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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DESENVOLVIMENTO DE MICROCÁPSULAS CONTENDO AS ANTOCIANINAS PRESENTES NO CORANTE DO
EXTRATO DO JAMBO POR POLIMERIZAÇÃO INTERFACIAL
Juliana Leão Maia
Orientadora: Profª Drª Ana Lúcia de Medeiros Lula da Mata
Natal / RN Agosto / 2013
JULIANA LEÃO MAIA
DESENVOLVIMENTO DE MICROCÁPSULAS CONTENDO AS ANTOCIANINAS PRESENTES NO CORANTE DO EXTRATO DO
JAMBO POR POLIMERIZAÇÃO INTERFACIAL
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande de Norte, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Química, sob a orientação da Profa. Dra. Ana Lúcia de Medeiros Lula da Mata.
Natal / RN Agosto / 2013
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / CT / DEQ Biblioteca Setorial “Professor Horácio Nícolás Sólimo”.
Maia, Juliana Leão. Desenvolvimento de microcápsulas contendo as antocianinas presentes no corante do extrato do jambo por polimerização interfacial / Juliana Leão Maia. - Natal, 2013. 67 f.: il.
Orientador: Ana Lúcia de Medeiros Lula da Mata.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Engenharia Química. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química.
1. Tecnologia química - Dissertação. 2. Antioxidantes - Dissertação. 3. Antocianinas - Dissertação. 4. Jambo - Dissertação. 5. Polimerização - Dissertação. I. Mata, Ana Lúcia de Medeiros Lula da. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF CDU 66(043.3)
iii
MAIA, Juliana Leão – Desenvolvimento de microcápsulas contendo as antocianinas
presentes no corante do extrato do jambo por polimerização interfacial. Dissertação de
Mestrado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Área de
Concentração: Engenharia Química – Subárea: Tecnologia de Alimentos / Encapsulação.
Orientadora: Profª Drª Ana Lúcia de Medeiros Lula da Mata – PPGEQ/UFRN
Coorientadora: Profª Drª Márcia Maria Lima Duarte– PPGEQ/UFRN.
Resumo: As indústrias de alimentos, medicamentos e cosméticos aplicam a
microencapsulação por diversas razões, dentre elas, estabilizar o ativo, controlar a liberação
do encapsulado e separar componentes incompatíveis da formulação. Dentro deste contexto,
as técnicas de microencapsulação têm sido usadas na indústria de alimentos para fornecer
ingredientes líquidos e sólidos estáveis. As antocianinas possuem alto potencial antioxidante,
entretanto são fotodegradáveis. Os desafios são portanto, direcionados à busca de técnicas que
façam com que este potencial permaneça ativo e biodisponível para que possa ser usado como
veículo para a liberação de bioativos e micronutrientes, em condições e níveis adequados.
Este trabalho tem como objetivo principal propor uma técnica para encapsular as antocianinas
presentes no extrato do jambo vermelho utilizando a técnica de polimerização interfacial.
Foram definidas as condições ideais de temperatura e agitação do sistema para o referido
processo. As micropartículas obtidas foram caracterizadas quanto ao tamanho, morfologia,
distribuição do ativo, carga superficial, degradação, composição e estabilidade. Os resultados
obtidos, tal como diâmetro de partícula de 5,94 µm e potencial Zeta de +7,03 mV, mostraram
que a técnica utilizada para obtenção destas micropartículas foi satisfatória e possui potencial
para aplicação na indústria de cosméticos e alimentos.
Palavras-chave: Microencapsulação, polimerização interfacial, antocianinas, jambo.
iv
v
Abstract
The industries of food, medicine and cosmetic apply microencapsulation for many
reasons, among them, stabilize the active, control the release of encapsulated and separate
incompatible components of the formulation. In this context, microencapsulation techniques
have been used in the food industry to provide stable liquid and solid ingredients.
Anthocyanins have high antioxidant potential, but they are photodegradable. The challenges
are therefore directed to the research for techniques that could make this potential remaining
active and bioavailable and could be used as a vehicle for the delivery release of bioactive and
micronutrients in appropriate conditions and levels. This work has as main objective to
propose a method to encapsulate the anthocyanins in the extract of mountain apple using the
interfacial polymerization technique. As well as to define the ideal conditions of temperature
and agitation system for this procedure. The microparticles were characterized for size,
morphology, active distribution, surface charge, degradation, composition and stability. The
results, like particle diameter of 5.94 µm and Zeta potential of 7.03 mV, showed that the
technique used to obtain these microparticles was satisfactory and has potential for
application in cosmetics and food.
Keywords: Microencapsulation, interfacial polymerization, anthocyanins, mountain apple.
.
vi
“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que
Deus tem preparado para aqueles que o amam.” I Coríntios 2:9
vii
Dedicatória A Deus, razão do meu viver. Obrigada por Sua fidelidade, apesar de
mim.
A memória do meu pai, Bernardo, o que aprendi com ele nunca
esquecerei. Obrigada pelo seu legado.
À minha mãe, Lourdinha, por ser o meu exemplo de mulher de fé,
força, amor e alegria. Obrigada por ser tão presente.
Ao meu esposo, Wesley, meu incentivador, ao seu lado tudo parece
simples. Obrigada por tanto amor, passar a minha vida ao seu lado é
a minha alegria.
Aos meus irmãos, Paulo e Ana Paula, que torceram muito por este
dia, e me deram sobrinhos que adoçaram a minha vida. Obrigada
pelo amor imenso de vocês.
viii
Agradecimentos
À professora Doutora Ana Lúcia da Mata, por ter acreditado em mim sem nunca ter
desistido, pelas palavras de apoio, incentivo, ânimo. Pela orientação desta dissertação e por
todas as correções, obrigada por fazer parte e mudar a minha história.
Aos amigos da UFRN, Bento pela contribuição e tempo que me foram tão úteis,
Bhianca, pela prontidão, dedicação e vontade de aprender. Suelane, Bia e Chico, pela amizade
e tantas horas de estudo.
Às professoras Kátia e Roberta, pela gentileza de cederem seus laboratórios e
materiais para que eu pudesse utilizá-los em meus experimentos.
À professora Tereza Neuma, por ter nos emprestado o agitador mecânico tão útil.
À minha colega Thayse, que com sua paciência me ensinou a usar o Statistica.
Não poderia esquecer de Artjose, do laboratório do Núcleo de Petróleo e Gás, por
tantas idas e vindas, por uma espera imensa, mas que no final deu certo.
Aos meus amigos do IFRN, campus Currais Novos, que me apoiaram e torceram
muito por mim depois de tantas horas de estradas, idas e vindas, conversas sobre tantas coisas,
pelas risadas, pelo companheirismo, por acreditarem no poder transformador da educação.
Aos queridos Mazinha e Medeiros, sempre prontos a me atender.
Aos professores Fátima, Everaldo e Érico, por terem aceitado contribuir com este
trabalho, mesmo tão em cima da hora.
Ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Química pela oportunidade ímpar de
qualificação acadêmica.
Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste
trabalho, o meu sincero e grato muito obrigada! Que Deus retribua a vocês o que fizeram por
mim.
ix
Sumário
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................... 6
2.1- Materiais empregados...................................................................................................... 6
2.1.1- O jambo....................................................................................................................... 6
2.1.2- Antioxidantes................................................................................................................ 8
2.1.3- Antocianinas................................................................................................................. 9
2.1.4- Quitosana...................................................................................................................... 10
2.1.5. Diisocianato – MDI...................................................................................................... 12
2.1.6- Óleo de soja ................................................................................................................. 13
2.1.7- Tensoativos: Tween 80 e Span 80................................................................................ 14
2.2 - Microencapsulação: conceito e aplicações..................................................................... 15
2.2.1 Microencapsulação: material de parede......................................................................... 18
2.3 - Técnica de polimerização interfacial combinada com emulsificação espontânea......... 19
2.3.1 - Técnica de emulsificação espontânea.......................................................................... 20
x
2.3.2- Incorporação do Composto Ativo................................................................................ 23
2.3.3- Remoção de Solvente................................................................................................... 24
2.4- Reação de Reticulação Cruzada...................................................................................... 26
2.5. Mecanismo de liberação controlada de ativos................................................................. 28
3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 30
3. Materiais e métodos............................................................................................................ 30
3.1. Materiais......................................................................................................................... 30
3.2. Métodos.......................................................................................................................... 30
3.2.1. Preparação das microcápsulas...................................................................................... 30
3.2.1. Preparação das microcápsulas. vazias.......................................................................... 32
3.3. Caracterização das micropartículas obtidas..................................................................... 35
3.3.1. Tamanho médio e distribuição de tamanho.................................................................. 35
3.3.2. Morfologia.................................................................................................................... 35
3.3.3. Potencial Zeta............................................................................................................... 36
3.3.4. Espectroscopia de infravermelho.................................................................................. 36
3.3.5. Turbidimetria................................................................................................................ 36
3.3.6. Estudo da liberação controlada com membranas de diálise..........................................
37
xi
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................................... 40
4.1- Ensaios preliminares e planejamento experimental........................................................ 40
4.2- Tamanho médio e distribuição de tamanho..................................................................... 45
4.3- Morfologia....................................................................................................................... 46
4.4- Potencial Zeta.................................................................................................................. 47
4.5- Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho.............................................. 48
4.6- Estabilidade da emulsão.................................................................................................. 50
4.7- Dissolução e liberação das microesferas de quitosana contendo extrato de jambo em
meio de liberação.................................................................................................................... 51
5.CONCLUSÕES................................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 56
xii
Lista de Figuras
Figura 2.1 - a) Jambeiro b) Jambo vermelho......................................................... 7
Figura 2.2 - Fórmula estrutural das antocianinas.................................................. 10
Figura 2.3 - Fórmula estrutural do MDI............................................................... 13
Figura 2.4 - Representação esquemática da microcápsula formada..................... 14
Figura 2.5 - Comparação entre os tipos de micropartículas. (a) Microcápsula.
(b) Microesfera...................................................................................................... 15
Figura 2.6 - Representação esquemática da distribuição estatística da
microencapsulação em diferentes campos de aplicação. (adaptado de Martins,
2012)..................................................................................................................... 17
Figura 2.7 - Método de formação de micropartículas por emulsificação
espontânea (adaptado de Goto, 2011).................................................................. 21
Figura 2.8 - Diferentes fases do processo de microencapsulação por evaporação
do solvente............................................................................................................ 21
Figura 2.9 - Mecanismo de preparação de partículas usando a técnica de
polimerização interfacial combinada com emulsificação espontânea (Montasser
et al., 2001, adaptado por Costa, 2009)................................................................ 26
Figura 2.10 - Reação de reticulação entre quitosana e MDI, ligado por meio de
grupo amino (A) e por meio de grupo hidroxila (B). Adaptado de Abreu, 2011. 27
Figura 3.1 - Aparato experimental utilizado para a obtenção das microcápsulas. 31
Figura 3.2 - Esquema do processo de produção das microcápsulas por
polimerização interfacial....................................................................................... 32
Figura 3.3 - Esquema do processo de preparação das microcápsulas................... 33
Figura3.4 - Representação esquemática do princípio de funcionamento do
Turbiscan (Adaptado de DAOUD-MAHAMMED et al., 2007)......................... 37
Figura: 4.1 - Gráfico de Pareto............................................................................. 42
Figura 4.2 - .Superfície de resposta: (a) Quitosana vs óleo. (b) Quitoisana vs
MDI. (c) Óleo vs MDI.......................................................................................... 43
Figura 4.3 - Tamanho médio e distribuição de tamanho das micropartículas de
quitosana/MDI....................................................................................................... 45
Figura 4.4 - Microscopia ótica das micropartículas de quitosana/MDI................ 46
xiii
Figura 4.5 - Microscopia eletrônica de varredura das partículas com o sem
extrato de jambo.................................................................................................... 46
Figura 4.6 - Potencial Zeta das micropartículas contendo o extrato de jambo..... 48
Figura 4.7 - Comparação entre os FT-IR.............................................................. 49
Figura 4.8 – Backscattering da emulsão do ensaio 5 contendo extrato de jambo 51
Figura 4.9 - Curva de liberação da formulação contendo antocinaninas.............. 52
xiv
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 - Classificação de algumas técnicas de microencapsulação.......................... 16
Tabela 2.2 - Característica do processo de encapsulação (Adaptado de Martins,
2012)............................................................................................................................... 17
Tabela 3.1 - Planejamento experimental......................................................................... 34
Tabela 3.2 - Proporção de quantidades para as variáveis independentes definidas 34
Tabela 4.1. - Planejamento experimental........................................................................ 40
Tabela 4.2. - Proporção de quantidades para as variáveis independentes definidas..... 41
Tabela 4.3 - Efeitos calculados no Statística 7.0 para Planejamento Fatorial 23............ 41
Tabela 4.4. Composição da suspensão de partículas contendo extrato de jambo.......... 44
Tabela 4.5. Composição da suspensão de partículas contendo antocianina................... 45
xv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
µL: Microlitro(s)
h: Hora(s)
HV: hidroxivalerato
MDI: 4,4’-difenil metano diisocianato
MEV: Microscopia Eletrônica de Varredura
min.: Minuto(s)
mL: Mililitro(s)
NDI: 1,5-naftaleno diisocianato
PEAD: polietileno de alta densidade
PHB: polihidroxibutirato
PHBHV: polihidroxibutirato hidroxivalerato
PLGA: ácido poliláctico glicólico
PPDI: p-fenileno diisocianto
PVA: álcool polivinílico
Span 80: monooleato de sorbitano
TDI: Tolueno Diisocianato
TODI: bitolileno diisocianato
Tween 80: polissorbato 80
λ: Comprimento de onda
µm: Micrômetro(s)
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Capítulo 1 - Introdução
2 Juliana Leão Maia, agosto/2013
1. Introdução
É fato conhecido que os consumidores de hoje no momento da compra de um alimento
levam em conta as propriedades funcionais a que ele se destina, fato que tem impulsionado a
indústria alimentícia nas últimas décadas a produzir alimentos com potencial para serem
utilizados pela medicina preventiva e mesmo curativa.
Entre os compostos com propriedades funcionais, um grande destaque tem sido dado
aos antioxidantes, dentre eles as antocianinas, que ajudam a proteger o organismo humano
contra o estresse oxidativo que está associado a um aumento da incidência de câncer e outras
doenças degenerativas (Scalbert & Williamson, 2000 apud Moreira, 2007). As antocianinas
são pigmentos naturais, parcialmente hidrossolúveis, bastante conhecidos, pois determinam a
coloração característica de uma grande quantidade de hortifrutícolas, como jabuticaba, jambo,
acerola, ameixa, morango, uva, berinjela, repolho roxo, dentre outras. Apesar disso, seu uso
como aditivo alimentício ainda está restrito em função de limitações como a disponibilidade
de matéria-prima produtora de pigmentos na quantidade e na qualidade requerida, a
dificuldade na sua purificação, o poder corante reduzido quando comparado aos aditivos
sintéticos e, principalmente, a baixa estabilidade apresentada em algumas condições de
processamento como temperatura, luz e oxigênio (Stringheta, 1991).
Os desafios estão, portanto, direcionados na busca de técnicas que façam com que este
potencial antioxidante das antocianinas permaneça ativo e biodisponível não só após
processamento e armazenamento, mas, também, que possa ser usado como veículo para a
liberação de bioativos e micronutrientes em condições e níveis adequados.
Dentro deste contexto, situam-se as técnicas de microencapsulação. Diversos produtos
microencapsulados são usados no nosso cotidiano. Cada vez mais tecnologias inovadoras
disponibilizam para o consumidor substâncias e/ou produtos encapsulados. Cremes
cosméticos, pinturas, pesticidas, materiais de limpeza são alguns exemplos. Na indústria de
alimentos a microencapsulação é utilizada de várias formas: para fornecer ingredientes
líquidos e sólidos como uma barreira eficaz contra parâmetros ambientais, tais como
oxigênio, luz, radicais livres; para preservar odores, fragrâncias, compostos bioativos, etc. A
finalidade básica da microencapsulação na indústria de alimentos é, portanto, proteger os
ingredientes encapsulados contra oxidação química ou de fatores do ambiente, como no caso
de algumas vitaminas, polipeptídeos, pigmentos e compostos bioativos, como a luteína e
licopeno. Também tem como objetivo o retardamento da evaporação de núcleos voláteis
Capítulo 1 - Introdução
3 Juliana Leão Maia, agosto/2013
como alguns óleos essenciais. Em algumas técnicas, a cápsula pode ser projetada para liberar
lentamente o produto com o passar do tempo ou até que determinada condição físico-química
seja alcançada (Thies, 1995).
Por isso, as microcápsulas possuem um forte valor agregado com propriedades
variadas e difíceis de controlar todas ao mesmo tempo.
Este trabalho tem, portanto, como objetivo principal propor uma técnica de
microencapsulação para preservar e armazenar por mais tempo as antocianinas presentes no
extrato do jambo vermelho. Diversos métodos permitem microencapsular um material ativo e
dentre eles, está a polimerização interfacial, que é um método químico de microencapsulação
utilizado para encapsular substâncias que têm em sua molécula uma parte hidrofílica e uma
parte hidrofóbica, que é o caso das antocianinas. A polimerização interfacial é formada por
uma etapa de emulsificação seguida de uma etapa reativa. As reações ocorrem normalmente à
temperatura ambiente
O presente trabalho possui caráter técnico inovador o qual está relacionado ao
encapsulamento de um princípio ativo oriundo de um fruto abundante na região, o jambo, que
apresenta em seu extrato, forte presença de antocianina natural.
Academicamente este trabalho vem contribuir com essa nova linha de pesquisa do
PPGEQ, que é a microencapsulação de princípios ativos, iniciada em 2007, com o trabalho de
Costa Neto, (2009).
Para se atingir o objetivo principal, objetivos específicos foram traçados, a saber:
definição das condições ideais de temperatura e agitação do sistema para o processo de
microencapsulação por polimerização interfacial; definição dos materiais utilizados como
agente encapsulante, reticulante e tensoativo para produção de micropartículas de
antocianinas; produção de micropartículas poliméricas usando a técnica da polimerização
interfacial; produção de micropartículas usando como ativo as antocianinas presentes no
extrato do jambo vermelho; caracterização das micropartículas obtidas quanto ao tamanho,
morfologia, distribuição do ativo, rendimento, carga superficial, densidade, degradação,
composição e estabilidade.
Esta dissertação apresenta, portanto, os resultados destes estudos e está dividida em
cinco capítulos. O Capítulo 1 refere-se a esta breve Introdução apresentando a posição do
problema em estudo e os objetivos que nortearam esta dissertação. No Capítulo 2 apresenta-se
uma Revisão Bibliográfica sobre o tema em estudo, destacando-se, principalmente, as
aplicações e técnicas de microencapsulação, os materiais empregados no processo e as
antocianinas. No Capítulo 3 apresenta-se a Metodologia Experimental utilizada para o
Capítulo 1 - Introdução
4 Juliana Leão Maia, agosto/2013
desenvolvimento do trabalho descrevendo as técnicas de caracterização utilizadas para a
aquisição dos dados desejados. Os Resultados obtidos deste estudo de microencapsulação
assim como suas Discussões são apresentados no Capítulo 4. O Capítulo 5 apresenta as
Conclusões obtidas no trabalho e proposições para trabalhos futuros. Fechando esta
Dissertação encontram-se as Referências utilizadas neste estudo.
Capítulo 1 - Introdução
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
6 Juliana Leão Maia, agosto/2013
2. Revisão Bibliográfica Neste capítulo é apresentada uma síntese da Revisão Bibliográfica realizada na qual se
descreve os materiais empregados neste estudo, os principais conceitos relacionados à técnica
de microencapsulação, focalizando no método de polimerização interfacial e o mecanismo de
liberação utilizado.
2.1- Materiais empregados
2.1.1 – O jambo
Syzygium malaccense, árvore da família Myrtaceae, popularmente conhecida como
jambo-vermelho, tem origem asiática, mais especificamente da Índia e da Malásia (Martins et
al, 2006). No Brasil, é encontrada nos estados da região Norte, Nordeste e nas regiões quentes
do Sudeste. A planta (Figura 2.1a) pode atingir de 12 a 15 m de altura, com tronco reto e copa
densa na forma piramidal e ramificação abundante que se inicia a 1,5-2 m do solo
(Cavalcante, 1996). De agosto a fevereiro, época da florada, ela se recobre de flores
vermelhas, dando-lhe um aspecto bastante ornamental. Os frutos se desenvolvem desta data
até a época da colheita, que ocorre de janeiro a maio. Sua propagação é comumente realizada
por sementes (Donadio; Nachtgal & Sacramento, 1998).
O jambo vermelho (Syzygium malaccensis), pode ser consumido in natura, em forma
de compotas, doce em massa, geléias, licores, aguardente e ainda pode ser utilizado para a
produção de corante e antioxidante natural para uso em vários segmentos da indústria. Os
frutos do jambeiro, (Figura 2.1b), apresentam cor vermelho escuro, são levemente adocicados,
exalando aroma de rosas persistente e bastante agradável ao olfato. Sua polpa é macia e
branca. As características físicas dos frutos, como cor, tamanho, número de sementes,
quantidade de polpa e o conteúdo de água, podem influenciar no seu consumo, tanto ao
natural quanto pela indústria. A caracterização física e química é importante para avaliação da
qualidade, classificação tecnológica do fruto, fornecendo informações seguras para avaliação
do valor nutricional, do rendimento, das operações de processamento e da vida útil do produto
(Augusta et al, 2010).
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
7 Juliana Leão Maia, agosto/2013
1a. Jambeiro 1b. Jambo vermelho
Figura 2.1 - a) Jambeiro b) Jambo vermelho
Segundo Kurosawa (2011), o jambo contém vitaminas A, B1, B12, proteínas,
antocianinas, além de cálcio, ferro e fósforo. De acordo com Costa et al. (2006), a polpa, que
constitui 84% do fruto, apresenta ºBrix de 6,8 e acidez de 0,4 mg/100g de polpa, no final da
maturação. O fruto tem uma aparência atrativa em função da cor vermelha intensa e da forma,
é apreciado pelo seu sabor e aroma exóticos e possui propriedades aromáticas interessantes
que o favorece como agente flavorizante em alimentos e bebidas. Ocorre um grande
desperdício de jambo na época da safra, em virtude da elevada produção de frutos por árvore,
do curto período da safra e da reduzida vida útil do fruto in natura. Da produção ao consumo,
a magnitude das perdas de jambo é considerável (Almeida et al., 2005).
Poucos dados estão disponíveis na literatura sobre a composição nutricional da polpa e
da casca de jambo vermelho. Por isso, torna-se necessária sua caracterização para um melhor
aproveitamento do fruto, evitando, assim, desperdícios e tornando possível a melhoria da
qualidade nutricional dos cardápios pela incorporação de farinhas nutritivas, pelo
aproveitamento do seu extrato para produção de geléias e, ainda, para extração de corantes
naturais (Lima et al., 2002). Além disso, o conhecimento da composição nutricional de frutos
permite: a população consumir os nutrientes de acordo com a Ingestão Diária Recomendada
(IDR); o desenvolvimento de pesquisas que estabeleçam uma relação entre dieta e doenças
uma vez que frutos e hortaliças são fontes importantes de nutrientes (vitaminas, minerais e
flavonóides) na dieta humana; além de um melhor planejamento agrícola e das indústrias de
alimentos (Gondim et al., 2005).
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
8 Juliana Leão Maia, agosto/2013
O pouco conhecimento sobre a composição física e química dos frutos desta espécie
que, além de apresentar grande potencial econômico, poderá ter suas propriedades
alimentícias melhor exploradas, visando o seu aproveitamento na indústria de alimentos.
Outro ponto importante para a realização deste estudo foi a coloração vermelha de sua
casca o que é um forte indicativo de quantidades significativas de antocianinas presentes em
sua composição.
2.1.2- Antioxidantes
As frutas tropicais são fontes ricas de compostos relacionados com a prevenção de
doenças e prolongamento da vida. Os carotenóides, vitaminas fenólicos e especialmente os
flavonóides são conhecidos como antioxidantes naturais, capazes de combater radicais livres,
decompor peróxidos, extinguir oxigênio e inibir enzimas. Níveis aumentados de espécies
reativas de oxigênio geram estresse oxidativo, o qual está associado a doenças crônicas e
degenerativas (Guedes, 2013).
Os antioxidantes defendem as células contra as moléculas instáveis, seja por se
oxidarem preferencialmente, removerem catalisadores ou repararem danos causados por
radicais livres. Em um metabolismo normal, os níveis de oxidantes e antioxidantes no ser
humano são mantidos em equilíbrio, o que é importante para manter as condições fisiológicas
ótimas. A superprodução de oxidantes em certas condições pode causar um desequilíbrio
(estresse), levando a um dano oxidativo de várias biomoléculas, tais como os lipídios, DNA e
proteínas. Evidências sugerem que este dano oxidativo ou estresse oxidativo, indutor
potencial de câncer, pode ser prevenido ou limitado pela dieta antioxidante encontrada em
frutas e vegetais. Esses alimentos estão associados com a reduzida incidência e taxa de
mortalidade de câncer e doenças cardíacas, além de outros benefícios (Guedes, 2013).
Dentre os antioxidantes naturais encontrados em frutas, destacam-se os flavonóides,
que são encontrados em frutas vermelhas e roxas, frutas cítricas, hortaliças, vegetais,
leguminosas, chás e no vinho tinto, recomenda-se o consumo diário entre 26 mg a 1 g/ dia. Os
compostos fenólicos podem inibir os processos de oxidação dos radicais livres doando
átomos de hidrogênio, inibindo as reações de cadeia desses radicais (Machado, 2012).
Estudos comprovam que os flavonóides antocianinas encontrados em frutas roxas,
azuis e vermelhas, como na casca da uva roxa, na beterraba, hortaliças escuras, como o
repolho roxo, atuam como antioxidantes na prevenção de doenças cardiovasculares, câncer, e
neurodegenerativas, (Downham & Collins, 2000).
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
9 Juliana Leão Maia, agosto/2013
2.1.3- Antocianinas
Os corantes podem ser inseridos nos alimentos seja para fortalecer ou homogeneizar a
cor natural do alimento, seja para darem cor ao mesmo. Os corantes artificiais ou sintéticos
passaram a ser produzidos no século XIX, entretanto até os dias atuais ainda geram polêmica
sobre sua utilização ou não.
A busca por alimentos mais saudáveis vem provocando uma verdadeira revolução na
qualidade de vida das pessoas. Em decorrência disto, a indústria alimentícia vem percebendo
a necessidade de se substituir cada vez mais os corantes sintéticos pelos corantes naturais os
quais vêm sendo empregados há milhares de anos. O Brasil, devido a sua biodiversidade,
apresenta grande potencial para estudos e pesquisas nesta área.
As antocianinas são corantes ou pigmentos naturais utilizados na indústria de
alimentos, parcialmente hidrossolúveis, pertencentes a classe dos flavonóides (derivados
glicosilados do cátion 3,5,7,3’- tetrahidroxiflavílio), apresentando em sua estrutura
glicosídeos e grupos OH. A estrutura básica das antocianinas é o cátion flavílium. Essa
estrutura fenólica é a responsável por sua ação antioxidante.
Figura 2.2 - Fórmula estrutural das antocianinas
Seu uso como aditivo alimentício ainda está restrito em função de limitações como a
disponibilidade de matéria-prima produtora de pigmentos na quantidade e na qualidade
requerida, a dificuldade na sua purificação, o poder corante reduzido quando comparado aos
aditivos sintéticos e, principalmente, a baixa estabilidade apresentada pelas antocianinas
(Stringheta, 1991), sendo necessária uma técnica que promova a proteção desta substância.
A degradação desses compostos poderia ser reduzida pela aplicação de um processo de
microencapsulação, que consiste no “empacotamento” de partículas em uma matriz ou
microcápsula comestível, com o objetivo primário de proteger o material encapsulado contra a
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
10 Juliana Leão Maia, agosto/2013
ação de degradação de fatores ambientais, tais como luz, oxigênio, umidade, entre outros
(Clark, 2002, apud Moreira, 2007).
As antocianinas, devido à sua polaridade, são mais solúveis em solventes polares que
em apolares. Geralmente, a extração de antocianinas é feita utilizando metanol acidificado ou
água acidificada (Delgado-Vargas & Paredes-López, 2003). A possibilidade de extração
aquosa é uma vantagem tecnológica das antocianinas sobre pigmentos hidrofóbicos, como os
carotenóides, que requerem a utilização de solventes orgânicos para extração (Moreira, 2007).
Entretanto, o uso de antocianinas como corante para alimentos é limitado por sua alta
suscetibilidade a degradações, que varia em função do pH, temperatura, O2 e luz (Bridle &
Timberlake, 1997, apud Moreira, 2007; Delgado-Vargas & Paredes-López, 2003), sendo o pH
um fator de destaque, pois sua variação influencia diretamente na cor do corante.
A natureza iônica das antocianinas promove mudanças em sua estrutura molecular de
acordo com o pH, resultando em diferentes cores a diferentes valores de pH, como descrito
por Von Elbe & Schwartz (1996). Moreira (2007) descreve que em soluções aquosas, as
antocianinas existem em quatro espécies principais em equilíbrio: o cátion flavilium, a base
quinoidal, a pseudobase carbinol e a chalcona. Em meio muito ácido (pH 0,5), a única espécie
existente em quantidades significativas é o cátion flavilium, que é a espécie mais estável e
mais colorida. Com o aumento do pH, a concentração do cátion flavilium e a intensidade de
cor diminuem, e a molécula sofre ataque nucleofílico da água, sendo hidratada para a forma
carbinol, que por ter perdido uma ligação dupla conjugada entre os anéis A e B, não absorve
luz visível sendo, portanto, incolor. Ao mesmo tempo, o cátion flavilium tem alta tendência a
perder prótons, formando a base quinoidal, azul, que é produzida em pequenas concentrações.
Se o pH aumenta ainda mais, o anel carbinol se abre, produzindo a chalcona (amarelada). As
quantidades relativas de cada espécie em equilíbrio variam em função do pH e da estrutura da
antocianina (Mazza & Brouillard, 1987). Em geral, a valores de pH na faixa de 4,0-5,5, as
espécies carbinol e chalcona predominam e a cor, praticamente, desaparece. Acima de pH 5, a
forma quinoidal existe, mas em teores tão baixos que não afeta significativamente a cor da
solução (Jackman et al., 1987). A perda de cor das antocianinas, portanto, é dependente do
equilíbrio entre as quatro espécies em solução, que depende do pH. Quando o pH não
favorece a forma do cátion flavilium, a cor é perdida. A fórmula estrutural geral das
antocianinas pode ser representada pela Figura 2.2.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
11 Juliana Leão Maia, agosto/2013
2.1.4- Quitosana
Costa Neto (2009), define a quitosana como um biopolímero do tipo
aminopolissacarídeo. Derivada da quitina, que constitui a maior parte dos exoesqueletos dos
insetos, crustáceos e parede celular de fungos. Por se tratar de um polímero natural
biodegradável extremamente abundante e atóxico, a quitosana tem sido proposta como um
material potencialmente atraente para usos diversos. É solúvel em meio ácido diluído devido à
formação de um polímero catiônico pela protonação (adição de prótons) do grupo amino
(NH3+), que confere propriedades especiais diferenciadas em relação às fibras vegetais
(Goosen, 1996; Roberts, 1992).
A quitosana é geralmente obtida pela desacetilação da quitina, uma reação que pode
ser executada em diferentes condições empregando diferentes álcalis. Entretanto, a execução
da reação de desacetilação de quitina em temperaturas elevadas e empregando soluções
concentradas de NaOH é o método mais usual para obtenção da quitosana (Campana &
Desbrières, 2000).
Adicionalmente, a quitosana possui atividade bacteriostática, que reduz o crescimento
de bactérias e outros tipos de microrganismos que entram em contato com a mesma. Outra
propriedade importante é a reconhecida propriedade homeostática da quitosana que auxilia a
cicatrização e estanca sangramentos em lesões cutâneas. Essa propriedade permite a criação
de bandagens para estancar sangramentos e hemorragias em ferimentos e incisões, protegendo
de forma simultânea à área afetada por infecções. Devido a sua habilidade em formar filmes
hidrofílicos (que absorvem água) sobre a pele, os cientistas estão investigando o uso da
quitosana para o tratamento de queimaduras (Costa Neto, 2009).
A quitosana possui várias características que a tornam atraente para a utilização em
cosméticos. Ela se destaca por apresentar carga global positiva em pH biológico, ou seja,
apresenta-se como um polímero policatiônico, enquanto a maioria dos biopolímeros
apresentam-se negativamente carregados nas mesmas condições. As cargas positivas da
quitosana interagem com tecidos negativamente carregados, tais como pele e cabelo. Essa
capacidade bioadesiva da quitosana é o principal fator para o seu uso em cosméticos
(Polymar, 2007).
Nos produtos para a pele, a quitosana encontra aplicação, principalmente por conta da
sua capacidade de formar camadas protetoras transparentes que apresentam a propriedade de
reter a umidade, sem causar reações alérgicas. A quitosana apresenta-se ainda como uma
matriz apropriada para outros ingredientes ativos, como pigmentos e fragrâncias em diversos
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
12 Juliana Leão Maia, agosto/2013
tipos de cosméticos. O caráter hidrofílico e hidrofóbico da quitosana faz deste polímero um
potente estabilizador de emulsões, o qual tem aplicação direta em produtos com baixo pH.
Em composições de produtos para tratamento da pele, a adição da quitosana aumenta a
capacidade de retenção de umidade. Devido à presença de grupos amino, a quitosana reage
quimicamente com facilidade com produtos oxidantes protegendo efetivamente as células
epiteliais desses compostos. Outro aspecto muito importante é que substâncias que absorvem
radiação ultravioleta e corantes podem ser facilmente ligadas de forma covalente aos grupos
amino da quitosana ( Polymar, 2008).
Em protetores solares, a quitosana reduz a perda dos filtros UV decorrente da ação da
água ou suor. Essa propriedade melhora a tolerância da pele ao protetor e protege contra o
ressecamento da mesma. A quitosana forma um filme sobre a pele que reduz a quantidade de
luz ultravioleta absorvida pela pele, aumentando o fator de proteção solar. Em batons, a
quitosana (utilizada nas concentrações de 0,05% a 1%) aumenta a resistência dos filtros UV e
de substâncias lipofílicas ativas, protegendo a pele contra o ressecamento (Polymar, 2007).
As características físico-químicas do polímero de parede, como a solubilidade, peso
molecular, transição vítrea, cristalinidade, formação de filme e difusividade, são parâmetros
importantes na escolha de um polímero de parede desejado.
Neste trabalho a quitosana foi utilizada como material de parede na formação das
microcápsulas.
2.1.5. Diisocianato
Os isocianatos são substâncias altamente reativas e que apresentam muitas aplicações
em transformações sintéticas e processos industriais. Os isocianatos são altamente insaturados
e reagem rapidamente com substâncias que possuem prótons ativos, como álcool e fenol. A
aplicação de diisocianatos no campo da química de polímero tem tomado a dianteira para a
preparação de vários tipos de polímeros de condensação como poliamidas, poliuretano e
poliuréias (Tamami & Koohmareh, 2007). Os isocianatos possuem o grupo NCO que reage
com compostos que possuam átomos de hidrogênio ativo, como os polióis, a água, os
extensores de cadeia, etc. Todos os isocianatos usados comercialmente possuem no mínimo
dois grupos funcionais. Deles, mais de 95% são aromáticos à base do TDI (31%) e dos
diferentes tipos de MDI (66%). Têm-se ainda os isocianatos especiais como: 1,5-naftaleno
diisocianato (NDI) usado em elastômeros sólidos e microcelulares de alto desempenho;
bitolileno diisocianato (TODI) com propriedades superiores em altas temperaturas; e p-
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
13 Juliana Leão Maia, agosto/2013
fenileno diisocianto (PPDI) com propriedades dinâmicas e termomecânicas superiores
(Poliuretanos, 2008).
O 4,4’-difenil metano diisocianato, CH2(C6H4NCO)2, também conhecido como MDI é
uma molécula simétrica possuindo grupos NCO com reatividades iguais como mostra a
Figura 2.3. Os diisocianatos são classes importante de reagentes para a reticulação cruzada da
quitosana porque os isocianatos possuem reatividade elevada para o grupo amina assim como
para grupos de hidroxilas. Entretanto, o maior problema é que a maioria dos diisocianatos
disponíveis no mercado tem reatividade elevada com água sendo insolúvel em soluções
aquosas ácidas (Jin; Song; Hourston, 2004).
Figura 2.3 - Fórmula estrutural do MDI.
Neste trabalho o MDI foi utilizado para fazer a reticulação cruzada com a quitosana
visando fortalecer sua estrutura.
2.1.6- Óleo de soja
Os óleos são formados predominantemente por triglicerídeos que são produtos da
condensação entre o glicerol e ácidos graxos insaturados. Os ácidos graxos de modo geral
possuem número par de átomos de carbono (C12-C22) e cadeia linear (Monteavarot, 2005).
Os triglicerídeos do óleo de soja contêm ácidos graxos saturados e insaturados. Sendo
que a composição dos ácidos graxos insaturados é superior a 80%. A estrutura do óleo de soja
depende do tipo de soja, condições de tempo, do tipo de terra e de colheita. A estrutura das
moléculas do triglicerídeo, ou seja, o tipo de ácidos graxos no triglicerídeos no mesmo óleo,
difere de molécula a molécula. O óleo de soja é constituído, aproximadamente, pela seguinte
composição de ácidos graxos: 4% esteárico, 7% linolênico, 11% palmítico, 22% oléico e 56%
linoléico (Monteavaro, 2005).
Pela sua composição e disponibilidade no mercado, o óleo de soja foi utilizado neste
trabalho na preparação da solução oleosa, a fim de formar o núcleo da microcápsula, onde a
parte hidrofóbica das antocianinas estará dispersa, tal qual é mostrado na Figura 2.4.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
14 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Figura 2.4 - Representação esquemática da microcápsula formada.
2.1.7- Tensoativos: Tween 80 e Span 80.
Os tensoativos, por serem moléculas anfifílicas, possuem ao mesmo tempo afinidade
com a água (característica hidrofílica) e com o óleo (característica lipofílica). Devido a esta
característica tão peculiar é que possuem solubilidade diferente em meio aquoso.
Tween ® e Span ® são os agentes tensoativos não iônicos muito utilizados em
cosméticos e produtos alimentícios em virtude de suas propriedades de solubilidade, redução
da superfíce e diminuição da tensão interfacial. Tween é uma marca de registro comercial da
ICI Americas, Inc. Na nomenclatura dos polissorbatos, o número após o nome do polissorbato
refere-se ao grupo hidrofílico.
Tween ® 80 é portanto, um tensoativo hidrofílico. Possui uma designação comercial
de polissorbato 80 que é derivado de um emulsificante de sorbitano polietoxilado e ácido
oléico, sendo muitas vezes utilizado em alimentos. Polissorbato 80 é uma solução viscosa,
líquida, amarela e solúvel em água. Os grupos hidrófilos neste composto são poliéteres,
também conhecidos como grupos polioxietileno, que são polímeros de óxido de etileno.
(Martins, 2012).
Span ® 80 ou monoleato de sorbitano é um tensoativo lipofílico, portanto solúvel ou
dispersível em óleo. É um éster de ácido oléico e sorbitol e trata-se de um agente tensoativo
não iônico utilizado para estabilizar emulsões óleo/água.
Neste trabalho ambos foram usados com a finalidade de ajudar na estabilidade da
emulsão óleo/água.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
15 Juliana Leão Maia, agosto/2013
2.2 - Microencapsulação: conceito e aplicações
A microencapsulação é uma tecnologia que envolve processos complexos que
permitem incorporar, a um material ativo, novas propriedades funcionais e “inteligentes”,
como a liberação ou atuação controlada em um meio específico ou sob condições apropriadas,
tornando mais eficiente o produto final do qual esse material fará parte (Ré, 2000a).
O material encapsulado é denominado de ativo, recheio ou núcleo e o material que
forma a cápsula, é denominado encapsulante, cobertura ou material de parede. Neste trabalho,
adotou-se o termo ativo para o material encapsulado e material de parede para o encapsulante.
As partículas podem ser classificadas por tamanho em 3 tipos: macro (>5000 µm), micro (0,2-
5000 µm) e nano (<0,2 µm).
Quanto à forma, as micropartículas obtidas por microencapsulação podem ser
classificadas por dois tipos de morfologias diferentes: microcápsulas e microesferas,
conforme mostrado na Figura 2.5.
Na microcápsula, (Figura 2.5a), o sistema é do tipo reservatório, e consiste, em geral,
em uma camada de polímero que atua como um filme protetor, isolando a substância ativa
(gotículas líquidas ou gotículas sólidas) e evitando os efeitos de sua exposição inadequada.
Essa camada externa desfaz-se sob estímulo específico, liberando a substância ativa no local
ou momento ideal (Ré, 2000a).
Na microsfera, (Figura 2.5b), o sistema é do tipo matricial, as partículas são
constituídas por uma rede macromolecular ou lipídica formando uma matriz na qual se
encontra finamente disperso o material ativo o qual pode se apresentar sob a forma de finas
partículas sólidas ou gotículas de soluções (Richard & Benoit, 2000), ou seja, o recheio
encontra-se disperso no material de parede e uma pequena fração do material “encapsulado”
permanece exposto na superfície.
Figura 2.5 - Comparação entre os tipos de micropartículas. (a) Microcápsula. (b)
Microesfera.
(a) (b)
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
16 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Esta técnica tem encontrado ampla aplicação em áreas variadas, tais como:
farmacêutica, saúde, alimentos, papel e cosméticos. Na indústria de alimentos ela é usada há
mais de 60 anos. Uma das suas primeiras aplicações foi a encapsulação de aromatizantes por
spray dryer na década de 30 (Risch & Reineccius, 1995).
Uma variedade de técnicas de encapsulação é usada na indústria farmacêutica e
alimentícia. Na área de fármacos, por exemplo, as microcápsulas são usadas principalmente
para aumentar a estabilidade de um fármaco ou para modificar ou retardar sua liberação em
locais específicos de ação. Substâncias antiinflamatórias, por exemplo, podem ter seu tempo
de atuação no plasma sanguíneo aumentado pela microencapsulação, prolongando seu efeito
no organismo (Ré, 2000a).
Inúmeros métodos permitem a microencapsulação de um material ativo, dependendo
do tipo de material, da aplicação e do mecanismo de liberação desejada para sua ação. A
diferença entre esses métodos está no tipo de envolvimento ou aprisionamento do material
ativo pelo agente encapsulante, sendo que a combinação entre o material e o agente pode ser
de natureza física, química ou físico-química (Ramos, 2006).
Entre os métodos físicos, os mais conhecidos são spray drying (secagem de gotículas
líquidas em uma corrente gasosa de ar quente), spray cooling (solidificação de gotículas
líquidas por resfriamento) e extrusão (modelamento de microesferas por meios mecânicos).
Entre os métodos químicos, destacam-se a inclusão molecular (encapsulação de certas
moléculas por outras) e a polimerização interfacial (reação de polimerização no limite entre
duas soluções, uma delas contendo o material ativo em suspensão).
Entre os métodos físico-químicos mais estudados estão a coacervação ou a separação
de fases (separação do polímero encapsulante de um meio líquido e sua precipitação na
superfície do material ativo disperso no mesmo meio) e o envolvimento lipossômico
(encapsulação por membranas lipídicas) (Ré, 2000b). O quadro 2.1 ilustra a classificação.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
17 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Quadro 2.1 - Classificação de algumas técnicas de microencapsulação.
Técnicas de Microencapsulação
Físico Spray Drying
Spray Cooling
Extrusão
Químico Inclusão Molecular
Polimerização Interfacial
Físico-químico Coacervação simples ou complexa
Envolvimento Lipossômico
A escolha do método de encapsulação para uma aplicação específica depende de uma
série de fatores, como: tamanho de partículas requerido, propriedades físicas e químicas do
núcleo e da parede, aplicação do produto final, mecanismos desejados de liberação, escala de
produção e custo (Ré, 1998).
Em geral, a escolha do processo de microencapsulação trará implicações no tamanho,
distribuição do ativo e eficiência da microencapsulação. A tabela 2.1 traz um comparativo
entre alguns métodos mais utilizados na área de alimentos, o tamanho das partículas obtidas e
a eficiência de microencapsulação. A Tabela 2.1 ilustra a característica do processo de
encapsulação em termos de tamanho de partícula e eficiência máxima.
Tabela 2.1 - Característica do processo de encapsulação (Adaptado de Martins, 2012).
Técnica de
Microencapsulação
Tamanho de
partícula (µµµµm)
Eficiência
máxima (%)
Polimerização Interfacial 2-2000 35-70
Coacervação simples
Coacervação complexa
20-200
5-200
<60
70-90
Spray Drying 1-50 <40
Alimentos, cosméticos, perfumes, aromas e produtos farmacêuticos são as áreas com o
maior número de aplicações das técnicas de microencapsulação. A Figura 2.6 ilustra a
distribuição estatística dos diferentes métodos de microencapsulação e suas aplicações.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
18 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Figura 2.6 - Representação esquemática da distribuição estatística da
microencapsulação em diferentes campos de aplicação, (adaptado de Martins, 2012).
É possível observar que o setor que mais aplica a microencapsulação é a indústria
química (45%), seguido da indústria de medicamentos (18%) e alimentos (16%).
Dentro da indústria de alimentos, a aplicação é variada e pode ser feita a corantes,
aromas, óleos, entre outros.
Segundo Azeredo (2005), apesar de os estudos de encapsulação já se encontrarem em
estágio avançado com relação aos compostos de aroma, são ainda limitados em relação a
outras classes. Alguns trabalhos foram realizados envolvendo a encapsulação de corantes. As
fortes restrições impostas pelo mercado ao uso de corantes sintéticos têm motivado sua
crescente substituição por pigmentos naturais. No entanto, além de mais caros que os
sintéticos, os pigmentos naturais são muito instáveis quimicamente. Os carotenóides, por
exemplo, que constituem uma das principais classes de corantes naturais, são muito
suscetíveis à oxidação e isomerização, que resultam em perda de cor. A encapsulação, além
de evitar essa degradação, possibilita ainda a dispersão dos carotenóides em água, facilitando
sua aplicação em alimentos. Gharsallaoui et al., (2007) e Burin et al., (2011), concluíram que
a encapsulação aumenta a estabilidade de carotenóides, antocianinas e betalaínas.
2.2.1 Microencapsulação: material de parede
A estabilidade das micropartículas são influenciadas por diversos fatores, entre os
principais, está a natureza do material encapsulante.
A escolha do material a ser utilizado deve levar em consideração uma série de fatores,
como: propriedades físicas e químicas do núcleo (porosidade, solubilidade etc.) e da parede
Higiene
Biomedicina
Medicamentos
Alimentos
Cosméticos
Têxtil
Química
Agricultura
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
19 Juliana Leão Maia, agosto/2013
(viscosidade, propriedades mecânicas, transição vítrea, capacidade de formação de filme etc.),
compatibilidade do núcleo com a parede, mecanismo de controle e fatores econômicos. O
material de parede deve ser insolúvel e não reativo com o núcleo, (Azeredo, 2005).
As características das micropartículas obtidas estão intimamente correlacionadas com
as propriedades dos polímeros. Dessa forma, é possível modular a liberação de fármacos
através do emprego de polímeros com diferentes massas molares, de copolímeros ou de
blendas (Freiberg & Zhu, 2004). Esses materiais são os mais utilizados na fabricação de
micropartículas para liberação controlada de ativos, pois viabilizam a associação de fármacos
com diferentes características físico-químicas, além de admitirem o uso de diversas técnicas
de preparação. A versatilidade desses materiais permite a obtenção de micropartículas com
perfis de liberação específicos permitindo o uso através de diversas vias de administração
(Jain, 2000).
Os materiais de parede mais utilizados para encapsular ingredientes alimentícios são
os polímeros, como polissacarídeos, carboidratos, celulose e derivados, lipídeos, proteínas e
alguns materiais inorgânicos.
Dentre os polímeros naturais, os polissacarídeos de origem marinha como o alginato, a
quitosana e a carragena, têm uma aplicação crescente para processos de encapsulação. Esses
compostos podem criar um ambiente mais adequado em regiões específicas do alimento - por
exemplo, um ambiente mais ácido na superfície do produto, favorecendo o efeito de ácidos
orgânicos utilizados como conservantes.
A seguir, serão abordadas apenas as técnicas utilizadas neste trabalho.
2.3 - Técnica de polimerização interfacial combinada com
emulsificação espontânea
Este método foi descrito inicialmente por Chang para a preparação de células
artificiais em 1960 (Chang; Granato; 1992). Costa Neto (2009) comenta que esta técnica
envolve dois monômeros complementares na interface de duas fases imiscíveis. Na prática, se
os dois monômeros têm valores de coeficientes de partição relativamente elevados e opostos,
pode ser assumido de forma a satisfazer os critérios de solubilidade implícita na definição de
polimerização interfacial. Em um sistema, o local inicial da polimerização pode estar em um
lado ou no outro lado da interface, em função dos coeficientes de partição dos dois
monômeros no sistema de duas fases. Em outras palavras, a reação polimerização começa
quando o produto das concentrações dos dois monômeros tem o valor mais elevado.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
20 Juliana Leão Maia, agosto/2013
O processo de polimerização interfacial envolve duas técnicas (Bouchemal et al.,
2002):
• Emulsificação espontânea: formação de emulsão O/A utilizando uma agitação
mecânica durante alguns minutos. O monômero está delimitado nas gotas da emulsão.
• Polimerização: Um segundo monômero é adicionado à fase externa da emulsão e a
etapa de policondensação ocorre na interface líquido-líquido da emulsão.
A etapa de emulsão é a de maior importância no processo clássico de polimerização
interfacial, pois ela determina o tamanho e índice de polidispersão das partículas. Uma
quantidade de energia mecânica é mantida durante alguns minutos para conseguir a etapa de
emulsificação e uma distribuição de tamanho estável. Além disso, o agente ativo poderia
difundir juntamente com o solvente para a fase aquosa, enquanto o rendimento do
encapsulamento decresceria (Frère; Danicher; Gramain, 1998).
No presente trabalho se utilizou a polimerização interfacial. A escolha desta técnica
foi definida com base na simplicidade de execução e disponibilidade de equipamentos e
materiais.
2.3.1 - Técnica de emulsificação espontânea
Quanto aos processos existentes para a preparação de sistemas de liberação controlada
de agentes terapêuticos, os mais utilizados envolvem geralmente evaporação de solvente ou
separação de fases por coacervação (Donbrow, 1992; Porte & Couarraze, 1994). No método
envolvendo evaporação de solventes, o ativo é dissolvido, disperso ou emulsificado em uma
solução polimérica de um solvente orgânico a qual, por sua vez, é emulsificada em uma fase
externa (aquosa ou orgânica). O solvente é removido por evaporação e o ativo e o polímero
são precipitados, formando micropartículas.
Richard et al. (2002) descrevem que o método de microencapsulação por evaporação
de solvente baseia-se na evaporação da fase interna de uma emulsão sob agitação.
Inicialmente, o material de revestimento, geralmente um polímero hidrofóbico, é dissolvido
num solvente orgânico volátil (cloreto de metileno, clorofórmio). A molécula ativa então é
dissolvida e dispersada na solução orgânica. Na etapa seguinte, a fase orgânica é emulsionada
sob agitação numa fase aquosa, contendo um agente tensoativo como o álcool polivinílico.
Uma vez estabelecida a emulsão, o solvente orgânico é difundido progressivamente
para a fase aquosa sob agitação para evaporar-se, deixando o polímero precipitar sob a forma
de microcápsulas (Figura 2.7). Embora o princípio desta técnica seja simples, os fenômenos
físico-químicos que governam este método são complexos. O sistema é caracterizado pela
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
21 Juliana Leão Maia, agosto/2013
existência de várias conversões através das quais transferências de matéria efetuam-se ao
longo de toda a formação da microcápsula (Figura 2.8). Desde o início do método, o solvente
orgânico sai da interface L1/L2 para difundir a interface L2/G onde evapora-se. Esta partição
contudo não é limitada ao solvente orgânico, refere-se igualmente ao princípio ativo
introduzido na fase dispersada. A rapidez e a importância destas diferentes transferências vão
influenciar sobre a estrutura final das micropartículas.
Figura 2.7 - Método de formação de micropartículas por emulsificação espontânea
(adaptado de Goto, 2011)
L1: fase orgânica dispersa L2: fase aquosa dispersante L2/G: interface L2/gás L1/L2: interface entre a fase dispersa e a fase dispersante
Figura 2.8 - Diferentes fases do processo de microencapsulação por evaporação do
solvente.
Este método é fácil de ser utilizado, porque não necessita de um equipamento
sofisticado e não exige a reciclagem da fase externa. No entanto, os volumes de solvente
orgânico evaporado, embora pequenos, devem ser reciclados em escala industrial. O principal
limitante deste método é que é aplicável apenas à encapsulação de matérias ativas lipofílicas.
Contudo, alternativas ao método original foram desenvolvidas para encapsulação de matérias
ativas hidrossolúveis, que serão descritas adiante. Outro inconveniente é que as
L3: fase aquosa interna dispersa L1: fase orgânica L2: fase aquosa externa dispersante
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
22 Juliana Leão Maia, agosto/2013
micropartículas produzidas podem conter vestígios consideráveis de solvente orgânico. Uma
etapa de eliminação destes resíduos deve frequentemente ser considerada. Por último, se o
agente tensoativo escolhido na etapa de emulsificação é de natureza macromolecular, uma
parte será fixada irrevogavelmente à superfície das micropartículas que pode eventualmente
ser fonte de problemas, mas pode constituir também uma vantagem uma vez que as
micropartículas produzidas são facilmente “molháveis” pela água.
Adaptações devem ser trazidas a este método quando se deseja encapsular materiais
hidrossolúveis.
Três grandes estratégias podem ser utilizadas nesta adaptação: a) evaporação de
solvente a partir de emulsões múltiplas A/O/A, b) evaporação de solvente a partir de emulsões
não aquosas e c) emulsão/extração de solvente. No primeiro método, a fase orgânica vai servir
de barreira entre as duas fases aquosas, impedindo o deslocamento das moléculas ativas para a
fase aquosa externa. O segundo método obedece a condição de que a fase continua aquosa
seja substituída por uma fase oleosa. A fase dispersada, igualmente de natureza oleosa, não
deve ser miscível à fase contínua. Por exemplo, o solvente da fase dispersada pode ser a
acetonitrila e o meio que dispersa, um óleo vegetal ou mineral. Contudo, a aplicação deste
método não é fácil em virtude da dificuldade de eliminação dos resíduos oleosos de fase
contínua que frequentemente contaminam a superfície das partículas. No terceiro método, o
volume da fase aquosa será ajustado de forma a extrair imediatamente o solvente da fase
dispersada por diluição, a fase de evaporação necessária para a formação das micropartículas.
A vantagem deste método é produzir muito rapidamente os glóbulos dispersados sob forma
sólida, minimizando os fenômenos de partição da matéria ativa. Este terceiro método foi o
utilizado neste trabalho.
A microencapsulação por evaporação de solventes em emulsões é a técnica que vem
sendo utilizada em estudos com polihidroxialcanoatos como agentes encapsulantes. Através
desse processo, Embleton & Tighe (1993) avaliaram nove composições de PHB e PHBHV
(polímeros naturais) com diferentes pesos moleculares (contendo entre 10,8 e 20,1% de HV),
usando diclorometano como solvente para os polímeros e gelatina e álcool polivinílico (PVA)
como estabilizadores na preparação da emulsão. O estudo foi realizado à temperatura
ambiente e também à 40 ºC, segundo um procedimento similar ao descrito por Okada &
Honjo (1988). As micropartículas maturadas foram peneiradas ainda úmidas (38 e 150 µm),
lavadas com água destilada e secas à vácuo por vários dias. Observando-se essas
micropartículas por microscopia eletrônica de varredura (MEV), os autores notaram
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
23 Juliana Leão Maia, agosto/2013
diferenças de porosidade entre elas e concluíram que a morfologia e o estado da superfície
dependem da concentração de HV no polímero usado.
Atkins & Yates (1998) avaliaram o uso de microesferas produzidas com misturas de
poliésteres pelo processo de emulsão com evaporação do solvente (diclorometano), para a
liberação controlada de um antibiótico. Neste caso, usaram PHBHV e poli-etileno-adipato
(PEAD) em uma mistura com poli-lactato-glicolato (PLGA) para a formação de microesferas
contendo hidrocloreto de vancomicina (Vancocin), um antibiótico solúvel em água e efetivo
contra cocos Gram-positivos produzidos por certas linhagens de Streptomyces orientalis.
Foram avaliados os rendimentos do processo, a distribuição de tamanho das micropartículas, a
eficiência de microencapsulação e a liberação de vancomicina, acompanhada por 20 dias, em
solução de tampão de Hank pH 7,4 e em soro de bezerro recém nascido. Os resultados
mostraram que, com essa mistura de polímeros, foi possível modular a morfologia e as
características de liberação do antibiótico das microesferas, cujo tamanho variou entre 5 e 100
µm. A superfície das micropartículas variou de lisa e com interior macroporoso com PLGA
50:50, superfície lisa e monolítica com PEAD, superfície lisa para 50% de PEAD com 50%
de PLGA 50:50 e superfície rugosa e microporosa para 75% de PHBHV com 25% de PLGA
50:50.
Sendil et al. (1999) apresentaram os resultados de um estudo para a construção de um
sistema biodegradável usando polihidroxialcanoatos, por dupla emulsão e com evaporação do
solvente diclorometano, para a liberação controlada do antibiótico tetraciclina, usado no
tratamento de enfermidade periodôntica. Os resultados mostraram que a emulsificação com
gelatina e PVA para a microencapsulação da droga e a composição química do antibiótico
(acidificada ou neutralizada) influenciaram a eficiência da encapsulação. Foram usadas
formulações de PHBHV com 7%, 14% e 22% de HV e pesos moleculares entre 400.000 Da e
750.000 Da. Dentre estas, a formulação com 14% de HV usando a droga acidificada foi mais
eficiente que as demais com 22 ou 7% de HV: a liberação de tetraciclina acidificada foi de
quase 90% em 100 horas para a formulação com 22% de HV, 50% com 7% de HV e 42%
com 14% de HV. A formulação com 22% de HV usando a droga neutralizada também
apresentou uma eficiência superior às demais concentrações de HV na retenção do antibiótico.
Gangrade & Price (1991) utilizaram PHB e o copolímero PHBHV com 9% e 24% de
HV para encapsulação de progesterona e observaram que com as maiores concentrações de
HV eram obtidas micropartículas de maior porosidade, o que atribuíram à menor
cristalinidade do HV e maior velocidade de liberação da droga encapsulada.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
24 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Marchessault, Maysinger & Nobes (2000) mencionaram que o uso de
polihidroxialcanoatos para o revestimento ou microencapsulação de drogas é especialmente
vantajoso, pois estes polímeros são biodegradáveis e não-tóxicos quando usados in vivo.
2.3.2- Incorporação do Composto Ativo
Tanto no método de emulsificação seguida por difusão do solvente com diluição de
fase aquosa, quanto apenas evaporação do solvente, ou ambos, inicialmente prepara-se uma
solução orgânica dissolvendo o polímero em um solvente orgânico. A substância a ser
encapsulada (composto ativo) é então dissolvida, dispersa ou emulsificada nessa solução
polimérica. A solução orgânica é, em seguida, dispersa em uma fase aquosa, geralmente,
contendo um agente emulsificante.
O método mais comumente usado para formação da emulsão é a agitação mecânica
nos processos envolvendo fases orgânica e aquosa, onde ocorre a emulsificação. Em geral, a
solução aquosa é colocada no reator e, posteriormente, sob agitação mecânica, a solução
orgânica pré-formada é adicionada gota a gota ou de uma só vez, sob agitação adequada.
A velocidade de agitação é o parâmetro mais importante para o controle do tamanho
das gotas da fase orgânica na fase aquosa. Segundo Sansdrap & Moës (1993) um aumento na
velocidade de agitação geralmente promove um aumento na turbulência e nas forças de
cisalhamento, gerando assim gotas menores e, consequentemente, micropartículas de menor
granulometria.
2.3.3- Remoção de Solvente
Depois de formada a emulsão, o solvente orgânico deve ser extraído da fase dispersa,
o que levará à precipitação do polímero e formação das micropartículas.
A difusão do solvente orgânico para a fase aquosa pode levar à saturação desta
dependendo da relação de volume de fases (orgânica/aquosa). Neste caso, o solvente deve ser
evaporado da superfície da fase orgânica, através de agitação mecânica ou magnética, para
que se consiga eficiência na difusão do solvente orgânico para a fase aquosa, já que a retirada
contínua do solvente da fase orgânica mantém o gradiente de concentração entre as duas
fases, permitindo a extração do solvente da fase orgânica.
Quando se dilui a fase aquosa para facilitar a extração do solvente da fase orgânica, o
volume e composição da fase aquosa são definidos de forma que o volume total de solvente
orgânico possa ser difundido nessa fase.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
25 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Vários fatores influenciam na velocidade de remoção do solvente, dentre eles:
concentração do material polimérico, composto ativo e o próprio solvente, bem como o perfil
de liberação desejado. Exemplificando, uma solidificação rápida das micropartículas é
desejada se o material ativo a ser encapsulado migra facilmente para a fase aquosa. Por outro
lado, uma lenta solidificação favorece o adensamento polimérico das micropartículas,
afetando o perfil de liberação do material ativo (Freitas et al., 2005).
2.3.3.1 Evaporação
A velocidade de remoção do solvente do sistema pode ser controlada pela temperatura
da solução orgânica. Temperaturas elevadas facilitam a evaporação do solvente da fase
aquosa, mantendo dessa forma um elevado gradiente de concentração entre as micropartículas
e a mesma fase (Freitas et al., 2005).
Em temperaturas mais altas há uma tendência de aumento no tamanho das
micropartículas. Este fato pode ser explicado pela rápida solidificação das micropartículas,
não havendo tempo suficiente para a diminuição no tamanho das gotas.
Como alternativa, em alguns casos, usa-se reduzir a pressão para promover a
evaporação de solvente.
2.3.3.2 - Extração do Solvente por Diluição do Sistema
Costa (2006) definiu esta etapa descrevendo que quando se pretende facilitar a
extração do solvente da fase orgânica usa-se, após a formação da emulsão, incorporar um
volume adicional de fase aquosa ao sistema. Como já mencionado, este volume deve ser
suficiente para promover a difusão do solvente orgânico para a fase aquosa, pela variação de
sua concentração, na fase aquosa, estabelecida como força motriz para difusão.
Segundo Freitas et al. (2005) uma combinação entre a evaporação e a extração de
solvente é sugerida para melhorar a eficiência de processo de microencapsulação. Após a
formação das gotas (emulsificação), uma quantidade de fluido de extração suficiente para
provocar a solidificação das microgotas é adicionada, enquanto que o solvente remanescente é
removido por evaporação. A rápida formação das micropartículas minimiza a perda de
constituinte ativo para o meio, durante a evaporação, e a quantidade de fluido de extração
consumido é reduzida quando comparada a um processo de extração sem evaporação.
Embora o princípio desta técnica seja simples, os fenômenos físico-químicos que
governam este método são complexos. O sistema é caracterizado pela existência de várias
interfaces através das quais transferências de matéria efetuam-se ao longo de toda a formação
da microesfera (Figura 2.8). Desde o início do método, o solvente orgânico se parte da
interface L1/L2 para difundir à interface L2/G onde evapora-se. Esta partição contudo não é
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
26 Juliana Leão Maia, agosto/2013
limitada ao solvente orgânico, refere-se igualmente ao princípio ativo introduzido na fase
dispersa. A velocidade destes eventos de transferência de massa vai influenciar a estrutura
final das micropartículas.
A Figura 2.9 apresenta as etapas da técnica de polimerização interfacial combinado
com a emulsificação espontânea. Pode-se observar as diferentes estruturas formadas durante a
emulsificação espontânea.
Figura 2.9 - Mecanismo de preparação de partículas usando a técnica de polimerização
interfacial combinada com emulsificação espontânea (Montasser et al., 2001, adaptado
por Costa Neto, 2009).
2.4- Reação de Reticulação Cruzada
A reticulação cruzada é uma reação química que une duas ou mais moléculas por
ligações covalentes. Reagentes reticulantes contêm extremidades reativas para grupos
funcionais específicos. O processo de reticulação introduz ligações cruzadas, ou seja, ligações
entre moléculas lineares produzindo polímeros tridimensionais com alta massa molar. Com o
aumento da reticulação, a estrutura se torna mais rígida (Clegg & Collyer, 1991).
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
27 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Reações de reticulação visam,, principalmente, modificar determinadas propriedades
do biopolímero, tais como, estabilidade química e térmica, rigidez estrutural, permeabilidade,
cor, eficiência em quelação e capacidade de imobilização protéica e celular. O processo de
reticulação sofre influência tanto de algumas características físico-químicas do biopolímero
utilizada quanto das condições reacionais adotadas. As reticulações também sofrem influência
do tipo e da concentração do agente de entrecruzamento envolvido no processo. Com a
elevação do grau de reticulação, reduz-se a porosidade do material obtido, a permeabilidade à
água e a difusão de possíveis substâncias aprisionadas nas redes poliméricas formadas. (Abreu
et al., 2011).
Há algumas finalidades que justificam a realização desse tipo de modificação química
na quitosana. Ao se fazer uma correlação entre a necessidade de reticulação da quitosana e a
aplicação do produto final podem-se citar o desenvolvimento de sistemas de liberação
controlada que demanda matrizes permeáveis à água e aptas a aprisionar, transportar e liberar
as substâncias eficientemente; por esse motivo, algumas reticulações são capazes de suprir
tais exigências. (Neto 2005).
O reagente di-isocianato (MDI), composto bifuncional empregado como agente de
entrecruzamento, é capaz de unir cadeias de quitosana através dos grupos amino e/ou
hidroxila do heteropolímero (Naimark et al, 1995). Devido à baixa solubilidade e à elevada
reatividade dessa substância em fase aquosa, meio favorável à forma canônica do MDI,
reticulações empregando esse ligante devem ser conduzidas em solventes orgânicos. A
reticulação com MDI ocorre via ataque nucleofílico do grupo amino, Figura (2.10A) e/ou
hidroxila, (Figura 2.10B) da quitosana às carbonilas do agente de entrecruzamento, para
produzir, respectivamente, os grupos amido e carbamato (Abreu, 2011).
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
28 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Figura 2.10 - Reação de reticulação entre quitosana e MDI, ligado por meio de grupo
amino (A) e por meio de grupo hidroxila (B). Adaptado de Abreu, 2011.
2.5. Mecanismo de liberação controlada de ativos
A liberação controlada de ativos possui muitas vantagens em relação às formas
convencionais como redução de frequência de doses, aumento da efetividade do fármaco no
direcionamento do sítio de ação, menores efeitos colaterais, efeito terapêutico prolongado e
constante proteção do fármaco frente a degradação no trato gastrointestinal (Jain et al., 1998;
Bennet et al., 2002; Zhang et al., 2000).
Os mecanismos de liberação são a difusão, dissolução e a erosão, sendo o primeiro
relacionado à difusão das moléculas do fármaco em soluções aquosas. Dependendo do tipo de
polímero, a difusão pode também ocorrer através da matriz polimérica por um solvente
(através dos poros da matriz). O segundo mecanismo é quando ocorre uma solubilização ou
degradação da matriz polimérica devido à dissolução ou hidrólise e “desenovelamento” da
cadeia do polímero, liberando o fármaco para dentro do solvente (Zhang et al., 2000). O
terceiro mecanismo ocorre quando através da erosão da matriz, o material de recheio entra em
contato com o meio.
Em relação à indústria de alimentos, o emprego da microencapsulação tem sido
intensificado devido às novas necessidades demonstradas nas formulações dos produtos,
A
B
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
29 Juliana Leão Maia, agosto/2013
muitas vezes, de extrema complexidade, dentre eles, o estudo de liberação controlada,
(Menezes et al,, 2013). Desse modo, a microencapsulação deixa de ser somente um método
de agregação de substâncias a uma formulação alimentícia, para tornar-se uma fonte de
ingredientes totalmente novos e com propriedades únicas (Anekella & Orsat, 2013).
Alvim (2005), Ramos (2006), Leiman (2008) se dedicaram à encapsular aromas,
óleos, antocianinas, carotenóides, probióticos, microorganismos, dentre outros que visam
contribuir para o avanço tecnológico da indústria de alimentos.
Em resumo, a estratégia científica deste trabalho é encapsular as antocianinas
presentes no corante do extrato do jambo em micropartículas desenvolvidas utilizando a
técnica da polimerização interfacial.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA
Capítulo 3 - Metodologia
31 Juliana Leão Maia, agosto/2013
3. Materiais e Métodos Neste capítulo são apresentados os materiais, bem como as diferentes técnicas de
análises utilizadas para caracterizar as microcápsulas obtidas neste estudo.
3.1 - Materiais
Para a produção das microcápsulas foram utilizados os seguintes materiais:
• Quitosana micronizada de baixa massa molar - Sigma-Aldrich (material de
parede)
• Tween 80 – Oxiteno (tensoativo hidrofílico)
• Span 80 - Sigma-Aldrich (tensoativo lipofílico)
• Isocianato (MDI) - Sigma-Aldrich (agente reticulante)
• Óleo de soja comercial
• Extrato do corante do jambo (obtido em estudos anteriores no Laboratório de
Alimentos do Departamento de Engenharia Química da UFRN).
• Antocianina Cyanidin-3-glucoside, também referenciada como Kuromanina,
Sigma- Aldrich. (padrão sintético)
• Membranas de diálise (cedidas pelo laboratório de Tecnologia de Partículas, do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT/S.A).
• Tampão fosfato padronizado - Sigma-Aldrich.
• Vidrarias em geral
• Ácido acético glacial
• Acetona
• Etanol
• Água destilada
• Sistema de agitação
• Espalhamento de luz
• Microscópio ótico
Capítulo 3 - Metodologia
32 Juliana Leão Maia, agosto/2013
3.2 - Métodos
3.2.1 Preparação das Microcápsulas
Esta etapa do processo foi realizada no aparato experimental mostrado na Figura 3.1,
composto inicialmente por um Béquer, um sistema de agitação contínua e controle da
temperatura.
Figura 3.1 - Aparato experimental utilizado para a obtenção das microcápsulas.
A preparação das microcápsulas envolve duas etapas: a primeira é a obtenção da
microcápsula em “branco” ou “vazia”, e a segunda é a inserção do ativo dentro da
microcápsula obtida. O método empregado para a obtenção das referidas microcápsulas foi a
polimerização interfacial precedida por uma etapa de emulsificação e evaporação do solvente
como esquematizado no diagrama de blocos da Figura 3.2. O processo foi realizado em
batelada sob agitação contínua e com controle da temperatura. Experimentos preliminares
foram realizados com o intuito de se produzir uma microcápsula vazia para posterior inclusão
Capítulo 3 - Metodologia
33 Juliana Leão Maia, agosto/2013
do nosso ativo, as antocianinas presentes no extrato do jambo vermelho. Todos os
experimentos foram feitos em triplicata para garantir a reprodutibilidade dos dados.
Figura 3.2 - Esquema do processo de produção das microcápsulas por
polimerização interfacial.
De acordo com o fluxograma acima, o processo de polimerização interfacial utiliza
duas soluções: uma aquosa e outra orgânica. Estas são preparadas isoladamente e, em seguida,
misturadas com agitação mecânica intensa. O objetivo inicial do experimento é garantir a
formação das microcápsulas por meio da existência de uma fase hidrofílica (solução aquosa) e
uma hidrofóbica (solução orgânica). Após a obtenção desta microcápsula, a fase seguinte do
processo consiste em inserir o extrato no interior da mesma e caracterizá-la.
3.2.2 Preparação das microcápsulas vazias
Para a realização desta etapa do estudo foi necessário se fazer um planejamento
experimental de forma a se minimizar a quantidade de experimentos a serem realizados. O
Solução aquosa Quitosana, Tween 80 Ácido acético
Solução oleosa Óleo de soja,Isocianato, Span 80, Acetona
Aquecimento a 60°C e agitação vigorosa 5000 rpm por 3 minutos
Aquecimento a 60°C e agitação contínua 1500 rpm
Formação das microcápsulas reticuladas 2h
Decantação, resfriamento a T ambiente, Envase em recipiente de vidro âmbar
Estabilização das microcápsulas formadas 2h
Evaporação da maior fração do solvente
Evaporação do restante do solvente
Capítulo 3 - Metodologia
34 Juliana Leão Maia, agosto/2013
planejamento experimental utilizado neste trabalho foi do tipo 2k, onde K é o número de
variáveis independentes a saber: quantidade de quitosana, quantidade de óleo e quantidade de
isocianato (MDI). Como variável resposta foi escolhido o diâmetro da partícula.
Com base no planejamento experimental proposto, fatorial 23, foram realizados 8
ensaios com três repetições no ponto central. As variáveis independentes, em dois níveis,
foram arranjadas segundo as 8 combinações previstas pelo planejamento experimental e no
nível médio correspondente ao ponto central. A matriz experimental baseada no planejamento
fatorial encontra-se ilustrada na Tabela 3.1.
Tabela 3.1 - Matriz experimental segundo fatorial 23.
Com base em experimentos preliminares, foram definidos os níveis das variáveis
independentes, apresentados na Tabela 3.2.
Tabela 3.2 -. Níveis das variáveis independentes
-1 0 1
A 0,5 0,75 1
B 1,5 2,5 3,5
C 0,1 0,25 0,4
Ensaios A B C
1 -1 -1 -1
2 -1 -1 1
3 -1 1 -1
4 -1 1 1
5 1 -1 -1
6 1 -1 1
7 1 1 -1
8 1 1 1
9 0 0 0
10 0 0 0
11 0 0 0
Capítulo 3 - Metodologia
35 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Sendo:
A: Quitosana (em gramas)
B: Óleo de soja (em mililitros)
C: Isocianato (MDI) (em gramas)
Os ensaios 9, 10 e 11 representam a triplicata do ponto central.
Estes ensaios foram realizados sem adição do material a ser encapsulado, antocianina
do extrato de jambo, pretendendo-se a partir da análise estatística dos resultados para a
variável resposta diâmetro médio das partículas, encontrar as condições que promovam a
obtenção de partículas com menor diâmetro.
Duas soluções, uma hidrofílica e outra hidrofóbica foram preparadas conforme
esquematizado na Figura 3.3, mantendo-se para cada experimento as quantidades de
quitosana, óleo de soja e isocianato definidas na matriz experimental.
• Solução Aquosa:
Quitosana
Tween 80 (0,136 g)
Água destilada (97 mL)
Ácido Acético (3 mL)
• Solução Oleosa:
Span 80 (0,08 g)
Isocianato
Óleo de soja
Acetona (20 mL)
Capítulo 3 - Metodologia
36 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Figura 3.3 - Esquema do processo de preparação das microcápsulas.
As duas soluções são preparadas separadamente e colocadas no agitador magnético
para solubilizar. A fase aquosa, por ter a quitosana presente, passa mais tempo agitando, já
que a mesma apresenta partículas sólidas que demoram mais para dissolver, possuindo dessa
forma uma solubilização mais demorada. Para manter a temperatura controlada o reator é
envolto em papel alumínio.
Para cada ensaio realizado a fase aquosa é introduzida primeira no reator. Em seguida,
o sistema de agitação é ligado. A fase aquosa, uma vez solubilizada, é filtrada e transferida
para um Béquer aquecido através de placa de aquecimento com temperatura controlada e, em
seguida, recebe aos poucos a solução orgânica sob uma alta agitação (5000 rpm) com um
aquecimento controlado em 60°C. As duas fases se misturam e são mantidas, ainda, sob forte
agitação durante 2 minutos. Após isso a mistura é mantida no sistema sob menor agitação
(1500 rpm) por mais 2 horas a uma temperatura de 60°C com o objetivo de se garantir a
polimerização interfacial. Ao término do processo, a emulsão obtida, com volume em torno
de 100 mL, é armazenada à temperatura ambiente, em vidro âmbar em dissecador à vácuo
para posterior caracterização.
Após a realização dos 11 experimentos efetuou-se uma análise estatística usando o
software STATISTICA (Statsoftware, USA) a fim de se observar fatores mais significativos
no diâmetro das partículas. Em seguida foram realizados ensaios em triplicata com estas
Solução aquosa
Quitosana Tween 80 Ac.acético
Solução oleosa Óleo de soja, Span 80, Isocianato, Acetona
Formação das microcápsulas
reticuladas
Estabilização e endurecimento das
microcápsulas reticuladas
Mistura, agitação e evaporação do solvente
Acetona Água
Capítulo 3 - Metodologia
37 Juliana Leão Maia, agosto/2013
condições adicionando-se o princípio ativo, extrato de jambo na quantidade de 100 mg ou o
padrão de antocianina, na quantidade de 1 mg.
Os ensaios de produção das micropartículas foram realizados no laboratório de
controle de qualidade de alimentos da engenharia de alimentos da UFRN.
3.3 – Caracterização das micropartículas obtidas
3.3.1- Tamanho médio e distribuição de tamanho
A distribuição granulométrica das micropartículas obtidas foi determinada em
aparelho Malvern Mastersizer/E (Malvern Instruments, Inglaterra), que opera pelo princípio
de difração de raios laser. Uma pequena quantidade de partículas foi dispersa em água com o
auxílio de ultrassom. O tamanho médio das partículas foi expresso com o diâmetro médio de
Sauter (D3,2). A polidispersidade foi dada pelo índice span o qual foi calculado por (D0,9 –
D0,1/D0,5), onde D0,9, D0,5 e D0,1 são respectivamente os diâmetros de partícula correspondente
a 90, 50 e 10 % da distribuição acumulada.
Os ensaios de tamanho médio e distribuição de tamanho foram realizados no
Laboratório de Tecnologia de Partículas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
São Paulo, IPT.
3.3.2-Morfologia
Em trabalhos de microencapsulação, analisar a estrutura das micropartículas obtidas é
fundamental. Neste trabalho a técnica de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) foi
utilizada para análise morfológica das micropartículas obtidas pois produz imagens de alta
resolução da superfície das mesmas (até 300.000 x), o que facilita a análise da estrutura
superficial das amostras. Estas foram previamente recobertas por uma fina película de ouro e
analisadas através de um microscópio eletrônico de varredura JEOL JSM5200, sob uma
intensidade de 15 kV e aumentos de 1000x e 1500x.
Os ensaios de morfologia com MEV foram realizados no Laboratório do Núcleo de
Petróleo e Gás da UFRN.
Foram realizadas análises de microscopia óptica com alíquotas retiradas durante os
experimentos para observar a formação das micropartículas. O equipamento utilizado foi um
microscópio óptico Nikon Eclipse, Modelo E400 POL do Laboratório de Tecnologia de
Partículas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, IPT.
Capítulo 3 - Metodologia
38 Juliana Leão Maia, agosto/2013
3.3.3-Potencial Zeta
O Potencial Zeta reflete a carga efetiva das partículas sendo, portanto, função da carga
superficial desta e da natureza e composição do meio que a circunda. Ele é uma medida da
estabilidade de uma dispersão. Quanto mais elevado seu valor numérico, mais estável é a
dispersão.
A estabilidade de uma suspensão depende das propriedades físicas das partículas
coloidais que as constituem, sendo necessário determiná-las para a compreensão das
interações individuais de cada partícula que podem levar a desestabilização de uma
suspensão. Em geral, busca-se maximizar as forças repulsivas entre as partículas a fim de
minimizar as interações que levam a formação de agregados, os quais desestabilizam as
suspensões coloidais (Aouada, 2009).
Neste trabalho as microcápsulas foram dispersas em água deionizada a pH 6,0 e a
carga superficial foi medida por laser doppler anemômetro usando o Zetamaster (Malvern,
UK). As medidas foram feitas em duplicata e cada amostra foi medida 5 vezes.
Os ensaios de potencial Zeta foram realizados no Laboratório de Tecnologia de
Partículas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, IPT.
3.3.4-Espectroscopia de Infravermelho
A espectroscopia de infravermelho é uma técnica usada para identificar um composto
ou investigar a composição de uma amostra na região do infravermelho.
As partículas foram analisadas por transformada de Fourier fazendo uso da
espectroscopia de infravermelho, com o intuito de verificar a formação de uma parede
polimérica das cápsulas. A suspensão das partículas foi colocada, diretamente, sob os sólidos
de NaCl e, em seguida, colocadas no dessecador para secagem. O espectrômetro Perkin
Elmer, modelo Spectrum One, na faixa de 500 a 4000 cm-1 foi usado para obter os espectros
de absorção das amostras.
Os ensaios de espectroscopia de infravermelho foram realizados no Laboratório de
Tecnologia de Partículas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, IPT.
3.3.5- Turbidimetria
Turbidimetria é um grau de medida da turvação de suspensão em um meio. Ela é
determinada graças a um sistema óptico que mede a diminuição da absorbância e a
diminuição da intensidade de um raio luminoso que atravessa a suspensão.
Capítulo 3 - Metodologia
39 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Na determinação da transmitância das suspensões de nano e micropartículas foi
utilizado um equipamento de medidas de turbidez da marca Turbiscan LAb® que avalia a
transmissão e o backscattering, utilizando uma fonte de infravermelho próximo (850 nm) e
detectores que medem a quantidade de luz que é refletida (a 45º do feixe incidente) ou
transmitida (a 180º do feixe incidente) através da amostra em análise.
O princípio da análise é fundamentado na alteração da fração volumétrica da
gotícula/partícula, resultando na variação da transmissão e do backscattering (Figura 3.4).
Através desta análise é possível identificar fenômenos de migração de gotícula/partícula como
cremagem (resulta da diferença de densidade entre as duas fases) e sedimentação, e
fenômenos de alteração de diâmetro como floculação e coalescência. O maior benefício na
utilização do Turbiscan é a detecção dos fenômenos de instabilidade em emulsões, suspensões
ou espumas não diluídas, muito antes que estes fenômenos sejam detectados por observação
visual do analista, especialmente no caso de sistemas opacos e concentrados (Mengual et. al.,
1999; Lemarchand et al., 2003).
Os ensaios de turbidimetria foram realizados no Laboratório de Tecnologia de
Partículas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, IPT.
Figura 3.4 - Representação esquemática do princípio de funcionamento do Turbiscan
(Adaptado de Daoud-Mahammed; Couvreur; Gref, 2007).
As formulações contendo extrato de jambo e óleo foram analisadas pela metodologia
proposta por Paese (2008). Esta metodologia consiste em fazer as análises por 24 horas à
Capítulo 3 - Metodologia
40 Juliana Leão Maia, agosto/2013
temperatura de 40ºC, com varreduras a cada 10 min, possibilitando a identificação e o estudo
dos fenômenos de instabilidade das mesmas.
3.3.6- Estudo da liberação controlada com membranas de diálise
Esse método permite a investigação da liberação de um ativo (antocianina)
encapsulado independente de membranas. O princípio do método reside na difusão do
ingrediente ativo (antocianina) da formulação, ultrapassando a membrana de diálise utilizada
para envolver a suspensão, para um receptor lipofílico, o etanol. Esse receptor foi usado, pois
ele solubiliza a antocianina e não altera a estrutura física das partículas de quitosana/MDI.
Uma solução água/etanol (80/20 v/v) foi adicionada a uma massa de microesferas
(18,8 – 75,0 mg) em erlenmeyers contendo 200 mL da solução água/etanol (80/20 v/v). Os
Erlenmeyers eram colocados sob agitação de 140 rpm em um banho a 37ºC. Foram retiradas
alíquotas de 1mL nos tempos: 2’, 5’, 10’, 15’, 20’, 30’, 45’, 1h, 2h, 4h e 24 h. O ativo liberado
foi quantificado através da leitura da absorbância em 243nm e utilização de curva de
calibração previamente construída com o padrão de antocianina, a kuromanina.
Os ensaios de estudo da liberação controlada com membranas de diálise foram
realizados no Laboratório de Controle de Qualidade da Engenharia de Alimentos da UFRN.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
42 Juliana Leão Maia, agosto/2013
4. Resultados e discussões
4.1- Ensaios preliminares e planejamento experimental
Um planejamento fatorial 23 foi elaborado para extrair o máximo de informações sobre
a obtenção das micropartículas de quitosana/MDI, já que o processo em estudo visa a
obtenção de partículas com menor diâmetro. A partir da análise estatística dos resultados foi
possível avaliar a influência das variáveis independentes na obtenção das micropartículas bem
como propor um modelo que representasse o diâmetro médio em função destas variáveis e das
interações entre as mesmas. Os resultados do planejamento experimental se encontram na
Tabela 4.1. As variáveis independentes neste estudo, conforme citado na metodologia, foram:
(a) quantidade em massa de quitosana; (b) quantidade em volume de óleo; e (c) quantidade
em massa do isocianato (Tabela 4.2).
Tabela 4.1. - Planejamento experimental 23 – matriz experimental e variável resposta
Ensaio Quitosana (g)
Óleo (mL)
Isocianato (g)
Diâmetro médio (µµµµm)
1 -1 -1 -1 4,15
2 -1 -1 1 52,06
3 -1 1 -1 150,40
4 -1 1 1 19,66
5 1 -1 -1 5,94
6 1 -1 1 22,63
7 1 1 -1 7,11
8 1 1 1 16,19
9 0 0 0 16,73
10 0 0 0 23,36
11 0 0 0 14,61
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
43 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Estes dados foram submetidos a uma regressão linear utilizando o Statistica 7.0, onde
foi possível calcular os efeitos de cada variável (Tabela 4.3).
Tabela 4.2. - Fatores e níveis para as variáveis codificadas definidas
-1 0 1
X1 0,5 0,75 1
X2 1,5 2,5 3,5
X3 0,1 0,25 0,4
Onde:
X1: Quitosana (em gramas)
X2: Óleo de soja (em mililitros)
X3: Isocianato (MDI) (em gramas)
Tabela 4.3 - Efeitos calculados no Statística 7.0 para Planejamento Fatorial 23
Os efeitos individuais de todas as variáveis independentes bem como de suas
interações se mostraram estatisticamente significativos com significância máxima para a
variável 1 e a interação entre as variáveis 2 e 3. Individualmente, a variável quantidade de
quitosana foi a estatisticamente mais significativa para um nível de 95% de confiança. Isto
pode ser constatado através do diagrama de Pareto (Figura 4.1), que ilustra os efeitos das
variáveis estudadas individualmente e de suas interações, com relação ao diâmetro das
partículas. O efeito da variável será tão significativo quanto mais à direita da linha vermelha
ele estiver, no nível de significância de 95 % de confiança.As variáveis 2 e 3 apresentaram
significância estatística baixa e de sentidos opostos, porém a interação entre elas é
estatisticamente mais significativa e negativa, favorecendo a produção de partículas de menor
diâmetro. Isto é comprovado quando se observa a influência das variáveis 2 e 3
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
44 Juliana Leão Maia, agosto/2013
conjuntamente, o que significa que as duas devem ser utilizadas em níveis diferentes. A
variável 1 tem maior significância individualmente, que indica que para condições ideias,
deve ser utilizado o seu nível maior (1).
Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: Diâmetro
2**(3-0) design; MS Pure Error=20,83563
DV: Diâmetro
-4,4196
8,410106
8,411656
-9,22649
13,24797
-13,5082
-14,4268
p=,05
Standardized Effect Estimate (Absolute Value)
(3)Isocianato
(2)Óleo
1by3
1by2
1*2*3
(1)Quitosana
2by3
Figura: 4.1 - Gráfico de Pareto
Com a regressão dos dados utilizando-se o Statistica 7.0, obteve-se um modelo
matemático (Equação 4.1) para a obtenção do diâmetro da partícula considerando o intervalo
de probabilidade de 95% de confiança. Tal modelo foi gerado a partir dos dados apresentados
na Tabela 4.3.
oleoisocianatoquitosanaisocianatooleoisocianatoquitosana
oleoquitosanaIsocianatooleoquitosanaDiâmetro
***3800,21**2825,23**570,13
**8900,14*1325,7*5725,13*8000,212582,30
+−+
−−+−=
(Equação 4.1)
O coeficiente de correlação R2 ajustado para o modelo apresentado pela Equação 1 foi
de 0,96366, o que demonstra uma regressão satisfatória.
Na Tabela 4.2 apresenta-se uma síntese dos resultados da análise de regressão para
todas as variáveis de resposta analisadas.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
45 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Conforme os dados da Tabela 4.2 o modelo estatístico de primeira ordem ajustado aos
dados do diâmetro da partícula explica da variação em torno da média e para a regressão
poderia ser considerado um modelo significativo, pois a relação Fcalc/Ftab está um pouco acima
de 1. O teste F para a falta de ajuste apresentou um valor insatisfatório, (>1), identificando-se
a falta de ajuste do modelo de primeira ordem aos dados de diâmetro da partícula. O valor de
F calculado dividido pelo valor de F tabelado para a regressão quando maior que 1 indica que
o modelo é significativo. O valor de F calculado dividido por F tabelado para a falta de ajuste
quando menor que 1, indica que o modelo é preditivo. Conclui-se que para os dados ajustados
do diâmetro o modelo estatístico é significativo, porém não é preditivo para 95% de
confiança.
Tabela 4.2 - Resultados da análise de regressão.
SQ GL QM Fcal Ftab Fcal/Ftab
Regressão 16923,98 7 2417,711 11,36616 8,87 1,281416
Resíduo 638,1338 3 212,7113
Falta de Ajuste 596,4625 1 596,4625 28,62704 18,51 1,546572
Erro Puro 41,67127 2 20,83563
Total 17562,11 10
A Figura 4.2 apresenta o gráfico dos valores preditos versus observados, onde
evidencia-se a validade do modelo e a significância estatística da regressão. Observa-se uma
boa distribuição dos pontos em torno do ponto zero, onde também é possível perceber que o
modelo deixou poucos resíduos, pois de acordo com Barros Neto; Scarminio; Bruns, (2001),
tão mais significativo será o modelo quanto menor o resíduo a ele associado.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
46 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Observ ed v s. Predicted Values
2**(3-0) design; MS Pure Error=20,83563
DV: Diâmetro
-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Observ ed Values
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Pre
dict
ed V
alue
s
Figura 4.2 – Valores preditos versus valores observados.
Optou-se então por realizar um teste de múltipla comparação. O teste empregado foi o
teste de Tukey que serve para se verificar variações significativas entre médias de vários
grupos de amostra.
Tabela 4.3 - Teste de Tukey para o diâmetro de partícula.
Os valores apresentados no teste de Tukey apontam que quanto mais próximos de 1,
mais semelhantes os efeitos das variáveis sobre a variável resposta, ou seja, estatisticamente
elas são iguais. Por este teste, pode-se observar que os ensaios 1, 5 e 7 são semelhantes entre
si em seus efeitos sobre o diâmetro.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
47 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Desta forma, escolheu-se utilizar as condições do ensaio 5, que além de apresentar um
diâmetro pequeno, possui uma maior quantidade de quitosana, que é interessante visto que
tem-se o interesse em produzir uma maior quantidade de partículas por ensaio.
Após a escolha do experimento 05 do planejamento experimental, as suspensões de
partículas contendo concentração definida de extrato de jambo foram preparadas segundo o
método de polimerização interfacial combinado com emulsificação espontânea descrito no
procedimento experimental (3.1 ), fixando-se as composições apresentadas nas Tabelas 4.4 e
4.5. Para efeito comparativo, foram feitos ensaios contendo antocianina pura, do tipo
kuromanina.
Tabela 4.4. Composição da suspensão de partículas contendo extrato de jambo
FASE AQUOSA FASE ORGÂNICA
Água destilada.................................97 mL MDI................................................100 mg
Tween 80...................................... 136 mg Óleo de soja ...................................1,5 mL
Quitosana ................................... 1000 mg Span 80............................................80 mg
Ácido acético glacial.................................................3mL
Extrato............................................100 mg
Acetona............................................20 mL
Tabela 4.5. Composição da suspensão de partículas contendo antocianina
FASE AQUOSA FASE ORGÂNICA
Água destilada.................................97 mL MDI................................................100 mg
Tween 80...................................... 136 mg Óleo de soja ...................................1,5 mL
Quitosana ................................... 1000 mg Span 80............................................80 mg
Ácido acético lacial.............................3mL Antocianina.....................................0,1 mg
Acetona............................................20 mL
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
48 Juliana Leão Maia, agosto/2013
4.2-Tamanho médio e distribuição de tamanho
O tamanho de partícula é um importante parâmetro a ser avaliado para controlar o
processo de obtenção e, particularmente, assegurar a qualidade da formulação, porque a
estabilidade física de suspensões depende do tamanho de partícula e da distribuição do
tamanho (Müller-Goymann, 2004 apud Costa Neto, 2009).
Foram realizadas análises de tamanho médio e distribuição de tamanho no
equipamento Beckman Coulter para todos os ensaios de micropartículas de quitosana sem a
incorporação do extrato de jambo. Como ficou definida a melhor condição sendo a do ensaio
5, a Figura 4.3 apresenta o resultado da distribuição de tamanho e índice de dispersão para
estas condições.
Figura 4.3 - Tamanho médio e distribuição de tamanho das micropartículas de
quitosana/MDI.
Os valores encontrados foram 5,920µm, 5,868µm e 6,019µm, que se mostram
superiores aos encontrados na literatura, que apresentam partículas com diâmetro em torno de
300 a 600 nm (Alvarez-Román et al., 2001; Alvarez-Román et al., 2004; Olvera-Martínez et
al., 2005; Jiménez et al., 2004; Verna et al., 2003), que utilizaram quitosana como material de
parede, e são satisfatórios para este trabalho pois apresentam diâmetro compatível com o
utilizado na indústria de alimentos.
4.3-Morfologia
A microscopia ótica foi utilizada para verificar a formação de micropartículas em
suspensão durante os ensaios. As Figuras 4.4 a e 4.4 b mostram a fotografia das
micropartículas com aumento de 100x. A Figura 4.4 a mostra a dispersão das micropartículas
em formação sem incidência direta de feixe de luz de fibra óptica. A Figura 4.4 b mostra a
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
49 Juliana Leão Maia, agosto/2013
mesma etapa de formação das micropartículas mas com luz incidente proveniente de feixe de
fibra óptica, a intenção é observar o enrijecimento das partículas, que quando formadas não
permitem a penetração da luz, apresentando-se sólidas.
(a) Micropartículas sem luz polarizada (b) Micropartículas sob luz polarizada
Figura 4.4 - Microscopia ótica das micropartículas de quitosana/MDI.
A microscopia eletrônica de varredura foi realizada no intuito de visualizar a
morfologia das partículas, comparar as partículas vazias e contendo o extrato de jambo, como
observado na Figura 4.5.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
50 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Micropartículas vazias. Aumento de 1000x Micropartículas vazias. Aumento de 2500x
Micropartículas contendo extrato de jambo. Aumento de 1000x
Micropartículas contendo extrato de jambo. Aumento de 2500x
Figura 4.5 - Microscopia eletrônica de varredura das partículas com o sem extrato de
jambo.
Como observado nas fotos da figura acima, as micropartículas tem formato
predominantemente arredondado e pouco variável, com granulometria compatível com a que
foi determinada por granulometria laser, além de manterem a morfologia semelhante quando
se comparam as que não receberam o extrato com as que têm o extrato microencapsulado.
4.4-Potencial Zeta
O potencial Zeta das micropartículas vazias foi determinado através da média de
quinze repetições sendo apresentado na Figura 4.6. Observa-se que as partículas têm carga
superficial positiva, da ordem de + 7,03 mV para a amostra do ensaio 5.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
51 Juliana Leão Maia, agosto/2013
O potencial Zeta positivo encontrado na superfície das partículas é devido às
características catiônicas das cadeias de quitosana em pH baixo. Com um aumento na
quantidade de quitosana, há um excesso de íons NH3+, em relação aos grupamentos COO- o
que resulta em micropartículas com valores maiores de potencial Zeta, tal qual estabeleceu
Aouada, (2009). Desta forma, conclui-se que a emulsão formada neste trabalho é estável.
Figura 4.6 - Potencial Zeta das micropartículas vazias
4.5-Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho
Os diferentes modos de interação da radiação eletromagnética com a molécula
(vibração e rotação) provocam os espectros de absorção na região do infravermelho. Para o
acompanhamento da reação entre quitosana e MDI o seguinte procedimento foi proposto:
análise por espectroscopia na região do infravermelho do produto obtido procurando-se
constatar o consumo de reagente (MDI) e a formação da parede polimérica das partículas.
Para esta análise, a Figura 4.7 reúne os espectros de diferentes amostras:
a. Quitosana;
b. MDI
c. Mistura física de quitosana/MDI na proporção 1:1;
d. Micropartículas de quitosana/MDI razão mássica de 10:1 (Ensaio branco 5).
Frequência (Hz)
Potencial Zeta (mV)
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
52 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Figura 4.7 - Comparação entre os FT-IR
Como se pode observar na Figura 4.7, o pico característico do MDI é apresentado na
mistura física quitosana/MDI, servindo como referência para se observar a presença de MDI
residual nas formulações [banda de absorção do isocianato, -N = C = O (2.275 -2.250 cm-1)].
(D) Micropartículas QT/MDI 10:1
(B) MDI
(A) Mistura física
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
53 Juliana Leão Maia, agosto/2013
O objetivo foi de acompanhar o consumo de MDI, em partículas produzidas com
quitosana e MDI. Diante disto, não foi observada a presença de um pico de MDI não reagido
no ensaio branco 5, porém foi observado o pico da quitosana, indicando o consumo de MDI
quando são formuladas as micropartículas. Essa informação sugere a ocorrência da reação
entre a quitosana e o MDI, como também, a formação da parede polimérica da cápsula.
4.6-Estabilidade da emulsão
As análises feitas no Turbiscan LAB® possibilitam a identificação de fenômenos de
instabilidade em suspensões e emulsões. A vantagem desta técnica é a detecção desses
fenômenos antes que os mesmos sejam observados por métodos convencionais (Mengual et
al., 1999).
A Figura 4.8 apresenta gráficos referentes à variação de “backscattering” e de
transmissão das suspensões de cápsulas contendo extrato de jambo. O manual do
equipamento informa que, podem ser analisados os gráficos de variação de “backscattering”
caso os valores de variação de transmissão sejam inferiores a 0,2 %. Portanto, só foram
analisados os gráficos de “backscattering”, pois os valores de transmissão foram inferiores a
0,2 %. Em cada gráfico, a parte da esquerda refere-se à base da cubeta de análise e a direita ao
topo da mesma. Os fenômenos de instabilidade como sedimentação, floculação, coalescência,
são demonstradas na base, no topo ou no centro da cubeta, observando-se a elevação ou
diminuição de “backscattering”. A formulação não apresentara variação na transmissão e no
backscattering durante a análise, indicando não haver fenômenos de instabilidade física nas
amostras estudadas.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
54 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Figura 4.8 – Backscattering da emulsão do ensaio 5 contendo extrato de jambo
Foi verificado é que após 30 dias de armazenamento, as micropartículas de quitosana
contendo extrato de jambo presentes nas emulsões são estáveis e não apresentam dispersão
nem separação entre fases. Este resultado é importante visto a aplicação desse extrato em
protetores solares, por exemplo.
4.7-Dissolução e liberação das microesferas de quitosana contendo
extrato de jambo em meio de liberação
O uso de micropartículas como sistema de liberação controlada é estabelecido na
literatura. Foi encapsulado o extrato do corante do jambo, por conter antocianinas, ativos
estudados por sua capacidade antioxidante. A liberação das antocianinas pode ocorrer por
difusão através dos poros da matriz polimérica, por degradação do polímero ou por uma
combinação dos dois mecanismos.
Neste trabalho, estudou-se a liberação das antocianinas dos sistemas desenvolvidos
por um método “in vitro” utilizando membrana de diálise e uso de uma solução de etanol e
água na proporção de 70/30 (v/v) como meio receptor.
A Figura 4.9 representa a liberação das antocinaninas presentes no extrato ao longo de
24h. A formulação apresenta uma rápida liberação inicial antes de completar 1 hora de ensaio,
quando em contato com o meio etanólico, fato que pode indicar a presença de antocianinas na
superfície das micropartículas, extraídas pelo etanol rapidamente. Constata-se que ao longo de
24h, toda a antocianina presente nas micropartículas é liberada no meio, o que indica bom
potencial de uso para aplicações em sistemas de liberação rápida/moderada, como uso em
aditivos alimentícios.
Transmission - no zoom
0mm 50mm0%
20% 0:00:00:000:12:00:000:20:00:001:04:00:001:12:00:001:20:00:002:04:00:002:12:00:002:20:00:003:08:00:003:16:00:004:00:00:00
Backscattering - no zoom
0mm 50mm0%
50%
0:00:00:000:12:00:000:20:00:001:04:00:001:12:00:001:20:00:002:04:00:002:12:00:002:20:00:003:08:00:003:16:00:004:00:00:00
Capítulo 4 – Resultados e Discussões
55 Juliana Leão Maia, agosto/2013
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Lib
era
ção
(%
)
tempo (h)
Extrato
Figura 4.9 - Curva de liberação da formulação contendo antocinaninas.
Diante de todos os resultados apresentados, este trabalho apresenta potencial de
aplicação para a indústria de alimentos e deverá ser continuado pela aplicação de outras
técnicas de microencapsulação e incorporação de ativos diversos.
Capítulo 5 – Conclusão
CAPÍTULO 5
CONCLUSÃO
Capítulo 5 – Conclusão
57 Juliana Leão Maia, agosto/2013
5. Conclusão
Este trabalho teve como objetivo principal o desenvolvimento de microcápsulas de
quitosana reticuladas com MDI, utilizando a técnica de polimerização interfacial combinada
com emulsificação espontânea.
O principal resultado alcançado foi a obtenção das microcápsulas de quitosana vazias
e contendo o corante do extrato do jambo utilizando a técnica de polimerização interfacial.
A morfologia obtida indicou predominantemente característica esférica com pouca
variação, o que indica boa reprodutibilidade do trabalho, aplicável em maior escala.
A obtenção das microcápsulas com tamanhos diferentes foi satisfatória para posterior
aplicação em diferentes áreas, principalmente na indústria de alimentos.
O diâmetro obtido com as condições ideais de ensaio apresentou-se satisfatório para a
indústria de alimentos, que em geral, utiliza partículas da ordem de 2 a 100 µm, dependendo
da aplicação.
As propriedades de potencial Zeta e turbidimetria indicaram que as emulsões com e
sem o extrato são estáveis, indicando boa vida de prateleira.
A liberação controlada indicou liberação rápida/moderada, o que caracteriza boa
potencialidade de aplicação em uso alimentício.
Por fim, este trabalho tem sua originalidade na formação de uma partícula
encapsulando um tipo de material, antocianinas do corante do extrato do jambo, de grande
utilidade para a indústria e ainda pouco explorado.
Capítulo 6 – Referências Bibliográficas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo 6 – Referências Bibliográficas
59 Juliana Leão Maia, agosto/2013
Referências Bibliográficas
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