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Saúde Mental no Trabalho
Disciplina de Medicina Social e do Trabalho
Acadêmicos :Arthur Danila, Barbara Novaes, Caio Casella, Bruna Piloto,
Bruno Zanon, Bruno Ricci
Orientadora:Profa. Dra. Débora Glina
Definição e Importância
OMS, 1946: “Saúde é o estado de completo bem estar físico, mentale social”
“Saúde é a medida em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar aspirações e satisfazer necessidades e, por outro, de lidar com o meio ambiente. A saúde é, portanto, vista como um recurso para a vida diária, não o objetivo dela; abranger os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas , é um conceito positivo.”
Dejours, 1991:
-Críticas à definição da OMS:a. Saúde é estado de completo bem-estar => inatingívelb. Normalidade é um estado em que as doenças estão estáveis,
devido à ação de estratégias defensivasc. Saúde mental nunca é verdadeiramente atingida d. É evidente a relação entre saúde física e saúde mental
Portanto
- Trabalho => operador de Saúde ou Doença
- Importante na construção da saúde mental => Auto-Realização
- Reconhecimento e Relações Interpessoais
Papel do TrabalhoO trabalho é uma parcela significativa da vida. Ele pode tanto gerar prazer e bem-estar, quanto trazer angústia e sofrimento.
1. DejoursTrabalho explica apenas uma Síndrome Subjetiva pós-traumática
2. AubertExistem as Neuroses Profissionais
3. WisnerCusto humano do trabalho, mas este por si não é capaz de gerar neurose
4. Seligmann-SilvaTrabalho pode desencadear crises mentaisCaracterização do Burn-out (exaustão emocional)
Epidemiologia- Dificuldade diagnóstica dos transtornos mentais relacionados ao trabalho.
- Dados da Previdência Social no Brasil:
“Doenças Mentais” � 2º causa de auxílio-doença, 2º causa de incapacidade permanente e invalidez.
Em 2002, 15 029 pessoas foram afastadas definitivamente do trabalho por transtornos mentais
Entre 1998 e 2002 => 270 382 benefícios concedidos
O TM mais prevalente é a depressão, seguido por transtornos relacionados ao estresse, transtornos esquizotípicos e adição a álcool e drogas
Segundo dados da OMS, cerca de 30% dos trabalhadores ocupados sofrem de TM menores, e cerca de 10% sofrem de TM graves
Etiopatogenia
Orgânica
Não-orgânica
Fisiopatologia
Duas Correntes :
Psicodinâmica do Trabalho- trabalho como vértice do indivíduo- divisão de tarefas e divisão dos homens norteiam conflitos
psíquicos
Estudo da Relação Estresse – Trabalho- desequilíbrio entre as demandas do trabalho e a capacidade
de resposta dos trabalhadores
Exigências do Trabalho:
- Físicas- trabalho muscular- posturas inadequadas- esforços extenuantes
- Cognitivas- vigilância extrema- prazos- monotonia
- Psíquicas- desejos versus circunstâncias adversas- subempregos das atividades psíquicas e psicomotoras
Diagnóstico Clínico
- Anamnese bem detalhada é fundamental
- Difícil estabelecer relação entre trabalho e transtornos psíquicos
- Evitar generalizações; estudo de caso a caso.
- perguntar sobre o trabalho
- explorar relacionamento no trabalho e fora dele
- considerar histórias ocupacionais e correlação com vida do paciente
- informações sobre as condições de vida do paciente
- informações sobre comunicação e relacionamentos interpessoais com colegas e superiores
- apontar exposições de risco: calor, frio, umidade, ruído etc.
- condições de higiene e circulação no trabalho
Anamnese
- características do posto de trabalho, mobília e instrumentos
- horários de trabalho e turnos
- entender exigências físicas, mentais e afetivas
- abordar percepção do trabalhador sobre os riscos ocupacionais
- visão do trabalhador com relação à sua trajetória
- considerar riscos combinados e simultâneos no trabalhos
- sintomas gerais : fadiga, tensão, distúrbio do sono
- indagar sobre o consumo de drogas
Diagnóstico
Emissão deCAT
Relatório que deixe claro o processo de adoecer e nexo com o trabalho
6 vias:- INSS- segurado- empregador- sindicato de classe- SUS- delegacia regeniona ldo trabalho
Situação de trabalho desencadeou ou
agravou o quadro
Classificação no CID
- não há grupo de diagnóstico de doença psíquica relacionada ao trabalho
- na emissão do CAT associam-se em geral dois capítulos:
F => Transtornos Mentais e Comportamentais
+
Z56.5 => Problemas Relacionados com o Emprego e com o DesempregoY96 => Circunstância Relativa às Condições de Trabalho
Screening e Estudos Epidemiológicos
Instrumentos contendo escalas, questionários e inventários:
� SRQ – Self Report Questionnaire
- avaliação de distúrbios psicoemocionais.- 24 itens de avaliação bimodal (sim/não)- versão em português: 20 itens não psicóticos
� GHQ-12 – General Health Questionnaire
- Uso em estudo transversais- Primeira etapa de desenho em dois estágios
Principais Transtornos
Demência Relacionada ao Trabalho (F02.8)
• distúrbios corticais superiores: memória, raciocínio, linguagem, aprendizado, julgamento.
• etiologia alcoólica tem destaque
• pode ter relação com doenças que atingem primariamente e secundariamente o cérebro, tais como: hepatopatias, HIV, doenças vasculares, traumatismo craniencefálico (proteção!)
• EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL : - chumbo tetraetila, arsênico.- sulfeto de carbono e de hidrogênio- asfixiantes: CO
• Diagnóstico : 2 Critérios Clínicos• declínio das funções cognitivas• incapacidade para tarefas da vida diária
Delirium Relacionada ao Trabalho (F02.8)
• delirium: rebaixamento do nível de consciência com desorientação tempo-espacial acompanhada geralmente de distúrbios cognitivos e afetivos.
• em geral, constitui emergência médica; sendo necessário cessar as principais manifestações.
• EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL : - desidratação e trabalhos extenuantes.- organometálicos: chumbo tetraetila, arsênico.- sulfeto de carbono e de hidrogênio- asfixiantes: CO
Transtorno Orgânico de Personalidade Relacionado ao Trabalho (F6.7)
• déficit de memória, orientação, aprendizado e redução da capacidade de realizar tarefas prolongadas.
• Relacionado a diversas infecções (HIV), disfunções cerebrais.
• EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL : - solventes aromáticos: tolueno, benzeno- organoclorados: brometo de etila, tetracloroetileno- metais pesados.
• São necessário 2 critérios diagnósticos:- Incapacidade de perseverar em tarefas prolongadas- Labilidade emocional, explosões de raiva e apatia.- Expressão de impulsos inconsequentes: roubo,higiene, sexo,
alimentação.- Idéias paranóides ou preocupação excessiva com tema único- Alteração da velocidade de fluxo de linguagem- Distúrbios do comportamento sexual: queda da libido ou mudança
da preferência sexual.
Transtorno Cognitivo Leve Relacionado ao Trabalho (F6.7)
• déficit de memória, orientação, aprendizado e redução da capacidade de realizar tarefas prolongadas.
• Relacionado a diversas infecções HIV, geralmente sem comprometimento visível das estruturas cerebrais.
• EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL : - solventes aromáticos: tolueno, benzeno- organoclorados: brometo de etila, tetracloroetileno- metais pesados.
• São necessário 2 critérios diagnóstico:- Incapacidade de perseverar em tarefas prolongadas- Labilidade emocional, explosões de raiva e apatia.- Expressão de impulsos sem medir consequências: higiene,
sexo, alimentação
Transtorno Mental Orgânico ou Sintomático Não Especificado(CID-10 F09)
• transtornos cerebrais por terem em comum uma etiologia cerebraldemonstrável primária ou secundária.
• uso de testes psicológicos deve ser realizado com cautela e diagnóstico diferencial com síndrome pós-encefalítica e pós-traumática deve ser realizado
• EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL : - organometálicos: chumbo tetraetila, arsênico.- sulfeto de carbono e de hidrogênio
• No diagnóstico deve se evidenciar:- relação temporal- recuperação após retirada da causa adjacente- ausência de alternativa para causa do transtorno em
questão
Alcoolismo Crônico Relacionado ao Trabalho (CID-10 F10.2)
• modo crônico e continuado de ingestão de bebidas geralmente acompanhado de perda do controle sobre o uso.
• prevalência maior em indivíduos submetidos a tensão constante: médicos, bancários, etc
• Quadro Clínico e Diagnóstico: 3 critérios devem ocorrer juntos em 12 meses
- forte desejo de consumir álcool em situações de tensões no trabalho
- incapacidade de controlar o uso- estados de abstinência- evidência de tolerância aos efeitos da substância- preocupação exagerada com o consumo com redução de
interesses alternativos- uso persistente da substância mesmo o indivíduo estando
consciente dos seus efeitos deletérios.
Episódios Depressivos (CID-10 F32)
• humor triste e perda de interesse em situações cotidianas.
• pode-se acompanhar de transtornos psicomotores e psicóticos.
• Classificação: leve, moderado, grave sem transtornos psicóticos e grave com transtornos psicóticos.
• Quadro Clínico e Diagnóstico: 5 sintomas que durem pelo menos 2 semanas
- humor triste- diminuição do interesse ou prazer- ganho ou diminuiçaõ com ganho ou perda ponderal de 5% no
último mês- insônia ou hipersônia- agitação ou retardo psicomotor- fadiga ou perda de energia- sentimento de desesperança, culpa excessiva ou inadequada- diminuição da capacidade de pensar e de se concentrar- pensamentos recorrentes de morte – intenção suicida
Estado de Estresse Pós-Traumático (CID-10 F43.1)
• Resposta tardia uma situação aguda de estresse: desastres, testemunho de acidente ou morte violenta, vítima de tortura no ambiente de trabalho
• Prevalência de 1 a 3 % na população. Distúrbio neuropsiquiátrico prévio aumenta chance de ocorrência.
• Diagnóstico: Quadro Clínico- constante vivência do episódio traumático- hipervigilância- rejeição a atividades que lembrem o trauma- embotamento emocional- quadro pode ser acompanhado de depressão e ansiedade
PREPARO PSICOLÓGICO PARA SITUAÇÃO DE ESTRESSE
Neurastenia relacionada ao trabalho
• síndrome de fadiga constante relacionada ao trabalho• alterações do sono, dores musculares, cefaléias, perda de apetite e mal-
estar geral
• Prevalente em situações de trabalho em que não há descanso adequado
• Diagnóstico - Quadro Clínico - Critérios- queixa persistente ou angustiante de fadiga após esforço mental- duração de pelo menos três meses- fraqueza ou exaustão corporal- sensação de dores musculares, cefaléias- pertubações do sono, irritabilidade- paciente é incapaz de se recuperar por meio de descanso ou entretenimento
Síndrome do Burn-Out ou do Esgotamento Profissional
• Resposta de estresse crônico ao trabalho
• Três elementos centrais:- exaustão emocional (esvaziamento afetivo)- despersonalização (afastamento excessivo do público)- distanciamento pessoal do trabalho
Geralmente acompanhada se sintomas inespecíficos: insônia, fadiga,irritabilidade, tristeza, desinteresse, apatia.
Pode acarretar prejuízos diretos para os clientes e para o empregador
Transtorno do Ciclo Vigília-Sono Devido a Fatores N ão-Orgânicos (CID-10 F51.2)
• Perda da regulação normal do ciclo vigília-sono do indivíduo
• Queixas de insônia, interrupção precoce do sono, sonolência diurna excessiva.
• Trabalhos que exigem turnos alternados ou jornada à noite.
• Diagnóstico: Quadro Clínico- Padrão vígila-sono dessincronizado- Insônia e hiperinsônia- Qualidade e tempo de sono insatisfatórios- Inexistência de fator orgânico causal
- Polissonografia ajuda a excluir etiologia orgânica
Outros Transtornos Neuróticos
• Neuroses profissionais: neurose de excelência, psiconeurose profissional
• Sintomas inespecíficos (cansaço, desinteresse, irritabilidade)
• critérios poucos estabelecidos e subjetivos
Prevenção
Medidas preventivas são recentes => novas exigências mentais notrabalho
- novas tecnologias- modificações no processo produtivo
Implantação do Programa de Prevenção nas empresas:
1. Diagnóstico das condições de trabalho
2. Análise dos fatores estressores
3. Implementação do programa individualizado para a empresa
4. Avaliação contínua dos resultados, com correções
Foco na Situação de Trabalho:Ação sobre fatores estressores, com a intenção de modificar a situação no
ambiente de trabalho.Melhorias na organização do trabalho e estabelecimento de metas realistas.
Foco no Indivíduo:- Permitir que o trabalhador tenha influência sobre a própria situação
- Promoção da saúde
- Modificar atitude com relação aos fatores estressores
- Promover o uso dos recursos disponíveis
Obrigado.Leitura Recomendada:
Glina, DMR; Rocha, LE. Saúde Mental no Trabalho. Lopes – Tratado de Clínica Médica. Ed. Roca, 2006; vol. I, seção 3.
GUIMARÃES, L.A.M.; MARTINS, D.A.; GRUBITS, S.; CAETANO, D. Prevalência de transtornos mentais em trabalhadores de uma universidade pública do estado de São Paulo. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 31, n. 113, 07-18, 2006.
GLINA D.M.R.; ROCHA, L.E; BATISTA, M;L.; MENDONÇA, M.G.V. Saúde mental e trabalho: uma reflexão sobre o nexo com o trabalho e o diagnóstico, com base na prática. Cadernos de Saúde Pública da Fundação Osvaldo Cruz, v. 17, n. 3, 697-16, 2001
http://www.deboraglina.com.br