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EMERJ Direito Ambiental Tema I Introdução ao Direito Ambiental: Evolução do direito, legislação e órgãos ambientais.Conceito. Características. Princípios gerais. Notas de Aula 1 1. Breve histórico do direito ambiental Historicamente, aponta-se algumas normas do Direito Romano como antecedentes do direito ambiental, havendo registro de leis proibitivas de pesca de determinadas espécies em certas épocas. Também nas Ordenações Manuelinas e Afonsinas já se via normas de caráter ambiental, como a proibição de corte de pau-brasil. Na legislação inglesa, pós revolução industrial, era proibida a queima de carvão em fornalhas abertas. Questiona-se, porém, se estas normas realmente tinham a preocupação ambiental como foco, porque, na verdade, parece claro que a preocupação maior de tais normas não era com a preservação ambiental, e sim com a economia: o foco da norma romana proibitiva da pesca em determinada época era a proteção do mercado pesqueiro, e não somente a proteção da espécie em si. Também no caso da proibição do corte de pau- brasil, a proteção era do mercado madeireiro – controlando a oferta da madeira para não haver queda do preço –, e não da espécie arbórea em si. E na vedação da queima de carvão em fornalha aberta, a preocupação era não causar prejuízo à indústria têxtil, e não a proteção do ambiente respirável. Até 1960, duas crenças econômicas impediram o surgimento e desenvolvimento de um direito ambiental propriamente dito. A primeira é a de que o meio ambiente tem poder de regeneração ilimitado, ou seja, a natureza não demandaria proteção especial porque ela própria cuidaria de se autotutelar, regenerando-se quando danificada. Este dogma, é claro, caiu por terra há tempos, ante a simples constatação empírica de que há um limite para a natureza se recuperar, o qual, se ultrapassado, se torna praticamente irreversível. 1 Aula ministrada pela professora Flávia da Costa Limmer, em 10/12/2009. Michell Nunes Midlej Maron 1

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Tema I

EMERJ

Direito Ambiental

Tema I

Introduo ao Direito Ambiental: Evoluo do direito, legislao e rgos ambientais.Conceito. Caractersticas. Princpios gerais.Notas de Aula

1. Breve histrico do direito ambiental

Historicamente, aponta-se algumas normas do Direito Romano como antecedentes do direito ambiental, havendo registro de leis proibitivas de pesca de determinadas espcies em certas pocas. Tambm nas Ordenaes Manuelinas e Afonsinas j se via normas de carter ambiental, como a proibio de corte de pau-brasil. Na legislao inglesa, ps revoluo industrial, era proibida a queima de carvo em fornalhas abertas.

Questiona-se, porm, se estas normas realmente tinham a preocupao ambiental como foco, porque, na verdade, parece claro que a preocupao maior de tais normas no era com a preservao ambiental, e sim com a economia: o foco da norma romana proibitiva da pesca em determinada poca era a proteo do mercado pesqueiro, e no somente a proteo da espcie em si. Tambm no caso da proibio do corte de pau-brasil, a proteo era do mercado madeireiro controlando a oferta da madeira para no haver queda do preo , e no da espcie arbrea em si. E na vedao da queima de carvo em fornalha aberta, a preocupao era no causar prejuzo indstria txtil, e no a proteo do ambiente respirvel.

At 1960, duas crenas econmicas impediram o surgimento e desenvolvimento de um direito ambiental propriamente dito. A primeira a de que o meio ambiente tem poder de regenerao ilimitado, ou seja, a natureza no demandaria proteo especial porque ela prpria cuidaria de se autotutelar, regenerando-se quando danificada. Este dogma, claro, caiu por terra h tempos, ante a simples constatao emprica de que h um limite para a natureza se recuperar, o qual, se ultrapassado, se torna praticamente irreversvel. Ainda baseado nesta idia de regenerao plena, poca, era inconcebvel se falar em compensao por danos ambientais, por exemplo, pois se o dano se desfaria naturalmente, a indenizao seria um locupletamento sem causa de quem a percebesse.

A segunda crena obstativa do desenvolvimento do direito ambiental a de que a devastao inerente ao progresso: ainda hoje se acredita, em menor escala, que para o desenvolvimento industrial e social impossvel no haver ataque ao meio ambiente o que j se percebe que no verdade. Seguindo-se esta crena, se a legislao ambiental impedisse a poluio, por exemplo, significaria necessariamente impedir o progresso social, obstando empregos, crescimento social e melhoria de condies humanas. claro que ambos os dogmas so inacatveis, e a partir de 1960 se tem percebido esta mudana de concepo: a configurao poltica mundial tem levado ao reconhecimento de que a proteo ambiental fundamental, especialmente quando da ocorrncia de desastres ambientais claramente ligados ao desrespeito pelos ecossistemas por conta da industrializao desregrada. Os marcos para o surgimento de um direito ambiental propriamente dito so justamente as catstrofes ambientais que levaram perda de vidas humanas, chamando a ateno do Estado. O incio do direito ambiental, portanto, de carter antropocntrico, porque a proteo ambiental se destinava no a resguardar a natureza em ateno a ela prpria, mas sim para que os seres humanos no fossem mais ameaados por catstrofes decorrentes dos danos ambientais.

O direito ambiental veio ganhando fora tambm com os movimentos pelos direitos das minorias, e, curiosamente, por movimentos sociolgicos aparentemente desconexos com qualquer cerne jurdico, como o movimento hippie: a comunho do homem com a natureza era uma das principais bandeiras deste movimento, o que teve, sim, influncia no desenvolvimento jurdico da proteo ambiental.

Alm destes dois elementos a ocorrncia de desastres ambientais que ceifaram vidas humanas e os movimentos sociolgicos fundados na natureza , a ameaa de uma guerra nuclear por conta da guerra fria foi um terceiro fator de elevao da proteo ambiental categoria de direito. O medo da guerra nuclear, ou de um acidente nuclear que levasse ao fim dos tempos, realmente levou criao de um direito ambiental, pois se passou a levar em conta a manuteno do meio ambiente como questo de perpetuao da raa humana: se um acidente nuclear poderia dizimar a vida, igual potencial teria um acidente ambiental de grande escala o que deveria ser evitado, portanto.

Um dos primeiros desastres ambientais que marcaram o surgimento do direito ambiental foi o mal de Minamata, intoxicao que surgiu na dcada de cinquenta na ilha japonesa que tem este nome, decorrente da dispensao de mercrio na gua por uma indstria qumica, poca. A populao local se contaminou pelo mercrio, tendo o sistema nervoso central afetado por tal contaminao, o que chamou a ateno aos danos causados pela poluio ambiental.

A legislao ambiental americana surgiu em decorrncia de um caso famoso de contaminao, a tragdia de Love Canal. Uma empresa americana - Hooker Chemical Company instalou um aterro de lixo qumico nesta localidade, prxima a Niagara Falls, e, posteriormente, vendeu ao Estado Norte-Americano, que construiu ali uma comunidade habitacional para pessoas de baixa renda. Com menos de cinco anos da ocupao civil, os tonis qumicos subterrneos comearam a se romper, e a comunidade passou a padecer dos efeitos altamente nocivos desta contaminao natimortos, abortos espontneos, fetos malformados, adultos com distrbios cerebrais, etc.

poca, com a vigncia dos dogmas de que a poluio inerente ao progresso e que a regenerao questo de tempo, nada obrigava a empresa qumica a cuidar melhor dos dejetos, pelo que sequer teria, a populao de Love Canal, direito a indenizaes quaisquer, a no ser a devoluo do dinheiro pago pela moradia. O tamanho do absurdo este case propugnou a formao da legislao ambiental norte-americana.

Assim, v-se que foram as catstrofes os grandes catalisadores da legislao ambiental em cada pas. Em seguida, os pases que adquiriram (forosamente) esta conscincia ambiental, se reuniram para produzir uma orientao planetria sobre o direito ambiental, pela s razo de que a poluio no reconhece fronteiras. Em 1972, a Conferncia de Estocolmo, primeira reunio internacional com escopo ambientalista, trouxe alguns parmetros que hoje so consolidados: a idia de que o direito ao meio ambiente equilibrado um direito humano; a idia de que o dano ambiental deve ser prevenido, e no remediado porque por vezes irreversvel; a idia de que os danos ambientais geram responsabilidade a seus causadores, dentre outros.

O Brasil, em plena ditadura militar, posicionou-se radicalmente contra a Conferncia de Estocolmo e tudo o que ela apregoava, especialmente porque aqui se encontrava absolutamente arraigado o entendimento de que sem poluio no h progresso.

Apesar da premissa errnea por causa dela, de fato , ao menos um paradigma surgiu desta oposio brasileira: a de que cada pas soberano para determinar seus meios de proteo ambiental. Como reverberao desta lgica, veja o caput do artigo 225 da CRFB, que bastante afeito ao Princpio 1 da Conferncia de Estocolmo:Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv- lo para as presentes e futuras geraes.

1 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:

I - preservar e restaurar os processos ecolgicos essenciais e prover o manejo ecolgico das espcies e ecossistemas; (Regulamento)II - preservar a diversidade e a integridade do patrimnio gentico do Pas e fiscalizar as entidades dedicadas pesquisa e manipulao de material gentico; (Regulamento) (Regulamento)III - definir, em todas as unidades da Federao, espaos territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alterao e a supresso permitidas somente atravs de lei, vedada qualquer utilizao que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteo; (Regulamento)IV - exigir, na forma da lei, para instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao do meio ambiente, estudo prvio de impacto ambiental, a que se dar publicidade; (Regulamento)V - controlar a produo, a comercializao e o emprego de tcnicas, mtodos e substncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento)VI - promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as prticas que coloquem em risco sua funo ecolgica, provoquem a extino de espcies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento) 2 - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com soluo tcnica exigida pelo rgo pblico competente, na forma da lei.

3 - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados.

4 - A Floresta Amaznica brasileira, a Mata Atlntica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira so patrimnio nacional, e sua utilizao far-se-, na forma da lei, dentro de condies que assegurem a preservao do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

5 - So indisponveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por aes discriminatrias, necessrias proteo dos ecossistemas naturais.

6 - As usinas que operem com reator nuclear devero ter sua localizao definida em lei federal, sem o que no podero ser instaladas. Princpio 1: O homem tem o direito fundamental liberdade, igualdade e ao desfrute de condies de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigao de proteger e melhorar o meio ambiente para as geraes presentes e futuras. A este respeito, as polticas que promovem ou perpetuam o apartheid, a segregao racial, a discriminao, a opresso colonial e outras formas de opresso e de dominao estrangeira so condenadas e devem ser eliminadas.Outro desastre que causou modificaes internacionais em ateno ao direito ambiental foi o acidente de Bhopal, na ndia. Segue trecho de um texto que conta o evento:

Na madrugada entre dois e trs de dezembro de 1984, 40 toneladas de gases letais vazaram da fbrica de agrotxicos da Union Carbide Corporation, em Bhopal, ndia. Foi o maior desastre qumico da histria. Gases txicos como o isocianato de metila e o hidrocianeto escaparam de um tanque durante operaes de rotina. Os precrios dispositivos de segurana que deveriam evitar desastres como esse apresentavam problemas ou estavam desligados.

Estima-se que trs dias aps o desastre oito mil pessoas j tinham morrido devido exposio direta aos gases. A Union Carbide se negou a fornecer informaes detalhadas sobre a natureza dos contaminantes, e, como conseqncia, os mdicos no tiveram condies de tratar adequadamente os indivduos expostos. Mesmo hoje os sobreviventes do desastre e as agncias de sade da ndia ainda no conseguiram obter da Union Carbide e de seu novo dono, a Dow Qumica, informaes sobre a composio dos gases que vazaram e seus efeitos na sade.

Infelizmente, a noite do desastre foi apenas o incio de uma longa tragdia, cujos efeitos se estendem at hoje. A Union Carbide, dona da fbrica de agrotxicos na poca do vazamento dos gases, abandonou a rea, deixando para trs uma grande quantidade de venenos perigosos. A empresa tentou se livrar da responsabilidade pelas mortes provocadas pelo desastre, pagando ao governo da ndia uma indenizao irrisria face a gravidade da contaminao.

Hoje, bem mais de cento e cinquenta mil sobreviventes com doenas crnicas ainda necessitam de cuidados mdicos, e uma segunda gerao de crianas continua a sofrer os efeitos da herana txica deixada pela indstria.

Por conta de Bhopal, em 1987, a comunidade internacional criou o Relatrio Nosso Futuro Comum, tambm conhecido como Relatrio Brundtland, documento que primeiro salientou o conceito de desenvolvimento sustentvel, hoje to em voga, bem como o conceito de aquecimento global.

Um ltimo caso marcante o desastre do Exxon Valdez, um dos maiores derramamentos de petrleo da histria. Exxon Valdez era o nome de um petroleiro da empresa Exxon Corp., e, em 24 de maro de 1989, este derramou cerca de cinquenta a cento e cinquenta mil metros cbicos de crude. Em conseqncia do derramamento, milhares de animais morreram nos meses seguintes: de acordo com as estimativas, foram ao menos duzentos e cinquenta mil pssaros marinhos, duas mil e oitocentas lontras marinhas, duzentas e cinquenta guias, vinte e duas orcas, e bilhes de ovos de salmo, perturbando violentamente o ecossistema local.

Bhopal e Valdez precipitaram a realizao da Eco-92, no Rio de Janeiro, conferncia que foi inteiramente voltada para o aprimoramento do desenvolvimento sustentvel. Interessante perceber que, vinte anos aps a severa oposio do Brasil Conferncia de Estocolmo, o pas se encontre to ambientalmente consciente que se torna a sede de uma conferncia mundial de tal porte. Da Eco-92 surgiu a Agenda 21, compilao de metas para a sustentabilidade no sculo XXI.

Uma das concluses mais importantes da Eco-92 o conceito de responsabilidades comuns porm diferenciadas. Na conferncia brasileira, os pases foram divididos em dois grandes grupos, o de pases historicamente responsveis pela poluio aqueles que se industrializaram mais cedo, e com isso poluram mais cedo , os pases do Anexo 1; e o grupo de pases em desenvolvimento. Esta diviso imputou aos pases historicamente responsveis a incumbncia de arcar com a maior parte dos nus da poluio at ento registrada. O Protocolo de Kyoto, outro elemento fundamental da histria ambiental, estabeleceu metas somente para estes pases do Anexo 1, com vistas cessao do aquecimento global. Este protocolo refutado pelos pases desta categoria porque, segundo eles, no h justia na completa desonerao de pases considerados em desenvolvimento, como China, Brasil e ndia, eis que poluem tanto quanto os pases do Anexo 1 o que gera uma desigualdade comercial entre pases em desenvolvimento e os pases industrializados. Este o tom das conversas internacionais, hoje, o que pode ser percebido nos resultados da Conferncia de Copenhague, em que pases desenvolvidos exigiram equivalncia das metas de emisso de poluentes, gerando impasse internacional sobre este aspecto.

Hoje, a legislao ambiental brasileira considerada uma das mais modernas do mundo. O problema, agora, a efetivao desta legislao, especialmente ante o desconhecimento do que dita e da falta de vontade poltica na promoo de sua eficcia.

2. Principiologia do direito ambiental brasileiro

Antes de se iniciar o estudo da parte jurdica da questo ambiental, suscita-se uma questo: os empreendimentos anteriores s normas ambientais devem a elas se sujeitar, adaptando-se, ou tm direito adquirido a permanecer como esto, respeitando as normas apenas prospectivamente?

Para responder a esta questo, deve-se atentar para os princpios atinentes ao direito ambiental. H o j mencionado direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado; o princpio da supremacia do interesse pblico sobre o privado; o da defesa do meio ambiente; o da preveno; o da precauo; o do desenvolvimento sustentvel; o da responsabilidade por danos ambientais; o do poluidor-pagador; e o da funo scio-ambiental da propriedade. Vejamos cada um.2.1. Meio ambiente ecologicamente equilibrado

O artigo 225, caput, da CRFB, h pouco transcrito, sedia este princpio em nossa ordem jurdica. Contudo, no ali que se apresenta, expressamente, a natureza de um novo direito fundamental a este valor, o meio ambiente equilibrado. A primeira vez que se falou nesta natureza jurdica foi na ADI-MC :

ADI 3540 MC / DF - DISTRITO FEDERAL. MEDIDA CAUTELAR NA AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Relator(a): Min. CELSO DE MELLO. Julgamento:01/09/2005. rgo Julgador: Tribunal Pleno. Publicao: DJ 03-02-2006.

E M E N T A: MEIO AMBIENTE - DIREITO PRESERVAO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225) - PRERROGATIVA QUALIFICADA POR SEU CARTER DE METAINDIVIDUALIDADE - DIREITO DE TERCEIRA GERAO (OU DE NOVSSIMA DIMENSO) QUE CONSAGRA O POSTULADO DA SOLIDARIEDADE - NECESSIDADE DE IMPEDIR QUE A TRANSGRESSO A ESSE DIREITO FAA IRROMPER, NO SEIO DA COLETIVIDADE, CONFLITOS INTERGENERACIONAIS - ESPAOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS (CF, ART. 225, 1, III) - ALTERAO E SUPRESSO DO REGIME JURDICO A ELES PERTINENTE - MEDIDAS SUJEITAS AO PRINCPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE LEI - SUPRESSO DE VEGETAO EM REA DE PRESERVAO PERMANENTE - POSSIBILIDADE DE A ADMINISTRAO PBLICA, CUMPRIDAS AS EXIGNCIAS LEGAIS, AUTORIZAR, LICENCIAR OU PERMITIR OBRAS E/OU ATIVIDADES NOS ESPAOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS, DESDE QUE RESPEITADA, QUANTO A ESTES, A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS JUSTIFICADORES DO REGIME DE PROTEO ESPECIAL - RELAES ENTRE ECONOMIA (CF, ART. 3, II, C/C O ART. 170, VI) E ECOLOGIA (CF, ART. 225) - COLISO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS - CRITRIOS DE SUPERAO DESSE ESTADO DE TENSO ENTRE VALORES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES - OS DIREITOS BSICOS DA PESSOA HUMANA E AS SUCESSIVAS GERAES (FASES OU DIMENSES) DE DIREITOS (RTJ 164/158, 160-161) - A QUESTO DA PRECEDNCIA DO DIREITO PRESERVAO DO MEIO AMBIENTE: UMA LIMITAO CONSTITUCIONAL EXPLCITA ATIVIDADE ECONMICA (CF, ART. 170, VI) - DECISO NO REFERENDADA - CONSEQENTE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR. A PRESERVAO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE: EXPRESSO CONSTITUCIONAL DE UM DIREITO FUNDAMENTAL QUE ASSISTE GENERALIDADE DAS PESSOAS. - Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Trata-se de um tpico direito de terceira gerao (ou de novssima dimenso), que assiste a todo o gnero humano (RTJ 158/205-206). Incumbe, ao Estado e prpria coletividade, a especial obrigao de defender e preservar, em benefcio das presentes e futuras geraes, esse direito de titularidade coletiva e de carter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento desse encargo, que irrenuncivel, representa a garantia de que no se instauraro, no seio da coletividade, os graves conflitos intergeneracionais marcados pelo desrespeito ao dever de solidariedade, que a todos se impe, na proteo desse bem essencial de uso comum das pessoas em geral. Doutrina. A ATIVIDADE ECONMICA NO PODE SER EXERCIDA EM DESARMONIA COM OS PRINCPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A PROTEO AO MEIO AMBIENTE. - A incolumidade do meio ambiente no pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de motivaes de ndole meramente econmica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econmica, considerada a disciplina constitucional que a rege, est subordinada, dentre outros princpios gerais, quele que privilegia a "defesa do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noes de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espao urbano) e de meio ambiente laboral. Doutrina. Os instrumentos jurdicos de carter legal e de natureza constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio ambiente, para que no se alterem as propriedades e os atributos que lhe so inerentes, o que provocaria inaceitvel comprometimento da sade, segurana, cultura, trabalho e bem-estar da populao, alm de causar graves danos ecolgicos ao patrimnio ambiental, considerado este em seu aspecto fsico ou natural. A QUESTO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3, II) E A NECESSIDADE DE PRESERVAO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE (CF, ART. 225): O PRINCPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL COMO FATOR DE OBTENO DO JUSTO EQUILBRIO ENTRE AS EXIGNCIAS DA ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA. - O princpio do desenvolvim ento sustentvel, alm de impregnado de carter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obteno do justo equilbrio entre as exigncias da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocao desse postulado, quando ocorrente situao de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condio inafastvel, cuja observncia no comprometa nem esvazie o contedo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito preservao do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras geraes. O ART. 4 DO CDIGO FLORESTAL E A MEDIDA PROVISRIA N 2.166-67/2001: UM AVANO EXPRESSIVO NA TUTELA DAS REAS DE PRESERVAO PERMANENTE. - A Medida Provisria n 2.166-67, de 24/08/2001, na parte em que introduziu significativas alteraes no art. 4o do Cdigo Florestal, longe de comprometer os valores constitucionais consagrados no art. 225 da Lei Fundamental, estabeleceu, ao contrrio, mecanismos que permitem um real controle, pelo Estado, das atividades desenvolvidas no mbito das reas de preservao permanente, em ordem a impedir aes predatrias e lesivas ao patrimnio ambiental, cuja situao de maior vulnerabilidade reclama proteo mais intensa, agora propiciada, de modo adequado e compatvel com o texto constitucional, pelo diploma normativo em questo. - Somente a alterao e a supresso do regime jurdico pertinente aos espaos territoriais especialmente protegidos qualificam-se, por efeito da clusula inscrita no art. 225, 1, III, da Constituio, como matrias sujeitas ao princpio da reserva legal. - lcito ao Poder Pblico - qualquer que seja a dimenso institucional em que se posicione na estrutura federativa (Unio, Estados-membros, Distrit o Federal e Municpios) - autorizar, licenciar ou permitir a execuo de obras e/ou a realizao de servios no mbito dos espaos territoriais especialmente protegidos, desde que, alm de observadas as restries, limitaes e exigncias abstratamente estabelecidas em lei, no resulte comprometida a integridade dos atributos que justificaram, quanto a tais territrios, a instituio de regime jurdico de proteo especial (CF, art. 225, 1, III).

A lgica bem simples: se a vida e a sade so direitos fundamentais, e sem meio ambiente ecologicamente equilibrado no h vida ou sade, o meio ambiente um direito fundamental pressuposto prpria vida e sade. O direito ambiental, portanto, um novo direito humano.

Com isso j se responde questo inicial deste tpico: os direitos ambientais so imprescritveis, e por isso seus ditames podem ser impostos a qualquer um, a qualquer tempo, mesmo se a norma sobrevier ao que estiver instalado prevalecem sobre direitos adquiridos.

2.2. Desenvolvimento sustentvel

Este um princpio implcito na CRFB de 1988. Este conceito veio a ser burilado no curso da ECO-92, e por isso no poderia estar explicitamente mencionado na CRFB, podendo, contudo, ser depreendido da inteleco do seu artigo 225, j transcrito.

Desenvolvimento sustentvel o estabelecimento de mtodos de produo, industrializao e explorao que no sejam exaurientes dos recursos naturais, nem insuportavelmente danosos ao ambiente. Mas este conceito de produo sem poluio apenas a primeira faceta do princpio do desenvolvimento sustentvel, havendo mais duas: a equidade intergeracional e a eliminao da pobreza.

A equidade intergeracional significa que a atual gerao dominante dos meios de produo e explorao deve se preocupar com as geraes futuras, preservando o planeta para as geraes que esto por vir. O real desenvolvimento sustentvel s se alcana quando s geraes de quarenta, cinquenta, cem anos adiante seja garantida a existncia de recursos naturais.

Um bom exemplo de no sustentabilidade o modo de vida de um norte-americano de classe mdia: segundo a ONU, se todos do planeta consumissem recursos nos padres de um estadunidense mdio, o planeta se exauriria em seis meses.A reduo da pobreza a terceira faceta do desenvolvimento sustentvel. A maior ameaa ao desenvolvimento sustentvel , segundo concluses da ONU na ECO-92, a misria, pela simples razo de que quem tem fome no se preocupa com a mantena de qualquer quesito ambiental: quem tem fome a quer saciar, a qualquer custo ambiental que seja. O animal em extino, aos olhos do faminto, alimento.De fato, h um ciclo vicioso: no s a pobreza incrementa a degradao ambiental, como o inverso bem verdade, aumentando os nveis de pobreza na proporo que a destruio ambiental se majora. A poluio gera deteriorao na sade humana, o que importa gastos estatais majorados na sade pblica, em detrimento de investimentos em educao. Com a degradao ambiental, h menos crescimento humano, porque os recursos esto sendo destinados a remediar os efeitos danosos da destruio.2.3. Defesa do meio ambiente

Intimamente ligado ao desenvolvimento sustentvel, este princpio tambm tem conexo com a conformao brasileira do mercado, calcada na livre iniciativa insculpida no artigo 170 da CRFB, donde se colhe este princpio da defesa na leitura do inciso VI:Art. 170. A ordem econmica, fundada na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social, observados os seguintes princpios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - funo social da propriedade;

IV - livre concorrncia;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servios e de seus processos de elaborao e prestao; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003)VII - reduo das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constitudas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administrao no Pas. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 6, de 1995)Pargrafo nico. assegurado a todos o livre exerccio de qualquer atividade econmica, independentemente de autorizao de rgos pblicos, salvo nos casos previstos em lei.A livre iniciativa a manifestao da legalidade na ordem econmica: a rigor, s no se pode atuar economicamente se a lei proibir, ou seja, tudo que no for vedado, permitido. E uma das vedaes iniciativa econmica vem justamente no inciso VI deste artigo supra: vedada a atuao que no observe a defesa ambiental.Um exemplo recente desta dinmica, da defesa ambiental impondo-se como limite iniciativa econmica, foi o caso da importao de pneus usados para remodelao. A defesa ambiental tratada como um poder-dever do Estado, que tem a obrigao de zelar pela proteo ambiental, limitando a atuao de quem quer que fosse. Esta questo dos pneus veio ao Judicirio na ADPF 101, ainda em curso, que j tem deciso mas ainda no conta com acrdo lavrado. O problema que a Secretaria de Comrcio Exterior editou uma portaria proibindo esta importao, e este ato administrativo foi questionado pelos interessados, que reputaram ofensa legalidade, inconstitucionalidade formal, dizendo que tal vedao s poderia ser imposta por lei.

Na ADPF, defendeu-se que o bem ambiental um preceito fundamental da CRFB, e a defesa do ambiente triunfa na ponderao com a livre iniciativa. O pneu usado representa um dano ambiental significativo, pois leva at setecentos anos para se decompor, e por isso a importao deste lixo insustentvel contrria ao preceito fundamental da defesa ambiental, prevalecendo a vedao sobre a livre iniciativa. A deciso, a ser publicada, neste sentido.Outro caso nesta esteira, a ser enfrentado pelo STF, sobre o banimento do amianto tranvel. Existe uma lei estadual de So Paulo que probe este amianto, por conta do seu potencial malfico, a asbestose, doena pulmonar causada pelos resduos do amianto tranado, chamados asbestos, que tambm so cancergenos. A lei estadual foi questionada pelos interessados, eis que o banimento causa perda de empregos e limitao da livre iniciativa. At agora, o STF est se encaminhando a dar prioridade ao direito ambiental, banindo este elemento.2.4. PrevenoEste um princpio basilar do direito ambiental, que impe que o dano ambiental no seja recomposto, mas sim evitado. As catstrofes ambientais devem ser evitadas, a todo custo. Assim, se existe certeza cientfica que uma determinada atividade vai causar dano ambiental, ela simplesmente no deve ser realizada. Mas e se a atividade for certamente poluente, danosa ao ambiente, mas for igualmente imprescindvel, necessria vida e economia? Como exemplos, a explorao de petrleo e a minerao: so atividades prejudiciais ao meio ambiente, mas imprescindveis vida humana. Significa, portanto, que o princpio da preveno simplesmente no se aplica?

A questo intrincada. O ideal de aplicao do princpio a absteno de prticas danosas ao meio ambiente, mas quando esta absteno for impossvel, como nos exemplos dados, o princpio assume carter de guia para a minorao ao mximo do dano que certamente ser causado. Destarte, o que o princpio da preveno impe que, sendo possvel, o dano seja absolutamente evitado; se impossvel a absteno da prtica danosa, que seja realizada da forma menos gravosa possvel mesmo que a maior custo.

Este princpio tem uma falha em sua concepo: ele demanda certeza cientfica de que o dano ocorrer para que seja invocvel como meio de obstar a prtica da atividade. Sem a certeza cientfica, no se pode impor que a atividade no seja praticada. E, como h novas tcnicas que no so comprovadamente danosas, passam ao largo da aplicao da preveno. A doutrina, atenta a esta quebra de efetividade do princpio, sugeriu novo preceito, o da precauo, prximo tpico.2.5. Precauo

Se as atividades ainda no comprovadamente danosas escapam vedao imposta pelo princpio da preveno, no escapam ao cerceio imposto pela precauo. Quando existir a ameaa de que determinada tcnica seja danosa veja, basta a ameaa verossmil, no se exigindo a certeza cientfica do dano , a atividade ser obstada. Este o princpio da precauo: a falta de comprovao cientfica de que resultar dano no pode servir de justificativa permissiva da realizao da atividade potencialmente danosa. In dubio pro ambiente um brocardo que bem traduz este princpio da precauo.Tal princpio constitui a garantia contra riscos potenciais, que no podem ser ainda identificados, devido ausncia da certeza cientfica formal, e baseia-se na idia de que os riscos de dano srio e irreversvel requerem a implementao de medidas que possam prever este dano.O case brasileiro que mais citado, a ilustrar a importncia da precauo, o da talidomida. Este medicamento foi liberado para consumo sem que houvesse certeza de que era seguro, e com isso se verificou, tarde demais, que era causador de m formao fetal. Houvesse precauo, os danos teriam sido evitados, pois no se exigiria comprovao cientfica de que o dano seria causado a mera possibilidade de dano obstaria o consumo do medicamento, evitando os danos que se seguiram.A viso da absteno total quando h potencial dano, que a verso da precauo que se percebe no Brasil, a viso europia do princpio. Nos EUA, a viso da precauo mais calcada em uma anlise custo-benefcio: se, no caso, tem-se que a possibilidade de o dano realmente acontecer existe, mas pequena, e o benefcio econmico imediato e vultoso, no se pode obstar a atividade. Nesta perspectiva, tem-se que promover a atividade e os estudos sobre a causao do dano concomitantemente, e se o dano se demonstrar severo, a ento se impede a continuidade da atividade.Algo que se debate bastante se o princpio da precauo no seria, na verdade, um exacerbado medo do novo. O que este princpio apregoa que, se o estado atual da tcnica coloca aquela atividade como segura, ela pode ser praticada; se o estado atual ainda no permite a certeza da segurana, no se pode permitir a prtica o que no significa, veja, que a atividade seja realmente segura, mas somente que ainda no se a pode dizer segura.O estudo prvio de impacto ambiental, que ser estudado quando da anlise do licenciamento ambiental, derivado deste princpio: qualquer atividade potencialmente poluidora demanda as verificaes cientficas sobre seus efeitos, antes de ser liberada.2.6. Poluidor-pagador

Este princpio est explicitado no 2 do artigo 225 da CRFB, e se aplica a qualquer atividade. O conceito de poluidor um conceito juridicamente indeterminado, sendo preenchido na casustica. Veja o artigo 3 da Lei 6.938/81:Art. 3 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica e biolgica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

II - degradao da qualidade ambiental, a alterao adversa das caractersticas do meio ambiente;

III - poluio, a degradao da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a sade, a segurana e o bem-estar da populao;

b) criem condies adversas s atividades sociais e econmicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condies estticas ou sanitrias do meio ambiente;

e) lancem matrias ou energia em desacordo com os padres ambientais estabelecidos;

IV - poluidor, a pessoa fsica ou jurdica, de direito pblico ou privado, responsvel, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradao ambiental;

V - recursos ambientais: a atmosfera, as guas interiores, superficiais e subterrneas, os esturios, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. (Redao dada pela Lei n 7.804, de 1989).

Este princpio vem sofrendo mutaes ao longo do tempo. Sua primeira verso era centrada em um carter punitivo, ou seja, aquele que poluiu deve pagar por isso, no se admitindo mais a poluio gratuita. No se pode, porm, entender que se trate de um pagamento para poluir: no significa que o poluidor possa comprar seu direito a poluir. No se pode, de forma alguma, mercantilizar o ecossistema. O pagamento era sano, e no preo para habilitar determinada monta de poluio.

Adiante, este princpio ganhou uma nota mais educativa do que sancionatria. A doutrina percebeu que se a punio valer a pena para o poluidor, ou seja, se a multa for menor do que o benefcio econmico adquirido com o desrespeito ambiental, o poluidor no se abster de poluir. Por exemplo, se o preo de um filtro for mil reais, e a multa pela sua no instalao for cem reais, o poluidor preferir pagar a multa, eis que para ele sair mais barato. Por isso, a punio deve ser de tal forma grave que leve o poluidor a desestimular-se em poluir, ou seja, atue pedagogicamente, criando uma conscincia ambiental pela fora.

Mais recentemente, fala-se em uma faceta econmica do princpio do poluidor-pagador, o que se concentra na correo das externalidades negativas, conceito do ramo econmico que significa que, se da atividade econmica surte prejuzo, este deve por ela ser suportado: a externalidade a atividade empreendida causa impacto negativo no meio ambiente, prejuzo que deve ser saneado.Aqui se insere a responsabilidade ps-consumo, que a que imputa exploradora da atividade econmica arcar com os prejuzos que tal atividade acarrete. Exemplo desta responsabilidade a imposio por lei, aos produtores de agrotxicos, que recolham as embalagens aps o consumo, pois o descarte irregular de tais embalagens altamente danoso ao ambiente. Outro exemplo, surgido na esteira da deciso sobre os pneus, a imposio, por portaria do Conama, do seu recolhimento pelas indstrias que os fabriquem ou que empreendam a remoldagem. O mesmo acontece, por fim, com as baterias de celulares e carros.2.7. Usurio-pagador

Claramente ligado ao princpio do poluidor-pagador, segue deste a mesma lgica, mas guarda a seguinte diferena: o usurio pagador no causa dano; ele simplesmente consome bem ambiental que pertencente a toda a sociedade. Entenda: a maioria dos bens ambientais, como quaisquer outros, existem em cota de escassez, salvo alguns deles, como o ar ambiental e as guas ocenicas, que so bens economicamente livres. Sendo escassos, os bens ambientais devem ser compensados coletividade quando utilizados por quem quer que seja, em regime particular. As guas utilizveis, os recursos hdricos, por exemplo, so consideradas bem de domnio pblico, alm de ser recurso natural limitado, dotado de valor econmico.2.8. Cooperao

O Estados devem cooperar, em esprito de participao global, na conservao, manuteno e restaurao da sade e integridade do ecossistema terrestre. Embora inicialmente este princpio da cooperao fosse entre pases, a doutrina nacional o repete na escala federalista, entre Unio, Estados-Membros e Municpios.

Este princpio tem ntima relao com a diviso de competncias ambientais legislativas e administrativas, e ser melhor estudado no tpico dedicado a esta diviso de competncias.Casos Concretos

Questo 1

O Municpio de Nova Santana aprovou, em maio de 1976, o projeto de loteamento denominado Jardins de Santana, de propriedade de Vice-Presidente Empreendimentos Imobilirios LTDA. Acrescentou que, em 1983, foi aprovado o projeto de modificao do mesmo loteamento, porm a execuo das obras foi feita sem a implementao dos sistemas adequados de drenagem, o que pode causar danos ambientais, como eroses. O sistema de drenagens previsto na Lei 6.766/79. possvel exigir, hoje, a implementao integral do sistema de drenagens de guas pluviais e reparao de danos no empreendimento? Ocorreu prescrio no caso em tela?

Resposta Questo 1

No h prescrio: o meio ambiente equilibrado um direito fundamental, um novo direito humano, patrimnio comum da humanidade, e por isso imprescritvel. A respeito, veja o seguinte julgado, do TJ/MG:Apelao Cvel 1.0188.07.063974-8/001 (639748-30.2007.8.13.188). Data da publicao da smula: 30/09/2009.

Ementa: Apelao cvel. Ao civil pblica. Direito ambiental. Imprescritibilidade. Recurso provido.

1. A prescrio instituto temporal que limita o direito do credor em exercer a pretenso para que o devedor no fique ad aeternum sujeito a cobrana.2. Entretanto, os direitos ambientais, em razo de sua transcendental importncia para as geraes futuras, so imprescritveis.3. Apelao conhecida e provida para revogar a pronncia de prescrio.

Veja agora a posio dominante no STJ:

REsp 1120117 / AC. DJe 19/11/2009.ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL - DIREITO AMBIENTAL- AO CIVIL PBLICA COMPETNCIA DA JUSTIA FEDERAL IMPRESCRITIBILIDADE DA REPARAO DO DANO AMBIENTAL PEDIDO GENRICO ARBITRAMENTO DO QUANTUM DEBEATUR NA SENTENA: REVISO, POSSIBILIDADE SMULAS 284/STF E 7/STJ.

1. da competncia da Justia Federal o processo e julgamento de Ao Civil Pblica visando indenizar a comunidade indgena Ashaninka-Kampa do rio Amnia.

2. Segundo a jurisprudncia do STJ e STF trata-se de competncia territorial e funcional, eis que o dano ambiental no integra apenas o foro estadual da Comarca local, sendo bem mais abrangente espraiando-se por todo o territrio do Estado, dentro da esfera de competncia do Juiz Federal.

3. Reparao pelos danos materiais e morais, consubstanciados na extrao ilegal de madeira da rea indgena.4. O dano ambiental alm de atingir de imediato o bem jurdico que lhe est prximo, a comunidade indgena, tambm atinge a todos os integrantes do Estado, espraiando-se para toda a comunidade local, no indgena e para futuras geraes pela irreversibilidade do mal ocasionado.

5. Tratando-se de direito difuso, a reparao civil assume grande amplitude, com profundas implicaes na espcie de responsabilidade do degradador que objetiva, fundada no simples risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da culpa do agente causador do dano.

6. O direito ao pedido de reparao de danos ambientais, dentro da logicidade hermenutica, est protegido pelo manto da imprescritibilidade, por se tratar de direito inerente vida, fundamental e essencial afirmao dos povos, independentemente de no estar expresso em texto legal.

7. Em matria de prescrio cumpre distinguir qual o bem jurdico tutelado: se eminentemente privado seguem-se os prazos normais das aes indenizatrias; se o bem jurdico indisponvel, fundamental, antecedendo a todos os demais direitos, pois sem ele no h vida, nem sade, nem trabalho, nem lazer , considera-se imprescritvel o direito reparao.

8. O dano ambiental inclui-se dentre os direitos indisponveis e como tal est dentre os poucos acobertados pelo manto da imprescritibilidade a ao que visa reparar o dano ambiental.9. Quando o pedido genrico, pode o magistrado determinar, desde j, o montante da reparao, havendo elementos suficientes nos autos. Precedentes do STJ.

10. Invivel, no presente recurso especial modificar o entendimento adotado pela instncia ordinria, no que tange aos valores arbitrados a ttulo de indenizao, por incidncia das Smulas 284/STF e 7/STJ.

11. Recurso especial parcialmente conhecido e no provido.A tese de imprescritibilidade do direito ambiental no pacfica, porm mas a prevalente.Questo 2Como ponderar o princpio da precauo com os ditames da economia moderna, bem como os avanos cientficos e tecnolgicos da atualidade?

Resposta Questo 2

A ponderao pende ao princpio da precauo: a idia que a atividade seja realizada com os cuidados necessrios segurana, sendo obstada at que tal segurana esteja certificada. H a necessria ateno ao in dubio pro ambiente. Veja um trecho da obra de Paulo de Bessa Antunes:Diante da incerteza cientfica, a comunidade internacional adotou o consenso, expresso na Declarao do Rio, no sentido de que a prudncia o melhor caminho, evitando-se danos que, muitas vezes, no podero ser recuperados. Tal consenso, como costuma ocorrer em documentos internacionais, extremamente amplo e, em si prprio, no traz maiores esclarecimentos sobre o seu real significado, permanecendo uma clusula a ser preenchida na base do caso a caso. Veja o teor do Princpio n 15 da Declarao do Rio: Com o fim de proteger o meio ambiente, os estados devem aplicar amplamente o critrio de precauo conforme as suas capacidades. Quando haja perigo de dano grave ou irreversvel, a falta de uma certeza absoluta no dever ser utilizada para postergar-se a adoo de medidas eficazes em funo do custo para impedir a degradao do meio ambiente. O princpio no determina a paralisao da atividade, mas que ela seja realizada com os cuidados necessrios, at mesmo para que o conhecimento cientfico possa avanar e a dvida ser esclarecida. (ANTUNES, Paulo de Bessa, Direito Ambiental, 2a edio, Rio de Janeiro: Lumen Jris, 2008)

Questo 3A Associao de Educao Ambiental (AEA) ajuizou Ao Civil Pblica Ambiental em face da empresa Caco, fabricante de embalagens do tipo PET (politereftalato de etileno), com vistas sua responsabilizao pela poluio hdrica provocada pelo descarte indevido de tais embalagens. Pleiteia a condenao da r a promover o recolhimento das embalagens aps o consumo, bem como a recuperao da rea degradada e, por fim, a realizar propaganda para alertar os consumidores sobre a correta forma de descarte.

1) Como se vislumbra a incidncia do princpio do poluidor-pagador no caso em questo?2) O que so direitos de terceira gerao?

3) Considerando as relaes entre meio ambiente ecologicamente equilibrado e a ordem econmica na Constituio de 1988, analise o pedido formulado pela Associao autora, ponderando o alcance do Princpio do Desenvolvimento Sustentvel.Resposta Questo 3

Fosse seguida a responsabilidade civil clssica, a obrigao do empreendedor terminaria quando do consumo sem vcios. Na responsabilidade ambiental, porm, ultrapassa este limite. Como a embalagem PET representa uma externalidade negativa para a sociedade, decorrente da atividade econmica, a responsabilidade do empreendedor se estende at este impacto ambiental. Trata-se da responsabilidade ps-consumo, que j fortemente defendida em nosso ordenamento.

A respeito, veja o seguinte julgado do TJ/PR:

rgo Julgador:8 Cmara Cvel. Comarca: Curitiba. Processo: 0118652-1. Apelao Cvel.

Ementa:DECISO: DECIDE o Tribunal de Justia do Estado do Paran, por sua Oitava Cmara Cvel, unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao apelo, nos termos da fundamentao. EMENTA: AO CIVIL PBLICA - DANO AMBIENTAL - LIXO RESULTANTE DE EMBALAGENS PLSTICAS TIPO "PET" (POLIETILENO TEREFTALATO) - EMPRESA ENGARRAFADORA DE REFRIGERANTES - RESPONSABILIDADE OBJETIVA PELA POLUIO DO MEIO AMBIENTE - ACOLHIMENTO DO PEDIDO - OBRIGAES DE FAZER - CONDENAO DA REQUERIDA SOB PENA DE MULTA - INTELIGNCIA DO ARTIGO 225 DA CONSTITUIO FEDERAL, LEI N 7347/85, ARTIGOS 1 E 4 DA LEI ESTADUAL N 12.943/99, 3 e 14, 1 DA LEI N 6.938/81 - SENTENA PARCIALMENTE REFORMADA. Apelo provido em parte. 1. Se os avanos tecnolgicos induzem o crescente emprego de vasilhames de matria plstica tipo "PET" (polietileno tereftalato), propiciando que os fabricantes que delas se utilizam aumentem lucros e reduzam custos, no justo que a responsabilidade pelo crescimento exponencial do volume do lixo resultante seja transferida apenas para o governo ou a populao. 2. A chamada responsabilidade ps-consumo no caso de produtos de alto poder poluente, como as embalagens plsticas, envolve o fabricante de refrigerantes que delas se utiliza, em ao civil pblica, pelos danos ambientais decorrentes. Esta responsabilidade objetiva nos termos da Lei n 7347/85, artigos 1 e 4 da Lei Estadual n 12.943/99, e artigos 3 e 14, 1 da Lei n 6.938/81, e implica na sua condenao nas obrigaes de fazer, a saber: adoo de providncias em relao a destinao final e ambientalmente adequada das embalagens plsticas de seus produtos, e destinao de parte dos seus gastos com publicidade em educao ambiental, sob pena de multa.

Veja que a sociedade no isenta da sua parcela de responsabilidade por no descartar corretamente o lixo, mas a empresa imputada por parte da responsabilidade.

Tema IINormas Constitucionais Ambientais: Competncia ambiental administrativa e legislativa. Bens ambientais. Direitos constitucionais individuais e sociais.Notas de Aula

1. Bens ambientais

Meio ambiente, para a ecologia, o conjunto de elementos biticos e abiticos que formam o sistema necessrio vida. So elementos biticos aqueles que tm vida prpria, e abiticos aqueles que, no sendo seres vivos, ainda assim compem o sistema necessrio a que a vida persista como as guas, a luz solar, os minerais, etc.

O conceito jurdico de meio ambiente, por sua vez, vem apresentado no artigo 3, I, da Lei 6.938/81, j transcrito, que diz que meio ambiente o conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica e biolgica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Veja que o legislador preferiu um conceito jurdico indeterminado, para que no escapassem ao seu bojo as novas descobertas que sobreviessem, prejudicando o alcance da lei.

Para a doutrina, o meio ambiente se divide em quatro possveis formas: natural, artificial, cultural e do trabalho. Meio ambiente natural o conceito intuitivo, que no sofre ao humana de qualquer sorte, ou melhor, que poderia existir sem atuao humana. Meio artificial aquele que, ao contrrio, criado pelo ser humano, sendo as cidades o melhor exemplo. Neste meio ambiente artificial, inclusive, h poluies peculiares somente a ele, tais como a poluio visual.

O meio ambiente cultural consiste naquele ambiente natural ou artificial, ou numa mescla de elementos do ambiente natural e do artificial, que adquirem um valor maior do que os prprios elementos em si, se considerados apartadamente. O ambiente cultural forma a identidade de um povo, e por isso parte da identidade cultural daquele povo. O Po de Acar, no Rio de Janeiro, no s um elemento do meio ambiente natural, assim como os Arcos da Lapa no so somente parte do ambiente artificial: so, ambos, elementos do ambiente cultural carioca.

Mais recentemente, tem-se falado no meio ambiente do trabalho, idia que no incio era ligada s questes trabalhistas de insalubridade e periculosidade, mas que hoje se refere a qualquer manifestao da afeco da sade em relao ao ambiente de trabalho.

Veja que os quatro aspectos no so estanques. O meio ambiente fluido, podendo haver em um s local fsico a manifestao de todos estes aspectos, concomitantemente. Esta separao se faz necessria para a identificao de que norma ser aplicvel a determinada violao, porque a legislao ambiental esparsa, e regula diferentemente cada um destes aspectos.

O bem ambiental um bem difuso, segundo Jos Afonso da Silva. No pblico nem privado: um tertium genus que transcende qualquer titularidade pblica ou privada. Est aqui a funo scio-ambiental da propriedade, porque os bens, que sejam pblicos, quer privados, quando so bens ambientais, assumem esta transcendncia, tal como a conhecida funo social da propriedade, estudada no direito civil. Esta funo scio-ecolgica est explcita no artigo 186 da CRFB:Art. 186. A funo social cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente;

III - observncia das disposies que regulam as relaes de trabalho;

IV - explorao que favorea o bem-estar dos proprietrios e dos trabalhadores.

Neste diapaso, quando uma floresta de interesse ambiental estiver situada em uma propriedade privada, o proprietrio dever respeitar sua funo ecolgica, a fim de ter seu direito respeitado. Da mesma forma, um rio pblico deve ser preservado, a fim de se resguardar a funo ambiental daquele elemento. E veja que a funo ecolgica deve ser respeitada por todos, ou seja, tanto o rio quanto a floresta devem ser preservados por toda a coletividade, de forma difusa. O bem ambiental direito da sociedade, direito difuso e fundamental, e por isso fica sujeito a limitaes gerais de uso, gozo e disposio.2. Competncias sobre matria ambiental

Como visto, o princpio da cooperao teve grande influncia na repartio de competncias ambientais em nosso sistema federalista. O nosso federalismo teve formao centrfuga, em que houve uma descentralizao do poder, mas isto fez com que a Unio ainda mantenha sob seu domnio a maior parcela dos poderes, determinando alto grau de dependncia dos entes menores deste ente maior.

A competncia legislativa privativa da Unio est no artigo 22 da CRFB, dos quais se transcreve os incisos mais importantes: Art. 22. Compete privativamente Unio legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrrio, martimo, aeronutico, espacial e do trabalho;

(...)IV - guas, energia, informtica, telecomunicaes e radiodifuso;

(...)XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;

(...)

A legislao sobre matria nuclear de competncia federal dado o alto grau de perigo ambiental que esta matria representa. O monoplio federal uma questo de segurana nacional.

Alm da competncia legislativa privativa da Unio, h tambm a concorrente entre Unio, Estados e Distrito Federal. Este o bojo legislativo maior em matria ambiental. Veja os incisos mais importantes do artigo 24 da CRFB:

Art. 24. Compete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

(...)VI - florestas, caa, pesca, fauna, conservao da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteo do meio ambiente e controle da poluio;

VII - proteo ao patrimnio histrico, cultural, artstico, turstico e paisagstico;

VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico;

(...)

Nesta modalidade de competncia, a Unio produz a norma geral, e os Estados a complementam, de acordo com as respectivas regionalidades. Se no h norma federal geral, o Estado pode legislar com plenitude em sua abrangncia territorial, e, na supervenincia da norma federal, aquilo que for compatvel ser mantido, e o que se contrapuser norma federal geral superveniente ser revogado.

A responsabilidade civil e a penal por danos ambientais de competncia legislativa da Unio, na forma do artigo 22 da CRFB. O aparente conflito entre o inciso I do artigo 22 e o VIII do artigo 24 da CRFB trata-se de um erro de tcnica legislativa, pois s se entrega ao Estado-Membro a competncia concorrente para a responsabilidade administrativa pelo dano ambiental. Esta a posio de Jos Afonso da Silva.

O Municpio tem competncia legislativa ambiental na forma do artigo 30, I e II, da CRFB, ou seja, apenas naquilo que seja de interesse local, e suplementar legislao estadual e federal:

Art. 30. Compete aos Municpios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislao federal e a estadual no que couber;(...)

As competncias materiais, para prestao de servios e exerccio de poder de polcia, so divididas na mesma lgica: competncias materiais exclusivas da Unio, e as remanescentes so repartidas entre Estados, Municpios e Distrito Federal. Veja, nos artigos 21 e 23 da CRFB, as competncias materiais ambientais mais relevantes:Art. 21. Compete Unio:(...)XXIII - explorar os servios e instalaes nucleares de qualquer natureza e exercer monoplio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrializao e o comrcio de minrios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princpios e condies:

a) toda atividade nuclear em territrio nacional somente ser admitida para fins pacficos e mediante aprovao do Congresso Nacional;

b) sob regime de permisso, so autorizadas a comercializao e a utilizao de radioistopos para a pesquisa e usos mdicos, agrcolas e industriais; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 49, de 2006)c) sob regime de permisso, so autorizadas a produo, comercializao e utilizao de radioistopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 49, de 2006)d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existncia de culpa; (Includa pela Emenda Constitucional n 49, de 2006)(...)Art. 23. competncia comum da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios:

(...)III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histrico, artstico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notveis e os stios arqueolgicos;

IV - impedir a evaso, a destruio e a descaracterizao de obras de arte e de outros bens de valor histrico, artstico ou cultural;

(...)VI - proteger o meio ambiente e combater a poluio em qualquer de suas formas;

VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

(...)

Os conflitos de competncia material so corriqueiros, especialmente quando se fala das comuns.Casos Concretos

Questo 1

O Ministrio Pblico Estadual ajuizou Representao de Inconstitucionalidade objetivando a declarao de inconstitucionalidade da lei complementar carioca n 40/99, que, ao estabelecer critrios para a construo de hotis-residncia na cidade, afrontou o sistema urbanstico disciplinado no artigo 231 e pargrafos 1 e 4 e no art. 236 da Constituio Estadual. Alm disso, invadiu matria reservada ao Plano Diretor (Lei Complementar 16/1992), padecendo, assim, de vcio formal e material. A Cmara Municipal prestou as informaes de estilo. Atendendo solicitao do parquet, abriu-se vista ao Exmo. Sr. Prefeito, que prestou informaes na qualidade de tambm responsvel pelo ato impugnado. O Procurador-Geral do Estado, ao manifestar-se como amicus curae enfatizou a falta insanvel da participao popular no processo de elaborao da lei municipal impugnada, o que contraria o sistema urbanstico estabelecido no Plano Diretor (instrumento bsico da poltica de desenvolvimento urbano) e, consequentemente, vai de encontro ao pleno desenvolvimento das funes sociais da cidade.Com base no enunciado acima, posicione-se fundamentadamente sobre o acolhimento ou no da Representao de Inconstitucionalidade da lei municipal impugnada.Resposta Questo 1

Para solucionar a questo, necessria a observao dos mtodos de soluo de conflitos de competncia legiferante em matria ambiental. A doutrina ambiental apresenta trs mtodos: a norma mais restritiva, mais protetiva do meio ambiente, deve prevalecer in dubio pro ambiente; a hierarquia entre os entes federativos; e a predominncia dos interesses.

Assim, no conflito entre leis federais, estaduais e municipais, aquela que for mais protetiva sobrepor-se- s demais o meio ambiente um direito fundamental, e como tal deve ser protegido ao mximo. Este critrio no pacfico, porque no h base textual em qualquer dispositivo constitucional para tanto, o que havia no anteprojeto constituinte e foi limado do texto final alm de subverter todo o sistema da hermenutica acerca de competncias concorrentes.O segundo mtodo, da hierarquia dos entes, parece ser o mais coeso, respeitando a forma do pacto federativo. Este o critrio que melhor soluciona o caso, e foi o aplicado pelo TJ/RJ na soluo da RI proposta: prevalece a Constituio Estadual.O terceiro mtodo, por fim, o da predominncia de interesses, no se ope ao mtodo hierrquico, pois na prpria diviso de competncias legislativas a predominncia de interesses orientou o constituinte. Contudo, se h conflito entre a hierarquia e a predominncia de interesses, h quem defenda que este ltimo critrio deve prevalecer.Veja o julgado:

RI 2000.007.00142 TJRJ Rel. DES. MARLAN MARINHO, j. 09/05/2005, ORGAO ESPECIAL REPRESENTAO POR INCONSTITUCIONALIDADE. LEI COMPLEMENTAR N 41 DO MUNICPIO DO RIO DE JANEIRO. LICENCIAMENTO E FUNCIONAMENTO DE HOTIS RESIDNCIA. AFRONTA AO DISPOSTO NO ART. 231, PARGRAFOS 1 E 4 e art. 236, DA CONST. ESTADUAL, VCIOS FORMAL E MATERIAL RECONHECIDOS: PRELIMINAR DE INPCIA E DE QUESTO PREJUDICIAL AFASTADAS. CONCESSO DE EFEITOS EX NUNC. PROCEDNCIA DA REPRESENTAO. O disposto na Lei Complementar n 41/99, do Municpio do Rio de Janeiro, afronta o sistema urbanstico disciplinado no artigo 231 e pargrafos 1 e 4 e art. 236, da Constituio Estadual, porque, alm de invadir matria reservada ao Plano Diretor - (Lei Complementar n 16/1992) - o fez de modo totalmente alheio ao processo contnuo de planejamento, no contando com a participao popular, indicando, assim, a presena de vcio formal e de defeito material. Preliminar de inpcia da inicial e questo prejudicial afastadas. Atribuio, por maioria de votos, de efeitos ex nunc declarao de inconstitucionalidade. Procedncia da Representao.

Questo 2A Constituio de determinado Estado da federao estabeleceu que o plano diretor, instrumento bsico da poltica de desenvolvimento econmico e social e de expanso urbana no municpios com mais de cinco mil habitantes, aprovado pela Cmara Municipal, seria obrigatrio para os municpios com mais de cinco mil habitantes. O Governador do Estado em questo ajuizou Ao Direita de Inconstitucionalidade questionando a validade do referido dispositivo com fundamento na violao do princpio da autonomia dos municpios em face do disposto no 1 do art. 182 e art. 30, I da CR/88.A Assemblia Legislativa ao prestar informaes aduziu que as Constituies Estaduais devem obedecer aos princpios da Constituio da Repblica e no literalidade das normas (art. 25 da CR/88) e que no lhe seria vedado alterar o nmero previsto pelo legislador constituinte originrio, o que foi ratificado pelo Advogado Geral da Unio. Questiona-se: A norma da Constituio Estadual deve ser declarada inconstitucional? Decida a questo de forma fundamentada.Resposta Questo 2

O STF entendeu que a especificidade mais relevante, no caso, do que a hierarquia federativa, e por isso cada municpio deve ter o controle sobre a necessidade de formulao do plano diretor ou no, sobrepondo-se esta autonomia sobre a hierarquia federativa.

Veja o julgado:

ADI 826 / AP STF Rel. Min. SYDNEY SANCHES, j. 17/09/1998, Tribunal Pleno.

EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MUNICPIOS COM MAIS DE CINCO MIL HABITANTES: PLANO DIRETOR. ART. 195, CAPUT, DO ESTADO DO AMAP. ARTIGOS 25, 29, 30, I E VIII, 182, 1 , DA CONSTITUIO FEDERAL E 11 DO A.D.C.T. 1. O caput do art. 195 da Constituio do Estado do Amap estabelece que o plano diretor, instrumento bsico da poltica de desenvolvimento econmico e social e de expanso urbana, aprovado pela Cmara Municipal, obrigatrio para os Municpios com mais de cinco mil habitantes. 2. Essa norma constitucional estadual estendeu, aos municpios com nmero de habitantes superior a cinco mil, a imposio que a Constituio Federal s fez queles com mais de vinte mil (art. 182, 1 ). 3. Desse modo, violou o princpio da autonomia dos municpios com mais de cinco mil e at vinte mil habitantes, em face do que dispem os artigos 25, 29, 30, I e VIII, da C.F. e 11 do A.D.C.T. 4. Ao Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente, nos termos do voto do Relator. 5. Plenrio: deciso unnime.Questo 3Empresa exportadora de cereais do Paran possui licena ambiental concedida pelo rgo estadual do meio ambiente. Aps certo tempo de funcionamento, a empresa recebe visita do Ibama, o qual emite auto de infrao e aplicao de multa, sob a justificativa de que a atividade estaria sendo desenvolvida sem o devido acompanhamento do rgo estadual, e causando danos ambientais. O auto de infrao vlido?

Resposta Questo 3Pela predominncia do interesse, em tese, a atuao na rea em questo, o exerccio do poder de polcia, incumbe ao ente da administrao que tem a preponderncia do interesse. Sendo assim, o interesse local incumbe ao Municpio, o regional ao Estado, e o geral Unio. Como a questo versa sobre exportaes, o que de interesse geral qualquer questo de aduana importa Unio , o rgo federal competente, e o auto de infrao vlido.

O princpio da subsidiariedade poderia ser tambm invocado, aliado ao da predominncia de interesses: quando h a identificao de um interesse predominante, os demais entes federativos atuariam somente de forma subsidiria. Assim entende o STJ, para o qual a competncia dada ao Estado para licenciar no impede que a Unio fiscalize, ante a competncia comum dos entes federativos.

Tema IIISistema Nacional de Unidades de Conservao: Unidades de proteo integral e Unidades de uso sustentvel. Anlise do Cdigo Florestal e gesto de florestas pblicas.Notas de Aula

1. reas ambientalmente protegidas

Nosso Cdigo Florestal de 1965, mas antes desse diploma havia j o Cdigo de 1934, com previses referentes sistemtica das reas protegidas. Contudo, no Cdigo de 1965, com as alteraes posteriores, que se aperfeioou esta normatizao, a qual vem sendo efetivada mormente por meio de aes civis pblicas, eis que a efetividade administrativa destas normas no tem sido promovida a contento.

A CRFB de 1988 recepcionou plenitude a Lei 4.771/65, o Cdigo Florestal doravante CF , atravs do seu artigo 225, j abordado, que coloca sob incumbncia do Poder Pblico e da coletividade a proteo ambiental. Dentre as incumbncias do Poder Pblico, est expressa no inciso III do 1 deste artigo a criao de reas de proteo especfica. Reveja:Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv- lo para as presentes e futuras geraes.

1 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:

(...)III - definir, em todas as unidades da Federao, espaos territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alterao e a supresso permitidas somente atravs de lei, vedada qualquer utilizao que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteo; (Regulamento: Lei 9.985/2000)(...)

O CF prev algumas reas de proteo ambiental, como a APP rea de proteo permanente , exemplificando e explicitando o seu escopo e conceito. Tambm no CF est prevista a reserva legal florestal, que so reas protegidas dentro de propriedades rurais. Alm das previses do CF, a Lei 9.985/00 trata especificamente de espaos ambientalmente protegidos, espaos territoriais criados pelo Poder Pblico com o objetivo de conservao da natureza, como parques, reservas, refgios de vida silvestre, monumentos naturais, etc. Cada uma destas modalidades de reas de proteo ser abordada amide.

O CF um diploma considerado de normas gerais, editado pela Unio no exerccio da competncia legislativa concorrente, na forma do j transcrito artigo 24 da CRFB. O artigo 24 contempla a Unio e os Estados, respectivamente com atribuio de normas gerais e suplementares, mas no fala dos Municpios a competncia municipal vem no artigo 30 da CRFB, j visto, e, na definio de espaos protegidos, referente s questes de interesse local, regra geral da distribuio de competncias pela preponderncia de interesses.

As reas de proteo tm por escopo geral a preservao da natureza, mas tambm a preservao de condies estveis e salubres de ocupao humana, resguardando a segurana das pessoas atravs de limitaes administrativas ao direito de propriedade que se faam necessrias.

Os Estados, quando legislarem sobre reas de proteo, no podem subverter os parmetros do CF ou de normas gerais federais sobre o tema afinal, sua competncia legislativa suplementar. Pelo ensejo, vale mencionar que o Estado de Santa Catarina editou um Cdigo Florestal Estadual cujos dispositivos esto sob questionamento em uma ADI, ao argumento de contrariarem normas gerais federais. Ainda no h julgamento, tampouco liminar.

Veja, como exemplo de norma geral, o artigo 1 do CF:

Art. 1 As florestas existentes no territrio nacional e as demais formas de vegetao, reconhecidas de utilidade s terras que revestem, so bens de interesse comum a todos os habitantes do Pas, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitaes que a legislao em geral e especialmente esta Lei estabelecem.

1As aes ou omisses contrrias s disposies deste Cdigo na utilizao e explorao das florestas e demais formas de vegetao so consideradas uso nocivo da propriedade, aplicando-se, para o caso, o procedimento sumrio previsto no art. 275, inciso II, do Cdigo de Processo Civil. (Renumerado do pargrafo nico pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)2Para os efeitos deste Cdigo, entende-se por: (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001) (Vide Decreto n 5.975, de 2006)I-pequena propriedade rural ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal do proprietrio ou posseiro e de sua famlia, admitida a ajuda eventual de terceiro e cuja renda bruta seja proveniente, no mnimo, em oitenta por cento, de atividade agroflorestal ou do extrativismo, cuja rea no supere: (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)a)cento e cinqenta hectares se localizada nos Estados do Acre, Par, Amazonas, Roraima, Rondnia, Amap e Mato Grosso e nas regies situadas ao norte do paralelo 13o S, dos Estados de Tocantins e Gois, e ao oeste do meridiano de 44o W, do Estado do Maranho ou no Pantanal mato-grossense ou sul-mato-grossense; (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)b)cinqenta hectares, se localizada no polgono das secas ou a leste do Meridiano de 44 W, do Estado do Maranho; e (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)c)trinta hectares, se localizada em qualquer outra regio do Pas; (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)II-rea de preservao permanente: rea protegida nos termos dos arts. 2o e 3o desta Lei, coberta ou no por vegetao nativa, com a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica, a biodiversidade, o fluxo gnico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaes humanas; (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)III-Reserva Legal: rea localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservao permanente, necessria ao uso sustentvel dos recursos naturais, conservao e reabilitao dos processos ecolgicos, conservao da biodiversidade e ao abrigo e proteo de fauna e flora nativas; (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)IV - utilidade pblica: (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)a) as atividades de segurana nacional e proteo sanitria; (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)b) as obras essenciais de infraestrutura destinadas aos servios pblicos de transporte, saneamento e energia e aos servios de telecomunicaes e de radiodifuso; (Redao dada pela Lei n 11.934, de 2009)c)demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em resoluo do Conselho Nacional de Meio Ambiente-CONAMA; (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)V-interesse social: (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)a)as atividades imprescindveis proteo da integridade da vegetao nativa, tais como: preveno, combate e controle do fogo, controle da eroso, erradicao de invasoras e proteo de plantios com espcies nativas, conforme resoluo do CONAMA; (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)b)as atividades de manejo agroflorestal sustentvel praticadas na pequena propriedade ou posse rural familiar, que no descaracterizem a cobertura vegetal e no prejudiquem a funo ambiental da rea; e (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)c)demais obras, planos, atividades ou projetos definidos em resoluo do CONAMA; (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)VI-Amaznia Legal: os Estados do Acre, Par, Amazonas, Roraima, Rondnia, Amap e Mato Grosso e as regies situadas ao norte do paralelo 13o S, dos Estados de Tocantins e Gois, e ao oeste do meridiano de 44o W, do Estado do Maranho. (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001).

O 2 do artigo supra traz os conceitos referentes ao tema. Vejamos os mais relevantes de forma apartada.

1.1. rea de preservao permanente

O 2 do artigo supra define rea de preservao permanente como aquela coberta ou no por vegetao nativa, com a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica, a biodiversidade, o fluxo gnico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaes humanas.

Aqui se enquadra, por exemplo, a mata ciliar, aquela que margeia fluxos de gua, e que fundamental para a estabilidade geolgica. Esta rea vai variar em largura na proporo que variar a correspondente largura do rio que margeia. Por exemplo, se o rio tem nove metros de largura, as margens de trinta metros so protegidas; se o rio tem dez metros de largura, a margem protegida de cinquenta metros e assim por diante. Veja os artigos 2 e 3 do CF, que tratam das reas de proteo permanente:Art. 2 Consideram-se de preservao permanente, pelo s efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetao natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'gua desde o seu nvel mais alto em faixa marginal cuja largura mnima ser: (Redao dada pela Lei n 7.803 de 18.7.1989)1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'gua de menos de 10 (dez) metros de largura; (Redao dada pela Lei n 7.803 de 18.7.1989)2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'gua que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; (Redao dada pela Lei n 7.803 de 18.7.1989)3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'gua que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; (Redao dada pela Lei n 7.803 de 18.7.1989)4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'gua que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; (Redao dada pela Lei n 7.803 de 18.7.1989)5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'gua que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; (Includo pela Lei n 7.803 de 18.7.1989)b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatrios d'gua naturais ou artificiais;

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'gua", qualquer que seja a sua situao topogrfica, num raio mnimo de 50 (cinquenta) metros de largura; (Redao dada pela Lei n 7.803 de 18.7.1989)d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45, equivalente a 100% na linha de maior declive;

f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projees horizontais; (Redao dada pela Lei n 7.803 de 18.7.1989)h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetao. (Redao dada pela Lei n 7.803 de 18.7.1989)Pargrafo nico. No caso de reas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos permetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regies metropolitanas e aglomeraes urbanas, em todo o territrio abrangido, obervar-se- o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princpios e limites a que se refere este artigo.(Includo pela Lei n 7.803 de 18.7.1989).

Art. 3 Consideram-se, ainda, de preservao permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Pblico, as florestas e demais formas de vegetao natural destinadas:

a) a atenuar a eroso das terras;

b) a fixar as dunas;

c) a formar faixas de proteo ao longo de rodovias e ferrovias;

d) a auxiliar a defesa do territrio nacional a critrio das autoridades militares;

e) a proteger stios de excepcional beleza ou de valor cientfico ou histrico;

f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaados de extino;

g) a manter o ambiente necessrio vida das populaes silvcolas;

h) a assegurar condies de bem-estar pblico.

1 A supresso total ou parcial de florestas de preservao permanente s ser admitida com prvia autorizao do Poder Executivo Federal, quando for necessria execuo de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pblica ou interesse social.

2 As florestas que integram o Patrimnio Indgena ficam sujeitas ao regime de preservao permanente (letra g) pelo s efeito desta Lei.No pargrafo nico do artigo 2, o CF determina que a legislao do solo a que versar sobre as reas urbanas de proteo, respeitados os limites do prprio CF. Isto gerou uma severa discusso, pois se dada esta matria ao plano diretor, como de fato , mas se impem os parmetros do CF, perde um pouco do sentido esta entrega da matria ao plano diretor. A corrente minoritria defende que no deve haver esta adstrio, mas a maioria absoluta da doutrina defende que o Municpio no poder mesmo desconsiderar os limites impostos pelo CF, quando for versar sobre a matria. Assim, se o plano diretor quiser, pode trazer previses ainda mais restritivas (mais benficas ao meio ambiente), mas nunca mais liberais do que as normas do CF novamente, invoca-se o princpio in dubio pro natura.H ainda quem advogue que a faixa ciliar em rea urbana deveria respeitar outro limite, de quinze metros, ante a previso do artigo 4, III, da Lei de Parcelamento do Solo Urbano, Lei 6.766/79, que seria mais especfica. Esta tese no merece guarida, pois, como parece claro na prpria norma citada, havendo maior limite em dispositivo especial, este deve ser respeitado e o limite especial para rios o do CF, ou, qui, o do plano diretor (que, como visto, deve ter limite no inferior ao do CF) . Veja o artigo em questo:Art. 4 - Os loteamentos devero atender, pelo menos, aos seguintes requisitos:

(...)

III - ao longo das guas correntes e dormentes e das faixas de domnio pblico das rodovias e ferrovias, ser obrigatria a reserva de uma faixa no-edificvel de 15 (quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigncias da legislao especfica; (Redao dada pela Lei n 10.932, de 2004)(...)A natureza jurdica das reas de preservao permanente de limitao administrativa ao direito de propriedade, em apreo funo scio-ambiental da propriedade. um nus que o proprietrio deve suportar, no merecendo sequer indenizabilidade pela cobertura vegetal que no poder explorar, porque uma limitao geral a todas as reas de preservao permanente. Caso seja uma limitao imposta sobre terra nua, esta merece, sim, indenizao, porque a limitao no vem da prpria lei, como nas reas de proteo permanente, e sim de poltica particularizada.O artigo 3 do CF, supra, ainda dispe sobre a faculdade da criao de outras reas de preservao permanente pelo Poder Pblico. Se isto for feito, e representar, esta definio pelo Poder Pblico, uma limitao particularizada, caso em que a rea de proteo permanente ser causa de indenizao ao proprietrio individualmente prejudicado.O artigo 4 do CF trata de situaes excepcionais de supresso da vegetao em reas de proteo permanente:

Art.4A supresso de vegetao em rea de preservao permanente somente poder ser autorizada em caso de utilidade pblica ou de interesse social, devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo prprio, quando inexistir alternativa tcnica e locacional ao empreendimento proposto. (Redao dada pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)1A supresso de que trata o caput deste artigo depender de autorizao do rgo ambiental estadual competente, com anuncia prvia, quando couber, do rgo federal ou municipal de meio ambiente, ressalvado o disposto no 2o deste artigo. (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)2A supresso de vegetao em rea de preservao permanente situada em rea urbana, depender de autorizao do rgo ambiental competente, desde que o municpio possua conselho de meio ambiente com carter deliberativo e plano diretor, mediante anuncia prvia do rgo ambiental estadual competente fundamentada em parecer tcnico. (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)3O rgo ambiental competente poder autorizar a supresso eventual e de baixo impacto ambiental, assim definido em regulamento, da vegetao em rea de preservao permanente. (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)4O rgo ambiental competente indicar, previamente emisso da autorizao para a supresso de vegetao em rea de preservao permanente, as medidas mitigadoras e compensatrias que devero ser adotadas pelo empreendedor. (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)5A supresso de vegetao nativa protetora de nascentes, ou de dunas e mangues, de que tratam, respectivamente, as alneas "c" e "f" do art. 2o deste Cdigo, somente poder ser autorizada em caso de utilidade pblica. (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)6Na implantao de reservatrio artificial obrigatria a desapropriao ou aquisio, pelo empreendedor, das reas de preservao permanente criadas no seu entorno, cujos parmetros e regime de uso sero definidos por resoluo do CONAMA. (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)7 permitido o acesso de pessoas e animais s reas de preservao permanente, para obteno de gua, desde que no exija a supresso e no comprometa a regenerao e a manuteno a longo prazo da vegetao nativa. (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001).Um dos principais requisitos para esta exceo que deva ser comprovado, no procedimento do licenciamento ambiental que para tanto deve ser realizado, que a supresso da vegetao a ultima ratio, no havendo outro modo de se chegar ao fim que se pretende, a finalidade pblica que se quer alcanar (a construo de uma estrada, por exemplo) alm da compensao ambiental pelos danos que sero causados.Sobre a reparao de reas de preservao permanente, veja o REsp. 704.967:

ADMINISTRATIVO. DANOS AMBIENTAIS. AO CIVIL PBLICA. RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE. TERRAS RURAIS. RECOMPOSIO. MATAS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.

1. A responsabilidade pelo dano ambiental objetiva, ante a ratio essendi da Lei 6.93881, que em seu art. 14, 1, determina que o poluidor seja obrigado a indenizar ou reparar os danos ao meio-ambiente e, quanto ao terceiro, preceitua que a obrigao persiste, mesmo sem culpa. que ao adquirir o imvel o novel proprietrio no pode perpetuar a leso causada pelo anterior dominus, devendo preservar o meio ambiente. Precedentes do STJ:RESP 826976PR, Relator Ministro Castro Meira, DJ de 01.09.2006; AgRg no REsp 504626PR, Relator Ministro Francisco Falco, DJ de 17.05.2004; RESP 263383PR, Relator Ministro Joo Otvio de Noronha, DJ de 22.08.2005 e EDcl no AgRg no RESP 255170SP, desta relatoria, DJ de 22.04.2003.

2. A obrigao de reparao dos danos ambientais propter rem, por isso que a Lei 8.17191 vigora para todos os proprietrios rurais, ainda que no sejam eles os responsveis por eventuais desmatamentos anteriores, mxime porque a referida norma referendou o prprio Cdigo Florestal (Lei 4.77165) que estabelecia uma limitao administrativa s propriedades rurais, obrigando os seus proprietrios a institurem reas de reservas legais, de no mnimo 20% de cada propriedade, em prol do interesse coletivo. Precedente do STJ: RESP 343.741PR, Relator Ministro Franciulli Netto, DJ de 07.10.2002.

3. Paulo Affonso Leme Machado, em sua obra Direito Ambiental Brasileiro, ressalta que

"(...)A responsabilidade objetiva ambiental significa que quem danificar o ambiente tem o dever jurdico de repar-lo. Presente, pois, o binmio danoreparao. No se pergunta a razo da degradao para que haja o dever de indenizar eou reparar. A responsabilidade sem culpa tem incidncia na indenizao ou na reparao dos "danos causados ao meio ambiente e aos terceiros afetados por sua atividade" (art. 14, III, da Lei 6.93881). No interessa que tipo de obra ou atividade seja exercida pelo que degrada, pois no h necessidade de que ela apresente risco ou seja perigosa. Procura-se quem foi atingido e, se for o meio ambiente e o homem, inicia-se o processo lgico-jurdico da imputao civil objetiva ambienta!. S depois que se entrar na fase do estabelecimento do nexo de causalidade entre a ao ou omisso e o dano. contra o Direito enriquecer-se ou ter lucro custa da degradao do meio ambiente.

O art. 927, pargrafo nico, do CC de 2002, dispe: "Haver obrigaro de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem". Quanto primeira parte, em matria ambiental, j temos a Lei 6.93881, que instituiu a responsabilidade sem culpa. Quanto segunda parte, quando nos defrontarmos com atividades de risco, cujo regime de responsabilidade no tenha sido especificado em lei, o juiz analisar, caso a caso, ou o Poder Pblico far a classificao dessas atividades. " a responsabilidade pelo risco da atividade." Na conceituao do risco aplicam-se os princpios da precauo, da preveno e da reparao.

Repara-se por fora do Direito Positivo e, tambm, por um princpio de Direito Natural, pois no justo prejudicar nem os outros e nem a si mesmo. Facilita-se a obteno da prova da responsabilidade, sem se exigir a inteno, a imprudncia e a negligncia para serem protegidos bens de alto interesse de todos e cuja leso ou destruio ter conseqncias no s para a gerao presente, como para a gerao futura. Nenhum dos poderes da Repblica, ningum, est autorizado, moral e constitucionalmente, a concordar ou a praticar uma transao que acarrete a perda de chance de vida e de sade das geraes(...)" in Direito Ambiental Brasileiro, Malheiros Editores, 12 ed., 2004, p. 326-327.

4. A Constituio Federal consagra em seu art. 186 que a funo social da propriedade rural cumprida quando atende, seguindo critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, a requisitos certos, entre os quais o de "utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente"

5. Recurso especial provido para restabelecer a sentena proferida s fls. 469478.Veja tambm a Apelao Cvel 2001.001.14586, do TJ/RJ:

Processo: 0140043-19.1999.8.19.0001 (2001.001.14586). 1 Ementa APELACAO. DES. MARIA RAIMUNDA T. AZEVEDO - Julgamento: 07/08/2002 - SEGUNDA CAMARA CIVEL.

ACAO CIVIL PUBLICA. POLUICAO AMBIENTAL. CORTE DE ARVORE. FALTA DE AUTORIZACAO JUDICIAL. CONSTRUCAO SEM LICENCA. RESSARCIMENTO DOS DANOS. DANO MORAL. FIXACAO DO VALOR. RECURSO PROVIDO. EMBARGOS DE DECLARACAO. ACOLHIMENTO.

Poluio Ambiental. Ao Civil Pblica formulada pelo Municpio do Rio de Janeiro. Poluio consistente em suspresso da vegetao do imvel sem a devida autorizao municipal. Cortes de rvores e inicio de construo no licenciada, ensejando multas e interdio do local. Dano coletividade com a destruio do ecossistema, trazendo conseqncias nocivas ao meio ambiente, com infringncia, s leis ambientais, Lei Federal 4.771/65, Decreto Federal 750/93, artigo 2, Decreto Federal 99.274/90, artigo 34 e inciso XI, e a Lei Orgnica do Municpio do Rio de Janeiro, artigo 477. Condenao a reparao de danos materiais consistentes no plantio de 2.800 rvores, e ao desfazimento das obras. Reforma da sentena para incluso do dano moral perpetrado a coletividade. Quantificao do dano moral ambiental razovel e proporcional ao prejuzo coletivo. A impossibilidade de reposio do ambiente ao estado anterior justificam a condenao em dano moral pela degradao ambiental prejudicial a coletividade. Provimento do recurso.1.2. Reserva legal ambientalO artigo 1, 2, III do CF define reserva legal como a rea localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservao permanente, necessria ao uso sustentvel dos recursos naturais, conservao e reabilitao dos processos ecolgicos, conservao da biodiversidade e ao abrigo e proteo de fauna e flora nativas.A reserva legal, que tambm uma limitao administrativa, difere da rea de preservao permanente por ser exclusivamente incidente em propriedades rurais. Alm disso, subsidiria s reas de preservao permanente: quando se for criar uma reserva, esta no computar a rea de preservao permanente que porventura se encontre no plano previsto para a reserva. Isto significa, por exemplo, que se em uma determinada propriedade determinada reserva de vinte por cento do terreno, e nesta mesma propriedade passa um rio de cinco metros de largura, j h uma rea protegida de trinta metros a partir da margem, rea de preservao permanente que no ser computada para o preenchimento da reserva: o total da rea protegida ser de trinta metros a contar da margem, mais vinte por cento do total da propriedade.

O artigo 16 do CF fala da definio de percentuais das propriedades:Art.16.As florestas e outras formas de vegetao nativa, ressalvadas as situadas em rea de preservao permanente, assim como aquelas no sujeitas ao regime de utilizao limitada ou objeto de legislao especfica, so suscetveis de supresso, desde que sejam mantidas, a ttulo de reserva legal, no mnimo: (Redao dada pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001) (Regulamento)I-oitenta por cento, na propriedade rural situada em rea de floresta localizada na Amaznia Legal; (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)II-trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em rea de cerrado localizada na Amaznia Legal, sendo no mnimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensao em outra rea, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do 7o deste artigo; (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)III-vinte por cento, na propriedade rural situada em rea de floresta ou outras formas de vegetao nativa localizada nas demais regies do Pas; e (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)IV-vinte por cento, na propriedade rural em rea de campos gerais localizada em qualquer regio do Pas. (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)1O percentual de reserva legal na propriedade situada em rea de floresta e cerrado ser definido considerando separadamente os ndices contidos nos incisos I e II deste artigo. (Redao dada pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)2A vegetao da reserva legal no pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentvel, de acordo com princpios e critrios tcnicos e cientficos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipteses previstas no 3o deste artigo, sem prejuzo das demais legislaes especficas. (Redao dada pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)3Para cumprimento da manuteno ou compensao da rea de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de rvores frutferas ornamentais ou industriais, compostos por espcies exticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consrcio com espcies nativas. (Redao dada pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)4A localizao da reserva legal deve ser aprovada pelo rgo ambiental estadual competente ou, mediante convnio, pelo rgo ambiental municipal ou outra instituio devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovao, a funo social da propriedade, e os seguintes critrios e instrumentos, quando houver: (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)I-o plano de bacia hidrogrfica; (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)II-o plano diretor municipal; (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)III-o zoneamento ecolgico-econmico; (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)IV-outras categorias de zoneamento ambiental; e (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)V-a proximidade com outra Reserva Legal, rea de Preservao Permanente, unidade de conservao ou outra rea legalmente protegida. (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)5O Poder Executivo, se for indicado pelo Zoneamento Ecolgico Econmico-ZEE e pelo Zoneamento Agrcola, ouvidos o CONAMA, o Ministrio do Meio Ambiente e o Ministrio da Agricultura e do Abastecimento, poder: (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)I-reduzir, para fins de recomposio, a reserva legal, na Amaznia Legal, para at cinqenta por cento da propriedade, excludas, em qualquer caso, as reas de Preservao Permanente, os ectonos, os stios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecolgicos; e (Includo pela Medida Provisria n 2.166-67, de 2001)II-ampliar as reas de reserva legal, em at cinqenta por cento dos ndices previstos neste Cdigo, em todo o territrio na