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Normatização de Cidades Históricas orientações para a elaboração de diretrizes e Normas de Preservação para áreas urbanas tombadas

Diretrizes para Áreas Tombadas

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Normatizações para áreas tombadas

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Normatização de Cidades Históricas

orientações para a elaboração de

diretrizes e Normas de Preservação para

áreas urbanas tombadas

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EXPEDIENTE Presidente da República Dilma Rousseff Ministro da Cultura Ana de Hollanda Presidente do Iphan Luiz Fernando de Almeida Diretor de Patrimônio Material e Fiscalização Andrey Rosenthal Schlee Coordenadora Geral de Cidades Históricas Yole Medeiros Coordenadora de Identificação e Proteção Anna Finger Coordenador de Qualificação e Gestão Urbana George da Guia Textos: Anna Finger, Dalmo Vieira Filho e Yole Medeiros Colaboração: George da Guia, Sandra Correa, Maria Regina Weissheimer, Carla Rabelo Costa, Genesia Marta Alves Camelo Imagens: Anna Finger, George da Guia, Maria Fernanda Becker, Maria Regina Weissheimer, Monica Mongelli, Superintendência do IPHAN no Piauí, Escritório Técnico do IPHAN em Antônio Prado – RS, acervo Depam.

Foto capa: Jaguarão – RS. Autor: Eduardo Tavares

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................... 4

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 6

REFLEXÕES PRELIMINARES SOBRE A PRESERVAÇÃO DAS CIDADES HISTÓRICAS ........................... 8

O QUE AS NORMAS DE PRESERVAÇÃO DEVEM SALVAGUARDAR E COMO? ............................... 12 Motivação para o tombamento e valores atribuídos ao sítio ..................................................................... 13 Instrução e trâmite do Processo de Tombamento ..................................................................................... 14 Poligonais de tombamento e entorno ........................................................................................................ 15

Procedimentos para delimitação ou revisão de Poligonais de Tombamento ou indicação de novas inscrições nos Livros do Tombo para bens já tombados ........................................................................ 20 Procedimentos para delimitação de Poligonais de Entorno de bens já tombados ................................ 21

O PAPEL DOS ENVOLVIDOS NA PRESERVAÇÃO DOS CONJUNTOS URBANOS TOMBADOS ........... 24 O contexto jurídico de atuação de Estados e Municípios e sua relação com o Governo Federal .............. 24

O Estatuto das Cidades aplicado à Preservação do Patrimônio Cultural ............................................... 28 A participação pública na elaboração das Normas de Preservação ........................................................... 31

ELABORAÇÃO DE NORMAS DE PRESERVAÇÃO PARA ÁREAS URBANAS TOMBADAS ................... 32 Sobre o caráter das normativas .................................................................................................................. 32 Metodologia para elaboração ..................................................................................................................... 32 Passo 1: Compreensão e apropriação do sítio ............................................................................................ 33

Instrumentos para a organização das informações ................................................................................ 34 Passo 2: Elaboração da base para as Normas de Preservação – a Pré-Setorização ................................... 34

Instrumentos para a organização das informações ................................................................................ 36 Passo 3: Caracterização e diretrizes para os setores de preservação ......................................................... 37

Instrumentos para a organização das informações ................................................................................ 38 Passo 4: Construção de instrumentos para acompanhamento e gestão ................................................... 40

Instrumentos para a organização das informações ................................................................................ 40 Passo 5: elaboração da Minuta de Normas de Preservação e encaminhamentos ..................................... 41 Apoio para a contratação dos subsídios para a elaboração de Normas de Preservação ........................... 41

ANEXO I – DECRETO-LEI Nº 25, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1937. ................................................. 42

ANEXO II – PORTARIA Nº 187, DE 11 DE JUNHO DE 2010 ........................................................... 47

ANEXO III – PORTARIA Nº 420, DE 20 DE OUTUBRO DE 2010 ..................................................... 57

ANEXO IV – PORTARIA Nº 297, DE 04 DE OUTUBRO DE 2010 ..................................................... 67

ANEXO V – PORTARIA Nº 312, DE 20 DE OUTUBRO DE 2010 ...................................................... 79

ANEXO VI – PORTARIA N. 253, DE 28 DE JULHO DE 2011 ......................................................... 104

ANEXO VII – MODELOS DE DESCRIÇÕES DE POLIGONAIS DE TOMBAMENTO E ENTORNO ........ 107

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APRESENTAÇÃO

A preservação dos bens culturais materiais, na ação específica do IPHAN, organiza-se em três grandes conjuntos de atividades: 1identificação, proteção e gestão.

No que diz respeito às Cidades Históricas, ao longo de sua atuação o IPHAN priorizou ações voltadas à proteção, através do instituto do tombamento. Mais de uma centena de conjuntos urbanos contam hoje com proteção, vários estão em estudos, e outros tantos têm bens tombados individualmente, onde o IPHAN tem responsabilidades na gestão das áreas de entorno. Entretanto, percebemos que a maior parte dessas áreas não conta com diretrizes ou Normas para a preservação dos elementos e características que motivaram seu reconhecimento como patrimônio nacional, e no caso dos conjuntos urbanos, vários não apresentam sequer as poligonais de tombamento e entorno definidas.

Respeitada a atuação necessária do IPHAN, com foco voltado à proteção dos bens culturais, hoje faz-se necessário considerar que, dentro do universo de atribuições da instituição, o trabalho não termina com o tombamento, na realidade apenas começa. E percebendo os problemas que as lacunas existentes nessas definições trazem para a eficácia da gestão das áreas protegidas, o trabalho agora apresentado insere-se neste contexto, buscando oferecer referências e orientações para auxiliar nessas definições, notadamente a delimitação de poligonais de tombamento e entorno e a elaboração de diretrizes e Normas de Preservação.

Desde 2007 o Depam vem auxiliando diretamente as Superintendências na elaboração de Normativas para sítios tombados, destacando-se os casos de Areia, na Paraíba, e Ouro Preto, em Minas Gerais. Nestes locais, de características diferenciadas, foi testada uma nova proposta metodológica, elaborada dentro da concepção do Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão – SICG, que partia do pressuposto da observação in loco para a identificação dos aspectos que deveriam ser alvo de normatização específica. Essas experiências permitiram avançar no aperfeiçoamento da metodologia, coerente com os prazos e recursos disponíveis, trazendo uma proposta concreta para abordar a questão.

Em dezembro de 2009 foi realizada uma reunião sobre o assunto em Brasília, que contou com a participação de técnicos de diversas Superintendências que debateram, a partir de diferentes opiniões e experiências, temas relativos à gestão das cidades históricas tombadas. Durante a reunião foram examinadas criticamente experiências em desenvolvimento, como as normativas contratadas pelo Programa Monumenta e outras executadas no âmbito do IPHAN nos últimos anos, analisando e comparando suas metodologias, além de iniciar a discussão sobre o caráter desses instrumentos, seus processos de estabelecimento e condições de aplicação.

Já em 2010, atendendo à demanda da Superintendência do IPHAN em Goiás, foi realizada uma oficina prática de normatização, com foco na cidade de Corumbá de Goiás, tombada em 2004 e que não dispunha de parâmetros que orientassem moradores e prefeitura sobre como intervir no sítio, seja para novos projetos de inserção, para projetos de recuperação, ou mesmo projetos de requalificação urbana. Essa oficina também contou com a participação de técnicos de diversas Superintendências, que após visitar a cidade, se reuniram no Escritório Técnico de Pirenópolis e discutiram intensamente sobre os critérios para a preservação dos aspectos que motivaram a proteção de Corumbá de Goiás. Em apenas 3 dias foi possível, a partir das análises presenciais e com a colaboração de técnicos treinados, avançar em relação à identificação de diferentes setores morfológicos, que por apresentarem aspectos diferenciados deveriam ser regulamentados de formas distintas (como áreas mais sujeitas a pressão imobiliária e mudanças de uso, que implicam na descaracterização dos imóveis ou ocupação de áreas indesejáveis, áreas para onde devem ser canalizados recursos visando sua requalificação como forma de reverter processos de degradação, entre outros). Essas observações constituíram a base para as Diretrizes de Preservação para Corumbá de Goiás, em fase de conclusão.

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Também em 2010, a partir de uma série de demandas de apoio técnico para a definição de poligonais e diretrizes para a preservação de áreas de entorno de bens tombados cuja ambiência vem sendo afetada por projetos de grande impacto ou processos de urbanização não planejados, iniciamos junto à PROFER um diálogo visando instituir procedimentos simplificados e objetivos para a delimitação dessas áreas. Sem prescindir de reflexões teóricas e conceituais e atendendo às exigências legais obrigatórias para justificar as restrições impostas a esses espaços, foram definidos os limites e as diretrizes para a gestão de áreas de entorno de diversos bens protegidos, sem perder de vista o caráter dessas áreas (relacionadas à preservação da ambiência dos bens protegidos), e em consonância com as regulamentações municipais.

A partir dessas experiências foi possível confirmar o que se vinha buscando desde 2007: é possível produzir propostas boas e objetivas para auxiliar na gestão e preservação de áreas protegidas em tempo razoável e com poucos recursos, a partir de inventários mais sucintos que enfoquem elementos considerados realmente relevantes para cada local, prescindindo de análises exaustivas, onerosas e que, muitas vezes, não forneciam aos técnicos subsídios para seu trabalho diário de gestão dos sítios.

Como conclusão desses processos, o Depam tem investido na formulação de orientações metodológicas para auxiliar nesses trabalhos – notadamente a definição das poligonais de proteção e elaboração de Normas de Preservação (para as áreas tombadas ou em estudos de tombamento, que já devem, em sua conclusão, apresentar orientações nesse sentido) – a fim de tornar a gestão das áreas protegidas eficaz, transparente e em acordo com as políticas nacionais definidas pela instituição. Essa postura vem ainda de encontro às observações feitas pelo próprio Conselho Consultivo do IPHAN, que tem manifestado reiteradamente a preocupação com a gestão das áreas pós-tombamento e cobrado a indicação de critérios para a preservação destes espaços após seu reconhecimento como Patrimônio Nacional.

Nesse processo destacamos o importante apoio e orientação recebidos pela Procuradoria Federal no IPHAN e o empenho dos técnicos das Coordenações Gerais de Cidades e Bens Imóveis, que têm trabalhado na definição dos conceitos e elaboração das orientações agora apresentadas, visando concretizar a normatização das áreas tombadas como um importante instrumento da política nacional de preservação das cidades históricas, de forma coordenada para todo o território brasileiro.

Anna Eliza Finger

Coordenadora de Identificação e Proteção

Yole Milani Medeiros

Coordenadora Geral de Cidades Históricas

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INTRODUÇÃO

Pensando na grandiosidade do patrimônio cultural brasileiro, repleto de realizações e manifestações materiais e imateriais espalhadas por todo o país, ainda em 1937, através da promulgação do Decreto-Lei nº 25, foi estabelecida a legislação pioneira sobre o tema, tornando o Brasil precursor na proteção do patrimônio em toda a América Latina. Trata-se de uma das grandes conquistas da intelectualidade brasileira, introduzindo o entendimento – revolucionário para a época – de implantar e manter uma legislação eficiente e em grande parte atual, norteada pela prevalência do interesse público sobre o privado, e pela grandeza de espírito que define quase sem limites a abrangência do que pode constituir o patrimônio cultural.

É importante destacar que a preservação do patrimônio no Brasil nasceu distante do saudosismo e nunca se contrapôs aos verdadeiros processos de desenvolvimento, mas que, por divergir do “crescimento a qualquer custo”, foi por muito tempo injustamente acusada de restritiva. Entretanto, nas últimas décadas os fatos se incumbiram de evidenciar a necessidade de controle sobre o crescimento desenfreado das áreas urbanas, e a preservação do patrimônio cultural passou a ser relacionada com os conceitos e padrões de qualidade de vida, deixado de ser vista como assunto que se contrapõe ao crescimento e à modernidade.

Por esse motivo, hoje cunhamos um lema, representativo do caminho trilhado e direção buscada: o Iphan

não preserva o passado, trabalha com o que precisa fazer parte do futuro. Essa ideia parte do princípio de que o patrimônio, na contemporaneidade, qualifica espaços urbanos, amplia autoestimas, confere valor, distingue, excepcionaliza e identifica cidades e lugares, tornando-se parte integrante dos atributos e dos potenciais de desenvolvimento dos países, das cidades, dos lugares e das sociedades.

Estão hoje sob proteção do IPHAN, através do tombamento, 96 conjuntos urbanos em cidades como Brasília, Olinda, Ouro Preto, Tiradentes, Diamantina, São Luís, Parati e Laguna, dentre tantas outras. Alguns desses formam núcleos históricos, como os de Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belém e Recife, enquanto outros formam parques históricos como os sítios de Guararapes e São Miguel das Missões.

Entretanto, verifica-se que menos de 10% dessas áreas dispõe de normas eficientes e capazes de nortear com clareza e objetividade as intervenções nos conjuntos históricos, o que dificulta a ação pronta e transparente, tanto na análise dos projetos de intervenção, quanto durante as ações de fiscalização. Somam-se a este quadro as especificidades e fragilidades dos municípios onde se localizam as áreas protegidas, dos quais cerca de 75% tem menos de 50 mil habitantes e cujos quadros técnicos não são compatíveis com as demandas de gestão urbana que resultam do ritmo de crescimento e transformação vivido pelas cidades brasileiras.

A ausência em si ou mesmo ade regras ou existência de regras não efetivas – seja por parte do IPHAN ou dos municípios –, que desconsideram o inevitável dinamismo das cidades, ao negligenciar tendências como esvaziamento populacional, mudanças de uso e ampliação progressiva das pressões imobiliárias e sociais, contribuem para reduzir a qualidade urbana das cidades do Brasil, levando à perda e/ou descaracterização de parte do patrimônio cultural que as diferencia e que levou à proteção destas áreas.

O que se busca é, portanto, reverter este quadro, trabalhando na elaboração de diretrizes claras, objetivas e atuais, que se espera, destacarão os parâmetros que deverão guiar a atuação institucional na preservação dos elementos suporte dos valores atribuídos aos sítios protegidos, defendendo suas qualidades e também identificando ações necessárias à valorização e potencialização de suas vocações.

Estas diretrizes, após passarem pelo necessário tempo de maturação e adequação, sendo submetidas a “testes”, complementações e revisões durante determinado período, fornecerão os subsídios para a definição das Normas de Preservação, que mais que documentos de controle, devem ter a capacidade de estabelecer um “pacto” onde a preservação das áreas protegidas e os processos de desenvolvimento estarão equalizados.

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O Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização, através da Coordenação Geral de Cidades Históricas, estuda há quatro anos a atualização de procedimentos e a objetividade nos estudos, que nos trouxeram até um método novo, exaustivamente testado e aprimorado, pronto para adoção por toda a área técnica do IPHAN. Esse formato se integra ainda à construção do Sistema Nacional de Patrimônio Cultural, pois prevê a definição dos papéis de cada esfera de governo e a relação entre elas, estabelecendo diálogos e articulações para gestão do patrimônio cultural, uma vez que, pela Constituição Federal promulgada em 1988, esta atribuição é concorrente entre os entes federados.

Acredita-se que somente desta maneira serão asseguradas as condições para que as Normas de Preservação de áreas tombadas garantam efetivamente um convívio harmonioso entre as populações residentes – os maiores beneficiários da preservação de seu patrimônio – e seus poderes constituídos.

Dalmo Vieira Filho

Diretor do Depam

(jul/2006 – ago/2011)

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REFLEXÕES PRELIMINARES SOBRE A PRESERVAÇÃO DAS CIDADES HISTÓRICAS Para avançarmos no estabelecimento de uma política de gestão de sítios urbanos válida para todo o território nacional precisamos, inicialmente, estabelecer alguns conceitos fundamentais, tanto para a caracterização das áreas tombadas, quanto para a elaboração das diretrizes e normativas.

Após os acelerados e impactantes processos de urbanização pelos quais as cidades brasileiras passaram a partir da segunda metade do século XX, lidamos com espaços urbanos de características profundamente diferentes das cidades encontradas pelos modernistas do contexto cultural, social e político do início da atuação do IPHAN. Conceitos como monumentalidade, homogeneidade e excepcionalidade, que embasavam a seleção dos primeiros bens a compor o Patrimônio Histórico e Artístico do Brasil, são confrontados com uma realidade completamente diferente, demonstrando-se, muitas vezes, inadequados para a atribuição de valores culturais aos atuais espaços urbanos.

O conceito de excepcionalidade certamente norteou as primeiras ações de preservação da instituição, quando foram protegidos, por exemplo, exemplares da arquitetura religiosa (como grandes conventos do Nordeste ou das igrejas construídas durante o período do ouro em Minas Gerais), da arquitetura militar (magníficas e imponentes fortalezas existentes ao longo de todo o litoral, nos rios amazônicos e ao longo das fronteiras com as áreas de ocupação espanhola) e da arquitetura institucional (palácios e palacetes relacionados à nobreza e à aristocracia do período colonial brasileiro). Nesse período também foram tombadas cidades que, além de excepcionais, foram consideradas homogêneas por terem ficado à margem de processos de crescimento e adensamento urbano que naturalmente ocorreram em outras cidades que não tiveram seu processo econômico estagnado por algum motivo.

Mas passado esse primeiro momento de descoberta das excepcionalidades, o que restaria a preservar no Brasil?

O conceito de excepcionalidade ainda se contrapõe a outro, que hoje nos parece até mais adequado ao trabalho do IPHAN: o de tradição. Se um bem é considerado tradicional, imagina-se que seja, no mínimo, de amplo conhecimento ou amplamente repetido. Um exemplo é a arquitetura tradicional residencial da maioria das cidades brasileiras formadas até a primeira metade do século XIX, construídas por mestres artesãos e construtores que repetiam as mesmas soluções inúmeras vezes. Essa arquitetura, apesar de obedecer a princípios semelhantes em termos de técnica, distribuição interna, acabamentos e linguagem, contou com uma ampla variação de adaptações, como adequação ao terreno onde eram implantadas, influências estilísticas de diferentes períodos, disponibilidade de materiais e outras soluções que imprimiram características próprias às cidades e que, apesar de partirem de soluções tradicionais, definiram sua identidade, mesmo nos casos em que a excepcionalidade, a priori, não seria justificativa para sua proteção pelo IPHAN.

A própria Constituição Federal de 1988 ampliou o entendimento dos bens de interesse para a cultura brasileira, e que devem ser alvo de proteção pelo Estado, buscando reconhecer e proteger a diversidade cultural em seus mais variados aspectos. 1

Esse avanço no campo jurídico acompanhou avanços conceituais internacionalmente debatidos, uma vez que

1 Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em

conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira (...). Disponível em: www.planalto.gov.br.

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(...) De acordo com a nova ordem constitucional, não se pretende somente a proteção de diversos monumentos e de coisas de abrangência grandiosa. Busca-se a proteção da diversidade cultural brasileira em todos os seus mais variados aspectos, inclusive dos valores populares, indígenas e afro-brasileiros. (...) Com o advento da Constituição Federal 1988 não somente os bens dotados de monumentalidade ou excepcionalidade podem ser objeto do ato de tombamento. Basta que sejam portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira para que possam receber a especial proteção estatal.

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Abre-se espaço, portanto, para o reconhecimento como Patrimônio Nacional uma série de bens não-monumentais, mas não menos importantes para a compreensão dos macroprocessos que contribuíram para a formação do Brasil, incluindo aí bens representativos de culturas indígenas, afro-brasileiras, de imigrantes, entre outras. Cidades como Goiás, Pirenópolis, Natividade, Alcântara, Corumbá, Lapa, Laranjeiras, São Francisco do Sul, Rio de Contas, Antônio Prado, Itaiópolis, e mais recentemente, Porto Nacional, Parnaíba, Oeiras, Piracuruca, Amarante, Iguape, Paranaguá, Santa Teresa, a porção da Cidade Baixa de Salvador e São Cristóvão, entre várias outras ainda em estudo, puderam ser reconhecidas como patrimônio nacional, apesar de não apresentarem a monumentalidade ou a homogeneidade outrora buscada, mas por serem lugares portadores de referência para a identidade de grupos formadores da sociedade brasileira.

Parnaíba – PI. Situada em um contexto excepcional, no Delta do Rio Parnaíba, é uma cidade tradicionalmente nordestina, tombada em 2008 pelo IPHAN. Acervo: Superintendência Estadual do IPHAN no Piauí.

2 MIRANDA, Marcos Paulo de Souza (2006). Apud Parecer nº 014/2011-PF/IPHAN/SEDE/GM, de 14 de fevereiro de 2010, assinado

pela Procuradora Federal Dra. Genesia Marta Alves Camelo. Processo nº01450.011650/2010-25, fl. 80.

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Iguape - SP. Situada no litoral de São Paulo, sua localização, implantação e arquitetura singela materializam os processos de expansão da colonização do Brasil em direção ao sul do Rio de Janeiro. Tombada em 2009 pelo IPHAN. Acervo: Depam.

Antônio Prado - RS. Construída por imigrantes italianos, é testemunha de processos recentes de ocupação do território brasileiro e reconhece a influência de outros grupos como de importância para a formação da cultura brasileira. Acervo: Escritório Técnico do IPHAN em Antônio Prado - RS.

Na verdade, muitas dessas cidades podem ser descritas como tradicionais da cultura brasileira em seus vários momentos, e mesmo para as cidades tombadas pelo IPHAN nos primórdios de sua atuação, praticamente todas tinham essa origem. Arquiteturas tradicionais associadas ao território onde estavam

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inseridas, que lhes conferiam características próprias. A excepcionalidade, nesses casos, estaria simplesmente no fato de sua estagnação econômica ter permitido sua preservação e evitado que seus acervos fossem substituídos, conforme ocorreu na maioria das cidades coloniais brasileiras após 1950, em especial nas quais a terra urbana passou a ter um elevado valor no mercado, e onde se buscava construir o maior potencial possível em cada lote urbano. De qualquer modo, para as cidades economicamente estagnadas, preservava-se a homogeneidade do conjunto urbano, enquanto sua população moradora perdia perspectivas e capacidade econômica para, inclusive, propiciar a manutenção adequada aos imóveis tombados.

Portanto, conciliar o desenvolvimento sustentável à preservação do patrimônio cultural é um dos maiores desafios tanto para o IPHAN quanto para a administração pública local. E nesse momento o estabelecimento de diretrizes claras tanto para a preservação, quanto para a qualificação das áreas tombadas, torna-se estratégico. Se definidas de forma abrangente, pautada em uma clareza de critérios e incorporando aspectos contemporâneos – como a possibilidade e mesmo necessidade de renovação, o entendimento das dinâmicas urbanas, e o respeito aos anseios sociais – é possível estabelecer pactos onde todos saiam ganhando.

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O QUE AS NORMAS DE PRESERVAÇÃO DEVEM SALVAGUARDAR E COMO?

Segundo o Art. 24 da Constituição Federal,

Compete á União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

(...)

VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; (grifos

nossos)

No âmbito do IPHAN um dos instrumentos disponíveis para realizar essa proteção é o tombamento, instituído pelo Decreto-Lei nº25/37, que define as responsabilidades sobre a conservação e preservação das características que motivaram sua proteção, impondo limites à sua propriedade. Após o tombamento cabe ao IPHAN zelar não apenas pela preservação física dos bens, mas também pela qualificação das áreas onde estão inseridos, de forma a permitir sua fruição e atuar na sua promoção e apropriação social, para que se transformem efetivamente em fatores de compreensão.

Essas responsabilidades são executadas de diversas maneiras, através da fiscalização, aprovação de projetos, investimentos diretos e indiretos, projetos de educação e socialização, entre outros, definidos através de políticas nacionais ou em regulamentação específica que, sempre que possível, devem ser apresentadas de forma explícita visando atender aos princípios da transparência, impessoalidade e publicidade dos atos da administração pública, e orientar com clareza os interessados sobre quais serão os critérios utilizados para a gestão das áreas protegidas.

Ao longo de sua atuação o IPHAN teve como documento base para ação e cumprimento destas responsabilidades o disposto nos artigos 17 e 18 do DL 25/37, que versam, respectivamente, sobre as coisas tombadas e sua vizinhança:

Artigo 17 - As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum, ser destruídas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ser separadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de cinqüenta por cento do dano causado.

Parágrafo único: Tratando-se de bens pertencentes à União, aos Estados ou aos Municípios, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá pessoalmente na multa.

Artigo 18 - Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso multa de cinqüenta por cento do valor do mesmo objeto.

Para a regulamentação de procedimentos específicos ligados ao ato do tombamento foram instituídas ainda Portarias como a nº 10/1986, que abordou a necessidade de serem fixadas normas para que as novas construções não interfiram nos bens tombados, regulamentou de forma genérica os trâmites processuais e instituiu oficialmente a necessidade de apresentação de projeto de intervenção em bens tombados e suas áreas de entorno para aprovação pelo IPHAN. Buscando o aperfeiçoamento desses processos em 2010 a Portaria nº 10 foi vogada e substituída pela Portaria nº 420/2010, que estabeleceu procedimentos para a apresentação de projetos de forma padronizada em todo o Brasil, e dentre os aspectos regulamentados está a abertura e tramitação dos processos, a instituição de graus de recurso nos casos de divergências da posição da instituição, a forma de aprovação e sua validade, entre outros.

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Apesar de o Decreto-Lei nº 25/37 ser autoaplicável , em relação aos critérios para as áreas protegidas é desejável a elaboração das Normas de Preservação que os explicitem, dando diretrizes para moradores e poder público intervirem no espaço urbano e nos edifícios e tornando claros os parâmetros os utilizados para a análise e aprovação dos projetos de intervenção propostos, que embasarão também o trabalho de fiscalização. Essas normativas, a serem instituídas através de Portaria publicada em Diário Oficial, regulamentarão os artigos 17 e 18 do Decreto-Lei nº 25/37, atendendo assim aos princípios da publicidade e transparência.3

São Luís do Paraitinga – SP. Após a enchente do início de 2010 ter destruído alguns dos edifícios que compunham o conjunto, será necessário fornecer diretrizes claras que pautem os projetos dos novos imóveis que substituirão os antigos, de forma a manter a percepção do conjunto tombado. Acervo: Depam, 2010.

A elaboração dessas normativas deve estar pautada em estudos técnicos que demonstrem a relação entre os aspectos que se deseja preservar e as medidas adotadas para tanto, oferecendo referências claras para a análise e tomada de decisões por parte do corpo técnico da instituição.

Ao final deste caderno é apresentada uma metodologia para esses estudos, que visa orientar os trabalhos a serem executados tanto pelos técnicos do IPHAN, quanto por contratações externas, e que subsidiarão a elaboração das Normas de Preservação.

Motivação para o tombamento e valores atribuídos ao sítio

O que legitima a atuação do IPHAN em determinada área e as restrições impostas pelo tombamento é sua motivação, ou seja, o conjunto de razões que justificam o destaque dado a determinado lugar, pelo interesse maior, coletivo, na preservação de suas características culturais. Portanto, para responder à

3 Parecer nº 045/2010-PF/IPHAN/SEDE/GM, de 07 de outubro de 2010, assinado pela Procuradora Federal Dra. Genesia Marta

Alves Camelo. Inserido no Processo nº 01450.011650/2010-25.

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pergunta sobre “o que as Normas de Preservação devem salvaguardar”, devemos partir do pressuposto de que o IPHAN deve garantir a preservação dos aspectos necessários para a leitura dos valores atribuídos ao sítio e que motivaram seu tombamento.

Ouro Preto – MG. Conforme redefinido pela própria Portaria nº 312, de 20 de outubro de 2010 (recém-publicada), “O SÍTIO TOMBADO ilustra características da arquitetura e urbanismo luso-brasileiro implantado no estado de Minas Gerais desde o século XVIII.” As poligonais de tombamento e entorno, desta forma, refletem respectivamente o conjunto arquitetônico e urbanístico que se quer proteger e a paisagem típica dessa região de Minas Gerais, formada por morros e vales por onde corriam os rios onde foram descobertas as lavras de ouro. Tombado pelo IPHAN em 1937, Ouro Preto teve sua regulamentação revisada em 2010 e regulamentada através da Portaria nº 320, de 20 de outubro de 2010. Acervo: Depam.

Instrução e trâmite do Processo de Tombamento

O que embasa o ato do tombamento e dá legitimidade para a atuação do IPHAN nas cidades é o Processo de Tombamento, que deve, portanto, ser corretamente instruído. Em 1986 a Portaria nº 11 regulamentou sua organização, obrigando a apresentação, de forma clara e organizada, de instrução técnica contendo os elementos necessários à compreensão do objeto a ser tombado (como localização, contextualização histórica, análise dos principais elementos, caracterização, propriedade) e, principalmente, com a justificativa para seu tombamento como Patrimônio Nacional.

Os processos de tombamento são processos administrativos que, além do número de protocolo, são vinculados à chamada “série histórica” (ou série “T”), que enumera sequencialmente todos os processos de tombamento já abertos pelo IPHAN. Esse controle é feito pelo Arquivo Central, situado no Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro.

A abertura dos processos de tombamento pode ser feita a qualquer tempo, a partir de um pedido externo (por parte da sociedade civil ou outros órgãos governamentais) ou do interesse do próprio IPHAN. O pedido de abertura é remetido ao Depam, que o encaminhará ao Arquivo. Entretanto é desejável que o pedido de abertura do processo já venha acompanhado da instrução, ou pelo menos de informações que deem algum subsídio para compreensão da proposta.

Após a finalização da instrução técnica, onde deve ser apresentada a motivação (ou seja, os argumentos que embasam a medida do tombamento) o processo é analisado pelo Depam e pela PROFER, para que seu proprietário seja então notificado, ficando o bem sob “tombamento provisório”. E embora o tombamento final se dê com a inscrição nos Livros do Tombo (conforme determina o Decreto-Lei nº 25/37), a partir da notificação e do tombamento provisório a ação do IPHAN é legítima e fundamental para a preservação do

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bem. Essas ações, durante o período em que o bem estiver sob tombamento provisório, devem ter como referência os estudos técnicos realizados para a instrução do processo, onde estão explicitados os valores atribuídos ao sítio e, portanto, o que deve ser preservado.

Após a notificação, passados os prazos estabelecidos por Lei para apresentação de impugnação, o processo segue para análise de um membro do Conselho Consultivo, que emitirá um novo Parecer, que pode ratificar os valores apontados no processo ou revisá-los, apontando novos elementos a serem valorizados, solicitando alterações de poligonais de proteção ou outras recomendações. O voto é então aprovado pelo Conselho, ficando registrado na Ata da Reunião, e se não houverem solicitações de complementação, o processo segue para homologação do Ministro da Cultura e posterior inscrição nos Livros do Tombo.4 O Conselho Consultivo representa a interface do IPHAN com a sociedade, e é, portanto, soberano. Assim, após análise pelo Conselho Consultivo, o Parecer do Conselheiro e a Ata da Reunião que aprovou (ou rerratificou) o tombamento são os principais documentos a serem considerados quando da explicitação dos valores que motivaram o tombamento.

Entretanto, muitos conjuntos urbanos protegidos nos primórdios da atuação do IPHAN e antes da organização desses procedimentos não contam com pareceres do Conselho Consultivo, e por vezes nem com Pareceres Técnicos emitidos pelo próprio IPHAN que explicitem os valores atribuídos ao bem. Nesses casos é recomendável a realização de um exercício de atualização e explicitação desses valores, tendo como subsídios os elementos disponíveis no Processo de Tombamento, os Livros do Tombo em que foi inscrito e o histórico da gestão do sítio, na forma de um Parecer Técnico. Esse documento deve ser, preferencialmente, acompanhado da ficha de definição das diretrizes que embasarão as Normas de Preservação, onde são identificados e explicitados os critérios para análise e setorização da área e o que deve ser protegido em cada uma, de acordo com a motivação do tombamento do conjunto.

Durante essa análise, além da motivação do tombamento, deve-se observar a existência de outras motivações que não estão refletidas diretamente no aspecto como os bens se apresentam, ou se além dos possíveis valores identificados durante o processo de tombamento, mais tarde, a partir de novos olhares, foram identificados outros que também se refletem na preservação do conjunto urbano e arquitetônico.

Portanto, por ter uma ligação intrínseca com o ato do tombamento e sua motivação, é ideal que a definição das diretrizes para a preservação do sítio já sejam delineadas quando da elaboração do processo de tombamento, para que ao mesmo tempo em que se defina o que se vai preservar e porque, se defina como essa preservação vai ser feita.

Poligonais de tombamento e entorno

O Decreto-Lei nº 25/37 não traz orientações específicas quanto à definição de poligonais de proteção para as coisas tombadas. Entretanto, para o caso de sítios e conjuntos urbanos, tradicionalmente o IPHAN tem trabalhado com a delimitação de poligonais de tombamento e de entorno (estas também aplicáveis a bens tombados isoladamente ou a conjuntos arquitetônicos).

Em suas atribuições o IPHAN deve zelar pela preservação das coisas tombadas, controlando também os impactos em sua vizinhança de forma a garantir sua ambiência. Portanto, a forma de atuação nas áreas tombadas (ou seja, no próprio objeto sobre o qual recai a proteção por tombamento) é diferente da forma de atuação em sua área de entorno (que só existe para preservar a ambiência do bem tombado). A

4 A Lei nº 6.292, de 15 de dezembro de 1975, instituiu a obrigatoriedade da homologação do Ministro da Cultura, precedido de

Parecer do Conselho Consultivo, antes da inscrição de qualquer bem, independente de sua natureza (público ou particular) nos Livros do Tombo.

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delimitação clara dessas áreas se faz necessária para a definição dos critérios aos quais cada uma estará submetida, e para evitar questionamentos sobre as respectivas restrições impostas.

As poligonais de proteção devem refletir de maneira clara a motivação do tombamento, incluindo todos os elementos a que foram atribuídos valores e que embasam a proposta de proteção. E para chegar a essas delimitações devem ser analisadas informações relativas à trajetória histórica do bem, evolução urbana e implantação do acervo arquitetônico, identificação de aspectos como o local de fundação, relação com o território, eixos de expansão, áreas de centralidade, setores funcionais, pontos de observação, entre outros, que ajudem a compreender e contextualizar o objeto.

A análise desses fatores pode resultar na identificação de diferentes conjuntos5, contíguos ou não, no

tecido urbano, e que juntos compõe o conjunto maior que se quer proteger. Nestes casos o bem protegido poderá ser formado por mais de uma poligonal de tombamento, por uma poligonal e um conjunto de edificações separadas desta área, ou apenas por um conjunto de edifícios elencados separadamente, desde que partilhem da mesma motivação, não configurando um tombamento isolado. A opção por cada alternativa deve ser feita em decorrência da caracterização do objeto. Se esses bens estabelecerem uma relação de continuidade que se reflita no espaço urbano, influindo diretamente na conformação de uma paisagem diferenciada, em geral se opta pela definição de uma poligonal de tombamento. Mas se for considerado que os bens não mantêm entre si uma relação de ambiência ou interligação espacial, podem ser listados individualmente.

Para o tombamento da Cidade Baixa de Salvador – BA foi utilizada uma combinação das duas alternativas. Considerou-se que o conjunto a ser preservado era composto por uma poligonal claramente delimitada com a função de preservar a paisagem urbana do Bairro do Comércio, e mais uma série de bens listados individualmente, cujos valores que motivaram sua proteção não estão relacionados à sua importância em si (o que justificaria seu tombamento individual), mas ao conjunto da Cidade Baixa, do qual fazem parte.

Em Parnaíba – PI, o conjunto tombado é composto por duas poligonais de tombamento, em Jaguarão – RS, por duas poligonais mais o edifício da Estação Ferroviária, relativamente afastado da área central. Nesses três casos, entretanto, foi delimitada uma poligonal de entorno que engloba todo o conjunto para proteger a ambiência e manter a relação ainda perceptível entre eles.

Cidade Baixa – Salvador – BA. O conjunto eclético que motivou a proteção da área é formado por uma poligonal de tombamento mais oito imóveis (em azul), englobados por uma mesma poligonal de entorno, que preserva sua ambiência. Acervo: Depam.

5 Nesses casos entendemos que um conjunto pode denotar algo fisicamente vinculado (ligado, conjugado), como também algo

adjacente, contíguo, próximo, não sendo determinante a necessidade de que as partes estejam conformadas num mesmo limite físico. Além disso, o Dicionário Aurélio também define “conjunto” como o “Resultado da união das partes de um todo (...) Coleção de objetos que têm um caráter comum”.

Disponível em: http://www.dicionariodoaurelio.com/Conjunto. Acesso em novembro de

2010.

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Jaguarão – RS. O conjunto tombado urbano protegido é composto por duas poligonais e pela Estação Ferroviária (em azul), que apesar de afastada, é vista como parte do conjunto que se deseja preservar. Para manter a ambiência desse conjunto foi delimitada a poligonal de entorno. Acervo: Depam.

Nada impede, entretanto, que além do conjunto tombado, edificações ou outros bens na mesma área sejam protegidos isoladamente através de outro processo de tombamento. Isto ocorre quando a razão para fazê-lo – ou seja, a motivação – diferente da que levou ao tombamento do conjunto. Esta diferenciação tem relação direta com as Normas de Preservação, porque motivações diferentes geram critérios de preservação diferentes. É o caso, por exemplo, dos monumentos tombados isoladamente dentro do conjunto urbano de Ouro Preto em função de seus valores históricos ou artísticos, cujas diretrizes para preservação são relativas aos valores atribuídos aos próprios monumentos, e não apenas às características do conjunto urbano.

Quanto à delimitação da poligonal de entorno, apesar de em diversos casos terem recebido, ao longo do tempo, tratamento semelhante às áreas tombadas (muitas vezes analisando os projetos propostos para o entorno com a mesma rigidez que para as áreas efetivamente protegidas), é fundamental estabelecer sua distinção em relação ao bem tombado, que implicará em necessárias diferenças de procedimentos, pois

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para os bens que compõem a área de entorno, mesmo que seja desejável sua preservação, esta só poderá ser justificada se estiver relacionada ao valor atribuído ao bem tombado.6

Sobre essa área é necessário estabelecer ainda algumas reflexões preliminares. O Artigo 18 do Decreto-Lei nº 25/37 determina que:

Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se

poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a

visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a

obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso multa de cinqüenta por cento do valor

do mesmo objeto. (grifos nossos)

Deve-se considerar que após a edição do referido Decreto-Lei nº25/37 o conceito de “vizinhança” vem sendo ampliado, e atualmente pode ser entendido como equivalente à “ambiência”. A área de entorno teria como função principal, portanto, preservar a qualidade ambiental e paisagística adequadas para a fruição e compreensão do bem protegido e dos valores a ele associados, e funcionar como uma “área de amortecimento” entre o ele e o restante da cidade.7

Entretanto, mesmo com as ampliações conceituais acerca do assunto, os valores atribuídos à área de entorno ainda estão associados diretamente ao bem tombado, e o enfoque dos estudos para delimitação do entorno devem sempre se relacionar a ele. Portanto, para sua definição, deve-se refletir sobre quais áreas e quais aspectos o IPHAN deve se manifestar para garantir a ambiência do bem protegido.8 E caso se considere que um imóvel situado na área de entorno tem valor por si próprio, ele deverá ser alvo de proteção, podendo ser indicada sua inclusão como parte do conjunto tombado, mesmo que isto resulte em dois conjuntos que não sejam contínuos territorialmente.

Os estudos para delimitação do entorno podem apontar essa inclusão (o que demandará uma rerratificação do tombamento), ou mesmo indicar a abertura de um processo de tombamento específico para ele. Entretanto a delimitação do entorno já pode (e deve) abarcar esses elementos e fornecer essas indicações, assim, quando da rerratificação, não será necessário alterar o entorno agora delimitado.

Para auxiliar na definição da questão, consultamos a Procuradoria Federal do IPHAN, que emitiu Parecer Jurídico sobre o assunto:

6 “Embora o objetivo das restrições a imóveis da vizinhança de bens tombados seja permitir a ambientação do bem tombado para

sua melhor apreciação, é evidente que as limitações a serem feitas nesses imóveis não devem ser da mesma ordem ou intensidade daquelas feitas à coisa tombada. Aos imóveis da vizinhança não se lhes pode exigir a conservação do prédio, com seus caracteres, pois isso equivaleria ao próprio tombamento. (...) com relação aos prédios vizinhos passa-se a exigir que estes não perturbem a visão do bem tombado, sem que, contudo, tenha de se manter o imóvel tal como é; basta que sua utilização ou modificação não afete a ambiência do bem tombado, seja pelo seu volume, ritmo da edificação, altura, cor ou outro elemento arquitetônico. (...) Para um [o bem tombado] a obrigação é de fazer (conservar), e para outro [entorno] é de não fazer (não perturbar).” RABELLO, Sonia. O Estado na Preservação de Bens Culturais – O Tombamento. Rio de Janeiro: IPHAN, 2009. p. 125.

7 “Entende-se, hoje, que a finalidade do art. 18 do Decreto-lei 25/37 é a proteção da ambiência do bem tombado, que valorizará

sua visão e sua compreensão no espaço urbano. Nesse sentido, não só os prédios reduzem a visibilidade da coisa, mas qualquer obra ou objeto que seja incompatível com uma vivência integrada com o bem tombado. O conceito de visibilidade, portanto, ampliou-se para o de ambiência, isto é, harmonia e integração do bem tombado à sua vizinhança, sem que exclua com isso a visibilidade literalmente dita.” Ibidem. p. 122-123.

8 “Caberá ao órgão competente estabelecer para cada tombamento os critérios pelos quais protegerá a visão do bem tombado,

critérios esses que variarão conforme a categoria, tamanho, espécie de bem.” Ibidem. p. 123.

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41 - Assim, o IPHAN ao proceder à delimitação das poligonais de tombamento e de entorno bem como à fixação de critérios de intervenção deve observar as seguintes premissas básicas:

a) os critérios de intervenção em imóveis situados na área de entorno não podem ser

fundamentados na importância cultural dos mesmos;

b) se a importância do bem estiver diretamente relacionada com valores histórico,

artístico, paisagístico e cultural, este deverá ser objeto de tombamento individual ou em

conjunto, incidindo sobre ele normas mais vigorosas visando à sua preservação;

c) se o bem em si não possuir significativo valor cultural, se encontrando inserido na área

de entorno, não poderá ser estabelecida norma visando a sua conservação em si,

devendo todos os critérios a serem fixados observar o valor cultural presente no bem

tombado;

d) as restrições ao imóvel situado na área de entorno só se justifica em função do bem

tombado, este sim, digno de preservação;

e) são legítimas apenas as restrições impostas aos imóveis situados na área de entorno

fixadas com a finalidade de se conferir visibilidade ao bem tombado, visibilidade esta que

deve ser aferida em seu sentido amplo de ambiência, garantindo a harmonia do bem

tombado com os imóveis vizinhos;

f) as restrições concernentes a cor, volume, altura e outros elementos arquitetônicos

estabelecidas para os imóveis situados na área de entorno devem ser fixadas apenas o

suficiente para permitir a visibilidade/ambiência do bem tombado.9

Os critérios definidos para a gestão das áreas de entorno devem sempre estar respaldados na relação que essa área mantém com a ambiência do bem tombado. Uma área de entorno como a de Ouro Preto, por exemplo, definida pela cumeada dos morros que envolvem a cidade, visa, sobretudo, preservar a relação perceptível entre esta e seu sítio, uma vez que se entendeu ser fundamental a manutenção das encostas verdes para a fruição do conjunto urbano. Em outras cidades, essa área é definida de forma a evitar que empreendimentos de grande porte, com uma escala contrastante com a da área tombada, sejam implantados imediatamente ao lado de bens que se deseja preservar, influindo assim na sua fruição.

A definição de uma área de entorno pode partir, portanto, da observação de até que área é necessária a avaliação do IPHAN sobre propostas de novas inserções, considerando-se a partir de que ponto essas deixariam de ter impactos significativos para a fruição do bem tombado.

9 Parecer nº 045/2010-PF/IPHAN/SEDE/GM, de 07 de outubro de 2010, assinado pela Procuradora Federal Dra. Genesia Marta

Alves Camelo

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São Luís do Paraitinga – SP (após a enchente que destruiu imóveis e duas das principais igrejas). Assim como Corumbá de Goiás, a definição da área de entorno optou por proteger até a cumeada dos morros, para preservar a bacia visual e manter a percepção do porte da cidade, que seria perdida no caso de a ocupação urbana se estender por essas áreas. Acervo: Depam.

Após essas considerações, avançamos em algumas definições:

Conjunto tombado: série de bens, territorialmente contínua ou descontínua, que compartilham da mesma argumentação para a proteção, argumentação esta relacionada à totalidade dos bens ou ao espaço onde estão inseridos, e não aos bens individualmente.

Poligonal de tombamento: área delimitada com o objetivo de preservar uma paisagem urbana perceptível e diretamente relacionada com a motivação do tombamento.

Poligonal de entorno: área delimitada com o objetivo de resguardar a ambiência do bem tombado e garantir a qualidade urbana necessária para sua fruição.

No caso de áreas urbanas, a delimitação das áreas de proteção (poligonais de tombamento e entorno) feitas é feita sobre uma cartográfica (mapa) e de sua descrição, na forma de texto, utilizando como referência a partir de elementos que permitam uma clara compreensão dos seus limites. Além disso, fazendo uso da tecnologia atualmente disponível e visando à constituição de um banco de dados a ser gerado quando da implementação da versão informatizada do SICG, deve-se utilizar, sempre que possível, as coordenadas geográficas para o referenciamento das poligonais (ver modelo no Anexo VII).

Constata-se, porém, nos primórdios da atuação do IPHAN e antes das recentes regulamentações dos trâmites processuais, nem sempre os processos de tombamento apresentaram, durante sua instrução, a delimitação das áreas de proteção e entorno. Entretanto, para a definição dos critérios para a preservação de cada área e sua posterior normatização, faz-se necessário proceder a essa delimitação.

Procedimentos para delimitação ou revisão de Poligonais de Tombamento ou indicação de novas inscrições nos Livros do Tombo para bens já tombados

Tanto para a delimitação quanto para a revisão de uma poligonal de conjunto já tombado a equipe local do IPHAN deve, em conjunto com o Depam, tomar como base a motivação do tombamento do bem, refletindo sobre como essa se materializa no conjunto, para delimitar as áreas sobre as quais recairá efetivamente a proteção e as áreas necessárias à preservação de sua ambiência.

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Tal procedimento pode ser feito através de um Parecer Técnico elaborado pela equipe técnica local ou em conjunto com o DEPAM, preferencialmente tomando por base o parecer final do Conselheiro-Relator, documentos que componham o Processo de Tombamento e/ou os Livros do Tombo no qual o bem tiver sido inscrito, buscando identificar sua motivação e o que se desejou preservar com seu tombamento.

Esse Parecer Técnico deve explicitar de forma resumida, mas clara, os valores atribuídos ao sítio, e será o documento de referência para as atividades de normatização.10 Ele deve, portanto, explicitar os atributos materiais do bem a serem salvaguardados, assim como as relações entre os elementos físicos, a essência, o significado ou outros processos relacionados, que precisam ser protegidos e geridos. A partir desse documento poderá ser verificada a coerência das poligonais de proteção existentes, propondo sua adequação (se for o caso), ou serem delimitadas, caso não existam.

Entretanto, tanto no caso de alteração, quanto no de delimitação (para sítios onde não exista), deve-se considerar que quando exclui oficialmente de áreas que, antes, poderiam ser entendidas como de responsabilidade do IPHAN, altera-se o objeto do tombamento e também a forma de intervenção do IPHAN sobre aqueles espaços.

Além disso, neste mesmo Parecer Técnico podem ser identificados outros valores atribuídos ao sítio, indicando ainda sua inscrição em outros Livros do Tombo. Assim, em qualquer das situações descritas – delimitação ou revisão das poligonais de proteção ou indicação de inscrição em novos Livros do Tombo – segundo orientação da Procuradoria Jurídica, por implicar na alteração da natureza do objeto protegido, em termos processuais são consideradas como rerratificação do tombamento. Sugerimos ainda que, para auxiliar nas análises dos aspectos que caracterizam essas áreas, bem como para sistematizar as informações, sejam utilizadas as fichas M103 (análise da legislação incidente sobre o sítio) e M201 (pré-setorização) do SICG, conforme metodologia apresentada ao final deste caderno.

Para tanto, assim como no caso de novos bens propostos para tombamento, após a finalização do Parecer Técnico com a justificativa das alterações, a definição das novas poligonais e/ou outros elementos, o Depam encaminhará o material na forma de processo administrativo ao Arquivo Central solicitando a reabertura do Processo de Tombamento original, transformando os documentos atuais em um anexo deste. Após análise jurídica será emitida nova notificação e a nova proposta deverá ser submetida à nova análise pelo Conselho Consultivo, seguindo o trâmite normal dos processos de tombamento.11

Procedimentos para delimitação de Poligonais de Entorno de bens já tombados

A área entendida como “entorno” dos bens tombados está relacionada ao Art. 18 do Decreto-Lei nº 25/1937.12 Esse artigo é o que dá legitimidade ao IPHAN para atuar sobre esses espaços, e apesar de não mencionar a necessidade de sua delimitação, é desejável que o IPHAN o faça em atendimento aos princípios de publicidade e transparência.

Considerando o grande número de bens tombados no Brasil (individualmente ou em conjunto) e o fato de que a maior parte deles não conta com delimitação de área de entorno, torna-se impraticável demandar análises extensas, exaustivas e onerosas para a delimitação de cada uma delas. Visando estabelecer um

10

Metodologia semelhante é utilizada pela UNESCO para a elaboração das “Declarações Retrospectivas”, que explicitam e organizam os valores excepcionais atribuídos aos bens que compõe a Lista do Patrimônio Mundial.

11 Conforme orientação jurídica fornecida através do parecer nº 045/2010-PF/IPHAN/SEDE/GM, de 07 de outubro de 2010,

assinado pela Procuradora Federal Dra. Genesia Marta Alves Camelo e constante do Processo nº 01450.011650/2010-25.

12 Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada,

fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso multa de cinqüenta por cento do valor do mesmo objeto. (grifos nossos)

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procedimento eficiente e consistente para esse trabalho, que possa ser efetuado de forma simples e eficaz pelos próprios técnicos das Superintendências, após debates técnicos e entendimentos junto à Procuradoria Federal13, chegamos a uma proposta de metodologia para sua execução.

Diferente da delimitação da poligonal de tombamento, a delimitação das áreas de entorno não pressupõe alteração do objeto tombado (nem em seus valores, nem em sua delimitação), e juridicamente pode ser entendida como simples regulamentação do Art. 18 do Decreto-Lei nº 25/1937, que assim como as Normas de Preservação, estabelece critérios para a preservação do bem tombado (nesse caso, não de suas características próprias, mas de sua ambiência). E também por isso não é necessário sua submissão ao Conselho Consultivo.

O trabalho deve ser iniciado com a abertura de um processo administrativo (ao qual sugerimos o título de “estudos para delimitação da área de entorno do bem ... – nome do bem tombado”, indicando também o número do processo “T”, de tombamento) contendo, no mínimo, um Parecer Técnico onde estejam explicitadas as características que configuram a ambiência do bem tombado, como por exemplo: relações espaciais, visuais, implantação, relação com os imóveis vizinhos, relação com o ambiente natural (vegetação, rios, mar), acessos, manifestações de natureza imaterial diretamente relacionadas ao bem protegido (caminho de procissões ou festividades, áreas comerciais e/ou espaços de abastecimento) etc.14 Se possível, sugerimos ainda que, para a organização das informações que respaldam o Parecer Técnico, sejam utilizadas as fichas M103 (análise da legislação incidente sobre o sítio) e M201 (pré-setorização).

A partir dessa compreensão deverão ser estabelecidos os limites para a leitura da ambiência do bem, descrito através de uma poligonal e explicitado em um mapa, e definidos os critérios para intervenções na área.

Essas análises técnicas servirão de subsídios para elaboração da minuta de Portaria (ver Portaria nº 253/2011, Anexo VI), que deverá trazer a delimitação proposta e os critérios para intervenções na área, sempre de forma relacionada à preservação da ambiência do bem tombado, e não aos próprios bens situados na área de entorno.

O processo deverá ser então remetido ao Depam, que após a análise dos parâmetros técnicos ali indicados, remeterá para análise final pela Procuradoria Federal visando sua imediata publicação, bem como a notificação à prefeitura ou demais interessados sobre os limites da área sujeita à atuação do IPHAN. Em seguida o processo será remetido ao Arquivo Central do IPHAN para ser anexado ao Processo de Tombamento original do bem.

13

A Procuradora Federal Dra. Genésia Marta Alves Camelo analisou a questão através do Parecer nº 34/2011-PF/AGU/IPHAN/DF, contido entre as folhas 03 e 12 do processo nº 01450.003657/2011-54, e com base nas orientações jurídicas ali definidas foi definida a orientação agora proposta.

14 “Tão importante quanto a coerência de critérios técnicos para casos análogos é a explicitação dos motivos que levaram a adotar

esse ou aquele critério.” RABELLO, Sonia. O Estado na Preservação de Bens Culturais – O Tombamento. Rio de Janeiro: IPHAN, 2009. p. 124.

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Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Itabirito – MG. A delimitação do entorno e as restrições impostas à área estão diretamente relacionadas à preservação das suas características de elemento referencial na paisagem urbana da cidade, bem como sua relação com o restante da área urbana. Foto: Anna Finger, 05/05/2011.

Delimitação de entorno proposta para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Itabirito. Imagem: Google Earth.

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O PAPEL DOS ENVOLVIDOS NA PRESERVAÇÃO DOS CONJUNTOS URBANOS TOMBADOS O contexto jurídico de atuação de Estados e Municípios e sua relação com o Governo Federal

A gestão eficiente das áreas urbanas depende da boa interlocução entre os diferentes atores envolvidos nos processos de regulamentação, ou que tenham interesse específico sobre esses espaços. Como visto, no que tange à preservação do patrimônio cultural, por exemplo, a Constituição Federal define como atribuição concorrente das três esferas de governo a proteção ao patrimônio cultural, e em seu Art. 30 determina ainda que o município é responsável por

IX – promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.

15

Já a Lei Federal nº 10.257/2001, o Estatuto da Cidade16, dentre as diretrizes ali definidas para política urbana em nível nacional, figura também a proteção ao patrimônio cultural:

Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: (...)

XII - proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico. (grifos nossos)

Para atender esta e demais diretrizes da política urbana nele constantes, em seu Capítulo II a mesma Lei define o tombamento como instrumento da política urbana:

Dos instrumentos em geral

Art. 4o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:

(...) V – institutos jurídicos e políticos:

(...) d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano; (grifos nossos)

15

Disponível em: www.planalto.gov.br, acessado em 22/06/2011.

16 A publicação “Estatuto da Cidade – Guia para Implementação pelos Municípios e Cidadãos” resume o papel dos municípios e suas responsabilidades quanto à gestão do solo urbano e, portanto, também dos sítios urbanos: Com relação ao Município, a Constituição atribui a competência privativa para legislar sobre assuntos de interesse local, suplementar a legislação federal e estadual no que couber, e de promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, parcelamento e da ocupação do solo urbano, de acordo com o artigo 30, incisos I, II e VIII. O Município, com base no artigo 182 e no princípio da preponderância do interesse, é o principal ente federativo responsável em promover a política urbana de modo a ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade, de garantir o bem-estar de seus habitantes e garantir que a propriedade urbana cumpra sua função social, de acordo com os critérios e instrumentos estabelecidos no Plano Diretor, definido constitucionalmente como o instrumento básico da política urbana. BRASIL, Câmara dos Deputados, Comissão de Desenvolvimento Urbano e Interior, Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República, Caixa Econômica Federal e INSTITUO Polis. ESTATUTO DA CIDADE – GUIA PARA IMPLEMENTAÇÃO PELOS MUNICÍPIOS E CIDADÃOS – LEI N. 10.257 DE 10 DE JULHO DE 2001, QUE ESTABELECE DIRETRIZES GERAIS DA POLÍTICA URBANA. Câmara dos Deputados, Centro de Documentação e Informação, Coordenação de Publicações. 2ª. Edição. Brasília, 2002.

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Quanto à participação dos Estados, a Lei Federal nº 6.766/1979 atribui a eles a responsabilidade de disciplinar processos de parcelamento (loteamentos ou desmembramentos) do solo urbano:17

I - quando localizados em áreas de interesse especial, tais como as de proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural, histórico, paisagístico e arqueológico, assim definidas por legislação estadual ou federal; (grifos nossos)

Percebe-se, portanto, que as três esferas governamentais tem, por lei, atribuições que influenciam a definição das políticas para áreas urbanas protegidas. Elas têm, entretanto, competências distintas, exercidas através de uma diversidade de instrumentos e ações, que ao definirem parâmetros urbanísticos ou outras regras sobre uso e ocupação do solo urbano (como taxa de ocupação do solo, coeficientes de aproveitamento de lotes, parcelamento, etc.), interferem no desenho da paisagem e na dinâmica urbana dessas áreas e, portanto, na preservação do patrimônio cultural urbano.

Entretanto, como suas atribuições não são idênticas, cabe a cada esfera a regulamentação dos aspectos específicos sob sua responsabilidade. E para evitar transtornos causados por regulamentações contraditórias, é necessário manter aberto um diálogo entre todos os entes responsáveis pela gestão do território urbano no qual se localizam as áreas tombadas, idealmente trabalhando com legislações bem integradas, visando ainda ao estabelecimento de cooperações técnicas sempre que necessário para a preservação do patrimônio cultural.

Ouro Preto – MG. Cabe às três esferas governamentais – Município, Estado e IPHAN, legislarem concorrentemente sobre a preservação do Patrimônio Cultural. Entretanto, a atuação municipal se fará observando a legislação estadual e federal. Em relação às novas áreas possíveis de parcelamento e ocupação urbana, por exemplo, cabe aos Estados opinar, enquanto o IPHAN não poderá se eximir de suas atribuições específicas sobre a preservação do patrimônio cultural protegido, bem como sua ambiência. Acervo: Depam.

17

BRASIL, Câmara dos Deputados. LEI No 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá

outras Providências. Xxx, art. 2º

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No que diz respeito à preservação de cidades históricas tombadas em âmbito federal, cabe ao IPHAN definir diretrizes para sua preservação, idealmente através da publicação de Normas de Preservação, e as regulamentações locais, conforme visto, devem respeitar o definido em nível federal. Entretanto, ainda que isto ocorra, cada ente deve regulamentar sua legislação específica.

Assim como o IPHAN regulamenta os artigos 17 e 18 do Decreto Lei nº 25/37 através da publicação de Portarias contendo as Normas de Preservação para determinado conjunto urbano, quando o bem for protegido nas outras esferas, os parâmetros de preservação devem constar na legislação estadual e o município deve prever parâmetros em seu Plano Diretor e/ou lei específica a partir dele.

Na definição de políticas públicas para áreas urbanas, portanto, apesar da participação das diferentes instâncias, cada uma tem obrigação de legislar sobre aspectos que lhe dizem respeito, não podendo se omitir ou delegar a outras instâncias essa responsabilidade. Ao IPHAN cabe, por exemplo, analisar e se manifestar sobre intervenções propostas para áreas tombadas e seus entornos, bem como realizar atividades de fiscalização, tanto para verificar que nenhuma intervenção está sendo executada sem sua manifestação, quanto para verificar a conservação do bem protegido e identificar ameaças à sua integridade, em nome do interesse público.

No caso dos municípios há obrigação de regular o solo urbano, observando, conforme determina a Constituição, a existência de legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. Além disso, em se tratando de áreas urbanas, deve-se considerar que as prefeituras são notificadas quando do tombamento de bens e da delimitação das áreas de entorno em seus territórios, não sendo possível, portanto, desconsiderar a necessidade de aprovação pelo IPHAN para projetos nessas áreas.

Em relação às suas atribuições específicas, cabe ao município determinar a forma de ocupação do solo, fornecendo parâmetros como taxas, índices construtivos e coeficientes máximos para aproveitamento dos lotes, relacionados à capacidade dos sistemas urbanos (drenagem, abastecimento, viário) de modo a evitar sua sobrecarga, bem como garantir condições ambientais adequadas (ventilação, insolação, escoamento de águas pluviais, etc).

Assim como outros órgãos, o IPHAN também pode fazer uso desses parâmetros, desde que justificados e diretamente relacionados à preservação das características do bem protegido. Pode-se instituir um coeficiente máximo de aproveitamento para os lotes em áreas onde se quer manter uma ocupação esparsa, ou instituir um número máximo de pavimentos e definir recuos de divisas, para determinada área para manter seu padrão de ocupação, se essa for entendida como uma característica importante do conjunto. Entretanto, ressaltamos que o IPHAN só deve usar estes parâmetros quando estiverem vinculados às características que se quer preservar e as condicionantes impostas ao sítio.

Mas o que se constata é que em muitos locais, principalmente em cidades pequenas, em função da desestruturação dos órgãos locais, até hoje o IPHAN tem assumido a responsabilidade pelo controle de todos os aspectos relacionados à regulação do solo, independentemente da vinculação à preservação do patrimônio cultural. Entretanto, o tombamento não retira dos municípios suas responsabilidades, e desde a edição da Lei Federal nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) as prefeituras das localidades com mais de 20.000 habitantes foram obrigadas a elaborar seus Planos Diretores (que por sua vez deve observar, conforme mencionado, as legislações estaduais e federais) e a constituírem equipes técnicas para garantir o cumprimento das regulamentações por ele instituídas. Portanto, da mesma forma que o IPHAN não pode se eximir do cumprimento de suas obrigações sobre as áreas urbanas protegidas (principalmente no que tange à de aprovação de projetos e fiscalização), também as prefeituras não podem mais deixar de cumprir com suas responsabilidades.

Portanto, para que de fato se estabeleça uma parceria entre as diferentes instâncias, cada uma deve assumir as responsabilidades que lhes cabe. E assim como o IPHAN tem sido frequentemente cobrado via Ministério Público sobre sua atuação, também pode utilizar esse recurso para cobrar a atuação dos demais

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parceiros, conforme determina a legislação. Mas respeitado o âmbito de atuação de cada esfera de governo, a articulação entre elas é primordial para a gestão eficiente das cidades históricas.

Ouro Preto – MG. Os fundos de lote e manutenção dos quintais são essenciais para a leitura do sítio urbano, tornando necessária, portanto, impedir a ocupação total do lote. Além disso, torna-se necessário o controle sobre o gabarito, para evitar que edifícios bloqueiem as visuais para os monumentos ou se sobressaiam a eles. Já o controle dos mesmos índices pelo município leva em consideração principalmente a infraestrutura urbana disponível (redes de água e esgoto, drenagem, capacidade de tráfego de veículos, transporte público, entre outros). Acervo: Depam.

Em relação aos aspectos operacionais, como a fiscalização, a parceria entre os entes pode facilitar o trabalho de todas as esferas, mas deve-se ressaltar que mesmo em casos de legislação consonante, as obrigações instituídas legalmente a uma esfera não devem ser delegadas a outra. No caso de análise de projetos, por exemplo, a aprovação pelo IPHAN não exime o proponente do cumprimento às demais legislações vigentes sobre a área e nem da aprovação também pelos respectivos competentes. Nesses casos cada órgão se deterá na análise de suas competências específicas (no caso do IPHAN, a preservação do patrimônio cultural), cabendo aos demais se manifestarem sobre outros aspectos a eles relacionados.

Além disso, o IPHAN deve se colocar como colaborador para a efetivação dos objetivos, diretrizes e instrumentos do Estatuto da Cidade, pois o interesse público do patrimônio cultural já foi definido pelo Decreto-Lei nº 25/1937, e a partir do tombamento em nível federal, passa também a desempenhar uma nova função social na cidade – ser um representante da materialidade da cultura brasileira.

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O Estatuto das Cidades aplicado à Preservação do Patrimônio Cultural

O momento atual, em que o país parece ingressar em uma nova era de prosperidade com resultados imediatos e previsíveis no palco urbano, não pode ser desperdiçado: a partir da publicação do Estatuto das Cidades (2001) e, mais tarde, com a criação do Ministério das Cidades (2003), as administrações locais estão se estruturando e passando a assumir suas responsabilidades no planejamento urbano e também no campo da preservação do patrimônio cultural, através da elaboração ou revisão de seus Planos Diretores e da estruturação de órgãos municipais com atribuições específicas nesta área.

Nesse contexto é inadiável rever o posicionamento das áreas tombadas em relação ao restante da cidade, que devem sair do isolamento e integrar-se às estratégias estabelecidas para o todo o conjunto urbano. Áreas semi-fechadas, vistas como “problema do IPHAN”, quase sempre degradadas e esvaziadas da função residencial e muitas vezes voltadas apenas para o turismo, não podem continuar a ser vistas como o ideário de centros históricos protegidos. E é sob os pressupostos da vocação regional e da integração com o conjunto da cidade e da região que as Normas de Preservação precisam ser estabelecidas.

Além da articulação entre as diferentes esferas de governo no estabelecimento de regras e parâmetros para a preservação do sítio urbano tombado, o IPHAN também deve promover, junto ao município, a aplicação dos instrumentos previstos pelo Estatuto das Cidades, uma vez que eles contribuem na preservação do patrimônio cultural. Deve-se observar, no entanto, que a regulamentação dos instrumentos do Estatuto da Cidade é competência privativa dos municípios e Distrito Federal. O Iphan pode, tão somente, indicar à sociedade e governo local de que forma os instrumentos podem ser aplicados de forma integrada a ações de preservação e qualificação urbana.

Com frequência nos deparamos com casarões vazios em centros históricos, quando não em ruínas, em risco iminente de desabamento e necessitando de manutenção emergencial. Isso pode ocorrer mesmo em cidades com capacidade financeira e estrutura de gestão – como é, em geral, é o caso das cidades com maior população e localizadas em região metropolitana – ou com dinamicamente ativas em termos econômicos e turísticos – como é o caso de 17% dos municípios com sítio urbano tombado pelo IPHAN.

Salvador – BA. Na Ladeira da Montanha, uma das que ligam a Cidade Baixa à Cidade Alta, e ao lado do Elevador Lacerda, em pleno Centro Histórico de Salvador, dezenas de imóveis estão sem uso e ameaçados de ruir por falta de manutenção. Nestes casos a utilização do IPTU progressivo poderia auxiliar no incentivo à ocupação e manutenção dos imóveis, ou na sua desapropriação pelo Poder Público, que lhes destinaria uso compatível. Acervo: Depam.

Uma forma de atuar nestes casos é, sem dúvida, através da prevenção, e neste sentido os instrumentos mencionados são fundamentais. A Prefeitura pode regulamentar e aplicar instrumentos como a utilização compulsória, o IPTU progressivo no tempo e a desapropriação com pagamento em títulos nas áreas de interesse patrimonial, a partir do Plano Diretor. Isto feito, o município pode notificar o proprietário de um bem sem uso, que terá então um ano para apresentar projeto de intervenção e até dois anos para concluir

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as obras de manutenção e fazer uso do imóvel. Esta notificação é averbada no registro do imóvel e é transferida no caso da venda do bem. Caso o proprietário descumpra a notificação, poderá pagar alíquotas de IPTU que vão aumentando ao longo de cinco anos e caso persista no descumprimento, o município poderá desapropriar o bem para dotá-lo do uso adequado às suas características urbanas e culturais. Este instrumento certamente poderia ser aplicado, por exemplo, na cidade baixa de Salvador, de modo a evitar novos desabamentos e perda do estoque patrimonial (sem falar em vidas!) nesta área recentemente tombada e onde uma grande parcela dos imóveis está vazia.

Outro instrumento que pode ser aplicado em áreas de interesse ambiental e cultural é a Transferência de Potencial Construtivo. Esse instrumento é útil, sobretudo, para “compensar” proprietários que não possam construir dentro dos parâmetros que a lei municipal permitiria para a área, considerada sua centralidade, valor econômico ou infraestrutura instalada. Em troca da preservação do imóvel, o município pode permitir que o proprietário transfira o potencial construtivo não utilizado para outro lote, em outra área da cidade:

Art. 35. Lei municipal, baseada no plano diretor, poderá autorizar o proprietário de imóvel urbano, privado ou público, a exercer em outro local, ou alienar, mediante escritura pública, o direito de construir previsto no plano diretor ou em legislação urbanística dele decorrente, quando o referido imóvel for considerado necessário para fins de:

[...]

II – preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural

18 (grifos nossos)

A Transferência de Potencial Construtivo deve ser regulamentada por meio de lei municipal. A Prefeitura Municipal passa então a emitir uma espécie de “certificado” de que um imóvel que poderia se beneficiar de um parâmetro definido para seu aproveitamento (pela disponibilidade de infraestrutura de vias, saneamento, equipamentos públicos, etc., que uma zona urbana dispõe), mas que por estar em uma área de interesse cultural – um sítio tombado pelo IPHAN, por exemplo – poderá, mediante este certificado, transferir este potencial construtivo a outro imóvel. Caso o proprietário não queira pessoalmente aproveitar o coeficiente em outro imóvel, poderá vendê-lo no mercado imobiliário, mediante escritura pública. Ou seja, o instrumento contribui no respeito à dinâmica econômica, urbana e cultural da cidade.

Um exemplo da possibilidade de aplicação deste instrumento é em de Corumbá de Goiás, estado de Goiás, cidade que segundo estimativa do IBGE para o ano de 2009, tem menos de 10 mil habitantes, em faixa populacional similar a 23% das cidades com sítio urbano tombado pelo IPHAN. Em uma oficina recentemente realizada pelo IPHAN no local, ficou claro para os participantes que as construções em determinado trecho da via comercial que cruza a cidade margeando o Rio Corumbá (rio esse fundamental para a história local, pois ali foi encontrado o ouro ainda no século XVIII que levou à fundação da cidade), não poderiam ter mais que dois pavimentos de altura, pois prejudicariam a ambiência do sítio urbano tombado. Mas como se trata da principal área comercial da cidade e de uma importante ligação regional, por onde transitam turistas nos finais de semana e que, portanto, ter valor para o mercado imobiliário local, o município poderia regulamentar o instrumento da Transferência do Potencial Construtivo e permitir que proprietários cujos imóveis localizam-se nesse trecho (que deve ser identificado como um “setor” através da normativa do IPHAN, e para o qual serão definidos parâmetros específicos), pudessem transferir seu direito de construir ao longo da via para outro local em que não representasse impacto sobre o patrimônio cultural.

18

BRASIL, Câmara dos Deputados. LEI No 10.251, DE 10 DE JULHO DE 2001 – ESTATUTO DA CIDADE.

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Corumbá de Goiás – GO. A Avenida Engenheiro Roberto Muller, parte da Rodovia BR-414 e que atravessa o Centro Histórico, é a principal área comercial da cidade. Em determinado trecho percebe-se que o incremento no gabarito prejudicaria a percepção da paisagem que envolve a área tombada, e nestes casos poderia ser utilizado o instrumento de Transferência de Potencial Construtivo para que os proprietários pudessem, ou utilizar o direito em outra área, ou vender a porcentagem não utilizada. Acervo: Depam.

Além desses, outros instrumentos como o Direito de Preferência ou Preempção, o Direito de Superfície, as Operações Urbanas Consorciadas, o EIV, a Outorga Onerosa, estão disponíveis para o planejamento de ações conjuntas entre o município e o IPHAN, e que contribuirão não apenas para a preservação do patrimônio cultural, mas também para o desenvolvimento social e melhoria da qualidade urbana.

Óbidos, por exemplo, cidade com cerca de 50 mil habitantes e calçadas estreitas no sítio que o IPHAN pretende proteger no estado do Pará, pode se beneficiar do Direito de Superfície para a preservação da pavimentação urbana; Paranaguá, cidade de cerca de 140 mil habitantes no litoral paranaense, pode aplicar conjuntamente o IPTU progressivo na poligonal tombada pelo IPHAN, uma vez que a Associação Comercial lamenta seu esvaziamento, e a outorga onerosa na área da cidade oposta ao centro comercial, para onde se direciona o crescimento imobiliário do município; em Jaboatão dos Guararapes uma operação urbana, por exemplo, poderia ser útil à regularização de cerca de 6 mil famílias que moram, irregularmente, sobre bem da União e no entorno do Parque Nacional Histórico de Jaboatão dos Guararapes, tombado pelo IPHAN.

Em suma, são instrumentos de reforma urbana, potencialmente aplicáveis à preservação do patrimônio protegido em nível federal, mas de regulamentação e gestão municipal. Hoje, cerca de 90% das cidades históricas com conjuntos urbanos tombados pelo IPHAN tem Plano Diretor aprovado, tornando ainda mais viável a aplicação dos instrumentos do Estatuto da Cidade na preservação do patrimônio cultural urbano. Assim, a participação do IPHAN também pode se dar através de articulação local para fomentar e participar da regulamentação e aplicação dos instrumentos e para o fortalecimento da estrutura municipal de gestão

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do solo urbano (e não para substituí-la!), buscando otimizar a gestão dos sítios urbanos tombados em nível federal.

A participação pública na elaboração das Normas de Preservação

Normas, planos e posturas urbanísticas, se elaboradas de forma desvinculada de uma política debatida e explicitada de preservação do patrimônio urbano, e de uma visão mais ampla da atual problemática atual das cidades, já nascem fadados ao fracasso. Assim, a participação dos órgãos municipais e da sociedade civil é considerada fundamental. Com a rapidez das transformações pelas quais as cidades passam atualmente, que envolvem crescimento, adensamento e mudanças de uso, não é mais possível acreditar que o IPHAN, sozinho, conseguirá preservar as cidades históricas brasileiras. A participação dos órgãos municipais, na forma de pactos estabelecidos, assim como uma maior aproximação com os moradores e usuários dessas áreas é fundamental para o sucesso de qualquer política de preservação.

Recentemente a experiência de elaboração das Normas de Preservação para Ouro Preto mostrou que é possível essa compatibilização. Desenvolvida em conjunto entre o IPHAN e a Prefeitura Municipal, cada instância assumiu suas responsabilidades, mas de forma coordenada. As propostas foram apresentadas em três consultas e uma audiência pública, onde o maior ganho para todos, possivelmente, tenha sido a compreensão dos diferentes papéis das esferas de governo (IPHAN e município) na preservação do patrimônio cultural.

O IPHAN pode ainda usar o material recentemente organizado para elaboração dos Planos de Ação em Cidades Históricas, que identificou a Rede de Agentes ligados ao patrimônio cultural. Estes agentes têm fundamental participação na construção de Normas de Preservação, e o IPHAN deve atualizar esta Rede, pautando-se sempre pelo princípio da igualdade na identificação dos grupos sociais, sem privilegiar a participação de determinados setores.

A metodologia para o processo participativo na elaboração de Normas de Preservação vai depender da articulação local entre o IPHAN, os órgãos do governo municipal e estadual e rede de agentes constituída sobre o sítio tombado. Como regra geral, no entanto, pode-se indicar que o início do processo deva prever a apresentação pública das motivações que levaram o IPHAN a tombar a área e que aspectos do sítio materializam os valores atribuídos a esse espaço. Esta ação pode ser precedida ou ocorrer em paralelo a ações de educação patrimonial, que facilitem a apresentação do tema e permitam a integração entre o patrimônio cultural urbano e outras referências culturais locais.

A apresentação da legislação e instrumentos de gestão urbana (inclusive de fiscalização) pode também ser objeto de apresentação pública por cada um dos entes federados. Junto com informações básicas do sítio, como abrangência territorial, número de imóveis e outras características gerais da área, a rede de agentes constituída tem subsídio para expor e debater seus interesses, que vão legitimar a proposta do IPHAN na formulação das Normas de Preservação.

No passo seguinte para a definição de diretrizes e setores de normatização e projetos específicos (ver metodologia ao final deste caderno), o IPHAN pode realizar oficinas para sua discussão com os diferentes grupos da sociedade, dando a cada um o tempo a capacidade disponível para entender a proposta e decidir sobre ela. Neste momento a prefeitura municipal pode, ainda, apresentar suas propostas de regulamentação do parcelamento, uso e ocupação do solo, assim como projetos de intervenção que pretenda realizar para recuperação do patrimônio cultural, além dos instrumentos do Estatuto da Cidade que entenda aplicáveis ao sítio.

Após a publicação da portaria do IPHAN, deve ser dada a ela a maior publicidade possível em outros meios de comunicação, e oferecer o aceso à informação sempre que demandado.

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ELABORAÇÃO DE NORMAS DE PRESERVAÇÃO PARA ÁREAS URBANAS TOMBADAS Sobre o caráter das normativas

Analisando a questão, verifica-se que os critérios até hoje adotados para a preservação de áreas urbanas tombadas pelo IPHAN, seja através da edição de Normas de Preservação ou da auto-aplicação do Decreto-Lei nº 25/37, não evitaram sua degradação.

Cercadas pela expansão da urbanização (tanto vertical quanto horizontal), pela degradação das zonas centrais e favelização periférica, e asfixiadas pela estrutura viária, as áreas reconhecidas como de valor cultural se tornaram menores proporcionalmente em relação ao todo urbano, perdendo significância, apropriação e sentido social. E apesar de a maior parte estar situada em regiões centrais e de potencial valor econômico, em função do intenso processo de degradação sofrido na maioria das vezes são tratadas como “áreas problemáticas”, menos por seus desafios de conservação do que pelos estágios de marginalização que alcançaram.

Tentando reverter esse quadro consideramos que, além de atenuar impactos visuais, as normativas devem promover a qualificação das áreas tombadas. Ou seja, precisariam, além de dar parâmetros para as intervenções, se ocupar em promover e reafirmar as funções de centralidade e da apropriação social dessas áreas, correntemente esvaziadas de suas atribuições e usos. Aspectos como a relação harmônica entre a paisagem natural e a edificada, salubridade, equilíbrio de funções, acessibilidade, coerência ambiental e qualidade de vida, dentre outros, são parâmetros e pressupostos que devem ser garantidos pelas normatizações.

Normas eficazes e coerentes precisam ainda discernir entre o interesse público e o privado, e contar com elevado grau de razoabilidade em sua elaboração, de forma a garantir a preservação das características que motivaram seu tombamento, sem representar um entrave para a qualidade de vida da população que ali vive ou que utiliza a área (permitindo, por exemplo, eventuais adaptações às necessidades decorrentes da presença de portadores de deficiências e idosos nas famílias).

Ou seja, as normativas precisam ser, além de ferramentas de controle, instrumentos de diálogo, relacionando parâmetros realistas de preservação e qualidade de vida da população, e que idealmente sejam incorporados aos planos diretores das cidades, de forma a permitir a atuação conjunta e articulada entre o IPHAN, prefeituras e associações locais.

Metodologia para elaboração

A proposta metodológica para a elaboração das Normas de Preservação é fundamentada na identificação e definição de setores com características semelhantes, mas que entre si demandem ações diferenciadas para sua preservação e qualificação. Para cada um se buscará estabelecer diretrizes objetivas e realistas para a atuação, de forma a não apenas promover sua preservação, mas também identificar ações necessárias para a qualificação ou requalificação dos diversos espaços, valorizando assim seu acervo cultural.

A partir dos valores atribuídos ao sítio durante o processo de tombamento (ou a partir de um Parecer Técnico que organize essas informações), deve-se buscar refletir como esses valores são legíveis no sítio, pois é sobre a preservação desses elementos que as Normas de Preservação estarão apoiadas. Portanto, os critérios estabelecidos na pré-setorização devem tomar como pressuposto básico os elementos que, em cada setor, se relacionam à motivação do tombamento, buscando distinguir como cada área participa do conjunto tombado e o que deve ser buscado para sua valorização e estímulo da leitura desses valores.

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A proposta metodológica para a elaboração de normativas foi estruturada visando principalmente fornecer subsídios para a gestão das áreas protegidas, e por esse motivo está estruturada na utilização das fichas do SICG – Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão.

O SICG é o instrumento criado para integrar os dados sobre o patrimônio cultural, com foco nos bens de natureza material, reunindo em uma base única informações sobre cidades históricas, bens móveis e integrados, edificações, paisagens, arqueologia, patrimônio ferroviário e outros recortes do patrimônio cultural do Brasil. É construído por um conjunto de fichas que agrupam informações de diferentes naturezas em três módulos: Conhecimento, Gestão e Cadastro – correspondendo cada um a uma esfera de abordagem do patrimônio cultural – integradas em um sistema de informações único.

Esses módulos foram idealizados para permitir uma abordagem ampla do patrimônio cultural, partindo do geral para o específico, com recortes temáticos e territoriais, e possibilitando a utilização de outras metodologias, caso seja necessário, para a complementação dos estudos. Maiores informações sobre o Sistema, sobre o preenchimento, bem como o modelo das fichas em formato .doc podem ser encontradas no sítio eletrônico do Iphan, seguindo os links Patrimônio Cultural » Patrimônio Material » Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão – SICG.

Resumidamente, dentro da estrutura do SICG, o Módulo 1 – Conhecimento visa reunir informações que contextualizem, na história e no território, os bens que são objetos de estudo. Organiza, portanto, as informações provenientes de universos culturais temáticos ou territoriais.19 O Módulo 2 – Gestão é voltado para as áreas já protegidas ou em processo de estudo para proteção, ou seja, sobre as quais o Iphan tem obrigação de fazer a gestão através de normatização, ações de fiscalização, da construção de planos e preservação, de reabilitação, entre outros. É composto por fichas que permitem a análise e setorização do sítio em estudos e a definição de critérios para sua preservação e qualificação, além de fichas relativas às ações de fiscalização da área.

Passo 1: Compreensão e apropriação do sítio

Conforme visto, a coerência da atuação do IPHAN nas áreas tombadas deve ser respaldada na motivação do seu tombamento. Por esse motivo os argumentos técnicos que embasaram o tombamento e justificaram a aplicação desta figura jurídica (que tem como consequência a restrição ao direito de propriedade da população que ali vive e utiliza o espaço), devem ser elaborados com cuidado e de forma não aleatória, e são regulamentados através de procedimentos específicos.

O conhecimento da motivação do tombamento, ou seja, do que se protegeu e porque foi protegido, é fundamental para definir como proteger. Esta informação deve ser buscada no processo de tombamento original, disponível no Arquivo Central do IPHAN, para verificação do que foi oficialmente estabelecido nos pareceres técnicos (que encaminharam a proposta) e do Conselheiro que a analisou (que pode acrescentar ou modificar a argumentação), bem como na Ata da Reunião do Conselho Consultivo, onde podem ter havido ainda novas alterações. São esses valores, aprovados pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, oque legitimam a aplicação do instrumento tombamento, posteriormente homologado pelo Ministro da Cultura.

No caso de processos de tombamento antigos que não contem com esses documentos, deve-se partir da forma de inscrição do bem nos Livros do Tombo20 para a definição de quais aspectos serão normatizados,

19

Deste módulo é prevista a utilização da ficha M103 – Informações sobre a Proteção e, de forma auxiliar, a ficha M102 – Contexto Imediato.

20 Livro do Tombo Arqueológico, etnográfico e paisagístico: as coisas pertencentes às categorias de arte arqueológica, etnográfica,

ameríndia e popular, sítios e paisagens; Livro do Tombo Histórico: as coisas de interesse histórico e as obras de arte histórica; Livro

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analisados através de um Parecer Técnico que servirá como referência para a explicitação dos aspectos a serem normatizados.

Em paralelo, deve-se buscar a informação disponível nos órgãos de planejamento urbano e cultura do estado e município onde o sítio está inserido, de modo a identificar possíveis planos e projetos incidentes sobre a área, assim como legislação urbana, ambiental e de cultura, se existentes. Deste modo, poderemos identificar oportunidades de requalificação através de investimentos públicos em ações prioritárias que podem qualificar o conjunto protegido e contribuir para sua valorização.

Nesse momento deve-se procurar ainda adquirir maior intimidade com a área, através de análise dos dados históricos disponíveis e de visitas de campo, buscando identificar os principais aspectos que caracterizam o sítio, refletindo sobre sua forma de ocupação desde o momento de fundação até os dias atuais, e refletindo sobre as dinâmicas urbanas atuais e seus impactos sobre o bem protegido.

Instrumentos para a organização das informações

SICG – Ficha M103 – Informações sobre a Proteção: a ser utilizada para organizar a análise das informações sobre os valores atribuídos à área e que motivaram sua proteção e a análise de outras legislações que incidem sobre o sítio.

SICG – Ficha M102 – Contexto Imediato (opcional): pode ser utilizada como auxiliar para organizar as informações relativas à contextualização histórica, análise morfológica e caracterização do patrimônio cultural da área urbana protegida.

Ainda nessa etapa a equipe pode atualizar, se for o caso, a ficha de “Rede de Agentes” disponibilizada para elaboração dos Planos de Ação em Cidades Históricas. Neste momento, pode ser interessante buscar também agentes ligados diretamente à questão urbana, como grupos voltados à melhoria das condições de moradia, transporte, grupos pró mobilidade não motorizada, entre outros.

Passo 2: Elaboração da base para as Normas de Preservação – a Pré-Setorização

Nessa etapa deve-se analisar como a motivação para o tombamento se materializa no sítio (áreas de tombamento e entorno).

Para tanto recomendamos a realização de visitas de campo, pois através da análise presencial e observação in loco dos espaços poderá se identificar com maior clareza as características que diferenciam cada espaço, que mesmo sendo relativamente homogêneos, podem ser sub-divididos em diferentes setores com características próprias do ponto de vista da ocupação, incidência de bens de interesse, pressão por alterações, vocações, etc, e que por esse motivo demandem ações diferenciadas para sua preservação e requalificação.21

do Tombo das Belas Artes: as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira; Livro do Tombo das Artes Aplicadas: obras que se incluírem na categoria das artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras.

21 Algumas perguntas podem auxiliar na análise e identificação de áreas com características diferenciadas, como por exemplo:

Quais são os principais aspectos e características atuais da área, e o que remanesce como fundamental à sua compreensão e preservação como patrimônio cultural nacional? Quais os elementos paisagísticos, urbanísticos, históricos, arqueológicos, artísticos e arquitetônicos ainda hoje presentes no sítio o diferenciam das demais cidades? De que forma esses remanescentes estão concentrados ou dispersos na área protegida? Que áreas estão mais sujeitas a pressão, desqualificação ou degradação? Que ações institucionais devem ser estabelecidas como prioritárias para a preservação e requalificação do sítio? Como conciliar a preservação

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Para a definição desses setores devem ser analisados objetivamente os principais condicionantes responsáveis pela caracterização dos espaços, como por exemplo:

• Condicionantes históricas – elementos que, historicamente, adquiriram significado para a conformação e identidade urbana daquele espaço, desde sua fundação até os dias atuais.

• Topografia e condicionantes naturais – presença de elementos naturais que foram decisivos para a implantação da cidade naquele sítio, bem como para a definição de suas características, como orla marítima, presença de rios ou canais navegáveis, topografia (se influenciou a implantação da malha urbana), orientação solar, vegetação, etc.

• Referenciais urbanos históricos e atuais – são os espaços de referência para a região, como igrejas, prédios públicos, praças, largos, vias de acesso e comunicação (acessos internos prioritários, principais ruas e eixos de circulação, atuais acessos à área, vias de grande circulação e concentração de fluxo), espaços simbólicos, etc.

• Caracterização da arquitetura e concentração de bens de interesse – percepção de se o conjunto é formado por edificações com características semelhantes, ou apresenta áreas diferenciada, como áreas de predominância de arquitetura colonial, fruto de um primeiro momento de implantação da cidade, áreas onde predomina um acervo eclético, originário em um momento de expansão, áreas onde predominam edifícios industriais, etc. É importante ainda caracterizar esse acervo quanto ao gabarito, porte e forma de implantação, e verificar a concentração de bens de interesse nos diferentes setores.

• Tendências atuais de uso, pressão por adensamento e alterações – identificação de áreas mais sujeitas à pressão, identificadas pela observação local, entrevistas com imobiliárias e mesmo áreas de expansão definidas pelo Plano Diretor, que requerem atenção especial por parte do IPHAN.

Após sua identificação, esses condicionantes devem ser indicados espacialmente através de material gráfico (mapas e levantamentos), e analisados para a definição de áreas com ocupação diferenciada, ou seja: áreas com maior ou menor concentração de bens de interesse, áreas mais sujeitas a pressão por adensamento ou alterações (devido a mudanças de uso, valorização ou projetos desenvolvidos para a área), áreas com topografia diferenciada, áreas com tipos de ocupação diferenciada (onde predominam edifícios do período colonial, ou ecléticos, ou modernistas, que diferem entre si na forma de implantação, relação com o espaço público, porte e características arquitetônicas, etc.), entre outros aspectos que, a partir da análise, se entenda que influenciem no tratamento dado às diferentes áreas.

A partir do cruzamento dessas informações com os valores que motivaram a proteção do bem, deve-se verificar a coerência das poligonais de proteção (tombamento e entorno) existentes, ou caso não existam, propor sua delimitação. Nesse caso a poligonal de tombamento deve abarcar os espaços necessários à compreensão do que está motivando o tombamento da área, enquanto a poligonal de entorno deve englobar os espaços necessários ao resguardo da percepção e ambiência da área tombada.

As poligonais de tombamento e entorno, pelas diferenças existentes em relação à forma de gestão e sua relação com o objeto protegido, já comporão 2 Setores de Preservação, com diretrizes diferenciadas. Entretanto, dentro dessas áreas poderão existir ainda outras com características diferenciadas e que demandem ações de normatização e gestão também diferenciada, podendo existir, portanto, mais de 1 setor dentro das áreas de tombamento e entorno.

do patrimônio cultural e a promoção do desenvolvimento local? Como incentivar a valorização da área, sem cair em situações de especulação que coloquem em risco o próprio acervo ali existente?

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Cada Setor de Preservação então deve ser descrito em relação aos elementos gerais que o caracterizam (a partir dos condicionantes antes identificados), identificando aspectos e ações a serem estimulados ou coibidos, e definindo diretrizes para a preservação desses aspectos.

Nessa etapa deve-se ter em mente que, mais do que simplesmente estabelecer regras para intervenções no conjunto tombado segundo os aspectos que determinaram sua valoração, as Normas de Preservação devem fornecer indicações de parâmetros que considerem a atual dinâmica urbana, associando a preservação do patrimônio cultural ao respeito às demandas sociais e ao desenvolvimento local, e considerando os principais problemas das cidades e também os potenciais de renovação e dinamização. Por isso, para cada setor, identificam-se, também, ações estratégicas para atuação institucional (pública) e privada, que preservando as características da área, venham a contribuir para a valorização e qualificação do conjunto – ações estas que podem constar do Plano de Ação da cidade histórica em questão, que privilegia como área de atuação as poligonais de tombamento e entorno, quando definidas.

Nessa etapa espera-se, portanto, obter material que municie os técnicos responsáveis pela gestão da área protegida durante a análise de projetos e ações de fiscalização, tanto em relação ao bem para o qual a intervenção pontual é proposta, quanto a seu impacto na paisagem urbana que se deseja preservar. Estes documentos servirão para respaldar pareceres técnicos, bem como no diálogo com a população e as instâncias locais e estaduais de governo, quando for o caso.

Instrumentos para a organização das informações

SICG – Ficha M201 – Pré-Setorização: equivale ao “diagnóstico”, e tem como objetivo a construção de um entendimento setorizado sobre as diferentes áreas que compõe o sítio e seu entorno. Deve ser utilizada de forma analítica, para sintetizar as conclusões obtidas a partir do material produzido (caracterização morfológica e tipológica dos espaços, análise das dinâmicas urbanas e legislações diferenciadas incidentes sobre a área, ou outros aspectos identificados como significativos para a preservação, e que devem ser espacializados em mapas e/ou indicados no texto dos condicionantes), e sem perder de vista a relação entre os elementos que caracterizam as áreas e os valores atribuídos ao bem durante o processo de tombamento. Ao final, deve-se apontar as premissas gerais que nortearão as propostas de normatização e planejamento urbanístico para a área tombada.

Exemplo: Salvador – BA:

Pré-setorização da área tombada e do entorno, a partir das características históricas, arquitetônicas e urbanísticas que diferencia cada área.

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Passo 3: Caracterização e diretrizes para os setores de preservação

Após a identificação geral dos setores, cada um deverá ser analisado individualmente, detalhado de forma a identificar especificidades e a possível existência de sub-setores que demandem ações diferenciadas

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como: ruas mais sujeitas a pressão por adensamento, verticalização ou que mereçam um controle de tráfego diferenciado; áreas identificadas como potenciais sítios arqueológicos históricos ou pré-históricos, e que demandarão maior atenção quando da análise de projetos tanto para novas construções quanto para obras de infra-estrutura; áreas sujeitas a alagamento e que demandem ações específicas nesse sentido; ruas que, mesmo estando dentro de uma área relativamente homogênea, tenham sido ocupadas em um período recente (como antigos fundos de lote, mais tarde divididos e hoje edificados), e onde novos projetos causarão pouco impacto, podendo ser analisados com atenção diferenciada dos propostos para as áreas que efetivamente contribuem para a caracterização da cidade; ou áreas onde se identifique que a atual forma de ocupação causa impacto negativo sobre o sítio, demandando ações de disciplinamento, por exemplo, de engenhos publicitários e áreas de estacionamento, embutimento de fiação elétrica, entre outros.

É importante estabelecer com clareza para cada setor, o que, objetivamente, se deseja preservar em função da motivação do tombamento. Essa definição otimizará o trabalho técnico, que saberá onde deter sua atenção, e poderá se eximir da elaboração de longos pareceres técnicos para respaldar sua aprovação a um pequeno serviço proposto para um local de pouco impacto e que não afetará a preservação do sítio. Ou, ao contrário, oferecer argumentos claros que permitam a tomada de decisão objetiva sobre projetos e propostas que possam causar grandes impactos sobre determinada área.

Mas atenção: deve-se ter em mente que parâmetros claros, mas diferenciados, não são sinônimos nem de rigidez, nem de flexibilização, devendo prevalecer o bom senso e a qualidade das análises técnicas.

Espera-se que a conclusão dessa etapa dê subsídios tanto para a elaboração da minuta das Normas de Preservação, quanto de uma programação de ações voltadas ao sítio tombado e seu entorno, que podem constar de um Plano de Ação em Cidades Históricas (a ser elaborado através de metodologia já divulgada pelo IPHAN) ou, pelo menos, da programação de planos de ação a serem solicitadas no planejamento orçamentário do IPHAN.

Instrumentos para a organização das informações

SICG – Ficha M202 – Caracterização dos Setores: esta ficha tem por finalidade caracterizar, detalhadamente, cada um dos setores estabelecidos a partir do preenchimento da ficha M201. A partir disso, e considerando os problemas, as demandas, os fatores de pressão e as potencialidades identificadas no conjunto ou sítio tombado e áreas de entorno, serão apontadas as principais diretrizes para a normatização e a construção de planos estratégicos de desenvolvimento aliado à preservação do patrimônio cultural.

Exemplo: Salvador – BA:

No caso da Cidade Baixa, em Salvador, veremos como as características definidas para a divisão dos setores se traduzem em diretrizes específicas para cada um:

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Setor 2: Heterogêneo:

Diretrizes gerais de normatização

• Preservação e qualificação das edificações ecléticas

• Manutenção do gabarito atual para edificações de interesse

• Controle de gabarito para as novas inserções

Diretrizes gerais para gestão

• Estímulo ao estabelecimento de atividades comerciais, prestação de serviços e residenciais

• Reordenamento do tráfego

Setor 3: Predominantemente Eclético:

Diretrizes gerais de normatização

• Preservação e qualificação das edificações ecléticas

• Controle de gabarito para as novas inserções

• Exclusão de edificações que interferem no conjunto

Diretrizes gerais para gestão

• Reabilitação urbana

• Financiamento de imóveis privados

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• Comunicação visual adequada

Passo 4: Construção de instrumentos para acompanhamento e gestão

A análise pormenorizada dos setores contribui para avaliar também os efeitos das propostas no ambiente urbano a ser preservado. Por isso foram desenvolvidas fichas específicas para as “faces de quadra” onde, através de levantamentos fotográficos e outros instrumentos, é possível analisar os efeitos da inserção de determinado projeto ou ações propostas para dentro o conjunto a ser preservado.

Recomenda-se, portanto, o levantamento das “faces de quadra”, instrumento auxiliar para a análise dos setores, pois permite analisar o contexto imediato dos lotes para onde são propostos projetos. Essa análise fornecerá subsídios para as decisões técnicas ao indicar a necessidade, para determinado trecho ainda bem caracterizado, de estabelecer uma maior rigidez, ou ao contrário, para um trecho onde se constate que não existe mais um contexto bem preservado, impor menos exigências às propostas.

Além disso, é importante manter a organização documental para cada bem de interesse de preservação. Essas informações podem ser levantadas através do cadastramento dos edifícios, ou serem complementadas durante as ações de fiscalização.

Instrumentos para a organização das informações

SICG – Ficha M203 - Averiguação e Proposição Local: nesta ficha as diretrizes apontadas para cada setor serão verificadas quadra a quadra, utilizando-se as “faces de quadra”22 como unidade de análise. Esta ficha permite a identificação de “exceções à regra” que deverão ser tratadas de forma isolada segundo suas especificidades. Um dos aspectos de análise diz respeito, por exemplo, à homogeneidade ou heterogeneidade morfológica das diferentes faces de uma mesma quadra, apresentadas através da sequência fotográfica dos edifícios, e que permite ter uma noção da inserção de cada imóvel no seu contexto.

SICG – Módulo 3 – Cadastro: as fichas desse módulo são destinadas à documentação de cada bem de interesse ou já protegido de forma individual. Na medida do possível, a partir da disponibilidade de recursos financeiros para a contratação, ou durante as ações de fiscalização, podem ser preenchidas as fichas que identificam individualmente os imóveis de interesse de preservação ou para onde estejam sendo propostos projetos, complementando assim as informações relativas à área tombada.

Exemplos: O levantamento das “faces de quadra” constitui um detalhamento dos setores, e permitirá, a partir de simulações, fazer a verificação do impacto de propostas para o sítio no contexto onde ele estará inserido, identificando possíveis “exceções à regra” e respaldando a tomada de decisões.

Ouro Preto – MG. Acervo: Depam.

22

Considera-se “face de quadra” o segmento contínuo entre duas ruas ou entre duas mudanças de direção do logradouro.

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Jaguarão – RS –Acervo: Depam.

Passo 5: elaboração da Minuta de Normas de Preservação e encaminhamentos

As etapas anteriores darão os subsídios para a elaboração da minuta de Portaria que instituirá oficialmente as Normas de Preservação para cada cidade, explicitando assim, de forma clara e objetiva, todas as diretrizes definidas. A normativa deve, portanto, refletir o processo de construção das diretrizes, seguindo uma sequência lógica de organização dos conteúdos.

A Lei Complementar 95 de 26 de fevereiro de 1998 dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, sendo o documento que regulamenta a estruturação das Portarias.

Destacamos que a elaboração do documento final deve contar com auxílio da Procuradoria Jurídica, e que ela deve ser assinada pelo Presidente do IPHAN e publicada em Diário Oficial da União, dando publicidade a seu conteúdo e validade ao ato da administração.

Como modelo para auxiliar na organização estrutural do documento, em anexo são apresentados nos anexos os textos das Portarias que instituíram as Normas de Preservação para Ouro Preto – MG, e Areia – PB.

Apoio para a contratação dos subsídios para a elaboração de Normas de Preservação

Como forma de orientar o trabalho de elaboração de diretrizes de preservação e normatização das áreas tombadas, o Depam trabalhou na construção de uma minuta de Termo de Referência para a contratação de subsídios técnicos para auxiliar nas análises, disponibilizado às Superintendências Estaduais e que poderá ser adaptado a depender da realidade do conjunto protegido. De forma geral, recomenda-se que as atividades sejam executadas seguindo a sequência lógica de produção e recuperação da informação apresentada neste documento.

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ANEXO I – DECRETO-LEI Nº 25, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1937.

Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.

O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição,

DECRETA:

CAPÍTULO I

DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL

Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.

§ 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte integrante do patrimônio histórico o artístico nacional, depois de inscritos separada ou agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata o art. 4º desta lei.

§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pelo natureza ou agenciados pelo indústria humana.

Art. 2º A presente lei se aplica às coisas pertencentes às pessôas naturais, bem como às pessôas jurídicas de direito privado e de direito público interno.

Art. 3º Exclúem-se do patrimônio histórico e artístico nacional as obras de orígem estrangeira:

1) que pertençam às representações diplomáticas ou consulares acreditadas no país;

2) que adornem quaisquer veiculos pertecentes a emprêsas estrangeiras, que façam carreira no país;

3) que se incluam entre os bens referidos no art. 10 da Introdução do Código Civíl, e que continuam sujeitas à lei pessoal do proprietário;

4) que pertençam a casas de comércio de objetos históricos ou artísticos;

5) que sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou comerciais:

6) que sejam importadas por emprêsas estrangeiras expressamente para adôrno dos respectivos estabelecimentos.

Parágrafo único. As obras mencionadas nas alíneas 4 e 5 terão guia de licença para livre trânsito, fornecida pelo Serviço ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

CAPÍTULO II

DO TOMBAMENTO

Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do Tombo, nos quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei, a saber:

1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes às categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as mencionadas no § 2º do citado art. 1º.

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2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interêsse histórico e as obras de arte histórica;

3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira;

4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras.

§ 1º Cada um dos Livros do Tombo poderá ter vários volumes.

§ 2º Os bens, que se inclúem nas categorias enumeradas nas alíneas 1, 2, 3 e 4 do presente artigo, serão definidos e especificados no regulamento que for expedido para execução da presente lei.

Art. 5º O tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios se fará de ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, afim de produzir os necessários efeitos.

Art. 6º O tombamento de coisa pertencente à pessôa natural ou à pessôa jurídica de direito privado se fará voluntária ou compulsóriamente.

Art. 7º Proceder-se-à ao tombamento voluntário sempre que o proprietário o pedir e a coisa se revestir dos requisitos necessários para constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ou sempre que o mesmo proprietário anuir, por escrito, à notificação, que se lhe fizer, para a inscrição da coisa em qualquer dos Livros do Tombo.

Art. 8º Proceder-se-á ao tombamento compulsório quando o proprietário se recusar a anuir à inscrição da coisa.

Art. 9º O tombamento compulsório se fará de acôrdo com o seguinte processo:

1) o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por seu órgão competente, notificará o proprietário para anuir ao tombamento, dentro do prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, ou para, si o quisér impugnar, oferecer dentro do mesmo prazo as razões de sua impugnação.

2) no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado. que é fatal, o diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por símples despacho que se proceda à inscrição da coisa no competente Livro do Tombo.

3) se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista da mesma, dentro de outros quinze dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa do tombamento, afim de sustentá-la. Em seguida, independentemente de custas, será o processo remetido ao Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que proferirá decisão a respeito, dentro do prazo de sessenta dias, a contar do seu recebimento. Dessa decisão não caberá recurso.

Art. 10. O tombamento dos bens, a que se refere o art. 6º desta lei, será considerado provisório ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado pela notificação ou concluído pela inscrição dos referidos bens no competente Livro do Tombo.

Parágrafo único. Para todas os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o tombamento provisório se equiparará ao definitivo.

CAPÍTULO III

DOS EFEITOS DO TOMBAMENTO

Art. 11. As coisas tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios, inalienáveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas entidades.

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Parágrafo único. Feita a transferência, dela deve o adquirente dar imediato conhecimento ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Art. 12. A alienabilidade das obras históricas ou artísticas tombadas, de propriedade de pessôas naturais ou jurídicas de direito privado sofrerá as restrições constantes da presente lei.

Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade partcular será, por iniciativa do órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, transcrito para os devidos efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da transcrição do domínio.

§ 1º No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata êste artigo, deverá o adquirente, dentro do prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez por cento sôbre o respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se trate de transmissão judicial ou causa mortis.

§ 2º Na hipótese de deslocação de tais bens, deverá o proprietário, dentro do mesmo prazo e sob pena da mesma multa, inscrevê-los no registro do lugar para que tiverem sido deslocados.

§ 3º A transferência deve ser comunicada pelo adquirente, e a deslocação pelo proprietário, ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional, dentro do mesmo prazo e sob a mesma pena.

Art. 14. A. coisa tombada não poderá saír do país, senão por curto prazo, sem transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional.

Art. 15. Tentada, a não ser no caso previsto no artigo anterior, a exportação, para fora do país, da coisa tombada, será esta sequestrada pela União ou pelo Estado em que se encontrar.

§ 1º Apurada a responsábilidade do proprietário, ser-lhe-á imposta a multa de cincoenta por cento do valor da coisa, que permanecerá sequestrada em garantia do pagamento, e até que êste se faça.

§ 2º No caso de reincidência, a multa será elevada ao dôbro.

§ 3º A pessôa que tentar a exportação de coisa tombada, alem de incidir na multa a que se referem os parágrafos anteriores, incorrerá, nas penas cominadas no Código Penal para o crime de contrabando.

Art. 16. No caso de extravio ou furto de qualquer objéto tombado, o respectivo proprietário deverá dar conhecimento do fáto ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do prazo de cinco dias, sob pena de multa de dez por cento sôbre o valor da coisa.

Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruidas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de cincoenta por cento do dano causado.

Parágrafo único. Tratando-se de bens pertencentes á União, aos Estados ou aos municípios, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá pessoalmente na multa.

Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibílidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objéto, impondo-se nêste caso a multa de cincoenta por cento do valor do mesmo objéto.

Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuzer de recursos para proceder às obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância em que fôr avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.

§ 1º Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional mandará executá-las, a expensas da União, devendo as mesmas ser iniciadas dentro do prazo de seis mezes, ou providenciará para que seja feita a desapropriação da coisa.

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§ 2º À falta de qualquer das providências previstas no parágrafo anterior, poderá o proprietário requerer que seja cancelado o tombamento da coisa.

§ 3º Uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou reparação em qualquer coisa tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tomar a iniciativa de projetá-las e executá-las, a expensas da União, independentemente da comunicação a que alude êste artigo, por parte do proprietário.

Art. 20. As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-los sempre que fôr julgado conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção, sob pena de multa de cem mil réis, elevada ao dôbro em caso de reincidência.

Art. 21. Os atentados cometidos contra os bens de que trata o art. 1º desta lei são equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional.

CAPÍTULO IV

DO DIREITO DE PREFERÊNCIA

Art. 22. Em face da alienação onerosa de bens tombados, pertencentes a pessôas naturais ou a pessôas jurídicas de direito privado, a União, os Estados e os municípios terão, nesta ordem, o direito de preferência.

§ 1º Tal alienação não será permitida, sem que previamente sejam os bens oferecidos, pelo mesmo preço, à União, bem como ao Estado e ao município em que se encontrarem. O proprietário deverá notificar os titulares do direito de preferência a usá-lo, dentro de trinta dias, sob pena de perdê-lo.

§ 2º É nula alienação realizada com violação do disposto no parágrafo anterior, ficando qualquer dos titulares do direito de preferência habilitado a sequestrar a coisa e a impôr a multa de vinte por cento do seu valor ao transmitente e ao adquirente, que serão por ela solidariamente responsáveis. A nulidade será pronunciada, na forma da lei, pelo juiz que conceder o sequestro, o qual só será levantado depois de paga a multa e se qualquer dos titulares do direito de preferência não tiver adquirido a coisa no prazo de trinta dias.

§ 3º O direito de preferência não inibe o proprietário de gravar livremente a coisa tombada, de penhor, anticrese ou hipoteca.

§ 4º Nenhuma venda judicial de bens tombados se poderá realizar sem que, prèviamente, os titulares do direito de preferência sejam disso notificados judicialmente, não podendo os editais de praça ser expedidos, sob pena de nulidade, antes de feita a notificação.

§ 5º Aos titulares do direito de preferência assistirá o direito de remissão, se dela não lançarem mão, até a assinatura do auto de arrematação ou até a sentença de adjudicação, as pessôas que, na forma da lei, tiverem a faculdade de remir.

§ 6º O direito de remissão por parte da União, bem como do Estado e do município em que os bens se encontrarem, poderá ser exercido, dentro de cinco dias a partir da assinatura do auto do arrematação ou da sentença de adjudicação, não se podendo extraír a carta, enquanto não se esgotar êste prazo, salvo se o arrematante ou o adjudicante for qualquer dos titulares do direito de preferência.

CAPÍTULO V

DISPOSIÇÕES GERAIS

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Art. 23. O Poder Executivo providenciará a realização de acôrdos entre a União e os Estados, para melhor coordenação e desenvolvimento das atividades relativas à proteção do patrimônio histórico e artistico nacional e para a uniformização da legislação estadual complementar sôbre o mesmo assunto.

Art. 24. A União manterá, para a conservação e a exposição de obras históricas e artísticas de sua propriedade, além do Museu Histórico Nacional e do Museu Nacional de Belas Artes, tantos outros museus nacionais quantos se tornarem necessários, devendo outrossim providênciar no sentido de favorecer a instituição de museus estaduais e municipais, com finalidades similares.

Art. 25. O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional procurará entendimentos com as autoridades eclesiásticas, instituições científicas, históricas ou artísticas e pessôas naturais o jurídicas, com o objetivo de obter a cooperação das mesmas em benefício do patrimônio histórico e artístico nacional.

Art. 26. Os negociantes de antiguidades, de obras de arte de qualquer natureza, de manuscritos e livros antigos ou raros são obrigados a um registro especial no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, cumprindo-lhes outrossim apresentar semestralmente ao mesmo relações completas das coisas históricas e artísticas que possuírem.

Art. 27. Sempre que os agentes de leilões tiverem de vender objetos de natureza idêntica à dos mencionados no artigo anterior, deverão apresentar a respectiva relação ao órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sob pena de incidirem na multa de cincoenta por cento sôbre o valor dos objetos vendidos.

Art. 28. Nenhum objéto de natureza idêntica à dos referidos no art. 26 desta lei poderá ser posto à venda pelos comerciantes ou agentes de leilões, sem que tenha sido préviamente autenticado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ou por perito em que o mesmo se louvar, sob pena de multa de cincoenta por cento sôbre o valor atribuido ao objéto.

Parágrafo único. A. autenticação do mencionado objeto será feita mediante o pagamento de uma taxa de peritagem de cinco por cento sôbre o valor da coisa, se êste fôr inferior ou equivalente a um conto de réis, e de mais cinco mil réis por conto de réis ou fração, que exceder.

Art. 29. O titular do direito de preferência gosa de privilégio especial sôbre o valor produzido em praça por bens tombados, quanto ao pagamento de multas impostas em virtude de infrações da presente lei.

Parágrafo único. Só terão prioridade sôbre o privilégio a que se refere êste artigo os créditos inscritos no registro competente, antes do tombamento da coisa pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Art. 30. Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1937, 116º da Independência e 49º da República.

GETULIO VARGAS.

Gustavo Capanema.

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ANEXO II – PORTARIA Nº 187, DE 11 DE JUNHO DE 201023

Dispõe sobre os procedimentos para apuração de infrações administrativas por condutas

e atividades lesivas ao patrimônio cultural edificado, a imposição de sanções, os meios

defesa, o sistema recursal e a forma de cobrança dos débitos decorrentes das infrações.

O PRESIDENTE DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL - IPHAN, no uso das atribuições que lhe são legalmente conferidas, tendo em vista o disposto no art. 21, V, do Anexo I do Decreto nº 6.844, de 7 de maio de 2009, no Decreto-Lei nº 25/37, na Lei nº 9.784, de 20 de janeiro de 1999, o que consta do processo administrativo nº 01450.014296/2009-57; e

Considerando que compete ao Iphan no âmbito de suas atribuições de fiscalizar o patrimônio cultural protegido pela União, a apuração de infrações e aplicação de sanções;

Considerando a necessidade de fazer cumprir as disposições do Decreto-Lei nº 25/37, no tocante à aplicação de multas por infrações contra o patrimônio histórico e artístico nacional;

Considerando a necessidade de estabelecer procedimento específico para apuração das infrações e aplicação das penalidades aos infratores do patrimônio cultural edificado;

Considerando a necessidade de, em conformidade com a Lei nº 9.784/99, estabelecer o rito para a tramitação e apreciação dos recursos contra a imposição das multas previstas no Decreto-Lei nº 25/37, no tocante ao patrimônio cultural edificado, resolve:

Art. 1º Regular os procedimentos para imposição de penalidades decorrentes de infrações contra o patrimônio cultural edificado, tipificadas no Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, os meios de defesa dos autuados, o sistema recursal, bem como a forma de cobrança dos créditos decorrentes das infrações.

CAPÍTULO I

DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS AO PATRIMÔNIO CULTURAL

EDIFICADO

Art 2º. São infrações administrativas às regras jurídicas de uso, gozo e proteção do patrimônio cultural edificado, nos termos do que dispõem os artigos 13, 17, 18, 19, 20 e 22 do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937:

I – Destruir, demolir ou mutilar coisa tombada (art. 17 do Decreto-Lei nº 25/37): Multa de cinquenta por cento sobre o valor do dano e reparação do dano;

II – Reparar, pintar ou restaurar coisa tombada sem prévia autorização do Iphan (art. 17 do Decreto-Lei nº 25/37): Multa de cinquenta por cento sobre o valor do dano e reparação do dano;

III – Realizar na vizinhança de coisa tombada construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, sem prévia autorização do Iphan (art. 18 do Decreto-Lei nº 25/37): Multa de cinqüenta por cento sobre o valor da obra irregularmente construída e demolição da obra;

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Os formulários, anexos a essa portaria, não foram inseridos, estando disponíveis no endereço eletrônico: www.iphan.gov.br > coletânea virtual > legislações > portarias > Portaria nº 187, de 11 de junho de 2010.

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IV – Colocar sobre a coisa tombada ou na vizinhança dela equipamento publicitário, como anúncios e cartazes, sem prévia autorização do Iphan (art. 18 do Decreto-Lei nº 25/37): Multa de cinqüenta por cento sobre o valor do equipamento publicitário irregularmente colocado e retirada do equipamento;

V – Deixar o proprietário de coisa tombada de informar ao Iphan a necessidade da realização de obras de conservação e reparação que o referido bem requeira, na hipótese dele, proprietário, não possuir recursos financeiros para realizá-las (art. 19 do Decreto-Lei nº 25/37): Multa correspondente ao dobro do dano decorrente da omissão do proprietário.

VI - Deixar o adquirente de bem tombado de fazer, no prazo de 30 (trinta) dias, o devido registro no Cartório de Registro de Imóveis, ainda que se trate de transmissão judicial ou causa mortis (art. 13, §1º do Decreto-Lei nº 25/37): Multa de dez por cento sobre o valor do bem;

VII - Deixar o adquirente de bem edificado tombado, no prazo de 30 (trinta) dias, de comunicar ao Iphan a transferência do bem: (art. 13, § 3º do Decreto-Lei nº 25/37) Multa de dez por cento sobre o valor do bem;

VIII – Alienar bem edificado tombado sem observar o direito de preferência da União, Estados e Municípios (art. 22, § 2º do Decreto-Lei nº 25/37): Multa de vinte por cento sobre o valor do bem;

Parágrafo único: A comunicação de que trata o inciso V deverá ser feita por escrito, antes de ocorrido o(s) dano(s).

Art. 3º Sem prejuízo da penalidade de multa, haverá o embargo da obra, assim considerada qualquer intervenção em andamento sem autorização do Iphan, inclusive a colocação de equipamento publicitário, em bem edificado tombado.

Parágrafo único. No caso de resistência à execução da penalidade prevista no caput, o embargo poderá ser efetuado com a requisição de força policial.

CAPÍTULO II

DA AÇÃO FISCALIZADORA

Seção I

Dos procedimentos iniciais

Art. 4º Os agentes de fiscalização serão designados pelo Presidente do Iphan, entre os servidores do quadro de pessoal da Autarquia, ocupantes de cargos técnicos de nível superior, conforme indicação dos Superintendentes Estaduais.

Parágrafo único. Em caráter excepcional poderão ser designados como agentes de fiscalização servidores do quadro de pessoal do Iphan ocupantes de cargos de nível médio, desde que possuam mais de cinco anos de efetivo exercício no Iphan, na data de publicação desta Portaria.

Art. 5º A ação fiscalizadora será empreendida conforme o Plano de Fiscalização elaborado pela Coordenação Técnica de cada Superintendência Estadual.

Parágrafo único. A observância do Plano de Fiscalização não será necessária quando houver notícia de ameaça ou de ocorrência de dano a bem cultural edificado especialmente protegido que demande atuação imediata dos agentes de fiscalização.

Art. 6º São instrumentos de fiscalização:

I – Notificação para Apresentação de Documentos - NAD;

II – Auto de Infração – AI;

III – Termo de Embargo – TE.

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Seção II

Da Notificação para Apresentação de Documentos

Art. 7º A NAD será expedida quando:

I - for constatada, em bem tombado edificado e/ou em seu entorno, em conjunto ou individualmente, a realização de intervenção cujo projeto não tenha sido aprovado pelo Iphan e não seja possível, de plano, constatar a ocorrência do dano, ou:

II – houver incerteza sobre autoria ou algum elemento que componha a materialidade de infração ao patrimônio cultural edificado e seja necessária a apresentação de informações complementares por parte do notificado.

§ 1º A NAD deverá indicar de forma clara e precisa quais as informações e/ou documentos devem ser apresentados pelo notificado.

§ 2º O prazo para o notificado apresentar as informações e/ou documentos requeridos na NAD será de 5 (cinco) dias, podendo ser prorrogado por igual período.

§ 3º O não cumprimento da notificação no prazo estabelecido pressupõe a ocorrência do dano e acarretará o embargo da obra, seguido da lavratura do AI.

Seção III

Do Auto de Infração

Art. 8º Constatada a ocorrência de infração às normas de proteção ao patrimônio cultural edificado, será lavrado o respectivo AI, do qual deverá ser dada ciência ao autuado, assegurando-se o contraditório e a ampla defesa.

Art. 9º O AI deverá ser lavrado em formulário específico, por agente designado para a função de fiscalizar e deverá conter:

I – identificação do autuado;

II- local e data da lavratura;

III- descrição clara e objetiva da infração;

IV – identificação precisa do bem, contendo o endereço completo;

V - indicação do(s) dispositivo(s) normativo(s) infringido(s);

VI- identificação e assinatura do agente autuante.

Parágrafo único. A qualificação do autuado conterá, além do nome, o endereço pessoal completo, caso o autuado não resida no próprio bem e, quando possível, o CPF ou CNPJ.

Art. 10. Para cada AI deverá ser preenchido um Laudo de Constatação, conforme modelo definido pelo Departamento de Patrimônio Material e de Fiscalização – Depam.

§ 1º O Laudo de Constatação deverá ser preenchido no momento da lavratura do AI e fará parte do processo administrativo correlato.

§ 2º Em caso de bem edificado tombado individualmente, o Laudo de Constatação será substituído pelo Diagnóstico do Estado de Conservação, a ser elaborado conforme o modelo definido pelo Depam.

§ 3º O Laudo de Constatação ou o Diagnóstico do Estado de Conservação, conforme o caso, deverá ser instruído com fotos do bem protegido e das irregularidades identificadas.

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Art. 11. No caso de recusa do autuado ou seus prepostos em dar ciência da NAD ou do AI, o fato deverá ser certificado no verso do documento.

Art. 12. No caso de ausência do autuado ou seu preposto, a NAD ou o AI deverão ser enviados pelos Correios, para o domicílio do autuado, com Aviso de Recebimento (AR).

Art. 13. No caso de devolução da NAD ou do AI pelos Correios, com a informação de que não foi possível efetuar a sua entrega, a unidade administrativa do Iphan a qual o agente de fiscalização estiver vinculado promoverá, nesta ordem:

I – intimação no endereço de qualquer dos sócios, caso se trate de pessoa jurídica;

II - pesquisa de endereço e encaminhamento, pelos Correios, de nova intimação para o endereço atualizado;

III – entrega pessoal;

IV – intimação por edital, se estiver o autuado em lugar incerto e não sabido.

Parágrafo único. Quando o comunicado dos Correios indicar recusa de recebimento, o autuado será dado por intimado.

Art. 14. Na impossibilidade de se identificar o infrator no ato da fiscalização, tal fato deverá ser informado no relatório de fiscalização, bem como registradas todas as informações disponíveis para facilitar a identificação futura do infrator.

Parágrafo único. Na hipótese do caput, o proprietário do bem será notificado acerca da ocorrência da infração.

Seção IV

Do Termo de Embargo

Art. 15. Constatada a existência de obra irregular em andamento, será determinado o embargo dela, com a lavratura do respectivo Termo de Embargo.

Art. 16. O Termo de Embargo deverá conter:

I - a identificação do bem protegido;

II - a indicação das obras a serem paralisadas;

III – a identificação e assinatura do agente autuante;

IV – a identificação do responsável pelo bem, quando possível;

V – a indicação do dispositivo legal infringido;

VI – o local, data e hora da lavratura.

Parágrafo único. Uma via do Termo de Embargo deverá ser afixada de modo visível no bem, dando ciência a qualquer cidadão sobre as conseqüências penais quanto a eventual descumprimento da ordem.

CAPÍTULO III

DO PROCESSO

Art. 17. O processo administrativo inicia-se de ofício, por meio da emissão da NAD ou lavratura do AI, ou ainda a partir da prática de qualquer outro ato que vise aplicar medidas decorrentes do poder de polícia.

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§ 1º Se da NAD decorrer a lavratura de AI fica dispensado o procedimento previsto no caput, devendo, neste caso, o AI ter seguimento no mesmo processo.

§ 2º. O processo administrativo deverá ser instaurado pelo agente de fiscalização no prazo de 5 (cinco) dias contados da emissão da NAD ou da lavratura do AI.

§ 3º. O processo administrativo deverá necessariamente ser instruído com cópia do Relatório de Fiscalização e com o Laudo de Constatação ou o Diagnóstico do Estado de Conservação, conforme o caso.

§ 4º O processo deverá ter suas folhas numeradas sequencialmente e rubricadas, observando-se a ordem cronológica dos atos.

Art. 18. Depois de certificado o recebimento do AI pelo autuado, ou por seu representante, o processo administrativo correlato, devidamente instruído nos termos do art. 17, será encaminhado à Autoridade Julgadora.

CAPÍTULO IV

DA DEFESA, INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

Seção I

Da defesa

Art. 19. O autuado poderá, no prazo de 15 (quinze) dias, oferecer defesa contra o AI.

§ 1º A defesa deverá ser protocolada na unidade administrativa – Superintendência ou Escritório Técnico – responsável pela autuação.

§ 2º Com a defesa, o autuado deverá juntar os documentos que julgar convenientes.

§ 3º O prazo para defesa poderá ser excepcionalmente prorrogado por igual período, pelo Superintendente Estadual, desde que tempestivamente requerido e devidamente justificado pelo autuado.

§ 4º A decisão do Superintendente que deferir a prorrogação de prazo deverá ser motivada e registrada nos autos do processo administrativo.

Art. 20. A defesa do autuado poderá ser feita por ele diretamente, ou por intermédio de representante legal, sendo obrigatória, nesta hipótese, a apresentação do correspondente instrumento de mandato.

Parágrafo único. O autuado, ou seu representante legal, acompanharão o procedimento administrativo e poderão ter vista dos autos na repartição, bem como deles extrair, mediante o pagamento da despesa correspondente, as cópias que desejarem.

Art. 21. Apresentada a defesa, será verificada sua tempestividade com aposição de certidão nos autos.

Parágrafo único. Para fins de verificação da tempestividade, considera-se protocolada a defesa na data de postagem, quando enviada pelos Correios.

Art. 22. Não havendo apresentação de defesa no prazo legal, este fato será certificado pela Autoridade Julgadora no respectivo processo administrativo.

Seção II

Da Autoridade Julgadora

Art. 23. Compete à Autoridade Julgadora decidir em primeira instância sobre os Autos de Infração lavrados pelos agentes de fiscalização, confirmando-os ou não, cabendo-lhe ainda, caso julgue procedente a autuação, indicar o valor da multa, nos termos da legislação aplicável.

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Art. 24. As Autoridades Julgadoras e respectivos substitutos serão designadas por Portaria expedida pelos Superintendentes Estaduais, entre os servidores ocupantes de cargos de nível superior do quadro de pessoal do Iphan.

§ 1º Os Superintendentes Estaduais poderão designar para o exercício das atribuições previstas no caput mais de um servidor, fora os substitutos, inclusive os Chefes dos Escritórios Técnicos.

§ 2º Na hipótese de serem designados dois ou mais servidores para atuarem simultaneamente como autoridades julgadoras na mesma Superintendência Estadual, os processos ser-lhes-ão distribuídos por sorteio ou segundo critérios objetivos, a serem definidos pelo Depam.

Seção III

Da instrução

Art. 25. Recebido o processo administrativo pela Autoridade Julgadora e transcorrido o prazo para defesa, competirá a ela verificar-lhe a regularidade formal.

Art. 26. As incorreções ou omissões do AI não acarretarão sua nulidade, quando deste constarem elementos suficientes para determinar a infração e possibilitar a defesa do autuado.

§ 1º Observado erro ou omissão que implique a nulidade do AI, tal circunstância será declarada por ocasião do julgamento e dessa decisão será dada ciência ao agente autuante.

§ 2º Anulado o Auto de Infração com lavratura de outro para apuração do mesmo ilícito, o processo findo deverá ser apensado ao novo procedimento instaurado.

Art. 27. O erro no enquadramento legal é irregularidade formal que não acarreta a nulidade do AI e pode ser corrigido de ofício pela Autoridade Julgadora.

Parágrafo único. Havendo correção no enquadramento legal, será dada ciência ao autuado, sendo-lhe devolvido o prazo para defesa.

Art. 28. Na análise do processo administrativo poderão ser solicitadas pela Autoridade Julgadora outras informações julgadas necessárias para o melhor esclarecimento dos fatos.

Parágrafo único. Vindo aos autos novas informações e/ou documentos solicitados pela Autoridade Julgadora, o autuado será intimado para sobre eles manifestar-se, no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 29. Poderá a Autoridade Julgadora solicitar a manifestação da Procuradoria Federal, desde que sejam explicitadas, de forma clara e objetiva, as questões jurídicas a serem esclarecidas.

Parágrafo único. O prazo para manifestação da Procuradoria Federal é de 15 (quinze) dias contados do recebimento do processo administrativo.

Art. 30. Não havendo outros atos instrutórios a serem praticados, a Autoridade Julgadora requererá à Coordenação Técnica o preenchimento da Ficha de Avaliação.

§1º A Ficha de Avaliação será preenchida de acordo com modelo aprovado pelo Depam e deverá conter a descrição do dano, construção irregular ou equipamento publicitário, bem como o valor estimado destes.

§ 2º No caso das infrações tipificadas nos incisos VI, VII e VIII do art. 2º, a Ficha de Avaliação conterá apenas a descrição do bem e o respectivo valor.

§ 3º A Ficha de Avaliação deverá ser juntada ao processo administrativo.

Seção IV

Do julgamento

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Art. 31. Verificada a regularidade formal do processo e estando ele devidamente instruído, competirá à Autoridade Julgadora proferir decisão no prazo de 30 (trinta) dias.

Art. 32 A decisão da Autoridade Julgadora conterá:

I - o relatório resumido da autuação e da defesa;

II - a indicação dos fundamentos da penalidade imposta, ou da nulidade do

AI, ou da improcedência da autuação;

III- a indicação do valor da multa.

Parágrafo único. O valor da multa será calculado tendo-se por parâmetro o valor do bem, ou do dano, ou da obra ou do equipamento publicitário, conforme estimativa constante na Ficha de Avaliação referida no art. 30.

Art. 33. Confirmado o AI e fixado o valor da multa, o autuado será intimado para pagá-la no prazo de 10 (dez) dias ou, querendo, apresentar recurso.

§ 1º A intimação conterá a advertência de que o não pagamento da multa no prazo assinalado, sem a interposição de recurso, acarretará a inclusão do autuado no Cadastro Informativo de créditos não quitados do setor público federal – Cadin, bem como a inscrição do crédito correspondente na Dívida Ativa e respectiva execução, nos termos da Lei nº 6.830, de 28 de novembro de 1980.

§ 2º A intimação será realizada por via postal com aviso de recebimento ou outro meio válido que assegure a certeza de sua ciência, devendo o aviso de recebimento ser juntado aos autos.

§ 3º O prazo para o pagamento da multa será contado a partir da data de recebimento da intimação, constante no aviso de recebimento, ou da ciência do autuado, caso a intimação não se tenha realizado por via postal.

§ 4º Caberá à Autoridade Julgadora realizar a intimação do autuado.

Art. 34. Acolhida a defesa, o Auto de infração será considerado improcedente e dessa decisão será dada ciência ao autuado, bem como ao agente de fiscalização responsável pela lavratura do documento em questão.

CAPÍTULO V

DOS RECURSOS

Seção I

Do recurso para o Superintendente Estadual

Art. 35. O autuado poderá, no prazo de 10 (dez) dias, contados da data da ciência do julgamento do AI, apresentar recurso.

§ 1º O recurso será dirigido à Autoridade Julgadora, a qual, se não reconsiderar a decisão no prazo de 5 (cinco) dias, o encaminhará ao Superintendente Estadual.

§ 2º O recurso poderá ser interposto utilizando-se formulário próprio, sendo que nas alegações o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.

Art. 36. O Superintendente Estadual poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente a decisão recorrida, devendo a sua decisão conter a indicação dos fatos e fundamentos que a motivam.

§ 1º Verificando a necessidade de informações ou pareceres complementares, o Superintendente Estadual poderá solicitá-los ao setor competente, indicando os pontos a serem esclarecidos.

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§ 2º Se da aplicação do disposto no caput deste artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações no prazo de 10 (dez) dias, contado do recebimento da intimação.

Art. 37. O recurso terá efeito suspensivo quanto à multa.

Art. 38. O recurso não será conhecido quando interposto fora do prazo.

Art. 39. É de 30 (trinta) dias o prazo para o Superintendente Estadual proferir sua decisão, admitida a prorrogação por igual período, desde que devidamente justificada.

Art. 40. Mantida a aplicação da penalidade de multa, o recorrente será intimado para, no prazo de 10 (dez) dias, efetuar o pagamento, ou querendo, apresentar recurso.

Parágrafo único. A intimação será realizada observando-se o disposto nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 33.

Art. 41. Na primeira instância, os processos aguardarão o prazo para interposição de recursos junto à Autoridade Julgadora.

Art. 42. Em qualquer fase da instância recursal, poderá ser instada a Procuradoria Federal junto ao Iphan a emitir parecer, desde que seja indicada de modo específico a questão jurídica a ser esclarecida.

Seção II

Do recurso para o Presidente

Art. 43. Da decisão proferida pelo Superintendente Estadual caberá recurso ao Presidente, no prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. O recurso será dirigido ao Superintendente Estadual, observado, em relação a seu trâmite e instrução, o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 35 e nos arts. 36, 37 e 38, naquilo que lhe for aplicável.

Art. 44. Recebido o recurso, o Presidente o encaminhará ao Depam para manifestação.

Art. 45. A manifestação do Depam será apresentada por meio de parecer técnico elaborado pela Câmara de Análise de Recursos, que funcionará naquele Departamento.

§ 1º A Câmara de Análise de Recursos será composta pelo Diretor do Depam, que a presidirá, e por quatro servidores designados por ele, totalizando cinco membros.

§ 2º É de 25 (vinte e cinco) dias o prazo para que a Câmara apresente o parecer técnico.

Art. 46. Da decisão proferida pelo Presidente não cabe recurso.

Parágrafo único. Mantida a aplicação da penalidade de multa, o recorrente será intimado para, no prazo de 10 (dez) dias, efetuar o pagamento, observado, no que couber, o disposto nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 33.

CAPÍTULO VI

DOS TERMOS DE COMPROMISSO

Art. 47. Poderá o Iphan, alternativamente à imposição de penalidade, firmar termo de compromisso de ajuste de conduta, visando à adequação da conduta irregular às disposições legais.

Art. 48. O pedido para formalização do termo de compromisso não será conhecido quando apresentado após o julgamento do AI.

Art. 49. O termo de compromisso será firmado pelo Superintendente Estadual, após manifestação prévia da Coordenação Técnica e da Procuradoria Federal junto ao Iphan.

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§ 1º As metas e compromissos objeto do termo referido neste artigo deverão, no seu conjunto, ser compatíveis com as obrigações previstas nas normas de proteção do patrimônio cultural e descumpridas pelo Administrado, bem assim com a missão institucional do Iphan.

§ 2º Do termo de compromisso constará, necessariamente, o estabelecimento de multa pelo seu descumprimento, cujo valor será correspondente, no mínimo, ao montante da penalidade que seria aplicada, acrescido de 20%.

Art. 50. Quando o valor da multa for superior a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), a minuta do termo de compromisso deverá ser previamente submetida à aprovação do Depam e do Procurador-Chefe da Procuradoria Federal junto ao Iphan.

Parágrafo único. A minuta do termo deverá vir instruída com Nota Técnica da Procuradoria Federal junto à Superintendência e com Parecer da Coordenação Técnica.

Art. 51. O julgamento do AI será sobrestado até decisão final sobre o pedido de formalização de termo de compromisso.

Art. 52. A Superintendência Estadual acompanhará o cumprimento das obrigações firmadas no termo de compromisso.

§ 1º Cumprida integralmente a obrigação assumida pelo interessado, será elaborado relatório visando subsidiar a decisão da autoridade competente, que determinará o arquivamento do processo administrativo correspondente.

§ 2º Descumprida total ou parcialmente a obrigação assumida, tal fato deverá ser imediatamente comunicado à Procuradoria Federal junto ao Iphan para que promova a execução judicial do termo de compromisso.

Art. 53. Os termos de compromisso firmados e todos os documentos a ele relacionados, bem como os que vierem a ser produzidos nas fases de acompanhamento da execução do objeto do termo deverão ser juntados ao processo administrativo.

CAPÍTULO VII

DA COBRANÇA DO DÉBITO

Art. 54. O não recolhimento da multa no prazo estipulado no AI ou na decisão do Superintendente Estadual, sem interposição de recurso, ou no prazo estabelecido em decisão irrecorrível na esfera administrativa implica o vencimento do débito e acarretará a adoção das medidas destinadas a sua cobrança.

Art. 55. Transcorrido o prazo para o pagamento da multa, serão adotadas as seguintes providências:

I – a Superintendência Estadual encaminhará à Coordenação-Geral de Planejamento e Orçamento – CGPLAN, do Departamento de Planejamento e Administração - DPA, extrato simplificado do débito, o qual deverá conter o número do processo administrativo que lhe deu origem, o nome e o CPF/CNPJ do infrator e o valor da dívida.

II – a CGPLAN certificará, por meio de pesquisa no SIAFI, o pagamento ou não do débito, comunicando o resultado à Superintendência, no prazo de 10 (dez) dias a partir do recebimento do extrato referido no inciso I.

III – não tendo sido confirmado o pagamento da multa, a Superintendência deverá remeter os autos do processo administrativo à CGPLAN para inscrição do infrator no Cadin.

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IV – efetuada a inscrição no Cadin, o processo será devolvido à Superintendência Estadual, para, na sequência, ser encaminhado à unidade da Procuradoria Federal junto ao Iphan encarregada do assessoramento jurídico àquela Superintendência.

V – certificada, por meio de despacho do Procurador Federal incumbido da análise, a regularidade formal do processo administrativo, a Procuradoria Federal junto ao Iphan o encaminhará ao órgão de execução da Procuradoria-Geral Federal - PGF, no Estado de origem do débito, encarregado de proceder à inscrição do crédito correspondente na Dívida Ativa e respectiva execução, conforme disposto na Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007, na Lei nº 6.830, de 28 de novembro de 1980 e na Portaria PGF nº 267, de 16 de março de 2009.

Art. 56. Os débitos vencidos para com o Iphan serão acrescidos de juros e multa de mora, nos termos do art. 37-A da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002.

Art. 57. Havendo o recolhimento da multa, o autuado deverá encaminhar ao Iphan uma via do respectivo comprovante, devidamente autenticado e sem rasuras.

Parágrafo único. Recebido o comprovante, a Superintendência Estadual comunicará o fato por escrito à CGPLAN, solicitando o arquivamento do processo.

CAPÍTULO VIII

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 58. A receita proveniente da cobrança das multas será destinada ao orçamento do Iphan e será empregada na melhoria da atividade fiscalização.

Art. 59. Os prazos fixados nesta Portaria contam-se na forma dos arts. 66 e 67 da Lei nº 9.784/99.

Art. 60. As intimações de que tratam o art. 40 e o § único do art. 46 serão realizadas pela Superintendência Estadual à qual o processo administrativo estiver vinculado.

Art. 61. São anexos desta Portaria os modelos de Notificação para Apresentação de Documentos – NAD, de Auto de Infração – AI, de Termo de Embargo – TE e o formulário para a interposição de recursos.

Art. 62. Esta Portaria entra em vigor 60 (sessenta) dias após a sua publicação.

LUIZ FERNANDO DE ALMEIDA

Presidente

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ANEXO III – PORTARIA Nº 420, DE 20 DE OUTUBRO DE 201024

Dispõe sobre os procedimentos a serem observados para a concessão de autorização

para realização de intervenções em bens edificados tombados e nas respectivas áreas de

entorno.

O PRESIDENTE DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL - IPHAN, no uso das atribuições que lhe são legalmente conferidas, tendo em vista o disposto no artigo 21, inciso V, do Anexo I, do Decreto nº 6.844, de 7 de maio de 2009, no Decreto-Lei nº 25/37, na Lei nº 9.784, de 20 de janeiro de 1999, e o que consta do processo administrativo nº 01450.006245/2010-95; e

Considerando que compete ao Iphan, no âmbito das atribuições que lhe são conferidas pelo Decreto-Lei nº 25/37, autorizar intervenções em bens edificados tombados e nas suas áreas de entorno;

Considerando que é dever do Poder Público zelar pela integridade dos referidos bens, bem como pela sua visibilidade e ambiência;

Considerando a necessidade de se estabelecer procedimento específico para o recebimento e análise dos requerimentos de autorização de intervenção;

Considerando que, na maioria das vezes, a manifestação sobre requerimento de autorização de intervenção implica na análise de projetos arquitetônicos;

Considerando a necessidade de, em conformidade com a Lei nº 9.784/99, estabelecer a forma como serão respondidos os requerimentos de autorização de intervenção, bem assim o rito para a tramitação e apreciação de eventuais impugnações dessas decisões, resolve:

Art. 1º Estabelecer as disposições gerais que regulam a aprovação de propostas e projetos de intervenção nos bens integrantes do patrimônio cultural tombado pelo Iphan, incluídos os espaços públicos urbanos, e nas respectivas áreas de entorno.

Art. 2º Os estudos, projetos, obras ou intervenções em bens culturais tombados devem obedecer aos seguintes princípios:

I - prevenção, garantindo o caráter prévio e sistemático da apreciação, acompanhamento e ponderação das obras ou intervenções e atos suscetíveis de afetar a integridade de bens culturais de forma a impedir a sua fragmentação, desfiguração, degradação, perda física ou de autenticidade;

II - planejamento, assegurando prévia, adequada e rigorosa programação, por técnicos qualificados, dos trabalhos a desenvolver em bens culturais, respectivas técnicas, metodologias e recursos a empregar na sua execução;

III - proporcionalidade, fazendo corresponder ao nível de exigências e requisitos a complexidade das obras ou intervenções em bens culturais e à forma de proteção de que são objeto;

IV - fiscalização, promovendo o controle das obras ou intervenções em bens culturais de acordo com os estudos e projetos aprovados;

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Os formulários, anexos a essa portaria, não foram inseridos, estando disponíveis no endereço eletrônico: www.iphan.gov.br > coletânea virtual > legislações > portarias > Portaria nº 420, de 22 de dezembro de 2010.

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V - informação, através da divulgação sistemática e padronizada de dados sobre as obras ou intervenções realizadas em bens culturais para fins histórico-documentais, de investigação e estatísticos.

CAPÍTULO I

DAS DEFINIÇÕES

Art. 3º Para os fins e efeitos desta Portaria são adotadas as seguintes definições:

I – Intervenção: toda alteração do aspecto físico, das condições de visibilidade, ou da ambiência de bem edificado tombado ou da sua área de entorno, tais como serviços de manutenção e conservação, reforma, demolição, construção, restauração, recuperação, ampliação, instalação, montagem e desmontagem, adaptação, escavação, arruamento, parcelamento e colocação de publicidade;

II – Conservação: conjunto de ações preventivas destinadas a prolongar o tempo de vida de determinado bem;

III – Manutenção: conjunto de operações destinadas a manter, principalmente, a edificação em bom funcionamento e uso;

IV - Reforma Simplificada: obras de conservação ou manutenção que não acarretem supressão ou acréscimo de área, tais como: pintura e reparos em revestimentos que não impliquem na demolição ou construção de novos elementos; substituição de materiais de revestimento de piso, parede ou forro, desde que não implique em modificação da forma do bem em planta, corte ou elevação; substituição do tipo de telha ou manutenção da cobertura do bem, desde que não implique na substituição significativa da estrutura nem modificação na inclinação; manutenção de instalações elétricas, hidro-sanitárias, de telefone, alarme, etc.; substituição de esquadrias por outras de mesmo modelo, com ou sem mudança de material; inserção de pinturas artísticas em muros e fachadas;

V – Reforma ou Reparação: toda e qualquer intervenção que implique na demolição ou construção de novos elementos tais como ampliação ou supressão de área construída; modificação da forma do bem em planta, corte ou elevação; modificação de vãos; aumento de gabarito, e substituição significativa da estrutura ou alteração na inclinação da cobertura;

VI - Construção Nova: construção de edifício em terreno vazio ou em lote com edificação existente, desde que separado fisicamente desta;

VII – Restauração: serviços que tenham por objetivo restabelecer a unidade do bem cultural, respeitando sua concepção original, os valores de tombamento e seu processo histórico de intervenções;

VIII - Equipamento Publicitário: suporte ou meio físico pelo qual se veicula mensagens com o objetivo de se fazer propaganda ou divulgar nome, produtos ou serviços de um estabelecimento, ao ar livre ou em locais expostos ao público, tais como letreiros, anúncios, faixas ou banners colocados nas fachadas de edificações, lotes vazios ou logradouros públicos;

IX – Sinalização Turística e Funcional: comunicação efetuada por meio de placas de sinalização, com mensagem escritas ordenadas e/ou pictogramas;

X - Instalações Provisórias: aquelas de caráter não permanente, passíveis de montagem, desmontagem e transporte, tais como “stands”, barracas para feiras, circos e parques de diversões, iluminação decorativa para eventos, banheiros químicos, tapumes, palcos e palanques;

XI - Estudo Preliminar: conjunto de informações técnicas e aproximadas, necessárias à compreensão da configuração da edificação, que permitam a análise da viabilidade técnica e do impacto urbano, paisagístico, ambiental e simbólico no bem cultural;

XII – Anteprojeto ou Projeto Básico: conjunto de informações técnicas que definem o partido arquitetônico e dos elementos construtivos, estabelecendo diretrizes para os projetos complementares, com elementos e

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informações necessárias e suficientes e nível de precisão adequado para caracterizar a intervenção e assegurar a viabilidade técnica e executiva do sistema proposto;

XIII - Especificações: definição dos materiais, acabamentos e procedimentos de execução a serem utilizados em obra, em especial revestimentos de pisos, paredes e tetos de todos os ambientes e fachadas;

XIV – Mapeamento de Danos: representação gráfica do levantamento de todos os danos existentes e identificados no bem, relacionando-os a seus agentes e causas;

XV – Memorial Descritivo: detalhamento da proposta de intervenção, com as devidas justificativas conceituais das soluções técnicas adotadas, dos usos definidos e das especificações dos materiais;

XVI – Planta de Especificação de Materiais: representação gráfica em planta das especificações de acabamentos por cômodos, contendo tipo, natureza, cores e paginação dos pisos, forros, cimalhas, rodapés e paredes, com detalhes construtivos em diferentes escalas, se necessário;

XVII – Levantamento de Dados ou Conhecimento do Bem: conhecimento e análise do bem no que se refere aos aspectos históricos, estéticos, artísticos, formais e técnicos. Objetiva compreender o seu significado atual e ao longo do tempo, conhecer a sua evolução e, principalmente, os valores pelos quais foi reconhecido como patrimônio cultural;

XVIII – Projeto Executivo: consiste na definição de todos os detalhes construtivos ou executivos necessários e suficientes à execução dos projetos arquitetônico e complementares.

CAPÍTULO II

DA AUTORIZAÇÃO DE INTERVENÇÃO

Seção I

Disposições Gerais

Art. 4º A realização de intervenção em bem tombado, individualmente ou em conjunto, ou na área de entorno do bem, deverão ser precedidas de autorização do Iphan.

Art. 5º Para efeito de autorização, são consideradas as seguintes categorias de intervenção:

I - Reforma Simplificada;

II - Reforma/Construção nova;

III - Restauração;

IV - Colocação de Equipamento Publicitário ou Sinalização;

V - Instalações Provisórias.

§1º As intervenções caracterizadas como Reforma/Construção nova (Inciso II), quando tiverem de ser realizadas em bens tombados individualmente, serão enquadradas na categoria Restauração (Inciso III).

§2º Para efeito de enquadramento na categoria Restauração, equiparam-se aos bens tombados individualmente aqueles que, integrando um conjunto tombado, possuam características que os singularizem, conferindo-lhes especial valor dentro do conjunto, e nos quais, para a realização de intervenção, requeira-se conhecimento especializado.

Seção II

Dos documentos necessários para análise

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Art. 6º Ao requerer a autorização para intervenção, o interessado deverá apresentar os seguintes documentos:

I – para todas as categorias de intervenção:

a) formulário de requerimento de autorização de intervenção devidamente preenchido;

b) cópia do CPF ou CNPJ do requerente e;

c) cópia de documento que comprove a posse ou propriedade do imóvel pelo requerente, tais como escritura, contrato de locação, contas de luz ou de água ou talão de IPTU.

II – para colocação de Equipamento Publicitário ou Sinalização:

a) descrição ou projeto do equipamento publicitário ou da sinalização, contendo, no mínimo, indicação do local onde ele será instalado, dimensões gerais e descrição dos materiais a serem utilizados.

III – para Reforma/Construção Nova:

a) anteprojeto da obra contendo, no mínimo, planta de situação, implantação, plantas de todos os pavimentos, planta de cobertura, corte transversal e longitudinal e fachadas, diferenciando partes a demolir, manter e a construir, conforme normas da ABNT.

IV – para Restauração:

a) anteprojeto da obra contendo, no mínimo, planta de situação, implantação, plantas de todos os pavimentos, planta de cobertura, corte transversal e longitudinal e fachadas, diferenciando partes a demolir, manter e a construir, conforme normas da ABNT;

b) levantamento de dados sobre o bem, contendo pesquisa histórica, levantamento plani-altimétrico, levantamento fotográfico, análise tipológica, identificação de materiais e sistema construtivo;

c) diagnóstico do estado de conservação do bem, incluindo mapeamento de danos, analisando-se especificamente os materiais, sistema estrutural e agentes degradadores;

d) memorial descritivo e especificações;

e) planta com a especificação de materiais existentes e propostos.

§1º A critério do requerente, poderá ser apresentado o projeto executivo em lugar do anteprojeto.

§2º Para a realização de pesquisa histórica, o Iphan disponibilizará o acesso aos arquivos desta Autarquia Federal pertinentes ao bem em questão.

Art. 7º No caso de intervenção em bem tombado individualmente, enquadrada, nos termos dos arts. 3º, VII e 5º, §1º, na categoria Restauração, o requerente, além dos documentos assinalados no art. 6º, deverá apresentar o projeto executivo da obra.

§1º O disposto no caput aplica-se aos bens equiparados aos tombados individualmente, nos termos do art. 5º, § 2º.

§2º É facultado ao requerente apresentar inicialmente, com o requerimento de autorização de intervenção, apenas os documentos listados nos incisos I e III ou I e IV do art. 6º, conforme o caso, observando-se o seguinte:

I – recebido o requerimento devidamente instruído, o Iphan analisará o anteprojeto da obra e emitirá parecer técnico aprovando-o ou desaprovando-o;

II – aprovado o anteprojeto, caberá ao requerente encaminhar para aprovação o projeto executivo correspondente, no prazo de seis meses;

III – recebido e analisado o projeto executivo, o Iphan emitirá novo parecer técnico aprovando-o ou desaprovando-o;

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IV – somente após aprovado o projeto executivo, o requerente será autorizado pelo Iphan a executar a obra;

V – a inobservância do prazo do inciso II acarretará o cancelamento da aprovação do anteprojeto e o consequente indeferimento do requerimento, seguido do arquivamento do processo.

§3º O encaminhamento do anteprojeto é desnecessário quando, com o requerimento de autorização de intervenção, for apresentado o projeto executivo.

§4º Na hipótese do §3º é suficiente a aprovação do projeto executivo para que seja deferido o requerimento e autorizada a execução da obra.

Art. 8º Para os bens que tenham ou terão destinação pública ou coletiva, cujas intervenções sejam classificadas como Reforma/Construção Nova ou Restauração, o projeto deverá contemplar a acessibilidade universal, obedecendo-se ao previsto na Instrução Normativa Iphan nº 01/2003.

Art. 9º Para obras complexas, especialmente em bens tombados individualmente e de infraestrutura, o Iphan poderá solicitar documentos adicionais aos constantes nos arts. 6º e 7º, desde que essa necessidade seja devidamente justificada nos autos.

Seção III

Das consultas

Art. 10. Mediante solicitação, o Iphan informará os critérios a serem observados para a realização de intervenção em bem tombado ou na sua área de entorno.

Art. 11. A solicitação deverá ser apresentada por meio de requerimento, conforme formulário próprio, fornecido pelo Iphan, acompanhado de cópia do CPF ou CNPJ do requerente.

Parágrafo único. No requerimento deverá ser assinalado o campo “Informação Básica”.

Art. 12. O Iphan fornecerá os critérios para a área indicada pelo requerente, por meio do formulário, cujo modelo consta no Anexo I.

Art. 13. Para intervenções caracterizadas como Reforma/Construção Nova ou Restauração é facultado ao interessado formalizar consulta prévia de projeto arquitetônico, encaminhando os seguintes documentos:

I – formulário de requerimento devidamente preenchido;

II – cópia do CPF ou CNPJ do requerente;

III – cópia de documento que comprove a propriedade ou posse do bem, tais como escritura, contrato de locação, contas de luz ou de água ou talão de IPTU;

IV – estudo preliminar, contendo planta de situação, implantação, plantas de todos os pavimentos, planta de cobertura, corte transversal e longitudinal e fachadas, representando partes a demolir e a construir;

V – memorial descritivo.

§1º O resultado da consulta prévia será fornecido pelo Iphan por meio de parecer técnico, cujo modelo consta no Anexo II.

§2º A resposta à consulta prévia, caso positiva, configura unicamente aprovação para desenvolvimento do anteprojeto, não consistindo em autorização para execução de qualquer obra.

§ 3º Ao formalizar consulta prévia o requerente poderá encaminhar mais de uma proposta para ser analisada e selecionada pelo Iphan para desenvolvimento do anteprojeto.

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§ 4º A resposta à consulta prévia tem validade de 6 (seis) meses, contados a partir da emissão do parecer técnico e vincula, durante seu prazo de validade, a decisão sobre um eventual pedido de aprovação de projeto pelo Iphan, desde que não haja modificação nas normas vigentes.

Seção IV

Do processo e procedimento

Art. 14. O requerimento de autorização de intervenção deverá ser protocolado na Superintendência do Iphan no Estado onde se situa o bem ou na unidade descentralizada dessa Superintendência – Escritório Técnico ou Parque Histórico – com competência para vigiar e fiscalizar o referido bem.

Art. 15. Para cada requerimento de autorização de intervenção será aberto processo administrativo próprio.

§1º Caberá à unidade administrativa do Iphan que receber o requerimento abrir o correspondente processo administrativo.

§2º O processo administrativo deverá ser aberto no prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento do requerimento no protocolo da unidade administrativa do Iphan.

§3º O processo deverá ter suas folhas numeradas sequencialmente e rubricadas, observando-se a ordem cronológica dos atos.

Art. 16. Protocolado o requerimento, o Iphan terá o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias para concluir a análise e disponibilizar a decisão ao requerente.

§1º A contagem do prazo será suspensa a partir do momento em que for proferido despacho determinando a complementação de documentos e/ou a apresentação de esclarecimentos.

§2º O prazo voltará a correr a partir do encaminhamento, via sistema de protocolo do Iphan, dos documentos e/ou esclarecimentos requisitados.

§3º O prazo do caput poderá ser prorrogado por igual período, desde que devidamente justificado.

Art. 17. O formulário de requerimento deverá ser assinado pelo proprietário ou possuidor bem, ou, ainda, por seus representantes legais, e deverá conter informações precisas sobre:

I – a localização do bem pelo nome do logradouro e numeração predial;

II – CPF ou CNPJ do requerente;

III – categoria de intervenção pretendida;

IV – descrição dos serviços a serem realizados, no caso de Reforma Simplificada;

V – data da solicitação.

Art. 18. Os projetos deverão ser encaminhados para aprovação em duas vias.

§1º Todas as folhas dos projetos serão assinadas pelo requerente, ou por seu representante legal, e pelo autor do projeto.

§2º No caso de intervenção caracterizada como Reforma Simplificada, não é necessária a apresentação de projeto, sendo suficiente a descrição da intervenção proposta no corpo do requerimento de autorização.

Art. 19. A cópia do CPF ou CNPJ poderá ser substituída pela apresentação do documento original a servidor do Iphan, que certificará o ato no verso do requerimento.

Art. 20. O reconhecimento de firma de documentos para instrução do processo somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade.

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Art. 21. A decisão sobre o requerimento de autorização de intervenção, bem como eventual despacho que determine a complementação de documentos e/ou a apresentação de esclarecimentos serão comunicados ao requerente, preferencialmente, por:

I – via postal;

II – ciência nos autos;

III – notificação pessoal.

§1º Constitui ônus do requerente informar o seu endereço para correspondência, bem como as alterações posteriores.

§2º Considera-se efetivada a notificação por carta com sua entrega no endereço fornecido pelo requerente.

§3º Poderá o requerente cadastrar endereço de correio eletrônico para o recebimento das notificações de que trata esse artigo, sem prejuízo da necessidade de ela realizar-se de outro modo.

§4º O não atendimento de exigência contida na notificação no prazo de 60 (sessenta) dias importará o indeferimento do requerimento, seguido do arquivamento do processo administrativo.

Seção V

Da análise

Art. 22. Competirá à Coordenação Técnica ou Divisão Técnica de cada Superintendência Estadual, após a devida análise, decidir sobre os requerimentos de autorização de intervenção.

Parágrafo único. No caso de bem situado em Município sob responsabilidade de unidade descentralizada da Superintendência Estadual, a análise e posterior decisão poderão ser atribuídas a essa unidade.

Art. 23. A proposta de intervenção ou projeto serão aprovados quando estiverem em conformidade com as normas que regem o tombamento.

§1º A decisão sobre o requerimento deverá ser instruída com parecer técnico.

§2º Aprovado o projeto, é facultado ao requerente encaminhar para visto do Iphan tantas vias do original aprovado quantas forem necessárias para aprovação em outros órgãos públicos.

§3º Um dos exemplares do projeto aprovado deverá ser conservado na unidade do Iphan responsável pela fiscalização do bem correspondente, e outro será devolvido ao interessado juntamente com a aprovação.

§4º Quando houver cooperação do Iphan com instituições públicas licenciadoras de obras, sejam elas municipais, estaduais ou federais, devem ser encaminhadas tantas vias do projeto aprovado quantas forem necessárias para o licenciamento em cada uma dessas instituições.

§5º A aprovação será anotada nas pranchas dos projetos e demais documentos que sejam considerados necessários à fiscalização da obra, conforme modelo constante no Anexo III desta Portaria.

§6º A via do requerente deverá ser mantida disponível no bem para consulta pela fiscalização, durante as obras.

Art. 24. Desaprovado o projeto e sendo ele passível de correção, a via do requerente será devolvida para, caso seja do seu interesse, sejam feitas as adequações necessárias, devendo a outra via ser mantida no processo.

Parágrafo único. As adequações solicitadas pelo Iphan deverão ser apresentadas em novo projeto.

Art. 25. O Iphan poderá, em se tratando de intervenções caracterizadas como restauração, nos casos em que apareçam novos elementos depois de iniciadas as obras, exigir a apresentação de especificações

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técnicas dos materiais que serão empregados, bem como cálculo de estabilização e de resistência dos diversos elementos construtivos, além de desenhos de detalhes, desde que devidamente justificado.

Parágrafo único. O Iphan embargará a obra autorizada no caso de não serem apresentados dentro do prazo determinado os elementos referidos no caput do artigo, ficando a obra paralisada enquanto não for satisfeita essa exigência.

Art. 26. Caso o requerente deseje efetuar alteração no projeto aprovado deverá encaminhar requerimento e os documentos necessários para elucidação das modificações propostas ao Iphan, previamente à execução das obras.

§ 1° Nesta nova análise, aplicar-se-ão os critérios de intervenção vigentes na data do novo requerimento.

§ 2º A execução de obras em desacordo com o projeto aprovado pelo Iphan implicará o imediato embargo da obra, nos termos da Portaria Iphan nº 187/10.

Art. 27. A análise será formalizada por meio de parecer técnico que ao final concluirá pela aprovação ou desaprovação da proposta de intervenção ou projeto.

§1º O parecer técnico deverá ser elaborado conforme o modelo indicado no Anexo II e conterá, no mínimo:

I – nome, CPF ou CNPJ do requerente;

II – endereço do bem no qual será realizada a intervenção;

III – tipo de intervenção, de acordo com as definições estabelecidas nos artigos 5º, 10 e 13;

IV – considerações técnicas acerca da obra proposta;

V – conclusão da análise;

VI – informação sobre aprovação ou desaprovação da intervenção;

VII – data da lavratura e assinatura do técnico responsável pela análise.

§2º A desaprovação da proposta de intervenção ou projeto implica o indeferimento do requerimento e a negativa de autorização para a realização da intervenção pretendida.

Art. 28. A aprovação de proposta de intervenção ou projeto pelo Iphan não exime o requerente de obter as autorizações ou licenças exigidas pelos órgãos estaduais e municipais.

Art. 29. A aprovação de proposta de intervenção ou projeto pelo Iphan não implica o reconhecimento da propriedade do imóvel, nem a regularidade da ocupação.

Art. 30. É vedada a aprovação condicionada de proposta de intervenção ou projeto.

Art. 31. A decisão sobre o requerimento de autorização de intervenção e os possíveis esclarecimentos serão fornecidos exclusivamente ao requerente ou a pessoa expressamente autorizada por ele.

Art. 32. O prazo de validade da proposta de intervenção ou projetos aprovados será de:

I – 1 (um) ano, para Reforma Simplificada, Colocação de Equipamento Publicitário ou Sinalização e Instalações Provisórias;

II – 2 (dois) anos, para Reforma/Construção Nova e Restauração.

§1º Findo o prazo fixado de validade da proposta de intervenção ou projeto e não finalizada a obra, o requerente deverá solicitar prorrogação do prazo, que será concedida pelo Iphan, desde que não haja modificações com relação ao projeto aprovado.

§2º O pedido de prorrogação deve ser apresentado 30 dias antes do vencimento da validade da aprovação anterior.

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§3º A aprovação será automaticamente cancelada se, findo o prazo de validade da proposta de intervenção ou projeto, a intervenção não tiver sido iniciada ou, se iniciada, tiver sua execução totalmente paralisada por período superior a sessenta dias.

§4º Ocorrendo efetivo impedimento judicial ao início das obras ou à sua continuidade, o Iphan poderá prorrogar a aprovação anteriormente concedida.

Art. 33. No caso de autorização concedida para Instalações Provisórias, deverá constar o prazo para retirada das referidas instalações.

Art. 34. A autorização para intervenção em bem edificado tombado ou na sua área de entorno poderá a qualquer tempo, mediante ato da autoridade competente, ser:

I - revogada, atendendo a relevante interesse público, ouvida a unidade técnica competente;

II - cassada, em caso de desvirtuamento da finalidade da autorização concedida;

III – anulada, em caso de comprovação de ilegalidade na sua concessão.

CAPÍTULO III

DOS RECURSOS

Seção I

Do recurso para o superintendente estadual

Art. 35. Da decisão que deferir ou indeferir o requerimento de autorização de intervenção cabe recurso.

§1º O prazo para interposição recurso é de quinze dias, contados da data em que o requerente tiver sido comunicado da decisão.

§2º Em se tratando de interessados que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão, a contagem do prazo iniciar-se-á a partir da publicação da decisão no quadro de avisos da unidade do Iphan que a tiver proferido.

§3º O recurso poderá ser interposto utilizando-se formulário próprio, cujo modelo consta no Anexo IV desta Portaria.

§4º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar, no prazo de cinco dias, o encaminhará ao Superintendente Estadual.

Art. 36. O recurso não será conhecido quando interposto fora do prazo.

Art. 37. O Superintendente do Iphan poderá confirmar, reformar ou anular a decisão recorrida, devendo a sua decisão conter a indicação dos fatos e fundamentos que a motivam.

Parágrafo único. A reforma da decisão recorrida implicará:

I- ou na aprovação da proposta de intervenção ou projeto e conseqüente deferimento do requerimento com a concessão da autorização;

II – ou na desaprovação da proposta de intervenção ou projeto e conseqüente indeferimento do requerimento de autorização de intervenção.

Art. 38. É de 30 (trinta) dias o prazo para o Superintendente proferir sua decisão, admitida a prorrogação por igual período, desde que devidamente justificada.

Seção II

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Do recurso para o presidente

Art. 39. Nos processos de Reforma/Construção Nova e Restauração, da decisão proferida pelo Superintendente Estadual caberá recurso ao Presidente do Iphan, no prazo de 15 (quinze) dias.

Parágrafo único. O recurso observará, no que couber, o disposto nos artigos 35, 36, 37 e 38.

Art. 40. Recebido o recurso, o Presidente do Iphan o encaminhará ao Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização – Depam, para manifestação.

Art. 41. A manifestação do Depam será apresentada por meio de parecer técnico elaborado pela Câmara de Análise de Recursos, que funcionará naquele Departamento.

§ 1º A Câmara de Análise de Recursos será composta pelo Diretor do Depam, que a presidirá, e por quatro servidores designados por ele, totalizando cinco membros.

§ 2º É de 30 (trinta) dias o prazo para que a Câmara apresente o parecer técnico.

Art. 42. Da decisão proferida pelo Presidente não cabe recurso.

Art. 43. Em qualquer fase da instância recursal, poderá ser instada a Procuradoria Federal junto ao Iphan a emitir parecer, desde que seja indicada de modo específico a questão jurídica a ser esclarecida.

CAPÍTULO IV

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 44. O Iphan poderá, a qualquer momento, firmar cooperações com instituições públicas licenciadoras de obras, sejam elas municipais, estaduais ou federais, para integrar os procedimentos de aprovação de projetos visando à maior agilidade e eficiência, preservando-se a competência de cada órgão ou entidade.

Parágrafo único. Nos casos de cooperação definidas no caput, deverão ser garantidos, no mínimo, os conceitos e documentação exigidos nessa norma, podendo-se adicionar novos procedimentos, desde que explicitados aos requerentes.

Art. 45. Fica revogada a Portaria Iphan nº10, de 10 de setembro de 1986.

Art. 46. Esta Portaria entra em vigor 45 dias após a sua publicação.

Luiz Fernando de Almeida Presidente

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ANEXO IV – PORTARIA Nº 297, DE 04 DE OUTUBRO DE 2010

Dispõe sobre a regulamentação e os critérios para avaliação de intervenções no

Conjunto Histórico, Urbanístico e Paisagístico da Cidade de Areia e entorno, no estado

da Paraíba, tombado em nível federal pelo Instituto do Patrimônio Histórico e

Artístico Nacional – IPHAN através do Processo de Tombamento nº 1.489-T-02 e

inscrito nos Livros do Tombo Histórico e Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico,

conforme Decreto Lei 25 de 30 de novembro de 1937.

O PRESIDENTE DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL - IPHAN, no uso de suas atribuições que lhe são legalmente conferidas, tendo em vista o disposto no art. 21, V, do Anexo I do Decreto nº 6.844, de 7 de maio de 2009, que dispõe sobre a Estrutura Regimental do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, e CONSIDERANDO, o disposto nos artigos 1º, II, 23, III, 24, VII, 30, IX, 215, 216 e 225 da Constituição da República Federativa do Brasil;

CONSIDERANDO, o disposto no Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional;

CONSIDERANDO, o Processo de Tombamento nº 1.489-T-02 que trata do tombamento do Conjunto Histórico, Urbanístico e Paisagístico da Cidade de Areia;

CONSIDERANDO, a Portaria Ministerial nº73, de 29 de agosto de 2006, do Ministério da Cultura, publicada na Seção 1 do Diário Oficial da União nº 172 de 6 de setembro de 2006, que Homologa o tombamento do Conjunto Histórico, Urbanístico e Paisagístico da Cidade de Areia;

CONSIDERANDO a necessidade de preservação do Conjunto Histórico, Urbanístico e Paisagístico do Município de Areia;

CONSIDERANDO a necessidade de uniformização dos procedimentos a serem adotados para aprovação de projetos para execução de obras e outras intervenções no referido Conjunto;

CONSIDERANDO que a presente Portaria, mesmo não esgotando todas as questões advindas das necessidades de uso e intervenção no Conjunto Histórico, Urbanístico e Paisagístico da Cidade de Areia, procura estabelecer normas e critérios de análise para atender as demandas cotidianas mais recorrentes relacionadas à sua preservação, devendo as exceções ou casos omissos serem tratados individualmente, resolve:

Art. 1° - Regulamentar e estabelecer os critérios para intervenção no Conjunto Histórico, Urbanístico e Paisagístico da Cidade de Areia e áreas de entorno.

CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS

Seção I – Do Objeto e da Aplicação

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Art. 2º - A presente Portaria aplica-se ao Conjunto Histórico, Urbanístico e Paisagístico da Cidade de Areia e áreas de entorno, doravante denominadas SÍTIO TOMBADO e ENTORNO, respectivamente.

Parágrafo primeiro - O SÍTIO TOMBADO de Areia está conformado por poligonal de proteção conforme mapa constante do Anexo I desta Portaria e descrição que segue: “Inicia-se no eixo da rua da Gameleira na altura do lote do Grupo Escolar Álvaro Machado, prosseguindo pela lateral do lote oposto, de nº 75; inflete à esquerda pela sua divisa de fundo no sentido Noroeste, no alinhamento de fundo dos lotes voltados para a rua da Gameleira, alcançando o lote do Colégio Estadual Ministro José Américo de Almeida, encaminha-se pela sua lateral em direção à Av. João Machado, inflete à esquerda pelo alinhamento do limite posterior do colégio e por toda a extensão dos lotes voltados para esta mesma rua ata a esquina da quadra que se limita com a Praça Sólon de Lucena, cruza pela linha de interseção da Praça Sólon de Lucena e da Avenida João Machado, na direção do lote nº 255, contorna seus limites lateral e de fundo, tem prosseguimento por este alinhamento na extensão dos lotes voltados para a rua Epitácio Pessoa, daí estende-se pelo limite lateral direito do lote nº 122 da rua Santa Rita até ultrapassar o leito desta mesma rua, segue ladeando pela esquerda o lote nº 125; inflete no sentido sudoeste pelo limite de fundos, prossegue pelos limites de fundos dos lotes voltados para a rua Coelho Lisboa, tangencia a Praça Três de Maio, prossegue pelos limites de fundos dos lotes voltados para o trecho da rua Pedro Américo até alcançar o prédio dos Correios, ponto em que ultrapassa o leito da rua, prossegue pela lateral esquerda do lote oposto de nº 214; inflete à esquerda, no sentido sudeste, pelo alinhamento das fachadas da rua Professor Benvindo até atingir o lote nº 92, neste ponto corta a mesma rua em direção à esquina do lote nº 99, pela sua lateral prossegue na rua 13 de Maio até alcançar o edifício do Colégio Santa Rita, circunda o limite da edificação e prossegue pelo eixo da rua 7 de Setembro até alcançar no lote nº 66 o ponto de prosseguimento pelos limites de fundos dos lotes voltados para a rua Presidente Getúlio Vargas, rua Dr. Cunha Lima, rua Dr. João Evaristo, Praça Dr. João Suassuna e trecho da encaminha ao seu ponto inicial no eixo da rua da Gameleira, fechando o perímetro”.

Parágrafo segundo - O ENTORNO está conformado por poligonal conforme mapa constante do Anexo II desta Portaria e descrição que segue: “Tem início no vértice sul do terreno da sub-estação da SAELPA (Marco A). Desse ponto prossegue em linha reta de visada, no sentido oeste-leste, até o final da Rua Floriano Peixoto, na interseção do eixo dessa rua com o portão-limite do terreno do Hotel Bruxaxá (Marco B); Desse ponto prossegue em linha ortogonal ao eixo da rua, sentido sul-norte, até a interseção com o eixo da via PB-079 (Marco C), e, infletindo à esquerda, prossegue por essa via até o centro da Praça Horácio de Almeida, na interseção com a Rua Aurélio de Figueiredo (Marco D). Desse ponto prossegue à direita pelo eixo da Rua Aurélio de Figueiredo, ou via PB-087, até a interseção com o eixo da Rua Perimetral Norte (Marco E), prosseguindo por essa rua, à esquerda, até a interseção com o eixo da Estrada da Mata Limpa (Marco F). Desse ponto prossegue em linha reta de visada até o vértice da confluência das ruas Dom Adauto e Rodolfo Pires (Marco G), e por essa última até seu termo final (Marco H). Desse ponto prossegue em linha reta de visada, sentido nordeste-sudoeste, até encontrar a Rua Simão Patrício, no vértice do lote nº 174, exclusive (Marco I). Desse ponto inflete à esquerda pelo eixo da Rua Simão Patrício até a interseção com o eixo da Rua Padre Fileto (Marco J), e por esse eixo até a interseção com o eixo da Estrada da Agricultura ou do Campus da UFPB (Marco L). Prossegue por esse eixo até encontrar o eixo da rodovia PB-079 (Marco M), e, infletindo à esquerda por esse eixo, até a interseção com o eixo da Rua Ministro João Lourenço (Marco N). Prossegue por esse eixo e sua

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continuação na Rua Abel da Silva, contornando o terreno da SAELPA até seu vértice sul, retornado ao ponto inicial e fechando o perímetro.”

Art. 3º - As intervenções propostas para o SÍTIO TOMBADO e seu ENTORNO deverão levar em conta a preservação, a valorização e a qualificação do traçado urbano singular, caracterizado pela implantação urbana de configuração linear na cumeada da Serra da Borborema; e do conjunto edificado, caracterizado pela arquitetura térrea, de gosto popular e acrescida de elementos do ecletismo, preservando a relação harmoniosa com a paisagem natural circundante.

Art. 4º - Quaisquer intervenções a serem realizadas no perímetro de tombamento e de seu entorno depende de autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, conforme dispõem os artigos 17 e 18 do Decreto-Lei n° 25 de 30 de novembro de 1937, cujos procedimentos de avaliação e aprovação dar-se-ão no âmbito da Superintendência do IPHAN na Paraíba

Parágrafo único: São passíveis de análise e aprovação pelo IPHAN, à luz desta Portaria, todas as intervenções em logradouros públicos, como calçadas, ruas, praças e largos, lotes urbanos ou rurais e edificações do SÍTIO TOMBADO e ENTORNO e, ainda, a instalação de equipamento publicitário.

Art. 5º - Para procedimentos de análise e autorização pelo IPHAN das intervenções no SÍTIO TOMBADO e ENTORNO, deverá ser observado o que dispõe a Portaria IPHAN nº 187, de 9 de junho de 2010.

CAPÍTULO II - CARACTERIZAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO

Seção I – Sítio Tombado

Art. 6º - Do ponto de vista de implantação urbana, o SÍTIO TOMBADO é configurado por três tipos de lotes:

I – Lotes planos com testada única;

II – Lotes planos com testada dupla;

III – Lotes em declividade.

Art. 7º - O SÍTIO TOMBADO caracteriza-se pela predominância da implantação na testada do lote, pela ausência de afastamentos laterais e pela preservação das áreas verdes nos quintais, especialmente aquelas voltados para os vales da Serra da Borborema.

Parágrafo Primeiro – Os lotes com testada dupla, em geral, utilizam os fundos para localização da garagem, constituindo-se em exceção à regra.

Art. 8º - Com relação à arquitetura, o SÍTIO TOMBADO caracteriza-se pela forte predominância de gabarito térreo, de linguagem popular com elementos do ecletismo, telhados em duas águas com cobertura cerâmica tipo capa e canal e cumeeira paralela à via, com inclinação variando entre 30º e 35º.

Seção II – Entorno

Art. 9º - Para efeitos desta Portaria, serão considerados os seguintes setores de ENTORNO:

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I – Entorno Imediato: corresponde às áreas de ocupação urbana do entorno que são limítrofes àquelas contidas no polígono de tombamento. Este setor possui importância fundamental na percepção e compreensão do Conjunto Histórico, Urbanístico e Paisagístico da Cidade de Areia no que se refere ao modelo de implantação urbana linear e sua relação com a paisagem circundante.

II – Zonas de Amortecimento: correspondem às áreas de ocupação urbana limítrofes ao Entorno Imediato. Estas zonas fazem a ligação entre o SÍTIO TOMBADO e as Zonas de Impacto.

III – Zonas de Impacto: correspondem às áreas de ocupação urbana situadas nas extremidades do Polígono de Entorno. Estas zonas estão relacionadas com vetores de expansão urbana da cidade, com grande demanda de crescimento.

IV – Áreas Verdes: correspondem às áreas de encosta e dos vales da Serra da Borborema. Devem ser preservadas de forma a garantir as características paisagísticas e relação com a ocupação urbana das cumeadas que dão valor ao Conjunto Histórico, Urbanístico e Paisagístico da Cidade de Areia.

Parágrafo único: Os limites dos Setores do Entorno estão definidos em mapa anexo e parte indissociável desta Portaria (Anexo III).

Seção III – Diretrizes e Normas para o Sítio Tombado

Art. 10. - Deverão ser mantidos os gabaritos originais das faces de quadra, sendo as exceções devidamente apontadas ou justificadas pelo IPHAN.

Parágrafo único: Face de quadra é o segmento contínuo de fachadas entre duas vias ou entre duas mudanças de direção do logradouro.

Art. 11. -. As reformas internas deverão obedecer o partido original da edificação, buscando sempre soluções que amenizem o impacto das adaptações necessárias;

Parágrafo Primeiro – Buscar-se-á a manutenção das estruturas e configuração original da planta sempre que possível.

Parágrafo Segundo – As alterações necessárias para adaptação de banheiros e acessibilidade devem respeitar as características próprias do imóvel.

Parágrafo Terceiro – Deverão ser mantidos os elementos e acabamentos originais de pisos, forros, escadas, paredes e outros.

Parágrafo Quarto – As substituições dos elementos internos deverão ser justificadas, buscando alternativas atuais compatíveis com a edificação, evitando-se a introdução de materiais sintéticos como plástico, PVC, polietileno, fibra de vidro, alumínio e outros.

Art. 12. - Em nenhuma hipótese deverão ser alteradas as inclinações originais dos telhados.

Parágrafo Primeiro – Os telhados das novas construções deverão manter a inclinação média da quadra, variando entre 30º e 35º; em duas águas, com cumeeira paralela à via principal e cobertura com telha cerâmica do tipo capa e canal.

Parágrafo Segundo – Não serão permitidas águas furtadas ou mansardas nos panos frontais dos telhados, nem nos panos posteriores nos casos de lotes em declive.

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Art. 13. - Todos os lotes, em áreas planas ou com fundos voltados para os vales, deverão preservar uma faixa livre mínima, sem construções, mantendo-se a cobertura vegetal como forma de preservar os quintais e a permeabilidade dos terrenos.

Art. 14. - Serão permitidos acréscimos de área construída nos lotes do SÍTIO TOMBADO, desde que atendidos os seguintes critérios:

I – Todos os acréscimos se darão aos fundos da construção original;

II – Para os lotes com até 20 metros de comprimento, deverá ser mantida livre, sem construções, uma faixa mínima de 5 metros de profundidade, nos fundos do lote;

III – Para os lotes com profundidade maior que 20 metros, deverá ser mantida livre, sem construções, uma faixa mínima de 30% da profundidade total, aos fundos do lote;

IV – Nos lotes planos com testada dupla, poderão ser admitidos coberturas ou telheiros para o uso exclusivo de garagem, com abertura voltada para a via de acesso secundária, numa faixa de até 5 metros a partir dos fundos do lote;

V – Para os lotes em declive, será admitida uma faixa máxima de ocupação do lote de 23 metros de profundidade, tomando como ponto de referência o eixo da via principal, observados os itens anteriores, não sendo admitidas construções em terrenos com mais de 45º de inclinação;

VI – A nova construção deverá guardar um afastamento mínimo de 5 metros da cumeeira da construção original;

Art. 15. - Deverão ser avaliados e aplicados, sempre que possível, mecanismos de fomento e incentivo à recuperação da inclinação dos telhados e da altura original das cumeeiras nas edificações que tiverem sofrido alterações anteriores a esta Portaria;

Art. 16. - No caso de lotes onde apenas as fachadas tenham sido preservadas, a altura da nova cumeeira e a inclinação dos planos do telhado deverão seguir os padrões tradicionais do SÍTIO TOMBADO.

Art. 17. - Serão permitidos acréscimos de gabarito em construções novas no SÍTIO TOMBADO, desde que atendidos os seguintes critérios:

I – Nos lotes planos, serão permitidas paredes externas frontais com altura máxima de 6 metros e cumeeiras com até 9 metros de altura, respeitando os afastamentos e inclinação dos telhados de que trata os artigos 12 e 14 desta Portaria.

II – Nos lotes em declive, serão permitidas paredes externas com altura máxima de 9 metros, a partir da cota mais baixa do terreno, voltadas para o fundo do lote.

III – Nos lotes em declive, serão permitidas cumeeiras com até 9 metros de altura, a partir do nível da rua.

Parágrafo Primeiro – Ficam terminantemente proibidas as prolongações de panos de telhado que resultem na mudança da altura da cumeeira da construção original;

Parágrafo Segundo – Não será permitido o uso de laje plana para cobertura, bem como a inserção de elementos que sobressaiam do telhado e da linha da cumeeira;

Art. 18. - A pintura das fachadas deverá obedecer à linguagem arquitetônica da edificação.

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Parágrafo Primeiro - Fica vedada a utilização de uma única cor e tonalidade para a pintura da fachada, ignorando a diferenciação dos panos de parede, frisos, elementos decorativos e esquadrias.

Parágrafo Segundo – A escolha das cores e tonalidades deverá obedecer aos elementos arquitetônicos.

Parágrafo Terceiro – O IPHAN disponibilizará palheta de cores e composições que auxiliarão na escolha das cores e tonalidades mais adequadas a cada edificação.

Parágrafo Quarto – Não será permitido o uso de cores fortes e/ou vibrantes em qualquer porção das fachadas, sejam frontais, laterais ou posteriores.

Parágrafo Quinto – Não serão permitidos os acabamentos brilhantes de tintas, vernizes, esmaltes ou outros.

Art. 19. - Todas as esquadrias externas deverão ser de madeira, tanto nas construções antigas como nas novas, com exceção das portas e/ou portões de garagem, quando forem permitidas.

Parágrafo Único – Fica vedado o uso de panos de vidro sem montantes ou do tipo blindex, bem como de películas, voltados para o exterior das edificações.

Art. 20. - As dimensões dos vãos de portas e janelas deverão manter as proporções de altura e largura conforme tipologias arquitetônicas originais e/ou tradicionais e o ritmo de composição de aberturas da face de quadra.

Parágrafo Único – Fica vedado o rasgo de fachadas frontais originais para ampliação dos vãos de abertura com vistas à introdução de garagens e outros.

Art. 21. - Não será permitido o uso de marquises.

Art. 22. - A instalação Equipamento Publicitário, peças de sinalização e/ou informativas, obedecerá aos seguintes critérios gerais:

I - Atendimento essencial às necessidades de informações à população e aos visitantes sobre serviços, comércio, cultura e turismo, que atendam aos padrões formais e estéticos de comunicação e sinalização para áreas históricas, culturais e ambientais de interesse de proteção e preservação;

II – Harmonia da disposição e conformação dos suportes e dos elementos da criação visual, de modo que se integrem, formal e esteticamente, com as características urbanísticas, paisagísticas e arquitetônicas do SÍTIO TOMBADO;

Art. 23. - Não será permitido proceder à colocação de anúncios e cartazes quando:

I - Gerarem impactos negativos na paisagem e nas visadas principais do e a partir do SÍTIO TOMBADO.

II – obstruam, interceptem ou reduzam os vãos das portas e janelas e suas respectivas bandeiras, bem como vãos de iluminação e ventilação;

III - pelo seu número, má distribuição ou utilização de materiais impactantes, prejudiquem o aspecto das fachadas, encobrindo total ou parcialmente o motivo essencial da composição ou por interromper a continuidade das linhas arquitetônicas. Ex.: cantarias, gradis, azulejos antigos e demais elementos arquitetônicos de adorno de edificações;

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Parágrafo Primeiro - Quando a fachada do imóvel for revestida de azulejos históricos, o material de propaganda só poderá ser fixado no cunhal, caso este não seja de cantaria aparente, ou que se encontre com revestimento de pintura sobre a mesma.

Parágrafo Único - Os anúncios pintados só deverão ser aplicados diretamente sobre as fachadas quando estes não interceptarem elementos decorativos, como a azulejaria, cantarias, adornos em massa e madeira, entre outros;

Art. 24. - O uso de quadros, tabuletas ou totens na área de circulação de pedestres, bem como a afixação de faixas e anúncios no mobiliário urbano, deverá ser avaliado pelo IPHAN quanto ao seu melhor posicionamento.

Parágrafo primeiro - Para cada estabelecimento comercial, será permitida a exibição de um único letreiro por fachada voltada para o logradouro público.

Parágrafo Segundo - Quando houver vários estabelecimentos comerciais no imóvel, o material de publicidade deverá ser afixado em placa comum, em tamanho e linguagem compatível com a linguagem arquitetônica da edificação;

Parágrafo Terceiro - A instalação de materiais publicitários só é recomendada para o nível térreo da edificação, sendo que as exceções deverão ser analisadas caso a caso, devidamente justificadas.

Art. 25. - O uso de placas e letreiros nas fachadas deve seguir os padrões de dimensões e disposições seguintes:

I - Para as placas perpendiculares à fachada dos imóveis, deverão ser obedecidas as dimensões máximas de 80 centímetros de largura por 50 centímetros de altura, com espessura máxima de 20 centímetros. Tais anúncios serão fixos por hastes à fachada, sendo que entre a parede do imóvel e o painel publicitário, a distância máxima permitida será de 10 centímetros;

II - Para as placas paralelas à fachada dos imóveis, deverão ser obedecidas as dimensões máximas de 80 centímetros de largura por 50 centímetros de altura, com espessura máxima de 20 centímetros. Tais anúncios serão fixos por hastes à fachada, sendo que entre a parede do imóvel e o painel publicitário, a distância máxima permitida será de 10 centímetros, com opção de colocação sob a verga do portal, respeitando-se a altura mínima do nível da soleira até a parte inferior da placa de 2,10 metros;

III - Para letreiros fixos nas fachadas dos imóveis deverá ser obedecida dimensão máxima de ocupação de 2/3 (dois terços) da largura da fachada, no limite de até 4 metros de extensão, inserido no espaço da parede entre a linha de cornija e os arremates de moldura dos portais;

Art. 26. - É facultado o uso de iluminação nas placas e letreiros, obedecendo-se as seguintes indicações:

I – Iluminação embutida na própria placa; e

II – Iluminação externa, seguindo adequação dos “spots” e dos suportes na fachada que assim o permita ou de fixação na própria placa

Art. 27. - Não será permitido o uso das empenas das edificações vizinhas a imóveis recuados para servir de suporte para qualquer tipo de propaganda, bem como os muros dos imóveis recuados;

Art. 28. - Poderá ser permitido o uso de toldos retráteis, consideradas as características do espaço urbano e dos imóveis tomados individualmente.

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Parágrafo Único – O toldo deverá criar o menor volume possível, com projeção de 50% (cinqüenta por cento) da largura da calçada ou respeitando a altura mínima, quando distendido, de 2,10 metros do nível do passeio, afastado 50 centímetros do meio-fio;

Art. 29. - Não será permitida a instalação de medidores de água, energia elétrica ou outras instalações similares nas fachadas de edificações ou muros voltados para a rua.

Parágrafo único: Sugere-se o embutimento de medidores nas calçadas ou outra forma de instalação que não afete as fachadas, precedido de análise pelo IPHAN.

Art. 30. - A instalação de antenas de televisão e transmissão em geral também deverá passar por análise do IPHAN, que indicará o melhor local para sua implantação no lote ou no sítio urbano.

Seção IV – Diretrizes e Normas do Entorno

Art. 31. - As propostas de intervenção no Entorno Imediato serão analisadas quanto à volumetria, gabarito, cobertura do telhado, proporções das aberturas e acabamento de paredes, respeitando as faixas máximas edificáveis do terreno e os limites entre os setores do entorno, conforme mapa anexo e parte indissociável desta Portaria (Anexo III).

Art. 32. - São diretrizes mínimas para análise das intervenções propostas em lotes em declive no Entorno Imediato:

I – A área edificável do lote ficará restrita a 25 metros de profundidade do lote, tomando como referência o eixo da via principal.

II – Não serão admitidas construções em terrenos com mais de 45º de inclinação;

III – A fachada frontal não excederá a altura de 6 metros, tomando como referência o nível da rua.

IV - A fachada posterior não ultrapassará 10 metros de altura, tomando como referência a cota mais baixa da edificação.

V – Nas fachadas posteriores voltadas para as Áreas Verdes, não será permitido o uso de cores fortes ou que causem impacto na paisagem; também fica vedado o uso de panos de vidro reflexivos;

VI – Os telhados devem ter duas águas, com inclinação entre 30º e 35º, com cumeeira paralela à rua e cobertura em telha cerâmica tipo capa e canal.

VII – A altura máxima da cumeeira será de 10 metros, tomando como referência o nível da rua.

VIII – Fica vedado o uso de laje plana e a introdução de elementos que se sobreponham aos panos dos telhados e à altura da cumeeira.

Art. 33. - São diretrizes mínimas para análise das intervenções propostas nos lotes planos do Entorno Imediato:

I – Será admitida uma faixa de ocupação de até 70% da profundidade do lote, preservando-se os quintais aos fundos, com exceção dos lotes com até 20 metros de profundidade, onde, deverá ser mantida livre, sem construções, uma faixa mínima de 5 metros de profundidade nos fundos do lote.

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II – As fachadas frontal e posterior não excederão a altura de 6 metros, tomando como referência o nível da rua.

Art. 34. - As propostas de intervenção nas Zonas de Amortecimento serão analisadas quanto à volumetria e gabarito, respeitando as faixas máximas edificáveis do terreno e os limites entre os setores do entorno, conforme mapa anexo e parte indissociável desta Portaria (Anexo III).

Art. 35. - São diretrizes para análise das intervenções propostas em lotes em declive ou aclive nas Zonas de Amortecimento:

I – A área edificável do lote ficará restrita a 25 metros de profundidade do lote, tomando como referência o eixo da via principal.

II – Não serão admitidas construções em terrenos com mais de 45º de inclinação. III – A fachada frontal não excederá a altura de 6 metros, tomando como referência o nível da rua.

IV – Para os lotes em declive, a fachada posterior não ultrapassará 10 metros de altura, tomando como referência a cota mais baixa da edificação.

Art. 36. - As propostas de intervenção nas Zonas de Impacto serão analisadas quanto ao gabarito, respeitando os limites entre os setores do entorno, conforme mapa anexo e parte indissociável desta Portaria (Anexo III).

Art. 37. - São diretrizes mínimas para análise das intervenções propostas nas Zonas de Impacto:

I – O gabarito máximo será de 3 pavimentos ou 10 metros de altura mais linha da cumeeira, considerando como referência o nível da rua principal onde está implantado o lote.

Art. 38. - Nas Áreas Verdes, deverão ser preservadas a baixa taxa de ocupação e as coberturas vegetais características, sendo que as intervenções serão tratadas caso a caso, precedidas de estudos de impacto visual elaborados pelo interessado e analisados pelo IPHAN.

Parágrafo Primeiro – Para ocupação das Áreas Verdes dar-se-á prioridade a projetos que visem sua utilização pública como parque urbano ou que mantenham o uso rural, no caso dos lotes rurais.

Parágrafo Segundo – Nestas áreas não serão permitidos novos loteamentos, rurais ou urbanos.

Parágrafo Terceiro – Sempre que possível, deverá ser viabilizada a recomposição vegetal das Áreas Verdes através do uso de espécies nativas.

CAPÍTULO III – DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 39. - O IPHAN analisará as propostas de intervenção no SÍTIO TOMBADO e suas áreas de ENTORNO sempre que receber, diretamente do interessado ou via Prefeitura Municipal de Areia, solicitação ou Consulta Prévia acerca das intervenções pleiteadas.

Parágrafo primeiro - O IPHAN exercerá fiscalização no SÍTIO TOMBADO e áreas de ENTORNO, sem aviso prévio, sempre que julgar necessário e oportuno.

Parágrafo segundo - Identificadas intervenções irregulares o IPHAN tomará as providências necessárias junto ao proprietário ou responsável pelo dano ou objeto de intervenção e comunicará à Prefeitura Municipal.

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Parágrafo terceiro - O descumprimento das diretrizes e normas estabelecidas para o SÍTIO TOMBADO e o seu ENTORNO ensejará as sanções previstas nos arts. 17 e 18 do Decreto Lei 25/37, adotando-se o procedimento previsto na Portaria IPHAN nº 187, de 9 de junho de 2010.

Art. 40. - Caberá recurso da decisão de indeferimento da autorização de intervenção, conforme previsto pela Portaria IPHAN nº 187, de 9 de junho de 2010.

Art. 41. - É desejável a composição de Câmara Consultiva Local constituída por representação civil e órgãos da administração pública atuantes no município de Areia, com o objetivo de atuar como órgão consultivo acerca das questões relacionadas com a preservação do Conjunto Histórico, Urbanístico e Paisagístico de Areia.

Parágrafo único: Para a constituição da Câmara Consultiva Local deverá ser celebrado Convênio de Cooperação Técnica, que estabelecerá a composição da Câmara, bem como suas atribuições.

Art. 42. - Após um ano de aplicação da presente Portaria e verificando-se a necessidade de aperfeiçoamento das diretrizes para análise e autorização das intervenções no SÍTIO TOMBADO e ENTORNO, será possível sua revisão, mediante avaliação técnica da Superintendência do IPHAN no estado da Paraíba e pelo Departamento do Patrimônio Material e Fiscalização do IPHAN.

Parágrafo único – É recomendada a avaliação da aplicabilidade das diretrizes desta Portaria, ou revisão dos seus dispositivos, no todo ou em parte, pelo menos a cada cinco anos.

Art. 43. - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

Luiz Fernando de Almeida

Presidente do IPHAN

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ANEXO I - Polígono de tombamento

ANEXO II - Polígono de entorno

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ANEXO III - Setores

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ANEXO V – PORTARIA Nº 312, DE 20 DE OUTUBRO DE 2010

Dispõe sobre os critérios para a preservação do Conjunto Arquitetônico e Urbanístico

de Ouro Preto em Minas Gerais e regulamenta as intervenções nessa área protegida

em nível federal.

O PRESIDENTE DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN), no uso das atribuições que lhe são legalmente conferidas, tendo em vista o disposto no art.21, V, do Anexo I, do Decreto n°6.844, de 07 de maio de 2009, que dispõe sobre a estrutura regimental do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-Iphan e

CONSIDERANDO o disposto nos artigos 1º, II, 23, I e III, 24, VII, 30, IX, 215, 216 e 225 da Constituição da República Federativa do Brasil;

CONSIDERANDO o Decreto-Lei No- 22.928, de 12/07/1933, que declarou a cidade de Ouro Preto Monumento Nacional;

CONSIDERANDO o disposto no Decreto-Lei No- 25, de 30 de novembro de 1937, que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, especialmente em seu arts. 17 e 18;

CONSIDERANDO que o Conjunto Arquitetônico e Urbanístico da cidade de Ouro Preto, no Estado de Minas Gerais é bem patrimonial protegido pelo Iphan e inscrito no Livro do Tombo das Belas Artes, em 20/04/1938, e nos Livros do Tombo Histórico e Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, em 20/09/1986, sob número de processo administrativo 0070-T-38;

CONSIDERANDO que o Conjunto Arquitetônico e Urbanístico da cidade de Ouro Preto, no Estado de Minas Gerais é bem patrimonial chancelado pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, no ano de 1980;

CONSIDERANDO que é dever do Poder Público velar pela integridade do referido bem patrimonial, assim como por sua visibilidade e ambiência;

CONSIDERANDO o resultado dos estudos procedidos no Conjunto Arquitetônico e Urbanístico em questão por equipes técnicas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e da Secretaria Municipal de Patrimônio e Desenvolvimento Urbano (SMPDU) da Prefeitura de Ouro Preto (PMOP), resolve:

Art. 1º Estabelecer medidas e normas para a preservação do Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto.

TÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

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Capítulo I

DA ABRANGÊNCIA

Art. 2º A presente Portaria é um instrumento que tem como objeto instituir medidas gerais de preservação, regulamentar a ocupação urbana, as construções arquitetônicas e transformações de qualquer natureza promovidas no sítio tombado denominado "Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto", doravante chamado de SÍTIO TOMBADO, localizado no município de Ouro Preto, no Estado de Minas Gerais.

I- O perímetro de tombamento do "SÍTIO TOMBADO" é delimitado da seguinte maneira: "Partindo-se da capela de São João (ponto um), situado na Serra de Ouro Preto, vai-se em linha reta até o topo do Morro situado à direita de quem olha a frontaria da Capela do Bom Jesus do Taquaral (ponto dois). Desse ponto segue-se na direção sul, pela divisa com o Município de Mariana, até encontrar o Parque Estadual do Itacolomi (ponto três), de onde se prossegue, pela divisa com Mariana, até o Morro do Cachorro (ponto quatro), onde está implantada a torre da EMBRATEL. Desse ponto toma-se uma linha reta até a portaria da Escola Técnica Federal de Ouro Preto (ponto cinco), infletindo-se daí para o Centro de Convergência localizado na área central do Campus da Universidade Federal de Ouro Preto (ponto seis). Desse ponto segue-se até a sub-estação da CEMIG (ponto sete), de onde se inflete na direção Oeste, pela cumeada da Serra, até a Rodovia Rodrigo Mello Franco de Andrade (Estrada do Contorno) (ponto oito). Percorre-se esta estrada até o trevo com a Rodovia dos Inconfidentes (ponto nove), seguindo-se daí pela Estrada de São Bartolomeu até o local da Serra de Ouro Preto denominado Pedra de Amolar (ponto dez), indo-se desse, pela cumeada da Serra de Ouro Preto, até a Capela de São João (ponto um), fechando-se assim o perímetro."

Art 3° Esta Portaria aplica-se à totalidade do SÍTIO TOMBADO visando à manutenção de seus valores: artísticos, históricos, paisagísticos, arqueológicos, arquitetônicos, urbanísticos, ambientais, materiais e imateriais, simbólicos e espirituais.

Art 4° Quaisquer intervenções a ser realizadas no perímetro de tombamento e de seu entorno depende de autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-Iphan, conforme dispõe os artigos 17 e 18 do Decreto-Lei n°25 de 30 de novembro de 1937.

Parágrafo único. São passíveis de análise e aprovação pelo Iphan, à luz desta Portaria, todas as intervenções em logradouros públicos, como calçadas, ruas, praças e largos, lotes urbanos ou rurais e edificações do SÍTIO TOMBADO e, ainda, a instalação de equipamento publicitário.

Capítulo II

DA EFICÁCIA E FINALIDADE

Art 5° Para a regulamentação do sítio tombado, fica definida uma setorização das diferentes porções territoriais, que passam a receber indicações normativas diferenciadas, adequadas ao conteúdo e características do que existe em seu contexto espacial.

Art. 6º O SÍTIO TOMBADO ilustra características da arquitetura e urbanismo lusobrasileiro implantado no estado de Minas Gerais desde o século XVIII. É parte do conjunto tombado a formação geográfica e

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paisagística do sítio, limitado pela Serra de Ouro Preto, ao Norte, e pela Serra do Itacolomi, ao Sul. Inserem-se no interior do perímetro tombado: áreas de ocupação urbana consolidadas, áreas de ocupação recente, áreas propícias à expansão urbana, áreas verdes de elevado valor histórico, paisagístico e ambiental, áreas de interesse arqueológico, além de áreas com restrições à ocupação, pelas condições geológicas ou por afetarem a paisagem do conjunto.

Art. 7º Esta Portaria tem como finalidade, especificamente:

I - Estabelecer parâmetros para as análises das intervenções nas áreas do conjunto tombado, visando tornar mais eficazes os procedimentos de gestão do bem patrimonial;

II - Identificar as necessidades de recuperação do patrimônio cultural e da infra-estrutura local;

III - Indicar os procedimentos necessários para a reabilitação dos espaços do conjunto tombado e requalificação da paisagem urbana;

IV - Promover melhor aproveitamento das edificações e lotes urbanos vazios ou subocupados no SÍTIO TOMBADO, visando atender principalmente à função social da cidade;

V - Promover, do ponto de vista urbanístico, a integração das áreas do conjunto tombado com o conjunto da malha urbana da cidade, incluindo suas relações com a totalidade do Município.

Capítulo III

DO CONTEÚDO DAS NORMAS DE PRESERVAÇÃO

Art. 8º Esta Portaria é constituída pelos seguintes elementos fundamentais:

I - Regulamento, em meio textual;

II - Anexo I - Peças gráficas abaixo listadas:

a) Planta de Macro-Setorização;

b) Planta de Faixas Edificáveis;

c) Planta de Planos de Ocupação Específicos;

I - Anexo II - Lista de bens Tombados pelo Iphan, pela Prefeitura Municipal de Ouro Preto - PMOP e de interesse cultural;

II - Anexo III - Dos Engenhos e/ou Veículos de Publicidade e Propaganda.

Parágrafo único. Quaisquer intervenções no sítio tombado deverão considerar cumulativamente, todos os itens desta Portaria, prevalecendo os critérios mais restritivos.

Art. 9°A proteção do patrimônio cultural arqueológico, além das disposições legais próprias, será antecedida de estudo e pesquisa para identificação e delimitação de áreas específicas, motivando medidas de preservação e regulamentação adequadas.

TÍTULO II

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DAS INTERVENÇÕES

Art. 10º Para fins de aplicação desta Portaria, as intervenções serão classificadas em:

I - Reformas simplificadas;

II - Obras de reforma, demolições ou construções novas;

III - Obras de restauração.

Art. 11. São consideradas Reformas Simplificadas, obras de manutenção ou conservação do edifício ou serviços simples, que não modifiquem características do edifício, não sendo exigível projeto como por exemplo: substituição de revestimentos, argamassas e pinturas; implantação de meio fio; manutenção de cobertura, substituição de esquadrias com materiais da mesma natureza, construção de muros de divisa sem função estrutural, construção de passeio entre outros.

Art. 12. São consideradas Obras de Reforma serviços de adequação que impliquem na modificação da forma do edifício/objeto, seja em planta, volume ou elevação.

Art. 13. São consideradas Demolições obras que impliquem na destruição total ou parcial do edifício/ objeto existente.

Art. 14. São consideradas Construções Novas as propostas para terrenos onde não existam outras edificações ou onde é proposta a substituição total do imóvel existente, ou ainda a construção de edifícios separados fisicamente do existente.

Art. 15. São consideradas Obras de Restauração um conjunto de operações destinadas a restabelecer a unidade da edificação, relativa à concepção original ou de intervenções significativas na sua história.

Parágrafo único. Obras de restauração serão exigidas para bens tombados individualmente, ou que contenham características que impliquem em um grau de complexidade de intervenção que estabeleça a necessidade de conhecimento especializado.

TÍTULO III

DA SETORIZAÇÃO DO CONJUNTO TOMBADO

Art. 16. Ficam estabelecidas no SÍTIO TOMBADO três áreas de preservação assim denominadas, delimitadas no Anexo I:

I - ÁREA DE PRESERVAÇÃO ESPECIAL - APE;

II - ÁREA DE PRESERVAÇÃO - AP;

III - ÁREA DE PRESERVAÇÃO PAISAGÍSTICA, ARQUEOLÓGICA

E AMBIENTAL - APARQ.

Art. 17. A Área de Preservação Especial - APE corresponde ao núcleo de maior concentração de bens de interesse cultural, compreendida pelo arruamento de origem setecentista ou que guarda relação com este, áreas verdes de interesse paisagístico, bens e obras de arte tombados isoladamente, com edificações de construção de diferentes períodos.

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Art. 18. A Área de Preservação - AP corresponde às áreas com menor incidência de bens arquitetônicos de interesse cultural. Corresponde a áreas limítrofes à APE, de urbanização consolidada ou em consolidação, com bens de interesse cultural dispersos ou ausentes. Quando situadas nas regiões da Serra de Ouro Preto ou da Serra do Itacolomi, destacam-se pelo papel histórico no processo de formação urbana, observando-se a incidência de bens de interesse paisagístico e arqueológico.

Art. 19. A Área de Preservação Paisagística, Arqueológica e Ambiental - APARQ corresponde às áreas pouco urbanizadas e de baixa densidade construtiva, com relevante formação geológica, interesse arqueológico, histórico, paisagístico e/ou ambiental.

TÍTULO IV

DOS PARÂMETROS DE PRESERVAÇÃO

Art. 20. As áreas mencionadas pelo art. 14 são subdivididas internamente de acordo com suas especificidades. São denominadas: Área de Preservação Especial - APE 01 e APE 02; Área de Preservação - AP 01, AP 02, AP 03 e AP 04; e Área de Preservação Paisagística, Arqueológica e Ambiental - APARQ.

Capítulo I

ÁREA DE PRESERVAÇÃO ESPECIAL 01 - APE 01

Art. 21. Fica definida como Área de Preservação Especial 01 - APE 01 a área que compreende e preserva o núcleo de maior concentração de bens de interesse cultural.

Art. 22. As intervenções na APE 01 deverão obedecer às seguintes diretrizes:

I - Manutenção da harmonia de volumetria e orientação espacial das edificações;

II - Manutenção das tipologias arquitetônicas predominantes, no que diz respeito aos planos e materiais de cobertura, ritmo e proporção de aberturas nas fachadas, cores, gabarito e implantação no lote, sendo recomendada a substituição e/ou adequação de construções incompatíveis com o SÍTIO TOMBADO:

I - Manutenção da morfologia urbana, principalmente no que se refere ao arruamento, parcelamento do solo, áreas verdes, configuração dos lotes e espaços públicos:

II - Garantia da visibilidade e ambiência dos monumentos e seu entorno imediato:

III - Garantia da reabilitação dos espaços públicos e requalificação da paisagem urbana e natural.

Art. 23. Os parâmetros urbanísticos adotados para a normatização recaem sobre as Quadras, considerando-se seus interiores e Faces de Quadra, bem como os limites estabelecidos pelas Faixas Edificáveis:

I - Face de Quadra é o segmento contínuo entre duas ruas ou entre duas mudanças de direção do logradouro;

II - As Faixas Edificáveis estabelecem parâmetros de ocupação em toda a APE.

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§ 1º As Faixas Edificáveis são os limites máximos permitidos, em metro linear, de projeção da edificação sobre o lote, a partir de sua testada.

§ 2º Admite-se como referência Faixas Edificáveis de 15, 20 ou 30 metros, conforme consta no Anexo I.

§ 3º A área máxima de ocupação terá como referência, em primeiro lugar, o limite edificável observado nas edificações imediatamente vizinhas e, em segundo, as Faixas Edificáveis.

§4º As edificações em situação irregular, em especial as que são objeto de processo judicial de qualquer natureza, não serão consideradas parâmetros de análise para as Faces de Quadra e Faixas Edificáveis.

Art. 24. As áreas não contempladas pelas Faixas Edificáveis serão objeto de Planos de Ocupação Específico ou configurarão Áreas de Preservação Paisagística, Arqueológica e Ambiental.

Parágrafo único. Planos de Ocupação Específicos objetivam estabelecer critérios urbanísticos e arquitetônicos para as áreas que apresentam formas de ocupação distintas ou demandam tratamento urbanístico diferenciado.

Art. 25. Não serão permitidos desmembramentos e remembramentos de terrenos, salvo nos casos em que:

I - sejam áreas de urbanização consolidada;

II - impliquem ações de requalificação arquitetônica, urbanística, ambiental ou de regularização fundiária.

Parágrafo único. Considera-se urbanização consolidada aquela onde se observa no lote mais de um imóvel edificado segundo registros da base cadastral do INBI-SU de 2002.

Art. 26. Não serão permitidos desmembramentos de lotes vagos ou ainda desmembramentos que resultem em lotes vagos.

Art. 27. Sobre os planos de cobertura, fica estabelecido:

I - Deverão ser em telha cerâmica, do tipo capa canal (colonial), com os planos paralelos à via, seguindo, em primeiro lugar, o padrão observado na face de quadra e, em segundo, a inclinação média entre 25% e 50%, sendo vetada a construção de terraços superiores com ou sem cobertura;

II - O uso da telha francesa será admitido para edificações com tipologia eclética e neoclássica e apenas nos edifícios onde for comprovada a sua utilização anterior;

III - Será permitido o uso de telhas de vidro em até 20% da superfície do telhado sempre que o impacto das visuais das coberturas do edifício seja o menor possível se observado, em primeiro lugar, a partir das vias que conformam a quadra onde está inserida a edificação e, em segundo, dos pontos notáveis como os adros das igrejas, capelas e mirantes naturais;

IV - A instalação de antenas parabólicas e placas solares de aquecimento será admitida sempre que o impacto das visuais das coberturas do edifício seja o menor possível se observado a partir de pontos notáveis descritos no inciso anterior. Os equipamentos auxiliares, assim como as caixas d'água, deverão ser instalados somente no entreforro (desvão) das edificações, abaixo dos panos de cobertura, e sem criar volumes próprios.

Art. 28. Sobre as fachadas das edificações, fica estabelecido:

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I - Os conjuntos e as edificações com tipologia colonial deverão ter alvenarias externas rebocadas e pintadas em cor branca, e esquadrias em cores fortes usuais, ficando vetados os acabamentos brilhantes de tintas, vernizes, esmaltes ou outros. Deverão ser monocromáticas e apresentar diferenciação de cor nos frisos, elementos ornamentais e esquadrias, segundo paleta de cores disponibilizada pelo IPHAN;

II - Para as edificações de estilo neoclássico ou eclético, deverão ser mantidas as características originais, com utilização de cores claras seguindo os padrões observados na constituição deste estilo arquitetônico;

III - As esquadrias deverão ser de madeira e manter o ritmo, o alinhamento e a proporção das aberturas observadas na face de quadra;

IV - As novas alturas de fachadas frontais, fruto de edificações novas, deverão seguir a média observada da cota de beirais, cimalhas ou platibandas das edificações imediatamente vizinhas, salvo em casos discrepantes;

V - A abertura de vãos de garagem não deverá alterar as proporções e vãos já existentes. Os pedidos serão analisados pelo Iphan, que considerará a percepção da face de quadra onde o edifício está inserido, a tipologia arquitetônica da edificação e os impactos negativos da intervenção na composição da fachada;

VI - Não será permitida a inserção de edificações com trama estrutural vazada e elementos estruturais aparentes, como pilares, pilotis, vigas e outros. A respectiva área deverá ter fechamento em alvenaria, rebocada e pintada de acordo com os critérios estabelecidos no inciso I do artigo 26.

Parágrafo único. Os demais critérios para as fachadas das edificações serão determinados pelas análises de faces de quadra e por iconografia histórica que permita aferir sobre as tipologias originais.

Art. 29. Os pavimentos em pedra deverão ser preservados em todas as vias públicas e nos passeios, incluindo os meios-fios.

Art. 30. Nas bocas de minas, túneis de mineração e vestígios materiais do sistema de mineração não será permitida a vedação ou ocupação indevida, salvo em casos de proteção e segurança pública.

Parágrafo único. Recomenda-se o levantamento cadastral dos remanescentes do sistema de mineração, ações para requalificação paisagística das bocas de minas e de humanização dos espaços públicos ali existentes.

Art.31. As edificações destinadas a uso público, em especial aquelas que abriguem funções culturais, de saúde, educação e demais usos que promovam o desenvolvimento urbano local, bem como para habitações de portadores de mobilidade reduzida, poderão ser tratadas dentro de suas especificidades, justificando-se análise pormenorizada, tendo como referência a volumetria, o ritmo e proporção das aberturas, o material e a forma da cobertura observados na quadra onde o lote está inserido.

Art. 32. Os imóveis da APE 01 serão tratados de forma distinta conforme sejam anteriores ou posteriores a 1960.

Parágrafo único. Dentre as edificações construídas até 1960, estão aquelas mapeadas no inventário de Sylvio de Vasconcellos de 1949, e outras datadas de 1950 a 1960, que se inserem no conjunto. O recorte

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temporal de 1960 representa o marco do processo de transformação, industrialização e urbanização crescente no município de Ouro Preto e no Brasil, de uma forma geral.

Seção I

Das Intervenções em Edificações Construídas até 1960

Art. 33. As intervenções deverão estar em conformidade com os seguintes critérios:

I - As edificações deverão ter seus planos de cobertura - desenho e inclinação - preservados, não sendo admitida qualquer alteração. Caso ocorram acréscimos, estes deverão ser compatíveis com a edificação original e adotar como altura máxima o beiral ou a cimalha da edificação existente, limitado o volume final à cota de altura total menor que a edificação principal;

II - Manutenção ao máximo dos elementos de valor construtivo, estrutural e arquitetônico, inclusive os internos, como compartimentação dos cômodos, forros, pisos, pinturas, escadas, dentre outros;

III - O aproveitamento dos sótãos e porões será permitido, desde que não haja alteração na configuração externa da edificação, especificamente as inclinações e diagrama das águas dos telhados, das características originais de suas empenas e nas aberturas de vãos nas fachadas;

IV - As obras em edificações descaracterizadas ou de aspecto conflitante em relação ao conjunto edificado deverão garantir a recuperação e/ou reconstituição do ritmo e proporção das aberturas, volumetria e forma do telhado;

V - As intervenções que envolverem instalações sanitárias ou melhorias na funcionalidade ou nas condições de habitabilidade das edificações de uso predominantemente habitacional serão avaliados de forma discricionária, considerando a importância dessas melhorias e o estímulo do uso residencial. Devem-se manter ao máximo os sistemas construtivo e estrutural originais;

VI - Não será permitida, sob qualquer hipótese, a alteração das alturas destas edificações;

VII - O muro da divisa do lote terá altura máxima de 2.10 m, devendo receber tratamento específico, de acordo com indicações de análise do IPHAN.

Seção II

Das Intervenções em Edificações Construídas após 1960 e Edificações Novas

Art. 34. As intervenções em edificações ou partes construídas após 1960 (reforma simplificada, obras de reforma, demolições ou construções novas) deverão atender aos critérios gerais para a APE-01 dispostos nesta Portaria (art. 20 a 31).

Art. 35. As construções novas deverão atender aos seguintes critérios:

I - No caso de incluírem áreas para estacionamento (garagem), isso deve ser feito em conformidade com a legislação municipal, e de maneira harmônica em relação ao conjunto de edificações que integram a APE-01, considerando os aspectos morfológicos predominantes;

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II - O muro da divisa do lote terá altura máxima de 2.10m, devendo receber tratamento específico, de acordo com indicações de análise do IPHAN;

III - Será permitido o nivelamento da cota de cumeeira com a média das alturas observadas nas cumeeiras das edificações imediatamente vizinhas;

IV - A cota de cumeeira também deverá considerar as alturas observadas na face de quadra do lado do arruamento onde se integra novo edifício ou na parcela que apresentar características arquitetônicas harmônicas;

V - Em casos de novos acréscimos as edificações datadas deste período, os volumes (planos de fachadas e de coberturas) visualizados a partir da via deverão ser mantidos Os acréscimos deverão ser compatíveis com a edificação original e adotar como altura máxima o beiral ou a cimalha da edificação existente, limitado o volume final à cota de altura total menor que a edificação principal.

Parágrafo único. Quando não existirem edificações vizinhas, a cota de cumeeira admitida e as empenas deverão seguir a altura predominante na face de quadra do lado do arruamento em que as novas edificações estiverem inseridas.

Art. 36. A demolição parcial ou total dos edifícios existentes será autorizada desde que se apresente projeto para a edificação nova a ser construída e quando:

I - O estado de conservação do edifício puser em risco a segurança pública, ficando a demolição condicionada ao licenciamento prévio dos órgãos locais competentes, com análise circunstanciada do Iphan;

II - O Iphan considerar que o edifício existente não constitua exemplar de interesse urbanístico, arquitetônico ou cultural, tanto individualmente como no conjunto do qual faça parte e que o projeto apresentado para substituição contribua para a reabilitação dos espaços e requalificação da paisagem.

Capítulo II

APE 02

Art. 37. Fica definida como Área de Preservação Especial 02 - APE 02 a área que compreende e preserva a ambiência e fruição das capelas de São João, São Sebastião, Santana, Bom Jesus das Flores do Taquaral e Nossa Senhora da Piedade, tombadas individualmente pelo Iphan e seu entorno imediato.

Art. 38. As capelas tombadas individualmente pelo Iphan e os imóveis tombados pelos governos estaduais e municipais são a principal referência na análise de intervenções arquitetônicas e paisagísticas que se fizerem na quadra onde estão inseridos os edifícios, não se podendo obstruir as visadas dos monumentos a partir das vias públicas adjacentes.

Art. 39. As intervenções em edificações localizadas no entorno imediato das capelas deverão adotar os seguintes critérios:

I - A cota de cumeeira admitida para as edificações no entorno terá como referência a cota de cumeeira observada nas capelas;

II - Os planos de cobertura deverão ser em telha cerâmica, e inclinação entre 25% e 40%, com pano voltado para a via pública e cumeeira paralela à via, sendo vetada a construção de terraços superiores;

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III - Todas as edificações deverão ter alvenarias externas rebocadas e fachadas pintadas em cores claras;

IV - As fachadas deverão ter esquadrias em madeira e manter a proporção e o ritmo de cheios e vazios;

V - Todas as edificações deverão seguir, preferencialmente, o alinhamento predial existente, objetivando harmonia no conjunto edificado;

VI - A arquitetura de grande porte deverá ser desestimulada. Poderá ser aprovada somente se apresentado projeto que valorize arquitetônica e paisagisticamente a quadra ou o conjunto onde a edificação proposta esteja inserida;

VII - O muro da divisa do lote terá altura máxima de 2.10m, devendo receber tratamento específico, de acordo com indicações de análise do IPHAN.

§1º No caso da capela de Nossa Senhora da Piedade, a cota de cumeeira máxima para as edificações de entorno, incluindo todos os elementos construídos, é de 08 metros a partir da menor cota de implantação, desde que não ultrapasse a cumeeira da capela.

§ 2º Para as capelas de São Sebastião e São João considera-se a altura máxima de 05 metros, limitada a 01 (hum) pavimento, a partir da menor cota de implantação, desde que não ultrapasse a cumeeira da capela.

Art.40. Os parâmetros urbanísticos adotados para a normatização recaem sobre as Quadras, considerando-se seus interiores e Faces de Quadra.

Art. 41. Considerando as condições para fruição da paisagem e a necessidade de requalificação dos imóveis e espaços públicos, fica estabelecido que áreas compreendidas pelas vias que dão acesso às capelas poderão ser objeto de Plano de Ocupação Específico.

Capítulo III

DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO

Art. 42. Nas Áreas de Preservação - AP, a ação pública de preservação do patrimônio cultural tem como objetivo promover a dinamização e diversificação das atividades socioeconômicas e culturais, compreendendo, ainda:

I - Os remanescentes do sistema de mineração (mundéus, bocas de minas, ruínas, infra-estrutura etc), conjuntos de edificações históricas, monumentos e áreas verdes de interesse histórico e/ou ambiental;

II - O reforço da noção de conjunto e vizinhança das áreas edificadas, primando pela harmonização arquitetônica e urbanística, a fim de minimizar o impacto no Centro Histórico;

III - Promover a requalificação da paisagem bem como a conservação e a recuperação da infra-estrutura urbana;

IV - A expansão de novos formatos de parcelamento urbano em áreas apropriadas, normatizando apenas a altura máxima das edificações incluindo-se todos os elementos construídos (estrutura, cobertura, caixas d'água, torres dentre outros). Deve-se respeitar a legislação municipal e as capacidades de carga e abastecimento da área;

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V - A principal referência para análise de intervenções arquitetônicas e paisagísticas são construções de valor histórico, devendo ter seu volume, sistema construtivo, compartimentação interna, geometria e material da cobertura preservados;

VI - As áreas verdes devem ser mantidas e ou recuperadas quando necessário.

Art. 43. As edificações destinadas a uso público, em especial aquelas que abrigarem funções culturais, de saúde, educação, poderão ser tratadas como excepcionais, dentro de suas especificidades, justificando-se análise apropriada, tendo como referência o ritmo, proporção das aberturas observadas no conjunto arquitetônico onde o lote está inserido.

Art.44. Ficam estabelecidas 04 (quatro) Áreas de Preservação, denominadas: AP 01; AP 02; AP 03 e AP 04.

Seção I

Área de Preservação AP - 01 - Serra de Ouro Preto

Art. 45. A AP 01 compreende as seguintes áreas urbanizadas: Morros de Santana, São João, Piedade, Queimada, São Cristóvão, São Sebastião, São Francisco e Taquaral. Trata-se de área de urbanização antiga, situada em cota elevada, geralmente acima da curva de nível de 1200m, na encosta da Serra de Ouro Preto. É muito presente na visualização desde a AP 01.

Art. 46. As intervenções e as construções novas deverão seguir os critérios:

I - Os planos de cobertura deverão ser em telha cerâmica e ter inclinação média entre 25% e 40%, com pano voltado para a via pública, sendo vetadas a construção de terraços superiores e o uso de coberturas metálicas ou em fibrocimento;

II - Todas as edificações deverão ter alvenarias externas rebocadas e todas as fachadas pintadas em cores claras. As aberturas das fachadas frontais e posteriores deverão privilegiar vãos predominantemente verticais e manter a proporção e o ritmo de cheios e vazios;

III - Não será permitida a inserção de edificações com trama estrutural vazada e elementos estruturais aparentes, como pilares, pilotis, vigas e outros. A respectiva área deverá ter fechamento em alvenaria, rebocada e pintada com cores claras;

IV - As edificações poderão ter uma altura máxima de até 12(doze) metros, a partir da menor cota de implantação, limitadas a três pavimentos, considerando todos os volumes construídos;

V - O muro da divisa do lote terá altura máxima de 2.10m, devendo receber tratamento específico, de acordo com indicações de análise do IPHAN;

VI- A arquitetura de grande porte deverá ser desestimulada. Poderá ser aprovada somente se apresentado projeto que valorize arquitetônica e paisagisticamente a quadra ou o conjunto onde a edificação proposta esteja inserida;

VII - As construções de especial valor histórico devem manter suas características arquitetônicas, de inserção no lote, volumetria e sistemas construtivos preservados;

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VIII - As edificações devem seguir o alinhamento predial predominante, gerando harmonia no conjunto edificado;

IX - Sempre que a implantação de novas edificações resulte em aterro ou corte no terreno superior a 4m, será obrigatória a apresentação de justificativa, acompanhada de peças gráficas indicativas do movimento de terra e do projeto estrutural do sistema de contenção que deve assegurar a estabilização dos terrenos lindeiros, os dispositivos de drenagem e o tratamento de recomposição e recobrimento vegetal. Para a ocupação dos terrenos classificados como de Risco III, pela Carta Geotécnica de 1982, será exigido o laudo geotécnico.

Art. 47. No Morro de São Sebastião e São Francisco, a ocupação deverá ser dispersa, de baixo impacto visual a partir da APE-01. A arquitetura deverá ser predominantemente horizontal sem torres ou qualquer elemento construído que rompa com a horizontalidade desejada.

Parágrafo único. O desmembramento dos terrenos será desestimulado, evitando-se o adensamento construtivo e impactos visuais à APE-01.

Art. 48. Os novos loteamentos e/ou parcelamentos urbanos deverão ser aprovados pelo IPHAN, e só serão permitidos se a Prefeitura Municipal promover ações de regularização urbanística e ambiental, mediante projeto de qualificação da paisagem urbana e consolidação adequada da infra-estrutura urbana local.

Seção II

Área de Preservação AP-02 - Encostas visíveis, a partir da APE 01, do Morro de Santa Cruz, Alto da Cruz e Morro do Cruzeiro, Nossa Senhora das Dores e Vila São José e as áreas compreendidas pelo pátio ferroviário, Beco da Saudade e Rua Pandiá Calógeras.

Art. 49. A AP-02 compreende a área urbanizada das encostas visíveis, a partir da APE 01, do Morro de Santa Cruz, Alto da Cruz e Morro do Cruzeiro, Nossa Senhora das Dores e Vila São José e as áreas compreendidas pelo pátio ferroviário, Beco da Saudade e rua Pandiá Calógeras. As encostas dos morros compõem planos de visadas importantes desde a APE-01. Mantêm importantes áreas verdes, que contribuem para a legibilidade do SÍTIO TOMBADO, configurando-se como mirantes, a partir dos quais se pode observar a APE-01.

Art. 50. Nas encostas visíveis, a partir da APE 01, do Morro de Santa Cruz, Alto da Cruz, Nossa Senhora das Dores e Morro do Cruzeiro, os novos loteamentos e/ou parcelamentos urbanos deverão ser aprovados pelo IPHAN, e só serão permitidos se a Prefeitura Municipal promover ações de regularização urbanística, ambiental e fundiária, mediante projeto de requalificação da paisagem urbana e consolidação adequada da infra-estrutura urbana local.

Art. 51. As intervenções e as construções novas deverão seguir os critérios:

I - Os planos de cobertura deverão ser em telha cerâmica e ter inclinação média entre 25% e 40%, com pano voltado para a via pública, sendo vetadas a construção de terraços superiores e o uso de coberturas metálicas ou em fibrocimento;

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II - As fachadas deverão ter esquadrias em madeira, alvenarias externas rebocadas e pintadas em cores claras. As aberturas das fachadas deverão privilegiar vãos predominantemente verticais e manter a proporção e o ritmo de cheios e vazios;

III - Não será permitida a inserção de edificações com trama estrutural vazada e elementos estruturais aparentes, como pilares, pilotis, vigas e outros. A respectiva área deverá ter fechamento em alvenaria, rebocada e pintada com cores claras;

IV - As edificações poderão ter uma altura máxima de até 12(doze) metros, a partir da menor cota de implantação, limitadas a três pavimentos, considerando todos os volumes construídos;

V - O muro da divisa do lote terá altura máxima de 2.10m, devendo receber tratamento específico, de acordo com indicações de análise do IPHAN;

VI - A arquitetura de grande porte deverá ser desestimulada. Poderá ser aprovada somente se apresentado projeto que valorize arquitetônica e paisagisticamente a quadra ou o conjunto onde a edificação proposta esteja inserida;

VII - As construções de especial valor histórico devem manter suas características arquitetônicas, de inserção no lote, volumetria e sistemas construtivos preservados;

VIII - As edificações situadas devem seguir o alinhamento predial predominante, gerando harmonia no conjunto edificado; IX - Sempre que a implantação de novas edificações resulte em aterro ou corte no terreno superior a 4m, será obrigatória a apresentação de justificativa, acompanhada de peças gráficas indicativas do movimento de terra e do projeto estrutural do sistema de contenção que deve assegurar a estabilização dos terrenos lindeiros, os dispositivos de drenagem e o tratamento de recomposição e recobrimento vegetal. Para a ocupação dos terrenos classificados como de Risco III, pela Carta Geotécnica de 1982, será exigido o laudo geotécnico.

Parágrafo único. São consideradas áreas preferenciais para ações de requalificação urbanística e paisagística aquelas compreendidas ao longo das ruas Jair Pena, rua José Diogo dos Santos, rua Jair Afonso Inácio, rua das Mangabeiras, escadaria Adjalma Vilas Boas e toda Vila Aparecida.

Seção III

Área de Preservação AP-03 - Áreas não visíveis a partir da APE-01

Art. 52. Compreende a área urbanizada da Lagoa, Novo Horizonte, Jardim Alvorada, Nossa Senhora de Lourdes e encosta não visível, desde a APE-01, do Morro de Santa Cruz e Morro do Curral; região de Água Limpa; região do Passa Dez-de-Baixo; Passa Dez-de-Cima. Trata-se de áreas de urbanização recente, visualmente pouco ou nada visíveis desde a APE-01 e possui áreas verdes remanescentes e de relevante interesse paisagístico.

Art. 53. As intervenções e as construções novas deverão seguir os critérios:

I - É permitido o parcelamento urbano e a realização de novos loteamentos, com vistas a estimular a ocupação urbana qualificada. Na AP-03 é desejável a diversificação das formas de ocupação e das características arquitetônicas;

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II - É permitida a abertura de novas vias, desde que seja considerado estratégico por parte do poder público que administra o sítio;

III - Novas construções terão altura máxima de 14 metros, limitada a quatro pavimentos, a partir da menor cota de implantação do terreno, incluindo todos os volumes construídos, desde que não afetem visualmente a APE-01;

IV - Sempre que a implantação de novas edificações resulte em aterro ou corte no terreno superior a 4m, será obrigatória a apresentação de justificativa, acompanhada de peças gráficas indicativas do movimento de terra e do projeto estrutural do sistema de contenção que deve assegurar a estabilização dos terrenos lindeiros, os dispositivos de drenagem e o tratamento de recomposição e recobrimento vegetal. Para a ocupação dos terrenos classificados como de Risco III, pela Carta Geotécnica de 1982, será exigido o laudo geotécnico;

Art. 54. Não serão permitidas novas ocupações que ultrapassem a linha de cumeada do Morro do Curral a partir da Rua Presidente Antônio Carlos, devendo-se manter o aspecto vegetado ou natural das formações geológicas nos topos das encostas dos morros visíveis desde a APE-01.

Art. 55. A Quadra "C" do bairro Jardim Alvorada, compreendida pela via Presidente Antônio Carlos e as vias de cotas superiores, será tratada como área de ocupação especial, devido ao impacto visual direto na percepção desde a APE-01.

Parágrafo único. No intuito de ordenar a ocupação, fica estabelecido que as novas construções e intervenções arquitetônicas na "Quadra C" deverão seguir os critérios:

I - Adotar a altura máxima das edificações de 8.00m até a cumeeira, limitado a 02 pavimentos, a partir da menor cota de implantação, incluindo todos os elementos construídos;

II - O muro da divisa do lote terá altura máxima de 2.10m, devendo receber tratamento específico, de acordo com indicações de análise do IPHAN;

III - Todos os lotes deverão manter livre, sem construções, uma faixa mínima de 10 (dez) metros aos fundos do lote;

IV - Todos os lotes deverão preservar uma faixa livre mínima, sem construções, mantendo-se a cobertura vegetal como forma de preservar os quintais e a permeabilidade dos terrenos;

V - As áreas verdes existentes devem ser mantidas.

Art. 56 A área compreendida pela região do Passa Dez de Baixo será tratada como área de ocupação diferenciada, devido aos aspectos de interesse paisagístico e de impacto visual na percepção desde a APE-01.

Parágrafo Único. No intuito de ordenar a ocupação, fica estabelecido que as novas construções e intervenções deverão seguir os critérios:

I- Os parcelamentos urbanos deverão ser aprovados pelo IPHAN mediante projeto de qualificação da paisagem urbana e adequada infra-estrutura urbana local;

II- A altura máxima das edificações será de 12 m até a cumeeira, limitado a 03 pavimentos, a partir da menor cota de implantação, incluindo todos os elementos construídos;

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III- Não será permitida ocupação na faixa de 100 metros lindeira à estrada BR 356, visando preservar os aspectos paisagísticos observados no acesso ao Distrito Sede do município de Ouro Preto e sua área tombada em nível federal. A exceção ocorrerá quando da necessidade de equipamento comunitário ou de utilidade pública.

Seção IV

Área de Preservação AP - 04 - Regiões de acesso e saída ao SÍTIO TOMBADO de Ouro Preto compreendida pela região de Vila Pereira, Padre Faria, Água Limpa e Taquaral

Art. 57. Compreende a região de Vila Pereira, Padre Faria e Taquaral. São áreas espacialmente não contíguas localizadas nas vias históricas de acesso e saída à APE-01. Trata-se de uma área de transição entre o tecido urbano mais preservado da APE 01 e as áreas de encosta visíveis da Serra de Ouro Preto. Possui alguns bens arquitetônicos de valor histórico, bens de valor arqueológico e paisagístico, principalmente.

Art. 58. As intervenções e as construções novas deverão seguir os critérios:

I - Os planos de cobertura deverão ser em telha cerâmica e ter inclinação média entre 25% e 40%, com pano voltado para a via pública, sendo vetadas a construção de terraços superiores e o uso de coberturas metálicas ou em fibrocimento;

II - As fachadas deverão ter esquadrias em madeira, alvenarias externas rebocadas e pintadas em cores claras. As aberturas das fachadas deverão privilegiar vãos predominantemente verticais e manter a proporção e o ritmo de cheios e vazios;

III - Não será permitida a inserção de edificações com trama estrutural vazada e elementos estruturais aparentes, como pilares, pilotis, vigas e outros. A respectiva área deverá ter fechamento em alvenaria, rebocada e pintada com cores claras;

IV - A altura máxima será de 12 metros, limitada a dois pavimentos, a partir da menor cota de implantação do terreno, incluindo todos os volumes construídos;

V - O muro da divisa do lote terá altura máxima de 2.10m, devendo receber tratamento específico, de acordo com indicações de análise do IPHAN;

VI - As construções de especial valor histórico devem manter sua volumetria e sistema construtivo preservados.

Art. 59. Nas áreas compreendidas pelas ruas Padre Rolim, Santa Rita, Conselheiro Quintiliano e Maciel, o casario de valor histórico deverá ser mantido e nos vestígios materiais do sistema de mineração, não será permitida a vedação ou ocupação indevida.

Parágrafo único. Recomenda-se o levantamento cadastral dos remanescentes do sistema de mineração e ações para requalificação paisagística das bocas de minas e de humanização dos espaços públicos.

Capítulo IV

DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PAISAGÍSTICA, ARQUEOLÓGICA E AMBIENTAL - APARQ

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Art. 60. Na Área de Preservação Paisagística, Arqueológica e Ambiental - APARQ, a ação pública de preservação do patrimônio cultural tem como objetivo promover a valorização das qualidades paisagísticas, arqueológicas e ambientais que compõem este Patrimônio Cultural, compreendendo:

I - Os remanescentes do sistema de mineração (mundéus, bocas de minas, ruínas, infra-estrutura histórica, dentre outros) e áreas verdes de interesse histórico e/ou ambiental;

II - A requalificação das áreas verdes integradas ao tecido urbano;

III - A requalificação das áreas de fundos de vale e dos cursos d'água.

Art 61. A área verde não ocupada e que margeia o Ribeirão do Carmo será objeto de plano específico de requalificação urbanística e ambiental. O Plano deverá ter como diretrizes a proteção ambiental e a qualificação paisagística, podendo receber uso social e de lazer caso destinada a uso público ou coletivo.

Art. 62. O Parque Arqueológico Morro da Queimada será objeto de plano de preservação específico, implicando em valorização e socialização do patrimônio arqueológico histórico.

Art. 63. As demais áreas deverão ter sua ocupação desestimulada, sendo permitida apenas se devidamente licenciada pelos demais órgãos competentes e que não causem grande impacto nos valores da APARQ.

Capítulo V

DOS ESPAÇOS PÚBLICOS E ÁREAS VERDES

Art. 64. A gestão do patrimônio cultural dos espaços públicos integrantes da Área de Preservação Especial - APE, da Área de Preservação - AP e da Área de Preservação Paisagística, Arqueológica, Ambiental - APARQ constituintes do SÍTIO TOMBADO, será assegurada com essas normas de preservação e realizada mediante ações de reabilitação dos espaços e requalificação da paisagem urbana.

Parágrafo único. Ações de reabilitação dos espaços e da paisagem compreendem humanização dos espaços públicos, elaboração de projetos de requalificação paisagística e ambiental, e revalorização arquitetônica dos conjuntos edificados, considerando-se aspectos de usos adequados de volumetria e composição. Intervenções em áreas pontuais, consideradas de relevante interesse paisagístico, serão também contempladas nos Planos de Ocupação Específicos e nas atividades de fiscalização e monitoramento.

Art. 65. Nos espaços públicos próximos a regiões de vale de rios, ao córrego do Funil ou ao ribeirão do Carmo, deverão ser criadas condições para fruição da paisagem e acesso de pedestres, sendo estimulado o tratamento das áreas e permitida a instalação de equipamentos de apoio ao recreio e lazer, desde que integrados em Plano de Ocupação Específico ou em projetos apresentados à Prefeitura Municipal e ao Iphan, para aprovação.

Art. 66. Os espaços públicos conformados pelas praças e largos públicos deverão ter tratamento marcado pelo realce de grandes superfícies planas, com mobiliário urbano discreto, não se admitindo canteiros de jardins elevados, salvo exceções tecnicamente justificadas.

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Art. 67. A iluminação dos espaços públicos deverá realçar o conjunto arquitetônico e paisagístico das igrejas, capela, passos e demais monumentos da cidade bem como permitir a percepção do conjunto edificado e sua relação com as áreas verdes.

TÍTULO V

DA AÇÃO INTERGOVERNAMENTAL

Art. 68. O Iphan exercerá suas funções e atribuições no âmbito de sua competência, com vistas a atender à globalidade dos interesses de ordem social, paisagística, histórica, cultural, de reabilitação dos espaços públicos e requalificação da paisagem.

Art. 69. O Iphan incentivará a utilização, no Plano Diretor Participativo, de instrumentos legais constantes no Estatuto das Cidades, tais como Iptu progressivo, Concessão Onerosa do Direito de Construir, Transferência do Direito de Construir; Direito de Preempção, e incentivos fiscais, com vistas à preservação do patrimônio cultural.

Art. 70. O Iphan incentivará convênios e acordos técnicos, operacionais e de cooperação institucional com entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos, nacionais ou internacionais com vistas à preservação do patrimônio cultural.

TÍTULO VI

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 71. O IPHAN analisará as propostas de intervenção no SÍTIO TOMBADO sempre que receber, diretamente do interessado ou via Prefeitura Municipal de Ouro Preto, solicitação ou Consulta Prévia acerca das intervenções pleiteadas.

§ 1° O IPHAN exercerá fiscalização no SÍTIO TOMBADO sem aviso prévio, sempre que julgar necessário e oportuno.

§ 2º O IPHAN e a Prefeitura Municipal de Ouro Preto poderão celebrar Termo de Cooperação Técnica para o desenvolvimento de ações conjuntas visando à preservação do SÍTIO TOMBADO.

§ 3° O descumprimento das diretrizes e normas estabelecidas para o SÍTIO TOMBADO ensejará as sanções previstas nos artigos 17 e 18 do Decreto-Lei n°25, adotando-se o procedimento previsto na Portaria n°187, de 09 de junho de 2010.

Art. 72. Após um ano de aplicação da presente Portaria e verificando-se a necessidade de aperfeiçoamento das diretrizes para análise e autorização das intervenções no SÍTIO TOMBADO, será possível sua revisão, mediante avaliação técnica do Escritório Técnico local, da Superintendência do Iphan no Estado de Minas Gerais e pelo Departamento do Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan.

Parágrafo único. É recomendada a avaliação da aplicabilidade das diretrizes desta Portaria, ou revisão dos seus dispositivos, no todo ou em parte, pelo menos a cada cinco anos.

Art. 73. Revogam-se as Portarias Iphan No- 008 de 10 de setembro de 1981 e n°122, de 02 de abril de 2004.

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Art. 74. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

LUIZ FERNANDO DE ALMEIDA

Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Anuente

ÂNGELO OSWALDO DE ARAÚJO SANTOS

Prefeito Municipal de Ouro Preto

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ANEXO I - A: Planta de Macro-Setorização

ANEXO I-B: Planta de Faixas Edificáveis

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ANEXO I-C: Planta de Planos de Ocupação Específicos

ANEXO II: Lista dos bens tombados pelo Iphan, Iepha e Prefeitura Municipal de Ouro Preto

Art. 01. São monumentos tombados individualmente pelo Iphan no Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto:

I - Casa dos Contos Data:9-1-1950 Inscrição:263 Nº Processo: 0415-T

II - Palácio dos Governadores Data:13-3-1950 Inscrição:266 Nº Processo:0415-T

III - Casa de Câmara e Cadeia Data:29-11-1954 Inscrição: 305 Nº Processo:0512-T-54

IV - Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias Data: 29-11-1949 Inscrição:326 Nº Processo:0402-T

V - Capela de Nossa Senhora das Dores Data:8-9-1939 Inscrição: 254 Nº Processo:0075-T-38

VI - Capela de São João Data:8-9-1939 Inscrição:250 Nº Processo:0075-T-38

VII - Capela de São Sebastião Data:8-9-1939 Inscrição:252 Nº Processo:0075-T-38

VIII - Capela de Nossa Senhora da Piedade Data:8-9-1939 Inscrição:251Nº Processo:0075-T-38

IX - Capela do Padre Faria Data:8-9-1939 Inscrição:249 Nº Processo:0075-T-38

X - Capela do Bom Jesus das Flores Data:8-9-1939 Inscrição: 253 Nº Processo:0075-T-38

XI - Capela do Senhor do Bonfim Data:8-9-1939 Inscrição: 255 Nº Processo:0075-T-38

XII - Casa dos Contos Data:9-1-1950 Inscrição:348 Nº Processo: 0415-T

XIII - Chafariz de Marília Data:19-6-1950 Inscrição:373 Nº Processo:0430-T

XIV - Chafariz da Glória Data:19-6-1950 Inscrição:374 Nº Processo:0430-T

Page 99: Diretrizes para Áreas Tombadas

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XV - Chafariz do Alto da Cruz Data:19-6-1950 Inscrição: 372-A Nº Processo:0430-T

XVI - Chafariz do Alto das Cabeças Data:19-6-1950 Inscrição: 375 Nº Processo:0430-T

XVII - Chafariz do Passo de Antônio Dias Data:19-6-1950 Inscrição:372 Nº Processo:0430-T

XVIII - Chafariz dos Contos Data:19-6-1950 Inscrição:371 Nº Processo:0430-T

XIX - Igreja do Bom Jesus do Matozinhos Data:8-9-1939 Inscrição:245 Nº Processo:0075-T-38

XX - Igreja Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia Data: 8-9-1939 Inscrição:243 Nº Processo:0075-T-38

XXI - Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Perdões. Data: 8-9-1939 Inscrição: 242 Nº Processo: 0075-T-38

XXII - Igreja de Nossa Senhora do Carmo Data:20-4-1938 Inscrição:033 Nº Processo:0110-T-38

XXIII - Igreja de Nossa Senhora do Rosário Data:8-9-1939 Inscrição:248 Nº Processo:0075-T-38

XXIV - Igreja de Santa Efigênia Data:8-9-1939 Inscrição: 241 Nº Processo:0075-T-38

XXV - Capela de Santana Data:6-12-1949 Inscrição:342 Nº Processo:0410-T-49

XXVI - Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar Data:8-9- 1939 Inscrição:246 Nº Processo:0075-T-38

XXVII - Casa de Câmara e Cadeia Data:29-11-1954 Inscrição: 418 Nº Processo:0512-T-54

XXVIII - Oratório da Rua Barão de Ouro Branco Data:8-9- 1939 Inscrição:261 Nº Processo:0075-T-38

XXIX - Passo à Praça Tiradentes Data:8-9-1939 Inscrição: 259 Nº Processo:0075-T-38

XXX - Passo da Ponte Seca Data:8-9-1939 Inscrição:260 Nº Processo:0075-T-38

XXXI - Passo da Rua do Rosário Data:8-9-1939 Inscrição: 258 Nº Processo:0075-T-38

XXXII - Passo da Rua São José Data:8-9-1939 Inscrição:257 Nº Processo:0075-T-38

XXXIII - Passo de Antônio Dias Data:8-9-1939 Inscrição: 256 Nº Processo:0075-T-38

XXXIV - Ponte da Barra Data:19-6-1950 Inscrição:378 Nº Processo:0430-T

XXXV - Ponte de Antônio Dias Data:19-6-1950 Inscrição: 377 Nº Processo:0430-T

XXXVI - Ponte dos Contos Data:19-6-1950 Inscrição:376 Nº Processo:0430-T

XXXVII - Ponte do Pilar Data:19-6-1950 Inscrição:379 Nº Processo:0430-T

XXXVIII - Ponte do Rosário Data:19-6-1950 Inscrição:380 Nº Processo:0430-T

XXXIX - Ponte Seca Data:19-6-1950 Inscrição:381 Nº Processo: 0430-T

XL - Igreja de São Francisco de Assis Data:4-6-1938 Inscrição: 106 Nº Processo:0111-T-38

XLI - Igreja de São Francisco de Paula Data:8-9-1939 Inscrição: 240 Nº Processo:0075-T-38

XLII - Capela de São José Data:8-9-1939 Inscrição:244 Nº Processo:0075-T-38

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Art. 02. São monumentos tombados individualmente pela Prefeitura Municipal de Ouro Preto e que se encontram no interior do Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto, tombado pelo governo federal:

I - Entorno da linha férrea (trecho que se estende de Saramenha à divisa Mariana, especificamente a faixa de terreno contígua ao eixo do ramal ferroviário denominado Trem Turístico Ouro Preto - Mariana).

II - Grande Hotel Ouro Preto

III - Mosaico com imagem tradicional de Gautama Buda, presente no Templo Zen Pico dos Raios-Morro de São João, Ouro Preto.

IV - Tanque de Desinfecção da Barra.

V - Solar das Lajes.

Art. 03. São bens de interesse cultural:

I - Conjunto Arquitetônico do Bom Será- situado no cruzamento da Rua Alvarenga e Praça Padre Lobo

II - Edificação situada entre a rua Tomé Afonso e rua Miguel Arcanjo.

III - Conjunto da Praça Reinaldo Alves de Brito (Cine Vila Rica, Fórum, Correios, Ministério Público)

IV - Conjunto de edificações da Rua Conde de Bobadela

V - Conjunto de edificações da Rua Cláudio Manoel

VI - Chalé da Família Garcia à Rua Alvarenga

VII - Casa da Família Cotta à Rua Alvarenga

VIII - Chalé à Rua Alvarenga ao lado da Ponte do Rosário

IX - Conjunto de edificações da Praça Tiradentes

X - Teatro/Casa da Ópera à Rua Brigadeiro Musqueira

XI - Escola de Farmácia à Rua Costa Sena

XII - Estação Ferroviária à Praça Cesário Alvim

XIII - Igreja Metodista à Rua Manoel Cabral

XIV - Casa do Balanço no Largo Frei Vicente Botelho

XV - Casa de Gonzaga, à Rua Cláudio Manoel

XVI - Casa de Bernardo Guimarães, sede da FAOP, à Rua Alvarenga

XVII - Casarão Rocha Lagoa, à Rua Teixeira Amaral

XVIII - Quinta dos Barões, à Rua Pandiá Calógeras

XIX - Paço da Misericórdia ou Santa Casa, à Rua Padre Rolim

XX - Escola Estadual Marília de Dirceu, no Largo de Marília

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XXI - Demais edificações inventariadas pela Secretaria Municipal de Patrimônio e Desenvolvimento Urbano.

Parágrafo único. Entende-se por bens de interesse cultural todos aqueles que por sua existência e características possuam significância cultural para a sociedade - valor artístico, histórico, arqueológico, paisagístico, etnográfico, ou outro - seja individualmente ou como conjunto. Os bens listados fazem parte do SÍTIO TOMBADO e destacam-se como edificações de referência para a quadra onde estão inseridos.

Anexo III

Dos Engenhos e/ou Veículos de Publicidade e Propaganda e da Sinalização Pública e Propaganda Institucional

Art. 1º O presente Anexo tem como objeto a regulamentação dos procedimentos e estabelecimento de regras para os Engenhos e/ou Veículos de Publicidade e Propaganda e da Sinalização Pública e Propaganda Institucional.

Art. 2º São considerados como critérios gerais deste Regulamento:

I - A instalação de sinalização pública e propaganda institucional deverá respeitar as particularidades urbanísticas e edilícias do "Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto", para tanto, deverá, sem prejuízo do interesse público adequar-se aos critérios estipulados por esta Portaria;

II - A publicidade ao ar livre deverá harmonizar-se, por suas dimensões, escala, proporções e cromatismo, com as características do "Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto";

III - Não será permitida, no interior do "Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto", a instalação de publicidade que afete a perspectiva, prejudique a leitura e/ou deprecie, em qualquer medida, os aspectos dos edifícios, das vias e logradouros públicos, das áreas verdes, dos monumentos e demais infra-estruturas, enfim, da paisagem e ambiência urbanas que conferiram razão para o seu tombamento:

a) Configuram elementos para tal proibição, entre outros, engenhos publicitários de dimensões excessivas, volumetrias marcantes e/ou dispostos de forma inadequada;

b) Não será permitida a colocação de anúncio indicativo ou publicitário que encubra total ou parcialmente os elementos morfológicos das fachadas que integram o "Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto";

c) Não será permitida a colocação de publicidade que obstrua porta, janela ou qualquer abertura destinada à iluminação ou ventilação;

d) Somente será permitida a instalação de apenas um letreiro por estabelecimento comercial.

Art. 3º Tendo em vista o atendimento da setorização prevista na Presente Portaria, fica estabelecida, para efeitos de Engenhos e/ou Veículos de Publicidade e Propaganda e da Sinalização Pública e Propaganda Institucional, as seguintes zonas de preservação assim denominadas:

I - Área de Preservação Especial-APE

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II - Área de Preservação - AP

III - Área de Preservação Paisagística, Ambiental e Arqueológica- APARQ

Art. 4º Para as ações de intervenção de Engenhos e/ou Veículos de Publicidade e Propaganda e da Sinalização Pública e Propaganda Institucional, no interior da APE deverão seguir os seguintes critérios:

I - As solicitações de engenhos e/ou veículos de publicidade e propaganda de caráter permanente ou de longa duração deverão ser submetidos à apreciação e aprovação prévias, pela Prefeitura Municipal e pelo Iphan, mediante a apresentação em escala de projeto/ croqui ou fotomontagem da fachada da edificação, contendo a indicação de dimensões, materiais, cores e elementos auxiliares da publicidade a ser instalada;

II - É permitida a colocação de cartazes e faixas em caráter provisório, para o caso de eventos com caráter cultural, e com obrigatoriedade de retirada imediata após realização do evento, desde que submetida à apreciação e aprovação prévia pela Prefeitura Municipal e pelo Iphan;

III - Quando da colocação e retirada de engenhos de publicidade recomenda-se cuidado na preservação do patrimônio edificado;

IV - Não será permitida publicidade permanente ou de longa duração colocada no ponto mais alto dos edifícios e/ou colada/pintada diretamente em muros e/ou paredes frontais ou perpendiculares ao passeio, às vias e aos logradouros públicos;

V - É vedado qualquer tipo de engenho publicitário fixado aos gradis e elementos decorativos e/ou arquitetônicos da fachada;

VI - Não será permitida divisão de imóvel através de pintura em cores distintas (e/ou qualquer outro artifício, a exemplo de frisos em relevo), ainda que o mesmo abrigue mais de um estabelecimento;

VII - Não é recomendada a instalação na fachada externa de medidores de água e luz, a colocação de telefones públicos, posteamento, placas de trânsito bem como equipamentos de controle de velocidade como semáforos, medidores de velocidade;

VIII - A localização da publicidade permanente ou de longa duração nas edificações, salvo em casos excepcionais previstos mais adiante, não poderá ultrapassar o nível do piso do 2º pavimento;

IX - A instalação de engenhos de publicidade em edificações de implantação atípica no lote serão analisadas individualmente pelos técnicos do IPHAN, levando em consideração o impacto visual do engenho publicitário na ambiência do Sítio Tombado.

Art. 5° No interior da APE serão permitidos anúncios paralelos ou perpendiculares às fachadas que deverão obedecer os seguintes critérios:

I - Não será permitida a instalação de outdoors, marquises metálicas, anúncios luminosos ou fotoluminescentes em qualquer local;

II - Não será permitida a pintura de qualquer tipo de publicidade, de caráter permanente ou provisório, diretamente nas fachadas externas dos imóveis;

III - Serão permitidos somente engenhos publicitários em chapas de madeira, vidro, metal, acrílico ou similar para vãos de qualquer dimensão, desde que opacos (sem brilho) e antireflexivo;

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§1º Normas para os letreiros instalados perpendiculares às fachadas:

I - Poderão ser utilizadas placas afixadas perpendicularmente à fachada por apenas um suporte superior, com dimensões máximas de 0,60m de altura e 0,90m de comprimento;

II - Serão permitidos letreiros somente no pavimento térreo da edificação.

§2º Normas para os letreiros instalados paralelos às fachadas:

I - Serão permitidos somente no pavimento térreo, devendo guardar relação com a proporção de cheios e vazios dos imóveis. De preferência, a largura dos anúncios será, no máximo, igual a das aberturas das fachadas;

II - Terão altura máxima de 0,50 (cinquenta centímetros);

III - Não poderão encobrir elementos construtivos que façam parte da morfologia original da fachada, tais como: colunas, gradis, portas de madeira e vergas em cantaria, entre outros materiais;

IV - Poderá ser utilizada a instalação de letras caixas aplicadas uma a uma sobre a fachada, acompanhadas de eventuais logomarcas, executadas em material metálico ou madeira, em cores escuras e opacas, e dispostas em local e dimensões proporcionais à fachada do imóvel, de acordo com análise a ser realizada pelos técnicos do Iphan e pela Prefeitura Municipal, para casos excepcionais.

Art. 6° Quanto ao uso de cores, estabelecem-se os seguintes critérios:

I - Deverão ser adotadas cores que sejam condizentes com as cores da edificação onde será inserida;

II - Quando se tratar de anúncio confeccionado em acrílico ou similar, será permitida 01 (uma) cor de fundo e, no máximo, duas cores para as letras;

III - Quando se tratar de anúncio confeccionado em chapa de madeira, metal ou vidro, será permitido o uso de, no máximo, 03 (três) cores;

Art. 7° Quanto aos artefatos de iluminação estabelecem-se os seguintes critérios:

I - A iluminação deverá ser externa;

II - Não será permitida a utilização de engenhos publicitários luminosos, a exemplo dos "back light";

III - Os spots serão permitidos desde que fixados no próprio anúncio, não constituindo-se como um elemento visual independente do engenho publicitário.

Art. 8° Para as Áreas de Preservação e Áreas de Preservação Paisagística, Arqueológica e Ambiental deverão seguir os seguintes critérios:

I - Não será permitida a instalação de outdoors, marquises metálicas e a utilização de engenhos publicitários luminosos, a exemplo dos "back light"; em qualquer local que tenha interferência visual na APE e primeiros planos de encosta dos Morros do Cruzeiro, Alto da Cruz, Ladeira Santa Efigênia, Serra de Ouro Preto e Vila São José, entre outros;

II - É permitida a colocação de cartazes e faixas em caráter provisório, para o caso de eventos com caráter cultural, e com obrigatoriedade de retirada imediata após realização do evento, desde que submetida à apreciação e aprovação prévias da Prefeitura Municipal.

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ANEXO VI – PORTARIA N. 253, DE 28 DE JULHO DE 2011

Dispõe sobre a delimitação e diretrizes para a área de entorno da Igreja de Nossa

Senhora do Rosário, situada na Rua do Rosário, Município de Itabirito, Estado de

Minas Gerais, bem objeto de tombamento federal pelo Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.

O PRESIDENTE DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL - IPHAN, no uso de suas atribuições que lhe são legalmente conferidas, tendo em vista o disposto no art. 21, V, do Anexo I do Decreto nº 6.844, de 7 de maio de 2009, que dispõe sobre a Estrutura Regimental do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, considerando:

o disposto no artigo nº 18 do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, que protege a visibilidade dos bens tombados e determina a necessidade de prévia autorização do IPHAN para intervenções na vizinhança dos bens tombados;

que a Igreja de Nossa Senhora do Rosário é objeto de tombamento pelo IPHAN através do Processo de Tombamento nº 516-T, inscrito sob o n° 428, folha 81, volume I do Livro de Belas Artes em 11 de março de 1955;

a necessidade de estabelecer parâmetros para as intervenções propostas para essa área visando preservar sua ambiência e visibilidade; os estudos realizados pelo IPHAN visando à delimitação das áreas de ambiência e proteção da visibilidade da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, resolve:

Art. 1º Delimitar a área de entorno do bem tombado, delineada no mapa constante à fl. 25 do processo administrativo nº 01514.001046/2011-80, cuja poligonal tem início no ponto ponto E1, situado no cruzamento do eixo da Rua Sete de Setembro com o prolongamento do limite dos fundos dos lotes pares voltados para a Rua do Rosário. Deste ponto segue em sentido noroeste pelo limite dos fundos dos lotes pares voltados para a Rua do Rosário, até encontrar o limite lateral direito do lote número 176, definindo o ponto E2. Deste ponto segue em sentido norte pelo limite lateral direito do lote número 176 da Rua do Rosário, incluindo-o, cruza a Rua do Rosário, e segue pelo limite lateral esquerdo do lote defronte a ele, de número 173, incluindo-o, até encontrar o limite dos fundos do mesmo lote número 173, definindo o ponto E3. Deste ponto segue em sentido nordeste pelo limite dos fundos dos lotes voltados para a Rua do Rosário até encontrar o limite dos fundos dos lotes ímpares voltados para a Rua Itabira do Campo, definindo o ponto E4. Deste ponto continua em sentido nordeste pelo limite dos fundos dos lotes ímpares voltados para a Rua Itabira do Campo, cruzando a Rua Dr. José Médici e continuando pelo mesmo limite dos fundos dos lotes voltados para a Rua Itabira do Campo, até encontrar o limite lateral direito do lote número 465, definindo o ponto E5. Deste ponto segue em sentido sudeste até encontrar o eixo da Travessa Itabira do Campo, definindo o ponto E6. Deste ponto segue em sentido sudoeste, depois sul, depois sudeste pelo eixo da Travessa Itabira do Campo, cruza a Rua Padre Souza e continua por seu prolongamento até encontrar o limite dos fundos dos lotes voltados para a Rua Padre Souza, definindo o ponto E7. Deste ponto segue pelo limite dos fundos dos lotes voltados para Rua Padre Souza, incluindo-os, até encontrar o limite dos fundos dos lotes ímpares

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voltados para a Rua do Rosário, definindo o ponto E8. Deste ponto segue em sentido sudeste pelo limite dos fundos dos lotes ímpares voltados para a Rua do Rosário, incluindo-os, depois por seu prolongamento, até encontrar o eixo da Rua Sete de Setembro, definindo o ponto E9. Deste ponto segue em sentido sudoeste pelo eixo da Rua Sete de Setembro até encontrar o eixo da Rua do Rosário, definindo o ponto E10. Deste ponto segue em sentido sudeste pelo eixo da Rua do Rosário, até encontrar o eixo da Travessa São Benedito, definindo o ponto E11. Deste ponto segue em sentido sul pelo eixo da Travessa São Benedito até encontrar o prolongamento do limite dos fundos do lote da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, definindo o ponto E12. Deste ponto segue em sentido oeste, depois noroeste, pelo limite dos fundos do lote da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem e seu prolongamento, até encontrar o eixo da Rua Sete de Setembro, definindo o ponto E13. Deste ponto segue em sentido nordeste pelo eixo da Rua Sete de Setembro até encontrar o prolongamento do limite dos fundos dos lotes pares voltados para a Rua do Rosário, no ponto E1, fechando a poligonal.

Parágrafo único: Também serão considerados como entorno do bem tombado os imóveis situados nos dois lados da Rua Paraopeba entre os números 71 e 233, inseridos na linha de visada a partir da Capela de Matosinhos, situada na Rua Matosinhos, no mesmo município de Itabirito.

Art. 2º. As intervenções nos imóveis inseridos na poligonal de entorno deverão observar o gabarito de 01 (um) pavimento a partir da cota mais alta da testada do lote.

§ 1º se a topografia permitir poderá aproveitada a declividade do terreno para ocupação do porão, condicionado à análise in loco e elaboração de Parecer Técnico favorável por servidor do IPHAN.

§ 2º será permitido o gabarito de até 02 (dois) pavimentos para os lotes impares da Rua Itabira do Campo, para os lotes pares a partir do número 370 (incluindo-o), para a Travessa Itabira do Campo.

§ 3º poderá ser permitido o gabarito de até 02 (dois) pavimentos para o trecho da Rua do Rosário paralelo à Rua Três de Outubro, condicionado à análise in loco e elaboração de Parecer Técnico favorável por servidor do IPHAN demonstrando que, efetivamente, não causará impacto sobre a visibilidade do bem tombado.

Art. 3º. Para o trecho da Rua Paraopeba descrito no Parágrafo único do Art. 1º desta Portaria, será admitido o gabarito de até 02 (dois) pavimentos a partir da cota mais alta da testada do lote.

Art. 4º. A área em frente ao lote da Igreja de Nossa Senhora do Rosário definida por seus alinhamentos laterais e uma distância de pelo menos 35 metros a partir do muro do lote, será considerada como non

aedificandi.

Parágrafo único: para toda a área em frente à Igreja de Nossa Senhora do Rosário deverá ser mantida a pavimentação original em pedra, nos trechos ainda existentes.

Art. 5º. Aplicam-se para toda a área de entorno as seguintes diretrizes:

I - a implantação dos edifícios no alinhamento da testada do lote;

II - o acabamento das coberturas em telha cerâmica, preferencialmente do tipo "capa-e-canal";

III - caixas d´água ou outros volumes deverão estar embutidos sob a cobertura ou, se situados em volume anexo, não poderão ultrapassar a cota da cumeeira do edifício principal.

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Art. 6º. Todos os projetos de intervenções nos imóveis inseridos na poligonal de entorno, bem como engenhos publicitários e equipamentos de sinalização, deverão ser submetidos ao IPHAN para análise e manifestação, nos termos do art. 18 do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937 e da Portaria nº 420, de 22 de dezembro de 2010.

Art. 7º. Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

LUIZ FERNANDO DE ALMEIDA

Presidente do IPHAN

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ANEXO VII – MODELOS DE DESCRIÇÕES DE POLIGONAIS DE TOMBAMENTO E ENTORNO

O tombamento de cidades históricas pressupõe a necessidade do Iphan em avaliar toda intervenção em cada imóvel, público ou privado – cada terreno, praça, rua, rio, áreas verdes, edificações, etc., prioritariamente a partir das diretrizes e normas de preservação – sendo, portanto, necessário definir com clareza os limites dessa atuação. A descrição das poligonais de tombamento e entorno deve permitir a correta localização da área tombada e aquela de seu entorno em escala intraurbana, ou seja, deve ter clareza e precisão suficientes para permitir a reprodução da área em questão em um mapa geral da área urbana do município. Sempre que possível deve-se evitar a utilização de referências vagas ou aplicáveis à escala de grandes regiões (por exemplo, “a bacia hidrográfica do rio Araraquara”), ainda que se trate de uma poligonal de tombamento ou entorno de grande extensão.

Além disso, a descrição da poligonal deve permitir seu reconhecimento no local, sem a dependência de recursos tecnológicos específicos. Para isso, pode e deve usar de referências precisas na escala intraurbana – nomes de ruas, número predial, rios ou outros corpos d’água, distâncias medidas em metros ou quilômetros, etc. A descrição deve ainda, sempre que possível, trazer a informação geográfica, de modo a possibilitar sua reprodução em tecnologias disponíveis e, em especial, alimentar a base de dados georreferenciada em construção, a ser disponibilizada através do Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão – SICG.

Por isso, vale a pena buscar informar-se sobre a existência da base georreferenciada da área urbana do município onde se encontra a poligonal de tombamento ou entorno. Essa base pode ser obtida nas secretarias de urbanismo, obras e/ou planejamento, ou quando o município não dispuser, os estados podem ter, em especial as concessionárias de abastecimento de água, tratamento de esgoto ou energia elétrica. Mesmo que a base não tenha todos os atributos de escala urbana (1:2.500 a 1:5.000), áreas verdes, curvas de nível, corpos d’água, delimitação dos lotes, edificações, logradouros, traçado viário e obras de arte de infraestrutura (pontes, aquedutos, linhas ferroviárias, etc.)dentre outros, em geral trazem a localização da testada dos edifícios (cercas, não necessariamente a divisão formal), que pode contribuir sobremaneira na descrição das poligonais e posterior gestão dos bens ali protegidos.

Caso seja viável a descrição georreferenciada, deve-se de colocar a fonte e a referência cartográfica ao final do texto da descrição, conforme modelo abaixo. Verifique ainda no modelo que a cada conversão de rumo marca-se um ponto numerado juntamente a uma letra. O Iphan convenciona “T” para a poligonal de tombamento e “E” para a poligonal de entorno. Na existência de mais de uma poligonal de entorno e/ou tombamento, convenciona-se usar em seguida uma nova letra, na sequencia alfabética. Caso o mapa usado não seja georreferenciado, pode-se simplesmente eliminar a informação entre parênteses.

É importante lembrar ainda que as descrições devem sempre caracterizar poligonais fechadas! O ponto final, tanto na parte gráfica quanto na textual, deve sempre coincidir com o ponto de partida.

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Modelo de descrição de poligonal a partir de base georreferenciada (alterado a partir de descrição existente):

A Poligonal de Tombamento B, também situada no Centro Histórico, tem início no ponto T-01B, situado no cruzamento dos eixos da Avenida Tiago Peixoto e Rua Isidoro Costa Pinto (7186005 S e 729615 L). Deste ponto segue em sentido sudeste pelo eixo da Rua Isidoro Costa Pinto, depois pelo eixo da Rua Conselheiro Alves de Araújo, até encontrar o prolongamento do limite dos fundos dos lotes voltados para a Rua Antônio Mendes, definindo o ponto T-02B (7185875 S e 729300 L). Deste ponto segue pelo limite dos fundos dos lotes voltados para a Rua Antônio Mendes, cruza a Rua Doutor Justino de Mello, e continua pelo limite lateral direito do lote nº 131 voltado para a Rua Doutor Justino de Mello, incluindo-o, até encontrar o limite dos fundos desse mesmo lote, definindo o ponto T-03B (7185140 S e 729290 L). Deste ponto segue em sentido noroeste pelo limite dos fundos dos lotes voltados para a Rua Doutor Justino de Mello, cruzando a Rua Antônio Mendes, englobando o Cemitério Bom Jesus, e seu prolongamento, até encontrar o eixo da Rua Bom Jesus, definindo o ponto T-04B (7184835 S e 729305 L). Deste ponto segue em sentido nordeste pelo eixo da Rua Bom Jesus até encontrar o prolongamento do limite lateral esquerdo do lote da Estação Ferroviária, definindo o ponto T-05B (7184835 S e 729305 L). Deste ponto segue em sentido noroeste pelo limite lateral esquerdo do lote da Estação Ferroviária e seu prolongamento, incluindo-o na poligonal, até encontrar o eixo da Avenida Tiago Peixoto, definindo o ponto T-06B (718400 S e 732315 L). Deste ponto segue em sentido nordeste pelo eixo da Avenida Tiago Peixoto, até encontrar o eixo da Rua Isidoro Costa Pinto no ponto T-01B (7186005 S e 729615 L), fechando assim a poligonal.

Coordenadas extraídas do mapeamento sistemático digital fornecido pelo Paranacidade/ Secretaria de Planejamento/ Governo do Estado do Paraná. O mapeamento sistemático foi executado pela Diretoria de Serviço Geográfico – DSG e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, no Sistema de Projeção – UTM (Universal Transversal de Mercator), referenciado ao Datum Horizontal SAD-69. As cartas topográficas, escala 1:50.000, utilizadas foram: MI – 2824-4; 2825-3.

Como alternativa, quando não existir qualquer tipo de mapa da cidade, o IPHAN pode contratar um levantamento topográfico da área, a partir da qual poderá ser elaborada a descrição conforme modelo:

Modelo de descrição de poligonal a partir de base sem coordenadas geográficas (alterado a partir de descrição existente):

A Poligonal de Tombamento tem início no ponto T-01, situado no cruzamento dos eixos da Avenida Tiago Peixoto e Rodovia PR – 151. Segue em sentido anti-horário, em azimute 25°08'40.18" e extensão de 242,92 m até o ponto T-02, que está localizado na interseção do eixo da Rodovia PR - 151 com o Rio Iapó, de onde segue pelo Rio Iapó até o ponto T-03, em uma extensão de 24,58 m; de onde segue em linha reta e seca até o ponto T-04, localizado na Rodovia PR - 340, num azimute de 200°08'40.18" e uma distância de 223,11 m.; segue na mesma Rodovia PR – 340, sentido Castro –

Page 109: Diretrizes para Áreas Tombadas

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Tibagi, até o ponto T-05, localizado na esquina com a Rua Jonas Borges Martins, num azimute de 245°28'59.32" e uma distância de 222.040 m, segue pela mesma Rua Jonas Borges Martins até o ponto T-06, localizado na esquina com a Rua Carlos Michalski, num azimute 115°13'47.77" e uma distância de 100.760 m, segue pela Rua Carlos Michalski até o ponto T-07, localizado na esquina com a Avenida Tiago Peixoto, num azimute de 200°23'52.19" e uma distância de 279.740 m, segue em linha reta e seca até o ponto T-08, num azimute de 043°26'13.25" e uma distância de 153.430 m, segue em linha reta e seca até o ponto T-09, que está localizado na interseção dos eixos da Rodovia PR – 151 e da Avenida Tiago Peixoto, tendo percorrido a extensão de 172,22 m, encontrando o ponto T-01, onde a poligonal teve início, num azimute de 277°40'40.18" e uma distância de 84.200 m, com a área total de 220.165,14 metros quadrados.