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Direito Ambiental Módulo I Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas

Direito Ambiental - Cursos 24 Horas · 2020-03-02 · Direito Ambiental Módulo I Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos

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DDiirreeiittoo AAmmbbiieennttaall

Módulo I

Parabéns por participar de um curso dos

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Você está investindo no seu futuro!

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Sumário

Introdução..................................................................................................................... 3

Unidade 1 – Contextualização do Tema Meio Ambiente ............................................... 4

1.1 – O interesse do homem pelas questões ambientais.............................................. 5

1.2 – O ambientalismo no mundo.............................................................................. 8

1.3 – História dos movimentos de proteção ambiental ............................................. 11

1.4 – Educação e ética sobre meio ambiente ............................................................ 20

1.5 – Crise ambiental............................................................................................... 23

1.6 – Sustentabilidade ............................................................................................. 26

Unidade 2 – Introdução ao Direito Ambiental ............................................................. 30

2.1 – A lei e o meio ambiente.................................................................................. 30

2.2 – Classificação de meio ambiente ...................................................................... 37

2.3 – Princípios do Direito Ambiental ..................................................................... 55

2.4 – Responsabilidade pelos danos causados ao meio ambiente ............................. 60

Conclusão do Módulo I............................................................................................... 65

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Introdução

Olá, aluno(a)!

Neste curso, veremos alguns fundamentos básicos do Direito Ambiental.

Abordaremos, primeiramente, as peculiaridades do tema meio ambiente, bem como o

interesse que a sociedade vem desenvolvendo acerca deste assunto.

Vamos nos familiarizar com a questão do ambientalismo e nos aprofundaremos

nas questões relacionadas aos movimentos de proteção ambiental.

Procuraremos compreender a discussão do que é Direito Ambiental a partir de

situações ocorridas no Brasil e no mundo. Neste primeiro instante, discutiremos

assuntos voltados à ética sobre o meio ambiente e aos componentes que são geradores

de uma crise ambiental.

Em um segundo momento, faremos uma introdução ao Direito Ambiental,

procurando oferecer informações que sirvam de base para a continuidade do curso.

Analisaremos os princípios do Direito Ambiental no Brasil bem como excertos da

legislação vigente.

Mais adiante, trataremos de crimes ambientais, apresentando o conceito de

licenças ambientais, as mudanças recentes no Código Florestal, bem como os crimes

praticados contra o meio ambiente.

Por fim, teremos uma breve ideia de medidas que podem ser impostas para a

defesa do meio ambiente.

Bom curso!

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Unidade 1 – Contextualização do Tema Meio Ambiente

Olá, aluno(a)!

Nesta unidade, veremos quais são os argumentos fundamentais do tema meio

ambiente. Estudaremos em detalhes quais são as definições particulares sobre

ambientalismo. Analisaremos alguns aspectos históricos que levaram a sociedade a dar

a merecida atenção aos assuntos relacionados à proteção do meio ambiente.

Observaremos as características dos movimentos de proteção ambiental, tanto

sob a perspectiva nacional quanto internacional. Vamos também analisar as questões

referentes à ética ambiental.

Ao final desta unidade, abordaremos questões voltadas às crises ambientais.

Abordaremos o tema sustentabilidade de forma sucinta para que possamos compreender

melhor a questão ambiental nos dias de hoje.

Bom estudo!

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1.1 – O interesse do homem pelas questões ambientais

As questões ambientais fazem

parte da história da humanidade. Estas

preocupações ambientais e conflitos

vieram à tona ao longo da história

humana, desde os primeiros

assentamentos até os dias de hoje.

Este fato pode parecer

surpreendente para muitas pessoas

porque, muitas vezes, a ênfase na história tem seu foco em guerras e política, em vez de

cultura, meio ambiente e desenvolvimento.

As evidências de que este tipo de preocupação existe já há muitas décadas, têm

se mostrado mais presente na medida em que manuscritos, publicações e arquivos

históricos sobre este tema são encontrados.

Estas tais evidências da preocupação da sociedade com o meio ambiente podem

ser encontradas em antigos anúncios de utilidade pública como placas em locais

públicos, zelando pela conservação do espaço e pela preservação da natureza.

Com o surgimento do Direito Ambiental, considerado um ramo do direito que

visa proteger juridicamente o meio ambiente, eclodiram também os trabalhos de

pesquisa histórica no sentido de localizar evidências de que, há séculos, existe uma

necessidade emergente de preservar a natureza.

Foram encontrados resquícios de informação pública (datados a partir do século

XVII) com apelos para a redução de emissão de fumaça, limpeza municipal, prevenção

de doenças adquiridas no meio profissional, poluição da água, ecologia em casa,

proteção dos animais e outras áreas relacionadas ao meio em que se vive.

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A palavra moderna "ambiental" foi criada e desenvolvida para abranger uma

série de preocupações relacionadas ao ambiente. No entanto, as preocupações e

conflitos relacionados à preservação do meio em que vivemos, foram inseridos através

da história de maneira secundária, isto é, nem sempre visíveis, mas sempre fizeram

parte das preocupações sociais e políticas.

A falta de uma ampla perspectiva histórica sobre a história ambiental tem suas

origens na negligência e desinformação. Como resultado, as questões ambientais

contemporâneas muitas vezes surgem nos meios de comunicação sem contexto, ou seja,

pensa-se que o problema é “novo”.

Desta forma, grande parte da sociedade acaba por negligenciar este assunto,

presumindo que se trata de um problema que só trará terríveis consequências daqui há

200 ou 300 anos.

Por conta da falta de evidências históricas gritantes a respeito da necessidade de

leis rigorosas para a proteção do ambiente, mitos perigosos surgiram no vácuo da

história. Por exemplo:

• O mito de que o ambientalismo é apenas uma reação histérica à ciência e à

tecnologia;

• O mito de que o ambientalismo é uma moda passageira, sem ideias sérias para

oferecer;

• O mito de que o ambientalismo é um substituto da religião.

Estes mitos estão presentes no saber coletivo, sendo que até hoje e falsamente

nos asseguram que as preocupações ambientais podem ser ignoradas. Nada poderia estar

mais longe da verdade. A crise ambiental moderna requer uma compreensão da história

que, como vimos acima, só recentemente tem se tornando disponível.

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Assim como os indivíduos estão perdidos sem as suas memórias, a civilização

precisa de sua memória coletiva na forma que chamamos de história. Mas a história não

é simplesmente uma coleção estática de fatos bem conhecidos, da mesma forma que a

ciência não é uma descrição imutável do mundo físico.

A história não é passível de se acumular. É o trabalho ativo de historiadores

engajados nas questões ambientais que tem o poder de mudar opiniões.

Hoje, existe uma legislação feita para “assegurar” a preservação do meio

ambiente, porém a humanidade ainda precisa refletir muito acerca dos fatos que só se

tornam disponíveis décadas após os eventos ocorridos.

Agora está claro que muito antes dos ativistas do “Greenpeace” (ONG

mundialmente conhecida por atuar em questões relacionadas à preservação do meio

ambiente) organizarem-se em prol da natureza, muitos outros tentaram impedir a

poluição, promovendo a saúde pública, a preservação de florestas e outras

biodiversidades.

Por essa razão, precisamos recordar aqueles que vieram séculos antes. Suas lutas

merecem ser lembradas. Ao atentarmos para este capítulo, ainda sem muitas evidências

na história, podemos desenvolver uma visão mais madura dos desafios que nos

confrontam.

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1.2 – O ambientalismo no mundo

O ambientalismo é considerado uma

ampla ideologia. É um movimento social

dedicado às preocupações voltadas para a

conservação ambiental e à melhoria da saúde

do meio ambiente.

A corrente do ambientalismo é

principalmente empregada como medida de

saúde, que procura incorporar as preocupações

com os elementos não-humanos, ou seja, tudo o que está a nossa volta.

O ambientalismo defende a preservação, a restauração e/ou a melhoria do

ambiente natural. Também pode ser referido como um movimento para controlar a

poluição.

Por esta razão, conceitos, como a ética do uso da terra, a ética e o direito

ambiental, a biodiversidade e a ecologia são seus objetos predominantes. Em seu cerne,

o ambientalismo é uma tentativa de equilibrar as relações entre os seres humanos e os

vários sistemas naturais dos quais dependemos.

A natureza exata desse equilíbrio é controverso e há muitas maneiras diferentes

para que as preocupações ambientais sejam colocadas em prática.

O tema ambientalismo e as preocupações ambientais são, muitas vezes,

representados pela cor verde. Esta associação foi criada pelas indústrias de marketing e

é uma tática chave do chamado “greenwashing”.

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Esta é uma expressão utilizada para denominar uma conduta de marketing usada

por uma organização com o intuito de oferecer à opinião pública uma imagem

ecologicamente correta em relação aos seus produtos e à sua conduta.

Em muitos casos, a organização que se utiliza desta tática – o “greenwashing” –

possui uma conduta contrária e uma prática oposta aos cuidados com bens ambientais.

O ambientalismo é a oposição do antiambientalismo, que assume uma postura

cética contra muitas perspectivas ambientalistas. Ele denota um movimento social que

visa influenciar o processo político pelo o ativismo e a educação, a fim de proteger os

recursos naturais e ecossistemas. Este termo é relativamente novo, a palavra foi cunhada

em 1922.

Um ambientalista é uma pessoa que pode falar sobre nosso meio ambiente

natural e da gestão sustentável dos seus recursos por meio de mudanças na política

pública ou de comportamento individual.

Inevitavelmente, os preceitos do Direito Ambiental fazem parte do cronograma

de discurso e de ações de um ambientalista.

Isso pode incluir o apoio a práticas, como: o consumo consciente, as iniciativas

de conservação, os investimentos em recursos renováveis e a maior eficiência na

economia de materiais, de maneira a renovar e revitalizar as nossas conexões com a

vida não humana.

De várias maneiras (por exemplo, ativismo e protestos), ambientalistas e

organizações ambientais buscam dar uma voz mais forte ao mundo natural (recursos

naturais) no que diz respeito aos assuntos da sociedade como um todo.

Em termos gerais, essas pessoas defendem a gestão sustentável dos recursos e a

proteção (e restauração, quando necessária) do ambiente natural através de mudanças na

política pública e no comportamento individual.

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Em seu reconhecimento da humanidade como elemento participante em

ecossistemas, o movimento ambientalista é centrado em torno da ecologia, da saúde e

dos direitos humanos.

A preocupação com a proteção ambiental repercute em diversas formas e em

diferentes partes do mundo, ao longo da história. Por exemplo, na Europa, o rei Eduardo

I, da Inglaterra, proibiu a queima de carvão mineral por proclamação, em Londres, em

1272, logo após a sua fumaça ter se tornado um problema.

A poluição do ar continuou a ser um problema na Inglaterra, especialmente mais

tarde, durante a Revolução Industrial, e estendendo-se para o passado recente com o

Grande Nevoeiro de 1952, fato também conhecido como Big Smoke. Observemos,

abaixo, uma foto tirada durante o dia neste período:

Fonte: http://www.freewords.com.br/ambiente/big-smoke-o-nevoeiro-de-1952-uma-data-a-ser-lembrada

O Big Smoke foi um evento grave de poluição do ar que afetou Londres em

dezembro de 1952. Foi um dos maiores desastres naturais que o mundo já viu. Um

período de tempo frio, combinado com as condições climáticas sem vento.

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Os poluentes do ar, na maior parte provenientes do uso do carvão, formaram

uma espessa camada de fumaça sobre a cidade. Ela durou do dia 05 ao dia 09 de

dezembro de 1952. O nevoeiro se dispersou depois de uma mudança de clima, no

entanto, trouxe graves consequências para a saúde da população e para a economia.

O ambientalismo, como notamos, é apenas um termo, uma palavra nova para

uma questão que existe já há muitos séculos. Entretanto, atualmente, o ambientalismo

lida com questões contemporâneas como o aquecimento global, a superpopulação e a

engenharia genética.

Muitos jovens da sociedade moderna tornaram-se mais conscientes do estado do

planeta e estão considerando-se ambientalistas. Os centros de ensino ecológicos

espalhados pelo mundo, agora, estão trabalhando para criar novos ideais para o futuro

através de escolas sustentáveis e outras pequenas alterações na vida dos alunos, como a

compra de alimentos orgânicos e outros itens sustentáveis. No futuro, muitos dos

empregos terão aspectos ambientalistas.

1.3 – História dos movimentos de proteção ambiental

O movimento ambiental é um

termo que inclui conservação e

política verde. Trata-se de um

movimento científico social e político

para abordar questões ambientais.

Os participantes dos

movimentos ambientais advogam

pela administração sustentável dos

recursos e gestão do ambiente através

de mudanças na conduta da sociedade como um todo.

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O movimento ambiental é um movimento internacional representado por uma

série de organizações que variam de país para país. Devido a um grande número de

pessoas (de diversos países e com necessidades específicas) que aderem ao movimento

de proteção ambiental, nem sempre com os mesmos objetivos.

No seu sentido mais amplo, o movimento de proteção ambiental inclui cidadãos

comuns, profissionais de diversas áreas, devotos religiosos, políticos, cientistas,

organizações sem fins lucrativos, defensores individuais e advogados especializados em

Direito Ambiental.

Visão global

O movimento ambiental americano tem suas origens no século XX, com os

movimentos de base relacionados com a desertificação, a poluição e a saúde humana.

Os primeiros movimentos começaram na primeira metade do século XX.

Pioneiros do movimento foram responsáveis por propor uma gestão mais eficiente e

profissional dos recursos naturais.

Eles lutaram por esta reforma porque acreditavam que a destruição das florestas,

do solo fértil, dos recursos minerais, da fauna e dos recursos hídricos, seria o principal

motivo para a queda de nossa sociedade e consequente destruição do planeta.

O movimento ambiental nos Estados Unidos da América não teve ascensão até

depois da Segunda Guerra Mundial, quando as pessoas começaram a reconhecer os

custos da negligência ambiental.

Diversas doenças relacionadas à poluição do ar e da água, decorrentes de vários

desastres ambientais que ocorreram após a Segunda Guerra Mundial, serviram de

disparador para a questão dos cuidados com os temas ambientais.

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O movimento ambiental está atingindo o mundo menos desenvolvido, com

diferentes graus de sucesso. O mundo árabe, incluindo o Oriente Médio, a África

Subsaariana e a África do Norte têm adaptações diferentes do movimento ambiental.

Países do Golfo Pérsico têm rendimentos econômicos elevados que dependem

fortemente de grande quantidade de recursos energéticos. Cada país no mundo árabe

tem diferentes combinações de recursos naturais e, por esta razão, os movimentos

ambientais desta região também são diferentes entre si.

Na Inglaterra, os primeiros grandes desastres ambientais começaram a ocorrer

entre 1950 e 1960. Este fato provocou o avanço do movimento ambientalista na década

de 1970.

• Em 1952, o episódio que vimos anteriormente (O Grande Nevoeiro ou Big

Smoke), ocorrido em Londres, matou milhares de pessoas e levou o Reino

Unido a criar a primeira Lei do Ar Limpo, em 1956;

• Em 1957, houve o primeiro grande acidente nuclear ocorrido em Windscale,

no norte da Inglaterra;

• O superpetroleiro "Torrey Canyon" encalhou ao largo da costa da Inglaterra,

em 1967, causando o primeiro grande vazamento de óleo, que exterminou

toda a vida marinha ao longo da costa;

• Em 1972, em Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas sobre o

Ambiente Humano criou o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas.

A política ambiental da União Europeia foi formalmente fundada por uma

declaração do Conselho Europeu e o primeiro programa de proteção ao meio ambiente

foi adotado. A ideia principal da declaração foi a de que a prevenção é melhor do que a

cura.

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• No início da década de 1980, os partidos verdes, que foram criados uma década

antes, começaram a ter algum sucesso político;

• Em 1992, houve uma reunião de cúpula da ONU realizada no Rio de Janeiro,

onde a Agenda 21 foi adotada;

• O Protocolo de Kyoto foi criado em 1997. Nele, foram estabelecidos metas e

prazos específicos para reduzir as emissões globais de gases que causam o efeito

estufa;

• No início do ano 2000, os ativistas acreditavam que as preocupações de política

ambiental seriam ofuscadas pela segurança energética, pela globalização e pelo

terrorismo.

No sudeste da Ásia, os movimentos ambientalistas surgiram durante os anos

1970 e 1980, antes de seu período de rápida industrialização que ocorreu principalmente

no início dos anos 1990.

Nas Filipinas, os ambientalistas protestavam contra a energia nuclear. Na

Tailândia, Indonésia e Filipinas, as pessoas eram contra as represas hidrelétricas.

Na Tailândia e nas Filipinas, os protestos eram basicamente sobre desmatamento

e poluição marinha. As barragens foram um grande problema no sudeste da Ásia.

Estas barragens foram impactando a vida de pequenos agricultores e pescadores.

O movimento antibarragem era um caminho para o movimento antiditatorial vivenciado

naquele período.

Este movimento ambiental ofereceu um caminho para que o movimento contra a

ditadura tomasse corpo, conquistando adeptos e, ao mesmo tempo, mostrando ao mundo

a irresponsabilidade dos regimes políticos em relação ao meio ambiente.

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Os movimentos na América Latina e no Brasil

• América Latina

Após a Conferência Internacional do Meio Ambiente, em Estocolmo, em 1972,

representantes da América Latina retornaram aos seus países com elevada esperança de

proteção aos recursos naturais ainda intocados.

Os governos gastaram milhões de dólares, novos departamentos foram criados e

novos padrões de níveis de poluição foram instaurados, mas os resultados não foram os

que as autoridades esperavam.

Os ativistas culpam o crescimento desordenado das populações urbanas e o

aumento industrial. Muitos países latino-americanos tiveram um grande deslocamento

de imigrantes que vivem em moradias precárias.

A aplicação das normas de poluição ainda é frouxa e as multas são mínimas, na

Venezuela, a maior pena por violar uma lei ambiental é de 50.000 Bolívares e apenas

três dias de prisão.

Na década de 1970 e 1980 muitos países latino-americanos passaram por uma

transição de ditaduras militares para governos democráticos. Em 1992, o Brasil ficou

sob escrutínio, ou seja, o mundo passou a observar o Brasil “de perto”, por conta da

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida no

Rio de Janeiro.

O Brasil passou a ser conhecido no mundo inteiro como uma nação cuja história

de consciência ambiental é “subdesenvolvida” e “pobre”. O Brasil tem a maior

biodiversidade do mundo e também a maior quantidade de destruição do habitat natural.

Um terço das florestas do mundo se encontra no Brasil. Temos o maior rio do

mundo e a maior floresta tropical, a Floresta Amazônica. Por esta razão, existe a

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necessidade cada vez maior de divulgação destes dados, para que a legislação ambiental

vigente seja aplicada com mais rigor.

• Brasil

O problema ambiental que mais atraiu a atenção internacional no Brasil na

década de 1980 foi, sem dúvida, o desmatamento da Amazônia. De todos os países

latino-americanos, o Brasil ainda possuía a maior parte de seu território coberto pela

floresta.

Entretanto, com os desmatamentos e queimadas na Amazônia, taxas alarmantes

entre as décadas de 1970 e 1980 começaram a ser divulgadas e a chamar a atenção do

mundo para a questão da aplicação da legislação vigente no Brasil.

O desmatamento na Amazônia diminuiu de 22.000 quilômetros quadrados por

ano durante o período entre 1970-1988, para cerca de 11.000 quilômetros quadrados por

ano entre 1988 e 1991.

Houve controvérsia sobre estes números em meados dos anos 1990. Peritos com

conhecimento de causa realizaram novos cálculos e afirmaram que o nível de

desmatamento acumulado estava em torno de 15% no ano de 1996, em oposição a 12%

em 1991. Havia discrepância entre as informações divulgadas pelo governo e o que

realmente estava acontecendo.

Embora os padrões de chuvas fora de época pudessem explicar alguma variação,

de ano para ano, a causa básica para o declínio do desmatamento após 1987, foi a crise

econômica nacional.

Houve insuficiência de capital, crédito ou incentivo para o desmatamento em

grande escala, bem como o insuficiente investimento público para estimular migração

para a Amazônia, que caiu rapidamente no final da década de 1980.

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As aplicações das regulamentações governamentais e da legislação ambiental de

forma mais eficaz, também desempenharam papel importante no declínio das taxas de

desmatamento no Brasil.

Algumas mudanças técnicas envolvidas na transição da expansão da agricultura

para o aumento da produtividade também foram responsáveis por diminuir as taxas de

desmatamento.

A desertificação, outro importante problema ambiental no Brasil, apenas recebeu

atenção internacional após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

o Desenvolvimento, também conhecida como Cúpula da Terra, realizada no Rio de

Janeiro em junho de 1992.

Desertificação significa que os solos e a vegetação de terras áridas estão

severamente degradados, não significa necessariamente que a terra se transforma em

deserto.

No início de 1990, tornou-se evidente que o ecossistema da caatinga semi-árida

do Nordeste foi perdendo sua vegetação natural através de desmatamentos, e que esta

área, portanto, corre o risco de se tornar ainda mais árida, como também ocorre em

algumas outras regiões.

Em áreas onde a agricultura é mais intensa e mais desenvolvida, há sérios

problemas de erosão do solo, assoreamento e sedimentação dos córregos e rios além de

poluição com pesticidas.

Em algumas partes das savanas, onde a produção de soja artificialmente irrigada

se expandiu, na década de 1980, os níveis de água foram afetados. A expansão das

pastagens para a criação de gado reduziu a biodiversidade natural nas savanas.

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O Direito Ambiental não deve ser visto apenas sob uma perspectiva ecológica.

Veremos, mais adiante, que este segmento do Direito aborda outras áreas relacionadas

ao meio em que vivemos.

Entretanto, reforçamos a questão dos danos que a natureza vem sofrendo, em

especial no Brasil, de modo que este curso possa nos estimular a pensarmos nas

questões econômicas – o que e de que maneira consumimos e produzimos – de forma

sustentável e consciente.

As questões ambientais também se aplicam às áreas urbanas. Nas grandes

cidades, os níveis de poluição do ar são elevados e há grandes congestionamentos. No

Brasil, os níveis de poluentes liberados na atmosfera ainda são considerados

inadequados.

A aplicação correta das leis ambientais tem contribuído pouco a pouco com a

regularização destes níveis. Mas, ainda assim, uma conscientização mais abrangente se

faz necessária, uma vez que as mudanças ecológicas dependem da conduta pessoal de

todos.

Ao mesmo tempo, os problemas ambientais mais básicos relacionados com a

falta de saneamento, ainda persistem no Brasil.

Estes problemas são, na maioria das vezes, piores em cidades de porte médio e

pequeno do que nas grandes cidades, que têm mais recursos para lidar com eles.

Os problemas ambientais das pequenas cidades começaram a receber maior

atenção da sociedade e do governo a partir da década de 1990. De acordo com alguns

críticos internacionais, a crise econômica na década de 1980 agravou a degradação

ambiental no Brasil.

Isto ocorreu porque houve sobre-exploração dos recursos naturais, estimulando

assentamentos em terras frágeis, tanto em áreas rurais quanto em áreas urbanas.

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Neste período, as leis de proteção ambiental foram enfraquecidas, pois não

foram corretamente aplicadas, houve certa perda de controle em alguns campos.

O governo teve sua atuação comprometida em relação a uma maior eficiência na

aplicação de leis ambientais por conta da grande crise econômica que o país atravessou.

As consequências foram o crescimento desordenado de áreas de assentamento

(favelas), desmatamento destas áreas, poluição do terreno e dos rios próximos, pois não

houve instalação de rede de esgoto, entre outros danos que se refletiram no ambiente

urbano.

A exploração inadequada – de áreas urbanas, rurais e de preservação – pode

aumentar se o crescimento econômico se acelera, especialmente se os padrões de

consumo crescem juntamente com a população e formas mais sustentáveis de produção

não são encontradas.

No Brasil, as políticas públicas relativas ao meio ambiente são em geral

avançadas, embora a sua implementação e aplicação da legislação ambiental estejam

longe do ideal. A legislação relacionada às florestas, à água e à vida selvagem está em

vigor desde 1930.

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1.4 – Educação e ética sobre meio ambiente

A ética ambiental é uma parte da

filosofia ambiental que considera

estender os limites tradicionais da ética a

partir da inclusão dos seres humanos ao

mundo não-humano.

Ela exerce influência sobre uma

vasta gama de disciplinas, incluindo

legislação ambiental, sociologia

ambiental, ecoteologia, economia

ecológica, ecologia e geografia ambiental.

Há muitas questões éticas que os seres humanos devem se fazer em relação ao

meio ambiente. Por exemplo:

• Devemos continuar a utilizar a madeira das florestas de corte por causa do

consumo humano?

• Por que devemos continuar a propagar a nossa espécie?

• Devemos continuar a comprar/desejar e comprar/utilizar os veículos movidos a

gasolina?

• Que obrigações ambientais precisamos manter para as futuras gerações?

• É correto que os seres humanos conscientemente causem a extinção de uma

espécie para a conveniência da humanidade?

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• Como devemos melhor utilizar e conservar o ambiente para proteger e expandir

a vida?

Existe um grande número de estudiosos que tentaram categorizar as várias

maneiras de se discutir a ética relacionada ao meio ambiente.

Alan Marshall é um estudioso da Nova Zelândia, cujo trabalho a respeito das

disciplinas envolvendo estudos ambientais tem ganhado destaque no mundo todo. Ele

tem sido observado como um dos estudiosos mais importantes no campo da ética e do

direito ambiental. Ele, ainda jovem, foi premiado por seu trabalho sobre as questões

ambientais. É doutor pela Universidade de Wollongong (na Austrália) e atua como

professor na Universidade de Masaryk na República Checa.

Alan dividiu o conceito sobre ética ambiental em três abordagens gerais:

• A Extensão Libertária: significa que todas as pessoas e os animais devem

receber igualdade de direitos;

• A categoria Extensão Ecológica: centra-se na interdependência e diversidade de

tudo que existe no mundo;

• A categoria Conservação da Ética: tem mais a ver com a ideia de que o meio

ambiente, uma vez que é útil para os seres humanos, deve ser preservado para

que possamos preservar a nossa própria espécie.

Com estas subcategorizações do conceito de ética ambiental, nós podemos

integrar aos nossos questionamentos algumas situações que nos levem a fazer

julgamentos do que é correto ao se discutir legislação ou estabelecer e aplicar qualquer

tipo de punição legal.

Vamos supor que o abate de animais selvagens ou a destruição de uma floresta

inteira sejam necessários para a proteção da integridade de um determinado

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ecossistema. Será que essas ações seriam moralmente admissíveis ou mesmo

necessárias? Seria moralmente aceitável que agricultores em países não-industriais

praticassem técnicas de corte e queima de árvores para limpar áreas a serem utilizadas

na agricultura?

Agora vamos considerar uma empresa de mineração que tem realizado

mineração a céu aberto em algumas áreas anteriormente intocadas. A empresa tem a

obrigação moral de restaurar o relevo e a ecologia de superfície?

E qual é o valor de um ambiente artificialmente restaurado em comparação ao

meio ambiente natural (original)?

Diz-se ser moralmente errado que os seres humanos poluam e destruam partes

do ambiente natural e que consumam uma grande proporção dos recursos naturais do

planeta.

Se isso é errado, é simplesmente porque um ambiente sustentável é essencial

para o bem-estar humano no presente e no futuro? Ou esse tipo de comportamento

também é considerado errado porque o ambiente natural e/ou seus vários recursos

(minérios, água, madeira e outros) têm certos valores, por si só, de modo que estes

valores devem ser respeitados e protegidos a qualquer custo?

Estas são algumas das questões investigadas pela ética ambiental, uma das bases

constituintes do Direito Ambiental.

Algumas destas perguntas são bem específicas e são enfrentadas pelos

indivíduos que se encontram nestas circunstâncias particulares, enquanto outras são

questões mais globais enfrentadas por grupos e comunidades.

Outras ainda são questões mais abstratas sobre o valor e sobre a moral do

ambiente natural e de seus componentes não humanos. Estes questionamentos

permeiam a área do direito ambiental.

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1.5 – Crise ambiental

Uma crise ambiental ou crise

ecológica ocorre quando o ambiente de

uma espécie ou uma população muda de

uma forma que desestabiliza a sua

sobrevivência. Existem muitas causas

possíveis para que tais crises aconteçam.

A crise ambiental pode acontecer:

• Por conta da degradação da qualidade do ambiente em relação às necessidades

da espécie (por exemplo, a morte de peixes por motivo de poluição das águas);

• Após uma mudança do fator abiótico, ou seja, influências que os seres vivos

são passíveis de receber em um ecossistema (por exemplo, um aumento de

temperatura, diminuição das chuvas, entre outros);

• Por conta de um determinado ambiente tornar-se favorável para a sobrevivência

de uma espécie (ou população) devido a um aumento da predação;

• Por último, pode ser que a situação se torne desfavorável para a qualidade de

vida das espécies (ou população) devido a um aumento do número de indivíduos

(superpopulação).

A mudança climática está começando a ter grandes impactos sobre os

ecossistemas. Com o aumento da temperatura global, existe uma diminuição da queda

de neve, crescimento no degelo dos polos e os níveis do mar estão subindo cada vez

mais.

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Os ecossistemas mudarão ou evoluirão para lidar com o aumento da

temperatura. Consequentemente, muitas espécies serão expulsas de seus habitats.

Os ecossistemas de água doce e zonas úmidas estão se alterando com os efeitos

extremos do aumento da temperatura. A mudança climática pode ser devastadora para

espécies que vivem em águas geladas como o salmão e a truta. O aumento da

temperatura já ocasionou a diminuição destas espécies.

Os peixes de água fria, consequentemente, deixarão a sua área natural geográfica

para poderem viver em águas mais frias. Já existem relatos de migração destas espécies

para altitudes mais elevadas.

Embora muitas espécies terem sido capazes de se adaptar às novas condições,

movendo sua gama em direção aos polos, outras espécies não são tão afortunadas. A

opção de migrar não existe para os ursos polares, por exemplo, e para outras espécies de

vida aquática.

Biodiversidade: extinção

Um vasto número de espécies está sendo aniquilado. Todo ano, entre 17.000 e

100.000 espécies desaparecem do planeta. A velocidade com que as espécies estão se

extinguindo tem aumentado a cada ano. A última extinção em massa foi causada pela

colisão de um meteorito 65 milhões de anos atrás.

A perda de novas espécies em um ecossistema afeta todas as criaturas vivas. Por

exemplo, nos Estados Unidos houve uma redução drástica da população de tubarões ao

longo da costa leste. Desde então, tem havido um aumento na população de raias, que

por sua vez tem dizimado a população de mariscos.

A perda de mariscos reduziu a qualidade da água e o tamanho dos leitos de algas

marinhas. Toda a biodiversidade foi comprometida e está sendo perdida em um ritmo

acelerado.

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Sete milhões de quilômetros quadrados de florestas tropicais desapareceram nos

últimos 50 anos. Cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados foram usados para

cultivos diversos, enquanto os restantes 5 milhões de quilômetros quadrados reduziram-

se a solo improdutivo.

Reconverter estas terras improdutivas em floresta nativa poderia ajudar a

capturar cerca de 5 bilhões de toneladas de carbono da atmosfera por ano. O

reflorestamento traria enormes benefícios para a biodiversidade.

Compreender os fatos e as consequências nos traz novo entendimento de quais

ações podem ser tomadas. Os números alarmantes que apresentamos (7 milhões de

quilômetros quadrados de florestas) nos passam despercebidos no dia a dia.

Desde grandes organizações a pequenos agricultores, todos são responsáveis por

este desmatamento. Assim como os consumidores de todo tipo, de grandes comerciantes

a donas de casa que encomendam uma peça de mobília feita com madeira de

preservação, todos precisam estar vigilantes.

Especialmente para aqueles que assumem um compromisso com a ética e com a

justiça, estarmos atentos aos números e fatos ocorridos em escala global, é de suma

importância para a sobrevivência do planeta.

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1.6 – Sustentabilidade

Alcançar a sustentabilidade permitirá

que a Terra continue a apoiar a vida humana.

A sustentabilidade é a capacidade de se

autossustentar. Em ecologia, a palavra

descreve como sistemas biológicos

permanecem diversificados e produtivos ao

longo do tempo.

Na nossa Constituição Federal, o

conceito de sustentabilidade surge no artigo 225, ao introduzir a ideia de defender e

preservar o meio ambiente:

“Art. 225: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o

dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras

gerações.”

As zonas úmidas de vida longa e saudável, bem como as florestas sustentáveis

são exemplos de sistemas biológicos. Para os humanos, a sustentabilidade é o potencial

para a manutenção em longo prazo do bem-estar que inclui aspectos ecológicos,

econômicos, políticos e culturais.

Os ecossistemas e ambientes saudáveis são necessários para a sobrevivência dos

seres humanos e de outros organismos. Há inúmeras maneiras de reduzir o impacto

humano negativo na natureza. O primeiro destes é a gestão ambiental.

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A abordagem de uma gestão ambiental é baseada em informações obtidas

através das ciências da Terra, ciências ambientais e biologia de conservação.

A segunda abordagem é a gestão do consumo humano de recursos, que se baseia

em grande parte em informações obtidas a partir da economia.

Uma terceira abordagem, mais recente, acrescenta preocupações culturais e

políticas na matriz de sustentabilidade. Trata-se de interfaces entre o tema

sustentabilidade e as questões econômicas, obtidas através de estudos e observações das

consequências sociais e ambientais da atividade econômica.

O termo economia de sustentabilidade envolve economia ecológica, onde os

aspectos sociais, incluindo os aspectos culturais, relacionados com a saúde monetária e

financeira de uma nação são integrados.

Abaixo, veremos um texto que sintetiza de maneira simplificada o conceito de

sustentabilidade, de forma a nos auxiliar a compreender melhor os aspectos que estão

envolvidos neste desafio do século XXI:

Afinal, o que é sustentabilidade?

Sustentabilidade é a palavra que mais se ouve e se lê por aí, na administração, na

economia, na engenharia ou no Direito. Mas, afinal, o que significa

sustentabilidade? Como bom mentor, vou tentar explicar de forma simples o

conceito que já faz parte da vida moderna. Em primeiro lugar, trata-se de um

conceito sistêmico, ou seja, ele correlaciona e integra de forma organizada os

aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade. A palavra-chave

é continuidade, como essas vertentes podem se manter em equilíbrio ao longo do

tempo.

Quem primeiro usou o termo foi a norueguesa Gro Brundtland, ex-primeira ministra

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de seu país. Em 1987, como presidente de uma comissão da Organização das

Nações Unidas, Gro publicou um livreto chamado Our Common Future, que

relacionava meio ambiente com progresso. Nele, escreveu-se pela primeira vez o

conceito: "Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente

sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades".

Note que interessante: a proposta não era só salvar a Terra cuidando da ecologia,

mas suprir todas as necessidades de gerações sem esgotar o planeta. "Nem de longe

se está pedindo a interrupção do crescimento econômico", frisou Gro. "O que se

reconhece é que os problemas de pobreza e subdesenvolvimento só poderão ser

resolvidos se tivermos uma nova era de crescimento sustentável, na qual os países

do sul global desempenhem um papel significativo e sejam recompensados por isso

com os benefícios equivalentes."

Parece que Gro Brundtland adivinhava a crise recente das economias do norte e já

salientava o papel dos países emergentes, como Brasil, China e Índia. Para você,

vale lembrar que a sustentabilidade se aplica a qualquer empreendimento humano,

de um país a uma família.

Toda atividade que envolve e aglutina pessoas tem uma regra clara: para ser

sustentável, precisa ser economicamente viável, socialmente justa, culturalmente

aceita e ecologicamente correta. O desafio é enorme, envolve várias gerações e, por

isso, você precisa estar ligado no tema.

Luiz Carlos Cabrera é professor da Eaesp-FGV, diretor da PMC Consultores e membro da Amrop Hever Group

Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_474382.shtml

Avançar rumo à sustentabilidade é também um desafio social que inclui

considerações acerca do direito internacional e nacional, do planejamento urbano e dos

transportes, dos estilos de vida locais e individuais e do consumo ético.

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As maneiras de viver de forma mais sustentável podem assumir muitas formas,

ou seja, diferentes organizações de vida, por exemplo: ecovilas, eco-municípios e

cidades sustentáveis.

É importante reconsiderar fazer uma reavaliação dos setores econômicos

(construções ecológicas, agricultura sustentável, entre outros), ou práticas de trabalho

(arquitetura sustentável), usando a ciência para desenvolver novas tecnologias

(tecnologias de energias renováveis), para que haja ajustes nos estilos de vida

individuais que sejam capazes de conservar os recursos naturais.

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Unidade 2 – Introdução ao Direito Ambiental

Olá, aluno(a)!

Nesta unidade, trataremos de conceitos gerais sobre direito ambiental. Vamos

apresentar a importância da lei para garantir a tutela do meio ambiente. Veremos todo o

desenvolvimento histórico da legislação ambiental.

Abordaremos, também, a classificação adotada pela Política Nacional do Meio

Ambiente, de forma a dividi-la em quatro categorias e conheceremos os princípios que

regem o tema.

Por fim, vamos conhecer os tipos de responsabilidades atribuídas àqueles que

tentam trazer danos ou prejuízos ao meio ambiente.

Bom estudo!

2.1 – A lei e o meio ambiente

Como vimos, na unidade anterior,

é papel da sociedade garantir a

sobrevivência do planeta através de

práticas de sustentabilidade, respeitando

toda a biodiversidade presente na Terra.

Isso seria fantástico, se a

realidade não fosse outra. Falando

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especificamente do Brasil, estabelecer uma consciência ambiental na população não é

algo que se consegue da noite para o dia, principalmente em razão da grande

diversidade intelectual presente em nossa sociedade.

Neste sentido, criar mecanismos de defesa para o meio ambiente, tornou-se peça

chave e discussão recorrente no cenário nacional, tendo no Direito a base para a efetiva

garantia desses pressupostos.

Assim, podemos afirmar que o Direito Ambiental e seus respectivos Operadores

do Direito são, sem dúvida, a melhor maneira para minimizar as preocupações com o

meio ambiente, de forma a evitar que o ser humano possa extinguir outras formas de

vida, bem como recursos naturais não renováveis.

Surgimento do Direito Ambiental

Podemos afirmar que o Direito Ambiental surgiu com as novas práticas de

produção e consumo desenvolvidas durante a Revolução Industrial, ainda no Século

XVIII, trazendo de forma tímida até o Século XX, pequenas mudanças e evoluções na

busca para regular os impactos das relações sociais no meio ambiente.

Durante o Século XX, com o avanço da tecnologia, foi possível observar o

tamanho do estrago causado pela busca incansável por recursos naturais. As ferramentas

de levantamento de informações puderam apurar algumas catástrofes naturais que até

então eram desconhecidas como o buraco na camada de ozônio e o efeito estufa, ambos

provocados pela poluição.

Diante dos acontecimentos em 1972, sob organização de países desenvolvidos,

ocorre um encontro em Estocolmo, capital da Suécia para tratar de assuntos

direcionados ao meio ambiente. O resultado deste encontro foi a Declaração de

Estocolmo sobre Meio Ambiente, uma declaração de princípios que veio a se tornar o

marco inicial na busca pela preservação e conservação do meio ambiente.

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O Brasil, junto de outros países em desenvolvimento, a princípio se opuseram à

Declaração, alegando que ela restringia seu desenvolvimento e que apenas a pobreza era

a causa maior para a degradação ambiental. No entanto, aos poucos, o Brasil vai

absorvendo em seu ordenamento jurídico os conceitos e os princípios desta Declaração,

culminando com a criação da Secretaria Nacional do Meio Ambiente e a aprovação da

Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei no. 6.938/81).

Durante muito tempo, a Declaração de Estocolmo foi utilizada como guia para o

desenvolvimento de leis e políticas ambientais ao redor do mundo até que em 1992, as

Nações Unidas organizaram no Rio de Janeiro, a ECO-92, o maior evento de todos os

tempos, relacionado à preservação do meio ambiente. Neste encontro, a comunidade

internacional aprovou a Declaração do Rio de Janeiro que, além de ratificar vários

princípios desenvolvidos na Declaração de Estocolmo, os aperfeiçoa e cria novos

princípios ainda não previstos, como a ideia de “desenvolvimento sustentável”,

demonstrando que é possível realizar a exploração de recursos naturais sem destruir o

meio ambiente.

Porém apenas declarações e leis esparsas não irão resolver o problema da

destruição do meio ambiente causada pelo homem. Se não houver formas mais efetivas

de punição, o homem sob domínio de sua ganância e ambição, continuará causando

prejuízos ao seu próprio habitat.

Definição Legal

Legalmente, a definição de meio ambiente encontra-se disposto no art. 3º, I, da

Lei nº. 6.938/81, com a seguinte redação:

“art. 3º. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e

interações da ordem física, química e biológica, que permite, abriga e

rege a vida em todas as suas formas”.

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Essa definição gera certa discussão. O professor Celso Antonio Pacheco Fiorillo,

em sua obra “Curso de Direito Ambiental Brasileiro” (editora Saraiva), entende que esta

definição de meio ambiente dada pela Lei da política Nacional do Meio Ambiente foi

absolutamente recepcionada uma vez que a Constituição Federal de 1988 buscou tutelar

todas as formas de meio ambiente, ou seja, o meio ambiente natural, artificial, cultural e

do trabalho.

Por sua vez, José Afonso da Silva, em sua obra “Direito Ambiental

Constitucional” (editora São Paulo), entende que esta definição se restringe ao meio

ambiente natural apenas, não abrangendo todos os bens jurídicos a serem protegidos.

Legislação Ambiental Brasileira

Como dissemos, o Brasil veio ao longo do tempo criando leis esparsas a respeito

da proteção ao meio ambiente. Tentaremos aqui criar uma ordem cronológica para

apresentar as principais leis criadas sobre o tema meio ambiente:

Ano Lei Observação

1916

Código Civil

Art. 554 dispõe sobre o direito de

proprietário ou inquilino de um prédio

impedir o mau uso de propriedade

vizinha que possa causar prejuízo à

segurança, ao sossego e à saúde

daqueles que o habitam.

1916

Código Civil

Art. 584 dispõe sobre a proibição de

construções que possam causar poluição

ou inutilização de água de poço ou

fonte.

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1923

Regulamento da Saúde

Pública – Dec. No.

16.300/23.

Prevê a possibilidade de afastamento de

indústrias nocivas ou incomodas que

possam causar prejuízos à saúde dos

moradores de sua vizinhança.

1934

Código Florestal – Dec.

No. 23.793/34.

Lei específica que visa à proteção das

florestas. Foi substituído pela Lei

Federal no. 4.771/65.

1934

Código das Águas – Dec.

No. 24.643/34.

Lei específica que visa à proteção das

águas.

1934

Lei de Proteção da Fauna

– Dec. No. 24.645/34.

Lei específica que estabelece medidas

de proteção aos animais.

1937

Dec. No. 25/37.

Estabelece a proteção ao patrimônio

histórico e artístico.

1964

Estatuto da Terra – Lei no.

4.504/64.

Estabelece regras para o uso correto do

solo.

1965

Novo Código Florestal –

Lei no. 4.771/65.

Estabelece novas regras de proteção às

florestas.

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1967

Nova Lei de Proteção da

Fauna – Lei no. 5.197/67.

Estabelece novas regras de proteção aos

animais.

1967

Política de Saneamento

Básico – Dec. No. 248/67.

Estabelece regras para estruturação do

saneamento básico no país.

1972

Declaração de Estocolmo.

Carta de princípios visando a proteção

ambiental.

1973

Criação da Secretaria

Especial do Meio

Ambiente – Dec. No.

73.030/73.

Criada para orientar a conservação do

meio ambiente e uso racional dos

recursos naturais.

1981

Política Nacional do Meio

Ambiente – Lei no.

6.938/81.

Dispõe sobre os fins e mecanismos de

formulação e aplicação da proteção ao

meio ambiente.

1985

Lei no. 7.347/85.

Regula a ação civil pública de

responsabilidade por danos causados ao

meio ambiente.

1988

Constituição Federal

Estabeleceu a participação da população

na preservação e defesa do meio

ambiente.

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1998

Lei de Crimes Ambientais

– Lei no. 9.605/98.

Estabelece sanções penais e

administrativas para condutas lesivas ao

meio ambiente.

1999

Lei no. 9.795/99.

Estabelece a Política Nacional de

Educação Ambiental.

2000

Lei no. 9.966/00.

Estabelece o controle, prevenção e

fiscalização da poluição causada por

lançamento de substâncias nocivas em

águas nacionais.

2001

Lei no. 10.308/01.

Dispõe sobre os locais adequados para

depósitos de rejeitos radioativos.

2005

Lei no. 11.105/05.

Estabelece as regras sobre atividades

ligadas à biossegurança.

2006

Lei no. 11.428/06.

Estabelece regras sobre a utilização e

proteção da Mata Atlântica.

2008

Lei no. 11.794/08.

Regulamenta os procedimentos para uso

científico de animais.

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2010

Lei no. 12.305/10.

Institui a Política Nacional de Resíduos

sólidos.

2013

Dec. No. 7.957/13.

Regulamenta a atuação das Forças

Armadas na proteção ambiental.

2.2 – Classificação de meio ambiente

Não temos aqui a pretensão de

buscar novos significados para o termo

meio ambiente, uma vez que seu

conceito é unitário, no entanto, podemos

afirmar que mesmo tendo um conceito

único, o termo é composto por inúmeros

princípios, diretrizes e objetivos

presentes na Política Nacional do Meio

Ambiente.

A divisão que pretendemos

apresentar refere-se apenas aos aspectos do meio ambiente que podem ter seus valores

diminuídos, proporcionando grandes prejuízos à manutenção de uma vida saudável.

Segundo o professor Fiorillo, podemos dividir o meio ambiente em quatro

aspectos principais:

1. Meio Ambiente Natural;

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2. Meio Ambiente Artificial;

3. Meio Ambiente Cultural;

4. Meio Ambiente do Trabalho.

1. Meio Ambiente Natural

É o meio ambiente composto por tudo aquilo que nos rodeia e que seja criado

pela natureza, ou seja, é constituído pela água, pelo ar, pelos animais, pelo solo, pelas

plantas, entre outros.

O meio ambiente natural está previsto na Constituição Federal, art. 225, mais

precisamente pelos incisos I e VII. Observe:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade

de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º – Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder

Público:

I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover

o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

(...)

VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas

que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção

de espécies ou submetam os animais a crueldade.”

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2. Meio Ambiente Artificial

(Ilha artificial de Al Marjan nos Emirados Árabes Unidos)

Fonte: http://myguide.iol.pt/profiles/blogs/real-resort

O termo meio ambiente artificial, refere-se ao ambiente fabricado pelas mãos

humanas. Trata-se do “cenário” que nos fornecem as comodidades para a atividade

humana.

Estas construções podem variar em escala, indo de edifícios a parques ou de

espaços verdes para bairros e cidades. Muitas vezes, o termo meio ambiente artificial

pode incluir toda a nossa infraestrutura de apoio, tais como: abastecimento de água,

redes de esgoto e de energia.

O ambiente construído é um produto espacial e cultural do trabalho humano, que

combina elementos físicos e de energia a fim de proporcionar melhores formas para se

viver, trabalhar e praticar atividades de lazer.

Meio ambiente artificial tem sido definido como "o espaço construído em que as

pessoas vivem, trabalham e praticam diversas atividades no dia a dia".

O ambiente construído engloba lugares e espaços criados ou modificados por

pessoas, incluindo edifícios, parques e sistemas de transporte. Nos últimos anos, a

investigação em saúde pública expandiu a definição de "ambiente artificial" para incluir

o acesso à alimentação saudável, hortas comunitárias e o conceito de “acessibilidade”.

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História

Os conceitos iniciais de ambientes construídos foram introduzidos milhares de

anos atrás. Hippodamus de Mileto, conhecido como o "pai do planejamento urbano",

desenvolveu cidades gregas de 498 a.C. a 408 a.C. Neste período, ele criou planos para

mapear e modificar a cidade, com o intuito de melhorar a vida dos cidadãos.

Estes planos iniciais de melhoramento das cidades serviram de inspiração ao

movimento “City Beautiful”. O Movimento City Beautiful era uma filosofia de reforma

de arquitetura e planejamento urbano norte-americano que floresceu durante a década

de 1890 e 1900, com a intenção de introduzir embelezamento e grandeza monumental

às cidades.

O esforço foi em parceria com outros que acreditavam que embelezar as cidades

americanas poderia melhorar a autoestima dos cidadãos junto ao comércio, o que

poderia incentivar a classe superior a gastar seu dinheiro nestes lugares mais bem

elaborados. Este processo incluiu o embelezamento de parques e projetos arquitetônicos

ousados.

Meio ambiente artificial e Constituição Federal

O meio ambiente artificial surge na constituição tanto no artigo 225, como

também nos artigos 182. Ao começar o capítulo que se refere à política urbana, surge

também no capítulo 21 XX, prevendo a competência material da União Federal de

instaurar diretrizes para a expansão urbana, incorporando habitação, saneamento básico

e transportes públicos.

“Art. 182: A política de desenvolvimento urbano,

executada pelo Poder Público Municipal, conforme

diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo

ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais

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da cidade e garantir o bem estar de seus habitantes”.

3. Meio Ambiente Cultural

Podemos conceituar o meio ambiente cultural como o Patrimônio Cultural de um

povo, ou seja, o conjunto de bens móveis ou imóveis que, em razão de fatos históricos,

arqueológicos, artísticos ou bibliográficos, sejam preservados e conservados para

conhecimento público.

Seu conceito legal está previsto na Constituição Federal, através dos artigos 215

e 216:

“Art. 215 – O Estado garantirá a todos, o pleno exercício dos

direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e

incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

§ 1º – O Estado protegerá as manifestações das culturas populares,

indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do

processo civilizatório nacional.

§ 2º – A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta

significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.

§ 3º – A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração

plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à

integração das ações do poder público que conduzem à:

I – defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;

II – produção, promoção e difusão de bens culturais;

III – formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em

suas múltiplas dimensões;

IV – democratização do acesso aos bens de cultura;

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V – valorização da diversidade étnica e regional.”

“Art. 216 – Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de

natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em

conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória

dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais

se incluem:

I – as formas de expressão;

II – os modos de criar, fazer e viver;

III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços

destinados às manifestações artístico-culturais;

V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,

artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

§ 1º – O Poder Público, com a colaboração da comunidade,

promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de

inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de

outras formas de acautelamento e preservação.

§ 2º – Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da

documentação governamental e as providências para franquear sua

consulta a quantos dela necessitem.

§ 3º – A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento

de bens e valores culturais.

§ 4º – Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na

forma da lei.

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§ 5º – Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de

reminiscências históricas dos antigos quilombos.

§ 6 º – É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo

estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua

receita tributária líquida, para o financiamento de programas e

projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento

de:

I – despesas com pessoal e encargos sociais;

II – serviço da dívida;

Apesar da Constituição Federal não restringir os tipos de bens que podem se

tonar Patrimônio Cultural, é preciso observar algumas regras. Segundo o Professor

Fiorillo, para um bem se tornar um patrimônio histórico, é necessário que esse bem

tenha algum vínculo com a identidade, ação ou memória de diferentes grupos da

sociedade.

Por sua vez, provando a importância cultural de um bem e seu vínculo com a

história, é preciso transformá-lo em patrimônio cultural, e isso deve ser feito através de

um tombamento ambiental.

Para a lei, tombar um patrimônio significa inscrevê-lo no Livro do Tombo,

descrevendo todos os detalhes do bem que se deseja preservar, mantendo estas

informações em repartições competentes sob a tutela do Poder Público.

Para José Cretella Jr.: “Se tombar é inscrever, registrar, inventariar, cadastrar,

tombamento é a operação material da inscrição do bem... no livro respectivo”.

Vale lembrar que os tombamentos não estão restritos apenas aos bens

construídos pelo homem. Podem ser sujeitos de tombamento os bens naturais, como:

monumentos naturais, paisagens, ou qualquer outro que precise ser protegido em razão

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de sua beleza e importância natural. Assim, o legislador procurou dividir o Livro do

Tombo em quatro segmentos, de acordo com o tipo de bem a ser reconhecido. São eles:

1. Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico, Paisagístico;

2. Livro do Tombo Histórico;

3. Livro do Tombo das Belas Artes;

4. Livro do Tombo das Artes Aplicadas.

O bem pode se transformar também em patrimônio mundial, uma vez que o

Brasil é signatário da Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e

Natural, realizada em Paris, no ano de 1972. Esta convenção não transfere os direitos

sobre o patrimônio para um órgão internacional e nem atenta contra a soberania

nacional. O Brasil mantém o poder de decidir o que será inscrito na lista de Patrimônio

Mundial e como este bem será preservado.

Para Luís Paulo Sirvinkas, em seu Manual de Direito Ambiental:

"Inserir um bem como patrimônio mundial tem como objetivo chamar

a atenção para a sua conservação, preservação e restauração. Tal

fato é relevante para a promoção do turismo internacional,

possibilitando ainda, o recebimento de verba internacional para

restauração do patrimônio da humanidade."

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Observe, a seguir, alguns bens que já estão inscritos na Lista do Patrimônio Mundial,

Cultural e Natural:

Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto/ MG- 1980

Fonte: http://www.jfsc.jus.br/ambiental/opiniao/meio_ambiente.htm

Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Olinda/ PE- 1982

Fonte: http://www.jfsc.jus.br/ambiental/opiniao/meio_ambiente.htm

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Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Salvador/ BA- 1985

Fonte: http://www.jfsc.jus.br/ambiental/opiniao/meio_ambiente.htm

Conjunto Arquitetônico e Urbanístico do Centro Histórico de São Luis/ MA- 1997

Fonte: http://www.jfsc.jus.br/ambiental/opiniao/meio_ambiente.htm

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Centro Histórico de Diamantina/ MG- 1999

Fonte: http://www.jfsc.jus.br/ambiental/opiniao/meio_ambiente.htm

Parque Nacional do Jaú/ AM- 2000

Fonte: http://www.jfsc.jus.br/ambiental/opiniao/meio_ambiente.htm

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Área de Conservação do Pantanal/ MT e MS- 2000

Fonte: http://www.jfsc.jus.br/ambiental/opiniao/meio_ambiente.htm

Leitura complementar:

Tombamento: Conservação do patrimônio histórico, artístico e cultural

Sintetiza as principais características do tombamento: objeto, competência,

modalidades e procedimento.

Por Genipaula W. Lourenço

Com a intenção de proteger bens que possuam valor histórico, artístico,

cultural, arquitetônico, ambiental e que, de certa forma, tenham um valor

afetivo para a população, é que se tem o instituto do tombamento,

caracterizado pela intervenção do Estado na propriedade e regulamentado por

normas de Direito Público.

O vocábulo tombamento é de origem portuguesa e é utilizado no sentido de

registrar algo que é de valor para uma comunidade, protegendo-o através de

legislação específica.

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Dentre os precedentes normativos dispostos na legislação brasileira acerca do

tombamento e da proteção ao patrimônio histórico, artístico e cultural,

destaca-se o Decreto-Lei nº. 25 de 30 de novembro de 1937, que ordena a

proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e a Lei nº. 3.924 de 26

de julho de 1961, que dispõem sobre os Monumentos Arqueológicos e Pré-

Históricos.

Diversos conceitos podem ser adotados. Como o de José Cretella Júnior, que

diz que o tombamento:

“É restrição parcial ao direito de propriedade, realizada pelo Estado com a

finalidade de conservar objetos móveis e imóveis, considerados de interesse

histórico, artístico, arqueológico, etnográfico ou bibliográfico relevante.

Restrição parcial do direito de propriedade que localiza-se no início de uma

escala de limitações em que a desapropriação ocupa o ponto extremo”.

Ou ainda, o do Departamento do Patrimônio Histórico do Município de São

Paulo, pelo qual:

“Tombamento é um ato administrativo realizado pelo poder público com o

objetivo de preservar, através da aplicação de legislação específica, bens de

valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo

para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou

descaracterizados”.

Tombamento visa proteger patrimônio, mas o que seria patrimônio? De acordo

com o Dicionário Aurélio, patrimônio é:

“Bem, ou conjunto de bens culturais ou naturais, de valor reconhecido para

determinada localidade, região, país, ou para a humanidade, e que, ao se

tornar(em) protegido(s) como, por exemplo, pelo tombamento, deve(m) ser

preservado(s) para o usufruto de todos os cidadãos”.

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O conceito constitucional de patrimônio cultural encontra-se disposto no

artigo 216 da Constituição Federal, não se tratando de uma enumeração

taxativa, e sim meramente exemplificativa:

“Art. 216 – Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza

material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de

referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores

da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I – as formas de expressão;

II – os modos de criar, fazer e viver;

III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados

às manifestações artístico-culturais;

V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,

arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”.

O tombamento pode ter por objeto bens móveis e imóveis que tenham

interesse cultural ou ambiental para a preservação da memória e outros

referenciais coletivos em diversas escalas, desde uma que se refira a um

Município, como uma em âmbito mundial. Estes bens podem ser: fotografias,

livros, acervos, mobiliários, utensílios, obras de arte, edifícios, ruas, praças,

bairros, cidades, regiões, florestas ou cascatas.

É indicado que durante o processo, o tombamento seja realizado em conjuntos

significativos como, por exemplo, um ecossistema para a preservação de uma

ou mais espécies, podendo inclusive, reforçar a proteção em torno de áreas

protegidas por legislação ambiental nos âmbitos estadual e federal.

Na esfera federal, o tombamento é realizado pela União, através do Instituto

do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. Na esfera estadual,

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tomando o Paraná, por exemplo, realiza-se pela Secretaria de Estado da

Cultura - CPC. Já na esfera municipal, é realizado quando as administrações

dispuserem de leis específicas. O processo de tombamento poderá ocorrer

inclusive, em âmbito mundial, o qual será realizado pela Organização das

Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, cujo bem

será reconhecido como Patrimônio da Humanidade.

O bem objeto de tombamento não terá sua propriedade alterada, nem precisará

ser desapropriado, pelo contrário, porém, deverá manter as mesmas

características que possuía na data do tombamento. Seu objetivo é a proibição

da destruição e da descaracterização desse bem, não havendo desta forma,

qualquer impedimento para a venda, aluguel ou herança de um bem tombado,

desde que continue sendo preservado.

Se o proprietário tiver a intenção de vender o bem, deverá, previamente,

notificar a instituição que efetuou o tombamento para atualizar os dados, e por

ventura, exercer seu direito de preferência para a compra do bem.

A preservação dos bens culturais ou ambientais, se dá impedindo

principalmente a sua destruição. Portanto, aquele que ameaçar ou destruir um

bem tombado estará sujeito a processo judicial, que poderá definir multas,

medidas compensatórias ou até a reconstrução do bem como se encontrava na

data do tombamento, de acordo com a sentença final do processo.

Além do tombamento, a preservação de bens históricos, artísticos e culturais

pode se dar por meio do inventário, registrando-se as principais características

de bens culturais e ambientais; os Municípios devem promover o

desenvolvimento das cidades sem a destruição do patrimônio; as leis orgânicas

podem criar leis específicas que estabeleçam a redução de impostos

municipais aos proprietários de bens declarados tombados, a fim de incentivar

a preservação de tais bens.

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A área de proteção localizada nas proximidades do imóvel tombado,

determinada entorno, deve ser delimitada juntamente com o processo de

tombamento, com o fim de preservar o ambiente em que está o imóvel,

impedir que novos elementos reduzam sua visibilidade, afetem as interações

sociais tradicionais ou ameacem sua integridade.

Cabe ao órgão que efetuou o tombamento estabelecer os limites e as diretrizes

para as possíveis interações sociais nas áreas próximas ao bem tombado.

Sendo assim, quando algum bem é tombado, o que está próximo à ele também

sofre a interferência do processo de tombamento, mesmo que seja em menor

grau de proteção.

A abertura do processo de tombamento de um bem cultural ou natural pode ser

solicitada por qualquer pessoa seja ela física ou jurídica, proprietário ou não,

por uma organização não governamental, pelo representante de órgão público

ou privado, por um grupo de pessoas por meio de abaixo assinado ou por

iniciativa do próprio órgão responsável pelo tombamento, sendo de

fundamental importância que o solicitante descreva a possível localização ou

as dimensões e características do bem, e uma justificativa do motivo pelo qual

foi solicitado o tombamento.

Se o pedido obter parecer favorável do Conselho do Patrimônio Histórico e

Artístico o proprietário será notificado, tendo um prazo para contestar ou

concordar com o tombamento. A partir da notificação, o bem já estará

protegido legalmente contra destruição ou descaracterizações até que haja a

homologação com a inscrição do bem no Livro do Tombo específico e

averbação em Cartório de Registro de Imóveis onde o bem estiver registrado.

Atualmente, há dois tipos de tombamento possíveis: quanto à manifestação de

vontade ou quanto à eficácia do ato.

Quanto à manifestação da vontade, o tombamento poderá ser voluntário ou

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compulsório. No tombamento voluntário, o proprietário do bem a ser tombado

se dirige ao órgão competente e provoca o tombamento de sua livre e

espontânea vontade, ou quando notificado do tombamento, concorda sem se

opor ao ato. Já no tombamento compulsório, o órgão competente é quem dá

início ao processo de tombamento, notificando o proprietário que,

inconformado, procura opor-se ao tombamento.

Quanto à eficácia do ato, poderá ser provisório ou definitivo. No tombamento

provisório, mesmo que o processo de tombamento ainda não tenha chegado ao

fim, seus efeitos já são produzidos sobre o bem. No tombamento definitivo, o

procedimento já está terminado e não cabe mais qualquer discussão a respeito.

É de vital importância, não apenas para determinados órgãos responsáveis pela

conservação do nosso patrimônio histórico, mas para a sociedade em geral,

como bem de interesse comum, que nossas obras culturais e artísticas sejam

preservadas, garantindo assim, a possibilidade de que nossos descendentes

desfrutem das belezas das quais também desfrutamos e das quais colaboramos

para que um dia se tornasse realidade.

Fonte: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/3028/Tombamento-Conservacao-do-patrimonio-historico-

artistico-e-cultural

4. Meio Ambiente do Trabalho

É considerado meio ambiente do trabalho, o local destinado ao exercício das

atividades laborais em condições salubres, livre de agentes que coloquem em risco a

saúde e segurança dos trabalhadores.

A tutela deste meio ambiente está prevista de forma mediata pelo artigo 225 da

Constituição Federal, já observado anteriormente, e de forma imediata pelo artigo 200,

VIII do mesmo diploma legal. Observe:

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“Art. 200 – Ao sistema único de saúde compete, além de outras

atribuições, nos termos da lei:

(...)

VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o

do trabalho.”

Por fim, a Constituição Federal ainda destaca em seu artigo 7º., XXII e XXIII:

“Art. 7º – São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de

outros que visem à melhoria de sua condição social:

(...)

XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas

de saúde, higiene e segurança;

XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas,

insalubres ou perigosas, na forma da lei;”

Importante observar que não se trata de Direito do Trabalho. A proteção

oferecida pelo Direito do Trabalho é diferente daquela assegurada ao meio ambiente do

trabalho. Enquanto o primeiro busca regulamentar e equilibrar as relações jurídicas

entre empregado e empregador, a segunda busca salvaguardar a saúde e segurança do

trabalhador em seu ambiente laboral.

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2.3 – Princípios do Direito Ambiental

Os princípios são considerados

a base de qualquer sistema político-

jurídico de Estados civilizados. No

caso dos princípios de direito

ambiental, são adotados

internacionalmente, adaptados à

realidade de cada nação e servem como

indicativos da direção a ser adotada

para a proteção do meio ambiente, visando a preservação da qualidade de vida de

acordo com a ideia de desenvolvimento sustentável.

Dentre os principias princípios, podemos destacar:

Princípio do Direito à Qualidade de Vida

Nossa Constituição Federal reconhece o direito à vida, mas isso já não é mais

suficiente. Entende-se que, além do direito à vida, o ser humano precisa também

usufruir de sua qualidade, ou seja, precisa viver de maneira minimamente adequada.

Neste sentido, um meio ambiente equilibrado faz total diferença para atingir esta

expectativa.

Princípio do Acesso aos Recursos Naturais

Este princípio visa estabelecer noções de equidade no uso equilibrado dos

recursos naturais oferecidos pelo planeta. Não se trata apenas do uso atual, mas deste

em relação às gerações futuras, ou seja, é preciso utilizar os recursos hoje, de uma forma

que possam ser aproveitados por gerações futuras, sem o risco de serem extintos.

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Princípio do Desenvolvimento Sustentável

Em razão de termos recursos ambientais esgotáveis, este princípio procura

orientar o homem a desenvolver atividades econômicas de forma a coexistir

harmonicamente com o meio ambiente, ou seja, o desenvolvimento econômico é

fundamental para uma sociedade, mas a manutenção dos recursos naturais também o é.

Princípio do Poluidor-Pagador

É preciso ter muito cuidado ao interpretar este princípio. Não se deve entendê-lo

como um princípio que autoriza a poluição mediante pagamento, muito menos entendê-

lo como uma licença para poluir à vontade, uma vez que basta pagar.

Diferente do que podemos pensar inicialmente, este princípio traz em seu bojo

duas características importantes. A primeira, em caráter preventivo, busca evitar a

ocorrência de danos ambientais e, a segunda, em caráter repressivo, busca a reparação

do dano que porventura venha a ocorrer. Assim, em caráter preventivo o empresário-

poluidor deve arcar com todas as despesas para evitar que sua atividade cause danos à

natureza e, em caráter repressivo, se ainda assim, sua atividade causar danos à natureza,

deverá ser responsabilizado por ela, respondendo conforme especificação legal.

Importante destacar ainda que este princípio está expresso na letra da lei, mais

especificamente no art. 225, parág. 3º. Da Constituição Federal. Observe:

Art. 225. – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade

de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

(...)

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§ 3º – As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio

ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a

sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de

reparar os danos causados.

Princípio da Prevenção

Podemos considerá-lo um dos princípios mais importantes para o Direito

Ambiental, uma vez que o dano causado ao meio ambiente, na maioria dos casos, é

irreparável ou irreversível. Neste sentido, o Professor Fiorillo apresenta as seguintes

perguntas:

• Como recuperar uma espécie extinta?

• Como erradicar os efeitos causados pelo vazamento na usina nuclear de

Chernobyl?

• De que forma restituir uma floresta milenar que fora devastada, extinguindo

milhões de ecossistemas diferentes, cada um com um papel importante na

natureza?

Por essas questões e tantos outros exemplos, a prevenção torna-se o objetivo

fundamental para o exercício do direito ambiental.

Veja o que diz o princípio 15 da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92):

"Princípio 15: De modo a proteger o meio-ambiente, o princípio da

precaução deve ser amplamente observada pelos Estados, de acordo com

suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis,

a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão

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para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a

degradação ambiental.

De qualquer forma, a prevenção deve ser adotada por toda população e isso só

será possível através de uma consciência ecológica desenvolvida por políticas de

educação ambiental. Como ainda estamos longe de criar tal consciência, o Estado busca

outras medidas que possam suprir esta necessidade, como estudos de impactos

ambientais, manejos ecológicos, tombamentos históricos e naturais, sanções

administrativas, entre outras medidas que possam, pelo menos, resguardar a segurança

do meio ambiente.

Princípio da Precaução

Diferente do princípio da prevenção, o princípio da precaução se preocupa com

um dano que não é certo se existe ou não. O que queremos dizer é que em razão de uma

determinada ação ou omissão, é possível que um determinado dano ao meio ambiente

possa ocorrer.

Em virtude desta dúvida, o princípio da precaução sugere uma intervenção do

Poder Público de forma a adotar medidas racionais como restrições temporárias e

cobrança de mais pesquisas que comprove a ausência de risco ao meio ambiente.

Princípio da Reparação

Como o próprio nome sugere, este princípio trata da reparação do dano causado

ao meio ambiente. O foco do Direito Ambiental, sem dúvidas, é a precaução e a

prevenção, porém, na ocorrência do dano, existem mecanismos para exigir dos

envolvidos a sua reparação.

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Princípio da Informação e Participação

Voltando ao caput do art. 225 da Constituição Federal, este deixa claro que é

responsabilidade do Poder Público e da coletividade defender e preservar o meio

ambiente. Ora, se é dever da coletividade também realizar a defesa do meio ambiente,

este só poderá ser exercido com a garantia da participação da sociedade como um todo.

Tal participação poderá ser exercida através de vários mecanismos, dentre eles:

audiências públicas, medidas judiciais e qualquer outro meio que possa expressar sua

vontade. No entanto, para que este exercício seja possível, é fundamental que a

sociedade garanta seu direito à informação ambiental.

Veja o que diz o art. 5º., XIV da Constituição Federal:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes

no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o

sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

Tal direito à informação deve ser interpretado em sua forma mais ampla,

atingindo desde informações específicas sobre riscos de determinados produtos até

questões técnicas e abrangentes como informações judiciais.

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Princípio da Ubiquidade

Segundo o Professor Fiorillo, este princípio: “Visa demonstrar qual é o objeto

de proteção do meio ambiente, quando tratamos dos direitos humanos, pois toda

atividade, legiferante ou política, sobre qualquer tema ou obra deve levar em conta a

preservação da vida e, principalmente, de sua qualidade.”

2.4 – Responsabilidade pelos danos causados ao meio ambiente

Responsabilizar-se pelos danos causados

ao meio ambiente, implica ao agente danoso

aceitar as sanções impostas pelo Estado como

pena para sua ação. O art. 225, parág. 3º. Da

Constituição Federal, deixa muito claro a

penalização do agente poluidor. Observe o que ele

diz:

“Art. 225. – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade

de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

(...)

§ 3º – As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio

ambiente sujeitarão aos infratores, às pessoas físicas ou às jurídicas,

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as sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação

de reparar os danos causados.”

Por este artigo, podemos observar que a lei determina sanções às pessoas físicas

ou jurídicas, divididas em três esferas: a sanção penal em razão da responsabilidade

penal pelo ato praticado, a sanção administrativa em razão da responsabilidade

administrativa quando esta ocorrer e implicitamente, e a sanção civil em razão da

responsabilidade civil do ato danoso.

Apesar destas três esferas terem a mesma origem, ou seja, todas elas se originam

na antijuridicidade, possuem características diferentes e independentes uma das outras.

Desta forma, o tipo de sanção a ser aplicada será definida pelo objeto tutelado, assim,

dependendo das características do dano ao meio ambiente, o ato pode sofrer sanções na

esfera penal, civil ou administrativa.

Inexistência do “Bis In Idem”

O termo “bis in idem” significa “bis” (repetição) e “in idem” (sobre o mesmo).

Significa dizer que uma pessoa não pode ser julgada duas vezes pelo mesmo fato.

No entanto, como vimos acima, as sanções penais, administrativas e civis

possuem características distintas com regramentos próprios, por isso, o legislador optou

por consagrar a regra da cumulação de sanções, ou seja, o mesmo autor do dano poderá

responder pelo mesmo crime nas três esferas apresentadas.

Responsabilidade Civil

A responsabilidade civil do agente causador do dano está prevista no final do

parág. 3º. Do art. 225 da Constituição Federal, quando o legislador deixa clara a

“...obrigação de reparar os danos causados.”, neste caso, os danos causados ao meio

ambiente.

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No mesmo sentido, o art. 14, parág. 1º. da Lei 6.938/81, prevê a

responsabilidade objetiva do autor em relação aos danos causados ao meio ambiente e

também os danos causados à terceiros. Veja o que diz a lei:

“Art 14 – Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação

federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas

necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos

causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os

transgressores:

(...)

§ 1º – Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo,

é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a

indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a

terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União

e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade

civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.”

Além disso, o legislador criou mecanismos para que a responsabilidade civil

pelos danos ambientais fosse solidária, conforme podemos observar no art. 942, caput,

do Código Civil:

“Art. 942 – Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito

de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa

tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela

reparação.”

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Responsabilidade Administrativa

As sanções administrativas estão previstas no art. 14, incisos I, II, III e IV da Lei

6.938/81 e pelo art. 70, caput, da Lei 9.605/98, conforme observamos a seguir:

“Art 14 – Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação

federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas

necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos

causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os

transgressores:

I – à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no

mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações

Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de

reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a

sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado,

Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios.

II – à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos

pelo Poder Público;

III – à perda ou suspensão de participação em linhas de

financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

IV – à suspensão de sua atividade.”

“Art. 70 – Considera-se infração administrativa ambiental toda ação

ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,

proteção e recuperação do meio ambiente.”

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Em qualquer uma das situações, os órgãos competentes poderão propor sanções

administrativas.

Observe o que nos ensina o Professor Nelson Nery Junior: “O fato da

administração dever agir somente no sentido positivo da lei, isto é, quando lhe é por ela

permitido, indica a incidência da cláusula due process no direito administrativo. A

doutrina norte-americana tem-se ocupado do tema, dizendo ser manifestação do

princípio do devido processo legal o controle dos atos administrativos, pela própria

administração e pela via judicial. Os limites do poder de polícia da Administração são

controlados pela cláusula do due process”.

Entendemos como cláusula do due process of law, o direito de receber o devido

processo legal, ou seja, qualquer ato praticado por autoridade, para ser válido, deverá

seguir todas as etapas legais, inclusive assegurar aos acusados o direito ao contraditório

e ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes.

Responsabilidade Penal

A responsabilidade penal surge quando a ação exige do Estado uma intervenção

mais severa, com sanções que podem variar de uma simples multa até a privação de

liberdade. As sanções estão previstas na Lei 9.605/98 que disciplina os crimes

ambientais.

O que nos interessa na verdade é a penalização da pessoa jurídica, uma vez que

sempre foi possível observar que os grandes problemas relacionados com crimes contra

o meio ambiente sempre foram causados por pessoas jurídicas e não pessoas físicas.

Por outro lado, como punir a pessoa jurídica? Neste sentido, tal responsabilidade

não é aceita de forma pacífica pelos tribunais. Alegam que para se cometer um crime é

necessária a atividade humana, sem a qual não se tem início o seu processamento.

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Conclusão do Módulo I

Olá, aluno(a)!

Você está quase chegando ao fim da primeira etapa do nosso curso de Direito

Ambiental, oferecido pelos Cursos 24 horas.

Para passar para o próximo módulo, você deverá realizar uma avaliação

referente a este módulo já estudado. A avaliação encontra-se em sua sala virtual. Fique

tranquilo(a) e faça sua avaliação quando se sentir preparado!

Desejamos um bom estudo, boa sorte e uma boa avaliação!

Até logo!