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1 DIREITO DO TRABALHO II material 06 (Lázaro Luiz Mendonça Borges) 6. CESSAÇÃO DO CONTRATO DE EMPREGO 6.1. Considerações gerais: A doutrina trabalhista adota a seguinte forma de classificar a extinção do contrato de trabalho: a) por iniciativa do empregador (dispensa com ou sem justa causa). Em relação ao empregador, a sua manifestação de vontade não é absoluta, pois há situações que a lei não aceita a dissolução da relação de emprego. Exemplos: nos casos de estabilidade definitiva (decenal), ou provisória, bem como nos casos de suspensão ou interrupção do contrato. b) por iniciativa do empregado (pedido de demissão, dispensa indireta e aposentadoria espontânea); c) por iniciativa de ambas as partes (culpa recíproca e, com a reforma trabalhista, por acordo entre empregado e empregador – novo artigo 484-A da Consolidação das Leis do Trabalho); d) por desaparecimento de uma das partes (morte do empregado, morte do empregador ou extinção da empresa); d.1. morte do empregado – considerando que o contrato de emprego é do tipo intuitu personae em relação ao empregado, que celebra contrato personalíssimo, a morte do trabalhador tem o condão de por fim ao pacto laboral. d.2. morte do empregador – quando o empregador for pessoa física, é facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho (art. 483, § 2º, da CLT): Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: (...)

DIREITO DO TRABALHO II material 06professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/17629... · 2 § 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual,

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DIREITO DO TRABALHO II – material 06

(Lázaro Luiz Mendonça Borges)

6. CESSAÇÃO DO CONTRATO DE EMPREGO

6.1. Considerações gerais:

A doutrina trabalhista adota a seguinte forma de classificar a extinção do contrato de trabalho:

a) por iniciativa do empregador (dispensa com ou sem justa causa).

Em relação ao empregador, a sua manifestação de vontade não é absoluta, pois há situações

que a lei não aceita a dissolução da relação de emprego. Exemplos: nos casos de estabilidade

definitiva (decenal), ou provisória, bem como nos casos de suspensão ou interrupção do

contrato.

b) por iniciativa do empregado (pedido de demissão, dispensa indireta e

aposentadoria espontânea);

c) por iniciativa de ambas as partes (culpa recíproca e, com a reforma

trabalhista, por acordo entre empregado e empregador – novo artigo 484-A da Consolidação

das Leis do Trabalho);

d) por desaparecimento de uma das partes (morte do empregado, morte

do empregador ou extinção da empresa);

d.1. morte do empregado – considerando que o contrato de emprego é do tipo intuitu

personae em relação ao empregado, que celebra contrato personalíssimo, a morte do

trabalhador tem o condão de por fim ao pacto laboral.

d.2. morte do empregador – quando o empregador for pessoa física, é facultado ao

empregado rescindir o contrato de trabalho (art. 483, § 2º, da CLT):

Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a

devida indenização quando:

(...)

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§ 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é

facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.

e) pela expiração do contrato por prazo determinado;

f) por força maior:

f.1. Força Maior – o Código Civil conceitua caso fortuito ou de força maior como aqueles

cujos efeitos não eram possíveis evitar ou impedir (parágrafo único do artigo 393).

Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito

ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato

necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.

Essa definição abrange os fatos naturais independentes da vontade do homem (ciclone,

maremoto, tempestade, inundação, etc.) - força maior; e, situações que decorrem de fatos

alheios à vontade da parte, mas proveniente de fatos humanos, como guerra, incêndio etc.) –

caso fortuito. Ficam caracterizadas a inevitabilidade e irreversibilidade.

No Direito do Trabalho, considerando que a regra é a da continuidade do vínculo laboral, a

força maior somente se caracteriza por absoluta impossibilidade de continuidade do vínculo

em razão da inevitabilidade do evento (elemento objetivo) e da inexistência de culpa do

empregador (elemento subjetivo) – artigo 501 da CLT.

A falência do empregador não será considerada como força maior, pois está inserida nos

riscos do empreendimento (§ 1º do artigo 501 da CLT). O mesmo ocorre com os planos

econômicos editados pelo governo.

Art. 501 - Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em

relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não

concorreu, direta ou indiretamente.

§ 1º - A imprevidência do empregador exclui a razão de força maior.

§ 2º - À ocorrência do motivo de força maior que não afetar substancialmente,

nem for suscetível de afetar, em tais condições, a situação econômica e

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financeira da empresa não se aplicam as restrições desta Lei referentes ao

disposto neste Capítulo.

f.2. Fato do Príncipe ou Factum Principis – essa teoria tem origem no Direito

Administrativo, pois o ‘príncipe’ significa a Administração Pública, o Estado.

É o ato do governo, em qualquer grau, que impede o prosseguimento de qualquer atividade

particular. No Direito do Trabalho, a hipótese é cuidada no artigo 486 da CLT:

Art. 486 - No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho,

motivada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela

promulgação de lei ou resolução que impossibilite a continuação da atividade,

prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo

responsável. (Redação dada pela Lei nº 1.530, de 26.12.1951)

Tal qual a força maior, supõe-se que seja um caso específico, que não haja culpa, direta ou

indiretamente, de quem o alega. O fato do príncipe ocorrerá tanto por ato da Administração

Pública municipal, como estadual ou federal. A circunstância poderá ser decorrente de um ato

comum, de lei ou de ato administrativo.

Para que haja a responsabilidade da Administração Pública é preciso que venha a ocorrer o

fechamento da empresa. Se isso não ocorrer, não haverá responsabilidade da Fazenda Pública.

A Administração Pública responderia pelo pagamento da indenização de 40% (sobre o saldo

do FGTS) e aviso prévio. Demais verbas rescisórias devem ser pagas pelo empregador, que

assume os riscos do negócio. Parte da doutrina defende que o aviso prévio também seria de

responsabilidade do empregador.

Não caracteriza factum principis o cancelamento de concessão a título precário de transporte

coletivo, planos econômicos, dificuldades financeiras da empresa, cassação de licença de

funcionamento por irregularidades, intervenção em decorrência de atividades ilícitas da

empresa.

Existe entendimento doutrinário de que desapropriação faz parte do risco do negócio e não

fato do príncipe.

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6.2. Término do contrato individual por ato lícito das partes:

6.2.1. Dispensa do empregado – ocorre quando o empregador utiliza de

sua declaração unilateral de vontade, despedindo (ou dispensando) o empregado. O

empregador tem o direito potestativo (revestido de poder) de resilir o contrato de emprego,

arcando com os ônus decorrentes.

6.2.2. Demissão do empregado – é a ruptura do contrato por iniciativa do

empregado. Ou seja, quem ‘pede’ demissão é o empregado. Há que se ponderar apenas que

o empregado não faz um ‘pedido’, ele apenas está comunicando sua intenção de sair, que

independe da anuência do empregador.

Pressupostos de validade da demissão:

Antes da Reforma Trabalhista, o pedido de demissão do empregado com mais de 01 ano de

serviço somente seria válido quando contar com a assistência sindical – antiga previsão do art.

477, § 1º, da CLT. Todavia, tal dispositivo foi expressamente revogado pela Lei n.

13.467/2017 (Reforma Trabalhista):

Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá

proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social,

comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento

das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo.

§ 1o (Revogado).

..............................

§ 3o (Revogado).

Apenas para fins históricos, seguem abaixo algumas decisões sobre esse tema:

Processo: RR - 556-83.2011.5.03.0009 - Fase Atual: RR

Número no TRT de Origem: AIRR-556/2011-0009-03.

Órgão Judicante: 1ª Turma

Relator: Ministro Lelio Bentes Corrêa

Recorrente(s): VÍRNIA APARECIDA MIGUEL DOS SANTOS

Advogado: Dr. Gustavo de Carvalho Chalup

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Recorrido(s): A & C SOLUÇÕES LTDA.

Advogado: Dr. João Luiz Juntolli

PEDIDO DE DEMISÃO. VALIDADE. CONTRATO DE TRABALHO

EXISTENTE HÁ MAIS DE UM ANO. AUSÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO DO

ATO DE RESCISÃO PELO SINDICATO REPRESENTANTE DA CATEGORIA

PROFISSIONAL. . 1. O artigo 477, parágrafos 1º e 3º, da Consolidação das Leis do

Trabalho estabelece, como condição de validade do ato de rescisão dos contratos de

emprego vigentes há mais de um ano, a obrigatoriedade da assistência do respectivo

sindicato ou do Ministério do Trabalho ou, na ausência destes, do representante do

Ministério Público ou, ainda, onde houver, do Defensor Público e do Juiz de Paz. 2. A

assistência prestada no caso de pedido de demissão firmado por empregado com mais

de um ano de serviço constitui formalidade essencial e imprescindível à sua validação,

consoante dicção expressa do parágrafo 1º do artigo 477 da Consolidação das Leis do

Trabalho. 3. A inobservância da formalidade essencial prevista na norma consolidada

revela-se suficiente a ensejar a inversão da presunção quanto à iniciativa da dispensa, na

medida em que acarreta a nulidade do próprio ato rescisório. Com efeito, sem o

cumprimento da obrigação prevista em lei, o ato jurídico não se aperfeiçoa, deixando de

subsistir os elementos nele consignados, inclusive quanto à iniciativa da dispensa.

Afastada a validade do ato demissional imperfeito, presume-se imotivada a dispensa,

pela incidência do princípio da presunção da continuidade do liame empregatício. 4. A

confissão aplicada à autora não tem o condão de convalidar negócio jurídico para o qual

a lei exige, como condição de eficácia, formalidade essencial, não comprovada nos

autos. 5. Recurso de revista conhecido e provido.

PROCESSO TRT - RO - 0000885-49.2014.5.18.0211

RELATOR: DESEMBARGADOR GENTIL PIO DE OLIVEIRA

RECORRENTE: PAULO RAUL VIEIRA

ADVOGADO: JUVENAL DA COSTA CARVALHO

RECORRIDO: PRELUDIO AGROPECUARIA LTDA - EM RECUPERACAO

JUDICIAL E OUTROS

ADVOGADO: GILSON AFONSO SAAD

ORIGEM: VT DE FORMOSA

JUIZ: OSMAR PEDROSO

EMENTA

PEDIDO DE DEMISSÃO. AUSÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO PELO SINDICATO.

A ausência de homologação da rescisão contratual, exigida no artigo 477, parágrafo 1º,

da CLT, apenas gera a presunção relativa de que o empregado foi dispensado,

transferindo ao empregador o ônus de comprovar o pedido de demissão. Logo,

evidenciado pelas provas dos autos que a iniciativa da ruptura do pacto laboral

efetivamente partiu do empregado, impõe-se o reconhecimento de que é válida esta

modalidade de dissolução do contrato de trabalho. (grifo nosso)

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PROCESSO TRT/SP Nº 0000680-84.2013.5.02.0054

RECURSO ORDINÁRIO EM RITO SUMARÍSSIMO DA 54ª VT DE SÃO PAULO

RECORRENTE: MARCIANE REGINA GENNARI ROSA

RECORRIDO: MARIA GRACY GUIMARÃES

RECURSO ORDINÁRIO. EMPREGADO DOMÉSTICO. MULTA PREVISTA

NO ART. 477 DA CLT. INAPLICÁVEIS. A multa prevista no art. 477 da CLT, não é

aplicável ao contrato de trabalho doméstico face ao estabelecido no art. 7º, alínea “a”,

do mesmo Diploma Legal, o qual exclui expressamente de sua abrangência a categoria

dos empregados domésticos. Não se pode, ainda, olvidar que o parágrafo único do

artigo 7º da CF elenca os direitos e garantias atribuídos a tal categoria, dentre os quais

não figura o direito à aludida multa, mesmo após a promulgação da Emenda

Constitucional nº 72 de 02/04/2013.

Repercutindo a última decisão acima transcrita, há que se ponderar que, com o advento da Lei

Complementar n. 150/2015, existe, em tese, possibilidade de o entendimento acima exposto

ser revisto em face do que dispõe o artigo 19 da referida lei:

Art. 19. Observadas as peculiaridades do trabalho doméstico, a ele também se

aplicam as Leis nº 605, de 5 de janeiro de 1949, no 4.090, de 13 de julho de

1962, no 4.749, de 12 de agosto de 1965, e no 7.418, de 16 de dezembro de

1985, e, subsidiariamente, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),

aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.

Parágrafo único. A obrigação prevista no art. 4º da Lei nº 7.418, de 16 de

dezembro de 1985, poderá ser substituída, a critério do empregador, pela

concessão, mediante recibo, dos valores para a aquisição das passagens

necessárias ao custeio das despesas decorrentes do deslocamento residência-

trabalho e vice-versa.

No caso de empregado estável, o pedido de demissão deve contar com a assistência do

Sindicato Profissional, e se não houver, com a assistência do Ministério do Trabalho ou da

Justiça do Trabalho, conforme previsão no artigo 500 da CLT:

Art. 500 - O pedido de demissão do empregado estável só será válido quando

feito com a assistência do respectivo Sindicato e, se não o houver, perante

autoridade local competente do Ministério do Trabalho e Previdência Social ou

da Justiça do Trabalho. (Revigorado com nova redação, pela Lei nº 5.584, de

26.6.1970)

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6.3. Término do contrato de emprego por ato culposo do empregado: dispensa por

justa causa (artigo 482 da CLT):

6.3.1. Princípios norteadores do exercício do Poder Disciplinador:

Princípios – é o conjunto de regras ou de preceitos, que servem de normas a toda espécie de

ação jurídica.

a) Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade – a pena a ser

aplicada ao ato faltoso deve ser proporcional à gravidade da falta cometida. Por isso, deve ser

levado em conta o passado funcional do empregado.

b) Princípio da exaustão ou do non bis in idem – quando se aplica a

pena ao empregado encerra-se o poder punitivo em relação àquele ato faltoso já punido, ou

seja, não há possibilidade de substituição de uma pena por outra quando já aplicada com base

no mesmo ato faltoso.

4ª. TURMA

PROCESSO

TRT/SP

Nº: 00028138020135020028

RECURSO ORDINÁRIO

RECORRENTE: Adriana Patricia da Silva Bezerra

RECORRIDO: Carmosina Empreendimentos Turísticos Ltda.

ORIGEM: 28ª Vara do Trabalho de São Paulo

EMENTA: DESÍDIA. FALTAS ANTERIORES JÁ PUNIDAS E

ATRASOS JÁ TACITAMENTE PERDOADOS. JUSTA CAUSA

INSUBSISTENTE.

Fatos pretéritos já punidos não podem respaldar a dispensa por justa causa, em

face do princípio jurídico que veda a dupla punição pela mesma falta (non bis in

idem). Também não sustentam a dispensa desonerada, a punição de fatos já

tacitamente perdoados. In casu, restou patente que, pelas faltas nos dias 14, 15 e

17 de agosto de 2013, a reclamante foi inicialmente advertida, depois suspensa

e por fim dispensada por justa causa, em aviso de dispensa que também

menciona “inúmeras faltas e atrasos”, quando os cartões revelam que

imediatamente após o retorno da licença maternidade, ou seja, oito meses antes

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da rescisão, a reclamante efetivamente chegava habitualmente atrasada, mas no

mês seguinte a situação se regularizou e ela não mais se atrasou de forma

substancial. Assim, insubsiste a justa causa capitulada no art. 482, letra e, da

CLT. Sentença que se reforma, no particular.

Admite-se a conversão da pena na hipótese de erro de conhecimento, ou seja, o empregador

quando puniu o empregado com uma pena mais leve não sabia de fatos reveladores de uma

conduta dolosa do empregado, ou não sabia da extensão do prejuízo que ele lhe causou.

Entretanto, a conversão da pena deve ser adotada concomitante ao conhecimento da nova

situação.

A conversão benéfica da pena, chamada de comutação da pena, é admitida na doutrina e

jurisprudência. O empregador pode substituir uma suspensão por uma advertência; reduzir o

tempo de suspensão etc.

c) Princípio da Relatividade – na aferição da gravidade da falta

caracterizadora da justa causa, o empregador deve considerar vários elementos: a intenção, o

resultado, o agente, o ambiente ou o local da falta, a extensão do prejuízo. Esse princípio se

confunde com o da proporcionalidade;

d) Princípio da Imediatidade ou da Atualidade – a falta grave deve ser

punida tão logo o empregador tome conhecimento dela. Por esse princípio, falta não punida é

considerada falta perdoada (perdão tácito);

e) Princípio da Extensão – consiste na possibilidade de a justa causa

abranger uma ou mais faltas disciplinares.

f) Princípio da Gravidade – é considerado justa causa os atos provocados

pelo empregado que se opõem à continuidade da relação de emprego, de forma mais

expressiva (natureza objetiva). Por outro lado, a apuração da justa causa está ligada à

circunstância, medidora da gravidade, conforme o ato do empregado haja sido praticado com

culpa ou dolo (natureza subjetiva).

6.3.2. Tipos de justa causa (artigo 482, alíneas “a” a “m”, da CLT):

Caracterização das infrações trabalhistas: critério genérico e taxativo.

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Critério genérico: por esse critério, a legislação não prevê, de modo expresso, os tipos

jurídicos de infrações trabalhistas, ou seja, a ordem jurídica não realiza previsão exaustiva e

formalística.

Critério taxativo (ou da tipicidade legal): por ele a legislação prevê, de modo expresso, os

tipos jurídicos de infrações trabalhistas. A ordem jurídica realiza previsão exaustiva e

formalística das infrações, fiel ao princípio de que inexistiriam ilícitos.

A doutrina abraça o entendimento de que a ordem jurídica brasileira inspira-se no critério

taxativo. Nessa linha a legislação prevê, de modo expresso, as figuras de infrações trabalhistas.

6.3.2.1. Tipos de Infrações:

a) ato de improbidade (alínea ‘a’) – ímprobo, é a pessoa desonesta,

árdua, difícil.

É a conduta culposa pela qual o empregado provoca dano ao patrimônio do empregador ou

de terceiro, em razão do contrato de trabalho, com o objetivo de alcançar vantagem para si ou

para outrem.

Exemplos: furto, roubo, extorsão, falsificação de documentos, apropriação indébita de valores

da empresa etc.

0000626-20.2013.5.03.0110 RO (00626-2013-110-03-00-8 RO)

Data de Publicação: 08/09/2014

Órgão Julgador: Quinta Turma

Relator: Convocado Jesser Goncalves Pacheco

Revisor: Convocada Ana Maria Amorim Reboucas

Tema: JUSTA CAUSA - IMPROBIDADE

Divulgação: 05/09/2014. DEJT/TRT3/Cad.Jud. Página 213. Boletim: Não.

EMENTA: JUSTA CAUSA. ATESTADO MÉDICO RASURADO. ATO

DE IMPROBIDADE. A apresentação, pelo empregado, de atestado médico

rasurado, com o fim de prolongar o período de afastamento indicado pelo

médico, constitui falta grave para os efeitos do artigo 482, "a", da CLT. Assim

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sendo, mostra-se adequada e proporcional a aplicação da pena máxima pelo

empregador.

PROCESSO TRT - RO - 0011422-77.2013.5.18.0005

RELATOR : DESOR. EUGÊNIO JOSÉ CESÁRIO ROSA

RECORRENTE : PINHEIROS VEÍCULOS LTDA.

ADVOGADA : MARCELA FERREIRA SOUTO

RECORRIDO : AIRTON WESLEY DE MORAIS MATA

ADVOGADA : KARINE DOMINGUES DA SILVA MACHADO

ORIGEM : 5ª VT DE GOIÂNIA

JUIZ : JOÃO RODRIGUES PEREIRA

EMENTA: JUSTA CAUSA. CONFIGURAÇÃO. Comprovadas a autoria e a

materialidade do ato faltoso imputado ao trabalhador - ato de improbidade -

derruindo a fidúcia necessária à manutenção do contrato de trabalho, ademais,

sendo o ato o motivo determinante e atual para a ruptura do contrato, tem-se por

lícita a demissão por justa causa. Recurso da reclamada a que se dá provimento.

b) Incontinência de conduta (alínea ‘b’, 1ª parte) – consiste na conduta

irregular do empregado que atinja a moral, do ponto de vista sexual.

“A falta está vinculada à conduta sexual imoderada, desregrada, destemperada ou até mesmo,

inadequada, desde que afete o contrato de trabalho ou o ambiente de trabalho” (Maurício

Godinho Delgado, pág. 1.169).

Exemplo: assédio sexual; manter amante no recinto de trabalho; conjunção carnal dentro do

ambiente de trabalho etc.

PROCESSO TRT - ROS - 0010135-95.2014.5.18.0053

RELATOR: MARCELO NOGUEIRA PEDRA

RECORRENTE(S): DOCE VIDA INDÚSTRIA DE PRODUTOS

ALIMENTÍCIOS NATURAIS S.A.

ADVOGADO(S): ABDUL RAHMAN AMORIM AKIL

RECORRIDO(S): ROSENI DA SILVA NASCIMENTO

ADVOGADO(S): ROGÉRIO DE SOUSA CARNEIRO

ORIGEM: 3ª VARA DO TRABALHO DE ANÁPOLIS

JUIZ(ÍZA): SEBASTIÃO ALVES MARTINS

EMENTA

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JUSTA CAUSA. INCONTINÊNCIA DE CONDUTA. AUSÊNCIA DO

REQUISITO GRAVIDADE. Corretamente afirma o julgador "a quo" a

necessidade de se adequar o direito à realidade humana e aos padrões que a ela

concernem. Numa sociedade permissiva, em que a sensualidade das pessoas se

vê constantemente estimulada, em que símbolos sexuais são cotidianamente

criados e festejados e na qual os comportamentos sexualmente ousados são

vistos com naturalidade e até aprovação, carece de razoabilidade a adoção, justo

nesse quesito, de critérios rígidos na avaliação da conduta alheia, mormente

quanto a fatos ocorridos por ocasião de confraternização organizada pela

empresa ao ar livre, em local dotado de piscinas, num ambiente festivo e

descontraído por onde as pessoas circulavam em trajes sumários, consumindo

bebidas alcoólicas.

c) Mau procedimento (alínea ‘b’, 2ª parte) – conduta irregular do

empregado que atinja a moral (modo de falar, agir), sob o ponto de vista geral, excluído o

sexual.

Amaury Mascaro define essa falta como o comportamento irregular do empregado,

incompatível com as normas exigidas pelo senso comum do homem médio.

Exemplo: dirigir veículo da empresa sem habilitação ou sem autorização; utilizar tóxicos na

empresa ou ali traficá-lo; danificar equipamentos da empresa, comentário maledicente do

empregado contra o empregador em sítio eletrônico de relacionamento, ingresso

desautorizado e clandestino do empregado acompanhado de terceiros no ambiente da

empresa, etc.

PROCESSO Nº 1000275-50.2016.5.02.0046

RECURSO ORDINÁRIO

RECORRENTE: FLÁVIO LUIS SILVA DIAS

RECORRIDO: NTT DO BRASIL TELECOMUNICAÇÕES LTDA.

ORIGEM: 46ª Vara do Trabalho de São Paulo

EMENTA: O recorrente foi dispensado por justa causa pela reiteração em ato

faltoso consistente em "piratear" filmes utilizando a rede da empresa. Fazer

downloads de filmes protegidos por direitos autorais é ilegal, e o recorrente

cometeu essa ilegalidade duas vezes no ambiente laboral. O que gerou duas

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notificações das empresas Warner Bros, e Paramount, comprometendo o bom

nome da recorrida no mercado, expondo a empresa a situação vexatória perante

terceiros. O ato praticado pelo reclamante, está em desacordo com as regras

básicas de respeito ao ambiente de trabalho e viola de forma direta a confiança,

que deve respaldar a relação empregatícia. Recurso improvido.

0002337-72.2013.5.03.0106 RO (02337-2013-106-03-00-4 RO)

Data de Publicação: 12/09/2014

Órgão Julgador: Primeira Turma

Relator: Luiz Otavio Linhares Renault

Revisor: Emerson Jose Alves Lage

Tema: JUSTA CAUSA - MAU PROCEDIMENTO

Divulgação: 11/09/2014. DEJT/TRT3/Cad.Jud. Página 79. Boletim: Sim.

Ementa. JUSTA CAUSA. MAU PROCEDIMENTO. Havendo prova de que o

empregado adotou, com habitualidade, comportamento incorreto, praticando

atos que ferem as normas jurídicas e as regras de bom comportamento, de

respeito, de decoro, de paciência e de educação, atos esses incompatíveis com o

que se espera de um homem médio para conviver harmonicamente em

sociedade, com tipicidade (art. 482, "b", da CLT), assim como com gravidade

suficiente para a quebra da fidúcia contratual, impõe-se a resolução contratual

por justa causa, porque a penalidade foi aplicada de forma proporcional,

imediata e única (non bis in idem).

A título de esclarecimento, segue abaixo trecho do acórdão elencando as atitudes do

empregado que acabaram por culminar em sua dispensa por justa causa por mau

procedimento:

O fato se subsume no tipo de "mau procedimento", capitulado no art.

482, "b", da CLT, que se caracteriza pelo comportamento incorreto, com

prática de atos que ferem as normas jurídicas e as regras do bom viver, do

respeito, do decoro, da paciência e da educação, condutas incompatíveis com o

que se espera de um homem médio para conviver de forma harmônica em

sociedade.

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As condutas foram descritas em rol apresentado na defesa da

Reclamada, comprovadas por provas documentais constantes dos autos:

1. 05/12/2008: multa por dirigir sem cinto de segurança (f. 51);

2. 02/04/2009: denúncia por não dar atendimento a usuários no

ponto (f. 53);

3. 22/01/2009: multa por avançar sinal vermelho (f. 54);

4. 17/06/2009: denúncia por não observar parada no ponto e fazê-lo

após para desembarque e não esperar completo desembarques, prendendo o

braço de usuária na porta e ainda maltratá-la (fs. 56/57);

5. 31/07/2009: denúncia por não dar atendimento a usuários no

ponto e ainda fazer gestos obscenos dirigidos àqueles que o esperavam para

embarcar (fs. 58/59);

6. 05/08/2009: multa por parar em local/horário de estacionamento e

parada proibidos pela fiscalização (f. 60);

7. 18/03/2010: denúncia por ignorar passageiro no ponto, passando

direto e fora da faixa a ele destinada (f. 62);

8. 22/03/2010: denúncia por não dar atendimento a usuário no ponto

(f. 63);

9. 22/12/2010: multa por avançar sinal vermelho em semáforo (f.

64);

10. 12/04/2011: denúncia por não dar atendimento a usuários no

ponto (f. 65);

11. 22/09/2011: multa por dirigir sem cinto de segurança (f. 66);

12. 07/11/2011: denúncia por permitir e participar de algazarra de

usuários dentro do veículo (f. 67);

13. 05/05/2013: avançou o sinal vermelho e colidiu com outro veículo,

provocando avarias nas viaturas e ferimentos nos passageiros (f. 69/77).

A última infração (05/05/2013) culminou na dispensa por justa causa, em

06/05/2013 (f. 79). Destaco que o fato foi circunstanciado em Boletim de

Ocorrência Policial (fs. 69/77), que é dotado de fé pública e não foi

desconstituído por prova em contrário.

À exemplo da desídia, o mau procedimento requer a reiteração de atos,

os quais permitam, pelo seu conjunto, visualizar o perfil do empregado, de

modo a identificar atributos de seu exercício profissional para qualificá-lo

como correto ou incorreto, segundo as normas jurídicas e morais. Por isso é

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que fatos remotos, como os ocorridos em 2009, 2010, 2011, apesar de não

punidos ao tempo de sua prática, somam-se aos mais recentes de maneira

legítima, eis que sem eles não seria possível compor o histórico

comportamental do Reclamante, sem diminuir a gravidade da falta que ensejou

a resilição contratual.

d) Negociação habitual por conta própria ou alheia, sem permissão

do empregador e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual

trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço (alínea ‘c’) – é a conduta irregular do

empregado que pratica por conta própria atos de comércio de forma desleal concorrendo com

o empregador, ou pratique a mesma conduta irregular por meio de terceiros que seriam

concorrentes do empregador.

Tratando-se de falta que exige o elemento objetivo habitualidade, é necessária a repetição do

ato (pluralidade significativa).

Exemplo 1 (quando constitui ato de concorrência à empresa): o técnico da empresa de

manutenção de aparelhagem de clientela da empresa que trabalha, mantém à parte com esses

mesmos clientes a prestação pessoal desses mesmos serviços; técnicos de televisão a cabo que

fazem ligação de ponto extra por preço menor.

Essa negociação deve ser feita sem a permissão do empregador e com habitualidade. Se

houver permissão do empregador, evidente que a justa causa estará descaracterizada. O

mesmo ocorre se não houver habitualidade.

Exemplo 2 (quando constitui fator prejudicial ao serviço): as ‘sacoleiras’, que vendem

produtos para os colegas de trabalho.

e) Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não

tenha havido suspensão da execução da pena (alínea ‘d’) -

A pena privativa de liberdade, resultante de sentença transitada em julgado, mesmo que o ato

ilícito cometido não tenha relação com o contrato de emprego, inviabiliza o cumprimento do

contrato por culpa do próprio trabalhador. E, em decorrência, a lei exime o empregador do

ônus quanto à continuidade do vínculo de emprego, resolvendo o contrato por culpa do

empregado.

15

Por outro lado, se o crime cometido tiver relação com o contrato de emprego, a absolvição no

processo penal, por exemplo, não inviabiliza o reconhecimento da justa causa.

Importante salientar que a prisão preventiva do empregado produz a suspensão do contrato

de emprego por força de lei, conforme previsão no artigo 131, V, da CLT, período durante o

qual não será possível a resilição patronal. Se o juiz impronunciar o referido empregado ou se

absolvê-lo, ele retornará ao emprego para dar continuidade a seu vínculo laboral.

Art. 131 - Não será considerada falta ao serviço, para os efeitos do artigo

anterior, a ausência do empregado: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 1.535, de

13.4.1977)

(...)

V - durante a suspensão preventiva para responder a inquérito administrativo ou

de prisão preventiva, quando for impronunciado ou absolvido; e (Incluído pelo

Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)

f) Desídia no desempenho das respectivas funções (alínea ‘e’) – trata-

se de figura jurídica que remete à ideia de trabalhador negligente, relapso, caracterizado pela

incúria do agente. É a desatenção reiterada, o desinteresse contínuo, o desleixo contumaz com

as obrigações decorrentes do contrato.

Esse tipo jurídico exige, em regra, que a conduta irregular seja reiterada e habitual, para a

dispensa do empregado por justa causa. Assim, a conduta desidiosa deve merecer exercício

pedagógico do poder disciplinar pelo empregador com gradação de penalidades (advertência,

suspensão) em busca de uma ressocialização do trabalhador.

Uma só falta não vai caracterizar a desídia. As faltas anteriores devem, porém, ter sido objeto

de punição ao empregado, ainda que sob a forma de advertência verbal, ou seja, a justa causa

será caracterizada depois de uma atuação pedagogicamente gradativa do empregador. A

configuração da justa causa se dará com a última falta.

Exemplos: empregado que, embora chamado à atenção pelo empregador, sempre chega

atrasado ao serviço, ou, ainda, um operário, apesar de advertido pelo chefe, desperdiça

continuamente o insumo básico da produção.

16

PROCESSO TRT - RO - 0010167-90.2014.5.18.0121

RELATOR : DESOR. EUGÊNIO JOSÉ CESÁRIO ROSA

RECORRENTE : 5 ESTRELAS SERVIÇOS DE APOIO ADMINISTRATIVO

LTDA.

ADVOGADO : MANOEL MESSIAS LEITE DE ALENCAR

RECORRIDO : DANILO FERREIRA MARTINS

ADVOGADO : MURILO FRANCISCO DIAS

ORIGEM : 1ª VT DE ITUMBIARA

JUIZ : GILVANDRO DE LELIS OLIVEIRA

EMENTA

JUSTA CAUSA. FALTAS INJUSTIFICADAS REITERADAS AO

TRABALHO. DESÍDIA. CONFIGURAÇÃO. É inerente ao contrato de

trabalho o trato sucessivo. Reiteradas ausências injustificadas ao serviço, após o

reclamante ter sido punido com suspensões seguidas e sem efeito, e finalmente

dispensado por justa causa, por caracterizada a desídia, sobejamente

comprovada.

PROCESSO TRT - RO - 0011178-30.2013.5.18.0012

RELATOR : DESOR. EUGÊNIO JOSÉ CESÁRIO ROSA

RECORRENTE(S) : FREDSON VALADARES DOS SANTOS

ADVOGADO(S) : NABSON SANTANA CUNHA

RECORRIDO(S) : ESCUDO VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA

ADVOGADO(S) : NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES

ORIGEM : 12ª VT DE GOIÂNIA

JUÍZA : KARINA LIMA DE QUEIROZ

EMENTA

JUSTA CAUSA. VIGILANTE. DORMÊNCIA EM SERVIÇO. DESÍDIA.

CONFIGURAÇÃO. A função precípua do vigilante é estar em estado de

vigília, não sendo aceitável que ele durma durante o trabalho. Situação em que

comprovadas a autoria e a materialidade do ato faltoso do vigilante - dormir em

serviço - abalando a fidúcia creditada entre as partes e sendo este motivo

determinante e atual para a ruptura do contrato, tem-se por justificada a

penalidade máxima aplicada pelo empregador.

Excepcionalmente pode-se falar em desídia por atos únicos se estes, por descuido do agente,

produzirem efeitos devastadores, como por exemplo, a perda de um prazo importante por

parte de um empregado incumbido de agendar compromisso do empregador. Vide abaixo

recente julgado:

17

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

Tribunal Regional do Trabalho – 2ª Região

RECURSO ORDINÁRIO

14ª TURMA

PROCESSO TRT/SP nº: 0001525-35.2015.5.02.0026

RECORRENTE: ANA ROSA COLOMBO

RECORRIDO: E. BUFFOLO CARDIOVASCULAR LTDA.

ORIGEM: 26ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO

Desídia. Fato único. Possibilidade da sua caracterização. Quando o ato de

desídia praticado pelo empregado, embora único, for potencialmente danoso a

quebra de confiança é evidente. No caso, a reclamante era instrumentadora

formada, e perfeitamente consciente do dever de assepsia do campo cirúrgico. O

empregador não precisa aguardar uma contaminação dos seus pacientes para

resolver o contrato de trabalho. Justa causa fundada em desídia caracterizada.

g) Embriaguez habitual ou em serviço (alínea ‘f’) – Esse tipo legal se

aplica à embriaguez alcoólica. Entretanto, poderá haver a embriaguez pelo uso de outras

substâncias tóxicas.

Desdobra-se em duas situações: embriaguez habitual e embriaguez em serviço. A habitual

seria aquela embriaguez que ocorre mesmo sem relação com o ambiente de trabalho, repetidas

vezes dentro de curto espaço de tempo. A segunda, dentro do ambiente de trabalho, ainda

que eventualmente.

Se a embriaguez for habitual, fora do ambiente de trabalho, mas produzir efeitos no

ambiente de trabalho, possibilita a ruptura por justa causa. A embriaguez em serviço,

mesmo que por uma ou poucas vezes, no ambiente de trabalho, autoriza a dispensa por justa

causa.

Registre-se, entretanto, a tendência atual de se considerar o alcoolismo uma doença, que deve

ensejar o tratamento médico, com a suspensão do contrato de trabalho e o encaminhamento

do trabalhador à Previdência Social para tratamento da patologia.

PROCESSO TRT/SP N.º 0000209-03.2015.5.02.0053

04ª Turma

ORIGEM: 53ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO

18

RECURSO ORDINÁRIO

RECORRENTE: ROBERTO BENEDITO MARIANO DOS SANTOS

RECORRIDO: COMPANHIA PAULISTA DE TRENS METROPOLITANOS

- CPTM

DISPENSA POR JUSTA CAUSA. EMBRIAGUEZ HABITUAL OU EM

SERVIÇO. RECONHECIMENTO DO ALCOOLISMO COMO DOENÇA.

DISPENSA ABUSIVA QUE DÁ DIREITO À REINTEGRAÇÃO. O

alcoolismo, atualmente, é formalmente reconhecido como doença pela

Organização Mundial da Saúde (OMS) e, como tal, deve ser tratada. Havendo a

constatação de que o empregado sofria de uma doença, competia à empresa

encaminhá-lo ao médico do trabalho para que esta fosse adequadamente tratada,

ou então para o INSS para que fosse feito o afastamento previdenciário pelo

período em que ficasse constatada a incapacidade laborativa do empregado. As

circunstâncias em que ocorreu a dispensa do reclamante permitem concluir que

esta foi feita de forma abusiva, visto que fundamentada em condições de saúde

do reclamante, violando direitos fundamentais do trabalhador, o que não pode

ser tolerado pela ordem jurídica vigente, razão pela qual a reintegração do autor

no serviço é medida que se impõe.

PROCESSO TRT - ROS -0010144-23.2013.5.18.0011

RELATOR: Juiz LUCIANO SANTANA CRISPIM

RECORRENTE(S): REFRESCOS BANDEIRANTES INDÚSTRIA E

COMÉRCIO LTDA.

ADVOGADO(S) : RODRIGO DE SOUZA SILVEIRA

RECORRIDO(S) : ANTONIO NETO DE ARAUJO

ORIGEM : 11ª VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA

JUIZ : CELSO MOREDO GARCIA

EMENTA

JUSTA CAUSA. EMBRIAGUEZ. CARACTERIZAÇÃO. Não afasta a

caracterização da dispensa por justa causa o enquadramento equivocado,

quando a falta praticada pelo empregado encontra-se prevista em outra alínea do

art. 482 da CLT. Demonstrado que o reclamante, ajudante de motorista,

juntamente com o motorista e outro ajudante, trafegaram na rodovia

embriagados em caminhão da empresa colocando suas vidas e de terceiros em

risco, resta caracterizada a prática de falta grave capaz de quebrar a confiança

mantenedora do vínculo empregatício. Legítima a dispensa por justa causa.

Recurso provido.

19

h) Violação de segredo da empresa (alínea ‘g’) – o segredo está ligado

ao aspecto jurídico, e que venha a significar algo de privativo da empresa. Portanto, comete

justa causa o empregado que, em razão do contrato de trabalho, e sem autorização do

empregador, revele a situação financeira da Empresa, uma estratégia de marketing, uma

descoberta de fórmula por meio da qual a empresa pretenda colocar produto inédito no

mercado.

0001305-25.2011.5.03.0131 RO (01305-2011-131-03-00-0 RO)

Data de Publicação: 09/08/2013

Órgão Julgador: Sétima Turma

Relator: Luís Felipe Lopes Boson

Revisor: Paulo Roberto de Castro

Tema: JUSTA CAUSA - VIOLAÇÃO DE SEGREDO

Divulgação: 08/08/2013. DEJT. Página 76. Boletim: Sim.

EMENTA: JUSTA CAUSA - VIOLAÇÃO DE SEGREDO DE EMPRESA

- CONFIGURAÇÃO - Confirmado pelo próprio reclamante que enviou e-mail

para sua irmã contendo informações sigilosas da empresa com a relação de

salários dos empregados, que foi repassada para vários colegas, configura-se a

quebra de fidúcia a autorizar dispensa por justa causa.

i) Ato de Indisciplina ou de insubordinação (alínea ‘h’) –

Indisciplina – é o descumprimento de ordens gerais, dadas a todos os empregados

indistintamente. Portanto, é a desobediência às determinações contidas em regimentos

internos, circulares, portarias, ou mesmo instruções gerais, sejam escritas ou verbais. A

indisciplina, para ser caracterizada, não exige reiteração do ato.

PROCESSO TRT - RO - 0010892-96.2015.5.18.0201

RELATOR: DESEMBARGADOR GERALDO RODRIGUES DO

NASCIMENTO

RECORRENTE(S): DENEILSON CUTRIM

ADVOGADO(S): LORENA FIGUEIREDO MENDES E OUTRO(S)

RECORRIDO(S): VALE VERDE EMPREENDIMENTOS AGRÍCOLAS

LTDA.

ADVOGADO(S): MARLLUS GODOI DO VALE E OUTRO(S)

ORIGEM: VT DE URUAÇU-GO

JUIZ(ÍZA): JULIANO BRAGA SANTOS

20

EMENTA

EMENTA: JUSTA CAUSA. MAU PROCEDIMENTO. INDISCIPLINA. Por

representar a penalidade máxima aplicada ao empregado no âmbito do contrato

de emprego, a justa causa requer prova robusta, clara e convincente, da inserção

da conduta obreira no rol taxativo do artigo 482 da CLT, e obediência a alguns

requisitos, como a atualidade e imediatidade do ato faltoso, a gravidade e

proporcionalidade entre a falta e a punição aplicada, além da proibição da dupla

penalidade. No caso, comprovado que o reclamante incorreu em procedimento

indisciplinar (impedimento de acesso dos demais empregados ao trabalho), do

que resultou quebra de confiança, chancela-se a justa causa, respectivamente,

por indisciplina e por mau procedimento (art. 482, alíneas "b" e "h", da CLT).

Recurso obreiro conhecido e desprovido.

Insubordinação – é o descumprimento de ordens pessoais de serviço.

A distinção entre a indisciplina e a insubordinação decorre do seguinte: na primeira a ordem

descumprida é geral, para todos os empregados e a segunda é pessoal, ou seja, foi dada

somente para determinado trabalhador.

j) Abandono de emprego (alínea ‘i’) – é a ausência continuada com a

intenção de não mais trabalhar.

Dois requisitos o caracterizam – primeiro o afastamento das atividades normalmente exercidas

combinada com o decurso do tempo (elemento objetivo, ou corpus), segundo a intenção de não

mais trabalhar (elemento subjetivo – animus dereliquendi).

A jurisprudência firmou o entendimento de que o prazo mínimo de 30 dias expressa a

intenção de abandonar (súmula 32 do TST). Porém, a intenção pode existir em tempo bem

menor.

SUM-32 ABANDONO DE EMPREGO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ

19, 20 e 21.11.2003

Presume-se o abandono de emprego se o trabalhador não retornar ao serviço no

prazo de 30 (trinta) dias após a cessação do benefício previdenciário nem

justificar o motivo de não o fazer.

21

l) Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra

qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima

defesa, própria ou de outrem (alínea ‘j’) (considerações abaixo, junto com a alínea ‘k’)

m) Ato lesivo da honra e boa fama ou ofensas físicas praticadas

contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa

própria ou de outrem (alínea ‘k’)

Lesões à honra ou boa fama – é a ofensa à honra da pessoa por meio da injúria (ofensa à

dignidade ou decoro), calúnia (imputação de fato definido como crime) e difamação

(imputação de fato ofensivo à sua reputação).

Segundo Mozart Victor Russomano, “tudo que por gestos ou palavras importar em expor

outrem ao desprezo de terceiros, será considerado lesivo da boa fama. Tudo quanto, por

qualquer meio magoá-lo em sua dignidade pessoal, será ato contra a honra”.

Ofensas físicas – serão consideradas ofensas físicas caracterizadoras todas as agressões,

tentada ou consumada, contra o superior hierárquico, empregadores, colegas ou terceiros, no

local de trabalho.

Observação: a legítima defesa própria ou de outrem é excludente de justa causa para a

dispensa do empregado.

0001226-81.2012.5.03.0108 RO (01226-2012-108-03-00-2 RO)

Data de Publicação: 15/04/2014

Órgão Julgador: Segunda Turma

Relator: Deoclecia Amorelli Dias

Revisor: Convocado Alexandre Wagner de Morais Albuquerque

EMENTA: DEMISSÃO POR INICIATIVA DO EMPREGADO

TRANSFORMADA EM DISPENSA POR JUSTA CAUSA. PRÁTICA DE

ATO LESIVO CONTRA A BOA FAMA DA EMPRESA. O envio de "e-

mail", pelo empregado, a clientes da empresa, denegrindo a imagem desta, isto

no mesmo dia em que pediu demissão, implica em prática de falta grave capaz

de transformar o ato demissionário em dispensa motivada, a teor do art. 482,

letra k, da CLT.

22

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

PROCESSO TRT/SP N.º 0000574-35.2013.5.02.0083 (20160023723)

RECURSO ORDINÁRIO

RECORRENTES: SGD BRASIL VIDROS LTDA. E JULIANA DANTAS DOS SANTOS

RECORRIDAS: AS MESMAS.

ORIGEM: 83a VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. JUSTA CAUSA. COMENTÁRIO

DEPRECIATIVO PUBLICADO EM REDE SOCIAL. CONFIGURAÇÃO.

A Constituição Federal assegura o direito à livre manifestação do pensamento,

elevando o seu exercício ao nível de garantia fundamental. Todavia, esse direito

não pode ser exercido de forma ilimitada ou inconsequente, devendo o seu

titular praticá-lo de modo responsável. Tanto assim que o artigo 187, do Código

Civil, dispõe que "Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao

exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico

ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes". No caso dos autos, restou

comprovado que a autora publicou, em rede social, comentários depreciativos

sobre a empregadora, praticando ato lesivo à sua honra e boa fama, sobretudo

quando se considera a repercussão e o alcance que a informação pode ter, por

conta do meio em que foi divulgada. Houve, portanto, nítida quebra da fidúcia

na relação entre as partes estabelecida, o que autoriza a aplicação da justa causa

prevista no citado artigo 482, “k”, da CLT. Não há se falar em rigor excessivo

ante o poder lesivo do ato praticado, porquanto essa única atitude da reclamante

revelou-se capaz de elidir toda a fidúcia que deve permear as relações do

trabalho, além de macular a reputação da empresa, mormente considerando que

a citada rede social possui alcance irrestrito. Recurso ordinário da reclamante a

que se nega provimento.

o) Prática constante de jogos de azar (alínea ‘l’) – é a quebra da

obrigação geral de conduta do empregado, praticada fora do ambiente de trabalho, com

reflexo no contrato de trabalho, pois o jogador não inspira confiança e sem esta não há

contrato de trabalho. Jogos de azar são as apostas com repercussão pecuniária, em atividades

ilegais ou proibidas. Se o empregado se dedica costumeiramente aos jogos de azar estará

praticando justa causa. A habitualidade é necessária para a configuração da falta. Essa alínea

não tem sido mais observada nos dias atuais.

23

p) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei

para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do

empregado (alínea ‘m’ – acrescentada pela Lei n. 13.467/2017 – Reforma

Trabalhista) – o dolo é diferente da culpa e o legislador definiu como justa causa a conduta

dolosa que enseja a perda da habilitação profissional (exemplo: advogado que pratica algum

ato intencional que ensejou a cassação de sua inscrição nos quadros da OAB poderá ser

despedido por justa causa).

6.3.2.2. Outras faltas graves que ensejam a dispensa por justa causa:

a) prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de

atos atentatórios à segurança nacional (parágrafo único do artigo 482 da CLT) – há

discussão na doutrina sobre a vigência ou aplicabilidade de tal dispositivo, já que editado em

determinada época da história (1966) que não encontraria guarida atualmente. Segundo Vólia

Bomfim Cassar, “o tipo está vigente e merece adaptações”, uma vez que “a redemocratização

nacional limitou o interesse prático dessa justa causa, mas não a revogou”. Ensina a renomada

autora que “a justa causa está em vigor, a autoridade é a polícia federal e o inquérito é policial,

e o empregador continua obrigado ao pagamento, por 90 dias (§ 5º do artigo 472 da CLT), do

salário do empregado acusado”.

b) Ferroviário - recusa ao cumprimento de horas extraordinárias, em se

tratando de casos de urgência ou acidentes (art. 240, parágrafo único da CLT):

Art. 240 - Nos casos de urgência ou de acidente, capazes de afetar a segurança

ou regularidade do serviço, poderá a duração do trabalho ser excepcionalmente

elevada a qualquer número de horas, incumbindo à Estrada zelar pela

incolumidade dos seus empregados e pela possibilidade de revezamento de

turmas, assegurando ao pessoal um repouso correspondente e comunicando a

ocorrência ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, dentro de 10 (dez)

dias da sua verificação.

Parágrafo único - Nos casos previstos neste artigo, a recusa, sem causa

justificada, por parte de qualquer empregado, à execução de serviço

extraordinário será considerada falta grave.

c) Aprendiz – cometimento de falta disciplinar grave (art. 433, II, da CLT)

ou ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo (art. 433, III, da CLT):

24

Art. 433. O contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seu termo ou quando o

aprendiz completar 24 (vinte e quatro) anos, ressalvada a hipótese prevista no §

5o do art. 428 desta Consolidação, ou ainda antecipadamente nas seguintes

hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 11.180, de 2005)

(...)

II – falta disciplinar grave; (AC) (Redação dada pela Lei nº 10.097, de

19.12.2000)

III – ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo; ou (AC)

(Redação dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)

d) não utilização de equipamentos de proteção individual – recusa

injustificada à observância das instruções sobre medicina e segurança do trabalho, expedidas

pelo empregador e também ao uso de equipamentos de proteção individual fornecidos pela

Empresa, conforme previsão no parágrafo único do artigo 158 da CLT:

Art. 158 - Cabe aos empregados: (Redação dada pela Lei nº 6.514, de

22.12.1977)

I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as

instruções de que trata o item II do artigo anterior; (Redação dada pela Lei nº

6.514, de 22.12.1977)

II - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo.

(Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)

Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa

injustificada: (Incluído pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)

a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II

do artigo anterior; (Incluída pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)

b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela

empresa. (Incluída pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977) (grifamos)

e) inadimplemento contumaz do bancário – era previsto que bancário

que faltasse continuamente ao pagamento de dívida legalmente exigível podia ser dispensado

por justa causa. Entretanto, o artigo 508 da CLT, que previa tal situação, foi

REVOGADO pela Lei n. 12.347/2010.

Especificamente em relação aos empregados domésticos, deve-se observar o que preceitua o

artigo 27 da Lei Complementar n. 150/2015, abaixo transcrito:

25

Art. 27. Considera-se justa causa para os efeitos desta Lei:

I - submissão a maus tratos de idoso, de enfermo, de pessoa com deficiência ou

de criança sob cuidado direto ou indireto do empregado;

II - prática de ato de improbidade;

III - incontinência de conduta ou mau procedimento;

IV - condenação criminal do empregado transitada em julgado, caso não tenha

havido suspensão da execução da pena;

V - desídia no desempenho das respectivas funções;

VI - embriaguez habitual ou em serviço;

VII - (VETADO);

VIII - ato de indisciplina ou de insubordinação;

IX - abandono de emprego, assim considerada a ausência injustificada ao

serviço por, pelo menos, 30 (trinta) dias corridos;

X - ato lesivo à honra ou à boa fama ou ofensas físicas praticadas em serviço

contra qualquer pessoa, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de

outrem;

XI - ato lesivo à honra ou à boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o

empregador doméstico ou sua família, salvo em caso de legítima defesa, própria

ou de outrem;

XII - prática constante de jogos de azar.

6.4. Término do contrato de emprego por ato culposo do empregador: despedida

indireta ou rescisão indireta (artigo 483 da CLT):

Os atos faltosos do empregador surgem da violação de três (03) direitos fundamentais do

empregado: 1) do direito ao respeito à pessoa física e moral (decoro e prestígio); 2) da tutela

das condições essenciais do contrato; 3) da observância pelo empregador das obrigações que

constituem a contraprestação do trabalho (Délio Maranhão).

De acordo com a CLT, em seu artigo 483, são estas as situações que permitem ao empregado

pleitear a despedida indireta:

a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei,

contrários aos bons costumes ou alheio ao contrato:

26

Serviços superiores às forças do empregado: é considerado serviço superior às forças do

empregado aquele que provoque esgotamento físico ou mental. Portanto, é considerado

serviço superior às forças do empregado, além do serviço físico, superior aos limites previstos

em lei, qualquer outra atividade que revele trabalho estressante, penoso etc.

Exemplo: emprego de força muscular superior a 60 quilos, se homem (art. 198 da CLT);

emprego de força muscular superior a 20 quilos para o trabalho contínuo ou 25 quilos para o

trabalho ocasional, se mulher (art. 390 da CLT) etc.

Serviços defesos por lei: são aqueles proibidos pela legislação vigente, inclusive a penal.

Contrário aos bons costumes: é aquele que ofende a moral pública.

b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos

com rigor excessivo: o tratamento adequado, baseado no respeito, na urbanidade é

obrigação das partes. Entretanto, o rigor excessivo no tratamento para com o empregado não

passa pelo crivo do princípio da proporcionalidade.

Assim, a não observância do princípio da proporcionalidade entre a natureza da falta e a

penalidade imposta, possibilita a rescisão indireta do contrato de emprego. Exemplos:

suspender o empregado por 10 dias somente porque chegou atraso alguns minutos uma única

vez; tratamento ríspido, atos de perseguição dirigidos ao empregado;

c) correr manifesto de mal considerável: ocorre quando o empregado é

obrigado a trabalhar em condições perigosas sem que a empresa adote as medidas de

segurança recomendadas pelas normas de proteção, objetivando protegê-lo de eventual perigo;

d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato: os casos mais

comuns são: falta de pagamento dos salários (retenção salarial), alteração da prestação de

serviços (colocar o empregado na ociosidade), não pagar certas vantagens concedidas com

habitualidade (redução salarial), etc.

Sobre o assunto: vide Decreto–Lei n. 368, de 19/12/68 (dispõe sobre efeitos de débitos

salariais) e artigo 7º, inciso X da Constituição Federal, e Súmula 13 do TST:

Art. 1º - (...):

27

Parágrafo único. Considera-se em débito salarial a empresa que não paga, no

prazo e nas condições da lei ou do contrato, o salário devido a seus empregados.

Art. 2º (...)

§ 1º - Considera-se mora contumaz o atraso ou sonegação de salários devidos

aos empregados, por período igual ou superior a 3 (três) meses, sem motivo

grave e relevante, excluídas as causas pertinentes ao risco do empreendimento.

SÚM-13 MORA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

O só pagamento dos salários atrasados em audiência não ilide a mora capaz de

determinar a rescisão do contrato de trabalho.

PROCESSO Nº TST-RR-592-07.2017.5.12.0061

ACÓRDÃO

2ª Turma

GMJRP/abc/vm/ac

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº

13.015/2014.

INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. MORA REITERADA NO

PAGAMENTO DE SALÁRIOS. DESNECESSIDADE DE

COMPROVAÇÃO DE PREJUÍZO. DANO IN RE IPSA. VALOR DA

INDENIZAÇÃO FIXADO EM R$ 6.000,00 (SEIS MIL REAIS).

O empregado oferece sua força de trabalho, em troca de pagamento

correspondente para a sua sobrevivência. Se não recebe seus salários na época

aprazada, fica impedido de arcar com os custos de sua subsistência e de sua

família. Frisa-se que o salário possui natureza alimentar. Ressalta-se que é

extremamente fácil inferir o abalo psicológico ou constrangimento sofrido por

aquele que não possui condições de saldar seus compromissos na data

estipulada, porque não recebeu seus salários em dia. Nessas circunstâncias, é

presumível que a empregada se sentia insegura e apreensiva, pois não sabia se

receberia seu salário no prazo legal. Portanto, o reiterado ato ilícito praticado

pela reclamada acarretou dano moral in re ipsa, que dispensa comprovação da

existência e da extensão, sendo presumível em razão do fato danoso – não

recebimento dos salários na época certa. Dessa forma, não se cogita da

necessidade de a reclamante comprovar que o pagamento dos seus salários com

atraso teria acarretado prejuízo psicológico e íntimo ou afetado sua imagem e

honra. Na hipótese, ao que sobressai do acórdão regional, o atraso no

pagamento dos salários da reclamante é incontroverso, fato que é corroborado

28

pela constatação de que, na sentença, a reclamada foi condenada ao pagamento

dos salários referentes a cinco meses de trabalho. A ausência de pagamento de

salários por cinco meses consecutivos já configura a reiterada mora no

pagamento das verbas salariais, porquanto ocorrida em relação a meses

distintos.

Recurso de revista conhecido e provido.

PROCESSO TRT - RO - 0010305-51.2013.5.18.0005

RELATOR : DESEMBARGADOR GENTIL PIO DE OLIVEIRA

RECORRENTE : JULIANA PORTO COELHO FERREIRA

ADVOGADO : DIOGO CARRIJO PESSOA DOS SANTOS

RECORRIDO : PASSAREDO TRANSPORTES AÉREOS LTDA.

ADVOGADA : MÉRCIA ARYCE DA COSTA

ORIGEM : 5ª VT DE GOIÂNIA

JUÍZA : GIRLENE DE CASTRO ARAÚJO ALMEIDA

EMENTA

AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DOS DEPÓSITOS DO FGTS.

FALTA GRAVE CONFIGURADA. RESCISÃO INDIRETA DO

CONTRATO DE TRABALHO. Em razão do princípio da continuidade da

relação de emprego aliado ao valor social do trabalho, a rescisão indireta do

contrato de trabalho somente é possível na hipótese de falta grave praticada pelo

empregador capaz de tornar insustentável a manutenção do vínculo

empregatício com o trabalhador. E, de acordo com a jurisprudência atual e

iterativa do C. TST, a ausência de recolhimento dos depósitos do FGTS

constitui falta grave apta a ensejar a rescisão indireta com base no artigo

483, alínea "d", da CLT. (nosso grifo)

e) praticar o empregador, ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de

sua família, ato lesivo da honra e boa fama: são atos lesivos da honra ou da boa fama a

injúria, a calúnia e a difamação.

Segundo Mozart Victor Russomano são considerados atos lesivos à honra ou a boa fama

“Tudo quanto, por gestos ou palavras, importar expor outrem ao desprezo de terceiros será

considerado lesivo da boa fama. Tudo quanto, por qualquer meio, magoá-lo em sua dignidade

pessoal, será ato contra a honra”.

Exemplo: Assédio Sexual.

29

f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo

em caso de legítima defesa, própria ou de outrem: é motivo para a rescisão indireta, o

empregador ou seu preposto (poderes próprios de empregador), que ofender fisicamente o

trabalhador.

g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou

tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários: redução do trabalho

de forma a reduzir os ganhos, de forma significativa.

No que se refere às hipóteses de rescisão indireta do contrato de trabalho do empregado

doméstico, há expressa previsão no parágrafo único do artigo 27 da Lei Complementar n.

150/2015:

Art. 27. Considera-se justa causa para os efeitos desta Lei:

(...)

Parágrafo único. O contrato de trabalho poderá ser rescindido por culpa do

empregador quando:

I - o empregador exigir serviços superiores às forças do empregado doméstico,

defesos por lei, contrários aos bons costumes ou alheios ao contrato;

II - o empregado doméstico for tratado pelo empregador ou por sua família com

rigor excessivo ou de forma degradante;

III - o empregado doméstico correr perigo manifesto de mal considerável;

IV - o empregador não cumprir as obrigações do contrato;

V - o empregador ou sua família praticar, contra o empregado doméstico ou

pessoas de sua família, ato lesivo à honra e à boa fama;

VI - o empregador ou sua família ofender o empregado doméstico ou sua

família fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;

VII - o empregador praticar qualquer das formas de violência doméstica ou

familiar contra mulheres de que trata o art. 5o da Lei no 11.340, de 7 de agosto

de 2006.

6.4.1. Exercício das faculdades asseguradas nos §§ 1º, 2º e 3º do artigo

483 da CLT:

Art. 483 – (...)

(...)

30

§ 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o

contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a

continuação do serviço.

Duas são as opções: na primeira opção, o contrato de trabalho fica suspenso até o

cumprimento das obrigações legais.

Exemplo: cumprimento do mandato no executivo, no legislativo, serviço militar (artigo 472 da

CLT).

Na segunda opção, o empregado poderá resilir o contrato de trabalho, devendo pré-avisar o

empregador.

§ 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é

facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.

Ou seja, é facultado ao empregado resilir o contrato em caso de morte do empregador (pessoa

física).

§ 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a rescisão

de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações,

permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo. (Incluído pela

Lei nº 4.825, de 5.11.1965)

6.5. Culpa Recíproca – é indispensável para a configuração da culpa recíproca, que as culpas

do empregado e do empregador sejam simultâneas e guardem entre si a mesma intensidade.

Tal modalidade de rescisão está prevista no artigo 484 da CLT:

Art. 484 - Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do

contrato de trabalho, o tribunal de trabalho reduzirá a indenização à que seria

devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade.

Em caso de culpa recíproca a indenização reduzirá pela metade da que seria devida em caso de

culpa exclusiva do empregador (Súmula 14 do TST):

SÚM-14 CULPA RECÍPROCA (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e

21.11.2003

31

Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art. 484 da

CLT), o empregado tem direito a 50% (cinquenta por cento) do valor do aviso

prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais.

Abaixo, algumas decisões sobre o tema ‘rescisão contratual por culpa recíproca’:

Data de Publicação: 22/08/2011

Órgão Julgador: Quarta Turma

Relator: Convocado Antonio Carlos R.Filho

Revisor: Convocado Paulo Mauricio R. Pires

Tema: RESOLUÇÃO CONTRATUAL - CULPA RECÍPROCA

Divulgação: 19/08/2011. DEJT. Página 81. Boletim: Não.

EMENTA: ROMPIMENTO DE CONTRATO - CULPA RECÍPROCA: O

descumprimento de deveres da empresa como a não concessão de férias e falta

do recolhimento do FGTS e a falta ao trabalho por doze dias sem apresentar

justificativa do obreiro, faz com que seja declarada a culpa recíproca.

(TRT da 3.ª Região; Processo: 00606-2010-085-03-00-9 RO; Data de

Publicação: 22/08/2011; Órgão Julgador: Quarta Turma; Relator: Convocado

Antonio Carlos R.Filho; Revisor: Convocado Paulo Mauricio R. Pires;

Divulgação: 19/08/2011. DEJT. Página 81)

“Culpa recíproca. Configuração – Comprovado nos autos, de um lado, o pleno

conhecimento das normas de trabalho e o seu descumprimento por parte do

empregado, que deliberadamente alterou a senha de acesso ao programa por meio

do qual era emitido relatório diário de produção e custos, impedindo que outros

colegas o fizessem, e, de outro lado, a falta praticada pela empresa que, mesmo

depois de haver punido o reclamante com advertência por tal ato, deixou-o

praticamente por uma semana sem qualquer atividade, impedindo-o de executar o

trabalho para o qual fora contratado, fica caracterizada a culpa recíproca prevista

no art. 484 da CLT, o que autoriza o pagamento da indenização que seria em caso

de dispensa imotivada, pela metade, inclusive no que toca à multa incidente sobre

o FGTS, esta consoante o § 2º do art. 18 da Lei 8.036/90”. TRT, 3ª Reg., RO

00449-2003-060-03-00-6 – (Ac. 1ª T.) – Rel. Juiz Marcus Moura Ferreira. DJMG

19.12.03, p. 8.

Data de Publicação: 20/12/2008

Órgão Julgador: Quinta Turma

Relator: Jose Roberto Freire Pimenta

32

Revisor: Jose Murilo de Morais

Tema: RESCISÃO INDIRETA - CULPA RECÍPROCA

Divulgação: DJMG . Página 24. Boletim: Não.

EMENTA: ATOS DE IMPROBIDADE E FALTA DE PAGAMENTO DE

SALÁRIOS. CULPA RECÍPROCA. Comprovados nos autos o atraso no

pagamento dos salários por parte da reclamada e a prática, pela autora, de atos

de improbidade e indisciplina ao descumprir as ordens da empresa e receber

dinheiro diretamente das clientes na cabine de prestação de serviços, mister se

faz a manutenção da r. decisão monocrática que, à vista do contexto fático-

probatório produzido, ratificou a dispensa por culpa recíproca, nos moldes do

artigo 484 da CLT.

(TRT da 3.ª Região; Processo: RO -26290/08; Data de Publicação: 20/12/2008;

Órgão Julgador: Quinta Turma; Relator: Jose Roberto Freire Pimenta; Revisor:

Jose Murilo de Morais; Divulgação: DJMG . Página 24)

6.6. Acordo entre empregado e empregador – é a novidade trazida pela Lei n. 13.467/2017

(Reforma Trabalhista), que acrescentou à Consolidação das Leis do Trabalho o artigo 484-A:

Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre

empregado e empregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas

trabalhistas:

I - por metade:

a) o aviso prévio, se indenizado; e

b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço,

prevista no § 1o do art. 18 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990;

II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas.

§ 1o A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a

movimentação da conta vinculada do trabalhador no Fundo de Garantia do

Tempo de Serviço na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei no 8.036, de 11 de

maio de 1990, limitada até 80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos.

§ 2o A extinção do contrato por acordo prevista no caput deste artigo não

autoriza o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego. (grifei)

6.6. Distinção entre verbas trabalhistas, verbas rescisórias e verbas indenizatórias da

resilição:

Verbas trabalhistas: são as obrigações de ordem pecuniária devidas pelo empregador pela

contraprestação do serviço.

33

Verbas rescisórias: são as verbas trabalhistas incidentes por ocasião do término do contrato de

emprego. Exemplos: aviso prévio, férias vencidas e proporcionais, 13º salário integral ou

proporcional.

Verbas indenizatórias da resilição: são subespécies do gênero verba rescisória e têm por

finalidade indenizar o empregado pela despedida arbitrária ou sem justa causa.

FGTS: 8% incidentes sobre os salários mensais; 40% - indenização por

dispensa sem justa causa.

Art. 479 da CLT: 50% do salário do período restante no caso de contrato

por tempo determinado.

Art. 479 - Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem

justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a título de

indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do

contrato. (Vide Lei nº 9.601, de 1998)

Art. 480 da CLT: havendo termo estipulado, o empregado não poderá

desligar do contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador dos

prejuízos que desse fato lhe resultarem.

Art. 480 - Havendo termo estipulado, o empregado não se poderá desligar do

contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador

dos prejuízos que desse fato lhe resultarem. (Vide Lei nº 9.601, de 1998)

§ 1º - A indenização, porém, não poderá exceder àquela a que teria direito o

empregado em idênticas condições. (Renumerado pelo Decreto-lei nº 6.353, de

20.3.1944)

Art. 481 da CLT – contrato de experiência/rescisão antecipada, que

contiver cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo

ajustado. Aplicação dos princípios que regem o contrato por prazo indeterminado; cabe

inclusive o pagamento do aviso prévio (v. Súmula 163 do TST):

34

Art. 481 - Aos contratos por prazo determinado, que contiverem cláusula

assecuratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo

ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os

princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado.

SÚMULA 163. AVISO PRÉVIO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

(mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Cabe aviso prévio nas rescisões antecipadas dos contratos de experiência, na

forma do art. 481 da CLT.

6.7. Prazo para o pagamento das verbas rescisórias:

- Art. 477, § 6º, “a” da CLT – até o 1º dia útil imediato ao término do contrato –

REVOGADO PELA REFORMA TRABALHISTA;

- Art. 477, § 6º “b” da CLT – até o 10º dia, contado da data da notificação da demissão,

quando da ausência de aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa do seu cumprimento

– REVOGADO PELA REFORMA TRABALHISTA.

- Art. 477, § 8º da CLT – além de multa administrativa, multa a favor do empregado em valor

equivalente ao seu salário, devidamente corrigida.

Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder

à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa

aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no

prazo e na forma estabelecidos neste artigo. (Redação dada pela Lei nº

13.467, de 2017)

§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 2º - O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que seja a causa ou

forma de dissolução do contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga

ao empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, apenas,

relativamente às mesmas parcelas. (Redação dada pela Lei nº 5.584, de 26.6.1970)

§ 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 4o O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado: (Redação dada

pela Lei nº 13.467, de 2017)

I - em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, conforme acordem as

partes; ou (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

II - em dinheiro ou depósito bancário quando o empregado for analfabeto.

(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

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§ 5º - Qualquer compensação no pagamento de que trata o parágrafo anterior não poderá

exceder o equivalente a um mês de remuneração do empregado. (Redação dada pela Lei

nº 5.584, de 26.6.1970)

§ 6º A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação

da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o pagamento dos

valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão

ser efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato. (Redação

dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

a) (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

b) (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à

multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor

do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo

índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der

causa à mora. (Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)

§ 9º (vetado). (Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)

§ 10. A anotação da extinção do contrato na Carteira de Trabalho e

Previdência Social é documento hábil para requerer o benefício do seguro-

desemprego e a movimentação da conta vinculada no Fundo de Garantia do

Tempo de Serviço, nas hipóteses legais, desde que a comunicação prevista no

caput deste artigo tenha sido realizada. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Art. 477-A. As dispensas imotivadas individuais, plúrimas ou coletivas

equiparam-se para todos os fins, não havendo necessidade de autorização

prévia de entidade sindical ou de celebração de convenção coletiva ou acordo

coletivo de trabalho para sua efetivação. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Art. 477-B. Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa

individual, plúrima ou coletiva, previsto em convenção coletiva ou acordo

coletivo de trabalho, enseja quitação plena e irrevogável dos direitos

decorrentes da relação empregatícia, salvo disposição em contrário estipulada

entre as partes. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

6.8. Homologação da rescisão:

O § 1º do artigo 477 da CLT previa a necessidade de homologação da rescisão perante o

sindicato da categoria, para os trabalhadores que tinham mais de 01 ano de serviço. Todavia,

reiterando, essa exigência não foi contemplada na Reforma Trabalhista.

36

6.9. Créditos decorrentes conforme a modalidade de rescisão / exercícios práticos:

Quadro 01

Resilição de Contrato por Tempo Indeterminado – iniciativa do empregador e empregado sendo dispensado do cumprimento do aviso prévio

Admissão:

Dispensa:

Salário:

Saldo de salário

Aviso prévio indenizado

Férias proporcionais + 1/3

Férias vencidas + 1/3

Férias vencidas dobradas + 1/3 (se houver)

13º salário proporcional

Além disso, o empregador deverá pagar multa de 40% sobre o FGTS + liberação das guias

TRCT, chave de conectividade e seguro-desemprego (SD/CD).

Quadro 02

Resilição de Contrato por Tempo Indeterminado – iniciativa do empregador e empregado tendo que trabalhar no período do aviso prévio

Admissão:

Dispensa:

Salário:

Saldo de salário

Férias proporcionais + 1/3

Férias vencidas + 1/3

Férias vencidas dobradas + 1/3 (se houver)

13º salário proporcional

Além disso, o empregador deverá pagar multa de 40% sobre o FGTS + liberação das guias

TRCT, chave de conectividade e seguro-desemprego (CD/SD).

37

Quadro 03

Resilição de Contrato por Tempo Indeterminado – iniciativa do empregado (pedido de demissão)

Admissão:

Dispensa:

Salário:

Saldo de salário

Férias proporcionais + 1/3

Férias vencidas + 1/3

Férias vencidas dobradas + 1/3 (se houver)

13º salário proporcional

Além disso, o empregado deverá conceder o aviso prévio ao empregador, sob pena de

desconto do período respectivo, bem como, não tem direito ao saque do FGTS nem

acréscimo de 40%.

Quadro 04

Contrato por Tempo Determinado – extinção no termo final

Admissão:

Dispensa:

Salário:

Saldo de salário

Férias proporcionais + 1/3

Férias vencidas + 1/3

Férias vencidas dobradas + 1/3 (se houver)

13º salário proporcional

Além disso, o empregador deverá liberar as guias TRCT. Não há multa de 40% sobre o

FGTS nem liberação da guia CD/SD.

Quadro 05

Contrato por Tempo Indeterminado – extinção por dispensa por justa causa do empregado

Admissão:

Dispensa:

Salário:

Saldo de salário

Férias vencidas + 1/3

Férias vencidas dobradas + 1/3 (se houver)

Não há multa de 40% sobre o FGTS, não há levantamento de FGTS nem liberação da guia CD/SD.

38

Quadro 06

Contrato por Tempo Determinado – extinção antecipada por iniciativa do empregador

Admissão:

Dispensa:

Salário:

Saldo de salário

Indenização prevista no artigo 479 da CLT

Férias proporcionais + 1/3

Férias vencidas + 1/3

Férias vencidas dobradas + 1/3 (se houver)

13º salário proporcional

Além disso, o empregador deverá liberar as guias TRCT. Há multa de 40% sobre o FGTS e

liberação da guia CD/SD.

Quadro 07

Contrato por Tempo Determinado – extinção antecipada por iniciativa do empregador com cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antecipada

(artigo 481 da CLT)

Admissão:

Dispensa:

Salário:

Saldo de salário

Aviso prévio indenizado

Férias proporcionais + 1/3

Férias vencidas + 1/3

Férias vencidas dobradas + 1/3 (se houver)

13º salário proporcional

Além disso, o empregador deverá liberar as guias TRCT. Nesse caso há multa de 40% sobre

o FGTS e liberação da guia CD/SD.

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Quadro 08

Contrato por Tempo Indeterminado – extinção por mútuo acordo entre empregado e empregador (artigo 481-A da CLT)

Admissão:

Dispensa:

Salário:

Saldo de salário

Aviso prévio indenizado (pela metade)

Férias proporcionais + 1/3

Férias vencidas + 1/3

Férias vencidas dobradas + 1/3 (se houver)

13º salário proporcional

Além disso, o empregador deverá liberar as guias TRCT. Nesse caso há multa de 20% sobre

o FGTS (liberação de 80% do saldo) e liberação da guia CD/SD.