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DIRIGIR nº 109

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revistadirigir

índiceeditorial 2 

destaque 3 Humanidade e pluralidade: a economia social em perspectiva • Maria de Fátima Palmeiro

Ferreiro

tomenota 7 Rede europeia antipobreza • Carlos Barbosa de Oliveira

9A economia social na Europa: uma perspectiva da sociedade civil • �Peado iz� Peado iz

18 INATE: uma undação com peraminhos • Carlos Barbosa de Oliveira 

HistÓriaeCultura 23500 anos de soluções para os desafos de cada tempo • Manuelde emosManuel de emos

GestÃo 28Oranizações sem fns lucrativos e estão • � M� Marques Apolinário

33Fundações: o retrato possível • Carlos Barbosa de Oliveira 

sabiaque... 35Parlamento Europeu apoia criação de empreo • Nuno Gama de Oliveira Pinto

36As potencialidades da economia social para a eração de empreo e realização pessoal •

Cláudia Neves

40 Eectividade leal e trabalho não declarado e irreular • Glória Rebelo

tomenota 46Banco Europeu de Investimento fnancia novas linhas de crédito para PME • Nuno Gama deNuno Gama de

Oliveira Pinto

temasprátiCos 47Os capitais próprios na microempresa • � M� Marques Apolinário

radarGlobal 51Bússola Geoeconómica • Pedro Mendes Santos; Knowlede Tracker • Ruben Eiras

54Disse sobre estão 

desenvolvimentopessoal 55Doces e licores d’Amélia • Teresa PerdiãoTeresa Perdião

quiosquedenovidades

  observatÓrioeCo-inovaçÃo 57

Ruben Eiras

euroflasH 59  Nuno Gama de Oliveira Pinto

livrosaler 60 

ÍndiCedosartiGospubliCadosdonº105aonº108 62

PROPRIEDADE Instituto de Empreoe Formação Profssional, I�P�

DIREctOR Francisco Caneira MadelinocOORDEnADORA DO núclEODE REvIstAsdirigirEformarMaria Fernanda Gonçalves

cOORDEnADORA DA REvIstA dirigir ídia Spencer Branco

cOnsElhO EDItORIAl Adelino Palma, AntónioValarinho, Francisco Caneira Madelino,Francisco Vasconcelos, Henrique Mota, oséeitão, oão Palmeiro, osé Vicente Ferreira,� M� Marques Apolinário, ídia Spencer Branco,Maria Fernanda Gonçalves e Maria Helena opes

cOlAbORADOREs Carlos Barbosa de Oliveira,Cláudia Neves, Glória Rebelo, oão Palmeiro,,� M� Marques Apolinário, � Peado iz, ManuelManuelde emos, Maria de Fátima Palmeiro, NunoNunoGama de Oliveira Pinto, Pedro Mendes Santos,

Ruben Eiras e Teresa Perdião�REvIsãO tIPOgRáfIcA aurinda Brandão

IlustRAçõEsoão Amaral, Paulo Buchinho,Paulo Cintra, Plino e Sério Rebelo�

  APOIO ADmInIstRAtIvOAna Maria Varela

REDAcçãO E AssInAtuRAsDepartamento de Formação ProfssionalDirecção das revistasDirigir eFormarTel�: 2 86 4 00Ext�: 662342, 66279 e 66206Fax: 2 86 46 2Rua de Xabreas, n�º 52 - 949-003 isboae-mail: diriir@iep�pt

DAtA DE PublIcAçãO Março 200

PERIODIcIDADE 4 números/ano

cOncEPçãO gRáfIcA E PAgInAçãO Plino Inormação� da�Tel�: 27 936 265Fax: 27 942 074plino@plino�pt

cAPA ore Barros

ImPREssãO Soctip

tIRAgEm 2 000 exemplares

cOnDIçõEs DE AssInAtuRA Enviar carta com nome completo, data denascimento, morada, unção profssional,empresa onde trabalha e respectiva áreade actividade para:Rua de Xabreas, n�º 52 - 949-003 isboa

nOtADA nO Ics

DEPósItO lEgAl 759/87

Issn 087-7354

Todos os artios assinados são de exclusivaresponsabilidade dos autores, não coincidindonecessariamente com as opiniõesdo Conselho Directivo do IEFP� É permitidaa reprodução dos artios publicados,para fns não comerciais, desde queindicada a onte e inormada a Revista�

FICHA TÉCNICA

índice

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2 Jan. Fev. Mar. 2010

editorialPorque 200 oi instituído como o Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Sociale porque esta é uma matéria que nos merece a nossa melhor atenção, considerámos

oportuno que a primeira edição de 200, quer da revistaDirigir , quer da revistaFormar ,se centrasse na temática da inclusão embora, e atendendo aos objectivos especícos

de cada uma das revistas, esta abordaem se eectue sob dierentes perspectivas�

Foi neste contexto que, apesar de o tema da economia social já ter sido abordadoem anterior edição da Dirigir , o retomamos nesta revista, uma vez que a economia

social nas suas várias vertentes proporciona respostas importantes ao nível do

desenvolvimento local, da criação de empreo, da resolução de problemas sociais

 junto de rupos mais desavorecidos, da realização pessoal e da inserção, contribuindodesta orma para a inclusão social�Assim, para esta edição seleccionámos aluns artios que se nos auram de especial

interesse para os nossos leitores� Neles encontrarão matéria de refexão, bem como

inormações úteis e interessantes, nomeadamente sobre os seuintes pontos:

• As oriens da economia social, a sua evolução, o seu enquadramento jurídico-

-constitucional�

•As potencialidades da economia social�

• A economia social na União Europeia (história recente, desenvolvimento actual e

perspectivas uturas)�

•Quais as medidas que recentemente oram criadas no âmbito do Prorama de Apoioao Desenvolvimento da Economia Social que visam promover do apoio à economia

social�• Uma entrevista ao presidente da INATE, instituição que comemora este ano 75

anos�

• A estão aplicada às oranizações sem ns lucrativos: será que erir umaoranização sem ns lucrativos é o mesmo que erir uma empresa?

Porque se pretende que esta revista, além de um instrumento de apoio em termosprossionais, seja também um veículo de inormação e valorização pessoal dos

nossos leitores, incluímos ainda, entre outros, notícias que visam inormar sobredesenvolvimentos recentes a nível europeu e nacional sobre esta matéria e, a título

indicativo, mencionam-se também alumas das undações que, pela diversidade de

objectivos e/ou missão, podem ilustrar de orma abranente as áreas das undaçõesem Portual�

Na Separata propomo-nos inormar sobre a tipoloia e principais objectivos das ora-

nizações que interam a economia social, das cooperativas às Instituições Particula-res de Solidariedade Social, passando pelas mutualidades, ou seja, quem é quem na

economia social�Francisco Caneira Madelino

editorial

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destaque

1. A natureza social da economiaA economia social constitui uma alternativa a visões re-dutoras da economia enquanto área do saber e objecto

de estudo� Aquilo que aluns autores têm denominado por outra

economia () encontra as suas raízes em abordaens e iniciativasque, no contexto de crise e de deradação das condições de vida

das classes trabalhadoras que marcaram o século xix, denuncia-

ram o racasso da convicção na eneralização do bem-estar ma-terial proporcionado pelo liberalismo económico assente na livre

iniciativa e na concorrência� O equilíbrio e as virtudes decorrentes

do uncionamento da mãoinvisível (Adam Smith) ede outras leis económicas

(v.g. ei de Say(2)) reve-

laram-se promessas porcumprir� Além da crítica

à visão harmoniosa do

«mundo» que suriu den-tro do próprio pensamento

liberal clássico (Thomas

R� Malthus, David Ricardoe ohn Stuart Mill) e que

chamou a atenção para a ocorrência de crises cíclicas, autorescomo Charles Fourier e Robert Owen estiveram na base da con-

cepção, implementação (no caso de Owen) e inspiração de or-

mas alternativas de produção e de consumo, nas quais se devemdestacar as ormas cooperativas� Assiste-se assim à deesa da

cooperação e da associação como pilares undamentais das ini-

ciativas de produção e de consumo em substituição do interessepróprio e da concorrência�

As sementes da economia social lançadas no século xix consti-tuem o ponto de partida de uma outra economia, quer enquanto

perspectiva de análise (a economia não se dissocia de relações

e valores sociais), quer enquanto expressão de ormas económi-cas que não se inscrevem nos territórios convencionais de o-

vernação económica – mercado e Estado� A emerência de umterceiro sector no contexto da crise dos anos 70 consubstanciaessa alternativa que, e atendendo às especifcidades nacionais,

afrma a ideia seundo a qual a economia é overnada por uma

pluralidade de princípios e ormas de oranização�Se os problemas do capitalismo industrial do século xix unda-

mentaram a emerência da economia social (separada da eco-

nomia pura, entendida então como a verdadeira economia) e a

crise da década de 70 está associada à ormalização do terceiro 

revistadirigir 3

Humanidadeepluralidade:

a economia social emperspectivaPor: Maria de Fátima Palmeiro Ferreiro – ISCTE-IUIlustrações: Paulo Buchinho

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4  Jan. Fev. Mar. 2010

destaquedestaque

sector nas economias ocidentais, a actual visibilidade da econo-

mia social encontrará a sua explicação nas diversas crises queo Mundo enrenta e na urência de respostas que conciliem de

orma interada as várias dimensões da vida (sustentabilidade),

confurando um outro paradima de abordaem à casa comum(okos) que acolhe como centrais os valores da partilha, da soli-

dariedade e da democracia política e económica�

2. A vitalidade da economia social

A institucionalização e lobalização do tercero sector teve luarna década de 90 do século xx, tendo-se assistido ao desenvolvi-

mento expressivo da investiação, de publicações, de criação de

associações nacionais e internacionais, merecendo destaquea International Society or Third Sector Research (ISTR) e a res-

pectiva revista – Volunts (Ferreira, 2009: 74)� De reerir ainda

o projecto da iniciativa da Universidade ohns Hopkins (EUA) de

elaboração de estatísticas relativas ao sector (classifcações, de-fnições, número de trabalhadores, receitas e ontes de fnancia-mento) (idem: 75)� A nível europeu deve destacar-se o trabalho

desenvolvido pelo Centro Internacional de Pesquisa e Inormação

sobre Economia Pública, Social e Cooperativa (CIRIEC), que deli-mita o conceito de economia social a partir do Manual da Comis-

são Europeia para a elaboração das contas satélite das empresas

da economia social (cooperativas e mutualidades) cuja ausênciacontrasta com a crescente importância da economia social� O

Centro sublinha o reconhecimento jurídico e político da economia

social a nível europeu, destacando aluns momentos marcantesdesse processo:

• Comunicação da Comissão Europeia (CE) (989) intitulada «Asempresas da economia social e a realização de um mercado eu-

ropeu sem ronteiras»�

• Primeira Conerência Europeia sobre Economia Social (989)�

• Criação de uma Unidade de «Economia Social» no seio da DGXXIII (Política Empresarial, Comércio, Turismo e Economia Social)(989)�

• Promoção, por parte da CE, de uma série de conerências sobre

economia social (990, 992, 993 e 995)�• Reconhecimento do papel das empresas da economia social

para o desenvolvimento local e a criação de empreos e criação

da acção-piloto «terceiro sector e empreo» (Cimeira do uxem-buro, 997)�

• Criação do Interrupo Economia Social no Parlamento Europeu

(990), que apelou à CE no sentido do respeito da economia so-cial e apresentou uma comunicação sobre «esta pedra anular

do modelo social europeu»�• Publicação de vários relatórios e pareceres por parte do Comité

Económico e Social Europeu (CESE) sobre o contributo das em-

presas da economia social para a prossecução dos diversos ob- jectivos de política pública�

Seundo o relatório   a Econom Socl n Unão Europe (CI-RIEC, 2007), em 2005 existiam na União Europeia (UE 25) mais

de 240 000 cooperativas economicamente activas em diversasáreas de actividade: aricultura, intermediação fnanceira, sector

retalhista e alojamento, indústria, construção e serviços� Estas

cooperativas davam trabalho directo a 3,7 milhões de pessoase correspondiam a mais de 43 milhões de fliados� Mais de 20

milhões de pessoas eram assistidas por mutualidades ao nível

da saúde e da seurança social, sendo que as mútuas seura-doras tinham uma quota de mercado de 23,7%� Ainda seundo

o mesmo relatório, trabalhavam na UE 25 mais de 5 milhões de

voluntários a tempo inteiro (CIRIEC, 2007: 7)� Se ao sector coope-rativo juntarmos as outras iniciativas da economia social (asso-

ciações, undações e oranizações afns) os valores ascendem a milhões de pessoas empreues, o que equivale a cerca de 7%

da população activa da UE�

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Apresenta-se de seuida a defnição da cateoria de economiasocial do CIRIEC: «conjunto de empresas privadas oranizadasormalmente, com autonomia de decisão e liberdade de fliação,criadas para servir as necessidades dos seus associados atravésdo mercado, ornecendo bens e serviços, incluindo seuros e f-nanciamentos, e em que a distribuição pelos sócios de eventuaislucros ou excedentes realizados, assim como a tomada de deci-sões, não estão directamente liadas ao capital ou às cotizaçõesdos seus associados, correspondendo um voto a cada um deles�A economia social também inclui empresas privadas oranizadasormalmente, com autonomia de decisão e liberdade de fliação,que prestam serviços de “não mercado” a areados amiliares ecujos eventuais excedentes realizados não podem ser apropria-dos pelos aentes económicos que as criam, controlam ou fnan-ciam» (CIRIEC, 2007: 9)�Em termos contabilísticos a economia social abrane o subsec-

tor do mercado ou empresarial (v.g� cooperativas e mutualidades,rupos empresariais controlados por cooperativas) e o subsectornão mercantil (associações e undações e todas as oranizaçõesque ornecem bens e serviços na maior parte ratuitos ou a pre-ços simbólicos)�No âmbito do relatório que tem vindo a ser citado, a economiasocial apresenta-se como um «pólo de utilidade social» multi-dimensional proporcionando: i) coesão social (interação labo-ral de pessoas e reiões e pessoas desavorecidas e reorço dacultura democrática); ii) desenvolvimento local e reional (revi-talização das economias das áreas rurais, de reiões industriaisem declínio e reabilitação e revitalização de áreas urbanas dera-

dadas); iii) inovação (identifcação e resposta a novas necessi-dades sociais, aspecto bem patente nas medidas precursoras deseurança social das sociedades mútuas e de benevolência do

século xix, mas também na concepção e disseminaçãode novas ideias de overna-ção institucional – nova-

ção socal); iv) empre-o (reulação dosdesequilíbrios do

mercado de trabalho, devendo salientar-se a interação ao níveleuropeu das políticas diriidas à economia social no seio dos mi-nistérios do trabalho e dos assuntos sociais)�Uma das características centrais das empresas de economia so-cial, e que radica na sua história e evolução, é a natureza demo-crática dos processos de decisão� No entanto, as oranizaçõesde voluntários sem fns lucrativos que prestam serviços nãomercantis e que não possuem uma estrutura democrática sãotambém interadas na economia social�

O esorço de cateorização da realidade da economia social ten-do em vista a sua quantifcação e visibilidade institucional tempresente a pluralidade de situações que interam este universo�Deve sublinhar-se que esta heteroeneidade se deve em partea especifcidades nacionais e que existe um traço de identidadeque se mantém ao lono do tempo: o acto de estarmos peranteoranizações livres e voluntárias criadas pela sociedade civil quetêm como objectivo a satisação de necessidades de pessoas eamílias e não a remuneração do capital ou dar cobertura a inves-tidores ou empresas capitalistas (idem: )�Portual intera o rupo de países europeus com «maior aceita-

ção do conceito de economia social» (CIRIEC, 2000(3)

) a par daFrança, Itália, Espanha, Bélica, Irlanda e Suécia� Além do núcleode ormas institucionais de economia social partilhado por todosos países (cooperativas, mutualidades, associações e unda-ções), existem entidades da economia social que são própriasde determinados países� É o caso das Misericórdias (criadas noséculo xv) e das Instituições Particulares de Solidariedade Social

(IPPS) em Portual� Há um outro dado interessante des-te universo: alumas das instituições classifcadas na

economia social não se reconhecem como tal� Estãonesta situação as cooperativas na Alemanha, Reino

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Unido, etónia e, em parte, Portu-al (CIRIEC, 2007: 2)�Entre os problemas específcosda economia social está a ex-

cessiva ramentação do sec-tor e das suas iniciativas, a

diluição nos sectoresconvencionais da

economia (mer-cado e Estado),assim como pro-blemas de natu-reza fnanceira�

Em muitos casosserão estes últi-mos que expli-

cam a dee-neração e a

dependênciadestas iniciativas do sector empresarial e estatal� A estes devemacrescentar-se problemas de ordem jurídica que, e no contextoeuropeu, remetem para a diversidade no reconhecimento dasormas de economia social por parte dos Estados-membros (v.g.,ausência de leislação sobre cooperativas na Dinamarca, ReinoUnido e República Checa) e para a necessidade de enquadramen-

to leal de novas iniciativas sempre que a leislação existentenão se revele adequada�

3. A eoomia oidria: um ovo pao da eoomia oia?A utilização do conceito de economia solidária eneralizou-se noúltimo quartel do século xxa partir de França e de aluns paísesda América do Sul, com destaque para o Brasil� A apresentação daeconomia solidária como uma nova ase (de renovação) da eco-nomia social é acolhida por aluns autores(4)� Na entrada «eco-nomia solidária» do Dcná intencnl d out Ecnm,aville e Gaier reerem que «a economia solidária é um conceito

amplamente utilizado em vários continentes, com acepções va-riadas que iram ao redor da ideia de solidariedade, em contrastecom o individualismo utilitarista que caracteriza o comportamen-to económico predominante nas sociedades de mercado» (pud Namorado, 2009: 66)� Na prática, o valor da solidariedade sureinscrito em iniciativas que podem articular os sectores mercan-til, não mercantil (Estado) e não monetário (reciprocidade) daeconomia, traduzindo-se em ormas híbridas de oranização daprodução, da distribuição e do consumo�Independentemente da coincidência do scl e do sldá nosubstantivo «economia», a visibilidade crescente destas uts

ecnms traduz aspectos essenciais de uma outra orma depensar e de viver o económico: a afrmação da sua natureza so-cial, o reconhecimento da pluralidade dos princípios de overna-ção e a centralidade de valores que envolvem a humanização daeconomia�

NOTAS

()� Vd� A� D� Cattani, �-� aville, � I� Gaier e P� Hespanha (ors�), Dcná intencnl d

out Ecnm, Coimbra, Almedina/CES, 2009�

(2)� Seundo a ei de Say, «toda a oerta cria a sua própria procura»�

(3)� Trata-se do resultado do estudo as empess e ognzções d Tece Sect. Um Desf

Esttégc p Empeg� Os objectivos eram a avaliação do nível de reconhecimento da eco-

nomia social em cada Estado-membro na administração pública, no meio académico, no meio

científco e no próprio sector da economia social�

(4)� É o caso de Prades e Costa-Prades (2005), Thierry eantet (2008), Paul Siner (2006) e

Namorado (2009)�

destaque

REfERÊncIAs bIblIOgRáfIcAs:

Centro Internacional de Pesquisa e Inormação sobre Economia Pública, Social e Cooperativa(CIRIEC), a Ecnm Scl n Unã Eupe, Comité Económico e Social Europeu, 2007�

CATTANI, D, LAVILLE, J. -L., GAIGER, L. I. e HESPANHA, P. (ors�), Dcná intencnl d out

Ecnm, Coimbra, Almedina/CES, 2009�

FERREIRA, Sílvia, «A invenção estratéica do terceiro sector como estrutura de observação

mútua: uma abordaem histórico-conceptual», n revst Cítc de Cêncs Scs, n�º 84 [os

desfs d ecnm sldá], Coimbra, CES, pp� 69-92, 2009�

NAMORADO, Rui, «Para uma economia solidária – a partir do caso portuuês», n revst Cí-

tc de Cêncs Scs, n�º 84 [os desfs d ecnm sldá], Coimbra, CES, pp� 65-80,

2009�

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revistadirigir 7

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redeeuopeiaantipobrezaPor: Carlos Barbosa de Oliveira – ornalistaIlustrações: Plino

Preocupada com o aumento dos casos de pobreza e ex-

clusão social na Europa, a Direcção-Geral dos AssuntosSociais, da Comissão Europeia, criou em 990 a Rede Eu-

ropeia Antipobreza, uma associação sem fns lucrativos sedeada

em Bruxelas e com representação em quase todos os países daUnião Europeia�

A representação em Portual (REAPN) oi constituída em 99,

como associação de solidariedade social, tendo sido reconhecida

em 995, pelo Instituto de Cooperação, como Oranização NãoGovernamental para o Desenvolvimento (ONGD)�Tendo o ano de 200 sido declarado pela União Europeia Ano de

uta Contra a Pobreza e a Exclusão, vale a pena lembrar que é

missão da REAPN «deender os direitos humanos undamentaise arantir que todos tenham as condições necessárias ao exercí-

cio da cidadania e a uma vida dina, promovendo a luta contra a

pobreza e a exclusão social, o trabalho em rede e o envolvimentode toda a sociedade civil»� Nesta perspectiva, aquela oraniza-

ção pretende desenvolver diversas acções que contribuam para

sensibilizar a população para as responsabilidades de cada umna luta contra a pobreza e para a necessidade de reconhecimen-

to dos direitos das pessoas excluídas desempenharem um papelactivo na sociedade�

 

A estratéia de intervenção da REAPN passa pela criação de ob-

servatórios locais que, através de dierentes abordaens instru-mentais e metodolóicas, possam contribuir para a erradicação

da pobreza e exclusão social� Nesta perspectiva, a associação

celebrou um protocolo de cooperação com a Santa Casa da Mise-ricórdia de isboa (SCM) para a montaem e o desenvolvimento

de um Observatório de uta Contra a Pobreza na Cidade de isboa

que, entre outras actividades, se propõe «produzir conhecimen-

tos e instrumentos que permitam apoiar a tomada de decisõesestratéicas e a adopção de medidas concretas destinadas àinserção de pessoas socialmente desavorecidas, estimulando e

promovendo projectos e medidas que visem o reorço de dinâmi-

cas de desenvolvimento local e de trabalho em rede»�A REAPN – que estabeleceu um protocolo de cooperação com o

IEFP visando omentar acções no âmbito do mercado social de

empreo – considera prioritária a defnição de uma política decombate à pobreza inantil, um dos raves problemas das socie-

dades modernas�

• medidas de apoio à econoia social

Foi criada, a 4 de Fevereiro, a Cooperativa António Sério para aeconomia social� Sucessora do Instituto António Sério para o

sector cooperativo (INSCOOP) – criado em 977 –, a Cooperativa

António Sério é uma réie cooperativa da qual o Estado detém60% do capital, sendo os restantes 40% constituído por oraniza-

ções da área da economia social como a Conederação Nacional

das Instituições de Solidariedade (CNIS), União das MisericórdiasPortuuesas, União das Mutualidades Portuuesas, Conedera-

ção Nacional das Cooperativas Arícolas e do Crédito Arícola eAssociação Portuuesa para o Desenvolvimento ocal�

No mesmo dia, o Conselho de Ministros aprovou o Prorama de

Apoio ao Desenvolvimento da Economia Social (PADES), que visareorçar a parceria entre o Estado e aquele sector através da cria-

ção de medidas de estímulo ao seu desenvolvimento�

O PADES sure na sequência das medidas anunciadas no Prora-ma do XVIII Governo Constitucional e vai permitir às entidades

que interam o sector social da economia (cooperativas, institui-

ções particulares de solidariedade social, misericórdias, mutuali-dades, associações de desenvolvimento local e outras entidades

sem fns lucrativos) reorçarem a sua intervenção na criaçãode empreo e apoio ao empreendedorismo entre as populações

com maiores difculdades de acesso ao mercado de trabalho�

    t

    o    M    e    n    o    t    a

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No intuito de afrmar o potencial de criação por parte deste sec-

tor, nomeadamente no desenvolvimento da inovação social ao

nível do desempenho das respectivas actividades e no reorço

das qualifcações dos seus dirientes e quadros, oi criado o Inov-

-Social� Trata-se de um prorama de estáios profssionais que

abrane 000 jovens quadros qualifcados que serão colocados

em instituições de economia social�

Entre o conjunto de medidas aprovadas destacam-se ainda:

• Criação de uma linha de crédito bonifcado específca para o

sector social, no valor de 2 milhões e 500 mil euros, destina-

da ao investimento, reorço da actividade em áreas existentes

ou em novas áreas de intervenção, modernização dos serviços

prestados às comunidades, modernização de estão e reorço

de tesouraria das entidades de economia social�

• Criação do prorama nacional de microcrédito no montante

lobal de 5 milhões de euros, através do qual se pretende es-

timular a criação de empreo e do empreendedorismo entre as

populações com maiores difculdades de acesso ao mercado de

trabalho� Este prorama cria um sistema de acesso ao crédito

mais ailizado e prevê a prestação de apoio técnico à criação e

consolidação dos projectos empresariais�

• Criação de um prorama de apoio à qualifcação institucional

das diversas entidades que constituem o sector social da econo-

mia� Trata-se de um prorama de ormação profssional de apoioà estão e à modernização das cooperativas, das instituições

particulares de solidariedade social, das misericórdias, das mu-

tualidades, das associações de desenvolvimento local e outras

entidades sem fns lucrativos�

O Conselho de Ministros anunciou, também, a criação do Conse-

lho Nacional para a Economia Social, órão consultivo de avalia-

ção e de acompanhamento das estratéias e propostas de de-

senvolvimento da economia social�

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1.4. Para a sua desvalorização e alta de visibilidade tem contri-

buído aluma indenição do próprio conceito� Com eeito, aconte-ce que, indistintamente, a noção de «economia social» aparece

liada ou conundida com «oranizações de solidariedade» ou«economia solidária», o «terceiro sector» (3) ou o «terceiro sis-

tema», «serviços sociais de interesse eral», o «voluntariado»

ou mesmo simplesmente «pequenas e médias empresas»� Poroutro lado, sure associada ao «modelo social europeu» de que é

componente e liada à consecução da «coesão social», embora

não deva ser conundida com nenhum deles� Acresce que a al-ta de clareza que rodeia a expressão «economia social» não se

deve apenas a várias interpretações, mas é também o resultadode conusão linuística e de dierentes tradições culturais onde o

adjectivo «social» nem sempre aparece entendido no sentido de

uma obriação mutualista entre os sócios ou na acepção de uma«obriação para com a sociedade»�

1.5. No intuito de claricar exactamente o âmbito que se pre-tende dar à noção de «economia social» dir-se-á, desde já, que

por ela se desinam diversas ormas associativas de empresas

denidas por um conjunto de princípios e de valores comuns eque podem assumir, desinadamente, a orma de cooperativas,

mútuas, associações ou undações e, mais recentemente, aschamadas «empresas sociais» em domínios como a prestação

de serviços (ambiente, assistência social, cultura), do «comér-

destaque

NOTAS

()� Esta declaração oi reconhecida pelo Tratado de Amesterdão, na medida em que se

estabeleceu a reerência expressa ao preceito-quadro do artio 7�º do Tratado CE, pre-

ceito que, com a inclusão do Protocolo Social, passou a ter novo sinicado e teve refexo

a nível orçamental desde 993 por iniciativa do PE, numa rubrica intitulada «Cooperação

com as oranizações de solidariedade»� Encontrou, além disso, um primeiro eco no do-

cumento da Comissão intitulado «Prorama de Acção Social a Médio Prazo 995-997»,

que esteve na oriem de um importante Fórum Europeu sobre a Política Social realizado

em Bruxelas em Março de 996 e oi seuido pela Comunicação da Comissão sobre «A

promoção do papel das associações e das undações na Europa» (COM (97) 24 nal de

6 de unho de 997)� Com Amesterdão oi, aliás, acrescentada uma declaração relativa

às actividades de voluntariado que, no entanto, não se limita ao campo do trabalho social

e que reza: «A Conerência reconhece o importante contributo prestado pelas actividades

de voluntariado para o desenvolvimento da solidariedade social� A Comunidade incentiva-

rá a dimensão europeia das oranizações de voluntariado, destacando especialmente ointercâmbio de inormação e experiências, bem como a participação dos jovens e dos

idosos nas actividades de voluntariado�»

(2�) Onde, simultaneamente com a criação da chamada «iniciativa civil», permitindo que

um milhão de cidadãos europeus apresente à Comissão propostas de medidas leislati-

vas juladas necessárias, se dispõe iualmente que as instituições comunitárias devem

dar a possibilidade de as associações representativas «azerem conhecer e trocar pu-

blicamente as suas opiniões em todos os domínios de acção da União» e de com elas

manterem «um diáloo aberto, transparente e reular»�

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destaque

cio justo ou do comércio ético» e da interação de populaçõesdesavorecidas, particularmente importante na luta contra a ex-clusão social(4)�

1.6. Mais importante do que a sua orma jurídica, o que distin-ue as «empresas de economia social» (EES) é o «primado doobjecto social sobre a maximização do lucro��� e a satisação denecessidades que os outros sectores da economia não podemsatisazer por si sós», pautando-se por valores essenciais como«solidariedade, coesão social, responsabilidade social, estãodemocrática, participação e autonomia» (5)�

1.7. As suas principais características distintivas são undamen-talmente:a) O acto de o seu objecto ser servir os fliados, os utentes e/oua sociedade e procurar corresponder a necessidades bem defni-das de interesse público�) A fliação estar aberta a todos aqueles que correspondam aoscritérios e aceitem as condições, mas não ser obriatória�c) O controlo democrático pelos membros e uma estão autóno-ma e independente�d) A conjunção entre os interesses dos membros e os interesseserais da sociedade�e) A ausência de «fm lucrativo individual», isto é, o lucro não éo objectivo dos associados, o que não sinifca que as empresasnão devam ser efcientes com vista a anariarem os undos ne-cessários à prossecução do seus objectivos�f) O reinvestimento dos lucros, quer no desenvolvimento da suaprópria actividade quer no interesse da comunidade (6)�

 2. breve apontamento sore a economia social no espaço da

união Eropeia

2.1. Não será aqui nem o momento nem o local para uma dis-sertação sobre as oriens da economia social, desinadamenteprocurando nas uildas e conrarias da Idade Média os seus maisremotos antepassados ou, entre nós, os «celeiros comuns» dotempo de D� Diniz ou os «compromissos marítimos» de D� Fer-nando� Mas é importante recordar que os primeiros teóricos eas experiências do associativismo e cooperativismo surem noinício do século xix em reacção à brutalidade da Revolução Indus-trial, com pensadores dedicados à causa social como Saint-Si-mon (760-825), Charles Fourrier (772-837), Pierre Proudhon(809-865) e com a experiência pioneira de Rochedale (844),

destaque

(3)

� Ao que parece utilizado pela primeira vez por � Delors e � Gaudin em 979, num textointitulado «Pour la création d’un troisième secteur, comment créer des emplois» (Paris,

Centre de Recherche Travail et Société, Universidade de Paris IX)�

(4)� As chamadas WISE – Work Interation Social Enterprises, objecto da particular atenção

da EAPN – European Anti Poverty Network�

(5)� Cf.Parecer CCMI/006 de de Abril de 2004 sobre «A diversifcação económica nos

países aderentes – Papel das PME e das empresas de economia social», relatora � Fus-

co�

(6)� Cf � Parecer INT/029 do CESE de 2 de Março de 2000 sobre «A economia social e o

mercado único», relator an Olsson�

(7)� São seus membros a AMICE (Associação das Seuradoras Mutualistas e das Coope-

rativas de Seuros da Europa), a AIM (Associação Internacional das Empresas Mutualis-

tas), o CEDAG (Conselho Europeu das Oranizações não ucrativas e das Associações de

Interesse Geral), a Cooperativas Europa (Oranização Trans-sectorial Europeia das Coo-

perativas), o EFC (Centro Europeu das Fundações), o CEPES (Conederação Espanhola

das Empresas de Economia Social), a ENSIE (Rede Europeia das Empresas de Interação

Social), a FEDES (Federação Europeia dos Empreadores Sociais) e a REDES (Rede Euro-

peia das Cidades e Reiões da Economia Social)�

(8)� Aidearn, Consultoria em Recursos Humanos, da, erida por Maria Helena Antunes e

Graça Gonçalves e que conta, no desenvolvimento do projecto, com a parceria da MERIG

(Áustria), da Association Positive Mind (etónia) e da Universidade de Gazi (Turquia)�

(9)� O estudo mais actualizado sobre a economia social oi o encomendado pelo CESE ao

CIRIEC (Centro Internacional de Pesquisa e Inormação sobre Economia Pública, Social e

Cooperativa), «The Social Economy in the European Union» (Bruxelas, 2008) e que ser-viu de base ao Seminário que o CESE levou a cabo a 3 de Dezembro de 2007 sob o lema

«Economia Social: um sector essencial para o crescimento e o empreo» e cujo texto

interal pode ser encontrado em http://eesc�europa�eu�/events/social-economy/index-

en�asp� De acordo com este estudo, as associações só por si empream 7 milhões de

pessoas e são responsáveis por mais de 4% do PIB; 240 mil cooperativas são economi-

camente activas, empream 3,7 milhões de pessoas e contam com mais de 43 milhões

de membros; as mútuas no domínio da saúde e da seurança social prestam assistência

a mais de 20 milhões de pessoas e as mútuas seuradoras detêm uma quota de mer-

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cujos princípios inspiradores de liberdade, iualdadee equidade ainda hoje são de actualidade; para eletambém contribuíram o cristianismo social, correntede pensamento reormista representada em Françapor Fréderic e Play (806-882) e Armand de Melun(807-877)�Entre nós merecem uma reerência muito especialosé Estêvão, Andrade Corvo e António Sério, sen-do no entanto certo que os movimentos associativosmutualistas e cooperativistas não chearam a ter umdesenvolvimento semelhante ao ocorrido noutros paí-

ses da Europa ou nos EUA e no apão, em virtude dasua aleada conotação política com a «esquerda» eda orte oposição por parte do reime corporativo doEstado Novo�

 2.2. Mas será decerto a ocasião para recordar alunsdos mais importantes actores da economia social eu-ropeia e dar conta de aluns eventos recentes, ondealumas das principais questões que se põem a estesector da economia oram evocadas e debatidas�

2.2.1. Foi o caso da European Round Table o Charita-

ble Social Welare Associations (ETWelare) que, desde996, se apresenta sob a orma jurídica de um AEIE– Arupamento Europeu de Interesse Económico – eque, com o apoio da Comissão, realizou dois interes-santes projectos-piloto com o objectivo de melhorara cooperação com as oranizações de solidariedadeatravés do intercâmbio de inormações entre as ora-nizações de todos os Estados-membros�

2.2.2.É o caso da ECONOMIA SOCIA EUROPA, desde 2000 a ora-nização de cúpula de representação das empresas de economia

social ao nível europeu, oranismo de lobby junto das instituiçõescomunitárias que arupa alumas das principais oranizaçõesda economia social ao nível nacional e europeu que trabalham naárea da economia social (7)�

2.2.3. Foi o caso do importante Seminário promovido pelo Mon-tepio Geral, a 8 de Fevereiro de 2006, sobre «Economia Social:contributos para repensar o papel das oranizações mutualis-tas» onde, entre outros nomes ilustres, ainda teve a oportuni-dade de participar esse Homem ímpar, profssional de mérito erande Amio, que oi o Dr� Costa eal, de que se uarda saudosa

destaque

memória e que recordou as oriens mais remotas dos ideais eprincípios mutualistas na Conraria dos Homens Bons de Beja nofnal do século xiii�

2.2.4. É o caso da Rede Euromediterrânea de Economia Social(ESMED), na sua qualidade de plataorma das principais ora-nizações representativas e oranismos liados ao desenvolvi-mento da economia social dos países da bacia do Mediterrâneo(França, Itália, Marrocos, Portual, Tunísia e Arélia), da sua De-claração submetida à �ª Conerência Euromediterrânea dos Mi-nistros dos Neócios Estraneiros de isboa (Novembro 2007)�

2.2.5. No domínio da ormação profssional merece reerênciao projecto europeu TSESME – Innovative Vocational Trainin Ap-

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(9)� Responsável por uma série de reuniões envolvendo membros do CESE, incluindo a

sua presidente e comissários europeus e dando seuimento ao Parecer do CESE SC/023

sobre «A representatividade das oranizações europeias da sociedade civil no quadro do

diáloo civil», de 4 de Fevereiro de 2006, relator an Olsson�

(20)� No âmbito das iniciativas do CESE de contestação a esta medida da Comissão desta-

cam-se a carta pessoal de protesto diriida pela presidente do CESE Anne Marie Simund

ao presidente Barroso, loo a 6 de Novembro de 2005, a convocação extraordinária de

uma reunião do iaison Group em 4 de Maio de 2006 e, a culminar, a realização de uma

audição pública em isboa, a 2 de ulho de 20007, sob o tema «Oranização e unciona-

mento das ONG numa sociedade democrática», em colaboração com o CES portuuês e

com a DECO, em que tive a oportunidade de participar como orador precisamente sobre o

tema do «Estatuto europeu das ONG, associações e undações»�

(2)� Com um anunciado «estudo de viabilidade para um Estatuto da Fundação Europeia»

cujos resultados se esperam sejam conhecidos em 200�

(22)� Relatora Patrizia Tróia (Doc� A6-005/2009)�

(23)� Relatora Donata Gottardi�

(24)� Sobre a composição e o uncionamento do CESE ver www�eesc�europa�eu

(25)� Entre todos destaco aqueles em que tive oportunidade de participar directamente:

Parecer SOC/339 de 0 de Dezembro de 997, «A cooperação com as oranizações de

solidariedade enquanto actores económicos e sociais no campo da assistência social»;

Parecer INT/029 do CESE de 2 de Março de 2000 «A economia social e o mercado úni-co», relator an Olsson; Parecer SOC/083 de 20 de Março de 2002 sobre o «Livro Verde:

Promover um quadro europeu para a responsabilidade social das empresas», relator Hor-

nun-Draus; Parecer CCMI/006 de de Abril de 2004 sobre «A diversifcação económica

nos países aderentes – Papel das PME e das empresas de economia social», relatora �

Fusco; Parecer INT/242 de 27 de Outubro de 2004 sobre «A capacidade de adaptação

das PME e das empresas de economia social às mutações impostas pelo dinamismo

económico», relatora � Fusco; Parecer TEN/253 de 5 de Março de 2007 sobre a Comu-

nicação da Comissão «Realizar o prorama comunitário de isboa: os serviços sociais de

do que outros actores� A sua orientação para a capacitação indi-

vidual através da responsabilidade social proporciona-lhes umbom nível de interação social, desinadamente para os jovens,

as mulheres, os imirantes e as minorias étnicas (3)�

2.6. Por último, no contexto da actual crise fnanceira, económica

e social, aluns dos atributos da economia social, como a capaci-

dade de oerecer respostas inovadoras às necessidades sociaisconjuando rentabilidade e solidariedade, associando a produção

e o desenvolvimento sustentável e potenciando o exercício dacidadania activa e da responsabilidade social empresarial, têm

contribuído para a atribuição, aos aentes da economia social, de

um papel relevante na estão e na superação da presente crisesistémica (4)�

3.  A prinipai quetõe e a poiçõe do cEsE (comité Eo-nómio e soial Europeu)

3.1 A ausência de um enquadramento jurídico comunitário para

este tipo de realidade económica multiacetada não é a única ra-zão para o acto de as instituições politicas comunitárias e, desi-

nadamente, a Comissão, não terem dedicado a atenção devida a

este sector da actividade económica� Acontece, de acto, que aorientação neoliberal imprimida à «overnança» europeia com-

paina-se mal com uma actividade que oe a certos princípios

undamentais que reem o mercado interno e a concorrência� Poroutro lado, a Comissão não tem tido a sensibilidade necessária

para entender as especifcidades do sector como virtudes de ummodelo alternativo e não como heresias aos «sarados» princí-

pios do mercado e da livre concorrência (5)�

3.2. Paradimático desta atitude da Comissão oi o acto de uma

das primeiras medidas do executivo Barroso, loo no início do seu

primeiro mandato, ter decidido, sob o pretexto da «simplifcaçãoleislativa» e da better regulation, eliminar da aenda a discus-

são e adopção de um conjunto de cerca de 70 iniciativas que já seencontravam em preparação, em vários estádios de elaboração,

consideradas «obsoletas» ou «inúteis» (6)� Acontece que entre

essas propostas leislativas se encontravam precisamente aspropostas de estatuto das associações e das mútuas europeias,

com uma primeira versão datada de 99 (COM (9) 273 fnal) (7)

e outra, revista, de 993 (COM (93) 252 fnal)� Várias ONG eleva-ram-se de imediato contra esta decisão (8) e o CESE liderou ac-

tivamente a contestação a esta posição da Comissão, tomada,

aliás, sem consulta dos representantes da sociedade civil, crian-do um rupo ad-hoc para esse eeito (9) e promovendo mesmo

uma petição aberta à subscrição pública (20)� O certo é que, atéhoje, apenas no que respeita ao estatuto europeu das undações

parece terem sido dados aluns passos (2), mas já quanto ao

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estatuto das associações e das mútuas europeias mantém-seuma obstinada recusa�

3.3. O Parlamento Europeu só tardiamente acordou para estarealidade, mas merece uma menção especialmente eloiosa o

seu recente Relatório sobre a Economia Social, da Comissão do

Empreo e dos Assuntos Sociais, de 26 de aneiro de 2009 (22)�São particularmente de saudar, quer neste relatório quanto ao

undo, mas iualmente no parecer em sua intenção da Comissãodos Assuntos Económicos e Monetários (23), de 4 de Dezembro

de 2008, a clara assunção de que «o modelo social europeu oi

destaque

construído, nomeadamente, raças a um alto nível de serviços,de produtos e de empreos erados pela economia social», a

qual «desempenha um papel essencial na economia europeia

para além de apoiar o desenvolvimento sustentável e a inovaçãosocial ambiental e tecnolóica» e que, consequentemente, «só

poderá prosperar e desenvolver todo o seu potencial se puder

benefciar de condições políticas, leislativas e operacionaisadequadas, tendo em conta a riqueza da diversidade das ins-

tituições da economia social e as suas características especí-fcas»� Entre estas condições o PE destacou a necessidade de

as EES não estarem sujeitas à mesma aplicação das reras da

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interesse eral na União Europeia», relator R� Hencks; Parecer SOC/267 de 25 de Outubro

de 2007 sobre «O espírito empresarial e a Aenda de isboa», relatores Madi Sharma e

an Olsson; Parecer ECO/246 de 24 de Março de 2009 sobre «O Plano de relançamento da

economia europeia» (adtaento a paece), relator Thomas Delapina; Parecer INT/447

de de Outubro de 2009 sobre a «Diversidade de ormas de empresas», relatores Cabra

de una e Maria Zvolská�

(26)� São bem conhecidas as opiniões a este respeito da oranização dos empresários

ranceses MEDEF�

(27)� Relatório do Grupo de Alto Nível sobre a Supervisão Financeira na EU, Fevereiro de

2009�

(28)� manual o dawng up the satellte accounts o Copanes n the Socal Econoy:

Coopeatves and mutual Socetes, CIRIEC, 2006�

(29)� Tal como julado pelo Tribunal de ustiça, por exemplo nos Casos C-80 a 84/98 (Pa-

vel Pavlov) e C-352/85 (Bond von Adveteerders)�

(30)� C. por todos, Be, Berhman, Chassard, Kosonen, Madsen, Matsaanis, Mayes,

Muels, Salais e Tsaklolou,   Socal Excluson and Poltcal Potecton n the Euopean

Unon: Polcy issues and Poposals o the Futue role o the EU, ondon, South Bank

University�

k) Reorçar e tornar mais efcaz a representação institucionaldas EES, incluindo-as como parceiros no diáloo social�

4.cOnclusãO: uma perpeiva de fro ma iaço derie e ma époa de mdaça

4.1. A viver uma situação de prounda crise fnanceira, económi-ca e principalmente social, cujas oriens ainda não conhecemosbem e quase nem acreditamos que tenha sido possível e cujoseeitos tendem a perdurar para além do aparente início de umarecuperação não sustentada, são sobretudo os valores subja-centes às práticas de overnança das empresas e das institui-ções reuladoras responsáveis dos Estados que oram postosem causa�

4.2. É hoje reconhecido que uma das consequências da presentecrise oi ter chamado a atenção para a railidade de certos prin-cípios considerados estruturantes e indiscutíveis da economiade mercado e para a imperiosa necessidade de uma mudançanas práticas, mas também nos princípios orientadores da over-nança das empresas, de orma a arantir que o sucedido se nãorepita�

4.3� Ora, é a esta luz que anha particular importância a consi-deração dos exemplos que se podem extrair das boas práticasmilenares da economia social� Desde loo, e sem embaro de asEES poderem ser consideradas «operadores económicos» des-

de que realizem «actividades económicas» (29), isso não impedeque os critérios, os parâmetros e os conceitos de mensuração dovalor e dos resultados não devam dierir consoante o tipo de em-presa e os objectivos prosseuidos� E, neste domínio, as EES, aocontrário do maior retorno do capital investido, buscam antes amaximização da qualidade dos serviços prestados aos sócios ouao público, ou o reinvestimento ou o cumprimento de objectivosde interesse eral ou de natureza social�

4.4. Além dos aspectos puramente económicos, também no do-mínio da estão ética e da responsabilidade social as EES são um

exemplo a seuir pela orma como contribuem para a pacifcaçãosocial, um diáloo social sustentado e a coesão social�

4.5. Numa altura em que tanto se discute não só a reormula-ção da Estratéia de isboa como os próprios undamentos doModelo Social Europeu no quadro de uma «europeização» daspolíticas de combate à pobreza e à exclusão social, no ano quelhe é especialmente dedicado, e no seuimento do capabltes appoach, que põe o ênase na promoção da interação socialcom base no desenvolvimento dos conhecimentos, dos dotese das capacidades de cada um (30), é importante ter presente a

destaque

ERRAtA 

Por lapso, nas entrevistas «Projecto Orquestra Geração», «Família íbanoMonteiro» e «Microcrédito: as soluções dos bancos portuueses», não oimencionada a co-autoria da Dr�ª Gizela Rodriues�

especial vocação da economia social para o papel decisivo quepode desempenhar neste domínio�

4.6. Finalmente, quando a actual crise chama justamente aatenção para os vários defcts de valores e de ética nos neó-cios, é de esperar que, no uturo, o exemplo da economia socialpossa estar cada vez mais presente como paradima e, emconsequência, adquira visibilidade correspondente à sua realimportância, com as arantias de uncionamento que lhe sãodevidas�

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8  Jan. Fev. Mar. 2010

Dirigir (D.) – A Iael comemora ese ao 75 aos. nasceu

como udação (fnAt), depois do 25 de Abril passou a isi-

uo público e, desde 2008, olou a ser oamee udação.

 A orma jurídica da udação é realmee aquela que mais se

adequa aos objecios que prossegue?

 víor Ramalho (v. R.) – É, por uma razão muito simples� A Ina-tel é uma fundação de direito privado mas de utilidade pública,

inatel: uma fundação com

pergaminhosPor: Carlos Barbosa de Oliveira – ornalista

Fotografas:osé Frade

o que possibilita um acompanhamento, por parte do Estado,naquilo que é essencial: a entrea e homoloação pelo overnodo orçamento, do plano de actividades e dos resultados do exer-cício� Estamos condicionados por não podermos vender nemonerar qualquer bem imóvel, o que é compreensível porque setrata de património público� Por outro lado, a Inatel é uma mar-ca com 75 anos que oza de uma rande credibilidade pública�

A Inatel (antia FNAT) é uma das mais importantes fundações da economia social, cuja actividade ímparespelha de forma clara o papel que uma fundação pode desempenhar num sector de rande importânciapara Portual pelas potencialidades que dele emerem� No ano em que comemora 75 anos, aDirigir foientrevistar o seu presidente� Durante quase duas horas, Vítor Ramalho foi o nosso uia numa viaem pela

história da instituição, cujo futuro se revela auspicioso

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Não neo (tenho mesmo de reconhecer) que quem concebeu aFNAT a concebeu como uma estrutura muito bem pensada e para

durar� Isso é ineável, temos de ser justos e objectivos� Temos

aora a responsabilidade de provar que somos capazes de azer,num sistema político dierente, mais e melhor�

D. – Em que medida é que os objectios da Inatel são melhor

prosseguidos sob a orma jurídica de undação?

 v. R. – São melhor prosseuidos porque a estão dos meios temmaior latitude de rentabilização� Enquanto instituto, praticamen-

te todos os depósitos dos undos que a Inatel tinha eram eridos

através do Instituto de Crédito Público que, simplicando, diriaque uncionava como um banco�

Hoje em dia, a estão destes recursos nanceiros pode ser eita

pelo próprio conselho de administração, cuja actividade é scali-

zada pelo conselho scal (que tem de interar obriatoriamenteum revisor ocial de contas), um conselho eral e um conselho

consultivo onde estão presentes os representantes do Estado�Portanto, a esse nível, a estão é mais expedita, o que se refecte

na captação de receitas e nos contratos com terceiros� Podemos,por exemplo, incluir nos contratos disposições que imponham

determinadas realias a conceder à Inatel� Isso antes era muito

mais dicultado� Claro que mantemos o rior, mas beneciamosda possibilidade de ailizar a estão�

D. – Em que medida é que os associados ão benefciar com a

passagem da Inatel a undação?

 v. R. – Vou dar-lhe um exemplo muito simples, mas muito claro�Estabelecemos protocolos com várias empresas que vão dar re-

alias aos associados� Decidimos proceder à mudança do cartão

de sócio, substituindo o de papel por um cartão plástico, estilomultibanco, onde é possível incorporar essas realias� O cartão

servirá, também, de instrumento de acesso aos vários equipa-

mentos da Inatel�

D. – Enquanto IP, a Inatel tinha mais difculdade em azer esses

protocolos?

 v. R. – Na maioria dos casos havia diculdades de natureza bu-

rocrática que dicultavam esses protocolos� Por exemplo: en-quanto IP, a Inatel nunca apresentou candidaturas aos Quadros

Comunitários de Apoio, aleadamente porque esse acesso lhe

estaria vedado� Hoje, há uma panóplia de candidaturas que apre-sentámos quer individualmente, quer interadas com institui-

ções de natureza pública, como as câmaras municipais, que irão

possibilitar a obtenção de apoios no âmbito do actual QREN� Sópara dar um exemplo: apresentámos candidaturas, em conjunto

com autarquias, a um semento que se chama PROVER, outraspara melhoramento das nossas actividades e requalicação do

nosso património�

Não apenas na estão corrente, mas também no relacionamento

com o Estado, a passaem a undação veio proporcionar oportu-nidades que anteriormente nos estavam vedadas�

D. – Pode então dizer-se que a Inatel iniciou um noo ciclo des-

de que se tornou undação?

 v. R. – Sem dúvida� á aora, permita-me que ale da estratéia

para esse novo ciclo� O objectivo desta casa continua a ser pre-encher o lazer de quem trabalha ou já trabalhou, o que sinica

envolver trabalhadores e reormados, universo que abrane as-sociados e não associados� Os não associados não terão as mes-

mas realias, mas todos terão acesso aos serviços que a Inatel

proporciona� A nossa preocupação é reorçar a ideia de que quemtrabalha tem direito à qualidade dos serviços que prestamos� Sou

contra concepções miserabilistas de que o conceito de trabalha-

dor não lhe permite acesso a serviços de rande qualidade� Nes-sa lóica simples, apesar das diculdades resultantes da crise

que vivemos, privileiámos a requalicação de equipamentos�

Não é imainável, por exemplo, que tenhamos equipamentosmodernos classicados como unidades de quatro estrelas sem

ar condicionado� Não podemos ter do trabalho um conceito retró-rado, temos a obriação de ornecer aos trabalhadores (repito:

associados ou não) serviços de qualidade, iuais ou melhores

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revistadirigir 2

acolhida e já este ano vai realizar-se uma etapa em inhares da

Beira� Esse evento trará a Portual (além de 25 pilotos de nívelmundial) muitos jovens e servirá de cartaz turístico� Será uma

mais-valia para o turismo em Portual, particularmente naquela

reião do país, não duvide���Outro aspecto, muito importante, são os proramas que criámos

especialmente para jovens� No ano passado, pela primeira vez,

concretizámos um prorama especialmente para jovens entreos 7 e os 7 anos no Centro de Férias da Caparica� O prorama oi

de tal maneira aliciante que levou o ME a propor-nos a assinaturade um protocolo com base nos proramas criados por nós e que

será desenvolvido nas nossas unidades�

D. – A fundação impliou alterações na estrutura interna? criou

uma noa mentalidade nas pessoas que aqui trabalham?

 v. R. – Teve um impacto enorme porque, além da resposta ime-

diata da requalifcação, tivemos de lançar novos desafos e azeruma rande reestruturação interna� Explico-lhe porquê� Nós te-mos pessoas que vestem a camisola da Inatel e têm dado tudo

pela instituição� No entanto, a média etária é elevada e a quali-

fcação académica média-baixa� Neste quadro, tivemos de intro-duzir uma nova estrutura orânica em que a alteração de con-

ceitos leva as pessoas a uma nova postura e a interroarem-se�

Por exemplo: antes desta estrutura, as representações reionaischamavam-se deleações� Aora, neste novo desafo, para que

as pessoas percebessem que temos de ser muito proactivos,

alterámos o conceito deleação e passámos a chamar-lhe aên-cia, o que pressupõe desde loo uma noção mais proactiva e

com mais autonomia� Esta alteração de conceitos implica uma

mudança de mentalidades� Numa sociedade em crise é unda-

mental preservar a qualidade, vender mais cultura, mais despor-to, mas sempre numa lóica de nunca perder a memória�

D. – Quer dizer que as agênias ão ter mais apaidade de ini-

iatia e serão mais independentes?

 v. R. – No uturo será isso que vai acontecer� Anteriormente havia

uma concepção paternalista em relação às deleações� As ver-bas que lhes eram aectas podiam ser distribuídas em unção do

que o deleado entendesse, o que dava uma relação do deleadomuito estreita mas por vezes muito discricionária e paternalista�

Acabámos com isso e estabelecemos reras para os subsídios, o

que obria os benefciários a apresentarem propostas concretas�Ora, isto determinou uma certa reacção porque há uma certa re-

sistência à mudança, mas é natural�

D. – A Inatel está a riar uma noa imagem? v. R. – Houve (ou está a haver, se preerir) uma rande preocupa-ção em uniormizar a nossa imaem de orma a transmitir uma

coerência ace ao exterior� Houve aluns associados que pensa-

ram que estávamos a destruir a imaem da Inatel, mas o que sepassa realmente é o contrário�

Queremos que a Inatel tenha uma imaem e seja uma marca re-

conhecida no país inteiro como uma marca do mundo do trabalho�No âmbito deste objectivo está a ideia de arranjar um conjunto de

produtos de vestuário, bem concebidos e de alta qualidade, que

possam ser o orulho de quem os usa e ombrear com marcas járeconhecidas� As nossas aências e unidades de érias serão as

montras e os locais de venda desses produtos�

destaque

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500anosdesoluções

para os desafos de cada tempoPor:Manuel de emos – Presidente da União das Misericórdias Portuuesas e da Conederação Internacional das Misericórdias

Fotografas: União das Misericórdias

A economia social, constituída por cooperativas, socieda-

des mútuas, associações e undações, representa cerca

de 0% do conjunto das empresas europeias, ou seja, são

dois milhões de empresas ou 6% do empreo total� Para o Par-

lamento Europeu, que recentemente aprovou uma resolução

sobre o sector, a economia social dispõe de um elevado poten-

cial para erar riqueza e desenvolvimento e estas oranizações

são sustentáveis e, sobretudo, eram empreos duradouros� Daí 

que tenha recomendado aos Estados-membros que as apoiem

e protejam�

Em Portual, este sector acompanha diariamente centenas de

milhar de pessoas em situação de railidade: idosos, crianças,

portadores de defciência, desempreados, vítimas de violência,

ex-reclusos, doentes, etc� Além de asseurarem a maior rede

de apoio social com que contam as amílias portuuesas, estas

oranizações também eram milhares de empreos� Alumas

destas entidades do terceiro sector nacional têm mais de 500

anos de experiência no apoio aos mais carenciados: é o caso das

Santas Casas da Misericórdia, que estão presentes em pratica-

mente todos os concelhos do território portuuês�

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24  Jan. Fev. Mar. 2010

Antes da instituição ofcial e histórica das Santas Casas, em

Portual já era tradicional e antio o culto de Nossa Senhora sob adupla invocação de Nossa Senhora da Piedade e Senhora da Mise-

ricórdia, não só como órão de irejas paroquiais e conventuais,

mas também como patrona tutelar de irmandades ou conrarias

que chamaram a si o testemunho público do exercício da carida-

de cristã�

A primeira Santa Casa oi criada em 5 de Aosto de 498, em is-

boa, na Capela de Nossa Senhora da Piedade, retomando-se uma

devota e antia tradição portuuesa e dando-lhe novas ormas e

proramas de acção, num compromisso equacionado seundo

todas as 4 obras de Misericórdia:

• Dar de comer a quem tem ome�

• Dar de beber a quem tem sede�

• Vestir os nus�

• Acolher os errantes�

• Visitar os doentes�

• Remir os cativos�

• Sepultar os mortos�

Estas são as obras de misericórdia corporais� As espirituais são:

 

• Dar bom conselho a quem pede�

• Ensinar os inorantes�

• Corriir os que erram�• Consolar os que estão tristes�

• Perdoar as injúrias�

• Suportar com paciência as raquezas do nosso próximo�

• Roar a Deus pelos vivos e pelos deuntos�

 

O empreendimento destas instituições deve-se à rainha D� eo-

nor de encastre, viúva do rei D� oão II, tendo sido seu rande

conselheiro e protector em Roma o cardeal D� ore da Costa, mui-

to liado à amília real portuuesa desde D� Aonso V e eminente

fura de prestíio junto do Vaticano�

Historicamente as Misericórdias sempre representaram o bem-

-azer, daí que as pessoas abastadas sem herdeiros ou simples-mente enerosas optassem por lhes entrear os seus bens� Era a

arantia de que os recursos seriam bem utilizados uma vez que

todas heranças eram, e continuam a ser, canalizadas para a cria-

ção de mais respostas sociais para pessoas carenciadas� As San-

tas Casas têm construído o seu património através da estão cri-

teriosa destas heranças� Contudo, este património, embora rico,

inclusive e especialmente do ponto de vista artístico e cultural,

não representa liquidez de tesouraria� Nos dias de hoje, para con-

tinuarem a arantir apoio aos mais carenciados as Misericórdias

contam essencialmente com três ormas de fnanciamento�

Em primeiro luar, uma vez que estas oranizações arantem

apoio social a milhares de pessoas, o Estado assumiu desde

996, com o Pacto de Cooperação, o fnanciamento oranizado

dos serviços prestados pelas instituições particulares de soli-

dariedade social� Uma vez que estas oranizações cuidam de

pessoas sem recursos fnanceiros, o Estado portuuês acorda,

através de um protocolo anual com as três oranizações mais

representativas do sector, os valores a comparticipar para cada

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utente acolhido pelos serviços das Misericórdias, das InstituiçõesParticulares de Solidariedade Social (IPSS) e das Mutualidades

representadas, respectivamente, pela União das MisericórdiasPortuuesas, Conederação Nacional das Instituições de Solida-

riedade e União das Mutualidades�

Em seundo luar, as amílias também assumem uma mensali-dade, atribuída em unção do Imposto sobre Rendimento Sinu-

lar (IRS), para fnanciar os serviços que lhes são prestados�

Mas estas duas ormas de fnanciamento não são sufcientespara suportar todos os custos das diversas respostas sociais

que as Misericórdias actualmente arantem à população, daí queseja importante uma terceira, e mais inovadora, orma de fnan-

ciamento� Muitas das nossas oranizações estão a apostar na

criação de serviços através dos quais eram resultados positi-vos, podendo assim criar mais serviços de apoio à comunidade

em que estão inseridas� Nem todas conseuem mobilizar o ca-

pital necessário para este tipo de iniciativa, mas já são muitosos exemplos de Misericórdias que promovem a diversifcação de

serviços como maneira de erar recursos� Convém destacar que

no terceiro sector não existe lucro� Há mais-valias que são rein-vestidas em mais acção social�

A noção subjacente a estas iniciativas, que podemos considerarinovadoras, assenta no acto de que todos os estudos indicam o

fm da ilusão do Estado-providência� A médio e lono prazo, as

Misericórdias não poderão contar com as comparticipações pú-blicas� Perante os actos que actualmente conhecemos, o melhor

cenário aponta para uma redução destes valores�Além disso, no actual quadro de crise fnanceira, é cada vez maior

o número de areados amiliares que solicitam a isenção deste

paamento� Inspiradas pela sua missão principal que é apoiarpessoas carenciadas, as Santas Casas aceitam os pedidos mas,

para isso, têm de assumir a despesa extraordinária� Fazem-no

porque têm encontrado, desde há 500 anos, as soluções para

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26  Jan. Fev. Mar. 2010

Misericórdias Portuuesas está neste momento a promover uma

iniciativa no âmbito do Prorama Formação Acção para Entidades

do Sector Social, um dos eixos prioritários do QREN� Promovido

pelo overno desde 2008, este prorama visa melhorar procedi-

mentos de estão fnanceira e de recursos humanos através da

ormação de quadros intermédios� A primeira ase contemplou

os desafos de cada tempo� Actualmente, além dos desafos de

ordem económica, estas instituições também estão atentas às

necessidades sociais� O envelhecimento da população e conse-

quente aumento das doenças deenerativas, como o Alzheimer,

constituem alumas das suas principais preocupações� Em

suma, temos mais desempreo do que deveríamos ter, temos

mais pobres do que deveríamos ter, temos mais idosos em más

condições do que deveríamos ter, temos mais jovens sem projec-

to de vida do que deveríamos ter�

O problema é que a retoma económica e fnanceira não produz

automaticamente desenvolvimento e empreo e, mesmo que

essa retoma venha a ser um acto, como todos desejamos, as

sequelas neastas dos dois últimos anos vão perdurar no tempo�

Quero dizer com isto que a prioridade deste momento deve ser a

preparação do uturo� Isso sinifca ocar o investimento na ino-

vação e utilizar os escassos recursos de que dispomos nos taissectores que serão decisivos para a recuperação�

Contudo, o sucesso das oranizações não depende apenas dos

recursos fnanceiros que lhe estão associados, mas também

do conjunto de recursos humanos a elas aectos� Em Portual,

as Misericórdias são responsáveis por cerca de 50 mil empreos

directos e estáveis� No universo destas oranizações, o volunta-

riado também representa uma dimensão importante� Nas Santas

Casas, além dos corpos dirientes que são todos voluntários,

cerca de 4000 pessoas em todo o país, também se recebem mo-

vimentos de cidadãos que desenvolvem actividades junto dos

utentes de diversas respostas sociais�

No que respeita aos recursos humanos, assim como à susten-

tabilidade, também têm sido encetados esorços de inovação�

Enquanto entidade representativa das Santas Casas, a União das

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75 Misericórdias e em breve outras 00 serão interadas noprojecto� O objectivo fnal é melhorar os circuitos internos dasoranizações, promovendo assim uma maior qualidade nosserviços� Além deste projecto, a que chamamos «Misericórdias

– Gestão Sustentável», também estão proramadas acções deormação que contemplarão cerca de 0 mil colaboradores dasSantas Casas�As Misericórdias portuuesas e a sua União estão cientes destesdesafos e da sua quota-parte de responsabilidade na constru-ção do uturo� E se sobreviveram mais de 50 anos oi porque, acada momento, se souberam inovar no tempo� Ora, precisamente

o tempo em que vivemos exie um novo esorço de inovação�É vital, pois, reorçar a inovação nas empresas, mas também ino-var nas respostas às necessidades sociais, porque os sectoressocais como a saúde, a educação e os sistemas de apoio a idosos

e a crianças e de combate à pobreza estão a crescer mais rapi-damente que o resto da economia e são sectores a que, normal-mente, não se associa a palavra Inovação� E serão precisamenteesses os sectores em que o Estado mais terá de inovar, e inovarradicalmente, para poder responder às crescentes necessidadessociais sem, ao mesmo tempo, aumentar exponencialmente adespesa pública�

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28  Jan. Fev. Mar. 2010

organizaçõessemfns

lucrativs e gestãoPor:� M� Marques Apolinário – Economista, membro do Conselho Editorial da Dirigir 

Ilustrações: Paulo Buchinho

Gerir uma oranização sem fns lucrativos é o mesmo que erir uma empresa?

A questão é esta: as tareas de estão são as mesmas nas oranizações com fns lucrativos e nas orani-

zações sem fns lucrativos? Doutra orma: o diriente de uma associação ambientalista, os administrado-

res de uma misericórdia ou o responsável de uma biblioteca pública azem as mesmas coisas que o estorde uma empresa? Em rande parte, sim� Mas para bem perceber porquê, convém saber de que alamos

quando alamos em estão

Ao alar em estão podemos

estar a reerir-nos a um con- junto de teorias ou de técnicas�

Podemos estar a reerir-nos a uma

série de erramentas analíticasque são ensinadas nas escolas

de ciências empresariais� Tantoumas como outras são importantes,

sem dúvida, tal como o termómetro e as radio-

rafas são importantes para o médico� Mas aevolução e a história da estão – os seus su-

cessos e limitações – mostram que se baseia

em aluns princípios essenciais� Para ser maisespecífco ():

• A gestão tem a ver com pessoas. A sua unção

é tornar as pessoas capazes de um desempenho

conjunto� Isto requer oranização e é a razão pelaqual a estão é um actor crítico e determinante

em qualquer empreendimento� Hoje em dia, pra-

ticamente todos trabalhamos para uma institui-ção, rande ou pequena, empresarial ou não em-

presarial� Estamos dependentes da estão para a

nossa subsistência� E a nossa capacidade de contribuir para a sociedade, se em parte depende das nos-

sas competências, dedicação e esorço, também de-pende, e muito, da estão da oranização para a qual

trabalhamos�

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revista dirigir 29

• todas as orgaizações exigem um compromisso com meas

comus e valores parilhados. Sem esse compromisso nãoexiste empreendimento; apenas existe um alomerado de pes-

soas e meios� A crença de que qualquer instituição pode azer

tudo é simplesmente alsa� O empreendimento tem de ter ob-

 jectivos simples, claros e unicadores� A sua missão tem de ser

sucientemente clara e abranente de modo a apresentar uma

visão comum e unicadora� As suas metas têm de ser claras, pú-

blicas e constantemente rearmadas� Para sabermos o que é ou

deverá ser uma oranização, temos de começar por considerar

a sua nalidade� Por conseuinte, a primeira tarea da estão é

ponderar e estabelecer os valores, as metas e os objectivos da

sua oranização�

• As orgaizações são espaços de apredizagem e de esio. 

A estão tem de permitir que o empreendimento e cada um dos

elementos que nele se interam cresçam e se desenvolvam à

medida que as necessidades e oportunidades mudam� A orma-

ção e o desenvolvimento têm de ser incorporados nas institui-

ções a todos os níveis e permanentemente�

• todas as orgaizações êm de ser desevolvidas com base

a comuicação e a resposabilidade idividual. Na medida

em que são compostas por pessoas com dierentes competên-

cias e conhecimentos, que realizam dierentes tipos de trabalho,a comunicação e a responsabilidade individual são requisitos

indispensáveis para o êxito das oranizações� Nunca se viu a-

zer bem um trabalho colectivo sem a participação empenhada

e concertada dos seus executantes� Todos os elementos da or-

anização têm, por isso, de ponderar sobre o que pretendem al-

cançar – e têm de se certicar que os seus coleas conhecem e

compreendem esse objectivo� Todos têm de refectir sobre o que

devem aos outros� Todos têm de ponderar sobre o que, por sua

vez, precisam dos outros – e têm de se certicar que os outros

sabem o que é esperado deles�

• todas as orgaizações precisam de idicadores para avaliar

a sua siuação e o seu desempeho. Tal como um ser humano

precisa de uma variedade de indicadores para avaliar a sua saúde

e o seu desempenho, uma oranização também precisa de uma

variedade de indicadores para avaliar a sua saúde e o seu desem-

penho� O desempenho tem de ser associado ao empreendimento

e à sua estão; tem de ser avaliado – ou pelo menos analisado –

e continuamente melhorado� As instituições sem ns lucrativos

precisam iualmente de indicadores em várias áreas especícas

da sua missão�

• Os resulados exisem apeas o exerior. Por m, a coisa

mais importante a lembrar sobre qualquer oranização é que os

resultados existem apenas no exterior� O resultado de um neó-

cio é um cliente satiseito� O resultado de um hospital é um doen-

te curado� O resultado de uma escola é um aluno que aprendeu

aluma coisa e que a utilizou anos mais tarde� Dentro de um em-preendimento apenas existem custos�

Os estores que compreendem estes princípios e aem em

unção deles, qualquer que seja o tipo de oranização em que

actuem, com ou sem ns lucrativos, serão estores realizados

e de sucesso�

não exisem diereças a gesão das orgaizações sem fs

lucraivos?

Obviamente que existem� Oranizações com ns dierentes

gestão

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30  Jan. Fev. Mar. 2010

requerem estão dierente� Os ns infuenciam a estratéia, aestratéia condiciona a estrutura e, por sua vez, ambas determi-nam a estão� A propósito dos ns, cabe aqui sublinhar um por-menor importante� É verdade que certas oranizações não têmns lucrativos, mas nem por isso essas oranizações deixam deter ns� Aliás, para bem acentuar este aspecto, pensamos atéque em vez da expressão «oranização sem ns lucrativos»,como eralmente se diz, melhor seria utilizar a desinação po-sitiva «oranização com ns não lucrativos»� É lieira a nuance mas, vendo bem, não deixa de ter sinicado�De acto, dierenças evidentes separam a estão de um hipermer-cado e a estão de um hospital; a estão de um centro cultural,de um clube de érias ou de uma companhia aérea� No entanto,as dissemelhanças mais notórias são apenas de carácter or-mal: dierenças na terminoloia que cada uma das oranizaçõesutiliza; ou inclusive de ordem prática: especicidades técnicas

inerentes às dierentes actividades� No essencial, isto é, no planodos princípios e das técnicas, aí não há qualquer diverência� Dequalquer orma, as dierenças que se observam entre as orani-zações empresariais e não empresariais não são maiores do queas que se vericam entre empresas de dierentes ramos de ac-tividade� Compare-se, por exemplo, a estão de uma associaçãohumanitária com a de uma aência de viaens e certamente asdierenças encontradas não serão maiores do que as que se po-derão notar entre a estão de uma seuradora e a de uma ábricade calçado�De resto, dierenças de estão também as há dentro do mesmoramo de actividade e do mesmo tipo de oranização em unção

de actores culturais� Uma vez que a estão lida com a interaçãode pessoas num empreendimento comum, o seu exercício estáproundamente condicionado pela cultura� O que os estores a-zem na Alemanha, nos EUA, no apão ou no Brasil é exactamenteo mesmo� O modo como o azem é que pode ser bastante dieren-te� Daí que um dos desaos undamentais que os estores de umdeterminado país enrentam seja, precisamente, encontrarem eidenticarem essas compo- nentesda sua própria tradição, históriae cultura que podem ser util iza-das como alicerces da estão�

Do mesmo modo, umrande desao quese coloca aos es-tores de qual-quer oraniza-ção é seremcapazes deimplantaros con-c e i t o serais

de estão no próprio solo das oranizações onde estão a traba-lhar e azê-los crescer�

notas fiais

Arrolemos, para terminar, em breves notas, aluns pontos queparecem merecedores de acentuação e que podem avorecer oencontro de actuações úteis e convenientes no caso das orani-zações ditas sem ns lucrativos� (2)

� A importância crescente das oranizações sem ns lucrati-vos, nomeadamente no que concerne ao sinicado social dassuas actividades, como no que toca ao volume de recursos movi-mentados (não raro subsidiados pelo Estado), são razões, entre

outras, que justicam a maioratenção por parte dessas ins-tituições e apoio por partedas entidades que as coor-

denam no sentido do aperei-çoamento das suas estruturas,

instrumentos e técnicas de estão�

2� Nesse sentido, importante é desde looque todos os órãos tenham a composiçãomais adequada às unções que lhes cabe

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revistadirigir 3

desempenhar, que as suas relações permitam a harmónica arti-

culação de todos eles e, em suma, que a oranização existentenão entrave, antes avoreça, a observância dos princípios essen-

ciais da estão�

3� Falar em estão das oranizações sem fns lucrativos não

pode querer dizer que se está perante uma estão dierente, mas

apenas que se pretende dar especial atenção à condução efcaze efciente daquelas oraniza-

ções que são cadavez mais relevan-

tes� Na verdade,

az pouco sentidoadmitir a existência

de uma estão das

oranizações sem

fns lucrativos, di-amos uma estãoparticular a ocupar-

-se dessas institui-

ções� Gestão dasoranizações sem

fns lucrativos não é

propriamente umanova ou dierente

estão, mas apenas

estão tout court�

4� A estão, hoje em dia, é cada vez mais uma actividade comple-

xa� Incluem-se nela o planeamento, oranização e coordenaçãode meios, a direcção e tomada de decisões e o controlo ou verif-

cação do cumprimento dos objectivos e tareas planeadas� Para

a realização correcta de todas estas actividades, experiência eintuição só por si não bastam� Tal como sucede nas empresas, se

a complexidade da matéria erida aumenta, os responsáveis de

topo ou bem que dominam as questões técnicas da estão, ouentão hão-de poder apoiar-se em quem, a nível eral ou sectorial,

conheça sufcientemente essas questões�

5� Importante, porventura mais ainda nas oranizações sem fns

lucrativos do que nas empresas, é a defnição clara da missão�A missão é a razão de ser da oranização� Sendo uma reerência

de lono alcance, deve defnir-se (e se necessário redefnir-se)

de modo conciso mas muito claro para que todos entendam da

mesma maneira a direcção para onde se quer caminhar� A defni-ção da missão precede tudo: precede a concepção da estruturae a desinação dos seus membros, precede o estabelecimento

de objectivos e é em unção da missão que se devem eleer os

critérios de avaliação dos resultados� (3)

6� No que se reere às dierenças que, do ponto de vista da es-

tão, se podem notar entre as oranizações sem fns lucrativos eas empresas, a mais importante consiste na maneira de medir a

 performance� Os resultados de exploração representam, nas or-

anizações empresariais, uma medida objectiva da sua efciên-cia� As oranizações sem fns lucrativos, uma vez que eralmen-

te não submetem a sua performance ao teste do mercado, nãodispõem desse padrão de medida� Mas há que encontrar (e isso

é sempre possível) adequados padrões de medida alternativos�

7� A circunstância atrás reerida de as oranizações sem fns

lucrativos, no eral das suas actividades, não se pautarem por

critérios de mercado não sinifca desnecessidade de ponderarcustos� Podem os préstimos de uma oranização não ter preço

(verdade é que, na vida, as coisas valiosas não têm preço) mascustos têm sempre� Tudo o que tem valor e custa a obter não pode

ser rátis� «Almoços rátis» é coisa que não há em economia�

8� ular que tudo quanto azem az parte de uma causa moral,

 justifcável em si mesma, e que portanto deverá ser levada por

diante sem olhar a meios, é uma tentação comum neste tipode instituições� Com eeito, mesmo tratando-se de causa moral,

sempre é conveniente saber se o modo específco da sua reali-

zação é aquele que é susceptível de produzir os melhores resul-tados� Além de concluir sobre a melhor maneira de servir aquela

causa, sempre há muitas mais causas para servir� Por isso, nãoobstante o seu carácter não empresarial, estas instituições têm

o dever – perante os associados, os benefciários e terceiros em

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32  Jan. Fev. Mar. 2010

eral – de pautar a atribuição dos seus recursos por riorosos cri-térios de efciência e efcácia, e não apenas em unção de esti-máveis propósitos de bem-azer� Evidentemente,é sempre louvável «azer o bem», mas melhordo que isso será «azer bem o bem»�

9� A contabilidade é, por excelência, a téc-nica para medir a efciência da estão�O estabelecimento, no passado recente,de planos erais de contabilizaçãoaplicáveis em variadas áreas de ac-tividade próprias das entidades semfns lucrativos veio constituir um im-portante instrumento para a melhoriados métodos de estão destas entidadesatravés da produção fável de inormação eco-

nómico-fnanceira e do controlo objectivo dassuas operações� Estes planos, assentes natu-ralmente em sistemas de contabilidade dirá-fca («contabilidade echada»), poderão propor-cionar um acompanhamento sistemático da evoluçãonão apenas dos tradicionais aspectos da tesouraria, mas tam-bém dos demais valores patrimoniais e ainda dos reistos das

despesas e custos suportados� Im-portaria também ponderar proveitos – va-

loração dos bens e serviços prestados à comunidade –, mas essaé matéria ainda em aberto no campo da ciência contabilística�

0� Numa época de acerbado individualismo, há que olhar comadmiração todos os que, enerosa e desinteressadamente, de-dicam o melhor do seu esorço ao bem comum� É esse impulso

desinteressado que az com que se mantenham de pé muitasinstituições sem fns lucrativos� No entanto, não é seuro quea prestação dessas pessoas em caros dirientes das orani-zações, por voluntariosa, confure só por si, em todas as situa-ções, condições avoráveis ao dinamismo e efciência da suaacção� Hoje sabemos que não é assim� Sabemos que, se em mui-tos aspectos as oranizações sem fns lucrativos podem servirde exemplo às empresas, também o inverso é uma verdade queconvém destacar� E não só na captação de undos� Missão, lide-rança, defnição de objectivos, administração, recrutamento, or-mação de pessoal, avaliação e controlo da  perfrmance são al-

uns aspectos em que as técnicas de estão são cada vez maisindispensáveis�

NOTAS

() Conorme o Essencial de Drucker , Actual Editora, unho de 2008�

(2) Sobre a mesma matéria poderá consultar-se «A Gestão nas Oranizações Sem Fins ucrati-

vos – Converter Boas Intenções em Resultados», artio do mesmo autor publicado na Revista

Dirigir , edição 8-82�

(3) A palavra resultados aqui aplicada deverá tomar-se em sentido amplo de orma a abraner

não propriamente recursos fnanceiros e meios patrimoniais alcançados, mas a consecução

de fns propostos�

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«Há undações a mais e transparência a menos�» Esta arma-ção oi proerida por Rui Vilar, presidente do Centro Portuuês deFundações, no Encontro Nacional destas oranizações e espelhabem o emaranhado complexo em que se move o universo unda-cional portuuês�Um dos randes obstáculos que se coloca à partida a quem pre-tenda azer um retrato das undações em Portual é a inexistên-cia de um reisto centralizado� Tarea ciclópica, pois, a de sabero seu número, o seu património, as actividades desenvolvidas

por rande parte delas e o seu impacto na economia nacional�Há quem ale em 00 e quem seja mais modesto e as reduzaa 450� O Centro Portuuês de Fundações (ver caixa) contabiliza,por sua vez, apenas 5 undações associadas� A única coisaque se sabe de concreto é que oi a partir dos anos 80 do séculoxx que se reistou um boom na criação de undações e que nosúltimos anos se tem vericado uma diminuição das undaçõescriadas com o leado patrimonial de beneitores, aumentando emcontrapartida o número de undações criadas com os lucros derandes empresas�O aumento do número de undações resultou, em parte, do ac-

to de serem apenas necessários 5 mil euros para as constituir(desde 2000 esse valor passou a ser de 250 mil euros), daí ten-do resultado a criação de undações com património insucien-te para prosseuirem os seus objectivos� Como consequência,várias undações passaram a depender de subsídios públicospara continuarem em uncionamento, pois o seu património nãoé suciente para as manter� Situação que é, no mínimo, um con-tra-senso e parece justicar a armação de Rui Vilar a que aludino início� Por outro lado, há que estabelecer a destrinça entre asundações privadas e as IPSS, undações com reime jurídico di-erente nas quais a intervenção pública é mais visível�

fundações:

o retrato possívelPor: Carlos Barbosa de Oliveira – ornalistaIlustrações: oão Amaral

A inexistência de um re�isto centralizado, a indef-

nição do seu re�ime jurídico e al�uma alta de cla-

reza quanto aos objectivos, são apenas al�uns dos

actores que difcultam a tarea de traçar um quadro

do panorama undacional portu�uês

Perante o panorama pouco claro das undações, o overno pediuao proessor Freitas do Amaral para elaborar uma proposta de re-visão do reime jurídico das undações, que terá sido entreueno nal do ano�Fica ainda por responder em que circunstâncias se pode conside-rar que uma undação desenvolve a sua actividade no âmbito daeconomia social� Pondo de parte alumas considerações jurídi-

cas que não cabem no âmbito desta refexão, socorro-me do art�º57�º do Códio Civil: «As disposições do presente capítulo (nr:

disposições gerais sobre pessoas colectivas) são aplicáveis

às associações que não tenham por fm o lucro económico dos

associados, às undações de interesse social e ainda às socie-

dades, quando a analogia das situações o justifque.»

À luz deste preceito, todas as associações e undações que te-nham como principal objectivo a solidariedade social interam aeconomia social� Haverá, obviamente, quem discorde, arumen-tando que quando uma associação ou undação não desempe-nha uma actividade económica não deverá interar a economia

social� Por outro lado, as undações criadas e mantidas por em-presas em Portual devem incluir-se neste sector da economiasocial? Não tendo encontrado arumentos que aconselhassemo contrário, creio que a resposta deve ser armativa�Com base nos pressupostos enunciados, escolhi, a título indica-tivo, alumas undações que desenvolvem a sua actividade noâmbito da economia social� Para o eeito, recorri à única listaemexistente em Portual: a do Centro Portuuês de Fundações, queconta com 5 associadas� Dessa lista respiuei alumas que,pela diversidade de objectivos ou missão, podem ilustrar, de or-ma abranente, as áreas de actuação das undações em Portual�

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34  Jan. Fev. Mar. 2010

• fdaão biaya barreo

Contribuir para a promoção da

população, desinadamen-

te da reião Centro, dando

expressão oranizada ao

dever de solidariedade e de

  justiça social entre os indi-

víduos� Aprovar, promover

e realizar actividades no

âmbito da seurança so-

cial, educação, saúde, cultura

e ormação�

• fdaão D. Pedro Iv Apoio a crianças e jovens e à interação social e comunitária; pro-

tecção de cidadãos na velhice e invalidez, em situações de altaou diminuição dos bens de subsistência ou incapacidade para o

trabalho; prestação de cuidados de medicina preventiva, curativa

e de reabilitação; resolução de problemas habitacionais, nomea-

damente a habitação proteida para idosos e outros estratos de

população vulnerável; concessão de bolsas e subsídios�

• fdaão IaelPrestação de serviços sociais nas áreas do turismo social e sé-

nior, do termalismo social e sénior, da oranização dos tempos

livres, da cultura e do desporto populares, com proundas preo-

cupações de humanismo e de qualidade� Promoção de melhores

condições de vida para a ocupação de tempos livre dos trabalha-

dores no activo ou reormados�

• fdaão moepioPromover o mutualismo, a economia social e todas as mani-

estações de solidariedade social em Portual e nos países

de línua ofcial portuuesa; promover o desenvolvimento da

pessoa humana na sua dimensão de ser solidário com os seus

semelhantes�

• fdaão noreoop

Promover, apoiar ou executar projectos e proramas de intercoo-peração e de interesse social, com especial incidência na área do

sector cooperativo e da economia social, visando contribuir para

o desenvolvimento cívico, cultural, desportivo, económico e so-

cial dos destinatários�

• fdaão «O sélo»A acção da undação desenvolve-se particularmente nas áreas

de protecção da inância e das érias para crianças carenciadas,

mas envolve também outros estratos etários, nomeadamente os

desempreados de lona duração e a terceira idade carenciada�

• fdaão Poral teleo

Promover em Portual e no resto do Mundo, particularmente nos

países de línua ofcial portuuesa, proramas de acção, iniciati-

vas e actividades que visem ou avoreçam os avanços da socie-

dade de inormação, os usos sociais de meios e tecnoloias de

comunicação e inormação, desinadamente para a promoção

da educação e ormação tecnolóica e cultural e do combate à in-

oexclusão nas suas diversas vertentes; desenvolver acções que

promovam a inovação e desenvolvimento, a saúde, a cultura, o

desporto e outras�

• fdaão Porea de Apoio à criaaA sua intervenção abrane vários domínios, nomeadamente o

combate à inoexclusão e apoio aos cidadãos com necessidades

especiais de comunicação� Também desenvolve acções no domí-

nio da solidariedade social, especialmente destinadas a criançasem situações de risco�

• fdaão RiardoEpírio sao silaProteer as Artes Deco-

rativas Portuuesas e os

oícios com elas relacio-

nadas pela manutenção

das suas características

tradicionais, pela edu-

cação do osto

do público e pelo

desenvolvimento

da sensibilidade

artística e cultu-

ral dos artífces�

cEntRO PORtuguÊs DE funDAçõEs

Criado em 993 por iniciativa das Fundações Calouste Gulbenkian, Oriente e

En�º António de Almeida, o Centro Portuuês de Fundações é uma associação

que visa a cooperação e solidariedade entre os seus membros, bem como a

deesa dos interesses comuns�O CPF – que conta actualmente com 5 undações associadas – criou um

códio de boas práticas das undações tendo em vista a adopção de boas

práticas, a preservação do seu bom nome e confança pública na sua activi-

dade� Nesse códio, as undações sublinham o valor da sua autonomia e inde-

pendência na construção de uma sociedade civil plural, justa e responsável e

comprometem-se a deender «os valores da interidade, da transparência, da

auto-reulação e da prestação de contas, o que compreende obriações e res-

ponsabilidades relativamente a todos os interessados na suas actividades»�

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revistadirigir 35

O Parlamento Europeu aprovou, no fnal do ano passado,a criação de uma nova linha de crédito, no montante lo-

bal de 00 milhões de euros, para ajudar as pessoas que

perderam ou que estão em risco de perderem os seus empreos�A medida, que deverá entrar em vior no início deste ano, oi

aprovada por 56 votos a avor, 82 contra e quatro abstenções�

«Foram tomadas medidas leais para tornar mais ácil às pes-soas que perderam, ou estão em risco de perder os seus postos

de trabalho, conseuir crédito para começar os seus próprios ne-

ócios», reere, em comunicado, a instituição�A nova linha de crédito deverá estar em vior nos próximos qua-

tro anos, tendo o Parlamento Europeu decidido libertar 25 mi-lhões de euros do orçamento da União Europeia (UE) de 200

para apoiar o seu arranque no início deste ano�

Refra-se, a propósito, que a Comissão

Europeia publicou, iualmente no fnaldo ano passado, o seu Relatório Conjun-

to sobre o Empreo, onde defne como

principal desafo para os 27 Estados-

-membros nesta área a recuperação sus-tentável do mercado de trabalho, com acriação de novos e melhores empreos�

Devido à deterioração dos mercados

de trabalho provocada pela crise eco-nómica, prevê-se que o desempreo

continue a crescer em 200 em todos

os países da UE, embora a um ritmomais lento�

A Comissão Europeia espera uma retoma

económica radual em 200 e em 20,mas os mercados de trabalho levarão,

como reere, mais tempo a reair�

• Eurobarómetro sobre pobreza e ex-

clusão

Mais de metade dos portuueses (62%)

reconhecem ter aluma difculdade em

viver com o rendimento doméstico men-sal� A conclusão consta no Eurobaróme-

tro sobre pobreza e exclusão social, elaborado no âmbito do AnoEuropeu da uta contra a Pobreza e a Exclusão Social, que este

ano se assinala, e que já mereceu destaque em edição anterior

da revista Dirigir (n�º 07)�Relativamente a Portual, os dados indicam que 88% dos inquiri-

dos consideram que a pobreza é eneralizada� O valor obtido no

nosso país supera a média europeia, que é de 73%�Numa análise lobal, já sem a avaliação por país, o inquérito reali-

zado pelo Eurobarómetro revela que nove em cada dez europeus

entendem que a pobreza é um obstáculo ao acesso a uma ha-bitação condina� Para oito em cada dez é razão sufciente para

limitar o acesso ao ensino superior ou à educação de adultos, e74% dos inquiridos consideram que reduz as possibilidades de

encontrar um empreo�

    S    a    B    I    a

    Q    U    e

parlamntoeurouApoia

Criação de EmpregoPor: Nuno Gama de Oliveira Pinto – Conerencista e Investiador Sénior (Comissão Europeia / UN); Consultor de EmpresasIlustrações: Plino

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36  Jan. Fev. Mar. 2010

aspotenciliddesdeconomi

socilpara a geração de empregoe realização pessoalPor:Cláudia Neves – Investiadora na Unidade de Investiação, Educação e Desenvolvimento – Faculdade de Ciências e Tecnoloias, Universidade

Nova de isboa

Quer estejamos a alar em economias mundiais, econo-

mias nacionais ou economias amiliares, os temas queestão sobre mesa são os mesmos� Contenção de as-

tos, inásticas orçamentais, redução do déce das contas, etc�

Estas problemáticas não só passaram a azer parte das peças

noticiosas que nos inundam os meios de comunicação social,

como também são parte de refexões e estratéias que vão dos

overnos nacionais ao cidadão comum� A conjectura nanceira

actual veio aravar as railidades de um sistema que, embora

prometendo o aumento do nível de vida aliado à produção de

lucro, se revelou demasiado imprevisível e com consequências

socialmente raves�

A estas consequências sociais neativas, o sistema neoliberal que

as provocou está alheio� O Estado está incapacitado de poder res-ponder a todos os pedidos de apoio que cheam dos vários secto-

res da sociedade� Este espaço vazio deixado pelo mercado e pelo

Estado é preenchido por oranizações da sociedade civil que ten-

tam colmatar alumas das necessidades de empreo e inclusão

social trabalhando para a erradicação da pobreza, promovendo o

desenvolvimento local e reional� Este tipo de iniciativas de apoio

ao desenvolvimento local, social e pessoal tem vindo a assumir

os contornos de uma economia paralela, muitas vezes desina-

da de economia social, podendo ser eradora de potencialidades

que contribuam para sociedades mais justas e democráticas�

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revistadirigir 37

A Associação Portuuesa de Solidariedade e Desenvolvimento éuma entidade que trabalha para a promoção da inclusão social apartir da inserção prossional� Através de uma breve entrevistaa dois dos seus membros, procuramos ilustrar como as orani-zações da economia social podem ter um impacto positivo naseconomias amiliares, locais e nacionais�

• Iniciativas sociais para responder a m sistema falível

As reerências a acções de apoio económico e social aos maisdesavorecidos podem ser encontradas ao lono de toda a His-tória, mas oi a partir da consolidação de um modelo de desen-volvimento capitalista que a urência destas iniciativas se veioa evidenciar�A década de 90 do século xx oi cenário de randes transorma-ções no contexto da lobalização que, apoiadas pela introdução

de novas tecnoloias de comunicação e inormação, se estende-ram de orma nunca antes vista a todas as áreas da sociedade�Paralelamente, nesta década emere uma consciência lobalacerca das disparidades sociais que se aravam, desmontando aideia de que o crescimento económico tem consequências direc-tas na melhoria das condições de vida das populações�Sure, assim, um conjunto de debates e refexões sobre alterna-tivas à economia neoliberal, lançando conceitos como oraniza-ções não lucrativas, economia solidária e cooperativa, terceirosector, entre outros� Todos estes termos estão associados a umavisão alternativa, denominada economia social, que procura a-zer ace às consequências neativas da lóica do lucro ao mes-

mo tempo que tenta colmatar as limitações do Estado nas áreassociais�O aravamento da crise económica mundial a partir do Outono de2008 obriou-nos a refectir sobre o sentido da economia nan-ceira e, também, da economia social nas suas diversas ormas�

• uma economia alternativadeeparaas pessoas

Tem vindo a construir-se uma visão de que a economia socialpode desempenhar um papel importante nas economias nacio-nais: por um lado, através da criação de valor acrescentado a par-tir da ormação e aumento do capital social; por outro lado, equi-

librando o crescimento económico com arantias de desenvol-vimento social, uma das condições para se viver em democracia�É preciso construir uma economia dee paraa sociedade�As instituições da chamada economia social são entidades deactividade produtiva eridas de orma dierente, tendo por basea prática de uma democracia viva e de uma estão de anhosem prol de um bem comum� Este vasto sector económico-social,muitas vezes denominado de terceiro sector em oposição aosector público e ao sector privado com ns lucrativos, assumediversas ormas oranizativas� Entre elas destacam-se as co-operativas, as instituições particulares de solidariedade social,

as misericórdias, as mutualidades, as undações e as associa-ções de desenvolvimento local, entre outras�Não sendo exclusivas dos dias de hoje, a sua consolidação e am-pliação tornam-se mais urentes no contexto actual de crise -nanceira mundial e das consequências sociais que provocou, emparticular ao nível do empreo� Assim, tem vindo a expandir-se avisão de que a economia social pode ser uma alternativa ecazpara equilibrar, de orma mais equitativa, o crescimento econó-mico com os objectivos de desenvolvimento sustentado pelainclusão social�Tendo por base estas nalidades, a economia social assenta numconjunto de princípios que a distinuem dos sectores público eprivado com ns lucrativos� De entre estes princípios destacam--se a livre iniciativa colectiva, a democracia e a iualdade, a jus-ta repartição dos anhos, a indivisibilidade total ou parcial dos

undos próprios, a solidariedade, a promoção do indivíduo e aindependência do Estado� É com estas características distintivasque as oranizações da economia social procuram responder àsnecessidades económicas e sociais para as quais a economiapública e a economia privada não conseuem, ou não desejam,encontrar respostas (Caeiro, 2008)�

• A economia social em Portgal

De acordo com um estudo do CIRIEC – International Center o Re-search and Inormation on the Public and Cooperative Economy,de 2000, Portual apresenta-se como um dos países onde o ter-ceiro sector está emerente� São apontadas alumas railidades

como a orte dependência do nanciamento público, a enormepresença das oranizações de carácter reliioso, a alta de pros-sionalização e ormação dos caros de direcção destas oraniza-ções e o raco envolvimento da sociedade civil�Em 976 oi consarado na Constituição da República Portuue-sa um sector cooperativo paralelamente ao sector público e aosector privado� Na revisão da Constituição realizada em 989,ao sector cooperativo oi adicionada uma vertente social, de sub-sectores comunitários e autoestionários, as chamadas mutua-lidades� Ou seja, na lei portuuesa o sector da economia social éconsarado tendo por base duas vertentes – um sector coopera-

tivo e um sector social� Está, assim, abranida uma ampla redede economia social que enloba as cooperativas, as entidadesdo sector comunitário, as unidades produtivas que interam osubsector autoestionário, as misericórdias, as mutualidades, asundações, as associações e outras entidades que tenham comoobjectivo a solidariedade social� Desta orma, Portual tem umenquadramento leal que permite o omento destas iniciativasde desenvolvimento social, ainda que demasiado vao e poucoclaro�Relativamente às chamadas empresas sociais, também per-tencentes ao sector da economia social, é diícil conseuirmos

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aceder a dados estatísticos que nos permitam ter uma percep-

ção da sua extensão� Esta alta de caracterização estatística dasoranizações portuuesas do chamado terceiro sector contribui

para a alta de visibilidade dos contributos que este vasto sector

económico-social tem para o rendimento nacional, para criaçãode empreo e outras mais-valias que possa promover� No entan-

to, damos de seuida um exemplo de uma associação portuue-sa que desenvolve um trabalho com resultados muito positivos

ao nível da inserção social pelo empreo�

• um caso pariclar de dinâmicas de economia social em

Porgal

A economia social nas suas distintas vertentes proporciona res-postas muito importantes ao nível do desenvolvimento local, da

criação de empreo e da realização pessoal� A Associação Portu-uesa de Solidariedade e Desenvolvimento – APSD – é um bom

exemplo (http://www�apsdportual�com/)�

A APSD é uma associação sem fns lucrativos criada em Dezem-bro de 996� Desde 2000 oi-lhe consarado o estatuto de Ins-

tituição Particular de Solidariedade Social� O objectivo principal

desta associação é trabalhar no sentido da inclusão social tendoem conta a ormação, a educação, o desenvolvimento local e a

inserção� Neste contexto, a associação desenvolve um conjun-

to de projectos, entre os quais o Projecto VIPP – Valorização eInserção Pessoal e Profssional� Este projecto, iniciado em 2008,

é desenvolvido em parceria com a Câmara Municipal de Oeiras eo Instituto de Seurança Social e tem como área de actuação o

Bairro do Alto dos Barronhos, na reuesia de Carnaxide�

A Dirigir deslocou-se a esta associação para tentar perceber me-

lhor o trabalho desenvolvido, no sentido de aerirmos não apenasos principais obstáculos com que se derontam como também

os resultados que têm atinido em termos de melhoramento da

vida das pessoas daquela zona� Fomos recebidos pela presidenteda APSD, Deolinda Machado, e pela coordenadora do Projecto VIPP,

Odete Mota Feliz, que, com toda a disponibilidade e colaboração,nos apresentaram as instalações da APSD e responderam a alu-

mas questões colocadas�

• trabalhar a inserção social pelo lado económico

Este é o lema desta associação� Deolinda Machado, a presiden-

te, não tem qualquer dúvida em afrmar a importância de atin-ir metas económicas para se conseuirem resultados sociais�

Seundo a própria: «O nosso principal objectivo é a inserção so-cial pelo económico� Trabalhamos a pessoa em unção disto� O

objectivo fnal é sempre arranjar trabalho e constituir-se enquan-

to pessoa�»Para chear a este objectivo fnal numa população carenciada

é preciso estabelecer estratéias efcazes que sensibilizem a

comunidade envolvente� Esta associação desenvolve eventossociais nos quais procuram aliar inormação, sensibilização e

convívio� Com estes inredientes a APDS conseue, não apenas

promover os apoios que disponibiliza junto da comunidade, comotambém inormar as pessoas sobre temáticas do seu interesse

num cenário de esta e convívio, onde se apela à participaçãode todos com ideias muito simples como «traa o pão que nós

damos o chouriço»� «Vamos para rua, procuramos as pessoas,

38 Jan. Fev. Mar. 2010

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revistadirigir 39

azemos estas e depois aproveitamos para trabalhar uma temá-

tica� Houve vezes em que trouxemos pessoas do microcrédito e

 já há projectos daqui apoiados por eles», reere Deolinda Macha-

do sem esconder o seu entusiasmo�

Com este tipo de acções, a APSD tem conseuido atinir resul-

tados muito positivos� Em 2009, cerca de 409 pessoas oram

atendidas pelo Gabinete de Empreabilidade� Dessas 409 pes-

soas, 44 estão a trabalhar com contrato de trabalho, 27 estão em

situação de estáios profssionais e uma conseuiu criar o seu

próprio neócio, sendo que se trata apenas um dos eixos de inter-

venção desta associação na comunidade envolvente�

Deolinda Machado deixa bem claro que, ao lono de todos os

passos do processo de inserção social e profssional, o princi-

pal objectivo é trabalhar com as pessoas e não p elas� Nesse

sentido, a associação dispõe de um conjunto de meios para que

sejam as próprias a procurarem empreo, sendo que há técnicos

na associação que ajudam em caso de necessidade� «Depois daentrevista com a assistente social, identifcamos as competên-

cias e começamos a estabelecer contactos com empresas� En-

viamos uma circular anunciando a oerta de trabalho, reorçamos

com um teleonema, uma reunião, e também procuramos anún-

cios para trabalho nos jornais� Marcamos entrevistas, por vezes

acompanhamos as pessoas outras vezes não��� também temos

alumas acções apoiadas por rupos de auto-ajuda para tratar

de questões tão básicas como a imaem dos candidatos�»

Em termos do tipo de oertas de empreo que costumam sa-

tisazer, Deolinda Machado e Odete Mota Feliz reerem que são,

essencialmente, profssões pouco qualifcadas, na maioria das

vezes para o sector da construção civil, da restauração, apoio do-

miciliário, auxiliares de acção educativa, etc�, sendo que rande

parte dos seus utentes são mulheres�

Procurámos saber mais sobre o impacto desta inserção profs-

sional noutras dimensões da vida das pessoas� As nossas en-

trevistadas reeriram que, embora não tendo desenvolvido um

estudo aproundado sobre as alterações amiliares, têm a noção

que, no caso particular das mulheres, são reveladas alterações

de comportamento importantes� Preocupam-se com os flhos

que fcam na rua, conseuem melhorar as condições de habita-

bilidade das suas das casas e os maridos parecem reconhecer-

-lhes mais valor� «Temos, por exemplo, um caso de uma senhoraque, através do trabalho que desenvolvemos com ela, conseuiu

abrir um caé� Cheou aqui à associação sem nada», reere Odete

Mota Feliz com uma satisação contaiante�

Relativamente aos constranimentos que esta associação en-

contra no desenvolvimento das suas actividades, o principal

actor apontado é o fnanciamento, considerado o rande estran-

ulador da vontade de trabalhar das oito pessoas que a interam�

Mas, não conormada com esta incapacidade, Deolinda Machado,

a presidente da associação, diz que a resposta não pode ser o

comodismo mas sim uma atitude proactiva� «Não podemos es-

tar sempre presos à alta de dinheiro� Precisamos de pessoas de

outras áreas que não das Ciências Sociais, sem vícios, que nos

ajudem a vender o nosso produto� Que nos ajudem a chear às

pessoas e às empresas� Temos de anhar mais visibilidade�»

A este propósito, é interessante realçar que as nossas entrevis-

tadas consideram que já existe uma dinâmica de participação de

cidadãos comuns ora do bairro e de empresas do concelho de

Oeiras que procuram a associação com iniciativas espontâneas

de apoio� Esta potencialidade tem de ser aproveitada e maximiza-

da, na opinião de Deolinda Machado e Odete Mota Feliz�Outro constranimento maniestado prende-se com as difculda-

des de trabalhar em parceria� Para alumas oranizações deste

sector as parcerias ainda são encaradas como um desafo de

competição e quase de concorrência, ao invés de terem por base

a cooperação e a partilha de responsabilidades� Tal como reere

Odete Mota Feliz: «Queremos trabalhar em rede, para além de

parceria, precisamos dos recursos humanos e de tempo de ou-

tras instituições para trabalharmos para o bem comum� Normal-

mente as entidades procuram sempre saber quanto tempo lhes

vai ocupar e o que vão anhar com isso�»

Independentemente de todos os constranimentos, esta asso-

ciação desdobra-se em serviços e estratéias de sobrevivência

e de apoio� Mesmo sacrifcando tempo e eneria das oito pessoas

que se dedicam para servir o bem comum, no fm todo este tra-

balho é recompensado com um simples teleonema, como nos

contou Odete Mota Feliz: «Ainda ontem recebemos um teleone-

ma de uma senhora para dizer que estava muito satiseita� Tinha

começado a trabalhar na seunda-eira� São estes casos que a-

zem tudo valer a pena�»

Muitas vezes conundidas, a economia social não é apenas uma

economia solidária, como vemos neste caso� Ela pode constituir

um valor acrescentado com êxitos económicos, assumindo tam-

bém uma unção cívica�

REfERÊncIAs bIblIOgRáfIcAs

cAEIRO, oaquim Manuel Croca, «Economia Social: conceitos, undamentos e tipoloia», in re-

vist Ktál, Florianópolis, vol� , n�º , pp� 6-72, aneiro/unho de 2008�

lAvIllE, ean-ouis, L’économie solidie. Une pespective intentionle, Paris, Hachette it-

tératures, 2007�

thIERRY , eantet, a Economi Socil. Um altentiv o Cpitlismo, isboa, Edição da Outro

Modo, Cooperativa Cultural, CR, 2009�

gestão

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8/8/2019 DIRIGIR nº 109

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40  Jan. Fev. Mar. 2010

efctividadlgale trabalhonão declarado e irregular Por:Glória Rebelo – urista, Proessora Universitária (UHT) e Investiadora (Dinâmia/ISCTE)� icenciada e Mestre pela FD e Doutora pelo ISEG/UT�Ilustrações:Sério Rebelo

1.Economia informal e trabalho não declarado e irregular

Desde o nal do século xix – com o aparecimento, nospaíses europeus, da consciência da necessidade de uma

intervenção do Estado na oranização das relações de trabalho– que um dos reptos ao uncionamento das Inspecções de Tra-

balho tem sido o de elevar os níveis de eectividade leal no mer-

cado de trabalho�Contudo, e dado que depende da acção conjunta dos diversos

parceiros sociais, a promoção de uma maior eectividade leal na

área laboral – e o consequente combate ao trabalho não decla-rado e irreular – tem sido, na eneralidade dos países da União

Europeia (UE), um caminho lono e ainda com resultados aquém

do desejável�As razões para este acto são múltiplas e prendem-se quer com

características especícas de cada Estado (nomeadamente, como sistema scal, com o nível de encaros sociais, com a intensida-

de da burocracia na reulação dos mercados ou com as caracte-

rísticas do mercado de trabalho), quer com enómenos transver-

sais aos Estados (como, por exemplo, com os fuxos miratórios)�

A verdade é que a não erradicação deste enómeno tem implica-ções em muitas áreas da overnação (incluindo a do empreo, a

da Seurança Social, a da saúde, da seurança, ou da educação),

e na denição das políticas macroeconómicas e, nesta medida,as responsabilidades entre diversas áreas da overnação, ou

seja, entre os diversos ministérios que tutelam estas áreas en-contram-se distribuídas�

De acto, pela sua natureza diusa, não tem sido ácil quanticar

nos diversos países europeus nem a «economia inormal», nem«o trabalho não declarado» (parcela da economia inormal), nem

o «trabalho irreular»� Aliás, as próprias denições de «econo-

mia inormal», de «trabalho não declarado» e de «trabalho irre-ular» variam consoante o contexto nacional, sobretudo porque

as noções de «trabalho subordinado», de «trabalho independen-te» e de «trabalho amiliar» não são unas e mudam de país para

país�

Assim, este problema – comum aos Estados-membros da UE– convoca os diversos overnos a articularem uma estratéia

comum de combate ao trabalho não declarado, desinadamente

através de reuniões periódicas, da denição coerente de polí-ticas e da coordenação de acções e da partilha de inormação�

Acresce que, no actual momento de crise socioeconómica inter-

nacional – que, seundo a perspectiva da OIT, será «severa, lon-a e lobal», estimando-se que possa criar 20 milhões de novos

desempreados no Mundo até ao nal de 2009 (OIT, 2009) – , osdesaos de controlar e scalizar o cumprimento eectivo da le-

islação nacional laboral tornam-se mais complexos�

gestão

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revistadirigir 4revistadirigir 4

Assim, ure realçar as consequências do trabalho não declarado

e irreular confrmando que estas se azem sentir não apenasa nível individual mas, e acima de tudo, na sociedade no seu

conjunto (Klazmann, 989), sinifcando no plano da economia

uma importante perda de receitas, quer para o Sistema Públicode Seurança Social e para a Administração Fiscal, e uma dis-

torção da concorrência entre empresas e sectores e, ao nível

do empreo, uma maior sementação social, assim como umamenor propensão para o investimento na ormação profssional

e mesmo a dissimulação dos dados relativos ao desempreo real(Quadro )�

2. trabalho não declarado e rabalho irreglar em Porgal

2.1. trabalho não declarado

Embora de diícil concretização, o «trabalho não declarado» de-fne-se, em sentido lato, como uma actividade de carácter econó-

mico-laboral que escapa, no todo ou em parte, aos mecanismos

de controlo instituídos em cada país (aé, 989), ou seja, umaorma de trabalho remunerada mas não declarada aos poderes

públicos (Comissão Europeia, 998)� De acto, existe um conjun-

to de actores de ordem estrutural – económicos, sociolóicos e jurídicos – que tende a condicionar a emerência desta orma de

trabalho, a que acrescem actores de ordem conjuntural, estes

últimos de carácter transitório (Heertje e Barthélémy, 984)�Mas o principal atractivo desta orma de trabalho tem sido, para

os empreadores e para os trabalhadores, respectivamente, ode reduzir os seus custos sociais com o trabalho e o de permitir

aumentar rendimentos através da ua aos impostos e às con-

tribuições para a Seurança Social (Grazia, 980)�

Retrocedendo à «Estratéia Europeia de Empreo» – enuncia-

da em 997 e que abriu caminho ao chamado Método Aberto

de Coordenação – importa reerir que, desde então, a Comis-são Europeia tem chamado a atenção para a necessidade

de promoção de uma «Estratéia Europeia contra o Trabalho

não Declarado» (Comissão Europeia, 998)� Desde essa al-tura que, entre os Estados-membros da EU, tem existido um

rande esorço orientado (vide Quadro 2), simultaneamente,

Qadro 1

Repercssões do rabalho não declarado e irreglar

Na Economia No Emprego

Uma importante perda de receitas para oSistema Público de Seurança Social e para

a Administração Fiscal�

Uma maior sementação laborale uma maior propensão para a

exclusão social�

Uma distorção da concorrência entre

empresas e sectores pois, como é sabido,

pode desencadear o encerramento de

empresas a laborar em situação leal e

reular mas com maiores encaros sociais�

Uma menor propensão para

o investimento na ormação

profssional�

A dissimulação dos dados

relativos ao desempreo real�

gestão

Qadro 2 Acções inegradas jno dos Esados-membros da uE no senido de agir sobre o

rabalho não declarado

Avaliação da sua dimensão e identifcação sectorial�

Adopção de medidas que passam pela melhor identifcação dos destinatários-alvo�

Desenvolvimento de medidas que possibilitem a sua erradicação (preocupação que

tem ranjeado destaque nos Planos Nacionais de Empreo dos diversos Estados-

-membros)�

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42  Jan. Fev. Mar. 2010

para a avaliação da dimensão e identifcação sectorial do e-

nómeno, para a adopção de medidas que passam pela me-lhor identifcação dos destinatários-alvo e para o desenvolvi-

mento de medidas que possibilitem erradicar o trabalho não

declarado (preocupação que tem ranjeado destaque nosPlanos Nacionais de Empreo dos diversos Estados-membros)�

No balanço da «Estratéia Europeia de Empreo», a Comissão

Europeia propôs, em 2007, um conjunto de medidas contra o«trabalho não declarado» na UE que, num esorço para comba-

ter a economia paralela passam, entre outras, por uma reduçãomais sinifcativa da tributação do trabalho, pela redução da bu-

rocracia e simplifcação dos processos administrativos e pelo

combate à remuneração oculta� Assim, em cada Estado-membrotorna-se evidente que é necessário que no plano de uma maior

afrmação do conceito de cidadania social se sensibilizem os ci-

dadãos quer para os eeitos nocivos que o «trabalho não decla-

rado» tem na economia e no empreo, pois quanto mais trabalhonão declarado menos empreo disponível, mais elevada tende aser a cara fscal no país e mais onerado fca o Sistema Público de

Seurança Social (baseado, entre outras, nas contribuições de

empreadores e trabalhadores), quer para a necessidade de umaacção individual de cada trabalhador não declarado para que seja

capaz de transormar este trabalho não declarado em trabalho

declarado alertando para o acto de – ao inrinir a lei para uiraos impostos e às contribuições sociais – serem, eles próprios,

as principais vítimas, subtraídos que fcam à tutela jurídico-labo-

ral e social� Importa também que se sensibilizem as empresas eos empreadores para o acto de o trabalho não declarado desvir-

tuar as reras sãs da concorrência empresarial e, desencadear oencerramento de muitas empresas (vide Quadro 3)�

Quadro 3

conjunto de açõe de enibilização em prol do inremento da cidadania soial

Junto dos Cidadãos

Fortalecer a ideia de que quanto mais trabalho não

declarado menos empreo disponível, mais elevada tende

a ser a cara fscal no país e mais onerado fca o Sistema

Público de Seurança Social�

Sensibilizar para a necessidade de uma acção individual

de cada trabalhador não declarado para que este seja

capaz de transormar este trabalho não declarado

em trabalho declarado, alertando para o acto de – ao

inrinir a lei para uir aos impostos e às contribuições

sociais – serem eles próprios as principais vítimas,

subtraídos que fcam à tutela jurídico-laboral e social�

unto das Empresas e

Empreadores

Reorço da ideia de que o trabalho não declarado desvirtua

as reras sãs da concorrência empresarial podendo, como

eeito, desencadear o encerramento de muitas empresas�

gestão

Depois – e no plano das Políticas Públicas de cada Estado – seráundamental, em primeiro luar, avaliar a dimensão do enóme-

no, desinadamente construindo uma «base de dados» quepermita aos investiadores um maior conhecimento desta rea-

lidade e caracterizar o perfl dos trabalhadores não declarados�

Em seundo luar, encorajar a realização de estudos que permi-tam uma compreensão lobal deste enómeno (das suas causas

estruturais e conjunturais), suscitando análises abranentes e

multidisciplinares (económicas, jurídicas e sociolóicas) e, aqui,mais do que eneralizações, conviria identifcar – através de um

rastreio sectorial das actividades – «determinados circuitos» de

trabalho não declarado�Além do mais – e ainda no plano das Políticas Públicas –, im-

porta prosseuir uma articulação efcaz entre os serviços (detutelas distintas) que investiam raudes, estabelecendo uma

eectiva política preventiva e sancionatória e promovendo uma

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abordaem proactiva com a intervenção de investiadores espe-cialistas, inspectores e Ministério Público e ainda – sempre quepossível – incrementar um intercâmbio de boas práticas entreEstados-membros da UE�Por m, convirá ainda – maximeem momento de crise – reorçara prevenção, dado que se estima que com a recessão económicase multipliquem os casos de actividades opacas ao sco e quese dê uma quebra de contribuintes para a Seurança Social poisaluns trabalhadores independentes (sobretudo os que aueremrendimentos muito baixos) tendem a cessar ormalmente a suaactividade, prosseuindo inormalmente com a mesma, e reor-çar a viilância aos fuxos miratórios (imirantes)�

2.2. trabaho irreguar

Um dos randes desaos da Reorma aboral de 2008/2009

– na qual se insere a revisão do Códio do Trabalho – prende-secom o combate à precariedade e o reorço dos instrumentos de

Quadro 4

trabaho irreguar e medidas ínsias no código do trabaho (lei n.º 7/2009, de 12-02)

Aspectos positivos presentes na Lei

n.º7/2009

Aspecto onde convém reforçar

vigilância

Reorço da presunção jurídica decontrato de trabalho quando narelação entre a pessoa que prestauma actividade e outra ou outras quedela beneciam se veriquem alunsdos denominados indícios jurídicos desubordinação (art�º 2�º, n�º )�

«Falso trabalho independente» pois,em contexto de crise e de tendencial

procura de redução dos custossociais do trabalho, pode existir umaumento deste tipo de contrataçãose não se zer acompanhar por uminequívoco incremento na acção descalização da ACT�

Possibilidade de aplicação de contra--ordenação muito rave imputável aoempreador a prestação de actividadeaparentemente autónoma, em condiçõescaracterísticas de contrato de trabalho,que possa causar prejuízo ao trabalhadorou ao Estado (art�º 2�º, n�º 2)�

Ao cumprimento dos limites máximosdos períodos normais de trabalho, poisem momentos de crise a intensicaçãoda jornada de trabalho assim comoo recurso abusivo ao trabalhosuplementar (sem justicação) e nãoremunerado tendem a banalizar-se�

Em caso de reincidência, a possibilidadede aplicação da sanção acessóriade privação do direito a subsídio oubeneício outorado por ente público(art�º 2�º, n�º 3), assim como a sançãode publicidade das empresas inractorasem caso de reincidência (art�º 562�º)�

Aos contratos de estáios e aoscontratos de trabalho a termo demuito curta duração�

Às subdeclarações deremunerações, abaixo dos valoresreais eectivamente paos aostrabalhadores�

scalização do «trabalho irreular»� No que respeita ao trabalhoirreular – ormas de trabalho utilizadas ora do quadro norma-tivo, desinadamente «also trabalho independente», contrata-ção a termo abusiva, trabalho suplementar não remunerado e ir-reularidades na oranização e reisto dos tempos de trabalho)– convém contrariar esta «cultura de dissimulação do paradi-ma laboral» (Monteiro Fernandes, 2004) instalada na sociedadeportuuesa através de novos instrumentos de scalização�Assim, serão positivas (Quadro 4) para a scalização do «alsotrabalho independente» as medidas ínsitas no actual Códio doTrabalho (ei n�º 7/2009, de 2-02) de reorçar a presunção ju-rídica de contrato de trabalho quando na relação entre a pessoaque presta uma actividade e outra ou outras que dela beneciamse veriquem aluns dos denominados indícios jurídicos de

gestão

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44  Jan. Fev. Mar. 2010

subordinação (art�º 2�º, n�º ); de cominar com uma contra-orde-

nação muito rave imputável ao empreador a prestação de acti-vidade aparentemente autónoma, em condições características

de contrato de trabalho, que possa causar prejuízo ao trabalhador

ou ao Estado (art�º 2�º n�º 2); de, em caso de reincidência, prevera possibilidade de aplicação da sanção acessória de privação do

direito a subsídio ou beneício outorado por ente público (art�º

2�º n�º 3), assim como a sanção de publicidade das empresasinractoras em caso de reincidência (art�º 562�º)�

Contudo, e a fm de corriir railidades, convirá reorçar a vii-

lância, nomeadamente ao «also trabalho independente», poiso aravamento da taxa social única para os contratos a termo

aora proposta e a introdução da obriação para as empresas depaar parte das contribuições para a Seurança Social dos traba-

lhadores independentes pode – no actual contexto de crise e de

gestão

tendencial procura de redução dos custos sociais do trabalho –

propiciar um aumento do «also trabalho independente» se não

se fzer acompanhar por um inequívoco incremento na acção defscalização da ACT; ao cumprimento dos períodos normais de

trabalho, pois em momentos de crise a intensifcação da jornada

de trabalho assim como o recurso abusivo ao trabalho suplemen-tar (sem justifcação) e não remunerado tendem a banalizar-se;

à celebração de contratos de estáios e de contratos a termo, emespecial de curta e muito curta duração, uma vez que no actual

contexto de crise socioeconómica se estima que estes últimos

possam corresponder a uma sinifcativa percentaem da cria-ção de empreo; às subdeclarações de remunerações, abaixo

dos valores reais eectivamente paos aos trabalhadores�

3. Reforma labora 2008/2009: um ponto de viragem na

promoção da efectividade ega

No âmbito da Reorma aboral 2008/2009 importa reerir a preo-cupação, transversal, em consarar à ACT um conjunto de meios

de acção nas suas áreas de competência, patenteada quer no

ivro Branco das Relações aborais (Novembro de 2007), querno Acordo Tripartido para um Novo Sistema de Reulação das

Relações aborais (unho de 2008), quer ainda no Códio do

Trabalho (ei n�º 7/2009, de 2-02)�No ivro Branco das Relações aborais (BR, 2007) propõe-se

que sejam criadas condições para que a ACT seja dotada de re-cursos – humanos, técnicos, materiais e fnanceiros – adequa-

dos ao desenvolvimento efcaz da sua actividade e que, junta-

mente com o Ministério Público, disponha da consaração lealde meios de acção nas suas áreas de competência�

Depois, no «Acordo Tripartido para um Novo Sistema de Re-

ulação das Relações aborais, das Políticas de Empreo e daProtecção Social em Portual», os parceiros sociais enuncia-

ram, entre outras medidas, o aumento dos quadros inspectivosda ACT e o reorço do quadro de pessoal de apoio técnico supe-

rior e/ou administrativo da ACT, nos valores anuais mínimos de

50 eectivos em 2009, 200 e 20�Como já reerimos, as disposições leais vertidas no Códio do

Trabalho (ei n�º 7/2009, de 2-02) relativas ao «also traba-

lho independente» são mecanismos leais importantes quepermitirão melhorar o âmbito de acção da ACT, em particular

quando reorça a presunção de contrato de trabalho e quando

considera o recurso a esta orma de contratação uma contra--ordenação muito rave, aplicando ainda uma sanção acessó-

ria de privação do direito a subsídio ou beneício outorado porente público, assim como a sanção de publicidade das empre-

sas inractoras�

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revista diriir 45

gestão

REfERÊncIAs bIblIOgRáfIcAs

Comissão do ivro Branco das Relações aborais, Lvo Bnco ds relções Lbos, Ministé-

rio do Trabalho e da Solidariedade Social, 2007�

Comissão Europeia, Councção sobe Tblho não Decldo, COM 29 – C4-0566/998�

gRAZIA , R�, «e travail noir: un problème d’actualité», revue intentonle du Tvl, vol� CXIX,

n�º 5, p� 595, 980�

hEERtJE, A� e bARthElEmY , P�, L’éconoe soutene, Economica, Paris, 984�

KlAZmAnn, R�, Le tvl u no , Col� Que sais-je?, PUF, Paris, 989�

lAE, � F�, Tvlle u no , A�M� Métailié, Paris, 989�

MTSS, acodo Tptdo p U Novo Sste de regulção ds relções Lbos, ds Polí-

tcs de Epego e d Potecção Socl e Potugl , Ministério do Trabalho e da Solidariedade

Social, 2008�

OIT, Tendêncs munds de Epego, Oranização Internacional do Trabalho, Genebra, 2009�

REbElO, G� (2003a), Epego e Conttção Lbol e Potugl – U análse Socoeconó-

c e Juídc, RHEditora, isboa�

REbElO, G� (2003b), «Trabalho Independente em Portual», WP Dnâ, n�º 32, isboa, ISCTE�

REbElO, G� (2004), «O trabalho não declarado», Econo Pu, n�º 67, pp� 6-9�

REbElO, G� (2006a), «Fraude e evasão no trabalho», Jonl de Negócos, coluna Conjunturas

& Tendências, 2 de aneiro�

REbElO, G� (2006b), «Desafos para uma revisão do Códio do Trabalho», Jonl de Negócos,

coluna Conjunturas & Tendências, 4 de Dezembro�

REbElO, G� (2006c), «Flexibilidade e Diversidade aboral em Portual», WP Dnâ, n�º 50,

isboa, ISCTE�

REbElO, G� (2008), «A revisão do Códio do Trabalho», WP Dinâmia/ISCTE, n�º 70, isboa�

4. couão

Como reerimos, em cada Estado o «trabalho não declarado» e

o «trabalho irreular» constituem um enómeno rave, simul-

taneamente do ponto de vista ético, leal e económico� Acres-ce que, num momento de diícil conjuntura económica e social,

ure que se entenda que estas ormas de trabalho tendem a ser

acompanhadas de um perioso sentimento de banalização e deimpunidade� E, sendo esta uma questão de exercício de cidadania

social, torna-se necessário que os cidadãos sejam sensibilizadospara o acto de estas ormas de trabalho terem eeitos muito no-

civos quer no tecido social do país, quer na economia� Perante

este cenário, adensa a dúvida sobre qual a efcácia – no planoda fscalização das condições de trabalho – da acção inspectiva

de cada Estado� Neste contexto diícil – e tanto mais que cresce

a percepção de que se encontra próximo um período de «maior

incumprimento laboral» – os poderes públicos deverão assumirum papel decisivo no arante de níveis razoáveis de eectividadeleal, punando por um claro e imprescindível reorço da dimen-

são ética na esera laboral�

Desde loo porque, numa democracia, a própria defnição de di-reitos pressupõe também a existência de deveres, e a cidadania

social constitui um dos undamentos mais marcantes do moder-

no Estado de Bem-estar e das Políticas Públicas� Daí que urja real-çar que as consequências do trabalho não declarado e irreular

não se azem sentir apenas a nível individual mas projectam-se,

acima de tudo, na sociedade no seu conjunto, e que uma acçãoefcaz nesta área só se conseue se os actores sociais com res-

ponsabilidades na área social se empenharem, de orma planea-da e estratéica, numa missão comum�

Assim, no seu conjunto, as medidas ínsitas na Reorma aboral

2008/2009 podem traduzir um ponto de viraem no ortaleci-

CoRReIo DoS LeItoReS

Porque queremos, cada vez mais, corresponder às expectativas dos nossos leitores,decidimos retomar e incluir na revista a rubrica «Correio dos Leitores».

Envie-nos as suas impressões, dê-nos sugestões e escreva-nos!

www.dirigir.tporqueasuaoiniãoconta!

DIRIgIRa revista para chefas e quadros

mento da intervenção proactiva da ACT, em especial na promoção

de maior eectividade leal e no combate ao trabalho não declara-

do e irreular em Portual�

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46  Jan. Fev. Mar. 2010

O Banco Europeu de Inves-timento (BEI) vai fnanciar

duas novas linhas de cré-dito, disponíveis na Caixa Geral de

Depósitos e no Banco Popular, especial-

mente diriidas a Pequenas e MédiasEmpresas (PME)�

A linha de crédito na Caixa Geral de Depó-

sitos, no montante de 75 milhões de eu-ros, visa apoiar investimentos de pequena

e média dimensão através de fnanciamento de

lono prazo ou de recurso ao leasing�«Abrane a transmissão de empresas amiliares, a internacio-

nalização das empresas, os fnanciamentos intaníveis, nomea-damente a aquisição de patentes, propriedade intelectual, que

até aora eram diíceis de fnanciar», salientou o vice-presiden-

te do Banco Europeu de Investimento, Carlos Costa� Para a CaixaGeral de Depósitos este contrato aprounda a colaboração das

duas instituições no apoio ao fnanciamento das PME, reorçan-

do o apoio a este semento, quer em termos de prazo mínimodo investimento (dois anos), quer de objectivos: apoio ao undo

de maneio associado ao ciclo de exploração e desenvolvimentode redes distribuição nos mercados nacionais e estraneiros no

seio da União Europeia�

bancoeuropudinvstmnto

fnancia novas linhas de créditopara PMEPor: Nuno Gama de Oliveira Pinto – Conerencista e Investiador Sénior (Comissão Europeia/UN); Consultor de EmpresasIlustrações: Plino

Também outra instituição bancária, o Banco Popular, acordou re-

centemente com o BEI uma nova linha de crédito de 50 milhõesde euros destinada a fnanciar projectos de PME portuuesas

em sectores como a indústria, aricultura, serviços ou eneria�

O montante é diriido ao fnanciamento de projectos empresa-riais de empresas que desenvolvam a sua actividade em Por-

tual, ou no espaço de toda a União Europeia, visando apoiar

a internacionalização de PME, a transmissão de empresasamiliares, os investimentos em activos corpóreos e incorpó-

reos, nomeadamente a aquisição de patentes ou a proprieda-de intelectual, e o fnanciamento das necessidades de capitais

permanentes�

    t

    o    M    e    n    o    t    a

gestão

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revistadirigir 47

osCaitaispróris

na MicroempresaPor: � M� Marques Apolinário – Economista, membro do Conselho Editorial da Dg Ilustrações: Plino

gerir os capitais próprios é:

– Manter um nível de capitais próprios sufciente (pelo menos

50% do passivo) para permitir à empresa azer ace normalmente

ao conjunto das suas dívidas�

– Benefciar das medidas de redução de impostos para os aumentar�

Neste capítulo abordaremos sucessivamente:

• A análise dos capitais próprios�• A previsão dos capitais próprios�

• Como actuar quando os capitais próprios são reduzidos�

O contabilista do senhor B� disse-lhe que a sua empresa não dis-

punha de capitais próprios sufcientes� O senhor B� deseja saber

concretamente, então, o que deve azer�

Os capitais próprios (ou undos próprios) correspondem ao con- junto de recursos fnanceiros colocados pelos sócios à disposi-

ção da empresa� São constituídos por:

– Capital social (no caso de uma sociedade) ou o capital individual

(para empresas unipessoais)�

– Prestações suplementares de capital�

– Reservas�

– Resultados não distribuídos�

Quanto maior or o valor dos capitais próprios, mais ácil se tor-

na para empresa investir e azer ace a situações diíceis (porexemplo, uma perda importante em determinado exercício)� O

montante dos capitais próprios é, portanto, para a empresa eseus fnanciadores (principalmente os bancos), uma arantia de

solvabilidade�

Vamos calcular o rácio dos capitais próprios:

rÁCio DoS CaPiTaiS PrÓPrioS

Ttl ds cpts póps---------------------------------

Ttl d pssv

    t    e    M

    a    S    P    R    Á    t    I    C    o    S

gestão

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revistadirigir 49

Montante previsional dos capitais próprios:

438 000 x 50% = 29 000€

Portanto, o resultado mínimo que a empresa deverá realizar é:

Resultado previsional = 29 000 – 59 000 = 60 000 €

E NO SEU CASO?

Total do passivo previsto: [A] ____________________________ € 

Rácio pretendido: [B] ____________________________ %

Montante previsional dos capitais próprios:

A x B = ____________________________ €

Resultado que a sua empresa deverá realizar:

Montante previsional dos capitais próprios- Montante actual dos capitais próprios

= Resultado previsional ____________________________ €

como atuar quando os apitais próprios são reduzidos

Se os capitais próprios são reduzidos há que ter muito cuidado,

pois isso sinifca que a empresa se encontra demasiado depen-dente dos seus credores, normalmente ornecedores e banca�

– Convirá ponderar cuidadosamente aumentos de dimensão pois

encontra-se em defciente situação para aumentar sinifcativa-mente as suas aplicações de undos, principalmente em valores

imobilizados�

– Como acção de curto prazo, deverá verifcar se não pode redu-

zir, através de uma estão mais cuidadosa, as aplicações, sobre-

tudo em stocks, saldos dos clientes e valores imobilizados semuso ou com baixo rau de utilização�

– Finalmente, na impossibilidade de novas entradas de capital, ou

em conjunto com estas, deverá tentar autofnanciar-se� Tal é pos-

sível através da realização de lucros e sua retenção na empresa�

Como se pode avaliar a capacidade de autofnanciamento?

A capacidade de autofnanciamento é determinada pela rendibili-dade, e pode ser avaliada através do rácio seuinte:

Luco líquido

rendibilidade dos capitais pópios = ---------------------------

Capitais pópios

 

Quanto mais elevado é o valor deste rácio, maior é a capacidade

de autofnanciamento e portanto mais rapidamente poderá seratinido o reequilíbrio dos capitais próprios�

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50  Jan. Fev. Mar. 2010

conlusão

Se vai lançar uma empresa e deseja criar as condições que pro-

movam:

• Uma boa aceitação do banco dos seus pedidos de fnanciamento�

• Uma rápida decisão sobre as operações propostas�

• Uma saudável independência fnanceira�

• Encaros fnanceiros aceitáveis�

Ou se tem uma empresa em uncionamento e considera que:

• Os bancos têm demonstrado pouco interesse em fnanciar as

suas operações�

• As decisões dos bancos têm sido muito demoradas e exaera-

damente restritivas tanto em montantes como em prazos ou em

arantias�

• Os encaros fnanceiros têm absorvido parte substancial das

marens da sua empresa�

Deve preocupar-se em analisar objectivamente:

• Se o capital próprio da sua empresa é sufciente para fnanciar

o risco do neócio e manter um rau de solvabilidade que dê a-

rantia sufciente aos bancos da recuperação dos montantes em-

prestados e do recebimento do respectivos juros�

• Se não poderá promover a redução de aluns dos elementos

do activo, nomeadamentestocks, dívidas de clientes e imobiliza-

ções, libertando proressivamente, por essa via, parte das actuais

aplicações fnanceiras�

• Se não convirá substituir a compra de aluns equipamentos

por contratos de leasing.

• Se não será aconselhável diminuir o rau de interação da suaempresa adquirindo a outras aluns componentes e/ou serviços,

evitando assim a compra de equipamentos, requentemente de

elevado custo e que irão manter-se com baixo rau de utilização�

gestão

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sem olhar a meios nem contexto tem vindo a impor-se prores-sivamente� A justifcação «ofcial» para tais evoluções mantém--se: um acirramento da concorrência, por sua vez consequênciada lobalização e da abertura dos mercados, etc�

Estas duras realidades verifcam-se tanto em randes oraniza-ções como nas pequenas empresas, onde a excessiva concen-tração de poder num único diriente-proprietário pode dar azo atodo o tipo de arbitrariedades� São problemas que se sentem commaior acuidade em países onde as empresas representam maisde 95% do tecido empresarial e onde mais de metade da riquezanacional é erada por um pequeno número de randes rupos�É o caso da França e de Portual� á não é o caso do chamado«motor económico da Europa», a Alemanha, cuja estratéia eco-nómica assenta no Mittelstand – as médias empresas, que sãoiualmente aquelas que exportam e inovam� Ora, a Alemanha

vê-se actualmente «entalada» entre uma Europa mediterrânica(Portual, Itália, Grécia e Espanha) e um eixo atlântico anlo-sa-xónico (Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos) com difculdadeem erir os respectivos défces orçamentais nacionais�Contrariamente ao que certas vozes desavisadas têm suerido,nunca se terá pensado seriamente na Alemanha em deixar caira Grécia na bancarrota� Economicamente, esta representa umrisco sistémico mesmo se a economia helénica representa umdécimo da alemã e 2,6% do PIB da UE, a exposição dos bancosalemães (e ranceses) à divida daquele país ascende a 00 milmilhões de euros (mais de 60% do PIB portuuês)� O outro motivo

Aquando da sua recente estadia em isboa, o eminentepsicóloo do trabalho rancês Christophe Dejours deu umalona entrevista� Com uma rara lucidez, o especialista ex-

pôs um a um os dramas actuais da vida no trabalho, apontando

o dedo ao avanço de uma certa flosofa de estão de pessoas�Mesmo nos hospitais, nas universidades ou nas redacções de

 jornais, tradicionalmente olhados como oranizações pluralistas,a lóica erencialista dos números inquestionáveis e dos fns

bússolaGeoeConÓmiCa 

Alemanha: «águ»gcócdurp sente-se acossadaPor: Pedro Mendes Santos – Investiador em Inteliência Competitiva

gestão 

revistadirigir 5

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á lá vai o tempo em que inovar rimava com orçamentosavultados que só poderiam ser executados por randes

empresas� Actualmente, com as novas acilidades de aces-so ao conhecimento providenciadas pela Internet, a sineria de

competências entre dierentes empresas nunca oi tão viável�

ivçã assimétricaPor: Ruben Eiras – Investiador em estão de inovação e capital intelectual

certa maneira de estar no trabalho e na sociedade na Europa� Um

exemplo pereito de como a realidade eoeconómica pode tocarna vida quotidiana e «microeconómica» de empresários, esto-

res e trabalhadores�

Para saber mais:

STRATFOR, www�strator�com, «Germans Choice» (08-02-200)

MOFCOM, Ministry o Commerce o the People’s Republic o China,, http://enlish�mocom�ov�cn

Geoscópio, «Risco de deault desinchou, mas doença crónica mantém-se – diário de

bordo 72», www�eoscopio�tv

Times On-line, «A Greek crisis may well become Germany’s problem», www�timesonline�

co�uk

Público On-line, www�publico�pt: «Cristophe Dejours: Um suicídio no trabalho é uma

mensaem brutal» (0-02-200) «Alemanha planeia ajuda de 25 milhões de euros para

a Grécia» (20-02-200)

Inouerre, «Edito: e Mittelstand allemand ace à la crise économique et fnancière»

(0-02-200), www�inouerre�com

52  Jan. Fev. Mar. 2010

gestão

A nova tendência da Open Innovation (Inovação Aberta) veio parafcar e, numa época de crise em que os recursos são escassos,

pode ser mesmo a resposta mais efcaz para as PME desenvolve-rem novos produtos com custos e riscos muito baixos� Por exem-

plo, seundo um estudo recente publicado na Harvard Business

KnowledGetraCKer 

é político� Sem a Europa por perto, a Alemanha nunca pode aspi-

rar a ter um peso na cena internacional como os EUA ou qualquerum dos emerentes do rupo dos BRIC�

Geoeconomicamente, a realidade da hipercompetição começa

a pisar seriamente os calos do «áuia» ermânica� Seundo da-dos recentes do MOFCOM – o ministério do Comércio chinês –, a

China terá acabado de ultrapassar a Alemanha enquanto maior

exportador mundial� Por outro lado, a penetração do investimento

directo chinês naquele país aumentou mais de 0 vezes em cincoanos: de 83,6 milhões de dólares em 2003 para 845,5 milhõesem 2008� Entre 200 e 2007, o Império do Meio terá estado na

oriem de 22 operações de aquisição ou de compra de participa-

ções sociais em empresas alemãs� As intenções por detrás des-tas acções não devem ser lidas candidamente: trata-se, por um

lado, de uma maneira de aceder a certos conhecimentos tecno-

lóicos de ponta e, por outro lado, de condicionar o investimentodas empresas alemãs em I&D, pressionando para a aquisição de

rentabilidades rápidas nas empresas participadas ou adquiridas�

Neste sentido, as próximas decisões estratéicas da Alemanhaem termos eoeconómicos podem determinar o uturo de uma

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revistadirigir 53

gestão

A AMI@Work é uma rede de especialistas europeus que represen-

tam diversas oranizações envolvidas na inovação colaborativa�O acesso é ratuito e a participação voluntária� Com diversas

comunidades temáticas, o objectivo é criar ambientes de inor-

mação que acilitem a «ertilização cruzada» de tecnoloias ede novos conhecimentos� Com o apoio da Comissão Europeia, a

AMI@Work está liada à

rede europeia de Living

Labs que conrea espe-cialistas de topo nas áreasde enenharia, loística,

saúde, tecnoloias de in-

ormação, estão���Por exemplo, imaine que

deseja desenvolver no-

vas ideias para produtosou explorar possibilida-

des de um determinado

conjunto de tecnoloias�Inscreve-se na comuni-

dade AMI@Work que tratadessa temática, explora a

documentação existente,

os perfs dos membros econtacta por e-mail aqueles que poderão ser potenciais parcei-

ros no seu processo de inovação� E desta orma pode encontrar

novos mercados para o crescimento sustentado da sua empresae ultrapassar assimetricamente a sua concorrência!

revistadirigir 53

gestão

Para saber mais:

Para ler o artio da HBS Workin Knowlede: http://hbswk�hbs�edu/item/6325�html

Faça aqui o download do estudo da HBS Workin Knowlede: http://www�hbs�

edu/research/pd/0-038�pd 

Download do paper com práticas de open innovation: http://www�parc�com/ 

content/attachments/Whitepaper-FrostSullivan�pd 

Conheça mais sobre a AMI@Work: http://www�ami-communities�eu/wiki/AMI_about

Working Knowledge intitulado «Modelin a Paradim Shit: From

Producer Innovation to User and Open Collaborative Innovation»,a transição para um modelo de inovação aberta é desejável em

termos de bem-estar social e económico� Isto porque permite a

disseminação livre de novos designs, diminuindo assim os cus-tos de desenvolvimento e aumentando as probabilidades de cru-

zamento de conhecimentos multidisciplinares, criando produtos

mais completos e oriinais�

E a realidade empresarial já comprova a concretização destesbeneícios� No paper «From Concept to Commerce – New Innova-

tion Models Spur Collaboration and Growth», da consultora Frost& Sullivan, empresas como a Sun Microsystems e a Solocus

(uma PME na área de eneria solar) conseuiram alcançar ele-

vados níveis de ROI do investimento através da aplicação de mo-delos de inovação aberta e colaborativa� Criaram ecossistemas

de conhecimento onde conseuiram cruzar disciplinas de ene-

nharia, etnorafa, estratéia comercial e de estão, economia edireito� Desta orma, oram capazes de erar produtos e serviços

que satisfzeram as necessidades dos seus clientes�

E se o leitor fcou motivado para colocar a sua empresa na rotada inovação aberta, aqui fca uma óptima porta de entrada para

essa jornada: a comunidade Web AMI@Work Family o Commu-nities, disponível em http://www�ami-communities�eu/wiki/ 

AMI%40Work_on-line_Communities�

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Disse sbre gestã

«A economia actual não é apenas uma arte deestabelecer empresas lucrativas, mas uma ciência

capaz de ensinar os métodos de promover uma melhordistribuição do bem-estar colectivo.»

Jsué de Castr

«Economia frequentemente não tem relaçãocom o total de dinheiro gasto,

mas com a sabedoria empregue ao gastá-lo.»Henry Frd

 «A economia só será viável se for humana,

para o homem e pelo homem.» Papa Jã Paul II

«Viver é a coisa mais rara do Mundo.A maioria das pessoas apenas existe.» 

oscar Wilde

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revistadirigir 55

doceselicores

d’ AméliaPor: Teresa Perdi�ão

Fotografas: A�neta Bjorkman

Nasceu para vencer� Empreender e vencer parece-me ser o rótulo que melhor se lhe aplica� Atiniu o méri-to, pela sua capacidade de azer e pela maneira como az, de ser conhecida, em toda a reião oeste, apenaspor Amélia, a dos licores� É um exemplo de como é possível criar uma empresa e, quase dez anos depois,afrmar que sempre a viu proredir� Por isso, alar d’ Amélia vale a pena� Ela não é única, mas é sinular�Começou sozinha, mas hoje azem-lhe companhia o marido, os flhos e a nora

desenvolvimento pessoal

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56  Jan. Fev. Mar. 2010

Foi quase por acaso, como osta de dizer quando começa a des-ar a história da sua vida a partir de 998, que oi convidada porumas vizinhas a participar num curso prossional oranizadopelo Grupo de ovens Aricultores� Parecia ser um curso sobre

cozinha, mas ela não sentia muita queda para os tachos e pa-nelas� As vizinhas é que eram boas cozinheiras e, persuasoras,convenceram-na�O primeiro impacto positivo oi a sapiência da ormadora, MariaTeresa Serrenho, que lhe deixou ensinamentos undamentais,pormenores dos quais nunca mais se separou� Em seuida,encantou-se pela alquimia� E, por brincadeira e curiosidade, co-meçou a azer licores que os lhos, em aniversários e no Natal,divulavam entre amios� Em 999 ez outro curso promovidopela Associação dos Aricultores do Oeste� Menos entusiasman-te, mas que em nada contribuiu para a desmotivar, pois a semen-te já lá residia�

De provador em provador, literalmente de boca em boca, a amados licores oi-se transmitindo, sem que Maria Amélia se desseconta que estava a cuidar de um alobre que haveria de lhe darmuitos rutos� O terreno do Oeste oi-lhe propício, sobretudo de-vido ao cultivo e à abundância de pêra rocha� O Festival do Vinho,no Bombarral, concelho ao qual pertence, oi um incentivo e umchamariz�Com esta divulação e com a ama que anharam os seus docese licores, não teve outra solução se não abalançar-se para a cria-ção da empresa� Era impossível car connada aos concelhosda reião oeste porque as solicitações vinham de todo o lado� á

não eram só o licor e os doces de pêra rocha, mas uma panópliaque hoje chea a 40 variedades� A ase da criação da empresanão oi o mais diícil nem o mais complicado� A burocracia e asexiências das instituições é que têm sido de mais� Fariam desis-tir qualquer pessoa sem a têmpera da Amélia mas, para ela, sãosó mais um desao�Mas como não nasceu para cruzar os braços perante as adversi-dades, continua num empreendedorismo exemplar� Faz as eirasanuais e participa sempre nas eiras rurais que, de Abril a Outu-bro, se azem na reião oeste – Torres Vedras, Bombarral e ou-rinhã� Na praia de Santa Cruz está durante os meses de ulho e

Aosto e não alta nem às Adiaas do Cadaval nem às realizaçõesna Expo Caldas�Ultimamente tem-se dedicado a experimentar novas rarâncias,as mais desejadas pelos clientes, lúcia-lima, enibre, príncipe,

aloé vera e physlis� No que respeita a outros aromas e sabores,desenvolve a linha da foresta onde inclui medronho, eucaliptoe bolota, por exemplo� Tem parcerias com lojas  gourmet ou commercearias tradicionais, azendo cabazes de oerta e promoção�Saliente-se a que estabelece com a Mercearia Pena, loja centená-ria das Caldas da Rainha, azendo o icor do Cfé d’ avó, marcaexclusiva desta mercearia, e ornecendo as suas compotas e ou-tros licores�Dedica-se, de orma peculiar, à conecção de bolos, dado queinventa as receitas privileiando a cultura local e usa produtoslocais como a uva, a maçã e a pêra, ou associando-os aos acon-tecimentos� Quando a Associação das Florestas lhe solicitou um

bolo para determinado evento, Maria Amélia não deixou escapar omomento e passou a desiná-lo Bolo Florest� Para as Adiaas azum bolo em orma de cacho de uva� E, seundo ela, anunciam-semais experiências para este ano, tanto para o Festival da Pêra Ro-cha como para o do chocolate� É também com muita imainaçãoque responde aos pedidos de brindes para casamentos e estasparticulares�Acompanhando o percurso desta mulher vericamos que nãoteme o desao e a inovação, o que se pode exemplicar não sóatravés do que ca dito, mas também contando a açanha dobolo de 60 metros e 500 quilos que ez sozinha para o Festival

da Pêra de 2009 e que, apesar de ter demorado dois dias e duasnoites a coneccionar, oi totalmente comido em 95 minutos� Co-meçou por ser uma encomenda da Câmara do Bombarral e dosprodutores de pêra� Teria uns bons quilos, mas nunca os 500 queveio a ter� A pouco e pouco a encomenda ia enrossando o pesoe Maria Amélia ia azendo contas aos tabuleiros, ao tempo e aosinredientes� Acabou por ser um sucesso e uma aventura�Preparemo-nos para o que virá em 200 porque a imainação e avontade de trabalhar não param� E é assim que Maria Amélia põeo Casal Centieiro no mapa�Por tudo isso, parabéns�

desenvolvimento pessoal

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revistadirigir 57

eco-inovaçãoPor:Ruben Eiras – Investiador universitário em inovação e capital intelectual,

reiras@mail�com

volver uma tecnoloia que conseue transormar o lixo nuclear

em combustível de uma orma eco-efciente e economicamente

viável�

saiba mai em http://www�physor�com/news85694782�html

habiação: caa design fabricada a parir de conen-

ore maríimo

As soluções para construção de habitação eco-efciente e a bai-

xo custo são cada vez mais atraentes e inovadoras� A empresa

Upcycle ivin, por exemplo, conseue oerecer um T2 modular

abricado a partir de contentores marítimos, com o mais recente

design, por menos de 00 000€�

 veja mai em http://www�inhabitat�com/200/02/9/upcycled-

livin-rolls-out-aordable-shippin-container-housin/ 

Eco-maeriai: pláico produ-

zido a parir de açúcar

Cientistas do Imperial Collee de

ondres conseuiram inventarum material de plástico biode-

radável abricado a partir de

açúcares que poderão ser en-

contrados em ervas e árvores de

crescimento rápido� Ou seja, estes

materiais podem ser transormados

em composto orânico mesmo em casa�

  veja mai em http://www3�imperial�ac�uk/newsandeventsp

rp/imperialcollee/newssummary/news_8-2-200-4-5-

40?newsid=84962

Energia: Produzir idrogénio com a luz do sol

Produzir hidroénio para alimentar as células a combustí-

vel quebrando moléculas de áua com a luz solar seria o melhor

do Mundo� Este processo desina-se por otossíntese artifcial e

está um passo mais perto da realidade� Dois investiadores da

Universidade de East Anlia, no Reino Unido, conseuiram criar

um eléctrodo otocatalítico robusto, efciente, barato e livre de

metais pesados tóxicos� Quando submerso em áua e iluminado

com a luz do Sol, sob uma corrente eléctrica relativamente raca,

este sistema otoelectrocatalítico produz hidroénio com uma

efciência de 60%, podendo ser uma alternativa para a produção

daquele combustível na sua vertente industrial�

saiba mai em http://www�reencarconress�com/200/02/ 

nann-200020�html

siema de Informação: hP cria um iema enorial

ambienal para o planea

A HP revelou um projecto ambicioso: criar um sistema para o

planeta Terra� O CeNSE será composto de biliões de sensores su-

per-sentivos, baratos e robustos� O projecto tem como objectivodistribuir estes sensores pelo Mundo inteiro e utilizá-los para

recolher dados que podem ser utilizados para várias fnalidades:

detectar colapsos de inra-estruturas, poluição ambiental, altera-

ções climáticas e terramotos� A Internet das Coisas está cada vez

real�

saiba mai em http://www�inhabitat�com/200/02/8/hp-in-

vents-a-central-nervous-system-or-the-earth/ 

Energia: tranformar lixo nuclear em combuíel

A empresa GE Hitachi Nuclear Enery conseuiu desen-

tendênciasem foco

quiosque de novidades

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58  Jan. Fev. Mar. 2010

Use os tr anspor tes públicos Os tr anspor tes públicos podem ser  uma boa alter nativ a  par a  a  deslocação  casa-tr abalho� A sua qualidade aumentou substancialmente nos  últimos  anos,  como  os  per cur sos  tam-bém  já  estão bem optimizados�  Se  v iv e  em isboa, a C ar r is  já disponibiliza um sistema de inf or mação par a encontr ar  o melhor  per cur so, com tr ansbor dos incluí dos� E x plor e  em:  http: /  / w w w �car r is�pt / pt / per cur -sos-e-hor ar ios /  

Desloque-se a pé ou de bicicle ta

 com aa juda 

de um GP S ou do Goog le Maps

Se  vi ve  rela ti vamen te per to do

 seu  local de 

 trabalho e se a ororafa do  terr

eno o permi-

 tir, porque não ir a pé ou de bici

cle ta? U tilize 

o poder de planeamen to do Goo

le Maps ou 

de um aparelho de GPS para op

 timizar o seu 

percurso, diminua a sua pead

a ecolóica e 

aça e xercício!

E x plore em: h t tp: / /maps�oole

�com / 

Conduzade forma inteligente á  existem  aparelhos  electrónicos  que  o a judam a optimizar o seu estilo de condução�Porexemplo, o KiwiFuelSaverinf ormadurante o percurso se está a astar combustí vel em demasia, se está a travar em demasia, quais as emissões de CO2���ler  em: http: // reenholidayif tuide�inhabi-tat�com / reen-adet-if ts / kiwifuelsaver- /  

Calcule a sua pegada deCO2 casa-trabalho

A Volvo criou uma aplicação para o iPhone 

que permite calcular o CO2emitido pela sua

deslocação casa-trabalho� Com estesdados 

poderá avaliar se a optimização do seu per-

curso também está erar um impacto am-

biental positivo�

ler em: http:/ /reen�autoblo�com /2009 /

/29 /volvo-introduces-co2-trackin-com-

mute-reener-mobile/

Energia: arazenar energia e papel e na roupa

Um enenheiro da Universidade de Stanord conseuiu

abricar novos equipamentos de armazenamento de eneria a

partir de papel e vestuário, com um vasto potencial de aplica-

ções� A investiação também demonstrou que a utilização de

nanocabos de silicone para substituir ânodos de carbono nas

baterias de lítio também aumenta o desempenho de orma si-

nifcativa�

saiba ai e http://www�rdma�com/News/Feeds/200/02/en-

vironment-nanotechnoloy-sparks-enery-storae-on-paper-and-/ 

mobilidade: são francico torna carregadore para car-

ro eléctrico obrigatório

A cidade de São Francisco tornou obriatório que todos os edií-

cios novos e outras estruturas urbanas tenham instalação para

carreadores de veículos eléctricos�

saiba ai e http://www�inhabitat�com/200/02/8/san-ran-

cisco-set-to-lead-the-electric-vehicle-revolution

Adira a um prog rama de Car  Share 

Par tilhar  o  percurso  casa- traba

lho  com  ou-

 tras  pessoas  com  percursos 

semelhan tes 

pode ser uma boa orma de pou

par combus-

 tí vel, emi tir menos CO2 e conhe

cer pessoas� 

A Galp  Eneria lançou uma  er

ramen ta que 

a juda  a  encon trar  pessoas  co

m  percursos 

compa tí veis: é o GalpShare� Pode

 aceder em 

h t tp: / /eneriaposi ti va�p t 

quiosque de novidades

banco 

de ideias verdes �á pensou em como pode utilizar as novas tecnoloias de inormação e

comunicação para tornar mais verde a sua deslocação pendular entre

a casa e o local de trabalho? Aqui fcam 5 ideias sobre como azê-lo:

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revistadirigir 59

• Deenvolvimento rral om apoio plementar

Portual vai receber uma verba suplementar de 82 milhõesde euros dos undos de desenvolvimento rural atribuídos

pela Comissão Europeia� Deste montante, a área das

alterações climáticas irá receber um milhão de euros,

assim como a da biodiversidade� As maiores parcelasestão reservadas para a reestruturação do sector leiteiro,contemplada com 50 milhões, e para o desenvolvimento de

inra-estruturas de banda lara, que irá receber 30 milhões

de euros� Os undos são atribuídos a Portual continental noâmbito da reavaliação da reorma da política arícola comum,

nomeadamente da modulação voluntária�

• coneão de ailo na união Eropeia

Os 27 Estados-membros da União Europeia concederam, em2008, protecção a 76 300 requerentes de asilo� Entre os

cidadãos que benefciaram desse estatuto encontram-se6 600 iraquianos (representando cerca de 22% do total),

9500 somalis (2%), 7400 russos (0%), 5000 aeãos (7%)

e 4600 eritreus (6%)�O país que aceitou mais pedidos de asilo oi a França

( 500)� Nas posições seuintes fcaram a Alemanha

(0 700), o Reino Unido (0 200), a Itália (9700) e a Suécia(8200)�

• Poplação portgea envelheida

Portual é o Estado-membro da União Europeia onde apopulação está a envelhecer mais depressa de acordo

com os dados que constam num relatório apresentado no

Parlamento Europeu�Os cidadãos com mais de 65 anos, que em 980

representavam ,2% do total da população portuuesa,

atiniam, em 2008, 7,4% daquele universo, reere odocumento�

Por:Nuno Gama de Oliveira Pinto – Conerencista e Investiador Sénior (UE-Team Europe/UN); Consultor de Empresas

• sobreendividamento ree na união Eropeia

Pelo menos 20 milhões de pessoas estão sobreendividadasna União Europeia, revelou a Rede Europeia da Dívida

do Consumo (ECDN), que prevê que este número pode

continuar a subir� «Com as crescentes taxas de desempreo,

o número de pessoas com problemas relacionados comdívidas pode aumentar substancialmente durante ospróximos meses», alertou Hans Grohs, director-eral

da ECDN, instando os decisores europeus a darem uma

resposta urente a este problema�

• Pobreza em idade de reforma

Portual está entre os países da Oranização para a Coope-ração e Desenvolvimento Económico (OCDE) que apresenta

um maior nível de pobreza entre as pessoas em idade dereorma, 65 anos ou mais, acto que se deve, em rande

medida, à reduzida duração da carreira contributiva�

O relatório elaborado em 2009 pela OCDE revela que apercentaem de reormados que auere menos de metade

da média dos rendimentos do país atine perto de 7% em

Portual, quando a média dos 30 países membros daquelaoranização se situa em 3,3%�

• Erope qerem manter ajda ao deenvolvimento

Uma clara maioria de cidadãos europeus considera que a UniãoEuropeia deve honrar os seus compromissos em relação aos

países em desenvolvimento apesar da recessão económica,

revela um inquérito realizado pelo Eurobarómetro sobre aajuda ao desenvolvimento em período de crise económica�

Cerca de 7 em cada dez cidadãos inquiridos (72%) deendem

que os actuais compromissos assumidos em relaçãoàqueles países devem ser honrados, ou deverão mesmo ser

mais ambiciosos, uma opinião que é iualmente partilhadapela maioria dos portuueses (67%) auscultados pelo

Eurobarómetro�

quiosque de novidades

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O sEgREDO DAs EmPREsAs sustEntávEIs

Este é um livro sobre as realidades evidentes das empresas e o ca-minho inovador que está a começar a ser trilhado pelas melhoresempresas mundiais, sejam elas de rande ou pequena dimensão�o Segred das Empresas Sustentáveis apresenta ao leitor tudo oque necessita de saber para tornar o seu neócio amio do ambien-te e simultaneamente aumentar os lucros: a verdade sobre o quesinifca a mudança climática para a sua empresa, a verdade sobrea estão sem excessos e amia do ambiente, a verdade sobre comoproteer o seu neócio para o uturo�Está oranizado em 2 partes (juntamente com os anexosdisponíveis para descara ratuita em www�inormit�com/ti-tle/9780789739407)� Essas partes incluem 52 estratéias «ver-des» que lhe ornecem as orientações sobre os passos a seuir eque questões deverá explorar para pôr as ideias em prática�A obra, composta por módulos, oi elaborada para que o leitor con-seuisse dominar estas randes ideias tornando-as mais simples,práticas, lucrativas e concisas�

fiha téiaTítulo: o Segred das Empresas Sustentáveis

Autor: Gil FriendEditor: Centro AtlânticoColecção: DesafosN.º de páginas: 287

À venda nas livrarias

O cOmPORtAmEntO DO cOnsumIDORPorqe é qe o oidore opra?

O consumidor oi considerado pelos marketeers, desde meados doséculo passado, undamentalmente como intérprete racional de ne-cessidades de consumo e, apenas nas últimas duas décadas, comoaente de decisões emocionais diriidas não apenas para bensnecessários mas também para motivos de simbolismo individuale social�Nesta linha, o presente livro insere-se na abordaem do consumidornão apenas enquanto hm ecnmicus, com uma visão utilitária

dos produtos, mas também como aluém emocionalmente diriidopara uma dimensão mais simbólica do consumo, visando a cons-trução da sua auto-identidade e do seu social�É assim valorizada a combinação das dimensões emocionais eracionais do consumo, considerando-se a razão e a emoção como«cara e coroa» de um mesmo processo de decisão e como suporteà identifcação de dierentes tendências e estilos de compra proun-damente enraizados na personalidade do consumidor�Ao associar à componente teórica numerosos exemplos e aplica-ções práticas, este livro revela-se de bastante utilidade não só paraestudantes das áreas de estão, em eral, e de marketin e comer-cial, em particular, mas também para os profssionais destes ramosde actividade, que aqui encontrarão pistas para o apereiçoamento

das suas estratéias de abordaem comercial dos consumidores�

fiha téiaTítulo: o Cmprtament d Cnsumidr: Prque é que s

Cnsumidres Cmpram?

Autor: Adelino Alves CardosoEditor: IDE – Edições Técnicas, da�Colecção: Manual Prático idelN.º de páginas: 45

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62  Jan. Fev. Mar. 2010

Índicedosartigospublicados 

do n.º 105 ao n.º 108tEmA AutOR dirigirnº PágInA 

DEsEnvOlvImEntO PEssOAl

 

Sobreviver à crise com um orçamento apertado DECO PROTESTE 05 49Resiliência: atributo valioso que permite lidar

e ultrapassar as difculdades Teresa Escoval 05 54«O que queres ser quando ores rande?» oão Godinho Soares 06 48Inteliência Emocional – a estão das emoções

no ambiente de trabalho Ana Rocha e Oliver Röhrich 06 54Os tempos do tempo oão Godinho Soares 07 49Mundo virtual ou antasia real? Teresa Escoval 07 54Os tempos da vida Ana Penim 07 58A Melcoado� Um caso de estão criativa��� ou não? Alice Cardoso 08 55

DEstAQuE

 

Actual crise económica e a sua oriemna esera fnanceira Emanuel Reis eão 05 3

É de confança que estamos a alar Carlos Barbosa de Oliveira 05 0Para uma estão de projectos efcaz osé Cruz Filipe 06 3

Projecto Orquestra Geração Gizela Rodriues, Marisa Teixeirae Teresa Souto 06 9

Trabalho e amília – na sendade novos equilíbrios Maria das Dores Guerreiro 07 3

Família íbano Monteiro: onde o relóio nunca pára Gizela Rodriues, Teresa Soutoe Vânia Mateus 07 8

Microempresas e perspectivas de fnanciamento Francisco Maria Balsemão 08 3O microcrédito: actor de inovação Maria Vieas 08 7Mudar de vida Carlos Barbosa de Oliveira 08 3

gEstãO

  Oranizar e erir em tempos de crise Paulo Pereira de Almeida 05 23As mulheres rendeiras da ilha do Pico Teresa Perdião 05 3Pólos de competitividade e clusters Manuel aranja e oão Carlos Mateus 05 35Crises� Sabores e saberes osé Vicente Ferreira 05 39A estão de projectos: aplicação ao sector da saúde Maria Helena Monteiro 06 9Novas tecnoloias eram novas ideias e projectos Carlos Barbosa de Oliveira 06 29Gestão em Portual: das raquezas às orças Arménio Reo e Miuel Pina e Cunha 06 32A certifcação: sedução ou submissão Teresa Escoval 06 38A estão do tempo��� do meu tempo Maria Helena Monteiro 07 7

 

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64  Jan. Fev. Mar. 2010

tEmA AutOR dirigirnº PágInA 

RADAR glObAl (oiaço)

Knowledge Tracker : 9 Mandamentos da estão

da inovação Ruben Eiras 07 46

Bússola Geoeconómica – Alentejo e Alarve:

laboratórios de resposta empresarial ao

aquecimento lobal Pedro Mendes Santos 08 52

  Knowledge Tracker : Gerir com ecácia Ruben Eiras 08 53

sAbIA QuE... 

Ano Europeu da Criatividade e da Inovação Nuno Gama de Oliveira Pinto 05 30

Comissão Europeia apoia novos projectos

nos domínios da eneria e da Internet Nuno Gama de Oliveira Pinto 06 28

200 será ano europeu da luta contra a pobreza

e a exclusão social Nuno Gama de Oliveira Pinto 07 30

A importância das microempresas em Portual e UE Nuno Gama de Oliveira Pinto 08 38

sEPARAtA 

 Os baluartes da conança � M� Marques Apolinário 05

Projecto empresa � M� Marques Apolinário 06

Portual os movimentos no tempo Carlos Barbosa de Oliveira 07

Pequenas e Microempresas: dicas de estão � M� Marques Apolinário 08

 

tEmAs PRátIcOs DE gEstãO 

Recessão – o vírus mutante da economia � M� Marques Apolinário 05 42

Defação: o veneno doce da economia � M� Marques Apolinário 06 4

Custos e preços na microempresa � M� Marques Apolinário 07 42

Não se pode dispensar uma boa cultura de estão � M� Marques Apolinário 08 50

índice dos artigos publicados