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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE VEGETAL JOSÉ NEIVA MESQUITA NETO INTERAÇÃO PLANTA-POLINIZADOR EM ESPÉCIES SINCRONOPÁTRICAS DE Psychotria (Rubiaceae) GOIÂNIA, 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE VEGETAL

JOSÉ NEIVA MESQUITA NETO

INTERAÇÃO PLANTA-POLINIZADOR EM ESPÉCIES SINCRONOPÁTRICAS DE Psychotria

(Rubiaceae)

GOIÂNIA, 2013

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JOSÉ NEIVA MESQUITA NETO

INTERAÇÃO PLANTA-POLINIZADOR EM ESPÉCIES SINCRONOPÁTRICAS DE Psychotria

(Rubiaceae)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biodiversidade Vegetal da Universidade

Federal de Goiás, como requisito parcial para obtenção

do título de Mestre em Biodiversidade vegetal.

Orientadora: Profa. Dra. Edivani Villaron Franceschinelli

GOIÂNIA, 2013

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) GPT/BC/UFG

M582i

Mesquita Neto, José Neiva.

Interação planta-polinizador em espécies sincronopátricas de Psychotria (Rubiaceae) [manuscrito] / José Neiva Mesquita Neto. - 2013. 73 f. : il., figs.

Orientadora: Profª. Drª. Edivani Villaron Franceschinelli. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás,

Instituto de Ciências Biológicas, 2013. Bibliografia.

Inclui lista de figuras. 1. Espécies simpátricas - Cerrado. 2. Floração agrupada.

3. Psychotria – Polinizadores. 4. Redes de interação – Mata Atlântica. I. Título. CDU: 582.936.1:574.3

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JOSÉ NEIVA MESQUITA NETO

INTERAÇÃO PLANTA-POLINIZADOR EM ESPÉCIES SINCRONOPÁTRICAS DE Psychotria

(Rubiaceae)

Aprovado pela banca examinadora em 19 de setembro de 2013.

____________________________________ Drª. Edivani Villaron Franceschinelli

Orientadora Presidente da banca

____________________________________ Dr. Mário Almeida Neto

Membro externo Universidade Federal de Goiás

____________________________________ Dr. Hélder Nagai Consolaro

Membro interno Universidade Federal de Goiás

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“...Como à abelha, apraz-nos não pretender nada de próprio senão as nossas asas e a nossa voz: o

que vale dizer, os nossos vôos e a nossa língua. Quanto ao resto, o que quer que tenhamos

obtido, o foi por infinito trabalho, e pesquisa, e inquirição de cada canto da natureza: a diferença

é que, em vez de poeira e peçonha, optamos por preencher nossas colméias com mel e cera,

fornecendo assim à humanidade as duas coisas mais nobres, que são a doçura e luz.”

Swift apud Stephen Jay Gould

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Dedico este trabalho a minha mãe, Lourdes

Neiva da Silva Mesquita, meu pai, Silvio

Correia de Mesquita e a Deus, sem os quais

a minha existência não teria sentido. Vocês

são tudo o que mais amo!

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AGRADECIMENTOS

Enfim, o fim.

Durante os quase dois anos de permanência no mestrado e em Goiânia aprendi valiosas lições

que mudaram minha forma de viver e interpretar o mundo. Entretanto, tão importante quanto as

lições em si, são quem as ensinam, por isso agradeço:

- As lições que aprendi com Edivani Villaron Franceschinelli, que não se limitou apenas em suas

obrigações como minha orientadora. Serei sempre grato pelos conselhos, pelas discussões de

ideias e por dividir comigo uma pequena parte de seu vasto conhecimento. Obrigado por

acreditar tanto em mim (em muitos momentos, mais que eu mesmo) e por deixar que minha

imaginação e criatividade tomarem forma em uma pesquisa, propiciando que a dissertação não

se tornasse um fardo, mas sim algo prazeroso e empolgante a ser desempenhado. Em essência,

graças a você pude perceber que a ciência, apesar de demandar rigor, pode ser encarada com

serenidade. Seu caráter e sabedoria são aspirações que carregarei por toda a vida;

- As lições que aprendi com o amigo Carlos de Melo e Silva Neto, que não se limitou apenas em

ser um colega de curso ou de laboratório, mas um companheiro para todas as horas. Uma das

pessoas mais altruístas que já conheci na vida, o fardo seria bem mais pesado sem sua ajuda.

Obrigado pelo aparo, apoio, entusiasmo, tempo desprendido, risadas, brincadeiras, desabafos, os

quais transformaram momentos de angustia e tristeza em alegria e paz. Uma pessoa que, com

certeza, sempre poderei contar;

- As lições que aprendi com a amiga Elga de Fátima Almeida. Obrigado pela amizade,

companheirismo e incentivo. Levarei comigo seus conselhos, ideias e experiências. Uma pessoa

admirável, sou privilegiado por conhecê-la;

- Com a amiga Saturnina da Costa aprendi a conviver, valorizar e admirar uma pessoa e cultura

diferentes. Companheira de RU, seja no almoço ou na janta faça chuva ou faça sol. Obrigado

pelas discussões sobre ciência e sobre a vida, elas me fizeram crescer;

- Com o amigo Iada Anderson Barbosa Leal aprendi que o bom humor é indispensável, a

descontração adoça a vida e que uma boa gargalhada não torna o fardo mais leve, mas ajuda a

leva-lo com mais ânimo. Aprendi também que não existe desgraça grande o bastante para não

virar motivo de piada. Um dia vamos rir de tudo isso. Obrigado mestre “Yoda”!

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- Com a amiga Giselle Lopes Moreira aprendi que um papo descontraído em meio a um dia

turbulento e sem motivação, ajuda a relaxar e esquecer, ao menos por um momento, a árdua

tarefa. Obrigado por ter ouvidos dispostos e sabias palavras (na maioria das vezes! Risadas);

-Com a amiga Joicy Martins Morais aprendi que uma boa pergunta combinada com um bom

delineamento amostral e um método estatístico consistente (rodados no R ou Statistica) geram

verdadeiros “milagres” (ou geram ainda mais perguntas! Risadas). No entanto, mais importante

que isso, descobri em você uma grande amizade. Obrigado pelas conversas sobre ciência e sobre

a vida, aprendi muito e ri mais ainda na sua companhia;

- Com a amiga Flaviana Lima Gomes aprendi que a calma e paciência são qualidades

imprescindíveis a um bom pesquisador. Obrigado pela companhia no laboratório e por sua

constante disponibilidade em ajudar;

- As lições que aprendi com a amiga Camilla Rayza. Obrigado pela generosa ajuda nas analises

morfométricas das flores e por manter em mim um clima de otimismo e alegria, determinantes

manutenção de minha sanidade mental durante as horas de aflição;

- Ao amigo Leonardo de Jesus, pela amizade, parceria, conselhos, gargalhadas e discussão de

ideias;

- Aos amigos do PPG em Biodiversidade Vegetal que sempre acreditaram no sucesso deste

trabalho, que deixaram muitas lembranças agradáveis e fizeram meu mestrado muito mais

prazeroso: Iada Anderson Barbosa Leal; Carlos de Melo e Silva Neto; Giselle Lopes Moreira

(Joicele I); Joicy Martins Morais (Joicele II); Luma Mota Palmeira Trindade; Josimar Pereira

Santos; Lorrayne Veloso de Almeida; Marcia Yuriko H.C. Sena; Suyá Samara Moreira; Tulio

Freitas Filgueira (Tluley); Vanessa Sardinha dos Santos;

- Aos amigos que compartilharam comigo o mesmo teto por bom período: Raphael Matias da

Silva; Tulio Freitas Filgueira; Josimar Pereira Santos. Obrigado pelas discussões de ideias,

momentos de descontração e amparo em momentos de angustia. Passamos por muitos desafios

juntos, mas nossa amizade foi maior que nossas diferenças;

- Ao amigo Lucas Marques de Camargos pelas discussões sobre ciência que me adicionaram um

conhecimento raro e valioso, pelos bons momentos de descontração e pela confecção dos

desenhos das flores;

- Aos membros (procurados!) do Laboratório de Biologia Reprodutiva de Plantas (BioRep);

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- Ao Prof. Antônio José Camillo de Aguiar (UnB) pelos ensinamentos e identificação das

espécies de Hymenoptera;

- Aos membros do Laboratório de Sistemática de Abelhas (UFMG) e o Prof. Fernando Silveira

pela identificação das abelhas;

- Ao Prof. Mário Almeida Neto pelas ideias que muito contribuíram desde a fase de elaboração

do projeto até a redação do manuscrito;

- Ao Prof. Hélder Nagai Consolaro pela discussão de ideias, contribuição na elaboração e

execução do trabalho, definição das espécies estudadas e partilha de conhecimento;

- A Profa. Viviane Gianluppi Ferro pela identificação de Lepidópteras, apoio e discussão de

ideias;

- Ao Ms. Daniel de Paiva Silva pelo incentivo, apoio e discussão de ideias;

- Ao Dr. Felipe Amorim pelas importantes sugestões e ideias;

- Ao Prof. Leonardo Galetto (Universidad Nacional de Córdoba) pela gentil colaboração na

discussão e sugestão de ideias, as quais enriqueceram este manuscrito;

- Aos Professores, coordenadores e funcionários do PPG em Biodiversidade Vegetal;

- Universidade Federal de Goiás que propiciou toda minha formação acadêmica até o momento;

- Ao CNPq pela concessão de financiamento ao projeto;

- A Capes pela concessão de minha bolsa, sem a qual, seria inviável a conclusão deste mestrado;

- A minha família, por me proporcionar uma educação de qualidade, tanto escolar como fraterna

e que me proporcionaram esse mérito;

- As espécies de Psychotria e seus polinizadores. Espero que os frutos dessa pesquisa tenham o

devido retorno para conservação das populações e que compense por vezes as coletas e

amostragens realizadas;

- E finalmente a Deus, por permitir minha existência e a conquista deste mérito.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

RESUMO

ABSTRACT

INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 15

OBJETIVOS ......................................................................................................................... 16

Objetivo geral ................................................................................................................... 16

Objetivos específicos ........................................................................................................ 16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 17

ARTIGO I .............................................................................................................................. 20

Interação planta-polinizador em espécies de Psychotria (Rubiaceae) na Mata Atlântica

.................................................................................................................................................

21

Resumo ................................................................................................................................... 22

Introdução ............................................................................................................................. 23

Material e métodos ............................................................................................................... 24

Resultados .............................................................................................................................. 26

Discussão ................................................................................................................................ 27

Referências Bibliográficas .................................................................................................... 30

ARTIGO II ............................................................................................................................ 41

Facilitação na polinização de espécies sincronopátricas de Psychotria (Rubiaceae) ...... 42

Introdução ............................................................................................................................. 43

Material e métodos ............................................................................................................... 45

Resultados .............................................................................................................................. 49

Discussão ................................................................................................................................ 52

Referências bibliográficas .................................................................................................... 57

CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 73

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LISTA DE FIGURAS E TABELAS

ARTIGO I Tabela 1. Lista dos trabalhos sobre biologia reprodutiva de espécies de Psychotria

realizados na Mata Atlântica e incluídos neste estudo, indicando os autores, ano de publicação, método de amostragem dos visitantes e espécies analisadas.* If: Individuo focal (rede entomológica); Cr: coleta rotativa; Rf: Registro fotográfico .............................................................................................................

36

Figura 1. Grafo bipartido qualitativo de 12 espécies de Psychotria ocorrentes na Mata Atlântica e seus polinizadores. Vértices polinizadores: (1) Cinza: Beija-flores; (2) Branco: borboletas; (3) branco: abelhas ..........................................................

37

Figura 2. Distribuição cumulativa do número de ligações estabelecidas por cada espécie (k), para as espécies de Psychotria e seus polinizadores, evidenciando um numero predominante de espécies com poucos links e poucas espécies altamente ligadas ...................................................................................................

38

Figura 3. Os mapas representam a distribuição geográfica das espécies de Psychotria incluídas neste estudo na Mata Atlântica e a sobreposição parcial entre as espécies no bioma. Os dados evidenciam que o sistema aqui proposto é viável espacialmente pelo co-ocorrencia entre as Psychotria. As informações foram limitas ao Brasil pelo fato de existir no país bancos de dados com informações de coletas de herbários. .........................................................................................

39

Figura 4. Período de floração das nove espécies de Psychortia ocorrentes na Mata Atlântica incluídas nesse estudo, evidenciando maior sobreposição de floração entre as espécies entre os meses de novembro e maio. Evidenciando que o sistema aqui proposto é viável temporalmente pelo co-floresciemento das espécies. ................................................................................................................

40

ARTIGO II Figura 1. Espécies sincronopátricas de Psychotria incluídas nesse estudo, comparação

da morfologia externa das flores. (a;b) P. prunifolia; (c;d) P. deflexa; (e;f) P. capitata; (g;h) P. hoffmannseggiana. ...............................................................

66

Figura 2. Distribuição geográfica das espécies sincronopátricas de Psychotria analisadas neste estudo, evidenciando sobreposição nas ocorrências. ..............................

67

Figura 3. Fenologia reprodutiva baseada na densidade média de flores abertas das espécies de Psychotria. Fundo cinza claro representa o período de maior abundância e sincronia floral de P. capitata, P. prunifolia e P. deflexa e aumento na abundância de polinizadores; fundo cinza escuro representa o período de abundância floral de P. hoffmannseggiana e de polinizadores, note que as demais espécies apresentam um inesperado retardamento no declínio do número de flores, inclusive com aumento da abundância floral em P. prunifolia. ...............................................................................................

68

Figura 4. Correlação de Spearman entre o número médio de flores abertas de Psychotria e a abundância de polinizadores correspondentes. *p<0.05; **p<0.01. ..........

69

Figura 5. Média ±erro padrão de recurso (açúcares totais) por flor, planta e metro

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quadrado nas quatro espécies sincronopátricas de Psychotria. Comparações realizadas entre espécies, letras diferentes representam diferenças significativas. ANOVA com teste a posteriori de Tukey (*F=83.90, p<0.001; **F=124.50, p<0.001; ***F=107.78, p<0.001). ..............................................

69

Figura 6. Análises morfométricas evidenciando a relação entre o comprimento e diâmetro do tubo da corola entre as espécies de Psychotria. Letras diferentes representam diferenças significativas entre as espécies em relação ao diâmetro do tubo da corola. *todas as comparações foram diferentes; F=846.13, p<0.001; **F=28.88, p<0.001. .......................................................

70

Figura 7. Grafo bipartido representando as interações estabelecidas entre as quarto espécies de Psychotria e seus polinizadores. Linhas cinzas representam interações com polinizadores partilhados e linhas pretas polinizadores exclusivos; Nós cinza: lepidópteras; nós pretos: abelhas; nós brancos: díptero. [Polinizadores: (a) Tropidopedia carinata; (b) Dialictus sp.; (c) Partamona rustica; (d) Augochloropsis sp.2; (e) Lophopedia pygmaea; (f) Augochloropsis sp.1; (g) Syrphidae sp.1; (h) Lepidoptera sp.2 ; (i) Augochlora sp.; (j) Lophopedia savanicola; (k) Trigona spinipes; (l) Ptiloglossa sp.; (m) Heliconius erato; (n) Apis mellifera; (o) Xylocopa suspecta; (p) Urbanus proteus; (q) Oxaea flavescens; (r) Bombus brevivillus; (s) Euglossa imperialis; (t) Aellopos titan; (u) Lepidoptera sp.1; (v) Epicharis flava]. ...............................................................................................

70

Figura 8. Relação entre o grau de dependência dos polinizadores partilhados (Dij), o índice de sobreposição de nicho e sucesso reprodutivo das espécies sincronopátricas de Psychotria. ........................................................................

71

Tabela 1. Índice de sobreposição de nicho entre as espécies de Psychotria. ..................... 72

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RESUMO

Interação planta-polinizador em espécies sincronopátricas de Psychotria (Rubiaceae). Psychotria contribui de forma importante para a diversidade florística tropical e são comumente encontradas em sub-bosque de áreas florestadas em regiões tropicais, sendo importantes componentes para o funcionamento destes ecossistemas. Muitas espécies do gênero são simpátricas e florescem em um mesmo período do ano, sendo consideradas potencialmente sincronopátricas. Por esta razão, este gênero tem sido considerado como um bom modelo para inferir padrões e mecanismos gerais de especiação nos trópicos. No primeiro artigo, as interações entre espécies potencialmente simpátricas de Psychotria e seus polinizadores foram analisadas com o objetivo de verificar a possível existência de partilha, de especialização ou generalização de polinizadores e plantas no sistema analisado. Para isso, foram incluídas informações secundárias de estudos que continham a identificação em nível de espécie de polinizadores de Psychotria. A partir desses dados, foram gerados grafos e realizadas análises de redes de interação e sobreposição de nicho. Ao todo, foram incluídas nas análises nove espécies de Psychotria com registro de ocorrência para a Mata Atlântica, sendo que elas interagiram com 25 espécies de polinizadores. A planta mais generalista da rede foi Psychotria tenuinervis e os polinizadores que concentraram maior número de links e consequentemente com papel mais importante na rede pertenceram as ordens Lepidoptera e Hymenoptera. As espécies de Psychotria apresentaram sobreposição de nicho na polinização com partilha de polinizadores. O período de maior intensidade de floração coincidiu com o período chuvoso na Mata Atlântica, com até sete espécies apresentando coflorescimento. Assim, pode-se inferir que a polinização em Psychotria demanda polinizadores generalistas. Pelo fato das espécies de Psychotria ocorrerem em simpatria, possuírem floração sobreposta e interações assimétricas com visitantes florais, é possível que estejam envolvidas em um processo de facilitação na polinização. Já o segundo artigo objetivou averiguar se quatro populações simpátricas de Psychotria, em cofloração, apresentaram partilha de polinizadores e sobreposição de nicho na polinização. Além disso, objetivou verificar se existe sincronia entre as populações vegetais e destas com comunidade de polinizadores. Foi encontrada uma dupla sincronia nesse sistema, sendo a primeira na intensidade de floração entres as populações de Psychotria e a segunda no aumento da abundância de flores e de polinizadores. As espécies de Psychotria apresentaram partilha fundamental do nicho da polinização e com reflexo positivo no sucesso reprodutivo. No entanto, verificamos que a partilha de polinizadores não pode ser generalizada a todo o sistema, mas sim a módulos ou pares de espécies. Dessa forma, cada espécie de Psychotria possui uma ou mais espécies preferencias para partilha de polinizadores e que nem sempre essa relação é reciproca. Isso reforça que as interações entre as plantas são assimétricas. Palavras-Chave: Cerrado; coexistência de espécies simpátricas; floração agrupada; Mata Atlântica; partilha de polinizadores; redes de interação; sobreposição de nicho.

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ABSTRACT

Plant-pollinator interactions in syncronopatric species of Psychotria (Rubiaceae). Psychotria species are commonly found in the understory of forested areas in tropical regions, and are important components for the functioning of these ecosystems. Many species of the genus are sympatric and bloom during the same period, being considered potentially syncronopatrics. For this reason, this genus has been considered as a good model to infer general patterns and mechanisms of speciation in the tropics. In the first paper of this dissertation, the interactions between potentially sympatric species of Psychotria and their pollinators were analyzed in order to verify the possible existence of sharing, specialization or generalization of pollinators and plants in the analyzed system. Then, data of secondary studies that contained identifying pollinators of Psychotria were analyzed From these data, we generated graphs and analyzes of interaction networks and niche overlap. Altogether, nine species of Psychotria and 25 species of pollinators of occurrence in the Atlantic Forest were included in the analyzes. The plant with the most generalist network is Psychotria tenuinervis and the pollinators with the highest proportion of links and consequently with more important role in the network belonged orders Lepidoptera and Hymenoptera. Psychotria species showed niche overlap in pollination and pollinator sharing. The period of greatest intensity of flowering coincided with the rainy season in the Atlantic Forest, with up to seven species coflowering. Because Psychotria species occur in sympatry and have flowering overlap and asymmetric interactions with flower visitors, it is possible that they are involved in a process of facilitation in pollination. The second paper aimed to investigate if four sympatric populations of Psychotria show pollinators sharing and pollination niche overlap . Another objective was to determine if their flowering season are synchronics. We found a dual synchrony in this system, the first in the intensity of flowering among the populations of Psychotria and the second in the increase of the abundance of flowers and pollinators. The species of Psychotria showed sharing fundamental niche of pollination and positive impact on reproductive success. However, we note that the sharing of pollinators can not be generalized to the entire system, but to the modules or pairs of species. Thus, each species of Psychotria has one or more species of preferential pollinator for sharing and that this relationship is not always reciprocal. This reinforces that the interactions among the plant species are asymmetric. Keywords: Brazilian Savanna; coexistence of sympatric species; flowering pooled; Atlantic Forest; shared pollinators; interaction networks; niche overlap.

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INTRODUÇÃO

As flores de angiospermas apresentam uma imensa diversidade de tamanho, estrutura

e características de cor, odor, néctar, pólen, sendo a grande maioria polinizada por animais

(RICKLEFS; RENNER, 1994; ASHMAN et al., 2004). Sendo que a polinização biótica

atinge índices de até 99% em florestas tropicais úmidas (BAWA, 1990). As angiospermas

proporcionaram um novo nicho ecológico aos insetos, principalmente abelhas que em

consequência diversificaram-se de forma intensa (GRIMALDI, 1999).

Plantas e seus polinizadores não existem isoladamente, mas sim em assembleias de

espécies que interagem entre si (MEMMOTT, 1999; JORDANO et al., 2003). Estas

assembleias variam temporalmente dentro de períodos de floração, entre estações e no

decorrer do dia, necessitando de algum tipo de sincronia entre abundância floral e de

polinizadores. Esta variação de polinizadores, posteriormente gera efeitos imediatos sobre o

sucesso reprodutivo das plantas e a longo prazo, efeitos sobre a diversidade vegetal (MAYER

et al., 2011).

A interação com os polinizadores proporciona as plantas maior eficiência na

polinização cruzada, possibilitando novas combinações genéticas e potencializando sua

resiliência em condições estocásticas e evolução de suas populações (BARRETT, 2010).

Contudo, esta eficiência pode diminuir quando as flores de diferentes espécies de plantas são

visitadas pelas mesmas espécies de polinizadores em um curto intervalo de tempo, podendo

levar a um decréscimo da taxa de visitas às flores de cada espécie (WASER, 1978 a,b;

WASER; FUGATE, 1986; FISHBEIN; VENABLE, 1996). Isto pode reduzir a fertilidade

devido à perda de pólen para estigmas heteroespecíficos, e ao bloqueio físico da superfície

estigmática por pólen heteroespecífico (WASER; FUGATE, 1986; FISHBEIN & VENABLE,

1996). Espécies simpátricas muitas vezes florescem numa mesma época em ambientes

fortemente sazonais (OLLERTON et al., 2003), sob tais circunstâncias, as plantas podem

apresentar uma competição pelos polinizadores (ex. através do aumento da longevidade floral:

ASHMAN; SCHOEN, 1994; ASHMAN, 2000).

Por outro lado, a floração sincronizada de espécies diferentes pode facilitar a

polinização através do aumento da densidade de recursos para a atração de polinizadores

locais (SCHEMSKE, 1981; SAKAI et al., 1999). A floração convergente de diferentes

espécies sugere que as mesmas estão envolvidas em um processo de facilitação, no qual

atraem grande número de polinizadores para aumentar a eficiência de polinização (BARROS,

2002). Facilitação é uma interação positiva em que uma ou ambas as espécies de plantas se

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beneficiam da presença um dos outros, aumentando o fitness individual de pelo menos uma

das espécies por meio do recurso partilhado (CALLAWAY; WALKER, 1997; HOLMGREN

et al.,1997). A interação entre plantas e polinizadores através de competição ou facilitação é

uma área deficiente de estudos em ecologia da polinização (MAYER et al., 2011). Testes

experimentais para investigar os benefícios da reprodução sincronizada de várias espécies de

plantas são raros devido a dificuldades na coleta de dados em grandes escalas temporais e

espaciais (AUGSPURGER, 1981).

As plantas do gênero Psychotria L. podem ser consideradas espécies modelo para

estudo de interações na polinização. Espécies do gênero frequentemente ocorrem em

simpatria, florescem em um mesmo período do ano, portanto podem ser consideradas

potencialmente sincronopátricas (HAMILTON, 1989; SAKAI; WRIGHT, 2008). As espécies

de Psychotria contribuem de forma importante para a diversidade florística tropical e são

comumente encontradas em sub-bosque de áreas florestadas em regiões tropicais, sendo

importantes componentes para o funcionamento destes ecossistemas (LOPES; BUZATO,

2005). Por esta razão, este gênero tem sido considerado um bom modelo para inferir padrões e

mecanismos gerais da especiação nos trópicos (Hamilton 1989). Psychotria é o maior gênero

da família Rubiaceae, representado mundialmente por cerca de 1650 espécies

(NEPOKROEFF et al., 1999), comumente encontradas em sub-bosque de áreas florestadas

em regiões tropicais, sendo importantes componentes para o funcionamento destes

ecossistemas (LOPES; BUZATO, 2005).

OBJETIVOS

Objetivo geral

Diante do exposto acima, a presente dissertação, dividida em dois artigos, buscou

contribuir para o conhecimento a respeito da polinização de espécies simpátricas, utilizado

como modelo plantas pertencentes ao gênero Psychotria.

Objetivos específicos

O primeiro artigo constitui-se de uma revisão do tipo meta-análise, nela as interações

entre espécies potencialmente simpátricas de Psychotria e seus polinizadores foram

analisadas para o bioma Mata Atlântica. Dessa forma, o artigo objetivou verificar a possível

existência de partilha, de especialização ou generalização de polinizadores e plantas no

sistema analisado.

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Já o segundo artigo, investigou empiricamente aspectos do processo de polinização em

espécies simpátricas de Psychotria, com enfoque na sobreposição de nicho e sincrônia na

polinização. Para isso as interações entre quatro espécies simpátricas de Psychotria e seus

polinizadores foram analisadas para averiguação da dinâmica de partilha de polinizadores e

sincronia na polinização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Artigo 1

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INTERAÇÃO PLANTA-POLINIZADOR EM ESPÉCIES DE PSYCHOTRIA (RUBIACEAE) NA MATA ATLÂNTICA*

*Artigo submetido ao Journal of Tropical Ecology.

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Resumo. Interação planta-polinizador em espécies de Psychotria (Rubiaceae) na Mata Atlântica. Neste estudo, as interações entre espécies potencialmente simpátricas de Psychotria e seus polinizadores foram analisadas com o objetivo de verificar a possível existência de partilha, de especialização ou generalização de polinizadores e plantas no sistema analisado. Para isso, foram incluídas informações secundárias de estudos que continham identificação de polinizadores de Psychotria. A partir desses dados, foram gerados grafos e realizadas análises de redes de interação e sobreposição de nicho. Ao todo, foram incluídas nas análises nove espécies de Psychotria com registro de ocorrência para a Mata Atlântica e elas interagiram com 25 espécies de polinizadores. A planta mais generalista da rede foi Psychotria tenuinervis e os polinizadores que concentraram maior número de links e consequentemente com papel mais importante na rede pertenceram as ordens Lepidoptera e Hymenoptera. As espécies de Psychotria apresentaram sobreposição de nicho na polinização com partilha de polinizadores. O período de maior intensidade de floração coincidiu com o período chuvoso na Mata Atlântica, com até sete espécies apresentando coflorescimento. Assim, pode-se inferir que a polinização em Psychotria demanda polinizadores generalistas. Pelo fato das espécies de Psychotria ocorrerem em simpatria e possuírem floração sobreposta e interações assimétricas com visitantes florais, é possível que estejam envolvidas em um processo de facilitação na polinização. Palavras-chave: facilitação; fenologia floral; polinização; simpatria.

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INTRODUÇÃO

Os polinizadores são essenciais para reprodução de pelo menos 90% das espécies

vegetais em ambientes florestais (Bawa 1990). Além disso, possuem um papel chave na

manutenção de cadeias alimentares em ambientes naturais, pois viabilizam a produção de

frutos e sementes que servem de alimento aos frugívoros (Moreti et al. 2006). Considerando-

se as evidências de declínio de polinizadores, em particular de populações de abelhas, estudos

que mostrem as relações entre espécies nativas de plantas e seus potenciais polinizadores são

de suma importância para subsidiar medidas de manejo e conservação. Na tentativa de

elucidar esses processos, vários estudos têm adaptado as ferramentas analíticas da Teoria de

Redes para o entendimento das interações estabelecidas entre polinizadores e plantas

(Bascompte et al. 2003, Dupont et al. 2003, Memmott et al. 2004, Bezerra et al. 2009, Santos

et al. 2010, Santos et al. 2012). A estrutura de redes tem implicações importantes para a

coexistência e estabilidade das espécies envolvidas bem como para os processos coevolutivos

(Bascompte et al. 2003, Jordano et al. 2003, Bascompte et al. 2006). Análises de redes podem

identificar diferentes graus de especificidade das interações entre polinizador-planta em

diferentes contextos ambientais (Bascompte 2009).

Espécies simpátricas são muitas vezes levadas a florescer numa mesma época em

ambientes fortemente sazonais (Janzen 1967, Reich & Borchert 1984, Rathcke 1988, Ollerton

et al. 2003). Sob tais circunstâncias, as plantas podem desenvolver uma tolerância de

competição através do aumento da longevidade floral (ex. Levin 1978, Motten 1986, Rathcke

1988, Ashman & Schoen 1994, Ashman, 2000), ou partilhar a atividade dos polinizadores em

escala mais refinada, como no decorrer do dia (Levin & Anderson 1970, Ollerton & Lack

1992). A convergência da morfologia floral entre plantas de diferentes espécies e que

florescem sincronicamente pode também ser considerada como uma estratégia de atração de

polinizadores mutuamente benéfica (Bobisud & Neuhaus 1975, Schemske 1981) baseado no

aumento da visitação floral devido ao aumento de adensamento de recursos florais

(Augspurger 1980, Dejong et al. 1992, Podolsky, 1992).

Muitas espécies simpátricas de Psychotria possuem características florais semelhantes

e florescem em um mesmo período do ano (Hamilton 1989, Sakai & Wright 2008). As flores

deste gênero são pequenas, possuem corola tubular, coloração esbranquiçada e polinização

por abelhas, mariposas, borboletas e moscas (Almeida & Alves 2000, Coelho & Barbosa

2004). Além disso, apresentam uma diversidade de mecanismos sexuais como o

hermafroditismo, distilia e unisexualidade funcional (Nepokroeff et al. 1999). A distilia é um

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tipo de sistema reprodutivo, no qual as flores apresentam morfos distintos com sistema de

incompatibilidade intra-morfo como forma de potencializar a xenogamia (Ganders 1979).

Psychotria L. é um dos maiores gêneros das Angiospermae, com cerca de 1650

espécies (Hamilton 1989, Nepokroeff et al. 1999). O gênero é composto predominantemente

por arbustos ou arvoretas (Carvalho et al. 2000), quase onipresente no sub-bosque de florestas

tropicais (Taylor 1996, Orians 1997, Lopes & Buzato 2005), sendo importantes componentes

para o funcionamento destes ecossistemas (Lopes & Buzato 2005). Portanto, este gênero

oferece uma oportunidade única para analisar as relações entre plantas e polinizadores de

espécies congenéricas simpátricas de floração sincrônica.

Neste sentido, a abordagem por redes ecológicas, pode contribuir para o

esclarecimento da dinâmica existente nas interações entre essas espécies e seus polinizadores.

No Brasil, a maioria dos estudos de biologia reprodutiva com espécies do gênero Psychotria

foi realizada na região sudeste, principalmente no Domínio da Mata Atlântica. Desta forma,

neste estudo, as interações entre espécies potencialmente simpátricas de Psychotria e seus

polinizadores foram analisadas com o objetivo de verificar a possível existência de partilha,

de especialização ou generalização de polinizadores e plantas no sistema analisado. Para isso,

foram incluídos aspectos da riqueza de polinizadores compartilhados e sobreposição de

floração das espécies, com base em dados compilados de estudos sobre biologia da

polinização de espécies do gênero Psychotria presentes na Mata Atlântica.

MATERIAL E MÉTODOS

Para este estudo foram utilizados dados de trabalhos realizados com espécies de

Psychotria na Mata Atlântica e publicados por vários autores (Tab. 1). No levantamento de

dados foram incluídas informações secundárias obtidas a partir de artigos científicos, teses e

dissertações que continham resolução taxonômica em nível de espécie dos polinizadores de

Psychotria ocorrentes no bioma Mata Atlântica. Os estudos analisados tratam principalmente

de aspectos da biologia e ecologia reprodutiva das plantas, ou seja, estudos que partem do

ponto de vista botânico. Esses estudos foram selecionados por apresentarem rigor quanto a

distinção entre pilhador e polinizador em potencial. Além disso, são trabalhos que analisam

uma ou poucas espécies vegetais, com isso, existe um esforço amostral e numero de

observações por espécie maior em comparação a estudos em grandes comunidades (Waser et

al. 1996, Olesen & Jordano 2002). Ao todo foram incluídos oito estudos na matriz de dados.

Como requisito para inclusão dos dados nessa meta-analise, foram considerados apenas

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estudos continham a identificação em nível de espécie para polinizadores, foram

desconsiderados pilhadores.

Para validação e verificação da ocorrência das espécies de Psychotria no bioma, foram

consultadas as bases de dados de Taylor (2012), Tropicos.org (2012) e SpeciesLink 2013. Os

dados de presença e ausência de interações Psychotria-polinizador foram tabulados em uma

matriz com plantas nas linhas e visitantes nas colunas (Jordano 1987). A partir dessa matriz

de dados foram gerados grafos e realizadas análises das interações.

A distribuição geográfica e a sobreposição entre as espécies de Psychotria na Mata

Atlântica foram analisados. Nessas análises, foram considerados dados provenientes de

depósitos em herbários e de registros de ocorrência. A limitação dessas informações ao Brasil

se deve pelo fato do país possuir de bancos de dados acessíveis (SpeciesLink 2013, Taylor

2013).

Foram incluídos também dados referentes ao período de floração das espécies

analisadas para verificar a ocorrência de sobreposição fenológica entre as espécies de

Psychotria estudadas. Os dados de fenologia reprodutiva foram extraídos dos mesmos estudos

utilizados para análises das interações na polinização (Tab. 1). Assim, foi constatada a

presença ou ausência da fenofase de cada espécie. Esse método de análise tem caráter

quantitativo, indicando a porcentagem de espécies floridas numa determinada época do ano.

Ele também estima a sincronia entre as espécies, levando-se em conta que quanto maior o

número de espécies floridas em uma mesma época, maior é a sincronia entre elas.

As representações gráficas e índices das matrizes foram realizados no pacote

BIPARTITE do programa R 2.11.0 (Dormann et al. 2008, Dormann et al. 2009). As redes

foram caracterizadas segundo as seguintes propriedades: 1) Número de vértices: Soma do

número de espécies animais e vegetais envolvidas na rede de interação; 2) Número de

interações estabelecidas (k): número de interações estabelecidas entre as espécies da rede

(plantas e polinizadores); 3) Conectância (C): proporção das conexões que de fato são

observadas, sendo a razão entre o número de interações observadas (E) e o número de

interações possíveis, que por sua vez é dado pelo produto do número de plantas (P) e animais

(A) da rede: C = E/A.P.

Para avaliar a sobreposição de nicho na polinização entre as espécies de Psychotria,

foi empregada uma matriz qualitativa de dados, a mesma usada para analises de rede. Para

estabelecer uma comparação entre similaridade da composição dos polinizadores para cada

espécie de planta, foi utilizado o índice de Pianka (Pianka 1973). O índice de Pianka (θ) varia

de 0 (separação total) a 1 (total sobreposição) (Gotelli & Graves 1996). A seguir, o índice de

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sobreposição observado foi comparado com valores obtidos por randomização da matriz

original (1000 simulações), usando o algoritmo RA3 no software Ecosim 7 (Gotelli &

Entsminger 2006).

RESULTADOS

Ao todo, foram incluídas nas análises nove espécies de Psychotria com registro de

ocorrência para a Mata Atlântica, elas interagiram com 27 espécies de polinizadores que

estabeleceram 40 interações e em média 4,5 links por planta e 1,5 por polinizador. Do total de

visitantes, 13 interagiram apenas com uma espécie de Psychotria, contribuindo assim para

assimetria das interações (Fig. 1).

A rede apresentou ainda uma conectância maior (C=0,17=17%) que a media em outros

estudos de polinização (média de 11% sensu Olesen & Jordano 2002), indicativo de

generalização. No entanto, deve-se considerar que os sistemas comumente analisadas em

outras redes de polinização são mais amplos, envolvendo comunidades mais complexas, com

maior numero de espécies envolvidas. A distribuição cumulativa do número de links por

espécie (número total de espécies que apresentaram k interações), exibiu dominância de

espécies com poucos links (especialistas) e poucas espécies com várias interações

(generalistas) (Fig. 2). A planta mais generalista da rede foi P. jasminoides (k=9), enquanto

que Trigona spinipes foi o polinizador que interagiu com o maior número de espécies de

Psychotria (k=6). Todas as Psychotria interagiram ao menos com duas espécies de visitantes

florais, assim não constatamos nenhuma planta altamente especialista, sendo que entre as

plantas a maioria interagiu com mais de três polinizadores (Fig. 1; 2). Os polinizadores que

concentram maior número de links e consequentemente com papel mais importante na

manutenção das espécies vegetais estão basicamente distribuídos nas ordens Lepidoptera

(Ithomia agnosia, Aeria elara, Pythonides jovianus, Paratetrapaedia lineata) e Hymenoptera

(T. spinipes, A. mellifera e Bombus morio).

Além disso, as espécies de Psychotria apresentaram sobreposição de nicho na

polinização maior que esperado em um modelo nulo (θ=0.21; p=0.01). Dessa forma, as

espécies possuem mais polinizadores em comum que o esperado ao acaso. Portanto, as

espécies apresentam partilha fundamental de nicho na polinização entre suas congenéricas.

Todas as espécies de Psychotria apresentaram sobreposição na distribuição geográfica

e ocorrência para a Mata Atlântica (Fig. 3). Apesar disso, é evidente a deficiência na

amostragem das espécies, já que a distribuição de algumas espécies apresenta

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descontinuidade. Portanto, é possível que a amplitude das distribuições geográficas e

sobreposição seja ainda maior.

Várias espécies de Psychotria florescem durante todo o ano. No entanto, o período de

maior intensidade de floração ocorre entre os meses de novembro a maio, coincidindo com o

período de maior precipitação pluviométrica na Mata Atlântica. Os meses de novembro,

dezembro e maio apresentaram o maior número de espécies com potencial de cofloração (7

spp.; Fig. 4). Esses dados evidenciam sobreposição no período de floração entre as espécies.

DISCUSSÃO

A pluviosidade parece ser um fator predominante na determinação do período de

floração das espécies de Psychotria. Como exemplo, citamos P. hoffmannseggiana que

floresce em épocas distintas, mas de alta pluviosidade em regiões diferentes do Brasil

(Teixeira & Machado 2004, Oliveira 2008). Espécies de Psychotria que possuem floração

durante a estação chuvosa são polinizadas principalmente por insetos (Castro & Oliveira

2002, Teixeira & Machado 2004, Lopes & Buzato 2005, Ramos & Santos 2006, Oliveira

2008). O período da estação chuvosa é também o período de alta ocorrência e atividade de

Lepidoptera e Hymenoptera (Silva et al. 2011). Os dados analisados por este estudo indicam

uma alta ocorrência de borboletas e abelhas visitando as flores de Psychotria. Desta forma, a

concentração da floração de Psychotria no período chuvoso pode ser uma adaptação às

melhores condições de polinização, ou seja, as espécies tendem a florescer quando a

disponibilidade de vetores é maior conforme já sugerido para outros grupos de plantas

(Koptur et al. 1988, Almeida & Alves 2000, Martin-Gajardo & Morellato 2003).

As análises fenológicas da floração demonstram sincronia entre as espécies e

corroboram que o sistema aqui proposto é viável temporalmente pelo co-florecimento das

espécies de Psychotria. Sakai & Wright (2008) relatam que é incomum encontrar na natureza

tantas espécies congenéricas com sobreposição de floração como em Psychotria, do mesmo

modo que mais de 20 espécies podem coexistir em uma floresta tropical. Vários estudos

florísticos relataram a coexistência de diversas espécies de Psychotria na Mata Atlântica:

Lombardi & Gonçalves (2000) encontram 27 espécies de Psychotria em uma área de 880 ha.;

Prieto (2008) levantou 13 espécies em 2922 ha. de floresta nativa; Zipparro et al. (2005) 9

espécies em 48000ha.; Meira-Neto & Martins (2000) também 9 espécies em apenas 17ha.

Portanto, as espécies de Psychotria aqui incluídas apresentaram distribuição geográfica

sobreposta com cofloração (Fig. 1; Fig. 4). A existência de sincronia na floração e potencial

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de coexistência de varias congenéricas faz com que correspondência das interações

Psychotria/polinizador aqui proposta ao sistema real seja mais provável.

A sobreposição no nicho em Psychotria indica que as espécies compartilham

polinizadores, sendo um fator que indica a existência de polinização generalista no sistema.

Tendo em vista a importância dos polinizadores na reprodução das plantas, espécies vegetais

com sistema de polinização generalistas, teoricamente, estão menos vulneráveis à extinção, do

que as especialistas (Harris & Johnson 2004).

Na rede analisada aqui, o polinizador que concentrou o maior número de interações foi

T. spinipes. Apesar de essa abelha ser relatada geralmente como pilhadora de recursos florais

(ex. Renner 1983, Borges et al. 2009, Milet-Pinheiro & Schlindwein 2009), os estudos

analisados indicam que esta espécie, e também T. fulviventris, entraram em contato com

anteras e estigmas das flores de Psychotria (Almeida & Alves 2000, Castro & Oliveira 2002).

Dessa forma, sendo potenciais polinizadores, inclusive com alta taxa de visitas (Teixeira &

Machado 2004). No entanto, houve relatos de visitas ilegítimas em P. tenuinervis, em que

essas abelhas roubaram néctar através de buracos na base do tubo da corola (Virillo et al.

2007). Dentre as abelhas nativas do Brasil, T. spinipes é a espécie mais generalista (Kleinert

& Giannini 2012). Apesar disso, nossos dados indicam uma importância relativa da espécie

como polinizador efetivo em Psychotria. Assim, pelo papel de destaque da polinização por T.

spinipes em Psychotria, sugerimos haver uma tendência de generalização nas interações deste

sistema.

Outra espécie generalista presente nesta rede foi A. mellifera. Porém, esta não

apresentou um papel tão influente quanto T. spinipes na polinização de Psychotria. A abelha

exótica A. mellifera foi o visitante mais importante de P. tenuinervis (Ramos & Santos 2006,

Virillo et al. 2007) e sendo relatada como polinizador de P. gracilenta e P. hoffmannseggiana

(Oliveira 2008). No entanto, esses dados contrariam o que foi observado na maioria das

espécies aqui analisadas, nas quais A. mellifera não foi relatada como polinizador efetivo

(Almeida & Alves, 2000, Castro & Oliveira 2002, Teixeira & Machado 2004, Coelho &

Barbosa 2004, Castro & Araujo 2004).

Santos et al. (2012) mostraram que A. mellifera pode atuar negativamente em uma

rede ecológica, principalmente devido a sua característica generalista, interferindo na

estrutura da rede e monopolizando muitas interações, sem muitas vezes efetivar o processo de

polinização (ex. Carmo et al. 2005). Todos os estudos aqui analisados se atentaram ao

comportamento dos visitantes florais, elegendo como polinizadores os visitantes que entraram

em contato com anteras e estigma. Apesar disso, pesquisas futuras necessitam de uma

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abordagem ainda mais refinada, com analises sobre a eficiência da polinização de A. mellifera

em comparação a polinizadores nativos em plantas do gênero Psychotria. Assim, fazem-se

necessários testes de única visita e quantificação da carga polínica interespecífica e

intraespecífica presente no corpo de visitantes florais.

No gênero Psychotria o sistema de auto-incompatibilidade predominante é a distilia,

no qual a formação de frutos só ocorre mediante polinizações entre flores longistilas e

brevistilas. Espécies de Psychotria são polinizadas com maior eficiência por abelhas, mas a

visita de outros táxons pode potencializar o fluxo de pólen entre os morfos das espécies

heterostílicas (Castro & Oliveira 2002). De tal modo, Beach & Bawa (1980) sugeriram que

insetos com aparelho bucal longo, como encontrado nos lepidópteros e em abelhas de língua

longa, são mais eficientes na polinização dos morfos de flores brevistilas. Já himenópteros,

especialmente abelhas, seriam mais eficientes na polinização de flores longistilas. Isto

demandaria um sistema de polinização que envolvesse espécies de polinizadores generalistas,

conforme aqui encontrado.

A tendência de redes planta-polinizador assimétrica (Vázquez & Aizen 2004) implica

na existência de espécies que provavelmente se enquadram na categoria de especialista.

Bascompte et al. (2003) e Vázquez & Aizen (2004) sugerem que a especialização assimétrica

é comum em redes de interação planta-polinizador, ocorrendo com mais frequência do que o

esperado em um modelo nulo. Diante disso, é possível que as espécies de Psychotria estejam

envolvidas em processo de polinização por facilitação pelo fato delas ocorrerem com

frequentemente em simpatria, possuírem floração sobreposta e interagirem de forma

assimétrica com polinizadores e com sobreposição no nicho de polinização.

Na facilitação, o aumento da disponibilidade de recurso floral ao redor do indivíduo

influencia positivamente a taxa de visita e a diversidade de polinizadores, seus níveis de

polinização e sucesso reprodutivo (Brown & Kodric-Brown 1979, Waser & Real 1979,

Feinsinger et al. 1991, Callaway 1995). Dessa forma, a facilitação deve ser particularmente

importante para plantas especializadas, mas que dependem exclusivamente de um ou poucos

polinizadores generalistas, como é o caso de algumas espécies de Psychotria incluídas nesse

estudo. No entanto, existe uma escassez de trabalhos que analisem empiricamente a

facilitação de polinização (ex. Ghazoul 2006). Visto esta escassez, um estudo está sendo

conduzido por nosso grupo de pesquisa a fim de evidenciar de forma experimental a

facilitação na polinização em espécies simpátricas de Psychotria.

AGRADECIMENTOS

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Ao CNPq pela concessão de financiamento (Chamada Universal-MCTI/CNPQ N º 14/2012) e

a CAPES pela concessão de bolsa de mestrado ao primeiro e segundo autor.

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Figuras e tabela: Tabela 1. Lista dos trabalhos sobre biologia reprodutiva de espécies de Psychotria realizados

na Mata Atlântica e incluídos neste estudo, indicando os autores, ano de publicação, método

de amostragem dos visitantes e espécies analisadas.* If: Individuo focal (rede entomológica);

Cr: coleta rotativa; Rf: Registro fotográfico (Aves).

Autores Ano Método* Espécies

Teixeira & Machado

2004 If P. hoffmannseggiana (P. barbiflora)

Consolaro et al. 2011 If P. carthagenensis

Castro & Araujo

2004 If; Rf P. nuda

Almeida & Alves

2000 If P. nuda

Virillo et al. 2007 If P. tenuinervis

Ramos & Santos

2006 Cr P. tenuinervis

Castro & Oliveira

2002 If P. jasminoides; P. mapourioides; P. nemorosa

Oliveira 2008 If P. prunifolia; P. hoffmannseggiana; P. gracilenta

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Fig. 1. Grafo bipartido qualitativo de 12 espécies de Psychotria ocorrentes na Mata Atlântica e seus polinizadores. Vértices polinizadores: (1)

Cinza: Beija-flores; (2) Branco: borboletas; (3) branco: abelhas.

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Fig. 2. Distribuição cumulativa do número de ligações estabelecidas por cada espécie (k),

para as espécies de Psychotria e seus polinizadores, evidenciando um numero predominante

de espécies com poucos links e poucas espécies altamente ligadas.

0 1 2 3 4 5

k=1k=2k=3k=4k=5k=6k=7k=8k=9

Nº de especies Psychotria

Nº d

ein

tera

ções

(k)

0 5 10 15

K=1

K=2

K=3

k=4

k=5

k=6

k=7

k=8

Nº de espécies de pollinizadoresN

º de

inte

raçõ

es (k

)

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Fig. 3. Os mapas representam a distribuição geográfica das espécies de Psychotria incluídas

neste estudo na Mata Atlântica e a sobreposição parcial entre as espécies no bioma. As

informações foram limitas ao Brasil pelo fato de existir no país bancos de dados com

informações de coletas de herbários.

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Fig. 4. Período de floração das nove espécies de Psychortia ocorrentes na Mata Atlântica

incluídas nesse estudo, evidenciando maior sobreposição de floração entre as espécies entre os

meses de novembro e maio. Evidenciando que o sistema aqui proposto é viável

temporalmente pelo co-floresciemento das espécies.

0

2

4

6

8

10

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nº d

e es

péci

es e

m fl

oraç

ão

Meses do anoP. hoffmannseggiana P. carthagenensis P. nudaP. tenuinervis P. jasminoides P. mapourioidesP. birotura P. nemorosa P. prunifoliaP. trichophoroides P. gracilenta

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Artigo 2

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SINCRONIA FLORAL E PARTILHA DE POLINIZADORES EM ESPÉCIES

SIMPÁTRICAS DE PSYCHOTRIA (RUBIACEAE)*

*Artigo nas normas do Journal of Ecology.

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Introdução

Plantas e seus polinizadores não existem isoladamente, mas sim em assembleias de

espécies que interagem entre si (Memmott 1999; Jordano et al. 2003). Estas assembleias

variariam temporalmente dentro dos períodos de floração, entre estações e no decorrer do dia,

sincronizando de alguma forma a abundância das flores a de seus polinizadores. Esta variação

de polinizadores, posteriormente gera efeitos imediatos sobre o sucesso reprodutivo das

plantas e em longo prazo efeitos sobre a diversidade vegetal (Mayer et al. 2011). A interação

com os polinizadores proporciona as plantas maior eficiência na polinização cruzada,

possibilitando novas combinações genéticas e potencializando sua resiliência em condições

estocásticas e evolução de suas populações (Barrett 2010).

No entanto, a eficiência da polinização pode diminuir quando as flores de diferentes

espécies de plantas são visitadas pelas mesmas espécies de polinizadores em um curto

intervalo de tempo, levando a um decréscimo da taxa de visitas às flores de cada espécie

(Waser 1978 a,b, Waser & Fugate 1986, Fishbein & Venable 1996). Espécies simpátricas são

muitas vezes levadas a florescer numa mesma época em ambientes fortemente sazonais

(Ollerton et al. 2003). O estudo dos mecanismos que mantêm a diversidade das espécies e sua

coexistência tem sido um foco importante na ecologia. Foi sugerido que as espécies que

utilizam o mesmo recurso estão sujeitos a exclusão competitiva (Connell et al. 2004; Fargione

& Tilman 2006). As principais hipóteses que explicam a coexistência das espécies envolvem

evitar a concorrência (Pauw 2013). Apesar disso, estudos de regiões tropicais relatam eventos

reprodutivos sincronizados entre muitas espécies plantas (Sakai et al. 1999).

Embora o advento das análises por meio de redes de interação nos permitiu investigar

essas assembleias em níveis não imaginados há duas décadas, existem lacunas significativas

em nosso conhecimento de como essas assembleias acontecem nas escalas de tempo

ecológico e evolutivo. Vários estudos têm utilizado com eficiência a Teoria de Redes para o

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entendimento das interações estabelecidas entre polinizadores e plantas, uma vez que boa

parte das espécies está integrada numa rede de interação complexa (Lewinsohn et al. 2006).

Além disso, estudos de rede de polinização podem fornecer uma gama de informações

sobre o grau de sobreposição de nicho de polinização entre as espécies que co-florescem

(Pauw 2013). A generalização nas interações com polinizadores (Waser et al. 1996) diminui

as chances de haver segregação fundamental nos nichos de polinização (Pauw 2013). A

discussão a respeito do grau de especialização em sistemas de polinização (Johnson & Steiner

2000) é importante para análise dos nichos de polinização porque a segregação de nicho

demanda especialização das espécies envolvidas.

Muitas espécies do gênero Psychotria são simpátricas e florescem em um mesmo

período do ano, podendo assim, serem consideradas potencialmente sincronopátricas

(Hamilton 1989; Sakai & Wright 2008). Psychotria contribui de forma importante para a

diversidade florística tropical e são comumente encontradas em sub-bosque de áreas

florestadas em regiões tropicais, sendo importantes componentes para o funcionamento destes

ecossistemas (Lopes & Buzato 2005). Por esta razão, este gênero tem sido considerado como

um bom modelo para inferir padrões e mecanismos gerais de especiação nos trópicos

(Hamilton 1989).

Desta forma, nosso estudo objetivou averiguar se quatro populações simpátricas de

Psychotria, em cofloração, apresentam partilha de polinizadores e sobreposição de nicho na

polinização. Além disso, objetivou verificar se existe sincronia entre as populações vegetais e

destas com comunidade de polinizadores. Para isso as interações entre Psychotria e seus

polinizadores foram analisadas para averiguação da dinâmica de partilha de polinizadores e

sincronia de floração e polinização.

Para atingir nossos objetivos, propusemos hipóteses baseadas no pressuposto de que as

espécies de Psychotria apresentam sincronia e partilha de nicho na polinização: (1) As

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espécies simpátricas de Psychotria apresentam sincronia na polinização; (2) As congenéricas

de Psychotria compartilham seus polinizadores, com partição fundamental do nicho de

polinização; (3) As espécies com maior partilha de polinizadores apresentam maior sucesso

reprodutivo (razão flor/fruto).

Material e Métodos

Área de estudo e espécies estudadas

Este estudo foi realizado no Parque Municipal Setor Santa Cruz (18º9’30”S e

47º55’30”W), um fragmento de Mata Semidecidual com cerca de 28 hectares, localizado no

município de Catalão, Goiás, Brasil entre os anos de 2012 e 2013. Na área de estudo foram

incluídas quatro espécies simpátricas de Psychotria: P. prunifolia Steyerm. (Kunth), P.

hoffmannseggiana (Willd. ex Roem. & Schult.) Müll. Arg., P. capitata Ruiz & Pav., P.

deflexa DC (Fig. 1).

Estas espécies oferecem néctar como recompensa floral aos polinizadores, possuem

distribuição agrupada e apresentam período de florescimento relativamente curto e

simultâneo, entre os meses de novembro e janeiro, com sobreposição de ocorrência geográfica

(Fig. 2). Todas as espécies são auto-incompatíveis, com exceção de P. prunifolia (Oliveira

2008; Freitas, dados não publicados), necessitando assim de reprodução cruzada para a

fecundação dos óvulos e desenvolvimento dos embriões. A dinâmica estreita entre um número

relativamente alto de espécies congenéricas simpátricas e seus polinizadores constitui um

evento raro em ambientes naturais.

Sincronia e biologia floral

Com o intuito de analisar a sincronia e densidade de floração das espécies em questão,

todas as flores em antese de 20 indivíduos previamente marcados foram contadas. A aferição

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do número de flores foi realizada duas vezes por semana. Com esses dados, foi calculado o

número médio de flores por planta/dia e analisado a abundância e pico de floração de cada

espécie a cada 3 ou 4 dias.

Já para análise da densidade de indivíduos e flores por área, uma parcela com

dimensões de 50x70m, foi delimitada. Todos os indivíduos reprodutivos das quatro espécies

foram contados em sub-parcelas de 5x5m para cálculo do número médio de flores por metro

quadrado.

Foram coletadas 20 flores (10 flores longistila e 10 flores brevistila) de cinco

indivíduos de cada espécie para a análise morfológica das flores de cada espécie. Nessas

flores, o comprimento e o diâmetro do tubo da corola foram medidos com o auxilio de um

paquímetro. O tamanho efetivo da corola foi determinado pelo comprimento da base da flor

até a abertura do tubo. Dessa foram, verificou-se se existem divergências morfológicas que

impeçam ou dificultem a polinização interespecífica.

Volume e concentração de néctar

A coleta do néctar para a determinação de seu volume foi feita com uso de

microsseringa e microcapilares graduados durante todo o período de antese floral. A

concentração de solutos no néctar (açúcares hidrossolúveis) foi determinada com o uso de

refratômetro de bolso e a quantidade (mg) de açúcares foi calculada pelo protocolo descrito

em Galetto & Bernardello (2005). Em intervalos de três horas, foi aferido o néctar de 15

flores previamente ensacadas, provenientes de três indivíduos diferentes (cinco flores por

planta). Esse procedimento foi realizado nos mesmos intervalos e em dias consecutivos para

todas as espécies de Psychotria. Essas análises permitiram a comparação da quantidade de

recurso oferecido pelas espécies.

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Visitantes florais e polinizadores

Dez plantas floridas de cada espécie de Psychotria foram marcadas e seus

polinizadores coletados no ato da visita à flor. Em cada planta foram feitos 15 minutos de

observação e coleta de visitantes, sendo que as coletas foram realizadas de forma rotativa

entre as espécies, até totalizar 48 horas de observação, 12 horas para cada espécie. Durante

esse intervalo, todos os visitantes florais que entraram em contato com o estigma ou anteras

foram coletados, imediatamente mortos em frascos mortíferos contendo acetato de etila e em

seguida acondicionados em tubos individuais etiquetados. Com isso, pôde ser estimada a

riqueza e abundância de polinizadores para cada espécie de Psychotria.

Sucesso reprodutivo

Nesse estudo foi considerado como sucesso reprodutivo a proporção de frutos

formados pelo número de flores produzidas por espécie. Apesar de ser uma delimitação

arbitraria do termo, ela é suficiente para a comparação entre as populações aqui analisadas.

Assim, foram marcadas ao acaso de oito a doze inflorescências em período de pré-antese para

cada espécie e distribuídas em dez indivíduos para cada morfotipo floral (flores longistila e

brevistila). Todas as flores presentes nessas inflorescências foram acompanhadas e

contabilizadas desde a antese até a formação do fruto. De posse desses dados foi calculada a

razão flor/fruto para cada espécie.

Análise estatística

Após a verificação da homogeneidade e distribuição dos dados, foi realizado o teste

ANOVA (Um fator) e com o teste a posteriori de Tukey, foi adotado nível de significância de

0,05. Este teste foi empregado para identificar ou não diferença entre o comprimento e

diâmetro das flores de Psychotria e ainda para verificar se existe diferença no volume e

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concentração de néctar entre os intervalos de tempo e entre as espécies de Psychotria

analisadas. O mesmo teste estatístico foi empregado ainda para analisar se as diferentes

espécies vegetais possuem densidade de floração semelhante.

Já para analisar se existe relação entre o aumento do número de flores em antese de

cada população vegetal e a abundancia de polinizadores atraídos, foi realizado o teste de

correlação de Spearman.

Redes de interação

A representação do conjunto de interações foi realizada por meio de um grafo

bipartido onde são apresentas as espécies de animais e plantas em duas colunas (ou linhas),

uma em frente à outra. As interações são representadas como linhas que conectam pares de

espécies desses dois conjuntos. Foram estabelecidas redes de interação quantitativas, sendo

que nelas, a frequência das interações é representada por meio de linhas de diferentes

espessuras, as quais representam o número de vezes que a espécie A interagiu com a espécie

B.

As representações gráficas das matrizes foram feitas no pacote BIPARTITE do

programa R 2.11.0 (Dormann et al. 2008; Dormann et al. 2009). As redes foram

caracterizadas segundo as seguintes propriedades: (1) Número de vértices: Soma do número

de espécies animais e vegetais envolvidas na rede de interação; (2) Número de interações

estabelecidas (k): número de interações estabelecidas entre as espécies da rede (plantas e

polinizadores); (3) Grau de dependência: Caracteriza o quanto são dependentes entre si um

par de espécies, representa a fração de interações entre dois vértices interagindo do número

total interações entre A e B; (4) Força da espécie: somatório de todas os graus de

dependências das espécies que interagem com ela.

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Sobreposição de nicho

Para avaliar a sobreposição de nicho na polinização e a partilha de polinizadores entre

as espécies de Psychotria, foi estabelecida uma matriz quantitativa de dados. Nessa matriz, as

espécies de Psychotria foram plotadas nas linhas e a frequência absoluta de cada espécie de

polinizador em dada planta nas colunas. Para estabelecer uma comparação entre similaridade

da composição dos polinizadores para cada espécie de planta, foi utilizado o índice de Pianka

(Pianka, 1973). O índice de Pianka (θ) varia de 0 (separação total) a 1 (total de sobreposição)

(Gotelli & Graves 1996).

A seguir, o índice de sobreposição observado foi comparado com valores obtidos por

randomização da matriz original (1000 simulações), usando o algoritmo de RA4 no software

Ecosim 7 (Gotelli & Entsminger 2006). O algoritmo RA4 foi empregado pelo fato de reter

tanto a amplitude de nicho observada nas espécies, quanto as ausências de interação (Gotelli

& Entsminger 2001). Assim, usando este algoritmo assume-se que existam “interações

proibidas” (Jordano et al. 2003) e imutáveis, sejam elas de ordem morfologia (restrição da

morfologia floral para acesso do recurso pelo polinizador) ou temporal (flor e polinizador não

tem fenologias coincidentes) (Albrecht & Gotelli 2001).

Resultados

Sincronia e biologia floral

As espécies de Psychotria exibiram picos de floração coincidentes, ou seja,

apresentaram florescimento sincrônico, com exceção de P. hoffmannseggiana, que apresentou

pico posterior as demais (Fig. 3). Apesar disso, as demais espécies exibiram um inesperado

retardamento no decaimento no número médio de flores abertas durante o pico de floração de

P. hoffmannseggiana, inclusive com um incremento na abundância floral em P. prunifolia

(Fig. 3). No caso de P. deflexa, o período de floração iniciou-se antes das demais, foi o mais

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extenso e com a menor variação temporal no número de flores dentre as espécies analisadas

(Fig. 3). P. hoffmannseggiana apresentou padrão de floração semelhante, no entanto, esta se

estendeu subsequentemente as demais. Além da sincronia encontrada na floração das

populações vegetais, os picos de abundância dos polinizadores coincidiram com os picos de

abundância floral (Fig. 3).

Aditivamente, houve uma forte correlação positiva entre o número de flores em antese

na comunidade e abundância de polinizadores (rs=0,84, p<0.05; Fig. 4). Entretanto, a

abundância de polinizadores foi mais relacionada ao número de flores em antese de P.

prunifolia do que as demais espécies (rs=0,94, p<0.01; Fig. 4).

Contudo, quando avaliamos a quantidade de recurso oferecido por metro quadrado, há

mudanças importantes nesse quadro. Apesar de P. capitata oferecer maior quantidade de

recurso por for e planta, P. prunifolia é mais abundante e por esse motivo apresentou maior

recurso por área. A diferença na oferta de açúcar entre as espécies é acentuada (ANOVA:

F=107,78, p<0,05; Fig. 5). P. prunifolia destaca-se com a maior oferta de açúcar ( x

=18,14mg/µL; Fig. 5). Já P. deflexa e P. hoffmannseggiana não apresentaram diferenças entre

si quanto a oferta de recurso por flor, planta ou área. Juntas, P. prunifolia e P. capitata

disponibilizaram aos polinizadores o maior volume de néctar no sistema em contraste com P.

deflexa e P. hoffmannseggiana (Fig. 5).

Já as análises morfométricas das flores indicam uma maior especialização floral em P.

prunifolia, comparada às demais congenéricas. A espécie obteve junto com P.

hoffmannseggiana o menor diâmetro do tubo floral ( x =1,22mm; ANOVA: F=28,87,

p<0,001; Fig. 6) e o maior comprimento do tubo floral ( x =9,60mm; ANOVA: F=846,12,

p<0,001; Fig. 6). Quanto ao comprimento do tubo da corola, todas as espécies apresentaram

diferenças entre si (Fig. 6). Já quanto ao diâmetro da corola, P. prunifolia e P.

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hoffmannseggiana não obtiveram diferenças significativas, assim como entre P. deflexa e P.

capitata, as demais comparações foram significativas (Fig. 6).

Interação com polinizadores

Os táxons de visitantes mais representativos pertencem as ordens Hymenoptera, com

destaque para as abelhas, seguido por Lepidoptera e Diptera (Fig. 7). Em uma análise com

resolução taxonômica mais detalhada e com as interações entre espécies incluídas, pode-se

observar que o compartilhamento de polinizadores entre as espécies vegetais varia (Fig. 7). P.

capitata e P. prunifolia concentraram a maior riqueza de visitantes (10 spp.; Fig. 7) e

interações (k=31; k=27; Fig. 7), sendo as plantas mais generalistas do sistema.

Dentre as Psychotria, o maior extremo em relação a abundância de visitantes

partilhados é P. capitata. Sendo que o grau de dependência dos polinizadores compartilhados

da espécie (Dp) é relativamente alto (Dp=0,90; Fig. 8). Além disso, a riqueza de polinizadores

partilhados também é maior (n=7/0,7; Fig. 8), sendo ainda mais visitada por A. mellifera. Já

P. prunifolia obteve uma proporção semelhante entre polinizadores compartilhados e

exclusivos. Esta espécie apresentou um grau de dependência mais baixo (Dp=0,44; De=0,56;

Fig. 8), tendo assim interação mais intensa com polinizadores exclusivos. Além disso, o

visitante mais frequente (Epicharis flava) não foi partilhado com as suas congenéricas (Fig.

7).

No caso de P. deflexa, a riqueza de visitantes foi semelhante as demais espécies

citadas (k=9; Fig. 7), mas foi visitada exclusivamente por abelhas. No entanto, ela é mais

frequentemente visitada por abelhas partilhadas (Dp=0,78), apesar da riqueza ser a mesma

entre visitantes partilhados e não patinhados (Fig. 7).

Em P. hoffmannseggiana houve dominância de visitantes partilhados, tanto na riqueza

quanto na dependência dos mesmos (Fig. 7). Assim, apesar da proporção entre a riqueza de

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visitantes partilhados vesus exclusivos ser semelhante nas plantas (partilhados: 0,57;

exclusivos: 0,43), existe uma discrepância quando analisamos a frequências de interações

entre os mesmos (Dp=0,73; De=0,27).

Sobreposição de nicho e sucesso reprodutivo

As espécies de Psychotria apresentaram sobreposição de nicho maior que esperado no

modelo nulo (θ=0,39; p>esperado= 0,005). No entanto a variância de sobreposição de nicho

entre os pares de espécies também foi significante (V=0,072, p<0,05; Tab. 1), ou seja, as

espécies possuem partilha heterogênea de nicho entre si.

Sendo assim, P. prunifolia e P. deflexa apresentaram a menor sobreposição no sistema

(θ=0,016; Tab. 1), as espécies tiveram apenas um polinizador em comum (Lophopedia

savanicola). E entre P. deflexa e P. hoffmannseggiana a sobreposição foi a maior encontrada

(θ=0,74; Tab. 1). P. prunifolia compartilhou mais polinizadores com P. capitata do que com

as demais congenéricas, entretanto P. capitata partilhou mais polinizadores com P.

hoffmannseggiana. De forma geral, duas espécies apresentaram a maior partição de nicho no

sistema (P. capitata e P. hoffmannseggiana), já P. prunifolia e P. deflexa a maior segregação

(Fig. 8).

O sucesso reprodutivo variou consideravelmente entre as espécies, sendo que P.

capitata e P. hoffmanseggiana apresentaram sucesso reprodutivo superior as demais (Fig. 8).

Concomitantemente estas foram as espécies com maior partilha de polinizadores e

sobreposição de nicho em relação a P.prunifolia e P. deflexa (Fig. 8).

Discussão

As espécies simpátricas de Psychotria em cofloração apresentaram picos de floração

coincidentes, evidenciando assim uma sincronia entre as populações. Esse fenômeno pode ser

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indicativo da existência de algum mecanismo de mutualismo floral por convergência na

floração ou uma forte competição por polinizadores (Schemske 1981; Sakai et al. 1999).

Somando-se a isso, os dados sobre a abundância de polinizadores mostraram uma relação

positiva entre a abundância floral e de visitantes nos congêneres de Psychotria. Sendo assim,

a abundância da comunidade de polinizadores respondeu de forma positiva ao aumento do

número de flores em antese nas espécies de Psychotria. Diante disso, é possível inferir que

existe uma dupla sincronia nesse sistema, sendo a primeira na intensidade de floração entres

as populações de Psychotria e a segunda no aumento da abundância de flores e de

polinizadores. Entretanto, a abundância de polinizadores foi mais relacionada á abundância

floral de P. prunifolia do que as demais congenéricas, indicando que essa espécie desempenha

um papel mais influente na atração dos polinizadores.

Além disso, as espécies de Psychotria exibiram sobreposição no nicho de polinização,

com sobreposição maior do que o esperado ao acaso. Adicionalmente a isso, as plantas

interagiram mais frequentemente com polinizadores partilhados do que exclusivos, sendo que

o grau de dependência com esses visitantes foi maior. Portanto, esses dados corroboram

parcialmente a hipótese 2. Entretanto, a sobreposição foi desigual entre as espécies, sendo que

um par apresentou a maior partição de nicho (P. capitata e P. hoffmannseggiana) e outro (P.

prunifolia e P. deflexa) a maior segregação de polinizadores no sistema.

Nossos resultados ainda evidenciaram uma divergência nas flores por limitação física

do tubo floral nas espécies de Psychotria, o que também deve contribuir na segregação de

parte dos polinizadores. Desta forma, P. prunifolia apresentou maior restrição morfológica,

com tubo da corola mais longo dentre as espécies, e provavelmente limitando o recurso às

abelhas de língua mais alongada e às lepidópteras (Beach & Bawa 1980). Essa limitação

morfológica em P. prunifolia pode ser um dos fatores que explicam as interações

proporcionalmente maiores dessa espécie com polinizadores exclusivos.

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Além disso, P. prunifolia foi a espécie mais abundante e com maior oferta de recursos

por unidade de espaço. Essa característica favorece o fluxo de pólen e polinização cruzada,

uma vez que os polinizadores terão que realizar mais visitas por flor e por planta para

satisfazer suas necessidades energéticas (Ghazoul 2006; Raine et al. 2007). A restrição

morfológica imposta pela espécie combinada com a relativa homogeneidade na distribuição

de recursos temporal e espacialmente implica em uma maior constância floral da espécie, o

que favorece a visitação por polinizadores mais fieis (Waser 1986). Dessa forma, P.

prunifolia apresentou maior segregação de nicho na polinização e com reflexo relativamente

negativo no sucesso reprodutivo. Apesar de P. prunifolia ser auto-compatível (Oliveira 2008),

fato que também deveria contribuir para o aumento do sucesso reprodutivo da espécie.

Entretanto, diferente de P. prunifolia, P. capitata interagiu principalmente com

polinizadores partilhados e obteve relativo alto sucesso reprodutivo, praticamente igual a P.

hoffmannseggiana, a espécie tem a maior oferta de néctar por planta no sistema.

Concomitantemente, a espécie obteve o maior grau de dependência nas interações com

polinizadores partilhados, portanto o as chances de receber de pólen heteroespecífico de suas

congenéricas seriam virtualmente maiores. Assim, podemos inferir que P. prunifolia possui

polinizadores mais fieis nesse sistema em relação a P. capitata e esse fato provavelmente

acarretou em menor sucesso reprodutivo. No entanto, esse cenário entra parcialmente em

desacordo com o estudo de Ghazoul 2006, onde afirma que apenas as espécies raras ou

aparentemente menos favorecidas recebem os benefícios do aumento de polinizadores, já que

P. prunifolia e P. capitata foram as espécies com maior oferta de recompensa floral dentro

desse sistema. Nossos dados indicam que a partilha de polinizadores e sobreposição de nicho

também podem afetar positivamente no sucesso reprodutivo. Contudo, é de se esperar que as

espécies vegetais possuam estratégias temporais e físicas para diminuir a transferência de

pólen heteroespecífico e assim, minimizar a polinizações ineficientes (Ashton et al. 1988).

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Além de P. prunifolia, P. deflexa também apresentou estratégias particulares de

segregação na floração, o período de floração da espécie iniciou antes das demais e se

distribuiu mais homogeneamente durante todo o período de cofloração. Assim a estratégia

apresentada por P. deflexa pode estar relacionada a sua interação com polinizadores

exclusivos no sistema, principalmente abelhas solitárias, esses polinizadores normalmente

possuem capacidade de aprendizado e de memória e com maior fidelidade a fonte de recurso

(Waser 1986).

Já em P. hoffmannseggiana o pico de floração apresentou leve deslocamento, sendo

posterior a das demais espécies. Simultaneamente a isso, as demais espécies exibiram um

inesperado retardamento na curva de decaimento do número de flores abertas durante o pico

de floração de P. hoffmannseggiana, apresentando inclusive um incremento na abundância

floral em P. prunifolia (Fig. 3). A espécie interagiu majoritariamente com polinizadores

partilhados e parece atrair mais polinizadores num período em que as demais congenéricas

estão em declínio na oferta de recurso. Isso pode acontecer, se a comunidade de polinizadores

for capaz de responder as variações temporais na oferta de recurso (Ghazoul 2006; Fig. 3).

Quanto a influencia dos polinizadores exclusivos dentro deste sistema, podemos

observar uma contribuição significativa de abelhas solitárias para a especialização das

interações. Elas foram responsáveis pela maior parte das interações exclusivas de

polinizadores (Fig. 7). Essas abelhas devem desempenhar papel importante na polinização de

plantas em florescimento agrupado. Isso se deve principalmente por elas se manterem fiéis ao

recurso desde que sejam fornecidos níveis mínimos de recompensa floral. E são, dessa forma,

menos propensas a depositar pólen heteroespecífico nos estigmas (Waser 1986; Raine 2007).

Espécies simpátricas são muitas vezes levadas a florescer numa mesma época em

ambientes fortemente sazonais (Ollerton et al. 2003), sendo essa uma força seletiva que

provavelmente esta atuando em Psychotria. Sob tais circunstâncias, as plantas podem evoluir

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uma forte competição pelos polinizadores (Rathcke 1988, Ashman & Schoen 1994, Ashman

2000). Contudo a cofloração de plantas simpátricas também pode levar ao processo de

facilitação na polinização (Callaway & Walker 1997; Holmgren et al.1997). Nas relações

facilitadoras, a sobreposição na fenologia de floração permite que espécies que não poderiam

existir isoladas, mantenham suas populações na presença de outras (Feinsinger 1987; Bruno et

al. 2003). Diante disso, a espécies sincornopátricas de Psychotria aqui analisadas parecem

aproximar-se mais de um esforço mutualístico do que competição, onde a cofloração das

congenéricas gera beneficio mutuo.

Nesse sentido, Moeller (2004a) já testa hipóteses para essas questões, ele

verificou que a partilha de polinizadores aumenta o sucesso reprodutivo de populações

congenéricas simpátricas frente a populações em alopatria. No entanto, estudos como este são

raros na literatura, fazem-se necessários replicas com outras espécies em populações de outras

regiões climáticas. Infelizmente este tipo de abordagem é complicada devido a dificuldade na

delimitação e localização de populações vegetais ocorrentes em simpatria e alopatria.

Entretanto esse enfoque é bastante favorável para ser testado em Psychotria. Embora a

existam esses obstáculos, o gênero pode ser um bom candidato para ajudar a elucidar questões

envolvidas na polinização de espécies sincronopátricas.

As espécies de Psychotria apresentaram uma evidente sincronia existente entre as

populações vegetais com partilha fundamental do nicho da polinização e reflexo positivo no

sucesso reprodutivo, corroborando assim nossas hipóteses. No entanto, verificamos que a

partilha de polinizadores não pode ser generalizada a todo o sistema, mas sim a módulos ou

pares de espécies. Assim, cada espécie de Psychotria possui uma ou mais espécies

preferencias para partilha de polinizadores e que nem sempre essa relação é reciproca. Isso

reforça as interações entre as plantas são assimétricas.

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Agradecimentos

Ao CNPq pela concessão de financiamento (Chamada Universal-MCTI/CNPQ N º 14/2012) e

a CAPES pela concessão de bolsa de mestrado ao primeiro autor.

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Figuras e tabela:

Figura 1: Espécies sincronopatricas de Psychotria incluídas nesse estudo, comparação da

morfologia externa das flores. (a;b) P. prunifolia; (c;d) P. deflexa; (e;f) P. capitata; (g;h) P.

hoffmannseggiana.

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Figura 2: Distribuição geográfica das espécies sincronopátricas de Psychotria analisadas

neste estudo, evidenciando sobreposição nas ocorrências.

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Figura 3: Fenologia reprodutiva baseada na densidade média de flores abertas das espécies de

Psychotria. Fundo cinza claro representa o período de maior abundância e sincronia floral de

P. capitata, P. prunifolia e P. deflexa e de polinizadores; fundo cinza escuro representa o

período de abundância floral de P. hoffmannseggiana e de polinizadores, note que as demais

espécies apresentam um inesperado retardamento no declínio do número de flores, inclusive

com aumento da abundância floral em P. prunifolia.

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Figura 4: Correlação de Spearman entre o número médio de flores abertas de Psychotria e a

abundância de polinizadores correspondentes. Evidenciando a relação positiva entre o

aumento do número de flores em antese e a abundância de polinizadores. *p<0.05; **p<0.01

Figura 5: Média ±erro padrão de recurso (açúcares totais) por flor, planta e metro quadrado

nas quatro espécies sincronopatricas de Psychotria. Comparações realizadas entre espécies,

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letras diferentes representam diferenças significativas. ANOVA com teste a posteriori de

Tukey (*F=83.90, p<0.001; **F=124.50, p<0.001; ***F=107.78, p<0.001)

Figura 6: Análises morfométricas evidenciando a relação entre o comprimento e diâmetro do

tubo da corola entre as espécies de Psychotria. Letras diferentes representam diferenças

significativas entre as espécies. *todas as comparações foram diferentes; F=846.13, p<0.001;

**F=28.88, p<0.001.

Figura 7: Grafo bipartido representando as interações estabelecidas entre as quarto espécies

de Psychotria e seus polinizadores. Linhas cinzas representam interações com polinizadores

partilhados e linhas pretas polinizadores exclusivos; Nós cinza: lepidópteras; nós pretos:

abelhas; nós brancos: díptero. [Polinizadores: (a) Tropidopedia carinata; (b) Dialictus sp.; (c)

Partamona rustica; (d) Augochloropsis sp.2; (e) Lophopedia pygmaea; (f) Augochloropsis

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sp.1; (g) Syrphidae sp.1; (h) Lepidoptera sp.2 ; (i) Augochlora sp.; (j) Lophopedia savanicola;

(k) Trigona spinipes; (l) Ptiloglossa sp.; (m) Heliconius erato; (n) Apis mellifera; (o)

Xylocopa suspecta; (p) Urbanus proteus; (q) Oxaea flavescens; (r) Bombus brevivillus; (s)

Euglossa imperialis; (t) Aellopos titan; (u) Lepidoptera sp.1; (v) Epicharis flava]

Figura 8: Relação entre o grau de dependência dos polinizadores partilhados (Dij), o índice de

sobreposição de nicho na polinização e o sucesso reprodutivo das espécies sincronopatricas de

Psychotria. As espécies com maior partilha de polinizadores e maior grau de dependência

com polinizadores partilhados (P. capitata e P. hoffmannseggiana) apresentaram maior

sucesso reprodutivo em contraste com P. deflexa e P. prunifolia.

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Tabela 1: Índice de sobreposição de nicho entre as espécies de Psychotria. P.

hoffmannseggiana apresenta alta sobreposição com P. deflexa e P. capitata, em contra

partida, P. deflexa e P. prunifolia apresentam a baixa sobreposição entre si.

P. prunifolia P. deflexa P. hoffmannseggiana

P. capitata 0.52 0.28 0.57

P. prunifolia 0.02 0.22

P. deflexa 0.74

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CONCLUSÃO

O primeiro artigo revelou que a polinização em Psychotria demanda um sistema de

polinização que envolve polinizadores mais generalistas, já que houve sobreposição no nicho

entre as espécies. Ouve ainda uma predominância de borboletas e abelhas interagindo com as

flores do gênero, com um papel de destaque da polinização do gênero por T. spinipes,

considerada um polinizador geralista. O trabalho revelou ainda que a existência de sincronia

na floração e potencial de coexistência de varias congenéricas faz com que a correspondência

das interações Psychotria/polinizador aqui proposta ao sistema real seja mais provável. O

artigo ainda sugeriu que a espécies de Psychotria estejam envolvidas em processo de

polinização por facilitação pelo fato delas ocorrerem com frequentemente em simpatria,

possuírem floração sobreposta e interagirem de forma assimétrica com polinizadores e com

sobreposição no nicho de polinização.

O artigo 2 por sua vez constatou que as espécies de Psychotria apresentaram uma

evidente sincronia entre as populações vegetais com partilha fundamental do nicho da

polinização e reflexo positivo no sucesso reprodutivo. No entanto, verificou-se que a partilha

de polinizadores não pode ser generalizada a todo o sistema, mas sim a módulos ou pares de

espécies. Dessa forma, cada espécie de Psychotria possui uma ou mais espécies preferencias

para partilha de polinizadores e que nem sempre essa relação é reciproca. Isso reforça as

interações entre as plantas são assimétricas, assim como suposto no artigo 1.