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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Síntese de zeólitas e argilas ácidas pilarizadas a partir de matérias primas naturais Lindiane Bieseki Orientador: Profa. Dra. Sibele B. C. Pergher. Dissertação n.º 101 /PPGCEM Julho, 2012. Natal RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Síntese de zeólitas e argilas ácidas pilarizadas a partir de matérias

primas naturais

Lindiane Bieseki

Orientador:

Profa. Dra. Sibele B. C. Pergher.

Dissertação n.º 101 /PPGCEM

Julho, 2012.

Natal – RN

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LINDIANE BIESEKI

SÍNTESE DE ZEÓLITAS E ARGILAS ÁCIDAS PILARIZADAS A PARTIR DE

MATÉRIAS PRIMAS NATURAIS.

Dissertação apresentada ao programa de

Pós-graduação em Ciências e Engenharia de

Materiais da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como parte dos requisitos

para obtenção do título de Mestre em Ciências

Engenharia de Materiais.

Orientadora: Profa. Dra. Sibele B. C. Pergher

NATAL, RN

2012

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Catalogação da Publicação na Fonte. Bibliotecário / Edmilson Eugênio

Bieseki, Lindiane.

Síntese de zeólitas e argilas ácidas pilarizadas a partir de matérias primas

naturais / Lindiane Bieseki. – Natal, RN, 2012.

127 f. : il.

Orientadora: Sibele B. C. Pergher.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro

de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Ciência e

Engenharia de Materiais.

1. Zeólitas – Dissertação. 2. Argilas – Dissertação. 3. Tratamento ácido –

Dissertação. 4. Pilarização e resíduo sílico-aluminoso – Dissertação. I. Pergher,

Sibele B. C. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

CDU 54

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Aos meus pais Ireno e Maria Lidia, para mim,

exemplos de vida, força e coragem.

Aos meus irmãos, pelo apoio, incentivo e a

segurança de saber que sempre estão ao meu

lado em todos os momentos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelos dons da sabedoria e paciência frente aos desafios

encontrados.

À meus pais e irmãos, pelo amor e carinho demonstrados em

forma de apoio incondicional e incentivo durante todos os

momentos de minha vida.

A Profa. Dra. Sibele B. C. Pergher, minha orientadora pelo

apoio e confiança depositada em mim. Pelos momentos de

conversa, onde seus ensinamentos foram, sem dúvida,

importantes para meu crescimento acadêmico e pessoal.

Aos colegas do Laboratório LABPEMOL, pela amizade que

construímos através do trabalho em conjunto e experiências

vividas.

Ao Centro de Ciências Exatas e da Terra e ao Programa de Pós-

graduação em Ciências e Engenharia de Materiais pela estrutura

e oportunidades de aprendizagem.

A CAPES pela bolsa de mestrado.

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RESUMO

BIESEKI, L. Síntese de zeólitas e argilas ácidas pilarizadas a partir de matérias primas

naturais. 2012, junho. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte.

Modificações estruturais de resíduos para síntese de zeólitas é tema de muitos estudos

desenvolvidos na área de síntese de peneiras moleculares. Estes materiais são chamados de

peneiras moleculares por possuírem tamanho de poros bem definido e por terem a capacidade

de selecionar as moléculas pelo tamanho. Neste trabalho foram estudados os processos de

síntese de dois tipos de peneiras moleculares: argilas ácidas pilarizadas, utilizando como

matéria prima natural uma argila montmorilonita, e também a síntese de zeólitas a partir de

um resíduo sílico-aluminoso subproduto da extração de Lítio do -espodumênio. A

preparação de argilas ácidas pilarizadas foi realizada em duas etapas: 1° tratamento ácido das

amostras de argila (estudos de tempo e temperatura) e 2° pilarização das mesmas com Al13

(íon de keggin). As variáveis temperatura e concentração do ácido influenciaram na retirada

de cátions estruturais e na porosidade do material obtido. A partir das análises de difração de

raios-X (DRX) e espectroscopia de infravermelho (IV), observou-se que o aumento da

severidade do tratamento ácido compromete a organização estrutural do material. Também a

distribuição no tamanho de poros fica menos uniforme. Mesmo apresentando menor

organização estrutural, as amostras foram pilarizadas. Foi comprovado por DRX o aumento

do espaçamento basal e por adsorção de N2 o aumento da área específica e uniformização dos

poros. Com relação às peneiras moleculares microporosas, foram sintetizadas zeólitas A e

NaP1 a partir de um resíduo sílico-aluminoso, subproduto da extração de Lítio. A temperatura

e o tempo de agitação durante o processo de síntese são parâmetros importantes para a

obtenção da zeólita A. O envelhecimento do gel e o maior tempo de cristalização promoveram

a formação da zeólita NaP1, utilizando uma relação Si/Al = 3,2.

Palavras chave: zeólitas, argilas, tratamento ácido, pilarização e resíduo

sílico-aluminoso.

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ABSTRACT

BIESEKI, L. Synthesis of zeolites and pillared acidic clays from natural raw materials.

2012, June. Thesis – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Structural changes in waste for zeolites synthesis are subject of many studies carried

out in the synthesis of molecular sieves. These materials are named molecular sieves because

they have well defined pore sizes and they have the capacity of select molecules by its size. In

this work, it was studied the synthesis processes of two types of molecular sieves: pillared

acid clays using as starting material one natural montmorillonite clay and the synthesis of

zeolites from a silico-aluminous residue. This residue is a byproduct of the extraction of

lithium -spodumene. The preparation of pillared acid clays was performed in two steps: 1°

acid treatment of clay samples (time and temperature studies) and 2°pilarization of them with

Al13 (Keggin ion). The temperature and acid concentration affect the removal of cations in the

structure and porosity of the material obtained. The analysis of X-ray diffraction (XRD) and

infrared spectroscopy (IR), showed that increasing the severity of the acid treatment

compromises the structural material. Also the pore size distribution is approximately uniform.

Despite presenting a structural disorganization, the samples were pillared. As evidenced by

XRD increasing the basal spacing, specific area and uniform porosity by adsorption of N2.

Regarding the microporous molecular sieves were synthesized zeolites A and NaP1 from a

silico-aluminous residue, a byproduct of extracting lithium. The temperature and time of

agitation during the synthesis were the most important factors for obtaining zeolite A. The

aging of the gel and the highest crystallization time promoted the formation of zeolite NaP1

using a Si / Al ratio = 3.2.

Keywords: zeolites, clays, acid treatment, pillaring and silicoaluminate residue.

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 3

FIGURA 3.1: Unidades estruturais dos argilominerais.........................................................23

FIGURA 3.2: Representação estrutural das lâminas 1:1 e 2:1...............................................24

FIGURA 3.3: Esquema de organização de uma argila lamelar. (A) representação de uma

lâmina e/ou camada, (B) uma partícula originada de camadas empilhadas de forma que podem

ou não formar poros com tamanhos ou formatos diferentes, (C) partículas organizadas de

foram a originarem um espaço interpartícula e (D) vários agregados de partículas formando

um poro ainda maior................................................................................................................26

FIGURA 3.4: Estrutura idealizada de uma Esmectita (2:1). - Átomos de Oxigênio; -

Grupos –OH; - Átomo de Silício e O - Átomo de Alumínio............................................28

FIGURA 3.5: Esquema dos tratamentos aplicados em argilominerais..................................29

FIGURA 3.6: Esquema de uma argila 2:1 expansível pilarizada..........................................31

FIGURA 3.7: Comparação entre diferentes métodos de pilarização.....................................32

FIGURA 3.8: Estrutura do íon de Keggin. Os círculos maiores representam átomos de

alumínio; os menores são átomos de oxigênio.........................................................................33

FIGURA 3.9: (a) Rede tridimensional (4:2) conectada. (b) Unidade de construção primária

de uma zeólita SiO4 e AlO4-. Os átomos de oxigênio situam-se nas arestas, entre os dois

átomos T(Si, Al) de cada vértice...............................................................................................35

FIGURA 3.10: Classificação de algumas estruturas de acordo com o tamanho da abertura de

poro...........................................................................................................................................37

FIGURA 3.11: Unidades secundárias de construção das zeólitas...........................................38

FIGURA 3.12: Poliedros presentes nas estruturas zeolíticas: α (26-edro Tipo I) o

cubooctaedro truncado; (14-edro Tipo I) o octaedro truncado; D8R o duplo anel de oito

membros; D6R o duplo anel de seis membros (prisma hexagonal); (18-edro); e (11-edro);

D4R o duplo anel de quatro membros......................................................................................39

FIGURA 3.13: Ilustração representativa da construção de três diferentes estruturas a partir da

caixa sodalita.............................................................................................................................40

FIGURA 3.14: Representação da estrutura da Zeólita A.........................................................41

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FIGURA 3.15: Zeólita X / Y (faujazita)..................................................................................42

FIGURA 3.16: Corte da comunicação entre supercavidade α, cavidade sodalita e um prisma

hexagonal, ligados por anéis de 6 e 12 oxigênios.....................................................................43

FIGURA 3.17: Representação do tipo de estrutura GIS: a) cadeia de anéis de 4 membros, b)

folha é chamada de 4,82 e c) estrutura do tipo GIS..................................................................43

FIGURA 3.18: Diagrama da superfície da rede estrutural de uma zeólita. a) Zeólita como

sintetizada, Na+ como cátion compensador de carga; b) Troca do Na

+ por NH4

+; c) Com o

aquecimento remoção da amônia, criação de sítios ácidos de Brönsted, a estrutura pode existir

em duas formas em equilíbrio e d) formação de sítios ácidos de

Lewis.........................................................................................................................................45

FIGURA 3.19: Esquema representativo das variáveis envolvidas no processo de síntese de

zeólitas......................................................................................................................................47

FIGURA 3.20: Esquema geral para o mecanismo de síntese de zeólitas................................52

FIGURA 3.21: Esquema representativo da Lei de Bragg........................................................54

FIGURA 3.22: Difratograma de uma zeólita Y.......................................................................55

FIGURA 3.23: Isotermas de adsorção para uma amostra de argila montmorilonita natural e

pilarizada (a) e de uma zeólita do tipo NaY (b)........................................................................57

CAPÍTULO 4

FIGURE 1: Diffratogram of clay A treated with HCl, H2SO4 and HNO3 with 4 mol.L-1

at

50°C for 6 h...............................................................................................................................77

FIGURE 2: Pareto charts of main and interactions effects of independent variables on (a)

Mg2+

, (b) Fe2+

and (c) Al3+

removal during acid treatment......................................................80

FIGURE 3: FTIR spectra of leached samples....................................................................82

FIGURE 4: XRD diagrams of clay A and samples treated with HCl, on concentrations of

1, 4 and 7 mol.L-1

at 25, 50 and 75 °C for 6 h..........................................................................84

CAPÍTULO 5

FIGURA 1: Espectros de Infravermelho para uma amostra de argila natural e tratadas com

HCl em diferentes concentrações e temperaturas.....................................................................95

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FIGURA 2: Difratogramas das amostras de argila tratadas com HCl. Fases identificadas

(M) montmorilonita, (Q) quartzo e (C) óxido de cálcio e manganês

(Ca4Mn2O7)...............................................................................................................................96

FIGURA 3: Distribuição do tamanho de poros para as amostras tradadas com ácido

clorídrico...................................................................................................................................97

FIGURA 4: Difratograma das argilas natural e tratadas pilarizadas. Fases identificadas

(M) montmorilonita e (Q) quartzo............................................................................................98

FIGURA 5: Distribuição do tamanho de poros para as argilas ácidas pilarizadas e

calcinadas com ácido clorídrico..............................................................................................101

FIGURA 6: Curvas termogravimétricas das amostras: a) argila pilarizada; b) argila

pilarizada adsorvida com n-butilamina; c) P3M-65C; d) P3M-65C n-butilamina; e) 3M-65 e

f)3M-65n-butilamina...............................................................................................................103

CAPÍTULO 6

FIGURA 1: Fluxograma do procedimento de síntese para obtenção das amostras

ZA1 e ZA2..............................................................................................................................113

FIGURA 2: Difratograma e micrografia do resíduo sílico-aluminoso.............................115

FIGURA 3: Gráfico da Analise TG (linha continua) e DTG (linha tracejada) para o

resíduo sílico-aluminoso.........................................................................................................115

FIGURA 4: Difratograma e micrografia da amostra ZA................................................117

FIGURA 5: Difratogramas e micrografias das amostras sintetizadas utilizando resíduo

sílico-aluminoso ....................................................................................................................118

FIGURA 6: Difratogramas e micrografias da zeólita NaP1 obtida no procedimento 2.

a) Z3C3; b) Z3C6 e c) Z1C9..................................................................................................119

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 3

TABELA 3.1: Classificação dos argilominerais a partir de sua organização

estrutural...................................................................................................... .............................25

TABELA 3.2: Relação de alguns trabalhos utilizando fontes alternativas de silício e alumínio

para a síntese de zeólitas...........................................................................................................49

TABELA 3.3: Atribuições para as principais bandas de absorção dos espectros de IV que

pode ser aplicadas para zeólitas................................................................................................62

CAPÍTULO 4

TABLE 1: Matrix of CCD 22 (real and coded values) used and responses in terms of mass

of cations dissolved during acid treatment……………............................................................75

TABLE 2: Clay A mass composition (wet sample)………………....................................76

TABLE 3: Mass of cations dissolved during acid treatment on concentration of 4 mol.L-1

at 50oC for 6 h (mg of cation/ g of clay)………………………………..…………………….77

TABLE 4:. Specific areas (BET) for samples leached with HCl, H2SO4 and HNO3 with 4

mol.L-1

at 50°C for 6 h……………………………………………..…………………………78

TABLE 5: Empirical models that predict the cations removal (mg of cation/ g of Clay) as

a function of temperature and HCl concentration for each cation

evaluated……………………………………………………………………...........................81

TABLE 6: Analysis of variance for each model presented in Table 5................................81

TABLE 7: BET specific areas for samples treated with HCl using experimental design

methodology .............................................................................................................................83

CAPÍTULO 5

TABELA 1: Parâmetros do planejamento fatorial 22

com 3 pontos centrais. O tempo de

reação foi fixado em 6h e a relação Argila: HCl de 1g : 30mL................................................90

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TABELA 2: Valores em mg de cátions removidos por g de argila, seguindo planejamento

experimental fatorial 22

com 3 pontos centrais.........................................................................93

TABELA 3: Efeitos calculados para o planejamento fatorial 22 + 3 pontos centrais para a

lixiviação de alumínio...............................................................................................................94

TABELA 4: Efeitos calculados para o planejamento fatorial 22 + 3 pontos centrais para a

lixiviação de ferro.....................................................................................................................94

TABELA 5: Efeitos calculados para o planejamento fatorial 22 + 3 pontos centrais para a

lixiviação de magnésio..............................................................................................................94

TABELA 6: Parâmetros texturais para as amostras tratadas com ácido e argilas ácidas

pilarizadas...............................................................................................................................100

TABELA 7: Faixas de temperatura e respectivas perdas de massa obtidas das curvas

TG/DTG .................................................................................................................................104

TABELA 8: Densidade e força relativa dos centros ácidos das amostras, obtidos através da

dessorção de n-butilamina por termogravimetria (TG/DTG).................................................104

CAPÍTULO 6

TABELA 1: Ordem de reagentes da síntese........................................................................112

TABELA 2: Percentuais dos compostos presentes nas amostras de resíduo.......................114

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LISTA DE SIGLAS

AA Adsorção atômica

ABET Área específica pelo método BET

ATD Análise térmica diferencial

At-plot Área de microporos pelo método t-plot

BET Brunauer, Emmett e Teller – equação para o cálculo da área superficial

BJH Barret-Joyner-Halenda – método usado para calcular distribuição de tamanho

de poro

CBL Companhia Brasileira de Lítio

CCD 22

Central composite design - Planejamento fatorial 22

CTC Capacidade de troca catiônica

d001 Espaçamento basal

DRX Difração de raios-X

FAU Arranjo estrutural tipo faujazita característico de zeolitas X e Y

GIS Arranjo estrutural do tipo gismodine característico de zeólitas do tipo P

IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry – União Internacional de

Química Pura e Aplicada

IV Espectroscopia de Infravermelho

IZA International Zeolite Association - Associação internacional de Zeólitas

LTA Tipo de arranjo estrutural característico da zeólita NaA

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

SBU Unidades secundárias de construção

SOD Tipo de rede estrutural característico do material Sodalita

t – plot Método para calcular volume e área de microporos

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TG Termogravimetria

TO4 Estrutura tetraédrica formada por 4 oxigênios nos vétices e um átomo T (ex: Si,

Al ) no interstício formado.

VBJH Volume de poro método adsorção cumulativo BJH

Vtotal Volume total de poro para poros menores que 193,82Å a p/p0 = 0.95

Vt-plot Volume de microporos pelo método t-plot

XRD X-ray diffraction – Difração de raios-X

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 ..................................................................................................... 17

1.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 17

CAPÍTULO 2 ............................................................................................. ........20

2.1 – OBJETIVOS .................................................................................................................... 20

2.1.1 - Objetivos específicos ................................................................................................. 20

CAPÍTULO 3 ......................................................................................... ............21

3.1 - REFERENCIAL TEÓRICO: Peneiras moleculares.....................................................21

3.1.1 Peneiras moleculares a base de argilas................................................................21

3.1.1.1 Argilas – Estrutura ............................................................................................... ...22

3.1.1.2 Propriedades gerais das argilas............................................................................. 25

3.1.1.3 Grupo das Esmectitas .............................................................................................. 27

3.1.1.4 Modificações em argilas por tratamentos ácido e pilarização. ......................... 29

3.1.2. Peneiras moleculares do tipo zeólita. ....................................................................... 35

3.1.2.1 Estruturas das zeólitas. ............................................................................................ 37

3.1.2. 2 Alguns Tipos de Zeólitas. ....................................................................................... 39

3.1.2.3 Propriedades das zeólitas. ...................................................................................... 44

3.1.2.4 Síntese de zeólitas .................................................................................................... 46

3.2 TÉCNICAS MAIS UTILIZADAS PARA CARACTERIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO

DE PENEIRAS MOLECULARES. ....................................................................................... 53

3.2.1 Difração de raios-X ..................................................................................................... 53

3.2.2 Termogravimetria e Análise térmica diferencial.................. ..............................55

3.2.4 Análise Textural por Adsorção de N2. ...................................................................... 56

3.2.5 Análise Química. .......................................................................................................... 59

3.2.5.1 Espectrometria de Fluorescência de Raios X. ..................................................... 59

3.2.5.1 Espectroscopia de Adsorção Atômica ................................................................... 60

3.2.6 Microscopia eletrônica de varredura. ...................................................................... 60

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3.2.7 Espectroscopia de absorção no Infravermelho (IV)............................................... 61

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 63

CAPÍTULO 4 ...................................................................................................... 71

ARTIGO – USING A FACTORIAL DESIGN METHOD FOR THE ACID

TREATMENT MONTMORILLONITE – RICH CLAYS FOR PREPARING

CATALYSTS.. ........................................................................................................................ 71

ABSTRACT ............................................................................................................................. 71 Introduction................. ......................................................................................................... 72

Material and Methods .......................................................................................................... 74

Materials .................................................................................................................................. 74

Leaching using different acids. ........................................................................................... 74

Experimental design for leaching with HCl ...................................................................... 74

Characterization of Samples ................................................................................................ 75

Results and discussion .......................................................................................................... 76

Leaching with different acids. ............................................................................................. 76

Experimental Design for Leaching with HCl .................................................................... 79

CONCLUSIONS ..................................................................................................................... 84 ACKNOWLEDGEMENTS .................................................................................................... 85 REFERENCES ........................................................................................................................ 85

CAPÍTULO 5 ...................................................................................................... 87

ARTIGO - MATERIAIS POROSOS OBTIDOS EM PROCESSO DE TRATAMENTO

ÁCIDO SEGUIDO DE PILARIZAÇÃO, A PARTIR DE ARGILAS

MONTMORILLONITAS. ...................................................................................................... 87

RESUMO ................................................................................................................................. 87

Introdução.................... ......................................................................................................... 88

Experimental... ....................................................................................................................... 90

Tratamento ácido das argilas. .............................................................................................. 90

Pilarização das argilas lixiviadas. ....................................................................................... 91

Calcinação das amostras pilarizadas. .................................................................................. 91

Medida de acidez. .................................................................................................................. 91

Caracterização dos materiais. .............................................................................................. 92

Resultados e discussão .......................................................................................................... 93

Tratamento ácido. .................................................................................................................. 93

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Pilarização das amostras tratadas com ácido. .................................................................... 98

CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 105

AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... 106

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 106

CAPÍTULO 6 .................................................................................................... 109

SÍNTESE DE ZEÓLITAS UTILIZANDO RESÍDUO SÍLICO-ALUMINOSO

PROVENIENTE DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE Li. ............................................ 109

RESUMO: .............................................................................................................................. 109 Introdução................ ........................................................................................................... 110

Experimental..................................... ................................................................................ 111

Síntese dos materiais zeolíticos:........................................................................................ 111

Caracterização: ..................................................................................................................... 113

Resultados e discussão ........................................................................................................ 114

Síntese de Zeólitas ............................................................................................................... 116

CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 120 AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... 120 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 121

CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................. 125

ETAPAS FUTURAS.........................................................................................................127

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17

CAPÍTULO 1

1.1 INTRODUÇÃO

Estudos envolvendo síntese de peneiras moleculares têm cada vez mais espaço no

meio científico. Estes materiais possuem uma rede estrutural organizada, que permite separar

moléculas em função de seus tamanhos. Segundo classificação da IUPAC (IUPAC Manual of

symbols and terminology, 1978), essa classe de materiais pode ser dividida em materiais

microporosos com poros menores que 2nm, mesoporosos que apresenta tamanho de poro

intermediário entre micro e macroporos, na faixa de 2nm a 50nm e por fim os macroporosos

com poros acima de 50nm de diâmetro. Zeólitas, sólidos mesoporosos como MCM-41, SBA-

15 e argilas pilarizadas são classificados como peneiras moleculares. Estes materiais, citados

como exemplo, apresentam diferentes aplicações industriais que abrangem desde a área de

catálise e adsorção, pigmentos, cargas em polímeros, entre outras.

Devido à sua importância industrial e comercial, muitos estudos são realizados em

torno da síntese destes materiais. Alguns dos trabalhos tratam da utilização de fontes

alternativas de Si e Al. Estas fontes podem ser naturais, como argilas, ou podem ser resíduos

sílico-aluminosos, por exemplo: cinzas do carvão mineral e da casca de arroz. Os materiais

obtidos, dependendo grau de pureza e rendimento, podem ser aplicados como adsorvente ou

catalisadores. Por exemplo, zeólitas obtidas a partir das cinzas do carvão apresentaram uma

boa capacidade de adsorção de metais pesados. Outro exemplo é o uso de argilas ácidas para

branqueamento de óleo vegetal.

As argilas podem ser definidas como materiais sílico-aluminosos, sendo uma das

razões para seu uso como matéria prima na síntese de zeólitas. Como exemplo, pode-se citar a

síntese de zeólita A, (ALKAN, 2005) zeólita X, Y (CHANDRASEKHAR; PRAMADA,

2004) e zeólita ZSM-5 a partir do Caulim e da montmorilonita (MIGNONI et al., 2008). As

argilas também podem ser utilizadas como peneiras moleculares após modificações

estruturais. Os constituintes principais das argilas são os argilominerais, na maioria

filossilicatos cuja organização das folhas tetraédricas e octaédricas e composição química

produzem diferentes estruturas em camadas. Em muitos casos apresentam excelente

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capacidade de adsorção e troca catiônica. Devido a estas propriedades, modificações

estruturais nestes materiais por tratamento ácido (ativação ácida) e processo de pilarização são

possíveis, para a formação de peneiras moleculares com boa capacidade de adsorção e

atividade catalítica.

O tratamento ácido em argilas aumenta a porosidade e também a quantidade de sítios

ácidos. Quanto mais severo for este tratamento, maior é a presença de sítios ácidos de

Brönsted em relação aos sítios de Lewis no material (KOMADEL; MADEJOVA´, 2006). O

aumento da acidez possibilita o uso destes materiais em diferentes reações com uma maior

seletividade em relação às moléculas de produtos e/ou reagentes.

Existem argilas ácidas comerciais, como: KSF e K-10. Estas argilas são obtidas a

partir de tratamentos ácidos com diferentes graus de severidade, que podem desorganizar ou

amorfizar o material de partida. A composição mineral e química da argila tratada pode levar

a produção de materiais com características diferentes após ativação ácida. Desta forma, é

importante um estudo do processo em relação ao material que se quer modificar para

obtenção de determinadas características de acidez e porosidade.

A pilarização de argilas é outro método muito empregado para produzir um material

com característica de acidez de Lewis, micro e/ou mesoporoso. O agente pilarizante mais

comumente utilizado é o Al13 (íon de keggin). Os oligômeros de Al são intercalados entre as

camadas de argila e após processo de calcinação se transformam em óxidos, conferindo ao

material uma estrutura porosa permanente (PERGHER et al., 2005). Um dos requisitos para

que ocorra a pilarização destas argilas é que possuam uma boa organização estrutural e uma

boa capacidade de troca catiônica.

Estes dois processos podem ser aliados para a produção de um material com

características distintas de acidez. O ferro geralmente presente em argilas pode ser um

interferente em alguns processos catalíticos, direcionando as reações para a formação de

produtos indesejáveis. Um tratamento ácido prévio dos materiais à serem pilarizados pode ser

uma alternativa para a remoção do ferro. O estudo das variáveis do tratamento ácido é

importante, na medida em que, estes tratamentos podem comprometer a estrutura lamelar,

impossibilitando o processo de pilarização.

Neste trabalho foram sintetizadas zeólitas utilizando um resíduo sílico-aluminoso

gerado no processo de extração de lítio do -espodumênio. Também foram produzidas

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argilas ácidas pilarizadas. Esta dissertação esta dividida em capítulos, sendo este 1o capítulo

uma introdução dos temas abordados. No 2o capítulo, são apresentados os objetivos propostos

para este trabalho. Um referencial teórico do tema estudado faz parte do 3o capítulo. Os

capítulos 4, 5 e 6 são artigos que foram ou serão submetidos a revistas especializadas.

No capítulo 4 é descrito o tratamento ácido de uma argila montmorilonita utilizando

três diferentes ácidos HCl, HNO3 e H2SO4. O HCl apresentou melhores resultados em relação

a remoção de Fe. Também por DRX observou-se que o material apresentou maior

organização estrutural, do que os materiais tratados com ácido sulfúrico e nítrico. Um

planejamento estatístico fatorial 22

foi utilizado para otimizar o tratamento com HCl,

avaliando a influência da concentração e temperatura no processo. Neste estudo observou-se

que a temperatura exerce maior influência na retirada de Fe seguida pelo aumento da

concentração.

É apresentado no capítulo 5 um estudo do tratamento ácido com HCl de amostras de

argila do tipo montmorilonita, que posteriormente foram pilarizadas com Al13. Para todos os

materiais o processo de pilarização foi efetivo com um aumento da área específica em relação

aos materiais somente ativados. As argilas ácidas pilarizadas apresentaram resultados

diferentes em relação a densidade de sítios ácidos fracos e moderados dependendo do grau de

severidade do tratamento ácido empregado anteriormente a pilarização.

As argilas muitas vezes são empregadas como matéria prima para síntese de zeólitas.

Teoricamente, qualquer material de composição SiO2 e Al2O3 poderia ser utilizado para

síntese de materiais microporosos. O uso de resíduos em síntese de zeólitas desperta interesse,

devido ao fato de agregar valor a estes materiais. O resíduo sílico-aluminoso utilizado neste

trabalho e obtido como subproduto da extração do lítio do mineral espodumênio. Na extração

do lítio o mineral espodumênio, após processo de calcinação (1000ºC – 1100oC) é tratado

com um ácido ou um álcali, sendo obtido ao final o produto de interesse (carbonato ou

hidróxido de lítio) e um resíduo sílico-aluminoso (BRAGA, P. F. A.; SAMPAIO, 2008), o

qual foi utilizado neste estudo.

No capítulo 6 são descritos diferentes procedimento de síntese de zeólita a partir de

um resíduo sílico-aluminoso fornecido pela Companhia Brasileira de Lítio (CBL). Foi

possível sintetizar uma mistura de zeólita A e Sodalita e a fase zeólita NaP1. Os

procedimentos de síntese para ambos os materiais obtidos foram hidrotérmicos. No trabalho

foram estudadas a composição do gel, o tempo de envelhecimento e de cristalização.

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CAPÍTULO 2

2.1 - OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é preparar peneiras moleculares (zeólitas e argilas

ácidas pilarizadas) a partir de matérias-primas naturais (argilas) e alternativas como um

resíduo sílico-aluminoso fornecido pela CBL (Companhia Brasileira de Lítio).

2.1.1 - Objetivos específicos

- Avaliar o efeito do uso de diferentes ácidos no tratamento ácido de uma argila rica

em montmorilonita com elevada capacidade de troca catiônica.

- Avaliar o efeito da temperatura e concentração do HCl no tratamento ácido de uma

argila montmorilonita.

- Verificar a influência da retirada de cátions estruturais no comprometimento da

estrutura do material de partida e sua influência na porosidade das amostras.

- Pilarizar com polioxocátions de Al amostras de argilas tratadas com ácido em

diferentes temperaturas e concentrações, verificando a influência na porosidade e acidez dos

materiais.

- Sintetizar as zeólitas A e NaP1 utilizando um resíduo sílico-aluminoso, subproduto

do processo de extração de Lítio do -espodumênio.

- Verificar a influência dos parâmetros tempo, temperatura e agitação na etapa de

dissolução da sílica (resíduo), durante a síntese da zeólita A.

- Avaliar o tempo de envelhecimento antes do processo de cristalização, na síntese de

zeólitas a partir do resíduo, utilizando relação Si/Al = 3,2.

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CAPÍTULO 3

3.1 - REFERENCIAL TEÓRICO: PENEIRAS MOLECULARES

A propriedade de separação de moléculas por exclusão de tamanho pode ser citada

como a característica principal dos materiais denominados peneiras moleculares. Isto, porque

estes materiais podem apresentar poros de tamanho micro (>2nm) ou meso (2nm a 50nm), e

dependendo do tamanho da molécula é ou não permitido, que a mesma, passe pela abertura do

poro. Esta propriedade seletiva é importante para aplicações como: em catálise onde pode

selecionar os reagentes e produtos de uma determinada reação ou em processos de adsorção,

separando moléculas de diferentes tamanhos, como por exemplo, hidrocarbonetos lineares de

ramificados.

Entre os materiais que pertencem a este grupo podemos citar as zeólita, argilas

pilarizadas, entre outros. Estes materiais podem ser obtidos por modificações estruturais em

matérias primas (argilas) ou sintetizados utilizando como fonte de SiO2 e Al2O3 resíduos

sílico-aluminosos.

3.1.1 Peneiras moleculares a base de argilas

Teoricamente todos os materiais que apresentem em sua composição silício e alumínio

são passíveis de tornarem-se matéria-prima para produção de zeólitas. Dentre as fontes

naturais mais utilizadas para síntese destes materiais temos as argilas, que são formadas

essencialmente por filossilicatos hidratados de alumínio, ferro e magnésio.

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3.1.1.1 Argilas – Estrutura

Argila é um material encontrado em grande quantidade sendo utilizada como matéria-

prima importante na agricultura, mecânica de solos, e também em várias aplicações indústrias

tais como cerâmica, papel, metalúrgica e petrolífera. Segundo Gomes (1988), as argilas são

rochas constituídas em sua maior parte por argilominerais. Além de matéria orgânica, podem

estar presentes outras fases minerais como quartzo, por exemplo. As argilas possuem em sua

maior parte partículas com diâmetro esférico equivalente abaixo de 2 µm. Ao ser misturada a

água torna-se plástica, e ao ser seca adquire rigidez. Quando queimada a temperaturas

elevadas adquire grande dureza.

A presença de diferentes tipos de argilominerais é responsável pelas propriedades e

características das argilas. Eles podem estar presentes de forma isolada ou misturados a outros

tipos de argilominerais e/ou juntamente com outros minerais, por exemplo: quartzo, feldspato,

mica (GOMES, 1988; SANTOS, 1989).

Os argilominerais são formados principalmente por unidades estruturais divididas em

dois grupos fundamentais: grupos tetraédricos e octáedricos. Estes grupos são formados pelo

arranjo tridimensional de átomos de oxigênio ou de íons hidroxila, ao redor de pequenos

cátions, principalmente Si4+

e Al3+

nos grupos tetraédricos e Al3+

, Mg2+

, Fe2+

, Ti4+

nos grupos

octaédricos (SANTOS, 1989).

Na Figura 3.1(A) pode-se observar a representação esquemática de uma unidade

tetraédrica. Estas unidades se unem através de 3 vértices Ob (oxigênio basais) formando uma

folha com anéis de 6 membros (tetraedros). As unidades octaédricas se ligam umas as outras

a partir das bordas, e podem apresentar duas diferentes topologias relacionadas à posição dos

grupos OH (Ooct), orientação cis e trans, (BRIGATTI et al., 2006). Estas duas posições e a

organização da folha octaédrica estão representadas na Figura 3.1(B).

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FIGURA 3.1: Unidades estruturais dos argilominerais.

Fonte adaptado de: (BRIGATTI et al., 2006)

A folha tetraédrica se une a outra, geralmente uma folha octaédrica com as valências

livres (Ooct) apontando no sentido contrário, em relação à folha tetraédrica. Os oxigênios

apicais (Oa) de todos os tetraedros apontam para o mesmo lado da folha e conectam as folhas

tetraédricas e octaédricas de forma a se observar um plano comum com as posições Ooct

aniônicas (Ooct = OH, F, Cl, S), estes ânios acabam ficando no centro dos aneis formados por

6 tetraedros (Figura 3.1(A)). A união de uma folha tetraédrica e uma folha octaédrica forma

uma lâmina 1:1 (TO) (Figura 3.2(a)) e quando se unem duas folhas tetraédricas com uma

central octaédrica, se obtém uma lâmina 2:1 (TOT) (Figura 3.2 (b)).

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FIGURA 3.2: Representação estrutural das lâminas 1:1 e 2:1.

Fonte adaptado de: (BRIGATTI et al., 2006)

Embora os íons dentro folhas estejam ligados entre si por ligações fortes, são as

ligações parcialmente iônicas e com caráter covalente que mantem as folhas unidas. Estas

ligações são fracas e responsáveis pela fácil clivagem paralela aos planos basais, de onde

resulta a forma e morfologia destes materiais (SANTOS, 1989).

As argilas podem ser classificadas em função da organização de suas camadas:

estruturas 1:1, 2:1 ou mistas 2:1:1 como observado na Tabela 3.1. São também subdivididas

em di e tri octaédricas. A classificação di e tri octaédrica baseia-se na população de átomos

da folha octaédrica que pertence a unidade estrutural. Numa camada 1:1, a célula unitária

inclui seis sítios octaédricos e quatro sítios tetraédricos. Na estrutura 2:1 seis sítios

octaédricos e oito sítios tetraédricos compõem a celula unitária. Estruturas com todos os seis

sítios octaédricos ocupados são conhecidas como trioctaédrica. Se apenas quatro dos seis

octaedros estiverem ocupados, a estrutura é referida como dioctaédrica. Na Tabela 3.1 são

apresentadas algumas argilas di e tri-octaédricas (BRIGATTI et al., 2006).

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TABELA 3.1 Classificação dos argilominerais a partir de sua organização estrutural.

Organização das

camadas Grupo

Caráter

octaédrico Espécies

2:1

Pirofilitas –

talco

Tri- Talco

Di– Pirofilita

Esmectitas Tri- Saponita; Hectorita; Stevensita

Di- Montmorilonita; beidelita; nontronita

Vermiculitas Tri– Trioctahedral vermiculita

Di– Dioctahedral vermiculita

Micas Tri– Flogopita; biotita; Lepidolita

Di– Muscovita; Paraganita; Ilita

2:1:1 Cloritas

Tri– Mg-clorita; Fe-clorita

Di– Al-clorita; Al-Li-clorita

Di-tri Cookeita, sudoita

1:1

Caulim

Tri– Antigorita; amesita; cronstedita

Di– Caulinita ; Haloisita

Di-tri- Odinita

Fonte adaptado de: (GOMES, 1988; LAGALY, 2006).

3.1.1.2 Propriedades gerais das argilas

As propriedades das argilas estão relacionadas às características dos argilominerais,

que fazem parte de sua composição. Estas propriedades tornam seu uso muito diversificado

abrangendo desde aplicação em catálise, adsorção, cerâmica, aditivos em polímeros, entre

outras. Dentre estas propriedades, se destacam: a granulometria, porosidade e capacidade de

troca catiônica.

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Granulometria:

Devido à dimensão dos argilominerais ser muito pequena (<2 m), em água as argilas

produzem suspensões estáveis ou instáveis (desfloculadas ou floculadas). A estabilidade

destas suspensões está vinculada a grandeza da carga elétrica negativa intrínseca dos cristais,

hábitos cristalinos e a natureza dos cátions trocáveis. Na cerâmica a granulometria das argilas

vai influenciar na plasticidade das pastas e textura, permeabilidade, resistência mecânica dos

corpos verdes ou secos. Pois todas estas características estão relacionadas às dimensões de

grão (GOMES, 1988).

Porosidade:

A superfície específica de uma argila está relacionada à superfície planar (planos

basais externos), a superfície de borda, bem como superfície interna (intercamada). Esta

característica é muito importante na catálise, adsorção, cerâmica, entre outras aplicações.

(GOMES, 1988; LAGALY, 2006). Na Figura 3.3 estas superfícies são melhor representadas.

FIGURA 3.3: Esquema de organização de uma argila lamelar. (A) representação de uma lâmina e/ou

camada, (B) uma partícula originada de camadas empilhadas de forma que podem ou não formar poros

com tamanhos ou formatos diferentes, (C) partículas organizadas de foram a originarem um espaço

interpartícula e (D) vários agregados de partículas formando um poro ainda maior.

Fonte adaptado de: (LAGALY, 2006).

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Todos os filossilicatos são porosos, e na Figura 3.3 observa-se como se formam as

diferentes porosidades. A porosidade destes materiais não se restringe ao espaço entre as

lâminas ou camadas, mas está relacionada à organização de partículas formadas a partir das

lâminas e também nos poros formados pela organização destes agregados.

Capacidade de troca catiônica (CTC):

A capacidade de troca de cátions está relacionada à quantidade de cátions que um

mineral argiloso ou argila pode adsorver ou trocar (GOMES, 1988). A CTC nas argilas é

devida a substituições isomórficas que ocorrem na estrutura da argila produzindo um

desequilíbrio de cargas que são compensadas por cátions trocáveis. Além desta deficiência

catiônica causada pelas substituições isomórficas, existem ligações quebradas nas bordas e na

superfície externa, assim como dissociação de grupos hidroxila acessíveis que contribuem

para deficiência de carga positiva (AUERBACH et al., 2004). O processo de troca de cátions

é um processo estequiométrico segundo o qual cada equivalente de um íon adsorvido pelo

mineral argiloso, vai provocar a liberação de um equivalente do cátion anteriormente fixado.

O poder de troca de um cátion será maior quanto maior for sua valência e menor for sua

hidratação (GOMES, 1988).

3.1.1.3 Grupo das Esmectitas

Os cristais de montmorilonita são de dimensões muito reduzidas (média 0,15 µm) e

entre as camadas estruturais existem moléculas de água com arranjos orientados e regulares

coordenando cátions trocáveis que podem dar lugar a certas moléculas orgânicas (GOMES,

1988). A ligação entre camadas é devida a forças de Van der Walls. Na Figura 3.4 é

apresentada a estrutura idealizada de uma Esmectita (2:1).

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FIGURA 3.4:Estrutura idealizada de uma Esmectita (2:1). - Átomos de Oxigênio;

- Grupos –OH; - Átomo de Silício e O - Átomo de Alumínio.

Fonte adaptado de (GOMES, 1988).

A montmorilonita é um mineral, cujas características são:

Fórmula Química - (Na,Ca)0,3(Al,Mg)2Si4O10(OH)2.nH2O.

Composição - Silicato de alumínio, magnésio e cálcio hidratado.

Cristalografia – Monoclínico.

O espaçamento entre as camadas adjacentes pode variar de 10 a 17,5 Å, sendo de

+ 12,5Å quando o cátion intercalar é o Na+ e de + 15,5Å quando o cátion intercalar é o Ca

2 +

(GOMES, 1988).

As substituições isomórficas em percentagens moderadas de Si4+

por Al3+

nas posições tetraédricas, e nas folhas octaédricas o alumínio por Mg2+

, Fe2+

, ou Li+ resultam

em uma camada de carga negativa, compensada por cátions hidratados adsorvidos no espaço

interlamelar (PERGHER et al., 1999).

c b

a

AlO6

SiO4

SiO4

SiO4

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3.1.1.4 Modificações em argilas por tratamentos ácido e pilarização.

As modificações estruturais realizadas em argilas podem ser físicas ou químicas, de

forma a aumentar a capacidade adsortiva ou melhorar seu uso em catálise, criando sítios

reativos para determinadas reações. A Figura 3.5 apresenta um esquema dos tipos de

modificações realizadas em argilas.

FIGURA 3.5:Esquema dos tratamentos aplicados em argilominerais.

Estas modificações nos argilominerais podem envolver a modificação fisica utilizando

altas temperaturas ou alterando grupos funcionais e aumentando a capacidade de adsorção por

modificações estruturais (HUSSIN et al., 2011). Os tratamentos básico e ácido visam aumento

da área especifica das argilas, ambos os tratamentos podem ser realizados com o uso de

temperatura. No tratamento básico pode ser usado o NaOH, e em tratamentos ácidos

comumente são utilizados ácidos HCl e H2SO4. Em termos de eficiencia no aumento de área

específica, a utilização de ácidos é mais efetiva. Os tratamentos térmicos o uso de

temperaturas entre 400 e 500oC, promove mudanças de estrutura e composição nas argilas. O

tratamento por microondas também pode modificar estas características, mas com redução de

tempo e energia gasto no processo. As argilas podem ser hidrofobizadas por tratamentos

orgânicos envolvendo intercalação de surfactantes na estrutura do material (HUSSIN et al.,

2011).

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Dentre estes processos são destacados neste trabalho os processos de tratamento ácido

e pilarização que envolvem modificações que tornam as argilas materiais de interesse para

aplicações em catálise e adsorção.

Pilarização de argilas

As argilas do tipo lamelar apresentam características diferenciadas que fazem destes

materiais objeto de estudos na síntese de novos catalisadores heterogêneos. As argilas

esmectítas apresentam uma alta capacidade de troca catiônica, entretanto sua capacidade de

adsorção é limitada pela sua área específica. Uma solução encontrada foi a pilarização destes

materiais, dando origem aos sólidos denominados sólidos laminares pilarizados, classe a qual

pertencem às argilas pilarizadas. (PINNAVAIA, 1995 apud PERGHER, et al., 2005). Esta

classe de materiais é produzida introduzindo compostos químicos que funcionam como

pilares de dimensão molecular entre as lamelas da argila, mantendo-as afastadas impedindo

que colapsem quando o meio de solvatação é eliminando. Os materiais pilarizados são

termicamente estáveis e possuem micro e/ou meso porosidade. Esta estabilidade térmica e a

porosidade os distinguem de compostos somente intercalados. (SCHOONHEYDT et al.,

1999).

Os compostos químicos que funcionam como suportes (ou pilares moleculares) entre

as lamelas da argila induzindo uma estrutura de poros são denominados agentes pilarizantes

(SCHOONHEYDT et al., 1999). A simples introdução do agente pilarizante por troca iônica,

dá origem às argilas intercaladas. O processo de calcinação que se segue, elimina a água

presente entre as lamelas produzindo a microporosidade característica das argilas pilarizadas.

(PERGHER et al., 1999). A Figura 3.6 mostra esquematicamente uma argila 2:1 pilarizada.

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FIGURA 3.6:Esquema de uma argila 2:1 expansível pilarizada.

A – Lâmina elementar 2:1 d001 – Espaçamento basal

B – Espaço interlaminar E – Distância entre os pilares

P – Unidade pilarizante - Grupo funcional

D – Distância entre as lâminas - Cátions trocáveis residuais

Fonte: (PERGHER et al., 2005)

Entre as camadas 2:1 (A) tem-se os pilares (P) eles mantém as camadas separadas a

uma distância D. O espaçamento basal, de d001, é definido como a distância entre as bases de

camadas separadas pelos pilares. Os cátions interlamelares naturais da argila que não são

trocados continuam num espaço interlamelar (B) e estão representados na figura como cátions

residuais ( ). Os pilares possuem grupos funcionais ( ) que lhes darão certas propriedades

catalíticas e os pilares estão separados uns dos outros por uma distância interpilar (E)

(PERGHER, et al., 2005).

O processo de pilarização consta na preparação do agente pilarizante (oligomerização)

e da pilarização propriamente dita que seria a troca catiônica dos cátions naturais da argila

pelos oligômeros preparados. Este processo envolve os seguintes passos quando realizado em

laboratório, segundo (AOUAD et al., 2005).

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(1) Preparação do agente pilarizante.

(2) Preparação da suspensão de argila.

(3) Adição da suspensão ao agente pilarizante (pilarização).

(4) Filtração e lavagem.

(5) Calcinação da argila seca (estabilização do material).

Neste mesmo trabalho (AOUAD et al., 2005), apresentam um estudo onde a síntese

objetiva o aumento de escala utilizando uma síntese externa e interna comparando estes dois

procedimentos. Na Figura 3.7 é apresentado um esquema dos diferentes métodos de

pilarização com síntese interna e externa.

FIGURA 3.7:Comparação entre diferentes métodos de pilarização.

Fonte adaptado de: (BERGAYA et al., 2006).

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A preparação do agente pilarizante pode ser realizada por síntese externa ou interna.

Na síntese interna, a formação da estrutura interlamelar é gradual e pode ser considerada

como um processo natural simulado. Já na síntese externa, o agente pilarizante é preparado

separadamente, e em seguida, é adicionado ao argilomineral realizando uma troca dos cátions

naturais da argila pelos oligômeros preparados. A reação de troca é rápida. Ambas as sínteses,

externa e interna, podem ser utilizadas para produzirem argilas pilarizadas, porém a síntese

externa é a mais adequada, porque possui grande versatilidade e admite a preparação do

agente pilarizante num sistema puro e sob condições controladas.

A maior parte dos trabalhos encontrados na literatura trata da introdução de

polioxocátions, principalmente de alumínio, zircônio, ferro e titânio como agentes

pilarizantes. Essas espécies catiônicas além de serem relativamente estáveis termicamente e

hidrotermicamente, também podem atuar como centros cataliticamente ativos.

Soluções contendo polioxocátions de alumínio são preparadas pela hidrólise de um sal

de alumínio, tipicamente AlCl3, e posteriormente neutralizadas com hidróxido de sódio até

uma razão [OH]/[Al] entre 1,8 e 2,4. Soluções preparadas dessa forma contêm basicamente

três espécies: alumínio monomérico hidratado, o polioxocátion [Al13O4(OH)24(H2O)12]7+

,

conhecido como íon de Keggin, e alumínio polinuclear. O íon de Keggin (Figura 3.8), o

precursor de agente pilarizante mais comum, é formado por um tetraedro de AlO4- envolvido

por doze octaedros de hidróxido de alumínio (PERGHER et al., 2005).

FIGURA 3.8:Estrutura do íon de Keggin. Os círculos maiores representam átomos de alumínio; os

menores são átomos de oxigênio.

Fonte adaptado de: (STERTE, 1988).

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A relação OH/Al máxima que pode ser utilizada para hidrolise do Al13 é 2,5. Em

soluções onde esta relação for menor ou igual a 1,5 estarão presentes em maior quantidade

cátions monoméricos (STERTE, 1988).

O interesse nas argilas pilarizadas para aplicação industrial já era conhecido desde

1970, aproximadamente, pois estes materiais podem ser aplicados em processos de adsorção e

catálise atuando diretamente ou como suporte. Pergher e colaboradores (2005, p.30) fizeram

um levantamento bem abrangente das principais aplicações desta classe de materiais. As

aplicações englobam desde reações de craqueamento, desproporcionação, isomerização,

oligomerização, alquilação, reações de oxidação entre outras.

Tratamento ácido em argilas

Em muitos casos ao se trabalhar com resíduos ou mesmo materiais naturais torna-se

necessário um tratamento prévio. Por exemplo, no uso de cinzas do carvão para síntese de

zeólita, o material de partida (cinzas) é muitas vezes tratado com HCl para retirada de Fe. No

caso das argilas, o tratamento ácido tem função de aumentar a área especifica do material,

aumentando sua capacidade de adsorção. É um tratamento aplicado em argilas para seu uso

em clarificação de óleos, por exemplo (NGUETNKAM et al., 2011).

O tratamento ácido em argilas vai influenciar na sua capacidade de troca catiônica,

devido à diminuição da carga negativa da lâmina o que leva a uma diminuição da CTC

(PENTRÁK et al., 2012). Isto devido à dissolução das camadas octaédricas

(MADEJOVA et al., 2009), pela retirada de cátions como Al+3

, e átomos presentes como

substituição isomórfica, tais como: Fe3+

e Mg2+

. No processo de ativação vários parâmetros

podem ser variados, como temperatura, concentração do ácido, razão ácido/argila, agitação e

também se o tratamento for realizado em sistema aberto ou fechado.

O aumento da severidade do tratamento diminui a atividade catalítica das argilas

devido ao comprometimento das camadas octaédricas, refletindo na diminuição da acidez de

Brönsted, que é maior nos materiais tratados com ácido em concentrações mais baixas

(KOMADEL, 2003).

As modificações realizadas pelos processos de ativação ácida e pilarização ampliam a

faixa de aplicação destes materiais como adsorventes, suportes catalíticos e catalisadores. As

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35

argilas são materiais sílico-aluminosos o que possibilita também seu uso como matéria prima

na síntese de zeólitas.

3.1.2. Peneiras moleculares do tipo zeólita.

Estudos envolvendo materiais com estrutura microporosa, do tipo de zeólitas obtidas

apartir de materiais alternativos tem cada vez mais espaço no meio científico. Segundo

classificação da IUPAC (IUPAC manual of symbols and terminology, 1978) esta classe de

materiais apresenta tamanho de poro abaixo de 2nm.

Zeólitas são materiais de estrutura cristalina, podem ser naturais ou sintéticos e

apresentam características comuns. Estes materiais são estruturados por combinações

tridimensionais de tetraedros T(O4) comumente de SiO4 e AlO4- (Figura 3.9), mas relatam-se

estruturas onde ocorre a substituição isomórfica dos átomos de Si e Al na armação estrutural l

por outros átomos como: B, Be, Co, Ga, Ge. Outra definição também abordada na 6o edição

do Atlas de estruturas do Tipo Zeólitas (BAERLOCHER, 2007), qualquer rede tridimensional

composta por átomos tetraedricamente coordenados e com uma densidade estrutural entre 19

e 21 átomos de oxigênio coordenados tetraedricamente por 1000Å3 podem ser considerados

como sendo materiais semelhantes ás zeólitas.

FIGURA 3.9: (a) Rede tridimensional (4:2) conectada. (b) Unidade de construção primária de uma

zeólita SiO4 e AlO4-. Os átomos de oxigênio situam-se nas arestas, entre os dois átomos T(Si, Al) de

cada vértice.

Fonte adaptado de: (BRAGA; MORGON, 2007).

a b

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36

Os tetraedros TO4 se unem entre si através dos átomos de oxigênio comuns e são

eletricamente neutros quando não há substituição isomórfica dos átomos de silício por

alumínio. Após a incorporação do Al na rede estrutural, a rede fica carregada negativamente,

pois o Al tem carga 3+, desta forma e necessário equilibrar cada tetraedro de AlO4 com uma

carga positiva, isto requer a presença de cátions de compensação. Estes cátions podem ser

inorgânicos (Na+, K

+, Ca

2+, etc.) ou cátions orgânicos, eles se localizam dentro da estrutura e

desta forma a rede se mantém neutra (GIANNETTO et al., 2000; LOBO, 2003). Devido a

substituições isomórficas que podem ocorrer na armação estrutural a fórmula da cela unitária

de uma zeólitas pode ser descrita como:

M x/n [(SiO2)x (AlO2)y] . zA

onde:

M = cátion de valência n (x > 0);

A = água, moléculas diversas, pares iônicos (z > 0);

z = moles de água de hidratação;

n = valência do cátion de compensação;

(x+y) = número total de tetraedros por cela unitária.

As zeólitas possuem cavidades ou poros, que confere a estes materiais uma estrutura

interna muito grande em relação à superfície externa. Estes poros são ocupados por

moléculas de H2O presente na síntese e também por cátions solvatados. A água e cátions

podem ser removidos por processos térmicos ou químicos. Nas zeólita o espaço intracristalino

é mantido e consequentemente sua estrutura, isto não acontece com outros materiais porosos

hidratados, ex. CaSO4 (PAYRA; DUTTA, 2003).

O tamanho dos poros é o que limitará o ingresso de íons ou moléculas no espaço

intracristalino dos canais e cavidades, pois moléculas com dimensões acima de certo valor

crítico não podem transferir-se do meio que envolve a zeólita para seu interior. O tamanho de

abertura dos poros é dependente da quantidade de átomos de oxigênio presentes nos anéis por

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onde as moléculas ou íons tem acesso ao interior da zeólita. Zeólitas podem ter poro

extragrande, grande, mediano e pequeno com < 12, 12 , 10 e 8 átomos de oxigênio formando

a abertura, respectivamente (GIANNETTO et al., 2000). Na Figura 3.10 apresenta-se a

classificação de algumas zeólitas de acordo com o tamanho dos poros.

FIGURA 3.10:Classificação de algumas estruturas de acordo com o tamanho da abertura de poro.

Fonte adaptado de: (PAYRA; DUTTA, 2003).

3.1.2.1 Estruturas das zeólitas.

As aplicações industriais de diferentes zeólitas, tanto em processos físicos de

separação como em processos químicos de refino e petroquímica é definida de acordo com

sua estrutura. A configuração tetraédrica de quatro átomos de oxigênio rodeando um átomo de

Si ou Al é a “unidade básica de formação” das zeólitas. Estas armações estruturais unem-se

por compartilhamento dos vértices formando ligações de oxigênio não lineares. Esta simples

combinação de tetraedros SiO4 e AlO4- formará diferentes estruturas cristalinas, as chamadas

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“unidades secundárias de construção” (SBU)1 (Figura 3.11), que combinadas levarão a

formação de uma estrutura espacial contínua complexa.

FIGURA 3.11:Unidades Secundárias de Construção das zeólitas.

Fonte adaptado de: (BRAGA; MORGON, 2007).

Estas SBU’s podem ser consideradas uma característica particular de cada grupo ou

família de zeólitas, sendo possível então uma classificação estrutural a partir destas unidades

de construção. Em destaque na Figura 3.11 observa-se um anel de 8 membros, na construção

destas unidades os átomos T encontram-se nos vértices e os átomos de oxigênio entre eles

fazendo a ligação. A combinação destas unidades no espaço permite a construção de unidades

terciárias mais complexas, por isso em muitos casos uma estrutura zeolítica pode ser descrita

mais facilmente através de destas unidades como, por exemplo, as poliédricas (Figura 3.12).

1 SBU do inglês: Secondary building units.

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FIGURA 3.12: Poliedros presentes nas estruturas zeolíticas: a (26-edro Tipo I) o cubooctaedro

truncado; b (14-edro Tipo I) o octaedro truncado; D8R o duplo anel de oito membros; D6R o duplo

anel de seis membros (prisma hexagonal); (18-edro); e (11-edro); D4R o duplo anel de quatro

membros.

Fonte adaptado de: (GIANNETTO et al., 2000).

Segundo Braga e Morgan (2007, p. 182), estas unidades terciárias têm papel

importante durante a síntese, podem tornar-se precursores para o crescimento dos cristais no

meio reacional, diferentes combinações podem originar novas estruturas. Também são

importantes no que diz respeito a localização de cátions como contraíons, diâmetro de poros e

cavidades dos poliedros são limitantes quanto ao tamanho de moléculas adsorvidas e tem

papel importante na classificação destes materiais.

3.1.2.2 Alguns Tipos de Zeólitas.

Sodalita (SOD)

O material tipo sodalita possui uma limitada capacidade de adsorção, pois possui um

poro pequeno (abertura de poro anel de 6 membros) e uma densidade de rede de 17,3 de

átomos T por 1000Å3. (MCCUSKER; BAERLOCHER, 2001). Sua estrutura pode ser descrita

como um arranjo de anéis de 4 e 6 membros. A Figura 3.13 mostra uma representação de

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como, a partir da unidade sodalita podem ser montadas as redes estruturais zeólita A (LTA),

zeólitas X e Y (FAU).

FIGURA 3.13: Ilustração representativa da construção de três diferentes estruturas a partir da caixa

sodalita.

Fonte adaptado de: (PAYRA; DUTTA, 2003).

Zeólita A (LTA)

Esta zeólita apresenta uma relação Si/Al = 1, sendo normalmente sintetizada na forma

sódica, e de acordo com GIANNETTO et al. (2000, p.43), com fórmula química podendo se

expressar na forma:

(Na2O)48 [(SiO2)96 (Al2O3)48] . 27H2O

SAR2 (SiO2/Al2O3) = 2

2 SAR do inglês: the sílica to alumínio mole ratio.

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Sua estrutura pode ser descrita pela união de octaedros truncados de 24 tetraedros,

também conhecidas como cavidade ou sodalita e por arranjos cúbicos simples de oito

tetraedros (Figura 3.14).

FIGURA 3.14:Representação da estrutura da Zeólita A.

Fonte adaptado de: (DUAN et al., 2009).

Esta organização estrutural de acordo com Gianetto et al. (2000, p. 45) origina uma

supercavidade com diâmetro interno igual a 11,4 Å cortada por canais tridimensionais que

podem conectar-se através de poros delimitados por 8 oxigênios de abertura livre igual a 4,2Å

ou aberturas de diâmetro 2,2 Å formadas por 6 átomos de oxigênio originados de conexões

alternadas de cavidades sodalita (cavidade ß) e cavidades . O diâmetro destes canais é fator

delimitante para a entrada de moléculas orgânicas ou inorgânicas e pode variar dependendo

do tipo de cátion de compensação adsorvido.

Zeólita X ou Y (FAU)

A diferença entre estas duas zeólitas X e Y está na razão Si/Al da estrutura cristalina,

na zeólita X esta relação fica em torno de 1,0 e 1,5 e na zeólita Y onde a proporção de sílica é

maior esta relação é superior a 1,5. De acordo com Giannetto et al. (2000, p. 46) quando se

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encontram na forma sódica e hidratada e dependendo da relação Si/Al, apresentam parâmetro

de célula unitária variável 24,18 a 25,0 Å.

As Zeólitas X e Y apresentam a mesma estrutura cristalina (FAU) entre si e mesma

unidade de construção que a zeólita A, a cavidade sodalita. Estas zeólitas diferem da Zeólita

A quanto às unidades que ligam estas cavidades, sendo que nas zeólitas X e Y, estas unidades

de construção são ligadas entre si por anéis duplos de seis átomos de oxigênio 6-6 e não por

unidades de construção de anéis duplos de quatro átomos 4 - 4. Braga e Morgan (2007, p.185)

relatam que ocorre também a formação de uma supercavidade com diâmetro interno igual a

12 Å, com uma abertura de poro delimitada por anéis de 12 átomos e diâmetro de 7,4 Å. Esta

combinação, da supercavidade entre si e com as caixas sodalita origina a estrutura final da

zeólita X ou Y (Figura 3.15).

FIGURA 3.15:. Zeólita X / Y (faujazita).

Fonte adaptado de: (NAKANO, T. et al., 2006).

Ocorre também nas zeólitas X e Y, a formação de um sistema de canais

tridimensionais com abertura de poro de 6 oxigênios e diâmetro igual a 2,2 Å formado pela

conexão alternada de unidades de construção sodalita e supercavidades (Figura 3.16).

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FIGURA 3.16: Corte da comunicação entre supercavidade α, cavidade sodalita e um prisma

hexagonal, ligados por anéis de 6 e 12 oxigênios

Fonte: (BRAGA; MORGON, 2007)

Zeólita NaP1 (GIS)

Esta zeólita tem uma estrutura do tipo GIS e pode ser descrita como o empilhamento

de matrizes tridimensionais de eixo excêntrico duplo. Possui canais de abertura de 8 membros

paralelos ao eixo X e Y, deslocados um em relação ao outro no eixo Z. Na Figura 3.17 é

possível observar um esquema representativo como é esta estrutura.

FIGURA 3.17:Representação do tipo de estrutura GIS: a) cadeia de anéis de 4 membros, b) folha é

chamada de 4,82

e c) estrutura do tipo GIS.

a) b) c)

Fonte adaptado de: (MCCUSKER; BAERLOCHER, 2001).

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Na Figura 3.17(a) observa-se uma cadeia de anéis de 4 membros, a união destas

cadeias explica a rede estrutural das zeólitas tipo GIS. O ponto de junção das cadeias é

chamado de nó, no caso da GIS cada nó está associado a 2 anéis de 8 membros e 1 anel de 4

membros por isso a folha é chamada de 4,82. Em uma visão tri-dimensional, a orientação das

cadeias pode ser descrita como na Figura 3.17(b), onde U significa que a cadeia está para

cima e D para baixo. Na Figura 3.17(c) é possivel visualizar melhor essas posições, onde a

orientação das cadeias é apresentada na parte sombreada (MCCUSKER; BAERLOCHER, 2001).

3.1.2.3 Propriedades das zeólitas.

A utilização de zeólitas em diferentes segmentos industriais, agrícolas e de controle

ambiental deve-se a diferentes propriedades que lhe conferem vantagem em relação a outros

materiais. Estas vantagens estão relacionadas abaixo:

Maior superfície interna e externa devido a sua estrutura microporosa;

são seletivas quanto a forma e tamanho devido a canais e cavidades regulares e

uniformes presentes em sua estrutura;

permitem a troca de íons e desidratação reversível, por possuírem cátions de

compensação e moléculas de água em suas cavidades;

acidez interna;

grande estabilidade térmica que aumenta com o decréscimo da quantidade de

alumínio reticular e no caso do aumento da razão Si/Al também há um aumento da acidez.

Atividade catalítica.

As zeólitas apresentam muitas vantagens quando comparadas a catalisadores amorfos.

Por apresentarem uma estrutura organizada lhes confere a vantagem de serem seletivas em

função do tamanho de poro, podem ser reproduziveis quanto a síntese e podem acomodar

uma quantidade muito maior de moléculas no interior de seus poros (SMART; MOORE,

2005).

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A acidez nas zeólitas é atribuída a presença de sítios ácidos resultantes da presença de

Al na rede estrutural. A combinação somente de tetraedros de SiO4 levaria a uma estrutura

sem carga. A presença de Al na rede estrutural faz com que a mesma fique carregada

negativamente e desta forma justificando-se a presença de cátions inorgânicos. A quantidade

de Al pode ser manipulada de forma a obter diferentes estruturas. Com o aumento da razão

Si/Al a estabilidade térmica e hidrofobicidade também vão aumentar. (PAYRA; DUTTA,

2003). Existem dois grupos de zeólitas: as que podem ser obtidas na forma ácida sem colapso

da estrutura cristalina e aquelas que podem ser preparadas pela troca catiônica com íons

amônio (GIANNETTO et al., 2000). Na Figura 3.18 é apresentado um esquema da supefície

de uma zeólita acidificada pela troca iônica com íons amônio.

FIGURA 3.18:Diagrama da superfície da rede estrutural de uma zeólita. a) Zeólita como sintetizada,

Na+ como cátion compensador de carga; b) Troca do Na

+ por NH4

+ ; c) Com o aquecimento remoção

da amônia, criação de sítios ácidos de Brönsted, a estrutura pode existir em duas formas em equilíbrio

e d) formação de sítios ácidos de Lewis.

Si

O

Si

O

Al

O

Si

O O O O O O

Si Si

O

O O

O

Na+

-

Si

O

Si

O

Al

O

Si

O O O O O O

Si Si

O

O O

O-

NH4

+

Si

O

Si

O

Al

O

Si

O O O O O O

Si Si

O

O O

O-

H+

Si

O

Si Al

O

Si

O O O O O O

Si Si

O

O O

OOH

Troca com íon amônio

Aquecimento a 300 a 400oC.

Equilibrio

a)

b)

c)

Si

O

Si Al

O

Si

O O O O O O

Si Si

O

O O

O+

d) Desidroxilação entre 550 e 650oC.

Fonte adaptado de (SZOSTAK, 1989).

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A troca com íons amônio é utilizada quando o tratamento direto com um ácido não é

possível, pois a estrutura da zeólita é comprometida. O primeiro passo ocorre com a troca dos

cátions de compensação da estrutura zeolítica por íons amônio. O aquecimento da estrutura

provoca a liberação de amônia deixando a superfície do material protonada (H-zeólita).

Segundo Giannetto et al. (2000) estudos de IV na região de vibração dos grupos –OH

indicam que a H-zeólita pode existir nas duas formas representadas na Figura 3.18 (c). Com a

desidroxilação em uma temperatura mais alta em torno de 500 a 650oC o íon alumínio

tricoordenado é exposto, tem-se então a presença de sítios ácidos de Lewis.

3.1.2.4 Síntese de zeólitas

Na atualidade o processo de síntese de zeólitas se tornou uma rotina em muitos

laboratórios de pesquisa. Vários tipos de síntese já foram estudados detalhadamente e

tornados padrão para a produção de certos materiais, muitos métodos experimentais podem

ser obtidos na literatura, um exemplo de fonte é o Manual emitido pela comissão de síntese

International Zeolite Association (IZA)(ROBSON, 2001). De forma geral a síntese de

zeólitas é um processo hidrotérmico onde todas as variáveis envolvidas desempenham um

papel de maior ou menor grau para a produção de fases zeolíticas puras, síntese de alta

eficiência. O esquema das variáveis de processo está apresentado na Figura 3.19.

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FIGURA 3.19: Esquema representativo das variáveis envolvidas no processo de síntese de zeólitas.

Em seu livro Giannetto et al. (2000) descreveu algumas destas variáveis como os

principais fatores que afetam a síntese de materiais zeolíticos.

Fontes de Si e Al

A escolha das fontes de silício, alumínio ou de um heteroátomo que vão ser utilizadas

em síntese de zeólitas, tem um papel importante na produção destes materiais. Estas fontes

são selecionadas através de critérios relacionados à sua reatividade, disponibilidade, custo e

química, geralmente são utilizados fontes na forma de oxido e amorfas, (CUNDY, 2005).

Esta fontes podem ser suspensões coloidais de Si, materiais naturais como argilas com

diferentes proporções SiO2 e Al2O3 na sua composição (GIANNETTO et al., 2000) ou rejeitos

que possuam Si e Al em sua composição, um exemplo são as cinzas do carvão mineral.

Soluções coloidais com o sólido disperso em um líquido (Sol) ou soluções onde um líquido é

disperso em um sólido (gel) são as fontes mais reativas para produção das zeólitas mais

metaestáveis (GIANNETTO et al., 2000). Outro fator importante é a composição da mistura

reacional, pois a relação Si/Al além de direcionar a composição da rede, a quantidade de

alumínio vai ter papel importante na determinação da estrutura formada (SZOSTAK, 1989).

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Concentração de OH

O íon hidroxila funciona como um agente mineralizante, participa do processo de

dissolução das espécies silicato e alumina, formando íons. (GIANNETTO et al., 2000).

Segundo (SZOSTAK, 1989) o papel mineralizante vai englobar desde:

Uma função como direcionador de estrutura através do controle do grau de

polimerização dos silicatos em solução;

modificação do tempo de nucleação influenciando o transporte de silicatos a

partir da fase sólida;

crescimento do cristal também influenciado neste caso por um fenômeno de

transporte dos íons silicato da fase liquida para a fase sólida (aumento do tamanho do cristal);

controle da fase cristalina presente também pela influência na taxa de

transporte das espécies silicato de uma fase cristalina para outra.

Meio reacional – água

A água além de promover mobilidade dos íons na mistura reacional, desempenha um

papel mineralizante na quebra de ligações Si-O-Si ou Si-O-Al aumentando a reatividade

química e promovendo uma diminuição da viscosidade (GIANNETTO et al., 2000).

Juntamente a presença de cátions de compensação, pode participar como um direcionador da

estrutura a ser formada. Em reações alcalinas na presença de sódio como cátion de

compensação, a relação H2O/Na2O mais alta resulta em baixa concentração dos precursores

(íons Si e Al) em solução, resultando em fases menos estáveis. Quando esta relação é menor

ocorre o contrário em relação a concentração destes íons, originando estruturas mais estáveis.

(SZOZTAK, 1989).

Natureza e fonte de cátions de compensação

Os cátions de compensação são introduzidos na síntese através do agente

mineralizante (na forma de bases), dos direcionadores de estrutura (na forma de sais) ou

podem estar presente como constituintes das fontes de Si e Al utilizadas. Geralmente os

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cátions alcalinos, alcalinos terrosos e derivados de aminas ou íons de amônio quaternário são

os mais utilizados. O uso de cátions de compensação monovalentes ou substituição destes por

cátions orgânicos leva à formação de estruturas mais ricas em Si (GIANNETTO et al., 2000).

Síntese de zeólitas a partir de fontes naturais e alternativas:

A utilização de fontes naturais ou resíduos como fontes alternativas para a síntese de

zeólitas é o objetivo de muitos estudos realizados na área de preparação de materiais

catalíticos e de adsorção. Na Tabela 3.2 são apresentados alguns trabalhos sobre a síntese de

zeólita a partir de resíduos e argilas.

TABELA 3.2: Relação de alguns trabalhos utilizando fontes alternativas de silício e alumínio para a

síntese de zeólitas.

Zeólitas Fonte alternativa Si e Al Referências

ZSM-5

Cinzas da casca de arroz.

(KATSUKI et al., 2005)

(MOHAMED et al., 2008)

(PANPA; JINAWATH, 2009)

(OTHMAN ALI et al., 2011)

Caulim - Metacaulim (MIGNONI et al., 2007)

Zeólita A

Cinzas da casca de arroz (PETKOWICZ et al., 2008)

Cinzas volantes do carvão mineral

(TANAKA et al., 2004)

(TANAKA et al., 2006)

(HUI; CHAO, 2006)

(WANG et al., 2008)

(TANAKA et al., 2008)

(YAO et al., 2009)

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Zeólitas Fonte alternativa Si e Al Referências

Caulim e Metacaulim

(COSTA et al., 1988)

(BASALDELLA et al., 1990)

(MELO et al., 2012)

(LOIOLA et al., 2012)

(RIOS et al., 2009)

(CHANDRASEKHAR; PRAMADA, 2008)

(YOUSSEF et al., 2008)

(SHAMS; MIRMOHAMMADI, 2007)

(RIGO et al., 2009)

Crisotila (PETKOWICZ et al., 2008)

(ALI et al., 2009)

Esmectitas (MA et al., 2010)

Halosita (ZHAO et al., 2010)

Zeólita X

Cinzas volantes do carvão mineral (TANAKA et al., 2002a)

(MOLINA; POOLE, 2004)

Caulim - Metacaulim (CABALLERO et al., 2007)

(COLINA; LLORENS, 2007)

Zeólita Y

Cinzas volantes do carvão mineral (RAYALU et al., 2000)

Caulim - Metacaulim (CHANDRASEKHAR; PRAMADA, 2004)

Analcima Cinzas de casca de Arroz (ATTA et al., 2012)

Esmectita (RUIZ et al., 1997)

NaP1

Cinzas volantes do carvão mineral (STEENBRUGGEN; HOLLMAN, 1998)

(INADA et al., 2005)

Esmectitas (BACCOUCHE et al., 1998)

Zeólita Beta Caulim - Metacaulim (DUAN, A. et al., 2011)

Como observado na Tabela 3.2 nestes últimos anos foram obtidos diferentes materiais

com o uso de fontes alternativas de Si e Al. Os diferentes materiais utilizados como as cinzas

volantes do carvão mineral, cinzas da casca de arroz e o caulim tem características de

composição distintas, que muitas vezes são usadas para determinar o tipo de material

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sintetizado. Por exemplo, composição teórica da caulinita presente na argila caulim é de 39,85

de Al2O3; 46,3% SiO2 e 13,9%H2O (GOMES, 1988). Esta composição leva a relação Si/Al

ficar muito próxima a 1 a qual é a composição da zeólita A. Esta é uma das razões da

utilização do caulim como fonte de Si e Alumínio para a síntese da zeólita A nos artigos

citados acima na Tabela 3.2.

Uma das dificuldades observadas quando se busca trabalhar com fontes não

convencionais de Si e Al é a presença fases minerais diferentes como quartzo. No trabalho de

Izidoro e colaboradores (2012), a partir de cinzas de carvão com diferentes composições

foram obtidas zeólitas X, Sodalita e NaP1 e em todas as amostras, fases mais estáveis ao

tratamento hidrotérmico com NaOH continuaram presentes, como Quartzo e Mulite. Para

evitar a mistura de fases formadas, ou mesmo a presença de fases mais estáveis características

do material, muitos autores recorrem a sínteses em duas ou mais etapas. Uma pré–etapa de

fusão alcalina onde cinzas do carvão são misturadas a NaOH e aquecidas para posterior

tratamento hidrotérmico é possível obter fase zeolíticas puras (BERKGAUT; SINGER, 1996).

Em muitos casos o processo ocorre pela rota hidrotérmica em duas etapas de forma a obter do

mesmo resíduo dois materiais. Tanaka e colaboradores (2002b) sintetizaram a zeólita P a

partir do tratamento hidrotérmico em cinzas do carvão á 85oC por até 72h. O sobrenadante

recolhido nesse processo foi utilizado para a síntese da zeólita A e X pela mudança nas

relações Si e Al.

Mecanismos de síntese.

A formação das zeólitas ocorre em um meio bastante complexo compreendendo tanto

uma fase sólida como uma fase líquida. Em fase líquida a formação dos cristais de zeólita se

produz em solução, após aparecimento dos cristais (núcleos) estes passariam a aumentar de

tamanho por reações de condensação. Em fase sólida a cristalização se processaria através da

reorganização progressiva da fase sólida do gel sem uma participação direta da solução no

processo (GIANNETO et al. 2000). Na Figura 3.20 é apresentado um esquema de mecanismo

geral para síntese de zeólitas.

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FIGURA 3.20:Esquema geral para o mecanismo de síntese de zeólitas.

Fonte adaptado de: (CUNDY, 2005)

O período de indução (r) é o tempo (t) a partir do início da reação para o ponto no qual

produto cristalino é observada pela primeira vez. Neste tempo, o produto zeolítico nasce. Em

primeiro lugar, os reagentes interagem um com outro e começam a equilibrar. Durante este

período, há um aumento na ordenação estrutural no interior da fase amorfa (Figura 3.20(a) e

(b)). Começa o inicio da núcleação (Figura 3.20(c)), neste ponto, as áreas organizadas chegam

a um tamanho e grau de ordem iniciando-se assim o crescimento da estrutura.

Os núcleos crescem a partir de espécies em solução que são fornecidas a apartir de

reações de hidrólise (Figura 3.20(e)). Nesta etapa fica evidente o papel da H2O e do OH

como agentes mineralizantes, promovendo as reações de hidrólise. Quando todos os reagentes

são dissolvidos os cristais param de crescer. A menos que os processos de síntese sejam

interrompidos, a reação vai continuar até que um estado estacionário seja alcançado.

Normalmente, quando os reagentes forem consumidos (Figura 3.20 (d)).

Na síntese de zeólitas o papel dos cátions de compensação não se restringe ao

balanceamento das cargas negativas na rede estrutural. Atribui-se a estes cátions solvatados

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um efeito de direcionador de estrutura. Na Figura 3.20 (e) é apresentado um esquema de como

os cations de compensação podem estar atuando na formação da rede estrutural zeolítica.

3.2 TÉCNICAS MAIS UTILIZADAS PARA CARACTERIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO

DE PENEIRAS MOLECULARES.

Como referidos anteriormente os minerais argilosos possuem cristais de dimensões

muito pequenas, aliado a uma grande variabilidade de formas e organização estrutural.

Também as zeólitas podem apresentar diferentes fases em um mesmo produto de síntese. Por

isso, para uma análise e caracterização destes materiais existe a necessidade da utilização de

diferentes técnicas. Dentre as técnicas utilizadas destacam-se as técnicas de difração de raios-

X (DRX), termogravimetria (TG) e análise térmica diferencial (ATD), Espectroscopia de

emissão (EA) e adsorção atômica (AA), análise textural por adsorção de N2, e espectrometria

de fluorescência de raios-X (FRX), espectroscopia de absorção no infravermelho (IV) e

microscopia eletrônica de varredura (MEV).

3.2.1 Difração de raios-X

A caracterização por Difração de Raios – X é considerada a técnica mais importante

na caracterização de peneiras moleculares. Quando a radiação incide em uma amostra,

interage com os elétrons produzindo espalhamento. Estas interferências podem ser do tipo

construtivo ou destrutivo, como as distâncias entre os centros de espalhamento são

semelhantes em ordem de grandeza do comprimento da onda de radiação ocorre a difração.

(HOLLER et al., 2009)

Na Figura 3.21 é ilustrada a equação de Bragg onde a radiação ao incidir num cristal

num ângulo (θ), o espalhamento ocorre como um resultado da interação da radiação com

átomos localizados em O, P e R.

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FIGURA 3.21:Esquema representativo da Lei de Bragg.

O

P

R

d

d

n d sen

n = Número inteiro correspondente à ordem de difração;

λ = comprimento de onda da radiação característica incidente;

d = espaço entre dois planos paralelos do cristal;

= ângulo entre o plano dos RX incidentes e plano do cristal.

Fonte adaptado de (HOLLER et al., 2009)

Os padrões de DRX fornecem informações importantes para a caracterização de

zeólitas e argilas:

Identificação das fases presentes pela posição dos picos no difratograma.

Verificação se o processo de pilarização ocorreu em argilas pelo deslocamento

do pico 001 e pelo aumento do espaçamento basal (d001).

Na Figura 3.22 observa-se um difratograma típico para a zeólita Y. Nele estão

indicadas algumas informações que podem ser obtidas, informações como:

Tamanho dos cristalitos;

dimensão da cela unitária;

nível de cristalinidade;

presença de material amorfo;

tensões na estrutura (falhas de empilhamento, deslocamentos).

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FIGURA 3.22: Difratograma de uma zeólita Y.

Fonte adaptado de: (MCCUSKER, LYNNE B; BAERLOCHER, CHRISTIAN, 2001)

A faixa de obtenção de difratogramas de um sólido síntetizado (zeólitas) é geralmente

obtido na faixa de 2 θ = 5 a 40º, pois é nesta faixa onde aparecem os picos mais intensos e

caracterísiticos da estruturas zeoltíticas formadas. Acima de 40º os picos tem pouca

intensidade e conforme a cristalinidade da amostra pode não ser possível observá-los.

(SZOSTAK, 1989).

3.2.2 Termogravimetria e Análise Térmica Diferencial

A análise térmica é uma técnica muito útil na caracterização de sólidos microporosos e

mesoporos, já que permite determinar e relacionar entre si a perda de massa

(termogravimetria – TG) com a natureza endotérmica e exotérmica dos processos (análise

térmica diferencial – ATD), quando uma amostra é aquecida a temperatura programada.

O instrumental básico consiste numa balança de precisão acoplada a um forno que

permite programar o aumento da temperatura de forma linerar com o tempo. Os resultados

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são apresentados na forma de curvas termogravimétricas (TG), na qual a variação de massa é

registrada em função da temperatura ou tempo (CIENTIFUEGOS; VAITSMAN, 2000).

Medidas de acidez, em relação a densidade e força dos sítios ácidos presentes em um

material pode ser determinada pela adsorção de n-butilamina e posterior desorção

acompanhada por TG. Considera-se que moléculas básicas entram nos poros do material e

interagem com os sítios ácidos. Quando o material é analisado por TG, a partir das perdas de

massa observadas pode-se quantificar e qualificar os sítios ácidos presentes em fortes, médios

e moderados. A primeira perda de massa na faixa de 498oC corresponde a água e n-

butilamina fisicamente adsorvida. A adsorção na faixa de 516 – 676oC se deve a dissociação

de n-butilamina de sítios básicos. As perdas de massa a partir de 676 - 955oC de devem a

presença de sítios fortes (ARAUJO, A. S. D. et al., 1997). Para esta quantificação, considera-

se que 1 mol de n-butilamina corresponde a 1 mol de sítios ácidos.

A análise pode se dividir em 4 etapas:

1 – Aquecimento da amostra até uma temperatura de 400oC com fluxo de N2, de forma

eliminar a presença de H2O, e algum material adsorvido que possa interferir nas análise.

2- A amostra é esfriada a uma temperatura de entorno de 85oC e é exposta ao vapor de

n-butilamina por 1h para completa saturação dos sítios ácidos.

3 – A amostra é analisada por TG onde a desorção da molécula sonda é acompanhada

(ARAUJO, A.; JARONIEC, 1999).

3.2.4 Análise Textural por Adsorção de N2.

Uma das características mais importantes das peneiras moleculares é sua seletividade

em função da sua distribuição de tamanho de poros. A adsorção física de gases é amplamente

utilizada para caracterizar materiais micro e mesoporos, fornecendo dados de acessibilidade,

área específica.

Uma das técnicas mais utilizadas para análise textural em argilas e zeólitas é a análise

por adsorção de N2 a 77K. A Fisissorção de um gás em materiais porosos envolve forças de

Van der Waals que levam à condensação de um vapor (GREGG; SING, 1982). Também

estão envolvidas interações entre as fases: sólida e vapor condensado (fluído) e fluído-fluído.

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O fenômeno de adsorção também é regulado pelo efeito do confinamento nos poros sobre o

estado e estabilidade termodinâmica do fluido confinado nos poros estreitos. Isto vai se

refletir na forma ou tipo de isoterma de adsorção gerada (THOMMES, 2007). As isotermas

de adsorção de N2 estão relacionadas à quantidade de gás adsorvido a uma dada pressão, ou

pressão relativa (p/p0) (GREGG; SING, 1982). Na região de baixa pressão, a partir de p/p0=0

para aproximadamente 0,2, a adsorção ocorre na superfície externa das partículas e na

superfície de microporos. Nas maiores pressões relativas (0.4<p/p0<0.95), adsorção da

segunda e terceira camada ocorre, acompanhada pela condensação nos mesoporos.

Finalmente, a pressões relativas > 0,95, a condensação em macroporos. Na Figura 3.23 estão

apresentadas isotermas de adsorção de uma argila natural e pilarizada do tipo montmorilonita,

e uma zeólita.

FIGURA 3.23:Isotermas de adsorção para uma amostra de argila montmorilonita natural e pilarizada

(a) e de uma zeólita do tipo NaY (b).

Fonte adaptado de: a) (PERGHER et al., 1999) e b) (LLEWELLYN; MAURIN, 2007).

Na Figura 3.23 observam-se dois tipos de isotermas características, a isoterma da

argila montmorilonita pilarizada é caracterizada pela presença de uma isoterma do tipo IV que

pode ou não ter microporos e a zeólita em questão a isoterma segundo classificação da

IUPAC é do tipo I, materiais microporosos.

A isoterma da argila pilarizada apresenta histereses do tipo H3. Segundo a

classificação da IUPAC, esta histerese é característica da presença de poros do tipo fenda. A

isoterma do Tipo I mostra preenchimento quase completo dos poros em pressões relativas

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baixas. Alterações na estrutura da zeólita, como a desaluminação, podem modificar este

formato de isoterma, por exemplo, pela perda de cristalinidade associada com a destruição da

microporosidade.

Para caracterização textural de argilas pilarizadas os métodos mais utilizados são os

métodos BET para calculo de área específica, método BJH analisar distribuição de poros.

Como o processo de pilarização introduz microporosidade nos materiais o método t-plot é

comumente utilizado para calcular o volume de microporos, sendo este método também

aplicado para caracterização de zeólitas.

Um dos métodos mais utilizados para obter informações quantitativas a partir dos

dados de uma isoterma de adsorção é o método BET (Brunauer Emmett e Teller). Por este

método é possível calcular o volume de moléculas adsorvidas sobre a superfície do material

(monocamada) obtendo-se a área especifica. A equação abaixo é utilizada para este cálculo:

Área específica BET = nm . A . NA . 10-18

m2/g

Nm = número de moléculas adsorvidas na monocamada

A = área media em corte transversal de uma molécula de gás

NA = número de Avogadro

A distribuição do tamanho de poro, quando se trata de mesoporos pode ser obtida

usando o método BJH (Barret-Joyner-Halenda) que se baseia na equação de Kelvin, para

descrever a adsorção simultânea em multicamada e a condensação capilar nos poros de maior

tamanho. Com base no modelo, a relação p/p0 e o tamanho dos poros pode ser deduzida.

(MEYNEN et al., 2009)

Para calcular o volume dos microporos o método mais utilizado é o “t-plot” onde uma

isoterma padrão do tipo II é comparada com a isoterma de um material microporoso. Este

método foi proposto por Lippens e de Boer. (J.H. Lippens and J. de Boer, Catalysis 4 (1965)

319 (THOMMES, 2007). A partir deste método pode-se determinar o volume de microporos e

a área específica e em princípio o tamanho médio dos poros. Neste método uma quantidade de

N2 adsorvido plotado em função de t, que corresponde a espessura das camadas múltiplas de

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N2 adsorvido no material não poroso de referencia (MEYNEN et al.,2009). Desta forma os

valores de t são calculados a partir da equação abaixo:

t = n/nm . d

n = quantidade de gás adsorvido para cada valor de pressão relativa.

nm = capacidade da monocamada calculada a partir da equação BET

d = espessura da média da monocamada de N2 (0,354 nm).

3.2.5 Análise Química.

Para realizar análises químicas atualmente utilizam-se diferentes técnicas que

fornecem com precisão e rapidez informações sobre a composição da amostra ou produto

formado. As técnicas utilizadas podem ser do tipo destrutiva ou não destrutiva, onde a

amostra pode ser recuperada. A seguir serão abordadas duas técnicas, a espectrometria de

fluorescênica de raios – X e a absorção atômica.

3.2.5.1 Espectrometria de Fluorescência de Raios X.

Todos os elementos químicos presentes numa espécie, são excitados por um feixe

policromático de raios-X com energia conveniente, emitindo radiações características

secundárias ou de fluorescência. Estas radiações são dispersas por cristais adequados de modo

a que as radiações características dos elementos possam ser identificadas e captadas por

detectores. Esta técnica pode identificar elementos químicos com Z > 6 e em concentrações

variando de alguns ppms até 100%. Na análise de elementos químicos maiores que entram na

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composição de uma argila há fortes limitações quanto a precisão no que respeita ao Na e K e

limitações muito menos acentuadas para Mg e Al (GOMES p. 205, 1988).

Homogeneização das espécies e a interferência entre elementos (efeitos de matriz)

podem dificultar a análise de alguns elementos. O problema da homogeneização pode ser

eliminado através da fusão de Li2B4O7 ou Na2B4O7. No vidro obtido a distribuição dos

elementos químicos é homogênea e é utilizado para analisar Mg, Ti, Ca, Mn, Fe, K, Si, Al e

P. O efeito da matriz é eliminado com a utilização de padrão interno. Concentração de um

elemento é determinada por comparação entre a intensidade da linha característica respectiva

e a intensidade da mesma linha na amostra de referência que contém o elemento em

quantidade conhecida (GOMES, 1988).

3.2.5.1 Espectroscopia de Adsorção Atômica

A técnica de espectroscopia de absorção atômica permite a determinação de Mg, Ca,

Fe, Ti, Mn, Si e Al numa argila (GOMES, 1988). Nesta técnica ao ocorrer atomização com

chama, um número muito grande de átomos do metal na fase gasosa permanece no estado

fundamental. Estes átomos são capazes de adsorver energia radiante em um determinado

comprimento de onda (λ) de ressonância, que é em geral, o comprimento de onda da radiação

que os átomos emitiriam se fossem excitados a partir do estado fundamental. Assim, fazendo-

se uma luz de λ de ressonância igual à daqueles átomos passar por uma chama que contém os

átomos em questão, parte da luz será absorvida. A quantidade de luz absorvida é proporcional

ao número de átomos que estão no estado fundamental presentes na chama.

3.2.6 Microscopia eletrônica de varredura.

Um microscópio eletrônico de varredura (MEV) utiliza um feixe de elétrons, sob uma

voltagem suficientemente grande, por exemplo, 50 - 10 kV, elétrons de comprimento de onda

extremamente curto (f = 0,005Å) e, portanto, de poder de resolução potencialmente alto como

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uma fonte de iluminação, podem ser produzidos. Além disto, devido às suas cargas, os

elétrons podem ser focalizados por campos eletrostáticos ou eletromagnéticos e, então, são

capazes de formar imagens. (DEDAVID et al., 2007)

Esta técnica é muito utilizada em estudos de materiais, principalmente zeólitas.

Segundo SZOSTAK (1989), através desta técnica podem ser realizados estudos de:

Tamanho de partículas e cristais;

morfologia dos cristais;

agregação de metais;

intercrescimento de fases.

Nas argilas a técnica é muito utilizada para a identificação dos cristais individuais dos

minerais argilosos, permitindo observar que o mesmo argilo mineral pode apresentar

variações morfológicas. Permite avaliar a dimensão das partículas ou cristais e detectar a

presença de pequenas impurezas, tais como anatase e rutilo por exemplo. (GOMES, 1988)

3.2.7 Espectroscopia de absorção no Infravermelho (IV)

A região situada entre as regiões do visível e das microondas corresponde a radiação

infravermelha (IV) no espectro eletromagnético. A radiação eletromagnética na região do IV

na espectroscopia de absorção no IV é usada para determinação dos grupos funcionais de um

dado material, pois cada grupo funcional absorve em frequência característica de radiação no

IV gerando assim um gráfico de intensidade de radiação versus frequência

(CIENTIFUEGOS; VAITSMAN, 2000).

A espectroscopia vibracional no Infravermelho é uma técnia utilizada frequentemente

para caracterizar materiais como argilas e zeólitas. Em zeólitas é possivel através dos

espectros obter informações sobre a rede estrutural, sitio ativos caracterizados através de

moléculas sonda, adsorção e reações catalíticas e interação entre moleculas ancoradas nos

canais ou cavidades em zeólitas (LI, C.; WU, 2003). Na Tabela 3.3 estão listadas algumas

atribuições observadas no ifravermelho para as estruturas zeolíticas.

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TABELA 3.3: Atribuições para as principais bandas de absorção dos espectros de IV que pode ser

aplicadas para zeólitas.

Vibrações internas aos tetraédros Número de ondas (cm-1

)

Estiramento Assimétrico 1250-950

Estiramento Simétrico 720-650

Flexão (T-O) 420-500

Vibraçoes externa aos tetraedros Número de ondas (cm-1

)

Estiramento Assimétrico 1050-1150 *

Estiramento Simétrico 750-820

Anel Duplo 650-500

Abertura dos Poros 300-420

* – Ombros

Fonte: FLANIGEN, 1971 aput STOZAK, 1989.

Muitas destas aplicações podem ser estendidadas para a caracterização de argilas onde

a vibração de silicatos em camada pode ser dividida entre suas unidades constituíntes tais

como: grupos OH, ânion silicato, cátions octaédricos e interlamelares. Devido a serem

dependentes das vibrações da estrutura e também sofrerem influência dos grupos ao qual

estão cordenados as vibrações dos grupos OH são indicadores do ambiente estrural (PETIT,

2006).

A técnica de Infravermelho também pode ser utilizada para identificação da natureza

dos tipos de sítios ácidos em um material, em relação a acidez de Brönsted e Lewis. A

piridina na forma de íon pode ser adsorvida num sítio ácido de Brönsted e ficar ligada

coordenativamente a um local de um sitio ácido de Lewis. As freqüências vibracionais serão

distintas para os dois sítios (banda – sítio ácido de Lewis 1450 e 1600 cm-1

e banda – sítio

ácido de Brönsted em 1530 e 1620 cm-1

) (PAYRA; DUTTA, 2003).

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CAPÍTULO 4

ARTIGO – USING A FACTORIAL DESIGN METHOD FOR THE ACID

TREATMENT MONTMORILLONITE – RICH CLAYS FOR PREPARING

CATALYSTS.

Lindiane Bieseki1, Francine Bertella

2, Helen Treichel

3, Fabio G. Penha

4, Sibele B. C.

Pergher1

1. Programa de Pós-graduação em Ciências e Engenharia dos Materiais – PPGCEM -

UFRN, Av. Senador Salgado Filho, 3000, Natal – RN, Brasil, CEP 59.078-970. Phone:

84-94135418 E-mail: [email protected].

2. Departamento de Química/URI – Campus de Erechim, Av. Sete de Setembro, 1621,

Erechim - RS, Brasil, CEP 99700-000.

3. Universidade Federal da Fronteira Sul, Av. Dom João Hoffman, 313, Erechim - RS,

Brasil, CEP 99700-000.

4. Instituto de Química - UFRN, Av. Senador Salgado Filho, 3000, Natal – RN, Brasil, CEP

59.078-970.

ABSTRACT

Montmorillonite clays are of great interest for industrial processes such as catalysis

and adsorption. The textural properties of clays can be modified in an attempt to increase their

uses. This paper describes the acid treatment of natural montmorillonite clay. The materials

were characterized using X-ray diffraction (XRD), X-ray fluorescence (XRF), atomic

absorption spectroscopy (AA) and BET surface area measurements. Three different acids

(HCl, HNO3 and H2SO4) were tested, and HCl and H2SO4 were more efficient for removing

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Fe from the clay. The results indicate that HCl better preserves more of the material structure

because less Al is removed. A central composite design (CCD) 2² was applied to evaluate the

treatment using HCl. The temperature and concentration presented positive effects on the

removal of Fe, Al and Mg. Combinations of the HCl acid solution concentration and

temperature, such as 4 mol.L-1

/50°C and 1 mol.L-1

/75°C, assured that Fe was removed with

less damage to the structure.

KEYWORDS: acid treatment; clay; montmorillonite; Fe removal; central composite design.

Introduction

Smectite clays consist of layers of two silica tetrahedral sheets surrounding a central

alumina octahedral sheet. In montmorillonites, which belong to this group, isomorphic

substitutions occur in which the resulting negative charge is compensated by the adsorption of

hydrated cations into the interlayer region (Gomes, 1988; Pergher et al, 1999a). These

properties are useful for different industrial applications, such as in catalysis and adsorption,

and can be modified using the pillarization process with aluminum polioxocations, which

provides a permanent porosity and a Lewis acid characteristic to the material (Pergher et al,

1999b). Acid treatments also result in an increase of the porosity in clays. With increasing

concentration, higher surface areas are observed and the shape of the pores is modified from

the slit-shaped type to the spheroidal or bottle type (Kumar et al, 1995). In the acid, the

activation force and the number of acidic sites increase. However, as noted by Pushpletha et

al. (2005), the maximum increase is obtained in the intermediate acid concentration range.

The authors used a maximum acidity of 1.5 N for the samples treated with H2SO4 or HCl. The

increased aggressiveness of the acid treatment decreases the catalytic activity of clays because

of the impairment of the octahedral layers, which reflects a decrease in the Brönsted acidity

and is higher in acid-treated materials at lower concentrations (Komadel. P., 2003). These

treatments yield catalytic materials that have high porosities, surface areas, acidity and

thermal stability.

The natural clays have different compositions, and the presence of some types of

minerals can frequently be a problem for some applications (Araujo e Silva, 2003). For

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example, in pillared clays for acid-base catalysis, the presence of Fe can reduce the thermal

stability (Leite et al, 2000).

Acids treatments are efficient for removing Fe, but other cations, such as Ca, Mg and

Na, can also be removed. Depending on the variables tested in the treatment, a partial or total

degradation of the structure of the material can occur. The treatment using hydrochloric acid

for a long period of time (days) resulted in the amorphization of the structure (Rodrigues et al.

2006) and a decrease in the cationic exchange capacity (Pushpletha et al, 2005; Kumar et al,

1995).

Some previously reported studies (Pushpletha et al, 2005; Folleto et al, 2001) using

sulfuric acid and hydrochloric acid report reductions of approximately 75% to 40% in the

Fe2O3 content, depending on the type of acid used and the temperature of the treatment.

Higher concentrations and higher temperatures result in greater removals. Sulfuric acid

removes a higher percentage of iron compared to the same conditions in HCl. The parameters,

such as acid concentration, contact time (Didi et al, 2009; Christidis et al, 1997), clay/acid

ratio (Didi et al, 2009) and temperature (Christidis et al, 1997), were studied and applied to an

oil cleaning process (Didi et al, 2009; Woumfo et al 2007; Christidis et al, 1997). Acid

treatments were also used during the catalytic synthesis for the benzylation of benzene with

similar activity of commercial clays (K10 and KSF) (Kumar et al, 1995).

Those K10 and KSF commercial montmorillonite-rich clays, obtained by treatment

with sulfuric acid at different temperatures, were used during the pillarization process (Rossa

et al 2007). The KSF clay that was obtained using a soft treatment exhibited a higher

adaptability for the pillarization process. Therefore, an acid treatment study seems necessary,

and the optimization of the experimental parameters is crucial for obtaining materials with

low Fe levels while maintaining their structural integrity. These materials might then be used

in their activated or pillared forms.

The main aim of this work is to test different acids during the treatment of select

montmorillonite-rich clays and then optimize the removal of Fe without structural degradation

by using the most effective acid and adjusting the temperature and acid concentrations. A

factorial design tool was used for this purpose.

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74

Material and Methods

Materials

The natural montmorillonite clay was supplied by Colorminas Colorifício e Mineração

S/A, Içara, Brazil, and was called Clay A.

The material was treated with sulfuric acid P.A 98% (Quimex), hydrochloric acid P.A

37% (Vetec) and nitric acid P.A 65% (Quimex).

Leaching using different acids.

The samples were treated with the three different acids, which were each at a

concentration of 4 mol.L-1

. The reaction time was 6 h, and the temperature was 50°C. The

solid/liquid ratio was 1 g of solid to 30 mL of solution. All of the treated samples were

washed until the pH ≥ 5, and they were dried at 95°C for 12 h.

Experimental design for leaching with HCl

After selecting the acid (hydrochloric acid), a central composite design (CCD) 22

was

constructed. The independent variables studied were temperature (25-75°C) and HCl

concentration (1-7 mol.L-1

) (Table 1). The reaction time was fixed at 6 h, and the Clay/HCl

ratio was maintained at 1 g to 30 mL. The data were statistically analyzed using the Statistica

6.0 software package (Statsoft Inc, Tulsa, USA).

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75

TABLE 1: Matrix of CCD 22 (real and coded values) used and responses in terms of mass of cations

dissolved during acid treatment.

Run T (°C) [ ] mol.L-1

Mg2+

Fe2+

Al3+

1 25 (-1) 1 (-1) 3.61 0.66 2.68

2 25 (-1) 7 (+1) 3.72 0.87 3.34

3 75 (+1) 1 (-1) 4.97 3.27 10.13

4 75 (+1) 7 (+1) 10.96 9.93 26.76

5* 50 (0) 4 (0) 5.98 4.82 4.05

6* 50 (0) 4 (0) 6.05 5.04 4.58

7* 50 (0) 4 (0) 5.52 4.31 3.73

* central points.

Characterization of Samples

The obtained materials were characterized using X-ray diffraction (XRD) and specific

area absorption (BET). The liquid phase was analyzed using atomic absorption spectroscopy

(AA) to quantify the extracted amounts of Mg, Fe and Al.

The X-ray diffraction measurements were performed on a Siemens D5000

diffractometer equipped with a Ni filter and a Cu Kα X-ray source (λ = 1.54 Å). A VARIAN

model AA spectrometer was used for the atomic absorption measurements. The surface area

measurements were performed using nitrogen adsorption data employing a QuantaChrome

NovaWin 2 instrument. The samples were analyzed by infrared spectroscopy using a FTI-IR

Bruker alpha-p equipment without pretreatment.

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76

Results and discussion

Leaching with different acids.

Table 2 presents the chemical analysis data (FRX) of Clay A. The sample presents a

low concentration of Fe (2.37%). The Fe in smectite clays can be as isolated oxides or in an

isomorphic substitution in the crystal network (Leite et al, 2000). The material contained

montmorillonite, quartz and mica (see Figure 1).

TABLE 2: Clay A mass composition (wet sample)

Compound Mass (%)

SiO2 63.29

Al2O3 17.26

Fe2O3 2.37

CaO 2.47

Na2O 0.15

K2O 0.38

MnO 0.45

TiO2 0.14

MgO 5.08

P2O5 0.02

LOI 8.37

After leaching treatment, the recovered material and the sample without treatment

were analyzed by XRD. Figure 1 shows the results of leaching with different acids in a

concentration of 4 mol.L-1

at 50oC. It was observed that all materials keep their structure;

however, the intensity of (001) peak decreased. This loss of intensity probably occurs due to a

lamellar distortion that causes the partial destruction of the structure.

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77

FIGURE 1: Diffratogram of Clay A treated with HCl, H2SO4 and HNO3 with 4 mol.L-1

at 50°C for 6 h.

10 20 30 40 50 60

2

11

2 - Quartz

1 - Montmorillonite

Inte

nsity

2

Clay A

Lix. HCl.

Lix. H2SO

4

Lix. HNO3

3 - Mica

1

1 23

In addition, the (001) peak is shifted. Before the acidic treatment, the d001 of the clay

was 15.12 Å. After treatment with HCl, H2SO4 and HNO3, the d001 changed to 12.56, 14.73

and 12.60 Å, respectively. This peak shift is more pronounced after treatment with

hydrochloric and nitric acids, and it indicates a decrease of the interlayer region. Table 3

presents the chemical data and the amount of metal removed after leaching.

TABLE 3: Mass ratio of cations dissolved during acid treatment at a concentration of 4 mol.L-1

at 50°C

for 6 h (mg of cation/g of clay).

Acids Fe2+

Mg2+

Ca2+

Al3+

HCl 5.03 6.05 15.33 4.58

H2SO4 6.29 6.75 0.33 12.68

HNO3 1.76 6.61 13.37 9.00

The decrease in the interlayer region resulting from the acid treatments with HCl and

HNO3 can be attributed to the exchange of the Ca2+

cation with H+ (H3O

+). Pushpletha et al.

(2005) reported that the basal spacing of samples treated with H2SO4 also decreased. In our

samples, a re-hydration process may have occurred because with the acid treatment, the

samples lose only approximately 20% of their swelling capacity compared to natural clay

(Önal 2007). All of the acids removed cations, namely Al, Mg and Fe, from the octahedral

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layer of the clay. After the acid treatment of metakaolinite and natural kaolinite, Sabu et al.

(1999) observed that H2SO4 was more efficient in the removal of Fe. In montmorillonite-rich

clays, H2SO4 strongly removed the Al3+

species, which resulted in partial degradation of the

structure (Pushpletha et al., 2005; Folleto et al., 2001). The removal of magnesium was

similar for all of the different acid treatments. Finally, nitric acid did not remove Fe from the

material.

All of the samples that were treated with different acids were analyzed using N2

adsorption measurements, and Table 4 presents the measured surface areas. As expected, the

surface areas increased after the acid treatment, which is a probable consequence of removing

cations from the clay structure, thereby promoting porosity.

TABLE 4: Surface areas (BET) for samples leached with HCl, H2SO4 and HNO3 with 4 mol.L

-1 at

50°C for 6 h.

Sample SBET (m2/g)

Clay A 63

Leached HCl 124

Leached H2SO4 138

Leached HNO3 99

The increase of in the surface area has been reported for different materials, for

example, KSF and K10 clays that were treated with sulfuric acid (Cseri et al., 1995). For the

KSF clay, the surface area values were lower (9 m2/g) than for K10 clay, and micropores

were not observed, which reveals that the structural elements (Al, Fe and Mg) were weakly

extracted. This clay was treated at room temperature. In contrast, the acidic treatment of the

K10 clay was stronger and performed at higher temperatures, which resulted in the extraction

of Al. The K10 clay presented a large surface area (229 m2/g) with a major contribution from

the mesopores.

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Experimental Design for Leaching with HCl

The central composite design (CCD) using hydrochloric acid was constructed to verify

the removal of Fe and other species. Atomic absorption spectroscopy was used to determine

the amounts of Mg2+

, Fe2+

and Al3+

in the liquid phase. Table 1 presents the evaluated

variables, the experimental results and the response to the acid treatment in terms of cation

removal (mg of cation/g of Clay).

The main and interaction effects of each evaluated variable are presented in Figure 2.

Mg can be present in the interlayer space of the clay structure, but it can also be exchangeable

or isomorphically substituted into the crystalline network (Gomes, 1988). The Pareto chart

presented in Figure 2(a) shows that either an increase in temperature or acid concentration

enhances the removal of Mg2+

. However, the effect of temperature appears to be more

relevant. In fact, at low temperatures, the removal is incipient, irrespective of the acid

concentration.

The effects of temperature and acid concentration on the removal of Fe are shown in

the Pareto chart presented in Figure 2(b), and one can observe that the concentration of acid

enhances the removal of Fe when the temperature is greater than 30°C. This result is in

agreement with previously reported results (Woumfo et al., 2007) that revealed that the

removal of Fe2+

does not occur when temperature is 30°C or below.

During the extraction of aluminum, both parameters (temperature and concentration)

showed significant (main and interactive) effects, as observed in Figure 2(c). Higher

temperatures and acid concentrations enhance the removal of Al3+

, but the temperature exerts

a major influence on the evaluated response. As observed with the other species, an increase

in the acid concentration during the test performed at room temperature did not promote a

strong extraction of Al3+

.

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80

FIGURE 2: Pareto charts of main and interactions effects of independent variables on (a) Mg2+

, (b)

Fe2+

and (c) Al3+

removal during acid treatment.

(a)

(b)

(c)

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81

Table 5 presents the empirical models that predict the removal of cations (mg of

cation / g of Clay) as a function of temperature and HCl concentration. One can observe,

based on the variance analysis presented in Table 6, that the coded models related to the

removal of Mg2+

and Fe2+

were validated, however, the model related to the removal of Al3+

was not validated considering the 95% confidence level. In this situation, an analysis of the

Pareto chart of effects should be followed. The determination coefficients were 99%, 96% and

83% for the Mg2+

, Fe2+

and Al3+

cations, respectively.

TABLE 5: Empirical models that predict the removal of cations (mg of cation/g of Clay) as a function

of temperature and HCl concentration for each cation evaluated.

Cation Coded model

Mg2+

ionconcentrationconcentrat T.HCl.47.1 HCl.53.1T.15.283.5

Fe2+

ionconcentrationconcentrat (°C).HCl T.61.1HCl.72.1(°C) T.92.212.4

Al3+

ionconcentrationconcentrat (°C).HCl T.99.3HCl.32.4(°C) T.72.789.7

TABLE 6: Analysis of variance for each model presented in Table 5

Cation

Sum of

squares

Degress of

Freedom

Mean of

squares F calculated

Mg2+

Regression 36.44 3.00 12.15 217.01

Residues 0.17 3.00 0.06

Total 36.60 6.00

Fe2+

Regression 56.25 3.00 18.75 26.31

Residues 2.14 3.00 0.71

Total 58.38 6.00

Al3+

Regression 376.74 3.00 125.58 5.01

Residues 75.21 3.00 25.07

Total 451.95 6.00

Listed F3;3; 0.95= 9.27

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Infrared analyses of the natural and leached samples were performed (Figure 3) to

examine the influence of the acid treatments on the crystalline compositions. The bands at

3405 and 1635 cm-1

(adsorbed water) become more diffuse when the severity of the treatment

is increased (Christidis et al 1997).

FIGURE 3: FTIR spectra of leached samples.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

920

Wavenumbers (cm-1)

3629 3405 16351116

997518

Tra

nsm

itta

nce

7M / 75o

C

7M / 25o

C

4M / 50o

C

1M / 75o

C

1M / 25o

C

Clay A

The natural and acid treated samples exhibit absorption bands that are characteristic of

dioctahedral smectites (3629 cm-1

– stretching vibration of Al – OH – Al, and 920 cm-1

deformation vibration of Al – OH – Al) (Christidis et al., 1997; Pushpletha et al., 2005).

These bands and the band observed at 1116 cm-1

(Al-OH) (Kumar et al., 1995) decrease after

Al is removed during the acid treatment. The absorption bands also become more diffuse

when the severity of the treatment is increased. The absorption band at 1116 cm-1

from the

samples treated with the 7 mol.L-1

solution at 75°C was almost eliminated. This result

indicates that the acidic treatment preferentially attacks the octahedral layers of the clay.

However, the intensity decrease of the 997 cm-1

(Si-O-Si stretching) and 518 cm-1

(Si-O

deformation) bands after leaching indicates that tetrahedral structure was also affected by the

acid treatment (Kumar et al., 1995).

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83

Table 7 presents the surface area values for the samples treated for 6 h with HCl (1, 4

and 7 mol.L-1

) at 25, 50 and 75°C. Before treatment, the clay presents a surface area of

62.74 m2/g; therefore, the results clearly indicate that the acid treatments enhanced the surface

area in all of the treated samples. Previous reports (Kumar et al., 1995; Pushpletha et al.,

2005; Didi et al. 2009) indicate that an increase in the acid concentration promotes the

removal of cations from the tetrahedral and octahedral layers, which results in an increase of

the surface areas. In this work, an increase in the surface area was not observed for the

samples treated at 25°C. The tendency for the surface area to increase was confirmed only at

higher temperatures, even when using concentrated acid solutions (1 mol.L-1

).

TABLE 7: BET surface areas for samples treated with HCl using the experimental design methodology

Run SBET (m2/g)

Temperature

(°C)

Concentration

(mol.L-1

)

1 73 25 1

2 69 25 7

3 126 75 1

4 176 75 7

6 * 124 50 4

* central point

Changes in the mineralogical composition, which were revealed in the XRD

measurements presented in Figure 4, are in agreement with the variations in the specific

surface area data. All of the samples treated at 25°C present almost constant structural

features because the removal of Fe and Al is low. The displacement of the 001 reflection

(from 15.12 Å in the natural clay to 13.4 Å and 12.83 Å for the samples treated with 1 and 7

mol.L-1

, respectively) is likely caused by a Ca2+

cationic exchange, as noted in a previous

study (Pushpletha et al., 2005).

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FIGURE 4: XRD diagrams of Clay A and samples treated with HCl, on concentrations of 1, 4 and

7 mol.L-1

at 25, 50 and 75 °C for 6 h.

10 20 30 40 50 60

31

2

21

1

Inte

nsity

2

Clay A.

1M/25oC

1M/75oC

7M/25oC

7M/75oC

4M/50oC

1 - Montmorillonite

2 - Quartz

3 - Mica

1

At higher temperatures, a significant decrease in the intensity of the diffraction peaks

is observed. The major decrease in the diffraction peak intensity occurs after treating with

7 mol.L-1

of HCl.

CONCLUSIONS

Sulfuric and hydrochloric acids were efficient in the removal of Fe from the

montmorillonite-rich clay used in this work. These acids also promoted the extraction of the

Mg and Al species. In contrast, the use of nitric acid for the removal of Fe was inefficient.

The acid treatment enhanced the specific surface area of the material, thereby revealing the

partial degradation of the structure. This result requires a thorough definition of the treatment

conditions. The use of the experimental design methodology might be very useful in helping

to define such conditions, and it was used in this work to explain the influence of temperature

and HCl acid concentration on the extraction of Fe, Mg and Al.

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The combinations 4 mol.L-1

HCl / 50°C and 1 mol.L-1

HCl / 75°C assured the best

results because these conditions ensured the maximum removal of Fe without affecting the

structure of the material.

ACKNOWLEDGEMENTS

The authors thank URI – Campus Erechim, Colorminas Colorificio e Mineração S/A.

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CAPÍTULO 5

ARTIGO - MATERIAIS POROSOS OBTIDOS EM PROCESSO DE TRATAMENTO

ÁCIDO SEGUIDO DE PILARIZAÇÃO, A PARTIR DE ARGILAS

MONTMORILONITAS.

Lindiane Bieseki1*

; Helen Treichel3; Antônio Souza de Araujo

2 e Sibele B. C. Pergher

1,2.

1. Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais. Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, Laboratório de Peneiras Moleculares – LABPEMOL, 59078-970,

Natal – RN, Brasil.

2. Instituto de Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Laboratório de

Peneiras Moleculares - LABPEMOL, 59078-970, Natal – RN, Brasil.

3. Universidade Federal da Fronteira Sul, Av. Dom João Hoffman, 313, Erechim - RS, Brasil,

CEP 99700-000.

RESUMO

Uma argila montmorilonita foi tratada com ácido clorídrico e posteriormente pilarizada com

polioxocátions de Al. O tratamento ácido foi avaliado em relação a remoção de elementos

estruturais (Al, Fe e Mg) e comprometimento da organização lamelar. Quanto mais severo o

tratamento, maiores foram as áreas específicas obtidas. Apesar da perda de organização

estrutural todas as amostras foram pilarizadas, ocorrendo o deslocamento do pico (001) para

ângulos 2 mais baixos. A pilarização de todas as amostras tratadas com ácido promoveu um

aumento da área específica destes materiais. As amostras pilarizadas, previamente tratadas a

50oC nas concentrações de HCl de 2 e 4 mol.L

-1 apresentaram um aumento de suas áreas

especificas de cerca de 45%. A amostra pilarizada tratada a 4 mol.L-1

de HCl em temperatura

de 80oC teve o menor percentual de aumento da área específica, entorno de 10%, em relação a

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88

amostra de partida. Em todas as amostras ocorreu uma uniformização maior do tamanho de

poros. O tratamento ácido antes da pilarização promoveu um aumento do número de sítios

ácidos de força moderada em relação a argila natural pilarizada.

PALAVRAS CHAVE: Argila montmorilonita, tratamento ácido, pilarização.

Introdução

As argilas são materiais muito versáteis em termos de aplicação, muitos estudos são

direcionados para utilização destes materiais em catálise e adsorção. As argilas são

constituídas essencialmente por minerais argilosos, além de outros minerais e matéria

orgânica. Os argilominerais na sua maioria são filossilicatos, com estruturas organizacionais

tetraédricas e octaédricas organizadas em folhas que por empilhamento formam camadas do

tipo 1:1 (uma folha tetraédrica com uma folha octaédrica) 2:1 (duas folhas tetraédricas e uma

octaédrica entre as mesmas) ou camadas mistas 2:1:1 (GOMES, 1988; SANTOS, 1989;

BRIGATTI et al., 2006).

A argila montmorilonita é do grupo da esmectita que pertence à família 2:1. Devido a

substituições isomórficas e consequente desequilíbrio de cargas, esta argila apresenta cátions

de compensação que influenciam no tamanho do espaço interlamelar, que pode variar de 10 a

17,5Å, sendo de + 12,5Å quando o cátion interlamelar é o Na+ e de + 15,5Å quando o cátion

interlamelar é o Ca2+

(GOMES, 1988). Este desequilíbrio de carga na camada ocorre devido a

substituições isomórficas do Si por Al3+

e/ou Fe3+

nas folhas tetraédricas e ou Al3+

por Fe2+

,

Fe3+

Mg2+

, nas folhas octaédricas. Outros, cátions como Li+, Mn

2+, Co

2 +, Ni

2+, Cu

2+, Zn

2+,

V3+

, Cr3+

, e Ti4+

também foram identificados nas folhas octaédricas (BRIGATTI et al., 2006).

Estes cátions interlamelares são suscetíveis a troca, são comumente quantificados como CTC

(Capacidade de Troca Catiônica) do material. Esta CTC é responsável pela aplicação das

argilas como trocadores e adsorventes e também na síntese de argilas pilarizadas.

A ativação ácida em argilas promove um aumento na atividade catalítica para

reações de isomerização (SILVA; GARLA, 1999; VOLZONE et al., 2001; RODRIGUES et

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89

al., 2006; FLESSNER et al., 2001) e alquilação do benzeno (SABU et al., 1999). Pushpaletha

e colaboradores (2005), compararam a atividade catalítica de argilas tratadas com ácido

sulfúrico e clorídrico, e observaram que o ácido sulfúrico é mais eficiente na ativação ácida.

O tratamento ácido realizado nas argilas comerciais do tipo K10 e KSF é feito

utilizando H2SO4, no caso da KSF o tratamento é mais brando em temperatura ambiente. Em

estudo comparando estas argilas (CSERI et al., 1995) observaram por análise de adsorção de

piridina que a argila KSF apresentou maior acidez de Brönsted e menor acidez de Lewis

quando comparada as K10. Além de um aumento na acidez dos materiais pela presença de

sítios ácidos de Lewis e Brönsted (ADAMS; MCCABE, 2006) com o tratamento ácido,

ocorre um aumento na porosidade que favorece as reações. Lenarda e colaboradores (2007)

verificaram que o tratamento ácido em metacaulins calcinados em diferentes temperaturas

promove um aumento da porosidade. Esta característica é um dos fatores, pelo qual, uma das

aplicações mais comuns das argilas tratadas com ácido seja o branqueamento de óleos

(CHRISTIDIS et al., 1997). Por esta razão estudos relacionados a ativação ácida de argilas

envolvem normalmente a preparação de adsorventes para branqueamento de óleo a partir de

argilas naturais produzidas em diferentes regiões (NOYAN et al., 2007; NGUETNKAM et

al., 2011).

Quando se aplica um tratamento ácido sobre as amostras de argila são removidos

diferentes cátions como ferro, cálcio, magnésio e sódio, dependendo do tratamento, em alguns

casos há o comprometimento da estrutura pela retirada excessiva de Al3+

(CHRISTIDIS et al.,

1997; RODRIGUES et al., 2006; WOUMFO et al., 2007; KUMAR et al., 2001). Outras duas

características das argilas influenciadas pelo tratamento ácido são: a capacidade de

inchamento e de troca catiônica (CTC). Önal (2007), observou que a CTC diminui com o

aumento da concentração de H2SO4 utilizado na ativação e a capacidade de inchamento

diminuiu até 20% comparada argila de partida.

Neste estudo foi realizada a pilarização de argilas montmorilonita tratadas com ácido

clorídrico nas concentrações de 2, 3 e 4 mol.L-1

em temperatura de 50, 65 e 80oC, com o

objetivo de verificar a influência destes tratamentos dois processos na porosidade e acidez dos

materiais obtidos. O tratamento ácido foi realizado de acordo com planejamento estatístico 22

com 3 pontos centrais. A pilarização dos materiais foi realizada pela metodologia ex-situ com

polioxocátions de Alumínio. São apresentados neste trabalho os resultados referentes as

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análises de adsorção de N2, difração de raio-X, Espectroscopia no infravermelho e dessorção

de n-butilamina por aumento da temperatura.

Experimental

Tratamento ácido das argilas

As argilas utilizadas neste estudo foram tratadas com ácido clorídrico empregando-se

planejamento estatístico fatorial 22 com 3 pontos centrais. Desenvolveu-se este planejamento

utilizando os parâmetros apresentados na Tabela 1. Os níveis dos fatores foram codificados

como +1 (alto), 0 (ponto central) e -1 (baixo). A relação argila: ácido foi de 1 g para 30 mL de

solução. Todas as amostras tratadas foram lavadas até pH = 5 e secas a 100 °C “over night”.

TABELA 1: Parâmetros do planejamento fatorial 22

com 3 pontos centrais. O tempo de reação foi

fixado em 6 h e a relação Argila: HCl de 1g : 30mL.

Experimentos Temperatura (°C) Concentração

(mol.L-1

)

1 -1 (50) -1 (2)

2 -1 (50) +1 (4)

3 +1 (80) -1 (2)

4 +1 (80) +1 (4)

5 0 (65) 0 (3)

6 0 (65) 0 (3)

7 0 (65) 0 (3)

*Entre parentes o valor de temperatura e concentração para cada um dos fatores.

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91

Pilarização das argilas tratadas

As amostras de argila tratadas com ácido foram pilarizadas seguindo o procedimento:

1,5 g de argila tratada foram colocadas em suspensão com 150 mL de H2O sob agitação por

2 h. Em seguida foi adicionado 300 mL de agente pilarizante com 16,6 meq Al/g. O agente

pilarizante foi preparado pela adição lenta de 200mL hidróxido de sódio 0,25 mol.L-1

a

100 mL de cloreto de alumínio 0,25 mol.L-1

mantendo em envelhecimento por 6 dias. A

mistura argila e agente pilarizante ficou em agitação por 2 h, após este período foi filtrada e

seca a 100°C por 12 h.

Calcinação das amostras pilarizadas

As amostras foram calcinadas a 450oC por 3 h seguido o seguinte programa:

aquecimento de temperatura ambiente a 150oC numa taxa de 5

oC/min, mantem-se por 30 min;

aquecimento de 150 - 450oC a uma taxa de 5

oC/min, mantem-se a 450

oC por 3 h.

As amostras tratadas foram nomeadas segundo a seguinte nomenclatura PxMy. A letra

P significa que as amostras foram pilarizadas, x a concentração de ácido utilizada no

tratamento ácido e y a temperatura utilizada em cada tratamento. Por exemplo, as amostras

tratadas com 2mol.L-1

de HCl a temperatura de 50oC foram nomeadas como 2M–50, após

pilarização P2M-50 e após calcinação P2M-50C.

Medida de acidez

As medidas de acidez foram realizadas através da adsorção de vapor de n-butilamina

seguida pela dessorção por aumento da temperatura. A dessorção foi realizada em um

analisador termogravimétrico em fluxo de N2 (25mL/min) e rampa de aquecimento de

10oC/min, para determinação da quantidade de base dessorvida em cada faixa de temperatura.

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92

Para adsorção as amostras previamente calcinadas foram submetidas a aquecimento (400oC)

por 2h sob fluxo de nitrogênio (30mL/min). Em seguida a temperatura é reduzida a 95oC e os

vapores de n-butilamina foram conduzidos pelo fluxo de N2 para a amostra durante 1h. Por

fim as amostras foram submetidas novamente a fluxo de N2 a temperatura de 95oC para

retirada de n-butilamina fisicamente adsorvida. O número de moléculas de n-butilamina

adsorvidas foi calculado segundo equação (1) e o número de sítios ácidos foi calculado de

acordo com a equação (2).

n (n-butilamina) = m (n-butilamina)/ MM (n-butilamina) (1)

N = n (n-butilamina) / m (catalisador) (2)

Onde:

n (n-butilamina) = número de moléculas de n-butilamina;

m (n-butilamina) = massa de n-butilamina adsorvida;

MM = massa molecular da n-butilamina, 73,14 g.mol-1

;

N = número de sítios ácidos;

m (catalisador) = massa do catalisador livre de n-butilamina.

Caracterização dos materiais.

As análises de Difração de Raios-X foram realizadas num DIFFRAKTOMETER –

modelo D5000 (Siemens) utilizando filtro de Níquel e radiação Cu-k (λ = 1,54 Å), intervalo

de varredura de 2 = 2o a 65

o e passo de varredura de 0,02

o. Para a análise de adsorção

atômica o equipamento utilizado foi um Espectrofotômetro de Adsorção Atômica VARIAN –

modelo AA. As amostras foram analisadas por Espectrometria de infravermelho (DRIFTS)

em um equipamento FI-IR BRUKER alpha-p sem prévio tratamento. As medidas de área

específica foram realizadas por adsorção de nitrogênio, utilizando o aparelho QuantaChrome

Nova 2200e. As amostras foram previamente tratadas a 300oC/3 h sob vácuo.

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93

Resultados e discussão

Tratamento ácido

No tratamento ácido realizado foi avaliada a remoção do ferro e outros elementos,

relacionando as variáveis de temperatura e concentração utilizadas. A quantificação das

espécies Fe, Al e Mg removidos foi realizada por absorção atômica. Os valores obtidos são

apresentados na Tabela 2.

TABELA 2: Valores em mg de cátions removidos por g de argila, seguindo planejamento

experimental fatorial 22 com 3 pontos centrais.

Experimentos Concentração e

temperatura Fe

2+ Al

3+ Mg

2+

Ponto central* 3 mol.L-1

- 65oC 7,70 12,55 7,58

Exp 1 2 mol.L-1

– 50oC 2,57 6,12 5,96

Exp 2 4 mol.L-1

- 50oC 5,00 6,87 6,27

Exp 3 2 mol.L-1

- 80oC 9,19 9,50 8,72

Exp 4 4 mol.L-1

- 80oC 12,90 20,17 12,90

* somente resultado de um dos pontos centrais.

A partir dos dados obtidos foi realizado um tratamento utilizando o programa

Statistical 6.0. Os valores de efeito apresentados nas Tabelas 3; 4; e 5 mostraram a influência

da temperatura e concentração na retirada de Fe2+

, Al3+

e Mg3+

. Em relação à remoção destes

cátions a concentração e a temperatura tem efeito positivo. Desta forma o aumento na

temperatura e concentração promove uma maior remoção destes cátions da argila tratada. A

interação destes dois fatores mostra-se mais relevante para a retirada de Al3+

seguido pelo

Mg2+

e por último Fe2+

. Comparando-se o efeito da temperatura sobre a retirada de alumínio e

ferro observa-se que para ambos ficou próxima, sendo que a concentração exerceu maior

influência na retirada de alumínio do que ferro, para este planejamento na temperatura de

80°C.

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94

TABELA 3: Efeitos calculados para o planejamento fatorial 22 + 3 pontos centrais para a lixiviação de

alumínio.

Parâmetro Efeito Erro

padrão t(3) p

Média/Interc. 11,57429 0,641162 18,05204 0,000371

(1) Consc. 5,71000 1,696356 3,36604 0,043538

(2) Temp. 8,34000 1,696356 4,91642 0,016119

1 x 2 4,96000 1,696356 2,92391 0,061302

TABELA 4: Efeitos calculados para o planejamento fatorial 22 + 3 pontos centrais para a lixiviação de

ferro.

Parâmetro Efeito Erro

padrão t(3) p

Média/Interc. 7,494286 0,059949 125,0111 0,000001

(1) Consc. 3,070000 0,158610 19,3556 0,000301

(2) Temp. 7,260000 0,158610 45,7726 0,000023

1 x 2 0,640000 0,158610 4,0351 0,027375

TABELA 5: Efeitos calculados para o planejamento fatorial 22 + 3 pontos centrais para a lixiviação de

magnésio.

Parâmetro Efeito Erro

padrão t(3) p

Média/Interc. 8,075714 0,257986 31,30287 0,000072

(1) Consc. 2,245000 0,682568 3,28905 0,046111

(2) Temp. 4,695000 0,682568 6,87844 0,006294

1 x 2 1,935000 0,682568 2,83488 0,065924

Comparando os valores em mg de Fe2+

e Al3+

retirados nos experimentos 3 e 4 ,

Tabela 2. A retirada de alumínio no experimento 4 foi muito acima do registrado para o

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experimento 3, de 9,5 para 20,17 mg por g de argila. No caso do ferro a diferença foi menor

de 9,19 para 12,9 mg g-1

As amostras obtidas frente ao tratamento com ácido clorídrico foram analisadas por

espectroscopia de infravermelho, assim como a amostra natural para fins de comparação. Na

Figura 1 são apresentados os espectros de infravermelho para as amostras estudadas.

FIGURA 1:Espectros de Infravermelho para uma amostra de argila natural e tratadas com HCl em

diferentes concentrações e temperaturas.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Tra

ns

mit

ân

cia

Número de onda (cm-1

)

3629 34051635

1116

997518

argila natural2 M - 50

4 M - 503 M - 652 M - 804 M - 80

920

835

793

As bandas nas regiões de 3405 e 1635 cm-1

correspondem à água adsorvida.

(CHRISTIDIS et al., 1997). Com o tratamento ácido e os processos de secagem a água é

retirada da estrutura, e como consequência, notam-se bandas menos intensas e o

desaparecimento da banda em 3405 cm-1

. Observa-se tanto na esmectita natural como nas

amostras tratadas com ácido, a presença de bandas características de esmectitas dioctaédricas.

(regiões de 3629cm-1

– estiramento simétrico Al – OH – Al e em aproximadamente 920 cm-1

devido as vibrações Al – OH – Al) (CHRISTIDIS et al., 1997; PUSHPALETHA et al., 2005).

A ocorrência de substituição isomórfica do Al por Mg pode ser associada à presença de uma

banda de vibração em 835cm-1

referente a ligação (Al-Mg-OH), não sendo possível observar a

presença de uma banda em 875cm-1

referente a vibração (Al-Fe-OH) (TYAGI et al., 2006).

Devido à retirada de alumínio observa-se que nas amostras tratadas com ácido estas

bandas são menos intensas, assim como a banda na região de 1116 cm-1

que é relativa à

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vibração Al – OH. (KUMAR et al., 2001). As bandas referentes a presença de Mg com

substituição isomórfica (835cm-1

) perde bastante intensidade com o tratamento ácido, isto

também foi observado por (TYAGI et al., 2006) e colaboradores no tratamento de uma argila

montmorilonita com H2SO4. A diminuição de intensidade ocorre de forma progressiva,

conforme aumento a agressividade do tratamento ácido. Na amostra 4M-80 a banda em

1116 cm-1

não é mais visualizada. Desta forma observa-se que tratamento ácido ataca

preferencialmente as camadas octaédricas da argila.

Ocorre uma diminuição nas intensidades das bandas nas regiões de 997 cm-1

(Si – O –

Si estiramento) e 518 cm-1

(Si - O deformação) das amostras tratadas em relação a amostra

natural, indicando que a estrutura tetraédrica está sendo, também um pouco afetada pelo

tratamento ácido empregado (KUMAR et al., 2001). Estas bandas apresentam pouca

diferença, quando se comparam as diferentes amostras tratadas, sendo que a amostras tratada

com HCl 4M-80 apresenta as bandas menos intensas nestas duas regiões.

Na Figura 2 são apresentados os difratogramas das amostras tratadas e os respectivos

valores de espaçamento basal.

FIGURA 2:Difratogramas das amostras de argila tratadas com HCl. Fases identificadas (M)

montmorilonita, (Q) quartzo e (C) óxido de cálcio e manganês (Ca4Mn2O7).

10 20 30 40 50

C

d001

= 13,22Å

Inte

nsi

da

de

2 theta

d001

= 15,12Å

d001

= 12,62Å

d001

= 12,91Å

d001

= 15,48Å

d001

= 12,67Å

Natural

2M-50

4M-50

3M-65

2M-80

4M-80

M

MM

Q

QM

A partir dos resultados de DRX observa-se que mesmo utilizando concentrações mais

baixas, a cristalinidade do material diminui com a utilização de temperaturas mais elevadas no

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tratamento. No trabalho de Okada e colaboradores (2006), os difratogramas das amostras de

montmorilonita tratadas com H2SO4 apresentaram uma diminuição do pico (001) como no

caso de nossa amostra evidenciando uma desorganização estrutural, pela retirada excessiva de

Al, Fe e Mg da estrutura, como observado pelos resultados apresentados na Tabela 2.

Todas as amostras com exceção da amostra tratada em temperatura de 3mol.L-1

a

65°C, apresentam diminuição nos espaçamentos basais. A diminuição do espaçamento basal

deve-se ao fato da troca catiônica de Ca2+

por H+ na forma de H3O

+. O valor mais elevado de

espaçamento basal da amostra 3M-65, pode ser devido a uma re-hidratação do material. A

tendência observada por Önal (2007), é de que ocorra uma diminuição para até 20% da

capadidade de inchamento. Para o processo de pilarização seria interessante que as amostras

não perdessem de forma acentuada esta capacidade, uma vez que é necessário expandir as

lamelas para inserção dos pilares de Al.

Na Figura 3 é apresentado um gráfico de distribuição de tamanho de poro para os

materiais obtidos após tratamento ácido.

FIGURA 3:Distribuição do tamanho de poros para as amostras tradadas com ácido clorídrico.

10 100 1000

0,000

0,001

0,002

0,003

0,004

0,005

0,006

0,007

0,008

0,009

~ 40Å

argila natural

2M-50

4M-50

2M-80

4M-80

3M-65

Volu

me

de

po

ro (

cc/g

/A)

Diâmetro de poro (A)

50 - 60Å

Com o tratamento ácido ocorre o aumento no tamanho de poros em função do

aumento da temperatura e concentração do ácido utilizado, conforme observado nas curvas de

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distribuição de tamanho de poros. A faixa de tamanho de poro para argila natural fica em

torno de 4nm. No caso das amostras 2M-80 e 4M-80 varia de 4 a até 10 nm,

aproximadamente. Isto se reflete no aumento da área específica destes materiais, juntamente

com o aumento da mesoporosidade.

Pilarização das amostras tratadas com ácido

As amostras pilarizadas foram analisadas antes e depois da calcinação. Os

difratogramas apresentados na Figura 4 mostram a comparação entre as amostras tratadas e

pilarizadas antes da calcinação e uma amostra de argila natural.

FIGURA 4: Difratograma das argilas natural e tratadas pilarizadas. Fases identificadas

(M) montmorilonita e (Q) quartzo.

10 20 30 40 50

Q

QM

M

d001

= 18,01Å

d001

= 18,38Å

d001

= 18,01Å

d001

= 17,79Å

d001

= 19,02Å

Inte

nsid

ad

e

2 theta

Argila natural

P2M -50

P4M-50

P3M-65

P2M-80

P4M-80

d001

= 15,12Å

M

M

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Nos difratogramas apresentados observa-se o deslocamento do pico d001, indicando a

intercalação de oligômeros de Al13 entre as lamelas. As amostras tratadas a 80oC nas

concentrações de 2 e 4 mol.L-1

também foram pilarizadas, mesmo apresentando menor

organização lamelar. Nas amostras tratadas em maior temperatura (80oC) a pilarização não

trouxe mudança significativas além do aumento do espaçamento basal. Mesmo apresentando

pouca organização estrutural os valores de espaçamento basal ficaram próximos aos valores

das amostras que receberam um tratamento ácido mais brando.

As amostras pilarizadas apresentaram valores maiores de espaçamento basal quando

comparadas às amostras de partida e a argila natural (15,12 Å). O valor mais alto de

espaçamento basal foi obtido com a amostra 2M-50, e o menor valor com a argila lixiviada

4M–50. Devido à proximidade de valores, fica evidente que, o material mantendo um pouco

de sua organização estrutural (lamelar) é possível de ser pilarizado. Na Tabela 6 são

apresentados os valores de área específica, área de microporos, volume de poro, volume de

microporos e espaçamento basal das amostras.

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TABELA 6: Parâmetros texturais para as amostras tratadas com ácido e argilas ácidas pilarizadas.

VBJH – Volume de poro método adsorção cumulativo BJH.

Vtotal – Volume total de poro para poros menores que 193,82Å a p/p0 = 0.95

Vt-plot – Volume de microporos pelo método t-plot

At-plot – Área de microporos pelo método t-plot

ABET – Area específica pelo método BET

d001 - Espaçamento basal

Amostras tratadas com HCl Amostras após pilarização e calcinação

Vtotal

(cm3/g)

VBJH

(cm3/g)

Vt-plot

(cm3/g)

At-plot

(m2/g)

ABET

(m2/g)

Vtotal

(cm3/g)

VBJH

(cm3/g)

Vt-plot

(cm3/g)

At-plot

(m2/g)

ABET

(m2/g)

d001

Å

2M-50 0,085 0,052 0,017 34 96 0,135 0,045 0,071 138 192 17,1

4M-50 0,118 0,076 0,014 29 114 0,148 0,053 0,071 139 205 16,1

3M-65 0,149 0,093 0,024 49 150 0,159 0,069 0,063 121 206 16,4

2M-80 0,181 0,177 0,012 35 176 0,187 0,088 0,064 124 233 16,7

4M-80 0,260 0,196 0,007 14 216 0,247 0,159 0,033 65 244 16,2

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101

Observa-se uma diminuição dos valores de espaçamento basal das amostras

pilarizadas após a calcinação, o que é normal devido à contração do íon de keggin. Observa-se

que com o aumento da severidade do tratamento (aumento da concentração do ácido e

temperatura), ocorre um aumento de área BET. Verifica-se um aumento significativo no

volume de microporos em relação às amostras apenas tratadas com ácido. Este aumento se

deve a inserção dos pilares na região interlamelar organizando a estrutura.

Na Figura 5, onde é apresentado um gráfico da distribuição de poros, observa-se que

ocorre uma maior uniformização do tamanho dos poros em relação às amostras somente

tratadas com ácido.

FIGURA 5: Distribuição do tamanho de poros para as argilas ácidas pilarizadas e calcinadas.

10 100 1000

0,000

0,001

0,002

0,003

0,004

0,005

0,006

0,007

0,008

argila natural

P2M - 50C

P4M - 50C

P2M - 80C

P4M - 80C

P3M - 65C

Volu

me

de

po

ro (

cc/Å

/g)

Diâmetro de poro (Å)

~ 35 Å

Esta uniformização dos poros se reflete na diminuição do volume de poros (BJH) das

amostras pilarizadas e calcinadas em relação às amostras tratadas, como mostrado na Tabela

6. Verifica-se também que a diferença entre as áreas específicas BET para as argilas tratadas e

as amostras pilarizadas diminuem à medida que o tratamento ácido realizado, torna-se mais

severo. A maior diferença de área obtida foi para as amostras tratadas em temperatura mais

baixa. Pode-se inferir que as amostras tratadas em temperaturas mais brandas possuem

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102

estruturas mais organizadas que facilitam a entrada de pilares, apresentando aumentos mais

significativos de área específica BET quando comparada ao material de partida.

A diferença entre as áreas específicas e de microporos, evidencia que o processo de

pilarização foi efetivo para as argilas tratadas. Os valores apresentados encontram-se

próximos dos valores obtidos com amostras de argilas naturais pilarizadas. Mas o aumento de

área mais significativo foi observado para as amostras 2M-50 e 4M–50, que tiveram um

aumento de mais de 50% em sua área específica.

Foram realizados ensaios de adsorção de n-butilamina em 4 amostras de argilas

ácidas pilarizadas, em uma amostra de argila natural pilarizada (obtida segundo metodologia

Pergher et al. 2011) e uma argila tratada com ácido sem pilarizar (3M-65). A dessorção da

n-butilamina é acompanhada por análise termogravimétrica e fornece informações sobre a

força e densidade dos sítios ácidos presentes no material. Na Figura 6 são apresentados os

resultados da análise termogravimétrica de 3 amostras antes e depois da adsorção com

n-butilamina.

Em todas as amostras pilarizadas com n-butilamina, foi observada uma perda inicial

na faixa de temperatura entre 30 a 100oC. Esta é relacionada a água adsorvida, desta forma os

eventos seguintes de perda de massa foram atribuídos a presença de sítios ácidos fracos (II),

médios (III) e fortes (IV). Nas Tabelas 7 são apresentados os resultados das perdas

percentuais nos eventos II, III e IV. Os valores referentes à densidade e força relativa dos

centros ácidos das três amostras adsorvidas são apresentados na Tabela 8. As amostras não

adsorvidas foram analisadas para comparação e a perda de massa registrada no evento IV foi

considerada nos cálculos de acidez, pois nesta faixa de temperatura começam ocorrer reações

de desidroxilação.

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103

FIGURA 6: Curvas termogravimétricas das amostras: a) argila pilarizada; b) argila pilarizada

adsorvida com n-butilamina; c) P3M-65C; d) P3M-65C n-butilamina; e) 3M-65 e f) 3M-65 n-

butilamina.

a)

b)

c)

d)

e)

f)

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TABELA 7: Faixas de temperatura e respectivas perdas de massa obtidas a partir das curvas

TG/DTG.

Amostras Faixa de Temperatura (°C) Perda de Massa (%)

II III IV II III IV

Pilc - n 109-277 308-505 509-777 3,25 2,59 3,76

Pill 522 -664 1,83

P2M-50C-n 121-274 302-486 525-787 2,33 2,82 2,60

P2M-50C 542-694 1,56

P3M-65C-n 110 - 261 281-467 504-764 2,78 2,41 3,19

P3M-65C 479-689 2,02

P2M-80C-n 118-263 302-493 508-785 2,69 2,94 3,39

P2M-80C 526-700 2,02

P4M-80C-n 94-273 306-472 481-688 3,37 2,74 2,60

P4M-80C 531-676 1,53

*3M-65-n 122-273 295-472 507-693 2,68 2,88 2,68

*3M-65 504-706 2,36

* Amostras de argila tratada com ácido não pilarizada.

TABELA 8: Densidade e força relativa dos centros ácidos das amostras, obtidos através da dessorção

de n-butilamina por termogravimetria (TG/DTG).

Amostras

Centros Ácidos (mmol/gcat)

II

(fracos)

III

(moderados)

IV

(fortes) Total M/f M/F

Pilc - n 0,462 0,368 0,270 1,101 0,796 1,363

P2M-50C-n 0,339 0,410 0,143 0,891 1,209 2,867

P3M-65C-n 0,406 0,352 0,151 0,909 0,887 2,331

P2M-80C-n 0,399 0,436 0,191 1,020 1,093 2,282

P4M-80C-n 0,477 0,389 0,138 1,004 0,815 2,819

* 3M-65-n 0,390 0,418 0,032 0,840 1,072 13,062

F = Fortes; M = Moderados e f = Fracos

* Amostra de argila tratada com ácido não pilarizada.

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105

A argila natural pilarizada apresenta maior valor de acidez total, quando comparada a

todas as demais amostras adsorvidas com n-butilamina. Comparando as duas amostras 3M-65

e P3M-65C se observa que a amostra pilarizada apresenta uma maior quantidade de sítios

ácidos. Pergher e colaboradores (1999), apresentam um estudo da síntese de argilas

montmorilonintas com polioxocátions de alumínio. Os autores observaram que a acidez de

Lewis é predominante nas amostras produzidas e aumenta com o processo de calcinação. A

diminuição da acidez Brönsted das argilas ácidas pilarizadas é maior do que o aumento da

acidez de Lewis com a calcinação (MOKOYA; JONES,1995). Na amostras tratadas em

temperatura mais baixas e concentração menores, o processo de pilarização promoveu um

aumento na área específica, desta forma a acidez nestes materiais pode ser relacionada a uma

maior quantidade de pilares.

No caso das amostras tratada com mais severidade, amostras P2M-80C e P4M-80C os

maiores valores de acidez podem ser relacionados ao tratamento ácido aplicado. Kumar e

colaboradores (1995) verificaram que materiais como K10 apresentam maior acidez do tipo

Lewis em relação a acidez de Brönsted. Podemos relacionar este fato com as amostras obtidas

neste estudo, onde as argilas tratadas em condições mais severas apresentariam maior caráter

ácido do tipo Lewis. Desta forma, o número de sitios ácidos ficou próximo aos valores da

argila natural pilarizada, pois a maior contribuição para a acidez estaria relacionada ao

tratamento ácido aplicado e não somente a contribuição vinda dos pilares presentes na

amostra.

Todas as argilas acidas pilarizadas analizadas apresentaram maior número de sítios

ácidos de força moderada em relação aos sítios ácidos fracos e fortes, em comparação a argila

ácida natural pilarizada.

CONCLUSÕES

A partir dos dados apresentados conclui-se que o tratamento ácido promove uma

desorganização na estrutura da argila. Quanto mais severas as condições de temperatura e

concentração, maior é o comprometimento da organização lamelar. A temperatura apresenta

um efeito maior sobre a remoção de cátions estruturais quando comparada a concentração do

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106

ácido. A diminuição da intensidade dos picos d001 para as amostras pode, ser relacionado à

desorganização das camadas estruturais, e o comprometimento das folhas octaédricas é

observado pela análise de infravermelho com a diminuição das bandas características

indicadoras da presença de Mg e Al estrutural. A distribuição de tamanho de poros no

material apresentou-se menos uniforme.

Também foi possível a inserção de pilares de Al no espaço interlamelar nos materiais

que apresentaram menor organização estrutural após tratamento ácido. Os valores de

espaçamento basal e área aumentaram para todas as amostras. O que se observou é que para

algumas amostras o aumento da área não foi muito significativo, no caso da amostra P4M-

80C. Todas as amostras apresentaram uma maior uniformização dos poros. Pode-se concluir

que nas amostras cujo tratamento ácido foi mais agressivo a pilarização contribuiu para que

existam no material regiões com microporosidade (camadas separadas por pilares) e regiões

de meso e macroporosidade pela organização das lâminas ou partículas estarem desordenadas.

Também podem existir regiões de lâminas colapsadas. As medidas de acidez indicam que a

argila pilarizada apresenta maior acidez quando comparada as argilas ácidas pilarizadas

analisadas, mas estas apresentam um maior número de sítios ácidos de força moderada. O

número total de sítios ácidos presentes nas argilas ácidas pilarizadas pode ser relacionado a

presença dos pilares no material como também aliado a presença da acidez de Lewis

promovida pelo maior agressividade do tratamento ácido anterior ao processo de pilarização.

AGRADECIMENTOS

Ao Laboratório de Catálise e Petroquímica – LCP pelas análises de acidez.

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CAPÍTULO 6

SÍNTESE DE ZEÓLITAS UTILIZANDO RESÍDUO SÍLICO-ALUMINOSO

PROVENIENTE DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE Li.

Lindiane Bieseki1

, Danilo Brasil Ribeiro1, Eledir Vitor Sobrinho

2, Dulce Maria de Araújo

Melo2, e Sibele B. C. Pergher

1,2 .

1. Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais. Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, Laboratório de Peneiras Moleculares – LABPEMOL, 59078-970,

Natal – RN, Brasil.

2. Instituto de Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Laboratório de

Peneiras Moleculares - LABPEMOL, 59078-970, Natal – RN, Brasil. .

RESUMO

Um resíduo sílico-aluminoso, subproduto da extração de lítio do ß-espodumênio foi

utilizado como fonte de SiO2 e Al2O3 na síntese de zeólitas. Foram obtidos como produto uma

mistura de zeólita A + Sodalita; Sodalita + P; NaP1. A mistura de fases zeólita A + sodalita, e

sodalita + zeólita P foram obtidas utilizando-se uma relação Si/Al igual a 1. A mistura de

fases A + sodalita foi obtida deixando o resíduo sílico-aluminoso em agitação por 2 h a 80oC

antes da adição de Aluminato de sódio e posterior cristalização por 4 h. Quando a mistura

resíduo e NaOH ficou em estático a 100oC por 4 h, nesta mesma etapa, o produto formado foi

uma mistura de Sodalita + Zeólita P. O aumento da relação Si/Al aliado a uma etapa de

envelhecimento e maiores tempos de cristalização, levou a formação da fase NaP1 pura.

PALAVRAS CHAVE: resíduo sílico-aluminoso, zeólita A, sodalita, NaP1 e zeólita P.

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Introdução

Em termos de composição estrutural, zeólitas são definidas como aluminosilicatos

organizados em uma rede tridimensional formada a partir de unidades TO4 (4 oxigênios nos

vértices e Si4+

ou Al3+

átomos T, no interstício tetraédrico). A presença do Al3+

provoca um

desequilíbrio de cargas sendo necessária a presença de cátions de compensação (SZOSTAK,

1989). Na síntese de zeólitas, são utilizados geralmente soluções de silicatos e aluminatos

alcalinos. Estas soluções são preparadas a partir de óxidos de silício (por exemplo: sílica

aerosil e metassilicato de sódio) e alumínio (por exemplo: aluminato de sódio, hidróxido de

alumínio) com o uso de uma base alcalina, geralmente NaOH.

Na procura de fontes alternativas destes elementos estruturais, muitos trabalhos vêm

desenvolvendo a síntese de zeólitas a partir de matérias primas naturais ou resíduos como uma

forma de agregar valor a estes materiais.

As argilas, principalmente o caulim, são utilizadas em diferentes estudos envolvendo a

síntese de zeólitas, tais como: Zeólita A (COSTA, E. et al., 1988; ALKAN et al., 2005;

SHAMS; MIRMOHAMMADI, 2007; RIOS et al., 2009; LOIOLA et al., 2012; MELO et al.,

2012), zeólitas do tipo faujasita X (CABALLERO et al., 2007; COLINA;LLORENS, 2007) e

Y (CHANDRASEKHAR, S; PRAMADA, P., 2004). Outras zeólitas como a ZSM-5 já foram

sintetizadas a partir de cinzas de casca de arroz (CHAREONPANICH, 2004; KATSUKI et

al., 2005; MOHAMED et al., 2008; PANPA; JINAWATH, 2009; OTHMAN ALI et al.,

2011) e de argilas (MIGNONI, et al., 2007). A escolha do tipo de zeólita a ser sintetizada está

relacionada diretamente a composição do resíduo. Quanto mais próxima à composição da

matéria-prima escolhida, estiver da composição do material que se busca sintetizar, menos

etapas de pré-tratamento (remoção de compostos indesejáveis) ou adição de reagentes será

necessária.

Alguns procedimentos de síntese são adaptados para a síntese de zeólitas a partir de

resíduos sílico-aluminosos. Um exemplo são sínteses realizadas utilizando cinzas leves do

carvão como fontes de Si e Al. Dependendo do tratamento utilizado na síntese, mais de uma

fase pode ser sintetizada a partir deste material. Uma primeira etapa utilizando o processo de

fusão alcalina é eficiente para que fases mais estáveis como quartzo possam ser solubilizadas.

Desta forma o silício presente no material fica totalmente disponível e com um tratamento

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hidrotérmico posterior o produto gerado é um material zeolítico (CHANG; SHIH,

2000;KAZEMIAN et al., 2010;RAYALU et al., 2000;JHA et al., 2009).

Wang e colaboradores (2008), propuseram uma metodologia de síntese onde o

material de partida (cinzas volantes) são pré–tratadas com HCl. Depois são tratadas,

novamente com NaOH, mas neste caso somente a solução obtida após o tratamento a 80oC

por 2 h é utilizada. Desta forma se obtém uma solução com Si dissolvido, que com o

acréscimo de uma fonte de alumínio e uma quantidade de NaOH leva a produção da fase

zeólita A pura. A variação da concentração de NaOH (última adição) e tempo de cristalização

promove a produção da zeólita A com cristais muito pequenos na faixa de 0,5 – 2 m. Por este

método é possível controlar a formação da fase zeolítica.

Um exemplo de uso destes materiais sintetizados a partir de fontes alternativas, é o uso

dado a zeólitas sintetizadas a partir de cinzas do carvão. Estes materiais podem ser aplicados

como adsorventes de metais pesados, por exemplo para: Ni2+

,Cu2+

,Cd2+

, Pb2+

, Zn2+

,Ba2+

e

Co2+

(JHA et al., 2009; WANG, C. et al., 2009 ; STEENBRUGGEN; HOLLMAN, 1998).

Neste trabalho um resíduo sílico-aluminoso, proveniente do processo de extração de

lítio foi utilizado como matéria-prima para a síntese de zeólitas. O objetivo é sintetizar

diferentes materiais zeolíticos variando parâmetros relacionados ao tratamento hidrotérmico

como tempo de reação e envelhecimento, temperatura de reação e adição de reagentes. A

partir dos dois procedimentos de síntese propostos foi possível sintetizar as fases sodalita +

zeólita A, sodalita + zeólita P e NaP1 pura.

Experimental

Síntese dos materiais zeolíticos

Neste trabalho como fonte de silício e alumínio foi utilizado um resíduo sílico-

aluminoso fornecido pela CBL (Companhia Brasileira de Lítio). Este resíduo é um subproduto

obtido a partir do processo de extração de lítio do β-espodumênio. O resíduo não sofreu

qualquer tratamento prévio para a síntese dos materiais descritos neste trabalho.

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Foram realizados dois procedimentos de síntese variando a composição do gel e as

etapas do processo de reação. O primeiro procedimento foi realizado de acordo com o

procedimento descrito por RIGO e colaboradores (2009), para síntese de zeólitas a partir de

argilas montmorilonita e crisotila. A síntese realizada pelos autores está baseada no

procedimento padrão IZA para a síntese da zeólita A. Na Tabela 1 são apresentadas as etapas

do procedimento. Para obter a relação Si/Al = 1 foram acrescentadas a síntese 1,6g de

Aluminato de Sódio 50 - 56% Al2O3 (Riedel – de - Haën) como fonte de alumínio. A

quantidade resíduo utilizado foi de 3g.

TABELA 1: Ordem de reagentes da síntese.

Etapas Quantidade de reagentes utilizados

01 40g H2O + 0,3615 g NaOH (divide em V1 e V2)

02 V1 + ,1,6 g Aluminato de Sódio

03 V2 + 3g de resíduo + 2,92 g NaOH + 3,29 g H2O (10min)

04 Verter rapidamente V1 em V2 até homogeneizar. (30min)

05 Síntese em estático a uma temperatura de 100° C.

Fonte adaptado de: (RIGO, R. T. et al., 2009).

O produto obtido a partir da síntese descrita na Tabela 1 sem qualquer modificação foi

nomeado como ZA. Foram realizadas mais duas sínteses, onde as etapas 3 e 4 deste

procedimento foram modificadas. As modificações no procediemento são apresentadas no

fluxograma da Figura 1. Para obter a amostra ZA1 a etapa 3 de síntese (Tabela 1) foi

modificada. A amostra ZA2 foi produzida modificando-se as etapas 3 e 4 do procedimento.

Todas as sínteses foram levadas a estufa para cristalização em autoclaves por 4 h a 100oC.

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FIGURA 1: Fluxograma do procedimento de síntese para obtenção das amostras ZA1 e ZA2 .

No segundo procedimento a relação Si/Al utilizada foi de 3,2. Os reagentes NaOH, H2O e

o resíduo foram misturados e permaneceram em agitação por 2 h a 80oC. Foram obtidas três

amostras variando-se tempo de envelhecimento e tempo de cristalização. As amostras foram

nomeadas como ZxCy, sendo x o número de dias em que o gel de síntese ficou envelhecendo

nas autoclaves em temperatura ambiente e y o número de dias de cristalização em estufa a

95oC. Por exemplo a amostra Z1C9 ficou envelhecendo por 1 dia e permaneceu na estufa por

mais 9 dias.

Caracterização

Os materiais preparados foram caracterizados por análise termogravimétrica (TG),

difração de raio-X (DRX) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). A análise

termogravimétrica foi realizada em um equipamento Shimadzu TGA-50 em cadinho de

alumina, razão de aquecimento de 10oC/min até a temperatura de 900

oC em fluxo de N2 na

razão de 50 mL/min. As análises de DRX foram realizadas para a amostra de partida e os

produtos formados, num difratômetro modelo XRD-7000 equipamento da Shimadzu,

utilizando-se uma fonte de radiação de CuKα com voltagem de 30kV. Intervalo de varredura

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de 2 = 3 – 65º, com passso de varredura de 0,02º. Para análise da morfologia e hábito

cristalino da fonte de silício e alumínio e dos produtos formados foram feitas imagens em um

Microscópio Eletrônico de Varredura Phillps, modelo XL-30 – ESEM.

Resultados e discussão

A partir dos dados de análise química fornecidos pela CBL e apresentados na Tabela 2

verifica-se que o resíduo trata-se de um material sílico-aluminoso com uma relação Si/ Al de

aproximadamente 3,2. Esta relação de composição abrange a composição de requerida para

sínteses da zeólita A e Y, as quais possuem relação de 1 e 2,5, respectivamente.

TABELA 2: Percentuais dos compostos presentes nas amostras de resíduo.

Compostos

(%) Li2O Na2O K2O P2O5 CaO Al2O3 Fe2O3 Mn2O3 MgO SiO2

Resíduo A 1,57 1,038 0,352 0,494 3,018 19,271 0,882 0,084 0,186 73,105

A amostra apresenta um alto teor de sílica que está dividido entre as fases

-espodumênio e quartzo. Na Figura 2 são apresentados o difratograma e a micrografia do

resíduo, onde são identificadas as fases presentes no material. A presença de sulfato de cálcio

é decorrente do tratamento dado ao resíduo durante o processo de extração do lítio. Observá-

se além do -espodumênio, também brushita e quartzo. A morfologia do material é irregular

como pode ser observado na micrografia.

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FIGURA 2:Difratograma e micrografia do resíduo sílico-aluminoso.

10 20 30 40 50 60 70 80

*+

*

*

+

Sulfato de cácio hidratado

Quartzo

espodumênio

*

+

Inte

nsid

ad

e

2

+

*

Brushita

A partir dos dados obtidos através das curvas termogravimétricas (Figura 3), observa-se

que no resíduo acontecem duas perdas de massa na faixa de temperatura de 22 – 56oC e 56 –

140oC. Estas perdas de massa podem ser relacionadas à perda de água presente como umidade

e também a desidratação do sulfato de cálcio presente na amostra (MERWE et al., 1999).

FIGURA 3: Gráfico da análise TG (linha continua) e DTG (linha tracejada) para o resíduo

sílico-aluminoso.

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116

Pode-se observar uma pequena perda de massa na de 140 - 671oC esta perda pode ser

relacionada à desidroxilação da fase brushita também presente no material (ONAC et al.,

2005).

Síntese de Zeólitas

Na Figura 4 é apresentado o difratograma do produto obtido no primeiro procedimento

de síntese, amostra ZA. Observam-se reflexões em 2 = 13,96; 24,26; 34,47 e 42,62 que se

referem a fase sodalita (S). Ainda podem ser observados picos referentes as fases presentes no

resíduo, o que comprova que as condições de síntese não proporcionaram uma necessária

dissolução do material. A presença da fase quartzo já era esperada nos produtos, pois para que

ocorra a dissolução da mesma, é necessário um tratamento por fusão alcalina, devido a sua

alta estabilidade. O crescimento dos cristais de sodalita ocorre na superfície das partículas do

resíduo, como pode ser observado na micrografia apresentada na Figura 4. Quando se utilizam

fontes alternativas de SiO2 e Al2O3, dependendo do tratamento hidrotérmico e da estrutura do

material, ocorre somente um dissolução parcial.

Em alguns trabalhos da literatura parte do resíduo é dissolvido em uma etapa previa,

recolhendo-se a solução alcalina, a qual é utilizada para síntese (TANAKA et al., 2002;

IZIDORO et al., 2012). Este sobrenadante é rico em Si4+

e Al3+

e a adição de reagentes para

acertar as relações Si/Al desejadas permite a síntese de materiais puros e com elevada

cristalinidade. As desvantagens destes procedimentos são o gasto energético, a geração de um

subproduto e também a reprodutibilidade. Os resultados obtidos com esta síntese (ZA)

indicam que uma maior dissolução do material pode promover a formação da zeólita A em

maior quantidade, pois no difratograma podemos observar, em uma região ampliada,

reflexões em 2 = 7,19; 10,15; 12,46o que indicam o início da formação da zeólita A.

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FIGURA 4: Difratograma e micrografia da amostra ZA.

Na Figura 5 é apresentado um difratograma das amostras sintetizadas variando-se

tempo, temperatura e agitação na etapa de dissolução do resíduo utilizado. A amostra ZA1

apresenta reflexões características da presença da fase zeólita A (A). Nesta síntese o uso de

temperatura (80oC) com gitação por 2 h, promoveu uma maior dissolução do material. Isto é

um indício de que a relação Si/Al no gel de síntese ficou mais próxima de 1. As reflexões 2 =

20,8 e 26,6º são referentes a presença de quartzo (Q) não dissolvido. Observa-se também a

presença de sodalita (S). A maior temperatura e tempo de agitação na etapa três de síntese,

promoveram a maior dissolução do Si e Al como observado em outros trabalhos utilizando

cinzas do carvão mineral como precursor na síntese da zeólita A (WANG, C.-F. et al., 2008).

No produto ZA2 duas fases zeolíticas estão presentes sodalita (S) e zeólita P (P). O tempo

total de síntese foi maior o que pode ser um dos motivos para síntese de um material mais

estável (poros menores). Maiores tempos de cristalização levam a síntese de estruturas mais

estáveis (ANUWATTANA; KHUMMONGKOL, 2009), e isto pode explicar o fato de que,

nesta síntese, os produtos obtidos apresentam as fases sodalita (S) e P (P).

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FIGURA 5: Difratogramas e micrografias das amostras sintetizadas utilizando resíduo sílico-

aluminoso.

Nas duas micrografias apresentadas na Figura 5 observa-se a presença da fase sodalita.

O crescimento dos cristais ocorre sobre as partículas de resíduo no caso da amostra ZA1. Na

amostra ZA2, as partículas de resíduo já não podem ser identificadas.

Na Figura 6 são apresentados os resultados da análise de DRX para os dois produtos

gerados a partir da síntese, na qual a relação Si/Al do gel ficou = 3,2. A zeólita NaP1 (P1) foi

formada independente do tempo de cristalização e envelhecimento empregados. A estrutura

formada é mais estável que as zeólitas A ou Y, por exemplo. Então os maiores tempos de

síntese foram favoráveis para que o material -espodumênio fosse transformado na zeólita

NaP1. Na lavagem e filtração da síntese realizada em 3 dias, foram obtidos dois produtos.

Uma fase mais leve e outra mais pesada separada por decantação. A análise das duas frações

mostrou a formação da zeólita NaP1 pura, com a presença de quartzo (Q). Observa-se que na

amostra mais pesada (que decantou rapidamente) a fase quartzo apresenta-se em maior

quantidade. Isto é interessante, pois a separação do quartzo pode ser feita após o

procedimento de síntese por processos decantação ou flotação obtendo uma fase mais pura

com partículas mais dispersas.

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119

FIGURA 6: Difratogramas e micrografias da zeólita NaP1 obtida no procedimento 2. a) Z3C3;

b) Z3C6 e c) Z1C9.

10 20 30 40 50 60

P1P1

P1

P1

P1

P1

Q Z3C3 (leve)

Z3C3 (pesada)

Inte

nsid

ad

e

2

Q

P1

a)

(Z3C3 – leve)

(Z3C3 – pesada)

10 20 30 40 50 60

Inte

nsid

ade

P1

S

P1

Q

P1

S

Q

P1

P1

QP1 P1

2 b)

10 20 30 40 50 60

2

SP1 P1

P1

P1

Q

P1

S

P1

Inte

nsid

ade

P1

QQ

c)

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O resíduo foi quase totalmente modificado restando uma pequena quantidade de

β-espodumênio e quartzo. Walek e colaboradores (2008) e Wang e colaboradores (2008)

mostram que a concentração do NaOH e a temperatura elevada facilitam a dissolução dos

óxidos presentes, facilitando o processo de nucleação da zeólita.

A H2O da síntese destas duas amostras foi analisada, como se tratou de uma síntese

apenas dividida em duas para estudo de tempo foi obtido um resultado apenas. A quantidade

total recuperada de Li em relação ao teor total na amostra de partida foi de 2,21%. A maior

parte do Li presente no material de partida pode estar na estrutura do material zeolítico como

cátion trocável.

CONCLUSÕES

Foi possível obter a zeólita A a partir de um resíduo sílico-aluminoso. Diferentes

condições de síntese foram testadas. Nas amostras ZA, ZA1 e ZA2 foi obtida uma mistura de

fases zeolíticas. Estes resultados são bastante promissores, pois verifica-se a possibilidade de

síntese de zeólitas usando o resíduo da extração de lítio, sem prévio tratamento. Nos

procedimentos adotados não é possível dissolver o quartzo presente, mas o procedimento

pode ser ajustado utilizando temperatura e agitação em maiores tempos para promover a

dissolução da outras fases presentes. A adição de reagentes externos pode ser a alternativa

para direcionar a produção de um determinado material. Utilizando o procedimento dois, com

relação Si/Al = 3,2 foi obtido em 3 dias de cristalização (1 dia de envelhecimento do gel) a

fase zeólita NaP1 com apenas a fase quartzo insolúvel presente. Nesta síntese o maior tempo

de envelhecimento e cristalização proporcionou a dissolução completa do resíduo, exceto a

fase quartzo, e a produção de uma fase zeólita NaP1 pura.

AGRADECIMENTOS

A CBL - Companhia Brasileira de Lítio pelas amostras cedidas. Ao Laboratório de

Difração de Raio X / LABTAM / LCR / LABCIM pelas análises de DRX e ao Laboratório de

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121

Microscopia Eletrônica de Varredura (projetos CTPETRO-INFRA I e FINEP/LIEM) pelas

análises de MEV.

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125

CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foram preparadas as peneiras moleculares do tipo: argilas tratadas com

ácido, argilas tratadas com ácido e pilarizadas e zeólitas sintetizadas a partir de um resíduo

sílico-aluminoso (subproduto do processo de extração do -espodumênio).

A produção de uma argila ácida pilarizada passou por 3 etapas de estudo.

Primeiramente foi avaliado o tratamento ácido de uma argila montmorilonita com elevada

capacidade de troca catiônica. Foram avaliados o uso de diferentes ácidos e a variação da

temperatura e concentração do HCl na remoção de Fe, Al e Mg e o comprometimento

estrutural do material. Nesta etapa foi observado que o uso do HCl promove uma

significativa remoção de ferro sem comprometer de maneira excessiva a estrutura da argila. O

estudo utilizando planejamento estatístico mostrou que a temperatura tem maior influência na

remoção de cátions Al+3

, Fe+3

e Mg+2

, quando comparada ao efeito da concentração. Pode-se

trabalhar com temperaturas acima de 25oC em concentrações abaixo de 7mol/L. Desta forma

na segunda etapa foi realizado um refinamento do planejamento estatístico em relação ao

tratamento ácido. Novos parâmetros de temperaturas e concentração foram fixados:

temperatura de 50oC e 80

oC e concentração 2mol/L e 4mol/L. Os materiais produzidos

aprensentaram um aumento da porosidade, com o aumento da remoção de cátions estruturais.

Conclui-se que, mesmo com um comprometimento da estrutura do material obtido

após tratamento ácido é possível pilarizar as amostras com polioxocátions de alumínio.

Quanto maior a desorganização promovida pelo tratamento ácido, menores são os percentuais

de aumento de área específica, obtidos pelo processo de pilarização. Como foi observado na

amostra P4M-80C que apresentou um aumento percentual da área específica de apenas 10%

em relação a amostra tratada. Mesmo assim, foi o material que apresentou maior área

específica em relação aos produtos obtidos. Pode-se concluir que nas amostras cujo

tratamento ácido foi mais severo a pilarização contribuiu para que existam, no material,

regiões com microporosidade (camadas separadas por pilares) e regiões de meso e

macroporosidade devido disposição desordenada das lâminas ou partículas. Também podem

existir regiões de lâminas colapsadas.

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126

As medidas de acidez indicaram que a argila pilarizada apresenta maior acidez quando

comparada as argilas ácidas pilarizadas analisadas, mas estas apresentam um maior número de

sítios ácidos de força moderada.

Além da produção de peneiras moleculares a partir de argilas foi possível sintetizar

materiais zeolíticos utilizando um resíduo sílico-aluminoso. Este resíduo foi caracterizado

como uma mistura de -espodumênio e quartzo e sulfato de cálcio hidratado. A partir deste

material foram sintetizadas misturas de fase zeólita sodalita + zeólita A e sodalita + zeólita P

quando a relação Si/Al é ajustada para 1. O uso de temperautura e um maior tempo de

agitação na reação foram os responsáveis por promoverem a formação da zeólita A. Com o

aumento da razão Si/Al = 3,2 (utilizar somente resíduo sem adição de uma fonte de alumínio)

foi obtida a zeólita NaP1. Os tempos de cristalização e envelhecimento contribuíram para a

formação desta estrutura mais estável.

Estes resultados são bastante promissores, pois se verifica a possibilidade de síntese

de zeólitas usando o resíduo da extração de lítio, sem prévio tratamento. Nos procedimentos

adotados não é possível dissolver o quartzo presente, mas o procedimento pode ser ajustado

utilizando temperatura e agitação em maiores tempos para promover a dissolução da outras

fases presentes. A adição de reagentes externos pode ser a alternativa para direcionar a

produção de um determinado material. Envelhecer o gel de síntese e utilizar tempos maiores

de cristalização pode ser a alternativa a ser usada para a produção de uma fase zeólita pura.

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127

TRABALHOS FUTUROS

Para trabalhos futuros dentro da temática abordada nesta dissertação sugere-se um

estudo da aplicação dos materiais sintetizados. Além disto os processos de síntese podem ser

otimizados para aumento da escala de produção e para a formação de fases puras como

produto da síntese de zeólitas. A partir disso se propõem como etapas futuras:

Utilização das argilas ácidas pilarizadas em testes catáliticos em reações modelo em

que seja necessária a utilização de catalizadores ácidos, com característica de acidez

moderada.

Aplicar um aumento de escala para a produção de argilas ácidas pilarizadas.

Aplicar um aumento de escala para a produção da zeólita A a partir do resíduo sílico-

aluminoso.

Avaliar o uso dos materiais obtidos no procedimento de síntese utilizando o resíduo,

em processos de adsorção de metais em efluentes sintéticos e reais.

Utilizar processos de separação da fase quarzo presente nos resíduos antes e após

processo de síntese afim de obter fases zeolíticas puras.

Avaliar o uso do resíduo sílico-aluminoso na síntese de outras fases zeolíticas.