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ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5164 DE 28 DE ABRIL DE 2011 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Indústria Farmacêutica GENÉRICOS de Robert Caplin/Bloomberg Genéricos geram poupanças até 400 milhões de euros As guerras pelas patentes passam-se nos tribunais administrativos “O bloqueio aos genéricos está mais activo do que nunca”, diz o presidente da associação Os números do sector

DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5164 DE 28 DE ABRIL DE 2011 E NÃO …...II Diário Económico Quinta-feira 28 Abril 2011 Batalhas em tribunal impedem entrada de medicamentos Tribunais administrativos

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ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5164 DE 28 DE ABRIL DE 2011 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

Indústria Farmacêutica

GENÉRICOSde

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Genéricos geram poupançasaté 400 milhões de euros

◗As guerras pelas patentes passam-se nos tribunaisadministrativos

◗ “O bloqueio aos genéricos está mais activo do que nunca”,diz o presidente da associação

◗Os números do sector

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II Diário Económico Quinta-feira 28 Abril 2011

Batalhas em tribunal impedementrada de medicamentosTribunais administrativos privilegiam na sua maioria farmacêuticas inovadoras.Especialistas defendem que processos deviam ser defendidos em tribunais comerciais.

RAQUEL CARVALHO

[email protected]

egundo um relatório daComissão Europeia, “aguerra comercial tra-vada nos tribunais en-tre inovadores e gené-ricos é um cenário co-mum em todos os Esta-

dos da União Europeia. A questão éque em Portugal, “esta guerra temduas particularidades”, como ex-plica Leonor Chastre, sócia daAbreu Advogados e advogada espe-cialista em Direito da propriedadeIntelectual. “A primeira deve-se aofacto de até 1995 as patentes far-macêuticas serem patentes de pro-duto, o que significa que as empre-sas de genéricos se sentiram maisconfortáveis em entrar no mercadoantes da caducidade da patente dereferência”, explica a responsável.Esclarecendo ainda que “a vaga delitígios à volta das patentes de pro-cesso está a terminar e inicia-seagora a guerra sobre as patentesque foram apresentadas com rei-vindicações de processo e alteradascom reivindicações de produtoapós 1995”. A segunda particulari-dade tem a ver “com o cenário dabatalha. É que “enquanto nos de-mais países europeus o cenário deguerra são os tribunais de comér-cio, em Portugal os inovadores liti-gam a montante, nos tribunais ad-ministrativos”, diz. Segundo Leo-nor Chastre, esta estratégia resul-tou, pela possibilidade de ”matar ànascença” a introdução dos gené-ricos e porque “os juízes dos Tribu-nais Administrativos, não têm,ainda, conhecimentos suficientes,para bem decidir em matéria dePropriedade Industrial”.Em Portugal, além de ainda haverpessoas especializadas, o cenário éde lentidão nas decisões.João Luis Traça, advogado e sócio daMiranda Correia Amendoeira & As-sociados não tem dúvidas de que“se os tribunais são lentos e as nor-mas provocam incerteza tanto naaplicação pelo regulador como pe-los próprios tribunais, então o re-curso aos tribunais poderá ser utili-zado como um mero expediente di-

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INDÚSTRIA FARMACÊUTICA DE GENÉRICOS OS PREÇOS dos medicamentos em Portugal estão abaixodos preços praticados nos países de referência, que já sãodos mais baixos da Europa. A APIFARMA revela que noúltimo ano houve três descidas no preço da ordem dos 13%e que as reduções nos últimos cinco anos levaram a quea Indústria Farmacêutica contribuísse com um total superiora 800 milhões de euros para a sustentabilidade do SNS.

latório que visa obter benefícios co-merciais”, diz o responsável queacrescenta, que dessa forma, “a‘batalha’ comercial é complemen-tada por uma ‘batalha’ nos tribu-nais. Sempre que tal seja vantajoso,os agentes económicos, indepen-dentemente do sector em que ac-tuam, irão tomar partido desta si-tuação”.Paulo Lilaia, presidente da Associa-ção Portuguesa de Genéricos(APGEN) diz que “na União Euro-peia, 2/3 dos casos de litígio que vãoa Portugal são ganhos pelas empre-sas de genéricos”, garantido que emPortugal, na sua maioria, as empre-sas de genéricos “acabam por com-provar em tribunal que não estão ainfringir a patente e são autorizadosa comercializar o medicamento”.O problema é mesmo a quantidadede genéricos travados em tribunal.Paulo Lilaia diz que são mais de 20moléculas.Os números falam por si: os tribu-nais administrativos aprovaram 26das 31 providências cautelares in-terpostas pelas farmacêuticas como objectivo de suspender a entradano mercado de medicamentos ge-néricos, alegando que as patentesdas substâncias activas ainda nãoexpiraram, e contestando assim aautorização já dada pelo Infarmedde entrada no mercado, uma vezque a sua comercialização infringi-ria o que diz a lei portuguesa. A po-sição da Associação Portuguesa daIndústria Farmacêutica (Apifar-ma), sobre esta matéria é peremp-tória: “o que as empresas desenca-deiam são acções que visam tão so-mente garantir a protecção dos di-reitos de patente de que são titula-res e que abrangem os medicamen-tos originais para os quaispretendem lançar medicamentosgenéricos e que, de acordo com alei portuguesa, apenas poderão sercomercializados se estiverem esgo-tados os direitos de propriedadeindustrial,” diz Eduardo Pinto Lei-te, vice-presidente da Apifarma edirector-geral da GSK. Já de acordocom António Magalhães Cardoso,

‘senior partner’ da Vieira de Al-meida, “o recurso às providênciascautelares não tem por objectivoespecífico travar a entrada de ge-néricos, mas a de quaisquer medi-camentos cuja comercialização sejatida como infractora de patentes. Oresponsável garante que “as provi-dências cautelares são decretadaspelos tribunais e não pelas empre-sas que a eles recorrem” e frisa que“o recurso aos tribunais é um di-reito fundamental universalmentereconhecido e ninguém pode sercriticado por o exercer, a não serque aja de má fé”.Leonor Castre explica que as lutastravadas em tribunal têm na suagénese a luta dos laboratórios degenéricos para introduzir os seusmedicamentos no mercado, “regrageral alegando caducidade da pa-tente de um laboratório origina-dor, e, por seu turno, os laborató-rios originadores pretendem fazervaler as suas patentes, os seus di-reitos de propriedade industrial,até à máxima extensão permitidapela legislação aplicável”, explica,frisando que “os laboratórios ori-ginadores consideram muito curtoo prazo que tem para amortizar osseus investimentos nas patentes”.Leonor Chastre lembra que a pa-tente tem uma duração legal devinte anos, mas que esses vinteanos “não são todos de exploraçãocomercial do produto. Desde que épatenteado um novo principio ac-tivo, até que este passe por todosos ensaios necessários passam10/11 anos”, salienta.António Magalhães Cardoso referenão fazer sentido “falar em dicoto-mias entre grandes farmacêuticas egenéricos, até porque a maioria dasgrandes empresas farmacêuticastambém se dedica, hoje em dia, àcomercialização de genéricos”. Oresponsável explica que o que existe“é um confronto entre empresasfarmacêuticas titulares de exclusi-vos de comercialização derivadosde patentes e empresas que tentamentrar nesses mercados, proibidosmas apetecíveis”, diz . ■

ANTÓNIO MAGALHÃESCARDOS0,senior partner da Vieira

de Almeida Associados

“Existe umconfronto entreempresasfarmacêuticastitulares deexclusivos decomercializaçãoderivadosde patentese empresas quetentam entrarnesses mercados,proibidos masapetecíveis.”

26providências

Das 31 providênciasinterpostas pelasfarmacêuticas, 26 foramaprovadas pelos tribunaisadministrativos.

APROVADAS

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Quinta-feira 28 Abril 2011 Diário Económico III

OPINIÃO: ????????????????????????????????????????????????

A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA quer que a comparticipaçãonos medicamentos seja feita consoante os rendimentosdos utentes, medida que considera “inevitável”. João AlmeidaLopes, presidente da Apifarma, disse à agência Lusa,que “as pessoas com mais rendimentos devem receber menosapoio do Estado na compra de remédios”, frisando que“as comparticipações são hoje praticamente iguais para todos”.

O BARÓMETRO bianual BOP Health ‘Os Portuguesese a Saúde’, concluiu que 3,5 milhões de portuguesesfizeram cortes no consumo de medicamentos essenciaisà sua saúde, em resultado das alterações no regimede comparticipação. O estudo revelou ainda que maisde 60% dos portugueses tomaram, pelo menos,por uma vez, um genérico ao longo do último ano.

São 794 os genéricos actualmentesuspensos por decisão judicial. Os dados,do Infarmed, são de Março. Tendo em contaque em Julho de 2010, eram 557os medicamentos suspensos,correspondentes a 17 substâncias activas,em nove meses, houve uma subida de 50%nas moléculas travadas em tribunal.Os fármacos suspensos, referem-sea 23 substâncias activas, e estão indicadospara o tratamento de doenças cardíacas,respiratórias, osteoporose e psicoses.

>> 794 GENÉRICOS SUSPENSOS

Portugal peca pela lentidão com que se resol-vem processos em tribunal e no sector farma-cêutico a questão adensa-se, pelo facto dos li-tígios que envolvem grandes farmacêuticas efarmacêuticas de genéricos serem tratados nostribunais administrativos e não nos tribunaisde comércio que têm competências na área dapropriedade intelectual. O cerne da questão éa mesma. A morosidade com que os tribunaisde comércio resolvem os casos. Parte do pro-blema deve-se ao facto desses tribunais esta-rem atolhados de de providências cautelares ede insolvências. Uma questão já salientadapela Apifarma que tem reiterado o apoio e fri-sado “a urgência em ser instalado o tribunalespecializado em propriedade intelectual jácriado pelo Governo, que garanta, de formarápida, a defesa equitativa dos direitos de pa-tente em benefício dos medicamentos inova-dores e dos medicamentos genéricos”, dizEduardo Pinto Leite, vice-presidente da Api-farma e director-geral da GSK. É que, em mé-dia, em Portugal estes litígios demoram seisanos, enquanto na Europa apenas seis meses.Sobre isto, João Luís Traça, advogado e sócioda Miranda, Correia, Amendoeira & Associa-dos, diz que “uma mera providência cautelarpode demorar mais de um ano nos tribunaisportugueses”. O responsável não tem dúvidasde que “os tribunais devem contribuir para acompetitividade de uma economia, o que nãoacontece em Portugal. A lentidão dos tribu-nais contribui na maioria das vezes para aque-les que estão em falta e não cumprem”.O projecto para o tribunal nacional especiali-zado na área da propriedade intelectual jáexiste. Porém, o projecto ainda não arrancoupor falta de consenso relativamente à sua lo-calização pensada para Santarém.Para António Magalhães Cardoso, seniorpartner da Vieira de Almeida & Associados, “otribunal da propriedade intelectual, na medi-da em que venha a decidir as causas com cele-ridade, constituirá uma alternativa muito in-teressante para as empresas titulares de pa-tentes, uma vez que lhes permitirá obter deci-sões que travem o passo à contrafacção porparte de um determinado agente económico,sem ter necessidade de sindicar a validade decada autorização de introdução no mercadodo medicamento que esse agente económicose lembre de solicitar ao Infarmed”. Para Leo-nor Chastre, sócia da Abreu Advogados e ad-vogada especialista em Direito da PropriedadeIntelectual, “o aumento da complexidade nosconflitos referentes a propriedade industrial ena industria farmacêutica, levanta, logo e àpriori, o problema da falta de especializaçãodos tribunais para resolver estas questões”. Ea especialista não tem dúvidas de que os tri-bunais especializados em propriedade indus-trial e os Tribunais Arbitrais, serão os que po-derão dar melhor e mais célere resposta a estetipo de conflitos”. ■ R.C.

Litígios devem estarna mão de especialistasO sector espera por um tribunal especializado,acreditando que virá acelerar processos.

LEONOR CHASTRE

sócia da Abreu Advogados

e advogada especialista

em propriedade intelectual

“O aumentoda complexidadenos conflitosreferentesa propriedadeindustriale na indústriafarmacêutica,levanta oproblema da faltade especializaçãodos tribunaispara resolverestas questões.”

JOÃO LUÍS TRAÇA

Advogado da Miranda, Correia,

Amendoeira e Associados.

“Os tribunaisdevem contribuirpara acompetitividadede umaeconomia,o que nãoaconteceem Portugal.A sua lentidãocontribuipara os quenão cumprem”.

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IV DiárioEconómico Quinta-feira28Abril2011

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA DE GENÉRICOS

“A indústria farmacêutica tem sabidoexplorar as debilidades existentes”O Estado vai ter que tomar uma posição para resolver a questão do impedimento da entrada de genéricos.

RAQUEL CARVALHO

[email protected]

osé Luis Arnaut acredita que recor-rer ao s tribuanis administrativostem sido um dos problemas de Por-tugal. O advogado e ‘partner’ da RuiPena e Associados, representante devárias empresas de genéricos, criti-ca as grandes farmacêuticas por

instaurarem providências cautelares e recor-rerem a tribunais administrativos.

Como podem as grandes farmacêuticas defen-der-se contraaentradadegenéricos?As grandes empresas farmacêuticas que detêmpatentes sobre substâncias activas de medica-mentos não têm que se defender da entrada demedicamentos genéricos, porquanto estes sópoderão estar no mercado numa situação deperfeita legalidade, ou seja, desde que cumpramos requisitos técnicos e científicos que se pren-dem com a sua validade, eficácia e segurança, edesde que não constituam ofensa de direitos deterceiros, nomeadamente de patentes que aindapossam estar em vigor relativamente a deter-minadas substâncias activas. Em casos limitepoderão verificar-se violações de patentes maspara isso os Tribunais de Comércio, de momen-to, serão o local próprio para aferir dessas viola-ções, ou mesmo os Tribunais Criminais. O quesucede, muitas das vezes, é que as substânciasactivas que compõem os medicamentos genéri-cos ainda estão protegidas por patentes, desi-gnadamente aquando da submissão ao Infar-med, por parte das empresas de genéricos, deprocessos destinados a obter autorizações paraintrodução no mercado para esses medicamen-tos. E é esta situação que tem causado celeuma.

Como vê o facto de Portugal não recorrer tantoao tribunal de comércio, mas sim aos adminis-trativosnaquestãodaspatentes?Só os Tribunais do Comércio terão competênciapara aferir da violação, ou não, de uma patente.Contudo, não têm dado uma resposta eficaz a es-tas questões, sobretudo pela morosidade de quepadecem. De certo modo, as empresas titularesde patentes, perante esta situação, que é intole-rável para os seus interesses, deslocaram o cerneda discussão para os Tribunais Administrativos,alegando muito simplesmente que os actos ad-ministrativos que concedem autorizações de in-trodução no mercado para medicamentos gené-ricos, porque constituem, na sua essência, oprincipal acto administrativo para a comerciali-zação de um medicamento, devem ser entendi-dos como actos que violam ou são potencial-mente violadores de direitos de patente.

E violam os direitos de patente?Este procedimento acaba por subverter umpouco o sistema, por um lado porque a lei de-

J

fine, muito claramente, o que constitui in-fracção de patente, e nessa previsão não se en-contra, de todo, a submissão de um processoao Infarmed para obtenção de uma autoriza-ção de introdução no mercado. Por outro lado,o que tem sucedido é que os processos têm deum modo geral sido favoravelmente decididosa favor das empresas farmacêuticas titularesde patentes, sem que se ache devidamentediscutido ou sequer demonstrado que de factohá uma violação dessas patentes, e muito me-nos sem que se demonstre que há uma comer-cialização no mercado desses medicamentos.

O tribunal para a propriedade intelectual pode-ráajudara resolver esteproblema?Temos de aguardar pela sua implementaçãopara tirar conclusões, mas sou favorável à exis-tência de tribunais especializados, sobretudoem matérias tão importantes e específicascomo as que se prendem com a protecção dapropriedade intelectual em geral. Creio que ainstalação de um tribunal especializado pode-rá contribuir para o desenvolvimento técnico-jurídico das matérias em apreço e para a cria-ção de jurisprudência altamente qualificada.

Oquepodedizer dasprovidências cautelares in-terpostas pela indústria farmacêutica para tra-var aentradadegenéricos ?Esta é uma consequência bastante grave. Naverdade o próprio sistema de saúde é larga-mente afectado na medida em que o Estadotem que dispender maiores recursos na com-participação de medicamentos. Por outrolado, a própria população carente de medica-mentos, que de um modo geral é a de mais fra-cos recursos, sofre com esta situação. Curio-samente não temos visto os Tribunais Admi-

nistrativos a considerarem esta questão, o quenão deixa de me causar alguma admiração.Creio que mais tarde ou mais cedo, e sobretu-do tendo presente o recente relatório da Co-missão Europeia sobre esta temática, bemcomo as contingências orçamentais que seadivinham, o Estado vai ter que tomar umaposição para resolver esta questão.

As farmacêuticas dizem querer salvaguardaranos de investimento em investigação e desen-volvimento....A lei confere um período de tempo de 20 anospara a validade das patentes, período que seconta a partir da data do pedido de patente.Estima-se que este período seja suficientepara que os inventores ou titulares das paten-tes possam recuperar financeiramente dosinvestimentos realizados em inovação. Nocaso das patentes sobre produtos farmacêuti-cos e porque os processos que conduzem àaprovação e efectiva comercialização dosmedicamentos pode demorar anos após adata do pedido de patente, prevê-se ainda aextensão dessa protecção por um períodoadicional que no máximo pode ser de cincoanos. Assim, a possibilidade de exploraçãoexclusiva decorre por um período de tempoconsiderável. Muito sinceramente não acre-dito que a indústria não colha os devidos be-nefícios, que aliás lhe são devidos. O que sedemonstra até pelo simples facto que é preci-samente a indústria farmacêutica a grandeutilizadora do sistema de patentes, e nãoacredito que o fosse se o sistema não lhe ser-visse. A situação que se verifica na realidade éque não há sistemas perfeitos e neste aspectoa indústria farmacêutica tem sabido exploraras debilidades existentes. ■

“Objectivos sãoinadmissíveis”

Para José Luis Arnaut, aactuação das empresasdetentoras de patentes visaatingir objectivos, que a seuentender são “ilegítimos einadmissíveis”. São eles:“Impedir a produção ecomercialização demedicamentos genéricos,manter um exclusivo demercado,extraordinariamentelucrativo, em virtude daausência de concorrência,prorrogar artificialmente operíodo de protecçãoconferido pela patente e/oucertificado complementar deprotecção”.

“Muitosinceramentenão

acreditoquea indústrianão

colhaosdevidosbenefícios,

quealiás lhesãodevidos”,

afirmao ‘partner’daRuiPena,

Arnauteassociados.

PaulaNunes

ENTREVISTA JOSÉ LUIS ARNAUT, ‘PARTNER’ DA RUI PENA, ARNAUT E ASSOCIADOS

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VI Diário Económico Quinta-feira 28 Abril 2011

ara Paulo Lilaia, Portugal tempotencial para atingir mais de50% de quota de mercado de ge-néricos, contra os 20% actuais.Em entrevista ao Diário Econó-mico, o presidente da AssociaçãoPortuguesa de Genéricos (APO-

GEN) diz estar de acordo com a criação do tribu-nal de propriedade intelectual, mas defende quenada irá resolver se as farmacêuticas continua-rem a recorrer aos tribunais administrativos.

Qual o retrato que faz da indústria de genéri-cos em Portugal?É uma indústria que se tem desenvolvido, masque tem sido confrontada com sucessivos cor-tes nos preços. Em pouco mais de dois anos emeio, os preços baixaram mais de 50%, umproblema que temos que compensar com umgrande volume de vendas, pois a margem écada vez mais curta.A APOGEN compreende a lógica de que os ge-néricos devem ser medicamentos de qualida-de e eficiência, mas mais acessiveis. Defende-mos que o preço pode ser baixo, mas não deveser tão baixo que mate o próprio genérico,pois isso vai obrigar algumas empresas a dei-xar de produzir e a alternativa terapêuticacusta cinco ou seis vezes mais e muitas vezessem benefício terapêutico evidente.

Como se pode contornar essa questão?Nos medicamentos de preços mais altos, quersejam genéricos ou não, a redução de preçosdeve ser muito significativa, mas nos medica-mentos de preço baixo, nomeadamente os quecustam menos que cinco euros, não se deveaplicar nenhuma redução, porque isso em vezde gerar poupança, vai gerar mais despesa.

Qual tem sido o impacto da introdução degenéricos em Portugal?Foi muito grande. Para ter uma ideia o merca-do de genéricos em Portugal praticamente nãoexistiu até 2000, ano em que foi feita legisla-ção. De 2000 até agora tem vindo sempre acrescer de forma gradual e sustentada. Ac-tualmente a quota de genéricos é de 20% emvalor e unidades. Porém, é um valor muitoabaixo da média dos países da União Europeia,que é superior a 50%. Achamos inevitável queos genéricos cresçam com um ritmo mais ace-lerado e que consigam atingir uma quota su-perior a 50%, porque há potencial para isso.

Cresceria mais se não houvessem tantos me-dicamentos bloqueados em tribunal...Sim. Mas é importante realçar que esses paísescom quotas de mercado superiores a 50% já

“O bloqueio aos genéricosestá mais activo que nunca”Actualmente estão bloqueadas nos tribunais mais de 20 moléculas que permitiamuma poupança entre os 100 e os 200 milhões de euros, diz Paulo Lilaia.RAQUEL CARVALHO

[email protected]

P

Paulo Lilaia é há nove mesesadministrador-delegadoda Generis, vindo da principalconcorrente, a Ratiopharm,onde estava desde 2004.O gestor está ligado à indústriados genéricos há dez anos.Tem um mestrado em gestãode empresas e um MBA e umapós- graduação na mesma área.É licenciado em reabilitaçãopelo Instituto Superiorde Psicologia Aplicadae fisioterapeuta pela EscolaSuperior de Saúde de Alcoitão.

>> PERFIL

ENTREVISTA PAULO LILAIA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE GENÉRICOS

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA DE GENÉRICOS

comercializam genéricos desde os anos 70 e80. São países onde já há uma boa informaçãocientífica que credibiliza o mercado dos gené-ricos. As pessoas confiam plenamente nos ge-néricos nesses países. Há ainda um dado a re-ter. São os países mais desenvolvidos e commaior nível educacional e cultural os que têmmaior concentração de genéricos.

Mas ainda há pessoas que duvidam dos gené-ricos. ..O que verificamos é que a resistência é cadavez menor. No início a resistência era maior,até porque havia publicidade negativa contraos genéricos. Mas agora essa questão já não fazsentido. A maior parte das empresas já produ-zem medicamentos genéricos e não genéricos.E os requisitos para a sua produção são iguais.Por isso, vai-se esbatendo cada vez mais essaresistência, até porque quanto maior é o uso,menor é a resistência. Para ter uma ideia, maisde metade da população da União Europeia,trata-se com genéricos. Além disso, em Por-tugal, a questão económica é outro factor im-portantissimo. Sabe-se que em tempo de cri-se, as pessoas com mais dificuldades econó-micas têm mais propensão para comprar ummedicamento genérico.

Quanto tempo acha que poderá demorar aatingir-se uma quota superior a 50%?Se chegarmos lá em cinco anos seria um ritmomuito bom. É um objectivo passível de seratingido porque temos produtos que estãobloqueados nos tribunais administrativos eque nos parece que é uma situação absurda eque deve ser resolvida rapidamente. São maisde 20 moléculas que estão bloqueadas e esta-mos a falar de valores de poupança entre os100 e os 200 milhões de anos.

Como olham os outros países para Portugal?A União Europeia (UE) fez um relatório em2009 onde considera que Portugal é um ‘casestudy’ porque é o único país da UE onde os tri-bunais administrativos dão opiniões e senten-ças em situações que deviam ser os tribunaisde comércio. A UE enviou mesmo uma cartaao governo português a dizer que era uma si-tuação que não fazia sentido e que deveria serresolvida com a maior urgência. Mas na práti-ca, até hoje não vemos nenhuma alteração si-gnificativa. O que verificamos é que o bloqueioda entrada de genéricos continua mais activodo que nunca. E os medicamentos bloqueados,na sua grande maioria, já são utilizados nou-tros países da UE. É um facto lamentável, queprejudica o sector dos genéricos, o Estado e osutentes como pagadores.

“A indústriade genéricos temsido confrontadacom sucessivoscortes nospreços. O preçonão pode ser tãobaixo ao pontode matar opróprio genérico,pois assim háempresasque deixarãode produzir”.

Como justifica esta situação?Antes os letígios eram resolvidos nos tribu-nais de comércio. O problema é que houveuma empresa que recorreu para o tribunal ad-ministrativo que bloqueou a entrada do gené-rico em causa, o que levou a que outras em-presas seguissem o exemplo. Houve uma de-terminada estratégia que resultou e toda agente imitou.

Mas o que está por trás destas providênciascautelares?O problema que se põe é que as empresas fa-zem providências cautelares alegando que têmuma patente válida e que o processo adminis-trativo de autorizações de introdução no mer-cado, do preço e da comparticipação, nãopode ser violado. O problema é que não sepode apenas alegar que se tem uma patenteválida. Tem que se demonstrar em tribunal

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Quinta-feira 28 Abril 2011 Diário Económico VII

PaulaNunes

que essa patente é verdadeiramente válida e sóse pode analisar e discutir a validade da pa-tente nos tribunais de comércio. São estes quetêm competência para analisar a propriedadeindustrial. O que se passa é que a empresa ale-ga que tem uma patente, manda o relatório, otribunal administrativo não analisa a patente,não verifica a sua validade, mas toma a deci-são de bloquear o medicamento, acreditandono que a empresa alega.

Mas certamente há um tempo limite para obloqueio dos medicamentos.Essa é uma boa pergunta que eu não consigoresponder. É dificil de dizer. Sei que há pro-dutos bloqueados desde 2007.

E quem ganha geralmente?Aconteceu um caso muito interessante hácerca de 15 dias em que a Pfizer abriu uma

providência cautelar à Farmoz, do grupo por-tuguês Tecnimed. Foi-lhes primeiramentedada razão, mas a Farmoz recorreu e acaboupor ganhar. A Pfizer trouxe peritos e a Farmoztambém e acabou por comprovar que não es-tava a violar a patente.

Mas é comum ganharem as empresas de gené-ricos?Na União Europeia, dois terços dos casos deletígio que tiveram julgamento e sentença fo-ram ganhos por empresas de genéricos.

E em Portugal?A grande maioria dos casos que vão a tribu-nal discutir patentes, são ganhos por em-presas de genéricos. Na realidade percebe-se que a empresa não está a infringir paten-tes e por isso pode comercializar o medica-mento. ■

Acha que o tribunal de propriedade industrialvai resolver aquestãodosbloqueios?O tribunal de propriedade industrial é muitopositivo, pois é especializado. Será bom tantopara empresas de genéricos como para a in-dústria inovadora o facto de termos peritosnuma área. Mas acho que esta questão do tri-bunal não passa de um ‘fait divers’. Se se criarum tribunal de propriedade industrial, mas ostribunais administrativos continuarem a acei-tar casos e a bloquear os genéricos, o tribunalde propriedade industrial vai ficar vazio e nãovai resolver nada. Se os tribunais administra-tivos continuarem a bloquear os genéricos, asfarmacêuticas não vão recorrer aos tribunaisde propriedade industrial. É preciso anular obloqueamento de medicamentos genéricos.

Santaréméumaboa localização?Não, porque mais de 95% da indústria farma-cêutica está localizada no eixo Lisboa-Cas-cais. Faz sentido que a localização do tribunalseja perto da localização das empresas que vãolitigar. Mas se o tribunal acabar com o blo-queio, a localização é um mal menor.

Alguma vez haverá paz entre os grandes gruposfarmacêuticos eas empresasdegenéricos?Nós vivemos em paz e relacionamo-nos educa-mente. Haverá sempre fricção e interesses anta-gónicos, mas isso faz parte das regras do jogo. Masse essa fricção acabar por ser positiva, melhor.

Masas farmacêuticasperdemmilhões...Sem dúvida. Há um exemplo carismático que éPfizer, que vai perder 30 biliões de dólares devendas por perda de patentes. É muito dinheiro.Mas é importante frisar que os preços elevadosque as empresas de inovação praticam são acompensação da investigação que fizeram e seriainjusto que expirando a patente, o preço elevadose mantivesse. O período de patente serve parareconhecer o esforço e o dinheiro gasto em in-vestigação e premiar e bem as empresas que fa-zem investigação, mas também é saudável quenum determinado momento a patente acabe.Costuma-se dizer que as empresas de genéricosafectam negativamente a inovação. É rigorosa-mente o contrário, pois são importantíssimaspara a inovação. Se uma empresa descobrisseuma molécula no ano 2000 e a patente durasse100 anos, a empresa não tinha qualquer estímu-lo para voltar a lançar um medicamento. Saben-do que vai perder a patente, é obrigada a inves-tigar e a inovar para lançar novos medicamentosapós o fim da patente, por isso, os genéricoscriam uma pressão positiva sobre a inovação.

AAssociação Portuguesa dosMédicos de ClínicaGeral diz existir diferenças entre asmarcas de ge-néricos para o mesmomedicamento, e disse dis-cordar que as farmácias façam substituições en-treestasmarcas. Quecomentário faz?Está demonstrado cientificamente que osgenéricos têm a mesma eficácia, qualidade esegurança. Mas não há dois medicamentosiguais, daí que não deve haver troca perma-nente. Isso pode confundir as pessoas e levara uma sobredosagem. A mudança para osgenéricos deve ser acompanhada pelo médi-co e pela farmácia, senão pode haver um im-pacto negativo na saúde pública. ■ R.C.

“O tribunalnão passade um ‘fait divers’”

“Se se criarum tribunalde propriedadeindustrial, masos tribunaisadministrativoscontinuarema aceitar casose a bloquearos genéricos,o novo tribunalnão vai resolvernada”.

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VIII DiárioEconómico Quinta-feira28Abril2011

Poupanças geradas podemir até aos 400 milhões de eurosA possibilidade de os médicos passarem receitas por princípio activo foi recentemente chumbada no Parlamento.IRINA MARCELINO

[email protected]

número varia conforme afonte e as fontes que estasutilizam. Mas uma maiorutilização de medicamen-tos genéricos podia gerarpoupanças de, no mínimo,300 milhões de euros. “100

milhões para o Estado e 300 milhões para oscidadãos”, diz João Semedo, médico e depu-tado do Bloco de Esquerda, responsável porvárias propostas na área dos genéricos na As-sembleia da República.Para Paulo Paiva dos Santos, presidente da em-presa de genéricos Wynn Industrial Pharma,vai mais longe: “A poupança com os medica-mentos genéricos que estão suspensos seriasuperior a 400 milhões de euros”.Os números variam, mas assim mesmo, sãoelevados. Então por que razão não se tem uti-lizado mais medicamentos genéricos?Paula Paiva dos Santos não tem dúvidas: “Por-que tem havido recurso a acções dilatórias quevisam unicamente o protelamento da introdu-ção no mercado de medicamentos genéricos defármacos bastante utilizados, ou seja, há umimpedimento ao aumento da oferta, o que porsua vez, naturalmente, faz com que não se pos-sa optar por um medicamento genérico.”João Semedo, por seu turno, diz não entenderas razões que levam os médicos a recusarempassar receitas por princípio activo e não pormarca, como actualmente fazem. “Não reco-nheço nenhuma razão académica ou científicaque me diga que são diferentes, a não ser emcasos muito específicos de grupos como aschamadas janelas terapêuticas estreitas”, diz.Na apresentação do projecto-lei do Bloco deEsquerda que previa o estabelecimento da obri-gatoriedade de prescrição por denominaçãocomum e a possibilidade do utente optar livre-mente por um medicamento genérico ou demarca - entretanto chumbada pelo PS e peloPSD e vetada por Cavaco Silva -, João Semedodefendia: “No medicamento, o que importa é asubstância activa que o compõe, a sua dosageme a quantidade dispensada, e não a marca ou olaboratório que o comercializa.” Por outro lado,“o preço é também um factor importante a terem conta, devendo ser sempre prescrito aquelemedicamento que, de entre os medicamentosapropriados para a situação clínica individualdo doente, tenha o preço mais baixo. Numaelevada percentagem de situações esta preocu-pação, no nosso país, está completamente au-sente dos critérios de prescrição”. E acusa: “aOrdem dos Médicos continua a ter uma práticaantiquada”, exemplificando: “Já não é assimnos internamentos hospitalares.” E termina: “Éuma má prática médica.”A Ordem dos Médicos defende, por seu turno,que faria mais sentido baixar o preço de todosos genéricos com o mesmo princípio activo.Ao jornal “i”, João Silveira, vice-presidente da

PauloAlexandreCo

elho

Os gastos do Serviço Nacional de Saúde nosprimeiros três meses deste ano desceram 18,9% para343,7 milhões de euros. Os valores foram constavamnuma síntese de execução orçamental divulgadano passado dia 20 de Abril. Por outro lado, o valorda dívida dos hospitais à indústria farmacêuticaultrapassa os mil milhões de euros. Os prazos médiosde pagamento são superiores a um ano.

>> GASTOS DESCEM

O

Associação Nacional de Farmácias, defendeuesta quinta-feira que um sistema de prescri-ção por Denominação Comum Internacionallevaria uma racionalidade do stock das farmá-cias. “O omeprazol tem mais de 100 apresen-tações e às vezes a centésima primeira é a quevem prescrita e não há na farmácia. É uma ir-racionalidade e até representa prejuízos para opaís. A prescrição por princípio activo deveriaser generalizada.”Além da questão terapêutica, Pedro Pita Bar-ros, economista da saúde, destaca outros pon-tos positivos que uma maior utilização de me-dicamentos genéricos poderia trazer a níveleconómico: “Pagar menos para os mesmosconsumos; por pagar menos, garantir maioradesão à terapêutica de quem tiver menores re-cursos”. Mas recorda que “se os medicamentosde marca tiverem preço similar aos genéricos,não há vantagem do genérico sobre o medica-mento de marca. A quota de mercado dos ge-

néricos, e logo a sua utilização, não é uma me-dida completa do seu impacto no Sistema Na-cional de Saúde (SNS)”. No caso de os genéricosque substituem medicamentos de marca maiscaros, “é evidente que uma maior utilização degenéricos gera poupança por substituição deum consumo por outro”, afirma o economista.E conclui: “se a disponibilidade de genéricos avalores mais acessíveis gerar maior consumo,poderá não gerar poupanças para o SNS, masterá eventualmente ganhos de saúde. Porexemplo, uma maior adesão à terapêutica si-gnifica maior gasto do SNS, mas mais benefí-cios de saúde para a população”.Na Europa, defende a Associação Europeia deGenéricos, as poupanças anuais que provêmda utilização de genéricos rondam os 25 milmilhões de euros.“Se sociedades mais ricas que nós já o fazemporque é que nós não havemos de o fazer?”,conclui João Semedo. ■

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA DE GENÉRICOS

JOÃO SEMEDO

Deputado do Bloco de Esquerda

Não reconhecçonenhuma razãoacadémicaou científicaque me digaque a prescriçãopor princípioactivo sejadiferenteda prescriçãopor marca.”

PEDRO PITA BARROS

Economista da Saúde

Pagar menospara os mesmosconsumos.Por pagar menos,garantir menoradesãoà terapêuticade quem tivermenoresrecursos.”

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X DiárioEconómico Quinta-feira28Abril2011

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA DE GENÉRICOS

As “guerras” dos pacientes contraas patentes estão longe de acabarFarmacêuticas como Novartis, Abbott, Pfizer e GlaxoSmithKline envolvidas em polémicas contra genéricos.

RAQUEL CARVALHO

[email protected]

empre existiram e continuam aexistir litígios que envolvemgrandes empresas farmacêuti-cas detentoras de patentes eempresas de genéricos em todoo mundo. Os nomes são sonan-tes. Merck, AstraZeneca, No-

vartis, Pfizer e GlaxoSmithKline são grandesgrupos que não têm visto com bons olhos aascenção dos genéricos no mundo. Um exem-plo incontornável de confrontos entre farma-cêuticas e genéricos, é o do Processo da No-vartis na Índia, em que o Tribunal de Chennainão concedeu a este laboratório o direito depatentear uma modificação do GLIVEC (me-dicamento contra a leucemia). Esta sentença,datada de 2007, originou grande polémicacom os laboratórios originadores a reclama-rem que esta era uma decisão que poria emcausa o progresso da medicina e a inovação edesenvolvimento de novos medicamentos e osMédicos sem Fronteiras, a proclamarem a vi-

MianKu

rsheed/Reuters

S tória dos ‘pacientes sobre as patentes’. Foitambém a defesa pelos pacientes que levou auma guerra aberta entre o Estado brasileiro eos laboratórios Abbott. Em 2004, o serviçopúblico de saúde do Brasil lutava com dificul-dades para fornecer remédios grátis a cente-nas de milhares de pacientes com VIH. Paracolmatar o problema, o ministro da Saúde pe-diu aos laboratórios Abbott, multinacional fa-bricante do Kaletra, remédio para portadoresde VIH para que reduzisse o seu preço em42%. Pedido esse que não foi aceite, tendo oministro ameaçado quebrar a patente, recor-rendo à Organização Mundial de Comércio,que permite o recurso em casos de emergên-cias sérias para a saúde. O caso acabou por nãoser levado avante, depois da Abbott ter con-cordado em reduzir o preço do Kaletra e man-tê-lo estável durante seis anos.O Brasil está ainda a ser palco de uma batalhajurídica entre os laboratórios estrangeiros e osfabricantes de genéricos uma vez que entre

2009 e 2013, as patentes de pelo menos 15 me-dicamentos vão expirar, dos quais cinco são daPfizer. Em condições normais, as fórmulas fi-cariam do domínio público e disponíveis parafabricantes de genéricos, mas os grandes labo-ratórios afirmam que em alguns medicamen-tos será necessária uma correcção do prazo devalidade das patentes. Já as fabricantes de ge-néricos acusam as concorretes de querer atra-sar os processos e manter a exclusividade devendas por mais tempo.É também do domínio público, o processojurídico de grandes proporções que ocorre naÁfrica do Sul, destinado a intimidar o gover-no daquele país a não importar medicamen-tos genéricos produzidos pelo Brasil e pelaÍndia para o tratamento da Sida. A iniciativade mais de 40 gigantes farmacêuticos, entreelas a GlaxoSmithKline, a maior do mundo,pressiona para que o governo sul-africanorecue e invalide uma lei de 1997, que autorizaa importação ou produção de genéricos. ■

De acordo com um relatórioda agência Bloomberg,companhias farmacêuticasde peso, como a Sanofi-Avensis, a Novartis e a EliLilly alertaram asalfândegas da UniãoEuropeia sobre apossibilidade do Brasil e daÍndia estarem a exportarmedicamentos suspeitos deviolação da propriedadeintelectual. Num ano, foramapreendidos 17 genéricos deorigem indiana nasfronteiras europeias. EmDezembro de 2010, aAstraZeneca denunciou seralvo de uma investigação,por parte das autoridadeseuropeias da concorrência, omesmo acontecendo aolaboratório suíço Nycomed.

Casos polémicose investigações

Umprotesto recenteno Paquistão.

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XII DiárioEconómico Quinta-feira28Abril2011

Ratiopharm mantémliderança nos genéricosGenéris, Mylan, Sandoz e Mepha completam ‘ranking’ da IMSHealth.

RAQUEL CARVALHO

[email protected]

ançar novos pro-dutos todos os anosé a aposta da Ra-tiopharm, empresaque lidera o merca-do português degenéricos em valor

e unidades. Pelo menos de acordocom o ‘ranking’ das maiores farma-cêuticas a actuar no mercado de ge-néricos e que é elaborado anual-mente pela consultora IMS Health.A Ratiopharm foi pioneira no seg-mento dos genéricos em Portugal,onde está presente desde 1990. Étalvez o facto de ter entrado cedoneste mercado e de o conhecer bemque explica a liderança da farma-cêutica neste segmengto. Actual-mente, a Ratiopharm tem cerca de80 medicamentos diferentes nomercado português que cobrem amaioria das áreas terapêuticas. Mastodos os anos alarga o seu portfóliopara produtos cujas patentes vãoexpirando.No segundo lugar do ‘ranking’ estáa Generis que tem como ambiçãoatingir o primeiro lugar do pódio. Arevelação é de Paulo Lilaia, admi-nistrador-delegado da Generis quevendeu O responsável faz um ba-lanço muito positivo de 2010, masadmite que a meio do ano, a empre-sa teve que contornar a situaçãocomplicada vivida pela empresas degenéricos, derivada da descida de25% dos preços dos medicamentos.Paulo Lilaia garante que a Generistem conseguido compensar “numasubida muito forte em termos devolume”.De salientar que a empresa que de-tém duas fábricas, tem como objec-tivo para 2011 “estar a produzir nãosó para a Generis mas também paraempresas terceiras, tanto portugue-sas como estrangeiras, sendo que oobjectivo é reforçar a área de expor-tação, para mercados como a Euro-pa, Médio Oriente, África e AméricaLatina”, revela Paulo Lilaia que ga-rante que a Generis pretende lançar“mais de dez medicamentos novospor ano, possuindo já em ambulató-rio mais de 163 medicamentos”.No terceito lugar do pódio e de acor-do com a IMS Health está a Mylan.Os três lugares do pódio não têm so-frido alterações. No entanto, o qua-tro e quinto lugares têm sido alter-nados pela Sandoz e pela Mepha.Segundo Rodrigo Goarmon, direc-

L tor-geral da Sandoz Portugal, a am-bição da Sandoz, que tem 23 mil es-pecialistas e está presente em maisde 130 países, “é chegar a lídermundial no mercado de genéricos”,o que pretende fazê-lo ao “desen-volver produtos diferenciados atra-vés das nossas competências cientí-ficas e expertise em tecnologias ino-vadoras”, diz. Rodrigo Goarmonafirma que a aposta da farmacêutica“é ser o parceiro de eleição para me-dicamentos genéricos de qualidadea custos acessíveis e oferecer solu-ções inovadoras aos seus doentes”.O director-geral da Sandoz Portugalgarante que a Sandoz “é líder mun-dial no desenvolvimento de novastecnologias, gerindo mais de 400moléculas e mais de 700 projectos, ecobrindo todas áreas terapêuticas,desde os produtos mais simples aosmais complexos e diferenciados”.Em Portugal, a Sandoz quer expan-dir o seu portfolio de produtos bio-similares, onde é pioneira, e nasáreas respiratória, oftalmológica ebiotecnológica, além daquelas emque já se encontra presente: cardio-vascular, sistema nervoso central,anti-inflamatórios, diabetes, osteo-porose, urologia, anti-infeciosos,anti-alergicos e gastro. RodrigoGoarmon diz haver “uma forteaposta da Sandoz nos medicamen-tos biosimilares”. A empresa “jálançou dois biosimilares – Zarzio®(Filgrastim) e Binocrit® (epoetinaalfa) em Portugal e espera lançarmais um em breve”, diz.Já a Mepha ocupou o quinto lugar dopódio em 2010 segundo o rankingda IMS Health.A empresa está presente em mais de60 países, e detém um portfólio demais de 100 medicamentos, estandono segmento dos genéricos desde2003. Actualmente, a Mepha Portu-gal conta com uma equipa de 69pessoas e tem um portfólio de maisde 35 genéricos, sobretudo, nasáreas terapêuticas afectas ao Apare-lho Cardiovascular, Sistema Nervo-so Central e Aparelho Gastrointesti-nal, de onde provem a maioria dasreceitas da farmacêutica. Quanto aestratégia de crescimento é alicer-çada na diversificação da actividadenos três principais segmentos domercado: medicamentos inovado-res, medicamentos genéricos e me-dicamentos não sujeitos a receitamédica. ■

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA DE GENÉRICOS

RatiopharmEm 2010, e de

acordo com o IMS Health,a farmacêutica facturouem valor, cerca de 53milhões de euros. Emunidades, atingiu mais de8 milhões de unidades.

GenerisEm 2010, a empresa

vendeu 5,7 milhões deunidades, o querepresenta vendassuperiores a 51 milhõesde euros.

MylanA Mylan vendeu o

ano passado perto de 4milhões de embalagens,num total de cerca de 38milhões de euros.

SandozEm 2010, a Sandoz

atingiu vendas perto dos20 milhões de euros, oque representa um totalde mais de 3,6 milhões deunidades.

MephaA farmacêutiva

vendeu mais de 2,1milhões de embalagens,num total de mais de 26milhões de euros.

Dados do IMSHealth

1

2

3

4

5

DanielAcker/Bloom

berg

Asvendasdemedicamentosgenéricos

estão a crescer emPortugal, avaliar pelo crescimento

registado pelas cinco líderes demercado.

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XIV Diário Económico Quinta-feira 28 Abril 2011

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA DE GENÉRICOS OS ESPECIALISTAS EM SAÚDE Pedro Pita Barros, FranciscoRamos e Céu Mateus defenderam, junto da “troika” do FMI,União Europeia e Banco Central Europeu, que “não é vantajoso”optar por uma reforma estrutural no modelo de financiamentodo Serviço Nacional de Saúde. Na reunião foram analisadosos gastos no sector da saúde e foi ainda dito que os custosde uma mudança seriam maiores que as suas vantagens.

Conheça os principaisdados do mercado

FARMACÊUTICAS21% dos custos dasfarmacêuticas sãoinvestidos em marketing,21% no fabrico e 18%em investigação,diz um relatório da OCDE.

21%marketing

PORTUGUESES SATISFEITOS72,2 % dos portuguesessentem-se satisfeitos ou muitosatisfeitos com os genéricos.A população com um nívelde instrução mais elevadoé a que mais tem aderido,diz o barómetro bianual BOPHealth “Os Portuguesese a Saúde”.

72,2%

Quota de mercadonos 19%A evoluçãodo mercadode genéricostem sido lenta,mas consistente.A quota de mercadodos genéricosem Portugal era,em 2010, de 19%.Em Janeirochegou aos 21%.

EVOLUÇÃO DE VALORA evolução em termos de valor tem sidoum pouco mais instável, tal como mostraa análise feita pela IMS Health. De 2009para 2010 os valores cresceram 2%para um valor de 443 milhões de euros.

2%Entre 2009 e 2010

Maior quota na produçãoé indianaA Índia é o maior fornecedorde medicamentos genéricosno mundo, com uma quotade mercado de 20%. Em 2005essa quota era de 4%. Algumasdas empresas indianas líderestêm apostado na aquisiçãode empresas externas paracolmatar as suas dificuldadesna inovação. Por outro lado,o Piramal Group vendeu o seunegócio de genéricos à norte-americana Abbott. Em 2012contam lançar o primeiromedicamento criado na Índia.

FABRICODE GENÉRICOSAs empresasde genéricos têm 13%dos seus custos alocadosa campanhasde marketing, 51%ao fabrico e 7%à investigação, afirmao mesmo relatórioda OCDE.

51%

VENDAS DE UNIDADESEm 2010 o númerode unidades de genéricosvendidas ultrapassou46 milhões. Este acréscimofoi acompanhado porum decréscimo das vendasdas farmacêuticas.

46milhões

Vendas de genéricosanti-depressivos sãoas que mais têm crescidoOs medicamentos genéricosmais vendidos em Portugalsão os chamados antiulcerosos.Logo a seguir, vêmos reguladores de colesterole os anti-depressivos. Estes são,aliás, os que mais têm crescidoao longo dos anos. Em 2004foram vendidas 1,1 milhõesde unidades. Em 2010 foramvendidas 2,9 milhões.

GENÉRICOS NOS EUANos Estados Unidos,89% dos medicamentosutilizados são genéricos.No Japão representam24%. Na Alemanha o valorronda os 50%.

89%

IRINA MARCELINO

[email protected]

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Quinta-feira 28 Abril 2011 Diário Económico XV

OPINIÃO: ????????????????????????????????????????????????

OS GASTOS com medicamentos sujeitos a receita médicanos Estados Unidos desceram 2,3% em 2010. Este é o segundovalor mais baixo dos últimos 55 anos, de acordo com a IMSHealth citada pela Reuters. Os gastos com genéricos subiram21,7%, enquanto os medicamentos mais caros cairam 0,7%.Hoje, os medicamentos genéricos têm uma quota de 78% entretodas as receitas passadas pelos médicos norte-americanos.

EM ENTREVISTA À NEWSLETTER do Infarmed, Greg Perry,director-geral da Associação Europeia de Genéricos, disseacreditar na criação de um tribunal de patentes únicoa nível da União Europeia (UE). “Seria um passo positivopara a UE como forma de assegurar a harmonizaçãodos direitos dos doentes, pôr fim a um mercado de patentesfragmentado e reduzir os elevados custos de aquisição.

PERDAS DASFARMACÊUTICAS PARAOS GENÉRICOS A CRESCERA indústria farmacêutica estáa sofrer a maior queda deganhos no primeiro trimestrede 2011 dos últimos quatroanos, diz a Bloomberg, citandoo index Standard & Poor’s500. A Pfizer, a Merck & Co.e a Bristol Myers Squibb Co.estão a cortar custos, adespedir. E a preparar-se paramais perdas de patentes. Em2011, aliás, as farmacêuticasvão perder para os genéricosum valor que ronda 34 milmilhões de dólares, um valor34% mais alto do queo registado no ano passado.Em 2015, o valor destasperdas rondará os 147 milmilhões de dólares em 2015.

34%Os maiores gastadoresA Grécia e a Irlanda eram os países que maisgastavam ‘per capita’ em medicamentos.De acordo com dados da OCDE relativos a 2008,os gastos eram de 584 e 563 euros,respectivamente, enquanto a média europeiaé de 376 euros. França, Bélgica e Espanhatambém gastavam acima da média. Os gastosna UE atingiram o seu pico entre 1999 and 2001.Foram então tentadas várias políticaspara controlar os gastos. Uma delas foio encorajamento da utilização de genéricos. Suiça,Holanda e Alemanha são três dos paísesdestacados pela OCDE como dos que maispoupanças conseguiram com uma políticade apoio aos genéricos.

AUTORIZAÇÕESA 31 de Dezembro de 2010,tinham sido autorizados 7.891remédios genéricos,diz o relatório do Infarmed.

7.891medicamentos GASTOS COM REMÉDIOS NA EUROPA

Em 2008, a conta farmacêutica na UniãoEuropeia representava 18% do totaldos gastos em saúde. Ao longodos últimos dez anos, os gastosem medicamentos na Europa crescerammais de 50% em termos reais.

18%

Preços comparadosAtravés do site da Deco Proteste

(www.deco.proteste.pt) é possível

comparar o custo de 5.231 medica-

mentos, por grupo homogéneo.

João Oliveira, coordenador da área

de Saúde da Deco Proteste, disse ao

Diário Económico que desde o seu

lançamento, a 28 de Janeiro, mais

de 19 mil pessoas acederam ao site

para comparar o preço entre medi-

camentos genéricos e de preço nor-

mal. “A receptividade tem sido mui-

to boa”, afirma o responsável. “Ain-

da há uma desconfiança relativa-

mente aos genéricos que não tem

razão de existir”. Mas essa descon-

fiança é colmatada pela diferença

de preçoas: “há um medicamento

de prevenção de tromboses cujo

preço de marca mais alto é de

30,74€. O genérico mais barato

custa 0€”, exemplifica.

KuniTakahashi/B

loom

berg

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