Direito Constitucional em Exercicios - Aula 02

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Aula 2 Poder Constituinte: Conceito, Finalidade, Titularidade e Espcies; Reforma da Constituio; Clusulas Ptreas Ol! uma grande satisfao saber que estamos podendo contribuir com seu estudo, auxiliando-o a alcanar seu objetivo. Essas semanas entre o edital e a prova no so nada fceis. Sabemos bem disso. Ainda mais quando aparecem vrias novidades no edital. Nesse momento comum ocorrer uma baixa auto-estima nos candidatos, mas fique tranquilo, esse sentimento completamente natural. Tente elevar sua motivao, pois o que manter seu bom aproveitamento nos estudos. Na aula de hoje, trataremos do assunto Poder constituinte e reforma da Constituio. Vejam como, em direito constitucional, os assuntos esto interligados! Na primeira aula, vimos que nossa Constituio rgida, mas no imutvel, certo? Naquela ocasio, talvez no seja o seu caso, mas um aluno iniciante pode ter pensado: ok... sei que, por ser rgida, a CF/88 alterada por um procedimento mais custoso que o exigido para as demais leis, mas como esse procedimento? Quem est habilitado a propor essa alterao? Quais os assuntos no podem ser suprimidos, mesmo por emenda constitucional? Pode o poder judicirio fiscalizar a regularidade desse procedimento de alterao da Constituio? Eclareceremos todos esses aspectos na aula de hoje, estabelecendo uma relao tambm com o controle de constitucionalidade (assunto da Aula 4). 1) (ESAF/ANALISTA CONTBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) O titular do poder constituinte aquele que, em nome do povo, promove a instituio de um novo regime constitucional ou promove a sua alterao. Item errado. Questo interessante para fazermos uma breve reviso do assunto. A teoria do poder constituinte, como hoje estudada, resultou do pensamento do abade francs Emmanuel Sieys, no perodo da Revoluo Francesa, em sua obra Quest-ce que le Tiers tat? (Que o Terceiro Estado?). No perodo anterior revoluo francesa, o exerccio do poder pelas monarquias europias era justificado pelo Direito divino e pela hereditariedade. Pelo Direito divino, afirmava-se que Deus era o titular do poder e o exercia por meio de seu representante na terra (rei ou

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS monarca). Pela hereditariedade, justificava-se a transmisso do exerccio do poder aos sucessores de sangue do rei ou monarca. Com a decadncia das monarquias e a ascenso da burguesia, a idia do Direito divino e da hereditariedade superada, surgindo, ento, a necessidade de se desenvolver novos fundamentos para o exerccio do poder burgus. Foi nesse momento, ento, que assumiu relevncia o pensamento de Sieys, com a teoria do poder constituinte. Pela teoria de Sieys, o titular do poder deixa de ser Deus (representado pelo monarca) e passa a ser a nao, e o fundamento para o exerccio desse poder deixa de ser a vontade divina, passando a ser a razo humana. Inicialmente, portanto, pelo pensamento de Sieys, o titular do poder era a nao, que o exerceria por meio de representantes eleitos, encarregados de elaborar a Constituio. Enfim, a titularidade do poder pertencia nao, mas esta no exerceria esse poder diretamente, e sim por meio de representantes eleitos (sistema representativo). Feito esse breve relato histrico, veremos a seguir como, hoje, estudada a teoria do poder constituinte. I) O poder constituinte o poder de elaborar normas constitucionais. II) A titularidade do poder constituinte pertence ao povo. A idia inicial de Sieys, de que a titularidade do poder constituinte pertenceria nao, foi superada. III) O poder constituinte tradicionalmente classificado em: originrio e derivado. Como se v, a questo est errada, j que o titular do Poder Constituinte o povo, e no seus representantes. 2) (ESAF/AFRF/2005) Como a titularidade da soberania se confunde com a titularidade do poder constituinte, no caso brasileiro, a titularidade do poder constituinte originrio do Estado, uma vez que a soberania um dos fundamentos da Repblica Federativa do Brasil. Item errado. Mais uma questo sobre a titularidade do Poder Constituinte. No faa confuso: a titularidade do poder constituinte pertence ao povo, e no ao Estado. 3) (ESAF/Analista de Controle Externo/TCU/2006) Para o positivismo jurdico, o poder constituinte originrio tem natureza jurdica, sendo um poder de direito, uma vez que traz em si o grmen da ordem jurdica.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Item errado. Vejamos os aspectos relacionados ao poder constituinte originrio (genuno, primrio, principal, inaugural, inicial, ou de primeiro grau), que consiste no poder de elaborar a Constituio. um poder poltico, extrajurdico (e no jurdico). A est o erro da questo: no um poder jurdico porque ele o critrio jurdico inicial do Estado, isto , com base nele que sero elaboradas as demais normas jurdicas, j que ele antecede o Direito. Vejamos mais detalhes sobre o assunto. O poder constituinte originrio manifesta-se em dois momentos distintos: na formao de um novo Estado (quando elaborada a primeira Constituio), ou, em um Estado j existente, quando ocorre uma ruptura da ordem jurdica, sendo uma Constituio substituda por outra nova. Nessa manifestao, a doutrina identifica dois momentos: o poder constituinte material e poder constituinte formal. O poder constituinte material a deciso poltica pela mudana, pela constituio de um novo Estado. O poder constituinte formal a formalizao dessa deciso poltica no texto escrito da Constituio. Vale dizer, a elaborao da Constituio em si. O poder constituinte ora se manifesta de forma democrtica, ora se manifesta de forma antidemocrtica. Na primeira hiptese, temos o chamado poder constituinte legtimo, enquanto na segunda temos o poder constituinte usurpado. Em face dessa realidade, temos: a) poder constituinte usurpado, quando o poder do povo usurpado por algum agente revolucionrio, que elabora unilateralmente uma Constituio e a impe ao povo (Constituio outorgada); b) poder constituinte legtimo, quando a Constituio elaborada com a participao popular, mediante democracia direta (o povo, diretamente, aprova a Constituio, por plebiscito ou referendo), democracia representativa (o povo elege seus representantes, que elaboram a Constituio) ou democracia mista (quando os representantes do povo elaboram a Constituio e o texto final submetido aprovao do povo, mediante referendo). O poder constituinte originrio tem por caractersticas ser um poder poltico, inicial, autnomo, incondicionado e permanente. Guarde a distino entre esses conceitos.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS um poder poltico (e no jurdico), porque antecede o Direito. um poder inicial porque a sua obra, que a Constituio, a base da ordem jurdica. um poder autnomo ou ilimitado porque no est limitado pelo direito anterior, isto , no tem que respeitar os limites estabelecidos pelo direito positivo antecessor, podendo, at mesmo, desrespeitar direito adquirido e clusulas ptreas existentes no regime anterior. incondicionado porque no est sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar sua vontade. Enfim, o poder constituinte originrio no tem que obedecer a qualquer forma ou procedimento pr-determinado para realizar a sua obra de elaborao de uma nova Constituio. permanente porque no desaparece, no se esgota com a realizao de sua obra, isto , com a elaborao da nova Constituio. Elaborada a nova Constituio, o poder constituinte permanece latente, podendo manifestarse posteriormente, mediante uma nova Assemblia Constituinte ou um novo ato revolucionrio. Cuidado! importante voc memorizar bem esses conceitos, pois as bancas examinadoras, especialmente a Esaf, tm confundido muito os candidatos em suas provas. Enfim, a Esaf tem misturado esses conceitos em prova, afirmando, por exemplo, que o poder constituinte originrio autnomo, porque no est sujeito a qualquer forma prefixada para sua manifestao (esta afirmao est errada, pois, como vimos acima, esse conceito se refere ao fato de ser o poder constituinte incondicionado!). 4) (ESAF/ANALISTA CONTBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) O poder constituinte derivado decorrente aquele atribudo aos parlamentares no processo legiferante, em que so discutidas e aprovadas leis, observadas as limitaes formais e materiais impostas pela Constituio. Item errado. Comentemos agora os principais aspectos relacionados ao poder Constituinte derivado. O poder constituinte derivado (secundrio, institudo, constitudo, ou de segundo grau) est previsto no texto da prpria Constituio, resultando da vontade do poder constituinte originrio. Vale dizer, ele derivado do poder constituinte originrio, pois foi criado por este poder. O poder constituinte derivado tem por caractersticas ser um poder jurdico, derivado, subordinado e condicionado. um poder jurdico (ao contrrio do originrio, que poltico), pois integra o direito positivo, isto , est presente no texto da prpria Constituio.WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS derivado porque retira sua fora do poder constituinte originrio. subordinado porque se encontra limitado pelas normas expressas e implcitas presentes na Constituio Federal, normas essas que no poder contrariar, sob pena de inconstitucionalidade de sua conduta. A doutrina classifica as limitaes que podem ser impostas ao poder constituinte derivado, ao modificar o texto da Constituio, em quatro grupos, a saber: a) temporais - quando a Constituio estabelece um perodo durante o qual o seu texto no pode ser modificado (no tivemos limitaes desta natureza na Constituio Federal de 1988; a nica Constituio brasileira que apresentou limitaes temporais foi a Imperial, de 1824); b) circunstanciais - quando a Constituio veda a sua modificao durante certas circunstncias excepcionais, de conturbao da vida do Estado (a Constituio Federal de 1988 prev limitaes circunstanciais, ao proibir a aprovao de emendas durante a vigncia de estado de defesa, estado de stio e interveno federal art. 60, 1); c) processuais ou formais - quando a Constituio estabelece certas exigncias no processo legislativo de aprovao de sua modificao, tornando este mais difcil do que aquele estabelecido para a elaborao das demais leis do ordenamento (na Constituio Federal de 1988, esto presentes no art. 60, incisos I, II e III e 2, 3 e 5); d) materiais - quando a Constituio enumera certas matrias que no podero ser abolidas do seu texto pelo reformador. Na Constituio Federal de 1988, temos limitaes materiais expressas ou explcitas e limitaes materiais implcitas ou tcitas. As limitaes materiais expressas ou explcitas esto previstas no 4 do art. 60 da Constituio, e so as chamadas clusulas ptreas expressas. As limitaes materiais implcitas ou tcitas so aquelas que impedem a alterao da titularidade do poder constituinte originrio, a alterao da titularidade do poder constituinte derivado e alteraes ao procedimento estabelecido na Constituio para a modificao do seu texto. condicionado porque seu exerccio deve obedecer fielmente s regras previamente estabelecidas no texto da Constituio Federal. Novamente, reafirmamos aquele conselho: memorize bem todas essas caractersticas, pois elas podero estar presentes na sua prova, com esses conceitos sendo trocados pela banca examinadora!

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS A questo trata das espcies do poder constituinte derivado. Ele subdividese em: poder constituinte reformador e poder constituinte decorrente. O poder constituinte derivado reformador o competente para modificar o texto da Constituio Federal, respeitando-se o regramento estabelecido pela prpria Constituio. Na Constituio Federal de 1988, exercido pelo Congresso Nacional, na forma do artigo 60 da Constituio (processo de emenda) e do art. 3 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias ADCT (processo de reviso constitucional). O poder constituinte derivado decorrente a competncia que tm os estados-membros, em virtude de sua autonomia poltico-administrativa, de elaborar suas prprias Constituies. Ou seja, a assertiva est errada por trocar as definies. O conceito apresentado refere-se ao poder constituinte derivado reformador. 5) (ESAF/AFC/CGU/2003) A distino doutrinria, entre reviso e reforma constitucional, materializou-se na CF/88, uma vez que o atual texto constitucional brasileiro diferencia tais processos, ao estabelecer entre eles distines quanto forma de reunio do Congresso Nacional e quanto ao quorum de deliberao. Item certo. Em 1988, o poder constituinte originrio criou dois procedimentos distintos para que o poder constituinte derivado pudesse modificar o texto da Constituio Federal: o procedimento simplificado de reviso constitucional, previsto no art. 3 do ADCT; e o procedimento rgido de emenda, estabelecido no art. 60 da CF/88. H algumas semelhanas entre os dois procedimentos. Com efeito, os dois procedimentos reviso e emenda - so manifestaes do poder constituinte derivado reformador. Ora, se esses dois procedimentos so obra do poder constituinte derivado, significa dizer que ambos sujeitam-se s limitaes impostas pelo poder constituinte originrio, especialmente no tocante no-abolio das clusulas ptreas. Importante este aspecto: as limitaes ao poder constituinte derivado, embora previstas no art. 60 da CF/88, aplicam-se tambm, no que couber, ao procedimento de reviso constitucional, estabelecido no art. 3 do ADCT. H quem defenda que essas limitaes, por estarem no art. 60 da Constituio, s se aplicam ao procedimento de emenda, previsto no prprio art. 60. Entretanto, esse entendimento minoritrio. Portanto, no

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS podemos afirmar que no procedimento simplificado de reviso, realizado cinco anos aps a promulgao da Constituio, era possvel tudo, que as clusulas ptreas poderiam ter sido violadas etc. As diferenas entre o procedimento simplificado de reviso constitucional (ADCT, art. 3) e o procedimento rgido de emenda constitucional (CF, art. 60) so apresentadas no quadro a seguir:

Reviso Constitucional (ADCT, art. 3) Reunio unicameral do Nacional

Emenda Constitucional (CF, art. 60)

Congresso Reunio bicameral do Nacional

Congresso

Procedimento simplificado: exigia Procedimento rgido: exige votao apenas maioria absoluta, em sesso em dois turnos, com aprovao de unicameral do Congresso trs quintos dos membros das Casas Procedimento nico: s foi prevista Procedimento permanente: uma reviso constitucional, cinco enquanto a CF/88 existir, poder ser anos aps a promulgao da CF/88 modificada por meio de emenda No pode ser adotado estados-membros pelos de observncia obrigatria pelos estados-membros

No pode ser criado outro por meio No pode ser modificado por meio de emenda (limitao material de emenda (limitao material implcita) implcita) As emendas aprovadas so As emendas aprovadas so chamadas de Emendas chamadas de Emendas Constitucionais de Reviso ECR Constitucionais - EC As ECR foram promulgadas pela As EC so promulgadas pelas Mesas Mesa do Congresso Nacional da Cmara dos Deputados e do Senado Federal 6 ECR (nmero fixo, pois a reviso foi 58 EC at out/2009, mas podem ser procedimento nico) aprovadas outras O item est certo, pois afirma que entre os procedimentos h distines quanto forma de reunio do Congresso Nacional (na reviso, unicameral; na emenda, bicameral) e quanto ao quorum de deliberao (na reviso, maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional; na reforma, trs quintos dos membros das Casas do Congresso Nacional). 6) (ESAF/ANALISTA CONTBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) A reviso constitucional prevista por uma Assemblia Nacional Constituinte,

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS possibilita ao poder constituinte derivado a alterao do texto constitucional, com menor rigor formal e sem as limitaes expressas e implcitas originalmente definidas no texto constitucional. Item errado. Na questo anterior foram explicitadas as diferenas entre os procedimento de emenda e reviso constitucional. Como comentado, entre os procedimentos h distines quanto forma de reunio do Congresso Nacional (na reviso, unicameral; na emenda, bicameral) e quanto ao quorum de deliberao (na reviso, maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional; na emenda, trs quintos dos membros das Casas do Congresso Nacional). Todavia, voc no pode esquecer que os dois procedimentos esto sujeito s limitaes materiais expressas e implcitas impostas pelo ordenamento constitucional ao poder constituinte derivado. 7) (ESAF/ANALISTA DE FINANAS E CONTROLE/STN/2008) No existe tratamento jurdico diferenciado entre emenda, reforma e reviso constitucional. Item errado. Em termos precisos, a reforma gnero (poder constituinte reformador), que se subdivide em duas espcies de procedimentos: reviso constitucional (ADCT, art. 3) e emenda constitucional (art. 60). Ou, em outras palavras: na Constituio Federal de 1988, o poder constituinte reformador (reforma constitucional) ora se materializa pelo procedimento de reviso (ADCT, art. 3), ora pelo procedimento de emenda (art. 60). Salientamos, porm, que nem sempre as bancas examinadoras principalmente a Esaf - utilizam corretamente essas terminologias, usando nas provas as expresses reforma e emenda como sinnimas, para designar o procedimento rgido do art. 60 da Constituio Federal. 8) (ESAF/ANALISTA CONTBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) Entre as caractersticas do poder constituinte originrio destaca-se a possibilidade incondicional de atuao, ou seja, a Assemblia Nacional Constituinte no est sujeita a forma ou procedimento prdeterminado. Item certo. Isso mesmo! No se estabelecem condies para a atuao do poder constituinte originrio. dizer: ele no se sujeita a forma nem procedimento pr-fixado.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Como implicao, temos que no h controle de constitucionalidade quanto s normas originrias da CF/88. Alguns doutrinadores defendem que haveria limitaes de ordem supranacional atuao do poder constituinte originrio. Ou seja, no mbito do direito internacional no seria admissvel uma nova Constituio que desrespeitasse normas bsicas de direitos humanos, por exemplo. H quem sustente ainda a existncia de outros limites, de ordem natural (valores ticos superiores) ou de ordem lgica (no seria admitida a extino do Estado, por exemplo). Todavia, o que predomina, no Brasil, o entendimento de que inexistem limitaes ao poder constituinte originrio. Nem mesmo o ato jurdico perfeito ou os direitos adquiridos esto protegidos frente a uma nova constituio. Guarde esses detalhes para uma eventual questo discursiva! Pois, na prova objetiva, marque como correta a assertiva que estabelece no haver limitaes ao poder constituinte originrio. Sintetizando:

9) (ESAF/ANALISTA CONTBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) O poder emanado do constituinte derivado reformador, que fundado na

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS possibilidade de alterao do texto constitucional, no passvel de controle de constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal. Item errado. As normas constitucionais inseridas por emenda (atuao do poder constituinte derivado reformador) esto sim sujeitas a controle de constitucionalidade. Por outro lado, no esto sujeitas aquelas normas originrias da CF/88. 10)(ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2006) Consolidou-se o entendimento de que possvel invocar direito adquirido em face de deciso do poder constituinte originrio. Item errado. No h direito adquirido frente ao poder constituinte originrio, isto , no h direito adquirido frente a uma nova Constituio. Como vimos, o poder constituinte originrio ilimitado ou autnomo, no se sujeitando a nenhum limite estabelecido pelo direito anterior. Logo, no impede que ele afaste direito adquirido na vigncia de Constituio pretrita. 11)(ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2006) Do poder constituinte dos Estados-membros possvel dizer que inicial, limitado e condicionado. Item errado. O poder constituinte derivado decorrente, conferido aos estados-membros para a elaborao de suas Constituies, um poder derivado, limitado, condicionado e subordinado. 12)(ESAF/AFRF/2005) A existncia de clusulas ptreas, na Constituio brasileira de 1988, est relacionada com a caracterstica de condicionado do poder constituinte derivado. Item errado. A assertiva est errada porque a caracterstica de condicionado do poder constituinte derivado no est relacionada com a existncia de clusulas ptreas, mas sim com o fato de que o seu exerccio deve obedecer fielmente s regras previamente estabelecidas no texto da Constituio Federal (aprovao da emenda em dois turnos de votao nas Casas do Congresso Nacional, por maioria qualificada de trs quintos dos seus membros etc.). 13)(ESAF/AFRF/2005) O poder constituinte originrio inicial porque no sofre restrio de nenhuma limitao imposta por norma de direito positivo anterior. Item errado.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS A assertiva est errada porque o poder constituinte inicial porque a sua obra (a Constituio) representa a base da ordem jurdica, isto , o incio de uma nova ordem jurdica. O fato de o poder constituinte originrio no sofrer restrio de nenhuma limitao imposta por norma de direito positivo anterior est relacionado com a sua caracterstica de ilimitado ou autnomo (e no com o fato de ser ele inicial). 14)(ESAF/AFRF/2005) A impossibilidade de a Constituio Federal ser emendada na vigncia de estado de defesa se constitui em uma limitao material explcita ao poder constituinte derivado. Item errado. A assertiva est errada porque a impossibilidade de a Constituio Federal ser emendada na vigncia de estado de defesa se constitui em uma limitao circunstancial ao poder constituinte derivado, prevista no art. 60, 1, da Constituio. No faa confuso! Um esquema como esse abaixo, que segmenta as limitaes ao poder de reforma, pode auxili-lo na memorizao do assunto. Sintetizando:

15)(ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) O poder constituinte derivado, no caso brasileiro, possui como uma das suas limitaes a impossibilidade de promoo de alterao da titularidade do poder constituinte originrio. Item certo.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Como vimos, uma das limitaes materiais implcitas ao poder constituinte derivado impossibilidade de alterao da sua prpria titularidade e, tambm, da titularidade do poder constituinte originrio (que do povo). Na prtica, significa que o Congresso Nacional no pode aprovar uma emenda constitucional outorgando a outro rgo de Estado a competncia para a elaborao de uma nova Constituio (pois isso implicaria alterao da titularidade do poder constituinte originrio), nem para a elaborao de emendas Constituio Federal de 1988 (pois isso implicaria alterao da titularidade do poder constituinte derivado). 16)(ESAF/AFRF/2005) A impossibilidade de alterao da sua prpria titularidade uma limitao material implcita do poder constituinte derivado. Item certo. De fato, a titularidade do poder constituinte derivado no pode ser por ele alterada. A aprovao de emenda com esse intuito por exemplo, outorgar a outro rgo a competncia para aprovar futuras emendas Constituio ser flagrantemente inconstitucional, por violar essa limitao material implcita ao poder constituinte derivado. Veja que essa limitao material denominada implcita porque ela no consta, expressamente, do texto da Constituio. 17)(ESAF/PFN/2006) Embora nem todos os direitos enumerados no ttulo dos Direitos Fundamentais sejam considerados clusulas ptreas, nenhum outro, fora desse mesmo ttulo, constitui limitao material ao poder constituinte de reforma. Item errado. A Constituio Federal somente gravou expressamente como clusula ptrea os direitos e garantias individuais (art. 60, 4, IV). Portanto, nem todos os direitos fundamentais enumerados no Ttulo II Dos Direitos e Garantias Fundamentais so clusulas ptreas, pois so enumerados nesse Ttulo, alm dos direitos e garantias individuais, os deveres e direitos coletivos (art. 5), os direitos sociais (art. 6 a 11), os direitos de nacionalidade (arts. 12 e 13), os direitos polticos (arts. 15 e 16) e os direitos dos partidos polticos (art. 17). Assim, a primeira parte do enunciado da Esaf (embora nem todos os direitos enumerados no Ttulo dos Direitos Fundamentais sejam considerados clusulas ptreas) est correta, pois, de fato, os deveres e direitos coletivos (art. 5), os direitos sociais (art. 6 a 11), os direitos de nacionalidade (arts. 12 e 13), os direitos polticos (arts. 14 e 16) e os direitosWWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS dos partidos polticos (art. 17) no foram expressamente gravados clusulas ptreas. Entretanto, a segunda parte do enunciado est errada, pois o Supremo Tribunal Federal j firmou entendimento de que a clusula ptrea direitos e garantias individuais protege direitos fora do Ttulo dos direitos e garantias fundamentais. Em consonncia com esse entendimento, o Tribunal j reconheceu como clusula ptrea o princpio da anterioridade tributria (art. 150, III, b), por representar uma garantia individual do contribuinte. 18)(ESAF/ANALISTA DE FINANAS E CONTROLE/STN/2008) No ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a ampliar a aplicao das normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais. Item errado. Observe o teor do art. 60, 4, IV, que apresenta as limitaes materiais expressas ao poder de reforma: No ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a abolir: (...) IV - os direitos e garantias individuais. Ou seja, no h bice a uma proposta de emenda que amplie o rol de direitos individuais. Observe, ainda, que so clusulas ptreas os direitos e garantias individuais, e no os direitos e garantias fundamentais, de forma genrica. impressionante como a Esaf adora cobrar esses aspectos! Voc perceber isso durante esta aula... 19)(ESAF/PFN/2006) Consolidou-se o entendimento de que, mediante o mecanismo da dupla reviso, vivel a superao das clusulas ptreas entre ns. Item errado. H alguns constitucionalistas que defendem a tese de que possvel a superao de uma clusula ptrea mediante o processo conhecido por dupla reviso, isto , mediante a aprovao de duas emendas Constituio. Vejamos um exemplo, a fim de facilitar o entendimento dessa tese jurdica. Imagine que o Congresso Nacional quisesse, hoje, abolir o direito de voto do analfabeto. Sabemos que isso hoje no seria possvel, pois existe uma

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS proibio expressa neste sentido na Constituio, que gravou o voto direto, secreto, peridico e universal como clusula ptrea (art. 60, 4, II). Diante dessa situao, os idelogos da tese da dupla reviso defendem que o direito de voto do analfabeto poderia sim ser abolido, desde que mediante a aprovao de duas emendas seqenciais Constituio Federal, da seguinte forma: a primeira emenda suprimiria da Constituio a proibio que hoje existe (isto , revogaria o inciso II do 4 do art. 60 da Constituio Federal); num segundo momento, no existindo mais essa proibio, seria aprovada a segunda emenda, abolindo o direito de voto do analfabeto (isto , revogaria a alnea a do inciso II do 1 do art. 14 da Constituio Federal). Entretanto, a tese da dupla reviso como meio de superar uma clusula ptrea no admitida no Brasil, pois essa primeira emenda constitucional, que revogaria o inciso II do 4 do art. 60 da Constituio Federal, flagrantemente inconstitucional, por ofensa a uma limitao material implcita, que probe modificaes prejudiciais ao processo de modificao da Constituio Federal. Em outras palavras, podemos dizer: a existncia das limitaes materiais implcitas constitui bice admisso, entre ns, do mecanismo da dupla reviso. 20)(ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Firmou-se no Brasil o entendimento de que o poder constituinte de reforma pode suprimir um direito protegido como clusula ptrea, desde que, num primeiro momento, esse direito seja subtrado da lista expressa das limitaes materiais ao poder de emenda Constituio. Item errado. A questo refere-se ao mecanismo da dupla reviso, abordado na questo anterior. Como afirmado, essa teoria no aceita no Brasil devido existncia de limitao material implcita, que probe ao poder constituinte derivado introduzir modificaes no processo de modificao da Constituio Federal. 21)(ESAF/PFN/2006) As normas constantes do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias so insuscetveis de revogao. Item errado. As normas integrantes do ADCT podem ser revogadas assim como a parte permanente da Constituio, mediante a aprovao de emenda Constituio Federal, observado o procedimento e os limites impostos pelo art. 60 da Constituio.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS 22)(ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) A aprovao de Emenda Constitucional durante o estado de stio s possvel se os membros do Congresso Nacional rejeitarem, por quorum qualificado, a suspenso das imunidades dos Parlamentares durante a execuo da medida. Item errado. No possvel, em hiptese alguma, a aprovao de emenda Constituio Federal durante a vigncia de estado de stio (art. 60, 1). Trata-se de uma limitao circunstancial ao poder de emenda. 23)(ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) vivel reforma constitucional que aperfeioe o processo legislativo de emenda constitucional, tornando-o formalmente mais rigoroso. Item errado. Por contrariar limitao material implcita, no vivel reforma constitucional que altere o processo legislativo de emenda constitucional, seja para torn-lo mais flexvel, seja para torn-lo mais rigoroso. 24) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O Supremo Tribunal Federal no tem competncia para afirmar a inconstitucionalidade de emenda Constituio votada segundo o procedimento estabelecido pelo poder constituinte originrio. Item errado. As emendas constitucionais aprovadas esto sujeitas a controle de constitucionalidade (incidental ou em abstrato) pelo STF, tanto no que se refere a aspectos formais quanto no que concerne aos aspectos materiais. 25)(ESAF/AFRF/2005) A forma republicana de governo, como princpio fundamental do Estado brasileiro, tem expressa proteo no texto constitucional contra alteraes por parte do poder constituinte derivado. Item errado. Fique atento. Ao contrrio da forma federativa de Estado, expressamente gravada como clusula ptrea na CF/88 (art. 60, 4, I), a forma republicana de governo e o sistema presidencialista no receberam a mesma proteo expressa no texto constitucional. 26) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A emenda Constituio, aps aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da Repblica, ser promulgada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Item errado. As emendas Constituio no se sujeitam a sano do Presidente da Repblica. Mas correto afirmar que elas sero promulgadas pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem. 27)(ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A Constituio no poder ser emendada na vigncia de interveno federal, de estado de defesa ou de estado de stio, salvo se a emenda for aprovada pela maioria absoluta de seus membros. Item errado. Em hiptese nenhuma poder a Constituio ser emendada na vigncia de interveno federal, de estado de defesa ou de estado de stio (art. 60, 1). 28)(ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A proposta de emenda Constituio ser discutida e votada em sesso unicameral do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros. Item errado. De acordo com o art. 60, 2, a proposta de emenda ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros. Ou seja, no se trata de sesso unicameral, da o erro da questo. Alis, a sesso unicameral do Congresso Nacional ocorreu apenas na reviso constitucional prevista no art. 3 do ADCT. 29) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A proposta de emenda Constituio pode ser apresentada por mais da metade das Assemblias Legislativas das unidades da Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Item certo. O art. 60 apresenta os legitimados a propor emenda Constituio Federal: Art. 60. A Constituio poder ser emendada mediante proposta: I - de um tero, no mnimo, dos membros da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da Repblica;

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS III - de mais da metade das Assemblias Legislativas das unidades da Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Observe que a assertiva est de acordo com o art. 60, III. 30)(ESAF/AFRF/2000) Assinale a opo correta. a) As normas da Constituio de 1988 dispostas no Ato das Disposies Constitucionais Transitrias so insuscetveis de ser revogadas ou emendadas. b) As normas do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias da Constituio de 1988 no se definem como normas formalmente constitucionais. c) Uma norma constitucional, fruto do poder constituinte originrio, no pode ser declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, mesmo que no esteja de acordo com algum princpio fundamental, inspirador da Constituio, como o da isonomia e o da democracia. d) inconstitucional toda reapresentao de proposta de emenda Constituio rejeitada pelo Congresso Nacional. e) A lei ordinria anterior nova Constituio, que com esta materialmente incompatvel, continua em vigor at que seja revogada por outra lei do mesmo status hierrquico. Gabarito: c As normas que integram o Ato das Disposies Constitucionais Transitrias ADCT so normas constitucionais como todas as demais normas constitucionais. A nica distino que as normas do ADCT so de cunho transitrio e, portanto, tm a sua eficcia esgotada to-logo ocorra a situao transitria nelas prevista. As normas do ADCT podem ser (e tm sido) modificadas ou revogadas por meio de emenda constitucional, desde que observadas as regras estabelecidas pelo art. 60 da Constituio Federal. A assertiva a est, portanto, errada. As normas do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias da Constituio de 1988 so normas formalmente constitucionais, que se situam no mesmo patamar hierrquico das demais normas constitucionais. Estudamos na aula passada que uma norma formalmente constitucional pelo simples fato de integrar o texto de uma Constituio escrita, solenemente elaborada (rgida). o caso das normas integrantes do ADCT, que integram o texto da Constituio Federal de 1988, que do tipo escrita e rgida. Est errada, portanto, a assertiva b.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS A assertiva c est certa, pois as normas constitucionais originrias no se sujeitam a controle de constitucionalidade, vale dizer, no possvel juridicamente a declarao da inconstitucionalidade de uma norma constitucional originria, elaborada pelo poder constituinte originrio. possvel, entretanto, a declarao da inconstitucionalidade de uma norma constitucional derivada, resultante de emenda, caso haja desrespeito aos limites e procedimentos impostos pelo art. 60 da Constituio Federal. A assertiva d est errada porque afirma que inconstitucional toda reapresentao de proposta de emenda Constituio rejeitada pelo Congresso Nacional. A Constituio Federal s probe a reapresentao de matria objeto de PEC rejeitada ou havida por prejudicada na mesma sesso legislativa (CF, art. 60, 5). Logo, possvel a reapresentao, desde que em sesso legislativa distinta daquela em que se deu a rejeio ou a prejudicialidade da proposta anterior. A letra e est errada porque uma lei ordinria anterior nova Constituio, que com esta materialmente incompatvel, revogada na data da entrada em vigor do novo texto constitucional. A revogao do direito prconstitucional materialmente incompatvel com a nova Constituio ocorre sempre numa mesma data: na data da entrada em vigor do novo texto constitucional. 31)(ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo precedente do STF, no caso brasileiro, no admitida a posio doutrinria que sustenta ser o poder constituinte originrio limitado por princpios de direito suprapositivo. Item certo. J foi comentado que, embora alguns doutrinadores defendam a idia de que o poder constituinte originrio, ao elaborar uma nova Constituio, est sujeito a limites impostos pelo direito suprapositivo, esse no o entendimento predominante no Brasil. O Brasil adota a linha positivista, que no reconhece a existncia de limites ao poder constituinte originrio em princpios jurdicos no-positivados. Com isso, para o fim de concurso pblico, temos que considerar que o poder constituinte originrio absolutamente ilimitado no seu papel de criao de uma nova Constituio. 32)(ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a melhor doutrina, a aprovao de emenda constitucional, alterando o processo legislativo da prpria reforma, ou reviso constitucional, tornando-o menos difcil, no seria

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS possvel, porque haveria um limite material implcito ao poder constituinte derivado em relao a essa matria. Item certo. A doutrina dominante entende que uma emenda constitucional no pode modificar o procedimento de modificao da Constituio Federal de 1988, estabelecido no art. 60 (processo de emenda) e no art. 3 do ADCT (processo de reviso). O procedimento de modificao da Constituio Federal de 1988 no pode ser alterado por meio de emenda porque existe uma limitao material implcita atuao do poder constituinte derivado que probe essa alterao. Essa limitao material implcita deve ser assim entendida. Ao elaborar a Constituio Federal, o poder constituinte originrio (Assemblia Nacional Constituinte, em 1988) criou o poder constituinte derivado, para modificar futuramente o texto constitucional. Nessa criao, o poder constituinte originrio fixou o procedimento e os limites que devero ser futuramente obedecidos pelo poder constituinte derivado. Ora, se o poder constituinte derivado pudesse aprovar emenda afastando esse procedimento e esses limites que lhe foram impostos pelo poder constituinte originrio, estaria havendo uma fraude vontade do poder constituinte originrio. Um exemplo nos auxiliar na compreenso do sentido dessa limitao material implcita ao poder constituinte derivado. Vejamos. Determina a Constituio que o seu texto somente poder ser alterado mediante emenda discutida e votada em dois turnos nas Casas do Congresso Nacional, com aprovao de pelo menos trs quintos dos respectivos membros (CF, art. 60, 2). Imagine se o Congresso Nacional aprovasse uma emenda constitucional alterando a redao desse dispositivo, passando a exigir, da por diante, votao em um s turno e aprovao de apenas maioria simples dos membros das Casas Legislativas para aprovao de uma emenda constitucional. Ora, no preciso pensar muito para perceber que o poder constituinte derivado estaria fraudando completamente a vontade do poder constituinte originrio, retirando a rigidez da nossa Constituio, transformando-a numa Constituio flexvel. Essa emenda seria, ento, flagrantemente inconstitucional, por tornar mais fcil o procedimento de modificao da Constituio. Ou, em outras palavras: essa emenda seria flagrantemente inconstitucional por desrespeitar uma limitao material implcita ao poder constituinte

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS derivado, que probe modificaes prejudiciais ao processo de modificao da Constituio. Por fim, lembre-se que o procedimento de alterao da Constituio no poderia ser modificado nem mesmo para torn-lo mais rgido. Podemos resumir essa idia da seguinte maneira: o texto da Constituio Federal somente pode ser modificado pelos procedimentos nela estabelecidos (emenda constitucional, nos termos do art. 60; e reviso constitucional, nos termos do art. 3 do ADCT); qualquer tentativa de criar outro procedimento ou de simplificar esses j existentes ser flagrantemente inconstitucional, por desrespeitar uma limitao material implcita ao poder constituinte derivado. Em verdade, como o procedimento de reviso constitucional (ADCT, art. 3) j se esgotou, enquanto a Constituio Federal de 1988 existir ela s poder ser modificada pelo procedimento de emenda, estabelecido no seu art. 60. Qualquer tentativa de burlar, de enfraquecer, de fortalecer, ou de criar outro procedimento para a modificao do seu texto ser flagrantemente inconstitucional, por desrespeitar uma limitao material implcita ao poder constituinte derivado. 33)(ESAF/ACE/TCU/2006) Segundo a doutrina majoritria, no caso brasileiro, no h vedao alterao do processo legislativo das emendas constitucionais, pelo poder constituinte derivado, uma vez que a matria no se enquadra entre as hipteses que constituem as clusulas ptreas estabelecidas pelo constituinte originrio. Item errado. Vimos que o processo legislativo de modificao da Constituio no pode sofrer modificaes substanciais mediante emenda Constituio, em razo da existncia de uma limitao material implcita (ou, como preferem alguns autores, em razo da existncia de uma clusula ptrea implcita). 34)(ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual Cear/2007) Sobre a possibilidade de emendas Constituio Federal de 1988, marque a nica opo correta. a) No poder ser objeto de deliberao a proposta de emenda Constituio, na vigncia de interveno federal, estado de defesa ou estado de stio. b) Constitui limitao material implcita ao poder constituinte derivado, a proposio de emenda constitucional que vise modificao de dispositivos referentes aos direitos sociais, considerados clusulas ptreas.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS c) A emenda Constituio Federal s ingressa no ordenamento jurdico aps a sua promulgao pelo Presidente da Repblica, e apresenta a mesma hierarquia das normas constitucionais originrias. d) O Presidente da Repblica poder ajuizar ao direta de inconstitucionalidade, perante o Supremo Tribunal Federal, a fim de que seja arquivada proposta de emenda Constituio tendente a abolir clusula ptrea. e) A promulgao de emendas Constituio Federal compete s Mesas da Cmara e do Senado, no se sujeitando sano ou veto presidencial. Gabarito: e A assertiva a est errada porque determina o texto constitucional que a Constituio no poder ser emendada na vigncia de interveno federal, de estado de defesa ou de estado de stio (art. 60, 1). Como o texto constitucional determina que a Constituio no poder ser emendada, entende a doutrina que a matria poderia tramitar e ser objeto de discusso durante essas medidas, no podendo, somente, ser aprovada e promulgada a emenda. Essa matria no encontra consenso na doutrina, mas o fato que a Esaf perfilhou o entendimento de que, durante a execuo dessas medidas de exceo, possvel a deliberao sobre a proposta de emenda nas Casas Legislativas, desde que a Constituio Federal no seja, efetivamente, emendada no respectivo perodo. A assertiva b est errada porque os direitos sociais no se encontram dentre as limitaes materiais implcitas ao poder constituinte derivado. Como vimos, as limitaes materiais implcitas impedem emendas prejudicais (a) titularidade do poder constituinte originrio, (b) titularidade do poder constituinte derivado e (c) ao procedimento de modificao da Constituio. A assertiva c est errada porque a emenda Constituio promulgada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, e no pelo Presidente da Repblica (art. 60, 3). Uma vez promulgada pelas Mesas da Cmara e do Senado, a emenda ingressa no ordenamento jurdico na mesma situao hierrquica das normas constitucionais originrias. A assertiva d est errada, por dois motivos. Primeiro, porque o Presidente da Repblica no legitimado para recorrer ao Poder Judicirio para sustar a tramitao de proposta de emenda Constituio tendente a abolir clusula ptrea, haja vista que essa legitimao exclusiva dos congressistas. Segundo, porque a ao cabvel nessa situao oWWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS mandado de segurana, e no ao direta de inconstitucionalidade, como ser visto em aula adiante. A assertiva e est certa, pois a emenda Constituio no se sujeita sano ou veto do Presidente da Repblica, sendo diretamente promulgada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal (art. 60, 3). 35) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a melhor doutrina, o art. 3 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias da Constituio Federal de 1988 (CF/88), que previa a reviso constitucional aps cinco anos, contados de sua promulgao, uma limitao temporal ao poder constituinte derivado. Item errado. Temos limitao temporal quando a Constituio estabelece um perodo durante o qual o seu texto no poder ser modificado. A limitao temporal estabelece, portanto, um perodo determinado de absoluta imutabilidade do texto da constituio. A Constituio Federal de 1988 no apresenta limitaes de ordem temporal. verdade que pelo processo simplificado de reviso o texto constitucional s pde ser modificado cinco anos aps a promulgao da Constituio Federal (ADCT, art. 3). Porm, durante esse perodo a Constituio podia ser modificada (e, de fato, foi modificada!) por meio de emendas, desde que essas fossem aprovadas de acordo com o procedimento de emenda, previsto no art. 60. Enfim, desde a data de sua promulgao, a Constituio Federal sempre pde ser modificada, se observados os limites impostos pelo seu art. 60. Pense assim: na data da promulgao da Constituio Federal (05/10/1988) um dos legitimados pelo art. 60 (Presidente da Repblica, por exemplo) j poderia ter apresentado uma proposta de emenda constitucional PEC ao Legislativo, para alterao do texto constitucional, de acordo com o rito estabelecido no art. 60. No Brasil, a nica Constituio que apresentou limitao de ordem temporal foi a Constituio Imperial de 1824, que s admitia modificaes no seu texto aps quatro anos do incio de sua vigncia. 36)(ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo o STF, possvel a declarao de inconstitucionalidade de normas constitucionais resultantes de aprovao de propostas de emenda constituio, desde que o constituinte derivado no tenha obedecido s limitaes materiais,

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS circunstanciais ou formais, estabelecidas no texto da CF/88, pelo constituinte originrio. Item certo. Sabe-se que o poder constituinte derivado se sujeita a limitaes circunstanciais (art. 60, 1), processuais ou formais (art. 60, I a III e 2, 3 e 5) e materiais (art. 60, 4). Portanto, sempre que uma emenda constitucional desrespeitar uma dessas limitaes haver uma ofensa Constituio e o Poder Judicirio poder ser provocado para declarar essa inconstitucionalidade. Uma emenda constitucional poder ser impugnada na via abstrata ou na via incidental. Na via abstrata, um dos legitimados pelo art. 103 da Constituio poder propor uma ao direta ao direta de inconstitucionalidade, ao declaratria de constitucionalidade ou argio de descumprimento de preceito fundamental - perante o STF. Nesse caso, a deciso do STF ser dotada de eficcia contra todos (erga omnes). Na via incidental, qualquer pessoa prejudicada pela emenda constitucional poder impugn-la perante o juzo competente, com o fim de afastar a sua aplicao ao caso concreto. Nessa hiptese, a eficcia da deciso do Poder Judicirio ser restrita s partes do processo (inter partes). 37)(ESAF/AFC/2000) Sobre o processo de emenda Constituio Federal, assinale a opo correta. a) Nenhuma emenda que alargue ou diminua o catlogo dos direitos e garantias individuais pode ser votada no Congresso Nacional, por serem os direitos e garantias individuais clusulas ptreas. b) Nada obsta a que a matria constante de proposta de emenda rejeitada numa sesso legislativa possa ser objeto de nova proposta na sesso legislativa seguinte. c) Incumbe ao Presidente da Repblica promulgar as emendas Constituio aprovadas pelo Congresso Nacional. d) Todo deputado ou senador pode, proposta de emenda Constituio. individualmente, apresentar

e) As emendas Constituio relacionadas a servidores pblicos so da iniciativa exclusiva do Presidente da Repblica. Gabarito: b A assertiva a est errada, porque nada impede que uma emenda constitucional alargue o catlogo dos direitos e garantias individuais.WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS A Constituio Federal determina que no ser objeto de deliberao emenda tendente a abolir os direitos e garantias individuais (CF, art. 60, 4, IV). Nada impede, portanto, que uma emenda trate de direitos e garantias individuais, desde que no haja tendncia abolio, supresso dos institutos. Criar novos direitos e garantias individuais permitido; a proibio constitucional diz respeito, to-somente, emenda tendente abolio desses institutos. Alis, um bom exemplo foi a aprovao da EC n 45/2004 (Reforma do Judicirio), que acrescentou o novo inciso LXXVIII ao art. 5 da Constituio Federal, que prev o princpio da celeridade processual, alargando o catlogo dos direitos e garantias individuais (a todos, no mbito judicial e administrativo, so assegurados a razovel durao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitao). No houve, nessa situao, nenhuma ofensa clusula ptrea, pois a EC n 45/2004 alargou o catlogo dos direitos fundamentais, sem nenhuma tendncia abolio desses institutos. A assertiva b est certa porque a matria constante de PEC rejeitada ou havida por prejudicada poder constituir nova proposta, desde que em sesso legislativa distinta (CF, art. 60, 5). A assertiva c est errada porque as emendas constitucionais so promulgadas pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal (CF, art. 60, 3), e no pelo Presidente da Repblica. Todo congressista pode, individualmente, apresentar projeto de lei (CF, art. 61). Porm, para a apresentao de uma proposta de emenda Constituio exige-se a manifestao de um tero, no mnimo, dos membros da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal (CF, art. 60, I). Est errada, portanto, a assertiva d. A assertiva e est errada porque afirma que as emendas constitucionais relacionadas a servidores pblicos so da iniciativa privativa do Presidente da Repblica, o que no verdade. Em se tratando de proposta de emenda Constituio, a Constituio Federal no estabeleceu iniciativa privativa do Presidente da Repblica. A iniciativa privativa do Presidente da Repblica, prevista no 1 do art. 61 da Constituio, diz respeito apresentao de projeto de lei, e no apresentao de proposta de emenda Constituio. Vejamos um exemplo. Estabelece o texto constitucional que so de iniciativa privativa do Presidente da Repblica as leis que disponham sobre servidores pblicos da Unio e Territrios, seu regime jurdico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria (art. 61, 1, II, c). Pois bem, aWWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS iniciativa ser privativa do Presidente da Repblica se essa matria for apresentada em projeto de lei. Se essa mesma matria for apresentada em proposta de emenda Constituio, a iniciativa no ser mais privativa do Presidente da Repblica, ou seja, qualquer um dos legitimados (art. 60, I, II e III) poder apresentar tal proposta de emenda Constituio. Por outro lado, o mesmo no se pode dizer da Constituio estadual. O campo legislativo de iniciativa privativa do Presidente da Repblica reproduzido para o Governador, no podendo o assunto ser tratado por iniciativa da Assemblia nem mesmo em Emenda Constituio Estadual. 38)(ESAF/GESTOR/MPOG/2002) A Emenda Constitucional no est sujeita a sano ou a veto do Presidente da Repblica, mas deve ser por ele promulgada. Item errado. As emendas constitucionais no se sujeitam sano ou veto do Presidente da Repblica, tampouco so por ele promulgadas. As emendas so promulgadas pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal (CF, art. 60, 3), sem nenhuma participao do Presidente da Repblica. Em verdade, a nica participao do Presidente da Repblica no processo de modificao da Constituio na iniciativa, caso a proposta de emenda seja por ele apresentada. A partir da, todo o procedimento esgota-se no mbito do Legislativo. 39)(ESAF/GESTOR/MPOG/2002) Proposta de Emenda Constitucional pode ser objeto de ao direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, se desrespeitar algum limite material ao poder de reforma da Constituio. Item errado. Proposta de emenda constitucional - PEC no pode ser objeto de ao direta de inconstitucionalidade perante o STF. O que pode ser objeto de ao direta de inconstitucionalidade perante o STF a emenda constitucional, pronta e acabada, depois de promulgada e inserida no ordenamento jurdico. Antes da promulgao, o nico controle judicial admissvel o incidente sobre o processo legislativo em si, com o fim de sustar a tramitao de proposta de emenda que desrespeita a Constituio Federal. Mas esse controle judicial no pode ser por meio de ao direta (controle abstrato), e sim por meio de mandado de segurana (controle incidental) ajuizado por um congressista perante o STF.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Lembre-se: a ao direta de inconstitucionalidade ao que visa a retirar do ordenamento normas que desrespeitam a Constituio Federal; logo, a propositura de uma ao direta pressupe a existncia de uma norma pronta e acabada, j inserida no ordenamento jurdico; em hiptese alguma ser cabvel ao direta contra projeto de lei ou proposta de emenda Constituio. 40)(ESAF/TCE/RN/2000) Assinale a opo correta. a) A matria constante de proposta de emenda Constituio, rejeitada num determinado ano, pode ser reapresentada no mesmo ano, desde que em sesso legislativa diferente. b) A Constituio Federal pode ser emendada mediante proposta de um por cento do eleitorado nacional. c) As emendas Constituio devem receber a sano do Presidente da Repblica antes de serem promulgadas. d) Sendo os direitos e garantias individuais clusulas ptreas, esto proibidas as emendas Constituio que tenham por objeto esse tema. e) A Constituio de 1988 no conhece limitaes temporais nem circunstanciais ao exerccio do poder de emenda da Carta. Gabarito: a A assertiva a est certa. Estabelece a Constituio que a matria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativa (CF, art. 60, 5). Note-se que a vedao reapresentao da matria rejeitada ou prejudicada alcana a mesma sesso legislativa, e no o mesmo ano. Acontece que, em tese, possvel a existncia de mais de uma sesso legislativa no mesmo ano. Com efeito, em todo ano temos a sesso legislativa ordinria SLO, que composta de dois perodos legislativos (o primeiro perodo legislativo, de 2/2 a 17/7; e o segundo perodo legislativo, de 1/8 a 22/12). Alm dessa sesso legislativa ordinria, possvel que, nos perodos de recesso do Congresso Nacional, seja convocada sesso legislativa extraordinria SLE, que sesso legislativa distinta da SLO, convocada nas hipteses constitucionalmente autorizadas (CF, art. 57, 6). Logo, matria constante de PEC rejeitada ou havida por prejudicada poder constituir nova proposta no mesmo ano, desde que em sesso legislativa diferente.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS J houve caso no Congresso Nacional em que a PEC foi rejeitada em janeiro (durante a SLE, portanto), e a matria foi reapresentada em nova PEC no mesmo ano (durante a SLO, a partir de fevereiro do mesmo ano). A assertiva b est errada porque no existe iniciativa popular em se tratando de proposta de emenda Constituio Federal. Os nicos legitimados para apresentar PEC esto taxativamente enumerados no art. 60, I a III, da Constituio Federal, a saber: um tero, no mnimo, dos membros da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal; Presidente da Repblica; mais da metade das Assemblias Legislativas das unidades da Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. A iniciativa popular prevista na Constituio Federal para apresentao de projeto de lei ao Legislativo, e no para apresentao de proposta de emenda Constituio. Vale lembrar que a iniciativa popular em projeto de lei obrigatria na esfera federal (CF, art. 61, 2), estadual e distrital (CF, art. 27, 4) e municipal (CF, art. 29, XIII). A assertiva c est errada porque as emendas Constituio no se submetem sano ou veto do Presidente da Repblica. So elas diretamente promulgadas pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal (CF, art. 60, 3). A assertiva d est errada porque nada impede que emenda constitucional tenha por objeto os direitos e garantias individuais, desde que a emenda no seja tendente abolio desses institutos. Conforme comentado antes, um bom exemplo de emenda constitucional tratando de direitos e garantais individuais sem violao de clusula ptrea tivemos na promulgao da EC n 45/2004 (Reforma do Judicirio), que introduziu o inciso LXXVIII ao art. 5 da Constituio Federal. A assertiva e est errada porque a Constituio Federal de 1988 possui limitaes circunstanciais ao poder constituinte derivado, pois o seu texto no poder ser emendado na vigncia de estado de stio, estado de defesa e interveno federal (CF, art. 60, 1). verdade que a Constituio Federal no possui limitaes temporais, mas a afirmao de que a Constituio tambm no possui limitaes circunstanciais invalida a assertiva. 41)(ESAF/AFCE/TCU/2000) As emendas Constituio expressam meio tpico de manifestao do poder constituinte originrio. Item errado.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Em realidade, as emendas constitucionais so manifestao do poder constituinte derivado, e no do poder constituinte originrio. 42)(ESAF/AFCE/TCU/2000) A Constituio de 1988 contemplou ao Presidente da Repblica a titularidade para promulgao das emendas Constitucionais. Item errado. A assertiva est errada porque as emendas constitucionais no so promulgadas pelo Presidente da Repblica, e sim pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal (CF, art. 60, 3). 43)(ESAF/AFCE/TCU/2000) O poder de reforma ou de emenda um poder ilimitado na sua atividade de constituinte de primeiro grau. Item errado. Como sabemos, o poder constituinte derivado reformador um poder limitado ou subordinado, sujeito a limitaes circunstanciais, processuais e materiais previstas no art. 60 da CF/88. Alm disso, no um poder de primeiro grau, mas sim de segundo grau ou secundrio. Poder constituinte de primeiro grau o poder constituinte originrio, competente para elaborar uma nova Constituio. 44)(ESAF/AFRF/2000) Assinale a opo correta. a) A Constituio prev expressamente a possibilidade de ser emendada por proposta de um determinado nmero de cidados (iniciativa popular). b) Somente em caso de urgncia e relevncia, possvel emendar a Constituio durante a vigncia de interveno federal. c) No cabe sano ou veto do Presidente da Repblica em proposta de Emenda Constituio. d) Emenda Constituio no suscetvel de controle abstrato de normas perante o Supremo Tribunal Federal. e) O Presidente da Repblica tem iniciativa reservada para a proposta de emenda Constituio sobre matria relacionada a direitos e deveres de servidores pblicos. Gabarito: c A assertiva a est errada porque, como vimos, no h iniciativa popular em se tratando de proposta de emenda constitucional PEC. A iniciativa popular prevista na Constituio diz respeito apresentao de projeto de lei. A assertiva b est errada porque em hiptese alguma a Constituio Federal poder ser emendada na vigncia de estado de stio, estado deWWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS defesa e interveno federal (CF, art. 60, 1). So as chamadas limitaes circunstanciais, que no admitem nenhuma exceo para o caso de urgncia e relevncia. A assertiva c est certa, pois, de fato, as propostas de emenda constitucional PEC no se sujeitam sano ou veto do Presidente da Repblica. As emendas so diretamente promulgadas pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, sem sano do Chefe do Executivo (CF, art. 60, 3). A assertiva d est errada porque as emendas constitucionais podem ser objeto de controle abstrato perante o STF, por meio de ADI, ADC ou ADPF. A assertiva e est errada porque, como vimos, no h iniciativa privativa (exclusiva ou reservada) em se tratando de proposta de emenda Constituio Federal. As iniciativas privativas previstas no texto da Constituio Federal dizem respeito apresentao de projeto de lei. 45)(ESAF/AFCE/TCU/2000) pacfico, entre ns, que no existem limitaes implcitas ao poder constituinte de reforma. Item errado. Vimos em vrias questes que, alm das limitaes explcitas na CF/88, a doutrina reconhece a existncia de limitaes implcitas ao poder constituinte de reforma. Em resumo, seriam trs as limitaes materiais implcitas ao poder de modificar a Constituio Federal de 1988: i) a titularidade do poder constituinte originrio (uma emenda constitucional no pode repassar a titularidade do poder constituinte originrio do povo para outro rgo constitudo); ii) o exerccio do poder constituinte derivado (uma emenda constitucional no pode retirar do Congresso Nacional e outorgar a outro rgo o poder de emendar a Constituio); iii) o prprio procedimento de modificao da Constituio Federal (CF, art. 60 e art. 3 do ADCT) no pode ser alterado por meio de emenda constitucional. 46)(ESAF/AFCE/TCU/2000) Uma proposta de emenda Constituio que tenda a abolir uma clusula ptrea no pode sequer ser levada deliberao do Congresso Nacional. Item certo. De fato, uma PEC que tenda a abolir clusula ptrea no pode, sequer, ser levada deliberao do Congresso Nacional. o que estabelece, textualmente, o art. 60, 4, da Constituio Federal (no ser objeto de deliberao a emenda tendente a abolir...).

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS No pode porque, segundo o STF, nesse caso, a mera tramitao e deliberao sobre a PEC j desrespeitam a Constituio Federal. Por esse motivo, possvel que, nesse caso, o STF seja provocado para fiscalizar a tramitao dessa PEC, com o fim de sustar a sua tramitao. Assim, iniciada a tramitao de uma PEC que desrespeita clusula ptrea, um congressista poder ajuizar um mandado de segurana perante o STF, com o fim de sustar o processo legislativo. Observe que esse controle restrito: s um congressista poder instaur-lo (nenhuma outra pessoa poder ter a iniciativa), somente por meio do mandado de segurana (no sero cabveis outras aes, como a ao direta de inconstitucionalidade) e somente perante o STF (pois somente o STF dispe de competncia para apreciar mandado de segurana contra atos do Congresso Nacional, das suas Casas, das suas Comisses e dos seus rgos). Uma vez ajuizado o mandado de segurana pelo congressista, teremos o seguinte: i) caso o STF conceda a medida liminar, a tramitao da PEC ser temporariamente suspensa, at que posteriormente o STF aprecie o mrito da ao; ii) caso o STF indefira a medida liminar, a PEC continuar a tramitar normalmente, at que o STF aprecie posteriormente o mrito da ao; iii) na apreciao do mrito, se o STF conceder a segurana, a PEC definitivamente no tramitar; caso o STF denegue a segurana, a PEC poder tramitar pelas Casas do Congresso Nacional. Vimos que quando o STF indefere a medida liminar, a PEC continua tramitando normalmente nas Casas do Congresso Nacional, at que o STF aprecie o mrito do mandado de segurana. Entretanto, se a emenda promulgada antes do exame do mrito pelo STF, o Tribunal no apreciar mais o mandado de segurana. O STF entende que, nessa hiptese, o mandado de segurana perde o seu objeto. Afinal, o objeto do mandado de segurana era sustar a tramitao da PEC, o que resta prejudicado, pois a PEC j concluiu a sua tramitao. 47)(ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Insere-se no mbito da autoorganizao dos Estados-membros a deciso de permitir revises peridicas da Constituio Estadual, com quorum de maioria simples. Item errado. O procedimento simplificado de reviso da Constituio Federal, previsto no art. 3 do ADCT, no pode ser adotado pelos estados-membros paraWWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS modificao da Constituio Estadual. Esse procedimento simplificado de reviso foi adotado exclusivamente para a modificao da Constituio Federal. As Constituies estaduais s podem ser modificadas pelo procedimento rgido de reforma, estabelecido no art. 60, 2, da Constituio Federal, isto , por deliberao de trs quintos dos membros da Assemblia Legislativa, em dois turnos de discusso e votao. Importante este aspecto: os Estados no podem estabelecer deliberao diferente daquela prevista na Constituio Federal para a modificao da Constituio Estadual; no podero estabelecer deliberao menos rgida (maioria absoluta, por exemplo), nem mais rgida (quatro quintos, por exemplo); tero que estabelecer exatamente aquela prevista na Constituio Federal, isto , deliberao de trs quintos da Assemblia Legislativa. 48)(ESAF/ANALISTA/MPU/2004) A matria constante de proposta de emenda constituio rejeitada ou havida por prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativa, salvo se a nova proposta for apoiada por um nmero de parlamentares superior ao exigido para a sua aprovao. Item errado. A matria constante de PEC rejeitada ou havida por prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativa em hiptese alguma (CF, art. 60, 5). A matria rejeitada que poder ser reapresentada na mesma sesso legislativa aquela constante de projeto de lei, desde que haja solicitao de maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (CF, art. 67). 49)(ESAF/AFRE/RN/2005) O poder constituinte derivado pode modificar livremente as normas relativas ao processo legislativo das emendas constitucionais, uma vez que essa matria no se inclui entre as clusulas ptreas estabelecidas pela Constituio Federal de 1988. Item errado. Vimos que o poder constituinte derivado no pode aprovar emendas alterando o processo de elaborao de emendas constitucionais, porque existe uma limitao material implcita nesse sentido. Qualquer emenda que introduza modificao substancial ao procedimento estabelecido no art. 60 da Constituio Federal ser flagrantemente inconstitucional, por violar uma limitao material implcita

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS (ou, como preferem alguns autores, por violar uma clusula ptrea implcita). 50)(ESAF/PROCURADOR/DF/2004) caracterstica do regime da reviso constitucional consagrada no artigo 3 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias: a) sesso bicameral. b) quorum de aprovao de trs quintos dos votos dos parlamentares de cada Casa do Congresso Nacional, separadamente. c) iniciativa de mais da metade das Assemblias Legislativas das unidades da Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. d) quorum de aprovao da maioria absoluta dos votos dos membros do Congresso Nacional, em sesso conjunta. e) clusula ptrea da forma republicana de governo. Questo anulada. Embora tenha sido anulada, essa questo da Esaf muito til para o nosso estudo. Vejamos o porqu da anulao. As assertivas a, b e c esto erradas porque se referem ao processo de emenda (CF, art. 60), e no ao processo de reviso constitucional (ADCT, art. 3). A assertiva e est errada porque a forma republicana de governo no clusula ptrea na Constituio Federal de 1988 (essa matria foi clusula ptrea na vigncia da Constituio de 1969). Na Constituio Federal de 1988, a forma federativa de Estado que foi gravada como clusula ptrea (CF, art. 60, 4, I). A assertiva d foi originariamente considerada CERTA, mas no gabarito definitivo a Esaf optou pela ANULAO da questo, providncia acertada. Digo acertada porque na reviso constitucional o quorum de aprovao foi, de fato, maioria absoluta dos votos do Congresso Nacional (ADCT, art. 3). Porm, essa maioria absoluta no era apurada em sesso conjunta, mas sim em sesso unicameral. Ora, sabe-se que sesso conjunta e sesso unicameral no so a mesma coisa. Vejamos a distino entre sesso conjunta e sesso unicameral, levando-se em conta a atual composio das Casas do Congresso Nacional: Cmara 513 deputados; Senado - 81 senadores.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Na sesso conjunta, a discusso da matria em conjunto, mas a votao em separado. Maioria absoluta em sesso conjunta , pois, maioria absoluta apurada separadamente, entre os membros da Cmara dos Deputados e do Senado Federal. Significa dizer que para a aprovao da matria sero necessrios, no mnimo, 257 votos de Deputados e 41 votos de Senadores. Logo, se 513 deputados votarem a favor, mas apenas 30 senadores votarem a favor, a maioria absoluta em sesso conjunta no estar alcanada (pois no foi obtida a maioria absoluta dentre os Senadores). Na sesso unicameral, como a prpria denominao indica, temos o Congresso Nacional funcionando como uma s cmara (unicameral = uma s cmara). Logo, a maioria absoluta em sesso unicameral apurada entre congressistas, indistintamente. Significa dizer que a maioria absoluta em sesso unicameral 298 votos, nmero que corresponde ao primeiro nmero inteiro aps a metade do total de integrantes do Congresso Nacional [(513 + 81) / 2 = 297]. Logo, se 300 deputados votarem a favor, e todos os senadores votarem contra, a maioria absoluta em sesso unicameral estar alcanada. Como se v, a questo devia mesmo ser anulada, pois no h assertiva que responda corretamente ao enunciado. 51)(ESAF/MPOG/GESTOR/2000) A Constituio no estabelece limitaes temporais nem circunstanciais ao poder de reforma do seu texto. Item errado. A assertiva est errada porque a Constituio Federal de 1988 estabelece limitaes circunstanciais, haja vista que o seu texto no poder ser emendado na vigncia de estado de stio, estado de defesa e interveno federal (CF, art. 60, 1). Realmente no h limitaes temporais. D uma olhada no esquema demonstrado no incio da aula para reviso do assunto. 52)(ESAF/MPOG/GESTOR/2000) Uma emenda Constituio no pode suprimir um direito individual fundamental previsto pelo poder constituinte originrio. Item certo. A assertiva est certa porque uma emenda constitucional no pode suprimir direitos e garantias individuais, institutos gravados como clusula ptrea (CF, art. 60, 4, IV). 53)(ESAF/MPOG/GESTOR/2000) Uma mesma proposta de emenda Constituio rejeitada pelo Congresso Nacional pode serWWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS reapresentada na mesma sesso legislativa, desde que por requerimento de mais da metade das Assemblias Legislativas das unidades da Federao. Item errado. A matria constante de PEC rejeitada ou havida por prejudicada no pode ser reapresentada na mesma sesso legislativa em hiptese alguma (CF, art. 60, 5). 54)(ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Indique entre as opes abaixo a nica em que h afirmao destoante da jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal acerca dos limites constitucionais ao poder de reforma. a) Por no admitirem sano ou veto presidencial, no podem as emendas constitucionais instituir tributo, uma vez que essa atitude implicaria ofensa clusula ptrea da separao dos Poderes. b) As clusulas ptreas no inibem toda e qualquer alterao da sua respectiva disciplina constante das normas constitucionais originrias, no representando assim a intangibilidade literal destas, mas compreendem a garantia do ncleo essencial dos princpios e institutos cuja preservao nelas se protege. c) Os direitos e garantias individuais que representam limite ao poder de reforma no se encontram exclusivamente no art. 5 da Constituio Federal. d) As disposies constitucionais relativas a determinado regime de remunerao dos servidores pblicos no podem deixar de ser modificadas sob o argumento de que sobre elas h direito adquirido. e) No apresenta vcio formal a emenda constitucional que, tendo recebido modificao no substancial na Casa revisora, foi promulgada sem nova apreciao da Casa iniciadora quanto referida alterao. Gabarito: a A assertiva a est errada porque afirma que emenda constitucional no pode instituir tributos. No h vedao instituio de tributos por meio de emenda constitucional. Alis, o antigo IPMF (posteriormente convertido em CPMF) foi institudo mediante emenda Constituio. A criao da contribuio de iluminao publica CIP tambm foi autorizada mediante emenda Constituio.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Essa, portanto, a assertiva que responde ao enunciado, pois a Esaf solicitou o apontamento da afirmao destoante da jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal. As demais assertivas, comentadas abaixo, esto de acordo com a jurisprudncia do STF. A assertiva b est certa, pois as clusulas ptreas, de fato, no inibem toda e qualquer alterao literal da sua respectiva disciplina. Matrias gravadas como clusulas ptreas podem ser objeto de emenda constitucional. O que as clusulas ptreas protegem o chamado ncleo essencial das respectivas matrias, proibindo emendas tendentes sua abolio (CF, art. 60, 4). A assertiva c est certa porque, segundo a jurisprudncia do STF, a clusula ptrea direitos e garantias individuais protege tambm outros direitos e garantias individuais alm daqueles enumerados no art. 5 da Constituio. Foi com base nesse entendimento que o STF deixou assente que o princpio da anterioridade tributria (CF, art. 150, III, b) clusula ptrea, por representar uma garantia individual do contribuinte. A assertiva d est certa porque, de acordo com o STF, no h direito adquirido frente mudana de regime jurdico estatutrio dos servidores pblicos. No h ainda que se alegar direito adquirido frente a: (i) uma nova Constituio; (ii) um novo padro monetrio (mudana de moeda); e (iii) um aumento ou criao de tributos. A assertiva e est certa. Sabe-se que a emenda constitucional s poder ser promulgada se a matria for aprovada, em dois turnos de votao, por trs quintos dos membros das Casas do Congresso Nacional (CF, art. 60, 2). Logo, se a matria aprovada em dois turnos numa Casa e alterada substancialmente na outra, dever retornar Casa iniciadora para nova apreciao. Porm, segundo o STF, s h necessidade de retorno Casa iniciadora se houver alterao substancial na segunda Casa Legislativa. Se a modificao for no-substancial (uma mera adequao de redao, por exemplo), no h necessidade de retorno Casa iniciadora, podendo a matria ser promulgada. Evidentemente, no h uma conceituao objetiva para o que seja alterao substancial. A eventual controvrsia sobre ter havido ou no alterao substancial na matria ficar sujeita apreciao do Poder Judicirio, diante de cada situao concreta. 55)(ESAF/MPOG/GESTOR/2000) Uma emenda Constituio no pode ser objeto de ao direta de inconstitucionalidade. Item errado.WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS A assertiva est errada porque emenda Constituio Federal pode ser objeto de ao direta perante o STF, caso desrespeite o art. 60 da Constituio Federal. 56)(ESAF/MPOG/GESTOR/2000) O fato de a Constituio Federal em vigor poder ser alterada por um poder constitudo, embora mediante um processo legislativo mais dificultoso e demorado do que o exigido para a elaborao de uma lei ordinria, define a Constituio brasileira como semi-rgida. Item errado. A assertiva est errada porque afirma que a nossa Constituio do tipo semirrgida, o que no verdade. A Constituio Federal de 1988 do tipo rgida, porque exige um processo especial para modificao de todo o seu texto, inclusive das normas constantes do ADCT. 57)(ESAF/PROCURADOR/DF/2004-adaptada) Assinale a opo correta. a) Emenda Constituio no pode abolir o dever fundamental de votar. b) Os Estados-membros no tm qualquer participao ou iniciativa, direta ou indireta, no processo de Emenda da Constituio Federal. c) Suponha que uma emenda Constituio resolva permitir a criao de um novo tributo, no previsto na Lei Maior, afastando, com relao a ele, expressamente, a incidncia do princpio da anterioridade. Nesse caso, correto afirmar que essa emenda inconstitucional por ferir clusula ptrea. d) Segundo a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, as disposies constitucionais transitrias no so modificveis mediante emenda constitucional. e) Qualquer cidado interessado pode sustar, via mandado de segurana, o trmite de projeto de emenda Constituio que afronte clusula ptrea. Gabarito: c A assertiva a est errada porque emenda constitucional pode abolir a obrigao de votar. A emenda no pode abolir o direito de voto (gravado como clusula ptrea art. 60, 4, II), mas pode abolir o dever de votar (dever no clusula ptrea art. 14, 1).A assertiva b est errada porque os estados-membros participam do processo de modificao da Constituio Federal em dois momentos distintos: podem apresentar PEC, por meio de suas Assemblias Legislativas

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS (CF, art. 60, III), e participam da deliberao sobre a PEC, pois o Senado Federal representa os Estados e o Distrito Federal (CF, art. 46). Vale lembrar que os Municpios no participam em momento algum do processo de modificao da Constituio Federal, pois eles no podem apresentar PEC e nem participam da deliberao sobre a PEC, pois no possuem representao no Legislativo Federal. A assertiva c est certa, pois, segundo a jurisprudncia do STF, o princpio da anterioridade tributria (CF, art. 150, III, b) clusula ptrea, por representar uma garantia individual do contribuinte. No poder, portanto, ser afastado por meio de emenda constitucional. A assertiva d est errada porque as disposies integrantes do ADCT podem ser modificadas por meio de emenda constitucional, desde que obedecido o procedimento e os limites estabelecidos no art. 60 da Constituio. A assertiva e est errada porque no qualquer cidado que pode ajuizar mandado de segurana para sustar o trmite de PEC no Congresso Nacional. A legitimao para a impetrao desse mandado de segurana exclusiva dos congressistas da Casa Legislativa em que a proposta estiver tramitando. 58)(ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) No ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a alterar os direitos e garantias individuais. Item errado. Por favor, no erre essa questo to batida da Esaf. Deixe para errar as difceis... No ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a abolir os direitos e garantias individuais. 59)(ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Dentro do poder de conformao da sua ordem constitucional, pode o Estado-membro estabelecer "quorum" para a aprovao de emenda constitucional mais rgido do que o previsto na Constituio Federal. Item errado. Segundo o STF, o processo legislativo federal de observncia obrigatria pelos estados-membros. Logo, o estado-membro no pode estabelecer quorum para aprovao de emenda Constituio Estadual mais rgido do que o previsto na Constituio Federal, que de trs quintos dos votos (CF, art. 60, 2). Alguns estados estabeleceram o quorum de quatro quintos, e o STF considerou inconstitucional.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Portanto, a aprovao de emendas Constituio de todos os estadosmembros deve observar o modelo federal: aprovao em dois turnos, por trs quintos dos membros da Assemblia Legislativa. isso a, caro aluno. Por hoje s. Um grande abrao e bons estudos! Vicente Paulo e Fred Dias

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS LISTA DAS QUESTES COMENTADAS NESTA AULA

1) (ESAF/ANALISTA CONTBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) O titular do poder constituinte aquele que, em nome do povo, promove a instituio de um novo regime constitucional ou promove a sua alterao. 2) (ESAF/AFRF/2005) Como a titularidade da soberania se confunde com a titularidade do poder constituinte, no caso brasileiro, a titularidade do poder constituinte originrio do Estado, uma vez que a soberania um dos fundamentos da Repblica Federativa do Brasil. 3) (ESAF/Analista de Controle Externo/TCU/2006) Para o positivismo jurdico, o poder constituinte originrio tem natureza jurdica, sendo um poder de direito, uma vez que traz em si o grmen da ordem jurdica. 4) (ESAF/ANALISTA CONTBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) O poder constituinte derivado decorrente aquele atribudo aos parlamentares no processo legiferante, em que so discutidas e aprovadas leis, observadas as limitaes formais e materiais impostas pela Constituio. 5) (ESAF/AFC/CGU/2003) A distino doutrinria, entre reviso e reforma constitucional, materializou-se na CF/88, uma vez que o atual texto constitucional brasileiro diferencia tais processos, ao estabelecer entre eles distines quanto forma de reunio do Congresso Nacional e quanto ao quorum de deliberao. 6) (ESAF/ANALISTA CONTBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) A reviso constitucional prevista por uma Assemblia Nacional Constituinte, possibilita ao poder constituinte derivado a alterao do texto constitucional, com menor rigor formal e sem as limitaes expressas e implcitas originalmente definidas no texto constitucional. 7) (ESAF/ANALISTA DE FINANAS E CONTROLE/STN/2008) No existe tratamento jurdico diferenciado entre emenda, reforma e reviso constitucional. 8) (ESAF/ANALISTA CONTBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) Entre as caractersticas do poder constituinte originrio destaca-se a possibilidade incondicional de atuao, ou seja, a Assemblia Nacional Constituinte no est sujeita a forma ou procedimento pr-determinado. 9) (ESAF/ANALISTA CONTBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) O poder emanado do constituinte derivado reformador, que fundado na possibilidade de alterao do texto constitucional, no passvel de controle de constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal.WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS 10) (ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2006) Consolidou-se o entendimento de que possvel invocar direito adquirido em face de deciso do poder constituinte originrio.

11) (ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2006) Do poder constituinte dos Estados-membros possvel dizer que inicial, limitado e condicionado. 12) (ESAF/AFRF/2005) A existncia de clusulas ptreas, na Constituio brasileira de 1988, est relacionada com a caracterstica de condicionado do poder constituinte derivado. 13) (ESAF/AFRF/2005) O poder constituinte originrio inicial porque no sofre restrio de nenhuma limitao imposta por norma de direito positivo anterior. 14) (ESAF/AFRF/2005) A impossibilidade de a Constituio Federal ser emendada na vigncia de estado de defesa se constitui em uma limitao material explcita ao poder constituinte derivado. 15) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) O poder constituinte derivado, no caso brasileiro, possui como uma das suas limitaes a impossibilidade de promoo de alterao da titularidade do poder constituinte originrio. 16) (ESAF/AFRF/2005) A impossibilidade de alterao da sua prpria titularidade uma limitao material implcita do poder constituinte derivado. 17) (ESAF/PFN/2006) Embora nem todos os direitos enumerados no ttulo dos Direitos Fundamentais sejam considerados clusulas ptreas, nenhum outro, fora desse mesmo ttulo, constitui limitao material ao poder constituinte de reforma. 18) (ESAF/ANALISTA DE FINANAS E CONTROLE/STN/2008) No ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a ampliar a aplicao das normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais. 19) (ESAF/PFN/2006) Consolidou-se o entendimento de que, mediante o mecanismo da dupla reviso, vivel a superao das clusulas ptreas entre ns. 20) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Firmou-se no Brasil o entendimento de que o poder constituinte de reforma pode suprimir um direito protegido como clusula ptrea, desde que, num primeiro momento, esse direito seja subtrado da lista expressa das limitaes materiais ao poder de emenda Constituio.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS 21) (ESAF/PFN/2006) As normas constantes do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias so insuscetveis de revogao. 22) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) A aprovao de Emenda Constitucional durante o estado de stio s possvel se os membros do Congresso Nacional rejeitarem, por quorum qualificado, a suspenso das imunidades dos Parlamentares durante a execuo da medida. 23) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) vivel reforma constitucional que aperfeioe o processo legislativo de emenda constitucional, tornando-o formalmente mais rigoroso. 24)(ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O Supremo Tribunal Federal no tem competncia para afirmar a inconstitucionalidade de emenda Constituio votada segundo o procedimento estabelecido pelo poder constituinte originrio. 25) (ESAF/AFRF/2005) A forma republicana de governo, como princpio fundamental do Estado brasileiro, tem expressa proteo no texto constitucional contra alteraes por parte do poder constituinte derivado. 26) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A emenda Constituio, aps aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da Repblica, ser promulgada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem. 27) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A Constituio no poder ser emendada na vigncia de interveno federal, de estado de defesa ou de estado de stio, salvo se a emenda for aprovada pela maioria absoluta de seus membros. 28) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A proposta de emenda Constituio ser discutida e votada em sesso unicameral do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros. 29)(ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A proposta de emenda Constituio pode ser apresentada por mais da metade das Assemblias Legislativas das unidades da Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 30) (ESAF/AFRF/2000) Assinale a opo correta. a) As normas da Constituio de 1988 dispostas no Ato das Disposies Constitucionais Transitrias so insuscetveis de ser revogadas ou emendadas.

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DIR. CONSTITUCIONAL EM EXERCCIOS P/ AFRFB PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS b) As normas do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias da Constituio de 1988 no se definem como normas formalmente constitucionais. c) Uma norma constitucional, fruto do poder constituinte originrio, no pode ser declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, mesmo que no esteja de acordo com algum princpio fundamental, inspirador da Constituio, como o da isonomia e o da democracia. d) inconstitucional toda reapresentao de proposta de emenda Constituio rejeitada pelo Congresso Nacional. e) A lei ordinria anterior nova Constitu