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Dispõe a Constituição do estado do Pará - seplan.pa.gov.br · Jorge Otávio Bahia de Rezende Presidente da Junta Comercial do Estado do Pará José Artur Guedes Tourinho Diretor-Superintendente

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Dispõe a Constituição do estado do Pará:“Art. 135 - Compete privativamente ao Governador:.....................................................................................IX - remeter mensagem e plano de Governo à Assembleia Legislativa, expondo a situação do estado e solicitando as providências que julgar necessárias”.

Mensagem do Governo do Pará à Assembleia LegislativaAno 2011Governo do Estado do ParáSecretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças

Fotografias: Elza Lima

Governador do Estado do ParáSimão Robison Oliveira Jatene Vice-Governadora do Estado do ParáHelenilson Pontes Assembléia Legislativa do Estado do ParáDeputado Manoel Pioneiro Tribunal de Justiça do EstadoDes. Rômulo José Ferreira Nunes

Ministério PúblicoGeraldo de Mendonça Rocha

Tribunal de Contas do EstadoCipriano Sabino de Oliveira Junior

Tribunal de Contas dos MunicípiosJosé Carlos Araújo

Procurador Geral do EstadoCaio de Azevedo Trindade

Defensor Público Geral do Estado Antônio Roberto Figueiredo Cardoso

Secretária de Estado de AdministraçãoAlice Viana Soares Monteiro

Secretário de Estado da Fazenda José Barroso Tostes Neto

Secretário de Estado de Obras Públicas Marcone Walvenarque Nunes Leite

Secretário de Estado de Saúde Pública Hélio Franco de Macedo Júnior

Secretário de Estado de Educação Nilson Pinto de Oliveira

Secretário de Estado de Agricultura Hildegardo de Figueiredo Nunes

Secretário de Estado de Segurança PúblicaLuiz Fernandes Rocha

Secretário de Estado de Cultura Paulo Roberto Chaves Fernandes

Secretário de Estado de Transportes Francisco das Chagas Melo Filho

Secretário de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional Pedro Abilio Torres do Carmo

Secretário de Estado de Governo Francisco Sérgio Belich de Souza Leão

Secretário de Estado de Integração Regional Antônio José Costa de Freitas Guimarães

Secretário de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças Sérgio Roberto Bacury de Lira

Secretário de Estado de Esporte e Lazer Christian Pinheiro da Costa - Interino

Secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos José Acreano Brasil Júnior

Secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia Alex Bolonha Fiúza de Mello

Secretária de Estado de Trabalho, Emprego e Renda Helenilson Cunha Pontes - Interino

Secretária de Estado de Meio Ambiente Teresa Lusia Mártires Coelho Cativo Rosa

Secretário de Estado de Projetos Estratégicos Shydney Jorge Rosa

Secretária de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social Helenilson Cunha Pontes - Interino

Secretário de Estado de Pesca e Aquicultura Asdrubal Mendes Bentes

Secretário de Estado de Comunicação Ney Emil da Conceição Messias Júnior

Chefe da Casa Militar da Governadoria do Estado Tenente-Coronel QOPM Fernando Augusto Dopazo Noura

Chefe da Casa Civil da Governadoria do Estado Zenaldo Rodrigues Coutinho Júnior

Comandante Geral da Polícia Militar do Pará Coronel QOPM Mário Alfredo Souza Solano

Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Pará Coronel QOBM Luiz Cláudio Sarmanho da Costa

Consultor Geral do Estado Ophir Filgueiras Cavalcante

Delegado Geral da Polícia Civil Nilton Jorge Barreto Atayde

Auditor- Geral do Estado Roberto Paulo Amoras

Presidente da Ação Social Integrada do Palácio do GovernoRosymary Neves Teixeira

Presidente do Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado do Pará Kléber Tayrone Teixeira Miranda Presidente do Instituto de Terras do Pará Carlos Alberto Lamarão Corrêa Presidente do Instituto de Metrologia do Estado do Pará Luiziel Henderson Guedes de Oliveira

Presidente do Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Pará José Cláudio Couto Salgado

Presidente do Instituto de Artes do Pará Heitor Marcio Pinheiro

Diretor-Geral do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará José Alberto da Silva Colares

Presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará Maria Adelina Guglioti Braglia

Presidente da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará Maria do Carmo de Lima Mendes Lobato

Presidente da Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará Luciana Maria Cunha Maradei Pereira

Presidente da Fundação Pública Estadual Hospital de Clinicas “Gaspar Vianna” Ana Lydia Ledo de Castro Ribeiro Cabeça

Presidente da Fundação da Criança e do Adolescente do Pará Ana Célia Cruz de Oliveira

Presidente da Fundação Cultural do Pará “Tancredo Neves” Carlos Nilson Batista Chaves

Superintendente da Fundação “Carlos Gomes” Paulo José Campos de Melo

Superintendente da Fundação “Curro Velho” Hilda Quingosta Baganha - Interina

Presidente da Fundação Paraense de Radiodifusão Adelaide Oliveira de Oliveira

Diretor-Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará Mário Ramos Ribeiro

Reitora da Universidade do Estado do Pará Marília Brasil Xavier

Diretor-Presidente da Loteria do Estado do Pará Jorge Otávio Bahia de Rezende

Presidente da Junta Comercial do Estado do Pará José Artur Guedes Tourinho

Diretor-Superintendente do Departamento de Trânsito do Estado do Pará Antônio Fernando Carvalho de Oliveira

Diretor-Geral da Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos Miguel Fortunato Gomes dos Santos Junior

Diretor-Geral do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves” Orlando Salgado Gouvêa

Superintendente do Sistema Penitenciário do Estado do Pará Major QOPM Francisco Mota Bernardes

Diretor-Geral da Escola de Governo do Estado do ParáRuy Martini Santos Filho

Presidente da Imprensa Oficial do Estado Luis Cláudio Rocha Lima

Diretor-Geral da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará Mário Aparecido Moreira

Diretor-Presidente da Companhia de Saneamento do Pará Antonio Rodrigues da Silva Braga

Presidente da Companhia de Habitação do Estado do Pará Marco Aurélio Lopes de Oliveira

Presidente do Banco do Estado do Pará Augusto Sérgio Amorim Costa

Diretor-Presidente da Companhia Paraense de Turismo Adenauer Marinho de Oliveira Góes

Presidente da Central de Abastecimento do Pará S/A Marco Antônio Soares Raposo

Presidente da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Pará Walter Vieira da Silva

Presidente da Companhia de Portos e Hidrovias do Estado do Pará Abraão Benassuly Neto

Presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do ParáCleide Maria Amorim de Oliveira

Presidente da Empresa de Processamento de Dados do Pará Theo Carlos Flexa Ribeiro Pires

Diretora-Geral do Hospital “Ophir Loyola” Maria Graça Borges Jacob

MENSAGEM

� MENSAGEM DO GOVERNO DO PARÁ À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA MENSAGEM DO GOVERNO DO PARÁ À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA �

Senhor presidente, senhoras e senhores deputados.

É com muita honra que, em obediência ao preceito constitucional, apresento a Vossas Excelências a mensagem e o plano de governo de 2011, expondo a situação do Estado e solicitando as providências necessárias.

Muito mais que o cumprimento de uma formalidade, porém, vejo este encontro como o ato inaugural de um novo tempo no relacionamento entre os poderes Legislativo e Executivo, marcado pelo respeito mútuo, acima de tudo. Não é outra a razão de estar aqui, pessoalmente, para fazer a leitura da Mensagem. O parlamento é o canal legítimo das aspirações populares, e o governo o meio de realização dessas aspirações. O desejo do povo nos trouxe a todos aqui, e é o desejo do povo que devemos satisfazer. Os papéis mudam, mas o objetivo é o mesmo.

Na condição de governador recém-eleito que inicia o mandato, o dever me obriga a avaliar os feitos de outros, não para acertar contas ou obscurecer a realidade presente, mas sim para prestar contas com a sociedade e clarear o caminho a seguir. Para construir uma linha de base a partir da qual o governo possa se avaliar constantemente e a sociedade possa avaliar o governo.

A impessoalidade do cargo nos cobra objetividade. Portanto, toda avaliação é feita em bases objetivas. E por isso mesmo, toma-se a situação administrativo-financeira como referência para se compreender o quadro que se nos apresenta. Os rigores dos números, dos valores, dos índices, também revelam opções e intenções. Mas são sobretudo as suas consequências que nos movem.

Senhor presidente.

Sob vários aspectos, as perspectivas no país são favoráveis. Neste início da segunda década do século vinte e um, o eixo do crescimento global claramente se deslocou e aponta para profundas mudanças do cenário vivido no século passado. As grandes potências do século 20 hoje são desafiadas por potências emergentes. Entre estas, o Brasil, que se situa numa posição privilegiada hoje, graças, sem dúvida, à estabilidade continuada da moeda e da economia, iniciada com o advento do real. A persistência nesse caminho consolidou a imagem do país no mercado internacional, fazendo-

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o respeitado, atraindo capitais e investimentos, fortalecendo cada vez mais sua posição diante dos parceiros históricos e recentes. Conferiu-lhe, numa palavra, credibilidade.

Credibilidade: eis a pedra de toque neste mundo globalizado e competitivo ao extremo, nestes tempos em que cada um, seja um país ou uma empresa, uma nação ou um cidadão, luta por conquistar mais espaço e por manter o já conquistado, mas que sabe que, sem negociações, concessões e alianças, não se vai a lugar algum.

O Pará, com suas riquezas extraordinárias, diria mesmo invejáveis, que a natureza alocou em nosso território, tem diante de si o desafio de, no mínimo, acompanhar o crescimento que o Brasil experimentará nos próximos anos, de acordo com a maioria das previsões.

Crescer, sim, mas com responsabilidade social e respeito ambiental. Crescer e recuperar a liderança política e econômica da Amazônia. Crescer e devolver ao povo a auto-estima e o orgulho de ser paraense.

Mas, o Pará está pronto? Daremos a resposta necessária a esse desafio? O tempo dirá, com certeza. Mas, antes disso, nós temos que dizer o que será feito para que o tempo nos dê as respostas que desejamos. Não podemos nos entregar à passividade e ao derrotismo. Temos dificuldades imensas, mas não podemos ficar à espera de que o tempo cure as mazelas, pois a História nos ensina que as mazelas sociais não se curam, elas se agravam diante do imobilismo, do medo de ousar, da ausência de criatividade, da falta de liderança, enfim, da carência de credibilidade dos líderes.

Senhoras e senhores deputados,

Nós, a quem o Pará confiou o seu destino nos próximos quatro anos, portanto, temos a obrigação de nos levantar, sacudir a poeira e seguir adiante.

O desafio posto é difícil, mas não impossível. Em 40 anos de vida pública, estive no epicentro de crises administrativo-financeiras, que me ensinaram a enfrentá-las com humildade e coragem, tomando medidas de austeridade tais como choque de gestão, contenção de gastos, racionalização de investimentos e expansão das receitas. Foram lições

fundamentais para o período entre 2003 e 2006, no qual estive à frente do Executivo, quando o Pará experimentou um crescimento real da sua economia, em índices maiores do que os registrados pela economia brasileira. Crescemos a índices que vão de 4,2% a 7,2%, enquanto o Brasil ficou entre 1,1% e 5,7%. É importante salientar outro dado revelador: naquele quadriênio, o Pará foi o 5º estado que mais destinou recursos para investimentos em relação à receita.

Nos anos seguintes, em 2007 e 2008, a situação se inverteu. Já em 2007, o PIB paraense cresceu apenas 2,2%, enquanto o do Brasil evoluiu 6,1%. Em 2008, a comparação também foi desfavorável ao Pará: 4,9% contra 5,2%. E de 5º governo que mais investe, o Pará caiu para 17º entre 2007 e 2010.

Esse cenário reflete um quadro de consequências dramáticas: a mais grave crise da administração pública paraense das últimas décadas.

Falo desse modo menos pela intenção de olhar para o passado que pela necessidade de dividir com os senhores a gravidade do momento, já que só com a ajuda desta casa e cooperação de todos teremos condições de superar as dificuldades e devolver o Estado à normalidade administrativa.

Senhor presidenteSenhoras e senhores deputados,

A realidade que encontramos nos impõe um recomeço. Logo nos primeiros dias do ano, ordenei um corte de 20% a 30% nas despesas administrativas que não afetam a prestação de serviços fundamentais à comunidade. Foi uma primeira medida emergencial, mas não suficiente.

O que de fato nos aguarda é uma medida bem mais profunda: uma reconstrução. Não é o desejável. Quando se recomeça sempre, não se chega a parte alguma. Diante do quadro que encontramos, porém, não há alternativa. Não há também alternativa senão desnudar o quadro para que se tenha compreensão da dimensão das dificuldades que temos diante de nós.

À primeira vista, os números do relatório mostram uma evolução positiva das receitas do Estado, passando de R$ 8,5 bilhões em 2006 para R$ 12 bilhões em 2010. Uma análise mais acurada do quadro da receita, contudo, é bastante esclarecedora. No período de 2003 a 2006, o ICMS,

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que representa mais de 70% da arrecadação própria do Estado, cresceu a uma média anual de mais de 8%. Já entre 2007 e 2010, o incremento anual caiu para pouco mais de 4%. Esse é um claro indicador da queda do ritmo de crescimento da economia e da perda de eficiência da estrutura de arrecadação estadual.

Ao mesmo tempo, nota-se nos anos recentes uma preocupante opção preferencial pelas operações de crédito para cobrir determinadas carências. O total de empréstimos tomados pelo governo entre 2007 e 2010, de R$ 1,6 bilhão, foi mais de quatro vezes superior ao do período anterior, de 2003 a 2006. O volume de repasses federais também cresceu exponencialmente entre os dois períodos considerados, o que seria até louvável não fosse a reveladora e crescente dependência do poder central.

Qual o significado disso? O governo teve, sim, mais recursos à disposição. Mas a que preço e com que resultados?

A população paraense, que deveria ser a beneficiária desse montante a maior, deu uma resposta inequívoca nas urnas no que toca aos serviços públicos colocados à sua disposição. Denota-se daí que a percepção, o sentimento da maioria, era de que a qualidade dos serviços essenciais estavam aquém do desejável. Os serviços nas áreas de saúde, segurança e educação não correspondiam ao aumento dos recursos disponíveis.

A outra parte da resposta terá que ser dada pelo governo, agora. O aumento de mais de 400% dos empréstimos deixa uma dívida que terá que ser quitada, e a curto prazo, devido à forma como as operações de crédito foram realizadas, algumas com um prazo de carência de apenas seis meses, para pagamento em apenas seis parcelas. Ninguém toma dinheiro nessas bases se não estiver pressionado e sem saída.

Porquanto a capacidade de endividamento do Estado continue alta, a capacidade de pagamento das dívidas contraídas por esse meio ficou seriamente comprometida.

Senhor presidente,

Quando se analisam as despesas realizadas entre 2007 e 2010, percebe-se mais claramente a opção feita então pelo governo. Enquanto o custeio da máquina cresceu R$ 3,4 bilhões, o investimento aumentou pouco mais de R$ 500 milhões. Note-se que essa queda no ritmo de investimentos,

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comparado aos anos de 2003 a 2006, ocorre ao tempo em que se contraiu R$ 1,6 bilhão em empréstimos. Mais recursos para custeio, menos para investimentos. Isso demonstra uma clara opção pelo presente, em detrimento do futuro.

Nas sociedades desenvolvidas, as pressões pela demandas futuras são menores. Desde que o país em questão não alimente sonhos imperialistas, administra-se o presente, de forma competente, e o futuro está feito. Nos países em desenvolvimento, ao contrário, é preciso investir fortemente no futuro para que a qualidade de vida da população tenha melhoras palpáveis e progressivas. Não há outra forma de mudar a vida do povo para melhor. Sem investimentos em saúde, educação, saneamento, moradias, geração de empregos, não se transforma a realidade, apenas se mantém a carência que já existe. Perpetua-se uma situação de injustiça social, desequilíbrio, má distribuição de renda. Como falar em prioridade social, quando se opta por gastar os recursos com o inchamento e manutenção da máquina em prejuízo dos investimentos na qualidade de vida? Trata-se, na verdade, do estado como um fim em si mesmo. Subverte-se a idéia de serviço público, que é levar bem-estar aos cidadãos. A manutenção da estrutura de prestação desse mesmo serviço torna-se tão onerosa que não se pode mais melhorá-lo nem tampouco ampliá-lo, com novos investimentos, pois não sobram recursos para tal. O serviço público torna-se autofágico. Alimenta-se de si mesmo, num círculo vicioso que exclui o cidadão dito comum.

A máquina inflada, porém, não foi capaz de atender satisfatoriamente às demandas da sociedade. E, ao contrário, comprometeu a sua própria sobrevivência.

Os empréstimos tomados basicamente para manter a estrutura governamental comprometeram o orçamento do estado para este ano, somente com o serviço da dívida, em R$ 547 milhões.

O montante das contas a pagar a curto prazo alcança preocupantes R$ 615 milhões, sem contar as despesas realizadas e não empenhadas em 2010, os mais de quatro mil processos trabalhistas e outras obrigações de pessoal não constantes da folha, tais como os mais de R$ 50 milhões relativos ao retroativo de vantagens devidas aos servidores. Tudo somado, o montante ultrapassa R$ 700 milhões. Se nada for feito, o caixa simplesmente não vai fechar, encerrando o exercício com um déficit de, no mínimo, R$ 323 milhões.

Temos, então, pela frente, dois graves problemas. Primeiro, a pressão das dívidas de curto prazo, de fornecedores, e de médio e longo prazos, oriundas dos empréstimos. Segundo, o déficit mensal de mais de R$ 70 milhões fruto do desequilíbrio entre receitas e despesas. O resultado da combinação desses dois fatores é potencialmente explosivo.

A situação de descontrole administrativo chegou a tal ponto que a Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda comandado pelo mesmo partido da então governadora do Pará, conforme ofício número 6211/2010, arquivou o pedido para realizar operação de crédito no valor de R$ 66 milhões, porque o governo estadual não cumprira os requisitos mínimos estabelecidos por resolução do Senado Federal. E o empréstimo era para obras do PAC. Não foi uma simples medida administrativa. Foi mais propriamente uma punição pelo não cumprimento das metas, pela má gestão dos recursos.

Senhor presidente,Senhoras e senhores deputados.

Sei que corro o risco da acusação leviana de parecer incoerente ao propor um pacto e mostrar essa realidade. Mas a responsabilidade do cargo me exige e impõe compromissos dos quais não devo e não posso fugir.

O relacionamento sadio, fruto de negociações e entendimentos políticos, deve pautar o funcionamento e a existência dos poderes, mas não pode e nem deve esconder a realidade e os fatos. No orçamento do estado para 2010, aprovado pelo Legislativo, foi fixada a margem de 18% para remanejamentos por parte do Executivo, sem necessidade de novas autorizações. No entanto, o limite não foi respeitado e os remanejamentos atingiram 25%.

Não foi só. A meta do resultado primário fixado na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2010 era de um resultado positivo de R$ 21,74 milhões. O apurado de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal foi um resultado negativo de R$ 195,33 milhões, deixando patente a má saúde financeira do setor público e rompendo-se a trajetória de compromisso com a responsabilidade fiscal dos últimos anos.

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O resultado primário no PAF- Plano de Ajuste Fiscal, que tem metodologia de apuração mais rigorosa, indica um resultado negativo, em 2010, de R$ 425 milhões, representando o descumprimento da meta acordada. Com o agravante de que a meta pactuada, em maio daquele ano, de R$ 21 milhões negativos, já foi fruto de uma repactuação com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Outra meta descumprida foi a de limitar as despesas de custeio pactuadas em 38,34% da Receita Líquida Real (RLR) em 2010 e realizada em 41,16%.

Como resultado do descumprimento de algumas metas e, na ausência de suficiência financeira apurada, que é a diferença entre as receitas e despesas, nos termos do acordo firmado com a STN, o Estado tem como penalização, segundo o 4º Termo Aditivo de Rerratificação do Contrato de Confissão, Assunção, Consolidação e Refinanciamento de Dívidas, de 31/10/2001, além da vedação a contratação de novas operações de crédito, o pagamento extraordinário do valor da dívida pública, por 6 meses, em 0,25% da RLR, por meta não cumprida. Significa dizer que o Estado deverá desembolsar, mensalmente, por seis meses, além do montante previsto no cronograma mensal do serviço da dívida, o valor estimado de R$ 5,6 milhões, comprometendo mais ainda o fluxo financeiro que dá suporte às despesas necessárias à manutenção dos serviços públicos oferecidos à sociedade.

Eis a que ponto chegamos.

Senhoras e senhores,

O momento, portanto, é grave. E pede uma rápida tomada de posição. Precisamos renegociar, repactuar e reiniciar sobre uma nova base, sem paralisar o estado, sem penalizar ainda mais a já sofrida parcela mais pobre da população. A transparência e o respeito absoluto ao dinheiro público, resultado da arrecadação de impostos, são atitudes que requerem urgência. Fazer o Estado funcionar, concluir as obras inacabadas e manter os programas que estão funcionando são ações que não podem esperar.

O Pará conta atualmente 7 milhões e meio de habitantes. Um terço deles, 2 milhões e meio de pessoas, sobrevive com menos de R$ 4,00 por dia. O número de vagas de trabalho gerado a cada ano é insuficiente, relegando anualmente mais de 100 mil jovens ao mercado informal, ou ainda pior, à marginalidade.

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Toda a riqueza do Pará não será suficiente para melhorar a vida do povo, porque os recursos da natureza, por si só, não transformam a vida. Para que o minério, a energia dos rios, a biodiversidade da floresta se transformem em qualidade de vida, há um longo caminho a percorrer, que envolve políticas públicas, projetos de sustentabilidade, seriedade na aplicação dos recursos, visão de futuro, capacidade de análise da realidade, enfim, a intermediação de um governo com credibilidade. Do contrário, as riquezas naturais se tornem riquezas de alguns, em detrimento da maioria.

Todo o dinheiro amealhado pelo estado já se mostrou que também não é suficiente, por ele mesmo, para que a vida do paraense se transforme.

O que é preciso, então?

É preciso compromisso. Numa sociedade, a vida não existe senão por meio de compromissos, de concessões recíprocas, de alianças, de pactos. E para tal, volto a repetir, é preciso credibilidade.

Na eleição, firmamos compromissos e um pacto com a população. Durante a campanha, a voz das ruas se fez ouvir, e não apenas no sentido figurado. Ela acorreu com esperança por mudanças. O povo, credor de tantas promessas não resgatadas, mostrou mais uma vez que a sua vontade é inesgotável, sua capacidade de superação não tem limites. Depois de encarar esses olhares, ouvir e falar diretamente aos seus corações, não posso me permitir frustrar-lhes as expectativas. Exijo, de mim mesmo, que os compromissos sejam mantidos e respeitados.

Vamos investir prioritariamente em saúde, educação e segurança. Na saúde, fazer os hospitais regionais funcionar plenamente, concluir a ampliação da Santa Casa, construir o Hospital Oncológico Infantil, colocar em operação o Centro de Oncologia do Hospital Barros Barreto, entre outras medidas urgentes e necessárias. Investir em educação é salvar o presente e construir o futuro. É o que vamos fazer, ao mesmo tempo em que investiremos no presente dos jovens que buscam o mercado de trabalho, reforçando o ensino profissionalizante. Os grandes desafios da segurança já começaram a ser enfrentados com rigor e urgência, intervindo não só nos focos de violência, mas também nas causas.

Para sustentar os novos investimentos, é crucial retomar o crescimento econômico. Reforçar e ampliar as cadeias produtivas, atrair novos negócios,

recolocar o Pará na rota turística, verticalizar a produção mineral, apoiar os pequenos empreendedores através do Banco do Cidadão, gerar mais empregos e renda.

Em todos os setores, a presença efetiva do Estado é imprescindível. Apesar de todas as dificuldades, o atendimento às carências do povo e a real transformação de suas vidas não podem mais ser adiados. Homens e mulheres, adultos e crianças, uniram suas vozes para expressar, nas ruas, suas angústias e suas esperanças.

É com essa imagem na mente, com essas vozes ecoando, que desejo governar. A eleição por si é um pacto com a sociedade. A formalização desse pacto está na forma de governar. Com transparência e honradez, com o coração no social e a razão na gestão responsável. Para tanto, ampliamos o arco da aliança em torno da governabilidade, em torno do nosso objetivo comum, que é levar o Pará ao encontro do seu destino.

Senhor presidente,senhoras e senhores deputados.

Estamos diante de uma tarefa gigantesca, que nos propusemos enfrentar ao firmar o pacto das urnas. O tempo é curto, as pressões são enormes e são poucas as margens para erros. A tarefa de mudar o perfil da gestão, de estabelecer a governabilidade, de fazer o estado funcionar e retomar o crescimento, enfim, exige grandeza e humildade. Exige a união do Executivo com o Legislativo, com o Judiciário, com os servidores, com as lideranças comunitárias, com a imprensa, com todas as forças da sociedade, com todos e com cada um. O Pará espera esse gesto de boa vontade. E vamos tê-lo, com as muitas mãos, as muitas vozes e os muitos corações do Pará numa só direção, na direção de um futuro grandioso e uma sociedade mais feliz. Que Deus nos ilumine.

Simão JateneGovernador do Pará

Simão JateneSimão JateneSiGovernador do Pará

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RELATÓRIO

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A GESTÃO PÚBLICA

Na sociedade contemporânea a capacidade de enfrentar desafios depen-de, cada vez mais, da existência de instituições políticas democráticas que assegurem o império da lei, garantam os direitos humanos e tornem legítimo o governo, o que exige crescente qualidade dos instrumentos mais gerais de ação coletiva: o Estado e a administração pública.

A complexidade dessa sociedade impõe ao setor público o desafio de atender necessidades plurais, com o permanente compromisso de combinar legitimidade e legalidade, não somente porque se constitui preceito legal, mas, sobretudo, pela prerrogativa de utilizar recursos coletivos para a promoção do bem-estar da população.

Desse modo, num mundo globalizado e no qual a informação circula em tempo real e é cada vez mais de domínio coletivo, a gestão pública, além do ge-

renciamento de recursos humanos, materiais e finan-ceiros, envolve a reunião de outras condições como credibilidade junto à população, justamente para ga-rantir a transformação do ato governamental em ação pública de forma eficaz e eficiente. Para tanto deve es-tar respaldada no princípio da transparência, permitir o controle social e a impessoalidade, justamente para evitar a descontinuidade da ação governamental.

A apropriação por parte da sociedade de tais prin-cípios e comportamentos, conquanto seja um proces-so lento e desigual, vem ganhando contornos legais,

sobretudo no que se refere a aspetos que permitem maior objetividade e men-suração como as contas públicas.

No Brasil, a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) representou um avanço na responsabilização e no controle da ação governamental, impon-do limites e condicionantes à atuação pública, restringindo os gastos públicos à capacidade de arrecadação dos tributos, no esforço de evitar assim dese-quilíbrios fiscais e a geração de dívidas que comprometam a continuidade da prestação dos serviços públicos.

A gestão fiscal responsável, portanto, passou a ser, além de exigência real, imposição legal, condicionante à governança. Em outras palavras, a ges-tão fiscal enquanto responsabilidade técnica tem que possibilitar e garantir a governança enquanto capacidade política de melhorar, mudar, simplificar e, ao mesmo tempo, tornar eficiente a forma com que o governo administra o bem público.

A complexidade da sociedade impõe ao setor público o desafio de atender necessidades plurais, com o permanente compromisso de combinar legitimidade e legalidade.

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Tendo como parâmetro tais princípios, e considerando que a possibili-dade de intervenção da gestão pública para a melhoria da qualidade de vida da população tem correlação direta com a capacidade financeira do governo, mais explicitamente da arrecadação própria e da captação de recursos neces-sários à realização das ações governamentais, optou-se por fazer a seguir uma análise das receitas do Estado para, posteriormente, após uma avaliação dos principais itens dos gastos, fazer alguns comentários sobre o equilíbrio fiscal.

A RECEITA ESTADUAL

O Estado do Pará, em decorrência do seu perfil produtivo, apresentou ao longo da década passada, mais explicitamente no período 2003-2010, uma arrecadação tributária que, muito embora venha evoluindo ao longo dos anos, ainda se evidencia aquém do necessário para garantir a redução da pobreza e das desigualdades sociais existentes.

Exemplo disso pode ser extraído do fato de que a administração estadu-al, no corrente ano de 2011, disporá de pouco mais de 140 reais por habitante para oferecer à população: saúde, segurança, educação, estradas, água, sane-amento, habitação, cultura, esporte, além de financiar as atividades legislati-vas e garantir a justiça.

Feito o destaque anterior, um primeiro ponto a analisar é o perfil da recei-ta governamental, o qual é fundamental para definir o nível de autonomia do governo no seu processo de intervenção e de transformação social. Quanto maior for a participação da Receita Própria arrecadada no total da Receita, maior será a autonomia governamental. De forma inversa, quanto maior for a participação da Receita Transferida e da receita oriunda de Operações de Cré-dito, maior será a dependência do governo em relação aos repasses obrigató-rios ou mesmo de transferências voluntárias do governo federal, ou de outros organismos nacionais e internacionais de financiamento, limitando a autono-mia e a discricionariedade do ente na realização do gasto.

A Receita Total do governo do Pará vem evoluindo ao longo dos anos, em valores reais, tendo alcançado, para efeitos desta análise, R$ 8,5 bilhões em 2006 e R$ 12,2 bilhões em 2010 (Tabela 1), representando um crescimento de 43,5%.

Todavia, constata-se que nesse período a Receita Própria vem diminuindo sua participação relativa na Receita Total, pois enquanto em 2006 representa-va 62,5%, em 2010 diminuiu para 58,4%, com uma redução de quatro pontos percentuais.

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Na busca da explicação para tal fato, verifica-se que o ICMS – principal item da composição da arrecadação própria do Estado, representando acima de 70% dessa arrecadação – passou a evoluir a taxas decrescentes a partir de 2007, pois enquanto entre 2003 e 2006 cresceu a uma expressiva taxa média geométrica anual de mais de 8% a.a, no quadriênio seguinte, ou seja entre 2007 e 2010 apresentou incremento médio anual de pouco mais de 4%, ou seja, praticamente a metade do período anterior, evidenciando perda de eficá-cia na arrecadação.

Confirmando essa análise, a taxa de crescimento do ICMS, que vinha evo-luindo de forma ascendente no quadriênio 2003-2006, atinge nesse último ano a maior taxa do período, de 12,7%. A partir de 2007 sofre uma queda brusca fechando o ano com menos da metade de 2006, ou seja, 6,1% e após ligeira recuperação em 2008, volta a declinar sem recuperar jamais os níveis registra-dos no período anterior, já que encerra 2010 com 7,0%. Em suma, confirman-do a perda de eficiência na arrecadação, as taxas de crescimento do ICMS registradas no período 2007-2010 foram inferiores às já alcançadas no período 2003-2006, conforme pode ser visto no Gráfico 1 a seguir, comprometendo a arrecadação própria e autonomia do Estado.

É importante registrar que essa perda relativa na arrecadação do princi-pal imposto estadual vai se manifestar diretamente na vida dos municípios, na medida em que diminui a cota-parte do ICMS e, por fim, na própria sociedade, evidenciando que tão importante quanto analisar o comportamento da receita é compreender também a sua origem, como se buscara detalhar a seguir.

Conforme já indicado anteriormente, enquanto a receita própria, e espe-cialmente o ICMS, perdia importância na arrecadação estadual, as Receitas Transferidas e, principalmente, as de Operações de Crédito, ampliaram conjun-tamente suas participações na Receita Total.

A maior evolução ocorreu com as Operações de Crédito que, se em ter-mos relativos praticamente duplicou sua participação na Receita Total de 3,3% para 6,2%, em números absolutos apresentou um explosivo crescimento em relação ao quadriênio anterior, saltando de R$ 393,3 milhões no período 2003-2006, para aproximadamente R$ 1,6 bilhão entre 2007-2010. Observa-se que a expressiva elevação das receitas de Operações de Crédito ocorreu justamente nos anos de 2009 e 2010, exatamente no período de maior declínio do FPE, que se constitui no principal item de composição da receita constitucionalmente transferida, como pode ser visto nos Gráficos 2 e 3.

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É claro que uma visão superficial das informações pode levar a conclu-são apressada de que, diante de uma brusca redução das Transferências Fe-derais, não restou ao governo estadual alternativa a não ser o endividamento. Todavia, uma análise mais profunda da Tabela 1, que dá origem aos gráficos, permite ver que:

a) Mesmo com a redução do FPE nos anos de 2009 e 2010, os valores transferidos ainda são francamente superiores aos do quadriênio an-terior e mesmo ao valor de 2007, fato que dificulta explicar o endivida-mento acentuado, pela expectativa gerada pelo valor das transferên-cias em 2008, que parece fugir a tendência natural.

b) Considerando que a explosão do endividamento ocorre em 2009 e 2010, a tendência ao crescimento das Operações de Crédito como instru-mento de elevação de receita começa mesmo antes da crise.

c) A mais drástica redução das transferências fe-derais para o Estado, tanto em números abso-lutos quanto em termos relativos, ocorreu entre 2002 e 2003, quando as transferências federais que haviam alcançado R$ 3,435 bilhões caem abruptamente para R$ 2,807 bilhões, implican-do numa redução de mais de R$ 620 milhões, e nem por isso o governo recorreu ao endivida-mento, pelo contrário, buscou melhorar a ar-recadação própria, que saltou de R$ 3,805 bi-lhões em 2002 para R$ 4,126 bilhões em 2003, mostrando uma franca diferença na lógica da gestão pública.

Em termos concretos precisa ser notado que o Estado, em decorrência da dependência que o governo do Pará passou a ter em financiar suas despesas com a transferência de recursos financeiros da União, submeteu-se, em fun-ção da queda do FPE, a buscar linhas de financiamento de curto prazo como, por exemplo, o Programa Emergencial de Financiamento aos Estados e ao Dis-trito Federal – BASA/PEF/BNDES (para viabilização de despesas de capital); FINAME/PSI/BNDES (cujo objeto foi a aquisição de máquinas e caminhões) e do Banco Brasil para o Projeto Transporte Metropolitano, em condições pouco vantajosas para o setor público, posto que exigem o pagamento do principal com prazos de carência que variaram de 6 a 12 meses e, neste último caso, com um agravante de ser o pagamento em 6 parcelas semestrais, sendo a 1ª a ser paga no exercício seguinte.

A explosão do endividamento ocorre em 2009 e 2010. Portanto, a tendência ao crescimento das Operações de Crédito para elevar a receita começa mesmo antes da crise.

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Finalmente, cabe ainda notar que, no que se refere às Receitas Transfe-ridas, houve um significativo aumento dos repasses de Convênios celebrados junto à União, o que seria bastante positivo se o governo do Estado tivesse mu-dado o perfil do financiamento das suas despesas ao longo do período 2007-2010, aumentando sua dependência do governo federal.

A DESPESA ESTADUAL

A gestão da despesa pública passa necessariamente pela busca do equi-líbrio entre receitas e despesas, impondo um rígido controle aos gastos públi-cos, visando o atendimento das necessidades coletivas, transformadas pelo poder político em necessidades públicas.

A atuação do agente público deve estar pautada na gestão responsável onde as decisões e ações presentes não comprometam o futuro.

No caso do governo do Pará, o cenário das despesas realizadas, confor-me apresentado de forma resumida na Tabela 2, aponta alguns aspectos que cabe ressaltar. Confirmando a tendência histórica, as despesas com pessoal ativo e inativo são as que absorvem maior parcela dos recursos públicos. En-tretanto é a manutenção da máquina, os gastos com custeio, que apresentam o maior crescimento entre os quadriênios 2003-2006 e 2007-2010.

A priorização nos gastos com o custeio da máquina no período 2007-2010 é nítida quando se observa que tais despesas registraram um crescimento de 63,2%, em relação a 2003-2006, o que em termos absolutos representou só de acréscimo R$ 3,4 bilhões, já que no período o gasto com a máquina saltou de R$ 5,3 bilhões para 8,7 bilhões.

Em contrapartida a essa grande expansão do custeio, na mesma Tabela 2, salta aos olhos o pequeno incremento dos investimentos que, no período em tela, apresentou um crescimento de apenas 15,1%, ou seja, 4 vezes menor que os gastos com custeio, apesar da grande expansão das operações de crédito que, conforme analisado no capítulo das receitas, alcançaram 1,6 bilhões de reais no quadriênio 2007-2010.

Tal comportamento, inclusive, já vinha sendo evidenciado pelas informa-ções disponibilizadas pelo IBGE e STN que mostram que no ranking dos Esta-dos brasileiros concernentes à despesa de Investimento em relação à Despesa Total, o Pará, que foi o 5º Estado que mais destinou recursos para investimento, ao longo do período 2003-2006, a partir de 2007, passou a ocupar o 17º lugar em relação aos demais Estados da federação.

Por outro lado, quando se recorre à análise das receitas feitas anterior-mente, se conclui que os investimentos realizados no período 2003-2006 decor-reram fundamentalmente de um esforço na melhoria da arrecadação e racio-nalização das despesas públicas, não comprometendo as finanças estaduais e as administrações futuras, considerando a baixa parti-cipação das operações de crédito na composição das receitas.

As sociedades em construção demandam um direcionamento dos recursos públicos para criação e consolidação de uma infraestrutura e logística ne-cessária à melhoria do bem-estar da população. Sem priorizar investimentos, não há como transformar a sociedade, que requer mudanças com intensidade e dinamismo, desafiando a atuação mais presente do Poder Público. A lógica, no entanto, é construir o pre-sente sem comprometer o futuro e mais, evitar que o Estado seja um fim em si mesmo.

Aprofundando a análise do perfil das despesas realizadas no período 2007-2010, verifica-se que o explosivo crescimento do custeio, já demonstrado anteriormente, teve como um dos seus componentes importantes a terceiriza-ção de serviços prestados, prática presente em quase todos os órgãos, o que de alguma maneira mascara o gasto de pessoal do executivo e é agravado pela existência de passivo deixado pela administração anterior, no valor de R$ 43,6 milhões subtraídos da folha de pagamento, além de, 4.000 processos relativos a vantagens de servidores não pagos, que tramitam na SEAD no valor de R$ 8,0 milhões.

O explosivo crescimento do custeio teve como um dos seus componentes importantes a terceirização de serviços prestados, prática presente em quase todos os órgãos.

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Finalmente, ainda quanto às despesas, destaca-se o crescimento vertigi-noso do pagamento do serviço da Dívida Pública, que se eleva R$ 292 milhões em 2007, para R$ 547 milhões em 2011, decorrente não apenas do crescimento das operações de crédito, conforme já indicado, como também pelas caracte-rísticas e condições de pagamento da operações contratadas (Gráfico 4).

Decorrente, ainda, do descontrole na gestão pública, foi o resultado da apuração do limite legal para abertura de créditos suplementares sem a apre-ciação da Assembleia Legislativa, fixado em até 18% na Lei Orçamentária nº 7.370/2009, para vigorar em 2010, encerrando o exercício em 25,12%. Além de configurar uma ilegalidade, representa um sério desvio da Programação de Governo autorizada pelo Poder Legislativo.

As consequências de uma gestão com visão de curto prazo, onde se tem um crescimento vertiginoso do serviço da dívida, uma inadequada gestão da folha de pessoal e, uma explosão do custeio, não proporcional ao crescimento dos investimentos realizados, gera um desequilíbrio das contas públicas que não se coaduna com uma gestão fiscal responsável, onde a prudência deve ser observada, tendo em vistas os limites, os condicionantes e as imposições da Lei de Responsabilidade Fiscal.

RESULTADOS FISCAIS

Quanto aos indicadores fiscais, o Resultado Primário, calculado com base na LRF, que mensura a saúde financeira do setor público, registrando a capa-cidade de pagamento do serviço da dívida pública, o valor apurado em 2010

foi negativo em R$ 195,1 milhões, quando na LDO/2010 a meta fixada era um resultado positivo de R$ 21,7 milhões, representando um sério desvio progra-mático, como também, e mais grave, o rompimento de uma trajetória de com-promisso com a responsabilidade fiscal que vinha sendo imprimida à gestão das contas públicas, nos últimos anos, pelo Governo do Estado.

No âmbito do Programa de Apoio à Reestruturação e ao Ajuste Fiscal de Estados (PAF), firmado pelos Estados e o Governo Federal, com adesão do Pará em 1998, os resultados de alguns indicadores fiscais, apurados em 2010, serão também um complicador para o Governo. Abaixo, na Tabela 3, algumas metas e compromissos pactuadas, que são mensuráveis, e os resultados obtidos nos últimos quatro anos.

O Resultado Primário, que no PAF tem metodologia de apuração mais rigorosa, indica, a exemplo da LRF, um resultado negativo em 2010, de R$ 425 milhões, representando o descumprimento da meta acordada. Com um agra-vante, a meta pactuada, em maio de 2010 de R$ 21 milhões negativos, foi fruto de uma repactuação com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), devendo este resultado trazer um sério prejuízo ao governo do Estado para a contrata-ção de novas operações. Outra meta pactuada e descumprida, de limitar as despesas de custeio realizadas em 38,34% da Receita Líquida Real (RLR) em 2010, fechou o ano em 41,16%.

Como resultado do descumprimento de algumas metas e, na ausência de Suficiência Financeira apurada (diferença entre as receitas e despesas), nos termos do acordo firmado com a STN, o Estado tem como penalização, segun-do o 4º Termo Aditivo de Rerratificação do Contrato de Confissão, Assunção,

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Consolidação e Refinanciamento de Dívidas, de 31/10/2001, além da vedação a contratação de novas operações de crédito, o pagamento extraordinário do valor da dívida pública, por 6 (seis) meses, em 0,25% da RLR, por meta não cumprida. Significa dizer que o Estado deverá desembolsar, mensalmente, por seis meses, além do montante previsto no cronograma mensal do serviço da dívida, o valor estimado de R$ 5,6 milhões, comprometendo mais ainda o fluxo financeiro que dá suporte as despesas necessárias a manutenção dos serviços públicos oferecidos a sociedade.

Outro agravante do quadro fiscal do Estado foi a realização de contratos de cessão de créditos relativos à compensação financeira incidentes sobre a exploração de recursos minerais e Royalties, celebrado com a Caixa Econô-mica Federal e o Banco do Brasil, cujos recursos ingressaram no Estado no período de 2008-2010, não configurando-se inicialmente como Operações de Crédito.

Por meio do Oficio nº 6.211/2010/COPEN/SUBSECA, da Secretaria do Te-souro Nacional, o Governo do Estado foi informado, em 17 de dezembro de 2010, que essas operações foram realizadas sem a verificação do cumprimento dos limites e condições previstas no art. 32 da LRF e que, portanto, serão consideradas nulas e aplicadas as sanções previstas na LRF.

Além dessa dificuldade, o Governo do Estado terá que enfrentar o difícil fechamento do exercício de 2010 que leva para 2011 pendências financeiras, regis-tradas no Sistema Integrado de Administração Finan-ceira para Estados e Municípios (SIAFEM) que somam

aproximadamente R$ 615 milhões, considerando todas as fontes de recursos, resultando, especificamente, na fonte de Recursos do Tesouro uma insuficiên-cia financeira de aproximadamente R$ 323 milhões.

Este resultado será agravado com conclusão do levantamento junto aos órgãos da administração estadual das Despesas Executadas e não Empenha-das, as quais se converterão em Despesas de Exercício Anterior, cujo valor aproximado já alcança R$ 100 milhões, que deverão ser honradas pelo governo do Estado sob pena de inviabilizar a continuidade dos serviços públicos ofere-cidos à sociedade.

Esse cenário demonstra a situação fiscal do Estado do Pará, sinalizando dificuldades a serem enfrentadas, impondo um rigoroso controle do fluxo de caixa do tesouro estadual em 2011, para que se honrem dívidas com fornece-

dores e prestadores de serviços, se mantenha os serviços públicos oferecidos e a expectativa de sua ampliação.

Ao mesmo tempo, aponta para a necessidade de incrementar o desempe-nho da arrecadação da receita própria, investindo-se nos Programas e Ações Estratégicas, direcionando recursos para o Desenvolvimento e Qualificação de Servidores Fazendários, Gestão da Tecnologia da Informação, Modernização da Administração Tributária e da Organização e Gestão Fazendária, dentre outras, todas na linha da ampliação da capacidade técnica e operacional para cresci-mento da receita própria.

Do ponto de vista da gestão da Despesa Pública, no sentido de reorientar o resultado negativo de 2010, o Estado deve investir na otimização e melhoria do perfil dos gastos, implementando uma série de medidas de controle das despesas, como, por exemplo, a edição do Decreto nº 5, de 19 de janeiro de 2011, que tem como fim último o reequilíbrio das finanças estaduais, na expectativa do governo poder realizar investimentos que venham ao encontro da necessidade de ampliação da infra-estrutura de serviços existentes, expandindo a oferta e promovendo a melhoria na prestação dos serviços públicos.

O Governo terá que enfrentar o difícil fechamento do exercício de 2010, que leva para 2011 pendências financeiras, registradas no SIAFEM, que somam aproximadamente R$ 615 milhões.

O Resultado Primário, que no PAF tem metodologia de apuração mais rigorosa, indica um resultado negativo, em 2010, de R$ 425 milhões, representando o descumprimento da meta acordada.

PROGRAMA DE TRABALHO

ao mês, por habitante do Pará, para atuação nas áreas de educação, saúde, segurança, saneamento, transporte, cultura, esporte, lazer e todas as demais ações sob sua responsabilidade, que fica muito aquém da necessidade real para intervenção num Estado, como o Pará de dimensões continentais.

OS COMPROMISSOS DE GOVERNO

GESTÃO E GOVERNANÇA

A construção de um serviço público austero, transformador e compro-missado com a verdade é o maior desafio da área de gestão no decorrer do período de governo que se inicia neste ano de 2011.

Tal premissa será implementada por meio da recuperação dos mecanis-mos de gestão pública, do reequilíbrio e moralização das contas públicas, da manutenção dos pagamentos em dia, evitando, com isto, o desequilíbrio fiscal e o consequente acúmulo de dívidas, a realização de investimentos, sobretudo, das obras em andamento. Tudo isto terá por base o aprimoramento da prestação dos serviços públicos à população e da modernização dos métodos de gestão pública voltada para resultados.

Outro desafio é dotar a administração pública es-tadual de melhores condições de gerenciamento do seu quadro de pessoal, com a revitalização das estru-turas organizacionais dos órgãos, para torná-las mais ágeis e eficientes na condução de sua missão institu-cional.

A estratégia de valorizar o servidor, resgatando sua auto-estima para exce-lência da gestão, de forma responsável e dentro dos limites fiscais, são vetores de transformação, essenciais para a melhoria das condições e humanização na prestação de serviços à população.

De outro lado, devem ser aperfeiçoados os Sistemas Corporativos utiliza-dos por toda a administração pública e que dão suporte à elaboração, execu-ção, monitoramento e avaliação dos instrumentos de planejamento, corrobo-rando para tempestividade e qualidade das informações e propiciando mais transparência na ação governamental.

3� MENSAGEM DO GOVERNO DO PARÁ À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA MENSAGEM DO GOVERNO DO PARÁ À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 3�

AS DIRETRIZES DE GOVERNO

Diante do cenário fiscal delineado, a primeira diretriz de governo é res-gatar os mecanismos e os princípios da gestão pública responsável e, como conseqüência, a credibilidade do Estado, imprescindível para a construção de um grande pacto com a sociedade.

A ordem, portanto, é reequilibrar as contas públicas, aumentando as re-ceitas próprias, pactuando dívidas reconhecidas com fornecedores e presta-dores de serviços, assim como com servidores públicos e, ainda, racionalizar gastos, de modo a garantir a continuidade de obras inacabadas, a manutenção dos serviços essenciais, ou seja, fazendo o Estado voltar a funcionar.

Outra diretriz de governo é buscar mecanismos que modifiquem a lógica predominante do setor público, de atuar nos efeitos e consequências, princi-palmente, sociais, decorrentes da implantação de grandes projetos no Estado. Na verdade, será feito um esforço de mensurar a arrecadação dos impostos a serem gerados por esses investimentos e convertê-los em benefícios à popu-lação a serem atingidas, de forma antecipada as consequências decorrentes de suas implantações. Como isso é possível? Fazendo um grande pacto entre a União, o Estado, os Municípios e a Iniciativa Privada, inclusive em ações que visem transformar o passivo ambiental gerado ao longo de décadas no Pará.

Para tornar isso possível, o crescimento da economia paraense deve res-peitar o meio ambiente. Não é mais cabível desenvolver projetos sem o devido cuidado ambiental. A natureza deve ser explorada respeitando-se a preserva-ção e sustentabilidade da floresta e da fauna, e a convivência harmônica do homem e o seu sustento. Assim, a diretriz ambiental vai estar voltada para um processo gradual, mas firme e persistente, de controle dos impactos ambien-tais e sociais das atividades econômicas, que permita viabilizar o crescimento econômico, sem o qual não se terá como resultante a redução da pobreza, vis-ta como o principal desafio imposto ao Pará nas próximas décadas.

Nesse sentido, o que balizará a atuação do governo do Estado, é o en-fretamento dos desafios para a melhoria das condições de vida da população paraense, tendo por objetivo principal a redução das desigualdades sociais e regionais.

Será sustentado em três grandes linhas de transformações: a transfor-mação pelo conhecimento, a transformação pela produção e a transformação pela gestão e governança.

Para esse desafio, o governo do Estado contará, em 2011, com um orça-mento de aproximadamente R$ 12 bilhões, que representa cerca de R$ 142,00

A ordem é reequilibrar as contas públicas, racionalizar gastos, de modo a garantir a continuidade de obras inacabadas, a manutenção dos serviços essenciais, fazendo o Estado voltar a funcionar.

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Será necessário, ademais, que o governo atue de maneira integrada para desenvolver e apoiar diferentes iniciativas de melhoria de gestão em todos os órgãos e entidades estaduais, de forma que a administração pública ganhe maior eficiência, seja focada em resultados e voltada ao atendimento dos ci-dadãos.

A disponibilidade de serviços na internet para facilitar o acesso aos ser-viços disponibilizados pelo Estado, com a ampliação da participação popular na administração, reorientando os mecanismos burocráticos de controle para acompanhamento de resultados, também se constitui num vetor para a gestão responsável.

Da mesma forma, a articulação político-institucional, coordenada pelo Estado, buscará as condições de efetivação do Pacto Federativo, do reforço dos vínculos intergovernamentais e da revisão das relações entre os entes federa-dos - entre as quais, as compensações devidas ao Pará pela isenção das expor-

tações (Lei Kandir) e pelos compromissos ambien-tais para o enfrentamento das mudanças do clima.

Essa articulação deve contemplar, também, o diálogo construtivo permanente com as institui-ções civis representativas, de forma a gerar ações conjuntas e integradas para o alcance da satisfa-ção da sociedade.

A transparência da gestão pública e a melho-ria do perfil de gastos públicos serão garantidas não somente pelo que exige a legislação em vigor, mas, sobretudo, pela compreensão que recursos e ações

de domínio público devem ser de conhecimento do cidadão, que é o agente propulsor do financiamento e das ações do Estado.

Para tal, o governo irá fortalecer as ações de planejamento estadual, na captação de recursos e na viabilização de convênios de cooperação técnica e financeira, com ênfase para as áreas de segurança, educação, saúde.

Assim, na área de gestão e governança, reforça-se que esta gestão pro-põe à sociedade paraense uma administração competente, participativa e efi-caz, orientada para: aumentar a transparência, o controle social e a confiança nos serviços públicos; humanizar e tornar eficiente o acesso e a prestação dos serviços públicos, focando a ação do Estado no cidadão.

A transparência e a melhoria do perfil de gastos públicos serão garantidas não só pelo que exige a lei, mas pela compreensão de que recursos e ações públicos devem ser de conhecimento do cidadão.

FUNCIONALISMO PÚBLICO

A qualidade dos serviços prestados à população pelo Estado é fortemente influenciada pela atenção e cuidado dispensados pelos governantes aos bens públicos e, principalmente, aos servidores estaduais que, nas últimas déca-das, foram os grandes protagonistas do desenvolvimento das políticas públi-cas no Estado.

A construção de um Estado capaz de atender com eficiência as deman-das da sociedade perpassa por políticas de gestão que valorizem o servidor público por meio de seu aperfeiçoamento, aprimoramento, realização e efetiva-ção de concursos, capacitação e melhoria da estrutura salarial, dentre outras.

Em que pesem as limitações financeiras e legais, é de suma relevância, para esta gestão, estruturar o sistema de carreiras dos servidores estaduais, especialmente nas áreas de prestação de serviços essenciais.

É preciso, ainda, criar mecanismos compensatórios que viabilizem a me-lhoria da eficiência operacional e representem ganhos na remuneração, me-diante uma política de gestão por resultados que capacite, incentive e crie estímulos ao servidor público estadual, premiando o desempenho por mérito como condição de reconhecimento de seu papel transformador.

Somente com a adoção de ações consistentes, na área do funcionalismo, serão recriadas as condições estruturais básicas que permitirão a qualidade e efetividade na atuação do Estado, para que o mesmo possa cumprir sua mis-são institucional e atender às cobranças da sociedade.

Sob tal enfoque, esta gestão de governo propõe para a administração pú-blica um novo olhar, de respeito efetivo aos servidores como agentes respon-sáveis pela condução das políticas públicas mediante ações que visem a re-cuperação da rede física e dos equipamentos públicos adequando os espaços de trabalho; implantação de Planos de Carreiras e Remuneração, nos limites impostos pela necessidade de equilíbrio das contas públicas; intensificação das ações da Escola de Governo; dentre outras, incentivando a melhoria de de-sempenho na prestação dos serviços e instituindo mecanismos e ganhos reais aos servidores.

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O governo reconhece que é preciso consolidar e integrar a base produtiva do Estado, sem esquecer, entretanto, de ajustar os recursos naturais ao per-

MENSAGEM DO GOVERNO DO PARÁ À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 43

fil da base econômica estadual, explorando e utilizando de forma sustentável aquilo que a natureza propicia. O Pará, rico em recursos naturais, ainda apre-senta um reduzido nível de industrialização.

Novos investimentos devem ser atraídos para aumentar a capacidade de geração de Receita Própria estadual. Urge a definição de um novo pacto para a retomada do desenvolvimento do Estado.

Diversos são os setores produtivos com capacidade de criar condições favoráveis à produção e ao manejo sustentável dos recursos naturais e flores-tais, principalmente mediante parcerias com os governos federal e municipal, trabalhadores, empresários, organizações não governamentais, entidades de classes e comunidades.

Nesse contexto, é compromisso desta gestão governamental intensificar o fortalecimento das cadeias produtivas do agronegócio paraense, em especial de grãos (arroz, feijão, milho e soja); carne e couro; e flores e folhagens tropi-cais, dentre outras, em consonância com as vocações dos arranjos produtivos locais. O governo intensifica-rá, ainda, as políticas estaduais de florestas, pesca, aquicultura e recursos hídricos e retomará o Projeto de Produção de Biodiesel, a partir da produção do óleo de palma por agricultores familiares.

É também meta prioritária expandir a oferta de crédito aos micro e pequenos empreendedores rurais ou urbanos através do Banco do Cidadão, bem como identificar e financiar projetos estruturantes que elimi-nem entraves nas cadeias produtivas priorizadas, de acordo com as potencialidades locais.

O governo reconhece como importante, também, intensificar o apoio e a articulação intergovernamental com o Programa de Desenvolvimento de For-necedores Locais – PDF, assim como, as parcerias com o SESI, SENAI, SENAC, SENAR e SEBRAE, para melhorar a capacitação técnica e gerencial dos em-preendedores e a qualificação técnica-profissional e tecnológica da mão de obra regional para suprir demandas dos arranjos produtivos locais.

Não menos importante é retomar o funcionamento das Casas do Traba-lhador, Fábrica Esperança e Restaurante Popular, para apoiar os trabalhadores que almejam uma recolocação no mercado, além de demais ações que forta-leçam e ampliem as iniciativas empreendedoras e a inserção no mercado de trabalho, principalmente dos jovens adultos.

É meta prioritária expandir a oferta de crédito aos micro e pequenos empreendedores rurais e urbanos através do Banco do Cidadão, e também financiar projetos estruturantes.

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A verticalização da produção é uma prioridade absoluta de governo no-tadamente da produção mineral inclusive com o fortalecimento dos arranjos produtivos locais de gemas e jóias do Estado.

Os Distritos Industriais de Icoaraci, Anannindeua, Barcarena e Marabá serão fortalecidos e o governo não medirá esforços para implantar novas plan-tas industriais no Estado.

Apoiar o desenvolvimento e a implantação no Pará de fontes alternativas de energia para suprir ou substituir com vantagens competitivas e ambientais as atualmente empregadas pelo setor produtivo é também compromisso do governo, assim como implementar tecnologias novas para aumentar a produti-vidade e o valor agregado nas áreas já apropriadas para a produção econômica e assim reduzir progressivamente o desmatamento.

A gestão ambiental e o ordenamento territorial são condicionantes im-prescindíveis à promoção da competitividade econômica paraense, na medida

em que viabilizam segurança jurídica aos atores so-ciais, direcionam as políticas públicas ao uso racional dos recursos ambientais e propiciam o reordenamen-to econômico e territorial da base produtiva estadual. Configura-se, ainda, como um instrumento de extre-ma importância para o produtor rural, acessar linhas de crédito e investimentos.

Discutir com o empresariado e com a sociedade organizada um conjunto de ações factíveis que pos-sam minimizar o custo social da mudança climática e transformar este custo em receita para o Pará é ques-

tão inadiável na estratégia de retomada no processo de desenvolvimento do Estado. Debater e construir o acesso do empresariado paraense ao mercado internacional verde, assim como acompanhar e interferir, em defesa dos inte-resses do Pará, nas negociações para o estabelecimento do valor das compen-sações pela segurança do clima, são compromissos que o governo do Pará assume no âmbito da gestão do meio ambiente.

É preciso também proceder ajustes, com as instituições de pesquisa, nas demandas do Estado para áreas prioritárias, que estejam sob ameaça ou e/ou necessitem de superação de impasses de forma que as estratégias a serem adotadas tenham o menor impacto possível nos ecossistemas e nas socie-dades locais. Para tanto, o assessoramento técnico e jurídico aos municípios torna-se fundamental para que se possa valorar corretamente o ecossistema existente no seu entorno e, assim, transformar a questão ambiental em um ati-vo que gere renda adicional.

A QUESTÃO FUNDIÁRIA

A desigualdade social, ainda que determinada pela relação entre diversos fatores, tem, no caso do Estado do Pará, um fator preponderante: a desordem fundiária, que estimula e alimenta a grilagem - principal causa da violência contra populações locais e tradicionais – e a devastação, contribuindo para manter 44% da população abaixo da linha da pobreza e cerca de 40% da popu-lação com insegurança alimentar.

A federalização do território do Pará dificulta o ordenamento fundiário e limita a intervenção do governo do Estado na destinação e uso de suas terras, pois somente se tem jurisdição sobre 16% do território paraense. Porém, isto é muito mais, em termos de área, do que o total de terras sob a jurisdição da maioria dos Estados brasileiros, e o suficiente para que Estado possa garantir o bem estar de 7,5 milhões de brasileiros que vivem no Pará.

Entretanto, para se avançar na execução de uma política fundiária que atenda aos objetivos da paz social para a produção e o trabalho, é necessá-rio realizar ações de ordenamento territorial que devem ser pactuadas com o INCRA, com a Gerência Regional do Patrimônio da União no Estado do Pará (GRPU/PA) e com a sociedade, buscando priorizar a regularização em terras sob a jurisdição do Estado.

O governo deve também desenvolver ações no sentido de regularizar as léguas patrimoniais urbanas que ainda estejam sob a gestão do ITERPA, trans-ferindo-as para os municípios, bem como definir uma política estadual de apoio à proteção das terras indígenas no Pará, em colaboração com o Ministério da Justiça e a FUNAI, dentre outras providencias.

Com essas medidas, o governo do Estado tem a convicção de estar con-tribuindo decisivamente na diminuição da violência rural do Estado.

TURISMO

A indústria do turismo é a atividade econômica que, comprovadamente, mais emprega no mundo, exigindo, para sua manutenção, elevados investi-mentos para suprir demandas infraestruturantes e de qualificação da mão de obra, objetivando transformar os atrativos naturais e culturais em produtos tu-rísticos.

Para o segmento do turismo, a percepção do novo governo é de que esta atividade complementa e agrega valor tanto ao restante do setor produtivo como às iniciativas culturais. Portanto, é fundamental que o governo articule a agenda de ações do setor turístico com as oportunidades ou demandas oriun-

Apoiar o desenvolvimento de fontes alternativas de energia para suprir ou substituir com vantagens competitivas e ambientais as atualmente empregadas pelo setor produtivo.

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das dos demais setores, com flexibilidade e capacidade de resposta. Neste sentido, o governo deve desenvolver em parceria com as instituições públicas e privadas, ações estruturantes que possam impulsionar de fato o setor de tu-rismo no Estado.

Deve ser dado especial destaque aos investimentos em equipamentos e serviços turísticos; divulgação das potencialidades regionais; realização de estudos técnicos de acessibilidade e definição de transportes para o Marajó. Também deverão ser desenvolvidos esforços no sentido de assegurar a divul-gação da gastronomia regional voltada para o aumento da demanda externa pelos produtos exclusivamente paraenses, retomar os eventos esportivos de porte e recuperar e manter os equipamentos públicos de atração turística.

Deve ser dada prioridade à criação das condições de infraestrutura aérea, terrestre e portuária adequadas, de forma a atrair e manter o turista no Estado. Paralelamente, há que se fazer um trabalho com a mão de obra do setor, visan-do a melhoria da rede de prestação de serviços.

EDUCAÇÃO

Segundo a UNICEF, o Pará está entre os Estados brasileiros com maiores índices de evasão escolar, liderando os Estados da Região Norte. No total, 103 mil adolescentes, de 15 a 17 anos, estavam fora da escola em 2007.

A pesquisa mostra ainda que o ensino fundamental do Pará é o pior do país. De acordo com a UNICEF, apenas 22,3% do total de matriculados na 1ª sé-rie do ensino fundamental conseguem concluir a 8ª série. No campo do ensino profissionalizante, as 14 escolas profissionais da rede estadual no Pará encon-tram-se tão cheias de problemas que a própria comunidade se desinteressou delas, preferindo ir para outras instituições, mesmo que os cursos destas não sejam qualificados. O abandono a que essas escolas foram submetidas provo-cou a deterioração das instalações prediais, a saída dos profissionais qualifica-dos dos quadros de docentes e técnicos administrativos, o baixo desempenho dos quadros técnicos, administrativos e de serviços, e a perda da qualidade de ensino profissionalizante.

As razões desta situação estão fundadas principalmente na profunda de-terioração a que foi submetido, nos últimos anos, o planejamento e a gestão estadual, com repercussões danosas na oferta de oportunidades educacionais para centenas de milhares de crianças e jovens em todo o Estado. A qualidade dos serviços educacionais prestados e a desarticulação do sistema de coope-ração com os demais entes da Federação, em prejuízo da educação em todos os níveis são reflexos desse processo.

Alterar a situação apontada pelos diversos indicadores apurados pelo MEC relativos à qualidade do ensino no Estado do Pará impõe a aplicação de procedimentos e medidas emergenciais, nos diversos níveis da educação. No âmbito da educação básica, o governo do Estado deve redefinir, modernizar e fortalecer a gestão e o planejamento do sistema educacional, promovendo uma real descentralização com articulação e simplificação de ações nos níveis estrutural e operacional, bem como ênfase a capacitação e qualificação conti-nuada dos professores.

No âmbito do ensino para jovens e adultos, é necessário maior empenho para a redução do número de pessoas analfabetas, propiciando o resgate da cidadania. Isto se dará por meio da mobilização escolar, associada ao traba-lho voluntário e profissional de ensino, no que se refere ao aprendizado em si, utilizando uma política de leitura elementar (publicações para adultos em linguagem de iniciação à leitura), que lhes permita encontrar conteúdos de interesse.

Para o ensino especial, devem ser intensificadas as ações de acesso e inclusão da criança e do jovem especiais nas atividades desenvolvidas pelos diferen-tes programas sociais, assim como adequado os es-paços físicos das escolas para os cadeirantes, aumen-tando a disponibilidade de publicações em braile e de livros falados, além de capacitar o magistério para o atendimento das crianças com necessidades espe-ciais.

No âmbito do ensino profissionalizante, é importante a criação da Uni-versidade Tecnológica do Pará – UNITEC, que apoiará a rede de ensino para o trabalho. Da mesma forma, é importante garantir a recuperação das escolas profissionais existentes, a fim de que estejam em condições adequadas de funcionamento para absorver a grande demanda atualmente reprimida nessa modalidade de ensino no Pará.

Para o ensino superior, o governo deve dar prosseguimento à interioriza-ção e a responsabilidade no atendimento da demanda do magistério às ciên-cias. Essas são as principais ações esperadas para a UEPA nesta gestão do governo do Estado.

SAÚDE

São grandes os desafios para os próximos anos na área de Saúde, dentre eles, um de grande relevância é colocar em pleno funcionamento os Hospitais

No âmbito do ensino profissionalizante, é importante a criação da UNITEC, que apoiará a rede de ensino para o trabalho. Da mesma forma, é importante recuperar as escolas profissionais existentes.

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Regionais, levando atendimento de qualidade e serviços de média e alta com-plexidade à população residente nas áreas de abrangência desses Hospitais.

Outra prioridade é a conclusão do novo prédio da Santa Casa, onde está prevista a implantação da primeira Unidade de Terapia Intensiva em Obstetrí-cia no Estado do Pará com 20 leitos, assim como a conclusão do Hospital On-cológico Infantil, anexo ao Hospital Ophir Loyola.

Importante diretriz do governo para os próximos anos é criar condições efetivas para consolidar a atenção básica de saúde nos municípios, resgatan-do a estratégia do Programa Saúde da Família como modelo de atenção básica e centro ordenador das redes de atenção à saúde no SUS. Com esta ação o governo fortalece a relação do Estado com as prefeituras municipais, inclusive com suporte de recursos financeiros e técnicos, pactuando objetivos e metas, e adequando controle.

É importante, também, estabelecer estratégias no sentido de desenvolver e ampliar a vigilância à saúde, em parceria com os municípios e com os Centros Regionais, para manter sob controle e reduzir no Estado a ocorrência de do-enças particularmente da malária, tuberculose, H1N1 (gripe suína), dengue, sarampo e hanseníase.

Outra estratégia a ser adotada pelo governo, a partir de 2011, visa garantir o acesso a medicamentos básicos e especiais a baixo custo ou gratuitos, bus-cando um modelo para o suporte da assistência far-macêutica.

O fortalecimento do Programa da Atenção Primária será um desafio a ser tratado pela ação governamental, haja vista que apesar de ser responsabilida-de dos municípios, grande parte dos problemas de saúde podem ser evitados ou resolvidos com qualidade nos procedimentos relacionados à prevenção, diagnóstico, tratamento, recuperação, reabilitação, promoção e manutenção da saúde. Estas são algumas das ações que formam a Atenção Primária à Saú-de, desenvolvidas pela Estratégia Saúde da Família (ESF), no âmbito do SUS.

Na área Materno-Infantil será dada atenção especial no sentido de huma-nizar os serviços voltados para atenção à gestante e reduzir a taxa de mortalida-de neonatal e materna. O apoio aos hospitais municipais é também prioridade de governo na área da saúde, pois o fortalecimento dessas unidades de saúde reduzirá a demanda nas unidades da capital, proporcionando mais rapidez, qualidade e otimização de recursos no atendimento à saúde da população.

Criar condições efetivas para consolidar a atenção básica de sáude nos municípios, resgatando a estratégia do Programa Saúde da Família como modelo de atenção e ordenador das redes do SUS.

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SEGURANÇA

A área de Segurança Pública representa, para qualquer gestão de gover-no, um gigantesco desafio, que é restabelecer no seio da sociedade a paz so-cial, atendendo a seus reclamos por segurança e justiça.

O Pará não está imune aos efeitos desestruturantes decorrentes da situa-ção socioeconômica vigente no Brasil e no mundo, agravada pela sensação de impunidade decorrente de dificuldades ainda não superadas no arcabouço le-gal e no sistema judiciário brasileiro. Agrava o problema a existência de grande contingente de pessoas sem ter seus direitos básicos assegurados, defluindo daí, na explosão da criminalidade que assusta a todos. Esses problemas so-mente serão debelados com a implantação de políticas públicas que resgatem a cidadania e com ações efetivas, no sentido de realizar um trabalho não ape-nas corretivo, mas essencialmente preventivo no combate ao crime.

Neste sentido, para a área de Segurança Pública o governo do Estado vai retomar a coordenação e o controle das policias, da perícia cientifica e do sis-tema penal, incorporando em todos os níveis, mecanismos de gestão, acom-panhamento e avaliação.

O governo vai também revitalizar e ampliar os Conselhos Interativos de Justiça e Cidadania, com ampla participação das comunidades, esperando com isso reduzir os índices de violência atualmente observados, principalmen-te na capital e nas áreas urbanas de maior porte do Estado.

Especial atenção será dada ao reaparelhamento dos Centros Integrados de Operações Policiais (CIOPs) de Belém, Santarém, Marabá e Castanhal, no sentido de retomar o papel estratégico desempenhado por esses centros na área da segurança no Estado.

O governo vai recompor e ampliar a rede de delegacias e aquartelamen-tos atualmente existente, assim como implantar e ampliar a polícia comuni-tária. Ainda na área da Segurança e Cidadania, esta gestão vai implantar, em conjunto com o Judiciário, os juizados especiais criminais com a mesma cir-cunscrição das seccionais. A atuação do PROCON será ampliada e o Estado procederá gestões junto ao Judiciário e Ministério Público no sentido de viabi-lizar ações mais abrangentes para reduzir a repetição de infração por parte das prestadoras de serviços de utilidade pública.

Também na área da Cidadania, o governo vai desenvolver e estimular cam-panhas de respeito às diferenças, contra a discriminação em todas as suas manifestações, incluindo as relacionadas à orientação sexual.

É compromisso do governo revitalizar a Defesa Civil, através da sua insta-lação nos principais municípios do Estado, assim como preparar grupos civis de resgate de náufragos nas cidades e comunidades ribeirinhas e/ou naquelas localizadas na costa litorânea do Estado.

ARTE E CULTURA

Embora preconizando que a cidadania cultural é o objetivo das ações do governo, no Pará vem se observando, nos últimos anos, no segmento sócio-cultural, um significativo processo de desaceleração do fazer arte e cultura, o que pode ser medido pelo decréscimo da produção artística, redução drástica das atividades de interiorização da Fundação Carlos Gomes, pela descontinui-dade das pesquisas, redução de pauta dos teatros, etc.

Sob tal enfoque, grandes são os desafios a serem perseguidos na área cul-tural para os anos subsequentes, e dentre os mais significativos pode-se apon-tar a requalificação urgente dos espaços restaurados e revitalizados, retomando, outra vez, a fiscalização e manutenção preventiva e/ou corretiva da arquitetura, dos equipamentos e dos bens artísticos integrados.

O fortalecimento e ampliação dos recursos da Lei Semear, modernizando-a e adotando um gerencia-mento isento e transparente, também é outra ação a ser adotada no segmento cultural. Assim como a mo-dernização do sistema de bibliotecas, hoje totalmente abandonado, ajustando-o às tecnologias de informáti-ca, de forma a disponibilizá-lo completo em todos os pontos do Estado. Tam-bém se deve fomentar a política de intercâmbio cultural com outros Estados da Federação e com os países da Pan-Amazônia, estimulando a prática per-manente de convênios, visando às trocas simbólicas e a captação de recursos necessários à dinamização do setor.

ESPORTE E LAZER

Levar o esporte e o lazer para uma quantidade maior de pessoas sempre foi o compromisso do governo do Estado. Portanto, para esta gestão, um pacto pelo esporte envolve uma revisão nas relações do governo do Estado com os clubes, ligas e associações, com as empresas que trabalham o condiciona-mento físico, e com os atletas.

Entende-se como necessário a adoção de um programa especial para o futebol, por sua importância para a população, para todas as suas modalida-

O governo vai retomar a coordenação e o controle das políticas, da perícia científica e do sistema penal, incorporando mecanismos de gestão, acompanhamento e avaliação.

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des: de campo, de areia, de salão, com vistas às competições; de arena e esco-lar, como atividade de lazer e ferramenta pedagógica.

Deve-se estimular a criação do esporte na escola, identificando as que têm instalações esportivas e planejar a utilização destes espaços para a comu-nidade do entorno, com gestão conjunta da direção escolar, da associação de pais e mestres e de moradores, possibilitando maior integração da comunida-de, pela prática do esporte e das atividades de lazer. O aparelhamento desses espaços e equipamentos, bem como o apoio à sua manutenção, deverá estar vinculado ao seu uso regular pelos grupos escolares ou amadores, particular-mente aqueles vinculados a programas dirigidos à inclusão social ou preven-tivos de risco.

O governo irá resgatar ainda o Programa que contempla os atletas de ren-dimento, viabilizando inclusive o aperfeiçoamento técnico e a assistência a es-ses atletas, bem como priorizar ações esportivas especiais voltadas às comuni-dades indígenas e quilombolas, respeitando suas peculiaridades culturais.

TRANSPORTE

A importância da infraestrutura de transporte em um Estado com dimensão territorial como o Pará justifica o direcionamento de várias frentes de traba-lho que visem a implantação de novos projetos e o melhoramento da oferta existente. A ausência des-sas ações limita a expansão e o crescimento econô-mico do Estado, com o aumento dos problemas es-truturais que comprometem a eficiência operacional do setor, tornando-se um entrave ao desenvolvimento econômico e social.

O desenvolvimento e a produção de riqueza são condições básicas para a viabilização e suporte a todas as demais estruturas de uma sociedade. Essas condições, por sua vez, exigem infraestrutura provida pelo Estado diretamente ou em parceria com a iniciativa privada. Assim, diante da necessidade de retomada do crescimento do Estado, faz-se necessário re-cuperar a malha viária estadual e programar, em conjunto com os municípios, intervenção planejada que impeça a paralisação do sistema de transportes ur-banos, notadamente na Região Metropolitana de Belém, de forma a permitir a acessibilidade nas áreas urbanas e o conforto da população.

É compromisso de governo a construção de equipamentos de apoio ao sistema de transporte como aeródromos, terminais de passageiros, portos, tra-

piches e outros, nas diversa modalidades, e nas cidades paraenses onde tais suportes venham se constituindo em entraves ao bem estar da população.

HABITAÇÃO

O direito à moradia está assegurado como prioridade do Estado junto à população. Para este governo, a questão habitacional é encarada como políti-ca de Estado, tendo em vista o papel do poder público na provisão da moradia, priorizando os segmentos mais carentes da população, levando em conta a disponibilidade de recursos existentes, a capacidade operacional do setor pro-dutivo e da construção e dos agentes envolvidos com a questão da habitação no Estado.

É compromisso também do governo promover a urbanização, regulariza-ção e inserção dos assentamentos precários à cidade, assim como fortalecer o seu papel na gestão da Política Habitacional e na regulação dos agentes pri-vados integrando, articulando e mobilizando os diferentes níveis de governo no sentido de potencializar a capacidade de investimento do Estado no setor.

Para o governo, a ação do Estado na política habitacional deve democra-tizar o acesso a terra urbanizada e ao mercado secundário de imóveis; ampliar a produtividade e melhorar a qualidade na produção habitacional no Estado; incentivar a geração de emprego e renda dinamizando a economia apoiando-se na capacidade que o setor da construção civil apresenta em mobilizar mão de obra e priorizar e incentivar a utilização dos insumos locais na produção da habitação, seja na construção de novas moradias ou melhoria e ampliação das habitações existentes.

SANEAMENTO

O saneamento ambiental é um dos principais problemas do País e, no Pará, a situação é ainda mais grave, pois somente metade da população para-ense é atendida com abastecimento de água tratada e menos de um décimo com esgotamento sanitário. A coleta, destino e tratamento dos resíduos sóli-dos encontram-se bem melhores do que o saneamento básico, porém ainda em patamares inferiores ao desejado, merecendo atenção do poder público.

O Pará sofre com a carência de fontes de investimento, face o crescimen-to de sua população, principalmente a urbana, que sempre ocorre em índices superiores a da já elevada taxa nacional. Seriam necessários perto de R$ 10 bilhões, até 2020, para universalizar o atendimento de saneamento básico no Estado.

A questão habitacional é encarada como política de Estado, tendo em vista o papel do poder público na provisão da moradia, priorizando os segmentos mais carentes da população.

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Portanto, tendo em vista as carências ainda hoje observadas no setor de saneamento, o governo vai propugnar uma pactuação que envolva os três ní-veis de governo e a sociedade civil organizada, de forma a permitir a conjuga-ção de recursos técnicos e financeiros na construção de uma agenda de traba-lho para solucionar nessa área.

As prioridades da ação de governo deverão se voltar para os grandes e médios centros urbanos, mediante a recuperação e ampliação das redes de distribuição e instalação de ramais prediais e equipamentos onde for necessá-rio; para as cidades menores e nas comunidades da zona rural, onde a priori-dade é utilização de tecnologias alternativas e com microssistemas de abaste-cimento, e para as áreas ribeirinhas, e onde a população for dispersa o governo vai procurar viabilizar a distribuição de kits de tratamento da água, inclusive das chuvas, contendo cloro, flúor e equipamentos adequados, para uso fami-liar, conjugados com a educação ambiental de seus componentes.

Ainda na área do saneamento, o governo vai incen-tivar a prática de coleta e armazenamento de águas plu-viais para uso em atividades domésticas e comerciais, substituindo água tratada ou de consumo humano e adotar medidas e ações convergentes destinadas à pro-teção de mananciais, cursos de água superficiais e de depósitos subterrâneos aqüíferos dentro dos espaços municipais.

Tendo em vista as carências no setor de saneamento, o governo vai propor um pacto entre os três níveis de governo e a sociedade civil, para a construção de uma agenda de trabalho nessa área.

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