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REFLEXÕES BÍBLICAS II | 181 DISCÍPULO – UM MORDOMO CRISTÃO Mateus 14.13-21; Marcos 6.34- 44; Lucas 9.10-17; João 6.1-13. INTRODUÇÃO O estudo de hoje labora sobre o dis- cípulo de Cristo como um mordomo cris- tão. Procura conscientizá-lo de sua res- ponsabilidade na administração daquilo que tem recebido de Deus. Mostra, ainda, atitudes que o mordomo cristão deve to- mar quando estiver em situações desa- fiadoras da vida. Orienta também sobre como usar, responsavelmente, os recur- sos de que dispõe em benefício do próxi- mo. Ele tem a ver com a mordomia cristã, isto é, como bem administrar aquilo que Deus coloca nas suas mãos ou diante de si. Muitos desses princípios são encontra- dos nos registros bíblicos da multiplica- ção dos pães e peixes. VÊ COMO DEUS VÊ (Mc 6.34): “Ao de- sembarcar, viu Jesus uma grande mul- tidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não tem pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas”. LEITURAS DIÁRIAS Segunda Mt 14.13.21 Terça Mc 6.34-44 Quarta Lc 9.10-17 Quinta Jo 6.1-13 Sexta Pv 24.11-12 Sábado Mt 14.17-18 Domingo Jo 6.12 O mordomo cristão não deve ser in- diferente às multidões que Deus coloca diante de si. Ele precisa vê-las como Deus as vê. O texto bíblico diz que Jesus com- padeceu-se daquelas pessoas. A palavra grega para “compadeceu-se” é “splag- chnizomai”, e significa “mover-se inti- mamente”. É a ideia de “sofrer com”, isto é, partilhar do sofrimento do outro. So- mente quando nos colocamos no lugar do outro é que podemos entender seu sofrimento. Jesus viu ainda que aquela multidão era “como ovelhas sem pastor”. A ovelha sem pastor está desprotegida, desorientada e não é bem alimentada. O discípulo de Cristo, como mordomo cristão, tem o dever de se empenhar por levar as multidões ao Bom Pastor. Essas ovelhas caminham para o “matadouro”, mas o discípulo e mordomo de Cristo não pode dizer que não sabe disto, e se mostrar fraco no esforço para livrá-las (Pv 24.11-12). O final de Mc 6.34 diz que Jesus “passou a ensinar-lhes”. Se as multidões ESTUDO 52 REFLEXÕES BÍBLICAS II | 181

DISCÍPULO – UM MORDOMO CRISTÃO

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DISCÍPULO – UM MORDOMO CRISTÃOMateus 14.13-21; Marcos 6.34-44; Lucas 9.10-17; João 6.1-13.

INTRODUÇÃO

O estudo de hoje labora sobre o dis-cípulo de Cristo como um mordomo cris-tão. Procura conscientizá-lo de sua res-ponsabilidade na administração daquilo que tem recebido de Deus. Mostra, ainda, atitudes que o mordomo cristão deve to-mar quando estiver em situações desa-fiadoras da vida. Orienta também sobre como usar, responsavelmente, os recur-sos de que dispõe em benefício do próxi-mo. Ele tem a ver com a mordomia cristã, isto é, como bem administrar aquilo que Deus coloca nas suas mãos ou diante de si. Muitos desses princípios são encontra-dos nos registros bíblicos da multiplica-ção dos pães e peixes.

VÊ COMO DEUS VÊ (Mc 6.34): “Ao de-sembarcar, viu Jesus uma grande mul-tidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não tem pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas”.

LEITURaS DIáRIaSSegunda Mt 14.13.21Terça Mc 6.34-44Quarta Lc 9.10-17Quinta Jo 6.1-13Sexta Pv 24.11-12Sábado Mt 14.17-18Domingo Jo 6.12

O mordomo cristão não deve ser in-diferente às multidões que Deus coloca diante de si. Ele precisa vê-las como Deus as vê. O texto bíblico diz que Jesus com-padeceu-se daquelas pessoas. A palavra grega para “compadeceu-se” é “splag-chnizomai”, e significa “mover-se inti-mamente”. É a ideia de “sofrer com”, isto é, partilhar do sofrimento do outro. So-mente quando nos colocamos no lugar do outro é que podemos entender seu sofrimento. Jesus viu ainda que aquela multidão era “como ovelhas sem pastor”. A ovelha sem pastor está desprotegida, desorientada e não é bem alimentada. O discípulo de Cristo, como mordomo cristão, tem o dever de se empenhar por levar as multidões ao Bom Pastor. Essas ovelhas caminham para o “matadouro”, mas o discípulo e mordomo de Cristo não pode dizer que não sabe disto, e se mostrar fraco no esforço para livrá-las (Pv 24.11-12). O final de Mc 6.34 diz que Jesus “passou a ensinar-lhes”. Se as multidões

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vivem sem Deus e estão caminhando para a matança, é dever do discípulo de Cristo ir a elas e ensiná-las, na esperança de fazer “discípulos de todas as nações” (Mt 28.20).

aplicação a sua vida: a humanidade tem passado por momentos de desesperança. Jesus Cristo nos ensina que devemos levar às pessoas a esperança que liberta. Que te-mos feito para transpor essa barreira e levar o conhecimento da Palavra de Deus aos cativos?

É CHaMaDO À REFLEXÃO (Jo 6.5): “En-tão, Jesus, erguendo os olhos e vendo que grande multidão vinha ter com Ele, disse a Filipe: Onde compraremos pães para lhes dar a comer?”.

O Evangelho de João mostra que Jesus viu outra necessidade daquela multidão: sua fome de pão. Em razão disto, Jesus pergunta aos discípulos “onde” compra-riam “pães para lhes dar de comer”. Esta pergunta chama os discípulos à reflexão. Há perguntas clássicas que precisamos fazer diante de um projeto ou de uma di-ficuldade. Exemplo: o que, por que, para que, como, onde, quando, de que forma etc. Neste caso, temos uma multidão fa-minta (de pão material e espiritual) e de-sorientada em diversas áreas da vida. En-tão, Jesus pergunta: “onde compraremos pão”? Como, assim, “compararemos”? Uma mente mais arguta perceberia que Jesus é o pão da vida, que Deus convida todos para virem comer e beber de gra-ça (Is 55.1). Deus quer que descubramos “onde” está a verdadeira resposta para nossos projetos e a real solução para os desafios que se descortinam diante de nós. Deus quer que usemos a razão, pois, Ele nos deu essa capacidade.

aplicação a sua vida: o mordomo cristão, antes de agir, para e pensa em como en-contrar a resposta de que necessita a cada desafio da vida. Você tem experimentado essa atitude?

É aPROVaDO NO TESTE DIVINO (Jo 6.6-7): “Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que estava para fazer. Respondeu-lhe Filipe: Não lhes bas-tariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço”.

João explica o motivo de Jesus cha-mar os discípulos à reflexão: para os “ex-perimentar”. Os testes divinos fazem par-te da pedagogia de Jesus. O mordomo cristão passa por experiência de apren-dizado e precisa descobrir o “como fazer” de Deus. Ele tem seus projetos e sabe como realizá-los, mas o mordomo cris-tão precisa se juntar a Ele e cumprir Sua vontade. Muitas vezes, nossas sugestões de “como fazer” são totalmente destoan-tes do propósito divino. Filipe, que era “calculista” e “pragmático”, se apressa em afirmar que “não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço”. Em Mc 6.36, vemos que os discípulos foram mais radicais: “Despe-de-os, para que vão aos lugares e aldeias circunvizinhas, e comprem pão para si; porque não tem o que comer”. Porém, a solução não estava no dinheiro e nem em outro lugar, estava entre eles e em Jesus.

aSSUME RESPONSaBILIDaDES (Lc 9.13): “Ele, porém, lhes disse: Dai-lhes vós mesmos de comer. Responderam eles: Não temos mais que cinco pães e dois peixes, salvo se nós mesmos formos com-prar comida para todo este povo”.

Cada um dos evangelhos nos apre-senta o problema e a respectiva solução sob uma ótica. Lucas nos informa que

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Jesus responsabiliza os discípulos pela alimentação do povo: “Dai-lhes vós mes-mos de comer”. A gente percebe que “ba-teu” meio que um desespero neles. Não podemos transferir para os outros o que Deus põe como responsabilidade nossa. Tiago diz que isto é falta de fé (Tg 2.14-17). Quando Deus coloca um desafio diante de nós, Ele sabe qual é a solução, porém há providências concretas a se-rem tomadas.

aplicação a sua vida: você está sendo usado por Deus para levar a mensagem do evangelho como fruto da ação do Espírito Santo em sua vida?

DISPÕE DOS SEUS RECURSOS (Mc 6.38): “E ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver! E, sabendo-o eles, responderam: Cinco pães e dois peixes”.

A resposta dos discípulos no ponto anterior é melhor compreendida quando comparada com Mc 6.38. Eles deveriam fazer um levantamento de quais eram os recursos disponíveis. Se você está endi-vidado ou tem um projeto, então, você sabe “o que” e “onde” estão o seu proble-ma. Agora, você precisa saber “como” en-contrar a solução. Então, precisa fazer um levantamento de quais são os recursos disponíveis. O que você tem? Vá ver, re-comenda Jesus. Relacione seus recursos e traga-os a Jesus. Não os menospreze, porque você é um “mordomo cristão” e não um incrédulo irresponsável.

É PRáTICO E OTMISTa (Jo 6.8-9): “Um de seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, informou a Jesus: Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas isto que é para tanta gente? ”.

Na verdade, André foi prático, porém pessimista. Mas, vamos nos firmar no fato de que já identificamos o problema ou definimos o projeto, fizemos o levanta-mento dos recursos e o trouxemos a Je-sus. O projeto era alimentar cinco mil ho-mens, sem contar as mulheres e crianças. A dificuldade era que, humanamente, os recursos eram insuficientes. Ficamos im-pressionados que os recursos não esta-vam com os discípulos, mas com um “ra-paz”; outras versões dizem “um menino”. Os pães eram de “cevada”, pão de pobre; e os peixes eram “peixinhos”, portanto, pequenas tilápias, possivelmente assa-das. Humanamente falando, é realmente frustrante se ter um projeto tão grande com recursos tão parcos! É neste pon-to que, ao colocarmos o que temos nas mãos de Jesus, faz-se toda diferença!

aplicação a sua vida: uma característica do discípulo de Jesus é ser otimista. Você tem aprendido a ver possibilidades quando surgem as dificuldades?

É DaDO aO PLaNEJaMENTO E À OR-GaNIZaÇÃO (Mc 6.40): “E assentaram-se repartidos de cem em cem, e de cinquen-ta em cinquenta”.

Esta informação de Marcos, de que a multidão assentou-se em grupos de cin-quenta e de cem pessoas nos impressio-na. Imagine o que é sair contando milha-res de pessoas famintas e agrupando-as dessa forma. E mais um detalhe: deve-riam estar assentadas. Certamente, você já viu o que acontece na distribuição de alimento entre grandes multidões famin-tas. Deus nos abençoa e multiplica o que temos, mesmo pouco, mas precisamos planejar e nos organizar para receber-mos a bênção. Gosto da versão dos Sal-mos 50.23, que diz: “Aquele que oferece

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o sacrifício de louvor me glorificará; e àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus”. Deus mostra a porta de saída, o socorro para aquele que “bem ordena o seu caminho”. Se você quer encontrar “a salvação” divi-na para o momento em que se encontra, haja como um mordomo cristão: planeje e organize-se. Se fizer isto, Deus é pode-roso para enviar socorrro sem que você imagine de onde. Quem poderia imagi-nar que o “lanche” de um menino pudes-se alimentar aqueles milhares de pessoas que ouviam Jesus? Experimente! Funcio-na!

COLOCa TUDO NaS MÃOS DE DEUS (Mt 14.17-18; Lc 9.16): “Mas eles respon-deram: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes. Então, ele disse: Trazei-mos. (...) E, tomando os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos para o céu, os abençoou, partiu e deu aos discípulos para que os distribuíssem entre o povo”.

Você seria capaz de dar graças por tão pouco, para tanta necessidade? Pois é, Je-sus o fez. Esta é outra lição, mas não nos deteremos nela aqui. O fato é que trouxe-ram tudo o que tinham e entregaram nas mãos de Jesus. Faça o mesmo em relação aos projetos de vida e às dificuldades que lhe sobrevêm. Ponha tudo nas mãos de Jesus e permita que Ele abençoe.

RESPEITa O MEIO aMBIENTE (Jo 6.12): “E, quando já estavam fartos, disse Jesus aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca”.

Observe que, no verso doze, as “so-bras” foram recolhidas após todos esta-rem fartos, e o motivo era para que “nada”

se perdesse. Jesus nos transmite mais al-gumas lições com essa recomendação. Primeiro, Deus não aprova o desperdício. Se todos estavam fartos, as sobras de-veriam ser recolhidas. E se o motivo era para que “nada” se perdesse, deduz-se que o que foi recolhido teve um destino apropriado, não sabemos qual, mas cer-tamente bem aproveitado; afinal era para que “nada” se perdesse. Segundo, sobras não devem ser abandonadas (jogadas) na natureza. Servir um banquete para milhares de pessoas e preservar a nature-za é uma lição que devemos trazer para o nosso estilo de vida: a natureza não deve ser contaminada com nossas “sobras”.

aplicação a sua vida: o maior clamor da modernidade é que destruímos o jardim que Deus esculpiu para a humanidade. O que você tem feito para preservar esse jardim tão maravilhoso chamado planeta terra?

CONCLUSÃO

Veja as pessoas com a visão compas-siva de Deus. Não invente soluções para Deus. Siga sua orientação. Avalie sua re-alidade (veja quanto ou o que você tem). Traga o que tem para Jesus. Confie n’Ele. Não argumente que é pouco. Apenas creia! Organize-se! Faça planilha; contro-le os gastos. Lembre-se: a salvação divina é somente para quem bem ordena o seu caminho. Cumpra sua parte: administre o que você tem, distribuindo-o criterio-samente. Não desperdice e nem agrida a natureza, porque tudo é criação divina.