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Direitos Humanos

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Edital

DIREITOS HUMANOS: Estatuto Nacional da Igualdade Racial. Estatuto Estadual da Igualdade Racial. Lei de apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a coordenadoria nacional para integração da pessoa portadora de deficiência – Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes. A proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Estatuto do Idoso. Declaração Universal Dos Direitos Humanos. Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica).

BANCA: Fundação La Salle

CARGO: Agente Penitenciário e Agente Penitenciário Administrativo

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Sumário

Declaração Universal dos Direitos Humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Convenção Americana Sobre Direitos Humanos (1969) – Pacto de San José da Costa . . . . . . . . . . . . . 13

Estatuto do Idoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37

Negros, Pardos e Estatuto da Igualdade Racial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Estatuto da Igualdade Racial do Estado do Rio Grande do Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

Lei Nº 7.853, de 24 de Outubro de 1989 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

Lei nº 10.216, de 6 de Abril de 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79

Anexo ao Material do Edital: Lei nº 13.146, de 6 de Julho de 2015 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

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Direitos Humanos

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.

PREÂMBULO

Considerando que o reconhecimento da digni-dade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bár-baros que ultrajaram a consciência da Huma-nidade e que o advento de um mundo em que todos gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,

Considerando ser essencial que os direitos hu-manos sejam protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão,

Considerando ser essencial promover o desen-volvimento de relações amistosas entre as na-ções,

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direi-tos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram pro-mover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

Considerando que os Estados-Membros se com-prometeram a promover, em cooperação com

as Nações Unidas, o respeito universal aos di-reitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta im-portância para o pleno cumprimento desse compromisso,

A ASSEMBLÉIA GERAL proclama a presente DE-CLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIRETOS HUMA-NOS como o ideal comum a ser atingido por to-dos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da socieda-de, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberda-des, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância univer-sal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Artigo 1º

Todas os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2º

1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabele-cidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, rique-za, nascimento, ou qualquer outra condi-ção.

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2. Não será também feita nenhuma distin-ção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem go-verno próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

Artigo 3º

Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4º

Ninguém será mantido em escravidão ou servi-dão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5º

Ninguém será submetido à tortura nem a tra-tamento ou castigo cruel, desumano ou degra-dante.

Artigo 6º

Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.

Artigo 7º

Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. To-dos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discrimina-ção.

Artigo 8º

Todo ser humano tem direito a receber dos tri-bunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamen-tais que lhe sejam reconhecidos pela constitui-ção ou pela lei.

Artigo 9º

Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10.

Todo ser humano tem direito, em plena igual-dade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do fun-damento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo 11.

1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julga-mento público no qual lhe tenham sido as-seguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

2. Ninguém poderá ser culpado por qual-quer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito na-cional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo 12.

Ninguém será sujeito à interferências em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataques à sua hon-ra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ata-ques.

Artigo 13.

1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fron-teiras de cada Estado.

2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Artigo 14.

1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em ou-tros países.

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2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motiva-da por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Na-ções Unidas.

Artigo 15.

1. Todo ser humano tem direito a uma na-cionalidade.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mu-dar de nacionalidade.

Artigo 16.

1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionali-dade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.

2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

3. A família é o núcleo natural e fundamen-tal da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.

Artigo 17.

1. Todo ser humano tem direito à proprie-dade, só ou em sociedade com outros.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo 18.

Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou cren-ça e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo 19.

Todo ser humano tem direito à liberdade de opi-nião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procu-

rar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Artigo 20.

1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica.

2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21.

1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livre-mente escolhidos.

2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

3. A vontade do povo será a base da autori-dade do governo; esta vontade será expres-sa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou pro-cesso equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo 22.

Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação interna-cional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo 23.

1. Todo ser humano tem direito ao traba-lho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

2. Todo ser humano, sem qualquer distin-ção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

3. Todo ser humano que trabalhe tem direi-to a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família,

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uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se ne-cessário, outros meios de proteção social.

4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo 24.

Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive à limitação razoável das horas de tra-balho e férias periódicas remuneradas.

Artigo 25.

1. Todo ser humano tem direito a um pa-drão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimen-tação, vestuário, habitação, cuidados médi-cos e os serviços sociais indispensáveis, e di-reito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matri-mônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo 26.

1. Todo ser humano tem direito à instru-ção. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A ins-trução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.

2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade en-tre todas as nações e grupos raciais ou re-ligiosos, e coadjuvará as atividades das Na-ções Unidas em prol da manutenção da paz.

3. Os pais têm prioridade de direito na esco-lha do gênero de instrução que será minis-trada a seus filhos.

Artigo 27.

1. Todo ser humano tem o direito de parti-cipar livremente da vida cultural da comu-nidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.

2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorren-tes de qualquer produção científica, literá-ria ou artística da qual seja autor.

Artigo 28.

Todo ser humano tem direito a uma ordem so-cial e internacional em que os direitos e liberda-des estabelecidos na presente Declaração pos-sam ser plenamente realizados.

Artigo 29.

1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desen-volvimento de sua personalidade é possível.

2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusi-vamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e li-berdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.

3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contra-riamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 30.

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qual-quer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

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CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS (1969) – PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA

Os Estados Americanos signatários da presente Convenção,

Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos di-reitos humanos essenciais;

Reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa humana não derivam do fato de ser ela nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana, razão por que justificam uma proteção internacional, de natureza convencio-nal, coadjuvante ou complementar da que ofe-rece o direito interno dos Estados americanos;

Considerando que esses princípios foram con-sagrados na Carta da Organização dos Estados Americanos, na Declaração Americana dos Di-reitos e Deveres do Homem e na Declaração Universal dos Direitos do Homem, e que foram reafirmados e desenvolvidos em outros instru-mentos internacionais, tanto de âmbito mun-dial como regional;

Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser humano livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e

Considerando que a Terceira Conferência Inte-ramericana Extraordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incorporação à própria Carta da Orga-nização de normas mais amplas sobre os direi-tos econômicos, sociais e educacionais e resol-veu que uma Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos determinasse a estrutura, competência e processo dos órgãos encarrega-dos dessa matéria;

Convieram no seguinte:

PARTE I

DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS PROTEGIDOS

CAPÍTULO I ENUMERAÇÃO DOS DEVERES

Artigo 1º Obrigação de respeitar os direitos

1. Os Estados-partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem dis-criminação alguma, por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacio-nal ou social, posição econômica, nascimen-to ou qualquer outra condição social.

2. Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.

Artigo 2º Dever de adotar disposições de direi-to interno

Se o exercício dos direitos e liberdades mencio-nados no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legislativas ou de outra nature-za, os Estados-partes comprometem-se a ado-tar, de acordo com as suas normas constitucio-nais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direi-tos e liberdades.

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CAPÍTULO IIDIREITOS CIVIS E POLÍTICOS

Artigo 3º Direito ao reconhecimento da perso-nalidade jurídica

Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica.

Artigo 4º Direito à vida

1. Toda pessoa tem o direito de que se res-peite sua vida. Esse direito deve ser prote-gido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.

2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com a lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o de-lito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se apli-que atualmente.

3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.

4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada a delitos políticos, nem a deli-tos comuns conexos com delitos políticos.

5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez.

6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comu-tação da pena, os quais podem ser conce-didos em todos os casos. Não se pode exe-cutar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autori-dade competente.

Artigo 5º Direito à integridade pessoal

1. Toda pessoa tem direito a que se respei-te sua integridade física, psíquica e moral.

2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de li-berdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade inerente ao ser humano.

3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente.

4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias excepcionais, e devem ser submetidos a tra-tamento adequado à sua condição de pes-soas não condenadas.

5. Os menores, quando puderem ser pro-cessados, devem ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado, com a maior rapidez possível, para seu trata-mento.

6. As penas privativas de liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a re-adaptação social dos condenados.

Artigo 6º Proibição da escravidão e da servidão

1. Ninguém poderá ser submetido a escra-vidão ou servidão e tanto estas como o trá-fico de escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as suas formas.

2. Ninguém deve ser constrangido a exe-cutar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa de liberdade acom-panhada de trabalhos forçados, esta dispo-sição não pode ser interpretada no sentido de proibir o cumprimento da dita pena, im-posta por um juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado não deve afetar a digni-dade, nem a capacidade física e intelectual do recluso.

3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo:

a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços devem ser executados

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sob a vigilância e controle das autoridades públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos à disposição de parti-culares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado;

b) serviço militar e, nos países em que se admite a isenção por motivo de consciên-cia, qualquer serviço nacional que a lei esta-belecer em lugar daquele;

c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade que ameacem a existência ou o bem-estar da comunidade;

d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais.

Artigo 7º Direito à liberdade pessoal

1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.

2. Ninguém pode ser privado de sua liber-dade física, salvo pelas causas e nas condi-ções previamente fixadas pelas Constitui-ções políticas dos Estados-partes ou pelas leis de acordo com elas promulgadas.

3. Ninguém pode ser submetido a deten-ção ou encarceramento arbitrários.

4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da detenção e notifi-cada, sem demora, da acusação ou das acu-sações formuladas contra ela.

5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direi-to de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.

6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal com-petente, a fim de que este decida, sem de-mora, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura, se a prisão

ou a detenção forem ilegais. Nos Estados--partes cujas leis prevêem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem aboli-do. O recurso pode ser interposto pela pró-pria pessoa ou por outra pessoa.

7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedi-dos em virtude de inadimplemento de obri-gação alimentar.

Artigo 8º Garantias judiciais

1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal com-petente, independente e imparcial, estabe-lecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada con-tra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fis-cal ou de qualquer outra natureza.

2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, en-quanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:

a) direito do acusado de ser assistido gra-tuitamente por um tradutor ou intérprete, caso não compreenda ou não fale a língua do juízo ou tribunal;

b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;

c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à preparação de sua de-fesa;

d) direito do acusado de defender-se pes-soalmente ou de ser assistido por um de-fensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defen-sor;

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e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio, nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;

f) direito da defesa de inquirir as teste-munhas presentes no Tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lan-çar luz sobre os fatos;

g) direito de não ser obrigada a depor con-tra si mesma, nem a confessar-se culpada; e

h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.

3. A confissão do acusado só é válida se fei-ta sem coação de nenhuma natureza.

4. O acusado absolvido por sentença tran-sitada em julgado não poderá ser submeti-do a novo processo pelos mesmos fatos.

5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os in-teresses da justiça.

Artigo 9º Princípio da legalidade e da retroati-vidade

Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram co-metidos, não constituam delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetra-do o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, o delinquente deverá dela beneficiar--se.

Artigo 10. Direito à indenização

Toda pessoa tem direito de ser indenizada con-forme a lei, no caso de haver sido condenada em sentença transitada em julgado, por erro ju-diciário.

Artigo 11. Proteção da honra e da dignidade

1. Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao reconhecimento de sua dig-nidade.

2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abusivas em sua vida privada, em sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou reputação.

3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerências ou tais ofensas.

Artigo 12. Liberdade de consciência e de religião

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito impli-ca a liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, indi-vidual ou coletivamente, tanto em público como em privado.

2. Ninguém pode ser submetido a medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças. A li-berdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita apenas às limitações previstas em lei e que se façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.

3. Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que seus filhos e pupilos rece-bam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.

Artigo 13. Liberdade de pensamento e de ex-pressão

1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direi-to inclui a liberdade de procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, sem considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma

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impressa ou artística, ou por qualquer meio de sua escolha.

2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito à censu-ra prévia, mas a responsabilidades ulterio-res, que devem ser expressamente previs-tas em lei e que se façam necessárias para assegurar:

a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas;

b) a proteção da segurança nacional, da or-dem pública, ou da saúde ou da moral pú-blicas.

3. Não se pode restringir o direito de ex-pressão por vias e meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou par-ticulares de papel de imprensa, de frequ-ências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios destina-dos a obstar a comunicação e a circulação de idéias e opiniões.

4. A lei pode submeter os espetáculos pú-blicos a censura prévia, com o objetivo ex-clusivo de regular o acesso a eles, para pro-teção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2.

5. A lei deve proibir toda propaganda a fa-vor da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que cons-titua incitamento à discriminação, à hostili-dade, ao crime ou à violência.

Artigo 14. Direito de retificação ou resposta

1. Toda pessoa, atingida por informações inexatas ou ofensivas emitidas em seu pre-juízo por meios de difusão legalmente regu-lamentados e que se dirijam ao público em geral, tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação ou resposta, nas condições que estabeleça a lei.

2. Em nenhum caso a retificação ou a res-posta eximirão das outras responsabilida-des legais em que se houver incorrido.

3. Para a efetiva proteção da honra e da re-putação, toda publicação ou empresa jorna-lística, cinematográfica, de rádio ou televi-são, deve ter uma pessoa responsável, que não seja protegida por imunidades, nem goze de foro especial.

Artigo 15. Direito de reunião

É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O exercício desse direito só pode es-tar sujeito às restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade demo-crática, ao interesse da segurança nacional, da segurança ou ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.

Artigo 16. Liberdade de associação

1. Todas as pessoas têm o direito de asso-ciar-se livremente com fins ideológicos, re-ligiosos, políticos, econômicos, trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de qual-quer outra natureza.

2. O exercício desse direito só pode estar sujeito às restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade democrática, ao interesse da segurança na-cional, da segurança e da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públi-cas ou os direitos e as liberdades das de-mais pessoas.

3. O presente artigo não impede a imposi-ção de restrições legais, e mesmo a privação do exercício do direito de associação, aos membros das forças armadas e da polícia.

Artigo 17. Proteção da família

1. A família é o núcleo natural e fundamen-tal da sociedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado.

2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de contraírem casamento e de cons-tituírem uma família, se tiverem a idade e as condições para isso exigidas pelas leis in-ternas, na medida em que não afetem estas

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o princípio da não-discriminação estabeleci-do nesta Convenção.

3. O casamento não pode ser celebrado sem o consentimento livre e pleno dos con-traentes.

4. Os Estados-partes devem adotar as me-didas apropriadas para assegurar a igualda-de de direitos e a adequada equivalência de responsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento, durante o mesmo e por ocasião de sua dissolução. Em caso de dissolução, serão adotadas as disposições que assegu-rem a proteção necessária aos filhos, com base unicamente no interesse e conveniên-cia dos mesmos.

5. A lei deve reconhecer iguais direitos tan-to aos filhos nascidos fora do casamento, como aos nascidos dentro do casamento.

Artigo 18. Direito ao nome

Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de assegurar a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se for neces-sário.

Artigo 19. Direitos da criança

Toda criança terá direito às medidas de prote-ção que a sua condição de menor requer, por parte da sua família, da sociedade e do Estado.

Artigo 20. Direito à nacionalidade

1. Toda pessoa tem direito a uma naciona-lidade.

2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver nasci-do, se não tiver direito a outra.

3. A ninguém se deve privar arbitrariamen-te de sua nacionalidade, nem do direito de mudá-la.

Artigo 21. Direito à propriedade privada

1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo de seus bens. A lei pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social.

2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo mediante o pagamento de indenização justa, por motivo de utilidade pública ou de interesse social e nos casos e na forma estabelecidos pela lei.

3. Tanto a usura, como qualquer outra for-ma de exploração do homem pelo homem, devem ser reprimidas pela lei.

Artigo 22. Direito de circulação e de residência

1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território de um Estado tem o direito de nele livremente circular e de nele residir, em conformidade com as disposições legais.

2. Toda pessoa terá o direito de sair livre-mente de qualquer país, inclusive de seu próprio país.

3. O exercício dos direitos supracitados não pode ser restringido, senão em virtude de lei, na medida indispensável, em uma socie-dade democrática, para prevenir infrações penais ou para proteger a segurança na-cional, a segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades das demais pessoas.

4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode também ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por motivo de interesse público.

5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual for nacional e nem ser privado do direito de nele entrar.

6. O estrangeiro que se encontre legalmen-te no território de um Estado-parte na pre-sente Convenção só poderá dele ser expul-so em decorrência de decisão adotada em conformidade com a lei.

7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em território estrangeiro, em

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caso de perseguição por delitos políticos ou comuns conexos com delitos políticos, de acordo com a legislação de cada Estado e com as Convenções internacionais.

8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de viola-ção em virtude de sua raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões políticas.

9. É proibida a expulsão coletiva de estran-geiros.

Artigo 23. Direitos políticos

1. Todos os cidadãos devem gozar dos se-guintes direitos e oportunidades:

a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de re-presentantes livremente eleitos;

b) de votar e ser eleito em eleições periódi-cas, autênticas, realizadas por sufrágio uni-versal e igualitário e por voto secreto, que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e

c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país.

2. A lei pode regular o exercício dos direi-tos e oportunidades, a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivo de ida-de, nacionalidade, residência, idioma, ins-trução, capacidade civil ou mental, ou con-denação, por juiz competente, em processo penal.

Artigo 24. Igualdade perante a lei

Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação al-guma, à igual proteção da lei.

Artigo 25. Proteção judicial

1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro re-curso efetivo, perante os juízes ou tribunais

competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos fundamentais reco-nhecidos pela Constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas que es-tejam atuando no exercício de suas funções oficiais.

2. Os Estados-partes comprometem-se:

a) a assegurar que a autoridade compe-tente prevista pelo sistema legal do Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que interpuser tal recurso;

b) a desenvolver as possibilidades de recur-so judicial; e

c) a assegurar o cumprimento, pelas auto-ridades competentes, de toda decisão em que se tenha considerado procedente o re-curso.

CAPÍTULO IIIDIREITOS ECONÔMICOS,

SOCIAIS E CULTURAIS

Artigo 26. Desenvolvimento progressivo

Os Estados-partes comprometem-se a adotar as providências, tanto no âmbito interno, como mediante cooperação internacional, especial-mente econômica e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena efetividade dos direi-tos que decorrem das normas econômicas, so-ciais e sobre educação, ciência e cultura, cons-tantes da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Bue-nos Aires, na medida dos recursos disponíveis, por via legislativa ou por outros meios apropria-dos.

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CAPÍTULO IV SUSPENSÃO DE GARANTIAS,

INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO

Artigo 27. Suspensão de garantias

1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace a in-dependência ou segurança do Estado-parte, este poderá adotar as disposições que, na medida e pelo tempo estritamente limita-dos às exigências da situação, suspendam as obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais disposições não sejam incompatíveis com as demais obriga-ções que lhe impõe o Direito Internacional e não encerrem discriminação alguma fun-dada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem social.

2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos determinados nos seguintes artigos: 3 (direito ao reconheci-mento da personalidade jurídica), 4 (direito à vida), 5 (direito à integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão e da servidão), 9 (princípio da legalidade e da retroativida-de), 12 (liberdade de consciência e religião), 17 (proteção da família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das garantias indispensáveis para a prote-ção de tais direitos.

3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do direito de suspensão de-verá comunicar imediatamente aos outros Estados-partes na presente Convenção, por intermédio do Secretário Geral da Organiza-ção dos Estados Americanos, as disposições cuja aplicação haja suspendido, os motivos determinantes da suspensão e a data em que haja dado por terminada tal suspensão.

Artigo 28. Cláusula federal

1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído como Estado federal, o governo nacional do aludido Estado-parte cumprirá todas as disposições da presente Conven-

ção, relacionadas com as matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judi-cial.

2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das entidades componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamen-te as medidas pertinentes, em conformida-de com sua Constituição e com suas leis, a fim de que as autoridades competentes das referidas entidades possam adotar as dispo-sições cabíveis para o cumprimento desta Convenção.

3. Quando dois ou mais Estados-partes de-cidirem constituir entre eles uma federação ou outro tipo de associação, diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário res-pectivo contenha as disposições necessá-rias para que continuem sendo efetivas no novo Estado, assim organizado, as normas da presente Convenção.

Artigo 29. Normas de interpretação

Nenhuma disposição da presente Convenção pode ser interpretada no sentido de:

a) permitir a qualquer dos Estados-partes, grupo ou indivíduo, suprimir o gozo e o exercício dos direitos e liberdades reconhe-cidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela prevista;

b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reco-nhecidos em virtude de leis de qualquer dos Estados-partes ou em virtude de Conven-ções em que seja parte um dos referidos Es-tados;

c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que decor-rem da forma democrática representativa de governo;

d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direi-tos e Deveres do Homem e outros atos in-ternacionais da mesma natureza.

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Artigo 30. Alcance das restrições

As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao gozo e exercício dos direitos e liberdades nela reconhecidos, não podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem promulgadas por motivo de interesse geral e com o propósito para o qual houverem sido es-tabelecidas.

Artigo 31. Reconhecimento de outros direitos

Poderão ser incluídos, no regime de proteção desta Convenção, outros direitos e liberdades que forem reconhecidos de acordo com os pro-cessos estabelecidos nos artigos 69 e 70.

CAPÍTULO VDEVERES DAS PESSOAS

Artigo 32. Correlação entre deveres e direitos

1. Toda pessoa tem deveres para com a fa-mília, a comunidade e a humanidade.

2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos demais, pela segurança de todos e pelas justas exigências do bem comum, em uma sociedade democrática.

PARTE II

MEIOS DE PROTEÇÃO

CAPÍTULO VIÓRGÃOS COMPETENTES

Artigo 33. São competentes para conhecer de assuntos relacionados com o cumprimento dos compromissos assumidos pelos Estados-partes nesta Convenção:

a) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Comis-são; e

b) a Corte Interamericana de Direitos Hu-manos, doravante denominada a Corte.

CAPÍTULO VII COMISSÃO INTERAMERICANA

DE DIREITOS HUMANOS

Seção 1ORGANIZAÇÃO

Artigo 34. A Comissão Interamericana de Direi-tos Humanos compor-se-á de sete membros, que deverão ser pessoas de alta autoridade mo-ral e de reconhecido saber em matéria de direi-tos humanos.

Artigo 35. A Comissão representa todos os Membros da Organização dos Estados America-nos.

Artigo 36.

1. Os membros da Comissão serão eleitos a título pessoal, pela Assembléia Geral da Or-ganização, a partir de uma lista de candida-tos propostos pelos governos dos Estados--membros.

2. Cada um dos referidos governos pode propor até três candidatos, nacionais do Es-tado que os propuser ou de qualquer outro Estado-membro da Organização dos Esta-dos Americanos. Quando for proposta uma lista de três candidatos, pelo menos um de-les deverá ser nacional de Estado diferente do proponente.

Artigo 37.

1. Os membros da Comissão serão eleitos por quatro anos e só poderão ser reelei-tos uma vez, porém o mandato de três dos membros designados na primeira eleição expirará ao cabo de dois anos. Logo depois da referida eleição, serão determinados por sorteio, na Assembléia Geral, os nomes des-ses três membros.

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2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional de um mesmo país.

Artigo 38. As vagas que ocorrerem na Comis-são, que não se devam à expiração normal do mandato, serão preenchidas pelo Conselho Per-manente da Organização, de acordo com o que dispuser o Estatuto da Comissão.

Artigo 39. A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral e expedirá seu próprio Regulamento.

Artigo 40. Os serviços da Secretaria da Comis-são devem ser desempenhados pela unidade funcional especializada que faz parte da Secre-taria Geral da Organização e deve dispor dos re-cursos necessários para cumprir as tarefas que lhe forem confiadas pela Comissão.

Seção 2FUNÇÕES

Artigo 41. A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos direitos humanos e, no exercício de seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:

a) estimular a consciência dos direitos hu-manos nos povos da América;

b) formular recomendações aos governos dos Estados-membros, quando considerar conveniente, no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como disposições apropriadas para promover o devido respeito a esses direitos;

c) preparar estudos ou relatórios que con-siderar convenientes para o desempenho de suas funções;

d) solicitar aos governos dos Estados-mem-bros que lhe proporcionem informações so-bre as medidas que adotarem em matéria de direitos humanos;

e) atender às consultas que, por meio da Secretaria Geral da Organização dos Esta-dos Americanos, lhe formularem os Esta-

dos-membros sobre questões relacionadas com os direitos humanos e, dentro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessora-mento que lhes solicitarem;

f) atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício de sua autori-dade, de conformidade com o disposto nos artigos 44 a 51 desta Convenção; e

g) apresentar um relatório anual à Assem-bléia Geral da Organização dos Estados Americanos.

Artigo 42. Os Estados-partes devem submeter à Comissão cópia dos relatórios e estudos que, em seus respectivos campos, submetem anual-mente às Comissões Executivas do Conselho In-teramericano Econômico e Social e do Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura, a fim de que aquela zele para que se promovam os direitos decorrentes das normas econômi-cas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Bue-nos Aires.

Artigo 43. Os Estados-partes obrigam-se a pro-porcionar à Comissão as informações que esta lhes solicitar sobre a maneira pela qual seu di-reito interno assegura a aplicação efetiva de quaisquer disposições desta Convenção.

Seção 3COMPETÊNCIA

Artigo 44. Qualquer pessoa ou grupo de pesso-as, ou entidade não-governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por um Estado--parte.

Artigo 45.

1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção, ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece a competência da Comissão

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para receber e examinar as comunicações em que um Estado-parte alegue haver ou-tro Estado-parte incorrido em violações dos direitos humanos estabelecidos nesta Con-venção.

2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem ser admitidas e examina-das se forem apresentadas por um Estado--parte que haja feito uma declaração pela qual reconheça a referida competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhu-ma comunicação contra um Estado-parte que não haja feito tal declaração.

3. As declarações sobre reconhecimento de competência podem ser feitas para que esta vigore por tempo indefinido, por perío-do determinado ou para casos específicos.

4. As declarações serão depositadas na Se-cretaria Geral da Organização dos Estados Americanos, a qual encaminhará cópia das mesmas aos Estados-membros da referida Organização.

Artigo 46. Para que uma petição ou comunica-ção apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessá-rio:

a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de Direito Internacional geralmente reconhecidos;

b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o presumido prejudicado em seus direitos te-nha sido notificado da decisão definitiva;

c) que a matéria da petição ou comunica-ção não esteja pendente de outro processo de solução internacional; e

d) que, no caso do artigo 44, a petição con-tenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa ou pes-soas ou do representante legal da entidade que submeter a petição.

2. As disposições das alíneas "a" e "b" do in-ciso 1 deste artigo não se aplicarão quando:

a) não existir, na legislação interna do Esta-do de que se tratar, o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados;

b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e

c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.

Artigo 47. A Comissão declarará inadmissível toda petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 quando:

a) não preencher algum dos requisitos es-tabelecidos no artigo 46;

b) não expuser fatos que caracterizem vio-lação dos direitos garantidos por esta Con-venção;

c) pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, for manifestamente infunda-da a petição ou comunicação ou for eviden-te sua total improcedência; ou

d) for substancialmente reprodução de pe-tição ou comunicação anterior, já examina-da pela Comissão ou por outro organismo internacional.

Seção 4PROCESSO

Artigo 48.

1. A Comissão, ao receber uma petição ou comunicação na qual se alegue a violação de qualquer dos direitos consagrados nesta Convenção, procederá da seguinte maneira:

a) se reconhecer a admissibilidade da peti-ção ou comunicação, solicitará informações ao Governo do Estado ao qual pertença a autoridade apontada como responsável pela violação alegada e transcreverá as par-

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tes pertinentes da petição ou comunicação. As referidas informações devem ser envia-das dentro de um prazo razoável, fixado pela Comissão ao considerar as circunstân-cias de cada caso;

b) recebidas as informações, ou transcor-rido o prazo fixado sem que sejam elas re-cebidas, verificará se existem ou subsistem os motivos da petição ou comunicação. No caso de não existirem ou não subsistirem, mandará arquivar o expediente;

c) poderá também declarar a inadmissi-bilidade ou a improcedência da petição ou comunicação, com base em informação ou prova supervenientes;

d) se o expediente não houver sido arqui-vado, e com o fim de comprovar os fatos, a Comissão procederá, com conhecimento das partes, a um exame do assunto exposto na petição ou comunicação. Se for necessá-rio e conveniente, a Comissão procederá a uma investigação para cuja eficaz realização solicitará, e os Estados interessados lhe pro-porcionarão, todas as facilidades necessá-rias;

e) poderá pedir aos Estados interessados qualquer informação pertinente e receberá, se isso for solicitado, as exposições verbais ou escritas que apresentarem os interessa-dos; e

f) pôr-se-á à disposição das partes interes-sadas, a fim de chegar a uma solução amis-tosa do assunto, fundada no respeito aos direitos reconhecidos nesta Convenção.

2. Entretanto, em casos graves e urgentes, pode ser realizada uma investigação, me-diante prévio consentimento do Estado em cujo território se alegue houver sido come-tida a violação, tão somente com a apresen-tação de uma petição ou comunicação que reúna todos os requisitos formais de admis-sibilidade.

Artigo 49. Se se houver chegado a uma solução amistosa de acordo com as disposições do inci-

so 1, "f", do artigo 48, a Comissão redigirá um relatório que será encaminhado ao peticionário e aos Estados-partes nesta Convenção e poste-riormente transmitido, para sua publicação, ao Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos. O referido relatório conterá uma breve exposição dos fatos e da solução alcança-da. Se qualquer das partes no caso o solicitar, ser-lhe-á proporcionada a mais ampla informa-ção possível.

Artigo 50.

1. Se não se chegar a uma solução, e den-tro do prazo que for fixado pelo Estatuto da Comissão, esta redigirá um relatório no qual exporá os fatos e suas conclusões. Se o relatório não representar, no todo ou em parte, o acordo unânime dos membros da Comissão, qualquer deles poderá agregar ao referido relatório seu voto em separado. Também se agregarão ao relatório as ex-posições verbais ou escritas que houverem sido feitas pelos interessados em virtude do inciso 1, "e", do artigo 48.

2. O relatório será encaminhado aos Esta-dos interessados, aos quais não será facul-tado publicá-lo.

3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formular as proposições e recomen-dações que julgar adequadas.

Artigo 51.

1. Se no prazo de três meses, a partir da re-messa aos Estados interessados do relatório da Comissão, o assunto não houver sido so-lucionado ou submetido à decisão da Corte pela Comissão ou pelo Estado interessado, aceitando sua competência, a Comissão po-derá emitir, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, sua opinião e conclu-sões sobre a questão submetida à sua con-sideração.

2. A Comissão fará as recomendações per-tinentes e fixará um prazo dentro do qual o Estado deve tomar as medidas que lhe com-petir para remediar a situação examinada.

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3. Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, se o Estado tomou ou não as medidas adequadas e se publica ou não seu relatório.

CAPÍTULO VIIICORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

Seção 1ORGANIZAÇÃO

Artigo 52.

1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacio-nais dos Estados-membros da Organização, eleitos a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de direitos huma-nos, que reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os propuser como candidatos.

2. Não deve haver dois juízes da mesma na-cionalidade.

Artigo 53.

1. Os juízes da Corte serão eleitos, em vo-tação secreta e pelo voto da maioria abso-luta dos Estados-partes na Convenção, na Assembléia Geral da Organização, a partir de uma lista de candidatos propostos pelos mesmos Estados.

2. Cada um dos Estados-partes pode pro-por até três candidatos, nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro Es-tado-membro da Organização dos Estados Americanos. Quando se propuser uma lista de três candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional do Estado diferente do proponente.

Artigo 54.

1. Os juízes da Corte serão eleitos por um período de seis anos e só poderão ser ree-leitos uma vez. O mandato de três dos juízes designados na primeira eleição expirará ao cabo de três anos. Imediatamente depois da referida eleição, determinar-se-ão por sorteio, na Assembléia Geral, os nomes des-ses três juízes.

2. O juiz eleito para substituir outro, cujo mandato não haja expirado, completará o período deste.

3. Os juízes permanecerão em suas funções até o término dos seus mandatos. Entretan-to, continuarão funcionando nos casos de que já houverem tomado conhecimento e que se encontrem em fase de sentença e, para tais efeitos, não serão substituídos pe-los novos juízes eleitos.

Artigo 55.

1. O juiz, que for nacional de algum dos Estados-partes em caso submetido à Cor-te, conservará o seu direito de conhecer do mesmo.

2. Se um dos juízes chamados a conhecer do caso for de nacionalidade de um dos Estados-partes, outro Estado-parte no caso poderá designar uma pessoa de sua escolha para integrar a Corte, na qualidade de juiz ad hoc.

3. Se, dentre os juízes chamados a conhe-cer do caso, nenhum for da nacionalidade dos Estados-partes, cada um destes poderá designar um juiz ad hoc.

4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos indicados no artigo 52.

5. Se vários Estados-partes na Convenção tiverem o mesmo interesse no caso, serão considerados como uma só parte, para os fins das disposições anteriores. Em caso de dúvida, a Corte decidirá.

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Artigo 56. O quorum para as deliberações da Corte é constituído por cinco juízes.

Artigo 57. A Comissão comparecerá em todos os casos perante a Corte.

Artigo 58.

1. A Corte terá sua sede no lugar que for de-terminado, na Assembléia Geral da Organi-zação, pelos Estados-partes na Convenção, mas poderá realizar reuniões no território de qualquer Estado-membro da Organiza-ção dos Estados Americanos em que con-siderar conveniente, pela maioria dos seus membros e mediante prévia aquiescência do Estado respectivo. Os Estados-partes na Convenção podem, na Assembléia Ge-ral, por dois terços dos seus votos, mudar a sede da Corte.

2. A Corte designará seu Secretário.

3. O Secretário residirá na sede da Corte e deverá assistir às reuniões que ela realizar fora da mesma.

Artigo 59. A Secretaria da Corte será por esta estabelecida e funcionará sob a direção do Se-cretário Geral da Organização em tudo o que não for incompatível com a independência da Corte. Seus funcionários serão nomeados pelo Secretário Geral da Organização, em consulta com o Secretário da Corte.

Artigo 60. A Corte elaborará seu Estatuto e sub-metê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral e expedirá seu Regimento.

Seção 2COMPETÊNCIA E FUNÇÕES

Artigo 61.

1. Somente os Estados-partes e a Comissão têm direito de submeter um caso à decisão da Corte.

2. Para que a Corte possa conhecer de qual-quer caso, é necessário que sejam esgotados os processos previstos nos artigos 48 a 50.

Artigo 62.

1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a compe-tência da Corte em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação desta Conven-ção.

2. A declaração pode ser feita incondicio-nalmente, ou sob condição de reciprocida-de, por prazo determinado ou para casos específicos. Deverá ser apresentada ao Se-cretário Geral da Organização, que encami-nhará cópias da mesma a outros Estados--membros da Organização e ao Secretário da Corte.

3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer caso, relativo à interpretação e aplicação das disposições desta Convenção, que lhe seja submetido, desde que os Esta-dos-partes no caso tenham reconhecido ou reconheçam a referida competência, seja por declaração especial, como prevêem os incisos anteriores, seja por convenção espe-cial.

Artigo 63.

1. Quando decidir que houve violação de um direito ou liberdade protegidos nes-ta Convenção, a Corte determinará que se assegure ao prejudicado o gozo do seu di-reito ou liberdade violados. Determinará também, se isso for procedente, que sejam reparadas as consequências da medida ou situação que haja configurado a violação desses direitos, bem como o pagamento de indenização justa à parte lesada.

2. Em casos de extrema gravidade e urgên-cia, e quando se fizer necessário evitar da-nos irreparáveis às pessoas, a Corte, nos assuntos de que estiver conhecendo, pode-rá tomar as medidas provisórias que consi-derar pertinentes. Se se tratar de assuntos que ainda não estiverem submetidos ao seu

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conhecimento, poderá atuar a pedido da Comissão.

Artigo 64.

1. Os Estados-membros da Organização po-derão consultar a Corte sobre a interpreta-ção desta Convenção ou de outros tratados concernentes à proteção dos direitos hu-manos nos Estados americanos. Também poderão consultá-la, no que lhes compete, os órgãos enumerados no capítulo X da Car-ta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.

2. A Corte, a pedido de um Estado-membro da Organização, poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de suas leis internas e os mencionados instru-mentos internacionais.

Artigo 65. A Corte submeterá à consideração da Assembléia Geral da Organização, em cada pe-ríodo ordinário de sessões, um relatório sobre as suas atividades no ano anterior. De maneira especial, e com as recomendações pertinentes, indicará os casos em que um Estado não tenha dado cumprimento a suas sentenças.

Seção 3PROCESSO

Artigo 66.

1. A sentença da Corte deve ser fundamen-tada.

2. Se a sentença não expressar no todo ou em parte a opinião unânime dos juízes, qualquer deles terá direito a que se agregue à sentença o seu voto dissidente ou indivi-dual.

Artigo 67. A sentença da Corte será definitiva e inapelável. Em caso de divergência sobre o sen-tido ou alcance da sentença, a Corte interpretá--la-á, a pedido de qualquer das partes, desde que o pedido seja apresentado dentro de no-venta dias a partir da data da notificação da sen-tença.

Artigo 68.

1. Os Estados-partes na Convenção compro-metem-se a cumprir a decisão da Corte em todo caso em que forem partes.

2. A parte da sentença que determinar in-denização compensatória poderá ser exe-cutada no país respectivo pelo processo in-terno vigente para a execução de sentenças contra o Estado.

Artigo 69. A sentença da Corte deve ser notifi-cada às partes no caso e transmitida aos Esta-dos-partes na Convenção.

CAPÍTULO IXDISPOSIÇÕES COMUNS

Artigo 70.

1. Os juízes da Corte e os membros da Co-missão gozam, desde o momento da eleição e enquanto durar o seu mandato, das imu-nidades reconhecidas aos agentes diplomá-ticos pelo Direito Internacional. Durante o exercício dos seus cargos gozam, além dis-so, dos privilégios diplomáticos necessários para o desempenho de suas funções.

2. Não se poderá exigir responsabilidade em tempo algum dos juízes da Corte, nem dos membros da Comissão, por votos e opi-niões emitidos no exercício de suas funções.

Artigo 71. Os cargos de juiz da Corte ou de membro da Comissão são incompatíveis com outras atividades que possam afetar sua inde-pendência ou imparcialidade, conforme o que for determinado nos respectivos Estatutos.

Artigo 72. Os juízes da Corte e os membros da Comissão perceberão honorários e despesas de viagem na forma e nas condições que determi-narem os seus Estatutos, levando em conta a importância e independência de suas funções. Tais honorários e despesas de viagem serão fi-xados no orçamento-programa da Organização dos Estados Americanos, no qual devem ser in-

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cluídas, além disso, as despesas da Corte e da sua Secretaria. Para tais efeitos, a Corte elabo-rará o seu próprio projeto de orçamento e sub-metê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral, por intermédio da Secretaria Geral. Esta última não poderá nele introduzir modificações.

Artigo 73. Somente por solicitação da Comissão ou da Corte, conforme o caso, cabe à Assem-bléia Geral da Organização resolver sobre as sanções aplicáveis aos membros da Comissão ou aos juízes da Corte que incorrerem nos casos previstos nos respectivos Estatutos. Para expe-dir uma resolução, será necessária maioria de dois terços dos votos dos Estados-membros da Organização, no caso dos membros da Comis-são; e, além disso, de dois terços dos votos dos Estados-partes na Convenção, se se tratar dos juízes da Corte.

PARTE III

DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

CAPÍTULO XASSINATURA, RATIFICAÇÃO,

RESERVA, EMENDA, PROTOCOLO E DENÚNCIA

Artigo 74.

1. Esta Convenção está aberta à assinatura e à ratificação de todos os Estados-membros da Organização dos Estados Americanos.

2. A ratificação desta Convenção ou a ade-são a ela efetuar-se-á mediante depósito de um instrumento de ratificação ou adesão na Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos. Esta Convenção entrará em vigor logo que onze Estados houverem de-positado os seus respectivos instrumentos de ratificação ou de adesão. Com referência a qualquer outro Estado que a ratificar ou que a ela aderir ulteriormente, a Convenção

entrará em vigor na data do depósito do seu instrumento de ratificação ou adesão.

3. O Secretário Geral comunicará todos os Estados-membros da Organização sobre a entrada em vigor da Convenção.

Artigo 75. Esta Convenção só pode ser objeto de reservas em conformidade com as disposi-ções da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, assinada em 23 de maio de 1969.

Artigo 76.

1. Qualquer Estado-parte, diretamente, e a Comissão e a Corte, por intermédio do Se-cretário Geral, podem submeter à Assem-bléia Geral, para o que julgarem convenien-te, proposta de emendas a esta Convenção.

2. Tais emendas entrarão em vigor para os Estados que as ratificarem, na data em que houver sido depositado o respectivo instru-mento de ratificação, por dois terços dos Es-tados-partes nesta Convenção. Quanto aos outros Estados-partes, entrarão em vigor na data em que eles depositarem os seus res-pectivos instrumentos de ratificação.

Artigo 77.

1. De acordo com a faculdade estabeleci-da no artigo 31, qualquer Estado-parte e a Comissão podem submeter à consideração dos Estados-partes reunidos por ocasião da Assembléia Geral projetos de Protocolos adicionais a esta Convenção, com a finalida-de de incluir progressivamente, no regime de proteção da mesma, outros direitos e li-berdades.

2. Cada Protocolo deve estabelecer as mo-dalidades de sua entrada em vigor e será aplicado somente entre os Estados-partes no mesmo.

Artigo 78.

1. Os Estados-partes poderão denunciar esta Convenção depois de expirado o prazo de cinco anos, a partir da data em vigor da mesma e mediante aviso prévio de um ano,

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notificando o Secretário Geral da Organiza-ção, o qual deve informar as outras partes.

2. Tal denúncia não terá o efeito de desligar o Estado-parte interessado das obrigações contidas nesta Convenção, no que diz res-peito a qualquer ato que, podendo consti-tuir violação dessas obrigações, houver sido cometido por ele anteriormente à data na qual a denúncia produzir efeito.

CAPÍTULO XI DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Seção 1 COMISSÃO INTERAMERICANA

DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 79. Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário Geral pedirá por escrito a cada Es-tado-membro da Organização que apresente, dentro de um prazo de noventa dias, seus can-didatos a membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O Secretário Geral prepa-rará uma lista por ordem alfabética dos candida-tos apresentados e a encaminhará aos Estados--membros da Organização, pelo menos trinta dias antes da Assembléia Geral seguinte.

Artigo 80. A eleição dos membros da Comissão far-se-á dentre os candidatos que figurem na lis-ta a que se refere o artigo 79, por votação se-creta da Assembléia Geral, e serão declarados eleitos os candidatos que obtiverem maior nú-mero de votos e a maioria absoluta dos votos dos representantes dos Estados-membros. Se, para eleger todos os membros da Comissão, for necessário realizar várias votações, serão elimi-nados sucessivamente, na forma que for deter-minada pela Assembléia Geral, os candidatos que receberem maior número de votos.

Seção 2 CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 81. Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário Geral pedirá a cada Estado-parte que apresente, dentro de um prazo de noventa dias, seus candidatos a juiz da Corte Interame-ricana de Direitos Humanos. O Secretário Geral preparará uma lista por ordem alfabética dos candidatos apresentados e a encaminhará aos Estados-partes pelo menos trinta dias antes da Assembléia Geral seguinte.

Artigo 82. A eleição dos juízes da Corte far-se-á dentre os candidatos que figurem na lista a que se refere o artigo 81, por votação secreta dos Estados-partes, na Assembléia Geral, e serão declarados eleitos os candidatos que obtiverem o maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos representantes dos Estados-par-tes. Se, para eleger todos os juízes da Corte, for necessário realizar várias votações, serão elimi-nados sucessivamente, na forma que for deter-minada pelos Estados-partes, os candidatos que receberem menor número de votos.

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PROTOCOLO ADICIONAL À CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS EM MATÉRIA DE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E

CULTURAIS (1988) – PROTOCOLO DE SAN SALVADOR

Preâmbulo

Os Estados Partes na Convenção Americana so-bre Direitos Humanos, “Pacto de San José da Costa Rica”,

Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos di-reitos essenciais do homem;

Reconhecendo que os direitos essenciais do ho-mem não derivam do fato de ser ele nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa hu-mana, razão por que justificam uma proteção internacional, de natureza convencional, coad-juvante ou complementar da que oferece o di-reito interno dos Estados americanos;

Considerando a estreita relação que existe en-tre a vigência dos direitos econômicos, sociais e culturais e a dos direitos civis e políticos, porquanto as diferentes categorias de direito constituem um todo indissolúvel que encontra sua base no reconhecimento da dignidade da pessoa humana, pelo qual exigem uma tutela e promoção permanente, com o objetivo de con-seguir sua vigência plena, sem que jamais possa justificar-se a violação de uns a pretexto da rea-lização de outros;

Reconhecendo os benefícios decorrentes do fo-mento e desenvolvimento da cooperação entre os Estados e das relações internacionais;

Recordando que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Conven-ção Americana sobre Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser humano livre, isento de temor e da miséria, se forem criadas condições que permitam a cada pessoa gozar

de seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como de seus direitos civis e políticos;

Levando em conta que, embora os direitos econômicos, sociais e culturais fundamentais tenham sido reconhecidos em instrumentos internacionais anteriores, tanto de âmbito uni-versal como regional, é muito importante que esses direitos sejam reafirmados, desenvolvi-dos, aperfeiçoados e protegidos, a fim de con-solidar na América, com base no respeito pleno dos direitos da pessoa, o regime democrático representativo de governo, bem como o direito de seus povos ao desenvolvimento, à livre de-terminação e a dispor livremente de suas rique-zas e recursos naturais; e

Considerando que a Convenção Americana so-bre Direitos Humanos estabelece que podem ser submetidos à consideração dos Estados Par-tes, reunidos por ocasião da Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos, proje-tos de protocolos adicionais a essa Convenção, com a finalidade de incluir progressivamente no regime de proteção da mesma outros direitos e liberdades,

Convieram no seguinte Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos, “Protocolo de San Salvador”:

Artigo 1. Obrigação de adotar medidas

Os Estados Partes neste Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos comprometem-se a adotar as medidas neces-sárias, tanto de ordem interna como por meio da cooperação entre os Estados, especialmente econômica e técnica, até o máximo dos recur-sos disponíveis e levando em conta seu grau de desenvolvimento, a fim de conseguir, progressi-vamente e de acordo com a legislação interna,

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a plena efetividade dos direitos reconhecidos neste Protocolo.

Artigo 2. Obrigação de adotar disposições de direito interno

Se o exercício dos direitos estabelecidos neste Protocolo ainda não estiver garantido por dispo-sições legislativas ou de outra natureza, os Esta-dos Partes comprometem-se a adotar, de acor-do com suas normas constitucionais e com as disposições deste Protocolo, as medidas legisla-tivas ou de outra natureza que forem necessá-rias para tornar efetivos esses direitos.

Artigo 3. Obrigação de não discriminação

Os Estados Partes neste Protocolo comprome-tem-se a garantir o exercício dos direitos nele enunciados, sem discriminação alguma por mo-tivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nasci-mento ou qualquer outra condição social.

Artigo 4. Não-admissão de restrições

Não se poderá restringir ou limitar qualquer dos direitos reconhecidos ou vigentes num Es-tado em virtude de sua legislação interna ou de convenções internacionais, sob pretexto de que este Protocolo não os reconhece ou os reconhe-ce em menor grau.

Artigo 5. Alcance das restrições e limitações

Os Estados Partes só poderão estabelecer res-trições e limitações ao gozo e exercício dos di-reitos estabelecidos neste Protocolo mediante leis promulgadas com o objetivo de preservar o bem-estar geral dentro de uma sociedade de-mocrática, na medida em que não contrariem o propósito e razão dos mesmos.

Artigo 6. Direito ao trabalho

1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, o que inclui a oportunidade de obter os meios para levar uma vida digna e decorosa por meio do desempenho de uma atividade líci-ta, livremente escolhida ou aceita.

2. Os Estados Partes comprometem-se a adotar medidas que garantam plena efetivi-dade do direito ao trabalho, especialmente as referentes à consecução do pleno empre-go, à orientação vocacional e ao desenvolvi-mento de projetos de treinamento técnico profissional, particularmente os destinados aos deficientes. Os Estados Partes compro-metem-se também a executar e a fortalecer programas que coadjuvem um adequado atendimento da família, a fim de que a mu-lher tenha real possibilidade de exercer o direito ao trabalho.

Artigo 7. Condições justas, eqüitativas e satis-fatórias de trabalho

Os Estados Partes neste Protocolo reconhecem que o direito ao trabalho, a que se refere o arti-go anterior, pressupõe que toda pessoa goze do mesmo em condições justas, eqüitativas e satis-fatórias, para o que esses Estados garantirão em suas legislações, de maneira particular:

a) Remuneração que assegure, no mínimo, a todos os trabalhadores condições de sub-sistência digna e decorosa para eles e para suas famílias e salário eqüitativo e igual por trabalho igual, sem nenhuma distinção;

b) O direito de todo trabalhador de seguir sua vocação e de dedicar-se à atividade que melhor atenda a suas expectativas e a tro-car de emprego de acordo com a respectiva regulamentação nacional;

c) O direito do trabalhador à promoção ou avanço no trabalho, para o qual serão leva-das em conta suas qualificações, competên-cia, probidade e tempo de serviço;

d) Estabilidade dos trabalhadores em seus empregos, de acordo com as características das indústrias e profissões e com as causas de justa separação. Nos casos de demissão injustificada, o trabalhador terá direito a uma indenização ou à readmissão no em-prego ou a quaisquer outras prestações pre-vistas pela legislação nacional;

e) Segurança e higiene no trabalho;

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f) Proibição de trabalho noturno ou em atividades insalubres ou perigosas para os menores de 18 anos e, em geral, de todo trabalho que possa pôr em perigo sua saú-de, segurança ou moral. Quando se tratar de menores de 16 anos, a jornada de traba-lho deverá subordinar-se às disposições so-bre ensino obrigatório e, em nenhum caso, poderá constituir impedimento à assistên-cia escolar ou limitação para beneficiar-se da instrução recebida;

g) Limitação razoável das horas de traba-lho, tanto diárias quanto semanais. As jor-nadas serão de menor duração quando se tratar de trabalhos perigosos, insalubres ou noturnos;

h) Repouso, gozo do tempo livre, férias re-muneradas, bem como remuneração nos feriados nacionais.

Artigo 8. Direitos sindicais

1. Os Estados Partes garantirão:

a) O direito dos trabalhadores de organizar sindicatos e de filiar-se ao de sua escolha, para proteger e promover seus interesses. Como projeção desse direito, os Estados Partes permitirão aos sindicatos formar federações e confederações nacionais e associar-se às já existentes, bem como for-mar organizações sindicais internacionais e associar-se à de sua escolha. Os Estados Partes também permitirão que os sindica-tos, federações e confederações funcionem livremente;

b) O direito de greve.

2. O exercício dos direitos enunciados aci-ma só pode estar sujeito às limitações e res-trições previstas pela lei que sejam próprias a uma sociedade democrática e necessárias para salvaguardar a ordem pública e prote-ger a saúde ou a moral pública, e os direitos ou liberdades dos demais. Os membros das forças armadas e da polícia, bem como de outros serviços públicos essenciais, estarão

sujeitos às limitações e restrições impostas pela lei.

3. Ninguém poderá ser obrigado a perten-cer a um sindicato.

Artigo 9. Direito à previdência social

1. Toda pessoa tem direito à previdência social que a proteja das conseqüências da velhice e da incapacitação que a impossi-bilite, física ou mentalmente, de obter os meios de vida digna e decorosa. No caso de morte do beneficiário, as prestações da pre-vidência social beneficiarão seus dependen-tes.

2. Quando se tratar de pessoas em ativida-de, o direito à previdência social abrangerá pelo menos o atendimento médico e o sub-sídio ou pensão em caso de acidentes de trabalho ou de doença profissional e, quan-do se tratar da mulher, licença remunerada para a gestante, antes e depois do parto.

Artigo 10. Direito à saúde

1. Toda pessoa tem direito à saúde, en-tendida como o gozo do mais alto nível de bem-estar físico, mental e social.

2. A fim de tornar efetivo o direito à saúde, os Estados Partes comprometem-se a reco-nhecer a saúde como bem público e, espe-cialmente, a adotar as seguintes medidas para garantir este direito:

a) Atendimento primário de saúde, enten-dendo-se como tal a assistência médica es-sencial colocada ao alcance de todas as pes-soas e famílias da comunidade;

b) Extensão dos benefícios dos serviços de saúde a todas as pessoas sujeitas à jurisdi-ção do Estado;

c) Total imunização contra as principais do-enças infecciosas;

d) Prevenção e tratamento das doenças en-dêmicas, profissionais e de outra natureza;

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e) Educação da população sobre prevenção e tratamento dos problemas da saúde; e

f) Satisfação das necessidades de saúde dos grupos de mais alto risco e que, por sua situação de pobreza, sejam mais vulnerá-veis.

Artigo 11. Direito a um meio ambiente sadio

1. Toda pessoa tem direito a viver em meio ambiente sadio e a contar com os serviços públicos básicos.

2. Os Estados Partes promoverão a prote-ção, preservação e melhoramento do meio ambiente.

Artigo 12. Direito à alimentação

1. Toda pessoa tem direito a uma nutrição adequada que assegure a possibilidade de gozar do mais alto nível de desenvolvimen-to físico, emocional e intelectual.

2. A fim de tornar efetivo esse direito e de eliminar a desnutrição, os Estados Partes comprometem-se a aperfeiçoar os métodos de produção, abastecimento e distribuição de alimentos, para o que se comprometem a promover maior cooperação internacional com vistas a apoiar as políticas nacionais so-bre o tema.

Artigo 13. Direito à educação

1. Toda pessoa tem direito à educação.

2. Os Estados Partes neste Protocolo con-vêm em que a educação deverá orientar-se para o pleno desenvolvimento da personali-dade humana e do sentido de sua dignidade e deverá fortalecer o respeito pelos direitos humanos, pelo pluralismo ideológico, pe-las liberdades fundamentais, pela justiça e pela paz. Convêm, também, em que a edu-cação deve capacitar todas as pessoas para participar efetivamente de uma sociedade democrática e pluralista, conseguir uma subsistência digna, favorecer a compreen-são, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais, étnicos ou

religiosos e promover as atividades em prol da manutenção da paz.

3. Os Estados Partes neste Protocolo re-conhecem que, a fim de conseguir o pleno exercício do direito à educação:

a) O ensino de primeiro grau deve ser obri-gatório e acessível a todos gratuitamente;

b) O ensino de segundo grau, em suas di-ferentes formas, inclusive o ensino técnico e profissional de segundo grau, deve ser generalizado e tornar-se acessível a todos, pelos meios que forem apropriados e, espe-cialmente, pela implantação progressiva do ensino gratuito;

c) O ensino superior deve tornar-se igual-mente acessível a todos, de acordo com a capacidade de cada um, pelos meios que forem apropriados e, especialmente, pela implantação progressiva do ensino gratuito;

d) Deve-se promover ou intensificar, na medida do possível, o ensino básico para as pessoas que não tiverem recebido ou termi-nado o ciclo completo de instrução do pri-meiro grau;

e) Deverão ser estabelecidos programas de ensino diferenciado para os deficientes, a fim de proporcionar instrução especial e formação a pessoas com impedimentos físi-cos ou deficiência mental.

4. De acordo com a legislação interna dos Estados Partes, os pais terão direito a esco-lher o tipo de educação a ser dada aos seus filhos, desde que esteja de acordo com os princípios enunciados acima.

5. Nada do disposto neste Protocolo pode-rá ser interpretado como restrição da liber-dade dos particulares e entidades de esta-belecer e dirigir instituições de ensino, de acordo com a legislação interna dos Estados Partes.

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Artigo 14. Direito aos benefícios da cultura

1. Os Estados Partes neste Protocolo reco-nhecem o direito de toda pessoa a:

a) Participar na vida cultural e artística da comunidade;

b) Gozar dos benefícios do progresso cien-tífico e tecnológico;

c) Beneficiar-se da proteção dos interesses morais e materiais que lhe caibam em vir-tude das produções científicas, literárias ou artísticas de que for autora.

2. Entre as medidas que os Estados Partes neste Protocolo deverão adotar para asse-gurar o pleno exercício deste direito, figura-rão as necessárias para a conservação, de-senvolvimento e divulgação da ciência, da cultura e da arte.

3. Os Estados Partes neste Protocolo com-prometem-se a respeitar a liberdade indis-pensável para a pesquisa científica e a ativi-dade criadora.

4. Os Estados Partes neste Protocolo re-conhecem os benefícios que decorrem da promoção e desenvolvimento da coopera-ção e das relações internacionais em assun-tos científicos, artísticos e culturais e, nesse sentido, comprometem-se a propiciar maior cooperação internacional nesse campo.

Artigo 15. Direito à constituição e proteção da família

1. A família é o elemento natural e funda-mental da sociedade e deve ser protegida pelo Estado, que deverá velar pelo melhora-mento de sua situação moral e material.

2. Toda pessoa tem direito a constituir fa-mília, o qual exercerá de acordo com as dis-posições da legislação interna correspon-dente.

3. Os Estados Partes comprometem-se, me-diante este Protocolo, a proporcionar ade-quada proteção ao grupo familiar e, espe-cialmente, a:

a) Dispensar atenção e assistência espe-ciais à mãe, por um período razoável, antes e depois do parto;

b) Garantir às crianças alimentação ade-quada, tanto no período de lactação quanto durante a idade escolar;

c) Adotar medidas especiais de proteção dos adolescentes, a fim de assegurar o ple-no amadurecimento de suas capacidades físicas, intelectuais e morais;

d) Executar programas especiais de for-mação familiar, a fim de contribuir para a criação de ambiente estável e positivo no qual as crianças percebam e desenvolvam os valores de compreensão, solidariedade, respeito e responsabilidade.

Artigo 16. Direito da criança

Toda criança, seja qual for sua filiação, tem di-reito às medidas de proteção que sua condição de menor requer por parte da sua família, da sociedade e do Estado. Toda criança tem direito de crescer ao amparo e sob a responsabilidade de seus pais; salvo em circunstâncias excepcio-nais, reconhecidas judicialmente, a criança de tenra idade não deve ser separada de sua mãe. Toda criança tem direito à educação gratuita e obrigatória, pelo menos no nível básico, e a con-tinuar sua formação em níveis mais elevados do sistema educacional.

Artigo 17. Proteção de pessoas idosas

Toda pessoa tem direito à proteção especial na velhice. Nesse sentido, os Estados Partes com-prometem-se a adotar de maneira progressiva as medidas necessárias a fim de pôr em prática este direito e, especialmente, a:

a) Proporcionar instalações adequadas, bem como alimentação e assistência médi-ca especializada, às pessoas de idade avan-çada que careçam delas e não estejam em condições de provê-las por seus próprios meios;

b) Executar programas trabalhistas espe-cíficos destinados a dar a pessoas idosas a

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possibilidade de realizar atividade produti-va adequada às suas capacidades, respei-tando sua vocação ou desejos;

c) Promover a formação de organizações sociais destinadas a melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas.

Artigo 18. Proteção de deficientes

Toda pessoa afetada por diminuição de suas ca-pacidades físicas e mentais tem direito a rece-ber atenção especial, a fim de alcançar o máxi-mo desenvolvimento de sua personalidade. Os Estados Partes comprometem-se a adotar as medidas necessárias para esse fim e, especial-mente, a:

a) Executar programas específicos destina-dos a proporcionar aos deficientes os recur-sos e o ambiente necessário para alcançar esse objetivo, inclusive programas traba-lhistas adequados a suas possibilidades e que deverão ser livremente aceitos por eles ou, se for o caso, por seus representantes legais;

b) Proporcionar formação especial às fa-mílias dos deficientes, a fim de ajuda-los a resolver os problemas de convivência e convertê-los em elementos atuantes no de-senvolvimento físico, mental e emocional destes;

c) Incluir, de maneira prioritária, em seus planos de desenvolvimento urbano a consi-deração de soluções para os requisitos es-pecíficos decorrentes das necessidades des-te grupo;

d) Promover a formação de organizações sociais nas quais os deficientes possam de-senvolver uma vida plena.

Artigo 19. Meios de proteção

1. Os Estados Partes neste Protocolo com-prometem-se a apresentar, de acordo com o disposto por este artigo e pelas normas pertinentes que a propósito deverão ser elaboradas pela Assembléia Geral da Orga-nização dos Estados Americanos, relatórios

periódicos sobre as medidas progressivas que tiverem adotado para assegurar o de-vido respeito aos direitos consagrados no mesmo Protocolo.

2. Todos os relatórios serão apresentados ao Secretário Geral da OEA, que os transmi-tirá ao Conselho Interamericano Econômico e Social e ao Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura, a fim de que os examinem de acordo com o disposto neste artigo. O Secretário Geral enviará cópia des-ses relatórios à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

3. O Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos transmitirá também aos organismos especializados do Sistema Interamericano, dos quais sejam membros os Estados Partes neste Protocolo, cópias dos relatórios enviados ou das partes per-tinentes deles, na medida em que tenham relação com matérias que sejam da compe-tência dos referidos organismos, de acordo com seus instrumentos constitutivos.

4. Os organismos especializados do Siste-ma Interamericano poderão apresentar ao Conselho Interamericano Econômico e So-cial e ao Conselho Interamericano de Edu-cação, Ciência e Cultura relatórios sobre o cumprimento das disposições deste Proto-colo, no campo de suas atividades.

5. Os relatórios anuais que o Conselho In-teramericano Econômico e Social e o Con-selho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura apresentarem à Assembléia Geral conterão um resumo da informação recebi-da dos Estados Partes neste Protocolo e dos organismos especializados sobre as medi-das progressivas adotadas a fim de assegu-rar o respeito dos direitos reconhecidos no Protocolo e das recomendações de caráter geral que a respeito considerarem pertinen-tes.

6. Caso os direitos estabelecidos na alínea a do artigo 8, e no artigo 13, forem viola-dos por ação imputável diretamente a um

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Estado Parte deste Protocolo, essa situação poderia dar lugar, mediante participação da Comissão Interamericana de Direitos Hu-manos e, quando cabível, da Corte Intera-mericana de Direitos Humanos, à aplicação do sistema de petições individuais regulado pelos artigos 44 a 51 e 61 a 69 da Conven-ção Americana sobre Direitos Humanos.

7. Sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior, a Comissão Interamericana de Di-reitos Humanos poderá formular as obser-vações e recomendações que considerar pertinentes sobre a situação dos direitos econômicos, sociais e culturais estabeleci-dos neste Protocolo em todos ou em alguns dos Estados Partes, as quais poderá incluir no Relatório Anual à Assembléia Geral ou num relatório especial, conforme conside-rar mais apropriado.

8. No exercício das funções que lhes con-fere este artigo, os Conselhos e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos deve-rão levar em conta a natureza progressiva da vigência dos direitos objeto da proteção deste Protocolo.

Artigo 20. Reservas

Os Estados Partes poderão formular reservas sobre uma ou mais disposições específicas des-te Protocolo no momento de aprova-lo, assiná--lo, ratifica-lo ou a ele aderir, desde que não sejam incompatíveis com o objetivo e o fim do Protocolo.

Artigo 21. Assinatura, ratificação ou adesão. Entrada em vigor

1. Este Protocolo fica aberto à assinatura e à ratificação ou adesão de todo Estado Par-te na Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

2. A ratificação deste Protocolo ou a ade-são ao mesmo será efetuada mediante de-pósito de um instrumento de ratificação ou de adesão na Secretaria Geral da Organiza-ção dos Estados Americanos.

3. O Protocolo entrará em vigor tão logo onze Estados tiverem depositado seus res-pectivos instrumentos de ratificação ou de adesão.

4. O Secretário Geral informará a todos os Estados membros da Organização a entrada em vigor do Protocolo.

Artigo 22. Incorporação de outros direitos e ampliação dos reconhecidos

1. Qualquer Estado Parte e a Comissão In-teramericana de Direitos Humanos pode-rão submeter à consideração dos Estados Partes, reunidos por ocasião da Assembléia Geral, propostas de emendas com o fim de incluir o reconhecimento de outros direitos e liberdades, ou outras destinadas a esten-der ou ampliar os direitos e liberdades reco-nhecidos neste Protocolo.

2. As emendas entrarão em vigor para os Estados ratificantes das mesmas na data em que tiverem depositado o respectivo ins-trumento de ratificação que corresponda a dois terços do número de Estados Partes neste Protocolo. Quanto aos demais Esta-dos Partes, entrarão em vigor na data em que depositarem seus respectivos instru-mentos de ratificação.

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ESTATUTO DO IDOSO

LEI Nº 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003

Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

Disposições Preliminares

Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destina-do a regular os direitos assegurados às pesso-as com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

Art. 2º O idoso goza de todos os direitos funda-mentais inerentes à pessoa humana, sem preju-ízo da proteção integral de que trata esta Lei, as-segurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para pre-servação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.

Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educa-ção, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respei-to e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

I – atendimento preferencial imediato e in-dividualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à popula-ção;

II – preferência na formulação e na execu-ção de políticas sociais públicas específicas;

III – destinação privilegiada de recursos pú-blicos nas áreas relacionadas com a prote-ção ao idoso;

IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais gerações;

V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de ma-nutenção da própria sobrevivência;

VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e geronto-logia e na prestação de serviços aos idosos;

VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsi-cossociais de envelhecimento;

VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.

IX – prioridade no recebimento da restitui-ção do Imposto de Renda. (Inciso acrescido pela Lei nº 11.765, de 5/8/2008)

Art. 4º Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.

§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso.

§ 2º As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção outras decorrentes dos princípios por ela adotados.

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Art. 5º A inobservância das normas de preven-ção importará em responsabilidade à pessoa fí-sica ou jurídica nos termos da lei.

Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.

Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, defini-dos nesta Lei.

TÍTULO II

Dos Direitos Fundamentais

CAPÍTULO IDO DIREITO À VIDA

Art. 8º O envelhecimento é um direito persona-líssimo e a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e da legislação vigente.

Art. 9º É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efe-tivação de políticas sociais públicas que permi-tam um envelhecimento saudável e em condi-ções de dignidade.

CAPÍTULO IIDO DIREITO À LIBERDADE, AO

RESPEITO E À DIGNIDADE

Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respei-to e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis.

§ 1º O direito à liberdade compreende, en-tre outros, os seguintes aspectos:

I – faculdade de ir, vir e estar nos logradou-ros públicos e espaços comunitários, ressal-vadas as restrições legais;

II – opinião e expressão;

III – crença e culto religioso;

IV – prática de esportes e de diversões;

V – participação na vida familiar e comuni-tária;

VI – participação na vida política, na forma da lei;

VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.

§ 2º O direito ao respeito consiste na invio-labilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da ima-gem, da identidade, da autonomia, de valo-res, idéias e crenças, dos espaços e dos ob-jetos pessoais.

§ 3º É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando- o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrori-zante, vexatório ou constrangedor.

CAPÍTULO IIIDOS ALIMENTOS

Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da lei civil.

Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, po-dendo o idoso optar entre os prestadores.

Art. 13. As transações relativas a alimentos po-derão ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público, que as referenda-rá, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial nos termos da lei processual civil. (Artigo com redação dada pela Lei nº 11.737, de 14/7/2008)

Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não pos-suírem condições econômicas de prover o seu

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sustento, impõe-se ao Poder Público esse provi-mento, no âmbito da assistência social.

CAPÍTULO IVDO DIREITO À SAÚDE

Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promo-ção, proteção e recuperação da saúde, incluin-do a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos.

§ 1º A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de:

I – cadastramento da população idosa em base territorial;

II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;

III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;

IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele ne-cessitar e esteja impossibilitada de se lo-comover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições públicas, filantró-picas ou sem fins lucrativos e eventualmen-te conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural;

V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das seqüelas de-correntes do agravo da saúde.

§ 2º Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, es-pecialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou rea-bilitação.

§ 3º É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade.

§ 4º Os idosos portadores de deficiência ou com limitação incapacitante terão atendi-mento especializado, nos termos da lei.

§ 5º É vedado exigir o comparecimento do idoso enfermo perante os órgãos públicos, hipótese na qual será admitido o seguinte procedimento:

I – quando de interesse do poder público, o agente promoverá o contato necessário com o idoso em sua residência; ou

II – quando de interesse do próprio idoso, este se fará representar por procurador le-galmente constituído. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.896, de 18/12/2013)

§ 6º É assegurado ao idoso enfermo o aten-dimento domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, pelo serviço público de saúde ou pelo ser-viço privado de saúde, contratado ou con-veniado, que integre o Sistema Único de Saúde – SUS, para expedição do laudo de saúde necessário ao exercício de seus di-reitos sociais e de isenção tributária. (Pa-rágrafo acrescido pela Lei nº 12.896, de 18/12/2013)

Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante, deven-do o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo o critério médico.

Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento conce-der autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito.

Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de saúde que lhe for re-putado mais favorável.

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Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proceder à opção, esta será feita:

I – pelo curador, quando o idoso for interdi-tado;

II – pelos familiares, quando o idoso não ti-ver curador ou este não puder ser contacta-do em tempo hábil;

III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar;

IV – pelo próprio médico, quando não hou-ver curador ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério Público.

Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento às ne-cessidades do idoso, promovendo o treinamen-to e a capacitação dos profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e grupos de auto-ajuda.

Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitá-ria, bem como serão obrigatoriamente comu-nicados por eles a quaisquer dos seguintes ór-gãos: (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº 12.461, de 26/7/2011, publicada no DOU de 27/7/2011, em vigor 90 dias após a publica-ção)

I – autoridade policial;

II – Ministério Público;

III – Conselho Municipal do Idoso;

IV – Conselho Estadual do Idoso;

V – Conselho Nacional do Idoso.

§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera--se violência contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou so-frimento físico ou psicológico. (Parágrafo

acrescido pela Lei nº 12.461, de 26/7/2011, publicada no DOU de 27/7/2011, em vigor 90 dias após a publicação)

§ 2º Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória prevista no caput deste artigo, o disposto na Lei nº 6.259, de 30 de outu-bro de 1975. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.461, de 26/7/2011, publicada no DOU de 27/7/2011, em vigor 90 dias após a pu-blicação)

CAPÍTULO VDA EDUCAÇÃO, CULTURA,

ESPORTE E LAZER

Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.

Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando cur-rículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados.

§ 1º Os cursos especiais para idosos inclui-rão conteúdo relativo às técnicas de co-municação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna.

§ 2º Os idosos participarão das comemo-rações de caráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vivências às demais gerações, no sentido da preserva-ção da memória e da identidade culturais.

Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conte-údos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conheci-mentos sobre a matéria.

Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada median-te descontos de pelo menos 50% (cinqüenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, cul-

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turais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais.

Art. 24. Os meios de comunicação manterão es-paços ou horários especiais voltados aos idosos, com finalidade informativa, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de en-velhecimento.

Art. 25. O Poder Público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas idosas e in-centivará a publicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao ido-so, que facilitem a leitura, considerada a natural redução da capacidade visual.

CAPÍTULO VIDA PROFISSIONALIZAÇÃO

E DO TRABALHO

Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de ati-vidade profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas.

Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer tra-balho ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir.

Parágrafo único. O primeiro critério de de-sempate em concurso público será a idade, dando-se preferência ao de idade mais ele-vada.

Art. 28. O Poder Público criará e estimulará pro-gramas de:

I – profissionalização especializada para os idosos, aproveitando seus potenciais e ha-bilidades para atividades regulares e remu-neradas;

II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a no-vos projetos sociais, conforme seus interes-ses, e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de cidadania;

III – estímulo às empresas privadas para ad-missão de idosos ao trabalho.

CAPÍTULO VIIDA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pen-são do Regime Geral da Previdência Social ob-servarão, na sua concessão, critérios de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais incidiram contribuição, nos termos da le-gislação vigente.

Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manutenção serão reajustados na mes-ma data de reajuste do salário-mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do seu último reajustamento, com base em percentual definido em regu-lamento, observados os critérios estabele-cidos pela Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991.

Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada para a concessão da aposenta-doria por idade, desde que a pessoa conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspon-dente ao exigido para efeito de carência na data de requerimento do benefício.

Parágrafo único. O cálculo do valor do bene-fício previsto no caput observará o disposto no caput e § 2º do art. 3º da Lei nº 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários-de-contribuição recolhidos a partir da competência de julho de 1994, o dispos-to no art. 35 da Lei nº 8.213, de 1991.

Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a be-nefícios, efetuado com atraso por responsabili-dade da Previdência Social, será atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, verificado no período compreendido en-tre o mês que deveria ter sido pago e o mês do efetivo pagamento.

Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1º de Maio, é a data-base dos aposentados e pensionistas.

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CAPÍTULO VIIIDA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 33. A assistência social aos idosos será pres-tada, de forma articulada, conforme os prin-cípios e diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais normas pertinentes.

Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para pro-ver sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário mínimo, nos termos da Lei Orgâ-nica da Assistência Social – Loas.

Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.

Art. 35. Todas as entidades de longa permanên-cia, ou casalar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a pessoa idosa abrigada.

§ 1º No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança de partici-pação do idoso no custeio da entidade.

§ 2º O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma de participação pre-vista no § 1º, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou de assistência social per-cebido pelo idoso.

§ 3º Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante legal firmar o contrato a que se refere o caput deste artigo.

Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência econômica, para os efeitos legais.

CAPÍTULO IXDA HABITAÇÃO

Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desa-companhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada.

§ 1º A assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência será presta-da quando verificada inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros próprios ou da família.

§ 2º Toda instituição dedicada ao aten-dimento ao idoso fica obrigada a manter identificação externa visível, sob pena de in-terdição, além de atender toda a legislação pertinente.

§ 3º As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de habita-ção compatíveis com as necessidades deles, bem como provê-los com alimentação regu-lar e higiene indispensáveis às normas sani-tárias e com estas condizentes, sob as penas da lei.

Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o seguinte:

I – reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades habitacionais residen-ciais para atendimento aos idosos; (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.418, de 9/6/2011)

II – implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao idoso;

III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia de acessibilida-de ao idoso;

IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria e pensão.

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Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas para atendimento a idosos de-vem situar-se, preferencialmente, no pavi-mento térreo. (Parágrafo único acrescido pela Lei nº 12.419, de 9/6/2011)

CAPÍTULO XDO TRANSPORTE

Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transpor-tes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quan-do prestados paralelamente aos serviços regu-lares.

§ 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade.

§ 2º Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para idosos.

§ 3º No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (ses-senta e cinco) anos, ficará a critério da legis-lação local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos meios de trans-porte previstos no caput deste artigo.

Art. 40. No sistema de transporte coletivo inte-restadual observar-se-á, nos termos da legisla-ção específica:

I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou infe-rior a 2 (dois) salários-mínimos;

II – desconto de 50% (cinqüenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salá-rios-mínimos.

Parágrafo único. Caberá aos órgãos compe-tentes definir os mecanismos e os critérios

para o exercício dos direitos previstos nos incisos I e II.

Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos públicos e priva-dos, as quais deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao idoso.

Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segu-rança do idoso nos procedimentos de embar-que e desembarque nos veículos do sistema de transporte coletivo. (Artigo com redação dada pela Lei nº 12.899, de 18/12/2013)

TÍTULO III

Das Medidas de Proteção

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:

I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento;

III – em razão de sua condição pessoal.

CAPÍTULO IIDAS MEDIDAS ESPECÍFICAS

DE PROTEÇÃO

Art. 44. As medidas de proteção ao idoso pre-vistas nesta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, e levarão em conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

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Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses pre-vistas no art.43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele, poderá de-terminar, dentre outras, as seguintes medidas:

I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade;

II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;

III – requisição para tratamento de sua saú-de, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;

IV – inclusão em programa oficial ou comu-nitário de auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação;

V – abrigo em entidade;

VI – abrigo temporário.

TÍTULO IV

Da Política de Atendimento Ao Idoso

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 46. A política de atendimento ao idoso far--se-á por meio do conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 47. São linhas de ação da política de aten-dimento:

I – políticas sociais básicas, previstas na Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994;

II – políticas e programas de assistência so-cial, em caráter supletivo, para aqueles que necessitarem;

III – serviços especiais de prevenção e aten-dimento às vítimas de negligência, maus--tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;

IV – serviço de identificação e localização de parentes ou responsáveis por idosos aban-donados em hospitais e instituições de lon-ga permanência;

V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos dos idosos;

VI – mobilização da opinião pública no sen-tido da participação dos diversos segmen-tos da sociedade no atendimento do idoso.

CAPÍTULO IIDAS ENTIDADES

DE ATENDIMENTO AO IDOSO

Art. 48. As entidades de atendimento são res-ponsáveis pela manutenção das próprias unida-des, observadas as normas de planejamento e execução emanadas do órgão competente da Política Nacional do Idoso, conforme a Lei nº 8.842, de 1994.

Parágrafo único. As entidades governamen-tais e não-governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Con-selho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes de atendimento, observados os seguintes requisitos:

I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salu-bridade e segurança;

II – apresentar objetivos estatutários e pla-no de trabalho compatíveis com os princí-pios desta Lei;

III – estar regularmente constituída;

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IV – demonstrar a idoneidade de seus diri-gentes.

Art. 49. As entidades que desenvolvam progra-mas de institucionalização de longa permanên-cia adotarão os seguintes princípios:

I – preservação dos vínculos familiares;

II – atendimento personalizado e em pe-quenos grupos;

III – manutenção do idoso na mesma insti-tuição, salvo em caso de força maior;

IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo;

V – observância dos direitos e garantias dos idosos;

VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito e dignidade.

Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de atendimento ao idoso res-ponderá civil e criminalmente pelos atos que praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das sanções administrativas.

Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento:

I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o idoso, especificando o tipo de atendimento, as obrigações da entidade e prestações decorrentes do contrato, com os respectivos preços, se for o caso;

II – observar os direitos e as garantias de que são titulares os idosos;

III – fornecer vestuário adequado, se for pú-blica, e alimentação suficiente;

IV – oferecer instalações físicas em condi-ções adequadas de habitabilidade;

V – oferecer atendimento personalizado;

VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos familiares;

VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de visitas;

VIII – proporcionar cuidados à saúde, con-forme a necessidade do idoso;

IX – promover atividades educacionais, es-portivas, culturais e de lazer;

X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas cren-ças;

XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;

XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocorrência de idoso portador de doenças infecto-contagiosas;

XIII – providenciar ou solicitar que o Minis-tério Público requisite os documentos ne-cessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem, na forma da lei;

XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que receberem dos idosos;

XV – manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendi-mento, nome do idoso, responsável, pa-rentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como o valor de contribui-ções, e suas alterações, se houver, e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento;

XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte dos familiares;

XVII – manter no quadro de pessoal profis-sionais com formação específica.

Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos prestadoras de serviço ao idoso terão direito à assistência judiciária gratuita.

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CAPÍTULO IIIDA FISCALIZAÇÃO DAS

ENTIDADES DE ATENDIMENTO

Art. 52. As entidades governamentais e não-go-vernamentais de atendimento ao idoso serão fiscalizadas pelos Conselhos do Idoso, Ministé-rio Público, Vigilância Sanitária e outros previs-tos em lei.

Art. 53. O art. 7º da Lei nº 8.842, de 1994, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 7º Compete aos Conselhos de que trata o art. 6º desta Lei a supervisão, o acompanha-mento, a fiscalização e a avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias político-administrativas." (NR)

Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas dos recursos públicos e privados rece-bidos pelas entidades de atendimento.

Art. 55. As entidades de atendimento que des-cumprirem as determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às seguintes penalidades, observado o devido pro-cesso legal:

I – as entidades governamentais:

a) advertência;

b) afastamento provisório de seus dirigen-tes;

c) afastamento definitivo de seus dirigentes;

d) fechamento de unidade ou interdição de programa;

II – as entidades não-governamentais:

a) advertência;

b) multa;

c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;

d) interdição de unidade ou suspensão de programa;

e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse público.

§ 1º Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de fraude em relação ao programa, caberá o afastamento provisório dos dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do programa.

§ 2º A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas ocorrerá quando verifi-cada a má aplicação ou desvio de finalidade dos recursos.

§ 3º Na ocorrência de infração por entidade de atendimento, que coloque em risco os direitos assegurados nesta Lei, será o fato comunicado ao Ministério Público, para as providências cabíveis, inclusive para promo-ver a suspensão das atividades ou dissolu-ção da entidade, com a proibição de atendi-mento a idosos a bem do interesse público, sem prejuízo das providências a serem to-madas pela Vigilância Sanitária.

§ 4º Na aplicação das penalidades, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela pro-vierem para o idoso, as circunstâncias agra-vantes ou atenuantes e os antecedentes da entidade.

CAPÍTULO IVDAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS

Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as determinações do art. 50 desta Lei:

Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos re-ais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), se o fato não for caracterizado como crime, podendo haver a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas as exigências legais.

Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de longa permanência, os idosos abrigados serão transferidos para outra instituição, a expensas do estabeleci-

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mento interditado, enquanto durar a inter-dição.

Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o res-ponsável por estabelecimento de saúde ou ins-tituição de longa permanência de comunicar à autoridade competente os casos de crimes con-tra idoso de que tiver conhecimento:

Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos re-ais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência.

Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a prioridade no atendimen-to ao idoso:

Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 (um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o dano sofrido pelo idoso.

CAPÍTULO VDA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA

DE INFRAÇÃO ÀS NORMAS DE PROTEÇÃO AO IDOSO

Art. 59. Os valores monetários expressos no Ca-pítulo IV serão atualizados anualmente, na for-ma da lei.

Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade administrativa por infração às nor-mas de proteção ao idoso terá início com requi-sição do Ministério Público ou auto de infração elaborado por servidor efetivo e assinado, se possível, por duas testemunhas.

§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as circunstâncias da infração.

§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguirse- á a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro de 24 (vinte e qua-tro) horas, por motivo justificado.

Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a apresentação da defesa, contado da data da intimação, que será feita:

I – pelo autuante, no instrumento de autu-ação, quando for lavrado na presença do in-frator;

II – por via postal, com aviso de recebimen-to.

Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso, a autoridade competente aplicará à enti-dade de atendimento as sanções regulamenta-res, sem prejuízo da iniciativa e das providên-cias que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a fiscalização.

Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade competente aplicará à entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências que vie-rem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a fis-calização.

CAPÍTULO VIDA APURAÇÃO JUDICIAL DE

IRREGULARIDADES EM ENTIDADE DE ATENDIMENTO

Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao pro-cedimento administrativo de que trata este Ca-pítulo as disposições das Leis nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de 1999.

Art. 65. O procedimento de apuração de irregu-laridade em entidade governamental e não-go-vernamental de atendimento ao idoso terá iní-cio mediante petição fundamentada de pessoa interessada ou iniciativa do Ministério Público.

Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a auto-ridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento provisório

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do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar adequadas, para evitar lesão aos direitos do idoso, mediante decisão fundamentada.

Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de 10 (dez) dias, oferecer respos-ta escrita, podendo juntar documentos e indicar as provas a produzir.

Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na conformidade do art. 69 ou, se necessário, designará audiência de instrução e julgamento, deliberando sobre a necessidade de produção de outras provas.

§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações finais, decidin-do a autoridade judiciária em igual prazo.

§ 2º Em se tratando de afastamento provi-sório ou definitivo de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária ofi-ciará a autoridade administrativa imedia-tamente superior ao afastado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas para pro-ceder à substituição.

§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades verifi-cadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julgamento do mérito.

§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da entidade ou ao responsável pelo programa de atendimento.

TÍTULO V

Do Acesso à Justiça

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às dispo-sições deste Capítulo, o procedimento sumário

previsto no Código de Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei.

Art. 70. O Poder Público poderá criar varas es-pecializadas e exclusivas do idoso.

Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qual-quer instância.

§ 1º O interessado na obtenção da priori-dade a que alude este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à auto-ridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará as providências a se-rem cumpridas, anotando-se essa circuns-tância em local visível nos autos do proces-so.

§ 2º A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou com-panheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos.

§ 3º A prioridade se estende aos processos e procedimentos na Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defensoria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos Serviços de Assistência Judiciá-ria.

§ 4º Para o atendimento prioritário será ga-rantido ao idoso o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis.

CAPÍTULO IIDO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 72. (VETADO)

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Art. 73. As funções do Ministério Público, pre-vistas nesta Lei, serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica.

Art. 74. Compete ao Ministério Público:

I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e in-teresses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso;

II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdição total ou parcial, de designação de curador especial, em circuns-tâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos em que se discutam os direitos de idosos em condições de risco;

III – atuar como substituto processual do idoso em situação de risco, conforme o dis-posto no art. 43 desta Lei;

IV – promover a revogação de instrumento procuratório do idoso, nas hipóteses previs-tas no art. 43 desta Lei, quando necessário ou o interesse público justificar;

V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo:

a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não com-parecimento injustificado da pessoa notifi-cada, requisitar condução coercitiva, inclu-sive pela Polícia Civil ou Militar;

b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridade municipais, estaduais e federais, da administração di-reta e indireta, bem como promover inspe-ções e diligências investigatórias;

c) requisitar informações e documentos particulares de instituições privadas;

VI – instaurar sindicâncias, requisitar dili-gências investigatórias e a instauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção ao ido-so;

VII – zelar pelo efetivo respeito aos direi-tos e garantias legais assegurados ao idoso, promovendo as medidas judiciais e extraju-diciais cabíveis;

VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais neces-sárias à remoção de irregularidades porven-tura verificadas;

IX – requisitar força policial, bem como a co-laboração dos serviços de saúde, educacio-nais e de assistência social, públicos, para o desempenho de suas atribuições;

X – referendar transações envolvendo inte-resses e direitos dos idosos previstos nesta Lei.

§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hi-póteses, segundo dispuser a lei.

§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade e atribuições do Ministério Público.

§ 3º O representante do Ministério Públi-co, no exercício de suas funções, terá livre acesso a toda entidade de atendimento ao idoso.

Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Minis-tério Público na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vis-ta dos autos depois das partes, podendo juntar documentos, requerer diligências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis.

Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente.

Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Pú-blico acarreta a nulidade do feito, que será de-clarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.

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CAPÍTULO IIIDA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS

INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU

HOMOGÊNEOS

Art. 78. As manifestações processuais do repre-sentante do Ministério Público deverão ser fun-damentadas.

Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direi-tos assegurados ao idoso, referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de:

I – acesso às ações e serviços de saúde;

II – atendimento especializado ao idoso portador de deficiência ou com limitação in-capacitante;

III – atendimento especializado ao idoso portador de doença infecto-contagiosa;

IV – serviço de assistência social visando ao amparo do idoso.

Parágrafo único. As hipóteses previstas nes-te artigo não excluem da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos, indivi-duais indisponíveis ou homogêneos, pró-prios do idoso, protegidos em lei.

Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores.

Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em inte-resses difusos, coletivos, individuais indisponí-veis ou homogêneos, consideram-se legitima-dos, concorrentemente:

I – o Ministério Público;

II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

III – a Ordem dos Advogados do Brasil;

IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 (um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa dos in-teresses e direitos da pessoa idosa, dispen-sada a autorização da assembléia, se hou-ver prévia autorização estatutária.

§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Lei.

§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legitimada, o Minis-tério Público ou outro legitimado deverá as-sumir a titularidade ativa.

Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação pertinentes.

Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abu-sivos de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições de Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação man-damental, que se regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.

Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumpri-mento de obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o re-sultado prático equivalente ao adimplemento.

§ 1º Sendo relevante o fundamento da de-manda e havendo justificado receio de ine-ficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na forma do art. 273 do Código de Processo Civil.

§ 2º O juiz poderá, na hipótese do § 1º ou na sentença, impor multa diária ao réu, in-dependentemente do pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obriga-ção, fixando prazo razoável para o cumpri-mento do preceito.

§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da sentença favorável

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ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado.

Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta deste, ao Fundo Municipal de Assis-tência Social, ficando vinculados ao atendimen-to ao idoso.

Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias após o trânsito em jul-gado da decisão serão exigidas por meio de execução promovida pelo Ministério Públi-co, nos mesmos autos, facultada igual ini-ciativa aos demais legitimados em caso de inércia daquele.

Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensi-vo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.

Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser condenação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa de peças à autoridade competente, para apuração da responsabilida-de civil e administrativa do agente a que se atri-bua a ação ou omissão.

Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trân-sito em julgado da sentença condenatória favo-rável ao idoso sem que o autor lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada, igual iniciativa aos demais legitima-dos, como assistentes ou assumindo o pólo ati-vo, em caso de inércia desse órgão.

Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adiantamento de custas, emolu-mentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas.

Parágrafo único. Não se imporá sucumbên-cia ao Ministério Público.

Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar a iniciativa do Ministério Pú-blico, prestando-lhe informações sobre os fatos que constituam objeto de ação civil e indicando--lhe os elementos de convicção.

Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no exercício de suas funções, quan-

do tiverem conhecimento de fatos que possam configurar crime de ação pública contra idoso ou ensejar a propositura de ação para sua de-fesa, devem encaminhar as peças pertinentes ao Ministério Público, para as providências ca-bíveis.

Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interes-sado poderá requerer às autoridades compe-tentes as certidões e informações que julgar ne-cessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua presidência, inquérito civil, ou requisi-tar, de qualquer pessoa, organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não po-derá ser inferior a 10 (dez) dias.

§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgo-tadas todas as diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a proposi-tura da ação civil ou de peças informativas, determinará o seu arquivamento, fazendo-o fundamentadamente.

§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público ou à Câmara de Coor-denação e Revisão do Ministério Público.

§ 3º Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, pelo Conselho Superior do Ministério Público ou por Câmara de Coor-denação e Revisão do Ministério Público, as associações legitimadas poderão apre-sentar razões escritas ou documentos, que serão juntados ou anexados às peças de in-formação.

§ 4º Deixando o Conselho Superior ou a Câ-mara de Coordenação e Revisão do Ministé-rio Público de homologar a promoção de ar-quivamento, será designado outro membro do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

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TÍTULO VI

Dos Crimes

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.

Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultra-passe 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimen-to previsto na Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Pro-cesso Penal.

CAPÍTULO IIDOS CRIMES EM ESPÉCIE

Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Código Penal.

Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento ne-cessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade:

Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

§ 1º Na mesma pena incorre quem desde-nhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.

§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um ter-ço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.

Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retar-

dar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socor-ro de autoridade pública:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corpo-ral de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.

Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saú-de, física ou psíquica, do idoso, submetendo--o a condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensá-veis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado:

Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.

§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de na-tureza grave:

Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

§ 2º Se resulta a morte:

Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa:

I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade;

II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;

III – recusar, retardar ou dificultar atendi-mento ou deixar de prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;

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IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei;

V – recusar, retardar ou omitir dados téc-nicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público.

Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em que for parte ou interve-niente o idoso:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, pro-ventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade:

Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.

Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanên-cia do idoso, como abrigado, por recusa deste em outorgar procuração à entidade de atendi-mento:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 104. Reter o cartão magnético de con-ta bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como qualquer outro do-cumento com objetivo de assegurar recebimen-to ou ressarcimento de dívida:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.

Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou imagens de-preciativas ou injuriosas à pessoa do idoso:

Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimen-to de seus atos a outorgar procuração para fins

de administração de bens ou deles dispor livre-mente:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus atos, sem a devida representação legal:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

TÍTULO VII

Disposições Finais e Transitórias

Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do repre-sentante do Ministério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador:

Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 110. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de de-zembro de 1940, Código Penal, passa a vigorar com as seguintes alterações:

"Art. 61. .........................................................................................................................................................................................

II – ..................................................................................................................................................................................................

h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;

......................................................................

................. " (NR)

"Art. 121. .........................................................................................................................................................................................

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§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumen-tada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de pres-tar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

......................................................................

........................" (NR)

"Art. 133. .......................................................................................................................................................................................

§ 3º .............................................................................................

......................................................................

..............................

III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos." (NR)

"Art. 140. .......................................................................................................................................................................................

§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, reli-gião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:

......................................................................

..................." (NR)

"Art. 141. .......................................................................................................................................................................................

IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.

......................................................................

...................." (NR)

"Art. 148. .......................................................................................................................................................................................

§ 1º .............................................................................................

I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente ou maior de 60 (sessen-ta) anos.

......................................................................

......................" (NR)

"Art. 159.........................................................................................................................................................................................

§ 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.

......................................................................

......................." (NR)

"Art. 183.....................................................................................................................................................................................

III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos." (NR)

"Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessen-ta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pen-são alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socor-rer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:

......................................................................

....................." (NR)

Art. 111. O art. 21 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941, Lei das Contravenções Pe-nais, passa a vigorar acrescido do seguinte pará-grafo único:

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"Art. 21...........................................................................................................................................................................................

Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos." (NR)

Art. 112. O inciso II do § 4º do art. 1º da Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 1º ..........................................................................................................................................................................................

§ 4º .............................................................................................

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adoles-cente ou maior de 60 (sessenta) anos;

......................................................................

......................." (NR)

Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 18...........................................................................................................................................................................................

III – se qualquer deles decorrer de associa-ção ou visar a menores de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa com idade igual ou supe-rior a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por qualquer causa, diminuída ou suprimi-da a capacidade de discernimento ou de au-todeterminação:

......................................................................

......................" (NR)

Art. 114. O art. 1º da Lei nº 10.048, de 8 de no-vembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 1º As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (ses-senta) anos, as gestantes, as lactantes e as pes-soas acompanhadas por crianças de colo terão

atendimento prioritário, nos termos desta Lei." (NR)

Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao Fundo Nacional de Assistência Social, até que o Fundo Nacional do Idoso seja criado, os recursos necessários, em cada exer-cício financeiro, para aplicação em programas e ações relativos ao idoso.

Art. 116. Serão incluídos nos censos demográ-ficos dados relativos à população idosa do País.

Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacional projeto de lei revendo os critérios de concessão do Benefício de Presta-ção Continuada previsto na Lei Orgânica da As-sistência Social, de forma a garantir que o aces-so ao direito seja condizente com o estágio de desenvolvimento sócio-econômico alcançado pelo País.

Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa) dias da sua publicação, ressalvado o disposto no caput do art. 36, que vigorará a par-tir de 1º de janeiro de 2004.

Brasília, 1º de outubro de 2003; 182º da Inde-pendência e 115º da República.

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NEGROS, PARDOS E ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL

LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010

Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nºs 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

Disposições Preliminares

Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às de-mais formas de intolerância étnica.

Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:

I – discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou prefe-rência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimen-to, gozo ou exercício, em igualdade de con-dições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econô-mico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada;

II – desigualdade racial: toda situação injus-tificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas es-feras pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou ét-nica;

III – desigualdade de gênero e raça: assime-tria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais;

IV – população negra: o conjunto de pes-soas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefi-nição análoga;

V – políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cum-primento de suas atribuições institucionais;

VI – ações afirmativas: os programas e me-didas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das de-sigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.

Art. 2º É dever do Estado e da sociedade garan-tir a igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participa-ção na comunidade, especialmente nas ativida-des políticas, econômicas, empresariais, educa-cionais, culturais e esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.

Art. 3º Além das normas constitucionais relati-vas aos princípios fundamentais, aos direitos e garantias fundamentais e aos direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da Igualda-de Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas de desigualdade étnico--racial, a valorização da igualdade étnica e o for-talecimento da identidade nacional brasileira.

Art. 4º A participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e cultural do País será promovida, prioritariamente, por meio de:

I – inclusão nas políticas públicas de desen-volvimento econômico e social;

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II – adoção de medidas, programas e políti-cas de ação afirmativa;

III – modificação das estruturas institucio-nais do Estado para o adequado enfren-tamento e a superação das desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da discriminação étnica;

IV – promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação étni-ca e às desigualdades étnicas em todas as suas manifestações individuais, institucio-nais e estruturais;

V – eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem a representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada;

VI – estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil dire-cionadas à promoção da igualdade de opor-tunidades e ao combate às desigualdades étnicas, inclusive mediante a implementa-ção de incentivos e critérios de condiciona-mento e prioridade no acesso aos recursos públicos;

VII – implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfrentamento das desigualdades étnicas no tocante à edu-cação, cultura, esporte e lazer, saúde, segu-rança, trabalho, moradia, meios de comuni-cação de massa, financiamentos públicos, acesso à terra, à Justiça, e outros.

Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-se-ão em políticas pú-blicas destinadas a reparar as distorções e desigualdades sociais e demais práticas dis-criminatórias adotadas, nas esferas pública e privada, durante o processo de formação social do País.

Art. 5º Para a consecução dos objetivos desta Lei, é instituído o Sistema Nacional de Promo-ção da Igualdade Racial (Sinapir), conforme es-tabelecido no Título III.

TÍTULO II

Dos Direitos Fundamentais

CAPÍTULO IDO DIREITO À SAÚDE

Art. 6º O direito à saúde da população negra será garantido pelo poder público mediante po-líticas universais, sociais e econômicas destina-das à redução do risco de doenças e de outros agravos.

§ 1º O acesso universal e igualitário ao Sis-tema Único de Saúde (SUS) para promoção, proteção e recuperação da saúde da popu-lação negra será de responsabilidade dos órgãos e instituições públicas federais, esta-duais, distritais e municipais, da administra-ção direta e indireta.

§ 2º O poder público garantirá que o seg-mento da população negra vinculado aos seguros privados de saúde seja tratado sem discriminação.

Art. 7º O conjunto de ações de saúde voltadas à população negra constitui a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo especifica-das:

I – ampliação e fortalecimento da participa-ção de lideranças dos movimentos sociais em defesa da saúde da população negra nas instâncias de participação e controle social do SUS;

II – produção de conhecimento científico e tecnológico em saúde da população negra;

III – desenvolvimento de processos de infor-mação, comunicação e educação para con-tribuir com a redução das vulnerabilidades da população negra.

Art. 8º Constituem objetivos da Política Nacio-nal de Saúde Integral da População Negra:

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I – a promoção da saúde integral da popula-ção negra, priorizando a redução das desi-gualdades étnicas e o combate à discrimina-ção nas instituições e serviços do SUS;

II – a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS no que tange à coleta, ao processamento e à análise dos dados de-sagregados por cor, etnia e gênero;

III – o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racismo e saúde da popu-lação negra;

IV – a inclusão do conteúdo da saúde da po-pulação negra nos processos de formação e educação permanente dos trabalhadores da saúde;

V – a inclusão da temática saúde da popu-lação negra nos processos de formação po-lítica das lideranças de movimentos sociais para o exercício da participação e controle social no SUS.

Parágrafo único. Os moradores das comuni-dades de remanescentes de quilombos se-rão beneficiários de incentivos específicos para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas condições ambientais, no sa-neamento básico, na segurança alimentar e nutricional e na atenção integral à saúde.

CAPÍTULO IIDO DIREITO À EDUCAÇÃO, À

CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER

Seção IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 9º A população negra tem direito a parti-cipar de atividades educacionais, culturais, es-portivas e de lazer adequadas a seus interesses e condições, de modo a contribuir para o patri-mônio cultural de sua comunidade e da socie-dade brasileira.

Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9º, os governos federal, estaduais, distrital e municipais adotarão as seguintes providências:

I – promoção de ações para viabilizar e am-pliar o acesso da população negra ao ensi-no gratuito e às atividades esportivas e de lazer;

II – apoio à iniciativa de entidades que man-tenham espaço para promoção social e cul-tural da população negra;

III – desenvolvimento de campanhas edu-cativas, inclusive nas escolas, para que a solidariedade aos membros da população negra faça parte da cultura de toda a socie-dade;

IV – implementação de políticas públicas para o fortalecimento da juventude negra brasileira.

Seção IIDA EDUCAÇÃO

Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino funda-mental e de ensino médio, públicos e privados, é obrigatório o estudo da história geral da África e da história da população negra no Brasil, ob-servado o disposto na Lei no 9.394, de 20 de de-zembro de 1996.

§ 1º Os conteúdos referentes à história da população negra no Brasil serão ministra-dos no âmbito de todo o currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva para o desenvolvimento social, econômico, políti-co e cultural do País.

§ 2º O órgão competente do Poder Executi-vo fomentará a formação inicial e continua-da de professores e a elaboração de mate-rial didático específico para o cumprimento do disposto no caput deste artigo.

§ 3º Nas datas comemorativas de caráter cí-vico, os órgãos responsáveis pela educação incentivarão a participação de intelectuais e representantes do movimento negro para

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debater com os estudantes suas vivências relativas ao tema em comemoração.

Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de fomento à pesquisa e à pós-graduação pode-rão criar incentivos a pesquisas e a programas de estudo voltados para temas referentes às relações étnicas, aos quilombos e às questões pertinentes à população negra.

Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos competentes, incentivará as instituições de ensino superior públicas e privadas, sem pre-juízo da legislação em vigor, a:

I – resguardar os princípios da ética em pes-quisa e apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos diversos programas de pós--graduação que desenvolvam temáticas de interesse da população negra;

II – incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de formação de professores temas que incluam valores concernentes à plura-lidade étnica e cultural da sociedade brasi-leira;

III – desenvolver programas de extensão universitária destinados a aproximar jovens negros de tecnologias avançadas, assegura-do o princípio da proporcionalidade de gê-nero entre os beneficiários;

IV – estabelecer programas de cooperação técnica, nos estabelecimentos de ensino públicos, privados e comunitários, com as escolas de educação infantil, ensino funda-mental, ensino médio e ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios de equidade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas.

Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações socioeducacionais realizadas por entida-des do movimento negro que desenvolvam ati-vidades voltadas para a inclusão social, median-te cooperação técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros mecanismos.

Art. 15. O poder público adotará programas de ação afirmativa.

Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos responsáveis pelas políticas de promo-ção da igualdade e de educação, acompanhará e avaliará os programas de que trata esta Seção.

Seção IIIDA CULTURA

Art. 17. O poder público garantirá o reconheci-mento das sociedades negras, clubes e outras formas de manifestação coletiva da população negra, com trajetória histórica comprovada, como patrimônio histórico e cultural, nos ter-mos dos arts. 215 e 216 da Constituição Federal.

Art. 18. É assegurado aos remanescentes das comunidades dos quilombos o direito à preser-vação de seus usos, costumes, tradições e mani-festos religiosos, sob a proteção do Estado.

Parágrafo único. A preservação dos docu-mentos e dos sítios detentores de reminis-cências históricas dos antigos quilombos, tombados nos termos do § 5º do art. 216 da Constituição Federal, receberá especial atenção do poder público.

Art. 19. O poder público incentivará a celebra-ção das personalidades e das datas comemo-rativas relacionadas à trajetória do samba e de outras manifestações culturais de matriz africa-na, bem como sua comemoração nas institui-ções de ensino públicas e privadas.

Art. 20. O poder público garantirá o registro e a proteção da capoeira, em todas as suas mo-dalidades, como bem de natureza imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos termos do art. 216 da Constituição Federal.

Parágrafo único. O poder público buscará garantir, por meio dos atos normativos ne-cessários, a preservação dos elementos for-madores tradicionais da capoeira nas suas relações internacionais.

Seção IVDO ESPORTE E LAZER

Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso da população negra às práticas despor-

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tivas, consolidando o esporte e o lazer como di-reitos sociais.

Art. 22. A capoeira é reconhecida como despor-to de criação nacional, nos termos do art. 217 da Constituição Federal.

§ 1º A atividade de capoeirista será reco-nhecida em todas as modalidades em que a capoeira se manifesta, seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre o exercí-cio em todo o território nacional.

§ 2º É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas e privadas pelos capo-eiristas e mestres tradicionais, pública e for-malmente reconhecidos.

CAPÍTULO IIIDO DIREITO À LIBERDADE DE

CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS

RELIGIOSOS

Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas litur-gias.

Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religio-sos de matriz africana compreende:

I – a prática de cultos, a celebração de reu-niões relacionadas à religiosidade e a fun-dação e manutenção, por iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins;

II – a celebração de festividades e cerimô-nias de acordo com preceitos das respecti-vas religiões;

III – a fundação e a manutenção, por inicia-tiva privada, de instituições beneficentes ligadas às respectivas convicções religiosas;

IV – a produção, a comercialização, a aquisi-ção e o uso de artigos e materiais religiosos

adequados aos costumes e às práticas fun-dadas na respectiva religiosidade, ressalva-das as condutas vedadas por legislação es-pecífica;

V – a produção e a divulgação de publica-ções relacionadas ao exercício e à difusão das religiões de matriz africana;

VI – a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais e jurídicas de natureza privada para a manutenção das atividades religiosas e sociais das respectivas religiões;

VII – o acesso aos órgãos e aos meios de co-municação para divulgação das respectivas religiões;

VIII – a comunicação ao Ministério Públi-co para abertura de ação penal em face de atitudes e práticas de intolerância religiosa nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais.

Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de religiões de matrizes africanas in-ternados em hospitais ou em outras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles sub-metidos a pena privativa de liberdade.

Art. 26. O poder público adotará as medidas ne-cessárias para o combate à intolerância com as religiões de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores, especialmente com o obje-tivo de:

I – coibir a utilização dos meios de comuni-cação social para a difusão de proposições, imagens ou abordagens que exponham pes-soa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na religiosidade de matri-zes africanas;

II – inventariar, restaurar e proteger os do-cumentos, obras e outros bens de valor ar-tístico e cultural, os monumentos, manan-ciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de matrizes africanas;

III – assegurar a participação proporcional de representantes das religiões de matri-zes africanas, ao lado da representação das

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demais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras instâncias de deliberação vinculadas ao poder público.

CAPÍTULO IVDO ACESSO À TERRA

E À MORADIA ADEQUADA

Seção IDO ACESSO À TERRA

Art. 27. O poder público elaborará e implemen-tará políticas públicas capazes de promover o acesso da população negra à terra e às ativida-des produtivas no campo.

Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das atividades produtivas da população negra no campo, o poder público promoverá ações para viabilizar e ampliar o seu acesso ao financia-mento agrícola.

Art. 29. Serão assegurados à população negra a assistência técnica rural, a simplificação do acesso ao crédito agrícola e o fortalecimento da infraestrutura de logística para a comercializa-ção da produção.

Art. 30. O poder público promoverá a educa-ção e a orientação profissional agrícola para os trabalhadores negros e as comunidades negras rurais.

Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas ter-ras é reconhecida a propriedade definitiva, de-vendo o Estado emitir-lhes os títulos respecti-vos.

Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá políticas públicas especiais volta-das para o desenvolvimento sustentável dos re-manescentes das comunidades dos quilombos, respeitando as tradições de proteção ambiental das comunidades.

Art. 33. Para fins de política agrícola, os rema-nescentes das comunidades dos quilombos re-

ceberão dos órgãos competentes tratamento especial diferenciado, assistência técnica e li-nhas especiais de financiamento público, des-tinados à realização de suas atividades produti-vas e de infraestrutura.

Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se beneficiarão de todas as ini-ciativas previstas nesta e em outras leis para a promoção da igualdade étnica.

Seção IIDA MORADIA

Art. 35. O poder público garantirá a implemen-tação de políticas públicas para assegurar o di-reito à moradia adequada da população negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas subutilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica urbana e promover melhorias no ambiente e na qualidade de vida.

Parágrafo único. O direito à moradia ade-quada, para os efeitos desta Lei, inclui não apenas o provimento habitacional, mas também a garantia da infraestrutura urba-na e dos equipamentos comunitários asso-ciados à função habitacional, bem como a assistência técnica e jurídica para a constru-ção, a reforma ou a regularização fundiária da habitação em área urbana.

Art. 36. Os programas, projetos e outras ações governamentais realizadas no âmbito do Siste-ma Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de junho de 2005, devem considerar as peculiari-dades sociais, econômicas e culturais da popu-lação negra.

Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Fe-deral e os Municípios estimularão e facilita-rão a participação de organizações e movi-mentos representativos da população negra na composição dos conselhos constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS).

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Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou pri-vados, promoverão ações para viabilizar o aces-so da população negra aos financiamentos habi-tacionais.

CAPÍTULO VDO TRABALHO

Art. 38. A implementação de políticas voltadas para a inclusão da população negra no mercado de trabalho será de responsabilidade do poder público, observando-se:

I – o instituído neste Estatuto;

II – os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discri-minação Racial, de 1965;

III – os compromissos assumidos pelo Bra-sil ao ratificar a Convenção no 111, de 1958, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação no empre-go e na profissão;

IV – os demais compromissos formalmente assumidos pelo Brasil perante a comunida-de internacional.

Art. 39. O poder público promoverá ações que assegurem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a população negra, inclusive mediante a implementação de me-didas visando à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e or-ganizações privadas.

§ 1º A igualdade de oportunidades será lo-grada mediante a adoção de políticas e pro-gramas de formação profissional, de empre-go e de geração de renda voltados para a população negra.

§ 2º As ações visando a promover a igual-dade de oportunidades na esfera da admi-nistração pública far-se-ão por meio de nor-mas estabelecidas ou a serem estabelecidas

em legislação específica e em seus regula-mentos.

§ 3º O poder público estimulará, por meio de incentivos, a adoção de iguais medidas pelo setor privado.

§ 4º As ações de que trata o caput deste ar-tigo assegurarão o princípio da proporcio-nalidade de gênero entre os beneficiários.

§ 5º Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena produção, nos meios rural e urbano, com ações afirmativas para mulhe-res negras.

§ 6º O poder público promoverá campa-nhas de sensibilização contra a marginaliza-ção da mulher negra no trabalho artístico e cultural.

§ 7º O poder público promoverá ações com o objetivo de elevar a escolaridade e a qua-lificação profissional nos setores da econo-mia que contem com alto índice de ocu-pação por trabalhadores negros de baixa escolarização.

Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) formulará políticas, programas e projetos voltados para a inclusão da população negra no mercado de tra-balho e orientará a destinação de recursos para seu financiamento.

Art. 41. As ações de emprego e renda, promo-vidas por meio de financiamento para consti-tuição e ampliação de pequenas e médias em-presas e de programas de geração de renda, contemplarão o estímulo à promoção de em-presários negros.

Parágrafo único. O poder público estimula-rá as atividades voltadas ao turismo étnico com enfoque nos locais, monumentos e ci-dades que retratem a cultura, os usos e os costumes da população negra.

Art. 42. O Poder Executivo federal poderá im-plementar critérios para provimento de cargos em comissão e funções de confiança destinados a ampliar a participação de negros, buscando

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reproduzir a estrutura da distribuição étnica na-cional ou, quando for o caso, estadual, observa-dos os dados demográficos oficiais.

CAPÍTULO VIDOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação valorizará a herança cultural e a participação da população negra na história do País.

Art. 44. Na produção de filmes e programas destinados à veiculação pelas emissoras de te-levisão e em salas cinematográficas, deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de emprego para atores, figurantes e técnicos ne-gros, sendo vedada toda e qualquer discrimina-ção de natureza política, ideológica, étnica ou artística.

Parágrafo único. A exigência disposta no caput não se aplica aos filmes e programas que abordem especificidades de grupos ét-nicos determinados.

Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitá-rias destinadas à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográficas o dispos-to no art. 44.

Art. 46. Os órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica ou fundacio-nal, as empresas públicas e as sociedades de economia mista federais deverão incluir cláusu-las de participação de artistas negros nos con-tratos de realização de filmes, programas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário.

§ 1º Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão, nas especificações para contratação de serviços de consultoria, con-ceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças publicitárias, a obriga-toriedade da prática de iguais oportunida-des de emprego para as pessoas relaciona-das com o projeto ou serviço contratado.

§ 2º Entende-se por prática de iguais opor-tunidades de emprego o conjunto de medi-das sistemáticas executadas com a finalida-de de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe vinculada ao projeto ou serviço contratado.

§ 3º A autoridade contratante poderá, se considerar necessário para garantir a prá-tica de iguais oportunidades de emprego, requerer auditoria por órgão do poder pú-blico federal.

§ 4º A exigência disposta no caput não se aplica às produções publicitárias quando abordarem especificidades de grupos étni-cos determinados.

TÍTULO III

Do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial

(SINAPIR)

CAPÍTULO IDISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Pro-moção da Igualdade Racial (Sinapir) como for-ma de organização e de articulação voltadas à implementação do conjunto de políticas e ser-viços destinados a superar as desigualdades ét-nicas existentes no País, prestados pelo poder público federal.

§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Mu-nicípios poderão participar do Sinapir me-diante adesão.

§ 2º O poder público federal incentivará a sociedade e a iniciativa privada a participar do Sinapir.

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CAPÍTULO IIDOS OBJETIVOS

Art. 48. São objetivos do Sinapir:

I – promover a igualdade étnica e o com-bate às desigualdades sociais resultantes do racismo, inclusive mediante adoção de ações afirmativas;

II – formular políticas destinadas a comba-ter os fatores de marginalização e a promo-ver a integração social da população negra;

III – descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais, distrital e municipais;

IV – articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica;

V – garantir a eficácia dos meios e dos ins-trumentos criados para a implementação das ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.

CAPÍTULO IIIDA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA

Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará plano nacional de promoção da igualdade racial contendo as metas, princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional de Promo-ção da Igualdade Racial (PNPIR).

§ 1º A elaboração, implementação, coor-denação, avaliação e acompanhamento da PNPIR, bem como a organização, articula-ção e coordenação do Sinapir, serão efetiva-dos pelo órgão responsável pela política de promoção da igualdade étnica em âmbito nacional.

§ 2º É o Poder Executivo federal autoriza-do a instituir fórum intergovernamental de promoção da igualdade étnica, a ser coor-denado pelo órgão responsável pelas políti-cas de promoção da igualdade étnica, com o objetivo de implementar estratégias que

visem à incorporação da política nacional de promoção da igualdade étnica nas ações governamentais de Estados e Municípios.

§ 3º As diretrizes das políticas nacional e regional de promoção da igualdade étnica serão elaboradas por órgão colegiado que assegure a participação da sociedade civil.

Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distri-tal e municipais, no âmbito das respectivas esfe-ras de competência, poderão instituir conselhos de promoção da igualdade étnica, de caráter permanente e consultivo, compostos por igual número de representantes de órgãos e entida-des públicas e de organizações da sociedade ci-vil representativas da população negra.

Parágrafo único. O Poder Executivo priori-zará o repasse dos recursos referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei aos Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham criado conselhos de promoção da igualdade étnica.

CAPÍTULO IVDAS OUVIDORIAS PERMANENTES

E DO ACESSO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA

Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, Ouvidorias Permanentes em Defe-sa da Igualdade Racial, para receber e encami-nhar denúncias de preconceito e discriminação com base em etnia ou cor e acompanhar a im-plementação de medidas para a promoção da igualdade.

Art. 52. É assegurado às vítimas de discrimi-nação étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à Defensoria Pública, ao Ministé-rio Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas instâncias, para a garantia do cumprimento de seus direitos.

Parágrafo único. O Estado assegurará aten-ção às mulheres negras em situação de vio-

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lência, garantida a assistência física, psíqui-ca, social e jurídica.

Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coibir a violência policial incidente sobre a população negra.

Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressocialização e proteção da ju-ventude negra em conflito com a lei e ex-posta a experiências de exclusão social.

Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de discriminação e preconceito praticados por servidores públicos em detrimento da po-pulação negra, observado, no que couber, o dis-posto na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989.

Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de lesão aos interesses da popula-ção negra decorrentes de situações de desigual-dade étnica, recorrer-se-á, entre outros instru-mentos, à ação civil pública, disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.

CAPÍTULO VDO FINANCIAMENTO DAS

INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

Art. 56. Na implementação dos programas e das ações constantes dos planos plurianuais e dos orçamentos anuais da União, deverão ser ob-servadas as políticas de ação afirmativa a que se refere o inciso VII do art. 4º desta Lei e outras políticas públicas que tenham como objetivo promover a igualdade de oportunidades e a in-clusão social da população negra, especialmen-te no que tange a:

I – promoção da igualdade de oportunida-des em educação, emprego e moradia;

II – financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, saúde e emprego, voltadas para a melhoria da qualidade de vida da po-pulação negra;

III – incentivo à criação de programas e veí-culos de comunicação destinados à divulga-ção de matérias relacionadas aos interesses da população negra;

IV – incentivo à criação e à manutenção de microempresas administradas por pessoas autodeclaradas negras;

V – iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das pessoas negras na edu-cação fundamental, média, técnica e supe-rior;

VI – apoio a programas e projetos dos go-vernos estaduais, distrital e municipais e de entidades da sociedade civil voltados para a promoção da igualdade de oportunidades para a população negra;

VII – apoio a iniciativas em defesa da cultu-ra, da memória e das tradições africanas e brasileiras.

§ 1º O Poder Executivo federal é autorizado a adotar medidas que garantam, em cada exercício, a transparência na alocação e na execução dos recursos necessários ao finan-ciamento das ações previstas neste Estatu-to, explicitando, entre outros, a proporção dos recursos orçamentários destinados aos programas de promoção da igualdade, es-pecialmente nas áreas de educação, saúde, emprego e renda, desenvolvimento agrário, habitação popular, desenvolvimento regio-nal, cultura, esporte e lazer.

§ 2º Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar do exercício subsequente à publica-ção deste Estatuto, os órgãos do Poder Exe-cutivo federal que desenvolvem políticas e programas nas áreas referidas no § 1º des-te artigo discriminarão em seus orçamen-tos anuais a participação nos programas de ação afirmativa referidos no inciso VII do art. 4º desta Lei.

§ 3º O Poder Executivo é autorizado a ado-tar as medidas necessárias para a adequada implementação do disposto neste artigo, podendo estabelecer patamares de parti-

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cipação crescente dos programas de ação afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o § 2º deste artigo.

§ 4º O órgão colegiado do Poder Executi-vo federal responsável pela promoção da igualdade racial acompanhará e avaliará a programação das ações referidas neste ar-tigo nas propostas orçamentárias da União.

Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, poderão ser consignados nos orça-mentos fiscal e da seguridade social para finan-ciamento das ações de que trata o art. 56:

I – transferências voluntárias dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

II – doações voluntárias de particulares;

III – doações de empresas privadas e orga-nizações não governamentais, nacionais ou internacionais;

IV – doações voluntárias de fundos nacio-nais ou internacionais;

V – doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios, tratados e acordos in-ternacionais.

TÍTULO IV

Disposições Finais

Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não ex-cluem outras em prol da população negra que tenham sido ou venham a ser adotadas no âm-bito da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.

Art. 59. O Poder Executivo federal criará instru-mentos para aferir a eficácia social das medidas previstas nesta Lei e efetuará seu monitoramen-to constante, com a emissão e a divulgação de relatórios periódicos, inclusive pela rede mun-dial de computadores.

Art. 60. Os arts. 3º e 4º da Lei nº 7.716, de 1989, passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 3º ........................................................................

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, obstar a promoção funcional.” (NR)

“Art. 4º ........................................................................

§ 1º Incorre na mesma pena quem, por mo-tivo de discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de des-cendência ou origem nacional ou étnica:

I – deixar de conceder os equipamentos ne-cessários ao empregado em igualdade de condições com os demais trabalhadores;

II – impedir a ascensão funcional do empre-gado ou obstar outra forma de benefício profissional;

III – proporcionar ao empregado tratamen-to diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário.

§ 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade, in-cluindo atividades de promoção da igualda-de racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento de trabalha-dores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas ativida-des não justifiquem essas exigências.” (NR)

Art. 61. Os arts. 3º e 4º da Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2º e nos dispositivos legais que tipificam os crimes resultantes de preconceito de etnia, raça ou cor, as infrações do disposto nesta Lei são passíveis das seguintes cominações:

......................................................................

.............” (NR)

“Art. 4º O rompimento da relação de trabalho por ato discriminatório, nos moldes desta Lei,

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além do direito à reparação pelo dano moral, fa-culta ao empregado optar entre:

......................................................................

.............” (NR)

Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa a vigorar acrescido do seguinte § 2º, renume-rando-se o atual parágrafo único como § 1º:

“Art. 13. ........................................................................

§ 1º ...............................................................................

§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discriminação étnica nos termos do dispos-to no art. 1º desta Lei, a prestação em di-nheiro reverterá diretamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, confor-me definição do Conselho Nacional de Pro-moção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com ex-tensão regional ou local, respectivamente.” (NR)

Art. 63. O § 1º do art. 1º da Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 1º .......................................................................

§ 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por violência contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, inclusive decorrente de discriminação ou desigualda-de étnica, que cause morte, dano ou sofri-mento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público quanto no privado.

......................................................................

.............” (NR)

Art. 64. O § 3º do art. 20 da Lei nº 7.716, de 1989, passa a vigorar acrescido do seguinte in-ciso III:

“Art. 20. ...................................................................................................................................................................

§ 3º ............................................................................................................................................................................

III – a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de computadores.

......................................................................

.............” (NR)

Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data de sua publicação.

Brasília, 20 de julho de 2010; 189º da Indepen-dência e 122º da República.

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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

LEI Nº 13.694, DE 19 DE JANEIRO DE 2011

(publicada no DOE nº 015, de 20 de janeiro de 2011)

Institui o Estatuto Estadual da Igualdade Racial e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

Faço saber, em cumprimento ao disposto no ar-tigo 82, inciso IV, da Constituição do Estado, que a Assembléia Legislativa aprovou e eu sanciono e promulgo a Lei seguinte:

Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto Estadual da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa contra quaisquer religiões, como ação estadual de desenvolvimento do Rio Grande do Sul, objetivando a superação do preconceito, da discriminação e das desigualdades raciais.

§ 1º Para efeito deste Estatuto, considerar--se-á discriminação racial toda distinção, exclusão ou restrição baseada em raça, cor, descendência, origem nacional ou étnica que tenha por objetivo cercear o reconhe-cimento, o gozo ou o exercício dos direitos humanos e das liberdades fundamentais em qualquer campo da vida pública ou pri-vada, asseguradas as disposições contidas nas legislações pertinentes à matéria.

§ 2º Para efeito deste Estatuto, considerar--se-á desigualdade racial toda situação in-justificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica.

§ 3º Para beneficiar-se do amparo deste Estatuto, considerar-se-á negro aquele que se declare, expressamente, como negro, pardo, mestiço de ascendência africana, ou

através de palavra ou expressão equivalen-te que o caracterize negro.

§ 4º Para efeito deste Estatuto, serão con-sideradas ações afirmativas os programas e as medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.

§ 5º O Poder Público adotará as medidas necessárias para o combate à intolerância para com as religiões, inclusive coibindo a utilização dos meios de comunicação social para a difusão de proposições que expo-nham pessoa ou grupo ao ódio ou ao des-prezo por motivos fundados na religiosida-de.

Art. 2º O Estatuto Estadual da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa orienta-rá as políticas públicas, os programas e as ações implementadas no Estado, visando a:

I – medidas reparatórias e compensatórias para os negros pelas sequelas e consequ-ências advindas do período da escravidão e das práticas institucionais e sociais que con-tribuíram para aprofundar as desigualdades raciais presentes na sociedade;

II – medidas inclusivas, nas esferas pública e privada, que assegurem a representação equilibrada dos diversos segmentos raciais componentes da sociedade gaúcha, solidifi-cando a democracia e a participação de to-dos.

Art. 3º A participação dos negros em igualdade de condições na vida social, econômica e cultu-ral do Estado do Rio Grande do Sul será promo-vida através de medidas que assegurem:

I – o reconhecimento e a valorização da composição pluriétnica da sociedade sul--riograndense, resgatando a contribuição

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dos negros na história, na cultura, na políti-ca e na economia do Rio Grande do Sul;

II – as políticas públicas, os programas e as medidas de ação afirmativa, combatendo especificamente as desigualdades raciais que atingem as mulheres negras;

III – o resgate, a preservação e a manuten-ção da memória histórica legada à socieda-de gaúcha pelas tradições e práticas socio-culturais negras;

IV – o adequado enfrentamento e supera-ção das desigualdades raciais pelas estru-turas institucionais do Estado, com a imple-mentação de programas especiais de ação afirmativa na esfera pública, visando ao en-frentamento emergencial das desigualda-des raciais;

V – a promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate ao racismo em todas as suas manifestações individuais, estrutu-rais e institucionais;

VI – o apoio às iniciativas oriundas da so-ciedade civil que promovam a igualdade de oportunidades e o combate às desigualda-des raciais.

CAPÍTULO IDO DIREITO À VIDA E À SAÚDE

Art. 4º A saúde dos negros será garantida me-diante políticas sociais e econômicas que visem à prevenção e ao tratamento de doenças gene-ticamente determinadas e seus agravos.

Parágrafo único. O acesso universal e igua-litário ao Sistema Único de Saúde – SUS – para a promoção, proteção e recuperação da saúde da população negra será propor-cionado através de ações e de serviços foca-lizados nas peculiaridades dessa parcela da população.

Art. 5º Os órgãos de saúde estadual monitora-rão as condições da população negra para sub-

sidiar o planejamento mediante, dentre outras, as seguintes ações:

I – a promoção da saúde integral da popula-ção negra, priorizando a redução das desi-gualdades étnicas e o combate à discrimina-ção nas instituições e serviços do SUS;

II – a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS no que tange à coleta, ao processamento e à análise dos dados por cor, etnia e gênero;

III – a inclusão do conteúdo da saúde da po-pulação negra nos processos de formação e de educação permanente dos trabalhado-res da saúde;

IV – a inclusão da temática saúde da po-pulação negra nos processos de formação das lideranças de movimentos sociais para o exercício da participação e controle social no SUS.

Parágrafo único. Os membros das comuni-dades remanescentes de quilombos serão beneficiários de incentivos específicos para a garantia do direito à saúde, incluindo me-lhorias nas condições ambientais, no sanea-mento básico, na segurança alimentar e nu-tricional e na atenção integral à saúde.

Art. 6º Serão instituídas políticas públicas de incentivo à pesquisa do processo de saúde e doença da população negra nas instituições de ensino, com ênfase:

I – nas doenças geneticamente determina-das;

II – na contribuição das manifestações ne-gras de promoção à saúde;

III – na medicina popular de matriz africana;

IV – na percepção popular do processo saú-de/doença;

V – na escolha da terapêutica e eficácia dos tratamentos;

VI – no impacto do racismo sobre as doen-ças.

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Art. 7º Poderão ser priorizadas pelo Poder Pú-blico iniciativas que visem à:

I – criação de núcleos de estudos sobre a saúde da população negra;

II – implementação de cursos de pós-gradu-ação com linhas de pesquisa e programas sobre a saúde da população negra no âmbi-to das universidades;

III – inclusão da questão da saúde da popu-lação negra como tema transversal nos cur-rículos dos ensinos Médio e Superior;

IV – inclusão de matérias sobre etiologia, diagnóstico e tratamento das doenças pre-valentes na população negra e medicina de matriz africana, nos cursos e treinamentos dos profissionais do SUS;

V – promoção de seminários e eventos para discutir e divulgar os temas da saúde da po-pulação negra nos serviços de saúde.

Art. 8º Os negros terão políticas públicas desti-nadas à redução do risco de doenças que têm maior incidência, em especial, a doença falcifor-me, as hemoglobinopatias, o lúpus, a hiperten-são, o diabetes e os miomas.

CAPÍTULO IIDO DIREITO À CULTURA, À

EDUCAÇÃO, AO ESPORTE E AO LAZER

Art. 9º O Poder Público promoverá políticas e programas de ação afirmativa que assegurem igualdade de acesso ao ensino público para os negros, em todos os níveis de educação, pro-porcionalmente a sua parcela na composição da população do Estado, ao mesmo tempo em que incentivará os estabelecimentos de ensino pri-vado a adotarem tais políticas e programas.

Art. 10. O Estado deve promover o acesso dos negros ao ensino gratuito, às atividades esporti-vas e de lazer e apoiar a iniciativa de entidades que mantenham espaço para promoção social desta parcela da população.

Art. 11. Nas datas comemorativas de caráter cí-vico, as instituições de ensino públicas deverão inserir nas aulas, palestras, trabalhos e ativida-des afins, dados históricos sobre a participação dos negros nos fatos comemorados.

Art. 12. As instituições de ensino deverão res-peitar a diversidade racial quando promoverem debates, palestras, cursos ou atividades afins, convidando negros, entre outros, para discorrer sobre os temas apresentados.

Art. 13. O Poder Público deverá promover cam-panhas que divulguem a literatura produzida pelos negros e aquela que reproduza a história, as tradições e a cultura do povo negro.

Art. 14. Nas instituições de ensino, públicas e privadas, deverá ser oportunizado o aprendi-zado e a prática da capoeira, como atividade esportiva, cultural e lúdica, sendo facultada a participação dos mestres tradicionais de capo-eira para atuarem como instrutores desta arte esporte.

Art. 15. O Estado deverá promover programas de incentivo, inclusão e permanência da popu-lação negra nos ensinos Médio, Técnico e Supe-rior, adotando medidas para:

I – incentivar ações que mobilizem e sen-sibilizem as instituições privadas de Ensino Superior para que adotem as políticas e ações afirmativas;

II – incentivar e apoiar a criação de cursos de acesso ao Ensino Superior para estudan-tes negros, como mecanismo para viabilizar uma inclusão mais ampla e adequada des-tes nas instituições;

III – dar cumprimento ao disposto na Lei Fe-deral nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da edu-cação nacional, e na Lei Federal nº 12.288, de 20 de julho de 2010, que institui o Esta-tuto da Igualdade Racial; altera as Leis nºs 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003, no que tange a obrigatoriedade da

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inclusão da História e da Cultura Afrobrasi-leiras nos currículos escolares dos ensinos Médio e Fundamental;

IV – estabelecer programas de cooperação técnica com as escolas de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensi-no Técnico para a capacitação de professo-res para o ensino da História e da Cultura Negras e para o desenvolvimento de uma educação baseada nos princípios da equi-dade, tolerância e respeito às diferenças ra-ciais;

V – desenvolver, elaborar e editar materiais didáticos e paradidáticos que subsidiem o ensino, a divulgação, o debate e as ativida-des afins sobre a temática da História e Cul-tura Negras;

VI – estimular a implementação de dire-trizes curriculares que abordem as ques-tões raciais em todos os níveis de ensino, apoiando projetos de pesquisa nas áreas das relações raciais, das ações afirmativas, da História e da Cultura Negras;

VII – apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos diversos programas de pós--graduação, que desenvolvam temáticas de interesse da população negra;

VIII – desenvolver programas de extensão universitária destinados a aproximar jovens negros de tecnologias avançadas, assegura-do o princípio da proporcionalidade de gê-nero entre os beneficiários.

Art. 16. O Estado deverá promover políticas que valorizem a cultura “Hip-Hop” em suas manifes-tações de canto do “Rap”, da instrumentação dos “DJs”, da dança do “break dance” e da pin-tura do grafite.

CAPÍTULO IIIDO ACESSO AO

MERCADO DE TRABALHO

Art. 17. O Poder Público deverá promover po-líticas afirmativas que assegurem igualdade de oportunidades aos negros no acesso aos cargos públicos, proporcionalmente a sua parcela na composição da população do Estado, e incenti-vará a uma maior equidade para os negros nos empregos oferecidos na iniciativa privada.

Parágrafo único. Para enfrentar a situação de desigualdade de oportunidades, deverão ser implementadas políticas e programas de formação profissional, emprego e geração de renda voltadas aos negros.

Art. 18. A inclusão do quesito raça, a ser regis-trado segundo a autoclassificação, será obriga-tória em todos os registros administrativos dire-cionados a empregadores e trabalhadores dos setores público e privado.

CAPÍTULO IVDAS TERRAS QUILOMBOLAS

Art. 19. Aos remanescentes das comunidades de quilombos que estejam ocupando terras qui-lombolas no Rio Grande do Sul, será reconheci-da a propriedade definitiva das mesmas, estan-do o Estado autorizado a emitir-lhes os títulos respectivos, em observância ao direito assegu-rado no art. 68 do Ato das Disposições Consti-tucionais Transitórias da Constituição Federal e na Lei nº 11.731, de 9 de janeiro de 2002, que dispõe sobre a regularização fundiária de áreas ocupadas por remanescentes de comunidades de quilombos.

CAPÍTULO VDA COMUNICAÇÃO SOCIAL

Art. 20. A idealização, a realização e a exibição das peças publicitárias veiculadas pelo Poder

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Público deverão observar percentual de artis-tas, modelos e trabalhadores afrodescendentes em número equivalente ao resultante do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística − IBGE − de afro-brasileiros na composição da população do Rio Grande do Sul.

Art. 21. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação valorizará a herança cultural e a participação da população negra na história do Estado.

Art. 22. Na produção de filmes, programas e pe-ças publicitárias destinados à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográ-ficas, deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de emprego para atores, figu-rantes e técnicos negros, sendo vedada toda e qualquer discriminação de natureza política, ideológica, étnica ou artística.

Parágrafo único. A exigência disposta no “caput” não se aplica aos filmes e aos pro-gramas que abordem especificidades de grupos étnicos determinados.

Art. 23. Os órgãos e as entidades da Administra-ção Pública Estadual poderão incluir cláusulas de participação de artistas negros nos contratos de realização de filmes, programas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário nos termos da Lei Federal nº 12.288/2010.

§ 1º Os órgãos e as entidades de que tra-ta este artigo incluirão, nas especificações para contratação de serviços de consulto-ria, conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais opor-tunidades de emprego para as pessoas re-lacionadas com o projeto ou serviço contra-tado.

§ 2º Entende-se por prática de iguais opor-tunidades de emprego o conjunto de medi-das sistemáticas executadas com a finalida-de de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe vinculada ao projeto ou serviço contratado.

§ 3º A autoridade contratante poderá, se considerar necessário para garantir a prá-tica de iguais oportunidades de emprego, requerer auditoria por órgão do Poder Pú-blico.

§ 4º A exigência disposta no “caput” não se aplica às produções publicitárias quando abordarem especificidades de grupos étni-cos determinados.

CAPÍTULO VIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 24. Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vin-te) dias após sua publicação.

PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 19 de janeiro de 2011.

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LEI Nº 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989

Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Co-ordenadoria Nacional para Integração da Pes-soa Portadora de Deficiência (CORDE), institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram o pleno exercício dos direitos indivi-duais e sociais das pessoas portadoras de defi-ciências, e sua efetiva integração social, nos ter-mos desta Lei.

§ 1º Na aplicação e interpretação desta Lei, serão considerados os valores básicos da igualdade de tratamento e oportunidade, da justiça social, do respeito à dignidade da pessoa humana, do bem-estar, e outros, in-dicados na Constituição ou justificados pe-los princípios gerais de direito.

§ 2º As normas desta Lei visam garantir às pessoas portadoras de deficiência as ações governamentais necessárias ao seu cumpri-mento e das demais disposições constitu-cionais e legais que lhes concernem, afas-tadas as discriminações e os preconceitos de qualquer espécie, e entendida a matéria como obrigação nacional a cargo do Poder Público e da sociedade.

Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe as-segurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusi-ve dos direitos à educação, à saúde, ao traba-lho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, de-correntes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.

Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e adequado, tenden-te a viabilizar, sem prejuízo de outras, as se-guintes medidas:

I – na área da educação:

a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educa-tiva que abranja a educação precoce, a pré--escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diploma-ção próprios;

b) a inserção, no referido sistema educacio-nal, das escolas especiais, privadas e públi-cas;

c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educa-ção Especial em estabelecimento público de ensino;

d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos porta-dores de deficiência;

e) o acesso de alunos portadores de defici-ência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, me-renda escolar e bolsas de estudo;

f) a matrícula compulsória em cursos regu-lares de estabelecimentos públicos e par-ticulares de pessoas portadoras de defici-ência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino;

II – na área da saúde:

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a) a promoção de ações preventivas, como as referentes ao planejamento familiar, ao aconselhamento genético, ao acompanha-mento da gravidez, do parto e do puerpério, à nutrição da mulher e da criança, à identi-ficação e ao controle da gestante e do feto de alto risco, à imunização, às doenças do metabolismo e seu diagnóstico e ao enca-minhamento precoce de outras doenças causadoras de deficiência;

b) o desenvolvimento de programas espe-ciais de prevenção de acidente do trabalho e de trânsito, e de tratamento adequado a suas vítimas;

c) a criação de uma rede de serviços espe-cializados em reabilitação e habilitação;

d) a garantia de acesso das pessoas porta-doras de deficiência aos estabelecimentos de saúde públicos e privados, e de seu ade-quado tratamento neles, sob normas técni-cas e padrões de conduta apropriados;

e) a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao deficiente grave não internado;

f) o desenvolvimento de programas de saú-de voltados para as pessoas portadoras de deficiência, desenvolvidos com a participa-ção da sociedade e que lhes ensejem a inte-gração social;

III – na área da formação profissional e do trabalho:

a) o apoio governamental à formação pro-fissional, ¿a orientação profissional, e a ga-rantia de acesso aos serviços concernentes, inclusive aos cursos regulares voltados à formação profissional;

b) o empenho do Poder Público quanto ao surgimento e à manutenção de empregos, inclusive de tempo parcial, destinados às pessoas portadoras de deficiência que não tenham acesso aos empregos comuns;

c) a promoção de ações eficazes que propi-ciem a inserção, nos setores públicos e pri-vado, de pessoas portadoras de deficiência;

d) a adoção de legislação específica que dis-cipline a reserva de mercado de trabalho, em favor das pessoas portadoras de defici-ência, nas entidades da Administração Pú-blica e do setor privado, e que regulamente a organização de oficinas e congêneres in-tegradas ao mercado de trabalho, e a situ-ação, nelas, das pessoas portadoras de de-ficiência;

IV – na área de recursos humanos:

a) a formação de professores de nível mé-dio para a Educação Especial, de técnicos de nível médio especializados na habilitação e reabilitação, e de instrutores para formação profissional;

b) a formação e qualificação de recursos hu-manos que, nas diversas áreas de conheci-mento, inclusive de nível superior, atendam à demanda e às necessidades reais das pes-soas portadoras de deficiências;

c) o incentivo à pesquisa e ao desenvolvi-mento tecnológico em todas as áreas do conhecimento relacionadas com a pessoa portadora de deficiência;

V – na área das edificações:

a) a adoção e a efetiva execução de nor-mas que garantam a funcionalidade das edificações e vias públicas, que evitem ou removam os óbices às pessoas portadoras de deficiência, permitam o acesso destas a edifícios, a logradouros e a meios de trans-porte.

Art. 3º As medidas judiciais destinadas à pro-teção de interesses coletivos, difusos, individu-ais homogêneos e individuais indisponíveis da pessoa com deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela Defensoria Públi-ca, pela União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo Distrito Federal, por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, por autarquia, por empresa pública e por funda-ção ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção dos interesses e a promoção de direitos da pes-

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soa com deficiência. (“Caput” do artigo com re-dação dada pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, pu-blicada no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após a publicação)

§ 1º Para instruir a inicial, o interessado po-derá requerer às autoridades competentes as certidões e informações que julgar ne-cessárias.

§ 2º As certidões e informações a que se re-fere o parágrafo anterior deverão ser forne-cidas dentro de 15 (quinze) dias da entrega, sob recibo, dos respectivos requerimentos, e só poderão se utilizadas para a instrução da ação civil.

§ 3º Somente nos casos em que o interesse público, devidamente justificado, impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou infor-mação.

§ 4º Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a ação poderá ser proposta desa-companhada das certidões ou informações negadas, cabendo ao juiz, após apreciar os motivos do indeferimento, e, salvo quando se tratar de razão de segurança nacional, re-quisitar umas e outras; feita a requisição, o processo correrá em segredo de justiça, que cessará com o trânsito em julgado da sen-tença.

§ 5º Fica facultado aos demais legitimados ativos habilitarem-se como litisconsortes nas ações propostas por qualquer deles.

§ 6º Em caso de desistência ou abandono da ação, qualquer dos co-legitimados pode assumir a titularidade ativa.

Art. 4º A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes , exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiên-cia de prova, hipótese em que qualquer legiti-mado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

§ 1º A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação fica sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzin-

do efeito senão depois de confirmada pelo tribunal.

§ 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de re-curso, poderá recorrer qualquer legitimado ativo, inclusive o Ministério Público.

Art. 5º O Ministério Público intervirá obrigato-riamente nas ações públicas, coletivas ou indivi-duais, em que se discutam interesses relaciona-dos à deficiência das pessoas.

Art. 6º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisi-tar, de qualquer pessoa física ou jurídica, públi-ca ou particular, certidões, informações, exame ou perícias, no prazo que assinalar, não inferior a 10 (dez) dias úteis.

§ 1º Esgotadas as diligências, caso se con-vença o órgão do Ministério Público da ine-xistência de elementos para a propositura de ação civil, promoverá fundamentada-mente o arquivamento do inquérito civil, ou das peças informativas. Neste caso, deverá remeter a reexame os autos ou as respec-tivas peças, em 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público, que os exa-minará, deliberando a respeito, conforme dispuser seu Regimento.

§ 2º Se a promoção do arquivamento for re-formada, o Conselho Superior do Ministério Público designará desde logo outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

Art. 7º Aplicam-se à ação civil pública prevista nesta Lei, no que couber, os dispositivos da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.

Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa: (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após a publicação)

I – recusar, cobrar valores adicionais, sus-pender, procrastinar, cancelar ou fazer ces-sar inscrição de aluno em estabelecimento

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de ensino de qualquer curso ou grau, pú-blico ou privado, em razão de sua deficiên-cia; (Inciso com redação dada pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após a publica-ção)

II – obstar inscrição em concurso público ou acesso de alguém a qualquer cargo ou emprego público, em razão de sua defici-ência; (Inciso com redação dada pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após a publica-ção)

III – negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à pessoa em razão de sua defici-ência; (Inciso com redação dada pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após a publica-ção)

IV – recusar, retardar ou dificultar interna-ção ou deixar de prestar assistência médico--hospitalar e ambulatorial à pessoa com de-ficiência; (Inciso com redação dada pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após a pu-blicação)

V – deixar de cumprir, retardar ou frus-trar execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei; (Inciso com redação dada pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após a publicação)

VI – recusar, retardar ou omitir dados téc-nicos indispensáveis à propositura da ação civil pública objeto desta Lei, quando requi-sitados. (Inciso com redação dada pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após a pu-blicação)

§ 1º Se o crime for praticado contra pes-soa com deficiência menor de 18 (dezoito) anos, a pena é agravada em 1/3 (um terço). (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após a publicação)

§ 2º A pena pela adoção deliberada de cri-térios subjetivos para indeferimento de ins-crição, de aprovação e de cumprimento de estágio probatório em concursos públicos não exclui a responsabilidade patrimonial pessoal do administrador público pelos da-nos causados. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após a pu-blicação)

§ 3º Incorre nas mesmas penas quem impe-de ou dificulta o ingresso de pessoa com de-ficiência em planos privados de assistência à saúde, inclusive com cobrança de valores diferenciados. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após a pu-blicação)

§ 4º Se o crime for praticado em atendi-mento de urgência e emergência, a pena é agravada em 1/3 (um terço). (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após a publicação)

Art. 9º A Administração Pública Federal conferi-rá aos assuntos relativos às pessoas portadoras de deficiência tratamento prioritário e apropria-do, para que lhes seja efetivamente ensejado o pleno exercício de seus direitos individuais e so-ciais, bem como sua completa integração social.

§ 1º Os assuntos a que alude este artigo se-rão objeto de ação, coordenada e integrada, dos órgãos da Administração Pública Fede-ral, e incluir-se-ão em Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiên-cia, na qual estejam compreendidos planos, programas e projetos sujeitos a prazos e ob-jetivos determinados.

§ 2º Ter-se-ão como integrantes da Admi-nistração Pública Federal, para os fins desta Lei, além dos órgãos públicos, das autar-quias, das empresas públicas e sociedades de economia mista, as respectivas subsidiá-rias e as fundações públicas.

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Art. 10. A coordenação superior dos assuntos, ações governamentais e medidas referentes a pessoas portadoras de deficiência caberá à Se-cretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-sidência da República. (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº 11.958, de 26/6/2009)

Parágrafo único. Ao órgão a que se refere este artigo caberá formular a Política Nacio-nal para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, seus planos, programas e projetos e cumprir as instruções superiores que lhes digam respeito, com a cooperação dos demais órgãos públicos. (Parágrafo úni-co com redação dada pela Lei nº 8.028, de 12/4/1990)

Art. 11. (Revogado pela Lei nº 8.028 de 12/4/1990)

Art. 12. Compete à CORDE:

I – coordenar as ações governamentais e medidas que se refiram às pessoas portado-ras de deficiência;

II – elaborar os planos, programas e proje-tos subsumidos na Política Nacional para a Integração de Pessoa Portadora de Defici-ência, bem como propor as providências necessárias a sua completa implantação e seu adequado desenvolvimento, inclusive as pertinentes a recursos e as de caráter le-gislativo;

III – acompanhar e orientar a execução, pela Administração Pública Federal, dos planos, programas e projetos mencionados no inci-so anterior;

IV – manifestar-se sobre a adequação à Po-lítica Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência dos projetos fede-rais a ela conexos, antes da liberação dos re-cursos respectivos;

V – manter, com os Estados, Municípios, Territórios, o Distrito Federal, e o Ministé-rio Público, estreito relacionamento, objeti-vando a concorrência de ações destinadas à

integração social das pessoas portadoras de deficiência;

VI – provocar a iniciativa do Ministério Pú-blico, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil de que esta Lei, e indicando-lhe os elementos de convicção;

VII – emitir opinião sobre os acordos, con-tratos ou convênios firmados pelos demais órgãos da Administração Pública Federal, no âmbito da Política Nacional para a Inte-gração da Pessoa Portadora de Deficiência;

VIII – promover e incentivar a divulgação e o debate das questões concernentes à pessoa portadora de deficiência, visando à conscientização da sociedade.

Parágrafo único. Na elaboração dos planos, programas e projetos a seu cargo, deverá a Corde recolher, sempre que possível, a opi-nião das pessoas e entidades interessadas, bem como considerar a necessidade de efe-tivo apoio aos entes particulares voltados para a integração social das pessoas porta-doras de deficiência.

Art. 13. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 31/8/2001)

Art. 14. (VETADO).

Art. 15. Para atendimento e fiel cumprimento do que dispõe esta Lei, será reestruturada a Se-cretaria de Educação Especial do Ministério da Educação, e serão instituídos, no Ministério do Trabalho, no Ministério da Saúde e no Minis-tério da Previdência e Assistência Social, órgão encarregados da coordenação setorial dos as-suntos concernentes às pessoas portadoras de deficiência.

Art. 16. O Poder Executivo adotará, nos 60 (ses-senta) dias posteriores à vigência desta Lei, as providências necessárias à reestruturação e ao regular funcionamento da Corde, como aquelas decorrentes do artigo anterior.

Art. 17. Serão incluídas no censo demográfico de 1990, e nos subseqüentes, questões concer-

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nentes à problemática da pessoa portadora de deficiência, objetivando o conhecimento atuali-zado do número de pessoas portadoras de defi-ciência no País.

Art. 18. Os órgãos federais desenvolverão, no prazo de 12 (doze) meses contado da publica-ção desta Lei, as ações necessárias à efetiva im-plantação das medidas indicadas no art. 2º des-ta Lei.

Art. 19. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 20. Revogam-se as disposições em contrá-rio.

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LEI Nº 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001.

Dispõe sobre a proteção e os direitos das pes-soas portadoras de transtornos mentais e redi-reciona o modelo assistencial em saúde mental.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se-guinte Lei:

Art. 1º Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orien-tação sexual, religião, opção política, nacionali-dade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.

Art. 2º Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientifica-dos dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único. São direitos da pessoa por-tadora de transtorno mental:

I – ter acesso ao melhor tratamento do sis-tema de saúde, consentâneo às suas neces-sidades;

II – ser tratada com humanidade e respei-to e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;

III – ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;

IV – ter garantia de sigilo nas informações prestadas;

V – ter direito à presença médica, em qual-quer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;

VI – ter livre acesso aos meios de comunica-ção disponíveis;

VII – receber o maior número de informa-ções a respeito de sua doença e de seu tra-tamento;

VIII – ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;

IX – ser tratada, preferencialmente, em ser-viços comunitários de saúde mental.

Art. 3º É responsabilidade do Estado o desen-volvimento da política de saúde mental, a as-sistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devi-da participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou uni-dades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.

Art. 4º A internação, em qualquer de suas mo-dalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.

§ 1º O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do pacien-te em seu meio.

§ 2º O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assis-tência integral à pessoa portadora de trans-tornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupa-cionais, de lazer, e outros.

§ 3º É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em insti-tuições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencio-nados no § 2o e que não assegurem aos pa-cientes os direitos enumerados no parágra-fo único do art. 2º.

Art. 5º O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social,

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será objeto de política específica de alta plane-jada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária com-petente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuida-de do tratamento, quando necessário.

Art. 6º A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstancia-do que caracterize os seus motivos.

Parágrafo único. São considerados os se-guintes tipos de internação psiquiátrica:

I – internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;

II – internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pe-dido de terceiro; e

III – internação compulsória: aquela deter-minada pela Justiça.

Art. 7º A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.

Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por determinação do médi-co assistente.

Art. 8º A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devida-mente registrado no Conselho Regional de Me-dicina – CRM do Estado onde se localize o esta-belecimento.

§ 1º A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público Esta-dual pelo responsável técnico do estabele-cimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.

§ 2º O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou quando estabeleci-

do pelo especialista responsável pelo trata-mento.

Art. 9º A internação compulsória é determina-da, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à sal-vaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários.

Art. 10. Evasão, transferência, acidente, inter-corrência clínica grave e falecimento serão co-municados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao representan-te legal do paciente, bem como à autoridade sa-nitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência.

Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósti-cos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida co-municação aos conselhos profissionais compe-tentes e ao Conselho Nacional de Saúde.

Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âm-bito de sua atuação, criará comissão nacional para acompanhar a implementação desta Lei.

Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 6 de abril de 2001; 180º da Indepen-dência e 113º da República.

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ANEXO AO MATERIAL DO EDITAL

LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015

Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Defi-ciência).

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

LIVRO I

PARTE GERAL

TÍTULO I

Disposições Preliminares

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a pro-mover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.

Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Faculta-tivo, ratificados pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008, em conformidade com o procedimento previsto no § 3º do art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, em vigor para o Brasil, no plano jurí-

dico externo, desde 31 de agosto de 2008, e promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, data de início de sua vi-gência no plano interno.

Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barrei-ras, pode obstruir sua participação plena e efe-tiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

§ 1º A avaliação da deficiência, quando ne-cessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará:

I – os impedimentos nas funções e nas es-truturas do corpo;

II – os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;

III – a limitação no desempenho de ativida-des; e

IV – a restrição de participação.

§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência.

Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, conside-ram-se:

I – acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equi-pamentos urbanos, edificações, transpor-tes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao pú-blico, de uso público ou privados de uso co-letivo, tanto na zona urbana como na rural,

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por pessoa com deficiência ou com mobili-dade reduzida;

II – desenho universal: concepção de pro-dutos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto es-pecífico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva;

III – tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, re-cursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcio-nalidade, relacionada à atividade e à parti-cipação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autono-mia, independência, qualidade de vida e in-clusão social;

IV – barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de mo-vimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à cir-culação com segurança, entre outros, classi-ficadas em:

a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados aber-tos ao público ou de uso coletivo;

b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;

c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes;

d) barreiras nas comunicações e na infor-mação: qualquer entrave, obstáculo, atitu-de ou comportamento que dificulte ou im-possibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermé-dio de sistemas de comunicação e de tecno-logia da informação;

e) barreiras atitudinais: atitudes ou com-portamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com defici-

ência em igualdade de condições e oportu-nidades com as demais pessoas;

f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com defici-ência às tecnologias;

V – comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de co-municação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a lin-guagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunica-ções;

VI – adaptações razoáveis: adaptações, mo-dificações e ajustes necessários e adequa-dos que não acarretem ônus despropor-cional e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais;

VII – elemento de urbanização: quaisquer componentes de obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamento para esgotos, distribuição de energia elétrica e de gás, iluminação pública, serviços de comunica-ção, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indica-ções do planejamento urbanístico;

VIII – mobiliário urbano: conjunto de ob-jetos existentes nas vias e nos espaços pú-blicos, superpostos ou adicionados aos ele-mentos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado não provoque alterações substanciais nes-ses elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, terminais e pon-tos de acesso coletivo às telecomunicações,

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fontes de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga;

IX – pessoa com mobilidade reduzida: aque-la que tenha, por qualquer motivo, dificul-dade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordena-ção motora ou da percepção, incluindo ido-so, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso;

X – residências inclusivas: unidades de ofer-ta do Serviço de Acolhimento do Sistema Único de Assistência Social (Suas) localiza-das em áreas residenciais da comunidade, com estruturas adequadas, que possam contar com apoio psicossocial para o aten-dimento das necessidades da pessoa acolhi-da, destinadas a jovens e adultos com de-ficiência, em situação de dependência, que não dispõem de condições de autossusten-tabilidade e com vínculos familiares fragili-zados ou rompidos;

XI – moradia para a vida independente da pessoa com deficiência: moradia com estru-turas adequadas capazes de proporcionar serviços de apoio coletivos e individuali-zados que respeitem e ampliem o grau de autonomia de jovens e adultos com defici-ência;

XII – atendente pessoal: pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remu-neração, assiste ou presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com deficiência no exercício de suas atividades diárias, excluí-das as técnicas ou os procedimentos iden-tificados com profissões legalmente estabe-lecidas;

XIII – profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de alimentação, hi-giene e locomoção do estudante com defi-ciência e atua em todas as atividades esco-lares nas quais se fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em ins-tituições públicas e privadas, excluídas as

técnicas ou os procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas;

XIV – acompanhante: aquele que acompa-nha a pessoa com deficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente pessoal.

CAPÍTULO IIDA IGUALDADE E DA NÃO

DISCRIMINAÇÃO

Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direi-to à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de dis-criminação.

§ 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda forma de distinção, res-trição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de preju-dicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas.

§ 2º A pessoa com deficiência não está obri-gada à fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa.

Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, tortura, crueldade, opres-são e tratamento desumano ou degradante.

Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada no caput deste artigo, são considerados especialmente vulneráveis a criança, o adolescente, a mulher e o idoso, com deficiência.

Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacida-de civil da pessoa, inclusive para:

I – casar-se e constituir união estável;

II – exercer direitos sexuais e reprodutivos;

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III – exercer o direito de decidir sobre o nú-mero de filhos e de ter acesso a informa-ções adequadas sobre reprodução e plane-jamento familiar;

IV – conservar sua fertilidade, sendo veda-da a esterilização compulsória;

V – exercer o direito à família e à convivên-cia familiar e comunitária; e

VI – exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou ado-tando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

Art. 7º É dever de todos comunicar à autoridade competente qualquer forma de ameaça ou de violação aos direitos da pessoa com deficiência.

Parágrafo único. Se, no exercício de suas funções, os juízes e os tribunais tiverem co-nhecimento de fatos que caracterizem as violações previstas nesta Lei, devem reme-ter peças ao Ministério Público para as pro-vidências cabíveis.

Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da fa-mília assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilita-ção, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecno-lógicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Con-venção sobre os Direitos das Pessoas com De-ficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico.

Seção ÚnicaDO ATENDIMENTO PRIORITÁRIO

Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de:

I – proteção e socorro em quaisquer cir-cunstâncias;

II – atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao público;

III – disponibilização de recursos, tanto hu-manos quanto tecnológicos, que garantam atendimento em igualdade de condições com as demais pessoas;

IV – disponibilização de pontos de parada, estações e terminais acessíveis de transpor-te coletivo de passageiros e garantia de se-gurança no embarque e no desembarque;

V – acesso a informações e disponibilização de recursos de comunicação acessíveis;

VI – recebimento de restituição de imposto de renda;

VII – tramitação processual e procedimen-tos judiciais e administrativos em que for parte ou interessada, em todos os atos e di-ligências.

§ 1º Os direitos previstos neste artigo são extensivos ao acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu atendente pesso-al, exceto quanto ao disposto nos incisos VI e VII deste artigo.

§ 2º Nos serviços de emergência públicos e privados, a prioridade conferida por esta Lei é condicionada aos protocolos de aten-dimento médico.

TÍTULO II

Dos Direitos Fundamentais

CAPÍTULO IDO DIREITO À VIDA

Art. 10. Compete ao poder público garantir a dignidade da pessoa com deficiência ao longo de toda a vida.

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Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou estado de calamidade públi-ca, a pessoa com deficiência será conside-rada vulnerável, devendo o poder público adotar medidas para sua proteção e segu-rança.

Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada a se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a institucionaliza-ção forçada.

Parágrafo único. O consentimento da pes-soa com deficiência em situação de curatela poderá ser suprido, na forma da lei.

Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclare-cido da pessoa com deficiência é indispensável para a realização de tratamento, procedimento, hospitalização e pesquisa científica.

§ 1º Em caso de pessoa com deficiência em situação de curatela, deve ser assegurada sua participação, no maior grau possível, para a obtenção de consentimento.

§ 2º A pesquisa científica envolvendo pes-soa com deficiência em situação de tutela ou de curatela deve ser realizada, em cará-ter excepcional, apenas quando houver in-dícios de benefício direto para sua saúde ou para a saúde de outras pessoas com defici-ência e desde que não haja outra opção de pesquisa de eficácia comparável com parti-cipantes não tutelados ou curatelados.

Art. 13. A pessoa com deficiência somente será atendida sem seu consentimento prévio, livre e esclarecido em casos de risco de morte e de emergência em saúde, resguardado seu supe-rior interesse e adotadas as salvaguardas legais cabíveis.

CAPÍTULO IIDO DIREITO À HABILITAÇÃO

E À REABILITAÇÃO

Art. 14. O processo de habilitação e de reabilita-ção é um direito da pessoa com deficiência.

Parágrafo único. O processo de habilitação e de reabilitação tem por objetivo o desen-volvimento de potencialidades, talentos, habilidades e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais, pro-fissionais e artísticas que contribuam para a conquista da autonomia da pessoa com deficiência e de sua participação social em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas.

Art. 15. O processo mencionado no art. 14 desta Lei baseia-se em avaliação multidisciplinar das necessidades, habilidades e potencialidades de cada pessoa, observadas as seguintes diretrizes:

I – diagnóstico e intervenção precoces;

II – adoção de medidas para compensar perda ou limitação funcional, buscando o desenvolvimento de aptidões;

III – atuação permanente, integrada e arti-culada de políticas públicas que possibili-tem a plena participação social da pessoa com deficiência;

IV – oferta de rede de serviços articulados, com atuação intersetorial, nos diferentes ní-veis de complexidade, para atender às ne-cessidades específicas da pessoa com defi-ciência;

V – prestação de serviços próximo ao do-micílio da pessoa com deficiência, inclusive na zona rural, respeitadas a organização das Redes de Atenção à Saúde (RAS) nos territó-rios locais e as normas do Sistema Único de Saúde (SUS).

Art. 16. Nos programas e serviços de habilitação e de reabilitação para a pessoa com deficiência, são garantidos:

I – organização, serviços, métodos, técnicas e recursos para atender às características de cada pessoa com deficiência;

II – acessibilidade em todos os ambientes e serviços;

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III – tecnologia assistiva, tecnologia de re-abilitação, materiais e equipamentos ade-quados e apoio técnico profissional, de acordo com as especificidades de cada pes-soa com deficiência;

IV – capacitação continuada de todos os profissionais que participem dos programas e serviços.

Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deverão promover ações articuladas para garantir à pes-soa com deficiência e sua família a aquisição de informações, orientações e formas de acesso às políticas públicas disponíveis, com a finalidade de propiciar sua plena participação social.

Parágrafo único. Os serviços de que trata o caput deste artigo podem fornecer informa-ções e orientações nas áreas de saúde, de educação, de cultura, de esporte, de lazer, de transporte, de previdência social, de as-sistência social, de habitação, de trabalho, de empreendedorismo, de acesso ao crédi-to, de promoção, proteção e defesa de di-reitos e nas demais áreas que possibilitem à pessoa com deficiência exercer sua cida-dania.

CAPÍTULO IIIDO DIREITO À SAÚDE

Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde da pessoa com deficiência em todos os níveis de complexidade, por intermédio do SUS, garanti-do acesso universal e igualitário.

§ 1º É assegurada a participação da pessoa com deficiência na elaboração das políticas de saúde a ela destinadas.

§ 2º É assegurado atendimento segundo normas éticas e técnicas, que regulamen-tarão a atuação dos profissionais de saúde e contemplarão aspectos relacionados aos direitos e às especificidades da pessoa com deficiência, incluindo temas como sua dig-nidade e autonomia.

§ 3º Aos profissionais que prestam assistên-cia à pessoa com deficiência, especialmente em serviços de habilitação e de reabilitação, deve ser garantida capacitação inicial e con-tinuada.

§ 4º As ações e os serviços de saúde pública destinados à pessoa com deficiência devem assegurar:

I – diagnóstico e intervenção precoces, rea-lizados por equipe multidisciplinar;

II – serviços de habilitação e de reabilitação sempre que necessários, para qualquer tipo de deficiência, inclusive para a manutenção da melhor condição de saúde e qualidade de vida;

III – atendimento domiciliar multidiscipli-nar, tratamento ambulatorial e internação;

IV – campanhas de vacinação;

V – atendimento psicológico, inclusive para seus familiares e atendentes pessoais;

VI – respeito à especificidade, à identidade de gênero e à orientação sexual da pessoa com deficiência;

VII – atenção sexual e reprodutiva, incluin-do o direito à fertilização assistida;

VIII – informação adequada e acessível à pessoa com deficiência e a seus familiares sobre sua condição de saúde;

IX – serviços projetados para prevenir a ocorrência e o desenvolvimento de defici-ências e agravos adicionais;

X – promoção de estratégias de capacita-ção permanente das equipes que atuam no SUS, em todos os níveis de atenção, no atendimento à pessoa com deficiência, bem como orientação a seus atendentes pesso-ais;

XI – oferta de órteses, próteses, meios au-xiliares de locomoção, medicamentos, in-sumos e fórmulas nutricionais, conforme as normas vigentes do Ministério da Saúde.

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§ 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se também às instituições privadas que parti-cipem de forma complementar do SUS ou que recebam recursos públicos para sua manutenção.

Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações destinadas à prevenção de deficiências por cau-sas evitáveis, inclusive por meio de:

I – acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, com garantia de parto hu-manizado e seguro;

II – promoção de práticas alimentares ade-quadas e saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, prevenção e cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição da mulher e da criança;

III – aprimoramento e expansão dos progra-mas de imunização e de triagem neonatal;

IV – identificação e controle da gestante de alto risco.

Art. 20. As operadoras de planos e seguros pri-vados de saúde são obrigadas a garantir à pes-soa com deficiência, no mínimo, todos os servi-ços e produtos ofertados aos demais clientes.

Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção à saúde da pessoa com deficiência no local de residência, será prestado atendimento fora de domicílio, para fins de diagnóstico e de trata-mento, garantidos o transporte e a acomodação da pessoa com deficiência e de seu acompa-nhante.

Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em observação é assegurado o direito a acom-panhante ou a atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição de saúde proporcionar condições adequadas para sua permanência em tempo integral.

§ 1º Na impossibilidade de permanência do acompanhante ou do atendente pesso-al junto à pessoa com deficiência, cabe ao profissional de saúde responsável pelo tra-tamento justificá-la por escrito.

§ 2º Na ocorrência da impossibilidade pre-vista no § 1º deste artigo, o órgão ou a insti-tuição de saúde deve adotar as providências cabíveis para suprir a ausência do acompa-nhante ou do atendente pessoal.

Art. 23. São vedadas todas as formas de discri-minação contra a pessoa com deficiência, inclu-sive por meio de cobrança de valores diferencia-dos por planos e seguros privados de saúde, em razão de sua condição.

Art. 24. É assegurado à pessoa com deficiência o acesso aos serviços de saúde, tanto públicos como privados, e às informações prestadas e recebidas, por meio de recursos de tecnologia assistiva e de todas as formas de comunicação previstas no inciso V do art. 3º desta Lei.

Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde, tan-to públicos quanto privados, devem assegurar o acesso da pessoa com deficiência, em con-formidade com a legislação em vigor, mediante a remoção de barreiras, por meio de projetos arquitetônico, de ambientação de interior e de comunicação que atendam às especificidades das pessoas com deficiência física, sensorial, in-telectual e mental.

Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirmação de violência praticada contra a pessoa com de-ficiência serão objeto de notificação compulsó-ria pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade policial e ao Ministério Público, além dos Conselhos dos Direitos da Pessoa com Defi-ciência.

Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra a pessoa com deficiência qualquer ação ou omissão, pra-ticada em local público ou privado, que lhe cause morte ou dano ou sofrimento físico ou psicológico.

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CAPÍTULO IVDO DIREITO À EDUCAÇÃO

Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacio-nal inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus ta-lentos e habilidades físicas, sensoriais, intelec-tuais e sociais, segundo suas características, in-teresses e necessidades de aprendizagem.

Parágrafo único. É dever do Estado, da fa-mília, da comunidade escolar e da socieda-de assegurar educação de qualidade à pes-soa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e dis-criminação.

Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar:

I – sistema educacional inclusivo em to-dos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida;

II – aprimoramento dos sistemas educacio-nais, visando a garantir condições de aces-so, permanência, participação e aprendiza-gem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena;

III – projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adapta-ções razoáveis, para atender às caracterís-ticas dos estudantes com deficiência e ga-rantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia;

IV – oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade es-crita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas;

V – adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que maximizem o

desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem em instituições de ensino;

VI – pesquisas voltadas para o desenvolvi-mento de novos métodos e técnicas peda-gógicas, de materiais didáticos, de equi-pamentos e de recursos de tecnologia assistiva;

VII – planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento edu-cacional especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva;

VIII – participação dos estudantes com de-ficiência e de suas famílias nas diversas ins-tâncias de atuação da comunidade escolar;

IX – adoção de medidas de apoio que fa-voreçam o desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais, vocacionais e profis-sionais, levando-se em conta o talento, a criatividade, as habilidades e os interesses do estudante com deficiência;

X – adoção de práticas pedagógicas inclusi-vas pelos programas de formação inicial e continuada de professores e oferta de for-mação continuada para o atendimento edu-cacional especializado;

XI – formação e disponibilização de profes-sores para o atendimento educacional es-pecializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissio-nais de apoio;

XII – oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e participação;

XIII – acesso à educação superior e à educa-ção profissional e tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as de-mais pessoas;

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XIV – inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de conhecimento;

XV – acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, a jogos e a ativida-des recreativas, esportivas e de lazer, no sis-tema escolar;

XVI – acessibilidade para todos os estudan-tes, trabalhadores da educação e demais integrantes da comunidade escolar às edifi-cações, aos ambientes e às atividades con-cernentes a todas as modalidades, etapas e níveis de ensino;

XVII – oferta de profissionais de apoio esco-lar;

XVIII – articulação intersetorial na imple-mentação de políticas públicas.

§ 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo ve-dada a cobrança de valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento dessas determinações.

§ 2º Na disponibilização de tradutores e in-térpretes da Libras a que se refere o inciso XI do caput deste artigo, deve-se observar o seguinte:

I – os tradutores e intérpretes da Libras atu-antes na educação básica devem, no míni-mo, possuir ensino médio completo e certi-ficado de proficiência na Libras;

II – os tradutores e intérpretes da Libras, quando direcionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos cursos de graduação e pós-graduação, devem possuir nível supe-rior, com habilitação, prioritariamente, em Tradução e Interpretação em Libras.

Art. 29. (VETADO).

Art. 30. Nos processos seletivos para ingresso e permanência nos cursos oferecidos pelas insti-tuições de ensino superior e de educação pro-fissional e tecnológica, públicas e privadas, de-vem ser adotadas as seguintes medidas:

I – atendimento preferencial à pessoa com deficiência nas dependências das Institui-ções de Ensino Superior (IES) e nos serviços;

II – disponibilização de formulário de inscri-ção de exames com campos específicos para que o candidato com deficiência informe os recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva necessários para sua participação;

III – disponibilização de provas em formatos acessíveis para atendimento às necessida-des específicas do candidato com deficiên-cia;

IV – disponibilização de recursos de acessi-bilidade e de tecnologia assistiva adequa-dos, previamente solicitados e escolhidos pelo candidato com deficiência;

V – dilação de tempo, conforme demanda apresentada pelo candidato com deficiên-cia, tanto na realização de exame para sele-ção quanto nas atividades acadêmicas, me-diante prévia solicitação e comprovação da necessidade;

VI – adoção de critérios de avaliação das provas escritas, discursivas ou de redação que considerem a singularidade linguística da pessoa com deficiência, no domínio da modalidade escrita da língua portuguesa;

VII – tradução completa do edital e de suas retificações em Libras.

CAPÍTULO VDO DIREITO À MORADIA

Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito à moradia digna, no seio da família natural ou substituta, com seu cônjuge ou companheiro ou desacompanhada, ou em moradia para a vida

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independente da pessoa com deficiência, ou, ainda, em residência inclusiva.

§ 1º O poder público adotará programas e ações estratégicas para apoiar a criação e a manutenção de moradia para a vida inde-pendente da pessoa com deficiência.

§ 2º A proteção integral na modalidade de residência inclusiva será prestada no âmbi-to do Suas à pessoa com deficiência em si-tuação de dependência que não disponha de condições de autossustentabilidade, com vínculos familiares fragilizados ou rom-pidos.

Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa com deficiência ou o seu responsável goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o seguinte:

I – reserva de, no mínimo, 3% (três por cen-to) das unidades habitacionais para pessoa com deficiência;

II – (VETADO);

III – em caso de edificação multifamiliar, ga-rantia de acessibilidade nas áreas de uso co-mum e nas unidades habitacionais no piso térreo e de acessibilidade ou de adaptação razoável nos demais pisos;

IV – disponibilização de equipamentos ur-banos comunitários acessíveis;

V – elaboração de especificações técnicas no projeto que permitam a instalação de elevadores.

§ 1º O direito à prioridade, previsto no ca-put deste artigo, será reconhecido à pessoa com deficiência beneficiária apenas uma vez.

§ 2º Nos programas habitacionais públicos, os critérios de financiamento devem ser compatíveis com os rendimentos da pessoa com deficiência ou de sua família.

§ 3º Caso não haja pessoa com deficiência interessada nas unidades habitacionais re-

servadas por força do disposto no inciso I do caput deste artigo, as unidades não utiliza-das serão disponibilizadas às demais pesso-as.

Art. 33. Ao poder público compete:

I – adotar as providências necessárias para o cumprimento do disposto nos arts. 31 e 32 desta Lei; e

II – divulgar, para os agentes interessados e beneficiários, a política habitacional previs-ta nas legislações federal, estaduais, distri-tal e municipais, com ênfase nos dispositi-vos sobre acessibilidade.

CAPÍTULO VIDO DIREITO AO TRABALHO

Seção IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

§ 1º As pessoas jurídicas de direito públi-co, privado ou de qualquer natureza são obrigadas a garantir ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos.

§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de oportunidades com as de-mais pessoas, a condições justas e favorá-veis de trabalho, incluindo igual remunera-ção por trabalho de igual valor.

§ 3º É vedada restrição ao trabalho da pes-soa com deficiência e qualquer discrimina-ção em razão de sua condição, inclusive nas etapas de recrutamento, seleção, contrata-ção, admissão, exames admissional e peri-ódico, permanência no emprego, ascensão profissional e reabilitação profissional, bem como exigência de aptidão plena.

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§ 4º A pessoa com deficiência tem direito à participação e ao acesso a cursos, treina-mentos, educação continuada, planos de carreira, promoções, bonificações e incenti-vos profissionais oferecidos pelo emprega-dor, em igualdade de oportunidades com os demais empregados.

§ 5º É garantida aos trabalhadores com de-ficiência acessibilidade em cursos de forma-ção e de capacitação.

Art. 35. É finalidade primordial das políticas públicas de trabalho e emprego promover e ga-rantir condições de acesso e de permanência da pessoa com deficiência no campo de trabalho.

Parágrafo único. Os programas de estímulo ao empreendedorismo e ao trabalho autô-nomo, incluídos o cooperativismo e o asso-ciativismo, devem prever a participação da pessoa com deficiência e a disponibilização de linhas de crédito, quando necessárias.

Seção IIDA HABILITAÇÃO PROFISSIONAL E

REABILITAÇÃO PROFISSIONAL

Art. 36. O poder público deve implementar serviços e programas completos de habilitação profissional e de reabilitação profissional para que a pessoa com deficiência possa ingressar, continuar ou retornar ao campo do trabalho, respeitados sua livre escolha, sua vocação e seu interesse.

§ 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base em critérios previstos no § 1º do art. 2º desta Lei, programa de habilitação ou de reabilitação que possibilite à pessoa com deficiência restaurar sua capacidade e habi-lidade profissional ou adquirir novas capaci-dades e habilidades de trabalho.

§ 2º A habilitação profissional corresponde ao processo destinado a propiciar à pessoa com deficiência aquisição de conhecimen-tos, habilidades e aptidões para exercício de profissão ou de ocupação, permitindo nível

suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso no campo de trabalho.

§ 3º Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação profissional e de educação profissional devem ser dotados de recursos necessários para atender a toda pessoa com deficiência, independentemente de sua ca-racterística específica, a fim de que ela pos-sa ser capacitada para trabalho que lhe seja adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de conservá-lo e de nele progredir.

§ 4º Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação profissional e de educação profissional deverão ser oferecidos em am-bientes acessíveis e inclusivos.

§ 5º A habilitação profissional e a reabilita-ção profissional devem ocorrer articuladas com as redes públicas e privadas, especial-mente de saúde, de ensino e de assistência social, em todos os níveis e modalidades, em entidades de formação profissional ou diretamente com o empregador.

§ 6º A habilitação profissional pode ocorrer em empresas por meio de prévia formaliza-ção do contrato de emprego da pessoa com deficiência, que será considerada para o cumprimento da reserva de vagas prevista em lei, desde que por tempo determinado e concomitante com a inclusão profissional na empresa, observado o disposto em regu-lamento.

§ 7º A habilitação profissional e a reabili-tação profissional atenderão à pessoa com deficiência.

Seção IIIDA INCLUSÃO DA PESSOA COM

DEFICIÊNCIA NO TRABALHO

Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência no trabalho a colocação com-petitiva, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de acessibilidade, o forne-

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cimento de recursos de tecnologia assistiva e a adaptação razoável no ambiente de trabalho.

Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com deficiência pode ocorrer por meio de trabalho com apoio, observadas as seguintes diretrizes:

I – prioridade no atendimento à pessoa com deficiência com maior dificuldade de inser-ção no campo de trabalho;

II – provisão de suportes individualizados que atendam a necessidades específicas da pessoa com deficiência, inclusive a disponi-bilização de recursos de tecnologia assisti-va, de agente facilitador e de apoio no am-biente de trabalho;

III – respeito ao perfil vocacional e ao inte-resse da pessoa com deficiência apoiada;

IV – oferta de aconselhamento e de apoio aos empregadores, com vistas à definição de estratégias de inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitudinais;

V – realização de avaliações periódicas;

VI – articulação intersetorial das políticas públicas;

VII – possibilidade de participação de orga-nizações da sociedade civil.

Art. 38. A entidade contratada para a realização de processo seletivo público ou privado para cargo, função ou emprego está obrigada à ob-servância do disposto nesta Lei e em outras nor-mas de acessibilidade vigentes.

CAPÍTULO VIIDO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 39. Os serviços, os programas, os projetos e os benefícios no âmbito da política pública de assistência social à pessoa com deficiência e sua família têm como objetivo a garantia da segu-rança de renda, da acolhida, da habilitação e da reabilitação, do desenvolvimento da autonomia

e da convivência familiar e comunitária, para a promoção do acesso a direitos e da plena parti-cipação social.

§ 1º A assistência social à pessoa com de-ficiência, nos termos do caput deste artigo, deve envolver conjunto articulado de servi-ços do âmbito da Proteção Social Básica e da Proteção Social Especial, ofertados pelo Suas, para a garantia de seguranças funda-mentais no enfrentamento de situações de vulnerabilidade e de risco, por fragilização de vínculos e ameaça ou violação de direi-tos.

§ 2º Os serviços socioassistenciais destina-dos à pessoa com deficiência em situação de dependência deverão contar com cuida-dores sociais para prestar-lhe cuidados bási-cos e instrumentais.

Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que não possua meios para prover sua subsis-tência nem de tê-la provida por sua família o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.

CAPÍTULO VIIIDO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL

Art. 41. A pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) tem direito à aposentadoria nos termos da Lei Com-plementar nº 142, de 8 de maio de 2013.

CAPÍTULO IXDO DIREITO À CULTURA, AO

ESPORTE, AO TURISMO E AO LAZER

Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade de oportunidades com as demais pes-soas, sendo-lhe garantido o acesso:

I – a bens culturais em formato acessível;

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II – a programas de televisão, cinema, tea-tro e outras atividades culturais e desporti-vas em formato acessível; e

III – a monumentos e locais de importância cultural e a espaços que ofereçam serviços ou eventos culturais e esportivos.

§ 1º É vedada a recusa de oferta de obra intelectual em formato acessível à pessoa com deficiência, sob qualquer argumento, inclusive sob a alegação de proteção dos di-reitos de propriedade intelectual.

§ 2º O poder público deve adotar soluções destinadas à eliminação, à redução ou à su-peração de barreiras para a promoção do acesso a todo patrimônio cultural, observa-das as normas de acessibilidade, ambientais e de proteção do patrimônio histórico e ar-tístico nacional.

Art. 43. O poder público deve promover a par-ticipação da pessoa com deficiência em ativida-des artísticas, intelectuais, culturais, esportivas e recreativas, com vistas ao seu protagonismo, devendo:

I – incentivar a provisão de instrução, de treinamento e de recursos adequados, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas;

II – assegurar acessibilidade nos locais de eventos e nos serviços prestados por pes-soa ou entidade envolvida na organização das atividades de que trata este artigo; e

III – assegurar a participação da pessoa com deficiência em jogos e atividades recreati-vas, esportivas, de lazer, culturais e artísti-cas, inclusive no sistema escolar, em igual-dade de condições com as demais pessoas.

Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios, está-dios, ginásios de esporte, locais de espetáculos e de conferências e similares, serão reservados espaços livres e assentos para a pessoa com de-ficiência, de acordo com a capacidade de lota-ção da edificação, observado o disposto em re-gulamento.

§ 1º Os espaços e assentos a que se refere este artigo devem ser distribuídos pelo re-cinto em locais diversos, de boa visibilidade, em todos os setores, próximos aos corredo-res, devidamente sinalizados, evitando-se áreas segregadas de público e obstrução das saídas, em conformidade com as nor-mas de acessibilidade.

§ 2º No caso de não haver comprovada pro-cura pelos assentos reservados, esses po-dem, excepcionalmente, ser ocupados por pessoas sem deficiência ou que não tenham mobilidade reduzida, observado o disposto em regulamento.

§ 3º Os espaços e assentos a que se refere este artigo devem situar-se em locais que garantam a acomodação de, no mínimo, 1 (um) acompanhante da pessoa com defici-ência ou com mobilidade reduzida, resguar-dado o direito de se acomodar proxima-mente a grupo familiar e comunitário.

§ 4º Nos locais referidos no caput deste ar-tigo, deve haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de emergência acessíveis, conforme padrões das normas de acessibi-lidade, a fim de permitir a saída segura da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, em caso de emergência.

§ 5º Todos os espaços das edificações pre-vistas no caput deste artigo devem atender às normas de acessibilidade em vigor.

§ 6º As salas de cinema devem oferecer, em todas as sessões, recursos de acessibilidade para a pessoa com deficiência.

§ 7º O valor do ingresso da pessoa com de-ficiência não poderá ser superior ao valor cobrado das demais pessoas.

Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares devem ser construídos observando-se os princípios do desenho universal, além de adotar todos os meios de acessibilidade, conforme legislação em vigor.

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§ 1º Os estabelecimentos já existentes de-verão disponibilizar, pelo menos, 10% (dez por cento) de seus dormitórios acessíveis, garantida, no mínimo, 1 (uma) unidade acessível.

§ 2º Os dormitórios mencionados no § 1º deste artigo deverão ser localizados em ro-tas acessíveis.

CAPÍTULO XDO DIREITO AO TRANSPORTE

E À MOBILIDADE

Art. 46. O direito ao transporte e à mobilida-de da pessoa com deficiência ou com mobili-dade reduzida será assegurado em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, por meio de identificação e de eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao seu acesso.

§ 1º Para fins de acessibilidade aos serviços de transporte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, em todas as jurisdições, conside-ram-se como integrantes desses serviços os veículos, os terminais, as estações, os pon-tos de parada, o sistema viário e a prestação do serviço.

§ 2º São sujeitas ao cumprimento das dis-posições desta Lei, sempre que houver inte-ração com a matéria nela regulada, a outor-ga, a concessão, a permissão, a autorização, a renovação ou a habilitação de linhas e de serviços de transporte coletivo.

§ 3º Para colocação do símbolo internacio-nal de acesso nos veículos, as empresas de transporte coletivo de passageiros depen-dem da certificação de acessibilidade emi-tida pelo gestor público responsável pela prestação do serviço.

Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento aberto ao público, de uso público ou privado de uso coletivo e em vias públicas, devem ser reservadas vagas próximas aos acessos de cir-culação de pedestres, devidamente sinalizadas,

para veículos que transportem pessoa com defi-ciência com comprometimento de mobilidade, desde que devidamente identificados.

§ 1º As vagas a que se refere o caput deste artigo devem equivaler a 2% (dois por cen-to) do total, garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente sinalizada e com as espe-cificações de desenho e traçado de acordo com as normas técnicas vigentes de acessi-bilidade.

§ 2º Os veículos estacionados nas vagas re-servadas devem exibir, em local de ampla visibilidade, a credencial de beneficiário, a ser confeccionada e fornecida pelos órgãos de trânsito, que disciplinarão suas caracte-rísticas e condições de uso.

§ 3º A utilização indevida das vagas de que trata este artigo sujeita os infratores às san-ções previstas no inciso XVII do art. 181 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro). (Vide Lei nº 13.281, de 4/5/2016)

§ 4º A credencial a que se refere o § 2º deste artigo é vinculada à pessoa com deficiência que possui comprometimento de mobilida-de e é válida em todo o território nacional.

Art. 48. Os veículos de transporte coletivo ter-restre, aquaviário e aéreo, as instalações, as es-tações, os portos e os terminais em operação no País devem ser acessíveis, de forma a garantir o seu uso por todas as pessoas.

§ 1º Os veículos e as estruturas de que trata o caput deste artigo devem dispor de siste-ma de comunicação acessível que disponi-bilize informações sobre todos os pontos do itinerário.

§ 2º São asseguradas à pessoa com defici-ência prioridade e segurança nos procedi-mentos de embarque e de desembarque nos veículos de transporte coletivo, de acor-do com as normas técnicas.

§ 3º Para colocação do símbolo internacio-nal de acesso nos veículos, as empresas de

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transporte coletivo de passageiros depen-dem da certificação de acessibilidade emi-tida pelo gestor público responsável pela prestação do serviço.

Art. 49. As empresas de transporte de freta-mento e de turismo, na renovação de suas fro-tas, são obrigadas ao cumprimento do disposto nos arts. 46 e 48 desta Lei.

Art. 50. O poder público incentivará a fabrica-ção de veículos acessíveis e a sua utilização como táxis e vans, de forma a garantir o seu uso por todas as pessoas.

Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem reservar 10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com deficiência.

§ 1º É proibida a cobrança diferenciada de tarifas ou de valores adicionais pelo serviço de táxi prestado à pessoa com deficiência.

§ 2º O poder público é autorizado a instituir incentivos fiscais com vistas a possibilitar a acessibilidade dos veículos a que se refere o caput deste artigo.

Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas a oferecer 1 (um) veículo adaptado para uso de pessoa com deficiência, a cada conjunto de 20 (vinte) veículos de sua frota.

Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no mínimo, câmbio automático, direção hidráulica, vidros elétricos e comandos ma-nuais de freio e de embreagem.

TÍTULO III

Da Acessibilidade

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 53. A acessibilidade é direito que garante à pessoa com deficiência ou com mobilidade re-duzida viver de forma independente e exercer

seus direitos de cidadania e de participação so-cial.

Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das dis-posições desta Lei e de outras normas relativas à acessibilidade, sempre que houver interação com a matéria nela regulada:

I – a aprovação de projeto arquitetônico e urbanístico ou de comunicação e informa-ção, a fabricação de veículos de transporte coletivo, a prestação do respectivo serviço e a execução de qualquer tipo de obra, quan-do tenham destinação pública ou coletiva;

II – a outorga ou a renovação de concessão, permissão, autorização ou habilitação de qualquer natureza;

III – a aprovação de financiamento de pro-jeto com utilização de recursos públicos, por meio de renúncia ou de incentivo fiscal, contrato, convênio ou instrumento congê-nere; e

IV – a concessão de aval da União para ob-tenção de empréstimo e de financiamento internacionais por entes públicos ou priva-dos.

Art. 55. A concepção e a implantação de pro-jetos que tratem do meio físico, de transporte, de informação e comunicação, inclusive de sis-temas e tecnologias da informação e comunica-ção, e de outros serviços, equipamentos e ins-talações abertos ao público, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, devem atender aos princípios do desenho universal, tendo como referência as normas de acessibilidade.

§ 1º O desenho universal será sempre to-mado como regra de caráter geral.

§ 2º Nas hipóteses em que comprovada-mente o desenho universal não possa ser empreendido, deve ser adotada adaptação razoável.

§ 3º Caberá ao poder público promover a inclusão de conteúdos temáticos referentes ao desenho universal nas diretrizes curricu-

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lares da educação profissional e tecnológica e do ensino superior e na formação das car-reiras de Estado.

§ 4º Os programas, os projetos e as linhas de pesquisa a serem desenvolvidos com o apoio de organismos públicos de auxílio à pesquisa e de agências de fomento deverão incluir temas voltados para o desenho uni-versal.

§ 5º Desde a etapa de concepção, as polí-ticas públicas deverão considerar a adoção do desenho universal.

Art. 56. A construção, a reforma, a ampliação ou a mudança de uso de edificações abertas ao público, de uso público ou privadas de uso cole-tivo deverão ser executadas de modo a serem acessíveis.

§ 1º As entidades de fiscalização profissio-nal das atividades de Engenharia, de Arqui-tetura e correlatas, ao anotarem a respon-sabilidade técnica de projetos, devem exigir a responsabilidade profissional declarada de atendimento às regras de acessibilidade previstas em legislação e em normas técni-cas pertinentes.

§ 2º Para a aprovação, o licenciamento ou a emissão de certificado de projeto executivo arquitetônico, urbanístico e de instalações e equipamentos temporários ou perma-nentes e para o licenciamento ou a emissão de certificado de conclusão de obra ou de serviço, deve ser atestado o atendimento às regras de acessibilidade.

§ 3º O poder público, após certificar a aces-sibilidade de edificação ou de serviço, de-terminará a colocação, em espaços ou em locais de ampla visibilidade, do símbolo in-ternacional de acesso, na forma prevista em legislação e em normas técnicas correlatas.

Art. 57. As edificações públicas e privadas de uso coletivo já existentes devem garantir aces-sibilidade à pessoa com deficiência em todas as suas dependências e serviços, tendo como refe-rência as normas de acessibilidade vigentes.

Art. 58. O projeto e a construção de edificação de uso privado multifamiliar devem atender aos preceitos de acessibilidade, na forma regula-mentar.

§ 1º As construtoras e incorporadoras res-ponsáveis pelo projeto e pela construção das edificações a que se refere o caput des-te artigo devem assegurar percentual míni-mo de suas unidades internamente acessí-veis, na forma regulamentar.

§ 2º É vedada a cobrança de valores adicio-nais para a aquisição de unidades interna-mente acessíveis a que se refere o § 1º des-te artigo.

Art. 59. Em qualquer intervenção nas vias e nos espaços públicos, o poder público e as empresas concessionárias responsáveis pela execução das obras e dos serviços devem garantir, de forma segura, a fluidez do trânsito e a livre circulação e acessibilidade das pessoas, durante e após sua execução.

Art. 60. Orientam-se, no que couber, pelas re-gras de acessibilidade previstas em legislação e em normas técnicas, observado o disposto na Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, nº 10.257, de 10 de julho de 2001, e nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012:

I – os planos diretores municipais, os planos diretores de transporte e trânsito, os planos de mobilidade urbana e os planos de pre-servação de sítios históricos elaborados ou atualizados a partir da publicação desta Lei;

II – os códigos de obras, os códigos de pos-tura, as leis de uso e ocupação do solo e as leis do sistema viário;

III – os estudos prévios de impacto de vizi-nhança;

IV – as atividades de fiscalização e a imposi-ção de sanções; e

V – a legislação referente à prevenção con-tra incêndio e pânico.

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§ 1º A concessão e a renovação de alvará de funcionamento para qualquer atividade são condicionadas à observação e à certificação das regras de acessibilidade.

§ 2º A emissão de carta de habite-se ou de habilitação equivalente e sua renovação, quando esta tiver sido emitida anterior-mente às exigências de acessibilidade, é condicionada à observação e à certificação das regras de acessibilidade.

Art. 61. A formulação, a implementação e a ma-nutenção das ações de acessibilidade atenderão às seguintes premissas básicas:

I – eleição de prioridades, elaboração de cronograma e reserva de recursos para im-plementação das ações; e

II – planejamento contínuo e articulado en-tre os setores envolvidos.

Art. 62. É assegurado à pessoa com deficiência, mediante solicitação, o recebimento de contas, boletos, recibos, extratos e cobranças de tribu-tos em formato acessível.

CAPÍTULO IIDO ACESSO À INFORMAÇÃO

E À COMUNICAÇÃO

Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponí-veis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente.

§ 1º Os sítios devem conter símbolo de acessibilidade em destaque.

§ 2º Telecentros comunitários que recebe-rem recursos públicos federais para seu cus-teio ou sua instalação e lan houses devem possuir equipamentos e instalações acessí-veis.

§ 3º Os telecentros e as lan houses de que trata o § 2º deste artigo devem garantir, no mínimo, 10% (dez por cento) de seus com-putadores com recursos de acessibilidade para pessoa com deficiência visual, sendo assegurado pelo menos 1 (um) equipamen-to, quando o resultado percentual for infe-rior a 1 (um).

Art. 64. A acessibilidade nos sítios da internet de que trata o art. 63 desta Lei deve ser obser-vada para obtenção do financiamento de que trata o inciso III do art. 54 desta Lei.

Art. 65. As empresas prestadoras de serviços de telecomunicações deverão garantir pleno aces-so à pessoa com deficiência, conforme regula-mentação específica.

Art. 66. Cabe ao poder público incentivar a ofer-ta de aparelhos de telefonia fixa e móvel celular com acessibilidade que, entre outras tecnolo-gias assistivas, possuam possibilidade de indica-ção e de ampliação sonoras de todas as opera-ções e funções disponíveis.

Art. 67. Os serviços de radiodifusão de sons e imagens devem permitir o uso dos seguintes re-cursos, entre outros:

I – subtitulação por meio de legenda oculta;

II – janela com intérprete da Libras;

III – audiodescrição.

Art. 68. O poder público deve adotar mecanis-mos de incentivo à produção, à edição, à difu-são, à distribuição e à comercialização de livros em formatos acessíveis, inclusive em publica-ções da administração pública ou financiadas com recursos públicos, com vistas a garantir à pessoa com deficiência o direito de acesso à lei-tura, à informação e à comunicação.

§ 1º Nos editais de compras de livros, inclu-sive para o abastecimento ou a atualização de acervos de bibliotecas em todos os níveis e modalidades de educação e de bibliote-cas públicas, o poder público deverá adotar cláusulas de impedimento à participação

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de editoras que não ofertem sua produção também em formatos acessíveis.

§ 2º Consideram-se formatos acessíveis os arquivos digitais que possam ser reconhe-cidos e acessados por softwares leitores de telas ou outras tecnologias assistivas que vierem a substituí-los, permitindo leitura com voz sintetizada, ampliação de caracte-res, diferentes contrastes e impressão em Braille.

§ 3º O poder público deve estimular e apoiar a adaptação e a produção de artigos científicos em formato acessível, inclusive em Libras.

Art. 69. O poder público deve assegurar a dispo-nibilidade de informações corretas e claras so-bre os diferentes produtos e serviços ofertados, por quaisquer meios de comunicação emprega-dos, inclusive em ambiente virtual, contendo a especificação correta de quantidade, qualidade, características, composição e preço, bem como sobre os eventuais riscos à saúde e à segurança do consumidor com deficiência, em caso de sua utilização, aplicando-se, no que couber, os arts. 30 a 41 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.

§ 1º Os canais de comercialização virtual e os anúncios publicitários veiculados na imprensa escrita, na internet, no rádio, na televisão e nos demais veículos de comuni-cação abertos ou por assinatura devem dis-ponibilizar, conforme a compatibilidade do meio, os recursos de acessibilidade de que trata o art. 67 desta Lei, a expensas do for-necedor do produto ou do serviço, sem pre-juízo da observância do disposto nos arts. 36 a 38 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.

§ 2º Os fornecedores devem disponibilizar, mediante solicitação, exemplares de bulas, prospectos, textos ou qualquer outro tipo de material de divulgação em formato aces-sível.

Art. 70. As instituições promotoras de congres-sos, seminários, oficinas e demais eventos de

natureza científico-cultural devem oferecer à pessoa com deficiência, no mínimo, os recursos de tecnologia assistiva previstos no art. 67 desta Lei.

Art. 71. Os congressos, os seminários, as ofici-nas e os demais eventos de natureza científico--cultural promovidos ou financiados pelo poder público devem garantir as condições de acessi-bilidade e os recursos de tecnologia assistiva.

Art. 72. Os programas, as linhas de pesquisa e os projetos a serem desenvolvidos com o apoio de agências de financiamento e de órgãos e enti-dades integrantes da administração pública que atuem no auxílio à pesquisa devem contemplar temas voltados à tecnologia assistiva.

Art. 73. Caberá ao poder público, diretamente ou em parceria com organizações da sociedade civil, promover a capacitação de tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais habilitados em Braille, audiodes-crição, estenotipia e legendagem.

CAPÍTULO IIIDA TECNOLOGIA ASSISTIVA

Art. 74. É garantido à pessoa com deficiência acesso a produtos, recursos, estratégias, prá-ticas, processos, métodos e serviços de tecno-logia assistiva que maximizem sua autonomia, mobilidade pessoal e qualidade de vida.

Art. 75. O poder público desenvolverá plano específico de medidas, a ser renovado em cada período de 4 (quatro) anos, com a finalidade de:

I – facilitar o acesso a crédito especializado, inclusive com oferta de linhas de crédito subsidiadas, específicas para aquisição de tecnologia assistiva;

II – agilizar, simplificar e priorizar procedi-mentos de importação de tecnologia assis-tiva, especialmente as questões atinentes a procedimentos alfandegários e sanitários;

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III – criar mecanismos de fomento à pesqui-sa e à produção nacional de tecnologia as-sistiva, inclusive por meio de concessão de linhas de crédito subsidiado e de parcerias com institutos de pesquisa oficiais;

IV – eliminar ou reduzir a tributação da ca-deia produtiva e de importação de tecnolo-gia assistiva;

V – facilitar e agilizar o processo de inclusão de novos recursos de tecnologia assistiva no rol de produtos distribuídos no âmbito do SUS e por outros órgãos governamentais.

Parágrafo único. Para fazer cumprir o dis-posto neste artigo, os procedimentos cons-tantes do plano específico de medidas de-verão ser avaliados, pelo menos, a cada 2 (dois) anos.

CAPÍTULO IVDO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA

VIDA PÚBLICA E POLÍTICA

Art. 76. O poder público deve garantir à pessoa com deficiência todos os direitos políticos e a oportunidade de exercê-los em igualdade de condições com as demais pessoas.

§ 1º À pessoa com deficiência será assegu-rado o direito de votar e de ser votada, in-clusive por meio das seguintes ações:

I – garantia de que os procedimentos, as instalações, os materiais e os equipamentos para votação sejam apropriados, acessíveis a todas as pessoas e de fácil compreensão e uso, sendo vedada a instalação de seções eleitorais exclusivas para a pessoa com de-ficiência;

II – incentivo à pessoa com deficiência a candidatar-se e a desempenhar quaisquer funções públicas em todos os níveis de go-verno, inclusive por meio do uso de novas tecnologias assistivas, quando apropriado;

III – garantia de que os pronunciamentos oficiais, a propaganda eleitoral obrigatória e os debates transmitidos pelas emissoras de televisão possuam, pelo menos, os recursos elencados no art. 67 desta Lei;

IV – garantia do livre exercício do direito ao voto e, para tanto, sempre que necessário e a seu pedido, permissão para que a pessoa com deficiência seja auxiliada na votação por pessoa de sua escolha.

§ 2º O poder público promoverá a partici-pação da pessoa com deficiência, inclusive quando institucionalizada, na condução das questões públicas, sem discriminação e em igualdade de oportunidades, observado o seguinte:

I – participação em organizações não gover-namentais relacionadas à vida pública e à política do País e em atividades e adminis-tração de partidos políticos;

II – formação de organizações para repre-sentar a pessoa com deficiência em todos os níveis;

III – participação da pessoa com deficiência em organizações que a representem.

TÍTULO IV

Da Ciência e Tecnologia

Art. 77. O poder público deve fomentar o desen-volvimento científico, a pesquisa e a inovação e a capacitação tecnológicas, voltados à melhoria da qualidade de vida e ao trabalho da pessoa com deficiência e sua inclusão social.

§ 1º O fomento pelo poder público deve priorizar a geração de conhecimentos e téc-nicas que visem à prevenção e ao tratamen-to de deficiências e ao desenvolvimento de tecnologias assistiva e social.

§ 2º A acessibilidade e as tecnologias assis-tiva e social devem ser fomentadas median-te a criação de cursos de pós-graduação, a

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formação de recursos humanos e a inclusão do tema nas diretrizes de áreas do conheci-mento.

§ 3º Deve ser fomentada a capacitação tec-nológica de instituições públicas e privadas para o desenvolvimento de tecnologias as-sistiva e social que sejam voltadas para me-lhoria da funcionalidade e da participação social da pessoa com deficiência.

§ 4º As medidas previstas neste artigo de-vem ser reavaliadas periodicamente pelo poder público, com vistas ao seu aperfeiço-amento.

Art. 78. Devem ser estimulados a pesquisa, o desenvolvimento, a inovação e a difusão de tec-nologias voltadas para ampliar o acesso da pes-soa com deficiência às tecnologias da informa-ção e comunicação e às tecnologias sociais.

Parágrafo único. Serão estimulados, em es-pecial:

I – o emprego de tecnologias da informação e comunicação como instrumento de su-peração de limitações funcionais e de bar-reiras à comunicação, à informação, à edu-cação e ao entretenimento da pessoa com deficiência;

II – a adoção de soluções e a difusão de nor-mas que visem a ampliar a acessibilidade da pessoa com deficiência à computação e aos sítios da internet, em especial aos serviços de governo eletrônico.

LIVRO II

PARTE ESPECIAL

TÍTULO I

Do Acesso à Justiça

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 79. O poder público deve assegurar o aces-so da pessoa com deficiência à justiça, em igual-dade de oportunidades com as demais pessoas, garantindo, sempre que requeridos, adaptações e recursos de tecnologia assistiva.

§ 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com deficiência em todo o processo judicial, o poder público deve capacitar os membros e os servidores que atuam no Poder Judiciá-rio, no Ministério Público, na Defensoria Pú-blica, nos órgãos de segurança pública e no sistema penitenciário quanto aos direitos da pessoa com deficiência.

§ 2º Devem ser assegurados à pessoa com deficiência submetida a medida restritiva de liberdade todos os direitos e garantias a que fazem jus os apenados sem deficiência, garantida a acessibilidade.

§ 3º A Defensoria Pública e o Ministério Pú-blico tomarão as medidas necessárias à ga-rantia dos direitos previstos nesta Lei.

Art. 80. Devem ser oferecidos todos os recursos de tecnologia assistiva disponíveis para que a pessoa com deficiência tenha garantido o aces-so à justiça, sempre que figure em um dos polos da ação ou atue como testemunha, partícipe da lide posta em juízo, advogado, defensor público, magistrado ou membro do Ministério Público.

Parágrafo único. A pessoa com deficiência tem garantido o acesso ao conteúdo de to-

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dos os atos processuais de seu interesse, in-clusive no exercício da advocacia.

Art. 81. Os direitos da pessoa com deficiência serão garantidos por ocasião da aplicação de sanções penais.

Art. 82. (VETADO).

Art. 83. Os serviços notariais e de registro não podem negar ou criar óbices ou condições dife-renciadas à prestação de seus serviços em ra-zão de deficiência do solicitante, devendo reco-nhecer sua capacidade legal plena, garantida a acessibilidade.

Parágrafo único. O descumprimento do dis-posto no caput deste artigo constitui discri-minação em razão de deficiência.

CAPÍTULO IIDO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI

Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegura-do o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pes-soas.

§ 1º Quando necessário, a pessoa com defi-ciência será submetida à curatela, conforme a lei.

§ 2º É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada.

§ 3º A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva ex-traordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível.

§ 4º Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua administração ao juiz, apresentando o balanço do respec-tivo ano.

Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimo-nial e negocial.

§ 1º A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto.

§ 2º A curatela constitui medida extraordi-nária, devendo constar da sentença as ra-zões e motivações de sua definição, preser-vados os interesses do curatelado.

§ 3º No caso de pessoa em situação de ins-titucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou co-munitária com o curatelado.

Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não será exigida a situação de curatela da pes-soa com deficiência.

Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim de proteger os interesses da pessoa com de-ficiência em situação de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o Ministério Público, de oficio ou a requerimento do interessado, nomear, desde logo, curador provisório, o qual estará sujeito, no que couber, às disposições do Código de Pro-cesso Civil.

TÍTULO II

Dos Crimes e das Infrações Administrativas

Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a vítima encontrar-se sob cuidado e res-ponsabilidade do agente.

§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no ca-put deste artigo é cometido por intermédio

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de meios de comunicação social ou de pu-blicação de qualquer natureza:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Pú-blico ou a pedido deste, ainda antes do in-quérito policial, sob pena de desobediência:

I – recolhimento ou busca e apreensão dos exemplares do material discriminatório;

II – interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na internet.

§ 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, cons-titui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do ma-terial apreendido.

Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, pro-ventos, pensão, benefícios, remuneração ou qualquer outro rendimento de pessoa com de-ficiência:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se o crime é cometido:

I – por tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; ou

II – por aquele que se apropriou em razão de ofício ou de profissão.

Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência em hospitais, casas de saúde, entidades de abriga-mento ou congêneres:

Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não prover as necessidades básicas de pessoa com deficiência quando obrigado por lei ou mandado.

Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético, qual-quer meio eletrônico ou documento de pessoa

com deficiência destinados ao recebimento de benefícios, proventos, pensões ou remuneração ou à realização de operações financeiras, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se o crime é cometido por tutor ou curador.

TÍTULO III

Disposições Finais e Transitórias

Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclusão), registro público eletrônico com a finalidade de coletar, processar, sistematizar e disseminar in-formações georreferenciadas que permitam a identificação e a caracterização socioeconômica da pessoa com deficiência, bem como das bar-reiras que impedem a realização de seus direi-tos.

§ 1º O Cadastro-Inclusão será administrado pelo Poder Executivo federal e constituído por base de dados, instrumentos, procedi-mentos e sistemas eletrônicos.

§ 2º Os dados constituintes do Cadastro--Inclusão serão obtidos pela integração dos sistemas de informação e da base de dados de todas as políticas públicas relacionadas aos direitos da pessoa com deficiência, bem como por informações coletadas, inclusive em censos nacionais e nas demais pesqui-sas realizadas no País, de acordo com os pa-râmetros estabelecidos pela Convenção so-bre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo.

§ 3º Para coleta, transmissão e sistematiza-ção de dados, é facultada a celebração de convênios, acordos, termos de parceria ou contratos com instituições públicas e pri-

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vadas, observados os requisitos e procedi-mentos previstos em legislação específica.

§ 4º Para assegurar a confidencialidade, a privacidade e as liberdades fundamentais da pessoa com deficiência e os princípios éticos que regem a utilização de informa-ções, devem ser observadas as salvaguar-das estabelecidas em lei.

§ 5º Os dados do Cadastro-Inclusão somen-te poderão ser utilizados para as seguintes finalidades:

I – formulação, gestão, monitoramento e avaliação das políticas públicas para a pes-soa com deficiência e para identificar as barreiras que impedem a realização de seus direitos;

II – realização de estudos e pesquisas.

§ 6º As informações a que se refere este ar-tigo devem ser disseminadas em formatos acessíveis.

Art. 93. Na realização de inspeções e de audito-rias pelos órgãos de controle interno e externo, deve ser observado o cumprimento da legisla-ção relativa à pessoa com deficiência e das nor-mas de acessibilidade vigentes.

Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos ter-mos da lei, a pessoa com deficiência moderada ou grave que:

I – receba o benefício de prestação continu-ada previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e que passe a exer-cer atividade remunerada que a enquadre como segurado obrigatório do RGPS;

II – tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos, o benefício de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e que exerça atividade remunerada que a enquadre como segura-do obrigatório do RGPS.

Art. 95. É vedado exigir o comparecimento de pessoa com deficiência perante os órgãos pú-blicos quando seu deslocamento, em razão de

sua limitação funcional e de condições de aces-sibilidade, imponha-lhe ônus desproporcional e indevido, hipótese na qual serão observados os seguintes procedimentos:

I – quando for de interesse do poder públi-co, o agente promoverá o contato necessá-rio com a pessoa com deficiência em sua residência;

II – quando for de interesse da pessoa com deficiência, ela apresentará solicitação de atendimento domiciliar ou fará representar--se por procurador constituído para essa fi-nalidade.

Parágrafo único. É assegurado à pessoa com deficiência atendimento domiciliar pela perícia médica e social do Instituto Na-cional do Seguro Social (INSS), pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, contratado ou conveniado, que inte-gre o SUS e pelas entidades da rede socioas-sistencial integrantes do Suas, quando seu deslocamento, em razão de sua limitação funcional e de condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus desproporcional e inde-vido.

Art. 96. O § 6º-A do art. 135 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral), passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 135. .....................................................................................................................................................................................

§ 6º-A. Os Tribunais Regionais Eleitorais de-verão, a cada eleição, expedir instruções aos Juízes Eleitorais para orientá-los na escolha dos locais de votação, de maneira a garantir acessibilidade para o eleitor com deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusive em seu entorno e nos sistemas de transporte que lhe dão acesso.

......................................................................

........................." (NR)

Art. 97. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º

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de maio de 1943, passa a vigorar com as seguin-tes alterações:

"Art. 428. ...................................................................................................................................................................................

§ 6º Para os fins do contrato de aprendi-zagem, a comprovação da escolaridade de aprendiz com deficiência deve considerar, sobretudo, as habilidades e competências relacionadas com a profissionalização.

......................................................................

....................................

§ 8º Para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) anos ou mais, a validade do con-trato de aprendizagem pressupõe anotação na CTPS e matrícula e frequência em pro-grama de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em for-mação técnico-profissional metódica." (NR)

"Art. 433. ...................................................................................................................................................................................

I – desempenho insuficiente ou inadapta-ção do aprendiz, salvo para o aprendiz com deficiência quando desprovido de recursos de acessibilidade, de tecnologias assistivas e de apoio necessário ao desempenho de suas atividades;

......................................................................

........................." (NR)

Art. 98. A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, passa a vigorar com as seguintes altera-ções:

"Art. 3º As medidas judiciais destinadas à pro-teção de interesses coletivos, difusos, individu-ais homogêneos e individuais indisponíveis da pessoa com deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela Defensoria Públi-ca, pela União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo Distrito Federal, por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, por autarquia, por empresa pública e por funda-ção ou sociedade de economia mista que inclua,

entre suas finalidades institucionais, a proteção dos interesses e a promoção de direitos da pes-soa com deficiência.

......................................................................

........................." (NR)

"Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa:

I – recusar, cobrar valores adicionais, sus-pender, procrastinar, cancelar ou fazer ces-sar inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, públi-co ou privado, em razão de sua deficiência;

II – obstar inscrição em concurso público ou acesso de alguém a qualquer cargo ou em-prego público, em razão de sua deficiência;

III – negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à pessoa em razão de sua defici-ência;

IV – recusar, retardar ou dificultar interna-ção ou deixar de prestar assistência médico--hospitalar e ambulatorial à pessoa com de-ficiência;

V – deixar de cumprir, retardar ou frustrar execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei;

VI – recusar, retardar ou omitir dados téc-nicos indispensáveis à propositura da ação civil pública objeto desta Lei, quando requi-sitados.

§ 1º Se o crime for praticado contra pes-soa com deficiência menor de 18 (dezoito) anos, a pena é agravada em 1/3 (um terço).

§ 2º A pena pela adoção deliberada de cri-térios subjetivos para indeferimento de ins-crição, de aprovação e de cumprimento de estágio probatório em concursos públicos não exclui a responsabilidade patrimonial pessoal do administrador público pelos da-nos causados.

§ 3º Incorre nas mesmas penas quem impe-de ou dificulta o ingresso de pessoa com de-ficiência em planos privados de assistência

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à saúde, inclusive com cobrança de valores diferenciados.

§ 4º Se o crime for praticado em atendi-mento de urgência e emergência, a pena é agravada em 1/3 (um terço)." (NR)

Art. 99. O art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XVIII:

"Art. 20. .......................................................................................................................................................................................

XVIII – quando o trabalhador com deficiên-cia, por prescrição, necessite adquirir órte-se ou prótese para promoção de acessibili-dade e de inclusão social.

......................................................................

........................." (NR)

Art. 100. A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), passa a vigorar com as seguintes alterações:

"Art. 6º .........................................................................................................................................................................................

Parágrafo único. A informação de que tra-ta o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observa-do o disposto em regulamento." (NR)

"Art. 43. .......................................................................................................................................................................................

§ 6º Todas as informações de que trata o caput deste artigo devem ser disponibilizadas em for-matos acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumi-dor." (NR)

Art. 101. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações:

"Art. 16. ...................................................................................

I – o cônjuge, a companheira, o companhei-ro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectu-al ou mental ou deficiência grave;

......................................................................

....................................

III – o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectu-al ou mental ou deficiência grave;

......................................................................

........................." (NR)

"Art. 77. .....................................................................................................................................................................................

§ 2º ...............................................................................................................................................................................................

II – para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela eman-cipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência intelectual ou mental ou defici-ência grave;

......................................................................

.....................................

§ 4º ( VETADO).

......................................................................

........................." (NR)

"Art. 93. (VETADO):

I – (VETADO);

II – (VETADO);

III – (VETADO);

IV – (VETADO);

V – (VETADO).

§ 1º A dispensa de pessoa com deficiência ou de beneficiário reabilitado da Previdên-cia Social ao final de contrato por prazo de-

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terminado de mais de 90 (noventa) dias e a dispensa imotivada em contrato por prazo indeterminado somente poderão ocorrer após a contratação de outro trabalhador com deficiência ou beneficiário reabilitado da Previdência Social.

§ 2º Ao Ministério do Trabalho e Emprego incumbe estabelecer a sistemática de fisca-lização, bem como gerar dados e estatísticas sobre o total de empregados e as vagas pre-enchidas por pessoas com deficiência e por beneficiários reabilitados da Previdência Social, fornecendo-os, quando solicitados, aos sindicatos, às entidades representativas dos empregados ou aos cidadãos interessa-dos.

§ 3º Para a reserva de cargos será considera-da somente a contratação direta de pessoa com deficiência, excluído o aprendiz com deficiência de que trata a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decre-to-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.

§ 4º (VETADO)." (NR)

"Art. 110-A. No ato de requerimento de benefí-cios operacionalizados pelo INSS, não será exigi-da apresentação de termo de curatela de titular ou de beneficiário com deficiência, observados os procedimentos a serem estabelecidos em re-gulamento."

Art. 102. O art. 2º da Lei nº 8.313, de 23 de de-zembro de 1991, passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º:

"Art. 2º .........................................................................................................................................................................................

§ 3º Os incentivos criados por esta Lei so-mente serão concedidos a projetos culturais que forem disponibilizados, sempre que tecnicamente possível, também em forma-to acessível à pessoa com deficiência, ob-servado o disposto em regulamento." (NR)

Art. 103. O art. 11 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IX:

"Art. 11. ........................................................................................................................................................................................

IX – deixar de cumprir a exigência de requi-sitos de acessibilidade previstos na legisla-ção." (NR)

Art. 104. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, passa a vigorar com as seguintes alterações:

"Art. 3º ........................................................................................................................................................................................

§ 2º ...............................................................................................................................................................................................

V – produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdên-cia Social e que atendam às regras de aces-sibilidade previstas na legislação.

......................................................................

.....................................

§ 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida margem de preferência para:

I – produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras; e

II – bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimen-to de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam às re-gras de acessibilidade previstas na legisla-ção.

......................................................................

........................." (NR)

"Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § 2º e no inciso II do § 5º do art. 3º desta

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Lei deverão cumprir, durante todo o período de execução do contrato, a reserva de cargos pre-vista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social, bem como as regras de acessibilidade previstas na legislação.

Parágrafo único. Cabe à administração fis-calizar o cumprimento dos requisitos de acessibilidade nos serviços e nos ambientes de trabalho."

Art. 105. O art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de de-zembro de 1993, passa a vigorar com as seguin-tes alterações:

"Art. 20. .......................................................................................................................................................................................

§ 2º Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se pes-soa com deficiência aquela que tem impe-dimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

......................................................................

....................................

§ 9º Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e de aprendizagem não se-rão computados para os fins de cálculo da renda familiar per capita a que se refere o § 3º deste artigo.

......................................................................

.....................................

§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão ser utili-zados outros elementos probatórios da con-dição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, conforme regulamento." (NR)

Art. 106. (VETADO).

Art. 107. A Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, passa a vigorar com as seguintes alterações:

"Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal." (NR)

"Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2º desta Lei e nos dispositivos legais que tipificam os crimes resultantes de preconceito de etnia, raça, cor ou deficiência, as infrações ao dispos-to nesta Lei são passíveis das seguintes comina-ções:

......................................................................

........................." (NR)

"Art. 4º .....................................................................................

I – a reintegração com ressarcimento in-tegral de todo o período de afastamento, mediante pagamento das remunerações devidas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros legais;

......................................................................

........................." (NR)

Art. 108. O art. 35 da Lei nº 9.250, de 26 de de-zembro de 1995, passa a vigorar acrescido do seguinte § 5º:

"Art. 35. ....................................................................................................................................................................................

§ 5º Sem prejuízo do disposto no inciso IX do parágrafo único do art. 3º da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, a pes-soa com deficiência, ou o contribuinte que tenha dependente nessa condição, tem pre-ferência na restituição referida no inciso III do art. 4º e na alínea "c" do inciso II do art. 8º." (NR)

Art. 109. A Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), passa a vi-gorar com as seguintes alterações:

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"Art. 2º .....................................................................................

Parágrafo único. Para os efeitos deste Có-digo, são consideradas vias terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabe-lecimentos privados de uso coletivo." (NR)

"Art. 86-A. As vagas de estacionamento regula-mentado de que trata o inciso XVII do art. 181 desta Lei deverão ser sinalizadas com as respec-tivas placas indicativas de destinação e com pla-cas informando os dados sobre a infração por estacionamento indevido."

"Art. 147-A. Ao candidato com deficiência au-ditiva é assegurada acessibilidade de comunica-ção, mediante emprego de tecnologias assisti-vas ou de ajudas técnicas em todas as etapas do processo de habilitação.

§ 1º O material didático audiovisual utiliza-do em aulas teóricas dos cursos que prece-dem os exames previstos no art. 147 desta Lei deve ser acessível, por meio de subtitu-lação com legenda oculta associada à tradu-ção simultânea em Libras.

§ 2º É assegurado também ao candidato com deficiência auditiva requerer, no ato de sua inscrição, os serviços de intérprete da Libras, para acompanhamento em aulas práticas e teóricas."

"Art. 154. (VETADO)."

"Art. 181. ...................................................................................................................................................................................

XVII – ......................................................................................

Infração – grave;

......................................................................

........................." (NR)

Art. 110. O inciso VI e o § 1º do art. 56 da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, passam a vigo-rar com a seguinte redação:

"Art. 56. .......................................................................................................................................................................................

VI – 2,7% (dois inteiros e sete décimos por cento) da arrecadação bruta dos concursos de prognósticos e loterias federais e simi-lares cuja realização estiver sujeita a auto-rização federal, deduzindo-se esse valor do montante destinado aos prêmios;

......................................................................

....................................

§ 1º Do total de recursos financeiros resul-tantes do percentual de que trata o inciso VI do caput, 62,96% (sessenta e dois intei-ros e noventa e seis centésimos por cento) serão destinados ao Comitê Olímpico Brasi-leiro (COB) e 37,04% (trinta e sete inteiros e quatro centésimos por cento) ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), devendo ser observado, em ambos os casos, o conjunto de normas aplicáveis à celebração de con-vênios pela União.

......................................................................

........................." (NR)

Art. 111. O art. 1º da Lei nº 10.048, de 8 de no-vembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 1º As pessoas com deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes, as pessoas com crianças de colo e os obesos terão atendimento prioritário, nos termos desta Lei." (NR)

Art. 112. A Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, passa a vigorar com as seguintes altera-ções:

"Art. 2º .....................................................................................

I – acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e

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autonomia, de espaços, mobiliários, equi-pamentos urbanos, edificações, transpor-tes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao pú-blico, de uso público ou privados de uso co-letivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobili-dade reduzida;

II – barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de mo-vimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à cir-culação com segurança, entre outros, classi-ficadas em:

a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados aber-tos ao público ou de uso coletivo;

b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;

c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes;

d) barreiras nas comunicações e na infor-mação: qualquer entrave, obstáculo, atitu-de ou comportamento que dificulte ou im-possibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermé-dio de sistemas de comunicação e de tecno-logia da informação;

III – pessoa com deficiência: aquela que tem impedimento de longo prazo de natu-reza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais bar-reiras, pode obstruir sua participação ple-na e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas;

IV – pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer motivo, di-ficuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordena-

ção motora ou da percepção, incluindo ido-so, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso;

V – acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com deficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente pes-soal;

VI – elemento de urbanização: quaisquer componentes de obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamento para esgotos, distribuição de energia elétrica e de gás, iluminação pública, serviços de comunica-ção, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indica-ções do planejamento urbanístico;

VII – mobiliário urbano: conjunto de obje-tos existentes nas vias e nos espaços públi-cos, superpostos ou adicionados aos ele-mentos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado não provoque alterações substanciais nes-ses elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, terminais e pon-tos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga;

VIII – tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, re-cursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcio-nalidade, relacionada à atividade e à parti-cipação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autono-mia, independência, qualidade de vida e in-clusão social;

IX – comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de co-municação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a lin-guagem simples, escrita e oral, os sistemas

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auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunica-ções;

X – desenho universal: concepção de pro-dutos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto es-pecífico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva." (NR)

"Art. 3º O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos parques e dos demais espaços de uso público deverão ser concebidos e execu-tados de forma a torná-los acessíveis para todas as pessoas, inclusive para aquelas com deficiên-cia ou com mobilidade reduzida.

Parágrafo único. O passeio público, ele-mento obrigatório de urbanização e parte da via pública, normalmente segregado e em nível diferente, destina-se somente à circulação de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano e de ve-getação." (NR)

"Art. 9º .....................................................................................

Parágrafo único. Os semáforos para pedes-tres instalados em vias públicas de grande circulação, ou que deem acesso aos servi-ços de reabilitação, devem obrigatoriamen-te estar equipados com mecanismo que emita sinal sonoro suave para orientação do pedestre." (NR)

"Art. 10-A. A instalação de qualquer mobiliário urbano em área de circulação comum para pe-destre que ofereça risco de acidente à pessoa com deficiência deverá ser indicada median-te sinalização tátil de alerta no piso, de acordo com as normas técnicas pertinentes."

"Art. 12-A. Os centros comerciais e os estabe-lecimentos congêneres devem fornecer carros e cadeiras de rodas, motorizados ou não, para o atendimento da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida."

Art. 113. A Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto da Cidade), passa a vigorar com as se-guintes alterações:

"Art. 3º .........................................................................................................................................................................................

III – promover, por iniciativa própria e em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, programas de construção de moradias e melhoria das condições habi-tacionais, de saneamento básico, das calça-das, dos passeios públicos, do mobiliário ur-bano e dos demais espaços de uso público;

IV – instituir diretrizes para desenvolvimen-to urbano, inclusive habitação, saneamen-to básico, transporte e mobilidade urbana, que incluam regras de acessibilidade aos lo-cais de uso público;

......................................................................

........................." (NR)

"Art. 41. .........................................................................................................................................................................................

§ 3º As cidades de que trata o caput deste artigo devem elaborar plano de rotas aces-síveis, compatível com o plano diretor no qual está inserido, que disponha sobre os passeios públicos a serem implantados ou reformados pelo poder público, com vis-tas a garantir acessibilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida a todas as rotas e vias existentes, inclusi-ve as que concentrem os focos geradores de maior circulação de pedestres, como os órgãos públicos e os locais de prestação de serviços públicos e privados de saúde, edu-cação, assistência social, esporte, cultura, correios e telégrafos, bancos, entre outros, sempre que possível de maneira integrada com os sistemas de transporte coletivo de passageiros." (NR)

Art. 114. A Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar com as se-guintes alterações:

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"Art. 3º São absolutamente incapazes de exer-cer pessoalmente os atos da vida civil os meno-res de 16 (dezesseis) anos.

I – (Revogado);

II – (Revogado);

III – (Revogado)." (NR)

"Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:

......................................................................

.....................................

II – os ébrios habituais e os viciados em tó-xico;

III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;

......................................................................

....................................

Parágrafo único. A capacidade dos indíge-nas será regulada por legislação especial." (NR)

"Art. 228. ...................................................................................................................................................................................

II – (Revogado);

III – (Revogado);

......................................................................

...............................

§ 1º ...........................................................................................

§ 2º A pessoa com deficiência poderá tes-temunhar em igualdade de condições com as demais pessoas, sendo-lhe assegurados todos os recursos de tecnologia assistiva." (NR)

"Art. 1.518 Até a celebração do casamento po-dem os pais ou tutores revogar a autorização." (NR)

"Art. 1.548 ..............................................................................

I – (Revogado);

......................................................................

........................." (NR)

"Art. 1.550 ..............................................................................

......................................................................

.............................

§ 1º ...........................................................................................

§ 2º A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade dire-tamente ou por meio de seu responsável ou curador." (NR)

"Art. 1.557 ..................................................................................................................................................................................

III – a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não ca-racterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro côn-juge ou de sua descendência;

IV – (Revogado)." (NR)

"Art. 1.767 ..............................................................................

I – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;

II – (Revogado);

III – os ébrios habituais e os viciados em tó-xico;

IV – (Revogado);

......................................................................

........................." (NR)

"Art. 1.768 O processo que define os termos da curatela deve ser promovido:

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......................................................................

....................................

IV – pela própria pessoa." (NR)

"Art. 1.769 O Ministério Público somente pro-moverá o processo que define os termos da curatela:

I – nos casos de deficiência mental ou inte-lectual;

......................................................................

....................................

III – se, existindo, forem menores ou inca-pazes as pessoas mencionadas no inciso II." (NR)

"Art. 1.771 Antes de se pronunciar acerca dos termos da curatela, o juiz, que deverá ser as-sistido por equipe multidisciplinar, entrevistará pessoalmente o interditando." (NR)

"Art. 1.772 O juiz determinará, segundo as po-tencialidades da pessoa, os limites da curatela, circunscritos às restrições constantes do art. 1.782, e indicará curador.

Parágrafo único. Para a escolha do curador, o juiz levará em conta a vontade e as prefe-rências do interditando, a ausência de con-flito de interesses e de influência indevida, a proporcionalidade e a adequação às cir-cunstâncias da pessoa." (NR)

"Art. 1.775-A Na nomeação de curador para a pessoa com deficiência, o juiz poderá estabele-cer curatela compartilhada a mais de uma pes-soa."

"Art. 1.777 As pessoas referidas no inciso I do art. 1.767 receberão todo o apoio necessário para ter preservado o direito à convivência fa-miliar e comunitária, sendo evitado o seu re-colhimento em estabelecimento que os afaste desse convívio." (NR)

Art. 115. O Título IV do Livro IV da Parte Espe-cial da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar com a seguinte re-dação:

"TÍTULO IV

Da Tutela, da Curatela e da Tomada de Decisão Apoiada"

Art. 116. O Título IV do Livro IV da Parte Especial da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Có-digo Civil), passa a vigorar acrescido do seguinte Capítulo III:

"CAPÍTULO IIIDa Tomada de Decisão Apoiada

Art. 1.783-A A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência ele-ge pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade.

§ 1º Para formular pedido de tomada de de-cisão apoiada, a pessoa com deficiência e os apoiadores devem apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser ofe-recido e os compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência do acordo e o respeito a vontade, aos direitos e aos inte-resses da pessoa que devem apoiar.

§ 2º O pedido de tomada de decisão apoia-da será requerido pela pessoa a ser apoia-da, com indicação expressa das pessoas ap-tas a prestarem o apoio previsto no caput deste artigo.

§ 3º Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assis-tido por equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio.

§ 4º A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que esteja inserida nos li-mites do apoio acordado.

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§ 5º Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode solicitar que os apoiadores contra-assinem o contra-to ou acordo, especificando, por escrito, sua função em relação ao apoiado.

§ 6º Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante, haven-do divergência de opiniões entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir sobre a questão.

§ 7º Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não adimplir as obrigações assumidas, poderá a pessoa apoiada ou qualquer pessoa apresentar de-núncia ao Ministério Público ou ao juiz.

§ 8º Se procedente a denúncia, o juiz desti-tuirá o apoiador e nomeará, ouvida a pes-soa apoiada e se for de seu interesse, outra pessoa para prestação de apoio.

§ 9º A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de acordo fir-mado em processo de tomada de decisão apoiada.

§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a ex-clusão de sua participação do processo de tomada de decisão apoiada, sendo seu des-ligamento condicionado a manifestação do juiz sobre a matéria.

§ 11. Aplicam-se a tomada de decisão apoiada, no que couber, as disposições re-ferentes a prestação de contas na curatela."

Art. 117. O art. 1º da Lei nº 11.126, de 27 de junho de 2005, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 1º É assegurado a pessoa com deficiência visual acompanhada de cão-guia o direito de ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em estabeleci-mentos abertos ao público, de uso público e pri-vados de uso coletivo, desde que observadas as condições impostas por esta Lei.

......................................................................

.....................................

§ 2º O disposto no caput deste artigo aplica--se a todas as modalidades e jurisdições do serviço de transporte coletivo de passagei-ros, inclusive em esfera internacional com origem no território brasileiro." (NR)

Art. 118. O inciso IV do art. 46 da Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, passa a vigorar acres-cido da seguinte alínea "k":

"Art. 46. .......................................................................................................................................................................................

IV – .............................................................................................................................................................................................

k) de acessibilidade a todas as pessoas.

......................................................................

......................... " (NR)

Art. 119. A Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 12-B:

"Art. 12-B. Na outorga de exploração de serviço de táxi, reservar-se-ão 10% (dez por cento) das vagas para condutores com deficiência.

§ 1º Para concorrer às vagas reservadas na forma do caput deste artigo, o condutor com deficiência deverá observar os seguin-tes requisitos quanto ao veículo utilizado:

I – ser de sua propriedade e por ele condu-zido; e

II – estar adaptado às suas necessidades, nos termos da legislação vigente.

§ 2º No caso de não preenchimento das va-gas na forma estabelecida no caput deste artigo, as remanescentes devem ser dispo-nibilizadas para os demais concorrentes."

Art. 120. Cabe aos órgãos competentes, em cada esfera de governo, a elaboração de rela-tórios circunstanciados sobre o cumprimento

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dos prazos estabelecidos por força das Leis nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, e nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, bem como o seu encaminhamento ao Ministério Público e aos órgãos de regulação para adoção das providên-cias cabíveis.

Parágrafo único. Os relatórios a que se refe-re o caput deste artigo deverão ser apresen-tados no prazo de 1 (um) ano a contar da entrada em vigor desta Lei.

Art. 121. Os direitos, os prazos e as obrigações previstos nesta Lei não excluem os já estabeleci-dos em outras legislações, inclusive em pactos, tratados, convenções e declarações internacio-nais aprovados e promulgados pelo Congresso Nacional, e devem ser aplicados em conformi-dade com as demais normas internas e acordos internacionais vinculantes sobre a matéria.

Parágrafo único. Prevalecerá a norma mais benéfica à pessoa com deficiência.

Art. 122. Regulamento disporá sobre a ade-quação do disposto nesta Lei ao tratamento di-ferenciado, simplificado e favorecido a ser dis-pensado às microempresas e às empresas de pequeno porte, previsto no § 3º do art. 1º da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

Art. 123. Revogam-se os seguintes dispositivos:

I – o inciso II do § 2º do art. 1º da Lei nº 9.008, de 21 de março de 1995;

II – os incisos I, II e III do art. 3º da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);

III – os incisos II e III do art. 228 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);

IV – o inciso I do art. 1.548 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);

V – o inciso IV do art. 1.557 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);

VI – os incisos II e IV do art. 1.767 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Ci-vil);

VII – os arts. 1.776 e 1.780 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).

Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei deverá en-trar em vigor em até 2 (dois) anos, contados da entrada em vigor desta Lei.

Art. 125. Devem ser observados os prazos a se-guir discriminados, a partir da entrada em vigor desta Lei, para o cumprimento dos seguintes dispositivos:

I – incisos I e II do § 2º do art. 28, 48 (qua-renta e oito) meses;

II – § 6º do art. 44, 48 (quarenta e oito) me-ses;

III – art. 45, 24 (vinte e quatro) meses;

IV – art. 49, 48 (quarenta e oito) meses.

Art. 126. Prorroga-se até 31 de dezembro de 2021 a vigência da Lei nº 8.989, de 24 de feve-reiro de 1995.

Art. 127. Esta Lei entra em vigor após decorri-dos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial.

Brasília, 6 de julho de 2015; 194º da Indepen-dência e 127º da República.