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UNI-FACEF Centro Universitário de Franca José Afonso Piva ANÁLISE DO PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE EM UMA COOPERATIVA DE SAÚDE EM POÇOS DE CALDAS SOB A ÓTICA DA LEGISLAÇÃO. FRANCA 2005

DISSERTAÇÃO MESTRADO - GERENCIAMENTO DE RSS

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UNI-FACEF Centro Universitrio de Franca

Jos Afonso Piva

ANLISE DO PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESDUOS DE SERVIOS DE SADE EM UMA COOPERATIVA DE SADE EM POOS DE CALDAS SOB A TICA DA LEGISLAO.

FRANCA 2005

2 UNI-FACEF Centro Universitrio de Franca

Mestrado em Administrao rea de concentrao: Gesto empresarial

Dissertao:

ANLISE DO PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESDUOS DE SERVIOS DE SADE EM UMA COOPERATIVA DE SADE EM POOS DE CALDAS SOB A TICA DA LEGISLAO.

Orientadora: Prof Dra. Teresinha Covas Lisboa

Aluno: Jos Afonso Piva

FRANCA 2005

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P764a

Piva, Jos Afonso Anlise do plano. Anlise do Plano de Gerenciamento dos Resduos de Servios de Sade em uma Cooperativa de Sade em Poos de Caldas sob a tica da Legislao / Jos Afonso Piva. Franca: Uni-Facef, 2005.

100 p. il.

Orientadora: Terezinha Covas Lisboa Dissertao de Mestrado Uni-Facef Programa de Mestrado em Gesto Empresarial

1. RSS - Resduos de Servios de Sade 2. Administrao hospitalar. 3. Gesto ambiental I.T. CDD 362.11068

CDD 362.11068

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UNI-FACEF Centro Universitrio de Franca

Dissertao apresentada ao Programa de Mestrado em Administrao Gesto Empresarial da Uni-FACEF Centro Universitrio de Franca.

Orientadora: Prof. Dra. Teresinha Covas Lisboa.

FRANCA 2005

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ANLISE DO PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESDUOS DE SERVIOS DE SADE EM UMA COOPERATIVA DE SADE EM POOS DE CALDAS SOB A TICA DA LEGISLAO.

Jos Afonso Piva

Prof. Dra. Teresinha covas Lisboa

Dissertao de Mestrado submetida ao Programa de Ps-graduao em Administrao, rea de concentrao - Gesto Empresarial, da UNI-FACEF, Franca SP, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em Administrao.

Orientadora: _____________________________________________________________ Nome: Teresinha Covas Lisboa Instituio: Uni-FACEF - Centro Universitrio de Franca

Examinadora: _______________________________________________________ Nome: Instituio: Prof Dra. Edna Maria Campanhol Uni-FACEF - Centro Universitrio de Franca

Examinador(a): _______________________________________________________ Nome: Instituio: Prof. Dr. Jayr Figueiredo de Oliveira. UNISA - Universidade de So Paulo

dezembro de 2005

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Dedico aos meus pais, Piva Affonso e Rosalina do Amaral Gurgel Piva, (in memorian) e Clia.

7 AGRADECIMENTOS

Agradeo, primeiro, a Deus que no tem me faltado, e aos meus pais - a quem devo, mais que a vida, a lio de vida. Agradeo a minha esposa Clia e meus filhos Renata, Jaqueline e Guilherme pela participao direta e indireta neste trabalho. Agradeo a todos os professores do Programa de Mestrado em Administrao, a aos funcionrios da Coordenao do Programa, com os quais pude estabelecer uma rica convivncia pessoal e intelectual ao longo de todo esse tempo. Em especial minha orientadora, cara Prof. Teresinha Covas Lisboa, que desde o dia 08 de maro de 2004, quando nos conhecemos, na entrevista de seleo, se destacou como pessoa impar de sabedoria nica no trato s pessoas, como no conhecimento que lhe peculiar.

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Desenvolvimento Ambiental sustentvel

o desenvolvimento que atende s nossas necessidades, sem impedir que as geraes que viro (filhos e netos) possam tambm ter a chance de se desenvolver e satisfazer suas necessidades, dispondo de recursos naturais para isto (gua limpa para beber, praias preservadas, peixes no mar, florestas), (ONU, 1987).

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RESUMO

Esta pesquisa tem por objetivo conhecer e analisar a gesto do Plano de Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade (PGRSS), quanto sua implantao e aplicabilidade conforme padres das RDC (Resoluo da Diretoria do Colegiado) 306 da ANVISA (Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria), que dispe sobre o Regulamento Tcnico para o gerenciamento de resduos de servios de sade e da Resoluo 358 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio ambiente), que dispe sobre o tratamento e a disposio final dos resduos dos servios de sade e d outras providncias. O CONAMA defini o PGRSS como documento integrante do processo de licenciamento ambiental, baseado nos princpios da no gerao de resduos e na minimizao da gerao de resduos, que aponta e descreve as aes relativas ao seu manejo contemplando os aspectos referentes gerao, segregao, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, reciclagem, tratamento e disposio final, bem como a proteo sade pblica e ao meio ambiente. A pesquisa se embasou em visitas Cooperativa de Sade de Poos de Caldas, onde foram realizadas entrevistas com o pessoal tcnico administrativo, pessoal de limpeza e servios gerais que realizam a segregao, coleta e armazenamento dos resduos de servios de sade. Pesquisou-se o tema Gesto ambiental/empresarial como fundamento do desenvolvimento da pesquisa, assim como o impacto ambiental causado pela disposio dos resduos de servios de sade em reas no licenciadas como os lixes a cu aberto. Comentou-se, tambm, a responsabilidade social das organizaes na disposio de seus resduos e formas de minimizar o impacto ambiental para um desenvolvimento suscitvel, interagindo, organizao, comunidade e governo em busca de solues ambientais para a disposio ecologicamente correta. A pesquisa foi desenvolvida nas dependncias da Cooperativa de Sade, onde foram entrevistados, com questionrios pr-montados, todas as pessoas diretamente ligadas manipulao dos resduos de sade. Aps o levantamento das questes montou-se os dados para anlise crtica do Gerenciamento do PGRSS, onde obteve o diagnstico da situao atual. Como a retirada e destinao final dos resduos so de responsabilidade de uma empresa terceirizada, visitou-se, tambm, esta empresa. Embora o PGRSS tenha sido implantado h menos de trs meses, percebe-se que h um entendimento macro do Plano, pelo pessoal tcnico administrativo, porm o pessoal de operao, que manipulam os resduos, tm informaes exclusivamente operacionais, no tendo o conhecimento amplo do PGRSS. Diagnosticou-se que a Cooperativa est com o PGRSS implantado parcialmente, havendo necessidade de melhorias no processo de coleta, como a identificao dos resduos e do local de armazenamento. Percebeu-se que as pessoas envolvidas no processo no esto plenamente treinadas para a questo ambiental e no tm pleno conhecimento do PGRSS. Nem todos os resduos so destinados ao re-processador, alguns ainda so coletados pela viatura da Prefeitura Municipal cujo destino o aterro controlado, onde os resduos de servios de sade so enterrados sem que a vala esteja devidamente impermeabilizada conforme as legislaes ambientais.

Palavras-chave: PRGSS, gesto ambiental, resduos de servios de sade, administrao hospitalar.

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ABSTRACTThis research has for objective to know and to analyze the management of the Plan of Management of Residues of Services of Health (PMRSS), how much to its implantation and in agreement applicability standards of RDC (Resolution of the Direction of the Collegiate) 306 of the NASM (National Agency of Sanitary Monitoring), that it makes use on the Regulation Technician for the management of residues of services of health and Resolution 358 of the NAE (National Advice of the Environment), that it makes use on the treatment and the disposal end of the residues of the health services and gives other steps. The NAE defined the PGRSS as integrant document of the process of ambient licensing, based in the principles of not the generation of residues and in the minimizao of the generation of residues, that points and describes the relative actions to its handling contemplating the referring aspects to the generation, segregation, preservation, collects, storage, transport, recycling, treatment and final disposal, as well as the protection to the public health and the environment. The research if based in visits the Cooperative of Health of Wells of Caldas, where interviews with the staff had been carried through administrative, personal technician of cleanness and general services that carry through the segregation, collect and storage of the residues of health services. The subject was searched ambiental/empresarial Management as bedding of the development of the research, as well as the ambient impact caused by the disposal of the residues of services of health in areas not permitted as the lixes the open sky. It was commented, also, the social responsibility of the organizations in the disposal of its residues and forms to minimize the ambient impact for a suscitvel development, interacting, organization, community and government in ambient brainstorming for the ecologicamente correct disposal. The research was developed in the dependences of the Cooperative of Health, where they had been interviewed, with daily pay-mounted questionnaires, all the directly on people to the manipulation of the health residues. After the survey of the questions mounted the data for critical analysis of the Management of the PMRSS, where it got the diagnosis of the current situation. As the withdrawal and final destination of the residues they are of responsibility of a terceirizada company, was visited, also, this company. Although the PMRSS has been implanted has less than three months, it is perceived that it has an agreement macro of the Plan, for the staff administrative technician, however the operation staff, that manipulates the residues, has exclusively operational information, having the ample knowledge of the PMRSS. Was not diagnosised that the Cooperative is with the PMRSS implanted partially, having necessity of improvements in the collection process, as the identification of the residues and the place of storage. One perceived that involved people in the process fully are not trained for the ambient question and all do not have full knowledge of the PMRSS. Nor the residues are destined to the re-processor, some still are collected by the viatura of the Municipal City hall whose destination is fills with earth it controlled, where the residues of health services are embedded without that the ditch duly is waterproofed in agreement the ambient laws. Wordkey: PRGSS, ambient management, residues of health services, hospital administration.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Fatores que contribuem para a eficcia organizacional .......................................... 24 Figura 2 Eficincia e eficcia ............................................................................................. 25 Figura 3 - Uma abordagem sistmica para administrar a mudana: ....................................... 31 Figura 4 Sistema de gesto ambiental ................................................................................ 41 Figura 5 Gesto Ambiental empresarial Influncias ........................................................ 42 Figura -6 - Poluio Alguns critrios de classificao ....................................................... 45 Figura 7 Enfoque sistmico da gesto ambiental................................................................ 47 Figura 8 - Ambiente Total e seus aspectos (o modelo do tecido celular)- .............................. 50 Figura 9 Logstica Reversa reas de atuao e etapas reservas ....................................... 74 Figura 10 Dimenses da Qualidade total em Servios de Sade......................................... 84 Figura 11 Fluxo dos Resduos ........................................................................................... 86 Figura 12 Modelo de apresentao do Plano de Resduos de Servios de Sade .............. 125 Figura 13 - Vista area da unidade da Cooperativa de Sade .............................................. 137 Figura 14 - Fluxo da metodologia aplicada para a coleta de dados ...................................... 139 Figura 15 Kit de lixeiras para descarte seletivo de resduos ............................................. 140 Figura 16- Separao dos resduos reciclveis e armazenamento para posterior venda ....... 140 Figura 17 Fluxograma da coleta de resduos. ................................................................... 143 Figura 18 - Gerao de Resduos Reciclveis ..................................................................... 146 Figura 19 Gerao de resduos infectantes ....................................................................... 147 Figura 20 Abrigo externo para resduos de servios de sade. ......................................... 151 Figura 21 Interior do abrigo de resduos com balana, instalao de gua e ..................... 151 Figura 22 Divisria de maderite Figura 23 Recipiente de perfurocortantes................ 152 Figura 24 Veculo para transporte de RSS e Motorista devidamente equipado para a atividade de coleta ...................................................................................................... 156 Figura 25 ETE I e II - Efluentes hidrosanitrios e Infectantes ........................................ 157 Figura 26 Fluxograma de gerenciamento dos resduos ..................................................... 159

12 LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Responsabilidades pelo destino final dos resduos. ................................................ 60 Tabela 2 Tipo de destinao final de resduos no Brasil (%) ................................................. 60 Tabela 3 BRASIL: Mes por primeira vez (de 10 a 14 anos de idade) por classes de rendimento mensal familiar segundo os grupos de anos de estudo. ............................... 78 Tabela 4 Identificao de gerao e fluxo de resduos......................................................... 86 Tabela 5 Tipos de resduos gerados em um estabelecimento de sade por modalidade de atendimento/local ......................................................................................................... 99 Tabela 6 Gesto de resduos de servios de sade.............................................................. 100 Tabela 7 Gerao de Resduos........................................................................................... 101 Tabela 8 Tipo de Construo / Produo Diria de lixo ................................................... 102 Tabela 9 Taxa de Gerao de lixo em Servio de Sade ................................................... 102 Tabela 10 Mtodos para minimizao de resduos ............................................................ 103 Tabela 11 Fluxo de manejo interno dos RSS .................................................................... 121 Tabela 12 Quadro de funcionrios da Cooperativa de Sade.............................................. 145 Tabela 13 Quantidade de resduos gerados (jan a out/2005) ............................................... 146 Tabela 14 Resumo das respostas obtidas nas entrevistas com pessoal operacional ............. 149 Tabela 15 Tempo na funo e escolaridade ....................................................................... 153 Tabela 16 Resumo das respostas obtidas nas entrevistas com pessoal administrativo ......... 153 Tabela 17 Evoluo do processamento de resduos da Ecosul............................................. 157

13 Lista de Abreviaturas e Siglas ABNT AVISA CCIH CEMA CENEN CEPRAN CETESB CIPA CONAMA CONTRAN EA EIA EPI ETE FEAM IBGE Id ISO 14001 ISO MOP NBR ONU PCIH PGRSS RDC Associao Brasileira de Normas Tcnicas Agncia Nacional de Vigilncia sanitria Comisso de Controle de Infeco Hospitalar Secretaria Especial do Meio Ambiente Comisso Nacional de Energia Nuclear Conselho Estadual de Proteo Ambiental Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental Comisso Interna de Preveno de Acidentes Conselho Nacional do Meio Ambiente Conselho Nacional de Trnsito Educao Ambiental Estudo de Impacto Ambiental Equipamento de Proteo Individual Estao de Tratamento de Efluentes Fundao Estadual do Meio Ambiente Institui Brasileiro de Geografia e Estatstica Idem mesmo autor (NBR 10520-2002) Sistema de Gesto Ambiental International Organization for Standardization Movimentao de Cargas Perigosos Norma Brasileira Organizao das Naes Unidas Programa de Controle de Infeces Hospitalares Plano de Gesto de Resduos de Servios de Sade. Resoluo de Diretoria do Colegiado

REFORSUS Reforo Organizao do Sistema nico de Sade RIMA RSS SESMT Relatrio de Impacto Ambiental Resduos de Servios de Sade Servio Especializado em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho SESMT SGA Servios de Engenharia de Segurana e Medicina no Trabalho Sistema de Gesto Ambiental

14 SGQ SIDA SMA Sistema de Gesto da Qualidade Sndrome da Imuno Deficincia Adquirida Secretaria do Meio Ambiente

15 SUMRIO

INTRODUO ............................................................................................................................................ 17 CAPTULO I GESTO AMBIENTAL NAS EMPRESAS .......................................................................... 23 1.1 GESTO EMPRESARIAL .................................................................................................................... 23 1.2 MUDANAS ORGANIZACIONAIS E ESTILOS DE ADMINISTRAR .............................................................. 26 1.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL .................................................................................................. 32 1.4 GESTO AMBIENTAL........................................................................................................................ 40 1.5 EDUCAO AMBIENTAL - EA ........................................................................................................... 47 1.6 MEIO AMBIENTE .............................................................................................................................. 51 1.7 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL EIA ........................................................................................... 53 Impacto ecolgico .................................................................................................................................... 55 Saneamento.............................................................................................................................................. 56 Ecossistema.............................................................................................................................................. 56 Habitat 57 1.8 RESDUOS ........................................................................................................................................ 58 Resduos comercial e domiciliar ............................................................................................................... 61 Resduos industriais ................................................................................................................................. 62 Resduos de sade (Resduos hospitalares) ............................................................................................... 63 1.9 MODALIDADES DE DESTINO FINAL DOS RESDUOS HOSPITALARES....................................................... 63 Aterro sanitrio e lixo ............................................................................................................................ 63 Aterro controlado ..................................................................................................................................... 68 Incinerao .............................................................................................................................................. 68 1.10 COMPOSTAGEM ............................................................................................................................... 69 1.11 TRATAMENTO E DESTINAO FINAL DO LIXO .................................................................................... 70 Situao do lixo hospitalar ....................................................................................................................... 72 1.12 A LOGSTICA REVERSA COMO SISTEMA DE CONTROLE DE RESDUOS. .................................................. 73 1.13 PASSIVO AMBIENTAL ....................................................................................................................... 75 1.14 O MEIO AMBIENTE NO SCULO XXI COMPROMISSO COM O FUTURO ................................................ 75 CAPTULO II - A GESTO HOSPITALAR E OS RESDUOS DE SERVIOS DE SADE ........................................... 80 2.1 QUALIDADE TOTAL E A GESTO HOSPITALAR ................................................................................... 80 2.2 ORGANIZAO DE ESTABELECIMENTOS DE SADE ............................................................................ 84 2.3 RESDUOS DE SERVIOS DE SADE - RSS .......................................................................................... 84 2.4 CLASSIFICAO DOS RSS ................................................................................................................. 89 Classificao dos Resduos conforme o CONAMA 05/93 e 283/01............................................................. 89 Classificao dos Resduos segundo a ABNT 10.004 /87 ........................................................................... 92 2.5 FONTES GERADORAS DE RESDUOS DE SADE................................................................................... 93 2.6 AES PARA MINIMIZAO DE RISCOS ASSOCIADOS AOS RESDUOS DE SERVIO DE SADE .................. 93 2.7 PRODUTOS PERIGOSOS EM ESTABELECIMENTO DE SADE ................................................................... 94 2.8 GESTO DOS RESDUOS DE SERVIOS SADE .................................................................................... 96 2.8.1 MANEJO, MANIPULAO E COLETA DOS RSS. ................................................................................ 104 2.8.2 EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL E COLETIVO ................................................................. 104 2.8.3 EMBALAGENS, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DOS RSS. ............................................................ 107 2.9 TIPOS DE TRATAMENTO E DESINFECO DE RSS ............................................................................. 113 2.9.1 AUTOCLAVE .................................................................................................................................. 113 2.9.2 INATIVAO BIOLGICA POR AUTOCLAVAGEM .............................................................................. 113 2.9.3 DESCARACTERIZAO ................................................................................................................... 114 2.9.4 MICROONDAS ................................................................................................................................ 114 2.10 O CUSTO NAS ENTIDADES ASSISTNCIAS DE SADE ........................................................................ 114 2.11 CUSTO X TECNOLOGIA ................................................................................................................... 115 2.12 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE - PGRSS................................... 118 2.13 ELABORAO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE ...................... 123 2.13.1 APROVAO DO PGRSS: ........................................................................................................... 126

162.13.2 2.14. MANEJO INTRA-INSTITUCIONAL: ................................................................................................ 126 DUAS ABORDAGENS TEORIAS ADMINISTRATIVAS E LEGISLAO ................................................... 128

CAPTULO III METODOLOGIA ............................................................................................................ 129 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 METODOLOGIA DE PESQUISA .......................................................................................................... 129 A PESQUISA ................................................................................................................................... 129 MTODO........................................................................................................................................ 131 TCNICA........................................................................................................................................ 131 DESENVOLVIMENTO DO QUESTIONRIO .......................................................................................... 133 POPULAO E AMOSTRA ................................................................................................................ 134

CAPTULO IV ANLISE DOS DADOS .................................................................................................. 136 4.1 UNIDADE DA COOPERATIVA DE POOS DE CALDAS - HISTRIA ....................................................... 136 4.2 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO DE CAMPO ................................................................................ 137 4.3 FLUXO DO PROCESSO DE RECOLHIMENTO DOS RESDUOS .................................................................. 142 4.4 ANLISE DA PESQUISA ................................................................................................................... 143 4.4.1. LEVANTAMENTO DE DADOS DA COOPERATIVA: ............................................................................... 145 4.4.2. GERAO DE RESDUOS .................................................................................................................. 146 4.4.3. LEVANTAMENTO DOS RESULTADOS DOS QUESTIONRIOS (ENTREVISTAS) ......................................... 148 4.5 DESTINAO DOS RESDUOS DE SERVIOS DE SADE DA COOPERATIVA .......................................... 155 CONSIDERAES FINAIS....................................................................................................................... 160 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ 166 GLOSSRIO.............................................................................................................................................. 175 ANEXOS ................................................................................................................................................... 180

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INTRODUO

O presente trabalho tem por objetivo analisar, sob a tica da legislao brasileira, mais especificamente resolues da ANVISA (Agncia de Vigilncia Sanitria) e do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), a aplicabilidade do Plano de Gerenciamento de Resduos de Sade (PGRSS), assim como a atuao administrativa dos gestores, mdicos e funcionrios envolvidos no processo de descarte, coleta seletiva e destino final dos resduos hospitalares do hospital da cooperativa de Sade, em Poos de Caldas. O homem, como ser progressista e ambicioso, envolvido pela criatividade natural do ser humano em descobrir novas tecnologias para o conforto capitalista, inova nos produtos descartveis e, nem sempre, est alinhado aos conceitos bsicos da gesto ambiental. Os produtos hospitalares, como seringas, agulhas, papel toalha, copos para gua, embalagens de cpsulas de remdios, entre outras infinidades, no fogem regra. Com o surgimento rpido dos produtos descartveis houve um grande acrscimo no volume de lixo hospitalar. Com essa evoluo dos descartveis, torna-se mais complexo gerenciar este volume de Resduos de Servios Sade - RSS, assim como o armazenamento, mesmo que temporrio, nos hospitais, e o destino final ecologicamente correto. Nossa experincia profissional em Gesto Ambiental nos fez refletir, luz das legislaes em vigor, a realidade da situao destes resduos em Poos de Caldas. A reflexo do tema surgiu quando pudemos verificar in loco que os resduos hospitalares de Poos de Caldas so descartados no lixo a cu aberto, juntamente com todos os outros tipos de lixo, como industrial, domstico, comercial etc. Poos de Caldas uma cidade turstica devido a suas guas minerais e banhos termais, e distante apenas quinze quilmetros do centro encontra-se o lixo, onde catadores de lixo convivem, alm do lixo, com ratos,

18 urubus, e todo o tipo de animais peonhentos e resduos infectantes, como material perfurocortantes, bolsas de sangue, seringas, gases de curativos, etc. (fotos do local no Anexo A). A maneira de descartar o lixo sem tratamento gera uma infinidade de problemas de sade e para o meio ambiente, principalmente por estar prximo a um riacho e nascentes de guas, onde por fora da gravidade, o chorume levado para o leito do riacho. Esse paradoxo cidade de guas medicinais, e lixo a cu aberto - nos fez refletir sobre o porqu desse descaso com o lixo na cidade. Foi a partir desta realidade que se visualizou a oportunidade da presente dissertao em obter alternativas para quebrar esse paradigma. Em uma investigao informal pelos hospitais de Poos de Caldas, observou-se que apenas em um hospital estava implantado o Plano de Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade PGRSS, exigido pela legislao, conforme a Resoluo de Diretoria do Colegiado - RDC 306/04, que dispe sobre o Regulamento Tcnico para o Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade. (Anexo B). Este estabelecimento o hospital da COOPERATIVA DE SADE de Poos de Caldas. A nomenclatura para hospital, segundo a ANVISA, Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria, Estabelecimentos Assistenciais de Sade EAS,

definida na RDC n. 50, que dispe sobre o Regulamento Tcnico para Planejamento, Programao e Elaborao de Projetos Fsicos de Estabelecimento Assistncias de Sade, de 21/02/02, alterada pela RDC 307 de 14/11/02.. Objetiva, ento este trabalho, analisar criticamente o PGRSS do Hospital da COOPERATIVA DE SADE, sob a luz das legislaes pertinentes, principalmente das RDC 306 da ANVISA, de 07 de dezembro de 2004, (publicada no DOU - Dirio Oficial da Unio - em 10 de dezembro de 2004), e Resoluo 358 (Anexo C) do CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente, de 29 de abril de 2004, (publicada no DOU em 04 de maio de 2005, que dispe sobre o tratamento e a disposio final dos resduos dos servios de sade e d outras providncias), para concluir-se que: a) O PGRSS do hospital da Cooperativa de Sade est

19 implantado, ser que amplamente conforme a legislao e sua gesto eficiente e eficaz, isto , o RSS monitorado em todo o fluxo? b) O PGRSS do hospital da Cooperativa de Sade est implantado parcialmente conforme a legislao, e; c) O PGRSS do hospital da Cooperativa de Sade est implantado, ser que amplamente, porm a gesto no eficiente e eficaz na manuteno do Plano. Os objetivos especficos so: pesquisar os principais pontos crticos do Plano de Gerenciamento de Resduos Hospitalares no cumprimento da legislao, (RDCs da ANVISA e CONAMA) e a gesto ambiental, como forma de sustentao do PGRSS, demonstrar como, a partir dos resultados obtidos na pesquisa, o hospital pode gerenciar, dentro das normas, seus Resduos de Servios de Sade e avaliar as aes do Gestor do Hospitalar, como agente de mudanas no controle dos processos administrativos,

operacionais e na Gesto Ambiental do estabelecimento. A importncia desta pesquisa se deve relevncia do tema que vai ao encontro de qualidade de vida dos profissionais lotados nos hospitais, dos catadores de lixo que vasculham os sacos de lixos depositados no lixo em busca de materiais para uso prprio e de materiais reciclveis e a gesto ambiental, o impacto dos resduos hospitalares no ambiente. luz da Gesto Ambiental o tema tem profunda relevncia, pois obriga, conforme legislao, que o Hospital tenha seu Planejamento Estratgico alinhado com as questes ambientais. As indstrias so constantemente avaliadas e auditadas pelos rgos ambientais, pela comunidade e por seus clientes, para que minimizem seus resduos, que eliminem os particulados jogados na atmosfera, que trate suas guas antes de descart-las nos rios (o que muito salutar), porm os estabelecimentos de sade ainda no sofrem estas presses. O Hospital sendo administrado como uma empresa que gera empregos, recursos financeiros, conseqentemente gera, tambm, seus resduos e como tal deve ser tratado conforme legislao em vigor. Esta questo est inserida no objetivo especfico deste trabalho que

20 analisar o fluxo total deste processo, ou seja, a partir do descarte do resduo hospitalar, passando pelos coletores, transporte interno, armazenamento temporrio interno,

armazenamento externo, rea de resduos e o transporte externo, que ser o final do fluxo. O lixo hospitalar no pode ser visto sem utilizao, e sem risco, portanto deve-se administr-lo como resduo gerado por uma empresa sob a tica da gesto ambiental e das legislaes pertinentes. dentro desta perspectiva que este trabalho se insere. A Gesto Ambiental, assim como a Gesto de Resduos dos Servios de Sade vem sendo discutida com bastante nfase no meio legal e mdico e, apesar dos avanos inequvocos nos ltimos anos nessa rea, nota-se que possvel detectar que muito ainda se tem para contribuir para essa temtica. Pudemos observar em nossa pesquisa informal que a grande maioria dos Planos de Gerenciamento de Resduos Hospitalares configura-se como uma seqncia de regras visando cumprir as obrigaes legais, no se configurando, entretanto, em sua totalidade em um auto-gerenciamento dos resduos, como algo sistmico. Fez-se a opo por analisar o caso de Resduos de Servios de Sade, porque Poos de Caldas no possui um aterro sanitrio para a destinao final de seus resduos e nem tecnologia para desinfeco dos mesmos. A relevncia desse tema se justifica, principalmente, pela potencialidade em melhorar os atuais programas de tratamento de resduos dos hospitais e a relevncia ambiental e social, pois trata-se da reduo de infeces hospitalares, da higienizao dos hospitais, e da coleta seletiva de resduos hospitalares, fazendo com que a cadeia do resduo seja amplamente controlada como um processo e no somente no descarte de material ps-uso. A problemtica do tema foi levantada de acordo com os objetivos a fim de responder a questo: O Plano de Gerenciamento de Resduos de Sade da Cooperativa de Sade atende as exigncias das legislaes vigentes?

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Aps a realizao da pesquisa poder-se- concluir que: a) O PGRSS do hospital da Cooperativa de Sade est amplamente implantado conforme a legislao e sua gesto eficiente e eficaz; b) O PGRSS do hospital da Cooperativa de Sade est implantado parcialmente conforme a legislao, e; c) O PGRSS do hospital da Cooperativa de Sade est amplamente implantado, porm a gesto no eficiente e eficaz na manuteno do Plano. Este trabalho de pesquisa est estruturado de forma a apresentar, na introduo a contextualizao do tema. O captulo 1 apresenta um referencial terico sobre gesto empresarial, mudanas organizacionais, desenvolvimento sustentvel, gesto ambiental, educao ambiental, meio ambiente e impacto ambiental, assim como o setor de sade, enfatizando a problemtica relacionada ao gerenciamento dos resduos de servios de sade (RSS). Nele apresentam-se os enfoques gerenciais e operacionais quanto aos resduos, apontando a necessidade da confeco do Plano de Gerenciamento de Resduos de Servios Sade para cada estabelecimento do gnero. Apresenta-se tambm referencial especfico sobre os resduos, em geral, e seus respectivos destinos, no Brasil e em alguns paises. Finaliza-se o captulo 1 com uma abordagem sobre logstica reversa e passivo ambiental nas organizaes. O captulo 2 apresenta os referenciais tericos sobre os Resduos de Servios de Sade focando, tambm, a gesto dos RSS analisando-os por vrias ticas. Analisa-se a qualidade e a gesto hospitalar da Cooperativa de Sade. So realizadas pesquisas nas legislaes pertinentes, obras e artigos sobres os RSS e sua classificao, fontes geradoras, aes para a minimizao. Faz-se uma comparao entre as normas e resolues da ANVISA (Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria) e do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Finaliza-se o captulo 2 com a gesto do Plano de Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade.

22 No captulo 3 apresenta-se a metodologia utilizada para a pesquisa. Inicia-se com pesquisa bibliogrfica para o embasamento terico do tema. Aps a pesquisa bibliogrfica aplica-se a pesquisa formal com questionrios para quatro funes no hospital da COOPERATIVA DE SADE, que so: questionrio 1, voltado para o gestor do hospital com perguntas de gesto e aplicabilidade do PGRSS; o questionrio 2, direcionado para o pessoal administrativo para confirmar ou no os dados do gestor e acrescentar novas informaes do PGRSS; o questionrio e 3 e 4 so destinados s pessoas que tm contato direto com os resduos hospitalares, respectivamente, o encarregado de higiene e limpeza e os empregados que recolhem, transportam e armazenam estes resduos. O processo da pesquisa ser por meio de entrevistas diretas com os empregados do hospital. No captulo 4, apresenta-se o trabalho de pesquisa e a anlise dos dados quantitativos, objeto deste trabalho, que a Anlise do Plano Gerenciamento dos Resduos de Servios de Sade na COOPERATIVA DE SADE, (Poos de Caldas) sob a tica da Legislao, explorando cada uma de suas fases. Finalmente, ainda no captulo 4, so apresentadas as consideraes finais da pesquisa - faz-se um paralelo entre os objetivos e os resultados das pesquisas.

23

CAPTULO I GESTO AMBIENTAL NAS EMPRESAS

1.1

Gesto Empresarial

Antes da gesto empresarial torna-se necessrio analisar o sentido de organizao. Como ela se comporta, sobrevive e d retorno a seus acionistas ou proprietrios. Segundo Pedroso (2004, p. 199) Organizao [...] significa um conjunto de rgos ou um organismo, cujo funcionamento est voltado para atingir um determinado fim previamente estabelecido, constituindo-se assim esse conjunto de rgos num sistema. Desta forma, tem-se a organizao como um sistema interligado, amplo e sistmico, com eficcia e eficincia. Certo (2003) assim define eficcia e eficincia:Eficincia o grau em que os gerentes alcanam as metas da empresa: `fazendo certo as coisas`. Eficincia o grau em que os recursos da empresa contribuem para a produtividade: `fazendo certo as coisas`. Revisar o desempenho da empresa com base nestes parmetros essencial para alcanar o sucesso de qualquer organizao. (CERTO, 2003, p. 446)

Neste sentido, pode-se dizer que a gesto empresarial est embasada nas foras que interagem para a maior produtividade organizacional. Estas foras esto ligadas diretamente com a capacitao das pessoas para desempenhar suas atividades nas organizaes. Na figura 1, Certo (2003, p. 384) mostra os fatores que contribuem para a eficcia organizacional.

24

FATORES RELACIONADOS A PESSOAS Satisfao pessoal no trabalho Confiana mtua e esprito de equipe Boa comunicao Baixo conflito no resolvido e luta pelo poder Baixa ameaa, livre de falha, boa estabilidade no emprego. DESEMPENHO EFICAZ Idias inovadoras Metas cumpridas Adaptvel a mudanas Alto compromisso pessoal/de equipe Altamente classificado pelo gerenciamento superior

FATORES RELACIONADOS ORGANZIAO Estabilidade organizacional e segurana no emprego Gerncia envolvida, interessada e disposta a dar apoio Recompensas adequadas e reconhecimento de realizaes Metas e prioridades estveis

FATORES RELACIONADOS A TAREFAS Metas claras, direes e planos de projetos. Direo e liderana adequada Autonomia e trabalho profissionalmente desafiadores Pessoal de equipe/projeto qualificado e experiente Envolvimento da equipe e visibilidade do projeto Destaque para o trabalho de equipe dentro da organizao Figura 1- Fatores que contribuem para a eficcia organizacional Fonte: Certo (2003, p.384)

Nota-se que o desempenho eficaz que almejam as organizaes est incondicionalmente ligado qualidade de vida dos trabalhadores, que aqui se pode traduzir como segurana no trabalho, confiana na liderana e prosperidade da organizao. Esse trip faz com que os trabalhadores executem suas tarefas de forma certa e somente as tarefas certas. J Robbins (2004), conforme figura 2, mais objetivo na definio de eficcia e eficincia das pessoas nas organizaes:Eficcia e eficincia dizem respeito ao que est sendo feito e de que maneira. Eficincia significa executar a tarefa corretamente e se refere ao relacionamento entre as entradas e sadas. Eficcia significa fazer a tarefa certa; em uma organizao, ela traduzida como alcance da meta. (ROBBINS, 2004, p. 7)

25

MEIOS EFICINCIA

FINS EFICCIA

USO DOS RESURSOS

BAIXO DESEMPENHO

ALTO ACANCE

Figura 2 Eficincia e eficcia Fonte: Robbins (2004, p. 7)

A importncia do destaque em eficincia e eficcia se d pela importncia destes fatores no desenvolvimento desta pesquisa, que analisa o envolvimento das pessoas como fator principal para melhorias contnuas no Plano de Gerenciamento de Resduos de Sade (PGRSS). mister destacar, se no houver eficincia e eficcia na realizao das tarefas, por menor que sejam, como coleta de descarte certo dos resduos hospitalares, no ter eficcia todo o PGRSS. A gesto empresarial est voltada totalmente para a gesto estratgica, que tem como objetivo a viso total dos processos da empresa. Estes processos que daro vida organizao, interagindo pessoas, material (matrias-primas), sobressalentes, mquinas e equipamentos e o sistema de controle organizacional. Embora se no possa conceber uma organizao sem planejamento estratgico o mesmo no pode ocorrer eficazmente, se no houver uma gesto estratgica. Segundo Costa (2002) h uma diferena clssica entre planejamento estratgico e gesto estratgica:[...] a diferena clssica entre o planejamento estratgico e a gesto estratgica est exatamente na capacidade de fazer com que o cotidiano da empresa realize especificamente as aes estratgicas escolhidas. A Gesto pode ser vista como

ALCANCE DAS METAS

METAS

26um processo sistemtico, planejado, gerenciado, executado e acompanhado sob a liderana da alta administrao, envolvendo e comprometendo todos os gerentes e repuxveis e colaboradores da organizao. (COSTA, 2002, P.43-54)

Com esta diferena podemos dizer que a gesto faz cumprir as polticas e valores da empresa. Por exemplo, ela (gesto) responsvel por colocar em prtica a Misso da empresa, elaborada no planejamento estratgico. Ter gesto ter um processo sistmico de comportamentos e de tarefas previamente estudadas e planejadas, com todos os equipamentos, e at movimentos necessrios para a execuo da mesma, assim como o estudo sobre ergonmico e minimizao dos custos, otimizao de processos, acompanhamento, avaliao, controle e estudo de melhorias contnuas dentre tantos outros elementos. A Gesto vai alm de cumprir procedimentos normativos e exigncias legais. Ela leva o colaborador ao comprometimento com o que faz, como faz e porque faz, atravs de treinamento e do desenvolvimento de pessoas. Essa viso de gesto permeia todas as modernas teorias gerenciais, norteando as aes administrativas em busca do aperfeioamento contnuo. A busca de aperfeioamento contnuo obriga a uma mudana de atitudes do gestor e das pessoas envolvidas no processo organizacional.

1.2

Mudanas organizacionais e estilos de administrar

Com o avano das teorias da administrao, iniciando-se com a Administrao Cientfica (Taylor, 1911), que adota o mtodo cientfico para determinar a melhor maneira de se fazer um trabalho, Administrao por Objetivos APO, (Drucker, P. 1954), sistema em que os objetivos especficos so determinados em conjunto pelos subordinados e chefias, cuja recompensas so alocadas com base no progresso do sistema, as mudanas de estilos de liderana, estilos de comando, do centralizador para o descentralizador, da administrao

27 fechada para a administrao participativa. Dos grandes estoques para estoques de linha de produo, o Just in Time (JIT), do sistema empurrado para o sistema puxado (STP Sistema Toyota de Produo de Taiichi Ohno 1 (1997), a Reengenharia, (HAMMER, 1993), comear de novo a estrutura organizacional, e assim at os dias de hoje, notam-se inovaes da maneira de gesto e com esses avanos no h organizao que seja competitiva se no estiver preparada, constantemente, para as mudanas rpidas e eficientes. Com as mudanas na gesto necessrio tambm, repensar o estilo de administrar uma organizao voltada para o sucesso e para a competitividade. Imediatamente as empresas, no Brasil, comearam a pensar na Gesto da Qualidade, de J.M.Juran2 e Kaoru Ishikawa3 (incio dos anos 80), como ferramenta competitiva nas organizaes. Embora esses sistema j se afirmavam nas empresas europias, asiticas e norte americanas, no Brasil, estavam comeando a ser difundidos. Em seguida, o fator competitividade j acrescentava outros sistemas de gesto, que as empresas tiveram que se adequar rapidamente, como a Gesto Ambiental, a Responsabilidade Social, Qualidade de Vida no Trabalho e estas transformaes no tero fim. a mudana constante nas organizaes que definir as estratgias e competitividade das organizaes inovadoras e pr-ativas, empresas que aprendem a aprender (organizao que aprende learning organization). Segundo Hammer (1993) a reengenharia no trata apenas de fazer uma reforma na estrutura organizacional: A reengenharia no significa reformar o que j existe ou fazer mudanas tmidas que deixem as estruturas bsicas intactas. Significa, isso sim, abandonar procedimentos consagrados e reexaminar o trabalho necessrio para criar os produtos e servios de

1 2

T. OHNO considerado o "pai" do Sistema Toyota de Produo. J.M. JURAN - Especialista em administrao da Qualidade. Juran ressaltou ainda a grande diferena entre criar (Melhorias) e prevenir mudanas (Rotina). 3 K. ISHIKAWA - Pioneiro nas atividades de TQC no Japo.Professor da Universidade de Tquio. Ishikawa morreu em 1989.

28 uma empresa e proporcionar valores aos clientes. (HAMMER, 1993, p.21)

A necessidade de mudanas na organizao ponto fundamental para a implantao de qualquer novo sistema operacional ou normativo, como o objeto desta pesquisa. Para Tachizawa (2000, p.15) O processo de mudana organizacional comea com o surgimento de foras que criam a necessidade de mudana em alguma parte ou algumas partes da organizao. Estas foras podem ser exgenas ou endgenas organizao. Para esta pesquisa entende-se como foras que criam a necessidade de mudanas a legislao em vigor que obrigam os EAS a se adequarem ao novo processo de controle de resduos hospitalares. As mudanas devem ser planejadas em mdio prazo, o que facilita a adaptao, porm nem sempre possvel nas organizaes hospitalares, devido ao grande nmero de profissionais, individualizados em suas atividades e no comprometidos e envolvidos com o todo. Usou-se o termo comprometimento e envolvimento das pessoas no sentido definido por Robbins (2001a):Comprometimento um estado no qual um funcionrio se identifica com determinada organizao e suas metas e deseja continuar a ser seu membro. [...] o comprometimento com a organizao significa a identidade da pessoa com a organizao empregadora. Embora no haja nenhum acordo total sobre o que significa envolvimento com o trabalho, uma definio funcional afirma que o termo mede o grau em que uma pessoa se identifica psicologicamente com seu trabalho e considera seu nvel de desempenho como importante na valorizao de si mesma. (ROBBINS, 2001, p. 325)

Desta forma, entende-se que o envolvimento com o trabalho significa a identificao da pessoa com seu trabalho especfico e o comprometimento como a responsividade de fazer a coisa certa, de forma certa, ou seja, realizar suas tarefas com eficincia e eficcia. Para que as mudanas organizacionais (neste caso coleta seletiva e destino final dos resduos) sejam

29 implantadas sem traumas e sem muitas resistncias necessrio esse comprometimento e o envolvimento de todas as pessoas da organizao, assim como das empresas prestadoras de servios (terceiros) que executam servios na organizao. Como diz Robbins, (2001c, p. 456) as resistncias s mudanas continuam a ser uma barreira bsica que os gerentes precisam reconhecer e estar preparados para superar. Considerando as exigncias das circunstncias, (legislaes da ANVISA e CONAMA) o gestor no tem escolha a no ser implementar, no s as mudanas necessrias, mas tambm mudanas contnuas, preventivas, para avaliar constantemente o processo. As normas (RDCs) esbarram em mudanas de comportamento. Os profissionais de sade so capacitados para prticas profissionais (tcnicas adquiridas em sua vida acadmica). Quando as mudanas legais so constantes, estas tcnicas so atingidas. A resistncia s mudanas um processo normal em qualquer organizao e em todas as pessoas. As mudanas com que esto passando os hospitais so evidentes, pois a ANVISA faz o seu dever de publicar normas e fiscalizar sua implantao, cujas penalidades esto regulamentadas pela lei 6437 de 20 de agosto de 1977. Portanto no h outra opo para os hospitais. A Gesto Ambiental comea a ser tratada com seriedade nos hospitais. justamente esse aprimoramento organizacional que os hospitais esto buscando de forma a agregar valor aos servios de sade. A estrutura da organizao hospitalar j se direciona para uma estrutura voltada para o atendimento ao paciente. A quebra de paradigmas em gesto hospitalar fundamental para a realizao e implantao de um sistema ecologicamente correto no tratamento dos resduos da rea de sade. Para a implantao da RDC 306 da ANVISA, que dispe sobre o regulamento tcnico para o gerenciamento de resduos de servios de sade, e da Resoluo RDC 358, do CONAMA que dispe sobre o tratamento e a disposio final dos resduos dos servios de sade, os estabelecimentos de sade, tm de planejar as mudanas necessrias para que a

30 implantao destas normas seja em clima de tranqilidade, sem traumas para as pessoas. Com estas Resolues, os hospitais devem tomar conscincia de que h uma poltica nacional de resduos e, principalmente, das exigncias para a destinao final adequada dos RSS. Segundo ROBBINS, (2001),As organizaes e seus membros resistem mudana. Em certo sentido, sua resistncia pode ser positiva. Ela proporciona um grau de estabilidade e previsibilidade e pode ser uma fonte de conflito funcional. Mas a resistncia tambm bloqueia o progresso e a adaptao. Muitas vezes, as organizaes que passaram por extensos perodos de sucesso so particularmente resistentes mudana. (ROBBINS, 2001, p. 455).

Nesta citao observa-se que a mudana organizacional traz um certo desconforto, uma inevitvel sensao de instabilidade das pessoas no sentido de no saber o que fazer no primeiro momento e at mesmo se esta mudana ir abalar seu cargo e suas atividades. Entretanto, se a organizao trabalhar a mudana com responsabilidade, as barreiras sero menores. Para isso necessrio que, antes de tudo, haja um bom dilogo e treinamento sobre o que ser mudado, como ser realizada a mudana, quando ser colocada em prtica e implantada, quem ser o gestor desta mudana, quais as responsabilidades de cada pessoa neste novo sistema. Este processo alivia as tenses e mostra maturidade do gestor para administrar as inovaes. Para BARBIERI (2004),A organizao deve identificar as necessidades de treinamento. Ela deve determinar que todo o pessoal cujas tarefas possam causar um impacto significativo sobre o meio ambiente receba treinamento apropriado. A organizao deve estabelecer e manter procedimentos para que seus empregados ou membros, em cada nvel ou funo pertinente, estejam conscientes da importncia da conformidade com a poltica ambiental, dos impactos ambientais significativos, reais ou potenciais, de suas funes e responsabilidade em atingir a conformidade com a poltica ambiental e das potenciais conseqncias da inobservncia do cumprimento de procedimentos operacionais. (BARBIERI, 2004, P. 163)

31

Antes de analisarmos a Gesto Ambiental sentimos a necessidade de refletir sobre a mudana nas organizaes, certos de que, sem mudanas, as organizaes no implantam novos sistemas, que a pesquisa deste trabalho, onde veremos dificuldades e facilidades para implantar o Plano de Resduos de Servios de Sade. Segundo Robbins (2004, p. 145) Mudana uma alterao no ambiente, na estrutura, na tecnologia ou nas pessoas de uma organizao. Em Montana, P.J e Charnov B. H. (2005, p. 336) encontramos uma abordagem sistmica para administrar a mudana, apresentada na Figura 3.

Limitaes Internas Externas

Eventos Externos mudana Avaliao mudana

Idia para a mudana

Identificar raio de ao do problema

Desenvolver alternativas

Analisar alternativas

Selecionar uma alternativa

Implementar a mudana

Avaliar os resultados

Figura 3 - Uma abordagem sistmica para administrar a mudana: Fonte: Montana e Charnov (2005, p. 336)

Analisa-se na figura 3, dentro do quadro terico desta pesquisa, a implantao do Plano de Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade, que no se trata de uma idia interna ou externa; trata-se de obrigatoriedade legal, qual, os hospitais tero que se adaptar. Temos um raio de ao pleno, de toda a estrutura hospitalar, vamos encontrar limitaes internas e externas. As internas esto voltadas para o comprometimento das pessoas, dentro do hospital

32 e as externas, as legislaes e o sistema de destino final dos resduos hospitalares. Aps a implantao de suma importncia a avaliao contnua do sistema. Como j mencionado, o processo de mudana inicia-se com a idia da mudana. Mapeia-se o processo com a finalidade de definir o raio de ao e que reas sofrero maior impacto com a mudana. Gestor e subordinados trabalham em equipe para desenvolverem alternativas para a implantao do novo sistema, tcnica conhecida como brainstorming4. Aps o brainstorming realiza-se a anlise das melhores alternativas apresentadas, seleciona-se a melhor alternativa ou maneira de implementar uma mudana e a coloca em prtica. A partir deste ponto passa-se ao controle das atividades de mudanas com indicadores de performance no processo, onde sero monitoradas as atividades que corrigiro falhas durante o processo e no no final das atividades.

1.3

Desenvolvimento Sustentvel

O termo Gesto Ambiental, a partir do qual se embasou esta pesquisa entendido como polticas e diretrizes organizacionais, e atividades administrativas e operacionais, como planejamento, indicadores, direo, controles, programas de minimizao de resduos e consumo racional de bens naturais e coleta seletiva do lixo e de resduos industriais e de prestadores de servios, assim como a destinao ecologicamente correta destes resduos, auditorias em processos, plano de ao corretivo e outras ferramentas gerenciais que daro sustentao ao SGA Sistema de Gesto Ambiental, em organizaes de transformao (indstria), e de servios, principalmente os EAS (Estabelecimentos Assistenciais de Sade), que para a pesquisa ser tratado exclusivamente em hospitais.

4

Brainstorming: reunio ou sesso cujo objetivo o de coletar idias de todos os participantes, sem crticas ou julgamento. Tambm conhecido como tempestade de idias (SCHOLTES, P. 1992, p. 2-37).

33 No mundo dos negcios no se fala em competitividade organizacional e em empresas empreendedoras, se estas no estiverem alinhadas com a Gesto Ambiental. Segundo Tachisawa (2000),O modelo de gesto ambiental tem como embasamento filosfico o enfoque sistmico, na qual compreenso do todo mais importante que o mero

conhecimento das partes, e a instituio considerada como um macrossistema. [...] destaca-se a existncia de um fluxo fsico ou cadeia de agregao de valores, que se origina nos fornecedores, repassa toda a organizao e se encerra no cliente final. (TACHIWASA, 2000, P. 100)

Pelas afirmaes de Tachisawa, podemos dizer que a gesto ambiental forma uma cadeia de valor integrada em todo o fluxo de influncia da organizao. Cabe s empresas de maior poder econmico influenciar seus fornecedores e clientes a terem uma poltica ecolgica amplamente divulgada e implementada em suas organizaes, ou seja, a comercializao de bens de servios e materiais passam a ser realizados dentro da cadeia de empresas com responsabilidade ambiental. O SGA ISO 14001, SGQ ISO 9001, sele verde5, assim como empresa amiga da criana, entre outros, so diferenciais que indicam a preocupao da empresa com a qualidade e integridade de seus produtos/servios, empresas que buscam o desenvolvimento sustentvel com foco na responsabilidade social (ISO 16001) e qualidade de vida de seus trabalhadores (norma SA 8000) 6. Esse diferencial passa a ser um marketing das organizaes e, por sua vez, o consumidor comea a se conscientizar da necessidade de consumir produtos e servios de empresas responsivas. A Conferncia de Estocolmo foi um divisor de guas para a gesto ambiental no mundo. Pode-se dizer que havia uma mentalidade ambiental antes da conferncia e outra aps a

5

Selo Verde um rtulo colocado em produtos comerciais, que indica que sua produo foi feita atendendo a um conjunto de normas pr-estabelecidas pela instituio que emitiu o selo.6

SA 8000, desenvolvida em 1997 e revisada em 2001 pela Social Accountability International - SAI, uma organizao no-governamental.

34 Conferncia de 1972. O mundo foi alertado sobre as questes ambientais, at ento pouco divulgadas. O Brasil enviou conferncia uma delegao de especialista ambientais, entre eles o sr. Henrique Brando Cavalcanti, Secretrio Geral do Ministrio do Interior que ao retornar ao Brasil, promoveu a elaborao do decreto que instituiu em 1973 a Secretaria Especial do Meio Ambiente. Esta iniciou as suas atividades em 14 de janeiro de 1974, segundo Neto7, no artigo Conferncia de Estocolmo. Segundo Novaes8A Declarao de Estocolmo (1972), aprovada durante a Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que, pela primeira vez, introduziu na agenda poltica internacional a dimenso ambiental como condicionadora e limitadora do modelo tradicional de crescimento econmico e do uso dos recursos naturais.

As primeiras iniciativas e atividades ambientais no Brasil foram tomadas aps a Conferncia de Estocolmo, onde o governo brasileiro percebeu a oportunidade e a necessidade de criar entidades com mbito federal voltada para a orientao e preservao do meio ambiente. Segundo Tachizawa (2000),Em 30 de outubro de 1973 foi criada a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA). Tal iniciativa da rea federal foi precedida pela criao da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) (Lei n 118, de 29 de junho de 1973), sendo logo em seguida institudo o Conselho Estadual de Proteo Ambiental (Cepram), na Bahia, em 4 de outubro de 1973. (TACHIZAWA, 2000, p. 5),

Em pleno regime militar (1981), o ento presidente Joo Batista de Figueiredo sanciona a lei n 6.902 de 21/04/81, que cria duas novas categorias de manejo: as Estaes Ecolgicas e as reas de Conservao Ambiental. Neste mesmo ano sanciona, tambm, a Lei 6.938 (31/8/81),7

NETO, Paulo Nogueira - Primeiro secretrio da Secretaria Especial do Meio Ambiente (1974-1986), Formado em Cincias Jurdicas e Sociais, bacharel em Histria Natural, doutor em Cincias e professor titular aposentado de Ecologia Geral, no Instituto de Biocincias da Universidade de So Paulo. 8 Eduardo Sales Novaes secretrio executivo do Instituto de Gesto Ambiental (IGA)

35 que dispe sobre a Poltica nacional de Meio Ambiente que segundo Brito (1999, p. 66), esta lei foi considerada um avano na histria do meio ambiente do Brasil, demonstrando um amadurecimento das classes polticas com as questes ambientais do pas. Aps 16 anos da Declarao de Estocolmo promulgada a Constituio Federativa do Brasil, (1988) que contempla o desenvolvimento sustentvel, no artigo 255, que d ao brasileiro o direito de um ambiente saudvel e ecologicamente equilibrado, Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo preserv-lo para as presentes e futuras geraes. neste contexto que estamos refletindo sobre as questes ambientais. No basta ter o direito, necessrio o comprometimento das pessoas (empresrios) no desenvolvimento ecologicamente correto. A comunidade deve participar e cobrar esse direito das empresas que esto na contra mo do sistema ecolgico e fazer cumprir os direitos de cidados comprometidos com a gesto ambiental e o desenvolvimento sustentvel. Para SOESIMA,9O desenvolvimento sustentvel s tornou realidade no Brasil na dcada de 80 quando surgiu a Poltica Nacional do Meio Ambiente, traduzida na Lei no 6938/1981, mas de fato, o gerenciamento ambiental no Brasil teve inicio com a Resoluo 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que instituiu os estudos e relatrios de impacto.

A lei 6938 de 31/08/1981, (Anexo D), publicado no DOU em 02/09/1981, define no art. 2, o objetivo da Poltica Nacional de Meio Ambiente:A Poltica Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservao, melhoria e recuperao da qualidade ambiental propcia vida, visando assegurar, no Pas, condies ao desenvolvimento scio econmico, aos interesses da segurana nacional e proteo da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princpios: I - ao governamental na manuteno do equilbrio ecolgico, considerando o meio ambiente9 * Ana Soesima - Professora do Curso de Administrao Administrao Hospitalar das Faculdades So Camilo FASC RJ.

36como um patrimnio pblico a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II - racionalizao do uso do solo, do subsolo, da gua e do ar; III - planejamento e fiscalizao do uso dos recursos ambientais; IV - proteo dos ecossistemas, com a preservao de reas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteo dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII recuperao de reas degradadas; IX - proteo de reas ameaadas de degradao; X - educao ambiental a todos os nveis do ensino, inclusive a educao da comunidade, objetivando capacit-la para participao ativa na defesa do meio ambiente.

Assim como a Lei 6938, as leis ambientais brasileiras so de excelente qualidade, no tocante a forma de se expressar e de se fazer entender. O que no se entende o porqu da impunidade para as organizaes quer sejam do setor privado ou pblico, que geram o impacto ambiental. Como aplicar um desenvolvimento sustentvel quando se incentiva a produo de descartveis em larga escala? Assim como difcil entender os dez princpios desta lei educao ambiental a todos os nveis do ensino, inclusive a educao da comunidade, objetivando capacit-la para participao ativa na defesa do meio ambiente. Realmente precisa-se iniciar a cultura ambiental nas escolas de base, mas as barreiras para que todas as crianas tenham o conhecimento so maiores que a legislao ambiental. Barreiras econmicas, sociais, e at mesmo vontade poltica de se implantar um ambiente sustentvel com proteo dos ecossistemas e proteo da dignidade e qualidade de vida humana, onde a grande meta seja a minimizao dos impactos ambientais nos projetos empresariais. Segundo a NBR ISO 14001 (1996), podemos conceituar o Sistema de Gesto Ambiental como a parte do sistema de gesto da organizao que inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, prticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a sua poltica ambiental no sentido de minimizar ao mximo o impacto ambiental em suas atividades industriais e de servios. A ISO 14001 um norteador para as empresas se adequarem ao sistema de gesto

37 ambiental comprometida com o controle e a reduo dos impactos ambientais, porm h necessidade que a empresa crie polticas de responsabilidades ambientais, para que seus empregados sejam o dnamo propulsor do desenvolvimento sustentvel. Embora criada em 1974, s em 1996 o Brasil teve sua primeira empresa certificada pela norma NBR 14001. Segundo Rose,10 Esta norma foi introduzida no Brasil em 1996, ano em que foi certificada a primeira empresa, a Bahia Sul, do setor de celulose. Segundo o Prof. Bursztyn11 (2003) A idia central dos Sistemas de Gesto Ambiental usar menos para produzir mais e com melhor qualidade. Completando a viso do professor Brusztyn, a gesto ambiental est diretamente ligada ao processo de produtividade responsvel, agregando resultados econmicos, sociais e ambientais s empresas. O que nos preocupa o excesso de leis, normas, RDCs, portarias, ISOs etc, que no se inter-relacionam entre si, e esta posio individualista confunde e atrapalha o desenvolvimento tico e prtico dos Estabelecimentos Assistenciais de Sade EAS. H excesso de leis e falta de controle e fiscalizao competente e eficiente. Por exemplo, a RDC 306, que revogou a RDC 33, teve o prazo de adequao das EAS prorrogado por vrias vezes. A RDC publicada no DOU e do-se 6 (seis) meses paras as EAS se adequarem, sabendo que ser impossvel esta adequao. Da o hbito de que para tudo se d um jeitinho, ou a data sempre ser prorrogada. Este uma das barreiras e dificuldades para a implementao das RDCs e de gesto ambiental nos Estabelecimentos Assistenciais de Sade. A gesto ambiental uma rea do conhecimento que tem tido grande desenvolvimento nas ltimas duas dcadas. A gesto ambiental representa, cada vez mais, uma forte e indispensvel ferramenta de qualidade, excelncia em gesto, sobretudo na formao da10

Rose R. - Diretor do Departamento de Meio Ambiente - Cmara Brasil-Alemanha Marcel Bursztyn diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentvel da Universidade de Braslia (CDS/UnB). ps-doutor em desenvolvimento econmico e social pela Escola de Altos Estudos em Cincias Sociais da Frana.11

38 imagem organizacional. Destaca-se como responsabilidade social da empresa, com uma poltica sria de desenvolvimento sustentvel. Para Brundtlad12 (1987), podemos definir desenvolvimento sustentvel como sendo aquele que atende s necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as geraes futuras atenderem s suas prprias necessidades. A partir da definio de desenvolvimento sustentvel pelo Relatrio Brundtland 13, pode-se perceber que tal conceito no diz respeito apenas ao impacto da atividade econmica no meio ambiente. Desenvolvimento sustentvel se refere principalmente s conseqncias dessa relao na qualidade de vida e no bem-estar da sociedade, tanto presente quanto futura. Atividade econmica, meio ambiente e bem-estar da sociedade formam o trip bsico no qual se apia a idia de desenvolvimento sustentvel.14 BRITO (1999) cita a parceria entre o poder pblico e a comunidade, interagindo foras para minimizar os conflitos entre o desenvolvimento sustentvel e a proteo ambiental:A questo ambiental deve ser cuidada com a participao da sociedade como um todo: governo e povo trabalhando unidos por uma gesto ambiental sustentada para resolver conflitos de interesses divergentes, entre proteo ambiental e

desenvolvimento sustentvel. fundamental fazer funcionar o sistema de gesto. (BRITO, 1999, P. 47).

Para Bruns15, no basta definir o que Gesto Ambiental antes de entendermos a interdisciplinaridade do tema, as questes culturais e o envolvimento de toda a estrutura organizacional.Gesto Ambiental visa ordenar as atividades humanas para que estas originem o menor impacto possvel sobre o meio. Esta organizao vai desde a escolha das melhores tcnicas at o cumprimento da legislao e a alocao correta de recursos humanos e financeiros. O que deve ficar claro que "gerir" ou "gerenciar" significa saber manejar as ferramentas existentes da melhor forma possvel e no

12 13

Gro Brundtland, presidente da Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - Relatrio Nosso Futuro Comum. "Relatrio Brundtland", nome dado ao documento entitulado "Our Common Future", elaborado pela "World Commission on Environmental and Development", Oxford University Press, 1987. 14 Artigo: Conceitos de desenvolvimento sustentvel - disponvel em://www.economiabr.net/ , (sem autor). Acesso em 05,set,2005. 15 Giovana Baggio de Bruns - Eng Florestal, especialista em Gesto Ambiental atravs do European Master in Environmental Management, EAEME - Kapodistrian University of Athens e Universit degli Studi di Parma, Itlia. Atualmente trabalha como consultora ambiental na empresa de consultoria Silviconsult Engenharia Ltda, Curitiba, Paran.

39necessariamente desenvolver a tcnica ou a pesquisa ambiental em si. Pode estar a o foco da confuso de conceitos entre a enorme gama de profissionais em meio ambiente. Pois, muitos so partes das ferramentas de Gesto (cincias naturais, pesquisas ambientais, sistemas e outros), mas no desenvolvem esta como um todo, esta funo pertence aos gestores ou gerentes ambientais que devem ter uma viso holstica apurada. Pode-se ento concluir que a Gesto Ambiental conseqncia natural da evoluo do pensamento da humanidade em relao utilizao dos recursos naturais de um modo mais sbio, onde se deve retirar apenas o que pode ser reposto ou caso isto no seja possvel, deve-se, no mnimo, recuperar a degradao ambiental causada. (BRUNS, sem data).

A mola propulsora das questes ambientais, segundo Donaire (1995) foi em 1987 quando a ONU (Organizao das Naes Unidas) publicou seu relatrio Nosso futuro comum:O conceito de desenvolvimento sustentvel, que atende s necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras geraes atenderem s suas, a nova palavra de ordem desde que a Comisso Mundial sobre Meio ambiente Organizacional das naes Unidas (ONU) publicou seu relatrio Nosso futuro comum, que teve sua inspirao na 1 Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em 1972, em Estocolmo, Sucia, onde o Brasil rejeitou firmemente o propsito de adoo de padres internacionais para proteo ambiental. (DONAIRE, 1995, p. 28).

O desenvolvimento acelerado versus desenvolvimento gradativo, tico e ecologicamente correto, no teve o debate srio na era do Milagre Brasileiro, ou at antecedendo este perodo dominado pelas foras militares no poder, no fadado slogan Brasil - ame ou deixeo, onde o desenvolvimento a qualquer custo e parcerias nada patriticas, com paises capitalistas levaram o Brasil para o aceleramento industrial, no importando suas conseqncias ambientais, sociais e humanas. Esta cultura ainda parece estar no cerne do poder. No se faz investimento capaz de solucionar os problemas nacionais, sobre questes ambientais. Como afirma Donaire (1995): No Brasil, a gesto do meio ambiente caracteriza-se pela desarticulao dos diferentes organismos envolvidos, pela falta de coordenao dos

40 diferentes organismos envolvidos, pela falta de coordenao e pela escassez de recursos financeiros e humanos para o gerenciamento das questes relativas ao meio ambiente. Esta situao o resultado de diferentes estratgicas adotadas em relao questo ambiental no contexto do desenvolvimento econmico do Brasil, como enfatiza Monteiro (1981) ao afirmar que a economia brasileira, desde os tempos coloniais, caracterizou-se historicamente por ciclos que enfatizavam a explorao de determinados recursos naturais. (Donaire,1995, p. 32)

1.4

Gesto Ambiental

A gesto ambiental complexa na sua amplitude, pois se aplica a uma grande variedade de aes na sua aplicabilidade, assim como na abrangncia do tema nas organizaes, o antagonismo entre o desenvolvimento econmico e o desenvolvimento sustentvel. No basta tomar conhecimento e aplicar as vrias leis e normas ambientais acima de tudo a organizao necessita do comprometimento das pessoas e principalmente da alta direo para uma gesto ambiental participativa e eficaz. Alm disso, a gesto ambiental envolve muitas variveis como os fatores internos e externos da organizao. Como interno destaca-se a coletividade e unanimidade de toda a estrutura organizacional e ultrapassa as hierarquias de comando e execuo dos processos. O envolvimento das pessoas o fator chave para o sucesso e da eficcia da gesto ambiental. A gesto ambiental est na capacidade de cada colaborador assumir a conscincia da necessidade de participar ativamente do processo ambiental e que esta participao extrapole os muros da empresa e passa a dotar o esprito ambiental em sua casa, que discute com sua famlia os benefcios de termos uma gesto ambiental capaz de garantir a sustentabilidade futura. Os fatores externos esto ligados diretamente ao macro sistema que envolve a organizao, como a comunidade, governo, sindicatos, sistema econmico, mercado etc. Para Souza (2000) a complexidade e a amplitude do termo gesto envolve muitas variveis:

41No que se refere ao tema meio ambiente, o termo gesto assume um significado muito mais amplo, pois envolve um grande nmero de variveis que interagem simultaneamente. Sendo assim, para gerenciar as atividades humanas sob o prisma da questo ambiental, no se pode perder a viso do todo, a integrao entre as partes e o objetivo maior em que se insere a ao ou atividade que est se desenvolvendo ou, em outras palavras, o que ela representa na globalidade da questo ambiental. (Souza, 2000, p. 27).

Gesto ambiental na viso de Souza (2000):

CARACTERSTICAS AMBIENTAIS

ATIVIDADES

ANLISE AMBIENTAL MONITORAMENTO MEDIDAS MITIGADORAS

Figura 4 Sistema de gesto ambiental Fonte SOUZA (1996, in SOUZA 2000)

Analisa-se a figura de Souza, acima, como sendo a anlise ambiental o centro das atividades que a circulam, onde se tem a atividade desenvolvida ou a serem desenvolvidas como o incio do processo de anlise ambiental. So ali analisadas as viabilidades ecolgicas do empreendimento e/ou ao organizacional com relao ao potencial de impacto ambiental. Dentro das caractersticas ambientais, analisa-se o perfil do meio ambiente, legislaes, a comunidade e o estudo de fauna e flora. Aps essas anlises faz-se o monitoramento de todo o processo, atravs da anlise ambiental e parte para as medidas mitigadoras com o intuito de diminuir o mal (impacto ambiental) ou atenuar as aes de degradao do meio ambiente. Na viso de Barbieri, (2004) a gesto ambiental empresarial suportada pelo trip: governo, Sociedade e Mercado, (figura 5) que reafirma o pensamento de SOUZA (2000) acima citado,

42 acrescentando a comunidade como forma de presso e para uma legislao mais severa e para que as organizaes se comprometem com a gesto ambiental:[...] espera-se que as empresas deixem de ser problema e sejam partes das solues. As preocupaes ambientais dos empresrios so influenciadas por trs grandes conjuntos de foras que se interagem reciprocamente: o governo, a sociedade e o mercado. Se no houver presso da sociedade e medidas governamentais no se observaria o crescente envolvimento das empresas em matria ambiental. As legislaes ambientais geralmente resultam da percepo de problemas ambientais por parte se segmentos da sociedade e que pressionam os agentes estatais para vlos solucionados. (BARBIERE, 2004, p. 99).

GOVERNO MEIO AMBIENTE

EMPRESA

SOCIEDADE

MERCADO

Figura 5 Gesto Ambiental empresarial Influncias Fonte: Barbiere (2004, p. 99)

O governo influencia a organizao atravs da legislao, fiscalizao e controle, atravs dos rgos ambientais, federais, estaduais e municipais. A comunidade, como j comentado, faz seu papel na cobrana de melhorias ambientais e a no poluio, enquanto o mercado pressiona para que se compre somente de empresas que tenham o comprometimento ambiental nos processos industriais e de servios. Para Backer (1995), mais responsvel administrar as questes ambientais do que proteger ou defender a natureza: [...] querer proteger ou defender a natureza tem menos sentido do que querer administr-la de maneira responsvel e, a partir da, querer integrar nela a gesto responsvel da empresa. (Backer, 1995, 1).

43 Os efeitos do ser humano na face da terra trazem conseqncias que a prpria natureza no consegue recompor. Para Barbieri (2004) o ser humano difere dos outros seres vivos at pela inconseqncia de seus atos:Como qualquer ser vivo, o ser humano retira recursos do meio ambiente para prover sua subsistncia e devolve as sobras. No ambiente natural, as sobras de um organismo so restos que ao se decomporem devolvem ao ambiente elementos qumicos que sero absolvidos por outros seres vivos, de modo que nada se perde. O mesmo no acontece com as sobras das atividades humanas, [...] denominado genericamente de poluio. (BARBIERI, 2004, p. 15).

Tachizawa (2005)16 comenta sobre algumas vantagens das empresas investirem na gesto ambiental, bem como a conscientizao da populao em adquirirem produtos de empresas responsveis, em recente artigo publicado:Diante de tais transformaes econmicas e sociais uma indagao poderia emergir. A questo ambiental e ecolgica no seria um mero surto de preocupaes passageiro que demandariam medidas com pesado nus para as empresas que a adotarem? Pesquisa recente da Confederao Nacional da Indstria - CNI e do Ibope mostra o contrrio. Revela que 68% dos consumidores brasileiros estariam dispostos a pagar mais por um produto que no agredisse o meio ambiente.

Dados obtidos no dia-a-dia evidenciam que a tendncia de preservao ambiental e ecolgica por parte das organizaes deve continuar de forma permanente e definitiva onde os resultados econmicos passam a depender cada vez mais de decises empresariais que levem em conta que:

a) no h conflito entre lucratividade e a questo ambiental; b) o movimento ambientalista cresce em escala mundial; c) clientes e comunidade em geral passam a valorizar cada vez mais a proteo do meio ambiente; d) a demanda e, portanto, o faturamento das empresas passam a sofrer cada vez mais de presses e a depender diretamente do comportamento de consumidores que enfatizaro suas preferncias para produtos e organizaes ecologicamente corretas.

Tachizawa, Tekeshy, Gesto ambiental e o novo ambiente empresarial, disponvel em acesso em 03,fev,2005.16

44 A gesto ambiental, alm de ser uma responsabilidade social das organizaes, uma ferramenta gerencial, como afirma Tachizawa (2005), A gesto ambiental, enfim, torna-se um importante instrumento gerencial para capacitao e criao de condies de competitividade para as organizaes, qualquer que seja o seu segmento econmico. Na figura 6 Barbieri (2004), destaca alguns critrios de classificao das fontes poluidoras como as origens que podem ser natural e antropognica, cujas fontes podem ser mveis ou fixas e/ou estacionrias, assim como a emisso que pode ser pontual ou difusa, cujos poluentes fsicos, qumicos, biolgicos, radiativos, sonoros etc, afetam o ecossistema e tem a atividade humana como uma destas fontes de poluio, como nas atividades de agricultura, gerao de energia, minerao, indstria, sade, transporte e outras. Todas atividades como fator gerador de poluio ambiental. Para cada fonte de poluio h o meio receptor que se resume no ar, gua, e solo, indo terminar no ecossistema. Analisam-se, tambm, nesta figura, os impactos de cada fonte geradora de resduo que podem ser divididas em alcance (local, regional e global), os danos causados na natureza, no ser humano, enfim, no ecossistema como um todo. E a partir da analisam-se os tipos de impactos causados no sistema ambiental. A Gesto Ambiental mais do que a simples preocupao com a natureza. O Glossrio Ecolgico Ambiental CETESB (sem data) traz uma boa definio de meio ambiente, ou seja:Gesto Ambiental tudo o que cerca o ser vivo, que influencia e que

indispensvel sua sustentao. Estas condies incluem solo, clima, recursos hdricos, ar, nutrientes e os outros organizamos. O meio Ambiente no apenas constitudo do meio fsico e biolgico, mas tambm do meio sociocultural e sua relao com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem.

A Gesto Ambiental deve fazer parte, tambm, do Plano Diretor dos municpios, assim como faz parte do Planejamento Estratgico das empresas. Os gestores de cidades, como prefeitos, secretrios e vereadores so responsveis pela implantao e consolidao dos projetos de

45 saneamento pblico, tambm chamado de saneamento bsico, tanto urbano como rural. O descaso das autoridades municipais com relao a este assunto faz com que as cidades cresam desordenadamente e, em conseqncia, o ambiente agredido sistematicamente pela prpria comunidade.FONTES DE POLUIO ORIGEM: Natural Antropognica FONTE: Mvel Fixa ou estacionria EMISSO: Pontual Difusa POLUENTE: Fsico-Fsico-qumico Biolgico, Radiativo, sonoro etc. ATIVIDADE HUMANA: Agricultura Gerao de energia Minerao Indstrias Sade Transporte Ecossistemas Materiais Organismos flora, fauna e aos solos, aos materiais, construes, equipamentos, monumentos e stios histricos e arquelogos etc. TIPOS DE IMPACTOS Eutrofizao Acidificao Destruio da camada de oznio Perda de biodiversidade Aquecimento global etc. Figura -6 - Poluio Alguns critrios de classificao Fonte: Barbieri (2004, p. 16) FINAL Solo gua DANOS Aos seres humanos: Toxidade aguda Toxidade crnica Alteraes genticas etc. Ar MEIO RECEPTOR IMEDIATO IMPACTO SOBRE O MEIO AMBIENTE ALCANCE local regional global

Poos de Caldas tem o privilgio de ter aproximadamente, segundo dados do Departamento Municipal de gua e Esgoto, 98% (noventa e oito por cento) do municpio tem coleta dos esgotos sanitrios tratados. A concessionria do sistema o Departamento Municipal de gua e Esgoto (DMAE) que contempla 100% da distribuio de gua para toda a populao

46 urbana do municpio.17. O modelo de gesto ambiental defendida por Tachizawa (2000), contempla o enfoque sistmico, onde as foras ambientais interajam de forma coesa dando sustentao ao sistema global de gesto ambiental. A operao dos processos industriais deve estar interagindo com as demais funes ambientais no que se refere minimizao de descarte de sobras de produo, resduos dos processos, uso racional de energia e matrias primas, de forma a se alinhar com os objetivos da organizao e obter uma produo mais limpa. A operao, assim como a poltica estratgica ambiental, deve ter uma sinergia com o meio ambiente, o que facilitar o gerenciamento ecolgico. Desta forma, cria-se o enfoque sistmico da gesto ambiental apresentada na figura 6. Para Tachizawa (2000) a segmentao dada pelas organizaes com relao gesto ambiental um dos grandes problemas enfrentados para uma gesto compartilhada por toda a organizao.Um dos grandes problemas com que se defrontam as organizaes que a viso que a maioria tem delas mesmas extremamente segmentada, setorizada ou

atomstica. Isto leva a conflitos e divergncias operacionais que minimizam a resultante dos esforos. O que se deve procurar adotar em uma organizao uma viso sistmica, abrangente, holstica, que possibilitaria visualizar as relaes de causa e efeito, o incio, o meio e o fim, ou seja, as inter-relaes entre recursos captados e valores Poe ela obtidos. (TACHIZAWA, 2000, p. 89)

17

Fonte: DMAE: , acesos em 02.ago.2005.

47

MEIO AMBIENTE

GESTO ESTRATGICA

GESTO AMBIENTALGERENCIAMENTO ECOLGICO

OPERAES

Figura 7 Enfoque sistmico da gesto ambiental Tachizawa (2000, p. 89)

1.5

Educao Ambiental - EA

A educao ambiental fundamental em todos os nveis, para a sensibilizao e capacitao da populao em geral sobre os problemas ambientais. Com ela, busca-se desenvolver tcnicas e mtodos que facilitem o processo de tomada de conscincia sobre a gravidade dos problemas ambientais e a necessidade urgente de nos debruarmos seriamente sobre eles.

[...] desenvolver uma populao que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes so associados. Uma populao que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivaes e compromissos para trabalhar, individual e

coletivamente, na busca de solues para os problemas existentes e para a preveno dos novos. (Captulo 36 da Agenda 21)18.

18

Agenda 21: o principal documento da Rio-92 (Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano

48 Para Marcatto (2002), em obra editada pela FEAM (Fundao Estadual do Meio Ambiente), a educao ambiental deve atingir toda a populao brasileira, para que todos possam participar ativamente no processo de melhoria contnua do processo ambiente limpo e do desenvolvimento sustentvel:Considera-se como objetivo da educao ambiental atingir o pblico em geral.Parte-se do princpio de que todas as pessoas devem ter oportunidade de acesso s informaes que lhes permitam participar ativamente na busca de solues para os problemas ambientais atuais. Didaticamente, divide-se as demandas de Educao Ambiental em duas categorias bsicas: Educao Formal: Envolve estudantes em geral, desde a educao infantil at a fundamental, mdia e universitria, alm de professores e demais profissionais envolvidos em cursos de treinamento em Educao Ambiental. Educao Informal: Envolve todos os segmentos da populao, como por exemplo: grupos de mulheres, de jovens, trabalhadores, polticos, empresrios, associaes de moradores, profissionais liberais, dentre outros. (MARCATTO, 2002, P. 14),

A Educao Ambiental vista pela conferncia de Tbilisi 19 como algo muito mais amplo, devendo-se analisar as questes scio-econmicas do ambiente como as mazelas, fome, misria entre outros fatores:

No se pode compreender uma questo ambiental sem as suas dimenses polticas, econmicas e sociais. Analisar a questo ambiental, apenas do ponto de vista "ecolgico", seria praticar um reducionismo perigoso, onde as nossas mazelas sociais (concentrao de renda, injustia social, desemprego, falta de moradias e de escolas para todos, menores abandonados, fome, misria, violncia e outras) no apareceriam. Estas mazelas, por sua vez, so criadas pelo modelo de desenvolvimento econmico adotado, que visa, apenas, explorao imediata, contnua e progressiva dos recursos naturais ( e das pessoas), cujo lucro de uso predatrio vai para as mos de uma pequena parcela da sociedade. Assim, privatizam-se os benefcios (lucros) e socializam-se (distribuem-se) os custos (todo o tipo de degradao ambiental) A deciso poltica est por trs de tudo. A EA dever fomentar processos de participao comunitria que possam, efetivamente, interferir no processo poltico.19

A Primeira Conferncia Intergovernamental sobre Educao Ambiental (Conferncia de Tbilisi) foi realizada em Tbilisi, capital da Georgia,CEI (Ex-URSS), de l4 a 26 de outubro de l977, organizada pela UNESCO, em cooperao com o PNUMA e constituiu-se num marco histrico para a evoluo da EA.

49 A Educao Ambiental para Dias (1998), passa, antes de tudo, pela cultura de nossos ancestrais, tanto para o lado positivo como para o lado negativo da questo. Temos (Brasil) velhos hbitos culturais da cultura rural, onde a vida era simples e quase tudo que se consumia vinha in natura da terra, portanto tudo poderia ser revertido para a terra. Os tempos mudaram, mas nossas culturas permaneceram como antes. Com o advento da industrializao e do capitalismo de consumo, a populao iniciou o processo de consumir e esbanjar descartveis que simplesmente so jogados para serem absolvidos pela terra. No houve, paralelamente ao progresso, a divulgao e o ensinamento dos males causados pelos descartveis. No era interessante dizer que alguns produtos como o alumnio, ou seja, uma lata de alumnio demora mais de 100 anos para se decompor na natureza. O plstico das garrafas "pet" de refrigerante, que so descartadas na rua ou na natureza demora de 200 a 450 anos para se decompor na natureza. O ao usado nas agulhas leva at 100 anos para sua decomposio. Dias (1998) apresenta o diagrama quadridimensional do ambiente total e seus aspectos. Notase que o ambiente no est isolado, cercado por vrios fatores, como o poltico, social, tico, entre outros. (Figura 8)Tratar a questo ambiental abordando apenas um de seus aspectos o ecolgico seria praticar o mais ingnuo e primrio redundismo. Seria adotar o verde pelo verde, o ecologismo, e desconsiderar de forma lamentvel as razes profundas as nossas mazelas ambientais, situadas nos modelos de desenvolvimento adotados sob a tutela dos credores internacionais. (DIAS, 1998, P.26).

A viso de gesto do diagrama ilustra que todos os fatores, interno e externo, organizao precisam estar interagindo entre si e que as foras organizacionais convergem para o mesmo objetivo. Estas no podem ser analisadas isoladamente, a organizao no um departamento ou setor, e sim a interao e integrao ou a multi-disciplinaridade de fatores convergindo para um lugar comum que o objeto, o negcio da organizao. A gesto ambiental no pode ser apenas um apndice da organizao, mas um rgo com estrutura e autonomia na tomada de deciso.

50

Polticos

ticos

Sociais Tecnolgicos

Econmicos

Cientficos Ecolgicos Culturais

Figura 8 - Ambiente Total e seus aspectos (o modelo do tecido celular)Fonte: Dias (1998, p. 26).

As organizaes tm um papel fundamental para a educao ambiental, levando essa cultura de minimizao de uso dos recursos naturais, uso adequado dos descartveis, descarte seletivo de lixo, incentivo reciclagem etc, assim como as escolas de ensino bsico, pblicas e privadas. Esta responsabilidade ambiental, que tambm responsabilidade social, faz com que aos poucos o cidado brasileiro se sensibilize o suficiente para levar em frente o acordo assinado na Agenda 21, que a implantao obrigatria do estudo do meio ambiente nas escolas de base. O tema est colocado nas escolas, como disciplina transversal e no de obrigatoriedade, conforme afirma a Prof. Bueno 20 (2002),O tema transversal Meio Ambiente deve ser trabalhado de forma implcita nas questes dirias de cada disciplina escolar. Precisamos entender o meio ambiente como resultado de todas as aes humanas. Isso um contra-senso do MEC (Ministrio da Educao). O tema transversal colocado nos Parmetros Curriculares veio a reboque da Agenda 21, Ento, o MEC transformou esse tema (do meio ambiente) como transversal, o que no exigiria algum especializado dando aulas de uma disciplina cham