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DIRETORIA EXECUTIVA 2012-2014€¦ · 2 Janeiro | 2013 – Discagem gratuita 0800. 601.3020 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOS DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL DIRETORIA EXECUTIVA 2012-2014

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Janeiro | 20132

www.advocef.org.br – Discagem gratuita 0800.601.3020

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOSDA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

DIRETORIA EXECUTIVA 2012-2014Presidente: Carlos Alberto Regueira de Castro e Silva (Recife)Vice-Presidente: Álvaro Sérgio Weiler Junior (Porto Alegre)Primeiro Secretário: Lenymara Carvalho (Brasília)Segundo Secretário: Lya Rachel Basseto Vieira (Campinas)Primeiro Tesoureiro: Estanislau Luciano de Oliveira (Brasília)Segundo Tesoureiro: Daniele Cristina Alaniz Macedo (São Paulo)Diretor de Articulação e Relacionamento Institucional: Júlio Vitor Greve (Brasília)Diretor de Comunicação, Relacionamento Interno e Eventos: Roberto Maia (Porto Alegre)Diretor de Honorários Advocatícios: Dione Lima da Silva (Porto Alegre)Diretor de Negociação Coletiva: Marcelo Dutra Victor (Belo Horizonte)Diretor de Prerrogativas: Maria Rosa de Carvalho Leite Neta (Fortaleza)Diretor Jurídico: Pedro Jorge Santana Pereira (Recife)Diretor Social: Isabella Gomes Machado (Brasília)REPRESENTANTES REGIONAISElisia Sousa Xavier (Dijur/Suaju)|Meire Aparecida de Amorim (Dijur/Suten)|Paula GironMargalho (Aracaju)|Rodrigo Trassi de Araújo (Bauru)|José de Anchieta Bandeira Moreira Filho(Belém)|Leandro Clementoni da Cunha (Belo Horizonte)|Marta Bufáiçal Rosa (Brasília)|LyaRachel Bassetto Vieira (Campinas)|Alfredo de Souza Briltes (Campo Grande)|Renato LuizOttoni Guedes (Cascavel)|Sandro Martinho Tiegs (Cuiabá)|Manoel Diniz Paz Neto(Curitiba)|Edson Maciel Monteiro (Florianópolis)|Karla Karam Medina (Fortaleza)|Ivan SérgioVaz Porto (Goiania)|Magdiel Jeus Gomes Araújo (João Pessoa)|Rodrigo Trezza Borges (Juizde Fora)|Altair Rodrigues de Paula (Londrina)|Dioclécio Cavalcante de Melo Neto (Maceió)|KátiaRegina Souza Nascimento (Manaus)|José Irajá de Almeida (Maringá)|Francisco FredericoFelipe Marrocos (Natal)|Daniel Burkle Ward (Niterói)|Leonardo da Silva Greff (NovoHamburgo)|Cassia Daniela da Silveira (Passo Fundo)|José Carlos de Castro(Piracicaba)|Pablo Drum (Porto Alegre)|Augusto Cruz Souza (Porto Velho)|Aldo Lins eSilva Pires (Recife)|Sandro Endrigo de Azevedo Chiaroti (Ribeirão Preto)|Luiz FernandoPadilha (Rio de Janeiro)|Linéia Ferreira Costa (Salvador)|Conrado de Figueiredo N. Borba(Santa Maria)|Leandro Biondi (São José dos Campos)|Antonio Carlos Origa Junior (São Josédo Rio Preto)|Marcelo de Mattos Pereira Moreira (São Luís)|Camila Modena Basseto Ribeiro(São Paulo)|Rômulo dos Santos Lima (Teresina)|Felipe Lima de Paula (Uberaba)|AquilinoNovaes Rodrigues (Uberlândia)|Angelo Ricardo Alves da Rocha (Vitória)|Aldir Gomes Selles(Volta Redonda).CONSELHO DELIBERATIVOMembros efetivos: Davi Duarte (Porto Alegre), Anna Claudia Vasconcellos (Florianópolis),Patrícia Raquel Caires Jost Guadanhim (Londrina), Fernando da Silva Abs da Cruz (PortoAlegre), Luciano Caixeta Amâncio (Brasília), Renato Luiz Harmi Hino (Curitiba) e HenriqueChagas (Presidente Prudente).Membros suplentes: Antônio Xavier de Moraes Primo (Recife), Justiniano Dias da Silva Junior(Recife) e Elton Nobre de Oliveira (Rio de Janeiro).CONSELHO FISCALMembros efetivos: Edson Pereira da Silva (Brasília), Jayme de Azevedo Lima (Curitiba) eAdonias Melo de Cordeiro (Fortaleza).Membros suplentes: Sandro Endrigo Chiarotti (Ribeirão Preto) e Melissa Santos PinheiroVassoler Silva (Porto Velho).Endereço em Brasília/DF:SBS, Quadra 2, Bloco Q, Lote 3, Sala 1410 | Edifício João Carlos Saad | Brasília/DFCEP 70070-120 | Fone (61) 3224-3020 | E-mail: [email protected] da ADVOCEF: Gerente administrativa e financeira: Ana Niedja Mendes Nunes |Assistente financeira: Kelly Carvalho | Assistente administrativa: Valquíria Dias deOliveira Lisboa | Recepcionista: Roane Gomes Máximo

Expe

dien

te

Edito

rial

Conselho Editorial: Álvaro Weiler Junior, Carlos Castro, Daniele Macedo, Dione Lima da Silva,Estanislau Luciano de Oliveira, Isabella Gomes Machado, Júlio Greve, Lenymara Carvalho, LyaRachel Basseto Vieira, Marcelo Dutra Victor, Maria Rosa de Carvalho Leite Neta, Pedro JorgeSantana Pereira e Roberto Maia|Jornalista responsável: Mário Goulart Duarte (Reg. Prof. 4662)- E-mail: [email protected].|Projeto gráfico: Eduardo Furasté|Editoração eletrônica:José Roberto Vazquez Elmo|Capa e contracapa: Eduardo Furasté|Ilustrações: Ronaldo Selistre|Tiragem: 1.100 exemplares|Impressão: Athalaia Gráfica e Editora|Periodicidade: Mensal.A ADVOCEF em Revista é distribuída aos advogados da CAIXA, a entidades associativas e a insti-tuições de ensino e jurídicas.

A versão eletrônica desta publicação está disponível no site da ADVOCEF.Para acesso e leitura exclusivamente naquele formato basta fazer a opção,

na área restrita do portal. Pense na sustentabilidade do Planeta.

As opiniões publicadas são de responsabilidade de seus autores,não refletindo necessariamente o pensamento da ADVOCEF.

O ano de 2013 se inaugura com uma edi-ção repleta de novidades e boas leituras.

Mais uma vez, a polêmica sobre o AcordoOrtográfico é tema de destaque em nossaspáginas.

Para uma profissão que tem no vernácu-lo um rico e diversificado laboratório diáriopara o seu pleno exercício, a ADVOCEF emRevista renova e amplifica os debates sobreo assunto, ratificando seu compromisso comuma pauta atual e de utilidade prática.

As histórias de associados que participa-ram das últimas eleições para a OAB sem lo-grar êxito na disputa, seus ideais e o tantoque envolve tais movimentos ocupam maté-ria merecedora de um olhar atento e reflexi-vo.

Dois artigos, escritos por eminentes co-nhecedores dos assuntos jurídicos e, espe-cificamente neste caso, relativos à chama-da Justiça digital, ocupam as páginas centraisdo encarte Juris Tantum. O espaço é perma-nente reservado à boa doutrina e discussãoacerca de temas de interesse da comunida-de jurídica.

Jurisprudência atualíssima, acompanha-da de dicas de leitura técnica, notas geraisenvolvendo a profissão e seu exercício, alémde uma crônica bem-humorada, temperamuma edição tipicamente de verão.

Tudo para que a inauguração do novo anodesperte ainda mais o anseio de constanterenovação nos ideais que movem nossa en-tidade em direção da qualificação da infor-mação e incremento nos debates técnicos ecorporativos, razão de existir desta Associa-ção.

Diretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEF

Um novo ano,de novo

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Sem acordoId

iom

a Adiamento das mudanças ortográficas acirra as discussõesO Decreto nº 7.875 publicado no Di-

ário Oficial da União em 28/12/2012transferiu a vigência oficial do Acordo Or-tográfico para 1º de janeiro de 2016. Jáadotado na prática pelo Brasil em janei-ro de 2009, o tratadotem o objetivo de uni-ficar as regras orto-gráficas da Comuni-dade de Países deLíngua Portuguesa(que inclui Ango-la, Cabo Verde,Guiné-Bissau,Moçambique, Portugal, São Tomé e Prín-cipe e Timor Leste), simplificando a lin-guagem escrita e elevando o prestígiodo idioma no cenário internacional.Angola não aderiu.

O Acordo suprime o trema, re-tira o acento dos ditongos aber-tos "ei" e "oi" das palavrasparoxítonas (como assembleiae ideia), altera as regras do hí-fen e inclui as letras "k", "w" e "y"no alfabeto português. A prorrogaçãodo prazo adia, assim, a exigência legaldas mudanças em concursos, vestibula-res, provas escolares e seleções públi-cas. Para os portugueses, o Acordo tam-bém exclui as consoantes "c" e "p" quan-do mudas ("leccionar" passa para "lecio-nar") e o hífen é suprimido em algumasformações (como "hei-de", que fica "heide"), entre outras alterações.

Trabalharam pelo adiamento, entreoutros, os senadores Cyro Miranda(PSDB-GO) e Lídice da Mata (PSB-BA),

integrantes do grupo de trabalho forma-do no Senado Federal, e o professorErnani Pimentel, líder do movimento

Acordar Melhor. O objetivo é ampliar adiscussão para receber contribuições,por exemplo, da Ordem dos Advogadosdo Brasil e da Associação Brasileira deImprensa.

Uma das alegações é que todos ossignatários do Acordo adotaram perío-dos de transição mais longos. Em Portu-gal, o período de coexistência das duasnormas vai até 2015 e, em Cabo Verde,até 2019. Comenta-se que, na verdade,o desejo do senador Cyro Miranda é ela-borar um outro acordo, que entraria emvigor a partir de 2018.

Rediscussão do temaCrítico de primeira hora, o profes-

sor Pasquale Cipro Neto lembra que asvárias dúvidas causadas "pelo péssimotexto" do Acordo só foram eliminadascom a publicação do Vocabulário Orto-gráfico da Língua Portuguesa (VOLP),pela Academia Brasileira de Letras.

Mesmo assim, "porque se adotaramsoluções arbitrárias, muitas delas emchoque com o texto oficial".

No VOLP, puderam ser esclarecidasquestões sobre a grafia de palavras

como "reeleição" e"reedição", corretasdesta forma, apesarde o Acordo estabele-cer que vogais sejam

separadas por hífen.Satisfeito por ter fei-

to sua parte - "gritei,esperneei" -, o professor vi-

brou com a prorrogação. "A ex-pectativa é, sobretudo, pela

rediscussão do tema, a re-visão do texto oficial e,consequentemente, aeliminação das aberra-ções."

No Jurídico daCAIXA, a medida tam-

bém foi bem-vinda. O ad-vogado Luiz Fernando Schmidt,

de Goiânia, acha que o tempo de adapta-ção foi curto. "Se o Acordo Ortográfico nãofor 'revogado', que, pelo menos, seja adi-ada sua obrigatoriedade." Pensa que aimprensa e as escolas devem aproveitaro tempo para aprofundar o assunto, deforma que, quando finalmente imple-mentadas, as mudanças já sejam de usocorriqueiro.

|||||Ernani Pimentel: incluir a OAB no debate

Agên

cia

Bras

il

|||||Pasquale Cipro Neto: eliminação das aberrações

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Idio

ma

O advogado Vitor Yuri A. Maciel, do Ju-rídico Recife, concorda com o novo prazo,porque acha que pouco se falou sobre asnovas normas e a população não se habi-tuou às modificações. Sua colega na uni-dade, Maria Carolina Monteiro Ferraz, tam-bém entende que não houve tempo detransição razoável para a implementação."Com a prorrogação, as instituições de en-sino, estudantes, escritores e nós, profis-sionais do Direito, teremos mais tempopara adaptação e estudo das novas re-gras, que não são poucas."

O sumiço dos diferenciaisVitor é contra a extinção dos acen-

tos diferenciais, como nas palavras"pelo" e "pêlo".

Maria Carolina também: "Essa 're-gra' do sumiço dos acentos diferenciaisestá acompanhada de exceções". O queera para simplificar se tornou mais com-plexo, reclama, lembrando outro exem-plo, o do infinitivo do verbo "pôr", quemantém o acento para diferenciar dapreposição "por".

"Não podemos falar, então, de eli-minação dos acentos diferenciais por-que as exceções continuarão nos per-seguindo. Para quem foi alfabetizadonas regras antigas, só resta ler, deco-rar e estudar até as próximas mudan-ças."

Luiz Fernando Schmidt lamentaprincipalmente a eliminação do trema."Para quem vai aprender a língua ficamuito difícil saber quando é 'güi' e quan-do é 'gui ' , se não houver o sinalidentificador." Acha que a eliminação dealguns acentos (em "pára", do verboparar, por exemplo) também dificulta aleitura e compreensão de textos.

O hífen é o maior causador de pro-blemas para os advogados. Vitor temeter que reaprender tudo. Para Maria Ca-rolina, as regras são muitas e confusas."O que era para simplificar, na minhaopinião, complicou. Contra-razões ago-ra são contrarrazões. Mini-reforma ago-ra é minirreforma. Precisamos, realmen-te, de um tempo a mais para visualizaras palavras e não estranhá-las, para es-crevermos com mais segurança e para

comprarmos livros escritos nas novasregras."

Maria Carolina diz que, logo quesaiu o Acordo, incluiu na área de traba-lho do seu computador um atalho comas principais modificações. Sempre quetem dúvidas, consulta a tabela, confec-cionada pelo professor Sérgio Noguei-ra. O trabalho pode ser acessado emhttp://download.globo.com/vestibular/Guia_rapido_do_G1_sobre_o_acordoOrtografico.pdf.

Mesmo quem defende o Acordo temrevisões a propor, como o linguista e re-presentante da Academia Brasileira de

Letras Evanildo Bechara. Uma delas serefere à regra dos "porquês". No Brasil,se escreve "porque" (junto) quando dáideia de causa ou explicação. Mas nasperguntas se escreve "por que" (sepa-rado). Bechara diz que em Portugal o"porque" é escrito junto mesmo nas per-guntas.

A briga dos portuguesesSe há adversários no Brasil, em Por-

tugal eles são muitos mais. Recente-mente, ao responder por e-mail algu-mas perguntas do jornal O Globo, o es-critor português Vasco Graça Moura,presidente do influente Centro Cultu-ral de Belém, avisou que a publicaçãode suas respostas estava condiciona-da ao "respeito da ortografia portugue-sa sem as modificações do Acordo Or-tográfico".

A causa das modificaçõesLuiz Fernando Schmidt, do Jurídico GoiâniaLuiz Fernando Schmidt, do Jurídico GoiâniaLuiz Fernando Schmidt, do Jurídico GoiâniaLuiz Fernando Schmidt, do Jurídico GoiâniaLuiz Fernando Schmidt, do Jurídico Goiânia

"Pelo que leio em jornais erevistas, parece-me que as mo-dificações promovidas pelo Acor-do Ortográfico são mais de or-dem comercial do que linguísticaou cultural. Muitos escritores,filólogos e gramáticos são total-mente contra esse Acordo (naverdade não me lembro de opi-niões favoráveis). Entendem que,na realidade, algumas adapta-ções nas/pelas editoras poderi-am solucionar muitos dos proble-mas que, se alega, seriam 'corri-gidos' pelo Acordo."

|||||Maria Carolina: o que era simples complicou

|||||Vasco Graça Moura: só na ortografia portuguesa

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Naquele país, o acordo não é ado-tado por alguns jornais, como o Públi-co. O que os portugueses mais criticamé a supressão das consoantes que nãosão pronunciadas mas indicam a pro-núncia aberta da vogal que antecedem,em palavras como "adopção".

O linguista Evanildo Bechara consi-dera esse um "argumento furado". "Narealidade, há má vontade de abrir mãodo procedimento ortográfico absurdo deescrever uma consoante que não sepronuncia. Uma criança que está se al-fabetizando e ouve a palavra Egito ja-mais pensará em escrever Egipto."

Um aspecto curioso é a mudançade grafia de palavras que se escreviamda mesma maneira em Portugal e noBrasil. Nota o professor português RuiPereira que "abjecção" e "acepção" pas-sam a ser escritas, em Portugal, "abje-ção" e "aceção", mas continuam a sergrafadas à maneira antiga no Brasil. "Emnome da fonética, que é e continuará aser diferente nos dois países, torna-seagora diferente, paradoxalmente, agrafia das palavras." Detalhe: o profes-sor é favorável ao Acordo.

Os copydesks indefetíveisEm sua primeira edição com as mu-

danças, em 25/06/2010, o semaná-rio Expresso, de Lisboa, descreveu: "Osolhos param por vezes durante a leitu-ra, travados pela estranheza de certosvocábulos que perderam o 'c' e o 'p' (con-soantes mudas) e o hífen e os acentos.Mas é tudo uma questão de hábito."

Com bom humor, o editorial afirmaque o "Expresso poupa letras" e comen-ta os vários aspectos das mudanças:

"Pode dizer-se que o acordo ortográ-fico alterou um pouco a imagem do ou-trora espectador. Ao libertá-lo do 'c', tor-nou-o um misto de bandarilheiro de tou-rada com um chef de espetadasmadeirenses. Senhores e senhoras,prestimosa audiência, a partir de hojedita a nova grafia que se chamem es-petadores. O 'c' não se lia, é verdade,mas tinha o papel ativo de abrir o 'e'.Curioso é que esta mudança não se vaiaplicar no Brasil."

O jornal fala dos "copydesksindefetíveis", que desenvolveram umaestratégia de resistência para as alte-rações mais polêmicas. "Sempre queaparece uma palavra com nova grafia,da qual discordam taxativamente, ar-ranjam um sinónimo. A 'conceção' deum projeto pode muito bem ser substi-tuída por 'realização'. A 'receção' deuma empresa será, para muitos, a 'por-taria'."

Camões em sua campaO advogado brasileiro Adalberto J.

Kaspary, professor de Linguagem Jurí-dica, acredita que uma reforma ortográ-fica leva em torno de 70 anos até serassimilada. Em entrevista ao Jornal daAjuris, disse que, passado tanto tempoda reforma ortográfica de 1943, supõe

que ainda há pessoas, mesmo com for-mação superior, que escrevem "pos-sue", "atribue", "atrazo". "Quanto àminirreforma de 1971, muitos aindanão tomaram conhecimento dela, poiscontinuam a escrever 'Pôrto Alegre','Tôrres', (o) 'modêlo', 'tràgicamente','cafezinho'."

Por outro lado, um argumento incon-testável - e de certa forma neutro - é que,no fim das contas, os escritores de todosos tempos são lidos no idioma vigente.Encarregado das questões dos leitores nojornal português Diário de Notícias (cujaredação estava dividida sobre o assunto),o jornalista Oscar Mascarenhas transcre-veu um trecho de "Os Lusíadas", deCamões, com a grafia original de 1572.Indagou: "Estará o nosso Épico a dar vol-tas na campa por lhe andarmos a 'desfigu-rar' o que escreveu?"

O professor e gramático José Mariada Costa, colunista do site Migalhas, de-fensor do Acordo, garante que não setrata de lei imperfeita, que não prevê san-ção aos que a infringem. Diz que se apli-ca aí a pena prevista por Teotônio Negrãoem palestra a estudantes: "O operadordo Direito que não consegue ter lingua-gem correta não consegue expressaradequadamente seu pensamento". Paraesse profissional, acrescenta o profes-sor, isso "é tão grave como tomar-lhe asarmas de luta ou confiscar-lhe as ferra-mentas de trabalho".

|||||Vitor Maciel: ter que reaprender tudo

|||||Luís de Camões: a grafia dos Lusíadas

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Disputas acirradasPo

lític

a

Advogados falam de eleições - e de conflitos - nas Seccionais

Além dos 11 advoga-dos da CAIXA eleitospara os cargos da OABem novembro do anopassado, outros dez par-ticiparam diretamentedo processo nasSeccionais, sem contaros que prestam apoio dealguma forma aos candi-datos. O envolvimentodos associados nos pro-cessos eleitorais é esti-mulado pela ADVOCEF,que concede ajuda finan-ceira aos que disputamos cargos.

"A atuação dos nossos advoga-dos nos Conselhos ou em outros ór-gãos da OAB permite que levemoscom mais força nossa opinião sobreos assuntos da categoria", explica opresidente Carlos Castro.

Depois de ouvir os candidatos vi-toriosos em reportagem publicadaem dezembro, nesta edição aADVOCEF em Revista dá destaqueaos que não obtiveram os votos ne-cessários para ser eleitos - mas ven-ceram de qualquer forma, segundoCarlos Castro, no esforço da compe-tição e do cumprimento das recomen-dações da Associação.

"É do conjunto de tais experiên-cias que se forma a maturidade pro-fissional e pessoal das pessoas", afir-ma o advogado João Gabbardo, deNovo Hamburgo/RS. Ele concorreu naSubseção local a uma vaga como con-selheiro, para atuar especificamentenas câmaras do Conselho de Ética eauxiliar em grupos de trabalho, comoa do advogado empregado. Sua cha-pa, da situação, perdeu por uma dife-rença de 12 votos.

O advogado André Falcão deMelo, do Jurídico Maceió, não pensa-va em participar, mas não resistiu aoassédio de três das cinco chapastidas como principais - "o que muitome surpreendeu, sem qualquer falsamodéstia, e muito me honrou". Aca-

bou optando pela chapa que convidouprimeiro, da situação, concorrendo paraconselheiro estadual. Sua intenção, naestreia eleitoral, era tentar posterior-mente contribuir com alguma comis-são, como a de defesa das prerrogati-vas dos advogados ou a dos direitoshumanos.

Tumultos e irregularidadesA advogada Élida Fabrícia Oliveira

Machado Franklin, do Jurídico Teresina,integrou a chapa OAB de Todos, sendocandidata ao Conselho Estadual, emoposição à chapa da situação, que foi

reeleita. "De toda formanos sentimos vitoriosos",declara Élida, apontandouma série de irregularida-des ocorridas no processoeleitoral, que chegou a seradiado pela Justiça.

Descontente com aatuação da Seccional noPiauí, Élida lembra que re-centemente o ConselhoNacional de Justiça repu-tou o Judiciário piauiensecomo o pior do país. "Igual-mente anda a advocacianesse nosso Estado, por-que não é dado ao advoga-

do suporte e estrutura para o desem-penho digno da profissão." (Veja a ínte-gra de seu depoimento na pág. 7.)

Segundo André Falcão, também noEstado de Alagoas o processo foi "tu-multuado", envolvendo a situação dosadvogados inadimplentes com a Or-dem, que não têm direito a voto. Antes,houve um racha no grupo que dirigia aOAB/AL, de modo que saíram dois can-didatos da mesma chapa.

"O racha, mais, a denúncia, menos,foram, ao meu sentir, os principais res-ponsáveis - sem demérito algum à cha-pa vencedora, que naturalmente fez amelhor campanha - pela derrocada deambas. Tanto que, somados os votosdos dois candidatos, estivessem juntosse sagrariam vitoriosos."

De tudo, André aponta um fato po-sitivo: foi a eleição mais renhida naSeccional em muitos anos. "Talvez amais disputada de sua história, em quecinco chapas fortes se enfrentaram etodas, ou 80% delas, com reais possibi-lidades de vitória." Acha possível queconcorra na próxima eleição.

Retrocesso em NovoHamburgo

Já em Novo Hamburgo, segundo JoãoGabbardo, o quadro eleitoral se dividiaentre advogados de primeira geração(sem familiares na profissão), cuja clien-

|||||Élida, de blusa vermelha, com advogados da chapa OAB de Todos, do Piauí: RobertoFreitas Filho, Elizabeth Aguiar, Cláudia Elita, Celso Barros Neto, Leonardo Cerqueira,

Fábio Veloso e Daniel Meneses

|||||João Gabbardo: as experiências formam amaturidade profissional e pessoal

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tela é na maior parte assalariada, e os daoposição, oriundos de famílias com lon-go vínculo com a advocacia.

"Infelizmente, me parece que tere-mos um retrocesso no que diz respeitoàs conquistas classistas dos advogados,bem como na formação e amadureci-mento da consciência de profissionaisengajados na classe."

O advogado garante, no entanto,que não deixará de prestar apoio à di-reção que dirigirá a entidade pelo próxi-mo triênio, pois estará conduzindo osinteresses de toda a classe e ele se con-sidera com "trânsito livre".

Na década de 90, Gabbardo foi re-presentante da Seccional no CMU (Con-selho Municipal de Urbanismo), órgãode aconselhamento do prefeito para as

questões urbanas, do qual participamvárias entidades de classe organizadas.

"Lembro que à época enfrentamosum período bastante conturbado, eisque os pareceres consultivos do CMU -que eram elaborados a partir de discus-sões acaloradas - eram pouco conside-rados pelo prefeito, o que só aumenta-va o desafio de nossa atuação, pois comfrequência confrontávamos as decisõescontrárias, eventualmente tomadaspelo prefeito."

Gabbardo diz que participará de no-vas eleições, se considerar que possacontribuir de alguma forma. "O que im-porta são as transformações para asquais possamos colaborar e não o títu-lo do cargo que eventualmente se ocu-pe", defende.

Integrei a Chapa OAB DE TODOS,sendo candidata a membro do Con-selho Estadual, em oposição à cha-pa que está na gestão da OAB/PI hádois mandatos e, agora, segue parao terceiro. Infelizmente não fomoseleitos, mas de toda forma nos sen-timos vitoriosos.

Entramos na disputa quando oprocesso eleitoral já estava em anda-mento; formamos a chapa tardiamen-te e tivemos pouco tempo para fazercampanha. Tivemos ainda que enfren-tar inúmeras dificuldades ocasiona-das pela própria gestão da OAB, aexemplo da não entrega da lista deadvogados inscritos, como previsto noRegulamento, a indefinição do colé-gio de eleitores, a existência de umaurna extra para coleta de votos dosadvogados que não constavam da lis-ta oficial de votantes, etc. Esses fatosensejaram o ajuizamento de deman-da junto ao Poder Judiciário, que che-gou a determinar, em decisão históri-ca, o adiamento das eleições, em vir-tude das irregularidades apontadas.

Tivemos ainda que lidar com ile-galidades na realização da campa-nha pela chapa adversária, que des-

Depoimento

Vitoriosos, mesmo assimÉlida Fabrícia OliveiraMachado Franklin (*)

respeitou as normas eleitorais, inclusi-ve com abuso do poder econômico eabuso do poder de imprensa, com nú-mero de publicações a maior nos jor-nais, divulgação de pesquisas eleitoraisfora do prazo, utilização indevida dasinstalações do Clube da OAB, partici-

pação de candidatos nos eventos einaugurações promovidas pela OAB/PIno período defeso pela norma, utiliza-ção da revista institucional para promo-

ção do candidato de situação, afixaçãode cartazes e outdoors em locais proi-bidos, etc.

Tudo isso foi documentado e ser-virá de prova em processos adminis-trativos e judiciais que buscarão res-tabelecer a ordem e o Estado Demo-crático de Direito.

Formamos oposição porque mui-to nos incomoda a forma como temsido gerida a nossa Seccional, com es-colhas pouco engajadas, afastando-seda realidade e da necessidade do ad-vogado piauiense. Questionamos esco-lhas como o elevado investimento empassagens aéreas, festas, homena-gens, publicidade, carros de luxo (quechegou próximo a R$ 450.000,00); emdetrimento de um acanhado investi-mento, por exemplo, na biblioteca (naordem de R$ 4.000,00 em 2012 e R$700,00 em 2011), em escasso inves-timento em cursos de aperfeiçoamen-to e especialização.

Discordamos da utilização da Or-dem para favorecimento pessoal, o

|||||Andre Falcão: eleição mais disputada da história

"Formamos oposiçãoporque muito nos

incomoda a forma comotem sido gerida a nossa

Seccional, com escolhaspouco engajadas,afastando-se darealidade e da

necessidade doadvogado piauiense."

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No fim de 2012, o pre-sidente da ADVOCEF, CarlosCastro, foi convidado paraassumir a pasta de Planeja-mento e Controle Urbano dacidade de Olinda, emPernambuco. O prefeitoRenildo Calheiros (PC do B)precisava de um técnicocomo Castro, que teve seunome referendado pelo se-nador Armando MonteiroNeto (PTB), por sua reconhe-cida experiência no serviçopúblico e o bom trânsito emBrasília.

Honrado com o convite,Carlos Castro pensou bastan-te, convocou reunião familiare conversou com muita gente até concluir que precisava cum-prir seu mandato na ADVOCEF, onde tem ainda muito a fazer etrabalhos a serem concluídos.

Quase secretárioCarlos Castro recebe convite de prefeito, mas fica na ADVOCEF

"Confesso que fiquei balan-çado com a proposta honrosa ea possibilidade de ajudar aindamais a minha querida cidade,mas não pude deixar de pensarna nossa Associação", justificouCarlos Castro.

Serviços prestadosCarlos Castro tem uma lon-

ga lista de serviços prestados naesfera política, além dos cargosexercidos na ADVOCEF, onde foidiretor e é presidente em segun-do mandato. Algumas funçõesdesempenhadas: vereador deOlinda/PE, de 2005 a 2008;conselheiro seccional da OAB emPernambuco, de 2010 a 2012;

diretor do Sindicato dos Advogados do Estado de Pernambuco,de 2008 a 2011; consultor técnico do Parlamento Comum daRegião Metropolitana do Recife, de 2009 a 2011.

|||||Carlos Castro com o prefeito de Olinda, Renildo Calheiros

| Política

Polít

ica

que acontece acintosamente, porexemplo, na concessão de bolsas deestudo de mestrado para integrantesda atual gestão e/ou parentes sem arealização de certame público, oumesmo na contratação de obras eserviços sem licitação.

Temos visto uma OAB/PI apática,que não se envolve nas principais ques-tões sociais, que evita o embate comos poderes constituídos, penalizandoo exercício da advocacia. Ora, em re-cente relatório, o CNJ reputou o Judici-ário piauiense como o pior do país.Igualmente anda a advocacia nessenosso Estado, porque não é dado aoadvogado suporte e estrutura para odesempenho digno da profissão. Veja-se, por exemplo, o horário de funcio-namento das varas do Fórum Cível deTeresina-PI: quatro varas funcionampela manhã; outras quatro pela tarde.E assim, o advogado tem que se des-locar ao fórum mais de uma vez ao

dia, em turnos diferentes, para poderacompanhar seus processos. E a OAB/PI não fez nada!

Pretendemos manter a luta, acom-panhando de perto a atividade da atu-al gestão, para evitar que se tenhauma OAB de fachada. Desejamos umaOAB/PI f irmada nos princípiosbasilares da democracia, que defen-da efetivamente as prerrogativas doadvogado e torne menos penosa a prá-tica da advocacia no nosso Estado.

Dentre as propostas do nosso gru-po está a valorização do patrimôniointelectual do advogado, com investi-mentos em cursos e na biblioteca,com a realização do mestrado e depós-graduações, subsidiados pela Or-dem. Propomos conferir mais autono-mia às Subseções, inclusive financei-ra, destinando parte dos recursos àsgestões locais. Diga-se ainda da defe-sa da realização de licitação paracontratação de obras e serviços e de

concurso público para contratação deempregados (ainda que não seja exi-gência legal, imputa transparência ecuidado com os recursos coletivos);da defesa intransigente dos interes-ses do advogado; da participação nasquestões relevantes, exercendo o im-portante papel de porta-voz e de de-fensor da sociedade que há tantotempo a OAB vem fazendo e que temsido abandonado pela atual gestão daOAB/PI.

Assim, inundados do ardente de-sejo de ver uma OAB mais participativa,transparente, eficaz e contundente, éque pretendemos estender a luta e le-var a nossa mensagem aos quinhõesdo Estado, fazendo com que o advo-gado piauiense reflita e reaja à ondade marasmo que tem assolado a nos-sa Ordem.

(*) Advogada da CAIXA(*) Advogada da CAIXA(*) Advogada da CAIXA(*) Advogada da CAIXA(*) Advogada da CAIXAem Tem Tem Tem Tem Teresina/PI.eresina/PI.eresina/PI.eresina/PI.eresina/PI.

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A Justiça digital em 2012Especialistas apontam os destaques virtuais do ano passado

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Dois textos publicados noencarte Juris Tantum destaedição avaliam os avanços daJustiça digital no ano de2012.

O desembargador federalaposentado do TRF da 4ª Re-gião, Vladimir Passos deFreitas, lembra os dez anospassados desde a introduçãode petições eletrônicas nosJuizados Especiais Federais -e das inevitáveis polêmicas.

O advogado OmarKaminski, presidente deInternet do Instituto Brasilei-ro de Política e Direito daInformática (IBDI), informaque quase metade dos 194milhões de brasileiros já temacesso à internet. E logo, acrescenta, oprincipal meio de acesso à rede serão osdispositivos móveis.

O processo eletrônicoEm 2004, um advogado impetrou

mandado de segurança porque Vladimir,então presidente do TRF-4, tornou obri-gatória a proposição de ação por meioeletrônico. Em sua decisão, o tribunal de-monstrou que o sistema era consentâneocom os critérios gerais da oralidade, sim-plicidade, informalidade, economia pro-cessual e celeridade apropriadas aosJuizados Especiais Federais. E mais: osistema assegurava às partes o acessoaos equipamentos e aos meios eletrôni-cos.

Hoje, o sistema se encontra implan-tado nos JEFs dos cinco TRFs. O proces-so eletrônico permite trabalhar em casa,livre de ruas congestionadas. Diminui otrabalho nos cartórios, economiza papel

e dinheiro, reduz o tempo de tramitação.Um exemplo da evolução, apontado porVladimir: o advogado pode estar em féri-as no Nordeste e de lá mandar sua peti-ção para uma ação que tramita emUruguaiana, no Rio Grande do Sul.

Ainda há problemas, reconhece odesembargador. É preciso adaptação (al-guns saudosistas mantêm a sua Olivettiportátil), a leitura é cansativa e é reco-mendável praticar ginástica laboral. Pro-gramas incompatíveis obrigam o advoga-do a peticionar de forma diferente nasJustiças Federal e Estadual.

Mas a questão é examinada peloConselho Nacional de Justiça e tribunaissuperiores, que buscam a uniformização.O processo eletrônico veio para ficar, e,no Brasil, está bem à frente dos demaispaíses, garante o desembargador.

As redes sociaisO advogado Omar Kaminski observa

que as redes sociais caíram no gosto po-pular e a elas se renderam praticamentetodos os tribunais. O TST, que utiliza in-tensamente o Twitter, foi o primeiro atransmitir uma sessão pelo Facebook econta com mais de 50 mil fãs. O STJ lan-çou seu canal no Youtube e os tribunaisestaduais comemoram o crescente nú-mero de seguidores virtuais.

O papa Bento XVI superou o badaladocantor Justin Bieber no Twitter, obtendo na

primeira semana de uso daferramenta mais de doismilhões de seguidores.

Diz Kaminski que,como o papel tem seusdias contados ("só não sesabe quando"), ganhamimpulso leitores específi-cos de ebooks, com umaiminente tendência de as-censão dos tablets.

A internet brasileira,que não tinha lei, agoratem duas, afirmaKaminski. Uma, batizadade Lei Carolina Dieckman,tipificou o crime de inva-são não autorizada dedispositivo. A outra é o re-sultado do Projeto de Lei

84/99, de cujos 20 artigos restaramapenas quatro, "e de menor importân-cia para aqueles que defendem a neces-sidade de mais rigor". Ambas devem vi-gorar em abril de 2013.

Outra lei lembrada pelo advogado tra-tou do teletrabalho no final de 2011,"com avanços ainda tímidos, porém pro-missores". Para Kaminski, pode ser umadas soluções para os congestionamen-tos e para uma melhor qualidade de vida."Falta, ainda, os patrões reconheceremtal inovação."

|||||Omar: o papel tem os dias contados, mas quando? |||||Vladimir: os saudosistas e a Olivetti portátil

|||||A Justiça, escultura de Alfredo Ceschiatti

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"AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. CONTRATO DE FINANCIAMENTOESTUDANTIL. INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DOCONSUMIDOR. FIADOR. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. ERROSUBSTANCIAL. NÃO COMPROVADO. PLEITO DE DESTITUIÇÃO DAAPELANTE COMO FIADORA NÃO CONSTA DA PEÇA INICIAL. APELODESPROVIDO. 1- O instrumento objeto da ação trata-se de contratode crédito educativo, uma modalidade sui generis de financiamentoque compreende período de utilização do crédito, carência eamortização. 2- Por se tratar de um programa governamental decunho social que visa beneficiar alunos universitários carentes ouque não possuam, momentaneamente, condições de custear asdespesas com a educação superior, os princípios e regras do Códigode Defesa do Consumidor não se aplicam a esses contratos, demaneira que não há que se falar em responsabilidade objetiva. 3-O pedido de indenização está amparado na responsabilidade civildos artigos 186 do Código Civil e art. 5º, V e X, da ConstituiçãoFederal. 4- Para que haja o dever de indenizar, necessário opreenchimento dos três clássicos requisitos da responsabilidadecivil, quais sejam: dano, conduta ilícita e nexo de causalidade. 5- Osfatos narrados no processo devem ser comprovados pela parteque os alega a fim de gerar o direito à indenização por dano moral.6- Na hipótese em apreço, a requerente não demonstrou a efetivaprática de conduta que pudesse resultar na condenação da CaixaEconômica Federal à reparação pecuniária por dano moral. 7-Impossível a presunção de qualquer dos defeitos do negócio jurídico(erro, dolo ou coação, nos termos da Lei Civil), competindo a quemalega demonstrar sua ocorrência, ônus do qual, no caso dos autos,a apelante não logrou se desincumbir. 8- Diante da inexistência dequalquer ilicitude na conduta da Caixa a ensejar suaresponsabilização pelos danos morais alegados, deve ser mantidaa r. sentença monocrática. 9- Tampouco merece ser acolhido opleito de destituição da apelante como fiadora, uma vez que talpedido não consta da peça inicial. 10- Apelo desprovido." (TRF 3,AC 0001869-65.2007.4.03.6100 SP, Primeira Turma, Rel. Des.José Lunardelli, DJe 30/out/2012.)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO ESPECIAL URBANO. IMÓVELOBJETO DE GARANTIA HIPOTECÁRIA. CEF. SFH. IMPOSSIBILIDADE.APELO IMPROVIDO. O usucapião urbano encontra previsão no art.183, da Constituição Federal e no art. 1.240 do Código Civil, osquais, com idêntica redação, dispõem que "aquele que possuircomo sua área urbana de até duzentos e cinquenta metrosquadrados, por cinco anos, ininterruptamente, e sem oposição,utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á odomínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbanoou rural". No vertente caso, constata-se que o imóvel que se pretendeusucapir foi financiado por Adenauer Lemos de Oliveira, filho doApelante, por meio de Contrato por Instrumento Particular deCompra e Venda de Unidade Isolada e Mútuo com Obrigações eHipoteca - Carta de Crédito Individual com utilização do FGTS doComprador, regido pelas normas vigentes no âmbito do SistemaFinanceiro da Habitação. A posse do Apelante nunca foi tida comanimus domini, uma vez que seu filho continuou exercendo asfaculdades atinentes à posse, mantendo aquele uma posição demera detenção com a coisa, bem como possuía o Recorrente opleno conhecimento da situação do bem, vez que ele mesmoassinou avisos de recebimento de cobranças da CEF em face aoseu filho; portanto, impossível sua posse mansa da coisa e comose proprietário fosse. Estando o imóvel gravado com garantia

Jurisprudênciahipotecária da CEF, realizada, repiso, pelo filho do Apelante, e tendo,inclusive, a Caixa apresentado oposição conforme referido alhures,afastada, também, a ocorrência da posse mansa e pacífica exigidapara a configuração do usucapião. Em se tratando de imóvel afetadoao Sistema Financeiro de Habitação, o que se tem é mera detençãodaquele que o ocupa, não se verificando na hipótese a posse comânimo de dono, vez que precária e clandestina. O bem foi adquiridocom recursos investidos no Sistema Financeiro de Habitação, razãopela qual a natureza pública desses recursos transforma em públicaa própria natureza do bem, vedando-lhe possibilidade de usucapião,a teor do que dispõe o § 3º do art. 183 da Constituição Federal.Negado provimento ao Apelo." (TRF 2, AC 2008.51.04.002132-1RJ, Quinta Turma, Rel. Des. Guilherme Diefenthaeler, DJe 12/dez/2012.)

"CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA- PMCMV. LEI Nº 11.977/2009. IMÓVEL RESIDENCIAL USADO.VÍCIO DE CONSTRUÇÃO. NÃO COBERTURA FUNDO GARANTIDORDA HABITAÇÃO POPULAR - FGHAB. EXPRESSA MENÇÃO NOCONTRATO. CONFORMIDADE DA CLÁUSULA COM O ESTATUTO DOFGHAB E A LEI DE REGÊNCIA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAMDA CAIXA. EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO.APELAÇÃO PROVIDA. 1. A Lei nº 11.977/2009 instituiu o ProgramaMinha Casa, Minha Vida - PMCMV, iniciativa do governo federalque tem por finalidade criar mecanismos de incentivo à produçãoe aquisição de novas unidades habitacionais ou requalificaçãode imóveis urbanos e produção ou reforma de habitações rurais,abrangendo o Programa Nacional de Habitação Urbana - PNHU eo Programa Nacional de Habitação Rural - PNHR. 2. O art. 20 dodiploma legal em apreço dispõe sobre o Fundo Garantidor daHabitação Popular - FGHab, concebido, dentre outros objetivos,para assumir o saldo devedor do financiamento imobiliário, emcaso de morte e invalidez permanente, e as despesas derecuperação relativas a danos físicos ao imóvel. 3. Hipótese emque a demandante pugna pela condenação da CAIXA à realizaçãode reparos no imóvel financiado, que passou a apresentargoteiras, infiltrações e rachaduras, dentre outros problemasdecorrentes de vício de construção, conforme Laudo de Vistoriaàs fls. 124/126. 4. Compulsando os autos, verifica-se que ocontrato de mútuo e alienação fiduciária, firmado entre as partessob a égide do PMCMV, exclui expressamente (fl. 59) a coberturade "(...) despesas de recuperação de imóveis por danos oriundosde vícios de construção, comprovados por meio de laudo devistoria promovido pela Administradora (...)". É de salientar que odispositivo contratual é simples reprodução do art. 21 do estatutodo FGHab, ao qual a Lei 11.977/2009 (parágrafo 1º, art. 20)incumbiu definir as condições e os limites das coberturas do fundoem questão. 5. De mais a mais, na presente hipótese, a empresapública se limitou a financiar a compra do imóvel escolhido pelapromovente, ora apelada, sem que tenha participado de nenhumaetapa da respectiva construção, de modo que não há que se falarem culpa in eligendo ou in vigilando. Precedentes desta CorteRegional. 6. Nesse contexto, é forçoso reconhecer a ilegitimidadead causam da ré, extinguindo-se o processo, sem resolução domérito. 7. Apelação da CAIXA provida para acolher a preliminar deilegitimidade passiva ad causam e extinguir o feito, sem resoluçãodo mérito, com fulcro no art. 267, VI, da Lei Adjetiva Civil." (TRF 5,AC 0008136-53.2011.405.8300 PE, Quarta Turma, Rel. Des.Edílson Nobre, Dje 29/nov/2012.)

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| Vale a pena saber

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Elaboração

Jefferson Douglas Soares e Giuliano D'Andrea.Sugestões e comentários dos colegas podem ser encaminhadospara os endereços:[email protected] e [email protected].

Recurso Extraordinário e Recurso EspecialAutor: Rodolfo de Camargo Mancuso. Editora: RT. Edição: 12ª.Ano 2012. Páginas: 448.A consagrada obra, atualizada após dois anos, é dedicada aosrecursos dirigidos ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunalde Justiça. Tratou da evolução das jurisprudências das cortes emquestão, trazendo estudo pormenorizado de tais recursos.

Leitura

Rápidas

Decisão contrária"CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. PROTESTO DE DUPLICATA.INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. ENDOSSO-TRASLATIVO. INDENIZAÇÃODEVIDA. QUANTUM REDUZIDO. 1. Tendo a instituição bancáriarecebido os títulos de crédito mediante endosso translativo, éresponsável pelo protesto indevido da duplicata, devendo arcarcom o pagamento de danos morais. 2. Embora o endosso translativoexija o protesto para que o credor possa ajuizar ação de regressocontra o endossante, tal exigência não desonera o endossatário dodever de cuidado quanto a higidez do título em relação ao sacado.3. No que tange à fixação do quantum indenizatório, observadosos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, deve atender àfinalidade de ressarcimento e prevenção: ressarcir a parte afetadados danos sofridos e evitar pedagogicamente que atossemelhantes venham a ocorrer novamente. (TRF 4, AC 5001052-57.2011.404.7001 PR, Quarta Turma, Rel. Des. João Pedro GebranNeto, DJe 19/dez/2012.)"

Processo Civil. Fato superveniente.Provimento judicial. STJ

"4. É dever do magistrado, no momento de proferir a senten-ça, levar em consideração, de ofício ou a requerimento daparte, a superveniência de fato ou direito novo, nos termos doart. 462 do CPC, incorrendo em error in procedendo o Tribunalque, ignorando tal providência, prolata acórdão que dá ense-jo à coexistência de duas decisões inconciliáveis - uma noprocesso de execução, determinando a impenhorabilidadedo bem de família, e outra nos embargos, estabelecendo apossibilidade de excussão desse mesmo bem." (STJ, REsp1.074.838 SP, Quarta Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,DJe 30/out/2012.)

Trabalhista. Honorários contratuais.Indenização. TRT 4

"Na Justiça do Trabalho ainda vige o Princípio do Jus Postulandi,insculpido no art. 791 da CLT, o que torna dispensável acontratação de advogado particular pelos litigantes. Dessa for-ma, tendo a contratação do advogado ocorrido por conveniên-cia do autor, não pode o reclamado responder por perdas edanos em razão dessa contratação." (TRT 4, RO 0000820-51.2012.5.04.0005, Décima Primeira Turma, Rel. Des. HerbertPaulo Beck, DEJT 19/dez/2012).

Tributário. Manuseio de mandado de segurança.Suspensão/interrupção do prazo prescricional. STJ

" O entendimento jurisprudencial desta Casa Julgadora firmou-se na linha de que a impetração do mandado de segurançainterrompe/suspende o fluxo do prazo prescricional, de formaque o prazo para ajuizamento da ação de cobrança das parcelaspretéritas ao seu ajuizamento somente se reinicia após o trânsi-to em julgado do mandamus." (STJ, AgRg no REsp 1.294.191 GO,Segunda Turma, Rel. Des. Conv. Diva Malerbi, 23/nov/2012).

SFH. Danos. Contrato não concretizado.Inexistência

"1. A despeito de não terem sido cumpridas as exigênciasestabelecidas no Contrato por Instrumento Particular de Com-pra e Venda, em que a CEF atuou como agente financeiro, eantes da apresentação do referido contrato devidamente regis-trado no competente Registro de Imóveis, conforme cláusulaquarta, os autores vendedores permitiram que os compradoresocupassem o imóvel objeto em questão. 2. A venda não foiconcretizada, em razão de os compradores não terem preenchi-do os requisitos legais para obtenção do financiamento. Logo,incabível a condenação da CEF ao ressarcimento de danos ma-teriais e morais supostamente sofridos pelos autores, uma vezque assumiram o risco pela antecipação da entrega do imóvel.3. Apelação da CEF provida. Prejudicado o recurso adesivo dosautores. (TRF 2, AC 2002.51.08.001547-0 RJ, Sétima Turma,Rel. Des. Luiz Paulo da Silva Araujo Filho, DJe 07/dez/2012.)

Contratos. Taxas e tarifas. Legalidade nacobrança. TRF 4

"2. Não há abusividade na cobrança de taxas e tarifas bancárias,tendo em vista que se prestam a remunerar serviços prestadosaos clientes. Estas tarifas não se destinam a remunerar o capitalda empresa, pois são contraprestações aos serviços prestadospela CEF, que significam um custo extra para a instituição finan-ceira." (TRF 4, AC 5003236-34.2012.404.7200 SC, TerceiraTurma, Rel. Des. Fernando Quadros da Silva, DJe 08/nov/2012.)Competência. Ressarcimento de valores

apropriados pelo ex-empregado no curso darelação de trabalho. STJ

"1. A ação por meio da qual o ex-empregador objetiva o res-sarcimento de valores dos quais o ex-empregadoalegadamente teria se apropriado, mediante depósitos nãoautorizados na própria conta corrente, a pretexto de paga-mento de salário, compreende-se na competência da Justiçado Trabalho (CF, art. 114, incisos I e VI)." (STJ, CC 122.556AM, Segunda Seção, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, DJe 29/out/2012.)

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Festa dos 20 anosJá estão disponíveis no site daADVOCEF os arquivos de vídeos efotos relativos ao evento dos 20 anosda entidade e do I Encontro TécnicoNacional dos Advogados da CaixaEconômica Federal, realizados emdezembro, em Brasília.

Novo diretorO advogado Pedro Jorge

Santana Pereira, do JurídicoRecife, renunciou ao cargo de

Diretor Jurídico da ADVOCEF, porter sido aprovado em PSI paraGerente de Jurídico Regional e

designado para assumir afunção de Coordenador no

Jurídico Maceió. Em seu lugar,deve assumir o advogado

Magdiel Jeus Gomes Araújo, deJoão Pessoa. A indicação foi

encaminhada pelo presidenteCarlos Castro ao Conselho

Deliberativo.

Revista de Direito nº 16Em maio de 2013, no XIX

Congresso em Florianópolis,a ADVOCEF lançará o 16ºvolume da sua Revista de

Direito. Uma atração a maisnessa edição: será a

primeira produzida após aassinatura do convênio decooperação técnica com a

Escola de Advocacia Caixa.O prazo para recebimento

dos artigos é 18/03/2013.

Escola de AdvocaciaCircula neste mês de janeiro o terceiro número do Boletim Eletrônico da Escola deAdvocacia CAIXA. Trimestral, foi criado para divulgar suas ações entre os advogados.Uma delas é a parceria firmada com a ADVOCEF em dezembro de 2012, no evento deBrasília. Sobre esse tema, haverá novidades na próxima edição.

|||||Máscara do ministro Joaquim Barbosa

STF no CarnavalTudo indica que entre os

sucessos do Carnaval 2013constará a máscara dopresidente do Supremo

Tribunal Federal, JoaquimBarbosa, a mais procurada no

momento pelos foliões. Outrasque apresentam boas vendas

são as que homenageiam ojogador Neymar, o ex-

presidente Lula e a presidenteDilma Rousseff.

Do tempo do bilboquê1. "Sou do tempo em que bodoque se chamava funda. Sou dotempo em que as donzelas se casavam virgens. Se uma delas

se casasse sem o hímen, o recém-marido tinha o direito dedissolver na Justiça o casamento e devolver a moça para ospais dela. Meu Deus, a humilhação que sofria a pobrezinha,

para o resto da vida! (...) Sou do tempo do bilboquê, do ioiô, dobambolê, do jogo de casinha derrubada,

ciranda-cirandinha, do tempo em quese provava aos pais ou aos

delegados de polícia quenão se estava embriagado

fazendo um quatro aocruzar as pernas."

2. Ah, que saudade desses tempos, brotam-me lágrimasnos olhos quando os rememoro. E isso só prova que tantoera melhor viver naqueles tempos, o que talvez seja uma

tolice definir, quanto que estou para lá de decrépito." (PauloSant'Ana, no jornal Zero Hora em 13/01/2013.)

Fora do prazoUm recurso apresentado fora de prazo em razãode erro no site do Tribunal de Justiça de SantaCatarina foi considerado tempestivo pela CorteEspecial do STJ. No julgamento, foi alterada ajurisprudência, que, segundo o ministro HermanBenjamin, relator do recurso, "deve acompanhar arealidade em que se insere, sendo impensávelpunir a parte que confiou nos dados fornecidospelo próprio Judiciário".

Fora do prazo 2O ministro ressaltou que a internet é hoje a principal

fonte dos advogados para acompanhar oandamento processual pelos tribunais. "Ainda que

não se afirme que o prazo correto é aqueleerroneamente disponibilizado pela internet, não é

razoável frustrar a boa-fé que deve orientar arelação entre os litigantes e o Judiciário",

argumentou. (REsp 1324432. Fonte: STJ.)

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| Cena jurídica

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Rubem Braga no CarnavalO bacharel em Direito Rubem Braga, que se formou em 1932 (em BeloHorizonte) e não exerceu a profissão, completaria 100 anos em

12/01/2013. Mestre da crônicabrasileira, nascido em Cachoeiro doItapemirim/ES, Rubem seráhomenageado no Carnaval de sua terra.A escola de samba Unidos deJucutuquara, de Vitória, vai levar para aavenida os temas preferidos do escritor,como infância, amigos, mulheres, mar,saudade, esperança e solidão. O samba-enredo foca sua paixão por pássaros:"Passarão os passarinhos/ Pra cantarmeu sabiá/ É Jucutuquara sorrindo/Pro velho Braga homenagear".

Pesquisa 1Mantendo o primeiro lugar na preferênciados brasileiros, os bombeiros aparecemcom o índice de confiança 83 (numaescala de 0 a 100) na pesquisa do Iboperealizada em dezembro. Depois vêm osmeios de comunicação (60), o SupremoTribunal Federal e o sistema eleitoral (54),a Justiça (47), a Polícia (40) e o CongressoNacional (35).

Pesquisa 2O Ministério Público (em 3º lugar) e o Poder Judiciário (em 6º, juntamente com a

Polícia) aparecem na pesquisa ICJBrasil (Índice de Confiança na Justiça), que ouviu3.300 pessoas em oito Estados. Em primeiro lugar estão as Forças Armadas, vindo

a seguir a Igreja Católica (2º), grandes empresas e imprensa escrita (4º), governofederal (5º), Polícia (6º), emissoras de TV (7º), vizinhos (8º), Congresso Nacional (9º)

e partidos políticos (10º).

Olivetti Linea 88Jornalista Mino Carta, em editorialda Carta Capital de 03/01/2013:

"Pego-me a olhar para os colegas daredação, dobrados sobre seuscomputadores, intérpretes da

modernidade, enquanto eu batucona minha Olivetti Linea 88. Sou

francamente arcaico, mas temoque o computador me engula como

fez e faz com tantos outros. Nãoescapo à sina, também eu mereço

Ionesco, ou Beckett." |||||Mino carta e sua inseparável Olivetti

Mudanças no e-mailSerá preciso alterar configurações

do programa de e-mail noscomputadores, para que o envio

de mensagens não sejainterrompido em 2013. O alerta édo Comitê Gestor da Internet noBrasil (CGI), informando que sedeve modificar a porta de envio

25 para 587, associado aopadrão SMTPS (protocolo seguro

para envio de mensagens).Detalhes podem ser buscados nosite do CGI e de provedores como

Uol e Bol.

Meu banco, minha vidaEm 12 de janeiro, a CAIXAcompletou 152 anos de

existência. Desde 1861, quandofoi fundada por decreto doimperador Dom Pedro II, ainstituição desempenha

programas sociais fundamentais(FGTS, PIS, seguro-desemprego,crédito educativo, Bolsa Família,

Minha Casa Minha Vida),fomentando a poupança,

concedendo empréstimos,financiando a casa própria, o

saneamento básico e ainfraestrutura do país. Hoje, 93mil trabalhadores atendem a

mais de 60 milhões de clientesem todo o país.

Estresse nas profissõesSegundo o ranking para 2013 do site americano

CareerCast.com, os professores universitáriostêm a carreira com menos estresse nos Estados

Unidos. No lado oposto, os militares aparecemcomo os mais estressados. Neste grupo estão

os executivos seniores (em sexto lugar), poisenfrentam a volatilidade do mercado, apesar da

boa remuneração, em torno de R$ 206 milanuais.

Fim do MSNEm 15 de março de 2013, a Microsoft encerraoficialmente as atividades do MSN Messenger.A empresa orienta os 100 milhões de usuáriosa fazerem a migração para o Skype, adquiridoem 2011. Com isso, espera aumentar seupúblico para 300 milhões.

|||||Cronista Rubem Braga

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| Recuperação de crédito

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Uma das medidas bem sucedi-das da Rejur Novo Hamburgo/RS narecuperação de crédito aproveita asalterações introduzidas pela Lei nº11.382/06 para promover a remo-ção de veículos em execução. A leidetermina que os bens penhoradosnão fiquem mais com o executado.

"Assim, temos adotado como prá-tica, com bons resultados, a iniciati-va de peticionar requerendo a penho-ra e imediata remoção do bem paraleiloeiro designado", informa o advo-gado Marcelo Quevedo do Amaral.

Nos casos de não localização dobem penhorado, os advogados da unidade jurídica providenci-am também:

1) Averbação da restrição à circulação do veículo no Renajud(Sistema On Line de Restrição Judicial de Veículos);

2) Expedição de ofício ao Detran para que, em caso de reco-lhimento do veículo, seja feita a imediata notificação ao juízo;

Atrás dos carrosPenhora e remoção de veículos ajudam na busca de valores devidos

3) Inclusão da restrição do veí-culo no Siniav (Sistema Nacional deIdentificação Automática de Veícu-lo).

O Siniav é uma iniciativa doDenatran (Departamento Nacionalde Trânsito) que busca interligar osequipamentos de leitura eprocessamento de informações deveículos. O prazo para funcionamen-to definitivo do sistema, que prevê ainstalação de um chip nos veículose devia começar em 2013, foi pror-rogado para 2015.

Com essas medidas, os advo-gados da Rejur Novo Hamburgo têm assegurado a efetividadedas penhoras, aumentando a percepção de risco dos devedo-res. "Não raras vezes, os executados renegociam a dívida apósa remoção", diz Marcelo Quevedo. "Sem falar no aumento sig-nificativo do número de veículos que temos levado a leilãojudicial."

A CAIXA em 20131. Em 2012, a CAIXA entregou mais

de um milhão de casas, superando doismilhões de moradias contratadas no

programa Minha Casa Minha Vida. Investiumais de 27 bilhões em saneamento e

infraestrutura, correspondendo a 300% doque foi aplicado em 2011. Assumiu a

vanguarda do mercado bancário com oCaixa Melhor Crédito, lançado em abril, que implementou uma

redução histórica de juros. Sua carteira de crédito cresceu 42,6% noano, enquanto o mercado avançou 12,4%.

2. Os dados foram destacadospelo presidente da CAIXA, que emmensagem aos empregadossalientou que os recordes foramalcançados por todos. "Entramosem 2013 com a certeza de estarcontribuindo para odesenvolvimento do nosso país e

para a consolidação da CAIXA como uma das trêsinstituições financeiras e líder absoluta como agentede políticas públicas", disse Jorge Hereda.

Avanço do BacenjudEntre janeiro e agosto de 2012, 85,5% dos bloqueios, desbloqueios e transferências devalores encaminhados pela Justiça aos bancos foram feitos através do Bacenjud,desenvolvido pelo Banco Central em parceria com o STJ. No período, a Justiça Estadualfoi a que mais utilizou o sistema, com 192.498 requisições. Depois vêm a Justiça doTrabalho (20.765), Justiça Federal (16.577), Justiça Eleitoral (39) e Justiça Militar (26).

Avanço do Bacenjud 2Antes do Bacenjud, criado em 2001, essas operações eram feitas por meio de

ofícios em papel, com um demorado trâmite burocrático.

Justiça rápidaA condenação dos mensaleiros

significa que a Justiça entre nós sefará com mais rapidez daqui para

frente? A enquete, do Blog doNoblat, no final de dezembro,

registrou 73,23% de "Não significa,foi um caso excepcional" e 22,22%de "Significa, sim". Do total, 4,55%

responderam que não sabem.

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Janeiro | 2013 15

Desmontagem de fuzilÉder Maurício Pezzi López (*)Quando servi ao Exército, fui ven-

cedor de um concurso dedesmontagem de fuzil. Não fui cam-peão na corrida, no tiro ou na pista deobstáculos, as provas nobres da ca-serna. Eu simplesmente conseguiadesmontar e montar o FAL (Fuzil Auto-mático Leve) no menor tempo. Ao ladode outros títulos que conquistei nainfância - tais como campeão de parou ímpar e cuspe a distância -, acha-va esse feito pura inutilidade. Isso atéminha filha nascer.

Já no primeiro dia da vidinha delavi que a troca de fraldas era uma ativi-dade que muito se assemelhava àdesmontagem de fuzil. No entanto, seo armamento tinha muito mais peças,parafusos e molas, pelo menos ele nãoficava esperneando durante o proces-so. Na troca de fraldas, as peças sãopoucas - basicamente a fralda, o len-ço umedecido, a pomada, a roupinhae o nenê -, mas é preciso ser meticu-loso na ordem das coisas. Depois defechar a fralda nova e vestir o bebênão adianta mais lembrar da pomada.Que fique para a próxima.

Na realidade, sempre pensei quea habilidade de montar o fuzil rapida-mente pudesse ser útil num caso deataque repentino do inimigo. Sob umarajada de metralhadora, um segundo

poderia ser a diferença entre a vida ea morte. Na troca de fraldas, emborao "inimigo" esteja ali, visível o tempotodo, a rapidez é um atributo de gran-de valia, porque igualmente podemosser alvejados por uma"rajada" a qual-quer momento.Imagino quepara quem temfilho menino o tiroseja menos espa-lhado, mas com al-cance maior, comoum ataque de fran-co-atiradores.

Outra coisaque penso é quenuma guerra,se o fuzil en-gasgasse, se-ria precisodesmontá- loem qualquerlugar, fossenuma trincheira,num jipe em movimen-to ou em cima de um car-ro de combate. Pois pos-so dizer que já vivencieiquase todas essas experi-ências na troca de fraldas, só que empia de banheiro público, no banco docarro e até no banco da praça. E aindacom a pressão de quem quer sair logopra brincar de novo no escorregador.

Enfim, a realidade é que a gentesente saudade de coisas triviais quecostumava fazer. Às vezes me dá von-tade de pedir o fuzil emprestado prosoldado de guarda perto da minhacasa, só pra desmontá-lo e montar denovo. Quanto à minha filha, não vejo ahora de o verão chegar para começara desfraldá-la e, por certo, até sentirsaudades das nossas trocas de fral-das, um dia.

Crô

nica

"Já no primeiro dia davidinha da minha filha

vi que a troca de fraldasera uma atividade quemuito se assemelhava

à desmontagemde fuzil."

(((((*) Ex-advogado da CAIXA. Advo-*) Ex-advogado da CAIXA. Advo-*) Ex-advogado da CAIXA. Advo-*) Ex-advogado da CAIXA. Advo-*) Ex-advogado da CAIXA. Advo-gado da União em Rio Grande/RS.gado da União em Rio Grande/RS.gado da União em Rio Grande/RS.gado da União em Rio Grande/RS.gado da União em Rio Grande/RS.

E-mail: ederE-mail: ederE-mail: ederE-mail: ederE-mail: [email protected]@[email protected]@[email protected].

"Às vezes me dávontade de pedir o fuzil

emprestado prosoldado de guarda

perto da minha casa, sópra desmontá-lo emontar de novo."

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Janeiro | 2013 I

Suplemento integrante da ADVOCEF em Revista | Ano XII | Nº 119| Janeiro| 2013

Tribunais se rendem àsredes sociais e Google é o

réu do anoOmar KaminskiAdvogado, presidente de Internet doInstituto Brasileiro de Política e Direitoda Informática (IBDI), membro suplentedo Comitê Gestor da Internet no Brasil(CGI.br) e responsável pelo site InternetLegal (www.internetlegal.com.br).

Caso o leitor esteja lendo esta re-trospectiva, escrita antes do dia 21 dedezembro de 2012, certamente o mun-do não acabou. Mas se acabasse, cer-tamente teria como trilha sonora o"Gangnam Style", o videoclip mais as-sistido em todos os tempos no Youtube.

Já na internet jurídica brasileira oritmo é o do samba do afro-descenden-te doido. Politicamente correto edificultoso na utilização do processoeletrônico. Claudicante no estabeleci-mento de novos princípios - ou na con-solidação dos já existentes sob a óticadas novas tecnologias - e na garantiade liberdades, especialmente a liberda-de de expressão.

Quase metade dos cerca de 194milhões de brasileiros tem acesso àinternet no país, segundo pesquisadivulgada recentemente pelo Ibope. Euma porcentagem destes pulou cedoda cama para comprar o iPhone 5, mes-mo caro e incompatível com atecnologia 4G, por enquanto ausente nopaís. Marca esta que se mostrou bas-tante polêmica neste finalzinho de ano,com a anterioridade do registro no INPIpertencente à empresa Gradiente, quelançou seu próprio "iphone". E tudo issoporque, muito provavelmente, os dispo-sitivos móveis serão os principais mei-os de acesso direto à rede em um futu-ro muito próximo. Queiramos ou não,estaremos conectados todo o tempo. Ecada vez mais monitorados.

O receio do controle vigilantista e to-talitário continua pairando, e ainda sobo pretexto do terrorismo e das guerras

cibernéticas. Em tempos de IPv6, nonodígito e de internet das coisas, a possibi-lidade de acessos indevidos e, porconsequência, o controle remoto (eindevido) de dispositivos alheios, quevão de smartphones a cafeteiras elétri-cas, passando por carros, usinas, atéaviões de carreira, assombra os maisparanoicos que clamam por mais segu-rança pessoal e profissional, que por suavez demanda mais investimentos e afe-ta cada vez mais a privacidade e a liber-dade de expressão dos cidadãos queacham que não têm nada a esconder.

O Processo Judicial eletrônico daJustiça do Trabalho comemorou um anode implantação, com o primeiro recur-so de revista eletrônico do país ocor-rendo em junho, no TRT de Mato Gros-so. O Superior Tribunal de Justiça alcan-çou a expressiva marca de um milhãode processos eletrônicos. A OAB doParaná é a seccional com maior núme-ro de advogados com certificação digi-tal já emitida.

O registro de novos nomes de do-mínio mundiais junto à ICANN segueseu ritmo com um punhado de brasilei-ros na fila, entre eles o ".rio". Eventosmundiais como o Internet GovernanceForum (IGF) e World Conference onInternational Telecommunications(WCIT), além das próprias Meetings daICANN, mostram-se cada vez mais po-lêmicos nas questões regulatórias. Tan-to na defesa da necessidade como nadesnecessidade de regulamentaçõesespecíficas ou por este ou aquele ór-gão ou país.

Redes sociaisAs redes sociais caíram no gosto

popular e continuam em cômoda posi-ção de destaque, especialmenteFacebook e Twitter, este último estabe-lecendo sede no país recentemente.Praticamente todos os tribunais se ren-deram. Com a possibilidade de se criarcomunidades no Google+, antes tardedo que nunca, é decretada a morte tá-cita do Orkut. A Microsoft lança muitotimidamente a sua própria rede social.Tão timidamente que pouca gente ficousabendo.

Os usuários continuam acreditandoem tudo que leem. Muitos foram víti-mas de hoaxes (boatos), bullying (pro-vocações) e trolling (chacotas). Desta-que para os "disclaimers declaratórios",verdadeiras correntes versando sobrenovas políticas de privacidade ou de di-reitos autorais e a necessidade de sedeclamar, ou melhor, de compartilharnos próprios perfis ou "timeline" um tex-to rocambolesco que começa assim:

"Aos dezoito dias do mês de Dezem-bro do ano de dois mil e doze, encon-trando-me no pleno gozo das minhas

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Janeiro | 2013II

faculdades mentais, eu, titular destaconta no Facebook, declaro, para queminteressar possa eem especial para aempresa adminis-tradora doFacebook, quemeus direitos auto-rais estão ligados atodos os meus da-dos pessoais, co-mentários, textos,artigos, ilustrações,quadrinhos, pintu-ras, fotos e vídeosprofissionais, etc (como resultado daConvenção Berner) (...)."

Com isso a internet revela sua par-cela de mais dúvidas do que certezas,demandando proatividade - pesquisara veracidade antes de repassar inge-nuamente. E não, a garotinha com cân-cer não vai receber 5 centavos toda vezque você repassar a foto.

Também já neste final de ano oInstagram, que foi adquirido peloFacebook, provocou polêmica com aalteração unilateral de seus termosde uso, cuja interpretação dá a enten-der que as fotos de seus usuários po-deriam ser aproveitadas de modosub-reptício para fins comerciais. Em-presas como a National Geographicnão gostaram, e houve muitos cance-lamentos de contas em sinal de pro-testo. Em tempos de nuvem, forçosa-mente os termos de uso tomam cadavez mais importância no contexto doarmazenamento de informações e da-dos pessoais.

E o Papa Bento XVI é mais pop queo Justin Bieber, superando-o no númerode retweets no Twitter. Com pouco maisde uma semana de sua primeira mani-festação em menos de 140 caracteres,o sumo Pontífice já conta com mais de2 milhões de seguidores. Mas Biebercontinua imbatível, com 15 vezes maisseguidores que o Papa.

E-booksComo o papel tem seus dias conta-

dos, só não se sabe quando, os e-booksganham ainda mais impulso com aAmazon, enfim, fincando o pé no Brasil,bem como o Google Play começando avender conteúdos digitais e tambémebooks.

Leitores específicos de ebooks pro-metem se tornar mais populares e aces-

síveis, como oKindle, embora jáse preveja seuiminente declínioem vista dapopularização deseus concorren-tes diretos, ostablets, que pos-suem mais fun-ções embora se-jam mais caros.

EleiçõesÉ cada vez mais difícil limitar as ma-

nifestações em geral em ano de eleição.Testes de vulnerabilidade foram nova-mente realizados nas urnas eletrônicase polêmicas surgiram, como sempre,com destaque para a decretação porduas vezes da prisão do diretor geral doGoogle no Brasil. Em Campina Grande,na Paraíba, pelo fato da empresa nãoter removido do YouTube um vídeo queestaria ridicularizando, segundo o juizeleitoral, um dos candidatos à prefeitu-ra. E em Campo Grande, Mato Grossodo Sul, em virtude da não retirada devídeos, também do YouTube, que estari-am citando um dos candidatos a prefei-to como suspeito de práticas crimino-sas. Obviamente, tais decisões repercu-tiram (negativamente) na imprensa in-ternacional.

Vários candidatos foram multadospor propaganda antecipada na Internet,e o Facebook igualmente foi veículo depropagandas eleitorais consideradas ir-regulares.

LegislaçãoAleluia, a

internet brasileiradeixou de seruma terra sem lei.Agora não comuma, mas comduas leis versan-do sobre os cri-mes informáticosou cibercrimes.

Uma delas,batizada de lei Carolina Dieckman, tevetramitação bastante célere e tipificou ocrime de invasão não autorizada de dis-positivo, porém de forma um tanto con-

fusa, e a outra é o resultado do PL 84/99, ou lei Azeredo: de cerca de 20 arti-gos restaram apenas 4 e de menor im-portância para aqueles que defendema necessidade de mais rigor. A vigênciade ambas está prevista para abril de2013.

O teletrabalho também mereceu leiespecífica no final de 2011, com avan-ços ainda tímidos, porém promissores.Parece ser uma das soluções possíveispara os congestionamentos e mesmopara uma melhor qualidade de vida. Fal-ta, ainda os patrões reconhecerem talinovação.

A elaboração e arquivamento de do-cumentos digitais também contou comlei específica, sancionada em julho comdiversos vetos, tornando a quase inútil.Também a criação de um banco de DNAde criminosos foi objeto de legislação es-pecífica neste ano, mas ainda são pou-cas as notícias de sua implementação,bem como ainda poucas as notícias so-bre o avanço na adoção do Registro deIdentidade Civil (RIC) ou número único,que se mostra tão preocupante quantoinevitável no quesito privacidade. Sem-pre ela.

Nos TribunaisO dever de empresa que hospeda

sites de fiscalizar o conteúdo publicadofoi objeto de repercussão geral no Ple-nário Virtual do STF - provavelmente aprimeira versando sobre internet.

No STJ, várias decisões em RecursosEspeciais envolvendo o Google e o Orkutno âmbito das relações de consumo, boaparte delas pela lavra da ministra Nancy

Andrighi, da 3ª Tur-ma. Para ela, hádesnecessidade defiltragem prévianas buscas e de fis-calização prévia doteor das informa-ções postadas nosite pelos usuários.Mas se notificadosobre a ilicitude deconteúdo (texto ouimagem) presenteem rede social,

no caso o Orkut, o Google deverá retirá-lodo ar em 24 horas, sob pena deresponsabilização solidária com o autordo dano.

"Os dispositivos móveisserão os principais meios deacesso à rede em um futuropróximo. Queiramos ou não,estaremos conectados todo

o tempo."

"E o Papa Bento XVI é maispop que o Justin Bieber,

superando-o no Twitter. MasBieber continua imbatível,

com 15 vezes maisseguidores que o Papa."

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Janeiro | 2013 III

O TST virou fã ardoroso da rede doZuckerberg, foi o primeiro Tribunal atransmitir uma sessão pelo Facebook econta com mais de 50 mil fãs. O STJ lan-çou seu canal no Youtube, e os tribunaisestaduais comemoram o crescente nú-mero de seguidores virtuais.

Projetos de leiO principal projeto de lei em trâmite

hoje é o Marco Civil da Internet, apelida-do de ciberconstituição e que pretenderesolver várias mazelas internéticas. Elemereceu a instalação de comissão es-pecial na Câmara dos Deputados, e aexpectativa era de que fosse aprovadoantes de uma lei penal - para que hou-vesse antes uma lei que garantisse di-reitos para então se querer aprovar umalei punitiva e restritiva, sustentavam osciberativistas, que se frustraram com ossucessivos (cerca de seis ou sete) adia-mentos de votação pelo plenário da Câ-mara por ausência de acordo entre oslíderes.

O processo eletrônicoavança na Justiça brasileira

Vladimir Passos de FreitasDesembargador federal aposentado doTribunal Regional Federal da 4ª Região,onde foi presidente, e professor doutorde Direito Ambiental da PUC-PR.

Se há 20 anos alguém falasse emprocesso eletrônico, certamente seriaolhado com desconfiança, tomado porum sonhador sem sentido de realidade.Processo era papel e nós todos cultivá-vamos aquelas solenes conclusões, vis-tas, termos disto ou daquilo. Por exem-plo, as informações nos autos precedi-das por: "Tenho a honra de informar aV. Ex.ª que...".

No ano de 2002, os TRFs 3 e 4 to-maram iniciativas para a introdução depetições eletrônicas nos Juizados Espe-ciais Federais. Os dois tribunais foramos precursores. No TRF-3 as petiçõeseram escaneadas. No TRF-4, por inicia-tiva do juiz federal Sérgio Tejada Garciae do servidor José C. Abelaira Filho, criou-se o chamado e.proc.

Tais iniciativas, à época polêmicas,geraram resistências dentro e fora doJudiciário. Afinal, estava sendo retiradode cena o uso do papel nos processos,

prática esta existente desde 1532,quando Martim Afonso criou o primeiroJuizado brasileiro, na Vila de São Vicente,com um ouvidor, um juiz ordinário, umescrivão e um meirinho.

Na qualidade de presidente do TRF-4, no dia 11 de março de 2004 baixei aResolução 13, tornando obrigatória, nosJuizados Especiais Federais (JEFs), apropositura da ação por meio eletrôni-co. Um advogado de Porto Alegreimpetrou Mandado de Segurança, afir-mando não estar obrigado a cumprir um

ato administrativo, mas apenas a lei. Odilema era inevitável: exigir a adaptaçãode todos, inclusive dos mais idosos, ouabrir exceções que tornariam o sistemaincompleto. O tribunal decidiu noMS2004.04.01.036333-0/RS, relatorSurreaux Chagas, aos 29 de setembrode 2005:

MANDADO DE SEGURANÇA. ATO PRE-SIDENTE TRF4. OBRIGAÇÃO DE UTILIZA-ÇÃO DO PROCESSO ELETRÔNICO (E-PROC) NOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDE-RAIS.

1. A instituição do processo eletrô-nico é decorrência da necessidade de

"No sistema e.proc (TRF-4), oadvogado é quem distribui oprocesso e a distribuição é

imediata, surgindo na tela onome do relator."

"A internet brasileira deixou deser uma terra sem lei. Agora

não com uma, mas com duasleis versando sobre os crimesinformáticos ou cibercrimes."

Talvez e principalmente porque oprincípio da neutralidade se mostroumuito mais polêmico do que se espera-va. E para piorar, ou dificultar ainda mais,as discussões sobre guarda de logs, ou

registros de conexão e acesso por partedos provedores (guarda essa tão com-batida no âmbito penal) se instalaramno âmbito cível, com os defensores dosdireitos autorais "tradicionais" ajudandoa fazer mais água na canoa das liberda-des.

Aliás, os anteprojetos de proteçãode dados pessoais e da reforma da lei

de direitos autorais ainda não encontra-ram seus respectivos caminhoslegislativos e repousam solenementeem alguma gaveta ou disco rígido. Mes-mo, no caso autoral, com a esperançarenovada na nova ministra MartaSuplicy.

O projeto de lei do novo Código Pe-nal e o da reforma do Código de Defesado Consumidor também contemplaramvários artigos sobre cibercrimes e comér-cio eletrônico. Com alto grau deprevisibilidade, se avolumam cada vezmais as propostas em tramitação sobreinternet e novas tecnologias, direta ouindiretamente.

Adeus a um pioneiroPor último, lamentamos o faleci-

mento do pioneiro do Direito daInformática no Brasil, Amaro Moraes eSilva Neto, vítima de câncer. Pessoa ím-par que condenava a "legismania" e quefará muita falta nas discussõestecnológicas.

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Janeiro | 2013IV As matérias publicadas neste suplemento são de responsabilidade exclusiva de seus autores.O encarte pode ser acessado, na íntegra, no site da ADVOCEF (menu Publicações).

Ano XII | Nº 119 | Janeiro | 2013

agilização da tramitação dos processosnos Juizados Especiais Federais, repre-sentando a iniciativa o resultado de umenorme esforço institucional do TribunalRegional da 4a Região e das três SeçõesJudiciárias do sul para que não seinviabilize a presta-ção jurisdicional àpopulação, dianteda avalanche deações que recai so-bre a Justiça Fede-ral, particularmentenos Juizados Especi-ais Federais.

2. O sistema emimplantação éconsentâneo com oscritérios gerais da oralidade, simplicida-de, informalidade, economia processuale celeridade que devem orientar osJuizados Especiais, previstos no art. 2º daLei 9.099/95, e que são aplicáveis aosJuizados Especiais Federais, conformedisposto no art. 1º da Lei 10.259/2001.

3. A sistemática implantada assegu-ra o acesso aos equipamentos e aos mei-os eletrônicos às partes e aos procurado-res que deles não disponham (Resoluçãonº 13/2004, da Presidência do TRF/4ªRegião, art. 2º, §§ 1º e 2º), de forma que,a princípio, ninguém tem o acesso à Justi-ça ou o exercício da profissão impedidoem decorrência do processo eletrônico.

A partir de então, passo a passo, osistema evoluiu. Atualmente, ele se en-contra implantado nos JEFs dos cincoTRFs. Nos Juizados Especiais da JustiçaEstadual ele avança sistematicamente,já tendo alcançado 21 dos 27 (DF inclu-so). A mudança é positiva. Vejamos.

No sistema e.proc (TRF-4), o advoga-do é quem distribui o processo e a distri-buição é imediata, surgindo na tela onome do relator. Se ele for ao tribunal nodia seguinte para explicar o motivo doagravo, certamente encontrará a decisãojá pronta.

O agravo não precisa de cópia distoou daquilo (v.g., da inicial). É a petição derecurso e pronto. Isto porque o relatoracessará o processo e terá à sua frentetodas as peças.

O advogado constituído, ao ser inti-mado de uma decisão, terá na tela todasas fases do processo. Portanto, não cor-

re o risco de viajar horas de carro paraatender uma decisão e daí constatar quea providência é dispensável. Ademais, elepode estar passando suas férias em umresort do Nordeste e de lá mandar suapetição para uma ação que tramita em

Uruguaiana, no RioGrande do Sul.

Os servidorestêm diante de si apossibilidade de tra-balhar em casa, di-rigindo-se à Justiçaum ou dois dias dasemana. Em temposde tráfico intenso,ver-se livre de ruascongestionadas é

um alívio. Evidentemente, este tipo deconcessão deve ser regulamentado e exi-ge uma boa dose de responsabilidade doservidor e da chefia.

Os balcões das secretarias ou cartó-rios esvaziam-se. Diminuem asdesgastantes discussões entre advoga-dos e funcionários. Idem os telefonemas.Servidores podem ser redirecionados aoutras atividades.

Do ponto de vista ambiental, econo-miza-se papel. Milhares de árvores sãopoupadas. Há economia de dinheiro, poisnão se compram centenas de caixas depapel, clipes, grampeadores e aquelesobjetos dignos dos museus judiciários,os carimbos tão venerados pelos antigosfuncionários.

O prazo de tramitação diminui. O pro-cesso eletrônico é ofim daquela abomi-nável súplica dosadvogados para quea petição seja junta-da e o processoconcluso.

Na esfera crimi-nal nada impedeque a Polícia Judici-ária aja da mesmamaneira. Assim já éfeito pela Polícia Federal na 4ª Regiãoda Justiça Federal (Sul). Nada impede queum delegado de Polícia Civil de um pe-queno município acerte com o promotore o juiz de uma comarca que já opere nosistema o ingresso da Polícia namodernidade.

"O processo eletrônico é o fimdaquela abominável súplicados advogados para que a

petição seja juntada e oprocesso concluso."

"Alguns, saudosistas, aindamantêm a velha Remington 25ou a Olivetti portátil Studio 44,

que exigia do portadormúsculos de aço."

Mas, como nada é perfeito, alguns pro-blemas existem. O primeiro deles é a adap-tação a esse novo mundo, principalmentepara os que foram iniciados nas antigasmáquinas de escrever. Alguns, saudosistas,ainda mantêm a velha Remington 25 ou aOlivetti portátil Studio 44, que exigia doportador músculos de aço.

A leitura é mais cansativa do que afeita em papel. Espera-se que a evoluçãoleve o processo eletrônico a ser lido comoos livros no Ipad, inclusive permitindo quese folheiem as folhas e não que se tenhaque abrir arquivo por arquivo.

Os juízes e servidores devem prati-car ginástica laboral sob pena de adqui-rirem moléstias profissionais (v.g.,tendinite). A visão continuada na telatambém deve causar mal físico.

Outro aspecto difícil é a existênciade programas diferentes. Com efeito,eles se desenvolvem muitas vezes emrazão de iniciativas individuais e as op-ções podem ser diferentes em cada Es-tado, fruto do poder de convencimentodo vendedor, dos valores em jogo, da po-lítica local (p. ex., proteger empresáriosda terra) e outras peculiaridades. Comisto, um advogado pode ter que peticionarde forma diferente na Justiça Federal ouna Estadual.

O CNJ tenta uniformizar o processoeletrônico na Justiça de todo o Brasil atra-vés do sistema PJe. O TST adotou estesistema e tornou-o obrigatório nas 24 Re-giões. O Conselho da Justiça Federal al-meja implantá-lo nos cinco TRFs.

Eis uma visãogeral dessa que meparece a verdadeiranovidade no PoderJudiciário brasileiro.Outras, ainda quemaquiadas com no-mes novos, sãobem antigas. A con-ciliação, por exem-plo, já era previstano ar tigo 161 da

Constituição de 1824.O processo eletrônico veio para ficar

e o Brasil está bem à frente dos demaispaíses. Aprimorá-lo é o próximo passo enisto é preciso que todos os envolvidosexteriorizem suas dificuldades e deemsugestões.