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Dissidios Coletivos

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Resumo que fala sobre Dissídios Coletivos na esfera do Direito Processual do Trabalho.

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Welrika Beatriz Silva Moreira

DISSÍDIOS COLETIVOS

BRASÍLIAMARÇO/2010

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho irá tratar dos assuntos pertinentes ao Dissídio

Coletivo, que são aqueles que envolvem pleitos de uma coletividade. Assim, dado

um conflito coletivo trabalhista, uma vez que tal questão seja posta em julgamento,

sua solução será imposta de modo coercitivo às partes envolvidas. Com vistas a

melhor esclarecer o significado do instituto ora tratado, abordaremos, a seguir, os

conflitos coletivos e as suas formas de composição.

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DOS DISSÍDIOS COLETIVOS

O Dissídio coletivo consiste no procedimento de solução de conflitos

coletivos de trabalho perante a jurisdição. É, portanto, um dos meios de composição

dos conflitos coletivos. Disso se infere que, nos dissídios coletivos, o interesse

controvertido é de todo um grupo, genérica e abstratamente considerado, ou seja, o

interesse, no dissídio coletivo, é transindividual, e a sua solução deverá ocorrer pela

via jurisdicional.

Nem sempre as relações de trabalho se desenvolvem com

normalidade e harmonia; muitas vezes se produzem perturbações, disso resultando

os conflitos. Estes surgem quando uma das partes lesa o direito da outra, quando

divergem na interpretação ou alcance de uma norma, ou quando crêem que é

necessário mudar as condições existentes. Em todas essas situações ou noutras

análogas produz-se uma distorção nas relações que se mantinham e isto resulta

num conflito.

Assim sendo, o conflito coletivo de trabalho formaliza-se mediante

uma relação de litígio estabelecida entre uma coletividade homogênea de

trabalhadores e uma empresa ou grupo de empresas, que tem como matéria ou

objeto próprio a confrontação de direitos ou interesses comuns à categoria

profissional.

DA CLASSIFICAÇÃO

Uma das características da solução dos conflitos coletivos pelo

Judiciário trabalhista é que se profere uma sentença de caráter normativo, onde, há

a criação do direito na própria decisão, substituindo a convenção ou acordo coletivos

anteriores.

Do mesmo modo que os conflitos coletivos de trabalho dividem-se

em conflitos de natureza econômica e conflitos de natureza jurídica, também os

dissídios coletivos, entendidos como procedimentos para solução jurisdicional dos

conflitos coletivos de trabalho, classificam-se em econômicos e jurídicos. Assim,

quando o que se pretende é a criação de normas e condições de trabalho, o dissídio

terá caráter econômico. De outra banda, quando os conflitos são fundados em

normas preexistentes em torno da qual divergem as partes, quer na sua aplicação,

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quer na sua interpretação, estar-se-á diante de dissídio de índole jurídica. O dissídio

de greve possui, ontologicamente, natureza de dissídio jurídico, uma vez que supõe

a apreciação do caráter abusivo da greve (ação de natureza declaratória).

Geralmente, contudo, são discutidas, no bojo do dissídio de greve,

questões atinentes às condições de trabalho, circunstância que, segundo parte da

doutrina, lhe confere caráter misto, conforme explicitado em Martins Filho (2005, p.

195). Martins (2006, p. 599) estende a classificação dos dissídios coletivos conforme

a seguir:

1. Dissídios originários, quando inexistentes ou em vigor normas e condições

especiais de trabalho, com a criação de condições especiais de trabalho, conforme o

art. 867 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT);

2. De revisão, destinados a rever normas e condições coletivas de trabalho

preexistentes e que se tornaram ineficazes ou injustas de acordo com as

circunstâncias (arts. 873 a 875 da CLT);

3. De declaração sobre paralisação de trabalho em decorrência de greve;

4. De extensão, visando estender as condições de trabalho a outros trabalhadores

(art. 868 a 871 da CLT).

DA NATUREZA JURÍDICA DA SENTENÇA

A intervenção da Justiça do Trabalho nos conflitos coletivos se faz

por meio de sentenças proferidas em dissídios coletivos, que, por seu turno,

diferenciam-se em dissídios de natureza econômica e jurídica. Enquanto nos

dissídios de índole jurídica, a sentença é de natureza declaratória da existência ou

inexistência de certa relação jurídica, nos de índole econômica, a sentença possui

caráter constitutivo, tendo em vista que cria normas de caráter geral e abstrato, que

disciplinam as relações jurídicas de emprego. O poder normativo surge nos

chamados dissídios de natureza econômica, quando os Tribunais do Trabalho têm a

possibilidade de estabelecer normas e condições de trabalho, oponíveis erga omnes

às categorias econômicas (ou às empresas) e às categorias profissionais envolvidas

no litígio.

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DA DIFERENÇA ENTRE DISSÍDIO INDIVIDUAL E COLETIVO

É importante ressaltar que há profundas diferenças entre o dissídio

individual e o coletivo, pois no individual o que está em jogo é o interesse bem

definido de um ou vários trabalhadores; já no dissídio coletivo há um interesse

abstrato de toda uma categoria profissional e/ou os seus empregadores. Outra

distinção é que no dissídio coletivo a ação será proposta perante o Tribunal do

Trabalho. No dissídio individual, o contraditório se desenvolve entre um empregado

e um patrão. Já no processo de dissídio coletivo o contraditório não é concretizado

diretamente por todos os trabalhadores e uma ou mais empresas.

Os sujeitos dessa relação são os sindicatos, salvo algumas

exceções. Outra diferença está na sentença, pois quando prolatada em dissídio

coletivo, terá vigência por tempo determinado, ao passo que, no dissídio individual, a

sentença que fizer coisa julgada reverter-se-á de imutabilidade e de perenidade. A

sentença que se tornar irrecorrível no dissídio individual será lei para as partes. Já a

sentença normativa proferida em processo coletivo abriga, até as empresas e os

trabalhadores que, posteriormente, ingressarem no grupo profissional ou econômico

envolvido no processo.

Os conflitos coletivos podem ser solucionados de duas formas:

autocompositivas, como a mediação e as convenções e acordos coletivos; e

heterocompositivas, como a arbitragem e a jurisdição.

DO PROCESSO E PROCEDIMENTO

Partes

Têm legitimidade para o ajuizamento do dissídio coletivo (suscitante)

as entidades sindicais, tanto dos trabalhadores como dos empregadores, e os

empregadores, estes quando não haja entidade sindical representativa ou os

interesses em conflito sejam particularizados.

Ocorrendo a paralisação do trabalho, pela greve, sem ajuizamento

do correspondente dissídio coletivo, o Ministério Público do Trabalho poderá

instaurar a instância judicial, quando a defesa da ordem jurídica ou o interesse

público assim o exigir. Neste caso, as demais partes serão chamadas de suscitadas.

A intervenção do Ministério Público é autorizada pela Constituição Federal (art. 127).

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Requisitos da inicial

Os requisitos da inicial são tratados no art. 858, da Consolidação

das Leis do Trabalho e mais pormenorizadamente considerados em instrução do

Tribunal Superior do Trabalho, bem como no seu Regimento Interno.

Exige-se, em suma, a qualificação das partes, a indicação do

quorum estatutário para a deliberação da assembléia, a fundamentação da

representação a comprovação da tentativa de negociação, data e assinatura.

Acrescenta-se que no ajuizamento do dissídio coletivo as partes

deverão apresentar, fundamentadamente, suas proposta finais, que serão objeto de

conciliação ou deliberação do Tribunal, na sentença normativa. Deve-se entender

como sendo a pauta de reivindicações fundamentada do suscitante e que a

suscitada com a defesa formulará sua contra-proposta , também fundamentada.

Resumidamente, deverá o suscitante comprovar as tentativas de

negociação; anexar cópia da sentença normativa anterior, do acordo ou convenção

coletiva de trabalho anterior, ou, ainda, do laudo arbitral, se for o caso; cópia da ata

da assembléia da categoria que aprovou as reivindicações e concedeu poderes para

a negociação coletiva e para o acordo judicial, ou, ainda, de aprovação das

cláusulas e condições acordadas, observado o quorum legal; cópia do livro ou das

listas de presença dos associados participantes da assembléia deliberativa, ou

outros documentos hábeis à comprovação de sua representatividade.

O Presidente do Tribunal poderá determinar que seja emendada ou

completada a inicial, assinando ao suscitante o prazo máximo de dez dias, sob pena

de extinção do processo, mediante o indeferimento da inicial.

Outros procedimentos

Ajuizada a representação no protocolo do Tribunal, a mesma será

autuada. Estando conforme a representação, será designada audiência de

conciliação e instrução, cientificada as partes. O suscitado deduzirá sua defesa, nela

compreendida a proposta final. A Consolidação das Leis do Trabalho não se refere à

contestação, limitando-se a estabelecer que ambas as partes ou seus

representantes se pronunciarão sobre as bases da conciliação. Martins Filho informa

que a contestação é imprescindível para se analisar a pretensão resistida.

A defesa observará a estrutura normal dos processos civil e

trabalhista, com preliminares acerca dos pressupostos processuais, das condições

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da ação e quanto ao mérito, normalmente refutando cláusula à cláusula da

reivindicação, nada impedindo o reconhecimento parcial do pedido.

O reconhecimento da totalidade do pedido objetivamente implica na

conciliação. É admissível a reconvenção, tal ocorre no procedimento do dissídio

individual, havendo a conexão da matéria, por exemplo, se suscitado o dissídio de

declaração de greve, em reconvenção o sindicato dos trabalhadores reivindica

reposições de perdas salariais.

No dissídio coletivo não ocorre revelia em razão da ausência do

suscitado, somente prejudicando a tentativa conciliatória , em razão de nada dispor

o capítulo da CLT que trata da matéria.

Alcançada a conciliação ou encerrada a instrução, o processo será

distribuído ao relator e revisor, mediante sorteio. Alguns tribunais regionais fixam em

seus regimentos internos, que após a instrução as partes terão dez minutos para

produzir razões finais. É o Presidente do Tribunal o juiz instrutor do dissídio coletivo,

ressalvada a competência do relator de promover diligências suplementares,

conforme estipulam os regimentos internos dos tribunais.

O Ministério Público do Trabalho também participa da instrução

processual. No caso de greve em serviços ou atividades essenciais, o Presidente do

Tribunal poderá expedir ato dispondo sobre o atendimento das necessidades

inadiáveis da comunidade. O Ministério Público do Trabalho opina nos dissídios

coletivos, oralmente em caso de conciliação, e não havendo acordo após o

encerramento da instrução, o qual será reduzido a termo, ou após a designação do

relator e revisor, na sessão de julgamento do dissídio, transcrito em síntese na

certidão, pela secretaria, ou, ainda, mediante parecer por escrito, no prazo de oito

dias, mediante remessa dos autos pelo Relator. Vindos os autos do Ministério

Público, o relator o examinará em dez dias, e o revisor em cinco dias. Imediatamente

após, o dissídio será submetido a julgamento, em sessão ordinária ou extraordinária

do órgão competente.

A sentença

A decisão proferida no dissídio coletivo, ou seja o acórdão do

Tribunal Regional do Trabalho ou da Seção Especializada em Dissídios Coletivos do

Tribunal Superior do Trabalho é denominada de sentença normativa. A sentença

normativa deverá ser fundamentada, sob pena de nulidade, devendo traduzir, em

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seu conjunto, a justa composição do conflito de interesse das partes, e guardar

adequação com o interesse da coletividade. A sentença normativa cria o direito para

as parte em litígio, criando normas mais favoráveis que aquelas estabelecidas na

convenção e na lei, consoante preceitua o texto constitucional (CF, art. 114, § 2°).

O órgão julgador examina, preliminarmente, a competência, os

pressupostos processuais e as condições da ação e, se ultrapassadas estas,

examina e decide a pauta de reivindicações, expostas em cláusulas. Tais cláusulas

são classificadas por Martins Filho como :

1. cláusulas econômicas: dizem respeito ao reajustes salarial, ao acréscimo de

produtividade, ao aumento real, ao salário normativo, ao piso salarial, etc.

2. cláusulas sociais: dizem respeito àquelas de conteúdo econômico indireto, tais

como auxílio-creche, auxílio-alimentação, auxíliofuneral, estabilidade provisória,

multa pelo descumprimento da sentença normativa, etc.

3. cláusulas sindicais: são aquelas que regulamentam o relacionamento do sindicato

com as empresas, estabelecem as contribuições a serem descontadas dos

empregados em favor dos sindicatos, as garantias dos dirigentes sindicais etc.

É também fixada a vigência da sentença normativa, normalmente de

1 ano, mas que legalmente pode ser fixada até 4 anos. As custas são impostas ao

vencido, calculadas sobre o valor arbitrado pelo Presidente do órgão julgador (CLT,

art. 790). O acórdão deverá ser publicado no prazo de 15 dias da data do

julgamento.

DA ALTERAÇÃO ADVINDA PELA EMENDA N° 45/04

No Brasil, os conflitos econômicos sempre foram, via de regra,

solucionados pela via jurisdicional. Desde a Constituição de 1934, é conferida aos

Tribunais do Trabalho a possibilidade de proferirem, nos dissídios coletivos,

sentenças normativas, fixando normas e condições de trabalho.

A Emenda Constitucional (EC) N. 45, promulgada e publicada em

dezembro de 2004, alterou a competência da Justiça do Trabalho, de um lado para

ampliar suas atribuições em matéria de direito individual, e, de outro, para limitar a

possibilidade de dissídio coletivo de natureza econômica. Segundo o § 2º do art. 114

da Constituição de 1988, com a redação dada pela Emenda Constitucional N. 45, de

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31 de dezembro de 2004, os sindicatos de trabalhadores só poderão ingressar com

dissídio coletivo de natureza econômica na Justiça do Trabalho se houver

concordância patronal, nos seguintes termos:

Art. 114 – Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

(...)

§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à

arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar

dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do

Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas

legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas

anteriormente.

Assim, na hipótese de impasse na negociação por ocasião da data-

base ou No Brasil, os conflitos econômicos sempre foram, via de regra, solucionados

pela via jurisdicional. Desde a Constituição de 1934, é conferida aos Tribunais do

Trabalho a possibilidade de proferirem, nos dissídios coletivos, sentenças

normativas, fixando normas e condições de trabalho, inclusive com definição de

índice de reajuste salarial – só poderá ser acionado pelo sindicato de trabalhadores

se houver a concordância do patrão.

Como o Ministério Público do Trabalho, (§ 3º do art. 114 da

Constituição, com a redação dada pela E.C. 45), pode solicitar à Justiça do Trabalho

o julgamento da greve, se entender que ela possa causar lesão ao interesse público,

a Justiça do Trabalho terá que julgar se a greve é legal ou ilegal, podendo, inclusive,

multar o sindicato em caso de descumprimento da

decisão que decidiu pelo eventual retorno ao trabalho. Nesse julgamento, entretanto,

o Judiciário não poderá examinar as reivindicações que deram causa à greve, já que

só poderá fazer uso do Poder Normativo quando o dissídio for proposto, de comum

acordo, por patrão e entidade sindical de trabalhadores.

Como vimos acima, o procedimento dos dissídios coletivos restou

profundamente alterado, consoante se pode inferir da tabela comparativa abaixo,

referente ao art. 114, da Constituição Federal.

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Antes da EC 45/04 Após a EC 45/04

§2º Recusando-se qualquer daspartes à negociação ou àarbitragem, é facultado aosrespectivos sindicatos ajuizardissídio coletivo, podendo a Justiçado Trabalho estabelecer normas econdições, respeitadas asdisposições convencionais e legaismínimas de proteção ao trabalho.

_________________________________

Sem correspondente anterior

Após a EC 45/04

§2º Recusando-se qualquer daspartes à negociação coletiva ou àarbitragem, é facultado às mesmas,de comum acordo, ajuizar dissídiocoletivo de natureza econômica,podendo a Justiça do Trabalhodecidir o conflito, respeitadas asdisposições mínimas legais deproteção ao trabalho, bem como asconvencionadas anteriormente.__________________________________§3º Em caso de greve em atividadeessencial, com possibilidade delesão do interesse público, oMinistério Público do Trabalhopoderá ajuizar dissídio coletivo,competindo à Justiça do Trabalhodecidir o conflito

Antes da promulgação da EC N. 45/04, exigia-se, para a instauração

dos dissídios coletivos, que, tão-somente, fossem esgotadas as tentativas de

negociação entre as partes. Após a promulgação da Emenda da Reforma do

Judiciário, jazeu alterado o §2º, do art. 114, da Constituição Federal, que passou a

incluir a expressão comum acordo como condição para o ajuizamento do dissídio

coletivo de natureza econômica, textualmente:

Recusando-se qualquer das partes à negociação ou á arbitragem, é

facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de

natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o

conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao

trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

Tramitaram, no Supremo Tribunal Federal, várias ações diretas de

inconstitucionalidade5, questionando a validade do termo comum acordo. Não

obstante, os Tribunais Regionais do Trabalho começaram a se manifestar a esse

respeito, plasmando o entendimento de que nada foi modificado, vale dizer, que a

instauração do dissídio coletivo prescinde da anuência da parte contrária.

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JURISPRUDÊNCIAS REFERENTES AO DISSÍDIO COLETIVO - Ementas:

DISSÍDIO COLETIVO. IRREGULARIDADE FORMAL. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DAS CLÁUSULAS NA REPRESENTAÇÃO E PAUTA REIVINDICATÓRIA NÃO REGISTRADA EM ATA. NÃO-OBSERVÂNCIA DE PRESSUPOSTO DE DESENVOLVIMENTO E CONSTITUIÇÃO VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO COLETIVO. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. A inobservância da apresentação da ata da assembléia de trabalhadores, com o registro da pauta reivindicatória, e da fundamentação das reivindicações da categoria enseja o indeferimento da petição inicial e a extinção do processo sem resolução do mérito. Não observados os pressupostos essenciais à constituição e desenvolvimento válido e regular do processo coletivo, extingue-se o feito, sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, I e IV, do CPC - inteligência das Orientações Jurisprudenciais nº8 e 32 da SDC do col. TST. ( Processo: 00540-2009-000-10-00-5 DC – TRT 10° Região/Julgado em 03/03/2010).

DISSÍDIO COLETIVO. REAJUSTE SALARIAL. PERCENTUAL CORRESPONDENTE AO INPC/IBGE ACUMULADO NO PERÍODO ANTERIOR AO REAJUSTAMENTO REQUERIDO. LEI Nº 10.192/2001. PROIBIÇÃO DE INDEXAÇÃO. A jurisprudência do col. TST tem-se mostrado refratária ao reajustamento salarial com base na integralidade do percentual correspondente à inflação do período, em razão do que reza o artigo 13 da Lei nº 10.192/2001 no sentido de que "No acordo ou convenção e no dissídio, coletivos é vedada a estipulação ou fixação de cláusula de reajuste ou correção salarial automática vinculada a índice de preços". Assim, em observância à lei de política salarial que rege a matéria, concede-se 6% a título de reajuste salarial à categoria para o período de vigência da norma coletiva. Dissídio coletivo julgado procedente em parte. (Processo: 00220-2009-000-10-00-5 DC – TRT 10° Região/Julgado em 17/10/2009) . 

ABONO SALARIAL. CONCESSÃO EM DISSÍDIO COLETIVO. EXTENSÃO AOS INATIVOS. POSSIBILIDADE. Parcela destinada a compensar perdas e defasagens salariais, em decorrência da ausência da implementação de reajustes anteriores. Caracterizada a natureza salarial da parcela, deve haver extensão do benefício aos inativos, complementando-lhes a aposentadoria. Recurso Ordinário da reclamante provido. (TRT/SP - 01896200501102000 - RO - Ac. 12aT 20090282269 - Rel. Davi Furtado Meirelles - DOE 28/04/2009)

DISSÍDIO COLETIVO - 'COMUM ACORDO' ESTABELECIDO NO ART. 114, § 2º DA CF - O texto constitucional quando estabelece a faculdade das partes em comum acordo ajuizar dissídio coletivo não quis impor qualquer restrição ao direito de ação constitucionalmente assegurado, mas tão-somente obstar o ajuizamento de dissídios coletivos de natureza econômica sem a tentativa de negociação amigável para a solução do conflito, exprimindo, portanto, a expressão 'comum acordo' a idéia de que as partes concordam quanto à impossibilidade de chegarem a um consenso sobre os pontos controvertidos, não restando outra alternativa para a composição do dissídio senão pela tutela normativa desta Justiça do Trabalho. Portanto, não há se falar em necessidade de ambas as partes subscreverem a petição de Dissídio Coletivo em conjunto. (TRT23. DC - 00068.2008.000.23.00-9. Publicado em: 25/04/08. Tribunal Pleno. Relator: DESEMBARGADORA LEILA CALVOCONCLUSÃO

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Neste apoucado trabalho procurei desenvolver as principais

características trazendo os conceitos referentes ao dissídio coletivo. Pude concluir

que o poder normativo da Justiça do Trabalho foi um meio de intervenção Estatal

originado por uma posição corporativista, que com o tempo acabou por se tornar

eficaz para aquilo que foi proposto. Os dissídios coletivos atuam abstratamente já

que são ações de pessoas indeterminadas, de categorias. Não há necessidade de

procuração de cada pessoa, o sindicato é que atua como substituto processual.

São duas as espécies de dissídios: o de natureza econômica –

aquele que a justiça determina o aumento salarial, redução de jornada de trabalho,

dentre outros e os de natureza jurídica.

Apesar de a nova redação do artigo 114 da CF não mais descrever

esse dissídio, entendi que continua em vigor, pois são nestas demandas que se

interpretam normas coletivas, não servindo para que sejam firmadas novas

convicções, e sim servem somente para interpretar normas coletivas.

Em regra, a competência originária desses dissídios é dos Tribunais

Regionais do Trabalho, porém, os Tribunais Regionais têm jurisdição sob a sua

determinada região. Por isso as demandas devem ser propostas no Tribunal

daquela região.

BIBLIOGRAFIA

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CARRION, VALENTIN, Comentários à consolidação das leis do trabalho. 32. Ed. Atual. Por Eduardo Carrion. – São Paulo: Saraiva, 2007.

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_04/diss%EDdio_coletivo_de_natureza_ju.htm/