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Módulo II

Parabéns por participar de um curso dos

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Page 2: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

Sumário

Unidade 3 – Crimes Ambientais.................................................................................... 3

3.1 – Licenciamento ambiental.................................................................................. 3

3.2 – Código Florestal atualizado ............................................................................ 16

3.3 – Crimes praticados contra o meio ambiente...................................................... 25

Unidade 4 – Direito Processual ................................................................................... 36

4.1 – Aspectos gerais............................................................................................... 36

4.2 – Ação civil pública........................................................................................... 40

4.3 – Ação popular ambiental.................................................................................. 54

4.4 – Mandado de segurança coletivo ambiental...................................................... 69

4.5 – Mandado de injunção ambiental ..................................................................... 80

Conclusão do Módulo II.............................................................................................. 97

Bibliografia................................................................................................................. 98

Page 3: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

3

Unidade 3 – Crimes Ambientais

Olá, aluno(a)!

Nesta unidade, vamos aprender sobre crimes ambientais. A princípio,

receberemos informações sobre as políticas de licenciamento ambiental, com destaque

para os tipos de licenciamento e o caminho para consegui-las.

Em seguida, vamos conhecer as alterações propostas e implantadas pelo Novo

Código Florestal.

Por fim, vamos conhecer os crimes efetivamente praticados contra o meio

ambiente.

Bom estudo!

3.1 – Licenciamento ambiental

A Resolução do CONAMA nº.

237/97, define a licença ambiental como

sendo "o ato administrativo pelo qual o

Poder Público, via órgão ambiental

competente, estabelece as condições, as

restrições e as medidas de controle

ambiental a serem cumpridas pelo

empreendedor para a implantação de

empreendimentos ou atividades

utilizadoras dos recursos naturais, efetiva

ou potencialmente poluidoras".

Page 4: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

4

O licenciamento ambiental pode ser definido como um procedimento realizado

por órgão público ambiental que tem por objetivo autorizar a localização, a instalação, a

ampliação e a operação de negócios ou as atividades que venham a utilizar em alguma

parte de seu processo de produção, os recursos ambientais, podendo se tornar poluidoras

ou que possam causar algum tipo de degradação ambiental.

Trata-se de um instrumento fundamental para a garantia de cumprimento da

Política Nacional do Meio Ambiente, tendo a administração pública, o poder de

controlar atividades empresariais que possam causar danos ou alterações nas condições

ambientais. Neste sentido, a licença ambiental tem por princípio estabelecer um

equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a manutenção dos recursos naturais,

assegurando um desenvolvimento sustentável.

O Licenciamento Ambiental está previsto na Lei 6.938/81, mais precisamente

em seu artigo 10:

“Art. 10 – A construção, instalação, ampliação e funcionamento de

estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais,

efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma,

de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento

ambiental.”

Em razão da grande preocupação com o meio ambiente, o mercado tem se

tornado cada vez mais exigente em adquirir produtos e serviços de empresas que

cumpram todas as normas ambientais. No mesmo sentido, órgãos de financiamentos e

incentivos governamentais estão condicionando seus financiamentos e aprovações de

projetos à apresentação da licença ambiental.

Page 5: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

5

Tipos de licenças

O licenciamento ambiental apresenta três tipos básicos de licenças que podem

ser emitidas de forma sucessivas ou isoladas. São elas:

1. Licença Prévia (LP)

O processo de licenciamento se inicia com a Licença Prévia (LP). Nesta primeira

etapa, o órgão responsável deverá avaliar a localização e a concepção do

empreendimento, no qual deverá atestar a sua viabilidade ambiental.

Nesta etapa preliminar são definidos todos os aspectos relacionados com

controle ambiental, observando principalmente, e com base na Lei de Zoneamento

Municipal, se a área sugerida para instalação da empresa é tecnicamente adequada.

2. Licença de Instalação (LI)

Alcançado a primeira etapa na qual verifica-se a viabilidade do local e a

definição de medidas de proteção ambiental, passa-se ao requerimento da Licença de

Instalação (LI), com a qual se concede o direito de construir o empreendimento e

instalar os equipamentos necessários.

Importante ressaltar que todo o processo de construção e instalação deve seguir

rigorosamente o projeto apresentado. Qualquer alteração deve ser avaliada pelo órgão

licenciador.

3. Licença de Operação (LO)

Esta é a última etapa do processo na qual o órgão licenciador irá autorizar o

funcionamento do empreendimento. A Licença de Operação (LO) só será emitida

quando o órgão verificar que todas as orientações das licenças anteriores foram

cumpridas e que as medidas de controle ambiental são eficazes.

Page 6: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

6

Segmentos de mercado obrigados a adotarem a licença ambiental

A Resolução CONAMA 237/97 estabelece os segmentos obrigados a possuir

uma licença ambiental. Observe a relação a seguir:

Extração e tratamento

de minerais

– pesquisa mineral com guia de utilização;

– lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou

sem beneficiamento;

– lavra subterrânea com ou sem beneficiamento;

– lavra garimpeira;

– perfuração de poços e produção de petróleo e gás

natural.

Indústria de produtos

minerais não

metálicos

– beneficiamento de minerais não metálicos, não

associados à extração;

– fabricação e elaboração de produtos minerais não

metálicos tais, como: produção de material cerâmico,

cimento, gesso, amianto, vidro, entre outros.

Indústria metalúrgica

– fabricação de aço e de produtos siderúrgicos;

– produção de fundidos de ferro e

aço/forjados/arames/relaminados com ou sem

tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia;

– metalurgia dos metais não-ferrosos, em formas

primárias e secundárias, inclusive ouro;

– produção de laminados/ligas/artefatos de metais

não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície,

inclusive galvanoplastia;

Page 7: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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– relaminação de metais não-ferrosos, inclusive ligas;

– produção de soldas e anodos;

– metalurgia de metais preciosos;

– metalurgia do pó, inclusive peças moldadas;

– fabricação de estruturas metálicas com ou sem

tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia;

– fabricação de artefatos de ferro/aço e de metais

não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície,

inclusive galvanoplastia;

– têmpera e cementação de aço, recozimento de

arames e tratamento de superfície.

Indústria mecânica

– fabricação de máquinas, aparelhos, peças,

utensílios e acessórios com e sem tratamento térmico

e/ou de superfície.

Indústria de material

elétrico, eletrônico e

comunicações

– fabricação de pilhas, baterias e outros

acumuladores.

– fabricação de material elétrico, eletrônico e

equipamentos para telecomunicação e informática;

– fabricação de aparelhos elétricos e

eletrodomésticos.

Indústria de material

de transporte

– fabricação e montagem de aeronaves;

– fabricação e reparo de embarcações e estruturas

flutuantes.

Indústria de madeira

– serraria e desdobramento de madeira;

Page 8: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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– preservação de madeira;

– fabricação de chapas, placas de madeira

aglomerada, prensada e compensada;

– fabricação de estruturas de madeira e de móveis.

Indústria de papel e

celulose

– fabricação de celulose e pasta mecânica;

– fabricação de papel e papelão;

– fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina,

cartão e fibra prensada.

Indústria de borracha

– beneficiamento de borracha natural;

– fabricação de câmara de ar e fabricação e

recondicionamento de pneumáticos;

– fabricação de laminados e fios de borracha;

– fabricação de espuma de borracha e de artefatos de

espuma de borracha, inclusive látex.

Indústria de couros e

peles

– secagem e salga de couros e peles;

– curtimento e outras preparações de couros e peles;

– fabricação de artefatos diversos de couros e peles;

– fabricação de cola animal.

Indústria química

– produção de substâncias e fabricação de produtos

químicos;

– fabricação de produtos derivados do processamento

de petróleo, de rochas betuminosas e da madeira;

– fabricação de combustíveis não derivados de

petróleo;

Page 9: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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– produção de óleos/gorduras/ceras vegetais-

animais/óleos essenciais vegetais e outros produtos

da destilação da madeira;

– fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais e

sintéticos e de borracha e látex sintéticos;

– fabricação de

pólvora/explosivos/detonantes/munição para caça-

desporto, fósforo de segurança e artigos pirotécnicos;

– recuperação e refino de solventes, óleos minerais,

vegetais e animais;

– fabricação de concentrados aromáticos naturais,

artificiais e sintéticos;

– fabricação de preparados para limpeza e polimento,

desinfetantes, inseticidas, germicidas e fungicidas;

– fabricação de tintas, esmaltes, lacas, vernizes,

impermeabilizantes, solventes e secantes;

– fabricação de fertilizantes e agroquímicos;

– fabricação de produtos farmacêuticos e

veterinários;

– fabricação de sabões, detergentes e velas;

– fabricação de perfumarias e cosméticos;

– produção de álcool etílico, metanol e similares.

Indústria de produtos

de matéria plástica

– fabricação de laminados plásticos;

– fabricação de artefatos de material plástico.

Indústria têxtil, de

vestuário, calçados e

artefatos de tecidos

– beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de

origem animal e sintético;

– fabricação e acabamento de fios e tecidos;

– tingimento, estamparia e outros acabamentos em

Page 10: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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peças do vestuário e artigos diversos de tecidos;

– fabricação de calçados e componentes para

calçados.

Indústria de produtos

alimentares e bebidas

– beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação

de produtos alimentares;

– matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas

e derivados de origem animal;

– fabricação de conservas;

– preparação de pescados e fabricação de conservas

de pescados;

– preparação, beneficiamento e industrialização de

leite e derivados;

– fabricação e refinação de açúcar;

– refino/preparação de óleo e gorduras vegetais;

– produção de manteiga, cacau e gorduras de origem

animal para alimentação;

– fabricação de fermentos e leveduras;

– fabricação de rações balanceadas e de alimentos

preparados para animais;

– fabricação de vinhos e vinagre;

– fabricação de cervejas, chopes e maltes;

– fabricação de bebidas não alcoólicas, bem como

engarrafamento e gaseificação de águas minerais;

– fabricação de bebidas alcoólicas.

Indústria de fumo

– fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras

atividades de beneficiamento do fumo.

Page 11: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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Indústrias diversas

– usinas de produção de concreto;

– usinas de asfalto;

– serviços de galvanoplastia.

Obras civis

– rodovias, ferrovias, hidrovias e metropolitanos;

– barragens e diques;

– canais para drenagem;

– retificação de curso de água;

– abertura de barras, embocaduras e canais;

– transposição de bacias hidrográficas;

– outras obras de arte.

Serviços de utilidade

– produção de energia termoelétrica;

– transmissão de energia elétrica;

– estações de tratamento de água;

– interceptores, emissários, estação elevatória e

tratamento de esgoto sanitário;

– tratamento e destinação de resíduos industriais

(líquidos e sólidos);

– tratamento/disposição de resíduos especiais, tais

como: os agroquímicos e suas embalagens usadas, os

de serviço de saúde, entre outros;

– tratamento e destinação de resíduos sólidos

urbanos, inclusive aqueles provenientes de fossas;

– dragagem e derrocamentos em corpos d’água;

– recuperação de áreas contaminadas ou degradadas.

- transporte de cargas perigosas.

Page 12: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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Transporte, terminais

e depósitos

– transporte por dutos;

– marinas, portos e aeroportos;

– terminais de minério, petróleo e derivados e

produtos químicos;

– depósitos de produtos químicos e produtos

perigosos.

Turismo

– complexos turísticos e de lazer, inclusive parques

temáticos e autódromos.

Atividades diversas

– parcelamento do solo;

– distrito e polo industrial.

Atividades

agropecuárias

– projeto agrícola;

– criação de animais;

– projetos de assentamentos e de colonização.

Uso de recursos

naturais

– silvicultura;

– exploração econômica da madeira ou lenha e

subprodutos florestais;

– atividade de manejo de fauna exótica e criadouro

de fauna silvestre;

– utilização do patrimônio genético natural;

– manejo de recursos aquáticos vivos;

– introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente

modificadas;

– uso da diversidade biológica pela biotecnologia.

Fonte: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html

Page 13: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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Como obter uma licença ambiental

Para obter uma das licenças ambientais, é preciso seguir alguns passos que,

sucintamente, passamos a descrever:

1. Passo

O primeiro passo é identificar qual é a licença ambiental a ser requerida. Neste

sentido, deve-se observar se trata-se de um empreendimento novo ou não. Cada situação

exigirá um tipo de licença.

2. Passo

Em seguida é preciso identificar o órgão responsável por emitir a licença

ambiental, por exemplo:

•••• Empreendimentos que ultrapassem os limites do Estado, o licenciamento

é emitido pelo IBAMA.

•••• Empreendimentos restritos aos limites do Estado, o licenciamento deve

ser requerido pela FEEMA.

Os próximos passos se referem aos casos de licenças emitidas pelo FEEMA, por

serem as mais comuns.

3. Passo

Depois de identificar o órgão licenciador e o tipo de licença, é necessário

solicitar os formulários de requerimento e cadastro industrial.

Page 14: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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4. Passo

Em seguida, inicia-se a coleta de dados e documentos, que podem diferenciar-se

dependendo de certos requisitos, como: tamanho da empresa, grau de risco, fase do

licenciamento, entre outras informações. De qualquer forma, apresentamos um rol com

os principais documentos exigidos:

• Memorial descritivo do processo industrial da empresa;

• Formulário de Requerimento preenchido e assinado pelo representante legal;

• Cópia do CPF e Identidade do representante legal que assinar o requerimento;

• Cópias dos CPF’s e Registros nos Conselhos de Classe dos profissionais

responsáveis pelo projeto, construção e operação do empreendimento;

• Cópias do CPF e Identidade de pessoa encarregada do contato entre a empresa

e o órgão ambiental;

• Cópias da Procuração, do CPF e da Identidade do procurador, quando houver;

• Cópia da Ata da eleição da última diretoria, quando se tratar de sociedade

anônima, ou contrato social registrado, quando se tratar de sociedade por cotas

de responsabilidade limitada;

• Cópia do CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica;

• Cópias do registro de propriedade do imóvel ou de certidão de aforamento ou

cessão de uso;

• Cópia da Certidão da Prefeitura indicando que o enquadramento do

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empreendimento está em conformidade com o a Lei de Zoneamento Municipal;

• Cópia da Licença ambiental anterior, se houver;

• Guia de Recolhimento (GR) do custo de Licença. A efetuação do pagamento e

custo da taxa referente deverá ser orientada pelo órgão;

• Planta de Localização do empreendimento. Poderá a empresa anexar cópia de

mapas do Guia Rex ou outros mapas de ruas, indicando sua localização;

• Croquis ou planta hidráulica das tubulações que conduzem os despejos

industriais, esgotos sanitários, águas de refrigeração, águas pluviais etc. A

representação dessas tubulações deverão ser representadas com linhas em cores

ou traços diferentes.

5. Passo

O requerente, depois de levantados os documentos exigidos, deve preencher o

cadastro de atividade industrial. Trata-se de um documento que descreve a operação da

empresa, destacando o produto fabricado, fontes de abastecimento de água, efluentes

gerados, entre outros.

6. Passo

Depois de realizar o preenchimento e o levantamento de todos os documentos,

esse processo deve ser levado ao órgão licenciador para que possa ser aberto o processo

de requerimento da licença.

Page 16: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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7. Passo

Depois de conferir os documentos entregues e estes forem aprovados, é preciso

realizar a publicação de abertura de processo em jornal de grande circulação e no Diário

Oficial.

3.2 – Código Florestal atualizado

O Novo Código Florestal, Lei

no. 12.651, de 25 de maio de 2012, é

um documento que regula as áreas de

proteção ambiental e estabelece

regras para os direitos de propriedade

que se encontram em regiões de

proteção e preservação de vegetações

nativas.

Veja o que diz o artigo 1º. da Lei no. 12.651/12:

“Art. 1o-A – Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da

vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva

Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima

florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e

prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos

e financeiros para o alcance de seus objetivos.

Parágrafo único. Tendo como objetivo o desenvolvimento

sustentável, esta Lei atenderá aos seguintes princípios:

Page 17: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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I – afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação

das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da

biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do

sistema climático, para o bem estar das gerações presentes e

futuras;

II – reafirmação da importância da função estratégica da atividade

agropecuária e do papel das florestas e demais formas de vegetação

nativa na sustentabilidade, no crescimento econômico, na melhoria da

qualidade de vida da população brasileira e na presença do País nos

mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia;

III – ação governamental de proteção e uso sustentável de florestas,

consagrando o compromisso do País com a compatibilização e

harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da

água, do solo e da vegetação;

IV – responsabilidade comum da União, Estados, Distrito Federal e

Municípios, em colaboração com a sociedade civil, na criação de

políticas para a preservação e restauração da vegetação nativa e de

suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais;

V – fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação

para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e a

preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa;

VI – criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar a

preservação e a recuperação da vegetação nativa e para promover o

desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis.”

Page 18: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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O Código Florestal realmente precisava passar por uma série de atualizações, em

razão de sua longa história.

O primeiro Código que tratava do meio ambiente, foi criado em 1934 pelo

Decreto no. 23.793/34. Somente em 1965, através da Lei no. 4.771/65 é que o Código

Florestal passou por uma atualização, estabelecendo novas regras para a preservação

ambiental. Por fim, depois de anos de discussão, em 2012 foi aprovado o novo Código

Florestal, através da Lei no. 12.651/12, mas que ainda traz em seu bojo uma série de

discussões e vetos, como veremos ao longo desse tópico.

Os dois pontos principais continuam sendo a Reserva Legal e a área de

Preservação Ambiental que veremos a seguir:

Reserva Legal

A Lei em seu artigo 2º. define a reserva legal da seguinte forma:

“Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,

delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso

econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural,

auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e

promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a

proteção de fauna silvestre e da flora nativa;”

Esta delimitação de que trata o artigo 12, baseia-se nos seguintes valores:

• 80% em áreas de floresta da Amazônia Legal;

• 35% em áreas no cerrado brasileiro;

• 20 % em áreas em campos gerais;

• 20% nos demais biomas de regiões do país.

Page 19: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

19

Área de Preservação Ambiental (APP)

Da mesma forma que a Reserva Legal, a Lei também define em seu artigo 2º. A

Área de Preservação Ambiental (APP) da seguinte forma:

“Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função

ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a

estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de

fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações

humanas;”

O objetivo das áreas de preservação permanente é assegurar que locais mais

frágeis sejam preservados. Podemos considerar como locais frágeis, as beiras de rios,

topos de morros e encostas que, se forem desmatados, poderão trazer sérios danos ao

meio ambiente, como: erosões e deslizamentos de terra, perdas de nascentes, entre

outros.

Page 20: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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Reforma do Código Florestal

Fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/04/entenda-o-que-diz-o-codigo-florestal-ser-votado-na-camara.html

Page 21: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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Aprovação do Código Florestal foi um dos destaques do Legislativo

em 2012

Novo código foi aprovado após vários anos de discussão entre parlamentares,

governo, ruralistas e ambientalistas.

Um dos principais destaques na agenda legislativa de 2012, o novo Código

Florestal (Lei 12.651/12) foi aprovado após anos de muita discussão entre

parlamentares, governo, ruralistas e ambientalistas. A lei veio como uma

tentativa de regularizar a situação de mais de 4 milhões de propriedades

rurais com alguma pendência ambiental – 80% do total.

A pressão de produtores por mudanças na lei anterior, de 1965, ganhou força

no Congresso nos últimos quatro anos, após o governo do ex-presidente Lula

editar um decreto prevendo multa a quem descumprisse os índices de reserva

legal na propriedade.

Durante os debates no Legislativo, a aplicação das multas pelo

descumprimento da reserva legal foi adiada seguidas vezes. Até que, com a

aprovação do novo código em maio e algumas alterações em outubro, por

meio da Medida Provisória 571/12 (convertida na Lei 12.727/12), produtores

e governo chegaram a um consenso de que a regularização poderia ser

flexibilizada conforme o tamanho da propriedade e o período de ocorrência

do desmatamento.

O deputado Bohn Gass (PT-RS), que presidiu a comissão especial sobre a

MP 571, avalia que, apesar dos embates entre ruralistas, ambientalistas e

governo, o texto final mantém o foco na justiça social.

"Nos lugares onde não há nenhuma árvore e precisa haver recuperação, ela

obedece a uma justiça social. O pequeno agricultor vai recompor menos, o

Page 22: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

22

médio mais e o maior ainda mais. É como na justiça tributária: quem tem

muito paga muito e quem tem pouco paga pouco", disse Bohn Gass.

Pequeno agricultor

Com 84 artigos, o novo código abre uma série de excepcionalidades para os

pequenos agricultores. Todo agricultor deve se inscrever no Cadastro

Ambiental Rural, em fase de estruturação pelo Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelos estados. Para

os agricultores familiares, a inscrição será simplificada e deverá contar com

apoio técnico e jurídico do poder público.

O cadastro é o primeiro passo para a adesão aos programas de regularização

ambiental, a serem coordenados pelos governos federal e estaduais até 2014.

Imóveis com mais de quatro módulos fiscais devem recuperar áreas de

preservação permanente (APPs) desmatadas às margens de rios em índices

que variam entre 20 e 100 metros, conforme o tamanho do curso d'água.

Já os pequenos devem recompor as matas ciliares em índices que vão de 5 a

15 metros, dependendo da extensão da propriedade e independentemente da

largura do rio.

Durante a última etapa de discussão no Congresso, a maioria dos

parlamentares decidiu incluir critérios especiais também para as médias

propriedades na recomposição de matas ciliares em rios de até 10 metros de

largura. O governo discordou e vetou a mudança, sob o argumento de que a

inclusão dos médios reduziria a proteção mínima originalmente proposta.

Médios proprietários

Apesar de considerar os critérios do novo código razoáveis, o ex-ministro da

Page 23: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

23

Agricultura e hoje deputado Reinhold Stephanes (PSD-PR) prevê problemas

na aplicação da legislação para os médios proprietários.

"Uma propriedade até quatro módulos, pequena, de maneira geral, está com

uma legislação muito adequada e bem protegida para poder executar esta

legislação. Mas uma propriedade com cinco módulos, ligeiramente superior,

já está fora e pode perder até 60% da sua área de produção e se tornar

inviável nos moldes que ela vem produzindo. Esses fatos vão acontecer",

disse Stephanes.

Pelo novo código, a reserva legal continua variando entre 20% e 80% de

mata nativa na propriedade, dependendo da região do país. O proprietário

pode incluir no cálculo da reserva outras áreas obrigatórias de preservação,

como as matas às margens de rios. Esta possibilidade era bastante restrita

antes.

Para as pequenas propriedades, a área de reserva é considerada regularizada

se o imóvel possuía algum remanescente de vegetação nativa até julho de

2008, mesmo que em índices inferiores aos exigidos pela lei.

Preocupação ambiental

Na prática, as áreas protegidas vão diminuir, o que preocupa ambientalistas

como o advogado Raul do Valle, do Instituto Socioambiental. Ele lembra que

as regras mais brandas vão atingir, principalmente, as regiões mais carentes

de vegetação nativa e, por isso, mais sujeitas aos problemas de água e

fertilidade do solo.

“Esta lei criou duas categorias de cidadãos. Os cidadãos que respeitaram a lei

terão obrigação de preservação muito maior do que os que não preservaram”,

disse Valle.

Page 24: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

24

O advogado também alertou sobre os riscos do chamado cadastramento

fracionado de imóveis, isto é, quando uma grande propriedade é registrada no

cartório como se fosse várias propriedades menores. “Há um risco sério de

que, se não houver no decreto uma proibição do cadastramento fracionado de

imóveis, a anistia que foi direcionada para os pequenos tende a se espraiar

para médios e grandes."

Raul do Valle lembrou que, para o Código Florestal antigo, a forma de

registro da propriedade em cartório era irrelevante. Com o novo código, no

entanto, as regras de recuperação variam conforme o tamanho da

propriedade.

Por enquanto, o governo editou apenas um decreto para regulamentar pontos

gerais do Cadastro Ambiental Rural e do Programa de Regularização

Ambiental.

Regulamentação do código

Na avaliação de Rodrigo Justus, assessor de Meio Ambiente da

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a regulamentação

do novo código terá de definir com mais clareza as especificidades de cada

tipo de produtor e região, bem como os prazos para conversão de áreas

produtivas em mata nativa obrigatória.

"O país não detém toda a tecnologia para fazer as soluções. Para cada

situação, terá um incremento de custos. A tarefa de fazer (a conversão) não é

simples, mesmo para quem tem dinheiro", disse Justus.

Pelo novo código, ao se cadastrar e aderir ao Programa de Regularização

Ambiental, o produtor terá suspensas as multas e outras sanções relativas ao

desmatamento irregular de vegetação nativa ocorrido até julho de 2008.

Page 25: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

25

3.3 – Crimes praticados contra o meio ambiente

Para que possamos adquirir uma ideia mais concreta sobre crimes praticados

contra o meio ambiente, é de fundamental importância, nós entendermos o conceito de

“crime ambiental”. Neste sentido, vamos, primeiramente, compreender esses dois

conceitos (crime e ambiente) separadamente.

Se cumprir os prazos e as condições estabelecidos no termo de regularização,

as multas serão convertidas em serviços ambientais. As punições também

permanecem suspensas enquanto os programas de regularização não saírem

do papel.

A estimativa do Executivo é de que mais de 20 milhões de hectares de matas

nativas serão recuperados no país.

Reportagem - Ana Raquel Macedo/Rádio Câmara

Edição – Pierre Triboli

Fonte: http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/MEIO-AMBIENTE/433399-APROVACAO-DO-

CODIGO-FLORESTAL-FOI-UM-DOS-DESTAQUES-DO-LEGISLATIVO-EM-2012.html

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Para o Professor Damásio E. de Jesus, crime nada mais é que “a violação de um

bem penalmente protegido” cometido através de “um fato típico e antijurídico”, ou seja,

para que um crime ocorra é preciso que haja uma conduta dolosa ou culposa, com um

resultado e um nexo entre conduta e resultado. Também é preciso que tal fato seja

enquadrado por nosso ordenamento jurídico como crime. Por sua vez, ambiente é o

local onde a vida acontece em todas as suas formas.

Com estas duas definições, podemos concluir que crime ambiental é qualquer

ato que possa causar dano ou prejuízo aos elementos que compõem nosso meio

ambiente. Passamos agora a analisar os crimes ambientais em suas principais espécies:

Crimes contra a fauna

Podemos definir fauna como sendo um conjunto de animais, sejam eles

terrestres ou aquáticos que vivem em uma determinada área. Em nosso estudo, estamos

determinando como área, todo o território nacional, e, como fauna, todos os animais

terrestres ou aquáticos, nativos ou migratórios ou qualquer outra espécie que tenha pelo

menos parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites de nosso território ou em

águas nacionais.

Os crimes contra a fauna estão previstos pela Lei no. 9.605/98, entre os artigos

29 ao 37 e pelo Decreto 6.514/08, cujas penas podem ser de detenção, reclusão e multas

como veremos:

• Pena de detenção: variam de 3 meses a 3 anos;

• Pena de reclusão: variam de 1 a 5 anos;

• Multa: variam de R$ 50,00 a R$ 1.000.000,00, dependendo do crime praticado.

De forma resumida, os principais crimes contra a fauna, previstos pela Lei no.

9.605/98, são:

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1. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos

ou em rota migratória, sem que a autoridade competente autorize a realização

de tais atos ou que os atos estejam em desacordo com a autorização obtida;

Praticam crime também, as pessoas que impeçam a procriação da fauna sem a

devida autorização ou em desacordo com esta; Por sua vez, podem ser

penalizados aqueles que modificam, danificam ou destroem ninhos, abrigos ou

criadouros naturais; quem utiliza comercialmente ou mantém sob sua guarda,

sem autorização, ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota

migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos;

2. Exportar de forma ilegal peles e couros de anfíbios e répteis em bruto;

3. Trazer para o país espécime animal, sem autorização das autoridades

competentes;

4. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,

domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, mesmo que tais atos tenham

fins didáticos ou científicos;

5. Provocar a morte de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos,

açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras. No mesmo crime,

incorre quem causa destruição de viveiros, açudes ou estações de aquicultura

de domínio público;

6. Pratica crime ambiental quem realiza pesca em período proibido ou em lugares

interditados por órgão competente. No mesmo sentido, incorre em crime quem

pesca quantidades superiores às permitidas ou com utilização de aparelhos,

apetrechos, técnicas e métodos não permitidos.

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Crimes contra a flora

A flora deve ser definida como um conjunto de espécies vegetais, podendo ser

plantas, árvores, arbustos etc, de uma determinada região ou ecossistema, como é o caso

da Amazônia, da Mata Atlântica, do Cerrado, do Pantanal, entre outras. Utilizando o

mesmo princípio da fauna, trabalharemos com a ideia de território nacional.

O Brasil possui um dos ecossistemas com a maior diversidade de espécies do

mundo, com mais de 55 mil espécies de plantas, representando cerca de 22% do total no

mundo. Em razão disso, podemos destacar uma legislação rica em relação à sua

proteção. Entre as principais áreas protegidas por lei, podemos destacar:

• As Áreas de Proteção Permanente (APP): sua proteção está prevista pelo

Código Florestal;

• Áreas especialmente protegidas, como Reservas Biológicas, Reservas

Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, Reserva

Extrativista, entre outras: sua proteção está prevista pela Constituição Federal,

art. 225, parágrafo. 1º., III;

• Patrimônio Nacional como a Floresta Amazônica, Pantanal, Mata

Atlântica, entre outras: sua proteção está prevista pela Constituição Federal,

art. 225, parágrafo 4º.

Os crimes contra a fauna estão previstos pela Lei no. 9.605/98 entre os artigos

38 ao 56, cujas penas podem ser de detenção, reclusão e multas, como veremos:

• Causar destruição em florestas de preservação permanente, mesmo aquelas em

formação;

• Cortar árvores em floresta de preservação permanente;

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• Provocar incêndios em mata ou floresta;

• Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas

florestas e em demais formas de vegetação;

• Retirar de florestas qualquer tipo de mineral, como pedra, areia e cal, sem prévia

autorização dos órgãos responsáveis;

• Cortar ou transformar em carvão madeira de lei para exploração pessoal ou

econômica, em desacordo com as determinações legais;

• Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e

outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do

vendedor;

• Criar empecilhos para a regeneração natural de florestas e demais formas de

vegetação;

• Destruir ou danificar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em

propriedade privada alheia;

• Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de

dunas, protetora de mangues e objeto de especial preservação;

• Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de

vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente;

• Penetrar em unidades de conservação conduzindo substâncias ou instrumentos

próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais,

sem licença da autoridade competente.

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Poluição das águas

É de notório conhecimento que a água é um dos bens mais preciosos que temos e

de recursos limitados. Desta forma, seu uso irracional e a poluição indiscriminada

podem antecipar ainda mais a sua falta. Obviamente, não estamos aqui falando de água

salgada, uma vez que nosso planeta é composto de aproximadamente 2/3 deste líquido,

mas de água doce, própria para consumo que pode ser encontrada em rios, lagos e

reservas aquíferas. Não que as águas marinhas não sejam importantes, mas nosso foco

irá se concentrar nas águas passíveis de consumo em razão de sua evidente importância.

O Professor Fiorillo define a poluição da água como sendo: “qualquer alteração

química, física ou biológica que possa importar em prejuízo à saúde, à segurança e ao

bem-estar das populações, causar dano à flora e à fauna, ou comprometer o seu uso

para finalidades sociais e econômicas”.

Neste sentido, podemos considerar alterações qualquer lançamento ou emissão

de substância contaminante, como dejetos industriais, lixos, esgotos não tratados,

derivados de petróleo e mineração, ou qualquer outra substância que possa comprometer

direta ou indiretamente as propriedades naturais da água, tornando-a imprópria para uso

ou consumo.

Criar políticas de proteção da água é fundamental para a manutenção de uma

vida saudável, já que a falta de água potável pode causar diversas doenças, como:

diarreia, esquistossomose, hepatite, febre tifóide em uma série de outros problemas que,

se não forem adequadamente tratados, podem levar à morte.

Poluição atmosférica

A poluição do ar, assim como a poluição das águas, traz prejuízos a todas as

espécies animais e vegetais existentes na Terra. Toda alteração provocada no ar, pode

comprometer os processos de fotossínteses de plantas terrestres, a alteração de

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vegetação aquática e sérios problemas respiratórios, como: enfisema, bronquite, rinite

alérgica e uma série de problemas de menor expressão.

Entre os fenômenos mais comuns causados pela poluição do ar, podemos

destacar:

• Smog

Esta palavra tem origem na junção das palavras em inglês smoke (fumaça) + fog

(nevoeiro). Trata-se de um fenômeno causado pela poluição, principalmente em grandes

centros urbanos, no qual uma massa de ar, composta por diversos gases emitidos por

veículos, fábricas, entre outros, permanece estagnada sobre as cidades, proporcionando

sérios danos aos pulmões.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Smog

Efeito estufa

Trata-se de um isolamento térmico do planeta, ou seja, a emissão de diversos

gases tóxicos, como a queima de dióxido e monóxido de carbono, gás metano, entre

outros, que sobem para a atmosfera, criando uma camada isolante, o que provoca o

aumento da temperatura na superfície da Terra.

Ligado a isso, temos também a destruição da camada de ozônio responsável por

absorver os raios ultravioletas. Se não existir mais esta camada, esses raios atingem a

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superfície terrestre, podendo causar sérios danos a saúde do homem, como o câncer de

pele.

Chuvas ácidas

A chuva ácida é provocada pela presença de ácido sulfúrico no ar, o que pode

provocar sérios danos à vida terrestre e aquática, além de prejudicar florestas e o próprio

solo, proporcionando mais prejuízos à população.

A proteção do ar está prevista em vários diplomas legais, como: a Lei dos

Crimes Ambientais, Lei da Política Nacional do Meio Ambiente e em algumas

Resoluções do Conama, vejamos:

Resolução Conama 18/86: que instituiu o Programa de Controle da Poluição do Ar por

Veículos Automotores;

Resolução Conama 5/89: que instituiu o Programa Nacional de Qualidade do Ar.

Resíduos sólidos

O Professor Fiorillo considera resíduos sólidos: “toda substância resultante da

não-interação entre o meio e aqueles que o habitam, ou somente entre estes, não

incorporada a esse meio, isto é, que determina um descontrole entre os fluxos de certos

elementos em um dado sistema ecológico. Em outras palavras, é o “resto” e/ou a

“sobra” não reaproveitada pelo próprio sistema, oriunda de uma desarmonia

ecológica.”

Já a Resolução Conama 5/93, conceitua resíduo sólido da seguinte maneira:

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Art. 1º – Para os efeitos desta Resolução definem-se:

I – Resíduos Sólidos: conforme a NBR nº. 10.004, da Associação

Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – "Resíduos nos estados

sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de

origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de

serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos

provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como

determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu

lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam

para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à

melhor tecnologia disponível".

Quanto a sua origem, os resíduos sólidos podem ser classificados da seguinte

maneira:

1. Resíduos hospitalares

São aqueles oriundos de estabelecimentos de saúde, possuindo alto risco de

contaminação, uma vez que se tratam de sangue, excreção, secreção, restos de áreas de

isolamento, fetos e equipamentos descartados que podem causar cortes e perfurações.

Em razão de todo esse risco, a ABNT (Associação Brasileira de Normas

Técnicas) estabelece uma série de regras para lidar com este tipo de lixo, evitando com

isso qualquer risco de contaminação.

2. Resíduos radioativos ou nucleares

Não podemos analisar os resíduos radioativos ou nucleares apenas utilizando a

ideia de usinas. A Constituição Federal estabelece que o uso de radioisótopos de forma

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médica ou terapêutica se encaixa nesta categoria, uma vez que podem causar danos à

saúde e ao meio ambiente.

3. Resíduos químicos

Em razão de sua complexidade química, este tipo de lixo apresenta alto potencial

de risco para a população e o meio ambiente. Podemos citar como exemplo, as drogas

quimioterápicas, os materiais farmacêuticos contaminados, vencidos, interditados e os

demais produtos previstos pela NBR 10.005 da ABNT.

4. Resíduos comuns

Todos aqueles resíduos orgânicos e inorgânicos que não façam parte dos grupos

anteriores.

Quanto às formas de tratamentos dos resíduos urbanos, podemos destacar os

seguintes tipos:

Deposição

É a forma mais antiga de tratamento de lixo, o que, na verdade, não se trata

absolutamente nada. São os famosos lixões a céu aberto, para onde o lixo é levado e

simplesmente depositado, trazendo sérios danos ao meio ambiente e grandes prejuízos,

econômicos, sanitários e sociais.

Aterragem

São os conhecidos aterros sanitários, locais criados e projetados para receber o

lixo urbano. A ideia é aterrar o lixo de forma a minimizar o risco de contaminação da

população, no entanto, não impede a contaminação do solo.

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Alguns aterros têm sido desenvolvidos com tecnologias mais modernas, de

forma a aproveitar os gases, especialmente o gás metano liberado pela decomposição

dos elementos orgânicos para a produção de gás combustível.

Compostagem

Tratamento mais adequado, porém, muito difícil de ser realizado em grandes

quantidades. Trata-se da transformação do lixo orgânico em composto rico em

nutrientes para ser usado como adubo nas plantações.

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Unidade 4 – Direito Processual

Olá, aluno(a)!

Nesta unidade, teremos contato com o Direito Ambiental na prática, ou seja,

vamos conhecer as peças processuais que podem ser interpostas para evitar ou

responsabilizar alguém por um dano causado ao meio ambiente.

Bom estudo!

4.1 – Aspectos gerais

A legislação estabelece

algumas medidas protetivas para

garantir que danos causados ao meio

ambiente sejam punidos pela letra da

lei e que se possa acionar

judicialmente os envolvidos, em

busca de reparação financeira,

através de ações de indenização.

Neste sentido, antes de adentrarmos ao cerne da questão, apresentando as

principais ações a serem propostas, devemos realizar uma análise geral sobre alguns

aspectos processuais, como veremos a seguir:

Legitimidade ativa

A coletividade tem legitimidade para propor ação contra dano causado ao meio

ambiente. Neste sentido, tais ações podem ser propostas por associações civis que tem

por finalidade estatutária a defesa do meio ambiente. Também, os sindicatos, em razão

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de não serem mais controlados pelo governo, passaram a ter personalidade jurídica de

associação, podendo, com isso, ingressar com ações coletivas.

Importante ressaltar, neste caso, conforme nos ensina Fiorillo, que o particular

não possui legitimidade para propor ação civil pública ambiental, restando a ele apenas

pleitear em juízo indenização para reparação de dano pessoal.

O Ministério Público também tem legitimidade para propor ação civil pública

ambiental, podendo inclusive agir em litisconsórcio, ou seja, em conjunto entre os

Ministérios Públicos Federal, Estadual e do Distrito Federal.

Legitimidade passiva

Podem figurar no polo passivo das ações coletivas ambientais, conforme art. 3º.

da Lei 6.938/81, qualquer pessoa, seja ela física e jurídica de direito público ou privado,

que se enquadre no conceito de poluidor.

Apenas para relembrar:

“Art 3º – Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

(...)

III – poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de

atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e às econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões

ambientais estabelecidos;

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IV – poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou

privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade

causadora de degradação ambiental;”

Competência

A Lei da Ação Civil Pública, em seu artigo 2º., estabelece que o juízo

competente para julgar uma ação coletiva ambiental é o local onde ocorreu ou deva

ocorrer o dano.

“Art. 2º – As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do

local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para

processar e julgar a causa.

Parágrafo único A – propositura da ação prevenirá a jurisdição do

juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a

mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.”

Trata-se de competência absoluta, portanto, a sua inobservância acarretará a

nulidade dos atos processuais decisórios, independente se a parte interessada for a

União Federal ou um de seus órgãos.

Ônus da prova

Pelo Código de Processo Civil, em seu artigo 333, a responsabilidade por

produzir provas é sempre do autor da ação, no entanto, existem alguns casos em que é

permitida a inversão do ônus, cabendo ao réu provar que não praticou dano contra o

meio ambiente.

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Liminares

É permitida a concessão de mandado liminar nas ações ambientais, conforme

artigo 12, caput da Lei 7.347/85.

“Art. 12 – Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem

justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.”

Fiorillo afirma que, sobre a necessidade de oitiva da pessoa jurídica de direito

público interessada, esta deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas,

porém, não se pronunciando neste prazo ou sendo caso de extrema urgência, poderá o

juiz conceder a liminar de plano, utilizando o princípio: inaudita autera parte.

Importante ressaltar ainda que para conceder um mandado de liminar, é preciso

observar os pressupostos periculum in mora e fumus boni iuris.

Tutela antecipada da lide

Entendemos como tutela antecipada a antecipação provisória dos efeitos da

sentença, desde que preenchidos certos requisitos processuais. Importante frisar que as

normas da jurisdição civil coletiva permitem ao juiz conceder a tutela antecipada de

ofício, ou seja, não é necessário o requerimento das partes.

Recursos

Para as ações coletivas de cunho ambiental, aplicam-se os recursos previstos

pelo Código de Processo Civil, com algumas observações do art. 14 da Lei da Ação

Civil Pública, conferindo ao juiz poderes para efeitos suspensivos dos recursos,

minimizando o risco de prejuízo irreparável à parte.

Como bem observa o Professor Fiorillo:

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“... a finalidade da norma é evitar o perecimento de direito, de sorte

que o juiz deve agir para que esse objetivo seja alcançado, conferindo

ou não efeito suspensivo ao recurso, de acordo com a situação fática

e as peculiaridades do caso concreto.

O juiz, ao proceder ao juízo de admissibilidade do recurso, observará

os requisitos intrínsecos (cabimento, legitimação para recorrer e

interesse em recorrer) e extrínsecos (tempestividade, regularidade

formal, preparo e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do

direito de recorrer). Preenchidos eles, será dado ao magistrado, sob o

fundamento de dano irreparável à parte, a concessão do efeito

suspensivo.”

4.2 – Ação civil pública

A ação civil pública, antes

do Código de Defesa do

Consumidor, tinha um alcance bem

discreto, podendo ser usada apenas

para cobrar responsabilidade pelos

danos causados ao meio ambiente,

ao consumidor, bens e direitos de

valor artístico, estético, histórico e

paisagístico.

Com o Código de Defesa do Consumidor vinculado à Lei da Ação Civil Pública,

aumentou consideravelmente o poder de atuação deste mecanismo de defesa

possibilitando a proteção de outros interesses difusos e interesses individuais

homogêneos. Estabeleceu também a possibilidade de cumular esses pedidos com uma

indenização por danos morais e patrimoniais.

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Para o Professor Fiorillo, “... podemos verificar que a Lei da Ação Civil Pública

presta-se à defesa de interesses coletivos lato sensu, à proteção do patrimônio público,

meio ambiente, consumidores e da ordem econômica, tendo por fim a condenação dos

responsáveis à reparação do interesse lesado, preferencialmente com o cumprimento

específico da pena.”

Conheça agora um modelo da Ação Civil Pública Ambiental:

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA

DA COMARCA DA ________________

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO __________, por seus

promotores ao final assinados, e por especial designação do Excelentíssimo Sr.

Procurador Geral de Justiça, propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE POR DANOS

CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE COM PEDIDO DE LIMINAR

em face de

PREFEITURA MUNICIPAL ______________, pessoa jurídica de direito

público interno, com sede na Cidade e Comarca _______, neste Estado do

_______, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

DOS FATOS

A Prefeitura Municipal ________, desobedecendo normas e princípios relativos

à proteção ambiental, vem acumulando grande quantidade de lixo em área de

preservação permanente (cabeceira de nascente), localizada no Km ____da BR

_____.

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A área em questão é objeto de comodato entre o _____ – Instituto Agronômico

do ______ e a Prefeitura Municipal _________, desde ____ de _________ de

__________, onde funciona a Estação Experimental ___________.

O lixo é depositado junto ao manancial que faz parte da microbacia do rio

______________

Cumpre ressaltar que, além da poluição hídrica que ocorre no manancial, existe

também o problema com relação à morte da vegetação nativa existente no

imóvel, principalmente a de inúmeros pinheiros, causada pelos resíduos sólidos

e o trânsito de caminhões e máquinas pesadas em meio à floresta.

O lixo é depositado neste local sem qualquer separação, ou seja, materiais que

poderiam ser reciclados são despejados junto com restos de comida, cascas de

frutas e verduras, materiais sólidos etc.

O acúmulo deste material, detritos, sucatas, sobras domésticas e industriais, está

sendo realizado em área de preservação permanente, ocorrendo proliferação de

insetos e apanha por parte de famílias de catadores, que vivem na área do

depósito. Ademais, acresça-se a isto, o fato destes trabalhos estarem sendo

realizados completamente fora das normas sanitárias legais, por conseguinte,

sem a devida aprovação do órgão estatal.

A irregular descarga de lixo, a céu aberto, sem as necessárias medidas de

proteção, causa grande desconforto e acarreta inúmeros malefícios à saúde dos

moradores da região, em consequência do mau cheiro e da proliferação de

roedores, vetores e outros insetos.

O progresso que se opera nas mais diversas regiões do mundo, notadamente

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como avanço tecnológico, impõe à sociedade um preço muito grande, em razão

de estar ela constantemente expostas a todos os malefícios que advêm com a

chamada “sociedade industrializada”, seja em virtude da degradação ambiental,

decorrente da poluição atmosférica, seja da má utilização dos recursos naturais.

Os “lixões” urbanos a céu aberto constituem-se em um sério problema no

tocante a aspectos do meio ambiente, saúde e suas interações. Desconhece-se o

grau de extensão de influência danosa dos lixões sobre o meio ambiente. Sabe-

se, isto sim, o tipo de influência que estes resíduos podem causar sobre o ser

humano. Alguns desses resíduos degradam-se facilmente em contato com as

intempéries, outros, ao contrário, persistem por muitos, e, às vezes, por centenas

de anos no meio ambiente, a saber:

papel – 2 a 4 semanas;

plástico – mais de 50 anos;

lata – 100 anos;

alumínio – 200 a 500 anos;

vidro – tempo indeterminado.

O impacto causado por determinados resíduos pode trazer consequências

irreversíveis ao meio ambiente. Na questão do lixo doméstico, sabe-se que

materiais como pilhas de rádio são colocadas tranquilamente dentro dos sacos

de lixo (que são de plástico). As pilhas contêm mercúrio, que representa um dos

mais sérios e graves problemas de contaminação do homem e do meio

ambiente. É absorvido pelos organismos vivos e vai se acumulando de forma

contínua durante toda a vida. Pela contaminação da terra ou da água (lixiviação

para o lençol freático), entra com facilidade na cadeia alimentar, representando

um perigo potencial para o homem, que se alimenta dos peixes ou aves das

áreas vizinhas aos lixões. A ação tóxica do mercúrio afeta o sistema nervoso

central, provocando lesões no córtex e na capa granular do cérebro. São

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observadas alterações em órgãos do sistema cardiovascular, urogenital e

endócrino. Dentre os principais sintomas menciona-se a paralisia, dormência

dos lábios, mãos e pés, distúrbios emocionais, fadiga, perda da memória,

cefaleia, gengivite, estomatite e gosto metálico.

Em casos de intoxicações severas, os danos são irreparáveis.

Segundo o “Perfil Ambiental e Estratégias”- 1992 – Secretaria Especial de

Assuntos de Meio Ambiente:

“A saúde pública vem sendo seriamente afetada pela baixa qualidade do

saneamento básico, principalmente a falta de tratamento de esgoto e a

inadequada coleta e disposição de lixo urbano.”

Parece que para as autoridades é mais rentável deixar que a saúde pública se

deteriore do que tentar resolver os problemas de saneamento básico de forma

objetiva e eficaz. Os lixões também são focos vetores de doenças, através de

insetos, ratos etc. Outra situação originada pelos lixões é a da decomposição do

lixo com pouco ou nenhum oxigênio, que contribui para a formação do gás

metano, representando um sério risco de incêndio nestas áreas. Como estes

resíduos são apenas lançados em um local qualquer, existe também uma

necessidade natural da expansão do “lixão”, com a consequente derrubada

gradativa da vegetação circunvizinha.

Uma alternativa econômica para um depósito de lixo bem conduzido, é a

própria utilização do gás metano como fonte energética, que poderia com a

nova adequação do local ser utilizada pela Prefeitura Municipal, inclusive como

combustível em veículos. Os aspectos de poluição do ar e também de poluição

visual, pois os lixões a céu aberto, visualmente repugnantes, devem ser

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considerados.

Quanto aos vetores que vivem nos lixões, pode-se citar:

– moscas: 120 a 150 ovos/dia, sendo o seu ciclo reprodutivo de 12 dias (até a

fase adulta). É responsável pela transmissão de cem espécies patogênicas;

– roedores: são transmissores de várias doenças. Em um ano de vida a fêmea

gera 98 novos ratos. Transmitem doenças, tais como: a leptospirose,

salmonelose etc;

– baratas: reproduzem-se exageradamente, visto que, em um ano e meio, a

barata gera 1.300 outras baratas. Transmitem doenças como o vírus da

poliomielite e bactérias intestinais.

Segundo assevera PAULO AFFONSO LEME MACHADO, em sua obra

“Direito Ambiental Brasileiro”, pág. 296, 3ª ed., RT, 1989, “verbis”:

“Não podemos estar imbuídos de otimismo inveterado, acreditando que a

natureza se arranjará por si mesma, frente a todas as degradações que lhe

impomos. De outro lado, não podemos nos abster pelo pessimismo. A luta

contra a poluição é perfeitamente exeqüível, não sendo necessário para isso

amarrar o progresso da indústria, pois a poluição da miséria é uma de suas

piores formas”.

A situação do depósito de lixo do Município da ___________ é lamentável e

nenhuma providência concreta foi tomada pela Prefeitura Municipal para

solucionar o problema, embora tenha sido-lhe solicitado pelo __________, por

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diversas vezes e, também, foi compromisso firmado pela Prefeitura no termo de

comodato acima mencionado.

Em data de ___/___/_____, a Administração da Estação Experimental da

_______, foi alvo de críticas e responsabilizada por permitir o despejo de lixo

em sua área, em publicação feita no jornal “_________”. Todavia, procedem

tais afirmações, pois o ____________, através da Administração da Estação

Experimental da ___________, tem buscado soluções para o problema que

pode ser comprovado pelos ofícios recentemente enviados para o

____________ – Instituto Ambiental do __________ e para a Câmara

Municipal da ____________, haja vista que anteriormente, desde o ano de

________, este órgão está tentando sanar o fato em tela.

A população circunvizinha ao depósito de lixo em ________ de __________,

promoveu um abaixo-assinado, contendo 124 assinaturas, solicitando das

autoridades competentes providências urgentes e imediatas para transferência

do local do despejo do lixo urbano do município.

O extinto ________, hoje ______, em ______ de ______de ______, ao verificar

a situação local do despejo do lixo, lavrou o auto de infração nº. __________,

baseado na Lei 6.938/81 e Decreto 99274/90. Foi embargada a continuidade da

deposição de lixo na área de preservação permanente e nas proximidades da

vegetação existente no imóvel (Termo de Embargo nº. ________), porém em

visita a área em _____ de _______ de _______, verificou-se o não

cumprimento do embargo e a necessidade urgente de se abandonar a área para

despejo do lixo e promover o mais rapidamente possível a restauração da área

degradada, através de um Plano de Recuperação Ambiental.

Page 47: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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DO DIREITO

O art. 225 da Constituição Federal, em seu inciso IV, estabelece para as obras

que causem danos ao ambiente a exigência prévia de elaboração do estudo de

impacto ambiental, “in verbis”:

“Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se

ao poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações.

(…)

IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente

causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de

impacto ambiental, a que se dará publicidade.”

A política de proteção ao meio ambiente, fez editar pelo Conselho Nacional de

Meio Ambiente, a Resolução nº. 01 de 23 de janeiro de 1986, a qual,

expressamente determina em seu artigo 1º, inciso IV:

“Art. 1º – Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer

alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,

causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades

humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

(…)

Page 48: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

48

IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente”.

Mais adiante, em seu art.29, X, estabelece:

“Art. 29 – Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e

respectivo relatório de impacto ambiental – RIMA, a serem submetidos à

aprovação do órgão estadual competente, e da SEMA em caráter supletivo, o

licenciamento, tais como:

(…)

X – aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou

perigosos.”

Com a sua atuação infringe a requerida o disposto na Portaria Federal nº. 053 de

01 de março de 1979, a saber:

“I – os projetos específicos de tratamento e disposição de resíduos sólidos, bem

como a fiscalização de sua implantação, operação e manutenção ficam sujeitos

à aprovação do órgão estadual de controle da poluição e de preservação

ambiental, devendo ser enviadas, à Secretaria Especial do Meio Ambiente

(SEMA), cópias das autorizações concedidas para os referidos projetos”.

Em seu artigo 3º e incisos, dispõe a Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981:

“Art. 3º – Para fins previstos nesta Lei, entende-se por:

Page 49: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

49

I – Meio Ambiente: o conjunto de condições, leis, influências e interações de

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as

suas formas;

II – Degradação da qualidade ambiental: a alteração adversa das características

do meio ambiente;

III – Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que

direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lançem matérias ou energia em desacordo com os padrões estabelecidos.”

No parágrafo 1º do art. 14, da citada Lei está expresso:

“Parágrafo 1º – Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é

o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou

reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua

atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para

propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio

ambiente”.

A requerida com sua atividade infringe também, o que estabelece o Decreto

88351/83:

Page 50: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

50

“Art. 37 –

I – contribuir para que um corpo d’água fique em categoria de qualidade

inferior à prevista na classificação oficial;

II – contribuir para que a qualidade do ar ambiental seja inferior ao nível

mínimo estabelecido em Resolução Oficial;

III – emitir ou despejar efluentes ou resíduos sólidos, líquidos ou gasosos

causadores de degradação ambiental em desacordo com o estabelecido em

Resolução ou licença especial;

IV – exercer atividades potencialmente degradadoras do meio ambiente, sem a

licença ambiental legalmente exigível ou em desacordo com a mesma”.

As infrações supra encontram-se agravadas na aplicação de multa, pelo disposto

no artigo 40 do sobredito decreto, o qual, em seus incisos destaca:

I – reincidência específica;

II – maior extensão da degradação ambiental;

III – dolo, mesmo eventual;

A irregular e inconsequente ação da requerida causou e continua causando

deplorável dano a ecologia. O meio ambiente é um patrimônio a ser

necessariamente assegurado e protegido e toda a sociedade é prejudicada pela

supressão dos recursos ambientais. No presente caso é objetiva a

Page 51: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

51

responsabilidade pelo dano ambiental provocado pela ré, sendo desnecessárias

quaisquer considerações acerca do caráter culposo da conduta da mesma.

Ademais, a Lei 4.771 de 15 de setembro de 1.965, do Código Florestal, protege

as áreas de preservação permanente, por serem de interesse comum a todos os

habitantes do país, não podendo sofrer qualquer tipo de exploração ou

ocupação. Assim estabelecido no seu artigo 1º:

“Artigo 1º – As florestas existentes no território nacional e as demais formas de

vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de

interesse comum a todos os habitantes do país, exercendo-se os direitos de

propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta

Lei estabeleceu”.

Em seu artigo 2º, alínea c, dispõe:

“Artigo 2º – Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta

Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”,

qualquer que seja a sua situação topográfica, em um raio mínimo de 50

(cinquenta) metros de largura”.

E, mais adiante, em seu artigo 26, a mesma Lei estatui:

“Artigo 26 – Constituem contravenções penais (…)

a) destruir ou danificar a floresta considerada de preservação permanente,

Page 52: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

52

mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas

estabelecidas ou previstas nesta Lei.”

Ao Ministério Público como guardião da defesa da ordem jurídica e dos

interesses indisponíveis da sociedade compete, portanto, zelar pela fiel

observância da Constituição e das leis, e nos termos da vigente legislação,

defendendo os interesses meta-individuais, sendo o detentor de legitimidade

para a defesa dos direitos difusos.

DOS PEDIDOS

Face ao exposto, em razão de ser considerado o local como inadequado para a

destinação que lhe foi dada, primeiramente por ser área de preservação

permanente e depois, pelo não cumprimento da exigência legal de elaboração de

RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), nos termos da legislação pertinente e

por haver a Prefeitura Municipal, com esta atuação, desrespeitado os

respectivos dispositivos legais e causado a degradação ambiental da região,

REQUER-SE a concessão de MEDIDA LIMINAR para que não mais seja

acumulado naquele logradouro, seja pela Prefeitura Municipal de ________,

seja por terceiros, qualquer espécie de lixo, fixando-se, para eventual

descumprimento, multa diária, nos termos do art. 11 da Lei 7.347/85.

Visualiza-se, pelo exposto, a urgência de solução da problemática causada pela

ré, estando presentes os requisitos necessários para a concessão da medida

pleiteada, ou seja: “fumus boni iuris”, consistente nos dispositivos legais retro

mencionados e o “periculum in mora”, presentes no agravamento da situação e

a ocorrência dos danos daí decorrentes, eis que, a ré não tomou as medidas

cabíveis para a supressão dos danos nocivos à comunidade.

Page 53: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

53

Requer-se a procedência da ação, para o fim de não mais ser utilizado o local

mencionado para fins de depósito de lixo, bem como seja recomposta a área

degradada, com a recuperação integral do ambiente afetado, para que readquira

qualitativamente as condições anteriores ao processo de degradação.

A elaboração do Estudo de Impacto Ambiental com o devido Relatório de

Impacto Ambiental para o novo local que vier a ser utilizado como aterro

sanitário.

Caso haja descumprimento por parte da requerida, no prazo fixado por Vossa

Excelência para cessação da atividade, por ocasião da sentença ao final, requer-

se a cominação de multa diária, consoante dispõe o art. 11 da Lei 7.347/85.

A citação da requerida, nos termos do art. 221, inciso II, do Código de Processo

Civil, para responder presente ação, com as advertências da revelia, devendo o

pedido ser julgado procedente, condenando-se a ré aos ônus da sucumbência,

honorários periciais e demais cominações legais.

Protesta-se por todos os meios de provas em direito admitidos, inclusive

depoimentos pessoais, juntada de documentos e perícias.

Dá-se à causa o valor de R$ ____________.

Nesses Termos,

Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura]

Fonte: http://www.modelodepeticoes.com/modelo-de-peticao-peticao-inicial-acao-civil-publica-ambiental-acao-civil-

publica-em-decorrencia-de-danos-causados-ao-meio-ambiente

Page 54: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

54

4.3 – Ação popular ambiental

A ação popular é um dos

instrumentos de defesa mais antigos na

defesa dos direitos coletivos. Este

instrumento está previsto na Constituição

Federal, no artigo 5º., inciso LXXIII,

vejamos:

“Artigo 5º – Todos são iguais

perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza garantindo-se

aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes:

(...)

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular

que vise anular o ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de

que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio

ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo

comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da

sucumbência.”

É preciso adotar alguns cuidados quanto ao objeto desta ação, pois para cada

situação será preciso realizar procedimentos específicos, ou seja, é uma ação que

defende bens de natureza difusa (meio ambiente) e bens de natureza pública (patrimônio

público). Neste sentido, os procedimentos para defesa do meio ambiente são os

previstos pela Lei da Ação Civil Pública e Código de Defesa do Consumidor, enquanto

Page 55: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

55

para defesa de patrimônio público serão utilizados os procedimentos previstos pela Lei

no. 4.717/65.

Conheça agora um modelo da ação popular ambiental:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____

VARA CÍVEL E DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE

MACAPÁ, ESTADO DO AMAPÁ

JUDSON BARROS PEREIRA, brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB-

AP 2182, residente e domiciliado nesta cidade, à Rua XX xx, apartamento

“C”, Bairro X, CEP – xxxx-xxx, telefone xxxx-xxxx, em pleno gozo de seus

direitos políticos, representando-se neste ato, informa o endereço acima para

receber citações, intimações e demais documentos de praxe, vêm perante

Vossa Excelência, amparado no art. 5º, LXXIII, CF, combinado com o Artigo

1º da Lei 4.717/65, propor

AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE LIMINAR INAUDITA ALTERA

PARTE

contra a Prefeitura Municipal de Macapá - AP, entidade civil, de direito

público, situada à Avenida Fab, 840 Centro - Macapá / AP, e o Prefeito

Municipal, Antônio Roberto Rodrigues Góes da Silva, que poderão ser

encontrados no prédio sede da Prefeitura no endereço acima especificado,

mediante as razões de fato e de direito que passa a expor:

1. DA AÇÃO

1.1. Da Legitimidade Ativa

O autor, brasileiro, casado, advogado, regular com a Justiça Eleitoral, com

Page 56: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

56

amparo no Art. 5º, LXXIII da Carta Magna, tem direito ao ajuizamento de

AÇÃO POPULAR, que se substancia em um instituto legal de Democracia.

É direito próprio do cidadão participar da vida política do Estado fiscalizando

a gestão do Patrimônio Público, a fim de que esteja conforme com os

Princípios da Moralidade e da Legalidade.

1.2. Da Legitimidade Passiva

A Lei nº. 4.717/65 – LAP – Lei da Ação Popular, em seu Art. 6º, estabelece

um espectro abrangente de modo a empolgar no pólo passivo o causador ou

produtor do ato lesivo, como também todos aqueles que para ele contribuíram

por ação ou omissão.

A par disto, respondem passivamente os suplicados nesta sede processual na

condição de pessoas públicas, autoridades e administradores.

O Art. 6º da Lei da Ação Popular prescreve que a ação será proposta contra as

pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as

autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado,

aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas,

tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do

mesmo.

Também determina que o Ministério Público acompanhe a ação, cabendo-lhe

apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal,

dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a

defesa do ato impugnado ou dos seus autores.

1.3. Do Cabimento

Page 57: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

57

É a AÇÃO POPULAR o remédio constitucional que aciona o Poder

Judiciário, dentro da visão democrática participativa dos jurisdicionados

pátrios, fiscalizando e atacando os atos lesivos ao Patrimônio Público com a

condenação dos agentes responsáveis, assim garante o Art. 5º, LXXIII da

CFB:

In verbis:

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise

anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado

participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio

histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas

judiciais e do ônus da sucumbência;

Aqui constituídos todos os pressupostos da Ação Popular, quais sejam,

condição de eleitor, ilegalidade e lesividade, o que impugna para que seja

cabível a propositura da ação popular, por conter ato ilegal e lesivo ao

patrimônio público, em conformidade com a Lei 4.717/65.

A AP é cabível contra toda ação ou omissão lesiva do patrimônio público

brasileiro. Além dos bens materiais estatais, cabível será a AP na proteção da

moralidade administrativa, do meio ambiente e dos bens históricos e culturais.

A AP é cabível contra ato lesivo ao patrimônio público pratico por pessoas

físicas, autoridades públicas, órgãos públicos, pessoas jurídicas de direito

público ou privado.

Nos termos do art. 2º da LAP, podem ser atacados judicialmente os atos

lesivos ao mencionado patrimônio público nos casos de incompetência, vício

de forma, ilegalidade do objeto, inexistência dos motivos e desvio de

finalidade.

Page 58: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

58

O art. 3º da LAP enuncia que os atos lesivos cujos vícios não se compreendam

no elenco do art. 2º serão anuláveis, segundo as prescrições legais compatíveis

com a natureza deles. No art. 4º há outro catálogo de atos passíveis de

anulação via AP. Esse mencionado novo elenco não desborda do aludido do

rol do art. 2º, apenas especifica algumas situações de modo mais

pormenorizado, mas dentro dos parâmetros já estabelecidos, posto que a

tônica para a nulidade é o caráter lesivo e ilegal do ato objurgado

judicialmente.

Nessa linha, será cabível, portanto, a AP toda vez que houver ação ou omissão

ilegítima e lesiva ao patrimônio público, independentemente de quem seja a

autoria deste ato.

1.4. Da competência

A Lei 4.717, de 29 de junho de 1965, que regula a ação popular determina em

seu artigo 5º, que conforme a origem do ato impugnado, é competente para

conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a

organização judiciária de cada Estado, o foro para as causas que interessem à

União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.

Ademais, as ações populares, movidas em face de Prefeito, que julgam

responsabilidade civil por atos praticados no exercício do cargo devem ser

ajuizadas no primeiro grau de jurisdição. [1]

1.5. Do Procedimento

A Lei 4767/65 determina que a ação obedeça ao procedimento ordinário,

previsto no Código de Processo Civil e deve observar a norma de que o

representante do Ministério Público providencie para que as requisições

referentes à produção de provas sejam atendidas dentro dos prazos fixados

pelo juiz.

Page 59: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

59

1.6. Das Custas Judiciais

A previsão na Lei nº. 4.717, de 29 de junho de 1965, é a seguinte:

Art. 10. As partes só pagarão custas e preparo a final.

2. DOS FATOS

O município de Macapá se encontra em uma situação deprimente no que diz

respeito da coleta do lixo urbano. No ano de 2012, a coleta do lixo foi efetuada

com extrema precariedade. Pelo que os meios de comunicação veicularam

várias empresas foram contratadas no decorrer do ano para realizarem o

processo de coleta e também tiveram os contratos rescindidos por motivos que

não foram esclarecidos pelas partes contratantes.

Fato ainda mais grave é o que se constata no momento atual, a cidade está

completamente tomada pelo lixo, isso demonstrando a falta de coleta diária e a

irresponsabilidade do gestor público. Este fato se agravou, sobretudo após o

processo eleitoral em que o atual prefeito não conseguiu se manter no

Executivo Municipal. É evidente que a coleta foi amplamente negligenciada

após o resultado eleitoral de 28 de outubro de 2012. Em alguns bairros da

cidade a coleta não está sendo feita há mais de mês.

É tão grave a situação do lixo nas calçadas e nas esquinas que o mau cheiro já

toma de conta da cidade. Este fato é por demais inquietante, podendo levar a

situação a uma questão de saúde pública irremediável.

A coleta do lixo é urgentíssima sob pena da população padecer de uma

situação grave no que tange a saúde pública municipal. Doenças podem advir

causando um complicador sem precedentes. A insalubridade que já se constata

evidencia a possibilidade de um transtorno endêmico e até mesmo epidêmico

Page 60: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

60

se medidas urgentes não forem adotadas. A saúde da população se encontra

em risco em face da interrupção da coleta do lixo.

O lixo na cidade de Macapá encontra-se em todo lugar, as paradas de ônibus

estão entulhadas de lixo, causando mal-estar para os cidadãos que necessitam

dos serviços de transporte coletivo. As ruas mais parecem um lixão a céu

aberto (fotos em anexo). Esta situação é inaceitável, afinal a população da

cidade elegeu um prefeito, que administra dinheiro público advindo de tributos

para resolver os problemas da urbe.

Nenhuma justificativa é aceitável para a situação em foco. A única que se

pode vislumbrar é a de irresponsabilidade administrativa por parte dos

gestores públicos que deveriam cuidar dos serviços ora questionados.

3. DO DIREITO

Com a Conferência de Estocolmo, patrocinada pela ONU em 1972, as nações

civilizadas participantes do pacto internacional passaram a incluir a temática

ambiental em seus ordenamentos jurídicos, o que ocorreu tanto no plano

constitucional, como infraconstitucional. Neste liame, os países deveriam

levar a cabo os respectivos procedimentos culturais, sociais, jurídicos e

comunitários de defesa do meio ambiente e de desenvolvimento sustentável,

valendo-se, inclusive, da esfera penal.

No ano de 1992, no Rio de Janeiro, realizou-se a 2ª grande Conferência

Mundial de defesa do meio ambiente, conhecida internacionalmente como

ECO-92. Após intensas discussões sobre os avanços e retrocessos da

Conferência Mundial de Estocolmo, reforçou-se a ideia central de que os

países pactuantes deveriam colocar em prática os princípios acordados na

Suécia, desenvolvendo ações globais, regionais e locais.

Page 61: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

61

No Brasil, com o advento da Constituição Federal de 1988 (antes mesmo da

ECO-92), os municípios receberam o poder-dever de garantir a defesa do meio

ambiente, quando em foco questões de caráter local. Na realidade, a ECO-92

apenas estabeleceu as bases principio-lógicas da atuação municipal, já que o

ordenamento jurídico brasileiro vigente, por si só, já obrigava os municípios a

agirem de forma harmônica e integrada com o plano estadual e federal em

matéria ambiental.

A Constituição Federal, em seu artigo 23, incisos VI e VII, prevê que é

competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios proteger o meio ambiente e preservar as florestas, a fauna e a

flora.

Ainda leciona a CF no art. 30, inciso V, que compete aos Municípios

organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os

serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem

caráter essencial; neste contexto também se inclui o serviço de coleta e

tratamento do lixo urbano. A coleta de lixo é essencialmente um serviço de

interesse local, o que justifica a competência municipal para prestá-lo e

colocá-lo à disposição do cidadão.

Com efeito, o Hely Lopes Meirelles ensina que "a limpeza das vias e

logradouros públicos é, igualmente, serviço de interesse local, de suma

importância para a coletividade”.[2]

Compete, pois, aos municípios a implementação de procedimentos e a

observância de métodos que visem o afastamento dos resíduos sólidos dos

locais onde foram produzidos, dando-lhes destino final adequado, sem

comprometimento da qualidade do meio ambiente e da saúde da população.

O artigo 225, caput, da Carta Magna preceitua que todos têm direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial

Page 62: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

62

à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o

dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e as futuras gerações.

O artigo § 1° descreve que para assegurar a efetividade deste direito, incumbe

ao Poder Público:

V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos

e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio

ambiente;

Resíduos sólidos não podem ser dispostos no meio ambiente sem tratamento

prévio que assegure a eliminação das características de periculosidade, a

preservação dos recursos naturais e o atendimento aos padrões de qualidade

ambiental e de saúde pública, além da observância a critérios de toxidade,

inflamabilidade, corrosividade e reatividade (artigos 10 e 12 da

Resolução/CONAMA nº. 005/1993, c/c artigo 4º da Resolução/CONAMA nº.

283/2001, complementada pela Resolução/CONAMA nº. 358/2005).

O depósito ou disposição de resíduos a céu aberto, sem qualquer preocupação

ambiental, denota a necessidade de adoção de medidas por parte do Judiciário,

já que o Poder Executivo não está obtendo êxito em resolver a pendência de

forma extrajudicial.

Com efeito, impõe-se a interrupção da prática, a omissão do poder público e a

consecução do competente ato ambiental, em cujo procedimento devem ser

observados os requisitos mínimos para a disposição regular de resíduos

sólidos, inclusive com a diferenciação entre o regime de disposição de

resíduos hospitalares e o regime de disposição das demais espécies de resíduos

sólidos.

Além da imperiosa necessidade de interrupção do dano, remanesce o dever de

reparar e recuperar o meio ambiente por parte do infrator/poluidor, nos termos

Page 63: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

63

do artigo 4º, inciso VII, c/c artigo 14, § 1º, ambos da Lei n.º 6.938/81.

Não é outro o entendimento jurisprudencial:

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DEPÓSITO DE LIXO IRREGULAR. DANO

AMBIENTAL COMPROVADO. Constatada a existência de prejuízos ao

meio ambiente causados pelo depósito irregular de lixo em local inapropriado,

tendo agido o Município contrariamente às normas definidas pelas autoridades

ambientais competentes, é plenamente admissível, além de inevitável, sua

condenação, como agente poluidor, à reparação dos prejuízos causados,

consistente na realização de obras voltadas a recuperação da área degradada,

em cumprimento aos artigos 2º, VIII, e 4º, VII, da Lei n. 6938/1981”. (TJMG,

Processo n. 1.0000.00.234112-1/000 Rel. Des. Brandão Teixeira, julgado em

02/04/2002, publicado em 26/04/2002).

A Lei 12.305/2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos,

dispõe sobre princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes relativas à gestão

integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, delimitando a esfera de

responsabilidade do poder público. São diretrizes a serem aplicadas na gestão

de resíduos sólidos com a previsão integrada de sustentabilidade: não geração

de resíduos, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos e

disposição final ambientalmente adequada.

Como princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos, previstos no artigo

6º da Lei 12.305/2010 são enumerados: a prevenção e a precaução, poluidor-

pagador e protetor-recebedor, visão sistêmica, desenvolvimento sustentável,

ecoeficiência, a cooperação entre o setor público, privado e sociedade,

responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, reconhecimento

do resíduo como um bem econômico e de valor social, respeito às diversidade

locais e regionais, direito da sociedade à informação e ao controle social (grifo

nosso), razoabilidade e proporcionalidade. [3]

Page 64: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

64

Os objetivos da Política estão elencados na referida Lei no artigo 7º, onde

podemos destacar:

a) proteção da saúde e da qualidade de vida;

b) Estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção de bens e serviços;

c) gestão integrada de resíduos sólidos;

d) regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação

dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos

sólidos (grifo nosso).

Pelo exposto pode-se observar a importância fundamental e imediata da gestão

do lixo como um direito fundamental, pois na realidade se trata do direito ao

meio ambiente ecologicamente equilibrado previsto constitucionalmente.

Assim, a pretensão do requerente, inicialmente, tem por escopo a remoção do

injusto, evitando-se o prolongamento de seus efeitos que podem ser

extremamente mais drásticos se o ilícito não for imediatamente interrompido,

sob pena de tornar o dano irrecuperável ou de difícil recuperação.

Ainda prevê a LAP em seu art. 12:

In verbis:

A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor,

das custas e demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente

relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o dos honorários de

advogado. (grifo nosso)

4. DA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE

Atento a finalidade preventiva no processo, a lei instrumental civil, por seu art.

804 permite através de cognição sumária dos seus pressupostos à luz de

Page 65: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

65

elementos a própria Petição Inicial, o deferimento initio lide de medida

cautelar inaudita altera parte, exercitada quando inegável urgência de medida e

as circunstâncias de fato evidenciarem que a citação dos réus e a instrução do

processo poderá tornar ineficaz a pretensão judicial, como ensina o Ilustre

Professor Dr. HUMBERTO THEODORO JUNIOR em Curso de Direito

Processual Civil, ed. Forense, vol. II, 1ª edição, pág. 1160.

A Lei 4.717/65 reguladora da ação popular vislumbra o periculum in mora da

prestação jurisdicional e em boa oportunidade no comando do seu art. 5º § 4º

preconiza “na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato

lesivo impugnado”.

Na espécie, visualiza-se a prima facie LESIVIDADE AO PATRIMÔNIO

PÚBLICO, ILEGALIDADE E IMORALIDADE DO ATO que justifica in

extremis a concessão de liminar para que estanque a lesividade ao direito

público difuso em tela e para que o gestor público dê cumprimento à sua

obrigação no resguardo dos princípios administrativos e de direito.

Destarte, presentes os requisitos do fumus bonis júris e do periculum in mora,

o autor requer seja CONCEDIDA A LIMINAR, determinando que a

Prefeitura Municipal de Macapá e o Prefeito Municipal cumpram incontinenti

a determinação de executar a coleta do lixo urbano que se encontra espalhado

em toda a cidade.

A concessão da liminar é medida que se impõe. Os danos vividos dia após dia

pela sociedade macapaense são incalculáveis. A proliferação de vetores e a

contaminação do meio ambiente são iminentes. A saúde pública encontra-se

ameaçada. Aliás, a saúde pública já foi lesada. O meio ambiente urbano está

sendo agredido incessantemente, com prejuízo irreparável para a população,

dentre outros danos ambientais.

No caso em questão, o dano já ocorreu e continua a ocorrer, motivo pelo qual

Page 66: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

66

devem ser adotadas, com urgência, medidas para recuperação/reparação do

passivo ambiental, impedindo-se, outrossim, a continuidade do dano, através

da remoção do ilícito.

A lei da ação popular dispõe que poderá ser ajuizada ação cautelar objetivando

evitar o dano ao meio ambiente como também a lei preceitua que o juiz poderá

conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia.

De acordo com a melhor doutrina, a tutela de urgência reveste-se de caráter

satisfatório, logo a Lei alarga o âmbito de ação cautelar, fazendo-a mais ampla

e mais profunda, no campo da ação popular. É o que se colhe

desenganadamente de sua previsão no sentido de que a ação cautelar possa,

aqui, ter o fito de evitar o dano, cuja reparabilidade, ao lado da recomposição

do status quo ante, constituem as metas desse precioso instrumento.

Também lecionando sobre o tema, Ada Pelegrine Grinover, observa que a

ação popular garante o direito democrático de participação do cidadão na vida

pública, baseando-se no princípio da legalidade dos atos administrativos e no

conceito de que a coisa pública é patrimônio do povo. (In: A tutela

jurisdicional dos interesses difusos, Revista de Processo, São Paulo, n. 14-15,

p.38, abr/set 1979).

Indubitável, portanto, a viabilidade e o cabimento da liminar, medida

imprescindível para se evitar o dano ao meio ambiente e à saúde pública.

Os requisitos para concessão da medida estão por demais demonstrados: a)

fumus boni iuris: evidenciado pela plausibilidade do direito invocado e a

manifesta omissão do requerido em cumprir a legislação ambiental, que exige

o prévio e regular licenciamento ambiental para as atividades de aterro

sanitário (o que, em absoluto, não se verifica no município requerido); b)

periculum in mora: fundado nos danos e prejuízos ao meio ambiente e à saúde

pública, que, se não atacados agora, tornar-se-ão cada vez maiores, o que

Page 67: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

67

caracteriza o risco de permanência e agravamento da situação atual.

5. DO PEDIDO

Diante do exposto, requer:

1) a concessão de MEDIDA LIMINAR, "inaudita altera pars", sem

justificação prévia, pela existência do "fumus boni juris", patenteado pela

legislação relacionada, da qual a requerida fez "tabula rasa", como também

pelo "periculum in mora" demonstrado concretamente através do grave risco

de dano irremediável ao meio ambiente e à saúde pública compelindo-se a

Prefeitura de Macapá e o Prefeito Municipal a providenciarem, no prazo de 24

horas, a coleta da totalidade do lixo disposto nas ruas da Capital;

2) a determinação de manter em intervalos não superiores a 24 (vinte e quatro)

horas, a coleta sistemática e periódica do lixo urbano;

3) a citação dos requeridos para, querendo, ofertar contestação no prazo legal,

sob pena de revelia;

4) a produção de todos os meios de prova em direito admitidas, notadamente a

pericial, a testemunhal, o depoimento pessoal, a juntada de novos documentos

e tudo mais que se fizer necessário à completa elucidação dos fatos articulados

na presente inicial;

5) seja o pedido julgado procedente no mérito, condenando-se os réus a

promoverem a coleta de lixo urbano de forma sistemática e periódica;

6) na hipótese de descumprimento da medida judicial imposta (liminar ou na

sentença de mérito), seja fixada multa diária à entidade pública e ao Prefeito

Municipal no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) separadamente, sem

Page 68: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

68

prejuízo das medidas de cunho criminal por eventual delito de desobediência e

da aplicação do disposto no artigo 14, inciso V, do Código de Processo Civil;

7) sejam os réus condenados a pagarem as custas e as demais despesas

judiciais e extrajudiciais, bem como o ônus da sucumbência e pagamento de

honorários como prevê o artigo 12 da LAP.

8) o parecer do Ministério Público.

Dá-se a causa, para fins legais (artigo 258 do Código de Processo Civil), o

valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Termos em que pede deferimento.

Macapá (AP), 28 de novembro de 2012.

_____________________________

Judson Barros Pereira

OAB/AP 2182

Fonte: http://vitimasfalsoscondominios.blogspot.com.br/2013/01/peticao-incial-de-acao-popular-para.html

Page 69: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

69

4.4 – Mandado de segurança coletivo ambiental

O mandado de segurança coletivo está

previsto na Constituição Federal, no art. 5º. Incisos

LXIX e LXX os quais estabelecem que o mandado

de segurança tem a função de garantir direito líquido

e certo quando o responsável pela ilegalidade for

autoridade pública .

Veja o que diz o artigo:

“Art. 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros, residentes

no país, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,

à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito

líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data",

quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for

autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de

atribuições do Poder Público;

LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação

legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano,

em defesa dos interesses de seus membros ou associados;”

Page 70: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

70

Conheça agora um modelo de um mandado de segurança coletivo ambiental:

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA__________ VARA CÍVEL DA

COMARCA DE ___________, ESTADO DO___________

_____________, brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de

_________, portador (a) do CIRG n.º_____ e do CPF n.º _______, residente e

domiciliado (a) na Rua _________, n.º ______, Bairro ______, Cidade ______,

Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a)

(procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua _____,

nº. ______, Bairro _____, Cidade _______, Estado ______, onde recebe

notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa

Excelência propor

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR

em face de

_______, brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de _______, portador

(a) do CIRG n.º ______ e do CPF n.º ______, residente e domiciliado (a) na

Rua ______, n.º _______, Bairro _______, Cidade _______, Estado ________,

pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

DOS FATOS

Nos autos da AÇÃO CIVIL PÚBLICA em trâmite no Juízo de __________,

aforada pela COMPANHIA DE SANEAMENTO__________ S.A. em desfavor

do Impetrante ___________ e de __________ e ___________, foram todos,

autora e réus, em data de ________ de _________ do ano findo, convocados a

firmarem o TERMO DE COMPROMISSO E AJUSTAMENTO DE

CONDUTA perante o Ministério Público do Estado de _________, que resultou

homologado nos autos da referida ação (proc. ________) - documento junto.

Page 71: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

71

Por este Termo, Excelência, o Impetrante __________ e os demais réus, se

incumbiram de obter do órgão ambiental competente, licença para operar

sistema de irrigação de lavouras mediante o emprego de pivôs centrais ou

qualquer outro sistema que implique na utilização das águas do Ribeirão

___________ ou de qualquer outro manancial que componha a sua bacia

hidrográfica, interrompendo, a partir de ______ de _______de __________, a

utilização das águas e conseqüentemente o processo de irrigação, enquanto a

referida licença não for concedida (item ____).

Está claro que a obrigação firmada pelos réus, no referente a interromper a

utilização das águas e o processo de irrigação, haveria de ser cumprida a partir

de _____ de _____ de _______. Esta providência poderia ser tomada até no dia

de hoje, ou após, porquanto lá está que tal interrupção haverá de acontecer a

partir daquela data. E mais: "enquanto a referida licença não for concedida".

Vê-se da última frase transcrita, tal como firmado pelo Impetrante e os demais

réus e a autora, com o Ministério Público. E mais, Excelência. Há um prazo

máximo para cumprimento: 02 (dois) anos. Veja-se o item 6, II, final, prazo. Se

o Termo foi firmado em _____ de _____ de ______, a rigor, só em _____ de

_____ de _______, haveria de dar o seu implemento, enquanto se aguarda a

referida licença.

Não há, in casu, qualquer ferimento ao disposto, pois lá está: a partir de _____

de _______ TODAVIA, Excelência, surpreendentemente, o Ministério Público

em diligência constatou que o Impetrante, ainda sem a licença, continua a

utilizar o sistema de irrigação através de pivôs centrais, o que não poderia ser

diferente, pois suas lavouras dependem dessa irrigação e, como demonstrado,

não está descumprindo o que avençou com a Promotoria de Justiça.

Mas, em face desta constatação, o M.Público requereu fosse o Impetrante

notificado para interromper o processo de irrigação através da utilização de seus

pivôs centrais e, bem assim, postulou a lacração da parte do conjunto de

Page 72: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

72

irrigação que promove a captação de água do Ribeirão __________, com o fim

de garantir a efetiva interrupção do processo irrigatório. E sem atentar que ele

ainda não havia conseguido a licença, embora postulada junto ao órgão

competente, em data anterior (doc.junto).

In continenti, o MM.Juiz Dr. _________, da vizinha Comarca de __________,

substituto em _____________, como Plantonista de _______, assim despachou,

de forma manuscrita, no rosto do requerimento: "Junte-se. Esgotado o prazo

pactuado no termo de ajustamento de conduta - cláusula sexta (fls. _______) -

judicialmente homologado (fls. ____________), sem que os produtores rurais

mencionados nesta peça tenham exibido cópia da licença da Agência

Ambiental, defiro os pedidos infra e determino a notificação e a lacração nos

termos postulado pelo Ministério Público. Expeça-se os competentes mandados,

autorizo o escrivão assiná-los. BJ, 06.07.2000"

A ordem foi cumprida. O lacramento aconteceu. As lavouras do Impetrante,

com mais de uma semana sem irrigação, podem chegar à perda total, levando-o

à insolvência. Tal decisão manuscrita, apesar de lançada por um dos mais

conceituados juízes componentes da Magistratura ____________, jovem e

estudioso, foi impensada, data latíssima vênia, além de equivocada. Resultou

que o Impetrante chegou a ser hospitalizado, ante o desespero que lhe afetou a

lacração dos pivôs, sem prévio aviso e sem sequer lhe oportunizar a

manifestação ou apresentação de justificativa. E adoeceu, diante da iminência

do incalculável prejuízo.

Vossa Excelência irá verificar, e isso já foi exposto linhas antes, que ao

contrário do que entendeu o MM. Juiz do Plantão, o prazo pactuado para

obtenção da licença não está esgotado.

O despacho que ordenou a lacração foi brusco, violento, não só porque sem

oitiva das partes – autora e réus –, mas também porque a própria autora,

Companhia de Saneamento _________ S.A., tinha obrigações a cumprir e não

Page 73: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

73

as cumpriu.

Evidente que, se a própria a Companhia __________ e os réus, todos eles, não

cumpriram, ainda, o que haviam se compromissado, é porque algo estaria

pendente. Daí faltou prudência no exaramento do despacho indigitado,

certamente por excesso de serviço no Plantão de Julho, a cargo do Digno

Magistrado. E o que estaria ocorrendo, para que as partes, autora e réus,

deixassem de cumprir o pactuado? Perguntar-se-ia. É simples a resposta.

Não bastasse a documentação aqui anexada, demonstradora da diligência do

Impetrante junto à Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, em

_____ de _____ de ______, por meio de requerimento protocolizado n.

___________, no qual, baseado em certidão de propriedade e contato de

arrendamento, almejou a outorga de uso das águas estaduais, nos exatos termos

das informações cadastrais, para irrigação de suas lavouras de grãos, o que por

certo atenderia o objetivo visante no Termo de Ajustamento, há, ainda, por

outro lado, que ponderar- se o seguinte: a. - A obrigação de interromper, a partir

de ______ de ______, a utilização das águas e conseqüentemente o processo de

irrrigação, enquanto a referida licença não for concedida, é tarefa do

Impetrante.

E origina-se de compromisso por ele assumido e atermado; b. - Não cumprindo,

isto é, se o Impetrante não proceder a essa interrupção estará sujeito à MULTA.

E não, ver lacrados os pivôs, pela Justiça, sem oitiva ou sem lhe oportunizar

justificativas, com lavouras sendo irrigadas. Estava ele sujeito à multa, fosse o

caso. Está no item 7, do Termo: "Os compromissários que não implementarem

as providências que lhes incumbem nos prazos fixados no presente E>TERMO

DE COMPROMISSO E AJUSTAMENTO DE CONDUTA, incidirão em multa

diária pelo atraso, em valor correspondente em moeda corrente nacional a 1.500

(um mil e quinhentos) UFIR'S - UNIDADE FISCAL DE REFERÊNCIA - do

Governo Federal". É isso o que haveria de acontecer: a aplicação da multa, se

não houvesse justificativa que o impossibilitasse de interromper a irrigação.

Page 74: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

74

Mas, no caso há motivo justo. O Impetrante não só postulou a obtenção da

licença, objeto do compromisso (docs. juntos), como, também, não foi omisso,

pois através do LAUDO DE VISTORIA E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL

HÍDRICO DO ____________, firmado por um dos peritos mais competentes

nesta área, está patente a inexistência de risco iminente de dano à natureza,

decorrente da irrrigação (doc. anexo).

O Impetrante, Excelência, a exemplo dos demais réus, desde o momento da

assinatura do Termo de Compromisso e Ajustamento de Conduta, iniciou sua

peregrinação para conseguir licença para operar sistema de irrigação de

lavouras pela utilização de pivôs centrais, na utilização direta das águas do

_____________. Contudo, para se obter a outorga da Superintendência de

Recursos Hídricos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Estado de

____________, mister se faz a construção de represas. E para a construção

outra providência haverá de ser implementada: a obtenção de licença junto à

Agência _____________ do Meio Ambiente e Recursos Naturais

(___________________), sendo este um dos requisitos para a concessão

daquela outorga.

Trata-se, pois, de burocracia necessária, embora dificultosa para o Impetrante,

até financeiramente. E isso demanda prazos longos, questão não observada por

ocasião da firmação do Termo de Ajuste. De lembrar-se mais, Excelência, que

nesta época do ano é impossível a construção de represas, além do que, a

licença, mesmo depois de atendido aquele requisito de construção de barragem,

não é concedida em menos de seis meses, o que implica em sérios prejuízos

para o Impetrante e toda a sua família, pois teria que deixar a terra ociosa, sem

produzir qualquer tipo de alimento nesta época do ano, mergulhando assim em

mais dívidas, já que estas não são novidades em meio aos produtores rurais

brasileiros.

De recordar-se mais, Excelência, que se Ação Civil Pública, já referida, sede do

Page 75: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

75

fato, teve por escopo evitar risco de dano à natureza e não prejudicar o

abastecimento de água à população urbana de ______________, tais hipóteses

foram rechaçadas pelos peritos.

De modo que a lacração dos pivôs só prejudica, e muito, a pessoa do

Impetrante. Inexiste risco de dano à natureza, já foi dito. E no referente ao

abastecimento, é de ver-se que por este motivo, foi elaborado o LAUDO DE

VISTORIA E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL HÍDRICO DO ____________,

pelo Engenheiro Agrônomo Dr. _____________, perito da Justiça Federal,

principalmente no que tange ao meio ambiente, cujo laudo concluiu o seguinte:

"Este Assistente Técnico, conclui, com base no descrito acima, que o

abastecimento d'água à população urbana de _______________ está

assegurado, mesmo mantendo simultaneamente os bombeamentos da

________, ________________ e _________, desde que a Companhia

________ amplie sua capacidade de tratamento da água; que a falta d'água na

cidade deve-se ao tratamento insuficiente, por falta de capacidade de sua

unidade de tratamento e não por falta de água na sua captação.

Conclui ainda que é possível operar todos os pivôs instados no trecho, porém

condicionado a construção de barragens nas devidas localizações e demissões

por todos os usuários"(destacamos e grifamos).

De se ver mais que a demanda da vazão, no trecho do ponto de captação da

_____________, à montante, até o ponto de captação da __________(destilaria

de álcool), em ______ de ________ é de 467,33 l/s, enquanto que nos autos da

Ação Civil Pública o Perito Judicial ao avaliar a demanda de vazão instalada,

em ________ de ________ era de 1113 l/s, portanto, 41,98% do que bombeava

em ________ de ____________.

De modo, Excelência, claríssimo está dos autos a inexistência do risco de dano

à natureza e, bem assim, qualquer prejuízo ao abastecimento de água em

__________(cidade)_____________ A uma porque qualquer falta de água que

Page 76: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

76

possa ocorrer isso se deve à própria Autora, a Companhia _________ S.A., por

falta de ampliação de sua capacidade de tratamento e, a duas, porque a vazão de

água é inferior ao que se bombeava em __________, representando percentual

de 41,98% do total de 1113 l/s.

O impetrante é um pequeno produtor rural, e plantou, como foi dito, numa área

aproximada de 145 hectares, lavoura de milho híbrido. E a produção já está

compromissada com a empresa _____________ LTDA., conforme contratos

anexos, um de 97 e outro de 48 hectares (cópias anexas), cujo plantio já está

concretizado e em pleno desenvolvimento vegetativo. E conforme esses

contratos, todo o preparo da terra, plantio e colheita serão suportados pelo

Impetrante, às suas expensas e sob sua exclusiva responsabilidade. As

fotografias que, instruíram o requerimento do Ministério Público, são provas

bastantes da existência dessas lavouras e da necessidade premente de irrigação

(cópia anexa). As lavouras irrigadas, do Impetrante, em uma área de mais ou

menos 145 hectares, são de milho próprio para semente, com produtividade

esperada de 8.600kg/ha ou 1.290.000Kg. em toda a área. Portanto, de alto valor

econômico, e por isso necessitam, em sua parte mais atrasada, de serem

irrigadas por mais 40 dias, para completarem seu ciclo sem prejuízo (doc.

anexo). E mais: Mão de obra utilizada: Os 145,20 has. já irrigados e cultivados,

atualmente, com milho semente demandam do plantio a colheita que é feita

manual por se tratar de semente, aproximadamente, 6.460 dias homens, diz o

laudo anexo. A vazão do manancial, medida em 27 de maio p.p., se vê dos

documentos anexos, foi de 505,4 litros/segundo. E o Impetrante necessita

apenas de 161,33 litros/segundo, se funcionar dois pivôs simultaneamente.

Ainda sobra, sem uso, 344,07 litros/segundo. Isso corresponde a 1.238.652,00

litros/hora, ou 1.238 metros cúbicos por hora, sendo que o abastecimento da

cidade consome apenas 140,00 metros cúbicos por hora, segundo noticiou a

Douta Promotoria de Justiça (fls. ________).

Induvidosamente não risco para o abastecimento. Mas há, com certeza,

incalculável risco à produção já contratada, com sérios prejuízos ao Impetrante,

Page 77: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

77

sua família e demais pessoas envolvidas nesse cultivo do milho e, bem assim,

aos produtores rurais que necessitarão da semente ali em fase de produção para

ser semeada no próximo ano agrícola _________. A interrupção do processo de

irrigação e a lacração do conjunto de irrigação, como ocorreu pelo lacre

judicial, resultará que toda cultura de milho semente reste ameaçada, caso não

venha a ser irrigada nas próximas horas, disso acarretando sérios prejuízos a

todos os que de uma forma ou de outra, direta e indiretamente, acham-se

envolvidos na colheita ou produção dessa lavoura.

O Impetrante espera o deferimento de seu pedido liminar, com suspensão da

interrupção do processo irrigatório, também porque o deferimento do pedido

ministerial, de pronto como aconteceu, sem oitiva das partes, não seja cabível

por não restarem presentes prejuízos de difícil reparação, pressupostos estes

exigidos nos termos da lei. A regra é a mesma dos pedidos liminares na causa

principal, ao inverso. A lacração, data latíssima vênia, in casu, só poderia

ocorrer se convincentemente demonstrado o prejuízo do abastecimento de água

à população ___________, ou de forma grave à natureza, nesse preocupante

tema ambiental. Não é o caso, pois o que aconteceu foi justamente o contrário.

DO DIREITO

O deferimento da medida postulada pelo Ministério Público, sem ouvir as

partes, de maneira desatenta aos laudos, acarreta sério prejuízo ao Impetrante,

se continuarem lacrados os pivôs. No entanto, o deslacramento não provoca

qualquer dano no abastecimento, ou à natureza, ou mesmo prejuízo de qualquer

espécie a terceiros.

A decisão ora atacada, que mandou lacrar os pivôs, não tem respaldo no Termo,

pois a interrupção da irrigação, se houvesse motivo justo, é tarefa do Impetrante

em qualquer data a partir do dia 15 de junho, sob pena de multa. Tal decisão

chega a ser teratológica, porque lançada sem cautela e sem a necessária

prudência, malgrado ser da lavra de Culto Magistrado, se pensar no tamanho do

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78

prejuízo que ela poderá acarretar. Nosso Tribunal de Justiça já decidiu:

EMENTA: "Mandado de Segurança. Ato Judicial não atacado por recurso. O

mandado de Segurança não é sucedâneo de recurso, salvo em se tratando de

decisão teratológica, de manifesta ilegalidade, capaz de ocasionar dano

irreparável." (TJGO Terceira Câmara Cível. DJ n 12066 de 18/05/1995 p 11 -

ACÓRDÃO: 04/04/1995 04/04/1995 - RELATOR: Des Mauro Campos -

Mandado de Segurança n 5559-4/101).

E no caso presente, como fácil se colhe, o despacho ora atacado é capaz de

ocasionar dano irreparável ao Impetrante, já foi demonstrado. Ademais,

"presentes os pressupostos do art. 7, inciso II, da Lei n. 1.533/51, impõe-se a

concessão da liminar, independentemente de qualquer garantia ou depósito

prévio" (STJ-2a.Turma, RMS 360-SP, rel Min. Peçanha Martins, j.26.6.91,

deram provimento, v.u.rep.DJU 30.9.91, p.13.500).

O caminho processual escolhido é adequado, e melhor para o reparo pretendido.

Nesse sentido calhante a EMENTA do nosso TJGO: "MANDADO DE

SEGURANÇA. É viável a impetração do mandamus contra ato judicial desde

que presentes os pressupostos do fumus boni juris e do periculum in mora".

(TJGO Segunda Câmara Cível. DJ n 11957 de 08/12/1994 p 6- ACÓRDÃO:

22/11/1994 11/22/1994 - RELATOR: Des Fenelon Teodoro Reis - DECISÃO :

Segurança concedida, à unanimidade - RECURSO: Mandado de Segurança n

5688-4/101).

Em caso semelhante, provindo do mesmo despacho ora atacado, o outro réu da

Ação Civil Pública, __________ obteve, por Despacho do Desembargador

BYRON SEABRA GUIMARÃES, Vice-Presidente no exercício legal da

Presidência, idêntica liminar em Mandado de Segurança impetrado na semana

passada (autos n.200001267927 - MS 9.480-0/101), porquanto ele, igualmente

ao Impetrante, acabou atingido prejudicialmente pelo referido despacho do

MM. Juiz Plantonista, conforme demonstrou.

Page 79: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

79

O nosso Tribunal de Justiça naquele caso do co-réu ________________, e com

o costumeiro acerto, entendeu que os dois requisitos previstos no inciso II

("fumus boni iuris" e possibilidade de lesão irreparável ou de difícil reparação)

são essenciais para que possa ser concedida a medida liminar. Tal como julgou

o STF - Pleno: RTJ 91/67. E neste sentido: RTJ 112/140. E a presença desses

requisitos está fartamente demonstrada, além de provada. Acham-se claros, in

casu, o FUMUS BONI IURIS e o PERICULUM IN MORA.

DOS PEDIDOS

O Impetrante, por todo o exposto e respeitosamente, REQUER lhe seja

deferida, liminarmente, a suspensão da execução da decisão impugnada, dando-

se o deslacramento de seus pivôs, justamente para evitar o prejuízo que, por

certo, se perdurar a medida, afetará também a sua família e à dos demais

trabalhadores da lavoura.

O Impetrante tem família e vive de seu trabalho, não podendo admitir, em face

da não existência da degradação do meio ambiente, permaneça sem irrigação a

cultura de milho de semente que encontra-se em estado vegetativo e que não

suporta a falta de água nas próximas 24 horas. Mais agora, diante da mudança

do tempo, frio inesperado e anormal na região, com previsão de geada nas

lavouras. Assim, achando-se claro o seu direito líquido e certo de permanecer

irrigando a lavoura de milho semente, já que não existe qualquer malefício à

natureza e ao abastecimento da cidade, REQUER lhe seja concedida a liminar

pré-falada, determinando-se o rompimento da lacração do seu conjunto de

irrigação que promove a captação de água do ___________, com o fim de

garantir o processo irrigatório de suas lavouras, através da utilização dos pivôs

centrais, dando-se a notificação do Impetrado para apresentar informações, bem

como a notificação do Ministério Público e a citação da Companhia de

Saneamento__________ S.A. - sociedade de economia mista, com sede na Av.

___________, Nº. __________, BAIRRO_____________, nesta Capital,

devendo ao final dar-se a procedência do pedido para tornar definitiva a liminar,

Page 80: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

80

ou para que se suspenda a execução do despacho lançado pelo MM. Juiz

Plantonista, até que as providências técnicas sejam viabilizadas, e assim

compromissadas as partes em novo Termo de Ajuste.

Dá-se à causa o valor de R$ _____________________

Nesses Termos,

Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura do Advogado]

[Número de Inscrição na OAB]

Fonte: http://www.igf.com.br/blog/modelos-de-documentos/Peticao/Ambiental/Mandado-de-seguranca-impetrado-em-face-de-ato-emanado-por-magistrado

4.5 – Mandado de injunção ambiental

Conforme apresenta o Professor

Fiorillo, o mandado de injunção ambiental é

“... uma ação constitucional que tem por

objeto possibilitar que o exercício dos

direitos e liberdades constitucionais e das

prerrogativas inerentes à nacionalidade, à

soberania e à cidadania não seja

inviabilizado pela ausência de norma

regulamentadora.”

O mandado de injunção está previsto na Constituição Federal, no art. 5º. Inciso

LXXI, conforme veremos a seguir:

Page 81: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

81

“Art. 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes

no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de

norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e

liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à

nacionalidade, à soberania e à cidadania;”

Observe um modelo:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR

PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE

__________

_______, brasileiro (a), (estado civil), advogado inscrito na OAB/ ______ sob o

nº.______ portador (a) do CIRG n.º _________ e do CPF n.º ________,

residente e domiciliado (a) na Rua _______, n.º ....., Bairro ....., Cidade .....,

Estado ________, vem muito respeitosamente à presença de Vossa Excelência,

na qualidade de advogado da Defensoria Pública do _________, em causa

própria, com fundamento no art. 5º, LXXI e respectivo § 1º, combinado com os

demais dispositivos das Constituições, Federal e Estadual, aplicáveis ao feito,

impetrar

MANDADO DE INJUNÇÃO

em face de

Page 82: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

82

pessoa jurídica de direito público ____________, pelos motivos de fato e de

direito a seguir aduzidos.

COLENDO ÓRGÃO ESPECIAL

MM. DESEMBARGADOR RELATOR

EMÉRITOS JULGADORES

PRELIMINARMENTE

1. DA LEGITIMIDADE ATIVA

Por ser, o ora impetrante, advogado da Defensoria Pública do ________, no

exercício das funções de Defensor Público, cf. docs. nº. __________ e

_________, em anexo, tem o mesmo legítimo e fundado interesse na

organização do Órgão nos moldes e critérios estabelecidos pelas Constituições

Federal e Estadual vigentes, bem como de ter assegurado o exercício de seus

direitos decorrentes da regulamentação da carreira, observando-se o princípio

da isonomia de vencimentos, consoante artigo 135, da Constituição Federal.

2. DA LEGITIMIDADE PASSIVA

Por ser o anteprojeto da Lei objetivando regulamentar a carreira da Defensoria

Pública, de iniciativa privada do Governador do Estado, cf. preceitua o inc. III,

do art. 66, da Constituição Estadual; bem como ante o exaurimento do prazo

constitucional de cento e oitenta dias estabelecido pelo artigo 6º, do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição Estadual, sem que o

Governador do Estado promovesse o encaminhamento, à Assembleia

Legislativa, do anteprojeto de lei objetivando regulamentar a carreira da

Defensoria Pública; fica caracterizado ser o Estado do __________, na pessoa

do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, nos exatos termos, e na forma

estabelecida pelo inciso I, do artigo 87, da Constituição Estadual, o polo passivo

da presente relação processual.

Page 83: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

83

3. DA COMPETÊNCIA (Legislativa)

Em razão do disposto no inciso III, do artigo 66, da Constituição Estadual,

combinado com o disposto no artigo 6º, do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias da mesma, fica estabelecida a competência do Governador do

Estado para, privativamente, propor leis dispondo sobre a organização da

Defensoria Pública, mesmo porque o inciso XIII, do artigo 24, da Constituição

Federal, atribui, concorrentemente, esta competência ao Estado.

4. DA COMPETÊNCIA (Jurisdicional)

Em razão do contido nos artigos 87, inciso I, combinado com o artigo 101, inc.

VII, "c", ambos da Constituição Estadual, e nos termos do contido no artigo 83,

inc. IV, "e", do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Paraná, compete

ao C. Órgão Especial desse E. Tribunal de Justiça, processar e julgar,

originariamente, o presente Mandado de Injunção impetrado contra

__________ em razão da inércia do Governador quanto ao encaminhamento do

aludido anteprojeto de lei. E, por ser o Regimento Interno anterior à

Constituição Federal de 1988, que criou o instituto mandamental sob análise,

equipara-se o mesmo, em sua forma procedimental, ao mandado de segurança.

DO MÉRITO

1. DO RESUMO RETROSPECTIVO DAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS

DO IMPETRANTE NA FUNÇÃO DE DEFENSOR PÚBLICO

O ora impetrante, desde __________, ainda na condição de acadêmico de

direito, já desenvolvia suas atividades jurídicas no âmbito da Defensoria

Pública, à época denominada "Assistência Judiciária", cf. docs. nº. _________ a

_________, em anexo.

Page 84: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

84

Desde ___/____/____, o ora impetrante vem atuando como – e efetivamente o é

– servidor público da administração direta do Estado, cf. docs. nº._____ a

_____, em anexo.

O ora impetrante, servidor público, sempre atuando no âmbito da "Assistência

Judiciária" Defensoria Pública, sempre exercendo as funções de Defensor

Público, ao longo do desempenho das suas atividades profissionais, recebeu

várias promoções. Pois vejamos:

a) em ____/____, de ___, passou a ____, cf. doc. ___, em anexo;

b) em ____/____, de ____, passou a ____, cf. doc. ____, em anexo;

c) em ____/____, de ____, passou a ____, cf. doc. ____, em anexo;

d) em data de ____/____/____, cf. Diário Oficial do Estado nº. ____, na

qualidade de advogado da Defensoria Pública do ___________, obteve a devida

licença governamental de afastamento do país para participar de curso de

___________, a nível de _________, em ____________, junto à Universidade

Católica ____________, cf. docs. nº. _________________ e seguintes, em

anexo. Participação esta prejudicada ante o retardamento da respectiva bolsa de

estudos obtida junto à __________, em razão da greve dos funcionários

públicos federais e do Ministério da Educação, em fins de ___________: (Note-

se que do conjunto probatório contido no doc. sob nº. _________, o Estado

reconhece expressamente o exercício da função de Defensor Público, e quanto a

isto não há o que se objetar);

e) desde ____/____, o ora impetrante participa de curso de ________ junto à

Universidade Federal do ________, como bolsista indicado pela Defensoria

Pública do _______, cf. doc. nº. __________, em anexo;

f) desde ____/____/____, o ora impetrante é representante judicial, por

Page 85: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

85

delegação de poderes, com atribuições de prestar assistência jurídica aos

necessitados, na Comarca de _________, exercendo, portanto, em nome do

Estado, também no interior, as funções de Defensor Público, cf. docs. nº.

_______ e ______, em anexo, inclusive delegação de poderes;

g) quanto a qualidade dos serviços prestados no exercício das funções de

Defensor Público, junta-se os docs. _____ nº. ________ e seguintes, em anexo.

Relatada, sinteticamente, a retrospectiva das atividades profissionais,

devidamente documentada, não há dúvida de que o ora impetrante, estável, vem

exercendo, há longo tempo, no interior e principalmente na Capital, tanto

perante a primeira quanto na Superior Instância, perante os Tribunais de Alçada

e de Justiça, cf. docs. nº. __________ e seguintes, em anexo, as funções de

Defensor Público, nos moldes dos artigos 55 e 22, dos Atos das Disposições

Constitucionais Transitórias das Constituições Estadual e Federal,

respectivamente, fazendo jus ao direito de enquadramento/opção na/pela

correspondente carreira.

2. DOS DIREITOS DO IMPETRANTE

O ora impetrante, na qualidade de advogado da Defensoria Pública do _______,

no efetivo exercício das funções de Defensor Público, desde o início de suas

atividades profissionais junto ao Estado, cf. provam os docs. nº. ______ a

______, entre outros em anexo, tem o legítimo interesse na regulamentação da

respectiva carreira, nos moldes previstos pelas Constituições Estadual e Federal.

Por estar no efetivo exercício das funções de Defensor Público, há mais de

______ anos, o impetrante tem o direito constitucionalmente assegurado ao

enquadramento no cargo da carreira de Defensor Público, consoante o disposto

no artigo 55, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da

Constituição Estadual.

Page 86: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

86

A pretensão também é amplamente assegurada através do artigo 22, do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal, que assim

determina:

"Constituição Federal

Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

Art. 22 – É assegurado aos defensores públicos investidos na função até a data

de instalação da Assembléia Nacional Constituinte o direito de opção pela

carreira, com observância das garantias e vedações previstas no art. 134,

parágrafo único, da Constituição."

VII – DA ESTABILIDADE

Em razão do tempo de serviço, cf. docs. nº. ______ e ________, entre outros

em anexo, o ora impetrante tem assegurada a estabilidade no serviço público,

nos termos do artigo 19, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da

Constituição Federal.

Ao mesmo tempo, verifica-se que o ora impetrante, em razão do disposto no

artigo 233, da Constituição Estadual, a partir da promulgação da mesma, passou

a ser regido pelo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado.

3. DA ISONOMIA

Não obstante o direito constitucional assegurado através do § 1º, do artigo 39,

da Constituição Federal, o § 2º, do artigo 33, da Constituição Estadual, à

isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou assemelhados do

mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e

Judiciário, o impetrante vem sendo preterido, percebendo uma remuneração

muito aquém do devido.

Page 87: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

87

A defasagem dos vencimentos mensais do impetrante, se comparados aos de

cargos assemelhados, como os da carreira do Ministério Público ou da própria

Magistratura, considerando o tempo de serviço, entrância de instância de

atuação, é irrisório e vexatório.

Exercendo, já há longa data, as funções de Defensor Público perante a ______ª

Vara Criminal da Comarca de ________, bem como perante os Tribunais de

Alçada e de Justiça do ________, recebe, o ora impetrante, a título de

remuneração, a irrisória quantia consignada no contracheque de pagamento,

cuja cópia, doc. nº. _______, segue em anexo.

4. DA INVIABILIDADE DE EXERCÍCIO DOS DIREITOS E LIBERDADES

CONSTITUCIONAIS

O ora impetrante, por ter assegurado, dupla e constitucionalmente, tanto pela

Constituição Federa, quanto pela Constituição Estadual o direito de opção ou de

enquadramento na carreira de Defensor Público, cf. arts. 22 e 55, dos Atos

Constitucionais das Disposições Transitórias, das Constituições Federal e

Estadual, respectivamente, está privado do exercício de direito e liberdades

inerentes ao cargo, em decorrência da ora reclamada falta de encaminhamento,

à Assembléia Legislativa, do anteprojeto de lei objetivando regulamentar a

carreira do Defensor Público e organizar a Defensoria Pública.

5. DOS DIREITOS LESADOS

Em razão da inércia do Poder Executivo, portanto do Estado, o ora impetrante

vem sendo lesado e sofre prejuízos de ordem econômica, vez que, ante a

ausência da reclamada regulamentação da carreira de Defensor Público

inviabiliza-se e torna impossível o exercício do direito constitucional de

isonomia de vencimentos assegurado tanto pelo § 1º, do artigo 39, da

Constituição Federal, quanto pelo § 2º, do artigo 33, da Constituição Estadual.

Page 88: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

88

6. DA LIMINAR

Em razão da reclamada falta de encaminhamento do anteprojeto de lei

objetivando regulamentar a carreira da Defensoria Pública, no prazo legal, já

exaurido, de cento e oitenta dias, consoante determina o artigo 6º, do Ato

Constitucional das Disposições Transitórias, da Constituição Estadual,

inviabilizou-se, ante a inércia do Poder Executivo, portanto do Estado, a

possibilidade ao exercício do direito do impetrante de optar ou de ser

enquadrado no cargo da carreira de Defensor Público e de obter,

consequentemente, a isonomia de vencimentos de que trata o § 1º, do artigo 39,

da Constituição Federal, e também o § 2º, do artigo 33, da Constituição

Estadual.

A melhor doutrina, segundo (Mello, Celso Antônio Bandeira de, "Regime

constitucional dos servidores da administração direta e indireta", São Paulo: Ed.

Ver. dos Trib., 1990), dá amplo respaldo à pretensão. Pois vejamos:

Obra citada:

Pág. 84 – Sob o título "Regime único", conclui o autor:

"Por tudo isto resulta que para bem cumprir-se o disposto no artigo 37, que

enumera os princípios da Administração Pública – e entre eles o da

impessoalidade, da finalidade e da moralidade – o regime normal da

Administração Pública é o próprio de quem exerce cargo público, isto é, o

regime de funcionário."

Pág. 85 – "Assim, aparece como inequívoco que o regime constitucionalmente

previsto como idôneo para a genérica regência normal, ordinária, dos servidores

públicos é o regime dito estatutário: regime de cargo público."

Page 89: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

89

Sob o título "Isonomia de vencimentos" afirma o mesmo autor (Obra citada):

Pág. 92 – "Posto que o regime há de ser uniforme para a administração direta,

autarquias e fundações públicas, tem-se que, nas pessoas jurídicas de direito

público, terá de existir isonomia de vencimentos para os servidores ocupantes

de cargos assemelhados ou de atribuições iguais, nada importando quanto a isto

sejam eles da administração direta, de autarquias ou fundações públicas de tal

ou qual Poder."

Pág. 93 – "Afora a isonomia referida no § 1º, do art. 39 – e que terá de ser

apurada ante a igualdade de atribuições e semelhança dos cargos – encarregou-

se o próprio Texto Constitucional de definir casos em que já qualificou de

antemão como existente a sobredita igualdade. São os que constam de seus arts.

135 e 241."

Dispõe o art. 135 que: Às carreiras disciplinadas neste Título aplicam-se o

princípio do art. 37, XII, e o art. 39, § 1º:

"Aí se estabeleceu, portanto, que as carreiras mencionadas no Título IV (Da

Organização dos Poderes) são consideradas isônomas. Quais as carreiras

cogitadas no Título? São as da Magistratura, do Ministério Público, Advocacia

Geral da União, Advocacia Pública e Defensoria Pública. Assim, mesmo que se

considere - o que aliás é induvidoso - existirem entre elas muitas diferenças,

conquanto tenham aspecto fundamental comum de serem carreiras jurídicas, na

Constituição, foram igualadas para fins retributivos. Vale dizer: entendeu-se

bastante o fato de serem privativas e específicas de bacharel em Direito. Daí

que, dentro das respectivas órbitas - isto é, da União, dos Estados e do Distrito

Federal (pois o Município não tem Judiciário nem Ministério Público) - os

servidores integrantes das distintas carreiras estarão todos parificados em

vencimentos, respeitados os escalões correspondentes em que estejam alocados,

tendo em vista a correspondência recíproca de correspondência recíproca de

seus patamares."

Page 90: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

90

Demonstrado o efetivo direito do impetrante, calcado nas disposições

Constitucionais e doutrina expostas, há de ser deferida a liminar pleiteada, vez

que a falta de percepção dos devidos vencimentos, observada a isonomia,

acarreta prejuízos irreparáveis ao impetrante, notadamente em razão dos valores

defasados atualmente recebidos, cf. doc. nº. _______, em anexo.

Valores estes decorrentes, ao que parece, de uma política governamental

visando o esvaziamento dos quadros de servidores da Administração Pública.

Desta forma, em razão da impossibilidade e da inviabilidade de exercício do

direito de opção pela carreira de Defensor Público, nos termos do art. 22, do

Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal e

artigo 55, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição

Estadual, e da inviabilidade de exercício do direito à isonomia de vencimentos,

assegurada pelo artigo 39, § 1º, e reafirmado pelo artigo 135, ambos da

Constituição Federal, e também pelo § 2º, do artigo 33, da Constituição

Estadual, e novamente reafirmado pelo § 3º, do artigo 56, do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Estadual, verifica-se

estarem presentes os requisitos legais fumus boni juris e periculum in mora à

concessão da competente liminar; a fim de que seja determinado ao Órgão

competente a imediata implantação de vencimentos mensais, em favor do ora

impetrante, com valores correspondentes a cargos de atribuições iguais ou

assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo,

Legislativo e Judiciário, cf. os dispositivos constitucionais e entendimento

doutrinário indicados. Garantindo-se, desta forma, ao ora impetrante, o

exercício do direito à isonomia de vencimentos, mediante a percepção de

valores mensais condizentes à atividade profissional de Defensor Público

Exercida. Tomando-se como base ou parâmetro, para que se estabeleça,

efetivamente, a isonomia de vencimentos, os valores de remuneração dos cargos

de atribuição igual ou assemelhada aos das carreiras do Ministério Público e da

Magistratura, observando-se o tempo de serviço, entrância e instância de

Page 91: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

91

atuação. Evitando-se prejuízos de difícil reparação, ou mesmo irreparáveis ao

impetrante. Assegurando-se-lhe, assim, de imediato, o exercício do direito

constitucional à isonomia de vencimentos, consoante é o entendimento do Prof.

Celso Antônio Bandeira de Mello (Obra citada).

7. DO OBJETO

Tem por finalidade e objeto o presente "Mandado de Injunção" obter a devida

tutela jurisdicional, assegurando-se ao ora impetrante o exercício do direito de

opção / enquadramento pela / na carreira de Defensor Público, bem como à

isonomia de vencimentos, determinando-se, ainda, ao ...., através do Poder

Executivo, na pessoa do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, que

promova o encaminhamento à Assembleia Legislativa, do anteprojeto de lei

objetivando regulamentar a carreira da Defensoria Pública.

A melhor doutrina, segundo (Cretella Júnior, José "Comentários à Constituição

Brasileira de 1988", v. 2, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1989), dá

amplo respaldo à pretensão. Pois vejamos:

"... que determine a prática ou a abstenção de ato, tanto da administração

pública, como do particular, por violação de direitos constitucionais, fundada na

falta de norma regulamentadora."

Pág. 724 – Sob o título "Falta de Norma Regulamentadora" afirma o autor:

"Definimos o mandado de injunção como a ação civil do rito sumário, que

possibilita a todo aquele, que tem direito subjetivo público ou privado, exigir,

em juízo, o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas

inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, tornados inviáveis pela

falta de norma regulamentadora ..."

Pág. 728 – "Assim 'sempre que a falta de norma regulamentadora, já existente

Page 92: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

92

ou a ser editada, isto é, regra jurídica ordinária federal, complementadora de

dispositivo elaborado pelo constituinte, torna inviável o exercício dos direitos e

liberdades constitucionais, e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à

soberania e à cidadania', o Poder Judiciário, mediante provocação do

interessado concederá mandado de injunção. Desse modo, aqueles direitos e

liberdades podem ser exercitadas por quem quer que seja detentor do respectivo

direito subjetivo, público ou privado, mas que não possa exercê-los por falta de

regra jurídica ordinária ..."

Note-se que a interpretação aqui dada, pelo autor, à Constituição Federal, é

perfeitamente aplicável em relação à aplicabilidade das normas, direitos e

garantias assegurados pela Constituição Estadual.

Pág. 862 – Sob o título "Aplicação Imediata" afirma o mesmo autor (Cretella

Júnior):

"... A aplicação imediata, a que se refere a Carta Política de 1988, art. 5º,

LXXVII, § 1º, é a eficácia, em si e por si, da norma, sem outra que a

regulamente."

Os ensinamentos doutrinários de (Francisco, Ivo Dantas Cavalcanti, "Mandado

de Injunção", Rio de Janeiro, Aide Ed., 1989) são no mesmo sentido. Pois

vejamos, também:

Obra citada:

Pág. 97 – Sob o título "A Sentença no Mandado de Injunção - Recursos", afirma

o autor:

"Já a sentença de mérito examina o direito invocado e, se procedente a

pretensão, deverá preencher a lacuna da omissão que vinha existindo, pela não

ação de quem era responsável para tornar efetivos em direitos e liberdades

Page 93: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

93

constitucionais."

Em seguida, quanto a sucumbência, ensina o mesmo autor (Ivo Dantas),

reportando-se a Meirelles:

Pág. 97 – "Comprida a ordem judicial, exaure-se o conteúdo mandamental da

sentença, restando apenas o seu efeito condenatório para o pagamento das

custas e honorários a ser exigido nos mesmos autos, na forma processual

comum" como ensina Meirelles.

8. DAS PROVAS COMPLEMENTARES

A título de provas complementares do efetivo exercício das função de Defensor

Público e quanto a qualidade dos serviços prestados, junta-se os docs. nº. _____

e seguintes, em anexo.

DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer-se a esse C. Órgão Especial do E. Tribunal de Justiça do

_____, através do Excelentíssimo Senhor Des. Relator, preliminarmente, que:

a) seja solicitado junto à Presidência da Assembléia Legislativa do ______,

através de Ofício, que se informe, mediante expedição da competente Certidão,

se o Governador do Estado promoveu o encaminhamento, àquela Casa

Legislativa, de anteprojeto de lei objetivando regulamentar a carreira da

Defensoria Pública, consoante determina o artigo 6º, do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias da Constituição Estadual. Solicitando-se também,

em caso afirmativo, da data exata do encaminhamento e cópia de inteiro teor do

respectivo anteprojeto;

b) sejam requisitadas, junto aos setores próprios do Ministério Público e da

Magistratura, as respectivas tabelas de vencimentos das correspondentes

Page 94: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

94

carreiras;

c) seja deferida, liminarmente, a pretensão exposta no item XI, reconhecendo-se

de plano o direito à isonomia de vencimentos aos cargos de atribuições iguais

ou assemelhadas aos das carreiras do Ministério Público e da Magistratura,

determinando-se ao Poder Executivo que adote as providências necessárias para

a imediata implantação do valor de vencimentos mensais que forem

liminarmente fixados observando-se, à isonomia, o tempo de serviço, entrância

e instância de atuação. Determinando-se, inclusive, o pagamento dos valores

retroativos, a contra da promulgação da Constituição Federal;

d) seja determinada a citação inicial do impetrado, observado-se o disposto no

inciso I, do artigo 87, da Constituição Estadual;

e) seja determinada a intimação da Procuradoria Geral do Estado, através do

Procurador Geral, observando-se o disposto no inciso I, do artigo 124, da

Constituição Estadual;

f) seja o presente feito submetido à apreciação do Ministério Público, para os

fins previstos pelo inc. II, do artigo 129, da Constituição Federal e inc. II, do

artigo 120, da Constituição Estadual;

g) seja admitida a produção de todos os meios de provas em direito admitidas,

especialmente ouvida de testemunhas, cujo rol será oferecido oportunamente,

caso se faça necessário;

h) seja determinado o processamento do feito, independentemente do preparo

de custas, cf. inciso LXXVII, do artigo 5º, da Constituição Federal.

Finalmente, quanto ao mérito, conhecido o presente "Mandado de Injunção",

requer-se a esse C. Órgão Especial que lhe seja dado provimento condenando

________, expedindo-se, consequentemente, competente Ordem Judicial para

Page 95: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

95

que:

a) seja assegurado ao ora impetrante o exercício do direito constitucional de

opção/enquadramento pela/na carreira de Defensor Público, com as garantias

que lhe são próprias, observados os seus princípios e o direito à isonomia de

vencimentos;

b) seja determinado ao _______, confirmando a liminar, que promova a

implantação definitiva do novo valor dos vencimentos mensais, observada a

isonomia, bem como dos valores retroativos, devidamente reajustados pelos

índices legais, a contar da promulgação da Constituições Federal;

c) seja determinado ao ______, na pessoa do Excelentíssimo Senhor

Governador que, no prazo de .... dias, encaminhe à Assembleia Legislativa,

competente anteprojeto de lei objetivando regulamentar a carreira da Defensoria

Pública;

d) seja o condenado, o ______, ao pagamento das eventuais custas e honorários

advocatícios de sucumbência, à base de 20%, a ser calculado sobre o total

retroativo reajustado devido, bem como sobre a soma de _____ parcelas

vincendas, cf. art. 20, do Código de Processo Civil;

e) sejam adotadas as providências que se fizerem necessárias ao cumprimento

do disposto no § 2º, do artigo 101, da Constituição Estadual.

A presente causa tem valor inestimável!

Nesses Termos,

Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

Page 96: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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[Assinatura do Advogado]

[Número de Inscrição na OAB]

Fonte: http://www.igf.com.br/blog/modelos-de-documentos/Peticao/Administrativo/Mandado-de-injuncao-interposto-para-assegurar-o-exercicio-do-direito-de-opcao-enquadramento-na-carreira-de-Defensor-Publico-bem-como-a-isonomia-de-vencimentos

Page 97: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

97

Conclusão do Módulo II

Olá, aluno(a)!

Chegamos ao fim do nosso Curso de Direito Ambiental, com a certeza de que

conseguimos transmitir as noções básicas sobre este tema tão relevante.

Lembramos que o Direito é uma matéria extremamente ampla e complexa,

sendo uma matéria específica da faculdade de Direito, a qual possui Pós-Graduação e

Mestrado, por esta razão não tivemos a pretensão de formar especialistas no assunto,

mas apresentar as noções básicas a respeito.

Esperamos que caso você tenha se interessado pelo assunto, que o estudo aqui

apresentado possa lhe auxiliar no desenvolvimento de seus conhecimentos sobre o tema.

A próxima e última etapa do nosso curso e a avaliação do Módulo II, que se

encontra em sua sala virtual. Faça a avaliação quando se sentir seguro(a) e preparado(a)

para realizá-la.

Boa sorte e sucesso!

Page 98: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

98

Bibliografia

FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 2ª. Ed, Ampliada, Editora Saraiva. São Paulo: 2001. JESUS, Damásio E. de. Direito Penal - parte geral. 21ª ed. rev. atual. Saraiva. São Paulo: 1998. 1º vol. Revista dos Tribunais, Princípios do processo civil na Constituição Federal, São Paulo, 1995. SAMPAIO, Rômulo. Direito Ambiental. Disponível em:<http://academico.direito-rio.fgv.br/ccmw/images/0/00/Direito_Ambiental.pdf>. Acesso em 21 de maio de 2013. SILVA, Thomas de Carvalho. O meio ambiente na Constituição Federal de 1988. Disponível em:<http://www.oab.org.br/editora/revista/revista_08/anexos/o_meio_ambiente_na_constituicao_federal.pdf>. Acesso em 21 de maio de 2013. PRUX, Paula. Cidadania e meio ambiente. Disponível em:<http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/CMA.pdf>. Acesso em 21 de maio de 2013. Site Justiça Federal em Santa Catarina. Classificação do meio ambiente. Disponível em:<http://www.jfsc.jus.br/ambiental/opiniao/meio_ambiente.htm>. Acesso em 21 de maio de 2013. Site Ministério do Meio Ambiente. Licenciamento ambiental. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/governanca-ambiental/portal-nacional-de-licenciamento-ambiental/licenciamento-ambiental>. Acesso em 21 de maio de 2013. Site Ministério do Meio Ambiente. Manual de licenciamento ambiental. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/cart_sebrae.pdf Site Brasil.gov. Código Florestal. Disponível em:<http://www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/legislacao-e-orgaos/codigo-florestal>. Acesso em 21 de maio de 2013. Portal G1. Entenda o que diz o Código Florestal a ser votado na Câmara. Disponível em:<http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/04/entenda-o-que-diz-o-codigo-florestal-ser-votado-na-camara.html>. Acesso em 21 de maio de 2013. Portal Câmara dos Deputados. Aprovação do Código Florestal foi um dos destaques do Legislativo em 2012. Disponível em:<http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/MEIO-AMBIENTE/433399-APROVACAO-DO-CODIGO-FLORESTAL-FOI-UM-DOS-DESTAQUES-DO-LEGISLATIVO-EM-2012.html>. Acesso em 21 de maio de 2013.

Page 99: Direito Ambiental - Cursos 24 Horas

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