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DIREITO CIVIL 1º BIMESTE PRINCIPAL CLASSIFICAÇÃO DA POSSE I – Quanto ao desdobramento: a) Posse direta – aquela exercida por quem tem a coisa materialmente, havendo um poder físico imediato, exercício de material da posse, físico. Ex: posse exercicida pelo locatário por concessão do locador. b) Posse indireta – aquela exercida por meio de outra pessoa, havendo mero exercício do direito, decorrente da propriedade. Ex. Locador do bem. II – Quanto a presença de vício objetivo: relacionados ao modo de aquisição da posse em relação ao possuidor esbulhado. Os vícios que maculam a posse são ligados ao momento de sua aquisição. a) Posse justa - posse desprovida de qualquer vício. b) Posse injusta : posse adquirida de forma violenta, clandestina, precária, ou seja, contém vícios na forma de aquisição em relação ao antigo possuidor. POSSE VIOLENTA A posse violenta ocorre quando a posse é obtida mediante emprego de esforço físico ou grave ameaça. Pode ser contra proprietário ou possuidor. A violência impede que a aquisição da posse gere efeitos no âmbito do direito. Exemplo: Ladrão que rouba – utiliza a violência. POSSE CLANDESTINA A posse clandestina é aquela que ocorre as escondidas e as ocultas da pessoa do proprietário ou possuidor. Exemplo: Ladrão que furta - tira a coisa com sutileza. POSSE PRECÁRIA

Direitos reais

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Direitos reais; posse; propriedade; condomínio edilicio, pro indiviso; direito civil;

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DIREITO CIVIL 1º BIMESTE

PRINCIPAL CLASSIFICAÇÃO DA POSSE

I – Quanto ao desdobramento:

a) Posse direta – aquela exercida por quem tem a coisa materialmente, havendo um poder físico imediato, exercício de material da posse, físico. Ex: posse exercicida pelo locatário por concessão do locador.

b) Posse indireta – aquela exercida por meio de outra pessoa, havendo mero exercício do direito, decorrente da propriedade. Ex. Locador do bem.

II – Quanto a presença de vício objetivo: relacionados ao modo de aquisição da posse em relação ao possuidor esbulhado. Os vícios que maculam a posse são ligados ao momento de sua aquisição.

a) Posse justa - posse desprovida de qualquer vício. b) Posse injusta : posse adquirida de forma violenta, clandestina, precária, ou

seja, contém vícios na forma de aquisição em relação ao antigo possuidor.

POSSE VIOLENTA

A posse violenta ocorre quando a posse é obtida mediante emprego de esforço físico ou grave ameaça. Pode ser contra proprietário ou possuidor.

A violência impede que a aquisição da posse gere efeitos no âmbito do direito.

Exemplo: Ladrão que rouba – utiliza a violência.

POSSE CLANDESTINA

A posse clandestina é aquela que ocorre as escondidas e as ocultas da pessoa do proprietário ou possuidor.

Exemplo: Ladrão que furta - tira a coisa com sutileza.

POSSE PRECÁRIA

A posse precária é aquela que ocorre quando o possuidor direto, findo o prazo que autorizava sua permanência junto ao bem recusa a entrega-lo ao proprietário.

A concessão da posse precária é perfeitamente lícita. Enquanto não chegando o momento de devolver a coisa, o possuidor tem posse justa. O vício se manifesta quando fica caracterizado o abuso de confiança. No instante em que se recusa a restituí-la, sua posse torna-se viciada e injusta, passando à condição de esbulhador.

O que o legislador chama de precariedade é, em realidade, a inversão manifesta do ânimo do possuidor precário, que passa a não mais reconhecer

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os direitos do possuidor anterior (indireto). Configura-se, nessa hipótese, o esbulho.

Exemplo: Apropriação indébita

Convalescimento dos vícios - enquanto persistir os vícios de violência e clandestinidade será detenção e não posse. Esta só começa após o fim dos vícios, assim como, a contagem do prazo para usucapião.

“ Na realidade, porém, ao estabelecer que, enquanto não cessadas a violência ou a clandestinidade não se adquire posse, mas detenção, antes de adquirir a posse, injusta ante o esbulhado. Assim, não há convalescimento de posse, mas transmudação da detenção em posse, com a cessação dos vícios da violência e da clandestinidade.”

“ Cessadas a violência e a clandestinidade, a mera detenção, que então estava caracterizada, transforma-se em posse injusta em relação ao esbulhado, que permite ao novo possuidor ser mantido provisoriamente, contra os que não tiverem melhor posse. Na posse de mais de ano e dia, o possuidor será mantido provisoriamente, inclusive contra o proprietário, até ser convencido pelos meios ordinários..

A posse violenta cessa quando se torna mansa e pacifíca, no entanto continua a ser uma posse injusta.

A posse clandestina cessa o seu vício do momento que for possível ao possuidor antigo conhece-la, é a possibilidade, não precisa efetivamente conhecê-la.

A posse precária não pode ser convalescida, já que o vício aparece depois de adquirida a posse, passando de justa para injusta.

III – Quanto a presença de vícios subjetivos: relacionados ao estado psicológico do possuidor; em saber ou desconhecer que a posse é indevida; está relacionada a pessoa, a conduta pessoal. Forma como indivíduo percebe a posse.

a) Posse de boa-fé - Ocorre quando o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que lhe impede a aquisição de boa-fé na plena convicção da regularidade da sua posse. Além disso, a boa-fé exige que o desconhecimento do fato decorra do comportamento daquele que observou os deveres de cuidado e diligência que cabiam no caso. A boa-fé é fruto de um erro desculpável. Real – de fato não existe vício. Presumida – tiver justo título na medida em que causa no possuidor que ele tem direito, mas pode haver algum defeito admitindo prova em contrário. EX. Contrato de compra e venda feito com um incapaz, mas não tem conhecimento deste fato. Com justo título – cabe ônus da prova para a parte contrária.

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Sem justo título – cabe o ônus da prova. Justo título para a posse é o instrumento que aparenta ao possuidor que sua posse é legítima, exemplo: contrato de locação. Já o justo título para fins de usucapião é um instrumento que pode transferir a propriedade como a escritura de compra e venda. A boa-fé que acarreta a usucapião ordinária é aquela que concede ao possuidor a falsa impressão de ser dono da coisa. Enquanto, a boa-fé para a posse nem ao menos requer animus domini, sendo-lhe suficiente a ignorância de seus vícios objetvios. Obs.: Ao ser citado no processo, o possuidor de boa-fé passa a ser de má-fé, já que tomou conhecimento do vício de sua posse.

b) Posse de má-fé - Ocorre quando o possuidor tem conhecimento do vício da posse, tem consciência do erro. Além disso, configura má-fé, o possuidor que deveria conhecer os vícios, mas não tomou os devidos cuidados do homem médio nas devidas circunstâncias. Ocorre o fenômeno da transmutação da posse – a posse de boa-fé se torna de má fé quando acontece um fato em que se prova que sua posse é indevida ou vice-versa. Como por exemplo, a contestação é um ato que permite ao possuidor saber os vícios que maculam a sua posse, que se torna de má-fé.

IV – Quanto a Presença de título

a) Com título – Efeito de presunção relativa da posse de boa-fé, parte contrária prova a má-fé.

b) Sem título – sabe que a posse é indevida, deve provar a boa-fé.

V – Quanto ao tempo:

a) Posse nova – posse que data de 1 ano e 1 dia ou menos b) Posse velha – mais de 1 ano e 1 dia – considera-se que a posse não tem

mais os vícios violência ou clandestinidade.

NÃO SE DEVE CONFUNDIR POSSE NOVA COM AÇÃO DE FORÇA NOVA, NEM POSSE VELHA COM AÇÃO DE FORÇA VELHA . Classifica-se a posse nova ou velha quanto à idade. Todavia, para saber se a ação é de força nova ou velha, leva-se em conta o tempo decorrido desde a ocorrência da turbação ou esbulho. Se o turbado ou esbulhado reagiu logo, intentando a ação dentro do prazo de 1 ano e 1 dia, contado da data da turbação ou do esbulho, poderá pleitear a CONCESSÃO DE LIMINAR, por se tratar de ação de força nova. Passado esse prazo, no entanto, o procedimento será ordinário, SEM DIREITO A LIMINAR, sendo a ação de força velha.

VI – Posse:

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a) Ad Interdicta – é a posse que pode ser defendida pelas ações possessórias ou interditos possessórios para repelir ameaça, mantê-la (manutenção) ou recuperá-la (Reintegração) contra terceiros ou até mesmo contra o proprietário. Para ser protegida pelos interditos é necessário que a posse seja justa em relação a parte ameaçadora. Assim, mesmo o possuidor injusto ou de má-fé com relação a determinado sujeito poderá defender a posse contra terceiros, em relação aos quais a exerce sem qualquer vício.

b) Ad usucapionem – é aquela onde o possuidor já preencheu todos os requisitos para aquisição da propriedade para usucapião: posse mansa, pacífica e sem interrupção pelo prazo da lei. – depende do tipo da usucapião.• só falta entrar com ação.Capaz de gerar direito de propriedade,

VII – Quanto à simultaneidade da Posse

Há simultaneidade da posse quando duas ou mais pessoas exercem a posse sobre coisa indivisível. Precisa ter a pluralidade de sujeitos e coisa indivisa para ocorrer a simultaneidade da posse.

a) Pluralidade de sujeitos b) Coisa indivisa – não se pode dividir a coisa.

VIII - Composse

Caderno, MHD - A simultaneidade do exercício da posse é denominada de COMPOSSE, e se dá em virtude de contrato ou herança, quando duas ou mais pessoas se tornam possuidoras do mesmo bem, por cota ideal, exercendo cada uma a sua posse sem atrapalhar a da outra.

Na posse perante terceiros cada compossuidor representará a posse de seus consortes, nas relações externas os compossuidores agem como se fosse uma só pessoa, uma vez que não interessa a estranhos a cota parte de cada compossuidor no estado de comunhão dos compossuidores.

Rosenvald – em princípio, a condição jurídica do possuidor perante a coisa se assemelha a do proprietário. Ambos se qualificam pela exclusividade, pois podem exercitar os poderes dominiais de uso e fruição da coisa de modo a excluir todas as outras pessoas da concorrência sobre os mesmos poderes.

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A COMPOSSE é uma situação excepcional consistente na POSSE COMUM e de MAIS DE UMA PESSOA SOBRE A MESMA COISA, que se encontra em estado de indivisão.

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a) Composse pro indivisa – é a posse de partes ideais da coisa objeto de composse.

b) Composse pro divisa – é a posse materialmente localizada dentro da composse, ou seja, cada um se localiza em partes determinadas do imóvel, estabelecendo uma divisão de fato. Neste caso, cada compossuidor poderá mover ação possessório contra outro compossuidor que o moleste no exercício de seus direitos, nascidos daquela situação de fato.

HIPÓTESES DE COMPOSSE:

a) Entre cônjuges desde que estejam na comunhão universal ou parcial ou na união estável;

b) Entre herdeiros – qualquer dos herdeiros pode exercer atos de composse. c) Entre consócios – Sócios de uma coisa comum

IX - Posse:

a) Produtiva – Cumpre a função social.b) Improdutiva – Não cumpre a função social.

PRINCÍPIO GERAL SOBRE A CONTINUIDADE DO CARÁTER DA POSSE

De acordo com o princípio citado, a posse manterá a natureza de sua aquisição, seja ela justa, injusta, de boa-fé, de má-fe, salvo prova em contrário.

É uma presunção JURIS TANTUM, ou sejá, uma presunção relativa, pois admite prova em contrário, isto é, admite a intervenção da posse.No entanto, será uma presunção absoluta caso se trate de ordem pública, não cabendo prova em contrário.

TRANSMUTAÇÃO DA POSSE e INTERVENSÃO DO TITULO

Isto significa que a mudança de comportamento de quem detém a coisa será fundamental para a conversão da detenção em posse injusta, mas não para transformar a posse injusta em uma posse justa.

A simples mudança de vontade é incapaz de mudar a natureza da posse, é necessário que ato material exteriorizado em outra relação de fato com a coisa para

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modificar a natureza da posse. Por exemplo, locatário de posse precária, compra o imóvel do locador esbulhado, mudando a natureza de sua posse.

A INTERVENSÃO DO TÍTULO quando cessada clandestinidade ou a violência da posse injusta, e passando o prazo legal, o possuidor direto adquiriu a posse indireta pelos meios judiciais. – AD USUCAPIONEM

MODOS AQUISITIVOS DA POSSE

1 – Conceito:

Pela Teoria Objetiva de Ihering:

A aquisição da posse resulta apenas da circunstância de ser fixada uma exteriorização da propriedade. A vontade de ter a coisa para si, resulta do comportamento do agente.

A apreensão consciente da coisa importa em posse. Pode decorrer de ato ou negócio jurídico, bem como de disposição de lei, em que, neste último caso, não se revela clara, mas presumida, a ciência do sujeito (a posse dos herdeiros transmitida com a morte do autor da herança)

Art. 1204 – Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.

Portanto, aquisição da posse dar-se-á pela obtenção do poder ingerência socioeconômica sobre uma coisa, que excluirá a ação de terceiros mediante o emprego de ações possessórias.

Não alcança tal condição de possuidor quem é detentor.

Quem tem propriedade, tem a posse, mas nem sempre quem tem a posse tem a propriedade.

É suscetível de proteção possessório tudo aquilo que puder ser apropriado e exteriormente demonstrado. O exercício do direito é o poder de usá-lo e gozá-lo. Na realidade, quem exerce direito sobre a coisa já exerce a posse. O locatário adquire a posse da coisa locada quando recebe a coisa. O usuário de linha telefônica exerce o direito perante terceiros quando lhe é franqueada a utilização pela concessionária do serviço.

2 – Classificação

a) Originária – é a posse que ocorre sem qualquer vinculação com o possuidor anterior. Cuida-se da ocupação da coisa, apropriação de seu uso e gozo. O ato do agente é unilateral, realizando-se o exercício de um poder de fato sobre a coisa,no interesse daquele que o exerce.

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b) Derivada – quando a posse decorre de transmissão da posse de um sujeito a outro. Há um ato ou negócio jurídico bilateral – compra e venda – No caso de morte, a aquisição derivada decorre da lei. Assim como, decorre de lei, a aquisição de frutos que caem em meu terreno, provenientes da árvore do vizinho. Por ato entre vivos decorre da vontade das partes – tradição, entrega da coisa, deslocação. é importante a distinção entre posse originária e derivada, visto que

quando a aquisição é originária, não havendo vínculo com o possuidor anterior, a posse apresenta-se despida de vícios para o novo possuidor. Se o possuidor recebeu a posse de outrem, derivada portanto, as mesmas características lhes são transferidas, ou seja, com os vícios ou virtudes anteriores.

3 – Aquisição Originária da Posse

a) ConceitoNão há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior. É o que acontece quando há esbulho, e o vício, posteriormente convalesce. Adquiri-se a posse por modo originário quando não há consentimento de possuidor precedente. A posse que antes era viciada, adquirida de forma originária, não terá os vícios que antes a amaculava. Ex. A tinha uma posse de má-fé e foi esbulhado por B que estava de boa-fé – a caracteristica anterior não continua. Quando o modo é originário surge uma nova situação de fato, que pode ter outros vícios, mas não os vícios anteriores. A posse é adquirida originalmente pela APREENSÃO DA COISA, pelo EXERCICIO DO DIREITO e pelo fato de se DISPOR DA COISA OU DO DIREITO.

b) Apropriação do bem Apreensão é a apropriação da coisa sem dono mediante ato unilateral do adquirente, bastando que este adquira o poder de fato em relação a coisa e que tenha poder de ingerência potestativa socioeconômica sobre ela, para, assim, ser efetivamente adquiria. Coisa sem dono: quando for abandonada ou quando não for de ninguém. A apreensão também se dá quando a coisa é retirada de outrem sem a sua permissão: Esbulho.

c) Exercício de Direito É manifestação externa do direito, ou seja, é quando se exerce os direitos reais sobre as coisas alheis, que podem ser objeto da relação possessório, como a servidão (direito de passagem) ou uso.

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Exemplo: a passagem constante de agua por um terreno alheio, capaz de gerar servidão de águas.. diante na inercia do dono do terreno, adquire a posse o agente.

4 – Aquisição Derivada da Posse - Bilateral

Adquire-se a posse por modo derivado ou bilateral quando há consentimento do possuidor anterior, isto é, quando a posse é transferida (transmissão da coisa) por meio de um negócio jurídico

A transmissão pode decorrer de tradição, do constituto possessório e sucessão inter vivos e mortis causa.

Tradição

Modo derivado de apossamento da coisa.

Tradição significa entrega;

Há tradição quando uma pessoa voluntariamente entrega uma coisa a outra que voluntariamente recebe.

Formas de Tradição :

a) Efetiva ou material ou real É a tradição que envolve a entrega efetiva e material da coisa.Traditio longa manu – o transmitente da posse leva o adquirente a um local do imóvel que está entregando, mostrando-lhe e apontando-lhe a área e seus limites. O objeto é mostrado e posto à disposição do adquirente.Exemplo: Vendedor que passa de casa em casa alienando a coisa móvel.

b) Simbólica ou ficta A tradição, a entrega da coisa, é traduzida por atitudes, gestos, conduta indicativa da intenção de transferir a posse.Representada por ato que traduz alienação. Exemplo: entrega das chaves do apartamento ou do veículo vendidos. A coisa não foi materialmente entregue, mas o simbolismo do ato é indicativo do propósito de transmitir a posse, significando que o adquirente passa a ter disponibilidade física da coisa.

c) Consensual: Traditio brevi manu e constituto possessório. Não ocorre a transferência real da posse, a exteriorização da tradição. Haverá uma inversão do animus de possuir do sujeito. ‘

Traditio brevi manu – Possuidor de uma coisa alheia passa a possui-lá como própria, ou seja, o agente tem a posse direta, decorrente de contrato, e depois adquire o domínio da coisa, passando a ser possuidor indireto.

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Exemplo: Locatário que adquire a coisa locada. Sua posse direta transforma-se em posse de proprietário – Posse plena – direta e indireta. Constituto possessório – é o contrario da brevi manu, em que o possuidor em nome próprio altera seu animus e passa a possuir em nome de outrem. Exemplo: Proprietário que aliena a coisa e continua em sua posse como locatário. No entanto, só será admitida a manutenção de condição de possuidor direto quando o alienante e adquirente estabelecerem a chamada clausula constituti, que não se presume.

PERDA DA POSSE

Mantém-se na posse aquele que mantém o comportamento de exteriorização do domínio.

Cessa a posse de um sujeito quando se inicia a posse de outra.

Perde-se a posse sempre que o agente deixa de ter a possibilidade de exercer, por vontade própria ou não, poderes inerentes ao direito de propriedade sobre a coisa.

Perde-se a posse por iniciativa do próprio possuidor ou de terceiro, ou por fato relacionado à própria coisa.

Pelo abandono Ocorre o abandono quando o possuidor, por ato voluntário, demonstra o desinteresse em manter a coisa, despoando-a, configurando a perda do animus e do corpus. A ausência prolongada e o desinteresse revelado pelo possuidor são circunstâncias indicativas do abandono, por falta de diligência de um interessado cuidadoso.

Tradição Entrega da posse da coisa pelo alienante a outrem, por meio de negócio jurídico. Hipótese em que desaparece o animus e o corpus. Na tradição um sujeito adquire a posse e outro perde.

Perda da coisaQuando o objeto desaparece, perde-se o corpus. Na perda, enquando o perdedor vai a procura da coisa, ainda não perdeu a posse. “enquanto haja esperança provável de encontrar uma coisa perdida, a posse conserva pela simples vontade”. A perda dá-se quando o possuidor não mais a encontra definitivamente ou não recebe da pessoa que a achar.

Distruição da coisa A posse desaparece de plano quando a coisa é distruida, mas precisa ter perda total da coisa, para assim, deixar de existir. A distruição pode resultar de fato natural, de 3º ou de ato de vontade.

InalienabilidadeCoisas fora do comércio são inalienáveis.

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Há impossibilidade jurídica de posse sobre os bens inalienáveis. Posse de outrem

Ocorre a perda da posse quando outrem toma a posse da coisa, mesmo contra a vontade do possuidor. Este deve ter todos os cuidados devidos de vigilância sobre a posse. Assim, o ausente, pessoa que não se sabe o paradeiro, ao ser esbulhado deve assim que ficar ciente do ocorrido intentar todos os meios necessários para proteger a sua posse. Caso fique inerte ocorre a perda.

Constituto possessórioO constituto é modalidade de aquisição, mas também o é de perda, visto que há uma modificação na natureza da posse quando o possuidor transfere o objeto a outrem, perdendon um título de posse e passando a ter outro.

PERDE A POSSE DOS DIREITOS

A perda da posse de direitos equivale à perda da coisa, pois fica o sujeito impossibilitado dela dispor. Essa impossibilidade pode provir de ato de 3º ou de fato natural, cujos efeitos são idênticos.

A omissão do possuidor por certo lapso de tempo possibilita a perda de sua posse. Os direitos devem ser conservados por atos que revelem o interesse dos agentes. A inércia do titular pode ocasionar a perda da posse. No entanto, o simples não uso, não é suficiente para a perda. É necessário que essa conduta omissiva do titular junte-se conduta ativa de outrem, que passa a usufruir da coisa.

PERDA DA POSSE PARA AQUELE QUE NÃO PRESENCIA O ESBULHO

a) Abandona o seu direitob) Desforço imediato

EFEITOS PROCESSUAIS DA POSSE

É suscetível de proteção possessória tudo aquilo que puder ser apropriado e exteriormente demonstrado.

A posse será tutelada como uma situação de fato capaz de satisfazer a necessidade fundamental de moradia e fruição da coisa. O possuidor merece amparo por ser aquele que retira as utilidades do bem e lhe defere destinação econômica , sem que haja qualquer conexão com a situação jurídica de ser ou não o titular da propriedade. A proteção se efetivará, seja ou não possuidor o portador do título de domínio ou mesmo que se coloque em situação de oposição ao proprietário.

Obs.: na ação possessória não é permitida a discussão de propriedade, pois a causa de pedir e o pedido versam apenas sobre a posse, sendo, assim, não se pode alegar dto de propriedade ou outro dto sobre a coisa.

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A proteção da posse pode decorrer de legitima defesa (turbação), desforço imediato (esbulho), ações possessórias – manutenção e reintegração. A legítima defesa não se confunde com o desforço imediato. Este ocorre quando o possuidor, já tendo perdido a posse (esbulho), consegue reagir, em seguida, e retomar a coisa. A primeira somente tem lugar enquanto a turbação perdurar, estando o possuidor na posse da coisa.

Interditos possessórios

Para a propositura dos interditos é necessário ser possuidor. Assim, o detentor não poderá propor.

Quem é proprietário, tem o direito, mas não tem a posse, tem que se valer das vias petitorias e não possessórias.

Classificação de Ihering a) Exteriorização do domínio - proteger a posse mostrando que é dono; b) Ações especiais para proteger a posse e facilitar o domínio; c) Proteger a posse e a propriedade.

AÇÕES POSSÍVEIS

AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE

Ação utilizada pelo possuidor que se vê turbado em seu exercício de posse, para que esta seja mantinda em relação ao turbador.

De acordo om o CPC, art. 927 para a propositura da ação de manutenção deve-se demonstrar, provar:

I. A sua posse

Quem nunca teve a posse não pode valer-se dos interditos.

Na possessória, o autor terá de provar que tem a posse legítima da coisa e que a manteve, apesar da turbação.

A posse, para ser tutelada, não depende de título ou causa, nem de sua duração, nem da boa-fé ou má-fé do possuidor, basta que a posse seja justa.

Não tem direito a ação o detentor ou não induz posse atos de mera permissão, tolerância e violentos ou clandestinos.

II. A turbação praticada pelo réu

O autor terá que provar a turbação, descrevendo quais os fatos que o estão molestando, cerceando o exercício da posse.

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Turbação é todo ato que limita o exercício da posse, assim como, diminuição no uso, gozo, eficácia ou disposição do bem, da tranquilidade.

O interesse que tem o possuidor de fazer respeitar sua posse basta, por si só, para justificar a ação de manutenção.

Os atos turbativos privam o possuidor da plenitude do exercício da posse, mas não do exercício mesmo: o turbado continua a possuir, mas a extensão do poder fático que continua exercer fica limitada pela turbação.

III. A data da turbação IV. A continuação da posse, embora turbada.

Classificação da Turbação:

a) Turbação de fato Quando há efetivamente uma agressão material cometida contra a posse, que a atrapalha.

b) Turbação de direito Consiste na contestação ou ataques judiciais, pelo réu, à posse do autor.

c) Turbação direta Atinge efetivamente a coisaExercida imediatamente sobre o bem ex. Abertura de caminho, corte de arvores no terreno do autor.

d) Turbação indiretaNão atinge efetivamente a coisa, mas os efeitos recaem sobre a coisa.É a praticada externamente, mas que incide sobre a coisa possuída ex. Turbador espalha boatos sobre a casa e o possuidor não consegue inquilino.

e) Turbação positiva Resulta da prátia de atos materiais sobre a coisa, ex vizinho mandar erguer o muro e atrapalhou a posse do autor, ou passagem pela fazenda – exerce atos como se fosse dono.

f) Turbação negativaApenas dificulta, atrapalha ou impede o livre exercício da posse pelo possuidor Ex. Impedir o possuidor de entrar em sua propriedade, barrando o caminho.

Quando é cabível – Sempre que houver turbação

Pedido – mandado de manutenção de posse

Posse nova e Posse velha

Se a turbação ocorre no prazo de ano e dia – Rito especial – Com pedido de liminar – podendo o juiz conceder a liminar sem ouvir a outra parte. No entanto,

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em se tratando de poder público, o juiz não poderá conceder a liminar sem antes ouvi-lo.

Se a turbação ocorre depois do prazo ano e dia – Rito Ordinário - Sem pedido de liminar – Mas pode pedir tutela antecipatória.

Disputa de preferência – quando duas ou mais pessoas têm a posse:

a) Melhor posse – de quem tem justo título; b) Posse mais antiga – quem está a mais tempo na posse da coisa – posse

direta;c) Posse atual – quem está na posse atualmente.

Início da contagem do prazo:

a) A partir do momento em que ficou sabendo da turbação b) A partir do momento da realização do ato turbação – em caso de vários atos

de turbação, sem nexo de causalidade entre eles.c) A partir do último ato de turbação - Quando atos de turbação são

suscessivos com nexo de causalidade entre um e outro.

Legítima defesa da posse – em caso de turbação – É a utilização de próprios meios (força física) para proteger a posse. Porém, não se deve cometer atos excessivos, desnecessários para a proteção da posse.

AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE

Ação movida pelo esbulhado a fim de recuperar a sua posse perdida, em razão de violência, clandestinidade ou precariedade.

Esbulho

Consiste no ato pelo qual o possuidor se vê privado da posse mediante violência, clandestinidade ou abuso de confiança – precariedade.

Há esbulho sempre que alguém for privado do exercício da retenção ou fruição do objeto possuído, ou da possibilidade de o continuar.

O esbulho é a mais grave das ofensas, porque despoja da posse o esbulhado, retirando-lhe por inteiro o poder de fato que exercia sobre a coisa e tornando assim impossível a continuação do respectivo exercício.

Quem é o esbulhador – Quem tomou a posse.

Polo Passivo – Esbulhador e terceiros.

Ação de força nova espoliativa – Quando ocorrer o esbulho no prazo de ano e dia – Com liminar – Rito especial

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Ação de força velha espoliativa – Quando ocorrer o esbulho após ano e dia – sem liminar – Rito ordinário

Alegação de que é dono – Código Civil de 2002 – não aceita tal alegação em ação possessória.

INTERDITO PROIBITÓRIO

O interdito proibitório é remédio concedido ao possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse.O justo receio é requisito a ser demonstrado no caso concreto: temor justificado de violência iminente contra a posse, sendo uma possível turbação ou esbulho.

Sua particularidade é o caráter preventivo. Busca-se evitar a ofensa à posse. Tem por finalidade afastar, com a proibição emanada do comando judicial, a ameaça de turbação ou esbulho. Se esta já ocorreu, a ação será de manutenção ou reintegração.

Por sua natureza, somente se impetra o interdito nas situação de força nova. Se a situação de fato já se estabilizou com a turbação ou esbulho, iniciou-se o prazo de ano e dia. O interdito é remédio de força iminente.

Resulta em pena pecuniária.

NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA

Quando ocorre construções, obras, que irão alterar a natureza da coisa.

Cuida-se de ofensa à posse por obra vizinha.

A edificação em curso deve prejudicar o prédio, suas servidões ou finalidades. Deve ser ajuizada no curso da obra. Trata-se de ação que visa a aspectos materiais. A obra em si. Se já terminada, não mais é cabível essa ação.

A nunciação é também uma ação preventiva, perante ameaça de ofensa à posse. Cabe tanto ao possuidor direto, quanto ao indireto.

PERCEPÇÃO DOS FRUTOS

Os frutos devem pertencer ao proprietário, como acessórios da coisa. Sendo dele a coisa principal, dele também terão que ser as coisas acessórias, segundo o princípio de que o acessório segue o principal.

Essa regra, contudo, não prevalece quando o possuidor está possuindo de boa-fé, isto é, com a convicção de que é seu o bem possuído. Há nesses casos dois direitos que se afrontam, o do proprietário e o do possuidor, e o deste prevalecerá quando se etadear a boa-fé de quem possui.

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A condição fundamental, pois, para que o possuidor ganhe os frutos é sua boa-fé, ou seja, o pensamento de que é proprietário.

Os frutos são bens acessórios, pois dependem da coisa principal. Outra coisa acessório são os produtos.

Produtos são utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque não se produzem periodicamente, como o petroleo, metais, pedras. Distingue-se dos frutos porque a colheita destes não diminui o valor nem a substância da fonte, e a daqueles sim.

Frutos são utilidades periodicamente produzidas pela coisa ou riquezas produzidas pelo bem. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte, como as frutas da àrvore.

Classificação:

Quanto a origem dos frutos:

a) Naturais – São os que desenvolvem e se renovam periodicamente, em virtude da força orgânica da própria natureza, como os cereais, as frutas das àrvores, as crias dos animais.

b) Industriais – são os decorrentes da atividade humana, os que aparecem pela mão do homem, isto é, os que surgem em razão da atuação do homem sobre a natureza, como a produção de uma fabrica.

c) Civis – rendas produzidos pela coisa, em virtude de sua utilização por outrem que não proprietário, como os juros e os aluguéis... São os lucros provenientes da coisa.

Quanto ao estado / a percepção:

a) Pendentes – frutos que estão unidos à coisa que os produziu, ou seja, não foram colhidos.

b) Percebidos – frutos que foram separados da coisa que os produziu, ou seja, já foram colhidos.

c) Percipiendos – frutos que deviam ser colhidos, mas por algum motivo não foram colhidos ou percebidos

Tanto os frutos como os produtos de uma coisa pertencem ao proprietário. A posse de boa-fé derroga a regra unicamente em matéria de frutos e não de produtos, ou seja, a boa-fé só expropria o valor relativo aos frutos, ficando todo possuidor obrigado a indenizar ao proprietário os produtos que tenha obtido da coisa, se não puder restituí-los. Por motivo de equidade, a indenização deve corresponder ao proveito real que o possuidor obteve com a alienação dos produtos da coisa. A diferença no tratamento jutídico reside na circunstância de que os produtos diminuem o valos da coisa, enquanto os frutos deixam-na intacta.

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Direito de indenização das benfeitorias:

a) Possuidor de má-fé – tem direito à indenização das benfeitorias necessárias.b) Possuidor de boa-fé – tem direito à indenização das benfeitorias

necessárias e úteis, podendo exercer, pelo valor delas o direito de retenção. Quanto às voluptuárias, poderá o possuidor de boa-fé levantá-las, se não acarretar estrago à coisa e se o reivindicante não preferir ficar com elas, indenizando o seu valor. O objetivo é evitar o locupletamento sem causa do proprietário pelas benfeitorias então realizadas. Direito de retenção – consiste num meio de defesa, sendo reconhecido a faculdade de continuar a deter a coisa alheia, mantendo-a em seu poder até ser indenizado.

PROPRIEDADE

NOÇÕES

1) ConceitoPode-se definir o direito de propriedade como o poder jurídico atribuído a uma pessoa de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, em sua plenitude e dentro dos limites estabelecidos na lei, bem como reinvidicá-lo de quem justamente o detenha.

2) Elementos Constitutivos do domínio Quando todos os aludidos elementos constitutivos estiverem reunidos em uma só pessoa, será ela titular da propriedade plena. Se, entretanto, ocorrer o fenômeno do desmembramento, passando um ou alguns deles a ser exercidos por outra pessoa, diz-se que a propriedade é limitada. É o que sucede, no caso do direito real de usufruto, em que os direitos de usar e gozar da coisa passam para o usufrutuário, permanecendo o proprietário somente com os de dispor e de reinvidicá-la. a) Jus Utendi – Direito de usar, servir-se da coisa da maneira que entender

mais conveniente, observando as finalidades econômicas e sociais da propriedade.

b) Jus Fruendi – Direito de perceber os frutos naturais e civis e de aproveitar economicamente os seus produtos.

c) Jus Abutendi – Direito de dispor da coisa, transferi-la, de gravá-la de ônus e de aliená-la a outrem a qualquer título.

d) Jus Vidicatio – Direito de reinvidicar a coisa das mãos de quem injustamente a possua ou detenha.

3) Caracteres a) Exclusividade - Exercício da propriedade com exclusividade, mesmo no

condomínio (cada um exercer com exclusividade na sua cota parte)A mesma coisa não pode pertencer com exclusividade e simultaneamente a duas pessoas ou mais. O direito de um sobre determinada coisa exclui o

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direito de outro sobre a mesma coisa. O termo empregado no sentido de poder o seu titular afastar da coisa quem quer que dela queira utilizar-se. Tal noção não se choca com a de condomínio, pois cada condômino é proprietário, com exclusividade, de sua parte ideal. Os condôminos são, conjuntamente, titulares do direito; o condomínio implica divisão abstrata da propriedade.

b) Perpetuidade – O exercício da propriedade é perpétuo até ser vendida. Assim, não pode existir cláusula que determine prazo de exercício. Salvo na doação que pode estipulas, por exemplo, uso de 20 anos.A propriedade é perpétua, porque não se extingue pelo não uso. Não estará perdida enquanto o proprietário não a alienar ou enquanto não ocorrer nenhum dos modos de perda previstos em lei, como a desapropriação, o perecimento, a usucapião.

c) Elasticidade – O proprietário pode aumentar ou diminuir os direitos de propriedade da coisa, por exemplo, doar para 3º.

4) Objeto da propriedadeNão excluído por lei – serão objetos tudo o que não for excluido por leiVerticalidade – Não segue, pois há limitações quanto a sua extensão em relação ao subsolo e atmosfera.a) Bens corpóreos Imóveis Minas – As minas têm autonomia jurídica, incorporando-se ao patrimônio da UNIÃO. Dono da propriedade pode participar dos lucros.b) Bens incorpóreos

5) Espécies de propriedadea) Plena – Quando todos os elementos constitutivos da propriedade estão

presentesb) Restrita –O proprietário da coisa não tem todos os elementos constitutivos

de domínio.

AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE

Modos de adquirir

a) Derivadab) Originária c) Causa Mortis d) Iter vivos

Formas de aquisição

a) Aquisição pelo registro do títuloPara a aquisição da propriedade imóvel, no dto brasileiro, não basta o contrato, ainda que perfeito e acabado. A transferência do domínio só se opera pelo registro do título.

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O registro do título confere apenas presunção juris tantum de domínio: uma vez efetuada a matrícula, presume-se pertencer o dto real à pessoa em cujo nome se registrou. E a propriedade considera-se adquirida na data da apresentação do título a registro. Perante o dto brasileiro, o registro não é apenas meio de se dar publicidade do ato. Ao contrário, é tradição solene, que gera dto real para o adquirente, transferindo-lhe o domínio, mas admitindo prova em contrário. Fé pública

Os registros são dotados de fé pública, pois gozam da presunção de veracidade. Presume-se pertencer o dto real à pessoa em cujo nome se encontra registrado.

A sua importância prática se constitui na dispença daquele que propõe uma ação de provar a existência do dto real que afirma, porque tem a seu favor a presunção. Todavia, a presunção pode ser destruída por prova contrária, por isso, juris tantum – presunção relativa, e não absoluta.

Ordem de Registro

O dono é o primeiro que registrou. Se comprou e não registrou, o dono é o vendedor – pessoa que ainda está na matricula.

Anulaçãob) Acessão

É modo de aquisição da propriedade, através dos acréscimos ou incorporação, natural ou artificial, de bem inesperadamente. Assim, são acréscimos que a coisa sofre no seu valor ou no volume em razão de elemento externo, normalmente pela natureza.Em todas as suas formas a acessão depende do concurso de 2 requisitos: a – conjunção entre duas coisas até então separada; b- o caráter acessório de uma dessas coisas, em confronto com a outra. Na acessão predomina, o princípio segundo o qual a coisa acessória segue a principal. Ao proprietário desfalcado cabe indenização, evitando-se o enriqeucimendo indevido.

Formas de ilhas A formação de ilha é a aquisição do domínio pelo acréscimo ou incorporação de bem inesperado ao depósito de materiais, rebaixamento das àguas ou movimentação da terra. Somente interessam ao Dto Civil as ilhas formadas em rios não navegáveis ou particulares, por pertencerem ao domínio particular. Ilha é um acúmulo paulatino de areia, cascalho e materiais levados pela correnteza, ou de rebaixamento de águas, deixando a descoberto e a seco

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uma parte do fundo ou do leito (espaço que pode ser ocupado pelas águas)

“Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:

I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;

II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado.

III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.

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Aluvião É o acréscimo de terras devido ao depósito de material trazido pelas águas que vão se acumulando, ao longo das margens das correntes ou pelo desvio das águas destas, pertencentem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização. Desta forma, podemos classificar a aluvião como própria, onde ocorre o acréscimo paulatino, de forma sucessiva e imperceptível as margens de um curso de água, ou seja, o acréscimo ocorre em decorrência do acumulo de terra. Já aluvião imprópria, decorre do afastamento das águas de um curso, ou seja, as águas do rio se afastam, de forma gradativa e imperceptível.

Aluvião própria, em que a terra vem

Aluvião imprópia em que àgua vai embora

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Art. 1250 - Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.

Avulsão

Avulsão é o deslocamento de uma porção considerável de terra, pela força das águas e o seu consequente arremesso de encontro a terras de outrem. O dono das terras assim acrescidas pode ficar com o acréscimo, pagando indenização ao reclamante (ou sem indenização, se, em um ano ninguém houver reclamado) ou consentir que a terra seja removida.

Avulsão – faixa de terra avulsa, que se desloca de um terreno por força natural de corrente para se juntar a outro.

Alveo abandonado

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No caso exposto, a distribuição deve ser igual entre A e B, já que a distância de suas margens ao centro do rio é a mesma, ou seja, 50m.

Retornando o rio ao seu antigo leito, o abandonado volta aos seus antigos donos.

Não se pode confundir o álveo abandonado, em que o rio seca, com a aluvião imprópria, em que parte do álveo descobre-se em razão de um desvio no curso das águas. Deve originar-se de forças naturais, pois, se oriundo de  motivo de utilidade pública passa a pertencer a posse do álveo abandonado à pessoa de Direito Público que houver desapropriado, indenizando-se aquele que perdeu suas terras, nos moldes de uma desapropriação indireta, no entanto, por se tratar de um acontecimento natural, os donos dos terrenos por onde o rio inaugurar novo curso não terão direito a indenização.

Construções e plantações

São acessões artificiais, que derivam de um comportamento ativo do homem, dentre elas, as plantações e construções de obras. Artigos 1253 a 1259, CC.

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c) Dação em pagamento d) Doação e demais transações

USUCAPIÃO

1 – Conceitos

Aquisição da propriedade ou outro direito real pelo decurso do tempo estabelecido e com observância dos requisitor instituídos em lei.

Forma de aquisição de propriedade originária.

2 – Consequências

ITBI – Imposto de transmissão de bens imóveis – não é obrigado a pagar quando se adquire a propriedade por usucapião, já que não tem vínculo com o proprietario anterior – originária.

IPTU – Obrigação que segue a coisa, devendo portanto, o adquirente pagá-lo. Art. 945

ITR – Imposto de transmissão / territorial rural – Lei 6969/81 – imunidade tributária em caso de ITR na aquisição.

3 – Requisitos

a) A coisa deve ser suscetível de usucapir - não pode ser bens for do comércio – inalienáveis.

b) A posse deve ser mansa e pacifíca e com animus domini- não pode ser posse em que tenha atos de violencia ou clandestinidade. E deve-se ter a vontade de ser dono, por isso que locatários não podem usucapir, pois não têm essa vontade. Atos de mera tolerância não induzem a posse com vista à usucapião.

c) Deve ter decurso do tempo – de forma continua, sem intervalos –Prazo instituído em lei

d) Quando for usucapião ordinária deve ter boa-fé e justo título Função social – propriedade privada TEM função social; propriedade

pública É função social Bens formalmente públicos - não estão sendo utilizados, e por conseguinte,

não cumprem com a função pública. Terrenos vazios do poder público. Bens materialmente públicos – estão exerendo a função social, pois servem

para alguma coisa. O poder público está utilizando o terreno.

4 – Legitimidade

Polo ativo – dententor? Qualquer pessoa capaz, podendo ser poder público, pessoa física, jurídica. Exceto detentor, que não possui posse, não podendo se valer da usucapião.

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Outorga Uxória – Em regra geral, não precisa da autorização da esposa ou da outorga marital – do marido. Entretando, se for autor da ação é bom ter a outorga.

Polo passivo – Súmula 263 STF – Quem está na matricula do imóvel.

5 – Intimação

A fazenda pública é intimada e não citada, podendo se manifestar em caso de interesse.

6 – Competência – Entra com a ação onde está a coisa.

7 – Matéria de defesa? Em contestação. Reconvenção e pedido contraposto.

Súmula 237 – STF Enunciado 315

USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO

1 – Conceito

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

2 – Requisito formal

a) Tempo – 15 anos Princípio da Operabilidade – o código tem que ter normas operávei, que possam ser aplicadas no caso concreto. Requisito tempo mínimo

b) Animus Domini c) Forma contínua d) Mansa e pacífica

3 – Legitimados

4 – Quebra da posse.

Não há quebra da posse quando há desforço imediato, APENAS COM AÇÃO.

A PESSOA SAI DO IMÓVEL.

USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA ESPECIAL

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Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

1 – Prazo – 10 anos

2 – Posse vinculada ao trabalho

3 – Posse vinculada a moradia

USUCAPIÃO ORDINÁRIA

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.

1 – Prazo – 10 anos

2 – Requisitos

a) A coisa deve ser suscetível de usucapir b) A posse deve ser mansa e pacifíca e com animus dominic) Deve ter decurso do tempo d) Deve ter boa-fé e justo título – documento que comprove que a posse é do

possuidor, como um contrato sem registro, uma escritura.

3 – Ordinária Tabular ou especial

Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.

Prazo é de 5 anos.

Registro cancelado.

Exemplo: A comprou imóvel de B, depois descobriu que B não era o verdadeiro proprietário. No entanto, o verdadeiro proprietário nada fez (não registrou), e por conta disso A continua morando no imóvel por 5 anos, conseguindo posteriormente usucápi-lo.

Moradia

Trabalho

DA USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL

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1 – Conceito

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por 5 anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a 50 hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela moradia, adquir-lhe-á a propriedade.

Pro labore

2 – Requisitos:

a) Área – 50 hectaresb) Prazo – 5 anosc) Produtividade - trabalhod) Moradia Enunciado 313 Enunciado 212, STF

Soma da posse? Não se pode fazer a soma da posse, pois esta é adquirida pelo trabalho e moradia.

DA USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA

1 – Conceito

Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.

§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez

Pro misero – beneficiar os miseráveis, pessoas que não tem condição de adquirir uma coisa.

Permite a usucapião de apartamentos em condomínio edilício. Até 250 metros quadrados.

2 – Requisitos

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a) Área – 250 metros quadrados. Área urbana – imóvel edificado ou não.b) Prazo – por 5 anos ininterrupta e sem oposiçãoc) Moradia – sua ou de sua famíliad) Não pode ser proprietário nem de imóvel urbano nem rural

DA USUCAPIÃO FAMILIAR OU POR ABANDONO DE LAR

O abandono do lar é o fator preponderante para a incidência da norma, somado ao estabelecimento da moradia com posse direta. O comando pode atingir cônjuges ou companheiros, inclusive homoafetivos, diante do amplo reconhecimento da união homoafetiva como entidade familiar equiparada a união estável.

Havendo disputa judicial ou extrajudicial, relativa ao imóvel, não ficará caracterizada a posse ad usucapionem.

Enunciado 499 – jornada de dto civil - A aquisição da propriedade na modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-A do Código Civil só pode ocorrer em virtude de implemento de seus pressupostos anteriormente ao divórcio. O requisito “abandono do lar” deve ser interpretado de maneira cautelosa, mediante a verificação de que o afastamento do lar conjugal representa descumprimento simultâneo de outros deveres conjugais, tais como assistência material e sustento do lar, onerando desigualmente aquele que se manteve na residência familiar e que se responsabili za unilateralmente pelas despesas oriundas da manutenção da família e do próprio imóvel, o que justifica a perda da propriedade e a alteração do regime de bens quanto ao imóvel objeto de usucapião.

Artigo 1240, cc Enunciado 500 Uso da violência? Separação de fato? Não é requisito indispensável para a usucapião o divórcio

ou dissolução da união estável, bastando mera separação de fato. Imóvel alugado? Não há necessidade de que o imóvel esteja na posse direta

do ex- cônjuge ou ex-companheiro, podendo ele estar locado a terceiro, sendo viável do mesmo modo a nova usucapião pelo exercício de posse indireta.

DA USUCAPIÃO COLETIVA

Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.

DA DESCOBERTA

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Requisitos Artigos 1264 a 1266, CC

DA OCUPAÇÃO

A ocupação é o assenhoramento da coisa sem dono (res nullius) ou abandonada. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação proibida por lei.

Não se confunde coisa sem dono ou abandonada com coisa perdida, está ultima deve ser restituída ao dono ou entregue à autoridade.

Artigo 1263, CC

DA PERDA DE PROPRIEDADE

1 – Causas voluntárias – Partem da vontade do dono.

2 – Causas involuntárias – não dependem da vontade ou interesse do dono.

3 – Formas:

a) Alienação – É a forma de extinção da propriedade em que o titular transmite a outrem seu direito sobre a coisa. Pode ser a título gratuito ou oneroso. É vonluntária.

b) Renúncia – Ocorre quando o proprietário declara o seu intuito de abrir mão de seu direito sobre a coisa em favor de terceira pessoa que não precisa manifestar sua aceitação. É voluntária.

c) Abandono – Ocorre quando o proprietário se desfaz voluntariamente de um imóvel com o próposito de não mais tê-lo para si. É voluntária.

d) Perecimento – A propriedade se extingue pelo perecimento do imóvel.É involuntária, alheia a vontade do agente.

e) Desapropriação – é um procedimento administrativo pelo qual o Poder Público, despoja alguém de uma propriedade e toma para si, mediante indenização justa e prévia. Deve ser necessariamente motivada por um interesse público. Se for reforma agrária a indenização é por meio de título da dívida ativa.A desapropriação é uma forma de aquisição (pelo poder público) e perda (para o propritário).O poder público requisita o imóvel ou móvel por causa de interesse público ou em caso de guerra ou calamidade pública.

DO CONDOMÍNIO

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1) CONCEITO – Ocorre quando uma pluralidade de pessoas tem o exercício da propriedade sobre determinado bem. O condomínio é uma espécie de propriedade de coisa indivisa, onde é atribuído a cada condômino uma parte ou fração ideal da coisa. Tem natureza real, porque tem conjunto de coisas e não de pessoas. É uma coisa com vários donos.

2) CLASSIFICAÇÃO:

Quanto a origem:

a) Condomínio voluntário ou convencional – Parte da vontade dos proprietário, exemplo, quando três pessoas se juntam para comprar uma casa.

b) Condomínio incidente ou eventual – Originalmente não tinha condomínio, mas pela vontade de terceiros passaou a ter. Caso de herança ou testamento.

c) Condomínio necessário ou forçado - Estabelecido pela lei. Sempre haverá condomínio nas hipóteses elencadas na lei.

Quanto ao sujeito:

a) Condomínio Universal - Quando a totalidade da coisa tem condomínio, como no caso em que 3 pessoas se juntam para compra uma casa. A casa inteira é condomínio.

b) Condomínio Particular – Quando uma parte da coisa tem condomínio, como no caso dos prédios em que o elevador tem condomínio.

Quanto a forma ou divisão:

a) Condomínio Pro diviso – Quando é facilmente fracionada, como no caso de uma safra. Fraciona-se entre os proprietários.

b) Condomínip Pro indiviso – Não se fraciona a coisa, só em documento.

DO CONDOMÍNIO: DIREITOS E DEVERES

a) Direito de uso da coisab) Despesasc) Renúncia a quota parte d) Dívidas do condomínio e) Dívidas contraídas por um dos condôminos f) Responsabilidade dos condôminos g) Divisão da coisa comumh) Alienação judicial da coisai) Indivisibilidade da coisa: no testamento e doaçãoj) Venda de coisa indivisível: licitação especial

DO CONDOMÍNIO NECESSÁRIO

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DO CONDOMÍNIO EDILÍCIO OU HORIZONTAL

Denominação Aplicação Associação de moradores Estrutura interna Área de propriedade exclusiva Área comum Relação de consumo? Natureza jurídica Instituição de condomínio

Convenção de Condomínio

Registro Súmula 260, STJ Proibição de Repúblicas Alteração Animais no Prédio Pertubação noturna