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SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente Conceito de SISNAMA – são os entes e órgãos responsáveis pela política ambiental no Brasil. A finalidade do SISNAMA é efetivar a política ambiental no país. Órgãos componentes do SISNAMA: 1. Órgão superior – conselho de governo: A finalidade desse conselho é assessorar o presidente da república na formulação da política ambiental no Brasil. Esse conselho de governo é composto pelos ministros de Estado e aqueles secretários que tem “status” de ministro. 2. Órgão consultivo e deliberativo – CONAMA (conselho nacional do meio ambiente): esse conselho detém duas funções essenciais. A primeira, consultiva, consubstancia-se no assessoramento que esse conselho desempenha junto ao conselho de governo. Quanto à função deliberativa, esse conselho delibera, em seu âmbito de competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Esse último é o papel mais importante do CONAMA. Esse caráter deliberativo do CONAMA dá-se mediante a edição de resoluções, sendo através destas que esse conselho dispõe sobre as regras de meio ambiente. A estrutura do CONAMA é formada por um plenário, pelo CIPAM (comitê de integração de políticas ambientais), pelas Câmaras Técnicas, pelos grupos de trabalho e, pelos grupos assessores. Câmara especial recursal. O plenário , que é a instância máxima do CONAMA, é composto pelos representantes do governo federal, estaduais, municipais, da sociedade civil e do setor empresarial. Os conselheiros do CONAMA não são remunerados. O CIPAM é a secretaria executiva do CONAMA. As Câmaras técnicas são câmaras temáticas. Os grupos de trabalho são formados pela câmara técnica para análise de novos assuntos suscitados pelas câmaras técnicas. Os grupos assessores são os grupos especialistas em cada matéria, os quais desenvolvem atividades de assistência aos conselheiros. As câmaras especiais recursais – última instância, em grau administrativo, dentro do CONAMA, para julgar as multas e penalidades aplicadas pelo IBAMA (âmbito federal).

DIREITO AMBIENTAL

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SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

Conceito de SISNAMA – são os entes e órgãos responsáveis pela política ambiental no Brasil. A

finalidade do SISNAMA é efetivar a política ambiental no país.

Órgãos componentes do SISNAMA:

1. Órgão superior – conselho de governo: A finalidade desse conselho é assessorar o

presidente da república na formulação da política ambiental no Brasil. Esse conselho de

governo é composto pelos ministros de Estado e aqueles secretários que tem “status” de

ministro.

2. Órgão consultivo e deliberativo – CONAMA (conselho nacional do meio ambiente): esse

conselho detém duas funções essenciais. A primeira, consultiva, consubstancia-se no

assessoramento que esse conselho desempenha junto ao conselho de governo. Quanto à

função deliberativa, esse conselho delibera, em seu âmbito de competência, sobre normas e

padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Esse último é o papel

mais importante do CONAMA. Esse caráter deliberativo do CONAMA dá-se mediante a edição

de resoluções, sendo através destas que esse conselho dispõe sobre as regras de meio

ambiente.

A estrutura do CONAMA é formada por um plenário, pelo CIPAM (comitê de integração de

políticas ambientais), pelas Câmaras Técnicas, pelos grupos de trabalho e, pelos grupos

assessores. Câmara especial recursal.

O plenário, que é a instância máxima do CONAMA, é composto pelos representantes do

governo federal, estaduais, municipais, da sociedade civil e do setor empresarial. Os

conselheiros do CONAMA não são remunerados.

O CIPAM é a secretaria executiva do CONAMA.

As Câmaras técnicas são câmaras temáticas.

Os grupos de trabalho são formados pela câmara técnica para análise de novos assuntos

suscitados pelas câmaras técnicas.

Os grupos assessores são os grupos especialistas em cada matéria, os quais desenvolvem

atividades de assistência aos conselheiros.

As câmaras especiais recursais – última instância, em grau administrativo, dentro do CONAMA,

para julgar as multas e penalidades aplicadas pelo IBAMA (âmbito federal). Suas decisões

terão caráter terminativo. Só vão ao CONAMA as multas aplicadas pelo fiscal federal.

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3. Órgão central – ministério do meio ambiente. A finalidade desse ministério é planejar,

coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional para o meio

ambiente.

4. Órgão executor – IBAMA (instituto brasileiro de meio ambiente e recursos naturais

renováveis). Esse órgão é uma autarquia federal. O IBAMA efetua o licenciamento ambiental,

exerce o poder de polícia ambiental.

Além do IBAMA, no ano de 2007, surgiu um novo órgão ambiental executor no Brasil, que é o

ICMBIO (instituto Chico Mendes de conservação da biodiversidade). Esse órgão é responsável

pelas unidades de conservação do meio ambiente, criadas no âmbito da União, em escala

federal. Esse órgão é uma autarquia federal. A lei para as unidades de conservação é a lei

9.985/00.

O SISNAMA está previsto no artigo 06 da lei 6938/81, que é a lei da política nacional do meio

ambiente. Nesta lei, no dispositivo supracitado, consta apenas como órgão executor do

SISNAMA somente o IBAMA.

Todavia, se for pedido em sentido amplo, os órgãos executores do CONAMA são o IBAMA e o

ICMBIO.

5. Órgãos Seccionais – órgãos ambientais estaduais.

6. Órgãos locais – órgãos ambientais municipais.

Licenciamento ambiental e EPIA/RIMA

Obra, atividade ou empreendimento – em qualquer desses casos, podem ocorrer duas

situações: (i) significativa degradação ambiental; (ii) poluição ou degradação ambiental,

porém, essa degradação não é de causa significativa.

No caso da situação (i), faz-se necessária a realização de Epia/Rima – resolução 01/86 do

CONAMA – “EPIA” é estudo prévio de impacto ambiental e “RIMA” é relatório de impacto

ambiental. O “RIMA” são as conclusões do “EPIA”, ou seja, os relatórios são conclusões

didáticas do estudo. Não existe o “RIMA” sem o desenvolvimento do “EPIA”. Este último tem

respaldo constitucional (art. 225, §1, IV, CF). O empreendedor ficará responsável por todos os

custos relativos à realização do “EPIA/RIMA”. Quem elaborará o “EPIA/RIMA” será uma equipe

técnica multidisciplinar, que não é órgão do Estado (responsabilidade penal da equipe está

estampada no artigo 69-A da lei 9605/98). Realizado esse estudo pelo órgão multidisciplinar

será vistoriado pelo Estado. Essa equipe será paga pelo empreendedor e, nunca pelo órgão

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ambiental. O rol do artigo 02 da resolução n. 01/86 do CONAMA é exemplificativo, haja vista

que a resolução é de 86 e, de lá pra cá, já surgiram novas atividades que causam significativas

degradações ambientais que, porém, não estão elencadas naquele rol.

Nesses casos (EPIA/RIMA), será realizada uma audiência pública. Não há audiência pública no

licenciamento ambiental. Os legitimados para requererem a realização dessa audiência pública

são: órgão ambiental; Ministério Público; entidade de sociedade civil; e 50 ou mais cidadãos.

Essa audiência publica é requisito formal essencial, ou seja, uma vez solicitada, tem que ser

realizada, sob pena de restar maculado o licenciamento ambiental concedido.

Pode ser realizada mais de uma audiência pública, a qual tem por finalidade ouvir a população.

No caso da situação (ii), faz-se necessário ao empreendedor proceder ao licenciamento

ambiental ordinário – resolução 237/97 do CONAMA. Nesse caso, o empreendedor busca a

concessão de três licenças, que são: (a) licença prévia; (b) licença de instalação; (c) licença de

operação. Essa ordem de licenças é obrigatória. A licença prévia (LP) tem o condão de aprovar

a localização do projeto (em consonância ao plano direito de zoneamento urbano) e, atestar a

viabilidade ambiental (tem obrigatoriamente que ter certidão da prefeitura municipal). A

licença de instalação (LI) concede ao empreendedor a autorização para início das construções,

das edificações de seu estabelecimento. A licença de operação (LO) concede ao empreendedor

a autorização para funcionamento do seu estabelecimento. Todas as licenças acima apontadas

possuem prazo máximo de validade. A LP tem prazo máximo de 05 anos; a LI não pode ser

superior a 06 anos; e, a LO, tem prazo mínimo de 04 e máximo de 10 anos. Se perder o prazo de

qualquer das licenças, inicia-se esse prazo novamente. Findo o prazo da licença de operação,

pede-se a sua renovação, com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias antes de

expirar a licença de operação.

OBS: A aprovação do EPIA/RIMA significa dizer que o empreendedor conseguiu a licença prévia

e, em seguida, o empreendedor buscará a concessão das demais licenças.

A competência para requerer o licenciamento ambiental será regida da seguinte forma:

1. Competências do órgão ambiental federal (IBAMA) – quando se procura o IBAMA para

pedir licenciamento ambiental

i. Impacto nacional – quando a atividade desenvolvida pelo empreendedor for praticada

no Brasil e em outro país. Todavia, ainda que somente praticada no Brasil e, sentidos os

impactos dessa atividade no país vizinho, será o IBAMA responsável pela concessão da licença.

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ii. Impacto regional – atividade desenvolvida em dois ou mais estados brasileiros. Ex:

transposição do rio São Francisco.

iii. Áreas indígenas – se as atividades desenvolvidas pelo empreendedor atingir áreas

indígenas. Nesse caso, a FUNAI participará do licenciamento.

iv. Empreendimentos militares – nesse caso, haverá apoio das forças armadas no

licenciamento.

v. Atividades nucleares – aqui, a CNEM (comissão nuclear) participa do licenciamento.

vi. Unidade de conservação federal – nesse caso, participa do licenciamento o instituto

Chico Mendes.

vii. Plataforma continental no mar territorial e, na zona econômica exclusiva – o IBAMA

que irá licenciar no pré sal.

2. Competências do órgão Estadual para licenciamento:

a. Duas ou mais cidades – quando a atividade desenvolvida afeta território de duas ou

mais cidades em um mesmo estado.

b. Área do artigo 02 da lei 4.771/65 {código florestal} (APP – área de preservação

permanente);

c. Unidade de conservação Estadual;

d. Através de convênio ou outro instrumento administrativo – dessa forma, a União

transfere a competência do licenciamento para o órgão ambiental estadual.

Com relação ao município, que, por sinal, pode licenciar, o órgão ambiental municipal será o

competente para licenciar. Todavia, os efeitos da atividade desenvolvida têm que ficar adstrita

à área do município. Se ultrapassar os limites municipais, invadindo área de outra cidade, a

competência para licenciar será estadual.

Responsabilidade civil em matéria ambiental

Artigo 225, §3, CF – responsabilidade pode ser civil, penal e administrativa.

A responsabilidade é objetiva, ou seja, sem a verificação de culpa (art. 14, §1 da lei 6938/81).

1. Dano ambiental – classificações

a. Dano ambiental em sentido amplo – quando o ilícito ambiental praticado afeta ao

meio ambiente por um todo, afeta toda a população. Ex: navio em santos que derrama

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petróleo. Nesse caso, polui-se todo um meio ambiente, tanto fauna quanto flora, ocasionado

problemas à toda a população.

b. Dano ambiental individual ou reflexo – quando o ilícito ambiental praticado afeta

apenas “parte” do meio ambiente, prejudicando apenas alguns interesses particulares. EX:

exemplo do navio, que contamina um rio, o qual serve de abastecimento a uma plantação de

uma pessoa.

c. Dano patrimonial – é a perda ou deterioração dos bens da vítima – dano físico.

d. Dano extrapatrimonial, também chamado de dano moral ambiental – é a redução da

qualidade de vida do meio direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

2. Reparação do dano ambiental , a qual pode ocorrer por meio de duas formas e, por

ordem obrigatória devem ser seguidas essas duas modalidade (primeiro “a”, depois “b”).

a. Reparação “in specie” ou “in natura” – implica que onde ocorreu o dano ele deverá ser

reparado. A reparação deverá ser integral.

b. Indenização pecuniária – se a reparação integral do meio ambiente não puder ser

integral.

A ação de reparação de danos ambientais é imprescritível, em decorrência do princípio da

solidariedade intergeracional (ou seja, meio ambiente é para o presente, mas também para o

futuro). Não vamos confundir a esfera administrativa e esfera penal, as quais têm prazo

prescricional para a ação de reparação de danos competente.

Responsabilidade administrativa

1. Art. 70 a 76 da lei 9608/98

2. Quem pode lavrar o auto de infração? Esse auto de infração será lavrado pelos fiscais

dos órgãos e entes do SISNAMA e, os agentes da capitania dos portos.

3. Processo administrativo ambiental

a. 20 dias para a defesa / impugnação - Quando multado, o infrator terá 20 dias,

contados a partir da lavratura do auto para apresentar defesa ou impugnação.

b. 30 dias para autoridade julgar – esse prazo contar-se-á a partir da lavratura do auto.

Todavia, se expirado esse prazo, não há qualquer sanção à autoridade.

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c. 20 dias para recorrer – proferida a decisão da autoridade, terá o infrator esse prazo

para recorrer. A última instância para recorrer é o CONAMA e, dentro desse órgão, é a Câmara

Especial Recursal (última instância em grau administrativo para julgar as multas

administrativas aplicadas pelos fiscais do IBAMA, ou seja, perdeu nessa câmara, não da mais

para recorrer).

d. 05 dias para o pagamento – após o transito em julgado do processo administrativo,

terá esse prazo para pagamentos, contados a partir da ciência da decisão final. A multa poderá

ser fixada entre 50 reais e 50.000.000,00 reais.

Poderá o infrator ao meio ambiente ser multa por fiscais de todos os entes federativos. Nesse

caso, vide artigo 76 da lei.

Responsabilidade penal da pessoa jurídica

Cabe a responsabilidade penal da pessoa jurídica, desde que se cumpram dois requisitos

(requisitos cumulativos):

a. Decisão do representante legal, contratual, ou do colegiado da empresa; nesse caso, a

decisão tomada deverá imputar uma determinação degradadora ao meio ambiente.

b. Que a empresa seja beneficiada por esta decisão;

Na ação penal, é necessário responsabilizar o ente moral (pessoa jurídica) e as pessoas físicas

(autor, co-autor e partícipes).

Unidade de conservação

1. Lei 9.985/00

2. Existem dois grupos de unidades de conservação, que são:

a. Unidades de proteção integral (preservação da natureza, permitindo-se apenas o uso

direto), a qual possui cinco espécies:

i. Estação ecológica;

ii. Reserva biológica;

iii. Porque nacional;

iv. Monumento natural;

v. Refúgio de vida silvestre;

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b. Unidades de uso sustentável - Consistem na compatibilização as atividades econômicas

com a proteção ao meio ambiente.

Subdivide em:

i. Área de proteção ambiental;

ii. área de relevante interesse ecológico;

iii. floresta nacional;

iv. reserva extrativista;

v. Reserva de fauna;

vi. Reserva do desenvolvimento sustentável;

vii. Reserva particular do patrimônio natural;

As unidades de conservação são criadas por atos do poder público (pode ser por decreto),

precedido de estudos técnicos e consulta pública. A consulta pública não é necessária na

criação de uma estação ecológica em uma reserva biológica.

Para promover a desafetação (reduzir) de uma unidade de conservação deverá ser realizada

por meio de lei – artigo 225, §1, III, CF.