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BREVE DISCUSSÃO SOBRE A DEFINIÇÃO CONCEITUAL DE COSTÃO ROCHOSO, COM BASE NA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA. Por força do estabelecido no § 4º, do artigo 225, da Constituição Brasileira, que relevou a Zona Costeira a Patrimônio Nacional, reservando a sua utilização na forma da Lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais, a seguir tecerei breve discussão sobre o que vem a ser Costão Rochoso, classificando-o dentro do conceito natural de conservação do ecossistema, buscando promover uma diferenciação entre a realidade e o conhecimento da literatura. O Novo Dicionário Geológico-Geomorfológico (GUERRA & GUERRA, 2003) ao se referir a Costão Rochoso define-o como um termo geológico/geomorfológico. A Lei nº 7.661/88, que estabelece o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, ao referir-se a Zona Costeira brasileira estabelece-a como sendo "o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre" priorizando a conservação e proteção dos seguintes bens: I - recursos naturais, renováveis e não renováveis: recifes, parcéis e bancos de algas; ilhas costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuarinos e lagunares; baías e enseadas; praias, promontórios; costões (o grifo é meu) e grutas marinhas; restingas e dunas; florestas litorâneas, manguezais e pradarias submersas;

Discussão Sobre a Definição e o Conceito de Costão Rochoso

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Análise comparativa entre a definição de costão rochoso e o conceito.

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Page 1: Discussão Sobre a Definição e o Conceito de Costão Rochoso

BREVE DISCUSSÃO SOBRE A DEFINIÇÃO CONCEITUAL DE COSTÃO ROCHOSO, COM BASE NA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA.

Por força do estabelecido no § 4º, do artigo 225, da Constituição

Brasileira, que relevou a Zona Costeira a Patrimônio Nacional, reservando a

sua utilização na forma da Lei, dentro de condições que assegurem a

preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos

naturais, a seguir tecerei breve discussão sobre o que vem a ser Costão

Rochoso, classificando-o dentro do conceito natural de conservação do

ecossistema, buscando promover uma diferenciação entre a realidade e o

conhecimento da literatura.

O Novo Dicionário Geológico-Geomorfológico (GUERRA & GUERRA,

2003) ao se referir a Costão Rochoso define-o como um termo

geológico/geomorfológico.

A Lei nº 7.661/88, que estabelece o Plano Nacional de

Gerenciamento Costeiro, ao referir-se a Zona Costeira brasileira estabelece-

a como sendo "o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra,

incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima

e outra terrestre" priorizando a conservação e proteção dos seguintes bens:

I - recursos naturais, renováveis e não renováveis: recifes, parcéis e bancos

de algas; ilhas costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuarinos e

lagunares; baías e enseadas; praias, promontórios; costões (o grifo é meu) e

grutas marinhas; restingas e dunas; florestas litorâneas, manguezais e

pradarias submersas;

II - sítios ecológicos de relevância cultural e demais unidades naturais de

preservação permanente;

III - monumentos que integrem o patrimônio natural, histórico,

paleontológico, espeleológico, étnico, cultural e paisagístico.

Observe-se que o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro ao citar

as unidades descritas no item I, distingue-as em grupos geográficos,

colocando os costões no mesmo "status" que as grutas marinhas ou seja,

considera a questão sob o ponto de vista geológico e geográfico, tal qual é

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explorado no Novo Dicionário Geológico-Geomorfológico (GUERRA &

GUERRA, 2003) citado anteriormente.

O Decreto 5.300/04 que regulamenta a Lei nº 7.661/88, no seu artigo

20, informa que "os bancos de moluscos e formações coralíneas e rochosas

na zona costeira serão identificados e delimitados, para efeito de proteção,

pelo órgão ambiental", tratando no parágrafo único deste artigo, que "os

critérios de delimitação das áreas de que trata o caput deste artigo serão

objeto de norma específica" ou seja, o Decreto 5.300/04 estabelece num

zoneamento preliminar, que os bancos de moluscos das formações rochosas

(costão rochoso biológico) na zona costeira, serão objeto de norma

específica.

Na Constituição do Estado do Rio de Janeiro, Capítulo VIII, artigo 261,

§1º, inciso XXV, o texto estabelece a responsabilidade do Poder Público de

"fiscalizar e controlar, na forma da lei, a utilização de áreas biologicamente

ricas de manguezais, estuários e outros espaços de reprodução e

crescimento de espécies aquáticas, em todas as atividades humanas

capazes de comprometes esses ecossistemas" e no artigo 268, inciso II, o

texto releva os costões rochosos a área de preservação permanente, bem

como o Decreto nº 20.172 de 1994.

Isto posto, nota-se uma generalidade do termo geográfico "Costão

Rochoso" para expressar o ecossistema marinho, não definindo com

precisão a extensão longitudinal do ecossistema "Costão Rochoso".

Por outro lado, se buscarmos a bibliografia ecológica brasileira que

trata sobre o ecossistema marinho e a confrontarmos com a legislação

ambiental em vigor, veremos que existe nítida distinção conceitual entre o

costão rochoso geológico e o costão rochoso biológico, o que nos faz crer

que o que é protegido na Constituição do Estado do Rio de Janeiro

corresponde a área da costa ou do mar territorial que sofre a influência dos

batimentos de ondas e das marés, onde os organismos bentônicos são

encontrados incrustados na rocha do costão rochoso.

No entanto a publicação oficial da FEEMA (Vocabulário Básico de Meio

Ambiente - 1978), adota como definição para costão rochoso, o termo

geológico e o que deve sempre ser considerado, é o que está publicado

enquanto bibliografia oficial da instituição, que, no caso, não mostra a tênue

linha entre o costão rochoso geológico e o biológico.

Angra dos Reis, 24 de julho de 2008.

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Paulo Carvalho FilhoBiólogo – matr. CRB 00449-02 D