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SEMANÁRIO DA DIOCESE DE COIMBRA | DIRECTOR: A. JESUS RAMOS ANO XCIX | N.º 4789 | 4 DE JUNHO DE 2020 | 0,75 € visite-nos em: facebook.com/correiodecoimbra | youtube.com/correiodecoimbra | correiodecoimbra.pt ENCERRAMENTO DO MÊS DE MARIA CELEBRAÇÃO INSCREVEU-SE NO ANO SANTO, CONFORME O CALENDÁRIO A encerrar o mês de Maria, e em dia de reabertura do culto presencial, a Diocese ofereceu rosas aos diferentes agentes ligados à luta contra a Covid-19. > Página 2 DIA DA IGREJA DIOCESANA NAS COMUNIDADES “QUE NINGUÉM FIQUE DE FORA”, EXORTA O BISPO DE COIMBRA “Precisamos de sinais visíveis de unidade de todo o Povo de Deus, com o bispo, os sacerdotes e diáconos, os consagrados e a multidão de fiéis leigos”. > Centrais PLANO DE RECUPERAÇÃO PÓS-PANDEMIA Bispos da União Europeia pedem aos governos e instituições da Comunidade justiça ecológica, justiça social e justiça contributiva. > Última “Alegria” foi a palavra marcante nas diferentes celebrações por que passou o Correio de Coimbra no último fim-de-semana: alegria pelo regresso à celebração da fé em comunidade, presencial, face-a-face com os irmãos. Com serenidade no uso das máscaras e no acatamento de todas as outras disposições sanitárias emanadas pelo Episcopado, pois com certeza, mas sobretudo com a vida projetada para o futuro, também na criatividade pastoral. > página 3 UM REINÍCIO CHEIO DE VIDA Celebrar em comunidade P erdoe-se-me o arrojo de cruzar as grandes festas destes dias - Pentecostes, Santíssima Trindade, Igreja Diocesana - para tão pequeno fruto, se fruto houver. Mas nesse cru- zamento, alimentado ainda pelo desejo de preparar lideranças (conselho pastoral) e pela convocatória da Diocese para a reflexão de um novo Plano Pastoral (Mensagem do Senhor Bispo para o Dia da Igreja Diocesana), saltou-me uma pergunta: não será que a maior riqueza da Igreja possa estar a ser também o seu maior desperdício? Falo daquela grande diversidade de “dons espiri- tuais”, de “ministérios”, de “operações” com que o Espírito Santo “constitui” a uns “apóstolos”, a outros “profetas”, a outros “douto- res”, em ordem ao bem comum de todo o corpo eclesial. N a verdade, se extravasarmos do ministério ordenado, a linguagem dos carismas parece hoje reduzida às ordens religiosas e a dos ministérios à liturgia. Mas não parece ter sido assim na Igreja primitiva. Sem prejuízo da prioridade dos dons - “em primeiro lugar, os apóstolos; em segundo lugar, os profetas; em terceiro lugar, os mestres...” (cf. 1Cor. 12, 28) -, Paulo fala de uma grande diversidade de carismas e fala de uma grande diversidade das pessoas que os recebem: a uns, “o Espírito Santo constituiu” isto...; a outros, aquilo...; a outros ainda, aquela outra coisa, “conforme a Sua vontade”. A nenhum, tudo. A nin- guém, nada. E Paulo não se refere só, é evidente que não, ao mero desempenho técnico de funções, tipo “cantas bem, preciso de ti no coro, lês bem, preciso de ti no ambão”. Refere-se à sabedoria, à ciência, à fé, ao dom das curas, ao poder de fazer milagres, à profecia, ao discernimento dos espíritos, ao dom de falar em lín- guas, ao dom de as interpretar... (cf. 1Cor 8-10). É verdade, como reforça Paulo em contexto de correção dos exageros, que a unidade se deve sobrepôr à diversidade, mas sem a anular, antes integrando-a no “corpo”, porque a diversidade de dons vem do próprio Espírito Santo. Unidade na diversidade, não uniformidade na unicidade. Sem essa diversi- dade, como também aqui lembrava o Pe. Nuno Santos há duas semanas a propósito das concretizações do ministério sacerdotal, ficam as caricaturas (cf. entrevista ao Correio de Coimbra, 21 de maio). Exatamente como Paulo dizia: se o conjunto fosse um só membro, onde estaria o corpo?, se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido?; se tudo fosse ouvido, onde estaria o olfato? O Espírito Santo não está amarrado a uma memória litúr- gica nem a nenhuma concretização histórica. Por isso, hoje, continua a dar “carismas” diversos aos diferentes fiéis da Igreja, no mundo, em Portugal, entre nós. Discerni-los, potenciá-los e incorporá-los na unidade eclesial é tarefa primor- dial dos pastores. Assumi-los, dever de todos nós. E assim a Igreja Diocesana será mais transparência da Trindade, a cuja Solenida- de litúrgica se aconchega. Discernir, potenciar, incorporar ||||||||||||||||||||||||||||| ENFOQUE CARLOS NEVES

Discernir, UM REINÍCIO CHEIO DE VIDA incorporar Celebrar em · final da celebração, já depois de uma oração conclusiva de entre-ga, confiança e consagração a Maria, o Bispo

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Page 1: Discernir, UM REINÍCIO CHEIO DE VIDA incorporar Celebrar em · final da celebração, já depois de uma oração conclusiva de entre-ga, confiança e consagração a Maria, o Bispo

SEMANÁRIO DA DIOCESE DE COIMBRA | DIRECTOR: A. JESUS RAMOSANO XCIX | N.º 4789 | 4 DE JUNHO DE 2020 | 0,75 €

visite-nos em: facebook.com/correiodecoimbra | youtube.com/correiodecoimbra | correiodecoimbra.pt

ENCERRAMENTO DO MÊS DE MARIA CELEBRAÇÃO INSCREVEU-SE NO ANO SANTO, CONFORME O CALENDÁRIOA encerrar o mês de Maria, e em dia de reabertura do culto presencial, a Diocese ofereceu rosas aos diferentes agentes ligados à luta contra a Covid-19. > Página 2

DIA DA IGREJA DIOCESANA NAS COMUNIDADES“QUE NINGUÉM FIQUE DE FORA”, EXORTA O BISPO DE COIMBRA“Precisamos de sinais visíveis de unidade de todo o Povo de Deus, com o bispo, os sacerdotes e diáconos, os consagrados e a multidão de fiéis leigos”. > Centrais

PLANO DE RECUPERAÇÃO

PÓS-PANDEMIABispos da União Europeia

pedem aos governos e instituições da Comunidade

justiça ecológica, justiça social e justiça contributiva.

> Última

“Alegria” foi a palavra marcante nas diferentes celebrações por que passou o Correio de Coimbra no último fim-de-semana: alegria pelo regresso à celebração da fé em comunidade, presencial, face-a-face com os irmãos. Com serenidade no uso das máscaras e no acatamento de todas as outras disposições sanitárias emanadas pelo Episcopado, pois com certeza, mas sobretudo com a vida projetada para o futuro, também na criatividade pastoral. > página 3

UM REINÍCIO CHEIO DE VIDA

Celebrar em comunidadePerdoe-se-me o arrojo de cruzar as grandes festas destes

dias - Pentecostes, Santíssima Trindade, Igreja Diocesana - para tão pequeno fruto, se fruto houver. Mas nesse cru-

zamento, alimentado ainda pelo desejo de preparar lideranças (conselho pastoral) e pela convocatória da Diocese para a reflexão de um novo Plano Pastoral (Mensagem do Senhor Bispo para o Dia da Igreja Diocesana), saltou-me uma pergunta: não será que a maior riqueza da Igreja possa estar a ser também o seu maior desperdício? Falo daquela grande diversidade de “dons espiri-tuais”, de “ministérios”, de “operações” com que o Espírito Santo “constitui” a uns “apóstolos”, a outros “profetas”, a outros “douto-res”, em ordem ao bem comum de todo o corpo eclesial.

Na verdade, se extravasarmos do ministério ordenado, a linguagem dos carismas parece hoje reduzida às ordens religiosas e a dos ministérios à liturgia. Mas não parece

ter sido assim na Igreja primitiva. Sem prejuízo da prioridade dos dons - “em primeiro lugar, os apóstolos; em segundo lugar, os profetas; em terceiro lugar, os mestres...” (cf. 1Cor. 12, 28) -, Paulo fala de uma grande diversidade de carismas e fala de uma grande diversidade das pessoas que os recebem: a uns, “o Espírito Santo constituiu” isto...; a outros, aquilo...; a outros ainda, aquela outra coisa, “conforme a Sua vontade”. A nenhum, tudo. A nin-guém, nada. E Paulo não se refere só, é evidente que não, ao mero desempenho técnico de funções, tipo “cantas bem, preciso de ti no coro, lês bem, preciso de ti no ambão”. Refere-se à sabedoria, à ciência, à fé, ao dom das curas, ao poder de fazer milagres, à profecia, ao discernimento dos espíritos, ao dom de falar em lín-guas, ao dom de as interpretar... (cf. 1Cor 8-10).

É verdade, como reforça Paulo em contexto de correção dos exageros, que a unidade se deve sobrepôr à diversidade, mas sem a anular, antes integrando-a no “corpo”, porque

a diversidade de dons vem do próprio Espírito Santo. Unidade na diversidade, não uniformidade na unicidade. Sem essa diversi-dade, como também aqui lembrava o Pe. Nuno Santos há duas semanas a propósito das concretizações do ministério sacerdotal, ficam as caricaturas (cf. entrevista ao Correio de Coimbra, 21 de maio). Exatamente como Paulo dizia: se o conjunto fosse um só membro, onde estaria o corpo?, se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido?; se tudo fosse ouvido, onde estaria o olfato?

O Espírito Santo não está amarrado a uma memória litúr-gica nem a nenhuma concretização histórica. Por isso, hoje, continua a dar “carismas” diversos aos diferentes

fiéis da Igreja, no mundo, em Portugal, entre nós. Discerni-los, potenciá-los e incorporá-los na unidade eclesial é tarefa primor-dial dos pastores. Assumi-los, dever de todos nós. E assim a Igreja Diocesana será mais transparência da Trindade, a cuja Solenida-de litúrgica se aconchega.

Discernir, potenciar, incorporar

||||||||||||||||||||||||||||| ENFOQUE CARLOS NEVES

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CORREIO DE COIMBRA

2Diocese

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D. Virgílio Antunes presi-diu ao encerramento do Mês de Maria, na

Igreja de Santa Cruz, no dia 31 de maio, no âmbito das ativida-des do Jubileu de Santo António e Mártires de Marrocos, com a presença das mais diversas en-tidades e serviços ligados à luta contra a Covid-19: profissionais de saúde dos mais diferentes se-tores, autarcas, serviços ligados ao apoio aos idosos e a setores sociais desfavorecidos, serviços sociais, forças de segurança, bombeiros...

A recitação de cada mistério do Terço foi feita por diferentes pessoas ligadas a uma experiên-cia pessoal concreta na pande-

mia ainda em curso: um doente recuperado, uma assistente so-cial, o capelão hospitalar padre Pedro Santos, um familiar enlu-tado na fase mais dura do con-finamento, um neo-pai na mes-ma fase. Antes da recitação dos mistérios, cada um apresentou o seu testemunho.

Depois do terço, foi feito um agradecimento dirigido a todas as pessoas e entidades repre-sentadas pelos presentes [ver texto de Sílvia Monteiro, no Su-plemento Igreja Viva], seguido da entrega simbólica de uma rosa a cada um deles. A celebração tornou-se, assim, também um momento evocativo da pande-mia e um ato de agradecimen-

to a todos os profissionais e vo-luntários nela envolvidos, bem como uma petição confiante à Mãe celestial pelos falecidos, doentes e todos os de algum modo atingidos pela mesma. No final da celebração, já depois de uma oração conclusiva de entre-ga, confiança e consagração a Maria, o Bispo de Coimbra refor-çou em nome pessoal e da Igreja esse mesmo agradecimento.

A celebração do Encerramento do Mês de Maria foi precedida imediatamente pela celebração da Eucaristia, em cuja homilia D. Virgílio Antunes acentuou a ideia de que “A Igreja de hoje pre-cisa de um novo Pentecostes”, que a transforme e lhe dê redo-brada energia para evangelizar as pessoas, as famílias, a cultu-ra, o tecido eclesial e a sociedade com a sabedoria, a ciência e a graça do Espírito Santo de Deus.

Num segundo momento, D. Virgílio fixou-se na figura de Ma-ria, “mulher pura de coração”, “mulher da disponibilidade”, “mulher evangelizadora e for-talecedora da esperança”, para concluir que foi assim que ela foi dada à Igreja como seu mo-delo e, portanto, assim a Igreja se deve tornar pura, disponível, evangelizadora e portadora de esperança, sobretudo neste tem-po de desconfinamento.

Por fim, unindo estas duas re-flexões, o Bispo de Coimbra deixou uma exortação a “partir a anun-ciar o Evangelho a todos os povos da Terra”, com a força do Espírito e a maneira simples de Maria.

ENCERRAMENTO DO MÊS DE MARIA

Testemunhos e gratidão ‘enchem’ celebração final

Reuniu no Seminário Maior de Coimbra, no dia 30 de maio, durante toda

a manhã, o Conselho Pastoral Diocesano, na última reunião do presente mandato.

Na saudação inicial, o Bispo de Coimbra congratulou-se por este regresso às reuniões presen-ciais, pois se é verdade que “ne-nhum vírus mata a fé, a presen-ça é, contudo, muito importante para a alimentar”.

Considerando o triénio pasto-ral que agora finda, o Conselho considerou como muito positiva

a caminhada feita, e pediu que continue a ser dada continui-dade aos dinamismos que têm vindo a ser implementados, no-meadamente nas unidades pas-torais e nas equipas de anima-ção pastoral: “É um caminho de futuro!”, foi dito.

Avaliando os dinamismos da organização e da comunicação (mais específicos deste ano pas-toral), foram partilhadas muitas das iniciativas online havidas nas unidades pastorais durante o tempo da epidemia e discuti-das limitações e potencialidades

que lhe estão associadas, subli-nhando-se nas potencialidades o alargamento dos destinatários e nas limitações o perigo da vir-tualização da vida celebrativa, de fé e comunitária.

O Conselho tomou conheci-mento da última versão e discu-tiu o documento de trabalho “Di-nâmicas para motivar e formar líderes pastorais na Diocese de Coimbra”, elaborado por um gru-po de trabalho interno. Embora seja um documento que continue em reflexão, sobressaíram duas perspetivas fundamentais: a for-mação na liderança deve seguir a par da ação evangelizadora; e deve ser dirigida simultanea-mente a padres e leigos.

A encerrar, o Senhor Bispo valo-rizou aquele mesmo documento, reforçou a necessidade de valori-zar o Conselho Pastoral Diocesa-no e sublinhou de modo muito incisivo a necessidade de apro-fundar a sintonia no trabalho pastoral entre sacerdotes, diáco-nos e leigos. Por último, deixou uma palavra de agradecimento por todo o trabalho desenvolvido no último triénio pelos conselhei-ros, que agora cessam funções.

CONSELHO PASTORAL DIOCESANO

Estejamos conscientes de que este é um caminho de futuro

Seminário Maior de CoimbraJá reabriram as visitas guiadas, mediante marcaçãoO Seminário Maior de Coimbra reabriu as “visitas guiadas” aos seus espaços na última terça-feira, dentro das novas condições sanitárias exigíveis: uso obrigatório de máscara e marcação obri-gatória pelo menos com um dia de antecedência (tel. 239 792 340). A visita é possível de terça-feira a domingo, num dos seguintes horários: 14h, 15h, 16h, 17h, 18h.

Mês de Maria nas comunidades“Nossa Senhora de Fátima visita os seus filhos”

Multiplicaram-se por toda a Diocese as celebrações de Encerramento do Mês de Maria, e o Correio de Coimbra foi testemunhá-lo a Santo Varão, na iniciativa “Nossa Senhora de Fátima visita os seus filhos” da Unidade Pastoral do Mondego, na noite de 30 de maio. A Imagem de Nossa Senhora foi transportada a partir do Casal do Minhoto, passando sucessivamente por várias ruas de Formoselha, Santo Varão, Pereira, Arzila, Ameal, Vila Pouca, Taveiro e Ribeira de Frades. As pessoas foram convidadas a colocar colchas e velas nas janelas, mas atapetaram também as ruas com verduras e flores, ladearam-nas com velas, e vieram aos largos rezar: “Avé, Maria!”.

Mais fotos em facebook.com/correiodecoimbra

4 DE JUNHO DE 2020

DIA 7 DE JUNHO, SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADECelebração do Dia da Igreja Diocesana de Coimbra vai ser nas Unidades Pastorais, conforme as diferentes condições locais.

Vamos todos celebrar festivamente a Igreja Particular que somos

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CORREIO DE COIMBRA

33Celebrar em comunidade

Reiniciaram no último domingo as celebrações comunitárias da fé, que

foram marcadas sobretudo pela eucaristia e por diferentes mani-festações da piedade popular em torno do encerramento do mês de Maria. O Correio de Coimbra esteve nalgumas dessas celebra-ções, testemunhando a alegria com que as pessoas voltaram a celebrar a fé em conjunto.

Também a faculdade dada pelo Bispo de Coimbra [Nota Pastoral sobre o reinício do cul-to público] de “celebrações ao ar livre” foi aproveitada em vários locais da diocese nas celebra-ções do último domingo, tanto por paróquias como instituições, como o Seminário Maior, cuja celebração foi na magnífica en-volvente dos seus jardins.

Os templos estavam muito belos, com flores, muitas flores. E os terrenos das celebrações ao ar livre foram muito cuidados e marcados por grandes sinais significativos para as assem-bleias celebrantes (Santo Antó-nio, Maria...). Nalguns casos, como na zona pastoral formada pelos bairros do norte da cidade de Coimbra em torno do Centro Pastoral Irmã Lúcia, no Loreto, este regresso foi aproveitado para adaptar o espaço exte-rior à celebração permanente ao ar livre durante o verão, ao anoitecer, respondendo assim, simultaneamente, à necessi-dade de alargar o espaço litúr-gico por causa das distâncias sanitárias, ao regresso tardio das pessoas à cidade nos fins de semana estivais, e ainda à

necessidade de evitar a expo-sição solar das horas que eram habituais. Mais ainda, como o espaço o permite, se as condi-ções atmosféricas virarem para chuva, está previsto que as ce-lebrações se mantenham no exterior, em modo drive-in.

Nas homilias, o ponto de partida comum foi o “cenáculo (domingo de Pentecostes), e to-das relevaram o espaço comu-nitário como o espaço natural da celebração, a força da fé no enfrentamento das contrarie-dades da vida e a importância de uma ação caritativa mais in-tensa neste momento. Nas dife-rentes celebrações foi também comum a oração pelas vítimas diretas e indiretas da Covid-19 e pelas pessoas de algum modo envolvidas no seu combate.

UM TESTEMUNHO REPETIDO POR TODA A DIOCESE

Celebrações, templos ou espaços abertos, cuidados sanitários e caridade, tudo concorreu em uníssono para a alegria do “reinício”

VOLTAR A CELEBRAR EM COMUNIDADE

O que significa para ti?

MAXIMINO MORAIS

Para mim, a celebração presencial é fundamental na

vida de um cristão. A celebração, assim, da fé, representou muito, foi um sinal marcado por grande emoção, em especial depois da comunhão. Foi uma coisa muito forte. Não é explicável, porque a fé não se explica, vive connosco. E é também muito importante todo este trabalho que estamos a fazer nas nossas paróquias para que possamos recomeçar e continuar as eucaristias presenciais.

MARIA ISABEL GEADA

A sensação que eu hoje tive, ao final de dois meses e meio de não presença na igreja, foi – eu senti - uma alegria

imensa, imensa, por este regresso em comunidade. Como disse o Senhor Padre: uma coisa é estarmos em nossa casa, e fazer – claro - as nossas orações, mas outra coisa é estarmos em comunidade. Por isso, para mim, este dia de regresso foi um dia de muita alegria. Espero e peço a Deus que possamos continuar nesta caminhada.

JOÃO MENDES

Não deixámos de participar na missa

nestes dois meses e meio de confinamento, via televisão. Mas é sempre diferente a celebração presencial. Estamos mais perto, vimos à casa d’Ele. Pela televisão parece algo fictício, distante. É também a sensação de que as coisas estão a melhorar. E, enquanto músico, é um alívio, porque estou há três meses a fazer música sozinho, e fazer agora música com outras pessoas – mesmo não sendo a música do meu meio profissional, de orquestra - é também um sinal muito bom.

Celebração em São Martinho do Bispo

Celebração nos Franciscanos

Celebração em Santo António dos Olivais

Celebração em Santa Cruz

4 DE JUNHO DE 2020

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CORREIO DE COIMBRA

4 Grande Plano

Caríssimos irmãos e irmãs

Saúdo com muita estima toda comunidade dioce-sana, nesta fase especial

da nossa vida, em que estamos a viver com apreensão, mas ao mesmo tempo com esperança o retomar de muitas atividades.

Todos estamos a braços com muitas mudanças que se opera-ram na nossa vida quotidiana e que afetaram de modo especial as famílias, com as crianças, os idosos e os doentes mais afasta-dos das suas rotinas habituais bem como das manifestações de afeto diretas e físicas. Esperamos que a ninguém esteja a faltar o carinho e a consolação expres-sos, porém, de outras formas.

A ausência das assembleias litúrgicas presenciais e a falta dos sacramentos, especialmen-te da Eucaristia, tem limitado a nossa vivência da fé, pois ali encontramos sempre a força sa-cramental para encarar a vida com todos as suas situações de forma diferente. A oração pes-soal ou familiar e a participação na liturgia através dos meios de comunicação têm ajudado as famílias a sentirem-se Igreja Doméstica e a unirem-se pelos laços da fé. Após este tempo de distância e ausência física, fica--nos um desejo maior de vivên-cia comunitária da fé e de cele-brarmos juntos os mistérios em que acreditamos. Aguardamos com paciência, responsabilidade e amor, o regresso à normalida-

de plena, sem pormos em cau-sa as medidas de segurança que têm vindo a ser veiculadas pelas autoridades públicas e pela Igre-ja, mas voltemos com ânimo e confiança à celebração comuni-tária da fé.

Aproxima-se a data da ce-lebração do Dia da Igreja Diocesana, a Solenida-

de da Santíssima Trindade, que ocorre a 07 de junho. Este ano a celebração será ao nível da uni-dade pastoral, da forma possível e considerada localmente mais adequada.

Realço a importância deste dia para a nossa Diocese, pois preci-samos de sinais visíveis de uni-dade de todo o Povo de Deus, com o bispo, os sacerdotes e diáconos,

os consagrados e a multidão de fiéis leigos. Além de darmos gra-ças a Deus por nos ter chamado a ser membros desta porção do Seu Povo, procuraremos crescer em sintonia com as orientações pastorais que nos movem. Que ninguém fique de fora, pois a fraqueza da comunhão eclesial é também debilidade na missão que nos foi confiada.

Esta é também uma grande oportunidade para valorizarmos ainda mais a realidade da Igreja Doméstica e o lugar de cada fa-mília na celebração e na vivên-cia da fé cristã, sem que isso sig-nifique diminuir a importância essencial da dimensão comuni-tária da nossa condição de cris-tãos e membros da Igreja.

Os párocos juntamente com a equipa de animação pastoral e o conselho pastoral encontrarão as formas melhores para aju-dar todos os fiéis a sentirem-se membros do Corpo de Cristo e a aprofundarem a fé na comu-nhão que nos une enquanto Igreja Diocesana. Procuraremos realçar os laços invisíveis e es-pirituais e, ao mesmo tempo, a

dimensão social e visível das co-munidades cristãs.

Nesta situação de pandemia, quando a comunidade não pode ter as suas realizações normais, sentimos que Deus está igual-mente presente nas nossas vidas e é fonte de esperança por meio de Jesus Cristo, morto e ressus-citado. A fé no Espírito Santo, que é Espírito de Comunhão e o nosso Consolador, leva-nos a ver mais longe, a discernir o que Deus nos diz por meio destes si-nais dos tempos e a não desani-mar no meio das tribulações.

A fé cristã tem muitas dimen-sões irrenunciáveis e, entre as maiores, está, certamente a ca-ridade ou o amor ao próximo. Peço a cada comunidade que na celebração do Dia da Igreja Dio-cesana pense muito seriamente nos seus pobres e promova ações de solidariedade humana, espi-ritual e material em seu favor, pois a caridade é o distintivo da fé. Que ninguém seja esquecido particularmente neste tempo de crise económica. Este é o tempo de olhar para os pobres, este é o tempo da caridade.

A diocese de Coimbra, com sede primitiva em Conimbriga, uma das mais importantes cidades da Lusitânia [batistério na foto], deve datar do final do século IV ou do princípio do V, sendo Lucêncio o seu primeiro bispo conhecido. Herdeira de uma história memorável na transmissão da fé cristã ao longo de séculos, a Diocese de Coimbra é a Igreja local a que pertencemos; uma comunidade de comunidades – toda ela ministerial, apostólica e missionária – presidida pelo Bispo Virgílio do Nascimento Antunes.

PALAVRA DO BISPO DE COIMBRA

Mensagem para o Dia da Igreja DiocesanaVirgílio Antunes

IGREJA DE COIMBRA

ministerial apostólica

missionária

4 DE JUNHO DE 2020

“Peço a cada comunidade que na celebração do Dia da Igreja Diocesana pense muito

seriamente nos seus pobres.”(D. Virgílio Antunes, Mensagem para o Dia da Igreja Diocesana)

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CORREIO DE COIMBRA

5DestaqueEstamos a terminar a exe-

cução de um plano pasto-ral de três anos, intitula-

do “Aproximai-vos do Senhor”, ao longo dos quais houve muita coisa boa e muitos progressos na vida da nossa Igreja Diocesa-na. Damos graças a Deus. Houve também aspetos menos conse-guidos, sinal das nossas limita-ções ou até da nossa fraqueza. Estamos disponíveis para fazer mais e melhor no futuro.

Brevemente o Secretariado da

Coordenação Pastoral irá propor um caminho sinodal de avalia-ção do triénio que termina e a in-dicação de novos caminhos para a elaboração do plano pastoral para os próximos anos. Iremos centrar-nos num tema que te-mos bem no coração: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional.

Desejo muito que esta refle-xão seja catequética, frutuosa e o motor para uma nova etapa da edificação da Igreja Diocesana. O Papa Francisco já nos ofereceu a

Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Cristo Vive”, que será o documen-to base para o nosso trabalho. Que os cristãos não deixem de dar o seu contributo para juntos deli-nearmos caminho. De um modo muito especial, peço aos jovens a quem o Papa chamou o “agora da Igreja”, que se tornem participati-vos na reflexão e proposição em ordem ao Plano Pastoral, uma vez que sentem e conhecem na pri-meira pessoa a realidade na qual Cristo Vivo, quer entrar.

Desejo a todas as unidades pastorais um feliz Dia da Igreja Diocesana. Que

todos sejamos protagonistas de uma Igreja e de uma sociedade melhores; que sejamos arautos da esperança e que levemos ao mundo a notícia feliz de Cristo Ressuscitado, Aquele que venceu o mal, o pecado e a morte.

O Secretariado da Coorde-nação Pastoral preparou uma catequese sobre a Igreja, um momento de oração familiar,

algumas preces para a oração dos fiéis e um vídeo, que usa-remos e divulgaremos de for-ma adequada e generosa. Tudo nos ajudará a fazer crescer uma onda de alegria, de gratidão e de disponibilidade para a missão que nos cabe, segundo a voca-ção que recebemos.

À Virgem Maria, Senhora da Alegria e da Esperança pedimos que nos ampare e que guie a nossa Igreja Diocesana de Coim-bra ao encontro de Cristo Vivo.

UMA CATEQUESE EM VÍDEOPara a celebração do Dia da Igreja Diocesana, o Secretariado da Coordenação Pastoral disponibilizou em vídeo uma catequese sobre a Igreja Local, com texto do Pe. Rodolfo Leite, de que o Correio de Coimbra aqui apresenta três extratos temáticos.

A IGREJA LOCAL É UMA COMUNIDADE HUMANA CONCRETA

A comunidade eclesial vive num contexto so-ciocultural determinado, com a sua lingua-gem, as suas expectativas, os seus proble-

mas, os seus valores, e é necessariamente no seu interior que será captada e acolhida a oferta salví-fica de Deus.

Uma comunidade humana só é tal e distinta de outros grupos humanos quando apresenta quatro componentes estreitamente relacionados entre si e que devem ser comuns a todos os seus membros:

Primeiramente uma experiência partilhada por todos, o que implica situações existenciais determi-nadas com os seus respetivos desafios, atingindo a todos e manifestando assim uma história comum.

Em seguida, os seus membros devem chegar a compreensões da realidade também comuns, que possibilitem avaliações comuns.

E, finalmente, requer-se decisões comuns, tendo em conta valores comuns para que esta comunida-de se torne efetiva. Deste modo, uma comunidade nasce ou morre na medida em que experimente, compreenda, avalie e decida, em comunhão.

Enquanto comunidade humana, a Igreja é, cons-titutivamente, uma comunidade de sentido e de valor, pois compreende-se e constitui-se sempre no interior de uma linguagem recebida, de um ho-rizonte cultural transmitido, de uma interpreta-ção determinada dos acontecimentos. Só assim é capaz de compreender a realidade e de estabelecer a sua escala de valores.

O acontecimento Jesus Cristo (as Suas ações, as Suas palavras, a Sua morte e a Sua ressurrei-ção) representa a dimensão transcendente da comunidade eclesial, agregando e vivificando os seus membros. Ele abre para a humanidade um novo quadro interpretativo da realidade que pos-sibilitará experiências comuns, compreensões comuns, avaliações comuns e compromissos co-muns, constituindo assim a Igreja.

Trata- se de uma comunidade com identidade própria, a saber: a realização histórica e social do modo de vida inaugurado por Jesus Cristo, mani-festando a salvação oferecida, em Cristo e inter-pelando os outros a viverem o desígnio de Deus para a humanidade.

A IGREJA DE JESUS CRISTO TEM UMA FINALIDADE SALVÍFICA

A Igreja de Jesus Cristo tem uma finalidade salvífica.

Assim como a encarnação do Verbo de Deus, Jesus Cristo, está toda ela voltada para a salvação da humanidade, assim também a Igre-ja de Cristo só se justifica enquanto está ao serviço desta salvação, ao longo da história humana.

Toda a vida de Jesus, com a Sua paixão, morte e ressurreição, está ao serviço do Reino de Deus. Do mesmo modo, tudo o que constitui a Igreja alcança a sua razão de ser e o seu sentido na medida em que leva a mensagem evangélica e a práxis cristã, a toda a pessoa.

A Igreja é deste modo uma realidade não vol-tada para si mesma, mas para a humanidade, na qual deve ser «sal», «luz» e «fermento».

A própria natureza da Igreja fundamenta a necessidade de a Igreja sofrer mudanças, na sua dimensão institucional, e apresentar confi-gurações diversas, ao longo da sua história.

A conversão pastoral – desafio do Papa Fran-cisco – não é mais do que adaptar toda a es-trutura eclesial a um melhor desempenho da missão salvífica que lhe dá identidade.

Aliás, encontra-se aqui o critério seguro para abolir todas as estruturas e costumes que, com o tempo, possam revelar-se como obstáculos a esta missão, sobretudo as que não estão dire-cionadas às exigências salvíficas, por padece-rem de autorreferencialidade, de vontade de poder, de comodismo e de vaidade humana.

A Igreja é sacramento da salvação. É-o pe-las verdades que proclama, pelos preceitos éti-cos que propõe, pelos sacramentos que admi-nistra; mas também pelo testemunho de vida dos seus membros, pelos valores cristãos pre-sentes na comunidade, especialmente o amor fraterno, pelas relações humanas vividas na caridade.

Deste modo podemos afirmar que a Igreja muda (e deve mudar), na sua configuração histórica, apenas para permanecer fiel à sua identidade de mediação salvífica. Perder de vista este imperativo significa absolutizar o relativo, eternizar o histórico, fixar o provi-sório, impedir o surgimento de novas formas pastoral e estruturas eclesiais condizentes com a realidade histórica que vivemos.

ELEMENTOS ESSENCIAIS DA IGREJA LOCAL

Desde logo, a Igreja é congregada pelo Pai (que tem a iniciativa de chamá-la à existência);

por meio de Jesus Cristo (cuja vida, pala-vras e ações revelam o gesto salvífico de Deus, atraindo a humanidade a viver n’Ele, por Ele e com Ele);

no Espírito Santo (a saber: inspirados, capa-citados e fortalecidos pelo mesmo Espírito pre-sente e atuante na pessoa de Jesus Cristo).

A eucaristia é a expressão sacramental des-ta mesma comunhão.

Outro elemento essencial da Igreja Local é a proclamação do Evangelho. A Igreja constitui--se pela adesão dos que ouvem a Palavra e a aco-lhem na fé. Esta proclamação do Evangelho, por parte da Igreja, é vista no sentido amplo, pois consiste em transmitir também a sua “doutri-na, vida e culto”, ou mais concretamente, “tudo o que ela é e tudo o que crê”.

A Igreja Local é presidida pelo bispo. Embora toda ela seja ministerial, apostólica e missio-nária, o bispo tem a “presidência” da mesma, coadjuvado pelo seu presbitério e em comunhão com as restantes Igrejas. Sendo assim, é ele o responsável primeiro pela santificação, governo e ensino na Igreja Local. O seu carisma é o de “su-pervisionar”, na caridade, os demais carismas da comunidade. Deste modo, o facto da Igreja, em si, ser uma comunidade hierárquica ou com diver-sidade de membros, não exclui a participação de todos, na sua finalidade salvífica.

A ação e força do Espírito na Igreja Local mani-festa-se no acolhimento de Jesus Cristo, através da pregação da Palavra, a formação da comuni-dade, a celebração eucarística, a práxis efetiva da caridade. O Espírito Santo, em suma, gera a comu-nhão da Igreja. Neste sentido, pode afirmar-se que todo cristão, ou todo membro da Igreja, é sem mais “carismático”. A fé comporta, necessariamente, uma dimensão mística, que subjaz à constituição da própria Igreja; daí ser contada entre os carismas. Portanto, enquanto comunidade dos que creem, a Igreja é fundamentalmente carismática.

CELEBRAR O DIA DA IGREJA DIOCESANA

A Igreja Local deve assumir as características próprias de cada povo ou região, oferecendo às demais Igrejas os seus dons em vista a uma maior plenitude (cf. LG 13). Para isso deverá inserir-se no contexto sociocultural onde se encontra (cf. AG 10), aproveitando a sabedoria, as artes e as

instituições dos povos para expressar a glória do Criador (cf. AG 22). A catolicidade da Igreja Universal não é apenas geográfica, mas qualitativa, ao respeitar as diversidades locais.Celebrar o dia da Igreja Diocesana é a oportunidade de todos nós assumirmos, como batizados, este ser e fazer Igreja, o sinal salvífico de Jesus Cristo, para a humanidade de hoje, no tempo atual.

4 DE JUNHO DE 2020

“Após este tempo de distância e ausência física, fica‑nos um desejo maior de vivência comunitária da fé e de celebrarmos juntos os mistérios em que acreditamos.”(D. Virgílio Antunes, Mensagem para o Dia da Igreja Diocesana)

PODE VER O VIDEO NO YOUTUBE DA DIOCESE DE COIMBRA

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CORREIO DE COIMBRA

6 Liturgia

Tempos de pandemia. Tempos de confinamento. Que obrigam a parar. E a pensar. Para quê tantas correrias? Em outras circunstâncias, o nosso Didier, viu-se na necessidade de parar. E perguntar: Que sentido tem esta correria? Uma vida apaixonante e trepidante, pode não ser suficiente para encher o deserto espiritual. Há momentos, como a morte da mãe, que obrigam a questionar: Que sentido tem toda esta corre-ria? Onde pretendo chegar? Cur-tas lembranças da adolescência, ajudam na busca do tal sentido para a vida. Mas… como saber? Onde estão os sinais de que é este o caminho? Palmeiras, monges, ladainhas… afinal, tantos sinais e tão vulgares. Não são preci-sos milagres. Eles aí estão para quem os quer ver. Mas… é forçoso não ficar apenas em emoções. É preciso consolidar as razões das lágrimas. E vem o curso de teologia. E vem o sacramento da reconciliação. E daí o testemunho. O meu. E o teu também?

«Ofício litúrgico daqui a 20 minutos. Adeus e boa estadia». Com es-

tas palavras, o irmão hoteleiro fe-cha a porta da minha cela e vai-se embora. Estou na Abadia de Bric-quebec, na Normandia, somente por alguns dias. Desorientado. To-

davia, fui eu que quis. Fui eu que pedi para ser acolhido aqui.

Minha mãe acaba de morrer. Tenho 54 anos. A minha vida é um deserto espiritual. Tenho necessidade de O encontrar ou de me encontrar a sós com Ele. Sei que o encontrarei neste mos-teiro. É a lembrança que me ti-nham deixado na adolescência duas ou três curtas estadias jun-to das Irmãs de Poligny, quando um amigo me convidara a aju-dar nos duros trabalhos aquando da sua instalação: experiência de alegria… de libertação… Mas depois, rompi o diálogo. A minha vida é apaixonante, trepidante, orientada, desde os trinta anos, para a Ásia e suas riquezas.

Na Abadia, dirigi-me então à Capela. E lá, pela primeira vez na minha vida, ponho-me de joelhos e grito: «Fala-me, Se-nhor, eu te imploro, dá-me um sinal»! Estou pasmado. Já, ao chegar, tinha notado junto da Imagem da Virgem, thnaots, palmeiras do Cambodja que me eram tão familiares! Depois, no coro, no ofício, entre os monges, reparo num, seguramente um vietnamiano. Finalmente, em 15 de agosto, ouço proclamar a leitura do Apocalipse, com este sotaque tão particular próprio de um cambodjano. Estou pro-fundamente emocionado por

encontrar tantos sinais que me dão extraordinária alegria. O gol-pe da graça é-me dado quando, durante a refeição, ouço cantar as ladainhas da Virgem em vie-tnamiano. Não consigo conter as lágrimas. Sei que sou amado. E não estou ali por acaso.

De regresso a Paris, quero conservar o meu tesouro bem no fundo de mim mesmo. Mas é impossível: ponho-me a falar da minha experiência e cons-tato que ninguém faz pouco de mim; pelo contrário, os que me rodeiam questionam-me com uma certa inveja! Nos meses se-guintes, inscrevo-me numa for-mação teológica universitária e decido-me a pedir o sacramento da reconciliação antes do Natal. Voltou a mim a alegria.

«Didier, tu andas apaixona-do?! – Sim, Ele chama-se Jesus»! Este diálogo, surrealista, acontece no meu lugar de trabalho. Os co-legas interrogam-me, pedem-me a minha ajuda, os meus conse-lhos. O meu responsável sindical diz-me ter seguido a mesma for-mação… Voltei à Ásia e fico emo-cionado por ouvir as confidências de habitantes que falam da sua fé secreta em Jesus. Ele chamou-me pelo meu nome. Tenho a certeza.Didier, 58 anos, Responsável por projetos culturais, In «Prier» nº 381

Como bem escutamos das leituras do XI Domingo do Tempo Comum, Deus

quer instituir um povo sacerdo-tal, um povo que, acima de tudo, ao contemplar a sua acção salví-fica em cada dia, queira respon-der-lh’E com verdadeiro anseio de santidade, de doação.

A doutrina do II Concílio do Vaticano recordou a toda a Igreja que a cada um dos seus mem-bros, os baptizados, é concedida a graça de ser santo, de median-te os tempos e os modos, procu-rar viver o preceito evangélico: sede perfeitos como é perfeito o Vosso Pai Celeste.

Para se poder viver em pleni-tude este preceito, cada um dos baptizados tem que ser verda-deiramente sacerdote, ou seja, responder ao amor do Senhor, na doação de si próprio, procurando imitar, na medida do possível, a doação que o Senhor Jesus fez de si próprio por cada um de nós. Esta é a base do nosso ser cristão, do nosso seguimento de Jesus.

Contudo, como nos recorda São Paulo, somos muitas vezes inimigos de Deus, nem que seja pelo simples facto de que muitas vezes não temos forças para le-var por diante este seguimento. E no entanto, o desígnio de Deus permanece, o de respondermos ao Seu amor, doando-nos em resposta à sua doação.

Diante das nossas fragili-dades, o Senhor não ces-sa de nos dar respostas e

abrir caminhos para podermos viver uma vida de fidelidade ao Seu amor. Escutamos no Evan-gelho que Ele envia os Apósto-los, homens que escolheu para aprenderem o Seu caminho de doação, para levarem a Sua graça que nos salva das nossas enfermidades. Este é o caminho do Sacerdote. À imagem do Seu Divino Mestre, procura imitá--l’O, doando-se ao povo que lhe está confiado, levando a graça do Senhor Jesus, tornando-se dispensador da misericórdia

divina, nomeadamente a par-tir dos Sacramentos, acção que realiza em nome do Senhor Je-sus, a quem quer seguir mais fielmente.

Apesar do caminho de in-dizíveis alegrias que o Senhor concede ao Sacer-

dote, o seu coração é de carne, é frágil pois apega-se facilmente a tudo o que não leva a Deus. Por isso, o Senhor Jesus ciente da vitalidade desta missão para a vida da Igreja, ciente que o fra-casso da vida sacerdotal pode le-var à perdição dos irmãos, pede a todos os Seus discípulos de to-dos os tempos que rezem pelos sacerdotes, por todosos Apósto-los, para que possam dar teste-munho da vitalidade da respos-ta ao amor do Senhor, para que levem o Evangelho da Salvação a todos os cantos da terra e para que levem a tantos quantos ne-cessitam a graça, a paz e o con-forto que vem do encontro com o Senhor Jesus pelos sacramentos.

ESPIRITUALIDADE

Palmeiras do Cambodja…João Castelhano

NEM SÓ DE PÃO | COMENTÁRIO À LITURGIA DOMINICAL

“As alegrias e esperanças do Povo de Deus”Jorge Carvalho

LEITURA DO LIVRO DO ÊXODO Ex 19, 2-6aNaqueles dias, os filhos de Israel partiram de Refidim e chegaram ao deserto do Sinai, onde acamparam, em frente da montanha. Moisés subiu à presença de Deus. O Senhor chamou-o da monta-nha e disse-lhe: «Assim falarás à casa de Jacob, isto dirás aos filhos de Israel: ‘Vistes o que Eu fiz ao Egipto, como vos transportei sobre asas de águia e vos trouxe até Mim. Agora, se ouvirdes a minha voz, se guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade especial entre todos os povos. Porque toda a terra Me pertence; mas vós se-reis para Mim um reino de sacerdotes, uma nação santa’».

SALMO RESPONSORIAL Salmo 99Refrão: Nós somos o povo de Deus, as ovelhas do seu rebanho.

LEITURA DA EPÍSTOLA AOS ROMANOS Rom 5, 6-11Irmãos: Quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios no tempo determinado. Dificilmente alguém morre por um justo; por um homem bom, talvez alguém tivesse a coragem de morrer. Mas Deus prova assim o seu amor para connosco: Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores. E agora, que fomos jus-tificados pelo seu sangue, com muito mais razão seremos por Ele salvos da ira divina. Se, na verdade, quando éramos inimigos, fo-mos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, com muito mais razão, depois de reconci liados, seremos salvos pela sua vida. Mais ainda: também nos gloriamos em Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem alcançámos agora a reconciliação.

ALELUIA Mc 1, 15Está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho.

EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS Mt 9, 36 – 10, 8Naquele tempo, Jesus, ao ver as multidões, encheu-Se de compai-xão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pas-tor. Jesus disse então aos seus discípulos: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara». Depois chamou a Si os seus doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos impuros e de curar todas as doenças e enfermidades. São estes os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu ir-mão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolo-meu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Si-mão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi quem O entregou. Jesus enviou estes Doze, dando-lhes as seguintes instruções: «Não sigais o caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Ide primeiramente às ovelhas perdidas da casa de Israel. Pelo cami-nho, proclamai que está perto o reino dos Céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demónios. Re-cebestes de graça, dai de graça».

ENTRADAPai Santo guarda no Teu nome | CEC II 56

Chegue até vós, Senhor | CEC II 142Deus amou de tal modo o mundo | CEC II 34

APRESENTAÇÃO DOS DONSMinha vida tem sentido | CT 66

Um novo coração | XVII ENPLCremos em Vós, ó Deus | NCT 692

COMUNHÃOPai Santo, guarda no Teu nome | CEC II 56

Quem come a minha carne | CEC II 78Somos todos convidados | NCT 276

PÓS-COMUNHÃODemos graças ao Senhor | CEC II 27

Minha Luz e Salvação | CT 421Quando Te encontro | CEC II 221 SU

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DOMINGO XI DO TEMPO COMUM14 de junho de 2020

4 DE JUNHO DE 2020

AMO A IGREJA, LEIO O SEU JORNAL98 anos de presença semanal de informação,

formação e reflexão crítica ‑ um contributo inestimável para a edificação da Igreja de Coimbra.

Procure o Correio de Coimbra na sua paróquia, ou faça-se assinante.

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CORREIO DE COIMBRA

7Opinião

O alto distrito de Coimbra compreende a região entre os rios Mondego

e Alva, constituída pelos con-celhos de Oliveira do Hospital e Tábua. Tábua é um concelho formado por montes de redu-zida elevação, bordejados por alguns cursos de água, por en-tre férteis terrenos, que se vão lançar na margem esquerda do Mondego. Na reforma ad-ministrativa oitocentista ab-sorveu os antigos concelhos de Candosa, Midões, Ázere e Sin-de. Mais do que uma povoação, o nome de Tábua designava pequeno território englobando diversos bairros, como Silha-da, Alvarelhos, Fundo de Vila e outros. Território ocupado em tempos ancestrais, com muitos vestígios da época romana, foi, desde o século XII, senhorio da família de Cunha. Os poderosos fidalgos Cunhas mantiveram aqui vários privilégios e solar, donde emergiu o grande diplo-mata e ministro de D. João V, D. Luís da Cunha.

Junto ao Fundo de Vila, em situação aprazível, mas sem

grandes horizontes, situa-se a igreja matriz e em frente, no vasto terreiro, hoje urbanizado, a capela do Senhor dos Mila-gres. Data da segunda metade do século XVIII, sendo a constru-ção iniciada por meados, mas, ao presente nada se conhece sobre datas e intervenientes na

edificação. Em 1956 foi classifi-cada como imóvel de interesse público.

Trata-se de um encantador templozinho de planta centra-da, octogonal, formando a nave, a que se junta um corpo retan-gular, abrigando a capela-mor e a sacristia. Exteriormente os

ângulos são vincados por pilas-tras de cantaria, desembocando em cimalha arquitravada, pro-longadas, acima dos telhados, por suportes de esferas com remate pontiagudo. Na testeira do corpo retangular levanta-se uma pequena sineira enqua-drada por volutas.

A porta principal, em posição axial em relação à capela-mor, é enobrecida por pilastras late-rais sobrepostas que suportam entablamento de mísulas si-muladas. Sobre este, um óculo quadrilobado é enquadrado por volutas, conchas e outros ele-mentos barrocos. Lateralmente rasgam-se duas portas que apre-sentam uma versão mais sim-plificada, mantendo o mesmo tipo de óculo, mas com maior protagonismo das volutas.

O interior cobre-se de cúpu-la com chave dourada, donde pendem elementos vegetalis-tas. Rasgam-se nas paredes três arcos: o de acesso à capela-mor e os laterais, para abrigo de re-tábulos. Entre estes situam-se dois púlpitos de caixa retangu-lar sobre mísula saliente, deco-rados com grinaldas. A capela--mor aparta-se da nave por uma grade férrea arrendada em volutas.

O espaço da capela-mor tem abóbada decorada com pintu-ra ilusionista representando a Assunção da Virgem. O retábu-lo-mor aparenta-se ao rococó

coimbrão, com marmoreados e colunas coríntias laterais em diagonal, sobre mísulas de vo-lutas salientes, que suportam um entablamento curvo. Nele se abre o camarim que abriga o trono de três degraus em que se sentam anjos tocheiros e sobre o qual se ergue um baldaquino com querubins. Aqui se encon-tra a venerada imagem do Se-nhor dos Milagres: um Cristo crucificado, setecentista.

Os retábulos colaterais apre-sentam estrutura idêntica ao principal, mas com remates mais simplificados. São dedi-cados a São José e a Nossa Se-nhora da Piedade, figurados em boas esculturas da mesma época da capela. Por detrás da imagem de São José encontra--se uma pintura representan-do a Última Ceia e da Piedade o Descimento da Cruz. São repre-sentações de carácter ingénuo, mas interessantes sob o ponto de vista iconográfico.

As capelas de espaço centrali-zado, como esta, foram as mais adequadamente usadas para culto de imagens milagrosas, havendo vários exemplos na diocese. O Senhor dos Milagres, de Tábua, é expoente desta prá-tica e continua a ser centro de grande devoção e mesmo em-blemática do concelho. Merece ser cuidadosamente preservada não só na sua arquitetura, mas em todo o seu espólio.

ARTE DIOCESANA

A capela do Senhor dos Milagres, em TábuaNelson Correia Borges

A mais recente avaliação da Organização Interna-cional do Trabalho (OIT)

sobre o impacto da COVID-19 sobre o mercado de trabalho revela o efeito devastador e des-proporcionado que a pandemia teve sobre o emprego jovem e analisa as medidas adotadas para garantir o regresso ao tra-balho em segurança.

Mais de um em seis jovens deixou de trabalhar desde o iní-cio da pandemia da COVID-19, enquanto que aqueles e aquelas que mantiveram o seu emprego viram o seu horário de trabalho reduzido em 23%, afirma a OIT.

De acordo com o ILO Monitor: COVID-19 and the world of work: 4th edition , os/as jovens estão a ser mais afetados/as pela pan-demia e o aumento considerá-vel e rápido do desemprego jo-vem, verificado desde fevereiro, está a atingir mais as mulheres do que os homens.

A pandemia está a causar um triplo choque na população jovem. Não só está a destruir o seu emprego, como a perturbar os estudos e a formação e a colo-

car grandes obstáculos a quem procura entrar no mercado de trabalho ou mudar de emprego.

Com uma taxa de desemprego de 13,6% em 2019, o desemprego jovem era já mais elevado do que a de qualquer outro grupo.

A nível global, cerca de 267 milhões de jovens não estão nem a trabalhar, nem a estudar ou a frequentar qualquer tipo de formação (NEET). No grupo dos 15-24 anos que estavam a trabalhar muito provavelmen-te estavam em modalidades de trabalho que os deixavam vulneráveis, seja porque esta-vam em profissões mal remu-neradas, no setor informal, ou no caso de serem jovens migrantes.

A crise económica COVID-19 está a atingir os jovens – es-pecialmente as mulheres – de forma mais dura e rápida do que qualquer outro grupo. Se não tomarmos medidas fortes e depressa para melhorar a sua situação, o legado do vírus po-derá permanecer entre nós du-rante décadas. “Se o talento e a energia da população jovem fo-

rem postos de lado por não lhes terem proporcionado as opor-tunidades ou as competências, isso prejudicará todo o nosso futuro e tornará muito mais di-fícil reconstruir uma economia melhor, pós-COVID”, afirmou o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

A 4ª edição do ILO Moni-tor preconiza a adoção de res-postas de políticas urgentes, de grande envergadura e direcio-nadas para apoiar a população jovem, incluindo programas de garantia de emprego/formação nos países desenvolvidos e pro-gramas e garantias de empre-go intensivo nas economias de baixo e médio rendimento.

Esta nova edição analisa ain-da as medidas para criar um ambiente seguro para o re-gresso ao trabalho. Refere que testes rigorosos e o rastreio (TR) das infeções por COVID-19, “estão fortemente relacionados com uma menor perturbação do mercado de trabalho…. [e] perturbações sociais considera-velmente menores do que as re-sultantes das medidas de con-finamento e de encerramento”.

Em países com uma forte ca-pacidade de realização de tes-tes e o rastreio, a diminuição média do horário de trabalho é reduzida em 50% podendo apontar-se três razões para tal: os TR reduzem o recurso a medidas rigorosas de confina-mento; promovem a confiança do público, incentivando o con-sumo e apoiando o emprego; e ajudam a minimizar as pertur-bações de funcionamento no local de trabalho.

Além disso, os testes e o ras-treio podem, por si só, criar empregos, ainda que temporá-rios, que podem ser direciona-dos para os/as jovens e outros grupos prioritários.

Esta 4ª edição destaca a im-portância de gerir as preocupa-ções com a confidencialidade dos dados. O custo é igualmen-te um fator a considerar, mas a relação custo-benefício dos TR é “altamente favorável”.

“Criar uma forte recuperação do emprego que promova igual-mente a equidade e a sustenta-bilidade significa fazer com que as pessoas e as empresas vol-tem a trabalhar o mais rapida-mente possível, em condições seguras”, afirmou Guy Ryder. “Testar e rastrear pode ser uma parte importante das medidas de política se quisermos com-bater o medo, reduzir os riscos e fazer com que as nossas eco-nomias e sociedades voltem a funcionar rapidamente”.

POLÍTICA & SOCIEDADE

Mais de um em seis jovens está sem emprego devido à COVID-19Liliana Marques Pimentel

Através da Esmolaria Apostólica do Vaticano, o Papa Francisco ofereceu

uma ambulância destinada ex-clusivamente ao serviço dos po-bres de Roma, “em especial para quem não tem moradia fixa e vive as dificuldades da rua e que busca refúgios nas proximidades do Vaticano ou em alojamen-tos improvisados em Roma”. O próprio Papa procedeu à bênção da ambulância, no domingo de Pentecostes (31 de maio), antes da celebração da Missa.

Recorde-se que a Esmolaria Apostólica mantém outras ini-ciativas de assistência médica e tratamento dirigidas direta-mente ao pobres, nomeadamen-te o Poliambulatório móvel, para tratamentos aos pobres nas periferias de Roma, e o Ambu-latório Mãe da Misericórdia, na Colunata de São Pedro, para tria-gem a pessoas desprovidas de assistência médica.

SERVIÇO AOS POBRES

Papa oferece Ambulância

4 DE JUNHO DE 2020

ADORAÇÃO EUCARÍSTICA NA IGREJA DE SÃO TIAGOUma hora semanal de adoração ao Santíssimo, tendo em intenção as vocações de consagraçãoMais informações junto de M. Teresa, 965751235

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CORREIO DE COIMBRA

Última

“A missão é resposta, livre e consciente, ao chama-mento de Deus. Mas só

podemos sentir este chamamen-to quando vivemos numa relação pessoal de amor com Jesus vivo na sua Igreja. Perguntemo-nos: estamos prontos a acolher a pre-sença do Espírito Santo na nossa vida, a ouvir o chamamento à missão quer no caminho do ma-trimónio, quer no da virgindade consagrada ou do sacerdócio or-denado e, em todo o caso, na vida comum de todos os dias?”. Este é um dos reptos que o Papa Fran-cisco nos lança na Mensagem [31 de maio] para o Dia Mundial das Missões, a celebrar no dia 18 de outubro, sob o tema “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6, 8).

Na Mensagem, o Papa agrade-ce o empenho com que foi vivido o mês missionário extraordiná-rio (em outubro, do ano passado, convicto de que esse mês “con-tribuiu para estimular a con-versão missionária em muitas comunidades.

Evocando o contexto atual de susto, desorientação e temor, advindo da pandemia, Francis-co aponta para a missão como a oportunidade de uma respos-ta a este contexto pela partilha, serviço e intercessão, na cons-ciência de que a missão “não é um programa”, mas uma resposta à iniciativa de Deus: “Deus é sempre o primeiro a amar-nos e, com este amor, vem

ao nosso encontro e chama-nos”: “Quem enviarei?” (Is 6, 8).

No final da Mensagem, o Santo Padre refere a impor-tância da oração, reflexão e ajuda material neste Dia, lem-brando que “a caridade mani-festada nas coletas das cele-brações litúrgicas do terceiro domingo de outubro tem por objetivo sustentar o trabalho missionário.

DIA MUNDIAL DAS MISSÕES, A 18 DE OUTUBRO

Estamos prontos a acolher a presença do Espírito Santo na nossa vida?

Congratulando-se com a proposta do “Instrumento de Recuperação Europeia”,

da Comissão Europeia, que totali-za 750 mil milhões de euros para a reconstrução da União Europeia (UE) no pós-crise Covid-19, a CO-MECE (Secretariado das Confe-rências Episcopais dentro da EU) apresentou, em Declaração do dia 27 de maio, três desafios concre-tos, que transcrevemos em tradu-ção do Correio de Coimbra:

“Promover a justiça ecológicaA pandemia Convid-19 mostrou a nossa dependência e o nosso impacto desastroso sobre um ecossistema muito frágil. Este vírus, que provoca uma doença pulmonar, fez-nos ver que não podemos ter uma vida saudável num planeta doente e poluído. Mas, ao mesmo tempo, a pande-mia mostrou-nos também que ainda não é demasiado tarde para agir: as imagens de nas-centes de água menos poluídas nas diferentes cidades da Eu-ropa e a evidência científica da redução da poluição são provas dos efeitos negativos da pegada industrial da humanidade.

Isso deve encorajar-nos a ir além das nossas ambições ha-bituais no cuidado da Casa Co-mum. Devemos tomar consciên-cia de que a pandemia Covid-19 está associada a uma crise socio--ecológica mais profunda, cada vez mais visível nas mudanças climáticas, na perda de biodi-versidade e nas consequências devastadoras sobre os mais vul-neráveis, e que o “um mundo frá-gil, com um ser humano a quem Deus confia o cuidado do mesmo, interpela a nossa inteligência para reconhecer como devere-mos orientar, cultivar e limitar o nosso poder”. (Laudato Si’, 78)

Não podemos simplesmente reconstruir os nossos modelos antigos e voltar aos nossos hábi-tos incorporados, mas temos de aproveitar este momento como uma oportunidade para mudar radicalmente e intensificar o nosso esforço por um desenvol-vimento integral e um pensa-mento inovador em relação ao futuro. Por isso, acolhemos com agrado a proposta da Comissão de integrar o Pacto Ecológico Europeu na estratégia de recu-peração e exortamos os Estados membros da UE a concretizar as suas promessas de neutralida-de climática e de cuidado com o meio ambiente através de ações tangíveis que hão de estimular a conversão ecológica na Europa. Devemos considerar esta pan-demia como uma prova de que é necessária uma ação urgente.

Promover a justiça social: Na negociação e implemen-tação do Quadro Comunitário de Apoio Plurianual, a EU deve preocupar-se e responder às necessidades dos mais vulnerá-veis, a fim de garantir a coesão social na Europa. Juntos, o Par-lamento Europeu e os Estados--Membro devem procurar um orçamento da EU reforçado a longo prazo. A luta contra as mudanças climáticas, a CO-VID-19, a pobreza e desigualda-des exigem uma UE cujo orça-mento global esteja alinhado com as suas prioridades e valo-res políticos.

E ainda que o “instrumento de recuperação europeia” deva ser direcionado às regiões e aos ci-dadãos mais necessitados, ins-tamos a UE a aumentar também o financiamento dos programas já existentes direcionados para os pobres, os sem abrigo, os mi-grantes e requerentes de asilo. Ao mesmo tempo, a UE deve preparar-se para a eventualida-de de não haver acordo sobre o Quadro Comunitário de Apoio até janeiro de 2021 e, por isso, deve começar a trabalhar num plano de contingência em que o atual quadro financeiro seja prolongado por um ano. O fra-casso das negociações no tempo devido prejudicará muitos gru-pos vulneráveis da Europa, cujo apoio depende do financiamen-to da UE.

Promover a justiça contributiva: Devemos garantir que ninguém seja excluído da sua responsabi-lidade de contribuir para o pro-cesso de recuperação da Europa. Na resposta a esta crise, a EU deve pôr urgentemente cobro às estruturas de “corrupção ramifi-cada e evasão fiscal egoísta, que assumiram dimensões mun-diais” (Evangelii gaudium, 56) e melhorar a estrutura fiscal na EU. Um grupo de Estados-mem-bro tem bloqueado ou diluído, por tempo demasiado, propostas da Comissão que visam comba-ter a fraude e a evasão fiscais. Ao mesmo tempo, esta pandemia mostrou a todos a importância de infraestruturas e serviços pú-blicos saudáveis.

Exortamos a UE a corrigir as brechas legislativas que permi-tem a evasão fiscal e a chegar a um acordo sobre uma base tributária comum. Além disso, a UE deve criar um imposto so-bre as transações financeiras em toda a EU e procurar atingir um modelo de taxação mais jus-ta sobre as empresas digitais ao nível da OCDE”.

COMECE - BISPOS DA UNIÃO EUROPEIA

Reação ao Instrumento financeiro para a recuperação da Europa

Conversão, consolação, restauração: eis uma for-ma simples de descrever

a ação dos profetas ao longo da história do Povo de Deus. Veja-mos: antes do cativeiro da Ba-bilónia, de modo geral, os pro-fetas apelavam à conversão, os do cativeiro pautaram-se por uma mensagem de consolação e esperança, por fim, os profe-tas depois do cativeiro incenti-varam à restauração.

Hoje, olhamos de modo par-ticular para os profetas Ageu e Zacarias (1-8) na sua ação de impulsionadores e animadores da reconstrução do Templo e da comunidade depois do exílio, na época persa.

“Quem é que resta entre vós que tenha visto este templo na sua glória passada? E como o vedes agora? Não vos parece que não é nada? Mas agora coragem, Zo-robabel! Coragem, Josué, Sumo Sacerdote, filho de Joçadac! Co-ragem, povo todo do país! Mãos à obra! Pois Eu estou con-vosco - oráculo do SENHOR do universo. Segundo a aliança que fiz convosco quando saístes do Egipto, o meu espírito per-manece no meio de vós. Não te-mais.” (Ageu 2,3-5)

É notável que a profecia de Ageu (ano 520 a.C.) seja estru-tura em quatro oráculos, sendo que os três primeiros falem da restauração do Templo, como sinal de unidade do povo e bên-

ção de Deus, e o quarto orácu-lo, da restauração dinastia de David. Na mesma linha vai o seu contemporâneo, Zacarias (desenvolveu a sua acção entre 520 e 518 a.C., centramo-nos so-mente nos primeiros oito capí-tulos), também ele preocupado com a restauração do Templo e da comunidade pós-cativeiro que deve passar por uma con-versão sincera a Deus, procla-mando um tempo de esperan-ça, de bênção e de paz, porque Deus continua com o seu povo (cf. Ageu 1,13; 2,4-5; Zac 8,3.7.23).

Este tempo de pandemia, nos ajudou a pensar no essencial e a desejar construir algo novo: reconstruamos a nossa vida aliada a uma reconstrução da fé, com um coração renova-do pelo Espírito Santo! Somos Templo de Deus! Formamos um

só corpo em Cristo Jesus!Relembra o papa Francisco:

“Agora, enquanto pensamos numa recuperação lenta e tra-balhosa da pandemia, é preci-samente este perigo que se insi-nua: esquecer quem ficou para trás. O risco é que nos atinja um vírus ainda pior: o do egoísmo indiferente... Aproveitemos esta prova como uma oportunida-de para preparar o amanhã de todos. Sem descartar ninguém, cuidando de todos, porque, sem uma visão de conjunto, não ha-verá futuro para ninguém”. En-riquecidos com os dons do Espí-rito, possamos ser construtores de uma nova sociedade, em que todos unem esforços para que possamos trabalhar por um desenvolvimento sustentá-vel e integral, numa pandemia de solidariedade, com gestos concretos de ternura e proxi-midade, e assim, recorrendo de novo às palavras do Santo Padre, fazer surgir a aurora “da civilização do amor, que é uma civilização da esperança: contra a angústia e o medo, a tristeza e o desalento, a passividade e o cansaço. A civilização do amor constrói-se no dia a dia, de modo ininterrupto. Pressupõe o esforço comprometido de todos. Supõe, para isso, uma compro-metida comunidade de irmãos”.

“Conversão, consolação, restauração: eis uma forma simples de descrever a ação dos profetas ao longo da história do Povo de Deus.

A PALAVRA EM PALAVRAS

Mãos à obra! Não temais!João Paulo Fernandes

Pe. Marcelo Oliveira em missão na República Democrática do Congo

4 DE JUNHO DE 2020

“O segredo da unidade da Igreja, o segredo do Espírito é o dom. Porque Ele é dom, vive doando-Se e, assim, nos mantém unidos,fazendo-nos participantes do mesmo dom.”(Papa Francisco, Homilia do Pentecostes, 31 de maio)