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§ Cadeira: Direito das Pessoas e da Família § Docente: Margarida Lima Rego § 2º Semestre § Ano lectivo: 2008/2009 § Trabalho elaborado por: o Afonso Leitão nº 001328 o Marta Carmo nº 001378

Direito das Pessoas e da Família · 2009-05-20 · debruçar sobre a problemática dos Direitos de Personalidade, ... recordar, em traços gerais, a definição de direito subjectivo,

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§ Cadeira: Direito das Pessoas e da Família§ Docente: Margarida Lima Rego§ 2º Semestre§ Ano lectivo: 2008/2009§ Trabalho elaborado por:

o Afonso Leitão nº 001328o Marta Carmo nº 001378

Colisão entre o Direito à Honra, ao Bom Nome e à Reputação e a Liberdade de ImprensaDireito das Pessoas e da Família

1Afonso LeitãoMarta Carmo

1. INTRODUÇÃO

“A defesa dos direitos das pessoas não pode operar contra interesses legítimos de outras pessoas. O necessário equilíbrio deve ser seguro, previsível e controlável: de outro modo não haverá Direito e todos ficarão a perder.”1

É precisamente com o sentido e o alcance desta afirmação que nos iremos debruçar sobre a problemática dos Direitos de Personalidade, nomeadamente quanto ao conflito que pode surgir contra outros interesses tutelados juridicamente.

Começaremos por definir Direitos de Personalidade, com o apoio da Doutrina Civilista Portuguesa, tendo em conta as suas características fundamentais, bem como o elenco dos principais direitos de personalidade e as suas figuras afins. Em virtude desta sequência teórica, tentaremos explorar se é defensável a existência de um direito geral de personalidade. Por razões de segurança jurídica e de protecção dos sujeitos de direito, passaremos à análise da tutela geral de personalidade, nomeadamente as diversas formas de protecção dos direitos de personalidade.

De seguida, vamos analisar o fenómeno da colisão de direitos e a respectiva resolução jurídica na busca de um equilíbrio. Num primeiro plano, estudaremos a colisão em geral e, posteriormente, em concreto a colisão entre o Direito à Honra e a Liberdade de Imprensa, percorrendo as diversas consagrações legais de ambos os direitos e excluindo tomadas de posição a priori.

Finalmente, versar-nos-emos sobre uma vertente mais prática do estudo dos Direitos de Personalidade – a análise de jurisprudência sobre o tema. Ao longo do séc. XX o contributo da Jurisprudência, não só no âmbito nacional, mas também no plano europeu, para o aperfeiçoamento e consolidação das próprias concepções nacionais dos direitos de personalidade foi de enorme relevância. Nesse sentido, se pensarmos que ao longo daquele século se verificaram mudanças muito profundas ao nível das estruturas políticas dos Estados, no modo de encarar a posição do Direito Internacional nas ordens jurídicas nacionais, o surgimento de Tribunais Internacionais e, especialmente, com o fortalecimento do Estado Social, nomeadamente nos Países do Ocidente, tornou-se evidente a necessidade de se alcançar uma maior efectividade da protecção dos direitos fundamentais e, por maioria de razão, dos direitos de personalidade.

Actualmente a Jurisprudência mantém um papel decisivo na compreensão e interpretação das disposições legais que consagram os direitos de personalidade. No presente trabalho analisaremos alguns acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça português (STJ) e acórdãos do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH), fundado em 1949.

Deste modo, começaremos pela descrição sintética das questões sub judice em cada Acórdão, terminando com as nossas considerações finais.

1 CORDEIRO, António Menezes – Tratado de Direito Civil Português, I, Parte Geral, Tomo III, Pessoas, 2.ª edição,Coimbra 2007, pág. 42.

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2. DIREITOS DE PERSONALIDADE E A TUTELA GERAL DE PERSONALIDADE

a. NOÇÃO E BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Os direitos de personalidade são a expressão de posições jurídicas protegidas pelo Direito, que se reportam à própria pessoa tutelada. Estes direitos, por traduzirem a aplicação da técnica jurídica privada no domínio da tutela dos particulares, surgiram originariamente no Direito Civil. Na verdade, como refere ANTÓNIO MENEZES CORDEIRO, o Direito Privado, especialmente na área dedicada às pessoas, “não é fruto de nenhuma reforma civil esclarecida”2. De facto, em virtude desta afirmação, poder-se-á constatar que a elaboração, formulação e aprofundamento doutrinal do Direitos de Personalidade sofreram, ao longo do processo histórico de desenvolvimento da ciência Direito, permanente mudanças e revisões que, de algum modo, também se relacionam com os contextos políticos e institucionais que se viviam em cada época histórica.

Por conseguinte, em traços muito genéricos, são importantes antecedentes históricos do desenvolvimento e aperfeiçoamento da tutela da pessoa aqueles que se manifestaram ainda no Direito Romano com o instituto da actio iniriarum, que tem um grande aperfeiçoamento com o Direito Justiniano. Para além dos progressos que se verificaram nos finais da Idade Média e com a emergência dos princípios humanistas na cultura europeia, dever-se-á dar algum relevo aos resultados doutrinários que o pensamento jusracionalista teve, nomeadamente, na defesa da existência de direitos inatos ou naturais que seriam preexistentes ao próprio Estado e que se imporiam a este.

Até aos nossos dias, foram diversos os acontecimentos e experiências de natureza política, social e económica que tiveram grande influência na dogmática do Direitos de Personalidade, e que, em grande medida, justificaram sucessivos aperfeiçoamentos nas diversas ordens jurídicas.

Assim, em virtude do que foi exposto e com a leitura da doutrina portuguesa poder-se-á formular uma noção de Direitos de Personalidade nos seguintes termos: são direitos de natureza absoluta de que uma pessoa é necessariamente titular, mesmo que ainda não disponha de quaisquer direitos patrimoniais, e que têm por objecto bens da sua personalidade física, moral e jurídica, enquanto manifestações da sua personalidade. De acordo com a doutrina civilista, apesar de o Estado dever respeitá-los, a verdade é que estes direitos não se impõem ao próprio Estado, pelo que têm sobretudo um âmbito de aplicação ao nível de relações de direito privado.

2 Cfr. CORDEIRO, António Menezes – Tratado de Direito Civil Português, I, Parte Geral, Tomo III, Pessoas, 2.ª edição, Coimbra, 2007, págs. 43 e ss.

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b. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE

Explicitada a definição de Direitos da Personalidade, a questão que deve ser imediatamente considerada é de saber se aqueles direitos merecem a qualificação de direitos subjectivos. Em primeiro lugar, e antes de se analisar a problemática, convém recordar, em traços gerais, a definição de direito subjectivo, com base em diversas leituras da doutrina civilista: é um poder conferido pela ordem jurídica a uma pessoa jurídica para a tutela de um interesse juridicamente relevante, e que seja, consequentemente, merecedor de tutela do Direito.

Se, por um lado, alguns autores como CABRAL DE MONCADA nega a existência de direitos de personalidade como verdadeiros direitos subjectivos, afirmando, na defesa desta tese, que fins e interesses como a vida, a integridade da pessoa, a liberdade, a defesa não surgem “na forma de direitos, mas sim de valores que, reconhecidos, se tornam a essência de direitos”3. Por seu turno, outros autores orientam-se no sentido de identificar traços que assemelham os direitos de personalidade aos direitos subjectivos, sobretudo pela existência de um poder jurídico conferido a certo sujeito de direito, que tem em vista a prossecução de determinados interesses, e sejam merecedores de tutela do Direito.

Por conseguinte, poderemos dizer que as características fundamentais dos direitos de personalidade, conjugando as leituras doutrinais de LUÍS CARVALHO FERNANDES4 e ANTÓNO MENEZES CORDEIRO5, são:

a) Direitos absolutos o que significa que são oponíveis erga omnes na medida em que impõe aos outros sujeitos um dever geral de respeito6. Isto é, a titularidade de direitos desta natureza traduz-se na possibilidade de os invocar e fazer valer contra todos. Contudo, de referir que podem existir direitos desta categoria que possam ter uma configuração relativa de que são exemplos os direitos subjectivos públicos cívicos.b) Direitos não patrimoniais no sentido em que não são susceptíveis de avaliação pecuniária. Não obstante a sua violação, isso não significa que não possa envolver uma reparação de índole patrimonial de que é exemplo o regime estabelecido no artigo 484.º do Código Civil (CC) que tem como epigrafe “Ofensa do crédito ou do bem nome”. Assim, de acordo com ANTÓNIO MENEZES CORDEIRO, podemo-nos confrontar, neste domínio, com três importantes distinções: i) direitos de personalidade não-patrimoniais em sentido forte, em que o Direito impede que os respectivos bens sejam permutados por dinheiro como são os casos do direito à vida e o direito à saúde; ii) direitos de personalidade não-patrimoniais em sentido fraco, em que se admite que sejam objecto de negócios jurídicos com algum

3 Citado por LUIS CARVALHO FERNANDES na obra FERNANDES, Luís Carvalho - FERNANDES, Luís Carvalho – Teoria Geral do Direito Civil, Vol. I, 4.ª ed., Lisboa 2007, págs. 217 e 218. 4 Cfr. FERNANDES, Luís Carvalho – Teoria Geral do Direito Civil, Vol. I, 4.ª ed., Lisboa 2007, págs. 217 e ss.5 Cfr. CORDEIRO, António Menezes – Tratado de Direito Civil Português, I, Parte Geral, Tomo III, Pessoas, 2.ª edição, Coimbra, 2007, págs. 103 e ss.6 Para além dos direitos de personalidade, outro exemplo de direitos absolutos existentes na nossa ordem jurídica são os direitos reais.

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alcance patrimonial, dentro de certas regram e limites, de que é exemplo: direito à integridade corporal7; iii) direitos de personalidade patrimoniais. c) Direitos indisponíveis são aqueles que não são susceptíveis de serem objecto de actos de disposição por parte do titular desse direito. Os direitos de personalidade só são disponíveis desde que não contrarie a ordem pública, uma proibição legal ou os bons costumes, de que resulta o regime consagrado nos artigos 81.º e 340.º d) Direitos intransmissíveis pois não podem ser transmitidos ou transferidos para a esfera jurídica de outro sujeito. Por outro lado, o seu carácter intransmissível resulta da própria natureza destes direitos e não em consequência de determinada norma legal.

c. ELENCO DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE

A fixação do elenco dos direitos de personalidade é uma das mais importantes questões doutrinárias em que se desenrola em torno deste instituto jurídico. Por exemplo, ANTÓNIO MENEZES CORDEIRO sugere8, em primeiro lugar, a distinção entre direitos de personalidade necessários e direitos de personalidade eventuais. Os primeiros referem-se apenas a uma pessoa singular, e são exemplos paradigmáticos o direito à vida e à integridade física à integridade moral; os segundos, ao invés, já dependem da existência dos respectivos bens de personalidade. Por exemplo, o direito ao nome e o direito à confidencialidade de uma certa carta-missiva.Em segundo lugar, o referido Autor especifica, em matéria de bens da personalidade, a existência de três círculos:

ü Círculo biológico: abrange, nomeadamente, direitos à vida, à integridade física do sujeito jurídico;

ü Círculo moral: relaciona-se com a intocabilidade espiritual das pessoas. São exemplos: direito à integridade moral e ao bom nome, reputação e honra;

ü Círculo social: prende-se com as relações jurídicas estabelecidas entre particulares. Sobrevêm, neste prisma, os direitos à intimidade privada, ao nome e à imagem.

Em terceiro lugar, o Autor procede à diferenciação entre:

ü Direitos limitáveis dos limitáveis: esta distinção é a tradução lógica da consagração legal da proibição de quaisquer limitações voluntárias dos direitos

7 Poder-se-á pensar em casos em que é admissível uma limitação voluntária do direito à integridade física como o de consentimento para intervenções médicas (sempre que necessário, salvo em situações extremas de estado de necessidade), para operações estéticas, para benéfico da saúde de terceiros (transplantações de certas partes do corpo ou, mesmo, transfusões de sangue).8 Sobre as modalidades de direitos de personalidade, v. CORDEIRO, António Menezes – Tratado de Direito Civil Português, I, Parte Geral, Tomo III, Pessoas, 2.ª edição, Coimbra, 2007, págs. 109 e ss; FERNANDES, Luís Carvalho – Teoria Geral do Direito Civil, Vol. I, 4.ª ed., Lisboa 2007, págs. 224 e ss.

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de personalidade por parte do seu titular, excepto se essa limitação não contrarie os princípios da ordem pública (art. 81.º do CC);

ü Direitos patrimoniais e não-patrimoniais: os primeiros facultam às pessoas titulares de direitos de personalidade a obtenção de vantagens de natureza económica; ao passo que os segundos não poderão ter conteúdo de carácter patrimonial, pois, em certa medida, correspondem aos direitos de personalidade consignados no círculo biológico;

ü Direitos nominados e inominados: pretende-se evidenciar a distinção entre aqueles direitos de personalidade que são referidos e os que não são referidos na lei.

Como conclusão desta detalhada análise de um conjunto possível classificações podemos, desta forma, elencar como principais direitos de personalidade, consagrados na nossa Constituição como na Lei Civil, os seguintes:

� Direito à vida e integridade pessoal;� Direito à liberdade;� Direito ao bom nome e reputação e à imagem;� Direito à reserva da intimidade da vida privada;� Direito à personalidade e capacidades jurídicas;� Direito à saúde, ao trabalho, à educação e à cultura e à habitação.

d. HAVERÁ UM DIREITO GERAL DE PERSONALIDADE?

De acordo com a posição de MENEZES CORDEIRO, podemos por em evidência dois aspectos essenciais:

a) Pela análise do artigo 70.º do CC, enquanto regra geral de protecção, verificamos que não existe qualquer tipicidade, pelo que estamos, ao invés, perante uma abertura abrangente aos direitos de personalidade que correspondam aos bens necessariamente existentes;

b) Na sequência do raciocínio do aspecto precedente, poderá haver uma “protecção independente de quaisquer direitos subjectivos (…) através de norma de protecção, no sentido do artigo 483.º, n.º1.º”9.

Assim, como conclui o respectivo Autor, face ao problema colocado que se prende com a possibilidade de formulação dogmática de um “direito geral” de personalidade, isso seria “retirar-lhe eficácia, no domínio da tutela da personalidade”10.

9 Cfr. CORDEIRO, António Menezes – Tratado de Direito Civil Português, I, Parte Geral, Tomo III, Pessoas, 2.ª edição, Coimbra, 2007, págs. 101 e 102.10 Cfr. CORDEIRO, António Menezes – Tratado de Direito Civil Português, I, Parte Geral, Tomo III, Pessoas, 2.ª edição, Coimbra, 2007, pág. 102.

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e. FIGURAS AFINS

Do estudo e compreensão mais rigorosa da dogmática dos direitos de personalidade, e da sua relevância para o estudo do Direito Civil, é desejável que façamos a destrinça de outras figuras próximas ou afins. Da leitura de alguma doutrina civilista, resulta a seguinte enumeração das principais figuras afins dos direitos de personalidade:

� Direitos fundamentais: correspondem a posições jurídicas activas que, e sentido formal, são atribuídas pela Constituição. Estamos perante posições exercidas pelas pessoas jurídicas em contraponto ao Estado-Poder, e que se caracterizam pela existência de vantagens de natureza patrimonial e não-patrimonial, em favor do titular dos direitos fundamentais. A nossa actual Constituição da República recebeu, no que toca a esta figura afim dos direitos de personalidade, influências decisivas da Lei Fundamental alemã de 1949 e, também, do grande grande desenvolvimento doutrinário e jurisprudencial verificado na segunda metade do séc. XX;

� Direitos do Humanos: são os que resultam da própria natureza do Homem, e que a lei natural e internacional reconhece. Isto é, aceita-se a ideia da existência de direitos fundamentais comuns a todos os seres humanos que sejam protegidos pelo Direito Internacional, mesmo contra a vontade dos Estados, para além de estes deixarem de ter monopólio da regulação e consagração jurídica.

� Direitos originários: são os que resultam da própria natureza do Homem, e que a lei positiva reconhece.

f. FORMAS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE

O Direito tem a fundamental função de proteger os vários modos de ser físicos ou morais da personalidade. A verdade é que os particulares poderão sofrer ameaças ou, mesmo, graves danos em consequências de ofensas cometidas contra, precisamente, a sua integridade física ou moral. Nessa lógica, nas situações em que os sujeitos jurídicos vêm, em virtude de uma prática culposa de actos ilícitos, os seus direitos de personalidade violados e de que resultem prejuízos, ou, mesmo, quando os prejuízos sejam consequência da violação de uma norma destinada a proteger interesses alheios, o Direito preocupou-se em regular essas violações através de mecanismos de protecção dos direitos da personalidade. São três, fundamentalmente, aqueles que iremos analisar:

a) Providências Adequadas: podem ser preventivas ou atenuantes. No que toca ao primeiro, existe, tipicamente, uma ameaça que exprime uma ofensa eminente a um direito de personalidade, independentemente da intenção do agente, daí que teremos, neste caso, uma providência de protecção que deve funcionar em situações puramente objectivas; ao invés, nas providências atenuantes já

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temos uma violação consumada e, por conseguinte, a culpa do agente já deverá ser tida em conta no momento da responsabilidade civil. Este regime está regulado, para além do processo especial disciplinado pelo Código de Processo Civil, no art. 70.º, n.º 2 do CC.

b) Sanção Pecuniária Compulsória: na circunstância de estarmos perante uma obrigação de facere ou de non facere infungível incumprida, tem o credor o direito, nos termos do art. 829.º-A do CC, a ser indemnizado pelos danos decorrentes da mora, a possibilidade de requerer, judicialmente, que o devedor seja condenado “ao pagamento de uma quantia pecuniária por cada dia de atraso no cumprimento ou por cada infracção”, conforme as circunstâncias do caso concreto. Ainda neste prisma, de salientar uma importante excepção: a sanção pecuniária compulsória não é possível nas prestações de facto “… que exigem especiais qualidades científicas ou artísticas do obrigado”.

c) Responsabilidade Civil: situação em que um sujeito jurídico incorre quando se constitui na obrigação de indemnizar outrem por danos que lhe cause. À responsabilidade por ofensas à personalidade física ou moral são aplicáveis, em termos gerais, os artigos 483.º e seguintes do CC. Com base no art. 483.º concluímos que uma das modalidades de que ilicitude pode revestir é, precisamente, com a violação de um direito subjectivo de outrem onde poderão ser abrangidos os direitos absolutos, entre os quais os direitos de personalidade. Assim se conclui que, à luz do Direito Civil Português, só existe, em princípio, responsabilidade quando exista culpa do agente, ou seja, acto de carácter ilícito culposo que tenha violado um direito alheio e que tenha causado prejuízo.

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3. COLISÃO DE DIREITOSa. A COLISÃO DE DIREITOS EM GERAL

As pessoas não estão sozinhas no mundo, pelo que o seu exercício de direitos não é feito isoladamente, mas antes no âmbito social, possibilitando a existência de eventuais conflitos entre as mesmas.

Podemos dizer que existe uma colisão ou conflito de direitos quando dois ou mais direitos igualmente válidos, pertencentes a diferentes sujeitos de direito, não podem ser exercidos de modo pleno e simultâneo. Não estão, portanto, em causa situações em que dois ou mais direitos incidem sobre um mesmo objecto, coexistindo e sendo exercidos sem sacrifício uns dos outros.

A colisão de direitos tanto se pode referir a situações em que os direitos em causa têm o mesmo objecto como direitos que têm por objecto bens diferentes. Casos típicos desta última situação são os confrontos entre um direito da personalidade de certa pessoa e um direito de personalidade de outra (entre o direito ao sossego de um lado e o direito à exploração de uma actividade ruidosa do outro por exemplo).

Quando se verifica uma colisão de direitos urge determinar, segundo critérios normativamente fixados, qual é que pode ser exercido ou o modo por que se podem exercer ambos os direitos em questão. Deste modo, verifica-se num caso concreto um limite ao exercício de um direito mas não se põe em causa as faculdades que o integram.

Para muitos casos típicos de colisão de direitos são criadas leis especiais para resolver o exercício dos mesmos, mas a regra geral encontra-se no Código Civil:

Artigo 335º (Colisão de Direitos)1. Havendo colisão de direitos iguais ou da mesma espécie, devem os titulares ceder

na medida do necessário para que todos produzam igualmente o seu efeito, sem maior detrimento para qualquer das partes.

2. Se os direitos forem desiguais ou de espécie diferente, prevalece o que deva considerar-se superior.

Nota-se aqui que se adopta a mesma solução que já se encontrava no art. 15º do Código de Seabra, pois distingue-se a colisão de direitos conforme estejam em causa “direitos iguais ou da mesma espécie” ou “direitos desiguais ou de espécie diferente”.A ratio deste artigo é a de distinguir situações em que os direitos em conflito podem ser hierarquizados e aquelas em que os direitos têm uma relação de paridade. Deste modo, o primeiro passo para a resolução de uma colisão de direitos passa por determinar se existe alguma hierarquia entre os direitos que conflituam entre si, fazendo-se uma ponderação tal qual uma balança (que simboliza a justiça).

Poderíamos determinar em abstracto, em função dos interesses que presidem à afectação do bem que é objecto do direito, bem como tendo em conta a sua estrutura e o seu conteúdo, i.e., teríamos que ter em conta tanto a modalidade como a relevância económico-social dos direitos em causa. Assim, um direito real seria

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superior a um de crédito e um da personalidade seria superior a um patrimonial por exemplo.

No entanto, essa determinação só pode ser feita em concreto11, uma vez que está em causa um limite ao exercício de um direito. Assim temos que ter em conta as circunstâncias em que se pretende exercer um direito, qual a faculdade específica do mesmo e ainda qual o interesse que se pretende satisfazer. Deve-se ter em conta, por último, que quando o nº1 do art. 335º refere-se a igualdade, esta é uma igualdade qualitativa e não quantitativa.

Se concluirmos que os direitos em colisão são qualitativamente desiguais, prevalece o que se considerar superior, o que tanto pode significar (conforme o caso) a exclusão do exercício do direito inferior, o seu exercício limitado ou diferente do admissível, em abstracto, ou do que vinha a verificar-se.

Já se concluirmos que não existe qualquer hierarquia entre os direitos, as partes devem tentar harmonizar os seus interesses, cedendo de modo a assegurar a igualdade na vantagem ou no detrimento de cada um dos titulares, quando tal é possível.

Concluímos portanto que como nenhum direito pode ser encarado com alcance absoluto, os conflitos de direitos devem ser resolvidos, quando são hierarquicamente iguais, através da recíproca e proporcional limitação de ambos, tentando alcançar a solução óptima e garantindo uma relação de convivência equilibrada e harmónica na medida do possível, o que poderá ser chamado de princípio da concordância prática.

b. A COLISÃO ENTRE DIREITO À HONRA, AO BOM NOME E À REPUTAÇÃO E A LIBERDADE DE IMPRENSA

Segundo SCHOPENHAUER, a honra pode ser definida como “ (objectivamente), a opinião dos outros sobre o nosso valor e, subjectivamente, o nosso medo dessa opinião”. Pedro Pais Vasconcelos define-a como “a dignidade pessoal pertencente à pessoa enquanto tal, e reconhecida na comunidade em que se insere e em que coabita e convive com as outras pessoas”. Pode portanto ser vista numa perspectiva pessoal ou subjectiva (as representações do próprio titular que se traduzem no respeito e a consideração que este tem por si próprio) e numa perspectiva social ou objectiva (o respeito e a consideração que cada pessoa goza na comunidade a que pertenceresultante das relações sociais).

Todas as pessoas têm direito à honra pelo simples facto de serem pessoas, uma vez que são seres morais, dotados de valores éticos importantes que integram a sua personalidade e que, como consequência, merecem tutela jurídica. Deste modo, a honra pode ser reconduzida à integridade moral consagrada no art. 70º nº1 do Código Civil, já que constitui um verdadeiro bem de personalidade. Assim, a sua tutela civil, tal como em todos os direitos de personalidade, encontra-se na possibilidade de

11 O que não significa que não se deve atender a uma hierarquia abstracta, mas antes que esta deve ser um mero ponto de partida.

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requerimento tanto de providências atenuantes ou preventivas (art. 70º nº2 do CC) como de responsabilidade civil (art. 483º do CC).

Para além da tutela geral da personalidade consagrada no Código Civil, o Direito à Honra não é directamente protegido neste diploma legal. No entanto, o Código Penal tem um capítulo relativo a crimes contra a honra (art. 180º e ss.), de onde se destaca o crime de difamação e o de injúria (art. 180º e 181º respectivamente).

Além disso, a honra liga-se umbilicalmente ao nome de cada pessoa, pelo que a consideração que cada um desfruta na sociedade exprime o seu bom nome. Por sua vez, é o bom nome que, em razão directa com as valorações positivas da opinião pública que são feitas em relação a uma pessoa, dá origem à reputação da mesma. Deste modo, iremos referir-nos ao direito à honra em geral como o conjunto do direito à honra, ao bom nome e à reputação.

Cumpre referir que relativamente à tutela do Direito ao Bom Nome e à Reputação, a Constituição da República Portuguesa dispõe no seu art. 26º nº1, que “a todos são reconhecidos o direito (…) ao bom nome e reputação (…)”. Também o art. 70º do CC estabelece que “a lei protege os indivíduos contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça de ofensa à sua personalidade física e moral”, não sendo de duvidar que nesta última se encontra compreendido o bom nome e à reputação. Estabelece ainda o art. 484º do CC que “quem afirmar ou difundir um facto capaz de prejudicar o crédito ou o bom nome de qualquer pessoa, singular ou colectiva, responde pelos danos causados12”.Este último preceito deve ser aproximado aos direitos de personalidade pois, a ofensa ao crédito e ao bom nome exige normalmente medidas de correcção e de reposição da verdade que não se esgotam na responsabilidade civil.

A perda da honra, que resulta da perda de respeito quer por si próprio quer pela comunidade, raramente é total, pois o respeito é na maioria das vezes diminuído/ferido mas não realmente perdido. A dimensão desta perda vai depender quer do conteúdo que está em causa (por exemplo, a reputação pessoal ou a política) quer do grau de exigência que cada pessoa tem relativamente ao respeito próprio e ao da comunidade.

A avaliação da presença de um atentado à honra é independente da existência ou não de quaisquer prejuízos relacionados pois vale por si e não apenas pelas eventuais vantagens sociais e patrimoniais (vantagens essas que, ainda assim, também devem ser protegidas), uma vez que os atentados à honra são violações da integridade moral das pessoas. Normalmente elas ocorrerão verbalmente – por escrito ou oralmente, com ou sem difusão da comunicação social – traduzindo asserções desprimorosas para o visado que afectam negativamente a sua reputação.

O que se pretendeu estudar neste trabalho são precisamente as situações em que estas violações ocorrem com difusão da comunicação social, maxime quando estão em conflito com a Liberdade de Imprensa, que se trata de um direito fundamental

12 Importa chamar a atenção para o facto de uma interpretação literal deste artigo ser suficiente para atribuir o direito ao bom nome também às pessoas colectivas.

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consagrado no art. 38º da CRP13, já que a generalidade das pessoas acredita na comunicação social e muitas vezes eventuais desmentidos são tardios e ineficazes.

Certo é que “os direitos, liberdades e garantias só podem ser restringidos nos casos expressamente admitidos pela Constituição, sendo que qualquer intervenção restritiva nesse domínio, mesmo que constitucionalmente autorizada, apenas será legítima se justificada pela salvaguarda de outro direito fundamental ou de outro interesse constitucionalmente protegido, devendo respeitar as exigências do princípio da proporcionalidade e não podendo afectar o conteúdo essencial dos direitos”14.

Ora, o Direito à Honra também é outro direito fundamental, portanto, a avaliação de qual dos direitos deve ceder e em que medida terá que ser feita muito cautelosamente e tendo em conta as circunstâncias concretas de cada caso, para que se respeite o princípio da proporcionalidade e o conteúdo essencial dos direitos, pois uma protecção muito alargada da honra prejudica a liberdade de imprensa, mas o inverso também é verdadeiro15. Logo discordamos de qualquer posição tomada a priori, pois doutrina há que coloca logo à partida o direito à honra acima do direito à liberdade de imprensa16.

A propósito da responsabilidade civil no art. 484º do CC, a doutrina tem discutido (e tem se dividido) se tem-se por justificado o atentado à honra quando o agente prove a verdade do que afirmou ou se basta provar que teve todo o cuidado necessário e exigível na averiguação dos factos, à semelhança do que se passa no direito penal, tendo a maioria da doutrina concluído que a exceptio veritatis não existe a nível do direito civil.

Certo é que “tudo o que seja amputar a verdade, transmiti-la a sugerir algo diverso do que dela resulte, redigi-la de modo a provocar valorações tendenciosas, levantar dúvidas ou reticências ou fabricar notícias de qualquer modo”17 não pode ser considerado como faculdade da liberdade de imprensa em colisão com o direito à honra.

Deve-se assinalar que mesmo uma afirmação totalmente verdadeira pode atentar contra a honra das pessoas, pois nem tudo o que ocorre tem que ser revelado, mesmo

13 Intimamente ligado ao direito à informação, que inclui o direito de informar, consagrado no art. 37º da CRP.14 Parecer nº 95/2003 da Procuradoria-Geral da República, pág. 1.15 Não se deve exaltar a ideia de que o interesse social deve predominar sobre o interesse individual pois estão aqui em causa direitos das pessoas que, como tal, são protegidas pelo princípio da dignidade da pessoa humana.16 Como é o caso de Pedro Pais Vasconcelos que diz “A liberdade de imprensa não sobreleva o direito à honra. Embora ambos estejam formalmente consagrados na Constituição da República como direitos, liberdades e garantias, a defesa da honra situa-se no âmbito superior dos direitos de personalidade e é, por isso, hierarquicamente superior à liberdade de imprensa” (pág. 63, VASCONCELOS, Pedro Pais de – Teoria Geral do Direito Civil, 4ª ed., Almedina, 2007)17 CORDEIRO, António Menezes – Tratado de Direito Civil Português, I, Parte Geral, Tomo III, Pessoas, 2.ª edição,Coimbra 2007, pág. 185.

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que não esteja em causa a intimidade privada18, pois deve ser feito um juízo de oportunidade sobre o interesse público de certo facto.

Além disso, deve-se distinguir a liberdade de imprensa da livre iniciativa económica, pois a primeira relaciona-se com o que é socialmente útil e relevante enquanto que a segunda, mesmo aplicada no campo da comunicação social19, apesar de digna e merecedora de protecção, nunca poderá prevalecer sobre o direito à honra, pois recorrendo ao art. 335º do CC, pode ser considerado um direito “inferior”.

No âmbito do exercício da liberdade de imprensa, sempre que for possível divulgar-se certos factos sem a identificação da pessoa em causa, os interesses protegidos por essa mesma liberdade podem ser prosseguidos se for respeitado o anonimato. Assim, pode-se dizer que existem nestes casos um direito ao anonimato, na medida em que deste modo não se afecta nem o direito ao bom nome nem a liberdade de imprensa, por força do princípio da proporcionalidade, nomeadamente o seu subprincípio da necessidade.

Este princípio da necessidade, para além de abranger a divulgação do nome, abrange a divulgação de quaisquer factos, pois só a divulgação dos necessários para que o órgão de comunicação social cumpra a sua função de informação se pode considerar como exercício da liberdade de imprensa. Assim, o órgão de comunicação social só pode divulgar os factos que se podem considerar de interesse público.

Cumpre referir a Lei de Imprensa, aprovada pela Lei nº 2/99, de 13 de Janeiro:

Artigo 3.oLimites

A liberdade de imprensa tem como únicos limites os que decorrem da Constituição e da lei, de forma a salvaguardar o rigor e a objectividade da informação, a garantir os direitos ao bom nome, à reserva da intimidade da vida privada, à imagem e à palavra dos cidadãos e a defender o interesse público e a ordem democrática.

Artigo 24.oPressupostos dos direitos de resposta e de rectificação

1 — Tem direito de resposta nas publicações periódicas qualquer pessoa singular ou colectiva, organização,serviço ou organismo público, bem como o titular de qualquer órgão ou responsável por estabelecimento público, que tiver sido objecto de referências, ainda que indirectas, que possam afectar a sua reputação e boafama.

Deste modo, a liberdade de imprensa não pode atentar a honra. Caso tal suceda, segue-se o regime geral da responsabilidade civil e penal (segundo os arts. 29º e 30º da Lei de Imprensa), confere-se ainda o direito de resposta e de rectificação a quem veja a sua honra afectada (arts. 24º a 27º da mesma lei).

18 Pois já é objecto de protecção de um direito específico. Admitir o contrário seria não admitir autonomia ao direito à honra.19 Basta pensar na comunicação social sensacionalista cujo objectivo é o simples interesse comercial ou de lucro.

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13Afonso LeitãoMarta Carmo

Por último, importa chamar a atenção para o facto de Portugal estar vinculado à Convenção Europeia dos Direitos do Homem, onde se enuncia:

Artigo 10.ºLiberdade de expressão20

1. Qualquer pessoa tem direito à liberdade de expressão. Este direito compreende a liberdade de opinião e a liberdade de receber ou de transmitir informações ou ideais sem que possa haver ingerência de quaisquer autoridades públicas e sem considerações de fronteiras. O presente artigo não impede que os Estados submetam as empresas de radiodifusão, de cinematografia ou de televisão a um regime de autorização prévia.

2. O exercício destas liberdades, porquanto implica deveres e responsabilidades, pode ser submetido a certas formalidades, condições, restrições ou sanções, previstas pela lei, que constituam providências necessárias, numa sociedade democrática, para a segurança nacional, a integridade territorial ou a segurança pública, a defesa da ordem e a prevenção do crime, a protecção da saúde ou da moral, a protecção da honra ou dos direitos de outrem, para impedir a divulgação de informações confidenciais, ou para garantir a autoridade e a imparcialidade do poder judicial.

Este artigo da CEDH diz-nos assim que não é permitida ingerência na liberdade de imprensa (a liberdade de transmitir informações ou ideais) mas que esta liberdade pode ser restringida para que se garanta o direito à honra de outrem. Faz-se ainda a ressalva de que esta restrição deve ser uma providência que se limite ao necessário numa sociedade democrática.

Podemos concluir assim que “a questão de fundo que emerge da análise da relação entre o direito de informação e os direitos pessoais ou da personalidade é a difícil compatibilização entre o primado do social, que é inerente à comunicação social, e o primado da dignidade humana, que é reclamado pela afirmação dos direitos humanos. (…) A ideia básica proposta pela doutrina e aceite pela jurisprudência para a resolução concreta destes conflitos é a da harmonização ou da concordância prática.”21.

20 A liberdade de imprensa é sem dúvida um corolário da liberdade de expressão.21 Parecer nº 95/2003 da Procuradoria-Geral da República, pág. 7.

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14Afonso LeitãoMarta Carmo

4. ANÁLISE DE JURISPRUDÊNCIA NACIONAL

Acórdão do STJ de 26 de Abril de 1994

Descrição sintética da questão:

O autor foi nomeado Secretário de Estado do Planeamento do VI Governo Constitucional e Ministro das Finanças do X Governo. A ré Sojornal - Sociedade Jornalística e Editorial é proprietária e edita o semanário "Expresso", jornal de larga tiragem e forte audiência nos domínios da informação e de opinião. O réu B é director do “Expresso”.

O autor conseguiu "trocar um T3 no Lumiar por um T4 nas Amoreiras sem pagar sisa“. Nesta sequência, o Partido Comunista Português apresentou na Assembleia da República um inquérito parlamentar sobre o caso.

Na verdade, se A tivesse, como qualquer normal cidadão, vendido o andar que possuía e comprado um novo, os cofres públicos teriam arrecadado dois mil contos de imposto. Usando o artifício que utilizou, o estado não arrecadou nada.

Na edição de 28 de Janeiro, sob a epígrafe "Já em 1986 A trocou casas no Porto", escreveu-se que o ora autor, já em 1986, utilizara a figura da "permuta" para adquirir casa no Porto, beneficiando, também de isenção da sisa.

Na edição de 4 de Fevereiro, sob a epígrafe "Política à portuguesa", escreveu B um artigo com o titulo "O Governo e o Chefe". É referido que três ministros, por uma razão ou outra, se viram sujeitos a uma intensa “barragem de fogo”;

Na edição de 18 de Fevereiro de 1989, sob o título genérico "Opinião pública julga ministros polémicos" seguida de "A considerado "culpado”. Trata-se de uma sondagem realizada sobre a imagem, do ora autor, sendo as perguntas formuladas, as seguintes:

a) Aproveitou-se de ser ministro? (SIM – 59%)b) Teve um comportamento incorrecto? (SIM – 63%)c) Cometeu um acto ilegal? (SIM – 50%)

Na 1ª Instância o autor requereu a condenação solidária dos réus ao pagamento de uma indemnização por danos materiais e morais. Os réus contestaram arguindo a ineptidão da petição inicial e a sua ilegitimidade, acrescentaram que o jornal agiu no exercício do direito de informar e criticar actos de figuras públicas, socialmente relevantes, e que só o fizeram após investigação dos factos que consideram censuráveis. O tribunal proferiu uma sentença onde julgou a acção como improcedente e absolvendo-se os réus.

Na 2ª instância o Tribunal da Relação de Lisboa confirmou a anterior sentença e negou provimento ao recurso do Autor.

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15Afonso LeitãoMarta Carmo

Questões em análise:

O preço declarado pela empresa vendedora da habitação foi o seu preço real de custo ou foi um preço de favor?

Houve utilização da Guarda Fiscal na mudança. Será correcto que, pelo mero acaso de o Ministério das Finanças superintender aquela força militarizada, o ministro tenha utilizado para transportar os seus móveis particulares?

A terceira questão diz respeito à moralidade que existe no aproveitamento da lei feita por A.

Decisão Final:

O STJ afirmou que o direito ao bom nome e reputação está acima e sobrepõe-se ao direito de informação e crítica da imprensa, pois a CRP reconhece expressamente a existência de limites ao exercício do direito de exprimir e divulgar livremente o pensamento, no art. 37º nº3.

Quanto ao escrito da edição de 21 de Janeiro: o STJ conclui que o autor, objectivamente, é, sem dúvida, injuriado e difamado, quase tratado como um malfeitor.

No outro escrito da autoria do Réu B prossegue-se na mesma senda de denegrir a imagem do autor: o STJ concluiu que não houve qualquer incorrecção de comportamento por parte do autor. Seguiram-se outras publicações relativas ao Autor.

O STJ considerou em cada um dos escritos em causa nesta acção manifesta a ilicitude, traduzida na violação não justificada do crédito e bom nome do autor. Os danos que o autor sofreu seriam todos eles de natureza não patrimonial, ou morais, pelo que deviam pois ser, mas compensados da única forma possível, através da via pecuniária.

Considerações Finais:

Neste caso em análise demonstramos alguma discordância.Por um lado, o facto de se tratar, no caso sub Judice, de uma figura com grande

relevância ao nível político e governamental, isso traduz-se em que lhe estejam associados um conjunto de interesses materiais, nomeadamente os que se relacionam com as rivalidades e antagonismos político-partidários.

De um modo geral, analisámos, em diversas partes do Acórdão, a referência à importância de se assumir uma conduta ética no exercício de cargos de natureza pública.

Por outro lado, a manifestação da liberdade de imprensa pressupõe que sejam divulgadas notícias e informações relevantes como forma a prosseguir o interesse social inerente à actividade da comunicação social. Neste caso, o conhecimento por parte do público de possíveis irregularidades concretizadas pelo Autor, desde que investigados e solidamente fundamentados, avista-se como o fim primordial.

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16Afonso LeitãoMarta Carmo

Além deste aspecto, não podemos descurar o facto de, no âmbito da responsabilidade política do Governo, se ter desenrolado no Parlamento um inquérito parlamentar.

Assim, em nossa opinião, neste caso, e em conformidade com o princípio da proporcionalidade, deve prevalecer a liberdade de imprensa.

Acórdão do STJ de 5 de Março de 1996

Descrição sintética da questão:

O autor (A) foi jogador de futebol durante 18 épocas, tendo já exercido a função de treinador de equipas nacionais e das selecções nacionais. O réu B é jornalista e director-adjunto do jornal D, e o réu C é director desse jornal, do qual a ré é proprietária.

Artigo no jornal no dia 28.05.1990: “Fantochada vergonhosa”/ "o técnico A não esteve bem" onde, entre outras coisas, se dizia: "um técnico realmente de cabeça perdida que resolveu fazer de um jogo sério uma brincadeira de vingança inaceitável"; Artigo no jornal no dia 30.05.1990: "Sabemos que A fez questão de falar com os jogadores à porta fechada, expressou-nos mais alto que o dirigente federativo Pais do Amaral, montou um esquema de vingança mesquinha que revoltou e enojou todos os portugueses que estavam no estádio".

Devido às afirmações contidas nos escritos A sentiu-se ofendido na sua honra e consideração e sofreu um grande desgosto.

No Tribunal de 1ª instância o autor sentiu-se afectado pelos textos publicados, cuja responsabilidade atribuiu aos réus e pediu a condenação por danos não patrimoniais e por danos patrimoniais. Os réus contestaram e foi proferida sentença, julgando a acção improcedente.

O tribunal de 2ª instância deu provimento a tal recurso, revogando a sentença e condenando os réus, solidariamente, a pagarem uma indemnização de ao autor.

Decisão Final:

O STJ refere que estamos perante o problema difícil dos limites de exercício de direitos constitucionais fundamentais.

A liberdade de expressão e informação é fundamental no Estado de Direito democrático, sendo vedado qualquer tipo de censura mas, em princípio, deve respeitar e, portanto, tem por limite o direito à honra e ao bom nome dos cidadãos.

A favor dos recorrentes milita a circunstância de estar em causa não algo atinente à vida pessoal, à privacidade do autor mas, sim, a sua conduta profissional. Referiu-se termos como "fantochada”.

A comunicação social tem de pautar-se por regras éticas e deontológicas que, conforme já referenciado, são tão simples e tão incontroversas que vêm a ser a tradução do civismo adequado a uma sã sociedade.

O STJ confirmou o Acórdão recorrido (onde se condenava os réus).

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17Afonso LeitãoMarta Carmo

Considerações Finais:

Poder-se-á dizer que, pela análise do Acórdão, nos revemos na decisão proferida pelo STJ. Ou seja, tendo em conta as circunstâncias adversas em que o treinador dirigiu a equipa, acreditamos que, à luz do princípio da proporcionalidade, nada justifica a forma desadequada, tendenciosa e desnecessária em que foi abordada esta questão.

A comunicação social pode e deve informar e opinar. Mas, para tanto, deverá usar expressões aceitáveis, tendo a obrigação comprovar o que afirma, o que não se sucedeu, no caso sub judice.

Acórdão do STJ de 30 de Setembro de 2008

Descrição sintética da questão:

A Ré “P...-Imprensa Livre, S.A.” é proprietária do jornal “O Correio da Manhã”. No dia 13/07/2003, Domingo, o jornal “O Correio da Manhã” publicou na primeira página uma notícia que ocupava meia página e tinha como título, em letras garrafais o seguinte: “100 Crimes aos 19 anos”. O jornal, referindo-se ao Autor, escreveu: “Conhecido por “Puto Mitra” “rouba desde os dez anos e está agora em prisão preventiva na cadeia de Caxias suspeito de muitos furtos e uma violação”.

A notícia foi formulada com base numa investigação feita junto da área de residência do Autor, recorrendo a fontes diversificadas, junto de vizinhos e do contacto com as autoridades policiais locais (que confirmaram a veracidade dos factos relatados na notícia).

Na 1ª Instância, foi proferida uma sentença a julgar a acção improcedente. A 2ª Instância confirmou a sentença.

Decisão Final:

Sendo a honra e o direito ao bom nome valores absolutos que se inscrevem no âmbito dos direitos de personalidade, absolutos e invioláveis, importa saber se a publicação em causa lesou estes mesmos direitos do Autor.

Importa saliente que o direito de informar éuma manifestação constitucional da liberdade de expressão e de imprensa (arts. 37.º e 38.º da CRP).

Assiste ao Jornal o direito, a função social, de difundir notícias de interesse público, importando que o faça com verdade e com fundamento.

A notícia foi formulada com base numa investigação feita junto da área de residência do Autor, baseada em fontes diversificadas, junto de vizinhos e do contacto com as autoridades policiais locais.

Os factos provados não demonstram a existência de dano e, consequentemente, de nexo de causalidade.

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18Afonso LeitãoMarta Carmo

Considerações Finais:

A decisão do STJ foi, em nossa opinião correcta, pois teve em conta, por um lado, prossecução e cumprimento da sua função pública que a imprensa desempenha num Estado de Direito Democrático exercendo, deste modo, o seu direito/dever de informação, e, por outro lado, a divulgação da notícia em análise processou-se de forma isenta e não tendenciosa, o que se confirma pelo facto do Jornal se ter baseado em diversas fontes para além de ter demonstrado a preocupação em ocultar o verdadeiro nome do Jovem.

Este último ponto revela uma preocupação de não serem publicadas imputações que pudessem atingir a honra da pessoa em questão.

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19Afonso LeitãoMarta Carmo

5. ANÁLISE DE JURISPRUDÊNCIA DO TEDH

Caso Colaço Mestre e SIC – Sociedade Independente de Comunicação, S.A. C. Portugal de 26 de Abril de 2007

Descrição Sintética da Questão:

O primeiro requerente é jornalista da segunda requerente, a qual é proprietária do canal nacional de televisão generalista SIC.

Em 1996, o primeiro requerente entrevistou o Sr. Gerhard Aigner, à época Secretário-Geral da UEFA, sobre a situação do futebol português, em particular as acusações de corrupção dos árbitros, e o comportamento do Sr. Pinto da Costa, à época Presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, bem como do Futebol Clube do Porto.

Nessa mesma entrevista, que foi transmitida na SIC, o primeiro requerente afirmou que Pinto da Costa era o «Patrão dos Árbitros» e que tinha insultado publicamente dois árbitros. O Tribunal Criminal do Porto julgou os requerentes culpados do crime de abuso de liberdade de imprensa e condenou-os ao pagamento de uma indemnização a Pinto da Costa, tendo o Tribunal da Relação confirmado a decisão.

Decisão Final:

As partes concordam que houve uma ingerência na liberdade de imprensa dos requerentes mas não concordam sobre se a ingerência era «necessária numa sociedade democrática».

O debate sobre futebol era muito intenso pelo que relevava do interesse geral, onde se incluem as actividades públicas de Pinto da Costa.

Relativamente à expressão «patrão dos árbitros», decorre claramente de toda a entrevista que o objectivo do requerente era obter do Secretário-Geral da UEFA um comentário sobre a acumulação de funções do Sr. Pinto da Costa à época. A questão dos insultos aos árbitros era um exemplo dado para o mesmo fim.

Não foi tido em conta, nos tribunais nacionais, um justo equilíbrio entre a necessidade de proteger o direito do requerente à liberdade de expressão e a protecção dos direitos e a reputação do queixoso.

A condenação não respeitava o princípio da proporcionalidade.As quantias pagas pelos requerentes em virtude da condenação penal dos

mesmos são o resultado directo da violação do direito destes à liberdade de expressão, pelo que o Estado Português foi condenado à sua restituição nos termos do artigo 44.º, n.º 2, da Convenção.

A verificação desta violação foi considerada já por si mesmo uma reparação.

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20Afonso LeitãoMarta Carmo

Considerações Finais:

A decisão do TEDH foi a nosso ver correcta, pois teve em conta quer a necessidade de equilíbrio entre o princípio da dignidade humana e os pressupostos da democracia, quer as circunstâncias do caso em concreto.

Importa destacar a equiparação feita entre um político e o Sr. Pinto da Costa por exercer cargos de interesse social relevante.

Caso Azevedo c. Portugal de 27 de Março de 2008

Descrição Sintética da Questão:

O requerente foi convidado pela Câmara Municipal de Castelo Branco para ser co-autor de um livro intitulado Os jardins do Paço Episcopal de Castelo Branco, onde os mesmos eram pesquisados e divulgados sob forma de fotografias, cartas e desenhos.

Na décima parte do livro, o requerente classificou os trabalhos antecedentes como fracos.

S., autora do livro, apresentou queixa-crime no Tribunal de Castelo Branco, que condenou o requerente a um mês de prisão e a uma indemnização simbólica (1€) por difamação. Em recurso para o Tribunal da Relação de Coimbra, modificou-se apenas a pena.

Decisão Final:

As afirmações em questão não são particularmente ofensivas para a queixosa. A condenação penal, que não responde a nenhuma necessidade social imperiosa, ofendeu o direito protegido pelo artigo 10.º da Convenção.

A condenação penal imposta pelo Estado Português ao requerente constitui uma ingerência no seu direito à liberdade de expressão.

Sancionar penalmente o tipo de críticas produzidas pelo requerente, conduziria, aos olhos do Tribunal, a entravar a liberdade de que os investigadores devem beneficiar no âmbito do seu trabalho científico.

O Estado deve pagar ao requerente, nos termos do artigo 44.º, n.º 2, da Convenção, uma indemnização por danos materiais e outra por custas e despesas.

Considerações Finais:

Pensamos que é de aplaudir a decisão do TEDH porque a reputação profissional, neste caso científica, tem como limite a liberdade de investigação de outros cientistas, o que pode implicar crítica destes, desde que seja respeitado o princípio da proporcionalidade.

No caso sub judice era uma necessidade democrática, para os munícipes de Castelo Branco, o confronto de opiniões científicas neste questão de interesse social.

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21Afonso LeitãoMarta Carmo

6. CONCLUSÃO

Através da elaboração deste trabalho, compreendemos que os direitos de personalidade são protegidos civilmente e reconhecidos na Constituição. Caracterizam-se por ser inatos, absolutos, inalienáveis e irrenunciáveis. No entanto, estes podem conflituar entre si, sendo necessário recorrer ao princípio da concordância prática ou da proporcionalidade.

No plano interno, nomeadamente, a nível de jurisprudência do STJ, nota-se uma evolução22: na década de 90 dava-se prevalência, em abstracto, do Direito à Honra. Já no início da década actual a prevalência era dada ao Direito à Honra mas após se fazer uma ponderação ou concordância prática. No final da década actual, nota-se umaprevalência da Liberdade de Imprensa após ponderação ou concordância prática.

No plano externo, apercebemo-nos da existência de uma jurisprudência constante do TEDH quanto a certos princípios provenientes do art. 10.º da CEDH, que nos remetem essencialmente para um princípio da liberdade de expressão nas suas múltiplas manifestações e com os quais concordamos.

Um desses princípios diz-nos que a liberdade de expressão constitui um dos fundamentos essenciais de uma sociedade democrática. Por conseguinte, o exercício desta liberdade está sujeito a formalidades, condições, restrições e sanções que todavia devem ser estritamente interpretadas, devendo a sua necessidade ser estabelecida de maneira convincente. Estas “regras” de exercício da liberdade de expressão revestem uma particular importância para a imprensa: se esta não deve ultrapassar os limites fixados em vista, nomeadamente, «da protecção da reputação de outrem», incumbe-lhe no entanto transmitir informações e ideias sobre questões políticas bem como sobre outros temas de interesse geral.

É também verdade que os limites da crítica admissível são mais amplos em relação a um homem político, agindo na sua qualidade de personalidade pública, do que a um simples cidadão, apesar de, sem dúvida aquele ter direito à protecção da sua reputação, mesmo fora do âmbito da sua vida privada.

Além disso, a verificação do carácter «necessário numa sociedade democrática» da ingerência litigiosa impõe ao Tribunal que examine se a ingerência correspondia a uma «necessidade social imperiosa». Ora, se é certo que as autoridades nacionais gozam de uma certa margem de apreciação, todavia, esta não é ilimitada e deve ser acompanhada por um controlo exercido pelo TEDH.

22 Evolução essa que verificamos através da análise de mais acórdãos para além dos descritos no presente trabalho.

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22Afonso LeitãoMarta Carmo

7. BIBLIOGRAFIA

§ CORDEIRO, António Menezes – Tratado de Direito Civil Português, I, Parte Geral, Tomo III, Pessoas, 2.ª edição, Coimbra 2007.

§ FERNANDES, Luís Carvalho – Teoria Geral do Direito Civil, Vols. I e II, 4.ª ed., Lisboa 2007.

§ PINTO, Carlos Alberto da Mota – Teoria Geral do Direito Civil, 4.ª edição por António Pinto Monteiro e Paulo Mota Pinto, Coimbra, 2005.

§ PRATA, Ana – Dicionário Jurídico, Vol, I, Direito Civil, Direito Processual Civil e Organização Judiciária, 5ª ed., Almedina, 2008.

§ REBELO, Maria da Glória Carvalho – A Responsabilidade Civil pela Informação transmitida na Televisão, Lex, 1999.

§ VARELA, Antunes/ LIMA, Pires de – Código Civil anotado, Vol I, 4ª ed., Coimbra, 1987.

§ VASCONCELOS, Pedro Pais de – Teoria Geral do Direito Civil, 4ª ed., Almedina, 2007.

Sítios da Internet:

§ http://www.dre.pt§ http://www.dgsi.pt§ http://www.gddc.pt/direitos-humanos/index-dh.html

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23Afonso LeitãoMarta Carmo

8. ÍNDICE

1) Introdução______________________________________________________pág.1;2) Direitos de Personalidade e a tutela geral de personalidade______________pág. 2;

a) Noção e Breve Evolução Histórica________________________________pág.2;b) Características dos Direitos de Personalidade_______________________pãg.3;c) Elenco dos Direitos de Personalidade_____________________________pág. 4;d) Haverá um Direito Geral de Personalidade?________________________pág.5;e) Figuras Afins_________________________________________________pãg.6;f) Formas de Protecção dos Direitos de Personalidade_________________pág. 6;

3) Colisão de Direitos_______________________________________________pág. 8;a) A Colisão de Direitos em Geral___________________________________pág.8;b) A Colisão entre Direito à Honra, ao Bom Nome e à Reputação e a Liberdade de

Imprensa___________________________________________________pág. 9;4) Análise de Jurisprudência Nacional_________________________________pág. 14;5) Análise de Jurisprudência do TEDH_________________________________pág. 19;6) Conclusão_____________________________________________________pág. 21;7) Bibliografia____________________________________________________pág. 22;8) Índice_________________________________________________________pág.23.