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Direito Constitucional Descomplicado RESUMO - Marcelo Alexandrino & Vicente Paulo

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  • VICENTE PAULOMARCELO ALEXANDRINO

    RESUMO

    de DIREITOTITUCIONAL

    DESCOMPLICADO

    ED.ITORAMTODO

    3.3 ediorevista e atualizada

    VicenteMarcelo

  • EDITORA MTODOUma editora integrante do GEN j Grupo Editorial Nacional

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    Capa: Marcelo S. Brando

    CIP-BRASiL. CATALOGAO NA FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

    Paulo, Vicente, 1968-Resumo de direito constitucional descompcado / Vicente Pauo, Marcelo

    Alexandrino. - 3. ed. - Rio de Janeiro : Forense ; So Paulo : MTODO,2010.

    Bibliografia1. Direito constitucional - Brasil - Snteses, compndios, etc. I. Alexan

    drino, Marcelo. II. Ttulo.

    08-5006 CDU: 342(81)

    ISBN 978-85-309-3162-9

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    Impresso no BrasilPrnted in Brazil

    2010

    SUMARIO

    CAPITULO 1

    DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIO 11. Origem, contedo e objeto do direito constitucional 1

    1.1. Constituio em sentido sociolgico, poltico e jurdico ... 22. Classificao das Constituies 4

    2.1. Quanto origem 52.2. Quanto forma 52.3. Quanto ao modo de elaborao 62.4. Quanto ao contedo 62.5. Quanto estabilidade 72.6. Quanto correspondncia com a realidade 82.7. Quanto extenso 82.8. Quanto finalidade 92.9. Quanto sistematizao 9

    3. Entrada em vigor de uma nova Constituio 103.1. Retroatividade mnima 113.2. Entrada em vigor da nova Constituio e a Constituio

    pretrita 123.2.1. Desconstitucionalzao 12

    3.3. Direito ordinrio pr-constitucional incompatvel 133.4. Direito ordinrio pr-constitucional compatvel 133.5. Direito ordinrio pr-constitucional no vigente 173.6. Direito ordinrio em perodo de vacatio legis 18

    4. Classificao das normas constitucionais quanto ao grau deeficcia e aplicabilidade 194.1. Normas de eficcia plena 194.2. Normas de eficcia contida 194.3. Normas de eficcia limitada 20

  • VI RESUMO DE DiREiTO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    4.3.1. Eficcia das normas programticas 225. Interpretao da Constituio 23

    5.1. Princpio da unidade da Constituio 235.2. Princpio do efeito integrador 245.3. Princpio da mxima efetividade 245.4. Princpio da justeza 245.5. Princpio da harmonizao 255.6. Princpio da fora normativa da Constituio 255.7. Interpretao conforme a Constituio 25

    6. Poder constituinte 266.1. Conceito 266.2. Titularidade e exerccio 276.3. Espcies 28

    6.3.1. Poder constituinte originrio 286.3.2. Poder constituinte derivado 28

    CAPITULO 2

    PRINCPIOS, DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ... 311. Princpios fundamentais 312. Direitos e garantias fundamentais - teoria geral e regime jur

    dico 352.1. Origem 352.2. Os quatro status de Jellinek 362.3. Distino entre direitos e garantias 362.4. Caractersticas 372.5. Classificao 372.6. Destinatrios 392.7. Relaes privadas 392.8. Natureza relativa 402.9. Restries legais 402.10. Conflito (ou coliso) 412.11. Renncia 42

    3. Os direitos fimdamentais na CF/88 - aspectos gerais 423.1. Aplicabilidade imediata 433.2. Enumerao aberta 44

    SUMARIO Vil

    3.3. Tratados e convenes internacionais com fora de emendaconstitucional 44

    3.4. Tribunal Penal Internacional 45

    4. Direitos e deveres individuais e coletivos previstos na CF/88(art. 5.) 464.1. Direito vida 46

    4.2. Direito liberdade 47

    4.3. Princpio da igualdade (art. 5., caput, e inciso I) 474.4. Princpio da legalidade (art. 5., II) 484.5. Liberdade de expresso (art. 5., IV, V, LX, XFV) 504.6. Liberdade de crena religiosa e convico poltica e filo

    sfica (art. 5., VI, VII, VIII) 524.7. Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra

    e da imagem das pessoas (art. 5., X) 534.8. Inviolabilidade domiciliar (art. 5., XI) 544.9. Inviolabilidade das correspondncias e comunicaes (art.

    5., XII) 544.10. Liberdade de atividade profissional (art. 5., XIII) 564.11. Liberdade de reunio (art. 5., XVI) 564.12. Liberdade de associao (art. 5., XVII a XDC) 574.13. Direito de propriedade (art. 5., XXII a XXXI) 584.14. Desapropriao (art. 5., XXV) 604.15. Requisio administrativa (art. 5., XXV) 614.16. Defesa do consumidor (art. 5., XXXII) 614.17. Direito de informao (art. 5., XXXIII) 624.18. Direito de petio (art. 5., XXXIV, "a") 624.19. Direito de certido (art. 5., XXXIV, "b") 634.20. Princpio da inafastabilidade de jurisdio (art. 5.,

    XXXV) :. 644.21. Proteo ao direito adquirido, coisa julgada e ao ato

    jurdico perfeito (art. 5., XXXVI) 654.22. Juzo natural (art. 5., XXXVII e LIII) 664.23. Jri popular (art. 5., XXXVIII) 674.24. Princpio da legalidade penal e da retroatividade da lei

    penal mais favorvel (art. 5., XXXDC e XL) 684.25. Vedao ao racismo (art. 5., XLII) 69

    usurioRealce

  • VIII RESUMO DE DiRESTO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    4.26. Tortura, trfico de entorpecentes, terrorismo, crimes hediondos e ao de grupos armados contra a ordemconstitucional (art. 5., XLIII e XLIV) 70

    4.27. Pessoalidade da pena (art. 5., XLV) 704.28. Princpio da individualizao da pena; penas admitidas

    e penas vedadas (art. 5., XLVI e XLVII) 714.29. Extradio (art. 5., LI e LII) 714.30. Devido processo legal (art. 5., LIV) 72

    4.30.1. Princpio da razoablidade ou proporcionalidade ... 734.31. Contraditrio e ampla defesa (art. 5., LV) 74

    4.31.1. Ampla defesa e duplo grau de jurisdio 744.32. Vedao prova ilcita (art. 5., LVT) 754.33. Princpio da presuno da inocncia (art. 5., LVII) 774.34. Identificao criminal do civilmente identificado (art. 5.,

    LVIII) 774.35. Ao privada subsidiria da pblica (art. 5., LLX) 784.36. Hipteses constitucionais em que possvel a priso (art.

    5., LXI, LXVI) 794.37. Direito no autoincrimmao e outros direitos do preso

    (art. 5., LXII, LXID, LXIV e LXV) 804.38. Priso civil por dvida (art. 5., LXVII) 814.39. Assistncia jurdica gratuita (art. 5., LXXTV) 824.40. Indenizao por erro judicirio e excesso na priso (art.

    5., LXXV) 834.41. Gratuidade do registro civil de nascimento e da certido

    de bito (art. 5., LXXVI) 834.42. Celeridade processual (art. 5., LXXVOI) 844.43. Habeas corpus (art. 5., LXVHI) 844.44. Mandado de segurana (art. 5., LXTX e LXX) 87

    4.44.1. Legitimao ativa 884.44.2. Legitimao passiva 884.44.3. Descabimento 894.44.4. Medida liminar 894.44.5. Vedao concesso de medida liminar 894.44.6. Prazo para impetrao 904.44.7. Competncia 904.44.8. Duplo grau de jurisdio 904.44.9. Honorrios advocatcios 90

    SUMARIO IX

    4.44.10. Desistncia 91

    4.44.11. Mandado de segurana coletivo 914.45. Mandado de injuno 924.46. Habeas data 954.47. Ao popular 97

    5. Direitos Sociais 995.1. Noes 995.2. Direitos sociais coletivos dos trabalhadores (arts. 8. a 11) 1015.3. Direitos sociais e o princpio da proibio de retrocesso

    social 103

    5.4. Concretizao dos direitos sociais e a "reserva do financeiramente possvel" 103

    6. Nacionalidade 105

    6.1. Noes 1056.2. Espcies de nacionalidade 1066.3. Critrios de atribuio de nacionalidade 1066.4. Brasileiros natos (aquisio originria) 1066.5. Brasileiros naturalizados (aquisio secundria) 1086.6. Portugueses residentes no Brasil 1086.7. Tratamento diferenciado entre brasileiro nato e naturali

    zado 1096.8. Perda da nacionalidade 110

    6.9. Dupla nacionalidade 1107. Direitos polticos 111

    7.1. Noes 1117.2. Direito ao sufrgio 1117.3. Capacidade eleitoral ativa 1127.4. Plebiscito e referendo 113

    7.5. Capacidade eleitoral passiva 1137.6. Inelegibilidades 115

    7.6.1. Inelegibidade absoluta 1157.6.2. Inelegibidade relativa 115

    7.6.2.1. Motivos funcionais 116

    7.6.2.2. Motivos de casamento, parentesco ou afinidade 117

    7.6.2.3. Condio de militar 1197.6.2.4. Previses em lei complementar 119

    usurioRealce

    usurioRealce

  • X RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO - VicentePauto &MarceloAlexandrino

    7.7. Privao dos direitos polticos 1197.8. Princpio da anterioridade eleitoral 120

    CAPTULO 3ORGANIZAO POLTICO-ADMINISTRATIVA 121

    1. Introduo 1212. Formas de Estado 1213. Formas de governo 1234. Sistemas de governo 1235. Regimes de governo 1266. A Federao na Constituio de 1988 127

    6.1. Unio 1286.2. Estados-membros 129

    6.2.1. Auto-organizao e autolegsiao 1296.2.2. Autogoverno 1306.2.3. Autoadministrao 1316.2.4. Vedaes ao poder constituinte decorrente 131

    6.3. Municpios r 1326.4. Distrito Federal 1366.5. Territrios Federais 1376.6. Formao dos estados 1376.7. Formao dos municpios 1386.8. Formao dos Territrios Federais 1396.9. Vedaes constitucionais aos entes federados 139

    7. Interveno federal 1407.1. Interveno federal espontnea 1417.2. Interveno federal provocada 1417-3. Decreto interventivo 1427.4. Controle poltico 143

    8. Interveno nos municpios 143

    CAPTULO 4REPARTIO DE COMPETNCIAS 145

    1. Noes - 1451.1. Espcies de competncias 145

    SUMRIO XI

    1.2. Tcnica adotada pela CF/88 1462. Competncias da Unio 1473. Competncia comum 1514. Competncia legislativa concorrente 1525. Competncias dos estados 1546. Competncias do Distrito Federal 1557. Competncias dos municpios 156

    CAPTULO 5PODER LEGISLATIVO 159

    1. Funes 1592. Composio 160

    2.1. Congresso Nacional 1602.2. Cmara dos Deputados 1612.3. Senado Federal 161

    3. rgos 1623.1. Mesas diretoras 1623.2. Comisses 163

    3.2.1. Comisses parlamentares de inqurito 1643.2.1.1. Criao 1653.2.1.2. Poderes de investigao 1653.2.1.3. Direitos dos depoentes 1663.2.1.4. Competncia 1673.2.1.5. Incompetncia 1683.2.1.6. Controle judicial 169

    3.3. Plenrio 169

    4. Reunies 1695. Atribuies 171

    5.. Atribuies do Congresso Nacional 1715.2. Atribuies da Cmara dos Deputados 1735.3. Atribuies do Senado Federal 1745.4. Convocao e pedido de informaes a Ministro de Es

    tado 1766. Estatuto dos congressistas 177

    6.1. Imunidades 177

    usurioRealce

    usurioRealce

  • Xli RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo S Marcelo Alexandrino

    6.1.1. Imunidade material 1776.1.2. Imunidade formal 178

    6.2. Foro especial em razo da funo 1806.3. Afastamento do Poder Legislativo 1816.4. Desobrigao de testemunhar 1826.5. Incorporao s Foras Armadas 1826.6. Subsistncia das imumdades 182

    6.7. Incompatibilidades 1826.8. Perda do mandato 1836.9. Renncia ao mandato 1846.10. Manuteno do mandato 1856.11. Deputados estaduais, distritais e vereadores 185

    7. Tribunais de contas 186

    7.1. Tribunal de Contas da Unio 186

    7.2. Tribunais de contas estaduais, distrital e municipais 190

    CAPTULO 6PROCESSO LEGISLATIVO 193

    1. Conceito 193

    2. Classificao 1933. Processo legislativo ordinrio 194

    3.1. Fase introdutria 1943.1.1. Iniciativa e Casa iniciadora 195

    3.1.2. Iniciativa popular 1953.1.3. Iniciativa privativa do Chefe do Executivo 1963.1.4. Iniciativa dos tribunais do Poder Judicirio 1963.1.5. Iniciativa em matria tributria 197

    3.1.6. Iniciativa da lei de organizao do Ministrio Pblico 197

    3.1.7. Iniciativa privativa e emenda parlamentar 1983.1.8. Vcio de iniciativa e sano 198

    3.2. Fase constitutiva 199

    3.2.1. Abolio da aprovao por decurso de prazo 1993.2.2. Atuao prvia das comisses 1993.2.3. Deliberao plenria 2003.2.4. Aprovao definitiva pelas comisses 201

    SUMARIO XIII

    3.2.5. Sano 2023.2.6. Veto 202

    3.3. Fase complementar 2043.3.1. Promulgao 2043.3.2. Publicao 205

    4. Procedimento legislativo sumrio 2075. Processos legislativos especiais 207

    5.1. Emendas Constituio 2085.2. Medidas provisrias 209

    5.2.1. Desnecessidade de convocao extraordinria 2095.2.2. Limitaes materiais 2105.2.3. Procedimento legislativo 2115.2.4. Prazo de eficcia 2135.2.5. Trancamento de pauta 2135.2.6. Trancamento subsequente de pauta 2135.2.7. Perda de eficcia 2145.2.8. Apreciao plenria 2145.2.9. Converso parcial 2155.2.10. Reedio 2155.2.11. Medida provisria e impostos 2165.2.12. Art. 246 da Constituio Federal 2165.2.13. Medidas provisrias anteriores EC 32/2001 2175.2.14. Retirada 2175.2.15. Revogao 2185.2.16. Apreciao judicial dos pressupostos constitucio

    nais 2195.2.17. Medida provisria nos estados-membros 219

    5.3. Leis delegadas , 2195.4. Decretos legislativos 2215.5. Resolues 221

    6. Processo legislativo nos estados-membros e municpios 2227. Controle judicial do processo legislativo 222

    CAPTULO 7MODIFICAO DA CONSTITUIO FEDERAL DE 1988 225

    1. Mutao, reviso e reforma 225

  • XIV RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    1.1. Reviso constitucional 2261.2. Emenda constitucional 227

    2. Limitaes ao poder de reforma 2282.1. Limitaes temporais 2292.2. Limitaes circunstanciais 2292.3. Limitaes processuais ou formais 229

    2.3.1. Limitaes processuais ligadas apresentao daproposta de emenda Constituio 229

    2.3.2. Limitaes processuais ligadas deliberao sobrea proposta de emenda Constituio 230

    2.3.3. Limitaes processuais ligadas promulgao daemenda 231

    2.3.4. Limitaes processuais ligadas vedao de re-apreciao de proposta rejeitada ou havida porprejudicada 231

    2.4. Limitaes materiais 2322.4.1. A expresso "no ser objeto de deliberao" 2332.4.2. A expresso "tendente a abolir" 2342.4.3. Clusula ptrea e "os direitos e garantias indivi

    duais" 234

    3. Controle judicial do processo legislativo de emenda 2354. Controle judicial de emenda promulgada 2365. Reforma da Constituio estadual 237

    CAPTULO 8PODER EXECUTIVO 239

    1. Noo de presidencialismo 2392. Funes 2403. Investidura 240

    4. Impedimentos e vacncia , 2425. Atribuies 2436. Vice-Presidente da Repblica 2467. Ministros de Estado 246

    8. rgos consultivos 2479. Responsabilizao 248

    9.1. Crimes de responsabilidade 248

    SUMARIO XV

    9.2. Crimes comuns 2509.2.1. Imunidades 2509.2.2. Prerrogativa de foro 251

    10. Governadores de estado 253

    CAPTULO 9PODER JUDICIRIO 255

    1. Introduo 2552. rgos do Poder Judicirio 2563. Funes tpicas e atpicas 2584. Garantias do Poder Judicirio 2585. Organizao da carreira 2606. Garantias aos magistrados 2627. Vedaes 2638. Subsdios dos membros do Poder Judicirio 263

    9. Conselho Nacional de Justia 26410. Supremo Tribunal Federal 268

    10.1. Competncias 26811. Superior Tribunal de Justia 271

    11.1. Competncias 27212. Justia Federal 27413. Justia do Trabalho 27714. Justia Eleitoral 28015. Justia Militar 28216. Justia Estadual 28217. Justia do Distrito Federal 28318. Justia dos Territrios 28319. "Quinto constitucional" 28420. Julgamento de autoridades 28421. Precatrios judiciais 286

    21.1. Exceo ao regime de precatrios 28721.2. Ordem de pagamento 28721.3. Atualizao monetria e juros 28821.4. Seqestro de valor 289

  • XVI RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    21.5. Vedao ao fracionamento 28921.6. Compensao de crditos 29021.7. Uso e cesso de valor consignado em precatrio 290

    CAPTULO 10FUNES ESSENCIAIS JUSTIA 291

    1. Introduo 2912. Ministrio Pblico 291

    2.1. Composio 2922.2. Posio constitucional 2922.3. Princpios do Ministrio Pblico 293

    2.3.1. Princpio da unidade 2932.3.2. Princpio da indivisibilidade 2932.3.3. Princpio da independncia funcional 2932.3.4. Autonomia administrativa e financeira 2942.3.5. Princpio do promotor natural 295

    2.4. Funes do Ministrio Pblico 2952.5. Ingresso na carreira 2962.6. Nomeao dos Procuradores-Gerais 2962.7. Garantias dos membros : 2982.8. Vedaes constitucionais 2982.9. Conselho Nacional do Ministrio Pblico 2992.10. Ministrio Pblico junto aos tribunais de contas 3012.11. Prerrogativa de foro 301

    3. Advocacia pblica 3024. Advocacia 3035. Defensoria pblica 304

    CAPTULO 11CONTROLE DE CONSTITUCIONALEDADE 307

    1. Introduo 3072. Conceito e espcies de inconstitucionalidades 309

    2.1. Inconstituckmalidade por ao e por omisso 3092.2. Inconstitucionaldade material e formal 3102.3. Inconstituckmalidade total e parcial 310

    SUMRIO XVII

    2.4. Inconstitucionaldade direta e indireta 3112.5. Inconstitucionalidade originria e superveniente 312

    3. Sistemas de controle 3134. Modelos de controle 3135. Vias de ao 3146. Momento do controle 3157. Caractersticas gerais do controle jurisdicional de consttucio-

    nalidade na Constituio de 1988 3158. Fiscalizao no jurisdicional 317

    8.1. Poder Legislativo 3188.2. Poder Executivo 3198.3. Tribunais de contas 320

    9. Controle difuso 3209.1. Introduo 3209.2. Legitimao ativa 3219.3. Espcies de aes judiciais 3219.4. Competncia 3229.5. Efeitos da deciso 3239.6. Atuao do Senado Federal 3249.7. Smula vinculante 326

    9.7.1. Iniciativa 3279.7.2. Atuao do Procurador-Geral da Repblica 3289.7.3. Manifestao de terceiros 3289.7.4. Requisitos 3289.7.5. Deliberao 3299.7.6. Alcance da fora vinculante ...., 3299.7.7. Incio da fora vinculante 3309.7.8. Descumprimento da smula vinculante 3309.7.9. Situao das smulas anteriores EC 45/2004 330

    10. Controle abstrato 33110.1. Introduo 33110.2. Ao direta de inconstitucionalidade 331

    10.2.1. Conceito 33110.2.2. Legitimao ativa 33210.2.3. Objeto 334.10.2.4. Causa de pedir aberta 335

  • XVIII RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO * Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    10.2.5. Petio inicial 33610.2.6. Imprescritibilidade 33710.2.7. Impossibilidade de desistncia 33710.2.8. Pedido de informaes 33710-2-9. Impossibilidade de interveno de terceiros 33810.2.10. Admissibilidade de amicus curiae 338

    10.2.11. Atuao do Advogado-Geral da Unio ....; 33910.2.12. Atuao do Procurador-Geral da Repblica 34010.2.13. Medida cautelar em ADI 341

    10.2.14. Deciso de mrito 343

    10.2.14.1. Deliberao 34310.2.14.2. Natureza dplice ou ambivalente 34410.2.14.3. Efeitos da deciso 344

    10.2.14.4. Modulao dos efeitos temporais 34610.2.14.5. Definitividade da deciso de mrito ... 347

    10.2.14.6. Momento da produo de efeitos 34710.3. Ao direta de inconstitucionalidade por omisso 347

    10.3.1. Introduo 34710.3.2. Legitimao ativa 34810.3.3. Legitimao passiva 34910.3.4. Objeto 35010.3.5. Atuao do Advogado-Geral da Unio e do Pro

    curador-Geral da Repblica 35010.3.6. Concesso de medida cautelar 350

    10.3.7. Efeitos da deciso de mrito - 351

    10.4. Ao declaratria de constitucionalidade 35110.4.1. Introduo 35110.4.2. Principais aspectos comuns 35210.4.3. Objeto 35410.4.4. Relevante controvrsia judicial 35410.4.5. Pedido de informaes aos rgos elaboradores da

    norma 354

    10.4.6. Medida cautelar 355

    10.4.7. No atuao do Advogado-Geral da Unio 35510.5. Arguio de descumprimento de preceito fundamental ... 356

    SUMARIO XIX

    10.5.1. Introduo 35610.5.2. Objeto da ADPF e contedo do pedido 35610.5.3. Preceito fundamental 357

    10.5.4. Subsidiariedade da ADPF 35810.5.5. Competncia e legitimao 35810.5.6. Medida liminar 359

    10.5.7. Deciso 35910.6. Controle abstrato nos estados 363

    10.6.1. Introduo 36310.6.2. Competncia 36410.6.3. Legitimao 36410.6.4. Parmetro de controle 364

    10.6.5. Simultaneidade de aes diretas 36410.6.6. Recurso extraordinrio contra deciso de ADI

    estadual 366

    10.6.7. Distrito Federal 368

    10.6.8. Representao interventiva 368

    CAPTULO 12DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIES DEMOCRTICAS 369

    1. Introduo 3692. Estado de defesa 369

    2.1. Prazo 370

    2.2. Abrangncia 3712.3. Medidas coercitivas 371

    2.4. Controle 372

    3. Estado de stio 373

    3.1. Pressupostos 3733.2. Durao 3743.3. Abrangncia 3743.4. Medidas coercitivas 3743.5. Controle 375

    4. Foras armadas 3785. Segurana pblica 380

  • XX RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO - Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    CAPITULO 13

    ORDEM ECONMICA E FINANCEERA 3831. Introduo 3832. Princpios gerais da atividade econmica 384

    2.1. Fundamentos: livre-inciativa e valorizao do trabalhohumano 384

    2.2. Princpios bsicos da ordem econmica 3852.2.1. Soberania nacional 3852.2.2. Propriedade privadae sua funo social 3862.2.3. Livre concorrncia 3862.2.4. Defesa do consumidor 3872.2.5. Defesa do meio ambiente 3872.2.6. Reduo das desigualdades regionais e sociais e

    busca do pleno emprego 3882.3. Liberdade de exerccio de atividades econmicas 3882.4- Atuao do Estado como agente econmico em sentido

    estrito 3892.5. Atuao do Estado como prestador de servios pblicos ... 3912.6. Atuao do Estado como agente econmico, em regime

    de monoplio 3932.7. Atuao do Estado como agente regulador 3942.8. Explorao de recursos minerais e potenciais de energia

    hidrulica 3953. Poltica urbana 3964. Poltica agrcola e fundiria; reforma agrria 3985. Sistema financeiro nacional 401

    CAPTULO 14ORDEM SOCIAL 403

    1. Seguridade social 4031.1. Sade (arts. 196 a 200) 4041.2. Previdncia social (arts. 201 e 202) 406

    1.2.1. Regras para aposentadoria 4071.2.2. Regime de previdncia privada complementar 407

    1.3. Assistncia social (arts. 203 e 204) 4082. Educao (arts. 205 a 214) 409

    SUMARIO XXI

    2.1. Princpios constitucionais do ensino 4092.2. Autonomia das universidades 4102.3. Deveres do Estado em relao ao ensino 4102.4. Participao da iniciativa privada 4112.5. Organizao dos sistemas de ensino 4112.6. Aplicao de recursos na educao 4122.7. Plano nacional de educao 413

    3. Cultura (arts. 215 e 216) 4134. Desporto (art. 217) 4145. Cincia e tecnologia (arts. 218 e 219) 4156. Comunicao social (arts. 220 a 224) 415

    6.1. Comunicao social e liberdade de informao 4156.2. Regras acerca dos meios de comunicao e programa

    o 4166.3. Participao do capital estrangeiro 4176.4. Controle pelo Poder Legislativo, outorga e renovao da

    concesso, permisso ou autorizao 4177. Meio ambiente (art. 225) 4188. Proteo famlia, criana, ao adolescente e ao idoso 4199. ndios 421

    BIBLIOGRAFIA 423

  • DIREITO CONSTITUCIONALE CONSTITUIO

    j 1. ORIGEM, CONTEDO EOBJETO DO DIREITO CONSTITUCIONALI Denomina-se constitucionalismo o movimento poltico, jurdico e| ideolgico que concebeu ou aperfeioou a idia de estruturao racionalj do Estado e de limitao do exerccio de seu poder, concretizadas pelaI elaborao de um documento escrito destinado a representar sua lei fun-| damental e suprema.| Identifica-se a origem do constitucionalismo com a Constituio dos| Estados Unidos, de 1787, e a Constituio da Frana, de 1791. Ambas so| Constituies escritas e rgidas, inspiradas nos ideais de racionalidade doI Iluminismo do sculo XVIII e, sobretudo, na valorizao da liberdade formal| (laissez faire) e do individualismo, marcas centrais do Liberalismo, corrente| de pensamento hegemnica nos campos poltico, jurdico e econmico dos| sculos XVIII, XLX, e primeiro quartel do sculo XX.? O contedo dessas primeiras Constituies escritas e rgidas, de orien-1 tao liberal, resumia-se ao estabelecimento de regras acerca da organizaoI do Estado, do exerccio e transmisso do poder e limitao do poder do| Estado, assegurada pela enumerao de direitos e garantias fundamentais do indivduo.i| Com o seu desenvolvimento, em um perodo seguinte, o Direito Cons-I titucional, aos poucos, foi se desvinculando dos ideais puramente liberais. AI Constituio assume uma nova feio, de norma jurdica e formal, protetora1 dos direitos humanos.

  • 2 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    Em decorrncia dessa evoluo de pensamento, a Constituio deixoude retratar exclusivamente uma certa forma de organizao poltica a doEstado liberal, com sua ideologia - e passou a representar o espelho de todae qualquer forma de organizao poltica. O contedo do Direito Constitucional desatou-se de consideraes doutrinrias ou ideolgicas, passando atratar das regras fundamentais de estruturao, funcionamento e organizaodo poder, no importando o regime poltico adotado.

    O Direito Constitucional um ramo do direito pblico, fundamental organizao, ao funcionamento e configurao poltica do Estado. Nessepapel, de direito pblico fundamental, o Direito Constitucional estabelece aestrutura do Estado, a organizao de suas instituies e rgos, o modo deaquisio e exerccio do poder, bem como a limitao desse poder, por meio,especialmente, da previso dos direitos e garantias fundamentais.

    O objeto de estudo do Direito Constitucional a Constituio, entendidacomo a lei fundamental e suprema de um Estado, que rege a sua organizaopoltico-jurdica.

    As normas de uma Constituio devem dispor acerca da forma do Estado,dos rgos que integram a sua estrutura, das competncias desses rgos,da aquisio do poder e de seu exerccio. Alm disso, devem estabeleceras limitaes ao poder do Estado, especialmente mediante a separao dospoderes (sistema de freios e contrapesos) e a enumerao de direitos e garantias fundamentais.

    No Estado moderno, de cunho raarcadamente social, a doutrina constitu-cionalista aponta o fenmeno da expanso do objeto das Constituies, que tmpassado a tratar de temas cada vez mais amplos, estabelecendo, por exemplo,finalidades para a ao estatal. Isso explica a tendncia contempornea deelaborao de Constituies de contedo extenso (Constituies analticasou prolixas) e preocupadas com os fins estatais, com o estabelecimento deprogramas e linhas de direo para o futuro (Constituies dirigentes ouprogramticas).

    1.1. Constituio em sentido sociolgico, poltico e jurdicoNa viso sociolgica, a Constituio concebida como fato social, e no

    propriamente como norma. O texto positivo da Constituio seria resultadoda realidade social do Pas, das foras sociais que imperam na sociedade,em determinada conjuntura histrica. Caberia Constituio escrita, tosomente, reunir e sistematizar esses valores sociais num documento formal,documento este que s teria eficcia se correspondesse aos valores presentesna sociedade.

    Cap. 1 DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIO

    Representante tpico da viso sociolgica de Constituio foi FerdinandLassalle, segundo o qual a Constituio de um pas , em essncia, a somados fatores reais de poder que nele atuam, vale dizer, as foras reais quemandam no pas. Para Lassalle, constituem os fatores reais do poder as forasque atuam, poltica e legitimamente, para conservar as instituies jurdicasvigentes. Dentre essas foras, ele destacava a monarquia, a aristocracia, agrande burguesia, os banqueiros e, com especficas conotaes, a pequenaburguesia e a classe operria.

    A concepo poltica de Constituio foi desenvolvida por Carl Schmitt,para o qual a Constituio uma deciso poltica fundamental.

    Para Schmitt, a validade de uma Constituio no se apoia na justia desuas normas, mas na deciso poltica que lhe d existncia. O poder constituinte eqivale, assim, vontade poltica, cuja fora ou autoridade capazde adotar a concreta deciso sobre o modo e a forma da prpria existnciapoltica do Estado.

    Nessa concepo poltica, Schmitt estabeleceu uma distino entre Constituio e leis constitucionais: a Constituio disporia somente sobre as matrias de grande relevncia jurdica, sobre as decises polticas fundamentais(organizao do Estado, princpio democrtico e direitos fundamentais, entreoutras); as demais normas integrantes do texto da Constituio seriam, tosomente, leis constitucionais.

    Em sentido jurdico, a Constituio compreendida de uma perspectiva estritamente formal, apresentando-se como pura norma jurdica, comonorma fundamental do Estado e da vida jurdica de um pas, paradigmade validade de todo o ordenamento jurdico e instituidora da estruturabsica desse Estado. A Constituio consiste, pois, num sistema de normas jurdicas.

    O pensador mais associado viso jurdica de Constituio o austracoHans Kelsen, que desenvolveu a denominada Teoria Pura do Direito.

    Para Kelsen, a Constituio considerada como norma, e norma pura,como puro dever-ser, sem qualquer considerao de cunho sociolgico, polticoou filosfico. Embora reconhea a relevncia dos fatores sociais numa dadasociedade, Kelsen sempre defendeu que seu estudo no compete ao juristacomo tal, mas ao socilogo e ao filsofo.

    Segundo a viso de Hans Kelsen, a validade de uma norma jurdicapositivada completamente independente de sua aceitao pelo sistemade valores sociais vigentes em uma comunidade, tampouco guarda relaocom a ordem moral, pelo que no existiria a obrigatoriedade de o Direitocoadunar-se aos ditames desta (moral). A cincia do Direito no tem a funode promover a legitimao do ordenamento jurdico com base nos valores

  • RESUMO DEDIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO - Vicente Paulo &Marcelo Alexandrino

    sociais existentes, devendo unicamente conhec-lo e descrev-lo de formagenrica, hipottica e abstrata.

    Kelsen desenvolveu dois sentidos para a palavra Constituio: (a) sentidolgico-jurdico; (b) sentido jurdico-positivo.

    Em sentido lgico-jurdico, Constituio significa a norma fundamentalhipottica, cuja funo servir de fundamento lgico transcendental da validade da Constituio em sentido jurdico-positivo.

    Em sentido jurdico-positivo, Constituio corresponde normapositivasuprema, conjunto de normas que regulam a criao de outras normas, leinacional no seu mais alto grau. Ou, ainda, corresponde a certo documentosolene que contm um conjunto de normas jurdicas que somente podem seralteradas observando-se certas prescries especiais.

    Dessas concepes de Constituio, a relevante para o Direito moderno a jurdico-positiva, a partir da qual a Constituio vista como normafundamental, criadora da estrutura bsica do Estado e parmetro de validadede todas as demais normas.

    Sentido Sociolgico

    A Constituio a somados fatores reais depoder que regem umanao (poder econmico,militar, poltico, religiosoetc), de forma que aConstituio escrita ster eficcia, isto , sdeterminar efetivamenteas inter-reiaes sociaisdentro de um Estadoquando for construda emconformidade com taisfatores; do contrrio, terefeito meramente retrico("folha de papel").

    Sentido Poltico

    A Constituio umadeciso poticafundamental sobre adefinio do perfi! primordialdo Estado, que teria porobjeto, principalmente,a forma e o regimede governo, a formade Estado e a matrizideolgica da nao; asnormas constantes dodocumento constitucionalque no derivem" dadeciso poltica fundamentaino so "Constituio",mas, to somente, "leisconstitucionais".

    Sentido Jurdico

    A Constituio compreendida de umaperspectiva estritamenteformal, consistindo nanorma fundamental deum Estado, paradigmade validade de todo oordenamento jurdico einstituidora da estruturabsica do Estado; aConstituio consideradacomo norma pura, comopuro dever-ser, semqualquer considerao decunho sociolgico, polticoou filosfico.

    2. CLASSIFICAO DAS CONSTITUIESAlgumas Constituies possuem texto extenso, dispondo sobre as mais

    diversas matrias. Outras apresentam texto reduzido, versando, to somente,sobre matrias substancialmente constitucionais, relacionadas com a organizao bsica do Estado. Algumas permitem a modificao do seu texto por

    Cap. 1 * DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIO

    meio de processo legislativo simples, idntico ao de modificao das demaisleis, enquanto outras s podem ser alteradas por processo legislativo maisdificultoso, solene. A depender dessas e de outras caractersticas, recebem dadoutrina distintas classificaes, conforme exposto nos itens seguintes.

    2.1. Quanto origem

    Quanto origem, as Constituies podem ser outorgadas, populares oucesaristas.

    As Constituies outorgadas so impostas, isto , nascem sem participaopopular. So resultado de um ato unilateral de vontade da pessoa ou do grupodetentor do poder poltico, que resolve estabelecer, por meio da outorga deum texto constitucional, certas limitaes ao seu prprio poder.

    As Constituies democrticas (populares ou promulgadas) so produzidascom a participao popular, em regime de democracia direta (plebiscito oureferendo), ou de democracia representativa, neste caso, mediante a escolha,pelo povo, de representantes que integraro uma "assemblia constituinte"incumbida de elaborar a Constituio.

    As Constituies cesaristas so outorgadas, mas dependem de ratificaopopular por meio de referendo. Deve-se observar que, nesse caso, a participao popular no democrtica, pois cabe ao povo somente referendar avontade do agente revolucionrio, detentor do poder.

    Na histria do constitucionalismo brasileiro, tivemos Constituies democrticas (1891, 1934, 1946 e 1988) e Constituies outorgadas (1824,1937, 1967 e 1969).

    2.2. Quanto forma

    Quanto forma, as Constituies podem ser escritas ou no escritas.Constituio escrita o conjunto de normas sistematizado em um nico

    documento, para determinar a organizao fundamental do Estado. A Constituio escrita elaborada num determinado momento, por um rgo que tenharecebido a incumbncia para essa tarefa, sendo formalizada em um documentoescrito e nico. tambm denominada Constituio instrumental.

    Nas Constituies no escritas (costumeiras ou consuetudinras), asnormas constitucionais no so solenemente elaboradas, em um determinadoe especfico momento, por um rgo especialmente encarregado dessa tarefa,tampouco esto codificadas em um documento nico. Tais normas encontram--se em leis esparsas, costumes, jurisprudncia e convenes. Exemplo a

  • 6 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO - Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    Constituio inglesa, pas em que parte das normas sobre organizao doEstado consuetudinria.

    2.3. Quanto ao modo de elaborao

    Quanto ao modo de elaborao, as Constituies podem ser dogmticasou histricas.

    As Constituies dogmticas, sempre escritas, so elaboradas em umdado momento, por um rgo constituinte, segundo os dogmas ou idiasfundamentais da teoria poltica e do Direito ento imperantes. Podero serortodoxas ou simples (fundadas em uma s ideologia) ou eclticas ou com-promissrias (formadas pela sntesede diferentes ideologias, que se conciliamno texto constitucional).

    As Constituies histricas (ou costumeiras), no escritas, resultam dalenta formao histrica, do paulatino evoluir das tradies, dos fatos socio-polticos, representando uma sntese histrica dos valores consoUdados pelaprpria sociedade, como o caso da Constituio inglesa.

    2.4. Quanto ao contedo

    Quanto ao contedo, temos Constituio material (ou substancial) eConstituio formal.

    Na concepo material de Constituio, consideram-se constitucionaissomente as normas, escritas ou no escritas, que cuidam de assuntos essenciais organizao e ao funcionamento do Estado e estabelecem os direitosfundamentais (matrias substancialmente constitucionais). Leva-se em conta,para a identificao de uma norma constitucional, o seu contedo. No importa o processo de elaborao ou a natureza do documento que a contm;ela pode, ou no, estar vazada em uma Constituio escrita.

    Nessa viso, a Constituio o conjunto de normas pertinentes organizao do poder, distribuio das competncias, ao exerccio da autoridade, forma de governo, aos direitos da pessoa humana, tanto individuais comosociais; tudo quanto for, enfim, contedo essencial referente estruturaoe ao funcionamento da ordem poltico-jurdica exprime o aspecto material(ou substancial) de uma Constituio.

    Na concepo formal de Constituio, so constitucionais todas asnormas que integram uma Constituio escrita, elaborada por um processoespecial (rgida), independentemente do seu contedo. Nessa viso, leva-seem conta, exclusivamente, o processo de elaborao da norma: todas as

    Cap. 1 DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIO

    normas integrantes de uma Constituio escrita, solenemente elaborada, seroconstitucionais. No importa, em absoluto, o contedo da norma.

    2.5. Quanto estabilidade

    A classificao das Constituies quanto ao grau de estabilidade (ou alte-rabilidade) leva em conta a maior ou a menor facilidade para a modificaodo seu texto, dividindo-as em imutveis, rgidas, flexveis ou semirrgidas.

    A Constituio imutvel aquela que no admite modificao do seu texto.Essa espcie de Constituio est em pleno desuso, em razo da impossibilidade de sua atualizao diante da evoluo poltica e social do Estado.

    A Constituio rgida quando exige um processo legislativo especial paramodificao do seu texto, mais difcil do que o processo legislativo de elaborao das demais leis do ordenamento. A Constituio Federal de 1988 dotipo rgida, pois exige um procedimento especial (votao em dois turnos, nasduas Casas do Congresso Nacional) e um quorum qualificado para aprovaode sua modificao (aprovao de, pelo menos, trs quintos dos integrantes dasCasas Legislativas), nos termos do art. 60, 2., da Carta Poltica.

    A Constituio flexvel aquela que permite sua modificao pelo mesmoprocesso legislativo de elaborao e alterao das demais leis do ordenamento, como ocorre na Inglaterra, em que as partes escritas de sua Constituiopodem ser juridicamente alteradas pelo Parlamento com a mesma facilidadecom que se altera a lei ordinria.

    A Constituio semirrgida a que exige um processo legislativo maisdifcil para alterao de parte de seus dispositivos e permite a mudana deoutros dispositivos por um procedimento simples, semelhante quele de elaborao das demais leis do ordenamento.

    Na histria do Constitucionalismo brasileiro, unicamente a Constituio do Imprio (1824) foi semirrgida, pois exigia, no seu art. 178, umprocesso especial para modificao de parte do seu texto (por ela mesmaconsiderado substancial), mas, ao mesmo tempo, permitia a modificaoda parte restante por meio de processo legislativo simples, igual ao deelaborao das demais leis. Todas as outras Constituies do Brasil foramdo tipo rgida, inclusive a atual.

    Vale registrar que o Prof. Alexandre de Moraes classifica a Constituio Federal de 1988 como super-rgida, tendo em conta existirem nela asdenominadas clusulas ptreas (normas que no podem ser abolidas, nemmesmo mediante emenda Constituio). Ressalvamos, entretanto, que aexistncia de clusulas ptreas no tem relao necessria com o conceitode rigidez constitucional.

  • 8 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo &Marcelo Alexandrino

    2.6. Quanto correspondncia com a realidadeO constitucionalista alemo Karl Loewenstein desenvolveu uma classi

    ficao para as Constituies, baseada na correspondncia existente entre otexto constitucional e a realidade poltica do respectivo Estado, dividindo--as em trs grupos: Constituies normativas, Constituies nominativas eConstituies semnticas.

    As Constituies normativas so as que efetivamente conseguem, porestarem em plena consonncia com a realidade social, regular a vida polticado Estado. Em um regime de Constituio normativa, os agentes do podere as relaes polticas obedecem ao contedo, s diretrizes e s limitaesconstantes do texto constitucional.

    As Constituies nominativas so aquelas que, embora tenham sidoelaboradas com o intuito de regular a vida poltica do Estado, no conseguem efetivamente cumprir esse papel, por estarem em descompasso cora arealidade social. As disposies constitucionais no conseguem efetivamentenormatizar o processo real de poder no Estado.

    As Constituies semnticas, desde sua elaborao, no tm ofim deregulara vida poltica do Estado, de orientar e limitar o exerccio do poder. Objetivam,tosomente, formalizar e manter o poder poltico vigente, conferir legitimidadeformal ao grupo detentor do poder. Nas palavras de Karl Loewenstein, seria"uma constituio que no mais que uma formalizao da situao existentedo poder poltico, em benefcio nico de seus detentores".

    2.7. Quanto extenso

    No tocante extenso, as Constituies so classificadas em analticase sintticas.

    Constituio analtica (larga, prolixa, extensa ou ampla) aquela de contedo extenso, que versa sobre matrias outras que no a organizao bsicado Estado. Em regra, contm normas substancialmente constitucionais, normasapenas formalmente constitucionais e normas progrmticas, que estabelecemfins, diretrizes e programas sociais para a atuao futura dos rgos estatais. o caso, por exemplo, da Constituio Federal de 1988.

    Constituio sinttica (concisa, breve, sumria ou sucinta) aquela quepossui contedo abreviado, e que versa, to somente, sobre a organizaobsica do Estado e o estabelecimento de direitos fundamentais, isto , sobre matrias substancialmente constitucionais, deixando a pormenorizao legislao infraconstitucional. o caso, por exemplo, da Constituio dosEstados Unidos da Amrica, composta de apenas sete artigos originais evinte e sete emendas.

    Cap. 1 DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIO

    2.8. Quanto finalidade

    Uma classificao moderna, de grande relevncia, a que distingue asConstituies em Constituio-garantia, Constituio-balano e Constituiodirigente, no tocante a suas finalidades.

    Constituio-garantia, de texto reduzido (sinttica), Constituio que temcomo preocupao maior a limitao dos poderes estatais, isto , a imposiode limites ingerncia do Estado na esfera individual. Da a denominao"garantia", indicando que o texto constitucional preocupa-se em fixar asgarantias individuais frente ao Estado.

    Constituio-balano aquela destinada a registrar um dado estgiodas relaes de poder no Estado. A Constituio elaborada para espelharcerto perodo poltico, findo o qual elaborado um novo texto constitucional para o perodo seguinte. Exemplo tpico foi o que aconteceu na URSS,que adotou Constituies seguidas (1924, 1936 e 1977), cada qual com afinalidade de refletir um distinto estgio do Socialismo (fazer um "balano"de cada estgio).

    Constituio dirigente, de texto extenso (analtica), aquela que definefins, programas, planos e diretrizes para a atuao futura dos rgos estatais. a Constituio que estabelece, ela prpria, um programa para dirigir aevoluo poltica do Estado, um ideal social a ser futuramente concretizadopelos rgos do Estado. O termo "dirigente" significa que o legislador constituinte "dirige" a atuao futura dos rgos governamentais, por meio doestabelecimento de programas e metas a serem perseguidos por estes. Assim,o elemento que caracteriza uma Constituio como dirigente a existncia,no seu texto, das denominadas "normas progrmticas", que estabelecemum programa, um ramo inicialmente traado pela Constituio, que deve serperseguido pelos rgos estatais.

    2.9. Quanto sistematizao

    No tocante sistematizao, as Constituies so classificadas em codificadas e legais.

    Constituies codificadas so aquelas sistematizadas em um nico documento.

    Constituies legais so as integradas por documentos diversos, fisicamente distintos, como foi o caso da Terceira Repblica Francesa, formadapor inmeras leis constitucionais, redigidas em momentos distintos, tratandocada qual de elementos substancialmente constitucionais.

  • 10 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo &Marcelo Alexandrino

    Outorgadas* Populares (Democrticas,

    Promulgadas) Cesaristas

    Origem

    Escritas

    * No EscritasForma

    * Dogmticas HistricasModo de Elaborao

    Formal

    Material (Substancial)Contedo

    , Quadra Geral de -Ciassificacrdas *

    Constituies __ Rgida Flexvel

    SemirrgidaEstabilidade

    * Normativa

    * Nominativa

    * Semntica

    Correspondncia coma Realidade

    Sinttica (Concisa)*Analtica (Prolixa)Extenso

    Garantia

    Balano Dirigente (Programtica}

    Finalidade

    * Codificadas

    LegaisSistematizao

    3. ENTRADA EM VIGOR DE UMA NOVA CONSTITUIOAs normas de uma nova Constituio projetam-se sobre todo o ordena

    mento jurdico, revogando aquilo que com elas seja incompatvel, conferindonovo fundamentode validade s disposiesinfraconstitucionaise reorientandoa atuao de todas as instncias de poder, bem como as relaes entre osindivduos ou grupos sociais e o Estado.

    Neste tpico, sero analisadas as principais situaes atinentes entradaem vigor de uma nova Constituio. Passemos a elas.

    Cap. 1 - DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIO 11

    3.1. Retroatvidade mnima

    Segundo a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, as novas normasconstitucionais, salvo disposio expressa era contrrio, se aplicam de imediato, alcanando, sem limitaes, os efeitos futuros de fatos passados.

    Essa eficcia especial das normas constitucionais recebe a denominaode retroatvidade mnima.

    Assim, no Brasil, no havendo norma expressa determinando a retroatvidade - caso houvesse, esta sempre seria possvel -, o texto constitucionalalcanar apenas os efeitos futuros de negcios celebrados no passado (re-troatividade mnima).

    Como exemplo de aplicao da regra de retroatvidade mnima, tome-seo disposto no art. 7., inciso IV, da Constituio Federal, que veda a vincu-lao do salrio-mnimo para qualquer fim.

    Esse preceito impede, por exemplo, que salrios e proventos de aposentadoria ou penso sejam vinculados ao salrio-mnimo - seria algo comoestabelecer que um aposentado fizesse jus a um provento de, por exemplo,"seis salrios-mnimos" -, o que implicaria aumento automtico do salrioou provento, sempre que houvesse majorao do valor do salrio-mnimo.

    Pois bem, com base no entendimento de que as normas constitucionaisso dotadas de retroatvidade mnima, o Supremo Tribunal Federal decidiuque a vedao da vinculao do salrio-mnimo, constante do inciso IV doart. 7. da Carta de 1988, teve aplicao imediata, com a promulgao daConstituio, incidindo sobre as prestaes futuras de penses que foramestipuladas antes de 5 de outubro de 1988, no havendo que se falar emdireito adquirido.

    Significa dizer, em simples palavras, que a vedao de vinculao dosalrio-mnimo tem aplicabilidade imediata, incidindo sobre os efeitos futurosde fatos consumados no passado. Na hiptese tratada no exemplo acima, osproventos de penso relativos aos meses posteriores data de promulgaoda Constituio de 1988 (efeitos fiituros) deixaram de estar vinculados aosalrio-mnimo, muito embora a penso houvesse sido concedida, com vinculao dos proventos ao salrio-mnimo, em perodo anterior promulgaoda Constituio de 1988 (fato consumado no passado).

    importante anotar que o Supremo Tribunal Federal entende que a regrageral de retroatvidade mnima somente se aplica s normas constitucionaisfederais. As Constituies dos estados, diferentemente, sujeitam-se integralmente vedao do art. 5., inciso XXXVI (proteo ao direito adquirido,ao ato jurdico perfeito e coisa julgada), vale dizer, no podem retroagir(admitidas certas excees, adiante estudadas).

  • 12 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    Da mesma forma, a retroatvidade mnima no alcana as normas infra-constituconas (leis e atos normativos em geral). Estas tambm se submetem regra da irretroatividade (admitidas certas excees, adiante estudadas),prescrita no art. 5., XXXVI, da Carta Poltica.

    3.2. Entrada em vigor da nova Constituio e a Constituiopretrita

    A promulgao de uma Constituio revoga integralmente a Constituioantiga, independentemente da compatibilidade entre os seus dispositivos.

    Promulgada a nova Constituio, a anterior retirada do ordenamentojurdico, globalmente, sem que caiba cogitar a verificao de compatibilidadeentre os seus dispositivos, isoladamente. A perda de vigncia da Constituio pretrita sempre total, em bloco. H uma autntica revogao total,ou ab-rogao.

    Essa a posio dominante no nosso Pas, perfilhada, sem controvrsiadigna de nota, pelo Supremo Tribunal Federal, rgo do Poder Judicirioque dispe da competncia para ditar a ltima palavra quando o assunto Direito Constitucional.

    Apenas para efeito de registro, mencionamos que h uma corrente doutrinria minoritria que propugna uma orientao diferente, conhecida comotese da desconstitucionalzao, explicada a seguir.

    3.2.1 Desconstitucionaiizao

    Segundo os partidrios da chamada "desconstitucionalizao", a promulgao de uma Constituio no acarretaria, obrigatoriamente, a revogaoglobal da Constituio passada.

    Para eles, seria necessrio examinar cada dispositivo da Constituioantiga, a fim de verificar quais conflitariam com a nova Constituio, e quaisseriam compatveis com ela.

    Com base nessa anlise, os dispositivos incompatveis seriam considerados revogados pela nova Constituio, e os dispositivos compatveis seriamconsiderados por ela recepcionados. Porm, o seriam na condio de leiscomuns, como se fossem normas infraconstitucionais.

    Conclui-se que esses preceitos compatveis, por serem consideradosrecepcionados com o status de lei, poderiam ser modificados ou revogados,no novo ordenamento, por outras normas tambm infraconstitucionais. esse o motivo da denominao "desconstitucionalizao": os dispositivos daConstituio antiga, compatveis com a nova, ao serem recepcionados, in

    Cap. 1 DIREITOCONSTITUCIONAL E CONSTITUIO 13

    gressariam e se comportariam no novo ordenamento como se fossem merasnormas infraconstitucionais.

    A vigente Constituio Federal no adotou a desconstitucionalizao.

    3.3. Direito ordinrio pr-constitucional incompatvel

    As normas integrantes do direito ordinrio anterior que sejam incompatveis com a nova Constituio no podero ingressar no novo ordenamentoconstitucional. A nova Constituio, pice de todo o ordenamento jurdico, efundamento de validade deste, no pode permitir que leis antigas, contrrias aseus princpios e regras, continuem a ter vigncia sob sua gide. Assim, todas asleis pretritas conflitantes com a nova Constituio sero revogadas por esta.

    Esse o entendimento consagrado na jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, e aceito pela doutrina dominante no Brasil. vlido paratodas as espcies normativas pretritas infraconstitucionais, alcanando nos as leis formais, mas decretos, regimentos, portarias, atos administrativosera geral etc.

    Entretanto, nem todos os constitucionalistas concordam com essa orientao. Defendem alguns autores que revogao obrigatoriamente pressupeo confronto entre normas de mesma natureza, de mesma hierarquia. Segundoeles, uma Constituio somente poderia revogar outra Constituio, uma leis poderia ser revogada por outra lei, um decreto por outro decreto, e assimpor diante. No seria cabvel, por essa lgica, cogitar a revogao de direitoinfraconstitucional pela Constituio Federal, pois as normas respectivas notm a mesma natureza, o mesmo nvel hierrquico.

    Dessa forma, prosseguindo nesse raciocnio repita-se, discrepante denossa jurisprudncia e doutrina majoritria , a nova Constituio acarretariaa denominada inconstitucionalidade superveniente do direito subconstitu-ciona anterior com ela incompatvel.

    3.4. Direito ordinrio pr-constitucional compatvel

    Se as leis pr-constitucionais em vigor no momento da promulgao danova Constituio forem compatveis com esta, sero recepcionadas.

    Significa dizer que ganharo nova vida no ordenamento constitucionalque se inicia. Essas leis perdem o suporte de validade que lhes dava a Constituio anterior, com a revogao global desta. Entretanto, ao mesmo tempo,elas recebem da Constituio promulgada novo fundamento de validade.

    Mas, nem todo o direito pr-constitucional compatvel com a nova Constituio poder ser por ela recepcionado. Para que a norma pr-constitucional

  • 14 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO - Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    seja recepcionada pela nova Constituio, dever ela cumprir, cumulativamente, trs requisitos: (i) estar em vigor no momento da promulgao danova Constituio; (ii) ter contedo compatvel com a nova Constituio;(iii) ter sido produzida de modo vlido (de acordo com a Constituio desua poca).

    Examinemos, separadamente, esses trs requisitos.Pelo primeiro deles exigido que a norma esteja em vigor na data da

    promulgao da nova Constituio para que possa ser recepcionada. Valedizer, a recepo no alcana normas no vigentes. Se a norma no estiverem vigor no momento da promulgao da nova Constituio, a sua situaojurdica dever ser examinada luz do instituto da repristinao (conformeser explicado frente), e no pela aplicao da teoria da recepo.

    Consoante o segundo requisito, a norma a ser recepcionada deve ter contedo no conflitante com o contedo da nova Constituio. Como sabido,a nova Constituio inaugura uma nova ordem jurdica, rompendo com todaa ordem anterior. Logo, evidente que a nova Constituio no permitirque leis antigas, que contenham disposies contrrias aos seus comandos,ingressem no regime constitucional que se inicia. A compatibilidade material(de contedo) com a nova Constituio , portanto, aspecto essencial para ofim de recepo do direito pr-constitucional.

    Finalmente, para que a norma pr-constitucional seja recepcionada indispensvel que ela tenha sido produzida de modo vlido, isto , de acordocom as regras estabelecidas pela Constituio de sua poca. Se a norma foiproduzida em desacordo com a Constituio de sua poca, no poder seraproveitada (recepcionada) por Constituio futura. Ainda que essa norma,editada em desacordo com a Constituio de sua poca, esteja em vigor nomomento da promulgao da nova Constituio, e seja plenamente compatvelcom esta, no ser juridicamente possvel a sua recepo. Se a lei nasceuinconstitucional, no se admite que Carta Poltica futura a constitucionalize,vale dizer, no nosso ordenamento, no juridicamente possvel a ocorrnciada constitucionalidade superveniente.

    Em linhas bastante simplificadas, constate-se que o direito pr-constitucional ordinrio validaraente produzido e em vigor no momento da promulgaoda nova Constituio: (a) no caso de compatibilidade, ser recepcionadopela nova Constituio; (b) no caso de incompatibilidade, ser revogadopela nova Constituio.

    Nos pargrafos seguintes pormenorizaremos como se d o exame dessacompatibilidade entre o direito pr-constitucional e a Constituio futura.

    O primeiro ponto relevante diz respeito identificao dos critrios quedevem ser adotados nesse confronto entre direito ordinrio pretrito e novotexto constitucional.

    Cap. 1 - DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIO 15

    Deve-se anotar que, no cotejo entre norma antiga e nova Constituio,somente se leva em conta a denominada compatibilidade material, o quesignifica que ser a norma recepcionada, se o seu contedo for compatvelcom a nova Constituio, ou ser revogada, caso o seu contedo seja incompatvel com a nova Constituio. Em todos os casos, so inteiramenteirrelevantes quaisquer aspectos formais da norma antiga. Em resumo, no casode compatibilidade material, teremos recepo; no caso de incompatibilidadematerial, teremos revogao.

    E importante atentar para o fato de que a recepo ou revogao do ordenamento infraconstitucional passado no precisa ser expressa. Promulgadaa nova Constituio, mesmo que no haja nenhum dispositivo em seu textoque assim disponha, ocorrer, tacitamente, naquele momento, a revogao dasnormas pr-constitucionais com ela materialmente incompatveis e a recepodaquelas com ela materialmente compatveis.

    A fora (status), no novo ordenamento constitucional, da norma pr--constitucional recepcionada ser determinada pela nova Constituio, deacordo com a espcie normativa por ela exigida para a disciplina da matriasobre a qual versa a norma antiga.

    Assim, caso, na vigncia da Constituio antiga, fosse exigida lei ordinria para regular a matria, e a nova Constituio tenha passado a exigirlei complementar para o tratamento do mesmo assunto, a lei ordinria antiga (vaiidamente produzida), sendo materialmente compatvel com a novaConstituio, ser sem dvida recepcionada, mas o ser com o status de leicomplementar. Vale dizer, sob a nova Constituio a lei ordinria recepcionadater fora de lei complementar. Portanto, no novo ordenamento constitucional,s poder ser alterada ou revogada por outra lei complementar, ou por atonormativo de superior hierarquia, como uma emenda Constituio (no correto afirmar que uma lei s possa ser revogada por outra lei; uma lei- ordinria, delegada ou complementar - pode, tambm, ser revogada poroutra norma de superior hierarquia, como uma emenda Constituio quecom ela seja materialmente incompatvel).

    Outro ponto que merece comentrio diz respeito possibilidade de arecepo alcanar apenas partes de um ato normativo. A anlise quanto compatibilidade material deve ser feita de maneira individualizada, dispositivorjor dispositivo, conforme a disciplina dada matria tratada em cada qual.E possvel, por exemplo, em uma lei pretrita que tivesse quarenta artigos,apenas oito deles serem recepcionados.

    Pode ocorrer, tambm, recepo de somente parte de um dispositivo dalei antiga que foi recepcionada. Assim, a parte final do caput de um artigoda lei pr-constitucional, ou alguma expresso desse mesmo caput podemno ter sido recepcionadas pela nova Constituio Federal de 1988; ou, em

  • 16 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO - Vicente Paulo &Marcelo Alexandrino

    um artigo da lei antiga com diversos incisos, podem alguns incisos ter sidorecepcionados, e outros revogados pela nova Constituio.

    Da mesma forma, pode acontecer que, na mesma lei pr-constitucional,tenhamos dispositivos recepcionados com diferentes status pela nova Constituio. Imagine-se uma lei pr-constitucional com dois artigos que versemsobre matrias distintas, tendo a nova Constituio passado a exigir leicomplementar para o tratamento da matria regulada em um deles e continuado a permitir que lei ordinria discipline o assunto constante do outro.Nessa situao hipottica, um dos artigos seria recepcionado com fora delei complementar, e o outro com status de lei ordinria.

    Conforme afirmamos acima, na data da promulgao da nova Constituio, as normas pr-constitucionais com ela materialmente incompatveis sotacitamente revogadas, afastadas do ordenamento jurdico, enquanto as que,validamente produzidas, forem materialmente compatveis so recepcionadas.Porm, ulteriormente, diante de um caso concreto, poder surgir dvida emrelao validade de determinada lei pr-constitucional, ou seja, sobre elater sido (ou no) recepcionada pela nova Constituio.

    Em situaes como essa, havendo controvrsiaa respeito da revogao (ouda recepo) de alguma norma pr-constitucional, caber ao Poder Judiciriodecidir se a norma foi recepcionada ou revogada pela nova Constituio. Deacordo com a interpretao dada ao texto e aos princpios da nova Constituio, fixar o Poder Judicirio o entendimento a respeito da recepo (ouda revogao) da norma antiga.

    Entretanto, enfatize-se que a recepo ou revogao do direito pr--constitucional ocorre, sempre, na data da promulgao do novo textoconstitucional. No importa a data em que a recepo ou revogao venhaa ser, diante de uma eventual controvrsia, declarada pelo Poder Judicirio. Se, diante de uma controvrsia concreta, o Supremo Tribunal Federalfirma entendimento, hoje, de que determinada norma pr-constitucional foirevogada pela Constituio Federal de 1988, no estar essa revogaoocorrendo somente agora, com a prolao do acrdo pelo Tribunal. Adeciso do Poder Judicirio ser meramente declaratria, retroativa datade promulgao da Constituio Federal (05.10.1988), isto , o Poder Judicirio estar reconhecendo a revogao da norma pr-constitucional desdea promulgao do novo texto constitucional (05.10.1988). Igual raciocnioaplica-se deciso do Poder Judicirio que reconhea, hoje, a recepo denorma pr-constitucional.

    As emendas constitucionais tm o mesmo efeito sobre o direito ordinrio a elas anterior, no que concerne recepo ou revogao das normasdele integrantes. Dessarte, quando promulgada uma emenda constitucional,so revogadas as leis at ento existentes, que sejam com ela materialmente

    Cap. 1 DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIO 17

    incompatveis, no cabendo cogitar de inconstitucionalidade supervenientefrente emenda. Na mesma esteira, permanecem em vigor as normas infraconstitucionais anteriores emenda, validamente produzidas e que noconflitera materialmente com ela, segundo as mesmas regras descritas quanto recepo das normas ordinrias pretritas por uma nova Constituio.

    3.5. Direito ordinrio pr-constitucional no vigente

    Conforme visto antes, a recepo fenmeno tcito, que ocorre independentemente de disposio expressa no texto da nova Constituio. Porm,s juridicamente possvel haver recepo do direito pr-constitucionalcuja vigncia no tenha cessado antes do momento da promulgao danova Constituio. Se a norma no mais estiver no ordenamento jurdicono momento da promulgao da nova Constituio, no h que se falarem recepo.

    Seria o caso, por exemplo, de uma lei que, editada em 1980, sob a vigncia da Constituio Federal de 1969, tenha sido declarada inconstitucionalem controle abstrato portanto, retirada do ordenamento jurdico - dois diasantes da promulgao da Constituio Federal de 1988, por ofensa Constituio Federal de 1969. Seria, tambm, ainda exemplificando, a situaode uma lei editada na vigncia da Constituio de 1967 que, em razo deincompatibilidade material, no tivesse sido recepcionada pela Constituiode 1969.

    Em ambos os exemplos, seria irrelevante a eventual constatao de queessas leis tivessem contedo plenamente compatvel com a ConstituioFederal de 1988. A nova Constituio no restaura, automaticamente, tacitamente, a vigncia das leis que no mais estejam em vigor no momentode sua promulgao.

    Se o legislador constituinte assim desejar, a vigncia das leis poder serrestaurada pela nova Constituio, mas por meio de disposio expressa noseu texto. Tem-se, nesse caso, a denominada repristinao, que, como dito,forosamente deve ser expressa.

    Em sntese, para as leis que no estejam em vigor no momento depromulgao de uma nova Constituio, por terem sido, antes, retiradas doordenamento jurdico, tem-se o seguinte: (a) se a nova Constituio nada dissera respeito, no haver a restaurao da vigncia da lei (no haver repristinao tcita); (b) a nova Constituio poder restaurar a vigncia da lei,desde que o faa expressamente (poder ocorrer repristinao expressa).

    O quadro abaixo sintetiza as diferenas entre recepo e repristinaodo direito pr-constitucional.

  • 18 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    5?;"^-s^^:>rVRecepo3-\;-^ ;!''.- '^:*>-^ i> --%! fpi '^Z^w^^?^^}S^^'^^C'-iZ:Direito pr-constitucional em vigor nomomento da promulgao da novaConstituio.

    Direito pr-constitucional no mais vigenteno momento da promulgao da novaConstituio.

    Fenmeno tcito, que ocorreindependentemente de disposio expressana nova Constituio.

    Fenmeno que s ocorre se houverdisposio expressa na nova Constituio.

    3.6. Direito ordinrio em perodo de vacatio legis

    Situao diversa da estudada no tpico anterior a da lei que esteja no perodode vacatio legis no momento da promulgao de uma nova Constituio.

    Conforme consabido, cabe ao legislador a fixao do momento de entradaem vigor da lei que ele edita. Usualmente, no Brasil, o legislador prev oincio da vigncia da lei na data da sua publicao. Para tanto, insere, notexto da prpria lei, um artigo determinando: "esta lei entra em vigor nadata de sua publicao".

    Nada impede, entretanto, que o legislador estabelea outro momento,posterior publicao, para o incio da vigncia da lei. Isso costuma acontecerquando a matria tratada na lei possui reflexos muito relevantes nas relaessociais em geral. Ilustra essa assero o Cdigo Civil atual, publicado emjaneiro de 2002, com previso, em seu art. 2.044, de entrada em vigor umano aps a sua publicao.

    O legislador poder, ainda, ser omisso, no fixando no texto da lei a datade incio da sua vigncia. Nesse caso aplica-se o disposto no art. 1. da Leide Introduo ao Cdigo Civil (LICC), segundo o qual a lei comea a vigorarno Brasil 45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada.

    Em todos os casos em que o incio da vigncia da lei posterior datade sua publicao, o perodo compreendido entre a publicao e a data devigncia denominado vacatio legis (vacncia da lei). A lei em vacncia jintegra o ordenamento jurdico, mas permanece sem vigncia, sem incidir,sem fora obrigatria para os seus destinatrios.

    Vejamos, agora, uma situao hipottica. Uma lei foi publicada em setembro de 1988, sem conter clusula que dispusesse sobre seu incio de vigncia.Diante da omisso, essa lei s entraria em vigor no Brasil 45 (quarenta e cincodias) depois de sua publicao. Logo, na data da promulgao da ConstituioFederal de 1988 (05.10.1988), a lei estaria no perodo de vacatio legis.

    Embora no exista consenso a respeito, a posio doutrinria dominante que a lei vacante no entrar em vigor no novo ordenamento constitucional,isto , no poder ela ser recepcionada pela nova Constituio.

    Cap. 1 DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIO 19

    4. CLASSIFICAO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO AOGRAU DE EFICCIA E APLICABILIDADE

    As normas constitucionais so dotadas de variados graus de eficciajurdicae aplicabilidade, de acordo com a normatividade que lhes tenha sido outorgadapelo constituinte, fato que motivou grandes doutrinadores a elaborarem diferentespropostas de classificao dessas normas quanto a esse aspecto.

    O Constitucionalismo moderno refuta a idia da existncia de normasconstitucionais desprovidas de eficcia jurdica. Reconhece-se que todas asnormas constitucionais possuem eficcia, mas se admite que elas se diferenciam quanto ao grau dessa eficcia e quanto a sua aplicabilidade.

    O Prof. Jos Afonso da Silva formulou uma classificao das normasconstitucionais, que, sem dvida, a predominantemente adotada pela doutrina e jurisprudncia ptrias. Para o eminente constitucionalista, as normasconstitucionais, quanto ao grau de eficcia, classificam-se em:

    a) normas constitucionais de eficcia plena;b) normas constitucionais de eficcia contida;c) normas constitucionais de eficcia limitada.

    4.1. Normas de eficcia plena

    As normas constitucionais de eficcia plena so aquelas que, desdea entrada em vigor da Constituio, produzem, ou tm possibilidade deproduzir, todos os efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situaes que o legislador constituinte, direta e normativamente,quis regular.

    As normas de eficcia plena no exigem a elaborao de novas normaslegislativas que lhes completem o alcance e o sentido, ou lhes fixem o contedo, porque j se apresentam suficientemente explcitas na definio dosinteresses nelas regulados. So, por isso, normas de aplicabilidade direta,imediata e integral.

    4.2. Normas de eficcia contida

    As normas constitucionais de eficcia contida so aquelas em que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos determinadamatria, mas deixou margem atuao restritiva por parte da competnciadiscricionria do Poder Pblico, nos termos que a lei estabelecer ou nostermos de conceitos gerais nelas enunciados.

  • 20 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO - Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    As normas de eficcia contida so, assim, normas constitucionais dotadas de aplicabilidade direta, imediata, mas no integral, porque sujeitas arestries que limitem sua eficcia e aplicabilidade. Essas restries poderoser impostas:

    a) pelo legislador infraconstitucional (por exemplo, art. 5., incisos VIII eXIII);

    b) por outras normas constitucionais (por exemplo, arts. 136 a 141, que, diantedo estado de defesa e estado de stio, impem restries aos direitos fundamentais);

    c) como decorrncia do uso, na prpria norma constitucional, de conceitostico-jurdicos consagrados, que comportam um varivel grau de indetermi-nao, tais como ordem pblica, segurana nacional, integridade nacional,bons costumes, necessidade ou utilidade pblica, perigo pblico iminente(ao fixar esses conceitos, o Poder Pblico poder limitar o alcance de normas constitucionais, como o caso do art. 5., incisos XXIV e XXV, queimpem restries ao direito de propriedade, estabelecido no inciso XXIIdo mesmo artigo).

    Um bom exemplo de norma constitucional de eficcia contida o art.5., inciso XIII:

    XIII - livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ouprofisso, atendidas as qualificaes profissionais que a leiestabelecer;

    Essa norma assegura, desde logo, o exerccio de qualquer trabalho, ofcioou profisso, mas sujeita-se imposio de restries por parte do legisladorordinrio, devendo ser interpretada da seguinte maneira: (a) enquanto noestabelecidas em lei as qualificaes profissionais necessrias para o exercciode determinada profisso, o seu exerccio ser amplo, vale dizer, qualquerpessoa poder exerc-la; (b) em um momento seguinte, quando a lei vier aestabelecer as qualificaes profissionais necessrias para o exerccio dessaprofisso, s podero exerc-la aqueles que atenderem a essas qualificaesprevistas em lei.

    4.3. Normas de eficcia limitada

    As normas constitucionais de eficcia limitada so aquelas que no produzem, com a simples entrada em vigor, os seus efeitos essenciais, porque olegislador constituinte, por qualquer motivo, no estabeleceu, sobre a matria,uma normatividade para isso bastante, deixando essa tarefa ao legisladorordinrio ou a outro rgo do Estado.

    Cap. 1 - DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIO 21

    So de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente a partir de uma normao ulterior que lhes desenvolva aeficcia.

    O Prof. Jos Afonso da Silva ainda classifica as normas de eficcialimitada em dois grupos distintos:

    a) as definidoras de princpio institutivo ou organizativo;b) as definidoras de princpio programtico.

    As normas definidoras de princpio institutivo ou organizativo soaquelas pelas quais o legislador constituinte traa esquemas gerais de estruturao e atribuies de rgos, entidades ou institutos, para que, emum momento posterior, sejam estruturados em definitivo, mediante lei. Soexemplos: "a lei dispor sobre a organizao administrativa e judiciria dosTerritrios" (art. 33); "a lei dispor sobre a criao, estruturao e atribuiesdos Ministrios" (art. 88); "a lei regular a organizao e o funcionamentodo Conselho de Defesa Nacional" (art. 91, 2.); "a lei dispor sobre aconstituio, investidura, jurisdio, competncia, garantias e condies deexerccio dos rgos da Justia do Trabalho" (art. 113)-

    Por sua vez, essas normas constitucionais definidoras de princpio institutivo ou organizativo podem ser impositivas ou facultativas.

    So impositivas aquelas que determinam ao legislador, em termos peremptrios, a emisso de uma legislao ntegrativa (por exemplo, art. 20, 2.; art. 32, 4.; art. 33; art. 88; art. 91, 2.).

    So facultativas ou permissivas quando no impem uma obrigao,mas se limitam a dar ao legislador ordinrio a possibilidade de instituir ouregular a situao nelas delineada (por exemplo, art. 22, pargrafo nico;art. 25, 3.; art. 125, 3.).

    As normas constitucionais definidoras de princpios programticosso aquelas em que o constituinte, em vez de regular, direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-se a lhes traar os princpiose diretrizes, para serem cumpridos pelos rgos integrantes dos poderesconstitudos (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos),como programas das respectivas atividades, visando realizao dosfins sociais do Estado.

    Constituem programas a serem realizados pelo Poder Pblico, disciplinando interesses econmico-sociais, tais como: realizao da justia social;valorizao do trabalho; amparo famlia; combate ao analfabetismo etc.Esse grupo composto pelas normas que a doutrina constitucional denomina normas progrmticas, de que so exemplos o art. 7., XX; o art. 7.,XXVII; o art. 173, 4.; o art. 216, 3..

  • 22 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo S Marcelo Alexandrino

    Eficcia eAplicabilidadedas Normas

    Constitucionais (JosAfonso da Silva) -

    Eficcia Plena

    Eficcia Contida

    Eficcia Limitada

    De Princpio Institutivoou Organizativo

    De PrincpioProgramtico

    ImpositivasFacultativas

    4.3.1. Eficcia das normas progrmticas

    Vimos que as normas constitucionais progrmticas so aquelas de eficcia limitada que requerem dos rgos estatais uma detenninada atuao,na consecuo de um objetivo traado pelo legislador constituinte. Como aprpria denominao indica, estabelecem um programa, um rumo inicialmentetraado pela Constituio - e que deve ser perseguido pelos rgos estatais(exemplos: arts. 23, 205, 211, 215 e 218 da Constituio).

    Essas normas no produzem seus plenos efeitos com a mera promulgaoda Constituio. Afinal, corno estabelecem programas a serem implementadosno futuro, certo que s produziro seus plenos efeitos ulteriormente, quandoesses programas forem, efetivamente, concretizados.

    Entretanto, no se pode afirmar que as normas progrmticas sejam desprovidas de eficcia jurdica enquanto no regulamentadas ou implementadosos respectivos programas. As normas que integram uma Constituio do tiporgida so jurdicas e, sendo jurdicas, tm normatividade. Afirmar que essasnormas no produzem os seus plenos efeitos com a entrada em vigor daConstituio, antes da exigida regulamentao e implementao, no significaque sejam elas desprovidas de qualquer eficcia jurdica.

    O constitucionalismo moderno firma que as normas progrmticas, embora no produzam seus plenos efeitos de imediato, so dotadas da chamadaeficcia negativa, isto :

    a) revogam as disposies contrrias ou incompatveis com os seus comandos(o direito nfraconstitucional anterior norma constitucional programticano recepcionado; diz-se que ela tem eficcia paralisante); e

    Cap. 1 DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIO 23

    b) impedem que sejam produzidas normas ulteriores que contrariem os programas por elas estabelecidos (a norma programtica paradigma paradeclarao de inconstitucionalidade do direito ordinrio superveniente quelhe seja contrrio; diz-se que ela tem eficcia impeditiva).

    Alm dessa eficcia negativa (paralisante e impeditiva), a norma programtica tambm serve de parmetro para interpretao do texto constitucional,uma vez que o intrprete da Constituio deve levar em conta todos os seuscomandos, com o fim de harmonizar o conjunto dos valores constitucionaiscomo integrantes de uma unidade.

    5. INTERPRETAO DA CONSTITUIOO-Constitucionalismo-moderno refuta a teso-in-claris cessat interpretatio,

    que entendia ser desnecessria a interpretao se o contedo do dispositivoa ser aplicado fosse por demais evidente. Modernamente, reconhecida aimprescindibilidade da interpretao em todos os casos, especialmente quandose trata de leis constitucionais.

    Interpretar as normas constitucionais significa compreender, investigar ocontedo semntico dos enunciados lingsticos que formam o texto constitucional. Trata-se de tarefa no s dos tribunais do Poder Judicirio, mastambm dos Poderes Legislativo e Executivo.

    A interpretao constitucional no tem natureza substancialmente diferenteda que se opera em outras reas. So, portanto, aplicveis interpretaoconstitucional os mesmos mtodos de interpretao das demais normas jurdicas - gramatical, teleolgico, sistemtico, histrico etc. Ao lado destes,entretanto, como decorrncia da superioridade hierrquica das normas constitucionais, existem alguns princpios prprios, que norteiam a interpretaodas Constituies, apresentados a seguir.

    5.1. Princpio da unidade da Constituio

    Segundo este princpio, o texto de uma Constituio deve ser interpretadode forma a evitar contradies (antinomias) entre suas normas, sobretudoentre os princpios constituconalmente estabelecidos.

    O intrprete deve considerar a Constituio na sua globalidade, procurandoharmonizar suas aparentes contradies; no pode interpretar suas disposiescomo normas isoladas e dispersas, mas sim como preceitos integrados emum sistema interno unitrio de regras e princpios. O intrprete, os juizes eas demais autoridades encarregadas de aplicar os comandos constitucionais

  • 24 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    devem compreend-los, na medida do possvel, como se fossem obras de ums autor, exprimindo uma unidade harmnica e sem contradies.

    Como decorrncia do princpio da unidade da Constituio, temos que:

    a) todas as normas contidas numa Constituio formal tm igual dignidade- no h hierarquia, relao de subordinao entre os dispositivos da LeiMaior;

    b) no existem normas constitucionais originrias inconstitucionais - devido ausncia de hierarquia entre os diferentes dispositivos constitucionais, nose pode reconhecer a inconstitucionalidade de uma norma constitucional emface de outra, ainda que uma delas constitua clusula ptrea;

    c) no existem antinomias normativas verdadeiras entre os dispositivos constitucionais o texto constitucional dever ser lido e interpretado de modoharmnico e com ponderao de seus princpios, eliminando-se com issoeventuais antinomias aparentes.

    5.2. Princpio do efeito integrador

    Corolrio do princpio da unidade da Constituio, o princpio integradorsignifica que, na resoluo dos problemas jurdico-constitucionais, deve-se darprimazia aos critrios ou pontos de vista que favoream a integrao polticae social e o reforo da unidade poltica.

    5.3. Princpio da mxima efetividade

    O princpio da mxima efetividade (ou princpio da eficincia, ou princpio da interpretao efetiva) reza que o intrprete deve atribuir normaconstitucional o sentido que lhe d maior eficcia, mais ampla efetividadesocial.

    Embora sua origem esteja ligada eficcia das normas progrmticas, hoje princpio operativo em relao a todas e quaisquer normas constitucionais,sendo, sobretudo, invocado no mbito dos direitos fundamentais (em caso dedvida, deve-se preferir a interpretao que lhes reconhea maior eficcia).

    5.4. Princpio da justezaO princpio da justeza (ou da conformidade funcional) estabelece que o

    rgo encarregado de interpretar a Constituio no pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatrio-funcional estabelecidopelo legislador constituinte.

    Cap. 1 DIREITOCONSTITUCIONAL E CONSTITUIO 25

    Assim, a aplicao das normas constitucionais proposta pelo intrpreteno pode implicar alterao na estrutura de repartio de poderes e exerccio das competncias constitucionais estabelecida pelo poder constituinteoriginrio.

    5.5. Princpio da harmonizao

    Este princpio decorrncia lgica do princpio da unidade da Constituio, exigindo que os bens jurdicos constitucionalmente protegidospossam coexistir harmoniosamente, sem predomnio, em abstrato, de unssobre outros.

    O princpio da harmonizao (ou da concordncia prtica) impe acoordenao e combinao dos bens jurdicos - quando se verifique conflitoou concorrncia entre eles - de forma a evitar o sacrifcio (total) de uns emrelao aos outros.

    Fundamenta-se na idia de igualdade de valor dos bens constitucionais(ausncia de hierarquia entre dispositivos constitucionais) que, no caso deconflito ou concorrncia, impede, como soluo, a aniquilao de uns pelaaplicao de outros, e impe o estabelecimento de limites e condicionamentosrecprocos de forma a conseguir uma harmonizao ou concordncia prticaentre esses dispositivos.

    5.6. Princpio da fora normativa da Constituio

    Este princpio impe que, na interpretao constitucional, seja dada prevalncia aos pontos de vista que, tendo em conta os pressupostos da Constituio(normativa), contribuem para urna eficcia tima da Lei Fundamental.

    Segundo esse postulado, o intrprete deve valorizar as solues quepossibilitem a atualizao normativa, a eficcia e a permanncia da Constituio.

    Enfim, o intrprete no deve negar eficcia ao texto constitucional, massim lhe conferir a mxima aplicabilidade.

    5.7. Interpretao conforme a Constituio

    O princpio da interpretao conforme a Constituio impe que, nocaso de normas polissmcas ou plurissignificativas (que admitem mais deuma interpretao), d-se preferncia interpretao que lhes compatibilizeo sentido com o contedo da Constituio.

  • 26 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino

    Como decorrncia desse princpio, temos que:

    a) dentre as vrias possibilidades de interpretao, deve-se escolher a que noseja contrria ao texto da Constituio;

    b) a regra a conservao da validade da lei, e no a declarao de suainconstitucionaldade; uma lei no deve ser declarada inconstitucional quando for possvel conferir a ela uma interpretao em conformidade com aConstituio.

    Porm, a doutrina e a jurisprudncia apontam limites utilizao dainterpretao conforme a Constituio:

    a) o intrprete no pode contrariar o texto literal e o sentido da norma interpretada, a fim de obter concordncia da lei com a Constituio;

    b) a interpretao xorjforme.--aXonstituio_s--_admitida quando existe, defato, um espao de deciso (espao de interpretao) em que sejam admissveis vrias propostas interpretativas, estando pelo menos uma delas emconformidade com a Constituio, que deve ser preferida s outras, emdesconformidade com ela;

    c) no caso de se chegar a um resultado interpretativo de uma lei inequivocamente em contradio com a Constituio, no se pode utilizar a interpretao conforme a Constituio; nessa hiptese, impe-se a declarao dainconstitucionalidade da norma;

    d) deve o intrprete zelar pela manuteno da vontade do legislador, devendoser afastada a interpretao conforme a Constituio, quando dela resultaruma regulao distinta daquela originariamente almejada pelo legislador. Seo resultado interpretativo conduz a uma regra em manifesta dissintonia comos objetivos pretendidos pelo legislador, h que ser afastada a interpretaoconforme a Constituio, sob pena de transformar o intrprete em ilegtimolegislador positivo.

    6. PODER CONSTITUINTE

    6.1. Conceito

    O poder constituinte o poder de elaborar e modificar normas constitucionais. , assim, o poder de estabelecer a Constituio de um Estado, oude modificar a Constituio j existente.

    A teoria do poder constituinte foi inicialmente esboada pelo abadefrancs Emmanuel Sieys, alguns meses antes da Revoluo Francesa, emsua obra "Qu'est-ce que le Tiers-tat?" ("O que o Terceiro Estado?").

    Cap. 1 DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIO 27

    Inspirou-se nas idias urninistas em voga no sculo XVTI, e foi aperfeioadapelos constitucionalistas franceses posteriores, com destaque para Carr deMalberg (que incorporou a ela a idia de soberania popular, preconizadapor Rousseau).

    O ponto fundamental dessa teoria - que explica a afirmao de que elasomente se aplica a Estados que adotam Constituio escrita e rgida, e fazcom que ela alicerce o princpio da supremacia constitucional - a distino entre poder constituinte e poderes constitudos. O poder constituinte opoder que cria a Constituio. Os poderes constitudos so o resultado dessacriao, isto , so os poderes estabelecidos pela Constituio.

    6.2. Titularidade e exerccio

    Contemporaneamente, hegemnico o entendimento de que o titular dopoder constituinte o povo, pois s este tem legitimidade para determinarquando e como deve ser elaborada uma nova Constituio, ou modificadaa j existente.

    Embora a titularidade do poder constituinte seja sempre do povo, temosduas formas distintas para o seu exerccio: democrtica (poder constituintelegtimo) ou autocrtica (poder constituinte usurpado).

    O exerccio autocrtico do poder constituinte caracteriza-se pela denominada outorga: estabelecimento da Constituio pelo indivduo, ou grupo,lder do movimento revolucionrio que o alou ao poder, sem a participaopopular. E ato unilateral do governante, que autolimita o seu poder e impeas normas constitucionais ao povo (e, teoricamente, a si mesmo). Temos,nesse caso, o que a doutrina chama de poder constituinte usurpado.

    O exerccio democrtico do poder constituinte ocorre pela assemblianacional constituinte ou conveno: o povo escolhe seus representantes(democracia representativa), que formam o rgo constituinte, incumbido deelaborar a Constituio do tipo promulgada.

    A atuao do poder constituinte por meio de uma assemblia nacionalconstituinte ou conveno composta de representantes do povo democraticamente eleitos a forma tpica de exerccio democrtico do poder constituinte,desde as origens do constitucionalismo (Conveno de Filadlfia de 1787 eAssemblia Nacional Francesa de 1789). Com a utilizao desse sistema, opovo, legtimo titular dopoderconstituinte, democraticamente, confere poderesa seus representantes especialmente eleitos para a elaborao e promulgaoda Constituio.

    Na histria constitucional do Brasil, podemos apontar como resultantesdo exerccio legtimo (democrtico) do poder constituinte as Constituies de

  • 28 RESUMO DEDIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO Vicente Paulo&Marcelo Alexandrino

    1891, de 1934, de 1946, e a vigente, de 1988. Foram outorgadas, resultandode usurpao do poder constituinte, as Cartas de 1824, 1937, 1967 e 1969.

    6.3. Espcies

    So duas as clssicas espcies de poder constituinte identificadas peladoutrina: o originrio e o derivado.

    6.3.1 Poder constituinte originrio

    Poder constituinte originrio (genuno, primrio, de primeiro grau ouinicial) o poder de elaborar uma Constituio.

    So cinco as tradicionais caractersticas apontadas pela doutrina para opoder constituinte originrio: trata-se de um poder poltico, inicial, incondi-cionado, permanente e ilimitado (ou autnomo).

    Com efeito, um poder essencialmente poltico, extrajurdico ou pr--jurdico (pois faz nascer a ordem jurdica, isto , a ordem jurdica comeacom ele, e no antes dele), inicial (sua obra a base da ordem jurdica,pois cria um novo Estado, rompendo completamente com a ordem anterior),ilimitado e autnomo (no tem que respeitar limites estabelecidos pelo direitopositivo anterior), incondicionado (no est sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar sua vontade, isto , no est obrigado a seguir qualquerprocedimento predeterminado para realizar a sua obra) e permanente (poisno se esgota no momento do seu exerccio).

    6.3.2. Poder constituinte derivado

    O poder constituinte derivado (institudo, constitudo, secundrio ou desegundo grau) o poder de modificar a Constituio Federal e, tambm, deelaborar as Constituies estaduais.

    um poder criado pelo poder constituinte originrio. exercido por umrgo constitucional, conhece limitaes constitucionais expressas e implcitase, por isso, passvel de controle de constitucionalidade.

    Tem como caractersticas ser um poder jurdico (est previsto e reguladono texto da prpria Constituio), derivado ( institudo pelo poder constituinte originrio), subordinado (encontra limitaes constitucionais expressase implcitas, no podendo desrespeit-las, sob pena deinconstitucionalidade) econdicionado (sua atuao deve observarfielmente as regras predeterminadaspelo texto constitucional).

    Cap. 1 DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIO 29

    O poder constituinte derivado subdivide-se em poder constituinte reformador e poder constituinte decorrente.

    O poder constituinte derivado reformador o poder de modificar aConstituio Federal de 1988, desde que respeitadas as regras e limitaesimpostas pelo poder constituinte originrio.

    O poder constituinte derivado decorrente o poder que a ConstituioFederal de 1988 atribu aos estados-membros para se auto-organizarem, pormeio daelaborao de suas prprias Constituies. ,portanto, a competnciaatribuda pelo poder constituinte originrio aos estados-membros para criaremsuas prprias Constituies, desde que observadas as regras e limitaesimpostas pela Constituio Federal.

    ;;;-Pader;:;;^-Constituintes

    ] Originrio

    l Derivado

    PolticoInicialincondicionadoPermanenteIlimitado ouAutnomo

    Jurdico

    Derivado

    Limitado ouSubordinado

    Condicionado

    Divide-se emReformador

    Decorrente

  • w.

    princpios, direitose garantias fundamentais

    1. PRINCPIOS FUNDAMENTAIS

    O Ttulo I da Constituio brasileira de 1988, composto por quatroartigos, dedicado aos denominados "princpios fundamentais" do Estadobrasileiro.

    O art. 1. da Constituio, em seu caput, resume a um s tempo, em umanica sentena, as caractersticas mais essenciais do Estado brasileiro: trata-sede uma federao (forma de Estado), de uma repblica (forma de governo),que adota o regime poltico democrtico (traz nsita a idia de soberania assentada no povo); constitui, ademais, um Estado de Direito (implica a noo delimitao do poder e de garantia de direitos fundamentais aos particulares).

    Todas essas noes nucleares acerca da estrutura do Estado e do funcionamento do poder poltico encontram-se assim sintetizadas (grifou-se):

    Art. l. A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unioindissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal,constitui-se em Estado Democrtico de Direito...

    Pargrafo nico. Todo o poder emana do povo, que o exer