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7/21/2019 Direito Ambiental. Aula 01 a 05. http://slidepdf.com/reader/full/direito-ambiental-aula-01-a-05 1/43  www.cers.com.br  DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL 2014 Direito Ambiental Frederico Amado 1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: DIREITO AMBIENTAL 2014 Prof. Frederico Amado www.fredericoamado.com.br REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: www.fredericoamado.com.br SITE ESPECIALIZADO EM DIREITO AMBIENTAL E PREVIDENCIÁRIO PARA CONCURSOS MEIO AMBIENTE NORMATIZAÇÃO BÁSICA Artigos 20, 21, 22, 23, 24, 30, 170, 215, 216, 216-A e 225 da Constituição Federal de 1988; • Lei 6.938/1981 (Política Nacional do Meio Ambiente); • Lei 12.651, de 25.05.2012 (novo Código Florestal) alterada pela Lei 12.727/2012; • Lei 9.433/1997 (Política Nacional de Recursos Hídricos); Lei 9.605/1998 (Crimes e Infrações Ambientais); • Lei 9.985/2000 (Sistema Nacional das Unidades de Conservação); • • Lei 11.284/2006 (Gestão de Florestas Públicas); • Lei 10.650/2003 (informações em órgãos ambientais); Lei Complementar 140/11 (competências materiais ambientais entre as pessoas políticas); Resolução 237/1997-CONAMA (Licenciamento Ambiental); • Resolução 01/1986-CONAMA (EIA-RIMA); • Resolução 09/1987-CONAMA (audiência pública em EIA-RIMA). MEIO AMBIENTE Artigo 3º, I, da Lei 6.938/81, “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. MODALIDADES: natural, cultural, artificial e do trabalho. DIREITO AMBIENTAL Ramo do direito composto por princípios e regras que regulam as condutas humanas que afetem, potencial ou efetivamente, direta ou indiretamente, o meio-ambiente, quer o natural, o cultural, o do trabalho ou o artificial. COMPETÊNCIAS MATERIAIS AMBIENTAIS COMUNS “Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...] III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural; [...]

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www.fredericoamado.com.brSITE ESPECIALIZADO EM DIREITO

AMBIENTAL E PREVIDENCIÁRIO PARACONCURSOS

MEIO AMBIENTENORMATIZAÇÃO BÁSICA

Artigos 20, 21, 22, 23, 24, 30, 170, 215, 216,216-A e 225 da Constituição Federal de 1988;

• Lei 6.938/1981 (Política Nacional do MeioAmbiente);

• Lei 12.651, de 25.05.2012 (novo CódigoFlorestal) alterada pela Lei 12.727/2012;• Lei 9.433/1997 (Política Nacional de Recursos

Hídricos);• Lei 9.605/1998 (Crimes e InfraçõesAmbientais);• Lei 9.985/2000 (Sistema Nacional dasUnidades de Conservação);• • Lei 11.284/2006 (Gestão de FlorestasPúblicas);• Lei 10.650/2003 (informações em órgãosambientais);Lei Complementar 140/11 (competênciasmateriais ambientais entre as pessoaspolíticas);

• Resolução 237/1997-CONAMA(Licenciamento Ambiental);• Resolução 01/1986-CONAMA (EIA-RIMA);• Resolução 09/1987-CONAMA (audiênciapública em EIA-RIMA).

MEIO AMBIENTE

Artigo 3º, I, da Lei 6.938/81, “o conjunto decondições, leis, influências e interações deordem física, química e biológica, que permite,abriga e rege a vida em todas as suas formas”.MODALIDADES: natural, cultural, artificial e dotrabalho.

DIREITO AMBIENTAL

Ramo do direito composto por princípios eregras que regulam as condutas humanas queafetem, potencial ou efetivamente, direta ouindiretamente, o meio-ambiente, quer o natural,o cultural, o do trabalho ou o artificial.

COMPETÊNCIAS MATERIAIS AMBIENTAISCOMUNS“Art. 23. É competência comum da União, dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios:[...]III – proteger os documentos, as obras e outrosbens de valor histórico, artístico e cultural, osmonumentos, as paisagens naturais notáveis eos sítios arqueológicos;IV - impedir a evasão, a destruição e adescaracterização de obras de arte e de outros

bens de valor histórico, artístico e cultural;[...]

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VI – proteger o meio ambiente e combater apoluição em qualquer de suas formas;VII – preservar as florestas, a fauna e a flora;

[...]XI – registrar, acompanhar e fiscalizar asconcessões de direitos de pesquisa eexploração de recursos hídricos e minerais emseus territórios”.Parágrafo único. Leis complementares fixarãonormas para a cooperação entre a União e osEstados, o Distrito Federal e os Municípios,tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimentoe do bem-estar em âmbito nacional.

LEI COMPLEMENTAR 140/2011

Art. 3o  Constituem objetivos fundamentais daUnião, dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicípios, no exercício da competênciacomum a que se refere esta Lei Complementar:I - proteger, defender e conservar o meioambiente ecologicamente equilibrado,promovendo gestão descentralizada,democrática e eficiente;II - garantir o equilíbrio do desenvolvimentosocioeconômico com a proteção do meioambiente, observando a dignidade da pessoahumana, a erradicação da pobreza e a reduçãodas desigualdades sociais e regionais;III - harmonizar as políticas e açõesadministrativas para evitar a sobreposição deatuação entre os entes federativos, de forma aevitar conflitos de atribuições e garantir umaatuação administrativa eficiente;IV - garantir a uniformidade da políticaambiental para todo o País, respeitadas aspeculiaridades regionais e locais.Art. 4o  Os entes federativos podem valer-se,

entre outros, dos seguintes instrumentos decooperação institucional:I - consórcios públicos, nos termos dalegislação em vigor;II - convênios, acordos de cooperação técnicae outros instrumentos similares com órgãos eentidades do Poder Público, respeitado o art.241 da Constituição Federal (Art. 241. A União,os Estados,o Distrito Federal e os Municípios disciplinarãopor meio de lei os consórcios públicos e osconvênios de cooperação entre os entes

federados, autorizando a gestão associada deserviços públicos, bem como a transferênciatotal ou parcial de encargos, serviços, pessoal

e bens essenciais à continuidade dos serviçostransferidos);III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões

Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite doDistrito Federal;§ 2o  A Comissão Tripartite Nacional seráformada, paritariamente, por representantesdos Poderes Executivos da União, dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios,com o objetivo de fomentar a gestão ambientalcompartilhada e descentralizada entre os entesfederativos.§ 3o As Comissões Tripartites Estaduais serãoformadas, paritariamente, por representantesdos Poderes Executivos da União, dos Estados

e dos Municípios, com o objetivo de fomentar agestão ambiental compartilhada edescentralizada entre os entes federativos.

§ 4o  A Comissão Bipartite do Distrito Federalserá formada, paritariamente, porrepresentantes dos Poderes Executivos daUnião e do Distrito Federal, com o objetivo defomentar a gestão ambiental compartilhada edescentralizada entre esses entes federativos.IV - fundos públicos e privados e outrosinstrumentos econômicos;V - delegação de atribuições de um entefederativo a outro, respeitados os requisitosprevistos nesta Lei Complementar;VI - delegação da execução de açõesadministrativas de um ente federativo a outro,respeitados os requisitos previstos nesta LeiComplementar.Art. 5o  O ente federativo poderá delegar,mediante convênio, a execução de açõesadministrativas a ele atribuídas nesta LeiComplementar, desde que o ente destinatário

da delegação disponha de órgão ambientalcapacitado a executar as ações administrativasa serem delegadas e de conselho de meioambiente.Parágrafo único. Considera-se órgão ambientalcapacitado, para os efeitos do disposto nocaput, aquele que possui técnicos próprios ouem consórcio, devidamente habilitados e emnúmero compatível com a demanda das açõesadministrativas a serem delegadas.

COMPETÊNCIAS MATERIAIS AMBIENTAIS

EXCLUSIVAS DA UNIÃO“Art. 21. Compete à União:[...]

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IX - elaborar e executar planos nacionais eregionais de ordenação do território e dedesenvolvimento econômico e social;

[...]XIX - instituir sistema nacional degerenciamento de recursos hídricos e definircritérios de outorga de direitos de seu uso;XX - instituir diretrizes para o desenvolvimentourbano, inclusive habitação, saneamentobásico e transportes urbanos;

[...]XXIII - explorar os serviços e instalaçõesnucleares de qualquer natureza e exercermonopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, oenriquecimento e reprocessamento, a

industrialização e o comércio de minériosnucleares e seus derivados, atendidos osseguintes princípios e condições:a) toda atividade nuclear em território nacionalsomente será admitida para fins pacíficos emediante aprovação do Congresso Nacional;b) sob regime de permissão, são autorizadas acomercialização e a utilização de radioisótopospara a pesquisa e usos médicos, agrícolas eindustriais;c) sob regime de permissão, são autorizadas aprodução, comercialização e utilização deradioisótopos de meia-vida igual ou inferior aduas horas;d) a responsabilidade civil por danos nuclearesindepende da existência de culpa;”

COMPETÊNCIAS MATERIAIS AMBIENTAISMUNICÍPIOS

Art. 30. Compete aos Municípios:VIII - promover, no que couber, adequadoordenamento territorial, mediante planejamento

e controle do uso, do parcelamento e daocupação do solo urbano;IX - promover a proteção do patrimôniohistórico-cultural local, observada a legislaçãoe a ação fiscalizadora federal e estadual.

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVASAMBIENTAIS

CONCORRENTES“Art. 24. Compete à União, aos Estados e aoDistrito Federal legislar concorrentemente

sobre:VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservaçãoda natureza, defesa do solo e dos recursos

naturais, proteção do meio ambiente e controleda poluição;

VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural,artístico, turístico e paisagístico;VIII – responsabilidade por dano ao meioambiente, ao consumidor, a bens e direitos devalor artístico, estético, histórico, turístico epaisagístico”.§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, acompetência da União limitar-se-á aestabelecer normas gerais.§ 2º - A competência da União para legislarsobre normas gerais não exclui a competênciasuplementar dos Estados.

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normasgerais, os Estados exercerão a competêncialegislativa plena, para atender a suaspeculiaridades.§ 4º - A superveniência de lei federal sobrenormas gerais suspende a eficácia da leiestadual, no que lhe for contrário.STF = “o espaço de possibilidade deregramento pela legislação estadual, em casosde competência concorrente abre-se: (1) todavez que não haja legislação federal, quandoentão, mesmo sobre princípios gerais, poderá alegislação estadual dispor; e (2) quando,existente legislação federal que fixe osprincípios gerais, caiba complementação ousuplementação para o preenchimento delacunas, para aquilo que não corresponda àgeneralidade; ou ainda, para a definição depeculiaridades regionais”. ADI/MC 2.396, de26.09.2001.

Para o STF, o meio ambiente do trabalho estáfora da competência legislativa concorrente: “o

gênero ‘meio ambiente’, em relação ao qual éviável a competência em concurso da União,dos Estados e do Distrito Federal, a teor dodisposto no artigo 24, inciso VI, da ConstituiçãoFederal, não abrange o ambiente de trabalho,muito menos a ponto de chegar-se àfiscalização do local por autoridade estadual,com imposição de multa. Suspensão daeficácia da Lei 2.702, de 1997, do Estado doRio de Janeiro”. ADI/MC 1.893, de18.12.1998.

Art. 30. Compete aos Municípios:I - legislar sobre assuntos de interesse local;

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II - suplementar a legislação federal e aestadual no que couber;STJ - “a teor dos disposto nos arts. 24 e 30 da

Constituição Federal, aos Municípios, noâmbito do exercício da competência legislativa,cumpre a observância das normas editadaspela União e pelos Estados, como asreferentes à proteção das paisagens naturaisnotáveis e ao meio ambiente, não podendocontrariá-las, mas tão somente legislar emcircunstâncias remanescentes” (AR 756, 1ªSeção, de 27/02/2008).

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVASPRIVATIVAS DA UNIÃO

Art. 22. Compete privativamente à Uniãolegislar sobre:IV - águas, energia, informática,telecomunicações e radiodifusão;XII - jazidas, minas, outros recursos minerais emetalurgia;XXVI - atividades nucleares de qualquernatureza;Parágrafo único. Lei complementar poderáautorizar os Estados a legislar sobre questõesespecíficas das matérias relacionadas nesteartigo.STF: “Energia nuclear. Competência legislativada União. Artigo 22, XXVI, da ConstituiçãoFederal. É inconstitucional norma estadual quedispõe sobre atividades relacionadas ao setornuclear no âmbito regional, por violação dacompetência da União para legislar sobreatividades nucleares, na qual se inclui acompetência para fiscalizar a execução dessasatividades e legislar sobre a referidafiscalização. Ação direta julgada procedente.”

ADI 1.575, de 07.04.2010.INEXISTÊNCIA DO DIREITO ADQUIRIDO DEPOLUIDOR/NÃO INCIDÊNCIA DA TEORIADO FATO CONSUMADO AO MEIOAMBIENTE/POSIÇÃO DO STJ E STF.

STJ: “inexiste direito adquirido a poluir oudegradar o meio ambiente. O tempo é incapazde curar ilegalidades ambientais de naturezapermanente, pois parte dos sujeitos tutelados –as gerações futuras – carece de voz e de

representantes que falem ou se omitam em seunome”. Passagem do REsp 948.921, de23.10.2007.

Ainda de acordo com a Corte Superior “em

tema de direito ambiental, não se cogita emdireito adquirido à devastação, nem se admitea incidência da teoria do fato consumado”(REsp 1394025, de 08/10/2013).STF, julgamento do RE 609.748 AgR/RJ, de23.08.2011:“Agravo regimental no Recurso Extraordinário.Direito ambiental. Mandado de segurança.Ausência de licença ambiental. Matériainfraconstitucional. Reexame de fatos e provas.Inaplicabilidade da teoria do fato consumado.3. A teoria do fato consumado não pode ser

invocada para conceder direito inexistente soba alegação de consolidação da situação fáticapelo decurso do tempo. Esse é o entendimentoconsolidado por ambas as turmas destaSuprema Corte

HERMENÊUTICA AMBIENTAL/IN DUBIOPRO NATURA/POSIÇÃO DO STJ

STJ: “as normas ambientais devem atenderaos fins sociais a que se destinam, ou seja,necessária a interpretação e a integração deacordo com o princípio hermenêutico in dubiopro natura” (REsp 1.367.923, de 27/08/2013).De acordo com o STJ, no julgamento doRecurso Especial 1198727, de 14/08/2012, “alegislação de amparo dos sujeitos vulneráveise dos interesses difusos e coletivos deve serinterpretada da maneira que lhes seja maisfavorável e melhor possa viabilizar, no plano daeficácia, a prestação jurisdicional e a ratioessendi   da norma. A hermenêutica jurídico-ambiental rege-se pelo princípio in dubio pro

natura ”.PRINCÍPIOS AMBIENTAIS

Lei 11.428/2006 , que regula o Bioma MataAtlântica : função socioambiental dapropriedade, da equidade intergeracional, daprevenção, da precaução, do usuário-pagador,da transparência das informações e atos, dagestão democrática, da celeridadeprocedimental, da gratuidade dos serviçosadministrativos prestados ao pequeno produtor

rural e às populações tradicionais e do respeitoao direito de propriedade.

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Uma série de princípios ambientais vem listadano artigo 3.º, da Lei 12.187/2009, que aprovoua Política Nacional sobre Mudança do Clima :

princípios da precaução, da prevenção, daparticipação cidadã, do desenvolvimentosustentável e das responsabilidades comuns,porém diferenciadas, este último, no âmbitointernacional.Posteriormente, o artigo 6.º, da Lei12.305/2010, que instituiu a Política Nacionalde Resíduos Sólidos, previu os seguintesprincípios ambientais: prevenção, precaução,poluidor-pagador, protetor-recebedor, a visãosistêmica (na gestão dos resíduos sólidos, queconsidere as variáveis ambiental, social,

cultural, econômica, tecnológica e de saúdepública), desenvolvimento sustentável,ecoeficiência (mediante a compatibilizaçãoentre o fornecimento, a preços competitivos, debens e serviços qualificados que satisfaçam asnecessidades humanas e tragam qualidade devida e a redução do impacto ambiental e doconsumo de recursos naturais a um nível, nomínimo, equivalente à capacidade desustentação estimada do planeta), entre outros.PREVENÇÃO (risco certo, conhecido – certezacientífica)

PRECAUÇÃO (risco incerto – dúvida científica– in dubio pro natura ou salute);É previsto na Declaração do Rio (ECO/1992),no Princípio 15, litteris :

“De modo a proteger o meio ambiente, oprincípio da precaução deve ser amplamenteobservado pelos Estados, de acordo com suascapacidades. Quando houver ameaça dedanos sérios ou irreversíveis, a ausência de

absoluta certeza científica não deve serutilizada como razão para postergar medidaseficazes e economicamente viáveis paraprecaver a degradação ambiental”.Medidas da precaução:

PROPORCIONALIDADE;COERÊNCIA;PRECARIEDADE.

De grande felicidade é a afirmação de JEAN-MARC LAVIEILLE, brilhantemente citado por

PAULO AFFONSO LEME MACHADO (2009, p.78), para quem “o princípio da precauçãoconsiste em dizer que não somente somos

responsáveis sobre o que nós sabemos, sobreo que nós deveríamos ter sabido, mas,também, sobre o de que nós deveríamos

duvidar”.É com base no princípio da precaução queparte da doutrina sustenta a possibilidade deinversão do ônus da prova nas demandasambientais, carreando ao réu (supostopoluidor) a obrigação de provar que a suaatividade não é perigosa nem poluidora, emque pese inexistir regra expressa nessesentido, ao contrário do que acontece noDireito do Consumidor. Inclusive, esta tese foirecepcionada pelo STJ no segundo semestrede 2009 (REsp 972.902-RS, Rel. Min. Eliana

Calmon, j. 25.08.2009).Conforme a jurisprudência do STJ, “em matériade meio ambiente vigora o princípio daprecaução. Esse princípio deve ser observadopela Administração Pública, e também pelosempreendedores. A segurança dosinvestimentos constitui, também eprincipalmente, responsabilidade de quem osfaz.À luz desse pressuposto, surpreende naespécie a circunstância de queempreendimento de tamanho vulto tenha sidoiniciado, e continuado, sem que seusresponsáveis tenham se munido da cautela deconsultar o órgão federal incumbido depreservar o meio ambiente a respeito de suaviabilidade” (Corte Especial, AgRg na SLS1564, de 16/05/2012).

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL;

Princípio 04 da Declaração do Rio: “Para sealcançar um desenvolvimento sustentável, a

proteção ambiental deve constituir parteintegrante do processo de desenvolvimento enão pode ser considerada separadamente”Segundo a União Internacional para aConservação da Natureza, em Cuidando doPlaneta Terra : uma estratégia para o futuro davida, são princípios da vida sustentável:

“1) Respeitar e cuidar da comunidade dosseres vivos;2) Melhorar a qualidade da vida humana;3) Conservar a vitalidade e a diversidade do

planeta;4) Minimizar o esgotamento de recursos nãorenováveis;

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5) Permanecer nos limites da capacidade desuporte do planeta Terra;6) Modificar atitudes e práticas pessoais;

7) Permitir que as comunidades cuidem de seupróprio meio ambiente;8) Gerar uma estrutura nacional para aintegração de desenvolvimento e conservação;9) Construir uma aliança global”.

POLUIDOR-PAGADOR OURESPONSABILIDADE;

Inclusive, o mesmo consta na Declaração doRio de 1992, no Princípio 16: “Tendo em vistaque o poluidor deve, em princípio, arcar com o

custo decorrente da poluição, as autoridadesnacionais devem procurar promover ainternalização dos custos ambientais e o usode instrumentos econômicos, levando nadevida conta o interesse público, sem distorcero comércio e os investimentos internacionais”.“Pacífica a jurisprudência do STJ de que, nostermos do art. 14, § 1.°, da Lei 6.938/1981, odegradador, em decorrência do princípio dopoluidor-pagador, previsto no art. 4.°, VII(primeira parte), do mesmo estatuto, éobrigado, independentemente da existência deculpa, a reparar – por óbvio que às suasexpensas – todos os danos que cause ao meioambiente e a terceiros afetados por suaatividade, sendo prescindível perquirir acercado elemento subjetivo, o que,consequentemente, torna irrelevante eventualboa ou má-fé para fins de acertamento danatureza, conteúdo e extensão dos deveres derestauração do status quo  ante ecológico e deindenização” (passagem do REsp 769.753, de08.09.2009).

USUÁRIO-PAGADOR;

Saliente-se que é um dos objetivos da PolíticaNacional do Meio Ambiente “a imposição, aopoluidor e ao predador, da obrigação derecuperar e/ou indenizar os danos causados e,ao usuário, da contribuição pela utilização derecursos ambientais com fins econômicos”, nosmoldes do inciso VII, do artigo 4.º, da Lei6.938/1981.

PROTETOR-RECEBEDOR;

Em concretização ao Princípio do Protetor-recebedor, o artigo 41 do novo Código Florestalbrasileiro previu o programa de apoio e

incentivo à preservação e recuperação do meioambiente, com a possibilidade de pagamentoou incentivo a serviços ambientais comoretribuição, monetária ou não, às atividades deconservação e melhoria dos ecossistemas eque gerem serviços ambientais, tais como,isolada ou cumulativamente:“a) o sequestro, a conservação, a manutençãoe o aumento do estoque e a diminuição dofluxo de carbono;b) a conservação da beleza cênica natural;c) a conservação da biodiversidade;

d) a conservação das águas e dos serviçoshídricos;e) a regulação do clima;f) a valorização cultural e do conhecimentotradicional ecossistêmico;g) a conservação e o melhoramento do solo;h) a manutenção de Áreas de PreservaçãoPermanente, de Reserva Legal e de usorestrito.”Por meio da edição do Decreto 45.113/2009, oEstado de Minas Gerais criou o ProgramaBolsa-Verde, em que o Poder Público estadualpaga um incentivo financeiro aos proprietáriosque prestam serviços ambientais, consistenteem uma bolsa que variará entre R$ 110,00 eR$ 300,00 por hectare preservado de reservalegal ou área de preservação permanente,sendo um emblemático caso de incidência doPrincípio do Protetor-Recebedor.Outro excelente exemplo de aplicabilidade doPrincípio do Protetor-recebedor vem do Estadodo Amazonas, com a criação do ProgramaBolsa Floresta, pela Lei Estadual 3.135/2007,

que instituiu a Política Estadual sobreMudanças dos Climas.

COOPERAÇÃO ENTRE OS POVOS;SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL OUEQUIDADE;NATUREZA PÚBLICA DA PROTEÇÃOAMBIENTAL;

PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA OU CIDADÃ;A Declaração do Rio de 1992 seguiu essatendência ao cristalizá-lo no Princípio 10:

“A melhor maneira de tratar questõesambientais é assegurar a participação, no nível

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apropriado, de todos os cidadãos interessados.No nível nacional, cada indivíduo deve teracesso adequado a informações relativas ao

meio ambiente de que disponham autoridadespúblicas, inclusive informações sobre materiaise atividades perigosas em suas comunidades,bem como a oportunidade de participar emprocessos de tomada de decisões. Os Estadosdevem facilitar e estimular a conscientização ea participação pública, colocando a informaçãoà disposição de todos. Deve ser propiciadoacesso efetivo a mecanismos judiciais eadministrativos, inclusive no que diz respeito àcompensação e reparação de danos”.

FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DAPROPRIEDADE (ecologização dapropriedade);Para o STJ, “inexiste direito ilimitado ouabsoluto de utilização das potencialidadeseconômicas de imóvel, pois antes até ‘dapromulgação da Constituição vigente, olegislador já cuidava de impor algumasrestrições ao uso da propriedade com o escopode preservar o meio ambiente’ (EREsp628.588/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, PrimeiraSeção, DJe 9.2.2009), tarefa essa que, noregime constitucional de 1988, fundamenta-sena função ecológica do domínio e posse (REsp1.240.122, de 28/06/2011).artigo 1.228, § 1.º, do Código Civil“o direito de propriedade deve ser exercitadoem consonância com as suas finalidadeseconômicas e sociais e de modo que sejampreservados, de conformidade com oestabelecido em lei especial, a flora, a fauna,as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e opatrimônio histórico e artístico, bem como

evitada a poluição do ar e das águas”INFORMAÇÃO;

“qualquer indivíduo, independentemente dacomprovação de interesse específico, teráacesso às informações de que trata esta Lei,mediante requerimento escrito, no qualassumirá a obrigação de não utilizar asinformações colhidas para fins comerciais, sobas penas da lei civil, penal, de direito autoral ede propriedade industrial, assim como de citar

as fontes, caso, por qualquer meio, venha adivulgar os aludidos dados”.Artigo 2.º, § 1.º, da Lei 10.650/2003.

LIMITE OU CONTROLE - Cuida-se do deverestatal de editar e efetivar normas jurídicas que

instituam padrões máximos de poluição, a fimde mantê-la dentro de bons níveis para nãoafetar o equilíbrio ambiental e a saúde pública.

RESPONSABILIDADE COMUM, MASDIFERENCIADA (INTERNACIONAL);DO DIREITO AO MEIO AMBIENTEECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO;DIREITO À SADIA QUALIDADE DE VIDA;

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambienteecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidadede vida, impondo-se ao Poder Público e àcoletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações

PROIBIÇÃO DO RETROCESSOECOLÓGICO;

recurso especial 302.906, de 26.08.2010“[...] O exercício do ius variandi , para flexibilizarrestrições urbanístico-ambientais contratuais,haverá de respeitar o ato jurídico perfeito e olicenciamento do empreendimento,pressuposto geral que, no Direito Urbanístico,como no Direito Ambiental, é decorrência dacrescente escassez de espaços verdes edilapidação da qualidade de vida nas cidades.Por isso mesmo, submete-se ao princípio danão regressão (ou, por outra terminologia,princípio da proibição de retrocesso), garantiade que os avanços urbanístico-ambientaisconquistados no passado não serão diluídos,destruídos ou negados pela geração atual ou

pelas seguintes [...]”.MÍNIMO EXISTENCIAL ECOLÓGICO.

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ESISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTEArt. 1º Na execução da Política Nacional doMeio Ambiente cumpre ao Poder Público, nosseus diferentes níveis de governo:I - manter a fiscalização permanente dosrecursos ambientais, visando àcompatibilização do desenvolvimento

econômico com a proteção do meio ambiente edo equilíbrio ecológico;

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II - proteger as áreas representativas deecossistemas mediante a implantação deunidades de conservação e preservação

ecológica;III - manter, através de órgãos especializadosda Administração Pública, o controlepermanente das atividades potencial ouefetivamente poluidoras, de modo acompatibilizá-las com os critérios vigentes deproteção ambiental;IV - incentivar o estudo e a pesquisa detecnologias para o uso racional e a proteçãodos recursos ambientais, utilizando nessesentido os planos e programas regionais ousetoriais de desenvolvimento industrial e

agrícola;V - implantar, nas áreas críticas de poluição,um sistema permanente de acompanhamentodos índices locais de qualidade ambiental;VI - identificar e informar, aos órgãos eentidades do Sistema Nacional do MeioAmbiente, a existência de áreas degradadas ouameaçadas de degradação, propondo medidaspara sua recuperação; eVII - orientar a educação, em todos os níveis,para a participação ativa do cidadão e dacomunidade na defesa do meio ambiente,cuidando para que os currículos escolares dasdiversas matérias obrigatórias contemplem oestudo da ecologia.A educação ambiental talvez seja a saída parao futuro equacionamento da questão ambiental,tendo a Lei 9.795/1999 instituído a PolíticaNacional de Educação Ambiental – PNEA,sendo definida como o processo por meio doqual o indivíduo e a coletividade constroemvalores sociais, conhecimentos, habilidades,atitudes e competências voltadas para a

conservação do meio ambiente. De acordo com o art. 225, § 1º, inciso VI, daConstituição, para efetivar o direitofundamental ao meio ambiente ecologicamenteequilibrado, incumbe ao Poder Públicopromover a educação ambiental em todos osníveis de ensino e a conscientização públicapara a preservação do meio ambiente.Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambientetem por objetivo a preservação, melhoria erecuperação da qualidade ambiental propícia àvida, visando assegurar, no País, condições ao

desenvolvimento sócio-econômico, aosinteresses da segurança nacional e à proteção

da dignidade da vida humana, atendidos osseguintes princípios:I - ação governamental na manutenção do

equilíbrio ecológico, considerando o meioambiente como um patrimônio público a sernecessariamente assegurado e protegido,tendo em vista o uso coletivo;II - racionalização do uso do solo, do subsolo,da água e do ar;III - planejamento e fiscalização do uso dosrecursos ambientais;IV - proteção dos ecossistemas, com apreservação de áreas representativas;V - controle e zoneamento das atividadespotencial ou efetivamente poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa detecnologias orientadas para o uso racional e aproteção dos recursos ambientais;VII - acompanhamento do estado da qualidadeambiental;VIII - recuperação de áreas degradadas;IX - proteção de áreas ameaçadas dedegradação;X - educação ambiental a todos os níveis deensino, inclusive a educação da comunidade,objetivando capacitá-la para participação ativana defesa do meio ambiente.Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambientevisará:I - à compatibilização do desenvolvimentoeconômico-social com a preservação daqualidade do meio ambiente e do equilíbrioecológico;II - à definição de áreas prioritárias de açãogovernamental relativa à qualidade e aoequilíbrio ecológico, atendendo aos interessesda União, dos Estados, do Distrito Federal, dosTerritórios e dos Municípios;

III - ao estabelecimento de critérios e padrõesde qualidade ambiental e de normas relativasao uso e manejo de recursos ambientais;IV - ao desenvolvimento de pesquisas e detecnologias nacionais orientadas para o usoracional de recursos ambientais;V - à difusão de tecnologias de manejo do meioambiente, à divulgação de dados einformações ambientais e à formação de umaconsciência pública sobre a necessidade depreservação da qualidade ambiental e doequilíbrio ecológico;

VI - à preservação e restauração dos recursosambientais com vistas à sua utilização racionale disponibilidade permanente, concorrendo

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para a manutenção do equilíbrio ecológicopropício à vida;VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da

obrigação de recuperar e/ou indenizar osdanos causados e, ao usuário, da contribuiçãopela utilização de recursos ambientais com finseconômicos.Art 6º - Os órgãos e entidades da União, dosEstados, do Distrito Federal, dos Territórios edos Municípios, bem como as fundaçõesinstituídas pelo Poder Público, responsáveispela proteção e melhoria da qualidadeambiental, constituirão o Sistema Nacional doMeio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado:I - órgão superior: o Conselho de Governo, com

a função de assessorar o Presidente daRepública na formulação da política nacional enas diretrizes governamentais para o meioambiente e os recursos ambientais;II - órgão consultivo e deliberativo: o ConselhoNacional do Meio Ambiente (CONAMA), com afinalidade de assessorar, estudar e propor aoConselho de Governo, diretrizes de políticasgovernamentais para o meio ambiente e osrecursos naturais e deliberar, no âmbito de suacompetência, sobre normas e padrõescompatíveis com o meio ambienteecologicamente equilibrado e essencial à sadiaqualidade de vida;

III - órgão central: a “Secretaria do MeioAmbiente da Presidência da República”, com afinalidade de planejar, coordenar, supervisionare controlar, como órgão federal, a políticanacional e as diretrizes governamentais fixadaspara o meio ambiente;IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis - IBAMA e o Instituto Chico

Mendes de Conservação da Biodiversidade -Instituto Chico Mendes, com a finalidade deexecutar e fazer executar a política e asdiretrizes governamentais fixadas para o meioambiente, de acordo com as respectivascompetências; (Redação dada pela Lei nº12.856, de 2013) V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidadesestaduais responsáveis pela execução deprogramas, projetos e pelo controle efiscalização de atividades capazes de provocara degradação ambiental;

VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidadesmunicipais, responsáveis pelo controle e

fiscalização dessas atividades, nas suasrespectivas jurisdições;

COMPETÊNCIAS DO CONAMA – ART. 8 ºArt. 8º Compete ao CONAMA:

I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA,normas e critérios para o licenciamento deatividades efetiva ou potencialmentepoluídoras, a ser concedido pelos Estados esupervisionado pelo IBAMA;II - determinar, quando julgar necessário, arealização de estudos das alternativas e daspossíveis conseqüências ambientais deprojetos públicos ou privados, requisitando aos

órgãos federais, estaduais e municipais, bemassim a entidades privadas, as informaçõesindispensáveis para apreciação dos estudos deimpacto ambiental, e respectivos relatórios, nocaso de obras ou atividades de significativadegradação ambiental, especialmente nasáreas consideradas patrimônio nacional.

COMPETÊNCIAS DO CONAMA

III- Revogado (Lei 11941/09);IV - homologar acordos visando àtransformação de penalidades pecuniárias naobrigação de executar medidas de interessepara a proteção ambiental;V - determinar, mediante representação doIBAMA, a perda ou restrição de benefíciosfiscais concedidos pelo Poder Público, emcaráter geral ou condicional, e a perda oususpensão de participação em linhas defiananciamento em estabelecimentos oficiaisde crédito;

COMPETÊNCIAS DO CONAMAVI - estabelecer, privativamente, normas epadrões nacionais de controle da poluição porveículos automotores, aeronaves eembarcações, mediante audiência dosMinistérios competentes;VII - estabelecer normas, critérios e padrõesrelativos ao controle e à manutenção daqualidade do meio ambiente com vistas ao usoracional dos recursos ambientais,principalmente os hídricos.

INSTRUMENTOS - PNMAArt 9º - São instrumentos da Política Nacionaldo Meio Ambiente:

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I - o estabelecimento de padrões de qualidadeambiental;É possível definir os padrões de qualidade

ambiental como o reflexo do estado ambientalde determinado ou determinados recursosambientais, usualmente fixados numericamenteem normas ambientais lastreadas emfundamentos técnicos, com o objetivo demanter o equilíbrio ambiental e a saúdehumana.II - o zoneamento ambiental (Decreto4.297/02);Artigo 2.º, do Decreto 4.297/2002 - Instrumentode organização do território a serobrigatoriamente seguido na implantação de

planos, obras e atividades públicas e privadas,estabelecendo medidas e padrões de proteçãoambiental destinados a assegurar a qualidadeambiental, dos recursos hídricos e do solo e aconservação da biodiversidade, garantindo odesenvolvimento sustentável e a melhoria dascondições de vida da população .

De acordo com o artigo 3.º do regulamento, oZEE tem por objetivo geral organizar, de formavinculada, as decisões dos agentes públicos eprivados quanto a planos, programas, projetose atividades que, direta ou indiretamente,utilizem recursos naturais, assegurando aplena manutenção do capital e dos serviçosambientais dos ecossistemas.Lei Complementar 140/2011Competirá à União, na forma do seu artigo 7º,inciso IX, elaborar o zoneamento ambiental deâmbito nacional e regional. Já aos estadosterão a incumbência de elaborar o zoneamentoambiental de âmbito estadual, emconformidade com os zoneamentos de âmbito

nacional e regional.Contudo, inexiste previsão expressa na LC140/2011 para que os municípios promovamzoneamentos ambientais locais, sendo apenaselencada a competência de elaborar o PlanoDiretor, observando os zoneamentosambientais (artigo 9º, inciso IX)III - a avaliação de impactos ambientais;IV - o licenciamento e a revisão de atividadesefetiva ou potencialmente poluidoras;V - os incentivos à produção e instalação deequipamentos e a criação ou absorção de

tecnologia, voltados para a melhoria daqualidade ambiental;

INSTRUMENTOS - PNMAVI - a criação de espaços territoriaisespecialmente protegidos pelo Poder Público

federal, estadual e municipal, tais como áreasde proteção ambiental, de relevante interesseecológico e reservas extrativistas;VII - o sistema nacional de informações sobre omeio ambiente;

NOVO CFLO - Art. 29. É criado o CadastroAmbiental Rural - CAR, no âmbito do SistemaNacional de Informação sobre Meio Ambiente -SINIMA, registro público eletrônico de âmbitonacional, obrigatório para todos os imóveisrurais, com a finalidade de integrar as

informações ambientais das propriedades eposses rurais, compondo base de dados paracontrole, monitoramento, planejamentoambiental e econômico e combate aodesmatamento.VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividadese Instrumentos de Defesa Ambiental;Art. 17. Fica instituído, sob a administração doInstituto Brasileiro do Meio Ambiente eRecursos Naturais Renováveis - IBAMA:I - Cadastro Técnico Federal de Atividades eInstrumentos de Defesa Ambiental, pararegistro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a consultoria técnicasobre problemas ecológicos e ambientais e àindústria e comércio de equipamentos,aparelhos e instrumentos destinados aocontrole de atividades efetiva oupotencialmente poluidoras;

INSTRUMENTOS – PNMA

IX - as penalidades disciplinares ou

compensatórias ao não cumprimento dasmedidas necessárias à preservação oucorreção da degradação ambiental.X - a instituição do Relatório de Qualidade doMeio Ambiente, a ser divulgado anualmentepelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente eRecursos Naturais Renováveis - IBAMA;XI - a garantia da prestação de informaçõesrelativas ao Meio Ambiente, obrigando-se oPoder Público a produzi-las, quandoinexistentes;INSTRUMENTOS - PNMA

XII - o Cadastro Técnico Federal de atividadespotencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dosrecursos ambientais.

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Art. 17. Fica instituído, sob a administração doInstituto Brasileiro do Meio Ambiente eRecursos Naturais Renováveis - IBAMA:

II - Cadastro Técnico Federal de AtividadesPotencialmente Poluidoras ou Utilizadoras deRecursos Ambientais, para registro obrigatóriode pessoas físicas ou jurídicas que se dedicama atividades potencialmente poluidoras e/ou àextração, produção, transporte ecomercialização de produtos potencialmenteperigosos ao meio ambiente, assim como deprodutos e subprodutos da fauna e flora.XIII - instrumentos econômicos, comoconcessão florestal, servidão ambiental, seguroambiental e outros.

Art. 9o-A. O proprietário ou possuidor deimóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, porinstrumento público ou particular ou por termoadministrativo firmado perante órgão integrantedo Sisnama, limitar o uso de toda a suapropriedade ou de parte dela para preservar,conservar ou recuperar os recursos ambientaisexistentes, instituindo servidão ambiental.(Redação dada pela Lei nº 12.651, de 2012). § 2o  A servidão ambiental não se aplica àsÁreas de Preservação Permanente e àReserva Legal mínima exigida.§ 3o  A restrição ao uso ou à exploração davegetação da área sob servidão ambientaldeve ser, no mínimo, a mesma estabelecidapara a Reserva Legal.§ 5o Na hipótese de compensação de ReservaLegal, a servidão ambiental deve ser averbadana matrícula de todos os imóveis envolvidos.§ 6o É vedada, durante o prazo de vigência daservidão ambiental, a alteração da destinaçãoda área, nos casos de transmissão do imóvel aqualquer título, de desmembramento ou de

retificação dos limites do imóvel.§ 7o  As áreas que tenham sido instituídas naforma de servidão florestal, nos termos do art.44-A da Lei no  4.771, de 15 de setembro de1965, passam a ser consideradas, pelo efeitodesta Lei, como de servidão ambientalArt. 9o-B. A servidão ambiental poderá seronerosa ou gratuita, temporária ou perpétua.

§ 1o  O prazo mínimo da servidão ambientaltemporária é de 15 (quinze) anos.§ 2o  A servidão ambiental perpétua equivale,

para fins creditícios, tributários e de acesso aosrecursos de fundos públicos, à ReservaParticular do Patrimônio Natural - RPPN,

definida no art. 21 da Lei no  9.985, de 18 de julho de 2000.§ 3o  O detentor da servidão ambiental poderá

aliená-la, cedê-la ou transferi-la, total ouparcialmente, por prazo determinado ou emcaráter definitivo, em favor de outro proprietárioou de entidade pública ou privada que tenha aconservação ambiental como fim social.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

LICENÇA AMBIENTAL

“ Ato administrativo pelo qual o órgão ambientalcompetente estabelece as condições,

restrições e medidas de controle ambiental quedeverão ser obedecidas pelo empreendedor,pessoa física ou jurídica, para localizar,instalar, ampliar e operar empreendimentos ouatividades utilizadoras dos recursos ambientaisconsideradas efetiva ou potencialmentepoluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma,possam causar degradação ambiental” (artigo1º, inciso II, da Resolução CONAMA 237/97).

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

“Procedimento administrativo pelo qual o órgãoambiental competente licencia a localização,instalação, ampliação e a operação deempreendimentos e atividades utilizadoras derecursos ambientais, consideradas efetiva oupotencialmente poluidoras ou daquelas que,sob qualquer forma, possam causardegradação ambiental, considerando asdisposições legais e regulamentares e asnormas técnicas aplicáveis ao caso” (artigo 1º,inciso I, da Resolução CONAMA 237/97).

LC 140/2011Art. 2o  Para os fins desta Lei Complementar,consideram-se:I - licenciamento ambiental: o procedimentoadministrativo destinado a licenciar atividadesou empreendimentos utilizadores de recursosambientais, efetiva ou potencialmentepoluidores ou capazes, sob qualquer forma, decausar degradação ambiental;

LICENCIAMENTO E PODER DE POLÍCIAAMBIENTAL

Art. 17. Compete ao órgão responsável pelolicenciamento ou autorização, conforme o caso,

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de um empreendimento ou atividade, lavrarauto de infração ambiental e instaurar processoadministrativo para a apuração de infrações à

legislação ambiental cometidas peloempreendimento ou atividade licenciada ouautorizada.§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada,ao constatar infração ambiental decorrente deempreendimento ou atividade utilizadores derecursos ambientais, efetiva ou potencialmentepoluidores, pode dirigir representação ao órgãoa que se refere o caput, para efeito doexercício de seu poder de polícia.§ 2o  Nos casos de iminência ou ocorrência dedegradação da qualidade ambiental, o ente

federativo que tiver conhecimento do fatodeverá determinar medidas para evitá-la, fazercessá-la ou mitigá-la, comunicandoimediatamente ao órgão competente para asprovidências cabíveis.§ 3o  O disposto no caput  deste artigo nãoimpede o exercício pelos entes federativos daatribuição comum de fiscalização daconformidade de empreendimentos eatividades efetiva ou potencialmente poluidoresou utilizadores de recursos naturais com alegislação ambiental em vigor, prevalecendo oauto de infração ambiental lavrado por órgãoque detenha a atribuição de licenciamento ouautorização a que se refere o caput.STJ - 3. O pacto federativo atribuiucompetência aos quatro entes da federaçãopara proteger o meio ambiente através dafiscalização.4. A competência constitucional para fiscalizaré comum aos órgãos do meio ambiente dasdiversas esferas da federação, inclusive oartigo 76 da Lei Federal n. 9.605/1998 prevê a

possibilidade de atuação concomitante dosintegrantes do SISNAMA.5. Atividade desenvolvida com risco de danoambiental a bem da União pode ser fiscalizadapelo IBAMA, ainda que a competência paralicenciar seja de outro ente federado. Agravoregimental provido” (AgRg no REsp711.405/PR, de 28.04.2009).TCFA – Taxa de Controle e FiscalizaçãoAmbiental – Lei 6.938/81, artigo 17-B.Art. 17-B. Fica instituída a Taxa de Controle eFiscalização Ambiental – TCFA, cujo fato

gerador é o exercício regular do poder depolícia conferido ao Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis

 – IBAMA para controle e fiscalização dasatividades potencialmente poluidoras eutilizadoras de recursos naturais

ESPÉCIES DE LICENÇA AMBIENTALArt. 8º - O Poder Público, no exercício de suacompetência de controle, expedirá as seguinteslicenças:I - Licença Prévia (LP) - concedida na fasepreliminar do planejamento doempreendimento ou atividade aprovando sualocalização e concepção, atestando aviabilidade ambiental e estabelecendo osrequisitos básicos e condicionantes a serematendidos nas próximas fases de suaimplementação;

II - Licença de Instalação (LI) - autoriza  ainstalação do empreendimento ou atividade deacordo com as especificações constantes dosplanos, programas e projetos aprovados,incluindo as medidas de controle ambiental edemais condicionantes, da qual constituemmotivo determinante;III - Licença de Operação (LO) - autoriza  aoperação da atividade ou empreendimento,após a verificação do efetivo cumprimento doque consta das licenças anteriores, com asmedidas de controle ambiental econdicionantes determinados para a operação.Art. 19 – O órgão ambiental competente,mediante decisão motivada, poderá modificaros condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar umalicença expedida, quando ocorrer:I - Violação ou inadequação de quaisquercondicionantes ou normas legais.II - Omissão ou falsa descrição de informaçõesrelevantes que subsidiaram a expedição dalicença.

III - superveniência de graves riscos ambientaise de saúde.A LP tem prazo de validade de até cinco anos,não podendo ter lapso de tempo inferior aonecessário para a elaboração dos programastécnicos, ao passo que a LI não poderá tervalidade superior a seis anos. Já os prazos daLO variarão entre quatro e dez anos, a critériodo órgão ambiental, sendo que a suarenovação deverá ser requerida com aantecedência mínima de cento e vinte dias doseu vencimento, ficando automaticamente

renovada até a manifestação do entelicenciante..

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Lei 6938/81-

Art. 10. A construção, instalação, ampliação efuncionamento de estabelecimentos eatividades utilizadores de recursos ambientais,efetiva ou potencialmente poluidores oucapazes, sob qualquer forma, de causardegradação ambiental dependerão de préviolicenciamento ambiental. (Redação dada pelaLei Complementar nº 140, de 2011) 

DISPENSA DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL – NOVO C. FLORESTAL:

APP/ART. 8º§ 3o  É dispensada a autorização do órgãoambiental competente para a execução, emcaráter de urgência, de atividades desegurança nacional e obras de interesse dadefesa civil destinadas à prevenção emitigação de acidentes em áreas urbanas.LICENCIAMENTO MÚLTIPLO: vedado peloartigo 7º, da Resolução CONAMA 237/97 epelo artigo 13, da LC 140/2011.Art. 7º - Os empreendimentos e atividadesserão licenciados em um único nível decompetência, conforme estabelecido nosartigos anteriores.LC 140/2011Art. 13. Os empreendimentos e atividades sãolicenciados ou autorizados, ambientalmente,por um único ente federativo, em conformidadecom as atribuições estabelecidas nos termosdesta Lei Complementar.§ 1o Os demais entes federativos interessadospodem manifestar-se ao órgão responsávelpela licença ou autorização, de maneira não

vinculante, respeitados os prazos eprocedimentos do licenciamento ambiental.

ARTIGO 14, LC 140/2011:§ 4o A renovação de licenças ambientais deveser requerida com antecedência mínima de 120(cento e vinte) dias da expiração de seu prazode validade, fixado na respectiva licença,ficando este automaticamente prorrogado até amanifestação definitiva do órgão ambientalcompetente.Art. 15. Os entes federativos devem atuar em

caráter supletivo nas ações administrativas delicenciamento e na autorização ambiental, nasseguintes hipóteses:

I - inexistindo órgão ambiental capacitado ouconselho de meio ambiente no Estado ou noDistrito Federal, a União deve desempenhar as

ações administrativas estaduais ou distritais atéa sua criação;II - inexistindo órgão ambiental capacitado ouconselho de meio ambiente no Município, oEstado deve desempenhar as açõesadministrativas municipais até a sua criação; eIII - inexistindo órgão ambiental capacitado ouconselho de meio ambiente no Estado e noMunicípio, a União deve desempenhar asações administrativas até a sua criação em umdaqueles entes federativos.Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos

entes federativos dar-se-á por meio de apoiotécnico, científico, administrativo ou financeiro,sem prejuízo de outras formas de cooperação.Parágrafo único. A ação subsidiária deve sersolicitada pelo ente originariamente detentor daatribuição nos termos desta Lei Complementar.Competências licenciatórias federais

“Art. 7º São ações administrativas da União:

(...)XIV – promover o licenciamento ambiental deempreendimentos e atividades:a) localizados ou desenvolvidos conjuntamenteno Brasil e em país limítrofe;b) localizados ou desenvolvidos no marterritorial, na plataforma continental ou na zonaeconômica exclusiva;c) localizados ou desenvolvidos em terrasindígenas;d) localizados ou desenvolvidos em unidadesde conservação instituídas pela União, excetoem Áreas de Proteção Ambiental – APAs;

e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) oumais Estados;f) de caráter militar, excetuando-se dolicenciamento ambiental, nos termos de ato doPoder Executivo, aqueles previstos no preparoe emprego das Forças Armadas, conformedisposto na Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999;g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir,beneficiar, transportar, armazenar e dispormaterial radioativo, em qualquer estágio, ouque utilizem energia nuclear em qualquer de

suas formas e aplicações, mediante parecer daComissão Nacional de Energia Nuclear –CNEN; ou

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h) que atendam tipologia estabelecida por atodo Poder Executivo, a partir de proposição daComissão Tripartite Nacional, assegurada a

participação de um membro do ConselhoNacional de Meio Ambiente – CONAMA, econsiderados os critérios de porte, potencialpoluidor e natureza da atividade ouempreendimento”;“Art. 9º São ações administrativas dosMunicípios:XIV – observadas as atribuições dos demaisentes federativos previstas nesta LeiComplementar, promover o licenciamentoambiental das atividades ou empreendimentos:a) que causem ou possam causar impacto

ambiental de âmbito local, conforme tipologiadefinida pelos respectivos Conselhos Estaduaisde Meio Ambiente, considerados os critérios deporte, potencial poluidor e natureza daatividade; oub) localizados em unidades de conservaçãoinstituídas pelo Município, exceto em Áreas deProteção Ambiental – APAs”;

“Art. 8º São ações administrativas dos Estados:

(...)

XIV – promover o licenciamento ambiental deatividades ou empreendimentos utilizadores derecursos ambientais, efetiva ou potencialmentepoluidores ou capazes, sob qualquer forma, decausar degradação ambiental, ressalvado odisposto nos arts. 7º e 9º”;Art. 10. São ações administrativas do DistritoFederal as previstas nos arts. 8o e 9o.APA’S - Art. 12. Para fins de licenciamentoambiental de atividades ou empreendimentos

utilizadores de recursos ambientais, efetiva oupotencialmente poluidores ou capazes, sobqualquer forma, de causar degradaçãoambiental, e para autorização de supressão emanejo de vegetação, o critério do entefederativo instituidor da unidade deconservação não será aplicado às Áreas deProteção Ambiental (APAs).Parágrafo único. A definição do ente federativoresponsável pelo licenciamento e autorização aque se refere o caput, no caso das APAs,seguirá os critérios previstos nas alíneas “a”,

“b”, “e”, “f” e “h” do inciso XIV do art. 7o

, noinciso XIV do art. 8o  e na alínea “a”  do incisoXIV do art. 9º. 

Poder judiciário e mérito do licenciamento5. Se não é possível considerar o projeto comoinviável do ponto de vista ambiental, ausente

nesta fase processual qualquer violação denorma constitucional ou legal, potente para odeferimento da cautela pretendida, a opção poresse projeto escapa inteiramente do âmbitodesta Suprema Corte. Dizer sim ou não àtransposição não compete ao Juiz, que selimita a examinar os aspectos normativos, nocaso, para proteger o meio ambiente. 6.Agravos regimentais desprovidos” (ACO-MC-AgR 876, de 19.12.2007).

ESTUDOS AMBIENTAIS

ESTUDOS AMBIENTAIS

“São todos e quaisquer estudos relativos aosaspectos ambientais relacionados àlocalização, instalação, operação e ampliaçãode uma atividade ou empreendimento,apresentado como subsídio para a análise dalicença requerida, tais como: relatórioambiental, plano e projeto de controleambiental, relatório ambiental preliminar,diagnóstico ambiental, plano de manejo, planode recuperação de área degradada e análisepreliminar de risco” (artigo 1º, inciso III, daResolução CONAMA 237/97).EIA - Incumbe ao Poder Público “exigir, naforma da lei, para instalação de obra ouatividade potencialmente causadora designificativa   degradação do meio ambiente,estudo prévio  de impacto ambiental, a que sedará publicidade ” (artigo 225, §1º, IV).A publicidade é mitigada pelo sigilo industrial.EIA-RIMA precede a LP.

EIA-RIMA (significativo impacto ambiental).Hipóteses presumidas. Res. CONAMA 01/86.Rol exemplificati1vo. Artigo 2º:“I – Estradas de rodagem com duas ou maisfaixas de rolamento;II – Ferrovias;III – Portos e terminais de minério, petróleo eprodutos químicos;IV – Aeroportos, conforme definidos pelo inciso1, artigo 48, do Decreto-Lei n.º 32, de 18.11.66;V – Oleodutos, gasodutos, minerodutos,troncos coletores e emissários de esgotos

sanitários;VI – Linhas de transmissão de energia elétrica,acima de 230KV;

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VII – Obras hidráulicas para exploração derecursos hídricos, tais como: barragem parafins hidrelétricos, acima de 10MW, de

saneamento ou de irrigação, abertura decanais para navegação, drenagem e irrigação,retificação de cursos d’água, abertura debarras e embocaduras, transposição de bacias,diques;VIII – Extração de combustível fóssil (petróleo,xisto, carvão);IX – Extração de minério, inclusive os da classeII, definidas no Código de Mineração;X – Aterros sanitários, processamento edestino final de resíduos tóxicos ou perigosos;Xl – Usinas de geração de eletricidade,

qualquer que seja a fonte de energia primária,acima de 10MW;XII – Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos,cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha,extração e cultivo de recursos hídricos);XIII – Distritos industriais e zonas estritamenteindustriais – ZEI;XIV – Exploração econômica de madeira ou delenha, em áreas acima de 100 hectares oumenores, quando atingir áreas significativas emtermos percentuais ou de importância do pontode vista ambiental;XV – Projetos urbanísticos, acima de 100 ha ouem áreas consideradas de relevante interesseambiental a critério da SEMA e dos órgãosmunicipais e estaduais competentes;XVI – Qualquer atividade que utilize carvãovegetal, em quantidade superior a deztoneladas por dia;XVII – Projetos Agropecuários que contemplemáreas acima de 1.000 ha ou menores, nestecaso, quando se tratar de áreas significativas

em termos percentuais ou de importância doponto de vista ambiental, inclusive nas áreasde proteção ambiental;XVIII – Empreendimentos potencialmentelesivos ao patrimônio espeleológico nacional”.Inexiste discricionariedade administrativa nainterpretação concreta de impacto ambientalsignificativo para fins de o ente ambiental exigirou não o EIA-RIMAProponente contrata e paga a equipe técnicamultidisciplinar.RIMA é o documento que conterá as

conclusões do EIA, devendo ser apresentadoem linguagem objetiva e adequada à suacompreensão pela população, inclusive

podendo ter ilustrações, sendo deacessibilidade pública.Conclusões no RIMA. Não vincula o órgão

ambiental.Equipe técnica poderá ser responsabilidadeulterior e solidariamente com o empreendedornas esferas civil, administrativa e criminal pelasinformações apresentadas, nos termos doartigo 11, parágrafo único, da ResoluçãoCONAMA 237/1997.Sinteticamente, o conteúdo mínimo do EIAserá: 1) o diagnóstico ambiental da área deinfluência do projeto; 2) a análise dos impactosambientais e suas alternativas; 3) a definiçãodas medidas mitigadoras dos impactos

negativos; 4) a elaboração do programa deacompanhamento; 5) o monitoramento.

Dispositivo de constituição estadual quesubmeta o RIMA ao crivo da AssembleiaLegislativa viola o Princípio da Separação dosPoderes. STF (ADI 1505).“1. É inconstitucional preceito da Constituiçãodo Estado do Espírito Santo que submete oRelatório de Impacto Ambiental – RIMA – aocrivo de comissão permanente e específica daAssembleia Legislativa. 2. A concessão deautorização para desenvolvimento de atividadepotencialmente danosa ao meio ambienteconsubstancia ato do Poder de Polícia – ato daAdministração Pública – entenda-se ato doPoder Executivo” (ADI 1.505, de 24.11.2004).Saliente-se não ser possível que umaconstituição estadual crie exceção àobrigatoriedade do EIA-RIMA, conforme jádecidiu a Suprema Corte:“Ação direta de inconstitucionalidade. Artigo182, § 3.º, da Constituição do Estado de Santa

Catarina. Estudo de Impacto Ambiental.Contrariedade ao artigo 225, § 1.º, IV, da Cartada República. A norma impugnada, aodispensar a elaboração de Estudo Prévio deImpacto Ambiental no caso de áreas deflorestamento ou reflorestamento para finsempresariais, cria exceção incompatível com odisposto no mencionado inciso IV do § 1.º doartigo 225 da Constituição Federal. Ação julgada procedente, para declarar ainconstitucionalidade do dispositivoconstitucional catarinense sob enfoque” (ADI

1.086, de 10.08.2001).EIA-RIMA: possibilidade de audiência pública,Resolução 09/87 – CONAMA, sob pena de

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NULIDADE. A critério do órgão ambiental, MP,entidade civil ou 50 cidadãos.ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE

PROTEGIDOS PELO PODER PÚBLICOESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTEPROTEGIDOSARTIGO 225, §1º, III, DA CF:III - definir, em todas as unidades daFederação, espaços territoriais e seuscomponentes a serem especialmenteprotegidos, sendo a alteração e a supressãopermitidas somente através de lei, vedadaqualquer utilização que comprometa aintegridade dos atributos que justifiquem suaproteção

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA.MEIO AMBIENTE. DEFESA. ATRIBUIÇÃOCONFERIDA AO PODER PÚBLICO. ARTIGO225, § 1º, III, CB/88. DELIMITAÇÃO DOSESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS.VALIDADE DO DECRETO. SEGURANÇADENEGADA. 1. A Constituição do Brasil atribuiao Poder Público e à coletividade o dever dedefender um meio ambiente ecologicamenteequilibrado. [CB/88, art. 225, §1º, III]. 2. Adelimitação dos espaços territoriais protegidospode ser feita por decreto ou por lei, sendoesta imprescindível apenas quando se trate dealteração ou supressão desses espaços.Precedentes. Segurança denegada paramanter os efeitos do decreto do Presidente daRepública, de 23 de março de 2006 (STF, MS26.064, Plenário, de 17/6/2010).LEI 12651/2012 (NOVO CFLO)• áreas reserva legal;• áreas de preservação permanente;apicuns e salgados;

áreas verdes municipais;áreas de uso restrito;LEI 9985/2000• unidades de conservação;•Novo Código Florestal – Lei 12.651/12,publicada em 28/05/2012. Alterações pela Lei12.727/2012 (conversão da MP 571).O artigo 2º, do novo CFlo, reproduziuliteralmente a redação do artigo 1º, do Códigorevogado, ao prever que “as florestasexistentes no território nacional e as demaisformas de vegetação, reconhecidas de

utilidade às terras que revestem, são bens deinteresse comum a todos os habitantes doPaís, exercendo-se os direitos de propriedade,

com as limitações que a legislação em geral eespecialmente esta Lei estabelecem”, o quereflete a titularidade difusa do direito

fundamental ao meio ambiente ecologicamenteequilibrado, bem de uso comum do povobrasileiro.

Conteúdo do novo CFlo

Art. 1o-A. Esta Lei estabelece normas geraissobre a proteção da vegetação, áreas dePreservação Permanente e as áreas deReserva Legal; a exploração florestal, osuprimento de matéria-prima florestal, ocontrole da origem dos produtos florestais e o

controle e prevenção dos incêndios florestais, eprevê instrumentos econômicos e financeirospara o alcance de seus objetivosPRINCÍPIOSParágrafo único. Tendo como objetivo odesenvolvimento sustentável, esta Lei atenderáaos seguintes princípios:I - afirmação do compromisso soberano doBrasil com a preservação das suas florestas edemais formas de vegetação nativa, bem comoda biodiversidade, do solo, dos recursoshídricos e da integridade do sistema climático,para o bem estar das gerações presentes efuturas;II - reafirmação da importância da funçãoestratégica da atividade agropecuária e dopapel das florestas e demais formas devegetação nativa na sustentabilidade, nocrescimento econômico, na melhoria daqualidade de vida da população brasileira e napresença do País nos mercados nacional einternacional de alimentos e bioenergia;III - ação governamental de proteção e uso

sustentável de florestas, consagrando ocompromisso do País com a compatibilização eharmonização entre o uso produtivo da terra ea preservação da água, do solo e davegetação;IV - responsabilidade comum da União,Estados, Distrito Federal e Municípios, emcolaboração com a sociedade civil, na criaçãode políticas para a preservação e restauraçãoda vegetação nativa e de suas funçõesecológicas e sociais nas áreas urbanas erurais;

V - fomento à pesquisa científica e tecnológicana busca da inovação para o uso sustentáveldo solo e da água, a recuperação e a

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preservação das florestas e demais formas devegetação nativa;VI - criação e mobilização de incentivos

econômicos para fomentar a preservação e arecuperação da vegetação nativa e parapromover o desenvolvimento de atividadesprodutivas sustentáveisEm muitas passagens o novo CFlo adota doisregimes jurídicos: um de tolerância para ascondutas lesivas ao ambiente perpetradas atéo dia 22 de julho de 2008 e outro rígido para osatos praticados a partir dessa data.Isso porque, no dia 23 de julho de 2008, foipublicado o Decreto 6.514, que dispõe sobreas infrações e sanções administrativas ao meio

ambiente, que instituiu uma série de novostipos administrativos para punir os infratores dalegislação ambiental.De sua vez, insta salientar também que o novoCFlo traz várias disposições mais flexíveis emfavor do pequeno proprietário ou possuidorrural (prédio rústico de até 04 módulos fiscais),especialmente no que concerne às áreas depreservação permanente e reserva legal.Em positivação da jurisprudência consolidadado STJ, previu o novo CFlo que “as obrigaçõesprevistas nesta Lei têm natureza real e sãotransmitidas ao sucessor, de qualquernatureza, no caso de transferência de domínioou posse do imóvel rural”. ARTIGO 2º, §2º.Outra inovação do novo CFlo foi a previsão decriação do CAR – Cadastro Ambiental Rural,no âmbito do Sistema Nacional de Informaçãosobre Meio Ambiente, registro públicoeletrônico de âmbito nacional, obrigatório paratodos os imóveis rurais, com a finalidade deintegrar as informações ambientais daspropriedades e posses rurais, compondo base

de dados para controle, monitoramento,planejamento ambiental e econômico ecombate ao desmatamento, devendo ser feito,preferencialmente, no órgão ambientalmunicipal ou estadual. ARTIGO 29Aliás, nos termos do seu artigo 78-A, apóscinco anos da data da publicação novo CFlo,as instituições financeiras só concederãocrédito agrícola, em qualquer de suasmodalidades, para proprietários de imóveisrurais que estejam inscritos no CAR.Também foi prevista a instituição, pelas

entidades políticas, no prazo de 01 ano após apublicação do novo Código Florestal,prorrogável uma vez por igual período, dos

Programas de Regularização Ambiental –PRA’s, que objetivam regularizar os imóveisrurais no que concerne às situações

consolidadas até 22 de julho de 2008 nasáreas de reserva legal e de preservaçãopermanente, cuja assinatura do termo decompromisso repercutirá na esferaadministrativa e criminal com a extinção dapunibilidade, além da civil. ARTIGO 59Outros três programas ambientais ainda foramprevistos no novo CFlo:

A) Programa de Apoio e Incentivo àConservação do Meio Ambiente (artigo 41) – aser instituído pelo Poder Executivo federal,

para adoção de tecnologias e boas práticasque conciliem a produtividade agropecuária eflorestal, com redução dos impactosambientais, como forma de promoção dodesenvolvimento ecologicamente sustentável,observados sempre os critérios deprogressividade;

B) Programa para Conversão da Multa previstano art. 50 do Decreto no 6.514, de 22 de julhode 2008 (artigo 42) - a ser instituído pelo PoderExecutivo federal, destinado aos imóveis rurais,referente a autuações vinculadas adesmatamentos em áreas onde não eravedada a supressão, que foram promovidossem autorização ou licença, em data anterior a22 de julho de 2008;

C) Programa de Apoio Técnico e IncentivosFinanceiros (artigo 58) – a ser instituído peloPoder Público, para atendimento prioritário dospequenos proprietários e possuidores rurais,podendo incluir medidas indutoras e linhas de

financiamento.Recentemente, esta Turma, por relatoria doMinistro Herman Benjamin, firmou oentendimento de que "o novo Código Florestalnão pode retroagir para atingir o ato jurídicoperfeito, direitos ambientais adquiridos e acoisa julgada, tampouco para reduzir de talmodo e sem as necessárias compensaçõesambientais o patamar de proteção deecossistemas frágeis ou espécies ameaçadasde extinção, a ponto de transgredir o limite

constitucional intocável e intransponível da'incumbência' do Estado de garantir apreservação e restauração dos processos

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ecológicos essenciais (art. 225, § 1º, I)."Agravo regimental improvido” (STJ, 2ª Turma,AgRg no AREsp 327.687, de 15/08/2013).

Vale registrar que vários dispositivos da Lei12.651/2012 foram questionados no STF peloProcurador-Geral da República em 21 de janeiro de 2013 através das ADI’s 4.901, 4.902e 4.903, ainda não julgadas.ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTEDe acordo com o artigo 3.º, II, do novo CódigoFlorestal, Área de Preservação Permanente(APP) é a “área protegida, coberta ou não porvegetação nativa, com a função ambiental depreservar os recursos hídricos, a paisagem, a

estabilidade geológica e a biodiversidade,facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, protegero solo e assegurar o bem-estar das populaçõeshumanas.APP’S DO ARTIGO 4º - INCIDÊNCIA EX LEGEAPP’S DO ARTIGO 6º - PRECISAM SERDECLARADAS POR ATO DO PODEREXECUTIVO PARA EXISTIREMHIPÓTESES DO ARTIGO 4º -I) Mata ciliar –São consideradas áreas de preservaçãopermanente as faixas marginais de qualquercurso d’água natural perene e intermitente,excluídos os efêmeros, desde a borda da calhado leito regular , em largura mínima de:

A sua linha inicial de demarcação foi alterada,o que, via transversa, acabou diminuindo o seutamanho.É que o antigo CFlo previa a sua fixação desdeo seu nível mais alto em faixa marginal (nívelalcançado por ocasião da cheia sazonal do

curso d’água perene ou intermitente), ao passoque o novo CFlo pontifica que será desde aborda da calha do leito regular, assim

considerada a calha por onde corremregularmente as águas do curso d’águadurante o ano.

Fonte:http://www.ajbonito.com.br/index.php?idcanal=258 

II) Entorno de lagos e lagoas naturais

Atualmente, consideram-se áreas depreservação permanente as áreas no entorno

dos lagos e lagoas naturais, em faixa comlargura mínima de:

a) 100 metros, em zonas rurais, exceto para ocorpo d’água com até 20 hectares desuperfície, cuja faixa marginal será de 50metros;

b) 30 metros, em zonas urbanas.

http://bonito-ms.net/lagoa-misteriosa-em- jardim-ms-completa-1-ano-de-atividade/

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Por outro lado, nos termos do artigo 4º, §4º, donovo CFlo, fica dispensado o estabelecimentodas faixas de Área de Preservação

Permanente no entorno das acumulaçõesnaturais ou artificiais de água com superfícieinferior a 01 hectare, vedada nova supressãode áreas de vegetação nativa, salvoautorização do órgão ambiental competente doSistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.III) Entorno de reservatórios d’água artificiais,decorrentes de barramento ou represamentode cursos d’água naturais, na faixa definida nalicença ambiental do empreendimento

A faixa da APP no entorno do reservatório

d’água artificial será definida pela licençaambiental, razão pela qual o artigo 4º, inciso III,do novo CFlo, não possui aplicabilidadeimediata total, pois depende da licençaambiental para delimitar a APP.§ 1o  Não será exigida Área de PreservaçãoPermanente no entorno de reservatóriosartificiais de água que não decorram debarramento ou represamento de cursos d’águanaturais§ 4o Nas acumulações naturais ou artificiais deágua com superfície inferior a 1 (um) hectare,fica dispensada a reserva da faixa de proteçãoprevista nos incisos II e III do caput, vedadanova supressão de áreas de vegetação nativa,salvo autorização do órgão ambientalcompetente do Sistema Nacional do MeioAmbiente - SisnamaArt. 5o Na implantação de reservatório d’águaartificial destinado a geração de energia ouabastecimento público, é obrigatória aaquisição, desapropriação ou instituição deservidão administrativa pelo empreendedor das

Áreas de Preservação Permanente criadas emseu entorno, conforme estabelecido nolicenciamento ambiental, observando-se a faixamínima de 30 (trinta) metros e máxima de 100(cem) metros em área rural, e a faixa mínimade 15 (quinze) metros e máxima de 30 (trinta)metros em área urbana§ 1o  Na implantação de reservatórios d’águaartificiais de que trata o caput, oempreendedor, no âmbito do licenciamentoambiental, elaborará Plano Ambiental deConservação e Uso do Entorno do

Reservatório, em conformidade com termo dereferência expedido pelo órgão competente doSistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama,

não podendo o uso exceder a 10% (dez porcento) do total da Área de PreservaçãoPermanente.

IV) Entorno de nascentes e olhos d’água

Considera-se APP as áreas no entorno dasnascentes e dos olhos d’água perenes,qualquer que seja a sua situação topográfica,no raio mínimo de 50 metros.A nascente é o afloramento natural do lençolfreático que apresenta perenidade e dá início aum curso d’água, ao passo que o olho d’água éo afloramento natural do lençol freático, mesmoque intermitente.

Fonte:http://redesulbahia.com.br/informacoes/197-catolicos-promovem-romaria-ecologica-em-itacare-dia-10-de-junho

V) Encostas ou partes destas com declividadeacima de 45º, equivalente a 100% na linha demaior declive

VI) As restingas, como fixadoras de dunas ouestabilizadoras de mangues

A restinga é o depósito arenoso paralelo à linhada costa, de forma geralmente alongada,produzido por processos de sedimentação,onde se encontram diferentes comunidadesque recebem influência marinha, com coberturavegetal em mosaico, encontrada em praias,cordões arenosos, dunas e depressões,apresentando, de acordo com o estágiosucessional, estrato herbáceo, arbustivo e

arbóreo, este último mais interiorizado.

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Fonte:http://meioambiente.culturamix.com/natureza/fotos-da-restinga

VII) Os manguezais, em toda a sua extensão

O manguezal é o ecossistema litorâneo queocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação dasmarés, formado por vasas lodosas recentes ouarenosas, às quais se associa,predominantemente, a vegetação naturalconhecida como mangue, com influênciafluviomarinha, típica de solos limosos deregiões es-tuarinas e com dispersão

descontínua ao longo da costa brasileira, entreos Estados do Amapá e de Santa Catarina.

Fonte:http://www.oktiva.net/oktiva.net/1364/nota/54403 

VIII) Bordas de tabuleiros ou chapadas

Assim como seu verificou na legislaçãoanterior, o novo CFlo considera como APP asbordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha

de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a100 metros em projeções horizontais.Tabuleiro ou chapada é a paisagem de

topografia plana, com declividade médiainferior a dez por cento, aproximadamente seisgraus e superfície superior a dez hectares,terminada de forma abrupta em escarpa,caracterizando-se a chapada por grandessuperfícies a mais de seiscentos metros dealtitude.

IX) Topo de morros, montes, montanhas eserrasApenas a vegetação natural localizada no topode morros, montes, montanhas e serras, comaltura mínima de 100 metros e inclinaçãomédia maior que 25°, as áreas delimitadas apartir da curva de nível correspondente a 2/3da altura mínima da elevação sempre emrelação à base, sendo esta definida pelo planohorizontal determinado por planície ou espelhod’água adjacente ou, nos relevos ondulados,pela cota do ponto de sela mais próximo daelevação, estará situada em APP.

X) Áreas em altitude acima de 1.800m

Consideram-se como APP’s as áreas emaltitude superior a 1.800 metros, qualquer queseja a vegetação, com o objetivo principal depreservar essa fauna e flora tão diferenciadano Brasil por habitar em elevadas altitudes.

XI) VeredasFaixa marginal, em projeção horizontal, comlargura mínima de 50 metros, a partir do limite

do espaço brejoso e encharcado.Vereda é a fitofisionomia de savana,encontrada em solos hidromórficos,

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usualmente com a palmeira arbórea Mauritia flexuosa - buriti emergente, sem formar dossel,em meio a agrupamentos de espécies

arbustivo-herbáceas

Fonte:http://www.panoramio.com/photo/29162211 

APP’S DO ARTIGO 6º, DO NOVO CFLO

Art. 6o  Consideram-se, ainda, de preservaçãopermanente, quando declaradas de interessesocial por ato do Chefe do Poder Executivo, as

áreas cobertas com florestas ou outras formasde vegetação destinadas a uma ou mais dasseguintes finalidades:I - conter a erosão do solo e mitigar riscos deenchentes e deslizamentos de terra e de rocha;II - proteger as restingas ou veredas;III - proteger várzeas;IV - abrigar exemplares da fauna ou da floraameaçados de extinção;V - proteger sítios de excepcional beleza ou devalor científico, cultural ou histórico;VI - formar faixas de proteção ao longo derodovias e ferrovias;VII - assegurar condições de bem-estarpúblico;VIII - auxiliar a defesa do território nacional, acritério das autoridades militares.IX – proteger áreas úmidas, especialmente asde importância internacional.

Seção IIDo Regime de Proteção das Áreas de

Preservação Permanente

Art. 7o  A vegetação situada em Área dePreservação Permanente deverá ser mantida

pelo proprietário da área, possuidor ouocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.

§ 1o

  Tendo ocorrido supressão de vegetaçãosituada em Área de Preservação Permanente,o proprietário da área, possuidor ou ocupante aqualquer título é obrigado a promover arecomposição da vegetação, ressalvados osusos autorizados previstos nesta Lei.§ 2o A obrigação prevista no § 1o tem naturezareal e é transmitida ao sucessor no caso detransferência de domínio ou posse do imóvelrural.§ 3o No caso de supressão não autorizada devegetação realizada após 22 de julho de 2008,

é vedada a concessão de novas autorizaçõesde supressão de vegetação enquanto nãocumpridas as obrigações previstas no § 1o.Art. 8o  A intervenção ou a supressão devegetação nativa em Área de PreservaçãoPermanente somente ocorrerá nas hipótesesde utilidade pública, de interesse social ou debaixo impacto ambiental previstas nesta Lei.§ 1o A supressão de vegetação nativa protetorade nascentes, dunas e restingas somentepoderá ser autorizada em caso de utilidadepública.§ 2o  A intervenção ou a supressão devegetação nativa em Área de PreservaçãoPermanente de que tratam os incisos VI e VIIdo caput  do art. 4o  poderá ser autorizada,excepcionalmente, em locais onde a funçãoecológica do manguezal esteja comprometida,para execução de obras habitacionais e deurbanização, inseridas em projetos deregularização fundiária de interesse social, emáreas urbanas consolidadas ocupadas porpopulação de baixa renda.

§ 3

o

  É dispensada a autorização do órgãoambiental competente para a execução, emcaráter de urgência, de atividades desegurança nacional e obras de interesse dadefesa civil destinadas à prevenção emitigação de acidentes em áreas urbanas.§ 4o Não haverá, em qualquer hipótese, direitoà regularização de futuras intervenções ousupressões de vegetação nativa, além dasprevistas nesta Lei.Art. 9o  É permitido o acesso de pessoas eanimais às Áreas de Preservação Permanente

para obtenção de água e para realização deatividades de baixo impacto ambiental.São hipóteses de utilidade pública:

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a) as atividades de segurança nacional eproteção sanitária;b) as obras de infraestrutura destinadas às

concessões e aos serviços públicos detransporte, sistema viário, inclusive aquelenecessário aos parcelamentos de solo urbanoaprovados pelos Municípios, saneamento,gestão de resíduos, energia,telecomunicações, radiodifusão, instalaçõesnecessárias à realização de competiçõesesportivas estaduais, nacionais ouinternacionais, bem como mineração, exceto,neste último caso, a extração de areia, argila,saibro e cascalho;c) atividades e obras de defesa civil;

d) atividades que comprovadamenteproporcionem melhorias na proteção dasfunções ambientais nas APP’s;e) outras atividades similares devidamentecaracterizadas e motivadas em procedimentoadministrativo próprio, quando inexistiralternativa técnica e locacional ao empreen-dimento proposto, definidas em ato do Chefedo Poder Executivo federal.São casos de interesse social:a) as atividades imprescindíveis à proteção daintegridade da vegetação nativa, tais comoprevenção, combate e controle do fogo,controle da erosão, erradicação de invasoras eproteção de plantios com espécies nativas;b) a exploração agroflorestal sustentávelpraticada na pequena propriedade ou posserural familiar ou por povos e comunidadestradicionais, desde que não descaracterize acobertura vegetal existente e não prejudique afunção ambiental da área;c) a implantação de infraestrutura públicadestinada a esportes, lazer e atividades

educacionais e culturais ao ar livre em áreasurbanas e rurais consolidadas, observadas ascondições estabelecidas no CFlo;d) a regularização fundiária de assentamentoshumanos ocupados predominantemente porpopulação de baixa renda em áreas urbanasconsolidadas, observadas as condiçõesestabelecidas na Lei nº 11.977, de 7 de julhode 2009 (Programa Minha Casa, Minha Vida);e) implantação de instalações necessárias àcaptação e condução de água e de efluentestratados para projetos cujos recursos hídricos

são partes integrantes e essenciais da ati-vidade;

f) as atividades de pesquisa e extração deareia, argila, saibro e cascalho, outorgadaspela autoridade competente;

g) outras atividades similares devidamentecaracterizadas e motivadas em procedimentoadministrativo próprio, quando inexistiralternativa técnica e locacional à atividadeproposta, definidas em ato do Chefe do PoderExecutivo federal;Atividades eventuais ou de baixo impactoambiental:a) abertura de pequenas vias de acesso internoe suas pontes e pontilhões, quandonecessárias à travessia de um curso d’água, aoacesso de pessoas e animais para a obtenção

de água ou à retirada de produtos oriundos dasatividades de manejo agroflorestal sustentável;b) implantação de instalações necessárias àcaptação e condução de água e efluentestratados, desde que comprovada a outorga dodireito de uso da água, quando couber;c) implantação de trilhas para o dd) construção de rampa de lançamento debarcos e pequeno ancoradouro;esenvolvimentodo ecoturismo;e) construção de moradia de agricultoresfamiliares, remanescentes de comunidadesquilombolas e outras populações extrativistas etradicionais em áreas rurais, onde oabastecimento de água se dê pelo esforçopróprio dos moradores;f) construção e manutenção de cercas napropriedade;g) pesquisa científica relativa a recursosambientais, respeitados outros requisitosprevistos na legislação aplicável;h) coleta de produtos não madeireiros para finsde subsistência e produção de mudas, como

sementes, castanhas e frutos, respeitada alegislação específica de acesso a recursosgenéticos;i) plantio de espécies nativas produtoras defrutos, sementes, castanhas e outros produtosvegetais, desde que não implique supressão davegetação existente nem prejudique a funçãoambiental da área; j) exploração agroflorestal e manejo florestalsustentável, comunitário e familiar, incluindo aextração de produtos florestais nãomadeireiros, desde que não descaracteri-zem a

cobertura vegetal nativa existente nemprejudiquem a função ambiental da área;

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k) outras ações ou atividades similares,reconhecidas como eventuais e de baixoimpacto ambiental em ato do Conselho

Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou dosConselhos Estaduais de Meio Ambiente.Ainda é admitido pelo artigo 4º, §5º, do novoCFlo, nas pequenas propriedades ou possesrurais familiares, o plantio de culturastemporárias e sazonais de vazante de ciclocurto na faixa de terra que fica exposta noperíodo de vazante dos rios ou lagos, desdeque não implique supressão de novas áreas devegetação nativa, seja conservada a qualidadeda água e do solo e seja protegida a faunasilvestre.

Artigo 4º, §6ºNas matas ciliares e nas APP’s no entorno delagos e lagoas naturais, o novo CódigoFlorestal permite o desenvolvimento daaquicultura e infraestrutura física diretamente aela associada nos imóveis com até 15 módulosfiscais, desde que:I – sejam adotadas práticas sustentáveis demanejo de solo e água e de recursos hídricos,garantindo sua qualidade e quantidade, deacordo com norma dos Conselhos Estaduaisde Meio Ambiente;II – esteja de acordo com os respectivos planosde bacia ou planos de gestão de recursoshídricos;III – seja realizado o licenciamento pelo órgãoambiental competente;IV – o imóvel esteja inscrito no CadastroAmbiental Rural – CAR;V -  não implique novas supressões devegetação nativa.Áreas consolidadas em APP’s reguladas pelonovo Código Florestal

O tema é tratado no Capítulo XIII, Seção II, donovo Código Florestal, nos artigos 61-A usque  65, tendo sido tomado como marco legaldivisor do regime jurídico o dia 23 de julho de2008.Art. 61-A. Nas Áreas de PreservaçãoPermanente, é autorizada, exclusivamente, acontinuidade das atividades agrossilvipastoris,de ecoturismo e de turismo rural em áreasrurais consolidadas até 22 de julho de 2008.Assegurou-se que, a partir da data dapublicação do novo CFlo (28.05.2012) e até o

término do prazo de adesão ao Programa deRegularização Ambiental (um ano após acriação do referido cadastro), é autorizada a

continuidade das referidas atividadesdesenvolvidas nas APP’s, as quais deverão serinformadas no Cadastro Ambiental Rural, para

fins de monitoramento, sendo exigida a adoçãode medidas de conservação do solo e da água.Em caso de desapropriação de imóvel porutilidade pública ou interesse social, entende-se que a melhor posição é a que exclui daindenização a cobertura florestal em APP, justamente porque a regra é a impossibilidadede supressão vegetal.Nesse sentido, o STJ:“O valor atribuído à cobertura florística,destacado do valor do terreno, deve serexcluído da indenização quando tal cobertura

for insusceptível de exploração econômica,como na hipótese dos autos, uma vez que aárea já havia sido declarada como depreservação permanente em data anterior àcriação do parque nacional que fundamentou opedido indenizatório” (STJ, REsp935.888/2008).Todavia, registre-se que o STF tem inúmeros julgados que decidiram pela indenizabilidadeda vegetação em APP na desapropriação, sobo frágil argumento de que a limitação legal nãoelimina o valor econômico das matasprotegidas.

AI 677647, de 20.05.2008; RE 189779,de 05.04.2005; AI 369469, de 31.08.2004; RE267817, de 25.02.2003.

APICUNS E SALGADOS

Os apicuns e salgados, conquanto nãoprotegidos como APP’s, passaram a ter umregime de exploração condicionada aosditames do Capítulo III-A, do novo CFlo,através do artigo 11-A, prevendo-se o seu uso

ecologicamente sustentável.Os salgados ou marismas tropicais hipersalinossão áreas situadas em regiões com

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frequências de inundações intermediárias entremarés de sizígias e de quadratura, com soloscuja salinidade varia entre 100 e 150 partes por

1.000, onde pode ocorrer a presença devegetação herbácea específica.Já os apicuns são áreas de solos hipersalinossituadas nas regiões entremarés superiores,inundadas apenas pelas marés de sizígias, queapresentam salinidade superior a 150 partespor 1.000, desprovidas de vegetação vascular.É uma espécie de brejo de água salgadapróximo ao mar.apicumArt. 11-A. A Zona Costeira é patrimônionacional, nos termos do § 4o  do art. 225 da

Constituição Federal, devendo sua ocupação eexploração dar-se de modo ecologicamentesustentável.

§ 1o  Os apicuns e salgados podem serutilizados em atividades de carcinicultura esalinas, desde que observados os seguintesrequisitosI - área total ocupada em cada Estado nãosuperior a 10% (dez por cento) dessamodalidade de fitofisionomia no biomaamazônico e a 35% (trinta e cinco por cento)no restante do País, excluídas as ocupaçõesconsolidadas que atendam ao disposto no § 6o deste artigo;II - salvaguarda da absoluta integridade dosmanguezais arbustivos e dos processosecológicos essenciais a eles associados, bemcomo da sua produtividade biológica econdição de berçário de recursos pesqueiros;III - licenciamento da atividade e dasinstalações pelo órgão ambiental estadual,cientificado o Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis- IBAMA e, no caso de uso de terrenos demarinha ou outros bens da União, realizadaregularização prévia da titulação perante aUnião;IV - recolhimento, tratamento e disposiçãoadequados dos efluentes e resíduos;V - garantia da manutenção da qualidade daágua e do solo, respeitadas as Áreas dePreservação Permanente; eVI - respeito às atividades tradicionais desobrevivência das comunidades locais.

§ 2o

  A licença ambiental, na hipótese desteartigo, será de 5 (cinco) anos, renovávelapenas se o empreendedor cumprir as

exigências da legislação ambiental e do própriolicenciamento, mediante comprovação anualinclusive por mídia fotográfica.

§ 3o

  São sujeitos à apresentação de EstudoPrévio de Impacto Ambiental - EPIA e Relatóriode Impacto Ambiental - RIMA os novosempreendimentos:I - com área superior a 50 (cinquenta) hectares,vedada a fragmentação do projeto para ocultarou camuflar seu porte;II - com área de até 50 (cinquenta) hectares, sepotencialmente causadores de significativadegradação do meio ambiente; ouIII - localizados em região com adensamentode empreendimentos de carcinicultura ou

salinas cujo impacto afete áreas comuns§ 4o O órgão licenciador competente, mediantedecisão motivada, poderá, sem prejuízo dassanções administrativas, civis e penaiscabíveis, bem como do dever de recuperar osdanos ambientais causados, alterar ascondicionantes e as medidas de controle eadequação, quando ocorrer:I - descumprimento ou cumprimentoinadequado das condicionantes ou medidas decontrole previstas no licenciamento, oudesobediência às normas aplicáveis;II - fornecimento de informação falsa, dúbia ouenganosa, inclusive por omissão, em qualquerfase do licenciamento ou período de validadeda licença; ou III - superveniência deinformações sobre riscos ao meio ambiente ouà saúde pública.§ 5o  A ampliação da ocupação de apicuns esalgados respeitará o Zoneamento Ecológico-Econômico da Zona Costeira - ZEEZOC, com aindividualização das áreas ainda passíveis deuso, em escala mínima de 1:10.000, que

deverá ser concluído por cada Estado no prazomáximo de 1 (um) ano a partir da data depublicação desta Lei.§ 6o  É assegurada a regularização dasatividades e empreendimentos de carciniculturae salinas cuja ocupação e implantação tenhamocorrido antes de 22 de julho de 2008, desdeque o empreendedor, pessoa física ou jurídica,comprove sua localização em apicum ousalgado e se obrigue, por termo decompromisso, a proteger a integridade dosmanguezais arbustivos adjacentes.

§ 7o

 É vedada a manutenção, licenciamento ouregularização, em qualquer hipótese ou forma,de ocupação ou exploração irregular em

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apicum ou salgado, ressalvadas as exceçõesprevistas neste artigo

ÁREAS DE USO RESTRITO

Art. 10. Nos pantanais e planícies pantaneirasé permitida a exploração ecologicamentesustentável, devendo-se considerar asrecomendações técnicas dos órgãos oficiais depesquisa, ficando novas supressões devegetação nativa para uso alternativo do solocondicionadas à autorização do órgão estadualdo meio ambiente, com base nasrecomendações mencionadas neste artigo.Art. 11. Em áreas de inclinação entre 25° e 45°,

serão permitidos o manejo florestal sustentávele o exercício de atividades agrossilvipastoris,bem como a manutenção da infraestruturafísica associada ao desenvolvimento dasatividades, observadas boas práticasagronômicas, sendo vedada a conversão denovas áreas, excetuadas as hipóteses deutilidade pública e interesse social.RESERVA LEGAL

Artigo 3.º, inciso III, do novo CFlo (Lei12.651/2012): “área localizada no interior deuma propriedade ou posse rural, delimitada nostermos do art. 12, com a função de assegurar ouso econômico de modo sustentável dosrecursos naturais do imóvel rural, auxiliar aconservação e a reabilitação dos processosecológicos e promover a conservação dabiodiversidade, bem como o abrigo e aproteção de fauna silvestre e da flora nativa”.80%, nas áreas de floresta situadas naAmazônia Legal;35%, nas áreas de cerrado situadas na

Amazônia Legal;20% nas áreas de floresta ou vegetação nativaem outras regiões do Brasil.De acordo com o STJ, “pressupostos internosdo direito de propriedade no Brasil, as Áreas dePreservação Permanente e a Reserva Legalvisam a assegurar o mínimo ecológico doimóvel, sob o manto da inafastávelgarantiaconstitucional dos ‘processosecológicos essenciais’ e da ‘diversidadebiológica’. Componentes genéticos einafastáveis, por se fundirem com o texto da

Constituição, exteriorizam-se na forma delimitação administrativa, técnica jurídica deintervenção estatal, em favor do interesse

público, nas atividades humanas, napropriedade e na ordem econômica,com o intuito de discipliná-las, organizá-las,

circunscrevê-las, adequá-las, condicioná-las,controlá-las e fiscalizá-las. Sem configurardesapossamento ou desapropriação indireta, alimitação administrativa opera por meio daimposição de obrigações de não fazer (nonfacere), de fazer (facere) e de suportar (pati), ecaracteriza-se, normalmente, pela generalidadeda previsão primária, interesse público,imperatividade, unilateralidade e gratuidade”(REsp 1.240.122, de 28/06/2011).O proprietário ou possuidor de imóvel comReserva Legal conservada e inscrita no

Cadastro Ambiental Rural, cuja área ultrapasseao mínimo exigido pelo novo CFlo (80%, 35%ou 20%, a depender), poderá utilizar a áreaexcedente para fins de constituição de servidãoambiental e Cota de Reserva Ambiental.A CRA – Cota de Reserva Ambiental, inovaçãodo novo CFlo, é um título nominativorepresentativo de área com vegetação nativa,existente ou em processo de recuperação.Art. 44. É instituída a Cota de ReservaAmbiental - CRA, título nominativorepresentativo de área com vegetação nativa,existente ou em processo de recuperação:I - sob regime de servidão ambiental, instituídana forma do art. 9o-A da Lei no 6.938, de 31 deagosto de 1981; II. Correspondente à área de Reserva Legalinstituída voluntariamente sobre a vegetaçãoque exceder os percentuais mínimos exigidos;III. Protegida na forma de Reserva Particular doPatrimônio Natural (espécie de unidade deconservação a ser estudada);IV. Existente em propriedade rural localizada

no interior de Unidade de Conservação dedomínio público que ainda não tenha sidodesapropriada.Art. 46. Cada CRA corresponderá a 1 (um)hectare:I - de área com vegetação nativa primária oucom vegetação secundária em qualquerestágio de regeneração ou recomposição;II - de áreas de recomposição mediantereflorestamento com espécies nativas.Art. 47. É obrigatório o registro da CRA peloórgão emitente, no prazo de 30 (trinta) dias,

contado da data da sua emissão, em bolsas demercadorias de âmbito nacional ou emsistemas de registro e de liquidação financeira

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de ativos autorizados pelo Banco Central doBrasil.Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa

ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito público ou privado, mediantetermo assinado pelo titular da CRA e peloadquirente.A pequena propriedade ou posse rural familiarterá um tratamento diferenciado. Isso porque aCRA poderá ser expedida em razão davegetação da reserva legal, mesmo que estanão supere aos limites mínimos legais.O titular da CRA terá o direito de utilizá-la paracompensar Reserva Legal de imóvel ruralsituado no mesmo bioma da área à qual o título

está vinculado, na hipótese de não atingir ospercentuais mínimos legais, devendo seraverbada na matrícula do imóvel no qual sesitua a área vinculada ao título e na do imóvelbeneficiário da compensação.Redução da RL

- Nos casos de imóveis rurais localizados naAmazônia Legal, em áreas de floresta, o PoderPúblico poderá reduzir a reserva legal de 80%para até 50%, para fins de recomposição,quando o Município tiver mais de 50% da áreaocupada por unidades de conservação danatureza de domínio público e por terrasindígenas homologadas- Nos casos de imóveis rurais localizados naAmazônia Legal, em áreas de floresta, o PoderPúblico estadual poderá reduzir a reserva legalde 80% para até 50%, ouvido o ConselhoEstadual de Meio Ambiente, quando o Estadotiver Zoneamento Ecológico-Econômicoaprovado e mais de 65% do seu territórioocupado por unidades de conservação da

natureza de domínio público, devidamenteregularizadas, e por terras indígenashomologadas;

- Nos casos de imóveis rurais localizados naAmazônia Legal, em áreas de floresta, o PoderPúblico federal poderá reduzir a reserva legalde 80% para até 50%, quando indicado peloZoneamento Ecológico-econômico estadual,exclusivamente para fins de regularização,mediante recomposição, regeneração oucompensação da Reserva Legal de imóveis

com área rural consolidada, excluídas as áreasprioritárias para conservação da biodiversidadee dos recursos hídricos.

Elevação da RLExcepcionalmente, também será possível aampliação dos percentuais mínimos de reserva

legal em até 50% em qualquer Biomabrasileiro, a critério do Poder Público federal,quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-econômico estadual, para cumprimento demetas nacionais de proteção à biodiversidadeou de redução de emissão de gases de efeitoestufa.

Localização da RL

A reserva legal é criada pelo só efeito do artigo12 do Código Florestal, tendo existência ex

lege . Contudo, evidentemente a sualocalização deverá ser definidacasuisticamente, de acordo com o melhorinteresse ambiental, cabendo ao órgãoestadual integrante do SISNAMA ou instituiçãopor ele habilitada aprovar a localização daReserva Legal após a inclusão do imóvel noCadastro Ambiental Rural.. Deverão ser observados os seguintes critériospara a sua delimitação:

I - o plano de bacia hidrográfica;II - o Zoneamento Ecológico-EconômicoIII - a formação de corredores ecológicos comoutra Reserva Legal, com Área de PreservaçãoPermanente, com Unidade de Conservação oucom outra área legalmente protegida;IV - as áreas de maior importância para aconservação da biodiversidade; eV - as áreas de maior fragilidade ambiental.Insta registrar que, protocolada adocumentação exigida para análise dalocalização da área de Reserva Legal, ao

proprietário ou possuidor rural não poderá serimputada sanção administrativa, inclusiverestrição a direitos, por qualquer órgãoambiental competente integrante do SISNAMA,em razão da não formalização da área deReserva Legal.Agora, por força do artigo 15, do novo CFlo,será admitido o cômputo das Áreas dePreservação Permanente no cálculo dopercentual da Reserva Legal do imóvel, desdeque:I - o benefício previsto neste artigo não

implique a conversão de novas áreas para ouso alternativo do solo (novosdesmatamentos);

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II - a área a ser computada esteja conservadaou em processo de recuperação, conformecomprovação do proprietário ao órgão estadual

integrante do SISNAMA; eIII - o proprietário ou possuidor tenha requeridoinclusão do imóvel no Cadastro AmbientalRural.

Dispensa da RL

O novo Código Florestal também inovou aoprever expressamente a não exigência dareserva legal para determinadosempreendimentos:

A) empreendimentos de abastecimento públicode água e tratamento de esgoto;B) áreas adquiridas ou desapropriadas pordetentor de concessão, permissão ouautorização para exploração de potencial deenergia hidráulica, nas quais funcionemempreendimentos de geração de energiaelétrica, subestações ou sejam instaladaslinhas de transmissão e de distribuição deenergia elétrica;C) áreas adquiridas ou desapropriadas com oobjetivo de implantação e ampliação decapacidade de rodovias e ferrovias.Registro imobiliário e inscrição no CadastroAmbiental Rural

O antigo Código Florestal (Lei 4.771/65) previaque a reserva legal deveria ser sempreregistrada no Cartório de Imóveis medianteaverbação. Entretanto, essa obrigatoriedade foiextinta pelo novo Código Florestal.Com propriedade, foi instituído o dever de oproprietário de registrar a reserva legal no

Cadastro Ambiental Rural no órgão ambientalcompetente, sendo vedada, em regra, aalteração de sua destinação, nos casos detransmissão, a qualquer título, ou dedesmembramento, salvo disposição legal emsentido contrário.Logo, o registro no CAR irá desobrigar oproprietário de averbar a reserva legal noCartório de Registro de Imóveis, sendo maisuma inovação do novo CFlo (18, §4º, novoCFlo).No caso de posse, a área de Reserva Legal é

assegurada por termo de compromisso firmadopelo possuidor com o órgão competente doSISNAMA, com força de título executivo

extrajudicial, que explicite, no mínimo, alocalização da área de Reserva Legal e asobrigações assumidas pelo possuidor, sendo

que a transferência da posse implica a sub-rogação das obrigações assumidas no termode compromisso.Para a pequena propriedade ou posse rural, ainscrição da reserva legal no CAR serágratuita, devendo apresentar os dadosidentificando a área proposta de reserva legal,cabendo o órgão ambiental competente, ouinstituição por ele habilitada, realizar acaptação das respectivas coordenadasgeográficas.Seção II

Do Regime de Proteção da Reserva LegalArt. 17. A Reserva Legal deve ser conservadacom cobertura de vegetação nativa peloproprietário do imóvel rural, possuidor ouocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.§ 1o  Admite-se a exploração econômica daReserva Legal mediante manejo sustentável,previamente aprovado pelo órgão competentedo Sisnama, de acordo com as modalidadesprevistas no art. 20.Considera-se manejo sustentável aadministração da vegetação natural para aobtenção de benefícios econômicos, sociais eambientais, respeitando-se os mecanismos desustentação do ecossistema objeto do manejoe considerando-se, cumulativa oualternativamente, a utilização de múltiplasespécies madeireiras ou não, de múltiplosprodutos e subprodutos da flora, bem como autilização de outros bens e serviços.2o  Para fins de manejo de Reserva Legal napequena propriedade ou posse rural familiar,

os órgãos integrantes do Sisnama deverãoestabelecer procedimentos simplificados deelaboração, análise e aprovação de tais planosde manejo.§ 3o  É obrigatória a suspensão imediata dasatividades em área de Reserva Legaldesmatada irregularmente após 22 de julho de2008§ 4o Sem prejuízo das sanções administrativas,cíveis e penais cabíveis, deverá ser iniciado,nas áreas de que trata o § 3o  deste artigo, oprocesso de recomposição da Reserva Legal

em até 2 (dois) anos contados a partir da datada publicação desta Lei, devendo tal processoser concluído nos prazos estabelecidos pelo

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Programa de Regularização Ambiental - PRA,de que trata o art. 59No caso da reserva legal na pequena

propriedade ou posse rural, poderão sercomputados os plantios de árvores frutíferas,ornamentais ou industriais, compostos porespécies exóticas, cultivadas em sistemaintercalar ou em consórcio com espéciesnativas da região em sistemas agroflorestais.Artigo 54Art. 18. A área de Reserva Legal deverá serregistrada no órgão ambiental competente pormeio de inscrição no CAR de que trata o art.29, sendo vedada a alteração de suadestinação, nos casos de transmissão, a

qualquer título, ou de desmembramento, comas exceções previstas nesta Lei.Art. 19. A inserção do imóvel rural emperímetro urbano definido mediante leimunicipal não desobriga o proprietário ouposseiro da manutenção da área de ReservaLegal, que só será extinta concomitantementeao registro do parcelamento do solo para finsurbanos aprovado segundo a legislaçãoespecífica e consoante as diretrizes do planodiretor de que trata o § 1o  do art. 182 daConstituição Federal. 

INDENIZAÇÃO NA DESAPROPROPRIAÇÃO

“2. A área de reserva legal de que trata o § 2.ºdo artigo 16 do Código Florestal é restriçãoimposta à área suscetível de exploração, demodo que não se inclui na área de preservaçãopermanente. Não se permite o corte raso dacobertura florística nela existente. Assim, essaárea pode ser indenizável, embora em valorinferior ao da área de utilização irrestrita, desde

que exista plano de manejo devidamenteconfirmado pela autoridade competente” (STJ,RESP 867.085/2007).Explorações consolidadas na RLA disciplina de transição das exploraçõesconsolidadas em área de reserva legal éregulada pelos artigos 66, 67, 68 e 69 do novoCódigo Florestal, tendo sido tomado comomarco legal divisor do regime jurídico o dia 23de julho de 2008.ÁREAS verdes urbanas – artigo 25 cfloAs áreas verdes urbanas são definidas no novo

Código Florestal como os espaços, públicos ouprivados, com predomínio de vegetação,preferencialmente nativa, natural ou

recuperada, previstos no Plano Diretor, nasLeis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo doMunicípio, indisponíveis para construção de

moradias, destinados aos propósitos derecreação, lazer, melhoria da qualidadeambiental urbana, proteção dos recursoshídricos, manutenção ou melhoria paisagística,proteção de bens e manifestações culturais.

Deveras, os municípios poderão se valer dosseguintes instrumentos para a criação denovas áreas verdes urbanas:

A) o exercício do direito de preempção paraaquisição de remanescentes florestais

relevantes, conforme dispõe o Estatuto daCidade;B) a transformação das reservas legais emáreas verdes nas expansões urbanas;C) o estabelecimento de exigência de áreasverdes nos loteamentos, empreendimentoscomerciais e na implantação de infraestrutura;D) aplicação em áreas verdes de recursosoriundos da compensação ambiental.

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

“é o espaço territorial e seus recursosambientais, incluindo as águas jurisdicionais,com as características naturais relevantes,legalmente instituído pelo Poder Público, comobjetivos de conservação e limites definidos,sob regime especial de administração, ao qualse aplicam garantias adequadas de proteção”(artigo 2º, da Lei 9.985/2000).SNUCArt. 6o  O SNUC será gerido pelos seguintesórgãos, com as respectivas atribuições:

I – Órgão consultivo e deliberativo: o ConselhoNacional do Meio Ambiente - Conama, com asatribuições de acompanhar a implementaçãodo Sistema;II - Órgão central: o Ministério do MeioAmbiente, com a finalidade de coordenar oSistema; eIII - órgãos executores: o Instituto ChicoMendes e o Ibama, em caráter supletivo, osórgãos estaduais e municipais, com a funçãode implementar o SNUC, subsidiar aspropostas de criação e administrar as unidades

de conservação federais, estaduais emunicipais, nas respectivas esferas de atuação

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GRUPO DE PROTEÇÃO INTEGRAL

Estação ecológica – é a UC que se destina a

preservação da natureza e a realização depesquisas científicas, sendo de propriedadepública, sendo proibida a visitação pública,exceto para fins educativos.

Reserva biológica – é a UC que tem comoobjetivo a preservação integral da biota edemais atributos naturais existentes, sem ainterferência humana direta, sendo depropriedade pública, proibida a visitaçãopública, exceto para fins educativos. Poderáhaver pesquisa científica se autorizada.

Parque nacional – é a UC de propriedadepública que tem o fito de preservarecossistemas naturais de grande relevânciaecológica e beleza cênica, podendo haverpesquisas se autorizadas e turismo ecológico.Monumento natural – é a UC que buscapreservar sítios naturais raros, singulares ou degrande beleza cênica, admitida a visitaçãopública, podendo a área ser pública ouparticular, se compatível.Refúgio da vida silvestre – é a UC que tentapreservar ambientes naturais típicos dereprodução de espécies ou comunidades daflora local e da fauna residente ou migratória,podendo ser constituído por áreas particulares,admitida a visitação pública.

GRUPO DE USO SUSTENTÁVEL

Área de proteção ambiental – é a UC que podeser formada por áreas públicas ou particulares,em geral extensas, com certo grau deocupação humana, com atributos bióticos,

abióticos ou mesmo culturais, visandopromover a diversidade e assegurar asustentabilidade do uso dos recursos.Área de relevante interesse ecológico – é a UCque pode ser formada por áreas públicas ouparticulares, em geral de pouca extensão, compouca ou nenhuma ocupação humana, comcaracterísticas naturais extraordinárias ou queabriga exemplares raros da biota regional,visando manter a manter ecossistemasnaturais de importância regional ou local.Floresta nacional – é a UC de propriedade

pública, composta por uma área coberta devegetação predominantemente nativa, com oobjetivo de manter o uso sustentável dos

recursos e desenvolver a pesquisa científica,sendo permitida a ocupação por populaçõestradicionais.

Reserva Extrativista – é a UC de propriedadepública utilizada pelas populações extrativistastradicionais como condição de sobrevivência,que têm o uso concedido pelo Poder Público,podendo haver agricultura e criação de animaisde pequeno porte, sendo permitida a visitaçãopública e a pesquisa.Reserva da fauna – é a UC de propriedadepública, composta por área natural comanimais nativos, adequada ao estudo científico,ligada ao manejo dos recursos faunísticos,permitida a visitação pública e proibida a caça.

Reserva de desenvolvimento sustentável – é aUC de propriedade pública composta por áreanatural e que abriga populações tradicionais,cuja existência baseia-se em sistemassustentáveis de exploração transmitidos porgerações, protegendo a natureza, permitida avisitação pública e a pesquisa.Reserva particular do patrimônio natural – é aUC de propriedade privada, gravada comperpetuidade, com o objetivo de conservar adiversidade biológica, apenas sendo permitidaa pesquisa e a visitação. Ressalte-se que estamodalidade, apesar de ser formalmenteconsiderada como de USO SUSTENTÁVEL,tem o regime jurídico de proteção integral, poiso inciso III, do §2º, do artigo 21, da Lei 9985/00foi vetado pelo Presidente, e previa oextrativismo na área.

ARTIGO 2º

XVII - plano de manejo: documento técnicomediante o qual, com fundamento nos

objetivos gerais de uma unidade deconservação, se estabelece o seu zoneamentoe as normas que devem presidir o uso da áreae o manejo dos recursos naturais, inclusive aimplantação das estruturas físicas necessáriasà gestão da unidade;XVIII - zona de amortecimento: o entorno deuma unidade de conservação, onde asatividades humanas estão sujeitas a normas erestrições específicas, com o propósito deminimizar os impactos negativos sobre aunidade; e

XIX - corredores ecológicos: porções deecossistemas naturais ou seminaturais, ligandounidades de conservação, que possibilitam

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entre elas o fluxo de genes e o movimento dabiota, facilitando a dispersão de espécies e arecolonização de áreas degradadas, bem como

a manutenção de populações que demandampara sua sobrevivência áreas com extensãomaior do que aquela das unidades individuais.As unidades de conservação poderão sercriadas por ato do Poder Público (lei oudecreto), mas apenas extintas ou reduzidas porlei, nos termos do artigo 225, § 1.º, III, daCRFB.Outrossim, a desafetação de uma unidade deconservação também depende de lei, mesmoque ela tenha sido instituída por decreto,consistindo no ato da Administração Pública

que altera o regime jurídico de um bem público,que passará a integrar a classe dominial.As unidades de conservação poderão sercompostas por áreas públicas ou particulares,a depender da modalidade. Caso o PoderPúblico institua uma UC pública em áreaparticular, salvo se o particular fizer a doaçãodo espaço, será necessária a suadesapropriação, na modalidade utilidadepública, nos termos do Decreto-lei 3.365/1941(artigo 5.º, alínea k ), devendo ser indenizadasem pecúnia a terra nua e a cobertura florísticaexplorável, e não em títulos públicos, pois essaintervenção estatal supressiva da propriedadeé não sancionatória.

Frise-se que o artigo 45, da Lei do SNUC,exclui da indenização as espécies arbóreasdeclaradas imunes ao corte, os lucroscessantes, os juros compostos e as áreas quenão tenham prova inequívoca do domínioanterior à criação da unidade de conservação.A criação de uma unidade de conservação

deverá ser precedida de estudos técnicos e deconsulta pública que permitam identificar alocalização, a dimensão e os limites maisadequados para a unidade, sendo dispensáveleste último requisito para as estaçõesecológicas e reservas biológicas, pois foipresumido legalmente o interesse público.“Quando da edição do Decreto de 27.02.2001,a Lei 9.985/2000 não havia sidoregulamentada. A sua regulamentação só foiimplementada em 22 de agosto de 2002, com aedição do Decreto 4.340/2002. O processo de

criação e ampliação das unidades deconservação deve ser precedido daregulamentação da lei, de estudos técnicos e

de consulta pública. O parecer emitido peloConselho Consultivo do Parque não podesubstituir a consulta exigida na lei. O Conselho

não tem poderes para representar a populaçãolocal. Concedida a segurança, ressalvada apossibilidade da edição de novo decreto” (STF,MS 24.184, de 13.08.2003).A ampliação dos limites territoriais de unidadede conservação também necessita de consultapública e estudos técnicos no que concerne aoacréscimo , conforme ratificado pela SupremaCorte:“Unidade de conservação. Estação ecológica.Ampliação dos limites originais na medida doacréscimo, mediante decreto do Presidente da

República. Inadmissibilidade. Falta de estudostécnicos e de consulta pública. Requisitosprévios não satisfeitos. Nulidade do atopronunciada. Ofensa a direito líquido e certo.Concessão do mandado de segurança.Inteligência do artigo 66, §§ 2.º e 6.º, da Lei9.985/2000. Votos vencidos. A ampliação doslimites de estação ecológica, sem alteraçãodos limites originais, exceto pelo acréscimoproposto, não pode ser feita sem observânciados requisitos prévios de estudos técnicos econsulta pública” (STF, MS 24.665, de1.º.12.2004).De acordo com o STF, “o § 2º do art. 22 da Leinº 9.985/2000 não exige que os estudostécnicos estejam concluídos por ocasião dasconsultas públicas, mas, tão somente, porocasião da criação da própria unidade deconservação” (MS 26189 AgR, de 06/03/2013).Antes da criação de uma UC, será possível ainstituição de limitações administrativasprovisórias durante o trâmite dos estudostécnicos, com prazo de até sete meses,

improrrogável , a fim de proteger cautelarmentea área, se houver risco de dano grave aosrecursos naturais ali existentes, vedado o corteraso da vegetação nativa, salvo atividadesagropecuárias, obras públicas ou outrasatividades econômicas já em desenvolvimentolicenciadas.

Vide artigo 22-A da Lei 9.985/2000.

COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental

de empreendimentos de significativo impactoambiental, assim considerado pelo órgãoambiental competente, com fundamento em

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estudo de impacto ambiental e respectivorelatório - EIA/RIMA, o empreendedor éobrigado a apoiar a implantação e manutenção

de unidade de conservação do Grupo deProteção Integral, de acordo com o dispostoneste artigo e no regulamento desta Lei.§ 1o  O montante de recursos a ser destinadopelo empreendedor para esta finalidade nãopode ser inferior a meio por cento dos custostotais previstos para a implantação doempreendimento, sendo o percentual fixadopelo órgão ambiental licenciador, de acordocom o grau de impacto ambiental causado peloempreendimento.§ 2o  Ao órgão ambiental licenciador compete

definir as unidades de conservação a serembeneficiadas, considerando as propostasapresentadas no EIA/RIMA e ouvido oempreendedor, podendo inclusive sercontemplada a criação de novas unidades deconservação.§ 3o Quando o empreendimento afetar unidadede conservação específica ou sua zona deamortecimento, o licenciamento a que se refereo caput   deste artigo só poderá ser concedidomediante autorização do órgão responsável porsua administração, e a unidade afetada,mesmo que não pertencente ao Grupo deProteção Integral, deverá ser uma dasbeneficiárias da compensação definida nesteartigo.

Natureza jurídica – REPARAÇÃOANTECIPADA DE DANOS AMBIENTAIS.ADI 3378 – 09.04.2008

EMENTA: AÇÃO DIRETA DEINCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS

§§ 1º, 2º E 3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DEJULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADEDA COMPENSAÇÃO DEVIDA PELAIMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DESIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL.INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO §1º DO ART. 36.1. O compartilhamento-compensaçãoambiental de que trata o art. 36 da Lei nº9.985/2000 não ofende o princípio dalegalidade, dado haver sido a própria lei quepreviu o modo de financiamento dos gastos

com as unidades de conservação da natureza.De igual forma, não há violação ao princípio daseparação dos Poderes, por não se tratar de

delegação do Poder Legislativo para oExecutivo impor deveres aos administrados2. Compete ao órgão licenciador fixar o

quantum da compensação, de acordo com acompostura do impacto ambiental a serdimensionado no relatório - EIA/RIMA. 3. O art.36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípiousuário-pagador, este a significar ummecanismo de assunção partilhada daresponsabilidade social pelos custosambientais derivados da atividade econômica.4. Inexistente desrespeito ao postulado darazoabilidade. Compensação ambiental que serevela como instrumento adequado à defesa epreservação do meio ambiente para as

presentes e futuras gerações, não havendooutro meio eficaz para atingir essa finalidadeconstitucional. Medida amplamentecompensada pelos benefícios que sempreresultam de um meio ambiente ecologicamentegarantido em sua higidez.5. Inconstitucionalidade da expressão "nãopode ser inferior a meio por cento dos custostotais previstos para a implantação doempreendimento", no § 1º do art. 36 da Lei nº9.985/2000. O valor da compensação-compartilhamento é de ser fixadoproporcionalmente ao impacto ambiental, apósestudo em que se assegurem o contraditório ea ampla defesa. Prescindibilidade da fixação depercentual sobre os custos doempreendimento. 6. Ação parcialmenteprocedenteCom o advento do novo Código Florestal, osproprietários localizados nas zonas deamortecimento de Unidades de Conservaçãode Proteção Integral são elegíveis para receberapoio técnico-financeiro da compensação

ambiental, com a finalidade de recuperação emanutenção de áreas prioritárias para a gestãoda unidade.Poderá ser cobrada taxa de visitação quandose tratar de unidade de conservação deproteção integral, cujos recursos deverão seraplicados nas áreas (artigo 35 da Lei doSNUC).

GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS

A gestão de florestas públicas abarca:

- concessão florestal,- criação de florestas nacionais, distritais,estaduais e municipais

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- destinação de florestas públicas àscomunidades locais, conforme conteúdo doartigo 4.º, da Lei 11.284/2006, tendo esta

norma sido parcialmente regulamentada pelosDecretos 6.063/2007 e 7.167/2010.O Poder Público poderá exercer a gestão diretadas florestas nacionais, distritais, estaduais emunicipais mediante a celebração de contratos,convênios ou termos de parceria, pelo prazomáximo de 120 dias, observados osprocedimentos licitatórios.Outrossim, caso as florestas públicas estejamocupadas por comunidades locais, deve oPoder Público, antes de abrir edital de licitaçãopara a concessão florestal, instituir reservas

extrativistas e de desenvolvimento sustentável,assim como efetuar a respectiva concessão deuso. Deveras, as populações tradicionaisdevem ser respeitadas, sendo este odesiderato da norma.Concessão florestal - É contrato de concessãooneroso celebrado por entidades políticas compessoas jurídicas, consorciadas ou não,precedido de licitação na modalidadeconcorrência, visando a transferir aoconcessionário o direito de explorar de maneirasustentável os recursos florestais por prazodeterminado. Apenas pessoas jurídicasinstituídas sob as leis brasileiras e com sede eadministração no Brasil poderão celebrar esteajuste.A concessão poderá ser feita para uma florestapública (natural ou plantada, de propriedade daAdministração Direta ou Indireta) ou florestanacional, distrital, estadual ou municipal(unidade de conservação prevista no artigo 17da Lei 9.985/2000), vedada a subconcessão.Observe-se que, em regra, não poderão ser

objeto de concessão florestal as unidades deconservação de proteção integral e quatromodalidades de uso sustentável (reservas dodesenvolvimento sustentável, reservasextrativistas, reservas da fauna e áreas derelevante interesse ecológico), nos termos doartigo 11, III, da Lei 11.284/2006.No entanto, será possível a concessão dessasáreas quando expressamente admitidas norespectivo plano de manejo.LIMITES - A concessão não transferirá atitularidade imobiliária ou direito de preferência

na aquisição, o acesso ao patrimônio genético,o uso dos recursos hídricos e minerais, aexploração da fauna e a comercialização de

créditos decorrentes da emissão evitada decarbono em florestas naturais.LICITAÇÃO - O processo licitatório tem regras

especiais, apenas aplicando-se supletivamentea Lei 8.987/1995 (Lei Geral de Concessões) ea 8.666/1993 (Lei de Licitações e ContratosAdministrativos). Assim, por exemplo, écondição de habilitação a inexistência dedébitos inscritos em Dívida Ativa em órgãos doSISNAMA, bem como a não condenaçãotransitada em julgado em crimes ambientais outributários.É vedada a inexigibilidade de licitação, assimcomo, no julgamento das propostas, serãocombinados os critérios do maior preço

ofertado como pagamento ao poderconcedente e melhor técnica (menor impactoambiental, maiores benefícios sociais diretos,maior eficiência e maior agregação de valor aoproduto ou serviço florestal na região daconcessão), consoante parâmetros editalícios.Outrossim, o edital da licitação deverá serapresentado em audiência pública.PRAZO - Regra geral, o prazo mínimo daconcessão será o equivalente a um ciclo decorte, e o máximo de 40 anos. Caso aconcessão seja de serviços florestais, aexemplo do turismo ou outras ações que nãoenvolvam o consumo de produtos florestais, olapso de tempo será entre 5 e 20 anos.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL - A LicençaPrévia será requerida pelo órgão gestor,mediante a apresentação de relatório ambientalpreliminar ao órgão licenciador, sendo oscustos ulteriormente repassados aoconcessionário.No caso de concessão em floresta nacional,

estadual, distrital ou municipal, a aprovação domanejo substitui a Licença Prévia. Se forsignificativa a degradação ambiental, seráexigido prévio EIA-RIMA. A legislação excluiu aLicença de Instalação, passando-se direto paraa Licença de Operação.Além disso, o início da execução pressupõePMFS – Plano de Manejo Florestal Sustentávelpreviamente aprovado pelo órgão ambientalcompetente, que é uma modalidade de estudoambiental que prima pelo uso sustentável dosrecursos florestais.

Ressalte-se que pelo menos 5% do total daárea concedida (reserva absoluta) deverá serobjeto de conservação da biodiversidade e

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monitoramento, não podendo ser objeto deexploração econômica de qualquer espécie,excluídas as eventuais áreas de preservação

permanente.

AUTORIZAÇÃO DO CONGRESSO ?

Uma questão que vem trazendo polêmica é anecessidade ou não de autorização doCongresso Nacional para a concessão deflorestas públicas com área superior a 2.500hectares, conforme determina o artigo 49, XVII,da CRFB.O Presidente do STF, na STA (suspensão detutela antecipada) 235, cassou a tutela

antecipada concedida pelo TRF da 1.ª Região(Informativo  505), aduzindo que a aquiescênciado Congresso Nacional não é necessária paraa concessão florestal.SFB - O artigo 54, da Lei 11.284/2006, criou oServiço Florestal Brasileiro – SFB, órgãointegrante do Ministério do Meio Ambiente, aquem foi confiada a tarefa de gerir asconcessões florestais na esfera federal.

POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOSHÍDRICOSTITULARIDADE DOMINIAL NO CÓDIGO DEÁGUAS.

De acordo com o Decreto 24.643/1934 (Códigode Águas), conforme a titularidade dapropriedade das águas, existiam ÁGUASPÚBLICAS (dominiais ou de uso comum dopovo, listadas no artigo 2º); ÁGUAS COMUNS  (de domínio público, bens sem dono, decorrentes não navegáveis, nos moldes doartigo 7º) e ÁGUAS PARTICULARES  

(nascentes e todas as águas situadas emterrenos particulares, quando não seenquadrarem como públicas ou comuns, nostermos do artigo 8º).“Art. 20. São bens da União:[...]III – os lagos, rios e quaisquer correntes deágua em terrenos de seu domínio, ou quebanhem mais de um Estado, sirvam de limitescom outros países, ou se estendam a territórioestrangeiro ou dele provenham, bem como osterrenos marginais e as praias fluviais;

VI – o mar territorial;VIII – os potenciais de energia hidráulica;Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:

I – as águas superficiais ou subterrâneas,fluentes, emergentes e em depósito,ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as

decorrentes de obras da União”.

STJ: “4. A água é bem público de uso comum(art. 1.º da Lei n..º 9.433/1997), motivo peloqual é insuscetível de apropriação peloparticular.5. O particular tem, apenas, o direito àexploração das águas subterrâneas medianteautorização do Poder Público, cobrada àdevida contraprestação (arts. 12, II, e 20, daLei n.º 9.433/1997)” (REsp 518.744, de03.02.2004).

Ainda de acordo com o STJ, “hodiernamente, aSegunda Turma, por ocasião do julgamento doResp 508.377/MS, em sessão realizada em23/10/2007, sob a relatoria do eminenteMinistro João Otávio de Noronha e voto-vistado Ministro Herman Benjamin, reviu o seuposicionamento para firmar-se na linha de quea Constituição Federal aboliu expressamente adominialidade privada dos cursos de água,terrenos reservados e terrenos marginais, aotratar do assunto em seu art. 20, inciso III”(passagem do REsp 763.591, de 26/8/2008).

FUNDAMENTOS DA POLÍTICA NACIONALDE RECURSOS HÍDRICOS. A Lei 9.433/97não se limitou a regular o regime jurídico daságuas, indo além ao instituir uma PolíticaNacional de Recursos Hídricos (PNRH), quetem como fundamentos (artigo 1º):“I - a água é um bem de domínio público;II - a água é um recurso natural limitado,dotado de valor econômico;III - em situações de escassez, o uso prioritário

dos recursos hídricos é o consumo humano e adessedentação de animais;IV - a gestão dos recursos hídricos devesempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorialpara implementação da Política Nacional deRecursos Hídricos e atuação do SistemaNacional de Gerenciamento de RecursosHídricos;

A bacia hidrográfica   é a área ondeocorre a drenagem das águas destinadas a um

curso de água, normalmente um grande rio. Ouseja, normalmente vários cursos de águaconvergem para um rio principal, formando

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uma bacia hidrográfica. No Brasil, as principaissão a Amazônica, a Araguaia-Tocantins, a dosrios Paraíba, São Francisco, Paraná, Paraguai,

Paraíba do Sul e Uruguai.VI - a gestão dos recursos hídricos deve serdescentralizada e contar com a participação doPoder Público, dos usuários e dascomunidades.Art. 2º São objetivos da Política Nacional deRecursos Hídricos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações anecessária disponibilidade de água, empadrões de qualidade adequados aosrespectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dosrecursos hídricos, incluindo o transporteaquaviário, com vistas ao desenvolvimentosustentável;III - a prevenção e a defesa contra eventoshidrológicos críticos de origem natural oudecorrentes do uso inadequado dos recursosnaturais.De acordo com o STJ, “a Lei da PolíticaNacional de Recursos Hídricos significounotável avanço na proteção das águas noBrasil e deve ser interpretada segundo seusobjetivos e princípios. Três são os objetivosdorsais da Lei 9.4433/97, todos eles comrepercussão na solução da presente demanda:a preservação da disponibilidade quantitativa equalitativa de água, para as presentes e futurasgerações; a sustentabilidade dos usos da água,admitidos somente os de cunho racional;e a proteção das pessoas e do meio ambientecontra os eventos hidrológicos críticos,desiderato que ganha maior dimensão emépoca de mudanças climáticas. Além disso, a

Lei da Política Nacional de Recursos Hídricosapóia-se em uma série de princípiosfundamentais, cabendo citar, entre os queincidem diretamente no litígio, o princípio dadominialidade pública (a água, dispõe a leiexpressamente, é bem de domínio público), oprincípio da finitude (a água é recurso naturallimitado) e o princípio da gestãodescentralizada e democrática” (REsp 994.120,de 25/08/2009).

Art. 5º São instrumentos da Política Nacionalde Recursos Hídricos:

I - os Planos de Recursos Hídricos;  São planos diretores que visam fundamentar eorientar a implementação da PNRH e o seu

gerenciamento, devendo ser elaborados porbacia hidrográfica, por Estado e nacionalmente.Disciplinarão o regime jurídico da bacia, a

exemplo das prioridades para a outorga, oplanejamento, as metas para racionalização, odiagnóstico atual e futuro etc.II - o enquadramento dos corpos de água emclasses, segundo os usos preponderantes daágua;

Resolução CONAMA 357/05

Visa assegurar águas com qualidadecompatível com os usos mais exigentes, assimcomo diminuir os custos de combate à

poluição, através da adoção de açõespreventivas permanentes.As águas doces, salinas e salobras sãoclassificadas em 13 classes.

III - a outorga dos direitos de uso de recursoshídricos;  Tem como objetivo assegurar o controlequantitativo e qualitativo dos usos de água e oefetivo exercício dos direitos de acesso à água.A outorga do uso da água terá prazo de até 35anos, renovável, devendo ser onerosa, ficandocondicionada às prioridades de usoestabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos  e deverá respeitar a classe em que o corpo deágua estiver enquadrado e a manutenção decondições adequadas ao transporte aquaviário,quando for o caso, consoante determinação doartigo 13, da Lei 9.433/97.Em regra, a utilização da água exige outorga,nas seguintes hipóteses: A) derivação oucaptação de parcela da água existente em umcorpo de água para consumo final, inclusiveabastecimento público, ou insumo de processo

produtivo; B) extração de água de aquíferosubterrâneo para consumo final ou insumo deprocesso produtivo;C) lançamento em corpo de água de esgotos edemais resíduos líquidos ou gasosos, tratadosou não, com o fim de sua diluição, transporteou disposição final; D) aproveitamento dospotenciais hidrelétricos; E) outros usos quealterem o regime, a quantidade ou a qualidadeda água existente em um corpo de água.Poderá ser suspensa a outorga, total ouparcialmente, temporária ou definitivamente,

caso:- o outorgado descumpra os seuscondicionantes;

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- deixe de utilizá-la por três anos consecutivos(caducidade);- haja situação de calamidade pública;

- ocorra necessidade de prevenir ou reprimirgrave degradação ambiental;- haja necessidade de atendimento de usoprioritário, inexistindo fontes alternativas;- para a manutenção da navegabilidade docorpo de água.O artigo 6.º da Lei 9.984/2000 ainda prevê quea ANA poderá perpetrar outorgas preventivas,com a finalidade de declarar a disponibilidadede água para os usos requeridos, nãoconferindo direito de uso de recursos hídricos ese destinando a reservar a vazão passível de

outorga , possibilitando aos investidores oplanejamento de empreendimentos quenecessitem desses recursos. O prazo devalidade máximo de três anos , cabívelprorrogação.Excepcionalmente, independe de outorga  o usoda água para acumulação de volumes,derivações, captações e lançamentosconsiderados insignificantes, assim como o usopara a satisfação das necessidades depequenos núcleos populacionais rurais.

A concessão da outorga não dispensa o préviolicenciamento ambiental (Pontifica o artigo 30,da Resolução CNRH 16/2001, que “o atoadministrativo de outorga não exime ooutorgado do cumprimento da legislaçãoambiental pertinente ou das exigências quevenham a ser feitas por outros órgãos eentidades competentes”).

IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;  É o quarto instrumento que visa reconhecer aágua como bem econômico e dar notoriedade

ao seu real valor à vida, bem como incentivar aracionalização do seu uso e obter recursosfinanceiros para o financiamento de programase intervenções contemplados nos planos derecursos hídricos.V - a compensação a municípios;  (vetado o artigo 24 que o regulamentava)VI - o Sistema de Informações sobre RecursosHídricos. Objetiva, de acordo com o artigo 27, da Lei9.433/97, “I - reunir, dar consistência e divulgaros dados e informações sobre a situação

qualitativa e quantitativa dos recursos hídricosno Brasil; II - atualizar permanentemente asinformações sobre disponibilidade e demanda

de recursos hídricos em todo o territórionacional; III - fornecer subsídios para aelaboração dos Planos de Recursos Hídricos”.

Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos, com osseguintes objetivos:I - coordenar a gestão integrada das águas;II - arbitrar administrativamente os conflitosrelacionados com os recursos hídricos;III - implementar a Política Nacional deRecursos Hídricos;IV - planejar, regular e controlar o uso, apreservação e a recuperação dos recursoshídricos;V - promover a cobrança pelo uso de recursos

hídricos.Art. 33. Integram o Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos:I – o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;I-A. – a Agência Nacional de Águas;II – os Conselhos de Recursos Hídricos dosEstados e do Distrito Federal;III – os Comitês de Bacia Hidrográfica;IV – os órgãos dos poderes públicos federal,estaduais, do Distrito Federal e municipaiscujas competências se relacionem com agestão de recursos hídricos;V – as Agências de ÁguaAinda será possível que as organizações civisde recursos hídricos  componham o SINGREH,desde que legalmente constituídas e sejam(art. 47):

“I – consórcios e associações intermunicipaisde bacias hidrográficas;II – associações regionais, locais ou setoriaisde usuários de recursos hídricos;III – organizações técnicas e de ensino e

pesquisa com interesse na área de recursoshídricos;IV – organizações não-governamentais comobjetivos de defesa de interesses difusos ecoletivos da sociedade;V – outras organizações reconhecidas peloConselho Nacional ou pelos ConselhosEstaduais de Recursos Hídricos”.

RESPONSABILIDADE CIVIL

ARTIGO 3º, LEI 6.938/81

IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, dedireito público ou privado, responsável, direta

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ou indiretamente, por atividade causadora dedegradação ambiental;II - degradação da qualidade ambiental, a

alteração adversa das características do meioambiente;III - poluição, a degradação da qualidadeambiental resultante de atividades que diretaou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;b) criem condições adversas às atividadessociais e econômicas;c) afetem desfavoravelmente a biota;d) afetem as condições estéticas ou sanitárias

do meio ambiente;e) lancem matérias ou energia em desacordocom os padrões ambientais estabelecidos;ARTIGO 14, LEI 6.938/81:§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidadesprevistas neste artigo, é o poluidor obrigado,independentemente da existência de culpa, aindenizar ou reparar os danos causados aomeio ambiente e a terceiros, afetados por suaatividade. O Ministério Público da União e dosEstados terá legitimidade para propor ação deresponsabilidade civil e criminal, por danoscausados ao meio ambiente.

ARTIGO 225, DA CONSTITUIÇÃO

§ 3º - As condutas e atividades consideradaslesivas ao meio ambiente sujeitarão osinfratores, pessoas físicas ou jurídicas, asanções penais e administrativas,independentemente da obrigação de reparar osdanos causados.§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais

fica obrigado a recuperar o meio ambientedegradado, de acordo com solução técnicaexigida pelo órgão público competente, naforma da lei.

ARTIGO 21, INCISO XXIII:

d) a responsabilidade civil por danos nuclearesindepende da existência de culpa;Os últimos precedentes do STJ, inclusive dasua 2.ª Turma, declararam a responsabilidadeobjetiva do Estado por danos ambientais,

mesmo em se tratando de omissão nafiscalização ambiental. Nesse sentido, vale

colacionar passagem do julgamento do REsp1.071.741, de 24.03.2009:“4. Qualquer que seja a qualificação jurídica do

degradador, público ou privado, no Direitobrasileiro a responsabilidade civil pelo danoambiental é de natureza objetiva, solidária eilimitada, sendo regida pelos princípios dopoluidor-pagador, da reparação in integrum , daprioridade da reparação in natura , e do favordebilis , este último a legitimar uma série detécnicas de facilitação do acesso à Justiça,entre as quais se inclui a inversão do ônus daprova em favor da vítima ambiental.Precedentes do STJ.5. Ordinariamente, a responsabilidade civil do

Estado, por omissão, é subjetiva ou por culpa,regime comum ou geral esse que, assentadono art. 37 da Constituição Federal, enfrentaduas exceções principais. Primeiro, quando aresponsabilização objetiva do ente públicodecorrer de expressa previsão legal, emmicrossistema especial, como na proteção domeio ambiente (Lei 6.938/1981, art. 3.º, IV, c/co art. 14, § 1.º). Segundo, quando ascircunstâncias indicarem a presença de umstandard   ou dever de ação estatal maisrigoroso do que aquele que jorra, consoante aconstrução doutrinária e jurisprudencial, dotexto constitucional”.Mesmo que o Estado se enquadre comopoluidor indireto por sua inércia em evitar odano ambiental, após a reparação deveráregressar contra o poluidor direto. Nessesentido, colaciona-se passagem do Informativo388 do STJ:. Assim, sem prejuízo da responsabilidadesolidária, deve o Estado – que não provocoudiretamente o dano nem obteve proveito com

sua omissão – buscar o ressarcimento dosvalores despendidos do responsável direto,evitando, com isso, injusta oneração dasociedade. Com esses fundamentos, deu-seprovimento ao recurso. Precedentes citados:AgRg no Ag 973.577-SP, DJ  19.12.2008; REsp604.725-PR,  DJ   22.08.2005; AgRg no Ag822.764-MG, DJ  02.08.2007, e REsp 647.493-SC, DJ   22.10.2007. REsp 1.071.741-SP, Rel.Min. Herman Benjamin, julgado em 24/3/2009”.Contudo, apesar de ser solidária, a atual jurisprudência dominante no STJ (1.ª e 2.ª

Turma) é no sentido de que a responsabilidadecivil do Poder Público é de execuçãosubsidiária , na hipótese de omissão de

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cumprimento adequado do seu dever defiscalizar que foi determinante para aconcretização ou o agravamento do dano

causado pelo seu causador direto:1. A jurisprudência predominante no STJ é nosentido de que, em matéria de proteçãoambiental, há responsabilidade civil do Estadoquando a omissão de cumprimento adequadodo seu dever de fiscalizar for determinante paraa concretização ou o agravamento do danocausado pelo seu causador direto. Trata-se,todavia, de responsabilidade subsidiária,cuja execução poderá ser promovida caso odegradador direto não cumprir a obrigação,"seja por total ou parcial exaurimento

patrimonial ou insolvência, seja porimpossibilidade ou incapacidade, por qualquerrazão, inclusive técnica, de cumprimento daprestação judicialmente imposta, assegurado,sempre, o direito de regresso (art. 934 doCódigo Civil), com a desconsideração dapersonalidade jurídica, conforme preceitua oart. 50 do Código Civil" (REsp 1.071.741/SP,2.ª T., Min. Herman Benjamin, DJe   de16.12.2010).LEI 9605/98Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade forobstáculo ao ressarcimento de prejuízoscausados à qualidade do meio ambiente.

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTREPOLUIDORES:“Ação civil pública. Dano causado ao meioambiente. Legitimidade passiva do ente estatal.Responsabilidade objetiva. Responsável diretoe indireto. Solidariedade. Litisconsórciofacultativo. Art. 267, IV, do CPC.

Prequestionamento. Ausência. Súmulas 282 e356 do STF. [...]5. Assim, independentemente da existência deculpa, o poluidor, ainda que indireto (Estado-recorrente) (art. 3.º da Lei n.º 6.938/1981), éobrigado a indenizar e reparar o dano causadoao meio ambiente (responsabilidade objetiva).6. Fixada a legitimidade passiva do enterecorrente, eis que preenchidos os requisitospara a configuração da responsabilidade civil(ação ou omissão, nexo de causalidade edano), ressalta-se, também, que tal

responsabilidade (objetiva) é solidária, o quelegitima a inclusão das três esferas de poderno pólo passivo na demanda, conforme

realizado pelo Ministério Público (litisconsórciofacultativo)” (RESP 604.725, DJ  22.08.2005).INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

“2. A Ação Civil Pública deve discutir,unicamente, a relação jurídica referente àproteção do meio ambiente e das suasconseqüências pela violação a ele praticada.[...]3. Incabível, por essa afirmação, adenunciação da lide.4. Direito de regresso, se decorrente dofenômeno de violação ao meio ambiente, deveser discutido em ação própria” (REsp 232.187,de 23.03.2000).Impede salientar que o STJ passou a admitir a

inversão do ônus da prova nas ações dereparação dos danos ambientais, com base nointeresse público da reparação e no Princípioda Precaução, sendo uma ótima técnica de julgamento na hipótese de dúvida probatória(non liquet ), pois poderá ser carreado aosuposto poluidor o ônus de comprovar queinexiste dano ambiental a ser reparado, ou, seexistente, este não foi de sua autoria.REsp 972.902, de 25.08.2009; REsp1.060.753-SP, de 1º/12/2009.Ademais, além de se fundamentar no aspectomaterial (ope legis ), mormente no Princípio daPrecaução (in dubio pro natura ou salute ), ainversão do ônus da prova na ação dereparação do dano ambiental também encontrafundamento processual (ope judicis ), pois aregra do artigo 6º, do CDC, tem aplicação emdefesa de todos os direitos coletivos e difusos.Vale destacar que a inversão do ônus da provanão deverá se proceder apenas por ocasião dasentença, e sim anteriormente,preferencialmente no despacho saneador, em

respeito ao Princípio do Contraditório, para queo réu saiba perfeitamente que terá a missão dedesconstituir a presunção de veracidade dosfatos declinados pelo autor, não sendosurpreendido apenas na sentença, consoanteacertada jurisprudência do STJ (REsp 802.832, j. 13.04.2011).Novo Código Florestal§ 2o  As obrigações previstas nesta Lei têmnatureza real e são transmitidas ao sucessor,de qualquer natureza, no caso de transferênciade domínio ou posse do imóvel rural.

“PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – AÇÃOCIVIL PÚBLICA – DANO AMBIENTAL –CONSTRUÇÃO DE HIDRELÉTRICA –

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RESPONSABILIDADE OBJETIVA ESOLIDÁRIA – ARTS. 3º, INC. IV, E 14, § 1º,DA LEI 6.398/1981 – IRRETROATIVIDADE DA

LEI – PREQUESTIONAMENTO AUSENTE:SÚMULA 282/STF – PRESCRIÇÃO –DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO:SÚMULA 284/STF – INADMISSIBILIDADE.1. A responsabilidade por danos ambientais éobjetiva e, como tal, não exige a comprovaçãode culpa, bastando a constatação do dano e donexo de causalidade.2. Excetuam-se à regra, dispensando a provado nexo de causalidade, a responsabilidade deadquirente de imóvel já danificado porque,independentemente de ter sido ele ou o dono

anterior o real causador dos estragos, imputa-se ao novo proprietário a responsabilidadepelos danos. Precedentes do STJ. (REsp.1056540, de 25.08.2009).Obrigação propter rem - TRADICIONAL2. A obrigação de reparação dos danosambientais é propter rem , por isso que a Lei8.171/1991 vigora para todos os proprietáriosrurais, ainda que não sejam eles osresponsáveis por eventuais desmatamentosanteriores, máxime porque a referida normareferendou o próprio Código Florestal (Lei4.771/1965) que estabelecia uma limitaçãoadministrativa às propriedades rurais,obrigando os seus proprietários a instituíremáreas de reservas legais, de no mínimo 20% decada propriedade, em prol do interessecoletivo. Precedente do STJ: REsp343.741/PR, Relator Ministro Franciulli Netto,DJ  de 07.10.2002.3. Tal obrigação, aliás, independe do fato de tersido o proprietário o autor da degradaçãoambiental, mas decorre de obrigação propter

rem , que adere ao título de domínio ou posse.Precedente: (AgRg no REsp 1206484/SP, Rel.Min. Humberto Martins, 2.ª T. j. 17.03.2011,DJe  29.03.2011).Uma questão que merece uma análisediferenciada é o regime jurídico de reparaçãodo dano ambiental em unidades deconservação, nos casos em que oempreendedor já honrou previamente com opagamento da compensação ambiental de quetrata o artigo 36, da Lei 9.985/2000, nos casosde atividade apta a gerar significativa

degradação ambiental, consoante previsto noEIA-RIMA.

Entende-se que a resposta demanda umaanálise casuística, sendo necessário severificar se o dano ambiental causado foi

previsto ou não no EIA-RIMA. Caso a respostaseja positiva, fica demonstrado que acompensação ambiental paga pelo proponentedo projeto já abarcou o dano ambiental, nãosendo possível uma nova responsabilizaçãocivil, sob pena de bis in idem .Inclusive, esta também foi a linha depensamento seguida pelo STJ:3. A compensação tem conteúdo reparatório,em que o empreendedor destina parteconsiderável de seus esforços em ações quesirvam para contrabalançar o uso de recursos

naturais indispensáveis à realização doempreendimento previsto no estudo de impactoambiental e devidamente autorizados peloórgão competente.4. O montante da compensação deve ater-seàqueles danos inevitáveis e imprescindíveis aoempreendimento previsto no EIA/RIMA, não seincluindo aqueles que possam ser objeto demedidas mitigadoras ou preventivas.5. A indenização por dano ambiental, por seuturno, tem assento no artigo 225, § 3.º, daCarta da República, que cuida de hipótese dedano já ocorrido em que o autor terá obrigaçãode repará-lo ou indenizar a coletividade. Nãohá como se incluir nesse contexto aquele quefoi previsto e autorizado pelos órgãosambientais já devidamente COMPENSADO6. Os dois institutos têm natureza distinta, nãohavendo bis in idem   na cobrança deindenização, desde que nela não se inclua acompensação anteriormente realizada ainda nafase de implantação do projeto.(REsp 896.863, j. 19.05.2011).

IMPRESCRITIBILIDADE DA PRETENSÃO5. Tratando-se de direito difuso, a reparaçãocivil assume grande amplitude, com profundasimplicações na espécie de responsabilidade dodegradador que é objetiva, fundada no simplesrisco ou no simples fato da atividade danosa,independentemente da culpa do agentecausador do dano.6. O direito ao pedido dereparação de danos ambientais, dentro dalogicidade hermenêutica, está protegido pelomanto da imprescritibilidade,por se tratar de direito inerente à vida,

fundamental e essencial à afirmação dospovos, independentemente de não estarexpresso em texto legal.7. Em matéria de

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prescrição cumpre distinguir qual o bem jurídico tutelado: se eminentemente privadoseguem-se os prazos normais das ações

indenizatórias; se o bem jurídico é indisponível,fundamental, antecedendo a todos os demaisdireitos, pois sem ele não há vida, nem saúde,nem trabalho, nem lazer , considera-seimprescritível o direito à reparação.8. O dano ambiental inclui-se dentre os direitosindisponíveis e como tal está dentre os poucosacobertados pelo manto da imprescritibilidadea ação que visa reparar o dano ambiental.REsp 1.112.117, de 10.11.2009TEORIA DO RISCO INTEGRAL ?“Administrativo. Dano ambiental. Sanção

administrativa. Imposição de multa. Execuçãofiscal. 1. Para fins da Lei n.º 6.938, de 31 de agostode 1981, art. 3.º, entende-se por:I – meio ambiente, o conjunto de condições,leis, influências e interações de ordem física,química e biológica, que permite, abriga e regea vida em todas as suas formas;II – degradação da qualidade ambiental, aalteração adversa das características do meioambiente;III – poluição, a degradação da qualidadeambiental resultante de atividades que diretaou indiretamente:a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;b) criem condições adversas às atividadessociais e econômicas;c) afetem desfavoravelmente a biota;d) afetem as condições estéticas ou sanitáriasdo meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo

com os padrões ambientais estabelecidos;2. Destarte, é poluidor a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,responsável, direta ou indiretamente, poratividade causadora de degradação ambiental;3. O poluidor, por seu turno, com base namesma legislação, art. 14 – ‘sem obstar aaplicação das penalidades administrativas’ éobrigado, ‘independentemente da existência deculpa’, a indenizar ou reparar os danoscausados ao meio ambiente e a terceiros,‘afetados por sua atividade’.

4. Depreende-se do texto legal a suaresponsabilidade pelo risco integral, por issoque em demanda infensa a administração,

poderá, inter partes , discutir a culpa e oregresso pelo evento” (REsp 442.586, de26.11.2002)

STJ, AgRg no AREsp 71324 / PR, de26/02/2013:3. A tese contemplada no julgamento do REspn. 1.114.398/PR (Relator Ministro SIDNEIBENETI, julgado em 8/2/2012, DJe 16/2/2012),sob o rito do art. 543-C, no tocante à teoria dorisco integral e da responsabilidade objetivaínsita ao dano ambiental (arts. 225, § 3º, da CFe 14, § 1º, da Lei n. 6.938/1981), aplica-seperfeitamente à espécie, sendo irrelevante oquestionamento sobre a diferença entre asexcludentes de responsabilidade civil

suscitadas na defesa de cada caso.Precedentes.COMINAÇÃO DE PEDIDOS

É plenamente possível a cominação deobrigação de reparação com a indenizaçãopecuniária cumulativamente, até que haja arecuperação total do dano, se possível. Nessesentido, o entendimento do STJ, divulgado peloInformativo 427:

“MEIO AMBIENTE. REPARAÇÃO.INDENIZAÇÃO.

O princípio da reparação  in integrum   aplica-seao dano ambiental. Com isso, a obrigação derecuperar o meio ambiente degradado écompatível com a indenização pecuniária poreventuais prejuízos, até sua restauração plena.Contudo, se quem degradou promoveu arestauração imediata e completa do bemlesado ao status quo ante , em regra, não sefala em indenização.

Já os benefícios econômicos que aqueleauferiu com a exploração ilegal do meioambiente (bem de uso comum do povo,conforme o art. 225, caput , da CF/1988) devemreverter à coletividade, tal qual no caso, emque se explorou garimpo ilegal de ouro emárea de preservação permanente sem qualquerlicença ambiental de funcionamento ouautorização para desmatamento.Com esse entendimento, a Turma deu parcialprovimento ao recurso para reconhecer, emtese, a possibilidade de cumulação de

indenização pecuniária e obrigações de fazervoltadas à recomposição in natura   do bemlesado, o que impõe a devolução dos autos ao

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tribunal de origem para que verifique existirdano indenizável e seu eventual quantumdebeatur . Precedente citado: REsp 1.120.117-

AC, Dje 19/11/2009. REsp 1.114.893-MG, Rel.Min. Herman Benjamin, julgado em 16/3/2010.De acordo com o STJ, no julgamento doRecurso Especial 1.198.727, de 14/08/2012,“ao responsabilizar-se civilmente o infratorambiental, não se deve confundir prioridade darecuperação in natura  do bem degradado comimpossibilidade de cumulação simultânea dosdeveres de repristinação natural (obrigação defazer), compensação ambiental e indenizaçãoem dinheiro (obrigação de dar), e abstenção deuso e de nova lesão (obrigação de não fazer)”.

Através da sua 2ª Turma, o STJ vem admitindoa condenação em dano moral coletivo dopoluidor, presumindo a ocorrência dos danosàs presentes e futuras gerações:4. O dano moral coletivo ambiental atingedireitos de personalidade do grupomassificado, sendo desnecessária ademonstração de que a coletividade sinta ador, a repulsa, a indignação, tal qual fosse umindivíduo isolado.5. Recurso especial provido, para reconhecer,em tese, a possibilidade de cumulação deindenização pecuniária com as obrigações defazer, bem como a condenação em danosmorais coletivos, com a devolução dos autosao Tribunal de origem para que verifique se, nocaso, há dano indenizável e fixação doeventual quantum debeatur” (STJ, REsp1.269.494, de 24/09/2013).Ainda é necessário apontar o carátermultifacetário do dano ambiental, que seapresenta na seara ecológica, ética,patrimonial e temporal, conforme narra o

Ministro Herman Benjamin em passagem do julgamento do Recurso Especial 1.198.727, de14/08/2012:“5. Nas demandas ambientais, por força dosprincípios do poluidor-pagador e da reparaçãoin integrum, admite-se a condenação do réu,simultânea e agregadamente, em obrigação defazer, não fazer e indenizar. Aí se encontratípica obrigação cumulativa ou conjuntiva.Assim, na interpretação dos arts. 4º, VII, e 14,§ 1º, da Lei da Política Nacional do MeioAmbiente (Lei 6.938/81), e do art. 3º da Lei

7.347/85, a conjunção "ou" opera com valoraditivo, não introduz alternativa excludente.

Essa posição jurisprudencial leva em conta queo dano ambiental é multifacetário (ética,temporal, ecológica e patrimonialmente

falando, sensível ainda à diversidade do vastouniverso de vítimas, que vão do indivíduoisolado à coletividade, às gerações futuras eaos próprios processos ecológicos em simesmos considerados).

INFRAÇÕES ADMINISTRATIVASAMBIENTAIS

Art. 70. Considera-se infração administrativaambiental toda ação ou omissão que viole asregras jurídicas de uso, gozo, promoção,

proteção e recuperação do meio ambiente.§ 1º São autoridades competentes para lavrarauto de infração ambiental e instaurar processoadministrativo os funcionários de órgãosambientais integrantes do Sistema Nacional deMeio Ambiente - SISNAMA, designados paraas atividades de fiscalização, bem como osagentes das Capitanias dos Portos, doMinistério da Marinha.§ 2º Qualquer pessoa, constatando infraçãoambiental, poderá dirigir representação àsautoridades relacionadas no parágrafo anterior,para efeito do exercício do seu poder depolícia.§ 3º A autoridade ambiental que tiverconhecimento de infração ambiental é obrigadaa promover a sua apuração imediata, medianteprocesso administrativo próprio, sob pena deco-responsabilidade.§ 4º As infrações ambientais são apuradas emprocesso administrativo próprio, assegurado odireito de ampla defesa e o contraditório,observadas as disposições desta Lei.

Art. 71. O processo administrativo paraapuração de infração ambiental deve observaros seguintes prazos máximos:I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ouimpugnação contra o auto de infração,contados da data da ciência da autuação;II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data dasua lavratura, apresentada ou não a defesa ouimpugnação;III - vinte dias para o infrator recorrer dadecisão condenatória à instância superior do

Sistema Nacional do Meio Ambiente -SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas,

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do Ministério da Marinha, de acordo com o tipode autuação;IV – cinco dias para o pagamento de multa,

contados da data do recebimento danotificação.Art. 72. As infrações administrativas sãopunidas com as seguintes sanções, observadoo disposto no art. 6º:I – advertência; II - multa simples; III -multa diária; IV - apreensão dos animais,produtos e subprodutos da fauna e flora,instrumentos, petrechos, equipamentos ouveículos de qualquer natureza utilizados nainfração; V - destruição ou inutilização doproduto; VI - suspensão de venda e

fabricação do produto; VII - embargo deobra ou atividade; VIII - demolição deobra; IX - suspensão parcial ou total deatividades; X – (VETADO)  XI -restritiva de direitos.§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente,duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas,cumulativamente, as sanções a elascominadas.§ 2º A advertência será aplicada pelainobservância das disposições desta Lei e dalegislação em vigor, ou de preceitosregulamentares, sem prejuízo das demaissanções previstas neste artigo.

§ 3º A multa simples será aplicada sempre queo agente, por negligência ou dolo:I - advertido por irregularidades que tenhamsido praticadas, deixar de saná-las, no prazoassinalado por órgão competente do SISNAMAou pela Capitania dos Portos, do Ministério daMarinha;II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos

do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, doMinistério da Marinha.§ 4° A multa simples pode ser convertida emserviços de preservação, melhoria erecuperação da qualidade do meio ambiente.§ 5º A multa diária será aplicada sempre que ocometimento da infração se prolongar notempo.§ 6º A apreensão e destruição referidas nosincisos IV e V do caput  obedecerão ao dispostono art. 25 desta Lei.§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX

do caput   serão aplicadas quando o produto, aobra, a atividade ou o estabelecimento não

estiverem obedecendo às prescrições legais ouregulamentares.

§ 8º As sanções restritivas de direito são:

I - suspensão de registro, licença ouautorização;II - cancelamento de registro, licença ouautorização;III - perda ou restrição de incentivos ebenefícios fiscais;IV - perda ou suspensão da participação emlinhas de financiamento em estabelecimentosoficiais de crédito;V - proibição de contratar com a Administração

Pública, pelo período de até três anos.Art. 73. Os valores arrecadados em pagamentode multas por infração ambiental serãorevertidos ao Fundo Nacional do MeioAmbiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado peloDecreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932,fundos estaduais ou municipais de meioambiente, ou correlatos, conforme dispuser oórgão arrecadador.Art. 74. A multa terá por base a unidade,hectare, metro cúbico, quilograma ou outramedida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.Art. 75. O valor da multa de que trata esteCapítulo será fixado no regulamento desta Leie corrigido periodicamente, com base nosíndices estabelecidos na legislação pertinente,sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais)e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüentamilhões de reais).Art. 76. O pagamento de multa imposta pelosEstados, Municípios, Distrito Federal ou

Territórios substitui a multa federal na mesmahipótese de incidência.“Processual civil. Administrativo. Recursoespecial. Divergência não demonstrada. Danoambiental. Sanção administrativa. Imposiçãode multa. Ação anulatória de débito fiscal.Derramamento de óleo de embarcação daPetrobrás. Cerceamento de defesa. Reexamede matéria probatória. Súmula 07/STJ.Competência dos órgãos estaduais deproteção ao meio ambiente para imporsanções. Responsabilidade objetiva.

Legitimidade da exação. [...] Mister ressaltar-seque a multa administrativa, no caso de danoambiental, encontra fundamento na Lei

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6.938/1981, sem prejuízo de ser fato geradorobjetivo quanto a responsabilidade, o que atorna devida, independentemente da

ocorrência de culpa ou dolo do infrator no seuatual...” (REsp 673.765, de 15.09.2005, Rel.Min. Luiz Fux, v. unânime).“Infração administrativa ambiental. Princípio.Legalidade. Consta que foi lavrado, em desfavor dorecorrido, auto de infração fundado no art. 46da Lei n. 9.605/1998, em razão de ele terrecebido vários metros cúbicos de madeiraserrada em pranchas desacompanhadas dalicença expedida pelo órgão ambientalcompetente. O acórdão recorrido concluiu que

esse artigo tipifica crime cometido contra omeio ambiente, e não infração administrativa.Desse modo, apenas o juiz criminal, em regularprocesso penal, poderia impor as penalidadesprevistas naquele dispositivo legal. Diantedisso, é certo afirmar que a aplicação desanção administrativa (exercício do poder depolícia) somente se torna legítima, em respeitoao princípio da legalidade, quando o atopraticado estiver definido em lei como infraçãoadministrativa. Porém, conquanto se refira atipo penal, a norma em comento,combinada com o disposto no art. 70 dareferida lei, o qual define a infraçãoadministrativa ambiental, confere toda asustentação legal necessária à imposição dapena administrativa, sem dar azo à violação doprincípio da legalidade estrita” (REsp1.091.486-RO, Rel. Min. Denise Arruda, j.02.04.2009).O STJ já decidiu que a penalidadeadministrativa de demolição não éautoexecutória, ao menos no caso de obra já

conclusa, cabendo ao órgão ambiental postularautorização judicial para a sua execução -REsp 789.640, de 27.10.2009.

DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA – AUTO DEINFRAÇÃO“

“Competência. Polícia Militar Ambiental. In casu , constatou-se dos autos que foicelebrado convênio entre o Ibama e a PolíciaMilitar Ambiental de Estado-membro, tendo porobjeto estabelecer um regime de mútua

cooperação entre convenentes a fim deexecutar ações fiscalizatórias voltadas para a

preservação e conservação do meio ambientee dos recursos naturais renováveis,conforme prevê o art. 17-Q da Lei n.

6.938/1981, que trata da Política Nacional doMeio Ambiente. Diante disso, a Turma negouprovimento ao recurso ao entendimento deque, sendo a Polícia Militar Ambiental órgão doEstado, atua em nome dele e, assim, écompetente para a lavratura de auto deinfração ambiental” (REsp 1.109.333-SC, Rel.Min. Francisco Falcão, j. 14.04.2009).Prescrição – Lei 9873/99Art. 1o  Prescreve em cinco anos a açãopunitiva da Administração Pública Federal,direta e indireta, no exercício do poder de

polícia, objetivando apurar infração à legislaçãoem vigor, contados da data da prática do atoou, no caso de infração permanente oucontinuada, do dia em que tiver cessado.§ 1o  Incide a prescrição no procedimentoadministrativo paralisado por mais de trêsanos, pendente de julgamento ou despacho,cujos autos serão arquivados de ofício oumediante requerimento da parte interessada,sem prejuízo da apuração da responsabilidadefuncional decorrente da paralisação, se for ocaso.§ 2o Quando o fato objeto da ação punitiva daAdministração também constituir crime, aprescrição reger-se-á pelo prazo previsto na leipenal.Art. 1o-A. Constituído definitivamente o créditonão tributário, após o término regular doprocesso administrativo, prescreve em 5(cinco) anos a ação de execução daadministração pública federal relativa a créditodecorrente da aplicação de multa por infração àlegislação em vigor. (Incluído pela Lei nº

11.941, de 2009) O STJ editou a Súmula 467:

“Súmula 467- Prescreve em cinco anos,contados do término do processoadministrativo, a pretensão da AdministraçãoPública de promover a execução da multa porinfração ambiental”.

NOVO CÓDIGO FLORESTAL – ARTIGO 59

§ 4o No período entre a publicação desta Lei e

a implantação do PRA em cada Estado e noDistrito Federal, bem como após a adesão dointeressado ao PRA e enquanto estiver sendo

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