Direitos à família

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  • 7/25/2019 Direitos famlia

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    DIREITO FAMLIA

    Cristiano Chaves de Farias

    Promotor de Justia BAHIA. Mestrando em Cincias daFamlia pela UCSal Uniersidade Cat!lica do Salador.Pro"essor do curso de #ireito da U$IFACS UniersidadeSalador %&radua'o e p!s(&radua'o em #ireito Ciil)* do cursode #ireito das Faculdades Jor&e Amado* do JusP+#I,M Centro Preparat!rio para as carreiras -urdicas* e da FSMIP Funda'o scola Superior do MP/BA. Mem0ro do IB#FAM Instituto Brasileiro de #ireito de Famlia e do IB#P InstitutoBrasileiro de #ireito Processual.

    Sumrio: 1. Prole&1menos2 uma is'o contempor3nea do"en1meno "amiliar. 2. 4rans"orma5es sociais no noo milnio2re"le6os na ida "amiliar 3. A "amlia na is'o -urdica2 otratamento dispensado pela Constitui'o da 7ep80lica. 4.Miradas so0re os noos paradi&mas da "amlia. 5. $otasconclusias. Bi0lio&ra"ia.

    O que gostaria de conservar na famlia no terceiro milnio so

    seus aspectos mais positivos: a solidariedade, a fraternidade, a

    ajuda mtua, os laos de afeto e o amor. Belo sono!.%Mic9elle Perrot)

    1. Prolegme!o": um# $i"%o &o!'em(or)!e# *o +e!me!o +#mili#r.

    : certo e incontroerso ;ue o ser 9umano nasce inserto no seio "amiliar estrutura

    0 e"etiamente> outra institui'o t'o pr!6ima da nature=a do 9omem como a

    "amlia. Sociedade simples ou comple6a> assente do modo mais imediato em instintos

    primordiais> a "amlia nasce espontaneamente pelo simples desenolimento da ida 9umana?.

    + impulso natural do instinto se6ual> do amor materno> a tendncia do 9omem para

    ;ue outros o continuem> d'o> sem d8ida> a='o @ "amlia de modo imediato.

    ?$esse sentido> C7C> Jac;ues> c"." famlia> cit.> p..

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    $'o se olide> nessa esteira> ;ue na "amlia se suceder'o os "atos elementares da ida

    do ser 9umano> desde o nascimento atD a morte. $o entanto> alDm de atiidades de cun9o

    natural> 0iol!&ico> tam0Dm D a "amlia o terreno "ecundo para "en1menos culturais> tais como as

    escol9as pro"issionais e a"etias> alDm da incia dos pro0lemas e sucessos. $ota(se> assim>

    ;ue D nesta am0ienta'o prim pela

    suscepti0ilidade de escol9a de seus camin9os e orienta5es> "ormando &rupos onde desenoler na 0usca dafelicidade# ali n'o s! pela "isiolo&ia> como> i&ualmente> pela

    psicolo&ia> pode(se a"irmar ;ue o 9omem nasce para ser "eli=.

    6trapola(se> nesse passo> a tradicional concep'o 0iol!&ica de "amlia para

    isuali=ar(se uma concep'o mais ampla. $este sentido> Ea "amlia dei6a de ser um "en1menonatural> assumindo antes um car

    como -< se demonstrou> D uma estrutura ps;uica e ;ue possi0ilita ao ser 9umano esta0elecer(se

    como su-eito e desenoler rela5es napolis

    .

    +ra> sem d8ida> a "amlia tra= consi&o uma dimens'o 0iol!&ica> espiritual e social>

    a"i&urando(se mister> por conse&uinte> sua compreens'o a partir de uma "ei'o ampla>

    considerando suas idiossincrasias e peculiaridades> o ;ue e6i&e a participa'o de di"erentes

    ramos do con9ecimento> tais como a sociolo&ia> a antropolo&ia> a "iloso"ia> a teolo&ia> a 0iolo&ia

    %e> por i&ual> da 0iotecnolo&ia e a 0ioDtica) e> ainda> da cincia do direito. 4entar compreend(la

    de "orma sect isolando a compreens'o em al&uma das cincias> D en6er& portanto> a inser'o de"initia da "amlia no terreno da cultura> desprendendo de el9os conceitos 0iol!&icos. Arespeito do tema> CAU# ,L(S47AUSS> com rara sensi0ilidade> -< perce0ia o "en1meno de desnaturali$aoda famlia> retirando(a do campo 0iol!&ico> para encart a partir da compreens'o do parentesco

    a partir de um lao social> desatrelado do "ato 0iol!&ico> c". %es structures &l&mentaires de la parent&, Paris2Mouton> ?N.C".'ireito (ivil ) "lguns aspectos de sua evoluo> cit.> p.?NK.C".'ireito de *amlia: uma a+ordagem psicanaltica> cit.> p.O.

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    desenolimento da personalidade 9umana e a concreti=a'o do pro-eto de "elicidade. A "amlia>

    pois> n'o se locali=a dentro de um con-unto de muros ou num campo> mas em atitudes mentais>

    no terreno "ecundo da cultura.

    2. Tr#!"+orm#,-e" "o&i#i" !o !o$o mil!io: re+le/o" !# $i*# +#mili#r.

    ntre as incont ;uanto a;uelas ;ue se desenolem nas idas

    pessoais dos seres 9umanos %na se6ualidade> no casamento> nas "ormas de e6press'o de

    a"etiidade> etc.)O.

    Com o mesmo pensar> a psic!lo&a e terapeuta "amiliar C7IS4I$A # +I,I7A

    AMB7AM dispara ;ue Enunca antes as coisas 9aiam mudado t'o rapidamente para uma

    parte t'o &rande da 9umanidade. 4udo D a"etado2 arte> cincia> reli&i'o> moralidade> educa'o>

    poltica> economia> ida "amiliar> atD mesmo os aspectos mais ntimos da ida nada escapa.

    A pluralidade> din3mica e comple6idade dos moimentos sociais %multi"acet por !0io> a necessidade de renoa'o dos modelos "amiliaresatD ent'o e6istentes. +s casamentos> di!rcios> recasamentos> ado5es> insemina5es arti"iciais>

    "ertili=a'o in vitro> clona&em> etc.> imp5em especula5es so0re o sur&imento de noosstatus

    "amiliares> noos papDis> noas rela5es sociais> -urdicas e a"etias.

    Haeria um processo de normati=a'o social dessas noas rela5es "amiliaresQ A

    resposta> "orte na Pro"a. ISAB4 #R7IA BIAC> D no sentido de ;ue D Enecess incorporando> porDm> nesta reisita'o> a perspectiadas rela5es de &nero... : preciso um ree6ame dos papDis se6uais na "amlia ;ue incorpore>

    tam0Dm> sentimentos> incias e percep5es masculinasN.

    F destarte> ;ue das m8ltiplas modi"ica5es sociais perpetradas pelas

    desco0ertas cient"icas> pelo aano tecnol!&ico> pela 0iotecnolo&ia> etc.> decorrem>

    naturalmente> altera5es nas concep5es -urdico(sociais i&entes no sistema> dei6ando uma

    O

    Com idntico raciocnio> A$4H+$L I##$S> c". undo em descontrole ) o que a glo+ali$ao est- fa$endode ns> cit.> p.?.C". Os novos paradigmas da famlia contempor/nea> cit.> p.??.NC". EFamlia2 al&umas in;uieta5es> cit.> p..

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    passa&em a0erta para outra dimens'o> na ;ual a "amlia dee ser um elemento de &arantia do

    9omem na "ora de sua propuls'o ao "uturo.

    $esse passo> anteisto esse aano tecnol!&ico> cient"ico e cultural> dele decorre>

    ine6oraelmente> a eliminao de fronteiras arquitetadas pelo sistema jurdico0social cl-ssico,

    a0rindo espao para umafamlia contempor/nea> susceptel @s in"luncias da noa sociedade>

    ;ue tra= consi&o necessidades uniersais> independentemente de ln&uas ou territ!rios.

    Imp5e(se> pois> necessariamente traar noo ei6o "undamental para a "amlia> n'o

    apenas consent3neo com a p!s(modernidade> mas> i&ualmente> a"inado com os ideais de

    coerncia "ilos!"ica da ida 9umana.

    A transi'o da "amlia como unidade econ1mica para uma compreens'o i&ualit

    tendente a promoer o desenolimento da personalidade de seus mem0ros> rea"irma uma noa

    "ei'o> a&ora "undada no a"eto e no amor. Seu noo 0ali=amento eidencia um espao

    priile&iado para ;ue os seres 9umanos se complementem e se completem.

    3. A +#m0li# !# $i"%o ur0*i: o 'r#'#me!'o *i"(e!"#*o (el# o!"'i'ui,%o *#Re(li.

    + C!di&o Ciil de ??> considerados os alores predominantes na;uela Dpoca>

    a"irmaa a "amlia como unidade de produo> pela ;ual se 0uscaa a soma de patrim1nio e sua

    posterior transmiss'o @ prole.

    $a;uele am0iente "amiliar 9ierar;ui=ado> patriarcal> matrimoniali=ado> impessoal e>necessariamente> 9eterosse6ual os interesses indiiduais cediam espao @ manuten'o do

    nculo con-u&al> pois a desestrutura'o "amiliar si&ni"icaa> em 8ltima an a

    desestrutura'o da pr!pria sociedade. Sacri"icaa(se a "elicidade pessoal em nome da

    manuten'o da E"amlia estatal> ainda ;ue com pre-u=o @ "orma'o das crianas e adolescentes

    e da iola'o da di&nidade dos c1n-u&es.

    + outono da;uela estrutura'o cl

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    Sem d8ida> 9o-e a "amlia D n8cleo descentrali=ado> i&ualit democr n'o

    necessariamente 9eterosse6ual. 4rata(se de entidade de afeto e entre0ajuda, fundada em

    rela1es de ndole pessoal, voltadas para o desenvolvimento da pessoa umana> ;ue tem como

    diploma le&al re&ulamentador a Constitui'o da 7ep80lica de ?.

    Inocando as sempre esclarecedoras li5es do &enial US4A,+ 4P#I$+>

    Eeri"ica(se> do e6ame dos arts. KK a KT da Constitui'o Federal> ;ue o centro da tutela

    constitucional se desloca do casamento para as rela5es "amiliares dele %mas n'o unicamente

    dele) decorrentes* e ;ue a milenar prote'o da "amlia como institui'o> unidade de produ'o e

    reprodu'o de alores culturais> Dticos> reli&iosos e econ1micos> d< lu&ar @ tutela essencialmente"uncionali=ada> @ di&nidade de seus mem0ros.

    +ra> ele&endo como princpio "undamental a di&nidade da pessoa 9umana> de "orma

    reolucion a %e2 *undamentallis alar&ou o conceito de "amlia> passando a prote&er de

    "orma i&ualit se-am estes "ruto de casamento ou n'o.

    #este modo> a entidade "amiliar dee> e"etiamente> promoer a di&nidade e areali=a'o da personalidade de seus mem0ros> inte&rando sentimentos> esperanas e alores>

    serindo como alicerce "undamental para o alcance da "elicidade.

    #e "ato> o le&islador constituinte apenas normati=ou o ;ue -< representaa a realidade

    de mil9ares de "amlias 0rasileiras> recon9ecendo ;ue a "amlia D um "ato natural e o casamento

    uma solenidade> uma conen'o social> adaptando> assim> o #ireito aos anseios e necessidades

    da sociedade. Assim> passou a rece0er prote'o estatal> como re=a o art. KK> da Constitui'oFederal> a "amlia ori&inada atraDs do casamento> 0em como a decorrente de uni'o est

    ainda> a "amlia monoparental> isto D> a comunidade "ormada por ;ual;uer dos pais e seus

    descendentes.

    + ponto nodal da ;uest'o so0re entidades "amiliares est< na enumera'o do arti&o

    KK. Seria ela e6emplicatia %numerus apertus) ou se trata de rol ta6atio %numerus clausus)Q

    C". 3emas de 'ireito (ivil> cit.> p..

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    Antes de penetrar e"etiamente na seara da ;uest'o proposta> D mister> de antem'o>

    esclarecer a import3ncia do pre3m0ulo no te6to constitucional. : ele um compromisso

    antecipado e solene> ;ue -unto com os princpios "undamentais> "ormam as cl asse&urado lo&o peloart. ?> III> como princpio "undamental da 7ep80lica.

    Sem d8ida> ent'o> a 8nica conclus'o ;ue atende aos reclamos constitucionais D no

    sentido de ;ue o rol n'o e n'o pode ser nuncaV ta6atio> por dei6ar sem prote'o in8meros

    a&rupamentos "amiliares n'o preistos no 4e6to Constitucional> atD mesmo por a0soluta

    impossi0ilidade.

    $'o "osse s! isso> ao se o0serar a realidade social premente> eri"icando(se a enorme

    ariedade de arran-os "amiliares e6istentes> apresentaria(se outro ;uestionamento2 seria -usto ;ue

    os modelos "amiliares n'o preistos na lei n'o ten9am prote'o le&alQ

    +ra> como sinali=a 4P#I$+> ED a pessoa 9umana> o desenolimento de sua

    personalidade> o elemento "inalstico da prote'o estatal> para cu-a reali=a'o deem coner&ir

    todas as normas de direito positio> em particular a;uelas ;ue disciplinam o direito de "amlia>re&ulando as rela5es mais ntimas e intensas do indiduo no social.

    ,ale di=er> a e6clus'o das outras "ormas de entidades "amiliares n'o est< na

    Constitui'o> mas na interpreta'o?T> por;ue reali=ada reco0erta de a0soluto preconceito.

    C". 3emas de 'ireito (ivil> cit.> p.K.?T$esse sentido> o emDrito pro"essor ala&oano PAU+ UI $44+ WB+> ponto de re"erncia do noo #ireitoCiil 0rasileiro> perce0e ;ue n'o 9< no 4e6to Constitucional ;ual;uer distin'o limitadora> mas sim na interpreta'o;ue l9e D dada> c". Entidades "amiliares constitucionali=adas2 para alDm do numerus clausus> cit.> p..

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    : o ;ue se in"ere da simples e ainda ;ue per"unct!ria leitura do 4e6to

    Constitucional. Sen'o e-amos2

    Art.KK A +#m0li#> 0ase da sociedade> tem especial prote'o do stado.

    X...Y

    Z E!'e!*e"e6 '#m7m6 &omo e!'i*#*e +#mili#r a comunidade

    "ormada por ;ual;uer dos pais e seus descendentes.

    X...Y

    Z + stado asse&urar< a assistncia 8 +#m0li# !# (e""o# *e *# um

    *o" 9ue # i!'egr#m> criando mecanismos para coi0ir a iolncia no

    3m0ito de suas rela5es. %&ri"os nossos).

    Procedida a compara'o entre o te6to constitucional i&ente ;ue a0raa>

    nitidamente> uma tipicidade a0erta e o te6to das Constitui5es 0rasileiras anteriores> nota(se

    uma trans"orma'o radical> pois durante muito tempo> a "amlia le&itimamente prote&ida

    somente poderia ser constituda atraDs da institui'o do casamento.

    + conceito tra=ido no caput do arti&o KK D plural e indeterminado> "irmandoerdadeira cl-usula geral de incluso.

    : o cotidiano> as necessidades e aanos sociais> ;ue se encarre&am da concreti=a'o

    dos tipos. > uma e= "ormados os n8cleos "amiliares> merecem> i&ualmente> prote'o le&al.

    $a ar&uta prele'o de PAU+ UI $44+ WB+> En'o D a "amlia per se;ue D

    constitucionalmente prote&ida> mas o locus indispens so0relea considerar ;ue a norma constitucional dee ser interpretada de

    "orma a ;ue se l9e empreste a maior e"ic podendo se e6trair

    di"erentes sentidos da leitura de determinado dispositio constitucional> dee prealecer o ;ue??C". Entidades "amiliares constitucionali=adas2 para alDm do numerus clausus> cit.> p..

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    determine maior alcance social> con"erindo e"ic a caracteri=a como entidade

    familiar%independente da preis'o constitucionalV)> merecendo a prote'o do #ireito de Famlia

    e determinando> por conse&uinte> a competncia das aras de Famlia para processar e -ul&ar os

    con"litos delas decorrentes> como a"irmado pelo 4J/7S2 E4m se tratando de situa1es que

    envolvem rela1es de afeto, mostra0se competente para o julgamento da causa uma das varas

    de famlia, 5 semelana das separa1es ocorridas entre casais eterosse2uais. %4J/7S>

    A&.OTNO> Ac. \C3m.C.> rel. #es. Breno Moreira Mussi> -.?N.T.?>63'( K2?OO)

    A n'o admissi0ilidade de comunidades a"etias %denominada por al&uns> de

    entidades p-ra0familiares) como entidade "amiliar> al0er&adas no #ireito de Famlia> so0 o

    "r proclamou ainda> em outra passa&em>a Corte de Justia &a8c9a2

    EUni'o 9omosse6ual. 7econ9ecimento. Partil9a do patrim1nio. Contri0ui'o

    dos parceiros. Mea'o.

    $'o se permite mais o "arisasmo de descon9ecer a e6istncia de uni5es

    entre pessoas do mesmo se6o e a produ'o de e"eitos -urdicos deriados

    dessas rela5es 9omoa"etias. m0ora permeadas de preconceitos> s'o

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    realidades ;ue o Judici releados sempre os princpios constitucionais da di&nidade

    9umana e da i&ualdade.

    #esta "orma> o patrim1nio 9aido na const3ncia do relacionamento dee ser

    partil9ado como na uni'o est paradi&ma supletio onde se de0rua a

    mel9or 9ermenutica. Apela'o proida> em parte> para asse&urar a diis'o

    do acero entre os parceiros?K.

    $esse mesmo sentido> em recente -ul&amento> o #es. 7UI P+74A$+,A> como

    reisor do recurso> disparou> com sensi0ilidade> ;ue Eo -ui= dee -ul&ar ainda ;ue n'o 9a-a

    precedentes le&ais> atraDs da analo&ia> con"orme determina o art. da ei de Introdu'o ao

    C!di&o Ciil. O fato de tratar0se de pessoas do mesmo se2o no deve modificar o entendimento

    da unio como est-vel, pois a (onstituio veda qualquer forma de discriminao!78.

    $a medida em ;ue a "amlia dei6a de ser encarada so0 a !tica patrimonialista e comon8cleo de reprodu'o e passa a ser tratada como instrumento para o desenolimento da pessoa

    9umana> realados seus componentes mais pr!6imos @ condi'o 9umana> tem(se> sem d8ida>

    uma democrati$ao da estrutura familiar79.

    Forte em I##$S> o ;ue se propu&na D uma erdadeira democracia das emo1es

    da vida cotidiana2 Euma democracia das emo5es D e6atamente t'o importante ;uanto a

    democracia p80lica para o aper"eioamento da ;ualidade de nossas idas?O

    .

    4. Mir#*#" "ore o" !o$o" (#r#*igm#" *# +#m0li#.

    ?K4J/7S> Ac.N\C3m.C.> .u.> Ap.C. NTTT?K Porto Ale&re> rel. #es. JosD Carlos 4ei6eira ior&is> -.?.T.KTT?>63'(O2K.?4J/7S> Ap.C. NTTTT??> Ac.\ C3m.C.> rel. #es. Al"redo uil9erme n&lert> -.T.??.KTT?> #J KO.TN.KTTK.Com o mesmo raciocnio> 4J/7S> Ap.C. OKOO> Ac.\ C3m.C.> rel. #es. JosD Atades Si;ueira 4rindade>

    -.T?.T.KTTT> #J TN.T.KTTT.?

    Com idntico pensamento> MA7C+S A,S #A SI,A> em e6celente mono&ra"ia intitulada'o p-trio poder 5autoridade parental ) 6epensando fundamentos jurdicos da relao entre pais e filos> 7io de Janeiro2 7enoar>KTTK> p.?K e ss..?OC".undo em descontrole ) o que a glo+ali$ao est- fa$endo de ns> cit.> p.NK.

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    S'o diersas as in;uietantes ;uest5es ;ue se apresentam no am0iente "amiliar

    moderno> &erando perple6idades. A sociedade contempor3nea a0erta> plural> din3mica>

    multi"acet o recon9ecimento da comple6idade se a0re para a idDia de re"orma como processo

    incessante de constru'o e reconstru'o. + presente plural> e6empli"icado na ausncia de

    modelo -urdico 8nico para as rela5es "amiliares> se coaduna com o respeito @ diersidade> e

    n'o se "ec9a em torno da is'o monoltica da unidade?.

    ,(se> portanto> a inadmissi0ilidade de um sistema "amiliar "ec9ado> eis ;ue> a um s!tempo> atenta contra a di&nidade 9umana %asse&urada constitucionalmente)> a realidade social

    ia e presente da ida %tornando o0soleta e in!cua a norma le&al> uma erdadeira letra morta) e

    os aanos da contemporaneidade %;ue "icariam tol9idos> emoldurados numa am0ienta'o

    preiamente delimitada).

    A entidade "amiliar dee ser entendida> 9o-e> como &rupo social "undado>

    essencialmente> em laos de a"etiidade> pois a outra conclus'o n'o se pode c9e&ar @ lu= dote6to constitucional> especialmente do art.?> III> ;ue preconi=a a di&nidade da pessoa 9umana

    como princpio etor da 7ep80lica Federatia do Brasil.

    EMais ;ue "otos nas paredes> ;uadros de sentido> possi0ilidades de conincia>

    como des"ec9a com sensi0ilidade a&uada FACHI$.?N

    ?"pud FACHI$> 7osana Amara irardi> c".4m +usca da famlia do novo milnio> cit.> p.?N.?NC".4lementos crticos de 'ireito de *amlia> cit.> p.?.

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    $esta lin9a de intelec'o> " com o prop!sito de serir de

    motor de impuls'o para a a"irma'o da di&nidade das pessoas de seus componentes. Presti&ia(se

    a "amlia como instrumento> como Emeio para a reali=a'o pessoal de seus mem0ros. Um ideal

    ainda em constru'o> como assinala 7+SA$A FACHI$?.

    #isso n'o discrepa A$A CA7+I$A B7+CHA#+ 4I]I7A> asseerando>

    corretamente> ;ue a "amlia e6iste Eem "un'o de seus componentes e n'o estes em "un'o

    da;uela> com alori=a'o e compromisso aos nculos a"etios?. n"im> D a alori=a'o

    de"initia e inescondel da pessoa 9umanaV

    $'o se olide> demais de tudo isso> ;ue a%e2 %egum %no art. > I,) D de clare=a solar

    ao disparar ;ue D o0-etio "undamental da 7ep80lica promover o +em de todos!> dei6ando

    anteer a ntida preocupa'o com a di&nidade da pessoa 9umana.

    $esse diapas'o> ale inocar o 0ril9ante oto %em0ora encido na;uela oportunidade)

    do Min. F+$4S # A$CA7> em -ul&amento no S4J> acol9endo tais ar&umentos2 E;uanto

    ao "undamento do ac!rd'o de ;ue ela D solteira e> em conse;[ncia> n'o atin&ida pela 0enesseda ei .TT/T> ^data enia_> a"asto(o> por;ue sen'o c9e&aramos @ suprema in-ustia. Se o

    cidad'o "osse casado> ainda ;ue mal casado> "aria -us ao 0ene"cio* se "osse i8o> so"rendo a

    dor da iue=> n'o teria direito ao 0ene"cio. 7o&o nia a ,. 6cia. para no restringir esse

    conceito de famlia a to poucoKT.

    Simples> destarte> a"irmar a eolu'o da idDia de famlia0instituio> com prote'o

    -usti"icada por si mesmo> importando n'o raro em iola'o dos interesses das pessoas nelacompreendidas %especialmente os in"antes)> para o conceito de famlia0instrumento do

    desenvolvimento da pessoa umana> eitando ;ual;uer inter"erncia ;ue iole os interesses dos

    ?C".4m +usca da famlia do novo milnio> cit.> p.??.?C". E#ireito de isita dos a!s> cit.> p.T.KTS4J> Ac.\4.> 7sp.N.??K(7J> rel. Min. Barros Monteiro> -. K.T.?O> #JU K.?T.?O. A atual posi'o do S4JD no sentido de recon9ecer a prote'o do 0em de "amlia le&al @s pessoas 9umanas> independentemente da "orma'ode entidade "amiliar. ,e-a(se2 EI + conceito de entidade "amiliar> dedu=ido dos arts. ? da ei n..TT/T e KK>

    Z> da CF/> a&asal9a> se&undo a aplica'o da interpreta'o teleol!&ica> a pessoa ;ue> como na 9ip!tese> Dseparada e ie so=in9a> deendo o manto da impen9ora0ilidade> dessarte> prote&er os 0ens m!eis &uarnecedoresde sua residncia. II 7ecurso especial con9ecido e proido. %S4J> 7sp.KTO.?NT/SP> Ac.O\4.> rel. Min. lson#ipp> #JU TN.TK.KTTT>63'( 2?O).

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    seus mem0ros> tutelada na medida em ;ue promoa a di&nidade das pessoas de seus mem0ros>

    com i&ualdade su0stancial e solidariedade entre eles %arts. ? e da CF/).

    $a li'o precisa do ma&istral 4P#I$+> a preocupa'o central de nosso tempo D

    com Ea pessoa 9umana> o desenolimento de sua personalidade> o elemento "inalstico da

    prote'o estatal> para cu-a reali=a'o deem coner&ir todas as normas de direito positio> em

    particular a;uelas ;ue disciplinam o direito de "amlia> re&ulando as rela5es mais ntimas e

    intensas do indiduo no socialK?.

    A tese a;ui esposada -< ecoa em nossos Pret!rios> acol9ida> especialmente> pela

    -urisprudncia do S4J> em passa&ens "ant

    normalmente por laos de casamento> uni'o est ainda ;ue seus descendentes 9a-am

    constitudo outras "amlias> e como> normalmente acontece> passam a residir

    em outras casas. ^#ata enia_> a ei n..TT/T n'o est< diri&ida a n8mero de

    pessoas. Ao contr casada> i8a> des;uitada>diorciada> pouco importa. + sentido social da norma 0usca &arantir um teto

    para cada pessoa. S! essa "inalidade> ^data enia_> p5e so0re a mesa a e6ata

    e6tens'o da lei. Caso contr sacri"icar(se(< a interpreta'o teleol!&ica

    para prealecer a insu"iciente interpreta'o literalKK.

    K?C". 3emas de 'ireito (ivil> cit.> p.K.KKS4J> Ac. \4.> 7sp.?K.KK(SP> rel. Min. ui= ,icente Cernicc9iaro> -. ?.T.?> #JU ?T.TO.?.

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    recon9ea(se ;ue o ponto de partida para tanto dee estar> sempre> no conceito de

    cidadania#8. Isso por;ue a cidadania> conce0ida como elemento essencial> concreto e real> para

    serir de centro ner o elo de

    li&a'o> com oporvir> com os avanosde todas as nature=as> com as con;uistas do 9omem ;ue

    se consolidam. Ser< a a"irma'o de uma sociedade mais real> 9umana e> por conse&uinte> mais

    -usta.

    $en9um re"le6o de noos temas ou aanos sociais poder< colidir ou a"rontar a idDia

    de cidadania> ;ue se constitui marco "undamental> pedra an&ular> dessas noas rela5es

    -urdicas> como> inclusie> ressaltado pelo Art. ?> inciso III> da agna (arta> ;ue esta0elece

    como princpio "undamental da 7ep80lica 0rasileira a dignidade da pessoa umana. sse oponto de partida.

    Predomina> assim> um modelo "amiliar eudemonista> a"irmando(se a 0usca da

    reali=a'o plena do ser 9umano. Ali constata(se> "inalmente> ;ue a "amlia D o locus

    priile&iado para &arantir a di&nidade 9umana e permitir a reali=a'o plena do ser 9umano.

    leito> pois> como princpio "undamental da 7ep80lica> a di&nidade da pessoa9umana> de "orma reolucion eio a se coadunar com a noa "ei'o da "amlia> passando a

    &arantir prote'o de "orma i&ualit em especial @ criana e ao

    adolescente> como re=a o art. KKN do 4e6to Ma&no> a ;uem incum0e @ "amlia> @ sociedade e ao

    estado con"erir prote'o inte&ral e prioridade a0solutaK.

    Inocando mais uma e= o esc!lio> sempre oportuno> de US4A,+ 4P#I$+ ale

    alertar para o "ato de ;ue a no'o conceitual de "amlia se amolda ao cumprimento de sua "un'osocial> renoando(se sempre como Eponto de re"erncia central do indiduo na sociedade* uma

    KFACHI$> com 9a0itual pro"icincia> leciona ;ue o conceito de cidadania pode ser o continente que ir- a+rigar adimenso fortificada da pessoa no plano de seus valores e direitos fundamentais. o mais, por&m, como um sujeito

    de direitos virtuais, a+stratos ou atomi$ados para servir mais 5 noo de o+jeto ou mercadoria!, c". 3eoria (rticado 'ireito (ivil> cit.> p.T.KAssim -< se "irmou a -urisprudncia do S4J2 Euarda de menor. Criana criada pelos a!s maternos. 7econ9ecida

    pelas inst3ncias ordin com ;uemsempre ieu e a ;uem "oi concedida a &uarda depois da morte prematura da m'e> n'o ca0e reer a matDria emrecurso especial> se-a por;ue se trata de matDria de "ato> se-a por;ue est'o preserados os interesses da criana.%S4J> Ac. \4.> 7sp.KT.KK/PB> rel . Min. 7u` 7osado de A&uiar> -.K.??.KTTT> #JU ?K.TK.KTT?).

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    espDcie de aspira'o @ solidariedade#;e @ se&urana ;ue di"icilmente pode ser su0stituda por

    ;ual;uer outra "orma de conincia socialK.

    a radio&ra"ia do presente D o descortino do porir2 as mudanas ;ue se operam e

    continuar'o a se operar no 3m0ito da "amlia eidenciam ;ue s! se -usti"ica a estrutura'o da

    sociedade em n8cleos "amiliares se> e somente se> "or encarada como re"8&io para a reali=a'o

    da pessoa 9umana> como centro para a implementao de projetos de felicidade pessoal e para

    a concreti$ao do amor.

    5. o'#" &o!&lu"i$#".

    Assim> composta por seres 9umanos> decorre> por conse&uinte> uma muta0ilidade

    ine6or apresentando(se so0 tantas e diersas "ormas> ;uantas "orem as possi0ilidades de se

    relacionar> ou mel9or> de e6pressar o amor.

    #esde ;ue a "amlia dei6ou de ser o n8cleo econ1mico e de reprodu'o para ser

    espao de a"eto e de amor> sur&iram noas representa5es sociais.

    n6er&ar essa noa e &randiosa realidade "oi e continua sendo> o &rande mDrito de

    nosso te6to constitucional. Formada por pessoas dotadas de anseios> necessidades e ideais ;ue se

    alteram> si&ni"icatiamente> no transcorrer dos tempos> mas com um sentimento comum> a

    "amlia en;uanto Enin9o dee ser compreendida> como assinala 4P#I$+> Ecomo ponto de

    re"erncia central do indiduo na sociedade* uma espDcie de aspira'o @ solidariedade e @

    se&urana ;ue di"icilmente pode ser su0stituda por ;ual;uer outra "orma de conincia

    social.KN

    " entidade familiar deve ser entendida, oje, como grupo social fundado,

    essencialmente, por laos de afetividade, pois 5 outra concluso no se pode cegar 5 lu$ do

    te2to constitucional.

    KO,e-a(se interessante precedente do S4J acol9endo asolidariedade social como princpio norteador das rela5es"amiliares2 EA uni'o duradoura entre 9omem e mul9er> com o prop!sito de esta0elecer uma ida em comum> podedeterminar a o0ri&a'o de prestar alimentos ao compan9eiro necessitado> uma e= ;ue o dever de solidariedaden'o

    decorre e6clusiamente do casamento> mas tam0Dm da realidade do lao "amiliar. Precedente da uarta 4urma.%S4J> Ac.\4.> 7sp.?TK.?/7J> rel. Min. Barros Monteiro> -.K.??.?>63'(?2?N)KC". 3emas de 'ireito (ivil> cit.> p.K.KNC". 3emas de 'ireito (ivil> cit.> p.K.

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    A CF/ i&ualou todos os "il9os> independentemente> de sua ori&em> se-am eles

    0iol!&icos ou adotios> priile&iando> indu0itaelmente> o a"eto. o mais importante> o

    casamento dei6ou de ser o modelo o"icial de "amlia> 9aendo clara op'o pelo amor>

    presti&iando a a"etiidade.

    ,e-a(se> inclusie> ;ue D a porta a0erta para o recon9ecimento das uni5es

    9omoa"etias como entidades "amiliares> prote&idas pela Constitui'o da 7ep80lica. Ali n'o

    apenas as uni5es 9omoa"etias> como todo e ;ual;uer modelo de "amlia "or-ado pelos

    indiduos no cotidiano plural.

    $'o se pode perder de ista ;ue o nosso pas se constitui em estado democr sendo proi0ida toda e ;ual;uer discrimina'o em ra='o de raa> credo reli&ioso>

    conic5es polticas e se6o. Isso sem contar> com a a"irma'o necess ;ue restaria a"rontado com uma interpreta'o restritia.

    Com ra='o> pois> MA7C+S C+A7S ao disparar2 Ecreio ;ue 9< al&o de noo no

    #ireito de Famlia2 a ontade de encer os limites ridculos da acomoda'o intelectual. PorDm>tudo ser< em 'o sem a assun'o pela sociedade en;uanto stado> comunidade acadmica>

    or&ani=a5es n'o &oernamentais de uma postura respons na uni'o est em modelos monoparentais> em uni5es9omoa"etias e no ;ue mais o 9omem escol9a para se or&ani=ar em n8cleos elementares.

    $esta lin9a de raciocnio> imp5e(se recon9ecer todas as "ormas de entidade "amiliar

    como prote&idas> tuteladas> pelo #ireito> so0 pena de &rae iolncia constitucional.

    Re+er!&i#" iliogr+i"

    BIAC> lisa0ete #!ria. EFamlia2 al&umas in;uieta5es> In CA7,AH+> Maria do

    Carmo Brant de %or&.)." famlia contempor/nea em de+ate> S'o Paulo2 Corte=> KTTT.KC". E+ ;ue 9< de noo em #ireito de FamliaQ> cit.> p..

  • 7/25/2019 Direitos famlia

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    B7A,+> Maria Celina e S+UA> M S'o Paulo2 ditora

    da Uniersidade de S'o Paulo> ?.

    WB+> Paulo ui= $etto. Entidades "amiliares constitucionali=adas2 para alDm donumerus clausus> 6evista Brasileira de 'ireito de *amlia> Porto Ale&re2 Sntese> n.?K>

    -an./mar.KTTK.

    +I,I7A> JosD Se0asti'o de.*undamentos constitucionais do 'ireito de *amlia>

    S'o Paulo2 74> KTTK.

    P7I7A> Caio MBelo Hori=onte2 #el 7e`> ?N.

    P77+4> Mic9elle. E+ n! e o nin9o> =eja #;: refle21es para o futuro> S'o Paulo2

    A0ril> ?.

    SA74I> C`nt9ia A. EFamlia e indiidualidade2 um pro0lema moderno> In

    CA7,AH+> Maria do Carmo Brant de %or&.)." famlia contempor/nea em de+ate> S'o Paulo2

    Corte=> KTTT.

    SI,A> Marcos Ales da. 'o p-trio poder 5 autoridade parental ) 6epensando

    fundamentos jurdicos da relao entre pais e filos> 7io de Janeiro2 7enoar> KTTK.

    http://www.jus.com.br/http://www.jus.com.br/http://www.jus.com.br/http://www.jus.com.br/
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    4I]I7A> Ana Carolina Broc9ado. E#ireito de isita dos a!s> in 6evista

    3rimestral de 'ireito (ivil ) 63'(> 7io de Janeiro2 Padma> ol.?T> a0r/-un de KTTK.

    4P#I$+> ustao. 3emas de direito civil> 7io de Janeiro2 7enoar> ?.