir a emissão de CO2 pelos países desenvolvidos (não inclui o Brasil) em 5,2% em relação ao nível de 1990, entre os anos de 2008 e 2012. Bienalmente, há a reunião dos países que fazem parte da Convenção (COP XVI), para revisão das metas da Convenção-quadro. O Protocolo de Kioto foi aprovado na COP III. Embora o Brasil não esteja obrigado pelo Protocolo de Kioto, a Lei 12187/09 trouxe a política nacional de mudanças climáticas, pelo qual o país assume o compromisso voluntário de adotar ações de mitigação das emissões de gases de efeito estufa (art. 12).1

o CONVENÇÃO SOBRE DIVERSIDADE BIOLÓGICA (hard law): é o documento mais importante sobre biodiversidade (isto é, a variedade de seres vivos), tendo como principais objetivos:

1 Art. 12. Para alcançar os objetivos da PNMC, o País adotará, como compromisso nacional voluntário, ações de mitigação das emissões de gases de efeito estufa, com vistas em reduzir entre 36,1% (trinta e seis inteiros e um décimo por cento) e 38,9% (trinta e oito inteiros e nove décimos por cento) suas emissões projetadas até 2020.

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(a) a conservação da diversidade biológica;

(b) uso sustentável dos recursos biológicos;

(c) a distribuição justa e equitativa dos benefícios do uso dos recursos genéticos.

O desequilíbrio da biodiversidade pode gerar diversos problemas e potencial de doenças. Por isso, a CF88 impõe obrigações relacionadas à biodiversidade (art. 226, §1º, I, II e VII).2 O Decreto 4339/02 cuida da política nacional de biodiversidade (ou biossegurança).

o DECLARAÇÃO DE FLORESTAS (soft law): diz importância de proteger as florestas mundiais.

1.4 RIO+10 (CÚPULA MUNDIAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL)

A RIO+10 ocorreu em 2002 em Johanesburgo, produzindo:

(a) Declaração política, e

(b) Plano de implementação, com 3 objetivos:

erradicação da pobreza;

mudança nos padrões de produção e consumo;

proteção aos recursos naturais.

Em 2012 ocorrerá a RIO+20 no Rio de Janeiro.

2 § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

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Tema: PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL

1. PRINCÍPIO DO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO COMO DIREITO FUNDAMENTAL

Esse é o princípio matriz do direito ambiental, que se irradia sobre todo a esfera constitucional e infraconstitucional, servindo como princípio norteador para os operadores do direito ambiental. Fabiano entende que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é o principal direito fundamental, porque sem ele não é possível efetivar as demais gerações de direitos humanos (civis, sociais, econômicos e culturais). O STJ entende que a pretensão de reparação de dano ambiental é imprescritível, exatamente em razão da relevância do bem jurídico tutelado, pois sem um ambiente ecologicamente equilibrado não há vida. Quanto mais próximo da dignidade da pessoa humana, mais essencial é o direito fundamental. Por isso se diz que só há dignidade da pessoa humana quando há um meio ambiente ecologicamente equilibrado. O constituinte associou o meio ambiente não só à vida, mas a uma vida com qualidade, com saúde (art. 225 – “sadia qualidade de vida”). O direito ao meio ambiente equilibrado está associado ao direito à saúde. Um meio ambiente ecologicamente equilibrado é um meio ambiente não poluído, com higidez e salubridade.

Ver material de apoio sobre esse princípio (Princípio 1 da Declaração do Rio e julgados). Está previsto no caput do art. 225 da CF88.

2. PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO RETROCESSO ECOLÓGICO

Não é possível retroceder o nível de proteção do meio ambiente vigente na atualidade . Não pode o legislador infraconstitucional editar normas mais permissivas, que flexibilizam direitos fundamentais consagrados na Constituição. O fundamento disso é a dignidade da pessoa humana e o art. 225 da CF88.

3. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Sistematizado pelo Relatório Brundtland, o princípio do desenvolvimento sustentável exige a compatibilização das atividades econômicas com a proteção ao meio ambiente , conjugando o art. 1703

(ordem econômica) com o art. 225 (meio-ambiente) da CF88. O desenvolvimento econômico não pode prescindir do meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Desenvolvimento SUSTENTÁVEL = desenvolvimento DURÁVEL.

Desenvolvimento sustentável é o economicamente factível, ecologicamente adequado, socialmente justo e culturalmente equitativo, sem discriminações.

Na ADI 3540/DF, o STF considerou que a atividade econômica não pode ser exercida em desarmonia com os princípios destinados a tornar efetiva a proteção ao meio ambiente. Portanto, na impossibilidade de compatibilizar o desenvolvimento econômico com meio ambiente, deve ser priorizado o meio ambiente.

Ver no material de apoio o Princípio 4 da Declaração do Rio e jurisprudência.

4. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL (CF88, art. 225, caput ) 4

3 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;4 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

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Se a expressão “presentes e futuras gerações” aparecer associada ao Relatório Brundtland, a referência é ao princípio do desenvolvimento sustentável. Mas se essa expressão vier associada ao art. 225 da CF88, o que se busca é o princípio da solidariedade intergeracional (FGV).

No art. 225, ao se falar em “futuras gerações”, foi consagrado um sujeito de direitos indeterminado, que sequer nasceu ainda, mas já tem proteção jurídica. Somos inquilinos no planeta, estamos de passagem e devemos legar os recursos naturais às gerações futuras. É um princípio de ética intergeracional.

Édis Milaré fala em 2 tipos de solidariedade:

Sincrônica (simultâneo): são as presentes gerações;

Diacrônica: são as gerações futuras.

São exemplos de aplicação desse princípio as ações de reparação de dano ambiental, as medidas mitigadoras da emissão de CO2.

5. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE

No Brasil, a propriedade só se legitima quando cumpre sua função social e atende a coletividade . Com isso, o direito de propriedade deixou de ser exclusivamente privado e absoluto e passou a integrar o Direito Público (CF88, art. 5º, XXIV e XXV).

A função socioambiental não limita o direito de propriedade; ao contrário, a função socioambiental é elemento essencial interno da propriedade, um conteúdo do direito da propriedade. Não há que se falar em limitação, tal como a imposição de reserva legal e APP (área de preservação permanente), mas sim no uso da propriedade conforme o direito. A função socioambiental não é externa, mas elemento interno, integrante do conceito de propriedade. A função social se opõe à autonomia da vontade, princípio do direito privado que tem por limite o ilícito. No Direito Público, o que existe não é a autonomia da vontade, mas a função, que é o poder de agir que traduz em verdadeiro dever jurídico e que só se legitima quando atinge a finalidade específica. Segundo Bandeira de Mello, onde existe função, não há autonomia do direito privado. O proprietário rural pode se utilizar de sua propriedade desde que cumpra o dever jurídico de preservar a reserva legal e APP (margem de rio, por exemplo). É o uso da propriedade conforme o direito.

A CF88 cuida da função da propriedade rural e urbana:

Função da propriedade RURAL (art. 186, III) :5 utilização adequada dos recursos naturais e preservação do meio ambiente.

Função da propriedade URBANA (art. 182, §2º) :6 observância do plano diretor municipal, obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes. Em cidades com menos habitantes, a função socioambiental da propriedade é examinada a partir da lei de uso e ocupação do solo; inexistindo tal lei, caberá ao Judiciário examinar no caso concreto o cumprimento da função socioambiental.

Toda propriedade tem um aspecto negativo (obrigação de não fazer – ex: não emitir ruídos de madrugada) e um aspecto positivo (obrigação de fazer – ex: recompor área de reserva legal, colocar forro acústico).

A aquisição de uma propriedade com passivo ambiental impõe ao novo proprietário a obrigação de reparar os danos ambientais, pois essa é uma obrigação PROPTER REM (obrigação real). Não há que se discutir o nexo de causalidade, nem perquirir o autor original do dano para se impor a obrigação de reparação civil. Isso tem fundamento nos princípios do direito ecologicamente equilibrado como direito

5 Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade RURAL atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;6 Art. 182, § 2º - A propriedade URBANA cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

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fundamental, na solidariedade intergeracional e na função socioambiental da propriedade. Não há direito adquirido de poluir.

6. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO

O princípio da prevenção impõe a obrigação de agir antecipadamente, diante de um risco conhecido . Nesse caso, existe uma certeza científica, obtida a partir de dados, pesquisas e informações ambientais que mostram a probabilidade de ocorrência do dano. Exemplo: atividade de mineração.

Essa obrigação é justificada pela impossibilidade de retorno ao status quo ante e ao risco de eliminação de uma espécie da flora e fauna.

O Direito Ambiental é essencialmente preventivo, pois impõe medidas para reduzir e mitigar os impactos ambientais da atividade econômica potencialmente poluidora, que obrigatoriamente deve se submeter a:

Licenciamento ambiental;

EPIA/RIMA – Estudo Prévio de Impacto Ambiental

Poder de polícia.

7. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO

O princípio da precaução considera o dano desconhecido, “in abstrato”, em razão da incerteza científica. Nesse caso, não há pesquisas conclusivas. Exemplos: OGMs (organismos geneticamente modificados –regulados pela Lei 11105/05, Lei da Biossegurança, que no art. 1º fala no princípio da precaução), mudanças climáticas.

Como não há certeza científica sobre o risco de dano, vale o brocardo “in dubio pro ambiente”, de modo que a atividade deve ser evitada. Esse brocardo não é absoluto, devendo ser ponderado em cada caso. O empreendedor deve aguardar a divulgação de informações e pesquisas para promover a atividade. Nesse sentido, o princípio 15 da Declaração do Rio: “Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis par prevenir a degradação ambiental”

O princípio da precaução serve para fundamentar a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, cabendo ao empreendedor o ônus de provar que sua atividade não causa risco à saúde humana e ao meio ambiente . Assim, em ação civil pública ajuizada pelo MP, o STJ já entendeu que cabe ao empreendedor demonstrar que sua atividade potencialmente perigosa não causa risco à saúde humana e ao meio ambiente (art. 21 da Lei 7347 c/c art. 6º, VIII da Lei 8078, conjugado ao princípio da precaução)

O princípio da precaução também fundamenta a PROGNOSE NEGATIVA, pela qual, na falta de um elemento probatório conclusivo, o magistrado deve fazer um exercício de probabilidade para negar a pretensão do empreendedor da atividade potencialmente poluidora.

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8. PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO

8.1 Princípio da informação ambiental

O princípio da informação ambiental consiste no direito do cidadão ser informado sobre projetos públicos ou privados que possam prejudicar sua saúde ou qualidade de vida.

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Exemplos: exigência de informação no rótulo do produto que contenha OGMs acima de 1% (Lei 11105/95 – Lei de Biossegurança, art. 40);7 exigência de publicidade do EIA/RIMA (Estudo Prévio de Impacto Ambiental), apresentado por obra ou empreendimento causador de significativa degradação ambiental; SISNIMA (Sistema Nacional de Informações Ambientais), um banco de dados com informações ambientais de todos os órgãos ambientais do país (SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente), que pode ser acessado por qualquer cidadão, na forma da Lei 10650/03.

8.2 Princípio da participação comunitária

Na esfera ADMINISTRATIVA, a participação comunitária permite a participação da população na formulação, acompanhamento e fiscalização das políticas públicas ambientais. Ocorre por meio de audiências públicas, consultas públicas, direito de petição, participação em conselhos de meio ambiente. A expressão “consulta pública” é mais ampla, um gênero, do qual a audiência pública é espécie. Visa colher apontamentos e sugestões da população sobre projetos e empreendimentos com impacto ambiental.

Nas esfera LEGISLATIVA, a participação comunitária se realiza por meio da iniciativa popular de lei, plebiscito e referendo (CF88, art. 14).

Na esfera JUDICIAL, a participação comunitária ocorre mediante a ação popular ambiental, que pode ser proposta por qualquer cidadão.

8.3 Princípio da educação ambiental

Consiste na adoção de políticas públicas que visem a educação ambiental.

9. PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR (Lei 6938/81, art. 4º, VII)8

O princípio do poluidor pagador é um princípio econômico de proteção ambiental. Tem por finalidade a internalização das externalidades negativas (internalização = processo produtivo / externalidade = fora do processo produtivo – poluição), no sentido que o empreendedor deve incorporar ao processo produtivo os custos de prevenção, monitoramento e reparação dos impactos causados ao meio ambiente.

Para se tornar um produto, o recurso natural passa por um processo produtivo, que resulta em externalidades negativas (resíduos, gases e efluentes). O custo para prevenir, monitorar e reparar essas externalidades negativas deve ser incorporado ao processo produtivo do empreendedor. Quando essas medidas não são adotadas, o custo de produção do bem é menor, permitindo sua comercialização por um preço menor, em prejuízo do meio ambiente, o que se chama de DUMPING AMBIENTAL (princípio 16 da Declaração do Rio); não se pode privatizar os lucros e socializar os prejuízos.

Esse princípio tem 2 aspectos:

Preventivo: é o mais trabalhado pela doutrina.

Reparador: ainda que o empreendedor adote todas as medidas preventivas, se ocorrer o dano ambiental, o empreendedor é responsável pela sua reparação (responsabilidade civil OBJETIVA) (Lei 6938/81, art. 14, §1º).9 A responsabilidade civil ambiental é objetiva desde 1981.

7Art. 40. Os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM ou derivados deverão conter informação nesse sentido em seus rótulos , conforme regulamento. 8 Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. 9 Art. 14, § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a

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10. PRINCÍPIO DO USUÁRIO PAGADOR (Lei 6938/81, art. 4º, VII)10

O princípio do usuário pagador exige que os recursos naturais sejam quantificados e precificados, de modo a evitar a hiperexploração, o que leva à escassez. O custo zero favorece a hiperexploração e leva à escassez. Ex: água (Lei 9433, art. 19).11 Esse princípio é mencionado pelo STF na ADI 3378.

11. PRINCÍPIO DA UBIQUIDADE (princípio da variável ambiental no processo decisório das políticas de desenvolvimento)

O princípio da ubiqüidade consiste na exigência de pôr o meio ambiente no epicentro dos direitos humanos. Todas as decisões, projetos e políticas públicas devem contemplar a questão ambiental.

Um exemplo desse princípio são os estudos ambientais, como o EIA/RIMA.

Nesse sentido, o princípio 17 da Declaração do Rio.

12. PRINCÍPIO DO CONTROLE DO POLUIDOR PELO PODER PÚBLICO

Cabe ao Poder Público controlar o poluidor (CF88, art. 225, §1º, V).12 Ex: controle de agrotóxicos, de produção de elementos de biossegurança (células tronco), de energia nuclear.

Esse controle é feito por instrumentos como o licenciamento ambiental e o poder de polícia ambiental.

13. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO (ou cooperação entre os povos)

Esse princípio está contemplado no princípio 2 da Declaração do Rio. Os impactos ambientais são transfronteiriços, transnacionais. Esse princípio consiste na exigência de uma cooperação entre os Estados para enfrentar problemas ambientais que ultrapassem o território de um único país.

terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. 10 Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. 11 Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor;II - incentivar a racionalização do uso da água; 12 § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

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Tema: CONSTITUIÇÃO E MEIO AMBIENTE

1. CONCEITO LEGAL DE MEIO AMBIENTE

O conceito legal de meio ambiente está no art. 3º, I da Lei 6938/81: “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Esse é um conceito jurídico amplo, que contém 2 elementos:

(a) Elementos BIÓTICOS: fauna e flora. Biótopo (lugar) e biocenose (agrupamento de seres vivos); biota é o conjunto de seres vivos em determinado local.

(b) Elementos ABIÓTICOS: não têm vida, como o ar, a atmosfera, as águas, o solo, etc.

Classificação de meio ambiente de José Afonso da Silva, adotada pelo STJ no RESP 725257:

i. Meio ambiente NATURAL (CF88, art. 225): abrange os elementos bióticos e abióticos, que independem da intervenção humana.

ii. Meio ambiente CULTURAL (CF88, art. 216):13 abrange o patrimônio cultural brasileiro, material e imaterial. Bens de natureza imaterial não são sujeitos a tombamento e sim a registro (pão de queijo, queijo minas, festas religiosas, danças, etc). Formas de proteção do patrimônio cultural:

TOMBAMENTO REGISTRO INVENTÁRIO VIGILÂNCIA DESAPROPRIAÇÃO

OUTRAS FORMAS

Patrimônio material

Patrimônio imaterial (Decreto 3351/00)

Listar os bens materiais e imateriais de certo local

Poder de polícia - fiscalização

iii. Meio ambiente ARTIFICIAL (CF88, art. 182): são as obras humanas (antrópicas), abrangendo os espaços abertos e fechados, tutelados pelo Direito Urbanístico.

iv. Meio ambiente do TRABALHO (CF88, art. 200, VIII): tutela da saúde e segurança do trabalhador.

2. ESTUDO DO ART. 225 DA CF88

O art. 225 da CF88 abrange:

(a) NORMA MATRIZ (caput): direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

(b) INSTRUMENTOS DE EFETIVIDADE (§1º): obrigações para o Poder Público.13 Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. § 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.

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(c) DETERMINAÇÕES PARTICULARES (§2º ao §6º)

2.1 Norma matriz

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

“Todos” abrange os brasileiros e estrangeiros residentes no país. Parte da doutrina entende que essa expressão abrange também as futuras gerações.

A ÉTICA AMBIENTAL varia segundo a leitura que se faz do art. 225 da CF88:

Antropocentrismo: o homem como centro do universo, a medida de todas as coisas. Essa é a visão que prevalece ainda hoje em dia, com pequenas variações. É um antropocentrismo alargado: os outros seres vivos também são considerados, mas em função do homem. Por essa razão, foram proibidas algumas manifestações culturais que representavam crueldade para animais, como a farra do boi e a rinha de galo, consideradas inconstitucionais (art. 225, §1º, VII).14

Biocentrismo: todas as formas de vida são igualmente importantes; visão holística. A tutela jurídica não é apenas do homem, mas sobre todos os seres vivos.

A expressão “todos têm direito” cria um direito público subjetivo oponível erga omnes.

Meio ambiente é um bem jurídico autônomo de interesse público. Segundo o art. 2º, I da Lei 6928/81, o meio ambiente é um patrimônio público, “bem de uso comum do povo”. Mas isso não significa que o Estado seja dono, titular ou proprietário do meio ambiente; o Estado é mero gestor do meio ambiente (macrobem e não microbem).

O Poder Público (no sentido amplo, abrangendo os 3 Poderes e todas as entidades da administração direta e indireta) tem o dever de manter a incolumidade do meio ambiente; se já tiver poluído, caberá recomposição e regeneração.

Além disso, o caput apresenta os princípios do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito humano, da solidariedade intergeracional e do desenvolvimento sustentável.

2.1 Instrumentos de efetividade (§1º)

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

14 § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

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IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

Os “espaços ambientalmente protegidos” em sentido amplo abrangem (ADI 3540):

(a) Unidades de conservação (Lei 9985/00) (espaços ambientalmente protegidos em sentido estrito)

(b) Área de Preservação Permanente – APP (art. 2º e 3º da Lei 4771/65 – Código Florestal);

(c) Reserva Legal Florestal (art. 16 da Lei 4771/65 – Código Florestal);

(d) Servidão ambiental (art. 9º da Lei 6938/81);

(e) Tombamento ambiental.

Os espaços ambientalmente protegidos em sentido estrito se referem apenas as unidades de conservação. A partir daquela ADI, essa expressão abrange outras áreas.

De acordo com a lei 9985, uma unidade de conservação é criada por ato do poder público, de forma simples através de um decreto. Agora se eu crio através de um decreto basta apenas outro decreto para revogar. Se eu quiser desafetar, reduzir, minimizar a proteção, só será possível por LEI ESPECÍFICA , mesmo que tenha sido feita por decreto. O STF fala que seu eu quiser cortar uma árvore em unidade de conservação não precisa de lei específica, é um simples procedimento administrativo, uma coisa é desafetar, reduzir, outra coisa é cortar árvore.

2.3 Determinações particulares

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são PATRIMÔNIO NACIONAL, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. [LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA]

§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

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O §3º estabelece a tríplice responsabilidade do agente poluidor: penal (Lei 9605/98), administrativa (Lei 9605/98, art. 70 a 76 e Decreto 6514) e civil (caráter reparador).

As áreas referidas no §4º são os grandes biomas brasileiros, com proteção constitucional. São áreas consideradas patrimônio nacional, o que não altera a titularidade dos imóveis inseridos nessas áreas:

Floresta Amazônica brasileira;

Mata Atlântica;

Serra do Mar;

Pantanal Mato-Grossense; e

Zona Costeira.

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15/09/2011

Tema: COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL

1. COMPETÊNCIA MATERIAL

Art. 23 da CF fala da competência material ou comum, também chamada de administrativa: quando falo competência MATERIAL é o poder de polícia ou licenciamento ambiental, que é COMUM entre União, Estado, Distrito Federal e Municípios.15. Houve uma ADI que declarou inconstitucional uma lei estadual do RS que atribuía aos Municípios a competência exclusiva para fiscalizar o patrimônio histórico.

Como a competência material é comum, é possível a fiscalização concomitante de órgãos ambientais de diferentes entes federativos sobre um mesmo fato. Havendo aplicação de multa por diferentes entes federativos em razão de um mesmo fato, o efetivo pagamento da multa estadual ou municipal substitui o pagamento da multa federal (art. 76 da Lei 9605).16 Contudo, não haverá substituição com a mera assinatura de TAC com órgão estadual, salvo se o órgão ambiental federal participar (art. 12 do Decreto 6514/08 – infrações administrativas ambientais).17

Tem um julgado que distingue a competência para fiscalizar e para licenciar: AgRg no REsp 711405/PR. Quando se tratar de obra ou atividade cujos impactos ambientais ou seu desenvolvimento alcancem outros países ou dois ou mais Estados, quem vai LICENCIAR é o órgão federal que é o IBAMA. Exemplo: transposição do rio São Francisco alcança mais de um Estado, ou mesmo se pegasse dois ou mais países. Mas se a atividade ocorrer apenas dentro de um Estado caberá ao órgão ambiental estadual promover o licenciamento. Então esse julgado trouxe o seguinte: vamos supor que quem licenciou a obra foi o órgão ambiental do Estado X, ele é competente para licenciar, mas se ele não fiscaliza a obra em comento pode o IBAMA exercer poder de polícia administrativo, desde que o Estado que concedeu a licença ambiental seja omisso.

2. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA

O art. 24 da CF prevê uma competência LEGISLATIVA CONCORRENTE:18

15 Art. 23. É competência COMUM da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;16 Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.17 Art. 12. O pagamento de multa por infração ambiental imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a aplicação de penalidade pecuniária pelo órgão federal, em decorrência do mesmo fato , respeitados os limites estabelecidos neste Decreto. Parágrafo único. Somente o efetivo pagamento da multa será considerado para efeito da substituição de que trata o caput, não sendo admitida para esta finalidade a celebração de termo de compromisso de ajustamento de conduta ou outra forma de compromisso de regularização da infração ou composição de dano, salvo se deste também participar o órgão ambiental federal.18 Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar CONCORRENTEMENTE sobre:VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

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(a) à UNIÃO cabe editar as normas GERAIS, que são diretrizes com função de uniformização e coordenação das leis ambientais. Essas normas gerais devem ser editadas por lei, mas são as resoluções do CONAMA que estão assumindo esse papel de norma geral: Resolução 1/86 fala de EIA/RIMA, estudo prévio de impacto ambiental e a RES. 237/97 também do CONAMA sobre licenciamento ambiental ordinário.

(b) ESTADOS e DF editam as normas SUPLEMENTARES. Quando não há uma norma federal na matéria o Estado passa a ter competência legislativa plena. Exemplo: até 1997, em SP, o Estado exercia competência plena em matéria de recursos hídricos, mas em 1997 a União editou a lei nacional de recursos hídricos. E a superveniência de lei federal suspende os efeitos da lei estadual no que for contrário à lei federal; se for revogada a lei federal, volta a eficácia a lei estadual.

A CF também garante competência suplementar aos Municípios no art. 30, II da CF .19 Quando eu falo em suplementar eu tenho a competência suplementar supletiva e a suplementar complementar na suplementar pegando os municípios ele pode ter a supletiva em que ele vai preencher as lacunas da lei federal e estadual; ou ainda a complementar em que ele vai apenas detalhar, pormenorizar a legislação federal e estadual.

3. CONFLITO LEGISLATIVO

A jurisprudência dos Tribunais Superiores tem adotado 2 critérios para dirimir um conflito entre normas ambientais federal e estadual:

(a) Critério da prevalência da lei federal : no confronto, deve prevalecer a norma geral federal. Exemplo: no PR havia uma lei estadual exigindo a rotulagem de OGNs; essa lei foi declarada inconstitucional porque afrontava dispositivos da norma geral federal, extrapolando a competência legislativa suplementar dos Estados; uma lei estadual do MT que proibia o uso de amianto foi declarada inconstitucional, pois restringia uma atividade econômica lícita.

(b) Critério da norma mais protetiva ao meio ambiente : deve prevalecer a norma mais protetiva para o meio ambiente. Esse é o critério mais utilizado pela doutrina e chegou ao STF na ADI 3937. Nesse caso, por 7 x 3, em sede cautelar, foi reconhecida a constitucionalidade da lei estadual de SP que proibia o uso do amianto, pois seria mais benéfica à proteção do meio ambiente. A tendência é que se consolide essa interpretação, que poderá ser estendida, por exemplo, à proibição da queima de palha de cana de açúcar estabelecida em lei estadual, contrária à lei federal.

VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da UNIÃO limitar-se-á a estabelecer normas GERAIS.§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência SUPLEMENTAR dos ESTADOS.§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa PLENA, para atender a suas peculiaridades. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.19 Art. 30. Compete aos MUNICÍPIOS:I - legislar sobre assuntos de interesse local;II - SUPLEMENTAR A LEGISLAÇÃO FEDERAL E A ESTADUAL no que couber;VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.

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Tema: RESPONSABILIDADE CIVIL EM MATÉRIA AMBIENTAL

1. FUNDAMENTO LEGAL

O art. 225 §3º da CF prevê a TRIPLA responsabilidade em matéria ambiental: civil, administrativa e penal, que são esferas autônomas.20

O art. 14, §1º da Lei 6938/81 (Lei da Política Nacional Ambiental) prevê a responsabilidade civil OBJETIVA para o dano ambiental, dispensando aferição de culpa.21 No ordenamento jurídico brasileiro, há responsabilidade civil objetiva em matéria ambiental bem antes da CF88, desde a Lei 6938/81.

2. DANO AMBIENTAL

Não existe na legislação uma definição jurídica para “dano ambiental”. Mas há outros conceitos legais (art. 3º da Lei 6938/81):22

(a) “Meio ambiente”: o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

(b) “Degradação da qualidade ambiental”: alteração adversa das características do meio ambiente, podendo ser causada por ações da natureza ou do homem (antrópica).

(c) “Poluição”: degradação da qualidade ambiental resultante de atividades antrópicas, que prejudiquem a saúde, segurança e bem estar da população, as atividades sociais e econômicas, as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente, a biota (conjunto de seres vivos, fauna e flora, em um determinado local) ou que lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

Conceito doutrinário de dano ambiental:

José Rubens Morato Leite: “Dano ambiental deve ser compreendido como toda lesão intolerável causada por qualquer ação humana (culposa ou não) ao meio ambiente, diretamente, como macrobem de interesse da coletividade, em uma concepção totalizante, e indiretamente, a terceiros, tendo em vista interesses próprios e individualizáveis e que refletem no macrobem.”

20 § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.21 Art. 14, § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.22 Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - MEIO AMBIENTE, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II - DEGRADAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL, a alteração adversa das características do meio ambiente; III - POLUIÇÃO, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV - POLUIDOR, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; V - RECURSOS AMBIENTAIS: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.

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Édis Milaré: “Dano ambiental é a lesão aos recursos ambientais, com conseqüente degradação (alteração adversa) do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida.”

Embora tenha uma dupla face, nem todo dano ambiental afeta diretamente a natureza e o homem.

3. CLASSIFICAÇÃO DO DANO AMBIENTAL

Primeira classificação:

Em sentido amplo ( lato sensu ) : vazamento de petróleo no mar.

Individual (ou reflexo) : lesões à saúde e integridade física do indivíduo em virtude de poluição, desvalorização de bens do indivíduo em virtude contaminação do subsolo, etc.

Classificação 2:

Dano patrimonial : consiste na perda ou deterioração dos bens da vítima; é o dano material, físico.

Dano extrapatrimonial (dano moral ambiental) : há redução da qualidade de vida da população, do meio ambiente ecologicamente equilibrado, o bem estar coletivo. A doutrina é unânime em reconhecer a existência do dano extrapatrimonial, inclusive o dano moral coletivo. Entretanto, o STJ tem negado reconhecimento ao dano moral coletivo, por ser incompatível com o dano moral a ideia da transindividualidade (indeterminabilidade do sujeito passivo e da indivisibilidade da ofensa e da reparação) (RESP 1109905, RESP 821891, 598281, Zavascki, Fux e Carvalhido).

4. REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL

A reparação do dano ambiental ocorre de 2 formas, de acordo com a seguinte ordem de preferência:

i. Reparação/restauração in natura (in specie), no local em que ocorreu o dano ambiental.

ii. Indenização pecuniária (caráter subsidiário).

A reparação deve ser sempre INTEGRAL.

O MP pode ajuizar ação civil pública para pedir, de forma CUMULATIVA, tanto a reparação (obrigação de fazer consistente, por exemplo, no reflorestamento de área) como também a indenização pelo dano. A conjunção “ou” do art. 3º da Lei 7347/85 (LACP)23 deve ser interpretada de forma aditiva (RESP 1181820).

A pretensão de reparação civil por dano ambiental é IMPRESCRITÍVEL, ainda que isso não esteja expresso em texto legal. Quanto mais relevante o bem tutelado, maior o prazo da prescrição e, como se sabe, não há direitos fundamentais (vida, trabalho, liberdade, etc) sem um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Além disso a imprescritibilidade deriva do princípio da solidariedade intergeracional. Diferentemente da pretensão à reparação civil, a ação penal e a sanção administrativa são prescritíveis.

POLUIDOR DIRETO é aquele que provoca o dano ambiental diretamente por seus atos . Diferentemente, o POLUIDOR INDIRETO não causa o dano ambiental, mas contribui para sua ocorrência, como o caso do financiador da atividade (exemplo: banco oficial que financia obra causadora de degradação ambiental). Existe responsabilidade solidária pela reparação do dano ambiental entre o poluidor direto e o indireto, que poderão compor, em litisconsórcio facultativo, o pólo passivo da ação de reparação (art. 12 da Lei 6938)24 (STJ, RESP 880160).23 Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.24 Art 12 - As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados a esses benefícios ao licenciamento, na forma desta Lei, e ao cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo CONAMA. Parágrafo único - As entidades e órgãos referidos no " caput " deste artigo deverão fazer constar dos projetos a realização de obras e aquisição de equipamentos destinados ao controle de degradação ambiental e à melhoria da

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É admitida a inversão do ônus da prova para transferir ao empreendedor o ônus de demonstrar a segurança e a ausência de degradação ambiental por parte de seu empreendimento, com fundamento no art. 6º do CDC e art. 21 da LACP, conjugados ao princípio ambiental da precaução.

5. CONSEQUÊNCIAS DA ADOÇÃO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

A adoção da teoria da responsabilidade objetiva em matéria ambiental gera as seguintes conseqüências:

Prescindibilidade da culpa para o dever de indenizar (basta aferição da conduta, do dano e do nexo causal).

Irrelevância da ilicitude da atividade (não interessa se a atividade é lícita ou não; subsiste o dever de reparar os danos ambientais);

Irrelevância do caso fortuito, da força maior e da cláusula de não indenizar.

Há 2 teorias a respeito das excludentes de responsabilidade objetiva:

TEORIA DO RISCO CRIADO TEORIA DO RISCO INTEGRAL

Busca a identificação da causa adequada. A existência da atividade é equiparada à causa do dano.

Emprega a teoria da causalidade adequada. Emprega a teoria da equivalência das condições (conditio sine qua non).

Admite excludentes: fato externo, imprevisível e irresistível.

Não admite excludentes.

Prevalece que no direito ambiental é aplicada a teoria do RISCO INTEGRAL. O caso fortuito, a força maior ou o fato de terceiro não excluem a responsabilidade civil por dano ambiental do empreendedor, que deve buscar ressarcimento em ação regressiva perante o eventual culpado.

A prova do nexo causal fica dispensada quando a obrigação de reparar o dano ambiental está vinculada à propriedade (obrigação PROPTER REM). Por isso, há responsabilidade de adquirente de imóvel já degradado, independentemente de quem foi o causador originário do dano ambiental. A solidariedade entre o atual proprietário e o causador originário do dano ambiental decorre dos arts. 3º, IV e 14, §1º da Lei 6398. Se o real causador do desastre ambiental puder ser identificado, ele pode ser acionado juntamente com o atual proprietário.

6. RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR DANOS AMBIENTAIS

A responsabilidade do Estado por danos ambientais causados por ação é OBJETIVA, com fulcro no art. 37, §6º da CF c/c art. 3º, IV da Lei 6938/81.

Contudo, quando o dano ambiental deriva da omissão do Estado no exercício do poder de polícia (dever de fiscalização), prevalece no STF e STJ que a responsabilidade do Estado por omissão é SUBJETIVA. Contudo, há um julgado recente do STJ, relatado pelo Min. Herman Benjamim, reconhecendo que a responsabilidade do Estado por dano ambiental em virtude de omissão é objetiva. No caso de omissão de dever de fiscalização, a responsabilidade ambiental solidária da Administração é de execução subsidiária (ou com ordem de preferência). A responsabilidade solidária e de execução subsidiária significa que o Estado integra o título executivo sob a condição de, como devedor-reserva, só ser convocado a quitar a dívida se o degradador original, direto ou material (= devedor principal) não o fizer, seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou insolvência, seja por impossibilidade ou incapacidade, inclusive técnica, de

qualidade do meio ambiente.

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cumprimento da prestação judicialmente imposta, assegurado, sempre, o direito de regresso (art. 934 do CC), com a desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do CC).

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Tema: LEI DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (LEI 6938/81)

1. SISNAMA

Essa é a primeira lei que sistematiza a proteção ambiental no Brasil.

SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente: é o conjunto de entes e órgãos da União, Estados, DF e Municípios responsáveis pela proteção, controle, monitoramento e melhoria da qualidade e da política ambiental no país. O SISNAMA não possui personalidade jurídica, e nem houve previsão constitucional dele. Quem tem personalidade jurídica são os entes, p. ex. O IBAMA.

O SISNAMA é formado pelos seguintes órgãos:

(a) CONSELHO DE GOVERNO : é o órgão SUPERIOR, a reunião de ministros de Estado e de secretários especiais, cuja função é assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e para os recursos naturais ou ambientais.

(b) CONAMA : é um órgão CONSULTIVO e DELIBERATIVO, que exerce o papel de órgão do governo. É Consultivo porque tem por finalidade assessorar, estudar e propor ao conselho de governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais (assessora); no aspecto deliberativo ele tem que deliberar no seu âmbito de competência sobre normas e padrões compatíveis com meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial a sadia qualidade de vida.

O CONAMA realiza os seguintes atos:

Resolução: é um ato regulamentar de conselho, de atos colegiados.

Proposições: serve para encaminhar alguma proposta ao conselho de governo e as comissões do congresso nacional, ou do senado ou da câmara.

Recomendações: implementação de políticas e programas públicos com repercussão na área ambiental. Então quando tenho uma política ou programa com essa repercussão e ele quer se comunicar com outros órgãos ele expede essa recomendação para auxiliar os outros integrantes do SISNAMA.

Moções: serve para tudo que não couber nos outros.

Decisões: sobre multas e demais penalidades aplicadas pelo IBAMA. Multas de órgãos estaduais ou municipais não chegam ao CONAMA, só chegam as do órgão federal.

Estrutura do CONAMA:

o Plenário: hoje tem 108 conselheiros, que representa 5 setores fundamentais: (i) os representantes dos ministérios do governo federal, e aí inclui representantes da ANA (agência nacional de águas), um do IBAMA e um do Chico Mendes; (ii) representantes dos governos estaduais; (iii) representantes dos governos municipais; (iv) sociedade civil; (v) setor empresarial. E tem também 3 membros honorários e sem direito a voto (um representante do MP federal, outro que é do MP estadual que é escolhido pelo conselho de procuradores de justiça e um representante da comissão da Câmara dos Deputados, que é dos consumidores). Esses conselheiros não são remunerados. Eles se reúnem ordinariamente por umas 3 vezes em Brasília.

o Câmara Especial Recursal: é a última instância na esfera administrativa para apreciar as multas e penalidades aplicadas pelo órgão federal. Essa é a última instância que foi criada em 2008 e nesse ano de 2010 começou a efetivamente a funcionar.

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o Comitê de integração de políticas ambientais (tem uma sigla, chamado de CIPAM) é a secretaria executiva do CONAMA, ela que faz todo trabalho de juntar as câmaras, encaminhar ao plenário, verificar preposições.

o Câmaras Técnicas: são as chamadas câmaras temáticas, temos hoje 11 (jurídica, biodiversidade, mineração, etc), e o papel delas é que quando começa a preposição sobre uma questão.

o Grupos de Trabalho: atua em função das câmaras técnicas e auxiliam os conselheiros, grupos de trabalho e os assessores.

o Grupos assessores: da mesma forma que os grupos de trabalho.

(c) MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE : é o órgão central, que tem como função planejar, coordenar, supervisionar e controlar a política e as diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais RENOVÁVEIS. Já quem cuida dos recursos naturais não renováveis é o Ministério de Minas e Energia.

(d) IBAMA E O ICMBIO : são os órgãos executores;

ICMBIO – Instituto Chico Mendes de conservação da biodiversidade, criado pela lei 11156/07, com função de executar ações de política nacional de UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (gerencia parque nacional, reserva biológica, floresta nacional, etc). Entre suas atribuições estipula essa política nacional e também será responsável por gerenciar essas unidades de conservação criadas por lei.

IBAMA – é uma autarquia, com autonomia administrativa e financeira, cujo papel é executar e fazer executar a política nacional do meio ambiente, principalmente por meio do exercício do PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL e de LICENCIAMENTO AMBIENTAL.

(e) ÓRGÃOS SECCIONAIS : órgãos estaduais e da administração direta e indireta;

(f) ÓRGÃOS LOCAIS : órgãos municipais;

2. ATRIBUIÇÕES DO CONAMA

(a) Estabelecer NORMAS E CRITÉRIOS PARA O LICENCIAMENTO de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, supervisionado pelo IBAMA, mediante proposta do IBAMA, dos órgãos do SISNAMA e dos Conselheiros do CONAMA. O CONAMA está assumindo a obrigação de editar normas gerais nesse país, quando o legislativo não atua o CONAMA assume o papel nessa área ambiental diante dessa inação legislativa.

(b) Determinar a realização de ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA/RIMA) das alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados , requisitando todas as informações necessárias, em especial nas áreas consideradas patrimônio nacional (art. 225, §4º da CF: floresta amazônica, pantanal, etc).

(c) Determinar, por representação do IBAMA, a PERDA OU RESTRIÇÃO DE BENEFÍCIOS fiscais, e a perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; nós sabemos que muitas empresas vivem de financiamentos ou de créditos fiscais, e o BNDS sustenta grande parte de projetos privados, e se esse projeto que está sendo financiado está afetando desfavoravelmente a natureza é possível que o IBAMA determine a perda do benefício ou que essa empresa não terá financiamentos.

(d) Estabelecer normas e padrões nacionais de CONTROLE DA POLUIÇÃO causada por VEÍCULOS automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos ministérios

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competentes; quem estabelece normas de controle de poluição é o CONAMA ele é o responsável por este controle.

(e) Estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e a manutenção da qualidade do meio ambiente, com vista ao uso racional dos recursos ambientais, em especial os hídricos . CONAMA edita resolução em todas as áreas. Então esse item é aberto. Quando o poder legislativo não avança quem vem é o CONAMA, ele pega florestas, águas, veículo automotor, ele tem uma importância fundamental.

3. ATRIBUIÇÕES DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS ESTADUAIS E MUNICIPAIS

Os órgãos ambientais ESTADUAIS possuem as seguintes atribuições:

(a) Licenciamento ambiental; art. 23 da CF fala que a competência administrativa, a material é comum, portanto podem exercer poder de polícia.

(b) Exercício do poder de polícia;

(c) Proteção florestal, com responsabilidade pela autorização/intervenção em APP, a instituição da reserva legal florestal, etc.

(d) Outorga de uso de recursos hídricos no seu âmbito de competência ;

O Município também pode exercer poder de polícia ambiental e efetuar licenciamento ambiental , desde que tenha (i) um Conselho de Meio Ambiente com caráter deliberativo; e (ii) Plano Diretor.

4. POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

OBJETIVO GERAL: a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia a vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. Não se faz essa leitura p. ex. 1980, mas hoje é necessário por conta do desenvolvimento sustentável, mas essa é uma lei ainda sob a vigência do regime militar. Mas e 1988 elegemos como fundamento axiológico.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS (METAS):

(a) Compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico (princípio do desenvolvimento sustentável); princípio do desenvolvimento sustentável, aqui não tinha o uso do verbo conservar e preservar aqui eles são vistos como sinônimos.

(b) Estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais. São as resoluções do CONAMA que estabelecem esses padrões de qualidade ambiental no que tange ao ar, o solo, a água, limites de emissão de gases, resíduos. Os estados membros também podem editar esses padrões. O que é manejo? É toda intervenção que é feita no meio ambiente, estiou intervindo, manejo de recursos ambientais, então é intervenção.

(c) Definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses dos entes federativos. Cabe aos entes federativos definir essas áreas. O art. 225 é claro quando a imposição que se coloca ao poder público pois bem quando se fala em proteção ambiental não há o que se falar em discricionariedade, é dever, tanto é que o §1º do art. 225 traz obrigações para o poder público. Então é discricionário a definição do local. Então a proteção é obrigatória, é um dever, é o local que estará discricionária . O PPA pode definir áreas p. ex. Plano plurianual; e o município pode criar parque municipal, da mesma forma o estado um estadual, e quando for atuar no meio ambiental se for representante isso implica em recursos, em

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dinheiro e aí que o administrador terá uma certa discricionariedade. E muitas vezes isso vai culminar em desapropriar áreas.

(d) Desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; aqui temos desde os órgãos como a EMBRAPA que é ente do governo federal responsável por pesquisas na agricultura, melhoramento, ela subsidia o agricultor, a EMATER, as atividade com as pesquisas e as universidades igualmente.

(e) A difusão de tecnologia de manejo do meio ambiente, a divulgação de dados e a informações ambientais e a formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;

(f) Preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para o equilíbrio ecológico propício à vida; restaurar não é o melhor verbo, eu restauro patrimônio cultural, ex. Uma causa tombada, ora essa meta diz que tenho que preservar e se já está poluído, degradado, cabe recompor, regenerar , e usando de maneira racional será de maneira permanente os recursos naturais.

(g) A imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. São dois princípios é o PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR para a primeira parte e a parte final é o PRINCÍPIO DO USUÁRIO PAGADOR.

5. INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (art. 9º)

I. Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental (padrões de qualidade do ar, do solo, das águas); CONAMA nada impede os Estados

II. Zoneamento ecológico econômico. Zoneamento é uso, planejamento do solo, ocupação do solo, eu pego uma área e vou disciplinar o planejamento seu uso ou ainda a sua ocupação. Zoneamento comporta: o agrícola, urbano, ecológico, costeiro, há várias formas, então tenho uma cidade e tenho o urbano que está no plano diretor ele que é o responsável, na área industrial é possível até mesmo ter um zoneamento industrial. Há áreas de conservação que são áreas que tenho a compatibilização de atividades econômicas com o meio ambiente, ex. Uma APA (área de proteção ambiental) essa unidade de preservação é de conservação, mas eu posso ter de preservação que permaneço intocável só preservo e nela não tenho atividades econômicas ex. Reserva biológica e uma estação ecológica são também de conservação mas são as mais radicais de todas, então zoneamento aparece em tudo aqui também tenho o zoneamento. É a ordenação físico-territorial numa concentração geográfica, que deve levar em conta a vocação de cada área: preservação, urbana. As diretrizes gerais do zoneamento ecológico econômico são:

a) a busca da sustentabilidade ecológica

b) ampla participação democrática

c) valorização do conhecimento científico multidisciplinar

III. Avaliação de impactos ambientais (AIA). Isso é gênero que não pode ser confundido com o EIA/RIMA (espécie). Estudo de impactos ambientais é só para uma área. Além dele, há outras espécies: (a) o relatório de viabilidade ambiental (RVA), e (b) o relatório ambiental preliminar (RAP). Esses são estudos ambientais simplificados para obra ou atividade que não gere significativo impacto ambiental . Já o EIA é o estudo complexo uma obra com significativa degradação.

IV. Licenciamento e revisão de atividades de efetiva ou potencialmente poluidora, é o licenciamento ambiental. Competência para o licenciamento:

o Quando há impacto nacional ou regional, será o órgão ambiental federal - IBAMA (pega o Brasil e outros países, p. ex. Itaipu, pegou Brasil e outros países, se for 2 Estados ou mais como ex. A

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transposição do Rio São Francisco é regional daí também é nacional), mas pode ser também que a obra esteja toda em nosso país mas os efeitos são sentidos em outros países também será federal;

o Quando for duas ou mais cidades no mesmo Estado membro será o órgão ambiental estadual , 2 municípios do mesmo Estado, pode ser que o impacto ambiental seja sentido nos municípios vizinhos); claro que tem situações que sofrem desse controle isso é só uma simplificação.

Uma coisa é competência para fiscalizar com poder de polícia e outra é a competência para licenciar : a atividade foi licenciada por Salvador, municipal, pegou só o município, o min. Gilmar Mendes disse de um lado que o licenciamento foi feito por Salvador logo a fiscalização é municipal, mas o IBAMA foi lá e fiscalizou, a tese do órgão ambiental municipal é que ele licenciou portanto ele fiscaliza, a tese aceita pelo STF é a da cooperação em matéria ambiental, então a fiscalização é de todos os entes, ainda que o IBAMA não tenha licenciado ele pode sim fiscalizar.

V. Os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia voltados para a melhoria da qualidade ambiental. A lei pontua a possibilidade do empreendedor o empresário adotar em seu ambiente empresarial alternativas de proteção na esfera privada. Existem alguns instrumentos que o empresário pode adotar: P+L (Produção mais limpa é a necessidade que tem o empresário de adotar técnicas que diminuam os impactos ambientais, reduzindo ao máximo os resíduos, portanto esse empresário tenta diminuir os impactos, isso hoje está na moda ex. dos EUA esse tipo tenta evitar o máximo a emissão de resíduos, gases, efluentes, ao máximo tem uma fábrica e o processo da cerveja sai um resíduo que tem que ser dada uma destinação se ele não pode ser reaproveitado dentro da fábrica ele é aproveitado por outra empresa próxima, nesse caso vira fertilizante, ou seja essa empresa foi se instalar ao lado da fábrica. O laticínio libera um líquido mas aquilo faz bem para a memória; então evita-se ao máximo); a ISO 14001 (Sistema de gestão ambiental, uma certificação para a empresa, é uma questão gerencial. Na verdade é uma preocupação no âmbito internacional das empresas adotarem padrões compatíveis com o meio ambiente, é uma empresa responsável que consegue dento de seu processo produtivo minimizar seus impactos, e temos várias atividades certificadoras ex. ABNT, IMETRO, ela atende o previsto e recebe o certificado); rotulagem ambiental (é o selo verde, o selo ecológico, uma coisa interessante você vai comprar um móvel com selo de certificação, se for pego sem a documentação a madeira é apreendida ele responde criminalmente e ainda tem multa. Então rotulagem portanto é selo ecológico, ambiental ex. Do Brasil é a madeira); tecnologias limpas (adoção de filtros para evitar lançamento de gás, estações de tratamentos de esgoto p. ex. Ou resíduos industriais); e cluster (vai vir uma fábrica que é poluidora, gera resíduo, igual a P+L, ex. Fábrica da Chevrolet no Brasil em Gravataí e todos que articulam o produto da empresa automobilística fica em volta então você não tem transporte, então monto uma indústria e em volta dela que é a principal outras que vão fornecer produtos, insumos, e para não ter risco de deslocamento, transporte então propõe centralizar uma fábrica e em seu entorno aqueles que fornecem ou que recolhem seus insumos). Isso é mais gestão do que direito ambiental.

VI. Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo poder público como áreas de proteção ambiental e reservas extrativistas: esse hoje está regulamentado pela lei 9985/00;

VII. SISNIMA sistema nacional de informações do meio ambiente. A base legal é art. 11, II do Dec. 99274/90. Vai interligar todos os órgãos, os entes do SISNAMA as informações produzidas por todos, portanto o SISNIMA vai articular essas informações, e para isso ele trabalha sobre plataforma computacional livre. Ele quer criar essa rede para interligar.

VIII. O Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de defesa Ambiental , ele é obrigatório, sob pena de multa, para pessoas físicas e jurídicas que se dediquem a consultoria técnica sobre problemas ambientais. Todos aqueles que se dedicam a participação em estudos ambientais, dando consultoria, participando diretamente devem estar inscritos neste cadastro, é um cadastro público, ambiental de todos os que participam de estudos ambientais, advogados, pareceristas, geólogos, engenheiros, se você quiser participar de um licenciamento tem que estar cadastrado nesse Senso, e o fato desse indivíduo estar inscrito lá não quer dizer qualidade e sim aqueles que se dedicam, então se está no EIA/RIMA tem que

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estar lá. Além da consultoria a industria e o comércio que fabricam ou vendem equipamentos e instrumentos de controle de atividade ambiental também devem estar neste cadastro técnico federal.

IX. As penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias a preservação ou correção da degradação ambiental: hoje essas penalidades estão no Dec. 6514/08 que disciplina e regulamenta infrações administrativas ambientais no âmbito federal.

X. A instituição do relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) até hoje não foi editado esse relatório e o mais próximo que tivemos foi o Geo Brasil 2002 e nada desde então efetivo, mas tem Estados que tem o próprio relatório como SP;

XI. A garantia da prestação de informações relativas ao meio ambiente obrigando-se o poder público produzi-las quando elas não existirem; isso cria um direito subjetivo eu posso exigir. A lei 10650/03 que garante o acesso aos bancos públicos do SISNAMA dos órgãos ambientais, é uma lei curta mas que garante a todos esses acessos. Ex. Você pode ver o EIA/RIMA do Rio São Francisco p. ex. O único que é resguardado aqui é o sigilo industrial.

XII. O cadastro técnico federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras de recursos ambientais. Todos aqueles que têm atividades poluidoras ou que utilizem recursos ambientais e que sejam degradadores têm que estar nesse cadastro sob pena de multa. Ele é um mapeamento de atividades que causam poluição no Brasil e com este cadastro o poder público vai identificar as regiões do país, as atividades, os recursos utilizados, a poluição gerada, para exercício do poder de polícia, ou seja, empresas se cadastrando tem como fazer um mapeamento tem como ver onde se localizam e a partir daí fiscalizar essas empresas. A partir dessa cadastro é cobrada a taxa de controle e fiscalização ambiental (art. 17-B, da lei 6938/81). E qual é o fato gerador dessa taxa? Poder de polícia. Essa taxa teve um questionamento dela, ela foi derrubada, mas houve uma argumentação e ela continua valendo e é obrigatória. O IBAMA cobra essa taxa para fiscalizar essas atividades que causam poluição ou degradação ambiental . Declarada inconstitucional em 2000 hoje tem outra roupagem e não há nenhum questionamento. O fato de estar no cadastro não desobriga as empresas de requisitarem as licenças ambientais competentes.

XIII. Instrumentos econômicos como concessão florestal (lei 11284/06), servidão ambiental (art. 9-A da lei 6938), seguros ambiental e outros (este ainda não tem regulamentação ambiental no Brasil segundo o projeto de lei estão querendo fazer com ele igual o DPVAT mas ainda não está regulamentado).

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10-11-2011

Tema: Licenciamento Ambiental – Estudo Prévio de Impacto Ambiental

1. INTRODUÇÃO

A obra, atividade ou empreendimento pode causar 2 efeitos:

(a) Significativa degradação ambiental : exige EPIA-RIMA (Estudo Prévio de Impacto Ambiental, que origina o Relatório de Impacto ao Meio-Ambiente), em conformidade com o art. 225, §1º, IV da CF8825 e Resolução 01-86 do CONAMA. ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA: é documento técnico, complexo e o RIMA são as conclusões do EIA.

Toda vez que há uma atividade com potencialidade para gerar significativa degradação é obrigatório que o órgão ambiental exija a elaboração do EIA/RIMA; não há discricionariedade. Uma parte da doutrina fala que não existe dispensa do Estudo prévio de impacto ambiental, mas há situações em que ele é inexigível. É necessário realizar o EIA/RIMA, mas não se tratando de obra ou atividade de significativa degradação não é necessário realizá-lo, fará estudos ambientais mas fará os estudos simplificados porque o EIA é complexo. Ex. Estado de Santa Catarina dispensou em atividades de reflorestamento, e o STF declarou inconstitucional. Alguns julgados confundem no uso da palavra dispensa e inexigível, cuidado quando for atribuídas as duas palavras, porque em uma prova da OAB colocou-se que a dispensa do EIA RIMA quando não há significativa degradação, está correto, mas cuidado na frase que será colocada na prova, porque a doutrina vem colocando tecnicamente que não há dispensa, mas inexigibilidade de EIA/RIMA para atividades que não tenham significativa degradação ambiental.

O EIA tem como função primordial a prevenção e monitoramento dos impactos ambientais , e claro, ele vai efetivar, materializar princípios da prevenção e da precaução. É necessário conferir pelo EIA RIMA se o empreendimento é viável ambientalmente, por isso que essa oportunidade para o empreendedor analisar os possíveis impactos ambientais, é um estudo de probabilidade, para evitar que depois a obra não seja licenciada.

(b) Poluição ou degradação ambiental : exige apenas o licenciamento ambiental ordinário, conforme a Resolução 237-97 do CONAMA. Abrange 3 tipos de licença:

Licença Prévia;

Licença de Instalação;

Licença de Operação.

Quando o EIA/RIMA é aprovado pelo órgão ambiental o empreendedor consegue a licença prévia e busca as próximas licenças. Então o EIA/RIMA integra o licenciamento ambiental ordinário quando ele é deferido ele vai seguir os seus passos.

2. CONDICIONANTES DO EIA-RIMA

Segundo Edis Milaré, são 4 os condicionantes do EPIA-RIMA:

i. Prevenção aos danos ambientais : a partir do EIA se antecipa as possíveis consequências de um projeto ou empreendimento e adota medidas preventivas para mitigar os impactos

25 § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

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ambientais. Naquelas hipóteses em que o impacto não pode ser mitigado, a obra poderá ser autorizada, mediante COMPENSAÇÃO AMBIENTAL (Lei 9985, art. 36) (ADI 3378).

ii. Transparência administrativa : o estudo é um documento público, salvo os casos de sigilo industrial, desde que solicitado pelo empreendedor e definido pelo órgão ambiental.

iii. Consulta aos interessados ;

iv. Motivação das decisões ambientais : toda licença ambiental deve ser motivada, fundamentada, sob pena de se ter uma ação civil pública e o EIA RIMA é tão importante porque quando mal realizado pode gerar danos de grandes proporções gerando dano para a empresa e para o particular.

3. O QUE É IMPACTO AMBIENTAL?

Impacto ambiental consiste em qualquer alteração das propriedades física, química ou biológica do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultantes de atividades humanas que direta ou indiretamente afetem:

(a) a saúde, a segurança e o bem estar da população;

(b) as atividades econômicas e sociais;

(c) a Biota; eu posso ter um impacto que vai atingir a fauna e a flora que são a Biota.

(d) As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; estética é a beleza física do local. Quando se vai para o litoral fala-se se a praia é própria ou não para o banho, isso são condições sanitárias, saneamento básico, uma lei de direito administrativo que vem ganhando importância é a lei de saneamento básico dado seu fundo ambiental. E hoje já se vem juntando essas decisões no STF e é uma tendência de discussão naquela casa. O STJ já tem precedente de mudanças climáticas.

(e) que afetem a qualidade dos recursos ambientais. E quais são os recursos ambientais? Art. 3º, V da lei 6938/81: ar, solo, atmosfera, etc. E qual é essa discussão hoje? Mudanças climáticas

Então impacto ambiental é causado por uma atividade antrópica, ou seja, uma atividade humana , esse é o que nos interessa. E estamos colocando isso porque temos outras formas de impacto, ex. Vulcão na Islândia aqui está afetando a segurança, mas não é causada pela atividade humana. Da mesma forma a maré vermelha; e o abalo sísmico, um terremoto. E é claro que não é qualquer impacto ambiental, é aquele substancial, significativo, relevante. ex. Se pegar um copo de cerveja e jogar no rio é um impacto mas o rio consegue absorver mas se for um caminhão é significativo.

A resolução 1 traz um rol de atividades que se presumem como sendo degradadoras do meio ambiente, ela traz em seu art. 2º um rol dessas atividades, não vamos ver todas mas vamos fazer discussões:

Art. 2º. dependerá de estudo de impacto ambiental:

I. Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento

II. Ferrovias

III. Portos e terminais

IV. são dezessete incisos de atividades que se presumem

Esse é um rol exemplificativo, pois a expressão no caput “tais como” é uma expressão aberta.

Segundo a doutrina majoritária, a presunção é absoluta, ou seja, se a atividade se enquadrar em um daqueles casos do art. 2º terá obrigatoriamente que realizar o estudo de impacto ambiental . Agora uma minoritária fala que essa presunção é relativa, porque o empresário pode provar que mesmo não estando no rol pode provar que não causa relevante degradação, TRF 3ª Região fala que é relativa, embora ela

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esteja no rol ela não é significativa, ou seja, o empreendedor prova que mesmo aparecendo lá não é relevante degradação.

4. EIA/RIMA – REQUISITOS

O empreendedor vai a um órgão ambiental e recebe um documento chamado TERMO DE REFERÊNCIA, que contém a relação de todos estudos que serão realizados no EIA/RIMA.

4.1 Requisitos de CONTEÚDO (que a lei chama de “Diretrizes Gerais”)

a) Contemplar todas as ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS e de LOCALIZAÇÃO, confrontando com a hipótese de não execução do projeto. Em linhas gerais, o empreendedor verifica o aspecto tecnológico e o da localização. O licenciamento ambiental começa com uma certidão da prefeitura municipal falando da compatibilidade de uso e ocupação do solo, ex. Pretendo fazer uma fábrica, o que diz o plano diretor, qual é o zoneamento urbano: onde quero fixar meu empreendimento está em conformidade com o zoneamento? Tem uma área de conservação próxima? E essa unidade e ela tem a chamada zona de amortecimento, ela estabelece limitações administrações em volta dessa unidade, e o que é ela? É onde coloca limitações administrativas às atividades econômicas, e você quer vir e colocar a atividade que causa significativa degradação ambiental, mas aquela área não admite. Isso é confrontar as alternativas de localização. E as alternativas tecnológicas? ex. Quero colocar um tipo de filtro para conter os gases mas tem um mais moderno, então pode ser que o órgão ambiental fale que não seja eficiente, tendo que comprar do outro, e aí pode se falar que ele está entrando na esfera econômica do empreendedor, mas não é. Confrontando com a hipótese de não execução do projeto é o que se chama de hipótese de zero, que se chama também custo zero, ou seja, tenho que considerar a possibilidade de não realizar meu empreendimento, se eu realizar em 10 anos será de uma forma se não realizar como será? É um exercício de probabilidade. Como fica a região se o empreendimento não existir?

b) identificar e avaliar sistematicamente os IMPACTOS AMBIENTAIS nas fases de implementação e operação da atividade/empreendimento; todo o licenciamento tem 3 fases: a fase prévia que é a chamada localização, a de instalação é quando começa a construir, quando começa a materializar meu empreendimento e de operação funcionamento.

c) definir os limites dos impactos ambientais diretos e indiretos, o que tem sido denominado ÁREA DE INFLUÊNCIA DO PROJETO, considerando em todos os casos a bacia hidrográfica. Indiretos é impossível, a área de influência é de cada projeto. A lei 9433/97 está ganhando importância porque muitas questões estão focadas sobre bacias hidrográficas, sobre recursos hídricos. Então são onde os impactos serão sentidos.

d) Considerar os PLANOS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS, propostos ou em implementação, e sua compatibilidade. De maneira direta o que prevê o Plano Plurianual para aquela área? p. ex. Está previsto a criação de uma unidade de conservação, aí pode fazer a fábrica? Não. Então tenho que ver essas leis orçamentárias, o que prevê o zoneamento ecológico econômico que já chegou no nordeste e está chegando na Amazônia legal.

4.2 Requisitos TÉCNICOS

a) DIAGNÓSTICO AMBIENTAL da área de influência do projeto, considerando os seguintes aspectos: (o que esse diagnóstico é? É a completa descrição dos recursos ambientais tal como existem hoje)

- meio físico: eu vou ver o solo, existem recursos minerais envolvidos na área do projeto?, quais são as condições atmosféricas?

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- meio biológico e os ecossistemas: a pergunta é qual é a fauna e a flora daquela região: existe alguma espécie que está ameaçada de extinção? Essa é uma indagação porque pode ser que se tiver uma espécie nessas condições não seja liberado, até porque temos as condições de desequilíbrio ecológico porque se tivermos a extinção podemos ter os desequilíbrios.

- meio socioeconômico: existe monumento natural, patrimônio histórico?

b) análise dos IMPACTOS AMBIENTAIS positivos e negativos e suas ALTERNATIVAS: esse é um ponto importante, ora todo mundo associa impacto ambiental sendo negativo, mas é possível o positivo, ex. O aterro do flamengo, tiraram terra do morro e fizeram um lugar de grande beleza. De repente se valorize o turismo. Aqui o que vai ser considerado? Quantos empregos serão criados? Além disso, os tributos que serão gerados? Os impactos positivos e negativos? Os impactos imediatos, a médio e longo prazo.

c) definição das MEDIDAS MITIGADORAS dos impactos ambientais negativos: já que eu identifiquei os impactos negativos, chegou a hora de adotar as medidas para mitigá-los, que são os equipamentos, instrumentos, ex. Equipamentos de controle (ex. Da emissão de gases, as estações de tratamento como a ET estação de tratamento de esgoto, antes de lançar a merda no rio você trata ela, por isso você trata antes de jogar no rio), etc.

d) elaboração de um PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO e monitoramento dos impactos ambientais positivos e negativos, com os parâmetros a serem considerados. ex. A atividade que causa risco ela tem que ser acompanhada permanentemente ex. Angra I e II as Usinas Nucleares, tem que acompanhar permanentemente, tem até um treinamento com a população que mora em volta para que se caso haja algum acidente.

4.3. Requisitos FORMAIS

a) RIMA que é o relatório que tem que ser DIDÁTICO, pode ser compreendido, pode usar gráficos, tabelas. O RIMA traz as conclusões do estudo que é o EIA.

b) EQUIPE TÉCNICA MULTIDISCIPLINAR: quem banca tudo do estudo ao empreendedor, quem elabora o EIA/RIMA é o empreendedor, todos os custos do estudo competem ao empreendedor, ele que é o responsável por tudo, ele que contrata essa equipe . Essa equipe com vários profissionais de áreas distintas estarão participando deste estudo e para fazer parte dela o profissional tem que estar cadastrado em um cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental. Esta equipe contratada pelo empreendedor é independente e imparcial: ela responde por todas as informações que presta, art. 69-A da lei 9605 que é a responsabilidade penal: elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou outro procedimento administrativo, laudo ou relatório falso ou parcialmente falso ou enganosos. No EIA/RIMA, essa equipe se gerou dano significativo responde pelo art. 69-A e ainda com majoração da pena. Por isso a elaboração do EIA/RIMA não é aventura. Decreto 6514/08 tratado decreto administrativo para danos ambientais art. 82 elaborar ou apresentar informações, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso, enganoso ou omisso gera multa de 1500 a um milhão de reais. Sem prejuízo da responsabilidade civil e penal. Então 3 esferas: administrativa, penal e cível.

5. AUDIÊNCIA PÚBLICA

Terminado o estudo, está feito o EIA/RIMA, que é encaminhado para o órgão licenciador e aí abre-se a FASE DE COMENTÁRIOS. Esses comentários são por escrito, os que tivessem acesso a ele, o MP, uma entidade civil, pode comentar, não tem nada regulamentando essa fase, tem que se saber que ela existe e que deve ser feita por escrito e nesses comentários por escrito.

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A audiência pública é um requisito formal essencial. E o que é audiência pública? Na área de influência do projeto se ela for solicitada deve-se ouvir os interessados, é uma via de mão dupla, leva-se a população conhecimentos do projeto e em consequência cole-se os questionamentos, angústias, e colocações dessa população. Como ela funciona?

Legitimados para solicitarem a audiência pública:

1. o próprio órgão ambiental de ofício

2. o MP (podendo ser o federal ou estadual)

3. entidade da sociedade civil: tem que ser uma entidade de defesas de direitos difusos e coletivos? Não, basta ser da área afetada

4. 50 ou mais cidadãos, estamos pontuando o que está em seu exercício de direito eleitoral ativo, quem tem título de eleitor. Tem singularidades na legislação estadual, tem Estados que colocam características próprias, geralmente tem-se uma ampliação dessa legitimidade, a resolução que cuida disso é a de nº 09/87.

Vem um órgão ambiental, publica um edital dando um prazo de 45 dias para que esses legitimados manifestem se querem solicitar uma audiência pública. Essa publicação será no órgão oficial de imprensa e em um jornal de grande circulação. Se a área de influência for grande não adianta publicar em um município apenas, tem que ser em todos se atingir mais de um Estado não adianta publicar só em um, como da Transposição do Rio São Francisco, se esses legitimados solicitarem tem que realizar, é requisito essencial (é a resolução que diz isso) e se não for realizada macula a licença ambiental, podendo gerar até mesmo a invalidação da licença. E a audiência deve ser em local de fácil acesso para a população. A audiência pública não é um mecanismo de convencimento da população, porque se for a desvio de finalidade, em afronta aos princípios da moralidade e da impessoalidade, porque aí o órgão ambiental perdeu a sua função. A audiência pública não é um encontro de torcidas organizadas, não precisa bater palma, vaiar, não é isso é para levar e colher as informações da população. Aí ela terminou: lavra-se uma ata sucinta e recolhe todas as informações que foram pontuadas no curso da audiência pública. E aí manda tudo para o órgão ambiental que está licenciando aquela atividade ou empreendimento, e aí chegou para esse órgão ambiental o estudo o EIA/RIMA decidindo se vai deferir ou não.

Há 2 correntes sobre se o EIA vincula ou não o órgão ambiental

o 1ª c: Celso Fiorino vai dizer que se o EIA/RIMA for favorável ele vincula o órgão ambiental , ou seja, ele terá que dar a licença prévia;

o 2ª c: o EIA/RIMA não vincula o órgão ambiental porque se o EIA vinculasse o órgão ambiental não haveria necessidade dele apreciar o estudo; era só fazer o EIA e pronto, ele é feito por equipe técnica mas o órgão também tem seu corpo de profissionais, se a variável escolhida foi a melhor, estamos em um campo de conceitos jurídicos indeterminados, o que é degradação, impacto, pode ser algo hoje e manhã outra.

O TRF da 4ª Região entende que o órgão ambiental tem uma discricionariedade sui generis. O papel do órgão é ver se o estudo está correto, e o EIA/RIMA acaba sendo um limitador desta discricionariedade , porque quando ele é favorável ele vai ter que superar as conclusões do EIA refutando as argumentações dele, ele tem que motivar, fundamentar, não estamos no campo da certeza. A discricionariedade aqui é técnica. E aqui fala-se que o órgão ambiental pode decidir contra o EIA/RIMA, se ele for desfavorável ele pode dizer sim, desde que motive, fundamente e também submeta a audiência pública depois. Cuidado ao aplicar direito administrativo no direito ambiental: são diretos com garantias e singularidades próprias.

Com relação a licitações, deve haver EIA antes das licitações: a lei 8666 art. 12, VII antes do certame tem que ter esse Estudo. Nos projetos básicos e projetos executivos de obras e serviços serão considerados principalmente os seguintes requisitos: VII impacto ambiental só saberei com o estudo de impacto.

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Tema: LICENCIAMENTO AMBIENTAL

1. CONCEITO

O licenciamento ambiental é um instrumento preventivo da política nacional do meio ambiente que visa compatibilizar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental. Sua base legal é a Res. 237/97.

Licenciamento ambiental é um procedimento administrativo em que o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades que utilizem recursos ambientais e que afigurem como efetiva ou potencialmente poluidores ou aqueles que, sob qualquer forma possam causar degradação ambiental.

2. NATUREZA JURÍDICA

A licença ambiental nada mais é que um ato administrativo onde o órgão ambiental vai estabelecer condições, restrições e limitações e as medidas ao empreendedor que é pessoa jurídica.

Há divergência sobre a natureza desse ato:

o 1ª c (TCU e Paulo Afonso Leme Machado): licença ambiental é uma autorização;

o 2ª c (Edis Milaré): a licença ambiental é uma licença administrativa;

o 3ª c (Paulo de Bessa Antunes): a licença ambiental tem características singulares que a caracterizam. O professor fica com a terceira porque classificar como autorização seria temerário que é unilateral e discricionário e que poderia ser revogada a qualquer momento, se for assim não haveria estabilidade nas relações econômicas. Isso geraria uma insegurança dos empresários e empreendedores; na segunda corrente para ele não dá para admitir que é administrativa porque ela é unilateral e vinculado, ora que o que preenche os requisitos e pode executar, imagine direito adquirido para poluir, as estabilidades são inaplicáveis para o direito ambiental. E aí vem a terceira corrente que fala que não é nem uma coisa e nem outra, que ela tem características próprias, e na verdade ela tem características próprias porque ela pode ser anulada, cassada e revogada.

3. LICENÇAS

O licenciamento ele é um procedimento e nele eu tenho 3 licenças obrigatórias:

1. Licença PRÉVIA : atesta a viabilidade ambiental do projeto e aprova a sua LOCALIZAÇÃO. Essa licença prévia é considerada a mais importante delas, porque se o órgão ambiental diz que o local que você quer está correto e o projeto é viável é o mais importante. Com ela pode cortar árvore e começar a executar? Ainda não. Prazo máximo de 5 anos.

2. Licença de INSTALAÇÃO : aprova a instalação com as medidas ambientais e suas condicionantes . Quando eu instalo, consigo a licença eu posso começar a construir, edificar, ou seja, meu projeto vai se materializar, posso cortar árvore? Se tiver licença sim, pode usar água? Se tiver a outorga sim. E aí são colocadas as condicionantes: são feitas várias exigências que o órgão ambiental estabelece de uma licença para a outra. Tem que ter esses condicionantes. Prazo máximo de 6 anos.

3. Licença de OPERAÇÃO : que é a de funcionamento, pois bem, eu vou funcionar. Só tem um detalhe, para liberar essa licença é necessário verificar os condicionantes das licenças anteriores , só é liberada para operar se cumpriu os condicionantes das licenças anteriores. Essa tem prazo máximo e mínimo, mínimo de 4 anos e máximo de 10 anos.

Se perder o prazo de uma licença para outra, começa tudo do zero. Na prévia significa que por 5 anos significa que naquele prazo aquele local é viável, pode se estabelecer prazos inferiores, trabalhamos o teto.

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Não tem direito adquirido, tem um cronograma apresentado e ele tem que ser cumprido. E quando termina o prazo de operação se requer a renovação dessa licença e tem prazo para isso: no mínimo de 120 dias antes de expirar a licença de operação, tem que solicitar a renovação dela . E se perder o prazo? Ela é inerente a qualquer atividade econômica, se ela é lucrativa sente em dizer, é claro que na prática não volta no início, mas é o que prevê. E se o órgão ambiental não analisar nos 120 dias residuais? Se não apreciar prorroga-se automaticamente até a análise pelo órgão ambiental. E aí outra pergunta que pode ser feita: qual o prazo para o órgão ambiental analisar as licenças? O prazo para o órgão ambiental examinar as licenças é de 6 meses, e na hipótese de um EIA/RIMA o prazo é de um ano.

Esse é um fluxo obrigatório, primeiro se pede uma e depois a outra, é obrigatório, tem que cumprir a ordem, por isso que é procedimento porque o objetivo é chegar na de operação que é o que interessa ao empreendedor. Quando eu tenho um EIA/RIMA e ele é aprovado ele consegue a prévia e dá continuidade as outras.

4. COMPETÊNCIAS NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

4.1 Competência do ÓRGÃO FEDERAL (IBAMA):

Licenciamento ORIGINÁRIO (que é dele):

Obras de impacto NACIONAL (pega Brasil e outros países) ou ainda o impacto REGIONAL (que envolve dois Estados membros).

Atividades localizadas em UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAL; ex. APA, um parque.

Atividades em ÁREAS INDÍGENAS: quem participa aqui também pra ser ouvido? A FUNAI será também ouvida. Ela não vai licenciar mas vai emitir pareceres, ela será consultada nesse processo de licenciamento.

Atividades NUCLEARES: aqui é em sentido amplo, desde o transporte, a produção tudo será licenciado pelo IBAMA, e aqui tem a participação da CNEN comissão nacional de energia nuclear, então atividades nucleares como Angra I e II tem que licenciar, tem que ter o EIA RIMA e aí a CNEN participa disso tudo.

Atividades MILITARES: é evidente que vai se ouvir as forças armadas, como é o caso da Base de Alcântara no Maranhão, a base de lançamento.

Atividades no MAR TERRITORIAL, Zona Econômica Exclusiva e Plataforma continental: olha o Pré-Sal, quem vai licenciar é o IBAMA e aí tem questão da dominialidade, a regra para estabelecer esse licenciamento é a extensão dos impactos em outras o domínio. Tem um parecer da consultoria do Meio Ambiente.

Florestas Públicas de domínio da União é a lei 11248/06 hoje pode explorar por processo licitatório florestas de domínio da União. E é claro que antes de explorar tem que ter as licenças ambientais, então tem que ter essa licença obrigatoriamente. O licenciamento vai estar no art. 17 dessa lei.

Supressão de florestas e outras formas de vegetação nativa em área maior que: a) 2000 hectares em imóveis rurais localizados na Amazônia Legal; b) 1000 hectares em imóveis rurais em outras regiões do país

Manejo florestal em área superior a 50 mil ha. Manejo é a exploração racional da floresta

Exploração de florestas e formações sucessoras que envolvam o manejo ou supressão de espécies enquadradas no anexo II da Convenção Internacional da espécies da flora e fauna selvagens em perigo de extinção – CITES. Esta Convenção relaciona as espécies tanto a flora

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quanto a fauna, aqui nos interessa a fauna nesse anexo, o Decreto 76623/75 aprovou esta convenção, portanto se eu tenho uma forma de vegetação da flora que está ameaçado de extinção será do IBAMA.

Licenciamento supletivo ou suplementar: quando o ato é inepto (o órgão está descumprindo os prazos, p. ex. 6 meses para licenças ou 1 ano para EIA) ou não existe um órgão ambiental estadual (é interpretação do art. 10 da lei 6938).

4.2 Competência do ÓRGÃO AMBIENTAL ESTADUAL

Tem Estado que centraliza, tem outros que dividem em floresta, água, etc. Vamos às suas competências:

Atividades e empreendimentos localizados ou desenvolvidos em dois ou mais municípios: Ex. SP e Guarulhos, RJ e Niterói, BH e Lagoa Santa, pode ser que a obra ou atividade esteja em uma cidade e os impactos sejam sentidos em outro município.

Atividades cujos impactos ambientais ultrapassem dois ou mais municípios

Unidades de conservação estadual

Áreas do art. 2º: que são atividades localizadas ou desenvolvidas em áreas do art. 2º do código Florestal, que fala de áreas de preservação permanente: lei 4771/65 são florestas na verdade, áreas de preservação permanente - APP

Convênios e outros instrumentos administrativos: pode parecer que a competência do órgão estadual é residual mas não é verdade a maioria dos licenciamentos ocorrem no âmbito estadual.

4.3 Competência do ÓRGÃO AMBIENTAL MUNICIPAL

Município pode licenciar desde que tenha: (a) plano diretor; (b) conselho de meio ambiente com caráter deliberativo. São os grandes municípios. Ex: um Shopping, um presídio, desde que os impactos se circunscrevam àquele município.

Embora o IBAMA conduza o licenciamento ele tem que requerer os pareceres dos Estados ou municípios envolvidos. Sempre tem que recolher o parecer dos órgãos envolvidos.

5. PROCEDIMENTO PARA O LICENCIAMENTO

A resolução 237 traz um iter procedimental, ou seja os procedimentos que o empreendedor tem que observar para conseguir esse licenciamento:

i. definição pelo órgão ambiental, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais necessários a licença requerida (Termo de Referência). Então quem define isso é o órgão competente para o licenciamento de acordo com os critérios que já definimos, então esse termos é o documento que se extrai pelo que deve ser realizado pelo empreendedor.

ii. Requerimento pelo empreendedor com os documentos necessários dando-se a devida publicidade. E a licença aqui será a prévia, instalação e operação. E a publicidade é feita na imprensa oficial de um extrato do que se pretende como falamos na aula anterior.

iii. Análise dos documentos apresentados com a realização de vistoria técnica quando necessário. Apresentou os documentos o órgão faz a análise e se for necessário faz a vistoria técnica vai até o local da obra para vistoria.

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iv. Ele faz a solicitação de esclarecimentos uma única vez, podendo reiterar caso não tenham sido satisfatórios. Qual é o prazo que se tem para essas solicitações e complementações? Tem um prazo que ele é negociado entre o órgão e empreendedor mas ele é de 4 meses. Mencionamos na aula anterior que tinha-se 6 meses para solicitar a licença agora no caso dessas solicitações fica suspenso esse prazo de 6 meses ou 1 ano se for EIA/RIMA. E se o sujeito perder o prazo das complementações e esclarecimentos? Reinicia o procedimento.

v. Audiência pública quando couber. Aí outra coisa que se tem que tomar cuidado: todo licenciamento tem audiência pública? Não, ele pode ser solicitado no EIA/RIMA em outras formas normais não tem que se falar em audiência pública.

vi. Solicitação de esclarecimentos e complementações decorrentes da audiência pública. Foi realizada a audiência e o órgão ambiental percebeu algo ele pode requerer um esclarecimento.

vii. Emissão de parecer técnico conclusivo ou jurídico quando couber

viii. Deferimento ou indeferimento da licença ambiental;

6. REVISIBILIDADE DAS LICENÇAS AMBIENTAIS

A revisão ou retirada da licença ambiental pode ser:

(a) temporária: estou falando na suspensão da licença. Eu suspendo quando o empreendedor tem uma irregularidade mas ela é sanável, eu suspendo até ele regularizar.

(b) definitiva - essa pode ter (e o que vai diferenciar é o grau da irregularidade). Essa é mais problemática, e deve ser devidamente motivada a retirada definitiva de uma licença ambiental . Com uma decisão motivada 3 situações podem ocorrer:

ANULAÇÃO: quando eu tenho uma ilegalidade na origem, na expedição da licença. Ex. Imagine que um determinado empreendedor passou pelo licenciamento ambiental de uma obra mas ele escondeu algumas informações do órgão ambiental e elas apareceram 1 ano depois, e informações estas que se tivessem aparecido ele não teria conseguido uma licença, suponhamos que tenha uma espécie rara ameaçada de extinção. Aí aparece uma denúncia aí ele anula, porque se essa informação tivesse sido de conhecimento prévio não teria concedido.

CASSAÇÃO: também no sentido de ilegalidade, mas uma ilegalidade no curso da licença, p. ex. Consegui a minha licença de forma regular, de forma legal, tudo certo, acontece que nos termos da licença foi dito que eu podia emitir 10 toneladas de gases e estou emitindo 50, a ilegalidade então é no curso da licença ambiental. Então começa-se a desrespeitar a licença.

REVOGAÇÃO: aqui existe uma questão de mérito envolvido. Ex. Que caia uma chuva torrencial e de repente há um deslizamento que ocorra sobre uma fábrica e ela fique em risco e ameace a vida ou saúde de pessoas ou ao meio ambiente, aí eu posso revogar uma licença ambiental, mesmo que ele tenha mais tempo pela frente. Porque não posso privilegiar um interesse particular em detrimento desses outros. Pode ser com a mudança do zoneamento ambiental, mas aí implica ou não em indenização? Sim cabe, a situação que levou a revogação sendo um fato natural e colocou a empresa com capacidade de colocar risco a saúde pode revogar, porém pela mudança do zoneamento, ex. Dei licença hoje, passa 3 anos da licença, espere o prazo da licença vencer e dê oportunidade do empreendedor ser realocado porque do contrário isso será temerário aos empreendedores e aí terá que haver indenização.

Art. 19 da resolução 237 que fala dessa retirada da licença.

I. violação (cassação) ou inadequação (revogação) de quaisquer condicionantes ou normas legais.

II. Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença (anulação)

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III. superveniência de graves riscos ambientais ou a saúde (revogação)

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Tema: PROTEÇÃO FLORESTAL

Base legal:

Lei 4771/65 que é o Código florestal;

Resolução 302/02;

Resolução 303/02;

Resolução 369/06.

1. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP

APP são as áreas do art. 2º e 3º do Código coberta ou não de vegetação nativa.

O conceito está no art. 1º do Código: tem a função de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora e assegurar o bem estar da população humana.

1.1 APP por força de LEI

São aquelas que são consideradas áreas de preservação permanente somente e tão somente pela sua localização (art. 2º). E aí pegamos algumas delas:

(a) Águas correntes – rios, córregos, riachos

Largura do curso d'água Faixa marginal ou de proteção

Se é menos que 10 metros de largura 30 metros para cada lado

Se é de 10 metros a 50 metros 50 metros para cada lado

De 50 a 200 metros 100 metros

De 200 a 600 metros 200 metros

Mais de 600 metros 500 metros

De acordo com a largura do rio eu tenho a faixa de proteção. Ex. Se a largura do rio é de 9 metros pela tabela a faixa mínima será de 30 metros para cada lado. O que é essa faixa de proteção? É a mata ciliar. Falamos de mata ciliar da mesma forma que os cílios protegem os olhos elas protegem as águas correntes, e hoje as enchentes ocorrem porque estamos impermeabilizando os rios, e aí cai a chuva e não tem como absorver as águas. Se eu tiver uma nascente eu tenho um raio de 50 metros em torno dela, e onde eu tenho nascente eu tenho APP, e pode ser mesmo que seja um olhos d'água que brota por apenas durante uma parte do ano e depois para, mas o fato de ter, mesmo que pouco, tem que ter a APP.

(b) Águas dormentes: lagos, lagoas e reservatórios naturais ou artificiais. Eu tenho um lago e em volta dele tenho uma APP. Vamos sintetizar o que está nas resoluções 302 e 303.

Em áreas urbanas consolidadas (cidades) Se é um lago são 30 metros em torno dele

Em zona rural com até 20 hectares Faixa de APP é de 50 metros

Em zona rural com mais de 20 hectares Faixa de APP é de 100 metros

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3 Exceções: (i) em área urbana ou rural, em caso de geração de energia elétrica com até 10 hectares, nesse caso a faixa de APP é de 15m; (ii) em área rural não utilizada em abastecimento público ou geração de energia elétrica com até 10 hectares a faixa de APP é de 15 m;

(c) nos topos de morros, montes, montanhas e serras

(d) nas encostas ou partes destas, com declives superior a 45

(e) áreas de mangues

(f) bordas de chapadas

(g) em altitude superior a 1800 metros

Em regra a vegetação em uma APP é insuscetível de exploração econômica . Acontece que o nosso legislador colocou 3 possibilidades autorizadas pelo órgão ambiental excepcionalmente:

i. casos de UTILIDADE PÚBLICA : está no código florestal. Não confundir com desapropriação.

Atividades de segurança nacional e proteção sanitária. É auto explicativo, é quando tem a ver com alguma doença, epidemia, forças armadas.

Obras essenciais de serviços públicos de transporte, saneamento e energia.

Atividades de pesquisa e extração de substâncias minerais, exceto areia, argila, saibro e cascalho; o fundamento de atividade minerária tem um exceto quando se tratar desses itens é hipótese de interesse social.

Implantação de área verde pública em área urbana: quero fazer uma área para ciclismo p. ex.

Pesquisa arqueológica: é uma forma, os ossos, crânios, objetos, pode entrar e explorar.

Obras públicas de captação e condução e água e de efluentes tratados, inclusive de projetos privados de aquicultura. Essa capitação é saneamento se tiver que passar em APP passará. O que é aquicultura? Peixes, moluscos, caranguejos.

ii. Casos de INTERESSE SOCIAL :

atividades imprescindíveis a proteção da integridade da vegetação nativa (combate ao fogo e as espécies invasoras). Ex. se eu tenho uma APP e aí tenho o fogo chegando nessa área você não vai deixar o fogo chegar você vai intervir. Eu posso até cortar uma árvore, tem uma palavra que fala na legislação que é o Aceiro (eu limpo uma área e deixo sem nenhuma vegetação para o fogo não avançar, então é uma área que eu retiro toda a população e ela fica limpa, o fogo chega e não vai dar continuidade), e tem até um decreto federal só tratando disso. Esse item está no código Florestal.

Manejo agroflorestal, ambientalmente sustentável, praticado na pequena propriedade ou posse rural: pode desde que essa intervenção não descaracterize a vegetação, daqui a pouco falamos que tipo de propriedade é essa. Código Florestal.

Regularização fundiária sustentável de área urbana: temos casas, bairros, favelas, dentro de APP? Aí o que se faz para regularizar? Usa esse instituto, regulariza posse e propriedade dessas casas que estão dentro dessas APP. Essa regularização é só para população de baixa renda.

Atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho.

iii. intervenção de BAIXO IMPACTO. Não vamos colocar as hipóteses que são umas 15. Ex. Eu tenho que colocar uma cerca, as pessoas passam por dentro da APP, isso é baixo impacto. E essa intervenção não pode ser maior que 5% da APP. Esse tema está aparecendo em concurso porque quantas cidades, casas, imóveis estão dentro dessas áreas? p. Ex. Rios canalizados, que passam no meio da cidade, e aí seu imóvel está dentro dessa área.

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A intervenção ou supressão em APP somente poderá ocorrer em procedimento próprio quando:

(a) não há alternativa técnica e locacional: imagine que eu tenha uma APP e do lado eu tenho uma cidade, mas acontece que tenho que gerar energia elétrica e aí tem as torres, se eu tiver que contornar a APP para chegar na cidade o serviço vai ficar ainda mais cara, então mediante a demonstração desse requisito pode-se passar ali dentro da APP.

(b) atendimento às condições e padrões aplicáveis aos corpos d'água : tem resolução do CONAMA próprio porque eu posso gerar p. ex. erosão, se eu não causar problema nenhum é possível. Mesmo assim terá que manter a Reserva legal florestal.

(c) averbação da reserva legal florestal

(d) inexistência de risco de agravamento de processos como enchentes, erosões, etc.

Uma pegadinha: a intervenção ou supressão em nascentes, dunas ou mangues somente se admite nas hipóteses de utilidade pública! Cuidado com isso.

E o Município nessa história toda? Quando a APP está dentro de uma área urbana, tenho um rio que passa dentro da cidade e tem que ser autorizado o corte de uma árvore, o Código ambiental municipal pode autorizar desde que cumpridos os requisitos: que é o plano diretor e o Conselho de meio ambiente com caráter deliberativo. E aí tem uma pegadinha: esse órgão municipal tem que ter a anuência prévia do órgão ambiental estadual fundamentado em parecer técnico.

É possível a entrada de seres humanos e animais em APP para dessedentação, para matar a sede, obtenção de água. Se o poder público ou particular resolver fazer um reservatório artificial, é bom lembrar que tem a faixa de proteção, só que eu faço na divisa com meu vizinho, não é justo com ele, quando se tratar de reservatório artificial, o proprietário deverá desapropriar ou adquirir a área em seu entorno.

1.2 APP instituída por ATO DO PODER PÚBLICO

APP que alguns chamam de administrativas que estão no art. 3º do Código. Estão caindo em desuso, elas são as instituídas por ato do poder público, pode ser um decreto, por lei, no art. 2º que os concursos dão ênfase tem força de lei, aqui não o poder público mediante um fundamento cria uma APP. Ela está em desuso porque ao invés de criar uma APP cria logo uma unidade de conservação em algumas dessas hipóteses, ex. Proteger sítios de excepcional beleza ou valor científico ou histórico, aqui pode criar um monumento natural porque se criar APP gera indenização, mas em caso de monumento nem sempre. Para asilar exemplares da fauna ou flora da mesma forma.

1.3 APP ATÍPICA

Tem uma terceira forma para os Estados do RJ e SP que são as atípicas, que está no art. 187 que está na CE de SP e art. 268 da CE do RJ.

2. RESERVA LEGAL FLORESTAL

A reserva legal florestal está sempre localizada em uma área de propriedade ou posse rural. A APP cabe tanto em áreas urbanas como em áreas rurais, mas a RLF só cabe em área rural. Suas possibilidades são:

(a) 80% de uma propriedade com florestas na Amazônia Legal

(b) 35% de uma propriedade com cerrado na Amazônia Legal, desses 35% 20% na própria propriedade e 15% como compensação ambiental, o que é isso? ex. Propriedade A e a B na

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A eu mantenho 20% e na outra tenho 15% que também já tem a sua própria reserva legal ambiental.

(c) 20% em Campos Gerais.

(d) 20% em outras Regiões do país.

É um tipo de obrigação PROPTER REM. A reserva legal é uma limitação administrativa, não é servidão, se assim fosse teríamos que indenizar todos os proprietários do país.

Não é possível a supressão da Reserva Legal Florestal. Autoriza-se apenas o manejo florestal sustentável. Na pequena propriedade, é possível computar o plantio de árvores frutíferas, ornamentais ou industriais em sistema intercalar ou em consórcio com as espécies nativas. Ela deve ser averbada a margem da matrícula no cartório e registro de imóveis essa RLF. O STJ já deixou claro que não posso ter supressão, se vender, doar, mantém-se a reserva legal. O que se pode ter é esse manejo florestal sustentável, ou seja, eu apresento ao órgão ambiental um plano de manejo sustentável, aí posso plantar árvores frutíferas, pode fazer eco turismo, que muita gente tem propagado que não pode fazer nada. A pequena propriedade eu posso ter árvores frutíferas, ornamentais. Como se dá a localização da RLF? Quem define se vai ser num lugar ou outro? Tudo que versa sobre RLF é aprovado pelo órgão ambiental estadual, ele que define . E o que ele considera para estipular essa localização? Primeiro é a função social da propriedade e aí tem que atender os seguintes requisitos:

o Plano de bacia hidrográfica.

o Plano diretor municipal. Não é só a cidade em si, é a zona urbana e rural. No plano diretor é que eu vejo as áreas de expansão, para onde a cidade vai crescer, e aí eu não vou colocar a reserva próxima uma área urbana, não descaracteriza mas eu vou evitar.

o Zoneamento ecológico econômico.

o Outras formas de zoneamento.

o A proximidade com outra reserva legal florestal, APP ou outra unidade de conservação. Proximidade facilita a fixação dela.

Outra pergunta é que se é possível ampliar ou reduzir uma RLF? p. ex. Na Amazônia legal que é de 80% é possível reduzir para 50%, para isso é necessário ouvir o ministério do meio ambiente, o ministério da agricultura e o CONAMA, claro, observados os zoneamentos respectivos. Por outro lado eu posso ampliar 50% do índice, ex. Se tiver em outras regiões do país que é de 20% pode ampliar em 50% do índice que no caso é de mais 10% passando então para 30%. então em uma propriedade em Campos Gerais e em outras regiões pode desde que cumpridos os mesmos requisitos previstos na redução.

Posso somar a RLF e da APP? Sim, mas fica a critério do órgão ambiental e a soma dos dois que deve:

dar mais de 80% na Amazônia Legal;

50% nas demais propriedades;

25% na pequena propriedade. Uma pequena propriedade vai ter quanto? 20% e aí vai ter um rio que passa de um lado e outro do outro aí vai ter APP de um lado e do outro posso somar e se eu tiver uma área que só a APP exceder 30% é preciso reserva legal? Se passar pelo órgão ambiental e ele autorizar não precisa. Pequena propriedade é aquela com 150 hectares na Amazônia Legal e no Pantanal sul e norte mato-grossense; 50 hectares no polígono das secas; e será de 30 hectares no resto do país. A pequena propriedade é aquela que o proprietário ou posseiro tira 80% da sua renda bruta advém desta propriedade, uma atividade agroflorestal, extrativismo. Então tem que conjugar dois fatores: tem que retirar no mínimo 80% da sua renda bruta dela e o segundo é a questão de extensão. Porque conjugando os dois fatores ela terá um tanto de benefícios. A pequena propriedade é de acordo com o CF e vamos ver depois outros índices aplicados a pequena propriedade, para o CF é pequena propriedade aquela que o proprietário retira ao menos 80% de

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sua renda bruta daquela propriedade, e aí vai conjugar com o tamanho da propriedade na Amazônia não passando de 150 hectares e este índice também se aplica ao Pantanal Mato-grossense e nas demais não pode ultrapassar 30 hectares. ex. Se a propriedade estiver no bioma Mata Atlântica se fosse entre Rio Grande do sul e o do Norte, a lei da Mata Atlântica não é 30 mas sim 50 hectares.

A reserva legal tem que ser averbada à margem da matrícula no registro de imóveis.

O art. 44 do Código Florestal permite a recomposição de uma reserva legal florestal. Há 3 possibilidades:

a. RECOMPOR 1/10 a cada 3 anos: ou seja 10% a cada 3 anos, então vai demorar quanto tempo para reconstruir essa propriedade? 30 anos para esta recomposição.

b. REGENERAÇÃO NATURAL: você fecha o local e diga plantinhas cresçam, é claro que isso te que ser tecnicamente possível, porque onde não tem nada nada cresce

c. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL: ex. Eu sou proprietário de uma propriedade e tenho uma plantação grande e se você tem duas propriedades: A e B, e você planta em 100% de A então pode instituir a reserva legal de A em C. Então eu pego o percentual, extensão de uma propriedade que seria aqui de 20% da propriedade foi transferida para a propriedade B, e a B já tem sua própria reserva legal e ainda recebe a de A, isso é o que se chama compensação ambiental. Cuidado porque ela tem sentidos diferentes no direito. Outro diferente é o art. 36, da lei 9885 de 2000 e ainda a compensação aparece também na responsabilidade civil, e a última hipótese é o dinheiro. Pode ser então que não seja onde ocorreu mas pode ser em um lugar próximo. O critério para a compensação é a mesma importância, mesma região e também deve estar na mesma microbacia, então deve ser no mesmo ecossistema. E na impossibilidade de efetuar a compensação microbacia, neste só o CF fala que é a mesma bacia hidrográfica com maior proximidade, e desde que no mesmo Estado membro, porque quem estabelece essa dinâmica é o órgão ambiental estadual. E como se dá esta compensação? Tem que ser averbado à margem da matrícula dos dois imóveis, daquele que não tem e daquele que receberá, e como se dá na prática? Através do arrendamento. Há diversas formas de compensação:

Servidão ambiental (art. 9ºA da lei 6938/81 lei de política nacional do meio ambiente – apareceu na legislação brasileira em 2006). Temos a servidão ambiental e no código florestal tem a servidão florestal, muitos disseram que ela estaria revogada pela servidão ambiental. A servidão ambiental não se confunde com a área de preservação permanente e nem com a reserva legal. Além da área de preservação permanente e da reserva legal eu aplico um percentual que será a servidão ambiental em que eu renuncio o uso dessa propriedade. Se a reserva legal é de 20% então a reserva ambiental tem que ser no mínimo de 20% e se eu usá-la eu posso usá-la como compensação. A servidão florestal estaria revogada porque seria uma MP de 2001 e ela veio prevista na lei do ano de 2006 muitos falam que sim porque depois foi instituída a servidão ambiental, mas na verdade ela é uma espécie da ambiental, o professor não entende assim, a diferença é que a servidão é mais restritiva. Então o professor entende que a ambiental é mas ampla e a florestal é espécie da ambiental.

Reserva particular do patrimônio natural: art. 21, lei 9985/00: eu tenho uma propriedade e resolvo usá-la como unidade de preservação, essa reserva vai ser totalmente privada. E da mesma forma pode haver a compensação. Se eu não tenho outra propriedade eu posso ter um título, porque renunciei a exploração ali, e aí as pessoas que não tem reserva legal poderão comprar esse título, então eu renuncio e negocio. Mas isso não está regulamentado.

Cota de reserva florestal: art. 44, lei 4771/65, não está regulamentado

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É possível eu me desonerar da obrigação de uma reserva legal florestal ambiental? Art. 44, §6º então é possível se desonerar, imagine que eu tenha uma unidade de conservação, o poder público cria mas nem sempre ele consegue indenizar mas ela é de domínio público e aí eu preciso indenizar as propriedades e aí poder público não consegue pagar a indenização, se a minha propriedade não tem reserva legal eu vou adquirir aquela áreas e com isso estou desobrigado da reserva. Então é possível então fazer doações. Reserva legal pode ser explorada sem problema conforme orientações.

Há ISENÇÃO de ITR sobre APP e reserva legal florestal em área rural, independentemente de estar averbada ou não no registro de imóveis. Na área urbana não há essa isenção. Ato declaratório ambiental (ADA), ocorre que o STJ tem dito que não é necessário. Então ADA pela Receita continua sendo solicitado é por ele que o proprietário rural seleciona suas áreas desde que averbadas.

Cabe reserva legal florestal em área urbana? Pode ser que uma lei municipal amplie uma área urbana e aí incide sobre a sua reserva, ex. Eu tenho uma cidade e aí tenho uma propriedade e minha reserva está num ponto da cidade e aí minha propriedade que era rural passa para dentro. Isso é discussão doutrinária: posso ampliar área urbana. Mas a doutrina fala que uma vez instituída a reserva florestal ainda que sem lei a,da com essa não terá o condão de suprimir a reserva. REsp 831212. para vender, alienar, é condição averbar a reserva legal florestal.

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Tema: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Lei 9985 de 2000 - Institui o SNUC, sistema nacional de unidades de conservação, art. 225, §1º, I, II, III e VII

1. ESTRUTURA

Tem um órgão consultivo e deliberativo que é CONAMA, um órgão central que é o Ministério do meio ambiente e os órgãos executores: que é o Instituto Chico Mendes e o IBAMA em caráter supletivo, isso tudo é no âmbito federal , mas tenho também aqueles órgãos no âmbito Estadual e Municipal.

2. CONCEITO

Unidade de conservação consiste no espaço territorial e seus recursos ambientais incluindo as áreas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituída pelo poder público, com objetivo de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias de proteção. Então é uma área que escolho para ter proteção de um regime especial pela suas características de fauna, flora, pela beleza, eu escolho uma área para ser dada proteção a ela e a isso chamo de unidades de preservação.

3. ESPÉCIES DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Quando falo de unidades de conservação tenho dois grupos:

(a) UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL: admite-se somente o uso indireto dos seus recursos naturais (pesquisa científica, observação, na científica coleta exemplares espécies), salvo as exceções legais, e tem 5 espécies:

I. estação ecológica

II. reserva biológica

III. Parque Nacional

IV. monumento natural

V. refúgio de vida silvestre

(b) UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL: tenho atividades econômicas mas tenho também proteção ambiental. Ex. Em SP Campos do Jordão é uma APA estadual, próximo a Brasília é uma APA, próximo a serra da Mantiqueira. Aqui são 7 espécies:

I. área de proteção ambiental: APA

II área de relevante interesse ecológico

III. Floresta nacional

IV. reserva extrativista

VI. Reserva de fauna

VI. reserva de desenvolvimento sustentável

VII reserva particular do patrimônio natural

4. FORMA DE CRIAÇÃO

Unidade de conservação é criada por ato do poder público; pode ser tanto por decreto ou ainda por lei, é claro que se eu tenho uma forma mais permissiva, qual a razão de usar a lei? Em regra é decreto. Mas tem

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dois requisitos prévios para essa criação: 1º estudos técnicos e 2º é a Consulta pública . Dois requisitos necessários para criar uma unidade de preservação. A consulta pública é consultar as pessoas daquela área. Cuidado porque duas áreas não é necessário realizar essa consulta, quando se tratar de estação ecológica, reserva biológica, não é necessário a realização de consulta pública só de estudos técnicos, as unidades devem conservar os valores. Agora se eu quiser ampliar uma unidade de conservação também será por decreto, porém para ampliar eu tenho que ter igualmente os estudos técnicos e a consulta pública. E aqui vem um senão que temos que ficar atento que já foi apreciado pelo STF quando eu quero ampliar uma unidade que é mesma espécie normativa e consulta pública quando criei a estação ecológica foi necessário os estudos técnicos porém se eu ampliar ela ou a reserva ecológica não preciso só dos estudos técnicos e a consulta pública isso de acordo com o STF, então para criar só estudo técnico. Art. 22, §§4º a 5º. E se eu tiver que REDUZIR uma unidade de conservação art. 225, §1º, III traz o texto constitucional em que eu só posso desafetar mediante LEI específica. O poder público permite quando se está nos estudos técnicos se permite limitações administrativas para evitar degradação ambiental. Pelo prazo de 7 meses. Neste período o poder público dá uma parada, porque já que estamos em fase de estudo para evitar que descaracterize a área.

5. PLANO DE MANEJO

Toda unidade de conservação necessita de um PLANO DE MANEJO que é um documento técnico que estabelece o zoneamento de uma unidade de conservação. Disciplina gestão, zoneamento, tudo que pode e não pode, e o prazo dele é de até 5 anos, e qual o conteúdo deste plano de manejo? Ele tem que trazer:

a ÁREA da unidade de conservação

a sua ZONA DE AMORTECIMENTO: é a área em torno da unidade de conservação, ela circunda essa unidade. Numa zona de amortecimento eu vou estabelecer limitações administrativas, atividades que não podem ter dentro dessa zona. Imagine que seja uma estação ecológica a unidade de conservação não faz sentido se eu colocar uma mineradora nessa zona de amortecimento, para evitar isso estabeleço essa área. Portanto essa área só poderá ser exercida fora da unidade e desta zona. Isso é para mitigar os impactos sobre a unidade. Toda unidade de conservação deve possuir uma zona de amortecimento? Não, há 2 unidades que dispensam zona de amortecimento: Área de proteção ambiental (APA) e a Reserva particular do patrimônio natural (RPPN). Decreto 99274/90 art. 27 essas limitações é para proteção da biota, embora essa limitação esteja em vigência o professor desconhece a aplicação desse artigo, essas limitações estão na lei 9985/00, essa zona de entorno fala no decreto de um raio de 10 Km. Então o que vai diferenciar é a zona de amortecimento.

os CORREDORES ECOLÓGICOS (se necessários): eu tenho outra unidade de conservação, então são duas entre uma e outra tenho esse corredor ecológico, ele quando necessário é para ligar duas unidades de conservação, ou seja, par ao fluxo gênico da flora e da fauna. Tem que ter uma to instituindo esse corredor.

as medidas de INTEGRAÇÃO econômica e social COM AS COMUNIDADES: o plano de manejo tem que trazer essas medidas.

Quem institui plano de manejo é o instituto Chico Mendes de conservação da preservação da biodiversidade no âmbito federal. Mais um detalhe técnico normalmente eles são aprovados por meio de portaria do órgão gestor, porque a unidade pode ser federal, estadual ou municipal, mas tem duas unidades que esse plano é feito por resolução: reserva extrativista e reserva de desenvolvimento sustentável. E o que justifica, fundamenta que esse plano seja em especial por resolução? Tanto a reserva extrativista como a de desenvolvimento sustentável são criadas para as populações tradicionais. Aí essas populações vão opinar e aí vamos ter um conselho que vão deliberar sobre o plano de manejo. Nos demais locais os conselhos são consultivos. As unidades então pode ter conselhos que vão ser responsáveis por

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essas unidades em regra são conselhos consultivos quando a previsão deles, na lei 9985 art. 29 quando se tratar de população tradicional o conselho é deliberativo.

É possível o plantio de organismos geneticamente modificados em unidades de conservação? Quem vai dispor sobre a liberação ou não e seus controles será sempre o plano de manejo, mas vamos a pergunta, a resposta em sentido genérico é não, agora exceto uma área de proteção ambiental uma APA e as zonas de amortecimento das unidades desde que previstas no plano de manejo. Aí vem um problema diz que o plano de manejo pode liberar o cultivo e quando nós não temos plano de manejo, quando a unidade foi criada mas não tem plano de manejo como fica esse plantio? Essa é uma questão difícil art. 57-A da lei 9985 a pressão era tão grande para a plantação desses alimentos que o governo soltou este artigo que fala de áreas que ainda não fixaram zonas de amortecimento. Não se aplicando as áreas de proteção e patrimônio natural não se aplica porque não tem plano de manejo. Então o poder público para os demais casos estipulará limites e aí vem o decreto que regulamenta isso Dec. 5950/06 que fixou as metragens para o plantio desses organismos art. 1º. Quem libera plantio de transgênicos é a CTNBIO comissão técnica nacional de biossegurança.

Art. 26 da lei 9985/00 que fala do Mosaico de Conservação: quando existir um conjunto de unidades de conservação a gestão do conjunto deverá ser feita de forma integrada e participativa. Se aparecer isso na prova é quando tenho várias unidades juntas e cada uma tem uma gestão própria mas quando todas estão em conjunto nesse caso tenho o mosaico.

Uma unidade de conservação pode ser visitada, com exceção de estação ecológica ou reserva biológica. Normalmente precisa de autorização para tal, exceto a APA e a Reserva particular do patrimônio natural . ex. Posso entrar em uma estação ou reserva biológica? Normalmente não porque geralmente são as mais restritivas, agora tenho unidades inclusive de proteção integral que são parques nacionais e paga por isso. Posso realizar pesquisa científica, preciso de autorização menos na pesquisa em uma APA e na reserva particular do patrimônio natural art. 32.

Outra discussão: pode haver a exploração comercial dentro de uma unidade de conservação? Posso explorar, cobrar pelo uso de imagens? ex. Resolvi criar uma banda e quero fazer um clipe aí quero usar as imagens, posso ter essa cobrança das imagens, só não se cobra quando tem finalidade cultural, educacional, e também não se cobra para a APA e para a particular de patrimônio cultural, lembrando que tem que ter prévia aprovação do órgão que administra só não precisa na APA e na área particular. E essa unidade de conservação pode receber recursos, inclusive do exterior, geralmente doações. Art. 34.

6. GESTÃO COMPARTILHADA

Quem administra uma unidade de conservação? Admite-se um termo de parceria com uma organização da sociedade civil de interesse público? É possível a gestão compartilhada de uma unidade de conservação, isso pode conjugar direito ambiental com direito administrativo temos as OSCIPs. E nesta gestão compartilhada firma-se uma OSCIP em que se vai ter um termo de parceria a lei 9790/99 no âmbito federal, agora a entidade para participar dessa gestão para firmar esse termo quais são os requisitos que ela tem que cumprir?

a entidade deve possuir entre seus objetivos institucionais a proteção ao meio ambiente ou ao desenvolvimento sustentável;

comprove a realização de atividades de proteção ao meio ambiente ou o desenvolvimento sustentável preferencialmente na unidade de conservação ou no mesmo bioma.

Vamos imaginar que você seja procurador junto ao Chico Mendes e chega a seguinte apontamento para parecer: um parque nacional X arrecadou 100 mil reais, desses 45 mil para a própria unidade, 25 mil em outras unidades de proteção integral e 30 mil para regulamentação fundiária, onde sei se está certo ou não? A lei dá o percentual para as taxas de visitação? Como se dá a alocação de recursos qual a sua destinação? E hipóteses de destinação. Então dos 100 mil no ex. Entre 25 e 50 mil deve ser empregado na

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própria unidade, então estaria certo, ou ainda dentre 25 e 50 para regularização fundiária é para pagar os proprietários que tiveram seus imóveis desapropriados e aí também estaria certo, a terceira também. Então os dados aqui estão corretos. Art. 35 da lei 9985. E aqui estamos falando de áreas de proteção integral.

7. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

Art. 36 da lei 9985 que fala de COMPENSAÇÃO AMBIENTAL. Vinculado a esse artigo temos uma ADI vinculada a essa discussão que é a 3378 que questionou esse artigo 36. o que é essa compensação? Quando eu tenho uma obra ou atividade que vai causar significativa degradação ambiental fundamentado em um EIA/RIMA ambiental, não sendo possível mitigar os danos ambientais, esse empreendedor deverá destinar recursos financeiros a uma entidade de conservação de um grupo de proteção integral em regra. Sabe quando aplica a compensação? Quando não consigo mitigar, reduzir os danos ambientais. E aí nessa hipótese o órgão ambiental pode dizer que tudo bem mesmo assim vai ocorrer o impacto e assim trata de colocar dinheiro na implantação de gestão de uma entidade de conservação do grupo de proteção integral. Mas tem exceção a esta regra, é quando a obra ou atividade afetar uma unidade de uso sustentável ou então a sua zona de amortecimento . Então uma obra em um local x e próximo tenho uma unidade de uso sustentável e essa atividade vai atingir essa unidade ou sua zona de amortecimento, se afetar a zona de amortecimento ou uma unidade de uso sustentável ela vai ser uma das beneficiadas de recursos financeiros e se não afetar nada vai para uma unidade de proteção integral. Art. 36. e aí vem o §1º que foi o ponto atacado pelo STF “não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais” essa parte foi considerada inconstitucional, o STF fala que a compensação é possível mas o montante de compensação DEVE SER DEFINIDO EM CADA CASO CONCRETO, garantindo a defesa e contraditório, ou seja, os princípios constitucionais, entre o órgão licenciador e a entidade.

Populações Tradicionais: como fica a situação delas em uma unidade de conservação? Quando crio uma unidade de conservação pode ser que numa criação crie-se um parque nacional p.ex. E aí a posse e a propriedade são públicas, ou seja eu não posso ter propriedades privadas e lá residem pessoas que já vivem naquele local, o que tem que ser feito para elas? Quando eu tenho essas populações tradicionais a lei 9985 coloca primeiro a realocação dessas populações, devem ser indenizadas e realocadas , ou seja, art. 42. e muitas vezes essas pessoas não tem título de domínio na área e o poder público vai indenizar as benfeitorias produtivas e reprodutivas, ex. Reprodutivas as plantas, árvores, e as não reprodutivas é a casa, a cerca, etc. Realocar é o poer público pega essas populações e lança elas em outros locais, o INCRA que faz isso, a lei não fala, mas é ele, é possível sim se o poder público fizer isso será abatido nos custos que deverão ser pagos a esta população. §1º. Enquanto for possível eles ficam lá, e só serão realocados aqueles que já viviam no momento de criação na unidade de conservação, chegou depois não tem direito a realocação. Nem sempre o Poder Público tem dinheiro de imediato para realocar, quando é assim elas permanecem na Unidade de Conservação até a realocação, e aí elas tem que proteger o meio ambiente . Mas e aí como fica sua subsistência foi o último tópico tratado.

Vamos falar agora das INDENIZAÇÕES em caso de desapropriação. Unidade de conservação é criada por meio de ato do poder público, normalmente essa desapropriação se dá por utilidade pública ou interesse social e lá já são postos os limites. Mas o que não estará no quantum de uma indenização de uma propriedade privada desapropriada? Art. 45 temos aqui a possibilidade de ter populações tradicionais que não tem título. Não se inclui então:

I e II vetado

III espécies arbóreas declaradas imunes de corte pelo poder público: o CF ele tem o art. 7º bem como o art. 14, II fala que certas espécies não podem ser cortadas, não há o corte raso delas se tivermos isso, e como é essa declaração? Normalmente temos um ato do poder público que diz que determinada espécie não pode ser cortada, isso não entra no quantum da indenização. Em MG p. ex. Não é possível fazer corte raso de ipê amarelo.

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IV expectativa de ganhos ou lucro cessantes

V. juros

VI. área que não tenha prova de título de domínio

Quando tenho unidade de conservação é possível que um proprietário passe linhas de transmissão de energia elétrica ou se beneficie de recursos hídricos. Em situações como essa quem está se beneficiando deve contribuir financeiramente para a unidade de conservação. Art. 46, 47 e 48 quem capta esse benefício tem que contribuir financeiramente para tal.

Uma unidade de proteção integral ela é considerada área rural e as suas zonas de amortecimento uma vez definidas pelo plano de manejo não podem ser transformadas em áreas urbanas.

8. RESERVA DA BIOSFERA

RESERVA DA BIOSFERA – é um modelo de gestão internacional criado pela ONU, existe um programa chamado o Homem e a Biosfera (MAB – Man and Biosfera) é um modelo adotado internacionalmente, em especial é adotado pela Unesco que é um organismo da ONU, e no Brasil temos algumas reservas da Biosfera, ela é constituída por áreas de domínio público e outras de privado, tenho uma zona núcleo uma de amortecimento e zona de transição. Então eu posso ter até cidades dentro desta reserva. Art. 41 da lei 9985. no Brasil temos algumas: do Cerrado, da Caatinga, o Pantanal, a Mata Atlântica, o Pantanal Mato-grossense e em volta do Município de SP tem-se o cinturão verde. O que tem a ver essa reserva com unidade de conservação? É que uma reserva da biosfera pode conter uma ou mais unidades de conservação e ela pode ter unidades públicas ou privadas. Art. 41, §1º.

9. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO INTEGRAL

9.1 ESTAÇÃO ECOLÓGICA

Objetivo: preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas;

Domínio: público (se for privada essa propriedade privada será desapropriada)

Características: permite-se a realização de pesquisas científicas em no máximo 3% da unidade, desde que não ultrapasse 1500 hectares.

9.2 RESERVA BIOLÓGICA

Objetivo: preservação integral da biota e dos demais elementos naturais em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, exceto aquelas para manter a área;

Domínio: público (em regra não posso nem visitar, tal qual a estação ecológica, exceto é claro para pesquisa autorizada, ela é mais restritiva e na prática a diferença é nenhuma, para efeitos técnicos é a questão da pesquisa na estação ecológica pode até 3% na reserva ecológica é a preservação integral)

Características: é mais restrita, proteção integral.

9.3 PARQUE NACIONAL

Objetivo: preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica; (a primeira unidade foi um parque nacional que é o de Itatiaia)

Domínio: público;

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Características: permite a realização de pesquisas científicas, atividades de educação e interpretação ambiental, recreação e turismo ecológico. (aqui é mais permissivo)

9.4 MONUMENTO NATURAL

Objetivo: preservar ambientes naturais raros, singulares e de grande beleza cênica.

Domínio: admite-se áreas particulares, desde que compatíveis com a unidade e com a anuência do proprietário. (aqui é possível dentro desta unidade, embora seja de proteção integral posso ter propriedades privadas, desde que ela esteja em conformidade com a unidade de conservação e o proprietário tem que concordar com as características do monumento natural, e se ele não concordar ou se a propriedade dele não estiver em consonância com os objetivos da unidade? nesse caso será necessário a desapropriação.)

9.5. REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE

Objetivo: proteger ambientes naturais em que se asseguram condições para a existência e reprodução de espécies e comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.

Domínio: admite-se áreas particulares, desde que compatíveis com a unidade e com a anuência do proprietário. (é igual ao monumento natural).

10. UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL

10.1 ÁREA DE PROTEÇÃO INTEGRAL (APA)

Objetivo: disciplinar o processo de ocupação da unidade, assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais e proteger a diversidade biológica;

Domínio: terras públicas e privadas

Características: área de grande extensão, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos bióticos (que tem vida), abióticos (o que não tem vida, ar temperatura), estéticos e culturais, importantes para o bem estar e a qualidade de vida das populações. (é uma unidade muito popular e de efetividade questionável, tem APA em Brasília, na serra da Mantiqueira, vamos garantir a diversidade biológica e garantir o progresso).

10.2 ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO

Objetivo: manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas;

Domínio: terras públicas e privadas;

Características: é uma área, em geral, de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana , com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional. (ela na verdade é uma APA de pequena extensão, é irmã dela, é de pequena extensão, o professor só lembra um ex. A Serra de Genebra em SP de 17 hectares, o objetivo é proteger ambiente regional ou local).

10.3 FLORESTA NACIONAL

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Objetivos: o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica , com ênfase em métodos para a exploração sustentável de florestas nativas;

Domínio: posse e domínio público; (quando se cria se tiver populações tradicionais residindo no momento da criação será permitido que elas permaneçam lá. Temos duas unidades de conservação criadas para essas populações tradicionais que é a extrativista é uma delas, tem mais uma, elas só não permanecerão se forem dissonantes com aquilo que a unidade propõe).

Características: se houver populações tradicionais no momento de sua criação, permite-se a sua permanência, desde que compatíveis com os objetivos da unidade; a pesquisa é permitida e incentivada. (esta é uma unidade que tem importância. (é uma área com cobertura florestal com espécies predominante nativas, e tem lei própria lei 11248/06 ela fala da gestão de florestas públicas, que inclui a floresta nacional, o uso múltiplo sustentável eu pego essa floresta nacional, pode ter exploração de produtos, subprodutos, recursos florestais, na floresta nacional esse uso pode ocorrer por ex. Com atividades de ecoturismo, atividades de recreação dentro de uma floresta delas, pode semear sementes, frutos, e tudo está nesta lei que disciplina as florestas. Pode visitar e é permitido e incentivado).

10.4 RESERVA EXTRATIVISTA (criada em homenagem ao Chico Mendes, que eram seringueiros no Acre)

Objetivos: proteger os meios de vida e cultura das populações extrativistas e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade; (essas populações vivem do extrativismo, da criação de animais de pequeno porte e agricultura de subsistência; o objetivo é conservar os modos e meios de vida desta população e vou assegurar a sustentabilidade no uso dos recursos naturais e aqui tem características importante, o domínio é público, propriedades privadas devem ser desapropriadas. Embora o domínio seja público essas populações vão estar dentro da unidade de conservação e no art. 23 da lei 9985 fala do termo e do contrato firmado com estas populações e ela se obriga a proteger o meio ambiente, ano ter atitude em desconformidade. Esse contrato de concessão de direito real de uso isso está no decreto 4340/02 é um dos decretos que regulamentam essa lei 9985. Firma esse contrato com o poder público para ficar, e isso se aplica tanto as reservas extrativistas quanto aquelas de desenvolvimento sustentável. E não pode ter caça e nem exploração de recursos minerais).

Domínio: público; a população extrativista firma com o poder público um contrato de concessão de direito real de uso.

Características: é proibida a exploração de recursos minerais e a caça amadora ou profissional; a pesquisa científica é permitida e incentivada.

10.5 RESERVA DE FAUNA

Objetivos: área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. (ou seja, vou ter pesquisas, estudos, e vou poder explorar a partir dessas pesquisas).

Domínio: posse e domínio público. (propriedades particulares devem ser desapropriadas);

Características: é proibido o exercício da caça. (importância menor, ainda não temos).

10.6 RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Objetivos: preservar a natureza e assegurar as condições e os meios necessários para a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais pelas populações tradicionais. (muito parecida com a extrativista, alguns nem conseguem entender o porque da diferenciação, é uma área igualmente ocupada por populações tradicionais e a existência se baseia em métodos sustentáveis dos recursos naturais e esses métodos são desenvolvidos ao longo de gerações e adequada aos meios locais e elas a

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contribuem para a proteção ao meio ambiente. Art. 20 da 9985 e o que é desenvolvido ao longo de gerações? É pelo menos uma geração, de maneira simples: de pai para filho.)

Domínio: público. (art. 23 é feito por contrato de concessão de direito real de uso como diz o decreto 4340)

Características: é permitida e incentivada a visitação pública e a pesquisa científica.

10.7 RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL

Objetivos: é área privada, gravada com perpetuidade, com objetivo de conservar a diversidade biológica ; (criada por um particular, ele assina termo de compromisso com o poder público, e uma vez instituída ela está gravada com perpetuidade).

Domínio: privado; (não há que se falar em pagamento de ITR (imposto territorial rural) em uma reserva destas).

Características: é permitida a pesquisa científica, bem como a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.

RESUMO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Unidades de Proteção Integral: objetivo de preservar a natureza, admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Cada unidade de conservação do grupo de Proteção Integral disporá de um Conselho Consultivo.

Tipo de Unidade Objetivo Propriedade Visitação Pública

ESTAÇÃO ECOLÓGICA Preservação e pesquisas científicas. posse e domínio públicos

Proibida, exceto com objetivo educacional

RESERVA BIOLÓGICA

Preservação integral da biota, sem interferência humana, salvo medidas de recuperação de seus ecossistemas.

posse e domínio públicos

Proibida, exceto com objetivo educacional

PARQUE NACIONAL

Preservação de ecossistemas naturais de relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando pesquisas científicas, educação e recreação e turismo.

posse e domínio públicos

Sujeita ao Plano de Manejo

MONUMENTO NATURAL

Preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.

pode ter áreas particulares

Sujeita ao Plano de Manejo

REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE

Proteger locais para existência ou reprodução de espécies da flora local e da fauna residente ou migratória.

pode ter áreas particulares

Sujeita ao Plano de Manejo

Unidades de Uso Sustentável: Objetivo de compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de seus recursos naturais.

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Tipo de Unidade Objetivo Propriedade Outras Informações

Área de Proteção Ambiental - APA

área extensa para proteger a diversidade biológica e regular a ocupação humana e o uso sustentável de recursos naturais

terras públicas ou privadas

Não tem zona de amortecimento

Área de Relevante Interesse Ecológico

área pequena, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, com objetivo de manter tais atributos

terras públicas ou privadas

Admitida a permanência de populações tradicionais já presentes

Floresta Nacional

Área de floresta predominantemente nativa para uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica

posse e domínio públicos

Admitida a permanência de populações tradicionais já presentes

Reserva Extrativista

área de populações extrativistas tradicionais para proteger seus meios de vida e sua cultura

domínio público, com uso concedido às populações

Proibidas a exploração mineral e a caça amadorística ou profissional.

Reserva de Fauna

área com espécies nativas, residentes ou migratórias, para estudos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos

posse e domínio públicos

Proibida a caça amadorística ou profissional.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável

área de populações tradicionais adaptadas ao longo de gerações para uma exploração sustentável, com o objetivo de preservar tais tradições

domínio público, com uso concedido às populações

Manter equilíbrio entre o tamanho da população e a conservação.

Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN

área privada, gravada com perpetuidade (averbada no Registro Público de Imóveis), com o objetivo de conservar a diversidade biológica

área particular Não tem Zona de amortecimento.

Apoio técnico dos órgãos ambientais.

11. BIOMA MATA ATLÂNTICA

Lei 11428/06 lembrando que esse bioma está no art. 225, §4º da Constituição, traz os grande biomas brasileiros, e a partir deles teremos legislações específicas para regulamentar a intervenção desses biomas e a mata atlântica tem lei própria e essa lei é fundamental que vai do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. Qual é o objeto desta lei? Ela vai disciplinar a intervenção, a supressão no bioma mata atlântica.

Alguns conceitos importantes: na última aula tivemos aula do CF e falamos do pequeno proprietário que tem que retirar no mínimo 80% da sua renda bruta da propriedade onde ele está e lá colocamos as metragens, mas o que mudou é que a pequena propriedade é aquela que tem até 50 hectares, e o pequeno produtor continua sendo aquele que retira no mínimo os mesmos 80%. Outro conceito é o de população tradicional, agora a pouco falamos dela a lei que traz o conceito de populações tradicionais é a lei do bioma mata atlântica: é a população vivendo em estreita relação com o ambiente natural, dependendo de seus recursos naturais para a sua reprodução sociocultural, por meio de atividades de baixo impacto ambiental, inciso II. O art. 6º traz o objetivo geral da lei: a proteção e a utilização do bioma mata atlântica tem por

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objetivo geral o desenvolvimento sustentável, e como específico: a salvaguarda da biodiversidade, dos valores paisagísticos, estéticos, dentre outros. No p. único é elucidativo fala dos princípios: observância do princípio da função socioambiental da propriedade, da equidade inter geracional (usamos hoje sem comprometer as gerações futuras) da prevenção, precaução, do usuário pagador, da transparência das informações e atos, celeridade processual, dentre outros).

Como vou suprimir vegetação nesse bioma mata atlântica? Tem um regime jurídico desse bioma e como ele se dá? O regime jurídico:

(a) vegetação primária – é aquela que ainda não teve a intervenção humana , antrópica, continua originalmente como era. É aquela intocada. Ela não perde a sua característica por desmatamento, queimada, degradação porque de acordo com a vegetação tem formas próprias de intervenção.

(b) vegetação secundária – é quando o ser humano já interveio e ela esta regenerando e temos os chamados estágios de regeneração:

estágio avançado de regeneração: já está quase que regenerada.

estágio médio de regeneração: já está mais avançada

estágio inicial: a regeneração está no início.

Em regra, a intervenção e supressão é do órgão ambiental estadual. Vamos falar do regime jurídico para a área urbana e a rural.

Na área RURAL:

vegetação primária: tenho 3 hipóteses de intervenção e supressão

a) utilidade pública – em especial as mesmas hipóteses do código florestal. É para proteção sanitária e atividades militares, obras de Infraestrutura de serviços públicos de transporte, saneamento e energia.

b) pesquisa científica;

c) práticas preservacionistas – quando tenho que fazer algum estudo técnico alguma atividade que vai proteger a vegetação contra queimadas, erosão, etc.

vegetação secundária e aqui os estágios:

a) avançado: idem a vegetação primária

1. utilidade pública

2. pesquisa científica

3. práticas preservacionistas

b) médio: está cortado e está crescendo

1. utilidade pública

2. interesse social – segue a mesma lógica que está no código florestal, as prática para manter a integridade, atividades do agro manejo florestal auto sustentável

3. pesquisa científica

4. prática preservacionistas

5. pequeno produtor

6. populações tradicionais, ressalvada a APP (posso autorizar que um pequeno produtor ou essas populações façam intervenção.

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c) inicial: não tem nenhuma característica (nessa há uma liberalidade maior, está cortado, está começando a crescer.) Mas tem uma pegadinha: quando eu tenho um estado com menos de 5% da área original do bioma natural de mata atlântica, nesse Estado membro a vegetação de vegetação secundária em estágio inicial deve seguir as mesmas regras da intervenção para estágio médio.

ÁREA URBANA (é para loteamento, edificação)

vegetação primária: pode ter intervenção? Não.

vegetação secundária

a) estágio avançado: veda-se a intervenção, a supressão.

b) médio (pode o órgão ambiental municipal autorizar a intervenção, supressão, desde que o município tenha conselho de meio ambiente com caráter deliberativo e tenha plano diretor): tinha que manter no mínimo 50%.

c) inicial: o permissivo é maior

Art. 12 da lei deste bioma mata atlântica. O fato de um proprietário fazer intervenção terá a compensação de acordo com as áreas estudadas, e aí temos que usar o art. 17, na forma de determinação de área equivalente a área desmatada. Se eu fizer portanto a intervenção em área rural tem que fazer equivalência com área desmata, se desmatei 10 hectares tenho que compensar com 10, se for em área urbana será no mesmo município ou então na mesma região. O decreto regulamenta que é o nº 6660, ele especifica a compensação art. 26. a lei 11428 fala da compensação e não sendo possível a reposição florestal, acontece que o decreto entre a compensação e a reposição ele coloca a possibilidade de doar área no interior de unidade de conservação. Toda intervenção no bioma mata atlântica seja em vegetação primária ou secundária implica na compensação ambiental, exceto a secundária inicial, e aí vem a reposição ambiental, agora o pequeno produtor e a população tradicional esses não precisam compensar, estamos colocando isso porque tem uma ADI tramitando no STF questionando isso, o fato deles não compensarem, mas hoje pela redação atual eles não precisam se utilizar desse mecanismo.

Existem situações que não é possível o corte e a supressão da vegetação e que situações são estas que vedam o corte e a supressão de vegetação primária e secundária em estágio avançado e médio, sempre lembrando que é necessário essa autorização para corte e intervenção:

1. a vegetação:

a) abrigar espécies da flora e da fauna silvestre ameaçadas de extinção; (não é por achismo, tem listas com estas espécies, tem que ter ato do poder público)

b) exercer a função de proteção de mananciais ou de prevenção e controle de erosão;

c) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em estágio avançado de regeneração;

d) proteger o entorno da unidades de conservação;

e) possuir excepcional valor paisagístico, reconhecido pelos órgãos do SISNAMA.

2. o proprietário ou posseiro não cumprir a legislação ambiental em especial as exigências da lei 4771/65 (APP e Reserva Legal).

O decreto 6660/08 fala de hipótese de anuência prévia do IBAMA ou do Chico Mendes, art. 19 além da autorização do órgão ambiental competente previsto na lei será necessária a anuência prévia do IBAMA somente quando a supressão de vegetação primária ou de secundária médio ou avançado ultrapassar limites estabelecidos:

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50 hectares por empreendimento, isolada ou cumulativamente; ou

3 hectares por empreendimento, isolada ou cumulativamente, quando localizada em área urbana ou região metropolitana.

Art. 25 lei 11428/06 – o professor acha a redação polêmica mas vamos a letra da lei: quando eu tenho em minha propriedade um bioma fala em cumprir função social a critério do proprietário essas áreas podem ser consideradas reserva legal e o que sobrar como compensação ambiental. Vimos que para definição de APP tem alguns critérios de instituição, no bioma mata atlântica fala que o proprietário pode fazer um cálculo diferenciado, de acordo com a localização da mata atlântica.

Quando o corte é eventual, ex. Um galho, sem intuito de exploração econômica, numa situação como esta não é necessário autorização.

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Tema: LEI 11284/06 LEI DE GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS

1. NOÇÕES GERAIS

Fundamentalmente essa lei fala da gestão das florestas públicas no Brasil. Essa lei criou um serviço florestal brasileiro. Além disso é a concessão florestal que permitirá particulares explorarem uma floresta pública. E o que é uma Floresta Pública? Para não confundir com a floresta nacional ela está no art. 17 da lei 9985/00 a nacional, que pode ser municipal, estadual, a pública é gênero, dentre as quais uma das espécies é a floresta nacional. Quando falo em florestas públicas são as diversas florestas do bioma brasileiro, sob domínio da União, dos Estados membros, Municípios, DF e dos entes da administração indireta. A floresta nacional é uma unidade de conservação e por isso tem uma forma de tratamento especial que vai além das florestas públicas.

E como vai se dar a exploração dessas florestas públicas? Temos os recursos florestais (é um gênero, tenho dentro deles os produtos e os serviços) e quais são eles?

os produtos florestais: p. ex. Produtos madeireiros, madeira, pode explorar? A depender pode. Produtos não madeireiros, pode ser folhas, sementes, frutos.

os serviços florestais: ex. O turismo ecológico, atividades de recreação com contato com a natureza.

Na verdade essa lei fala das várias formas de gestão de florestas públicas, mas o que nos interessa é a Concessão florestal que é quando o poder público autoriza uma PESSOA JURÍDICA a utilizar produtos e serviços florestais. Concessão o nome diz, e como é concessão é uma delegação onerosa feita pelo poder público para uma pessoa jurídica explorar essa floresta. ex. Eu tenho um lote de concessão florestal, (o lote é um conjunto de unidades de manejo), e como funciona isso? Eu tenho portanto a possibilidade da gestão de floresta pública por particular através da concessão, e ela é uma PJ (pessoa jurídica) ela vai, através da concessão florestal exercer o que nós chamamos de manejo florestal sustentável (produtos e serviços florestais serão explorados). Pode ser que na unidade de manejo “c” eu tenha um serviço, na “d” um produto, e aí o que vai acontecer? O manejo florestal sustentável que é você administrar a floresta de forma a obter benefícios econômicos, sociais e ambientais. Mas para fazer esse manejo ele terá que obter uma concessão através de um processo licitatório. E o que é essa concessão florestal que é a grande discussão dessa lei? Essa concessão é a delegação onerosa feita pelo poder concedente, do direito de praticar o manejo florestal sustentável, numa unidade de manejo,mediante licitação. Portanto uma pessoa jurídica poderá explorar produtos e serviços em uma floresta pública. E qual é a modalidade licitatória? Como se trata de concessão a modalidade é a CONCORRÊNCIA.

A lei fala o tempo todo em poder concedente e órgão gestor. Quem é o poder concedente? É o MMA (ministério do meio ambiente) e o órgão gestor? É o serviço florestal brasileiro (SFB).

Como funciona essa gestão para a produção sustentável no Brasil? 3 possibilidades:

1. criação de florestas nacionais, estaduais e municipais, conforme art. 17 da lei 9985/00 (ela ganha regime de proteção especial e a isso chamamos de gestão direta)

2. destinação de florestas públicas às populações tradicionais ou locais. (pode ser a criação de uma reserva extrativista, ou de reserva sustentável, ou outra hipótese)

3. Concessão florestal (para explorar recursos florestais).

FLORESTA PÚBLICA é gênero e dentre as espécies tenho as nacionais, as estaduais e as municipais e qual a diferença? As nacionais criadas pela União (Chico Mendes), da mesma forma os Estados e os Municípios e criando elas terão proteção especial.

1. Gestão direta: o poder público cria a floresta nacional, estadual ou municipal. Faculta-se ao poder público o exercício de atividades subsidiárias, ele pode contratar terceiros para isso? Ele pode firmar

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contratos administrativos ou outros instrumentos administrativos, mas tem um detalhe, esses instrumentos sempre deverá ser precedido de procedimento licitatório para contratar. E detalhe, nenhum desses instrumentos podem ultrapassar 120 meses.

2. Destinação de florestas públicas às comunidades locais: como se dá esta destinação?

- elas se dá basicamente com a criação de reserva extrativista ou de desenvolvimento sustentável;

- a concessão de uso a essas populações através dos assentamentos florestais, de desenvolvimento sustentável etc, ou o art. 189 da CR/88 que fala da reforma agrária.

2. CONCESSÃO FLORESTAL

Basicamente é a possibilidade da pessoa jurídica em consórcio ou não explorar. Ela será autorizada em ato do poder concedente (que é o Ministério do Meio Ambiente) e será formalizada mediante contrato. PAOF (Plano Anual de Outorga Florestal) – que é proposto pelo órgão gestor (Serviço Florestal Brasileiro) e definido pelo poder concedente que é no caso o ministério do meio ambiente, só pode abrir a concessão florestal das florestas que estão dentro deste plano. Todo ano sai o plano anual, estamos em junho no final do semestre todos encaminham todas as florestas públicas passíveis para o ano de 2011. No plano de 2010 tem todas as florestas que podem ser objeto do plano. Se eu tiver inclusão de áreas de florestas públicas da União no plano depende de manifestação prévia da Secretaria de Patrimônio da União que integra o Ministério de planejamento. Quando se tratar de áreas de floresta pública em faixa de fronteira art. 20 da CR/88, §2º, tem que ter a manifestação é necessário submeter ao Conselho de Defesa Nacional. Processo de Outorga: o poder concedente (ministério do meio ambiente) ele publicará antes do edital de licitação um ato justificando a conveniência da concessão florestal. Aliás antes você soltar o edital é necessário que se faça uma audiência pública na região onde vai ocorrer a concessão florestal, para ouvir a população, estamos com um aberto, e essa concessão deu uma grande celeuma e a primeira delas foi na floresta Jamari de Rondônia e foi parar até no STF a discussão. Não confundir com consulta pública nela todos podem optar. Tem que ser por concorrência e veda-se a declaração de inexigibilidade da lei 8666/93 ela fala no art. 25 da inexigibilidade não cabe nesta lei . Não confundir as florestas. Gestão de florestas públicas é gênero no qual uma das espécies é a nacional.

3. OBJETO DA CONCESSÃO

O objeto da concessão são produtos e serviços florestais. Na verdade cada edital vai fixar quais são os produtos e serviços florestais, pontuamos quais eram cada um, pode ser madeira semente que são produtos e os serviços p. ex. Atividade de ecoturismo ou turismo ecológico. Art. 16, §1º da lei 11284 a concessão só dá os direitos previstos no contrato. E aí tem as VEDAÇÕES (o que não pode vir previsto no edital do certame):

o a titularidade imobiliária ou preferência em sua aquisição, ou seja, o fato de ter a exploração não altera o domínio da floresta e nem em direito de preferência, até porque quando o prazo expirar retoma o poder público;

o acesso ao patrimônio genético (nada que envolva biodiversidade e patrimônio genético).

o Uso dos recursos hídricos acima do especificado como insignificante nos termos da lei 9433 e vamos ver isso amanhã, mesmo que eu tenha concessão e tenha que fazer uso da água, captar ou fazer lançamento tem que ter a outorga de uso de recursos hídricos, então só pode usar se for insignificante, se não for o concessionário terá que ir ao local e pedir uma outorga de uso de recursos hídricos. E a outorga é uma autorização.

o Exploração dos recursos minerais

o exploração de recursos pesqueiros e fauna silvestre

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o comercialização de créditos decorrentes de emissão evitada de carbono em florestas naturais. O §2º tem uma exceção e fala que em regra não há que se falar em mercado de crédito de carbono, mas se for área sujeita a reflorestamento ou uso alterativo é possível colocar no objeto.

4. LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Como ele funciona? Tem que ter licenciamento ambiental. Resol. 237 falamos que temos 3 tipos de licença, aqui na concessão florestal temos apenas 2: a licença prévia e a de operação. A licença prévia através do órgão gestor que é quem? O serviço florestal brasileiro ele que é o responsável por solicitar junto ao órgão competente essas licenças. O governo Lula tem sinalizado que vai transformar esse serviço que hoje é um órgão em Autarquia federal e aí vai demandar procuradores federais. E ele apresenta o RAP (relatório ambiental preliminar) para o órgão ambiental, com ele pretende obter a licença prévia, é um estudo ambiental. E quando eu tiver uma significativa degradação, um impacto? Nesse caso será o EIA/RIMA. Agora existe uma singularidade na concessão florestal: imagine que aqui temos um lote e dentro dele as unidades A, B, C e D e nas unidades A, C, e D teremos o RAP por não ter significativa degradação, mas na B terá por isso nele teremos o EIA/RIMA, então num mesmo lote de concessão é possível termos 2 estudos ambientais, desde que as unidades se situem no mesmo ecossistema e no mesmo Estado. Quando o serviço florestal obtém do órgão ambiental competente a licença prévia ele está autorizado a realizar o plano de manejo florestal sustentável, a licença prévia autoriza a elaboração do plano de manejo florestal sustentável e, no caso de unidade de manejo inserida no PAOF (plano anual de outorga florestal) autoriza-se a licitação para a concessão florestal. Conseguiu o serviço florestal a licença prévia é possível confeccionar o plano de manejo florestal sustentável, que é na verdade como será explorado os produtos e serviços, como aquela área será explorada. Conseguiu a licença prévia legal eles podem elaborar esse plano. E detalhe, caso consiga a licença prévia e esta unidade já esteja no plano anual de outorga florestal ela já pode ser objeto de licitação. O PAOF para ter a licitação para ter esse procedimento a unidade tem que estar prevista no PAOF em 2010 temos um, em 2011 teremos outro e somente as unidades que lá estiverem poderão ser objeto de licitação. E em seguida ao plano de manejo passamos a ter a licença de operação após a aprovação desse plano, com essa licença será possível o início das atividades, o concessionário irá iniciar suas atividades. Ou seja, ele pode começar a explorar.

Lembra que pontuamos que uma floresta pública é possível enquadrá-la como floresta nacional, gestão direta, essa floresta nacional que uma unidade de conservação, eu quero ter uma concessão florestal em uma floresta nacional. Então é uma área dentro da floresta nacional. ex. Imagine uma floresta nacional em Rondônia, ela é uma unidade de conservação, mas eu quero que uma parte dela se submeta a exploração para p. ex. Explorar madeira. E permite que uma pessoa jurídica ganhe a licitação e explore. Se esta floresta nacional já tiver aprovado um plano de manejo (documento técnico que disciplina a unidade de conservação) ele substitui a licença prévia. E o que vai ser necessário nesse caso? Posso pedir direto a licença de operação. E pergunta-se: mas e se tiver o manejo lá, a concessão causar significativo impacto ou degradação, se tiver plano de manejo não precisa de licença prévia, nesse caso de significativa degradação mesmo assim tem que realizar o EIA/RIMA, é uma exceção em que ele pode ser realizado após a licença prévia. E esse plano talvez não contemplava a concessão florestal. E quais são os critérios da HABILITAÇÃO para nós essa concessão parece ser de outro mundo, mas se observarmos a questão ambiental é um grande negócio explorar uma floresta pública. Quais são os critérios então para habilitação? Sou uma pessoa jurídica que quer participar: além dos critérios da lei 8666 existe a comprovação de ausência de dois tópicos: eu não posso ter nenhum débito inscrito na dívida ativa em órgãos do CISNAMA, eu não posso ter sido multado, ter tido obra embargada por questões ambientais. E também ausência de decisões condenatórias com trânsito em julgado em ações penais relativas a crimes contra o meio ambiente, a ordem tributária ou crimes previdenciários, excetuando a reabilitação que está no CP. Se pegarmos a lei 8666 temos várias questões. Somente podem ser habilitadas as pessoas jurídicas criadas sob as leis brasileiras e que tenha sede e administração no Brasil.

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5. CRITÉRIOS DE JULGAMENTO NA CONCESSÃO AMBIENTAL

O julgamento da licitação para encontrar a melhor proposta deve conjugar 2 critérios:

o primeiro o MAIOR PREÇO ofertado como pagamento ao poder concedente. (no caso ao ministério do meio ambiente)

o Segundo é a MELHOR TÉCNICA considerando:

a) o menor impacto ambiental

b) os maiores benefícios sociais diretos

c) a maior eficiência (número de produtos explorados) quem conseguir explorar com maior abrangência.

d) a maior agregação de valor ao valor ao produto ou serviço florestal na região da concessão. O reflorestamento ou enriquecimento de áreas de infraestrutura decorrentes do reflorestamento florestal.

6. CONTRATO DE CONCESSÃO

Para cada área de manejo será assinado um contrato de manejo com assinatura de um concessionário. Além das obrigações contratuais tem obrigação com o poder concedente: órgão do meio ambiente, terceiros, p. ex. Empregados; o cedente, esse fato não exime o concessionário das obrigações que ele tenha com terceiros. Veda-se a subconcessão na concessão florestal. Eu sou concessionário pessoa jurídica engajei e resolvo fazer uma nova é vedado. Se eu quiser passar do controle acionário da minha empresa tem que ter a prévia autorização. Não pode ter troca de controle acionário sem autorização do cedente se ocorre teremos a rescisão. Toda vez que eu tenho um plano de manejo o contrato tem que prever uma área que ele chama de reserva absoluta que deve ser de no mínimo de 5% da unidade de manejo , dentro dessa unidade tem que ter a reserva absoluta de 5 % e tem que observa a área de preservação permanente. A reserva absoluta é para preservar a biodiversidade é a forma também de perceber se essa mata é reservada.

7. DEFESA DA CONCORRÊNCIA

Ela se dá em cima de 2 tópicos:

o em cada lote de concessão não pode ser outorgado mais de 2 contratos, cada um tem um limite de 2. Naquele caso do lote não pode todos os lotes A, B, e D, tem que escolher a área.

o cada concessionário individualmente em consórcio ter um percentual máximo de área de conservação florestal.

8. PRAZO

(a) Produtos florestais o mínimo é de um ciclo o máximo é 40 anos.

(b) Serviços o prazo é de no mínimo 5 anos e no máximo 20 anos.

9. HIPÓTESES DE EXTINÇÃO

a. esgotamento do prazo contratual;

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b. rescisão; ela pode ocorrer pelo próprio concessionário para isso ele tem que intentar uma ação judicial nesse sentido, demonstrando descumprimento do poder concedente, é uma ação específica.

c. Anulação; (ilegalidade, é auto explicativo)

d. falência ou extinção do concessionário ou ainda o falecimento do titular se empresa individual;

e. desistência e devolução por opção do concessionário. A desistência é um ato formal irrevogável e irretratável pela forma que o concessionário manifesta o seu interesse, ele fala que não quer mais continuar. É possível que ele desista da concessão. Ocorrendo uma hipótese de desistência tudo volta ao poder público, tudo que foi adquirido como privilégio retorna ao poder público.

10. AUDITORIA FLORESTAL

Como se trata de contratos de concessão o que vai ocorrer? O poder concedente tem fiscalização ordinária, mas sabemos que o poder de polícia nem sempre ocorre da forma como pretendíamos. Para evitar nesse caso que o poder público que muitas vezes não tem a quantidade de fiscais suficientes criou-se essa auditoria tem caráter independente, é realizada por entidades não governamentais, em prazo não superior a 3 anos, então além das fiscalizações ordinárias temos essas. Então quem vai realizar não será o poder público, serão organizações não governamentais. E quem cadastra e qualifica essas entidades é o IMETRO, essa é uma portaria, pois bem, essas auditorias quem banca é o próprio concessionário. Mas vamos imaginar que eu tenho uma auditoria sendo realizada em uma unidade de manejo e os prazos não podem ser superiores a 3 anos e quais são as possíveis conclusões dessa auditoria? São três:

1. constatação de regular cumprimento do contrato de concessão, a ser validada pelo órgão gestor;

2. constatação de deficiências sanáveis, que condiciona a manutenção contratual ao saneamento dos vícios e irregularidades no prazo de 6 meses.

3. Constatação de descumprimento que implica em sanções conforme a sua gravidade, incluindo a rescisão contratual.

O que é legal é que além do poder público a sociedade pode participar e verificar o cumprimento.

11. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E CONCESSÕES FLORESTAIS

A inserção de unidades de conservação (florestas nacionais, estadiais ou municipais) no PAOF tem que ter autorização do órgão gestor da unidade de conservação. E somente poderá haver essa concessão quando tiver aprovado o plano de manejo, nenhuma autoridade de conservação que não tenha plano de manejo não poderá ser licitada.

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Tema: INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS AMBIENTAIS

Falaremos do processo administrativo ambiental.

Qual a base legal para a responsabilidade administrativa? Art. 70 a 76 da lei 9605/98 que foi regulamentado pelo Decreto 6514/08. (portaria e resolução não pode ficar criando infrações)

Art. 70 caput: considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção do meio ambiente. Quem são os órgãos competentes para lavrar os autos de infração administrativa e para instaurar o processo administrativo ambiental? Quem são essas autoridades? As autoridades são todos os fiscais dos órgãos integrantes do SISNAMA (sistema nacional do meio ambiente). Além dos fiscais tenho os agentes das capitanias dos portos, do Ministério da Defesa, antigo ministério da marinha. Posso representar eu particular? Sim, pode à autoridade do SISNAMA para dar origem a fiscalização e se for o caso lavrar o auto. E tem-se dever de ofício tendo ciência promover a apuração sob pena de corresponsabilidade.

A responsabilidade em matéria administrativa é objetiva, em regra os livros não falam isso, mas o professor não tem dúvida quanto a objetividade, mas a lei 9605 fala no 72, §3º, I e II fala que a multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo, subjetiva, muita gente por essa leitura fala que é subjetiva. Então a natureza em regra é objetiva.

O Decreto trabalha com uma série de valores, e esses valores referem-se a multa. Uma vez que um agente autuante ao lavrar o auto ele vai fazer uma indicação das sanções que serão aplicadas ao infrator. Quem é esse agente? Ele integra os entes e órgãos do SISNAMA ou da capitania dos portos. Mas como se dá a dosimetria, como ele valora a multa, a sanção. Há 3 critérios para definição do montante da multa:

1. gravidade dos fatos, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e o meio ambiente;

2. antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação ambiental;

3. a situação econômica do infrator

Esses critérios são os mesmos aplicados para os crimes ambientais, isso que vai balizar.

E quais são as SANÇÕES ADMINISTRATIVAS EM ESPÉCIE, que esse agente irá autuar? Art. 72, lá ele relaciona todas as infrações:

a. advertência

b. multa simples

c. multa diária

d. apreensão dos animais, produtos e sub produtos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos utilizados

e. destruição e inutilização do produto

f. suspensão de venda

g. embargo de obra

h. demolição

i. suspensão parcial ou total de atividades

j. restritiva de direitos

DA ADVERTÊNCIA

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Quando eu tenho infrações de menor lesividade ao meio ambiente . Agora o que é essa infração? E aí vem o critério importante: posso aplicar desde que a multa máxima cominada para a infração não ultrapasse o valor de mil reais. A advertência não pode ser aplicada de maneira reiterada. ex. Hoje praticou uma de 500 reais e tenho advertência, e daqui a pouco eu cometo uma de 600. Então fica vedado nova sanção de advertência no período de 3 anos contados do julgamento da última advertência ou infração. Claro que tenho que observar ampla defesa e contraditório. Quando se aplica o agente autuante dá um prazo para que as irregularidades sejam sanadas. Se for sanado dá continuidade ao processo administrativo, agora caso seja autuado não sana por negligência ou dolo, o agente autuante certifica isso e dá a multa nele. Eu posso aplicar mais de uma sanção? Sim, poe ter uma advertência, se ele não sanou as irregularidades eu logo em seguida aplico multa, não tem problema. Eu posso embargar uma obra e aplicar multa.

DA MULTA SIMPLES

Art. 74 fala da base da multa ela terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado. ex. Desmatei 3 hectares. Ou usei tantos metros cúbicos de madeira. A multa sempre tem uma unidade. Quando ocorre a infração administrativa ambiental é possível em uma ação mais de um recurso ambiental seja afetado. ex. Uma pessoa física ou jurídica pode desmatar, botar fogo. Uma ação então pode afetar mais de um recurso ambiental. Não confundir responsabilidade administrativa com a pena. Estamos falando essas opções aqui que são administrativas não estamos nem falando das penais. E qual o valor da multa? mínimo de 50 mil reais e máximo de 50 milhões de reais. Engraçado que na área penal a multa é pífia perto da responsabilidade penal não passa dos 2 ou 3 milhões, art. 18 do CP.

DA MULTA DIÁRIA

Como vou aplicar multa diária? Quando a infração se prolongar no tempo. Não pode ser inferior a 50 reais e não pode ser superior a 10% do valor da multa simples máxima cominada para a infração. Ex. A multa é de 50 reais à mil reais, então poderá ser de 50 a 100 reais (10% de mil). A multa diária é suspensa assim que o autuado apresentar documentos que demonstre regularização. E que documento é esse? Um termo de compromisso de reparação ou de sessação com o órgão ambiental, assim que ele firma esse termo de compromisso cessa a aplicação da multa diária. Aí muitas vezes assina esse termos e depois vai fiscalizar, se verificar que não foi solucionado, desconsidera a suspensão do prazo e volta a contar da assinatura do termo para a contagem da multa.

Como funciona a reincidência em matéria administrativa ambiental? Decreto no art. 11 fala sobre isso: o cometimento de nova infração pelo mesmo infrator no período de 5 anos, contados no auto de infração implica:

1. aplicação da multa em triplo no caso do cometimento de mesma infração; Ex. Multou de mil na primeira vez na segunda será de 3 mil.

2. aplicação em dobro no caso de infração distinta.

Agora se eu tenho por um mesmo fato multas de órgãos distintos isso é possível? ex. Um passa vê e multa municipalmente, depois estadual, depois federal. Mas o decreto dá uma saída: se você foi multado pelo fiscal estadual e o federal, e aí a estadual é a mais baixa, e você vai e paga essa mais baixa o pagamento dela substitui o da federal quando por mesma hipótese de incidência art. 76. mas aí tem uma pegadinha, o decreto fala que não vale TAC e não vale parcelamento também, tem que ser o efetivo pagamento. Mas se eu celebrei um TAC com o órgão estadual não vale, tem que ter pagamento. Mas tem uma exceção: se o órgão federal participar do TAC aí pode, mas na verdade isso não vai ocorrer. E para onde vai a grana das multas? Para o fundo nacional do meio ambiente: art. 73. E aí o decreto faz uma grande sacanagem, não fala nenhum percentual, o decreto tem sido modificado para falar disso, imagina que não se caia nessa

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discussão, agora está em 20%, pelo art. 73 não fala em percentual então dá a imaginar que vai integralmente.

SUSPENSÃO DE VENDA OU FABRICAÇÃO DE PRODUTO

Constitui medida que visa a evitar a colocação no mercado de produtos e subprodutos oriundos de infração administrativa ao meio ambiente ou que tenha como objetivo interromper o uso contínuo de matéria-prima e subprodutos de origem ilegal. Ex. Estou vendendo um palmito que foi retirado de forma irregular posso suspender a venda. No caso de fabricação é um produto de origem ilegal, ex. Produto para o cabelo e a ANVISA proíbe, e aí está sendo usado na composição o produto, é de origem ilegal.

SUSPENSÃO PARCIAL OU TOTAL DE ATIVIDADES

Constitui medida que visa a impedir a continuidade de processos produtivos em desacordo com a legislação ambiental. Ex. Eu tenho uma fábrica e eu lanço uma porcaria na atmosfera, na minha fábrica tem uns filtros que tentam conter essas substâncias e não está sendo eficiente, aí pode chegar o órgão ambiental e suspender quando se tem essa desconformidade, e aí pode ser parcialmente quando é só parte ou de tudo se todos estão obsoletos. Se não estou cumprindo a licença ambiental também.

EMBARGO DE OBRA OU ATIVIDADE

Restringe-se aos locais onde efetivamente caracterizou-se a infração ambiental, não alcançando as demais atividades realizadas em áreas não embargadas ou que não tenham relação com a infração. Exceção: se for queimada ou desmatamento eu pego toda a propriedade com exceção das atividades de subsistência.

E aí para cessar esse embargo você assina um termo com o órgão ambiental demonstrando a documentação que mostre a regularização da obra. E quem embarga é o agente autuante, o fiscal, e ele tem que trazer todos os indícios de autoria, materialidade, fotos, medidas geográficas, para o posterior georreferenciamento, porque é danoso e pode até comprometer, então pode embargar visto o descumprimento, então não é só judicial, ele mesmo tem poder de polícia.

Pode-se até demolir uma obra, vamos ver daqui a pouco, não tem nada de que não pode.

Art. 101 constatada a infração ambiental o agente autuante no uso do poder de polícia poderá adotar:

1. apreensão

2. embargo de obra

3. suspensão de venda ou fabricação de produto

4. suspensão de atividades

5. destruição ou inutilização

6. demolição

Como se dá o descumprimento de um embargo? p. ex. O cara não dá a mínima para o embargo e permanece na atividade, quais as consequências?

1. a suspensão da atividade que originou a infração e da venda de produtos e subprodutos criados ou produzidos na área ou local do embargo infrigido.

2. Cancelamento de registros, licenças ou autorizações de funcionamento da atividade econômica nos órgãos ambientais.

E tem uma questão financeira: art. 79 do decreto que pagará multa de 10 mil a 1 milhão de reais.

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E ainda tem mais: o agente autuante constatando o descumprimento do embargo ele tem 72 horas para comunicar o MP para verificar se houve ou não crime ambiental.

DEMOLIÇÃO

Poderá ser aplicada, após o contraditório e a ampla defesa, nos seguintes casos:

1. verificada a construção de obra em área ambientalmente protegida em desacordo com a legislação ambiental. Ex. Em APP um hotel. Tem um caso assim na justiça em SC um hotel. Da mesma forma no RN em que foram demolidos na praia quiosques e restaurantes que estavam em locais que não poderiam.

2. quando a obra ou construção realizada não atenda às condicionantes da legislação ambiental e não seja passível de regularização. Ex. Tinha uma área para ele construir e ele vai além.

Se eu tiver uma situação onde o impacto ambiental seja maior, desfavorável, neste caso não haverá a demolição, porque se tiver um laudo técnico que fale que será pior a demolição isso tem que ser comprovado por laudo técnico. Ex. Em SP tem um rio que passe por várias cidades do Brasil, não vou demolir as casas que foram construídas porque os danos serão maiores.

Quando eu tenho uma obra ou edificação não habitada e que é usada para infração ambiental e mantê-la potencializa a infração é possível em caráter excepcional a sua demolição no ato da fiscalização. ex. Sou fiscal e chego em uma construção não habitada que está sendo usada para infração nesse caso pode demolir e nesse caso não tem contraditório e nem ampla defesa, essa é portanto uma exceção. Ex. Lugar onde se trabalha com produtos químicos. E quem paga é o próprio infrator pela demolição.

SANÇÕES RESTRITIVAS DE DIREITOS

Aplicáveis às pessoas físicas ou jurídicas:

1. suspensão de registro, licença ou autorização;

2. cancelamento de registro, licença ou autorização;

3. perda ou suspensão de incentivos e benefícios fiscais;

4. perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

5. proibição de contratar com a administração pública.

E isso será de acordo com a gravidade da infração. E quais serão os prazos das restritivas de direito para cada uma delas? 01 ano, salvo a proibição de contratar com o poder público que é de 3 anos. Agora essa proibição é algo problemático, o professor entende que isso é só para a esfera que aplicou a sanção, se foi a esfera federal, poderia contratar com a esfera municipal e com a estadual, mas isso é controverso.

PRESCRIÇÃO NAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS AMBIENTAIS

Prescreve em 5 anos a pretensão punitiva contada da data da prática do ato, ou em infrações permanentes no dia em que tiver cessado a irregularidade.

Mas tem uma exceção: quando a infração administrativa for simultaneamente um crime ambiental a prescrição observa a lei penal.

E como se interrompe a prescrição? São 3:

1. pelo recebimento do auto de infração ou pela cientificação do infrator;

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2. por qualquer ato inequívoco que importe apuração do fato;

3. pela decisão condenatória recorrível.

PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA A APURAÇÃO DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS

Art. 2º, da lei 9784 que é a lei do processo administrativo Federal, pode ser que tenha um também nas unidades administrativas estaduais.

AUTUAÇÃO

Uma vez se tendo uma infração administrativa agente lavra o auto garantindo ampla defesa e contraditório. E quais são as situações que podem ocorrer? Pode ser que a pessoa evada do local, ou que na empresa não haja ninguém como preposto ou responsável pela empresa ou mesmo caso de ausência. Não estando lá o responsável o agente atuante, com 2 testemunhas vai certificar o ocorrido e aí vai enviar o auto por meio postal, ou qualquer outro meio que dê ciência da infração. Vamos trabalhar com as questões procedimentais: ex. Manda para uma unidade adminsitrativa do IBAMA ou capitania dos portos ela tem 5 dias úteis para fazer a autuação processual e a partir daí começa o processo administrativo. Nessa autuação algumas coisas são importantes:

Quais são os VÍCIOS que podem ocorrer? Vai para a autoridade julgadora, é quem será o responsável por analisar e dar a decisão ao que se refere ao processo administrativo, neste caso temos diferenças que não estão no decreto, vamos ver questões práticas. O VÍCIO SANÁVEL pode ser detectado ou pela própria administração, pela autoridade julgadora ou ele pode ser identificado pelo autuado, só que tem uma diferença, quando o vício sanável é detectado pela unidade administrativa vai ter um ato de convalidação e será dada continuidade ao processo, então essa percepção a qualquer tempo será convalidado de ofício, é claro que terá que ser submetido a procuradoria federal, este instituto de convalidação na 9784, agora quando o vício sanável é detectado pelo autuado é diferente aí vai ter a anulação do auto a partir do momento que se constatou o vício e aí vai reabrir prazo de defesa, agora as provas que forem produzidas e que puderem ser aproveitadas o serão. VÍCIO INSANÁVEL é aquele que implica na modificação do fato descrito no auto de infração, aconteceu um fato de tal forma e apareceu de outra no auto vai ter que anular todo o procedimento. O vício insanável não é o erro de enquadramento, ex. Contou tudo que aconteceu mas na hora de colocar o artigo ele errou, esse erro de enquadramento não configura erro insanável basta retificar a capitulação. Insanável é o erro contra a pessoa. Aí o falto de anular o ato não significa que vai parar, lavra outro e dá continuidade ao processo.

DEFESA

Lei 9605, o prazo é de 20 dias para apresentar defesa, o que temos de maneira mais recorrente são as multas, se eu fui autuado e resolver pagar eu tenho desconto de 30% se eu pagar até o término do prazo de defesa. Agora se eu pago depois desse prazo e ainda pendente de julgamento igualmente eu pago com o mesmo percentual, mas aí será do valor corrigido. E essa lei coloca prazos que não serão cumpridos, então quanto tempo demorar será o valor corrigido. A defesa deverá conter fatos e fundamentos jurídicos que contrariem o disposto no auto de infração com a especificação das provas que pretende produzir devidamente justificadas. E por que isso? Por uma razão simples, porque a celeridade processual é fundamental, ex. O fato ocorreu em SC e aí pede produção de provas de um sujeito de outro Estado, então as que forem protelatórias, impertinentes, desnecessárias serão afastadas, e apresentou fora do prazo não será conhecida. A defesa poderá ser feita por advogado e terá 10 dias para a juntada da procuração. Não faz menção se pública ou não. Pode ser representada por procurador ou advogado. Quando é que a defesa não será conhecida?

primeiro quando apresentada fora do prazo

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por quem não seja legitimado ou perante órgão incompetente: o que é muito comum é o sujeito ser p. ex. Autuado pelo IBAMA e apresenta defesa em um órgão estadual.

INTRUÇÃO E JULGAMENTO

Cabe ao autuado a prova das alegações que ele tenha relacionado, e isso sem prejuízo da produção de provas pela autoridade julgadora, e por que pontuamos isso? Porque a busca é da verdade real. Então fique claro você apresenta provas mas a autoridade julgadora pode instruir o processo produzido provas para ela decidir. Primeiro ela pode solicitar produção de provas ou ainda:

parecer técnico: prazo de 10 dias, vem autoridade julgador a e tem dificuldade de entender os termos do auto, ex. É madeira, animal exótico, a autoridade julgadora as vezes não sabe de todos os termos aí esta autoridade pode solicitar a produção deste parecer.

contradita: 05 dias, a partir do momento que recebe o processo e solicita a contradita, os autos vão para o agente autuante e ele vai se manifestar sobre a defesa e ele tem 5 dias para fazer a contradita, e aí ele pode explicar o auto e ele pode até mesmo acolher parcial ou integralmente os fatos alegados pela defesa.

Já comentamos que toda prova impertinente não irá avançar, uma vez tendo as provas alegadas pelo autuado você encerra a instrução e é dado prazo ao autuado para as ALEGAÇÕES FINAIS e isso não está na 9605 está no decreto, prazo para elas 10 dias e com elas a autoridade deve decidir de plano. E qual o prazo para a autoridade julgadora efetuar o julgamento? Por incrível que pareça a lei 9605 ela fala em 30 dias do auto. Pergunto: é possível esse prazo? Art. 71 da lei 9605, repare que chegou lá não tem o preposto ou responsável, tem que mandar por AR mas o correio está em greve, aí abre 20 dias, depois mais 10, tem que ouvir mais alguém já estourou os 30 dias. Muita gente começou a pedir nulidade, aí o decreto acabou com esse negócio, a inobservância do prazo de 30 dias não torna nula a decisão da autoridade , se não observar não há que se falar em nulidade. Até porque não cumprimos prazos no país! Só uma questão: quando vem o agente autuante (fiscal) foi lá e aplicou multa de 1 milhão de reais, vem para a autoridade julgadora e ela não está vinculada ao auto, as sanções aplicadas pelo agente, pelo valor da multa, não está vinculado, aí a autoridade julgadora pode majorar o valor da multa, pode manter e até minorar. Uma coisa interessante: toda vez que aparecer o poder polícia do agente autuante é o art. 101 do decreto 6514 que fizemos a leitura ontem. Agora tem um detalhe do decreto: no caso de agravamento da penalidade o autuado deverá ser cientificado antes da decisão por meio de aviso de recebimento (AR) para que se manifeste no prazo das alegações finais, no prazo de até 10 dias portanto. Como se a autoridade julgadora resolver ser “mais punitiva” agravar a situação do autuado ela cientifica para ele se manifestar novamente. Como deve ser a decisão? Deve ser motivada com a indicação dos fatos e fundamentos jurídicos em que se baseia. A motivação ela deverá ser explícita, cara e congruente. Teve a decisão, o infrator vai ser cientificado e ele terá 5 dias para pagar, e será com desconto? Sim de 30% do valor corrigido. E se ele não concordar? É a próxima fase, a dos recursos.

RECURSOS

Qual o prazo? Art. 71 fala em 20 dias para o infrator recorrer. Para quem eu endereço o recurso? Para a própria autoridade julgadora que proferiu a decisão, e ela tem o prazo de 5 dias para reconsiderar. E se ela não reconsiderar ela encaminha para a autoridade superior.

Quem é a autoridade julgadora? Aqui só se aplica ao IBAMA o decreto diz que o órgão ou entidade vai indicar em ato quem é a autoridade julgadora e a quem é a autoridade superior. O responsável vai autuar de acordo com o ente. Vamos pontuar o IBAMA porque é o principal órgão ambiental. Como é que funciona nele? Os superintendentes (chefe do IBAMA no Estado) do IBAMA que ficam em cada Estado irá indicar um servidor de nível superior para atuar como autoridade julgadora, pode ser mais servidores, só que no âmbito do IBAMA quando é indicado o servidor ele só pode julgar casos que envolvam até 2

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milhões de reais, e neste caso quem é autoridade superior? Nesta hipótese é o superintende do IBAMA quando se fala em valores altos. Quando é portanto mais de 2 milhões? Muda a figura, a autoridade julgadora é o superintende do IBAMA e aí quem será a autoridade superior nesses casos? A Câmara Recursal no âmbito da presidência do IBAMA.

Depois então da autoridade superior tem até a possibilidade de chegar então ao CONAMA em que temos a Câmara Especial Recursal (é a última instância na esfera administrativa para julgar multas e outras penalidades aplicadas pelos fiscais do IBAMA). Ou seja tenho o fiscal que é o agente autuante, tenho a autoridade julgadora, tenho a autoridade superior e até mesmo a possibilidade de chegar ao CONAMA que tem essa câmara. Lei 6938 lei da política nacional do meio ambiente, art. 8º fala das competências do CONAMA uma lei tributária meterem uma revogação sobre o inciso III decidir como última instância administrativa em grau de recurso, mediante depósito prévio (que nem existe mais) … só que este inciso foi revogado por uma lei tributária. Mas o CONAMA continua tendo competência em último grau, mas só chega até ele as multas aplicadas pelo IBAMA quando é aplicado pelo órgão Estadual chega ao CONSEMA que é o conselho estadual de meio ambiente. Instrução Normativa 14 do IBA MA. Para chegar ao CONAMA não é tão simples, tem que ter algumas condições de admissibilidade.

Em regra o recurso não tem efeito suspensivo, isso é a redação da lei, salvo na hipótese de justo receio de prejuízo, de difícil ou incerta reparação ou da penalidade de multa. E qual é a sanção mais comum? Multa, mas embora a regra seja não ter efeito suspensivo é exatamente o contrário o que está na redação do decreto, se a multa é maioria a regra seria outra seria ter o efeito.

A autoridade superior para o recurso ela pode confirmar, modificar, anular ou revogar total ou parcialmente a decisão recorrida. Só que se você for para o CONAMA (a autoridade superior decidiu você tem 20 dias para recorrer ao CONAMA) ela não pode modificar a penalidade aplicada para agravar a situação do autuado, ou vai manter ou vai minimizar p. ex. O valor da multa, e quem é essa autoridade? A Câmara especial recursa, não pode agravar a situação do recorrente, terminou ele restitui os autos a unidade administrativa o processo para que seja cientificado e aí vai ter os prazos normais deles.

Lei 9605, art. 72, §4º a multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. O que é essa CONVERSÃO? Só se aplica à multa simples, e o que é isso? Ao invés de pagar a multa ao órgão ambiental eu peço a ele a conversão da multa nestes itens. Reparam ex. Eu tenho um projeto de melhoria e ao invés de pagar você vai lá e desenvolve algumas atividades com esse dinheiro e aí vai ter desconto muito mais vantajoso. E quais são as hipóteses de conversão?

1. Execução de obras ou atividades de recuperação de danos da própria infração; essa é a primeira e a desejável.

2. Implementação de obras ou atividades de recuperação de áreas degradadas, bem como, a preservação e melhoria da qualidade ambiental;

3. Custeio ou execução de programas e de projetos ambientais de entidades públicas de proteção e conservação do meio ambiente;

4. Manutenção de espaços públicos que tenham como objetivo a preservação do meio ambiente.

Só que a conversão é solicitada pelo autuado no momento da defesa, e aí você já tem que ter um pré projeto, você vai ter que enquadrar uma daquelas 4 hipóteses. E se você não tiver esse pré projeto? A autoridade pode lhe conferir 30 dias para apresenta-lo é claro que nesse caso é para recuperação de áreas degradadas, então para a 1ª e 2ª hipótese. O que se pede normalmente é ir na nº 1 de cara. ex. Você teve uma multa de 1 milhão e para recuperar irá gastar 500 mil, aí ela escolhe uma das outras hipóteses para empregar os outros 500 mil. Há uma redação confusa no decreto, ele diz que o valor da conversão tem que ser o valor da multa consolidada, então se é de 1 milhão de multa então empregar-se-á 1 milhão convertido naquelas hipóteses, e aí qual a vantagem porque se pagar tem desconto de 30%? aí diz que se você fizer a conversão você tem desconto de 40% da multa convertida, então optando por essa hipótese de conversão o desconto é maior, eu vou vincular as hipóteses aos 60% que sobrarem. Se fosse valor total ninguém se

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vincularia a este instituto. Quando é que a autoridade vai julgar a conversão? Por ocasião do julgamento da defesa a autoridade vai julgar o auto de infração e o pedido de conversão. Então a autoridade resolver acolher essa conversão de multa, qual o efeito?

1. suspende o prazo para recorrer

2. em seguida será lavrado um termo de compromisso no qual será pactuado as obrigações do autuado e ele terá efeito nas esferas civil e administrativa. E esse termo é como será pactuado a recuperação da área degradada. Então o fato de ter assinado o termo não encerra o processo administrativo, ele está suspenso. Ele terá que fazer um monitoramento periódico. Então o decreto pontua que no máximo a cada 2 anos terá que monitorar se as metas estão sendo cumpridas. E isso porque pode ser que o sujeito firme o termo, assuma as obrigações que durarão anos, e ele não cumprir. E quais são os efeitos se ele descumprir o termo? Na esfera administrativa: a imediata inscrição na dívida ativa, e detalhe e vai ser cobrado a multa no seu valor integral e na esfera civil? A imediata execução das obrigações assumidas já que é título executivo extrajudicial. Então a conversão de multa não é uma aventura!

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RECURSOS HÍDRICOS

A Lei 9433/97 regulamentou o art. 21, XIX da CF. Além disso tem outra li importante que é a lei 9984/00 fala da ANA, agência nacional de águas. Água é um bem de uso comum do povo.

Art. 1º FUNDAMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

Esses temos que decorar:

1. a água é um bem de domínio público: isso significa que não tem água particular, ela é bem de uso comum. Antigamente tínhamos águas particulares, mas ela sendo finita ela não pode ser assim.

2. A água é um recurso natural limitado dotado de valor econômico: princípio do usuário pagador . Quando eu quantifico, coloco preço na água uso esse princípio.

3. Em situações de escassez o uso prioritário é o consumo humano e a dessedentação de animais (matar a sede), e para essa situação, está faltando água, para caracterizar essa situação tem que ter ato do poder público, não basta falar que está faltando água. E no Brasil temos situação assim, como no caso do sertão nordestino.

4. A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas: o que é esse uso múltiplo? É a navegabilidade, o lançamento de efluentes (onde não tem saneamento básico lança toda a merda, é uma questão de saúde pública, poe ser líquido, sólido), a captação ou o consumo humano, então num corpo d'água eu posso ter vários usos possíveis. Podemos ter a irrigação, a ex. Da transposição do Rio São Francisco.

5. a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. O que é a bacia hidrográfica? É um conceito de geografia, vamos ao conceito: área de drenagem de um curso d'água ou lago. Então tenho um rio principal ex. Do Tietê que é o principal que vai até o Mato Grosso e tenho os tributários (afluente que vai chegar a um rio principal) e um sub tributário. Para cada bacia hidrográfica também vai se ter um comitê de bacia hidrográfica que será o responsável pela gestão dessa bacia . Então nesta bacia como sendo unidade territorial terá esse comitê, um rio ou vários rios, eles tem comitês de bacia responsáveis por gerir, e elas não tem limitações federativas, então a gestão não foca tanto como as unidades federativas, temos os rios federais e os estaduais, e eles estarão representados no momento da gestão. As vezes você está na ponta de um rio e as vezes nem se preocupa com sua gestão e quem está no final não consegue irrigar.

6. A gestão deve ser descentralizada e contar com a participação do poder público, dos usuários (pode ser empresa, não somos nós, elas estão captando e lançando em curso d'água) e comunidades.

Art. 2º os OBJETIVOS

1. assegurar a atual e futuras gerações a necessária disponibilidade: principio de solidariedade ter geracional ou de desenvolvimento sustentável como chamam alguns autores;

2. utilização racional e integrada dos recursos hídricos incluindo transporte aquaviário com vistas ao desenvolvimento sustentável

3. a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais (são as chuvas).

Art. 5º INSTRUMENTOS

1. os planos de recursos hídricos: são planos diretores de longo prazo para a gestão de recursos hídricos, ele ocorre na esfera nacional, estadual e das bacias hidrográficas. Eu preciso fazer a gestão dos recursos hídricos a longo prazo através desses planos diretores.

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2. O enquadramento dos corpos de água em classes segundo os usos preponderantes da água; classificação:

a) águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5%

b) águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5% e inferior a 30%

c) águas salinas: águas com salinidade superior a 30%

Tem uma resolução 357/05 do CONAMA que fala desse enquadramento dos corpos d'água: o que é o enquadramento? Para cada tipo de água eu tenho um uso. Isso por que? Se a água é doce normalmente se evita determinados usos, ela é de qualidade, para uso humano, então não lança efluente, joga em outras, porque se tiver escassez tem uso preponderantes. ex. Tem uma irrigação e está faltando água e ele tem autorização, aí pela classificação ela é preponderante para matar a sede. Aqui não temos isso ainda, mas em alguns lugares isso ocorre.

3. A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos: o rio já falamos é de uso comum e o que é a outorga? É o exercício do poder de polícia. A natureza jurídica dessa outorga é autorização administrativa, isso está na lei de ANA. Quando é que se solicita essa outorga para uso de recursos hídricos? Ela é exigida para usos que alterem a quantidade, a qualidade e o regime das águas . Ela nada mais é que o uso de recursos hídricos, é uma autorização, e qual o prazo dela? 35 anos renovável. E onde estão s hipóteses da outorga? No art. 12:

a) derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público ou insumo de processo produtivo;

b) extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou processo produtivo (aquífero Guarani é o grande depósito de água doce), não tem poços artesianos, precisa de outorga se não tem, ele tira mais que a capacidade e por isso tem os estudos;

c) lançamento em corpo d'água de esgoto e demais resíduos: tem a lei de saneamento básico.

d) aproveitamento de potencial hidrelétrico e outras que altere regime e qualidade da água.

Foi conferido a outorga a um particular dentro dessas hipóteses pode ter a suspensão da outorga, seja total ou parcialmente? Sim, é possível em quais situações? Art. 15 em definitivo ou por prazo determinado nas seguintes circunstâncias:

- não cumpriu o que estava na outorga

- ausência de uso por 3 anos consecutivos

- necessidade premente de água para atender situações e calamidade e as decorrentes de questões climáticas adversas, mesmo a atividade econômica pode ser suspensa a captação

- necessidade de prevenir degradação

- necessidade de manter a navegabilidade do corpo d'água

4. a cobrança pelo uso de recursos hídricos: posso cobrar pelo uso mas o que será cobrado? Quando eu tenho a outorga será cobrado. A cobrança então vem na outorga, ali vai ter a captação. Art. 12. qual a natureza jurídica dessa cobrança? Preço público vez que tem origem em bem de domínio público. Art. 19 outro que tem que saber, essa cobrança objetiva

- reconhecer como bem econômico

- incentivar a racionalização

- obter recursos financeiros para financiamento dos programas de uso hídrico

para onde vai esse dinheiro? A destinação, são dois:

a) o financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos planos de recursos hídricos;

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b) no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e o custeio administrativo, mas há uma limitação para esse custeio, limitado a 7,5% do total arrecadado porque do contrário o poder público não realoca e vai manter o pessoal das estruturas. Pode ter aplicação a fundo perdido em projetos e obras que alterem de modo benéfico, a qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo d'água

5. compensação a municípios: aparece mas não tem regulamentação, isso era dinheiro aos municípios. Tem Estados que tem essa previsão, ex. SP e MG.

6. o sistema de informações sobre recursos hídricos: responsável pelo gerenciamento de todas as informações de recursos hídricos de bacias hidrográficas conforme o art. 27 da lei.

ESTRUTURA DO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS art. 33 da lei.

Primeiro tenho os ÓRGÃOS COLEGIADOS quais são eles?

Conselho Nacional de Recursos Hídricos

Conselho de Recursos Hídricos dos Estados

Comitês de Bacia Hidrográfica

Temos também a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

ANA (Agência Nacional de Águas) lei 9984/00

Órgãos Estaduais de Recursos hídricos

Agências de água art. 41 a 43

Organizações da Sociedade Civil (art. 47 da lei 9433)

Art. 34: CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

Tem a sua composição:

1. representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência

2. representantes dos usuários

3. representantes das organizações civis

Dentre outros. E no p. único fala que o nº de representantes do Poder Executivo federal não poderão exceder à metade mais um do total dos membros do Conselho. E aí tem gente que confunde achando que se baseia todos os Comitês, e não é verdade, cada comitê tem a sua organização, a sua gestão, essa é exclusiva do conselho nacional.

Art. 35 fala das competências desse conselho, o mais importante é que ele é a última instância administrativa para decidir os conflitos existentes entre conselhos estaduais de recursos hídricos. Tem rios que pegam 2 Estados pode ser o que um faz está em dissonância como outro e quem decide é esse Conselho.

Art. 37 fala dos Comitês de Bacia Hidrográfica, fala da área de atuação:

a totalidade de uma bacia hidrográfica

sub-bacias hidrográfica de tributário do curso de água principal ou de tributário deste tributário; ou

grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas (pode ter um cometê para 2 ou mais bacias desce que contíguas) ex. Eu posso ter um rio com vários tributários, pode ter um comitê só para oi tributário, não tem problema.

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E esse comitê na verdade é a primeira instância administrativa, quando tem um conflito a primeira instância é esse comitê de bacia hidrográfica. Agora cuidado esse comitê pode ser de rios da União e de rios estaduais, se for da União a instituição do Comitê será por ato do Presidente da república e os Estaduais cada Estado tem sua definição geralmente é o governador. Outra coisa que tem que tomar cuidado é sobre o domínio do rio se é federal ou estadual, se é estadual é primeira instância, mas aí eu tenho um problema e preciso buscar uma instância superior, se for rio federal pode ir para o nacional, se for um conflito entre Estados também será o comitê nacional.

ANA é uma autarquia federal de natureza especial e está prevista na lei 9984/00. qual o papel dela? Implementar e coordenar a gestão compartilhada e integrada dos recursos hídricos, e claro, regular o acesso à água. Além disso quem efetua cobrança nos rios federais é a ANA. No âmbito federal ela é responsável pela outorga. Art. 2º compete ao conselho nacional promover a articulação e formular a politica de recursos hídricos. O art. 3º fala da criação da ANA.

AGÊNCIAS DE ÁGUA o que são? Exercem a função de secretaria executiva de um comitê de bacia hidrográfica. Quando se cria uma agência de água?

prévia existência do respectivo comitê de bacia hidrográfica;

viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação.

O que essa agência de água é? Quem é a secretaria executiva? Tenho que ter um comitê, quem efetua a cobrança de recursos hídricos, quem cobra pela outorga, sendo o responsável financeiro? É essa agência de água. Mas para ter a agência tem que ter um comitê, pode ter uma agência para mais de um comitê. Quando aparecer agência de água ela é a responsável por dar viabilidade financeira e é responsável fundamentalmente pela cobrança da outorga, captação financeira. E vai funcionar como agência executiva. Quem autoriza é o Conselho federal se é rio federal, ou o estadual se rio estadual. Desde que cumpridos os dois requisitos, tem que ter o comitê e ser viável financeiramente. Por essa razão que uma agência de água pode ser de mais de um comitê.

Art. 47 Quais são as entidades da sociedade civil?

1. consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas

2. associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hidrídicos

3. organizações técnicas de ensino e pequisa com interesse na área

4. ONGs com interesses difusos e coletivos

5. outras organizações reconhecidas pelo conselho nacional

Além de participarem tanto do Conselho de Bacia Hidrográfica as agências de água são até hoje incipientes, temos a previsão mas elas são incipientes e muitas vezes para dar viabilidade econômica a um comitê que não tem agência de água, se não tem como fica a captação financeira, financiamento de projetos? O que ocorre é que a própria lei 9433 dá um permissivo. Art. 51 o conselho nacional pode delegar a instituições sem fins lucrativos o exercício de funções de competência das agências de água enquanto elas não tiverem sido constituídas, então elas não existindo quem pode assumir são essas do art. 47 que devem estar legalmente constituídas, a fim de ser a secretaria executiva desses comitês.

O que se deve dar ênfase para concurso?

proteção florestal e ao falar disso são basicamente os dois institutos do CF a APP e a RL, a lei do bioma mata atlântica e unidades de conservação.

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Estudar só resumo basta para 1ª fase

lei de saneamento que não é ambiental mas sim administrativa, mas aparece por vezes na prova de direito ambiental

Dec. 2661/98 que fala sobre queimadas e isso vai acabar porque o STJ tem decidido que não pode haver queimada, emprego de fogo.