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DIREITOS HUMANOS EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS HUMANOS: - Drittwirkung (direito alemão) - A eficácia horizontal é a aplicação do direito nas relações privadas. Os direitos humanos são oponíveis às pessoas nas suas relações privadas. - Eficácia vertical dos direitos humanos ocorre com relação à atuação das relações entre o Estado. - Os particulares nas suas relações privadas não podem violar os direitos dos outros, ainda que essas pessoas aquiesçam com essa violação. Os direitos humanos são irrenunciáveis. Nas nossas relações privadas somos regidos pela nossa autonomia privada. - Leading case: Caso Lutti e no Brasil RE 201.289: uma entidade associativa formada por músicos recebia verba do Ecad e repassava para os associados por via da entidade. Em um determinado momento, alguém propôs a exclusão de um sócio durante uma reunião da assembleia. Após votação o sócio foi excluído. Não poderiam ter excluído o sócio sem o devido contraditório e ampla defesa. Ellen Gracie disse que não caberia ao Estado- juiz interferir nessa questão da vida interna. Gilmar Mendes disse que esse seria um caso de liberdade horizontal, porque a pessoa excluída teria prejuízo financeiro. Ele ainda disse que o sócio poderia ser excluído, mas deveria ter sido observado o devido processo legal com respeito ao contraditório e ampla defesa. O contraditório e a ampla defesa se aplica às relações privadas. LIMITAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS: - Teoria do limite dos limites ou do limite das limitações: - Os direitos humanos não são absolutos, eles comportam relativizações. A ONU por exemplo, estabelece que nada justifica a tortura. A proibição de tortura tem caráter absoluto. Mas de uma maneira geral, os direitos comportam limitações. Até mesmo próprio direito da vida comporta limitação, em legítima defesa, pode tirar a vida do outro. - Mas a faculdade que se confere à alguns de limitar o exercício de direito, por sua vez é limitada. Podemos às vezes impor limites aos direitos porque é preciso adequar o direito à outros valores da ordem jurídica, por vezes, com outros direitos. - O poder de polícia é impor limites ao exercício de direitos. Mas o próprio judiciário também pode impor limites quando ele analisar conflitos em casos concretos. - Os limites são limitados. A faculdade de impor limites é limitada. Os limites à essa faculdade muitas vezes estão expressos no texto constitucional. Outras vezes estão implícitos e decorrem da necessidade de harmonizar. Exemplo de limite expresso: artigo 5°, XII da CF – é possível impor limites ao direito de privacidade. O legislador disciplinou o instituto da interceptação telefônica. Exemplo de limitação implícita: proporcionalidade. A limitação dos direitos deve ser razoável e proporcional. Deve estar na justa medida, não pode ser excessiva, ela não possui amparo na ordem jurídica. - Vetores que regem o sistema da proporcionalidade: adequação, necessidade de proibição de exceções e proporcionalidade em sentido estrito. A medida é adequada quando alcança a finalidade pretendida (exemplo: visando diminuir os acidentes no trânsito no Brasil, muitas vezes causados pela ingestão de bebida alcoólica, as autoridades fizeram a famosa lei seca.). A necessidade também é conhecida como exigência do meio menos lesivo ao direito fundamental (exemplo: determinado empresário está poluindo o meio ambiente. O poder público determinou o fechamento dessa indústria. Não existiria um meio menos lesivo do que o fechamento?). O que se ganha com a intervenção sobre o direito se justifica pelo que vai se perder com a restrição de outro valor? INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS: - Teve início com a II Guerra Mundial, com o surgimento da OIT e Cruz Vermelha. Depois se concretizou com a criação da ONU e do Tribunal Penal Internacional. - Declaração internacional dos direitos humanos : - Ela é de 1948. A ONU foi fundada em 1945 e tinha como um de seus propósitos promover a defesa dos direitos humanos. - Gerações de direitos: 1) Direitos civis e políticos 2) Direitos sociais, econômicos e culturais 3) Direitos difusos da humanidade - A DUDH não contemplou os direito difusos da humanidade. - Após a II Guerra Mundial é que começa a tomar corpo a ideia dos direitos difusos da humanidade. - As liberdades civis exigem do Estado a não intervenção. - No plano do direito internacional existe uma diferença entre tratado e resolução. O tratado obriga, a resolução não. Ela é uma mera carta de princípios e diretrizes. A DUDH é um tratado ou uma resolução da ONU? A DUDH não foi aprovada sob a forma de tratado, mas sim sob a forma de resolução. Essa resolução tem valor jurídico, é obrigatória, tem força

Direitos Humanos - Valerio Mazzuoli

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DIREITOS HUMANOS

EFICCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS HUMANOS:

- Drittwirkung (direito alemo)- A eficcia horizontal a aplicao do direito nas relaes privadas. Os direitos humanos so oponveis s pessoas nas suas relaes privadas.- Eficcia vertical dos direitos humanos ocorre com relao atuao das relaes entre o Estado. - Os particulares nas suas relaes privadas no podem violar os direitos dos outros, ainda que essas pessoas aquiesam com essa violao. Os direitos humanos so irrenunciveis. Nas nossas relaes privadas somos regidos pela nossa autonomia privada.- Leading case: Caso Lutti e no Brasil RE 201.289: uma entidade associativa formada por msicos recebia verba do Ecad e repassava para os associados por via da entidade. Em um determinado momento, algum props a excluso de um scio durante uma reunio da assembleia. Aps votao o scio foi excludo. No poderiam ter excludo o scio sem o devido contraditrio e ampla defesa. Ellen Gracie disse que no caberia ao Estado-juiz interferir nessa questo da vida interna. Gilmar Mendes disse que esse seria um caso de liberdade horizontal, porque a pessoa excluda teria prejuzo financeiro. Ele ainda disse que o scio poderia ser excludo, mas deveria ter sido observado o devido processo legal com respeito ao contraditrio e ampla defesa. O contraditrio e a ampla defesa se aplica s relaes privadas.

LIMITAO DE DIREITOS HUMANOS:

- Teoria do limite dos limites ou do limite das limitaes:- Os direitos humanos no so absolutos, eles comportam relativizaes. A ONU por exemplo, estabelece que nada justifica a tortura. A proibio de tortura tem carter absoluto. Mas de uma maneira geral, os direitos comportam limitaes. At mesmo prprio direito da vida comporta limitao, em legtima defesa, pode tirar a vida do outro.- Mas a faculdade que se confere alguns de limitar o exerccio de direito, por sua vez limitada. Podemos s vezes impor limites aos direitos porque preciso adequar o direito outros valores da ordem jurdica, por vezes, com outros direitos. - O poder de polcia impor limites ao exerccio de direitos. Mas o prprio judicirio tambm pode impor limites quando ele analisar conflitos em casos concretos. - Os limites so limitados. A faculdade de impor limites limitada. Os limites essa faculdade muitas vezes esto expressos no texto constitucional. Outras vezes esto implcitos e decorrem da necessidade de harmonizar. Exemplo de limite expresso: artigo 5, XII da CF possvel impor limites ao direito de privacidade. O legislador disciplinou o instituto da interceptao telefnica. Exemplo de limitao implcita: proporcionalidade. A limitao dos direitos deve ser razovel e proporcional. Deve estar na justa medida, no pode ser excessiva, ela no possui amparo na ordem jurdica. - Vetores que regem o sistema da proporcionalidade: adequao, necessidade de proibio de excees e proporcionalidade em sentido estrito. A medida adequada quando alcana a finalidade pretendida (exemplo: visando diminuir os acidentes no trnsito no Brasil, muitas vezes causados pela ingesto de bebida alcolica, as autoridades fizeram a famosa lei seca.). A necessidade tambm conhecida como exigncia do meio menos lesivo ao direito fundamental (exemplo: determinado empresrio est poluindo o meio ambiente. O poder pblico determinou o fechamento dessa indstria. No existiria um meio menos lesivo do que o fechamento?). O que se ganha com a interveno sobre o direito se justifica pelo que vai se perder com a restrio de outro valor?

INTERNACIONALIZAO DOS DIREITOS HUMANOS:- Teve incio com a II Guerra Mundial, com o surgimento da OIT e Cruz Vermelha. Depois se concretizou com a criao da ONU e do Tribunal Penal Internacional.

- Declarao internacional dos direitos humanos:- Ela de 1948. A ONU foi fundada em 1945 e tinha como um de seus propsitos promover a defesa dos direitos humanos. - Geraes de direitos:1) Direitos civis e polticos2) Direitos sociais, econmicos e culturais3) Direitos difusos da humanidade

- A DUDH no contemplou os direito difusos da humanidade. - Aps a II Guerra Mundial que comea a tomar corpo a ideia dos direitos difusos da humanidade. - As liberdades civis exigem do Estado a no interveno. - No plano do direito internacional existe uma diferena entre tratado e resoluo. O tratado obriga, a resoluo no. Ela uma mera carta de princpios e diretrizes. A DUDH um tratado ou uma resoluo da ONU? A DUDH no foi aprovada sob a forma de tratado, mas sim sob a forma de resoluo. Essa resoluo tem valor jurdico, obrigatria, tem fora vinculante? Do ponto de vista formal a resoluo no obrigatria, porque ela no um tratado, mas sim uma mera resoluo. Ela juridicamente recomendativa, diretiva. A doutrina afirma que a DUDH obrigatria. Ela no to somente uma diretriz. - A DUDH de 1948 e os Pactos que tratam dos Direitos Humanos so de 1966. E a demora pelos tratados foi devido discusso dos direitos sociais.- Os pactos se limitaram a reproduzir os direitos que estavam na declarao universal ou trouxeram previso de direitos novos? Os dois pactos de 1966 ampliaram os direitos consagrados na DUDH. Os direitos civis e polticos seriam auto aplicveis e os direitos sociais e econmicos seriam efetivados de forma progressiva. - O pacto internacional dos direitos civis e polticos tem aplicao imediata, ele exigvel. - O pacto dos direitos sociais, econmicos e polticos tem aplicao progressiva.- Constituio Federal, artigo 5, 1 - consagra a aplicao imediata dos direitos fundamentais. Nas convenes internacionais a aplicao imediata est restrita aos direitos civis e polticos. Em matria de direitos humanos a CF extremamente avanada. Ela deu um tratamento inovador. Mas preciso separar o plano terico do plano da realidade. A aplicao imediata dos direitos sociais algo que deve ser compreendido com temperamentos. - Mecanismos fiscalizatrios: as convenes internacionais sobre direitos humanos estabelecem uma srie de obrigaes perante os Estados signatrios. Deve haver um acompanhamento por parte do rgo gesto para saber se os Estados esto cumprindo ao que se obrigaram. Essa fiscalizao funcionada da seguinte forma: existem convenes que s adotam algumas das medidas.a) Relatrios: deve ser encaminhado para o conselho informando o que o pas tem feito para dar efetividade aos direitos.b) Comunicaes interestatais:c) Peties individuais: por esse sistema um grupo tem legitimidade para denunciar. O sistema de peties individuais possuem requisitos de procedibilidade: no pode ser annima; preciso que o mesmo caso no esteja sendo apurado por alguma outra instncia internacional (esse dispositivo visa evitar uma espcie de litispendncia internacional); deve haver o esgotamento das vias internas ( preciso esgotar os recursos, os mecanismos, internos de proteo dos direitos, salvo excees carter complementar ou subsidirio da atuao dos rgos internacionais. O dever primrio de atuar dos rgos internos do Estado. Esgota as vias internas se transcorrer um prazo razovel sem resolver o problema ou se no tiver como resolver na esfera administrativa)- O Comit dos Direitos do Homem o mecanismo fiscalizatrio. Ele possui os relatrios, as comunicaes interestatais e as peties individuais. Mas o sistema de peties individuais no foi previsto na origem, veio atravs de aditivo, atravs de um protocolo facultativo. O pacto dos direitos civis e polticos atualmente contempla os 03 mecanismos fiscalizatrios, mas as peties individuais no foram inseridas no protocolo de 1966. - A proteo dos direitos humanos no se esgotam nos trs documentos mencionados acima.

- Sistema geral convenes gerais: tratam de todo o sistema- Sistema especial: destinatrio da conveno: exemplo conveno da ONU acerca da descriminao contra a mulher, contra portadores de necessidades especiais. - A proteo uma ao afirmativa ou uma descriminao de contedo positivo.

Atuao dos tribunais internacionais:

- Corte internacional de justia: artigo 7.1 e 92 da Carta de Fundao da ONU. um tribunal no penal. Institudo para julgar os Estados, as condutas dos Estados, para saber se os Estados violaram ou no as convenes internacionais. Exemplo: o Brasil foi acionado pela Itlia para discutir o episdio Battisti. - A corte tambm possui competncia consultiva. Ela pode responder a consultas que lhe so formuladas acerca do sistema internacional. - A competncia da corte de natureza facultativa. Os Estados devem declarar que aceitam ser julgados pela corte.

- Tribunal Penal Internacional: foi institudo em 1998, a partir de uma conveno da ONU feita em Roma, na Itlia. um tribunal penal, criminal. uma corte que julga crimes. O papel do Tribunal Penal Internacional julgar crimes. O TPI julga pessoas acusadas da prtica de alguns crimes muito graves.- Quais os crimes abrangidos na competncia do tribunal penal internacional? Crime de genocdio, agresso, de guerra e crimes contra a humanidade (artigo 5 do TPI).- O TPI teve seu estatuto entrando em vigor apenas em 2002. No plo ativo o individuo hoje tem reconhecida a sua capacidade na esfera internacional, embora essa posio no seja unnime. - Complementaridade ou subsidiariedade do TPI: o dever primrio de apurar crimes do prprio Estado. O TPI no veio para substituir os rgos internos. - Jurisidicione ratione temporis: s podem ser submetidos ao TPI os crimes praticados aps a vigncia do Estatuto de Roma. Mas o Estado pode aquiescer a aplicao retroativa. O TPI s se aplica ao Estado a partir do momento que o Estado adere ao TPI. - Conflito entre o direito interno de cada pas e o Estatuto do TPI: o TPI prev priso perpetua e o Brasil no admite. - Os crimes previstos no TPI no prescrevem. - A tendncia demonstrada que os Estados devem permitir a aplicao integral do TPI. Para eles, o Estatuto do TPI seria superior Constituio do Estado. - O Brasil se posiciona da seguinte forma: a EC 45/04 acrescentou no artigo 5 o 4, permitindo ao Brasil aderir ao TPI.

Sistema interamericano de direitos humanos:

1. A OEA (1948):- Organizao dos Estados Americanos criada em 1948 pela Carta de Fundao assinada em Bogot. Est para o sistema americano, assim como a ONU est para o sistema global. - A OEA seria a ONU das Amricas. A OEA busca a efetivao dos Direitos Humanos. - No existe uma hierarquia entre o sistema global e o regional americano. So sistemas independentes.- No relacionamento entre os sistemas, o que prevalece a norma que for mais benfica dignidade humana.

2. Conveno americana sobre direitos humanos (Pacto de San Jos de Costa Rica):

- Foi elaborada em Costa Rica. - Ele se limitou aos direitos civis e polticos. - A enunciao no mbito do pacto se restringiu basicamente aos direitos civis e polticos. - Os direitos sociais econmicos e culturais esto previstos em outro documento, no protocolo de San Salvador.- Dentre os direitos previstos no Pacto de San Jos da Costa Rica, h previso dos direitos de crena religiosa, direito vida, pena de morte e etc. - O Pacto de San Jos da Costa Rica no aboliu a pena de morte. O Pacto de San Jos fez foi proibir que pases que j tenham abolido reestabelecessem. Os EUA adotam a pena de morte em alguns dos seus Estados. No mbito do continente americano os EUA ainda so o pas de maior fora dentro do sistema. Os anos foram passando e surgiu um protocolo facultativo ao pacto de So Jos. Os aditivos so conhecidos como protocolos facultativos. E veio um protocolo facultativo abolindo a pena de morte. Na origem, no estava abolido. Mas o protocolo facultativo, pode eliminar a pena de morte no continente americano. O protocolo facultativo admite a possibilidade dos pases institurem a pena de morte no caso de guerra declarada. - A CF no artigo 5, XLVII, a abole a pena de morte, mas fica excepcionada a pena de morte em caso de guerra declarada. A pena de morte possvel no Brasil em carro de guerra em virtude de agresso estrangeira.

- Clusula federal: para trabalharmos com ela precisamos trazer algumas noes de Estado Federal. Um Estado Federal um estado de estados. No mbito do Estado federal imprescindvel haver uma diviso de competncias. Exemplo: o servio pblico postal no Brasil postado pela Unio. A personalidade federal do Brasil, ele que pessoa internacional. A Unio uma pessoa meramente interna. As obrigaes da Unio so da Unio e ningum interfere. O Brasil se comprometeu internacionalmente nos termos do que est na conveno americana de direitos humanos. Quando as competncias internas so dos Estados e municpios, a Unio no poderia executar? Em sendo adotada a forma federativa de Estado o Brasil vai executar tudo aquilo que no mbito interno for de competncia da Unio. Quanto ao que for de competncia da Unio, o Brasil vai assegurar que eles cumpram com essas obrigaes. O poder central quem d as diretrizes.

- O Pacto de San Jos dotado de aplicao imediata, ele auto aplicvel. Ele vai ser o correspondente do Pacto da ONU dos direitos civis e polticos. Quanto aos mecanismos fiscalizatrios, o Pacto contemplou 03 mecanismos: previso do sistema de relatrios, previso do sistema de comunicao e sistema das peties individuais. - No sistema de San Jos da Costa Rica, o sistema de peties individuais tem natureza obrigatria. Todo e qualquer pais que adere ao pacto de San Jos automaticamente adere ao sistema de peties individuais.

3. Protocolo de San Salvador:

4. Comisso interamericana de direitos humanos:

- Comisso e corte so os dois rgos competentes para conhecer de questes que envolvem o sistema regional americano. A comisso americana um misto de rgo executivo com investigativo. A comisso americana promove os direitos humanos, mas tambm exerce um papel investigativo, ela instaura procedimentos, instaura investigaes e etc. O papel da comisso est na defesa dos direitos humanos e promover a responsabilizao de quem violar os direitos humanos. A corte o tribunal, o rgo jurisdicional do sistema americano. o tribunal que julga estados e no pessoas. Esse tribunal tem a funo de julgar os Estados acusados de violao dos direitos humanos no sistema regional de direitos humanos. Os membros da comisso e da corte podem ter a nacionalidade de qualquer dos pases que integram a OEA, mas no possvel ter nesses rgos duas pessoas de mesma nacionalidade. Exige-se dessas pessoas notoriedade, idoneidade a conhecimento de direitos humanos. - A comisso tem por funo bsica promover e afirmar os direitos humanos. - No mbito das comisses ter os relatrios, as comunicaes interestatais e as peties individuais. Esses documentos sero exercidos perante a comisso interamericana de direitos humanos. A comisso vai atuar como espcie de rgo mediador, de tribunal arbitral, para que os dois Estados envolvidos no conflito cheguem um acordo. Se as medidas no forem tomadas o Estado poder ser acionado na Corte Interamericana de Direitos Humanos. Tem que ter havido o esgotamento dos registros internos. Esse mecanismo tambm no muito eficiente, mas no sistema de peties individuais, uma pessoa, um grupo de pessoas ou mesmo uma ONG tem legitimidade para levar perante a Comisso uma violao dos direitos humanos. No preciso de uma clusula aditiva de que aceita ser denunciado na Comisso. Aderiu ao Pacto de San Jos, automaticamente j pode ser acionado na Comisso. A petio individual no pode ser annima, se chegar uma petio inicial annima, ela ser arquivada.

- Se a petio for admitida ser instaurado uma espcie de inqurito. Neste procedimento a Comisso tem competncia para fazer uma averiguao em loco. O Brasil, ao aderir ao pacto de San Jos, fez uma ressalva, devemos lembrar que de uma maneira geral, quando Estado assina um tradado internacional, ele assina de maneira integral, mas existe a possibilidade de ressalva. O Brasil estabeleceu que essa possibilidade da Comisso fazer inspeo in loco depende de autorizao do Estado brasileiro.- O Brasil foi denunciado por violao perante a comisso por violao dos direitos humanos. Ela deve informar ao Estado brasileiro as diligncias que pretende realizar. Se a comisso constatar que houve violao dos direitos humanos a Comisso leva o caso at a Corte.

5. Corte interamericana de direito humanos:

- Se a Comisso no resolver, o caso vai para a corte. Que o rgo jurisdicional do sistema. Todo e qualquer tribunal, a corte interamericana tem competncia para julgar os conflitos que envolvem o sistema americano.- A Corte tambm tem competncia consultiva. - Competncia da corte:a) Contenciosa e consultiva: julgar litgios, lides, aes judiciais. Competncia consultiva: responder consultas sobre a interpretao e aplicao do sistema americano (esclarecer, tirar dvidas). Exemplo: quando os Estados aderem ao Pacto eles se obrigaram a aderir uma srie de medidas. Se tiverem alguma dvida podem suscit-la Corte. b) Possui natureza facultativa. A corte s atua em relao Estados que declarem aceitar a jurisdio dela. O Brasil j emitiu declarao nesse sentido.

- Quando estuda a jurisdio e v a principiologia, costumamos a aprender uma regra bsica segunda a qual o juiz deve ter compatibilidade subjetiva para a causa. Inclusive, surge nesse sentido os impedimentos e suspeies. Exemplo: a corte tem um juiz brasileiro, ele vai participar dos casos que envolva atuao do Brasil? Existe impedimento pela nacionalidade? A resposta costuma ser diferente de tudo que imagina. Alm de no existir nenhum impedimento pela nacionalidade, existe o direito do Estado de ter um juiz de sua nacionalidade atuando naquele caso. Se no tiver um juiz da nacionalidade do Estado processado, o Estado pode indicar um juiz ad hoc para atuar naquele caso. A ideia de ter um juiz da nacionalidade facilitar o julgamento, trazer mais elementos para esclarecer o caso.

- Perpetuatio jurisdicionis de natureza personalssima: os juzes exercem um mandato. Mas h uma regra dizendo que quando expira o mandato, nomeado um novo juiz que atuar nos casos, exceto nos casos em que o juiz que teve seu mandato expirado estiver atuando. Ele continua no feito com relao aos casos em andamento. Aquele magistrado j conhecia o caso e participou do julgamento, portanto, ele deve seguir no caso at o final.

- Quem tem legitimidade para submeter um caso Corte Interamericana de Direitos Humanos? Submeter um caso no se confunde com peticionar. Somente pode submeter casos Corte Interamericana os Estados e a Comisso. A Comisso atua em todos os casos. - S pode requerer a liminar se o caso estiver sendo examinado pelo Tribunal. Se o processo j est em andamento, pessoas ou ONGs pode peticionar requerendo um provimento liminar. Se o processo ainda no est na Corte o pleito liminar deve ser requerido pela Corte.- A liminar denominada de medida provisria.- Pessoas, grupo de pessoas e ONGs no possuem legitimidade para submeter um caso Corte. Somente os Estado e a Comisso podem faz-lo. Pessoas, grupo de pessoas e ONG podem acionar a Comisso para que esta, se entender pertinente e aps os devidos procedimentos, submeta o caso Corte. Entretanto, pessoas, grupo de pessoas e ONGs, podem peticionar diretamente Corte, requerendo medidas provisrias (deciso liminar) nos casos que j esto sob apreciao do Tribunal. Se o caso ainda no estiver tramitando na Corte, a legitimidade para requerer a medida provisria restringe-se comisso. - Se a Corte receber o caso, primeiro ele no pode estar sob apreciao de outro rgo internacional, tem que ter havido esgotamento dos recursos internos, salvo se demonstrar que no existe recurso interno (natureza subsidiria); a corte tem que constatar que o Estado acusado declarou que se submete deciso dela. - A Corte Interamericana sentenciou: a sentena inapelvel, irrecorrvel. No tem para onde apelar. A Corte pode determinar a restaurao da situao anterior, a adoo de algumas medidas de cunho executivo, condenar ao pagamento de uma reparao econmica. - Se a deciso no for adimplida na parte da indenizao, se ela tiver que ser executada, vai ser executada pelos procedimentos internos de execuo contra o Estado. - No plano interno o Brasil representa a Unio. uma execuo contra a Fazenda. Pelo Nosso sistema jurdico, logo no incio pela prpria Constituio, as execues contra a Fazenda seguem o regime de Precatrio, ressalvado o que for definido em lei em relao a execuo de pequeno valor. Na doutrina h quem sustente que no deveria seguir o caminho dos precatrios, que deveria haver um pagamento imediato. uma discusso que est mais no campo terico. Geralmente o Brasil adimple a sentena da corte. Ento, se vier em uma questo de marcar, deve marcar que segue o regime dos precatrios. - Pelo nosso sistema constitucional, sentena estrangeira para ser executada no direito interno deve ser homologada e a competncia era do STF, depois passou para o STJ (artigo 105, I da CF). Tenho que pegar a sentena da Corte e homologar no STJ para s depois entrar com a execuo? No. A CF exige a homologao de sentena estrangeira e a sentena do Tribunal no estrangeira e sim internacional. Uma sentena estrangeira uma sentena que para o Estado brasileiro totalmente estranha, aliengena. A jurisdio estrangeira totalmente estranha, precisa ter homologao para verificar se os pressupostos de legalidade foram cumpridos. O TPI no estranho, no aliengena ao Estado, porque o Brasil se submete jurisdio da Corte. A Corte Interamericana um Tribunal do qual o Brasil se submete, portanto, a sentena no precisa de homologao. - A Corte Interamericana faz um paralelo, como se fosse integrante da justia brasileira.

CONSTITUIO DE 1988 E OS DIREITOS HUMANOS:

1. As inovaes da CF/88:- A CF veio materializar uma transio de eras no Brasil. Veio confirmar uma era de democracia.- Em 1891 inauguramos a democracia. Em 1934 a CF trouxe a expectativa de criar uma base slida da democracia, que no vingou devido ao golpe militar.- A CF/88 assegura a democracia e teve um papel muito importante quanto isso, o nosso Constituinte projetou no texto, aquele sentimento do povo brasileiro criar uma preocupao em resguardar os direitos humanos. - No caso Jlia Gomes o STF entendeu que a lei de anistia era vlida e a Corte entendeu que a lei de anistia era invlida. - O texto constitucional traz em pequenos detalhes como a intencionalidade do constituinte em afirmar os direitos humanos. 1) Artigo 1, III da CF Dignidade da pessoa humana: um dos fundamentos do Estado brasileiro. Isso por si s, j era suficiente para dizer que estava tudo novo. O fundamento aquele que d base, alicerce, o ponto de partida. Quando positivo a dignidade humana como fundamento do Estado Brasileiro, quer dizer que no se admite nada que venha causar degradao da dignidade humana. - A constitucionalizao do direito repensar o direito a partir da dignidade humana como fundamento do Estado. Exemplo: viola a dignidade das pessoas, as pessoas serem aprovadas dentro do nmero de vagas em concurso pblico e no serem nomeadas.2) Artigo 3 da CF Objetivos da Repblica Federativa do Brasil: todos esto relacionados com a dignidade humana. O que move o Estado brasileiro so os direitos humanos. S existe desenvolvimento onde as pessoas so tratadas com respeito. - Erradicar a pobreza e reduzir a desigualdade tambm afirma os direitos humanos. 4) Artigo 4 da CF Princpios que regem o Brasil nas suas relaes internacionais: prevalncia dos direitos humanos nas relaes internacionais. O dilogo com a comunidade internacional est pautado pelo respeito ao ser humano. - Caso Solange envolve atuao da Unio Europeia. A UE surgiu como uma unio meramente econmica. Uma empresa privada na Alemanha entrou com ao na justia alem afirmando que uma empresa violava um direito constitucional assegurado na Constituio Alem. As questes que envolvem os rgos da UE devem ser resolvidos na UE. A empresa no poderia acionar o tribunal alemo. Mas na comunidade europeia no havia nenhuma declarao de direitos. Enquanto a comunidade europeia no dispuser de mecanismos de proteo de direitos humanos, toda e qualquer pessoa pode procurar a justia alem para fazer valer os seus direitos. No cenrio internacional temos que dar prevalncia aos direitos humanos. - Isso abre a agenda internacional, insere o Brasil na discusso internacional. A discusso dos direitos humanos no mundo tem precedentes no perodo da segunda guerra. As discusses internacionais sobre direitos humanos atualmente tambm dizem respeito ao Brasil.

5) Ttulo II da CF Direitos e garantias fundamentais: os direitos humanos eram positivados ao final das Constituies pretritas. Na CF/88 os direitos humanos foram colocados no incio da Constituio. Os direitos sociais foram previstos como verdadeiros direitos e garantias fundamentais. As CFs anteriores, os direitos sociais no vinham positivados, eram tratados como normas regentes da ordem econmica.

6) Artigo 5, 1 - Consagrou a aplicao imediata das normas que definem direitos e garantias fundamentais: as normas que definem direitos e garantias fundamentais possuem aplicao imediata. Direitos fundamentais um gnero que se subdivide em espcies.

7) Artigo 5, 2 da CF Abertura dos direitos constantes nos tratados internacionais: abertura do catlogo de direitos. O artigo 5, 2 estabelece que os direitos e garantias expressos na Constituio no excluem outros decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados ou ainda constantes de tratados internacionais sobre direitos humanos os quais o Brasil seja signatrio. A palavra catalogo equivale a relao, rol. O rol de direitos no Brasil no se esgota no texto expresso na CF, h direitos que decorrem do regime dos princpios. Ainda temos os direitos constantes dos tratados internacionais. A nossa CF abriu o catalogo inclusive para os tratados internacionais.

8) Positivao dos direitos humanos como clusulas ptreas: artigo 60, 4 da CF. Clusulas ptreas constituem o ncleo essencial de uma Constituio. So tambm conhecidas como clusulas de identidade da CF. - O texto do artigo 60, 4 da CF fazia referncia apenas aos direitos individuais e no a todos os direitos fundamentais. A CF quis petrificar todos os direitos humanos ou apenas os direitos individuais? H um entendimento de que deveria estar escrito na CF direitos fundamentais.

2. Inovaes da Emenda Constitucional 45/04:- Possibilidade de se submeter ao TPI (artigo 5, 4 da CF). - Alterou o regime jurdico (natureza formal) dos tratados internacionais de direitos humanos.- Artigo 109, 5 da CF: criou o incidente de deslocamento de competncia para a justia federal para o caso de violao de direitos humanos previstos em Conveno internacional que o Brasil signatrio. - O PGR pode suscitar perante o STJ, em qualquer fase do inqurito ou do processo o deslocamento da competncia para a justia federal visando assegurar o cumprimento de obrigaes constantes dos tratados internacionais sobre direitos humanos.

3. Os direitos (catalogo):

- Ttulo II da CF: Dos direitos e garantias fundamentais:a) Individuais e coletivos (artigo 5): direitos difusos (artigo 225 da CF)b) Direitos sociais (artigo 6 a 11)c) Direitos de nacionalidade (artigos 12 e 13)d) Direitos polticos (artigos 14 a 16)e) Partidos polticos (artigo 17)

4. Titularidade dos direitos:

- Pela declarao universal de direitos humanos, os direitos so de qualquer pessoa. - Existem alguns direitos que so de titularidade restrita. Existem direitos individuais que so de titularidade de apenas que tem alistamento eleitoral e assim por diante. - At mesmo PJ pode titularizar direitos, mas no todos. At o Estado pode ter direitos. - O caput do artigo 5 da CF estabelece que todos so iguais perante a lei, assegurando-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil a inviolabilidade ali mencionada. O turista estrangeiro tem direito privacidade no seu quarto de hotel? A doutrina entende que o texto constitucional est mal redigido. Devia estar escrito que estrangeiros residentes ou no no pas titularizam direitos.

5. Natureza jurdica dos tratados internacionais sobre direitos humanos:

- Posio do STF: antes da EC/45, os TDH possuam natureza legal. A partir da EC 45 os TDH, mesmo os celebrados antes da EC 45/04, passaram a ter natureza supra legal e aqueles que vierem a passar pelo procedimento da emenda constitucional (artigo 5, 3 da CF) sero equivalentes a uma Emenda Constitucional.

*Ateno: apenas os que passarem por esse rito, e no todos, sero equivalentes emenda constitucional. Divergncia doutrinria: na doutrina h o entendimento (Flavia Piovesan) que tanto antes como depois da EC 45/04, os TDH possuem natureza constitucional.

- Uma norma jurdica pode ser analisada do ponto formal e do ponto material. Do ponto formal discute-se o procedimento e do ponto de vista material discute-se o contedo. Toda a divergncia sobre o aspecto formal do TDH. Os tratados de direitos humanos teriam fora de Constituio ou fora de lei? O STF sob vigncia da CF/88 pacificou a jurisprudncia de os tratados teriam mesma fora de lei. A EC 45/04 criou o artigo 5, 3 que estabelece que o TDH que for aprovado duas vezes em cada casa do congresso pelo quorum de 3/5 vai ser equivalente EC. Se o tratado no passar por esse procedimento faz o que? Somente tem natureza constitucional os que passam pelo procedimento de emenda constitucional. O STF diz que os que no passarem pelo procedimento no sero posicionados no nvel da lei, mas em uma posio abaixo da Constituio e acima da Lei. Eles passam a ter status supralegal. At o presente momento apenas a Conveno da ONU sobre pessoas portadoras de deficincia possui natureza de Emenda. Todos os outros possuem natureza supra legal.

Direitos humanos: Esto positivados nos tratados internacionais de proteo. a expresso posta pelo direito internacional. Alguns autores comeam a falar em direitos humanos fundamentais, para abranger o sistema interno e o sistema internacional. Todas as vezes que a CF fala a um tratado internacional, ela se refere a direitos humanos. E quando se fala do sistema interno, ela fala em direitos e garantias individuais.

Direitos fundamentais: reservada nica e exclusivamente para o plano do direito domstico. No tem direito fundamental no positivado, no escrito em algum lugar. O artigo 60, 4 da CF traz as clusulas ptreas, para efeito de prova, j est se entendendo que a CF pegou em colocar direitos individuais ela colocou a espcie, quando deveria ter colocado direitos fundamentais (Ingo Sarlet). Um EC pode revogar um direito social? No, no obstante a CF diga individual, isso deve ser interpretado de forma mais ampla.

Direitos do homem: Quando uma prova falar em direitos do homem, essa expresso reservada para direitos no positivados. Quer no plano do direito interno, quer no plano do direito internacional. Hoje em dia muito difcil ter um direito do homem solto por a. Essa expresso vem do direito natural, no esto escritos.

Obs. Direitos fundamentais = individuais + coletivos

Ncleo duro constitucional = direitos fundamentais e organizao do estado

Caractersticas dos Direitos Humanos:a) Historicidade: os direitos humanos so histricos, construdos da convivncia coletiva (Hanna Arent). No plano do direito internacional, essa decorrncia comea a ser efetivada com as resolues da OIT em 1912 e depois com a Carta da ONU em 1945, com a Declarao Universal dos Direitos Humanos em 1948 e com 02 Pactos de Nova York em 1966: Pacto Internacional dos Direitos Civis e Polticos (PIDCP) e Pacto Internacional dos Direitos Econmicos Sociais e Culturais (PIDESC). b) Universalidade: basta a condio de ser pessoa para que se possa ter garantido um direito. Os direitos humanos so universais porque no h pessoa com direito e pessoa sem direito. J houve poca em que os direitos humanos eram para alguns e no para outros. c) Essencialidade: os direitos humanos so essenciais por natureza, sob duplo aspecto: - Sob aspecto formal: os direitos humanos vem antes da organizao e da estruturao do Estado, diferentemente de como era no Regime Militar. - Sob aspecto material: congregam valores que pertencem ao ncleo material do ponto de vista interno da Constituio (matria constitucional por excelncia). Essa expresso tambm pode ser denominada por bloco de constitucionalidade. d) Irrenunciabilidade: significa que a autorizao do seu titular no convalida a sua revogao, diferentemente do que ocorre com outros direitos subjetivos em geral, que pode autorizar a sua violao.e) Inalienabilidade: no podem ser trocados ou cedidos, onerosa ou gratuitamente. So inegociveis. f) Inexauribilidade: os direitos humanos so inesgotveis, inexaurveis. A CF aceita que os direitos humanos sejam inesgotveis no artigo 5, 2, na chamada clusula de no excluso (ou clasula de inexaurabilidade). Desobedincia civil como direito fundamental - ex. de direito fundamental implcito.g) Imprescritibilidade: a imprescritibilidade foi usada no caso da Guerrilha do Araguaia, julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos em novembro de 2010. Aplicou-se nesse caso a imprescritibilidade. Enquanto no punir os responsveis no h que se falar em extino da punibilidade por parte do Estado. A qualquer momento o agente do estado pode ser punido. O MPF est processando os agentes da ditadura militar brasileira por crimes contra a humanidade e a defesa desses agentes de que o crime j prescreveu. Mas o MPF usa a tese da imprescritibilidade. O STF validou a Lei de Anistia e a Corte Interamericana entendeu que era inconstitucional e inconvencional. O que vale, a deciso do STF ou da Corte? Na opinio do professor a lei de anistia est anulada porque o Brasil participa do tratado. A Corte superior ao nosso Estado, portanto valeria a deciso da Corte Interamericana de Direitos Humanos. O STF no mais a ltima palavra em matria de direitos humanos internacionais. Para demandar num tribunal regional, o princpio da nacionalidade no se aplica. Qualquer pessoa ou grupo de pessoas podem demandar, independentemente da sua nacionalidade.h) Vedao do retrocesso ou proibio de regresso ou efeito cliquet: esse princpio diz que os Estados quando assumem compromissos mtuos, devem zelar para que no atinjam os direitos humanos. vedado voltar atrs. A vedao do retrocesso joga fora o critrio cronolgico. A lei posterior revoga lei anterior? No, porque isso viola os tratados de direitos humanos. Os tribunais no aceitam os critrios cronolgicos. O critrio da especialidade tambm j est morrendo nos tribunais internacionais. - Critrio hierrquico: Eric Jayme (Alemanha) disse em um curso em Haia, em 1995 que a resoluo de conflitos mais justa, no aquela que prega por uma hierarquia de normas, mas aquela que faz com as normas conversem e dialoguem entre si (dilogo das fontes). A CF no artigo XXVIII, artigo 5 no foi revogada, mas o STF editou uma smula dizendo que no possvel a priso civil do depositrio infiel. O STF fez isso aplicando o dilogo das fontes. A CF autoriza a construo da norma mais benfica, no artigo 4, II os direitos humanos devem prevalecer em detrimento do prprio texto da Constituio. Os critrios clssicos no mais se aplicam quando se est diante de matria afeta direitos humanos ou direitos fundamentais.

As geraes de direitos humanos: (nos direitos fundamentais tem doutrina dizendo 5 gerao)

Classicamente so 03 as geraes de direitos:1) Direitos liberais (direitos de liberdade): compe os direitos civis e polticos (1 Pacto de Nova Iorque). Possui aplicabilidade imediata. - Porque se critica a expresso gerao de direitos? Foi criada a expresso dimenso. Gerao d a ideia de que uma substitui a outra. Os direitos se dimensionam, se agregam, pode estar um direito em cima do outro. A expresso gerao no responde tanto histrica quanto juridicamente, a realidade de implementao de um determinado direito. Canado Trindade fala que historicamente est incorreto gerao de direito porque o direito humano que surgiu no direito internacional foi o direito do trabalho em 1919, com as Convenes da OIT. Essa uma realidade histrica que ningum contesta.2) Direitos de igualdade: stricto senso representa os direitos econmicos, sociais e culturais (DESC). 3) Direitos de fraternidade: so os direitos de grupos e/ou coletividades, a exemplo do direito ao desenvolvimento paz, ao meio ambiente, comunicao e ao patrimnio comum da humanidade. - Paulo Bonavides ainda coloca como 4 gerao a solidariedade e como 5 gerao a esperana.

Obs. desconstruo dos direitos fundamentais em geraes - esse desenvolvimento ocorreu no plano do constitucionalismo, mas no no plano internacional - em que primeiro surgiu - os direitos no se sucedem mas coexistem e internacionalmente surgiu primeiro os direitos sociais - ex. tratados da OIT e s depois os tratados de direitos civis e polticos.

Sistema Internacional de Proteo dos Direitos Humanos:- Aparece aps 1945 com a Carta das Organizaes das Naes Unidas.Sistema global de direitos humanos:- H dois tipos de sistemas de proteo de direitos humanos:1) Sistema global: tambm chamado sistema das Naes Unidas2) Sistema regional: existem 03 sistemas regionais:1) Europeu: de 1950 com a Conveno Europeia de Direitos Humanos2) Sistema regional interamericano de 1969 com a Conveno Americana sobre Direitos Humanos - 1992 - Collor ratifica tratados de direitos humanos e 1998 - aceito do Brasil 3) Sistema regional africano de 1981 com a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos. Na frica tem uma realidade que diferente do continente americano e europeu. No existe um povo autnomo entre Brasil, Argentina e Paraguai. E na frica isso acontece, existe um povo que no pertence a nenhum dos 04 pases mapeados.

Gnese do processo/sistema de internacional dos direitos humanos:- A doutrina coloca 03 precedentes do processo de internacionalizao dos direitos humanos. Foi um trabalho do Ministro Lewandovisck: Proteo dos direitos humanos na ordem interna e internacional.

a) Direito humanitrio: (direito de guerra e no direito guerra) confunde com a expresso direitos humanos. uma expresso prpria para conflitos blicos (armados). Exemplo: tratamento de prisioneiros, nufragos, militares postos fora de combate, mulheres, crianas etc. A cruz vermelha responsvel pela gerncia do direito internacional humanitrio. A Cruz Vermelha implementa as convenes sobre direito humanitrio, que so as chamadas Convenes de Genebra. At na guerra h princpios mnimos ticos.

Henri Dunant - suo que criou a cruz vermelha - para gerir os direitos humanitrios - aceitao de diretos alm de sua juriscio - EXPRESSO DO DOMNIO RESERVADO -

Obs. a cruz vermelha uma ONG sua apoiada pela ONU e todos, mas ONG e no organizao internacional - teria que ser criada por

b) A Liga das Naes: criada com o fim da primeira guerra mundial - foi a antecessora da ONU, que no deu certo. Depois da 2 Guerra ela renasce como ONU. Os estados deveriam consentir em limitar a sua soberania em prol de uma pessoa no plano internacional. A Liga nasceu em 1920 e no durou quase nada, na dcada de 30 j estava morta. A Liga das Naes teve um problema estrutural grande porque ela era muito frgil enquanto instrumento jurdico e organizao. O Brasil desde a poca da Liga sempre quis fazer parte do conselho permanente da organizao. Mas para ser membro permanente do Conselho tem que ter metade + 01 dos votos dos membros.

- O Presidente da Repblica em 1926, Arthur Bernardes disse que ia se desligar da Liga das Naes. Nasceu a seguinte questo jurdica: o presidente da repblica pode sair de um tratado internacional cuja aprovao dependeu da aprovao pelo congresso? A CF de 1988 diz que compete ao Congresso decidir sobre tratados assinados pelo executivo, dando carta branca ao presidente da repblica para retific-lo. A ratificao equiparada ao direito civil o contratar enquanto a denncia o destratar. Para o presidente ter ratificado ele dependeu do abono do parlamento? Sim.

- Clvis Bevilquia falava que o tratado era como um casamento, dependia da vontade de duas pessoas (executivo que celebrou e legislativo que referendou).

- Em 1997 FHC denunciou a Conveno 158 da OIT. A CONTAG ingressou com uma ADIN 1625, no STF para declarar inconstitucional o ato normativo do poder pblico que denunciou a Conveno 158 da OIT. A maioria dos ministros j votaram no sentido de que o presidente no pode denunciar tratado sem abono do Congresso, porque o Congresso decide autorizando o presidente a ratificar, portanto o presidente no poderia denunciar sem o aval do Congresso.

Obs. inconstitucional a renncia de tratado sem participao do parlamento.

b) Organizao Internacional do Trabalho e suas Convenes: a OIT edita declaraes e convenes, que so tratados stricto senso. NA OIT j identifica sujeito de direitos, ou seja, o trabalhador em determinada circunstncia.

- Carta Internacional de Direitos Humanos: um instrumento, a juno de instrumentos jurdicos: Carta da ONU, Declarao Universal de 1948 e os 02 Pactos de Nova York de 1966. Essa carta no pode ser o primeiro marco do processo de internacionalizao dos Direitos Humanos. Os marcos so: Direito Humanitrio, a Liga das Naes e a OIT.

Obs. Esses precedentes geraram 03 consequncias no plano do direito internacional:1) Os indivduos passaram a ser sujeitos de direito internacional pblico passando a poder demandar, ou seja, capacidade postulatria no plano internacional (legitimidade ativa) e a ser demandados (capacidade internacional passiva). Alguns autores como, Rezeck, diz que os indivduos podem demandar, mas eles no so sujeitos porque no tem dupla capacidade. No se discute a capacidade ativa do individuo desde a dcada de 70. Atualmente tambm no se discute a capacidade passiva do individuo, ele pode demandar e ser demandado. 2) Mudana ou modificao na agncia externa dos Estados: todo Estado, todo pas, tem uma agenda, que uma agenda externa. Na verdade seria uma agenda poltica externa. Para tratar da poltica interna, o Estado tem vrios ministrios.3) Flexibilizao do conceito de soberania absoluta: se at ento o conceito de soberania era ilimitado e ilimitvel, a partir desses precedentes, especialmente em decorrncia dos tribunais internacionais de direitos humanos, a soberania estatal passa a quedar-se ou tornar-se flexibilizada. - no h mais soberania internacional, mas sim autonomia.

Obs. Carta internacional dos direitos humanos - NO DOCUMENTO MATERIALIZADO, mas um complexo.

Carta da ONU - 45DUDH - 48PIDCP - 66PIDSC - 66

ATENO - O Sistema Global composto por:

a) Carta das Naes Unidas (1945): um instrumento que deflagra o sistema global. Pela primeira vez um instrumento de alcance universal disse que dever do Estado proteger liberdades e igualdade para todos, independentemente de cor, raa, lngua, sexo e religio.- Artigo 1, 3: - Artigo 13, 1, b: - Artigo 55:- Artigo 56 - Artigo 62- Artigo 68- Artigo 76, c

Obs. a ONU repete 9 vezes - favorecer proteo os direitos humanos e liberdade para todos sem distino de raa sexo lngua ou religio. MAS NO DISSE O QUE SO DIREITOS HUMANOS E LIBERDADES FUNDAMENTAIS - ausncia de definio, a carta complementada pela DUDH

b) Declarao Universal dos Direitos Humanos (1948): veio positivar o que se entende por direitos humanos e liberdades fundamentais. Ela foi a interpretao autntica da expresso direitos e humanos e liberdades fundamentais para todos. Tem estrutura\a bipartite

Interpretao autentica de direitos humanos - d liquidez mas no d garantias.

Preambulo com 7 considerandoI parte art. 1 ao 21 - direitos de liberdade - discurso liberal da cidadaniaII parte do 22 ao 30 - conquistas dos estados sociais - discurso social da cidadania - trabalho, educao, cultura, direitos sociais

Obs. no h direitos de terceira gerao na DUDH ex. meio ambiente. Nasce apenas em 1972 - Conferencia de Stocolm - frica - professor h uma III parte virtual - documentos esparsos - Declarao de Stocolmo e do Rio

Natureza jurdica da DUDH

a) Aspecto material - - corrente minoritria - no tem fora vinculante, soft law, no tem sano - contedo moral - ARTIGO 53 E 64 DA CONVENO DE VIENA SOBRE OS TRATADOS - RATIFICADA EM 2009- corrente majoritria - ius cogens - Andr Gonalves Pereira - Jorge Miranda - Flvia Piovesan

Obs. Conflito entre tratados e normas de direitos internacionais - tratado contra norma cogens nulo - mas tratado vlido que posteriormente sobrevem norma cogens - deixa de valer

b) Aspecto formal - no tratado internacional - porque uma resoluo da ONU - foi assinada e adotada - no teve aprovao no congresso, ratificao, depsito da carta na ONU - ATO DA ASSEMBLIA DA ONU.

Obs. tratado, ato, acordo, protocolo so sinnimo.

Relativismo e universalismo cultural

Caso da mutilao clitoriana - os direitos humanos podem passar por cima da cultura - prevalece que os direitos humanos prevalecem sobre particularismos culturais.

1948 - DUDH1968 - Conferencia de Teer1993 - Conferncia de Viena - Declarao e programa de ao de Viena - agenda e plano de ao so normalmente soft law - inciso V - prevalece a tese da universalidade - h proteo dos direitos regionais at o limite da ofensa aos direitos universais.

tem V estabelece que o universalismo mais forte que o relativismo e que a cultura dos povos deve ser respeitada, mas no pode ofender o direito universal.

Obs. I Conferencia em Teer - no teve grandes avanosII Conferncia de Viena de 1993 -

NOVOS PRINCPIOS - universalidade, interdependncia, indivisibilidade, inter-relacionados.

Obs. nos judeus so tinham condio humana quando julgados por crimes - quando ser-lhes-iam aplicado o cdigo penal.

Indivisibilidade - os direitos precisam ser protegidos em sistema para uma proteo efetiva - ex. no precisa de vida sem os demais sentidos - ex. tem educao, mas no tem liberdade.

Interdependncia - um direito depende do outro - ex. social pode depender de um direito social

Inter-relacionariedade - os sistemas se relacionam e um no exclui o outro - a pessoa pode escolher o sistema que melhor que proteja os seus direitos violados. Quer seja sistema nacional, regional, quer global.

O IMPACTO DA DUDH

a) impacto interno - impacto positivo s constituies nacionais - tem servido de paradigma e referencial tico s constituies contemporneas. Diviso - direitos civis e polticos depois os econmicos, sociais e culturais.

b) impacto internacional - tem sido citada em prembulos ou consideraes.

Faltou na DUDH instrumentos processuais de reivindicao desses direitos, para isso foi necessrio dois instrumentos processuais para reclamar os direitos da Carta e da DUDH -

PIDCPIDESCrgos das Naes Unidas:1) Assembleia Geral: o rgo administrativo mximo da organizao, responsvel por resolver quaisquer questes afetas Carta da ONU, com exceo da segurana coletiva, que competncia do segundo rgo.2) Conselho de Segurana: tem nmero exguo de membros, composto por 05 membros permanentes e 10 membros no permanentes. - Artigo 27 da Carta da ONU:- Esse artigo precisa ser decorado. Cada membro do conselho de segurana ter 01 voto. - O artigo 27, 3 um dispositivo de autoabsolvio3) Corte Internacional de Justia: composta por 15 juzes com notrio conhecimento jurdico. A corte internacional de justia o judicirio da ONU, decide as causas entre os Estados. H Tribunal Internacional que julga individuo no cvel? No existe. Tribunal internacional s processa o Estado. Para punir individuo no pude civilmente, s criminalmente. - O demandante e o demandado o Estado. No TPI o demandado o individuo e o demandante a Justia Pblica Internacional. Tribunais Regionais de Direitos Humanos, o demandante o individuo e o demandado sempre o Estado.4) Conselho de tutela: fomenta nos Estados tutelados o esprito de independncia. A ltima atuao do Conselho de Tutela foi no caso do Timor Leste. 5) Secretariado: registra, guarda e d publicidade aos documentos. A secretaria possui um secretrio geral.- Artigo 102: - os tratados so registrados e publicados pelo Secretariado.6) Conselho econmico e social: o conselho da 2 gerao, dos direitos econmicos, sociais e culturais. Ele tem 02 sub rgos: conselho de direitos humanos (responsvel por todos os tratados de direitos humanos) e uma comisso de direitos internacionais que responsvel pela concluso de todos os tratados das convenes das naes unidas (exemplo: Conveno de Viena).